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Conrratos Do AGRONEGOCIO Renato Buranello 1, DESENVOLVIMENTO DOS SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS A getagao de riqueza através do agronegécio brasileiro cresce a cada ano, 0 Pals €0 maior exportador mundial de café, de suco de laranj, de agicar, do -somplexo soja, de carne bovina, de carne de frango e de tabaco, Em 2104 0 agronegécio representou uma fatia de 23% do PIB c 42,3% de participagio ‘as exportagOes que totalizaram US$ 96,75 bilhées. A atividade agricola vem mancendo essa constante evolugao, acompanhada de forte desenvolvimento teenoldgico ¢ ciencifico dos meios de producéo, bem como do estimulo do escimento populacional ¢ da demanda por alimentos em todos o paises do undo. Neste contexto, o Brasil apresenta-se como tum dos principais agentes # producao de alimentos, fibras e bioenergia, posicionando-se etrategicamen- dentro de uma nove geografia econémica mundial Até hoje, parte da sociedade urbana pensa que a agricultura se restringe Atividades rucimentares que ocortem entce as cercas da fazenda. Mas essa sio que perdurou até a década de sessenta, softeu grandes transformaces uma radical mudanga de concepcfo com a industtalizagio da agriculeura, estudo dos sistemas agroindustriais foi profundamente influenciado pelo balho dos professores norte-americanos Ray Goldberg e John Davis', em- ado no desenvolvimento do Commodity System Approach (CSA) - 08, no Doutor ¢ Mestre em Dircco Comercial pela Fontilfcia Universidade Catélica de $f0 Paulo. Membro da Ctoacs Temdtica de Crédivo ¢ Comercalizagio do Miniscécio da Aaricultura (MAPA). Advogado, GOLDBERG, Ray. A concipe of agribusines. Boston: Havatd University, 1957. 296 Renato Baranello 297 Como falamos, a agriculeura brasileira até meados do século XX era di- ante. Além das atividades de producio, quase sempre bastante diversificadas, também criados animais de tragio, produzidos e adaprados os implemen- 5, ferramentas, equipamentos de transporte ¢ insumos bésicos, tais como tilizantes, sementes etc. © armazenamento ¢ a comercializagio também am incorporados is Fazendas. As familias formavam unidades de produgio, antigas “colénias". Quando se teferia ao termo “agricultara’, todas essas tividades estavam inclusas, sendo um termo abrangente o suficiente para todo tor. Os produtores, por sua ver, nfo eram especializados, executavam todo Spprocesso, em nivel de especificidade e desenvolvimento tecnolégicos padres época. Com o processo de modernizago, com uma tecnologia que ainda mais arcava os arranjos entre os cicios anterior ¢ posterior 4 produglo, e que ava cada ver. mais especificos alguns enquadramentos, comesou, entio, a ‘mica, englobando no sistema 1e io 0s fornecedores de insumos ites, sementes, tecnologia etc), Brasil, Sistema Agroindustrial (SAG) ~e no modelo de Cadeia Agroalimentay (filtre) criado na Franca. Esse conccito ¢ fruto da percepcio sobre © processo de especializagio da producto agricola ou, ainda, o aumento da interacio do setor agricola e indus. = trial ¢ da complexidade existente na coordenacio das atividades de armazeng_ ‘gem, processamento e distribuigdo, Nesse sentido, um sistema de commoditis engloba todos os atores envolvidos com a produgio, processamento ¢ dist. buigio de determinado produto, Tal sistema inclui o mercado de insumas, a = producto, operagdes de estocagem, processamento, atacado e varejo, demar- cando de forma sistémica um fluxo operacional organizado © que vai desde = insumos até consumnidor final. Amplamente difundido nos ambientes de telagéo com os mercados ¢' também no contexto académico, o conceito coloca aatividade agricola em um amplo ¢ complexo sistema, que inclui ngo apenas as atividades dentro da pro- priedade rural (ou seja dentro da portcira agricola), mas também, e principal. mente, as atividades de distribuigéo de suprimentos agricoles (insumos), de atmazenamento, de processamento ¢ distribuigio dos produtos agricolas’. O cconceito ainda engloba todas as instituigGes que influem na coordenagio dos estigios do fluso de produtos, tais como as instituigSes governamentais, of ‘mereados futuros e 0s agentes de comercializaczo'. wr grande importincia a chamada visio ssetores denominados “antes da porteita” dquinas, implementos, defensivos, fer setor “dentro da porteita”, com as atividades agricolas propriamente ditas, ¢ setor “pés-portcin”, incuindo o arimazenamento, beneficiamenso, indus- Itializagio, embalagem, distribuigéo, consumo de produtos alimentares,fibras sproduitos energéticos proveniientes da biomassa. Significa que os produtores ¢ todos os demais integrantes do sistema, ou 0s tomadores de decisio das empresas de insumos, processamento ou «ribuigao, passam a olhar néo s6.0s seus clientes/consumidores préximos (os sguintes do sistema, para quem vendem), mnas também 0s consumidores finai 1as novas tendéncias, dentro de um mercado em evolucio. A ideia bds $a da visto sistfmica € que o todo & maior que a soma das partes individ “radas, Néo adianta ser extremamente cficiente em sua atividade dentro do Sntema, se este como um todo no ests sendo eficiente, mosteando falhas dentro do enfrentamento de certas extern ides, O setor de produgao agricola deverd se voltar pata o mercado final, rom- endo sua tradigio de preocupasio tinica cm produzire, assim, as organizagbes _ passam a ter um novo papel. Também, consideramos que os agentes privados © governamentais exercem importante influéncia sobre o SAG, destacando os efeitos das politicas agricolas e dos mecanismos de intervengao (controle de Precos, produséo, comercializagio, entte outtos) ¢ de tegulagio sobre 0 am- Diente institucional nos aspectos sociais como satide, dindmice populacional, Um sisterma pode, assim, ser conceituado como am conjunto de conhe cimentos ordenados, seguidos de determinados princ{pios, Nesse contexto especifico que pretendemos estudar, entendemos que o sistema é um conjun- to de telagécs contratuais ¢ institucionais de carter dinémico dos integrantes da atividade econémica agroindustrial. O consumidor & 0 ponto de conver. Béncia de todo o sistema ¢ tem sido cada vez mais exigente com relacio aos bens e servigos adquiridos, 0. que leva & necessidade da harmonizagao do fluxo de informagées entre os elos de comercializacio ¢a participagao do estabeleci- ‘mento numa estrutura mais complexa que contemple as fungGes ¢ responsabi- lidades de cada agente, + MENDES, Judas Tadeu G; PADILHA JR, Joo B, Agrnegcier unm sbordepes econmica, 2 ed, Pearson Education do Brasil, 2007, 44-45. ° WILKINSON, John. The food peocesing Iadustey, globalization and developing counurics, te: The ranaforation of er-food antems: glbalieation, supply chins ad senallboldet farmers, Elen B. McCullough, Prabhu Ls Pingali and Kora G. Samo 15, London: Euehstan, 2008, p. 87. ‘Tratado de Dircito Comercial ¢ Volumes Renato Buranello Os reconhecidos ej citados profesores de Harvard também declaravam que 05 contratos desempenham um papel relevance como ferramenta de coor denagio dos sistemas agroindustriais, Assim, sabemos que empresa atua eo fz principalmente por meio de contratos ou mais propriamente, aquiy redes = contratuais, © mercado identifica, assim, com um emaranhado de relagses contratuistecido pelos agentes econdmicos e que mobilizariqueza. A aproxi- smagio do modemo agronegécio com a Nova Economia das Lastieuigées, principalmente em suas vertentes de custos de transagio ¢ conttatos, como fonte referencial teérica & uma tendéncia que vem sendo observada nas prin- cipais centros de estudo de agribusiness pelo mundo, " aleeragées de comportamentos ou estilo de vidas aspectos culturaise regionals - precisam ser sempre considerados pelas organizagies. Fundamentado nos conceitos acima explorados, o Projeto de Lei do Se- nado (PLS) n. 487, de 2013, define agronegécio como a rede de negécios que. integra as atividades econdmicas organizadas de fabricacao e fornecimento de insamos, produgao, processamento, beneficiamento ¢ transformesio, come Galitagéo, armazenamento, logisticae dstribuigéo de bens agricolas, pecudtiog, — de reflorestamento ¢ pesca, bem como scus subprodutos e residuos de valor iS ccondmico. Nesta sistemdtica, 0 agronegécio deve incluir os contratus de ranciamento e titulos de crédito a eles relacionados, as operagées de precifica: «Go e sua protegio realizada no mercado de balcio ¢ de bolsas de mercadoriay e faturos, ¢ gestio do risco agrfcola ou agroindustrial, Exclui-se deste const to, contudo, a exploragio de terrae atividade extrativista realizada por agricul: tor sob 0 rogime de economia familiar. ‘As mudangas do complexo agroindustrial continuam sendo dinamizadi em decotténcia da globalizagio de mercados, posicionamento e segmentags ddos produtos, impacto da biotecnologia c rclacionamento frontal com 08 2 ceitos de prevengio, satide, sustentabilidade ¢ tutela do meio ambiente. ‘contexto atual deverd apresentar maior € mais rdpido desenvolvimento d pesquisas e uso correro dos recursos em face das necessidades ocasionadas nnovas externalidades, cabendo urna interaglo institucional mais objetivs e fo governo ¢ os agentes de producto, comercializagio€ a insttuigSes finan ras no fomento dos ciclos agricolas, E necesséria uma politica de Estado € dlegoverno, plancjamento de longo prazo eefeividade no cumprimento des Esta aproximagio do agronegécio com o enfoque de coordenacéo pela Teoria dos Custos de Transagao € muito mapas on eat embasar teoricamente os estudos do setor, possbiltando estar as transagOes reduzindo as principaiscrticas aos enfoques de segmentos, rlativas principal- _ mente dificaldade de este de hipétesese de uma teoria que fundamentase E estes estudos e pudesse ser testada. Esse processo de coordenacéo na sequénncia ddeoperagées produtivas éde fundamental importancia. Agentes especializados executam fungSes relacionando-se ditetamente coma in oa mais agentes tam- -bém ligados 20 si igidos 20 sistema, tendo como meta a produsio de prodiuto ou servi 40 chamado elo principal da cadeia, 0 consumidor final. a | _Umaver que esas transagées que geram as formas de coordenaso, dio- “se via contratos, aproxima-se entio do referencial tedrico dos custos de tran- fio « doxcontatos, no Ambit dest nova institucionaldade, Todas eax _teferéncias remetem a avaliagio da empresa ont pete como um complexo de contratos po rdenados centralmente, com objetivo de economizar em custs de tansacio. O estudo das relagées contratuaisexistentes no sistema agroindustial permite A ampliagio da andlise, evoluindo da ética da agricultura como geradora de ‘sicedentes transferidos pata a indkistria para a anzlise onde os clos visa oti- E tizar o processo organizacional do sistema, dentro da visio sistémica. atuais diretrizes. 2, CONTRATOS DO AGRONEGOCIO E SUBSISTEMA DO DIREITO COMERCIAL Na economia contemporfinea, nfo se pode mais conceb forma isolada, desligando-a da sua relagio com @ mercado ¢ reduzindo 2 liseintegeada de uma atividade como uma unidade microccondmica, A dessa perspectiva no permite reconhecer o papel essencial desempenl pelas relagées estabelecidas entre os entes que atuam no mercado. 5 press adquirir insumos, distibuir produtos, viabilizar novas tecnologia #5 distribuidores ¢ consumidores. A relagio entre a empresa ¢ seus agentes tessa ao direito na medida em que gera contratos esto representativos de HOW constantes rlagbesjuridicas er a empress ne state a economia dos eustos de ransgio pace de derermina- es caracterfsticas presentes nas transagdes, cas como grau de especificidad 7 u de especificidade por ios (bens/servigos) cnvolvidos, recorréncia (frequéncia) ¢ risco para usifcar forma de organizagao(coordenagéo) das wansagics. A ideiaéque bps organitacionas mais ficients sio as redutoras nfo 6 de custos de [Fitlusto, mas também de custos de transis, além da fleildade cx Ae: para promover sjustes ts mudangas ambienais, Em sintese, a econo- a ls cuseos de sraneagio analisn as caractertcas das tansages (speci lade dos ativos envolvidos, incerteza ¢ Frequéncia) ¢ os aspectos dos aR 300 ‘Tratado de Dir Renato Buranclo 10 Comercial # Volume 8 Compreende, assim, as realidades relacionadas ao trabalhador ural ¢ forma | deutilizasio da terra (reforma agréria, usucapito agtério e imposto tersitorial rural), sempre dentro de tum contexto geral da fungio social da propriedade Contudo, dentro da moderna realidade agricola organizada e profistional, é = dificil afastar uma nova aplicagao a determinados ramos ou & tutela especial dada pelo Dixeio. contracos (flexibilidade, padrées, incentives e garantias) dentro de um ambiente institucional organizado. Conciliar uma demanda relativamente est4vel com uma oferta agricola que flutua sazonal c aleatoriamente é o principal desafio da produgéo ¢ comer ializagao de produtos agroindustriais, Se a comercializacéo se resttingisse a. mero transporte fisico das mercadorias 20 longo das cadeias agtoindustais, nfo levando em consideraglo as particularidades desse mercado, a instabilida: de da oferta de insumos se traduzitia em instabilidade da oferta de produtog agioindustrais ede seus prgos, Ess situagio de incertera seria prejudicial toda cada produtiva de empesérios a tabalhadoreseconsumidores. Asi, surge 0 contrato como uma construgi da ciéncia juridica elabotada com fim. de dotar a linguagem juridica de um term capan de resumit,designancovae de forma sintética, uma sétic de prinefpios e regras de direito, uma discipl juridica complexa. Jaa concepgio do ordenamenta juridico demonstra claramente o viney lo existente entre a aplicagio das normas positivas ¢ o meio econdmico seci Nesse sentido, podemos caracterizar sistema de normas como o complexo d atos juridicos de criagfo ¢ aplicagao de preceitos juridicos positives. O sistem nfo é, portanto, uma realidade, mas simplesmente o modo de ver a realidad dc determinado setor da Feonomia ou metcado espectfico. Fa ciéncia d Dircito que constréi o sistema, descrevendo, por meio do principio metsdic da imputagao, as relagGes ¢ a interdepencéncia existente entre os comand com o objetivo de reduzi-las a uma unidade inteligivel, condicionadas m mente de modo unitério. Os sistemas socioecondmicos desenvolvem mecanismos de estabili isto 6, centros integradores de sentido pe6prio que conferem alguma nid para determinadas interag6es sociais ou operacionais. Trata-se de centros sf nificativos que expressam uma preferbilidade por determinados conteidasd expectativa, ou melhor, por conjuntos de contetidos abstratamente integrid agdo crescente de novos Dessa forma, por exemplo, define o PLS jé citado, em seu art, 28, que > ‘na solugio judicial ou arbitral de conflitos de interesses surgidos no contexto © do agronegécio, deve ser observada e protegida a finalidade econémica desta sede de negécios, ainda que cin dettimento dos interessesindividuais das par- Ets que nela operam”, Complementa o artigo seguinte que "a intervengSo ju- risdicional na solugéo de contlitos de interesses no contexto do agronegécio & = medida de cardter excepcional,limiada no tempo e no escopo, visando pre- servar as condicées originalmente estabelecidas” Nesse contexto, pensamos que a prevaléncia de critérios publicisticos do Dieito Agrério no aspecto de intervengao estatal na atividade agrétia, que = vincula 2 propriedade rural a sua fungio social e o desenvolvimento social ¢ — ccondmico do homem rural, néo afeta a constatagéo dos aspectos privados da atividade agefcola. A complexidade dos ordenamentos atuiais resulta da igual complexidade dos fatos,relagées e problemas socioeconémicos, que vém me- Tecendo melhor tratamento cientifico, Nessa esfera preponders, como método élentifico do conhecimento, a andlise econdmica do dircito sobre 0 complexo agroindustrial, em especial, no enfoque contratual da Economia das Organi- Jagbes, no novo ambiente de mercado e numa peculiar forma de coordenacio | Recesséria protesio das transagGes empresatiais do agronegécio. A industrializagio da agricultura corresponde fase mais avangada de seu g ‘escnvolvimento © que envolve a ideia de que a agricultura acaba se transfor- mando num complexo da produgio, industrializagéo © comercializagéo. A ‘Speracionalizagao dessa rede de negicios é sustentada nas organizagdes empre- ‘rias, aqui, a empresa agricola ou agroindustrial. Assim, a organizacio de ca- Pital ¢ de instrumencos, destinada & producto agricola e/ou servigos conexos Para o mercado, coordenados pelo empresério, projeta resultados e assume os, Nota-se que na atividade, assim como no elemento de empresa, no | ‘uela prevista no art. 48, VI, do Estatuto da Tesra (Lei n. 4,504/64), restam E Telacoes © consequéncias diversas atendidas pelo referido enunciado, ‘num mesmo e consistente sentido. A especial significa para a dogmitica juridica a determinagéo de um objeto proprio ed prineipios peculiares, 0 que provoca uma discussio permanente na dut ‘que ora julga de bom tom as novas especificagées, ora nao lhes confere nenbi acréscimo em operacionalidade. : No regime do Direito Agrétio esto as normas que regulam a org ‘ago das pessoas e dos bens envolvidos na consecugio da atividade agit centrada num ciclo ou processa de exploragéo econémica da terra, a qual be Mas, ainda nesse sentido, Para o professor Fabio Ulhoa Coelho, 0 con- constitui pela organizagio das pessoas ¢ dos bens envolvidos na produg ‘tito de diseito do agronegécio nao esté ainda suficientemente difundido na 301 302 ‘Tratado de Direlto Comercial * Volume 8 outros bens e/ou facilidaces, com o objetivo de nele ser exercida atividade de exploragio agricola, pecuéria, agroindustral, extrativa vegetal ou mista; e/ou the entrega animais para cria,rectia, invernagem, engorda ou extragio de | matérias-primas de otigem animal, mediante partilha, isolada ou cumulativa- mente de cleterminados riscos inecentes da atividade. O pardgrafo tinico do art, 48 do Decteto n. 59.566, de 14 de novembro de 1966, define as partes contratantes da patceria ruta: parceiro-outorgante, ‘o cedente, proprietério ou nao, que entrega os bens; ¢ parceiro-outorgado, 2 pessoa ou 0 conjunto familiar, representado pelo seu chefe, que os recebe | para os fins préprios das modalidades de parceria definidas no are. 50 do | mesino decrero, que se caracterizam segundo a atividadle a ser desempenhada: foutrina, Alguma confusio existe, por outro lado, sobre o grande ramo jut Gioos gua iga exe nove subramo, Ni seconfunde com i ape caajo objeto gira em torno dos usos da propriedade rural. Na verdade, destaca o profesor que o diteco do agronegscio aproxima-se mais de um nove capt tulo ou o mais novo dos sub-ramos do direito comercial. Assim camo 0 socie, tirio,cambistio, industrial e outros, ele cuida de insituros jutidics tipicos da relago entre empresicos. Mas para afirma-se como sub-ramo, reivindicanda. a correspondente autonomia relativa, 0 dircito do agronegécio precisa apontar 0s principios préprios que o integra‘, 3, CONTRATO DE PARCERIA RURAL Conforme destacamos, novas formas de estrutaragéo dos sistemas age dustriais se apresentam a0 agronegécio, tornando mais eficiente e complexa dade rural. A par disso, antigas maneitas do uso do solo so atualizadas ¢ reinventadas, adaptando-se aos novos tempos € evoluindo corn eles. A ploragio da terra por meio de patcerias ¢ arrendamentos consticai um dei fendmenos, ea cessio do uso da terra é importante ferramenta para o aumen 1 agricola: quando 0 objeto da cessto for o uso de imével rural, de parte _ ou partes do mesmo, com o objetivo de nele ser exercida a atividade de pro- - ducio vegetal; LU) pecudria: quando o objetivo da cesséo forem animais para cra, recra, invetnagem ow engorda; ILD) agroindustriak: quando 0 objeto da cessio for o uso do imével rural, fc parte ou partes do mesmo, cu maquinaria e implementos, com o objetivo _ de ser exercida atividade de transformago de produto agricola, pecudtio ou rescaly © _1V) extrativa: quando o objeto da cesslo for o uso de imével rural, de = Parte ou partes do mesmo, ¢ ou animais de qualquer espécie, com o objetivo ser exercida atividade extrativa de produto agricola, animal ou flotestal; V) mista: quando o objeto da cesséo abranger mais de uma das modali- des de parceria definidas nas incisos anteriores. ‘A principal caractertstica deste contrato & 0 compartilhamento de risco ‘ntte o proprictério da terra €0 produto. Isto porque, a0 celebrar o contrato ft parceria, ambas as partes somente texto dircito de recebimento dos frutos ‘two a atividade tenha sucesso. Em outras palavras, no contrato de parceria torte a partilha de vancagens, tais como produtos, lucro e fiutos, bem como A: riscos em caso fortuio ede forga maior’, de modo que os parceitosassumemm ® riscos do empreendimento. Este compartilhamento no se resume somente 40s lucros ¢ frutos, mas também em casos de insucesso da produséo, como. pot _ fxemplo, destruigfo de uma lavoura em vireude de wma praga, de mode que _ ? Parceiro-outorgado nio receber quaisquer valores diante do insucesso da tuma perspectiva neoliberal de planejamento e regulagao das atvidades ndmicas essenciais ¢ assim das relagties no campo, nasceu a legislagio espe fica advinda com o Estatuto da Terta (Lei n, 4,504 de 30-1 1-1964)*. ‘Cont do, parceiro e arrendarério passam agora por outa perspectiva, sio emp! dedores do agronegécio, que investem na produ profissional ena adeqy da tilizagio do solo com atuagio paralela na busca de maior eficiéne rentabilidade, i ‘Assim, trataremos inicialmente do contrato de parceria jd anteriormet previsto no Cédigo Civil de 1916. Atualmente, de acordo com o § I2do. 96 do Estaruto da Terra, a parcetia sural é 0 contrato ageésio pelo qual pessoa sc obriga a ceder 8 outra, por tempo determinado ou no, 0 uso ese clfico de imével rural, de parte ou partes dele, incluindo, ou nfo, benfetos iva, 2013. p. 15. Nee wed yer afrmaco de Poroer “iciny routes a mechan 7 the farmer can be induced eo transfer the property to someone who can wot productively" (POSNER, Richatd. Economic analysis of lew, 7. ed. Aspen Pub © BURANELLO, M. Renato. Fundamentos de teorin geral contratual e 08 cot agtdrios, In: 10 anor do Cidigo Givi. desafios © perspectiva. Silvio Venoss, Ra Villar Gagliardi¢ Paulo Magllies Nasser (cootd.). So Paulo: Alas, 2012, p. 3 FERREIRA, Lui Pinto, Grose de dircito ardrio: de acondo com 2 Lei n. 8.629/93, Sto Paul Saraiva, 1994, p. 228. Raa RE ETT TST HA Comercial + Volume 8 Renato Buranello producto, bem como 0 parceiro-outorgante no poderd exigir quaisquer pac gamentos da outra parte. Dentze os riscos poss variagdes de prego dos frutos c os frutos proptiamente ditos, caso se verfiqu algum prejuivo. Importante destacar que no contrato de parceria rural nio hd fruigéo plena da posse pelo parceiro outorgado, mas tio somente 0 us0 expe: cifico de um determinado imével rural e de bens com objetivo de exploresga econémica na divisio dos resultados, de modo que os acessérios também x atingidos por forca deste contratot, Além disso, o art. 96 do Estatuto da Tes raprevé, ainda, as cliusulas que sero obtigatérias nos contrates, de natute imperativa refixacio da participagio do proprietatio nos frutos: esta condigio cone dni consante doa 13d eure (Dect. 3) 66 visando a protesio social e econdmica dos parceiros-outorgados. Esta quota tabelecida esté estritamente relacionada & participagio que cada parccito tet direito, dependendo de sua contribuigio na atividade agroindustrialy b) prazos minimos de duragéo ¢ os limites de vigencia: na falta de pra escrito ou convencionado, presume-se que o contrato de parceria tera val por trés anos no minimo, estabelecido devido 20 tempo necesstio para ag Iheita e crescimento vegetal; 3 ) bases para as renovag6es convencionadas: podem as partes conven nar a renavagio do contrato, estabelecendo 0 prazo e 0 prego. Nao sen convencionado, o parceiro-outorgado terd preferéncia & renovagéo do cont to de parcerias, fizendo-se novos contratos; €) direitos e obrigagées referentes & construgio de benfeitorias: trait de um consentimento do proprietério em relagdo 2s benfeitorias ¢ aos d substanciais causados pelo parceiro, por priticas predatérias na étea de © ragio ou nas benfeitorias, nos equipamentos, ferranentas ¢ implementos dicdos por cle, Contudo, caso as benfeitorias sejam realizadas a expensst parceiro-outorgante, finde 0 contrato por qualquer de sas formas, not parceiro-outorgado direito A indenizacao ou 4 retengio, salvo se outra OE houver sido estipuilado em contrato"s «) formas de extingio ou rescisfo: em regra, terminado 0 conttato de parceria, deve set a terra devolvida ao proprietétio. Contudo, séo diversas as hip6teses de extingio do contrato de parceria, que coincidem com as formas | deextingio dos contratos de arrendamento, previstos no art, 26 do Decteto n, 59.566/66; 8 dircito ¢ oportunidade de dispor sobre os frutos repartidos: trata-se de um cléusula que visa garantir aos parceiros a distribuigdo justa dos lucros, decortente do prinefpio de protesao soctal ¢ econdmica dos participantes. pode-se destacar o caso fortute ou forga maiog, —- __Conforme jd destacadlo, a estipulagio do percentual de cada parceiro na | paticipacio dos resultados possui limice estabelecido em lei, nos termos do © att. 96, VI, do Escaruco da Terra, com redagio dada pela Lei n. 11,443, de 5 = de janciro de 2007, Sendo também imprescindivel identificar a forma da par- cztia para definir a participagio dos parceitos sobre os valores auferidos, que F devem respeitar a seguinte forma, com excegio aos contratos de parceria agroindustrial de aves ¢ suinos que serio regulados por lei especitica: 2) 20%, quando concorrer apenas com a terra nua, ou sea, 0 proprictirio entra com a terra bruta ¢ 0 parceiro fica encarcegado de realizat todo 0 trabalho & para “abrir” a drea para desenvolver a produgio agricola; | __}) 25%, quando concorrer com a terra preparada, de modo que o pro- p prictério cede a rerra pronta para o cultivo, facilitando assim o desenvolvimen- 2 F © dastividade; | ©) 30%, quando concorrer com a terra preparada ¢ moradia, visto ser _felevante na ajuda para 0 desempenho do negécio; _ 4) 40%, caso concorra com 0 conjunto bisico de benfeitoria, constitui- do especialmente de moradi, galpaes, curral ecercas, conform 0 caso, ou seja, |e trabalhador entra somente com o servigo e quase nada sobre para ele contti- buir, exceto 0 custeios «} 50%, caso concorra com a terra preparada ¢ © conjunto bésico de > benfeirorias enumeradas na alinea d do inciso © mais 0 fornecimento de mé- -Auinas e implementos agricolas, para atender aos tratos culturais, bem como 68 sementes e animais de tragio, e, no caso de parceria pecudtia, com animais ‘de cria em proporcio superior a 50% do nimero total de cabesas objeto de Parceria, visto que neste caso o trabalhador jé inicia uma atividade toda estru- trada e pronta, proporcionando-lhe hom rendimento ou ganhe com o mini Mo de despesas; 1) 75%, nas zonas de pecudria ultraextensiva em que forem os animais de ig em proporgio superior a 25% do rebanho e onde se adotarem a measio © BURANELLO, Renato M. Sizema prised de financement do aprons: julio, 2 ed Sin Paul: Quarter Latin, 2011, p. 225. a + Be prinepio decors da cera de dito comum que ampara 0 possidos de b> Jncluindoue © parcel outongado, dal seu dito 2 indeniragso das ben secs eh 30 termina do contra. ee 308 SE re ree ere rert aos trabalhadores rurais"', previstos no Estatuto do Trabalhador Rural (Lei n, 5,889, de 8-6-1973). Ha a hipétese no Estatuto da Terra, § 42 do art. 96, conforme redagio dada pela Lei n. 11.443, de 5 de janeiro de 2007, de caracterizagio de simples locagio de mio de obra, regulada pela legislagig._ trabalhista, ‘Assim, no ptimeito caso, podemos destacar em acérdéo publicade!” que “€ possivel a um dos contratantes buscar a anulagdo de contrato de parceria pectidtia que, na verdade, representa, na diccéo do Tribunal a quo, um mi tuo com cldusulas usucdrias, comumente denominado ‘vaca-papel’, interpre: tagio que nao tem como ser revista em sede especial, ante os Sbices das Sie = mulas n. 5 ¢ 7 do STJ. (...) VI. Recurso especial conhecido em parte€ parcialmente provido.” . “Civil, Recurso Especial. Contrato simulado de parceria pecudtia. Vaca -papel’, Meituo com cobranga de juros usurdrios. Anulacéo do negécio juid co. Pedido de um dos contratantes. Possibilidade. E posstvel que um ccontratantes, com base na existéncia de simulagio, requeira, em face do ou ‘a anulagao judicial do contrato simulado de parceria pecusria, que enco _mdituo com jaros ustirdios”, 4, CONTRATO DE ARRENDAMENTO RURAL ‘Com natureza semelhance ao contrato de parceria rural quanto & ¢ do uso da terra, o contrato de arrendamento rural possui previsio no att. 95. Estatuto da Terra, combinado com o att, 32 do Decreto n, 59.566/65, conceituado como “o contrato agrario pelo qual uma pessoa se obriga a ck 2 outra, por tempo determinado ou nio, 0 uso ¢ gozo de imével rata, pan ‘ou partes do mesmo, incluindo, ou nfo, outros bens, benfeicorias ¢ ou fac dades, com objetivo de nele ser exercida atividede de exploracao agetcol, caudria, groindusteal, extrativa ou mista, mediante certa retribuio ou alg cem a categorias diferentes, Esta ¢ a modalidade que iremos descrever aqui ‘pela sua maior aplicabilidade. Por meio do contrato de integracao vertical, os efeitos diretos do merca- =do nas telagSes entre empresa integradora e produtores rural ficam reduzidos, do um instrumento organizador inserido dentro do mercado agricola Desta forma, pode-se dizer que os contratos de integracio agroindustrais, liveis € necesséri 5. CONTRATO DE INTEGRAGAO VERTICAL (Os contratos de incegracgo surgiram em decorréncia das novas ¢jédta configuragSes das atividades agrétias ¢ industriais, realgadas por movimen de cooperagio entre setores diversos, especialmente entre produtores rura agroindistria, como forma de resposta a0 novo cendtio econdmico. Identif -se nas imperfeigSes do livre mercado, especialmente no tocante as oscil th agriculeura, através da cooperagio entre os stores produtivo, ransformador =« comercializador. Inclusive, é possivel airmae que 0 papel desses contratos setiao de fortalecer a atividade empresarial através da minimizagio dos riscos existentes nas atividades agroindusttiais. Em relagio aos contratos de integragio vertical agroindustrial, sio trés dos contratos de integragio vertical, os quais permitem, ainda, que se mis zem os custos de transagio os conflitas entre os setores de produgio traravam em sua esséncia sobre a disponibilidade do iméyel relativo ao seu’ © go7z0, 0 contrato de integragio agroindustrial surgiu com 0 objetivo de talecer a atividade empresarial agriria através da minimizagio dos risce it rentes, sobrerudo em relacio as alteracées dos mercados agricolas, no int "Pata o produtor, quanto & colocagio dos seus produtos no mercado, seja para ndstria quanto ao fornecimento regular de matéria-prima de qualidade. A ‘Além disso, os contratos de integraco realizam o importante papel dei mento de modernizacéo da agriculeura, através da cooperacio entre 05 de produgio, industrializagio e comercializasio, ntratos ¢ representada pela rentincia por parte do produtor agricola (via de é sobre 2 indistria que recai a maior parte do poder de decisio) de par- la dos seus poderes de autodeterminagao em favor do integrador, através da especifico que permite proceder 2 andlise dos contratos de integragio a dustrial do ponto de vista da subsungio legal, sendo, portanto, necessiio ada uum método de andlise intuitiva. Cuida-se de um contrato atipico com bas PAIVA, Nunsiata Stefinia Valenza. Contornos jaridicos © matizs econbimieas dos contratos de intepracio vertical agroindusteais no Brasil. Revise de Dirito Mercentil 8.144, p86 34 ‘Tratado de Diveito Comercial * Volume 8 assungio de obrigagdes, dentre as quais a mais comum é a de submeterse regras técnicas, a0 controle, & produgSo exclusiva de certos bens determinada pela inddsttia, Neste tipo de contrato, nao hé 0 compartilhamento de rscog ¢ lucros, tal como se verifica no contrato de parceria agricola, mas devem see dividendos a exemplo das sociedades, masa troca de coisa por prego, actescido._ de obrigacio de fazer. as Com o contrat de integragio vertical é possivel que o integrador co dene de forma mais eficiente a oferta da matéria-prima as exigencias do p cesso de industrializacio e do mercado consumidor, A insergio dos cont de integracéo na realidade do agronegécio brasileiro trouxe, ¢ ainda muitas ddvidas na doutrina ¢ na jurisprudéncia quanto ao seu enquadramento, = natureza jurfdica e consequéncias, Por vezes, tentou-se 0 enquadramento di tes contratos dentre as categorias de contratos tipicos ott se buscou enquad -los como simples compras ¢ vendas ou, ainda, como contratos de pret de servigas ou parceria agricola, O legislador reconheceu parte dessa discussio a0 prever um carder, _generisdos contratos de integragio vertical, quando da necessidade de reg propria de estruturas operacionais extremamente comuns na aviculeura & suinocultura, na alteragio do Esraturo da Tezra pela promulgagéo da Lel 11,443/2007, que, entre oucras alteragées, modificou as disposigles refered as parcerias rurais, inseriu o § 58 ao art. 96, que trata da parcetia rural, Iecendo que 0 disposto neste artigo no aplica aos contratos de patceria 2g dustrial, de aves ¢ sulnos, que serio regidos por lei espectfica, conforme] descrevemos aqui. Apesar de até o presente momento nao exis esses conttatos, alguns tribunais jé encenderam o seu cardtet atipico, nfo aplicando o Estatuto da Terra ou as regras de simples compras ¢ vendas porque o que caracteriza os contratos agrévios disciplinados pelo Kstarata Tetra éa cessio do uso espectfico de imével rural, ou parte dele, incluindo nfo benfeitorias ¢ outras facilidades para que nele seja exercida atividadé: explorasao agricola, pecudtia, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista s/ centrega de animais para cra, ecria, invernagem, engorda e matétias-prima ‘origem animal (§ 18 do art. 96 do Escatuto da Terra) Senda assim, tenclo a cess do imével rural para atividade com vis produgio agroindustrial, como trago distintivo, os contratos apritios confundem com os conttatos de integragio vertical, erm taaio dos quai i existe a cesséo do imével rural, o qual permanece sendo explorado dren ir lei especifica para i Renate Buraneilo © te por seu proprietétio ou possuidor, consoante decidiu o Tribunal de Justiga = do Estado do Parand, em duas situagdes: INDENIZAGAO. PARCERIA AVICOLA, FSTATUTO DA TERRA. INAPLICABILIDADE, CONTRATO ATIPICO. NEGOCIO DE INTERES- ‘SE DO DIREITO CIVIL. A parceria avicolaajustada ene as partes induz ‘contrato atipico, celebrado com plena liberdade na regulamentagso das relagBes juridicas, sem qualquer subordinagéo & dissiplina dos modelos lgas, estes sujei- tos is normas des arts. 92. 96 da Lei n, 4.504 de 30-11-64 (Escatuto da Terra ears, 18 58 do Decreto n. 59.566 de 14-11-66), e também sem chocar-se com o art. 39 do Regulamento, Indenizasio inlevida. (..) Efetivamente, embora se- dutoraa argumentagio no sentido de traar-se de uma parceria rural soba regén~ cia dalegislago egréra invocada, porque sta é mencionada no contrato adesivo formulado pela propria apelada ¢, consequentemente, contra ela interpretada, segundo a heemenéutica, de parceria rural no se tata, nem de sociedad, Esses instiuutos, segundo as conclusées da propria sentenga, enconuamse hibridados numa forma nova que preserva curacterfticas de ambos sem, contudo, traduzir- -se fielmente em nenhum deles. Em consequénca, rorna-s temeririo acolher 0 pedido, enquadrando-se 0 negécio juidico realizado (e, posterioomente, distra~ ‘ado) como sendo parceria agrfcola exclusivamente para ensear sua regéncia pelos diplornas da tetra, Essa hipérse, daa vénia, nfo se sutenta como ee, restando descarrada (T]PR, AC76.561-5, Rel, Rafael Augusto Casserari, 1996). [Em um caso envolvendo um contrato de integragio vertical, eambém no or avicola, decidiu o ST} (REsp 171989-PR) que o contrato niio estaria rido no Ambito dos contratos tipicos do Estatuco da Terra, mas que deve- PARCERIA RURAL, Avidrio, Contra at(pico. Abusividade. O contra- to celebrado entre « companhia de alimentos ¢ pequeno produtor rural para instalagio de um avistio destinado a engorda de frangos para 0 abate, com reeiprocas obrigagies de fornecimento de servgos ¢ produtos, & um contrato atdpico, mas nem por isso exchuido da revisGo judicial 3 luz da legistasao agetia dos dispositivos constitucionais que protegem a atividade rural, — Caso em. que as instincias ordindias, examinando a prova, inclusive percal, conctalram pela ineriscéncia de abusividade, soja na celebragio, seja na execugo do con- tratoe na fxagio do prego final do produo. Incidencia das Sirmulas 5 ¢ /ST}. Reeurso nto conhecido, Em processo que tramivou no Tribunal de Justga de Santa Catatina, no lgamento da Apelagio Civel 2007.059569-6, ficou evidenciado 0 reconbe- iento da instrumentagio prépria do contrato de integra¢io. 3S. 316 eee ‘Tratado de Direito Comercial ¢ Volume 8 -prima, bens intermeditios ou de consumo final, e cujas responsabilidades e AGAO DE INDENIZAGAO POR DANOS MATERIAIS ~ CON. obrigagées reeprocas si estabeecidas em contra de integragao, ‘TRATO DE INTEGRAGAO. SUINOCULTURA. Caso forcuito ou maior ~afastada —Lucros cessantes~ definidos ¢ limitados. Recurso acolhide improvido. A relagio contraua fat incontroverso (334 CPC), uma vez que desobedecidas as regras dos ats, 302€319 do Cédigo de Processo Civil. Asi como ¢ incontroverso os cileulosapresentados pelo autor/apelado, através dy pparccer de expert, haja vista que néo houve impugnagso espectfica a rapets,_ Derermina a regra do parégrafo dnico do art. 393 do Cédigo Civil, que: «caso fortuito ou de forga maior verifea-se no fato necessiio, eujos efits cra possvel evitar ou impedit.” A expressio fato necessfrio deve ser sng considerada diante da impossibilidade de cumprimento da obrigagio ea tamente vetficada, nio devendo ser eonfundida com dificuldade para cx a prestagio, A alegacio de caso fortuito ou forga maior, decosrente de b Ainda, dentro da conceituagao da modalidade, descreve 0 contrato de jntegragio econd mica vertical: “o contrato firmado entre o produtor integrado a integradora que estabelece a finalidade, as respectivas atribuigées no pro- cesso produtivo, os compromissos financeitos, os deveres sociis, 0s requisitos sanitérios, as responsabilidades ambientais, entre outras que regulem o relacio- © namento entre os sujeitos do contrato”, Atualmente tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei n, 6.549, de 2013, que tem origem também em projeto anterior do Senado Federal n, 330 de 201, ¢ dispoe sobre os contratos de integraco vertical nas atividadles agros- silvipastots, estabelece obrigagées responsabilidades gerais para os produtores = integrados e os integradores, institui mecanismos de transparéncia na relagio ‘ontratual, cria foruns nacionais de integragfo e as Comiss6es para Acompa- contrato eléusula de fornecimento exclusiva de animas exgindtios do ‘onde se localiza a apelante. Recurso desprovido, Embora a tendéncia do Judicidrio tenha sido a do reconhecimem atipicidade dos contratos de integragio vertial, existem projecos de lis A primeira tentativa brasileira de normalizacio desses contratos € 0 Pio} de Lei n, 4.378/98, de autoria do deputado Clementine Coelho, cujo ate denomina o contrato de integralizacio “contrato de producao int Vejamos: ‘Art. 28, IV — aquele em que produtor cural integrado e agri rediante acordo, definem os objtivos da colaboragio reciproca, as rey parceria, as normas cécnicas€ partmectos de desempenho a serem ol pelas partes, os direitos e deveresreciprocos, prazo de vighcia do tabs patceria, assim como os patimetros e os critérios de remuneragio da dove entender por integracéo, como também versa sobre o produtor int c integrador, conforme trecho reproduzido abaixo: ‘Art. 28 Para os efeitos desta Lei entende-se por: I~ integragio ag trial us integracio: o sistema de integragio vertical entre procutores #8 c-agroindéstias integradoras,vsando plancjare realizar a produ de trdmite no Congress Nacional visando a tipificagao deste tipo de contratbe nhamento, Desenvolvimento ¢ Concliagéo da Integragao (Cadec), ou similar, respeitando as estrucuras jé existentes. Também em seu art. 22 conceitua a in- tegragao vertical “como rclagao contratual entre producores integrados e inte- gridores que visa a planejat ea realizar a produgio e a industrializagio ou co- mercializagio de matéria-prima, bens intermediérios ou bens de consumo final, 48, que o contrato de integragio, sob pena de nulidade, deve dispor sobre: I-ascaractersticas gerais do sistema de integragio ¢ a8 exigéncias tdci «as ¢ legais para os contrarantes, Il ~ as responsbilidades e as obrigagbes do incegrador e do prodator integrado no sistema de produgéo: 1 — os pardmettos técnicos e econdmicos indicados ou anuides pelo integrador para o estudo de viabilidade econdmica e Financeira do projetos IV ~ os padres de qualidade dos insumos fornecidos pelo integrador para.a producio animal e dos produtos a serem entregues pelo integeados ‘Vas firmulas para o cfleulo da eficiéncia da produgko, com explicasso detalhada dos parémetros ¢ da metodologia empregades na obtencio dos re: sultados: VI-~as formas eos prazos de distribuigio dos resultados entre os contra- ‘Vi —visando a assegurara viabilidade econdmica, o equilfrio dos con- tratos a continuidade do processo produtivo,seré observado pelo integrador ‘que a remuneragéo do integrado nfo sea inferior ao eusto de produgio de cada eH

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