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História (do grego antigo historie, que significa testemunho, no sentido daquele que vê) é a
ciência que estuda o Homem e sua ação no tempo e no espaço, concomitante à análise de
processos e eventos ocorridos no passado. Por metonímia, o conjunto destes processos e
eventos. A palavra história tem sua origem nas «investigações» de Heródoto, cujo termo
em grego antigo é ?st???a? (Historíai). Todavia, será Tucídides o primeiro a aplicar
métodos críticos, como o cruzamento de dados e fontes diferentes.
CONCEPÇÕES DA HISTÓRIA
Em sua evolução, a História se apresentou pelo menos de três formas. Do simples registro à
analise científica houve um longo processo. São elas:
Ainda no século XIX surgiu a discussão em torno da natureza dos fenômenos históricos. A
que espécie de preponderância estariam ligados? Aos agentes de ordem espiritual ou aos de
ordem material? Antes disso, a fundamental teológica fez uma festa na mente cordata do
povo.
VISÕES DA HISTÓRIA
• "O homem nao vive somente de pão; a História não tinha mesmo pão; ela não se
alimentava se não de esqueletos agitados, por uma dança macabra de autômatos. Era
necessário descobrir na História uma outra parte. Essa outra coisa, essa outra parte,
eram as mentalidades".[3] (Jacques Le Goff)
• "A História procura especificamente ver as transformações pelas quais passaram as
sociedades humanas. As transformações são a essência da História; quem olhar para
trás, na História de sua própria vida, compreenderá isso facilmente. Nós mudamos
constantemente; isso é válido para o indivíduo e também é válido para a sociedade.
Nada permanece igual e é através do tempo que se percebe as mudanças".[4]
• "A História como registro consiste em três estados, tão habilmente misturados que
parecem ser apenas um. O primeiro é o conjunto dos factos. O segundo é a
organização dos factos para que formem um padrão coerente. E a terceira é a
interpretação dos factos e do padrão". (Henry Steele Commager) [carece de fontes?]
• "Sem a História nós estaríamos em um eterno recomeço, não teríamos como avaliar
os erros do passado, para não errarmos novamente no futuro". (Rafael
Hammerschmidt)
HISTÓRIA ORAL
HISTORIOGRAFIA
Se a História é uma ciência (cujo objeto é o passado da humanidade), tem que submeter-se,
como toda a ciência, ao método científico. Ainda que este não possa ser integralmente
aplicado a todos os campos das ciências experimentais, pode-se fazê-lo a um nível
equiparável ao das chamadas Ciências Sociais (ver metodologia e metodologia nas ciências
sociais).
Um terceiro conceito confluente no momento de definir-se a História como fonte de
conhecimento é a chamada Teoria da História, também denominada como "historiologia"
(termo cunhado por José Ortega y Gasset)[2]), cujo papel é o de estudar a estrutura, leis e
condições da realidade histórica (DRAE); enquanto que o da "historiografia" é o de relato
em si mesmo da história, da arte de escrevê-la (DRAE).
É impossível acabar com a polissemia e com a superposição destas três acepções, mas de
maneira simplificada, pode-se admitir: a história é o estudo dos feitos do passado; a
historiografia é a ciência da história e a historiologia a sua epistemologia.
A Filosofia da História é o ramo da filosofia que concerne ao significado da história
humana, se é que o tem. Especula acerca de um possível fim teleológico de seu
desenvolvimento, ou seja, pergunta-se se há um esboço, um propósito, princípio diretor ou
finalidade no processo da história humana. Não deve confundir-se com os três conceitos
anteriores, dos quais se separa claramente. Se o seu objeto é a verdade ou o dever ser, se a
história é cíclica ou linear, ou se nela existe a ideia de progresso, são matérias das quais
trata esta disciplina, alheias à história e à historiografia propriamente ditas.
Um enfoque intelectual, que tampouco contribui muito para entender a ciência histórica
como tal, é a subordinação do ponto de vista filosófico à historicidade, considerando toda a
realidade como produto de um devir histórico: esse seria o lugar do historicismo, corrente
filosófica que pode estender-se a outras ciências, como a Geografia.
Uma vez despojada da questão meramente nominal, resta para a historiografia, portanto, a
análise da história escrita, das descrições do passado; especificamente dos enfoques na
narração, interpretações, visões de mundo, uso das evidências ou documentos e os métodos
de sua apresentação pelos historiadores; e também o estudo destes, por sua vez sujeitos e
objeto da ciência.
A historiografia, de maneira restrita, é a maneira pela qual a história foi escrita. Em um
sentido mais amplo, a historiografia refere-se à metodologia e às práticas da escrita da
historia. Em um sentido mais específico, refere-se a escrever sobre a história em si.
Recortes temporais
No caso do período pré-histórico, a diferença radical entre fontes e método (assim como a
divisão burocrática das cátedras universitárias) fazem com que seja uma ciência muito
distante daquela feita pelos historiadores, sobretudo quando tais fontes e métodos se
prolongam, dando primazia à utilização das fontes arqueológicas e ao estudo da cultura
material em períodos para os quais já existam fontes escritas, falando-se então não da Pré-
história, mas sim propriamente da Arqueologia com as suas próprias periodizações
(Arqueologia clássica, Arqueologia Medieval e mesmo Arqueologia Industrial). Uma
diferença menor pode ser encontrada com o uso de fontes orais, no que é chamado de
História Oral. Não obstante, há que recordar o que foi dito (ver acima recortes temporais)
acerca da primazia das fontes escritas e o que estas determinam à ciência historiográfica e à
própria consciência da história em seu protagonista, que é toda a humanidade.
Recortes Espaciais
Recortes Temáticos
São os que dão lugar a uma história setorial, presente na historiografia desde a antiguidade,
como ocorre com a:
História Política, reduzida à história dos eventos ou categorizada na História das
instituições, História dos sistemas políticos, História do Direito e História Militar;
História Econômica, às vezes geminada com a História Social, no entanto, também pode ser
entendida como História do movimento operário ou uma história mais universal, a dos
movimentos sociais;
História da Igreja, tão antiga como ela mesma, ou a história das religiões, nascida pela
necessidade de tornar o seu estudo comparativo;
História da Arte, nascida ainda na Antiguidade Clássica com a valorização da sua produção
artística e de seu passado;
mais recente do que estas, mas englobando-as de algum modo, a História das ideias, que
pode incluir as crenças, as ideologias ou a História da ciência e da tecnologia e com elas
subdividir-se até ao infinito: História das doutrinas econômicas, História das doutrinas
políticas, etc.;
Uma das formas de se perguntar qual é o objeto da História é através da escolha do que é
que merece ser mantido na memória, quais são os fatos memoráveis. São todos, ou são
apenas aqueles que o historiador considera transcendentais? Na lista acima, temos algumas
respostas que cada um pode dar.
Algumas destas denominações encerram não uma simples divisão, mas sim visões
metodológicas opostas ou divergentes, que se têm multiplicado nos últimos cinqüenta anos.
A história é hoje mais plural do que nunca, dividida em uma multiplicidade de
especialidades tão fragmentada que muitos dos seus ramos não se comunicam entre si, sem
ter sujeito e objeto comuns:
a Microhistória, que se interessa pela especificidade dos fenômenos sociais a partir de uma
perspectiva que tem sido comparada a uma lupa de aumento;
a História da vida quotidiana, a partir de uma mesma seleção do objeto, abre depois o
campo de visão buscando a generalização;
a História da mulher ou os chamados estudos de gênero, como muitas histórias transversais
que, por vezes, podem ser colocadas como uma história das minorias, ou discriminar-se
tematicamente como a história da sensibilidade, ou a história da sexualidade;
alterações na história econômica como a cliometria ou a história da empresa;
a História cultural, que registra um novo impulso após várias décadas;
a História do tempo presente, criada na década de 1980 e que está interessada nos grandes
avanços do nosso tempo;
a climatologia e a genética, que junto com outras disciplinas, estão se deixando notar mais
no debate historiográfico, através da história ambiental ou ecohistória, nos cada vez mais
utilizados estudos de genética populacional.
Gêneros Historiográficos
Pode assinalar-se que há "gêneros historiográficos" que participam da História mas que
podem chegar a aproximar-se mais ou menos dela: num extremo encontram-se os terrenos
da ficção ocupados pela novela histórica, cujo valor desigual não diminui a sua
importância. Outro extremo é ocupado pela Biografia e um gênero anexo, sistemático e
extraordinariamente útil para a história geral como é a Prosopografia. Vinculada à história
desde o começo do registro escrito, uma de suas principais preocupações no momento de
estabelecer os dados foi o que hoje chamamos Arcontologia (as listas de reis e dirigentes).
Agrupamentos de historiadores
A História da História
Os seguidores do novo género literário inaugurado por Heródoto e Tucídides foram muito
numerosas na Grécia Antiga e, entre eles contam-se Xenofonte (autor do "Anábasis"),
Posidónio Ctésias, Apolodoro de Artémis, Apolodoro de Atenas e Aristóbulo de Casandrea,
entre outros (Ver literatura grega e historiografia helenística)
No século II a.C. Políbio, em sua obra "Pragmateia" (traduzido também como "História"),
talvez tentando escrever uma obra de Geografia, abordou a questão da sucessão dos
regimes políticos para explicar como é que o seu mundo entrou na órbita romana. Ele foi o
primeiro a procurar causas intrínsecas para o desenvolvimento da história, mais do que
invocar princípios externos. Nesta fase do período helenístico, a biblioteca e o Museu de
Alexandria representavam o ápice do afã grego em preservar a memória do passado, o que
significa a sua valorização como uma ferramenta útil para o presente e o futuro.
Roma
A primeira obra histórica latina completa é "As Origens" de Catão, do século III a.C..
O contacto de Roma com o mundo Mediterrâneo, primeiro com Cartago, mas sobretudo
com a Grécia, o Egipto e o Oriente, foi fundamental para ampliar a visão e utilidade do seu
género histórico. Os historiadores (quer romanos quer gregos) acompanharam os exércitos
nas campanhas militares, com o objectivo declarado de preservar a sua memória para a
posteridade, de recolher informações úteis e de justificar as suas acções. A língua culta, o
idioma grego, foi utilizado para este género, a par da mais sóbria, o Latim.
Júlio César com o seu "Commentarii Rerum Gestarum", acerca de duas das maiores
operações militares que conduziu, as Guerras da Gália (58 a.C. – 52 a.C.) (De Bello
Gallico) e a guerra civil (49 a.C. – 48 (De Bello Civili).
Tito Lívio (59 a.C. – 17), com os cento e quarenta e dois livros de "Ab Urbe Condita",
divididos em grupos de dez livros, conhecidos como "Décadas", actualmente perdidos em
sua maior parte, escreveu uma grande História nacional, cujo único tema é Roma ("fortuna
populi romani"), e cujos únicos actores são o Senado e as pessoas de Roma ("senatus
populusque romanus", SPQR). O seu objectivo geral é ético e didáctico; os seus métodos
foram os do grego Isócrates do século IV a.C.: é dever da História dizer a verdade e ser
imparcial, mas a verdade deve apresentar-se de uma maneira elaborada e literária. Ele
utilizou como fonte os primeiros analistas e Políbio, mas o seu patriotismo levou-o a
distorcer a realidade em detrimento do exterior e a um espírito crítico pobre. É um
historiador de gabinete, não viaja nem conhece pessoalmente os cenários dos eventos que
descreve.
Tácito (55 - 120), o grande historiador do Império sob os Flávios, é, acima de tudo, um
investigador das causas.
A lista de historiadores da época romana é vasta, tanto em língua latina (Plínio, o velho,
Suetónio e outros[16] ou grega (Estrabão, Plutarco).
Idade Média
Idade Moderna
Durante o Renascimento, o Humanismo trouxe um gosto renovado pelo estudo dos textos
antigos, gregos ou latinos, mas também pelo estudo de novos suportes: as inscrições
(epigrafia); as moedas (numismática) ou as cartas, diplomas e outros documentos
(diplomática). Estas novas ciências auxiliares da era moderna contribuíram para enriquecer
os métodos dos historiadores: em 1681 Dom Mabillon indicou os critérios para determinar
a autenticidade de um registro, pela comparação de diferentes fontes em "De Re
Diplomática". Em Nápoles, mais de duzentos anos antes, Lorenzo Valla, a serviço de
Afonso V de Aragão tinha conseguido demonstrar a falsidade da Doação de Constantino.
Giorgio Vasari com a obra "As vidas" ofereceu, por sua vez, uma fonte e um método
historiográfico para a História da Arte.
Neste período a história não é diferente da geografia e nem mesmo das ciências naturais. É
dividida em duas partes: a história geral (actualmente denominada simplesmente como
"história") e a história natural (actualmente as ciências naturais e a geografia). Este sentido
amplo de história pode ser explicado pela etimologia da palavra (ver História).
A questão da unidade do reino que se colocou pelas guerras de religião na França no século
XVI, deu origem a trabalhos de historiadores que pertencem à corrente chamada de
"história perfeita", que mostra que a unidade política e religiosa da França moderna é
necessária, ao derivar-se de origens Gaulesas (Etienne Pasquier, "Recherches de la
France"). O providencialismo de autores como Jacques-Bénigne Bossuet ("Discurso sobre
a história universal", 1681), tende a desvalorizar o significado de qualquer mudança
histórica.
Iluminismo
Século XIX
O século XIX foi um período rico em mudanças, tanto na maneira de conceber a história
como na de escrevê-la.
A partir da década de 1860, o historiador Fustel de Coulanges escreveu "a história não é
uma arte, é uma ciência pura, como a física ou a geologia". Sem dúvida, a história implica
no debate da sua época e é influenciada pelas grandes ideologias, como o liberalismo de
Alexis de Tocqueville e François Guizot. Sobretudo deixou-se influenciar pelo
nacionalismo e mesmo pelo racismo. Coulanges e Mommsen transladaram para o debate
historiográfico o enfrentamento da Guerra franco-prussiana de 1870. Cada historiador tende
a encontrar as qualidades de seu povo (o "génio"). É o momento de fundação das grandes
histórias nacionais.
Outro dos fundadores da historiografia no século XIX foi Leopold Von Ranke, que se
destacou pela sua elevada crítica com as fontes usadas na História. Adepto das análises e
das racionalizações, o seu lema era "escrever a História tal como foi". Desejava relatos de
testemunhas visuais, enfatizando sobre o seu ponto de vista.
Durante o século XIX, a Espanha conseguiu preservar o seu património documental com a
criação da Biblioteca Nacional de Espanha e do Arquivo Histórico Nacional da Espanha,
mas não se distinguiu por uma grande renovação da sua historiografia que, salvo o
arabismo de Pascual de Gayangos, ou da historia económica de Manuel Colmeiro, aparece
dividida entre uma corrente liberal (Modesto Lafuente y Zamalloa, Juan Valera), e outra
reaccionária, cujo expoente, o erudito e polígrafo Marcelino Menéndez y Pelayo (Historia
de los heterodoxos españoles), é uma digna continuação da tradição que nasceu com Santo
Isidoro e passou pela Historia do Padre Mariana e pela España Sagrada do Padre Flórez.
O século XX
A história vai se afirmando como uma ciência social, uma disciplina científica envolvida
com a sociedade. Nos princípios do século XX, a história já havia adquirido uma dimensão
científica incontestável.
Instalado no mundo académico, erudito, a disciplina foi influenciada por uma versão
empobrecida do positivismo de Auguste Comte. Pretendendo objectividade, a história
limitou o seu objecto: o fato ou evento isolado, o centro do trabalho de um historiador, é
considerado como a única referência para responder correctamente ao imperativo da
objectividade. Tampouco se ocupa por estabelecer relações de causalidade, substituindo por
retórica o discurso que se pretendia científico.
Uma escola de pensamento conhecida como Escola dos Annales formou-se em torno da
revista "Annales d'histoire économique et sociale", fundada por Lucien Febvre e Marc
Bloch em 1929, alargou o âmbito da disciplina, solicitando a confluência das outras
ciências, em particular a da Sociologia, e, de maneira mais geral transforma a história
ampliando o seu objeto para além do evento e inscrevendo-o na longa duração ("longue
durée"). Após o hiato da Segunda Guerra Mundial, Fernand Braudel continuou a editar a
revista e recorreu, pela primeira vez, à Geografia, à Economia e à Sociologia para
desenvolver a sua tese de "economia-mundo" (o exemplo clássico é o "O Mediterrâneo e o
mundo mediterrânico na época de Filipe II").
A visão da Idade Média mudou completamente após uma releitura crítica das fontes, que
têm a sua melhor parte justamente no que não mencionam (Georges Duby).
Privilegiando a longa duração ao tempo curto da história dos eventos, muitos historiadores
propõem repensar o campo da história a partir dos "Annales", entre eles Emmanuel Le Roy
Ladurie ou Pierre Goubert.
"Nova História" é a denominação, popularizada por Pierre Nora e Jacques Le Goff ("Fazer
a História", 1973), que designa a corrente historiográfica que anima a terceira geração dos
"Annales". A nova história trata de estabelecer uma história serial das mentalidades, ou
seja, das representações colectivas e das estruturas mentais das sociedades.
Outros historiadores franceses, alheios aos "Annales" como Philippe Ariès, Jean Delumeau
e Michel Foucault, este último nas fronteiras da filosofia, descrevem a história dos temas da
vida quotidiana, como a morte, o medo e a sexualidade. Querem que a história escreva
sobre todos os temas, e que todas as perguntas sejam respondidas.
Foi dito que cada geração tem o direito de reescrever a história.[22] Na esfera académica, a
revisão das maneiras de compreender o passado é parte da tarefa do historiador
profissional. Até que ponto é que essa revisão surge cientificamente, como uma distorção
das certezas anteriormente estabelecidas (Karl Popper) e não pseudo-cientificamente, como
faria o que se denomina pejorativamente de revisionismo historiográfico, é algo difícil de
avaliar. Uma prova de toque seria detectar se o revisionista é um estranho ao mundo
académico, que se dedicada ao uso político da história, o que aliás é um vício comum: a
história sempre foi usada como uma arma para a transformação social e os meios
académicos nunca foram uma excepção. Na historiografia, ciência social, é difícil perceber
se nos encontramos diante de uma mudança de paradigma como os que estudou Thomas
Kuhn para as ciências experimentais ("História das Revoluções Científicas"),
principalmente porque nunca há um consenso tão universalmente partilhado como para
entender que o desvio dele seja uma revolução..[23]
Uma das grandes polémicas revisionistas (no bom sentido) veio com as comemorações do
segundo centenário da Revolução Francesa (1989). Autores de tendência estruturalista,
próximos à "Annales" (François Furet ou Denis Richet), sintetizaram os estudos das
décadas de 1970 e 1980, em que se pretendia ser um novo paradigma interpretativo
alternativo ao marxismo que havia dominado a história social do período: Albert Soboul,
Jacques Godechot, e, mais recentemente Claude Mazauric, Michel Vovelle ou Crane
Brinton ("Anatomia de uma Revolução"). Distante de ambas as tendências, Simon Schama
e os novos narrativistas fazem uma história cultural do político e muito narrativa,
antiestructuralista e de tintas tendencialmente conservadoras (iniciada por Richard Cobb já
na década de 1970). Além disso, mantém à frente a "Nouvelle Histoire Politique" de René
Rémond. Arno Mayer lamenta que a revisão haja dado lugar um uso político da história, no
qual se condenam, "a priori", as revoluções como intrinsecamente perversas.[24]
Um subgénero: as comemorações
Por outro lado, a utilização da história para celebrar acontecimentos que atendam a anos
"redondos" (centenários, decenários, etc.) constitui-se numa oportunidade de destaque
profissional para os historiadores, de aproximação da disciplina do grande público e de álibi
para diferentes tipos de justificações. O bicentenário dos Estados Unidos da América
(1976) havia sido um precedente difícil de superar, em termos de cobertura mediática e
custos económicos. A mais recente, no caso da Espanha foi a da Guerra Civil Espanhola
(1976, com a inovadora exposição do Palacio de Cristal do Retiro da qual foi curador
Javier Tusell; 1986, o cinquentenário que se aproveitou para recordar, particularmente, a
Machado e a Garcia Lorca com a esquerda no poder; 1996; 2006, com discussões sobre a
memória histórica), Carlos III de Espanha (1988, na emulação da paralela preparação do
bicentenário francês), o "Quinto Centenario del Encuentro entre dos Mundos" (1992),
Cánovas (1998), o "Año Quijote" (2005). Existe mesmo a Sociedad Estatal de
Conmemoraciones Culturales, que mantém um movimentado calendário..[25]
Sem a necessidade de celebrar algo mais concreto do que a sua próprio intemporalidade,
mas com o mesmo zelo justificativo (no que leva milénios de vantagem), a Igreja Católica
espanhola tem feito o mais notável conjunto de exposições: "Las Edades del Hombre",[26]
uma revisão temática dos assuntos religiosos ilustrada sucessivamente com diferentes
suportes histórico-artísticos elegantemente seleccionados e expostos (livros, músicas,
esculturas, etc.) de maneira itinerante pelas catedrais de Castilla y León, as quais em si
mesmas já justificam as visitas. O mesmo formato e curador teria "Imaculada", para
assinalar os 150 anos de aniversário do dogma (Catedral da Almudena, Madrid, 2006) e que
serviu para compensar a recente inauguração do edifício, de gosto e decoração discutíveis.
Inspirada nelas foi realizado pelo Governo de Navarra a exposição "Las Edades de un
Reino" (Pamplona 2006, coincidindo com o centenário de São Francisco Xavier em Javier).
A historiografia anglo-saxónica
Também é digno de nota o papel dos Estados Unidos como anfitrião dos intelectuais
europeus antes e depois da Segunda Guerra Mundial, como foi o cado de Mircea Eliade, o
maior renovador da história das religiões ou história das crenças ("O sagrado e o profano",
"O mito do eterno retorno").
Mas a grande contribuição dos historiadores ingleses, que têm publicações comparáveis à
da "Revue des Annales" ("Past and Present"), está no cerne da principal corrente de
produção historiográfica, no caso desta revista, de tendência marxista, entre cujos destaques
se incluem autores da estatura de E. P. Thompson, Eric Hobsbawm, Perry Anderson,
Maurice Dobb, Christopher Hill, Rodney Hilton, Paul Sweezy, John Merrington e outros,
que, de modo algum devemos entender como uma tendência unitária, uma vez que, nos
anos da Segunda Guerra Mundial e nos do pós-guerra (em que muitos deles funcionaram
como o Grupo de Historiadores do Partido Comunista da Grã-Bretanha) foram se
afastando entre si e das posições marxistas ortodoxas, dando origem ao que tem sido
chamado de tendência "marxiana". As polémicas entre eles e com autores não-marxista
como H. R. Trevor-Roper, tornaram-se, merecidamente, famosas.
Cada autor deve ser visto através de sua posição pessoal, como a do estadunidense
Immanuel Wallerstein (também no domínio da história económica e social, que tem
desenvolvido um conceito de "sistema mundial" na linha de Fernand Braudel), o britânico
Steven Runciman (medievalista imprescindível para o estudo das Cruzadas), ou dos já
mencionados Arno Mayer, Richard Cobb, Crane Brinton ou Simon Schama.
Não pode deixar de referir-se o que poderia ser chamado de "história excêntrica", ou fora
do "consenso" ou campo central do trabalho dos historiadores "oficiais". Sempre existiu
literatura semelhante e poderia ser recordado um exemplo notável, como Ignacio Olagüe e
o seu livro "A Revolução Islâmica no Ocidente", que pretendeu provar a inexistência da
invasão árabe no século VIII, e que obteve alguma repercussão nas décadas de 1960 e
1970.[30]
Não é a espanhola a única historiografia que se defronta com a excentricidade: o caso mais
chamativo dos últimos anos foi, seguramente, a da atribuição da descoberta da América ao
almirante chinês Zheng He.[32]
A utilização da historiografia para falsear a história é tão antiga como a própria disciplina
(que teria que remontar pelo menos a Ramsés II e à Batalha de Kadesh), mas no século XX
a capacidade que o Estado e os meios de comunicação de massa (chamados de quarta
potência) alcançaram, permitiram aos regimes totalitários jogar com a capacidade de mudar
a história, não só em direcção ao futuro, mas para o passado. A novela 1984 de George
Orwell (1948) é um testemunho de que isso era credível. As fotografias retocadas foram
uma especialidade, não apenas de Stálin contra Trotsky, mas de Franco com Hitler.[33] O
próprio Winston Churchill tinha claro, mesmo dentro da democracia, que "a História será
amável comigo porque tenho a intenção de escrevê-la"[34] Reflectir sobre se a história é
escrita pelos vencedores é uma tarefa mais própria da filosofia da história.
A verdade é que, na história, tudo muda, nada é permanente, e muito menos a sua
ocultação, como evidenciado pelo debate sobre a escalada da malignidade, entre a esquerda
e a direita, que ainda dará tantos livros como o de Stéphane Courtois ("O livro negro do
comunismo", 1997).
ARCONTOLOGIA
Uma das primeiras terefas dos historiadores antigos foi estabelecer a cronologia dos
governantes anteriores e seus predecessores, situando-os em uma mesma linha de
desenvolvimento histórico. Como exemplo desta prática, temos as listas de reis Sumérios,
Egípcios (lista de Maneton, por exemplo, ou a Lista Real de Abidos) e Romanos (sua lista
de consules e o livro A vida dos doze cézares, de Suetônio). Outro exemplo é a obra do
século XVII Histoire de la maison royale de France et des grands officiers de la Couronne
(literalmente, História da casa real da França e dos altos funcionários de Corona, de R.
Anselme) é um exemplo de delineação do estado através dos indivíduos que ocupam (ou
ocuparam) seus principais cargos.
Serão nos séculos XIX e XX que aparecerão os trabalhos de caráter generalista que visam
compilar a lista de governantes por nações e épocas. O exemplo mais "enciclopédico"
destes trabalhos é Regenten der Welt, (literalmente, Regentes do mundo, ou Governantes
do mundo, de 1985 e 2001), livro tido como referência universal para chefes de estado de
todas as nações e épocas. Outro exemplo do século XX é o Handbook of British
Chronology (literalmente, Manual de cronologia britânica), combinando metodologia
cronológica, histórica e aportes teóricos.
Filosofia da História
Filosofia da História é o campo da filosofia ou da história (dentro da 'teoria da história')
que observa sobre a dimensão temporal da existência humana como existência humana
sócio-política e cultural; teorias do progresso, da evolução e teorias da descontinuidade
histórica; significado das diferenças culturais e históricas, suas razões e conseqüências.
Índice
• 1 Hegelianismo
• 2 Mudanças na Filosofia da História a partir do Positivismo
• 3 Referências
• 4 Bibliografia
• 5 Ligações externas
Hegelianismo
No livro Filosofia da História, de Hegel, logo na introdução se desenrola uma apreciação
de uma teoria sobre a história, dividida em cinco capítulos. Para Hegel haveria três formas
de tratar da história, que a encaram diferentemente: a história original, a história refletida e
a filosófica.
Na história original ele cita como exemplos Heródoto e Tucídides, "que descreviam
principalmente os feitos, os acontecimentos e as situações que tinham diante de si"
traduzindo-os em uma obra de imaginação. Os mitos e outras representações populares,
como canções, são excluídos por serem principalmente imaginação, a história original é
tratada por povos cientes de sua real existência e vontade, descrevendo o que foi
vivenciado, sem reflexões, para que se mantenha para a posteridade.
Segundo Cotrim (1991, p. 177), "O termo positivismo foi adotado por Augusto Comte para
designar toda uma diretriz filosófica marcada pelo: culto da ciência e pela sacralização do
método científico."
Outro dado relevante do pensamento de Augusto Comte (1798-1857) é a afirmação
categórica de uma visão materialista e naturalista, negando o metafísico e o transcendente
ao fazer a exaltação das ciências sociais.
O Positivismo foi uma das correntes filosóficas mais influentes em vários campos do
conhecimento. No campo da História seu legado reverberou durante todo século XX
(principalmente no Brasil e outros países sul americanos).
Referências
1. ↑ MARTINS FILHO, Ives Gandra S. Manual Esquemático de Filosofia. 3a. ed. São Paulo:
LTr, 2006, pg. 312. ISBN 85-361-0825-8
Bibliografia
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia: para uma geração consciente. 6. ed. São
Paulo: Saraiva, 1991.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26. ed. São Paulo: Companhia das
Letras, 1995.
LINS, Ivan. História do positivismo no Brasil. 2. ed. São Paulo: Nacional, 1964.
Fundada por Lucien Febvre e Marc Bloch em 1929, propunha-se a ir além da visão
positivista da história como crônica de acontecimentos (histoire événementielle),
substituindo o tempo breve da história dos acontecimentos pelos processos de longa
duração, com o objetivo de tornar inteligíveis a civilização e as "mentalidades".
A escola des Annales renovou e ampliou o quadro das pesquisas históricas ao abrir o campo
da História para o estudo de atividades humanas até então pouco investigadas, rompendo
com a compartimentação das Ciências Sociais (História, Sociologia, Psicologia, Economia,
Geografia humana e assim por diante) e privilegiando os métodos pluridisciplinares. [1]
Índice
• 1 História e características
• 2 Principais nomes
• 3 Bibliografia
• 4 Referências
• 5 Ver também
• 6 Ligações externas
História e características
Os fundadores do periódico (1929) e do movimento foram os historiadores Marc Bloch e
Lucien Febvre, então docentes na Universidade de Estrasburgo. Rapidamente foram
associados à abordagem inovadora dos "Annales", que combinava a Geografia, a História e
as abordagens sociológicas da Année Sociologique[2] muitos colaboradores eram conhecidos
em Estrasburgo, para produzir uma análise que rejeitava a ênfase predominante em política,
diplomacia e guerras, característica de muitos historiadores dos séculos XIX XX, liderados
pelos sorbonnistas - designação dada por Febvre.
Um eminente membro desta escola, Georges Duby, no prefácio de seu livro "O domingo de
Bouvines", escreveu que a História que ele ensina, "rejeitada na fronteira do
sensacionalismo, era relutante à simples enumeração dos eventos, esforçando-se, ao
contrário, por expôr e resolver problemas e, negligenciando as trepidações da superfície,
procurava situar no longo e médio prazos a evolução da economia, da sociedade e da
civilização."
Bloch foi morto pela Gestapo durante a ocupação alemã da França, na Segunda Guerra
Mundial, e Febvre seguiu com a abordagem dos "Annales" nas décadas de 1940 e 1950.
Nesse período, orientou Fernand Braudel, que se tornou um dos mais conhecidos expoentes
dessa escola. A obra de Braudel definiu uma "segunda geração" na historiografia dos
"Annales" e foi muito influente nos anos anos 1960 e 1970, especialmente por sua obra de
1946, O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Felipe II.[4][5]
Enquanto autores como Emmanuel Le Roy Ladurie e Jacques Le Goff continuam a carregar
a bandeira dos "Annales", hoje em dia a sua abordagem tornou-se menos distintiva
enquanto mais e mais historiadores trabalham a história cultural e a história econômica.
A 3° geração dos Annales é conduzida por Jacques Le Goff. Ficou mais conhecida como a
"Nova História", segundo a qual, toda atividade humana é considerada história. Além de Le
Goff, nesse período se destaca Pierre Nora.
Principais nomes
• Marc Bloch
• Fernand Braudel
• Pierre Chaunu
• Georges Duby
• Lucien Febvre
• Marc Ferro
• Jacques Le Goff
• Pierre Nora
• Emmanuel Le Roy Ladurie
• Jacques Revel