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rh EE A emma : \apepeesess, James I. Porc, onde th. Vndesos estas Vinhetas Historicas Interactivas JAMES H. WANDERSEE Universidade Estatal de Louisiana LINDA M. ROACH Universidade Estatal de Louisiana de Noroeste © QUE E QUE SIGNIFICA O TERMO “NATUREZA DA CIENCIA"? © que é afinal a “natureza da Ciéncia”? Nao se espera encontrar consenso (quer dentro ou entre os gru- os) ao perguntar aos filésofos da ciéncia, aos historiadores, aos socidlogos ou aos professores. Assim, no poderemos perguntar apenas aos cientistas? (afinal, so eles que fazem ciéncia todos os dias). Infelizmente, 05 atarefados cientistas de hoje em dia tém muitas vezes o tempo limitado para reflectir sobre tais temas ¢, para além disso, a maior parte vé pouco valor pritico em fazé-lo, Nao queremos dizer que nio existam ‘muitos livros fascinantes ¢ teis que digam respeito aos aspectos da natureza da ciéncia, livros de cada um dos especialistas acima mencionados — incluindo alguns cientistas introspectivos. Contudo, nenhum tem uma compreensio perfeita da natureza das ciéncias — isso 6 0 projecto de uma vida, nao o fim. Para mais, estas comunidades académicas estdo gradualmente a aperceber-se de que, de certo modo, a natureza da ciéncia poderd incluir um constructo — por exemplo, pode ser mais exacto falar da natu- reza da biologia, do que falar da natureza da cincia in foro (Rosenberg, 1985). Estio a comecar a aper- ceber-se que 0 que costumava ser chamado de Hist6ria da Ciéncia era predominantemente a Historia da Fisica — o suposto protstipo de ciéncia que todas as outras deviam imitar (Mayr, 1988). Hoje em dia, € mais provavel que cada ramo das ciéncias seja considerado de forma independente e dentro do con- texto dos tipos de problemas a que se dirige. Para 08 nossos objectivos neste capitulo, definimos a natureza da ciéncia como conhecimento espe- cifico da disciplina dos objectos, factos e propriedades da natureza a serem estudados, as pressuposi- ges e certezas acerca deles, as teorias usadas para decidir quais as questdes importantes a resolver, os métodos e os instrumentos que a disciplina emprega para recolher dados validos ¢ fidveis, os hébitos da mente associados com as préticas da disciplina, os tipos de jufzos cognitivos e de valor que sio feitos, ‘0 modos como tais jufzos so adjudicados pela comunidade dos eruditos e, finalmente, o que € que constitui o “progresso” nessa disciplina cientifica. 248 \webies. hn: Nokreas Por s Qussnaats Qdsexa gee — Coma torgro » RAAMHRARMARAHKSHSSASASARAHRAABDADADAASASSASAISHHHHOA29O99989% LARRRERREREREE XE RE weve “re - wort rr er ree rece wow Assim, ao aplicar a nossa definigdo, € possivel que um estudant Ge ciéncia, memorize um conjunto de informagbes seleccionadas pel fe se empenhe num determinado curso lo professor, € descubra respostas para iGo tradicionais, e, no entanto, tenha umn QUAL EO PAPEL DA NATUREZA DA CIENCIA NO ENSINO CONTEMPORANEO DESTA? nora tenham sempre existido alguns professores de Cigncias que defendem a incluso das perspec raya la Histériae da Filosofia das Ciéncias no ensino destas o seu nlimero€relaivamene bance Recen- Cras, ealzaramse tts grandes conferéncias internacionais, sobre 0 uso da Histra ¢ da neon, da Cincia no ensino cientifico (agora abreviado para HPSST" ,anteriormente era HPS ny HPST). Estas confe- teneias tiveram lugar eny 1989, na Universidade do Estado da Florida; em 1992, na Unive dnc Queens, cm Kingston, Ontiio (Canada); ¢ em 1995, perto do campus da Universidade do Minneenre Estivemos aerran gs bresentdinos dissertagses ém todas estas conferéncias. Em cada uma foram ade grandes a brOxima (em relagio ao momento em que este texto esti a ser escrito) serérenlizada na Universidade de Calgary, no Verto de 1997, e promete no ser diferente. Estas actos Publicadas das con- feréncias oferecem um portal esculpido para 0 traballio do movimento HPSST. Finley, Allehin, Rhees & 1989, 1990; Hills, 19922,b). Também representam uma quantidade significative de trabalho escolistico; pessimos 0s 6 volumes e descobrimos que totalizavam & uilogramas! Debruce-se temacional de académicos também apoiam um jornal com o nome dk Science & Education, que € publicado pela Kluwer Academie Publishers (com bee an Holanda), e podemos assegurar, ambos, a qualidade dos artigos. Contudo, € um desaio ler que 0 Jjornal trata de sianag Substanciais de contedo e ndo pretende ser um jornal de ensino HPSST. Este jornal é wna verses sidade que ainda nao foi cumprida, Se tivéssemos de escolher alguém para personificar a comunidade escolar HPSST € que fez mais do seen Stem Para Ihe dar vida e manté-a, seria o professor Michael R. Matthews. Pars além de cers {itor do jomal, Matthews editou/esereveu dois livros importantes que pensamos que todos og ‘que que- Hor bpeender as contribuigées que o HPSST pode fazer d educacao da ciéncia devem ler Sto dee {tistory, Philosophy, and Science Teaching: Selected Readings (1991) ¢ Seience Teaching: The Role of History and Philosophy of Science (1994), Vi is de History and Philosophy of Science into Science Teaching. cro No primeiro artigo, do primeiro ntimero, do primeiro volume da Science and Education, Matthews (1992) explica porque é que a Histéria e a Filosofia da Cigncia sfo tteis para ensinar a cigncia escolar, O titulo deste artigo é: “Hist6ria, Filosofia e o Ensino das Ciéncias: a Aproximagio Actual”. A “apro- ximagao" (ie., estabelecer relagbes cordiais) a que Matthews se refere € a incluso do HPSST nas refor- ‘mas curriculares nacionais da ciéncia escolar, que tém lugar por todo o mundo. Construfmos um mapa de conceitos que estabelece algumas (nao todas) as proposigdes importantes que extraimos desse arti- g0 (ver Figura 1). O leitor que no esté familiarizado com os mapas de conceitos, deve estar conscien- te que estes sio para ser lidos do topo para a base, um ramo de cada vez. Uma das componentes principais da reforma da educagio das cigncias é ensinar a natureza destas (AAAS, 1993; NRC, 1996; Rutherford & Ahlgren, 1990). Nao é uma ideia nova (Duschl, 1994). Por exemplo, em 1951, Conant recomendou dar aos alunos nfo licenciados em ciéncias uma compreensio desta e, para além disto, sugeriu usar as hist6rias da ciéncia como ferramentas para completar esta tare- fa, Em 1954, Wilson defendeu o ensino das atitudes dos cientistas a alunos universitérios que nio tives- sem uma formagdo em cigncias. Estes sentimentos tiveram eco nas publicagées eruditas feitas por Klopfer em 1969, por Anderson em 1978, por Shahn em 1988, por Duschl em 1990, por Brown em 1991, por Matthews em 1992 e por Roach e Wandersee em 1993. Apesar destes continuos apelos a acco, Ray (1991) e Bybee, Powell, Ellis, Giese, Parisi e Singleton (1991) escreveram que existiam poucos materiais curriculares disponiveis e poucos projectos a tratar activamente do desenvolvimento de materiais para alcangar estes objectivos. Esta descoberta foi con- firmada a um alto nivel de generalidade pelo Dr. Albert Shanker (1996), o falecido presidente da Fe- deragdo Americana dos Professores, que se queixou que as reformas recomendadas pela comunidade © actuAL movunenro Psst \ pede cur jd fojestimleds —rogrg «enor apa wautwe er imei \ ureeacin a Soca Diswuncio evrne & cnc coe! | [aes reso aa T devoigems form t tl oma fi cavohidasem f iene pela ‘soo vonieo | 0s rrowcros wacowats] reonidear | Cowredv0 | ayendangen | Iwvesncacio acRCA o curricuwme >} camino DA MUDANCA AS ctncus sunstarve ONCEPTUAL oie i carieindo react pre sete 1 sonic do fe reper NaTuReZA \ Eovcagho oA ‘SeteceKo € "PRorUNDIDABE Ourcros | [~ Raconuoaos | | 00 prortsson cctwau” Sonne uncuRa”™ rocauzaoos | |_e oan eazdes | |_o¢ aincis Figura 1 ‘Mapa de conceitos de proposigdes que 0 autor extaiu do artigo de introduslo, assinado pelo editor M. R, Matthews, do nimero I da Science & Education. | | ~~~ revere euunsssss heeraga de ComPreensio da natureza do conhecimento cicnanen Que os cientistas. Talvez uma observaslo andloga soja que os grandes jogadores raramente aa 5 melhores treinadores — “fazem o ue fazem” quase implicitamente. Contudo, 0s nossos estudos epistemologicos (Abrams & Wandersce, 1995a,b), as andlises historicas (Nandersee, 1992) ea investigagdo edueacional (Wanderee, 1986a) indicam que hé uma relagao entre Pte oo como as comunidades cientificas e os estudantes de cites Constroem modelos, cada vez mais oderosos, acerca de como funciona © mundo (ao longo do tempo). Wandersee (1986a) deu provas disto purr importante estudo em que comparou a compreensao de fotossintese, em mais de 1400 estudantes norte-ameticanos das escolas basicas, secundarias ¢ de Profissionalizagdo, com os marcos hist6ricos do Pro digs gos cietistas acerca da compreensio da nutrigto das Plantas. Foi detectado algum paralelis. imo digno de registo, Isto nio significa que os alunos de ciéncia recapitulem o desenvolvimento histé. ‘ico dos conceitos cientificos a medida que cresce a sua compreensio destes conceitos, mas indica que 8 familiarizacao com as barreras cognitivas encontradsg Pelos cientistas, no passado, pode servic como dis cata a eurstco para antecipar as bareiras instrucionsis cane que se deparam alguns dos actu- oate sdgntes de ciéncias eas concepgées altemativas (concen erréneos) que eles possuem., Assim, Sait estudo representa uma ligagdo, fora do comum, da investigagao ao ensino e aconselha uma nov, aplicagdo da Hist6via e da Filosofia da Ciéncia na educacao dos professores, Roach (1993) relata que inimeros estudos dio provas as ‘ue 0s préprios professores nao compreendem easiness ciéncias. Isto levanta uma questio importante: Cone que um professor de ciéncias pode tate conn tke compreende? Se os professores devem actuslinn <2 objectivos da reforma, é impor- pene ompreenderem nao apenas 0 que-os cientstas saber: mae também como a ciéncia funciona — enfamos que deviam usar ferramentas instrucionas, testades pela investi A Assoclagio Americana para o Avango da Ciéncia (A AAgS As modo a incluir uma compreensio basa da naturees a cine: ‘ica do mundo, (2) métodos cientficos de pesquisa ¢ 3) anat A AAAS (1990) sugere que o empreendimento cientifico Pode ser melhor ilustrado, a0 . los histéticos de sige Peional para o desenvolvimento da ciéncia ( e pantitd ttividade “experimental”. Mesmo as feiras de clench, Teforgam esta opinio desactualiza- & Investigacdo citco acerea das feirascienifcas publcade por Scauem 0 “método cientifico” tipo receita de estabelecer um pro- cfcctar uma experiencia controlada, confirma ou rejeltara, hipétese etirar 251 oe TnI I NRE | A imaginagao do plano da pesquisa e a excitagdo da descoberta so também diminufdas por profes- sores de cigncias que oferecem actividades laboratoriais infal(veis, feitas passo a passo, sem se ter de usar a cabega! (estas actividades no passam de um “eu bem que te avisei” caro, cheio de esperanca e a exigit um grande consumo de tempo), e destinadas a verificar as aulas tedricas dos professores. Nao € de admirar que 0s alunos optem por sair dos cursos de Ciéncias eleitos ou abandonem as suas licen- ciaturas em Ciéncias na primeira oportunidade (Seymour & Hewitt, 1997). Stinner (1989) afirma que temos que dotar os estudantes com conhecimentos sobre 0 modo como pessoas tais como Galileu ¢ Einstein usavam a intuigio ¢ os processos imaginativos para os ajudar nas descobertas cientificas. Ao fazé-lo, 08 alunos precisam de ter alguma compreensio dos temperamentos culturais e politicos do tempo, de modo a compreenderem totalmente que a ciéncia € uma parte inte- grante da sociedade (Roach, 1993). Por exemplo, se 0 proeminente génio da fisica Albert Binstein (1879-1955) nao fosse judeu, teria fica- do na Alemanha € 0 resultado da TI Guerra Mundial podia ter sido diferente. Como era judeu, deixou a ‘Alemanha nazi ¢ emigrou para os Estados Unidos, levando consigo 0 conhecimento cientifico, assim como os seus pensamentos brilhantes. A maior parte dos estudantes de cincias de hoje em dia nao fazem ideia de que Einstein era um activista politico ou que tinha conviegGes profundas acerca da ciéncia e da religido, por exemplo, No entanto, ele publicou intimeros artigos no Mein Weltbild de Amesterdao, dan- ® ’ » ’ , y » , (1977) usou sempre a historia aprendizagem literal, memorizada,"* Influenciado inicialmente por James ‘A oria do construtivismo humano sugere que @ iprendizagem sis pamies CoBnitivas, que permitem aos alunos incluir moves experiéncias n: lin modo significativo e nao arbitrério. Se tal for apropriado para o con! INV podem agir como pontes cognitivas construe oe forma narrativa cla, permitindo aos alunos fazerem lig qYandersee, 1995). As préprias histérias podem servir como exemplos puseados na sequéncia, que servem para desencadeas a activag hicrarquia conceptual dos alunos, failitando sao. Ao longo do tempo, os detalhes da historia perdem-se da meméria Consciente, mas as proposigBes-chave Permanecem intactas — apoiadas pes !as provas de exemplos semelhantes, Em geral, as histérias voltam a ser Contadas pelos membros da audiéncia numa data posterior e transportam quer tum significado superficial quer pro. fundo - este tikimo exige reflexioe de. bate para se tornar evidente e enrique cedor. N6s pomos a hipétese de a mu- danga conceptual progressiva, que di respeito & natureza das ciéncias, ni, advir dos tratamentos répidos do t6. pico, mas de exigir passos maiiplos, espagados parcialmente sobrepos” ‘0s, dentro de um determinado curso de Ciéncias. E por isto que favorece- ‘mos @ abordagem narrativa subjacen, te A estratégia de THY, ‘Smith (1990) afirma que uma das fungdes da cultura ¢ perpetuar as his. torias de que a pessoas necessitam para Construirem significado a partir do ‘mundo. Egan (1986) chama a forma da, historia uma espécie de “cultura uni- versal”. Elwell (1993) afirma que para Conquistar 0 verdadeiro interesse do ‘luno pela citneia € necessério igar assim, a reconstn igre gs ‘Ura méscara singular de IH apresentada por un profesor ‘numa grande escola secundaria urbana no Sut A figura € do ci Repare que usaram apenas uma imager ‘© que permite abereuras wnaiones tistaltecnlogo George Washington Carver i a 20 pescoga partir das histérias da cién- igagbes entre 0 que jé sabem e o que precisam de sabe (Roach & Conceptualmente comprimidos ¢ ‘edo de conceitos relacionados através da 'usdo do conhecimento aprendido no pa 257

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