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BRAGANTIA Boletim Técnico do Instituto Agronémico do Estado de Sdo Paulo Vol. 17 Campinas, dezembro de 1958 NOB PROJEVO KE CONSTRUCAO DE UMA 3ARRAGEM Di TERRA (*) G. B. Bannero, enzenheiro-agronomo, Sesto de Conservarao do Solo e . Fost 8, engenhetro-grOnomo, Estocto Experimental Central, Tstitwto “Asrondmico RESUMO Nesta trabetho 6 opresentado, em detethes, © projeto para @ construgio de uma borragem de torts, ne qual fol empregoda, com bons resultados, 0 impermedbilizagao do nucleo central por melo do hidréxido de sdio em solugdo @ 3c. ‘A impermedbilidode foi determinada durante a fose do construsio, om amostros de solo de estrutura ndo deformada. Ape 0 conclusao da reprise ésse efeito fol ove Todo dererminando-se 0 osigdo ossumide pelo linhe de saturogdo, no interior do ater ‘Acham-se descritas, também, os téenicas usados para a impermeabilizos0 do ndcleo © pera & determinagio da linha de seturacdo. 1 — INTRODUCAO Foram dois os principais objetivos visados na construgéo da “barragem Monjolinho”, na Estago Experimental Central do Insti- tuto Agronémico: a) coleta de dados experimentais; b) reservatério de égua para irrigagéo. 1.1 OBJETIVOS EXPERIMENTAIS Foram os seguintes «@) estudar © comportamento do niicleo central (cortina de veda- ‘gG0 da barragem), frente aos problemas de infiltragéo, quando consti- tuido ésse nucleo de terra tratada por solugées aquosas dos seguintes elementos quimicos: 1) hidréxido de sédio (soda céustico), 2} carbo- nato de sédio, 3) silicate de sédio; 2) Recediae pot0 pubilocte em 22 de novembre ao 1957. 120 BRAGANTIA NO8 b) _estudar o methor teor de umedecimento do solo pelo imper- meabilizante, ¢ fim de que a compactago do mesmo se processe dentro des melhores condicdes; ©) estudar a posicéio de linha de saturacéo em barragem de terra ‘com ndcleo impermeabilizado por uma das solugdes enumerades; d) determinar dados experimentais para futuros aplicagées prétices. 1.2 — OBJETIVO PRATICO Obter dgua em quontidade suficiente para atender as necessida- des resultantes de experiéncias de irrigagdo de culturas. No presente trabotho séo opresentados os dados experimentais coletados durante o construgéo de referida barragem, 2 — MATERIAL E METODO 2.1 ~ LOCALIZACAO, ‘A escolha do local destinado @ construgéo de uma barragem de- verd, sempre que possivel, recair s6bre uma garganta estreita situada préxima do local a ser beneficiade pela construgdo, a fim de barateor © seu custo e também 0 da utilizagéo da égua armazenada. No caso da barragem Monjolinho, entretanto, o local jé se encon- trava préviamente determinedo: ela deveria ser construida no mesmo local em que existiy ontiga barragem, também de terra porém de muito menores proporgées, e da qual herdou o nome. 2.2 ~~ DADOS DISPONIVEIS Inicialmente eram os seguintes os dados disponiveis para orientar «@ construgéo: ©) levantamento planimétrico ¢ altimétrico da Estagdo Experi- mental Central do Instituto Agronémico, na escala 1:5 000; b) levantamento planimétrico e altimétrico da bacia de inunda- 660, na escala 1:400, curvas de nivel locadas de metro em metro; Banasto & Forster BARRAGE pr TERRA 1a ©) Grea aproximada da bacia de captagéio, avaliada em 251,4107 ha e obtida de planta do municipio de Campinas; d)_vaséo do cérrego contribuinte da barragem, medida por meio de vertedores triangular (2ngulo de 90°) e retangular (soleira 0,72 cm) ambos de paredes delgadas (apresentada no gréfico da figura 1-4; L | am q Hess a clos cérregos contribuintes da borragem *Mon- juho de 19510 fevereio de 1952, 2 — precipitarso venreoumo nr nevi en eras A — Grifico do 6", no. periods i € i ©) dades locais de precipitagéo média mensel para o periodo 1943-1952, conforme o grético da figure 2; 122 BRAGANTIA 1) dados sdbre evoporagéo: — na falta de dados locais sébre perdas de dgua por evaporaséo, por gentileza da Light and Power Co, de Séo Paulo, utilizamos resultados obtidos para localidade préxima (quadro 1; 9) anélise fisico-mecénica do solo local (terra-roxa-misturado), proveniente de misturas em porgées varidveis entre 0 arenito de Bo- tucatu ¢ @ terre-roxa-legitima (9): argila 48%; areia grossa 20,0%; limo 32%; classificagao: argitoso; alt Flours 2. Grifico das médios mensais de Precipitegse pluviomttica, no Estado Ex: perimentel Central do Institute Agronémico, ro periogo de 1943 q 1952" (Dados de Se: {60'de Climatologia Agricola). h) teores de matério orgénica a véries profundidedes, no locol de onde seria retiroda terra principalmente para a construcdo da cortine de vedagéo © talude de montante do barragem (quadro 2); Bantezo & Forste BARRAGEM DE TERRA 123 Drz., 1958 se oe sviaaw se esr ee ts6(-0860 ee var or os6t-sr6t ee cur ov ‘6r6I-Br6K we * wy ~arel-erat ee esr se “E76 L-986E | | eipew | wen, esmew | oa | aor | or00 ouy (one 995 "09 somos 9 WBN Op D7 'w ¢'0z5 :apmumy “o}peg 09s 29 operss “Sd '3 ou ‘s20p ugg wo ‘auesiy arta) Sode ap ann aoysodne ae Osbondeas OF ‘omnis Yp ws ao Sunp Span —\"omewngy 124 BRAGANTIA Vou. 17, NO 8 Cor bene Quanno 2. — -Moterter—prutinica determinadgemn amostras de solo adjacente & ‘barrogem *Menjolinho” (*) Profundidade | Carbone m % 0,00-0,20 a 0,30-0,60 vor 0,60-0,90 0,90-1,20 once 1,20-1,50 | (©) DeterminacSes de SepBo de Agroneloni, Intute Agronimies i) dados sébre infiltracdo: — inexistindo dados experimentais sébre o montante das perdas de égua por infiltracée local, foi a mesma avaliada em 25% do total; }). dados sobre necessidades do consumo: — destinando-se o gua acumulada na borragem principalmente para fins experimentais de irrigagéo, © consume dependeria do nimero de experiéncias de irri- gagéo conduzidas, das condigdes climéticas e do tipo de cultura em experimentagéo. 2.8 — TIPO DE BARRAGEM ESCOLHIDA, A escolha da construgéo para a borragem Monjolinho recafu no tipo de gravidede, sendo terra o material empregado. ‘As barragens de terra constituem boa solugéo, principalmente para pequenos represamentos e para os casos em que a fundagéo deva repousar sobre terro. 2.3.1 — FORMA Foi escothide a forma retilinea, por ser a mais indicada para a natureza do material destinado @ construgdo. Bansto & Fonstex Dez, 1958 Baneagem pe TERRA 125 2.3.2 — PERFIL Escolheu-se o perfil homogéneo, com inclinagéo do talude de mon- tante de 3:1 e 0 de jusante 2,5:1, forma trapezoidal, a base menor constituinde a parte superior da barragem e destinada a servir como estrada, tendo a largura fixade de 7,0 m (figuras 3-C e 4) 3. — DESCARGA MAXIMA ESPERADA, DA BACIA DE CAPTACAO E considerade bacia de captagéo o érea de terra que contribui com enxurrades para cumentar 0 curso de dgua a ser represado. Vérios so os métodos de determinagéo da descarga maxima espe- rada em uma bacia de captagao. No caso de barragem Monjolinho, foi determinada pelos métodos de Fuller (5,7) e de Burkli-Ziegler (1), tendo sido obtidos os resultados dados o seguir. 3.1 — METODO DE FULLER Qd = KA onde Qd = média anual das vasGes méximas didrics em pés"/segundo K = coeficiente @ ser determinado, caso por caso, com dados disponiveis A. = Grea em milhas quadrados. Substituindo pelos valores, teremos: iS. Qd = 100 x 0,970 = 97,590"pés cuibicos/segundo 136,51 Qo = Qd (1 + 2,66-%4) = 170,350 pés cibicos/segundo ‘A yaséo méxima esperade Q, serd: . B24 4 1,133 Q = Qo (1 + 0,8 log T) = 401/886 pés*/seg. = +4370m"/seg 126 BRAGANTIA Vou. 17, N98 3.2 — FORMULA DE BURKLI-ZIEGLER Q = 0,022 KIA [Ze onde Q = vaso em m#/seg K = coeficiente, variével de acdrdo com @ bacia de captacéo |= intensidede de precipitagéo em cm/hora J = declividede erm m/krm A. = Grea da bacia de captagéo em ha Substituindo pelos valores teremos: 0 . Q = 0,022 x 0,30 x 12 x 2514 V/ x57 gq = 13,300 m"/seg 4 — PROJETO DA BARRAGEM Calculode 0 descarga maxima da bacia torna-se possivel elaborar © projet, 0 qual 8 em geral, desenhado sdbre planta topogratica ploni-altimétrica da drea escolhida (figura 3). 4.1 — CALCULO DO EXTRAVASOR (LADRAO) No caso de pequenas borragens, 0 lodréo deve ser calculade para dor escoamento & enxurrada méxima (2); no caso de grandes barragens, pode-se contar com a bacia de inundagéo para absorver porte dessa enxurrada, O célculo do extravosor poderé ser feito usan- do:se qualquer das férmulas destinades a0 célculo de vases em ver- tedores de paredes espéssas, ou entéo poderd ser obtido em tabelas calculadas com 0 auxilio dessas formulas (2) Bannevo & Fonster BaRRAGEM DE TERRA 127 Drz., 1958 do otérro © planta topogr- wlagdo de sigue; C — I impermeobilizedo (n), tubulecde de descorge (t), onele de con- ore monsbro do registro de descarga (pl; D —~ perfil do bacia de ecumulasée de dgue. volume de gee Fioura 3. Projeto para construgéa da borrogem "Moniolinhe”. A — grifice do 2B — projegsio hor Bannero & Fonsten Dez., 1958 ‘BARHAGEM DE TERRA 129 Ne barragem Monjolinho o extravasor foi calculado pele #érmula: Q = 1,77 BH onde Q = vasdo, em m?/seg B = largura da soleira, em m H = altura do lamina vertente, em m Tendo a descarga da bacia sido calculada em 13,300 mi/seg © tendo sido fixada a largura do vertedor em 4,50 m, s6 restava deter- minar 0 altura, ou seja H, que foi achoda ser igual a 1,41 m 4.2 — CALCUL DO VOLUME ACUMULADO £ baseado na planta topogréfica do bacia inundada. A semi-soma de duos éreas consecutives, multiplicada pela dife- renga de altura entre elas, daré 0 volume acumulado parcial; a soma dos volumes parciais daré o volume total acumuledo. As reas circunscritas pelos curves de nivel de cota 93 até a curva de cote 98 (figura 3-B) encontram-se no quadro 3 (segunda coluna), QUADEO 3. — Volumes ccumulodos de Sque, na bacie de inundagée do borragem ""Monjalinhe", no" Estogdo Experimental Cantral do Instituto Agrendmice cota ra Volume pa mt ms ms 93 enone 281Gb 208 ° ° 9 oe 7990.40 5 403,200 5 403,200 95 - 1512320 17 $56,800 16 960,000 %6 20784,00 17 953,600 34913,600 97 vn 20 192,00 25.488,000 60.401,600 97/64 oo 34291,20 32241 600, 92,643,200 8 36.953,60 35 622,400 128 265,600 130 BRacawrra © volume acumulado total poderé ser obtido somando-se 0s vo- lumes parciais ou diretamente pelo expressdio: Ve = (“Ag”) hE Ast As we Ans Au, Ar o...++ As representam as éreas circunscritos pelas dife- rentes curvas de nivel. Substituinde Aj, A: etc. pelos seus valores temos: 2816 + 34291,2 2 + 30192 = 92643,2 Ve = ( ) 147990 + 15123,2 + 20784 + 4.2 — PROTECAO CONTRA A AGAO DAS ONDAS As barragens de terra deverdo ter uma alturo adicional acima do nivel do égua, para protecdo contra a acdo das ondos. A altura ser acrescentado & barragem poderé ser calculeda pela seguinte formule, onde f = disténcio, em km, entre 0 atérro e 0 ponto extremo do érea inundada: Vyfge oa = a \t= 0,3 = 0,68m ‘A velocidade em m/seg, para valores de H compreendidos entre 0,5 e 2,0 m, poderé ser calculade pela férmula: 3,2 3, 2 Ve St phat x 0.68 = 1,82 m/seo. A alturo adicional @ ser acrescentado 4 barragem, acima do nivel da égua seré: «(4 +) onde K (= 1 a 2,5) constitui 0 coeficiente de gorantia para os diferentes tipos de construgdo e natureza do terreno. Bauneto & Fonsren Dez., 1958 Barracem pe Tesra Substituindo os valores na férmula teremos: Ho = 1,2(0,68 + a8 4.4 — CALCULO DA CRISTA lergura da parte superior do borragem (crista) poderd ser calculada pele f6rmula: b=3+ (WH — 3) 17 No caso da barragem Monjolinho a cristo foi préviamente fixada em 7,0 m, pois deveria servir de estrade. 4.5 — CALCULO DA BASE Devendo 0 talude de montante ter declive de 1:3, € o de jusante de 1:2,5 sendo a largure da crista de 7,0 m, 0 largura de base maior serd igual o: Bab+3H4+25H=704 377 +25 X7,7 = 49m 4.6 ~ CALCULO DO COMPRIMENTO DO ATERRO O comprimento do atérro, de 260 m, foi determinado em planta topogrética do local (figura 3-B). 4.7 — VOLUME DA BARRAGEM. © volume de terra necessério & construcdo do macico foi deter- minado pela formula: vast? xx z ou seja v OO TT 5 260 = 28000 me z 132 BRAGANTIA Vou, 17, No 8 4.8 — CALCULO 00 VOLUME DE ESCAVAGAO PARA FUNDACAO © volume da escevacéo necesséria 6 fundacdo foi obtido multi plicando-se 0 comprimento pelo largura da. fundacao e ‘pela profund: dade média. A profundidade que deveria atingir @ fundagdio determi- nou-se por meio de sondagens e foi, em médio, 2,5 m. Ve = LXIXP onde V, = volume da escavacéo L. = comprimento = 200m 1 = largura = 4,5m P =iprofundidade média = 2,5 m de onde = 200 x 4,5 x 25 = 2250 m' 4.9 — CALCULO DA ESCAVAGAO PARA © LADRAO, Pode ser feito pela formula Mv, = LX IX h, onde Vi. = volume de escovagao para © ladrao L. = comprimento = 18,0 m | = largure = 450m fh = altura = 1,40m donde Ve = 18,0 X 4,5 x 1,40 = 162m? 4.10 — VOLUME TOTAL BO ATERRO © volume total do atérro € igual & some dos volumes parciais, ou seja Vip = V+ Vo, onde V = volume do otérro = 28 000 m* volume da escavagéo = 2 250 m* donde : Ve = 28000 + 2250 = 30 250:m* Bannero & Forster Dez., 1958 _ BARRAGEM pe TERRA 133. 4.11 — IMPERMEABILIZAGAO ‘A escotha do impermecbilizante a ser empregado depende do custo do produto e da preferéncia de cada um por éste ou cquéle material. ‘A impermeobilizagéo da cortina de vedacdo e do talude da bar- roger “monjolinho" foi feita tratando-se o solo com uma solucdo 3°/oy de hidréxido de sédio (soda céustica), na ocasiéo mais econdmica ‘que 0s demais impermeabilizantes e porque esta solucéo opresentara os melhores resultados em testes preliminares de impermecbilizacdo, realizados com amastras do solo do local (2,4). 0 atérro foi feito em pequenas comadas, irrigando-se 0 nucleo central com a solugéo impermeobilizente até obter um grou de umi dode que permitisse boo compactogéo com “pé de careiro”. O res- tante do macico, embora muito bem compactado, néo recebeu imper- meabilizonte. Testes de permeabilidade realizados posteriormente em amostras de solo com estrutura ndo deformoda, retirades da cortina de vedocéo © do talude da borragem, provaram a absoluta impermeabilidade & agua (’) 4.11.1 — CALCULO DO VOLUME DE.SOLO A SER IMPERMEABILIZADO A impermeabilizacéo foi feita no niicleo central do atérro, em uma faixa de 1,5 m de largura paralele ao eixo longitudinal da bar- ragem. © volume impermecbilizado foi, portanto: vi LX 1x h = 260 x 1,0 x 7,7 = 1820 mt 4.11.2 — CALCULO DA QUANTIDADE DA SOLUGAO NECESSARIA ‘A quantidade de solucdo foi calculada na base de 18% do vo- lume de solo impermeabilizado; 1820 x 18 so = 8 = 327 m* de solugao Merinira, ho cafonmode; orcedentet fers wederbo eo ede Se Siggem thc publieosa). nes SS NOS ~ 134 BRAGANTIA Vou. 17, NO 8 4.11.3 — CALCULO DA QUANTIDADE DE SAL NECESSARIA Uma simples proporsao aritimética permitiré conhecer a quan- ‘tidade de sal necesséria para a obtencéo do volume da solucéo im- permeabilizante, a uma concentragao desejada. Cone. x vol. sol a = ~Trid. do Val Pore a impermeabilizagéo da cortina de vedagéo do barragem “Monjolinho”, determinamos Q = 981 kg de sode céustica. 4.12 — CALCULO DA VASAO DE DESCARGA A tubulagéo de descorga (figura 3-C), destina-se ao esvasiamento da représo, quando necessério. © célculo da vaséo poderé ser feito por meio de vérics férmulas, entre os qucis a de Manning, que foi ‘a empregada no presente trabalho, ou seja: g= ARM onde vasdo em m#/seg Grea da segéo do tubo em m? = aio hidréulico declividade em m/m iente de rugosidade. Substituindo ésses elementos pelos respectivos valores teremos: y251/2 2= 54 litros/seg 4.13 — CALCULO DOs ESFORCOS 4.13.1 — DADOS DISPONIVEIS Os dados disponiveis para o célculo dos esforgos (3) eram: ©) nivel méximo de égua = 5,70 m b) distancia AB = 17,10 m (figure 4 — A-B). Bannsro & Fousren _____Bannaceat ps Tena 135 Der 1958 4.18.2 — CALCULO DA COMPONENTE HORIZONTAL (PRESSAO HIDROSTATICA) HA 5,7 hy = gh = Ap = 16,24 ton/m 4.13.3 — CALCULO DA COMPONENTE VERTICAL, Ho + AB _ 5,70 X 17,10 rr a 48,73 ton/m 4.13.4 — CALCULO DA SUB-PRESSAO (PRESSAO EXERCIDA DE BAIXO PARA CIMA) 5, = Ha Base _ Ax 4938 = 140,647 ton/m onde B = bose maior He, = altura do nivel da gua 4.13.5 — CALCULO DO PESO DO MACIGO DA BARRAGEM p= She xuxo= bose = 49,35 m largura do corocmento = 7,0 m altura da barragem = 7,7 m D = péso especifico do moterial = 1,0 ton/m* 4.14 — VERIFICAGAO DA ESTABILIDADE DO ATERRO 4.14.1 — VERIFICAGRC ALGEBRICA A condigdo necessério 6 estabilidade do atérro exige que 0 péso déste seja maior que 4/3 da sub-presséo (3), ou sejo P > 4/3 Sy sub-pressdo (S,) = 140,647 ton/m péso do atérro (P) = 216,909 ton 216,909 > 4/3 x 140,647 216,909 > 187,06 136 BRAGANTIA 4.14.2 — VERIFICAGAO GRAFICA Outro condicéo para a estabilidade do atérro 6 que a resultante de fércas passe dentro do térgo médio da base (3). No centro de gravidade da berragem (figura 4) estéo aplicadas ‘as forcas h (componente horizontal da pressdo hidrostatica) e a re- sultante hy + (P — S,) ou seja, resultante da componente vertical, da pressdo hidrostética, do péso da barragem e da sub-pressio. Os valores calculados dessas fércas foram colocados em escala (figura AAB), 5 — DETALHES REFERENTES A CONSTRUGAO 5.1 — LIMPEZA DO TERRENO Inicialmente fot feita a limpeza e remogGo de téda o matéria or- gGnica encontrada na érea destinada & construgdo. Como a antiga barragem existente no local devesse ser aproveitada no talude de ju- sante, suas superficies foram escarificadas, para possibilitar melhor ligegGo com a terrg colocada sdbre a mesma e destinada a aumentar suas dimensdes. Préximo ao talude de montante da antiga barragem e-paralela- mente co eixo longitudinal da mesma, foi aberta a vala de fundecdo, até que o fundo desta chegasse a atingir solo firme (estampa 1). 5.2 — CORTINA.DE VEDACAO. A cortina de vedagéo, destinada @ reduzir os perdas de égue or infiltragdo através do mocico de terra, estendeu-se desde o fundo do valéta até a parte superior, ou crista do atérro (figuras 3-C e 4). Para que se tornasse possivel o emprégo de méquinas na construgdo da fundagao, esto foi feita com 4,40 m de largura até 0 ponto em que a quentidade de égua aflorade aconselhou reducéo dessa lor- gura (estompo 1-4). Sua profundidade, que oscilou entre 2,50 ¢ 3,0 m, foi estabelecida através de sondagens do terreno, por meio de trado. 0 aproveitamento da antiga barragem, motivade exclusivamente por questées econdmicas, acarretou bastante dificuldade co desenvol- vimento inicial dos trabalhos. ‘Banneto & Fonsrax Dez, 1958 BarraczM DE TERRA 137 5.2 — CONSTRUCAO DO ATERRO A construgéo do atérro, inclusive do niicleo central, foi feita em comadas de terra de pequena espessura (0,25 0,30 m) e compactada Por soquétes manuais e mecénicos. A escavagéo e 0 transporte de terra para a construcéo foi feito com cuxilio de “Buldozers” © “Scrapers” Q niicleo central ontes de receber a compoctacéo foi umedecido com a solugéo impermeabilizante. Daste niicleo central e adjacéncias 6 que foram retiradas amestras para os testes de permeabilidade, 56 referidos. 6 — TRABALHOS COMPLEMENTARES. 6.1 — ASSENTAMENTO DA TUBULACAO DE DESCARGA ‘Ao se instalar a tubulagéo destinada ac esgotamento da barragem teve-se 0 cuidado de construir, de espaco a espago, em volta dos tubos, ‘aneis irregulares de concreto, com a finclidade de quebrar a regulari- dade da superticie de contacto entre o tubo de concrete € a terra do macigo, dificultando assim os infiltragées ao longo dessa superficie de unido entre os dois materiais (figura 3-Ca). 6.2 ~ CONSTRUGAO DO EXTRAVASOR ‘Ao construir 0 extrovasor ou “ladréo” (estampa 2-8), deve-se cuidar de quebrar a regularidede da superficie de contacto entre as paredes do extravasor € 0 solo da barragem. Isso pode ser conseguido construindo-se, de espaco a espace, saliéncias de concreto nas poredes do extravasor que estejam em contacto com a terra, 6.3 — PROTEGAO DO TALUDE CONTRA EROSAO A protegdo do talude de jusante foi feito pelo plantio de grama batatais, No parte superior da barragem foi plantade erva cidreira. A protecéo do talude de montante (estampa 3-Aa) com pedras, 2 a cbertura de drenos “do pé" serdo feitos onortunamente. 138 B Vou. 17, NO 8 Gantt, 6.4 — DETERMINACAO DA LINHA DE SATURAGAO Em trés pontos localizados no talude de jusante foi determinada «@ posico da linha de saturacéo. A determinagéo foi feita abrindo-se orificios verticais, nos pontos assinalados na figura 3-B (secdes CD e EF), of€ que os mesmos atingissem o solo natural. A altura atingida pela gua no interior désses buracos determincu pontos da linha de seturagéo. A ligacéo dos diversos pontos obtidos determinou oproxi- madamente a posigéo de linha de saturagdo no interior do macigo ura 4). . 7 — CONSIDERAGOES GERAIS Decorridos alguns dias do término da construcéo, verificou-se que ‘em trés pontos do talude de jusante a terra se apresentava bastante imida. Para determinar a cause désse umedecimento, ou melhor, para averiguar se 0 mesmo néo era o resultado de infiltracdo de égua atra- vyés da barragem, foram tomadas as seguintes medidas: 1) Investigagao e localizacao de fontes de gua nas imediagées: 98 Investigagées realizadas teveloram a existéncia de nascentes de égua situados na érea coberta pela “saia” da barragem, as quais pas- saram despercebides devido és constantes chuvas que na ocasiéo caiam, encharcande téda a vérzea. b) Abertura de um “dreno de cintura”", pora afaster dguas sub- terréneas situadas em cotas superiores as do talude de jusonte da barragem: 0 “dreno de cintura” evidenciou grande quantidade de égua fredtica, localizada a montante do atérro. ©) Abertura de drenos e medicéo da égua escoada, em cada ponto de umedecimento do atérro: as medicdes do escoamento dos dre- nos nos pontes em que apareceram of umedecimentos demonstraram que 0 oscifacéo de vaséo dos mesmos acompanhava a curva de voséo dos cursos de dgua préximos, chegando a secar na ocasiéo em que ecorria a minima vaséo dos cérragos. Estes resultados levaram & con- clusdo de que a dgua existente no talude de jusante néo era prove- niente da représa caso, em que ela tenderia a aumentor cada véz ‘mais, olargando sempre 0 orificio por onde estaria se infiltrando. ) Nivelamento da parte superior do atérro (coroamento de berragem) e amarragdo désse nivelamento a um ponto fixo: a obser- Bannero & Fonstes Barnacem px Terra 139 vacao do nivel do carcamento da barragem demonstrou a perfeita esto- bilidade do mesmo, 0 que néo teria ocorrido se houvesse infiltragdio através do atérro, ) Determinagéo do link de saturacéo (figure 3-2): @ deter- minagdo da linha de saturagéo, propositadamente feita em posigées préximas & em que foi constatado o umedecimento do talude, demons- trou que a linha de saturagéo permanece dentro do corpo do berragem. ‘Apis um lapso de tempo razodvel desde c construgdo até 0 pre- sente momento (1953-1957), a borragem apresenta-se em perfeitas condigées (estampa 3-B), prova que reputamos voliose para os fins em visto, pols se 0 umedecimento observado no telude de jusante fésse 0 resultado de infiltracdes através do atérro, acreditamos cue a représa i teria ruido. 8 — CUSTO DA CONSTRUGAO custo de construgéo foi de cproximadomente Cr$ 340.000,00, considerando-se sémente as despezas com operdrios, com trotoristas, combustivel, lubrificante, e material usado na construgéo. Na deter- inagéo das despezas néo foi considerado 0 custo do levantamento topogréfice, do projeto e desenhos, da assisténcia técnica e nem a de- preciagéo das méquinas. © projeto poderd ser avaliado em 2 a 3% dos gastos com a obra ea assisténcia técnica em 10 a 10,5% désses mesmos gastos. 9 — CONCLUSOES ©) A irrigago do niicleo central da barragem pela solugéo de hidréxido de sédio a 3°/m tornou-o impermedvel 4 dgua, b) A construgéo da barragem usando-se niicleo de solo imper- meabilizado, em vez de niicleo de alvenaria de tijolos ou de concreto, veio facilitar ¢ baratear os trabalhos de compactagao do atérro. €) Determinagées da linha de saturagéo demonstraram que a mesma se localizava dentro do atérro. 140 BRAGANTIA Vou. 17, EARTH DAM PROJECT AND CONSTRUCTION SUMMARY. ‘The purpose of this poper is to present @ detclled project that moy be helpful 10 others underteking the building of an earth dar. Results abtained in an Impermecble earth dom are presented; the impermeability wor attained by sodium hydroxide trectment of its central. core; the effect on the Timpermoobiity of the cam war determined from undisturbed somples collected di ting ond after the construction period, ‘The potition reached by the saturation line In the external slope wos determined In order 19 evalucte the effect of tha treatment on the impermesbility oF the dom, LITERATURA CITADA 1. Armco Industriel ¢ Comercio! S/A. Manuel da técnica de bosiros e dronos. Rio ‘de Janeivo, 1943. 468. 2, BARRETO, G. BL Elementos de lrrigacio. Projeto pare irigaséo do cafeuiro. ‘So Paulo, Editora egranbmica “Ceres” Lid, 1957. 139° p. 3. BASTOS, FRANCISCO DE ASSIS. Projeto e construcdo de ume pequena bare ‘gem de terre. Cominox y construcion pesade. Margo de 1956. 4, GITTENCOURT, HELIO V. C. Resultados de testes de, impermectilizasso do solo utilzade ne construgéo da_borragem “Monjalinno”. Campinas, Institute ‘ogronémico, 3.4. INao publicedol 5. GARCEZ, LN. Sdimulo de quiet proferidar no. curso normal para engenheiro, ‘Séo Pauio, Fee. de Hig. e Soude publica, 1949. [Neo publicadol 6. GROHMANN, F., MEDINA, HP. & GARGANTINI, H. Nove tina de lisimetro rmonolites. Bragantia 11:(333}334. 1951. 7. JUSTIN, JOEL. Earth coms projacts, New York, John Wiley & Sons, 1932, 345 p. 8. MALLET, CH. & PACQUANT, J. Les barrages en terre. Porls, Eyrlles, 1951 345 . 9. PAIVA, J. E. (netol, CATANI, R._A., KOPPER, A. fe outros]. Observocées stbre Sp giandes tipos de ssn do Estado de $30 Povlo. Brogantia 11(2271-253, 1951. Baxaacen Moxsounuo Esrancea 1 Esrasra, Barsacen, Monsotnao Banracem Monsoumno Esraara 3 A — Borrogem concluida: a — tolude de montante: b — extravasor c=" ponte pare mancbra do registro de escorga, B visto tual a représa, BRAGANTIA Vol. 7 ARTIGO NS § 956 ERRATA Pig, 120, cp. 22: por um Japs delcouse. ue mencionar que, dversns dadot inci nara 9 “ite ab Geol 2 Eran Rioja tora obtice po Eas Agha "Wc Pag. 124, Qunsro 2: onde so Ik: Maida orsinen detrminads, leiote: Carbon determinado, oe 225, ep, 31: onde se 8s 9789, 170380, ALS, 11.870, ese, espe a mene Pg, 129, Quaite 3: onde se 1: 248%, cane: 2816

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