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1 O PLANETA TERRA E SUAS ORIGENS Umberto G. Cordani Jmo material que compde os demais compos sccamente a formagio do Sol, dos demais planetas do Sistema Solar e de todas as estrelas a partir de nu- vvens de gis e pocieainterestelat: Porisso, na investigagio da origem e evolucao de nosso planeta, é necessirio recorrer a uma anélise do espaco exterior mais longin quo ¢, a0 mesmo tempo, 5s evidéncias que temos do passado mais remoto, Com base nas informagies decorrentes de diversos campos da Ciéncia (Fisica, Quimica, Astronomi bem como estudando a Asteofisica, Cosmogquimica), arureza do material terrestre (composi¢io quimica, fases minerais, et), j foram obtidas respostas pata algumas importantes questies que dlizem respeito & nossa existéncia + Com se formaram 1s elementos quimicos? + Como se formaram as esteelas? + Com se formasam os planetas do Sistema Solat? + Qual é a idade da Terra e dla Sisterna Solar? + Qual é a idade do Universo? *+ Qual € © futuro do Sistema Solas, ¢ do proprio Universo? Fig, 1.1 Agols nicleo den bio gigante de Andrémede (ino elitice) - mes prow ‘ebiihonte contende bilhoes de estrelas, Fonte: NASA, a4 Fotomontagem Tera e Luo, NASA, Pent e) Para as quatro primeiras perguntas jé existem evi- déncias suficientes pata estabelecer uma razoivel confianca nos pesquisadores em relagio as stas teori- as, baseadas no conhecimento cientifico, tanto teérico como pritico, observacional on experimental. A quinta a sexta talvez também possam vir a ser respondidas a contento com o progresso da Ciéncia Contudo, o que exista antes do Universo? Para esta, pergunta ainda nio temos esperanca de resposta no campo do conhecimento cientifico convencional, e tal questio permaneceré como objeto de consideragdes filoséficas e metafisicas - tema de imbito das diferen- tes religides, cujos dogmas implicam a presenca de um Criador, exercendo sua vontade superior. 1.1 Estrutura do Universo A Astronomia nos ensina que existem incontiveis estrelas no céu. Ao mesmo tempo, observamos que elas se dispdem de uma maneira ordenada, segundo hicrarquias. As estrclas agropam-se primeiramente em cujas dimensdes sio da ordem de 100.000 stincia percortida a velocidade da luz, 300 mil km/s, durante um ano). As figuras 1.1 ¢ 1.2 apre- sentam dois exemplos comuns de gabixias tipo eliptico ¢ tipo espiral. A estrutura interna das galéxias pode galixias ma do nosso Sistema Soler (2,4 milhées de ones-lun)—com say TCR ners Fig. 1.2 Exemplo de uma goléxo do tise espira Fonte: NASA. conter mais de 100 bilhdes de estrelas de todas as di- ss, com incontavcis particularidades. Por exemplo, entre as descobertas que vém sendo alvo de cestudos ridio-astronémicos estio os quatars, objetos peculiares com dimensio semelhante 4 do nosso $ tema Solar, mas contend imensa quantidade de energia e brilhando com extrema intensidade. ‘As galisias po- dem conter enormes espagos interestelases de baixa densidade, mas também segides de densidad extce ma. Os assim chamados buracos negros podem sugar qualquer matésia das prosimidades, em virtude de saa sigantesca energia gravitacional. Nem mesmo a luz consegue escapar dos buracos negros,¢ 0 scu estudo 6 um dos temas de fronteira da Astronomia A Via Lactea ¢ também uma galixia do tipo piral, sendo que o Sol — a estrcla central de nosso Siscema Solar ~ esta sieuado num de seus bragos peti féricos. A Via Léctea possui também um ntielco central, onde aparecem agrupamentos de estrelas jovens. ‘As galixias, por sua ver, se agrupam nos assim chamados aglomerados, que podem conter ence al: gumas dezenas a alguns milhares de galixias. A Via Lictea pertence ao chamado Grupo Local, que inclu também a galixia de Andromeda ¢ as Nuvens de Magalhics. Finalmente, © maior nivel hierirquico do Universo € o de superaglomerados, compostos de até dezenas de milliares de galaxias, ¢ com extensiies que atingem centenas cle milhies de anos-luy As observagdes astrondmicas nos conduzem a pelo menos duas reflexdes relevantes pasa os temas da ori gem do Universo ¢ da maréria acle concentrada: * uma visio retrospectiva, visto que a observacio das feigdes mais distantes nos leva 4 informagio de Epoeas assadas, quando os objetos obser mais jovens, Sio as observagdes das rogiées no limite do observivel, que refletem eventos veurrides hi vé- rigs bilhées de anos (Fig. 1.3) Fig. 1.3 imogem bide pelo tolescépio Hubble numo das por tes mais distanes do Sistema Solar. Os tes objetos com roios 60 exrelas, enquanto os de objetosvisives s80 gol 1s, cada uma dels cartendo muitos bilhOes de esteios. Os ‘bjolos menores e menos luminosos so galdxias cerce de 11 bilh Fonte: NASA, POEL iey + uma visio comparativa, que possibilita a re- construgiv do ciclo de evoln 10 estelar, visto que existe uma grande diversidade de tipologia nas ¢s- teclas, em relagdo A sua massa, tamanho, cor, temperatura, idade, ete. Fmbora se saiba que a vida de uma estsela € muito longa, da ordem de diver sos billies de anos, 0 grande nimero de estrelas disponiveis para observagio faz com que seja pos- sivel verificar a existéneia de muitas delas em diferentes fases da evolucio estelar, desde a sua form fi até 0 seu desaparceimento ou a sua trans- formacio em outro objeto diferente do Universo, © Universo encontra-se om expansio, Ndo é a dis- vincia entre as aamentando, strelas de uma galéxia que esté nem a distincia entre as galéxias de wm aglomerado, visto que tanto as primciras como as til timas esto ligadas entre si pela atragio da gravidade A expansio do Universo significa que aumenta conti uamente © espace cntee os aglomerados galicticos que nio estio suficientemente ligados pela atragio gravitacional, A vclocidade desta expansio € dada pela constante de Hubble, ainda no determinada com grande procisio, e que presentemente parece se situar prima de 18 km/s.10" anos-luz, Se 0 nosso Univer- s0 for “a iberto”, este valor permancecri constante, ow poder aumentar ao futuro, Se entretanto o Universo. for “Fechado”, a velocidade de expansio diminuiré com o tempo, tendera a anular-se ¢ em seguida toma si valores negatives caracteristicos de contraglo. A Astronomia ainda nfo esta segura quanto 4 na tureva aberta ou fechada do Universo, pois isto depende de sua densidade média, cujo valor niio se encontra estabelecide adequadamente. © valot limite entee aberto e fechado, chamado de densidade critica, € dado por p, = 3H,’ / 8nG, onde H, é a constante de Hubble © G a constante gravitacional Para 0 valor mencionado acima de H, a densidade critica € de 6,5 x 10°” g/em'. Observagdes recentes (wer os comentirios finais deste capitulo) sugerem que 1 densidade média tem valor inferior 20 ertico, indi- Universo cando um Universo aberto, portanto tendendo a expandir-se para sempre. Entretanto, é dificil medic essa densidade em virtude da existéncia da chamada matéria escura, de complicada caracterizagio ¢ de prc senga ubiqua em todo espago interestelar, Este material, vieruaimente invistvel, consiste de neutrinos possivelmente de outras particulas desconhecidas que interagem apenas por forgas de gravidade com a ma- téria conhecida. Muitos cientistas acreditam que esta ‘matéria invisvel estaria presente no Universo em quan: _rlomimaginado recentemente por Gams, tidade muito superior 4 da matéria visivel,e nesse eas0 a densidade média poderia superar 0 valor critico, apontando assim para um Universo “fechado”, 1.2 Como Nasceu 0 Universo Se nosso Iniverso for fechado, isto é se sua densida- de média for superior a 65 x 10 g/cm, sua velocidade de expanslo deveri diminair até anlar Sc, ¢ em seguida cle deveri implodie sobre si mesmo, num colossal coapsmne, no futuro longinguo, dagui a muitas dezenas de bilhdes de anos, Toda a matéria estar reunida numa singulatidade, um espaco muito pequeno de densidade cextremamente alt, vttualmente infinite sob uma tem- peratura também extremamente alta, virualmente init Nesta singularidade que foge a qualquer visualizagio, ria e energa seriam inclstinguiveis, io haveria espa- 0 em scu entomo e 0 tempo nio teria sentido. Tita pode ter sido a situagio existente cerea de 15 bilhdes de anos atris, o ponto de partda de tudo o «que nos diz respeito, um ponto reunindo toda a maté- ra e enengia do Universo, que explodiu no evento tinico original que os fisicos denominaram Grande Explo- sio, on Big Bang. Por meio do conhceimenta existente sobre matéria, ¢ energia, radiagdes, particulas elementares,¢ fazendo uso dos recursos da Fisica tedriea, incluindo modela- gens e simulagdes, os cientiseas reconstitufram com grande preciso as etapas sucessivas & Grande Explo- so. Segundo dlizem, tendo como situago de partida o iniciado 0 Big Bang, 0 resto € perfeitamente previsivel. A Tabela 1.1 retine os eventos ocorrids por ocasito da origem do Universo, ordenados cronologicamente, A Ciéncia ‘io tem elementos para caractetizar 0 pesfodo que 08 fisicos denominam Planckiano, decortido logo apés 6 instante inicial, Trata-se do tempo necessirio para a luz atravessar 0 comprimento de Planck, a unids- de fundamental de comprimento, pois nio é possivel saber se as constantes fundamentais que governam nos- so mundo jf atuavam naquelas condigdes. Durante os 3 x 10" segundos iniciais a temperatura era alta de- mais paraa matéria ser estivel, tudo era radiagio, Ainda hoje, o espectro da radiacio de microondas de fundo (wierowave background radiation) que pervaga 0 Univer- so em todas as direcdes do espago, como remanescente da radiacio emitida, é uma das maiores evidéncias para a teoria do Big Bang e implica que a radiagio original partiu para todos os lados com a ‘mesma temperatura ee attr tre Tabela 1.1 Cronologia do Big Bang, mostrando que Tempo e Espaco séo grandezos fisicos {que nasceram junto com ¢ Grande Expose. rey Prey on) Zero ficial Zero 54x 10% 16x10 10% los Io 108s 1 013 10 lo"s oA 78x10 75x10 10% 300 13410 38x10 “10” 10° 300,000 Vax los 3x10" ane 100 8 read £800:000 ones 66107 3.000 Obe:v = 1.460540 «107 kg Com a expansio € a eriagio continua de espace, fo ram surgindo as quatro foreas fundamentals da nature aque ineluem a forga cletromaynetica, as foreas nucleate Fonte e fraca (que 96 en influcnca no inter atomic), ©-a Foren dy Widade que, de Jonge, & mais familiar « todos ns. Congudy at fonca da prvidade poor ser enuite frea & dfcl de: ser medida (ra vera medida cquivale & consiante G). Houve tare at fase de espanslo extremamente rpid (fase inlaeiond ria), em que a velocidad da expansio foi até maior de astrorisices explicarn as Feigtcs annals observadlas em Uninerso, Impliea também que pode terse ogi nade» ala mesma forma uma quanticade enorme de esos que jamais seremis expaes le conhe ee eared ‘Aporecimenta de expaco, tempo Fim do periado Planckiono Separactio da Gravidode 0 das orcas Nucleon Foe Elerca Foca. Fee iflaconsric: Seporasto dos forgas Nucoor Face Elekomognsica Estobiizam-se 0s quarks do tip nas 50 v. Ectoivom-se.0s quarks do tipo b (massa ~ 5 u Ectaiicom-s0 0s quarks do tipo (nso 1,80} Estbiizom-se 0s quarks do tipo , sss 0,5 04 Estabilzam:-2e protons névtrons Establizom-se 08 nicleos’I (enargia de bgaciio ~ 1,7 MeV Estoblom-se os elon (masto = 0,00055 u} Estobiizom-se 0s nicleos He ¢ He Capture de olétons pelos nics. Formac He He emoléculas H,. © Universo tomose tansparent cer, visto que, apis a fase inflaciomsitia estes teria ste propria espansio e evolucio muity cistante de avis, de Apis 10° segundos, nosso universe inflad, o uni vero visivel, ria su espansio pow emnada pela eonstante de Hubble, e sua evolugio o levaria até «esta anv em que: seu nto & da orem de Bes de anes, Nesta cvolugio primtiva, a tempenitura © hens cde energia foram decreseendo, © form eviadas as cont «is paral formato da maténa, no procesckenomingde nucleogénese: protons, acutrons, elétrons e cm seid (8 tomes dos dementos mais eves, Primeiramente L Heo dois elemenios prineipais st materia do Univers pusteriormente Li © Be, Com pou menos ¢ Peete milhio de anos de vida, a remperarara do Universo en contrava-se em cerca de 3.000 K, ¢ a energia estava suficientemente baixa para permitr os tomas permane- cerem estiveis, Com a captura dos eétrons pelos dimes em formaci 6 Universo embric parente it luz, sendlo constituido por H (74%), He (26% além de quansielades muito diminutas de Ti ¢ Be. Por outro lado, quando a temperatura decresceu para valores abaino de alguns milhbes de gus, aenhum ou: tro elemento teve condigio de sereriado. As estrels € as salsa formaram-se mais tarde, quanda o resfriamento. generlizaclo permitiu que a matéria viesse a se confinar tem imensas nuvens de gis, Ests, postesiormente, entra am em colpso pravitacional pela acio da forca de gravidade, ¢ seus miclens se aqueceriam, levandlo 4 for mucio das primeitas esteelas, As primeitas galéxias surgiram por volta de 13 bilhes de anos atnis A Via |Léctea tem aproximadamente 8 billes de anos de ida- de e dentro dela © nosso Sistema Solar originow-se hi cerca dle 46 bilhaes cle anos. 1.3 Evolugio Estelar e Formagao dos Elementos No Universo em expansio havia variagdes de den- sidade como em giganteseas muvens em movimento, com regides de grande turbuléncia, Embora sua den- sidade fosse muito baixa, eram tio vastas que sua propria atracio gravitacional era suficiente para pro: duzie conteagio, ao mesmo tempo em que 0 seu ‘momento angular impedia a sua répida implosio. Na medida em que elas foram se contraindo a densida- de aumentando, algumas regides menores com densidade maior passaram a se avtocontraitem, ¢ a grande nuvem dividiu-se em nuvens menores separa- clas, mas ofbitando entre si. © progresso da contracio gravitcional resultou na hierarquia hoje reconhecida, com as galixias pertencendo 2 aglomerados, que por sua vez formam superaglometados. Fig, 1.4 Nebuloss do Carangueio, Tsta-se de uma grande nuvem de gs, localzoda na conselagéo de Touro, originade pelo explosio de uma superove, ocorido no ane de 105d e regishado nor vétios povos na época, Fonte: NASA, Rint) AAs estrelas nascem pela radicalizagio do processo de contragio, a partir das mencionadas nuvens de gis (nebulosas), constituidas quimicamente por grande quantidade de Hidrogénio ¢ Hélio, além de alguns outros gases particulas slidas que integram a poel= ta interestelar (Fig, 14). ObservagSes astrondmicas revelam regides onde esté ocorrendo o fendmeno da formacio de estrelas, em nebulosas de enorme massa € baisa densidade, No interior destas, um volume ‘menot com densidade ligeiramente mais alta entra em autocontragio, e o material tende ao eolapso prod indo uma esfera, na regiio central, tornando-se uma proto-cstrela. Dai em diante continuari a contrair para compensar a perda de calor pela sua supertiic, de- senvolveado temperaturas ¢ mais para a esquerda no diagrama. A queima de Hidrogénio ~ a reagio termonuclear caracteristiea das estrelas que se situam na Seqiéneia Principal, em que pela fusio de quatro niicleos de Hlidrogenie formase tum de "He ~ inicia-se quando as temperaturas centrais estrela em formagio atingem 1°K. Esta reagio libe- 1 uma imensa quantidade de eneryia, muitos millwies de ‘vezes superior quela que scria causada pela queima qui mica do H. Desta forma, a estrela pode continuar ‘queimando H durante bithdes de anos, como ¢ 0 caso do Sol, visto que tal producao de energia compensa e equi libra a tendéncia & contragio pela acao da gravidade. progressivamente mais cleva- das em seu centro, A.evolugio das estrelas, al como seri rclatada a seguir, cncontra-se sintetizada na Fig, 1.5, que representa 0 diagra- ma de Hertzsprung-Russel (H.R), Neste prifico, a maio- ria das estrelas situa-seperto da curva representada, desde 0 canto inferior diteito (baixa temperatura e baixa luminosi- dade) até o canto superior esquerdo (alta temperatura ¢ alta laminosidade), Esta regiior no diagrama é a denominada Seqiiéncia Principal, com a estrela de massa unititia So ra Mogrtude Yd Absa 1M, ocupando a posiclo cea: tral, Uma certaconcentragio de estrelas aparece acima ¢ pata a direita da Seqiiéncia Principal, enquanto apenas algumas apa- recem abaixo dela Quando uma estrela nase, seu material esti ainda muito diluido © expandido, Sua tem pperatura superficial é baixa, de ‘modo a situar-se na porcio in- ferior direita do diagrama H-R. L “Sets L eee 2 -_ eh ae ” luminosod fot usnecnas L L L Com sua contragio,temperatu- —® 2 ta ¢ luminosidade aumentam, ¢ a estrela vai ocupando posigdes sueessivamente mais pata cima Tpoemecta Fig. 1.5 Diogroma H-R (Hetasprung-Russel), no qual otipo expect que depende do cor e do temperatura de supedci) de muitasexrelo 3 represeniodo em fungéo de luminosidade vj distoncias 8 conhecidos, sativa co Sol A queima do H no centro das estrelas, onde a temperatura € maxima, produz He, elemento que permanece onde é formado, visto que o ealor pro- duvide é transferido para as camadas mais externas por radiagio, e alo por convecgio, A acumulagio de He forma um niicleo que cresce, com o HL em ignigio, confinado a uma camada con rerna a esse niicleo. Com 0 erescim » do aiieleo, 1 pacte externa da estrela expande muito, € sua su pecticie resfria, assumindo uma coloracio vermelha, Ea fase denominada gigante vermelha (Kg, 1-4). Nesta fase o niicleo se contrai novamente pela atra- ao gravitacional, ¢ a temperatura central aumenta muito, para valores da ordem de 10! K, Inicia-se 1 queima do He, que pode durar muitos milhées de anos, formando C pela fusio de trés particulas alfa, Em seguida, com 0 esgotamento do He, nova conteagio do nicleo ¢ novo aumento de tempe ratura acarrotam wma enorme expansio da esteela ‘Trata-se da fase de supergigante vermetha. Se 0 Sol atingir esta fase, daqui a cerea de 5 bilhies de anos, seu tamanbo estender-se-a para além da ér- bita de Marte Em estrclas de tamanho médio, como € 0 a0 do Sol, © nuicleo de C € muito quente, mas no 0 suficiente para produzir fasdes nucleares, de modo que cessam as reacties produtoras de energia, Como resultado, 0 micleo conttai ulteriormente, ¢ a sua densidade aumenta, originando uma an’ branca, Tais tipos de estrela perdem sua energia residual wente, por radiacio, resfriando durante outros bilhdes de anos, transformando-se em aniis ‘marrons, ¢ finalmente, em ans negras. Por outro lado, em estrelas cujo tamanho € pelo menos oito vezes maior que 0 do Sol, em suas fa- ses de supergigantes vermelhas, a temperatura do iiicleo de C é suficiente para produzit O, Ne ¢ Mg pela adigao de particulas alfa, e posteriormente fun: dir , formando Sic outros nuclideos de niimero de massa mais elevado. Tais processos, em que os residuos da queima de combustivel nuclear se acu- mulam no niicleo para em seguida queimarem por sha vez em outea reagio termonuclear mais com- plexa, fazem com que as estrelas se constitaam por luma série de camadas concéntricas, As reagécs nu- cleares cessam quando o elemento Te é sintetizado (processos de equilibrio, ou e procese), visto que este dle cate € 0 mais estavel de sua regio na curva de cenergia de ligacio, e por isso uma fusio nuclear ulterior consumiria energia ao invés de produzi-ts Por) igio sucessivo de queima, desde o H até o Fe, libera menos energia que 0 anterior. A diminuigio da fonte de energia coincide com a ne- cessidade crescente de energia para as etapas posteriores da evolugio estelar, de modo que estas sio sucessivamente muito mais ripidas do que as anteriores, e especialmente a fase de estabilidade ‘quando a esttela permanece a0 longo da Seqiiéncia Principal. Uma estrela que permaneceu durante bi- Ihdes de anos queimando I ¢ depois He, passa extremamente rapido pela fase dos processos de equilibrio, em segundos apenas, formando Fe, para ter imediatamente seu combustivel nuclear esgota- do em sua parte central. Nesta situagio, 2 temperatura aumenta muito, a contracio torna-se insustentavel, ea estrela implode em fragdes de se gundo comprimindo as particulas formando uma estrela de néutrons com diimetro da ordem de apenas alguns quilémetros. Nas camadas mais externas da estrela permane- ce grande quantidade de elementos ainda no queimados: H, He, C, O ete. A implosio do centro causa 0 colapso generalizado de tais camadas ex- ternas, com 0 concomitante grande aumento da temperatura, A quantidade de energia liberada & tio grande, em to pouco tempo (menos de um se- gundo), que a estrela explode literalmente, langando para o espago a maior parte de seu material, num evento tinico no eéu, um grande espetéculo para os astronomos, ¢ que caracteriza a fase de supernova (Fig, 1.6). Nesta explosio, grande mimero de néu- trons é liberado pela fissio dos auclideos mais pesados, ¢ esses néutrons sio imediatamente cap- turados por outros nuclidios, dando origem 20s processos denominados r (rapid - répidos) ¢ s (show = lentos) de formagio de elementos novos. A pro- va da nucleossintese pelas supernovas esti na deteceio do especteo de cortos elementos instiveis, como o Tecnécio, ou alguns elementos transurinicos, tal como foi observado recentemen: te pelos astrofisicos. © diageama H-R tem fundamental importincia no entendimento da evolugio estelar, descrita an- tes, visto que podem ser observadas estrelas individuais em todlas as etapas evolutivas, € deter- minadas as suas propricdades através de anilises espectrais de diversos tipos. Apés longa permanén- cia sobre a Scqiténcia Principal, produzindo He, a luminosidade das estrelas aumenta nas fases seguin- (Ren cn arent Fig, 1.6 Exemplo de fase de supernovo. Nebulose com formoto deuma “empulheio", mostonde os ants ejetodos de gases (N, H, O} resulanes de sua exploséo. Fotografia tomada do tele Spo Hubble. Fonte: NASA, tes, de pigante vermelha © de supergiyante verme- tha, mas diminui a temperatura de sua superficie, por causa da expansio. As estrelas se deslocam en- tio para a parte superior dircita do diageama (Fig, 1.4), Por outro lado, com a perda de luminosidade que antecede a morte das estrelas, as ans brancas vio se situar na parte inferior do diagsama, absixo da Seqiiéncia Principal Assim, os elementos constituintes do Universo. foram formados em parte durante a nucleogénese, nos tempos que se sucederam ao Big Bang (basica: mente He He), ou entao foram sintetizados no interior das estrelas cm processos denominados genericamente de nucleossintese. Aqueles com mi- mero atomico intermediirio entre o He ¢ 0 Fe form: -se durante a evolucio das estrelas, nas partes centrais das yigantes vermelhas, enquanto aqueles com niimero atomico superior ao do Fe ori- ginaram-se unicamente naqueles instantes magicos das explosdes das supernovas, Ao mesmo tempo, desaparecendo a estrela-mie, toda a sua matéria foi devolvida ao espago interestelar, fertilizando-0 ¢ possivelmente dando inicio a um novo ciclo de evo- lugao estelar. Somente as estrelas de massa gigantesea podem evoluir até a fase de supernova. Estima-se que em cada galixia ocorrem duas ow trés explosdes de supernovas em cada século. O evento mais beilhan- te parece tet sido aquele registrado no ano 1054, ‘cuja matéria, espalhada pela explosto, deu origem 4 Nebulosa do Caranguejo (Pig. 1.4), Existe uma relagio intima entre a origem do Uni- verso © a dinimica das estrelas, por um lado, ¢ abundincia dos elementos nos sistemas estelar por outro, Fixplosées de supernovas tém como con seqiiéncia importante que os novos elementos formados, primeiramente no interior da estrela, ¢ posteriormente durante a explosio, sie devolvidos 0 espaco ¢ misrurados ao meio interestclar, esse cialmente constituide no inicio de H ¢ He, Desta forma, as novas estrelas a se formarem a pastit de tal mistura ja comecariam a sua evalugio com um) complemento de elementos pesados, incluindo-se ai 0s isotopos radioativos de meia-vida longa, como Ue Th, Este ¢ o mecanismo pelo qual o Universo se torna progressivamente mais rico em elementos pesados. Kstrclas formadas recentemente posstiem cerca de 100 a 1,000 vezes mais Fe © outros ele- mentos mais pesados do que aquelas mais ai formadas em épocas mais préximas da origem do. Universo, Sistema Solar foi formado ha “apenas” 4,6 bilhdes de anos, quando 0 Universo ji contava de 8 2 10 bilhdes de anos de idade. A nebulosa solar resultou possivelmente da explosio de uma supernova, cuja massa estimada teria sido de apr ximadamente 8 massas solar € que em sua fase final teria sintetizado os clement s pesados que hoje constituem o Sol e seus planetas (Hig, 1.7). Portan Sistema Solar possui c ia constituinte dos cospos planetitios do ta quantidade de clemen- tos pesados, ¢ constituicéo quimiea evcrente (ver as denominadas abundancias solares na Tabela 1.2 Peer matt Tabela 1.2 Abundéncia Solar dos elementos. Embora existam diferencas de estrela para estrela, por causa da propria dinémica interna, @ abundéncia solar é fida como um valor médio representative da constituicoo uimica do Universo, também chamada abundancia césmica (valores em étomos/10°Si). Ee Cote) 3,76xt0* 1075x108 Ni 4.93% Fonte: Anders & Ebihara, 1982. Pee eer eke) 1.4 O Sistema Solar Nosso Sol é uma estrela de média grandeva, ocu- pando a posigdo central na Seqiiéncia Principal no diagrama H-R (Fig, 1.5). Como tal, encontea-se for mando He pela queima de H, ha cerca de 4,6 bilhes de anos. Possivelmente, permanec 4 nesta fase por outros tantos bilhdes de anos, antes de evoluir para a fase de pigante vermelha, andi branca, ¢ finalmen. te tornar-se uma andi negra. Os demais corpos que pertencem ao Sistema Solar (planctas, satélites, asterdides, comeras, além de pocita e gis) formaram-se ao mesmo tem oem que sua estrela central, Isto contre ao sistema uma organizacio harménica no tocante i distribui- gio de sua massa ¢ as trajetétias orbitais de seus coxpos maiores, os planetas ¢ satélites. A massa d sistema (99,8 %) concentsa-se ao Sol, com os pla netas girando ao seu redor, em érbitas elipticas le pequena excentricidade, virtualmente coplanares, segundo um plano bisico denominado ecliptica, Neste plano estio assentadas, com pequenas incli- nagdes, as Grbitas de todos os planetas, centre Marte e Jupiter orbitam também numeroso: erdides, Por sua vez, a grande maioria dos cometas parece seguir também érbitas proximas do plano da ecliptica, O movimento de todos estes corpos a0 redor do Sol concentra praticamente todo o mo- mento angular do sistema, A Tabela 1.3 retine os principals parimetros fi sicos dos planctas do Sistema Solar. Sio, de dentro para fora do sistema: Mereirio, Venus, Terra, Mat= te, Jépiter, Saturno, Urano, Netuno ¢ Plutio, Pode-se verificar que suas distincias em relagao a0 Sol obe- decom uma relagio empirica (a denominada ‘ei de Titius-Bode"), proposta por LE. Bode d= 04 +032" ‘na qual d é a distincia heliocéntrica em unidades astronémicas (UA = distincia média entre a ‘Terra € 0 Sol, equivalente a cerca de 150 mithdes de km), en é igual a -20 para Merciitio, ero para Venus, ¢ tem niimeros de 1 a 8 ps Plutio). Os asterdides tém -a os planetas (Verra até As caracteristicas geométricas, cinemiticas ¢ di namicas dos planetas do Sistema Solar foram condicionadas pela sua origem comum, Os planc- tas podem ser classificados em internos (ow terrestres, ou teluricos) e externos (ou jovianos). Pela eee Fig. 1.7 © Sistema Solar, Os quatio plonetas interes sv fom-se mais perio do Sol © $00 rochosos @ menores fomanho, enquanto 0s quatro planetasexternos 20 aigantes, estes possuem soiltes mojoreriomente gososor © com ni: cleosrochosos. O planeta meis distant, Pluibo, um pec corpo congelado de melano, dgue e roche, Notar 0 cinturéo 1up0 de planets iter de osterdides que se localiza en Tabela 1. , verifica-se que os planetas internos pos: stiem massa pequena e densicade média semelhante da Terra, da ordem de 5 g/em', enquanto que os planetas externos possuem massa grande ¢ densi dade média proxima a do Sol. Os incontiveis corpos de dimensoes menores, que ofbitam no cinturio de asterdides (o maior asterdide conhecido, Ceres, tem diimetro da ordem de 970 km), apresentam caracte- risticas variaveis, porém mais assemelhadas iquelas dos planetas internos. Os planctas internos possu em poucos satélites ¢ atmosferas finas e rarefeitas, Jos planetas externos possuem normalmente mais satélites ¢ suas atmosferas sio muito espessas ¢ de composicio muito parecida a do Sol, com predomi: nancia de H ¢ He 12 DeciFRANDO A TERRA Tabela 1.3 Pardmetros fisicos dos planetas do Sistema Solar. 9.45 we bar Tete us Bb? oon on 55 13 BEEF Ae) 2 C0, N78) COyE95) Hi) Hira) Hs Ho(15). HablotO) IN| ORT (NB) Hel20) Hee) HO,cH, ia trae: z NH, 60)” NH, (60) 1 16 18 15, & if) O72 aR 52988 ss Bo | aes [5 365 6a7 4347 T0775 s0.680 4024 90582 Deon Wien ats ange 009 021 | 002 | 90R 005-006. 005g ns 4879 42104 12756 6794 142.984 120596 51.118 49.628.» 2.300 Inogieobil 700 3870 AR. 1 2AR 07 AP AAS Rye My respeciiomente, roto (6.978kr) © massa (5,98%)" 1) da Terra As diferengas Fundamentais entre planetas internos externos podem ser atribuidas 4 sua evolugio qui: mica primisiva. Basicamente, os iiltimos sic gigantes _gasosos, com constituigio quimica similar a da ncbu losa solar, enquanto que os internos sio constituidos de material mais denso. Como seri deserito adiante, tais diferene: .a partir de uma quimica inicial similar, se devem a um evento de ala temperatura que ocor reu numa fase precoce da evolugio dos sistemas planetirios, responsive! pela perda de elementos vo- liteis pelos planetas internos, Segundo os modelos aceitos (par exemplo o de Safronoy, 1972), a origem do Sistema Solar re monta a uma nebulosa de gis © pocira cdsmiea, com composicio quimiea correspondente a abundincia solar dos elementos (Fabela 1.2). \ nebulosa tinba for ma de um disco achatado, em lenta roragio, Nos primérdios da evolucio, acasiao em que a sua estrela central, 0 Sol, iniciava seus processos imernos de fu sho nuclear, @ temperatura de toda a regio mais inter- nna, poueo aquém da Grbita de Jpiter, permanecia| elevada, Com o resfriamento gradativo, pela perda de cenergia por radiag . parte do gis incandescente condensou-se em particulas sélidas, iniciando © pro- cesso de acres¢io planctiria, mediante colisSes entre ais particulas, guiadas pela atragio gravitacional Provavelmente for naram-se no estiyio inicia al guns angis com concentragao maior de material slid, separidlos por espagos com menor concentracio. A medida que ocorren o restriamento, © material dos acis foi se concentrando em coxpos com dimensdes da pplanetésimos), que posteriormente se aglomeraram cm corpos ainda maiores (protoplanctas). Finalmente, ordem de um quildmetro, ou poueo maior cestes varreram as respectivas drbitas, atraindo para si pela ago gravitacional, todo © material s6lido que gi- ava nas prosimidades, dando origem aos planctas. Embora seja desconhecida a duragio do processo de Rake) acrescio planetirin, estima-se que, numa esc po césmica, cle foi muito ripido, pois a eristalizagio de tem. de corpos diferenciados, conforme seri visto a seyuir, ‘ocorreu no maximo 200 ou 300 milhées de anos apos 0 processos de nucleossintese que originaram a ne bulosa solar, processo de acreseio planetitia, extremamente complexo, no é totalmente conhecido, de tal modo que 08 modelos no explicam adequadamente todas as particularidades observadas nos planetas e satélites do Sistema Solat. Independentemente do modelo es colhido, parece que o estigio inicial da formacio planetitia corresponde & condensacio da nebulosa em resfriamento, com os primeitos sdlidos, minerais re fratirios aparecendo a uma temperatura da ordem de 1.700 K. © mecanismo para agregar as particulas, possivelmente relacionado com af idade quimica,ain- da € obscuro. Por outro ldo, os protoplaneras, de dimensdes grandes ¢ com aprecidvel_ campo sgravitacional, podem atrair ¢ reter planetésimos, No citado modelo de Safronox, em cerea de 100 mills de anos poderiam ter-se acumulado 97-98% do ma terial qu constitul hoje o planeta Terra As diferencas nas densidades dos planetas internos (Tabela 1.3), decrescendo na ordem Mereiirio-Terra Vénus-Marte (¢ também Lua), sio atribuidas 4 progressio do acrescimento, visto que 2 composicio quimica da nebuloss original foi uniforme e andloga i abundiincia solar dos elementos. Finalmente, apés 0s eventos relacionados com sua acresedo, os plantas internos passaram por um esti gio de fusii , condicionado pelo aumento de temperatura ocorrido em seu interior, com o intense calor produzido pelos isctopos radioativos existentes; em quantidade relevante, nas Gpocas mais antigas da cvolugio planetiria. Com seu material em grande parte no estado liquido, cada planeta soften diferenciacio quimica c seus elementos 4 wereyaram-se de acordo com as afinidades quimicas, resultando num niicleo metili co interno, constituido essencialmente de Fe ¢ Ni, envolto por um espesso manto de composicio silicitica (Cap. 5). No easo dos planetas externos, am de conterem He He, a0 lado de outros compostos voliteis em suas atmoste redita-se que rtenham iicleos interiores sélidos, em que predomi ‘nam compostos siliciticos, Tanto no caso do episédio inicial da acresgio planetitia, como neste episédio posterior de diferenciagio geoquimica, sio eruciais os conhecimentos obtidos pela meteoritica, que serio vistos a seguir 1.5 Meteoritos Meteoritos sio fiagmentos de matéria sélida peo. venientes do espago, A imensa maiotia, de tamanho minuto, é destruida e volatilizada pelo atrito, por oca silo de seu ingresso na atmosfera da Terra, Os meteoros (estrelas cadentes) - estrias luminosas que suleam © eéu ¢ so observadas em noites escuras & sem nuvens - sio 08 efeitos visiveis de sua chegada Apenas os meteoritos maiores conseguem atingir a superficie da Terra, Alguns cuja massa aleanca diversas toncladas prodiiziram crateras de impacto que vez ou ouira sio descobertas. Por exemplo, um meteorito ccom cerca de 150.000 sonelacas chocou-se com a Terr ha cerea de 50.000 anos, cavando 0 Metear Crater (Arizona, F.UA), uma depressio com 1,200 metros; de diimetro ¢ 180) metros de profundidade (Fig, 1.8) Um impacio meteoritico ainda maior, ocorride em Epoca ainda niio determinada, produziu uma cratera com cerca de 3.600 metros de didmetro nas proximi dades da cidade de 10 Paulo, hoje, porém, preenchida por sedimentos (Cap.23), © estudo de algumas trajet6rias, quando a obser vacio foi possivel, indicou como. provivel regio de origem dos meteoritos o anel de asterdides ji referi- do que se situa entre as drbitas de Marte e de Jupiter (Fig. 17). Analises quimieas de alguns metcoritos set mbém de Marte, arrancados das superficies desses corpos por grandes impactos, gerem uma proveniéncia da Lua, © Fig 1.8 Meteor Crate, Arizona, EUA, Fonte: NASA. 14 Decirranpo a TERRA As amostras de meteoritos conbeci pela meteoritica ce cstudadas fo ramo da Ciéncia que estuda es ses corpos — sio da ordem de 1.700, Porém, alguns rilhares de amostras adicionais estio sendo continua mente coletados por expedi¢des na Antitica. A busca de meteoritos 6 prandemente faciitada na calota gela- da, onde cles se concenteum na superficie untamente com outros residuos sélidos), com o passar do tem- po, por conta da reducio do volume das geleiras, aio do vento combinada com a trajets- ria ascendente do fluxo do gelo quando este encontea causada pela clevagbes topogriicas, Os meteoritos subdividem-se em classes € subclasses, de acordo com suas estruturas internas, composiges quimicas € mineralégicas (Tabela 1.4), Dois aspectos da meteorit sao importantes para © entendimento da evolugio primitiva do Sistema Solar: a significagao dos meteoritos condriticos para o processo de acrescio planetiria € a significagio dos rmeteoritos dife neiados em relagio & estrutura inter- 1a dos planetas terrestres (Os meteoritos do tipo condkiticw correspondem a cerca de 86% do rotal, em relagio as quedas de faro observadas, sendo que 81% correspo dem a0s do tipo lindrio, enquanto que os outros 5 dos condritos carboniceos (Tabela 1.4) so os chama- Com excegio de alguns tipos de condritos carboniceos, todos os demais tipos de condritos pos- suem cdndrules, pequenos glébulos esféricos ou Tabela 1.4 Clossificacéo simplificada dos meteoritos. Ordinérios (81%) Condritos (86%) é Caracterfs Diferenciados. Idade entre 4,4 ¢ 4,6 bilhées deanos, & xe dois do tipo SNC, com idade aproximada de | bilhdo de anos, ce 3 ‘Acondritos (9%) Proverinio proviel: Corpos diferanciados: do cinturéo. de os suites da superficie da Lua, olguns (do tipo SNC) do supertici de {Shergottitos-Nokhlitos-Chossignitos) : Meteorites ferro-pétreos, {siderolitos) 0%) Meteorites ‘Metalicos (sideritos) (4%) Composigdo: Heterogénec, em muitos cosos similar 8 dos, restres. Minerats princi Composigéo: Misturo de mineraisslicaticos € material metélic (Fe + Coractertsticas: Primitives néo diferenciados, Idade entre 45 e 4,6 bilhdes de onos. Abundéncia solar 6s rica} ds elementos pesados. Possuem cBadrulos, 8 excagéo dos condos corbondceos tipo C1. Composigéo: Mineraisslicticos (olvinas piroxrics) loses reotérios © material metlica (Fe e Ni) Provenincia provével: Cinturdo de ostercides. Otnvina, picxbiow lagodésion Ni Provenidncia provével: Inerior de corpos diferenciados do cinturio de asterdides. Composigéo: Mineral metélico (Fe + Ni) Provenincia provével: Interior de corpos dlferenciados do cinturdo de osteréides. eee ner and elipsoidais, com — didmerros submilimétricos ( Imm), € constituides de mine rais silicdticos (Fig. 1.9), principalmente olivina, piroxénios ou plagioclisios. Estes minerais, que serio vistos no Cap. 2, sio 0s mesmos que se encontrar em certos tipos de rochas terrestres, denominadas magméticas, formadas pela eristalizagio de liguidos silietticos (magmas) originados nas profundezas da ‘Terra. Por analogia, os cGndeulos devem ter-se for- mado, com grande probabilidade, por cristalizagio de pequenas yotas quentes (temperatura da ordem de 2,000°C), que vagavam no expaco em g andes quant dades, a0 longo das érbitas planetiias, em ambientes virtualmente sem geavidade Fig. 1.9 Meteorite conditco (Baral. Inglter. Forte: PR/ 7-79. Bish Geological Survey @ NERC. All rights served. (Os condeitos oxdindtios consistem em aglomera: sacs de condrulos. Nos intersticios entre os e6ndrulos, aparecem materials metilicos, quase sempre ligas de ferro © nigucl, ou sulfetos desses elementos, fazendo com que © conjunto tenha uma composi¢io quimica slobal muito similar Aquela preconizada para a pro pria nebulosa solar para quase todos os elementos, com excegio de H, He, € alguns outros entre os mais voliteis, Em conseqiiéncia, tais metcoritos condriticos ( entre estes os condritos eaeboniiceos do tipo C1) slo considerados 0s corpos mais primitivos do Siste ma Solar diretamente acessiveis para estudo cientific. \ interpretacio de sua origem é a de que eles si f 2s de coxpos parentais maiores, mais ow menos homogéneos em camposicio, que existiam ‘como planetésimos na regio do espaco entre Marte & Jupiter, que nio chegaram a sofrer diferenciagio qui mica, permanecendo portanto sem cransformagoes| importantes em suas estruturas internas, A figuex 1.10 ilustra a form € evolucio primitiva dos corpos parentais dos meteoritos A propria existéncia dos céndrulos indica que o material formou-se durante o esftiamento © a cor respondente condensagio da nebulosa sola, antes dos eventos principais de acrescao planeta ainda, indica que houve um estigio de alta cemperata ra, segutamente acima de 1.700'C ¢ provavelmente proximo de 2,000°C, pelo menos em toda a parte interna do Sistema Solar, incluindo 0 anel dos asterdides, Considera-se que este evento de alta tem peratura, ocorrido numa fase precoce da evolugio dos Fig. 1.10 Esquema simplficodo de origam dos corpos parantais dos meleoritos. Grandes impactes no espace causoram a fragmentacao desses corpos porentais, origina do diferentes ipos de meteorites. —_ URIVERSIDAGE POTIGUAR =. “erage de Boke

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