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OFERE VICTOR FB. DE MELLO CALCULO DA CURVA REAL DE FREQUENCIA DE DISTRIBUIGAO DO GRAU DE COMPACTACAO EM BARRAGENS DE TERRA Victor F. B. de Mello" *_Evelyna Blocm Souto Silveira Cosson da Bareagem ce Tide Mat Engenheiro-Chele, Setor de EMatiten Ditetor de Sericos © Pesqubs Geotéenia 5. Ay Enteshetes Consires Sumirio . Foi desenvalvido um processo para cdleuto da curva de frequén- cia do gran de conpactasio de barragens de terra, Tevando em conta ‘os crros decorrentes do emprégo de um 86 valor do grau de com- puctardo determinado por ensaio em cada lote, no lugar do eventual talor real que seria estatisticamente determinado através de virios ensaias, Levouse ent conta o fato de que especificacces tipieas re- querem a recompactagio de lates quo tiverem fornecido valores in- feriores a uma certa poreentagem. O método proposto utiliza a deter. ininagdo estatistica da porcentagem de lotes com grau de compactacio inferior @ minina permitida pela especificacio, de mode a refletir a siluagio veal do alérro, intermediaria entre a condicao estadelecida por todos os valores abides, autes e apds a recompactacdo, ¢ a situt- fio ideal, em que seria considerado justifieads vejeitar todos os valores inferiores ao da especificdcdo, Foram preparados roteivos de cileuto, para facilitar a aplicacéo do método. Como exenplo, fot caleulata a curva de compactagio de certo trecho da Barragem ae Trés Marias, em Minas Gerais. Suamanry The article presents @ method that has been developed for the computation of the freavency curves of the degree of compaction ‘achieved in the construction of av.carth dam, taking into due aceount the errors involecd in using a single determination of the percent compaction of each lot, in place of the real vatue that would be esta- Biished statistically on the basis of several such determinations, Tt must be reflected thal construction specifications commonly require the recompaction of lots that pessess @ compaction value smalter than the minimum specified, The proposed method enploys the statistical determination of the percentage of lots with a degree of compaction Sinatter than the minimum specified, with a view to represcuting te fine praduet achicved on the fill; this true frequency curee is ne- 2 Congr. Bras. A.B. S$. REcife, 1958. v.1,p.307-314 308 ANAIS DO If C.B.M.S. — VOL. eessarily intermediate betiveen that computed on the basis of every single density determination (including those before and after recone puction) and the ideal curve that would obtain if it were considered ustifiadte to reject all valucs below the minimum specified. The computation procedures hare been developed for application toge ther with appropriate forms. As an exaniple, the frequen eurce has been computed for a certain zone of the Trés Mariae Dum. 1 — INTRODUGAO As especificagdes comuns para a construgio de barragens de terra compactada exigem um certo grau de eompactagao, que s6 pode ser interpretado, para fins de contrdle, como o valor minimo exigido, Desta feita resulta «ue, apés eompactados determinados vohmes de terra on determinaclas camadas, se 0 enstio de comprovagio pro- eeilido pela eqnipe de fisealizacio indicar um valor de grau de com pactagio inferior ao exizido na especifieacio, 0 lote respectivo (vo- Inme ‘on eamada). & submetido & reeompactacio. Surge portanto uma interferéneia arbitriria sdbre a distribuigio natural de valores ui de compactucdo que seriamt aleancados em fungio das cor es de compartagio especifieadas (espessura da eamada, pressio ‘io, atimero de passadas, umidade, ete.) e do tipo de solo em ‘emprigo. © conhecimento adequado da «ualidade do mavigo eonipae- tao niio dispensa porsn a representagio evrreta da nova distribuic dos grans (le compactacdo assim proiluzidos. ‘0 problema eonsiste, portanto, no eileulo da eurva de compa cdo de uma barragem, Tevando em conta os erros decorrentes do eoprigo de nn s6 valor de gran de eompaetagio determinado por ensaios em cada lote, no ingar do eventual valor real que seria esta tisticamente deteriminado através dle varios ensaios, No caso especitico que empregamos a seguir para elicidar o assunto, a reconpactacio foi feita, eonforme a especifieagia, s¢ que. o ensaio fornecen valores “de gra’ ce compaetagio inferi 9544. O evo devorrente de heterogeneidades naturais bem como da imprecisio de ensaio acarvetou, entretanto, a no recompactacho de eertas lotes em que o grau de eompactagio eva inferior a 954%. ‘a apresentugio da curva de compactagio existem tres alter- as a considerar: derar todos os graus de compactacio obtidos por ensaio; — abandonar os valores de gran de compactagio inferiores 4. pois éstes, pela recompactagio dos lotes, foram sitbs- tituidos por novos valores aeima de 95% 5 curar determiinay estatistieamente a poreentagem de de compactacio inferior a 95%, nie acnsa- 505, € portanto niio recompactados, —pr lotes com dos nas determin FREQUENCIA DE DISTRIBUIGAO DO GRAU COMPACTACAO 309 © primeixo caso representa uma sitnagio sem significado ¢ de valor puramente tradicional, por ter sido usado correntemente, ei bora sem muita base cientifiea. O sezundo caso representa a situacko ideal, em.que seria considerado justifieado rejeitar todos os valores inferiores ao da espeeifieacio, nfo levando em conta os erros impli- citos na medida désse grau de compactacio; dado que existe este Gro, por ser a medida realizada com um ‘inieo ensaio por lote. a ‘curva nao representa fielmente a situagio do grau de compactacio do atérro, mas sim dos seus valores determinades em ensaios. Q ter- feizo caso representa a yerdadeira situacio do atérro, eujo eilculo procuramos estabelecer. 2 — DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO. Sejam: X = valores do gran de compactacio determinados por ensaio X_ = valores do, gran de compactasio veal 4 = trro proveniente da determinagao pelo ensaio ‘Temos evidentemente : X + «, em que ¢ tem uma distribuigio normal* de média pe) =0** e desvio padrio o* (s). Dex=X+e decorre 6? (x) = 9° (X) + 5° () s Desia ignaldade @-possivel ealeular gamos o? (X) = 0 (e), desde que fa- Para isto, caleulamos o desvio padrao para um mesmo lote, isto 6 para um detenninado valor de X. Uma pésquisa realizada para a verifieagio das vatiagées nos valores do gran de eompactacio, dentro de um mesmo Jote, permitiu. avaliay a curva normal de dis (0 dos éxres, com © que se pode fazer o eiileulo de sua probabilidades. mmbora assinalemios qne essa curva de distribuigio normal deva ser determinada por meio de varias pesquisas semethantes, reali das em varios lotes, admitiremes aqui, para wu primeiro tratamente do problema, os valores obtides na pesquisa realizada em. tm sb Tote, (2) Come costuma ser a distibuigia dos Eros. (25) Porque admins que mo hb Eros siemsticos, 310 ANAIS DO II C.B.M.S. — VOL. 1 Através da retirada de 10 amostras de mm mesmo lote, a pes- quisa realizada eonduzin ao seguinte resnltad 26 Com éste valor foi eateulada a tabela T, que fornece a probabi- lidade-dos diversos erros. Enistios efetuados nos diferentes lotes (um ensaio ps lote) nos fornecem os grans de compaetaga parte da barragem ja exeentada e em estudo. Consideremos a poreentagem dos lotes eom X < 95%, que fica na barragem apés a compactagio € a despeito do controle respeeti- vo. Esta porventagem sd seré maior de que 0 devido no érro na Aeterminagio do gran de compactagio. Se éste érro fase uulo, aquela poreentagem seria nua, e a eurva construfda pelo segundo processo do ftem 1 (eurva n.°’2 da figura) seria a representative do grau de compactagio do atérro, Entretanto, alguns lotes que apresentam x = 95% possuem na realidade gran de compactagio X < 95%. O mesmo aeontece com alguns lotes com x = 96%, x = 97%, ete. A probabilidade de oeorrerem lotes com X = 94% & soma das probabilidades de lotes com x Grvo de —1%, lotes com x= 967 e probabilidade de érro de —2%, lotes com x= 97% e probabilidades de éxro de —8, ete.* Por sua vex, a probabilidade de lotes com x = 95% terem érro de ensaio de 1% 6 dada pelo produto de ambas as probabitidades.** Este processo foi sistematizado sob a forma de um roteiro de cAealo eonstante da tabela TIT, em que os valores da % do gran de compactagio da colama 2 so as frequéncias determinadas por en+ saios e constantes da tabela T; os valores contidos em quadrados (ij) sio dados pelos prodatos de % da linha # pela probabilidade da coluna j; 0s valores da cohna “Total” siio dados pelas somas dos valores dos quadvados, em diagonal; € 0s valores da. coluna Final” sio dados pela diferenca entre o valor da segnnda coluna ea soma dos valores das 7 colunas segttintes, em eada linha i. a(x) =e (e! OBSERVAGOES 1 — A probabilidade de érro existe ao longo de tda a curva de compactagio; entretanto, s6 apresenta interésse a zona inicial, nae s6 por ser a zona eritiea, como porque. os demais pontos for- necem e reeebem eontribnicéo de outros, néo apresentando, no total, variagdes sensiveis. 2— Aan recompactado & ese que a curva de distribuigio de erros do lote a mesma que a do lote simples. 7 Teorema: s¢ dols evens slo minvamente etcosivns. a probiblidade de saceder ou outro é 3 soma as probantlusdes dos. exestos oepeetem’aeparadunent »°“reoremus Se“dois Sventes sto Independentes a probubiidade ce oeotrercm she rmultineamente cb ois eventos € 0 proouto as probabiidadey Genes ocorrerea Iclasamente, FREQUENCIA DE DISTRIBUIGAO DO GRAU COMPACTAGAO 311 8 — EXEMPLO DE APLICAGAO. CALCULO DE CURVAS DE © COMPACTACKO. COM UM MATERIAL TIPICO EM i PREGADO NA BARRAGEM DE TRES MARTAS Ensaios realizados em diversos lotes, durante a compictagio, forneceram os valores constantes da tabela IT, para um determinado ‘trecho da barragem Utilizando os dados da tabela T, ealeulamos a segnir as por- eentagens de lotes com X < 95%, segundo 0 roteiro de ciileulo in- dieado no Stem 2 (tabela III), Os resultados determinados nessa tabela, acrescidos dos eons- tantes da tabela IT, eonduzem aos valores da tabela IV com os ‘quais construimos a figura anexa, na qual assinalamos para a devida comparaciu as trés curvas correspondentes aos itens 1, 2 3 da Introdueto, . Cae on rates 9955 (moan tan) CcuRVAS DE FREQUENCIA DE GRAU DE COMPACTAGHO ‘anasto of TEs sans (was coms) "Maren, cO5 conDuTOs 32 + | ANAIS DOC. M.S. — VOL. 1 CONCLUSORS : nos supor que a curva assim: eonstraida representa, tanto quanto possivel, o estado de compuetagio da “na. realidade, barrage, igo da zona com X < 9546 fazer por dois meios: A elimiuagio, ow pelo menos dimi (area hachuriada na figura), se poder a). pela tentativa de diminuir o desvio padrio dentro do lote, por meio de medidas tendentes a homogeneizar 0 terreno, ‘as eondigdes de compactagio e os ensaios ; de compactagio minimo supe- b) pela exigéneia de um gri rior aos 957 acima mencionades. adicionais que ponto ‘Tanto wm quanto outro, inevitivelmente trardo ouns 2} obra, sendo siecessivio avaliar em que condigées ¢ at convém adoti-los. BIBLIOGRAFIA BORGES, FERRY — “Critical view of the methods for the probabilistic ‘culation of safety”. (Lisboa, Laboratdrio Nacional de Engenharia publicasdo n? 43, 1952), DAVIS, F. J. — “Quality control of earth embankment". 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U.S, BUREAU OF RECLAMATION — “Equalizing reservoirs dams and the ‘Feeder canal", (Technical record of design and construction — Denver FREQUENCIA DE DISTRIBUIGAO DO GRAU COMPACTACAO 313 Tapeta I CALCULO DAS PROBABILIDADES DE ERROS ¢ Ero compreendido entre: | Probati os a 15 0,1560 15 a 25 0214 25 a 35 0.0828 35 a 45 0.0275 0 45 a 55 0.0158 55 0 65 90084 65 a 75 0.0015 she esr 0,004 ~ Tames I FREQUENCIAS DOS GRAUS DE COMPACTACAO 80 80 9s 178 go |) we 109 383 110 493 1s 687 69 7516 76 832 36 R62 66 3 2 96.2 1 978 A 99.9 0 99.9 0.2 too. 314 ANAIS DO II C.B.M. ‘Tawra TIT ROTEIRO DE CALCULO DA PORGENTAGEM DE LOTES CORRIGIDA eet Te Tet Toner [rm] oe j ica [aces jeaese | 9,97 | 0,661 0,22] 0,23]¢,94 1,25 | 0,73] 0,26] 0,25) 9,09 elo,05 32 242710405 |0,02 10,29] wo |:0,36) ve 0, 28)0,05 | 0.02 [e,44 iss) ‘Tavera 1V PORCENTAGENS DE GRAUS DE COMPACTAGAO 90 02 : 9 8 92 12 | 93 23 i a8 95 67 6 7 97 86 98 10,4 5. 107 100 193 63 76 36 66 28 16 21 0 02

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