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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS


DEPARTAMENTO DE GEOTECNIA

GEOTECNIA No. 6
(1995)

J.H. Albiero
A.A. Bortolucci
T.B. Celestino
J.C.A. Cintra
~. Gandolfi
A.B. Paraguassu
J.E. Rodrigues
O.M. Vilar
L. V. Zuquette

SÃO CARLOS, 1996


A produção cientíÍica dos docentes do Departamento
de Geotecnia da EESC/USP é publicada geralmente em
congressos e revistas, nacionais e internacionais. Portanto,
para ter acesso a esses trabalhos é preciso consultar
inúmeros anais de congressos e volumes de revistas, o que
não é prática comum entre os alunos de graduação.
Por isso, resolveu-se criar essa coleção, reunindo
em cada volume os principais trabalhos científicos do ano,
começando pelo ano de 199"0. Apresentamos agora o n°. 6,
correspondente ao ano de 1995. o objetivo é facilitar ao
máximo a consulta pelos alunos de graduação e, .também,
divulgar a parte mais importante da produção científica dos
docentes do Departamento de Geotecnia. Muitos dos trabalhos
são publicados em co-autoria com pós-graduandos da área de
Geotecnia ou com docentes credenciados na área de pós-
graduação em Geotecnia da EESC-USP mas vinculados a outras
instituições.
No índice são destacadas as referências completas
das publicações originais, em ordem alÍabética do primeiro
autor de cada trabalho.

São carlos, setembro de 1996

Prof.Dr. José Carlos A. Cintra


Coordenador da .Area de Pós-Graduação
em Geotecnia
ÍNDICE

L ALBIERO, .J.H.; SACILOTI'O, A.C.; MANTIU.A, J.N.R; TEIXEIRA, C.Z.; CARVALHO, D.


Succesive load tests on bored piles. In: CONGRESO P ANAMERICANO DE MECÁNICA DE
SUELOS E INGENIERIA DE CIMENTACIONES, 10., Guadalajara, Oct:.29 - Nov.03, 1995.
Proceedings. México, SociedadMexicana<leMecánica de Suelos., 1995. v.2, p.991-1002 ........... 01

2. CAMPELO, N.S.; ~ J".c.A.; CARNEIRO, B.J.I. Uplift capacity of piles in collapSible soil.
In: CONGRESO PANAMERICANO DE MECÁNICA DE SUELOS E INGENIERIA DE
CIMENTACIONES, 10., Guadalajara, Oct.29- Nov. 03, 1995. Proceedings. México, Sociedad
MexicanadeMecánica de Suelos, 1995. v.2, p.1064-1071 ............................................................ 09

3. CELESTINO, T..B.; BORTOLUCCI, A.A; NÓBREGA, C.A Detennination of rock :fracture


tQugbness under creep and fatigue. In: U.S. SYMPOSIUM ON ROCK MECHANICS, 35., Reno,
June 5-7, 1995. Proceedings. Rotterdam, Balkema, 1995. p.l47-152 ......................................... 15

4. GRUBER, G.AG.; RODRIGUES, J.E. Carta de erodibilidade da Folha de Cosmópolis, São Paulo:
anxilio ao gerenciamento do meio físico. Revista do Instituto Geológico, vol. especial, p.57-64,
1995 ················································································································································ 19

5. LEITE, J.C.; ZUQUETTE, L.V. Carta de susceptibilidade à contaminação e poluição das águas
subsuperfi.ciais de Ribeirão Preto, SP, escala 1:50.000. In: SIMPÓSIO SOBRE BARRAGENS DE
REJEITOS E DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS, 3., Ouro Preto, 1995. Anais. São Panlo,
ABMS/ABGE/CBGB, 1995. v.2, p.453-460 .................................................................................. 27

6. LEITE, J.C.; ZUQUETTE, L. V. Prevenção da contaminação e poluição de aquiferos: a utilização de


liners. Geociências, v.l4, n.1, p.l67-178,janljun, 1995 .............................................................. 35

7. LIPORACI, S.R-; ZUQUETTE, L. V. Uma contnbuição à geologia do maciço alcalino de Poços de


Caldas-MG: mapa do substrato rochoso. Geociências, v.l4, n.l, p.l79-197,janljun, 1995 ......... 44

8. LIPORACI, S.R; ZUQUETTE, L V. Carta de zoneamento geotécnico geral utilizada para indicar
áreas favoniveis à disposição de rejeitos. In: SIMPÓSIO SOBRE BARRAGENS DE REJEITOS E
DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS, 3., Ouro Preto, 1995. Anais. São Paulo, ABMS/ABGE/CBGB,
1995. v.l, p.l35-147 ..................................................................................................................... 59

9. LOLLO, J.A.; GANDOLFI, N. Tentativa de utilização de variáveis morfométricas de perfis de


vertentes para o zoneamento preliminar do meio físico: o caso da Folha de Leme, São Panlo.
Revista do Instituto Geológico, vol. especial, p_l07-114, 1995 ........................................................ 7l

10. MIO, G.; GANDOLFI, N. Cartografia geotécnica da região de Mogi-Guaçu, São Panla. Revista do
Instituto Geológico, vol especial, p.99-105, 1995 ........................................................................... 78

11. NÓBREGA, CA; CELESTINO, T.B. Discussion on: Fatigue crack growth in brittle sandstones.
Jntemational Journal of Rock Meclumics and Minig Sciences & Geomechanics Abstracts, v.32,
n.2, p.185, feb. 1995 .................................................................... ................................................... 84

12. NÓBREGA, C.A; CELESTINO~ T.B. Análise do comportamento mecânico de rochas submetidas
a~ento cíclico: exemplo do calcário Irati. Solos e Rochas, v.18, n3, p.ll5-128, dez. 1995 85

13. PEJON, OJ..; ZUQUE'ITE, LV. Mapeamento geotécnico regional na escala 1:100.000 -
consideraçÕes metodológicas. Revista do Instituto Geológico, vol. especial, p.23-29, 1995 ............ 96

14. PEJON, OJ.; ZUQUETTE, LV. Elaboração de cartas de zoneamento geotécnico: exemplos da
Folha de Piracicaba, São Paulo- escala 1:100.000. Revista do Instituto Geológico,- voL especial,
p.65-69, 1995 ·-···········--·······--·········································································································· 102

15. RIEDEL, P.S.; RODRIGUES, J".E.; MATTOS, J.T.; MAGALHÃES, F.S. A influência das
estrotmas geológicas em instabilidades de taludes em saprolitos: uma abordagem regional. Solos
e Rochas, v.l8, n.3, p.139-147, dez. 1995 ....................................................................................... 107
16. RÕBM, S.A; VlLAR., O.M. Shear strength of an unsatu.rated sandy soil. In: INTERNATIONAL
CONFERENCE ON UNSATURA'IED SOILS, L, Paris, Sept. 6-8, 1995. Proceeedings
Rotte.rdam, Balkema,.l995. v.l, p.l89-193 .................................................................................... 114

17. SOUZA, A.; ~.J.c.A.; VlLAR., O.M. Sballow foundations on collapsible soil improved by
compaction. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON UNSATURA'IED SOILS, L, Paris,
Sept. 6-8, 1995. Proceedings. Rotter~ Balkem.a, 1995. v.2, p.1017-1021 ............................. 118

18. IElXEIRA., C.Z.; ALBIERO, .J.H. Relaxation effects analysed in SML test in sand. In:
CONGRESO PANAMERICANO DE MECÁNICA DE SUELOS E INGENIERIA DE
CJMENTACIONES, 10., Guadalajara, Oct.29- Nov.03, 1995. Proceedings. México, Sociedad
MexicanadeMecánica de Suelos, 1995. v.3, p.l361-137l ............................................................ 122

19. VlLAR., O.M. Snction controlled oedometer tests on a compacted clay. In: IN'IERNATIONAL
CONFERENCE ON UNSATURA'IED SOILS, L, Paris, Sept. 6-8, 1995. Proceedings.
R.otterdam, Balkema, 1995. v.l, p.201-206 .................................................................................... 129

20. VILAR, O.M.; ANTONIUITI NETO, L Some strength characteristics of lateritic soil-aggregate
mixtures. In: CONGRESO P ANAMERICANO DE MECÁNICA DE SUELOS E INGENIERIA
DE ClMENTACIONES, 10., Guadalajara, Oct.29 - Nov.03, 1995. Proceedings! México,
Sociedad Mexicana de Mecánica de Suelos, 1995. v.1, p.593-602 ................................................. 134

2L ZUQUETTE, L V.; PEJON, O.J.; PARAGUASSU, A.R; RODRIGUES, J.E.; VILAR, O.M. O
comportamento dos materiais inconsolidados residuais da Formação Botucatu frente as soluções
enriquecidas em NA+, K+ e Cu++. In: SIMPÓSIO SOBRE BARRAGENS DE REJEITOS E
DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS, 3., Ouro Preto, 1995. Anais. São Paulo, ABMS/ABGE/CBGB,
1995. v.2, p.365-377 ..................................................................................................................... 141

22. ZUQUETTE, L V.; PEJON, O.J.; SINELLI, 0.; GANDOLFI, N. Carta de zoneamento geotécnico
especifico para disposição de resíduos da região de Ribeirão Preto- SP. In: SIMPÓSIO SOBRE
BARRAGENS DE REJEITOS E DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS, 3., Ouro Preto, 1995. Anais.
São Paulo, ABMS/ABGE/CBGB, 1995. v.2, p.535-548 ................................................................. 153

23. ZUQUETTE, LV..; PE.JON, O..J.; GANDOLFI, N.; PARAGUASSU, A..B. Considerações
básicas sobre a elaberação de cartas de zoneamento de probabilidade ou possibilidade de ocorrer
eventos perigosos e de riscos associados. Geociências, v.l4, n.2, p. 9-39, 1995 ................................ 166

24. ZUQUETTE, L V.; PE.JON, O.J.; SINELLI, 0.; GANDOLFI, N. Mapeamento geotécnico da
cidade de Franca (SP), Brasil- Escala 1:25.000: Carta de riscos à erosão. Geociências, v.14, n.2, p.
41-58, 1995 ····································································································································· 187

25. ZUQUETTE, LV.; PE.JON, O..J.; PARAGUASSU, A..B.; GANDOLFI, N. Características


básicas apresentadas pelos materiais inconsolidados residuais arenosos da Formação Botucatu
quando percolados por soluções enriquecidas com as espécies químicas K +, Na+, Cu2+, Zn2 e Cl-.
Geociências, v.l4. n. 2, p. 133-144, 1995 ........................................................................................ 200
l

SUCCESSIVE LOAD TESTS ON BORED PILES

PRDEBAS DE CARGA SUCESSIVAS EN PILOTES EXCAVADOS

JOSÉ HENRIQUE ALBIERO


Professor, USP/EESC - UNESP/BAURU

ANTONIO CARLOS SACILOTTO


M.Sc.

JUDY NORKA RODO DE MANTILLA


Professora - UFMG

CORNELIO ZAMPIER TEIXEIRA


M.Sc. - DEG/UFLA - Lavras

DAVID DE CARVALHO
Professor - UNICAMP

SYNOPSIS. The paper presents the results obtained in successive


load tests performed on bored instrumented piles. Each pile was
submi tted to four testes, being two wi th slow (SML) loading and
two with quick loading (QML). Load X pile penetration curves are
presented as well as curves of lateral and point load against pile
penetration. It is pointed out that the ultimate load values,
obtained in each test, increase with the pile penetration,
reaching a value that tends to become constant. Are analyzed the
ultimate load values obtained in the load tests and those
predicted by empirical relationships commonly used in the
engineering foundation practice in Brazil.

1. rNTRODUCTION

With the installation of the Foundation Experimental Field of


EESC-USP, some bored cast in place piles were submitted to load
tests. Trying to take the maximum profit of the total investment
the piles have been submi tted to varied loading. The interest in
researching this subject was created by the fact ·that when
reloading one pile of the experimental field a different behavior
was obtained when compared wi th that o f the first loading. The
difference in bored piles behavior, when submitted to successive
loading has already been pointed out by MASSAD (1.992), SACILOTTO
(1.992), MANTILLA (1.992).

2. EXPERIMENTAL FIELD

The Foundations Experimental Field of EESC-USP (Civil Engineering


School of São Carlos - University of São Paulo) subsoil conditions
have already been described by CARVALHO (1.991), MANTILLA (1.992),
CINTRA ET ALII ( 1. 991) . A typical subsoil pro file is presented in
figure 1, where the results obtained for boring no.S are
reprodnced due to the fact that this is the closest boring to the
tested piles analyzed in this paper.
The piles are cast in place, in bored holes executed with a
mechanical auger with nominal diameters of 0.35m, 0.40m and O.SOm.
These piles will be designated, in this paper by the numbers 1, 2
and 3, respectively. The piles are 10m long and after the pile cap
construction they result with 9.40m embedded in soil. Two strain-
gages were placed in five different levels, along the pile
reinforcement This instrumentation allows to obtain the load
acting on the pile section, at the instrument level, during the
load test.

3. LOAD TESTS

Four load tests, in comriression, were performed in each pile being


the 1st and 4th of the- slow type (SML) whereas the 2nd and 3rd
are ofthe quick loading type (QML) . The pile top settlements were
measured wi th 4 mechanical -~xten§om~ter, wi th O. Olmm pr~cision,
SPT-5 CPT-5

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bearing in the pile cap. The loads were applied to the pile cap
with hydraulic jacking and theirs values registered in load cells.
Figures 2, 3 and 4 present curves of load x pile penetration for
the performed tests.

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Based on · the values qiven by the instrumentation the point loads


were obtained. The pile point penetration is determined by
computing the elastic compression of the pile and subtracting'from
the pile top penetration. The plot of point load x point
penetration for the pile no. 3 (diameter 0.50m) is presented in
figure 5.__ -
In figure 6 is presented the lateral load x pile penetration
plot and in figure 7 the load transfer curves for the test
1.3 (load test number 3 for the pile number 1 0.35m in
diameter).

Aiming to Jnaintain an uniform .analysis for the data of


all load tests, the . ul.timate load was calculated using VAN DER
VEEN (1.953} criterion. The ultimate load values thus obtained
are reproduced in Table 1 where also are presented the values of
lateral and point load computed from the instrumentation.
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4. PREDICTED VALOES FROM EMPIRICAL FORMULAS

Based on the penetration resistance values from SPT tests, and in


cone resistance measured in CPT tests, the values of the ultimate
load were predicted using the empirical formulas of AOKI-VELLOSO
(1.975), DECOURT-QUARESMA (1.978), PEDRO PAULO VELLOSO (1.981)
and MEYERHOF (1.976). Results are summarized in tables 2, 3 and
4. A comparative analysis of these formulas is presented in
ALBIERO (1. 990).
To predictinq ultimate load the piles were considered as bored and
as driven one. Trying to improve these predictions, for each pile
the results of the closest borings were used. In this way for
piles 1, 2 and 3 the borings (2, 5), (5) and (1, 5) were
respectívely utílized. The values obtained are in tab1es 2, 3 and
4. Considerinq that the Meyerhoff formula was calculated for the
AmerícaÍl standards for SPT, that furnishes values higher than
those obtained for the Brazilian standards, corrected values of
the ultimate loads are presented. This correction is made using a
factor 1. 5 even though foundation engineers in Brazil recommend
higher factors, around 2.4.

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The ultimate load values predicted by the empirical formulas based


on SPT values were compared to those obtained in load tests using
the VAN DER VEEN (1953) críterion (Table 5·). In table 6 are presented
the relationships of the values of the ultimate loads from the VAN
DER VEEN criterion and those predicted by the empirical formulas.
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5. ANALYSIS OF TBE RESULTS

When analyzing the plot of the lateral load x pile penetration one
notes that the lateral resistance is fully mobilized wi th small
settlements from 5 to 9 mm. The point resistance is completely
mobilized with large settlements that, in this research, have
resulted around 40% to 50% of the pile diameter. These
observations agree with the experiments related by VESIC (1.975).

As the bored piles are being submi tted to successi ve loading the
ultimate load value increases as is shown in figures 2, 3, 4. In
these figures are also presented the values o f the ul timate load
predicted with the AOKI-VELLOSO formula, using SPT values, for
bored and for driven pile. These differences in the pile behavior
are not due to the different types of tests used. The pile
behavior, in the case, is the same for SML or QML test as can be
shown in the 3rd and 4th tests. In these tests the behaviors are
alike independent of th~test type for all 3 piles.
According to MASSAD (1992) there is, in the load x settlement
curve of the 1st loading, a point which corresponds to the full
mobilization of-the lateral resistance and to the beginning of
mobilization of the point of the pile. This same point, associated
to the second loading curve has an analogous meaning but is moved
to the right o f the point o f the 1st curve. These would explain
why the settlements X loads plots are more CUrved in the first
loading than in the subsequent ones.
In the second cycre-of loading the píle exh~bits a higher lateral
resistance as can be seen in figure 6. Indeed a true increase in
the lateral resistance does not occur but this is a result of the
presence o f residual stresses due to the former loading. When
unloading the pile residual stresses, in the soil-pile system,
keep acting in·such a way that when reloading the pile a portion
of the applied load is used to compensate the existing residual
stresses. Only after the compensation of the residual stresses the
load begins to be transferred to the soil resulting, in this way,
an apparent inc:rease in the lateral resistance. Residual lateral
stresses measured in test 1.3 are shown in Figure 7. According to
MASSAD (1992) this would not mean an increase·in the total lateral
resistance but that due to the restrained load a part of the point
reaction already acts when the second loading is applied.
As the pile is forced to penetrate in the soil its behavior
changes, and the ultimate load increase. After a certain
penetration the pile behavior tend to be the same occurring small
increments in the ultimate load value due to the increase in the
depth and in the densi ty of the soil around the pile point.
Cómparing the ultimate load predicted from empirical formulas with
the values defined by the VAN DER VEEN criterion one observes that
if the piles are considered to be bored the values predicted from
empirical expressions are close to those defined in the 1st and
2nd test, and if the piles are considered to be dri veO: the
ultimate load values predicted by empirical formulas are close to
those defined in the 3rd and 4th load tests. This means that the
piles, initial.ly bored., beqin to exhibit a behavior close to the
one of a driven pile, as can be shown by the data on table 5 and
by the fiqure 8.

--lOAOOIG
--UNLOADIMG

Fia. 7 - LOAO T~ CURVES


LOAD TEST ~3 - QML
PILE 11.: l - DtAMETER 0,3S '"'

... PiU: Dtüi!:TD ( .. )


.....
m a - PiLE l!IAYETEI't " UUlMAtt LOAD f>REDIICTEJ) ' "
• ACID:• VUU110 AS A I'U8IC'nOIII fiE iPT VAWE.

The empirical formulas may be used for driven and for bored pile.
Defining the relationship:

Qu driven
R = -----------
Qu bored

For the empirical expressions of Aoki-Velloso, Pedro Paulo Velloso


this relationship presents constant values of 1. 71 and 2. 00
respectively.For the expressions of Decourt-Quaresma and Meyerhoff
the re.lationship R is a function of the percentage of the total
load that is transferred to the soil by the lateral load.

Qlu
Sp X 100%
Qu

This re.lationship Sp, for the pile load tests of this work,
decreases as the successive loading are performed and presents an
average value of 75% thus resulting:
7

Decourt-Quaresma R = 1.53
Meyerhoff R = 2.00 a 2.25

It seems reasonable to admit that, according to those empirical


fonnul.as, ,if the load test were performed on a dri ven pile instead
of a bored pile, with the same pile and soil properties the
relationship should be around 2. oo.

The ultimate load values defined in the first and last tests are
compared to those predicted for bored and dri ven piles
respectively ('l'able 6). One can notice that this relationship is
close to 2 and could be said that the bored piles, after forced to
penetrate in the soil, pass to exhibit a behavior similar to that
of a driven pile.
6. CONCWSIONS
The results obtained for the bored piles in the EESC-USP
Foundation Experimental Field, when submittéd to successive
loading allow, for this type of soil, to draw some tenta tive
conclusions:
a) lateral resistance are fully mobilized with small pile
settlements ( 5 to 9mm) whereas the point resistance needs great
displacements (35% to 40% of the diameter) to be completely
mobili~ed;
b) - there area no siqnificant differences in the results óf load
tests conducted in quick (QMI.) or slow (SML) loading;

c) - the results obtained in successive loading are different and


tend to be the same as the pile, initially bored, begin to behave
like a displacement pile, for the lateral load as well as for the
point load;
dl - the necessary settlement to modify the behavior of the bored
pile to a displacement pile is small (0.30m to 0.40m);

e) it is possible to execute small bored piles, jack them


against a reaction load, or the structure itself, thus forcing a
penetration in the soil, and thus obtain an improvement in the
pile behavior;

f) - this technique would allow to transform small bored pile in


ones with a behavior similar to that of a displacement pile,
without the inconveniences of vibrations and difficult length
predictions, and would provide a way of conducting a quality
control for small bored piles.

7. ACKNOWLEDGMENTS

The authors wish to express theirs appreciation to rnPESP for the


financial support in the construction of the EESC-USP Foundation
Experimental Field.

8. REFERENCES

Albiero, J .H. (1990), "O emprego de fórmulas empiricas na previsão


de carga última de estacas", Tese de Livre-Docência. Escola de
Engenharia de São carlos-USP, Departamento de Geotecnia.

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estimativa da capacidade de carga de estacas", In: Congresso
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5, Buenos Aires. Anais. Buenos Aires, Sociedad Argentina de
Mécanica de Suelos e Ingenieria de Fundaciones, 1975, v. pp.
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Engineers.
9

OPLIFT CAPACITY OF PILES IN COLLAPSIBLE SOIL

CAPACXDAD DE CARGA DE PILOTES DE TENSIÓN EN SUELOS COLAPSABLES

N. S. CAMPELO
Professor, Federal University of Amazonas, Brazil.

J.C.A. CINTRA
Professor, University of São Paulo, Brazil.

B.J.I. CARNEIRO
Graduate Student, University of São Paulo, Brazil.

SYNOPSIS This paper presents results of pull-out load tests


performed on five piles built in an experimental site at São
Carlos, Brazil. Pile dimensions were 0,20 and 0,32 m diameter and
6 and 9 m length. Soil where the piles were built is a fine clayey
sand from Cenozoic sediments that covers a large area of São Paulo
State. Its porosity is about 50 % and when wetted under loading
shows a collapsible behavior. Firstly uplift load test was
performed in each pile to determine the ultimate load for the soil
at its natural moisture content. After that, piles were reloaded
up to the working load, which was maintained constant, and the
soil was soaked through a pit excavated in the ground surface
around each pile. Three piles collapsed under working load and in
the other two piles the loading was continued until it reaches the
collapse load.

1• IN'l'RODUCTION

The Geotechnical Department of Engineering School of São Carlos,


University of São Paulo, Brazil, has been given special attention
to the study of collapsible soils in the last twenty-five years,
since large superficial area of São Paulo State is composed of
collapsible sediments. Several laboratory researches have showed
that this soil exhibits volume decreases when soaked under
constant pressure. This soil behavior, known as collapse, may
cause damage in structures. Many small buildings in São Carlos
have presented fissures in the walls, as a consequence of
settlement due to the rising of moisture content (CINTRA et al.,
1986). Other researches comprise the study in situ of
collapsibility for plates, shallow foundations and piles.

This paper is a contribution to the knowledge of harmful effect of


water on the behavior of piles embedded in collapsible soil
submitted to uplift forces and the aim is to verify the reduction
on uplift capacity of piles in collapsible soil when it is soaked.

2. SOIL CHARACTERISTICS

Large areas of the center-south of Brazil are covered by Cenozoic


sediments. These deposits are formed by a highly porous lateritic
soil, classified as fine to medium clayey sand (VILAR et al.,
1985). In the region of São Carlos, São Paulo State, these
sediments have an average thickness of 6 m and SPT values varying
from 2 to 7.

In the experimental site at São Carlos several in situ tests were


performed and showed a superficial layer of Cenozoic sediment with
6 m depth over residual soil from sandstone. This residual soil is
a red clayey sand and separating these two soils there is a stone
line. The groundwater was found 10 m depth. Figure 1 shows the
typical profile of experimental site ground and average values of
SPT blows and CPT resistance.
SPTble1n ql (MPa)
• 4 • ll 16 lte 4 ' • ••

./ J
"\
I li

' I

I;
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- .. .. . .. .. .. .. \.
......
\i
.,~
........ ,
/

'
li ...•.......

• lH ltl
fc(kPa)
301 4M SM

Fig. 01 - Typical profile of the experimental site at São Carlos,


Brazil.

3. OPLJ:F'r LOAD"ING TESTS

Two hammed, two bored and one Strauss type piles, with 6 and 9 m
length and 0,20 and 0,32 m diameter were built in the experimental
site at São Carlos. The location of theses piles is shown in
Figure 2.

Firstly, each pile was loaded (quick ar slow test) to obtain the
uplift ultimate load under natural moisture content of the soil.
In quick tests, the load increments were applied in 15 minutes
intervals. In each stage, the load was maintained and the
displacement readings were made after 1, 2, 3, 6, 9, 12 and ·15
minutes.
uo UD 1,!ID
t t t t• t
o o o
~ ® ®
0
® ®
o o (_
o
. .....,
H • HliJIIIIIed Pile B - BoredPile
S - Stnauss Pile • - Reactíon Pile
Fig. 02 - Location o f the tested piles in experimental si te.

Table I shows the geometrical characteristics of piles (diameter D


and lenqth L), the type of the test (quick ar slow) and the uplift
ultimate load (Qu) obtained under natural moisture.
ll

Table I - Tested piles and uplift capacity under natural moisture.

Pile Pile Diamatar Length Test Qu


Number Type D (m) L (m) 'l'ype (kN)
H1 Hamm.ed 0,20 6,0 Quick 105
H2 Hamm.ed 0,20 6, o Slow ao
B3 Bored 0,25 6,0 Quick 109
B4 Bored 0,25 6,0 Slow 152
55 Strauss 0,32 9,0 Quick 410

Figure 3 shows the curves displacement x load of the loading tests


performed on the five piles, under soil natural moisture.

LOAD (kN)
o ~ ~ ~ - * - * ~

I
Ht : - • Qollck Tast
HZ:---Tast
113 : 8ond • Qollck Tast
Êu 1114:8ond.SiawTast
g $5; Slnooas .Quld[ Tast
!Zw
::E
w 10
5
Q.

"'
iS
"" 113 1114

,::,
Fig. 03 - Uplift loading test on five piles under ground natural
moisture.

To study the influence of collapsibility soil in uplift tests,


pits with dimensions of 1, O x 1, O x O, 4 m were excavated around
the top of the piles. Then, each pile was tested again: the loád
was increased until reaching the working load (the half of the
ultimate load) and the pit was filled with water. After that,
water level in the pit was maintained, expecting the occurrence of
collapse.

For three piles collapse have occurred under the working load
between 14 and 42 h after soaking, as shown in Table II. I f the
collapse load is considered the least load for whÚ:h the collapse
happens, thus for these piles the collapse load wasn't determined.
But it is verified that the collapse load is at most the working
load and therefore the reduction of the uplift ultimate load is at
least 50 %.

For the other two piles, the collapse didn' t take place under
working load, after 48 h of soaking. Then the loading was
continued with the soil still soaked until it reaches the collapse
load. For these two piles the reduction in uplift ultimate load
due to soaking of the ground was 22 and 40 %, as shown in Table
I I.
Table II - Uplift load tests with soaking under working load.

Pile Collapse under At Qc Reduction


Number working load (h) (kN) (%)
H1 No - 63 40
H2 Yes 42 < 40 > 50
B3 Yes 14 ~ 55 -> 50
B4 Yes 29 ~ 76 -> 50
55 No - 320 22
Figures 4 to 6 show the clisplacement x load curves in both tests
(natural moisture and after soaking), for all piles.

LOAD(kN)
o 20 40 10 10 100

Ê
...z.!
w
:e
w
__
·-H2 .,....
11PiaH1

---s-.g
s
~
fi)
õ

Fig. 04 - Uplift loading tests on hammed piles - with and without


soaking.

LOAD(kN)
o 40 80 120 110

10 111'11e83
ePiaa.&
--Saoddng
----Saoddng

Fig. OS - Uplift tests on bored piles - with and without soaking.

4. ANALYSIS OF RESOLTS

The two bored piles tested with 6 m length were entirely embedded
in a collapsible stratum. This explains the occurrence of collapse
under the working load for these piles. When this happens it would
be necessary to carry out another loading test, soaking the soil
when the pile is under a load stage lower than the working load to
determine the actual collapse load. Without this additional test
it is only possible to verify that the collapse load is at most
equal the working load or that the reduction of the uplift
ultimate load is at least 50 %.

In another research carried out in identical site it was observed


collapse in bored piles under 1/3 of uplift ultimate load
(CARVALHO & ALBUQUERQUE, 1994) •
The hammed pi~es were also entirely embedded in collapsible
-~~p-~~i~_ll). layer. But onl_y one pile collapsed under the working
13

LOAD(kN)

10

25

Fig. 06 - Uplift tests on Strauss pile - with and without soaking.

load and for the other it was necessary to continue the loading
test. Then the collapse occurred under the load stage
corresponding to 60 % to the uplift ultimate load obt-ained at
natural moisture. Thus the reduction of the uplift ultimate load
for this later pile was equal to 40 %. Therefore the collapse load
for the hammed piles tested is close to the working load, a little
lower or a little bigger. Probably the effect of soil
collapsibility on the hammed piles is a little less emphatic than
for bored piles because the soil is lightly improved by the hammed
piles.
Due to the dispersion of the results, it is not possible to
analyze the influence o f the test type, quick or slow. In other
research it was observed that it is necessary to carry out at
least three tests in each condition to compare the results.
Formerly it was also observed that in this sandy soil the ultimate
load is 15 % bigger for quick tests compared to slow tests.

For the Strauss pile did not occur collapse under the working load
and it was observed the smallest reduction in the uplift ultimate
load, only 22 %. The reason for this is that the Strauss pile is 9
m long and therefore it is embedded 3 m in residual soil under the
collapsible layer.
S. CONCLOSIONS

Following it can be concluded

1) For bored piles entirely embedded in a collapsible soil, the


collapse occurred when the ground is soaked under the working load
(the half of the uplift ultimate load). In other research, in
identical conditions, the collapse was observed with soaking under
only 1/3 of the uplift ultimate load. Therefore the uplift
collapse load for bored piles entirely embedded in a collapsible
soil is very lower and the reduction of the uplift ultimate load
is very big in consequence of the soil collapsibility.
2) For hammed piles also entirely embedded in a collapsible soil
this reduction is a li ttle lower because the soil is lightly
improved by the hammed piles.

3) For the longest pile embedded 3 m in a residual soil under the


collapsible layer i t was observed the smallest reduction in the
uplift ultimate load. This shows the importance of to penetrate
the pile in a soil no collapsible.
6. REPERENCES

CAMPELO, N.s. (1994} "Comportamento de estacas submetidas a


esforços verticais de tração em solo colapsivel", dissertação
de mestrado, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade
de São Paulo, Brasil, 139 p.

CARVALHO, D. & ALBUQUERQUE, P.J.R. (1994} "Comportamento de


estacas de pequeno porte à tração em solos colapsiveis", II
Simp. Bras. de Solos não Saturados, Recife, Brasil, p. 237-
242.

CINTRA, J .C.A.; NOGUEIRA, J .B. & HERMANY FILHO, C. (1986)


"Shallow foundations on collapsible soils", 5th Int. Conf.
IAEG, Buenos Aires, v. 3, p. 673-675.

SILVEIRA, A. & SOUTO SILVEIRA, E.B. (1963) - "Low cost shallow


foundationn, II Cong. Panamericano de Mec. de Suelos e Inq.
de Fundaciones, São Paulo, Brasil, v. 1, p. 327-336.

VILAR, O.M.; BORTOLUCCI,. A.A. & RODRIGUES, J .E. (1985)


"Geotechnical characteristics of tropical cenozoic sediment
from São Carlos region (Brazil)", First Int. Conf. on
Geomechanics in Tropical Lateritic and Saprolitic Soils,
Brasilia, v. 1, p. 461-470.
15

Detennination of rock fracture toughness under creep and fatigue


T. B. Celestino
EESC, UniversityofSão Paulo, São Carlos & Themag Engenharia Lida. São Paulo. Brazil
A.A Bortolucci
EESC, University ofSão Paulo, São Carlos, Brazil
C.ANobrega
São Paulo State University, Rio Claro, Brazil

ABSTRACT: The paper describes the results of stable servo-controlled Brazilian compression tests on
granite. The tests have been successfully used for the determination of rock fracture toughness. In the tests
described here, after a fracture has been created through approxímately one fourth o f the diameter length, the
load has been reduced, and the specímens have been taken to failure under fatigue or creep. The relationship
between crack propagation rate and stress intensity factor during creep was obtained.

specimen preparation for the present tests, it 1s


I INTRODUCTION belíeved that theír use can bring more useful
information about crack growth mechanisms in rock.
Many papers have been presented dealing wíth the
microscopic-scale mechanisms of fracture
propagation in rock. Original work in this field was 2 POSSIBLE MECHANISMS FOR CRACK
based on observation of failure in metais under creep PROPAGATION UNDER CREEP AND FATIGUE
and fatigue loads. Knowledge about fatigue failure in
metais is well established (e.g. Davidson and According to LEFM principies, the stress
Lankford, 1992) and is the basis for modem design. concentration factor K, and the fracture toughness
More recently, similar research on ceramics and Kc determine whether or not crack propagation takes
rocks has been carried out, but a general model still place. Creep or fatigue failures could ~ot take pl~ce
depends on more results. under K <Kc condition. However, evtdence agamst
Based on linear elastic fracture mechanics this fact is abundant.
(LEFM), two main opinions prevail in the literature Of ali the mechanisms that might locally reduce
to explain why rock fails under cyclic loading the fracture toughness, the most important seems to
conditions: be stress corrosion. Fracture propagation by stress
a) fracture toughness decreases wíth time (stress corrosion is a sub-criticai (quasi-static) phenomenon
corrosion ), and failure occurs when it reaches the
Creep failure of brittle rock is usually attnbuted to
maximum value for the stress intensity factor
stress corrosion.
imposed by the Joad (Dauskardt et ai., 1990;
Although usually associated wíth static ( creep)
Atkinson, 1984; Freiman, 1984 ), or
b) the maximum value for the stress intensity load, stress corrosion may also take place during
factor increases, even though the maximum externai cyclic load, wíth lower intensity due to shorter
elapsed time of the applied load (Scholz and
Ioad is kept constant. Failure takes place when it
Koczynski, 1979). .
reaches the fracture toughness. (Kawakubu and
Besides stress corrosion, crack propagation rate
Komeya, 1987; Dauskardt et al., 1990; Davidson and
may also be enhanced by fatigue. However, some
Lankford, 1992).
experimental results for brittle materiais (e.g. Evans
The physical processes occurring at the crack tip and Fuller, 1974) showed that the crack propagation
are complex, and probably both phenomena occur. rate under cyclic tests could be predicted by
Tests appropriate for this purpose should yield integrating the contribution of stress corrosion, wíth
results ofboth stress intensity factor and crack length no influence of fatigue.
during creep or fatigue tests. Based on the experimental evidence of crystal
Experimental difficulties arise because the stress lattice dislocation mobility in brittle materiais, severa!
intensity factor depends not only on the externai load authors have questioned the possibility of those
(kept under control) but also on the size of the materiais being susceptible to fatigue (e.g. Evans,
fracture (uncontrollable, and some times difficult to 1980; Atkins and Mai, 1988). Since "sensu strictu"
measure). . yielding is not observed in those materiais, any
This paper describes the results of both cy:chc possibility of true fatigue occurrence must be
(fatigue) and static (creep) t~ on roc~ d1sks discarded, and damage is therefore attributed onfy to
subjected to diametral compresston. The test ts stable stress corrosion.
by controlling the di~et~ ~isp~acement rate This framework started to change in the late 80's
perpendicular to the Joadmg dtrectton m a first stage, when results of experimental research on ceramic
and has been successfully adopted for rock fracture materiais were published. Evidence was made
toughness determination (Celestino and Bortolucci, available of crack propagation under fatigue,
1992). In the tests presented in this paper, load has regardless of stress corrosion action. (Dauskardt et
been decreased after stable crack growth has ai., 1987; Sylva and Suresh, 1989; Reece et al.,
initiated and creep and fatigue loads have been 1989; Dauskardt et ai., 1990). Costin and Holcomb
imposed to different specimens, wíth co~tinuo_us ( 1981) proposed a model for the prediction o f time
determinations of crack length a and stress mtenstty to failure under cyclic or static Ioad that takes into
factor K. Fracture toughness values determined account the occurrence of both stress corrosion and
under creep and fatigue conditions are consistent fatigue.
wíth those determined in the first stage of the test. Increase of K at the crack tip has been advocated
B~~se of the simple set-up, interpretation and by Swanson (1987) and Maji and Wang (1992),
among others, as a result of decreasing the so-called Complex, São Paulo, Brazil. Specimens had 50mm
•crack tip shielding". The argument is baseei on diameter and 33 mm Iength. Specimen preparation
pbysical evidence of the frictional interlocking. and and loading system ~ ali in accordance with
the intact material bridges (ligamentary bridging) in ISRM (1978) suggestions.
the region adjacent to the crack tip. Cyclic loading is Tests were performed on a stiff servo-controlled
likely to destroy- thi~ shielding. and therefore to system for maximum 2700 k:N (MTS 815), with a
increase the true value for K at the crack tip. Another load cell for 50 k:N. Diametral displacement ux
possible cause for that increase has been suggested perpendicular to the loading direction was measured
by evidence from scanning electron microscope by means of an extensometer with 50mm gage
observation which shows that fragments between length.
crack walls behave like wedges (Batzle et al., 1980). Ali the tests (creep and fatigue) were carried out
In conclusion, the mechanisms most probably in two stages. In the first stage, that includes peak
responsible for fatigue in rock are: decreased and quasi-static unload and reload cycles after peak,
shielding, modifications of the microsctructure in the the contrai variable was displacement ux, at the rate
crack tip region and stress corrosion. The first two of0.0005 mm/min, except at load and reload cycles
do not occur under creep load.

3 TESTS PERFORMED F
A number of schemes for rock fracture toughness
determination have been proposed based on
diametral compression tests. It is not the scope of
this paper to present a thorough review of those
t
I
schemes. Most of them require notched specimens
(e.g. Fowell and Xu, 1993; X~ and Fo'"':ell, 1994; 2R __..u
X
Zhao and Roegiers, 1991 ), whtch are ddftcult to
obtain, mostly in coarse-grained rock. Notching
operation may induce undesired micro-cracks along
the crack propagation path.
Guo et ai. (1993) presented a test scheme on
intact rock disks. Their interpretation was based on
the assumption that the stress distribution for a
cracked specimen is the same as that for an intact Fig. I - Test set-up.
specimen. The fracture toughness is determined at
the point where stress intensity factor is maximum after peak for crack length determination. Elastic
with respect to crack length. The same idea had been constants and rock fracture toughness were
previously adopted for _the interpretati~n of ~g tests determined in this first stage. In the second stage, the
(Thiercelin and Roeg~ers, 1986; Thierceltn, 1987). cracked specimens were subjected to fatigue or
According to this interpretation scheme, stress creep. The control variable was the force F in both
intensity fa.ctor can only be determined for a cases. For creep tests, the force was kept constant at
particular value of the crack length. Si~ce the 22.9 kN, corresponding to 90% of the value for the
determination of fatigue and creep tests reqwres the force at the end of stage one. This force was kept
determination of stress intensity factor at severa! constant until failure occurred. For the fatigue tests,
points, these procedures do not seem to be the procedure was similar, except that during stage 2,
appropriate for such tests. cyclic load was applied at a rate of 7.0 kN/min.
Celestino and Bortolucci (1992) proposed the use Minimum and maximum values for F corresponded
of intact Brazilian test specimens in servo-controlled to 50% and 90% of the value at the end of stage I
tests. The test is stable under the condition of a The complete F versus ux curve for a fatigue test is
constam displacement rate along the diameter shown in Figure 2. From the three load and reload
perpendicular to the loading direction. Displacel?ents cycles after peak indicated in Fig. 2, the values for
and stress intensity factors have been numencally the crack length a/R and rock fracture toughness Kc
analyzed as a function of material properties and obtained are shown in Table I.
crack length. The solutions have been put in terms of Figure 3 shows only the points corresponding to
relationships between dimensionless numbers. Test peak and trough of the second stage (fatigue)
result interpretation is straightforward. The test set- loading. It becomes evident that the average slope of
up is shown in Fig. l: Elastic constants are obtained the force-displacement curve decreases, and
based on ux and uy displacements prior to peak. therefore the crack length increases, even when
When the peak Ioad ts reached, a crack is created. In maximum stress concentration value was lower than
regular, quasi-static tests (or stage 1 of the present the fracture toughness Kc.
tests), rock fracture toughness is determined from
pairs o f values for load and crack length after peak.
The determination of the crack length is made by
a series of unload and reload cycles after peak. The
slope of the force-displacement curve during reload Table 1 - Crack length and rock fracture toughness
is directly connected to the crack length. Crack
length, and therefore fracture toughness, can be
determined at severa! points for the same specimen. cycle a!R
Figure 2 shows a typical result. Note the decreasing
slope of the force-displacement curve at subsequent 0.14 1.32
load-reload cycles in stage 1.
These tests have been successfully adopted for the 2 0.21 1.57
rock fracture toughness determination of marble
(Monteiro and Cohen, 1993) basalt., ' sandstone and 3 0.27 1.55
granite.
Tests presented herein were pcrformed on a
mediu_lll-:grained granite from the Socorro Granitic
17

Fig. 3 - Peak and trough points during fatigue stage.


40
35
30
25
0,021
~ 20 0,015
t:..
15 I
~
0,01
lO 0,005
5 o+---~---+----r---4---
o 10000 11000 120Xl 13000 14000 15000
o 0.005 0.01 0.015 0.02
t (s)
ux(mm)

Fig. 2 - Fatigue test results. Fig. 4 - Peak and trough displacements versus time
during fatigue stage.
Figure 4 shows the evolution of peak and trough
displacements ur with time, typical of fatigue failure.
Figure 5 shows peak K values for the last 6 cycles
before failure. Due to the scatter of the data there
1.7
was some difficulty in obtaining the slope of the F 1111

1.6 Klc
versus u" curves, but nevertheless the tendency for K
êu
to increase before failure, and the agreement between
the values obtained and Kc determined in stage I are
. 1.5-

consistent. ~ 1.4
111
111

Figure 6 shows the results of a creep test in terms 52 1.3 111


111
of F versus llx and Figure 7 shows the progress of 1.2
displacement llx with time. 18 19 20 21 22 23
Values for K along this stage were obtained by
cycle
assuming that the increase in diametral displacement
ux was due to crack propagation. This assumption
seems to be reasonable. The other possibility (intact
Fig. 5 - Stress intensity factor for the last 6 cycles
material deformation) may be discarded, because
displacement uy (parallel to the direction of F) varied before failure.
only 0.2% with no trend during this stage, whereas
increment in llx was significant, as shown in Fig. 7
Since the value for the force F was kept constant, the
value for K increased with the crack length a. Failure
was supposed to occur when K reached Kc. z 30
Figure 8 shows the relationship between the crack c
t:..
20
velocity (daldt) and the strds intensity factor K
10
Fracture toughness determined during stage I yielded
values ranging from 1.7 to 2.2 Mpa--/m.
Values for Kc deterrnined from both cyclic and creep -0.005 o 0.005 0.01 0.015 0.02
tests were consistent with those deterrnined in stage ILX(mm)
I. Stress corrosion seemed to occur for both types
of tests. The occurrence of crack propagation
enhancement due to fatigue could not be determined
due to scatter of different test results. The problem Fig. 6 - Creep test force-displacement curve
can be solved with a larger number of tests, or with a
3-stage test, including creep followed by cyclic
loading on the same specimen. This test is presently O.o2
being planned.
0,019

0,018
25
Ê
.§. 0,017
X
20 ::l

0,016

15
z
c
0,015
t:..
10 0.014 +---+----4---+----+----<
14800 15000 15200 15400 15600 15800

5 t (S)

o Fig. 7 - Displacement - time curve during creep.


o 0,005 0,01 0,015 0,02
~.(::L'"::}
Costin, L.S. & DJ. Holcomb 1981. íune-dependent
failure of rock under cyclic loading.
0.03 + Tectonophysics 79: 279-296.
Dauskardt, R.H.; W. Yu & R.O. Ritchie 1987.
Fatigue crack propagation in transformation-
toughned ceramic. J Am. Ceram. Soe. 70: 248-
252.
0.01· Dauskardt, R.H.; D.B. Marshall & R.O. Ritchie
1990. Cyclic fatugue-crack propagation in
o magnesia-partially-stabilized zirconia ceramics,
2.4 2.6 J.Am. Ceram. Soe. 73: 893-903.
-{)_0 l Davidson, D.L. & D.J. Lankford 1992. Fatigue crack
K (MPaV"lii)
growth in metais and al1oys: mechanisms and
Fig. 8 - Crack velocity versus stress intensivity micromechanics./nt. Mat. Rev. 37:45-76.
factor during creep Evans, A.G. 1980. Fatigue in ceramics. Int. J Fract.
16: 485-498.
Evans, A.G. & E.R. Fuller 1974. Crack propagation
4 CONCLUSIONS in ceramic materiais under cyclic loading
conditions. Metal!. Trans. 5: 27-28.
From the results discussed in the previous sections, Fowell, R.J & C. Xu 1993. The craked chevron
the following conclusions can be.drawn: notched Brazilian disc test - geometrical
1 - The tests adopted have proven to be simple considerations for practical rock fracture
and appropriate for fatigue and creep studies with toughness measurement. lnt. J Rock Mech. Min.
direct determination o f the stress intensity facto r and Sei. & Geomech. Abstr. 30: 821-824.
crack 1ength, assuming the applicability ofLEFM. Freiman, S.W. 1984. Effects of chemical
2 - The values for the rock fracture toughness environment on ·slow crack growth in glasses and
determined during quasi-static load, fatigue and ceramics. J Geophys. Res. 89: 4077:4114.
creep are consistent. Therefore no significant Guo, H. N.L Aziz & L.C. Schmidt 1993. Rock
decrease of Kc was obseiVed before failure under any fracture-toughness determination by the Brazilian
load condition.. test. Eng. Geol. 33: 177-188.
3 - Crack propagation under K< Kc condition ISRM . 1978 Suggested methods for determining
was obseiVed and the relationship between crack tensde strength of rock materiais Jnt. J Rock
velocity and stress intensity factor under creep was Mech. Min. Sei. & Geomech. Abstr. 15: 99-103.
obtained. Monteiro, J.M.M. & J.M. Cohen 1993. Durabi/ity
4 - Elastic constants, fracture toughness and the and Imegrity oj Marb/e Report No. UCB/SEMM
relationship between crack velocity and stress - 93/13, University ofCalifornia, Berkeley.
intensity factor were determined by interpreting the Reece, M.J.; F. Guiu & M.F.R. Sammur 1989. Cyc!ic
test results. Possible crack propagation enhancement fatigue crack propagation in alumina under direct
due to fatigue could not yet be determined due to tansion-compression loading. J Am. Ceram. Soe.
scatter of results. W ork is still in progress, and a new 72: 348-352.
test with stages of creep and fatigue on the same Scholz, C.H. & T.A. Koczynski 1979. Dilatancy
specimen is being planned for that purpose. If these anisotropy and the response of rock to Iarge cyclic
results can be obtained, the tests may be able to loads. J Geophys. Res. 84: 5525-5534.
provide most of the information needed for the Swanson, P.L. 1987. Tensile fracture resistance
prediction of crack propagation under general load mechanisms in brittle polycrystals: an ultrasonics
conditions. and in situ microscopy investigation. J Geophys.
Res. 92: 8015-8036.
Sylva, L.A. & S. Suresh 1989. Crack growth in
REFERENCES transforming ceramics under cyclic tensile loads.
J Mat. Sei. 24: 1729-1738.
Atkins, A.G. & Y.W. May 1988. Elastic and Plastic Thiercelin, M. 1987. Fracture toughness under
Fracture: metais, polymers, ceramics, composites, confining pressure using the modified ring test.
biological materiais. Ellis Horwood Ltd. Proc. 28th U.S. Symp. Rock Mech.: 149-156.
Atkinson, B.K 1984. Subcritical crack growth in Tucson.
geologic materiais. JGeophys.Res. 89:4077-4114 Thiercelin, M. & J.-C. Roegiers 1986. Toughness
determination with the modified ring test. Proc.
Batzle, M.L., G. Simmons & R. W. Siegfiied 1980. 27th U.S. Symp. RockMech.: 67-76. Tuscaloosa.
Microcrack closure in rocks under stress: direct Xu, C. & R.J. Fowell 1994. Stress intensity factor
observation.J. Geophys. Res. 85: 7072-7090. evaluation for cracked chevron notched Brazilian
Celestino, T.B. & A.A Bortulucci 1992. Rock disc specimens. lnt. J. Rock Mech. Min. Sei &
jracture toughness determination by diametral Geomech. Abstr. 31: 157-162.
compression tests (in Portuguese). Report G-1- Zhao, X.L. & 1.-C Roegiers 1991. Compliance
93_, EESC, Univ. São Paulo, ~ãoCarlo~. analysis for chevron-notched Brazilian disk
specimens./nt. J Fract. 61: 29-34
19

CARTA DE ERODIBILIDADE DA FOLHA DE COSMÓPOLIS. SÃO PAULO


AUXÍLIO AO GERENCIAMENTO DO MEIO FÍSICO

Gustavo Aristides Gomes GRUBER


José Roberto RODRIGUES
€'!)(.) r.-(Lf)C

RESUMO

A Cartografia Geotécmca constitu1-~e em importante ferramenta nos projetos sócio-econô-


micos que visam ao estabelecimento e gerenciamento da ocupação ordenada do meio físico.
Como um dos produtos da CartO!!r.lfia Geotécnica. a Cana de Erodibilidade define diferentes
unidades homogêneas dos terreno; com base na avaliação de atributo~ que condicionam a susce-
tibilidade à erosão. Os trabalhos de mapeamento foram realizados na escala I :50.000. na re2:ião
compreendida pela Folha de Cosmópoli~. no nordeste do Estado de São Paulo -

ABSTRACT

Engineering Geological mapping is an imponant tool for the planning and managing land
occupation. The susceptibility of the terrain to erosion process is evaluated in engineering geo-
logical mapping by means of a Soil Map. This map defines homogeneous land units based on
some related aspects (attributes f that mtluence soil erosion and on the qualitative or quantitall-
ve valuation of these attributes. This paper presents the methodology used and the Soil Erosion
Map obtamed for the Cosmópolis region. northeastem pan of the state of São Paulo.

I INTRODUÇAO 2 CARACTERIZAÇAO DO MEIO FÍSICO


Com o objeuvo de proporcionar à sociedade DA ÁREA DE ESTL'DO
um mstrumento de gestão na identificação dos
O estudo da geologia da Folha de
problemas inerentes ao uso e ocupação do solo. a
Cosmópolis foi L'onduzido de forma a obter
Cartografia Geotécnica constitui-se num proces-
dois tipo~ de mapas geológicos básiL'os: o do
so que propicia um melhor conhecimento dos
substrato rochoso. que inclui os diferentes tipos
condicionantes do meio físico.
A suscetibilidade à erosão consiste num litológicos existentes de Idades anteriores ao
Importante fator condiciOnante na utilização cenozóico. e o de materiais inconsolidados
dos terrenos. principalmente em obras de enge- cenozóicos. residuais ou retrabalhados.
nharia civil e na agropecuária. A Carta de Situada na borda leste da Bacia do Paraná. a
Erodibilidade. objetivo deste trabalho. repre- área estudada apresenta rochas do Embasamento
senta o produto final do cruzamento de atribu- Cristalino (granitos leucocráticos com granula-
tos influentes na suscetibilidade à erosão dos ção média a grossa) como o tipo Iitológico mais
terrenos. Elaborada na escala 1:50.000. tendo antigo. Sobrepostas a estas são encontradas
como base cartográfica o mapa topográfico da rochas do Subgrupo Itararé. subdividido em
Folha de Cosmópolis/SP (IBGE. 1974). consti- cinco unidades: Unidade 1 - Arenitos. Unidade
tui-se num dos produtos finais da Dissertação 2- Siltitos. Unidade 3- Diamictitos. Unidade 4
de Mestrado ( GRUBER. 1993) desenvolvida - Argilitos e Unidade 5 - Intercalações de
na Escola de Engenharia de São Carlos- USP. Arenito/Siltito/ Argilito. Distribuídos aleatoria-
A área mapeada. com uma extensão de mente por toda a Folha. os corpos de rochas
aproximadamente 712 km'. localiza-se na por- intrusivas (soleiras e diques) são constituídos por
ção nordeste do Estado de São Paulo (FlG. 1) e diabásios com granulação fina a média.
engloba em seus limites áreas parciais de dez O procedimento de identificação e seleção
municípios. Os dois com maior representativi- dos diversos tipos de materiais inconsolidados
dade em área são Artur Nogueira e Cosmópolis (cenozóicos) teve como fonte de informação
e possuem suas sedes localizadas na Folha aquelas obtidas da interpretação de: fotografias
estudada. sendo que os demais ocupam 44.69t. aéreas; poços profundos: sondagens à percussão:
Tendo como base a proposta metodológica mapas geológicos. pedológicos e topográficos:
de ZUQUETTE (1987). concebida principal- caminhamentos de campo e ensaios existentes e
mente para trabalhos em escalas regionais e produzidos. Como critérios básicos na separação
semi-detalhadas. foram utilizados - para análi- das unidades. foram utilizados a textura dos
se e cruzamentos -os seguintes atributos inter- materiais e o caráter genético. em função de pro-
venientes na suscetibilidade à erosão: materiais porcionar uma maior homogeneidade e represen-
inconsolidados (textura). fator de erodibilidade tatividade dos dados. frente às demais classifica-
(Ko - WISCHMEIER & SMITH. 1978). geo- ções (HRB. SUCS. MCT). que não se mostraram
morfologia (declividade. forma e extensão das adequadas na elaboração das unidades (GRU-
encostas). uso e ocupação do solo (cobertura BER. 1993). Os materiais inconsolidados foram
vegetal originaL agropecuária. obras de enge- divididos em Materiais Retrabalhados. desenvol-
nharia civil e erosão em sulcos). vidos a partir de rochas não imediatamente infe-
riores. com diferentes graus de retrabalhamento e
ESTADO DE SÃO PAULO

52''W MINAS GERAIS 4 7"


20'S+ ~-~- ~+2o·s

Vl ?\
\ ~Q
)~
i
(
í22'
46'';1

o~

25'S+
50'';/

FIGURA l -Localização da Folha de Cosmópolis- SF. 13- Y-A-V-2.

Materiais Residuais resultantes da alteração in al.. 1984) se resume na superposição de atribu-


situ das rochas do substrato rochoso. Os tos com mesmo peso e na atribuição de valores
Materiais Retrabalhados foram subdivididos em
subjetivos (0. I e 2) para as classes que com-
Material Arenoso. Material Argiloso e Material
põem os atributos e que representam seu grau
Aluvionar. Os dois primeiros foram classificados
de influência na elaboração da carta.
a partir da fração granulométrica dominante de
cada amostra analisada. Para os Materiais A partir de uma equação onde se processa
o somatório dos produtos de pesos e valores
Residuais procedeu-se à subdivisão em Material
estipulados para as classes, e considerando que
Residual do Embasamento Cristalino. Material os pesos dos atributos são iguais. têm-se:
Residual do Subgrupo Itararé (Unidade 1 -
Arenitos, Unidade 2 - Siltitos. Unidade 3 - N
Diamictitos, Unidade 4- Argilitos e Unidade 5-
Yt= ·I Yci
N.Ycmax i=l
Intercalações de Arenito/Si! ti to/ Argilito) e
Material Residual das Intrusivas Básicas (FIG. 2).
As características físicas obtidas desses materiais onde: Vt =valor total da unidade
estão relacionadas na tabela 1. Uma pequena por- Vci = valor da classe do atributo i
Vcmax = valor máximo das classes
centagem de amostras possui duas ou mais fra-
N = número de atributos
ções granulométricas com quantidades aproxima-
das. Nestes casos a classificação da amostra Adotando-se os intervalos propostos por
numa determinada unidade sofreu influência, AGUIAR (1989) e com base nos estudos de
principalmente, do caráter genético. Como FARIAS et al. (1984) e ZUQUETTE (1987),
importante fonte de informações, os mapas pedo- chega-se ao valor total da unidade para as dife-
lógicos contribuem em diversas etapas na realiza- rentes classes de adequabilidade.
ção da Cartografia Geotécnica, em especial na As três classes propostas - observando a
aquisição e interpretação das caracteósticas físi- facilidade de manuseio pela população, que é
um dos critérios a que se propõe o Mapeamento
cas, químicas e genéticas dos materiais. O princi-
Geotécnico -. embora de maneira subjetiva, se
pal mapa pedológico utilizado foi o trabalho de constituem no resultado da observação crite-
OUVEIRA et ai. (1979).
- riosa da distribuição dos atributos na área
mapeada e na limitação imposta quando do
3D~ÇÃODASUNIDAD~ cruzamento manual dos diversos documentos.
HOMOGÊNEAS DE UMA CARTA Na figura 3 pode ser observado o mecanismo
INTERPREfATIVA desta definição. partindo-se do cruzamento
O principio da definição das unidades hipotético de mapas que representam três atrib-
homogêneas (ZUQUEITE. 1887 e FARIA et utos quaisquer.
21

\
i"~
~..?-'
..--/

li
;.-_ _ _ _. . ::.C. . :. O.::._N_VE=N:.._Ç.!. _Õ.:. .:E=-S---.:.C. :. :A.::._R_TO_:_G.::._R_A_F_IC_A_S_ _ _ _ _~ I MAPA DE MATERIAIS::
TIPOS DE MATERIAIS
- RESIDUAIS - RETRABALHADOS INCONSOLIDADOS jl
:
1
~
f:::::::::l
- lnU:Usivas
Básicas
o·. - Diamictito ' •I Embasamento r--] - Arenoso
Cristalino L-'
r- ~- NO
I
~~
Arenito
~
Argilito === - Argiloso
i m- Siltito
r=l _ Intercalações de
Aluvionar'
ESCALA

r
G Arenito/Siltito/Argilito

j~us-
lV'\

Núcleo Urbano - - Ba.rra.ge7n ,1"\J- Limites entre materiais~


Okm 1
-
2 3 4km

FIGURA 2- Mapa de materiais inconsolidados- Modificado.de GRUBER. 1993.

4 CARTA DE ERODIBILIDADE especificamente à área mapeada. Na tabela 2


estão incluídos os atributos e os limites utiliza-
A elaboração deste documento atendeu aos dos no estabelecimento das classes de
critérios básicos propostos pela metodologia suscetibilidade à erosão e na figura 4 é apresen-
adotada. estando representado por três classes tada a Carta de Erodibilidade para a região
distintas de suscetibilidade à erosão: baixa. estudada.
média e alta Estas classes constituem o produ-
to da análise e cruzamento dos atributos que
intervêm no proce~so de erosão e se r~ferem
TA BELA I -Características físicas dos materiais inconsolidados da Folha de Cosmópolis- SP.

Grupo Itararé
Emb. Intrusivas
UNIDADES Arenoso Argiloso Aluvionar
Crist. Arenitos Siltitos Diamictitos Argilitos lnterc. de Básicas
----------- ~ ~~------- ---------- -- --
Ar/Sii/Arg
------------
%de área ocupada _,

na Folha 30,4 38,1 8,0 1,9 3,7 6,5 4,5


---- r--------------- --------r--- ------- 1----~
2,:l 1,9 1,6
- -- ---~----
- ---.-~

VALORES OBTIDOS MIN MAX MIN MAX MIN MAX MIN MAX MIN MAX MIN MAX MIN MAX MIN MAX MIN MAX MIN MAX
i--- -----1 - - - -1------ - - - -
~
o
~
Grossa 4 {) 3 o- li {) I o
]"' ~-------

Média
----
I
- --
21
--- -
I
-
16
------
o
- -- -
65
-----
8 37
t--
I
-

o -r-- -
55 70 20 30 49 64 25 40 38 70 o I
Fina 23 73 lO 37 o --
42 23 39

I ---- -------- -------- -------- ~----- -- --


23
---
-~

--- 1-----
Silte li 43 li 39 17 47 28 38 55 75 16 26
---
20 ---
4 li 18 72
Argila 13 43 39 66 21 73 7 24 lO 20 15 18 25 50
--- 1- ----- 1-------- ---- 1--- --
60 19 55 46 72
-1---- - - - - --- - ---
LL(%) NP 42 NP 73 NP 76 NP 32
---- - - - - - -- r- ---- --·- ----
--- ------- --------
19 31 44 58
LP(%) NP 29 NP SI NP 43 NP 24
----~-~---
------ - - -----·-· 12 23 22 43
IP(%) NP 19 NP 32 NP 33 NP 8
--·-· ------- ----- ------ - -- --------- -
R 9 12 22
M. Especílica
dos Só!ido~(~/cm') 2,59 2,82 2,43 3,00 2,63 2,73 2,60 2,7.3 2,71 2,72 2,62 2.69
I
2,71 2,72 2,80 3,07
lndice de Vazios(%) 0,58 1,42 0,76 1,88 0,83 1,59 0,50 1,1 7 0,84 1,84
-----~~-----
-- ------- - - - - - ·------- --- ------- 1------ f------ -- ----- ---
0,65 0,80 0,61 1,02 1,19 1,70
Grau de
Compactação(%) 64 91 62 89 70 98 74 94 77 85
----- -- ----- ----- --------- --------- - - - -
74 85 83 90 62 88
·------~------
--- -- ------- f----
Perda de Peso
por imersão(%)
L:_____ _ _ _ _ _ _ --
-- -------
() 154
--- - - -------
o ··---
114 64
-----------
238
-
94 138 97 266 o 144 176 230 o 50
-----
23

TABELA 2 - Limites dos atributos utilizados no estabelecimento


das classes de suscetibilidade à erosão.

BAIXA ERODIBILID. MÉDIA ERODIBILID. • ALTA ERODIBILID.i


1 Natureza Materiais inconso- Materiais arenosos Materiais areno- I
l dos lidados argilosos: com predomínio de sos com predomí- i
i materiais Argiloso. Aluvio- finos nio da fração I
nar. Res. Intru- (ar+ sil/ag < 1) areia: Arenoso. ,/1

sivas Básicas. Res. do Subgrupo ,


Unidade 4- Res. Itararé (Unidades I
Subgrupo Itararé L 2. 3 e 5) e Res.
(Argilitos) do Emb. Cristal.

Ko < 0.25 0.25-0.45 > 0.45

Declividade 1
0-5% 5-10% > 10%

Forma Côncavas ou conve- Convexas a retilí- Convexas com mais


I das xas com extensões neas com extensões de l.OOO.Om de
/ encostas menores do que menores do que extensão
200,0m l.OOO.Om

Ocupação Cobertura vegetal Culturas semiper- Culturas anuais.


atual natural ou reflo- manentes com ocorrência de
ou restamento de áreas sem prote-
prevista grande porte ção vegetal e com
ocupação urbana
desordenada

Erosão Sem vestígios Apresenta vestí-


' em sulcos gios

Ko - fator de erodibilidade (WISCHMEIER & SMITH. 1978 l

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS desestabilizar ou estabilizar uma determinada


porção do terreno. Isto pode ser constatado na
O reconhecimento das características do ocorrência de duas boçorocas existentes na
meio físico. tendo como produto a carta geotéc- Folha. onde se observou que os processos ger-
nica e em especial o zoneamento geotécnico adores estão relacionados com o mau dire-
específico. constitui-se em importante documen- cionamento das águas pluviais de rodovias
to de auxílio ao planejamento regional. As infor- estaduais. Da mesma forma as erosões profun-
mações, geradas pela elaboração da Carta de das são encontradas nas canaletas laterais das
Erodibilidade e apresentadas na forma de classes rodovias não pavimentadas. produtos do exces-
de adequabilidade. irão indicar ao usuário quais sivo patrolamento. que gera o rebaixamento do
as áreas que deverão ser detalhadas e, de um greide. dificultando a construção de saídas la-
modo geral. as regiões que poderão apresentar terais e concentrando em grandes extensões o
problemas quanto à erosão (danos em rodovias, fluxo das águas superficiais
perda de solos agriculturáveis. assoreamentos de
cursos d'água .e reservatórios. cuidados na 6 AGRADECIMENTOS
expansão urbana etc).
Embora a área mapeada apresente. com Ao Programa de Apoio ao Desenvol-
base nos condicionantes do meio físico. carac- vimento Científico e Tecnológico (PADCTl e à
terísticas razoáveis frente aos processos ero- Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP)
sivos. é necessário levar em consideração que pelo suporte financeiro aos trabalhos de campo.
qualquer mudança dos limites das classes dos fruto de convênio com o Departamento de
atributos pode. por interferências diversas, Geotecnia da EESCIUSP.
[ +~ 01@~+1 I
++ + . . + +(
Mapa de ++ +
+\
o i Mapa de
+ ~ +
I

o +++
+ + + +
1

II
atributo +: : 2 :+:+\ iatributo
I
1 \+ +~2 + + +
o \+t + + + 11
=:C]
+T++i
+ +
) + + + + + +
+
!'r+ + + T

/+ + + + (++++++
+ +

~ 2
o ~ ~I

Mapa de Cruzamento
dos
atributo
Mapas

LEGENDA
Valor das
I
Classes I
:om Valor 1 L_JValor 2
I
Valores dos atributos ~Valor 1
GJ IValor 2

finais D Valor O ~Valor 1 []valor 2

das N
1

unidades
vt = N ·V cmóx
·I i-l
Vcí

Vt = valor total da unidade


Vcí = valor da classe do atributo
V cmáx = valor máximo das classes
N = número de atributos

Intervalo das classes de adequabilidade


para as Cartas Interpretativas
o.oo 0.35 0.70 1.00

inadequada razoável adequada

Dados do exemplo
.~, Vcí I
Io 1 I2 I 3 I 4 I s I 6 I
Vt 1o.oo 1o. 17 1o.33l o.so 1o.67 o.a31, .oo 1

adequada
I

FIGURA 3- Definição das unidades (GRUBER. 1993).


25

22"30'

I
i I
IN
I
l.ç

22"45'

CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS
UNIDADES

I I - Baixa D -Média - Alta

( \ J - Limite entre Unidades

Cus -
NO
ESCALA

Núcleo Urbano • - Barragem t Okm 1 2 3 4km ·

AGURA 4- Cana de erodibilidade- Modificado de GRUBER. 1993.


7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR. R.L 1989 Mapeamento Geotécnico Diretoria de Geociências!IBGE, Escala


da Área de,Expansão Urbana de São 1:50.000.
Carlos: .contribuição ao Planejamento. OLIVEIRA. J. B. et al. I 979. Levantamento
Dissertação de Mestrado, Escola de. pedológico semidetalhado dos solos do
Engenharia de São Carlos/USP. São Estado de São Paulo - Quadrícula de
Carlos/SP. 2 vols. Campinas. Rio de Janeiro.
FARIAS. LC. et a/. I 984. Guia para la SUPRENIIBGE. I 72 p.
Elaboracion de Estudios del Medio WISCHMEIER. W. H. & SMITH. D.D. 1978.
Físico: Contenido y Metodologia. 2 ed. Prédicting rainfall erosion losses - a
Madrid (Espanha). CEOTMA/MOPU. guide to conservation planning.
572 p. (Serie Manuales, 3). Washington (U.S.A.). USDA. 58 p.
GRUBER, G.A.G. 1993. Mapeamento (Agriculture Handbook. 537).
Geotécnico da Folha de Cosmópolis - ZUQUETTE. L. V. 1987. Análise crítica da
SP. Dissertação de Mestrado, Escola de Cartografia Geotécnica e proposta
Engenharia de São Carlos/USP. São metodológica para condições brasileiras.
Carlos/SP. 2 vols. Tese de Doutorado, Escola de
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA Engenharia de São Carlos/USP. São
E ESTATÍSTICA. 1974. Rio de Janeiro, Carlos/SP, 3 vols.
27
,
Carta de Susceptibilidade à Contaminação e Poluição das Aguas
Subsuperficiais de Ribeirão Preto, SP.
Escala 1 : 50.000

Juciara Carvalho Leite


Doutoranda do Depto. Geotecnia I EESC I USP

Lázaro Valentim Zuquette


Prof Associado do Depto. de Geotecnia I EESC I USP

RESUMO

É apresentada uma carta de susceptibilidade à contaminação e poluição das águas


subsuperficiais de Ribeirão Preto, SP, elaborada segundo a metodologia proposta por Leite (1995),
utilizando-se dados geotécnicos de Zuquette ( 1991) e Zuquette et ai. ( 1994). A região de Ribeirão
Preto apresenta, como litologias mais representativas, magmatitos básicos, que se sobrepõem aos
arenitos aqüíferos da Formação Botucatu (J-K). Através dessa carta fica demostrado, de maneira
prática e com clareza, a diferenciação das áreas, suas distribuições e suas características quanto à
disposição de resíduos, assim como as recomendações sobre o uso de barreiras protetoras. A aplicação
da metodologia para a região de Ribeirão Preto mostrou-se válida devido, principalmente, à qualidade
e quantidade das informações geológico-geotécnicas disponíveis.

1. INTRODUÇÃO

A carta de susceptibilidade à contaminação e poluição das águas subsuperficiais para a área do


entorno de Ribeirão Preto foi desenvolvida por dois principais motivos: o primeiro, produzir um
documento que auxiliasse o planejamento urbano para uma região totalmente necessitada de áreas para
disposição de resíduos, tamanho é o seu crescimento industrial e urbano; o segundo, validar a
metodologia proposta por Leite (1995), para a elaboração da carta de susceptibilidade à contaminação
e poluição das ~ouas subsuperficiais.
A área de estudo situa-se no nordeste do Estado de São, entre os paralelos 21 o e 21 o 15' S e os
meridianos 47°45'e 48° W, e corresponde à folha topográfica do ffiGE, Ribeirão Preto, 1:50.000. A
cidade e sua área de expansão cobrem mais do que 400 Jan:, com uma população de 500.000
habitantes.
Devido ao acelerado crescimento da região, diversas construções estão sendo implantadas,
como indústrias, aterros sanitários, centros residenciais, centrais de gás, poços para abastecimento de
água e aquelas relativas a serviços de transporte e eletricidade. Conseqüentemente, com a instalação
não criteriosa destas construções, muitas adversidades podem surgir, entre elas, a contaminação e

poluição de materiais inconsolidados e de ~ouas subsuperficiais, comprometendo a qualidade dos


mananciais de subsuperficie.

2. DESCRIÇÃO DA ÁREA

Cerca de 95% da área é ocupada por rochas ígneas básicas extrusivas e intrusivas da Formação
Serra Geral (J-K), o restante por arenitos da Formação Botucatu (J-K) e sedime?tos aluviais recentes.
Estes arenitos ou afloram na área de ocupacão urbana, ou se encontram em profundidade sotopostos
aos basaltos da Formação Serra Geral, e se constituem na principal fonte de ~oua da região. São bons
aqüíferos, sendo que na área urbana existem 400 poços produzindo um total 80.000 m3/h, alguns deles
podem fornecer até 300m3/h. Parte da área caracteriza-se como zona de recarga.
A área é drenada pelo Ribeirão Preto e pelo Ribeirão do Sertãozinho. A declividade
predominante está entre 2 e 20%, sendo que os valores abaixo de 2% ocorrem secundariamente, e
valores acima de 20% são pouco freqüentes.
A geomorfologia caracteriza-se por duas zonas distintas, separadas preliminarmente pelos níveis
de altitude e declividade: urna com cotas de 500 a 600 rn e declividades entre 1 e 1O %; a outra com
altitudes e declividades superiores a estes valores.
O clima predominante típico é Aw (classificação de Koppen), com verão chuvoso, mverno
seco, temperatura média anual é de 22°C e o índice pluviométrico anual é de 1400 mm.
A área foi mapeada por Zuquette (1991) e foram delimitadas 3 5 classes geotécnicas com base
nas suas características geológico-geotécnicas (Quadro 1). Apresentam geralmente alguns atributos
desfavoráveis quanto à disposição de resíduos (Quadro2), como: nível d'água muito raso, alta
permeabilidade, textura arenosa, substrato rochoso a pouca profundidade, pequena espessura dos
materiais argila-arenosos, baixa capacidade de troca catiônica, presença de material colapsível,
ocorrência de zonas de recarga, declividades menores que 2% e problemas relativos à escavabilidade e
àfun~ão.

3. METODOLOGIA

A carta foi elaborada em escala 1:50.000, aplicando-se a metodologia proposta por Leite
( 1995), com informações extraídas de Zuquette ( 1991) e Zuquette et ai. (1994 ), referentes a:
29

Quadro 1. Agrupamento dos materiais inconsolidados da área de estudo, em 35 unidades geotécnicas


básicas (Zuquette et ai., 1994, modificado).

Perfis básic:os
predominantes de Argilo-
maJerial q Texturas Amlosa Areno- siltosa ou Argilosa Arcno-silto- Arenosa e Argilo-
incoasolidado siltosa siho-arenosa argilosa arenosa fina arenosa

Profimdidade do Litologia do
substrato rochosos substratoro- Basalto ou Arenito Basalto Basalto Arenito Arenito Basalto
chosoQ arenito

<2m 1 2 3 4 5 6 7
> 2 -< 5 8 9 10 11 12 13 14
> 5- < 10 15 16 17 18 19 20 21
>!O-' 15 22 23 24 25 26 27 28
'15-< 20 29 30 31 32 33 34 35

geologia, mineralogia, análise granulométrica, resistência à penetração SPT, espessura da cobertura


inconsolidada, permeabilidade, capacidade de troca catiônica, grau de alteração e profundidade do
nivel d'água. Como não se pode dispor dos dados referentes às flutuações do nível d'água, e à
espessura do substrato rochoso, convencionou-se para as flutuações do nível d'água valores inferiores a
5 m., e para o substrato rochoso não saturado espessura maior que 30 m. A profundidade do nivel
d'água em nenhuma das áreas atingiu 20m.
A referida metodologia (Leite, 1995) é um sistema algoritmico composto por fluxogramas e
tabelas. Estes fluxogramas direcionam a análise da área com relação aos diversos atributos que
influenciam no processo de seleção. As tabelas identificam as áreas quanto aos atributos restritivos e
indicam as recomendações necessárias.
A carta elaborada para a área de estudo exibe porções densamente pontilhadas que
representam as inclinações de terreno superiores a 20%. A representação por pontilhado mais esparso
indica áreas que apresentam baixas declividades, inferiores a 2%.

Quadro 2 - Atributos restritivos à disposição de resíduos

Atributos Restritivos
a- Coeficiente de permeabilidade da rocha > 1o·"' cm/s
b- Aqüífero livre
c- Aqüífero sotosposto à rocha
d- Não apresenta material inconsolidado sobreposto à rocha
e- Coeficiente de permeabilidade do material inconsolidado > 10-3 cmls
f- Capacidade de troca catiônica do material inconsolidado > 1O meq/1 OOg
g- Material inconsolidado colapsível
h- Material inconsolidado compressível
1- Material inconsolidado com predomínio de argilas do tipo 1: 1
j- Material inconsolidado com heterogeneidade estrutural
4. RESULTADOS

Com a análise de todas as informações e aplicando-se a metodologia, foram definidas quatro


áreas que correspondem a quatro terminais de fluxo: 1, 2, 3 e 4.
A maior parte da área, excluindo-se as zonas urbana e de expansão urbana, classifica-se como
1. Esta classe constitui-se litologicamente por magmatitos básicos muito fraturados, superpostos ao
arenito da Formação Botucatu. Essas rochas básicas encontram-se cobertas por material inconsolidado
de alto teor de argila (mais de 70%), de pouca espessura (de O a< 10 m), com baixos valores de
resistência à penetração (SPT), baixa capacidade de troca catiônica e elevada permeabilidade. Os
baixos valores de SPT (menores que 5) para os materiais muito argilosos mostram uma tendência à
compressibilidade. Relacionando-se esta classe às classes de Zuquette et ai. ( 1994), observa-se que ela
corresponde às áreas de números 3, 4, 10, 11, 14,15, 17, 18 e 21 do referido carta,
Porções menos representativas, e que apresentam situação semelhante, porém com material
inconsolidado mais espesso (> I O m), ocorrem em segundo lugar considerando-se a área de ocupação.
São classificadas como 4 e correspondem aos números 24, 25, 28, 31, 32 e 35 de Zuquette et a!.
(1994).
A área que se classifica como 2, correspondente aos números 23, 26, 27, 29, 30, 33, 34, 29 e
30, de Zuquette et a!. (1994), possui espessura adequada de materiais inconsolidados,que se
caracterizam como predominantemente arenosos. A resistência à penetração é baixa, assim como a
capacidade de troca catiônica. A permeabilidade é bastante elevada. O nível d'água encontra-se a
pouca profundidade(< 20m) e a espessura do material ultrapassa 10m.
O grupo de áreas que foi denominado 3, correspondentes aos números 1, 2, 5, 6, 12, 13, 16, 19
e 20, de Zuquette et al. (1994) e compõe-se de rochas basálticas com cobertura inconsolidada menor

Quadro 3 - Resultados das áreas classificadas na carta de susceptibilidade.


Classes de Atributos Recomendações
susceptibilida restritivos
de
Não dispor. área de recarga.
l a, c, d
Não dispor se a flutuação do nível d" ãgua superior a 5 m.
Dispor somente se 4 ou 8 no fluxograma de pluviosidade (Figura 2)
·Dispor somente se 7 nos dados básicos (Figura 3)
2 b, e, t: h, i, Dispor de tratar o material inconsolidado compressível
Não dispensar o uso de liner bem projetado
A disposição deve ser apenas por espalhamento. e se e somente se 7 nos dabos básicos e 4 ou 8 na
pluviosidade

,., As mesmas feitas para 2


.) b, e, f, h, i, j

c - Dispor apenas por espalhamo:mto. se o teor de argilas 2: I for maior que 50%.
i - Dispor apenas se 7 nos dados básicos.
o - Dispor somo:mte se a espessura do material inconsolidado for maoir que 1O m.
.
I - Dispor com liner bem projetado.
j - Dispor se tratar o material inconsolidado colapsi vel.
4 a, c, f, g Área não propícia a disposição: apenas por espalhamento. caso se atinja o terminal 7 do fluxograma
dos dados básicos. Em última hipótese. não dispensar o uso de um liner rigoros:uno:mte bem
projetado.
31

que 1O m. Algumas porções dessa área podem exibir uma textura hidromórfica, que facilita a
colapsibilidade.

Após a análise e classificação das áreas e a elaboração final do carta, chegou-se às recomendações
relativas a cada uma delas (Quadro 3):
1- Área não indicada para qualquer tipo de disposição.
2- Área cuja disposição se processe apenas por espalhamento, somente se atingir 7 no
fluxograma dos dados básicos, e 4 ou 8 no fluxograma da pluviosidade. Não dispensar
o uso de liners bem projetados.
3- Para esta área são válidas as mesmas recomendações feitas para a área anterior
4- Area não propícia à disposição; apenas por espalhamento, caso se atinja o terminal 7 do
fluxograma dos dados básicos . Em última hipótese, não dispensar o uso de um /iner
rigorosamente bem projetado.

5. CONCLUSÕES

A aplicação da metodologia para a área de entorno de Ribeirão Preto mostrou-se válida. graças,
principalmente, à grandeza (quantitativa e qualitativa) de informações geológico-geotécnicas
disponíveis, o que é uma condição necessária para que ocorra maior chance de acerto na classificação
da área e nas recomendações relativas.
O resultado da cartografia mostra a existência de quatro áreas com as seguintes características

• Área 1, ocupando a maior parte da região estudada, onde a susceptibilidade a


contaminação e poluição é extrema, ficando descartada a utilização como sítio de
disposição.
• As áreas 2 e 3, só permitem a disposição de resíduos sólidos por espalhamento, desde
que o balanço hídrico seja favorável (a taxa de evapotranspiração seja maior que a taxa
média de precipitação), e que os dados referentes à localização e declividade sejam
satisfeitos, e para a qual não se pode dispensar o uso de liner bem projetado.
• Área que 4, onde a única forma de disposição aconselhável é o espalham.ento de
resíduos sólidos, apenas em locais onde a declividade esteja na faixa de valores entre 2 e
20 %, não se dispensando, da mesma forma que para a área anterior, o uso de liner bem
projetado.
Finalizando, esta carta não é o único documento cartográfico a ser criado quando se objetiva a
instalação de sítios de disposição de resíduos. Faz-se necessária a elaboração do mapeamento em
escalas maiores (1:10.000, 1:5.000) como parte do projeto de escolha de sítio, para a obtenção de
informações mais detalhadas, a nível local, sobre o comportamento do material geológico.
... SOBSUPERFICIAIS

/
..
..

,,/~~ . ... ,
~---

.· . . /
:·;,:.--

.-.
.,.. ...,.,_r
;:-. _,·.' ;/'
'
;: . >'
f· r (
\::.~~ . . . >

limite das classes de susceptibilidade


~ dcdividadc < 2%
limite das classes de dc:clivicbdc
C:·· ..-.··;> declividade> .20%
limite da área urbana
1, .2, 3, 4 classes de susa:ptibilidadc
limite da área de expansão urbana

Figura I

6. AGRADECThiENTOS

Agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e à


Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (F APESP) o suporte financeiro.
33

Evt = cvapotrampiração

Figura 2 - Fluxograma da pluviosidade

centros
Ulbanos> 2

I s

SDR =sítio de disposição de resíduos

Figura 3 - Fluxograma dos dados básicos


7. REFERÊNCIAS BffiLIOGRÁFICAS

Leite, J. C. (I 995). Metodologia para a Elaboração da Carta de Susceptibilidade à Contaminação e


Poluição das Águas Subsuperficiais. Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia de São Carlos,
USP, São Carlos. 2 v, 198 pp.
Zuquette, L. V. (1991). Mapeamento Geotécnico: uma Nova Abordagem. Relatório Técnico,
FAPESP. 2 v, 269 pp. Ribeirão Preto.
Zuquette, L. V., Gandolfi, N., Pejon, O. J. & Sinelli, 0., 1994 Engineering Geological Zoning Mapping
ofthe Ribeirão Preto City (Brazil) at 1:25,000 Scale. 7th Intemational IAEG Congress. Balkema. pp
1169-1175. Rotterdam.
35

PREVENÇÃO DA CONTAMINAÇÃO E POLUIÇÃO


DE AQÜÍFEROS: A UTILIZAÇÃO DE LINERS

Juciara Carvalho LEITE


Lázaro Valentim ZUQUE'ITE

• RESUMO: Este artigo trata das formas de proteger um aqüífero diante da contaminação e de prevenir
perdas econômicas de líquidos armazenados, através do uso de liners sintéticos ou naturais. Todo o
conhecimento a este respeito ainda hoje é escasso, tomando-se, desta maneira, indispensável que
sejam desenvolvidos estudos de acordo com os tipos de materiais inconsolidados brasileiros e com a
nossa realidade econômica, com o intuito de tomar segura e viável a contenção de líquidos
potencialmente poluidores. O estudo dos liners requer um bom conhecimento tanto de transporte de
soluções em meios porosos, quanto de características geotécnicas e geoquímicas do ambiente
geológico.

a PALAVRAS-CHAVE: Barreiras; coberturas e bases protetoras; migração de solutos; aqüífero.

Conceito e aplicação

As bases e barreiras protetoras (liners) são recursos tecnológicos utilizados


quando se deseja reter ao máximo possível a percolação de um liquido (chorume.
rejeitas líquidos. hidrocarbonetos e outros) de forma que ele não atinja as águas
naturais.
As bases são aplicadas no fundo de reservatórios, de lagoas ou de aterros, e as
barreiras representam preferencialmente as paredes de contenção. O termo liner é
mais abrangente, e se refere às barreiras, às bases e às coberturas superficiais
protetoras.
Os liners servem para prevenir a poluição do ambiente circundante devido à
excessiva migração de contaminantes Folkes. 5 Também podem ser utilizados para
prevenir perdas econômicas de fluidos annazen_lldos, reduzir poro-pressões na porção
jusante de diques e prevenir a erosão por infiltração.
Urna revisão da tecnologia dos liners é apresentada por Folkes, 5 tratando da
migração da contaminação (transporte de fluido, transporte unidimensional de soluto
e atenuação), do papel das coberturas de controle, das propriedades de infiltração nos
materiais dos liners, bem como da previsão da taxa de infiltração e da compatibilidade
entre o fluido e o liner.
Há vários mecanismos físicos e químicos pelos quais um sistema de bases ou
barreiras pode mitigar os efeitos da migração de contaminantes. Os mecanismos
piimários, ilustrados na forma idealizada na Figura 1, são diluição. tempo de perma-
nência e retardamento.
o sistema da Figura l(a) resulta em urna redução das concentrações de
contaminantes no fluxo de água subterrânea, principalmente através da diluição. O
liner restringe a taxa de fluxo de contaminantes no sistema de água subterrânea a um
nível ~. que é diluído pela mistura com um fluxo relativamente grande de água, Oas.
A performance deste sistema. medida pela concentração do contaminante no poço
monitorado, é mostrada versus o tempo na Figura l(a). O tempo de permanência inicial
deve ser satisfatoriamente curto, em virtude da natureza geológica da área e da
elevada taxa de fluxo de água subterrânea. O aumento na concentração pode se
processar gradualmente graças à dispersão, ou a curto prazo. Desta forma, a previsão
de ~máximo e Oas mínimo é fundamental para o projeto de sistemas de coberturas.
(o)
1 a ln~~~tr~~çio
I (QI)

Tempo
(a)

UI a) Ratllc16ncla com o 1amp0


1 b) Dlsperúo
C) ~ preclpllaçlo, b' 1 ~
cl) Capadlaçiio elo - - - de u.........,
o uecldO ·

LAOOA DE OIS'OSIÇAo

{b)

FIGURA 1 -Mecanismos controladores da migração de contaminantes através da linha de impedimento: (a) diluição
no fluxo de água subterrânea é o principal mecanismo: (b) sistema de cobertura 1- tempo de permanência é o
principal mecanismo: sistema de cobertura 2 -o retardamento é devido à precipitação. adsorção. biodegradação
etc. (fonte: Folkesfi)

Dois outros comportamentos de sistemas deliners são mostrados na Figura l(b).


O sistema de liners (A) compreende um conjunto de material de proteção, de baixa
permeabilidade, e o material inconsolidado naturaL O fluxo de água subterrânea é
muito baixo, de forma que a diluição por este mecanismo é desprezíveL A migração
do contaminante, devida aos mecanismos de transporte de advecção e difusão, é
muito pequena, mas a concentração a longo prazo medida no poço monitor pode ser.
eventualmente, bastante alta. Assim, o maior efeito verificado na posição do poço é
o tempo de permanência.
O sistema de liner (B) na Figura l(b) promove principalmente os mecanismos de
retardamento químico e físico para atenuar a concentração de contarninantes a níveis
aceitáveis, medida no poço de monitoramento. O tempo de permanência deve ser
curto; Griffin & Shimp apud FolkesS propõem um procedimento de projeto onde a
permeabilidade da cobertura seja alta, a fim de evitar o acúmulo de volumes de lixív1a,
ou um efeito de esguicho.

2 Tipos de liners

Sabe-se que a facilidade de impacto da disposição de rejeites na qualidade das


águas subterrâneas depende da natureza da área, do tipo de resíduo, da hidrologia
local, da presença de uma direção de fluxo dominante e, talvez o mais importante.
relaciona-se à natureza da barreira que pretende limitar e controlar a migração de
contarninantes.
A escolha de um determinado tipo de liner é influenciada pelos seguintes fatores:
• uso a que se destina;
• ambiente físico;
• química da solução percoladora e da água subterrânea;
• vida útil do projeto;
• taxa de infiltração;
• restrições físicas.
37

Os mateiiais comumente usados como barreiras, segundo Viraraghavan. 11 po-


dem ser originados de materiais naturais ou então obtidos através de síntese.
Origem natural Sintéticos
• solo compactado: • polietileno clorossulfu.rado (Hypalon)
• concreto; • cloreto polivinílico (PVC)
• emulsões asfálticas: • polietileno (PE)
• solo-cimento; • polietileno clorado
• membranas de bentonita; • borracha butilica
• misturas de areia e bentonita.

Rowet0 classifica os liners em cinco categorias •

• depósitos argilosos naturais


• liners argilosos compactados
• paredes de isolamento
• depósitos rochosos naturais e
• coberturas sintéticas (incluindo geomembranas, jateamento de asfalto, concreto
asfáltico hidráulico etc.)

Depósitos argilosos naturais

Depósitos argilosos naturais podem fornecer uma base protetora quase ideal em
muitas das situações. A área é selecionada ou projetada para assegurar baixos
gradientes hidráulicos. então o movimento de contaminantes será lento, e inicialmente
controlado pela difusão. A própria argila pode atuar como um importante meio para
a atenuação de muitos contaminantes. por processos de sorção. precipitação e
biodegradação. Entretanto, a migração ocorre. e é importante estimar a taxa de
movimento e o impacto potencial na superfície das águas, como mostrado na Figura
2(a), (graças à migração através do liner) ou em qualquer recurso de água subterrânea
subjacente, como mostrado na Figura 2(b) (graças à migração descendente através
da base protetora natural até o aqüífero subjacente).
Ambas as figuras caem na mesma situação: migração do contaminante através
da base protetora natural até atingir o nível d ·água.
O movimento difusivo de contaminantes através de depósitos argilosos satura-
dos está bem entendido e demonstrado em trabalhos de campo de Ouigley e seus
co-autores (Goodall & Quigley; 6 Crooks & Ouigley; 2 Ouigley et al.B).

alerado

.

.. . ..
restduo • c

(b)
(a)

FIGURA 2 _ Linels naturaiS argilosos: (a) depósito argiloso natuial profundo; (b) base argilosa natural (pouco espessa)
superposta a um aqillfero.
Lillers argilosos compaetados

Esses liners (Figura 3) têm sido assunto de debates. já há algum tempo. com
relação tanto à condutividade hidráulica, quanto ao impacto potencial da interação
na
solo-lixivia condutividade hidráulica (Green et al} Femandez & Quigley, 4 Bowders
& DanieP). Entretanto, de acordo com Rowe. 10 a experiência atual sugere que, com
boa prática em engenharia geotécnica e bom controle de qualidade. os revestimentos
argilosos de baixa condutividade hidráulica e de boa qualidade podem ser construídos
(ex.: Reades et al. 9). Além disso. embora pareça que alguns resíduos orgânicos
altamente concentrados possam aumentar a condutividade hidráulica das argilas, os
problemas devido a este aumento podem ser evitados. quando se considera a
compatibilidade argila-lixívia na seleção do material de cobertura (Quigley et al. 8 e
Fernandez & Quigley4).
A Figura 4 mostra um aterro sanitário, localizado sobre urna área de recarga de
aqüífero (estrato permeável), em cuja base foi instalada urna proteção argilosa
compactada com a finalidade de minimizar os efeitos gerados pela chegada do
contaminante ao nível d'água.
A permeabilidade de liners de argilas compactadas depende da estrutura do
material inconsolidado. incluindo distribuição granulométrica. tamanho dos poros.
orientação das partículas e dos agregados de partículas, forças de ligação e agentes
cirnentantes. Por sua vez. a estrutura das argilas compactadas é geralmente definida
pelo arranjo das partículas dos argilo-minerais em agrupamentos ou em agregados
simples, e também pelo arranjo destes agregados. Dessa estrutura resultam os vazios
que são chamados de microporos. quando entre partículas, e macroporos. quando
entre agregados (Barden & Sides apud Folkes5).
A distribuição dos tamanhos dos grãos e dos agregados de argila é função da
sua mineralogia, da composição química do fluido dos poros. do teor de umidade de
compactação e do método de compactação. A Figura 4 mostra a influência da
mineralogia da argila na permeabilidade ('f ong & Warkentin. apud Folkes5). No estado
disperso {saturado em Na) a ordem de aumento na permeabilidade é montrnorilonita
< ilita < caulinita, devido aos tamanhos relativos das partículas de argila. No estado
floculado ou agregado (saturado em Ca), a estrutura de macroporos é mais dominante
e nota-se menos variância na permeabilidade.

FIGURA 3 - Base protetora de argila compactada separando o residuo do sistema hidrogeológico geral.

Em uma barreira de argila compactada bem projetada, o mecanismo principal


de transporte de soluções através dela se processa geralmente por difusão.

Paredes de isolamento

Essas paredes são mais comumente usadas para limitar a migração de conta-
minantes a partir de áreas que não foram adequadamente projetadas. Entretanto.
__segundo Rowe, 10 elas também podem controlar a migração a partir de novas áreas.
39

o Cálion Trocável % Na+ 100


100 %Ca++ o
FIGURA 4- Mlnemlogia de argila e cátions trocáveis (Yong & Werkentin. apud Folkes5).

onde se deseja isolar a água subterrânea num aqüífero relativamente delgado e raso
abaixo de um aterro. Por exemplo. no caso esquematicamente mostrado na Figura
5(a), a espessura da barreira natural de argila pode não ser suficiente para prever a
migração potencial da água que flui ao longo do menor aqüífero. Construindo-se
paredes de isolamento ao redor da área e, conseqüentemente, reduzindo-se o fluxo
no aqüífero, é possível mudar um sistema controlado pela difusão, reduzindo-se então,
substancialmente, o impacto da qualidade da água subterrânea para fora da área. Não
se deve desprezar, contudo, o transporte por difusão.
Na Figura 5(b), tem-se a representação de um envelopamento permeável. que
envolve redução do transporte advectivo através do pit de um aterro. circundando-o
com um invólucro permeável multiacamadado, feito de material menos permeável do
que o resíduo e mais permeável do que a rocha ou o material inconsolidado que o
circunda. Desta forma. o fluxo de água é dirigido para a parte externa ao pit, muito
mais do que por dentro. sendo a contaminação predominantemente por difusão a
partir do resíduo através do material menos permeável, além do transporte advecti-
vo-dispersivo dentro da zona externa mais permeável.

planta

) - . parede de isolamerto

/G---------- -i\'
1kDco ~ reúW ~ -+ -+
---+ - ~~
~---------~ (a)
mati'NI inconsolid.ulo
ou rocha perml!iwl
(b)

FIGURA 5 - Desenho esquemáUco mostrando (a) uma parede de bloqueio para isolar o fluxo de água subterrânea
abalxD de umabarretra mgilosa. natural e (b) envelopamento do resíduo com material permeável para fazer o fluxo
de água passar por fora e não atmvés do resíduo (fonte: RowelO).
Os aterros podem ser escavados na rocha intacta que tenha uma condutiVidade
hidráulica muito baixa e, de acordo com Rowe, 10 inicialmente a migração envolverá
'
o transPOrte advectivo-dispersivo ao longo das fraturas na rocha. Nestes casos, o
mecanismo primário que limita o moVimento do contaminante é o processo de difusão
na matriZ, enquanto o contaminante é remoVido das fraturas à medida que ele se
difunde através da matriZ da rocha. Há estudos que evidenciam a ocorrência de uma
substancial atenuação graças à difusão molecular (Gartner Lee & Associates Ltd.,
apud RowelO)_

Coberturas sintéticas

Estes tipos de liners quase sempre são relativamente delgados, e freqüentemente


usados em um sistema de coberturas duplas, como mostrado na Figura 6. Folkes 5
discute, com alguns detalhes, os liners sintéticos.

_:L_ RESÍDUO
15an SOLO FILTRANTE

-30an
15 an
COLETA DE UXÍVIA
LAGOA DE RETENÇÃO >-- Geomembronas

90an ARGILA DE FUNDO

-r
GROSSEIROS

F1GURA 6- Sistema de cobertura sintética com uma argila compactada de fundo (fonte:RoweiO) .

. TPODE UNER

ARGILAS
COMPACTADAS
I LABORATÓRIO
0~!:!:!:!:!:1:.:\:!:!~:!:!HJ lCAMPO

ARE.IA -BENTONITA

SOLO -CIMENTO

CONCRETO-
ASFALTO
HIDRÁULICO

ASFALTO
ASPERGIDO

MEMBRANAS

CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA

FIGURA 7- Variações t!picas de condutividades hidráulicas de laboratório e de campo para vários materiais de bases
e coberturas protetoraS (fonte: Folkes5).
41

3 Proprledades de infiltração nos materiais de proteção

Devido ao fato de os materiais não existirem numa área anteriormente à


construção,· os valores da condutividade hidráulica devem ser derivados a partir de
testes de laboratório em amostras de liners, ou a partir de experiência em instalações
similares. Os fatores que podem afetar a confiabilidade da extrapolação dos resultados
dos testes de condutividade hidráulica às situações de campo estão listados na
Tabela2.
Os testes de condutividade hidráulica devem ser executados de forma a se
reduzirem ao máximo os erros. PreferenCialmente, devem ser realizados usando-se as
soluções contarninantes, em vez de água, objetivando a análise da resposta do material
inconsolidado ou da rocha a essas soluções.
A condutividade hidráulica dos diversos tipos de liners está mostrada no
esquema da Figura 7.

A Tabéla 1 mostra os materiais e as propriedades dos diversos liners. de acordo


com Folkes5.

Tabela 1 - Materiais dos liners

Classe Materiais típicos Observações

Solo fino compactado Solo argiloso local Cobertura descontínua, porosa,


econômica e de espessura
típica entre 0,3-1,2 m
Mistas Bentonita
Solo-cimento Faixa baixa permeabilidade.
Solo-asfalto mista com solo natural;
,, Concreto asfáltico hidráulico espessura tipica da camada
(HAC} entre 5-10 m
Membranas poliméricas:
- Termoplásticos
Cloreto polivinílico (PVC}
Polietileno clorado (CPE} Coberturas contínuas,
Polietileno clorosulfonado descontínuas onde avariadas
(CSPE} relativamente caras, de
(Hypalon}* espessura tipica entre
Poliolefina elastizada (ELPO} 0,5·2,6 mm. pode ser reforçada
- Elastômeros vulcanizados
com tecido de poliéster
Borracha butilica
Neoprene
Monômero dieno etileno
- Termoplásticos propileno (EPDM}
cdstalinos
Polietileno de baixa densidade
(EDPE}
Polietileno de alta densidade
(HDPE}
Alfalto espalhado Camada contínua, descontínua
SelanteS cataliticamente nos furos, fendas, espessura
Asfalto emulsificado típica entre 4-8 m

Ouímio-sorcivos Poliacrilamida
Polimero líquido de vinil Borrifado, pode resultar numa
cobertura não-uniforme

A função é absorver
contarninanteS, experimental
Tabela 2 - Erros na determinação da condutividade hidráulica de campo

Testes de laboratório Aplicações à situação de campo


na
Vazios aUrostra Amostra não representativa
Zonas de gordura Anisotropia
AI na amostre Variações espaciais no material
Microorganismos Modo de assentamento e/ou compactação
Gradientes excessiVos Teor de água na compactação
Efeitos da temperatura Feições macroscópicas: lentes de areia e/ou silte,
fissuras, gretas, buracos de raizes. tocas
Impedância de filtro Tamanho dos glômeros antes da compactação
lntemperismo físico: congelamento-degelo.
Trocas químicas
urnidecimento-secagem, tensão-deformação.
perdas
Problemas de menisco em tubos capilares Ataques químicos e biológicos
Películas de silte impermeável Efeitos do tempo: envelhecimento, anisotropia,
arrasto
canalização ao longo das paredes
Pequenos lagos e evaporação
Erros na derivação de K a partir de Cv
(Fonte: Folkes~.

4 Considerações

Para o estudo das bases, coberturas e barreiras protetoras faz-se necessária uma
criteriosa análise das rochas do local onde será instalado o sítio de disposição, bem
como dos diversos tipos de materiais inconsolidados ocorrentes nas áreas tanto de
recarga de aqüíferos, como nas que não possuem recarga, objetivando uma melhor
seleção do material a ser utilizado como liner.
Novas pesquisas, visando aos diferentes tipos de materiais inconsolidados
disponíveis no território brasileiro e a sua interação com os diferentes contaminantes,
devem ser desenvolvidas, de forma que se obtenha o máximo de segurança quando
do projeto de um sítio de disposição.

LEITE. J. C., ZUQUETTE, L. V. Aquifers contamination and polution prevention: the use of
Liners. Geoci.ências(SãoPaulo), v.14, n.l, p.167-178, 1995.

• ABSTRACT:Tbis paper deals witb tbe use of syntbetic, compacted or natural liners as tbe means for
protecting aquifers and tbus avoiding economic losses resulting from tbe loss of stored liquids. There
are few studies of this type in literature wich points to the necessity of such investigations taking in to
account the specffic characterist:ics ofB1l3Zilian soils and the vaziety of contam.inants involved. The study
ofliners requires fuJ1 knowledge ofboth the transport ofsolutes in porous media and of the geotechnicaJ
and geochemical aspects of the geological environment

• KEYWORDS: Liners; solute migratian; aqui[er.

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chemicals. ASCE Joumal of Geotecbnical Engineering, v .113, p.1432-48. 1987.
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10 ROWE, R. K. Contaminant migration through groundwater - the role of moddeling in the
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11 VIRARAGHAVAN, T. Land waste disposal systems. In: BALASUBRAMANIAM et al. (Eds.)
Environmental Geotecbnics and Problematic Soils and Rocks. Rotterdam: Balkema.
1987. p.421-6.
UMA CONTRIBUIÇÃO À GEOLOGIA DO MACIÇO
ALCALINO DE POÇOS DE CALDAS - MG:
MAPA DO SUBSTRATO ROCHOSO

Silvana Rfueiro LIPORACI


Lázaro Valentim ZUQUEITE

• RESUMO: Este trabalho apresenta um mapa do substrato rochoso, elaborado para servir como base
orientativa de um mapeamento geotécnico da cidade e parte do municipio de Poços de Caldas (Escala
1: 25.000), visando ao planejamento do uso e ocupação do meio físico. Tece considerações sobre a
metodologia utilizada para elaborar este tipo de mapa em regiões de ocorrência de rochas ígneas e/ou
cristalinas e também discute a importância deste documento básico, fundamental para o desenvolvi-
mento dos trabalhos de mapeamento geotécnico, visando ao planejamento.

• PALAVRAS-CHAVE: Poços de Caldas; maciço alcalino; mapa do substrato rochoso; mapeamento


geotécnico; meio físico; zonas homogêneas.

Introdução

O Maciço Alcalino de Poços de Caldas (MG) é uma das maiores manifestações


desta natureza existente no mundo; é uma ocorrência subcircular que abrange cerca
de 800 km2, com diâmetro maior medindo 30 km de extensão N-S; ocupa posição de
destaque na região W de vasta área do embasamento cristalino, na chamada Cunha
de Guaxupé Ebert5 ou Bloco de Pinhal Wernick & Artur. 24
O Maciço Alcalino de Poços de Caldas está inserido em área eratônica de história
complexa, posicionando-se na borda de uma enorme área de sedimentação, a Bacia
do Paraná.
Este Maciço Alcalino localiza-se na divisa dos Estados de São Paulo e Minas
Gerais (Figura 1), suas porções W e SW são paulistas, representadas pelo município
de Águas da Prata, e os outros 415 restantes são mineiros, abrangendo os municípios
de Poços de Caldas, Caldas e Andradas.
Embora existam cerca de 200 trabalhos publicados, que abordam os mais
diversos temas sobre a região deste Maciço Alcalino, sabe-se ainda muito pouco sobre
seu modelo geológico, estrutural, e evolução geoquímica, apesar de seu valor
econômico, devido às ocorrências de bauxitas, argilas refratárias, zircônio, e por ser
o cenário da única jazida de urânio em exploração no Brasil.
Ulbrich21 elaborou um mapa geológico, escala 1: 50.000, do Maciço Alcalino de
Poços de Caldas (Figura 2), baseado no quirnismo e petrografia dos nefelina sienitos,
examinou adicionalmente as possíveis causas da origem, ascensão e colocação dos
magmas alcalinos, propondo assim os caminhos da evolução geológica (ambiente
geotectônico, estruturas etc.).
O presente trabalho propõe um mapa do substrato rochoso (escala 1: 25.000) da
cidade e parte do município de Poços de Caldas (MG), abrangendo uma área de cerca
de 220 kffi2(Figuras 3A e 3B). Este mapa foi elaborado para servir como mapa básico
fundamental de uma dissertação de mestrado cujo tema é o mapeamento geotécnico,
visando ao planejamento do uso e ocupação do meio físico da área aqui referida. Este
mapa proposto segue as classificações e nomenclaturas litológicas utilizadas por
Ulbrich21 e Ulbrich & Ulbrich. 22
45

Trabalhos anteriores

h rochas que compõem o Maciço Alcalino de Poços de Caldas foram notificadas


por Derby. 4 Outras pesquisas geológicas foram desenvolvidas, destacando-se EJlert6
e Ellert et al., 7 que elaboraram um mapa geológico (escala 1: 75.000), bem como
propuseram um modelo do mecanismo de origem do maciço.
Contribuições importantes à mineralogia e petrologia foram dadas por Guima-
rãesl2.13 e por Gorsky & Gorsky. 11 Moniz 16 estudou os argila-minerais do Planalto. de
origem intempérica e hidrotermal.
ChristofolettP faz uma análise morfométrica das bacias hidrográficas do Planalto
de Poços de Caldas (MG) e publicou outros trabalhos sobre aspectos geomorfológicos
desta região.
A partir de 1962, criou-se a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN);
estudos geológicós e mineralógicos foram desenvolvidos por geólogos deste órgão e
da Nuclebrás, que elaboraram um mapa geológico (escala 1: 50.000) em 1975,
ressaltando as rochas hidrotermalmente alteradas, as chamadas "rochas potássicas"
Este mapa encontra-se em Cavalcante et al. 2

4"'fOOW 46"30'W 4fi>OOW


I

I
MOCOCA
t

-----+----------~--~~----------------r-----~5
Jf

t
O(

Legenda
--Rios o Cidades 40km
o lO
f.J L.imitu do Maciço Alcafrno

FIGURA 1 - Local.i.zação da área mapeada.


f.() NA 00 ANEL NORTE

BORDA MEIRIDIION ..... --falha ~ou lnfet1da

../Limite llaa Htrutufu clrcul.vu

• a .....
FIGURA 2 - Mapa geológico do Maciço Alcalino de Poços de Caldas - Ulbrtch 21 (Fonte: Garda 1 ~.
47

t
0,5 1 2,5km

FIGURA 3A - Mapa do substrato rochoso de Poços de Caldas (MG).


342

t
0,5 12.5km

LOCAJ.JZAÇJiO DAS FOLHAS NO


E:STAOO DE MINAS GERAIS
46"
.utnCULAÇlo DAS

---
_ FOLHAS 00 IBCE
j..li;lQ:L+Jil-~2t'w8

C oldu 11'

F1GURA 3B- Mapa do substrato rochoso de Poços de Caldas (MG).


49

CClNIIEHÇOE$ CARTOGRÃACAS UTOl.OGIAS CONTATOS

~ •Hédao Uri>ano C8 E9lriNI FCIIO!IIz:>s e Foftoiltoa Port1r111ccc


.•.•. -. lnfwtdo

- - - .Aprozlmado
~ -~ Ril:lein5es
Rlol& • Represas c ~tWdna Slanb do lllterlor do Maciço
~ -=:.-:~ ~ ~IWalfnaSienlloatlplccsda Pedreira
- Vertftcado

' ' Rodovllls asta.llmdu T r:-t;;:;':J --Falha Aplaxlmada


.... Estaduais Á ~NefelinaSienbclmadaPed..n oulnhrida

c
~ ~Nefalina Siolnb esvenleedos
- - Rcdcvlas.....
• piMmentaçAQ
• • • • Ullllte d• Eatrutura
Cin;ulales

GUADRO 1 - Legenda da Figura 3, Mapa do Substrato Rochoso de Poços de Caldas (MG)

Liu et al., 15 utilizando imagens do LANDSAT, executaram estudos geológicos e


estruturais abrangendo o Maciço Alcalino e a Represa de Furnas. Paradella & Almeid:l.
Filho20 e Almeida Filho & Paradella, 1 a partir de imagens de LANDSAT. identificaram
feições lineares e circulares no interior e arredores do maciço.
M. Ulbrich23 investiga os minerais essenciais dos nefelina síenítos. Ulbrich21
elaborou um mapa geológico (escala 1:50.000) do Maciço Alcalino de Poços de Caldas,
reclassificou as rochas, definiu o quirnismo dos minerais formadores destas, discutiu
as condições de cristalização, estruturas e evolução.
Motoki. & Oliveira 17 e Motoki et al. 18 reestudaram o modo de ocorrência das
rochas sedimentares do maciço; sugerem que a erosão diferencial gerou as formas de
relevo hoje observadas. Não concordam com o modelo de caldeira proposto por Ellert6
e defendem a tese de que o que aflora hoje é a parte superior de um corpo intrusivo
raso, que se colocou pelo mecanismo de stoping.
A Tabela 1 resume a seqüência de eventos que embasaram os modelos de origem
propostos para o Maciço Alcalino de Poços de Caldas (MG). Em cada coluna foi
utilizada a nomenclatura original do autor; no sentido base-topo. a seqüência dos
eventos grada do mais antigo para o mais recente. Não há necessariamente correlação
no sentido horizontal entre as colunas.
Ellert 6 propôs um modelo de gigantesca cratera vulcânica, que sofreu abatimen-
to central, em que as serras circundantes seriam os vestígios do cone vulcânico; os
demais autores tentam confirmar ou rejeitar este modelo. As relações de idades entre
os vários eventos são as questões mais polêmicas, principalmente no que se refere às
características dos corpos de nefelina sienítos, reconhecimento e definição das
manifestações piroclásticas e das rochas sedimentares.

Desenvolvimento dos trabalhos

Como descrito na introdução, o objetivo principal dos estudos realizados no


município de Poços de Caldas (MG) foi o de desenvolver a dissertação de mestrado:
Mapeamento Geotécníco- Escala 1:25.000- da cidade e parte do município de Poços
de Caldas, visando ao planejamento do uso e ocupação do meio físico.
Para desenvolver tais estudos, fez-se um levantamento da bibliografia existente
sobre a área, bem como um levantamento de dados e informações geológico-geotéc-
nícas, tais como mapélS g~lógi~_Q-estruturais,fotografias aéreas em escalas aproxi-
Tabela 1 - Seqüência de eventos dos modelos. Modificado de Garda; 10 Ulbrich & M.
Ulbrich22

Motoki & Oliveira 17 Ulbrich; 21 Ulbrich &


Ellert6 Fraenkel et al. 9
Motoki et al. 18 M. Ulbrich22
Invasões de lujauritos, Intrusões de lujauritos, Brechamento tardio Vários brecharnentos
chibinitos e outros chibinitos e foiaítos (faixa piroclástica do tardio (piroclásticas de
foiaítos marginais (margjnais?), atividade Vale do Quartel; vários conduto e
hidrotermal (brecha- condutos etc.). supracrustais;
mento, ação águas alteração hidroterrnal e
termais etc.) mineralizações (U, Zr,
Mo etc.).
Formação de diques Formação de diques Intrusões de
anelares, anelares. pseudo leu cita fonolitos
concorrútantes com e fonolitos tardios.
cristalização de rocha
fina
Cr:ista.lização de Segunda fase de soer- Em parte, intrusão de Intrusão de nefelina
einguaítos, fonolitos e guirnento com invasão nefelina sienitos, cf. sienitos diferenciados
foiaítos centrais, de tinguaítos e foiaítos Motoki et al., 18 p.2648, (agpaíticos) e não
superposição de centrais. Fig. 6 diferenciados
eventos; linha anterior (rniasquíticos).
e posterior da coluna.
SUbsidência da pane Subsidência central, Intrusões de fonolitos e Intrusão subvulcãnica
central e intruSão de com reajustes graduais. cristalização de nefelina de egirina fonolitos e
tinguaítos etc. brechamento e miloni- sienitos, cf. Motoki & fonolitos porfiríticos(?),
tização. Oliveira,17 p.433, Fig. 6 formando-se também
os anéis topográficos.
Atividade vulcânica Longo periodo de Rochas piroclásticas e
inicial (lavas e atividade vulcânica- derrames (Vale do
piroclásticas interca- piroclástica (lavas, Quartel e Represa
ladas), derrames brechas, tufos etc.). Bortolan).
fonolíticos a sul.
Levantamento do Soerguirnento do emba- Arenitos Batucam Não prevê domea·
embasamento, falhas sarnento e sedimentos, e Corumbataí. mentes. Arenitos
escalonadas, Arenitos formação de falhamen- Botucatu c/ siltitos
Batucatu. tos escalonados. larninados.

madas de 1: 25.000 (1982) e 1: 30.000 (1971), dados geomorfológicos. climáticos. de


sondagens. resultados de ensaios executados etc.
Com referência à geologia, existem três mapas geológicos, publicados. Adotou-
se inicialmente como mapa-:base o mapa geológico (1: 50.000) elaborado por Ulbrich2 1
(Figura 2). onde o autor preocupou-se em separar os tipos de rocha levando-se em
consideração seu modo de origem, o quimismo e a petrografia.
Os trabalhos de campo do mapeamento geotécnico foram precedidos por uma
fase inicial de fotointerpretação. onde se procurou reconhecer e separar as diversas
zonas homogêneas dos pontos de vista geológico-estrutural, geomorfológico e textu-
ral; já tentando com este procedimento compartimentar a área em unidades de análise.
que constituíssem unidades geomorfológicas continuas, as quais pudessem apresen-
tar um mesmo tipo litológico, com perfis de alteração semelhantes, e que pudessem
apresentar as mesmas características físicas e portanto comportamentos geotécnicos
semelhantes.
Durante o desenvolvimento dos trabalhos de campo, previstos para o mapea-
mento geotécnico, ou seja, a descrição detalhada de pelo menos dois perfis de
alteração a cada 1 .lan2, tecendo considerações geológico-geotécnicas abrangentes
(tipo de rocha, estrutura, tipo de aíloramento, condições geomorfológicas locais e
regionais. natureza e características dos perfis de alteração etc.).
Com o desenvolver dos trabalhos de campo, onde 454 pontos foram observados
e descritos minuciosamente. notou-se que o mapa geológico até então adotado não
representava a realidade vista em campo. Seria necessário fazer mudanças radicais
51

nas posições dos contatos, ou até mesmo definir novas unidades litológicas. Esta
decisão foi tomada tendo em vista que os diferentes tipos litológicos existentes na
área, de acordo com o seu modo de origem, apresentavam perfis de alteração e mesmo
a rocha sã e/ou parcialmente intempertzada, com características e comportamentos
geo~cos muito distintos.
Elaborou-se então um mapa do substrato rochoso (Figuras 3A e 3B). na escala
1: 25.000, com base nas classificações e nomenclatura de Ulbrich, 21 nas observações
de campo e com a ajuda da fotointerpretação. Este procedimento foi necessário para
que se pudesse compatibilizar o mapa do substrato rochoso com os demais mapas e
cartas geotécnicas a serem produzidas, tais corno: materiais inconsolidados. unidades
básicas do meio físico, carta de zoneamento geotécnico geral etc .. segundo Zu-
quette. zs. 26

Descrição dos tipos lltológicos

A classificação e nomenclatura das rochas ígneas ocorrentes na área do muni-


cípio de Poços de Caldas (MG) segue a mesma metodologia de Ulbrich, 71 Garda. 10
Ulbrich & Ulbrich. 22 Sendo assim. os termos fonolitos, nefelina sienitos etc. identificam
respectivamente as rochas vulcânicas a subvulcânica.s e plutônicas do campo 11 da
classificação de rochas ígneas proposta pelo Comitê Petrográfico da IUGS.
Os fonolitos e os nefelina sienitos são os dois tipos rochosos predominantes na
área mapeada. Apesar de possuírem a mesma composição mineralógica. diferenciam-
se unicamente pelo modo de ocorrência, o primeiro de natureza vulcânica a subvul-
cânica. e o segundo de natureza plutônica. e/ou intrusiva; isto faz com que estas duas
rochas apresentem perfis de alteração muito distintos e tenham comportamentos
geotécnicos bastante diferenciados.
Rochas vulcânicas a subvulcânicas: representadas pelos fonolitos. predominam na
área estudada. Do ponto de vista petrográfico, podem ocorrer os egirina fonolitos,
fonolitos porfi.ríticos e pseudoleucita fonolitos. No mapa do substrato rochoso propos-
to, as três variações de fonolitos são consideradas corno um único tipo de rocha,
representado por (R1).
Os fonolitos de Poços de Caldas (MG) podem ser observados com maior detalhe
na pedreira Bortolan. A nefelina é o feldspatóide mais importante, ou único; mais.
raramente, ocorrem também analcirna (primária?) e sodalita. Algumas rochas apre-
sentam a pseudoleucita, que às vezes é o feldspatóide predominante. Os minerais
rnáficos raramente ultrapassam a 20%, representados por piroxênios. desde incolores
ou levemente coloridos (soda augita) até os de cor verde intenso e pleocróicos (egirjna
augita ou egirina); os anfibólios (arfvedsonita) são mais raros.
A textura dos fonolitos varia de afanítica até fanerítica. fina ou raramente
fina-média. As variedades com textura fina ou fina-média seriam os tradicionalmente
chamados "tinguaítos".
Na maioria dos locais onde afloram os fonolitos, o relevo é acidentado (serras e
morros), com declividades entre 10% e 20% ou maiores do quê 20%. Formam estruturas
circulares, representadas pelos diques anelares (Serras de Poços e São Domingos); ou
estruturas circulares menores, manifestações subvulcãnicas representadas por morros
arredondados ou não com forma aproximada de meia-laranja, suavemente modelados,
facilmente visualizados em fotografias aéreas.
Os fonolitos, provavelmente os de origem vulcânica, ocorrem também em regiõés
com declividade de 0% até 10%, constituindo superfícies aplainadas, levemente
onduladas; isto acontece na margem direita da Represa Bortolan, nos arredores do
córrego do ·Pio e nas proximidades da BR-459, saída para Caldas, região dos bairros
Campos Elisios e Parque Pinheiros. Nestas regiões os perfis de alteração mostram-se
mais desenvolvidos, com espessuras variando de 1.0 rn até 5,0 rn de solo residual,
com textura argilo-siltosa, lateritizado ou não.
As características básicas para separar em campo os fonolitos dos nefelina
sienitos foram o perfil de alteração e o aspecto estrutural da rocha Os fonolitos se
alteram dando um solo residual argilo-siltoso. amarelo-acre a marrom-avermelhado.
manchado de amarelo-acre (lateritizado ou não), geralmente bem desenvolvido, com
espessuras variáveis de 0,50 m até 8,00 m .
. O fonolito são tem coloração cinza-esverdeado a preto; apesar de maciço,
apresenta planos de fraqueza, permitindo que a rocha seja toda fraturada e/ou
fragmentada em blocos de tamanho variável (0,20 m até 2,00 m). aproximadamente
retangulares ou quadrados. enfim exibindo faces bem definidas. condicionadas pela
estrutura fluidal, sistema de juntas estruturalmente impostas (direções NE-SW; E-W
e N-S). conforme Etchebehere. 8 e as de resfriamento vertical a subvertical, que afetam
estas rochas.
Não só as características observadas e descritas em campo, mas também a
textura observada em fotografias aéreas, permitiram delimitar os novos contatos e/ou
até mesmo as novas unidades litológicas.
Rocbas plutônicas: Ulbrich21 adotou como critério de mapeamento geológico a
separação das rochas plutônicas usando o termo corpo (corpos?) ígneo; associado a
este termo ele acrescentou um termo geográfico que o identificasse (Figura 2). Este
autor, sempre que possível. subdividiu em fácies cada corpo ígneo.
A nomenclatura das fácies começa por citar o tipo de rocha; três termos. os de
"lujaurito", "chibinito" e principalmente "nefelina sienito", são suficientes para iden-
tificar a monotonia petrográfica do distrito. Como prefixo ou adjetivo, identificam-se
a textura, a cor. ou uma feição mineralógica (cinza, pseudoleucita, com eudialita etc.).
Nefelina Sienitos (R2): o corpo (corpos?) intrusivo de nefelina sienito do interior
do maciço se distingue das demais litologias, como uma larga (2 a 6 lan) e extensa
fabca. (18lan) de direção NE-SW, desde a pedreira da Prefeitura até o Morro do Serrote.
Esta direção coincide grosseiramente com alguns lineamentos observados tanto no
interior do maciço como nas rochas encaixantes. geralmente fonolitos; algumas
ocorrências, fácies deste nefelina sienito, afloram como "diques" de direção N-S.
Os nefelina sienitos apresentam estrutura maciça, leucocráticos; são constituí-
dos quase exclusivamente por feldspato potássico e nefelina. O piroxênio (muito
raramente acompanhado por biotita) aparece em pequenas proporções; são raras as
rochas com mais de 10% de minerais máficos. muitas são hololeucocráticas. Os
minerais acessórios (titanita, opacos) aparecem em pequenas quantidades.
Este corpo de rocha aparentemente homogêneo pode ser subdividido em três
fácies, baseando-se apenas em diferenças de cor, textura, nas proporções de nefelina
e no hábito do piroxênio.
A pedreira da Prefeitura é o local mais indicado para se visualizarem as
características destas rochas faneríticas. Neste local, aparecem fácies de granulação
grossa e aspecto manchado, exibindo típico feldspato potássico bicolor. acinzentado
com manchas esbranquiçadas. A estas juntam-se as fácies porfuítica e as de cor rósea
todas elas gradando entre si (R2.1). '
No mapa do substrato rochoso proposto. as novas unidades de nefelina sienitos
foram consideradas como (R2.1). Às vezes, aparecem subdivididas por contatos
inferidos. indicando que existem pelo menos duas fácies com características distintas
que poderão ser identificadas em estudos petrográficos futuros. ·
Na parte centro-sul do planalto aflora também uma fácies de cor cinza homogê-
neo, que ocorre com freqüência ao Sul do Ribeirão das Antas (R2.2 ).
A terceira fácies (R2.3) apresenta rochas muito diferentes das típicas da pedreirá,
mas que estão sempre associadas a estas. Aparecem com maior freqüência na porção
sul da área estudada, e ao longo do seu contato leste. em corpos isolados ou saliências.
Estão incorporados a esta fácies alguns tipos como os nefelina sienitos manchados
com nefelina abundante e os nefelina sienitos esverdeados. que se diferenciam dos
da pedreira pela sua textura foiaítica marcante, por exibirem piroxênios prismáticos
isolados e pela cor cinza esverdeado característica.
Os nefelina sienitos apresentam um perfil de alteração típico. ou seja, superfi-
cialmente uma fina (0,10 ma 0,60 m) camada de colúvio. constituída por concreções
53

lateiíticas envoltas por solo argilo-siltoso marrom-avermelhado a acinzentado. Logo


abaixo deste horizonte de solo transportado encontra-se uma camada de solo residual
Oateritizado ou não). textura argilo-siltosa a localmente siltosa, de coloração amare-
lo-clara a esbranquiçada e/ou rosada, em alguns locais lilás ou arroxeada; esta camada
de solo pode aparecer com espessuras variáveis (0.50 ma 15,00 m). Logo abaixo desse
horizonte residual aparece um solo saprolitico de textura também argilo-siltosa.
coloração semelhante à do solo residual, envolvendo blocos e matacões métricos de
rocha parcialmente intemperizada e/ou sã, com formas arredondadas, e o intempe-
rismo atuando de forma esferoidal.
Deve-se ressaltar que esta rocha, quando sã, tem estrutura maciça e sempre se
mostra em afloramentos e/ou fazendo parte do saprolito como blocos e/ou matacões
métricos intemperizados e/ou sãos, com forma externa arredondada, mesmo quando
lateritizada.
Nefelina Sienitos com F1.uorita (R4): este pequeno corpo de rocha ocorre na forma de
dique arqueado, com largura média de 300m, no extremo NW da área em estudo, e
pode ser interpretado como dique anelar incompleto. A rocha hololeucocrática é de
coloração cinza-esbranquiçada, granulação grossa, com textura hipidiomórfica-ine-
quigranular. Ocorrem feldspatos potássicos e nefelinas cinzentas; entre os raros
minerais máficos, predomina a biotita. Macroscopicamente pode-se notar também
magnetita, fluorita e pirita. Tem perfil de alteração semelhante ao descrito para os
nefelina sienitos do interior do maciço.
Chibinitos de Botelhos (R5): afloram no extremo Nordeste da área mapeada, nas
proximidades da estrada secundária Póços de Caldas-Botelhos. A rocha é leucocrática,
de estrutura maciça, granulação média a muito grossa, inequigranular, textura
foiaítica; apresenta em pequenas proporções a eudialita intersticial; observam-se
piroxênios placóides centimétricos. Os feldspatos potássicos são esbranquiçados e
placóides, e chegam a ser centimétricos. Podem ocorrer também alguns silicatos de
metais raros.
Esta rocha apresenta um perfil de alteração relativamente bem desenvolvido. o
solo residual é de textura argilo-siltosa a argilosa, coloração marrom-avermelhada,
com espessuras da ordem de 0,50 ma 3,00 m. Os blocos e matacões de rocha sã e/ou
intemperizada têm estrutura maciça e forma externa arredondada em função do
intempertsmo atuando de forma esferoidal.

Pseudoleucita Nefelina Sienitos (R6): rocha leucocrátiéa que ocorre na porção NE da


área estudada. Exibe pseudoleucitas globulares-arredondadas, medindo de 0.10 m a
O, 15m, às vezes constituindo 50% da rocha. A matriz é fina a média, ocasionalmente
porfirítica com feldspatos potássicos centimétricos.

Quanto ao perfil de alteração desta rocha, ele é pouco desenvolvido, textura


argilo-siltosa de coloração amarelo-acre a claro, constituindo-se em verdadeiros
bolsões com espessuras de 0,50 ma 3,00 m entremeados entre blocos e matacões
métricos, com forma arredondada. Estas rochas apresentam uma forma externa de
modo geral arredondada, porém com superfície muito irregular, pelo fato de que os
fenocristais se intemperizam com maior facilidade e são retirados da rocha pelos
agentes erosivos, deixando assim um aspecto vesicular na rocha.

Nefelina Sienitos com Eudialita do Serrote (R7): na região do Morro do Serrote, extremo
SW, ocorre um nefelina sienito maciço,leucocrático (R7), com textura foiaítica, média
a grossa. Exibe fenocristais de feldspato potássico, tabulares e placóides, que dão um
aspecto esbranquiçado à rocha; intercalados posicionam-se os feldspatos menores,
nefelinas e piroxênios.

Este tipo de rocha aparece nas fotografias aéreas com uma textura bastante
diferenciada, pelo fato de apresentar um perfil de alteração muito pouco desenvolvido,
podendo-se classificá-lo como uma transição solo/rocha, ou seja, pequenos e pouco
espessos (0,50 m até 2,00 m) bolsões de solo envolvendo os blocos e rnatacões métricos
de rocha sã e/ou parcialmente intemperizada, sempre com formato aproxirnadament€
arredondado.
Rochas Piroclásticas (R3): foram depositadas em ambiente subaéreo e em parte de
origem intrusiva. Na área. encontram-se distribuídas nas proximidades da Represa
Bortolan, e fazem parte da chamada "faixa piroclástica do Vale do Quartel". Um
afloramento desta rocha sã pode ser observado no trevo que dá acesso à Cachoeira
Véu da.S Noivas. Ela possuí uma matriz fina, afanítica, coloração cinza-esverdeado
claro, com xenólitos e/ou fragmentos de outras rochas (arenitos. rochas vulcânicas a
subvulcânicas de granulação fina, porfiritica ou não, raros sienitos porfiriticos etc).
Os afloramentos das rochas piroclásticas (R3) que ocorrem nas proximidades da
Represa Bortolan são muito insatisfatórios. Observa-se nesta região um perfil de
alteração muito distinto dos demais, representado por uma camada coluvionar pouco
espessa (0, 10m a 0,60 m) com raras concreções lateríticas milimétricas a centimétri-
cas; logo abaixo observa-se um solo residual argilo-siltoso bem desenvolvido. com
coloração marrom-avermelhada a arroxeada; de modo geral estes solos são férteis e
não sofrem lateritização. O que caracteriza esta área corno de rochas piroclásticas é
a presença de blocos e de rnatacões métricos parcialmente intemperizados. distribui-
dos na superfície do terreno natural, que são verdadeiros testemunhos de brechas e
aglomerados. Do ponto de vista geotécnico, são blocos que precisam ser removidos
para que se faça a ocupação do local.
e
Rochas Sedimentares (R8): nas proximidades da Cachoeira Véu das Noivas confluên-
cia do Ribeirão das Antas com Ribeirão dos Poços, bem corno no limite W da área,
ocorrem manchas de rochas sedimentares, arenitos finos a médios. às vezes grossos.
coloração amarelo-esbranquiçada a rósea; apresentam finas intercalações de siltitos
róseos a arroxeados. Estas rochas aparecem ora silicificadas sob a forma de rocha
compacta com estrutura maciça (provavelmente graças às altas temperaturas dos
magmas adjacentes) ou então com estruturação original de rochas sedimentares. Estas
rochas, quando não silicificadas, são utilizadas corno material de construção. pois 80%
de sua composição é constituída de grãos de quartzo; a matriz fina é desprezível.

Discussão da importância do mapa do substrato rochoso


para uso em planejamento

As características geológicas (tipos litológicos, modos de ocorrência, estruturas


etc., processos geodinâmicos externos e internos). as características geomorfológicas
(formas e dinâmicas do relevo) e as características geotécnicas (características dos
terrenos, propriedades dos solos e rochas) que compõem o meio físico considerado
são os principais fatores que, sob um determinado clima, condicionam os reflexos
decorrentes do uso e ocupação do solo pelo meio socioeconômico.
Com referência especial às rochas de origem ígnea, sabe-se que suas caracte-
rísticas e propriedades têm ligação direta com a sua composição mineralógica, forma
de ocorrência, evolução geotectônica etc .. bem como os materiais de alteração destas
rochas (solos residuais e saprolíticos}, com raras exceções, são facilmente erodíveis,
quando expostos e submetidos à ação das águas e/ou dos demais agentes erosivos.
Para elaboração do mapa de substrato rochoso são imprescindíveis conhecimen-
tos gerais no campo das Geociências, em termos mineralógicos-litológicos, estrutu-
rais, intemperismo/pedogênese etc., no campo da Geomorfologia e Geotecnia, que'
permitam fixar critérios de correlação, extrapolação e interpolação, os quais propiciam
a configuração espacial da distribuição das unidades litológicas segundo suas carac-
terísticas específicas, referentes às propriedades físicas dos solos e rochas.
Para o geólogo executar um mapeamento geotécnico objetivando o planejamen-
to do uso e ocupação do meio físico, são necessários muito mais do que dados
descritivos das condições geológicas, contidos em mapas geológicos comuns. Estes
profissionais devem procurar compreender. tão próximo quanto possível, a "vida" do
sistema. dirlâmico do ambiente geológico pes~ado, bem como prever as mudanças
55

que possam ser indUZidas pela intervenção humana, e ainda sugerir medidas seguras
de prevenção contra o desencadeamento de processos geológicos que possam causar
danos socioeconômicos.
Como exposto, a elaboração do mapa do substrato rochoso (escala 1:25.000) foi
requisito fUndamental para que o desenvolvimento dos trabalhos de mapeamento
geotécnico, visando ao planejamento do uso e ocupação do meio físico, tivessem
prosseguimento.
O mapa do substrato rochoso elaborado para a área serviu como um modelo
orientativo inicial, onde estão representados os elementos fundamentais de compor-
tamento e processos aos quais estão sujeitos cada tipo litológico. do ponto de vista
geológico, geomorfológico e geotécnico.
Este documento produzido refletiu uma primeira configuração ou esboço físio-
gráfico de separação dos terrenos, já com vistas ao uso e ocupação do meio físico.
Resultou em um primeiro ensaio de compartimentação da área diante das limitações
e aptidões geotécnicas esperadas.
Somente após a elaboração do mapa do substrato rochoso é que foi possível
elaborar o mapa de materiais inconsolidados. pois as camadas expressivas destes
materiais de alteração (residual, saprolítico e/ou transição/rocha) -estão in situ, sobre-
postos à respectiva rocha de origem.
As unidades de materiais inconsolidados referentes a cada tipo litológico foram
subdivididas em unidades menores segundo as diferenças quanto a textura, espessu-
ra, presença ou não de blocos e/ou rnatacões de rocha sã, ocorrência ou não de
lateritização superficial, enfim, levando-se em consideração todo e qualquer detalhe
importante do ponto de vista geotécnico e que possa influenciar no planejamento do
uso e ocupação destes terrenos (Liporaci 14 ).
O mapeamento geotécnico deve fornecer informações claras e precisas aos
usuários nos documentos produzidos, de forma tal que possibilite a avaliação do
potencial da área quanto aos seguintes aspectos do planejamento: recursos potenciais
dos minerais e águas; potencial dos terrenos para vários usos; perigos que possam
ser encontrados e riscos que possam ser incorridos; adequabilidade dos terrenos para
vários tipos de desenvolvimentos; custos relativos do desenvolvimento em terrenos
diferentes; a vulnerabilidade dos terrenos aos efeitos adversos (ex.: escorregamentos,
enchentes, inundações, erosão e assoreamento).
Fazendo-se uma análise do mapa do substrato rochoso elaborado para a área
em estudo. nota-se que a quase totalidade da cidade de Poços de Caldas está
implantada sobre terrenos onde aflorao fonolito e/ou que a rocha sã está a cerca de
2,0 ma 3,0 m de profundidade apenas, o que dificulta e encarece a construção das
edificações. Mesmo assim, o povoamento se implantou e se desenvolveu sobre estes
terrenos acidentados e rochosos, em virtude de este tipo litológico apresentar
estruturas fluidas e sistemas de juntas que permitem a sua fragmentação, o que toma
esta rocha facilmente escavável por processos manuais.
Pelas características descritas sobre as rochas plutônicas (nefelina sienitos e
chibinitos), nota-se que a implantação de obras civis sobre estes terrenos já não será
tão fácil. Nos locais onde estas rochas afloram. observam-se imensos blocos arredon-
dados que só podem ser removidos a fogo. Determinar com precisão a profundidade
do topo rochoso nestas regiões requer a execução de inúmeras sondagens a percussão
e até mesmo de sondagens mistas e/ou rotativas, para não cometer erros corno o de
apoiar estruturas de engenharia sobre blocos e/ou matacões de rocha envolvidos pelo
solo de alteração.
É visivelmente notável que os solos de alteração (residual e saprolítico) das
rochas plutônicas, principalmente dos nefelina sienitos, são muito mais susceptíveis
à erosão, por apresentarem uma textura argilo-siltosa com verdadeiros bolsões
cauliníticos e siltosos. Em Poços de Caldas (MG), notam-se os reflexos de uma
expansão urbana descontrolada, ou seja, da implantação de loteamentos e conjuntos
habitacionais sobre estes terrenos, geralmente com altas declividades (maiores do que
20% e/ou 30%) e não apropriados do ponto de vista geotécnico.
Por ser a região muito acidentada, é necessário promover uma terraplanagern
severa para_~p~tação dos loteamentos. Normalmente. os materiais cortados,
incluindo so1os e rochas, são jogados nas encostas (segmentos de declive entre uma
rua e outra); as precipitações plUViométricas torrenciais que atingem a região no
período de novembro a março ..promovem o carreamento dos materiais finos, que vão
assorear e conseqüentemente, provocar enchentes e inundações. Muitas vezes.
depeÍldelldo da intensidade da chuva que se precipita num curto intervalo de tempo,
podem ocorrer verdadeiros escorregamentos destes materiais, que vão entulhar as
partes baixas da cidade (Liporaci14).

Conclusões

Conforme exposto anteriormente, quando se estuda uma área de rochas ígneas


e/ou cristalinas, é fator fundamental a elaboração de um preciso mapa do substrato
rochoso para servir como base orientativa no desenvolvimento dos trabalhos de
~ geotécnico, para fins de planejamento. Tal mapa funcionará como uma
primeira e mais geral compartimentação das unidades geotécnicas.
Ficou claro que a posição correta de. um contato litológico, o mapeamento de
uma unidade litológica, mesmo que pequena, em termos de área no mapa do substrato
rochoso. é muito importante para fins de planejamento, principalmente urbano. Estas
fronteiras e/ou pequenas áreas podem apresentar comportamentos geotécnieos com-
pletamente diferentes, para este ou aquele tipo de ocupação, segundo as propriedades
tísicas dos materiais que as compõem, podendo onerar e/ou até mesmo inviabilizar
certos tipos de obras civis.

Agradecimentos

A CAPES,
ao Geólogo Sérgio N. A. Brito, à Prefeitura Municipal de Poços de
Caldas (MG), à Autarquia Munieípal de Ensino de Poços de Caldas- Faculdade de
Engenharia Civil, à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN}, núcleo de Belo
Horizonte, à Urânio do BraSil e ao PADCTIFINEP.

LIPORACI; S. L., ZUQUETrE, L. V. A contnbution for the geology of the Poços de Caldas
alkaline massif- MG: the bedrock map. Geociências (São Paulo), v.14, n.1, p.179-197, 1995.

11 ABST.RACT: This paper presents a bedrock map developed as an ozientative basis for tbe engineering
geological mapping ot tbe c:ity of Poços de Caldas and its outskirts (scale 1: 25.000), witb tbe purpase
of tbe planning for tbe use and occupation of tbe pbysical environment Considelations about tbe used
metbodalogy to elabomte tbis kind of map were made so as to be applied to igneous and czystalline
roaks. A discussion regarding to tbe importance of tbis basic and fundamental mapfor tbe engineering
geological mappings, relatiVe to planning, is aJso included in tbis work.

11 KEYWORDS: Poços de Caldas alkBline massif; bedrock map; engineering geological mapping; physical
enllironment; Jandfonns.

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57

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25 ZUQUETTE, L. V. Análise Crítica da Cartografia Geotécnica e Proposta Metodológica para
as condições brasileiras. São Carlos. 1987. 673p. 3v. Tese (Doutoramento)- Escola de
Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo.
26 . Importância do Mapeamento Geotécnico no Uso e Ocupação do Meio Físico:
Fundamentos e Guia para Elaboração. São Carlos, 1993. 368p. 2v. Tese (Livre-Docência)
-Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo.
59

Carta de Zoneamento Geotécnico Geral Utilizada para Indicar


'
Areas Favoráveis à Disposição de Rejeitos.

Silvana Ribeiro Liporaci.


Geól. M. Se .. D~ de Geotecnia da EESC/USP

Lázaro Valentin Zuquette


Prof Dr Dep!Q de Geotecnia da EESC/USP

RESUMO

Este trabalho apresenta uma discussão sobre a utilização da carta de zoneamento geotécnico
geral para indicar áreas mais favoráveis à disposição de rejeitos. Esta carta faz parte de uma dissertação
de mestrado cujo objetivo foi de executar o mapeamento geotécnico da cidade e parte do município de
Poços de Caldas (MG)- escala 1 25.000- visando o planejamento do uso e ocupação do meio físico
Como resultado dos estudos elaborou-se 1O documentos gráficos (mapas e cartas) sobre a àrea (220
km2), a saber: carta de declividade, mapa de concessões de lavra, mapa de recursos hídricos, mapa de
documentação (dados existentes e produzidos), mapa do substrato rochoso, mapa de materiais
inconsolidados, mapa de divisões básicas do meio físico, carta de zoneamento geotécnico geral, carta
de potencial de riscos e carta de potencial ao escoamento superficial
Dentre as cartas interpretativas elaboradas. a carta de zoneamento geotécnico geral apresenta
uma análise e avaliação dos terrenos quanto à adequabilidade para disposição de rejeitos, tendo em
vista a atuação e produção de grande quantidade de rejeitos pelas empresas mineradoras, indústrias
químicas e metalúrgicas, existentes na região mapeada

1. INTRODUÇÃO

A área em questão está inserida no contexto geológico-estrutural e geomorfológico do Maciço


Alcalino de Poços de Caldas ( Figura 1). A cidade de Poços de Caldas teve sua origem ligada aos
recursos hídrotermais e conseqüente propriedades terapêuticas, tem uma população de cerca de
120-0DD b.abita.ntes, cujas atividades econômicas giram em torno do turismo; minéração (bauxita,
argiJas refratárias, urânío etc); indústrias químicas; metalúrgicas; de cristais e vestuário; além de
atividades agropecuárias.
Poços de Caldas destaca-se sob o ponto de vista econômico sobretudo pela importância de suas
jazidas de bauxita. A bauxita do Maciço Alcalino de Poços de Caldas tem características peculiares, ela
se desenvolve tanto em áreas de relevo mais suave (bauxita de campo) bem como em áreas de relevo
4100'W 46o:30' w 46°00'W
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Legenda Convenções
,.....--.__Rios ci Cidades
o 10 20 40km
(~·~':: Limites do Maciço Alcalino - · - Divisa de Estados
........

Figura 1 - Localização da Área do Mapeamento Geotécnico de Poços -de Caldas.


61

mais acidentado, nos topos e em encostas de morros e das serras que constituem os diques anelares
etc, são as chamadas bauxitas de encostas. Tem importância econômica também as argilas aluminosas
refratárias. encontradas-nas planícies de inundação dos cursos d'á.::,oua existentes no interior do Planalto
de Poços de Caldas.
Este trabalho tem como função apresentar a utilização e funcionabilidade da carta de
zoneamento geotécnico geral, carta interpretativa elaborada após o mapeamento geotécnico de parte
do município de Poços de Caldas, para indicar áreas cujo conjunto de condições apresentadas pelo
meio fisico, são mais propícias para disposição de resíduos e rejeitos, minimizando-se assim os perigos
de poluição e contaminação dos recursos naturais da região, principalmente no que diz respeito ao seu
potencial hidromineral.

2. ASPECTOS AMBIENTAIS SOBRE A PRODUÇÃO DO ALUMÍNIO

O processo de produção de alumínio é composto por uma série de reações químicas. Depois de
minerada a céu aberto, a bauxita é transportada para a fábrica, onde passa inicialmente por um
processo de purificação através da adição de produtos químicos, posteriormente inicia-se uma série de
reações para obtenção da alumina e do alumínio.
Nas etapas de extração e refino da bauxita, redução da alumina e transformação final em
alumínio, os processos utilizdos podem causar impactos ambientais, se não forem tomadas as devidas
medidas de estudos e planejamento do meio fisico, para instalação e implementação do
empreendimento, visando a proteção do meio ambiente. Primeiramente a bauxita é moída e misturada a
uma solução de soda cáustica que a transforma em uma pasta; aquecida sob pressão e recebendo nova
adição de soda cáustica, esta pasta se dissolve formando uma solução que passa por processos de
sedimentação e filtragem, os rejeitos produzidos serão lançados em lagos de disposição.
T odes os lagos e represamentos de rejeitos visitados durante os trabalhos de campo, estão
situados em áreas muito baixas e próximos às planícies de inundação dos principais cursos d'água da
região, onde a rede de drenagem natural facilitou a construção de barragens e minimizou os custos com
bombeamento. No entanto, do ponto de vista ambiental, tais áreas com pequenas espessuras de
materiais inconsolidados e com nivel d'água muito próximo à superficie são inadequados para a
disposição de rejeitas.
Segundo Zuquette e Gandolfi ( 1991) os rejeites constituem a fonte de poluição mais perigosa,
por contaminarem diretamente o meio fisico (materiais inconsolidados, águas sub e superficiais e
substrato rochoso), que é a base de sustentação da biosfera, hidrosfera e atmosfera. A contaminação.
resultante é cumulativa (após o inicio do processo, não há como cessar imediatamente) e varia não só
em função da quantidade do rejeito, mas principalmente quanto ao tipo.
3. CARTA DE ZONEAMENTO GEOTÉCNICO GERAL

Após a elaboração da carta de declividade e dos mapas básicos fundamentais, referentes ao


mapeamento geotécnico de Poços de Caldas, elaborou-se a carta de zoneamento geotécnico geral

(Figura 2, A e B ), na qual foram analisadas e avaliadas as potencialidades e condições do meio fisico


para as mais variadas implementações de obras de engenharia.
A Tabela 1 (A e B) apresenta uma análise e avaliação das unidades de zoneamento geotécnico
geral dos terrenos de Poços de Caldas, quanto à adequabilidade para a disposição de rejeites,
principalmente os de mineração, tendo em vista o grande potencial mineral existente na região.

Os atributos do meio fisico considerados nesta análise, conforme Zuquette et al.(l994) foram.
1- Substrato Rochoso: litologi~ profundidade; descontinuidades (falhas, fraturas, foliação
tectônica).
2- Materiais Inconsolidados: textura; perfis de alteração, mineralogi~ presença de blocos
de rocha; condições de compressibilidade; eolapsibilidade/expansibilidade; erodibilidade;
condições de compactação etc.
3- Água: profundidade do nível d'água; direção do fluxo d' ~ou~ coeficiênte de
permeabilidade; área de recarga; condições de drenabilidade etc.
4- Processos Geológicos: erosão; escorregamentos etc.
5- Relevo: declividade; zonas homogêneas; planícies de inundação dos cursos d'~oua,

zonas úmidas etc.


6- Condições Climáticas: direção dos ventos; evapotranspiração; regune de chuvas;
preciptações torrenciais em curto espaço de tempo; balanço hídrico etc.

Os asteriscos (Sim* ou S*) na Tabela 1 (A e B) foram colocados para chamar a atenção de que
a unidade geotécnica pode ser utilizada para disposição de rejeites, porém existe pelo menos um fator
desfavorável no meio fisico, devendo-se portanto considerar alguma medida pr.eventiva contra a
poluição e contaminação do meio ambiente.
Apresenta-se a seguir uma descrição suscinta das Unidades Básicas do Meio Físico
consideradas na Tabela 1 (A e B), conforme Liporaci (1994) :
1- Planícies Aluvionares e/ou Planícies de Inundação. Amplitude: menor que 20m.
2.1 - Pequenas Colinas arredondadas a alongadas. Amplitude: menor que 150 m.
2.2- Morros arredondados (meia laranja) a alongados (cristas). Amplitude: menor que 200m.
2.3- Morros arredondados (meia laranja) a alongados (raras cristas). Amplitude: menor que 240m.
2.4- Serras alinhadas na direção (E-W), altitude máxima 1.640 m. Amplitude: menor que 440 m.
3 .1 - Colinas amplas arredondadas a alongadas. Amplitude: menor que 150 m.
3.2- Morros arredondados a subarredondados ou alongados. Amplitude: menor que 170m.
63

LEGENDA
DAAGURA2
{2 A e 28)

GEOTÉCNICAS

t
ESCALA (km)
42

Figura 2 (A) - Carta de Zoneamento Geotécnico Geral de Poços de Caldas (MG).


ARTICULAÇÃO
DA FIGURA 2
~~a_~~~~~~~~~~~~~7$0
330 338

li

ESCALA(km)

~~~~~~--~~~_J7~2
346

LOCALIZAÇÃO DAS FOLHAS


NO ESTADO DE MINAS GERAIS

ARTICULAÇÃO DAS FO.LHAS


DO IBGE - 1: 50.000

Figura 2 (B) - Carta de Zoneamento Geotécnico Geral de Poços de CaldaS {MG).


65

Tabela 1 (A) - Avaliação das Unidades da Carta de Zoneamento Geotécnico Geral de Poços de Caldas

Litologia Uni~des Unidades Unidades de Declividades Disposição


Dominante Bás. -Mei Geotécnicas Materiais (%) SPT de Rejeitos
Físico Gerais Inconsolidados Sim- Não
Sedimentos
argilo-silto-
sos.,camadas -1- -1- -1- <lO 0-10 Não
de matéria
orszânica
-2- -4 e 5- >0<20 4 a 45/50 Sim*
EGERINA -2.1-
_..,
_,_
-6- >0<20 2 a30 Sim*
-4- -2 e 3- >5<20 5 a 45/50 Não
-5- -2:3;4;5;6- >20 4 a 45/50 Não
FONOLITO -6- -4 e 5- >2<20 4 a 45/50 Não
-2.2- -7- -6- >2<20 2 a30 Sim*
-8- -2 e 3- >2<20 5 a 45/50 Não
A -9- -2:4:5 e 6- >20 2 a45 Não
-10- -4 e 5- >2<20 4 a 45/50 Não
-2.3- -11- -6- >2<20 2 a30 Não
FONOLITO -12- -2 e 3- >2<20 5 a 45/50 Não
-13- -2; 3 e 6- >20 2 a 45/50 Não
-14- -6- >2<20 2-4 a 45/50 Não
PORFIRÍ- -2.4- -15- -6- >2>20;30 2-4 a 30/50 Não
TICO -16- -2 e 3- >0<20 5 a 45/50 Não
-17- -2 e 3- >20>30 5 a 45/50 Não
-18- -9 e 10- >0<20 2 a 30/50 Sim*
-3.1- -19- -11- >0<20 2 a30 Sim*
NEFELINA -20- -7 e 8- >2<20 2 a 45/50 Não
-21- -7;8;9;10;11- >20 e >30 2 a 45/50 Não
SIENITOS -22- -9 e 10- >2<20 2 a 45/50 N ou S*
-3.2- -23- -11- >2<20 2 a30 N ou S*
DO -24- -7 e 8- >2<20 5 a45 Não
-25- -7;8;9JOJ 1- >20 e 30 2 a45/50 Não
INTERIOR -26- -10- >0<20 10 a45/50 Não
.., ..,
-.) ..)- -27- -7 e 8- >5<20 2 a 50 Não
DO -28- -7;8el0- >20 2 a 45/50 Não
-29- -11- >10<20 2 a30 Não
MACIÇO -3.4- -30- -7 e 8- >5<20 2 a 50 Não
-31- -7;8 e 11 >20 2 a 30;45/50 Não
ROCHAS -32- -14- >0<20 2 a45 Sim*
PIRO- -4.1- -33- -15- >0<20 2 a 50 Sim*
CLÁS- -34- -12 e 13- >0<20 2 a40/45 Não
TICAS -35- -12J3: 14;15- >20 2 a 40/50 . Não
CIDBINITO -36- -17 e 19- >0<20 - Não
DE -5;1- -37- -17 e 18- >0<20 - Não
BOTELHOS -38- -17; 18 e 19- >20 - Não
Tabela 1 (B)- Avaliaçãó das Unidades da Carta de Zoneamento Geotécnico Geral de Poços de Caldas

LitologiaUnidades Unidades Unidades de Declividades Disposição d


Dominante Bás. -M,ei Geotécnicas Materiais (%) SPT Rejeitos
Físico Gerais lnconsolidados Sim Não
PSEUDO-
LEUCITA -39- -20e2l- >5<20 -- Não
NEFELINA -6 I- -40- -21- >20 -- Não
SIENITOS
NEFELINA
SIENITOS -7.1- -41- -24- >5<20 -- Não
C/EUDIAL -42- -22 e 23- >5<20 -- Não
SERROTE -43- -22,23 e 24- >20 --- Não
ARENITO
C/INTERC -8.1- -44- -25 e 26- <20 2 a45 Não
SILTITO -45- -25 e 26- >20 2 a 45 Não

3.3 - Morros subarredondados a alongados (cristas maiores). Amplitude· menor que 200m
3 4- Serra alinhada na direção (E-W), altitude máxima 1 570 m Amplitude. menor que 330m
4.1 - Platôs ou levemente colinoso. Amplitude: menor que 90 m.
5.1 - Colinas e morros arredondados a alinhados. Amplitude menor que 140 m.
6 1- Colinas arredondadas. Amplitude· menor que 80 m.
7. 1 - Morros arredondados a chatos. Amplitude menor que 11 O m
8.1 - Baixa encosta e sopé da Serra de Poços. Amplitude: menor que 100 m.

Apresenta-se a seguir urna descrição suscinta das Unidades de Materiais Inconsolidados


considerados na Tabela 1 (A e B), conforme Liporaci (1994) e Liporac1 e Zuquette (1995)·

Material Aluvionar sedimentos argilo-siltosos contendo camadas de argila orgânica


(turfa). Espessura: 0,2 m - 9,0 m.
2 Afloramentos de Rocha do Fonolito: matacões ou afloramentos de rocha. envoltos por
material residual, lateritizado ou não. Espessura: 0,2 m- 3,0 m.
3 Transição Solo/Rocha do Fonolito: material de alteração de rocha (residual e/ou
saproiito), envolvendo rnatacões ou afloramentos de rocha. Espessura: 0,5 m- 5,0 m.
4. Material Residual do Fonolito: material argilo-siltoso, amarelo ocre. Espessura: 0,2 m -
15,0 m.
5. Material Saprolítico do F onolito: material de alteração de rocha (saprolito ), argilo-
siltoso, envolvendo blocos de rocha intemperizada e/ou sã. Espessura 0,5 m - 5,0 até
15,0 m.
6. Material Lateritizado do Fonolito: material argilo-siltoso, amarelo ocre, apresentando
estrutura reliquiar (laterítica), envolvendo blocos de rocha intemperizada e/ou sã.
67

Espessura: 0,5 m- 7,0 m até 20,0 m.


7 Afloramentos de Rocha do Nefelina Sienito: matacões ou afloramentos de rocha sã ou
parcialmente ,intemperi.zada_ envolvidos por material residual, argilo-siltoso. Espessura.
0,1 m- 3,0 m.
8 Transição Solo/Rocha do Nefelina Sienito: material de alteração de rocha (residual e/ou
saprolítico ), argilo-siltoso. amarelo róseo, envolvendo matacões e/ou afloramentos de
rocha. Espessura: 0,5 m - 5.0 m.
9 Residual do Nefelina Sienito ( Lateritizado ou não )· material argilo-siltoso, amarelo
róseo. Espessura: 0,2 m- 15.0 m.
IO Material Saprolítico do Nefelina Sienito: material de alteração de rocha, argilo-siltoso.
amarelo róseo, contendo blocos de rocha intemperizada e/ou sã. Espessura: 0,2 m -
15.0m.
11. Material Lateritízado do Nefelina Sienito: material argilo-siltoso, amarelo claro, com
estrutura reliquiar laterítica. Espessura: 0,5 m- 7,0 m até 15,0 m.
12. Afloramentos de Rocha Piroclástica: matacões e afloramentos de rocha sã ou
parcialmente intemperizada envolvidos por material residual, argilo-siltoso, marrom
avermelhado. Espessura: 0,2 m- 3,0 m.

13 Transição ·Solo/Rocha de Piroclásticas: material residuaL argilo-siltoso. marrom


avermelhado, envolvendo matacões e afloramentos de rocha. Espessura: 0,2 m- 5,0 rn
14. Material Residual de Rocha Piroclástica: material argilo-siltoso, marrom avermelhado.
Espessura: 0,2 m- 7,0 m.
15. Material Lateritizado de Rocha Piroclástica: material argilo-siltoso, com estrutura
reliquiar lateritica incipiente. Espessura: 0,2 m- 3,0 m.
16. Transição Solo/Rocha de Nefelina Sienito com Fluorita: material argilo-siltoso, amarelo
róseo, envolvendo matacões ou afloramentos de rocha. Espessura: 0,2 m- 3,0 m.
17. Afloramentos de Clubinitos de Botelhos: material argilo-siltoso, marrom avermelhado,
residual e/ou saprolítico, envolvendo matacões e afloramentos de rocha. Espessura:
0, 1m- 2,0 m.
18. Transição Solo/Rocha de Chibinitos de Botelhos: material argilo-siltoso, marrom
avermelhado, envolvendo matacões e afloramentos de rocha. Espessura: 0,2 m- 3,0 m.
19. Residual de Chibinitos de Botelhos: material argilo-siltoso, residual incipientemente
lateritízado ou não. Espessura: 0,2 m- 5,0 m.
20. Afloramentos de Pseudoleucita Nefelina Sienito: matacões e afloramentos de rocha sã a
intemperizada, envolvidos por material residual argilo-siltoso. Espessura: 0,2 m- 2,0 m.
21. Transição Solo/Rocha de Pseudoleucita Nefelina Sienito: material residual argilo-siltoso
envolvendo blocos e afloramentos de rocha. Espessura: 0,2 m- J,O m.
22. Afloramentos de Nefelina Sienito com Eudialita do Serrote: matacões e afloramentos de
rocha sã ou intemperizada, envolvidos por material residual, argilo-siltoso. amarelo
avermelhado. Espessura: 0,5 m- 2,0 m.
23. Transição Solo/aocha de Nefelina Sienito com Eudialita do Serr-ote: material de
alteração de rocha (residual e/ou saprolítico ), argilo-siltoso, envolvendo matacões e
afloramentos de rocha. Espessura: 0,2 m- 3,0 m.
24. Lateritização de Nefelina Sienito com Eudialita do Serrote: material argilo-siltoso com
incipiente estrutura reliquiar laterítica. Espessura: 0,5 m- 3,0 m.
25. Afloramentos de Arenito com intercalação de Siltito: material areno-siltoso, amarelo
claro, envolvendo blocos e afloramentos de arenito silicificado. Espessura: 0,5 m- 3,0m.
26. Transição Solo/Rocha de Arenito com intercalação de Siltito: material areno-siltoso,
amarelo claro, às vezes envolvendo blocos de arenito silicificado. Espessura: 0,2 m -
8,0m.

.DJSClJSSÃO SOBRE AS UNIDADES GEOTÉCNICAS DA ÁREA MAPEADA

Fazendo-se uma análise global das unidades geotécnicas, definidas através dos trabalhos de
mapeamento geotécnico desenvolvidos na região de Poços de Caldas, conclui-se que de modo geral a
área como um todo não apresenta condições geotécnicas muito favoráveis para a disposição de rejeitos
e/ou resíduos, pois as espessuras de materiais inconsolidados são pequenas (raramente em torno de
15,0 ma 20,0 m) e o nível d'á.:,oua é pouco profundo (menor do que 10,0 m), para completar o quadro
desfavorável os perfis de alteração dos materiais inconsolidados são muito heterogêneos e as rochas
que compõem o substrato rochoso são via de regra muito fraturadas, permitindo assim uma alta
permeabilidade.
A alta permeabilidade das fundações facilita a infiltração e percolação dos rejeites e resíduos,
que através de intercomunicações com as fraturas maiores e mais profundas, podem ocasionar a
poluição e contaminação das á.:,ouas subterrâneas, as quais no Planalto de Poços de Caldas são
consideradas minerais e economicamente explotáveis, bem como terapêuticas, censtituindo-se assim
em uma atração turística para a região; qualquer dano causado a este potencial aquífero do planalto
ocasionará perdas de divisas para o município.
Recomenda-se que a disposição dos rejeitos e resíduos produzidos devam ser feitos dentro dos
limites das unidades geotécnicas mostradas na Figura 2 (A e B) e avaliadas como áreas mais favoráveis
na Tabela 1 (A e B), pois estas unidades apresentam maiores espessuras de materiais inconsoÍidados, os
quais oferecerão melhores condições geotécnicas gerais para implantação e segurança dos tanques ou
lagoas de disposição de rejeites. Os projetos e métodos construtivos destes lagos devem prever e
asegurar a sua total impermeabilização, devendo ser tomadas medidas que promovam a reciclagem dos
efluentes líquidos para o processo, conforme o lago 5 de disposição de rejeitos, da ALCOA- Alumínio
S.A. Figura 3.
69

5. CONCLUSÕES

A cana tie zoneamento geotécnico geral, é um documento de fundamental importância.


elaborado a partir da análise e avaliação dos atributos contidos nos documentos básicos fundamentais
do mapeamento geotécnico. As unidades geotécnicas definidas nesta carta interpretativa resume as
informações do mapeamento geotécnico e fornece as orientações básicas, para que se faça a escolha
dos locais geotecnicamente mais indicados, do ponto de vista de implantação, construção e segurança
de obras de engenharia.
Na carta de zoneamento geotécnico geral elaborada a partir dos documentos básicos do
mapeamento geotécnico desenvolvido para a região de Poços de Caldas, foram feitas análises e
interpretações sobre os terrenos, levando-se em consideração todas as suscetibilidades e
adequabilidades dos mesmos para os mais variados tipos de implantação de' obras de engenharia.
Levando-se em consideração a atuação e produção de grande quantidade de rejeitos, principalmente
pelas empresas mineradoras, neste trabalho estão apresentadas as áreas mais favoráveis para disposição
de rejeitos, com a finalidade de que os possíveis usuários utilizem estes dados para direcionar os seus
projetos de implantação de lagos disposição.

LAGO SELADO DE RESÍDUOS DE BAUXITA


(corte vertical)

CHEGADA DE RESÍDUOS SISTEMA DE DECANTAÇÃO


(volta ao processo)

~ ~
~~------~~------~

SISTEMA DE DRENAGEM
{VOLTA AO PROCESSO) SELAGEM COM
ARGILA E MENBRANA
SINTÉTICA
Figura 3 -Esquema do Lago Selado -5, utilizado para disposição de rejeitas de bauxita pela ALCOA
Concluiu-se também que de modo geral as condições das unidades geotécnicas, definidas para a
região, não são muito adequadas para disposição de rejeites e resíduos, mesmo nas áreas mais
favoráveis deve-se tomar medidas preventivas de impermeabilização dos lagos e tanques, para evitar a
poluição e contaminação do meio ambiente

6. AGRADECIMENTOS

À CAPES, à Prefeitura Municipal de Poços de Caldas (MG), à Autarquia Municipal de Ensino


de Poços de Caldas- Faculdade de Engenharia Civil, à Urânio do Brasil, à ALCOA- Alumínio S.A, à
CBA- Companhia Brasileira de Alumínio, à Mineração Curimbaba à CNEN (Comissão Nacional de
Energia Nuclear)- Núcleo de Belo Horizonte, ao Departamento de Geotecnia e ao Centro de Recursos
Hídricos e Ecologia Aplicada do Departamento de Hidraúlica e Saneamento - Escola c!e Engenharia de
São Carlos- Universidade de São Paulo.

7. REFERÊNCIAS BffiLIOGRÁFICAS

Liporaci, S.R (1994). Procedimentos e Metodologias de Mapeamento Geotécnico: Aplicação na


Cidade e Parte do Município de Poços de Caldas (MG) - Escala I 25 000 - Visando o Planejamento
do Uso e Ocupação do Meio Físico. Dissertação (mestrado) EESCIUSP 2v.

Liporaci, S.R. e Zuquette, L. V. (1995). Uma Contribuição à Geologia do Maciço Alcalino de Poços de
Caldas- MG- Mapa do Substrato Rochoso. Revista Geociências. UNESP!Rio Claro, v 14, n I.

Zuquette, L.V. e Gandolfi, N. (1991). Análise da Relação entre Disposição de Rejeites de Baixa
Periculosidade e Meio Geológico Receptor. II Simpósio Sobre Barragens de Rejeites e Disposição de
Resíduos- REGE0'91, v 1, p. 221 - 232, Rio de Janeiro.

Zuquette, L. V.; Pejon, O.J.; Sinelli, O. e Gandolfi, N. (1994). Methodology of Specific Engineering
Geological Mapping for Selection of Sites for Wast Dispo sal. 7 th lntemational IAEG Congress, v iv,
p. 2481-2489, 1994 Balkema, Rotterdam, Portugal.
71

TENTATIVA DE UTILIZAÇÃO DE VARIÁVEIS MORFOMÉTRICAS DE PERFIS DE


VEIITENTES PARA O ZONEAMENTO PRELIMINAR DO MEIO FÍSICO: O CASO
DA FOLHA DE LEME, SÃO PAULO

José Augusto de LOLLO


Nilson GANDOLFI

RESUMO

Os levantamentos de condições geotécnicas preliminares de grandes áreas. das quais se dis-


põe de poucas informações de prospecção geotécnica de subsolo. podem apresentar certas difi-
culdades na delimitação de unidades de materiais rochosos e, principalmente, materiais inconso-
lidados. O presente trabalho apresenta uma tentativa de utilização de descrição de forma das ver-
tentes como critério preliminar de distinção entre materiais presentes na área estudada

ABSTRACf

Establishment of preliminary geotecnical conditions of large areas in the absence of sig-


nificant underground geotechnical surveys. may present difficulties in the definition of
groups of materiais. mainly of unconsolidated ones. This paper decribes an attempt to use the
description of slope forms as a preliminary criterion for distinction among types of materiais.

ses contratadas pelos Departamentos de Águas


1 INTRODUÇÃO
e Energia Elétrica das Prefeituras de Leme e
Por se considerar que os trabalhos de Pirassununga e pela Divisão de Engenharia da
campo representam uma etapa da cartografia Caninha 51 S.A.
geotécníca de alto custo, muito se tem discuti- Após a elaboração desta etapa do trabalhÇ>,
do sobre a possibilidade de abreviar esta etapa pôde-se então passar à caracterização das variá-
substituindo-a parcialmente por algum meca- veis morfométricas de vertentes, as quais tive-
nismo ágil de reconhecimento dos materiais. ram de obedecer aos princípios de simplicidade
A presente discussão mostra especial inte- e rapidez de obtenção.
resse quando o trabalho é realizado em escala 2 MATERIAL E MÉTODOS
regional, considerando-se grandes áreas do ter-
reno. Apresenta-se aqui uma tentativa de utili- Com base nos princípios já citados. foram
zação de variáveis morfométricas de perfis de escolhidas 12 variáveis que pudessem ser obti-
vertentes como método básico de zoneamento das a partir de mapas topográficos e cuja deter-
preliminar de uma área. minação fosse rápida e fácil.
Como não se tinha notícia de estudo simi- As vertentes foram entendidas no sentido
lar realizado em território nacional, no contexto de DALRYMPLE et ai. (apud CHRISTOFO-
geológico estudado (Depressão Periférica da LETTI. 1974) como um sistema tridimensional
Bacia do Paraná), o trabalho teve um caráter de que se estende do interflúvio ao meio do canal
teste, não se podendo dispensar os de campo. fluvial e da superfície do terreno ao limite
O processo de cartografia geotécnica foi superior da rocha não intemperizada. A consi-
executado com base na proposta metodológica deração, porém, da vertente como elemento tri-
de ZUQUEITE (1987) para trabalhos em esca- dimensional é bastante difícil ~m locais nos
la regional. Os de campo proporcionaram um quais exista falta de informações das caracterís-
total de 405 pontos que. associados à informa- ticas de materiais inconsolidados em profundi-
ções anteriores de prospecção geotécnica. estu- dade o que fez com que se optasse por utilizar o
dos de fotointerpretação e consulta a mapas perfil longitudinal da vertente como objeto de
geológicos disponíveis para a área ou que a estudo.
- abrangessem, permitiram um bom zoneamento Esta unidade (perfil longitudinal) é· obtida
dos materiais rochosos e inconsolidados exis- seccionando-se a vertente por um plano que lhe
tentes na escala adotada ( 1:50.000). O levanta- seja normal, que contenha sua linha de máximo
mento de materiais inconso1idados é apresenta- declive. técnica proposta originalmente por
do no Mapa de Materiais Inconsolidados (Fig. SAVIGEAR (1956) e posteriormente desenvol-
1). vida por YOUNG (1964, 1971 e 1972).
A área estudada corresponde à Folha de Para que a escolha das vertentes não
Leme (SF-23- Y -A-II-1. IBGE, 1971) e as tivesse subjetividade, as vertentes foram sele-
informações prévias foram obtidas a partir dos cionadas de forma aleatória, através da super-
mapas de KAEFER (1979). ALMEIDA (1981), posição, à área em estudo. de uma malha regu-
DAEE (1981) e LANDIM (1982), e de estudos lar quadrada onde cada cela apresentava l km
geotécnicos executados pelo DER-SP. CESP. de lado. adotando-se para estudo a vertente
ESTATEC Fundações, ~ONDOSOLQ,_ e. análi- g_~_contivesse o ponto central <!!i ce~. ~~gun-
IIAPA DE IIATERIAIS INCONSO\.IDADOS

L.[GitiiDA UlfiOII8I ..,L.,,.._.,


oc -..rpu,tt ,.,..,..,.,.•

c::?--- (!@----..
@ - .. ~
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H-·- ~
'"!;».. ..... - -
[§]-
[!jJ-
(1...-.. . . . .........
~ ~----- ........ . . . r.IAPE"-"éfi!O GtortCNICO DA FOLH4 Of: LOIE ISJII
GLOt.. JOSE AUGLt;TO 0E LOUD
OlilltHTAOOII•F'fle'- DA IIHLSON 6AHOOLJrl
DEPTO. DE 0EOTE:CHI4 .. EESC/ USP

FIGURA I - Mapa de materiais inconsolidados

do proposta de CHRISTOFOLETTI & tricas de perfis de vertentes descritas na litera-


TA VARES ( 1977), proporcionando 672 ver- tura ser bastante grande, optou-se por aquela
tentes. cujas definição pudesse ser rápida Uma descri-
Os dados foram levantados de forma a se ção pormenorizada das variáveis adotadas pode
obter dois conjuntos de coordenadas de pontos ser vista em SCHEIDEGGER ( 1961 ),
do perfil sendo representada em x a distância TROECH (1965), CHRISTOFOLEITI ( 1974)
do ponto ao topo do perfil e em y a respectiva e CHRISTOFOLETII & TAVARES (1976).
cota do ponto. De acordo com os princípios adotados, ante-
Para estes levantamentos as informações riormente citados, as variáveis escolhidas
foram obtidas de mapas topográficos em escala foram:
1:10.000 do Projeto Macrometrópole (IG, - Amplitude da Vertente (H): Diferença de
1979) e, para garantir a rapidez dos cálculos e cota entre os pontos de maior e menor cota do
análises, foi desenvolvido um conjunto de apli- perfil (Fig. 2).
cativos computacionais denominados VER- - Extensão da Vertente (L): Distância em
TAN, BEST, VERTPAR, YOUNG e PRO- planta entre os pontos de maior e menor cota do
YOUNG (LOLLO, 1991 ). perfil (Fig. 2).
A_pesar de o número de variáveis morfomé- - Curn~rimento Retilíneo (LR): Segmento
73

H - .WPUnJDE
L - COMPRIMENTO HORIZONTAL
LR - COMPRIMENTO REllUNEO
a .L
LR = (L2 + H )2

FIGURA 2- Variáveis lineares

LS - COMPRIMENTO DA SUPERFIOE

li - COMPRIMENTO DO INTERVALO

hl - AMPUTUDE DO INTERVALO

FIGURA 3 -Comprimento da superficíe

de reta que une os pontos de maior e menor Média ponderada dos ângulos dos intervalos
cota do perfil (Fig. 1). levantados na vertente (Fig. 4 ).
- Cumprimento da Superfície (LS): - Ângulo Máximo (Amax): Maior valor
Somatório dos comprimentos retilíneos de angular associado a um dos intervalos levanta-
todos os intervalos considerados no levanta- dos da vertente, normalmente situado na porção
mento da vertente (Fig. 3). retilínea do perfil (Fig. 5).
- Índice de Retilinidade (IR): Razão entre - Índice de Ruptura de Declive (10):
o comprimento da superfície e o comprimento Número de pontos de inflexão presentes no per-
retilíneo da vertente. fil multiplicado por 100 e dividido por seu
~ - Ângulo Médio da Vertente (Amed): comprimento retilíneo.
Angulo entre os segmentos que definem o com- -Coeficiente de Comprimento (CL): Razão
primento retilíneo e a extensão da vertente (Fig. entre os somatórios dos comprimentos dos
4). intervalos da vertente posicionados em sua parte
- Ângulo Médio Ponderado (APmed): convexa (Lx) e em sua parte côncava (Lv).

ARCTG ..!:L
L

FIGURA 4 - Ângulo médio

APmed "" -=L=-li-·_A_I


L

/i
Ai - ÃNGULO DO INTERVALO
li - COMPRIMENTO DO INTERVALO
L - COMPRIMENTO HORIZONTAL
Amax - ÂNGULO MAXIMO

FIGURA 5 - Ângulo médio ponderado e ângulo máximo


TABELA 1 -Intervalos dos Parâmetros - Materiais lnconsolidados

I I
I
Unidade L H CL CI a• ID IF l T
250 15 1,20 0,20 0,04 i 0,90 i
R. lntr.
I
- ! 1-5 26,6 - I 1.0
1200 601 2,80 ; 0,50 ' 0,30 ! 1,40
250 !
i 30 0,80 i 0,10 i 0,28 0,75 __i

R. TrJb I - - ! 6-9 26,6 - l 1.0


l
600 70 1.40 0,30 i 0,40 1,20
300 I 35 0,90 : 0;20 I 0,15 0,75
R. TrJp - I - I 4-10 I 14,0 I - - 1.0
900 70 2,20 ; 1,20 I 0,45 1,30 I
J
400 20 1,20 i 0,20 0,05 ! 0,90 i I
I
R. Pc 2-4 11,3 1.0
l
1200
I
85 2,40 0,60 o.2s 1 1,4ó I
I
450 15 1,60 0,15 I 0,10 ~ 0,90 _[
R. Pi 2-4 8,1 1.0
I _[

1200 50 2,50 0,50 0,20 1,60 I


I
300 15 1,10 0,25 0,10 0,80
R.Pt 2-3 5,7 1 - 1.0
1100 45 2,50 0,70 0,35 1,90
'
200 25 1,00 0,30 0,10 0,80 l
S. AI.
I
l-4 5,7
J LO I
i
I
1300 : 50 4,50 1,20 0,35 i 2.20
i
200 lO 1,50 0,10 0,10 f 1,00
I
s. A.R. l-5 18,4 i - 1.0
woo' I
45 3,00 0,45 0,40 l 2,00
200 I lO 1,20 0,30 0,05 ; 0,90
s. A.I. 1-5 11,3 ! - 1.0
I
1500 . 80 1,80 1,00 0,80 i 2,80 I

R. Intr.- Residual Magmatitos L- Compr. Horizontal (m)


R. TrJb - Residual Botucatu H - Altura da Vertente (m)
R. TrJp- Residual Pirambóia CL- Coef. de Comprimento
R. Pc - Residual Corumbataí CI - Coef. de Intensidade
R. Pi - Residual Irati a\:. - Ângulo Med. Ponderado (0 )
R. Pt - Residual Tatuí a.max - Ângulo Máximo (<>)
S. AI. - Sedimento Aluvial ID -lnd. de Ruptura de Declive
S. A.R. - Sed. Argiloso de Rampa IF - Índice de Forma
S. A.I. - Sed. Arenoso Coluvionar T - Tipo da Vertente
(segundo CL e CI)
75

TABELA 2 -Intervalos dos Parâmetros -Unidades Geoténicas


L H a.. Cl ID IF T
R.lmr. 15 1.20 0.20 0.22 1.00
2-5 26,6 1.0
e<2m 450 35 1.75 0.35 1.40
R.lmr. 500 25 1.70 0.05 0.11 0.80
1-4 11.3 1.0
e:2-5m 800 45 0.20 0.18 1.20
R.lmr. 900 35 2.00 0,30 0.04 0,90
1-3 11.3 1.0
1200 60 2.80 0.50 0.10 1.30
R. TrJb 350 30 0.80 0.10 0.28 0.75
6-9 26.6 1.0
600 70 1.40 0.30 0.40 1.20
R. TrJp 300 35 0.90 0.90 0.30 0.75
5-10 18.4 1.0
500 50 1.40 1.20 0.45 1.00
R.TrJp 750 50 1.70 0.20 0.15 0.95
4-7 11.3 1.0
900 70 ~.20 0.50 0,30 1.30
R.Pc 400 20 1.20 0.35 0.15 0.90
2-4 14.0 1.0
<<2m 750 40 1.80 0.60 0.25 1.20
R.Pc 900 55 2.00 0.20 0.05 1.10
2-4 11,3 1.0
e>2m 1200 85 2.40 0.40 0.20 1.40
R.Pi 450 15 2.20 0.30 0.10 1.30
2-3 5.7 1.0
e<2m 750 35 0.50 0.20 1.60
R. Pi 900 30 1.60 0.15 0.10 0.90
2-4 8.1 1.0
e>2m 1200 50 1.90 0.35 0.20 1.20
R.Pt 300 lO 2.30 0.25 0.20 1.60
2-3 4,8 1.0
500 25 0.35 0,35 1.90
R.Pt 800 30 1.10 0.45 0.10 0.80
2-3 5.2 1.0
e>2m 1100 45 1.40 0.70 0.25 1.10
S. Alllnt 900 25 4.00 0.90 0.10
1-3 1.0
1100 35 4.50 1.20 0.20 2.40
S. Al./Pc 200 30 1.00 0.30 0.25 0.80
2-5 8,1 1.0
e<2m 500 50 0.50 0.35 1.00
S. Al./Pí 400 20 2.00 0.30 1.10 0.90
1-3 5.7 1.0
e <1m 700 35 0.50 0.20 1.20
S.AI.!Pt 800 30 1.00 0.60 0.15 0.90
1-4 7.1 1.0
c>2m 1300 50 1.40 0.90 0.30 1.20
SAR/Int 200 lO 2..20 0.20 0.20 1.00
2-5 8.1 1.0
e<2m 500 25 0.45 0.40 1.20
SAR/Int 700 20 1.50 0.10 0,10 1.50
1-2 8.1 1.0
e>2m 1000 45 3.00 0.25 0.20 2.00
SAI/lnt 300 lO 1.20 0.15 0.15 0.90
1-4 6.3 1.0
e<2m 600 30 1.50 0.40 0.30 1.20
SAIIInt 600 25 1.40 0.50 0.10 1.20
1-3 8.1 1.0
c:2-5m 900 40 1.80 0.80 0.20 1.40
SAI/Jnt 1000 30 0.50 0.35 0.05 2.40
1-3 4.8 1.0
e>5m 1500 55 0.90 0.60 0.15 2.80
SAl/Pc 200 25 1.40 0,70 0.20 1.80
11.3 1.0
e<2m 500 45 1.80 1.00 0,40 2.20
SAI/Pc 600 40 1.30 0.50 0.10 0.80
2-5 9,5 1.0
e:2-Sm 900 60 1.60 0.80 0.20 1.20
SAI/Pc 950 50 1.30 0.30 0.40 1.80
1-4 9.5 1.0
e>5m 1200 80 1.80 0.50 0.80 1.20
SAI/Pi 900 35 1.00 0.80 0.10 0.90
2-3 6.3 1.0 •
e>2m 1200 60 1.40 1.00 0.20 1.20

SAI/Pc - inconsolidado I substrato geológico


Legenda: vide Tabela 1.
TABELA 2 -Intervalo dos Parâmetros- Unidades Geotécnicas
-Coeficiente de Intensidade (Cl): Razão
entre os somatórios dos ângulos posicionados 4 CONCLUSÕES
nas porções convexas do perfil (lxl e nas por-
A análise dos intervalos obtidos para as
ções côncavas (Iv). diversas unidades de materiais inconsolidados
-Índice de Intensidade (I): Razão entre os presentes proporcionou algumas observações
coeficientes de comprimento e intensidade da interessantes acerca das variáveis usadas e seu
vertente. uso como critério de distinção entre materiais
inconsolidados ou classes de espessura:
3 RESUL T AOOS - As variáveis CL (Coeficiente de Com-
primento) e APmed (Ângulo Médio Ponderado)
O processo de levantamento de dados
citado proporcionou 67'2 vertentes para não se mostraram úteis para distinção entre
análise. O cálculo das variáveis descritivas de unidades.
forma da vertente foi efetuado a partir de um - Algumas das variáveis usadas refletiram
aspectos esperados da evolução das vertentes:
conjunto de utilitários computacionais geren-
as variáveis L (Extensão) e H (Amplitude)
ciados pelo programa VERTENTE (LOLLO. apresentaram maiores valores para vertentes
1991 ). com maiores espessuras de materiais inconsoli-
Em seguida. as variáveis foram tabeladas, dados; a variável Amax (Ângulo Máximo)
de duas formas: ( I) unidades de material incon- apresentou maiores valores para unidades com
solidado x intervalo de variação (Tab.l ). (2) espessuras de materiais inconsolidados
unidades geotécnicas (material inconsolidado I menores que 2m.
classe de espessura I substrato) x intervalos de - Os intervalos de variação das variáveis
variação (Tab. 2). CI (Coeficiente de Intensidade) e ID (Índice de
Quanto às variáveis, pode-se afirmar o Ruptura de Declive) proporcionaram uma boa
seguinte: distinção entre classes de espessura de materi-
ais inconsolidados.
- Comprimento Retilíneo (LR) e
- As observações acima descritas per-
Comprimento da Superfície (LS) n~o fo~ai? mitem concluir que a aplicação destas variáveis
incluídas por apresentarem valores mUltO proXI-
morfométricas para tal finalidade apresenta
mos aos da variável Extensão (L).
restrições, visto que apenas duas delas parecem
- Índice de Retilinidade (IR) não foi mostrar resultados interessantes; sugere-se,
tabelada, pois apresentou valores muito próxi- para trabalhos posteriores, a consideração tridi-
mos para todos os perfis analisados. mensional das formas do terreno.
- Ângulo Médio (Amed) não foi incluída
por apresentar valores muito próximos da va- 5 AGRADECIMENTOS
riável Ângulo Médio Ponderado (APmed), a
qual se encontra tabelada. Os autores gostariam de agradecer à
FINEP pelos recursos fornecidos à pesquisa e à
- Índice de Intensidade (I) não foi tabelada CAPES pela bolsa de estudos cedida.
por se tratar de uma relação entre duas oun:as
variáveis, apresentando, portanto, grande dis-
persão em termos de valores calculados.

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Journal of Science. 263:616-627. YOUNG, A. 1972. Slopes. London, Oliver &
Boyd, 25lp.
CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA DA REGIÃO DE MOGI-GUAÇU, SÃO PAULO

Giuliano DE MIO
Nilson GANDOLFI

RESUMO

A Cartografia Geotécnica é ferramenta básica em qualquer trabalho de planejamento da


ocupação. Apresenta utilização ainda restrita devido à sua pouca divulgação. Neste trabalho
é apresentada a Canografia Geotécnica da Quadrícula de Mogi-Guaçu. com os mapas do
substrato rochoso e de materiais de cobertura. e a avaliação geotécnica realizada através de
uma tabela de propriedades geotécnicas referenciada ao mapa de materiais de cobertura.

ÃBSTRACT

Engineering geolog~cal mapping ts an essential tool in planning the development of


c_ountnes. It has had restncted use dueto poor divulgation. This work. presentes the enginee-
nng geologtcal mappmg of Mogi-Guaçu Region. with maps of rock substract and surface
materiais. The geotechnical evaluation is lithogenetic. referred to surface material units and
is presented on a table of geotechnical properties.

1 INTRODUÇÃO meio físico. o homem e suas obras.


Mundialmente, existe uma ampla varieda-
A progressiva intensificação na utilização de de metodologias e sistemáticas de execucão
dos terrenos pelo homem. feita de maneira da cartografia geotécnica desenvolvidas. ;es-
agressiva e inadequada. tem resultado em uma peitando características físicas. políticas e
degradação ambiental progressiva e num sociais dos locais onde foram elaboradas. No
aumento do custo de implantação das obras. entanto. os fatores a serem avaliados são comu-
Paralelamente. são constantes os conflitos de mente os mesmos em todas elas.
uso em diversas regiões. Da análise das diversas metodologias e sis-
O adequado conhecimento do meio físico temáticas existentes, observa-se que nenhuma
pode tomar-se útil quando existir vontade polí- delas pode ser aplicada fora do país ou região
tica em se executar um planejamento regional onde foi desenvolvida, sem que se realizem
de uso e ocupação dos terrenos. Nessa aborda- mudanças consistentes no seu arcabouço.
Portanto. ao se pretender realizar a cartografia
gem devem ser avaliados os parâmetros geo-
geotécnica de uma região. o bom senso da
técnicos referentes a cada tipo de terreno.
equipe executora é indispensável na obtenção
sendo que a precisão desta avaliação está inti-
dos objetivos propostos.
mamente associada à escala de execução dos
trabalhos e à disponibilidade d~ dados. Muitas Desta maneira, um trabalho de cartografia
vezes. em grandes áreas e em pequenas escalas geotécnica deve tratar da representação carto-
(1:100.000 e menores), a avaliação do com- gráfica das características do meio físico natu-
portamento geotécnico global dos solos e ral de imediato interesse às obras de engenha-
rochas pode e deve ser feita qualitativamente, ria. Dentre todos os aspectos a serem analisa-
priõrizando atributos de fácil obtenção. Com o dos. existirão alguns de maior ou menor impor-
aumento da escala (1:25.000 ou 1:10.000). tância para cada região e que devem ser priori-
podem-se avaliar os parâmetros e atributos zados em função da relevância que representem
geotécnicos de maneira mais precisa, através na avaliação das características de interesse
da realização de urna quantidade representati- (ARNOT & GRANT. 1974).
va de ensaios que resultem na obtenção de 3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
parâmetros compatíveis com a aptidão a ser DE ESTUDO
avaliada
O presente trabalho enfoca os aspectos 3.1 Localização
geotécnicos do terreno considerando como ele- A área de estudo situa-se na porção
mento geotécnico básico as unidades de mate~ Centro-Leste do Estado de São Paulo, entre os
riais de cobertura, tendo recebido auxílio do paralelos 22°15' e 22°30' e meridianos 46°45' e
CNPq (bolsa) e FINEP/PADCT. 4-7"00'
Abrangendo toda a quadrícula de Mogi-
2 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE
Guaçu na escala 1:50.000, com área de 715
MAPEAMENTO GEOTÉCNICO
Km' (Fig. 1), englobando parte dos municípios
O Mapeamento Geotécnico pode ser defi- de Mogi-Guaçu. Mogi-Mirim, Itapira e Pinhal.
nido como uma ferramenta ou processo que 3.1 Geologia
procura caracterizar as propriedades do terreno A área localiza-se em uma região de transi-
de interesse para engenharia e planejamento, ção entre as rochas do Embasamento Cristalino
prevendo as inter&ções entre os processos do e as da Bacia do Paraná.
79

extensos depósitos arena-argilosos com espessu-


Caracteriza-se por forte heterogeneidade
ras variáveis, de idade cenozóica e correlacioná-
litológica. englobando. no Embasamento
veis à Formação Rio Oaro.
Cristalino. gnai.sses. granitos. xistos. quartzitos e
rochas cataclásticas. de Idade Pré-Cambriana,
Um caráter marcante das rochas do emba-
samento, de grande importância para a enge-
fortemente estru~ (xistosidade. fraturas e
nharia, é o contraste de competência dos paco-
falhas) e com freqüentes contatos tectônicos
tes rochosos, seja por diferenças composicio-
entre as litologias. A porção da bacia do Paraná
nais ou de intensidade de fraturamento e defor-
é constituída por rochas sedimentares pertencen-
mação. Este contraste impõe variações bruscas
tes ao Grupo Tubarão, de idade cabonífera supe-
do comportamento geotécnico ao longo de
rior, representadas por arenitos. siltitos. argilitos
alguns poucos metros.
e diamictitos. em uma interdigitação típica de
As unidades geológicas foram separadas
depósitos glaciais. Intrudidos. neste pacote de
em Substrato Rochoso e Materiais de
sedimentos ou no contato embasamento/bacia,
Cobertura: a primeira engloba todas as rochas e
ocorrem extens(!s sills de diabásio. correlaciona~
a segunda. todos os materiais que recobrem o
dos ao Grupo São Bento, de idade mesozóica e
substrato rochoso, sejam eles residuais ou
com baixa heterogeneidade litológica Ocorrem
transportados. As figuras 2 e 3 apresentam as
ainda, capeando as diversas litologias da região,
características geológicas da área.

sz• oo'

~~ ÁREA DE ESTUDO

FIGURA I - Área de estudo

abordadas as classificações geotécnicas dos


4 A V ALIAÇÃO GEOTÉCNICA
solos da unidade, o grau de heterogeneidade de
A abordagem geotécnica da área seguiu as cada unidade, pedologia e as características de
orientações contidas nas propostas metodológi- drenagem do perfil, aspectos relacionados aos
cas de ZUQUETTE ( 1987) e FINLA YSON materiais de construção, à escavação. à topo-
( 1982), com modificações substanciais em fun- grafia, ao potencial como aqüífero, às feições
ção das características específicas da região. A erosivas e à disposição de rejeitas.
interpretação das informações geotécnicas foi O trabalho originalmente foi elaborado na
feita com base em um zoneamento de caráter escala 1:100.000 (DE MIO, 1992), quando fui
litogenético, com informações apresentadas na também executada uma classificação geomor-
forma de uma tabela referenciada ao mapa de fológica dos terrenos, com confecção de um
materiais de cobertura, onde são fornecidas mapa de sistemas de relevo e uma tabela das
características de interesse para a engenharia características geomorfológicas da área, a ser
das diversas unidades (Tab. la e lb). Nelas, são oportunamente publicada
H K L ll8 J4 _ .

-:;
I
:ti
1
t ,1 \
I
GNo.
I
}
JKSg GNq I
I
liZ )l< :ru; 318
300
""'
MAPA GEOLOGICO DE SUBSTRATO ROCHOSO

l=--~~-
JKSTUgl t- Intrusivos Básicos. com predominancio de dKlbásios
Arenitos. siftitos e domictitos. subord. orgilitos; horizontolizodos e em bolsoes 1rrequklres
E:SCALA GRN"lCA

:===;TU~2~1- Arqilitos e sittitos. subord. arenitos; horizontollzodos e em bolsoes irregulares


i===;CTC~;;')tf- Rochas catoclasticos dillf!f"SOS. c/ pOf'coés de gr-anitos e gnoisses
GRc 1- Rochas çronitoides YOrieqcdos. c/çrous YCriOYeis de catodose. e interc de qronito-gnísses
p=~Q~'l'2:Ê]J_ Quortzõtos e quartzo--gnoõsses
GNg f- Gnoisses com biotito e 1ntercolocoes de quortzitQS e quartzo-Jâstos A.:.-·bt-
J):::===jG~N~a~f- Qloisses com bjotito e nomblendo. e tntercolocoes de anfibolitos e <jooditos -=-- - ,......,... --&qla..j
--..._....:... eontotot Rtorógi.:oo
GRe J- Rochas groniticos equigronulores. com textura homoqene<J o nebuuttco - - - -fCIIhoa•~
I:[=~=~G~::J- Rochas graníticos porfiroides. com orientocl.5'o min«ol incipiente u r:
- Uigmotitos variados. com bolsoes micaceos e niveis gronito-gnoissicos iuliano De :W.o

FIGURA 2 - Mapa geológico de substrato rochoso.

5 CONCLUSÕES O intercruzamento de vários mapas (hidro-


grafia, geologia, sistemas de relevo, declivida-
As características geotécnicas dos terrenos de etc.) permitiu identificar correlações íntimas
devem ser avaliadas tanto na pequena como na entre geologia e geomorfologia, sugerindo que
grande escala Em função da disponibilidade de o aprofundamento desse tipo de investigação
dados, experiência da equipe executora e obje- poderá auxiliar a execução da cartografia geo-
tivo do trabalho, o resultado da cartografia geo- técnica, principalmente em regiões com carên-
técnica pode ser apresentado na forma de cias expressivas de dados.
mapas temáticos ou tabelas interpretativas. A
utilização destas tabelas permite condensar um
grande número de informações, tornando-as de
fácil entendimento.
U!iiOAOE PEDOLO(/IA E
GEmECNICA CLASSifiCAÇÕES GEOTÉCNICAS GRAU DE MATERIAL
CARACTERISTICA ESCAVAÇÕES SUPERFICIAIS
HE TEROCENEIDADE DE POTE~CIAL P/ ASPECTOS E fEICÕES ">Sf'ECTOS SOilRE
(UTOGENt TICA) DE DRENAGEM TOPOGRAFIA
uses HRB MCTt (estruturo QeoiÓgico)
00 PERFIL CONSTRUÇÃO CLASSE•• AQUIITRO EROSIVAS OISPOSICAO DE
Jsu stroto REJEITaS
M - Sedimentos
depositadO$ oporlir lotossolos Presenco de casco- Material de fdcl
vermelho- lholros 'no interface o!llcovocÕo, com proiun- Clono I. Em Relevo suovo o
de diferenlu O contato folud .. rodoviÓtlo1 • Relevo fo....oróvet
JKSg A-4(1) LG' amarelos o entre GNo o RTCo, dldode 'do substrato profundidades pouco ondulado. Inferior com os ferrov!Ófiol soo 11ta~
rochas fonte, em vermelho escuro rochoso multo variável. com declividades

... 'Substrato variável o N de ltopiro moíoru que formoGÕat do vtls em onquloa de Materiais de fócn
r--- ML.
o to
A-4(f), LA' e com topoqrofio
lrre~ulor
Quando subatrolo JKS<)
hÓ necnsidode do uso Jm podem
de 0-IOX, e pro-
dominância de
svbstroto ro-
cl'loso e um
80-70 ' oscovoq~o.

1.4ot~rm pruno poro de e-ploalvo'!, em luncáo o-s~ oqulfero liYfo Permeabifldode .te-
RTCe TU!/ do profundidacJo do ' Nos pOfycJe1 prÓ•lmo•
.o do
CL us· corÔmtca lr'fHmetho potencial 001 conto(os com
Perlís bem UCOir'O~.,O lntcrflulltO!II omplo8,
A· 6(5) Perfis fortemente (Pio 09. one.c.ol) (.!asse' 2 a 3 os unidades RETI e
TU2
SM'-SC
NA' lotenzodos
drenados
Nos substratos tUt. TU2
Densidade de dre- Em substrato RET2 oconem boco- !!!':118d~r:t:d:erot-
1-- e CNo o tronslsoo poro
noqem boíl(a, TUI e TU2
podem func1o-
roca• re:~trlta•.
A-7(7) rocha o/lerdo e qrodvol CTC • 7-15
nor como orcas FhHo de Õ9uo con-
NG' centrado resulto em rnoq/100.,.
GNa
::uf:e~~'1~ar:~o. ravínamentos.

B - "stli'J~ horizon- lotosso!o ro,o Onde topogtolio e Esca ...ocÕes superfkUJt!l


ML A-4(6) LG' tolizodos, lntrudidos e terra rollO espessuto do solo Classe 1 em Plotôt com relelr'O Aquifow do Toludu rodovidffo1
de ote'J-4 m sõo A. t•i•tinelo IH: euh-
em meio O'J unido- estruturado, folr'Of"eçam. pode ser superf(cie, suave. e decllvfda- fraturo onde o e ferrovidrlos está-
fdcelt. troto multo fraturado 00
REJk Ct A-4(8) NG'
des T\JI e TU2 e
nos contatas corn
com petf/1 bem
drenados
uhllzodo como pedra
britado (d1obdsio) Tronsiçoõ com substrato C1osse 3 em
des mais ele ...ados
nos bordos dos
pacote de. dto-
bdsio lar mais
vel•. sem ellidêncios
de rovinomcntos
oumento o potencial
poluldQf.
......
os rochas cnsto\1- rochoso se com o pre- profundidades corpos do diobdsio espesso conslderóvell, Perf~ homo9ênoo, •
na o maiores que
~e~Í~ro~:;atoc6es J--4 m.
facilidade de esc:ovoçll
CTC•9-10meq/100.,

Ml A - Racho ma~lso lilassofos e lAolofÕes em superticle


A-4(2) LC' podem ser utilizados em Presenco de molocÕes
muito fraturado. podzÔlicos orno- aasae 1 I Relelr'O ondulado Rovirtomentos Intensos Presença de moloecàt
SM contaria. em suPerffcie dificulta o forte ondulado.
REG r A-4(6) NS' r elos escavo~ões em bolro de estrados, oneram ot trabalho•
MotacÕes em meto OiÔmetro reduzido Classe J onde o dreooqtm
se Perfls mau Oeclilrldodes mó- do ueowçõo.
A-6(2) NG' ao soto superficol e Inadequado
drenados Necessitam ensaios da dlos o ollos.
coroctorizocÕo rochu'o CTC •6-7meq/l~

M - Cndt~"Ie5 Lotossolo YCf-


A-4(6) NS' Espe~suros tOnSid.,rdl(ets Rocha mu1to alterado,
ML melho escuro. Relevo suave Taludes pouco rovi- facilidade df ncovo-
lr'Ooodos com podzohco verme do material poro do fddl escolr'O~do. Closn I /
nodo1.
REGa ondulado, plo do moterlot
CL
A-4(7) NG'
•istosidode o
bond.)mtnto
.,.ertkoltt(J,Jo,
lho-omorelo
Pedts modero-
oi erro
Presénco Je mka pode
Interface com unidade
RTCe apresento eve11- Closs. 2 Oecllvidodu
dias o boii(OJ,
m•- Soto •uperflclal mal•
rulstente oo rovt.na-
sup ... tlelcl.
Preslnco do mot«iol
o-4(8) LG' domento drena dllkultÓr compactação. tua,, bolsÕn de casco- meoto. poro ott'fro • ,..cobri-
lho. Oen sídodo de mentQ
dus drena9em boi•o.
CTC•7-Hmoq/_l!)(lt
Ct lG' qtlljiS .. C'J lr'UIHJ- I uloso;olo ver- SWos norrrlolmel•lo ftou- Ocoaêncla de n!vets Relevo ondulado,
·- 4(2) Cloua I I Soprotlto • fÓ<:H
mclhu tt!r.uro, CIJ t!!>jlf!~,'IS, (.Orn C.O!i
mal!. c~tmpel8t•le• em com declllr'ldodes Otclilr'ldod., m«icUo1
d,,,. \.<•rn 'l'l'liiJtho'l podlofil.os o CQI!tu uo !ro"l•t:IIIÍ le, a • lnltnsomonte oro-
em melo o molerJof molotu que I SX.
REGq
"'
se
'A-1('1 HG
.<t!otO.,uJode e bon
domento verth.. oh-
IHos:.olo'!.
PedÍs moderado
olr'enlu•Ji'$ t.:oucenlroyões
C•plulúvcus
dt IÓcM est.O'O'Ofbo. Cla!,!>to J
mJdfo1 a altos
Pruen~o da crls-
dtdo quondo e.po1lo,
Problemot de tfOt4o
A-4(7) tio::.· 1odo~ to1 rntntos
mente o pouco CTC•I0-12maq/100.,
drenado•

TABELA h.- Caracterfsticas de interesse para a Engenharia das Unidades de Materiais de Cobertura
A-4(2) M - Rocha•
lotC'nolos W~r- Uonto do oUeroeoo Rotho multo oUwodo., Rei""' ondulado. Rovinomonto• t ...- . .............
NS' tspttao, podondo ..,.
~~~.e;~olt
Cl methat • podro c:Ot'l'\ nl.,..ls t voJoo modonxfot o lrtteneot ~-ndtl.
vonnlco• c:om !leoa. ulllzodo como moterlof Clono I
REGe
1.11.
A-4(8)
HG'
QfOUI vorlodoe do Sc>lot modtfodo de oterro ou recobrl-
(lt.lorhotOI do ptquono
ttpiUUt<t NOve em dlfeeoo - em ...tfodQ• mal
dronodoo. ~O«''ftclo do matr
•-S(5) eatocloH mento o bem mmto da ottrTot eonl- Wotttlol do foclat oo VI. rJQI pon1 r.oobrlmante
drenado• torloa. tJCQVOCQO. clol-

Cl HS' A - Rochas Podzollco• .,.,_ 0c0f"renclo de orc;~lo poro Rocllo mole com Rofovo ondulll<fo o Aqvlff'fo ltororo To4vd.. rodovfotio• Poulblldodo do
A-4(2) aosu 1/ forlemeoto roV'inodo.. contomlnoeoo de
ldt. sedimentares, mel'ho om01cf0t. c:CH"omlco e areia poro etcovobMidode media tuove ondulado. lnletcolooo•• ct.
RETI I A-4(4) NO' horlzontollzockl• construcoo cl1t'lt. OoiH 2 orenltot, tlltltoo em' eonlro•t• mor- oqull«o.
Ul-Ct Perfis modtfa- (ventuolt croata• tonto com o unidade 8ol.:o pormeobRJdo«fe.
RET2 com vorlotou lottfltlcos no contato corr Oecllvldodet medf.ga e or9Mitoa. podo
SC-MC domento R!Oo.
LG' 9rooulometrlcot R ICe. do S o 10 K cont« qqurt.r011
· - 4{7) drenado• CIC • 7-9 meq/100,
brusco e contidOfOVVIt..

Solot podzollcot Sol~ moderodomsnt.o


A - Zona Uolerlol de foofl GKOVO- Relevo ondulado o Rele110 ocl<Mnt.H..
•-4{4) Cotocloalk:o e lltoflcot çoo. CtotJO 1/ o pouro erodlye(a om
N()' CloaN l forte ondulado. cortn e leUos de
Ni'IGit de eepouurot Aeeuo cHfk;dJ.
RECl "'- vt~rít~dos. follocoo Perfil moderado - A tiCistoncfo do nlwls
lentlculores compoleot .. Oecllvidodea medioa
~~ttlrodot o re~oo•

A-4(8)
NS'
V4!rllcollzado e dlfe- monte o povco
renl., C)(ou• de drenados.
em melo oo tolo poct.
ltnplleot no u.o d9
maiores qoo t5Jl ~::1~
oU..-ocao o comlnul eKplostws.
CQO
- ----·- -- -·- - -- -
Plononolot e Potencial poro ••~orocoo Uotwlol do fod
M - Sedimento• Relevo plono noo
recente• em vorzeot
solo• qlel, 11\dlcon eM areia, com ultttnclo ncovacoo. Re~tou de voruo 1\qu•lerot J•vr•• ~~=~oteociQimMto
do nlvel d'o9u0 dt dlwrsos lowo1 em nas porcONI pwmllo o ocorrenckJ
com qronlllometrlo "rollllmo o topflf'- andamento. N!vtl d'o90o prow;lmo a
aos .. 1/ RC'IeYO ptono, eorn moil OfiiOOSOI.
ft oft4to• •oelYOe
vorlovel em funeoo flcle do teaeno. dWMdodoe < 2 'l tl9fllflcqlfYH.
JYpedic~ podo tornor pdnclpolmeol•
RTAI - do rocha fonte. ao,.• J Problema, do drenOf]l'l
~:~~~~~ o~" r~~Y!:.
0 necenorlo trabalhos do nq lxlH do
Terrocoe ofuviol• do flu•o• coo~trocfot • eru:hentn.
Profundidade do rebof•omenta. unldodfJ.
elevodow opre- ocorrenclo do• unkfodo1 do 09"0 podom
aubttroto roçhoso tttntom p..-n. coaeor motarkll
multo YOflo...ef. !UI • TU2. Profundidade do tobstroto Sodknentoe multo
lotouollcot rochoso multo W»rr4....t, pormeo••·
bem drlll"!adot. podendo ter n~enorlo
O USO d• e!rpiOII'I'Qe.
-- ·- ------ - -~-

A - Bondomento litouolo• e Porcon quorh:oaot molw Banco• de quorh:lto• soo Relew 1-tovmom.,lo• mod..-o · Rtltii'O oci<kntodo.
e clstoalddde podr:ollcot com olterodat soo eKplor'odos frequtw"lleJ, neceuHtondo ocldentodo. doe o Jnt.,aoe
verticolir:odos. perfis moderado• como tolbro poro de equipamento petodo quando e.cposto o Problomot H
PteMt1co conston ·
REQz - - - o pouco re9ulorizocoo 4e oo e.-.ploll\1'0 poro IIUO ao,-. ::J te de çrisi.ot lk tqprollto escodtlidoft.
Nucleos quorho101 drenado.~ ••trodot e ruot. movimentocoo.
Inalterados em quarh.lto
melo OQ sofo
maduro:
--- - - --'---- - ---- ---·

CARACTERISTICAS DE INTERESSE PARA A ENGENHARIA DAS UNIDADES DE MATERIAIS DE COBERTURA


' J.tCl - t.letodo eq>e<Jito com uso d• Ot'lelt de PVC(F'orles.1990) Ctonu de escovabAidode· Ctone I solo foclfmtnl• OtCO'I'O.,., com po.
CONVENCOES'
Aut.or GIUUANO os 1!10 Grau de heteroqeneldode : 9""80h(O, lrof•M'edlo. A-Alto.
- fnulstencla de ensaios ou msunclenclo de dodos ~ora ovollacoo. I ----·- ----
aosN 2
Clone 3
--- -
~
rocha brando, ti'CO'V'O...., com pleoreto.
roc:ha duro, neçuskfode de lkploll't'OI.
----·---

TABELA I b - características de interesse para a Engenharia das Unidades de Materiais de Cobertura


83

MAPA GEOLOGICO DE MATERIAIS SUPERFICIAIS

c:::!!!] s..r......- oiWois ...... o orqioooo ""' ~


~
c:::BE::ikJ
c:::::BfliJrutR-
Reoiduais elo diabaoÕos do
e1o umdode
un-
Sedim«rtos c.nazoii:os arqJlo OAftOSOS IIOI"'cMns. do topo
.-<Sg

~ -do...-TU2
~ R - de gronltcor das u n - GRP o GRE
~ Rnóduoõsdegn-deYftidodeGHo
~ -..,;sdegnolssesdc....-CNq
~ litaiduois ele granitos t:1ltoclosodos de unidade GRC
~ - . . , ; . de unidode do quartzitos QT1
~ - da - do roc:hcs cctadotltíccs .- Clt:t Autor:
~ - d e - de miqmatrtco - 1119 GiuliaDo De Wio

FIGURA 3 -Mapa geológico de materiais superficiais

6 REFERÊNCIAS BffiUOGRÁRCAS

ARN.OT, F.; GRANT, K. 1974, Land FINLA YSON, A.A. 1982. Terrain Analysis,
Classification· for Urban Growth. DAG, Classification and Engineering
Research Paper n. 230, CSIRO, · Geologícal Assessment of the Sydnei
Austrália. 4(2), p. 28-32. area, New South Wales, DAGTP n. 32,
DE MIO, G. 1992. Mapeamento Geotécnico da CSIRO, Austrália, v. 1 e 2.
Quadrícula de Mogi-Guaçu/SP. ZUQUETIE, L.V. 1987. Análise Critica da
Qissertação dé Mestrado. Departamento Cartografia Geotécnica e Proposta
de Geotecnia-EESCIUSP. 102 p. Metodológica para as Condições
Brasileiras. Tese de Doutorado. São
Carlos/SP, EESCIUSP, 3 vols .• 673 p.
Discussion

Comments ou tbe paper ofG. U. K. H. R. MoeHe aud J. A. Lewis "Fatigue crack growth in brittle sandstones".
/111. J. Rock Mech. MiA. Sei. d: Geomedz. Abstr. 29, 469-477 (1992).

Wbi1e reeopi:ziDg the import.ana of origimd ideas presented dolomitic 1imesbmes from tbe Irati F~ São Paulo,
by tbe authoa.. lhe writers woold like to raise questions about Brazil. Those results preseoted a coeflicicnt of variati.on of 0.1 O,
two poims. while the authors' data present vaiues nmging from 0.22 to
(1) The paper discusses auempts to identify evidence of 0.52. Fatigue stn:ngth is a fraction of the UIICOiliiDed stn:ngth
fatigue damqe on tb:ree <iifi'erent types of sandstones. baseei on that can be withstood repcatedly for a given number of cycles.
an experimeatal i1m:stiprion esmbiishing tbe craà: propa- One problem with fatigue tests is tbat tbey usually exlúbit a
gation rate (dr.l/dN) as a fimction of tbe stress inteDsity factor 1arge scatter m the number of cycles to· failme at each stress
range. llK. The authors state that they wm: able to maintain levei. It has been shown by Holmen [2} and Van Leeuwen and
a constant 'Vlllut for tbe maxinmm stress intensity factor, [(.,. Siemcs [3). both testing coucrete, tbat the scatter in log N can
tbrooghout tbe test. while tbe values for M( wm: clwlged be explaincd mainly from the scatter in unc:onfiDed compres-
comecutivdy by varying tbe mmimum stress intensity factor sive strength.
K.... Tbe writers wou1d like to know bow tbe autbors managed
to keep x:_ c:oastam daring eacb step of crack propagation, C. A. NÓBREGA
if the stress inte:nsity factcr is a mown function of the total GeoiDgy Departmenl
length of the mduced cract (mitial c:rack length pJus &:1 for
UNESP
Rio Claro
each step). It seems tbat only if &z is small compareci to the Brazü
i.nitial value a.. can [(.,. be considen:d constant during cract
growth. For the authors' tests, tbe ratio allltJ varied between 1.2 T. 8. CELESTINO
and 2.4. Geotedmia /Npartmenl
(2) The adon' observation tbat fatigue c:rack growth in the SdiDDI of ~ UniDersity of São Ptmlo
1ested ~ is CODSidera.bly more sensitive to varia.tions São Carlos
of llK valua thu in ductile metais is., in tbe writers' opinion, Brazil
rdated to tbe fact that wbcn [(.,. is close to K.: a marked
increase in growth me is observed. In this respect. tbe simple .4ccepted for publicatiolr 12 Septem«r /994.
power relatioo found, da/dN oc (AK), originally proposed by
Paris a.nd Erdogan [1] for metais, is only valid when R is close
to o md [(.,. is signfficamiy lower tban K.:. As recognized by REFERENCES
the authon. the actual K.: vaiue for a pa.rticuJar test specimen
was unknown prior to any test. L Paris P. aDd ErdogaD F. A critica1 ualysis of CDdc. propagation
1ows.. J. Basic Enpg. T112JU. .4SME. Ser. D 85. 528-534 {1963).
Contrary to the autbors' opimon, their testing procedure led 2. HoimeD J. O. Fatigue oC coacrete by CODSt.aDt and variable
to variation of resWt:s even higher than the usual s-N ap- amplitude loading. Bulletin No. 79-L. Division of CoDcn:te Struc-
proach. as sliown m their Table 2. In this respect. the writers tures. NTH. Troadbeim. Norway (1979).
have a similar expaiem:e m perfonning fatigue tests in un- 3. Van I...eeuwen J. and Sic:mes A. J. M. Mille(s nde with n:spect to
confined wmpu:ssion using the so-ca1led s-N approach on plain c:onaetc. HERON 14, (1979).
85

, A

ANALISE DO COMPORTAMENTO MECANICO


DE ROCHAS SUBMETIDAS A CARREGAMENTO
CÍCLICO - EXEMPLO DO CALCÁRIO IRATI

ANALYSIS OF MECHANICAL BEHA VIOR OF ROCKS SUBJECTED TO CYCUC


LOADING- EXAMPLE OF THE IRATI UMESTONE

Carlos de Almeida Nóbrega, M. Se.


Prof. UNESP, Rio Claro
Tarcísio Barreto Celestino, Ph. D.
Prof. EESC- USP e THEMAG Eng.

RESUMO
Uma investigação experimental foi realizada com calcário dolomítico da Formaç&o Irati e em uma
argamassa de cimento submetidos a carregamento cíclico em compressão uniaxial. Com os ensaios em
argamassa, pretendeu-se analisar tendências de resultados em um material mais uniforme, com menor
dispersão. O efeito da tensão máxima sobre o número de ciclos até a ruptura (vida na fadiga) foi investi-
gado. Verificou-se a existência de correlação entre a tensão máxima no ciclo e a variação da deforma-
ção axial entre os trechos ascendente e descendente da curva tensão-deformacão completa. A energia
dissipada no carregamento cíclico diminui bruscamente nos primeiros ciclos e rapidamente atinge um
valor mínimo constante, voltando a crescer novamente nos últimos ciclos que antecedem a ruptura. A
energia mínima dissipada correspondente a diferentes valores de tensão máxima no ciclo geralmente
decresce à medida que cresce o número de ciclos até a ruptura. Os efeitos da freqüência e amplitude
foram igualmente investigados. Os ensaios mostraram que o número de ciclos até a ruptura aumenta
proporcionalmente com o aumento da freqüência. Observou-se que quanto maior a amplitude, menor a
vida na fadiga. Contrariamente aos experimentos de Scholz e Koczynski ( 1979) e ao modelo proposto
por Costin e Holcomb (1981 ), verificou-se que os tempos até atingir-se a ruptura obtidos nos ensaios
cíclicos são em geral menores do que nos ensaios a carga constante.

ABSTRACT
An experimental investigation was undertaken on a dolomitic limestone from the f rati Formation
and 011 a cemellt mortar subjected to cyclic unconfined compression. Tests on cement mortar were
conducted in order to analyze trends of results for a more uniform material, decreasing test resuit
scatter. The effect of peak stress on fatigue life was investigated. A correlation was found between the
stress to which a specimen is subjected through failure during cyclic loading and the strain variation
between the ascending and descending branches ofthe complete stress-strain curve. Energy dissipation
during cyclic loading sharply decreases during the first few cycles and rapidly reaches a constant
minimum levei, which increases again in the last cycles prior to failure. Minimum dissipated energy
corresponding to specimens subjected to different values of peak stress generally decreases as the
number of cycles to failure increases. The effects of frequency and cycle amplitude were also
investigated. Tests have shown that the number of cycles to failure increases proportionally to the
increase in frequency. lt was found that the larger the cycle amplitude the shorter the life. Opposite to
experiments conducted by Scholz and Koczynski ( 1979) and to the model proposed by Costin and
Holcomb ( 1981 ), elapsed time to failure was found to be consistently shorter for cyclic tests than for
creep tests.

aplicadas não ultrapassam 50% da resistência má-


1. INTRODUÇÃO xima sob condições de carregamento crescente
Qual o interesse em investigar o compor- (monotônico). Trata-se do fenômeno de fadiga, ao
tamento de rochas submetidas a carregamen- qual rochas e maciços rochosos também estão su-
tos cíclicos? jeitos. Seu estudo sistemático portanto se reveste
Em diversas situações as rochas e maciços de grande importância prática. No entanto, mes-
rochosos podem estar sujeitos a tensões que so- mo a nível internacional, o conhecimento de que
frem variação periódica no tempo, o que se se dispõe acerca deste assunto é ainda escasso,
convencionou denominar de carregamento principalmente quando comparado ao volume sig-
cíclico. Em materiais artificiais, metais principal- nificativamente maior de pesquisas desenvolvidas
mente, foi amplamente demonstrado que a apli- sobre o comportamento c!e rochas e maciços sub-
cação de cargas repetidas, leva à ruptura prema- metidos a carregamento constante (fluência). No
tura desses ma!._~aÍ$, mesmo q~ndo as tensões Brasil, ao gue temos conhecimento. inexiste até o
presente, qualquer estudo experimental realizado cia é constituído essencialmente por rochas
com o intuito de se investigar o comportamento carbonáticas (calcários dolomíticos e dolomitos)
de rochas submetidas a carregamento cíclico en- interestratificados com folhelhos escuros.
volvendo fadiga. A base do Membro Assistência consiste de
Situações em 'iue interessa conhecer o com- uma camada de calcário dolomítico e dolomitos
portamento quanto à fadiga incluem: a estabilida- de aproximadamente 0,5m de espessura, intensa-
de a longo prazo de estruturas apoiadas em rocha mente silicificada. Logo acima desta, ocorre aro-
tais como barragens, plataformas offshore, má- cha objeto do presente estudo, explorada econo-
quinas que produzam vibração. taludes de minas micamente e atualmente empregada como corre-
a céu aberto, condutos forçados em maciços ro- tivo de solos. Esta segunda camada é denominada
chosos assim como aspectos relacionados a pro- localmente de "banco" e possui espessura que va-
cessos de cominuição, escavação, perfuração e ria de l ,5 a 4.0 metros. A lavra se processa a céu
desmonte em rocha. aberto em bancadas de 2 às vezes até 4 níveis.
Este assunto tem ainda despertado mteres- Petrograficamente, trata-se de dolomno cmza
se crescente nas áreas de Geologia Estrutural e acastanhado, às vezes cinza claro ou creme, apre-
Geofísica. Existem amplas evidências indicando sentando estratos de espessura sub-centimétrica a
uma relação entre a formação de fraturas natu- centimétrica, intercalados por lâminas milimétn-
rais Uuntas) e situações que envolvem algum cas de folhe!ho escuro, e menos freqüentemente,
tipo de carregamento cíclico. Bahat e Engelder por lâminas de sílex cinza escuro que dão às ro-
(!984), Hodson (1961), Bankwitz (1965) e chas aspecto rítmico. No campo os leitos são em
Pollard e Aydin ( 1988) descrevem estD;turas que sua maior parte tabulares, paralelos e aparente·
aparecem nas superfícies de juntas de rochas mente horizontais.
sedimentares, tais como: estruturas concoidais, As rochas apresentam predominantemente
estrias anelares, linhas de paragem ("arrest uma matriz dolomítica com traços de calcita (iden·
!ines") e estruturas em "plumas" indicativas de tificados por difratometria de raios-X, segundo
processos físicos envolvendo carregamento Hachiro, 1991) constituindo uma lama carbonática
cíclico. Rya.11 e Sammis (1978) interpretaram ban- dolomitizada de textura cripta a microcristalina. Os
das sub-horizontais presentes na superfície de níveis esC~!,![~ apresentam impregnação de maténa
juntas colunares em basaltos, como sendo o re- orgânica betuminosa que confere à rocha, quando
gistro da propagação progressiva e intermitente rompida, odor característico.
dessas mesmas juntas. Estabeleceram uma ana-
logia entre essas feições e as linhas de paragem 3. AMOSTRAGEM E PREPARAÇÃO
que se observam em ensaios de fadiga realiza-
dos com ligas de alumínio. Posteriormente De Os procedimentos adotados durante a
Graff e Aydin ( 1987) analisaram mais detalha- amostragem e preparação dos corpos de prova de
damente as observações anteriores e propuseram calcário para os ensaios visaram desde seu mí·
um modelo baseado em princípios da Mecânica cio diminuir a dispersão nos resultados. Com
da Fratura, tentando explicar o mecanismo de este objetivo, o material foi obtido a partir de
propagação das juntas colunares por ocasião do blocos coietados em um mesmo nível do "ban-
resfriamento da lava basáltica. co" de calcário em pedreira no município de
O presente trabalho descreve parte de uma Ipeúna, distante cerca de 20 km de Rio Claro, no
investigação experimental mais ampla com Estado de São Paulo.
calcário dolomítico da Formação Irati sob carre- Corpos de prova cilíndricos foram extraídos
gamento cíclico em compressão uniaxial (Nóbre- dos blocos utilizando-se sonda rotativa de banca-
ga, 1994). Esta pesquisa visou, entre outros obje- da exclusivamente na direção perpendicular à
tivos, esclarecer questões relacionadas à influên- estratificação. A esta operação seguiu~se o corte
cia da tensão máxima no ciclo, freqüência de car- e retificação dos corpos de prova visando a
regamento, amplitude do ciclo carga-descarga conformá-los às especificações prescritas pela In-
e energia dissipada no processo de ruptura. Inici- ternational Society for Rock Mechanics (ISRM),
almente foram realizados ensaios de fadiga onde Brown (1981 ). Os diâmetros variaram entre 5,20
os efeitos da tensão máxima sobre o número de a 5,45 em e a relação altura/diâmetro manteve-se
ciclos até se atingir a ruptura foram investigados. no intervalo de 2,0 a 2,5, atendendo também às
Posteriormente, foram realizados outros ensaios especificações anteriores. O material remanescen-
em que se manteve inalterada a carga máxima e a te dos blocos, bem como fragmentos provenien-
amplitude nos ciclos, variando-se a freqüência e tes das amostras pós-ruptura, foram aproveitados
conseqüentemente a velocidade de carregamento. na execução de ensaios de determinação de pro-
O efeito da amplitude dos ciclos carga-descarga priedades-índice.
foi igua.lmente investigado através de ensaios A realização de ensaios cíclicos requer o
cíclicos sobre corpos de prova de calcário e tam- emprego de amostras que apresentem pt:quena
bém utilizando-se amostras confeccionadas com dispersão nos valores de resistência.
argamassa de cimento e areia. Para que esta condição, difícil de ser obti-
da em amostras naturais, seja atingida, o desvio
2. ASPECTOS DE GEOLOGIA padrão dos valores de resistência de corpos de
E PETROGRAFIA DO CALCÁRIO prova pertencentes a uma mesma população, de-
verá ser o menor possíveL Em outras palavras,
O calcário estudado pertence ao Membro As- quanto maior a homogeneidade do material,
sistência da Formação Irati, que constitui a porção mais fácil se torna detectar eventuais tendências
basal do Grupo Passa Dois, de idade Permiana, da de comportamento, que possam ser mascaradas
bacia -sedimentar º-º P<!faná. O membro Assistên- ao utilizar-se um material natural menos homogê-
87

neo. Com vistas a analisar correl3mente os efeitos ainda valores de módulo de eblsticidade, coeficiente
da variabilidade da resistência nos ensaios de fadi- de Poisson e caracterizou-se o comportamento das
ga com calcário Irati e possibilitar comparação rochas no tocante à dilatância, entre outros aspec-
com resultados de ensaios em outras rochas, optou- tos. Na Tabela 2 encontram-se os valores médios re-
se pela utilização de um material artificial que pu- lativos aos parâmetros mecânicos principais.
'
desse representar adequadamente ..
as caractenstJcas Os ensaios mecânicos foram conduzidos em
de comportamento de uma rocha. fosse razoavel- flrensa rígida servo-controlada MTS-815 de 2700kN
mente homogêneo e apresentasse baixo custo de capacidade. Este equipamento dispõe de gerador
Para atender às especificações acima, uuli- de função que permite aplicar carregamento cíclico
zou-se uma argamassa de cimento e areia para a em amostras de rocha sob condições de controle de
moldagem de corpos de prova cilíndricos de 5,0 deslocamento, deformação ou força. Nos ensaios
em de diâmetro, adotando-se uma relação água- para a determinação da curva completa tensão-de-
cimento-areia constante (I :2:0,38). Os corpos de formação empregou-se controle de deformação ra-
prova de argamassa foram preparados em mol- dial a uma taxa de 0,6 J.1Z por segundo.
des cilíndricos de 5,0 em de diâmetro por I 0.0
em de altura, convencionalmente empregados
Tabela 1 - Propriedades-índice e velocidades
em ensaios de concreto. O critério que norteou
de propagação de ondas sônicas, Vp e Vs, em
a escolha do traço da argamassa utilizada foi,
amostras de calcário Irati ensaiadas.
principalmente, o de buscar uma adequada tra-
balhabilidade para a finalidade pretendida. Foi Unidade Média Desv
utilizado cimento CPE 32. A preparação consis- Padrão
tia na pesagem da água, cimento e areia, seguida !Massa específica
da mistura desses componentes em misturador ~eca (Pd) glcm' 2,15 0.06
mecânico. Em seguida, os moldes eram preen-
!Massa específica
chidos e colocados sobre mesa vibratória por glcm 3
~aturada (P.«•r) 2,35 0.04
tempo suficiente, cerca de 15 segundos, para que
se adensassem e se iniciasse o processo de rreor de umidade
exsudação da água. Não foram utilizados quais- de saturação (W.wr) % 9,06 !.53
quer aditivos à massa. !Massa específica
Após 24 horas, as amostras eram desforma- ~os grãos (Ps) g/cm-1 2,73 0.03
das e deixadas curar em câmara úmida por 28 !Porosidade (n} o/o 19,2 2.50
dias. Transcorrido o período de cura, as amostras !Velocidade sônica
eram submetidas, à semelhança dos corpos de ~e ondas de rnls 3.853 251
prova de calcário, a um acabamento que consistia ompressão (Vp)
no aplainamento de topo e base com o auxílio de
máquina retificadora com rebolo diamantizado, IVelocidade sônica
possibilitando desta forma atender às especifica- ~e ondas de m/s 2.315 131
~isalhamento (V,)
ções sugeridas pela ISRM (Brown, 1981) no que
se refere ao paralelismo, planaridade e ortogona-
lidade das faces dos corpos de prova em relação Tabela 2- Propriedades mecânicas das amos-
às geratrizes. tras de calcário Irati ensaiadas.
Média Desv. Padrão
4. PROGRAMAÇÃO DOS ENSAIOS
E EQUIPAMENTO UTILIZADO Resistência à compressão 75,44 7.35
uniaxial, aúu (MPa)
Em uma primeira etapa foram realizados en- Módulo de Elasticidade 27,12 4,68
saios visando à determinação de propriedades-índi- angente , E (GPa)
ce: massa específiCa, massa específica saturada, teor
de umidade de saturação, porosidade aparente e toeficiente de Poisson. v 0,21 0,04
também das velocidades de propagação de ondas de
ultra-som longitudinais (Vp) e de cisalhamento (Vs). Os ensaios cíclicos foram realizados com
Além de possibilitar a caracterização do material a controle de força adotando-se carregamento trian-
ser ensaiado, pretendia-se obter critérios que per- gular, freqüência de 0,25 Hz e amplitude constan-
mitissem selecionar lotes de amostras com carac- te. Estes ensaios visavam investigar a natureza do
terísticas homogêneas destinadas aos ensaios fenômeno da fadiga nos calcários lrati e consisti-
cíclicos. Este objetivo foi apenas parcialmente ram basicamente em submeter corpos de prova
atingido em virtude de acentuadas dispersões ob- representativos do material a tensões crescentes c
servadas nas tentativas de correlações entre pro- decrescentes alternadamente. O carregamento
priedades índice e valores de resistência à com- prosseguiu até atingir-se a ruptura do materi~l. re-
pressão. A seleção prévia das amostras possibili- gistrando-se o número de ciclos necessário (Nl
tou, no entanto, eliminar as que apresentaram va- para que esta ocorresse. As tensões durante um
lores de resistência muito afastados da média. A ciclo variaram do valor mínimo (a min) até o má-
Tabela I apresenta os valores determinados para ximo (a m:íx) voltando a decrescer em seguida a
as propriedades índice. uma velocidade de carregamento constante.
Ensaios de compressão uniaxial foram reali-
zados visando determinar valores médios de resis- 5. INFLUÊNCIA DA TENSÃO MÁXIMA
tência à compressão uniaxial, bem como obter cur- NO CICLO CARGA- DESCARGA
vas tensão-deformação completas (inclusive no tre-
c_!to pós-ruptura) típicas do calcário. Obtiveram-se Os resultados dos ensaios cíclicos são usu-
almeate apreseutados lançando em gráficos
sem.ilogaritmicos pontos correspondentes a cada .. l c...., de WlWrlor- calddoll:arl
corpo de prova ensaiado, tendo em abscissas o
.
...
#a4US'IIz

~~~---
logaritmo do número de ciclos até atingir a ruptu-
ra (N) e em ordenadas as tensões ( c:r mãx) corres- .
!. o
pondentes. A~ obtida é denominada curva de ..
E
>i
E
711- o
oo
Wõbler na literatura técnica especializada. O nú-
mero de ciclos que o material suporta até atingir :.
c
...
60-

50-
o o
.. G

a ruptura (N) ou, sua "vida", está associado ao de-


créscimo de resistência observada (Fig. l ). Está-
..
se diãnte de uma situação na qual a ruptura resul-
••
2
ta de uma redução da resistência inicial, ponto a l.DgN
na Figura 1 até igualar níveis de tensão aplicada.,
pontos b ou c, por exemplo, contrariamente ao Fig. 2 - Variação de O"mãx versus log N (curva
que ocorre num ensaio convencional em que a de Wõbler) para o calcário Irati.
ruptura se dá devido ao incremento monotônico
do nível de tensão . grau de fissuração, ou relativos aos ensaios (ampli-
Observa-se que o número de ciclos (N) será tude, freqüência, forma da onda) têm influência na
tanto menor quanto maior a relação cr máx la úh a curva de Wõhler e por conseqüência sobre o limite
que uma amostra do mesmo material estiver sub- de fadiga Portanto os resultados apresentados na Fi-
metida, ou seja, se <J mãx (b)l <J últ > <J máx (c) I <J úl~> gura 2 têm validade restrita a condições experimen-
N (b) < N (c). Para diversos materiais existe uma tais semelhantes às adotadas. O limite de fadiga en-
relação <J máx I <J últ limite (tensão limite de fadi- contrado situa-se ligeiramente abaixll do ponto de
ga) abaixo da qual não se verifica a ruptura para inflexão da curva tensão-deformação volumétrica
qualquer valor de N. (Fig. 3), que segundo Bieniawski (1967) correspon-
de à resistência a longo prazo.

6. EVOLUÇÃO DAS DEFORMAÇÕES


A determinação do limite de fadiga consti-
~.O a
tui apenas um dos aspectos a serem analisados no
comportamento das rochas quanto à fadiga. O
acompanhamento das deformações em função das
tensões aplicadas e em função do número de ci-
clos permite analisar sua evolução ao longo de
toda a duração do ensaio bem como no transcor-
rer de um único ciclo de carga e descarga.
Existe uma semelhança bastante grande na
forma como as rochas reagem a carregamentos
Fig. 1 - Curva de Wõhler e a redução da resis- cíclicos e a carga constante ("fluência"). Isto já
tência que acompanha a fadiga. foi mostrado em diversos trabalhos anteriores,
Attewell e Farmer ( 1973), Haimson e Kim
(1971 ), por exemplo. Na Figura 4 está indicada
Na Figura 2 estão os resultados obtidos para esquematicamente a curva deformação axial
o calcário Irati, utilizando-se uma freqüência de versus tempo (Ea x r) típica de um ensaio de carre-
carregamento de 0,25 Hz. Apesar da dispersão, gamento cíclico que culmina com a ruptura da
verifica-se significativa diminuição da tensão de amostra. Nesta podemos identificar 3 fases distin-
ruptura com o aumento do número de ciclos, in- tas. Na primeira fase de I dt é decrescente, na fase
dicativa de um acúmulo de dano progressivo. seguinte, as deformações crescem em uma razão
No que se refere à dispersão, já foi demons- constante para em seguida passarem a uma terceira
trado por Holmen ( 1979) e V an Leuven e Siemes
( 1979), ambos trabalhando com ensaios de fadiga
em concreto e Nishijima ( 1981) com metais, que
a dispersão nos valores de N para um determina-
do nível de tensão pode ser explicada pela disper-
80 - ~

70 ~
são nos valores de resistência à compressão
uniaxiaL Ensaios cíclicos de fadiga apresentados
.
...
60 ~
50 ~
adiante em corpos de prova de argamassa de ci-
:!. -
mento e areia sob condições experimentais idên- :.
c
40
30
-'

ticas às adotadas nos ensaios com o calcário, re- ... 20 '...,


--:.,
forçmn esta hipótese. 10
'
A tensão limite de fadiga encontrada para o o
calcário Irati situou-se em tomo de 65% da resis- 0.0 0.4 0.8 1.2 1.6 2.0
Def. volumétrica (mstr)
tência à compressão uniaxia! determinada nos en-
saios estáticos. Ensaios de carregamento cíclico à
compressão uniaxial realizados por diferentes pes- Fig. 3 - Curva c:r x ~ vo1 para o calcário Ira ti.
quisadores têm apresentado valores para o limite de
fadiga que variam entre 55% a 87% da resistência à
compressão uniaxial estática da rocha. Diversos pa- fase em que se verifica uma aceleração das defor-
râmetroS intrínsecos à rocha, tais como porosidade. mações em função do tempo.
89

Tensão {MPa)
BD -

. 40

.
:

Q
2.GO -

I
• 2.00 ·1.00 o.00 1,00 2.110
0.00-"---------------- Deformação volumétrica (milistnlins)
80 120 160 200
Tempo (s)
Fig. 6 - Curvas tensão-deformação volumé-
trica em ensaio cíclico.
Fig. 4 - Evolução das deformações axiais em
ensaio cíclico.
carregamento cíclico diz respeito à variação da
Este processo, a nível de m1croestrutura da deformação necessária para atingir a ruptura.
rocha, resulta da coalescência e propagação ins- A exemplo de estudos anteriores observou-
tável de fissuras. se que a deformação axial total acumulada entre
Em alguns ensaios. no transcorrer da pre- o primeiro e o último ciclo antes da rupnrra em
sente investigação, foram instalados extensôme- geral aumenta, à medida que decresce crmáx e este
tros para medida de deformações diametrais, tor- se aproxima da tensão limite de 'fadiga. Abaixo
nando possível monitorar-se a evolução dessas desta,. as deformações logo se estabilizam após a
deformações durante o carregamento cíclico à se- pnme1ra fase em que de /dt é crescente e não se
melhança do que se faz com as deformações atingem valores de deformação críticos que resul-
axiais. Os resultados indicaram que o acompanha- tem na ruptura da rocha. Uma vez que a ruptura
mento das deformações diametrais possibilita por fadiga no carregamento cíclico ocorre tão
maior precisão na detecção de mudanças de com- logo seja atingido um determinado valor crítico
portamento no que se refere ao acúmulo de dano da deformação, Haimson e Kim ( 1971) sugeriram
na amostra. Isto ocorre porque as deformações considerar-se a curva tensão-deformação axial
diametrais refletem a propagação de fissuras pre- completa, a envoltória limite para as deformações
dominantemente axiais responsáveis pelo aumen- ax1rus observadas entre o primeiro e o último ci-
to de volume (fenômeno da dilatância) que prece- clo que antecede a ruptura. A forma da curva com-
de a ruptura. A Figura 5 mostra a variação da rela- pleta poderia indicar intervalos de crmáx para os quais
ção entre deformações diametrais e axiais (Ed /~) uma rocha fosse mais susceptível à fadiga por carre-
ao longo de um ensaio de carregamento cíclico gamento cíclico. A Figura 7 apresenta a curva
que culminou com a rupt"1ra. A partir de determi-
nado instante, as deformações diametrais passam
a acumular-se a uma taxa sensivelmente superior
às correspondentes deformações axiais. Uma for-
.. -
Calcário lrati

ma alternativa de apresentar esta mesma situação • Eueio de compressáo unialtlal


( curn completa )
consiste na representação das curvas tensão-de-
formação volumétricas para os diversos ciclos de
carregamento e descarregamento sucessivos (Fig.
.. -
6). O volume da amostra cresce progressivamen-
te ao mesmo tempo que diminui o nível da tensão
que marca o início da dílatância, como já havia :;
.. -
sido observado anteriormente por Haimson ...
(1974) e Zoback e Byerlee (1975).
Outro aspecto que merece destaque no que 20-
se refere à evolução das deformações com o

..
;;:
..
0.80 '

0.60 - i
Variação ela ruio de!. diametral/ del. axial
_ em ensaio de com prusão uniu:ial cíclico em
Calcário lrati.
1 2 3
Deformação uial ( milia1raín )

Fig. 7 - Curva tensão-deformação axial sobre


~ 0.40 -;
õ a qual estão representadas as deformações ini-
..
E

j ,. ·I
I<Y....I·~--~-~"P!'r.
-·I I ciais ( •) e anteriores à ruptura (X) para en-
:; f :-r: .:r._ • ·:r
.' . '
.....
uo saios de carregamento cíclico realizados a di-
ferentes níveis de tensão máxima .
0.00

20 40 60 tensão-deformação axial completa para o calcário


Tempo (minutos)
Irati sobre a qual foram lançados para determina-
dos níveis de tensão, os valores das deformações
Fig. 5 - Variação da relação €<! /r.a em ftmção no primeiro ciclo e no último que antecede a rup-
do tempo. tura. Percebe-se uma correspondência razoável
principalmente com o trecho pós-ruptura da cur-
20:
va tensão-deformação. Trata-se de uma rocha que caJcárlo lrati
exibe comportamento do tipo classe ll, segundo -e l:
WawersikeBrace (1970). Neste caso há uma for- ::;ts~

~
te susceptibilidade à fadiga a níveis de tensão aci- .:; :
ma de 50 MPa, de .vez que o trecho pós-ruptura 10~
apresenta inclinação positiva Abaixo deste nível,
a inclinação da curva tensão-deformação axial em s-1
seu t:recho pós- ruptura se torna negativa e as de-
formações axiais necessárias para atingir-se a rup-
I
tura aumentam consideravelmente. 10 15 20 2S
N

7. DISSIPAÇÃO DE ENERG!A
NO CARREGAMENTO CICLICO Fig. 8 • Variação da energia dissipada ( Ud) ao
longo de ensaio cíclico.
Foram analisados diversos diagramas força-
deslocamento axial que resultaram de ensaios
cíclicos em calcário, com o intuito de investigar as 32000 -
transferências de energia envolvidas no processo
31000-
que conduz à ruptura nesse tipo de carregamento.
Nos ensaios de carregamento cíclico, verifi-
ca-se que uma parcela significativa da energia
mecânica aplicada pela prensa é dissipada mesmo
! :::~ j28000-
quando a tensão máxima aplicada no ciclo não 27000 -L'.:..__ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
ultrapassa o limite elástico da rocha Estudos an-
10 15 20 25
teriores, Peng et al. (1974) entre outros, mostra- N
30

ram que a área dos laços de histerese que resul-


tam de ciclos de carregamento e descarregamen-
to sucessivos, reflete a energia dissipada em Fig. 9 • Variação do módulo de elasticidade
tangente (E) ao longo de ensaio cíclico em
cada ciclo. O trabalho dispendido sobre uma
amostra de calcário Irati.
amostra de rocha por uma força externa é con-
vertido em uma parcela correspondente à ener-
gia de deformação elástica e em outra parcela de das aumenta, resultando por conseqüência no au-
energia dissip~da correspondente à área do laço mento da energia dissipada e na diminuição do
de histerese. E entretanto importante ressaltar módulo de elasticidade.
que embora parte desta energia dissipada seja Além do exame da variação de Ud em cada
efetivamente gasta na propagação de fissuras re- ensaio individualmente, foram analisados dois
sultando em dano e deformação permanente, conjuntos de resultados de ensaios. No primeiro
uma grande parcela é consumida durante o pro- grupo estão ensaios com calcário Irati. O segun-
cesso de carregamento e descarregamento para do incluiu ensaios realizados em corpos de prova
vencer o atrito interno associado à movimenta- preparados com uma argamassa de cimento e
ção relativa entre as paredes das fissuras, Akai areia Em cada conjunto de ensaios variou-se a ten-
et al. (1981). são média e manteve-se constante a amplitude. Este
O registro digital dos resultados dos ensaios procedimento possibilitou verificar a variação de
com o calcário Irati tornou possível, mediante a U d min. em função da tensão média (cr máx - cr min)/2
utilização de uma rotina de integração numérica, e do número de ciclos até a ruptura (N). Nas Fi-
calcular as áreas dos laços de histerese e conse- guras 10 e 11 são apresentados gráficos ud min.
qüentemente a energia específica dissipada ( Ud) versus a tensão média para amostras de argamas-
em cada ciclo. Nos ensaios realizados, verificou- sa e calêario respectivamente. Há nos dois casos
se que ud decresce logo nos primeiros ciclos, pas- uma clara tendência de aumento de Ud min. com o
sando a apresentar um valor praticamente cons- aumento da tensão média, como seria lícito espe-
tante nos ciclos seguintes (Ud min.), aumentando rar-se. As Figuras 12 e 13 mostram gráficos Ud min.
novamente apenas quando a ruptura se avizinha, versus log N para os ensaios em argamassa e
(Fig. 8). Paralelamente a essas observações rela- calcário respectivamente. A tendência observada
tivas ao comportamento da energia dissipada em ambos os materiais é de decréscimo da ener-
( Ud), observou-se um aumento do módulo de gia dissipada mínima (Ud rmn.) com o aumento do
elasticidade tangente (E) nos primeiros ciclos, se- número de ciclos até a ruptura (N) . Particular-
guido de uma ligeira diminuição do mesmo à me- mente no caso dos ensaios com argamassa, pode-
dida que os ciclos se acumulam. O gráfico da Fi- se verificar que ud min. tende assin-toticamente
gura 9 ilustra esta variação do módulo tangente para um valor em tomo de 1,0 kJ/m 3 aproximada:
(E) ao longo de um ensaio típico. mente. Levando-se em conta a dispersão invaria-
velmente presente nos resultados de ensaios de
Este aumento inicial da rigidez e o decrés-
fadiga, o valor acima provavelmente representa
cimo observado na energia dissipada nos primei-
ros ciclos estão associados provavelmente a uma um limite abaixo do qual a dissipação de energia
estabilização da estrutura da rocha devido ao fe- se deva quase exclusivamente à movimentação
chamento de fissuras e poros pré-existentes. En- das fraturas, não resultando em dano pernúiriente
tretanto quando se está próximo da ruptura, as capaz de levar à ruptura Em tennos quantitativos
microtJSSUr3S aumentam de tamanho, interagem., este resultado tem validade restrita às condições
o atrito entre as superfícies de fraturas neoforma- de carregamento, amplitude e freqüência adota-
91

das.. Qualitativamente contudo é provável que

·- este comportamento se repita independentemente


do material e das condições de ensaio. Faz-se ne-
cessária portanto a repetição desta análise com
outros materiais, para observar sua repetibilidade
e significância física.

...
I •
8. EFEITO DA FREQÜÊNCIA
Burdine (I963) realizou ensaios de compres-
são uniaxial e triaxial com arenito e não identifi-
20 25 30 3S cou qualquer mudança significativa nos resultados
TIHIHO •Hia (UPa}
quando introduziu variações nas freqüências de
carregamento na faixa entre 15 a 50Hz. Hardy e
F~g. 10 - Energia dissipada mínima versus ten- Chugh (1970) e Haimson e .Kim (1971) submete-
são média para ensaios cíclicos com argamas- ram amostras de rocha a carregamentos cíclicos
sa a amplitude constante. em que a freqüência variou em até 4 vezes não
detectando também qualquer influência significa-
tiva da mesma. Brighenti ( 1979) igualmente não
-20 l
C.ldriotnltl identificou qualquer mudança de comportamento
ao ensaiar arenitos no intervalo de freqüências de
~
a.•J1.7Da
.:; 11
0,01 a 0,1 Hz.
~ 1
.
.!!12-
=:i.. l
'
.. Os resultados de Attewell e Farmer ( 1973)
mostraram, entretanto, um cresci~ento do núme-
'-i ro de ciclos até a ruptura, com o aumento da fre-
._, ~ qüência, segundo a expressão:

o l log N =0,98 . logf + 3,01 ( I )


co
Teesieaédlll{lrPa}
50 60 onde N é o número de ciclos e f a freqüência.
Scholz e Koczynslci (1979) através de ensai-
os triaxiais em granito Westerly detectaram da
F~g. 11 - Energia específica dissipada mínima mesma forma stgnificativo aumentu do número
versus tensão média para ensaios cíclicos com de ciclos com o incremento da velocidade de car-
calcário lrati a amplitnde constante. regamento adotada A freqüência pode ser ob-
tida a partir da velocidade de carregamento, des-
de que a amplitude seja constante.
Com o objetivo de testar os efeitos da varia-
ção da freqüência sobre o comportamento do
calcário Irati, foram programados ensaios em di-
ferentes freqüências: 2.5 Hz, 0.,25 Hz, 0,025 Hz
e 0,0025 Hz. A tensão máxima no ciclo (O' m:ix)

ii,J/iij i
I o

i i/i}/}1
....
! i Jljjil/ j
..

j lltilif
--.
i
J.
j )iililj
assim como a amplitude, (G m:íx- G mm)/2, foram
mantidas constantes em 65 MPa e 28,5 MPa res-
pectivamente. Na Figura 14 estão representados
os resultados dos ensaios com o calcário Irati . As
10 100 1000 10000 100000
Figuras 15 e 16 mostram os resultados obtidos por
N Attewell e Farmer (1973) e Scbolz e Koczynski
(1979),...respectivamente. Fica evidenciado nos
F"Ig. 12 - Energia específica dissipada mínima três exemplos que amostras submetidas a uma
versas número de ciclos até a ruptura em ensaios freqüência maior resistem a um _maior número de
cídicos aJJD argamassa a amplitude C'ODSfante. ciclos. Entretanto, se ao invés do número de ci-
clos {N) for analisada a variação do tempo até
atingir-se a ruptura (tr) em função da freqüência
Celdrio tnlti
lf> (Figs. 17 , 18 e 19), verifica-se que tr aparen-
a. •StJ . . . temente não depende da freqüência, tendendo a
permanecer constante, exceto nos resultados de
.. Scholz e Koczynski (op. ciL) que mostram sig-
nificativa redução do tempo de ruptura com o
aumeng> da freqüência.
Ensaios de fadiga com marenal cerânnco,
Krohn e Hasselman (1972), também mostraram
que o tempo de ruptura tende a permanecer cons-
tante ou a decrescer ligeiramente com o aumento
10 100 1000
11 da freqüência. Pesquisadores que têm investiga-
do materiais cerâmicos submetidos a carregamen-
to cíclico atribuem o fato de o tempo de ruptura
F~g. 13 - Energia· específica dissipada mínima não variar significativamente com a freqüência, a
versus .número de ciclos até a mptw:a em en- atuação exclusiva do mecanismo da corrosão sob
saios cíclicos com calcário Irati a ampütnde tensão ("stress corrosion"), Evans e Fuller
constante. (!974), Evans (1980), Atkins e Mai (1988). A
a-.-
a••DJ>Da """
a., •a.sllh
...~
!UIIzl

.
100.0

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1
0.00 "IIWfl t i ttittij i I i J..tU

lO 100 1000 10000 100 1000 10000


N Tempo alá a IUptlml (Mg)

Fig. 18- Freqüência versus trem dolomito, seg.


F~g. 14 • Freqüência versus número de ciclos Attewell e Farmer (1973).
até a raptora em cakário Irati.

11111.!11 a"""•-4UMI'a
a • • tUliPa 0.1000 s +++
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100 1000 10000 100000 1000000


100 1000 10000 100000 Toaapo.Ua.,.plualc-t)
N

Fig. 1S - Freqüência versus número de ciclos Fig. 19 ·Freqüência versus tran granito, seg.
até a ruptnra em dolomito, seg. Attewell e Scholz e Koczynski (1919).
Farmer (1973).
da ação química do ambiente e que produz uma re-
dução da energia de ligação na região da extremi-
0.111011 3 dade (ápice) de uma fratura solicitada à~ pos-
+ + +
sibilitando desse modo a ruptura das ligações atô-
3
0.0100 -d micas a níveis de tensão mais reduzidos. Há certa-
=- ~ mente uma forte relação entre o ambiente e a in-

l =l + ++
a.u.noua
a. • J72.Slllh
a•• ~~rs--.
fluência da freqüência de carregamento, pois mes-
mo em materiais como o aço, tem-se verificado
que a velocidade de propagação de fraturas aumen-
0.111100
l
10
I i I iitii

100
I I

1000
ta quando a freqüência diminui. A interação do
material com o ambiente possibilita a ação do me-
14 canismo da corrosão sob tensão de forma mais
acentuada nas baixas freqüências porque o tempo
de exposição é maior nesses casos, havendo con-
FIG. 16 - Freqüência versus número de cicloS
seqüentemente--mais tempo disponível para as rea-
em granito seg. Scholz e Koczynski (1979).
ções químicas ocorrerem. Nas freqüências mais
elevadas passa-se o oposto. Apesar de desempe-
nhar importante papel nos processos que resultam
na ruptura por carregamento cíclico em rochas e
,_~ . .... outros materiais que exibem comportamento frá-
'u ettJ gil, a corrosão sob tensão não age isoladamente.
=-
1.110

. .. A (UIIIZ)
- Evidências experimentais relacionadas principal-
mente ao efeito da amplitude do ciclo, que serão

l ~~i 0.10
'!l ....... (a;,altca)

. 6A{ . . . . U:}
abordadas a seguir. sugerem não ser este o único
mecanismo responsável pela ruptura por fadip
nesses materiais.
000 I
""'I
I I
I 11.1111.1 I lliiill)

tO 100 1000 tDOOO 9. EFEITO DA AMPLITUDE


T-""•-IIIGII DO CICLO DE CARGA-DESCARGA
Fig. 17 - Freqüência versus tempo até a ruptu- A amplitude dos ciclos de carregamento e
ra (tr) em c::alcário Irati. descarregamento é reconhecidamente um fator
importante a afetar a velocidade de propagação de
fraturas em ensaios de fadiga com metais,
propagação- de frabmls por corrosão sob tensão é Davidson e Lankford (1992). No caso de rochas,
um processo subcrítico (quase estático) decorrente ::t influência da amplitude ainda é tema controver-
93

tido. zegistr.mdo-seaté'() presente pequeno núme- diminuição de amplitude.


ro de investigações experimentais que tenham Visando melhor esclarecer esta questão, fo-
abordado esta questão. Scholz e Koczynski ram moldados corpos de prova de argamassa de
( 1979) fizeram ensaios triaxiais em granito cimento e areia que foram ensaiados variando-se
Westcrly mantendo constante a tensão máxima no a amplitude, porém mantendo-se constante a ten-
ciclo (<Jmãx) e vari~ a tensão mínima em cada são máxima. Os resultados dos ensaios com ar-
ensaio de fonna que a uma diminuição na ampli- gamassa representados na Figura 2 I confirma-
tude (<Jmãx - Gmm.)/2 correspondesse um aumento ram as observações anteriores realizadas com o
na tensão média (CT máx + CT mm)/2. A condição li- calcário Irati, mostrando acréscimo sistemático
mite corresponde à de um ensaio de carga cons- nos tempos de ruptura à medida que diminui a
taate. quando então a amplitude é igual à zero e a amplitude dos ciclos. Contrariamente aos expe-
tensão máxima iguala-se à tensão média. Os re- rimentos já mencionados de Scholz e Koczynski
sultados, ao contrário do que inicialmente se po- ( 1979) e ao modelo proposto por Costin e
deria supor, indicaram um tempo até se atingir a Holcomb (i 981 ), o tempo até se atingir a ruptu-
ruptura (vida). menor para as amplitudes maiores ra é, na condição de fluência, sensivelmente su-
até um determinado valor, a partir do qual o tem- perior ao que se observa sob carregamento
po volta novamente a decrescer, de forma que na cíclico. Ao se analisar esta discrepância chama
condição de carga constante (fluência) o tempo até a atenção o reduzido número de experimentos
a ruptura é equivalente ao dos ensaios realizados utilizados na comprovação do modelo proposto
com amplitude máxima (Fig. 20). Costin e por Costin e Holcomb, sete no total, dos quais
HoJcomb (I 981 ), com base nos experimentos de apenas um correspondendo à condição de ampli-
Scholz e Koczynski (op. ciL) propuseram um mo- tude zero (fluência).
delo que pretende descrever a ruptura de rochas As implicações das observa~ões acima são
submetidas a carregamento cíclico por compres- extremamente importantes porque sugerem que
são. O modelo assume como premissas princi- os maciços rochosos, a exemplo do que ocorre
pais que o dano sofrido pela rocha durante cada
ciclo deve-se à propagação de microfissuras de
1.0-
tração e que a rocha se rompe quando o dano
acumulado atinge um nível crítico. A exemplo .
'i; 0.8 - • •
Ensaios ca. .,., .......
tpq..... pNCtGlaa}

e
do uabalho experimental no qual se baseou, as-
..
o
sume-se também que dois mecanismos, corrosão
sob tensão e fadiga. atuam de forma simultânea
...,.
c
0.6-

o• -
e independente. , ••
=
Singh ( 1989) realizou ensaios uniaxiais ~
<
0.2

cíclicos e detectou uma diminuição no número de 0.0


• •
ciclos (N) e. portanto, no tempo de ruptura ao di- 100 1000 10000 100000
Tempo oU a ruptura (aag)
minuir a amplitude, entretanto não apresenta en-
saios de fluência para que se possa estabelecer um
paralelo com os resultados anteriores. Fig. 21 - Efeito da varia-;ão de amplitude sobre
o tempo até a ruptura (tr) no calcário Irati.

u~ com alguns tipos de materiais cerâmicos, apresen-


• • • a.,.. •nt•• tam menor resistência a longo prazo quando sub-
~ u-
1 metidos a tensões cíclicas do que sob cargas está-
ticas. Extrapolações da resistência a longo prazo
i u-

.
i!
-;
u....;
~
feitas exclusivamente com base em resultados de
ensaios de fluência poderão estar superestimando
i.E o.z...,I
o tempo até a ruptura em situações que envolvam
<

tensões que
variam ciclicarnente.
u
111000 10011000
10. CONCLUSÕES
i !!)Verificou-se que os calcários da Formação Irati
F".g. 20 - Efeito da variação da amplitude so- são susceptíveis à fadiga por carregamento
bre o tempo até a ruptura (tr) em granito, seg. cíclico em compressão uniaxial. Apesar da dis-
resultados de Scholz e Koczynski (1979). persão observada nos resultados, os ensaios
possibilitaram a obtenção de curva de Wõhler
para os calcários. que mostra clara tendência de
Akai e Ohnishi (1983), entretanto, afirmam diminuição da tensão necessária para atingir-se
que amostras de tufo vulcânico submetidas a car- a ruptura com o aumento do número de ciclos. O
regamento cíclico levam mais tempo para romper limite de fadiga situa-se ao redor de 63% da
do que amostras semelhantes submetidas a carga tensão de ruptura média obtida em ensaios está-
constante ("fluência"). ticos (carregamento crescente monotônico).
Ensaios semelhantes aos de Scholz e 2l.!)A existência de um valor limiar mínimo (limite
Koczynski, realizados no âmbito da presente pes- de fadiga) abaixo do que não ocorre ruptura por
quisa com calcário Irati. apresentaram elevada carregamento cíclico está aparentemente associ-
dispersão no tocante aos tempos até se atingir a ado ao fenômeno dadilatância que se observa nos
ruptura, entretanto também indicaram uma ten- ensaios de compressão uniaxial convencionais
dência de acréscimo dos tem_pos de ru_Qtura com a em que as <!eformações l~terais são monitoradas.
~. o limite de fadiga observado mos- REFERÊNCIAS BffiUOGRÁFICAS
~ iDfet"ior aos -níveis de tensão em que se
obsemtliinYei'Sãode tendência da curva tensfur AKAI, K. ; OHNISHI, Y. E Y ASHIMA, H.
deformação volumétrica Este aspecto precisa Strain-softening behavíor of soft sedimenta-
ser analisado com muito cuidado, uma vez que ry rock under repeateded and creep loading.
tem sido prática ~nte,'considerar aquela ten- In: Int. Symp. Weak Rock, Tokyo, v. I, p.
sãocomoaresistênciaalongoprazo ("long term 81-86, 1981.
strength'J, Bieniawski, 1967. AK.AI, K. e OHNISHI, Y. Strength and
3Jl}éonfirmara:m-se as observações de outros auto- deformation characteristics of soft sedimen-
resdequeaevoiução das deformações axiais em tary rock under repeated and creep loading.
função do número de ciclos é análoga à que se In: Int. Symp. Rock Mech., 5, ISRM, p.
observa em ensaios realizados a carga constan- 121-124, 1983.
te ("fluência"). ~ ATKINS, A. G. E MAl, Y. W. Elastic and
plastic fracture: metais, polymers,
4-l!)Nos ensaios cíclicos, verificou-se um aumento
ceramics, composites, biological materi-
do módulo de elasticidade tangente após o pri-
ais. Ellis Horwood Ltd., 1988.
meiro ciclo, que passa a decrescer logo em
ATIEWELL, P. B. e FARMER, J. W. Fatigue
seguida, diminuindo mais acentuadamente quan-
behavior of rock. Int. J. Rock Mecb. Min.
do a ruptura é iminente.
Sei. v. 10, n2 I, p. 1-9, 1973.
~)De forma semelhante ao que ocorre com o
BAHAT, D. e ENGELDER, T. Surface
módulo de elasticidade tangente, a energia espe-
morphology ou cross-fold joints of the
cífica dissipada (U) proporcional à área dos
Appalachian Plateau. New York and
laços de histerese, diminui após os primeiros
Pennsylvannia. Tectonophysi<:S, v. 104, p.
ciclos, atingindo valores constantes para au-
299-313, 1984.
mentar somente quando a ruptura se avizinha.
BANKWITZ, P. Uber Klufte L Beobachtungen
&!)Ao analisar em conjunto ensaios cíclicos realiza-
inThuringischen Schiefergebirge. Geologie,
dos comamesmaamplitude, porém com diferen-
v. 14, p. 241-253, 1965.
tes tensões médias, verificou-se que a energia
BIENIA WSKI, Z. T. Mechanism of brittle
dissipada mínima (U-.) correspondente a cada
fracture of rock, Part I - Theory of the
ensaio individual, aumenta significativamente
fracture process, Part II - Experimental
com a tensão média, porém diminui com o au-
studies, Part III - Fracture in tension and
mento do número de ciclos até se atingir a ruptu-
under long-term loading. Int. J. Rock Mech.
ra. tendendo assintoticamente para valores cons-
Min. Sei. v. 4, p. 395-430, 1967.
tantes. Este comportamento indica que apenas
BRIGHENTI, G. Mechanical behavior of rocks
parte da energia dissipada é efetivamente
under fatigue. In: Int. Symp. Rock Mech.,
consumida na propagação de fraturas responsá-
4, ISRM,p.65-70, 1979.
veis pela produção de deformações permanentes.
BROWN, E. T. Rock Characterization, Testing
7ll)Há uma estreita relação entre a curva tensão-
and Monitoring. ISRM suggested
deformação completa e as deformações totais
methods. Pergamon Press, 21 I p., 1981.
acumuladas durante o carregamento cíclico. A
BURDINE, N. T. Rock failure under dynamic
curva tensão-deformação axial completa repre-
loading conditions. Soe. Pet. Eng., v. 3, p.
senta a envoltória limite que define a deforma-
1-24, 1963.
ção total máxima antes de se atingir a ruptura
COSTIN, L. S. e HOLCOMB, D. J. Time
num ensaio cíclico realizado a um determinado
dependent failure of rock under cyclic
nível de tensão. Esta observação tem particular
loading. Tectonophysics, v. 79, p. 279-296,
interesse em se tratando de rochas que exibem
1981.
comportamento do tipo classe II como é o caso
DA VIDSON, D. L. e LANKFORD, J. Fatigue
do calcário lrati.
crack growth in metais and alloys:
8ll)Os resultados indicaram haver uma proporção
mechanisms and micromechanics. Int. Mat.
direta entre a freqüência e número de ciclos (N)
Reviews, v. 37, n2 2. p. 45-76, 1992.
até se atingir a ruptura. Entretanto, ao analisar-se
DE GRAFF, J. M. e A YDIN, A Surface morphology
a variação do tempo de ruptura ( t ) em função da
freqüência, verifica-se que esd não aumenta of columnar joints and its significance to
com a freqüência, tendendo a permanecer cons- mechanics and direction of joint growth. Geol.
tante ou a decrescer ligeiramente. Soe. Am. Buli., v. 99, p. 605-617, 1987.
9l!)No que se refere ao efeito da amplitude, os EV ANS, A. G. Fatigue in cerarnics. Int. J. Frac ..
resultados apontaram diminuição do tempo ne- v. 16, n2 6, 485-498, 1980.
cessário para atingir a ruptura (vida) à medida EVANS, A. G. e FÜLLER, E. R. Crack
que se promove o aumento da amplitude. Con- propagation in ceramic materiais under
trariamente aos poucos resultados relatados na cyclic loading conditions. Metal!. Trans.,.v.
literntura, o tempo até se atingir a ruptura mos- 5, p. 27-38, 1974.
trou-se, na condição de fluência, superior ao que HACHIRO, J. Litotipos, Associações Facioló-
se observa sob carregamento cíclico. Extrapola- gicas e Sistemas deposicionais da Forma-
ções da resistência a longo prazo de maciços ção Irati no Estado de São Paulo. Disser-
rochosos feitas exclusivamente com base em tação de Mestrndo, Instituto de Geociências
resultados de ensaios de fluência poderão estar da USP, inédito, 175 p, 1991.
superestimandootempoaté a ruptura em situações HAIMSON, B. C. Mechanical behavior of rocks
que envolvam tensões que variam ciclicamente. under cyclic loading. In: Congress. ISRM,
_l,_Qs:nver, v. 2~ 373-378, 1974.
95

HAIMSON, B. C. e KIM. C. M. Mechanical NÓBREGA. C. A. Comportamento Mecânico


behavior of rock under cyclic fatigue. In: de um calcário dolomítico e de argamas-
Symposiom on Rock Mechanics. 13. sa submetidos a carregamento cíclico em
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Mech .. n.!.! 3. v 3. p. 61-85. 1970
MAPEAMENTO GEOTÉCNICO REGIONAL NA ESCALA
I: 100.000- CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS

Osní José PEJON


Lázaro Valentin ZUQUE'ITE

RESUMO

Apresentam-se neste trabalho algumas considerações metodológicas quanto à definição


e forma de obtenção dos atributos em mapeamentos geotécnicos regionais, principalmente na
escala l: l 00.000. Observa-se que, para mapeamentos nesta escala. os atributos fundamentais
devem ser obtidos por matrizes que permitam analisar o inter-relacionamento entre os atribu-
tos. Com esta análise. verificou-se que os atributos naturais relacionados ao campo de conhe-
cimento da Geologia são os que apresentam relação com a maior parte dos demais atributos
mapeados. São ainda analisadas neste artigo as formas de apresentação gráfica dos resulta-
dos. concluindo-se que as cartas de zoneamento geotécnico geral e específico são mecanis-
mos muito eficientes para representar as informações e interpretações obtidas no mapeamen-
to geotécnico.

ABSTRACf

Methodological considerations are presented on the choice, obtention and graphic


representation of attributes in engineering geological mapping. especially at the l: l 00.000
scale. In this scale the selection of attributes should be done by matrices permitting the
analysis of relationships among attributes. Such an analysis showed that there are strong
relations among the geologic attributes and other lánds considered. Specific and general
engineering geological zoning maps are efficient mechanisms for graphic representations of
the attributes and for interpretation.

l INTRODUÇÃO
nejamento de áreas metropolitanas, enquanto a
metodologia da IAEG-UNESCO (1976) classi-
O mapeamento geotécnico em escala fica os documentos nesta escala como destina-
regional é um importante instrumento de dos ao planejamento regional. A metodologia
obtenção e apresentação das informações do australiana (GRANT, 1970) considera a escala
meio físico visando principalmente ao uso 1:100.000 como limite para utilização das clas-
ses de padrão de terreno. Na Espanha, os
racional do terreno e ao planejamento ambien-
mapas geotécnicos nesta escala são elaborados
tal. Desta forma, as questões metodológicas de
conjuntamente com os mapas geotécnicos
elaboração desses mapas revestem-se de gran-
gerais (escala l :200.000), para analisar e mos-
de importância trar alguns dos aspectos relevantes do meio ou
Neste trabalho discutem-se alguns aspec-
situações de risco a nível regional, como por
tos metodológicos dos mapeamentos geotécni-
exemplo a erosão ou a estabilidade de taludes
cos regionais e principalmente sobre aqueles (FARIAS et al., 1984).
realizados na escala l: 100.000. por cons~derar­ No Brasil, em proposta metodológica de
se que os mapas executados nesta escala são mapeamento geotécnico para as condições bra-
adequados aos estudos do meio físico visando sileiras, ZUQUETfE ( 1987) também coloca os
ao planejamento regional. Apresenta-se neste mapas em escala 1:100.000 como documentos
trabalho uma metodologia para defmição dos com finalidades regionais. representando a
atributos que devem ser utilizados no mapea- transição para os mapas gerais.
mento e também no modo de organizar as Outra constatação feita com a análise dos
informações em mapas e cartas, básicas e inter- diversos trabalhos consultados é que os mapas
e cartas produzidos na escala 1: 100.000 são
pretativas.
importantes. muito utilizados e confeccionados
na maioria dos países que usam os processos de
mapeamento geotécnico para a caracterização
2 IMPORTÂNCIA DO MAPEAMENTO
do meio físico. Mas, pelo fato de a escala em
GEOTÉCNICO REGIONAL NA
que são elaborados representar uma transição,
ESCALA 1:100.000
onde se tem a alteração do nível de informa-
Analisando-se algumas metodologias já ções, dos atributos a analisar e das finalidades a
consagradas e conhecidas mundialmente, nota- que se destinam os documentos, ocorre uma
se que os trabalhos de mapeamento geotécnico grande dificuldade na definição das informa-
ções que devem constar nessas cartas ou
na escala 1:100.000 representam quase sempre
mapas. como devem ser obtidas e apresentadas.
uma lnm:Sição entre escalas grandes e peque-
Considerando a metodologia de ZUQUET-
nas. Segundo a metodologia da escola francesa,
TE (1987). fica patente este tipo de situação,
sintetizada por SANEJOUAND 0972). ostra-
uma vez que o autor classifica como regionais
balhos na escala 1: 100.000 ~tinam-se ao pla-
os cl9cumentos ~cos ~uz!dos em escalas
97

entre 1:25.006 e 1:100.000. Logo, o nível de NES. 1974). uma classificação deve basear-se
informações, os atributos analisados e a forma tanto nas propriedades naturais dos materiais,
de apresentação, por exemplo, não devem ser quanto nos propósitos ou fmalidades a que se
iguais para as cartas e mapas em uma e noutra destina. Em mapeamentos geotécnicos na esca-
escala. Este fato. ocorre com a maioria das la 1: I 00.000. deve-se priorizar a obtenção de
metodologias.analisadas. Assim. busca-se neste informações sobre propriedades e atributos dos
trabalho definir os atributos fundamentais. materiais que reflitam sua natureza, permitindo
como obtê-los e como apresentar as informa- assim sua classificação.
ções em mapeamentos na escala I: l 00.000. Os atributos fundamentais. relacionados no
item anterior, devem ser considerados em todos
3 DEFINIÇÃO DOS ATRIBUTOS os trabalhos de mapeamento geotécnico, qual-
A detmição dos atributos a serem utiliza- quer que seja a escala. devido a sua importância
dos está relacionada à finalidade e à escala do na identificação das unidades naturais e por sua
trabalho. Da escolha dos atributos corretos relação com os demais atributos. Desta manei-
depende em grande parte a eficiência e a quali- ra. um mapa geotécnico com fmalidades regio-
dade do mapeamento. ZUQUETTE (1987) afir- nais teria uma divisão em unidades naturais,
ma que o problema crucial na realização dos baseadas nos atributos fundamentais. As cartas
trabalhos de mapeamento geotécnico consiste de finalidades específicas apresentariam tam-
em definir, isolar e identificar os atributos bém os atributos fundamentais, acrescidos
necessários para o correto estabelecimento das da análise de atributos específicos, podendo
unidades componentes dos documentos. resultar tanto na subdivisão quanto no agrupa-
ZUQUE1TE ( 1991) estabeleceu, dentro de mento das unidades em função do propósito da
alguns campos do conhecimento, os atributos carta e da complexidade da região. No caso de
associados ao planejamento (Tab. 1). Dentre mapeamentos geotécnicos na escala 1: 100.000,
estes, selecionaram-se aqueles considerados torna-se mais evidente a necessidade de carac-
importantes dentro dos estudos do meio físico terização das unidades por meio de atributos
realizados nos mapeamentos geotécnicos, como que reflitam a natureza dos materiais envolvi-
indicado na tabela 1 (números de 1 a 49). dos. tais como: gênese, textura, composição
Quando se trata de um trabalho em escala mineralógica, litologia, formas de terreno
regional, para uso geral, a definição dos atribu- (landforms ). etc. Na obtenção dessas informa-
tos a serem mapeados deve considerar o seu ções deve-se buscar a utilização de métodos
inter-relacionamento com os demais atributos. alternativos, sempre que os tradicionais resulta-
Para esta análise, o método das matrizes (V AR- rem em tempo muito longo e/ou custo elevado.
NES, 1974) pode ser muito útil. Assim. mon-
tou-se uma matriz atributo versus atributo (Fig. 5 APRESENTAÇÃO DAS INFORMAÇÕES
1), com os 49 atributos selecionados na tabela l. A apresentação das infoonações é um dos
Analisando-se esta matriz, verifica-se pontos do mapeamento geotécníco de maior
que, dentre os 49 atributos. tem-se 14 que importância. pois é por intermédio dos docu-
apresentam relação com mais de 50% dos mentos gráficos e memoriais descritivos que se
demais. Depreende-se desta análise a impor- faz a comunicação dos técnicos que elaboraram
tância da consideração desses atributos quan- o trabalho com os usuários finais. De uma ade-
do da realização do mapeamento geotécnico. quada aprc!)entação dos resultados podem
Assim sendo. percebe-se que os atributos tipo depender a aceitação e aproveitamento das
litológico e tipo rochoso são os que apresen- informações fornecidas.
tam maior relacionamento com os demais, A maneira de apresentação, embora con-
seguidos pela textura e origem dos materiais sideratl<• um estádio final do processo de
inconsolidados, todos pertencentes ao campo mapcam~..·nlo. está diretamente relacionada

do conhecimento da geologia. No campo da com o procedimento que se deve adotar no


geomorfologia. os landforms são os mais transcorrer do trabalho. Portanto, deve ser
importantes, enquanto que. no campo de definida. desde o início dos estudos. a
conhecimento das águas. tem-se os atributos seqüência (fluxograma) de obtenção e mani-
pulação das informações, bem como os docu-
escoamento superficial e infiltração como de
mentos que serão produzidos em cada etapa.
grande relevância.
Considerando-se a proposta metodológica
Portanto, em um mapeamento geotécnico de ZUQUETTE ( 1987) e a de MA TULA
em escala regional, esses atributos necessaria- (1979), propõe-se uma orientação seqüencial
mente de.vem ser levantados e analisados, pois de obtenção e apresentação das informações
o seu estudo pode propiciar conhecimentos para mapeamentos geotécnicos em escal:t
mais adequados sobre os componentes do meio regional, como mostrado na figura 2.
físico. Os componentes e processos do meio físi-
Nos mapeamentos geotécnicos com finali- co devem ser analisados em função de seus
dades específicas podem ser montadas outras atributos naturais e fundamentais, os quais
matrizes. do tipo atributo versus tipo de ocupa- foram definidos no item 3. em função de sua
ção, para definição dos atributos fundamentais importância e inter-relacionamento.
a serem analisados. A etapa de elaboração dos mapas das con-
dições geológico-geotécnicas consiste em uma
4 OBTENÇÃO DAS INFORMAÇÕES fase analítica. onde o produto gráfico é uma
série de mapas básicos representando as carac-
Se!!undo SEARLES. 1956 laoud V AR- r~ri<:ti~a<: naTIIrai<; rlo m~io fí<:i~o F<:tP<: nlll'll-
TABELA I -Infonmções:fundamentais para opbmejamentc
(apud ZUQUETI"E. 1991)
Campos«
conbecimento
Tipo/Aspecto
I Grupos de Atributos I Atributos

Águas superliciais i * l - escoamento


I *2 • infiltração

3 - áreas de acúmulo de águas


4 - características físico-
químicas livres
II
5 - aqüíferos {confmados
6 - áreas de recarga
subterrâneas 7- profundidade/espessuras
-poços
I
- senilidade I
i I
I 8 - características ffsico-
i
químicas
I
Geommfok>gia morfometria 9 - altitudes
I lO -declividade e sentido
I { encosta bacia
morfografia I unidades básicas
I * 11 - landforms de inundação
* 12 - formas de encostas
* 13 - comprimentos das encostas
I oulandforms '
Geologia substrato rochoso I materiais * 14 - tipo rochoso
* 15 - litologia !
16- mineralogia
17 - densidade !
18 - resistência i
19 - permeabilidade
20 - estruturas
21 - distribuição
22 - profundidade I

I : *23 - grau de intemperismo


*24- alterabilidade I
I
I
25 - potencial para material de
construção
i processos
I
26- erosão
! 27 - deposição
I 28 - sismicidade
l I 29 - subsidência
materiais : gerais 1 *30 - origem. textura.
inconsolidados I 1 *31 - distribuição
I I 32 - permeabilidade
I 33 - índice de vazios
i
I
34 - mineralogia
35-erodibilidade
'
36 - fertilidade
I
I 37- potencial de corrosividade
específicos 38 - expansibilidade
i *39- variação em profundidade
II
40 - caracteósticas químicas
(pH....)
i 41 - capacidade campo e mur-
chamento
*42- processos de intemperis-
I mo e pedológicos
I
I 43 -resistência/suporte
I
I 44 - massas específicas dos
I
i '
sólidos e aparente seca
i
45 - potencial para aterros (cont. >I
i í
~---~
99

{amt..)
Biológicos cadeia alimentar aquáticos - intealepeDdência entre

habitat
I vários organismos
- salinidade.. temperatura.
profundidade
- tipo, B:O.D.. C.O.D.
- Sedimentos
I
animais terrestres I -~ I
II I
-mventáno
-anomalias :
vegetaÇão úpo - distribuição e tendências
I - valor econômico ou pre-
servacionista
' !
Clima *46 - pluviosidade
i 47 - temperatura
- umidade relativa
II -ventos
I
I
I -insolação

1
I 48-~vapo~
49 - mtenstdades pluviométncas I
Culturais sociais - população. saúde
I educacionais -escolas
econômicos - uso do solo. indústrias
'
1.2.3-- - Atributos que devem ser objeto de estudo dos mapeamentos geotécnicos.
* Atributos que apresentam relação com mais que 50% dos demais.

J.DeDtos podem ser correlacionados às cartas de ção às condições naturais. sem se prender à
fatores da metodologia francesa (SANE- solução de um problema específico.
JOUAND, 1972), ou aos mapas analíticos da As cartas de zoneamento geotécnico especí-
classificação da IAEG-UNESCO (1976), ou fico são obtidas por meio da combinação de atri-
seja. documentos gráficos como: mapa do butos visando a um uso específico, como, por
substrato rochoso, de materiais inconsolidados, exemplo, a obtenção de material para constru-
de ltmdforms, de processos geodinâmicos e ção, produção de cartas de risco. de irrigação,
carta de declividade, representando, portanto, para disposição de rejeitos, entre outras.
componentes individuais do meio físico, sua Segundo o esquema proposto na figura 2. pode-
variação e distribuição. se ainda elaborar um último conjunto de cartas,
Na etapa seguinte, por meio da análise da chamadas de cartas de previsão ou prognósticos.
distribuição espacial e inter-relação entre os nas quais podem ser analisadas as respostas do
componentes, são obtidas as cartas de zonea- meio riSico frente às modificações processadas,
mento geotécnico geral e específico. Segundo tanto a nível dos componentes individuais do
MATULA (1979), uma unidade de zoneamento meio físico. quanto às unidades de zoneamento.
consiste em um modelo espacial tridimensio- Estas cartas podem ser muito úteis quando se
nal. baseado em uma certa homogeneidade das pretende usar o mapeamento geotécnico no pla-
condições geotécnicas. GWINNER, 1956 nejamento, pois permitem considerar as prová-
(apud PETER. 1966) já utilizava o conceito de veis mudanças provocadas pelos diversos tipos
zona como uma unidade geotécnica de compor- de ocupação. Para a sua elaboração deve-se con-
tamento homogêneo, independente da variação
tar com uma equipe multidisciplinar, de maneira
litológica. de solos ou estruturas. a permitir uma correta avaliação das possíveis
Desta maneira, o zoneamento geot~ico
formas de ocupação.
compreende a divisão de uma determinada área
em funÇão da avaliação de inter-relações e 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
covariações entre os componentes do meio físi-
co. Assim, quando se associa um mapa com Os trabalhos de mapeamento geotécnico
informações sobre o tipo de material inconsoli- regional devem estar baseados em atributos
dado, com a declividade e a profunQidade do fundamentais do meio físico, que por sua vez
substrato rochoso, está se procedendo à indivi- são selecionados devido à sua inter-relação
dualização da região em zonas com característi- com os demais atributos e em função da fma!i-
cas proprias, advindas dos componentes que
dade a que se destina o trabalho. Para identifi-
formn combinados.
A escolha dos atributos utilizados no cação destes atributos o método das matrizes é
zoneamento depende dos objetivos e fmalida- o mais adequado.
des desejadas ou previstas. As cartas de zonea- A determinação das características geotéc-
mento geotécnico podem ser divididas em dois nicas das unidades deve ·ser feita por meio de
grandes grupos: geral e específico (ZUQUET-
ensaios simples e de baixo custo. A forma de
TE. 1987). As primeiras caracterizam-se por
apresentarem wna combinação de atributos apresentação dos resultados é importante e sua
independentes da sua possível utilização. definição é necessária desde os estádios .ia.iciais
Devem distinguir zonas homogêneas em rela-
COMPONENTES E PROCESSOS
MEIO
FÍSICO [ r
SUBSTRATO
ROCHOSO
-- I
MATERIAIS
INCONSOLIDADOS
I
GEOMORFO-
LOGIA
I
AGUAS

I
GEODI-
NAMICA
j_ __
I
I
I
li
Representação

~
DOCU-
MENTOS MAPAS DAS CONDIÇÕES GEOLóGICO-GEOTÉCNICAS
BÁSICOS

I
I Distribuição espacial e interrelaçâo dos componentes
I

I
I
I
CARTAS :
Para uso geral
DERIVADAS l Para uso especifico
I
I
I
OU I
I
I
I
INTERPRB-1
I .-----'----,
TATIVAS I MATERIAIS DE
I CONSTRUÇl.O

CARTAS DE I
PREVISAO L - - , PROGNÓSTICOS r- - - - .J

Figura 2 - Fluxograma de obtenção e apresentação das informações do meio físico em


mapeamentos geotécnicos regionais (adaptado de MATULA, 1979). FIGURA I - Matriz atributo x atributo.
lO I

do trabalho. Segundo os estudos realizados. as dfico são as formas mais eficientes de repre-
cartas de zoneamerlto geotécnico geral e espe- sentação das informações obtidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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poses. Buli. of the International FAPESP. médito. 2 vols .. 269 p.
ELABORAÇÃO; DE CARTAS DE ZONEAMENTO GEOTÉCNICO: EXEMPLO DA
FOLHA DE PIRACICABA. SÃO PAULO- ESCALA: 1.100.000

Osni José PEJON


Lázaro Valentin WQUETTE

RESUMO

Este artigo mostra a importância da elaboração de cartas de zoneamento geotécnico


geral em mapeamentos geotécnicos regionais. Apresenta-se nesre trabalho a metodologia uu-
lizada na elaboração da cana de zoneamento geotécnico geral da folha de Piracicaba na esca-
la I: 100.000. Verifica-se a importãncia da utilização de atributos naturais para definição das
unidades. devido ao inter-relacionamento que apresentam com os demais atributos.

ABSTRACT

This work presents the general engineering geological zoning map of the Piracicaba
region at the I: I 00.000 scale and the rules adopted for the elaboration of this graphic docu-
ment in regional engineering geological mapping. Other aspects are discussed. such as the
importance of the general engineering geological zoning map in the elaboration of other
most specific maps and the fundamental attributes.

I INTRODUÇÃO de Piracicaba. Estado de São Paulo. na escala


l: 100.000. baseada em atributos naturais do
O processo de zoneamento geotécmco se meiO fíSICO
adapta perfeitamente aos mapeamentos em 2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ESTUDADA
escalas pequenas. destinados ao planejamento.
por abordar os componentes em associações de A área estudada localiza-se na região cen-
atributos que refletem as condições naturais do tro-leste do Estado de São Paulo. entre os para-
meio físico. lelos 22° 30' e 23° 30' S e os meridianos 47<'
O zoneamento geotécnico vem sendo utili- 30' e 48° oo·. correspondendo a uma área de
zado até em escalas muito pequenas. a nível aproximadamente 2. 900 krn:.
mundial (ERSHOVA & SERGEEV. 1979).
3 MÉTODOS DE OBTENÇÃO DAS
Estes autores apresentaram os princípios do CARTASDEZONEAMENTO
zoneamento geotécnico tipológico da Terra.. na
escala I: 15.000.000. Alguns trabalhos foram As cartas de zoneamento geotécnico nor-
realizados abrangendo todo um país. como o de malmente são obtidas por simples sobreposição
RADBRUCH-HALL et ai. ( 1979). que realiza- ou por meio de uma hierarquização de fatores.
ram o mapa geotécnico dos Estados Unidos na
a) Método da sobreposição
escala 1:7.500.000.
Por este método. os documentos gráficos
Os zoneamentos geotécnicos são também
básicos (mapas e cartas). que representam os
muito utilizados para subsidiar o planejamento
atributos dos componentes do meio físico. são
regional em escalas l: 100.000 ou l :50.000.
sobrepostos. de maneira a estabelecer as novas
DEARMAN et ai. ( 1979) apresentam um
zoneamento geotécnico da região de Tyne a unidades (COELHO, 1980).
W ear. na Inglaterra, obtido por sobreposição A sobreposição pode resultar em cartas de
simples das informações de espessura dos zoneamento. onde as unidades são totalmente
depósitos superficiais, presença de material redefinidas e os atributos das novas -unidades
rochoso e profundidade do topo rochoso. Os passam a ser o resultado da fusão e interpreta-
mapas geotécnicos foram produzidos na escala ção das informações existentes, consistindo em
l :50.000 e a carta de zoneamento. na escala um processo de generalização tipológica
I :200.000. HUMBERT. 1973 elaborou a carta (V ARNES. 1974).
geotécnica de Clermont-Ferrand. na escala A maior parte das cartas de zoneamento
1:50.000, que constitui um exemplo típico de o-eotécnico
e eo-era! corresponde a cartas de sobre-
aplicação das cartas de zoneamento geotécnico posição simples (COELHO. 1980). onde as
ao planejamento regional. novas unidades são representadas pelo somató-
Pelo exposto, fica evidente a importância rio das informações contidas nas unidades ori-
das cartas de zoneamento geotécnico geral e
eo-inais com igual peso. As cartas de zoneamento
~
específico, sua aplicabilidade às mais diversas o-eotécnico com finalidades específicas. por
situações de meio físico, podendo ser utilizadas :xemplo. carta de risco à erosão. também
desde escalas muito reduzidas. a nível de país.
podem ser produzidas por sobreposição de
até escalas da ordem de ! :50.000. em planeja-
informações e mapas. mas, normalmente. são
mento regional.
feitas a interpretação e fusão dos dados existen-
Portanto. apresenta-se neste trabalho a
tes. oricinando novas unidades com limites e
metodologia utilizada para a elaboração da
carta de zoneamento geotécnico geral da Folha
atribut;s redefinidos. Neste caso os diferentes
103

[ RES:mtrAL

SILTO
/·~·~
ARGILOSO
ARGILO
SILTOSO
ARENOSO
(< 30 % finos)
ARENOSO
(< 20 % de finos)
[

·~·~
Jls\~m~~:..._o,s
s
ESPES- [ a 3,0 m 3,0 a 5,0 m > 5,0 m
SVRA

N
I
I
DECLIVI- A l
DADE [
N

FORMAÇOES [ I IT '
\"\\~
IT 3 TAT. IRA. COR. BOT. PIR. SB. ITQ. ND
GEOIDGICAS

fiGURA I - Exemplo de definição das unidades da área mapeada utilizando-se o método da árvore lógica.

atributos. provenientes de cada mapa básico. sição de informações dos mapas do substrM<l
em geral têm pesos diferentes. que são função rochoso. dos materiais inconsolidados e da
de sua imponância na caracterização da nova carta de declividade generalizada (PEJON.
unidade. relacionada à finalidade da carta. 1992). A sobreposição destes documentos grá-
Assim. em uma carta deste tipo não constam da ficos permitiu a definição de zonas caracteriza-
legenda de cada unidade os atributos que lhe das por: textura, espessura e gênese dos mate-
deram origem. mas sim a interpretação que, no riais inconsolidados. declividade e tipo de subs-
exemplo citado, corresponderia a indicar as trato rochoso. A importância destes atributos
áreas mais ou menos susceptíveis à erosão. foi estudada em matrizes do tipo atributo x atri-
Uma grande vantagem do método da sobre- buto. onde se verificou que apresc:ntavam rela-
posição simples é também permitir com facilida- ção com mais de 50% dos demais atributos do
de o uso de métodos computacionais na elabora- meio físico. Portanto, pressupõe-se que uma
ção das cartas de zoneamento geotécnico. carta de zoneamento geotécnico geral, obtida
b) Método baseado em uma hierarquia de pela sobreposição simples desses atributos, per-
fatores e atributos mite o estabelecimento de unidades (zonas)
As unidades de zoneamento são defmidas com características bastante uniformes em ter-
em função de uma hierarquia de atributos rela- mos de uma série de propriedades geotécnicas.
cionados à escala e às características do meio 4.1 Definição das unidades de zoneamento
físico. constituindo assim unidades taxonômicas.
Essa maneira de elaboração das cartas de zonea- A combinação dos cinco atributos anterior-
mento é adotada pela proposta IAEG-UNESCO mente citados possibilita o estabelecimento de
( 1976), onde é definida uma seqüência de atribu- um número muito elevado de unidades. Quanto
tos a serem analisados em cada nível. à gênese, os materiais foram classificados em
duas classes, quanto à textura e espessura, em
4 ELABORAÇÃO DA quatro classes. O número de formações geoló-
CARTA DE ZONEAMENTO gicas que pode ter originado os materiais incon-
GEOTÉCNICO GERAL DA FOLHA solidados é igual a dez, havendo mais uma
DE PIRACICABA opção para o caso da não-identificação da for-
mação à qual estaria associado o material. O
__A <.:afta foi elaborada por meio da sobrepo- - .. - _I- -1- _J- _I- - ,. -- ~ _]- _, , •
l - REl:!llUAL 1 - ARENDSD I l-<a.s.. 1-Al 1 • ASSilCAÇÃO UTlLÓGII::A I - SUlllilllPil ITMAR!.
2-~ 2-MIDCISDO 2-Q.SA3,0f!l 2-.t2
l - ASSDCAÇÃQ um..áGn:A n - SUlllilllPil rrNlAIIf.
J-SIL.~
3 - ll 3 - ASSDCAÇÃQ LlTil1.Órlll:A !0-SIJIGIU'O ITAai>RÉ
4 - AIIGIUlSO
• - 112 4 - l"'lRRIIÇÁÁ TAtu!
• -c • - l"'lRRIIÇÁÁ -Tl
6 - C2 6 - l"'lRRIIÇÁÁ COIIJMATAÍ
1./2-4/Z-3-4-2
' - C3 7 - l"'lRRIIÇÁÁ F'IRAMJÓlA
\ D.mc. DmS TlPllS IE TEX'TI.RA NA MESMA UIIIDAllE
8 - C4 B - F'llRMAÇÁO IICTIJCATU
tCATDUAIS ~ E: ~ NA JIICSMA t..ea:DADE
9 - nlRMAÇÃQ $ERRA GERAL L INl'RlmVA$ 1&ASlCAS
Al-AI..l.NIÕI:s~ VER TEXTO • lD - F"DilMAÇÃD ITAiiii..I:Rl
M - MATE'RIAIS HIDRtDÓ!ncm: li - NÃO l3ETERMDWIIl

FIGURA 2 - Carta de zoneamento geotécnico geral da Folha de Piracicaba

resultando, portanto. na possibilidade de esta- argilitos, ou ao contrário, materiais residuais


belecimento de 2.816 unidades diferentes. argilosos de arenitos. Desta forma. as combina-
Desta forma. optou-se pelo uso do método ções logicamente possíveis recebem um "'sim"
da árvore lógica para a definição das unidades e as não-possíveis um "não"' e a análise inter-
que realmente podem existir. Na Fig. l apre- rompe-se neste ponto.
senta-se um exemplo de definição das unidades As combinações logicamente possíveis
de zoneamento. devem ser comparadas com a realidade da área
O método da árvore lógica prevê a análise mapeada para verificação de sua ocorrência ou
de todas as situações de combinação teorica- não. Caso ocorram, recebem um "sim"': caso
mente possíveis. Algumas destas combinações contrário. um "não" e o processo de análise
devem ser excluídas por não serem possíveis: pára neste ponto.
por exemplo, materiais arenosos residuais de No exemplo da figura 1 inicia-se com o
105

atributo gênese. com o material classificado As unidades obtidas diferem umas das
como residual. O atributo seguinte é a textura, outras pela variação de um ou até todos os atri-
que apresenta quatro opções. as quais são viá- butos. motivo pelo qual se optou pelo uso de
veis e ocorrem na área mapeada; portanto. uma legenda numérica para identificar cada
todas recebem~ ..sim". Logo. o processo unidade. onde se registra a variação referente a
deve continuar. a partir das quatro opções. Para cada atributo que lhe deu origem. Este tipo de
efeito de exemplo. analisa-se a partir da textura legenda elimina a necessidade da utilização de
silto-argilosa. que poderia teoricamente ocorrer contatos diferenciados. pois permite que se
em quatro diferentes espessuras. das quais tdentifique com facilidade qual o atributo e/ou
somente duas estão presentes na área e as nível que está variando de uma unidade a outra.
outras duas não. No caso das duas outras Mais uma vantagem deste tipo de legenda é
opções o processo de análise pára. pois não se permitir ao usuário que tenha um número maior
observou na área nenhuma zona com material de informações disponíveis sobre as caracterís-
residual. textura silto-argilosa e espessura ticas de cada unidade. uma vez que se trata de
maior que 5,0 metros. um zoneamento geral. sem finalidades específi-
Entre as duas opções que receberam um cas.
"sim", utiliza-se a classe de espessura inferior a O zoneamento geotécnico geral tem grande
O.S metro para continuar a análise com o atribu- importância em mapeamentos geotécnicos
to declividade. Das oito classes de declividade regionais. pois permite a associação de um
existentes (classe AI - < 5% em mais que 85%
número elevado de informações em uma única
de sua ~ classe A2 - < 5% em 70 a 85% de
sua área; classe BI - 5 a 10% em mais que 85% carta.
de sua área; elas~ Cl - > 10%. com valores 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS'
superiores a 20% em menos que 25% da área;
classe C2 - >lO% com valores superiores a Esta carta destina-se aos técnicos familiari-
20%, em 25 a 50% de sua área; classe C3 - zados com a área de geotecnia e a interpretação
>lO%, com declividades superiores a 20% em das unidades deve ser feita com objetivos defi-
50 a 75% de sua área e classe C4 - > 10%. com nidos, ou seja. para a elaboração de uma carta
valores superiores a 20% em mais que 75% da de zoneamento específico ou para a análise de
área), em cinco delas ocorrem materiais com um determinado tipo de ocupação do terreno.
menos que 0.5 metro de espessura e em três Assim, o zoneamento visando a uma utilização
não. A partir destas cinco, analisa-se a classe específica pode alterar a divisão atual. Por
A2. que apresenta onze opções quanto às for- exemplo. duas zonas distintas poderão ter igual
mações geológicas que poderiam ter originado
comportamento quanto ao escoamento superfi-
este material inconsolidado. Da análise da
cial de água e diferente quanto a fundações.
região verifica-se que somente duas se confir-
Isto se deve ao fato de o mesmo atributo poder
mam. que são os magmatitos básicos perten- apresentar maior ou menor importância. frente
centes à Formação Serra Geral ou Suítes
a diferentes tipos de uso do terreno.
Básicas e as litologias da Fonnação Irati.
Como a carta de zoneamento geotécnico
Portanto, no caso do exemplo. foram obti-
geral reúne um grupo de atributos de grande
das duas unidades de zoneamento. que apresen- importância na caracterização natural do meio
tam como única diferença as litologias que lhes
físico, quase sempre poderá ser utilizada como
deram origem. Este procedimento foi repetido base para a maioria das cartas de zoneamento
para cada classe dos atributos, resultando em geotécnico específico. A obtenção destas cartas
107 unidades diferentes, que estão representa-
depende da avaliação dos pesos dos atributos
das na carta de zoneamento geotécnico geral. A
considerados, ou da análise de novos atributos
figura 2 apresenta uma porção da área ~apea­
diretamente relacionados à fmalidade conside-
da. correspondendo a uma área de aproximada-
rada.
mente 730 km' (Folha de Piracicaba - escala
1:50.000).

6 REFERÊNCIAS BffiUOGRÁFICAS

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107

A INFLUÊNCIA DAS ESTRUTURAS GEOLÓGICAS


EM INSTABILIDADES DE TALUDES EM SAPROLITOS -
UMA ABORDAGEM REGIONAL

THE INFLUENCE OF GEOLOGICAL STRUCTURES IN SLOPE


INSTABIU7ATIONS IN SAPROLITES: A REGIONAL APPROACH

Paulina Setti Riedel. Dra. Geotec


Prof.Assistente, UNESP
José Eduardo Rodrigues. Dr. Geol
Prof.Ass1stente. EESC - USP
Juércio Tavares de Mattos. Dr Geol
Pesqu1sador. INPE
Fábio Soares Magalhães. M.Sc
Pesquisador. IPT

RESUMO
O estudo das estruturas geológicas é fundamental para a compreensão das mstabilizações em talu-
des de corte em saprolitos, onde estas estruturas estão bem preservadas. apesar da ação intempénca
Neste artigo. é realizada uma abordagem regiOnal. baseada em dados obtidos através de produtos de
sensoriamento remoto. complementados por trabalhos de campo. na área que compreende a Folha
Atibaia (Estado de São Paulo), na escala I :50.000. O método utilizado permite o estabelecimento de
previsões de instabilidades em taludes existentes. nas principais estradas da área de estudo. bem como
em cortes futuros, auxiliando o planejamento rodoviáriO

ABSTRACT
The study of geological structures is fundamental for the comprehension of slope mstabilizatwlls
in saprolites, where these structures are well-preserved. despire of the weathering. In this issue. a regi-
onal approach is dane. in Atibaia region( São Paulo state), based on remate sensing andfield data. The
method applied allows to predict slides m the existing slopes. along the main roads within the studied
area. as well as in the future cuts. as suppon to highwav plannmg.

1. INTRODUÇÃO 2. CONSIDERAÇÕES SOBRE


ESTRUTURAS RELIQUIARES
As rochas se alteram através de processos E INSTABILIDADE DE TALUDES
de intemperismo químico (decomposição), alte-
ração física (desagregação) ou, em menor exten- Apesar da intensa deC()~i~o. os solos re-
são, através de atividade biológica. Em países siduais exibem descontinuidades reliquiares herda-
de climas tropical e temperado úmido, como o das da rocha parenta!. que são normalmente bem
Brasil, predomina o intemperismo químico, com preservadas. Estes planos de fraqueza estrutural
o desenvolvimento de grandes espessuras de so- desempenham Importante papel na estabilidade de
los residuais. taludes. conforme trabalhos de John ( 1969). Deere
Neste trabalho, são avaliados os condiciO- e Patton ( 1971 J. Nieble et ai. ( 1985), Irfan e Woods
nantes estruturais da estabilidade de taludes de ( 1988), Hasua et ai. ( 1992a e 1992b). entre outros.
corte, em horizontes de saprolitos, derivados. em Segundo Deere e Patton ( 1971 ), a presença de
sua maior parte, de ortognaisses e paragnaisses, estruturas reliquiares, como juntas. foliação. falhas.
através de uma abordagem regional, que visa for- planos de acamamento. etc. é um dos mais signifi-
necer subsídios a previsões de instabilidades em cantes fatores geológicos que afetam a estabilidade
taludes já existentes ou futuros. Trata-se de meto- de taludes. Irfan e Woods (1988) salientaram que a
dologia simples. de baixo custo, que pode auxiliar ação do intemperismo normalmente se concentra ao
no planejamento rodoviário. longo dos planos de fraqueza, uma vez que estes
eermitem que os agentes mtempéricos penetrem
mais faci1mente no interior da rocha.
De Fries (1971) apud Deere e Patton (1971 ),
em seus estudos de estabilidade de taludes, consi-
derou a orientação dos planos de xistosidade da
rocha: parenta!, como 11ma das mais significantes
variáveis que afequn a estabilidade de taludes em
solos residuais de rochas xistosas.
Alvarenga e do Carmo ( 1976) descreveram o
perfil de alteração de taludes, em cortes da rodovia
BR-116 (Rio-São Paulo. até o quilômetro I 00). e
avaliarnm os problemas de estabilidade de taludes
mais comuns nos diferentes horizontes de altera-
ção, adotando parcialmente as nomenclaturas de
Deere e Patton (op. cit.). Os autores observaram
que há na zona I C. denominada por Deere e Patton
(op. ciL) de saprolito e onde estão presentes ases-
truturas da rocha de origem, uma tendência da ero-
são superficial e/ou interna se desenvolver ao lon-
go destas estruturas, citando como exemplo o Fig. 1 · Mapa de localização da área.
ravinamento ao longo dos planos de foliação.
La Torre e Barroso (1984), em trabalhoso- maior corpo de composição granítica da área. que
bre condicionantes geológico-estruturais em esta- por apresentar textura cataclástica e estrutura
bilidade de taludes de corte no Rio de Janeiro, sa- foliada. conforme descrito por Oliveira et ai.
lientaram que, além da xistosidade, o diaclasa- ( 1984 ), foi denominado neste trabalho também de
mento é outro agente de grande importância, tan- ortognaisse. Trata-se de uma rocha quartzo felds-
to pela individualização de blocos, lascas e fatias pática, bastante homogênea, composta essencial-
de rochas, como principalmente, por constituir-se mente por quartzo, microclínio, oligoclásio.
em veículo condutor dos agentes intempéricos. biotita e homblenda. com granulação de média a
grossa e muito grossa, geralmente equigranular.
3. ÁREA DE ESTUDO sem ser porfiróide.
Na área da folha Atibaia, Penalva ( 1971) e,
3.1. Localização geográfica posteriormente. Coutinho (1980) e Ponçano
A área deste trabalho localiza-se na porção ( 1981) descreveram também pequenas bacias
leste do Estado de São Paulo e compreende toda detríticas, que constituem manchas descontínuas.
a folha topográfica de Atibaia. na escala I :50.000, A litologia destes depósitos é variada e inclui
do IBGE (Figura I). A área é limitada pelos para- folhelhos. argilitos. siltitos e arenitos, com inter-
lelos 23°00'S e 23°l5'S e meridianos 46°45'W e calações de cascalhos e litificação incipiente
2
46°30'W, o que perfaz um total de 728 km Atingem em geral poucos metros de espessura,
Existe. na região de estudo. uma intensa chegando localmente a 60 metros.
rede de estradas vicinais, além de três estradas de O mapa litológico, denominado neste traba-
grande porte, que cortam toda a extensão da área, lho de mapa de litotipos, está ilustrado na Figura 2.
no sentido leste-oeste e norte-suL
4. METODOLOGIA
3.2. Aspectos litológicos
Para a realização deste trabalho, foram efe-
A área investigada é constituída predomi- tuadas várias etapas, que estão descritas a seguir:
nantemente por rochas quartzo feldspáticas,
I) Reconhecimento da área, com cadastramento de
com estruturas gnáissicas. Os gnaisses estão
todas as instabilidades de taludes de corte exis-
normalmente intercalados a rochas xistosas, re-
tentes, ilustradas na Figura 3.
presentadas por muscovita ou biotita xistos.
Ocorrem também intercalações, não mapeáveis, 2) Levantamento de dados litoestruturais. Nesta
de rochas quartzíticas e anfibolíticas (Oliveira etapa, foram descritas as várias litologias e os
et aL, 1984 ). horizontes de alteração das instabilidades ca-
As rochas quartzo- feldspáticas, com estru- dastradas. Coletou-se também as atitudes de jun-
turas migmatíticas, constituem aproximadamente tas e foliação destes taludes, estendendo-se pos-
30% da área da quadrícula de Atibaia, com domi- teriormente a coleta para toda a área de estudo.
nância nas suas porções central e leste. Os neos- 3) Avaliação dos tipos de instabilidades e erosões,
somas são representados por granitos cinzentos observadas nos taludes.
ou brancos, enquanto os paleossomas são consti- 4) Obtenção dos traços de foi i ação em fotos aéreat~
tuídos por gnaisses diversos: biotita ou hornblen- 1:25.000, do me, para complementar os dados
da gnaisses, gnaisses anfibolíticos e quartzo-fel- inicialmente obtidos em campo.
dspáticos (Oliveira et aL. op. cit.). 5) Elaboração do mapa de forma estrutural da
Ocorrem também ortognaisses, derivados de região, conforme Hasui et ai. ( l992a) e H as ui et
rochas granitóides ou graníticas, com granulação ai. (1993). Segundo os autores, são traçadas
variada, de fina a grosseira, com coloração desde linhas, nos entornas de influência das foliações
rósea, a branca e cinzenta, muitas vezes com obtidas em campo, de forma a se ter a tendência
pórfiros. A foliação cataclástica é comum nestas da direção da foliação para a área de interesse.
rochas. No ca_11t_o SE. da folha Atibaia ocorre o Este mapa, ilustrado na Figura 4, possibilita a
109

visualização do comportamento regional da


foliação da án=a e oferece subsídios para uma
análise geométrica das descontinuidades.
6) Separnção da área por setores, baseada na aná-
lise da direção média da foliação. vi-sualizada no
mapa de forma estrutural (Figura 4). Os limnes
dos vários setores foram estabelecidos em Io-
cals de mudança na direção da fohação. subsidi-
ados pelos valores de mergulho desta estrutura.
obtidos em campo.
7) Tratamento dos dados estruturais, coletados em
campo, através do programa TRADE (Trata- --.
mento dos Dados Estruturais), desenvolvido
pelo IPT e gentilmente cedido para a elaboração
deste trabalho.
8) Previsões das instabilidades, em cada setor de
análise, baseadas nas relações geométncas das
descontinuidades existentes. I I
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Fig. 3 - Localização das instabilidades da área

0245km

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F'Jg. 2 - Mapa de lliotipos

5. SEP~ÇÃOEMS~TORES
E ANALISE GEOMETRICA Fig. 4 - Mapa de forma estrutural e de setores
DAS ESTRUTURAS de análise.
As estruturas geológicas, que provocam a
individualização dos blocos e erosões nos taludes homogênea do traçado da foliação, levou ao esta-
da área, são juntas e foliações. belecimento do subsetor Cb, diferenciando-o do
As foliações apresentam atitudes bastante restante, classificado como subsetor Ca.
variadas, o que consubstanciou a separação da As juntas apresentam-se como várias famí-
área em nove setores, conforme ilustrado na Fi- lias entrecruzadas, com espaçamento na ordem
gura 4_ O setor C foi subdividido em dois subseto- de decímetros, apenas localmente aumentando
res, baseado na maior ou menor homogeneidade da para metros.
_!oJiação_ Na sua porção SW, a co~flguração mais Para efeito deste trabalho, serão apenas ana-
os são atravessados pelas ro- Para a realização das previsões. fornm
dovias Fernão (BR-381), D.Pedro I (SP-065) projetadas nos estereograrnas as direções médias
e Edgard Máximo Zambotto (SP-354), a saber: atuais das estradas, considerando-se os taludes di-
setores A, Ca, F e H. reito e esquerdo. Foram analisadas as possibilida-
O setor carncteriza-se principalmente por des de ocorrência dos seguintes tipos de instabili-
foüação de alto de mergulho, entre 60° e dades, observados na área de estudo:
85", com predominante para NE e por- -Tombamento: na existência de descontinuidade
·ções ligcinlmente amendoadas. de alto ângulo com direção paralela ou aproxi-
As juntas cor.stituem cinco famílias prin- madamente paralela à do talude, mergulhando
cipais entrecruzadas, que provocam segmenta- para dentro do talude ou vertical (Figura 5).
ções de blocos com dimensões variadas e per- -Sulco ou ravinamento: na existência de descon-
associadas à foliação, a instabilização tinuidade de alto ângulo, aproximadamente per-
dos taludes: pendicular ao talude. Segundo as observações
Al) N45E ±5"175N'N de campo, constatou-se que os ravinamentos
A2) N50W ±5"/80SW mais profundos são aqueles instalados ao longo
A3) N25W :1-.5"/5S:NE do plano de foliação (Figura 6).
N80E ±5"/85SE -Ruptura planar: quando da existência de des-
AS) N80E ±5"/351W continuidade, principalmente foliação, mergu-
lhando em direção ao corpo estrada!, aliada às
O subsetor Ca ocupa grande parte da área descontinuidades que desempenham o papel de
de estudo e certa homogeneidade quan- superfícies de liberação da massa instável (Fi-
to às atitudes da foliação, que possui claro predo- gura 7). A possibilidade de ocorrência de ruptu-
mínio de para NW, com mergulhos mais ras planares foi considerada, levarido-se em
baixos do que o setor acima e atitude média conta duas situações:
N30W/45SW.
a) A ruptura planar se dá ao longo de plano com
As famílias de juntas para este setor são:
inclinação inferior à do talude em questão, em
Cal) N40E ±5"í85N\V concordância com as condições expostas em
Ca2) N75W ±5"/85NE
Ca3) N75E ±5"/70SE
Ca4) NIOW ±5"/80SW
localizado nas proximidades da
cidade de caracteriza-se por foliação de
baixo ângulo de mergulho, em tomo de 30°, e di-
reção NE. A atitude média da foliação é N40E/
30SE P.s constituem fam11ias, com as se-
,--··--·~ atitudes médias : HORIZONTE De:
SAPROUll>
Dl) N45E±5"/85NW
D2) N50W ±5"/80SW
D3) N80E ±5"/85~"N
D4) N20W ±5"/80SW
O setor F, localizado no extremo centro sul
da área, apresenta foliação bastante variável, Fig. 5- Esquema de tombamento
também com padrão levemente anastomosado,
com direção média par~. NE e mergulhos bastante
variáveis, de 30° a 80°. As famílias de juntas da
área são:
Fi) N40E ±5"175NW
F2) N30W ±5"/85SW
F3) N80E ±5"/85SE
F4) NS ±5"/80E
Por o setor H, que possui foliação
com direção :t'-IE e mergulhos na faixa de 50°, e
juntas com atitudes:
H 1) N35W ±5"/80SW Fig.6- Esquema de sulco ou ravinamento.
H2) N40E ±5"/80NW
H3) N70W ±5"!75NE

6. ANÁLISE E PP.JSVISÃO
DE INSTABILIDADES
Para efeito deste trabalho, optou-se por ava-
liar as de novas instabilizações nas
principais rodovias já existentes na área: Rodovia
Fernão Dias 1), Rodovia D. Pedro I (SP-
065)e Rodovia Edgard Máximo Zambotto (SP-
354), que a cidade de Campo Limpo à Rodo-
via D.Pedro I, pela cidade de Jarinu, na
regiã{)geste da Folha Atibaia (Figura 3). Fig. 7 - Esquema de niptura planar.
lll

Jobn (1969). Hoek e Br.!y (1977) e Goodman • Rodovia Fernão Dias


(1976 e 1980). A rodovia atravessa dois setores distintos de
b) A ruptm:a planar pode se dar ao longo de foliação: A e F. Foram plotadas as superffcies dos
plano, com inclinação superior à do talude ~a­ taludes direito e esquerdo, em cada um dos seto-
lisado, supondo-se< a ação de agentes eros1vos res, com as direções médias atuais da estrada. no
que alterem a. geometria origi~ do talude .e trecho que compreende a Folha Atibaia. São es-
criem paredes praticamente verticais, dando h- tas direções: NS e N45E.
herdade de movimento a blocos inicialmente Cabe salientar que a rodovia. que se encontra
confinados. Esta situação, encontrada com fre- em processo de duplicação, provavelmente terá
qüência nos taludes estudados, apresenta ': ero- sua nova pista paralela à existente ou próximo a
são como agente predisponente da ocorrenc1a ela. Desta forma, estas previsões também satisfa-
das instabilidades. zem a maiona dos taludes que serão escavados.
-Colapso de blocos: quando existe descontinuida- Na área correspondente ao setor A. tem-se
de de baixo ou médio ângulo, que mergulha para (Figura IOa):
dentro do talude e funciona como teto do bloco a) Direção N-S (taludes TI e TI). Provavéis
instável, individualizado também por outras instabilizações:
descontinuidades, que desempenham o papel de
-No talude TI, pode ocorrer escorregamento
laterais do bloco (Figura 8). Este processo, ge-
planar ao longo da foliação, que mergulha para
ralmente, é também desencadeado pela erosão,
fora do talude, com as juntas AI e A2 como
que causa o descalçamento dos blocos e acarre-
superfícies de liberação do bloco instabilizado.
ta colapsos remontantes.
A foliação, de mergulho superior ao talude de
-Ruptura em cunha: quando o escorregamento ~e inclinação 45", só se tomará um plano de ruptura
dá ao longo da linha de intersecção de desconu- se houver atuação de processos erosivos que
nuidades (Figura 9). A possibilidade de ocor- alterem a face original do talude.
rência de ruptura em cunha foi considerada,
-No talude TI, pode ocorrer colapso de blocos,
levando-se em consideração duas situações:
quando a foliação mergulha para dentro do
a) A linha de intersecção possui mergulho inferi- talude, constituindo o teto de bloco formado
or ao da face do talude, satisfazendo as condições pelas juntas Ai e A2. A ocorrência de tal
instabilidade dependerá também da ação da
erosão ao longo dos planos de foliação. que
provoca o descalçamento de blocos e ocasiona
colapsos remontantes.
-Sulco ou ravinamento ao longo da junta A4, de
alto ângulo de mergulho e transversal às faces
dos taludes TI e TI, em análise.
b) Direção N45E (TI e T2). Prováveis
i nstabilizações:
-Sulco ou ravinamento ao longo da junta A2. de
alto ângulo de mergulho, transversal aos taludes
Fig. 8 • Esquema de colapso de blocos. TI e TI.
-Tombamento, ocasionado pela junta AI, com
direção paralela aos taludes. tanto TI. quanto TI.
-No talude TI, escorregamento planar ao longo
da foliação, de inclinação inferior à do talude,
quando esta mergulha em direção ao corpo
estrada!, com superfícies de liberação nas juntas
AI e A2. Esta situação ocorre no talude 22.
-No talude TI, colapso de blocos, quando a
foliação mergulha para dentro do talude,
constituindo-se no teto de blocos, individualiza-
dos pelas juntas AI e A2. A ocorrência da insta-
bilidade planar ou do colapso de blocos vai
depender da ação de processos erosivos, que
alterem a geometria original do talude,
de John ( 1969), Hoek e Bray ( 1977) e Goodman desconfinando massas de saprolito ou ocasio-
(1976 e 1980). nando o descalçamento de blocos.
b) A linha de intersecção possui mergulho supe- Na área correspondente ao setor F tem-~e.
rior ao do talude analisado e ocorre devido à conforme ilustrado na Figura I Ob:
ação de processos erosivos, que alteram a geo- a) Direção N-S (taludes TI e TI):
metria do talude inicial. dando liberdade de -Sulcos ou ravinamentos e tombamentos, associ-
movimento à massa instabilizada, que original- ados respectivamente às juntas F3 e F4 (taludes
mente se encontrava confinada. TI e T2).
Cabe salientar que a grande maioria das ins- -Ruptura planar (TI) ou colapso de blocos (TI),
tabilidades, constatadas na área de estudo (57%), envolvendo o plano de foliação e as juntas F2 e
são do tipo planar. ao longo da foliação. F3 ou F 1 e F2. A ruptura planar ocorre com maior
-Ruptura em cunha (T2), ao longo da linha de
• intersecção das juntas Cal e Ca3, se houver alte-
ração da geometria original do talude pela erosão.
-Ruptura planar (T2), ao longo da junta Ca3, de
inclinação inferior ao talude, onde as juntas Cal
e Ca2 ou Ca4, constituem as superfícies de
liberação da massa instável.
-Colapso de blocos (TI), tendo a foliação como
b
teto do bloco. individualizado pelas juntas Cal
• e Ca3. São exemplos desta situação os taludes
19.28 e 29.
b) Direção N45W (taludes Tl e T2):
-Sulco ou ravinamento, ao longo da junta Cal,
nas faces Tl e T2.
-Ruptura planar (T2) ou colapso de blocos (TI),
quando a foliação mergulha em direção ao cor-
po estrada! ou para dentro do talude, respectiva-
mente. Em ambos os casos, a foliação, de incli-
nação inferior à do talude, e a associação das
juntas Cal, Ca2, Ca3 ou Ca4, como superfícies
de liberação, são as responsáveis pelo processo.
Na área correspondente ao setor H. tem-se.
conforme exposto na Figura I Od:
a) Direção E-W(taludes TI e T2):
e
-Sulco ou ravinamento, ao longo de H2 (TI e T2).
-Tombamento, devido à junta H3 (T2).
Fig. 10- Previsões de instabilidades: a) Setor A;
b) Setor F; c) Setor Ca; d) Setor H; e) Setor D. b) Direção N45W(taludes Tl e T2):
-Tombamento e ravinamento condicionados pe-
freqüência em taludes com foliação próxima aos las juntas H 1 e H2, respectivamente (taludes
30". No talude IO, com mergulho da foliação em Tl e T2).
torno de 75", constatou-se ruptura planar,
de f! agrada pela erosão, que alterou a face original -Rodovia Edgard Máximo Zambotto
do talude e propiciou uma geometria favorável ao
desenvolvimento da instabilidade. A direção média desta rodovia, na Folha
Atibaia, é N30E. Como prováveis instabilidades
b) Direção N45E (taludes TI e T2): nesta direção. tem-se, conforme ilustra a Figura 1Oe:
-Sulcos ou ravinamentos em F2 e tombamentos -Tombamento, associado àjuntaD 1 e ravinamento
em F 1, tanto no talude TI, quanto no T2. à D2, tanto na face TI, quanto em T2. O talude
-Rupturas planares (T2) e colapsos de blocos 2 é exemplo de ambas ocorrências.
(TI), envolvendo o plano dafoliação e combi- -Ruptura planar (T2) e colapso de blocos (Tl),
nações das juntas F 1, F2. F3 e F4. Novamente, associados à foliação, de inclinação inferior à do
a ruptura planar ocorre, com maior freqüência, talude, e à combinação de duas das juntas: D 1,
em taludes de menores ângulos de mergulho da D2, D3 ou D4, todas com condições geométri-
foliação, como é o caso dos taludes 24 e 25, com cas favoráveis a atuarem como superfícies de
mergulhos da ordem de 35". Em situações de liberação de blocos instabilizados. Os taludes
maior mergulho, a ocorrência do processo passa 14 e 20 são exemplos de colapso de blocos,
a depender da intensidade de atuação da erosão, enquanto os taludes 4, 5, 21 e 31 são exemplos
que pode alterar a geometria original do talude, de rupturas planares.
como é o caso do talude 6, onde pequena ruptura
planar se instala, ao longo de plano de foliação,
com mergulho de 70" e superior ao mergulho da 7. CONCLUSÕES
face do talude original.
- As estruturas reliquiares desempenham impor-
- Rodovia D. Pedro I tante papel, como condicionantes das estabili-
Foram plotadas as projeções cíclográficas dades em taludes de corte nos horizontes de
das superfícies dos taludes em ambos os lados da saprolito. O estudo destas estruturas é indispen-
estrada, também com as direções médias da rodo- sável à compreensão e previsão das instabilida- ·
via, na área de estudo. A maior parte da estrada des nestes materiais.
atravessa os setores Ca e H. As direções médias - O mapa de forma estrutural foi fundamental
da rodovia. pioradas nos estereogramas. são: E- para a visualização do comportamento da
WeN45W. foliação, em toda região da Folha Atibaia, e
No setor Ca tem-se, conforme Figura I Oc: consistiu na principal ferramenta para a
a) Direção E-W (taludes TI e T2): setorização da área.
-Sulco ou ravinamento. ao longo da junta Ca4 e - Através da setorização, pode-se estabelecer o
tombamento. ocasionado pela junta Ca2, nas modelo geométrico para cada setor. imprescin-
faces Tl e T2. O talude 26 é exemplo de tomba- dível aos estudos de estabilidade de taludes, no
mento. também associad~à ruptura planar. que concerne ao entendimento dos processos
113

instalados e previsões de futuras instabilidades. ral Aplicada. São Paulo: ABGE: Votoran-
Na proximidade das falhas transcorrentes, das tim, p. 363 - 382, l992b.
zonas de cisalhamento, há grande l>;(ariabilidade HASUI, Y., MAGALHÃES, F. S., RAMOS, J.
da foliação, que assume o padrão amendoado, M. S., SANTANA, F. C.; SANDRONI, S.
típico destas zonas, conforme Hasui et ai. S. A utilização do mapa de linha de forma
( 1992b). Nesta situação. torna-se difícil a adoção para elaboração do modelo estrutural - O
de um modelo geométrico que satisfaça a todas exemplo da Mina do Cauê, Itabira, MG. In:
as condições de foliação. Adotou-se um modelo Congresso Brasileiro de Geologia de En-
geométrico médio. que não consegue satisfazer genharia, 7. Poços de Caldas. Anais... Po-
plenamente as condições observadas em cam- ços de Caldas : ABGE, v. I, p. 321 - 333,
po, mas que apresenta relativa eficácia. 1993.
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Modelo estrutural na área do projeto cobre PENAL V A, F. Sedimentos neocenozóicos nos
São Mateus, municípios de Caconde e vales dos rios Jundiaí, Atibaia e Jaguari (Es-
Muzambinho (SP/MG). In: HASUI, Y ., tado de São Paulo). Boi. Paul. Geogr.. São
MIOTO, J. A. (Coords). Geologia Estrutural Paulo. (46): I07-I37, I971.
Aplicada. São Paulo: ABGE: Votorantim, p. PONÇANO. W. L. As coberturas cenozóicas. In:
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escala I :500.000. São Paulo: IPT- DMGA.
- HASUI, Y., MAGALHÃES, F. S., MANGOLIN
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Cana Brava (GO) com vista à análise da es-
tabilidade de taludes. In: HASUI, Y .,
MIOTO. J. A. (Coords) Geolo~ia Estrutu-
Shear strength of an unsaturated sandy soil
Résistance au cisaillement d' un sollatéritique sableux non saturé
s.A..Rõhm
Fetieral University oJ São Carlos. S. P.. Braz)!
O.MVilar
University of São Paui.o.'S. P.. Brazil

ABSTRAcr
An undisturbed lateritized soil has been tested in triaxial compression under saturated and
non-saturated conditions. Non-saturated tests were performed acording to axis translating
technique where air and water pressures were controlled. The influence of confining pressures and
matric suction on shear strength is analyzed and a non-linear relationship is found to relate matric
suction and shear strenth

RESUMÉ
Un sollateritique a été etudié a partir des résultats des essais triaxiaux en considerant des
conditions saturé et non saturé. Les essais non saturés ont été realisés selon la tecnique de
translation des axes avec le contrôle des pressions d'air et de d'eau interstitielle. On analyse
l'influence de la contrainte de confinement et de la suction sur la resistance au cisaillement du soL
Une expression non linear est donc proposée pour décrire la relation entre suction et résistance.

Abramento & Carvalho ( 1989) also


L INTR.ODUCTION report a non-linear dependence between
The interest in understanding strength and matric suction.
geotechnical characteristics of non-saturated The effect of matric suction must
soi1s has increased in the last three decades. departs from linearity. It can be shown that
The development of porous stones with high parameter x and tgq,b are related and since x is
air entry value associated to axis translating non-linear there is no reason to expect that q,b
technique (Hil.t: 1956) has been proved useful will be the same for ali the leveis of matric
in testing unsaturated soils. Techniques for suction.
testing these soils, where pore air and pore Fredlund et ai. (1987) relate the non-
water pressures are controlled or measured linearity between shear strength and matric
have been related by Bishop et ai. (1960) and suction to the air-entry value ofthe soil.
Ho & Fredlund (1982), among other authors. Shear strength characteristics of a non-
Failure criterion which consider matric saturated sandy soil will be anaiized in this
suction has been proposed by Bishop et ai. paper using test data from triaxial compression
(1960), where Bishop's effective stress tests where pore air and water pressures were
proposal for non-saturated soils is included. controlled.
This criterion can be expressed as: The influence of matric suction on
-r= c'+ (cr- u).tgcj>'- x.(ua- uw).tgcj>' (1) shear strength is discussed and some
where qualitative data from mercury intrusion ·and
c'· effective cohesion intercept; water retention curves are used to analyze soil
cr: total stress; behavior during shear.
ua; pore air pressure;
uw: pore water pressure; and
cj>': effective angle of shearing strength. 2. SOll. AND METHODS
Soil used in the tests was a lateritized
Parameter x is known as dependent of sandy soil which is typical from Southeast
degree of saturarion and stress-path among Brazil. This soil is originated from Bauru (K)
others factors. and Botucatu (JKb) sandstones which were
eroded and weathered and deposited as
Fredlund et ai. (I 978) proposed the
alluvium and colluvium.
following failure criterion:
Grnin size distribution is shown in
Figure 1. Liquid and Pasticity limits are 3 8%
and 24%, respectively, while its particle unit
weight is 28 kN/m3. Undisturbed soil have the
where q,b express the effect of matric suction
following average characteristics: void ratio of
on strength in a linear way. Escario & Sáez
1.0. porosity of 50%; moisture content of
(1986) report dependence of q,b on matric
20%, saturation degree of 50% and unit
suction levei and show that cj>' tends to increase
~eight of 16.5 kNfm3
with :tbe levei of matric suction.
115

"Minel3ls present in tbe soil under study


are bighly resistam to tropical weathering.
Coarse particles are amtpOSCd mainly of O.tft

quartz and of lower proportions of magnetite, ,,_,


iJmenite, turmaJine and 2lrcon.
Fine particles are composed by
bolinite and ·iron and ahmúniurn hydroxides.
I
Cl.02&

.. •+-~~~~~--~~~~~~~
1..000IE-OI
1.00GE-04 ~ O.D'I 0.1
-'--d-(111111)

. (a)

. ~~~~~~~~--~~~~~~

OJJ01 0.01 0.1


aflectiYe d~ d (mm)

Figure 1 : grain size cumulative distribution.

These hydroxides usually coat clay minerais


then fonning aggregates and micro-aggregates
which make up a typical feature of these
lateritized soils, known as "pop com" by its
figure (Nogami & Villtbor, 1983). (b)
In MCT classification system Figure 2 a) pore size distnbutions versus
developed for tropical soils (Nogami & cumulative mercury volume intrusion; b) pore
Villibor, 1985) this soil belongs to LA' which size distributions versus incrementai mercury
means sandy lateritized soil. volume intrusion.
Curves from mercury intrusion tests are
shown in Figure 2. Data from plate pressures
tests (sample dried) are plotted in Figure 3.
In order to get effective strength
parameters, consolidated-undrained tests were
100 o
performed on samples saturated by back-
o
pressure. Samples were 50 mm in diameter and
120 mm in height. Multistage tests have
showed feastble for this soil and they were
used to reduce the time spent on saturated
tests. Effective confining pressures were of 50,
:1
100, 200, 400, 600 and 750 kPa. • ~ • n n s D H ~ a •
....iNtrie ...... C811tMt (t.)
Non-saturated soil have been tested
using axis translating technique (Hilf, 1956),
Figure 3 : moisture characteristic curve.
where air and water pressures were controlled.
To set up desired matric suction on samples,
they were firstily allowed to take water until
matric suction reached approximately zero.
Air and water pressures were then
raised to get sample matric suction. Volume of
water that flowed from sample was monitored.
When this flow reached equilibrium, sample
was confined on triaxial apparatus. In this
sense, the way of preparing sample to be tested
is different than that proposed by Ho &
Fredlund (1982). Additibnal information about
sample preparation and testing techniques can
be found in Rõhm (1992).
Figure 4 shows matric suction and
stress paths followed in preparing the sample
for shearing. Sarnple departs from Bn (natural Figure 4 : matric suction and stress paths
matric suction) and is taken to Bo (zero matric followed in preparing the sarnple for shearing.
suction).
The desired matric suction was l.RESULTS
imposed and then the sample was allowed to Figure 5 shows in a p - q diagram shear
densify during application of confining strength envelopes obtained. In this figure p =
pressure (B 0 ~ B 1 ~ B2; Bo ~ B3 ~ B4). (cri + cr3)/2, q =(cri - cr3)/2, ua is the pore air
Fmally, sarnples were sheared under a velocity pressure and uw is the pore water pressures.
of 0.006 mm/min. Saturated envelope is that for ua - uw = O.
Linear auves fitted fairly well test results V alues o f q and rnatric suction are
Coefficients of detennination for these linear plotted in Figure 7 Now, linear curves didn't
regressions ranged between 0.992 and 0.998 fit well test results. As pointed out by severa!
as can be seen in T able 1 authors, the relationship between strength and
suction appears to be non linear. Values seern
to increase to a rnaximurn and then rernain
q ll<Pal alrnost constant (Escario & Sáez, 1986;
-] ............. ~ Fredlund et ai., 1987).
100
'. . ----·
-+- ..a--·ca In fact, regression equations

t ~ --.-•ZOO considerlng hyperbolic function show high

:r-----·
--&- -·-·AOO
coe:fficients o f deterrnination (R2) as can be
seen in Table 2.
At low suction values, ab - angle
relating strength to suction (analogous to <j>b)
.~~~--~--~--~--~--~--~- was larger than a', which is in contrast to
0 2!180 400 100 800 1000 1200 1400
p-ua ou p-uw (lcPa) previous observations ~scario & Sáez., 1986;
Fredlund et ai., 1987), b~t is in agreernent with
Figure 5 : shear strength envelopes in a (p - ua) the findings of Abrarnento & Carvalho (1989)
versus q diagram . when testing some Brazi1ian residual soils.
The non-linearity between strength and
Data plotted in Figure 7 seern to be suction rnay be related to descontinous grain
well related by hiperbolic function, since they size distribution and pore characteristics
increase rapidly and then tend to reach a (Figures I and 2).
constant value when suction is beyond a About 30% of porous are between
cert:ail!_value. 0.0006 andO. I mrn in diarnenter. This arnount
t\S n was expected, ~ear strength represents alrnost 90% -of ali volume. In other
increased with suction, but what is interesting words, alrnost ali pore volume is composed of
is that angle of shearing strength (a') obtained larger pores. Water retention curve of Figure 3
in a p - q diagram also varied with suction. shows that a large volume of water can be
Figure 6 shows angle of shearing strength drained from the soi1 for suction values as low
related to suction. V alues depart frorn 23 I o as I O kPa. When rnatric suction increases
for saturated soil and reach 29.6° for 400 kPa water frorn larger voids are readily drained and
of matric suction. the cornbined effect o f matric suction ( capillary

Table 1: regression equations for (p-ua) versus q relationship.

matric suction regression equations R2


(kPa) (kPa)
20 q= 4.5 + (p- U:~).tg25.2° 0.992
50 q = 22.4 + (p- ua).tg 25.1° 0.996
200 q = 31.3 + (p- u,).tg26.3° 0.996
400 q = 27.4 + (p- u~).tg29.6° 0.998

Table 2 (ua-uw) versus q relationship.

<13 - ua regression equations R2


(kPa) (kPa)
50 q = 24.3 + (u,. - Uw)/( 5.2 + (u, - Uw)/111.1)) 0.996
200 q = 55.8 + (u,.- Uw)/(10.8 + (u,- Uw)/200.0)) 0.984
400 q = 96.8 + (u,. - Uw)/(34.5 + (u,. - Uw)/500.0)) 0.992

angle of aMartng atrength.,( (')


' q (kPa)
~~~~~~~~~~------------ roar----------------------------
............
• ooof ~A ,
-r~ ~ 140
400,/

~
..
"RI!:S8URE
...,

25+' • •
I
><t
~1-----~----~------------~~
o 100 200 300
rnatr1c auctJon (kPa)
... 100 200 300 ...oo
matric suction (kPa)
600 600

Figure 6 angle of shearing strength (a') Figure 7 · q versus rnatric suction.


related to matric suction.
ll7

and adsorptive) starts to develope inside inter- ESCARIO, V. & SÁEZ, 1. (1986). Shear
and intra-aggn:gate pores, wbere its influeuce strength of partly sáturated soils versus
is, possibly, small. Actually, as the soil dries, suction. Géotechnique, London,
capillary forces are less important than 36(3):453-456.
adsorptive f~. FREDLUND, D. G., MORGENSTERN, N.
In .additlon, as these micropores R. & WIDGER, R. A (I 978). The shear
represem about I 00/o of total volume of pores strength of unsaturated soils. Canadian
of this soil, it is fairly reasonable to expect a Geotechnical Joumal, 15(3):313-321,
1ittle contribution to shear strength increasing August 1978.
wben matric suction increases beyond some FREDLUND, D. G., RAHARDJO, H. &
determined value. GAN, 1. K M (1987). Non-linearity of
strength envelope for unsaturated soils.
In: 1nt. Conf on Expansive Soils, 6., New
4. CONCLUSIONS Delhi. Proc. v. 2, p. 49-54.
The undisturbed sandy soil tested under HILF, J. W. (1956). An investigation ofpore-
non-saturated conditions has shown strength water pressure in compacted cohesive
increasing with matric suction. In a (p - ua) - q soils. Denver, 1956. 109 p. (Faculty of
diagram, strength envelopes could be ajusted Graduate School of the University of
according to a linear relationship. Angles of Colorado).
shearing strength resulting from these HO, D. Y. F. & FREDLUND, D. G. (1982).
relationships have tended to increase with A multistage triaxial test for unsaturated
suction. Shear strength increased with matric soils. Geotechnical Testing Journal,
suction up to a rnaximun and then remained ASTM, Philadelphia, 5(1/2):18-25,
almost constant. An hyperbolic relationship March/June 1982.
fitted well matric suction and strength NOGAMI, J. S. & VILLIBOR, D. F. (1983).
experimental data. Os solos tropicais lateriticos e saprolíticos
e a pavimentação. In: Reunião Anual de
Pavimentação, 18., Porto Alegre, 1983.
5. REFERENCES Anais. 2lp.
ABRAMENTO, M & CARVALHO, C. S. NOGAMI, J. S. & VILLIBOR, D. F. (1985).
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natural slopes instabilization at Serra do geotechnical classification for tropical
Mar, Brazil. In: Int. Conf on Soil Mech. soils. In: Int. Conf on Geomech. in
and Found. Engn., 12., Rio de Janeiro. Lateritic and Saprolitic Soils, Brasília.
Proc. Rotterdam, A A Balkema. v 2, p. Proc. São Paulo, Brasilian Society for Soil
1599-1602. Mechanics, 1985, v.l, p. 3
RÕHM, S. A (1992}. Resistência ao
BISHOP, A W., ALPAN, G. E., BLIGHT,
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Carlos-SP. São Carlos. 282p. (Doutorado
saturated cohesive soils. In: Research
- Escola de Eng. de São Carlos da Univ.
Conf on Shear Strength of Cohesive
de São Paulo).
Soils, Bouder. Procs. ASCE, 1960. p.
503-532.
Sballow foundations on collapsible soil improved by compaction
Fondations superficielles dans des sols effondrables améliorés par com.pactage
A. Souza
UNESP, JlJta Solteira, Brazil
J.C.A.Cintra & O. M. Vilar
University o[São Pauto/ São Carlos, S.P., Brazil

ABSTRACf: In this paper, the influence of soil compaction on collapse strains is studied using
laboratory plate tests on undisturbed and on compacted soil samples. Field plate load tests and the
behavior of two footing prototypes, one build on natural soil and other on re-compacted soil, are
also used in the analysis. Results of load tests performed on models and prototypes showed a
sensible influence of compaction in reducing collapse settlement and suggest that this method of
soil improvement can be useful to get a better performance of shallow foundations on collapsible
soils.

RESUMÉ: On étudie l'influence de la compactage d'un sol effondrable sur les tassements. Des
essais de chargement de plaques et de semelles ont été réalisés en sol naturel et en sol compacté.
Pendant les essais le sol était mouillé pour déterminer les tassements d'effondrement. Les résultats
montrent une três importante reduction des tassements d'effondrement à cause de la compactage
du soL Cette méthode est alors três utile pour améliorer le comportement de fondations
superficielles dans des sols effondmbles.

LOAO(kPa)
1. INTRODUCTION 200
..... 1- I I I I
''\ .... j_l I I
~ _I l J _l
Ê
Large areas of Southern Brazil are covered .§. L COMPACTED GROUND
__L
by a fine to medium clayey sand to a depth !z 10
_}. _]
w
varying between 4 to 12 m. Thís soil can be :!E
w ~ NATlJAAL GROUND '.J.
found with porosity of about 50% and degrees ~
~
of satunú:ion as low as 40%, although local 5
..,20
I
I
I I I
I I
variations can happen both in physical
characteristi.cs and in texture. Figure 1: Load plate tests performed on natural
Volume decreases (collapse) associated to and compacted soil argas, 1951 ). rv
wetting under constant total stress are common
in this soil. Severa! small buildings have been
damaged due to water infiltration bellow soil
foundation.
Improving soil foundation can reduce the
damages associated to soil collapse. A method
for that consists in removing foundation soil,
up to a specified depth, and then to re- SOil.
com.pacting it according to some specification
conccming degree of compaction and moisture
content.
S1 0,25 o 16
The altemative of compacting porous soils S2 0,36 0,15
to make possible the use of shallow S3 0,40 0,15
foundations has been used in Brazil, although C"' 0,5 X b
not in a generalized way. Thís method can d = 1,0 X b
increase allowable bearing capacity and reduce h=d +0,5 m
soil deformations.
Figure 2: Typical dimensions used in
Figure I shows the results of two plate load
improving some Brazilian porous soil by
tests performed on a porous clay (void ratio of
compaction (Silveira & Souto Silveira, 1963).
1,50), where a water reservoir for São Paulo
city was to be founded on. One plate load test
was over natural soil and the other over Another example is that of shallow
compacted soil. As it can be seen in Fig. 1, soil fotmdations used at Engineering School of São
compaction has greatly majored allowable Carlos - University of São Paulo. Soil was
~capacity. removed up to a determined depth and then
119

manually compacted in layers. In spite of low respectively. These values mean 65 and 86%
compaction energy used, ailowable bearing of reduction of collapse strains, showing the
capacity was almost doubled in some cases. efficiency of method of soil improvement.
Figure 2 shows typical dimensions of This conclusion based on models load tests
excavation used in this construction (Silveira was valuable, but it was important to analyze
& Souto Silveira, 1963). field load tests too, considering the difficulty
Good performance of constructions referred in extrapolating model data in geotechnical
problems (Cintra et ai., 1993).
LOAO(kPa) This paper will continue to discuss the effect
o n n 4 u ~ K rn rn w ~
of soil compaction in reducing collapse
I I i 1- i
settlement considering now data from field
I I
2
I I
i
load tests.
Ê i I !
I
I i
i
... 4 I I
I i
I
I "6.: i
I

zw i L._,
::!
!
I I i i 2. FIELD LOAD TESTS
w
..J
I
I ! I
I I ! I _L___ I
i
.,t:w i i
I
I L I
Field tests were performed at Ilha Solteira
I i I I I
I I
(São Paulo State - Brazil) in an area where
thick layers (beyond I Om in depth) of
Figure 3: Model plate load tests where soil was collapsible soils are found. This soil has low
flooded under 80 kPa of surcharge (Cintra et SPT vaiues (less than 3 blows for the fust
al., 1986). meters ), not exceeding 6 blows before 1Om in
depth. Cone penetration test shows point
resistance (Rp) lower than 2,5 MN/m 2 (Souza
to has indicate that compaction is an e:fficient & Cintra.. 1994).
tool to increase ailowable bearing capacity and Maximum dry unit weight and optimum
to avoid the use of more costly deep moisture content were 19.3 kN/m3 and 11.4%,
foundation. respectively, considering Standard Proctor
Both porous clay of São Paulo and clayey compaction test.
sand of São Carlos are collapsible soils. So, The soil is a clayey sand with about 12% of
good performance of cases reported suggests natural moisture content. void ratio of0.90 and
that compaction could be useful too in unit weight of 15 kN/m 3 . Liquid limit is 27%.
reducing problems associated to soil collapse. while plasticity index is 14%. Unit particle
3
The reduction in collapse strains due to weight is 27 kN/m . These must be considered
compaction of soil has been studied by Cintra as average vaiues.
et ai. (1986) through inodel plate load tests. Four plate load tests (plate with 80cm in
These tests were performed on undisturbed diameter) ata depth o f 70cm were performed
soil blocks (30 x 30 x 24 em) using rectangular considering the following soil conditions:
plates with dimensions 3 em x 6 em. First test natural soil: natural soil loaded to 60 kPa and
was initiated on soil at its natural conditions. then flooded: compacted soil (60 em below
When load reached 80 kPa soil was wetted and plate base); compacted soil loaded to 60 kPa
corresponding settlement was registered. After and then flooded.
equilibrium, soil was loaded by some
LOAD (kPa)
additional load stages until 160 kPa Load-
settlement curveis shown in Figure 3, where it 40 80 120 160 200
o
-=.._
I

can be seen that settlement increased four


times after wetting soil under 80 kPa of load. 2
..____ ::;:j
.. ~..Aeftl>
In the other two undisturbed blocks 3cm of
soil in depth was removed and compacted in ~-
layers up to degrees of compaction of 80 and
90% of Proctor Standard compaction test, ""' ~
keeping same moisture content o f natural soil.
Load tests were performed in a similar way
I
~
than that o f natural soil.
Figure 4 shows load-5ettlement curves for 10
natural and compacted soil, where one can
observe a sensible reduction in collapse Figure 4: Model plate load tests over natural
strains, even for the low degrees of compaction and compacted soil (Cintra et al., 1986).
used.
Table I surnmarizes settlements measured
Table I: Settlement in different plate 1oad tests.
before wetting (due to 80 kPa o f overburden
stress), during wetting and loading after
wetting (overburden stress was majored from
I SETTLEMENT
(mm)
~ETTLEMENT
(%)
RATI1
)sAMPLE[
80 to 160 kPa), as well as the ratio between
80 Wetting 80-160 Total 80 Wetting 80-160 TotaJ/
compacted soil and natural soil settlements.
Collapse settlement of natural soil was of
Natural 0,67 2,52 4,74 7,93 - - - - I
OCaSO% 0,53 0,87 1,86 3,26! 79 35 39 41 i
2,52 mm and it was reduced to 0,87 and 0,36
Dc-90% 0,50 0,36 0,70 1,56 75 14 15 20 I
mm for degrees otc:ompaction of 80 and 90%.
In addition, to investigate the behavior of z..,.
211
footings in natural and compacted soil, two
2C
brick walls founded on strip footing were
Ê>D
tested. Walls were of 1,60m in height and they g
...ffi 16
were loaded by an additional surcharge.
Footing was 0,60m wide and 3,0m long. "'~ 12

Foundation soil was tested at its natural


t;j
.. 8
i-} NATURAL SOL. _.._I}

conditions and after have been compacted in 4


COIIPACTED S01L (WAU..II)

layers of 10 em each (six layers below footing o ~ t-


o 30 120 1150
base). Each soil layer was compacted through
400 blows of a hand hammer of 15 kg falling
from an average height of20 em. Figure 7 : Wali settlement and time for natural
In ali field tests were soil was flooded holes and compacted soil.
extending 1.0 m below foundation were drawn
and filled with pebbles to facilitate soil factor of 2) due to compaction, while collapse
wetting. On strip foundation, holes were drawn settlement was reduced 87% (it decreased from
at each side following a spacing of 0.5m along 382 to 4,9mm).
length. This was made to avoid the influence Figure 7 shows time-settlement curves for
of compaction in reducing superficial soil the wall considering natural and compacted
permeability and then water infiltration. soil. It is observed a significant reduction in
Settlements were monitored during ali stages settlement when comparing footing over
ofwall construction. compacted and over natural soil. Reduction in
final settlement is of 80% (5,8 and 28 11mm for
LOAD(kPa)
compacted and natural soil, respectively).
50 150 200 250 300 After construction and surcharge (stage 1 in
Figure 7) natural soil settled 8mm, while
10 compacted soil settled about 3mm. These
values remained almost constant along time.
20 After wetting (stage 2) total settlement of
natural soil reached more than 2&mm and for
30
compacted soil, about 6mm. This means that
Ê in stage 1 compaction provided a reduction of
S..co
...z about 50% in settlement and in stage 2 (after
w wetting), 80%.
::550
......
w
These results confirm in prototypes the
!;j60 efficiency of soil conipaction in minimizing
"' problems associated to soil collapse, even
when compaction energy is small. Energy used
in compaction reached about only 10% of
Figure 5 Plate load tests on natural and
Standard Proctor energy in the cases analyzed
wetted soil (soil wetted under 60 kPa). Ilha
and has given degrees of compaction of about
Solteira soil.
92%.
This behavior is also observed in oedometer
LOAD(kPa) tests on compacted lateritized soil which have
60 100 160 200 250 300 shown that collapse strains are more sensible
~rc::::
o r---.1 I to molding water content than to dry unit
weight Lateritized soils compacted at

20
~~~ I optimum water content (as the soil here
studied) and degrees of compaction larger than
30
I
i
'
1\ 1\I I
90% have shown negligible collapse strains
(Vilar & Gaioto, 1994). In such case although
Ê I collapse could be not important soil
S..co I i\
...z :
I deformability can increase and leads soil to
w I I
::560 I some appreciable deformation, specially for
...
w
larger loads.
~
)ll60 I I Obviously, a better improving can be
i I obtained considering technical and economical
70 factors. In this sense, the amount of energy
used in compacting soil, the resulting degree
Figure 6 : Plate load tests on compacted and
of compaction and the depth of soil to be
compacted-wetted. Ilha Solteira soiL
compacted as well as characteristics of
construction (loads, tolerable settlements, etc.)
3.RESULTS must be taken in account when searching for a
well proportioned fo~dation design.
Figures 5 and 6 show plate load-settlement Finally, it must be emphasized that wall
curves obtained for natural and compacted loads. including surcharge, was very low in
soil, respectively. As it can be seen, allowable field prototypes (about 20 kPa). When
bearing capacity doubled (53 to 115 kPa considering large loads, large collapse
considering 25 mm of settlement and a safety settlements must be expected. since collapse
121

tends to inacase with load in tbe natmal soil S. REFERENCES


testcd.
Cintra, J.CA; Gamier, J. & Levacher, D.
(1993). Pile groups subjected to lateral
4. CONCLUSION Joading on a centrifuge. (in Portuguese),
Geotecnio., SPG, Lisboa, 68: 19-27.
Buildings founded in collapstble soils have Cintra, J.C.A.; Nogueira, J.B. & Hermany
sbown an inadequate bebavior specially wben Filho, C. (1986). Sballow foundations on
sballow foundations are used. For low-<:ast collapsible soils. Proc. of the sM lnt.
buildings tbe use of piles or anotber deep Cong. oflAEG. Buenos Aires, 3:673-675.
foundation is very expensive. Improving soil Silveira, A. & Souto Silveira, E.B. (1963).
by compaction allows a better performance of Low cost shallow foundation, Proc. of the
sballow foundations as. shown by load tests 2"" Panamerican Conf on Soil Mech. and
discussed in tbis paper. Found. Eng., São Paulo, I: 327-336.
Load plate tests have shown that compaction Souza, A. & Cintra, J.C.A. (1994). Sballow
can reduce collapse settlement of about 87% foundations on collapsiblc soil in Ilha
and increase allowable load o f 11 0%. Solteira-SP. (in Portuguese), Proc. of the
Collapse settlement observed in a prototype X Brazilian Cong. on Soil Mech. and
have been reduced of about 80%, when Found. Eng., Foz do lguaçu,1: 223-230.
considering tbe influence of soi1 compaction as Vargas, M. (1951). Foundations on compacted
related to natural soil. embankment (in Portuguese), RAE, 13
Therefore tbis alternative shows feasible and (23): 51-60.
an interesting option in reducing problems Vilar, O.M. & Gaioto, N. (1994) Collapse
associated to shallow foundations on strains in a compacted lateritized soil (in
collapsible soils. Portuguese). Proc. X Brazilian Conf. on
Soil Mech, and Found. Engn., Foz do
Iguaçu, 4:1221-1228.
REIAXATION EFFECTS .ANALYSED IN SML TEST IN SAND

RELAJACION EN PROEBAS LENTAS EN TERRENOS ARENOSOS

Cornélio Zarnpier Teixeira, Msc


Assistent Professor, DEG/UFLA. Lavras-MG, Brasil

José Henrique Albiero


Professor, USP-São Carlos, UNESP-Bauru

SYNOPSIS. This research was intended to quantify the difference


between the load-settlement behavior, under sustained and relaxed
load, during pile load tests (SML) in bored cast-in-place pile
with 10m length and diameter 0,50m, in the collapsible clayey sand
of the foundations experimental field of USP-São Carlos-SP.

The 600kN stage, corresponding to the ultimate load, when the soil
was soaked and under collapse, was used in the study. In the first
experiment the load was maintained constant for 30 minutes and in
the second no reposition of load was provided. The results have
shown: ll for no reposition case, the load decreases exponentially
with time; 2l the settlement x logt curve is modified during load
relaxation period; 3) the settlement x time relationship is linear
for sustained load and logarithmic for relaxed load; 4) the
veloci ty o f settlement is greater for sustained load than for no
reposition of load case (3,6 times).

1. INTRODUCTION

There are various polemical po1nts on the interpretation of load


tests: 1) Is the settlements stabilization criterion, used to
increment the load, better than the stabilization of loads
criterion? 2) How to clearly identify the true value of the
ul timate load to draw the load x settlements curve? 3) A' better
knowledge about the time effect on the pile-soil systern behavior
could resul t in more economical designs? 4 l The interruption o f
the SML test could compromisse its results?

The first of these points involves two questions, the selection of


the mornent to finish and/or to incrernent a new stage of one test
and the discussion involving the convenience of utilizing the slow
tests instead of the rapid test.
The second point pressuppose that such load is the equilibriurn
load, but not allways exist a sui table time to expect the full
extinction of the viscoelastic deformations, except in some
isolated cases from academic researchs.
Nevertheless, the third is the most neglected of those, though
sufficiently theorized on the soft clays, since Terzaghi (1931)
and passing through Casagrande & Wilson (1951), where is described
that certain types of clay presents creep under sustained loads.
More recent researchs, following this trend (Mitchell, 1964;
Murayama & Shibata, 1960; Bjerrum, 1972), serves to confirm that
the real yielding process is reached before the limi t-resistance
defined in laboratory tests. Bjerrurn (1973) still notes that there
is a good correlation between the effecti ve, undrained strain and
the adhesion factor of the frictional resistance of piles in clay.
Though this correlation could be well evidencied, such fact does
not implicate that the long-term behavior of pile could be
predicted by this correlation,being more suggestive to analyze the
relationship between the adhesion and the logarithm of the rate of
deformation, that is, to include the time effect in the analysis.
The time effect is intimately associated to the cohesi ve term o f
the soil and to the applied stress level; when this level is very
high, the cohesion is quickly destroyed, but, on the contrary, for
low tensions, the ponctual contacts between particles will tend to
present a very long time li f e, such tenth o f years. It is o f
interest to ke_~p in rnind the Schmertmann & Hall í 1961) conclusion
123

that as the cohesion decreases, the frictional term is crescently


mobilized; however, the transfer process is not integral,
justifying the decrease of resistance with time.
Bjerrum (1973) mentions the interessant fact that, even when the
friction is fully mobilized by the cohesion transfer, the creep
goes on under constant rate, justifying the conclusion of a work
from Booker & Poulos (1976) who, idealizing the soil behavior by a
viscoelastic model, proposed the equation bellow to estimate the
long-term sett1ements based on the straingth line portion of the
settlement x log t curve:
P, -p, -1 X ( 1)
P. =log(t, I t,_.) =
Based on the analysis of 30 load tests, at varied types of soils
and piles, Ferreira & Lopes (1985) suggest that the settlements
stabilization must be estimate by attendance of settlement x log t
curve and using the eq (1). The "fluency coefficient", defined in
eq. (1), can be the control-parameter of the load test.
Finally, on reserve to the fourth a special preoccupation. This is
an almost dogrnatical question, stablishing that the slow tests,
once iniciated, must be conducted without interruption up to the
finish. Eventual accidents or stoppages should be a pretext to put
it under suspition, though in this magnificent work, Bjerrurn
(1973) incites the relaxation test in the proofs, by means of a
convincing argurnentation. On infer that the time effect is a
fundamental factor to make a more accurate prediction of the
bearing capacity in deep foundations and, therefore, the question
involves problems of practical interest.

Due to the practically inexisting researchs on this subject, in


sandy soils, the authors improve one SML (slow maintained load)
test to search some correlations, and to test the validity of the
conclusions already established for soft clays.
2. MATERIALS ANO METHODS

The data presented in this work have been produced in one SML load
test in compression, perforrned on bored, cast-in-place pile, with
10m length and 0,5m diameter.
The soil is a clayey sand, derived of a quarterly sediment,with 6m
thickness,and over one residual soil derived of Botucatu sanstone,
wi th identical physical properties. The plastici ty index varies
from 7 to 14% in the profile and the undrained shear parameters
can be described as follows: the cohesion varies approximately
linearly and increases with depth, in the 10-50 kPa range and the
friccion angle, decreases almost linearly, from 32° to 13°.

The pile was submited previously to a sequence of load tests. The


present resul ts corresponds to the fifth and was destinated to
analyse the wetting effect on its behavior, in a collapsible soil.

The experience was made in the 600kN stage, when the soil was in
collapse. Four extensometers with O, OOlmrn accuracy were used to
measure the settlements. The load, applyed by means a hydraulic
jack with 2.000kN capacity, was measured, by one load-cell with
O.lN accuracy. The pile displacements, along its lenght, were
obtained throught strain-gages installed in five different
positions, as described by Teixeira (1993).

The 600kN stage extended up to 7,240 minutes (1992, june, 16 to


1992, june, 21), being completely monitored by settlements x logt
graphic. The relaxation test was conducted at the end of the first
day, when almost 95% of the total displacement was completed.
In a period of 6 consecutives hours, two experiences were
performed. At the first, during 30 minutes, the 600kN load was
precisely maintained, throught the permanent purnping of the jack,
being the displacements registered in equal time intervals of 10
minutes. In the second, in 330 minutes, no reposition of load was
made (relaxation testl.
3. RESULTS ANO DISCUSSIONS
The figure l represents the variation of the settlements as a
function of log t.The second experience was carried out,during the
observed 5.5 hours of relaxation,and an obvious sluttishing of the
points was obtained 1n correspondence with th1s. A elastic rebound
with certain sianificance : lmm or 4, 6> to ::he orecedent level of
21,8mrnJ was quant1fied, :mediately after the rel~xation procedure.
-e
c

o oCl) z E .,r-
2 c E
ID
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IOCZ)
N (\j N <:r:
2 Ê (\j N
c:.....§

CZ)

Q
FIG. 1 - Settlement x lo~ t curve .

To better clarify the experience, the phenornenon is ilustrated in


a detail in a rigth and superior comer of the figure 1. The path
AB reproduces the first experience, with sustained load. The whole
displacernent registered in 30 minutes was O. 17rnrn. In the second,
the path CC' D shows the lost o f load, sirnul taneously wi th the
displacernent progress. The total settlernents, in the initial 30
minutes, obtained in this test is de O, 047rnrn or 3, 6 times lower
than the value obtained in the first test.
The figure 2a) describes the whole behavior of the 600kN stage,
and the signification of the several paths can be thus related:
AB - load increment of 40kN, followed by an imediate settle-
ments (elastic);
BC - accurnulated settlernent, since the zero moment up to the
relaxation begining, including the first 30 minutes from
the last experience;

CD - elastic rebound (lrnrn) immediately after the interruption


of purnping;

DE- aditional displacements, by creep (0,128rnm), sirnultaneous


with the lost of load (9,8kN), corresponding to 12,8% of
the elastically rebound displacement;
125

EF - (after the end of relaxation test, to return to point C)


quick increment of load ( 15 kN, that is, ·1, 5 times the
load lost by relaxation), with the load reachíng 605kN;

FG - A short elastic rebound was registered, somewhat smaller


than the previously observed;

GC -
aga~n, relaxation by 15 minutes, was permitted to reesta-
blish the forme r level (600kN) 1 and providing, condition,
for the sequence o f the load test.
Data of the experience two are sumarized ~n the Table I.
Table I. Observed an calcula teci da ta from the second experience
,lt= ,lQ= ,lp= Q- p=
t, Q, p, t\-t,-1 Q,-Q,-1 dQ/dt /1p//1t X
P1 -p, -1
min kN mm m~n kN kN/min mm
( 1) (2)
mm (7)
mm/min
(3) ( 4) ( 5) ( 6) (8) (9)

o 600.0 20.080
10 596.0 20.115 10 - 3. l 0.035 - 0.31 0.0035 0,043
20 594.3 20.128 lO - 2.6 0.013 - 0.26 o. 0013 0.023
30 593.' 20.123 lO - 0.6 0.004 - 0.06 0.0004 0.144
40 592.8 20.150 lO - 0.9 0.018 - 0.09 0.0018 0.206
50 591.9 20. 170 10 - 0.9 0.002 - 0.09 0.0020 0.102
75 591.4 20.188 25 - 0.5 0.018 - 0.02 0.0007 0.072
110 590.8 20.200 35 - 0.6 0.012 -o. on 0.0003 0.072
330 590.2 20.208 220 - 0.6 0.008 -0.003 0.0000 0.017

The figure (2bJ shows the variation, w~th time, of settlements and
loads (p=d; p/dt; Q=dQ/dt). The correlation is not good (r< 70),
and the linear function (as there is po~nted) fits it best.
f x 10·3 I mm/min)
560 590 600 605 OIKN)
0 ~o--------r-------;2~------T3______~•
',e •
'
• ' ' ... ....
-10
' .... ••
' ' ...
''' .
'~0=0.015-8,08f
.
''
-20 '
''
\
\
' ''
\
• ''
.
\
\ .... ....
\
',,
N

Q
"'
llft}
•O .4() L---------------------------'
(a) ( b)

FIG. 2 - (o l in detail the load .a settlement curve durift9 relollation test ( b) correia.
tion between f
ond Ó

How the settlements changes with the variation of the load and
time is a complex problem, that this research intends to explain,
inconclusively. This variation, depends on the type of soil, the
loading level nd, mainly on time. Such requirements conduce to a
particular study in the same place and stage, but in other
interval o f time. On the figure 1 on suggest that the behavior
analysed could be some different, like as, for example, in 'the
interval of the dark band. Notwithstanding these considerations,
very good correlations were obtained involving the lost of load,
U, (simple and acumulated) and time:

U=0.542t (kN/min) , with r=0,999 (2)

and

Uacc=l.l64t (kN/min) , with r=0,999 (3)


During relaxation nane tendency to stabilization was observed,
neither for the loads, or for the settlements, like is clear on
the detail of the figure 1. Indeed, deriving eq. !2) and(Jl, ~n
relation to t~me, on obta~~:
U=0.0678.t [ 4)

and

U=0.697.t [51

In both, on note that the stab~lizatJ.on only is possible for


times, larger than the observed ~n this research. It is probable,
however, that the laws of variatJ.on, expressed by eq. (2) and (3),
can modify and also change with time.

Meanwhile, it seems that one expression like ( 4) could be


interesting for subside the attendance o f load tests, but, in
pratice, it is only possible ~n a few cases (academicals, in
general) where an automatic system o f data acquisition and
graphics generation could be insert, in the field.

More suggestive still is the variation of accumulate settlements


with time, registered dur1.ng the two experiences, such is
presented on the Figure 3. Under sustained load, the relationship
is linear and under relaxed load is almost para~olic (but,
despising the (0, 01 point, 1t can well be adjusted by a
logarithmic function) .

To explain the behavior o f the second experience is out o f the


aims, hoewever there is some ev1dence that the dissipation o f
energy by creep is partially responsable in modifiing this
behavior.

Understand1ng how suggest~ve 1s the Bjerrum' s recommendation


(see deta1..:. Qn Figure 4l in the sense to profit the relaxation
test te research the gain of adhesion while the displacement
process, those resul ts o f the load test where used to draw the
Figure 4.

The adhesJ.on was calculated on the basis of the instrumentation


data, being different in each one of the four positions
along the p1.:.e, lndicated by nurnbers 1.2,3,4, crescents from top
to the bottom. The r ate o f deformatJ.on corresponds only to
time o f the stage 17,240 minutes 1 • As a reference, in this
Figure 4, was reproduced the curve A, refering to an Oslo low
plast1.c1ty clay. So, is possible to verify that the gain of
adhesion 1s :nuch more intense and rapidin more friccionals, and
less cohesionless soils. Certainly the plasticity influences in
this conclusion. The t/m:, from the original, was preserved, for
conven1ence.

-;
,.•
I ~
li
I.
I!
I I

I
,'-i-r
i
= = a'6 t.
+i

30 60 120 300
t (min)
FIG. 3 - Ac:cumutotecl settleJMnt wittl time relation-ship
127

AOHESION IN t/,2
4~------------------------------------------------------------,

--- ---
r,;"\ ----
-------~---------------
~--------
--------------
2

(4}

0·~-----------------------------------r-------~~~~~==~o~oo~===~o~~====~a~_-.:::~::::::~~
0,01 0,1
RG. 4 - AdMtlion " rote of defonnotian eune. 1 ti m2 " 10 kPo

Finnaly, at end ot the test, the last point from load-settlement


graphic was obtained by the Method of Equilibrium concept. By this
method (Mohan et al., 1967), the ultimate load is the same
equilibrium load for what the load stays constant with time and
the displacements stable. The obtained value was calculated wi th
the data indicated in the columns 1 and 2, from Table I and by way
of one expression similar to the first order moments, able to
express the equality areas under one curve:

Lt,Q
Q., =rt:- ( 6)

The results can be seen in the Figure 5.


Q(KN)

60ir--------------------------------------~

Q : 59Z,9 KN
___ !Ct_- ----------- --,
I

593 Az: AI ;
I

:
5~~----~-----L----~------~----~----~
o 20 40 so ao 100 120
t(min)

FIG. 5 - Voriotion of lood with time in the


relomtion test.
4• CONCLUSIONS

1- Based on the results, the interruption of the SML load test, at


any stage, does not invalidate nor compromisse its results.

2- The relaxation test can be transformed in routine. in load tests


apointed to academic research, for any type of soil, because this
practice 1s able to produce many useful informations to the
Engineering Foundations future.

3- The load tests accompaniment must be made in place wi th the


simultaneous execution of the graphics settlements x log t and
(df/dt) x (dQ/dtJ at all loading stages, where relaxation is
allowed.

4- To take back the loading, it is convenient to apply one rapid


load greater than the total 1oad 1ost during the relaxation. To
one cla?ey sand collapsible soil, under soaking, it was found that
the -increasing factor is 1, 5 and that the required time to re
establishment of the settlement x log t curve is 15 minutes.

5- At the bored, cast-ln-place piles, sucessively tested, the


elastic recovery of disp1acements, at the beginning of re1axation
may be associated with the 1oads retained by its point during the
loading.
6- It was not possible to obtain one correlation linking the
fluency coefficient r eq. (1) J to the 1oads during the relaxation
time.
7- Lost of load x time correlations are very good. In this
reserach, they can be expressed by a power function of the U=Az
forrn.

8- The displacements, to the same unit of time, observed under


sustained load, are 3, 6 times the displacements during the
relaxation test.

9- The settlement x time behavior clearly differs under ·sustained


and relaxed load.
5. REFERENCES

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Conference on Performance of Earth and Earth-Supported
Structures, Perdu e University, Lafayette, In., 1972,
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friction piles", ASCE, Transac., v.422:731-764.

Teixeira, C. Z. ( 1993), "Comportamento de estacas escavadas em solos


colapsiveis", Msc Dissertation, USP-São Carlos-SP, 1993. 226
p.
129

Suction controlled oedometer tests on a compacted clay


&Sais oedométriques à succion contrôlée sur une argile compactée
O.M.VIlar
UniversityofSiW Paulo. S.P.. Brazil

ABSTRACI": Suction controlled tests are a useful tool to study wetting-induced strains in
compacted and natural soils. This paper presents some results of tests performed on a poorly
compacted clay of expansive nature. Partial strains due to gradual wetting of sample are showed
and the intluence of moisture content on strains is discussed. It is also discussed the intluence of
cycles of wetting and drying and the effect of imposing suction according to different paths on
measured strains.

RESUMÉ: Les essais avec succion controlée sont un outil avantageux pour étudier Ies
déformations induites par l'inondation de sois compactés et naturels. Cette comunication présente
quelques résultats des essais pratiqués sur une argile expansive pauvrement compactée. On montre
les déformations partielles provoquées par la saturation graduelle de l'échantillon et on analyse
l'influence de la teneur en eau sur les déformations. On aussi analyse fmfluence des cycles de
humectacion et séchage el l'effect de la succion imposée, selon des différents modes, sur les
déformations mesurées.

1. INTRODUCTION based on the axis translating teclmique or on


osmotic devices. Suction controlled
Non saturated soils usually undergo .oedometer developed by Escario (1967) and
volumetric strains when their water content is Escario & Saez (1973) is shown in Figure L
increased. Some soils swell, while others have This oedometer is based on the axis
their density increased by the addition of translating technique (Hiit: 1956) and is
water. Swelling is related to expansive clay similar to the pressure plate apparatus used in
soil physics for determining the moisture
minerais and volume reduction (collapse) ís
retention characterístics of soil.
• associated to an open unstable structure, that
collapses when water is added. To apply the desired suction, air pressure
The double oedometer test (Jennings & is raised inside the chamber. This air pressure
Knight, 1957), where two identical samples will act toa in the air present in the voids of
are tested, one at its natural moisture content the soil. The base of the soil specimen is in
and other inundated, and the standard contact with water at atmospheríc pressure
oedometer test, where the sample is loaded to through the cellulose membrane and inferior
a stress of interest and then soaked, are porous stone. As the cellulose membrane is
impermeable to air, but not to water, there is
usualiy used to identify and to quantif)r strains
a flow ofwater until equilibrium.·At this time
due to wetting, specially in collapsible soils.
the suction ís equal to air press!re, since
These tests try to duplicate the worst
suction corresponds to the{Úfference between
situation for a soil that undergoes wetting
air and water pressures, and in this case water
induced st:rains, although saturation could not
pressure is zero (water is at atmospheric
occur by simple immersion of sample.
pressure).
Sometimes, it may be useful to know how
strains develop following changes in natural These authors have tested various soils and
or as compacted moisture content, without have observed that, when gradually wetted,
reaching saturation or near saturation of the some soils can undergo expansive or collapse
soiL This is specially true in arid and semi-arid strains depending on the suction and on the'
regions and in compacted fills not built for overburden stress. This behavior is illustrated
water reservation. in Figure 2 where strains are related to
In this sense, suction contro!led apparatus suction for samples of a compacted clay.
are useful in determining the influence of Vuar (1994) have tested the same soil
suction (and moisture content) on soil strains. (characteristics of wbich will be descn'bed
Many authors such as Escario (1967); Barden !ater) and extended the data ofEscario &Saez
et ai. (1969); Kassif & Ben Shalon (1971) (1973). Figure 3 shows these data, where
~ develoJ'ed sucti~ controlled <pParatus
wetting induced sttams are related to
overburden ~for ~ous levei of suction.
2 3
Sudion(MI'al
-+- 29.3%
Moistun! _.,_ 28.8 %
Content + 25.1 %
-e- 20.6%

Figure 4: Height variation and suction for


samples at different initial moisture contents
Overburden stress 250 kPa.
Figure 1· Suction Controiled Oedometer
(Escario & Saez, 1973)
performed on this compacted clayey ~il The
effect of cycles of suction reduction (wetting)
and suction increasing (drying) and the
influence of compaction moisture content on
strains are analyzed. It is also shown the
effect of imposing suction according to
different paths on gradual collapse strains

2. SOIL AND METHODS

The clay used in this investigation has


1.6 liquid and plasticity limits of 71% and 36%,
Elcpansicn ( .,. )
respectively, and shrinkage limit of 22%.
Standard Proctor parameters are maximum
Figure 2: Strains and suction for a compacted dry density of 1,325 g!cm3 and optimum
clay (Escario & Saez, 1973) water content of 33,6%, and particle density
is 2, 70 g!cm3 This clay has been extensively
studied by other authors concerning mainly its
expansive behavior (Presa, 1982) and
moisture-suction relationship and strength
~ 4r-----------------------~
(Jucá, 1990).
~ 2 In performing suction controlled tests, the
~ o
1-
samples were statically compacted in a ring
lll having 70 mm in diameter and 20 mm in
o ·2 height, to a dry density of 1,23 g!cm3 and
go -4 water content of22%.
~ -6 o - 2.5MPa
After compaction of specimen and
+- l.SMPa mounting of apparatus, an initial overburden
tJ • --l.OMPa
~ -.'1 c - O.SMPa pressure of 40 kPa and the as-compacted
~ X- 0
suction {3500 kPa) were applied to the
~ -loo;;---:200;;;;;----::400~--:600±=----='aoo"'=---1ooo,..,.,.----l1200 sample. When equíh'brium under the applied
TOTAl m:5S ( KPa ) suction was reached, the sample was loaded
to an overburden pressure of interest, then it
Figure 3: Wetting induced straíns and total was subjected to reduction in matric suction
stress for various leveis of suction (Vuar, in stages, and the corresponding changes in
1994). height ofthe sample were measured.

As it am be seen for larger suctions


3. RESULTS FROM SUCITON
strains are negfigible. Strains start to increase
when suction is lowered to 0.5 "MPa. When
CONTROLLED TESTS
suction a>mes to zero; stnúns reach their
Figure 4 shows the influence of initial
maximum values. lt is intetesting to observe
moisture content on wetting induced strains.
that for lower stresses, strains are of
Samples were compacted to same dry density
expam;ive nature and for the higher stresses
and were loaded with an overllurden pressure
they are of coilapse mture.
of 250 KPa. Hi is the beight of the sample at
This paper descnbes some additional
the end of a stage of suction reduction and Ha
resolts of soction controlled oedometer tests
131

is the height1he sample reacbed after load and content ( those that have collapsed) have
initial suction. shrunk less than samples that were compacted
As it can be seen, samples with initial at higher moisture content. Probably due to
moisture content larger than 28% tended to variations during mold.ing, sample wíth 25 .I%
sweU, im:sJ?ective of suction decrease. The _()f moisture content have reached, after
other two samples also have showed a eq~ilibrium, a void ratio Iarger than the more
volume increase in the earlier stages of dry sampie. In this sense, it is interesting to
suction, but when suction approached zero observe that samples that have swelled at ali
collapse strains have took place. The more leveis of suction, had the lower void ratio or,
dry sample started to collapse when suction in other words, the larger dry density after
was reduced below 1MPa, and the sample equilibrium.
wíth inítíal moisture content of 25.1 %, when For ali leveis of suction ali samples tended
suction was below 0.5 MPa. It is interesting to swell until suction was not lowered below
to observe that final height for the two 0,5 MPa and swelling strains were larger for
samples that have swelled were almost the denser samples. On the other side, collapse
same and that this have also occurred for the strains were larger for samples with higher
two sarnples that have collapsed. void ratíos. Void ratío of about 1.15 seems to
Same data are plotted against e3 -void be associated with no volume variation.
ratío after equilibrium under load and inítial These results suggest that dry density
suction in Figure 5, and allows a better influences wetting-induced strains which has
understanding of the behavior observed. been recognized by many authors, like Chen
lt is important to point out that when ( 1975) when reporting soil swelling behavior.
imposing initíal suction (3. 5 MP a), wetter Molding water content seen1s to in~rfere in
volume shrinkage originated from moisture
equilibrium that sample wíll reach, for
instance, under ambient conditions..
Figure 6 shows wettíng induced strains in
three similar samples (same molding dry
density and moisture content). Each sample
had its as-compacted suction varied through
different way~ but all of them were taken
back to the same suction. One sample, after
molding, was allowed to take water and then
was dried until initial suction of test
(saturated -dried sample) and became wíth
void ratío of 1.058. Second sample was
ea firstly dried until 5 MPa and then it was
wetted until desired suction (dried-wetted
- 3MI'a -.. 1..5 Ml'a sample). Void ratio after equilibrium was
SuctioM -+- 2 MPa -+- OS Ml'a
1.146. In third sample, suction was set up
...,... 1 Ml'a -O
directly after molding, being 1.200 its
Figure 5: Height variation and void ratio after equilibrium void ratio.
equilibrium under load and inítíal suction for In general samples have showed the sarne
sarnples wíth different inítial moisture pattern of deformations. For higher suctions
there was a tendency for swelling and for
content.
lower suctions the tendency was for collapse.
Again, it -is interesting to observe that larger
102 Hi/Ha(')(.) strains took place when suction approached
zero, what agree wíth many other authors
such as Barden et ai. (1969), Escario & Saez
(1973) and Justo et ai. (1984). Wetting
induced strains varied with void ratio after
~~ equilibrium (ea). Lower void ratio was related
to larger expansion ;md smaller collapse
98~--------------------------~
strains and vice--versa. However the
difference between collapse strains was small,
suggesting that collapse is little affected by
the way suction is put on the sample.
~~~--o~.s~-1·~--~1s--~2~~~~2s~-l~~~~J~.s~4~ Figure 7 shows the result of a test where the
Suction ( MPa l specimen was subject to cycles o f wetting and .
....... 3.5 Ml'a - dried - wetted drying. Ho is the molding height of sample.
Sudions -+- 3.5 MPa - saturated - dried When the sample is wetted for the first time
...,... 3.5 Ml'a (suction decrease) the soil has shown
appreciable collapse strain. When· drying to 1
Figure 6: Changes in height and suction for
MPa of matric potential a considerable
samples where suction was varied according
volume reduction took place. This reduction
to different ways.
cannot be assigned only to shrinkage of soil,
since an undesirable compression have
occurred immediately after air pressure was
samples tended to shrink and became denser
raised in this test. But, what is of interest is
than as-compacted condition.
c"2,._..,JAC n.l'Íi-h lnUTpt" lnltl~l mni:dlJrP:
the void ratio at this stage, much lower than
reached after imposing initia1 suction, since, at
this phase of test, wetter sarnples tended to
e - 1.143
shrink more than drier ones.
Cycles of wetting (until zero suction) and
drying led soil to collapse (for high
OVERBURDEN STRESS overburden stress) on first cycle of wetting.
&40 kPa Due to dry density increase on first collapse
and on cycle of drying, soil will tend to swell
on other cycles of wetting.

ACKNOWLEDGMENTS

80
The author is indebted to Drs. Jesus Saez
o 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Aufion Ventura Escario and Carlos Oteo
SUCTION ( MPa J
Mazo ' for their suggestions and for the
Figure 7: Effect of cycles of wetting ( suction facilities put at his disposal at the Laboratorio
decrease) and drying (suction increase) on de Geotecnia - CEDEX in Madrid, Spain,
strains. Overburden stress 640 kPa. where the tests were performed.

5. REFERENCES
initial void ratio. Now, when the sample is
wetted again, there is a tendency for swelling. Barden, L., Madedor, A.O.& Sides, G.R
The amount of swelling is not large. since the
(J 969) Volume change characteristics of
high overburden pressure prevent large
unsaturated clays. Journal of Soil Mech. and
volume increase. In the other cycles the
Found. Div., ASCE, Vol.95, SM1, pp.33-
behavior is similar, but shrinkage is lesser
51
In Figure 8 it is shown the effect of cycles
of wetting and drying , where the two first
Chen, F.H. (1975) Foundations on Expansive
cycles of wetting have stopped on 0.25 MPa
Soils. Arnsterdam: Elsevier.
of suction A little swelling took place and
then soil tended to collapse when suction was
Escario, V ( 1967) Measurement of the
lowered from 0.5 to 0.25 MPa. In the other
swelling characteristcs of a soil fed with
cycles. sample have shrunk and swelled and
water under tension. lnt. Coop. Research on
only when suction was reduced to zero, soil
the Prediction of Moisture Content under
have collapsed. As dry density in third cycle
Road Pavernents, Madrid.
of wetting has increased. some soil swell
probably has decreased collapse strain
Escario, V & Saez, J. (1973) Measurernent
of the Properties of Swelling and Collapsing
Soil under Controlled Suction, Proc. 3rd
Int. Conf Expansive Soils: 195-200. Haifa
~'~--------------------------_,
Hilf; J.W. (1956) An Investigation of Pore-
8;~--------------------------_, Water Pressure in Compacted Cohesive
1.189
e-1.180
Soils. U.S. Dept. of Interior - Bureau of
97 "' Reclamation - Tech-Merno, 654, Denver -
96
~
-::-... -1.161 CO.
~ -1.154

95 Jennings, J. E. & K.night, K. (1957) The


o.o 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0
additional Settlernent of F oundations due to
Suction ( MPa ) a Collapse of Structure of Sandy Subsoils
on Wetting. Proc. IV Conf on Soil Mech.
Figure 8:Changes in height following cycles and Found. Engn., London, pp.316-319.
ofwetting and drying. Overburden stress: 320
kPa. Jucá, J. F. T. (1990) Cornportamiento de los
suelos parcialmente saturados bajo succion
controlada. Tesis. Universidade Politecnica
4.CONCLUSION de Madrid. Espanha. p.346.

Poorly compacted soil of expansive nature Justo, J.L., Delgado A and Ruiz, J. (1984}
can both expand or swell depending on The lnfluence of Stress-Path m the
overburden pressures and on the levei of Collapse-Swelling of Soils at the
matric potential reduction. Laboratory. Proc. 5th Int. Conf, Exp. Soils:
For the same molding dry density, water 67-71. Adelaide.
content seerns to interfere on wetting-induced
strains. Wetter samples tended to swell while Kassif, G. & Ben Shalorn, A. (1971)
drier sarnples have showed collapse strains. Experimental relationship between swell
Actually this behavior seerns to be pressure and suction. Géotechnique, V oi.
cornmanded by dry density that sample have 21, N.3, pp. 245-255.
133

Presa, E.P. (1982) Deformabilidad de Arcillas Vilar, O.M. (1994) Rev:iew of Wetting-
Expansivas bajo Succión controlada. T esis lnduced Collapse in Compacted Soil.
de Doctorado. Univ. Politecnica de Madrid. Discussion. Joumal of Geotechnical
Engineering, V. 120, N. 7, July, p.l281-
1283.
SOME STRENG'l'H CHARACTERISTICS OF LATERITIC SOIL-AGGREGATE
MIXTURES

ALGUNAS CARACTERÍSTICAS DE RESISTENCIA DE MEZCLAS DE


SUELOS LATERÍTICOS Y GRAVAS

Orencio Manje Vilar


Escola de Engenharia de São Carlos - USP -Brasil

Luiz Antoniutti Neto


In Situ Geotecnia S/C Ltda

ABSTRACT Shear strength of rnixtures composed of aggregate


(crushed basaltl and lateritic sandy soil is studied varying
proportions of components. Both saturated and non-saturated
samples were tested and 1t was found that larger angles of
internal friction were related to proportions of soil lower than
40% in the rnixture. The influence o f dry densi ty o f samples and
dry density of soil in the rnix is discussed and it is also shown
that rnultistage tests duplicate fairly well results form
conventional triaxial tests performed on the mixtures.

1. INTRODUCTION

Soil stabilization is any procedure employed to improve certain


properties o f a natural soil as used for an engineering purpose.
Depending on the purpose, various rnethods of soil stabilization
rnay be used. The combining of different soils to produce a rnixture
which is superior to any of its components or cheaper than a
principal component is widely used in highway base courses. This
comprises the rnechanical stabilization where the gradation or the
aggregate-binder concepts are applied.

Rules for proportioning rnixtures based on the gradation concept


for rnechanical stab1lized so1ls are prov1ded by rnany Standards.

Notwi thstanding, there are rnany comb1nations that do not conform


to Standards, but that show a good performance when used as base
courses. As an example there are the lateritic soil-aggregate
rnixtures used :~ some highways in Southern Brazil. In
proportioning these rn1xtures some characteristics of soil are
observed, rnainly those concerning granulometric curve and some
other properties obtained from tests performed in small samples
(mini California Bearing Ratio, expansive and shrinkage behavior
and reduction in mini CBR by imrnersionl , leading to a progressi ve
abandon of Atterberg lirnits as rnandatory specification
characteristics. For the crushed rock, particle size distribution
and Los Angeles abrasion results are the rnost important properties
(Villibor & Nogami, 1984)

In spi te o f the good performance o f bases courses constructed


obeying these specifications, li ttle is known about the strength
behavior of these rnixtures. Furtherrnore, in the Geotechnical
literature there are few references about the strength of
mixtures.

Miller & Sowers (1957) tested rnixes of a coarse to rnedium sand and
a residual sandy clay in several proportions and observed that
cohesion and angle of shearing strength were greatly affected
when the proportion of sandy clay varied from 26 to 33%: angle of
shearing strength dropped from 36° to about 23°, while cohesion
almost doubled. These authors also proposed four hypothetical
grain structures for different proportions of soil in the mixture.
These structures cornprise compacted aggregate alone with grain to
grain contact and high internal friction; aggregate wi th small
amount of soil; aggregate with suffic1ent soil to fill voids
loosely and, finally. agarea2t2 immerse 1n a matrix of well
compacted Sê'' ·
135

Fragaszy et alli ( 1992) also discuss models o f soil aggregate


mixtures and their importance on strength and deformation of these
materials.

Important contributions about the behavior of earth-rock mixtures


can be found too in Donaghe & Torrey (1983). The influence of
scalping the sample and reducing its maximum particle size is
discussed and, among other conclusions, its shown that effective
angle of internal friction (~ )increases with aggregate content in 1

the mixture.
Ritter & Costa Filho (1990) testing mixtures of lateritic gravel
and a clayey soil found an increase in <P 1 until 40% of gravel.
Beyond this value, <P remained almost unchanged, but effective
1

cohesion showed an erratic behavior when percentage of gravel


changed in the mixture.

The purpose o f this paper is to present partial resul ts o f a


research carried out to investigate the effects of varying the
proportions of aggregate and lateritic soil on the strength of the
resulting mix.
2. MATERIAL$ TESTED
The late ri tic soil is a clayey fine sand and the aggregate is a
crushed basalt with 50% by weight larger than 9, 52 mm. Figure 1
shows grain size distribution curves of the soil, the crushed rock
- and of the mixtures tested. The soil, as well as the rock are
typical materials generally used in base courses in Southern
Brazil. Liquid and plasticity limits of the soíl are 18% and 14%,
respectively, while its partícle density is 2. 74 g/cm3. In HRB-
AASHO classífication this soil belongs to A-2-4 group, being
quartz the maínly component of sand fraction, and kaolinite,
gíbbisite, hematite and quartz the mainly mineral components of
fine fraction.

MCT (Miniature, Compacted, Tropical) classification developed by


Nogami & Villibor (1981) includes this soil in LA group, which 1

means that this is a sandy la ter i ti c soil. Sílica sexquioxides


ratio is 1.59.

100
90
t :{1;':l~ ·~tr 1·- --
~-- -li Sol
..
80 I p *~Sol
~ 70 ~ 4
--·-i : ,.,f- __
,
~~Sol
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60
50
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o
0.0001 0.001 0.01 0.1 10 100
Diameter (mm)

Figure 1: Particle size distribution curves of the soil, the


aggregate and of the mixtures tested.
Aggregate is a crushed stone from sound basalt with maximum
particle size of 15.9 mm, Los Angeles abrasion of 20% and particle
density of 3.02 g/cm3.

Figure 2 shows maximum dry densities and optimum W?tter contents


obtained for the materials used, from modified Proctor compaction
test.
Several proportions of mixture were tested in triaxial
compression. The samples were dynamically compacted in four layers
of Sem each to a degree of compaction of 97% and at optimum water
content, as obtained in Modified Proctor test. In molding the
samples, care was taken to avoid segregation of particles.
Specimens were 20cm high and lOcm in diameter. Maximum parti ele
size was 15.9 mm, to keep the relationship between specimen
diameter and maximum particle si2e not less than 6.
Samples were tested at their compaction moisture content and after
saturation. Consolidated-undrained triaxial compression tests were
chosen for the first part of the research1 and fully drained and
undrained tests were left to a second phase of the work. So1 the
results here presented are those related to consolidated-undrained
tests.
~ 10

24
~ ........... /
~ 8
23
/

"'
""" ./
22
v . . . ~ ....._
21 ./ 6
./
v""
l/
19 4
o 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% 11011
.. ...... l l r y - + Woi.

Figure 2: Maximum dry densities and optimum water content as a


function of the proportion of soil in the mixture. Modified
Proctor Compaction Test.

When saturating the samples by back pressure, saturation was


controlled measuring the volume of water that entered the sample,
since it was observed that the samples were saturated 1 but B
values never reached values higher than 80%. In stiff soils, like
the ones studied here, saturation by back pressure can occur even
for B values infer1or to 50% as explained by Black & Lee (1973).

Shear strength envelopes were first1y determined according to the


conventional way where three specimens were tested under different
confining pressures. As there was doubt about the influence o f
structure after the compaction of each specimen 1 it was decided to
perform mul tistage tests, where a uni que specimen was tested
under progressively increasing confining pressures. In addition 1
if this alternative showed feasible it could reduce the number of
samples to be tested and the time to perform the tests1 as well as
the volume of material to use.

As a characteristic, non saturated samples showed volume increase


during shear and negligible pore water pressures 1 even for 100% of
soil in the sample. Saturated samples showed negative pore water
pressures. Larger volume increases were associated to lower soil
content in the mixture and 1 on the other hand 1 larger nega tive
pore pressures (in absolute values) were measured in the samples
with larger percentage of soil.
The data. in Figure 2 shows that maximum dry density (and
consequently molding dry density) o f the mixtures increases wi th
the percentage of soil ranging from 20 to 40%. Beyond these
values, dry density decreases sharply until 85% of soil and then
remains constant approaching that of the soil alone (100% soil).

The higher values of dry density are associated to voids between


larger particles filled with soil in a loose state and high
moisture content, although molding water is low as can be seen in
Figures 2 and 3. Figure 3 shows the degree o f compaction and
moisture content of fines (soil) related to the proportion of soil
in the mixture.
Figure 4 compares (a 1 -a 3 )máx obtained in conventional and
multistage tests. Values tended to be approximately equal what 1

suggests that rnultistage tests can be an useful option to


determine shear strength of the rnixtures here studied. Of course,
care rnust be taken if these tests are to be used to calculate
deforrnation parameters, since some differences can happen in
stress-strain curves obtained frorn each rnethod of test.

Figure 5 shows <!> - angle of interna! friction as related to the


percentage of soil1 for the non-saturated samples. Maximum values
are of the arder of 44° 1 for 20-40% o~ soil. Beyond 40% 1 there is
137

19
- - 1e
.......

/
v
.......... --- 17
18
15
14 -
•v
v 13 i
/ 12}
I 11
lf
1o

-c B

o w ~ ~ ~ ~ m ro m ~ ~
%eoil
I• G.C.fO • .,

Figure 3: Degree of compaction (GCf) and moisture content (wf) of


the soil related to the proportion of soil in the mix.

amarkect reouction in the angle of internal friction up to 70% of


soil, in a behavior that seems commanded by dry density of the
mixture ( see Figure 2) . After that, ~ remains almost constant,
reaching the val ue o f 3 4 o, which is the angle of internai friction
of the soil.
Results suggest that when percentage of aggregate is larger than
30% (soil lower than 70%1, there is a markedly increase in angle
of shearing strength, probably due to more points of contact
between particles of rock. This seems more prominent when
percentage of aggregate is larger than 40%. On the other side,
percentages o f aggregate lower than 30% difficul t compaction o f
soil and tend to produce strengths lower than that of soil alone.
This can be seen in Figure 6 where principal stress difference is
related to the degree of compaction of soil (or fines) present in
the mix, for different confining pressures.

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-~

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-2 lo
/ 400
I
soo 800 1000 1200 1400
I
1600
Principal Slrwa Oihrence (kf>a) • TNS

Figure 4: Peak principal stress difference in conventional (TNS)


and in multistage(MNS) tests, for non-saturated samples.

48

48

44

"""
~~

r-..

38
\_
36
~
34
' !"---..

30
o 10 20 30 40 so so ro ao 90 100
%Soil
Figure 5: Angle of internal friction related to percentage of soil
for samples tested at their molding water content.
Cohesion intercept (c I is plotted against soil content in Figure
7. This pararneter didn't increase with soil content as it was
expected. Actually, larger values were obtained for 20 to 40% of
so1.l in the mix, and these values tended to decrease, reaching
their m1.nimum at 50% of soil. After that, values increased a
little and reached 82 kPa for the soil alone.
~
~

"r-- r-.
c
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c:

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'---- -*
iii . 40"-....
ãi
a.
400
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~ ...-'!.
ü IUU
c: I tíU
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J: ~~
i
i
o I J
50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
G.C.f("'o)
• SOkPa + 100 kPa x 200 kPa j

Figure 6: Pr1.ncipal stress d1.fference related to the degree .of


compact1.on of so1.l lor finesJ in the mix.

140
I I i J
I
120 I I i '
i
I
I
I
100
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I' I i
i
I I I I
20
o 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
"!oSoil

Figure 7: Cohes1on lntercept versus percentage of soil, for non-


saturated samples.
Saturated spec1.mens were analyzed cons1.der1.ng peak effect1.ve
stress ratio.
Figure 8 shows the effect of soil content on ~· - angle of internal
friction (effective stressl for saturated specimens. The behavior
is qui te similar to that o f non-saturated samples, wi th values
decreasing as the percentage of soil increases in the mix.
50

48
c 46
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g> 44
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o 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
"'o Soil
Figure 8: Effect of soil content on angle of internal friction for
saturated samples.
139

Anqles of interna! friction, both for saturated and non-saturated


specimens, are plotted against mixture molding dry density in
Figure 9.

As i t can be seen there is a clear relationship between those


variables,. with angle of interna! friction increasing with mixture
dry density. As already observed, reaches its maximum value when +
percentage of soil is lower than 40%. Differences between angles
of interna! friction for saturated and non-saturated samples are
not large, reaching about 1.5° for 50% of soil.

Effective cohesion intercepts (c') are shown in Figure 10.


Cohesion values decreased slightly with soi1 content (up to 70%),
but then increased appreciably for 100% of soil. In saturated
specimens cohesion corresponds approximately to half· of non-
saturated samples, but for soil alone the reduction is not so
large.

The influence of saturation on shear strength parameters must not


be seen as conclusive. The increasing of effective confining
pressure during shear, due to negative pore pressures, must be
taken in account when interpreting test results. It is expected
that drained tests could help in clarifying th-Í:s_ question.
ii46r---------------------,
I o

,t ....
·······························--····················-20.
/
";;" 42 ·················--·--······/···································-··
o
;:;
.!:!40 r;t' ...... .
··········-·-··········-············· ··························,lO-·-· ···········-·······-·--···-····
ü: I
~38
~38
õ
•34
"6t
.i 32 .l-----+-----+-----+-------1
20 21 22 23 24
Dry Denslty (kNim3)
o Non Satunttlld ó. Satunláld

Figure 9: Angles of interna! friction arid mixture dry density.

--
•v

so

- 'ft

........_ /
v
-.., 40
t-
\ - /

-o 10 20 30 40 50 so 70 80 90 100
"Soil

Figure 10: Effective cohesion intercept versus percentage of soil.

4. CONCLUSION

4 .l.Mixtures tested at their molding water content and with soil


content lower than 40% tended to show larger values of angle of
internal friction (about 44°) . When the percentage of soi1
increased the angle of internal friction decreased to about 35°
for 70% of soil in the mix. After that shear strength seems to be
commanded by soil, since aggregate start to become immerse in the
matrix of soil. Total cohesion intercept didn't show a clear
relationship with the percentage of soil in the mixture.
4.2.Saturated samples showed a behavior similar to that of non-
saturated samplesf although effective cohesion increased with soil
content in the rnixture. Maxirnurn angle of interna! friction was of
the arder of 43° (30% soill. value that reduced to approximately
34° for 100% of soil.

4. 3 .Angles of ~nternal friction both for non-saturated and


saturated samples were rnainly influenced by rnixture dry density.

4.3.Multistage triaxial tests gave results of the sarne arder than


that of conventional tests. This option showed useful ~n reducing
the number o f tests and the t~rne to perforrn thern. In addi tion i t
showed that, in th~s case, structures after cornpacting the sarnples
didn't influence the cornpressive strength rneasured.

4. REFERENCES

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Janeiro, ABPv, 267-292.
141

O Comportamento dos Materiais In consolidados Residuais da


Formação Botucatu Frente as Soluções Enriquecidas em Na+,
K+eCu++
Lázaro Valentin Zuquette
Professor .Associado, EESP-USP

Osni José Pejon


Professor Doutor, FFCLRP-USP

Antenor BTa::,oa ~ouassu


Professor Titular, EESP-USP

José Eduardo Rodrigues


Professor Doutor, EESP-USP

Orencio Monje Vilar


Professor Doutor, EESP-USP

RESUMO

O meio físico de diversas regiões do Brasil, nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato
Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Rio Grande do Sul são constituídos por
arenitos da Formação Botucatu e seus materiais inconsolidados residuais arenosos. Neste tipo de meio
físico estão assentados uma centena de centros urbanos que depositam os resíduos sólidos e líquidos
neste conjunto de materiais naturais. Os resíduos líquidos e os perco lados dos sólidos são ricos em
cations como o Na+. o K+ e o Cu++. Com o objetivo de avaliar o comportamento destes materiais
frente a soluções enriquecidas com estes cations foram desenvolvidos estudos para obtenção das
curvas de chegada (breakthrough curves), assim como para avaliar as variações que podem ocorrer em
termos do pH e do coeficiente de permeabilidade. Os resultados obtidos não apresentaram variações
consideraveis nos valores do pH e do coeficiente de permeabilidade. As curvas de chegada para a
condição saturada apresentaram para o Na+ comportamento similar ao do traçador e para o K + e o
Cu++ condições de abadsorção típicas.

L INTRODUÇÃO

A Formação Botucatu caracteriza-se como o principal aquífero do Brasil, tem como


constituinte principal os arenitos e ocorrem em diversas áreas das regiões sudeste, sul e centro oeste
(Figura 1) aflorantes ou sotopostos aos basaltos da Formação Serra geral e/ou arenitos, siltitos e
argilitos do Grupo Bauru. Nas áreas onde estão sotopostos as profundidades variam, no Brasil, desde
10 a 1500 m, porém em áreas onde afloram, que são consideradas zonas de recarga diretas,estão
a.ssemados centenas de centros urbanos e industrias que dispõem os resíduos e rejeites em cavas nos
materiais inconsofidados residuais arenosos que cobrem os arenitos.
Assim os materiais inconsolidados funciomm como barreira ptiacipal para Rtenção dos
poJuemes ames dos líquidos oriundos desses residuos atingirem os níveis de água subsuperficíal Em
função de estudos já desenvolvidos (Zuquette et alii 1992) foi dada continuidade aos estudos para

avaliar o comportamento das soluções ricas em Na+ K+ e Cu++ que são os cations mais freqüentes
nos líquidos oriundos dos depósitos de resíduos comuns (urbanos e industriais) encontrados na região
nordeste do estado de São Paulo

No sentido de avaliar o comporatamento dos materiais mconsolidados residuais arenosos frente


as soluções com Na +, K +, e Cu ++ foram realizados ensaios de colunas com o objetivo de se obter às
curvas de chegada e a dispersão longitudinal.

1000 km

45° w
Figura 1 - Mapa de Localização de ocorrência da Formação Botucatu no Brasil

2. METODOLOGIA

Com os conhecimentos obtidos por Zuquette et alii ( 19923., 1992b) sobre os arenitos e os
materiais incorlsofidados residuais que constituem as áreas de recarga do aquífem Botucatu foram
seieciomdos locais· para obtenção das amostras, considerando .
143

• Áreas que não foram rrtilizadas para disposição de resíduos e/ou rejeitas de qualquer
tipo.
• Áreas que sofietam o mínino de influências antrópicas.
• O perfil de alteração homogêneo foram selecionadas partes que não possuem matéria
orgânica, ou seja as amostras foram retiradas em profundidades maiores que 1,50m.
• Amostras com 15 em de altura e 1Ocm de diâmetro foram mantidas em condições de
campo até a execução dos ensaios.

As colunas de materiais inconsolidados foram montadas em células construídas de P.V.C. que


apresentam as seguintes características

a} Corpo central com 15 em de altura e 1O em de diâmetro


b) A parte central está associada a um complemento superior de 5 GJll de altura para
distribuição da solução e outro inferior também com 5 em de altura e destinado ao
recolhimento da solução percoladas, porém com uma divisão para o centro da amostra e
outro para a borda. Tal arranjo permite avaliar se há problemas relativos a borda do
equipamento e assim evitar erros nos resultados obtidos.
c) Na porção superior e inferior da amostra existe um anteparo constituído por uma malha
de aço inox (< 400 #)

Desta forma não há outros materiais que possam interferir nos resultados; e antes de iniciar a
percolação das soluções as amostras foram saturadas com gradiente hidráulico da ordem de 2, que
busca representar os gradientes das situações de campo A percolação das soluções com as espécies
químicas somente teve início após 96 horas quando há condutividade hidraulica estava estabilizada.
com variações nos valores inferiores a 5 %
Os ensaios de percolação foram executados á temperatura de 240 C e com umidade relativa do
M.~_perior a 90%, sob as condições de contornos propostas por Fetter (1993), Shackelford (1994)

SOLUÇÕES QUÍMICAS

As soluções utilizadas foram eletrólitos fortes, ou seja NaCL KC1 e Cu Cl2.2H20 com as

seguintes concentrações :

KCl -(112.5 mg K+/ 1~97,44 mg CJ- I l;pH = 6,23~Ce = 2,34 K.ohm)

NaCl-(120 mgNa+/ U84,44 mg CI-/ l;pH = 6,26~Ce = 1,51 K.ohm)


CuCI2.2H20 (124,75 mg Cu++ /1.134,9 mg Cl-/l;pH = 4,79;Ce = 2,0K.ohm)

Estas concentrações foram escolhidas com base no conhecimento de estudos desenvolvidos


com os líquidos que percolam os diferentes tipos de resíduos e por representarem valores acima das
concentrações naturais das á.::,<YUas subsuperficiais do aquífero Botucatu/Pirambóia

3. MATERIAIS IN CONSOLIDADOS

Os valores a seguir apresentados são representativos do volume elementar representativo


(REV) destes materiais residuais arenosos da Formação Botucatu e foram obtidos por meio de mais de
100 amostras estudadas.

• Granulornetria. areia 74 a 79 %; silte 6 a 7 %. argila 14 a 18 %, mdice de vazios


0.61 a 0.83 ;
Capacidade de troca catiônica de 1, 5 a 2,4 meg 100 g de material em condições
naturais, Superficie específica são inferiores a 20m2 !g, . pH em H20 entre 4 5 a 6,5 .
Massa especifica natural seca varia de 1, 44 a 1, 72 g! cm3
Na Figura 2 observa-se os resultados típicos de uma sondagem de simples
reconhecimento do tipo de S.P .T e na Figura 3 encontra-se o difrato grama de Raio X
da fração fina ( < 200 # ).

4. RESULTADOS

Os diversos ensatos de coluna foram executados até o momento que as soluções que
percolavam as amostras apresentassem concentrações ( C (x. t)) iguais as inicais ( Co ( O, t )).

caracterizando fontes continuas e os resultados permitiram a elaboração das curvas de chegada


(breakthrough curves ) para cada espécie química ( Figuras 04, 05 e 06).
O coeficiente de dispersão hidrodimânico para o traçador ( CI- )foi obtido através do
procedimento de Hensley and Randolph (1994). Este procedimento considera a fonte continua, meios
arenosos com predomínio dos processos advectivos e dispersivos e a equação ( 1) para obtenção do
coeficienteci_e _dispersão hidrodimàrnico.
~ l
1ll (x-V.t0,16) (x-V.t0,84) .
DL--
- 8 jtOI6 - ..Jt 0,84 _J1
145

~
c:>
RESISTÊNCIA A PENETRAÇÃO
<
a:
= ... ~ c:>
c.>
s p T
~ ~<
<=
t!i
-o
.... DESCRIÇÃO DO MATERIAL
C?~
QCI
Q':'C
c:>
.....
C!
- - - - - - PRIMEIROS 15 em
a: c :zC

!Ji ........
=>-'
CSiZ
a::ffi
....
a:
.....
....
ÚLTIMOS 30 em

21(l N!! DE GOLPES


(em) o
REPRESENTAÇÃO GRÁACA
10 20 30 40
T.C. /1 1
1 I..J /
/ o
2 2 2
1 19 15 18 1?413
2 o 1 1 1
2
o 20 16 13
m9
3 AREIA FINA, SJLTOSA 3 o 1
1/47
2 45
/ ARGILOSA, FOFA A POUCO 4
o 2
p~5(l6
4 / 2 3
1,/ COMPACTA, MARROM o 19 11 15
5 o 2
~ ~ 8132
5 4 4
o 15 17 15 I
6 o 3 4 5
6
// o 17 14 16 ? I> 9
I

7 / 7 o 3 4 4
/

8
1 15 16 13 ?f 8(19
o 3
~J5f6
8 2 3
o 19 11 15
9 o 2
~ ~4r,
9 2 2
VERMELHO E CINZA
9.71 /"'
o 17 14 17
10
I 1(} o 2 1 2
- i/ / 3h6
o 20 10 16 I
11
o 2 2 3
11
o 18 13 14
?V(l7
12 12·
o 2 5
/'
MEDIANAMENTE COMPACTA 13
o 15 16 1~ ~ ~ 11
13
3.45 1//
/
o 3 6 7 6 o13
o 15 15 15
14 14

15 15

Figura 2 - Perfil típico de sondagem de simples reconhecimento. do tipo SPT. dos materiais
inconsolidados residuais arenosos da Formação Botucatu
Qz

Qz

Qz - Quartzo Oi - Dikita K - Caolinita

35 30 25 20 15 10 5
~----~----~----~------~----~----~ 28

Figura 3 - Difratograma de RX típico da fração fina dos materiais


inconsolidados residuais arenosos da Formação Botucatu

c., ••

0.50
V=3.24.Exp --4 m/s
n=37%
I~
pH=4.96
C.T.C=2239 meq/100g
K=6.Exp. -5 m/s

o
0.00
(X VV,'

0.00 20.00 40.00


Figura 4- Curva de chegada para o Cu++ e cnsolução de CuCl2 .2H20)
147

1.00 --,
!
I
{> Na+
CJCo
I r
I
I

-'

'
' V=5.9Exp.- 4mJs
I n=37%
0.50 I i
i pH=6.94
I

f C.T.C=2.384 meq/100g
! '
K=1.1.Exp.- 4mJs
!
i
!I
lf'I
l:/i
0.00
(XVVJ

0.00 20.00 40.00

Figura 5 - Curva de chegada para o Na + e o Cl - (Solução de NaCl)

1.20-

~···

0.80-
·-

V=4.1.Exp ... ,."


0.40- n=35%
' c pH=7 1
CT C=1 .958 -•ao;
K=7.3.Exp.-3 cJT>/s

0.00 --+------------:---
0.00 20.00 40.00

Firura
1::>
6- Curva de ch.e.2adaJl3L3o ..K.e o CJ ( Solução de KCI)

Onde:
DL = coeficiente de dispersão hidrodirnâmico longitudinal
X =distância considerada ou seja, comprimento da amostra (L).
V = velocidade linear média ( L/ T)
t O, 16 e t O, 84 = tempos necessários para as concentrações atingirem O, 16 Co e O, 84 Co

No sentido de obter os parâmetros para solução da equação foram elaboradas as curvas da


relacão C/Co em função do tempo (Figura 7 ).
1.20 ---,

CICc '
C>(NaC!:KOl

0.80-

0.40 -
' ..

0.00 -.1---------,---------
TempO(Moras)
0.00 2.00 4.00 6.00

Figura 7- Curvas relativas a relação C/Co em função do tempo (horas)

Os resultados do coeficiente de dispersão hidrodimâmico longitudinal obtidos para o ion CJ-


pertencente as diferentes soluções foram :
DLICL- para solução CuCl2.2H20 - 3,8_10-6 m2/s

DLICL- parasoluçãoNaCl- 9.2.10-6 m2/s


-6 2
DLICL- parasoluçãoKCl- 9,2.10 m/s
Através da equação (2) foram detenninados os número de Peclet para as diferentes soluções :
V.x
PL=- (2)
DL
PL = número de Peclet
V = velocidade linear média [L I T]
X = comprimento da amostra (L)

DL = coeficiente de dispersão hidrodinâmico longitudinal [L2. T-1]


PUCJ- para solução CuCI2.2H20 - 13,6

PL!Cl- para solução NaCl - 6,68


PLICI- para solução KCl- 6,68

Segundo Fetter (1993), Hensley e Randolph (1994)os valores do número de Peclét obtidos
indicam que o transporte destas espécies químicas no material considerado ocorrem
predominantemente por advecção e dispersão.
O fator de retardamento para o ion CI- ( não reativo ) para as 3 soluções se aproxima de I,
quando considera-se a relacão C!Co = 0,5 conforme condição proposta por Ogatta (1970), ou com a
149

de Shackeford ( 1994) e de Fetter (1993 ), portanto dentro do esperado para uma espécie química
usada como traçador

O ion Na+ também apresenta fator de retardamento semelhante ao do CI- (Figura 4) e os íons

cu++ e K+ apresentam valores de 15.5 e 6.5 respectivamente (Figuras 5 e 6); segundo procedimento
de Shackelford ( 1994).
Os valores de pH da solução de CuCI2.2H20 diminui no decorrer do ensato ( Figura 8 )

enquanto para as soluções de NaCI e KCI apresentaram uma queda inicial e em seguida uma elevação.
porém as variações dos valores são pequenas em todos os casos ( Figura 9 e l 0).

7.00-

,.. .
6.00-

5.00-

4.00 - - - - - - - - - - - - - -
tX V\11
0.00 10.00 20.00 30.00

Figura 8 - Variação do pH da solução de CuCI2. 2H20

7.00-

6.80 i

6.60 -'

6.40 ---:----~-~--..,.------
0.00 40.00 80.00 (XYYlt20.00

Figura 9 - Variação do pH da solução de NaCI


6.80--;

6.60 ___.

- +

6.40 - - - - - - , - - - - - - - - - - - -
(XW)
0.00 40.00 80.0

Figura lO - variação do pH da solução de KCI

Os valores da condutividade hidráulica do material inconsolidado quando da percolação da


solução de CuCI2.2H20 diminui levemente enquanto para as soluções de NaCI e KCI ocorre uma
ligeira elevação (Figura 11, 12 e 13 ), porém em qualquer situação as variações podem ser consideradas
pequenas.

6.00 _,~!
Condll!>vidoCe
ttidtaüta I
(mls)o<10Exo.·5 '
,,
ti
5.80-!

5.60-

5.20 +--,.-----:---~--.,-------,----,
0.00 10.00 20.00 (XW) 30.00

Figura 11 -Variação da condutividade hidráulica com a percolação da solução de CuCI2.2H20

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A percolação das soluções provocaram pequenas variações nos valores de pH das soluções de
NaCl e KCl e maiores na solução de CuCh.2H20, o que resultou em uma mudança de comportamento
da curva de chegada para o Cu++ a partir do volume de percolação equivalente a dez vezes o volume
151

1.24 .....,
I
~1
-
f"*br10Exp_ '"' Ji;',,

1.20 _j •
I

1.16-

112-

1.08 __,,'_- . . , . . - - - - - - - - - - - - - - -
0.00 20.00 60.00 80.00 <XIM 10000

Figura 12 - Variação da condutividade hidráulica com a percolação da solução de NaCI

9.20-

a.ac-

8.40 - • '·

8.00 __:I
,!
~'

li
I'
7.60 ..J.
.
i
720-----------------~---------
000 20.00 40.00 60.00 CXWl 80.00

Fi~ 13- Variação da condutiviciade hidráulica_c~m a percolação da solução de Kcl

de vaz:íos.
Os valores de condutividade hidráulica sofreram variações muito pequenas, mas a3cima
daquelas obtidas durante o período (96 horas) que antecedeu a percolação das soluções.
Os valores de coeficiente de dispersão hidrodinâmico longitudinal obtidos considerando o
traçador crsão compatíveis com as características dos materiais.

Os valores de fator de retardamento para Na+ são compatíveis com o esperado para a

concentração estudada enquanto que para K + e o Cu ++ são superiores aos encontrados e~ pesquisas
referentes a materiais semelhantes.
6. BIBLIOGRAFIA

Destribats, J. M. : Prez., E. : Soyez, B. (1994) La dépollution des sois en place. Ministere de


l'Equipernent, des Transpots et du Tourisme. (série environnement et génie urbain EG 10). 120 p.

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inconsolidados que constituem a base de lagoas para a disposição de ~ouas de lavagem. 7° Congresso
Brasileiro de Águas Subterrâneas, pp. 188-198, Belo Horizonte.
153

Carta de Zoneamento Geotécnico Específico para Disposição de


Resíduos da Região de Ribeirão Preto - SP
Lázaro Valentin Zuquette Osni José Pejon
Prof Associado/USP ~ Prof. Doutor/USP

Osmar Sinelli Nilson Gandolfi


Prof Titular/USP Prof Titular/USP

RESUMO

A região de Ribeirão Preto (SP) esta localizada na porção nordeste do estado de São Paulo
entre as longitudes 470 30' e 480 oeste e as latitudes 21 o e 21 o 30' sul, sendo constituída
geologicamente por arenitos das formações Botucatu e Pirambóia e basaltos da Formação Serra GeraL
assim como por um conjunto de materiais inconsolidados arenosos e argilosos, residuais e
retrabalhados. Nesta região foi desenvolvido um trabalho de mapeamento geotécnico geral segundo a
metodologia proposta por Zuquette (1987, 1993) no qual delimitou-se um conjunto de 24 unidades
geotécnicas. as quais permitiram a divisão da região em 200 subunidades. A partir destes resultados
foram desenvolvidos estudos no sentido de elaborar uma carta de zoneamento geotécnico específico
para disposição de resíduos. em escala l :50.000. com aplicação da proposta metodológica de Zuquette
et alii ( 1994) O documento obtido permite aos usuários. públicos e privados, análises quanto as
adequabilidades de cada subunidade da região. assim como uma previsão dos possíveis impactos
ambientais nas á::,ouas subsuperficiais

1. INTRODUÇÃO

A região de Ribeirão Preto (SP) situa-se na porção nordeste do estado de São Paulo, entre as
latitudes 21 o e 21 03 O' S e as longitudes 4 703 O' e 480 W totalizando aproximadamente 2440 Km2
(Figura O1).
Nesta região encontra-se uma população em tomo de 900.000 habitantes, distribuída em um
grande centro urbano ( Ribeirão Preto ) e sete pequenos ( Dumont, Sertãozinho, Serrana, Cravinhos,
Serra Azul, São Simão, Jardinópolis ) e diversas industrias, desde pequeno até grande porte A
quantidade de resíduos produzidos é da ordem de 600 ton/dia de urbanos, I O ton/dia oriundos dos
serviços da saúde, 150 m3 /dia de resíduos líquidos e 50 ton/dia de outros tipos, além de 100 ton/dia de
rejeitos da construção civil. Devido à estes valores, faz-se necessário o uso de muitos locais para a
disposição de resíduos e reJeitas . a localização destes pontos é de suma importância, devido a dois
~os~~~a~~:

1o Parte da região é caracterizada como zona de recarga de primeira ordem do aquífero


Botucatu!Pirambóia
2° A ~oua consumida pela população da região, assim como pelas industrias são obtidas em
sua maior parte ( > 90 %) do aquíf~o subterrâneo

Por este motivo a elaboração da carta específica de zoneamento para a disposição de resíduos
e rejeitas classificados como não perigosos é de grande importância para a seleção de locais adequados
à instalação de aterros sanitários Esta carta foi elaborada a partir das informações geológico-
geotécnicas obtidas através do processo de mapeamento geotécnico desenvolvido por Zuquette ( 1991)
e Zuquette et alii ( 1993, 1994). Assim. com a elaboração desta carta foi produzido um documento que
apresenta uma hierarquização das diferentes partes da região quanto ao seu potencial em serem
utilizadas para disposição de resíduos e rejeitos em escala 1:50.000

2. CARACTERÍSTICAS DA ÁREA

A região situa-se na porção nordeste do estado de São Paulo, no interior da província


geomorfológica denominada de cuestas basálticas. É caracterizada por duas condições climáticas
distintas. sendo que para as partes com altitudes inferiores a 800 m o clima é classificado como Aw
com pluviosidade da ordem de 1. 100 mm e evapotranspiração potencial de 1. 070 mm. enquanto que as
áreas com altitudes superiores a 800 m o clima é classificado como Cwb com pluviosidade de
1.450 mm e evapotranspiração de 910 mm.
Geologicamente a região é constituída por basaltos da Farmação Serra Geral e arenitos das
fof?'lações Botucatu e Pirambóia. Os materiais inconsolidados são os arenosos (retrabalhados ou
residuais ) oriundos das alterações intempéricas das formações Botucatu e Pirambóia e os argilosos
(residuais ou r.etr.abalhados ) relacionados aos basaltos da Famw;ão Serra Geral.

3. 1\1ETODOLOGIA

Para elaboração da carta específica para disposição de resíduos e rejeitos foi utilizada a
metodologia proposta por Zuquette et alii ( 1994). que considera um grupo de características do meio
fisico que afetam a disposição em aterros sanitários.
!55


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v
Figura OI - Localização da área estudada

A metodologia considera um conjunto de ate 32 atributos que são analisados com o objetivo de
classificar cada unidade da região como favoráveL moderada severa ou restrita.

Esta classificação não tem como objetivo eliminar os estudos específicos. mas sim orientar os
usuários no sentido de melhor selecionar os possíveis locais. assim como permitir o conhecimento das
zonas onde há possibilidade de maiores impactos ambientais. Portanto esta metodologia proporciona o
conhecunento das areas onde serão necessários maiores investimentos em estudos específicos e em
recursos tecnológicos.
Assim as classes são definidas segundo as seguintes condições:

• Classe Favorável - para as áreas que reunem somente atributos naturais com níveis
adequados e que exigirão investigações rotineiras, de baixo custo e que reunem
condições de baixa probabilidade de problemas ambientais.
• Classe Moderada - áreas onde alguns atributos não apresentam níveis adequados e a
investigações geológico-Geotécnicas devem ser cuidadosas. A correção. para instalação
de aterros sanitários, pode ser realizada com baixos custos e recursos tecnológicos
comuns.
Tabela 1 - Organização para obtenção dos atnoutos
de acordo com a escala mais adequada e importância

ATRIBUTOS
Básicos Gerais Básicos Específicos Complementares Escalas mais
adequadas
LANDFORM- Unidade básica do Meio Físico de controle dos trabalhos de Fotointerpretação e de
Campo
Zona de inundação Feições de erosão Matacões
Zona umida Textura dos materiais
inconsolidados
Feições de Variação do perfil de 1 : 100.000
escorregamentos alteração dos
mat.Inconsolidados
Profundidade do Substrato
Rochoso
Profundidade do Nível de
AQUa
Condições de
Drenabilidade
Declividade
Litoloma

Areas de Recarga Descontinuidades Pluviosidade


pH/###pH dos Localização de Poços e E vapotranspiração 1 : 50.000
Mat. Inconsolidados Fontes
Mineralogia -Mat. Inc. e Balanço Hídrico Direção dos V entes
Rochas
C.T.C.-Mat. Inc.
Escoamento Superficial
Bacias Hidrográficas

Coeficiente de Colapsividade Condições de


Permeabilidade Compactação
Direção do Fluxo Compressibilidade 1 : 25.000 ou
Subterrâneo
Erodibilidade Salinidade mruor
Fator de Retardamento
157

Tabela 2 - Atributos e niveis que devem são considerados


na metodologia proposta por Zuquette et alii ( 1994)

Compmenu:s Classes I Favoravel Moderada Severa Restritiva

Attibutos

1-litologia Arenitos~ Azelútos,.

Calcários Calcários

Subsrmo 2-Profundidade(m) >15 5-10 <5 <3

Rocboso 3-Descontinuidades :>2Jm 2-3/m Muito fraturada EX~Te~namente

(Densidade) fraturada

4-Textura Areia antilosa Argila arenosa Arenosa Muito Arenosa

Materiais 5-Variação no perfil Heterogêneo Heterogêneo Homogêneo

de alteTação

Inconsolidados &-Mineralogia Minerais do Minerais dos Predominio de Maleriais mertes

tipo 2:1 ~2:1 e 1:1 Minerais inertes

7-Mat.acões Poucos e pequenos Poucos e pequenos Muitos e pequenos Muitos e~

8-pHI### pH >4/negativo >4/negativo >5/n~vo <4/positivo

9-Salinidade <16 <16 >16 Muitoaho

(mhostcm)

10-C.T.C(meq/1 OQg) >J5 5-15 <5 <2

li'"'· .bilidade Não Não Camada Superllcial Camada Superficial

12-Colapsividade Não Camada Camada Camada

superficial( <2m) superficial( <4m) superficial(<6m)

13-Erodibilidade Baixa Baixa Alta Muito alta

14-Fator de retardamento Alto Intermediário Baixo Baixo

15-Condíções de Adequada Adequada Inadequada Inadequada

compactação

16-Prof.KA(m) :·10 >6 <4 <2

17-Direção do fluxo da I 2 3 ·J

A Subterrânea

Aguas 18-Escoamento Superficial Laminar Laminar l...aminar1 con- Concentrado

centrado

19-Coef de 10-4 10-3 -10-4 >Io-3 .:-10-2

Permeabilidade( cm/s)
• Classe Severa- áreas em que 40 a 50% dos atributos não apresentam níveis adequados
e portanto para o uso da área para a disposição de resíduos há necessidade de
investimentos elevados e recursos tecnológicos especiais.

• Classe Restrita - áreas onde mais do que 50 % dos atributos não são adequados. A
adequação da área exige recursos tecnológicos muito especiais e os investimentos são
de alta monta.

Para a classificação das áreas foi elaborada a Tabela 01 que orienta a obtenção dos atributos
considerando as escalas mais adequadas e a importância desses atributos e a Tabela 02 com os
diferentes níveis de variação dos atributos considerados.

Tabela 2 - Atributos e níveis que devem são considerados


na metodologia proposta por Zuquette et alü (1994) (continuação)

20-Área de recarga_ Não Não Não Ocorre

21-Dist.incia de poços e >500 >400 >300 <300

fontes(m)

22-Drenabilidade ... Inadequada

Feições de 23-Erosão Não Não Raras Muitas

Processos 24-Movimento de massas Não .Não Raras Muitas

Relevo 25-Declividade(%) 2-5 >5 e<2 >15 >20

26-Landfonn Escarpas Favorece acumú

lo de águas

27-Limites entre bacias de Distante >200 distante <100 Muito próximo Coincidente

drenagens(m)

28-Zonas umidas Não Não Não Ocorre

29-Zonas de inundação :'-lão Não Tempo de tempo retomo<20

retomo>20 anos anos

Climáticos 30-E -o Alta Intermediária Baixa Muito&ixa

31·D~o dos ventos Para área urbana

32-Pluviosidade (mnvano) >2000 >3000

Observações:

( ) - Atributos que não apres.mtam Problemas para elaboração do documento

C.T.C-Capacidade de Troca Catiônica


159

4. RES-ULTADOS

Devido a importância das aguas subsuperficiais para a região. foram elaboradas duas cartas
derivada especifica - zonas de recarga do aquífero Botucatu/Pirambóia (Figura 02) e a de zoneamento
geotécnico especifico para disposição de res1duos e rejeitos em aterros sanitários (Figura 03 A e B)

LEGENDA

I- Classe I - Zonas de recarga direta e por períodos longos


2- Classe 2 - Zonas de recarga direta
3- Classe 3 - Zonas de recarga com resposta em período moderado
4- Classe 4 - Zonas de recarga com resposta em períodos longos

Figura 02 - Carta Derivada Específica - Zonas de Recarga do Aquífero Botucatu!Pirambóia


LEGENDA
R 1, R2, R3 - Classes Restritivas M - Classes Moderadas
S l, S2, S3 -Classes Severas FIM - Classes F avorável!Moderada
SIM ou MIS - Classes Severa/Moderada

Figura 03 A- Cana Geotécnica Especifica- Disposição de Resíduos em Aterros Sanitários


161

LEGENDA
M- Classes Moderadas
R 1, R2, R3 - Classes Restritivas
FIM - Classes F avoráveL'Moderada
S 1, S2, S3 - Classes Severas
SIM ou M/S- Classes Severa/Moderada

Figura 03 B - Carta Geotécnica Específica - Disposição de Resíduos em Aterros Sanitários


CARTA DERIVADA ESPECÍFICA DAS ZONAS DE RECARGA DO AQUÍFERO

BOTUCA TU/PIRAMBÓIA

Considerando as informações obtidas através do processo de mapeamento geotécnico foram


definidos para a região 04 tipos de unidades quanto as condições de recarga, a saber :-
• Classe O1 - áreas onde há possibilidade de acúmulo de água por períodos de tempo
longo e que, portanto, favorece a infiltração de um volume maior, visto que os materiais
inconsolidados retrabalhados que constituem estas áreas são arenosos e estão
sobrepostos aos arenitos das formações BotucatuJPirambóia e o nível de água está a
profundidades menores que 2m.
Classe 02 - áreas constituídas por arenitos e materiais inconsolidados arenosos. A maior
parte das áreas classificadas neste tipo apresentam escoamento superficial baixo, assim a
permanência das águas é maior do que nas classes 03 e 04.
Classe 03 - áreas constituídas por um pacote de materiais arenosos, sendo os arenitos
das f0rmações Botucatu e Pirambóia e seus materiais inconsolidados arenosos que
estão sotopostos a um pacote de materiais inconsolidados retrabalhados argilosos, com
espessuras que podem atingir 20 m..
• Classe 04 - áreas constituídas por um pacote de basaltos fraturados, materiais
inconsolidados silto-argilosos (saprolíticos) e argilosos (lateríticos) que recobrem os
arenitos das formações Botucatu e Pirambóia. As espessuras do pacote de basalto
variam de 20 até 200 m. Podem ser encontrados associados aos basaltos camadas de
arenitos inter-derrames com espessuras métricas.

CARTA DE ZONEAMENTO GEOTÉCNICO ESPECÍFICO PARA DISPOSIÇÃO DE


RESÍDUOS E REJEITOS- ESCALA 1:50.000

Considerando os atributos e níveis pressupostos na metodologia e as informações do


mapeamento geotécnico. foi elaborada a referida carta, sendo que foram identificadas e delimitadas 07
unidades com diferentes características geológico-geotécnicas. a saber :-

Classes Restritivas - (R)


R 1 - unidades que são caracterizadas com níveis restritivos os seguintes atributos litologia,

textura dos materiais inconsolidados, variação no perfil de alteração, mineralogia, pHI.ó.pH, CT.C..
163

profundidade do nível de ~crua, área de recarga, distância de poços e fontes, drenabilidade, landfonn.
zona umida e de inundação esta unidade apresenta alto potencial de risco para o meio ambiente e a
ocupação com aterro sanitário é praticamente impossível.
R2 - unidade caracterizada pelos seguintes atributos com níveis restitivos litologia textura do

material inconsolidado, variação do perfil de alteração, mineralogia, pH/###pH, C T.C., ;area de


recarga, distância de poços e fontes, drenabilidade, erosão, zona úmida e de inundação.

Esta unidade apresenta uma subunidade denominada de R2.1 que além dos atributos acima,

também apresenta nível restrito quanto a profundidade do nível de água.


A ocupação desta unidade com aterro sanitário exigirá que o projeto não seJa em cavas,
apresente duplo "liners" e seja recolhido todo o líquido oriundo do aterro para tratamento. visto que se
caracteriza como zona de recarga direta do aquífero.
R 3 - são áreas que apresentam os seguintes atributos com níveis restritivos Profundidade do

substrato rochoso, densidade das descontinuidades, variaçào do perfil de alteração. presença de


matacões, phl###pH, profundidade do nível de água distância de poços e fontes, declividade e limites
entre bacias de drenagens. Esta área exige um volume de movimento de terra elevado, assim como a
unplantação de "liners" e a preparação de estradas devido ás altas declividades

Classe Severa- (S)


S 1 - unidade caracterizada por apresentar os seguintes atributos com níveis severos

profundidade do substrato rochoso. mineralogia, pH/###pH, C T C . profundidade do nível de água.


direçào do fluxo de água subterrâneo. área de recarga. drenabilidade e presença de feições erosivas
Apresenta ainda como atributos restritivos litologia, colapsividade e distância de poços e fontes
Como a camada superficiaL acima do nível d'água, é argilosa a execução de aterro sanitário não
deve ser em cava e devem ser projetados liners e aterros para captação dos líquidos que pereciam o
aterro para tratamento
S2 - esta unidade difere da anterior por apresentar uma camada pouco espessa (<20 m) de

basalto sobreposta aos arenitos do aquífero. por outro lado apresenta declividade elevada e fluxos de
escoamento superficial concentrado.
O uso desta unidade para aterro sanitário exige alto volume de movimento de terra, liners e
obras de drenagens e estradas de acesso.
S3 - esta unidade apresenta os seguintes atributos com niveis classificados comó severos:

profundidade do substrato rochoso, mineralogia, pH/###pH, C.T.C., profundidade do nível de ~oua,

direção do nível de ~oua subterrâneo, área de recarga, drenabilidade e feições erosivas e com níveis
restritivos são: distância entre poços e fontes, landform e limites entre bacias de drenagens.
O uso desta unidade deve estar precedida de obras que redirecionem o sistema de escoamento
superficial.
Classe Severa/ Moderada- (SIM ou M/S)- esta unidade apresenta situações locais que a área
pode apresentar melhores ou piores condições. Os atributos com níveis severos são: profundidade do
substrato rochoso, variação no perfil de alteração, mineralogia, presença de matacões, pH/LlpH,
distância de poços e fontes, landform e limites entre bacias de drenagens. Os restritivos são:
escoamento superficial e declividade.
A implantação de aterros sanitários exige obras de terraplanagem, de estradas e de proteção
quanto ao escoamento superficial.

Classe Moderada (M)- a unidade é caracterizada por apresentar a grande maioria dos atributos
com níveis moderados e somente os seguintes com níveis severos: densidade de descontinuidades,
pH/###pH, C.T.C. e Colapsividade.
A ocupação com aterros sanitários pode ser executada em cavas para evitar os materiais
colapsíveis e a base e laterais das cavas devem ser executadas com a compactação do material
inconsolidado argiloso lateritico.

Classe Favorável/Moderada (FIM) - são constituídas por uma maioria de atributos com níveis
moderados e em alguns locais específicos os atributos podem apresentar níveis favoráveis. Os cuidados
para implantação de aterros sanitários devem ser basicamente os mesmos da unidade moderada, mas a
ocorrência dos atributos com níveis favoráveis pode alterar os procedimentos e diminuir a
possibilidade de impactos e dos custos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A carta de zoneamento geotécnico específico para disposição de resíduos e rejeitos permite


avaliar que não existem áreas caracterizadas geológico-geotécnicas como totalmente favoráveis.
A metodologia utilizada permite que a carta seja elaborada com rapidez e visão crítica, assim
como a hierarquização das diversas unidades da região quanto a adequabilidade para disposição dos
resíduos e rejeites.

6. BIBUOGRAFIA

Zuquette, L. V. ( 1987) Análise e proposta metodológica sobre cartografia geotécnica para


condições brasileiras. (Tese de Doutorado) EESC-USP, São Carlos. 3 volumes.
165

Zuquette.. L. V., Pejon, 0.1., Sinelli, O (1992) Contamination risk for the phreatic aquifer
(Botucatu Formation) near Ribeirão Preto (Bra.zil). 2Q.... Simpósio Latinoamericano sobre Risco
Geológico Urbano, vol. 1, pp 483-484, Pereira- Colombia.

Zuquette, L V . Pejon, O 1 . Sinelli. O ( 1992) Estudos geotécnicos preliminares dos matenats


mconsolidados que constituem a base de lagoas para a disposição de ~ouas de lavagem 70
Congresso Brasileiro de águas Subterrâneas ABAS - Associação Brasileria de Aguas Subterrâneas.
pp 188-198. Belo Horizonte

Zuquette, L. V (I 993) Importância do mapeamento geotécnico no uso e ocupação do meio físico


fundamentos e guia para elaboração (Tese de Livre-Docência) EESC-USP. São Carlos '"'
volumes.

Zuquette. L. V. Pejon, 0.1 .. SinellL O. Gandolfí, I\ (1994) Methodology of specifíc engineering


geological mapping for selection of sites for waste disposal 7th Congress of the Internatioanl
Association ofEngineering Geology. vol I\". pp. 2481-2490. Lisboa- Portugal

Zuquette, L. V . Pejon. O .L Sinelli. O . Gandolfí. N ( 1994) Engineering geological zomng


mapping of the Ribeirão Preto city (Brazil) at l :25.000 scale 7th Congress of the Internanonal
Association ofEngineering Geology. vol H. pp 1169-1 I 76. Lisboa- Portugal

7. AGRADECIMENTOS

Expressamos nossos agradecimentos a F APESP pelo auxilio fornecido para elaboração do


trabalho
CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE
A ELABORAÇÃO DE CARTAS DE ZONEAMENTOS
DE PROBABILIDADE OU POSSmiLIDADE
DE OCORRER EVENTOS PERIGOSOS
E DE RISCOS ASSOCIADOS

Lázaro Valentin ZUQUETTE


Osni José PEJÓN
NilsonGANDOLFI
Antenor Braga PARAGUASSU

• RESUMO: Este trabalho apresenta um levantamento básico sobre as metodologias para elaboração
das cartas de zoneamentos de eventos perigosos e de riscos, quanto aos conceitos e procedimentos,
no que se refere ao desenvolvimento e à aplicação, assim como sobre as diretrizes básicas para a
elaboração dos documentos gráficos.

• PALAVRAS-CHAVE: Cartas; riscos; eventos perigosos; metodologias.

Introdução

Nos diferentes países, as concentrações populacionais e industriais crescem com


taxas acentuadas, de maneira que há um aumento das áreas densamente ocupadas
e, conseqüentemente, um aumento da probabilidade de que as ocorrências de eventos
perigosos provoquem situações de riscos aos elementos do meio ambiente, com
perdas totais ou parciais.
Atualmente.- existem dezenas de livros e milhares de artigos que tratam do
assunto. A UNESCO possui diversas publicações e grupos de estudos, que buscam
definir critérios para avaliação, contenção, monitoramento e treinamento.
No Brasil, os estudos sobre a previsão de eventos perigosos e de situações de
riscos ainda são poucos e restritos a alguns grupos de pesquisa relacionados a
instituições públicas. corno institutos de pesquisas e universidades.
No sentido de entender e estudar as situações de riscos, diversas classificações
quanto às fontes foram propostas e, dentre estas, destaca-se a de Cerri23 (Quadro 1)
que atinge de maneira mais abrangen~e as possíveis fontes de riscos e apresenta
diversos pontos em comum com as de Wlúte & Haas, 93 Rahn, 75 Ayala;' Awazu 5 e
Park. 67

Conceitos básicos

A elaboração de documentos adequados e funcionais para os diferentes usuários


exige um posicionamento correto quanto aos conceitos envolvidos em todo o processo.
Eventos perigosos (Hazards) são fenômenos naturais ou não, fatos sociais ou
assemelhados que provocam algum tipo de perda aos componentes do meio ambiente,
sendo caracterizados principalmente pela intensidade. Entende-se intensidade para
eventos perigosos do meio físico corno o volume de materiais inconsolidados, rochas,
águas, ventos e características energéticas (movimentos) associados.
Riscos (Risks) são avaliados para os elementos naturais ou antrópicos, ante um
evento perigoso condicionado a uma área e a um espaço de tempo. 74
Risco aceitável (Acceptable Iisk) significa que a intensidade do evento é tal que
medidas estruturais de segurança po~ern ser execut:a_das com custo adequado, ou que
167

RISCOS
I AMBIENTAIS

~
,(/
l
RISCOS
RISCOS SOCIAIS
TECNOLÓGICOS
I AMBIENTAIS
RISCOS 1
vazamentos de produtos
assaltos, guerras,
tóxicos, inflamáveis,
conflitos, seQüestros,
radioativos,
atentado6 etc.
colisão de veículos,
Queda de aviões
_._v l
RISCOS RISCOS
F(SICOS BIOLÓGICOS

I I
,j_, .J. -L- --v ,j_,
RISCOS RISCOS RISCOS RISCOS RISCOS
ATMOSFÉRICOS HIDROlÓGICOS ASSOCIADOS ASSOCIADOS
GEOlÓGICOS
À FAUNA À FLORA
Furacões, secas,
tempe&tade&,
enchentes e doenças provocadas doenças !)rovocadas
granisos, raios etc. inundações por vfrus e bactérias
por fungos, pragas
pragas (roedores, ervas daninhas)
gafanhotos ele), ervas tóxicàs e
' picadas de animais venenosas etc.
venenosos etc.

v 1/
"
ENDÓGENOS "
EXÓGENOS

escorregamento& e
terremotos. processos correlatos,
atividades: vulc.ãnicas erosão/assoreamento.
e "tsunamis" subsidências e colapsos.
solos expansivo&

QUADRO 1 - Proposta de classlficação de nscos. com destaque para os riscos de natureza geológica. Fonte: Cerri 23

a perda de vidas este]a no limite dos níveis considerados aceitáveis pelas autoridades
dentro das condições econômicas e sociais; sendo que o rúvel de risco aceitável
depende das condições de cada região ou país. Ragozin74 cita as legislações da
Holanda, da Grã-Bretanha e da Rússia que consideram perdas de vida aceitáveis um
valor de 10-s pessoas/ano. Existem situações especiais como a instalação de escolas
e hospitais (alta vulnerabilidade) que exigem para a sua instalação áreas com rúveis
de risco entre 10-s a 10·8 pessoas/ano.
Carta de zoneamento de eventos perigosos é um documento que registra as
diferentes probabilidades ou potencialidades existentes para que ocorra um ou mais
eventos perigosos em uma área num determinado período de tempo e com um rúvel
de intensidade.
Carta de zoneamento de riscos é um documento elaborado a partir da carta de
zoneamento de eventos perigosos e da vulnerabilidade dos elementos do sistema
(naturais ou antrópicos) que registra os diferentes rúveis de riscos a que a região está
sujeita.

Avaliação de riscos

Independentemente do tipo da fonte de riscos a avaliação é sempre o resultado


decorrente da probabilidade de ocorrer um evento com determinada intensidade e da
vulnerabilidade dos elementos do meio ambiente diante do evento. Varnes 89 propôs
a seguinte expressão para avaliar riscos associados a escorregamentos. mas que pode
ser generalizada para a maioria dos eventos:

Re = H(i) x V(i).
onde Re é o grau de perda devido a um evento (i). H é a probabilidade de ocorrer o
evento perigoso (i), e V. a vulnerabilidade dos elementos ao evento perigoso (i}.
Segundo Ragozin. 73. 74 a seguinte expressão pode ser utilizada para avaliar riscos
específicos decorrentes dos mais diferentes tipos de eventos perigosos:

Re (i)= P (i). V (i). Dt(i),

onde V(i) é o grau de vulnerabilidade para um evento (i) de uma intensidade definida.
P(i) é a recorrência de um evento (i). (i) é o número de eventos em urna unidade de
tempo, e Dt(i) é o número de indivíduos e objetos expostos ao evento (custo total
dentro da zona afetada).
Cotecchia, 29 Ragozin. 74 Sheko. 78 Melchers & Stewart, 57 Unesco87 e Keaton &
Eckhoffi2 apresentaram trabalhos fundamentais para se desenvolverem estudos de
avaliação de riscos.
Apesar da simplicidade das equações, existe um elevado grau de dificuldade
para avaliar as características e as condições dos eventos. O grau de dificuldade para
avaliar o nível de risco varia em função do tipo da fonte, sendo elevado para o caso
dos eventos de origem natural da classificação apresentada no Quadro 1.

Tipos de eventos geológicos

As publicações referentes ao assunto destacam com maior freqüência riscos


relacionados a atividades vulcânicas e sísmicas. inundações. escorregamentos, ero-
sões, contaminações das águas e dos solos. expansibilidade de solos e rochas.
colapsividade, recalques, subsidências e àqueles decorrentes das interações entre as
atividades antrópicas e as limitações do meio físico. As publicações sobre escorrega-
mentes e atividades vulcânicas são da ordem de 10.000, o que propicia urna excelente
base de conhecimento para o desenvolvimento de novos estudos.
Os estudos para avaliação das regiões quanto às áreas sujeitas aos eventos
perigosos culminam com a elaboração das cartas de eventos (potenciais e reais), que
propiciam, junto com a vulnerabilidade dos elementos do meio ambiente ante um
evento perigoso ou um conjunto deles, a elaboração das cartas de riscos (potenciais
e reais). Esses documentos gráficos apresentam melhores resultados quando são
elaborados corno parte de um processo mais amplo, corno o Mapeamento Geotécnico.
As cartas de riscos são utilizadas para diferentes fins. tais como: planejamento,
fiscalização. pagamento de indenizações. projetos de contenções e monitoramento,
recuperação de áreas degradadas, retirada da população e de bens e reorganização
territqrial.
Os documentos gráficos podem ser produzidos para técnicos especializados ou
para profissionais não especializados. mas que são responsáveís pela política de
ocupação de urna região. A transferência das informações (mapas de eventos e cartas
de riscos) pode ser desenvolvida para fins educacionais. de aconselhamento e de
regulamentações; portanto, os documentos destinados aos diferentes usuários devem
apresentar características gráficas e de conteúdo diversos.
As cartas de eventos perigosos naturais e de riscos associados, normalmente,
são preparadas para três condições:
a) zoneamento geral: elaborado para regiões extensas e em escalas entre
1:100.000 e 1:25.000;
b) zoneamento de áreas específicas em escala 1:10.000 ou próxima;
c) detalhamento de áreas com vistas à proposição de soluções que envolvam
recursos tecnológicos em escalas maiores que 1:5.000.
169

O objetivo básico destes três níveis de documentos é obter um zoneamento


compatível com a escala, buscando avaliar a heterogeneidade e a diversidade em
termos de unidades para cada área. Apesar dos cuidados adotados, alguns aspectOS
têm dificultado o uso destes documentos pelos usuários, a saber:
a) falta de unificação dos conceitos básicos que regem a elaboração dos
documentos gráficos;
b) não-adoção de uma classificação para o país ou região, sendo que muitos
trabalhos sugerem como base a classificação de Vames; 89
c) adoção de procedimentos metodológicos inadequados;
d) iníormações (específicas e gerais) insuficientes sobre os elementos da região
em estudo.
No caso do Brasil, além destes fatores, muitos trabalhos são elaborados com
precariedade de informações e sem os devidos cuidados com os mecanismos dos
procedimentos, o que vem dificultando ainda mais o uso dos documentos e mesmo
a continuidade de trabalhos em escalas maiores.
Segundo Brabb, 9 existe um grande número de trabalhos realizados nas escalas
entre 1:100.000 e 1:1.000.000, para o caso de escorregamentos. De acordo com
Cotecchia,29 os primeiros mapas sobre escorregamentos foram apresentados no ano
de 1783 para a região da Calábria (Itália) e em 1910 foi publicado o primeiro mapa na
escala 1:500.000 da Itália.29
Os estudos sobre estabilidade de encostas datam de antes de Cristo, mas a
elaboração de cartas de riscos data do início dos anos 70, com trabalhos da
metodologia ZERMOS (Zones exposed to risks of soil movements) na França desen-
voMdos p::lr ~26 e Humbert. 45

Aspectos fundamentais

Os documentos gráficos elaborados com a finalidade de avaliar a probabilidade


de ocorrerem eventos perigosos e de riscos associados devem considerar e atender
aos seguintes aspectos:
1 Previsão temporal. Os documentos sobre eventos perigosos e níveis de riscos
devem informar sobre as possibilidades de eventos perigosos ocorrerem em determi-
nado espaço de tempo. Assim. as análises das perdas serão feitas considerando a vida
útil dos elementos do meio ambiente e as possibilidades para retirada ou proteção das
pessoas.
2 Previsão espacial. O documento deve estabelecer a possível área a ser atingida
pelos eventos perigosos até a estabilização, pois somente com esta previsão é possível
avaliar o nível dos riscos.
3 Previsão do tipo. Além de avaliar a área e o tempo, é fundamental prever os
tipos. Tal avaliação deve ser baseada em aspectos geológicos. geotécnicos. hidrogeo-
lógicos e climáticos. Associada à previsão do tipo, deve ser feita uma análise quanto
aos mecanismos que estão associados a cada tipo, pois assim poderão ser propostas
formas de monitoramento e de estudos probabilísticos.
4 Atributos mais desfavoráveis. O documento deve refletir com clareza os
atributos que têm maior influência no desenvolvimento do evento e que podem ser
modificados pela ocupação antrópica.
5 Previsão da profundidade. Com esta iníormação é possível avaliar o volume
de material que será envolvido pelo evento.
6 Previsão da intensidade de energia do possível evento perigoso. visando
identificar e separar geograficamente zonas com níveis de riscos considerados
aceitáveis ou inaceitáveis diante das diversas formas de ocupação.
7 Previsão da progressão. Consiste em avaliar como será a evolução em termos
de área. nrofundidade e velocidade do evento aoós o seu início.
Propostas metodológicas

Ao desenvolver um trabalho para elaborar cartas de eventos perigosos e de


zoneamento de riscos, o principal aspecto a ser considerado é a escolha de uma
metodologia adequada, que deve considerar diversos fatores, tais como: tipos de
eventos, escalas e finalidades, caracteristicas básicas da região, bem como conheci-
mentos prévios existentes sobre os tipos de eventos que ocorrem na região e
conhecimento global existente sobre a região.
Os trabalhos desenvolvidos para esta finalidade produzem documentos gráficos que
variam em função do detalhamento atingido e das premissas ini~ assím os documen-
tos produzidos normalmente são cartas acompanhadas de memoriais descritivos.
Segundo Undro, 84 devem ser desenvolvidas as seguintes etapas de estudos
para prevenção de acidentes: identificação dos riscos, análise de riscos, medidas
de prevenção de acidentes, planos de emergência e treinamento e difusão das
informaçõAG.
Estas etapas referem-se às necessidades dos técnicos para enfrentar as situações
dt:: riscos; porém, toda a condição está centrada na identificação das caracteristicas
das fontes de risco. Para que a identificação seja possível é fundamental a existência
de estudos que apontem ou apresentem um prognóstico sobre a possibilidade de
ocorrer um evento perigoso, de qualquer fonte, num determinado período de tempo
e com um grau ou nível de intensidade.
Para os eventos perigosos de origem natural, principalmente os relacionados ao
meio físico, o maior problema refere-se ao diagnóstico e prognóstico da possibilidade
de ocorrer o evento, sem que exista registro de ocorrências passadas. Assim, para se
chegar a este prognóstico, é necessário fazer uma avaliação global do meio físico, por
meio de mapeamentos em diferentes escalas. Por intermédio destes mapeamentos
podem ser elaboradas as cartas de eventos perigosos e de riscos.
As cartas das probabilidades ou potencialidades de ocorrer eventos devem ser
realizadas considerando duas situações:

1 Estabelecimento de graus de relatividade (relative hazard) no zoneamento de


uma região (análise relativa). Neste caso, o estudo busca uma comparação entre as
diversas zonas de uma regíão. Os documentos gráficos podem ser elaborados por
diferentes procedimentos, tais como:

• avaliação da susceptibilidade ou do potencial, que busca classificar as unidades em


graus de susceptibilidade ou potencial, classes hierárquicas ou níveis;
• métodos estatísticos. os quais ainda são pouco aplicados ou praticamente não
conhecidos no Brasil, baseiam-se em modelos estatísticos, determinísticos e de
informações;
• métodos empíricos. oriundos de conhecimentos adquíridos em áreas semelhantes
e/ou considerações obtidas por meio de conhecimentos prévios;
• similaridade de situações e evidências, considerando trabalhos desenvolvidos em
regiões com condições de meio físico e de ocupação semelhantes.

2 Estabelecimento de análises absolutas (absolute hazard), baseadas em avalia-


ções determinísticas ou probabilísticas.

Principais fontes de riscos no Brasil

Por meio de levantamentos bibliográficos e de registros de problemas ocorridos


nas diferentes regiões do Brasil, considerando a classificação proposta no Quadro 1.
elaborou-se um rol das principais fontes de riscos (Tabela 1), assim como das principais
. características dos eventos gerados por cada fonte (Tabela 2). Na Figura 1 podem ser
observados os eventos perigosos que foram registrados em cada Estado do Brasil.
171

....... ... 1,2,3,5,6,7,8,9,10,11,


"""12,13,14,16,17,19, 22
3,7,8,9,10,11,12,13,14,19,20
3,6,7,8,9,10,11,-
12,13,14,16,17,
19,20

FIGURA 1 - Principais fontes de riscos registrados nos diversos estados do Brasil. 1- Atividades slsmicas. 2- Ventos.
3- Marés. 4 -Seca. 5- Poluição do ar. 6- Salinização/solos salinos. 7- Inundação (natural/artificial). 8 -Erosão
(continental/costeira). 9 - Sedimentação/ Assoreamento. 10 - Subsidência {cárstica/minas/escavações). 11 -
Escorregamentos/Quedas!Creep!Rolamentos. 12 - Expansibilidade. 13 - Poluição de água subterrênea. 14 -
Recalque/Colapsividade. 15- Rompimentos (tubulações/reservatórios/barragens). 16- Combustão espontAnea de
turfas. 17- Desertificaçãoldesertizações. 18- Poluição de água superficial. 19- Poluição do solo. 20- Presença
de substâncias tóxicas no solo/água. 21 -Geada. 22- Uquefação de solos. 23 -Movimentos de dunas. 24-
Incêndios. 25- Infestações (gafanhotos/roedores). 26 -Infestações (ervas daninhas/ervas tóxicas). 7:7- Vazamento
radiativo 28 - Radiação natural. 29 - Depósito de reslduos e rejeites em encostas. 30 - Correntes de águas
superficiais (enchentes) 31- Depósitos de residuos sólidos.

Observa-se que muitos dos tipos de fontes de riscos constantes da Tabela 1 são
relegados por técnicos, por administradores e pela população, graças à falta de
conhecimento e de responsabilidade dos profissionais, assim corno em decorrência
das condições socioeconôrnicas de cada região.

Avaliação de riscos decorrentes


de movimentos de massas em encostas

No Brasil, os eventos geológicos mais conhecidos e que vêm sendo mais


estudados são os relacionados à instabilidade de encostas (com predomínio dos
escorregam~ntos e praticamente esquecidos o creep, quedas, tombamentos e rola-
mentos de blocos e corridas} e à erosão, mas com predomínio das cartas baseadas
em análises relativas. Graças a esta condição serão consideradas algumas propostas
metodológicas utilizadas para elaborar os referidos documentos, assim como alguns
recursos técnicos.
Diversos trabalhos com propostas e aspectos metodológicos devem ser consul-
tados no caso de se elaborarem estudos para avaliação de eventos perigosos e de
riscos, tais corno: Neuland, 62 Carrara et al., 21 Nilsen & Brabb, 63 Hinojosa & Leon, 43
Stevenson,so. 81 Sfondrini,n Porcher & Guillope, 69 Soule, 79 Radbruch-Hall et al., 72
Seshagiri et al., 76 Carrara, 16 · 17 Varnes & Keaton. 90 Haruyarna & Kitamura, 40 Hansen, 39
Brabb.JO Varnes,89 Matula, 56 Einstein, 33 Brand. 12 Barisone & Bottino, 6 Choubey &
Tabela 1 - Prtnci:pais fontes de rtscos no Brasil

Meio físico Tecnológicos


Base do Geológicos Águas Climáticos Interação com Puro Interação com Biológicos Sociais
meio ambiente atividades limitações do
antróeicas meio físico
Fontes
Endógeno Exógeno

1 AtiVidades sismicas X X
2 Ventos X
3 Marés X
4 Seca X X
5 Poluição do ar X X X
6 Salinizaçãolsolos salinos X X X
7 Inundação X X X
8 Erosão (continental
X X X
e costeira
9 Sedimentação/
X X X
assoreamento
10 Subsidência
X X
(cárstica e minas)
11 Escorregarnentos e outtos X X X
12 Expansibilidade X X
13 Poluição de água
X X X
subteriãnea
14 Recalque!colapsividade X X X X
15 Rompimento (Tubulações/
X X
reservatóriaslbanagens
16 Combustão espontânea de
X X
turfas e similares
17 Desertificações/
X X X
desertiZações
18 Poluição de
X X X X
água superficial
19 Poluição do solo X X X X X
20 Presença de substâncias
X X
tóxicas no solo/água
21 Geada X
22 Liquefação dos solos X X X
23 Movimento de dunas X X X
24 Incêndios X
25 Infestações de gafanhotos
X
e roedores
26 Infestações de ervas
X
daninhas e tóxicas
TI Va2lmlento Iadioativo
28 Radiação natural
X X
ou artificial
29 Depósrtos de resíduos
X X
nas encostas
30 Correntes de águas X
X X
supediciais (enchentes)
31 Depósitos de resíduos
X X
sólidos
173

Tabela 2 - Algumas caracterisucas-dos pnnc1pa1s upos de eventos pengosos

Caracteristicas do evento

Base do me10 Area T1pos de Previsão PreVisão


Dinâmicas Prevenção
ambiente atmg1da perdas espacial temporal

1 AtiVidades slsmicas 2-3 1-2-3 SIMD MD 1·2·3


2 Ventos 2-3 1-2-3 s s 2-3
3 Marés 2 1-2 s s 1-2-3
4 Seca 2 1-2 s T 1-2-3
5 Poluição do ar 1-2 1-2-3 1-3 s s 1-2-3
6 Salinização/solos salinos 1-2 s s 2
7 Inundação 1·2 2·3 1-2-3 s T 1·2·3
B Erosão (continental.
costeira)
1-2 1-3 s s 1·2

9 Sedimentação/
assoreámento
1·2 1·3 s T 1-2

1O Subsidência
(cárstica. minas)
1-2-3 1·3 s MD 2-3

11 Escorregamentos e outros 2-3 1-2-3 s T 1-2-3


12 Expansibílidade 1-3 s T 1-2
13 Poluição de água
subterrânea
1-2 1·2-3 s s 1-2

14 Recalque/colapsividade 1-3 s T 1·2


15 Rompimento (tubulações/
reservatórios/barragens)
1-2 3 1-2-3 s MD 1-2-3

16 Combustão espontânea
de turfas e similares 2 1-2-3 s N 1·2

17 Desertificação/desenização s s 1-2
18 Poluição de água 1-1 1-2-3 s s 1·2
19 Poluição do solo 1-2 1-2 s s 1-2
20 Presença de substâncias
tóxicas no solo/água
2 1-2 s N/MD 1-2

21 Geada 2 2 1·3 MD T s
22 Liquefação de solos 2 1·3 s MD 1·2
23 MoVimento de dunas 1-2 1-2·3 1-3 s MD 1·2
24 Incêndios 1-2 2-3 1-2-3 s MD 1-2-3
25 lnfestaçãoes de
1-2 2-3 1-3 N MD 2-3
gafanhotos e roedores

26 Infestações de ervas
daninhas e tóxicas 1-3 s s 1·2

27 Vazamento radioativo 1-2 2-3 1-2-3 N N 1-2-3


28 Radiação natural
ou artificial
1-2 B s MD 1·2

29 Depósitos de residuos
nas encostas 1-2 1-2-3 s MD 1-2-3

30 Correntes de águas
superficiais (enchentes) 2-3 1-2-3 s MD 1-2

31 Depósitos de residuos
sólidos 1·2·3 s T 1-2

I local 1 lento I materiais S -stm I medidas


2 regia- 2 rápido 2 vidas N-não estruturais
nal 3 muito 3 perdas MD - multo dlllcU 2 regulamen-
rápido indl!etss T - às vezes é possfvel taçAodo

l i
P - pouco provável uao da terra
3 planos de
emergência
Litoria,27 Ambalagan,t 2 Ragozin, 73. 74 Cancelli & Crosta, 15 Chacon et al .. 24 Forster &
Culshaw. 34
Deste conjunto de títulos pode-se destacar um grupo de propostaS metodológi-
cas. a saber:

1 ZERMOS (Zones Exposed to Risks of Soil Movements -1972-1973), França.


2 Tasmânia - Austrália.~- st

3 Carrara 17 - Itália.
4 GASP (Geothecnical Area Studies Programme- 1979) - Hong Kong.
5 Hinojosa & Leon 43 - Espanha.
6 Einstein 32. 33 - USA.
7 Nilgiri Plateau76 -índia.
8 Haruyama & Kitamura40 - Japão.
9 Brabb. 10
10 Barisone & Bottino6 -Itália.
11 Choubey & Litoria27 - índia.
12 Ambalagant 2-índia.

O trabalho de Varnes89 se caracteriza como uma diretriz básica para desenvol-


vimento e estudos sobre metodologias. Da mesma forma, não podem ser esquecidos
os trabalhos de Záruba e Mencl, 96 Eckel, 31 White & Haas93 e Hansen. 39
Graças ao grande número de propostas metodológicas e às limitações de espaço
para descrevê-las, serão apresentados os esquemas das etapas de desenvolvimento
das mais conhecidas, com vistas a auxiliar a comparação das propostas pelos
inter~os em~cl_~nvo~ver__I!letodol~ (Quadros 2 a 9).
Mapeamentos geotécnlcos ou
levantamentos básicos
BASE DE do meio fislco:
Mapa DADOS 1:50.000
Fotos Mapas Trabalhos
Topográfico Aéreas 1:25.000
de
1:50.000 Geológicos
1:50.000 Campo

,l
/

'~
AVALIAÇÃO
l.
l
........

w w -JAlJ'
Identificação Mapa ~eológico Mapa Carta de eventos Cla
Fotointerpretação v sses]
de fatores que preliminar ~
litoestrutural I---? (hazards) "" de
"
I
afetam a visi- e campo escala - 1:25.000 potencial
bilidade 1:50.000 1:50.000 L-

l
Mapa morfométrico J Ficha - Detalhada
Mapa ~) relevo ~ Land Hazard Trabalhos de para avaliação
/
evaluation factor campo em de áreas com
(relativo
Mapa substrato rochoso
(Lhe f) áreas de maior
'>./
... , maior probabilidade
risco. de risco.
Mapa mat. incons.
Mapa hidrogeológico 1
f--
Mapa de uso e ocupação Total estlmated - l r-
hazard (Tehd)
[ Recursos e
cuidados
para ocupar.
I/
I' '
"
P.O.S - Plano de
ocupa~ão do IL
solo. scala: I'
1:50.000
~
/
Restrições para ]
ocupar período
de tempo-
(10 anos).
,[.,. ~

Preparação do
mapa de zonea-
manto dos
hazards (LHZ)
Base para P.R.E. - "Pians of
pagamento de ~ risk exposure"- ~ Fundamenta as ]
'"'
r-- / I' / Leis de
INDENIZAÇÕES - Escala: 1:5.000 Proteção.
1982. 1:2.000 L-

QUADRO 3 - Aspectos das principais metodologias. Proposta de Ambalagan 1 Lhef ~ Landslide hazard evalua!ion QUADRO 2 - Aspectos das pnnctpais metodologias Metodologia ZERMOS (Zonas exposed to rlsk of soU movements.
factor 1973) Mais detslhes em Zuquette 97. 9A
r-

Carta de
1- 6 classes - O a 55 graus
Declividade
s
uso a ocupação
u Mapa de Materiais
áreas de teições
Landtorm
1-
básico - espessuras
p
3 classes- > 35m
E
lnconsolidados
- 10 - 30m
Mapa Geológico

1:50.000
T
Mapa FislográfiCO
<10m e de uso/ocupação
R Mapa dos 1:50.000
densidade
p lipos de r-
Drenagens
o tipo Mapa Estrutural

1:50.000
s Mapa
das
Feições
ç Mapa dos
Terrenos
à Mapa
de I
Uso/Ocupação • Declividade - o a 60 graus
o • Feições antigas Mapa de 4 Zonas:
H rd ~ • alta probabilidade
Zoneamento de aza 1 , • moderadamente alta
escorregamento • moderadamente baixa
• nAo hâ
Mapa
Litoestrutu rai
0
Adaptação Varnel
~

QUADRO 5 - Aspectos das principais metodologias Proposta de Seshagir1 et a1} 6 Nilgtr1 Plateau (lndia). QUADRO 4 - Aspectos das principais metodologias Proposta de Choubey & Utor1a.Z1 lndia
Documentos
+ de 100 Atributos 1~1:-::n-:--:-ve-s:::t-;-:::ig:-:-a-ço-;-_e=-:s::--f-----~ Litologia
/
Básicos Básicos geol ógicas .J,
G eomecantca
· · t\
Carga pontual
geotécnicas Laboratório

1---~"
/
estrutural
Descontinuidades
ESTATÍSTICA /
t------ ~ fotointerpretação
(correlações) " Considerados no ·-
~ Sistema "INSTAS"
Pode oc orrer
caracterfsticas das descontinuidades
seleção Dip!Direção
Anál;]se
AMA
dos Dados AOD.
..... v '------ Prováveis superfícies de rupturas

Mapas de
Zoneamento
de Hazard
I
Mapa diiabilidada da taludes
uso/ocupação~

Carta de risco
Carta de ~~
Risco controle técnicas
(sistema Ldhazstr)

QUADRO 7 Aspectos das JHHH'lpi!IS rnetodolog~as Proposw <IH Carrara et dl 18 Caláhna. ltáli<l QUADRO 6 Aspectos clns pnncrpars rnt>lndologras Proposta de Bansone & Bottrno 6 Areas Alpes Octdentais
L - . - B*sico1
Eacala 1·50.000
• Topogratia
·GeoloQ141
• t.JtoloQIIII5 . Olv1G6ec panl. o
• Aelaçóol; planejamento
• AqulleroG • Ár&:u. est.áveic
• Fon!eoG · Áreas com Ins-
• Coi(Mo tabilidade pot~
• Geomorldaoia cLaJ
• Ooc:IMd;Jde
·Tipo do~
• Complexidade

• IDpogralla
·~11
·água
• aspedD$
~

I
Méolodo<õ &mp(ricos do
aval~ do risco& --~
~:

estabilidade
. proteção
e
. prev~
Aettoanállse
. lmllal;

ANÁUSE SÍNTESE

1 O levantamento básico normalmente é realizado para áreas extensas. com cerca de 600 km2.
2 Os detalhes específicos são obtidos em áreas com extensão inferior a 5 km2 . onde ocorrem
feições ativas e inativas. Este grupo reúne informações de superf1cie. de laboratório ou não.
3 Métodos de análise são associados a informações de âmbito regional e de detalhe para
definição das zonas.

81
QUADRO 8 - Aspectos das prinopa!S metodologJas. Proposta de Stevenson. 80· Tasmânia. Austrália

Metodologia GASP (Geotechnical Area


Studies Programme) - Hong Kong

Foi desenvolvida a partir de 1979 pelo GCO (Geotechnical Control Office)- Hong
Kong, publicada e discutida em trabalhos de BrandY Brand et al.,l3 Styles et al .. 83
Burnett & Styles 14 e outros.
Ela pode ser aplicada em três fases. sendo:
1 Regional - em escala 1:20.000 e para áreas entre 50 e 100 krn 2• baseada em
fotointerpretação. trabalho de campo e dados preexistentes.
2 Estudos distritais:
A) Estágio 1 -Avaliação geotécnica concentrada em áreas de até 4 krn 2, em
escala 1:2.500, baseada em estudos de fotointerpretação. dados existentes e trabalhos
de campo.
179

Mapa
I F~~
~ Topografia
• Estrutura
I• Substrato rochoso
(sem síntese) I• Materiais inconsoídados
I •• Dados geotécnico6
Uso e ocupação
Mapas de Problemas 0 Delimita zonas cem cif8rantes possibiidades
2
ou Danger Maps de problemas (não faz previsão de riscos) I

• Evento provável, combinado com probabilidades


3 Mapa de Hazard de ocorrer I
• Os resultados são apresentados em escalas !

• Combinação da área a ser atingida e os ~


4 Mapa de Risco
de uso e ocupação
Mapa de Procedimentos e
e Mapa de Hazard
5 Regulamentos de Orientação
e Mapa de riscos I
I (Técnicos e administrativos) i

1 Os níveis 4 a 5 normalmente são elaborados com base em estudos estatísticos e probabilísticos.


2 Há muitos exemplos em escalas diversas. mas as mais comuns são 1:50.000.

QUADRO 9 - Aspectos das principaiS metodologlé!S. Proposta de Eínstein. 32 USA Baseada nos trabalhos de
Einstein. 32 Varnes. 89 Brabb et ai. 11 USGs 85 Per. 58 Radbruch-Hall et a1 72

B) Estágio 2 - Avaliação geotécruca mais detalhada em locais delimitados no


estágio 1
Para cada uma destas condições pode ser elaborada uma série de documentos
gráficos. conforme o esquema segumte

J)ocmnentos
O documento fundamental para toda a proposta é a elaboração do Mapa de
Classíficação dos Terrenos (MCT), que é obtida pela combinação de atributos
• MCT- Escala 1:20.000 (Regional);
• Declividade (6 classes) 0-5°, 5-15°, 15-300,30-400. 40-600, >600

Componentes dos terrenos


• Cristas.
• Encostas: retilíneas. côncavas. convexas.
• Pé da encosta: retilíneas. côncavas. convexas
• Zona de inundação.
• Área de colúvio.
• Planície costeira.
• Afloramento rochoso.
• Cortes: retilíneos. côncavos. convexos.
• Aterros: retilíneos côncavos. convexos.
• Terrenos modificados.
• Planícies aluvionares.
• Corpos de águas: correntes naturais. canais artificiais. reservatórios.

Feições de estabilidade e erosão


• Não há ocorrências.
• Erosão laminar: pequena, moderada, severa.
• Erosão em escarpas e cortes: pequena. moderada. severa
• Boçorocas: pequenas, moderadas, severas.
• Escorregamentos bem-definidos e recentes (especial para os trabalhos em escalas
distritais).
• Evidências gerais. como rupturas de tensão e outras (antigas e recentes).
• Instabilidade costeira.

MCT - 1:2500 (Distrital)

Neste nível. além dos três grupos de atributos do nível anterior. são considerados:
• morfologia do terreno (convexo. retilíneo, combinados com a forma dos terrenos):
terrenos in situ. colúvios. aluviões. outros;
• condições. estabilidade de taludes em cortes e aterros: corte. 0-5 rn ou 5-10 rn;
aterro: 10-20 rn;
• hidrologia (fluxos subterrâneos. fontes. outros);
• vegetação (gramas. cerrados. florestas não vegetadas. reflorestadas).

BASE FUNDAMENTAL R
...------.
Mapa de
D Fotointer- Dados
Anomalias
Mapa pretaçáo
Relevantes
de

Mapa
Geo- Geotécnico
técnico para e de
Uso (GLUM)
Avaliação
Vegetação R das
Mapa Limitações
R dos
Geotécni
(GLEAM)
Mapa Terrenos
de
Ficha de
Landform
dados
geotécnicos
R
Mapa de
Erosão e Estudos
Instabilidade de
Campo R- Estudos regionais
R
Mapa D- Estudos distritais

de GLUM - Geotechnical Land Use Map


Declividade
GLEAM - Generalized Umitations and Engineering Appraisal Map

QUADRO 10 - Documentos gráficos da metodoloala GASP

Mapas derivados a partir do mapa de dassificação


dos temmOS, estudos de campo e inteJp.retaçáo

• Mapa dos landfonn- tem corno objetivo delirnítar os modelos de terrenos;


• Mapa de erosão e instabilidade - retrata os níveis do potencial. o grau de
intensidade. voltado para o planejamento;
181

.. Mapa de vegetação - registra os tipos básicos de vegetação e suas associações


com a hidrologia e os landforms;
• Mapa de hidrologia superficial - basicamente utiliza uma classificação para os
canais de drenagem;
• Mapa geotécnico -indica os materiais geológicos, suas características geotécnicas
básicas;
• Mapa de anomalias relevantes - define os tipos de feições que são fundamentais
para a região (colúvios. declividades> 300).

Mapas interpretativos, elaborados a partir dos outros


documentos, produzidos nas fases anteriores

• Mapa geotécnico para uso (GLUM- Geotechnical Land Use Map)- caracteriza
geotecnícamente as anomalias dos mapas anteriores. definindo classes quanto às
possibilidades de uso. Este documento está diretamente relacionado com a proba-
bilidade de ocorrer eventos perigosos.
Ele normalmente classifica os terrenos em quatro classes, considerando as
limitações geotécnicas (baixas. moderadas, altas, extremas), custos com recursos
tecnológicos e problemas para investigação e intensidade necessárias.
Os mapas GLUM delimitam áreas considerando quatro classes: Classe I- baixas
limitações geotécnicas; Classe II - moderadas limitações geotécnicas; Classe ID -
altas limitações geotécnicas: Classe N- extremas limitações geotécnicas.
Este tipo de documento é de fundamental importância para a avaliação das
possibilidades de ocorrências de eventos perigosos (hazards).

Mapa geotécrúco e de avaliação das limitações


(GLEAM- General Limitation.s arui Engineering Appraisal Map)

É um conjunto de documentos elaborados para uso direto dos interessados.


propondo formas e recursos para ocupar as áreas. assim como as zonas com
limitações, tais como: zonas com alto potencial à ocupação, zonas com altas
limitações geotécnicas à ocupação, dentre outras. A partir do conjunto de documentos
é possível elaborar uma hierarquização das zonas quanto ao nível do risco, assim como
definir limites construtivos.
A partir dos anos 80, o Geotechnical Control Office (GCO) passou a utilizar um
sistema informatizado denominado GEOTECS (Geotechnical Terrain Classification
System). Este sistema utiliza um computador do tipo PC e um grid cbm células de 2
ha e para cada célula considera nove níveis de informações, sendo: declividade,
componentes do terreno, erosão, estabilidade, relevo. substrato rochoso, materiais
inconsolidados, chuva, uso do solo e vegetação.

Considerações finais

Para o desenvolvimento de trabalhos envolvendo a elaboração de cartas de


eventos perigosos e de riscos é necessário realizar um estudo criterioso quanto aos
aspectos metodológicos, de maneira que seja escolhida a metodologia que melhor se
adapte às condições geológico-geotécnicas da região a ser estudada.
No caso do Brasil. existe um número de fontes de risco muito grande. porém os
estudos metodológicos são raros. Assim, graças à importância e à amplitude dos
problemas de riscos no Brasil, estudos deste tipo devem ser desenvolvidos·ern maior
número.
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187

MAPEAMENTO GEOTÉCNICO DA CIDADE DE FRANCA (SP),


BRASIL - ESCALA 1:25.000: CARTA DE RISCOS À EROSÃO

Lázaro Valentin ZUOUETIE


Osni José PEJON
OsmarSINEW
Nilson GANDOLF1

11 RESUMO: A cidade de Franca (SP), Brasil. está localizada na porção nordeste do Estado de São Paulo.
entre as latitudes 20030' e 20035'5 e as longitudes 47"22' e 47"27'W, com uma superfície de 70 JanZ. A
geologia da área é constituída pelos basaltos da Formação Serra Geral e os arenitos, argilitos e siltitos
da Formação Itaquert. que são recobertos por sedimentos arenosos do Cenozóico. Na área há centenas
de feições erosivas que afetam o desenvolvimento da cidade e da região. As feições erosivas se
desenvolvem a partir da linha de inflexão entre o plató e as encmtas. Esta situação é caracterizada
geologicmnente pelo limite entre os sedimentos arenosos e as rochas sotopOStas. Algumas formas de ocúpação
da cidade estão sujeitas aos proo:soos de propagação das feiçiles erosivas em virtude das águas pluviais.

11 PALAVRAS-CHAVE: Risco geológico; mapeamento geotécnico; erosão; Franca.

Introdução

A cidade de Franca, localizada no Estado de São Paulo, Brasil. ocupa urna área de
70 kffi2. com uma população superior a 200 mil habitantes. Em virtude dos problemas
erosivos na área, Franca precisaria investir 500 mil dólares em obras de recuperação
e de proteção, para reabilitar e controlar algumas áreas degradadas pela erosão.
Atualmente, a cidade apresenta um ritmo de crescimento acelerado graças às
necessidades crescentes de zonas residenciais e industriais.
A implantação destas formas de ocupação normalmente acelera a progressão
das feições erosivas existentes, aumentando as áreas degradadas, bem corno provoca
o aparecimento de novas feições.
Este trabalho tem corno objetivo apresentar urna análise dos problemas erosivos.
assim corno urna carta de riscos quanto à erosão.

Características da área

Características gerais

A cidade de Franca. situada entre as latitudes 20030' e 20035'S e as longitudes


47°22' e 47°27'W, com altitudes variando de 960 a 1.020 rn, ocupa a parte superior de
um planalto isolado no interior da zona geornorfológica denominada Cuestas Basálti-
cas (Figura 1). O clima é do tipo A da classificação de Koeppen. 2 com temperatura
média em tomo de 24°C e a pluviosidade anual é superior a 1.300 rnm.

SUbstrato rochoso

Na área. segundo DAEE. 1 Ponçano. 3 Sinelli et al. 4 e Zuquette et al., 5 afloram


rochas pertencentes a duas formações (Figura 2):
• Formação Itaqueri, idade cretácica constituída por arenitos. siltitos e argilitos
intercalados e com espessura total inferior a 50 m.
• Formação Serra Geral, de idade jurocretácica, constituída por basaltos, muito
fraturados e Cl:)m espessuras que podem superar 50 m em alguns locais. Os basaltos
246Km E' 2~

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F'IGURA I - Localização da área estudada No Estado de São Paulo acham-se indicadas as provinctas geomorfoló-
FIGURA 2 - Mapa do substrato rochoso. 1 - Formação Serra Geral (JK) - basaltos gtcas A - Planic1e Costmra. 8- Planalto Atlântico, C Depressão Periférica. D- Cuestas Basálticas. E- Planalto
2 - Formação ltaquen (K) -arenitos. siltitos. argtiJtos Octdental
189

podem ser explorados em alguns pontos como materiais para construção civil. Em
alguns taludes artificiais podem ocorrer escorregamentos em virtude do fraturamen-
to e da posição na encosta.

Materiais inconsolidados

Os litotipos do substrato rochoso encontram-se recobertos por materiais incon-


solidados residuais e retrabalhados com espessuras variando desde 1 m até superiores
a 10m (Figura 3).

Código I Materiais inconsolidados Faixa de espessura (M)


1.1 ' i <2
i ! Arenosos
12 I Retrabalhados 2-10
II 2.1
i
<2
Argilosos
I 2.2 I i 2·5
3.1 I I Atenitos, Siltitos. <2
I
32 Residuais i Argilitos 2-5
'
4.1 ! <2
! I Basaltos
42 i 2-10 I

FIGURA 3 - Mapa de materiais inconsolidados

Materiais retrabalhados

Arenosos

Ocorrem nas posições mais elevadas da área. recobrindo as rochas das duas
formações, e apresentam alta homogeneidade no perfil. As principais características
destes materiais são:
• espessuras desde métricas até superiores a 10m em alguns pontos:
• granulometria: areia 60%-70%; silte 15%-24% e argilas 15%-25%:
• índice de vazios: 0,8 a 1.2;
• coeficiente de permeabilidade da ordem de 10-6 rnls:
• massa especifica dos sólidos 2.64 a 2.74 g/cm3 ;
• superfície especifica: 14 a 18 m2/g;
• capacidade de troca catiôruca 1.8 a 3.5 meq/100 g de material;
• índice de erodibilidade elevado graças à textura arenosa e à fração silte e argilosa
serem constituídas por óxidos e argila-minerais como gibsitas e caulinitas que estão
agregados. formando partículas maiores.

Argilosos

Ocorrem em uma pequena extensão. a sudoeste da área, como colúvios dos


materiais de alteração dos basaltos da Formação Serra Geral. e estão sobrepostos ao
pacote de materiais inconsolidados residuais. Apresentam, além da homogeneidade
no perfil e espessuras inferiores a 5 m. as seguintes características:
• granulometria: areia 8%-15%: silte 10%-20% e argila 65%-82%;
• índice de vazios: 1,5 a 2,5;
• coeficiente de permeabilidade da ordem de 10-6 rnls;
• massa específica dos sólidos: 3,07 a 3,23 g/cm3 ;
• massa específica aparente seca natural: 0,8 a 1.1 g/cm3 ;
• superfície específica: 20 a 24 m2/g;
• capacidade de troca catiônica da ordem de 3,5 meq/100 g de material.

Materiais residuais

Mistos (arenitos, siltitos, argilitos)

As características dependem da litologia que predomina no local analisado.


porém. como as camadas rochosas íntercaladas são de pequenas espessuras(< 2m)
e não apresentam continuidade lateral significante. os materiais inconsolidados
oriundos da alteração sempre apresentam características mistas e heterogeneidade
no perfil, tais como:
• granulometria: areia 30%-40%; silte 20%-50% e argila 20%-40%;
• índice de vazios: 0,8 a 1,05;
• coeficiente de permeabilidade da ordem de 10·7 rn!s;
• massa específica dos sólidos variando de 2,7 a 3.2 gfcm3;
• superfície específica da ordem de 35 m2/g;
• capacidade de troca catiônica de até 6 meq/100 g de material;
• massa específica aparente seca natural: 1,00 a 1,52 g/cmJ

Argilosos (basaltos)

São originados da alteração dos basaltos da Formação Serra Geral e apresentam


um perfil heterogêneo. sendo a porção superior argilo-siltosa e a inferior silto-argilosa:
normalmente. ocorrem nas posições mais baixas dos vales. As principais caracterís-
ticas destes materiais são:
• as espessuras do pacote variam de 1 a 15 m;
• granulometria: parte superior - areia 20%; silte 20%: argila 60%; parte infenor -
areia 20%; silte· 40%-60%; argila 20%-40%:
• índice de vazios: 1.1 a 2.1;
• coeficiente de permeabilidade: 10-<>mfs e 10·7 rnJs. para as porções superior e inferior.
respectivamente:
191

• massa específica dos sólidos: 2,98 a 3,23 g/cm3 ;


• massa específica aparente seca natural: 1,02 a 1.4 g/cm3 ;
• superfície específica variando de 18 a 30 m2/g;
• capacidade de troca catiônica pode atingir 10 meq/100 g de material.

Declividade

Os valores de declividade para a região são predominantemente inferiores a 30%


(Figura 4). As principais faixas delimitadas na cana são: O% a 2%; 2% a 5%; 5% a 10%;
10% a 20% e> 20%. predominando os valores inferiores a 20%.
As variações de declividade estão relacionadas às características dos canais de
drenagens da área. sendo que a classe de O% a 2% ocorre nos platôs, entre os principais
canais de drenagens. As classes mais elevadas das declividades ocorrem. principal-
mente. associadas aos canais de drenagens bàsicos (terceira ordem).

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FIGURA 4 - Carta de declividade. Classes· 1· 0%-2%. 2 2%-5%: 3: 5%-10%: 4 10%-20%: 5: > 20%.

Águas

Na área ocorre urna distribuição homogênea das chuvas. mas destacam-se


alguns aspectos quanto ao comportamento das águas em relação ao meio físico. a
saber:
• O escoamento superficial apresenta seus valores máximos nas zonas onde as
declividades são elevadas (maiores que 10%) e nas qua1s o relevo apresenta
uma característica convexa e côncava no sentido venical e longitudinal, respecti-
vamente.
• Nas partes em que ocorrem os materiais inconsolidados arenosos e as declividades
são menores que 5% há uma alta taxa de infiltração que percola até encontrar os
materiais rochosos da Formação Itaqueri com menor permeabilidade. Assim. nesta
condição tem-se o nível de água na proximidade do contato. mas com tendências
a se localizar nos materiais da Formação Itaqueri
• A densidade de canais de drenagens na área pode ser classificada como baixa; mas
na zona do platô. caracterizada como um divisor de águas superficiais. a
densidade aumenta. como pode-se observar no perfil geológico-geotécnico 12 das
Figuras 5 e 6

FIGURA 5 - Mapa de localização das zonas de ocorrências de feições erosivas. As áreas delimitadas indicam locais
de ocorrência. As linhas 1-2. 3-4. 5-S e 7-8 situam os perfis qeológico-çeotécnicos.

Levantamento de feições erosivas

Pela interpretação de fotos aéreas dos anos 80 e recentes (ano de 1993) e de


trabalhos de campo, foi possível delimitar cerca de 22 locais com feições erosivas que
vão desde boçorocas até pequenos ravinamentos (Figura 5). A maioria dos locais está
sempre associada às cabeceiras dos canais de drenagens de primeira ordem. nas
proximidades da zona de inflexão dos platôs para as encostas (Figuras 5 e 6). e sob a
influência dos processos de ocupação: outras feições erosivas desenvolvem-se late-
ralmente aos canais de drenagens (Foto 1). mas com processos de evolução seme-
lhantes
As feições mrus evoluídas (boçorocas) apresentam comprimentos entre 200 e
300m. profundidades que podem atingir 60 m e largura da ordem de 50 a 80 m (Foto 2)
Todas as feições erosivas atingem os materiais rochosos da Formação Itaqueri, que
condiciOnam as li!egularidades do fundo
193

Os processos de correção ou de recuperação por meio de patamares (Foto 3)


podem ser responsáveis pela aceleração do processo erosivo. ao invés de recuperá-lo
ou atenuá-lo. Isto ocorre graças ao acúmulo e à concentração das águas superficiais
que podem provocar o rompimento dos patamares.

tMJ
1020
1000

980
960

@ @
1
1020
1000
980

960

980

960
940
SfOO

1000 0 ®
1

980
960
. .. . .
940 '

F1GURA 6 - Perfis geológico-geotécnicos. Substrato rochoso: a- Formação Itaqueri (pontilhado); b- Fonnação Serra
Geral (em v). Materiais inconsolidados: 1 - Retrabalhados arenosos; 2- Retrabalhados argilosos: 3- Residuélls
de arenitos. siltitos. argilitos: 4- ResidUéiiS de basaltos.

Elaboração da carta de risco

Graças ao intenso crescimento das áreas ocupadas, os seguintes documentos


gráficos são de grande importância para a área:
1 carta de potencial de ocorrência de feições erosivas;
2 mapa de localização das áreas que apresentam feições erosivas;
3 carta de tiscos potenciais e reais.

Metodologia

A carta de tiscos (Figura 1) foi elaborada a partir da análise dos atributos do meio
FOTO 1 - reíçâo emsJVa em desenvolvimento paralelo aos canaiS de drenagem.

FOTO 2 - Feíçâo erosiva com mais de 60 m de profundidade.

físico que podem favorecer a erosão (declividade; forma e comprimento das encostas;
textura. gênese e erodibilidade dos materiais inconsolidados; litologia; profundidade
do nível de água; pluviosidade; escoamento superficial; feições erosivas) e que foram
registrados em mapas e cartas e combinados com as formas de ocupação existentes
e as possibilidades de implantar novas ocupações nas diversas zonas. Desta combi-
nação resultou urna subdivisão da área em quatro tipos de unidades que apresentam
diferentes níveis de riscos.

Unidade A - Risco potencial elevado

Zonas que reúnem um grupo de atributos com níveis favoráveis ao desenvolvi-


mento de feições erosivas. Corno pode se observar na carta de riscos. esta unidade
refere-se à porção superior das encostas e às partes mais baixas do platô. com as
seguintes características:
• As cabeceiras dos canais de drenagens de primeira ordem estão situadas nesta
195

FOTO 3 - Patamares consuuidos nas cabeceiras das feições erosivas com o objetivo de comgrr o problema

zona, nas proximidades do contato entre os materiais inconsolidados retrabalhados


arenosos com os residuais das litologias da Formação Itaqueri. Esta zona é
caracterizada por encostas com forma convexa (Figura 6), algumas vezes concentrando
as águas de chuvas graças às características côncavas no sentido longitudinal.
• As posições mais elevadas dos canais de drenagem de primeira ordem situam-se
nos limites entre a classe de declividade O% a 2% e as de maiores valores.
• O nível do lençol freático está situado nos materiais inconsolidados residuais da
Formação Itaqueri a profundidades variáveis (<10 m). mas próxima ao plano de
contato com os arenosos sobrepostos.
• Os materiais inconsolidados retrabalhados arenosos apresentam indice de erodibi-
lidade elevado.
• A porção superior da Formação Itaqueri, que está em contato com os materiais
retrabalhados arenosos. apresenta uma proporção maior de arenitos com cimenta-
ção fraca ou inexistente, o que propicia um indice de erodibilidade alto.
Como só existe uma pequena parcela das áreas planas sem ocupação, o
crescimento urbano está sendo direcionado no sentido das encostas e, portanto, para
esta zona de risco potencial elevado, que será ocupada em toda a sua extensão nos
próximos 20 anos. O processo de ocupação urbana caracteriza-se como um grande
concentrador e direcionador das águas pluviais superficiais, através das ruas e
tubulações, propiciando o aparecimento de feições erosivas e a progressão das
instaladas.
Esta unidade de risco potencial elevado pode ser subdividida em dois niveis de
riscos:
• Subunidade A1 - quando os terrenos constituem as cabeceiras dos canais de
drenagem de primeira ordem o risco é muito elevado. superando os da subuni-
dade A2.
• Subunidade A2 - refere-se aos terrenos que possuem as condições citadas e não
caracterizam especificamente as cabeceiras dos canais de drenagem.

Umdade B - Risco real

Todas as ocorrências de feições erosivas estão localizadas no interior das zonas


caracterizadas como de risco potencial elevado (Unidade A; conseqüentemente. em
virtude das caracteristicas e intensidades das ocupações urbanas e industriais, passam
~~~----~~~~--~----~~~~~==~~~~;-7Z!I~:--,~
...o.
l,jO

...
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~-7~~~~~

....
~==~;_~~~4--f~~~~~~~~~~~~~~77~~~~~~~

...
~~----~AL~~~hl~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

::l
N

;o;
L-----~L-~~~----~L-~~~~~~~~~~-7,~--~3

I
Unidade I Subunidade Risco e grau I
I
A A1 j Poten. elevado +
I
I l A2. Poten. elevado
I I
81 I Alto !

B 82 Real I Médio
i B3 I Baixo
c r Potenc. médio
I D i Potenc. baixo I

FIGURA 7 - Carta de risco à erosão

a ser classificadas com diferentes graus de riscos reais. Assim. os graus de riscos
foram definidos a partir das características citadas de cada área e das condições de
progressão das feições erosivas:
• as feições, quando sujeitas a situações normais de evolução, podem apresentar urna
progressão de até 15 rnlano (sentido longitudinal) e 5 rnlano (lateralmente):
• no caso de estarem sujeitas a interferências antrópicas, como o caso de águas
pluviais e servidas canalizadas para o seu interior, a progressão pode duplicar os
valores apresentados anteriormente.
Foram distinguidas:

Subunidade B1 - Risco real alto: refere-se às porções da área que apresentam a


combinação de ocorrências de feições erosivas com uma ocupação intensa, sendo
que as edificações estão a distâncias menores que 50 m das feições (Foto 4):
Subunidade B2 - Risco real médlo: ocorre nas partes da área que combinam
ocupação esparsa com ocorrência de feições erosivas: os elementos que constituem
a ocupação encontram-se a distâncias entre 50 e 100m das feições erosivas (Foto 5);
197

FOTO 4 - Áreas dasSJficadas como de riSCo real alto

FOTO 5 - Area classtficada como de nsco real médto

Subunidade B3 - Risco real baixo: constitui as porções da área que apresentam


poucas feições erosivas, mas que não possuem nenhum tipo de ocupação urbana ou
industrial nas proximidades, ou seja, a distãncias inferiores a 100m (Foto 6).
As perdas envolvidas no caso de ocorrer as situações de riscos serão sempre
socioeconômicas. não existe uma probabilidade de risco à vida superior à natural
As perdas serão relativas a edificações, ruas e outros elementos estruturais
privados ou públicos.

Unidade C - Risco potencial médio

São as zonas constituídas pelos materiais inconsolidados retrabalhados arenosos


sobrepostos aos residuais da Formação Itaqueri, ocupando as pos1ções mais elevadas
FOTO 6 - Area classificada como de nsco real balXO

em termos topográficos. e que apresentam as seguintes condições


• as declividades são mferiores a 5%, com predomínio dos valores menores que 2%.
• a velocidade de escoamento das águas pluviais é baixa, se comparada à das zonas
classificadas como Unidade A:
• os materiais mconsolidados retrabalhados arenosos apresentam índice de erodibl-
lidade elevado.
Nesta unidade. as feições erosivas podem ser desenvolvidas quando o processo
de ocupação envolver grande movimento de terra. com mudanças acentuadas da
declividade ou concentração de águas.

Umdade D - Risco potencial baixo

Refere-se às partes da área constituídas pelos materiais inconsolidados residuais


da Formação Itaqueri e dos basaltos e retrabalhados dos basaltos. ocorrendo nas
porções inferiores das encostas retilíneas levemente cõncavas e não concentradoras
das águas pluviais. Apesar de a declividade ser superior a 10%, as rochas estão muito
próximas da superfície e as condições não são favoráveis para que as águas superficiais
sejam concentradas e os materiais erodidos.

Conclusões

Nas zonas classificadas como de risco real alto e médio. obras de recuperação
e contenção devem ser executadas rapidamente, pois a progressão das feições
erosivas pode ser significativa em curto período de tempo.
As zonas classificadas como Unidade A {risco potencial elevado) devem ser
ocupadas de tal forma que as águas superficiais não sejam direcionadas para as
cabeceiras dos canais de drenagem. através de ruas e tubulações.
O sistema de patamares nas cabeceiras dos canais de drenagem. para minimizar
a velocidade das águas. não apresenta resultados adequados graças ao índice de
erodíbilidade elevado dos materiais arenosos.
Nas unidades A. B e C devem ser tomados todos os cuidados quando os
processos de ocupação exigirem grandes movimentos de terra que favoreçam o
desenvolvimento de feições erosivas.
199

Agradecimentos

Este trabalho foi realizado com auxílio da FAPESP. no decorrer dos anos de 1993
e 1994.

ZUOUE'ITE, L. V. et al. Engineering geological rnapping of the Franca city area (SP, Brazil) -
scale 1:25,000: erosion risk chart. Geociências (São Paulo). v.14. n.2. p.41-58. 1995.

• ABSTRAc:t: Tbe city ot Franca (SP). Brazil. is located in tbe nartheast region ot tbe São Paulo State.
between parallels 2Cf'30' and 2Cf' 35'S and mendians 4'? 22' and 4'J027W witb ama ot 70 Jan2. Tbe ama
is const:ituted by basalts of the Serra Geral Formation, sandstones, si1tstones and da}lstones of tbe
Itaquen Formation. Most part ot these rocks are covered by sandy unconsolidated materials oi Cenazoic
age. In the area there are severaJ erosion features (rill. gully) wbich are affecting tbe devellopment of
the industtial and Uiban occupations. These erosion features are located predominantly in tbe zone
between plateau (declivities < 296) and slopes (declivities > 596). Some sites oi the ama have stcucttual
elements and building around of the elmion features under r.isk condition.
• KEYWORDS: Geologic risks; engineering geological mapping; erosion; Franca.

Referências bibliográficas

1 DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica). Estudos de águas subterrâneas. região


administiativa, n.6, 1974.
2 KOEPPEN. W. Climatologia con un estudo de los climas de la tierra. veiSion de Hendricbs.
P. R. México: Fondo de Cultura Econórnica, 1948. 478p.
3 PONÇANO. W. L. O cenozóico paulista. In: ALMEIDA. F. M. M. de. et al. Mapa geológico
do Estado de São Paulo, escala 1:500.000. São Paulo: IPT. {IPT Publicação 1184), 1981.
p.82-96. (Série Monografias 6).
4 SINEW. O. et al. Mapeamento geológico em detalhe do NNE do Estado de São Paulo.
Comissão Nacional de Energia Nuclear, 1972. 72p.
5 ZUOUE'ITE. L. V., PEJÓN. O. J .. SINELLI, O. Preliminary ZÇ>ning of risk and geotechnical
condition of NE São Paulo (Brazil). In: SIMPÓSIO DE RIESGOS GEOLÓGICOS URBANO.
2. Pereira. Colombia, 1992. Anais... lAEG, 1992. v.1, p.495-501.
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS APRESENTADAS
PELOS MATERIAIS INCONSOLIDADOS RESIDUAIS ARENOSOS
DA FORMAÇÃO BOTUCATU QUANDO PERCOLADOS
POR SOLUÇ0ES ENRIQUECIDAS COM AS
ESPÉCIES QUÍMICAS K+, Na+, Cu2•, Zn2•E Cl·

Lázaro Valentin ZUQUETI'E


Osni José PEJÓN
Antenor Braga PARAGUASSU
NilsonGANDOLFI

• RESUMO: Este trabalho apresenta resultados obtidos em laboratório. através de ensaios de coluna em
condições saturadas. envolvendo amostras indeformadas dos materiais inconsolidados residuais
arenosos da Formação Botucatu e soluções contendo as espécies químicas Na·. K"'. Cu 2•. Zn2• e Cl·
• PALAVRAS-CHAVE: Material inconsolidado; Formação Botucaru. ensaio de coluna; curvas de
chegada.

Introdução

Os arenitos da Fonnação Botucatu e os seus materiais inconsolidados arenosos


residuais constituem o principal aqüífero do Estado de São Paulo e de outras regiões
do Brasil (Figura 1). Em partes destas regiões os arenitos estão recobertos por um
pacote espesso de materiais inconsolidados arenosos residuais que se caracterizam
como a principal zona de recarga do aqüífero na condição livre, assim como é uma
das áreas mais susceptíveis a entrada de poluentes
Diversos centros urbanos. e ponanto centenas de fontes de poluição, estão
assentados sobre estes materiais, e a interação predominante ocorre com os materiais
inconsolidados. A maioria das áreas constituídas por esses materiais é ocupada por
atividades relacionadas à agropecuária, mas nas proximidades dos centros urbanos
há diversos tipos de indústrias e depósitos de resíduos e rejeites (líquidos e sólidos).

--2005'

FIGURA 1 - Mapa de localização da área de ocorrência dos materiais da Formação Botucatu no Brasil.

Os líquidos oriundos da percolação dos depósitos de resíduos sólidos, assim


como da degradação dos próprios resíduos e aqueles oriundos das atividades indus-
tríais são ricos em K·. Na·. Cu 2•. Zn 2•. Cct2•• SQ4-, Cl-. entre outras espécies químicas_ lo
Com base nestas concentrações de espécies químicas foram realizados estudos
201

laboratoriais para avaliar o comportamento destes materiais inconsolidados residuais


arenosos quanto à retenção de poluentes em condições saturadas ante soluções
contendo os seguintes cátions Na·. K·. cuz· e Zn2·
O estudo considerou que as fontes de poluentes são contínuas e a situação de
campo é de máxima saturação possível. visto que há fornecimento de líquidos durante
períodos muito longos. supenores a 10 anos

Características das áreas


As áreas constituidas pelos materíais da Formação Botucatu aflorantes apresen-
tam os seguintes atributos geológico-geotécnicos básicos:
• declividades menores que 5%
• profundidade do rúvel de água vanando entre 9 e 25m. com preçiomínio entre 10 e
15m;
• profundidade da rocha sã entre 5 e 20 m.
Os materíais inconsolidados residuais dos arenitos apresentam as seguintes
características geológico-geotécnicas, que foram obtidas por meio de mapeamentos
geotécnicos desenvolvidos em extensas áreas de ocorrência destes materíais •
• o pH em H20 varía entre 6,0 e 6,5.
• os valores do mdi.ce de vazios variam de 0,61 a 0,83 e da porosidade entre 38% e 45%;
• a massa específica natural seca varía de 1. 44 a 1. 72 g/em3:
• a granulometria é muito uniforme no perfil de alteração, apresentando a seguinte
varíação: areia: 74% a 79%; silte: 6% a 7%; argila: 14% a 18%;
• o coeficiente de permeabilidade (K24o) varia de 1.0.10·2 a 4,0.1Q-3 crn/s;
• um perfil típico de sondagem de simples reconhecimento do tipo SPT pode ser
observado na Figura 2:
• o difratograma de raios X da fração fina pode ser observado na Figura 3.

Metodologia

Os estudos foram desenvolvidos com amostras indeformadas retiradas de locais


selecionados na Região Nordeste do Estado de São Paulo, Brasil, onde os materíais
inconsolidados não sofreram modificações antrópicas, nem foram ocupados para
lançamentos de resíduos e/ou rejeites.
As amostras foram transportadas e armazenadas de maneira a conservar suas
características de campo. Os corpos-de-prova estudados apresentam as seguintes
dimensões: 10 em de diâmetro e 15 em de altura e foram ensaiados em colunas e
em condições de máxima saturação possível, considerando gradientes hidráulicos
inferíores a 5.
O equipamento utilizado foi construído em PVC rígido de maneira tal que as
soluções não entram em contato com materíais reativos, a não ser o materíal
inconsolidado. A parte central que contém a amostra é acoplada a dois dic;positivos,
a saber:
• Inferíor- para coleta da solução percolada no centro e na borda do corpo ensaiado,
no sentido de avaliar efeitos de bordaduras e/ou comportamento diferenciado;
• Superíor - para distribuição da solução.
As soluções com espécies quúnicas somente foram percoladas quando a vazão
estava estabilizada a mais de 96 horas no gradiente hidráulico estabelecido e não
foram verificados problemas de carreamentos durante o período de saturação e do
ensaio com espécies quúnicas. As temperaturas foram mantidas entre 23 e 24°C
durante a realização dos ensaios.
RESISTÊNCIA À PENE:TRACJo

S P T.
PAIMEIROS 15c"'.
ÚLTIMOS 30 c....

-:·.-·.:-·-:····
2112
T.C
1 LJ o z z z I~ 41~
1 19 15 181 :1
2 o 1 1 1 ~21~j29::--t---t----1--l
o 20 16 13
3 O I 1+-1/~41::-17-t---t----1--1
AREIA fiNA, SILTOSA, 4 2 45
4
ARGILOSA, FOFA A PCQ o 2 2 3 9 5f'26
o 19 11 15
COMPACTA, MARROM. 5 o 2 4 4 ~tt
t~-==-t---t----1--1
o 15 1715 q '1
6 6 o. 3 4 5 t-9~1-:9:--t---t----1--1

I
o 1714 16
7 7 o 3 4 4 l-+-t-8/_2_9t---t----1--l
I 15 16 1:!1 9)
8 8 o 3 2 :s t-...~.t-~f-~st-1126-t---t----1--1
9 ~I :;=.... 9 O 2
o 19 11 15 y
2 2 H;.~41-::V3~:1-It---t--t---l
0 17 1417 T
~ o 2 1 2 1-+t--=i~V26-=::--t----t----1r---l
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10 161'1'
11 1 o 2 2 3 1-t9+Q-5_t-V2.....'7-It---t--t---l
o 18 1:!1 14 ~
t2 2 o 2 5 6 1-'-~1-,-lt---t--t---1
, ... ot516~4Ç ~·
r- o 3 6 7 Hb::--1"\'1b-:-113:-t---1--t----1
o 151515
~ ~~-r-;--r-~

~
H-t-+-1

FIGURA 2 - Perfil típico de sondagem de simples reconhecimento. do tipo SPT. dos materiais inconsolidados residuais
arenosos da Formação Botucatu.

Caracteristicas dos materiais inconsolidados ensaiados


e das soluções utilizadas

Os ensaios foram realizados em colunas de materiais inconsolidados em condi-


ções naturais sob as seguintes condições de contorno, conforme proposto por Rowe, 8
Quigley et al.. 5 Rowe. s Rowe et al.. 7 Barone et a!.1 e Shackelford: 9

Co(x,O) = o X >o
C(O,t)=Co t>O
c (t) =o t >o

Os rorpos-de-prova (amostras) utilizados apresentaram as seguintes características:

K = 5.3. 10·3 cm/s (condutividade hidraúlica)


n = 0,60 (porosidade)
eo = 1,54 (indice de vazios natural)
PH.ize = 4. 75
ps = 3,06 glcm3 (massa específica dos sólidos)
pd = 1,204 g/cm3 (massa específica seca natural)

A capacidade de troca catiônica obtida para material inconsolidado natural


ensaiado é mostrada na Tabela 1.
203

Qz

Qz

DI

Qz - Quo.rtzo DI - Dlkrto. K - co.ollnl'ta

z ~ ~ ~ ~ w 5
'~----~~----~L----~~------~~----~1 ____~1 ee
F1GURA 3 - Difratograrna de RX típico da fração fina dos materiais mconoolidados res~duaJS arenosos da Fonnação
Botucatu

Tabela 1 - Capacidade de troca catiônica inicial do material inconsolidado

Meq/100 g
Material Na· K. Ca2• Mg2• AJ3+ AJ3+ s CTC pH
inconsistente H"'
Residual arenoso Fm.
Zero 0.026 0.658 0.029 0,150 1.325 0.713 2.038 4,62
Botucatu

Extr. (Meq/100 g)
Cu Zn
Material inconsolidado HCl 0,05N H20 Destil. HClO.OSN HzO Destil.
Residual arenoso Fm.
0.016 Zero 0.017 Zero
Botucatu

Estes dados são típicos do meio estudado e podem ser considerados também
como do volume elementar representativo. segundo Bear & Nitao2 e Fetter. 3
As soluções percoladas apresentavam as seguintes características:

- Cl = 173.4 mg/1 - euz· = 39,77 mgll (CuCl, 2Hz0)


- K· = 40,0 mg/1 (KCl) - Zn2• = 36,92 mgll (ZnCl~
- Na·= 42,0 mg/1 (NaCl)
Resultados

Os resultados obtidos para as soluções e os materiais inconsolidados podem ser


observados nas Tabelas 2 e 3.

Tabela 2 - Dados relativos ao ensaio de percolação em colunas

Condutividade Volume total Tempo de


C!Co C!Co C!Co C/Co C/Co
Amostragem hidraúlica
cr Na· r euz- Zn2+ acumulado ensaiO
(cmls) (cm3) (min)
t• 0,23 0.05 0,12 o 0,01 5,50.1~ 625 15
2' 0,90 0,57 0,25 o 0,03 5,34.1~ 1.200 30
3• 0,98 0,62 o 0,03 5,34.1~ 2.450 60
4• 0,98 o 0,03 5,00.Ht3 4.950 120
5• 0,98 o 1,71 3,50.1~ 9.850 240
6• 1,00 0,02 1,90 3,50.1~ 11.150 360

Tabela 3 - Capacidade de troca catiônica do material ina:>nsolidado após a pera:>lação


da solução

Meq/100 g Solo
Porção da Na· K• Ca2• Mg2• Al3+ Al3+ s CTC pH
amostra H•
Super. 0,043 0,128 0,35 0,034 0.077 0,115 0,555 0,670 5,25
Interm. 0,043 0.128 0,345 0.034 0,038 0.058 0,550 0,608 5,26
Inferior 0,043 0,141 0,30 0,030 0,038 0,058 0,514 0,572 5,76

Extração
Cu (Meq/100 g) Zn (Meq/100 g)
Porção da HCl HzO HCl H20
amostra 0,05N Destilada 0,05N Destilada
Superior 1.82 o 0.81 0.020
Interm. 1.20 o 1.08 0,018
Inferior 0,135 o 1.68 0.019

ADáUse dos resultados

Os resultados apresentados na Tabela 2 possibilitaram a elaboração de curvas


de chegada (Breaktb.rough Curves) que podem ser observadas na Figura 4.
Os coeficientes de difusão molecular foram determinados pela equação de
NERST(aJ ou de EINSTEIN-STOKES(b):

(a) ou 00 =_JIT_ (b),


61tNnr
onde:
F= Faraday (96.490 Coulombs/mol)
(Z) = Carga por mal das espécies químicas
Ã.0 = Condutividade iônica equivalente limitante (LT/equiv)
n = Viscosidade absoluta do meio (M!Lt)
r = Raio do íon hidratado ou da molécula
N = 6.022.1()23 moléculas/mal
R= 8,316 J/mol k"
205

---Na+
1 " k+
/
/
0,8 / - .. - cr
/
/ - - - zn++

/
/ ---cu••
/
/
/
/

o 123456789wnuu~uMnuuwnnD~

XV v

F1GURA 4 - Curvas de chegada para as espécies químicas envolvidas nas soluções.

Os valores obtidos para o coeficiente de difusão molecular das espécies químicas


são:
0° CJ· = 2,01.1ü-5 cm2/s 0° Zn2• = 6,97.10-6 cm2/s
0° Na· = 1.32.10-5 cm 2/s oo eu2· = 7, 1.10-G cm2/s
D°K· = 1,94.10-5 cm 2/s
No caso de avaliar a retenção das espécies químicas pelos materiais inconsoli-
dados. foi elaborado um gráfico da concentração parcial das espécies químicas em
razão do volume total de solução percolado (Figura 5). Da análise dos resultados
obtém-se que os valores de retenção foram de 0,03 mg de Na·. 0,051 mg de K·. 0.10 mg
de Zn 2• e 0,227 mg de Cu2• para cada grama do material inconsolidado.

- 50
:::::::

-
ü
O>
E
40 ] Na+

/
/
/~
z,++

/
30 I
I
20 I
I
I
10 '/

o
o 2 4 6 8 10 12
V (I)
F1GURA 5 - Curvas de concentrações parciais x volume total percolado.

Ressalte-se que após obtidos estes valores de retenção verificou-se a desorção


elevada do Zn 2•• como pode ser observado nos dados da Tabela 2.
O coeficiente de dispersão hidrodinâmico para o traçador não reativo (CJ-} foi
obtido por dois métodos. a saber:
1 Na Figura 6 observa-se o gráfico produzido por meio do método proposto por
Fetter, 3 que considera a seguinte equação para dispersão em uma dimensão

C 0 [ ( 1- Vv ]
Co= ·5 erfc 2(Vv.DVVx.L)0·5 •
onde:
C = Concentração da solução percolada a t > O
Co = Concentração da solução a t = O
Vv == Nll de volume de vazios correspondente ao volume percolado
Dl = Coeficiente de dispersão longitudinal
Vx =Velocidade linear média
L = Comprimento ensaiado

VV-1
v

~--------~~-----------------------------------
o O.Dl cu Q.3 0.5 O."T 0.9 0.99
.f_
Co

FIGURA 6 - Relações entre C/CtJ x Vv-tN.P· 5. para avaliar o coeficiente de dispersão hidrodinâmico.

Assim, foram obtidos resultados da ordem de 6.10- 2 crn 2/s, com o recurso da
relação gráfica. Para esta ordem de valor foi obtido um número de Peclet (Pe) da ordem
de 6, 75, o que significa predomínio de advecção e de dispersão.
2 Neste procedimento, o coeficiente de dispersão longitudinal foi obtido por
meio dos recursos propostos por Hensley & Randclph4 através da expressão:

DL= l [(x- v.t-<us) - (x- v.to.sJ]2


8 (to.ls) 112 (to.sJ 112 '

onde:
Dl ,.. Coeficiente de dispersão longitudinal
x == distãncia percorrida
v == velocidade linear média
to.ts. to.84 = tempos relacionados a C/Co igual a O, 16 e 0,84
Esta expressão é válida quando se elabora um gráfico considerando a propor-
cionalidade da concentração inicial percolada e o tempo de percolação (Figura 7). Os
valores obtidos para o coeficiente de dispersão longitudinal são da ordem de 3,7.1Q-2
crn2/s e para esta ordem de valor o número de Peclet (Pe) é de 10,7, caracterizando o
predomínio dos processos advectivos e de dispersão mecânica.
A condutividade hidráulica sofreu algumas alterações, conforme pode ser
observado na Figura 8. No início do processo houve um pequeno aumento, variando
de 5.10-3 para 5,5.1Q-3 cm/s e em seguida urna diminuição até valores da ordem de
3,5.1Q-3 cm/s. O pH do material inconsolidado aumentou da ordem de 4,6 para 5,5
(parte central do corpo ensaiado).
Quanto à capacidade de troca catiônica, a percolação da solução provocou urna
diminuição da ordem de 2,04 para valores de 0,6 meq/100g. Comparando os resultados
apresentados nas Tabelas 1 e 3, observa-se que houve um arraste considerável de
Ca2• e AJJ+ pela solução e um aumento dos valores de Na• e K·.
207

o 1.00
Q
(.)
0.80

0.60

0.40

0.20

0.00
0.00 0.50 1.00 1.50 2.00
t (h)
FIGURA 7 - Curva de chegada em relação ao tempo para a espécie qulmica cr

--
cn
E
6
5
-
~
(.)

...: 4
:f 3
~
c:
o 2
o
.; 1

o
o 5 10 15 20 25 30
>Nv
FIGURA 8 - Variação da condutividade hidráulica no deamer dos ensaios de roluna.

Os resultados obtidos para a dispersão longitudinal e o número de Peclet


permitem considerar que nos materiais inconsolidados residuais arenosos da Forma-
ção Botucatu, a dispersão dos poluentes desta solução é dependente da velocidade
linear média, porém com efeitos variados de sorção e desorção para o Cu2• e o Zn2•,
respectivamente.
A percolação da solução provocou uma variação considerável na capacidade de
.troca catiônica. na condutividade hidráulica e no pH do material inconsolidado.

ZUOUE'ITE, L. V. et al. Basic characteristics of the sandy residual unconsolidated material of


the Botucatu Formation when are percolated by aqueous solution with K·. Na·. Cu 2•• Zn2•
and Cl-. Geociências (São Paulo). v.14. n.2. p.l33-144. 1995.

• ABSTRACT: This paper presents the results obtained through column test in satured conditions for
sandy residual w1consolidated material ofthe Botucatu Fom1ation (undisturbed samples) and aqueous
solution with chemical species K', Na·. c!l·. Zti· and ct.
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