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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE GEOTECNIA

GEOTECNIA NO l
(1990)

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S J.H. Albiero
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co c A.A. Bortolucci
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o T.B. Celestino
^ J.C.A. Cintra
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N.Gandolïï
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m J.B. Nogueira
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g A.B. Paraguassu
J.E. Rodrigues
N.N. de Souza Jr.
M. Tsutsumi
na O.M. Vilar

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SÁO CARLOS 1993


PUBLICAÇÃO 080/93

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...
APRESENTAÇÃO

A produção científica dos docentes do


Departamento de Geotecnia da EESC/USP é publicada
geralmente em congressos e revistas, nacionais e
internacionais. Portanto, para ter acesso a essas
publicações é preciso consultar inúmeros anais de
congressos e volumes de revistas, o que não é prática comum
entre os alunos de graduação.
Por isso, resolveu-se criar essa coleção,
reunindo em cada volume os principais trabalhos científicos
do ano, começando pelo ano de 1990. O objetivo é facilitar
ao máximo a consulta pelos alunos de graduação e, também,
divulgar a parte mais importante da produção científica dos
docentes do Departamento de Geotecnia. Muitos dos trabalhos
são publicados em co-autoria com pós-graduandos da área de
Geotecnia ou com alguns docentes credenciados na área de
pós-graduação em Geotecnia da EESC-USP mas vinculados a
outras instituições.
No índice são destacadas as referências completas
das publicações originais, em ordem alfabética do primeiro
autor de cada trabalho.
,.

São Carlos, outubro de 1993.

Prof.Dr. José Carlos A. Cintra


Coordenador da Área de Pós-Graduação
em Geotecnia
ÍNDICE

1. AGUIAR, R.L. & GANDOLFI, N. Mapeamento geotécnico da área de


expansão urbana de São Carlos SP: contribuição ao
planejamento. In: CONG. BRAS. GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 61
CONG. BRAS. MECANICA DOS SOLOS E ENG. FUNDAÇÕES, 9, Salvador,
4-9 nov. 1990. Anais. São Paulo: ABGEIABMS, 1990. v.1,
p. 207-213 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

2. ALBIERO, J.H. Análise do emprego de fórmulas empíricas na


prevlsao de carga última de estacas. In: CONG. BRAS. GEOLOGIA
DE ENGENHARIA, 61 CONG. BRAS. MECÂNICA DOS SOLOS E ENG.
FUNDAÇÕES, 9, Salvador, 4-9 nov. 1990. Anais. São Paulo:
ABGEIABMS, 1990. v.2, p.501-512 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

3. ALBIERO 1 J. H. Correlação entre resistência de cone (Qc) e


resistência à penetração (SPT) para solos lateríticos. In:
CONG. BRAS. GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 6 I CONG. BRAS. MECÂNICA
DOS SOLOS E ENG. FUNDAÇÕES, 9, Salvador, 4-9 nov. 1990.
Anais. São Paulo: ABGEIABMS, 1990. v.2, p.187-194 ... .. .. . . .. 20

4. ANTONIUTTI NETO, L. & VILAR, O.M. Aspectos da resistência ao


cisalhamento de misturas de solos lateríticos de brita. In:
CONG. BRAS. GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 6 I CONG, BRAS. MECÂNICA
DOS SOLOS E ENG. FUNDAÇÕES, 9, Salvador, 4-9 nov. 1990.
Anais. São Paulo: ABGEIABMS, 1990. v.2, p.195-198 ... .. . . . . . 28

5 . BORTOLUCCI , A. A. ; CELESTINO, T. B. & MUNAIAR NETO, J. Deter-


minação da curva completa de tensão-deformação de basaltos da
Formação Serra Geral. In: CONGRESO SURAMERICANO DE MECANICA
DE ROCAS, 3, Caracas, 16-20 oct. 1990. Memorias. Caracas:
Soe. Venezoelana de Mecanica del Suelo e Ingenieria de
FundacionesiiSRM, 1990. Sesion 1, p.63-69 . . . .. ...... .. . ..•...• 32

6. CELESTINO, T.B.; BORTOLUCCI, A.A.; TSUTSUMI, M. & MUNAIAR NETO,


J. Análise linear elástica de fraturas aplicadas a rochas
empregando o método dos elementos finitos. In: CONGRESO
SURAMERICANO DE MECANICA DE ROCAS, 3, Caracas, 16-20 oct.
1990. Memorias. Caracas: Soe. Venezoelana de Mecanica del
Suelo e Ingenieria de FundacionesiiSRM, 1990. Sesion 4,
p.435-440 · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 39

7. CELESTINO, T.B.; BURIM, S.M.; CLEMENTE, L.G. & FERNANDEZ, A.A.


Utilização de dados de instrumentação no projeto de túneis
urbanos. In: SIMPÓSIO SOBRE INSTRUMENTAÇÃO GEOTÉCNICA DE
CAMPO, Rio de Janeiro, 18-20 abr. 1990. Anais. Rio de Janeiro:
ABMSIABGEICBMRIClube de Engenharia, 1990. p.231-238 . . . .. . . . . . 45
8. CINTRA, J. C .A.; LEVACHER, D. & GARNIER, J. Carregamento
lateral em modelos de grupos de estacas em centrífuga. In:
CONG. BRAS. GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 6 I CONG. BRAS. MECÂNICA
DOS SOLOS E ENG. FUNDAÇÕES, 9, Salvador, 4-9 nov. 1990.
Anais. São Paulo: ABGEIABMS, 1990. v.2, p.333-339 ......... . 53

9. FERREIRA, C.C. & NOGUEIRA, J.B. Características geotécnicas de


um solo mole preparado em laboratório. In: CONG. BRAS.
GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 6 I CONG. BRAS. MECÂNICA DOS SOLOS E
ENG. FUNDAÇÕES, 9, Salvador, 4-9 nov. 1990. Anais. São
Paulo: ABGEIABMS, 1990. v.l, p.57-62 . . .. ... .. . . ... .. . .. ..... 60

10. JURY, W.J. & PARAGUASSU, A.B. Considerações sobre a


ocorrência de canalículos em locais de barragem na região
amazônica. In: CONG. BRAS. GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 6 I CONG.
BRAS. MECÂNICA DOS SOLOS E ENG. FUNDAÇÕES, 9, Salvador, 4-9
nov. 1990. Anais. São Paulo: ABGEIABMS, 1990. v.l, p.511-517 66

11. MARETTI, C.C. & RODRIGUES, J.E. Geologia aplicada ao


planejamento ambiental litorâneo: a região estuarino-lagunar
de Iguape-Cananéia. In: CONG. BRAS. GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 6
I CONG. BRAS. MECÂNICA DOS SOLOS E ENG. FUNDAÇÕES, 9,
Salvador, 4-9 nov. 1990. Anais. São Paulo: ABGEIABMS, 1990.
v.l, p.215-221 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

12. NOGUEIRA, J.B. Teoria do carreamento: análise dos 25 anos de


existência. In: CONG. BRAS. GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 6 I CONG.
BRAS. MECÂNICA DOS SOLOS E ENG. FUNDAÇÕES, 9, Salvador, 4-9
nov. 1990. Anais. São Paulo: ABGE/ABMS, 1990. v.l, p.541-547 . 80

13. SANTOS Jr., O.F. & ALBIERO, J.H. Análise do comportamen-to de


estacas pré-moldadas de concreto. In: CONG. BRAS. GEOLOGIA DE
ENGENHARIA, 6 I CONG. BRAS. MECÂNICA DOS SOLOS E ENG.
FUNDAÇÕES, 9, Salvador, 4-9 nov. 1990. Anais. São Paulo:
ABGE/ABMS, 1990. v.2, p.303-308 .. .. .. .. .. . .. .. .. .. .. .. .. .. .. 87

14. SOUZA, N.C.D.C.; CELESTINO, T.B. & BORTOLUCCI, A.A.


Influência do grau de silicificação no comportamento pós-
ruptura de arenitos brasileiros. In: CONGRESO SURAMERICANO DE
MECANICA DE ROCAS, 3, Caracas, 16-20 oct. 1990. Memorias.
Caracas: Soe. Venezoelana de Mecanica del Suelo e Ingenieria
de Eundaciones/ISRM, 1990. Sesion 1, p.113-121 . . .. . . . . .. . .. . 93

15. SOUZA Jr., N.N. & CAMPOS, J.O. Secondary discontinuities in


basaltic rock masses of the Parana Basin, Brazil: generators
mechanisms and structural models. In: INTERNATIONAL CONFERENCE
ON MECHANICS OF JOINTED AND FAULTED ROCK, Vienna, Apr. 18-20,
1990. Proceedings. Rotterdam: Balkema, 1990. p.237-243 . . . . . . . 102
16. SOUZA Jr., N.N. & CAMPOS, J.O. Subhorizontal discontinuities
o f large extension in the basal ti c lava-flows nucleus o f the
Parana Basin (Brazil). In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON ROCK
JOINTS, Loen, Norway, June 4-6, 1990. Proceedings.
Rotterdam: Balkema, 1990. p . 97-100 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

17. TRESSOLDI, M.; CELESTINO, T.B.; COSTA, S . M.K.M. & VINCENZO


Jr., M.C. Caracterização hidrogeo1ógica e hidrogeotécnica de
basaltos fraturados através de ensaios tridimensionais: o
exemplo de Porto Primavera. In: CONG. BRAS. GEOLOGIA DE
ENGENHARIA, 6 I CONG. BRAS. MECÂNICA DOS SOLOS E ENG.
FUNDAÇÕES, 9, Salvador, 4-9 nov. 1990. Anais. São Paulo:
ABGEIABMS , 1990. v.1, p. 79-86 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113

18. TRESSOLDI, M.; CELESTINO, T.B. & COSTA, S.M.K.M.


Hidrogeological and hydrogeotechnical tests for Porto
Primavera powerplant, Brazil. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF
THE INTERNATIONAL ASSOCIATION OF ENGINEERING GEOLOGY, 6,
Amsterdam, Aug. 6-10, 1990. Proceedings. Rotterdam: Balkema,
1990. v.2, p.1253-1259 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121

19. VILAR, Avaliação teórica da influência da forma da


O.M.
encosta sobre a erosão dos solos. In: CONG. BRAS. GEOLOGIA DE
ENGENHARIA, 6 I CONG. BRAS. MECÂNICA DOS SOLOS E ENG.
FUNDAÇÕES, 9, Salvador, 4-9 nov. 1990. Anais. São Paulo:
ABGEIABMS, 1990. v.1, p.279-284 ..... .. .. .. .. . . . . . . . . . . . . . . . . 128

20. ZUQUETTE, L. V. & GANDOLFI, N. Geotechnical mapping: a basic


document to urban planning. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF THE
INTERNATIONAL ASSOCIATION OF ENGINEERING GEOLOGY, 6,
Amsterdam, Aug. 6-10, 1990 . Proceedings. Rotterdam: Balkema,
1990. v.l, p.273-278 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........... 134

21. ZUQUETTE , L.V. & GANDOLFI, N. Mapeamento geotécnico: uma pro-


posta metodológica. Geociências, v.9,p.55-66, 1990 .......•••.• 140

22. ZUQUETTE, L. V . & GANDOLFI , N. Mapeamento geotécnico da Folha


de Campinas - escala 1:50. 0 00. In: CONG. BRAS. GEOLOGIA DE
ENGENHARIA, 6 I CONG. BRAS. MECÂNICA DOS SOLOS E ENG.
FUNDAÇÕES, 9, Salvador, 4-9 nov. 1990. Anais. São Paulo:
ABGEIABMS, 1990 . v .l, p.231-241 . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . 152

23. ZUQUETTE, L. V.; GANDOLFI, N. & PEJON, O. J. O mapeamento


geotécnico na previsão e prevenção de riscos geológicos em
áreas urbanas. In: SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO SOBRE RISCO
GEOLÓGICO URBANO, 1, São Paulo, 14-18 maio 1990. Anais. São
Paulo: ABGE, 1990. p.305-315 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . .... 163
1

MAPEAMENTO GEOTÉCNICO DA ÁREA DE EXPANSÃO


URBANA DE SÃO CARWS • SP: CONTRIBUIÇÃO AO
PLANEJAMENTO

AGUIAR, Rene Levy


Mestre, UTAM
GA.NDOLFI, Nilson
Doutor, EESC!USP

RESUMO
O presenJe 171/JpeamenJo geolécnico, numa superffcie de 186 km 2 em tomo diz cidade de Silo COI'Ias/SP,
permiliu uma anó.lise conjwua diz área e fundamenJou o oaiscimo de novas unid.tzt.ks geotécnicas. Da
edificaçdo dessas unid.tzt.ks, à elaboraçtlo dos documeniOs cartográficos, em escala jina11:25.000,
seguiu-se a metodologia proposta por ZUQUE1TE (1987), arravés diz qual se analisOI'am os dados
pree::r::istenJes, summizando-se as invutign..ç6es anluiores sobre a regiAo, relacionando os resullados diz
pesquisa e os comparando com os encontrados neste estudo.
L INTRODUÇÃO
O mapeamento geotécnico tem servido, oosllltimos aoos, como ferramenta indispensável a diversos
campos, dentre os quais e principalmente à ordenaçao dos espaços geográficos. ZUQUETfE (1987),
procedendo análise crftica das metodologias adotadas por pafseS mais áesenvolvidos da Europa, pelos
E.U.A, Canadá, Austrália e por outros, pro~ a adequação de uma que seja compatível com as
condiçOes soci~nómicas e geográficas brasaleiras.
Aspectos relacionados ao meio físico e às situaçOes decorrentes da ação antrópica foram verificados
durante a execução do trabalho, no sentido de fornecer subsfdios geotécnicos para se alcançar um
planejamento adequado e/ou a utilização específica dos espaços urbanos. Os quatorze documemos
preparados com esta finalidade, confeccionados por AGUIAR (1989) na escala 1:25.000, tiveram
como objetivo básico contribuir para o aperfeiçoamento da metodologia empregada, como também
auxiliar na orientação preliminar da expansao urbana de São Carlos. Face às restriçOes de espaço e a
tftulo de exemplificação, apenas três documentos sao apresentados neste trabalho.

2. METODOLOGIA
Seguindo-se os princfpios gerais da metologia adotada, estudos de avaliação e classificação das
umdades geotécnicas basearam-se na utilização conjunta de todos os elementos fornecidos por mapas
e demais parâmetros disponíveis, de modo a atender etapas sucessivas e imprescindíveis ao trabalho:
levantamento e análise das informaçOes anteriormente produzidas , reconhecimento dos atributos e
identificação final das unidades homogêneas.
A obtenção dos atributos representa uma etapa essencial ao trabalho, planejada e realizada em
número e tempo de duraçao suficientes para a solução das dúvidas. Segundo os preceitos sumarizados
na metologia de ZUQtTETfE (1987), aparecem como principais formas de aquisição das
informações: trabalhos já executados, uso de fotografias aéreas e outras imagens, trabalho de campo,
ensaios de laboratório e estimativas de propriedades geotécnicas dos materiais.
Os dados adquiridos em trabalhos anteriormente desenvolvidos na área mereceram cuidados
especiais, primeiramente, porque condicionam quase lodo o mapeamento geotécnico e, em seguida,
pela escolha criteriosa (cooflabilidade) dos dados disponíveis, para o oao impedimento da definição de
unidades homólogas, oo momento da interpretação final. De posse das informações oriundas desses
trabalhos, pôde-se chegar à operacionalização dos processos para a elaboração de um tipo de mapa
preliminar, diferenciado daqueles usualmente realizados oo mapeamento geológico convencional,
distinguindo-se uma etapa de foto indenúficaçao de outra, mais evolufda, de fotointerpretaçao.
Em continuidade, procurou-se inventariar, em campo,· 06 atributos, efetuando-se investigaçOes de
supertrcie (perfis/caminhamentos) como uma das formas mais usuais de obtenção dos mesmos, de
acordo com o apresentado por AGUIAR (1989).
2

No eet6Jk> eec:e, com a vtdo de conjunto CCI:IICJUida após 0111 tnllblllhos de campo, aornac1a ~a
recui'IClll dll terpret.açio, pUderam ae definir ãarac:terllticas prévias das unidades geotéalic:&
preliminare&, ~. dê:ata forma, a etapa de amcBtraFDI e de DaVa~ obaervaç0e6 a pont()!,
que 1e mantiYeram obecuroa. N ~ doa matc:riu, em profundidade, foram oblld&
aomente em Laludc:a naturais ou ant.róJ*::al (corta de Cltl'ada&, cavaa ôe portos de areia, etc.) e das
pouCIIIODdaJCDa ~ limplca reconbeámento, que paauram a aumir papel de deltaque DO estudo.
Todaa as amoatraa de IOio foram dNiiflcadaa de acordo com 01 aitérioa adotado& pelos sistemas da
HiJhway Reaearcb Board (H.R.B.) e Unific:ado de Oallliftcaçâo doá Soioa (SUCS)- ASTM, 2487AO e
também pela listetnatica propolta por VIU.IBOR (1981), para materiais compactado5 u~ em
bale de ~ntoa. Enciuadraram~t....aquelas ensaiadaa DO mini-MCV e perda por Imersão, na
c:laasificaÇAo MCT (NOGAMI li. VlLurlOR, 1981).
Cooclufda a avaliaçao e a clasaificação, prooedeu-ae a interpretação de todo6 01 dados disponfveiS:
aoodageoa~ resultados analfticoB óé: outros trabalbo6 e 01 encontrados DeSte estudo, para a
identificaçao de unidades geotécnicas de comportamento bomog~. recorrendo-&e, novamente, ao
al.lldlio das fotografias aéreas, finalizando com a elaboração dos mapas básicol, das cartas temáticas e
do lc:xlO final.
Cabe salientar ·a Importância do uso de microcomputadores compatfveis com o PCffiM, tendo
destaque a util.izaçáO de aoftware gráfico que permitiu alteraçõeshoclusOes rápidas e preci&as,
partiCipando tanto na aimples digitalização de documentos cartográficos quanto no intercruzameoto
dos vário8 atribut061eYantado6.
Do estudo, resultaram quatorze documentos gráf!C06, a saber: mapas de document.açao (I- Dados
Coletados e ll- Dados produzidos), Carta de Deçlividade, Mapas de Uso e Ocupação, do Substrato
Geológico, de Materiais lncoosolidado&, de ~ Superficiais e cartas Interpretativas para
Erodibilidade, Escabilidade, Deposição de Rejeuos Stpticoa, Materiais de Construção, Obra<.
Enterradas, Obras Viárias e, finalmente Carta para Orientação (Subsklio ao Planejamento 'Urbano).
2.1 DetlniçAo das Unidades
Para o estabelecimento das unidades, procedeu-ae uma conjugação entre o cruzamento subjetivo dos
atributos que participam oa análise para elaboração dos doCumenl06, em conformidade com a
metodologJél adOtada e o critério de fixaçao de pesos (também subjetivo) aos atributos, variando de O
a 2, em funçao do menor ou maior grau de favorecimento ao objetivo cfo documento, levando-se em
coota, ainda, o grau de importância com que cada um deles participa na confecção da carta
considerada.
Com a aomatória sucessiva elo& pesos estipulado&, obtiveram-se valores que permitiram a classificação
das unidades, conforme mostrado a seguir, segundo seu poteocial natural médio, à semelhança do
sistema usado por FROEUCH et ai. (1976, in WQUETTE, 1987) e com base nos modelos
apresentados por FARIAS et ai. (1984).

Pt=Ê
j = 1
=
P AJI P A1 Mu x N, onde: Pt Peso tOtal da unidade; P A1 = Peso do
atributo j; P AJ Max = =
Peso máximo do atributo j; N Número de atritos

Oasse INADEQUADA RAZOÁVEL ADEQUADA

Pt
I
0,00 0,35
·----1 ----1 0,70 1,00

3. ÁREA DE ESTUDO
3.1 Localização
Os paralelas 21° 57' 01" e 22" 05' sul e meridianos 47' 49' 24" e 47' 57' 13" oeste, são os limites da
áreã oode o mapeamento geotécnico foi realizado. Constitui pane das folhas SF.23-V-C-IV-3-{SO e
SE) e SF 23-Y-A-1-1-(NO e NE), situa-~ totalmente no município de São Carlos/Estado de São
Paulo e abrange uma superffcie de 186 km .
3.l Substrato Geológico
Adotou-ae o termo substrato geológico por apresentar mais claramente, em subsuperffcie, a variação
das unidades geot.écnicas, recobertas ou não por materiais incoosolidados. Assim, uma análise global
da geologia da regiao mostra total predominância dos sedimentos da Bacia dO Paraná.
Utoestratigraficamente, são quatro as unidades encontradas: Formação Botucatu, Formaçao Serra
Geral, Grupo Bauru e Sedimentos Cenozóicos. As observaçOes de campo levam a inferir peio menos
duas fácies para a formação Botucatu: uma aquosa torrencial, na sequencia inferior do pacote e, outra
eólica superior. Há evidencias de duas formas de ClCC>rrência dos magmatitos básicos da Formação
Serra Geral: derrame, como a de maior expressão e ocorrencia àe trts corpos intrusivos. Os
3

sedimentO& do Grupo Bauru, por $U8 vez., aprCJoentam nfvcll> congJomeráucor. be.sau, e fora 06 raros
ponta& onde ae encontram dmentadoi por material iil~ comportam-se gcotecnicamentc, pelo
cnttno de dtfercnciação adotado, como matcnat\ mconsohdadur-.
3.3 M•~rials IDCOUOiidadoll
Foram reconhecidas e mapeadas nove unidades des..-.es matenais, wbdMdJdas em dOIS grupos:
Materiais R~uais - ~espoodem 806 materia~<. provement_e~ da alteração das rochas sem que
tenham sofrido qualquer ttpo de transporte tcndo-&e manlldo sobre a rocha-matriz.; sAo: Residuais do
Botucatu, doa Magmatita& Básicos e do Bauru.
Materiais Transportada& - sao OI que ap_r:esenlam indfcio6 de retrabalhamento e de transporte
sign~tivo, e os orJ!nico6, tendo sido divididos em: Arell060 I, Arel'l050 IJ, Aren0110 Ill, AluVIOOar,
COILMOOar e Orgâruco.
3.<1 Cartas lDterpretatJYU
Decorrentes da análise do lntercru.zamento dos documentos bàsicoa, este tipo de cana temática exibe
as caracterútic&3 do meio fisico sob o ponto de vista geottcnico. Das onze cartas propostas na
metodologia, foram elaboradas sete (vide item 2) e das quais são apresentadas apenas tres, como
forma de exemplilicaçao.
3.<1.1 Carta pan Erodibiiidade (fipra 1)
Na apresentação da ~ptibilidade à erosão das diferentes partes da área, foram estabelecidas tres
classes, utilizando-se como base os atributos e limites propostos por ZUQUETTE (1987). Dentre as
categorias adotadas, p0c1e-8e observar o amplo domínio da classe de baéca erodibilidade, sobretudo na
metade setentriooal da área, enquanto que a de mMia erodibilidade predomina no setor sudoeste,
ficando as porçoes de maior wloerabilidade à eroaao posicionadas nas praómidades das drenagens
superficiais que apresentam vales com declividades acentuadas e nao poas.suem cobertura vegetal
naturaL Cabe salientar que, em função da discordância entre os valores de declividades propostos por
ZUQUETI'E para:separação de classes de erodibilidade e aqueles empregados, por recomendação da
própria metOdolOgia, para a escala 1:25.000 alteraram-se os limites 12 % e 6 % e 10% e 5 %,
respectivamente.
Unidades Defioidas
- Alta: ~ nos locais de ocorrência dos materiais arenosos 1, e n ru e dos coluvionar~ ~ue
~uem fator de erodibilidade fK.o) elevado, estabelecido pelo oomograma de WISHMELCR &
SMITH (1976, in ZUQUETTE;~?) entre 0,45 a 0,65, declividades superiores a 10%, encostas
cóocavas e extensao acima de ..wvm; são normalmente áreas utilizadaS por culturas anuais ou
permanecem sem cobenura vegetal:
- Média: ocorre tanto nos materiais arenosos quanto argilosos, sobretudo naqueles onde os finos são
mais significativo&, com Ko entre 0,25 e 0,45, declividades variando dentro do intervalo de 5% a
10%, ocu~ por culturas semi-permanentes, ou ainda nos materiais arenosos onde as
dec1ividadés estão entre 10% e 15%, quando recobenos por vegetação natural;
- Baixa: está melhor representada por materiais arenosos III e residuais dos magmatitos básicos, que
possuem Ko menores ou iguais a, 0 1 4~ e declividade inferiores a 5%. Os materiais com ma1or
panicipaçao da traçao arenosa e oecúvidade at~ 10%, com cobenura vegetal natural, incluem-se
frequentemente nesta classe. Esta unidade ~e ~r a apresentar alta susceptibilidade à erosão
caso venha a ocorrer uma ação aotrópica deãordeõada.
3. <1..l Carta para Deposição de Rejeltos Sépticos (figura 1)
Esta carta merece atenção especial, em função da grande import.ência exercida pelo comportamento
dos aqufferos subt~ razao pela qual as poucas unidades dassificadas como adequadas devem
ser encaradas com a devida cautela, mesmo tendo sido feita análise apenas para a instalação de fossas,
tanques sépticos c aterros sanitários. Segundo informação da empresa coletora de lixo da cidade
(Vega-Sogave), durante o ano de 1988, a carga total de resíduos sólidos alcançou a cifra aproximada
de 29XHT' toneladas, sendo 83,5 % oriuod~ de resíduos domiciliar e comercial, 5,2 % provenientes
de indústrias e o restante decorrente ele capinação e ~rrição, com m~~ia de 79,1 toneladas; projeta-~
para os anos 1990 e 1995, uma produçao de :!3X10 l/ano e 41X10 l/ano, respectivameme. A área
mapeada apresenta tres classes de adequação quanto à deposição de de rejeitas sépticos, a saber:
Adequada: t a representada por tres locais de pequena expressao areal onde os atributos muitO se
aproximam dos limites estabelecidos pela me~ologia empregada: declivida~e de 2 %_ a 5 %.
materiais com permeabilidade em tomo de 10· cmJs, capacidade de troca catiOmca próxima a 10
e.mgtlOOg de TFSA, Ph médio de 4,7, profundidade do NA maior que 15,0rn e substrato rocba;o na
faixa dos 20,0m. No entanto, algumas coosideraç6es devem se~ fenas:. as pequenas d1me~ das
áreas dificultam a instalaçao de fossas e tanques sépticos em postção mars adequadas, pnnCipalmente
quando eventuais poça; rasos forem feitos; para se projetar aterros sanitários sao necessánas
investi~çOes geotécnícas mais detalhadas sobretudo no tocante à profundidade do N.A, à
colapsrvidade do material (comum de acorrer oas porç6es super~ciais), à e:xrstenoa de JX?ÇOS upo
ca\p•ra a oeste~àoeste dos pontos, quando se tratar das sub-ba~ do Jacaré-Guaçu e, ameia. aos
CUidados espeaats quanto à direção dos ventos predominantes na reg1âo (de Na E); qualguC?r que seJa
o uso (fossa, tanque sépticos ou aterros), a prOXImidade de raros núcleos de mata pmruuva torna
4

quue prolbltMI a àDIIUl~ deaa equipamentO&;


Razoével: atende ao requ~ mfn.imofl para disposiçâo de faMaS e tanques lléptic.o;: declividade
entre 2% e 10 %, capecidaOe de troca catíõmca m(nim.á de 5,0 e.rpgllOúg de TPSA, profundidade d(•
NA superior a 4,()m e do substrato rocboiiO maior que 8,0m E recomendlvel manter uma baixa
densidade de pontOI cootaminadore:&, não superior a 4 pontOAiha e baiXO volume, de até 0,2 m3/d~a.
~endo desacomeiMYela C~CJDWUç6o de aterro& sanitário&;
Inadequada: grande parte da 6rea se enquadra nesta categoria, ora por não atender 806 criténos
mínimos para ~er quãlificsda como raz.OOVe~ ora por, mesmo satisfazendo 01 limites, situar -6e em
~ill éreas de recarga do principal aquífero da região, o Botucatu. Mesmo c:laa&ific:adas como
inadequada&, aa áreas de ocorrtocia do5 materiais arellOIO& I e Il, e as residuais das magmatitos
béak:o6, com e&pessuras superiores a lO,Om e NA maior do que 4,0m, podem receber fossas e
tanques sépticos desde que não ultrapass.em a 1 ponto/ha, com volume .médio em tomo de 0,2 m3/dia.
3.0 Carta p!llnt Orintaçio (SabRdio ao Planejamento Urbano): ftpra 3
Segundo a metodologia de ZUQUETfE (1987), esta carta retrata as unidades mais adequadas aos
pcl8Sfveis tipOI de wo e acupeç!k>, com base DOI diversos documentos canográficos elaborados e, de
modo complementar, Dai afitidões de irrigação, fuodaçâo e de estabilidade dé taludes, bem como nos
custos intrínsecos a cada forma de ocupação/utilização.
Para representar as unidade&, foi adOtada a IIOiuçâo combinada de bachuras (para as áreas
recomendadas à ext.raçao de bens minerais e àquelas sugeridas para estudas visando a preservação
e/ou com potendal turístico) e de algarismos, compondo quatro dfigitos, oode cada um deles pode
variar de O a 2, e que indicam, em ordem crescente, o grau àe adequabilidade às diferentes formas de
aproveitamento (O- inadequada; 1 • razoável, 2 - adequada).
A sequtocia das dfgitos registra, ~las suas posições, as ocupa~ respectivamente: Residencial
Urbana- RU, Residencial Rural- RR, Ocupação Rural-ORe Áréa industrial -AI. Assim como
exemplo, a ordem de dfgitos seguinte: 1.2.2.0, designa que a unidade .se apresenta razoável à ocupação
resideDCial urbana, adequada à residencial rural, adequada à ocupação rural e inadequada às
atMdade:s industriais.
Consideradas os critérios citados por ZUQUETfE (1987), percebe-se a oftida predOminância, na
regiao de São Carlos, das áreas com vocaçao rural, verificando-se ainda uma melhor adequação à
expansão urbana nas porções do quadrante ooroeste e algumas áreas vizinhas ao limite leste da
cidade.
Vale salientar também que, com as limit.açôes decorrentes dos variados fatores considerados, as áreas
mais propfcias à intalação de indústrias cotncide, em grande pane, com aquelas mais indicadas à
ocupação residencial urbana. As matas primitivas, ciliares e as regiões de cerrado, por sua vez, foram
tratadas com a devida atençlo, tendo em vista o importante papel que desempenham em diferentes
aspectos do meio fisico regiooal.
As classes de adequação situadas em faixas próximas às margens de drenagens superficiais da área são
inadequadas para as atividades que utilizam produtos qufmicos e [X?SS_am comprometer a qualidade
das águas, pri' .cipalmente naquelas utilizadas no abasteamento da cidade.
4. CONCLUSÕES
De um modo geral, a área apresenta poucos problemas relativos à erosão, exibe boas condições para
possfveis escavações e instalaçóes de obras enterradas, apresenta baixa aptidão à deposição de rejeitas
séptico&, especialmente aos aterros sanitários, dispõe de boas condições para execu~ de obras viárias
e ofereoe boa possibilidade para enraçao de materiais naturais para contrução civil. Todavia, todos
esses aspectos devem sempre ser coosiderados sob o ponto de vista do uso planejado visando a
preservação do equillbrio geotécnico do meio ffsico local.
BIBI.JOGRAFIA.
AGUIAR, R.L(1989)- "Mapeamento Geotécnico da Área de Expansão Urbana de São Carlos- SP:
Contribuição ao 'J>Janejamento" - EESCIUSP ,sao Carlos/SP, Dissertação de Mestrado, 2V., 127 p., il;
FARIAS; lC. et ai (1984) - "Guia para la Elaboration de Estudios del Médio F'Ísico: Cootenido Y
Metodologia"· CEOTMA.lMOPU, Madri/Espanha, Serie Manuales, No 3, 2a Edicióo, sn
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NOGAMI, J.S. & Vll..LIBOR, D.F. (1981) - "Uma Nova Oassificação de Solos para FID81idades
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VILLIBOR, D.F. (1981) - "Pavimentos ~nOmicos. Novas Considerações" - EESC - USP, São
CariOS/SP, Tese de Doutoramento, 224 p., il.;
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para Condições Brasileiras. EESCIUSP, São Carlos/SP, !ese de Dotoramento, 3V., 673, il.
5

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8

ANÁLISE DO EMPREGO DE FÓRMULAS EMPÍRICAS NA


PREVISÃO DE CARGA ÚLTIMA DE ESTACAS

ALBlERO, Jose Henrique


Pro{. Doutor, EESC • USP • Depto. Geotta&úl

RESUMO
Os rt!SU'/I.ados de povas de carga, em UUJCas pti-mol.t:itJdo.s, s4o Uli1izDdcs para defínjçflo dtl carga
última, segundo o critério de Van der Vwz (1953). Estes valores siJo compa1'fUios DqUel.es obtúi.os a
panU de ftmwJas ~OJ. É feita W7Ul aMJiM tJo faJO!r de CCJtTeÇdo que, aplicado DOS voJores obtidos
com fórmulas emp(.ricas, permitiria a obtençflo dtl carga ú1lima de Van der Veen.

INTRODUÇÃO
A previsão da carga llltima de estacas, oo Brasil, vem sendo feita, na grande maioria dos casal,
utifrzando fórmulas empúicas baseadas 0011 valores da resistência à penetraçao, medida em IIODdagens
à percussão (SPT). Quatro tem sido as a;pressões utilizadas sento tr!s de autores brasileiros (Aok:i-
Ve~- 1915, Decourt-Quareama - 1978, Pedro P. Ve~ - 1981) e uma me0011 utilizada devida a
Meyerbof (1976).
Apesar das críticas levantadas, ao emprego destas fórmulas, por vários especialistas em fuodaçOes,
suas utilizaçOes vem crescendo, devido principalmente a suas simplicidade&. F.xpre3&ões que foram
originalmente estabelecidas para um tipo de estaca, vem sendo extendidas para os demais tiJXl6,
introduzindo- se fatores que alteram as parcelas de carga lateral e da ponta.
Vári06 autores tem analisado o em{:!Cgo destas fórmulas, assim Moraes e Melo (1982) definiram
valores limites de carga para estacas Frank:i, a partir das quais, a expressão de Aok:i.:Vello8o, fornece
valores contra a segurança. Danziger (1980) determinou, por regressão linear, uma expressão que
permite cak:ular a carga de Van der Veen, conhecida a carga de Aok:i-Velio!lo. Golombecl: (1985)
conclui que a fórmula de Aolé-Vello8o é comervadora para estacas de pequeno diâmetro
(DS0,50in), enquanto que a e:xpressão de Decourt-Quaresma fornece valores satisfatórios. Melo
apresenta valores de fator de correção em funçao da relaçao comprimentoldiametro da estaca.
Com o objetivo de analisar a utilização destas e:xpreti8{les, foram coletados 188 resultados de provas de
carga, IObre est.acas pré-moidadas, e determinados os valores de carga óltima utilizando as expressóes
meocionadas.. Os valores obtidos foram comparados com a carga óltuna definida segundo o cntério de
Van der Veen. Várias foram as análises efetuadas eovolvendo as variáveis carga última de fórmula,
carga última de Van der Veen, e fator de corr~. Para a expressão de Decourt-Quaresma foi
incluída a carga admissível definida segundo o critério recomendado por aqueles autores.
As análises foram feitas utilizando regressões simples, segundo os modelos que fomecerai! maiores
valores de coeficientes de correlaçOO: modelo linear (J,.. a+ In) e modek> potencial (J = ax"').
Embora as expressOes de Pedro. P. Vello8o e Meyerbof tivessem s.ido estabelecidas para determinados
tipos de solo, suas utilizaçOes foram ampliadas para todos os tipos, para permitir a comparação entre
result.ados..
Foi utilizado um vak:>r de fator de correção C dado pela relaçAo entre a carga llltima de Van der Veen
e a carga íiltima obtida por uma fórmula empírica.

C• hvnv
PllPORM
Para a expressão de Decourt-Quaresma foi determinado também o fator de correção da carga
admissfvel.

• Puvnva
Paoo
9

ANÁUSE DOS DADOS


Para o conjunto geral de vaic:lres, p8Tll Oi dados ~eparados pelO diâmetro das ~. e para cada
fórmula, foram procedidas an.t.li.tes:
- estatíatial deacritMI do fator de COI'l'e(;:ãO C ftambém do fator Ca para Decoun..Quaresma); ~
resultado~ obt;oo& estJo resumKbl M Tabela ;
- regresdo entre • va~ C e PuPORM utilizando Oi modeiOi:
iioear C • I + b P~PORM
potencial C à: I Pu PORM
Oi resultado~& ~ eatão resumidos rw Tabelas 2, 3, ~. S, 6.
Como ze pode oot.ar, Oi mmorea valorea do coeficiente de correlação R ~e obtém com o modelo
potendal
ANÁUSE DOS RESULTADOS OBTIDOS
- Fator de corr~
A análise do vaJõr do fator de correção isoladamente Dão é muito representativO pois, como se verá,
seu valor médio depende muito da faixa de valores de PuPORM util~ Na Figura 1 ~apresentado
um gráfico que permite a comparação dos valores médiOi de C obtido& e também os valores
correspondentes a 95% de intervalo de confiança. Do exame desta ~ra obeerva« que a fórmula de
Meyerbof é que ~e coklca mais a favor de segura~ (Caédio "" 2,23 enquanto a expressao de Pedro
P. Velloso é a que fornece valore8 mais ousados (Cs.édio = 1,02). ot.a« também que, M média, a
utilização de PUoa Pa na expressão de Decoun-Ouaresma pouco altera a previsão de informaçao
obtida.
- Regressões
Utilizãndo..se das re~ obtidas com o modelo potencial são apresentadas as curvas C x Pu.
- Figura 2 - Daclol Gerais
- Figuras 3, 4, 5, 6 - Diâmetros 0,33; 0,42; 0,50; 0,60rn
- Figuras 7, 8, 9, 10, 11 -Diferentes fórmulas
É ioferessante notar que, em váriois casos, algumas destas ólúma.s curvas praticamente coincidem.
CONCWSÓES
Pelo exame d06 valores médios de C, dados gerais, nota-se que as expressoes mais cooservadoras são,
pela ordem, Meyerbof, Ao!O- Velloso, DeCoun..Quaresma, Pedro P. Velloso, entretanto 8 mais
rorreta definição de C se obtém nas curvas C x PuroRM; ou seja, o valor de C depende do valor de
PuPORM· .
Quanto maior o valor de Pu meoor é o valor de C, ~eodo mesmo, em muit06 C3806, menor do que 1.
IV. figs.. 2 a 11 indicam que para pequenos valores de PUPORM todas as expressões resultaram
comervadoras e para altos valores de PUPORM as fórmulas passam a ser ousadas, existindo portanto,
um valor de'PuliB abaixo do qual os valores obtidos est.ão a favor da segurança (Tabelas 2 8 6).

BIBUOGRAFIA
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DÉCOURT, L (1982) - Predictioo of the bearing capacity of piles baseei c:xclusively oo N values of the
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GOLOMBEK, S. (1985) - Debates - Tema I - Estacas escavadas. Seminário de Engenharia ele
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MEYERHOF, G.G. (1976) - Bearing capacity and settlement of pile fouodation. Eleventh Terzaghi
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VELLOSO, P.P.C. (1982) -Fundações - Aspectos geotécnieo&. Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro, vol 3.
lO

Tabela l - Aniliae doa fatores C (Cal

- e
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o
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padrão
! Valores limite li
95\ confiança

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2,147
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I G,6C L 2,58C o' 8 27 2, 06 7 3,093


11

~abela 2 - Análise de Regressão de C em Pu


Fórmula Aoki-Velloso

....o :::
4)
1111
o Coeficiente• de Valor Li-

i ,.,_
1111
Regressão
Cl
li oc
v R mite OtN) R2. -
medi o
....c g a :b

Todos 188 2,66 -5,0xl0- 4 -0,405 3340


0,33 18 3,11 -1,3xlo- 3 -0,436 1623
.,
w 0,42 12 2,62 -6,4xl0- 4 -0,526 2523 0,296
41
c:
.... 0,50 23 1,92 -2,lxlo- 4 -0,585 4360
..:< 0,60 11 2,77 -3,5xlo- 4 -o, 712 5057

Todos 188 60 -0,53 -0,707 2231


....., 0,33 18 100 -0,61 -0,634 1799
.....
v 0,42 12 870 -0,90 -o, 717 1846 0,480
c:
...,lll 0,50 23 191 -0,64 -0,678 3619
o
~ 0,60 11 399 -0,70 -0,723 5133

Tabela 3 - Análise de Regressão de C em Pu


Fórmula Décourt-Quaresma (C)

...,8 ~ Coeficientes de ·Valor Li-


....lllo .,"' Regressão
~
~] v R mite(kN) R2 • .
med~o
o •oc
....
:E o a :b
c z
Todos 115 2,05 -3,0xl0- 4 -0,395 3500
0,33 16 2,09 -6,4xlo- 4 -0,442 1698
w
c 0,42 12 2,24 -4,9xlo- 4 -0,488 2546 0,187
41
c:
......:< 0,50 23 1,45 -9,0x1o- 5 -0,300 5017
0,60 11 2,39 -2,7xl0 -4 -0,503 5110

Todos 115 28 -0,43 -0,545 2345


.....
Cl 0,33 16 37 -0,49 -0,575 1628
.....
ti
c:: 0,42 12 450 -0,81 -0,649 1869 0,312
...,lll 0,50 23 27 -0,40 -o, 443 3788
o
c.. 0,60 11 229 -0,64 1-0,560 5203
I
12

Tabela 4 - Análise de Regressão de Ca em Pu


Fórmula I>écourt-Quareama (Cal •

.,
o
.....
CP
e
'ld
o
18
Coeficientes de
Regressãn
Valor Li-
2
'O e tJ R mite (kN)
RJDédio
i 11!1
c:
o
z a b

2,00 -5,9xl0
-4 -0,306 1704
Todos 115
-4 774
0,33 16 1,68 -8,8xl0 -0,369
...1!1 1,86 -6,5xl0
-4
-0,309 1331
0,42 12
Cll
c -4 2708 0,129
..... 0,50 23 1,65 -2,4xl0 -0,434
.... -4
0,60 11 2,26 -4,9xl0 -0,365 2598

Todos 115 17 -0,40 -0,439 1185


....., 0,33 16 27 -0,51 -0,482 630
..... 0,42 12 41 -0,53 -0,437 1061 0,218
tJ
c
..,
Gl 0,50 23 23 -0,40 -0,546 2388
o
p. 0,60 11 96 -0,58 -0,417 1423

Tabela 5 - Análise de Regressão de C e~ Pu


Fórmula Pedro P. Velloso

11)
o o Coeficientes de Valor Li-
o
....CP ..,... 11>
1!1 Regressão R mite (kN)
2
Rmédio
Gl tJ
'O
o
e
11!1 o
::e: ..... z a b
o
Todos 108 1,36 -1,4xlo- 4 -0,334 2667
0,33 1,49 -4 1429
16 -3,0xl0 -0,502
...1!1 -4
Cll
0,42 12 1,59 -3,0xl0 -0,428 2226 0,279
c
..... 0,50 22 1,55 -2,0xlo- 4 -0,715 3618
.... I -4
0,60 11 2,28 -3,0xl0 -0,549 4848

Todos 108 12 -0,34 -0,408 1327


.....
.,
....tJ 0,33 16 41 -0,53 -0,619 1077
c 0,42i 12 269 -0,75 -0,550 1686 0,356
..,Cll 0,50 22 140 -0,62 -0,761 3088
o
p.
0,60 11 1734 -0,89 -0,589 4359
13

~abala 6 - Análise de ~agressão de C •~ ~


Fórmula de Meyarhof

o .,
...,... o Coeficiente• de Valor Li- 2
o
..... .,
ll Pmédio

--
,.,l i
~ t>
Regressão ~ ~i te (lcN)

~ o
C>
::z; a b
1--c-·
-4 I
Todos 1H
I
2,91 -5,6xl0 -0,30e- 3417 i I
... 16 3' 34 -l,9xl0- 3 -0,474 1245 I I

c
Cl>
o' 331
0,42 12 3,89 -2,0x10- 3 -0,480 1841
!
0,247
I
I

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,..J 0,50 23 4,29 -9,0xl0
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-4 I I -0,607
I
3564
I

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I

0,60 11 3,86 -7,0xl0 -0,564 4262

Todos 114 22 -0,36 -0,384 5379

....,
......
0,33 16 108 -0,63 -0,613 1650
f.)
c: 0,42 12 1221 -0,94 -0,615 18 61 0,382
...,
Cl>
0,50 23 263 -0,65 -0,824 5499
o
o. 0,60 11 188 -0,58 -0,575 8081
i
3,0.------,------~------~------~

o
l<t
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UJ
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o
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0------~-------L------~----~
ME AV DQ PV
FÓRMULAS EMPÍRICAS

F •O F ,a. TO!'< E.! 0E CORREÇÃO


E5TATI. 5TICt6. OESO< IT IYA
14

2.5

I~~\\
2.0 i\\\
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l<t \ \~ ' . ' '"'....
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0,5
I
I

1000 2000
I
3000 4000 soco 6000
CARGA DE RUPTURA { kN)

.OtCf - .,..u.,...o.,
-- -- IBC.OU•T - euA ..... M. IC1
-·-·-· -COUitT .......... I&MA ICe\

----···- ~., --~


-------.-.v~

o
l<t
o
UJ
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o
(.)

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o
I-
~

500 1000 1500 2000


CARGA DE RUPTURA- F6RMULA EMPIRICA {kN)

Fig. li - OllMETRO O,U 111


15

o
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CARGA CE RJPTURA- FÓRMULA EMPIRICA (kN)
Fig. 4 - O! IM E: nw o. '2 ..
JCH(I - . . . lo..\,...C)

- - - - - MCD.*T • •UoLrwa•• tCl


---·-~

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-···-···- ,.-1>1110
_
Meo.JitT· 8LJ.a.al'aMA
fJ/1 CL.L..080
IC.I

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I

J
o 1000 2000 3000 4000 5000
CARGA DE RUPTURA- FÓRMULA EMPIRICA (kN)
6000

Fig 5 - OI Á METRO 0,50 111


16

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\ AOKI - VIEL.LOIO
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CECOURT - QUA~$MA ICI

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L
I

CARGoA DE RUPTURA - II'ÓR"ULA EMPIJUCA lkN

Fig. 6 - DJÃMETRO 0,60 m


17

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l<t
(.). 1.5
UJ
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o
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UJ
o
a: 1.0
o
1-
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1.1..

o~--------~----------4---------_. __________ 4 __ _ _ _ _ _ _ __ ._ _ _ _ _ _ _ __ _ _

O I 000 2000 3000 4000 5000 6000


CARGA DE RUPTURA ( k N)

F i g. '! - 11101< I - VEL.LO.SO


18

z,5r------r------,-----~~-----r------,-----~

z.o
o
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~
a: 1,0
o
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QL-----~------~------~------~----~~----~.
O ICXXl ZOOO 3000 4000 5000
CARGA DE RUPTURA ( kN )
li' i G 6 - CE COI.)I<T - QU.\RE$..U

z.sr-----~r-------r-----~~----~r-------r-----~

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QL-----~-------L------~------~------L-----~
O I 000 2000 3000 4000 5000 6000
CARGA ADMISSÍVEL ( k N)
Fig 9 - OECOI.)RT - OUARE~MA
19

2~r------r------,-------r------r------,-----~

2,0
o
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UJ
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o 1.5
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f- 1.0
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u.

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o~-----,~o~oo~----~2~o~o~o----~3~ooo~~---4~000~~--~5~oo~o~--~6~ooo
CARGA a;: RUPTURA (kNl
F i Q. '0 - PEDRO li". W'LL030

2.0

o
I<(
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UJ
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a: I,
o
(.)

UJ
o
a: 1.0
o
....
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u.

0,5

OL-----~------~-------L------~------~----~
o 1000 2000 3000 4000 5000 6000
CARGA DE RUPTURA ( kN l
Fig 91 - MEYERr-DF
20

CORRELAÇÃO ENTRE RESISTtNCIA DE CONE (Qc) E


RESISrtNCIA A PENETRAÇÃO (SPT), PARA SOLOS
LATEIÚTICOS

ALBIERO, José H~
Prof. Dr., EESC • USP- Depl> Geotecnúz

RESUMO
Vtilizarrdb ruultodm dL diversos ensaios dL penerraçoo contúwa e dL IONi.agen.s ~ percussdo f'f!alimdos
NJS f'f!gióes I'!Of'U, 1tOI"'UUe e oene do Estado dL 500 Paulo, foram unvfotúzs as N!lof6es entrt m valores
dL f'f!Sislbtcia metüdm 1'rDI doú emaios.
Foram feÍJIJS an41ises utiliztwio..se regress6es simples e't_l1'e as variáwlis Qc, N e segundo modelo~ liMar
(v ,. a + br), aponencial (y ,. a e•). potmci.DJ (y "" trr"), logruítmico (v -= a + b In z), recfproco (lly ,.
a + br). Foram tombtm JI'OCedidas f'f!grenões múlJiplas envolvendo, aJim dOI vaJmes dL ruisthlria. 06
w:úores da profuNJidode e dtliDI.SOO geost4tica vertical efetiva.
.As l11láliMs foram ~por cidiJde, por obra. pelo tipo tú solo abairD e ocima do NA. POTtl codiz
andüse foram tleterminodos coe:fo:ienles dL c:orrelofoo, t:I7"'0 e tkmai.s cartJCieristicas das amostras.
FÍJ10Jmenle, é feiJ.a a análi6e dL todos m valores obtidos e :11io foiJ.as con.riderafões M>bre a aplicohilidlJd.!
das correlofões ent1'f! ~ia à penetroçoo.

Th'TRODUÇÃO
Os resultados de ensaios de penetração têm sido utilizado&, em engenharia de fu~, na
estimativa de parâmetro5 do solo, atraYés do emprego de correlaÇ('les empíricas, e mesmo a~
diretamente em fórmulas, também empíricas, para preYisao de comportamento de fuodaçOe&.
Em todos os C830S da estimativa de propriedades geotécnicas do& solo&, ou mesmo para aplic:açao em
fórmulas emp{ricm, as corre1aç0es mais confiáveis se obtém a panir dos valores da resist~ óe cooe
(Qc); como este ensaio nao é realizado rotineiramente, estabelece« o interesse de, atrav& de
correlações empírica&, determinar o valor de ~ênáa de cone (Qc), coobecida a ~nàa à
penetração (SPT) do solo.
Do exposto fica dare a importância do estudo das correlações mencionadas. Análises destas
correlaçOes, e especialmente das coodições para as quais foram estabelecidas, podem em muito
contribuir para uma awliaçBo mais objetJVB do emprego das fórmulas empíricas na previsão da carga
última de estac&.

CARACI'EIÚSTICAS DO SOLO DA REGiÃO ESTIJDADA


A região está assente liObre arenitos da Formação Botucatu e basaltos da Formação Serra GeraL
Sobre estas rochas, estão os con_21omerados e arenito6 de origem tlúvio-lacustre (Grupo Bauru) e
superficialmente se eocontra o sedimento Cenozóico.
O sedimento Cenoz6ico origina-se de material intemperizado e erodido, comumente de arenitos
Bauru e Botucatu, o qual é transportado como alúvlc> e/ou colúvio. Ele é composto de areia fina e
média laterizada corn pequena porcentagem ele argila; devido a sua origem recente, estes maleriais
apresentam-se pouco compactos e bastan1e porosos.

CORRELAÇÕES EXISTENTES
Várias sao as correlações apresentadas oa literatura. Em sua ma)or pane, estas corre1açóes sao
lineares conforme as apresentadas na Tabela 1.
Ob6ervaçóes relativas à Tabela 1.
=
( 1) V aior apn:::zómado retirado da expressão Qc 1067 n 0.9S2
(2) (4)Valor de K depende da granulometria do solo; quanto maior o diâmetro das partfculas, maior
valor de K.
(3) Valores de N < 40.
21

Referência Da t111 'tipo de Solos


J( lltPa/qolpel
IIIÁX •· Jllléd. min.
Meyerhof 1956 coesivos 200
não coesivos 400

Velloao 1959 areias 1000


areias argilosas 600
ailtes arenosas 500
argilas arenosas 400
argilas siltosas 300
argilas 200

Meigh e 1961 areias com pedre-


Nixon gulhos 1800
areias 800

Schultze e
Melzer 1965 areia pura 1000 (l

Schmertmann 1970 siltes, siltes areno-


sos 200
misturas silte-areia
ligeiramente coesivas 350
areias puras finas e
média; areias ligeira 500
mente siltosas;areias
grossas; areias com 600
poucos pedregulhos;~
dregulhos arenosos;~
dregulhos

Aoki-Vello- 1975 (2) 1000 220


80

Pedro P. 1981 areias sedimentares 800 600


Velloso argilas sedimentares 250
(3) solos resi silto are-
duais de nos os 400
gnaisse areno sil-
tos os 500

Danziger- 1986 (4) 570 220


Velloso

Praticamente todos os autores apresentam grande dispersão de resultados e a consequente dificuldade


de estabelecer correlações confiáveis. ZERVOGIANNIS e KALTEZIOTIS (1988) deslacam a
dispersão e afirmam que ela aumenta com o tamanho das parúc:ulas. Grande dispersão também foi
obtida para solos laterflicos da Nigéria por AJAYl e BALOGUN (1988). A dispersão também t
destacada por BERDDAHL e OTI'SON (1988). Para SHARMAN (1988) muitos fator~ tais como
equipamentos, procedimento e operadores afetam a reproduU"bilidade elo SPT.

DADOS UTILIZADOS
Para análise das correlações envolvendo resistência de cone (Qc), resistência à penetração (J':l),
~ ~ticas efetivas (p'v), profundidade (z) e tipo de solo, foram util.izados resultados obtidos
em 15 diféreotes obras em 8 cidades da região, perfazendo um total de 1126 dado6..
VISando JnSibilitar a análise estatística, foram definidas 12 variáveis. Valores destas variáveis foram
medidos ou caJculados para o conjunto de dados dispoofveis (1126 dados). As variáveis estão
apresentadas na Tabe!a 2.
Foram feitas análises estaú.<sticas com o objetivo de estabelecer correlações envolvendo a profundidade
e tensão vertical efetiva. ·
22

OI dado&, além de terem Mllll~ em um úniCO conjunto, foram também aeper~ por.
- upo de IIOio utilizando a clautf~ de sondagem
- adadc
- obr8$
- p:»içâo do nfvel de água (solos abaao e acima óo nfvel àa água)·
- ongem (aolo ce!)()'Z.ÓICO 11Uperfidal e BOlo re31dual profuOOÇ>)

"' TABELA l · Varüvela UUiludas

!
Tipo· IH
r Var.1 Referência 6e de
I
I
I
I Var. D1g.

1 I
Loca..:. A ..'
2 I Obra A
I
1
3 !I ldent. sondagens 6•
I 4 Pro~undidade 2 (JD)
A
N I 4
5 'Tensão Geost. vert. efet. (kPal l!l 5
I 6 Resis. à penetração lil N 2
7 RelllSt. de cone Oc lllPal N 5
8 Resist. Lat. Local - l'c (kPa) 1\
I

I
3
9 Classif. do solo-sondagelt A 3
10 Classif. modific. do solo A 3
I
ll Origer. çeológica A l

I 12
i
Posição do NA A l
I
Para cada conjuot0 ele dados foram feitas análises com 06 modele&:
- Regressao linear
Qc=lii+KN±erro
- Regressão múltipla (envolvendo profundidade)
Qc'"'a+cz+KN±erro
- Regressão múltipla (envolvendo pressão vertical efetiva)
Qc "" a + b p'v + KN ± erro
- Regressão múltipla envolvendo profundidade e pressâo vertical efeuva
Qc ::: 111 + b p\- + a + KN ± erro
- Regressao potencial (O'J multiplicativa)
Qc z a r-t' ::t erro
- Regressão exponencial
Qc z:: e~ + bN ::t erro
- Regressão recíproca

-& a: a + bN ± erro

-Regressao logarítmica
Qc=a+blnN
A..l'iÁLISE E DISCUSSÃO DAS CORRELAÇÕES OBTIDAS
-Dados Gerais
Estas correlações foram estabelecidas sem separar os dados disponfveis (1126 casos) cr:-tendo-.<~e:
Qc z 900 + 282 N (k!'Bj
com um coeficiente ele corre1açao R =0,656, sepan1ado os solos seguado sua origem em:
23

C-eo6o auperfiCI81, oenoz.ótco


R«liio profundo realdual e para regre&do hnear Qc ... a+ K:N ~«:

Coe fi cientes de reqres-


Jolo 1111 c:'le dadoa si o (kJ>a)
• ~di o
• ~

c U6 1144 183 o, 477


.o. 529
a 634 1236 270 0,580

as rorrelaçOes não melhoram em re1açAO à anterior.


Sepenmdo 0111110bs pela poáçio do NA
A-eolo acima do ofvel de água
S-fdo saturado abaixo do nfvel de água

Coeficientes de reqrea-
são O~Pa) R
Solo NQ de dados ~di o
a J(

A 606 1313 148 0,486


0,532
s 520 1399 274 0,577

Correlaç6ea obtidas por ddades.


- rorrelaçao linear Qc == a + K N (kPa)

Coeficientes de regres-
Cidade NO de dados são (kPa) R Rmédio
a k

A 533 885 242 0,740

B 18 -1314 837 0,839

c 39 748 323 0,879

D 80 1786 218 0,704 O, 771

E 83 2613 87 0,605

I
F 36 1498 357 0,878
'
G 252 391 360 0,674

H 85 -1274 689 0,846

Os valores dos coeficientes de correlação melborarn quando 06 dados sao separados por~ Este&
àado6 foram obtidos para as cidades (todas do norte, noroeste e OC3te do Estado de SOO Paulo).
A-Araraquara -Obras 1, 2, 14
B-Bauru -Obra 3
C-Bebedouro - Obra 4
O-Catanduva - Obra 5
E-Marfiia -Obras 6, 7
F-Prom.issao - Obra 8
G-Sao Carlos -Obras 9, 10, 15
24

H-São Jüloé do R1o Preto -Obra.~ 11. 12, J:l.


Correia~ múltipla (1nciumdo prolund1da<k)
Qc•a+II.N+cz Z • ID Qc- kPa

I
NO de cl.aclos Coeficlentes da
Cidade R Rméà10
regressão .
11
I !< c
I
I A Ii 533
i 552 I 163 69 .0,759
!
; B 18 -84: I se: J -s2 i
. o' 828 I
I
I
c

3~ I -514 '
2 4 9 : 20l I
II I
O, BE! 7
I
i D 80 ! 12 ~: 4~ ; 204 iI 0,769 i G, 814
I I I
I
!
E II 83 I 1336 27 ! 209 0,732 !
I I '
II I

II I

i
I
F I 36
i -204 ! 266 1 241 0,929
! I
! G I 252 -532
i 189 i 217 0,750

I H 85 200
I BOC !-277 0,859

Alguns coeficientes resultam negativos porque as variáveis independentes consideradas, resistt!ncia a


penetra~o, e profundidade nao sao independentes entre si.
A inclusao da profundidade na correlação resulta em significatrva melhora no coeficiente de
correiaçao espec.almente se considerarmos a facihdade com que pode ser feita a considera~ da
profundidade.
Correia~ múltipla (incluindo pressão efetiva vertical)

Qc•a+K.N+dp.·' p.'-kPa Qc • kPa

Coeficientes da
regressão R
·Cidade NO de dados Rmédio
a !C d

A 533 422 173 6 0,763

B 18 -581 862 -6 O, 828

c II 39 -334 277 10 0,883


I
I
I D
I
80 1277 I 91 11 0,753 0,804
I I
1573 39 10 0,699
! E I 83
I
F i 36 -291 285 16 0,921 I
I
252 --531 234 13 0,725
! G
I
B 85 568 792 -23 0,862
I
A inclusão da pressão efetiva vertical, não melhora as correlações quando comparadas com aquelas
obtidas utilizando profundidade.
Correia~ múltipla (incluindo profundidade e pressão vertical efetiva)

Qc • a + K.lOol + a + d p..' 1-m p..'- kPa Qc • kPa


25

.---" ---
Cidade MO de
dados
Coeficientes da
regressão p f> .
n.e~h o
II
I

11 !< c d I

A 533 37~ 174 -34 9 0,764

B 18 f-30447 801 -6754 696 0,827


I
c 39 -53 2lC 722 -36 o' 8 90 i

D 80 1494 11 605 -2~ 0,779 O,B3&

r: 83 978 -1 1654 -85 o' 8 3 7


Ir 36 7B1 217 I 1166 -68 I 0,942
'
G 252 137 1085 -64 0,799

I
441
B 85 760 768 -330 -48 0,863

A inclusão de profundidade e de pressão vertical efetiva melhora as correlaçóes; apresenta apenas


alguma dificuldade óe estimativa da pressão efetiva verticaL
Separando 06 dados por obras.

Coeficientes da
regressão (JcPa)
Obra Cidade NO de
r; R ~édio
dados a
l 340 1269 197 O, 727
-
2 A 102 ao 342 O, 779
- 14 91 683 226 0,727

3 B 18 -1314 837 0,839

4 c 39 748 323 . o, 879


5 D 80 1786 218 0,704

6 51 2930 94 O, 722
f----
7
E
32 2307 56 0,348 -0,766
8 r 36 1498 357 0,878

9 103 460 275 0,765


f----
lO G 79 1207 I 418 I 0,666
;---

i 15 70 507 236
i 0,768

! 11 1 II 32 669 268 I
I 0,848
I
~
i
I
I
E 14 -2008 I 944 I 0,937 I
I
I i i i
39 -552 677 0,903
26

De modo geral pode ser duo que o cocf~e~ente <k corrclaçdc nfK> mclhma com a s.eparaçâc' por obra
(em relaçAo a separação por odadc)
- Separando ()!, !IOÍos pela daSENfiCaÇâo <k sondagem c: utllll.ando a notaÇâc' propoc.ta rr.;-
AO.KJ-YEI.LOSO.
- C'..orrelaçâo lmear
Qc•a+ICN
Ar. corrclaçhes resultam com menores coefJOentes óe correlação dó que<!.\ obtida& por adadei rneJimo
utilizando outr~ modelai para a regreMAo . .!\.88im: .
-modelo potenáal Qc • ICN• R-'-'io • 0,627
-modelo exponencial Qc • e• + lt!oó R-"io • 0,602
-modelo recíproco 1 • a+ bN R~ s: 0,470
oc .
-modelo linear incluindo profundidade
Qc ""a+ KN + cz Raéciio "'0,149
-modelo linear incluindo prcasao vertical efetiva
0c .. a + KN + d p. • ~io "' o,n:;
-modelo linear induiodo protundidade e prea&Ao 'tlertical efetiva
Qc • a + KN + cz + d p.' RI06d.io • 0,756

I
I Coeficientes aa
I
NO de regressão (kPa) R R~dio
Solo
dados
! a JC

120 II 88 2123 166 o, 729


I
lr 123 ! 57 : 1099 371 0,681
I
I 130 1 334 1487 I 207 0,576

I 132 ! 12 -1055
I 860 0,977
i
; 210 I 71 374 352 0,715 0,640
i 213 iI 54 -3800 648 o' 722
!

i 230 I
I
I
19 4929
l 214 0,363 I
'
I
231 I
I 7 ; 290: I 80 I C,325

I
I
I I
310 1025 136 O, 612
321 329 1295 167 0,695

CONCLUSÕES
Da análise do6 resultadas obtidos é p;:!SSfvel conclutr:
- exls!e urna enorme dispersâo 006 result.ados.
- regress..."les mais confiáveis~ obtidas para regiões (cidades} sendo que estas regressões melhoram
se mcluída a profundidade e se possivel a pressao vertical efetiVa.
- as correlações lineares~ as que forneceram melhores coefideotes de correlação.
- a separação JXY. tip::l de solo, pela origem do solo, pela posição do ~A MO fornece correlações
melhores do que as obtidas para reg;óes.
27

BIBLIOGRAFIA
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Orlando. Prooeedinp. Rotterdam, Balkema, 1988. v. 1, pp. 315-328.

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28

ASPECfOS DA RESISrtNClA AO CISALHAMENTO DE


MISTURAS DE SOLO LATERÍTICO. BRITA

ANTONIU1TI NETO, Luis


Pós-Graduando, EESC- USP
Yll..A.R, Orêncio Monje
Professor, EESC- USP

RESUMO
Realizaram-~ ensaios de c~tio triarial do tipo ad.ensadMtão drmodo em corpos de prova
lláo-llllUTados de misturos composto.s de dif~nJes porce111agens de um solo lalerúú:o (SA.FL) com uma
bica corrida de basal.úJ. OI corpos de prova tiveram 2(), 30, 40, 50, 6(), 70, 85 e 100% de SA.FL em sua
composiçtio.
As envoltória.s de Molv-Coulomh foram obtidos a partir de dois procedime1110s diferenus de ensaio. O
primeiro, convencional, foi rea1i.uuJo com três corpos de prova submetidos a trés tensoo confinmues
diferenJeS. O segundo foi alrtlVés do emprego da técnica de !'I'IJ1biplos estágios, onde 10111e111e um corpo
de prova foi submetido, ~quencialmenu, às três tensões conjinanles. Os resuhados obtidos permitiram
avobm o ejeiu:J da qw:widade de brila nos parâmetros de resisténcw ao cisalhamenlo da misturo, bem
como os procedimenJos de ensaio empregados.

l. INTRODUÇÃO
Os solos laterílicos têm tido seu uso bastante intensificado 006 últi!D06 tempos na engenharia
rodoviária. Isto ocorreu graças à per~pçáo de nossos engenheiros ~ que est~ solos, que f!lUitas
vezes nao se enquadravam como acen.ávéts para emprego em rodcNias nas classíftCaÇOes e cntérios
deseovolvidos em reglóes de clima temperado, podiam ser empregados como base em rodovias, com
um comportamento bastante bom, sobretudo quando combinados com proporçOes adequadas de
brita (Villibor & Nogami, 1984 ).
Os critérios para dimensionamento dessas misturas repousam em bases empíricas, de sorte que se faz
oecessário um estudo acerca das características gec>~écnicas que busque esclarea:r determinados
comportamentos, ainda nao bem entendidos, dessas mistura<>.
Nease sentido, pi"?CUWU-&e elaborar este estudo com o intuito de tentar entender como varia a
resistência ao asalhamento destes compostos, sempre lembrando que estudos adiciooais se fazem
necessários para quantificar outras características geotécmcas de interesse como, por exemplo, o
módulo de deformabilidade sob cargas repetidas.
A resistência de misturas solo-agregado tem sido pouco estudada, podendo-se citar o trabalho de
Mitler & Sowers (1957) que ensaiaram areia grossa oom pedregulhos misturada a uma areia fina
s.iltosa em diferentes proporçóes e obtiveram máximas resistência e capacidade de supone quando as
misturas se encaixavam na Faixa E da ASTM e a proporçao de finos não era superior a 25%.
Assim, procura« neste trabalho apresentar alguns resultados preliminares acerca dos parâmetros de
resistência de misturas de um solo arenoso firio laterít.ico (SAFI-) e urna bica corrida de basalto de
diâmetro máximo igual a 15,9mm que se. encaixam oo critério pr~o por Villibor & Nogami (1984).
Os resultados foram obtidos para amostras submetidas ao ensaiO de compressão triaxial do tipo
adensado-não drenado empregando-se dois procedimentos de ensaio: o primeiro, convencional,
utilizou três corpos de pro'J2 submetidos a três diferentes tensOes de confinamento e o segundo
utilizou a técnica de múltiplos estágios, oode um único corpo de prO\Ia é ensaiado para a definição da
eovoltória de resistência. Os resultados apresentados referem-se a COI"].X;lS de prova parcialmente
saturados e fazem parte de um conjunto mai..~ amplo de ensaios em execução, em que se procurará
verificar. determinadas influências sobre a resiStência das citadas misturas, como a influência da
saturação e de proporçóes diferenciadas de finos (D<0,074mm) e possiveis correlaçóes entre os
parâmetros de resiSlêllCI3 e o CBR dos compostos.
29

2. MATERWS E MtroOOS
o solo Cl!COihido para a mistura foi um !IOio 111re00110 fmo\aterftico obtido de uma jazida utilt7.ada para
construçao da c:stnlda SP-255, nar. prOltim!d.adcs de R1be1râo Preto, SAo Paulo. A iahela I ~ntett7.2 a~
características ôe:sae solo, podendo-!le ret!S81tar que 51.18 relação s.ll!ca-eesqu~ t de l_'S9 e que nG
clas&ificsção N~mi-ViiiJbOf (1981) ele se enquadra na categona "lA"', ou SC:Jii, tem um
•comportamento de solo laterfuco are00110. .
A bica corrida de basalto tem Dmá:x. • 15,9mm devido~ limitação do diâmetro do corpo de prC'lV8
utilizado (lOOmm), já que foi lldol.ada uma relação entre o ~iAmetro máximo da 11Ú51ura e o diâmetro
do corpo de prova de 1:6 (Dooaghe & Torrey, 1985). A& caracterf&ticae dea8 brit.a encontram-te
listadas também na Tabela L
Os dois componente& foram misturado& respeitando-te as porcentagens em peso adotadas para cada
caso, ou sejam, misturas com 20, 30, 40, 50, 60, 70,85 e 100% de ráo. •
De forma a garantir uma melhor ~eneidade de umidade na mistura, a brit.a (material retido n.a
pe:-.eira de abertura de 4,8mm) foi prev~amente mergulhada em água por 24 horas e oo momento em
que seria misturada com o eolo (este já devidamente bomogeneizado) a água em excesso era
devidamente retirada O procedimento utilizado para a brita é llm.ilar ao da obtenção do !ndice de
ablaçâo de água em agregado&.

TABELA I: CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS EMPREGADOS


SOLO BRITA

areia fina 79% p > 9,52mm 50,5%


lilte 4% 4,76mm < p < 9,52mm 24%
argila 17% 2,00mm < P < 4,76mm 11,5%
u.. 18% 0,42mm < P < 2,00mm 5,6%
LP 14% p < 0,074mm 2,3%
IP 4% ps 3,02 g/cm
ps 2, 72 g/cm3 absorçao 1,7%
Kr 1,59 la meraridade 5,0%
CLASSIFICAÇÃO NOGAMI-Vlll!BOR (1981 ): (fração brita > 9,52mm)
LA' abrasão 1....06 Angeles 20,0%

Com relaçao à homogeneidade graoulométrica dos ~ de prova, opt.ou-se por efetuar a


compactação em camadas uniformes, de forma a minimizar o problema da segregação.
Os parâmetros adotados para a compactação foram grau de compactação de 97% e teor de umidade
ótimo com tolerância de mais ou me006 0,5%, refativos aos ensaios de compactação de Proctor
Modificado de cada uma das misturas.
Nos ensaios das amostras menos coesivas foi feita a transferência dos corpos de prova para dentro de
um cilindro de PVC (de diâmetro ligeiramente maior que o do corpo de prova) revestido
internamente por uma membrana elástica, que teve por finalidade dar uma contenção ao corpo de
prova, até que este fosse posicionado na base da câmara de ensaiot; triaxiais, e revestido com a
membrana definitiva.
A aquisição dos dados provenientes dos ensaios de compressão triaxia! foi realizada atrm'és de um
computador Apple, que demoostrou-se altamente satisfatório para as velocidades de ensaio utilizadas
durante o cisalbãmento.
O programa de gerenciamento do ensaio de compressão triaxial, que adquire, seleciona, beneficia e
arquiva os d.a.:i<:l6 e gera safdas em formas de tabela e gráfica, foi desenvolvido por A..~NIUTTI
(1990). A principal vantagem deste procedimento computadorizado, neste caso, é o acompanhamento
gráfico simultâneo e continuo da evolução do ensaio, o que permite efetuarem-se ensaios de múltiplos
estágios com grande facilidade.
O ensaio de compressão triaxial utilizado foi do tipo adensado-não drenado com leituras de pressão
neutra, em corpos de prova de lOcm de diâmetro e 20cm de altura.
Inicialmente a envoltória ele Mohr-Coulomb de cada mistura foi determinada através da otxençao de
tre:s círc:ulo6 de Mohr em ensaios distintos, onde os corpos de prova foram submetidos a três
diferentes teosóe:s de confinamento (50, 100 e 200 kPa). Postenormente resolveu-se fazer uma
segunda bateria de ensaios oa gual se obteve a envoltória através de um único corpo de prova.
submetido a três estágios de confinamento e carregamento até próximo da ruptura. Optou-se por esse
procedimento pois: a) imaginava-se poder obter melhores resultados em termos de envo!tória
trabalhando com um !Ínico corpo de prova, já que assim seriam eliminadas as diferenças de estrutura
e de umidade que poderiam ocorrer quando se moldassem três corpos de prova da mesma mistura; b)
haveria uma considerável redução de tempo, de trabalho e de quantidade de amostra; c) as cur.'as
tensão deformação, já determinadas pelo procedimento coovencional, serviriam de guia para definição
30

dc11- ponte» de máximo ro. drver110. eii>tágJOl'. Como ~ ponl06 ocorriam para baixas deformao"le!i
(Od ordem de 2"k ), O acomr<mhamenlo da.\ CUI"VaS gerada\, Via computador, facilitana a UlÜJ.Z.aÇ-aÓ da
tt.:niCB para eu& mwurill> ba<.tame
3. COMENTÁRJOS DOS JU:SlJLTAOOS
Os rewlt.ados aqui apre:aentada referem« 1!1 corpos de prova ~turad06 e ensaiados se undo os
doLS procedimentos apre:aentad<» oo nem antenor com teru.óe3 de confinamento de so, 100 e~ k.Pa.
A Figura l I'JlOIUra a vanaçao do ângulo de atrno efenvo com 11111 diferentes proporç0es de aolo na
mistura. Pode« DOtar que para grande& quantidades de solo (de 100 a c::rca de 70'%), o acréscimo de
bnt.a. não provoca ~ oo ângulo de atnw, llto é, o ~mente da mwura parece ser
condicionado pelo solo, já que a bnta deve encontrar-se totalm_ente unersa na matriz de solo e não
ocorrem pontoo de contaao que venham a favorecer um aumento do atmo. Na verdade bá uma
ligeira redução do atnto, provavelmente provoc:ada por problemas de compactação. '
A medida que CTe!lOe a proporção de brit.a (de 30 para 60%) oot.a« um gradual aumento do êngulo
de atrilo da mistura. Corri a crescente quantidade de brila, 06 pontos de cot'ltacto aumentam e
forma« um arcabouço cujog ~ o IIOio tende a ocupar. Por f1m oota-se uma estabilização do
ângulo de atrito quando a quantidade de brita supera 70% na miStura.
Na Ftgura 2 tem« a vanaçâo da coesão com a porcentagem de IIO!o. Em que pese a di..<>persâo de
dadOI>, I!Obretudo daqueles obtido~; empregando o procedimento coovenCJOOal. pode-se notar uma
redução na coe.são, com o aumento da porcentagem de brita na mi.'>lura. A reduçao oâo é muito
acentuada pois pa.s&a« de valores próxi.mos a 90 k.Pa com corpo6 de prova só de 506o, para valores
cerca de 70 Kpa para pequenas proporÇOes de solo na mistura. De qualquer maneira, cumpre lembrar
que 06 resultados apre:aentados referem-se a corpos de prova parcialmente saturado&, onde 8
componente de sucçoo m.atriclal deve contribuir DObremane~ra para o parâmetro de coesão. Resta
verifiCar o efeito da saturaçáo !!Obre eu.e parâmetro, etapa de ensaio\ que se eocootra em andamento.
No tocaote à técnica de t;nóltiplo ~gio. pode«. visualizar, nas Figuras 1 e 2, uma aparente maior
homogeneidade na dJStnbuiçáo dOI> valores obt.ido6, quando comparad<l& 801 resuh.ados obtidOI>
segunào o procedimento convencionaL Essa homogeneidade é mais flagrante oo parâmetro de
coesão, pois quando se ensaia um único corpo de prova a disposição das panículas e as cood1çóes de
umidade nao variam, o que pode vir a ocorrer quando se moldam três corpos de prova da mesma
mistura. Como as faD:as de umidade de compactação dessa& misturas ião bastante estreitas (de 7 a
11% ), compreende-se a influência que mínimas variaÇOes de umidade devem proporcionar oo
poteocial de sucção matricial e, por extensão, na coesão medida oo procedimeo!O cooveodonaL Em
linhas gerais, os resultados obtidos por um e outro procedimento estiveram razoavelmente proomos
em relação ao ângulo de atrito (diferenças de lo a Z', à exceção da truStura oom 60% de IIOio), com
van.açoes maiores na coesão. A técnica de mõltiplos estágios surge como am•eme pela razoável
coincidência de resultados e pela considerável economia de tempo e de trabalho proporciooada.

4. CONCWSÃO
Misturas de IIOio late:ritico-brita rTlOStraram parâmetros diferenciados de resistencía em função das
proporçóes de mistura. Para baixas porcentagens de brita (até cerca de 30%) o ângulo de atrito pouco
variou; à medida que cresceu a porcentagem de bnta (de 30 até cerca de 70 1c) teve-se um significativo
aumento do ângulo de atrito da mistura. Para valores acima de 70%, o ângulo de atrito tendeu a
estabilizar« em tomo de um valor máximo, no caso cerca de 45° . Os valores de coesão tenderam a
diminuir com a proporção de brita na mistura. Para as misturas ensaiadas, essa redução foi de cerca de
20%, quando os corpos de prova passaram de 100'% de solo para misturas com 20%· de IIO!o.
A técnica de múltiplos estágio6 revelou-se promissora para a determinaçáo da res&s.lência das misturas
ensai.àd.&, pela possibilida& de evitar variações na estrutura e na umidade, que podem ocorrer
quando se usam diferentes corpü6 de ~'a, e pela razoável coocordânoa entre os resultados obtidos
entre os doG proceilimentos..
S. REFERÊNCIA BIBUOG RÁFl CA
ANTONIUTTI NETO. L (~~"Consíderaçóes sobre a Resistência ao Cisalhamento de Misturas
Solo Laterítico-Brita". Disse de Mestrado, Depto. de Geotecnia, EESC-USP, São Carlos
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31

44
a

45

44
--

......
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lllliLTIPLO UTÁifO
COIIVOCIOIIAL ( S c. I"' e l

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38
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35

34

o ~ ro ~ ~ ~ ~ M ~ ~ oo
PORCENTAGEM DE: SOLO
FIG. I - PORCENTAGEM DE SOLO a ÂNGULO DE ATRITO
INTERNO EFETIVO

110

100

. - - --- • •
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JIIOACENTA~flllf DE SOLO
ll'lt. 2 • PORCENTAGEM O( SOLO 1 COESÃO EFIT IVA
32

DETERMINAÇÃO DA CURVA
COMPLETA TENSÃO DEFORMAÇÃO DE BASALTOS
DA FORMAÇÃO SERRA GERAL
Determination of the Complete Stress.Strain Curve
for Basalts ot the Serra Geral formation
ESCOla de Engerrena de Sêo Ca1os
~ de Sêo PaAo 8rasl
TA>OSO Bt.RPETO CEI..ESTNO ESCOla de Engertma de Sêo Ca1os
l.fflers.dade de Sêo PaJo e ThErna;;
E~. S Pa.Jo. 8rasl
ESCOla de Engerl-aia de Sêo Ca1os
l.rMlrsldade de Sêo PaAo. 8rasl

RESUMO

São apresentados resultados de ensaios de compressão uniaxial


realizados em basaltos, com a determinação da curva completa tensão-
deformação, utilizando um sistema de ensaios rígido e servo-
controlado. Os ensaios foram conduzidos com controle da deformação
radial da amostra, típico para rochas classificadas, quanto ao tipo
de ruptura, como de classe II.
Analisou-se a influência que a velocidade de deformação tem sobre a
obtenção da curva-completa, a partir das carac~erísticas do sistema
de ensaios utilizado. Duas dessas características foram manipuladas,
tornando mais abrangente a análise: a vazão permissível da servo-
válvula e a atuação do dispositivo de integração do erro do servo
controle.

RESUMEN

Se presentam los resultados de ensayos de compresión uniaxial hechos


com basaltos, para los cuales se determina la curva completa tensión-
deformación por médio de una máquina de ensayos rígida e servo-
controlada. Las provas se han hecho con control de la deformación
radial de la muestra, típico para rocas clasificadas, cuanto al tipo
de ruptura, como de clase II.

Se analiza da influência que la velocidade de deformación ejerce


sobre la obtención de la curva completa, a partir de las
características del sistema de ensavos utilizado. Dos de· esas
características fueram manipuladas, to~nando más amplia la anãlisis:
el flu:o permisible de la servo-valvula y la actuación àel
àispcsitivo de integración del error del servo-control.

SJM."1P-.RY

Vncon:ineõ compression test results of basalts are presenteõ,


33

including the complete stress-strain curve. The tests were performed


using a stiff servo-controlled machine, ~lth control of radial
deformation of the sample. This type of control is appropriate and
usual for class II rocks.
The influence of the strain velocity on the compJete stress-strain
curve was analyz~d in the light of the characteristics of the loading
svstem used. In order to obtain a broader analysis, two of those
characteristics were manipulated: the allowable flow OÍ the servo-
valve and the role of the servo-control error integration device.

INTRODUÇÃO

Wawersik (1968) classificou as rochas quanto à ruptura em dois


grupos: classe I, para as que, após a ruptura, apresentam um
monotõnico incremento da deformação axial; classe II, para as demais,
ou seja, para aquelas, que por não exibirem um crescimento monotónico
da deformação axial, rompem bruscamente se o ensaio for conduzido
impondo-se como controle, unicamente o crescimento dessa variável
(Fig. 1). Por isso, para a determinação da curva completa tensão-
deformação de rochas exigem-se, principalmente para as de classe II,
o emprego de máquinas de ensaios servo-controladas, e de um controle
apropriado das possíveis variáveis do ensaio. O objetivo deste
trabalho é, em função das características do sistema de ensaios
recentemente adquirido pelo Departamento de Geotecnia da Escola de
Engenharia de são Carlos-Universidade de São Paulo, encontrar a
melhor maneira de executar ensaio de compressão uniaxial em basaltos,
visando a obtenção da curva completa tensão-deformação. A
controvérsia atualmente existente no meio técnico, relativa a
validade ou não do trecho pós-ruptura como uma propriedade da
amostra, não faz parte do escopo desse trabalho.

Figura 1 - Classes de rochas quanto ã ruptura (apud Bezat, 1986)

CARACTER!STICAS DAS &~OSTRAS ENSAIADAS

A importância dos basaltos da Formação Serra Geral (JK) para a


34

G~ologia de Engenharia do Cone Sul, est~ associada principalmente a


dois fatores: à sua abrangência territorial, atingindo quase que toda
a bacia do Paraná, e ao grande número de obras de engenharia,
especialmente usinas hidroclétricas, construídas nessa região nos
Últimos vinte anos. Apesar disso, nada se conhece a respeito do
comportamento pós-pico dessas rochas. Os dados aqui apresentados sao
os primeiros obtidos em rochas do Bra~íl.

As amostras foram extraídas da região de SãQ Carlos-SP, tratando-se


de um basalto compacto de cor cinza, textura grossa, constituído
principalmente de plagioclásio, piroxênio, magnetita e, em pequena
quantidade, matéria vítrea. O~ minerais apresentam-se altamente
fraturados e com razoável grau de alteração.

CONDIÇDES DOS ENSAIOS

Todas as amostras de basalto tinham a forma cilíndrica, com cerca de


54mm de diâmetro e com a relação altura-diâmetro entre 2,0 e 2,5. O
acabamento das faces e das extremidades das amostras, foi feito com
auxilio de uma retífica que possibilitou obterem-se índices da ordem
de 0,0007 radianos de perpendicularismo e O,Ol6mm de planicidade,
melhores que os sugeridos pela ISRM (1979). Não se utilizou
lubrificação alguma entre as extremidades da amostra e a máquina de
ensaio.

Os ensaios foram realizados no sistema rígido servoo-controlado MTS,


modelo 815, com 2700 kN de capacidade e rigidez do pórtico de reação
de 9,0 GN/m. A obtenção da carga atuante no corpo de prova foi feita
através de transdutor diferencial de pressão, interno ao sistema. o
deslocamento do êmbolo do atuador, considerado como deslocamento
axial da amostra foi obtido com um LVDT, também interno ao sistema. O
controle dos ensaios foi feito com variação constante da expansão
circunferencial da amostra, típico para rochas de classe II (Hudson
et al, 1971). Utilizou-se um extensómetro, colocado à meia-altura do
corpo de prova, fixado através de uma corrente auxiliar de medição. A
velocidade de deformação radial, parâmetro de controle de todos os
ensaios, variou desde 0,2 ucfs até 20 ucfs.

Além da variação de velocidade, foi verificada também a performance


de duas servo-válvulas: uma com vazão de 36 1/min, possibilitando a
velocidade máxima do êmbolo do sistema de 4,0 mm/s, e outra de 9,0
1/min, com velocidade de êmbolo de 1,0 mm/s. Finalmente, verificou-se
a influência do dispositivo de integração do erro en~re a evolução da
variável programada e a monitorada. O erro entre essas variáveis é o
responsável pelo acionamento da servo-válvula. A atuação do
integrador possibilita que a mensagem de erro enviada à servo-válvula
seja maior que a do erro real.

RESULTADOS DOS ENSAIOS

A Tabela I mostra os resultados dos ensaios com todas as variáve s


envolvidas. Além da velocidade de deformação radial, em micro-stra n
por segundo, que foi o controle de todos os ensaios, s o
35

apresentadds: a condição do integrador, sendo (AI ativado e (D)


desativado, a vazão da servo-válvula utilizada, a resistência à
compressão uniaxial, o módulo de elasticidade tangente a 50\ da
tensão máxima, a max1ma deformação radial, limitada pelo
extensõmetro, e a condição final do ensaio .

. Verifica-se que a resistência unia~ial pa~ece ~iminuir com a


diminuição da velocidade do ensaio. O módulo de elasticidade aparenta
permanecer constante. No entanto, essas duas análises não podem ser
conclusivas já que as condições dos ensaios não são adequadas para
tanto.

Tabela I - Resultados Obtidos, Variáveis Utilizadas e Condição


Final dos Ensaios

---------t;~~---~~~~=---~~;~~----~:-----É~~---~~~~~~-~~------~~~~~~â~
Amostra grador válvula (MPa) (GPa) e:rad Final
( IJE:/s) (1/min) (milistrain)

ruptura
4 1,0 D 36 221,1 35 2,2 brusca

2 1,0 D 36 184,5 36 4,4 ruptura


brusca
3 0,5 D 36 160,1 33 4,4 atingido J i
mite de e:
5 0,2 D 36 15.0, 2 32 11,0 atingido 11
mite de e:r;~
15 10,0 A 9 204,9 31 37,0 máquina
descarregou
16 10,0 A 36 184,5 30 37,0 atingido li
mite de E
14 10,0 A 9 207,4 33 22,0 atingido l i
mite de Crad
19 20,0 A 9 229,8 34 37,0 ruptura
brusca

A Figura 2 mostra as curvas tensão-deformação axial de todos os


ensaios realizados. Nota-se claramente o comportamento de classe I I
para o basalto pesquisado.

CONCLUSOES
Os resultados obtidos mostram que, para as condições do sistema de
ensaio utilizado, a ativação do integrador permite a realização de
ensaios, visando a obtenção da curva completa, em velocidades bem
maiores: cerca de 10 IJE /s ·com o integrador ativado e menos que 1 uE /s
auando desativado. Quanto às servo-válvulas, verifica-se uma
influência menos marcante, apesar de ser a de 36 1/min a que
apresentou melhores resultados.
36

...:r:.. ...:r:"
~ ~
•" .
. .,r.c .", o
r:
"'r:
"' !;

4 6 8
defcrmaçio ~xial 2 4 6 (a E:)
dofo~açio axial

150 150

..." ~"
E 100 100
., .!
" ."
..,"'c c
..
v.
c:
50
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c:
~
50
----~~ Alo<>~trs -·-j

-~=~~~-=~~l
4
deformação axial
6 (m E) 2 4 6 <• ()
doformação axial

Figura 2 - Curvas Tensão-Deformação


37

20(>

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c c
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2 4 6 8 <• () 2 4 6 e
d~f~rm•çáo •~1•1 d~formaçio axial

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" 100
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..,v
_,~._,.___,

c
-·~_...._

c
~

50

2 4 6 8
deformação axial

Figura 2 (continuação) - Curvas Tensão-Deformação


38

Quanto às formas das curvas tensão-deformação, no trecho pós-ruptura,


verifica-se que os recarregamentos observados, apresentam módulos dP
elasticidade quase que idênticos ao do trecho pré-ruptura, o que
infere a presença de material ainda intacto no interior do corpo de
prov~. Isso induz que o trecho pós-ruptura talvez esteja associado à
diminuição da área carregada envolvida no ensaio, conforme proposto
por Brady et al (1973). No entanto, é intrigànte a repetibilidade da
forma geral das curvas completas, indicando que algo inerente ao
material esteja presente, mesmo que seja a maneira pela · qual as
amostras sofrem o fraturamento ou diminuem a sua seção transversal.

Esses resultados, os primeiros obtidos em basaltos brasileiros, serão


utilizados proximamente para tentar explicar as características
estruturais encontradas em maciços desta formação.

BIBLIOGRAFIA
BEZAT, F.A. (1986) - "Recent developments in the Application of
Closed Loop Servohydraulic Control Technology to Post Failure
Te~ting of Uniaxially Loaded Cylindrical Rock Specimens". MTS
Systems Corp. Minneapolis, 8p.

BRADY, B.T., DUVAL, W.I. e HORINO, F.G. (1973) - •An Experimental


Determination of the Uniaxial Stress-Strain Behavior of Brittle
Rock". Rock Mechanics 5, 107-120.
HUDSON, J.A., BROWN, E.T. e FAIRHURST, C. (1971) - •optimizing the
Control of Rock Failure in Servo-Controlled Laboratory Tests•.
Rock Mechanics 3, 217-224.
ISRM (1979) •suggested Methods for Determining the Uniaxial
Compressive Strength and Deformability of Rock Materiais•. Int. J.
Rock Mech. Min. Sei. & Geomech. Abstr. 16, 135-140.
WAWERSIK, W.R. (1968) •oetailed Analysis of Rock Failure in
Laboratory Compression Tests•. Ph.D. Thesis, University of
Minnesota.
39

ANÁLISE LINEAR ELÁSTICA DE FRACTURAS


APLICADA A ROCHAS EMPREGANDO O MÉTODO DOS
ELEMENTOS FINITOS
Linear Elastic Fracture Analysis Applied to Rock
by Finite Element Method
Esa:ia de Engerl'Bia de 5:El Qms.
l...nler!ictade de 5:El Pa.t:l e iherrEIQ
Ergerl"ena S PaJo. B-asi
Esa:ia de Engerl'Bia de 5:El Qms.
l.kwetsidade de 5:El Pa.t:l, Brasl
E!Cda de ~ de 5:El Céw1o&USP. Brasil
Es:x:ia de Engertaia de 5:El Céw1o&USP. e.as:

RESUMO
A utilizacão de soluções da mecânica de fratura para problemas de
mecânica das rochas tem-se tornado cada vez mais frequente desde a
Última década. Um dos processos mais simples e flexíveis para obter
soluções em condições gerais de contorno e carregamento é através do
método dos elementos finitos, implementando e utilizando a técnica de
correlação de deslocamentos. Um programa com estas características
serã descrito neste trabalho. Diretrizes para refinamento de malha de
modo a obter-se precisão adequada serão apresentadas tanto para
fraturamento do modo I (tração) quanto para o modo li (cisalhamento).
Resultados semelhantes para o modo li não são usuais na literatura, e
os números aqui apresentados mostram-se mais exigentes que os do modo
I, jã bem conhecidos e documentados.

RESUMEN

La utilización de soluciones de la mecânica de fractura en problemas


de mecánica de rocas es cada dia mãs frecuente desde la Última
década. Uno de los procesos más simples y flexibles para obtener
soluciones para condiciones generales de contorno y de carga es
através del método de elemento~ finitos, con la utilizácion de la
tecnica de correlación de dislocamientos. Una rutina con estas
características se describe en esta comunicación. Directrizes para la
mejora de la malla de manera a obtenerse precisón adecuada seran
presentadas tanto para fracturamiento de modo I (tensión) como de
modo li (corte). Resultados para el modo li que aqui se presentam no
son usuales en la literatura y muestranse más exigentes que los de
modo I, ya bien conocidos y documentados.

SUMMARY

The use of fracture mechanics solutions for rock mechanics problems


has become quite frequent in the last decade. One of the most simple
and flexible approaches to obtain solutions under general boundary
40

and load conditions is th~ implementation of .the finite element


method using the displacement correlatio~ technique. A computer
program with these characteristics will be described here in.
Guidelines for mesh refinement in order to obtain adequate accuracy
will be presented both for modes J (tension) and II (shear). Results
for mode II are not usually available in the literature. The figures
presented here are more severe than those weli known and docummented
for mode I.

1. INTRODUÇÂO

Desde os trabalhos pioneiros de Griffith (1921 e 1924) a importância


da mecânica de fraturas para problemas de mecânica das rochas tem
sido reconhecida. Entretanto a utilização em escala mais larga só se
tornou possível depois que surgiram métodos para obtenção de soluções
em condições gerais de contorno e de carregamento. Entre os métodos
disponíveis, destaca-se o dos elementos finitos, no grupo dos métodos
numéricos.
Enquanto em outras áreas de engenharia, o tratamento quantitativo da
propagação de fraturas é utilizado para prevenção de danos
estruturais, em mecânica das rochas o fraturamento é is vezes
desejado, como para cominu~çao de maciços. Além disto, a
possibilidade de explicação de algumas peculiaridades de leis
constitutivas, como amolecimento por deformações, abriu n0vas portas
para pesquisas e~ andamento em mecânica das rochas.

As peculiaridades de processamentos gráficos interativos tornam o


•software" desta área ~astante dependente das facilidades
computacionais disponíveis, razão pela qual optou-se por empreender
um programa de desenvolvimento em vez de aquisição. O •software" em
desenvolvimento deverá evoluir na medida em que sejam adquiridos
equipamentos para processamento gráfico interativo.
O programa aqui descrito é capaz de simular o progresso de uma
fratura plana em modo I (tração), modo II (cisalhamento) ou modo
misto, utilizando a teoria de mecânica de fratura elástica linear. A
iniciação da fratura não pode ser adequadamente simulada deste modo,
Ja que para isto, a teoria de mecânica de fratura não linear se faz
necessária (Ingraffea, 1987).
O programa aqui descrito será utilizado inicialmente para
interpretação, com Q auxílio da teoria de mecânica de fratura, de
leis constitutivas de material intacto e juntas em rochas.

2. T~CNICA UTILIZADA
O desenvolvimento do programa consistiu na implementação do método de
correlação dos deslocamentos (Ingraffea, 1983) em um programa geral
de análises linear de tensões por elementos finitos.
Os valores dos fatores de intensidade de tensão para os modos I
(tração) e II (cisalhamento) são calculados para uma fratura genérica
41

representada esquematicamente na Figura l i a ~artir do deslocament~


de abertura da trinca (COD) e deslocamento de deslizamento da trinca
(CSD) respectivamente, de acordo com as expressões (lngraffea, 1983):
a'~ G
K
I rc ~+1
( 1)

onde:
1 .. comprimento do lado do elemento da borda da fratura;
u',v'• deslocamentos nodais de deslizamento e abertura da trinca, no
sistema local de coordenadas x', y';
G módulo de rigidez transversal;
K (3-4v) para deformação plana;
K (3-v)/(l+v) para tensão plana;
v coeficiente de Poisson.

,.,,•
a'. •'

Figura 1 - Esquema para cálculo dos fatores de


intensidade de tensão
Os elementos para cálculo dos fatores de intensidade de tensão são
elementos singulares com nós a um quarto do comprimento dos lados. De
acordo com Barsoum (1977), elementos isoparamétricos triangulares de
seis nós, com o nó intermediário colocado a um quarto do comprimento
do lado, adquirem a singularidade desejada para simulação de uma
fratura, com o termo r-1/2 para variação do deslocamento nas
proximidades da ponta da fratura; r é a distãncia radial do ponto em
questão à extremidade da fratura.

3. RESULTADOS OBTIDOS

Algumas análises preliminares foram realizadas com o intuito de


aferir o programa, bem como adquirir sensibilidade para o grau de
refinamento da malha na região da fratura. Diretrizes para este
refinamento em problemas de fraturamento por tração pura já sao
conhecidos, porém resultados semelhantes ainda não são disponíveis,
no conhecimento dos autores, para o modo de cisalhamento puro.
42

Além das análises em modos I e li puro~,-0 programa também tem


capacidade, e está sendo utilizado, para problemas de modo misto.
Neste caso, a técnica de rediscretização da malha está sendo
utilizada. A cada iteração o programa fornece o ângulo da direção
ao longo da qual o novo incremento de fratura oeverá ser aberto .
. Resultados deste tipo de análise não são apres~ntado8 aqui. ou seja,
apenas resultados de análises de modos de fraturamento puros (modos I
e li) serão discutidos.

Para o modo I (tração), analisou-se o caso de flexão a 3 pontos


(Figura 2). Além de solução analítica obtida conforme ASTM (1984), o
problema também foi analisado numericamente por Ingraffea (1983), com
diferentes graus de refinamento na região da extremidade da fratura.
e • 1'.Sttl i" P • 0.~ DOUAG/ ia
J • YAIIUÁYilL

li•
'
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iO la
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Figura 2 - Malha para análise do problema de flexão a
3 ponto~

ac:xt"i~t VAL~ TaÓRtCO


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- - - D · IN.,.&.....-c:A
- - · · - K N T C ...Aa41.HO
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' ........
i'--


~

o o.o• 005 o. • 0.2 Jto

Figura 3 - Variação do fator de intensidade de tensão


com o grau de refinamento
43

Os resultados obtidos s~o apresentados na Figura 3, em formi de


relação entre o fator de intensidade 6e tens'ão Kr e o grau de
refinamento da malha. Este Último é representado pela relação entre o
comprimento do elemento que contém a e~remidade da fratura (1) e o
comprimento total da fratura (a). Na mesma figura são apresentados
também alguns resultados semelhantes obtidos por Ingraffea (1983), e
resultado teórico (Kr•l,92 psi /1n) obtido confocme ASTM(l984).
Para o modo II (cisalhamento) analisou-se o 'problema apresentado na
Figur~ 4. Para este problema dispõe-se de solução teórica obtida
atraves de Rooke e Cartwright (1976), com Krr •3,567. Os resultados
obtidos são apresentados na Figura 5.

H'J rT1
' ~ R

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o •I
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L ~I

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I APOIO

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TIPO I

I
Figura 4 - Análise de problema no modo II

JC: z 1 pai J'1;" 1

4.GD

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I.

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I 01001(1[ & CAIOTWIO,_T
I. ·~·I

o
~
0..05 0.1 O.t .,.
Figura 5 - Resultados de análises de problema do modo II
44

Para o probl~ma do modo 1, observa-se que há ·concordância entre os


resultados obtidos neste trabalho e por Jngraffea (1983). Para um
grau de refinamento com 1/a=O,OS o errô resultante no valor do fator
de intensidade d~ tensão Kr foi de 2,7%, bast~~te razoável para
finalidades de engenharia.

Para o modo I I (cisalhamento) o erro no fator de intensidade de


tensão Krr , para um grau de refinamento com lln=O,OS foi de 7,7%, já
inaceitável para alguns problemas reais em engenharia.

4. CONCLUSÕES

A técnica de deslocamentos mostrou-se bastante simples para


implementação, e eficiente na qualidade dos resultados para simulação
do progresso de fraturas em estado plano, tanto em tração com em
cisalhamento.

Para problemas de tração o refinamento da malha, de modo a se atingir


precisão adequada para problemas de engenharia, é tal que a relação
entre o comprimento do lado do elemento que contém a extremidade da
fratura e o comprimento total da fratura é de cerca de 0,05. Para
problemas de cisalhamento, a mesma relação deve ser da ordem de 0,02.

S. BIBLIOGRAFIA

ASTM (1984) nAnnual Book of Standards•. Am. Soe. Testing Mat.,


Philadelphia, E399-83, 519-554

BARSOUM, R.S. (1977) "Triangular quarter-point elements as elastie


and perfeetly-plastic craek tip elements". Int. J. Num. Meth. Eng.
Vol II, p.85.

GRIFFITH, A.A • .(1921) "The phenomenon of rupture and flow in solids".


Phil. Trans. Roy. Soe. London, A221, p. 163.

GRIFFITH, A.A. (1924) "Theory of rupture". Proc. First Int.Cong. Appl.


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in Roek Fracture Mechanies, ed. H.P. Rossmanith, International
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INGRAFFEA, A.R. (19871 "Theory of erack initiation and propagation in


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Press Geology Series, pp.71-110.

ROOKE, D.P. e CARTWRIGHT, D.J. (1976) •compendium of stress intensity


faetors•. Her Majesty's Stationery Offiee, London. 330p.
45

SIMPóSIO SOBRE INSTRUMENTAÇÃO GEO"rtCNICA DE CAMPO.- SINGE0'90 111.20


RKl de Janero. abril 1990

UTILIZAÇÃO DE DADOS DE INSTRUMENTAÇÃO NO PROJETO DE TÚNEIS URBANOS

Tarcis1o 8. Celestino. Themag, EESC-USP, São Paulo


Sebastião M. Bunn, Themag, São Paulo
LuiZ G. Clemente. Metrô, São Paulo
Arg1m1ro A. Fernandez. Metrô, São Paulo

RESUMO

O trabalho trata da instrumentação de túneis urbanos


construídos pelo método NATM, destacando os aspectos referentes à
interferência recíproca de túneis próximos escavados em argila. Após
um breve resumo de casos senaelhantes Já apresentados na bibliografia
técnica, são apresentados novos dados de instrumentação observados
durante a construção de túne1s para o Metrô de São Paulo,
procurando-se estabelecer relações de dependência entre os efeitos
de recalque recíproco e características geométricas dos túneis.

1. INTRODUc;Ao

A construção de obras subterrâneas por NATM é uma das áreas de


engenharia civil que mais dependem diretamente dos resultados de
instrumentação. O caráter observacional do método torna-o nauito
dependente de interpretações adequadas da instrumentação. A
utilização de instrumentação propicia a garantia de um nível
adequado de segurança, permitindo otimizações no método construtivo
que podem resultar em substanc1al economia da obra, desde que os
mecanismos contratuais o permitam.
Estas observações, válidas em caráter geral, ganham muito mais
importância quando se trata de obras subterrâneas urbanas. As
interferências da obra com edificações lindeiras amplia a
necessidade de atualização de previsões e de correlações dos
recalques com os mecanismos que as originam, de modo a poder-se
atuar efetivamente sobre eles. O tratamento ágil e adequado da
volumosa massa de dados exige ferramentas não convencionais e, por
esta razão, a Companhia do Metropolitano de São Paulo decidiu
desenvolver o sistema SACI para o controle e acompanhamento de
instrumentação de cantpo. Aquele sitema foi descrito por Domingues et
al. (1987), em sua versão original, e por Domingues et al. (1988)
após implementação de várias melhorias. Resultados da utilização
adequada da 1nstrun1entação que possibilitarant otimizações de
operações constr~tivas e redução de custos para o Metrô de São Paulo
foram relatados por Celestino et al. (1988).
46

No presente trabalho descreve-se um caso de utilização do


sistema SACI para análise do fenômeno de interferência reciproca de
túneis em solo, escavados muito próximos, ou seja, com pilar central
menor que um diãmetro.

2. CASO ARALISAOO

A partir de dados de túneis escavados com couraça, Cording &


Hansmire (1975) e Birger (1969) concluíram que o segundo túnel causa
recalques substancialmente maiores que o primeiro. Isto podia ser
explicado pela não linearidade do comportamento tensão-deformação do
solo, já que a somatória dos efeitos de deformação ê maior que a
somatória dos efeitos de tensão.
Tendência contrária, ou seja, de o segundo túnel causar
menores recalques que o primeiro, foi relatada por Celestino et al.
(1987) e Celestino et al. (1988) para dois túneis escavados por
NATM, em 1986, em argila terciária da Bacia Sedimentar de são Paulo.
O fato foi explicado como resultado da melhoria, do ponto de vista
de rigidez, que o maciço "reforçado" por uma casca fechada de
concreto projetado apresenta em relação ao maciço homogêneo, antes
de qualquer operação de escavação e instalação de suporte. Fato
semelhante foi relatado por Celestino et al. (1985) após a análise
de recalques de túneis apresentados por Golser 11979) e por Laabmayr
& Weber (1978), também escavados por NATM, com parcialização em
galerias laterais, onde também a segunda galeria provocou menos
recalques que a primeira.
No caso aqui relatado, dois. túneis escavados em 1988 a partir
do mesmo poço dos túneis escavados em 1986, porém em direção
contrária e com recobrimentos crescentes e pilar mais estreito
apresentaram tendência semelhante à relatada por Cording & Hansrnire
(1975).
Corno a geologia e o método construtivo (descritos em detalhe
por Celestino et al., 1987 e Mitsuse et al., 1987 e Ferrari et al.,
1987) são praticamente os mesmos dos túneis escavados em 1986, isto
sugere que a diferença de comportamento não é devida apenas a
efeitos de método construtivo (couraça versus ~ATM) ou de geologia.
Através da flexibilidade de manipulação dos dados com o SACI,
àpresenta-se aqui uma tentativa de estabelecimento de efeitos que
determinem a mudança de comportamento corno a dimensão do pilar
central e o recobrimento acima dos túneis.
Análises numéricas por elementos finitos simulando as diversas
fases construtivas de cada um dos túneis foram realizadas, porém
seus resultados não são comentados aqui.
Os túneis em questão têm 6 m de diãmetro e 450 m de extensão.
Até cerca de 100 m as seções de escavação situavam-se inteiramente
em argila, e as frentes de escavação estiveram sempre defasadas de
pelo menos 25 m. Após este trecho inicial, um expesso horizonte de
areia fina abaixo do nivel d'água estava presente nas seções de
escavação, e por motivo de necessidade de drenagem mútua, as frentes
de escavação passaram a progredir defasadas por distâncias menores.
A análise apresentada aqui refere-se ao trecho inicial 9e
escavação, ou seja, túneis em argila e frentes de escavaçao
defasadas de pelo menos 25 m. Neste trecho, o recobrimento acima do
eixo dos túneis variou de 20 a 35,8 m e o pilar central variou de
2,3 a 4,0 m. A instrumentação de recalques consistia de seções de
placas e tassómetros espaçadas de cerca de 30 m.
47

3. RECALQOES PROVOCADOS POR CADA 'l"'HEL

Os aparelhos de medida de recalques superficiais e profundos


foram organizados em seções transversais abrangendo os dois túneis,
conforme ilustra a Figura 1. A Tabela 1 apresenta as seções
selecionadas para a análise deste trabalho, indicando sua posição
(X) ao longo do eixo dos túneis e os valores de profundidade (Z) e
espessura do pilar entre os túneis (d) associados a cada seção. As
seções desta tabela foram selecionadas por estarem localizadas
dentro dos 100 m iniciais, onde o túnel leste foi executado primeiro
que o oeste, havendo entre as frentes de escavação uma distância
grande o suficiente para poder-se separar os recalques provocados
por cada túnel isoladamente.
Na Tabela 2 (recalques superficiais) e na Tabela 3 (recalques
profundos) encontram-se os valores de recalques observados sobre o
eixo de cada túnel, provocado pela sua própria escavação e pela
escavação do vizinho. A nomenclatura utilizada nestas tabelas é a
seguinte: E indica túnel leste e W túnel oeste; a primeira letra faz
referência ao túnel sobre cujo eixo foram medidos os recalques e a
segunda letra indica o túnel que provocou o recalque. Por exemplo,
na coluna Ew estão apresentados os recalques medidos no eixo do
túnel leste provocados pela escavação do túnel oeste.

p L~;/>.,a...,. n n n n

I z
TASSÓMETROS
• • • • •
I
~ d
IQ
Figura 1. Seção de instrumentação típica

Tabela 1. Seções de instrumentos selecionadas

Seção X(m) Z (nd d(m)

S2-16 1,0 20,0 4,0


S2-17 14,5 27,0 3,5
S2-18 29,0 28,7 3,0
S2-19 43,0 30,5 2,8
Sl-01 51,0 31,2 2,5
S1-02 63,0 32,4 2,4
S1-03 76,0 34,0 2,3
S1-04 93,0 35,8 2,5
--------------------------
48

Tabela 2. Recalques superficiais (placas)

Seção Ee We Ww/Ee Ew/We


-----------------------------~'----------------
· S2-16 7,7 511 5,5 3,4 1,5 0,6
S2-17 14,1 9,4 915 8,9 1,5 0,9
S2-18 13,8 7 I a· 919 617 1,8 0,7
S2-19 91 1 6,8 6,8 819 113 113
S1-02 4,6 213 4,1 210
Sl-03 2,6 3,0 3, 1 0,3 0,9 0,1
Sl-04 3,4 2,2 3,5 0,5 1,5 0,1


.
Tabela 3. Recalques profundos (tassõmetros)

Seçãa
. . Ww Ee Ew We Ww / Ee Ew / We
.
-----------------------------------~-----------
S2-l6 15,0 9,4 2,0 2,2 1,·6 1, 1
S2-17 23,9 · 17 1 1 51 1 7,0 1, 4 1,4
$2-18 22,3 13,5 7,2 7,5 1,7 110
S2-19 15,8 · lO I 6 615 71 3 1,5 1, 1
51-01 8,4 8,2 5,-6 9,5 :,·o 1, 7
Sl-02 13,0 5,2·
$1-03 I I.) 3,0 ~,2 2,4
51-04 1213 7,0 4,8 1,1 1,8 0,2
----------------------------------------~------

A j1stânc1a entre as frentes de escavação não foi tâo grande,


cor.tc:jo, ?ara que houvesse uma estabilização plena dos recalques
?rov.:>c.:.àos pelo priruei:::o .tú ne l (leste.) antes da escavação do segundo
(oeste). Deste ruodo, os efeitos associados ã escavação de um túnel
en. illl•a dada seção foran, definidos tomand o -se a variação dos
recal.:;ues observados r,o período en• .que a frente de escavação esteve
poslclonaàa· a n.enos àe àois dJ.ãn,etros (cerca de 12 m) da seção
lnstruruentada, conforrue indica a Figura 2.

Figura 2. Critério adotado para determinação dos recalques devidos à


escavação de um túnel isoladamente
49

As Figuras 3 e 4 apresentam a distribuição longitudinal·dos


recalques Ee e Ww, superficiais e profundos respectivamente. Nota-se
·nestas figuras, que os recalques junto ao poço são afetados pela sua
execução prévia. Observam-se também valores anômalos na seção Sl-2
(X=63,0 m), onde a instalação dos aparelhos foi feita tardiamente.

o
E -o- Ee
E
(I) -10 -X-Ww
w
:::l
o...J
C(
o
w
11:
-20

o 20 40 60 eo \00 x {m)

Figura 3. Recalques superficiais ao longo do eixo de cada túnel

E
E
o Ee
(I)
w -10 X Ww
:::l
o
...J
C(
o
w
11: -20

o 20 40 60 80 100 x {m)

Figura 4. Recalques profundos ao longo do eixo de cada túnel

4. RESULTADOS OBTIDOS

A Figura 5 apresenta as variações das relações de recalques


WW/Ee e Ew/We com a espessura do pilar adimensionalizada pela
profundidade. A relação WW/Ee, sempre superior a 1 mostra
comportamento do tipo relatado por Cording & Hansmire (1975), ou
seja, maiores recalques provocados pela escavação do segundo túnel.
A relação Ew/We é menor que 1 para pilares delgados, e tende a 1
para pilares mais espessos. Isto confirma a tendência de que o
maciço, interagindo com uma casca de concreto projetado fechada
50

torna-se mais rígido. Este acréscimo de rigidez, entretanto, não


chega a ser suficiente para diminuir recalques sobre o segundo túnel
a ser escavado. A mudança de comportamento em relação aos túneis
escavados em 1986, relatada por Celestino el al. (1988), deve ser
atribuída à maior profundidade dos nOvos (tratados neste trabalho),
acarretando maiores níveis de tensões, explorando o comportamento
não linear do solo.
Os elevados valores de Ww/Ee associados a pequenos valores de
Ew/We sugerem que a bacia de recalques decorrentes do segundo túnel
é bem mais estreita que a bacia do primeiro. Isto é comprovado pela
Figura 6, que apresenta as bacias de recalques profundos para a
seção 52-19.

..I
2 C Ww/Ee

-
\D( a X Ew/We

I
-
o
j
o diz 2

Figura S. Variação das razões de recalque com a dimensão do pilar

LESTE

LESTE
o

-15.04------+-------------r------------t------1
0

-2o.o+--..:.._+---r----1r----,---t---;
-20.0 a.o 20.0

Figura 6. Bacias de recalques profundos devidos aos túneis isolados


51

5. COIICLOSOES

Dado o caráter observacional do Método Austríaco para


Construção de TÚneis (NATM) , a interpretação e manipulação rápida
dos dados de instrumentação é essenc~al.
Este trabalho apresenta manipulações de recalques provocados
pela escavação em solo de túneis próximos, com pilar central
variando de 40 a 66% do diâmetro dos túneis. Apesar de alguns
problemas com instalação em tempo hábil dos instrumentos, observou-
se que o segundo túnel provocou recalques maiores que o primeiro.
Este comportamento é oposto ao observado em túneis na mesma
localidade (mesma geologia portanto) escavados sob menor cobertura e
com pilar mais espesso. O trabalho não pretende explorar ~ri~te
o problema, e é possível que o adin•ensional utilizado (d/Z) não seja
adequado para definir os campos de ocorrência dos dois
comportamentos distintos.
A bacia de recalques provocada pelo segundo túnel é bem mais
aguda ·que a do primeiro (mais estreita e maior recalque máxin•o), o
que significa recalques diferenciais também maiores (cerca de 1:1200
para o primeiro túnel e 1:850 para o segundo túnel).

6. REFER2NCIAS

BIRGER, S. (1969), "Settlements & Ground Movements Associated with


Tunnelling in Soil", Ph.D. Dissertation, Univ. of Illinois.

CELESTINO, T.B., DOMINGUES, L.C., MITSUSE, C.T., HORI, K., FERRAR!,


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um túnel urbano de grandes dimensões e pequena cobertura", II
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de Janeiro.

CELESTINO, T.B., FERRAR!, O.A., LEMOS, L.B., MITSUSE, C.T.,


DOMINGUES, L.C., DLMOLIN, L. (1987), "A influência recíproca
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Computacionais para Engenharia", Rio de Janeiro.
52

OOKINGUES, L.C., BURIN, S.M., CELESTINO, T.B., MITSUSE, C.T.,


ESQUIVEL, E.R., FERRAR!, O.A., HORTA, A.P. (1988), •sACI- A
system for instrumentation control and follow-up•, VI
lnternational Conference on Numerical Methods in Geomecanics,
pp. 2197-2201, Innsbruck.

FERRAR!, O.A., LEMOS, L.B., HITSUSE, C.T., CELESTINO, T.B. (1987),


•Adaptações de projeto como soluções de campo desenvolvidas
durante o acompanhamento de dois túneis em NATM no Metrô de
São Paulo•, V CBGE, vol. 2, pp. 57-67, são Paulo.

GOLSER, J. (1979), •NATM in subway construction- subway Bouchum


Sec. s1•, ASCE Convention and Exposition, Atlanta.

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Springer, Verlag.

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•Avanços técnicos obtidos na execução por NATM dos túneis
singelos da extensão norte do Metrô de São Paulo•., V CBGE,
vol. 2, pp. 33-44, São Paulo.
53

CARREGAMENTO LATERAL EM MODELOS DE GRUPOS


DE ESTACAS EM CENTRíFUGA

CINTilA, Jost Cllrlos A.


Prof. Doulot', EESC-USP
LEYA.CHER. D
Doutor Jng., Univ. f!u HllYTe- F1YZ11fa
GA..RNIER.J
Ph.D, LCPC- FTt~nÇa

RESUMO
O comportamen10 de um gtupo de est~Jeas IOiicilai:Jas latt:1'G/mmJe ICnttl·U compll::r;o pelo cardler
tridimensioniJJ do problema, a 1100 linearidal:k da. ÍlllertJ.Ç6o ~ e o efeilo ·de grupo. 1Jal a
necessidtule da. naliz1Jç6o de ~ upedftcos, in silu ou em IDboratório. ·
OJ ensaios em verdadeira grandeza ap'UOIItlm coniUdo um custo proticlllf'IDIIe proibilivo, DfiiUIJJ'UO M
ensaios em modelos ntiu.zil:lm, sob gravidDt:k normDI (1 g). 1100 ~ em geoucllia o mesmo
comporttunenJc tens00-deformt1f6o dos modelos do protótipo. A soluç6o já consagroda l'lfllll4iGimeltle
i G cenJrifugaç6o dos modelos (ensaios nolizodos a n g em modelos nduzidos .t uca/IJ 1/n), o que
nproduz os mesmos nfveis de tens6o do protótipo.
Um programa O{Jeriml:nJol foi implanJodo n.a cmiTffuga do LCPC, França, cuja ftue pniiminar i lii[Ui
ITtiUlda.. TraiiJ-se de um estudo paramétrica de grupos de 2 a 3 esttJCas, escavadas e c:ravoda.s, com
espaçamentos variando de 1 a 10 vezes o tlit2metro. As est~Jeas silo met41icas, com 8 mm de dil2metro,
que cenlrifugadas a 40 g correSpondem a um p-ot6tipo de 0,32 m de tlit2metro.
A~-se os detalhes de modeloç6o e das provas de carga ,..,.Iimdo.s, e di.sculem-u os ruubados
rqerenJes ao efeito de gtupo em funf6o do espaçamento t1lln estDCas.
1. INTRODUÇÃO
A partir do início da década de 80, sobretudo, em diversos países a modernizaçao em centrífuga
~ a aer amplamente utilizada em mecânica daç solos. Destacam-se as pesquisas sobre fundaçOes
superficiajs e profundas, muros de arrimo, solos reforçadel\ obras subterraoeas, cscavaçoes, aterrt:ll5,
barragen&, talude&, ancoragens, interaçao ~tura, e problemas dinAmicos.
A utilizaçAo deste ~uipamento sofisticado, na análise de mode!9s reduzidos geotéalicn, ~ justif!CéYel
por ~ motivos principais:
a) AI. c:xperitocias. realizadas sob gravidade normal nao permitem satisfazer as coodiçOcs de
semelhança entre modelo e protót1po;
b) Os mttodos numtricos, embora tenham alcançado alto grau de dese!MlMmento nas tllti11'106
tempos, oAo se constituem em meio de estudo privilegiado em mecânica daç solos, em razao da
complaidade das leis de comportamento dos materiais; ·
c) As dificuldades, por demais conhecidas, existentes nas ensaias in situ.
As centrífugas, portanto, ao _possibilitarem a réalizaçao de ensaias sobre modelas reduzidos,
satisfaz.eodo às leis de semelhanÇa, atualmente se constituem em excelente via de pesquisa
complementar às análises teóricas e numéricas e às experitncias sobre obras em verdadeira grand<;za.
Os inúmeros resultadas já obtidos atestam com clareza tal assertiva (Cont, 1988).

2. PRINCÍPIO DOS ENSAIOS POR CENTRIFUGAÇÃO


Para se observar o mesmo comportamento sobre um protótipo e um modelo em escala reduzida, t
necessário respeitar as condiçOes de semelhança entre as diversas grandezas fJsicas envoMdas.
Na formula~ dessas condiçOes de semelhança, geralmente, se utiliza o conceito de "escala• de uma
grandeza ffslca. Deste modo, define-se a- a escala de teDSOes., ou seja, a relaçao entre a rensao oo
=
protótipo e no modelo, a- op/Om, e de maneira análoga, p • a escala de massas especfficas, g• a
54

es.cala de forçaa de mas.sa. e r• a ex:ala de d1rnensl'lea bneare&.


Para a& meio& contínua&, Mandei (1962) dell'l0il$lra que & equaçtx:t. de equiUbno são verificada.~ &e
(J • p• ••••

Em mecânica·~ nufda&, por exemplo, as expelitncias 'são frequentemente realtZadat. nas cond•Ç('lc1.
ambientes (g• == 1), mas a& materiais cSo protótipo são &ub&titufdos no modelo reduZido por outrQ!.
materiai5 de modo a satisfazer as condiçOea de aemelhança. .
Em mecânica~ aolo&, entretanto, a complexidade das leis de comportamento doi aolo& nao permite
11 aubstituiçao doa materia~. devendo ent.ao o modelo reduzido aer con&trurdo com o meamo solo do
protótipo. Aa&im, com a utilizaçao do mesmo material ( p • ""' 1) e ·desejando conservar o meamo nfvel
de tensOc:& ( ~ == 1) para fazer intervir as mesmas relaçOes tens.êo x deformaçao, eventualmente
desconhecidas, é oecesaário que :
, ••• - 1
Assim, pode« obter a semelhança entre protótipo e modelo àumentando-se & forças de massa na
proporçao inversa da escala de dímenl!Oes lineares, através da-centrifugação do modelo (g• =111•). É
o principio doa ensaios em centrífuga. Um modelo reduzido à escala f/100, por exemplo, deve ser
submetido a uma aceleração de 100 vezes a gravítacional • ( 1OOg).
Contrariamente, nos ensaio& sob gravidade normal (g• = 1), e levando em conta que p• não é mullo
diferente de 1 mesmo que se COilSlga a substituição dó material, obtém-se:
o- •••
o que Jignifica que as tensões no modelo serao muito mais fracas do que no protótipo, nao sendo
_possfvel, portanto, Jimular o comportamento do solo, que depende do ntvel de tensOes.
.,.. Pilol (1~5menciona que o aumento das forças de inércia, por uma outra via que nao a
centrifu , é utilizado bá muito tempo em mecânica dos soa na determinação do limite de
liquidez. efeito, neste ensaio provoca-se a ruptura de um talude, em modelo fortemente
reduzido, quando se produz o choque da coocba sobre o pedestal do aparelho de Casagrande.
Para ~ma altura H de 13 mm desse "talude", e admitindo a coesao nao drenada da argila c. = 1
k:N/m o número de estabilidade à ruptura
c./y H .. 0,19
implica y = 405 kNJm 2, 93 que c:orrespoode a uma aceleração de 20 g, considerando-se o peso
espeáfico da argila 20 kN/m .
3. HISTÓRICO
A técnica de centrifugação de modelas reduzjda& de obras de terra e fundaçóes surgiu,
simultaneamente, nos Estados Uni<Jc6 e na Uniao Soviética, no início da década de 1930.
A primeira centrífuga americana, de porte bem ~ueno (raio de 0,20 mi?.!~ utilizada por Buclcy na
Universidade de Colúmbia, no est•Jdo de estabilidade de tetos de minas. atividade em mecanica
das rochas nao teve, porém, grande reperc:ussão e somente a partir dos anos 70 a modelização em
centrífuga conheceu um real óeseOYOMmento nos EUA
Ao contrário, as experiências pioneira<; em centrífuga realiUidas em Moscou, por Davidenkov e
Polrrovsky, se desenvolveram rapidamente. Os resultados obtidos em modelas reduzidos
centrifu~ foram Jogo utilizados em projetos de barragens, aterros.e diques. Em artigo apresentado
ao 1~ Congresso Internaciooal de Mecá.nica dos Soi06 e Engenharia de Fundaçoes, em 1936,
Polcrovsky e Fedorov mostraram o esquema de uma centrífuga, registraram a existência deste tipo de
equipamento em quatro instituiçOes soviélicas, com raios de 0,80 a 1,50 m, e relataram a sua utilização
nos estudos de: estabilidade de taludes, distribuição de tensões em fundaÇOCS, condutos enterrados, e
recalques de fundações. Nos 30 anos seguintes, foram instaladas diversas outras centrífugas
espeaalízadas para estudos geotécnicos, 006 diferentes 6rg005 de pesquisa soviéticas. Todavia, o
conjunto de trabalhos soviéticos, publicados em idioma russo, permaneceu desconhecido do resto do
mundo até os anos 60, quando foram feitas traduçOes na Inglaterra (Scbofield, 1980). , ·
Ainda na década de 60, surgiram as primeira<; centrífugas em outros países: Japão, Africa do Sul e
Inglaterra E a partir da década de 70: França, Alemanha, Olina, Dinamarca, l.srael, Itália, Holanda e
Canadá.
Os anos 80 foram marcados pela eclosão de uma DOYa geração de instalaçOes, da qual faz parte a
centrífuga do LCPC-Laboratoire Central des Poots el Cbaussées, na França, de coocepçao mais
elaborada que as P!"ecendentes e de maior capacidade. Inaugurada em 1985, a centrífuga" do LCPC
tem um raio de 5,50 m, pode ser submetida a uma aceleração máxima de 200 g, e ensaiar modelas de
até 20 kN (Corté el al, 1~). ·
Ressalta-se finalmente, a evolução na complexidade das experiências, graças aos avanços recentes na
instrumentação e na eletrónica. As primeira<; experiências se limitavam a observar o estado do modelo
após a centrifugação. Numa segunda etapa, o modelo passou a ser instrumentado e seu
comportamento observado durante a centrifugação. Atualmente, pode-se intervir sobre o modelo
55

durante a centrifupçao, como por a.empk>, realizar prova~ de carga em fundaçOe&.

4. PROGRAMA DE PESQUISA
Na centrífuga do LCPC, está em andamento um amplo programa de ensaio& em grupos de estacas
carregadas lateralmente, cu;a fale prelunmar é apreaent.ada neste artigo(Qntra, 1989).
Trata-se de urn ~tudo peramétrico de grupo~~ de duaa estacas, c:scaY8daa ou c:ravada&, e grupos de trb
estacas e!IC'aV8das. com espaçamentül entre estacas vanando de l a lO vezes o diâmetro ele centro 8
centro. A Figura 1 mostra 8 direçOO do carregamento em ambos 05 caso&. '

o
o o- o ---

Fig. 1 - CONFIGURAÇÃO E DIREÇÃO CE CARREGAP-ENTO

As estacas eram metáli~ fechadas na ponta, com 8 mm de diâmetro externo, 1 mm de CS{>eSSUra e


300 mm de comprimento, que centrifugadas a 40 g correspoodem a um protótipo de 0,32 m de
diâmetro externo e 12m de comprimento.
Como solo-tipo utilizou-se 8 areia de Footaine~u. fina,~ branca,~ mal çaduada, cujos pesos
especffico6 mfnimo e máximo são 13,57 kN/11[ e 16,.:>5 kN/m respectivameote. Adotou~ a
compacidade relativa de 70% (r = 15,60 kN/m), a qual é obtida oa coostituição do maciço pelo
método da "chuva de areia". Nesta compacidade a areia apresenta um ângulo de atrito interno de 34°.
Para cada bateria de ensaios o maciço de areia era preparado em um cooteiner retangular de
dimensóes internas 0,80 m x 1,20 m e altura 0,36 m. As estaCaS eram implantada~ DO cooteiner de
modo a possibilitar a realização de provas de carga em duas estaCaS isoladas, como refer!ocia, e em
grupos de estacas de até seis diferentes espaçamentos: 1, 2, 4, 6, 8 e 10 diAmetros.. Para cada
espaçamento eram previstoe dois grupos para verificação da repetibilidade dos resultados.

S. PREPARAÇÃO DOS MODELOS


Inicialmente as estaCaS eram posicionadas no conteiner, com a utilização de fio de pesca e clips (varal),
formando os diferentes grupos com os espaçamentos deseja<io&. Em seguida a areia era despejada
pelo método da chuva de areia, coostituindo o maciço até a cxxa prevista Esta sequtocia empregada
oa preparação dos modelos visava reproduzir o caso de estaca5 escavada&, ou estacas implantadas sem
desloc:àmento do solo.
Pa:a o caso de estacas aavada&, ap66 a c:omt.ituiçAo do maciço as estacas eram implantadas
individualmente através de um sistema de operaçào manual que compreendia um guia, uma baste e
um maneio de massa igual à da estaca (50 gramas), caindo em queda livre de uma altura de 10 em.
Saliente-se que se o objet..iYo fosse a reali.zaçao de provas de carga vertical, a cravação das estacas
deveria ocorrer durante a centrifugação e não sob gravidade normaL
Em todos os cooteiners as estacas apresentavam uma ficha de 200 mm e suas pontas ficavam a 65 mm
do fundo do cootciner. O controle de compacidade era verificado at.raYés de cápsulas colocadas no
interior do maciço.

6. PROVAS DE CARGA
Embarcado o cooteiner na centrífuga, realizavam-se as provas de carga a 40 g. Para possibilitar a
aplicaçâo da carga total, uma placa metálica convenientemente furada era instalada em cada grupo, a
4:) IDIÍl do nfvel.ôo solo.
As provas de carga eram realizadas em estágios de 20 N (estacas isc:llad&), 40 N (grupo de duas
estacas) ou 60 N (grupo de tres estacas}, e conduzidas até a ruptura ou um deslocamento excessivo.
Em cada estágio a carga era mantida durante 1 mine os deslocamentos laterais eram obtidos por meio
de medidores instalados à superffcie do solo.

7. RESULTADOS OBTIDOS
Realizado o conjunto de provas de carga de um mesmo cooteiner, adotou-se o seguinte procedimento
na construção do gráfico de efeito de grupo: para uma dada carga lateral por estaca, FH = 100 N,
obteve-se para cadá grupo o deslocamento lateral ao nfvel do solo, Y o, eocontrando-se a variação de
Yo em função do espaçamento entre estacas. Nas Figuras 2 a 4 são apresentados estes gráfica; de
efeito de grupo para os três conteiners ensaiados. Como foram realizadas duas provas de carga para
cada condição, nestes gráfico5 está representada a média dos resultados.
56

Para quantíficaçAo do efeito de grupo, uitlllzou-te o aequinte procedimento: para uma ~ carg«
lateral FH por e&UK:a, ~me-se o deslocamento lateral do grupo (Y,) como funçáo do deslocamento
lateral da eataca isolada ( YJ)
v, • Y1 (1 +a)
onde o coeficiente a repreaent.a o acrtacimo de dalocamento lateral pelo efeito de grupo.
Coruidersndo-ee FH "' 100 N, obleve-ec: o gráfiCO do coeficiente a em função do espaçamento entre
estacas.
Para facilidade de comparação, a Figura 5 apreaent.a 01 gráficOs referentes 805 tre& c:onteiners.
Julgou-ec: intereasante realizar também provas de carga BOb gravidade normal (1 g) em estacas
isoladas, para c:omparaçAo com e& resultados obtidos a 40 g. A Figura 6, em coordenadas
adimensionais, apreaent.a as curvas tlpicas de provas de carga em estacas isoladas a 1 g e a 4ú g.
Na construçao desses gráfi<:06, e& resultados obtido& a 40 g foram transformados para o
correspondente protótipo, de acordo com as relaçOes de e3Cala' apresentadas na Tabela la. Para
c::onservar o mesmo protótipo, e& ensaio& realiz.aóos a 1 g deveriam utilizar modelos de estacas em
outro material, com um módulo de elasticidade 40 vezes menor, de acordo com as relaçOes de escala
da Tabela 1b, para modelo; não-<:entrifugado&. Como tal substituição nâo foi feita, e 05 ensai05 a 1 g
realizados sobre modelo6 de mesmo material, então 05 valores de car,ga lateral a 1 g foram dividid~
pela raiz quadrada de 40, para compatibilizar a rigidez da estaca, validando assim 05 deslocament05
obtido&.

8. ANÁLISE DOS RESULTADOS E CONCWSÔES


A análise geral das Figuras 2 a 4 mostra que 01 deslocamentos de grupos de estacas carregadas
lateralmente sao sempre superiores 805 deslocamentOIS da estaca isolada, para uma mesma carga por
estaca. Esta superioridade é mais acentuada 006 grupos com peque006 espaçamentos, ela se suaviza
com o aumento dos espaçamentos e tende a se anular a partir de espaçamentos da ordem de 8 a 1O
diâmetros.
A análise da Figura 6 mostra que o efeito de grupo é mais acentuado oo caso de estacas cravadas e
que não há alteraçao significativa quando se passa de duas para três estacas escavadas.
A análise da Figura 6 mostra que até deslocamentOIS da ordem de 10% do diâmetro há boa
concordância entre as curvas das prcl'lras de carga realizadas a 1 g e a 40 g. Mas a partir de 10% a
discordancia é cada vez mais acentuada. Isto porque os ensaios a 1 g aplicam ba.ix05 nfveis de tensão, o
que faz com que o comportamento do protótipo não seja bem reproduzido para ofveJS de tensão maJS
Significativos.

9. CONTINUIDADE DO PROGRMU
Na continuidade desse programa de pesquisa do LCPC, estão previstos: instrumentação dos modelo6,
grupos maiores, carregamento vertical simultâneo, engastamento das estacas ao bloco. O objetivo final
é a validação dos métodos atuais de dimensionamento, em particular no que se refere à previsao de
deslocamentos e os efeitOIS de grupo.

10. BIBLIOGRAFIA
CINTRA, J.CA (1989) - Modelos de Grupos de Estacas em Areia Submetidas a Carregamento
Lateral em Centrífuga. Relatório de Estágio de Pós-Doutoramento, Centro de Nantes do LCPC, 66p.

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MANDEI.., J. (1962)- Essais sur Mcx:leles Réduits en Mécanique des Terrains: Étude des Cooditions
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PILOT, G. (1975) - Centrifugaúoo de Modeles Réduits d'Ouvrages en Terre et de Foundations,


Rapport de Recberche des Laboratoires des Ponts et Chaussées, ~ 48, 44p.

POKROVSKY, G.I. & FEDOROV, I.S. (1936)- Studies of Soil Pressures aod Sai! Deformations by
Means of a Centrifuge. 1st Int. Coof. on Soil Mech. and Found. Eng., Cambridge, USA, vot. 1, p. 70.
57

ai l'lo<'elos: b) Jlllod~l011 não


Grandeza Protóu p<:· centrifl.lgados centrifl.lga<'os

r::eraçãc n
11 l/r. 2 1 /n·,
I De!orrnaçãc específica 1
I
I Dealocamer.to 1/n l/n
I
I
I Força l/n 2
1 /r.'
Massa 1 l/r: 1 l/r.'
I Massa espec-ífica l
~

II Módulo de Young 1ir.


~ 4
i
I
de 1nércia
I'IÓd<JlO 1 l/r. l/r.
Peso especifico 1 r. 1
Tensão 1 l 1 I r.
Volume 1 1/n> l/n 1

2.SO

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Grupo X Espaçamento
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E&PACAM!:HTO ENTRE E&TACAS IOIAM~RO&I

Fig. 5 - EFEITO DE GRUPO x ESPAÇAMENTO


CARCOA L.A.TERAL.

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Fig. 6 - CURVA DA PROVA DE CARGA EM ESTACA ISOLADA


60

CARACfERíSTICAS GEOTÉCNICAS DE UM SOW MOLE


PREPARADO EM LABORATÓRIO

FERREIRA. Carla de Castro


A/una Pós-Graduaçdo. Escola de Engenhana de StJo Carlos
NOGUEIRA. Jodo Batista
Professor, Escola de Engenharia de StJo Carlos - USP

RESUMO
Ulilizn.ndo-se um solo tipicameroe argiloso e OUiro arenoso, foram preparadas em laborau5rio dois tipos
de lama para realização de eruaios de adensamen10 sob difemues condiçóes de drenagem. Para isto
utilizou-se um consolidómetro de lama. Foram realiuuios adensamen1os unidi.recionais sujeúos à
drenagem a:ria1 (topo e base), drenagem raduú e drenagem total (a:rial e radial) originando para cada
tipo de drenagem um "bolo" de solo consisten1e. Para UlnlO observou-se uma fase de sedirru:ntação e
adensamen10 sob peso próprio e impôs-se um pré-ad.ensamemo. De cada bolo foram retiradas amostras
i.ndefonnadas e deformadas para aecução dos ensaios corriqueiros túJ Mecânica dos Solos.
Tais ensaios foram propostos para se verificar a influéncill do tipo de drenagem durarue o adensamen1o
nas prop-ied.ades geotéc!Ucas finais dos solos. ObstTVOu-se variaç6es em termos de ~abilidadc e
com.pressibilidade nos corpos de prova em função do tipo de drenagem urilizado durante a formação do
"bolo".

INTRODUÇÃO
Tem se tornado de grande interesse o estudo das características geotécnicas de solos moles, para que
se possa estimar recalques de estruturas fundadas em solos moles, determinar a vida útil dos
reservatórios de barragens para contenção de rejeitas industriais e de mineraçao, bem como de
material dragado.
No caso de deposiçao dos rejeitas, na forma de lama, mais ou menos densa, ocorre inicialmente, uma
fase de sedimentaçao das partículas sólidas para a formaçao do solo; depois, uma fase de adensamento
das camadas infenores, devido ao peso próprio das camadas superiores (Been & Sills, 1981, Pane &
Schiffman, 1985) que eventualmente sofrem sobrecargas adicionais. .
Com a finalidade de se representar, em laboratório, o que se passa no campo, foi desenvolvido um
coosolidómetro de lama, DO qual foram realizados ensaios em solos na forma de lama. A lama
preparada para o ensaio, com características iniciais impostas (massa específica aparente seca e
urrudade), foi lançada DO coosol.idOmetro (cilindro de PVC com 70 em de altura e 20 em de diâmetro)
e iniciou-se a fase de sedimenta~o, percolação da água através do solo e adensamento devido ao peso
próprio. Nessa fase foram monnoradas as deformaÇóes verticais e o volume de água de percolaçao.
em tunçao do tempo. Estabilizadas as deformaÇóes dessa fase, procedeu-se o tnfCIO da fase de
pré-adensamento, onde carregamentos incrementat~de 50 kPa, 100 kPa e 200 kPa) foram aplicados
na amostra muito mole, similarmente ao que ocorre nos ensaios oedométricos convencionais. Após o
último estágio de descarregamento, o •ooto" pré adensado foi extraído do con.solidómetro de lama.
parafinado e colocado na câmara úmida, para sua posterior utih.zaçao com a retirada de corpo de
prova e execuçao dos ensaios pr~tos: adensamento ct.>nvencionai, permeabilidade a carga variável.
compressão traxial (tipo CU), asalhamento direto. bem como ensaios de caracterizaç:lo (análiSe
granulométrica, limites de consistência, massa especifica dos sólidos).
Foram realizados quatro ensaios DO consolidómetro de lama, sendo 1 deles executado em solo argiloso
com drenagem rad181 e os outros 3 realizados com o solo arenoso e as três drenagens especificadas.

SOLOS UTILIZADOS
Foram utilizados dois tipos de solos, cujas características estao apresentadas DO quadro 1 (anexo).
A opção inicial foi pela utilizaçao do solo argiiOSú por representar melhormente os rejeitas naturais
que apresentam uma grande porcentagem de partículas finas. Como ta! solo requereu um tempo para
finalização do ensaio relativamente grande, optou-se pela continuaçao das experitncias com um outro
61

EQUIPAMENTOS
Foram utiliz.ado6 altm dos equipamentos usuaii de um laboratório de MecâniCa de Solof,, o
rolliiOiidômetro ce lama.
Bromwell ( 1984 ), ~ra que oa _procedimentoo de «:nsakli& de laboratório da mecânica dos IOio6
convencional do, fTC<3uentemen1e, maphcáveas a matenaas que 110frem grande& deformaçOes. Neste
sentido, OCN06 disposttivc:li foram del.erJVOMdcii no& Cllllmcll ano&, entre ela, o consolidómetro de
lama. 08 ensaios, com este tipo de diapositivo, permitem a obee~ de grandes variaçOc:i oa altura
da 81D06tra.
Vários tipos de comoüdómel.l"O& foram dele~ à panir de 1970, com o objetivo de preparar
amootras e medir az propriedades de adensamento de materiais muito mole&, entre eles ~ de
Bromwell & Canier IIf(19'79) e Araujo, T. A (1989).
O con.solidômetro utilizado para e&'l8 pesquisa foi construído oa ofJana mecanica da EESC-USP e
contou com um apoio financeiro da Fapesp.
Esse coosolidómetro (Fig. 1) é composto por:
tubos de PVC, com ditlmetro interno de 20 em e espessura de parede de 6 mm para que sejam
capazes de resistir às pressões exercidas nas suas paredes quando da aplicaçao do ar comprimido
para sobrecarregar a lama, sendo que um dos tubos é perfurado até uma altura de 30 em tomado&
da base, com furos (O = 1 mm) espaçados de 2,0 em,~ quais serão responsáveis pela drenagem
radial;
tubo de PVC, com diâmetro interno de 25 em e eapessura de parede de 2 mm, que ae faz
oecessário apenas quando está se executando o ensaio com drenagem radial, pois, este serve como
supone para o filtro de areia, no caso &atuado externamente 1110 &010 ensaiado;
placa inax com sistema de drenagem definida, colocado na base do consolidómetro para direciooar
o fluxo da água e facilitar a coleta DO seu centro;
pistao ioox, com coleta da água drenada_pelo topo at~ de tubulação embutida oa sua haste,
isolando os sistemas (c:âmara de ar compri<lo I lama) com awálio de o nngs;
sistema de roscas para atrudar o "bokJ" quando da sua retirada;
supone para evitar quaisquer distúrbios durante o ensaio.

PREPARAÇÃO DA LAMA
Na preparaçao da lama, duas coodiçóes inicialmente deveriam ser satisfeitas: primeiro, a lama deveria
ser fluida o suficiente para que pudesse representar a condiçao de campo dos rejeit~ e segundo, face
às restriçOes quanto 1110 vaume díspoofvel DO consolidómetro, a lama não poderia ser pouco densa,
para nao se ter no final do pré adensamento, um "bolo" do qual não fosse possfvel retirar a quantidade
necessária de amostra~ indeformadas à execução d~ ensaios. Sendo assim adotou-se um teor de
umidade inicial em torno de duas Y{"-J:S o limite de !iquidez do solo ensaiado e massa especifica
aparente seca da ordem de 0,88 g/cm .
Altura máxima para lama: 70 em (altura do coosolidómetro)
Altura mfnima para o bolo: 30 em
As lamas foram preparadas em uma batedeira industrial para garantir a homogeneização das mesmas.

FASE DE SEDIMENTAÇÃO/ADENSAMENTO POR PESO PRÓPRIO


Desde o momento da colocaçao da lama no consolidómetro, foi permitida a drenagem, quer fosse
radial, axial ou radial e axial, por se entender que assim se processa a sedimentação/aaensamenLO nos
rejei~ naturais na situação de campo. Desse modo fica ainda meD06 definido o limite oode ces.sa a
sedimentação e inicia-se o adensamento por peso próprio. Mesmo assim consegue-se distinguir por
algum tempo a interface água sobrenadante-wspe~o na porção superior do cilindro, devido a
sedimentação, ou seja, vai havendo o acúmulo de paniculas na base do cilindro, formando uma
camada com densidade maior que a suspensão inicial.
O limite entre o final da sedimentação e o início do adensamento sob peso próprio foi definido por
BromweU (1984) como o instante em que as particulas sólidas individuais entram em contato
formando uma estrutura e iniciando a transferência de tensões intergranulares. Este instante é
definido como correspondente 1110 fndice de vazios inicial (eo) para avaliação de toda a sequencia do
processo de adensamento.
No caso, vamos avaliar o processo sedimentação/adensamento como um todo.

OBSERVAÇÕES SOBRE A SEDII\fEJ"'<!AÇÃO E O PRÉ ADENSAMENTO DOS BOWS


Em função do tipo de drena$ern de cada bolo percebemos que ocorreu, na fase de sedimentaçac e
adensamento por peso próprio (Fase I), maiores deformaçôes em menor tempo (ver fig. 2) nos bolos
onde imperava a drenagem radial, ou seja, no BOLO 1 e BOLO 3.
62

Como pode a.er obllervado atz1rYb ela figura 3, apesar da di.ferentes drenagens imposw oa confecção
doi bolo&, obllerva..e as dí!erentea tul'"\laS e 1 1og coove~ pm& um mesmo vakx" de fDdice de
vazio& na tens.Ao efetiva igual 11 200 lt.Pa. The!nC:J~i a fel · de trabelbar em uma fabal de tenaOes
que, pelo meooc para e&te aoio, permitiu oblle!"Vti e&te ponto de oooverg!ocia das curvas ex 1og dos
boloa nu diferentes cond1çóa de drenagem. Neste c:uo podemo~ a-er que para temões maiores do
que a teosão dettrm.inada oeste ponto (200 lt.Pa) qualquer tipo de drenagem forneceria o mesmo
fnd~ee de vazios final, apenas em tei1DO! de tempo de recalque oootinuaria valendo o e:rcposto acima,
ou aeja, quanto m&ii completa a drenagem (drenagem total) meoor o tempo de recalQue. Já pera
tensOe& Inferiores 806 200 kPa de aobrecarga notamos que o tipo de drenagem não 86 intlueociará 01
tempos de adensamento como também o índice de vaz.io& finaL
Com relação ao Bolo O (IOio argilOio) encontrou« valores de índice de vaz.io& Inicial e final maiores
do que 01 fndices obllel"'~Sdori pera 01 dc:mais boloa (IOio areno110). Coo:lo era de a.e esperar, devido às
forças de superfk:ie serem predominantes em relaçao u forças gi-avit.aciooail em penfculaa finas,
promoveu-se um arranjo entre partfculas que resultou rndices de ....azio6 m.aiorea oo IOio argila!!o.

COMENTÁRIOS SOBRE CARACTEIÚSTICAS DOS CORPOS DE PROVAS


Para 01 ens.aiOI de adensamento foram retirados dois CPr. úo topo do bolo, um moldado na direção
vertical (~o da maior dimensao do bolo) e outro na direçao boriwotal e, da mesma {orma, foram
retirados dois CPs da base do bolo. Assim também foram moldados 01 CPs para o cisalb.amento
direto. Para a determinação da permeabilidade foram moldadoi dois corpos de prova do meio do
bolo, lllCOdo um em cada direção e para o ensaio de compressao triaxial foram retirado~& 3 CPs na
direçao verticaL Foram retiradas amostr"aS deformadas tanto do topo como da base para realização
dos ensa.i01 de caracterização.
Analisaodo o Quadro 1 oode se encontram resumido& 01 result.ados dos eosai<:» de caracterizaçao,
podemos DOtar que independentemente do tipo de drenagem, ocorreu segregação de panfculas,
Õcando na base as partículas mais grossas enquanto que DO topo se encontram as partfculas finas,
interferindo assim nos limites de consistência e massa específica dos sólidos.
Observou-se na permeabilidade uma forte influência do tipo de drenagem. Quando o coeficiente de
permeabilidade era determinado oo sentido da drenagem, este apresentava-se 100 vezes maior do que
o coeficiente de permeabilidade medido DO sentido perpendicufar a drenagem, ou seja, se o bolo foi
drenado por drenagem axial, o coeficiente de permeabilidade do corpo de prova moldado nesse
sentido apresentava-se 100 vezes maior do que o corpo de prova moldado perpendicularmente ao eixo
do bolo. Foi também observado DO Bolo O (solo argilOso) tal efeito, apenas em menor escala.
Em termos de adensamento verificou-se uma consistência bastante grande, oode detenninainos
IDeSlD06 Cc (índices de compressão) para os boiOI. Cabe ressaltar que os corpos de prova mokisdos DO
sentido horizontal (sentido da menor dirneosão do bolo) foram todos eles retfrados próximos às
paredes do bolo enquanto que os c:orpoa de prova moldados oo sentido da maior dimeosão do bolo,
foram sempre retirados próximos ao centro do bolo. Dessa forma, verificou« que DOS ensaios de
adeosa.mento em corpos de prova moldados DO sentido horizontal, de bolos onde atuava drenagem
radial se encontrava maiores tensôes de pré adensamento. O que DOS sugere ter havido para um
mesmo tempo uma maior transferência de sobrecarga para tensão efetiva nas menores distá.ocias de
drenagem.
Os resultado& dos eosa.ios de compressão triaxial e cisalbamento direto requerem uma avaliação mais
minuciosa devido ao reduzido número de amostras obtidas, carecendo assim, de maiores investigaçóes
para que se possa emitir quaisquer consideraçóes sobre a influência do tipo de drenagem nas
caracterfsticas de resistência ao cisalhamento.

BIBLIOGRAFIA
Araujo, T. A (1989): "U!O de um coo.solidOmetro de lama para determinação de propr1edades de
adensamento de solos muito moles e preparação de amostras", Tese de Mestrado apresentada a
EESC- USP.
Been, ~ ~ Sills, G.C. (1981): "Se!fWeight Consolidatioo of Soft Soi1s: ao Experimental and Theonca!
Study", m. Geotechn.ique, v. 31, o 4, 51~-535.
Bromwell, L G. & Carrier ill, W.D. (1979): "Consolidation of Fine Grained Mining Wastes", in
Proceedings of the Sixtb Panamerican Conference of Soil Mechanics and Foundat.ioo Engineenng.
Lima, Peru, v. 1, 293-304.
Brornwell, L G. (1984): "Consolidation of Mining Wastes", in: Proc. Symp. oo Se.dimentatíon -
Coosolidation Modeis: Predictions and Validation, ASCE, San Francisco, Cali.fomia, 275-295.
Ferreira, C. C. (1990): "Características Geotécnicas de um Solo Mole Preparado em Laboratório",
Dissertação de Mestrado, EESC- USP, (em andamento).
Pane, V. & Schiffrnan, R. L (1985): "A Note Sed.imentation and Consolidation", in: Geotecnique, 35
(1 ), 69-72.
63

I ps (g/ca3) I LL (I) I Lf' m I GRANULO!i:T~iA (X) 1

1------------------------------------------------------------
SOLO AREWOSQ IToPO I BASE I TOF'ú I BASE I ToPO I BASE I TOPO S~ 3~ I

I 6t AREIA
ICOHDICAO INICIAL 2 7e 32 e 3e ARG!l.~
I ~~ Sl~TE
---------------------------------------------------------------------------------1
I I I 1 I AREIA 162 AREIA I
I I 16e
IBOLO 1 DREH. TOTAL I 2.781 2.67 131 85! 31 e 122 5 I 16.f 131 ARGILA 125 ARGILA!
I 9 SILTE ii3 SILTE i
---------------------------------------------------------------------------------i
I I I 156 A~fiA ló1 AREIA I
ISOLO 2 DRE~ AXIAL I 2 6:1 2.6~ 135 4 I 3E.0 118.68! 1ó 0 132 ARGILA 129 A~'GILAI
I 112 S!LTE 11e SI~TE I
---------------------------------------------------------------------------------1
1 i I I I 153 AREIA 162 HRE:~ I
iBOLO 3 DREH RADIAL! 2.7~1 2 bB 137.8 I 29 5 12! &Bí 14 5 132 ARGiLA 125 ARGILA!
I I I I I I 115 SILTE 112 SILTE I

I ps (g/c&3l I Ll <Xi I LF· m I GRAíruLOI'IETRIA m I


1------------------------------------------------------------
SOLO ARG ILOSD I TOf'O I &ASE ITOf'O I BASE I TOPO I BASE I TOPD BASE I

I 55 SILTt
ICONDICAO INICIAL 3.15 56 e 3B e 40 ARGILA
5 Al\'Elt-

ISe SILTE 164 SILTE :


IBOLO 0. DREH. RADIAL! 3 1e1 3 0~ 152 6 l 5~ 4 136 e ! 38 e 132 ARGILA 132 ARG:LA
I I I I I I I I i 8 AF:E! A i 4 ARE:~ :

QUADRO 1 - Rrsu11o dos r~sultados O·J~ ~nsaios de cara:terizacaG


64

s,srr ou O[ ~tostA "AAA


[JTIIUSÁO DO lOcO

r \IHõA IZ~ • ~O • ~00)

Ali
CO ... PRihiiDO

CMAPA lliOX
(f!OO,o•C)

MASTE
( f! 1 ! ; ~• I ! 00 )
DRENAGOI DE TOPO
o' R IH li
TUBO DE PVC (til 200; o•6, ~·'CO l

LAIIIA
TuBO DE PVC (tll250; . . 2, ~•700)

AREIA

___.- ORENAGEIII DE BASE

BASE DE APOIO (la • 500, o • 151

e:no o::TRuOAoo

MAS TE
t • 1a . ~ • 5o o l

FIG.l- CONSOLIDOMETRO DE LAMA


65

16,8'ro

~~~
31"/. 30%

BOLO O - DRENAGEM BOLO 1 - DRENAGEM


B BOLO 2 - DRENAGEM
t;J• I
~j
BOLO 3 -DRENAGEM
RADIAL TOTAL AXIAL RADIAL

FASE I- LAMA FASE li- FINAL SED/ADENSAM. PESO PRÓPRIO FASE m- FINAL PRÉ-AOENSAMENrO

Fig. 2- ESQUEMA OOS BOLOS OBTIDOS NO CONSOLIDÕMETRO DE LAMA

• IC ICO 1000
teo <T { ICI"o)

-·---·--......... y BOLO O
2,0

------
----,- ~~

--~BOLO 2
:-:_·_-_:: :-:::::-: .. :x BOLO 3
----:::K BOLO 1
----------------- ___-....
IP

Fig. 3- CURVAS TENSÃO x DEFORMAÇÃO COS BOLOS { CONSOLI OÕMETRO)


66

CONSIDERAÇÕES SOBRE A OCORRtNCIA DE


CANALÍCULOS EM LOCAIS DE BARRAGEM NA REGlÃO
AMAZÔNICA

JVRY, Wilmar José


Mestre, EESC- USP- Depto. Geotecnia
PARAGUASSU, Antenor Braga
Prof Titular, EESC- USP- Depto. Geotecnia

RESUMO
O presente trabalho objetiva ampliar o conhecimento sobre as caracterlstícas dos solos da regiOO
Amazônica, especialmente nas áreas de funda.çtJo de bG!TagellJ, dentro do~ se refere à ocorréncw de
cavidades em solo, originadas pela evoluçtJo de processos fisico-quimicos e/ou biológicos.
Foram desenvolvidos estudos e in~stigações, na área da Usina Hidrelétrica de Samue~ Estado de
Rondõnia, onde tomou possfvel avaliar a presença destas feições e o seu comporuunento morfol6gico e
geottcnico.

I!'.TRODUÇÃO
Cavidades em solo, designadas pelo termo "Canalfculos", foram observadas nos locaiS de implantaç!ln
de barragens da . Regiao Amaz.Onica, especialmente Il<l6 aprOYeitamentos de Tucuruf, Balbma e
SamueL ,
Devido às con.sequências que estas feiçóes podem prOYOCar em obras de terra, foram desenvolvidO!'
estudos, de forma sistemática pela Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A- ELETRONORTE, no
sentido de detectar, caracterizar e classificar as diversas formas observadas. Foi possfvel traçar urr:
programa orientativo de tratamento necessário a garantir a estabilidade dos maciços compactados e 2
estanqueidade dos reservatórios.
Em função do volume dos serviços executados e a evolução dos conhecimentos sobre o assunto, fo1
e..c;colhido para considerações sobre o terna, o local onde se instalou a Usina Hidrelétrica de Samuel
Este aproveitamento se localiza no rio Jamari, a 50 bn a sudeste da cidade de Porto Velho, Estado de
Roodóoia.
As principais conclusões decorrem dos trabalhos de equipe, durante a fase de projeto executivo, n<:
qual um dos autores deste trabalho fez parte do quadro da projetista do canteiro de obras, onde teve"
oponunidade de acompanhar a execução dos serviços de campo.

ASPECI'OS GEOLóGICOS GERAIS


A região de implantação da UHE Samuel e de seu reservatório possui geologia relativamente simpl~.
sendo constituída de rochas cristalinas do Complexo Jamari e da Suíte Intrusiva Rondónia (ProJeto
Noroeste de Rondônia, NME/DNPMJCPRM, 1975), de idade Pré Cambriana, de sedtmento::c
continentais inconsotidados da Formação Içá, de idade quaternária e de solos eluviais, colu·viai..<- e
aluviais. A distribuição e a identificação destes solos são complc:xas, em coosequencia da evoluçao
geomorfológica regional desenvolvida durante os períodos terciário e quaternário.
O Complexo Jamari (Xingu) é representado principalmente por granitos metamórficos (de anatexia)
gnaisses e migmatitos.
A Sufte Rondônia é composta por dezenas de maciços granfticos, com grande variação de u~ de
rocha, de natureza calcialcalina e alcalina. São gra'litos anorogenicos e subvulcànicos, nol!tos.
nodacitos e graísens. Os corpos intrusivos constituem batólnos em ~truturas circulares. ovaladas e
Oblongas, que ocupam áreas de dezenas a centenas de quilOmetros quadrados, e apresentai'Jd,
contatos bruscos com as rochas encaixam~.
A extensa sedimentaçáo que recobre a planfcie amazônica, recebeu as mais variadas designaçóe~
desde o século passado. Através do reconhecimento da superffcie na regiâo do Alto SolimOes fora::.
mdrvidualizadas duas forma~: So!imóes e Içá, sendo que a última, de idade pleistocênica ou plk>-
67

plelStocênica, recobre discOrt.anlemcnle a pnme1ra, de idade de mto-phocena. dil qun lo,


desmembrada.
A Formação Içá que representa a maior ocorrenc1a na árC<J de 1mplantaçlH · dâ\ ohr ''' é
predominantemente arenosa, podendo mcluir intcrcalaç(Jc.' de ar_g1ll!o e camada' de 1url;, (), arcn'I'"
são friáveis, intercalando nfve!S ccnllmétncor. de fcrn(icaçócs. Esta formação constllu> umo plânl<:>c
com drenagem aberta, incluindo frequentes palcomC<Jndror., com relevo extremamente pian< c
apresentando sedimentar. inconsolid2dos, parci.Blmenle latenzador.. mantendo localmente fone
semelhança com as coberturas eluvuus e/ou coluviat.<..
A unidade Aluviões Recentes engloba aluviões que ocorrem nas calhas e nas plan!cies de mundaÇ(>e~
dos rior. e igarapés da rede de drenagem atuaL A granulometrl.8 varia entre cascalho e arg11a.
destacando-se entretanto a f'raçâo areia.

INVESTIGAÇÕES PAR>\ CARACTERIZAÇÃO DAS CAVIDADES


Na fase do projeto básico, foram programadas investigações geológico-geotécnicas através de métodm.
convencionais, onde a quantidade executada fo1 suficiente .para a caracterização dos. matenat~ de
ccn~trução e das condições do terreno das fundações, dentro do nfvel de conhecimento até ent~o
estudado, no que se referia à geologia da região.
Durante o projeto executivo, as atividades de campo resultaram na exposição dos terrenos de
fundação em decorrência dos desmatamentos e escavações obrigatórias. Foi observada, através de·
mapeamento sistemático, a e.xístencia de cavidades em solos cujas origens estão ligadas a fenómeno~
biológicos e fisico-qufmicos e à interação de ambos.
Desta forma, devido ao ineditismo da situação encontrada, onde as cavidades se apresentavam com
caracterfsticas variadas, foi elaborado um programa minuncioso de investigação incluindo técnicas nao
convencionais, de aplicação pioneira na área de barrage~. para a determinação dos locais de
ocorrência das feições e seu componameoto quanto às condiçóes morfológicas, geotécnica> e
hidráulicas.
Esta prograrnaçãoespecial foi realizada por técnicos da projetista, com devida aprovação da
Eletronone, e a assessoria de especialistas das áreas de estuào envolvidas como biólogos, zoólogos.
geoqufmicos e pedólogos.
Na figura 1 se encontra um quadro-resumo das investigações _geoiógico-geotécnicas .executadas nos
locais das obras e nas áreas de exploração dos materiais naturaiS de construçao.

ClASSIFICAÇÃO E DESCRIÇÃO DAS CAVlDADES DA ÁREA DA UHE SAMUEL


A ocorrência de cavidades na regiao A.mazónica fo1 investigada, de maneira sistemática por díver~
pesquisadores.
Overa1,1979, apresentou uma oplicação onde defendia a hipótese da ação de rafzes,fundamentada no
fato de que raízes de pequeno diâmetro foram observadas preenchendo alguns canalfculos à pequena
profundidade. A argumentaçao esbarrou, porém, na profundidade em que o enraizamento d;;
grande maioria das árvores puderam alcançar, geralmente menor que as observadas para a>
cavidades.
Ab'Saber, 1979, atribuiu a orisem das cavidades aos processos erosivos de natureza exclusivamemt
geológica (erosão pedo.. Kárst1ca), que teria a contribuição da alta pluviosidade da regiao e elevad::
poros1dade dos materiais componentes das camadas sedimentares na formação.
Buosi e Cadman, 1984, levantaram uma hipótese baseada na evidência da intensa laterização nos solO-'
onde a concentração posterior dos canal(culos é maior. Seriam o resultado da dissolução e I!Xl\-1a,dc
de certos elementos químicos, que normalmente ocorrem nos processos de laterizaçao, onde (
favorecida a infiltração de água através do solo. Sob condições climáticas e topográficas favoráve::,. m
canalfculos teriam seus diâmetros aumentados pelo carreamento de. matenais por estas ágüas de
percolação. Machado, 1983, relacionou a origem dos canalfculos, com a ação de termii.as (cupm.> de
solo) como fator contribuinte na formação de lateritas.
Esta hipótese foi defendid2 devido à similaridade das cavidades alvéoio-tubulares existentes neste>e
materiais com as desenvolvidas nas construções termrticas. Esta similaridade t abordada sob o ponte:
de vista da forma, estrutura e constituição das galerias e também das. características dos restos
orgânicos encontrados nas mesmas. Ele ainda afirma que as caracterfsucas morfológicas de uma
iaterita devem sua origem à atividade construtiva dos termitas. Em outras palavras, ind1w ;;
construção de uma rede de galerias, pelos termita.s em solos, vem a ser urna pré-eond;;:ao ~r.:: 2
formaçao de uma laterita tfpiw, na qua! o estágio final é a acumulação de sexquióxidos
Os cupins de solos (Fontes, 1984) são insetos terrestres, sociais, de distribuição predommanteme:'lc(
mtenropical. Habitam ninhos que podem durar de alguns anos a vánas décadas. e cup popu13ç.:;c
pode chegar a vá nos milhões de indiVíduos. Estas espécies exploram o solo como fonte de allmentc.
água e matenalS de construçao e edificam um amplo sistema de galerias subterrâeas pelo qüa.
transitam os indivíduos. Chegam mesmo a causar profundas modificaçóes no solo, tanto de naiurez..:;
flSIC<l como química.
68

La e Wood, 1971, reptram múmer~ ~ de modJficaçôes oa distribuição e oo esllldo de


agreg13çA0 dar. pertk:ula\ do 110lo, de Jua capac1dade de drenagem e retenção da água. aeração.
renetraçao cia' rafzc.". poroodade e conteúdo orgâmco Tazs efen~ podem abranger área..,
con~1derávet.\ e decorrem do hábito &OC!al de todas as ~ de&te an~to, que formam colóma.<-
muno populosas, e que se es.tanelecem em grande número ao longo de extensões terntona1s.
A origem da, canalfculos pres.cnte.\ no solo amazOn1co, à luz da interpretação que os atribui à
atMdadr termfuca, nao é recente. Ao contráno. ele.\ remontam a pelo menós 12.000-18.000 anCJIIi, por
oca.si!iO do úlllmo periodo g!aetal quaternário, quando na Amazóma o d1rna era lleCO e predominavam
formaçôes vegetaL<; abertas, do tapo cerrado, caatinga ou ambos. A floreslll s.emelhante a atual
restnngaa-se a "ilhas" de umidade nas serras e nas rnarge!li ~ rio&. A e:xpan&âo dos cerrados e
caatingas proveria a área de densa e drversa fauna de cupins de Ido.
Escavadoa os túbula, por es.tet. insetos, em solo originalmente fofo,auas paredes foram gradualmente
concrecJonada..s peLa depqs!Çâo de derivados de ferro, que pres.ervarn atualmente boa parte de suas
características onginais.' f õportuno reconhecer que as flutuaçOes climática.s do quaternáno não se
resumem a um t:ínioo episóclio seco mas a urna &uces..c;ao complexa e ainda não inteiramente
desvendada de fas.ea órnidas e secas. O padrão atual de canais pode, portanto, ser resulllldo de uma
atividade cumuLativa, suces&lva na mesma fase ou no decorrer de várias fases secas.
Brito, 1985, é de opinião que zonas de solo canaliculado.s estejam pre&entes em toda região
amazónica, com a posstvel exceção das encontas e elas serras ómklas, que permanocerám florestadas
durante as osci!aÇOes clu:náticas do quarteoário.
Na área de UHE Samuel., durante a fase de .estudos para distinção dos divernos tipos de cavidades, fo1
observada e difereociada uma ocorrtncia, até então desconhecida, com características próprias e
tfpicas da atividade de ol.igoquetos conbecíd05 como minhocuçus.
Os minbocuçus são anima!s de grandes dtmensóes, podendo atingir 90 em de comprimento e 1,0 em
de diametro, que ocupam a faixa de solo com presença de matéria orgânica, e onde, durante suas
atividades biológicas, produzem perfura~ contínuas, homogêneas, que em grandes quantidades
têm significativa contribuição na permeabilidade dos soiCJIIi em que ocorrem.
Estes, sao animais erráticos, que percorrem grandes distâncias no solo em tempo relativamente curto,
o que facilita em muito a obtençao do alimento. Por outro lado, têm sido encontrados em munos
locais, onde foi removida a cobertura de solo orgânico, o que permite imaginar que CJIIi minhocuçus
também podem viver em solos com cober.;;ra vegellll pobre.
Em várias observaçOes, verificou-se que os minhocuçus acompanham com muita regularidade as
variaçOes do ofvel freático, o que permitiu estabelecer uma correlaçao positiva entre o nfvel da água
no solo e a presença desses animais, além do seu comportamento em relaçao à presença de matéria
orgânica.
ClASSIFICAÇÃO DOS CANALÍCULOS
As investigações realizadas permitiram identificar, para os diversos tipos de canallculos, possíveLS
causas que provocaram ou auxiliaram sua formaçao (algumas bem definidas).
As observaçOes de campo nos diversos locais expostCJIIi para fundação e escavações auxiliares, tornaram
possfvel de!inir CJIIi paràmetro6 (Satler e Mesquita, 1984) que (oram utilizadCJIIi para diferenciar os
canallculus, de acordo com suas características básicas principais.
Nas figuras 2 e 3 estão representados respectivamente, um quadro-resumo da classificaçao dos
canalfculos e o esquema das várias formas de ocorrência.

CONCWSÔES
Na área da UHE Samuel foi ~el diferenciar CJIIi váriCJIIi tipos de canalfculus e avaliar a mfluência
que ek:s exercem .so~?re a possabili~de dos solos. El~ ocorrem com ~ incid~cia até 6 metros de
profundidade, atnbuindo permeabthdade com coefiCiente da ordem de 10 a 10 cm/s. A pamr deste
nfvel, a permeabilidade decresce para valores compatfveis com suas características de granulometna.
A origem dCJIIi caoalfcula, sejam por processos ffsico-qufmicos ou_ por ação de agentes biológicos.
apontou OI!! processos de laterizaçao como responsáveLS dtretCJIIi ou mdtretos pela sua formação .. ma1s
decisivamente quando consideradCJIIi os solCJIIi residuais de graono e sedunenlCJIIi da planfcie de
inundação.
Os canalfculos, formados por processos ffsico-qufmicos, sempre caracterizaram uma extensao mais
acentuada, e possuem tnelioação predominantemente vertical com pequenCJIIi componentes
horiz.oo tais.
Os canaUculCJIIi formados por processos biológicos, considerando as colônias de termitaS, possuem
componentes verticais e honzontais da mesma ordem de grandeza. Aqueles ongmados por
minhocuçus possuem inclinaçao subvertical com a profundidade determmada pnnc1pafmenre, pela
oscilaçao do nfvel freático.
69

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72

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Figur-e 3 - GRLIPOS. CANALfCULO.S - FORMAS DE OCORRENCIA


l Per-fis esquemót•cos • aerr. escale
73

GEOLOGIA APLICADA AO PLANEJ~1ENTO AMBIENTAL


LITORÂNEO: A REGIÃO ESTUARINO-LAGUNAR DE.
IGUAPE-CANANÉIA

MARE1Tl, Claudio Canera


Mestre, EESC- USP- Depto. Geotecnia
RODRIGUES, José EduarckJ
Prof Dr., EESC- USP- Depto Geotecnia

RESUMO
A regiOO estuaTino-lagur.ar de Iguape-Cananiia tem sido alvo de pollmicas IU2o só túvido à sua grande
importdncia como ~io flsico, mas talnbtm quanto ao ti[XJ de ~nvolvímento que nela se há de
empree!Uier.
Este trahaDw mostra a metodologia de estudo aplicad.n à canografia geotécnica na regúlo, envolvendo
pri.oritariam.en.te aspectos geomorfológicos, geoL:>gicos, pedológicos e evolutivos da regUlo. Com
jundamenJaçtJo na análise conjunJa desses aspectos foram eliJboroda.s tiJMla, que cOnJemplam a
qualificaçtJo das unidades, com o objetivo de ~ltUlT, de forma genérica, o planejamenJo e o
gerenciamento costeiro.

fliiTRODUÇÃO
As controvérsias que envolvem a região estuarino-lagunar em questão remootam a dois séculos posto
que ela apresenta uma série de caraaerísticas como: intellS06 processos geológico- geomorfológícus
mais ou menos recentes; grande diversidade de sub-ambientes (ffsicos e biofógJCOS); grande
mobilidade ffsica atual; alta produtMdade biológica e grande importância como área de procna e
crescimento da fauna marinha; várias atividades sócio-econOmicas (agricultura, extravi.smo, caça,
pesca, aquicultura, indústria, comércio, turismo) e qualidade ambiental sofrendo início de degradações
~rreversfveis.
A região enfocada tem sua localizaçao na porçao sul do litoral do Estado de sao Paulo.
constituindo-se ouma área com 200 km de comprimento e largura em torno de 60 km, com a~
seguintes coordenadas geográficas: latitude sul de 24-:34' a 25-:34' e longitude oeste 47"01' a 48"22'.
O trabalho aqui apresentado constitui parte de uma dissertaçao de mestrado apresentada pelo
primeiro autor e visa oferecer à ~lação e técnicos uma orgaoi:zaçao das informaçOes do meio f!stca
que possa subsidiar e permitir opçoes adequadas de desenvolvimento de região tão complexa.

METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS
Face as características ffsicas da região, aliadas à inexistencia de dados geológico-geotécnicos.
consideramos a geomorgologia como o indicador mais significativo oa companimentação dos terreno'
As bases científicas para tal acertiva estão em vários trabalho&, espeaalmente nas Cl'lOceituaçtx:~
contidas em Abreu (1983) e PO{ápova (1968), nas considerações de Ponçano et alh (1981), nas
informações de Zuquette (1987) e nas propostas de Burbridge (1986) e de Grant e Finlayson (1~78).
A definição de unidades de análise para fins geotécnicos, apoia- se no princípio de que o
comportamento dos terrenos no seu interior é satisfatoriamente homogeneo para a aoord:1gcm
(escala e objetivos) adotada.
IniCialmente, seguindo algumas apraxirnaçOes de aspectos a metodologla P.U.C.E., utilizamos, para <t
escala de 1:50.000, os padrOes de relevo como principais definidores das unidades geoté-cmca
Entretanto, também foram utilizadas, com 1mportâncta sucessivamente inferior, a.<e mformaçc'x::-
geológicas, pedológicas, de declividade, ínundabihdade e mobilidade costeira.
Na tentativa de, ao mesmo tempo, manter. um nfvel aceitável de informações: a corret::; :Jrttcula~,·
conceitual entre os ternas e a Simplificação possfvel, optamos pela sua estrutura~o em três níve1~
aniculados. Ou seja, os dois pnmetros n1vets, respectivamente geomorfologia c gcdlügu. s:.'h'
substantivos e definem as urlidades gcotécnicas, embora contenham, cada um internamcm~:. do1,;
74

&ubnlveli. A elei Je reladona a pedologla, que tam~m f01 arran)&da em dois subnlveJS de tuerarqu~a
A stmpliflcaçio cksejaáa indiCOU a pnonzaçao, sempre que poss/Vel, do trabalho oo ntvel mau.
genériCo do& lema&.
O ter~iro ntvel, que adjetiva as unidade&, incorpora trb u~ de inf~. tnaJS oo menor.
trabelhadaa, quais sejam: declividade nas e~w. inuDdabilídade nas planfca e mobilidade d&
linhas de cosa. ·
Os dado& geomorfológlco&, que compõem o pc:Uneiro llfvel, puderam ser utilizado5 como foram
estruturados (com JTUJ'O' mOrfológicn e paarOe$ de relevo • Tab. 1). Evidentemente que essa
facilidade maior é devida ao fato de termos elaborado o levantamento geomorfológico, em funçao de
sua utilizAção oeste trabalho.
A05 dados geomorfológi<:o& foram superim?CJSt08 06 geol6gico& compondo o segundo n.fvet. Não tendo
este& relação biunfvoca com 06 aspect06 geotécnico&, optamos por reagrupar a& unidades
litoestratigráfic& em c.onjunt06, chamadüf. litofógícos, mas que congregam conjunt06 litológico6 ou
ambientes de sedimentação oo assoc;açoes de classes granUlométricas sem qualquer conota~o
estratigráfica (fab. 2). Como a tnformação de interesse é seu compor!JlmeDLO geotécnico, este fo1 o
critério adotado. Entretanto, seu agrupamento •a priori" implicou na utilização de consideraçóes
genéricas, em função de características que o conjunto litológioo indica pelo seu conhecimento técniCO
tradicional e, funáamentalmente, em fuoçAo de seu cornpon.amento geral na paisagem.
Incluf!TlCJ6 a pedologia na construção das unidades geotécnicas, através de seu relaaonamemo com 06
dois primeiros temas, pelos seus agrupament06.

GRUPOS MORFOLóGICOS PADROES DE RELEVO


Serras e Montanhas (1) Altas (IA)
Baixas (IBl
Princi Morros e Montanhas (li) Declivosos (liA)
Baixos (IIB)
palrne!! Paralelos (liPl
. Morrotes (lii ou vazio) Declivosos (IIIA ou A)
te Menos Declivosos e de Base
Maior (IIIB ou B)
Degra- Sub-Paralelos(IIIP ou P)
Com Amplos Vales Rebaixados
dacio- (IIIC ou C)
. Colinas (IV ou Vazio) Altas,Pequenas e Declivosas
nais (IVa ou a)
Oe Base Grande e Pouco Decli-
vosas (IVb ou b)
Com Vales Sub-Encaixados Sub-
Paràlelos (IVc ou C)
Tansi- •Formas Coluvionares• Rampas (V R ou R)
cio- {V ou vazio) Coluviões (V co ou co)
na ia Depósitos Colúvio-Aluvionares
(V cf ou cf)
Princi Plan1cie (VI ou vaziol
palmen/ ~~La~o~un~a~(~V~I~!~o~u~v~a~z~io~)--------~~~~~~~---------------
A~r.!lda- • Plataforma (VIII) •Rasa • (VIII r)
ClOnalS Funda (VIIIf)
Tabela 1 - Unidades Geomorfologicas

Para tais fins geotécnicos, agrupamos as classes pedológicas e suas associaçOes (conforme estão
mapeadas), utilizando como critéri06 a profundidade, a textura, a variação textura! e a capacidade de
troca catiónica (C.T.C.), segundo interpretação extraída das descriçóes coletadas de Lepsch (1987) e
Lepsch et alü (1~). Assim obtivemos os seguintes agrupament06 (fab. 3).
As relações, grupalmeote estabelecidas, entre geologia, geomorfologia e pedologia, através dos
conjuntos litoiOgico&, grupos morfológiCOS e agrupament06 pedológicos, respect!V8nlente, podem ser
simplificadamente vistas na Tab. 4.
No terceiro n.fvel, com qualificação das unidades geotécnicas, mapeam06 três tipos de informaç.ões
escolhidas por terem mais significância e representatividade. especialmente espaoal, que outras
oualificações.. As informações trabalhadas sao produt06 de 10terpretaçOes de dados diVersos, onunda&
de outra& campos que não só a geologia e a geomorfoiogia, e apresentam limltes areolares e
75

SÍNTESE E QUALIFICAÇÃO
Após a avalia~ qualitativa de cada grupo morfológico e suas variaçOes constatamos que, embora
tenhamos multas possibi!Jciades de cruzamentos entre os parâmetros do meio fisico, mesf!JO que
agrupados, existe urna hierarquização entre eles e apenas algumas variações (de forma e constltutção)
76

têm -~ .seot~ reievantemenu di/~. A.Mim, em cada JrUpo morfoióJ!cO, e


considerando e» pedrOa óe relevo, as unidades geolóp:as e peóológic& reagrupa!T)()S as un~
geot6cnicaa a pmtil' de w& ~ JX*!i~. mantendO as mais &ignif~Catrvas. Deita fOI'lnQ
estabeleoemc. oa IJl'UparnentOI ~m OOI'JSidef'ldos relevsntC$ que corulluuem a primeira
coluna da Tabell 6.
Neau tabell estruturam<» as an&lile$ qualitathta$, na qual as linhai repreaentam as w~
geotecnicamenu slpficatlvai e tw coluruu constam as c:aracte~ (atribute») e as pouib~
ae utiii.zaÇ:Ao DO ienlido da maior complexidade e inte~. Para cada quesito, os agrupamentos
foram Clas&il'ieadoa em ciMO ~ sendo que essa Clau!~ nao se baseou em ~
pré-definídas de cada atributo ou poasibilidade, e sim na análise qualitativa.
Com a ilntese e a qualific:açAo pudeiD(Jt obter uma obsei'"VSÇâo geral e uma anál.i!e comparauva.
retificando ou ratificando as avaliações e coocluaôe&, obtendo assim u013 coerência geraL
Para a declividade, com base ruu ~adotadas, baseam0-006 aproximadamente, numa média geral,
priortz.aodo as ~ mais problemáticas. Para a capacidade de supone con.síderaJllOb
fundamentalmente a compressibilidade dos solos. Já a instabilidade natural t indicada, quase que:
diretamente, pela geomortoiOP.a A erodibilidade foi ctassi.ficada a partir das classes pedológicas e
heterogeneidade na permeabilidade. O quesito tendência a assoreamento levou em conta a dinâmica
da regiao, de oode avaliamos as consequências de uma sedimentação esperada. A permeabilidade
coo.sidera o solo isoladamente e a avaliaçáo é feita em fu~o de sua granulometria e estruturaçao. A
distAncia entre a superficie do terreno ao lençol freáuco embora tendo condicionantes com a
permeabilidade ou espessura de alteração é fundamentalmente controlada pela topografia e sua allura
relativa ao nfvel de base. Adotam<» o quesito infiltrabilidade para compensar as deficiências aa
permeabilidade que toma o l!Oio isolado, independentemente de sua pd6ição DO terreoo. A
muodabilidade significa uma compo6içá0 com base na umidade.
Os quesitos apresentados formam, a grosso modo, um bloco dos mais básicos e a segutr
apresentaremos os ~de caráter interpretativo.
Optamos por avaliar a necessidade de aterrc6 em fuQÇão das características da região onde existem
grandes áreas baixas inuodávei.s e com solos moles. Destacamos a disponibilidade de material para
aterro em função llâo 16 da pequena oferta desses materiais como também das caracterfsticas e
propriedades. E.ue& dois ques~tos são decididamente os responsáveis pelo quesito aterros também
eoostante na tabela.
Na dispooibilidade de material para OC'lrlStr1.lção cMl consideramos .?li quesitos argila para cerâmica
vermelha, areia e material pétreo. Para a disponibilidade de utilização de águ.a superficial para
abastecimento coosideramos a quantidade, porte e posicionamento dos cursos de á~a. Da mesma
forma, e com base em conhecimentos oossos sobre a região, estirna.IllOI as possibilidades de águas
subsuperfici.ai.s e subterrânea. AI, condiç:':les de saneamento resultaram da avaliações conjunta de
atributos como cleciMdade, inflitrabilidade, distância do lençol freáúco, etc. Para os cortes e
escavaçOes influenciam diretamente os quesitos dec!Mdade, instabilidade natural e dificuldade de
escavação. Para o ítem fundações consideramos a capacidade de suporte, a instabilidade natural como
quesitos prioritários incluindo eventuais problemas associados às ded.ividades elevadas.
Fmalmente procedemos a uma qualificação geral de cada agrupamento na qual mais que uma média
das qualidades de cada quesito, houve uma ponderação a favor dos mais evolufdos nos cruzamentos e
dos mais importantes quanto ao uso e ocupação. Além disso, quanto mais desfavoráveis as qualidades
e mais ligadas a usos, mais importantes os quesitos.

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Cananéia (e Ilha Comprida): Exemplos de Geologia Aplicada ao P\anejamenr AmbJeütal Costetro.
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TESSLER, M.G. (1982)- Sedrmemação atual na regiáo lagunar de Cananéia lguape, Estado de São
Paulo. sao Paulo, IG-USP, 2v (Dissertação de Mestrado).
77

Coe junto& OWIDADU


~!~2!§i!:Pt _____ _ LIT0~8~TIGRA7ICAB

c ----------------------------------------------
• Collllpl.exo It&Uns lc:harnokitoa, III"&nulitos,
a etc) Cek)
I • Mi~tito-9naissea transa.as6nicos (ai)
s • Granitóióes transaaa:!nicos (ai~titoa, 9ra
T •ni9DAtitos• (ai nitos-tnais5es, ;ranitoa (' 0 1 -
A • Oltrabisicas-alealinas o sienitoa intrusivo 1
L
I ------------------ __ j~r2:~r!~~!~2!-~1l-----------------------­
•Mi~tito-xisto•• . Mi~titos com paleossóma xistoso dominante
Jll
o (a/xl (da Sub-Sequincia Miqaatlticas da Sequincia
s
----------~-------r:-~;v~~l!!!!;!:!t;;~~~;-~~---;~;;~i~~i;
•xistos• (x) Cajati da Sequincia TUrvo-Cajati) (xt)
------------------ ~.!!!~2!_1~-!!~!~E!!_ç!E~!f!l_l~El _______ _
•ouartzitos• (q) • Quartzitos (da Sequincia Turvo-Cajati) (qt)
------------------ ~-~!f~!!~~!.l~-~!~!~~!!.Ç!E~2!!f!l_Jg:l ___ _
• Granodioritoe e qranitoa (sin a pós cinemáti
coa brasilianos) I Y1l -
• Granitos alcalino& e associados (pós-cinamá-
------------------ --~!~2!-~f!!!l!~!l.J!il ____________________ _
s • rm. Pariquera-Açu (conglo.erados, areias,sil
E '"Fluvio-torren- tes e argilas plio-pleistocênicas) (pal -
D ciails (t) • Fm Alexandra (areias arcoseanas e argilas va
I __ r!~i!~!!l.J!!l _____________________________:
M
E rm. cananéia (areias marinhas, ciaentadas ou
18 não, plaistocênicas) (ac)
T
Areias marinhas bolocênicas (mal
A Areias praias recentes (pr)
R Areias aarinhas com retrabalhamento eólico
E __ 1!!-~~!!l_J~~l----------------------------­
s Sedimentos indiferenciados (predominam depó-
•Fluviais e mis- sitos flúvio-laeu5tres mais ou senos delga-
E tos (f) dos/holocênicos? - sobre areias provavelmen-
M te aarinhas/pleistocinicas?) (fi)
E • Areias e argilas (e siltes?) fluviais holocê
R --~!~!!.1!11 _________________________________:
s ------------------ • Depósitos turfáceos (tf)
0
s •Orgânicos• (o) • Argilas orqânicas de mangue holocênicas (nor
malmante sobre posta. e areias Laqunares (?}

•eoluvionares•
--1~1----------------------------------------
• Coluviões (rampas de çelúvio, corpos de ta-
(c) lua, etc) (co)
• Depósitos colúvio-aluvionares (inclui cones
--~~-~~j!iª2l.J~!l ___________________________ _
s s • Argila siltosa (ags}
E O Arqilu . Arqila silto-arenosa (qsr)
B Mistas (e) • Argila arenosa (agr)
IM • Silte argiloso (sag)
E
R ~.ê!1~.!ES!!~:!E~~~!~_J!2!l.-----------------
s • Silte arenoso (sarl
A • Areia argilosa {ragl
s Areias Mistas (i) • Areia siltosa (ars)
~-~!!!_!!!!~:!ES!!~!!.lf!Sl _________________ _
Areias • Areia {ar)
ê~~E~!~_J!l._TÃBEÊÃ~!~!õif5~!!~iõ~ibis--------------------
78

AGRtJP~ CLASSES PEOOLÕG!CAS


DE SOLOS E/OU ASSOCIAÇÕES
1 -Li + 1t
--------------
2 -----------------------
-Ca-2
-PVa
-------------- -ca-l
3 ------~=~----------~

~-------------- ------1~--------~----J

------~-------1------~~:-~----------~
I -Ad + Ga i
i -Ge + cd ,.

------~-------1------~~:=~§ _________ l
Od+OS + G
SM

TABELA 3 - ONIDADES PEDOLÓGICAS

AGRUPAM.
""* CONJUNTOS LITOLÕGICOS**
PEDOLOG. m m/x x q g t e f o
f1
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lll -r r- -~-
2 --- -]
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C. 'O
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III 2 e 3
IV -3-
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__C! 2

~ VI

TABELA 4-RELAÇÕES GEOLóGICAS "LATO SENSU" (GEOMORFOLOGIA x GEOLOGIA x


PEDOLOGLA) DAS ONIDADES GEOTtCNICAS.
* vide tab. 1 ** vide tab. 2 *** vide tab. 3

DECLIVIDADES NIVEL j
------------------
MUITO ALTAS 47\ :±
-------------
~-------~!~------- -~Q-=-~2! ___ _
>
-----;----l
~DIAS e +f 12 - 30% e -----~----l
---~º!!!;~~!~~- --;-:-!;! ___ _ -----------1
~------------------~-------------
MUITO BAIXAS I o - 2% -----;----1
TABELA 5-(adaptado de Xavier et alii, 1989)
CLASSES DE DECLIVIDADES
79

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• Queaito• • atributo• e/ou aolicitaçÓe:a •eeoté.cnic.aa• p«Ta po•s1bilid.adea da! u.o1
... Vide tabelu 1,2,3
_.. lla!.u Decl1vid4de deauca<lo do aaciço <tláo eclÚ'rio)

(l' -O b{ten (-) &~epara aúabolo• de claaaes c1U.t!.nt.u. & rirs:ula(,) aep4r& oÚObolo• ele.,.,..., claue, os
quda úe JeOtecllicaaente aunlan••
{2) - Oo poomteaia ( ) ai;Dific:aa oeorrência cl.4r,_,u 1111Dortt.ária.

{3) - 0 &~to Ill-t 1JBpl1ca ~ cde e pood.riio lliC predaaica, liiU ceaae padrão O IIUbatrato XiJto- t
110 (x) e o a~to pedol<>t;ico 3, e eó toi ela.,1f1cado aep4raclammlte !>OG cuo• • que oua ea-
raeter!attca ....n:.&I:te é ,...11 nlO!'VaaU, e o c11fenneia do III-x, a/:r-l.

(4) - ú wbdivieÕe• c1o :rupo !V !.nd1c:aa que oro predaaica o poodriio de nleTc, ora • 1111id4c1a polÓJ1c:&,
...... ele qualcr.>rr IIOdo co IVc oco,...,.... predaainm>teooente o su!>ctratc x, t &Ubord1.....,_,t• o a. O !V
!ao lado •1a:nifica que uae ~te en&loba to4&& aa cleaaia pou!bilidadea, u:clua1•• •• aciaa
=;> 11 e i t&dAa.

(5) - Oo ColÚ'r1oo (c) t u l'lcl:ciea (!V) téa a 8Ul>c!1vi.Jo.Õo poaorfoló;tca e a Je<>lÓgic:.a auuaic!amente co!.!:
c:idenua.

(6) - lu unidAdes JeOló;icaa que "" revela""' •1$n!.fl.cath·u de> po<1tc elo ...Uu JeOtKnieo, tora elo fato
oa c:onj\lDtOII litcló;teoo (e/oo aaaociaçÕes elo cluses te.uu:ra1al, • ...,.,. c1o e.aoo do• eolÚV1oa (c)
do JTilpo V e to4&a as variações d4a J>J.an!ciea (Vl), cede o• conjunto• .l1tcló;1coa Dbientes <•!""'
doe udi.Kntaç:ão} c~de:-• lugar • e:uas eu~iTi.sÔe.s, eocfoT"'IIIt eonat.a DA.J: ta.belu 1 e 2...
80

TEORIA DO CARREAMENTO: ANÁLISE DOS 25 ANOS DE


EXIST~NCIA

NOGUEIRA, lodo Baptista


Profe&SO!' , EESC - USP
RESUMO
Um histórico da teoria do caneamemo. proposta por Silveira (1964). e moaificaçoo propostas ao longo
iUsse tempo, bem como. wna tmáli.se dos ~ados aperimentais obtidos em tTés pesquisas. sdo
apresenJ.ados, e a apli.cabilitúuk da teoria do caneamemo, ao dimuuionamenJ.O de filtros de proteçdo,
em face. das dificuUJ.ades de obte1'1Çdo dos dados e:rperimemais, também, é analisada.

!.INTRODUÇÃO
O mteresse maior do estudo do carreamento de partfculas em um meio por060, está oa sua aplicaçao
ao dimensionamento de filtros de proteção, que att 1964 tinha apenas o aittrio de Terzaghi.
A partir de 1964, com a proposta de Silveira sobre a teoria do carreamento de partfculas em um meio
poroso, outra opção foi aiada para o dimensionamento de filtros de proteção.
Dois trabalhos experimentais; realizados por Nogueira (1972, 1977) apresentaram o projeto do
equipamento utilizado nos ensaios, uma nova interpretação sobre o vazio interno, bem como, os
resultados de ensai06 com sol06 bases coesiv06 e granulares.
Um trabalho realizado por Tsutiya (1982), mostrou a influência da forma da partfcula no diametro do
vazio e a dificuldade de se obter um estado de máxima compactação.
Os resultados experimentais obtidos, mostraram-se incapazes, devido às dificuldades próprias das
variáveis a se medir, de fornecer qualquer subsfdio à melhoria nas equaÇOes teóricas (NogueJra, 1981,
1986) e que a forma da partfcula ter uma influência muito grande oa curva de distribuição de vazios
(Nogueira e Tsutiya, 1982).
Em face d06 resultados comparativos, se fXX!e afirmar ser muito diffcil a obtenção experimental do
gráfico, diame.tro das partfculas, distancia de carreamento, usado no dimensionamento de filtros de
proteção.

2. HISTÓRICO
Em 1964, Araken Silveira, professor do Departamento de Transportes da Escola de Engenharia de
sao Carlos da Universidade de Sao Paulo, em sua tese de doutoramento, analisou o carreamento de
partículas em um meio granular heterogêneo visando , fundamentalmente, o dimensionamento de
filtros de proteção. .
O problema foi encarado sob o ponto de vista estrutural, sem qualquer análise hidráulica, admitindo a
enstência da percolaçâo como fonte de carreamento de partículas em uma dada direção.
O objetivo deste trabalho era o de "indicar um estudo sistemático do dimensionamento dos filtros.
compreendendo com isto, náo apenas o estabelecimento da granulometria mais adequada, mas
procurando relacionar com a espessura necessária, tomando-se corno ponto de partida exatamente a
pane que ainda ná.o conta com nenhum processo ou nenhuma base teórica maJS profunda, e que se
refere ao carreamento".
Para análise do carreamento se tomou necessário determinar a curva de distribuição dos vazios.
semelhante à curva de distribuição granulométrica, formados pelo material granular e determinar a
distancia percorrida por partfculas do solo base, através dos vazios do filtro.
A curva de distribuição dos vazios é obtida a partir da transformação da curva granulométnca
contínua em outra discreta, inicialmente, representada por 5 diâmetros que estao em urna relação
préflxada pelo autor, e por suas probabilidades de ocorrência correspondentes às suas percentagens de
ocorrência.
Com a introdução do uso dos comgutadores, no Brasil, foi possfvel discretizar a curva em dez
diâmetros, cada um representando 10 ?o de ocorrência destas partículas.
Para a determinação dos vazios foram feitas hipóteses sobre, a forma das partículas, o estado de
compactação do material granular e sua distribuição volumétrica; assim, todas as partículas são
esféricas, tangenciando-se três a três e com uma mistura homogenea, evitando-se a segregação de
partículas.
81

Cada configuraçao adotada, cria um vazio central de forma irregular, l??f oode poderão passar
partfculas de tamanhn!l mellOrel§ do que ele. Para sair do estudo do _problema oo espaço, Silveira
(1964), utili:z.ou o p1soo que paí!S8 pelo centro das tres esferas, reSultando tres circunferências
tangentes, _representativas das partícUlas, e um vazio interno. O diâmetro da circunfer!ncia que
tangencia, intemament~ u outras trb passa a representar. o vazio formado pelas três partículas,
conforme mostrado na .rtgura 1. (a).
Para se calcular o diâmetro do vazio, com o uso do computador, se utilizou a equaçao:

{ [d(i) +d(J) +d(k) ]d(l)d(J)d(k)} 112 :::: { [d(l) +d(J) +d(v) ]d(i)d(j)d(v)} 112

+ {[d(i) +d(k) +d(v)]d(i)d(k)d(v)} 112 + {[d(j) +d(k) +d(v) ]d(J)d(k)d(v)} 112 (1)

onde d(i), d(j), d(k) são diâmetros representativos do material de filtro e d(v) o diâmetro do vazio.
Como o primeiro membro da equação é conhecido, o diâmetro do vazio é caiculado por um processo
interativo.
Com awdlio da análise combinatória foram calculadas as combinações, que formam vazios de
diferentes diâmetros, das dez partículas tres a três, obtendo-se um total de 220 diferentes diâmetros,
distribuídos ooofomle mostrado na Figura 2. · -
A probabilidade de ~ocia, p(v), de um vazio, d(v), devido a uma configuraçao qualquer, é igual
ao produto dai probabilidades de Oi:lon'ência de cada uma das partkulas.. Cada uma das cOnfigurações
moStradas na Figura 2, poderá gerar o mesmo vazio, um numero de vezes igual às permutações
possíveis de ocorrer entre os tres diâmetros. Portanto a probabilidade de ocorrência de um vazio será
calculada como mostrado na óltima coluna da Figura 2. Com os pares de valores [d(v), p(v)], obtidos
pode-se traÇar a curva de distribuiçao dos vazios, do mesmo mOdo que a curva granulométrica do
material do filtro, figura 3. ...
A descriçao feita até aqui, representa na prática o estado de máxima compacidade de um material
~anular. Com a intenção de extender a teo.ria, a um estado menos deDSO porém estável, Silveira
( 1966) a configuração de 4 partículas se tangenciando, mantendo-se as hipóteses de partículas
esféricas, e distríbuiça<> ao acaso e representadas por 4 circunfertncias, Figura 1. (b), no plano que
passa pelo centro de três delas, onde a quarta é representada pela projeçao neste plano. O diâmetro
do vazio, definido do mesmo modo que para o estado compacto, não pode ser equacionado em
função dos diâmetros das partículas e para seu cálculo foram criadas tabelas a partir dos diâmetros
representativos da curva ~ulométrica discretizada em 5 diâmetros, Silveira et alii, (1975). A
probabilidade de ocorr!naa de cada vazio, é calculada da .mesma forma que no caso anterior, e a
curva de distribuição de vazios para um estado menos denso poderá ser desenhada, Figura 3;
Para a análise do carreamento, serão utilizadas as curvas de distribuiçao dos vazios e a ~nulometria
do material de base, admitida as condições hidráulicas necessárias à existência do fluxo, Figura 4. As
duas verticais, passando por d(v,min) e d(v,máx), dividem a curva granulométrica do matenal de base
em três partes, ·
%
(I) d <d(v,min) P(I)
(ll)d(v,min.)< d <d(v,máx) P(II)=100- (PI)- P(II) (2)
(!TI) d >d(v,máx) P(ID)
Na parte (I), P(I)% das partículas dó material de base têm diâmetros menores do que o menor vazio e
portanto, teoricamente, devem atravessar o filtro qualquer que seja a sua espessura Na parte (III),
P(Ill)% das partículas não conseguiráo penetrar no filtro por terem diâmetros maiores do que
d(v,nláx). Resta a parte (TI) oode P(II)% da! partículas têm diâmetros entre .o mínimo e o máximo
vazio, póderao ~netrar oo filtro uma distância maior ou menor, dependendo dos vazios encontrados.
Assim uma partfcula d qualquer realizará n confrontos, com os vazios do filtro, até encontrar um
meoor do que ela e parar. Esta partfcula terá caminhado uma distânciaS no filtro.
Para calcular o e S, de uma partfcula d qualquer de (II), Figura 4, primeiramente, será admitido que a
percentagem de diâmetros de vazios, P(v) maiores do que d represente a probabilidade de que esta
partícula encontre um d(v) > d, e se os confrontos ocorrerem de forma independente, a probabilidade
de que ela continue passando em o confrontos será P 0 (v), e a de que ela não passe será 1 - pn (v).
Estabelecendo-se um nfvel de confiança, P', de que a partfcula não passe após n confrontos, deverá ser
=
satisfeita a condiçao 1- P 11 (v) P', e portanto
log(l· P')
n=
log P (v) (3)

a distancia total provável S, com P' de confiança, que a partfcula d penetrou no filtro, será o produto
da distancia percorrida eQ1 cada confronto por n. A distância em cada confronto foi estimada igual à
média geométrica dos diâtrietros dos grãos usados no cálculo dos diâmetros de vazios. Assim,
82

aoeo · P') (4)


S-=
101 P (Y)

com 06 pares de valores (d,S) pode-se traçar 8' curvas de penetração, para cada nf'vel de confiança
deseJado, Figura 5. Para se calcular a d!Siância mtdia de peoetraçAo de cada partfcula, foi feita uma
análllle pelai C'..adew Absorventes de Markov, tendo-se chegado àa equações

1
··--- 1 • p (Y)
(5)

e que permite traçar a curva m6dia, Fígura 5.


Com as curvas de penetração, para cada nlvel de confiança, se está em coodiçOes de dimensionar o
filtro para um dado material de base, jogando-te tanto com a g:ranulometria dO filtro, quanto com a
sua espessura, para um nf'vel de coofiança de projeto.
A análiSe do que poderá acontecer durante o funcionamento do filtro, indicará a formação de
camadas, com diferentes granulometrías, devido à contaminaçao das partícula$ do material de base.
Com a intençao de facilitar os c:álcul06, para o catado meD06 denso, utilizando o computador,
Nogueira (1912) introduziu o cooceito de âlâmetro do vazio equivalente, como tendo o diametro do
árculo de área igual a do vazio interno, Figura l.(c,d). M fórmulas que permitem o cálculo do
diâmetro do vazio equivalente, para amb06 06 estados, eatao mostradas na "Figura 6. Na Fígura 7 esta o
mostradas as fórmulas de cálculo do número de vazios diferentes, ~ra cada configuração, para um m
qualquer e igual a 10, bem como suas probabilidades de ocorrtocia. Para o estado meDOS deoso a área
do vazio é função, apenas, de um das Angulo5 do quadrilátero e ela apresenta IOIDente um máximo.
Na obtenção do V37JO máximo, optou-se pela apraximaçAo sucessiva, com o uao do computador, em
vez da analftica, como indicado a seguir.
- Adotou-se o ângulo a, interno ã circunfertocia de maior diâmetro, como variável independente e
calculou-se o seu intervalo de variação.
- Adotou-se um incremento de variação do ângulo a.
- Para cada a, foram calculados 06 ou~ ângulos e a área do vazio interno.
- Incrementar a e repetir o cálculo da área do vazio, até gue seja atingido o valor máximo,
adotando-a como a maior possf'vel de ser formada pelas partfculãs. .
Para o cálculo das probabilidades de ocorrtocia foi mantidã a proposta de Silveira (1964).
RESULTADOS EXPERIMENTAIS
Até o presente, apenas 3 pesquisas experimentais, em laboratório, foram desenvolvidas no Brasil, com
a finalidade de se verificar a teoria do carreamento. Isto pode estar ligado às dificuldades de realização
dos ensaios, tais como, tempo muito longo, estado de compactação do filtro muito diferente dos
estados limites, impossibilidade de se obter as curvas d - S, influ~ncia da forma da partfcula no
tamanho do vazio e outras mais.
No primeiro trabalho, Nogueira (1972), foram usadas 2 areias médias com filtro com Cu e 2 e 4 solos
bases coesiv06; o tempo de duração óe cada ensaio foi da ordem de 180 dias. O& resultados obudos
permitiram, apenas, identificar que para os solos bases menos coesivos, houve uma mudança sensfvel
na cor do material granular. Nenhum resultado que quantificasse a distancia percorrida por uma
partícula, foi possfvel obter.
No segundo trabalho, Nogueira (19TI), com a experiencia adquirida, redesenhou o eguipamento e
usou materiais granulares mais grossos (brita, pedrisco e areia média), com os dois pnme1ros tendo
pa.rticulas com forma não esftrica., com c. e 2. Como base. foraD:1 usados dois IOios coesivos,
compactados com diferentes graus de compactação, e uma ama. Dois grandes grupos de ensa1os,
foram realizados: filtro-base granular e filtro-base coesivo. Os resultados obtidos DO primeiro grupo,
mostraram influencia da forma da partícula, pois, os filtros mootad06 com areiB. méd1a-are.18,
apresentaram valores mais próximos dos calculados, em termos de curva granulomttnca, Nogue1ra
(1981). Os resultados do segundo grupo não permitiu uma avaliação da validade de aplicação da
teoria ao coojunto, Nogueira (1986).
O terceiro trabalho, Tsutiya (1982), tinha como um dos objetivos medir a influtncia_ da f?OTia da
partfcula DO vazio. Foram úsados um pedregulho e uma brita, com mesma granulometna e diferentes
iormas das partículas, Cu !':! 1,4, e Ó(máx) =30 e d(min) = 9 mm. A tentativa de se chegar a um
estado de compactação máximo, para ambos os materiais, não foi atingida, tendo-se formado
configurações com 5, 6 e até mais _grãos, ~ogueira & Tsutiya (1982). Os resultados mostraram uma
boa correlação entre diâmetros rerus e teóncos, mas não fot possfvelmtrodu:w- um fator de forma nas
fórmulas teóricas.
83

CONSIDERAÇÕES
No exemplo dado por S!lve1ra (1964) para Ilustrar o duncns1011amen10 de um filtro. f01 usadP come•
material granular de c. 111 3, d(máx) "' 7,0 e á(m1n) • 0,08 mm A curva ác VB7JO rc!'.ultantc c~:;;
m~trada na figura 8, onde d(v,máx)::: 1,10 e d(v,mm) "'0,012 mm
Comparando os diâmetros das partículas do filtro com a dos VBZJO', tal como é feito para o matc:nal de
base, tem-se: 26% das partfcul& do fillro 1tm diâmetros ma1ores do que á(v,máx); ZR% dos vaz1os S-:l<'
menores do que a menor partlcula, mas 46% das partfculas do filtro têm diâmetro entre 06 dm'
Embora as curva" apresentadas não estc:;am representando uma realidade, o exemplo mostrado. c:r;,
uma aphcaçâo da teoria à prática. E nesse caso, os vauos maJores serão ocupac:h. por panlcu la,
menores do que eles, do próprio filtro, deccando de existir um deslocamento da curva de vaZJos para o
esquerda, e modificações na análise do carreamento do solo base. A curva de vazios de 'S1tveJra. só
terá validade na anáhse do carreamento, se o material do filtro for uniforme.
Pensando em materiais bem graduados, Tsutrya (l9&í), propõe o cálculo da curva de distribuJçao d~
vaz1os. a<;.<;umindo válidas as htpót~ de SJtve1ra, e aamumdo que o material granular pos..<.a ser
repartido em fração grossa e fração fina. A fra~ grossa forrnana a estrutura pr1rnána e a' pdrticula~
finas ocupariam os vaziO& desta estrutura. com ISSO resultando uma curva de vazios mais fma.

CONCLUSÃO
A teoria proposta por Silveira (1964), nao é de aplicação tão ampla quanto sugere o autor. Quanto a~1
cálculo dos vaziO& tangentes, para um estado de máxima compactação, ela se aplica para um matenal
uniforme. mas náo se aplica a um material bem graduado. A forma das partículas tem uma inlluénc1<J
marcante !)()& vazios formados, para ambos os upos de materiais, mas os resullados dos ensa1os não
permitiram a introdução de fatores de forma corretivos das equações teóricas.
Os resultados dos trabalhos experimentais. n~o permitiram obter as curvas d- S, e com elas mtroduZJr
fatores de correçao.
Na interface filtro-solo base coesivo, os resultados obtidos não m~traram a viabilidade de uso da
teoria.

BIBLJ OG RAFIA
NOGUEIRA, J.B. (1972): Estudo experimental do carreamento em filtros de proteção, EESC-USP.
123 p (Doutoramento).

NOGUEIRA, J.B. (1977): Estudo do carreamento de panfculas em um meio granular-aphcação a


filtros de proteçao, EESC-USP, 107p. (livre-:Docencia).

NOGUEIRA, J.B. (1981): Uma apreciação da teoria ào carreamento e sua aplicaçao a filtros de
proteção, SNGB, 1&"; l(fema 2): 313-339.

NOGUEIRA, J.B. (1984): Análise do comportamento do conjunto, solo base coesivo-maten;,:


granular, quanto ao carreamento de partículas, COBRAMSEF, gs::, IV (MS-2):61-7 I.

NOGUEIRA, J.B. & TSUTIYA, AM. (1982): A influência da forma da partícula na curva de
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84

ESTADO VAZIO CONFI GURAÇÂO

(i} p (i l

COMPACTO
(j l p (jl d (v l

( k) p ( kl

d (i l (i}

d (jl p (j l
MENOS
DENSO d (v )
d {k) p (k l

(d) d (! l p (.{)

Figura 1 REPRESENTAÇÃO PLANA DAS PARTÍCULAS ESFÉRICAS

VAZIOS DIFERENTES N• CE PROBABILIDADE DE


CONFIGURAÇÃO
m: 40 PERMUTAÇÃo OCORRENCIA - p (v l

C».
d (i l. p (i l
m (m ·1}(m ·2}
d(j).p(j} 120 6 6 p(il. p(j}. p(k}
6
d ( kl, p (k}

qJ .
d (i l • p (i )
d (i). p (i l
d ( j} • p ( j l
m (m -1 )' 90 3 3l·ti). p (j l

.
C(?
.
d (i} • p (i l
d (i l • p (i l
d (i l. p ( il
m 10 1 p3 (i l

Figuro 2 ' NÚMERO DE VAZIOS - PROBAS I L IDADE DE OCORRENCIA


J
85

ESTADO COMPACTO :

.,.
A
CURVA 1 : VAZIO TANGENTE
2: VAZIO EQUIVALENTE
c
u
N
u ESTADO MENOS DENSO :
L
A CURVA 3: VAZIO TANGENTE
o 4: VAZIO EQUIVALENTE
A

Figura 3 :CURVAS DE VAZIOS

o
I
A Ã
c u
..u u
fR
L o
A
~
(lo91

Figura 4 : ANÁLISE 00 CARREAMENTO Figura 5 :CURVAS !E PENETRAÇÃO

CONFIGURAÇÃO ÁREA DO VAZIO

S(vl={~[dtiJ+d(j)+d(kl] d(Í)d(j)d(kly
12
-

t 2
[0:d til+ pltil+:fd tkl]
2

VAZIO : ÁREA A' B' C'

s (v l = 1- { [d til + d (i l] [ d (i l + d (f l] sen Cl +

[dtjl+d (kl][dtkl+ dt~l] sen't-

VAZIO : ÁREA A' B' C' O'


d(i).d(j), d (k),d(

Figura 6: FÓRMULAS PARA CÁLCULO 00 VAZIO EQUIVALENTE


87

ANÁLISE DO C0j\1PORTA~1ENTO DE ESTACAS


PRÉ-~10LDADAS DE CONCRETO

SAlVTOS JUS/O R, Olavo Franwco dos


MSc .. UNES?- Guaratinguetá
ALBJERO, José Henrique
Dr. Engenharia, EESC-USP

RESCMO
Analisa-se o COIT'.portamenJO carga-recalql.u tú estacas pré-mol.dtui.as tU cOIICreto, alTavts tU diversos
méJOdos. Comparam-se os recalq!.u:J estímtJ.dm peh< várias métodos com os recalques ~dü:io.s em
provaJ iÚ carga. As prova.' iÚ carga foram eucutadas em estocas cravados em dois tipos tU solos, um de
comportamento granular e o mmo coesivo. Utiúzou-sr na obtenção dos par~tros do solo. correillções
emp{nca.~ com valores do SPT. Para os métodos anah.sados. in.dicam-se os qw apresef'IUJTam melhores
re.rul.uulos !'lOS dots tipos de solos.

1. Ir--.'TRODUÇÃO
O uso de estacas como fundacões de estruturas, normalmente, se faz necessário para transmitir os
esforços para camadas mais resistentes localizadas a maiores profundidades.
E.<..<.a transmiSSão de esforços deve ser feitâ de forma a garantir que nâo ocorra a ruptura do solo de
apo1o nem do material da estaca Além disso, os recalques produzidos nâo devem prejudicar o
funcionamento da estrutura.
Dessa forma, para a previsão adeq<Iada do comportamento de fundaÇóes por estâcas, além da carga
de rup<ura, é necessário a e5limativa do recalque que a estaca sofrerá sob açAo da carga de trabalho.
VIS8ndo selecionar-se a melhor forma para a obtenção do recalque de estacas, realizou-se um
levantamento d06 diVersos métodos já desenvolvidos. Em seguida. comparou-se 06 recalques previstos
pelos vário6 métod06 com os obtidos em provas de carga, Santos J r. ( 1989).
Os métodos para a previsão de recalques podem ser agrupadas da seguinte forma:
- Métodos elástiCOS. baseados na teoria da elasticidade, que utilt.z.am princtpalmente a equa~o de
Mmdim para o ca..s0 de uma carga a,2licada no mtenor oe uma mas.<.a semi-infmna (Buttertelc e
Baneqce, 1971; Aok: e Lopc<. 19'75; rouios e Da>'!.\, 1980, Randoiph, 1985).
- Métod06 baseados na transíer~nc'.a de carga. que usam reiacOes entre a resist~nc'.a e o rllO'>imenw
da estaca em várias pont~ ao longo do fuste e na pon:â (Coyle e Reese, 1%6: YesiC, 197':':
Chnstoulas, 1981; .AJonso. 1981; StP..-a et all. 1982: Ferretra, 198'5).
- Métodos númericos. pnncíj)álmente o método à~ eiement~ fmnos (Poulos. 1977).
Neste trabalho, apresentam-se apena.' os métodc-6 elásucos. por terem sido 06 que apresentaram
resultados mais consiStentes.
]'ta aná!tse fOíam utilrz.adas dez pro.a.' de ca:-g;: executadas s...1t>re estâcas cilíndricas. sendo qua:ro
real!Z8da.s em solos predornmamememe granulares e seis em soto5 coes1v06.

2. MÉTODOS EL.\.sTICOS
~ constderad06 métodos elástiCOS. aqueles que admitem que o solo adJacente e a interfa-::c
estâca-solo estão na fa.<.e elástica.
la)Butterfíeld e Banerj~ (19il).
Apresentaram gráficos que expnmem o recalque do topo da e.sülca para uma dada carga apilcada P,
e;;; função da reL:lçao Ud e d2 reiaçao ). entre o módulo de Young do mate na! da estaca e o m.'ldJk'
ctsalhante do solo (G) para um matenal de coef!Clente de Poi.s.>on rgual a 0.5.
F!ÇUI"O I -

(b)Cooke (1974)
.'\presentoo uma ap;OJOmação
mC...1mento do solo· adJacente a uw
A análiSe admite aue o re...ãlcue se
mterface estaca-solo, F;gura 2 '
Em qualquer nfvel O X do e\emencc .ABCI~
s.ofrerá deformé~O Ct.salhante A'B'CD'
Na superfíae exrem;; dt cada ciememc oue n2
superfJae mtem;;, uma vez qc;;:: a

=ig:Jrc 2 - R e~ c c-'2
89

Segundo o autor. o recalque fX.'lóe IOCr cscruo como:

{',. J> .lmml ,.{~ Ln(2n)


~

onde
P "' carí!a apllcaú<l sohre a estaca
=compnmeoto da c~taca
L
~ z: m(>Julo de ela.-,tic•daJe do solo
v =
cocf•c•ente de PoiSSOn
n ::::.número que mulllphca o diâmetro. obtcnào-5C a d!Stán~ia do eiXo da estaca ao ponto em
que a d<- formaçáo do solo é nula.
Atravé1. de ~udo experimental. Cooke e Pnce ( 1973), obsarvaram que os de!>locamentos do solo
adpccnlc a um modelo de estaca quando submetido a carrq:amcnto, torna-se irrelevantes para
valores de n ma1ores que 10. Substitumdo-se o valor n igual a 10 na Equaçáo (1) e constdcrando-se
v =0.5, obtém-se I tgual a 1,24.
Wh1taker ( !976) sugere um valor de I na Equaçáo (I) 1gual a 1,8.
(r) Poulosl' Devís (1980)
Apresentaram uma express.ão que permite a estimam-a do recalque de uma estaca mcompressívc:.
mstalilda em um meto semi-infinno com coefictentc de Poisson tgual a 0,5.
Para levar em conta os ekllos da compressibilidade da estaca, da presença de uma camada rfgida snh
a ponta da estaca c do coeficiente de P01s.c;on diferente de 0,5, os autores propuseram a introduçáo de
fatores de correção.
O recalque é dado pela seguinte expressão:

..,!.!.__ (l)
P J:..d
onde
I = I.Rk. Rv. Rà. para estacas de atrito ou I = Io.R ... Rv .Rb para e<>taeas de ponta.
lo= fator de influência de recalque para estaca incompressível numa massa scmi-mflnita com
'V =0.5.
Rk = fator de correção para compressibilidade da estaca.
Rv = fator de correção para o coeficiente de Poísson.
Ra = fator de correção para a presença de uma base rígida à profundidade h.
Rb = fator de correção para rigidez do estrato de apoio da ponta da estaca.
d = diâmetro da estaca.
Ec = módulo de elasticidade do solo adjacente à estaca.
(d) Randolph (1985)
Apresentou uma soluçáo analftica, aproximada ao método dos elementos de contorno para a prevr.<..!io
do comportamento de estacas isoladas e grupo de estacas.
Para o caso de estacas isoladas. o recalque pode ser obtido através de uma expressão algébrica simples
que leva em consideração fatores tais como, alargamento da base ela estaC<J e a transferência de carga
pelo fuste e pela ponta da estaca.
Para as variações dos parâmetr()f, do solo mostrados na Figura 3, o recalque é dado por:

4 1? 2n~ t..&nh<~l:> &.


+
p C1-Y5 t T ~~ r
o
p r G 1 t:&nh~ 1-12'5
-------------< 3)
o &. 1 +
nA " T
rr::vr
T)
j.Jt
&.
ro

onde:
r; =rt./ro (estacas de ba<;e alargada)
Ç =
Gl)Gt, (estacas de ponta)
R= GU2!GL (variação do módulo do solo)
Á. =
Ep/GL (rela~o de rigidez estaca-!>Oio)
~ =L [2.5 R ~1-v) Uro]
=
JJÍ (2/SÂ) )._ .(Uro) (compressão da estaca).
90

(a) ESTACA CE ATRITO (b l ESTACA CE PORTE

FÍfllra 3- Variaç§o idealizada do módulo cisalbante com a profundidade (Randolph, 19&5}

3. PAR~TROSDOSOLO
Na aplicação do& método&, adotou-se as correlaÇóes indlcada.s a seguir para a obtenção dos.
parâmetros do solo:
la) Módulo de Deformabilidade
=
FOI utilizada a correlação ~ 3rp , para o caso de solos granulares. sendo a resísttncia de poot.a do
er..saio de penetração estática obtida em função dos. valor~ de N (SPT), da forma como proposto ;x:>:-
Aoki e Vel.loio (1975 )·
Para o caso de 80106 coesivo&, o módulo ~ foi estimado em função da resist~ocia não drenad<:,
utiliz.anclo-« a correlaçao proposta ;x:>r Poul06 e Davis (1980).
(b) Coefidente de Po&sson
Quando este não foi proposto no método em estude, adOtou-se o valor 0,3. supondo-<l represcntatrv:•
para 06 drve~ tipos de solo.

4. RESULT.-illOS OBTIDOS
Os métod06 abordada; oa revisão bibhográfJCa foram aplicados em dez estacas para a carga d<:
trabalho (da ordem de 50'lt da carga de ruptura obUda pelo método de Mazurkiev.-cz).
Com o objetivo de permitir uma melhor VJSuahzação dos valores medidos comparau,:amente com o:,.
estimado6, plOtou-se em gráf~, corres;x:>ndentes à aplicação de cada método em todas as estacas. os
valores medidos versus esnmadcr..
Nesses gráficos, estabeleceu-se, visando a seieção elos melh~ mttodos, uma faiXa compreendida
=
entre as retaS P•td= 0.75pesr e p med 1.2.'i p esr.
Os resultados obuda. ~o mostrados na Fígura 4. A<. unhas pontilhadas nessa figura representam a
faixa estabeledda para a avaliaçâ...; dos métodos

5. AN.ÁLISE OOS RESULTADOS E COli\CLl'SÓES


Baseando-se na análise de dez provas de carga ~>bre estacas pré-m0idadas de concrctc. pa;;:: a< q:..: 3ts
comparou-se 06 recalqu~ previst06 ;x:>r quatrc mét()(}os e ia:>~~~ com u:; reeaiq;;es mcd •.:J, ~­
chegou-se às cooclusóes apresentadas a segu1r:
91

"
(
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/

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I
& ' /
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:
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/ / /
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/.y ;;/ /

o 2 3 4 o 2 4 5

:} .. t (mm J
(c) { d)
(o) Butterfield e Bonerjee ( 1971)

(b l Ponlos e Dovis ( 198:))


ã
e
(c) Cooke (1974) com !=1,80

(d l Cooke ( 1974 l ccn1l ~ 1,24

(e) Rando!ph{ 1985 l

0 Estocas em solos g'onulares

(J Estocas em solos coesivos

! .. t : m111 l Figuro 4- COMPARAÇÃO ENTRE VALORES


(. )
MEDIDOS E ES..-IMADOS
92

5.1 Métodos ElbtâcOG


- c~ mt'todOII ck HuttcrfJclcl c Rancr)CC (1971) e ck Poukl!. c DavJ~ (19M\ aprc~ntaram V'dl()fC<
próxmlOI.. Apcna.\ es.c.c ulllm<' aprc10entou result~ hj!Ciramcntc a lavor da sc,~turan~
- Amho!> ar. métodos apreloentaram melhorCI' resultado~.. para o ca<.O de er.ta~ erín<ada.r. tm soi,"
granulare&, comparatrvamcntc: aqueles para estacar. cravadas. em fiOiol; coe~v<ll'.
- O método de Cookc (1974), dentre 06 métoda; elá<>llC06, fo1 o que apresentou ma1or dU>persân dn•.
pontor. oo gráftco recalque medtdo versus recalque esumado. De uma manctra j!cral, tanto
uuhzando-sc o fator I 1gual a 1,24 como 1,8, o método nâo conduz a resultada& s.ausfatór~a>,
apresentando valorer. extrema mente contra a segurança (ponta& com Paed > 1,2~ p ..,).
- O método de Randolrm (1985) sc mostrou o mais conscrvatrvo da& métoda; elástiCOS, tanto para o
caao de estacas em solar. granulares como em liOio& coesrva&.

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SA~'TOS JR, O.F. (!989): "Previsao do Comportamento Carga-Recalque de Estacas Pré-moldad3.5
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~'HITAKER, T (1976) "lbe Design ofPiled Foundations". Pergamoo Press. Oxford, 218 pp.
93

INFLUêNCIA DO GRAU DE SIUCIFICAÇÃO


NO COMPORTAMENTO PÓS-RUPTURA DE ARENITOS
BRASILEIROS
lnfluence of the degree of silicification on- the post-failure
behavior of brasilan sandetones
N:fl5 C. DNZ ccaro CE SOJZA Escola de 8..,... t-a., dG Solio Clr1o&
~ dG Sêo PaJo. E7alll
TAFOSO BARRETO CElESTN) ~ da Sêo Csr1os
ESCD6 de
~ da Sêo PaJo e 11-srag
~ S. ?aJo, &1IBi
~ da Sêo Ciro6.
Escola de
~ de Sêo PaJo. Er.IY

RESUMO
São apresentados os resultados de ensaios de compressão uniaxial,
realizados com máquina rígida servo-controlada, sobre amostras de
arenitos silicificados da Formação Botucatu da região sul brasileira.
Foram analisados três tipos de arenitos, com resistência à com~ressão
uniaxial de aproximadamente 40, 65 e 270MPa cada um. Os ensaios foram
executados visando a obtenção da curva completa tensão-deformação,
para análise da influência que o grau de silicificação exerce soore a
forma de ruptura dessas amostras. Análises sobre a escolha da
velocidade de execução e da variável de controle mais apropriada para
a realização dos ensaios, são também relatadas.

SUMMARY
Resulta of unconfined compression testa performed using a stiff
servo-cor.trolled machine on samples of silicified sandstone are
presented. The sandstone belongs to the Botucatu Formation from the
Southern region of Brazil. Three distinct types of sandstone were
tested. Their uncor.fined compressive strength are approximately 40,
65 and 270 MPa. The tests were performed aiming at obtaining the
complete stress-strain curve, in order to analyze the influence of
the degree of silicification on'the failure mechanism of the samples.
Analyses about the choice of some testing parameters, such as the
loading velocity and the most appropriate variable for test control
are also discussed.

RESUMEN

Se presentan los resultados de ensayos de compresión uniaxial,


ejecutados con máquina rígida servo-controlada, en muestras de
areniscas silicificadas de la región sur del Brasil. Fueram
analizados tres tipos de areniscas, con resistencias a la compresión
uniaxial aproximad~s de 40, 65 e 270 MPa cada una. Los ensayos fueram
ejecutados procurando obtener la curva completa tensión-deformación
para análisis de la influência que el grado de silicificación ejerce
94

en la forma de ruptura de esas muestras. Se relatán también las


análisis para la elección de la velocidad y de la variable de control
más apropriada para la ejecución de los ensayos.

INTRODUÇÃO

~ estudo do comportamento pós-ruptura de rochas, principalmente as


que apresentam uma forma brusca de ruína, foi alvo de muitos
trabalhos nas Gltlmas duas décadas (Wawersik e Fairhurst,l970~ Hudson
et al, 1971; Okubo e Nishimatsu, 1985). Com o advento de equipamentos
servo-controlados, o controle de ensaios em materiais rochosos que
apresentam curva completa tensão-deformação de classe II, passou a
ser possível. Rochas de classe II são as que apresentam, nos ensaios
de compressão uniaxial, no trecho pós-ruptura, um decréscimo da
deformação axial associado com o evidente decréscimo de tensão axial
(Wawersik, 1968); as rochas de classe I apresentam, após o pico, um
acréscimo de deformação axial com o decréscimo da tensão.

Neste trabalho, é analisada a influência que o grau de silicificação


do arenito Botucatu exerce sobre a forma geral de sua curva completa,
sobre a velocidade do ensaio e sobre o parâmetro de controle mais
adequado para a realização de ensaios de compressão uniaxial,
utilizando equipamento servo-controlado.
CARACTER!STICAS DAS ROCHAS ENSAIADAS
As rochas da formação Botucatu, do grupo São Bento, pertencem à
sequência sedimentar da Bacia do Paraná, e são constituídas por
arenitos sub-aquáticos de granulação média a grossa, com grãos bem
arredondados de provável contribuição eólica, apresentando
intercalações de leitos argilosos com coloração vermelha. Passam
gradualmente a arenitos com estrutura típica de dunas, e finalmente
voltam a ocorrer sedimentos de origem aquática.
O arenito ensaiado, no presente trabalho, foi amostrado na pedreira
Migliato, próxima à cidade de São Carlos-SP. Desta pedreira extraem-
se lajes e blocos utilizados como rocha ornamental.No local da
pedreira o maciço é fraturado, com grandes faixas intemperizadas. A
estratificação ê fina mas existem porções, principalmente próximas à
base da escarpa, com estratificação mais espessa. O material é bem
silicificado e predomina a granulação fina. A coloração ê bastante
variada, desde branca até vermelha escura (Portillo, 1988).
Os arenitos utilizados nos ensaios de resistência são de três tipos,
apresentando coloração vermelho-amarela, amarelo-vermelha e amarela,
todos com granulação fina a média, estrutura levemente estratificada
e a textura elástica psamítica. Mineralogicamente são constituídos
por grãos de quartzo (mais de 80% da composição) e por calcedônia e
hidróxidos de ferro, como cimento.

Os grãos são arredondados e os espaços entre êles são preenchidos por


sílica. Essa sílica ocorre na forma de cordões de sílex (opala-
calcedõnia) e envolve os clastos; pode ocorrer também na forma fibro-
radiada com cristalinidade maior. O menor grau de silicificação da
95

NORIS C. DINIS COELHO DE SOUZA

rocha evidencia a presença de vazios interg~anulares, aumentando a


sua porosidade.
Para a determinação das caracteristicas fisicas dos três tipos de
arenito ensaiados, foi utilizado o procedimento adotado pela norma
IPT-M 47 (Ruiz, 1966). Os resultados encontram-~e na Tabela 1.
Dos resultados observa-se uma forte influência do grau de
silicificação nas propriedades físicas da rocha sendo que o arenito
vermelho-amarelo, o ma1s silicificado, apresentou expressivamente
menores valores de absorção de água e de porosidade, e maiores
valores de massas específicas saturada e seca.
Tabela 1 - Características físicas das amostras
------------------------------~----~---------------------------------
Prefixo Massa Massa
das Coloração Absorção Porosidade Especifica Específica
amostras de água (%) Seca Saturada
(%) ~. (g/cm3) (g/cm3)

Am Amarela 9,89 18,28 1,85 2,03


AV Amarelo- 6,97 13,69 1,96 2,10
Vermelha
VA Vermelho- l.·U 3,18 2,21 2,24
Amarela

CONDIÇÕES DOS ENSAIOS


Os corpos de prova foram preparados de acordo com o sugerido pela
ISRM (1978), com diâmetros de aproximadamente 54 mm, mas com a
relação altura-diâmetro entre 2,0 e 2,5. Não se utilizou nenhuma
lubrificação entre as extremidades das amostras e' os pratos da
máquina. Os ensaios foram realizados no sistema rígido servo-
controlado de 2700 kN de capacidade e 9,0 GN/m de rigidez. A
monitoração dos ensaios foi feita de forma idêntica ao citado no
trabalho de Bortolucci et al (1990). A servo-válvula utilizada era de
36 1/min (velocidade máxima do·êmbolo de 4 mm/s).
Inicialmente foram íeitos ensaios, utilizando os três tipos de
arenitos, com controle do deslocamento axial das amostras. Ou seja,
impôs-se uma variação linear do deslocamento com o tempo. Esse tipo
de controle não é aplicável para rochas de classe I!, pois êle impõe
um crescimento constante do deslocamento com o tempo e a amostra
exige uma diminuição da deformação axial apõs o pico~ O intuito dessa
série de ensaios era o de verificar também a resistência do pico das
amostras. A velocidade de deslocamento nesses ensaios foi de 0,01
mm/min. até 0,2 mm/min, com as respectivas velocidades de deformação
axial de 1, 5 l.IE I s a 30 IJE I s, aproximadamente.
Posteriormente os ensaios foram conduzidos com controle da deformação
radial dos corpos de prova, ideal para rochas de classe II, com
96

velocidades variando desde 0,1 ur /s a~é 20~E /s. O monitoramento


dessa deformação foi feito com auxílio de.um extensômetro acoplado a
uma corrente que envolve toda a circunferência da amostra. Para essa
série de ensaios, foi analisada também a influência do dispositivo de
integração do sinal de erro enviado à servo-válvu~a.

RESULTADOS DOS ENSAIOS

Os ensaios executado~ com controle de deslocamento provocaram a


ruptura brusca· dos corpos de prova de todos os arenitos,
independentemente da velocidade do ensaio. A impossibilidade de
obtenção do trecho pós-pico, a partir do controle efetuado, indica
que as rochas ensaiadas ou têm comportamento classe II ou que a
velocidade de correção de erro do sistema não é suficiente para
evitar a ruptura das amostras. A Tabela 2 mostra os resultados
obtidos para esta série de ensaios.

Tabela 2 - Resultados de ensaios, cont-role de deslocamento axial

Amostra qu velocidade E 5o condição final


{MPa) {~E /s) (MPa) do ensaio

Am-026 40,4 1,4 12470 ruptura brusca


Aro 024 42,3 14,0 11150 ruptura brusca
AV-023 66,2 14,0 14970 ruptura brusca
AV-022 65,5 2,7 1622.0 ruptura brusca
VA-021 281,0 27,0 26820 ruptura brusca
VA-020 266,8 1,5 26020 ruptura brusca

Os ensaios conduzidos com controle de deformação radial e com o


integrador desativado (o sinal de erro não sofreu qualquer
integração), apresentaram ruptura brusca para todas as amostras em
qualquer veloci.dade do ensaio. As amostras mais porosas (prefixo Aml
conseguiram ultrapassar o pico de carga, mas por um tempo
extremamente curto. A Figura 1 mostra curvas típicas desses ensaios.
A resistência à compressão uniaxial não apresentou grandes alterações
com relação à primeira série de ensaios. Os parâmetros obtidos com
esses ensaios são mostrados na Tabela 3.

Tabela 3 - Resultados dos ensaios com controle de


deformação radial, integrador desativado

Amostra qu velocidade E5o condição final


(MPa) (~c /s) (MPa) do ensaio

Am-OlO 28,4 1,0 10000 ruptura brusca


Am-011 32,2 0,5 10360 ruptura brusca
Am-012 46,6 0,1 13410 ruptura brusca
AV-012 65,1 0,1 15030 ruptura brusca
AV-029 64,4 5,0 14980 ruptura brusca
VA-000 272,5 0,5 28390 ruptura brusca
VA-003 228,0 0,1 30110 ruptura brusca
---------------------------------------------------------------------
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OCI~O .. HAÇÃO AXII\L, IM 6 t

Figura 1 - Curvas tensão-deformação com controle de deformação


radial, integrador desativado
98

Para a série seguinte utilizou-se controle-de deformação radial com o


sistema de integração ativado. As amostras mais duras e menos porosas
(prefixo VA) foram as únicas a apresentarem ruptura brusca em
quaisquer situação e velocidade_ de ensai~. Para os dois outros
arenitos a curva completa tensao-deformaçao fot obtida mesmo com
velocidades de ensaio relativamente altas. A.Figura 2 mostra curvas
tensão-deformação típicas dessa série. A Tabela 4 apresenta os
resultados dos ensaios, onde nota-se a grande diminuição, nesta
série, da resistência à compressão uniaxial do arenito-mais duro (VA)
em relação às demais séries. Esse comportamento talvez possa ser
explicado pela alta instabilidade verificada durante os ensaios com
essas amostras: o registrador gráfico acusava rápidos acréscimos e
decréscimos de carga de pequena intensidade.

Tabela 4 - Resultados de ensaios com controle de


deformação radial, integrador ativado

Amostra qu velocidade E5o condição final


(MPa) {lJC I s) (MPa) do ensaio

Am-002 48,6 1,0 12680 descarregado


pelo sistema

Am-005 45,9 5,0 11990 atingida 'rad


máxima (11 me:)

Am-027 44,3 10,0 11400 descarregado


pelo sistema

Am-019 37,7 5,0 10910 atingida e:rad


máxima {5, Sm e:)
Am-023 37,2 20,0 11220 ruptura brusca
após pico

AV-007 64,5 5,0 16737 atingida Erad


máxima ( 22 m q

AV-009 51,4 10,0 14050 atingida e:rad


máxima (22 me:)

AV-004 56,8 5,0 13970 atingida e:rad


máxima (4, 5m E)

AV-003 54;1 5,0 14130 atingida Erad


máxima ( 4, 5m E)

VA-018 163,3 0,1 24180 ruptura brusca

VA-019 173,8 1,0 25980 ruptura brusca

VA-017 155,5 5,0 24360 ruptura brusca

---------------------------------------------------------------------
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Figura 2 - Curvas tensão-deformação com controle de deformação


radial, integrador ativado
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OI"P'OAMA(:Ão A.KIAL

Figura 2 (continuação) - Curvas tensão-deformação com controle de


deformação radial, integrador ativado
101

CONCLUSOES
Para as amostras de arenito mais resistente e c.om grau de
silicificação maior (VA) não foi possível, em s.i.tuação alguma, obter-
se a curva co.npleta tensão-deformação. Isso significa que as
caracateristicas do sistema servo-controlado· utilizado, não possuem
velocidade suficiente para controlar os ensaios em arenitos altamente
silicificados. Servo-válvula de maior vazão tenderia a cãminhar no
sentido da solução do problema.
Os outros dois tipos de arenitos possibilitam a obtenção da curva
completa somente se o sistema estiver com o dispositivo de integração
do erro de servo controle at~vado; e se a variável de controle for a
deformação radial. Essa integração imprime maior velocidade .à
correção do erro pois envia à servo-válvula um sinal de erro maior
que o necessário. A velocidade de deformação radial, nesses casos,
pode atingir 10 ~E/s.
Para o arenito menos silicificado (prefixo Am) a conformação da curva
é o de rochas com características de classe I para alguns trechos e
de classe II para outros. O de resistência intermediária (prefixo AV)
apresenta maior tendência de comportamento de classe II. O aumento do
grau de silicificação, portanto, leva o arenito a se comportar mais
acentuadamente como de classe II.

BIBLIOGRAFIA
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PORTILLO, E.Z.F. (1988) •considerações sobre a Caracterização
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Silicificado na Região de São Carlos•SP". Dissert. Mestrado
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Minnesota.
WAWERSIK, W.R. e FAIRHURST, C. (1970) "A study of brittle Rock
Fracture in Laboratory Compression Experimenta". Int. J. Rock
102

Secondary discontinuities in basaltic rock masses of the Paraná Basin, Brazil


Generators mechanisms and structural models

NahorN.SouzaJr. & Jayme O.Campos


Universidade Estadual Pâulista, UNESP OGCE- R. Claro), São Paulo, Brazil'

ABSTRACT: In large civil engineering works in basaltic areas in southern Brazil, the dis
cont inuities have receveid particular attention, because they constitute important geoiogi-
ca l fea t ures condi tioning the geot echnical propert ies o f the basaltic rock masses. From among.
these discontinuities, that ones of secondary origin, although described and analysed by
divers researchers in the last 25 years, still cause significant questiona cor·cerning
geological processes responsibles by its formation.
After the Serra Geral volcanism, the Paraná basin was notably submitted to wide normal
faultings. However, the nature of some discontinuities, located mainly in the lava-flow
nucleus, suggest beyond syngenetic and geomorphological factors ("Rebound"), the actua-
tion of tangential compressive efforts. With the finality of to clarify the possible de-
velopment~f these efforts during and after that volcanism, they are introduced in this
paper some structural modela.

1. INTRODUCTION 2. ORIGIN OF TRE TECTONIC EFFORTS

In the last two decades has been significant The mesozoic- cenozoic tectonism in the Pa
the contribution of geologists and geotech- raná basin is traditionally characterized
nical engineers for the knowledge of the by the generation of wide normal faultings,
complex lithologic and structural features which isolated large rock blocks. However,
of basaltic rock masses. They can be men- in the core of these ones, predominate the
t ioned various papers produced by these pro evidences of compressive efforts, which ha
fessionals, from data obtained in the cons ve relatively low magnitude and affected
truction of large dams, in the basaltic a: mainly the basaltic rocks. This can be ex-
reas of the southern Brazil. plained by the fact that basaltic rock are
It has been oftem observed in these lar- more rigid than overlyng and underlying se
ge works, the remarkable influence of pri- dimentary rock.s, thus, the basaltic r<'ck
mary and secondary discontinuities on the being a brittle behaviour will have been a-
permeability, shearing strength and in the ble to store compressive stresses, elasti-
some cases, on the deformability of the cally.
rock mass. The tectonic stress relief, associeted
The origin of these secondary disconti- probably to disconfinement processes (re-
nuities, probably be related to "nontecto- lated to epeirogenic uplift and erosive cy
nic rebound phenomena" (Nichols, 1980; Ca- eles), took place through displacements a-
brera, 1986). Rowever, it is necessary to long primary discontinuities, or yet by
take into account the existence of the follo means of the formation of faults in intact
wing factors: the presence of authentic r~ rock parta of the rock mass.
verse and transcurrent fautings in some ba The tectonic events and another geologi-
saltic rock masses; the result of detailed cal processes which probably affected the
structural analysis of shear plane and its basaltic rock masses, are introduced
slickensides, in various outcrops. These following.
factors conclusively point out the actua-
2.1 - Tensile efforts
tion of tectonic efforts.
The Wealdenian Reactivation (Almeida, 1969),
is refered as being the tectonic- magmatic
phenomenon responsible by wide epeirogenic

- '
103

or in the general basin subaidence phaae,


immedistely after the formation of th• ba-
saltic roclr.s.
2.2.1 - Compreasiona1 intraplate stresses
Measureme~t ia sliclr.ensides and shear planes
were made by Bjornberg (1965, 1969), Bjorn
berg et ali i (1965, 1971), Sinelli (1972)
and Wernick (1972), as in basaltic rocks
(north-eastern Paraná basin) as in the ba-
sement complex (adjacent to the basin). The
resulta showeá a predominance of transcur-
rent and reverse faultings instesd the nor
mal ones (65% and 35%, respective1y), as
well as permitted to establish one average
direction, approximately NE-SW, to the ma-
jor principal compressive stress.
Mendiguren and R1chter (1978) and AssumE
çào et alii (1985), through fault plane so
lutions of Brazilian recent earthquá\l.es and
geological evidences, concluded that the
Brazilian lithosphere is in a state of pre
dominantly horizontal compression. This stã
te of stress is due to forces connected
with spreading on the Mid Atlantic Rídge
and resistives forces exerted by the Ca-
ribbean plate to the north and the Nazca
plate to the west. For the basement complex,
adjacent to north-eastern Paraná basin, AS
I - RATf: oF UP!.IFT I INFERED I sumpção et alii (1985) introduce a stress
2 - lUTE Of SUI!SIOE'NCE I INFERED I
3 - AF"TER SOARES ET AL , 1 97• ellipsoid with maximum compression in the
NE-SW direction.
FIGURE 1 - Tectonic-sedimentary evolution Having in mind the verified coincidence
of the Paraná basin (after Soares and Lan- regarding the NE-SW direction, obtained
dim, 1976). through different methods, it seem reazo-
nable to admite the development of compre~
sional intraplate stresses in south-eastern
movements and by the Paraná continental flood Brazil including, at least in its oriental
basalts. The vertical movements of the crust, part, the Paraná basin.
which probably affected the basaltic flows,
2.2.2 - Subsidence movements of the Paraná
are showed in a geological column (fig. 1),
basin
by Soares and Landim (1976):
- subsidence during or immediately after To the positive vertical movements, can be
the volcanism (final of the Delta "A" sub- possible to associare the tensile efforts
sequence), of the Wealdenian Reactivation, already men
- uplift pre-Bauru (post-Gondwana erosive tioned. On the other hand, negative verti=
cycle) cal movements correspondents, can have ge-
- subsidence: deposition of Bauru Group nerated a compressive stresses field.
(Epsilon sequence) Thus, during or immediately after the ba
- generalized uplift (South American ero saltic volcanism (final part of the Deltã
sive cycle). "A" subsequence - fig. 1), the Paraná basin
The development of tensile efforts in the was submitted to a accented subsidence, who
Mesozoic-Cenozoic of the Paraná basin is de se movement would have developed compressi-
monstrated by the frequent presence of fract-;; ve efforts. The Subsidence of a extensive-
re~ normal faults, "horsts"and "grabens"that spherical surface of the Earth, signify its
constitute, probably, a reflex of the up- flattening and a reduction of the crustal
lift related to the Wealdenian Reactivation. surface area, that correspond to the ten-
dency of the "arch" toward íts "chord" (fig.
2.2 - Compressional efforts 2). The compressive efforts so originated
would be radially oriented, relatively to
The compressive stresses can have beengene the basin, and propagare themselves from
rated during the diastrophism related to the the central part toward periphery (Soares,
continental drift (intraplate stresses) and/ 1974).
104

\
I
I I
/ iéC - Jnit•Ol WffCCI? Of(;

\: I / @ - Flottor.od IUf'fGCA G"'c. lei I bl


I tubs~e1'101 l
"" ~ - t)opt~ af tub';.IÓ.OI'H~4' FIGURE 3- Structural model I. a) transcur
&MOI if'r fhcll'l lfE
rent faulting. b) associatíon of transcur=
I rent and reverse faulting, near to surface
(after Bjornberg and Meismith, 1975).
I
S:hqht fdcr9m
FIGURE 2 - Diagram showing the crust defor EL F-!5 F-16 F-17 F-18 F-!9
marion in a subsident area (after Soares-;- (oq I I i I
GO-
1974).

40-
Therefore, in the major subsidence region
of the basin (maximum thickness of basaltic
rocks), along its axis (Paraná river), the
compressive efforts wou1d be oriented per-
pendicularly to this axis, in the NW-SE di
rection. The studies deve1opment by Hara1yi
FIGURE 4 Structural model II. Reverse
(1981) and Soares et alii (1981), confirm
faulting ("moustache faults") due to a na-
~hís hypothesís.
tural process of fluvial cutting assocíateà
to tangential compressive efforts (after
Paes de Barros and Guidicini, 1981).
3. STRUCTURAL MODELS

Through the analysis of many papers about


reverse faultings (fig. 4). Paes de Barros
the basaltic flows, we verified the uti1i-
and Guidicini (1981) applied these concepts
zation of four structura1 models (fig. 3,
in ltaipu dam site, where the reverse faults
4, 5 and 6), with a view to clarify the pro-
are called "moustache faults". The same pro
bable generator mechanisms and ~he possi-
cess would have also caused dísplacements -
b1e propagation sequence of the secondary
along of pre-existíng vertical joints.
díscontinuities.
Model III: Having in mind the influence
- Model I: Bjornberg and Meismith (1975), of the confinement stress as well as the
based in the predominance of the transcur- possible tangential stress increase wíth
rent and reverse fau1ting instead the nor- the depth, Bjornberg and Kutner (1983) pro-
mal ones, created a model where are consí- posed a structural model exclusivelv related
dered just the two first types of faults to the "fault-j oints" (Souza Jr. and Campos,
(fig. 3). lnitial1y, because to tectonic 1990) and reverse faultings. The variations
efforts, were formed transcurrent fau1ts of these discontinuities, re1atively to
(fig. 3a). The same rock mass, submitted af- their dips and degree of continuity, cor-
terward to a up1ift and after the change of respond to three conditions which will de-
posi tion the mino r princ_ipal stress (o 3 ), pend of the depth of the compressive events
developed reverse displacements (fig. 3b). (fig. 5).
- Model li: This model is based in the Model IV: Amaral and Crosta (1983) based
structural model after Patton and Hendron in a mechanism, similar to that one showed
(1974). A process of fluvial cutting asso- in fig. 2, introduced another model. Thev
ciated to tectonic compressive stress would realised geo1ogical studies in Serra GeraÍ
have originated, in the large river valleys Formation areas, located in southern Pa-
in basaltic areas, displacements along the rallel 22°. The results of photointerpreta
pre-exísting horizontal discontínuities and tion works permitted to establish a linea=
105

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...... ·.·.·.·.
~ . . . ., . .. . .

FIGURE 5 - Structural model III. Generation of sub-horizontal secondary discontinuitieó


due to tangential compressive efforts, which increase with the depth and are associated
to erosive processes (after Bjornberg and Kutner, 1983)

N the Paraná basin, with its thick "bed" of


lava-flo'lõS, was submitted to a accented sub
sidence, as a result of the crust tendency
come back to the original position. Thus,
in a second stage, were formed two conjug~
te systems of transcurrent faultings: c1 (N
10°E- N 70°E) and Cz (N 80°'11 and N 20°W). _
After the basaltic volcanism, the ?arana
basin was submi t ted to wide epe i rogenic mo-
vements, when probably have been dissipated
the compressive stresses. Thus, at first,
it is necessary to consider the principal
development of these stresses, as having
happened in the final phase or even imedia
tely after the volcanism. -
Having in mind the above-mentioned, will
be summarily described following the two
models which better represent the possible
s conditions existing on the occasion of se-
condary discontinuities formation. Beth are
FIGURE 6- Structural model IV. mechanical m~ based in the compressive stress relief,
del for the structural evolution of the so~ during a uplift movement, when the aforesaid
thern Paraná basin (after Amaral and Crosta, discontinuities were formed in a determi-
19-83). nate sequence.

- Model V: Price (1966), based in the Mohr-


tion pattern very regular (six groups of pre- -Coulomb failure criterion, introduce a in-
ferential directions- fig. 6). In a first teresting mechanism of structural evolu-
stage, due to uplitf movements, were formed tion. The tectonic efforts relief would ha
tensile fractures (D1: N 40°E and Dz: N SODw ve originated faultings and changes in the
directions), which correspond to the own principal stress positions, in seven diffe
feeder fissures of the basaltic lava-flows. rents stages (fig. 7). Initially were gene=
After:ward, stopped the causes o f the uplift, rated reverse faults, shortly afterward,
106

--------------------~~~-

FIGURE 8- Structural model V: a) faults and


joints systems originated from compressive
and tensile phases in a complete tectonic
cycle: reverse fauts- E; Transcurrent - T;
normal - N, transcurrent shear j oints - c,
tensile joints- t; b) representative ste-
reogram of the joint orientation showed in
FIGURE 7- Structural model V: variation of a) (After Price, 1966).
the state of stress with the uplift, from a
initial state of tectonic stresses (after
Price, 1966). .

to the begin uplift, transcurrent faults


and at last, with the major principal stress
in the vertical position developed normal
faultings. The transcurrerit and normalfaul
tings are, generally, associated to the sheãr
and tensile joints, respectively (fig. 8).
Applying this model, to the oriental part
of the Paraná basin, the compressive stress
(intraplate) oriented mainly to NE- SW,
would have been released during thePre-Bau
ru uplift (fig. 1), or even on the occasiõn
FIGURE 9 - Structural model 6: Block-dia-
of the uplift corresponding to the South A-
gram showing the fractures and faults orien
merican erosive cycle.
tation concerning the axis of a sedimenta=
- Model VI - In this model, similar to the ry basin of ellipsoidal shape; "x" and "y"
model V, Price (1974) consider the develop- are the minor and major axis, respectively
(after Price, 1974).
ment of stress in a sedimentary basin not
affected by tectonic deformations. Only sub
sidence and uplift movements would be suffi
cient to gene.rated stress able to break the tion of the major principal stress) would
rocks. Consequently, joints and faultswould correspond to the NW- SE direction.
have been formed (fig. 9). In the extensive cuts of sound basaltic
This interesting structural model can be rock, in the excavations for different dam
applied to the Paraná basin, mainly in its structures implantation in southern Brazil,
central part. Therefore, the axis-x (direc- can be verified often a structural feature,
107

TABLE I - Probable sequence of formatlon of th~ secondary dlscontinuities in the basal


rlc rock masses of the Paraná baRln. (modlfi~d from Souza Jr., 1986).

! SECONDARY DI SCONTINUITJ ES 1 11 111 JV v VI HYPOTHETJC

Transcurrent fault X
'
. X X X

BEFORE THE UPLI FT Fault-joint and/or X X

Reverse fault X . X X
I
I
. Transcurrenr fault X X X
I

I
i Normal fault X X X
: DURJNG AND AFTER
THE UPLIFT Fault-joint and/or X X X
'
I
Rever se faul t X X X X

predominantly horizontal, which attract atte_!! the "rebound". 1t was verified the presen-
t íon by to present, generally, all the cnarac- ce of a relatively high state of natural
teristics of fault planes: are the "fault- stress in some basaltic rock masses, by the
joints", described by Guidicini and Campos movements of excavation walls in dam foun-
(1968) and included in the models Il and III. àations (Nieble, 1983), anã seismic events
According to Souza Jr. and Campos (1990), related to the reservoirs of these dams (Ga
some "fault-joints" seem to be associated ma and Mioto, 1983). The nature of these
only to syngenetic phenomena ("faut-joints stresses can be determined with precision,
of primary origin"), while another ones pre when utilize the criterious proposeà by Z~
sent characteristics indicative of the compres back and Zoback (1980), which consist in a
sional efforts action("fault-joints of se-- study that include the following factors:
condary origin"). a) shear planes and slickensides attitu-
des.
b) tectonic efforts direction, obtained
4. FINAL CONSIDERATIONS through studies of focal mechanisms of na-
The various structural models described tural and induced earthquakes.
show significant differences, suggesting a c) the natural state of stress determined
analysis in separate ways. Nevertheless, it by "in situ" tests, through a reliable me-
thod ("Hidraulic Fracturing", for example).
exist also a possibility o f to consider these
models in a same context. Thus, in a hypo- Actually, researchers of the Technologi-
thetic lava-flow, which have been affected cal Research Institute (IPT) from São Pau-
by all the efforts here considered, would lo, are studying this matter, with positi-
be represented divers types of secondary ve results.
discontinuities, originated in the sequence
following (table 1).
I- Reverse and transcurrent faults, local REFERENCES
ly formed, before the crustal uplift. - Almeida, F.F.M. (1969). Tectonic differen-
li- Displacements or transcurrent faults tiation of the Brazilian Plataform. Proc.
which constitute the first signs of rock 23° Braz. Congr. Geol., Salvador: 29-46.
mass readjustment, after the beginning of Amaral, G.; Crosta, A.P. (1983). Structural
the uplift. and stratigraphical behaviour of the acià
III- Final of the epeirogenetic cycle, sequence of the Serra Geral Formation, in
characterized by wide normal faultings. the southern Paraná basin. Proc. Reg.
IV- Stress relief, caused by a natural Symp. Geol., São Paulo: 197-210.
process of fluvial cutting, with the conse Assumpção, M.; Suarez, G.; Veloso, J. A.
quent formation of reverse faultings and (1985). Fault plane solutions of intrapla
displacements along of pre-existing verti- te earthquakes in Brazil: some constraints
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109

Sub-horizontal discontinuities oflarge extension in the basaltic lava-flows


nucleus of the Paraná basin (Brazil)

N.N.Souze Jr. & J.O.Campos


Universidalü Estadual Paulista, UNESP (IGCE), R.Ciaro, SlJo PQI.I)o, Brazi/

ABSTRACT: In the last 25 years, the construction of large hidroeletric power planta in
basaltic areas in southern Brazil, made possible a significative participation of ~e
geology, as an important and indispensable instrument for solving problemsconcerningthe
various stages of these large dama development.
The necessary excavations for different dam structures implantation allowed tovisualize
features that were impossible to see before. At this time, the basalts of the Serra Geral
Formation were studied in detail, through extensive cuts of sound rock and thousandofme-
ters of drill core.
It was verified that the basaltic lava-flows nucleus, invariably presented sub-horizon
tal discontinuities of lar.ge extension, which are important features that will condition
the geotechnical properties in the basaltic rock masses in large civil engineering works.

1. INTRODUCTION common jointing) untill thick layers of bro-


ken and weathered rock (with all the charac
The sub-horizontal discontinuities, frequen terisitcs of fault planes) - were named-
tly observed in the basaltic lava-flows of "fault-joints" by Guidicini and Campos
the Paraná Basin, although have been exhausti (1968), because of its double nature (fig.
vely analised by divers researchers in the- 1). In despite of be it considered inade-
last 25 years, still cause many questiona quate by some geologists, the term "fault-
concerning geologic processes responsibles joint", by the fact of to have been largely
by its formation. employed, will be adopted also in this pa-
These discontinuities - that showed unex- per.
pected changes of attitude, extending for In order to a better understanding of the
hundred o f meters as well as; varyng from a mechanisms responsible for its formation,
simple and tight joint (very similar to some researchers, based on the concepts of

FIG. 1 - Schematic representation of stratigraphic and structural factors in basaltic


rock masses (after Oliveira et alii, 1976)
the cverf1ov and cooling
tic lava-flowa &e W@)]
of the tactonics and rock
ried cut etructurol
that to point out e sxcluEivelly
origin, or due to ~ ~c ion cf
efforts, suggest the ay;elysis of t
joints", in basaltic rock maase , undr,,-
points of view: "fault-jointe" of p:ci:nary
origin; "fault-joints" of secondsry origin.

2. FAULT-JOINTS OF PRlMARY ORIGIH represent the crys-


:allizat ty lilva zo-
2.1 - Model l ne} fol,..,.JJeà p:robably
m.agmatic geses.,
Guidicini and Campos (1968) introduce the - Sone '~f.ault-j re.present a cleer
first genetic model of fault-joiot, where banding concerning the colouration} pointing
are considered only the singenetic phenome- out possible fluidal structure, as wel~ as
non at the cooling of lava-flous processes. ere cut by vertical oints with nondispls-
Thus, the genesis of these discontinuities cements (no horizontal
would be related to the same generstion pro Considering the items e HbH, it is po~
cess of the horizontal jointa in the top and eible to edmit that: ths lava-flows of che
bottom oÍ the lava-flo-w (fig. 2): the ex:'.s Parani Basin were, generally, cooled ~ith
tence of zones of differen'i: flow \telocitieS, :he consequent production oi different ty-
at the time of the lava overflo~~ causing pes primary joint:st under confin.em.ent
two horizontal or sub-horizontal discon:i- conditions in :he bottom as ouch as iL the
nuities of large extension :~n the. lava-flo'iN's top. Thi.s hypothe.sis according to the
nucleus (compact or dense basalt). idea ~enerally accept that: the overflows
In this hypothesis, the faulting woulô of the Serra Geral la\ra-flows ;.;ere rapid and
correspond to a self-tectonism in which the .succeeding.
shearing stress, responsi ble by the crushing Therefore, it is poss:bl2 to deli~eate a
of the material, would be genetically con- model uhich elucidate better the formation
nected ~o the origin of the lava-flow it- the "fault-joint of primary origin"(fig.3):
self. - lava-flow ~uclett.s in process of cooling,
shO\tJing lenticular bodies of m.aterial in a
2.2 - Model l i lesser viscosity state (fig. 3-A)
- flow-lamir.a~ move~ents causing díscon-
The informations acquired through the ana- tinuities with chsrac~eristics of jcint and
lysis of divers papers in respect to ba- fault (fig. 3--n)
salts; the observations, sample and date - generation of vertical snd sub-vertical
collected in outcrops and expositions of joints 2 and bands 6f dense basalt with =oar
the Serra Geral Fol~2tion; 2nci ser gr2nul&tc~n ( " 3-C).
analvsis in thin sec:tions of basaltic :rocks~ J:be frag'Lnentation of ba.saltic flo'Grs in
pera:i ted to conclude tha.t (Souza. Jr., 1986): the plastic state f becaüse cf the :-c-apid in-
a - The signifi.csnt lithclogic end struc- ternai differential movement, is me~tioned
tural similarity bet~een the bosaltic lava- by hcDonald (1967).

La'Jc -fio\"" directio!'l cnd grcdua! accen 'fuotion


in the various lave- flow s:ect Íons

joints

. -.: : :~ ·_,.

FIG. 2 - Hypothesis concerning the genesis of joints of large extension,


in terms of the different flo';v velocities er Gcidicini and Campos, 1968)
111

----- -------- -·- ------- -- ---


- displacements of vertical joints pla-
nes, above and belov of the "fault-joint"
- rupture and diaplacnaents of guide-atr!
--- tum.
(A) Lens of material with more abundance
in volati le components 4. FINAL CONSIDERATIONS

The sub-horizontal discontinuitiea of large


lateral extension, Ean to be claasified in
"fault-joints" of prim.ary and aecondary o-
rigin. These discontinuities, being in the
compact bssalt as well as its attitude; ex
tension and to correspond, generally, to d~
cimetric banda of extremely fractured and
(B) Differential moving, production of weathered material, are important features
surfaces of large extension and "fault- that will condition the permeability, she-
joints" aring strength, deformability and natural
stress relief in the basaltic rock masses
in large civil works.

I!
Band of coarser granulation
------------------- ~
~~Tj I ~------c_-:
~ ~~ :r -t- - REFERENCES

~- :~~~=--L S::L J±:::::2=-


t:'

Assumpção, M.; Suarez, G.; Veloso, J.A.


(C) Generation of sub-vertical joints 1985. Fault plane solutions of intraplate
earthquakes in Brazil: some constraints
on regional stress field. Tectonophy-
FIG. 3 - Lava-flow nucleus in process of sics, vol. 113, nQ 3/4:283-293.
cooling, affected by moving of overlying Cabrera, J.G. 1986. Buck1ing and shearing
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Assoe. Eng. Geo1., Vol. 2, Buenos Aires:
3. FAULT-JOINTS OF SECONDARY ORIGIN
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Guidicini, G.; Campos, J.O. 1968. Notes on
In this case, the "fault-joints" represent the morphogenesis of the basaltic flows.
the final product of tbe actuation Geol. Soe. Brazil Bu11., vol. 17, nQ 1:
of sbear stress (regional compreasive 15-28.
stress) along pre-existing discontinuities Guidicini, G. 1979. Horizontal joints of
of large lateral extension (inclusively large continuity in basaltic lava-flows
fault-joints of primary origin). of the Paraná Basin. Proc. 2nd Reg. Geol.
The compressive stresses, probably were Symp. - Geol. Soe. Braz., R. Claro - SP,
generated by intraplate tectonic efforts vol. 2:13-21.
(Mendgurem and Richter, 1978; Assumpção et McDonald, G.A. 1967. Forms and structures
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lava-flows nucleus, can to be also, par- the origen of compressional intraplate
tially, related to the stages in the ero- stress in South American. Physics of
sional unloading of the valley bottom and Earth and Planetary Interiors, 16:318-
resulting rebound (Cabrera, 1986). 326.
Detail considerations concerning the de- Oliveira, A.M.S.; Silva, R.F.; Guidicini,
velopment of compressive efforts, during G. 1976. Hydrogeotechnical behaviour of
and- after the Serra Geral volcanism, canto the basalts in dam foundations. Proc.
be verified in Souza Jr. and Campos (1990). First. Braz. Congr. Geol., S. Paulo, vol.
Guidicini (1979) distinguish the following 2:414-429.
signals o f movements, along discontinui ties Price, N.J. 1974. The development of stress
of large extension, due to the compressive systems and fracture patterns in unde-
efforts: formed sediments. Proc. 3th Inter. Congr.
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- presence of mylonites me 2:487-496.
- imbrication of iso-oriented rock frag-
menta
112

Soares, P.C.; Landim, P.H.B. 1976. Compa-


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143.
113

CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA E
HIDROGEOTÉCNICA DE BASALTOS FRATURADOS
ATRAVÉS DE ENSAIOS TRIDIMENSIONAIS .. O EXEMPLO
DE PORTO PRThiAVERA

TRESSOLDJ, Mari.Jda
Geóloga, Themag Engen.haritl l...Jdo.

CELESTINO, Tarcisio B.
Ph.D, Themag EngeMaritz l...Jdo.

COSTA, Silvia M. K Maltin.s


Geóloga, Cia. Energética de Soo Pazdo - CESP

VICENZO }r., Manfredo C. de


Engenheiro, Cia. Energética de SOO Pazdo • CESP

RESUMO
Para caracterizar as propriedmies hidrogeológú:as e hidrogeoticnü:as de um espesso pacote de basalto
frarurado dos ju.ndaçt>es da barragem de terra da usina hidrelétrica de Pano Prim.avua, foram
efen.uuias completas hidrolomografül, atl"tlVés de ensaios de in.tercomunicaçoo tridimensionais por
bombeamento, nas escaJa.s de 5,0, 15,0 e 40,0 m. O maciço rochoso foi aprozimado a um meio
homogêneo e anisotrópico, sendo definidos os tensores de condulivi.dade.s hidráulicas tridimensionais e
os coeficierues de anru:.zzeruzmoro especifico, Ulilizando o método de Hsieh et aJii (1983) e Hsieh et aJii
(1985). Os resultados apresentaram valores distinlos conforme a escala e correlaçdo com as estruturas
geológú:as.
1. INTRODUÇÃO
Em um trecho das fundaçôes da barragem de terra da usina de Porto Primavera, coocessao da Cia.
Energética de sao Paulo - CESP, atualmente em construção, um espesso pacote de basalto muito
fraturado apresenta-se como um importante condicionante das percolaçôes e do seu controle, devido
às suas elevadas condutividades hidràulicas.
O pacote de basalto fraturado é constituído por derrames de pequenas dimellSÕes, mostrando
espessuras de algt_!DS poucos metros e extensões entre alguns metros e algumas dezenas de metros.
Suas descontinuidades são os contatos horizontais, entre topo e base e os rontatos inclinados e
subYerticais, entre as bordas laterais dos derrames, apresenta.Il<ÍO« com elevada frequência, devido às
reduzidas dimensões dos corpos de lava. Esl.ão presentes, também, fraturas horizontais e verticais,
devidas ao resfriamento das lavas. Nos testemunhos de sondagens, contam-se entre dez e vinte
descontinuidades por metro.
Para o estudo e controle das percolaçôes através das fundaçfles, são necessários modelos
hidrogeológicos e bidrogeotécnicos realistas nas escalas do empreendimento, que devem ser obtidos
através do conhecimento geológico e de ensaios win situ". Assim sendo, o presente trabalho aborda as
completas hidrotomogranas eTetuadas no pacote de basalto fraturado, através de ensaios de
intercomunicação tridimensionais por bombeamento, nas escalas de 5,0, 15,0 e 40,0 m, os resultados e
as interpretações que permitiram uma caracterização bidrogeológica e hidrogeotécnica completa e
inédita na história das investigações das fundaçôes das barragens brasileiras.

2. AS INVESTIGAÇÕES
Os ensaios foram efetuadas em sete sondagens rotativas verticais, perfuradas até profundidades de
12,0 m em rocha.
114

Foram efeu~ bidr()(omogra~. con!>tando de bombeamentos a vazão COI'l$tante. em trecho!,


ISOlado& de algumas sondagens e de leuuras das preMbe~. em trechos~ de outras wndagc:nJ., em
regime de fluxo nao permanente e até atmgir a e&~.abiluaçâo, ou durante tre~ horas. no mímmo, wm
registro contínuo das vaz.Oes e das press.Oa.
A avahaçao do comportamento do maciço rocho!lo f01 realtz.ada em 1rts eiealas díslintas, sendo que o.~
trecho6 de bombeamento e leitura apres-entaram diStAncias máximas da ordem e 5,0, 15,0 e 4D,O m.
contidos em três plano-&, no mfmmo, conforme indicado na Figura 1. ·
Os bombeamentos foram efeluado& em tre.c:bo6 de 1.5 m, ísolados por obturadores, nas wndagen..~
SR-A, SR-B, SR-C e SR-D, acompanhado~ de leituras das preMOet. o.as outras sondagens ad;acentes.
Para cada bombeamento, em cada uma das IO!ldagens submetida& a monitoramento, as leituras das
pressões foram obtidas e.imultaneameote, em quatro trecho& de 1.5 m, iwlado6 por obturadores de 1,5
m, tal como üU&trado na Figura 2. •
Os ensaios foram efetuados com a Sonda Ilidráulica Multiteste (Silva- 1987). As leituras das pressões
foram obtidas atravts de transdutores eléuicol;, com aensibilidade flara valores maiores que 0,005 e
0,02 kglcm2. A aquisição dos dados foi feita automat.icamente, por um liuema desenvolvimento pelo
IPT- fnstituto de 'Pesquisas Tecnológicas, São Paulo. J<.s leituras de vazao foram efetuadàs em tambor
de 200 litros, através de medida das variações do nfvel d'água.
Outras discui!SÕeS a respeito da execução das inve&igaçóes foram apresentadas por Tressoldi et ali1
(1990).

o) b) c)

1,l,3 1 4 1 5 - PI,.&IIIO'l 0( (111:1$410

FIGURA 1. COf-<'TIGURAÇÃO DOS ENSAJOS EM PLANTA NAS


ESCALAS DE 5,0 a), 15,0 b) E 40,0 m c)

3. A INTERPRETAÇÃO
Para a interpretação dos resultados, foram considerados o método e a solução analítica propostos por
Hsiehet alii (198j) e por Hsieh et alii (1985), tamo para as condições de fluxo não estabilizadas, como
para as condições de fluxo estabilizadas. Foram utilizados um programa de computador desenvolvido
pela Themag F.ngenbaria, atualmente operacional para condiçóes não constantes e rotinas disponfvei.s
para resolução de matrizes, oo caso de condiçóes constantes.
O método de Hsieh et alii (1983) e Hsieh et alii (1985) utiliza, na primeira etapa de interpretação, a
comparação de uma curva- padrão, bilogarftmica, da variação da carga hidráulica (ó.h) em função do
tempo {L), apresentada na forma admensional, com a curva büogarftmica da van.ação da carga
hidráulica em função do tempo, obtida a partir de ensaio de bombeamento (ou injeção), efetuado em
um ponto, acompanhado de leituras das variações das cargas hidráulicas em outros pontos. Os
resuftados de seis ensaios, no mínimo são necessàrios para determinação do tensor de condutividade
hidráulica tridimensional. Aplicaçóes práticas foram apresentadas por Hsieh et alii (1985) e por Hsieh
(1987).
115

A pan1r da superposição doi d8cloe dOil ensaKZ t curva-pedrao, delerm1nam-ae a chfu~Nidadc


htdráuhca direoonal [Kd (ej)&.l e os valor~ d& relaÇOel> D/kd e D/Si Kd é a condutMdadc
htdráuhca dtrecJOnaloo longo da dtreção I!J; ej é o vetor unitário que Ckfmc a d1reçâo do ensaJO, entre
os centros do6 trc:ch<» Ck bOmbeamento e lellura; D é o determinante da matriz do tensor de
condutrvidaek hidráulica e; Ss é o coefiCiente Ck armazenamento específiCO.
PLANO J
SR·A

Z!$0

us

BASALTO /li! SAL TO


nw~---------------------------------------------------------

PLANO 2 PLANO 3
SR-F
z:ss I
DO

us

UO-L------------------------------------------------------------
PLANO PLANO 5
SR·C
ALUVIÃO ~

BASALTO BASAL. TO

220-L------------------------------------------------------------
----+- CIIISAJOS a;w BQi/111 .A.I6I$TC 1>0$ DADOS À QllllrV4- _ _ ...,..- OtSIJO:S r:t:W TfliE"CNOS DC LCin,IIU.S 4MC$CIIT.t.ltf)O
NDifÃO COifOIJTI'I'IDADi!S 1Ul>lóALil1CAS Plt01f'l14141 f>( ZEJtC
- _...,- /:ltiSA./05 SEIII fiOIJI 4JUSTf DO$ tJ;4(J!(J$ À CVIIIVA- 11105 EM$410$ PONTV4JS
HDRÁa. - · · · · · • - (1IISIUCS $CII l!llSPQSTU ()I.J CD'II ~~ 11U1 rAuA
-~~- lltSAtO$ COIJIIt!SJIICSi4S AP-EIU.$ Elll C{)lltOia:fa DC IIIÀC Ezl.rrDÁc DOS Tlt1Utt$()tUTOitC8.
aJI!tt$TutTCJ

FIGURA 2 ·SEÇÕES VERTICAIS COM OS TRECHOS DE BOMBEAMENTO E


LEITURA NA ESCALA DE 15,0 m
/"
o

4. OS RESULTADOS
As hidrotomogrnfias foram
planos, no mímmo, nas esca!as e
apresenta um gráfiCO do da v"''"""'!i'\0
tempo, ajustacfo à curva-padrílo. maneira
, de algumas dezenas de centímetros e bom
obtida logo nos primeiros minutos, devido à
de armazenamento especffiro do rocbO<.>O.
Nas Tabelas l e 2, respectivamente para as escalas de e
tridimensionais de condutivid.ade hidráulica, seus valores e
armazenamento específiCO, obtidos em condiçlles não
ensaios em condições nM constantes apresentou-se
Nas Tabelas 3, 4 e 5, respectivamente para as escalas de
tensores tridimensionais de rondutivid.ade seus
condições esta bi li.zad.as.
Na Figura 4, para os en..saios em não estabilizadas, estilo apresentadas s.s rafzes quadradas
das difusividades hidráulicas direcionais nas direções (ej), contidas no plano vertical
montante-jusante, ajustadas a
Na Figura 5, para os ensaios em
tensores trid1mensíonais de

5. DISCUSSÕES
O basalto fraturado comportou-se como e ani.sotrópico nas escalas estudadas,
apesar da existência de algumas pequenas u"'~''c'"'""'uc"'. Os resultadoS apresentaram-se dLStintos

Tabela 1 - Tensor ele condutivid.aàe hidráulica e armazenamento específico para a escala de 5,0 m -
condições nílo estabilizadas

Tensor de ''-AJ>"''-"'"'''
Hidráulica
Rumo !m:linaç:J1:o

f2,60
1-1,10
IO,íl
L.

Armazenamento específico (Ss)=

Tabela 2- Tensor de ronàutividade hidráulica e armazenamento especffico para a escala de 15,0 m -


condições não estabilizadas

Tensor de ~/;;dores fr·iocÊpais


Hidráulica d(('(!i!'Js)

0,20 -0,22~ 1,31


i-0.15 0,97
i-0,22 0.47
i
Armazenamento específico (Ss)= 7,18 x 10-<>;m
117

Tabela 3 • Tenzor de c:onduttvidade ~ubca pera a eacala de 5,0 m • COOdiçOea estabilizadas

Teusor ck Coodu~vk!ade Valorell_frioclpehi DI~ Prindpei.s


HldráuUaa s.Hr (m/s) lidO (llla/s)
R.umo IDclinaçAo

.{),42
O,lü 2,60 2.99"
r-2 18
1,50
.{),28
.{),28
2,15
2,00
1,26
930
201°
33°
55°
12'>
.
Tabela 4 ·Tensor de çoodutividade hidráulica para a escala de 15,0 m • coodiçOea estabilizadas

I TeDSOr de Condu~lvidade Valores .f:riocl


pabl Direções Prloclpai.s
Hldráulk:a x10· (m/s) :dO (m/s)
Rumo IDcli.DaçAo

I r .{),06
,06 1,69
,02 0,094
~,02]
0,094
0,31
1,81
1,66
0,.30
11SC
:2()80
350"
2'>
30
860

Tabela 5 • Tensor de coodutividade llidráulica para a escala de 40,0 • c:oodiçOes estabilizadas

TeDSOr de Condu~de Valores.[rindpals Direções Prlndpai.s


Hidráulk:a x10· (m/5) :dO (m/s) I
Rumo IDclinação I

r ).7
).7
.{)).7
1).7
.{),06
opu
.{),06
0,14
2,05
1,18
0,10
2890
199"
960
gc
']!>
8'J:>


v
e /
o. 11 --- • (ICAL4 1..0 e
10 100 - + t:OCALA 11..0 81
TEMPO (lftift l
FIGURA 4 - OIAGRAIIoiAS POLARES DE
FIGURA 3- GRÁFICO TÍPICO DA VA.IUAçÁO DA {(Kd(.e]l/Ss)l/t} a(ej) COM AJUSTE
CARGA HIDRÁULICA Elol FUNçÃo 00 TEMPO DE ELIPSES NO PLANO MONTANTE-JUSANTE,
NAS E$C.ALAS DE !>,O E 1&,0111 - COioi-
OI?ÕÉS NÃo ESTABILIZADAS
118

conforme a escala considerada. tal como ilustrado na f"1~ura 4.


/v. mtdJa\ geométr~ do!. valor~ da~ condutMdade~ htdráuhca~ pnnc;patb m<.l<itraram-~ du.:' (
me~a e tres vezes maiOres na escala de 5,0 m. em compara~. r~pectrvamcnte cüm a' escakl> de 1~.!'
c de 40.0 m
O valor do coefic;ente de armazenamento espccff1co apresentou-se nove vezc~ ma1or na. escala de ".t'
m. quando comparado com aquele da escala de 15.0 m. Na Ftgura 4, observam-se a.<. ma•c>rc:-.
dtfusMdadcs hidráulica' dtrccionaJs [Kd(ej)&] obudas na escala dt 15,0 m. em rela~o àquela'
referentes à escala de 5,0 m. dCVJdo à d1mmui~o no coefiCiente de armazenamento cf.pecífJc.(> em
propor~ multo ma1or que a d1mmuição nos valores das condutiv1dadcs hidráulicas.
A diminuição ll06 valores das condutrvidades h:dráulícas e nos coefiCientes de armazenamento
específico, bem como o acréscimo nos valores das difusividades hidráulicas dtreoonais [Kd( ej )/Ss] com
o aumento da escala, ind1cam, para a escala de 5,0 m, um modelo onde grande parcela das fraturas c
dos contatos condutiVos comportam-se como fe1ç0Cs contfnuar., com exte~o ma1or que a escala d('
cnsato, ou amda, a presença de fraturas e de contatos com elevado grau de intercone~o. confendt>
pela elevada densidade tanto de descontinuidades subhorizontaiS como subvenicaiS. Nas escalas
maiores, de 15,0 e de 40,0 m, devem predominar fraturas e contatos apresentando um menor grau de
intercon~o. Nestas escalas, deve ser matar a frequenc1a de barretras de menor conduttvJdad~.:
hidráulica, representadas pela não continuidade das fraturas e dos contatos, apresentando exte~u
menor que a escala do ensaio, pela mterliga~o com outras fraturas de condutividades hidráulicas
menores, ou ainda, por bolsóes menos condutivos.

N N
o) b)

E E
w

c)
1(1 p-29çr>/ .33° s
Kzp- 9.3°/55°
1(3p-20 1°/12°

KJp-289°/ 8°
s 1(2p-199°/ 2°
K,;p- 95°/82°

FIGURA 5- DIAG~ DE MJLFf COM AS DIREÇÕES PRINCIPAIS DAS _


CONDUTMDADES HIDRAUUCAS NAS ESCALAS DE 5,0 a) 15.0 b) E 40,0 c)- CONDIÇOES
EST ABIUZADAS
119

Na~ Ta !'leias l e 2, para 01> ens.alOJ 1100 oomuul!e~>, efetuaó~ IW escalas de 5,0 e 15,0 m,
venficam-!ioe dtreçôcll e índi~ para rumos OJX:i&lOS. !v. condutividades
hJdráuhcas pnnCJpais Jubhonwntats, enquanto a illlermediária e a menor na
eM:ala de 5,0 m, sao oom Angulos de 33 graus e de 52 graus e na esca~ de
15.0 m, sao respectivameme e J.Ubvertical.
Na Figura 5 e pas Tabelas 3, 4 e 5, 011 emai! em ~d~ comta~tes, efetuados oas e~calas de
5,0, 15,0 e 40,0 m, verifica-~e tudráuficas aubhonzootal.ll apresentam direções
s.1milare~> e que aquelaã e ind~ sao praticamente c:oincídentes, ou apresentam
diferenças entre 100 e 120 Na =cala de 5,0 m, as condutividadei lúdráuiicaa maior e
intermediária apr~ntam-se respectivamente com !ngulos de 33 graus e de 55 graus, e a
menor é J.Ubhorizootal. Nas =caw 15,0 e de 40,0 m, :u oondut~ bkiráulicaa maiores e
mtermediálias ~e aproximam da borí.zontal, e :u menores se aproximam da vertical.
A similaridade entre as direções das oo001Hividades hidráulicaa prtncipaii subhori:l:ootail devem estar
refletindo as direções maii> frequentes d~ contatos laterais enu:-e os derrame~ de pequeD& dimensOes,
inclinados e subverticaii>, imerconectadOI> a contatos entre topo e base dc6 derram-es e a fraturas
subhorizootaii. !v. coodutrvidades hidráulicas subhori:rontais ~ parecem reiaciooadas aos
contatos laterais mais extensos, à direção de avanço das lavas, e as condutMdades hidráulicas
subborizontais intermediárias, cont.atOIIIaterais de meoor ex1en8ao. As diferenças oas direções das
condutividades hidráulicas 'ubverticais e incl~ parecem est.ar ligadas~ fraturas wtwenicais de
resfriamento das lav&, com atitudelll em todas as~
As direções princir.ais indicam a prese~ de fraturas e de contatos sutwerticail com maior frequência,
ou com condu~ hidrául.icas ~DaJS elevadas, na =cala de 5,0 m, em com~ oom e~calas
maiores. Tal influencia é mostrada pelos resultados distintOI> em condições não estabilizadas e
estabilizadas. No infcio do ensaio, em oondiçôes Dilio c.oostanles, o e&COamento deve ocorrer,
principalmente, por fraturas e contatos wbhorizontai.s, que respondem pela condutividade hidráulica
maior, subhorizontal. Há e&COamento, também, at..ravés de pequenos segmentos de fraturas
subhorizontais interligados a 01Hras fraturas e a contatos subvertica~S, explicando as condutividades
hidráulicas principais intermediária e menor, inclinadas. A medida que o ensaio evolui, um maior
número de descontinuidades wtwerticais, oo de descontinuidades subverticaÍil com condutMdades
hidráulicas maiores, passam a participar do escoamento, de forma que, em condições contantes, as
condutividades hidráulicas mruor e mtermediári.a apresentam-se inclinadas, e a menor IDOSI.ra-se
subhorizontal. Nas escalas maiores, de 15,0 e de 40,0 m, o e&COamento é, essencialmente, por contatos
e por fraturas subhorizontais e horizontais, interligados por descontinuidades subverucais, que se
apresem.am com baixa densidade, ou com condutivi.ad011 hidráulicas mellO!'"eS. .
As relações de anisotropia entre as oondutividades hidráulicas principais, em condiçóes llâo
estabilizadas, ~traram-se !guais a 3,4: 1,5: 1, na =cala de 5,0 m e iguais a 2,8: 2,1: 1, na escala de
15,0 m. Em condições estabilizadas, estes valores foram 2,1: 1,6: 1, na escala de 5,0 m, 6,0: 5,5: 1, na
escala de 15,0 me 20: 12: 1, na escala de 40,0 m.
Para as escalas de 5,0 e 15,0 m, por se tratar de basaltos com fraturas predomirnmtemente horizontais,
a partir das informaçoes das soodasem rot.ativas verticais, poderia ser visualizada uma relação de
amsotropia maior entre as coodutividadell hidráulicas borizoota.is e verticais. Os resultadas sugerem
que as estruturas subverticais apresentam«, loc.almeme, com uma maior frequêocia, oo com maiores
coodutividades hidráulicas, que aquelas visuaiizadas a partir das soodagens. r.stas estruturas devem
Lratar-se de :ron.as mais alteradas, de fraturas propriamente dita$ e de contatos laterais entre os
derrames de pequeoas dimensOes. A relação de anisotropia obtida para a escala de 40,0 m apresenta-
se oompaúvel com as previsões a partir do conhecimento geológico ao maciço roclloso.
Os result.ado5 da escala de 40,0 m parecem muito próximos daqueles a serem obl.idog em maiores
=calas. Os resultados das escalas de 15,0 e de 40,0 m já mostram muitas semelhan~ Suas principais
diferenças estão oo menor valor da oondutividde hidráulica principal menor, de indinaçao wbvertical
e na maior retaçao de anisotropia entre as condutividades hidráulicas subOOri:ronta.is e subverticais,
obtidos para a escala de m.
Outras discussões dos resultados, enfocando o efeito de =cala, as relações de anisotropia e as
correlações com as estruturas geológicas foram apre~>entadas por Tressoldi et alii (1990) e por
Celestino et alii (1990).

6. CONCLUSÕES
Os resultados mostraram uma aproxim.ação da porção superficial do basalto a um meio homogêneo e
anisotrópico, definiram os teo.s0r ,., de coodutividades hidráulicas tridimensionais em diversas escalas e
evidenciaram a importância do fator de escala, ao apresem.arem valores distintos para as várias
dimeosOes estudadas.
Os valores e as direções principais obtid~ e as diferenças observadas oas escalas consideradas
mostraram-se relacionad~ às estruturas geológicas. Assumem impQrtância, primeiramente, as
fraturas e os contatos subhorizontais e os contatos laterais entre os derrames de pequenas dimeosOes,
que influenciam, principalmente, as condutividades hidráulicas maiores e mtermediárias e,
secundariamente, as fraturas J.U!:werticais de resfriamento das lavas, que influenciam,
120

predominantemeote, ~» ooodu~ bJdNilu~ mell!OI'a..


AI relaçOea (Se ~ropi&s Obt..idas nat> ~las de S,O e (Se 15,0 m ~DC.J~Waram-ll.t merilOre.s
inicialmente '<"isual.i.7..ad.u, prO'Vl:!Velmente ôevOO a uma maíor lnflutncia local de frai!Jra&
de cootatOII& llllterai& entre 011& demlmell de pequerw dime~-
0 oonheQmeoto Jeológico do~~ e o re~>t!ll.BdOII obtidos em diferemel> ~la' ind1cam
que aquelea da ~ de 40,0 m podem lei" t:llrapoiados para 1» dimelll'IÕeS da ba!Tilgem.
A campanha de ioveztigaçl'Je$ foi oooduzida com equipamento;· que podem ~r con..<.lderados
verdadeiros protótipoL Para ~iot fulun:l!l, é indispensável o aperfeiçoamerno do comrole da&
obtu~ o aumj!nto da mensibi.lidade doilrlm8dutores e o aumenLo da frequêll'lcia da& leituras oos
instante& Iniciai!. E íntereuante aperfeiçoar os equipamento&, de forma que, pan~ ~ rnaiora.,
possam mer obtidas reapostas tanto em ~ comtantes, como em ooodíçOell Mo coru.tames.
A c:xpel'iênáa com a execuçao cw bidrotomografias eooeja a utilização .de&te tipo de w"'"""'"'!>"''t'"-'
outrOII& tipae de ~ bidrogeol6giooa e bidrogeotécnioo!&. Ensaios com o objetivo
efidência de conmas de injeção estao programado~; parn futuro prá!timo, em Porto Prirr.avera

REFERtNCIAS
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bydrogeotedlnk:al cbaracteriulliom of Porto Primavera dam iite fractured ba!alts. In: ISRM
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Mecbanics (oo prelo).
HSIEH, P. A; NEUMAN S.P.; SIMPSON, E.S. (1983). Pressure testing of fractured rocks __ A
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Arizooa, Department of Hyd.rology and Water Resources, Tue&OO, Nureg!CR- 3213: 176, il.

HSIEH, Paul A.; NEUMAN, Sb.lomo P.; STILES, Gary K.; SIMPSON, Eugene S. (1985). Fíeld
determinatioo of the three - dimensional bydraulic cooductivity tensor of anisotropic media 2.
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case r.tudie&. In: U.S. SYMPOSIUM ON ROCK MECHANICS, 28th, Thcson. Proceeding... Tucson,
U.S. Natiooal Committee for Roct Mechanics. p. 465-472, il.
SILVA, Ricardo Femande:s da (1981). E..nsaios com a Sonda Hidráulica Mu!titeste na Barragem de
Juruá da Usina Hidroeléuica de Kararaô.ln: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE
ENGENHARIA. 5°, São Paulo. Anais- São Paulo, ~o Brasileira de Geologia de EngenhariB.
v.l, p. 439-449, il.

TRESSOLDI, Marilda; CELESTINO, Tarcísio B.; MARTINS COSTA, Silvia M.K. (1990).
Hydrogeological and bydrogrotechnical tests for Porto Primavera In:
INTERNATIONAL CONGRESS OF 1HE INTERNATIONAL OF
ENGINEERING GEOLOGY, 6th, Amsterdan. Proceeding... Amsterdam, lntemational PbSr.ociation
ofEngineering Geology (no prelo).
121

6th Jnternationa/IAEG Congress ;ff'me Congres lnternational de AIGI, 1!;1 1990 Balkema. Rotterdam. ISBN 90 6191 130 3

Hydrogeological and hydrogeotechillcal tests for Porto Primavera powerplant


-Brazil
Essais hydrogéologiques et hydrogéotechniques à 1'usine de Porto Primavera- Brésil
Marilda Tressoldi
Themag Engenharia Ltdo.., São Paulo, Braz i/
Tarcísio E. Celestino
Themag Engenharia Ltd., São Paulo & São Carlos Engineering School, Uníversiry of São Paulo, Braz i/
Silvia M. K. Martins Costa
Cesp- Cia Energética de São Paulo, São Paulo, Brazi/

Surrrnary: In order to characterize the hydrogeological and hydrogeotechnical properties o f


a thick layer of fractured basalt located at the Porto Primavera hydroelectric ·powerplant
earth dam foundation, a vast program of in-situ tests was carried out. Both pumping and
injection single-hole tests and complete hydrotom:>graphy by rreans of 3-d.i.nensional
intercx:mnunication pumping tests -were perfor:tred. Single-hole tests yielded first
approxinations of the hydraulic conductivities along the holes. The hydrotcm::>graphy
indicated the validity of modelling the rock mass as an anisotropic ha!Ogeneous rnedium.
Both 3-D and 2-D (on the plane nonnal to the dam axis) hydraulic conductivity tensors
....ere obtained along wi th their principal valtEs and directions as ....ell the values for
the specific storage 1 using the nethod proposed by Hsieh et al. (1983) and Hsieh et al.
{1985). The results were available on 5-rn and 15-m scales. The results show distinct
values for the different scales and good correlation with the geology and the gearetry of
the rock rrass discontinuities. The tests ....ere a pioneer experience for dam foundation
investigation in Brazil 1 for the purpose of the establishment of hydrogeological and
hydrogeotchnical seepage models.

Résurné: Pour caracteriser les proprietés hydrogéologiques et hydrogéotechniques d 1 un


épais paquet de basalte fracturé des fondations du barrage de terre de 1 'usine
hydro-électrique de Porto Prirnavera 1 on a effectué des essais ponctuels de pompage et
injection et des hydro-tom:>graphies completes à travers des essais de intercomnunication
tridinensionnelles par patpage. I.es essais IXJI1ctuels ont fourni une premiere évaluation
des conductibilités hydrauliques au long des perforations. I.es hydro-tom:>graphies ont
indiqué la proximité du rracice rocheux à un milieu hmogene et anisotrope et ont défini
les tenseurs de conductibilité hydrauliques bi et tridinensionnelles 1 ses valeurs et
directions principales et encere 1 le ooefficient d 1 emnagasinenent spécifique en utilisant
la néth:lde de Hsieh et d'autres (1983) et Hsieh et d'autres {1985) 1 à l'échelle de 5.0 et
15.0m. I.es résultats ont présenté des valeurs distinctes selon l'échelle considerée et
ont mantré corrélation avec la géologie et géanétrie des discontinuités. I.es essais
effectués ont constitué une expérience pionnier dans 1 'histoire des investigations des
fondations des barrages brésiliennes 1 envisageant 1 'élaboration de modeles
hydrogéologiques et hydrogéotechniques ayant pour but 1 1 analyse d' écoulenent d 1 eau.

1 INI'IDDUCriON powerplant.
The earth dam is 9-km long and has
The Porto Prirnavera powerplant 1 owned by different foundation conditions. For a
CESP - The State of são Paulo Energy particular sectionl a layer of fractured
Authority - is presently tm.der construction basalt is of ut:nost importance due to its
on the Paraná River 1 between the States of high hydraulic conductivity. It is the nost
são Paulo and Mato Grosso do SUL It is important condi tioning feature for the study
located on the central portion of the Paraná and design of control neasures for seepage
Sediltentary Basin. through the dam foundation.
Basaltic lava flows of the Serra Geral The above nentioned basalt layer is
Fornation, sandstones of the Caiuá Ft>rnation located underneath a 10-m thick alluvium
belonging to the Bauru Group and cenozoic deposit. It consists of small-thickness lava
alluvium and colluvium deposits are all of flows with reduced lateral continuity.
interest for the construction o f the Basalt residual soil and very ....eathered
122

... L ~uv :u .~,/!


U PSTREAiol

,~,
A P~LPUMP1NG
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'5 c. p i{ t;
SR-G~ t
---.--0-:: _____5_1_ ---"------5'-2 E: ---1
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31.!.
"''

II
11-INTERVAL
:JOWSTREAM

Figure 1. Location of the rotary drillho1es. BASALT

Figure 2.Schematic arrangement of 3-D tests.


basal t occur at the top of the layer. Their
thickness ranges between O. 5 and 2. 5 m.
Moderately weathered basalt oc= at larger minute untill steady state· condi tions were
depths showing thickness between O. 5 and reached. The tests were performed on L 5- rn
10.5 m containing ten to tvJenty long packed-off intervals.
discontinuities per m=ter randanly Single-hole pumping and injection tests
intercalated by more weathered zones. The were perfo:rmed for the pu._rpose of obtaining
discontinuities are preàominantly a first evaluation of the hydrau1ic
horizontal and vertical. According to 'What conductivity down the holes.
has been observed on excavated surfaces the Hydrotomography tests were perforrned by
thickness of the lava flows is of the order pumping constant flcw rates at packed-off
of a few neters. .Tbeir lateral extension intervals of some hcles and reading pressure
varies between a few neter to tens of neters. changes caused at packed-off intervals of
Horizontal discontinuities oc= at the top other hcles under transient condi tions
and bottan of lava flows and vertical or untill steady state was reached, or during
inclined discontinuities at their edges. at least three hcurs. Pressure and flcw
Within lava flows, horizontal and vertical rates values were continuously recorded.
cooling-down fractures are also present. Tornography tests were planned to
The work presented here contains the detennine whether the rock rnass could be
results of the site investigations treated as an anisotropic horrogeneous
consisting of both single-hole tests and rnedimn, as wel1 as to characterize
complete torrography by neans of 3- geological features th.at could result ·.i.T1
dinensional interconrnunication tests. Single- important heterogeneities.
hole tests were perfonred by both ~ing In the cases of anisotropy and
and injection. 3-D were perfonned by horrogeneity the 3-D hydraulic conductivity
pumping only. tensor (K) was detenni.ned, and also the 2-
The results and their interpretation that D hydraulic conductivity tensor on the plane
yielded an unprecedented hydrogeological and normal to the dam axis. Their principal
hydrogeotechnical rock rrass characterization directions and values, anisotropy ratios a>d
for dam foundation in Brazil are presented. specific storage (Ss) were deterrnined.
The tests for evaluation of the properties
involved rock rrass volumes at different
2 INVESI'IGA.TIONS scales w:ith characteristic lengths of the
order of 5, 15 anà 4ffm betwee.11 the intervals
The tests were carried out on seven vertical of pumping and pressure change measurernent.
rotary drillholes down to 12 m depl!h in rock. AlJ. .those intervals were contained in three
Their arrangerrent is shown in Figure 1. distinct planes at léast.
Both pumping and injection single-hole The maximum scale of the tests was
tests were perfonned w:i th several stages o f established considering the most probable
constant flow or pressure w:i th continuous range for the rock mass hydraulic pararrete:rs
rronitoring of both pressure and flow. (K and Ss) and the rraxi.mum capacity of the
Readings were automatically taken at every equipanent. I.arger volumes could also be
123

influenced by the upper high-conductivity di fferent flow patterns. Because


alluvium. hydrotomographies would give a much better
Water was pumped from boreholes SR-A, understanding of the behavior of the rock
SR-B, SR-c and SR-D shawn in Figure 1, and mass, single-hole tests were interpreted
pressure changes were :rronitored at adjacent assuming radial flow perpendicular to the
holes. The water pressure changes were read borehole axis, confined between irrperneable
simultaneously in four 1.5-m long packed-off boundaries at the upper and lower levels of
intervals separated by 1. 5-m long packers, the testing interval wi thout further
as shC1Nll in Figure 2 . considerations.
The tests were performed on different
combinations of holes, involving different
planes and different directions, thus 3. 2 Hydrotomographies
yielding a complete hydroto:rrography of the
rock mass. The interpretation was carried out using the
After each test the rock mass was allowed analytical procedure proposed by Hsieh et
to recuperate its equilibrium pressure al. (1983) and Hsieh et al. (1985). They
condi tions before the beginning o f the next developed the analytical general solution
test. of the change in hydraulic head as a
The tests were performed using the function of tine at a point (x, y, z)
Multitest Hydraulic Probe (Silva, 1987) for caused by the injection or p..m1ping of a
pumping. This probe is provided with three constant flow rate at another point (Xo,
charnbers isolated by four packers. Injeetion y 0 , z 0 ). Their solution is presented in
or pumping take place at the 1. 5-rn long dinensicnless form of change in hydraulic
central chamber, Where pressure temperature, head (llh) versus tine (t). The
and electric conductivity are .m::mitored by interpretation of field results consists of
electric transducers. The O. 7-rn long fi tting the resul ts to the type curve llh
adjacent charnbers are provided with pressure versus t and matri.x manipulation of the
trci:nsducers . Their reading gives an results of at least si.x tests. Transient
evaluation o f the effectiveness o f the flow solution was adopted assuming that
packers or hydraulic corrmunications through both pumping and observation intervals
the rock mass. The maximum injection or were treated as points, without significant
pumping capaci ty is of 60 1/min and the loss o f ac=acy o f the resul ts, according
maximum pressure is of the order of 450 KPa. to analytical evaluations for each test.
Pressure changes in the 1. 5-rn packed-off Eracticàl applications of this nethod have
intervals of the :rronitoring hole were read been previously presented by Hsieh et al.
simultaneously by neans of electric (1985) and Hsieh (1987) . A a::mputer program
transducers. The ac=acy o f the transducers was developed at Themag Engenharia for data
was between O. 5 and 2. O KPa. input, mmerical solution and interactive
The data (pressure, temperature and graphics for final result presentation. In
electric cxmductivity) were automatically the preliminary results presented here, only
obtained by neans of a data acquisition tests in transient condi tions have been
system developed by IPI'-Institute of considered.
Technological Research, são Paulo. If the rock mass behaves as an anisotropic
The flow rate was neasured by water level harogeneous nedium the hydraulic
change in a 200-liter barrel,located at the conductivity tensor (K) and the specific
ground level. storage (Ss) may be evaluated by adjusting
an ellipsoid to a polar plot of the square
root of the directional hydraulic
3 TESI' RESUL'IS diffusivities (Kd/Ss) . The adjustnent is
made by the least square technique.
The results were interpreted in 3
3.1 Single-hole tests dinensions using data obtained on three
different planes, and in 2 dinensions
The, specific water losses were obtained using data of tests performed on the
from the single-hole tests, expressed in vertical upstream-downstream plane.
1/ (min.m. MPa) .
Specific water losses determined at the
upper zones ranged between 100 and 1000 3.2.1 Three-dinensional analyses
1/ (min .m. MPa), equivalent to hydraulic
conductivities between 1o-5 and 10-4 m/s. The 3-dilrensional interpretation of the
Several expressions for the interpretation hydrotorrographies was carried out io three
of the results of single-h::lle tests are different scales, taking tests with
available, based on the assumptions of distances of 5 , 15 and 40 m between th€
124

points ~re the pressure change is read Table 1. 3-dimensional hydraulic


and the water is punp=d. 'Ihose points are oonductivity tensor (principal values and
located on different planes as shcrwn in directions) and specific storage for 5-m
Figures 3 and 4. Figure 3 shows the plan scale tests.
view of the test oonfiguration and Figure
4 shows the vertical sections of the 5~ Hydraulic Principal Principal
scale tests. Conductivity Values Directions
For each vertical section as shcrwn in Tensor
Figure 4 f the tests to be considered in the (m/s) (m/s) Bearing Di~
analysis were selected. Tests that showed
no response f and those which caused pressure 2. 6E-5 -l.lE-5 7. lE-6] 4.1E-5 3189 179
decrease lower than transducers accuracy [-l.lE-5 2.9E-5 -3.4E-6 1.8E-5 2169 339
were excludedf as well as tests on intervals 7.1E-6 -3.4E-6 1.6E-5 1.2E-5 709 529
that had response close to zero during
single-hole tests. Also excluded were tests Specific storage(Ss)~ 6.63E-5/m
that showed. steady state condition since the
first readings and those that had data that
did not fit the type curve. Table 2. 3-dinensional hydraulic
Out of the 5~ scale testsf only 5% showed oonductivity tensor (principal values and
steady state oonditions since the beginningf directions)and specific storage for 15-m
and curve fi tti.ng could not be obtained for scale test.
10% of the cases. For the 15~ scalef those
figures are b::>th 15%. Hydraulic Principal Principal
Figure 5 shows a typical plot of the Conductivity Values Directions
logarithrn of the pressure drop versus the Tensor
logarithrn of ti.Iref after adjust:J:rent to the (m/s) (m/s) Bearing Dip
type curve. In general f the data obtained
showed pressure changes of the order of a 1.2E-5 -l.SE-6 -2.2E-6] 1.3E-5 1199 149
few KPa and good agreerrent to the type -l.SE-6 l.OE-5 l.lE-8 9.7E-6 269 129
[-2.2E-6 l.lE-8 5.4E-6 4.7E-6 2569 719
curve. Tendency for stabilization was
reached a few minutes after the
beginni.ng of the tests due the high Specific storage (Ss) = 7 .18E-6/m
hydraulic conductivity and low specific
storage o f the rock rrass.
For the analysis of the data f a coordinate 3. 2. 2 Tv.o-di.Irensional analysis
systen was aébpted wi. th posi tive ax.is x1 f
x2 and x3 pointing towards Eastf North and The interpretation of 2-D hydrotonography
UfMards. The origin was located at the was based on tests wi.th distances be~
center of the pumping packed-off interval. pumping and pressure change reading
Each point where pressure change was being sections of 5 f 15 and 40 m. Those tests
read was located wi. th respect to this were run on vertical planes parallel to
coordinate systen. the upst:ream-downstream direction
Tables 1 and 2 shCM the 3-D hydraulic (N76. 49E) . Drillh::>les SR-A and SR-B; SR-A
conductivi ty tensors in tenns o f their and SR-c; and SR-A and SR-0 sh<::Mn in
principal values and directions as well as Figure 1 were used.
specific storages for the 5- and 15~ scale Tables 3 and 4 show the principal values
tests. For the 40~ scale tests very few and directions for the hy;draulic
properly analysable tests in non-steady conductivity tensors and specific storages
condi tions were available for the for 5- and 1.5~ scale tests. Againf the
definition of an ellipsoid. number of available properly analysable
Figure 6 shOitls polar diagram of the tests for the 40~ scale was oot enough to
square root of the hydraulic diffusivity define an ellipse.
((Kd/Ss) l/2)on the vertical upstream-
dowstrearn plane for 5.-,m scale. tests.
The data obtained were in general wi. thin 4 DISOJSSIONS
the predicted range. Steady state
conditions. since the first reading was The fractured basalt behaves as an
reached in sare tests due to previous anisotropic harogeneous nedium b::>th in 2
underevalution of the hydraulic diffusivity and 3 di.Irensions f in spite o f thé
(Kd/Ss). Proper reading of stabilized flCM existence of .some minar heterogeneities.
rate did not see:n feasible before the first The values of the principal hydraulic
minute. oonductivities are up to three ti.Ires larger
on 5~ scale tests as compared to similar
125

o) b) c)

SR-G /
51 *So 51

'JOWSTREAM
~SR-D

Figure 3. Layout of tests on 5- (a), 15- (b) and 40-m (c) scales.Numbers indicate the
planes of the tests and the arrows indicate the direction from the pumping point towards
the reading point.

~~C:VATION PLANE l PLANE 2 PLANE 3


,.-'l \
SR-A SR-8 SR-A SR-6 SR-A SR-E SR-E SR-8

I I
--' \__,
ALLUVIUM --' A LLUVIUM
.lL~LiVI UM
--'
"'>
:r
--'
<( <( :«
I>
> >
"'a::> uJ a:: a:: ia::w
>- w w
>-
z z

8 ASAL T BASALT BASALT B ASAL T

TESTS WITH GOOD AGREEMENT WITH THE TYPE CURVE.


- · - - TESTS WITH HYDRAULIC CONDUCTIVITY CLOSE TO ZERO IN SINGLE-HOLE TESTS.
TESTS WITHOUT GOOD. AGREEMENT WITH THE STANOARO CURVE OR WITH RESPONSE
ONLY IN STEAOY- STATE CONOIT IONS.
TESTS WITHOUT RESPONSE OR WITH RESPONSE OUTSIOE TRANSOUCERS ACCURACY RANGE.

Figure 4. Vertical sections showing the pumping and reading intervals on 5-m scale. ArrCMS
indicate the test direction from pumping to reading p::lints.
126

P L~ NE 1

SR-A SR-8

E
. :!

~~~~~~~~~~s~~~~~~~~~:ª~~·~:~i~~
i' : 1'1:

o
I
I :i
Figure 6. Polar diagram of square root o f
I ! I : ; ~ I :/I.
hydraulic diffusivity[!Kd/Ss)l/2]on the
I I I ;I ! I' ,,
! •• vertical upstream-dowstrearn plane for 5-rn
''II i scale tests.
iI I i :

li
! I'

0,01
I
I I j :I i ! I i I: I
I;.',
1 10 100 for 15~ scale principal directions are
TIME (mln}
close to horizontal and vertical.
The scale-dependent results seem to be
Figure 5. Typical graph of logarithm of related to the geology and gearetry
pressure change versus lagari thm o f time parameters of the discontinuities 1 such as
superilrp:)sed wi th the type curve. length I densi ty and interconnection
characteristics as discussed by Long et al.
(1982) and Long et al. (1985) 1 based on
Table 3. 2-dimensional hydraulic nurrerical ana.lysis of flaw in fractured
conductivi ty tensor on the vertical rredia. Thüse studies showed that the
upstream-downstream plane (principal values degree o f interconnection increases v:i th
and directions) and specific-storage for the length of the fractures and that rrodels
5-rn scale tests. with hi~ensity small-lenght fractures
have lawer hydraulic conductivity than
Hydraulic Principal Principal rrodels with law-density long fractures.
Conductivity Values Directions On the 5-m scale the subhorizontal
.Tensor fractures behave as oersistent fractures
(rn/s) (rn/s) Bearing Dip and dorni.nates the subhorizontal component of
1.4E-5 -3.4E-6 1.7E-5 76.4Q 40Q the hydraulic conductivi ty. On this scale 1
3. 4E-6 1. 3E-5 9.8E-6 256.4Q 50Q sone flaw nrust also ==
through srnall
sections o f subhorizontal discontinui ties
Specific storage (Ss)= 5.08E-5/rn interconnected by vertical fractures I
explaining inclined minor principal
conductivities. On the 15~ scalel the
Table 4. 2-dimensional hydraulic non-conductive barriers represented by the
conductivi ty tensor on the vertical non-persistent subhorizontal discontinuities
upstrearn-àowstream plane (principal values are averaged off and the flaw through thern 1
and directions) an::l specific storage for interconnected by vertical fractures wi th
15~ scale tests. lawer conductivities is dorni.nant.
FUrther discussions about scale effects are
Hydraulic Principal Principal presented elsewhere (Celestino et al. I 1990).
Conductivi ty Values Directions The anisotropy ratio of the principal
Tensor hydraulic conductivities is o f the order o f
(rn/s) (m/s) Bearing Dip 3.0:2.0:1.0. Based on the :known pattern of
1.4E-5 2.0E-6 1.4E-5 256.4Q 15Q predorni.nantly horizontal fractures obtained
2.0E-6 7.1E-6 6.6E-6 76.4Q 75Q frorn rotary drilling 1 higher anisot.ropy ratios
were anticipated. The results suggest that
Specific storage(Ss)= l.O?E-5/m the subvertical structures are rrore frequent
or rrore conductive than what was shown by
the analysis of vertical drilling cores. It
results on 15~ scale. Principal directions is also expected that vertical drilling
are also distinct on different scales. gives biased infonration about vertical
Principal directions on 5~ scale are features. These features consist of
subh:lrizontal arid inclined up to 52Q 1 whereas weathered zones 1 fractures and lateral
127

contact between lava flows, the two latter considered as prototypes. For future tests,
being vecy fre.quent due to the srnall the following iroproverrents are necessary:
reduced lateral oontinuity of the lava better control of the effectiveness of the
flows of the order of a few meters to tens packers, :m::Jre accurate transducers and JTOrc
of meters, as previously mentioned. These frequent and ear lier readings. _
contacts have the same hydraulic It is also importante to develop equ1pment
conductivity of horizontal discontinuities with higher pumping capacity in order to
because they are of same nature. allow reliable larger scale tests. Results
I t must be considered tha t some tests obtained with larger scales (close to the
were not considered in the analysis for darn scale) will be the most reliable to
having reached steady state condi tions indicate weather or not the anisotropic
since the first readings. Future analysis harogeneous approximation isvalid,as well as
ccnsidering steady state conditions and the minimum scale representa tive of problem.
wi th JTOre accurate instruments may check The experience with the hydrotarography
the values and anisotropy ratios obtained. test related here suggests its utilization
Tv.o-dirtensional analysis on the upstrearn- for other types of problems of
dowstrearn vertical plane (N76.4QE) hydrogeological and hydrogeotechnical
especially on the 5-m scale show principal characterization. Tests for the evalution
hydraulic conductivities even two times as of grout ccurtain efficiency are planned for
low as the values obtained in three near future at Porto Primavera.
dimensions. This seems to be no surprise
because it ~uld be very unprobable that
the major principal conductivity ~uld lie
on that plane.
The single-hole tests showed results of Celestino, T. S., Tressoldi, M. & Pacheco,
higher conductivi ty than the hydrotcmJgrapy.
I.B. (1990). Scale effects on the
This is due the erroneous assumption of the
hydrogeotechnical characterizations of
flow pattern adopted in the JTOdel for
Porto Primavera darn si te fractured
interpretation in the single-hole tests, basal ts. Proc. ISR-1 Workshop on Scale
scale effects, anisotropy, etc. Effects (in press). Balkema, Loen.
Hsieh, P.A., Neuman S.P. & Siropson, E. S.
(1983). Pressure testing of fractured
5 CONCLUSIONS rocks - A methodology employing three -
dimensional cross-hole tests. Topic Report:
Hydrotamography tests carried out at the_ NUREl3/CR3213 u.s. Nuclear Regulatory
Porto Primavera si te consti tute a Ccmmission.washington D.C.
significant advance for darn foundation Hsieh, P.A., Neuman, S.P., Stiles G.K. &
investigation · wí th.· the purpose establishing Simpson, E.S. (1985). Field determination
seepage and stability analysis models. of the three - dimensional hydraulic
The results .showed that the upper portion ccnductivity tensor of anisotropic rredia
o f the .r:ock mass . behaves as an anisottopic 2. Metoàology and application to fractured
hcm:JgeneollS mass. 2-D. and 3-D hydraU:lic rocks. Water Resources Research 21, 11,
ronductivi ty tensors were · detenn:ined on 1667-1676.
different scales. The different results on · Hsieh, P.A. (1987). Characterizing the
different scales calls ·the .attention to the hydraulic properties of rock masses.
influence ofthis frequentlydisregarded factor. Methoàology and case studies. Proc. 28th
The values and the directio11"' of the u.s. Symposium on Rock Mechanics, 465-472.
principal hydraulic conductivi ties observed Tucson.
on different scales seem to be related to Long J.C.S., Rerrer J.S., wilson, C.R. &
the geological structures and to the Witherspoon P.A. (1982). Porous rredia
gearetric characteristics of the equivalents for networks of disccntinuous
discontinuities, such as length, densi ty fractures. Water Resources Research 18, 3,
persistence and degree of interconnections. 645-658.
Daninant features are the ccntacts between Long J.C.S. & Witherspoon, P .A. (1985) . The
lava -flows and vertical and horizontal relationship of the degree of
cooling-down fractures. The reduced interccnnection to penreabili ty in
dimensions of the lava flows contribute to fracture networks. Journal of Geophysical
that. Research 90, B4, 3087-3098.
The anisotropy ratio obtained was lower Silva, R. F. (1987) . Tests with the Multitest
than could be anticipated by qualitative Hydraulic Probe for the Juruá r:an, Kararaô
fracture analysis. Hydroelectric Powerplant. (In Portuguese).
The investigation campaign was conducted Proc. 5th Cong. Bras. Geol. Eng. 1,439-
with pieces of eçuiprent that may be 449. são Paulo.
128

A VALIAÇÃO TEÓRICA DA INFLUtNCIA DA FORMA DA


ENCOSTA SOBRE A EROSÃO DOS SOLOS

JIILICR, Orencio Monje


Professor, EESC • USP

RESUMO
A utilizaçdo de um modelo 17'Ullemázico lf'J.e procure retTaJar o proceno flsíco de erosiJo dos solos pela
chuva permite estudar divenas variáveis ~ no Jent;meno. Neste l1'tlbalho, daenvolve-se wna
equaçdo para a erotl2o em que slio ret1"QQQ/J.ag as aç&l erosivas do impacto áJJ gota de chuva e do
escoamenso supt:TjiciaJ, açt>es estas ~ pekl capacidade de l1'tlnSpOI"te deves procusos. A
equaçdo resub.anle permitiu verificar o efrito dJJ fomrtJ dJJ OtCOStiJ sobre a eros/Jo, olém. de possibililar o
esUJbelecimenlo de um perfil de encosta que tende a fornecer as mmorez pud.as por erostJo pew chuva,
ou seja, o perfil de mfnima erosdo. Ptxle-se constataT que as cargas erodidas Silo dife1'enciat:l. ao longo
dJJ dist4ncú:J, depen.dendo da forma do perfiJ, e que, nas seç6es de salda, as pud.as de solo Ido mais
J»"'''IlU'CúuirJ.s M encosta convem, dimi.nuem M encosta retilinea e sl2o 1'l'le1IOrt!S M encosta c6ncava..

INTRODUÇÃO
A avaliação de diferentes aspectos intervenientes oo processo eros.ivo pode ser feita pela aplicaçao de
um modelo matemático, através do qual t possível efetuar diversas simulaçOes e determinar que
variações 006 parâmetros de interesse produzem as principais alteraçOes no feóómeno estudado. Bse
estuáo preliminar possibilita a oúmizaçâo de um plano de ensaio, .pois os esforços podem ser
centrados na experimentação daqueles arranjos que se revelaram mais importantes.
A influência da geometria do relevo é um dos fatores cuja interferência sobre a Cl'Cl6ao dos JOios pode
ser avaliada atravts de uma representação matemática. Essa interferência tem sido expressa,
correntemente, através de fatores emprricos referentes ao comprimento e à dectividade da encosta. Os
experimentos que embasam a determinaçao desses fatores empre~m, em geral, parcelas de solo
retilíneas, submetidas a uma chuva natural ou anificia~ sem cons1derar ~ mterferêfcias da
forma da encosta. Como a tensão aplicada ao solo pelo fluxo superficial depende da declividade e do
comprimento da superffcie t de se esperar que vanaçOes nessas caracterfsucas topográficas, como as
que ocorrem em enc.ostas não retilíneas, possam ensejar diferentes taxas de et"ClSão. Neste trabalho,
procura-se verificar como os diferentes perfis de encosta comportam-se frente à erosão pela chuva,
empregando-se um modelo matemáúco em que são retratados, analiticamente, a capacidade de
transpone da gota de chuva e do escoamento superficial.

REPRESENTAÇÃO MATEMÁTICA PARA A EROSÃO


A modelação do processo erosivo dos solos pela chuva será abordada se~Ddo a coocepção de Foster
& Meyer (1972a;1975) acerca das áreas foot~ de origem do solo erodido. ~. de S<X?rdo com a
disposiçao que o fluxo adota sobre a superffcie do solo, tem-se as deoominadas áreas mter-wlcos
(mterrii) e em sulcos (rill). Nas áreas inter-wlcos o principal trabalho erosivo resulta do impacto da
gota, que associado à fina película de água que recobre a superfície, destaca e relllO\Ie as partículas
para os sulcos. Nos sulco&, compete ao fluxo o trabalho de destacar partículas e transportá-las, além de
tranSponar as panfculas ~nientes das áreas inter-sulcos. Nesse processo, em qualquer etapa em
que. \ier a ocorrer uma diminuição na capaci~e de trymspone ~ Sl:Jb-processos represen~dos ou
em que a carga de sedimento supere a capaCidade dJSponfve~ pnoap13 a ocorrer a depos~çao de
partículas.
Na representação matemática, que se desenvolverá neste trabalho, a fase em ravinas ou boçorocas
não será retratada devido aos tipos diferenciados de açOes que aí ocorrem, em relação à erosão nas
áreas inter~ulcos e em sulcos e considera-se que a carga de sedimento num ponto qualquer da
encosta é determinada pelo sedimento remO\Iido das áreas ~ter-wlcos e em sulcos de acordo com a
capacidade de transpone dos sub-processos aí atuantes, JSto é, supOe-se que em cada ponto a
capacidade de transporte é totalmente completada.
Isso posto, pode-se expressar a carga de sedimento erodida num ponto qualquer da encosta como:
129

G•'fli'+TI (l)
onde o . carp de iedimento erodida; TF • capecidade de tramporte pelo fiuxc?1~ au l<::o6,
TI. capacid8de de transporte nas áreas mter4Uicol,.todaa com dtmensao F.L .T .
Tem-se constatado que, a de5peito das difereoças ~entes entre o fluxo aupet'ÍÍCI81 e o fluxo em r~.
a fórmula de Yalin {1963) para transporte de aedtmentos ajum-&e bem para o lransporte pelo fluxo
superficial (Fcnter &. Meyer, t972b; A.lomO et ai., 1981). Na equação de Yalin, caso s.e adole um
mõdelo cinemátlco para o nuxo
superficial e se despreze a temâo etsalhante crítica, obtém-se
TF a z. So (l)
onde x • distancia e S0 • dec!Mdade. Tem-se utilizado também, no processo erosivo, relações que
dependem do produto entre potêocw da distância e da declividade, corno expreuo na equação (3):
TF a ,!114.Som (3) ·
onde m varia de 1 a 1,7 e n de 1 a 1,5 (Zing. 1940; Bertoni, 1959; Kirkby, 1971). Neste trabalho. a
capacidade de transporte do fluxo &erá expressa por
TF•A.x.So (4)
onde A é um coeficiente de proporcionalidade determinado a panir de dado~ experimentais.
No tocante à capacidade de transporte dos sub-proc.es.soli atuantes nas áreas inter-sulcos, há ev1d~n~
de que ele parece ser comandado por uma função potencial da intensidade de precipitação (IJ(Free.
1960; Bubenzer &. JCl!Qe:S, 1971), além de depender diretamente da declividade da encosta (Eihson.
1944; Ekem, 1951).
J>.ssim, p:xie..se expressar o transporte inter4Uicos como:
TI • B1.L So (4a)
Considerao~ chuva de intensidade constante e aproximando-se a declividade ela encosta (So) por
So.... .Jh_ (5)
dx
resulta para a equação (1) a seguinte expressão
G ~ ...(A.lt + B)•....!k_ (6)
dx
onde B = B1. Ir é outro fator a ser obtido de dados experimentais.
~ expr~o (6) ~eve portanto IJ?Stema~mente a carga de sed_imento erodido, como funçao da
diStâllCI3 e da declividade àa superffcie e servirá para conduZir a análiSe sobre a influência ela forma da
encosta sobre a erosão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
As análises serão conduzidas considerando quatro perfis de encosta com mesma declividade média,
porém rom diferentes formas: retilínea, côncava, convexa e convexa-côncava.
As equações que descrevem os perfis adotados são:
a) perfil retilfneo
% =100-0,1.:~ cWdx =..0,1
b) perfil c:Oocavo
z = 100-x0.5 cWdx =..0,5. x-0.5 (8)
c) perfil ooovao
%s 100 • 0,001.:~2 cWdx =..0,002 • X (9)
d) perfil coovexo-<:Óllcavo
z = 100..0,002..J:..o,003• x 2 +0,00002.,.? (10)
cWdx = ..0,002..0,006.x+O,~

A Figura 1 mostra os perfis adotados no estudo.


130

....... ......
......
98
' '
'
\ ''
- E
96 "'
(/)

" ' \.
<(
1-
o
(.) 94
' '\. '\.
\.

., ' ' -.
.............
- - RETIL(NEO
92 --·-CÔNCAVO \
----CONVEXO \
· · - - -CONVEXO -CÔNCAVO -':"'-.... \
90
·... '
o'~~,o~-2~0~~3~0~~40~-5~0~-6~0~~7~0--~8~0--~~~
DISTÂNCIAS (m)

Figura 1: Per& de eDCO!Stu ~~dotados


O parâmetro A, devido ao fluxo, foi determinado a partir dos dadas experimentais de Kilinc &.
Riébardson (1973) que stibmeteram uma parcela de solo (90'% de areia e 10% de süte + argila) a
chuvas com intensidades variando entre 31,7 mm/b e 116,8 rmnth. Na equação ('{' para uma chuva de
57,1 JlllD/h, resulta A=0,65 (Vilar, 1987). Oi dados de Young & OllSUid 1978) permitiram a
obte~ do parâmetro B, que para. uma chuva de 45,7 mm/h, vale B = 0,34 . Devido à ~uena
quantidade· de dados referentes à gota de chuva, este valor de B será admitido como válido para
outras intensidadea de precipita<;;Ao. Com tais parâmetros e os perfis adotados, foram calculadas as
quantidades de sedimento erodido ao loogo da distância. A Figura 2 mostra as cargas de solo erodido
ao longo da distancia, para os quatro perfiS.
Pode-se notar que na encosta retilfnea, dada a dependencia linear da quantidade de solo. erodido com
a ctistAncia, o sOk> erodito cresce com o comprimento.

14
- - RETILÍNEO
12 ··-·CÔNCAVO
c:
----CONVEXO I
E /
..... -······-CONVEXO- CÔNCAVO /
.....E 10 /
/
"'
..>:
/
8 /
1'2 /
z /
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::õ 6 .. -7<..
Ci /
~ /
~
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4
--- ..
<.!)
0::
2
<(
(.)

30 40 50 60 70 80 90 100
DISTÂNCIAS ( m)

Fq:ura 1 : Quantidades de solo erodido ao longo da distância para os quatro perfis adotados.
PrecipitaçáQ de 57,1 mm/h.
A= 0,65; B 0,343 (equaç!o 6). =
No perfil côncavo, as grandes declividades inic.ia.is produzem taxas ma_iores no infci'?, porém o
crescí.mento é mais lento, pois a redução nas declividades contrabalança a influênaa da diStância. No
131

200r--r--------------------------------

180 \ /7
160 \ /
t
....... .....
•• - - · - -
/ ,/

120 ..
\ ·.,. . . . . · >·. . ··..
//
~ ~ 100~----~~~--------~~"'~--------~~·~----~
a:: / ., / \.
~ 15:
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$.
80

60'- ;·
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/
//
·,...(,_
... .._____ ...
\\-
<.) lf // ·--·
<! 40 / ..,"" - RETILINEO ...
u I , -· --- CÔNCAVO •••
20 f-! / ----CONVEXO ·,
:/ ··-·--·CONVEXO-CÔNCAVO ••
o v' , . . . . '
o 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
DISTÃNCIAS {m)

Figun 3: Proporções de sedimento ao lolli:O da distâocia em rel.açio ao perfil retilíneo


A observação ela Figura 3 permite notar que tanto nos perfis Coovexo quanto coovexo-cOncavo as
taxas de sedimento são atremamente reduzidas nas porçOes iniciais da encosta, em relação ao que se
observa no ~rfil retilfneo. Em contrapartida, o perfif côncavo mostra taxas elevadas de erosão nessas
porçOes iniaaís, por coota das altas declividades nesse trecho. A medida que crescem as distâncias, as
cargas erodidas ~ a aumentar nos perfis convexo e convexo-<:ôncavo e a diminuir no perfil
côncavo. Ao finãl do perfil, pode..se constatar serem diferenciadas as perdas de solo em fuoçao da
forma da encosta: as perdas no perfil côncavo são cerca da metade das observadas no perfil retilíneo,
enquanto atingem g dObro na encosta convexa, ou seja, para os perfiS adotados neste estudo, as perdas
na seção de saída estão relaciooadas na seguinte proporção 1: 2: 4, para os perfis cóocavo, retilfneo e
convexo, respectivamente.
Perfil para Mínima Erosão
As diferentes taxas de erosão em cada perfil sugerem a possibilidade de que determinadas
conformaçOes tendam a produzir pequenas p!rdas de solo: Do ponto de vista da representaçao
matemática e observando as hipóteses eovoMdas na derivação da equação que aqui se apresenta é
possível resolver a equação (6) buscando determinar que perfil produz a mínima taxa de erosao.
};'azendo na equação (6) a denvada primeira igual a zero tem..se:
dG = d -(A.x + B).dz =O (11)
Resolvendo a equação diferencial formada, obtém-se a seguinte função para descrever o perfil:
z = (K/A}.In(A.x +B) + P (12)
onde K e P são constantes obtenfveis a panir das condiçOes de contorno estabelecidas para o
= =
problema e .que são x O (divisor de águas) ex L (nfvel de base local) oode as cotas têm valores
constantes e unutáveis ao longo do temJX>, corresJX>ndentes, respectivamente, a z = a e z b. =
132

Uma vez determinadas as OOI"'IUUnles K e P, a equaçao para o perfil de superfície pode l'lCl ~como:
lt(X) • 11 +I (.a-b) I I....B(B!R; .lo(A.x + B) I Bl (13)
CDmO a denvada segunda da expre..ao (6) corresponde a
2 2 3
d Gidx • • 3.(lll·b).A I (A.% + 1) 2 . ln(B/R) (14)
e é positJVa para os parâmetros utíltzada&, tem-se que a equação (13) correspoode ao perfil para
mímma erosão tendo_ em VJSUlas hipóteses obscrvad& na representação do moàelo. Para c:Me perfil,
em qualquer ponto e índUJNe na seção de safda, a carga erodida é constante e igual a
G ,.. (A.(a-b)) I lo(R/B)
Numericamente, para o exemplo calculado G • 1,24 kg/m/min. A Figura 4 mostra o perfil obtido para
05valores utlliz.ados n<:~S exemplos deste trabalho, ou SC:Ja, A "" 0,65; B • 0,34; a • 100; b "' 90.

•=r---------------------------------------------~


...o•
IJ

OI&TÃNCIA& (1111

F1pn1 4: Perftl para mínima erodo considerando A • 0,65; B "" 6,34; s "" 100 e b • 90.
Interessante notar que a equaçao obtida é semelhante às equaçOes que descrevem o perfil de rios
equilibrados, isto é, equações Jogarftmicas decrescentes com a distância (Cbristofoletti, 1981). Assim,
oo caso de superffcies oode a pnncipal soiicitaçao advenba da erosao pela chuva, o coobecimento da
influência da forma da encosta pode favorecer o projeto, pois proporcionando a essas superffcies
formas adequadas, ~ redum o efeito oociYo da erosão.
No caso das bclçorocas, ainda que o processo erosivo apresente algumas caracterfsti<:'& diferentes das
retratadas neste trabalho, a extensão das cooclusóes qualitativas obtidas pode favorecer os trabalhos
de cootenção. Melhor explicando, em função da carga incorporada ao llu:w na bacia, de variáveis
hidrológicas seleciooadas e dos tipos de solo presentes, dentre outros fatores, pode« partir para o
equacionamento de um perfil "equilibrado" que permita o coot.role do avanço da erosao. Essa atitude,
em coojunto com outras intervenções de natureza também simples, pode vir a se coostituir num
eficiente e barato método de cootrole de boçorocas.

CONCWSÀO
Uma representação teórica para o processo erosivo pela chuva proporciooa o estudo de diversas
variáveis intervenientes oa erosão dos solos, sem a necessidade de recorrer-se a modelos totalmente
empúico&.
A equação para a erosao desenvolvida neste trabalho, amda que bastante simplificada em relação ao
processo real, possibilitou a avaliação da forma da encosta sobre a erosão. "Fôde-se constatar que
perfis com mesmos comprimentos e mesmas declividades médias mostram taxaS diferenciadas de
erosao ao longo da distância e oa seção de saída. Açstm, um perfil de forma coovexa tende a perder
mais solo em relação a um perfil retilfneo e este apresenta ma1ores perdas que um perfil cOnc:avo. Foi
possivel ainda determinar o perfil para mínima erosão pela chuva, que é de forma côncava e que é
descrito por uma equação logarftrruca, semelhante às que se observam para descrever o perfil de rios
em equilfbrio em regiões de clima úmido.
Os resultados encontrados, vistos, obviamente, com as limitações impostas pelas hipóteses adotadas,
são alentadores pela correspondência com resultados experimentais divulgados na literatura e
133

su~ que esta linll8 de QOOduUI pollil&l vir 1 se comtihur num Importante auxiliar para o estudo da
et'Ollâo dos solo5.

BIBLIOGRAFIA
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134

Geotechillcal mapping: A basic document to urban planning


La cartographie géotechnique: Un document fondamental pour la planification urbaine
L. v. Zuquette
Ul'liv~rsiry ofSdoPaJdrJ, Campus ofRibdrilo Pr~to. Brazil
N.Gandolfi
Ul'liv~rsiry ofSoo PaJdrJ, Campus of Silo Carlos. Braz i/

ABSTRACT: Planning is the best alternative for a better use of environrnen-


tal resources attending to the populational and industrial expansion as
well as recreational, educational and social needs, viewing and econorn2c
and efficient supply of these requirernents. The geotechnical rnapping opti
mizes all this process and provides the information for the rational ocu=
pation of land.

RESU~~: La planification est la rneilleure alternative pour l'ernploi adé-


quat des recours arnbiants dans le but de répondre (de façon efficiente et
éconornique) à l'expansion populationnelle et industrialle mais aussi aux
nécessités de récréation, éducationnelles et sociales. La cartographie
géotechnique optmise ces processus et fournit les informations pour l'o-
ccupation rationnelle du sol.

1 INTRODUCTION of populational and industrial in-


crease, as well as recreational,edu
The occupation of the Earth surface cational and social needs in gene--
is increasing fast and seeks mainly ral.
social and material needs of man- Such planning has to: assist a posi
kind (food, habitation, manufactu- tive economy, with the least cost/-
res, health, education, etc.) .This benefit rate and a long term gro-
occupation may occur in both orga- wing production; respect technical
nized and disorganized manner: the potentialities; foresee the varia-
first makes the occupation respec- tions that may occur and consider
ting the environment and there fo- the populational and social chan-
re not changing its conditions, and ges~ as well as an efficient supply
the second makes the occupation wi- of various needs of the community
thout respectiving the environmental (energy, food, land).
limits (advantage or disadvantage), All forms of occupation are based
causing damage directly to enviro- either upon, inside or in the inter
nmental conditions. For an organi- face with the environment; therefo=
zed occupation there must be a pro- re, the managers/or planners when
cess of global planning, involving planning, authorizing, implementing
general aspects (regional planning) a~d fiscalizing the occupation,~ust
and local aspects (urban planning) . know the variations of environmen-
It is important to emphasize that tal components, as well as the de-
in such process, the word enviro- mands of each form of occupation re
nmental is ment in various aspects: lated to environment,to other forms
ohysical environment,biological en- of occupation, to atmosphere condi-
vironment, social-economic conditi- tions and the methods to implement
ons and the relationship between them (constructives, etc.)
them (Zuquette, 1987).
It may be understood that planning 2 URBAN PLANNING
is the choice between best alterna-
tives existent, for environmental The urban planning applies to both,
utilization, viewing the stimatives the portion already fixed and the
135

urban center expansion limit. - Unconsolidated material - formed


The urban center development alwa- by materials derived frorn different
ys occurs with the implementation rock materials alterations (soilsl
of several related forms of occupa and sedirnents (transported mate-
tion and, therefore with different rials);
demands. In many countries, the fe - Water - sÚperficial and/or deep;
deral, state and municipal govern= - Relief - forms, declivity and dy-
rnents have the responsibilities of namic.
the occupation pre-requirernents. The graphic documenes which an pro-
They uLilize as basic elements for duced should always show the envi-
their decision, graphic docurnents ronmental conditions, approaching
{rnaps, charts, plants) and reports hornogeneous space units according
showing environmental variations to the level of attributes conside-
{recomendations and lirnitations), red.
known as geotechnical mapping. As a subproduct of the geotechnical
The geotechnical mapping may pre- mapping, a data bank may be organi-
sent different informations depen- zed which will mantain a central
ding on the scale it presents. In record of information and will ena
its utilization as urban planning, ble a continuous renew of graphics
where adequate scales are between doccurnents through an increase of
1:25.000 and 1:10.000, the airn is information because of its dynamic
to plarticipate in the forms of aspect.
occupation guidance process, inven According to these considerations,
tory, analyse, selection and the- the process of geotechnical mapping
best indication for local investi- is considered of fundamental impor-
gations. In surveys with scales lar tance to urban planning optimiza-
ger than 1: 10. 000, the docurnents - tion, (Varnes, 1973; I.A.E.G.,l976).
present local investigationscharac
teristics, and do not make part of 4 SOME FORMS OF OCCUPATIONS
the geotechnical mapping process.
Amongst the forros of occupation of In urban centers the forms of occu-
urban center development the follo pation are normally implemented at
wing may be considered: the same time and in the same area
- residential areas, popular habi- (Table 1), with interferences a-
tation; mongst them. As a consequence of
- access roads !streets, avenues, this condition, it is important to
etc.); know the demands of each occupa
- potencial aquifer exploitation; tion in relation to its attributes
- foundations; (Tab1e 2). Basic demands related to
- industrial areas; the attributes of some forms of
- potencial areas building materi- occupation are presented as follows:
als exploitation;
- recreational areas;
- waste disposal areas (industrial a. Residential area, popular habita
and domestic); tion:
- building lots;
- reservoirs, dams and embankments; Declivity - The definition of clas-
- sewerage pipe nets; ses of lot s1ope should condition
- natural drainage channels; the distribution of cities blocks,
- public areas (gardens, parks). the size of each lot, the adequate
The geotechnical mapping may be position of buildings (viewing the
used as a scope to furnish informa reduction of embankmentsand cuts)or
tions for a set of forms of occupa define particular constructive con-
tions or an specific one. - ditions in areas with more than 30%
declivity. The declivity map should
3 STUDY OF PHYSICAL ENVIRONMENT be presented in classes, according
to the scales: 1) scale 1:25.000
The geotechnical mapping must show classes of: O to 2%; 2 to 5%; 5 to
the attributes variations of the 10%; 10 to 15% and > 15%; 2)scale
following components of the physi- 1:10.000 classes of: O to l%; 1 to
cal environment: 2%; 2 to 5%; 5 to 8%; 8 to 10%; 10
- Rock substraturn - formed by hard to 15%; > 15%.
and soft rock;
Tab1e 1 - Forms of occupation X needs and/or interferences

1 2 3 4 5 6 7 8 9 '.0 11 12 13 14 15

1. Residentia1 are as X X X X X X X X
-
2. J\ccess ways X X X X X X X X X
-
3. Dams/earthfills X X X X

4. Aquifer potentia1 X X X X X X X
1-----
5. Foundations X X X X X X
·-

6. Industrial are as X X X X X X X X X X X X

7. Building materials X X

8. Floods X X X X X X X

9. Recreational are as X X X X X X X X X X

o. Risks are as X X X X X X X

.ll. waste disposa1 X X X X X X X X X

~2. Bui1ding lots X X X X X X X X X X X. X X

3. Reservoirs X X X X
,.
4. Underground constructions X X X X X X X X

~5. Channelizations X X X X X X
Table 2 - Attributes X Forma of occupation (0 - basic1 X - secondaryl

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Residential area X X o o o o X X X o
Access roads o X o o o o o o
Dams/earthfills o o o o o
Aquifer potential o o o o
Foundations o o o o X X o o o o
Industrial areas X X o o o o o o o
Building materials o X o o o
Floods o X o o o
Recreational are as o o o
Risk areas o o o o o o .
Waste disposal o o o o o o o o o o o
Building lots X X o o o o X o o o
Reservoirs . o •
Underground cons-
tructions o o o o o o
Channelizations o o o o o X o o
138

Water leve! depth - When the water mical and physical aspects that may
leve! is deep less than 2m during make its utilization impracticable
great part of the year special care as sand, clay, pebbles or crushed
is demanded, viewing the probabili- rock.
ty of temporary flood occurence Rock substratum depth - The thick-
which may cause damage to under- ness of the. overlayed unconsolida-
ground works, cuts, etc. ted material when significant(> 20m)
Rock substraturn depth - Depths less may make impracticable a rock layer
than 2m, will condition the execu- to coarse aggregate.
tion of all cuts and embankments be Spatial arrangemen{ - The apatia!
fore ~he construction of any buil= relations of an ~nit may make them
ding because the utilization of ex- technically and economically imprac
plosives may cause damages, and al- ticable when the conditions for ex=
so will condition the type of foun- ploitation have high costs.
dation, forms of investigation and Water level depth - When the water
unables the development of areas depth is < Sm or is above the level
that utilize septic tanks and pits. of the superior layer it will be ne
Drainage - This attribute representa cessary to drain the area and some=
the facility with which water flows times forbid the exploitation; howe
in surface and subsurface; therefo- ver, it is not fundamentaly a limi~
re, areas with bad drainage condi- ting attribute.
tions should be avoided, specially Distance related to the urban cen-
if high costs for drainage systems ter - Distance is one of the most
are involved. important economic factor for buil-
Extension of landforms - It consti- ding material exploitation; its lo
tutes a homogeneous unit of the phy cation far from urban centers is a-
sical environment and it is appro- ppropriate when related either for
priate to this occupation; if the environmental protection or urban
extension is small (< 5 ha) it is center expansion.
not reconmended when surrounded by
unappropriate units; however, when
it is surrounded by appropriate c. Buildings lots
units, but with differences in some
attributes, it might be recommended Declivity - The building lots im-
after a global. analyse of the cauti plantation usually occurs in large
ons required. - environments (about 50 ha) where di
Type of material/Profile variation- fferent declivity classes are inclu
The occurence of organic clay mate- ded. During the design approval it
rial is a strong limitimg factor for is necessary to know the limiting
this occupation; other materials extension of declivity so that the
may be acceptable if the technolo- government. may require preventive
gical resources for the occupation and protective measures in the occ~
do not require high costs. pation process, specially with res-
Altitude variation - It constitutes pect to lot size and services.
a problem when related to unappro- The declivity classes for geotechni
priate declivities. cal mapping are: -
Expansibility/Collapsibility/Compr~ O to 8% - the lots size and condi-
ssibility - They should represent a tions for implantation are conside-
limiting factor for low costs habi- red common.
tational designs because technolo- 8 to 20% - there should be a stan-
gical resources as special founda- dardization of the lots, not less
tions may make them impracticable; than 600m 2 , for the various subcla~
in the other hand, such situation ses.
may cause an alteration in the ini 20 to 30% - if there is no other
cial design (example:option for ver option, it is recomended the divi-
tical buildings). sion of the lots in large exten-
sions (> 1000m 2 ) and heterogeneou~
ly distributed.
b. Building materials exploitation > 30% - sepecial conditions.

Type of material - The basic attri- Observations:


bute is that it has to be studied
considering all mineralogical, che- 1) In areas with declivity superior
139

to 15\, posi tions, depths and forms REFERENCES


of construction must attend legisl~
tion; · Coulon, F.K. 1976. Mapa geotécnico
2) In high declivities (> 20\) the de Morretes e Montenegro (RS) .Por
cuts and embankements (heights, re- to Alegre,. Dissertação de Mestra=
taining walls, etc.) must be speci- do. Instituto de Geociências/UFRG~
fied when the building lot design pág. irreg.
is authorized; Haberlehner, H. 1966. Princípios de
3) Avoid groups of lots (blocks) mapeamento geotécnico. In Congres-
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of Sm, the occupation wi11 be nor- gineering geological and related
mal, avoiding though bui1ding 1ots paper. U.S. Geological Survey. '•
where the waste disposa1 wi11 requi Zuquette, L.V. 1987. Análise críti-
re septic tanks and pits. Special - ca da cartografia geotécnica e pro
cares must be taken when the place posta metodológica para as condi=
is characterized as a superficial ções brasileiras. São Carlos, 3v.
aquifer or recharge area. (Doutorado) - Escola de Engenha-
Rock substratum depth - When the ria de São Carlos-USP.
depth is less than 2m, excavations,
cuts, embankments shou1d a1ways be
demanded as we11 as any form of en-
vironmental alteration before any
building in the lot. If the rock
substratum is unti1 Sm and the de-
clivity of the lot is about 10% spe
cial cares are necessary at the pla
ces where connections of underground
pipes occur.
Drainage - Areas with declivities
close to O% and with the rock subs-
tratum near the surface (< 2m),
drainage conditions present diffi-
cu1ty to lots imp1antation, and sp~
cific constructions are necessary for
an appropriate water flow.
Extension of ladforms - Areas where
the landforms present smal1 exten-
tion (< 5 ha) problems with the dis
tribution of blocks are frequent,-
since different landforms define
drainage channels or different posi
tions in slopes.lt_is important to
define the lots conditions for each
slope as well as fix the specific
protetion area boundaries since the
landform i·s very common.
Expansibility/Co1lapsibility - When
possible lots with such forros of
behavior must be avoided, mainly i f
the building lots present low cost
characteristics. In such lots it is
quite normal that buildings present
cleavages no matter if they are low
or high costs building lots.
140

MAPEAJVIEl\TO G EOTÉCNI CO:


UMA PROPOSTA METODOLÓGICA

Lázaro Valentim ZUQUETTE *


Nilson GANDOLFI **

RESUMO: Esta metodologia apresenta os seguintes aspectos: atende condições gerais;


adequa-se à diversidade de escalas ( 1: 250.000-1: 100.000 e 1: 50.000-1: 10.000); utiliza
atributos obtidos por meios alternativos e é realizada a baixo custo. É válida para mapear
regiões com declividades menores que 30%; baseia-se num grupo de 20 acributos
fundamentais do meio físico, e a definição das unidades homogêneas do terreno não é
condicionada a classes taxanômicas.
UNJTERMOS: Mapeamento geotécnico; metodologia de mapeamento; meio físico;
planejamento regional e urbano.

INTRODUÇÃO

A análise do meio físico (rochas, materiais inconsolidados, águas, relevo e suas relações),
como base para implementar as diversas formas de ocupação, vem se caracterizando como
o procedimento mais adequado e os resultados desastrosos oriundos de ocupação
inadequada demonstram a importância destas informações. As variações do meio físico
vêm sendo analisadas e registradas em documentos oriundos de um processo denominado
mapeamento geotécnico (engineering geological mapping). Na atualidade, existem mais de
2000 artigos publicados sobre avaliação do meio físico, provenientes principalmente de
países com alto nível sócio-econômico, como os da Europa, a Austrália, os EUA, o Canad;J.
e a Grã-Bretanha. Tais artigos abordam aspectos metodológicos e de aplicação, nem
sempre com o mesmo título, mas sempre refletindo os mesmos aspectos do meio físico. A
IAEG, a partir de 1970, preocupou-se com a informação do processo de mapeamento

• Faculdade ·de Filosofia. Ciénc1as c Letras de Ribeirão Preto.- L'SP -14100- Ribeirão Preto- SP.
" Escola de Engenharia de São Carlos- CSP -13560- São Carlos -SP.
141

gcotécnico e publicou uma propo5ta metodológica baseada em um grande número de


trabalhos 1• Tal propa51a aprescr.ta problemas ao ser. utilizada em países de baixo nfvel
sócio-econômico c com meios físicos diferentes dos pafscs citados, como é o caso do Brasil.
Em países de alto nível sócio-econômico, o mapeamento gcptécnico tem como objetivo
agrupar as informaçôes existentes de uma dada região e, assim, definir unidades
homogêneas, sua.<. caractcrí>.ticas gcotécnicas c quai5 as m'clhorc~ maneira~ de ocupá-la,
com vantagens e Jimitaçôcs, bem como detectar a necessidade de trabalhos em escala~
maJores.
Em países de baixa condiç<io sócio-econômica, com grandes extensões territoriai5, taxas
de ocupação variadas e diversidade de meio físico, a realização do mapeamento gcotécnieo
defronta-se com diversos problemas, tais como: falta de base topográfica adequada, de
conhecimento técnico dos profissionais envolvidos nos atos de plan..:jamcnto, de legislação
para punir a ocupação inadequada c que fere o meio ambiente, além da dispersão das raras
informações existentes. Portanto, o mapeamento geotécnico, nestes países, tem que se
preocupar com a elaboração dos documentos desde a fase inicial até a produção dos dado~
quantitativos mínimos necessários a uma avaliação preliminar do meio físico.

Desta forma, resolveu-se propor uma metodologia que atendesse algumas condições do
Brasil e regiões com aspectos sócio-econômicos semelhantes, respeitando as seguintes
características:

-apresentar o menor custo possível, para não ·oncorrcr com a investigação específica:
-aplicar-se à diversidade do meio físico e à grande extensão territorial;
-fornecer dados úteis (por exemplo, a profundidade do substrato rochoso);
-permitir o acréscimo de informações.

CONDICIONANTES PARA O DESE~VOLVIME!'<IO DA METODOLOGIA

O B:-asil apresenta urna diversidade do meio físico muito grande assim corno a
inexistência de informações que poderiam auxiliar no desenvolvimento do trabalho.

A seguir, observa-se urna lista com as principais variações do meio físico e as regiões
que demonstram a sua diversidade:

a) Regiões montanhosas, típicas de rochas cristalinas (ex. Serra do Mar e Mantiqueira):


de rochas metamórficas (ex. Serra da Canastra); rochas sedimentares (ex. Faixa
Paraguai-Araguaia).
b) Regiões litorâneas, mais de 8000 km de costa, com planícies costeiras e sem planícies
costeiras, mas com serranias.
c) Regiões planas, com declividades predominantes < 15% com alta diversidade de
rochas (ex. Depressão Periférica-SP); com baixa diversidade de rochas (ex. Planalto
Ocidental-SP; Baixada Cuiabana-MT, Chapada dos Parecis-MT-RO).
142

d) Vales circundados por montanhas (ex. Vale dQ Rio Paraíba do Sul).


e) Áreas com relevo i~Tegular, declividade entr~ 12 e 30% (ex. Regiões dos Estados dt:
Goiás, Mato Grosso e Mina~ Gerais).
f) Planfcics intf'riorcs, com deposição de sedimentos (ex:Amazônia).
g) Planícies e planaltos, com rochas variadas (ex. N0rdeste do Bra~il).

A metodologia proposta, além de atender às variações do relevo, deve também atender


aos seguintes aspectos:

-servir a multifinalidades, tais como: obras de engenharia, saneamento, agroindústrias,


etc.;
-fornecer informações úteis à proteção do meio ambiente;
-auxiliar no desenvolvimento de projetos específicos (ex. irrigação);
-fornecer aos administradores públicos dados relativos à orientação da ocupação do
solo;
-realizar amostragem dirigida dentro da região e na unidade considerada homogênea
(áreas-chaves);
-ser desenvolvida em duas partes:
2
1. para áreas extensas ( > 1.000 km ) e com o objetivo de delimitar as variações básicas
do meio físico;

2. para áreas menores ( < 750 krn 2 ), com o objetivo de selecionar as áreas problemáticas
e orientar a ocupação regional e urbana (escalas entre 1:50.000 e 1: 10.000).

PROPOSTA PARA ÁREAS EXTENSAS (ESCALAS 1:250.000 A 1: 100.000)

Este assunto já foi abordado por ZUQUETIE & GANDOLFI 2 e as recomendações


são as seguintes:

-O mapa topográfico utilizado pode estar em escala até 1: 100.000, desde que a
eqüidistância das curvas de nível seja inferior ou igual a 20m; caso contrário, a declividade
deve ser obtida por meio de fotogrametria ou de medidas no campo.
-As imagens de satélite, em escala 1: 250.000 e/ou 1: 100.000 devem ser usadas junto
com as fotos aéreas 1: 60.000, para auxiliar na elaboração dos mapas do substrato, de
materiais inconsolidados e na análise geomorfológica.
-A homogeneidade dos materiais do substrato pode ser definida através de um ou
vários dos seguintes atributos: tipo rochoso (ígneo, metamórfico ou sedimentar), litologia,
mineralogia, estrutura geológica, grau de intemperismo, etc.
-A homogeneidade dos materiais inconsolidados deve ser obtida com base na tex1ura,
na gênese e na mineralogia associadas a anomalias que possam ocorrer.
143

-Podem ser feitas combinaç(>es entre os atributos, conforme apresentado na Figura 1.


-Sobre as unidades de 31 combinação da Figúra 1, estudos geotécnicos devem ser
realizados em áreas-chaves que representem os extremos de cada unidade, conforme O'-
dados da Tabela 1.
-As unidades de 4 8 combinação definem, em ordem decrescente, as áreas em termos
de prioridades, assim como indicam onde devem ser executados mapeamento>. gcot6cnico~
em detalhe (escalas maiores). ·
-As informações que compõem a fase básica devem ser primordialmente obtidas por
mecanismos simples e rápidos, de forma que não onerem o processo.

PROPOSTA PARA ÁREAS MENORES (ESCALAS ENTRE 1:50.000 E 1: 10.000)

Esta proposta metodológica baseia-se no levantamento de um grupo de atributos do


meio físico considerados básicos (Tabela 2), e que são registrados em mapas e em cartas
interpretativas (como por ex. de declividade, de "landforms") associados a memoriais
descritivos 3. As relações entre os atributos, as formas de obtenção e/ou observação e seus
registros podem ser analisados na Tabela 3. É necessário que a avaliação, a análise e o
registro de tais atributos permitam sua utilização pelos mais diversos usuário::..
É objetivo desta proposta atender usuários públicos e particulares que estejam
relacionados com as formas de ocupação e o planejamento de uma área urbana ou região.
O mapeamento geotécn.ico deve fornecer informações aos usuários de forma tal que
possibilite a avaliação do potencial da área quanto aos seguintes aspectos:

A) Planejamento Urbano:

-localização de autopistas;
-planejamento para desenvolvimento residencial;
-disposição de rejeitos industriais e domésticos;
-suprimento de água;
-fundações;
-seleção de áreas para indústrias;
-pesquisa de possíveis jazidas minerais;
-sistematização adequada de drenagem;
-controle de enchentes;
-adaptação de edificações à topografia;
-áreas de recreação;
-loteamentos.
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QICIJPOflllll
- - - - - - - - - - - ·--·--'---·-- - - - - - - - - ·---·--- --------------------
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TOP'OGR.AFIA O!Cl.lVlDADF. E
f'ORHAS 00 T'lm
CLASSES DE llEt:LIYtnAOF.
(5\, S• 15'\ 1 l'i'\)
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tltll UAilF.S UK
lf llJ-OIITHA.ç.l.fl
J An•lhar • lntrr .. cÃo "ltht•mt.P ~ntrf! 011
tipo• rocho•o•, fnnta!l l'~~trlc"'' dfl'-
GE(H)RFOLOGJA RF.HO - no, hndfornll' cllvfrl«dto. An•lt•Ar '" ocorr"'ll 11ltu•·
çne•
SUBSTI!AlU
Pocnw::O
- IIATERIAIS
ll<JitlGtHF.OS
- TIPOS ROCHOSOS R t.lTOlOCIA,
r.RAU OF. JHTE'HPP.RJSI't:1
/ d•vldo à• cn~tnedl!ltlcu II'Otre
S.H.R.; dtocltvtdlllfff' nu contHcf\.u cll•Ã
tlc••· Apontn )~Ah C()lll f'I"HI!I{v•lll f'<.':
l~nd•li1Adu r·n" rrc•l\t .. -.u.
- HATtRtAIS
r 1 u>HsrnuçAo - At."RRC.AOOS ,
- HtNf!:RIO TRAHSFORM.AÇAO

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IIATEIHAIS • IIATE1UAIS - tr.rnfR.A, HIHGtRAt..or.tA, <:F.KY.S! fTR.AHSP, R!91tl.l, HAPA
JH())NSOLIDAOOS I""""'F.HEOS ROCHA, ORIGF.H (TALIJ.S, COI.0V10 1 AltlVJnF.s) COH
- ANOHALIAS - ESPESSURA 20 • ou '; a
J«<oflRIAt
• IIATfRIAIS
p I CO!tSTI<Uç,\0 • •nh•, u·atla•, p•dre-
lulho, hterttu
l-----+--------t------------------·-----1-----1
.IGVA' - I'OTI!IICIAL 00 • TIPO ROCHOSO, TF.XTUFA, POS!\fVF.l. ESPISSIIAA F. b.EAS r>F. IIAPAS
TIPO ROClJO~O RECARGAS ~RJAIS
Subtt-rrineu
- ~,lPf'fftd•l•
• BACIAS - LIHlTP.S RIOS DF. ltf ORDF.H f;FGUKOO OORTOI'I OU ~TRAifl.KR,
F. ntmms
- t«JRI'OIIY.1l!IA
• AREAS ALAGAOAS
S l5TEHA m: DRE!iAGf.H
- T01J0 POSS!VF.L PARA A FSCAI.A I OFctiVIDAO> lltDIA
""''
N)(.llS

PA.ftA CADA MCIA

fHOICF.S RF.l.A- - VF.GI<TAç,\0 - HAnntAI. OU TKPOSTA, ~R.ElX.'»1ftl10 1 F.SPVCU DBPTNJR


TJVOS AI - TIPO DA Aç,\0 !HO!Cl!S
- t"CH> A ARlA ESTA S!"OO OCHPAOA (ORPF.HA.DAHF.trr! 0\1 NA.O)
AHTI<OPOC2NICA PARA AS
- ocur•ç!Ío - OCVPAç,\0 POP, - DENSIDADE PnPHU.r.tONAJ. (hah/bt 1 ) AR&As F.K
•tual AREA
- ire•" nlltu- - AGRIQrl.lVRA, H1HRRAç.I.O, PF.CIIAAIA., OLARIAS, OtrTRAR niHç,\0 DAS
- f()f(I"K DI REKDAS OllfDiç0<S
r.h
- CUSTO TERAAS - CUSTO RA.SP'.AOO HA HITF.IiSIOAO~ ocurAC'TOHA1.1 C)UALIOAO! AliTF.R10RF.S
- condlçÕu OA TP.RRA F- OtTROS
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_ _ _ _ _ L __ _ _ _ _ __.__ _ _ _ _. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ - - - - - - ' ' - - - - - - - ' - - , - - - - - - - - - - - - · - - - - - - - - - . - - - - -

(Deve-se elaborar uma base de fndlce pnra cndn regiÃo,)

FIO. 1 - Esquemati1.açao pam a elabomçao do mapeamento geot~cnico em escalas entre 1:100.000 e 1:2SO.OOO.
TABELA 1-0bst•rvaçi\o mínima sugerida

_______ N• de _loca_~ a sue~~~ Áreas-dw~ (•)


f<'lnnlldnde Escala __guall!!flvt'l_~tn~e- QuantltaUnnm nte (20 ~an1
Crl~lallno Sffllmentar Geral F..~~Cala Pontos oblwrTIIdos
----·----------·
2
11 :ísica regional 1:250.000 1/15 km
2
1/15 km 1f20km
2
1:50.000 1(2 km 2
-~··---·--

.
1: 100.000 4/10 km
2
1/10 k.m 2 1: 25.000 1/ km
2

cgiun:~l orientativa i\ distrihuiçi\o


2 2 2
:~s formas de ocupnçi\o e da fase 1: 50.000 6/5 km 1/ k.m 1/5 km Em locais considerados
c inventMio de projetos extremos dentro de cada
unidade definida como
homogl!nca qualitativamente
---------- 2
2
l: 25.000 3/km 2/k.mz 1/km
Jrt,:~na

(' ) Obsc rvações


I. Quando uma área considerada homog~nea (unidade) e/ou muito extensa, pode-se selecionar mais de uma área-chave.
2
2. No caso de áreas homogeneas (unidade), com extensao inferior a 90km , nos trabalhos em escalas entre 1:500.000 e 1: ·200.000, nlln deve ser
selecionada área-chave e a UNIDADE deve ser analisada como tal.
2
J Nos trabalhos em escalas entre 1: 100.000 e 1: 75.000, as áreas homogl!neas (unidades), com extensao próxima a 90 km , podem ser analisadas
l'Onl o aux1lio de uma área-chave.
4. ()número de P<>ntos a serem observados são válidos para áreas onde a faixa de declividade > 20% nllo ocorre em mais de 20% do total da 'rea.
S. 1\ proposta de amostragem quantitativa é válida quando dirigida em unidades inicialmente consideradas homogl!neas segundo critérioo
qualitativos de acordo com esta proposta metodológica.
TABELA 2- Tipos de atributos e fatores de ocupação

Atributos t• parte 2' parte


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Fundaçocs o o o o o o o X X
E~cavabilidade o X o o o X X
Deposi<;ao de rejeitos o o o o o o X X o o o o X X X X
Estradas o o o o o o o o X X o X o X
Obras enterradas o X o o X o o X o o X
Estabilidade de taludes o X o o o o o o o o o X o•
Materiais para construção o o X X o o o
Erodibilidade o o o o X X o o o X
JrrigaÇ<'IO o o X o o o X o o o o X
Poluiç:lo o o o o o o o X X o
Lotcnmento X X X o o o o X o o o o o o o
-
O = Fundamentais
X = Secundários
TABELA3-Atributos x formas de obtenção
Atributos Formas de obsenaçãe Documentos de registro
1. TIP.<J de material - Fotoínterpretação Mapas de substrato
(inconsolidado ou rochoso) -Trabalhos de campo rochoso ou/e materiais
- distribuiçao em áreas - Ensaios de laboratório inconsolidados
caracterrsticas - granulometria, azul de metilcno, mineralogia, etc.
2. Natureza e perfil da unidade - Trabalhos prévios Mapas de substrato
-relações espaciais -Trabalhos de campo rochoso ou/e materiais
- caracterrsticas -cortes, tradagens e sondagens alternativas inconsolidados e tabelas
- investigações de campo c latxxatório
3. Espessura dos materiais -Trabalhos de campo Mapa de materiais
inconsolidados -Sondagens alternativas inconsolidados
- penetrômctro simples do tipo Borro
- trado mecllnico-manual
- geoffsica
4. Profundidade do N.A. -Idem aos itens 1, 2 e 3 Mapa de águas ou
materiais inconsolidados
5. Declinidade e sentido - Mapa topográfico ('_arta de declinidade
- Fotogrametria
-Trabalhos de campo (inclinômetro)
6. Permeabilidade -Trabalhos prévios Mapa especffico
Drenabilidade - Estimativas ou memoriais
Drenagem - Observaçao de campo
- Investigaçao em laboratório
7. Expansibilidade - Estimativa via mineralogia, C.T.C. e Memoriais
ensaios alternativos (azul de metiteno)
-Ensaio M.C.V. (Moisture Con. V alue)
R. C.ompressibilidade - Observaçao de campo Memori.ais
- Trabalhos prévios
- Estimativas
9. Suporte - Observações anteriores Memoriais
-Sondagens alternativas (Borro) Perfis
Atributos Fonnas de observação Documentos de registro
10. Corrosividade - Ensaios especfficos Memoriais
-Ensaios alternativos (resistividade)
11. Áreas de inundaçao - Fotointerpretaçao Mapa
- Trabalhos de campo
12. Movimentos de terrenos - Fotointerpretaçao Mapa
- Observaçôes anteriores
- Trabalhos de campo
13. Formas e comprimentos - Fotointerpretaçao Memoriais c mapa
das encostas - Trabalhos de campo
14. Áreas de recarga -Mapa do substrato rochoso e dos Mapa
materiais inconsolidados
- Fotointerpretaçao
-Trabalhos de campo
15. C.T.C. (Capacidade de - Ensaio qurmico Memorial
troca iônica) - Ensaio de absorçao de azul d<: metileno
16. Dados climáticos (erosividade) - Observaçôes anteriores Mapa de dados
17. Salinizaçao (potencial) -Trabalhos especrficos Memoriais,
18. Grau de alteraçao - Observaçao macroscópica Memoriais
- Observaçao microscópica
- Ab-adsorçao do azul de metileno
19. Canais de drenagem/km - Fotointerpretaçao Mapa de água-;
20. Capacidade de campo - Ensaios especrticos Memoriais
e de murchamento
21. Fraturamento estrutural - Fotointerpretaçao Mapa do substrato
- Trabalhos de campo rochoso
22. Bacias hidrográficas -Mapas topográficos Mapa de águas
- Fotointerpretaçao
149

TABELA 4 -Importância 'i! os fator:es relacionados ~ ocupaçl'ao


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Fatores Dtapoc~
doereje loe

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relacionados
Aocupação
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específicos

O = Fundamento proibitivo
0 = Fundamento circunstancial
X = Analisar com cuidado
ll. = Mesmo quando desfavorável pode ser corrigido.
150

B) Planejamento Regional:

-controle de erosão em áreas maiores;


-localização de sftios para reservatórios;
-avaliação de poluição, tanto a nível de solo, quank) de água;
-localização de estradas (ferrovias, rodovias, etc.);
-pólos industriais;
-potencial de riscos;
-disposição de rejeitas: doméstico, agrícola, mineral, etc.;
-proteção de áreas de recarga dos aqüíferos;
-construção de aterros;
-observação de locais para obtenção de materiais de construção;
-análise geral para fundações e
- áreas agrícolas.

Na Tabela 4 pode-se analisar a importância das cartas interpretativas (fu:1dações,


rejeitas, escavabilidade, proteção ambiental, etc.) na implantação das diversas formas de
ocupação.
151

ZUQUETTE, L. V.; GANDOLFI, N.- Engincering Gcological Mapping: A


Methodological Proposition. Geociências, São Paulo, 9: 55 - 66, 1990.
ABSTRA CT: This methodologv presents the fo/lowing aspBCts: attends general conditions;
adjusts to the diversity of scalcs ( 1:250.000-1: 100.000 and 1:50.000-1: 10.000); makes use
of attributcs abtained through altemative methods and it is iow cost. lt is useful to map regions
wíth declívities lower than 30%; it is based on a group of 20 envíronmental attributes and lhe
dejinition of the terra in homogeneity is not subject to taxonomíc classes.
KEY-WORDS: Engineering geological mapping: mapping metliodology; physical
efl'•ironmental; region and urban planning.

REFEIU:NCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. INTERNATIONALASSOCIATION OFENGINEERING GEOLOGY -Enginecring
geological maps. Paris, UNESCO, 1976. 78 p.
2. ZUQUETTE, L.V. & GANDOLFI, N.-Proposta de.: sistemática para mapeamento
geotécnico regional em pequenas escalas. In: SIMPÓSIO REGIONAL DE
GEOLOGIA, 6. Rio Claro, 1987.Anais. São Paulo, SBG, 1987. v. 2, p. 431-436.
3. ZUQUETTE, L. V. & GANDOLFI, N.- Metodologia de mapeamento geotécnico para
áreas municipais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE
ENGENHARIA, 5. São Paulo, 1987.Anaís. São Paulo, SllG, 1987. v. 2, p. 303-311.
152

MAPEAMENTO GEOTÉCNICO DA FOLHA DE


CAMPINAS· ESCALA 1:50 000

ZUQUETTE, Lauvo Vakntim


Doutor, FFCL - Jübei~ Preto- US!'
GANOOLFI, Nilson
Prof Titular, EESC-USP

RESUMO
Neste trabalho, ltJ.o ~os resultados obtidos com a primeira aplicQÇtlo de ~logia de
mape(JJ7'Jenl0 geotécnico ~por Zuquetle (!987). O objetivo principal foi o de testar a proposUl
metodológíca frenle oos diversos aspectos rel.ocioNJdo.r à aecuçdo de mapeamen.tos geotécnicos.
Optou-se pela aplicoçtlo na ~ de Campinas, por reunir wna diver.ri.dad.e de problcnas relacionados
ao meio ftsico e à ocupaçdo ambimtiJJ e pela escaúJ 1:50 000, por se ITt1lar de mapeamen10 em
semi-detalhe e~ o Pais, na SUll quase totalidade, se acha mapeado topograficamenle ne.ua escala.

INTRODUÇÃO
No presente trabalho, é feita uma apresentaçao bastante condensada doiS resultados Obtidos com a
aplicação da metl.:ldologia de mapeamento ge<:Xécnico proposta por Zuquette (1987) e Zuquette &
Gandolfi (1987). Tal metodologia tem o objetiYo de mapear áreas extensas, can baixa deosidade de
informaçOes geot6cnicas e poucos recuraoa fínaoceir08 disponfveis. .
A fim de testá-la adequadamente, optou« pela Folha de Campinas - 1:50 000 (IBGE), em funçao de
vários e importantes aspectos, a saber:
-ocorrência de um meio frsico muito diversificado, formado por rochas f~ sedimentares e
metamórficas e matc:riais iocooso!idad08 delas provenientes, com evoluçao muito irregular do relevo
e cleciividade& vari.adas;
- presenç2 de CODdiçOea ~ díspares (populaçOes de alta e baixa renda);
- ocupação desordenada e problemas naturalmente dela dec:orreotes;
- creacimeoto populaáooal acelerado;
- c::xistencia de base ~fica em escala adequada ao mapeameoto de aemi-<ktalhe ( 1:50 000) e
que é comum à maior parte do Pafs..

O trabalho ~ também o objetivo de tMiliar tanto 08 atribut08 básico6 e as formas de Obtê-los


segundo a metodologia quanto a utilização do& resultad08 no processo de orieo~ da ocupação do
meio ffsico.

CARACI'EIÚSTICAS GERAIS DA REGIÃO


A Folha de Campinas acha-se limitada pe~ de 22"45' e 23"00' Se 06 me~ de 47"00' e
4?015' W, com área a~ de 710 km . Abrange partes do& muoidpios de Campinas, Valinhos,
Monte Mor, Su~, Paulfnea e Americana e apresenta densidade populaáooal média superior a
2.100 babitantes/km . Nela, as colinas e 08 morrotes coostituem as formas predominantes de relevo, o
clima é do tipo Cwa (~de KOppeo), com temperatura média mensal entre l4°C e 24"C e a
pluv)osidade média anual é ma1or que 1.1ílü mm.

ANÁLISE DOS RESULTADOS


A.p(ls a execução do mapeamento, foi possfvel identificar áreas oode a ocupaçao, de uma forma geral,
deve ser evitada, por existir pelo menos um fator fortemente limitante, tais como: declividade 20%
(Fig. 1), hidromorfismo (Fig. 2), erodibilidade acentuada (Fig. 7) e possibilidade de irrigaçao (Fig. 6).
Delimitaram-se áreas sujeitas à inundação e outras a riscos decorrentes da ocupaçao inadequada
(erosão, solos porosos, etc.).
Pode-se definir áreas de proteção aos aqufieros livres (unidades 6 e 10, Fig. 4).
153

Foram ldentif'lcadas áreas com problema& de escavabilidade (un~ 3.1 e 3.2. Ftg. 6 ).
Foi posstvel selecáonar Me3s propK::&as a d!SpOIWÇAo de re,eitDf> aéptiCOi, a partlt a& mlormaçtJC<
referentes a unidade 1.2 (Fig. S). ·
Relativamente a fundaçfles, nas Figuras 8 c 9, pode ..c ob5ervar que há d1Vera5 ár~ onde o substrato
rochc»o t encontrado a meno& de 2 m ou $ m de profundidade, fator que condiCIOOD o UfX1 tk
fun<taçao a ser ~e<:utado. Há também pouibihdade de seleCIOnar áreas onde o fndícc de: va7.J06 ÕO!o
matena11 t muito alto ( 1,0), portanto potencialmente colapstveu...
Cabe ressaltar que o custo de elaboraçao de&.se mapeamento pode ser considerado batxu, mesmr•
havendo necessidade de produzir a maioria dos dad05, evidentemente com excessao do mapa
topográftco.

BIBLIOGRAFIA
ZUOUETrE, L V. (1987) • Análise critica da canograflll geoltcmca e proposta metodológica par;;
cond1çOes brasileiras. São Carlos, 3v. Tese (Doutoramento). EESC-USP.

ZUOUETTE, L V. & GANDOLFl, N. (1987). Metodologia de mapeamento geot&:mco para áreas


municipais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 5, São Paulo.
AnaiS. São Paulo, ABGE, 1987, v2.• pp.303-312.
154

Classes de Declividade

2 - o !!. 2\
lO - 2 !!. 10~

15 - lO !!. 15%
20 - 15 !!. 20%
+20 - > 20\
155

LEGENDA ESC. APROX I MAOA


1. Residuais do diabásio km ~ ~ \ <? ISÇO ~ m
2. Residuais do arenito fino
3. Residuais do cristalino CODIGO DE HASTES
4. Residuais do siltito/argilito
5. Materiais mistos de diabásio e A - Argila
finos da Formação Itararé S - Silte
6. Materiais intermediários AR - Are1a
7. Materiais resultantes dos argi RA - Ro=ha alterada
litos/siltitos RR - Restos de rocha
8. Materiais aluvionares I - Impenetrável
9. Materiais em depressões AF. Textura
10. Materiais arenosos I 2-~ ts?essu~é (min-mãx,
11. Materiais arenosos II 3-; ~?: (~Ín-máx)
156

ll'if. J - MAIIttl CO 8UUTIItATO AOCHO*>

ESC. APROXIMADA
LEGENDA km3 2 I O 1500 30)()m
Formaç~o Serra Geral - diabásios
Cristalino - Grupo Amparo lgranitos/qnaissesl
Formação Itararé
Faixa 1 - Arqilitoa/siltitos
Faixa 2 - Arenitos
Faixa 3 - Finos
Faixa 4 - Intercalações de ailtitos/arqilitoa/lamitos
Faixa 5 - Arenitos/siltitos/argilitoa/lamitos
157

ESC. APROXIMADA
LEGENDA km 3 2 I O 1500 30C0m

lO - Aquifero superficial
(material arenoso;
pode atingir 40m)
ARG - Argilito CODIGO DE HASTES
SIL - Siltito
ARE Li tologia
ARE - Arenito
0-20 Espessura
SED - Sedimentar (min-máx)
DIA - Diabásio DIA Litologia
CRIS - Cristalino sotoposta
Fm. ITA - Formação Itararé
158

3 6
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3F

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3 H

LEGENDA ESC. APROXIMADA


km 3 2 I O 1500 3000 m
l. ll1iiDADE ADEQO.DA
1.1-Fcssa ~ tan~~f séptico 3. Ul\IDADE INADEQUADA
1.2-Fossa, tanque s~pt:cc e aterro A-Espessura de K.l. muito pequena
sanitãriC) B-N.A. 4 4m
2. UNIDADE RAZOÁVE: ::para fossa e tan- C-Montante de núcleos urbanos
ques sépticos) D-Material argiloso
2 .1-CotD prof ~ < 4a (r.ona ru~al 1 E-Somados os anteriores
2.2-Mantendo baixa densidade (l/ha) F-Declividades altas
2.3-Co~ subst. rochoso nc mínim~ a G-Áreas com intensa ocupação
9w de profundidade H-Proximidade de cursos de âgua
2.4-Condicionada à densidade, ao vo- I-Inadequada, porem permitida para
lume e à prcx. de centros urbanos ocupaçã" rural.
159

.'
~

b
I

LEGENDA
ESChBILlDA::>E
l. UNIDADE ADEQUADA
2. UNIDADE RAZOÂVEL
2.1-N.A. e/ou subst.rochoso 2-5rr IRRIGAÇÃO
Decliv1dade 0-15~ I. G~IDADE ADEQUADA
2.2-N.A. e/ou subs:. r~choso >2rr
Declividade 10-15~ ÁREAS RESTANTES: possíveis
de serem irrigadas,mas corr
3. UNIDADE INADEQUADA problemas de qualidade da
3.1-N.A. e/o~: subst.rochoso < 2rr ãgua e/ou fertilidade dos
para qualquer declividade materia1s inconsolidados.
3.2-Decli,:idade > 15í, para qual-
quer profund1dade do N.A. ou
do s~:bst. rochoso
l6u

Fto. ' - c ARTA PAIIU I:FtOD I 11111 L I OAOE:

..
r...EGENDA km 3ESCz APROXIMADA
H ! '? 1
5f0 ,
3ÇO)m

A. ADEQU~A

R. RAZOÂVEL

I. INADEQUADA
161

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1.2

o 2

1 3

1 3

ESC. APROXIMADA
LEGENDA
km 3 2 I O 1500 3000 m
l. UNIDADE ADEQUADA H j1 I !
141-Subst~atc rochoso: até 2rr.
1.2-Materiais arenosos apresentando boas
cond1ç6es para um pavimento
1.3-Âreas que reunem condlç5es melhores
que 1.2: SPT-5 a 7
2. UNIDADE RAZOÂVEL
3. UNIDADE lNADEQ':ADJ..
3.1-Materiais porosos
3.2-Hldromorfismo
343-Âreas que reune~ as caracte~isticas
anter1cres
LEGENDA ESC. APROXIMADA
km3 2 I O 1500 30:Xlm
2m SUBSTRATO ROCHOSO: < 2m !--5 f ' I
1. UNIDADE ADEQUADA
1.1-Subst. rochoso entre 2 e ~~
1.2-Subst. rochoso até lOrr e características do nível podem
ser adequadas para 2 ou mais pa~·imentos-SPT: 5 a 10
1.3-Âreas onde o material é compacto (saprolito)-SPT: 9 a 15
2. UNIDADE RAZOÂVEL
2.1-Âreas que devem ser investigadas cuidadosamente: SPT < 5
2.2-Qualidade superior a 2.:, podendo at1ng1r 1.2 e 1.3 -
co~ valores de SPT <

3. UNIDADE INADEQUADA
163

O MAPEAMENTO GEO'ttpaco NA PREVISAo E PREVEI~ÇJ\0 DE RISCOS GEOLÓGICOS


EM ~REAS URBANAS

Láz8ro ValénLin Zuquette


Nilson Gandolfi
Osni José Pejon

I. INTRODUÇÃO

O crescimento acelerado dos aglomerados urbanos, na atualida-


de, tem provocado a ocupação de partes do meio físico, de difercnt(:s
características, sem qualquer preocupação seletiva.
O desenvolvimento dos aglomerados urbanos no Brasil,ocorre s~
gundo uma das condiçÕes abaixo: -
1. Aleatoriamente, sem considerar as características bás1cas
em termos de meio físico e arquitetônicos (distribuição das formas de
ocupação).
2. Respeitando urna proposta arquitetônica, mas nao as varia-
ções do meio físico {é a situação mais comum). _
3. Ordenadamente, respeitando as variaçoes do meio físico e
com um projeto arquitetônico adequado a estas variações {raramente a-
contece).
Considerando as condições citadas, a ocupação pode ainda ocor
rer em um espaço de tempo longo {5 anos ou mais) ou curto {alg~ns me=
ses) e sob diversas formas que exigem condições muito diferentes
(Zuquette e Gandolfi, 1989). No decorrer do desenvolvimento do aglome-
rado urbano, podem surgir problemas, principalmente quando ocorre~ sob
as condições 1 e 2, devido às variações do meio físico ou correlatas
(enchentes, por exemplo). Estes problemas se caracterizam como "situa-
ções de risco" e normalmente apresentam efeitos.catastróficos, atingin
do pessoas e destruindo construções. -
As condições de riscos são oriundas das variações {anomalias)
pertinentes aos componentes do meio físico {material inconsoliãado,ro-
chas, águas e relevo) e que não foram consideradas no decorrer da ocu-
pação.
Estas =ndições de risco podem apresentar diversas nuances,
tais como: atingir bens imóveis e/ou pessoas; ocorrer nu~ período de
tempo longo e/ou curto; serem naturais ou provocadas; apresentar conse
quências d1retas ou indiretas.

II. SITUAÇÕES DE RISCOS

As.situações de riscos mais freqüentes podem ser enquaQradas


em quatro grupos básicos, quanto aos condic1onantes que as provocam:
1. Riscos relacionados a fenômenos naturais, independentemen-
te da forma de ocupaçao

As situações mais típicas deste grupo são: as condiçõe~ de


vulcanismos, de movimentos de terra, de sismicidade, de inundações,
etc.
Estas situações, até certo ponto, podem ser consideradas i
nevitáveis, pois fazem parte da lógica de evolução de uma determinaãã
região e a ocupação deve ser evitada ou implementada de forma tal que
as respeite. t possível, para este grupo, definir as áreas de ocorrên-
cia e a atingida pelos efeitos, que podem ocorrer em um espaço de tern-
164

po muito pequeno ou permanecer por um período ~ongo (dias, como as en-


chentes). Normalmente, não é fácil prever o início do processo, mas é
possível prever a ocorrência com muita 4ntecedência e portanto evitar
o risco.
2. Riscos relacionados a fenômenos naturais induzidos pela ocupa-
çao em ~reas potencialmente problemiticas.

Tais situações de risco são devidas ~ocupaçã~ implementada


de maneira desordenada, sem respeitar as variações do meio físico, ou
seja, são provocadas {potencializadas); como exemplo, pode-se citar os
problemas com erosão existentes na cidade de Goiânia - GO.
A região da cidade de Goiânia, quando sem ocupação, apresenta
o meio físico normal, constituído por materiais inconsolidados oriun-
dos das alterações dos xistos (alta erodibilidade) e sem as valas de-
vidas ao processo erosivo, sendo o equilíbrio mantido pela interação
do meio físico com a vegetação. A retirada da vegetação e a concentra-
ção das águas de chuva provocam o processo erosivo com alta inten~ida­
de.
Além dos problemas de erosão, fazem parte deste grupo: inunda-
ções provocadas pela realização aleatória de aterros nos vales, ocupa-
ções indiscriminadas de encostas, aterramento de nascentes, etc.
3. Riscos decorrentes de ocupação implementada de forma inadequada,
em terrenos potencialmente sem problemas

Este grupo de situações de risco é constituído por problemas


oriundos da implementação inadequada das formas de ocupação, como no
caso de cortes artificiais, aterros, rebaixamentos de nível de água,
coberturas e taludes de aterros sanitários, etc; Estas situações de
risco podem se potencializar por um período longo de tempo e atingir
bens imóveis e/ou pessoas; às vezes apresentam conseqüências indiretas
e podem atingir áreas com extensões variáveis.
4. Riscos decorrentes de limitações contornáveis do meio físico,po-
rem na~ detectadas antes da ocuoaçao

são situações de risco normalmente não observadas diretamente


pelas pessoas, exigem longo tempo para se caracterizarem e são, em mui
tos casos, reversíveis. Os problemas mais comuns são: queda de mate=
rial rochoso após a construção de residências em loteamentos, trir.cas
em edificações devidas à colapsividade dos materiais inconsolidados so
bre os quais se assentam, pequenos escorregamentos, danos em obras em
bacias de inundação, poluição dos aquíferos pela localização de rejei-
tes em áreas de recarga ou similares, rolamento de matações de áreas
de exploração de britas ou similares e erosões localizadas. Estas si-
tuações de risco poda~ inviabilizar a continuidade da ocupação ou mes-
mo atingir áreas de considerável extensão, como é o caso .da poluiçã~
de aqüífero por chorume originado a~ aterro sanitário.

III. COMO DETETAR AS ÁREAS ONDE HA SITUAÇÕES CONSIDERADAS DE RISCO

No Brasil, a ocupação urbana ou regional ocorre na maioria


das vezes desordenadamente e sem o mínimo conhecimento sobre as carac-
terísticas do meio físico, colocando a população, freqüentemente, em
s~uações de risco e quase sempre exigindo al~os custos para a realiz~
ção de obras relativamente simples. As situaçoes de risco ocorrem tan-
to em grandes aglomerados urbanos, como també~ nos pequenos e mes~onas
áreas rurais. A não considera~ão do me~o físico nos processos àe ocupa
ção é decorrente da não atuaçao de equipes multidisciplinares no plane
jamento, como deveria ocorrer para que todos os aspectos do me~o an-
165

biente fossem considerados. Os técnicos, de maneira geral (engenheiros


civis, arquitetors, geólogos, sanitaristas), têm sido os responsáveis
pelos desastres ocorridos, por não considerarem todas as variáveis ne-
cessárias (Zuquette e Gandolfi, 1989) para cada fórma de ocupação.
As situações de risco geológico em áreas urbanas, qualquer que
seja o·grupo em que estejam enquadradas, podem ser evitadas por traba-
lhos prévios de análise do meio físico, comumente denominados de mapea
mentos geotécnicos. t necessário considerar que as situações de risCÕ
devem ser, em princípio, previstas e evitadas, e ~ão consideradas como
acidentes aleatórios no tempo e sem ligação com os eventos de evolução
do meio físico. A realização de mapeamentos geotécnicos em.escalas re-
g~onais (1:50.000 ou próximas) é considerada, em diversos países, como
o melhor mecanismo para avaliação do meio físico e a conseqüente deli-
mitação das situações de risco, bem ~orno da área aproximada de sua in-
fluência. Após a delimitação das áreas sujeitas às situações de ·risco,
deve-se realizar estudos em escalas maiores (1:25.000), a fim de defi-
nir relações e feições que as caracterizem e que possam determinar as
formas de ocupação.
Sendo possível a ocupação, um trabalho em escala de semi deta-
lhe (1:10.000 a 1:5.000) deve ser realizado com o objetivo de ·definir
como implementar as formas de ocupações permitidas e como monitorar as
situações de risco, se for o caso.
Não sendo possível a ocupação é necessário definir uma faixa
de proteção ao redor da área que sofrerá os efeitos·:das situações de
risco.

IV. EXEMPLOS - RIBEIRÃO PRETO - SP

A cidade de Ribeirão Preto está localizada na região nordeste


do Estado de são Paulo- Brasil, na latitude de 21° 11' Se :Longitude
47° 43' W e o aglomerado urbano ocupa uma área aproximada de 300 Km2
(Figura 01).
A região considerada apresenta altitudes que variam de 500 a
650 in, ocupa "landforms" típicas como os vales dos córregos Ribeirão
Preto, Monte Alegre,·saudoso, Campo e Laureano, platós, interflúvios e
áreas planas. As declividades variam de zero a valores superiores a
70%, com predomínio do intervalo entre 2 e 10%. Geologicamente, a re-
gião é constituída por magmatitos básicos da Formação Serra Geral e
arenitos da Formação Botucatu; em termos de materiais inconsolidados,
há ocorrência de materiais residuais, colúvios e aluviões com espessu-
ras variando de 1 m a mais de 20 m. A plgviosidade, na região,é da or-
dem de 1400 mm, a temperatura média 21,6 C e o clima, segundo a classi
ficação de Koppen, é do tipo AW. -
Aparentemente, a região ocupada pelo aglomerado urbano não de-
veria estar sujeita às situações de risco. Todavia, observa-se ·diver-
sas dessas situações, enquadradas nos grupos 3 e 4 do item II.

Exemplo 1 - Lixão

A água utilizada pela população e pelas indústrias da cidade


são provenientes de poços profundos, predominantemente do Aqftifero Bo-
tucatu. Há algum tempo, vêm sendo produzidas, por dia, aproximadamente
300 toneladas de lixo comum e 5 toneladas de lixo pouco perigoso (hos-
pitalar, etc.) que eram disPostas em um lixão localizado na área de re-
carga do Aqüífero Bo.tmcatu. Na foto 01, pode-se observar a localização
do lixão em relação às condições do relevo e na Foto 02,·um detalhe na
atualidade. O volume de lixo depositado é da ordem de 700.000 .m3, não
há qualquer proteção artificial, o nível de água está a aproximadamen-
te 5 m da base do depósito e o material inconsolidado sobre o.qu~l se
166

~-DAIENANM

' - " " - IUTIU.CAS

(lJ' - COHTATO

"
... ...
167

assenta é tipicamente arenoso, não funcionando como filtro para o


chorumc produzido, de tal maneira que o aqQÍfero vem sendo poluído, co
locando en risco a população.

·Exemplo 2 - Aterro Sanitário

Está situado sobre a unidade de terreno que reúne característi-


cas adequadas quanto à proteção do nível de água (Foto 03), poré~ o
material inconsolidado utilizado para a cobertura das células · diárias
apresenta características inadequadas, trincando-se (Foto 04), permi-
tindo assim a infiltração de águas pluviais em quantidade acima do re-
comend5vel. Outro problema que representa risco é a má compactação do
lixo que provoca recalque da cobertura, propiciando também uma grande
infiltração de águas (Foto 05). Tal infiltração, além de aumentar a
quantidade do chorume, pode provocar o rompimento do talude do aterro.

Exemplo 3 - Cortes

No aglomerado urbano de Ribeirão Preto, existem diversos cortes


nos materiais rochosos (alterados ou não) com a finalidade de melhorar
as condições construtivas. Estes cortes são realizados :sem/ ·considerar
as características geotécnicas dos materiais e, com o passar do tempo
se rompem e atingem as construções ou mesmo pessoas (Foto 06).

Exemplo 4 - Ãrea de Im,ndação

Existem vales na região que apresentam bacias de inundação com


largura superior a 1000 m e a ocupação não obedece qualquer condição
de planejamento corr, o objetivo de evitar problemas. A ocupação varia
desde uma obra pública (por exemplo, Via Norte) até loteamentos de
classe média. A pista da Via Norte está, em média, a apenas 1m acima
do nível de água (Foto 07~.

Exemplo 5 - Canalização

O córrego Ribeirão Preto drena uma região extensa e o aglomera-


do urbano encontra-se na porção mais à jusante de sua bacia. Seu leito
no espaço urbano, foi canalizado, porém não foi considerado o au~ento
do escoamento superficial com a urbanização à montante, entre as cida-
des de Ribeirão Preto e Cravinhos. Na atualidade, a canalização está
no limite do volume de escoamento e sua modificação é inviável, pois
.o fundo da.mesma está assentado nas rochas magmãticas da Formação Ser-
ra Geral (Foto 08).

Exemplo 6 - Matacões/Exoloração de Cascalhos

Muitos locais, no interior do aglomerado ~rbano, sao fontes pa-


ra cascalhos, util~zaãos ?ara melhorar as condiçoes das ruas dos bair-
ros de baixa renda e ?ara os aterros. Os cascalhos são constituidospo=
pequenos blocos de magmatitos fraturados que estão associados a grandes
matacões. No decorrer da exploração, os matacões são abandonados e no
período das chuvas rolam, colocando em risco pessoas e imóveis (Foto
09).
16':

Exemplo 07 - Trincas/Rachadura~

Os mater~als inconsolidados, oriundos das alterações dos magma


titos da Formaçao Serra Geral, podem se apresentar com carac~er!s~icãs
colapsíveis e que não são consideradas nos projetos de construção.De-
vido ao colapso da estrutura dos ma'teriais inctmsolidados, ocorrem re
calques do terreno e as edificações sofrem ~randes trincas; em alguns
casos, em bairros do tipo "COHAB", podem se tornar não habitáveis. Na
Foto 10, pode-se observar uma residência com problemas de rachaduras.

V. CONSIDERAÇÕES

Os exemplos apresentados atestam a necessidade de estudos do


meio físico, para que as diversas formas .de ocupação e a popplação
nao estejam sujeitas às situações de risco.
A cidade de Ribeirão Preto é um bom exemplo de como aglomera-
dos urbanos, normalmente considerados sem problemas, 6s tem numa tal
gama que representam riscos efetivos, com decorrentes custos elevados
para consertá-los ou evitá~os; às vezes, sendo mesmo irrevers!veis.os
problemas citados nos exemplos, poderiam ser evitados se o desenvolvi
mente do aglomerado urbano de Ribeirão Preto estivesse baseado em um
planejamento que incorporasse o conhecimento das variações do meio
f!sico, como é o caso do mapeamento geotécnico en escala 1:50.000 ou
maior.
Fica claro, pelo exposto neste trabalho, que há necessidade da
atuação de uma equipe multidisciplinar para planejar e acompanhar o
desenvolvimento dos centros urbanos.

VI. BIBLIOGRAFIA

ANTOINE, P. (1977) Reflexions sur la cartographie ZERMOS et bilan des


experiencies P-n ceves. Bull. du B.R.G.M. Section III, n. L/2, pp.
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terrain des ZER~OS aux PER: Bull. Liaison Labo. P. et Ch., n. 150/
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DELMAS, P. et alli (1987) Methodes d'ana1yse des risques lies aux


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so básico no planejamento urbano. Simpósio sobre plano diretor.P~
litécnica - USP, São Paulo.
169

Foto n9 01- Vista Geral do Lixão - Estrada para Serrana.

Foto n9 02- Detalhe com aspecto geral do lixão.


170

foto n9 03- Vista Geral do Aterro Sanitirio

Foto nÇ 04- Detalhe da cobertura do Aterro Sanitârio com ~rinca


Foto n9 os- Afundamento do material de cobertura do lixo.

Foto n9 06- Corte e::-, Ma(l::,&~:i tos da Fc:é;nação Serra Geral Vila Virgínia-
RibE:~rãç P~etc~ ~
172

.Foto 07- Vista Geral da Ârea de Inundação. Via Norte-Ribeirão Preto.

Foto 08- Canalização CÓrrego Ribeirão Preto-Avenida Francisco Junque~


ra.
173

Foto 09- Exploração de Cascalhos cem blocos rolados. Jd. Anhanguera-


Ribeirão Preto.

r ---·-

Foto nQ 10- Residência com Trincas- Jd. Recreio- Ribeirão Preto.

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