Você está na página 1de 269

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS


Departamento de Geotecnia

GEOTECNIA ? 5
(1994)

o
m
p
>
GO c
O)
o
o ?
l
(D
o
00
00 J. H. Albiero
01
oo A. A. Bortolucci
m
m T. B, Celestino
(/)
ò J. C. A. Cintra
N. Gaioto
N. Gandolfí
J. B. Nogueira
A. B. Paraguassu
J. E. Rodrigues
N. N. Souza Jr.
G. Stancati
M. Tsutsumi
O. M. Vilar

São Carlos, 1995


• •

APRESENTAçÃO •

A produção científica dos docentes do Departamento


de Geotecnia da EESC/USP é publicada geralmente em
congressos e revistas, nacionais e internacionais. Portanto,
para ter acesso a esses trabalhos é preciso consultar
inúmeros anais de congressos e volumes de revistas, o que
não é prática comum entre os alunos de graduação.
Por isso, resolveu-se criar essa coleção, reunindo
em cada volume os principais trabalhos científicos do ano,
começando pelo ano de 1990. Apresentamos agora o n°. 5,
correspondente ao ano de 1994. O objetivo é facilitar ao
máximo a consulta pelos alunos de graduação e, também,
divulgar a parte mais importante da produção científica dos
docentes do Departamento de Geotecnia. Muitos dos trabalhos
são publicados em co-autoria com pós-graduandoo da área de
Geotecnia ou com docentes credenciados na área de pós-
graduação em Geotecnia da EESC-USP mas vinculados a outras
instituições.
No índice são destacadas as referências completas
das publicações originais, em ordem alfabética do primeiro
autor de cada trabalho.

São Carlos, dezembro de 1995

Prof.Dr. José Carlos A. Cintra


.'
1
'; Coordenador da Área de Pós-Graduação
em Geotecnia

-- - --------------- - - - - - - - -
ÍNDICE

1. AGNELLL N.; ALBIERO, J.H. Efeito da colapsividade no resultado de provas de carga diretas. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA DE
FUNDAÇÕES, 10., Foz do Iguaçu, 6-10 nov. 1994. Anais. São Paulo, ABMS, 1994. v.l. p.l67-
174 .................................................................................................................................................. 01

if 2. AGUIAR. RL.; GANDOLFI, N.; ZUQUETIE, L. V. Engineering geological mapping of São Carlos
city- State ofSão Paulo (Brnzil) at 1:25.000 scale. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF 1HE
INTERNATIONAL ASSOCIATION OF ENGINEERING GEOLOGY, 7., Lisboa, Sept 5-9, 1994.
'"' Proceedings. Rotterdam, Balkema, 1994. v.2, p.ll45-ll51 .......................................................... . 07

3. AGUIAR, R.L.; GANDOLFI, N. Utilization of the engineering geological mapping for the urban
territorial ordering in brnzilian cities. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF 1HE
INTERNATIONAL ASSOCIATION OF ENGINEERING GEOLOGY, 7., Lisboa, Sept. 5-9, 1994.
Proceedings. Rotterdam, Balkema, 1994. v.2, p.ll53-1157 .......................................................... . 11

4. AQUINO FILHO, G.C.; NOGUEIRA, J.B. Compactaçao de solos com energias, aproximadamente,
iguais e diferentes procedimentos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS
SOLOS E ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES, 10., Foz do Iguaçu, 6-10 nov. 1994. Anais. São
Paulo, ABMS, 1994. v.2, p.367-372 ............................................................................................. . 15

5. ARAÚJO, D.E.; PRANDL E.C.; VILAR, O.M. Os prejuízos e as áreas de risco a expansão urbana
provocados pela erosão na cidade de Marília (Estado de São Paulo, Brasil). In: SIMPOSIO
LATINOAMERICANO SOBRE RIESGOS GEOLOGICOS URBANOS, 3., Cochabamba, Bolivia,
1994. Memorias. Cochabam.ba, CREAMOS, 1994. p.63-74 ...................................................... . 19

6. BARISON, MR; RODRIGUES, J.E. Caracterizaçao geotécnica de materiais inconsolidados da


quadricula de Amparo - SP. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E
ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES, 10., Foz do Iguaçu, 6-10 nov. 1994. Anais. São Paulo,
ABMS, 1994. v.4, p.ll81-1188 ..................................................................................................... . 29

7. BORTOLUCCI, A.A.; CELESTINO, T.B. Brittle material strength scale effects prediction based on
linear elastic fracture mechanics. In: CONGRESO SUDAMERICANO DE MECANICA DE
ROCAS, 4., Santiago, May 10-14, 1994. Proceedings. Santiago, Sociedad Chilena de Geotecnia,
1994. v.l, p.llS-122 ................................................................................................................... .. 34

8. BOTELHO, G.V.; GAIOTO, N. Comportamento de uma lama em ensaios de consolidação sob peso
próprio e com secagem ao ar. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E
ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES, 10., Foz do Iguaçu, 6-10 nov. 1994. Anais. São Paulo,
ABMS, 1994. v.3, p.963-970 ......................................................................................................... . 39

9. CAMPELO, N.S.; CINTRA, J.C.A. Análise comparativa da carga de ruptura à tração em estacas. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA DE
FUNDAÇÕES, 10., Foz do Iguaçu, 6-10 nov. 1994. Anais. São Paulo, ABMS, 1994. v.l, p.ll-18 .. 44

lO.CARNEIRO, B.J.I.; CAMPELO, N.S.; MACACARI, MF.; CINTRA. J.C.A. Correlação entre carga
última de estacas à tração e à compressão em solo colapsível. In: SIMPÓSIO SOBRE SOLOS
NÃO SATURADOS, 2., Recife, 4-5 abr., 1994. Anais. Recife, UFPEIABMS, 1994. p.231-236 .... 49

11. CARVALHO, MF.; \'BAR, O.M.; GAIOTO, N. Estudo de solos colapsíveis do nordeste do
Estado de Minas Gerais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E
ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES, 10., Foz do Iguaçu, 6-10 nov, 1994. Anais. São Paulo,
ABMS, 1994. v.4, p.l253-1260 .................................................................................................... .. 53

12. CELESTINO, T.B.; SILVA, E.F.; ROCHA, H.C. Performance during construction ofurban tunnels
in stiff fissured clay. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF 1HE INTERNATIONAL
ASSOCIATION OF ENGINEERING GEOLOGY, 7., Lisboa, Sept 5-9, 1994. Proceedings.
Rotterdam, Balkema, 1994. v.6, p.4203-42ll ................................................................................ . 59
13. CELESTINO, T.B.; KAKO, H.; Sll.V A, E. F.; FERREIRA, A A. Travessia de três adutoras com
pequeno recobrimento no emboque leste do túnel COHAB do Metrô de São Paulo. In:
SIMPÓSIO BRASll.EIRO DE ESCAVAÇÕES SUBTERRÂNEAS, 3., Brasilia, 29-31 ago. 1994.
Anais. São Paulo, ABMS/ABGE/CBT, 1994. p.347-354 ..........................,................................... 66

14. CELESTINO, T.B.; GUIMARÃES, M.C.B. Tunnel design considering rock mass and shotcrete
time-dependent properties. In: CONGRESO SUDAMERICANO DE MECANICA DE ROCAS,
4., Santiago, May 10-14, 1994. Proceedings. Santiago, Sociedad Chilena de Geotecnia, 1994.
v.l, p.373-380 ................................................................................................................................. 72

15. FERREIRA, C.V.; LOBO, AS.; ALBIERO, J.B. Correlações entre parâmetros geotécnicos de um
solo residual. In: CONGRESSO BRASll.EIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA
DE FUNDAÇÕES, 10., Foz do Iguaçu, 6-10 nov. 1994. Anais. São Paulo, ABMS, 1994. v.4,
p.l213-1220 .................................................................................................................................... 77

16. FRAZÃO, E.B.; PARAGUASSU, A.B. Basalts from Três Irmãos Hydroelectric Dam., São Paulo
State, Brazil: a review of methodology for alterability ev3luation. In: INTERNATIONAL
CONGRESS OF THE INTERNATIONAL ASSOCIATION OF ENGINEERING GEOLOGY, 7.,
Lisboa, Sept. 5-9, 1994. Proceedings. Rotterdam., Balkema, 1994. v.5, p.3583-3589 .................... 82

17. GRUBER., G.A. G.; RODRIGUES, J.E. Engineering geological mapping of Cosmópolis area, Brazil:
a tool for land use planning. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF THE INTERNATIONAL
ASSOCIATION OF ENGINEERING GEOLOGY, 7., Lisboa, Sept 5-9, 1994. Proceedings.
Rotterdam., Balkema, 1994. v.2, p.ll59-1168 ................................................................................. 87

18. LIPORACI, S.R; SOUZA Jr., N.N. Geological-geotechnical mapping and characterization on rock
mass ofRiver Setubal Dam., Minas Gerais, Brazil. In: INTERNATIONAL. CONGRESS OF THE
INTERNATIONAL ASSOCIATION OF ENGINEERING GEOLOGY, 7., Lisboa, Sept. 5-9, 1994.
Proceedings. Rotterdam., Balkema, 1994. v.5, p.3753-3761 ........................................................... 95

19. LOLLO, J.A; GANDOLFI, N. Engineering geological mapping at Leme region (State of São Paulo,
Brazil) based on Zuquette (1987) methodological proposition. In: INTERNATIONAL
CONGRESS OF THE INTERNATIONAL ASSOCIATION OF ENGINEERING GEOLOGY, 7.,
Lisboa, Sept. 5-9, 1994. Proceedings. Rotterdam., Balkema, 1994. v.2, p.ll35-1144 .................... i02

20. MACACARI, M.F.; CARNEIRO, B.J.I.; CINTRA, J.C.A. Comportamento de estacas apiloadas em
solo colapsível. In: CONGRESSO BRASll.EIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E
ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES, 10., Foz do Iguaçu, 6-10 nov. 1994. Anais. São Paulo,
ABMS, 1994. v.l, p.89-94 ...................................................... :...................................................... 108

21. MAGRO, S.O.; CELESTINO, T.B.; BORTOLUCCI, A.A. Ensaio de percolação radial em um
arenito da Formação Botucatu. In: SIMPÓSIO BRASll.EIRO DE MECÂNICA DAS ROCHAS,
1., Foz do Iguaçu, 6-10 nov. 1994. Anais. São Paulo, ABMS/CBMR, 1994. p.65-72 .................... 112

22. MANTILLA, J.N.R; ALBIERO, J.B.; CARVALHO, D. Transferência de carga em estacas


escavadas à compressão. In: CONGRESSO BRASll.EIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E
ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES, 10., Foz do Iguaçu, 6-10 nov. 1994. Anais. São Paulo,
ABMS, 1994. v.1, p.303-310 .......................................................................................................... 117

23. NEVES, M.; TSUTSUMI, M. Análise das tensões tangenciais e da distribuição de esforços ao longo
de estacas escavadas. In: CONGRESSO BRASll.EIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E
ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES, 10., Foz do Iguaçu, 6-10 nov. 1994. Anais. São Paulo,
ABMS, 1994. v.l, p.27-34 ............................................................................................................. 123

24. NÓBREGA, C.A; CELESTINO, T.B. Mechanical behavior analysis of a dolomitic limestone from
Irati Formation under cyclic loading. In; CONGRESO SUDAMERICANO DE MECANICA DE
ROCAS, 4., Santiago, May 10-14, 1994. Proceedings. Santiago, Sociedad Chilena de Geotecnia,
1994. v.l, p.49-56 ......................................................................................................................... 129
38. STANCATI, G.; BARROS, C.L.A. Medidas de deformação radial em ensaio de compressão triaxial.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA DE
FUNDAÇÕES, 10., Foz do Iguaçu, 6-10 nov. 1994. Anais. São Paulo, ABMS,. 1994. v.2, p.499-
505 ·················································································································································· 195

39. TEIXEIRA, C.Z.; ALBIERO, J.H. Comportamento de estacas escavadas instrumentadas em um


solo colapsível inundado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E
ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES, 10., Foz do Iguaçu, 6-10 nov. 1994. Anais. São Paulo,
ABMS, 1994. v.l, p.95-102 ........................................................................................................... 200

40. TEIXEIRA,C.Z.; ALBIERO, J.H. A evolução da reação de ponta de estacas escavadas submetidas a
sucessivas provas de carga In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E
ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES, lO., Foz do Iguaçu, 6-10 nov. 1994. Anais. São Paulo,
ABMS, 1994. v.l, p.3-9 ................................................................................................................. 205

41. VILAR, O.M. Collapse of a compacted clay under controlled suction. In: INTERNATIONAL
CONGRESS OF THE INTERNATIONAL ASSOCIATION OF ENGIENERING GEOLOGY, 7.,
Lisboa, Sept 5-9, 1994. Proceedings. Rotterdam, Balkema, 1994. v.2, p.501-506 ........................ 210

42. VILAR, O.M.; ROHM, S.A. Comparação entre um ensaio de compactação de solos em molde de
dimensões reduzidas e o ensaio Proctor Normal. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES, 10., Foz do Iguaçu, 6-10 nov.
1994. Anais. São Paulo, ABMS, 1994. v.2, p.373-380 ................................................................. 215

43. VILAR, O.M.; GAIOTO, N. Comportamento colapsível de um solo lateritico compactado. In;
SIMPÓSIO SOBRE SOLOS NÃO SATURADOS, 2., Recife, 4-5 abr. 1994. Anais. Recife,
UFPEIABMS, 1994. p.l85-190 ...................................................................................................... 221

44. VILAR, O.M.; GAIOTO, N. Deformações por colapso em um solo lateritico compactado. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA DE
FUNDAÇÕES, 10., Foz do Iguaçu. 6-10 nov. 1994. Anais. São Paulo, ABMS, 1994. v.4,
p.1221-1228 ···································································································································· 225

45. VILAR, O.M. Deformações volumétricas induzidas por redução de sucção em um solo compactado.
In: SIMPÓSIO SOBRE SOLOS NÃO SATURADOS, 2., Recife, 4-5 abr. 1994. Anais. Recife,
UFPEIABMS, 1994. p.l91-196 ...................................................................................................... 230

46. VILAR, O.M. Review of: Wetting-induced collapse in compacted soil. Joumal of Geotechnical
Engineen·ng, ASCE, v.l20, n.7, p.l281-1284,jul. 1994 .................................................................. 234

47. ZUQUE1TE, L.V.; PEJON, O.J.; SINELLI, 0.; GANDOLFI, N. Carta de riscos potenciais de
erosão- cidade de Franca (SP), escala 1:25.000 (Brasil). In: SIMPOSIO LATINOAMERICANO
SOBRE RIESGOS GEOLOGICOS URBANOS, 3., Cochabamba, Bolivia, 1994. Memorias.
Cochabamba, CREAMOS, 1994. p.25-38 ...................................................................................... 236

48. ZUQUE1TE, L.V.; PEJON, O.J.; SINELLI, 0.; GANDOLFI, N. Engineering geological zoning
mapping ofthe Ribeirão Preto city (Brazil) at 1:25.000 scale. In: INTERNATIONAL CONGRESS
·..._''
OF THE INTERNATIONAL ASSOCIATION OF ENGINEERING GEOLOGY, 7., Lisboa, Sept.
5-9, 1994. Proceedings. Rotterdam, Balkema, 1994. v.2, p.ll69-1175 ......................................... 248

49. ZUQUETIE, L.V.; PEJON, O.J.; SINELLI, 0.; GANDOLFI, N.; PARAGUASSU, A.B.;
RODRIGUES, J.E.; VILAR, O.M. Engineering geological zoning mapping of São Paulo State
(Brazil) - scale 1:500.000. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF THE INTERNATIONAL
ASSOCIATION OF ENGINEERING GEOLOGY, 7., Lisboa, Sept. 5-9, 1994. Proceedings.
Rotterdam, Balkema, 1994. v.2, p.ll87-1195 ·························-······················································ 253

50. ZUQUETIE, L.V.; PEJON, O.J.; SINELLI, 0.; GANDOLFI, N. Methodology of specific
engineering geological mapping for selection of sites for waste disposal. In: INTERNATIONAL
CONGRESS OF THE INTERNATIONAL ASSOCIATION OF ENGINEERING GEOLOGY, 7.,
Lisboa, Sept 5-9, 1994. Proceedings. Rotterdam, Balkema, 1994. v.4, p.2481-2489 .................... 259
EFEIIO DA COLAPSMDADE .NO RESULTADO
DE PROVAS DE CARGA DIRETAS

Norival Agnelli, M.Sc.


José Henrique Albiero, Dr.Eng.

c
Este trabalho apresenta uma análise dos resultados de 12(doze)
provas de carga diretas executadas em solo colapsivel, na cidade de
Bauru(SP) e analisa o comportamento de fundaçÕes rasas, para aquela
regiao.

1. INTRODUÇÃO

A cidade de Bauru(SP), situada a 350 km, a oeste da capital do


estado, apresenta inúmeras obras, principalmente residências popula -
res, executadas sobre fundaçÕes diretas ou sobre estacas curtas, de
2 a 4 metros de comprimento.
Essas fundaçÕes são apoiadas nas camadas prÓximas à superfi
cie, constituídas de solos porosos colapsiveis.
Com a infiltração de água no terreno, esse tipo de solo sofre
colapso, provocando recalques na fundação e originando fissuras,trin-
cas e até mesmo rachaduras nas paredes.
Medidas têm sido adotadas no sentido de proteger o terreno da
infiltração de água de chuva. No entanto, o risco de ocorrência do
colapso do solo persiste, se se levar em conta a possibilidade de
rompimento de tubulações de água ou de esgoto.
É imperioso, portanto, avaliar a pressão que um solo colapsi -
vel pode suportar com segurança, considerando-se uma eventual inunda-
çao da camada subjacente à fundação.
Os resultados apresentados e analisados neste trabalho, refe -
rem-se a provas de carga sobre placa, executadas no Campo Experimen -
tal da UNESP de Bauru(SP), por Agnelli(1992).
A caracterização do solo foi feita mediante a execução de 6
(seis) furos de sondagem à percussão, ·com 20 metros de profundidade •
e de ensaios laboratoriais(convencionais e oedométricos) executados a
partir de amostr~s deformadas e indeformadas extraídas de um poço de
amostragem, de 12 metros de profundidade, escavado no referido campo
Experimental.

2. CARACTERÍSTICAS GEOTÉCNICAS DO SOLO ESTUDADO

O solo local é um residual de arenito, do Grupo Bauru (Forma -


çao Mar:Ília).
As camadas superficiais, até a profundidade de 4 metros, apre-
sentam granulometria uniforme, constituídas de uma areia fina argilo-
sa, com 14% de argila, 4% de silte, 70% de areia fina e 12% de areia
média, de elevada porosidade (e 0 =0,82) e baixo grau de saturação(Sr0 =
26%).
Nessas camadas, as razões de pré-adensamento (OCR) variaram de
o forma decrescente com a profundidade, com valores de 3,07 (profundid~
de de 1 metro) a 1,35 (profundidade de 4 metros).
A-Figura 1 mostra a variação do indice de resistência à pene-
tração N com a profundidade z. Observa-se que da superfÍcie até a pro
fundidade de 15 metros, há um crescimento suave no valor de N, que se
pode representar pela correlação (1) e, da profundidade de 16 a 20 me
tros, há um crescimento mais acentuado no valor de N, representado p~
la correlação (2).

3. CONSTATAÇÃO DA COLAPSIVIDADE

Constatou-se que o solo local é colapsivel segundo todos os


critérios de colapsividade que se baseiam em indices fÍsicos ·e limi -
tes de Atterberg. A Tabela 1 apresenta os coeficientes de colapsivida
de, relativos a esses critérios, para as amostras coletadas até a pr~
fundidade de 4 metros.
2

00 10 30

~ \
~ 5

\
a!
....'O
'O
c:
2o 10

\
r..
o.

15

20
'""\. r-.

Figura 1. Variação do indice de


1--
- h
'
resistência à penetração N com a
profundidade z

N 0,77 + 0,95z (1 )

N 400- 47,5z + 1,5z2 ( 2)

Tabela 1. Coeficientes de colapsividade (K)

AMOSTRA PROF. DENISOV GIBBS PRIKLONSKIJ EX-URSS FEDA Sr


&
(m) BARA (%)
1 1,00 0,54 1,85 -5' 14 0,22 6,21 24,6
2 2,00 0,66 1,51 -1,91 o 15 2,92 25,3
3 3,00 0,72 1,39 -1,30 0,12 2,26 27,0
4 4,00 0,70 1,43 -2,40 0,13 3,33 28,9

Para o solo ser colapsivel, é necessário que:


DENISOV O, 50-' K< O, 75
GIBBS & BARA: K> 1
PRIKLONSKIJ K<.O
Ex-URSS K >-O, 1 e Sr < 60%
FEDA . K > O, 85 e Sr < 60%

Utilizando-se o critério de Reginatto & Ferrero(1973), na for-


ma de gráfico, Ófi/Õv x Úfn/ív , Figura 2, observa-se que as amos-
tras coletadas até a profundidade de 4 metros, se localizam na região
dos solos condicionalmente colapsiveis, indicando que a ocorrência do
colapso dependerá do valor da pressão efetiva final f atuante no solo
no momento da inundação. Seu<Ífi, o solo não sofrerá colapso,mesmo ha
vendo inundação; se Ufi<~<Qfn, o solo sofrerá colapso ao ser inunda:
do e, se ~>~fn, o solo sofrerá colapso, mesmo que não haja inundação.
4

G
......
........ 3
'=' SOLOS
CONDICIONALMENTE
2
COLAPSÍVEIS
!amostra prof.
(m)
1 1 1,00
2 2,00
3 3,00
o 4 4 00
o 1 2 4 5 (fn/ív
Figura 2. Posição das amostras coletadas,
segundo o critério de Reginatto & Ferrero

com base em ensaios oedométricos "gêmeos" , utilizando-se o


critério de Jennings & Knight(1957), foram determinadas as deforma-
çÕes volumétricas especificas dos corpos-de-prova, cujos valores va-
riaram de 5,1% (profundidade de 1 metro) a 0,7% (profundidade de 4
metros).

4. PROVAS DE CARGA
3

4.1. PROCEDIMENTOS

As provas de carga foram executadas seguindo-se os procedime~


tos recomendados pela NBR 6489/84.

4. 2. ·ESTACAS DE REAÇÃO

Foram utilizadas 4 (quatro) estacas de reação em cada p:ova


de carga, concretadas com 6 metros de comprimento e 0,20 m de diame-
tro, armadas com duas barras de aço CA 50 A- 9,5 mm de diâmetro.

4.3. EXECUÇÃO DAS PROVAS DE CARGA

Inicialmente foram executadas provas de carga em 6 (seis) po-


ços com o terreno em seu estado natural, sendo 3 (três) na profundi
dade de 1 metro e 3 (três) na profundidade de 2 metros. Em seguida ~
executaram-se as provas de carga com inundação do terreno, em 6(seis)
outros poços, sendo 3 (três) na profundidade de 1 metro e 3 (três)
na profundidade de 2 metros. A Figura 3 mostra o esquema geral dos
equipamentos utilizados nas provas de··carga.
ICO

Figura 3. Esquema geral dos equipamentos


utilizados nas provas de carRa

A água utilizada para inundação do terreno apresentou pH


igual a 9,1 (alcalina), tendo sido conduzida ao fUndo do poço por gra
vidade, com velocidade controlada, apresentando vazão média de 200 ll
tros/hora, o que garantiu uma lâmina constante de 4cm sobre a placa.
Concluida a prova de carga, com inundação do terreno, imediat~
mente retiravam-se os equipamentos e providenciava-se a coleta de
amostras do solo, ao nivel e abaixo da cota carregada, nas profundid~
des de 0,40m, 0,80m e 1,20m, afim de se determinar o teor de umidade
do solo inundado. Na cota de carregamento, determinou-se,também,a mas
sa especifica do solo inundado, utilizando-se os métodos do CilindrÕ
Cortante e Frasco de Areia.
Com a inundação, o solo local apresentou um grau de saturação
de 62% , indicando que o colapso ocorreu com saturação parcial.

4. 4. RESULTADOS DAS PROVAS DE CARGA

As Figuras 4 e 5 apresentam as curvas "pressão x recalque" das


provas de carga executadas no terreno em seu estado natural e as Fi~
ras 6 e 7 mostram o efeito de inundação do terreno nessas curvas. -

5. ANÁLISE DOS DADOS

5 .1 • PRESSÕES DE RUPTURA

As prováveis pressões de ruptura do terreno foram determinadas


p~r extrapolação das curvas "pressão x recalque" empregando-se a fun-
çao exponencial de Van der Veen(l953) e a função hiperbÓlica de :hin
(1970), indicadas,respectivamente, em (3) e (4). Utilizou-se, também,
0 métodc de Mazurkiewicz(1972),empregando-se a função de Van der Veen
(1953), ajustada aos Últimos 5 pontos da curva "pressão x recalque".
4

PRESSÃO ( kPa) PRESSÃO ( kPa)


50 100 150 50 100 150
E E
E E

1.:1
:::::>
o
~ lar---+--~--~~~+---~--~
u
1.:1
c::

Figura 4. Curvas pressao x recal Figura S. Curvas pressão x recal


que referentes a 3 provas de ca~ que referentes a 3 provas de ca~
ga realizadas na prof. de 1 me - ga realizadas na prof. de 2 me -
tro(terreno natural). tros(terreno natural).

I I I PRESSÃO ( kPa) ~ PRl!:SSÃO ( kPa)


125,1 1so,3 t75,4 ~.s 7,0 ~ 100,6
on 51 lDO 15 o oO 100 150
E
e ~~ E
E

\ ~ 1.:1
:::::>
g 10
\ ' \
<
u
1.:1
c::
\\ na tu ral ra
20 20
\
\
30
\ 1\
Figura 6. Curvas pressao x re - Figura 7. Curvas pressao x re-
calque referentes a 3 provas de calque referentes a 3 provas de
carga realizadas na profundida- carga realizadas na profundida-
de de 1 metro,mostrando o efei- de de 2 metros,mostrando o efei
to da inundação e comparando to da inundação e comparandÕ
com a curva obtida para o terre com a curva obtida para o terre
no natural. no natural.

p (3)

p d (4)
a + b/Pu

A Tabela 2 apresenta as pressoes de ruptura n·édias cbtidas


através das provas de carga, para as profundidades de 1 e 2 metros,no
estado natural ( (f rN) e inundado ( ~ri). Para a profundidade de 1 me-
tro, considerou-se a prova de carga em que o terreno fora inunda-
do quando submetido a uma pressão de 50,3 kPa e, para a profundidade
de 2 metros, quando submetido a uma pressão de 67 kPa. Nessa mesma t~
bela são apresentados o coeficiente de redução R, que ind5ca a perda
de capacidade de carga do terreno quando inundado, e a pressão de ruE_
tura qu (ruptura local), calculada com base na fÓrmula de Terzaghi
(1943), indicada em (5}.

(5)

Observa-se que os valores da pressão de ruptura, obtidos com


base na fÓrmula de Terzaghi(1943), são superiores aos constatados me-
diante as provas de carga, nas razões de 1,6 e 2,0 , respectiva-
mente, para as profundidades de 1 e 2 metros. Essas diferenças são
ainda maiores quando se consideram os resultados obtidos através das
provas de carga com inundação do terreno, em que essas razoes passam
para 3,4 e 3,5 , respectivamente.
5

Tabela 2. Pressões de ruptura


PROF. (irN (i" ri R qu
(m) (kPa) (kPa) (%) (kPa)
1,00 132 63 52 213
2 00 164 94 43 327

5.2 ESTIMATIVA DE RECALQUES

A Tabela 3 apresenta os valores de recalque do solo local, nas


profundidades de 1 e 2 metros, para uma pressão de 100 kPa, verifica-
dos através das provas de carga executadas no terreno, em seu estado
natural, e calculados através de fÓrmulas empÍricas, indicadas em (6),
(7) e (8). Nas fÓrmulas empÍricas adotou-se uma área de pressão circu
lar, com diâmetro de 0,80m.

Terzaghi & Peck(1948): d= q -ª._ z (6)


1,4CN-3l (B+0,3o>

Bazaraa( 1967) J = 0,48g ( 2B )z


NB B+0,30

sendo N = 4N para ~V>72kPa


B 3,25+0,01Õv

N = 4fT para (f v~ 72kPa ( 7)


B 1 + 0,04 <ív

Meyerhof(1976) I= o,92g VB (8)


N
Dentre as fÓrmulas empÍricas utilizadas para se estimar recal-
ques, a de Bazaraa(1967) é a que forneceu valores mais próximos daqu~
les constatados através das provas de carga, conforme se observa na
Tabela 3.

Tabela 3. Recalques(mm) para uma pressao


de 100 kPa
PROF. PROVA TERZAGHI BAZARAA MEYERHOF
DE &
CARGA PECK
(m) (1948) (1967) (1976)
1,00 25,4· 9,5 20 3 41 1
2,00 16,5 8,1 19,0 27 4

6. CONCLUSÕES

As provas de carga diretas indicam que o terreno local aprese~


ta, nas profundidades de 1 e 2 metros, uma baixa capacidade de carga
e uma ocorrência instantânea de recalque quando inundado.
Por esse motivo, não se recomenda o emprego de fundações rasas
em terreno com essas mesmas características geotécnicas.
No entanto, caso se opte por esse tipo de fundação, precauções
devem ser adotadas para se evitar infiltrações de água, e, mesmo as -
sim, aconselha-se adotar para a fundação, uma taxa de trabalho com va
lor abaixo da pressão de fluência do solo inundado. Para o solo abor:
dado neste trabalho, a pressão de fluência com a inundação do terreno,
resultou em 19 kPa para a profundidade de 1 metro e em 60 kPa para a
profUndidade de 2 metros.

7. REFEIÚlfCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGNELLI,N.,(1992). Estudo da Colapsividade do Solo de Bauru


(SP) através de Provas de Carga Diretas.Dissertação de Mes
trado, EESC/USP, 172 p.,são Carlos.

ALBIERO,J.H.; CARVALHO,D. & LOBO,A.S.,(1993). Capitulo Funda-


çÕes "Solos do Interior de são Paulo". Publicação do Depar
tamento de Geotecnia, EESC/USP e ABMS, 399 p.,São Carlos.-
6

BAZARAA,A.R.S.S.,(l967).Use of the Standard Penetration Test


for Estimating Settlements of Shallow Foundations on Sand.
Tese de Doutorado, University of Illinois, 381 p.,Illinois.

MEYERHOF,G.G. ,(1976). Bearing Capacity and Settlement of Pile


Foundation. Journal of the Geotechnical Engineering Divi -
sion,GT3, p.l95-228.

TERZAGHI,K. & PECK,R.B.,(l948). Soil Mechanics in Engineering


Practice. John Wiley & Sons., New York.
7

Engineering geological mapping of São Carlos city - State of São Paulo


(Brazil) at 1:25,000 scale
Cartographie géotechnique à l'échelle 1:25,000 de la ville de São Carlos (São Paulo
Brésil) '
René LAguiar
lnstituJe ofTechnology Amazons/MQMUS-AM, Brazil
Nilson Gandolfi
USPIEESC, São Carlos-SP, Brazil
Lazaro V.Zuquette
USP I FFCLR.P, Ribeirão Preto-SP, Brazil

ABSTRACT: In Brazil most of urban centers present geological and geotechnical problems, and,
mo~t of. them, are_ a result of unsuitable establishment of different occupations. lf there were
ensu:'~ g~lo~cal maps that oriented the establishment of occupations, as well as the necessary
specific mvestlgatton, these problems could be avoíded. In Brazil there are few areas where
engineeríng geological maps were executed. As an example of theír ímportance there ís the work
done in the region of São Carlos (State of São Paulo-Brazil).

RÉSUMÉ: De nombreuses problemes sont rencontrés dans les sites urbaíns du Brésil relatifs a
l'occupation inadéquat de l'envíronnement géologique (roches, sois, eaux et relief). Les cartes
géotechniques sont documents utiles pour I' orientation convenable de I' occupation, ainsi que pour les
études espécifiques. Cet article présente l'étude réalisée dans la région de São Carlos - São Paulo-
Brésil.

liNTRODUCTION

Engineering geological mapping bas been used analysís, attríbute recogrutlon and final
as essentíal tool in various areas in the late identification of the bomogeneous units.
years, specially with respect to geographícal Tbe attainment of attributes represents an
space ordination. Zuquette (1987), by criticaliy essential stage of the work, planned a:Dd
analyzing the methodologies used in developed accomplished in sufficíent number and duration
in order to solve ali doubts. Accordíng to
countries in Europe, the USA, Canada, Australia
Zuquette (1987) the most ímportant ways to
and others, proposed the adequation of one of
obtaín infonnation are: published works,
them whicb shows to be compatible with
utilization of aeríal pbotography and others
Brazilian social, economical and geographícal
images, field work, laboratory tests and material
conditions.
geotechnical properties estimation.
The aspects related to the physical envíronment
The acquired data in prevíous works of the
and to the situations arising from antropíc action
specífic field should be analyzed with specíal
where verified during the execution of the work
care, first of ali because they condition almost
in order to supply geotechnical subsidies to
the wbole geotechnical mappíng and becanse of
accomplísh an adequate planníng or a specífic
~e criteríous choíce of available data (reliance),
utilization of urban areas. The fourteen
m order not to prevent the definition of
documents whícb were prepared with tbís
pmpose and performed by Aguiar (1989) in a homologous uníts when final interpretation takes
1:25.000 scale, had as basíc objective to place. Having thís information the operalization
contríbute for the ímprovement of the of the processes for the elaboration of a
preliminary map could be achíeved. Thís
~tho~logy used and to assíst the prevíous
processes is different from those usually realized
onentat:J.on for the expansion of São Carlos
Urban area in conventional geological mapping, presenting
two stages, one of pboto identífication and the
Due to space limitation only two cartographíc
other more elaborated ,the photo interpretation.
documents are presented as examples.
Afterwards, it was attempted to catalogue, in the
field, the attríbutes, realizíng surface
investigations (profileslpatbways) as the most
2 METHODOLOGY
usual way to obtain them, according to Aguiar
(1989).
Accordíng to the principies of the current
By the next probation, with the entirety sight
methodology, evaluation studies and
obtaíned after the field works along with the
classífication of the geotechnical uníts were
pboto interpretation, it could be defined prevíous
based on the utilization of ali elements given by
characteristics of the geotechnical preliminary
maps and other available parameters, in order to
units, managing in thís way, the samplíng stages
assíst the consecutive stages whích are essential
and new observations to poínts that kept
to the work: prevíous information survey and
obscure.
8

The material properties, in depth, were only suffered any kind of transportation, which kept
obtained in natmal or antropic slopes (road themselves ~n the matrix rock. They are
cross-section, and digs, etc.) and in the few Botucatu restduals, Basic magmatites residuais
simple recognition explorations, that took over and Bauru residuais.
an important distinction the study. 2. T~rted materiais - are those that present
All the soil samples were classified according ~orking and significative transportation
the roles adopted by th.e Highway Research ~vtdences and the organic; they were subdivided
Board (H.R.B.) and th.e Soil Unified n
m sandy material I, and ITI, alluvial material,
Classificati.on System (S.U.C.S.) - ASTM, colluvial material and organic material.
02487/83 - and by th.e systematic proposed by It is possible to observe in Table 1 the variation
of several characteristics of each one of the main
Villibor 0981) for compacted materiais used in
the pavement basis. homogeneous geotechnical units defined in the
area.
Those samples tested in minis-MCV and
"Immersion loss" in MCT classification (Nogami
& Villibor 1981) were considered.
When both. evaluation and classification were 3.3 Chart to orientation (Figure 2)
concluded, followed th.e interpretation of the
available data (explorations, analytical results Re~ting from the inter crossing analysis of the
from oth.er works and those ones found in this baste documents, this kind of thematic chart
study), for the identification of th.e geotechnical sho~s the characteristics of the physical
units of homogeneous behavior by using, once ~vtronment from th.e geotechnical point of
more, the aerial photography, ending with the vtew.
elaboration of the basic maps, of the thematic The potential evaluation and/or area
charts and of th.e current text. ge_o~~cal . restrictions, seeking the best
It is use:ful to point out th.e importance of using utilization of tts resources, constitute one of the
computers, during the biggest part of the work, f()rms to enable the use and rational occupation
giving distinction to th.e utilization of the of th.~ space when joined to a politics of global
planning.
geographical information system - GIS that
permits fast and accurate alterations inclusions According to th.e meth.odology proposed by
participating as in the simple typing of th~ Zuquette 0987), this chart retracts the most
cartographic documents as in the inter crossing adequate units to th.e possible types of use and
of th.e various discussed attributes. occupation, based on the severa} cartographic
documents elaborated, and, in a complementai
way, on the irrigation ability, foundation and
3 STUDIED AREA slope stabili~ as well as on th.e intrinsic costs. to
each occupatton and utilization form.
To r~resent the units, it was adopted the
3.1 Localization combmed solution of hachures (to the
recommended areas for the extraction of
The parallels 21°57'01" and 22005'00" south and help the mban expansion planning, seeking a
meridians 47049'24" and 47057'13" west are the mo~ reasonable geotechnical of the physical
area limits whose engineering geological maps envtronment of São Carlos.
were realized. It is part ofSF-23-V-C-IV-3 SO & It was identified unconsolidated materiais which,
SE) and SF 23- Y -A-I-1 (NO & NE) sheet due t? their behavior and geotechnical
municipal district. It is totally located in São pr~perties, could be grouped in 9 homogeneous
Carlos, region of th.e São Paulo State and covers umts. The sandy materiais I, n and m occupy
186 Km2 swface. the largest areas.
Considering· th.e several forms of use and
occupation on can see that there is a clear
32 Geotechnical units map (Figure 1) tendeu'?' for rural activities in São Carlos; after
the filling of the inoccupated spaces in the
This map includes the various types of current mban perimeter, th.e north.west square
unconsolidated materiais identified in the area, appears to be the best for industrial and urban
defined from the laboratorial and field works utilization.
(including the previous ones), the existent It is vital. to have more studies about the
exploration and also by the photo interpretation. preservatton and fiscalization the of the rare
Besides the contacts among th.e different units, nucleous of primitive grounds, ciliar grounds
represented by distinct hachures, th.ere are and the dense vegetation which contribute a lot
to ~e geotechnical balance of the local physical
approximate limits of substrate isoprofundity, envtronment.
either geological or rock; the latter referring to
~t is necessary to have more geotechnical studies
the treatment of residual products.
Types of material - Making use the obtained
m larger scales th.an th.e present work 0:10.000 or
more), involving mainly the current mban
information, it was possible to set up the nine
spaces, in order to provide more adequate roles
units of unconsonlidated materials, that were
for ~e occupation of open areas still existing in
subdivided in two groups:
the ctty, as well as to contribute to the detection
1. Residues material - correspond to materiais of the r:isky areas. for nrbanintion.
deriving from rock alteration, without having
9

REFER.ENCES Vtllibor, D.F. 1981 Eoonomical leveis: new


considerations EESCIUSP, S.Carlos-SP.
Aguiar, R.L. 1989. Engineering geological
Doctoring thesis.
mapping of the urban expansion area of Zuquette, L.V. 1987. Engineering geological
S.Carlos-SP: planning contribution mapping criticai analysis and methodological
EESCIUSP S.Carlos-SP, Mastership proposition for Brazilian conditions.
Dissertation. EESCIUSP, S.Carlos-SP, Doctoring thesis.
Nogami, J.S. & Villibor, D.F. 1981. A New soil
classification for highway pmposes. In
Brazilian Simposy of Tropical Land and
Engineering I, ABMS, Rio de Janeiro-RJ,
Anais Vol. l, p.30-4l.

....
--....
~ --. -. -...---
--.
~
.:: ~
~
-- = -... -...

-.. - -...
... j. .....
-..
..... ..... . -...
-.....
..- -:. i ..
~

j
~ --::.. --.-.s.. i-
s - .i
---... -! --... i:i
~

...- .:- ...-


-.. -.-
w

=
o
";

~. ~. ill
' '
.i ~ illl 0
i
-

.
-.§ :; - --=..-.. -.... --..-.
~
::::
:
.::
e
.. .. ...
....~u
.....
--..... -...- .... ......
.-:.-
"'o
iu
- .. .:: .. .
.
o
i -
.. ...- ~ .-
- -=.. = -
laS ..:;;
(• c;l'.)
I

; ""

.,-
13

..
-.....
c::l.
...- ...... ..- i-
- --
;r
-e:::>i ....... .. ' '
~

N
~ ~ KJ
~
i
Table l - Geotechnical units - basic propieties

Ps WHig G. F. LL IP Pd eo e.E.e SPT Estimate Value etassification


glcm3 glcm3
e)+
Units (%) (%) (%) (%) (%) e.mgl K ec 8 sues HRB MeT
lOOg cm/s MPa
R. 0.6 75 2 0.50 10 SP A-lb
JKb
2.64
6.0 98 25
np np 1.69
0.74 26 -- -- -- se
-- A-2-4
NA
R. 2.72 10.0 25 62 np np 1.13 0.80 4 2 0.3 20 12.0 eL A-7-5 LA',LG'
JKsg 3.00 31.0 38 75 56 20 1.65 1.60 18 i 0.7 30 SM A-4 NG'
R. 2.60 6.0 52 25 np np 0.74 4 SM A-2-4
Kb 2.80 17.0 75 48 67 17
1.60
1.06
23
i lO ---- --
MH A-7-5
-
Ar. I 2.63 0.2 85 5 np np 1.42 0.54 9 1 0.2 25 4.7 SM A-2-4 NA
2.67 3.0 95 15 1.79 0.86 31 7 0.5 40 14.0 Se-SM
Ar. li

Ar.III
2.61
2.70
2.56
3.5
10.0
4.5
64
85
50
15
36
27
np
39
np
np
12
np
1.43
1.69
1.18
0.69
0.91
0.63
13
5
2
9
2
0.3 20 4.9
0.5 35 10.7
0.4 25 4.9
SM
se
SM
A-2-4
A-6
A-4
LA'
LG'
-
o

2.83 16.3 73 50 35 12 1.71 1.50 22 9 0.7 9.0 eL A-2-4 LA'

R. JKb - residual of the Botucatu Ps - specific weight K - coef. of the permeability


R. Jksg - residual of the basic rocks Pd - dry unit weight ec - compression index
R. Kb - residual of the Bauru eo -void ratio +- angle of friction
Ar. I - sand materiais I LL - liquid limit s - Young's modulus
Ar. 11 - sand materiais 11 IP - plastic index sues - Unifi. classification
Ar. III - sand materiais III np - not plastic HRB - HRB classification
WHig- hygroscopic water content e.E.e - cationic exchange capacity MeT - MeT classification
G- coarse particles (>0,074 mm) F- fine particles (<0,074 mm) SPT -standart penetration test
i - impenetrable
11

Uti.lization of the engineering geological mapping for the urban territorial


ordering in Brazilian cities
Utilisation de la cartographie géotechnique pour la planification territoriale des villes
duBrésil
RenéL.Aguiar
lnstitute ofTechnology Aml:lzons/Manaus-AM, Brazil
Nilson Gandolfi
USPIEESC, São Carlos-SP, Brazil

ABSTRACT: Recently, specially on the more developed Brazilian regions, the progress of
geotechnical cartography as an essential tool within the modem territorial planning/ordering concept,
has been demonstrating the increasing preoccupation with adequate and balanced occupation of urban
spaces (mostly on expanding areas).

RÉSUMÉ: Récemment, an Brésil, particuliérement dans les régions plus développés, !'avance de la
cartographie géotechnique dans le sens moderne du concept de planification territorial, demontre une
croissante souci avec l'occupation adéquate et equilibré des terrains urbains (surtout dans les areas en
expansion), et il permet aussi un contrôle systématique de l'environnement, d'une maniere à
compatibiliser l'usage et l'occupation du sol à ses limitations et potentialités.

l INTRODUCTION

The settlement of a planning base-system, either of intemational methodologies began, the


regional or urban, whereby the mapping appears researchers started to suggest adaptations to the
to be of vital importance, supports adequate and Country's peculiarities.
balanced space development; the permanent data The generical operational sequence of work in
utilization., based on the dynamism of the scales 1:50.000 and 1:10.000 includes the
physical environment elements, biotic and evaluation of some topics, aiming at attending
abiotic, also provides the representation and the mentioned objectives; in this context one can
systematic control of the landscape, offering in distinguish the area dimension., the available
such a way, better technical and administrative study time, the physical and economical-social
tools for public and private organs, devoted to a aspects, the relationship between occupation and
variety of objectives, such as, engineering, environment, the urban structure growth
agriculture, ambiental environment, planning, tendencies and the related rules involved. In
and others. such case, the exact understanding of these
The realization of studies about the physical subjects leads to a better definition and
environment of a determined place, involves the execution of half-detailed surveys, due to the
development of a series of successive stages, existence of few experiments in the country on
which, in general, begins with the scale choice systematical geotechnical cartography, seeking
and work objective and ends with the the urban planning. Therefore, as soon as snch
characteri.zation and classification of the an adjustment brings about, the mapping
researched area. The physical environment progressively loses its purely scientific
dynamics, related to the interdependency among characteristi.c and takes a basic element
its properties, generates the necessity of character, what makes it possible to be
developing mechanisms which lead to simple understood, in its cartographical expression., by
and fast filing and handling of the information technitians and geotechnical inexpert users.
arising from several sources, to attend the The work "Geotechnical Cartography Criticai
mapping basic principies, such as: reliance, Analysis and Methodological Proposition for
updating and compatibilization of different Brazilian Conditions", by Znqnette (1987), is
attributes, what is also stated by Bell et ai. considered a remarkable step in the evolution of
(1987), Hearn & Fulton (1987), Culshaw et ai. th~ systematic studies on geotechnical survey. In
(1990) and Hermelin (1991). Attribute refers to this work, one can see the clear methodological
the characteristic, either qualitative or tendency towards the elaboration of charts
quantitative, which identifies a physical dedicated, specially, to the urban planning,
environment component scales between 1:50.000 and 1:10.000, being
From the 1970's on, when the geotechnical respected the economical- social situations and
cartography began to be slowly developed in the Brazilian territory dimension.
Brazil, in a few research and higher learning The current methodological proposition tries to
centers, in which e~eriments for the utilization attend, althou_gh subjective!Y, a favorable cost-
12

benefit relationship, with no damages to the of the basic maps, thematic charts, ali of them in
technical/technologicallevel to be used. a presentation scale equal to or higher than
1:50.000, and elucidative texts.

2 METHOOOLOGY
2.1 Document Classifi.cation
lt was based on the principies established by
Zuquette's methodology (1987 and 1993) and Like other systems, geotechnical mapping
takes the following execution order: survey and aspects related to the scale, to the objective and
analysis of available information, identification form of presenting the results, play a
of attributes to be used in the final product of the signifi.cative role on the development of the
work and definition of geotechnicaliy work, because of the necessity of defi.ning ali the
homogeneous units. procedure for which the research objectives may
At a first stage, the data resulting from previous be reached. About the scales, Zuquette ( 1987)
works deve1oped in the area must be criteriously proposes the division in: General Scale - smaller
evaluated and only those which present proved than 1:100.000, Regional Scale- from 1:100.000
reliability should be selected for use, as stated by to l :25.000, and Half-detailed Scale - from
Dearman (1991) and other researchers. Among 1:25.000 to 1:10.000, not recommending the
others, which can be adequate, there are: ones over 1:10.000, due to high costs and
topographical maps, geological maps, excessive number of observations, with the risk
hydrological maps, pedological maps, of inadequate substitution of local investigations.
geomorphological maps, geophsysical maps, Referring to the objectives, closely related to the
climatological maps, soil occupation maps, as scale to be used, the mapping offers support to
well as sounding profiles, results of laboratorial the complex ordering of the physical
tests and remote sensor products. environment as well as to specifi.c situations. ~
The attribute collection, second and principal general scales, directed to regional planning, the
work stage, according to Aguiar (1989), shows attribute groups which better participate in the
as principal ways of collection: publicized study are: geomorphological conditions, rocky
works, use of aerial photographs and other andlor unconsolidated materiais, current soil
remote sensor products, fi.eld works, laboratory occupation and climatological data for
tests and estimation of material geotechnical hydrographic basins. For the regional and half-
properties. The inventory of such attributes, at detailed scales, mainly for those over 1:50.000,
the fi.eld, primordialiy occurs by surface the following physical environment components
investigations (profi.le I pathway), according to get in the analysis: unconsolidated and rocky
the established limits in Table 1. materiais, geomorphological elements, surface
and underground water, climatological factors,
and also occupation forms and antropic actions.
Table 1 - Minimum number of observations Another important aspect in this methodology, is
the presentation form of the information at the
Objective Scale OBSERVED PLACES various stages. There are three types of
1: Qualitatively Quanti- documents used for the representation of the
tativelv
Crysta Sedi- geotechnical mapping products: Geotechnical
Urban Condition Map - characterizes the physical
-lline ment
andlor 50.000 3 2/5km2 I/5kmT environment without delimiting the area
Expansion 25.000 5 3fkm2 1/ km2 geotechnical similarities, being more indicated
Area 10.000 15 10/ JanZ 31 km2 for general scales; Geotechnical Zoning Map -
Source: Adapted from Aguiar (1989) separates portions of the soil which are
geotechnically similar, without, however,
Concluding this stage, it is possible to elaborate considering their purposes; and, fi.nally, Specifi.c
a preliminary geotechnical map, different from Geotechnical Zoning Map ~ indicated for works
those realized in the conventional geological in scales over 1:50.000, whereby the
mapping, starting from the summation of data geotechnical conditions are grouped in such a
existing previously to the photo interpretation. way to attend specifi.c purposes.
Afterwards, still in the second work stage, with Based on the combined use of the elements
the fi.eld results, added to the photo resulting from the maps, from the charts and
interpretation data, it is defi.ned preliminary other available information, Zuquette
geotechnical units, so that the sampling stage methodology (1987) foresees four classes of
and new observations only concentrates on cartographical documents, where the acquired
doubtful points. andlor evaluated attributes may be represented:
The fi.eld results are restricted to physical andlor Fundamental Basic Maps, Optional Basic Maps,
chemical analysis of samples systematicaliy Auxiliary Map, and Derived or lnterpretative
collected and normatively classifi.ed. Charts.
Having accomplished the former stages, the
collected data are interpreted, being used to
identify geotechnical units of homogeneous 3 UNITS DEFINITIONS
behavior, having for this the availability of the
remote sensor products and of a geographical To determine the units, a correlation between the
information system, resulting in the elaboration subjective crossing of attributes which were
13

taken in the analysis for the elaboration of the really multidisciplinar, the elaboration and
documents, according to the adopted credibility of the interpretative charts become
methodology, and the criteria of attribute prejudiced, being more advisable to elaborate
pondering (also subjective) from O to 2, was Geotechnical Condition Maps or even General
performed. Depending on the higher or lower Geotechnical Zoning Map.
levei of benefit to the pmpose of the document Based on the circumstances verified and
and taking in account the relative importance of presented along the present work, it seems to be
each attribute in the completion of the a good solution for scales 1:10.000 or higher, the
engineering geologic map. world tendency of adopting the risky charts with
The swnmation of ponds gave some values that specific purposes, mainly those which deal only
have allowed the classification of units and exclusively with problems directly related to
according to their average natural potential that geotechny.
is similar to the system used by Froelich et al.
(1976, in Zuquette, 1987) and based in the
models reported by Farias et al. (1984). REFERENCES

N Aguiar, R.L. 1989. Engineering geological


Pt= L Pa.fiajrnaxXN mapping of the urban expansion area of
j=l S.Carlos-SP: planning contribution
EESC/USP S.Carlos-SP, Mastership
Class inadequate reasonable adequate
Dissertation.
I I I I Bell, F.G. et al. 1987. Aspects of geology in
Pt 0,00 0,35 0,70 1,00
planning. Planning and Engineering Geology,
Pt= total unit pond; Par attribute j pond, Paj Geological Society Engineering Geology
rnax= maximum attribute j pond; N= attribute Special Publication, no 4, pp. 1-38, London;
number. Culshaw, M.G. et al. (1990. Applied Geology
Maps for Land-Use Planning in Great Britain.
4 CONCLUSIONS Proceeding of the 6th I.A.E.G. Congress,
Amsterdam, Netherlands, v. 1, pp. 85-93;
The criteria for the settlement of preliminary Dearman, W.R. 1991. Engineering geological
homogeneous or heterogeneous units, nonnally mapping. Butterworth Heinemann Ltd.,
unclear, make it difficult to choose the best London, 387 p., il.;
places for qualitative and/or quantitative
Farias, LC. et al. 1984. Guide for elaboration of
observations, seeming to be convenient to use
the physical environment studies: contents and
the procedure presenteei in item 3 of the present
methodology". CEOTMA/MOPU, Madri,
work.
Span, Série Manuales, no 3, 2nd edition;
Not having a definition of the limits for each
Hearn, G.J. & Fulton, A. 1987. Landslide
attribute for some interpretative charts induces to
Hazard Assessment techniques for Planning
the application of very subjective principies,
Purposes: a review. Planning and Engineering
enabling, then, the adoption of conflicting
Geology, Geological Society Engineering
parameters, mainly when the mapping is carried
Geology Special Publication, n° 4, pp. 303-
out by professionals without specific lmowledge
310, London;
of the different geotechnical fields.
Hermelin, M. 1991. Geology prevention of
The qualitative observations, contrary to the
disasters and physical planning. AGID Report
surveys in other scales, must deserve the right
importance, since if they are carried out in n° 16, pp. 21-34. Environmental Geology and
different stages and in a higher number, they Applied Geomorphology in Colombia;
help picking up the sampling points, as well as Zuquette, L. V. 1987. Engineering geological
the division of the final geotechnical units, mapping criticai analysis and methodological
mainly in the regions where there is a lack of proposition for Brazilian conditions.
previous works, and without causing signifcative EESC/USP, S.Carlos-SP, Doctoring thesis;
increase in the costs and time of the research. Zuquette, LV. 1993. Geotechnical mapping
From the samples collected for laboratory tests, importance in the physical environment use
only those detennined as being representative and occupation: fundaments and elaboration
must be submitted for longer and more guide. EESC/USP, São Carlos SP,
expensive analysis, such as consistency limits, Professorial thesis.
sedimentation, compactation and mini-MCV;
consequently, it is necessary to establish the
sample selective parameters, which could be the
simple characterization tests, which are faster
and cheaper, besides being sources of good
indicatives about the material general
characteristics, solid specific mass, stevmg
granulometry, hygroscopical moisture, and
others.
For. works in scales between 1:50.000 and
1:10.000, carried out ~ a team which is not
14

Ftgnre 1 - Definition of units from. the basic andlor thematic map crossing

Map 01
o
o o

o
o

Map 03
o

Explanation:
O- Pond O ~} Pond 1 i} Pond 2

Units Final Pond


Definition of Units
11
P, = 2:P..,
,_, /P..,IIAX x N

Explanation:
[] - Adequate
O - Reasonable
O- Adequate

Fro01 Aguiar (1989)


15

COMPACTAÇÃO DE SOlOS COM ENERGIAS,


APROXIMADAMENTE, IGUAIS E DIFERENTES
PROCEDIMENTOS

Gastao Coelho de Aquino Filho'


João Baptista Nogueira, Dr.Eng.2

' Mestranclo. Escola de Engenharta de sao canos • USP


z Prol., Escola de Engentlarta de sao canos . usP

<,)
Apresenta-se um estudo comparativo entre os resultados do
ensaio de compactação realizado sequndo as normas brasileira e
americana, que diferem entre si na energia de compactação. Para isso
foram usados 3 solos, dois arenosos, um com menos de 15% de argila e
outro com mais de 30% de argila, e um argiloso. os ensaios foram
realizados sem reuso do solo, e com um procedimento que permitisse
acrescentar quantos pontos fossem necessários para o traçado da
curva. os resultados obtidos mostraram que para o teor de umidade
6timo não há diferença sensivel mas para a massa especifica seca
máxima, as diferenças do sensiveis, principalmente para os solos
arenosos.

A Norma Brasileira (ABNT: MB-33) e a Americana (AS'l'M: D 698)


sobre compactação de solo apresenta diferença no volume dtil do
cilindro pequeno, sendo o volume do cilindro brasileiro 6% maior. Em
face dessa diferença, a norma brasileira aumentou para 26 o ndmero
de golpes por camada no ensaio de Proctor Normal, tentando manter a
mesma energia de compactação do ensaio americano, mas mesmo assim há
uma diferença de 3% para menos no ensaio brasileiro.
outra diferença entre as duas normas, está na altura llláxima
excedente da dltima camada compactada, onde a norma brasileira
recomenda 10 mm, enquanto na norma americana ela ê de 6 mm.
Com a intenção de verificar se essas diferenças, embora
pequenas, pudessem trazer modificações sensiveis nos resultados, foi
realizado um programa de ensaios com três solos texturalmente
diferentes e caracteristicos da região de São Carlos (Aquino Filho,
1994)
Os resultados obtidos mostraram que há diferença na massa
especifica seca máxima e que cuidados complementares devem ser
tomados durante a realização dos ensaios.

o trabalho procurou utilizar solos com faixas granulO!IIlétricas


variadas, de forma a se ter um intervalo amplo no teor de umidade
6timo das amostras.
Foram selecionados três solos tipicos da região de São Carlos,
coletados superficialmente e designados por rmmeros de 1 a 3, em
ordem crescente de teor de umidade 6timo:
-solo 1: Rodovia SP-310 (via Washington Luiz), km 225;
- Solo 2: Jardim Santa Felicia;
- Solo 3: Jardim das Torres.
A Tabela 1 mostra o resultado dos ensaios de caracterização de
cada solo, realizados segundo Head (1980) e as curvas
granulomêtricas são mostradas na Figura 1.

Tabela 1. caracterização das Amostras

AMOSTRA Ps LIMITES (%) GRANULOMETRIA (%)


(g/cm3)
LL IP Are~a Silte Argila
1 2,637 - NP 75 13 12
2 2,689 37 14 59 7 34
3 2,853 57 22 20 36 44

3. lii!IIIDI08 Dll ~

A previs6o do teor de umidade 6tilao de cada aa dos solos foi


feita, prilllairo, com ba8e em resultados de ensà.ioa r8Uizados no
La.borat6rio de Geotec:nia da EESC/USP 1 com solos semelhantes e depois
utilizando a correl.aç&o ;raposta por LiDah e Iabai (1978) 1 onde:
16

..
ia,--r~.M.~."~.--~~~~~-r~~--.-~hT~
I 11110 o I o o ooot
I 11111 I I l o 1111

...... -- ....__,_..... .
O I o o oooo
o I t li
--~
I
o.....
11101 I o
~ ~
li ooo

I tlllt

-..--......
I 11110

-:-:-:·H·:
...... 0 I 0 00100

....
I tiiJI I I I totoo
I I o lttiO

-~~~~~--~~~~~~~~--~~~~
18

j.-soLO !.-SOL02-SOL031

Figura 1. curvas Granulométricas

Wot 1/3 ( LL + 15 )

para LL , em valor percentual, e solos plásticos.


Os ensaios foram realizados de acordo com as especificaç6es de
cada uma das normas, mostradas na Tabela 2, tendo-se feito pequenas
correções de forma a enquadrar os cilindros e o soquete nas
dimensões médias especificadas.
As amostras recebidas de campo foram deixadas secar, à sombra,
até a umidade higrosc6pica. Em seguida, foram tomadas as seguintes
providências:
- homoqeneização das amostras;
- retirada das particulas > 4,8 mm;
- determinação do teor de umidade, pela estufa, para cada
amostra;
- armazenagem das amostras em sacos de 2, 5 kg para os solos
arenosos e 2,0 kg para o solo argiloso, em nümero correspondente ao
de pontos a serem obtidos, com alguma folga, em local seco e
protegido da umidade.
os ensaios foram realizados com soquete de operação manual e
sem reuso do solo. Foram programados para serem realizados segundo o
procedimento descrito a seguir: estimado o valor do teor de umidade
ótimo do solo, deveriam ser obtidos quatro pontos iniciais com
variação de ± 2% e ± 1% em torno desse valor e a seguir, outros
pontos que pudessem definir as coordenadas do ponto de máximo.
Para a familiarização com os detalhes dos procedimentos do
ensaio de compactação e estabelecimento de uma rotina de trabalho
que diminuísse a dispersão dos resultados, foi necessário a
realização de uma série inicial de ensaios. Ap6s uma análise dos
resultados obtidos foi estabelecida a seguinte rotina:

- retirar as amostras da estocagem;


- adicionar água para atingir o teor de umidade do ponto;
- homogeneizar o solo;
- compactar as amostras segundo as normas;
- durante a compactação de cada camada, proteger o solo restante
contra a perda de umidade. Para isso foi providenciada uma estrutura
de madeira, que era colocada sobre a amostra, e sobre essa um pano
Qmido;
- terminada a compactação, determinar a altura da massa excedente,
retirar e recolher o excesso;
- determinar a massa de solo excedente e levá-lo para estufa até
secagem completa. Determinar a massa seca do excesso e calcular o
teor de umidade;
- retirar uma amostra de solo de cada camada compactada e determinar
o teor de umidade, calcular o valor médio;
- determinar o teor de umidade do solo, utilizando o processo da
frigideira.

4. RESULTADOS
Os valores do teor de umidade 6timo previstos foram:
- para o solo 1: w0 t = 10,0 %
- para o solo 2: Wot 16,0 % e segundo Lineh & Ishai (1978):
w0 t = 17,3 %
- para o solo 3: w0 t = 27, o % e segundo Lineh & Ishai (1978):
Wot = 24,0 %.
Na Tabela 3, estão reunidos os valores da massa especifica seca
máxima (Pdm{'lx) e teor de umidade ótimo (W 0 t) dos solos, para cada
Norma e a F~qura 2 mostra as respectivas curvas. de compactação.
17

Tabela 2. Especificações das Normas

MB - 33 o - 698
minmo médio máximo minimo médio máxmo
CILINDRO
diametro rmm 1 99,6 100 o 100,4 101,2 101,6 102,0
área -Ccm2 ) 77,91 78,54 79,17 80,44 81,07 81,71
altura (mml 127,0 127,3 127,6 115,9 116,4 116,9
volume cale. (cmJ) 989,46 999,81 1010,2 932,25 943,69 955,22
volume/norma ( cm--:31 990 1000 1010 930 944 958
SOQUETE
massa (g) 2490 2500 2510 2490 2500 2510
dl.âmetro mml 49 5 50,5 51 5 50,5 50,8 51,1
altura queda lmm> 303,0 305,0 307,0 303,5 304,8 306,1
ENERGIA
no. de camadas
no. de goloes
-- 3
26
-
-
-
-
3
25
-
-
energia/vol tkJ/mJ) - 583 - - 600 -
máx. excesso (mm) - - 10 - - 6

Tabela 3. Resultados dos Ensaios de Compactação

ABNT ASTM
AMOSTRAS Wot Wot
Pdma~ Pdma~
(qfcm ) {%) (g/cm) (%)
1 1,946 10,3 1,958 10,4
2 1 799 15,7 1,812 15,4
3 1,524 27,5 1,528 27,4

l,.ooo

l. 800
l.~so

1.900

~-4---+---r--4---+---+---l.?l0•+--4~-+---+--4---+---+---~-­
lO ll 12 t3 ll 12 l3 H lS 16 17 18
Y( ") w(")

l.SOO

1.440~+---+--4~-+---r--4---+---+--4----__.
l4 25 26 27 28 29 30 31 32
V("J

Figura 2. CUrvas de compactação

5. COJfCLUSÕBS

. Os solos arenosos apresentam-se mais sensiveis a diferença


entre as energias de compactação, tanto na massa especifica seca
máxima quanto no teor de umidade 6timo, do que o solo argiloso.
Pode-se notar que a diferença nos procedimentos de cada Norma
ocasiona pequena diferença nos resultados de laboratório, mas que na
prática esses valores são compativeis.
com a determinação do teor de umidade por camadas, pode-se
controlar melhor a perda de umidade do solo durante o processo de
c~mpactaçâo. Para um controle mais rigoroso do ensaio, foram
dispensados os pontos que apresentaram teores de umidade fora de um
intervalo de ± 2% em torno da média das três determinações.
Apesar da altura excedente máxima ultrapassar algumas vezes o
valor máximo especificado pelas Normas, observou-se que os valores
obtidos de massa especifica seca e teor de umidade não se
dispersavam das curvas. Os ensaios também mostraram que mesmo com
18

altura úxillla dentro do permitido por Norma, a qrande quantidade de


solo n&o permite a compactaç!o eficiente da dltima camada.
o teor de umidade calculado pela Jllllssa excedente na dltima
ealllllda se mostrou sempre com valores menores do que o calculado pela
estufa, devido a manipulaç!o na retirada do solo.
os ensaios mostraram que durante o processo de compactação o
teor de umidade tende a diminuir, de forma que a dltima camada é
compactada com um teor de umidade menor.

6. UFBilDcDs BXBLZocminCU

ASSOC:IAç!O BRASILEIRA DE NORMAS TtCNICAS (ABNT), (1986). NBR 7182;


Solo- Ensaio de Compactação, aqo., 10p.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING MATERIALS (ASTM), (1991). D 698-91 -


Test Method for Laboratory of Soils Usinq Standard Effort (12.400
ft.lbf/ft3 (600 kN.m/m3)). ASTM Standards on Soil Compaction, 2 ed.,
p. 15-22.
AQUINO FILHO, G. c., (1994). Compactação de Solos com Energias
Aproximadamente !quais e Diferentes Procedimentos. São Carlos.
Dissertação (Mestrado) Escola de Engenharia de São carloe,
Universidade de São Paulo. (em andamento).
LIVNEH,M. & ISHAI, I., (1978). Usinq Indicative Properties to
Predict the Density-Moisture Relationship of Soils. Transportation
Research Record, n. 690, p. 22-28.

HEAD, K. H., (1980). Manual of Soil Laboratory Testinq. Pentech,


Jv. , London.
19

OS PREJUIZOS E AS ÁREAS DE RISCO A EXPANSÃO URBANA PROVOCADOS


PELA EROSÃO NA CIDADE DE MARÍLIA, ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL

Denis Emanuel DE ARAUJO'l


Emílio Canos PRANDI2l
Orencio Monje VILAR~

'' Engenhe1ro. Dtrelor. DAEE. Dtrelona de Manha. Sao Paulo. Bras1l


ll Geólogo. Recursos Hidncos. DAEE. D11e1ona de Manha. São Paulo Brasil
ll Engenheiro . ProfessO! Doulor/\JSP · Escola de Engenhana de São Carlos Dept Geoléc01a

RESUMO

O meio físico da região onde situa-se a cidade de Marília, no Oeste do Estado de São
Paulo, Brasil, é altamente suscetível ao desenvolvimento de erosões hídricas, principalmente
por possuir solos muito arenosos. relevo bastante movimentado e pelas características das
chuvas que ai ocorrem. São comuns nas áreas urbanas grandes ravinas e boçorocas,
originadas pelo crescimento desordenado dos núcleos urbanos, em associação com os fatores
do meio físico. Estas feições, que se desenvolvem muito rapidamente e são de difícil controle,
prejudicam a expansão urbana, inviabilizando a utilização de áreas para loteamento, além de
provocarem o assoreamento de importantes mananciais de abastecimento de água para a
cidade. Quando o crescimento do núcleo urbano provoca a correção destas feições, de forma
quase sempre inadequada, restam áreas assoreadas com material muito fino e pouco
compactado, e cicatrizes de ravinas e boçorocas. excepcionalmente corrigidas com critérios
técnicos adequados e na maioria das vezes preenchidas por entulho e lixo, cujo
comportamento geotécnico, tanto em uma quanto em outra forma de correção, não permite a
instalação de obras sem que se considere os riscos que estão presentes em tais
empreendimentos. O presente trabalho identifica algumas destas áreas de risco ao
desenvolvimento urbano na cidade de Marília. ou seja cicatrizes de erosão corrigidas
adequadamente ou entulhadas e áreas de assoreamento, apresentando algumas de suas
características geotécnicas.

INTRODUÇAO

A maior parte das cidades do Estado de São Paulo instaladas em terras altas, constituídas por solos de
textura arenosa, espessos e permeáveis, apresenta erosão por ravinas e boçorocas em pontos críticos de suas
periferias. Estas feições mostram um crescimento lento na maior parte do tempo, porém, podem sofrer um
desequilíbrio e passar a apresentar um crescimento rápido, destruindo habitações, ruas, e outros equipamentos
públicos, além de ameaçar vidas humanas.
Marília é apenas mais uma das cidades do Oeste do Estado de São Paulo com graves problemas
urbanos provocados pelas erosões aceleradas. Segundo DAEE (1989), a cidade se localiza em áreas muito
suscetíveis ao fenômeno, constituídas por solos com horizonte B textura!, podzólicos de textura arenosa e média.
derivados da decomposição dos arenitos do Grupo Bauru. em relevos de colinas médias, morrotes e espigões
alongados, e relevos de transição.
Trabalho de identificação de áreas de ocorrência de erosões aceleradas do tipo ravinas e boçorocas,
realizado pelo DAEE à pedido do Ministério Público em 1993, identificou uma série destes fenômenos que
atingem, preferencialmente, o limite peri-urbano da cidade. Estes pontos de ocorrência preferenciais se devem à
má ocupação do solo urbano, e à concentração de águas pluviais drenadas da cidade e lançadas.
inadequadamente, na periferia da cidade. Como consequência destas erosões tem-se forte assoreamento dos
recursos hídricos, cujo exemplo mais flagrante é a Represa do Cascata, importante manancial de abastecimento
da região Leste da cidade.
20

Os limites da cidade variaram no tempo, como pode-se notar da figura 1 que apresenta a sobreposição
dos limites das áreas urbanas obtidas por mapas realizados em 1946, 1974 e 1993. Tendo este limite estado
onde hoje a ocupação é muito densa, e como o meio físico não variou, bem como não variaram as formas de
ocupação, é óbvio que ocorreram nestes antigos limites formas erosivas com as mesmas dimensões das que
hoje ocorrem.
São as áreas onde algumas destas erosões ocorreram e foram corrigidas que serão analisadas por
este trabalho, sob o ponto de vista da fragilidade à ocupação urbana que as mesmas apresentam após a
correção, além de se analisar as áreas que sofreram intenso assoreamento.

SITUAÇÃO DO PERÍMETRO URBANO ATUAL


O principal condicionante do desenvolvimento urbano de Marília é sua posição geográfica. Locada no
planalto formado pelos arenitos calcíferos da Formação Marília, possui altitudes médias de 620 metros,
enquanto os vales que a circundam com escarpas verticais se encontram em cotas pouco superiores a 500
metros. Estas escarpas limitam o crescimento da cidade, que se desenvolve apenas pelo planalto, dando a
distribuição da cidade um aspecto alongado.
O trabalho realizado à pedido do Ministério Publico verificou ser grave a situação da atual periferia,
principalmente em função da instalação de muitos novos loteamentos nos últimos anos, onde o traçado das ruas
se faz de forma perpendicular às curvas de nível, inclusive em encostas com declividades superiores a 10%. O
asfaltamento das ruas de montante para jusante ajuda a agravar a situação, pois contribui para o aumento do
escoamento superficial. Mesmo quando as águas superficiais foram captadas por sistemas apropriados, como
redes de galerias, ocorrem erosões no ponto de lançamento desta águas, devido à inexistência de estruturas de
dissipação da energia das águas.
Para uma melhor sistematização, a periferia foi dividida em áreas quanto à criticidade, como mostrado
na figura 1, considerando-se as áreas mais criticas aquelas de risco alto, em que as erosões punham em risco a
população ou algum tipo de equipamento urbano; as de risco médio, aquelas em que, apesar de ocorrerem
erosões, não havia sinal de evolução imediata; as de baixa criticidade, ou baixo risco, aquelas áreas que
apresentavam apenas sulcos causados por escoamento superficial de chuvas; e as não criticas, ou sem riscQ,
que não apresentam qualquer sinal de erosão por sulcos ou ravinas, geralmente nas áreas mais planas da
cidade, e onde os parcelamentos de solos consideraram os aspectos de meio físico.

ANÁLISE DAS ÁREAS DE EROSOES RECUPERADAS

A observação de fotografias aéreas, obtidas em voos realizados em 1965, 1974 e 1984, permitiu a
identificação de pelo menos duas regiões fortemente erodidas nas décadas de 60 e 70 , e hoje corrigidas, que
serão denominadas aqui de Área do Pedro Sola, nome de um conjunto poli-esportivo que existe hoje no local, e
Área da João Ramalho, que é, atualmente um parque municipal. Também encontra-se corrigida a Área do
Conjunto Marajó, que foi uma erosão de evolução extremamente rápida, no inicio de 1990, por efeito do
rompimento de uma galeria de águas pluviais que possuía ligações de esgoto clandestinas, o que possibilitou
sua evolução mesmo em períodos de seca.

ÁREA DO PEDRO SOLA


Localizada na porção Centro Oeste da cidade (fig. 1), teve sua origem no lançamento das águas de
chuva concentradas pelo arruamento realizado à favor do declive. Apresentava em 1964, 250 metros de
comprimento, largura de no máximo 20 metros, e profundidade máxima de aproximadamente 6 metros. Em 1972
já tinha 400 metros de comprimento, 50 metros de largura máxima e profundidade máxima de 10 metros.
Aerofotografias tomadas do local em 1984 mostram a cabeceira da erosão recuperada. No local onde ela ocorria
existe agora um conjunto poli-esportivo. O método de correção adotado para esta erosão foi aterramento com
entulho de construção e lixo urbano, além da drenagem da área que contribuía com escoamento de água pluvial
para aquele ponto.

Í\ REA DA JOÃO RAMALHO


Localizada na zona Sul da área urbana (fig. 1), com origem semelhante à área do Pedro Sola, possuía
21

em 1964, aproximadamente 500 metros de comprimento, largura máxima de 20 metros e profundidade de


aproximadamente 10 metros. Em 1972 tinha crescido para uma erosão com os mesmos 500 metros de
comprimento, mas sua largura já era de mais de 50 metros, chegando a atingir em seu ponto máximo a largura
de 80 metros e a profundidade era de aproximadamente 20 metros. Em 1984, a fotografia aérea registra a fase
final da construção de uma escada de dissipação de água executada em gabiões e revestida em asfalto. Devido
às altas precipitações que superaram a capacidade de captação das bocas de lobo, à montante da escada,
houve um excedente de água que rompeu lateralmente a estrutura. Após o ocorrido, nova escada foi executada
em concreto armado e corrigida a capacidade de captação das águas pluviais à montante, o que resultou na
obra eficiente que permanece até hoje.

ÁREA DO CONJUNTO MARAJÓ


Formada pelo rompimento de uma galeria de águas pluviais, onde havia também ligações de esgoto,
esta erosão ocorreu na porção sul da cidade (fig. 1), na vertente oposta à área da João Ramalho. Seu
crescimento, extremamente rápido, pôs em risco várias casas, destruiu toda a galeria de águas pluviais que lhe
deu origem, provocou o desbarrancamento de uma rua e, em seu estágio máximo de evolução, quando já
possuía perto de 500 metros de comprimento, 20 metros de largura e 8 metros de profundidade, invadiu o
terreno de uma escola. Nesta etapa se iniciou seu processo de controle, que constou da reconstrução das
galerias de águas pluviais e das bocas de lobo, evitando qualquer escoamento de águas superficiais fora das
galerias e lançando-as mais a jusante, com dissipação de energia das águas, e aterro por lixo doméstico urbano,
como pode-se notar na fotografia 1.

ANALISE DA ÁREA DE ASSOREAMENTO


Uma das consequências da erosão é o forte assoreamento que se verifica nos recursos hídricos Em
Marília, todos os mananciais de abastecimento superficiais estão comprometidos mas, por se localizar muito
próximo do perímetro urbano, será analisado o Manancial do Cascata.

REPRESA DO CASCATA
Foi um dos primeiros mananciais de abastecimento de águas da cidade de Marília (fotografia 3). Ape-
sar de ter perdido para o assoreamento pouca área de espelho d'água ao longo dos anos, por força de
constantes trabalhos de dragagem da areia transportada à partir de erosões na sua bacia hidrográfica, perdeu
muito da sua profundidade original. Prova disto é a tomada de água, que conduz à estação de tratamento, para
posterior distribuição. Construída com forma quadrada, possuindo 5 entradas de água, com distribuição vertical,
encontra-se , atualmente, com apenas a entrada superior desobstruida, enquanto as inferiores estão todas
cobertas pelo assoreamento, o que permite inferir que a espessura do assoreamento é de uma camada de
aproximadamente 20 metros. O material que se encontra preenchendo o fundo do lago e a região da foz de seus
afluentes é uma areia média a fina, diferentemente do material nos solos de onde se originaram que é uma areia
fina. Isto mostra o grande aporte de sedimentos removidos de toda a bacia, onde os materiais mais finos
permaneceram em suspensão e não ficaram retidos no barramento, e apenas os menos finos se encontram
assoreando o lago.

ANÁLISE GEOTÉCNICA DAS ÁREAS EM QUESTÃO


A execução de sondagens de simples reconhecimento para o dimensionamento das fundações da sede
do DAEE, a ser construída na área do Pedro Sola, trouxe à tona uma série de questões acerca das implicações
geotécnicas da ocupação dessas áreas erodidas e recuperadas. O reconhecimento do sub-solo mostrou que
dos 3.500 metros quadrados do terreno, aproximadamente 60% eram aterrados por lixo doméstico, enquanto
apenas 40% eram solo natural.
Com a descoberta desta área de risco ao desenvolvimento urbano, e em face à frequência das erosões
em Marília, resolveu-se tentar identificar outras áreas. além da citada acima, e caracteriza-las à partir de
sondagens de simples reconhecimento.
22

ÁREA DO PEDRO SOLA


Na Área do Pedro Sola foram feitas 3 sondagens, sendo que o SP 1 e o SP 3 atravessaram camadas
de aterros feitos com lixo, e a sondagem SP 2 atravessou solo natural (figura 2).
Na sondagem SP 1, figura 3.a, podem ser identificadas três camadas de solos distintas. O aterro
possuindo 8,5 metros de profundidade, feito com lixo, recoberto por uma camada de solo arena-argiloso de 1
metro de espessura, recobrindo um solo arena-argiloso natural.
Com relação à resistência à penetração com amestrador do tipo Terzaghi, o aterro feito com lixo
apresenta-se em sua porção superior, como uma areia muito fofa, com resistências de 1 a 4 golpes, e sua
porção inferior apresenta-se fofa, com resistências variando de 4 a 6 golpes. Já a partir do contato do aterro com
a camada arena-argilosa inferior, aos 9,5 metros de profundidade, o grau de compacidade é de areia com média
compacidade, com o número de golpes variando de 10 a 15.
A sondagem SP 3, figura 3.c, a camada de lixo foi interceptada na superfície, e persistiu até a
profundidade final do furo, aos 6 metros. Seu comportamento é de areia muito fofa com o número de golpes
variando de 2 a 4 na porção superior, até ao 5 metros, e atingindo 6 golpes no metro final.
A sondagem SP 2, figura 3.b, atravessou até os 4 metros um aterro de areia muito fofa, com o índice de
resistência à penetração variando de 1 a 4 , e à partir dos quatro metros uma camada de areia sitio argilosa,
passando a um solo arena-argiloso, semelhante ao do furo 01, de indica de resistência à penetração variando,
no perfil, de 5 a 11, indicando uma areia de compacidade variando de fofa a média.

ÁREA DA JOÃO RAMALHO


As três sondagens realizadas nesta área, conforme croquis, figura 4.a, atingiram o aterro realizado na
cabeceira da obra, SP 01 md; e solo natural, SP 02 md e SP 03 md.
A sondagem SP 01 md, conforme figura 6.b, indica uma areia argilosa muito fofa, com o índice de
resistência à penetração variando de 2 a 5, até os 12 metros, que é a profundidade do aterro realizado ali À
partir desta profundidade atinge-se solo natural areno siltoso, com compacidade média a compacto e com
índices de resistência variando de 8 a impenetrável.
A sondagem SP 02 md, figura 4.c, atravessa solo de compacidade média à partir dos 2 metros de
profundidade e aos 9 metros atinge solo com característica de impenetrável.
Solos, que apesar de naturais, apresentam em sua camada superior características de solo muito mole,
são atravessados pela sondagem SP 03 md, figura 4.d, que à partir dos 6 metros atinge solos de compacidade
média, e à partir dos 9 metros têm características de impenetrável.

ÁREA DO MARAJÓ
Nesta região foram feitos 3 sondagens. tentando-se atingir solo natural e aterro realizado com lixo
urbano.
A sondagem SP 01, figura 5.b, onde se esperava atingir o solo natural desde o inicio, atravessou até
aproximadamente 3,5 metros, um aterro areno argiloso muito fofo, com os índices de resistência à penetração
variando de 2 na porção superior a 1 no contato com o solo arena siltoso, de compacidade variando de muito fofo
a fofo, passando nas porções inferiores a um solo de compacidade média. Provavelmente a porção superior do
solo atravessado pela sondagem seja um aterro realizado em um período anteríor ao desenvolvimento da erosão
estudada.
A sondagem SP 02, figura 5.c., atravessou até os 7 metros um aterro areno argiloso, cujo índice de
resistência à penetração variou de 2 a 5, ou seja, correspondente a uma areia de compacidade predomi-
nantemente muito fofa e, à partir desta profundidade, atingiu o solo natural areno siltoso, com os índices de
resistência indicando solo arenoso de compacidade média.
Indícios do aterro realizado com lixo urbano, como pode-se notar da fotografiá 1, só foram encontrados
na sondagem SP 03, figura 5.d., que até os 2 metros de profundidade atingiu um aterro areno argiloso, muito
fofo, onde os índices de resistência variaram de 1 a 2. dos 2 metros aos 6,5 metros atravessou-se uma camada
de aterro composta com solo arenoso, restos orgânicos, plásticos e outros indícios de lixo, com compacidade
muito fofa, e índices de resistência à penetração variando de 2 a 3. A partir dos 6,5 metros atingiu-se um solo
areno siltoso, com compacidade variando de média a compacta.
23

CONCLUSÕES E COMENTÁRIOS

A cidade de Marília apresenta várias áreas erodidas que foram corrigidas de tal forma que, na maioria
das vezes, desconsideraram qualquer orientação técnica. Estas maneiras de correção que, se em um momento
impediram o avanço do fenômeno erosivo, em outro criaram outros problemas, como poluição do lençolfreatico e
cicatrizes no perímetro urbano, com solos de preenchimento muito frágeis e com restrições de uso.
Outro grave problema causado pela erosão é a produção de sedimentos que assoream os recursos
hídricos, como é o caso do Represa da Cascata, que tem 80% de seu volume de armazenamento de água
perdido para depósitos de areia fina, muito dificil de ser removido por dragagem.
Sob o ponto de vista da resistência à penetração (SPT) dos solos, as sondagens a percussão
realizadas nas áreas corrigidas, se comparadas ao perfil de resistência apresentado por Albieiro, et ai. (1993),
figura S.a, como referência para a cidade de Marília, indicam nas áreas corrigidas, solos com índices de
resistência à penetração muito baixos, muitas vezes inferior ao terreno natural, estes de resistência
reconhecidamente baixas.
Estudos mais detalhados, para a definição destes tipos de áreas nas cidades do Oeste Paulista, bem
como do comportamento geotécnico mais detalhado dos solos que as compõem são importantes, uma vez que
as limitações impostas pela geografia local levam a ocupação de toda área disponível mais próximas às regiões
centrais das cidades.
Levantamentos sobre o grau de poluição causada pelos aterros aos recursos hídricos subterrâneos
devem ser realizados, pois com a perda da qualidade dos recursos hídricos superficiais as águas subterrâneas
são uma importante fonte de abastecimento.
Como alguns destes espaços físicos recuperados encontram-se integrados à área urbana, sem
qualquer restrição de uso, estes novos estudos serviriam par a indicar o nível dos riscos da ocupação destas
áreas e medidas restritivas ao seu uso

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos estagiários Rosângela R. Batista Gonçalves, João Augusto de Oliveira Filho,
Alexandre Delmassa e Sérgio Francisco da Silva, pelo importante auxilio no desenvolvimento dos trabalhos· à
Diretoria de Engenharia do Departamento d~ Águas e Energia Elétrica, Unidade de Mogi das Cruzes, p~la
realização das sondagens à percussão; e a Universidade de Marília pela realização dos ensaios de
granulometria.

BIBLIOGRAFIA

ALBIERO, J. H. ; CARVALHO, D. ; LOBO, AS. - Fundações. In: Solos do interior do Estado de São Paulo
Associação Bras. de Mec. dos Solos - Núcleo Regional de São Paulo - ABMS I Departamento de Geotecnia d~
Escola de Engenharia de São Carlos - USP.
DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA- D.A.E.E.( 1989) ,Controle de erosão: bases conceituais
e técnicas; diretrizes para o planejamento urbano e regional; orientações para o controle de bocorocas urbanas,
São Paulo, DAEEIIPT.
lyYASA, O. Y.; PRANDI, E. C.; KERTZMAN, F.F.; OLIVEIRA, AM.; PONÇANO, W. L.; SALOMÃO, F.X.T. (1987),
Areas de risco ao desenvolvimento de erosão por ravinas e boçorocas na folha Marília, SF - 22- Z- A In: 4°
Simpósio Nacional de Controle de Erosão, Marília. Anais: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia- São
Paulo.
PIRES, C. D. ; ARAUJO, D. E. ; PRANDI, E. C.; ROCHA, G. A ; GOUVEIA, M. I. F.; RIEKSTIN, M. F. ; OLIVEIRA,
A M. S.; SALOMÃO, F. X. T.- Erosão: Prevenir é o melhor remédio. In: Revista águas e Energia Elétrica. DAEE
, ano 5, n° 16- 1989- São Paulo.
VILAR, O. M. ; PRANDI, E. C. - (1993) - Erosão dos Solos. In: Solos do interior do Estado de São Paulo,
Associação Bras. de Mec. dos Solos - Núcleo Regional de São Paulo - ABMS I Departamento de Geotecnia da
Escola de Engenharia de São Carlos- USP.
24

OS PREJUIZOS E AS ÁREAS DE RISCO Á EXPANSÃO URBANA PROVOCAOOS PELA EROSÃO NA CIUOADE DE MARÍLIA SÃO PAULO

Fotografia 1 Área do Marajó, onde nota-se o aterramento da bnçoroca com lixo doméstico

_j

Fotografia 2 lago da Cascata, com vista do afluente Oeste, onde pode-se notar o forte assoreamento.
25

LEGENDA
Perímetro• urbanos
........... -194G
-·-·-·-1972
--1994

Áreoe de rleco no perlmetro


atual
~Alto rlec:o

E] Médio risco

~ Boixo risco

c=J Ausência de risco

Áreas onollsadoe
<D-Pecfro Sola
~-Joêio Ramalho

(J)- Morojó
®~·Represa da Cascata

Figura 1 Planta de locfializacão da área em estudio


26

80.00111
t

Terreno No tu rol p
i
~
Q 5SP 2
w

CAMPO DE FUTIBCH.

Figura 2 Locação das sondagens de simples reconhecimento e delimitação de áreas


NSI'I' (golpesl MSI"T lgolpnl
Perfil 10 'o "'.oo P&rfil o 10 ~ liO 40
o·..,::! . ":..-:-:..... ~..;:.'·.:.:- o
:·}~(~ ..:lj· ':!T'( I I

E 2
·/:·

·Ark· .•
4

:::·i-'.f1_t.:f.
'-rx
(IH~··

-,..c"Jf: ri.~ './ 1:


;;:·~;J....(;/\~ ··~
,f:: \·.J

1-
1m penetrei vel
lO

12

14

li 16

Impenetrável
li li f-

~----------~--------.J 20----------..J--------~ 20
o)-SP1 - Pedro Solo b)- SP1 - Pedro Solo c) SP3 - Pedro Solo

GI]Areia fino bem groGiodo ~Areia Silte Argiloaa


média

~Areia Mistura de.ar&ia 1 ,Pe.drac, vidros, PJ7777t L i ~to


Argilosa m4dio ~...:.::.._...;, mat. org8n1ea plaat1eoa,
1
borroeha, etc. rLLLLLI
Figura 3 Perfis de sondagem - área do Pedro Sola
27

~ 4
o
"CC
~

...co"
ct •
10

18
lmpenetrc:ivel
10~--~----~--------J
a· Localização doe Sondagane b- Sfa- Joao Ramalho

N.,T (golpes)

.
"CC
o
"CC

1...o
.
Q,.

Impenetrável
14

..
,.
10~--------~--------~
c- SP2 - Joao Ramalho

Areia de aédla o tina

Areia Siltt Argilosa Argila Arenoeo

IJ:;S1l Areia dt fina a media ~ Argila Arenosa com


~ organlço • entulho•
material

Figura 4 Peris de sondagem - área João Ramalho


28

N..., (golpul N,,, (golpeai

li

14

a - Tlplco Marília
•• b- .,. - MoraJÓ
(segundo Alblero et oi, 1995)

NIPT (golpes)
o

a
!
.,•
.,..
4

:;
c
-l!

o
ct •

lm penetrdvel
11
lmpene1rável

10~--------~--------~ ··~----------~---------~
c- SP2 • MoraJÓ

Argiloso Areio Siltoso fino marrom

~ Arei o Siltoao Arei o Siltoso fino vermelho


~

lf:m"i'G1 Miaturo dt creio, ptdroa, vidroa,


~ mote. orgânico, plosticos, borracho, etc.

Figura 5 Perfis do sondagem - perfil Padrão Marília e área do Marajó


29

CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA DE MATERIAIS


INCONSOUDADOS DA QUADRfCULA DE AMPARO· SP
Marcelo Ribeiro Barison, Eng., Geól.,
José Eduardo Rodrigues, Dr.Eng. 2

' Mestrando, Escola de Engenharia de Sâo cartos · USP


2
Prof. r.tular, Escola de Engenharia de Sao Carlos· USP

Este trabalho apresenta a caracterização qeotécnica de


materiais inconsolidados, representados por um perfil tipico de
alteração e dados obtidos por meio da Metodoloqia para Cartoqrafia
Geotécnica proposta por Zuquette (1987).
Para a avaliação dos atributos do meio fisico, analisou-se
inicialmente as formas de relevo ("landforms") que permitiram
distinquir diferentes sequências de materiais inconsolidados e sua
distribuição areal (Zuquette,1991).
Foram coletadas amostras para a realização de ensaios
laboratoriais escolhidos de forma a retratar o comportamento
qeotécnico de cada material, de acordo com as peculiaridades dos
solos tropicais.
confeccionou-se o Mapa de Materiais Inconsolidados da
Quadricula de Amparo, com maior representatividade da variação
vertical das camadas e também o seu qrau de evolução pedol6gica.

A reqião compreendida pela Quadricula de Amparo experimenta um


notável desenvolvimento industrial além de sofrer considerável
crescimento populacional. A importância do mapeamento qeotécnico
reside na necessidade de se conhecer o meio fisico de forma adequada
e assim promover diretrizes básicas para o planejamento tanto urbano
quanto reqional.
cada unidade de material inconsolidado foi analisada
individualmente através de perfis t1picos de alteração e as suas
caracter1sticas qeotécnicas foram definidas por meio de levantamento
de dados de campo e de resultados de ensaios laboratoriais.

2. ~S'HCU GERAJ:S D& ÚD

A QUadr1cula de Amparo com uma área de aproximadamente 715 Km2 •


localiza-se entre os paralelos 22 o~ o 1 e 22o45 1 s e os meridianos
46o45' e 47ooo•w.
Geomorfoloqicamente, situa-se na reqião de transição entre as
provincias Planalto Atlântico e Depressão Periférica, conforme a
divisão qeomorfol6qica do Estado de São Paulo, IPT (1981).
De acordo com a Classificação Climática do Estado de São Paulo
(Setzer, 1977) a reqião se caracteriza por possuir umidade
qeralmente elevada com alto indice pluviométrico. o clima 6
Subtropical com estações de seca e chuva marcantes, com temperaturas
médias que variam de 18o a 220 c.
Devido ao acelerado processo de urbanização, ao constante
crescimento industrial e à qrande utilização de áquas na
aqricultura, os recursos hidricos são de qrande importância para a
reqi!o. Situa-se em sua maior parte na bacia hidroqráfica do Rio
Piracicaba, e a porção nordeste é ocupada pela bacia do Rio Moqi-
Guaçü. As áquas subterrâneas concentram-se principalmente no
Aquifero cristalino, cujo armazenamento e circulação de áquas ocorre
através das fissuras das rochas. Na porção oeste, tem-se o Aquifero
Tubarão e à noroeste o Aquifero Diabásio de pequena expressão areal.
Atualmente pode-se considerar satisfat6ria a disponibilidade dos
recursos hidricos, por suprirem as necessidades básicas dos
municipios da reqião.

3. ASPECTOS METODOLÓGICOS

Para a elaboração do Mapa de Materiais Inconsolidados utilizou-


se da análise dos chamados "atributos", que são as qualidades
pertinentes dos componentes do meio fisico considerados dados
necessários para a avaliação qeotécnica da região.
O fator climático é considerado de grande importância, pois
condiciona os processos de intemperismo e consequentemente o tipo e
espessura dos materiais inconsolidados. Compreende-se por materiais
inconsolidados, qualquer tipo pedol6gico podendo ser classificado
como saprolito, como solo residual jovem e maduro e como solo
retrabalhado/transportado.
Para se obter as unidades de materiais inconsolidados sequiu-se
a duas e~ap~~ de trabal}l~()· A ~iJneira objetivou o levantamento e a
30

anAlise dos atributos de campo acompanhada de fotointerpretação


inicial. Para a identificação dos "landorms" utilizou-se das
interrelaç6es entre geologia, geomorfologia e tipos de solos. Na
sequnda etapa, realizaram-se amostragens para caracterização dos
materiais que foram submetidos aos seguintes ensaios de laboratório:
- AnAlise Granulométrica Conjunta: Norma ABNT NBR 6502/80;
- Classificação MCT para Solos Tropicais, segundo proposta de Nogami
& Villibor (1980);
- caracterização TActil-Visual dos Solos.
Neste trabalho, cada unidade foi representada por um perfil de
alteraç!o t1pico, que consiste de um arranjo subvertical de todos os
horizontes de materiais inconsolidados e rochas presentes, cujas
propriedades geotécnicas podem ser estimadas e determinadas.

Na Area objeto deste estudo, foram distinguidas 22 unidades de


materiais inconsolidados, cada qual representada por um perfil
t1pico de alteração. cada perfil traz informações sobre a
q6nesetqrau de alteração, a textura, o comportamento later1tico, a
composição petroqrAfica das rochas e dos matacões eventualmente
encontrados e a espessura m1nima e mAxima dos materiais.
Exemplo de um perfil hipotético.
Dados referentes! espessura e(m):

ausente a +- O - 0,5 RE,2,(LA')


minima de+-1, O - 2, 0-+ mAxima de RM, 7, (LG')
1,5 - 2,0 RJ, 13, (NS' )
1,0 - 1,5 S,14,(NA'),Mo,Mi
por volta de +- 2,0 RA,Vq,Mi
acima de +- > 1,5 R,Vq,Mi

Simbçlogias A4otadas:
gineae: U - solo retrabalhado; U - solo residual maduro;
RJ - solo residual jovem; 8 - saprolito; RA - rocha alterada;
R - rocha sã; Al - material aluvionar;
taztura: 1 - areia; 2 - areia siltosa; 3 - areia argilosa;
4 - areia silto argilosa; 5 - areia argilo siltosa; 6 - silte;
7 - silte arenoso; 8 - silte argiloso; 9 silte areno argiloso;
10 - silte argilo arenoso; 11 - argila; 12 - argila arenosa;
13 - argila siltosa; u- argila areno siltosa; 15- argila silto
arenosa;
(LA', LG', SG, SA, SS) Classificação MCT para solos
tropicais;
xo - presença de matac6es;
Xi - presença de minerais micáceos;
• (m) - espessura minima e mAxima em metros.
Para a classificação granulométrica, utilizou-se a Norma ABNT
NBR 6502/80, que permitiu a caracterização quanto ã textura dos
materiais, em função da porcentagem de areia, silte e de argila.
Para materiais com porcentagem abaixo de 10%, desconsiderou-se o
adjetivo. Por exemplo, um material com 76% de areia, 19% de silte e
5% de argila serA denominado simplesmente de areia siltosa, pois os
5% de argila serão desconsiderados segundo a sistemática de
classificação adotada.
O ensaio de Classificação MCT, permitiu analisar cada camada de
solo quanto ao seu comportamento lateritico utilizando-se da
compactação em corpos de prova de tamanho reduzido seguida de
imersão em Agua por 24 horas para se quantificar a perda de massa de
solo.
A descriç!o de matac6es ocorreu na primeira fase do trabalho,
com a preocupação de se observar o grau de alteração destes e a sua
dimensão aproximada, localizando-os nas camadas do perfil de
alteração. A presença de matacões influencia no comportamento
geotécnico e na finalidade de uso das camadas.
A Figura 1 mostra o Mapa de Materiais Inconsolidados da
Quadricula de Amparo, escala 1: 50. 000. A descrição sintética das
principais caracter1sticas das camadas que compõem os perfis de
alteração é apresentada a seguir.
31

u 45' rzo~·
~LM-,-L----------------~~~~~------------~~~~-------------,~~·~·
LEGENDA:
'
""""==---Km
I a XXII- Unidades de Materiais Inconsolidados
,..r- - Contato entre as Unidades
Figura 1 : Mapa de Materiais Inconsolidados da Quadricula
de Àlllparo. escala original 1:50 000 . com a distribuição
areal de cada unidade.
UNIDADE I: São materiais aluvionares, geralmente argilosos,
contendo secundariamente sedimentos siltosos e arenosos com seixos
arredondados de artzo.
o - 3,0 AL,12 +seixos, (NG')
O- >1,5 AL,ll/13,(NG')
UNIDADE II: Situam-se em porções mais elevadas dos terrenos.
Predominam solos residuais com eventuais matacões de rochas básicas.
o - o I 6 RE, 14 I (LA I)
1,0- 3,0 RM,15,(LG')
1,0 ->3,0 RJ,14, (NA') ,Mo
UNIDADE III: Grandes espessuras dos materiais retrabalhados
situam-se nas porções de meia-encosta e de vales em colinas amplas e
suaves.
0,3 - 2,5 "RE,14, (LA')
O - 3,0 RM,11, (LG')
0,6- >3,0 RJ,15,(NG 1 )
1,0- >1,5 S,4, (NA),Mo
UNIDADE IV: O saprol1.to é bem arenoso, micâceo, com veios de
quartzo recristalizado. Possuem eventuais matacões moderada e
altamente alterados. As camadas mais representativas são as mais
espessas e compostas d e solos resl.du ais jovens e os saprolitos.
0,5 - 3,0 RE,5,(LA')
0,5 - 2,0 RM, 14, (LG')
0,5 - >1,5 RJ, 5, (NA')
0,5 - >6,0 S,4,(NS'(NA')),Mo,Mi,Vq
UNIDADE V: Neste perfl.l, há 1ntrusões de rocha mâfica (xisto
verde), que se intercala com o saprolito, podendo ocorrer também com
o solo residual.
~:---:--::-~-----.
RE,5, (LA')
RJ,l3,((NS'(NA'))
>2,0 S,4, (NA')
UNIDADE VI: Estes materiais são responsáveis pelas altas
declividade s e há pouca ocorrência de camadas de solos.
o - 0,7 RE,5, (LA')
o - 0,5 RJ, 3, (LA')
o - >2,5 RA
1,0 ->20.0 R
32

UNIDADE VII: Compreendem solos residuais jovens e saprolitos


espessos, contendo matacões de gabros e de gnaisses. Veios de
quartzo recristalizados.
O - >1,5 RJ,10/15, (NA')
> 5,0 S,2, (NA' (LA')) ,Mo, V
UNIDADE VIII: A camada de cobertura é de solo residual jovem e
subjacente tem-se o saprolito pouco micáceo.
O - 0,5 RE,5, (LA')
O - 1,5 RM,15, (LG')
- O, 8 RJ, 13, (NA')
> 5,0 S,14,(NG'),Mi
UNIDADE IX: ~ representada principalmente por solos residuais
jovens, saprolitos branco amarelados, intercalados em alguns pontos
com os gnai sses subjacentes altamente alterados e muito micáceos.
o - 0,9 RE,5, (LG' ,LA')
o - 0,7 RM,5, (NS')
1,0 - 1,8 RJ,4f9, (NS')
4,0 ->15,0 S,4, (NA') ,Mi
> 1,0 RA
UNIDADE X: A rocha está moderada a altamente alterada e possui
intercalações de zonas mais micáceas com outras mais quartzozas,
moderadamente fraturadas. Os solos retrabalhados são quase
inexistentes~~~':"""":':'~:-:'"'""'"'11
O- 0,4 RE,14,(LG')
O - 0,6 RM,15, (LA')
1,5 - 3,0 RJ,10, (NS')
1,3 - >8,0 S,9, (NS') ,Mi
> 1, 3 ~RA~,:-;M;.;.~;;;.·-=---:--..,.J
UNIDADE XI: O mater~al mais representativo é o saprolito cinza
claro, areno siltoso, com espessuras superiores a 2,5 metros.
O - 0,4 RM,9, (LA')
> 2,5 S,2, (NA')
UNIDADE XII: Camada de Gnaisse são bem definido, contendo
blastos de K-feldspato, e sobrejacente tem-se o saprolito
amarelado, que contém matacões. Os materiais de cobertura são de
solos residuais jovens e maduros, em geral argilosos.
o - 0,5 RE, 15, (LA')
0,5 - 1,3 RM,13, (NG')
0,5 - 0,8 RJ,14, (NG')
- 0,6 S, 9, (NG' ) , Mo
> 0,5 R
UNIDADE XIII: As camadas de solo residual jovem e de saprolito
r6seo são b em esp_essas e oco r rência de veios de quartzo.
o - 2,0 RE, 14, (LG')
o - >1,0 RM, 15, ( LG' )
2,0 - 4,0 RJ, 14, (NA' )
1,0 - >9,0 S, 4, (NS') , Mo, Vq
UNIDADE XIV: A cobertura superficial geralmente é de solo
retrabalhado, lateritico e bem definido. o saprolito alaranjado
contém feldspatos bem alterados. A rocha subjacente está moderada a
altamente alterada e possui veios de quartzo recristalizados,
concordantes com a foliação da rocha gnaissica. Os matacões são
eventuais e pouco a ltera d os.
0,7 - 1,5 RE,12, (LG'
0,4 - 1,0 RM,14,(LG'
0,5 - 2,0 RJ,15, (LG'
0,5 - 2,5
> 1,0
S,4, (NS') ,Mo,Vq
RA,Vq
UNIDADE XV: A camada de solo retrabalhado distingue-se nesta
unidade e a t i nge at é 3,0 metro s de espessura.
0,5 - 3,0 RE,5, (LA')
-
o 0,6 RM, 12, (LG' (LA'))
1,0 - >1,8 RJ,12,(LG')
> 1,0 S,14,(NG')
UNIDADE XVI: A camada mais representativa é de saprolito r6seo
e branco, micáceo e subsidiariamente ocorrem as camadas de solos
residuais jorv~eFn~s~-~~~~~_,
0,5- 2,0 RE,14/15,(LG')
0,5 - 1,8 RM,5, (LG')
O- 2,0 RJ,12,(LG'),Mo
> 5,0 S,9,(NS'),Mi
UNIDADE XVII: Neste perfil os solos mais representativos são os
residuais jovens e os saprolitos, o saprolito é micáceo e possui
veios de quartzo recristalizado subverticais.
O - 6,0 RE,13, (LA'}
o - 0,5 RM,15, (LG')
0,5 - 0,7 RJ ,8/13, (NS')
2,0 - 5,0 S,4, (NS') ,Mi,Vq_
> 1,0 RA
33

UNIDADE x\Trrr: São camadas de solos de comportamento


lateritico, com presença de matacões no saprolito e no solo residual
jovem.
,3 - 0,5 RE,12, (LG')
0,8-6,0 RJ,15,(LG'),Mo
1,0 - 4,0 S,12, (LG') ,Mo
> 5,0 RA
UNIDAD~E~~X~I~X~:---A~--c-a""'mada de saprolito castanho claro é
razoavelmente espessa e possui matacões dispersos de gnaisses e de
granitos.
O- 1,0 RE,3,{LG')
0,7 - 1,0 RJ,14, (NG')
> 3,0 S,4, (NA') ,Mo
UNIDADE XX: Em grande parte afloram gnaisses moderadamente
alterados e xistos, ambos muito fraturados.
O- 0,5 RE,3,(LG')
O- 0,5 RJ,15,(NS'1
O- 2,0 S,2,(NA)
> 3,0 RA
UNIDAD~E~X~X~I~:-'!!!P_r_e_s_e_n"ça de muitos matacões moderada a altamente
alterados de granitos pouco fraturados, dispersos em todos os
niveis.
0,2-0,6 RE,(LG'),Mo
O- 3,0 RM,14,{LG 1 ),Mo
O - 3,0 RJ,9/10, (NS') ,Mo
> 1,0 S,4, (NS') ,Mo
UNIDADE XXII: São camadas de solos residuais jovens e maduros,
de comportamento não later1tico, intercalados verticalmente por
.
saprolito cinza Há matacões de biotita granitos •
o - 0,6 RE,12, (LG')
- 1,0 RM,5, (NA') ,Mo
> 2,5 RJ, 14, (NA') ,Mo
- 3,0 S,12, (NG') ,Mo
> 2,0 RA,Mo

S.CO!JCLUSJ.o

A caracterização dos materiais inconsolidados com base na


análise dos perfis de alteração se constitui grande importancia no
mapeamento geotécnico. Além da caracterização lateral, este tipo de
análise permite estabelecer as variações verticais, com as suas
respectivas propriedades geotécnicas.
A representação dos perfis sofreu limitações em alguns pontos
com relação à profundidade, pois o mapeamento foi efetuado em função
da disponibilidade de afloramentos.
Os ensaios laboratoriais foram escolhidos para caracterizar da
melhor forma possivel as propriedades geotécnicas dos materiais
ocorrentes em clima tropical.
Finalmente, o Mapa de Materiais Inconsolidados da Quadricula de
Amparo na escala 1:50.000, totaliza 22 unidades e permitirá uma
avaliação geotécnica preliminar desta região.

6• AGRADECIMENTOS

Trabalho realizado com o apoio financeiro do PADCT/FINEP.

7. JlD'ERbC:IAS BXBL:IOGRÁP':ICAS

ABNT- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS T~CNICAS (1984). Solos- Uma


Análise Granulométrica. - NBR 6502/80, 13 p. Rio de Janeiro.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA, (1972). Mapa Topográfico
da Folha de Amparo, esc. 1:50.000, Folha SF-23-Y-A-VI-1, São Paulo.
IPT INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS, (1981). Mapa
Geomorfológico do Estado de São Paulo, Escala 1: 1. 000. 000. Série
Monografias (5), 2 v., São Paulo.
NOGAMI, T.S. & VILLIBOR, D.F., {1981) Uma Classificação de Solos
para Finalidades Rodoviárias. Simp.Bras. de Solos Tropicais em
Engenharia.21 a 23, set., 1981. Rio de Janeiro.
SETZER, J. , ( 1977) • Atlas Climático e Ecológico do Estado de São
Paulo, 61 p., São Paulo.
ZUQUETTE, L.V., (1987). Análise criticca sobre a Cartogfafia
Geotécnica e Proposta Metodológica para as Condições Brasileiras.
Tese de Doutoramento, EESC/USP, 2 v.,são Carlos-SP.
ZUQUETTE, L. V., {1991). Mapeamento Geotécnico de Ribeirão Preto.
Relat.Cient. FAPESP, inédito, v.2, 269 p., 1991.
34

Brittle Material Strength Scale Effect


Prediction Based on Linear Elastic
Fracture Mechanics
A.A. Bortolucci 1 and T.B. Celestino 1.2
1
Geot.Eng.Dept., Escola de Engenharia de Sao Carlos. USP. São Carlos, Brazil
2
Themag Engenharia Ltda., Consulting Engineers, São Paulo, Brazil

RESUMEN

Se muestra que la Mecânica de fractura Elástica Linear es muy


apropriada para el análisis del efecto escala en la resistencia
de materiales frágiles. Las contestaciones sobre su
aplicabilidad estan mucho más relacionadas con la descripción
inadecuada de las fracturas naturales presentes en el material
que con eventules limitaciones de la.teoria. se analisan los
resultados de una investigaciõn de laboratorio con muestras
fabricadas, semejantes a roca, en las quales se criaron
distintos patrones de fracturas , y se verifica que hay una
buena concordancia entre los resultados teoricos y
experimentales.

It is shown that the use of linear elastic fracture


mechanics (LEFM) is very appropriate for the analysis of
strength scale effects of brittle materials. Undue arguments
abou~ ~~s applicabíl~~y are ~ost often related ~o í~proper
description of material natural fractures, rather than to
theoretical problems.
This paper reports the results of a laboratory test
program on rock-like material in which fractures have been
created according to different pre-selected patterns. Agreement
between theoretical and experimental results was very good.

RESUME

on montre que l'utilisation de la Mécanique des Fractures


Elastique Linéaire (MFEL) est assez appropriée pour analyser
1' effect d' échelle sur la résistance des materiaux fragiles.
Les contestations sur son applicabilité seraient plütot dues à
une description impropre des fractures du materiau naturel.
cette communicatíon présente les résusltats expérimentaux
obtenus dans les essais réalisés sur un matériau tel que rpche
dont les fractures on été créés selon des différents modeles
choisis a priori. On a trouvé une tres bonne concordance entre
les résultats théoriques et les experimentaux.

ZUSAMME:NFASSUNG

Es wird gezeigt dass die linearelastische Bruchmechanik sich


gut fuer die Festigkeitsanalyse mit Groessenverhaeltnisseffekt
sproeder Materialien signet.
Argumente gegen ihre Anwendbarkeit ruhen meistens auf die
ungenaue Beschreibung der natuerlichen Risse des Materials und
nicht auf theoretischer Basis.
Diese Arbei t beschreibt di e Ergebnisse e ines im Labor
ausgefuerhrten Programmes mi t felsenaehnliches Materials :ni t
verschiedene kuenstliche Rissekonturen. Es ergab sich eine gute
Cebereinsti~ung zwischen Theorie und Versuch.

INTRODUCTJ:Olll

scale effect on the strength of fractured materials


is very usual and important. It is characterized by a decrease
Ln strength associated to sample size increase: This phenomenon
has been an intriguing point for res~archers Ln Rock_Mechanics
and in other areas of knowledge. The Lmportance of thLS sub~ect
is mainly related to two aspects: a) the inability of cl~ssL7al
failure theories, based on limit stress value, to pred~ct ~t,
and b) in most construction works, design parameters are
determined based on tests on samples much smaller than the
prototype.
A series of tests on mortar was conducted in arder to
compare the resul ts to predictions based on LEFM. Artificial
35

fractures were generated in order to keep control on their size


distribution, and the agreement between experimental and
theoretical results was very good.

SCALE-EFFECT STUDIES

several empirical studies have been carried out in


the last 50 years in order to determine scale effects on coal
strength (STEART, 1954; MILLARD et al., 1955; GADDY, 1956;
EVANS and POMEROY,1958). All these studies yielded power laws
representing scale effect, according to the following
expression (in JAEGER and COOK, 1976):

crer= Cb-a. (l)

where cr~= sample strength, C and a are constant values,


properties of the material, and h is the characteristic
dimension of the sample.
Other studies, based on probabilistic analyses, like
WEIBULL (1939, 1951), also yielded expressions similar to the
one above.
Linear Elastic Fracture Mechanics (LEFM) was the
first theory to incorporate concepts of scale effect in its
development. Based on it, scale effect is represented by the
same expression (1), which can be· transformed in a straight
line in bilogarithmic scale:

logoa= logC -alogb ( 2)


where C is a constant related to the :racture toughness o: t~e
material. The slooe of the straight line a depends on t~e
distribution of the defects (fracture size) present in the
material. a ranges between o for constant fracture s~ze, and
0.5 for fracture size proportional to sample size (CARPINTERI,
1989).
BAZANT ( 1984) proposed a model for scale effects o f
materials in which the phenomenon of micro-fracturing is
present in fracture front. This phenomenon, according to that
author, causes a deviation in of scale effect as predicted by
LEFM.

2.

~1 0,1

1 10
o/d 0
Fig. 1 - Experimental results of ceramics strength vs fracture
size (KITAZUMI et al., 1989, in HOSHIDE, 1993)

. In.fact, results of tests on notched samples keeping


proport~onal~ty between sample size and notch size, do not
yield CI=0.5 for small dimension samples, as predicted using
LEFM (KITAZUMI et al. , 1989, in HOSHIDE, 1993) , as shown in
Fig. 1, where a represents half notch length and d0 is t.'le
sample average grain size.

The model proposed by Bazant is represented by the


expression (BAZANT and KAZEMI, 1990):
b
acr=BfuO+-) (JJ
bo
where B and b0 are constant values empirically determined, fu
is a tensile strength value for the material and h is the
characteristic dimension of the sample. For values of h<<h0 ,
E~ation (2) reduces to a=Bfu which represents the nominal
fa~lure strength, according to the yield criterion. For values
of b>>b0 the model yields the same results as LEFM. For
intermediate values, according to Bazant, a nonlinear analysis
is necessary (Fig. 2).
36

&
b

Fig. 2 - Scale-effect propose by Bazant(l984)

HOSHIDE ( 1993) , however, showed that the


discrepancies observed both in streng-~ and fracture toughness
values for small dimension samples, could be eliminated .bY
adding a length equal to four times the material average s~ze
of the grains (d0 ) to the initial fracture length. Fig. J shows
the similarity between this model, based on LEFM, and .the one
proposed by Bazant. It is obvious that. for small d~mens~on
samples, fractures intrinsic to the mater~al (related to gra7n
size) influence s~=ength and ~ave ~o be ~aken ~nto account .. ~s
long as fracture length is adequately corrected, LEFM expla1ns
the observed discrepancies.

o,02 '----.L..J-.___;L--J._---l.--1...--'---'-,,;------' J
10"' 10 10. 10
o/d 0
Fig. J - Strength variation proposed by :10SH:DE(l99J)

PHYSICAL SIMULATION - LABORATORY TESTS

It has been shown that scale effect on strength is


deeply related to fracture size of the sample.

In arder to check the importance of the relationship


between fracture size and scale effect, a physical model with
accurate control on fracture size distribution in the samoles
was developed, as part of a research work on rock strength
scale effect. Because it would be very difficult to keep
accurate control of fracture size in real rock, rock-like
material was used in this stage of the work. Samples were cast
out of sand and Portland cement mortar, incorporating polyester
film straps, simulating fractures, according to desired size
distribution and quantity. Three series of tests were carried
out, each one of them with 5 samples of 4 different sizes (50,
75, 97 and 150 mm in diameter). In the first series (series C)
constant size fractures were incorporated (15 x 10 mm2) in all
samples. For the second series (series P), fracture size was
proportional to sample size (10 x 7 mm2 for the 50-mm samples,
through 30 x 20 mm2 for the 150-mm samp1es) . In the third
series (series S), samples were cast without incorporating
straps, in arder to represent natural material fracture
conditions.

Unconfined compressive strength tests were run on all


the samples, according to ISRM (1978) Suggested Methods. Table
1 presents average strength values.
Fig. 4 shows the relationship between average
compressive strength values and sample diameter in logarithmic
scale for the J test series. Good agreement of the data to
straight lines, and most importantly, to CARPINTERI (1989) and
LEFM predictions can be readily observed. For constant length
fracture, a=0.09 (series C) for the tests as compared to a•O in
37

Table 1 - Sample average strength and standard deviation

Senes

c
I diameter I
(mm)

50
75
97
cr rr
(MPa)
35,1
33,4
32.9
--
1.~
0.63
0,89
150 31.9 1.25
50 33.1 0.66
75 27.9 0.46
p 97 23.8 0,50
150 20.5 0.70
50 39.3 0,88
75 34.5 0,79
s '37 33.8 0,73
150 30.8 I 1.38 I

the proposed model; for proportional fractures, a=0.45 (series


P) as compared to a=O. 5 in the model. For natural mortar, a
=0.21 (series S) showing that the size of fractures responsible
for failure increases less than proportionally to sample size.

~r-------------------~------------.

·--...__........... -·o._::-
-·-...............
;.------------....
o,.,.,. C Cy-t.5-.00•) ,.2:-o.!ii'IS
6 ser i e P C.,-2 .. Z8- .. 45x) r-2-t.OO
o -rie S <w-t.ll5-.Zix) .Z-o.;e

10~--------------------------------~
.C) 100 2!Xl
OIAETE'l <->

Fiq. 4 - Scale-effect on the average strength

CONCLUSIORS

Quantitative assessment of scale effects on the


compressive strenqth of :naterials cannot be achieved 'Jithou~
adequate knowledge of fracture size distribution on the
sample.Only by considering proper fracture size variation,
scale effect can be very wide, ranging from a=O (no scale
effect) for constant critical fracture size, through a=0.5 for
critical fracture size proportional to sample dimension.
Theoretically the scale effect can be even more significant
than what has been found here (a 0.5), if fractures grow more
rapidly than sample dimensions.
Fracture simulation by means of polyester straps has
proven to be simple and efficient, and m.ay be promising in
~hysical si:nu:ations of si:nilar phenomena, some ~imes very
difficult to control.
Test results showed very clearly the importance of
critical fracture size on the strength of fractured materials.
If its distribution is adequately known, LEFM is perfectly
applicable for the prediction of the behavior of brittle
material under compressive load with respect to scale effect.

REFERENCES

BAZANT, Z.P. (1984) - Size effect in blunt fracture: concrete,


rock, metal. J. Engng. Mech., Vol 110, n. 4, 518-535.
BAZANT, Z.P. & KAZEMI, M.T. (1990) - Determination of fracture
energy, process zone length and brittleness number from
size effect, with application to rock and concrete. Int-
J. of Fract., Vol 44, 111-131.
38

BORTOLUCCI, A.A. (1993) - Brittle material compressive failure


model based on fracture mechanics and applied to scale
effect. Ph.D.Thesis. EESC-USP, são Carlos, 132p. (In
portuguese)
CARPINTERI, A. (1989) Decrease of apparent tensile and
bending strength with specimen size: two different
explanations based on Fracture Mechanics. Int. J. Solids
Struct., Vol 25, n. 4, 407-429.
EVANS, I. & POMEROY, c.o. (1958) - The strength of cubes of
coal in uniaxial compression. In: Mechanical Properties of
Non-metallic and Brittle Materials. (W.H. Walton-editor),
Butterworths, London, 5-28.
GADDY, F.L. (1956) - A study of the ultimate strength of coal
as related to the absolute size of the cubical specimens
tested. Virginia Engng. EXp. Stn., Virginia Polytech.
Inst., Ser. 112.
HOSHIDE, T. (1993) - Grain fracture model and its application
to strength evaluation in engineering ceramics. Engng.
Fract. Mech., Vol. 44, n. 3, 403-408.
ISRM (1978) - Suggested methods for determining the uniaxial
compressive strength and deformability of rock materials.
Int. J. Rock Mech. Min. Sei. Geom. Abstr., Vol. 16, n.2,
135-140, 1979.
JAEGER, J .C. & COOK, N.G.W. (1976) Fundamentals of Rock
Mechanics. Chapman and Hall, London, 2nd. ed., 585 p.
KITAZUMI, J., TANIGUCHI, Y., HOSHIDE, T. & YAMADA, T. (1989) -
Characteristics of strength and ·their relations to flaw
size distribuition in several ceramic materials (Part 1:
Statie strength). J. Soe. Mater. Sei. Japan, Vol. 38,
1254-1260.
MILLARD, D• .J ., NEWMAN, P.C. &: PHILLIPS, J .W. (1955} The
apparent strength of extensively cracked materials. Proc.
Phys. Soe. London, Vol. B68, 723-728.
STEART, F.A. (1954) - Strength and stability of p~llars ~n coal
mines • .J. Chem. Metall. Min. Soe. S. Africa. Vol. 54, n.
8, 309-325.
WEIBULL, W. (1939) - A statistical theory of the strength of
materials. Ing. Vet. Akad. Handl., No. 151, 45 p.
WEIBULL, W. (1951) - A statistical distribution function of
wide applicability. J. Appl. Mech., Vol. 18, 293-297.
39

COMPORTAMENTO DE UMA LAMA EM ENSAIOS DE


CONSOUDAÇÃO SOB PESO PRÓPRIO E COM SECAGEM AO AR

Gustavo Vieira Botelho 1


Nélio Gaioto, Dr. 2

' Mestrando, Escola de Engenharia de sao Carlos· USP


2
Prof. Associado. Escola de Engenharia de Sao Carlos - USP

1 • RBStJKO -

Através de amostras colhidas em cinco pontos de um


reservatório de rejeitos de mineração, desde a sua extremidade de
montante até a barragem de contenção, foi feita uma série de ensaios
para avaliar o comportamento da lama durante o processo de
adensamento. Tratam-se de ensaios de simples execução, realizados
segundo três diferentes técnicas: não drenado, drenado, e com
secagem ao ar.

2 - METODOLOGIA DOS ENSAIOS

ENSAIO DO DRBJIIADO

OBJETIVOS DO ENSAIO: Este ensaio tem o propósito de determinar


a densidade máxima no processo de adensamento sob a água, em
reservatório de fundo impermeável, e dá como resultados as
densidades inicial e final da lama, a densidade seca progressiva, e
o volume de água sobrenadante que se forma como porcentagem do
volume inicial de água.

EQUIPAMENTOS UTILIZADOS: 4 consolidOmetros com fundo


impermeável com os seguintes diâmetros internos:
TABELA 1 - DIÂMETROS DOS CONSOLIDÕMETROS

CONSOLIDOMETRO Di (em)
1 14,50
2 15,10
3 14,00
4 14,00

PROCBDIKEHTO: As amostras de lama, de massas conhecidas, foram


colocadas nos consolidOmetros anotando-se os volumes ocupados, data
e hora do inicio do ensaio. A partir dai foram feitas leituras do
rebaixamento da lama em intervalos de tempo, não pré-
determinados,com maior frequência no inicio, quando a taxa de
deformação da amostra é mais alta. o ensaio era encerrado quando não
mais se constatava variação na altura da coluna de lama.
Durante a realização dos ensaios foram tomados alguns
cuidados, como cobrir o topo do consolidõmetro com um pano úmido e
um saco plástico para evitar perda de água por evaporação e, também,
antes da colocação da lama no consolidõmetro, passou-se uma camada
de vaselina nas paredes do tubo, para minimizar a interferência do
atrito lama/parede nos resultados.

ENSAIO DREADO

OBJETIVOS DO ENSAIO: Este ensaio tem como propósito determinar


o aumento da densidade obtida no ensaio não drenado com a percolação
através da amostra, e dá como resultados os valores progressivos das
densidades seca e da lama, do volume percolado, e da formação de
água sobrenadante como porcentagem do volume inicial de água,
simulando a deposição dos rejeitas em reservatório de fundo
permeável.

EQUIPAMENTOS UTILIZADOS: Foram utilizados os mesmos


consolidõmetros do ensaio não drenado, nos quais foram adaptadas
bases permeáveis. Estas bases eram compostas por três camadas: a
camada inferior, uma tampa de latão com um furo no centro, uma
camada intermediária de madeira ranhurada e perfurada nos encontros
das ranhuras e, acima desta, uma folha de papel filtro. A água
percolada era coletada em uma proveta graduada de lOOOml e a água
sobrenadante era retirada com uma pipeta.
40

PROCEDIMEN'l'O: Assim como no ensaio não drenado, a amostra de


massa conhecida foi colocada no consolidômetro, marcando-se o seu
volume e a data do inicio do ensaio. Foram tomados os mesmos
cuidados para evitar perda de água por evaporação e influência do
atrito nas paredes do tubo, inclusive cobrindo-se com plástico a
proveta coletora da água drenante.
Eram feitas leituras do volume de água percolado e de água
sobrenadante que se formava e, logo em seguida, retirava-se esta
água sobrenadante utilizando uma pipeta. os intervalos entre
leituras seguiam os mesmos critérios do ensaio não drenado. o ensaio
era encerrado quando não percolava mais água da amostra.

ENSAIO DE SECAGEM AO AR

OBJETIVOS DO ENSAIO: Este ensaio tem como propósito simular a


deposição natural de rejeites, para determinação da sua densidade
seca máxima, e da velocidade de secagem, quando exposto ao ar e ao
sol.
EQUIPAMEN'l'OS UTILIZADOS: Dois beckers idênticos, vaselina,
pipeta, e balança.

PROCEDIMEN'l'O: Em dois beckers de 1800cm3, e de peso e área da


seção transversal conhecidos, foram colocados: em um, um volume
conhecido de lama e no outro o mesmo volume de água. Antes de se
colocar a lama no becker, foi aplicada uma camada de vaselina em sua
parede para que, ao contrair, a amostra de lama não trincasse.
Os dois beckers foram então colocados para secar sob sol e ar
e em determinados intervalos de tempo ambos eram pesados. Após esta
pesagem a água sobrenadante era retirada e pesava-se novamente o
becker com lama. O ensaio era considerado encerrado quando o peso do
becker com lama não sofria mais variação.

3 - RESULTADOS:

Inicialmente, foram realizados ensaios para caracterização das


cinco amostras colhidas no reservatório e cujos resultados foram os
seguintes:

TABELA 2 - CARACTERÍSTICAS DAS AMOSTRAS ENSAIADAS

AMOSTRA % QUE PASSA NA # 200


Ps
com sem
defloculante defloculante
1 2.67 46 28
2 2.83 ·64 61
3 2.73 97 97
4 2.56 94 94
5 2.64 96 93
Ps = Massa Especifica dos Sólidos
Em cada série de ensaios drenados e não drenados, as amostras
tinham dimensões semelhantes, variando-se de série para série como
mostra a Tabela 3. Na série realizada com a amostra 4 utilizou-se
uma coluna de lama muito menor que nas demais séries, e esta
diferença afetou muito alguns resultados, como será visto a seguir.
TABELA 3 - ALTURA DAS COLUNAS DE LAMA ENSAIADAS

AMOSTRA ALTURA DA COLUNA DE LAMA (em)


DRENADO NAO DRENADO
1 26,10 25,90
2 31,20 30,80
3 28,00 27,70
4 8,14 7,50
5 29,00 28,80

Nestes ensaios pOde-se acompanhar o aumento gradual na


densidade seca da amostra o que facilita a determinação do tempo que
as amostras levariam para atingir seu valor máximo em cada situação.
o Gráfico 1 , que representa um comportamento tipico da lama, que
foi construido a partir dos ensaios com a amostra 2, mostra duas
curvas bem definidas nos ensaios drenado e não drenado, e uma curva
irregular no ensaio de secagem ao ar. Esta irregularidade se deve ao
fato deste ensaio depender das condições climáticas em que é
realizado. De qualquer forma, em todas as amostras, o ensaio de
secagem ao ar foi o que apresentou maiores ganhos nos valores de
densidades secas, seguido do ensaio drenado e do não drenado. Esta
seqüência se explica pela contração da amostra no ensaio de secagem
ao ar e pelo efeito das forças de percolação no ensaio drenado.
41

1.50...,
I SECO AO AR

, _ . - - - - . .?

cC 1.40 .'o • DRENADO


(.)
w
CIJ
o;
z ···~·· ·····oG-···· o
w
c 1.30 NÃO DRENADO
"
"/ /
/
*

o 40 80 120
TEMPO(h)

GRÁFICO 1 - DENSIDADE PROGRESSIVA SECA

os gráficos 2 e 3 mostram a tendência dos resultados nos


ensaios drenados, a partir de amostras com densidades secas iniciais
(Idd) diferentes, sendo obtidos, como resultados, valores de
densidades secas finais (Fdd) numa relação quase linear. A
correlação do gráfico 2, obtida com a regressão linear dos cinco
pontos, representa a reta média de todas os pontos e a do gráfico 3
obtida com a regressão linear dos pontos desconsiderando os
resultados da amostra 4. ~ nitido que os pontos do gráfico 3 se
ajustam bem melhor a uma reta,conforme indicam seus coeficiêntes de
correlação R2, mostrando a influência da uniformidade das alturas de
lama utilizadas nos ensaios. Este comportamento é também observado
no ensaio não drenado, representado a sequir pelos gráficos 4 e 5
com as regressões lineares utilizando todos os pontos e
desconsiderando o resultado da amostra 4, respectivamente.

uo
Fdd • 0,67 ldd + 0,653
• 1
R2• 0.822 /
2
1.40 •
,
...,
3
1.30

1.20

... • 5
1.10 +-...--+--.--....-...,.-----,-~--,
0.10 0.10 1.00 1.20 1.40
kld

GRÁFICO 2
RELAÇÃO ENTRE AS DENSIDADES SECAS INICIAL (Idd) E FINAL (Fdd) NO
ENSAIO DRENADO COM 5 PONTOS

1.50
Fdd • 0,73 ldd + 0,45
• 1

1.40
R2•0,870
.
2

, •3
~ 1.30

1.20

1.10 -t----.----;r--r---.---.--r-....---..---.__,
0.10 1.00 1.10 1.20 1.30 1.40
kld

GRÁFICO 3
RELAç!O ENTRE AS DENSIDADES SECAS INICIAL (Idd) E FINAL (Fdd) NO
ENSAIO DRENADO COM 4 PONTOS
42

1.10
l'dd • 0,82 ldd + 0,31
R2•0,881
1.40

2
:s... 1.ZO .
4
.
3
1.00
5

0.10 1.00 1.ZO 1.40 1.80


ldd

GRÂFICO 4
RELAçAO ENTRE AS DENSIDADES SECAS INICIAL (Idd) E FINAL (Fdd) NO
ENSAIO N!O DRENADO COM 5 PONTOS

0.80 1.00 1.20 1.40 1.10


ldd

GRÂFICO 5
RELAçAO ENTRE AS DENSIDADES INICIAL (Idd) E FINAL (Fdd) NO
ENSAIO N!O DRENADO COM 4 PONTOS

Para mostrar o aumento na densidade obtida no ensaio n!o drenado


:m ~ percoilaç!o de água pela amostra, como se deseja no ensaio
ena o, to construido o Gráfico 6, onde AD é um aumento percentual
nas densidades secas em cada uma das amostras ou seja AD-(Fdd/Idd
- 1) 100' , que mostra uma boa relação entre' os valor~s de AD dos
dois ensaios. Nota-se que, para este caso, o acréscimo na densidade
seca das amostras no ensaio drenado é aproximadamente 4bt ma'
no ensaio não drenado. ~or que
50

~ Y • 0,10 X + 0,110
>- 40 R2•0,117
g
~ 4
30
::!o
o
1 20
o 6
<
Cll
z
.
lU

o
10
3 . 2

""' o
50
o 10 20 30 40
AD ·ENSAIO DRENADO ·X (%)

GRÂFICO 6
RELAçAO ENTRE AUMENTO DE DENSIDADE SECA NOS ENSAIOS DRENADO E N!O
DRENADO

As curvas do Gráfico 7 permitem observar as quantidades da água


sobrenadante que se forma no· processo de adensamento da· lama, bem
como seu tempo de formação. Mostra , também, a influência da altura
da coluna de lama nos resultados, tendo a amostra 4 uma produção
quase três vezes maior que a média das demais amostras. Já o volume
de água percolado no ensaio drenado não sofre tanta influência com a
·altura da coluna, como pode ser observado no Gráfico s. Esses
gráficos auxiliam na idealização de um programa de gerenciamento da
água reutilizável, e da necessidade de se coletar água em outro
local.
+J

40

......... ··········+-·····+"
30
...

L
:;!
m
g
+
+
~--··-·_ .... ,
'#. 10 •..• _....._ ~ -·· 1

2----~-~--------~3

O 2M <IM
TEMPO (h)

GRÂFICO 7
FORMAç!O DE ÂGUA SOBRENADANTE COMO % DO VOLUME INICIAL DE ÂGUA

30
.... --------+'
'
+
'
'
~ +
·-······•"
20
o
~
w
2
o.
'#. 10 ·---·---•3

o 40 ao 120 1110
TEMPO(h)

GRÂFICO 8
ÂGUA PERCOLADA COMO % DO VOLUME INICIAL DE ÂGUA

4 - CONCLUSÕES:

Os resultados destes ensaios representam as grandes


deformações sofridas pelo rejeito no ato de sua depos~ção.
Caracterizam apenas a camada mais superficial do lago, ou seJa, a
última camada de lama lançada, e podem servir como dados iniciais
para um estudo mais detalhado das deformações do material, como as
ocorridas pela sobrecarga proveniente da deposição de uma camada
superior à primeira, que podem ser determinadas através do ensaio
tradicional de adensamento a partir de amostras moldadas com a lama
remanescente destes ensaios.

RUER!NCZAS BIBLIOGRI.J'ICAS

ALVES, M.C.M. - Comportamento de Sedimentação e Adensamento de Uma


Lama Vermelha. Tese de Doutoramento. P.u.c. Rio de Janeiro 1992.
AMORIM, N.R. - Avaliação do Efeito da Deposição dos Rejeites na
Percolação de Âgua Atrravés do Aterro e da Fundação. Dissertação
de Mestrado. USP - São Carlos 1993.
BOTELHO, G.V. Análise da Viabilidade da Implantação de Uma
Barrragem Para Contenção de Rejeites Utilizando Ensaios em
ConsolidOmetros e Modelagem Digital de Terreno. Dissertação de
Mestrado. USP - São Carlos (Em Andamento).
44

ANÁLISE COMPARATIVA DA CARGA DE RUPTURA


À TRAÇÃO EM ESTACAS

Nilton de Souza Campelo, Eng. 1


José Carlos A. Cintra, Dr.Sc. 2

1
Prof., Universidade do Amazonas
2 Prof.. Escola de Engenharia de Sao Carlos

RESUMO

Este artigo apresenta uma análise comparativa dos resultados


obtidos em provas de carga à tração com os di versos métodos de
previsão da capacidade de carga de estacas tracionadas. Os ensaios
foram realizados no campo experimental de fundações do Departamento
de Geotecnia da USP/São Carlos, sobre estacas apiloadas, escavadas
do tipo broca e do tipo strauss, com diâmetros de 20 a 32 em, e
comprimentos de 6 e 9 m. Observou-se que os métodos que consideram a
ruptura na interface solo-estaca são os que conduzem a resultados
mais satisfatórios, desde que os parâmetros geotécnicos do solo
sejam determinados a partir de ensaios laboratoriais condizentes com
as condições do solo in situ.

1. INTRODUÇÃO

A maioria dos métodos de previsão da capacidade de carga de


fundações tracionadas originou-se de observações de testes em
modelos, a partir da década de 1960. Alguns foram elaborados
primordialmente para fundações rasas, como é o caso do método de
Balla (1961), o de Vésic (1969,71) e o de Meyerhof & Adams (1968);
Meyerhof (1973) desenvolveu seu método para estacas e tubulões· o de
Das (1983) surgiu para estacas com superficie rugosa em areia~ (sem
a parcela de resistência devida a adesão); há aquele desenvolvido
para qualquer tipo de fundação, rasas e profundas, com bom
embasamento teórico, que é o da Universidade de Grenoble (Biarez &
Barraud, 1968; Martin, 1966, 68, 73, entre outros).
Mas, há também, os métodos mais antigos, ainda mui to
utilizados: o do Tronco de Cone, que não considera a resistência ao
cisalhamento mobilizada ao longo da superficie de ruptura, e o do
Cilindro de Atrito, que pode ser abordado pela Teoria da Resistência
Lateral, desde que se considere a superficie de ruptura ocorrendo na
interação solo-estaca.

2. ORACTDJ:ZAÇÃO DO SUBSOLO

Para a completa caracterização geotécnica do Campo Experimental


foram realizados diversos ensaios em laboratório e in situ. Dentre
esses ültimos, realizaram-se cinco sondagens de simples
reconhecimento (SPT) e cinco ensaios de penetração estática (CPT),
até a profundidade de 20 m. Um poço de 10 m foi aberto, para
retirada de amostras indeformadas, a cada metro e realização de
ensaios laboratoriais.
o perfil tipi~o obtido a p~rtir das ~ondagens indica uma camada
superficial de sed~mento cenozó~co, later~zada, porosa e colapsivel.
separada por uma linha de seixos, situada à profundidade _de 6 m,
aparece logo abaixo o solo residual do GrUJ?O Bauru, descr~to como
areia argilosa vermelha. O nivel d'água fo~ encontrado a 10 m de
profundidade, no inverno. A Tabela 1 apresenta os valores médios dos
parâmetros geotécnicos do so~o, utilizad'?s para as . previs?es. <:~e
carga ültima à tração, obt~dos a part~r de ensa~os tr~ax~a~s
drenados às cotas de 6,3 e 9,3 m (Menezes ,1990). Maiores detalhes
do campo' experimental encontram-se em Cintra et al. (1991).

3. PROCED:IKENTOS E EQUIPAMENTOS DOS ENSAIOS


A metodologia adotada para as provas de carga foi a preconizada
pelo MB-3472/91, utilizando-se células de carg~ aferidas, quatro
extensOmetros mecânicos com 50 mm de curso e prec~são de 0,01 mm, um
macaco hidráulico para cargas até 2000 kN e uma viga de reação, de
elevada rigidez, constituida de dois perfis I de aço.
Nas estacas, foram realizados ensaios rápidos e ensaios lentos.
sacilotto (1992) concluíra que para o solo de São Carlos, não
haveria diferença apreciável da curva carga versus deslocamento,
para estacas escavadas e comprimidas, comparando-se ensaios lentos
com rápidos.
A Tabela 2 apresenta o valor ·médio da carga máxima obtida nas
provas de carga, para cada tipo de estaca, bem como o valor médio do
ajuste das mesmas, através da equação de Van der Veen (1953).
45

4. JdTODOS DB PRBVIS~O DB CAPAC:IDADE DE CARGA À TRAÇÃO

A seguir, faz-se um comentário genérico sobre a aplicação dos


diversos métodos de previsão da capacidade de de carga à tração:
a) Método do Tronco de cone: Adotou-se o angulo da superficie
de ruptura com a vertical (a) igual a 6°, 10° (41/3) e 15° (cp/2); o
primeiro valor é o encontrado por Carvalho (1991) para estacas
escavadas, de relação L/D próximas às estacas em estudo, e no mesmo
local; os dois últimos dizem respeito à faixa de valores geralmente
recomendada, quando não se dispõe de resultados de provas de carga;
b) Teoria da Resistência Lateral: Considerou-se a superficie de
ruptura ocorrendo na interação solo-estaca, aplicando-se a equação
encontrada em Poulos & Davis (1980), para valores de coeficientes de
empuxo em repouso (K0 =1-sencjl', Meyerhof, 1976) e o encontrado por
extrapolação, a partir de valores determinados por Carvalho (1991),
para estacas de relação L/D semelhantes;
c) Método de Meyerhof (1973): Aqui há um melhor tratamento
teórico para estacas e tubulões. Considerou-se a adesão (ca) e o
ângulo de atrito estaca-solo (Õ) minorados por coeficientes, a
partir dos valores da coesão (c) e do ângulo de atrito interno do
solo (cp), conforme sugestão de Potyondy (1961), para estacas
escavadas, de paredes rugosas, em solo granular coesivo. No caso
especifico, Ca = 0,80c e õ = 0,95cp;
d) Método de Das (1983): Determinou-se a carga última sem a
adesão, conforme prescrição original, para estacas em areias, e com
adesão, considerando a parcela devido a coesão do solo em estudo,
conforme fizera Carvalho (1991);
e) Método de Grenoble: Utilizou-se o ângulo da superficie de
ruptura com a vertical (À.) para os valores de (-41/8), conforme
recomendação do método original e o, de acordo com sugestão
posterior de vários autores (Danziger, 1983; Orlando, 1985; Matos,
1989; Carvalho, 1991).
A Tabela 3 mostra as cargas últimas à tração previstas pelos
diferentes métodos, com as diversas hipóteses consideradas nos
cálculos das mesmas, e os respectivos erros (%) em relação às provas
de carga.

5. ANÁL:ISE DOS RESULTADOS

A Figura 1 apresenta as curvas carga x deslocamento encontradas


nas provas de carga, para as cinco estacas.
Na Tabela 4, são mostrados os deslocamentos das estacas para
50% e 90% da carga de ruptura, observando-se que os deslocamentos
são bastante reduzidos, na carga de trabalho (Danziger, 1983;
Orlando, 1985; Matos, 1989, carvalho, 1991). Verifica-se que Ós
deslocamentos médios, na carga de serviço, crescem com a relação
L/D, desde 0,04%, para as médias das estacas escavadas (L/0=24), até
2,7%, média das estacas apiloadas.
A Tabela 5 apresenta os valores médios dos parâmetros
utilizados nas previsões de carga última, obtidos por retroanálise.
A Tabela 6 mostra o atrito lateral total médio (fsl de cada
tipo de estaca.

6. CONCLUSÕES

Do exposto, pode-se concluir o seguinte:


1) Os deslocamentos médios, na carga de trabalho, apresentaram-
se bastante reduzidos, com valores médios de 2,7%, 0,04% e 0,25% do
diâmetro, para as estacas apiloadas, escavadas e Strauss,
respectivamente, crescendo com a relação L/D da estaca;
2) Os modelos de ruptura que melhor se adaptaram aos resultados
experimentais são os que consideram superficie de ruptura
cilindrica, na interface solo-estaca, como é o caso dos métodos da
Teoria da Resistência Lateral, Grenoble, e o de Das (com a parcela
de adesão incluida);
3) O método do Tronco de Cone mostrou-se muito dispersivo, ora
conservador, ora contra a segurança, mesmo utilizando-se ângulo a
próximo ao encontrado por Carvalho (1991), para estacas de relação
L/D semelhantes;
4) Os valores de ca e õ, conforme preconizado por Potyondy
(1961), levam a resultados satisfatórios, principalmente nos métodos
que consideram ruptura na interface solo-estaca;
5) Pela retroanálise efetuada, considerando valores médios
obtidos o método de Meyerhof (1973) conduzirá a bons resultados se
K fo~ minorado para valores próximos ao coeficiente K0 ;
a~aloqamente, a Teoria da Resistência Lateral propiciará melhores
resultados se o coeficiente de empuxo lateral a ser adotado for
também próximos ao de repouso;
6) o método de Grenobl~ apresentou bons resultados,
considerando ruptura pela interface (À. = O); mas para 1.. = -41/8, o
método conduziu a resultados contra a segurança;
46

7) O método de Das (1983), desde que acrescido da parcela


devida ! ades~o estaca-solo, fornece também bons resultados de
previs!o de carga última. Pela média obtida, o coeficiente Ku
demonstrou ser coerente com o preconizado por Meyerhof (1973).
8) o atrito lateral total médio das estacas apiloadas e
escavadas, na carga de ruptura ajustada, situa-se prox~mo ao
encontrado por Monteiro (1985) e Carvalho & Souza (1990) , iguais a
26 e 30 kNfm2, respectivamente, para estacas moldadas in loco, em
Ilha Solteira, SP.

7. TUBLAS B P'XGUlU.S

Tabela 1. Valores Médios dos Parâmetros do Solo (Menezes,


1990).

Prof. y c <f>
(m) (kN/m3) (kPa) (o)
6 30 16,4 9,3 29,2
9,30 17,5 9,7 28,0

Tabela 2. caracteristicas Geométricas, Média das cargas


Máximas de Ensaio e das Cargas Últimas.

Estaca o (m) L (m) Pmáx (kN) P11 (kN)


Apiloada 0,20 6,0 84 92,5
Escavada 0,25 6,"0 123,5 130,5
Strauss 0,32 9,0 390 410

Tabela 3. Carga Última à Tração Prevista (kN) e Erro (%) em


Relação às Provas de Carga.

Tronco de Cone Meyerhof


Estaca a==6° <I==10° <I=15°
Ap~loada 68 156 324 169
(+26) {-69) (-250) (-83)
Escavada 77 168 340 255
(+41) (-29) (-161) (-95)
strauss 252 571 1180 582
(+39) (-39) (-188) {-42)

Tabela 3 (Cont.). Carga Oltima à Tração Prevista {kN) e Erro


(\) em Relação ! Prova de Carga.

Teor~a da Res. Das Grenoble


Lateral
Estaca K•Ko K•0,68 (ca=O) (ca) Â.= (-<f> À.== O
/S)
Apiloada 81 99 50 79 263 104
(+12) (-7) (+46) (+15) {-184) (-12)
Escavada 118 146 76 111 292 132
(+10) (-12) (+42) (+15) {-124) {-1)
Strauss 290 346 183 253 850 366
(+29) {+16) {+55) (+38) {-107) (+11)

Tabela 4. Deslocamentos para 50% e 90% da Carga Última.

Estaca Pso (mm) P9o (mm)


Apiloada 5,4 41,0
Escavada 0,1 31,1
Strauss 0,8 24,9

Tabela 5. Retroanálise dos Parâmetros Utilizados na Previsão


das Cargas Últimas à Tração.

Tr. de Meyerhof Das


Cone
Estaca Pu (kN) a CO> Ku Ku
Apiloada 92,5 7,5 0,61 1,31
Escavada 130,5 8,5 0,58 1,28
Strauss 410,0 8,0 0,85 1,72
47

Tabela 6. Atrito Lateral Total Médio para as Estacas Ensaiadas.

Estaca Atrito Lateral Total Médio


(fs) (kN/m2)
Apiloada 24,2
Escavada 27,7
Strauss 45,3

Estaca 01 - Apiloada Estaca 02 - Apiloada Estaca 03 - Escavada

· -A· · Ens . Rápido _ . _ . Ens. Rápido

Estaca 04 - Escavada Estaca OS - Tipo Strauss

-~- Ens. Lento · -~- · Ens. Rápido

CARGA(kN)
o 100 200 300 400

o •,.
•• t
'
+-+
.. -·
. . . - :._ -·
*'- -v
......·-··•
,.. _____ _
4 ..
......

--
5
E
o 8
E-

~
: •·w

o....l 12 ..,.
tZl

16

li

20

Figura 1. curvas Carga x Deslocamento das Estacas

8 • B:IBL:IOGRA!':IA

1. ABNT/MB-3472. (1991). Estacas- Prova de carga estática.


2. BIAREZ, J. & BARRAUD, Y. (1968). Adaptation des fondations de
pilones au terrain par "les méthodes de la Mécanique des sols.
3. CARVALHO, O. (1991). Análise de cargas últimas à tração de
estacas escavadas, instrumentadas, em campo experimental de São
Carlos - SP. Tese de doutouramento, USP/São Carlos, 204 p.
4. CARVALHO, O. & SOUZA, A. (1990). Análise do efeito do
umedecimento do solo em fundações rasas e profundas, em solos
porosos. In: Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia
de Fundações, 6., Salvador, (2): 107-114.
5. CINTRA, J.C.A.; CARVALHO, O.; GIACHETI, H.L.; BORTOLUCCI, A.A. &
ALBIERO, J.H. (1991). Campo experimental de fundações em São Carlos.
In: Seminário de Engenharia de Fundações Especiais, 2., São Paulo,
(1): 96-105.
6. DANZIGER, F.A.B. (1983). Capacidade de carga de fundações
submetidas a esforços verticais de tração. Dissertação de Mestrado,
COPPE/UFRJ, 331 p.
48

7. DAS, B.J. (1983). A procedure for estimation of uplift capacity


of rough piles. Soils and Foundations, 17 (3): 72-77.
8. MARTIN (1973). Calcul des pieux et fondations à dalle des pylones
de transport d'énergie électrique. Etude théorique et resultats
d'essais en laboratorie et in-situ. Annales de L'Institut Technique
du Batiment et des Travaux Publies, (307-308): 105-130, juillet-
aout.
9. MATOS, L.F.S. (1989). Pesquisa experimental da resistência ao
arrancamento de estacas escavadas de pequeno diâmetro, num solo
parcialmente saturado. Dissertação de Mestrado, CPGEC/UFRGS, 132 p.
10. MEYERHOF, G.G. (1973). Uplift resistance of inclined anchors and
piles. In: International Conference on Soil Mechanics and
Foundations Engineering, 8, Moscou. Proceedings, (2): 167-172.
11. MEYERHOF, G.G. (1976). Bearing capacity and settlement of pile
foundations. Journal of Geotechnical Engineering, ASCE, 102 (3):
195-228.
12. MONTEIRO, L.B. (1985). Alguns aspectos da capacidade de carga de
solos colapsiveis. In: Seminário de Engenharia de Fundações
Especiais, 1., São Paulo, (2): 193-202.
13. ORLANDO, C. (1985). Fundações submetidas a esforços verticais
axiais de tração. Análise de provas de carga de tubulões em areias
porosas. Dissertação de Mestrado, E.P./USP, 235 p.
14. POTYONDY, J.G. (1961). Skin friction between various soils and
construction materials. Géotechnique, 11 (4): 339-353.
15. POULOS, H.G. & DAVIS, E.H. (1980). Pile foundation analysis and
design. New York, Wiley, 1980.

16. SACILOTTO, A.c. (1992). Comportamento de estacas escavadas


instrumentadas, submetidas 4 provas de carga lentas e rápidas.
Disssertaçâo de mestrado, USP/Sâo Carlos, 163 p.
17. TEIXEIRA, c.z. (1993). Comportamento de estacas escavadas em
solos colapsiveis. Dissertação de Mestrado, USP/São Carlos, 157 p.
18. VAN DER VEEN (1953). The bearing capacity of a pile. In:
International Conference on Soil Mechanics and Foundation
Engineering, 3., Zurich, (2): 84-90.
49

CORRELAÇÃO ENfRE CARGA ÚLTIMA DE ESfACAS À TRAÇÃO E À


COMPRESSÃO EM SOLO COLAPSÍVEL

Carneiro, B. J. I. (USP)
Campelo, N. S. (FlJA/USP)
Mac:ac:arl, M. F. (USP)
Cintra, J:C. A. (USP)

RESUMO:

Este artigo apresenta correlações experimentais entre cargas últimas à tração e à compressão de
estacas, obtidas através de provas de carga realizadas no Campo Experimental de Fundações da USP-
Sio Carlos. Foram analisadas estacas apiloadas e escavadas, com comprimentos de 6 me diâmetros de
20 e 25 em, respectivamente, embutidas em solo comprovadamente de estrutura colapsivel (Vilar,
1979). Também para fins comparativos, estudaram-se duas estacas do tipo Strauss com comprimentos
de 9 m e diâmetros de 32 em, cujos fustes atravessam o sedimento cenozóico, atingindo suas pontas o
segundo horizonte de solo (solo residual).
Através de várias provas de carga, para cada tipo de estaca, obteve-se a capacidade de carga à
tração e à compressão. De posse destes dados, realizou-se uma análise comparat1va visando definir a
proporção que a carga última à tração representa em relação à carga última à compressão, na umidade
natural do solo. Análise semelhante foi feita para condição de solo inundado durante 48 h, em estàgio
de carga equivalente à carga de trabalho da estaca.

1. INTRODUÇÁO:

Na literatura geotécnica nacional, há uma certa escassez de trabalhos que comparem o percentual
correspondente da capacidade de carga à tração em relação à compressão. Os autores têm apenas
conhecimento do relatado por Carvalho et al. (1991), que abordaram a questão para o caso do atrito
lateral total de estacas raiz, encontrando a relação entre tração e compressão da ordem de 84 %.
()ptou:se ent!o por apresentar neste artigo, os resultados experimentais obtidos em provas de carga em
mos tipos de estacas, para propiciar, de uma forma simples, análises comparativas que sirvam como
estimativas, quando não se d1spõem de infomações mais seguras dos valores correspondentes entre as
correlaçlles à tração e à compressão das estacas. Os valores das cargas últimas foram ajustados pela
equaçlo de Van der Veen (1953).

1. CARAcrERJZ.AÇÁO GEOTÉCNICA

Para a completa caracterização geotécnica do Campo Experimental, foram realizados diversos


ensaios tn situ e em laboratório. Realizaram-se cinco sondagens de simples reconhecimento (SPT) e
cincc ensaios de penetração estática (CPT), até a profundidade de 20 m.
O perfil típico obtido a partir das sondagens, indica uma camada superficial de sedimento
cenozóico, com 6 m de espessura. Trata-se de areia argilosa, marrom, laterizada, porosa e colapsível.
Separado por uma linha de seixos na cota - 6 m, aparece logo abaixo solo residual do Grupo Bauru,
descrito como areia argilosa vermelha. O nível d'água foi encontrado a 1O m de profundidade, no
inverno (Giacheti et ai., 1993).
O perfil geotécnico típico do Campo Experimental e os parâmetros do solo, encontrados-a partir
de ensaios laboratoriais, estão apresentados na Figura 1 e Tabela 1, respectivamente. Para maiores
detalhes, vide Cintra et a/. ( 1991 ).

3. METODOLOGIAS UTILIZADAS NOS ENSAIOS DE TRAÇÁO E COMPRESSÁO

Em todas as provas de carga, foram utilizadas a metodologia proposta pela MB-3472/91 da


ABNT, para os ensaios do tipo rápido (QML) e lento (SML).
Nos ensaios do tipo ráp1do, foram introduzidas modificações nos intervalos de tempo de aplicação
da carga, optando-se em utilizar o tempo de 15 minutos sugerido por Fellenius (1975). Nas leituras,
utilizaram-se tempos correspondentes a O, 1, 2, 3, 6, 9, 12 e 15 minutos, sempre no sentido de se
aprimorar os resultados. Para ambos os tipos de ensaios, aplicaram-se os decarregamentas em dois
estágios apenas, uma vez que o solo de São Carlos apresenta a peculiaridade de baixa recuperação
elástica (Carvalho, 1991; Sacilotto, 1992; Mantilla, 1992; Teíxeíra, 1993).
Para, o sistema de reação, foram utilizadas duas vigas metálicas no formato de perfil I, com
capacidad~ de suporte de 2000 kN e 800 kN, e estacas de reação do tipo Strauss, ancoradas com um
tirante. Qu)lnto a aquisição de dados dos deslocamentos, utilizaram-se extensômetros mecânicos, com
curso total·de 50 mrn e precisão de 0,01 mrn; na medição das cargas aplicadas, empregaram-se células
de carga de 200 e 500 e 800 kN, devidamente calibradas. Os acréscimos de carga foram obtidos com a
utilização ,àe um macaco hidráulico manual, com capacidade de 2000 kN.
As estacas escavadas foram executadas por meio de trado mecânico, de 25 em de diâmetro,
moldadas in loco. As estacas apiloadas tiveram os seus furos abertos por apiloamento do solo, J?rática
comum encontrada no Interior paulista. O procedimento das provas de carga consistia em
primeiramente ensaiar a estaca com o solo em sua umidade natural, até se atingir a carga última.
Iniciava-se então uma segunda prova de carga, incrementando-se o carregamento até a carga ae
trabalho (F.S.=2,0). Estabilizados os recalques e mantida a carga, introduzia-se água na cava, aberta
em torno do tc:.,o da estaca e com dimensões em torno de 1,00 x 1,00 x 0,40 m: De acordo com Nadeo
& Videla (19, ) e Teixeira (1993), essa técnica de inundação conduz a melhores resultados de
umedecimento do solo ao longo do fuste da estaca.
50

4. ANÁLISES DOS RESULTADOS

A Tabela 2 mostra os valores médios das cargas máximas de campo e as cargas últimas, obtidas a
partir da aplicação da equação de Van der Veen (1953), para as estacas à tração e à compressão.
A Tabela 3 apresenta as percentagens de quanto as cargas últimas ajustadas das estacas à tração,
representam em relação às cargas últimas das estacas de compressão, co!U !' ~lo em estado natural (1\)
e inundado (r)'). Observa-se que as relações (11) aumentam com a durunwção da relação lJD dáS
estacas de forma praticamente linear. Nos ensaios à tração, com o solo inundado, as estacas escavadas
e uma' das apiloadas apresentaram colapsibilidade da ligação sol~ na carga de trabalho;
entretanto em uma das apiloadas, a colapsibilidade ocorreu para car~a supenor a de trabalho.
Na T~bela 4, são apresentados os percentuais de perda ~e capllCidade de carga das estacas .à tração
(11t). e à compressão (11c), devido o processo de umedecunento do solo. As perdas o_comdas nas
estacas escavadas e uma das apiloadas ensaiadas à tração, foram de 100 e 40"/o, respectivamente, na
carga de trabalho. O fato de uma das' apiloadas não ter apresentado colapsibilidade da ligação solo-
estaca, na carga de trabalho, talvez possa ser explicado pelo eficiente apiloamento do solo ao longo do
seu fuste (LOBO, 1991). A reduzida perda de carga última !'bservada nas~ Strauss pode ser
atribuída ao embutimento de 3 m de seu fuste no solo res~dual, que poSSIVelmente não apreaenta
comportamento colapsível.
Na Tabela 5, são mostradas as comparações entre as cargas líquidas de atrito lateral, à tração e à
compressão, ·bem como as parcelas de resistência de ponta. Descontando-se o peso próprio da estaca
escavada, do valor da carga última à tração obtida, obteve-se o valor líquido do atrito lateral de tração.
Na estaca escavada de compressão, a carga de ponta foi admitida igual a zero, por hipótese, no
primeiro carregamento. Determinou-se, então, o percentual entre tração e compressão, para essa
estaca, que foi da ordem de 83%, ou seja, uma redução de 17 %. Essa mesma redução foi estendida às
cargas últimas de tração das demais estacas, determinando-se o atrito lateral líquido de tração.
Carvalho et a/. (1991) obtiveram um valor de 16% para essa mesma relação, em estacas tipo raiz,
instrumentadas, com 16 m de comprimento e 0,25 m de diâmetro, situadas no mesmo Campo
Experimental.
Carvalho & Souza (1990) realizaram no Campus da Unesp, na cidade de Ilha Solteira, ensaios à
compressão e à tração, em estacas do tipo escavada com 6 m de comprimento e 0,25 m de diâmetro.
Pela análise dos resultados obtidos por esses autores, constatou-se que o valor obtido da carga de
tração, em relação a de compressão, é da ordem de 83 %, isto é, uma redução também de 17 %. Os
autores estudaram ainda os efeitos do umedecimento do solo em estacas escavadas à tração e à
compressão, observando a ocorrência de colapso da ligação solo-estaca, para 1/3 da carga máxima, em
tempos que variaram de I ,5 a I O h para estacas tracionadas e comprimidas, respectivamente

5. CONCLUSÕES

Do exposto, pode-se concluir o seguinte :

1. Não é recomendável a execução de estacas escavadas embutidas totalmente em solo colapsível


(estaca flutuante), principalmente para sistemas que solicitem a estaca à tração, pois estas
apresentaram-se mais susceptíveis ao fenômeno de colapsibilidade da ligação solo-estacá;
2. As estacas que tiveram parte de seus fustes e pontas embutidas em solo residual, tanto à tração
quanto à compressão, apresentaram perdas menores de cargas últimas, devida a inundação do solo;
talvez isto indique que a camada res1dual não seja colapsível, sendo a carga de trabalho insuficiente
para provocar a colapsibilidade;
3. As cargas de colapso nas estacas escavadas à tração poderiam ter sido menores, uma vez que os
colapsos ocorreram na carga de trabalho (F. S.= 2), e em tempos de inundação bastante reduzidos, a
exemplo do que constataram Carvalho & Souza (1990);
4. As estacas apiloadas apresentaram, no geral, melhor performance ao colapso, se comparadas
com as escavadas; As perdas observadas nas estacas apiloadas à compressão estão situadas na faixa de
20%, enquanto que as escavadas situam-se na fàixa de 35 %.
5. Os coeficientes de segurança necessitam de majoração, principalmente para projeto de
fundações tracionadas, em solo colapsível;
6. As correlações entre cargas últimas de estacas à tração e compressão (11) mostram que,
dependendo do tipo de estaca ensaiada, variam da ordem aproximada de 50 % a 90 %.
7. O apiloamento do solo não foi suficiente para eliminar a propensão ao colapso da estacas
quando inundadas, mas serviu para prorrogar a ocorrência da colapsabilidade da ligação solo-estaca,
pois, nas estacas escavadas, os tempos de colapsos foram bem menores;
8. Nas estacas apiloadas à compressão, apesar de não ter havido a ocorrência de carga de colapso,
na carga de serviço, houve colapso quando se atinguiu cargas maiores, após passadas as 48 h de
inundação;
9. Os atritos laterais à tração situam-se na faixa de 16 e 17% dos atritos laterais à compressão,
tanto para as estacas escavadas, quanto para as do tipo raiz.

6. TABELAS E FIGURAS

Estaca y(kN/m3) c (kPa) cll (•)


.Apiloada 16 4 93 292
Escavada 164 93 29 2
Strauss 17 5 97 280
Tabela 1- Valores médios dos parâmetros do polo do campo expenmental, às cotas O- 6,3 me
6,3-9,3 m (Menezes, 1990)

C_llr&l à Tracão Carga à Compressão


·Eatacu Máxima(k:N) ~UStaoallCN Máxima (lcN) Ajustada (lcN)
~11. 84 93 191 196
llc. 123 130 143 149
trauSS· 390 410 629 654
T1 bela 2- Cargas médias máximas de campo e ajustadas pela equação de Van der Veen (1953)
51

Solo Natural Solo Inundado


Bltaca Put Puc 11 (%) Put' Puc' n' (%)
'Pü. 93 196 47 63 (*) 159 40
Blc. 130 149 87 (**) 99
!tmw 410 654 63 320 630 51
Oba:
(•) - Dadoa de uma estaca que nlo apresentou colapso da ligaç!o solo-estaca, na carga de
trabalho, com 48 h de inundaçlo.
(•~ ,_. eacavadas à traçAo, apresentaram colapso da ligaçAo solo-estaca na carga de trab.
1. - Carga última média ajustada à traçlo (kN); Put' idem p/ solo inundado
2. Puc- Carga última média ajustada à compress!o (kN); Puc', idem p/ solo inundado
3.n• (Put!Puc).lOO (%); n' idem p/ solo inundado
Tabela 3 - RelaçOes entre as cargas últunas à traçlo e à compressão, em porcentagens.

Pu c Puc'
196 159
149 99
654 630

Estaca Plut (kN) Pluc (lcN) Pouc(kN) n, í%)


Apiloada 88 103 93 47
Escavada
Strauss
123
393
149
460
-
194
-
30
Obs:
1. Pult = Carga lateral última à traçAo
2. Pluc = Carga lateral última à compressão
3. Ppuc ;~arga ~) pon.ta última à compressão
4. n. = uc!Puc . 100 (%)
Tabela 5- Relação entre os atntos latenus à tração e à compressão

PERFIL N
T(PICO
o 4 • •z .. zo o z
qç (M Pai
4 G
• 10

•///.(/,
4
3
v.·
zv.AREIA

/ /
AR81LOSA<
MARROM./
:/· :
1sEo...00o. CENÓZÓIC:ÓI
/
'\
I
:f

\
'////~
G - • - •
i
.
o
c
o
7

9
11
••,. LINIIA Di

:·ARO -.GliA · ·
.~IIÍOS

"" J "' '\',


:

~ ·:~~~.:-~"~/ ·.:·.
f,_
~10
:::>
... ti l ',
.!.!.~
..
o ·· (SOLO RESOML- •
c 1Z • . CNIUPO BAURU I ~ : j

13 '\ \

-
44

~
"
""'/
18 ~ ~
17 L X
... \. \•
19
.......t-.... ,'\_
v
/

""'
zo
o 100 200 300 400 !IDO

fê 111: Pai

Figura 1 - Perlil típico do Campo Experimental de FIJ!Idações da USP-São Carlos (Cintra et ai, 1991)
52

7. BIBUOGRAPIA

ABNTIMB-3472. (1991). Estacas- Prova de carga esWica.


CAR.~~~~1~1). AMlise de cargas últimas à traç1o de estacas escavadas, instrumelltadu,
em . de Slo Carlos- SP. Tese de .Doutouramento, USP/Sio Carlos, 204 p.
CX'v O, D.; MANTIILA, J.N.R.; ALBIERO, J.H. & CINTRA, J.C.A : Provas de carga à
tl'lçlo e à compresalo em estacas instrumentadas da tipo raiz. In : SEFE n. Slo Paulo. v.1 : 79-87.
CARVALHO, D. & SOUZA, A (1990). Análise do efeito do umedecimento do solo em
fimcl•ções ruu e profimdu, em solos porosos. In: 6° Congreuo Bruileiro de Mec:bica doa Solos e
Eageubaria de Fundaçtlea. Salvador-Ba. v.2: 107-114. .
CINTRA. J.C.A; (1991). Campo experimemal de fi.uldações em Slo Carlos. In: SEFE ll. Slo
PIUio. v.l : 96-105.
CINTRA, J.C.A; CAR.VALHO, D.; GIACHETI, H.L.; BORTOLUCCI, AA & ALBIERO, J.H.
(1991): Campo experimental de fhnciações de Slo Carlos. In: SEFE n. Slo Paulo. v.l : 96-105.
FELLENIUS, B.H. (1975): Teste load ofpiles anel new prooftest proc:edure. ASCE. Joumal of
Geotecbnical EDsiDeerin8 Diviaion. D0 101. GT9 : 855-869.
GIACHETI, H.L.; RÓHM, S.A; NOGUEIRA, J.B. & Cintra, J.C.A (1993): Propriedadea
potécnicaa do Sedimento cénozóico. In: Solos do Interior de Slo Paulo. ABMslúSP-Sio Carloa.
p.143-175. .
LOBO, AS. (1991): Colapsividade do solo de Bauru e sua inf1u&ci.a em eat11c:a de pequeno porte.
Tae de Doutoramento. Slo Carlos. EESCIUSP. 216p.
MANTlLLA, J.N.R. (1992): Comportarnellto de estacas eac:avadu, iutrumeDtadu, à
compreulo. Tese de Doutl:lramento .. Slo Carlos. EESCIUSP. 251 p.
MENEZES, S.M. (1990): Correlações entre os ensaios de penetraç1o (SPT; CPT) e oa resu1tadoa
de emaioa de laborat6rio para a regilo de Slo Carlos - SP. Diuertaçlo de Mestrado. Slo Carlos.
EBSCIUSP. 106p.
SACR.OTTO, AC. (1992). Comportamento de estacas acava4aa iDstnuueatadu, submetidaa à
provu de carga 1entu e rápidas. Dissaertaçlo de mestrado, USP/Sio'Carlóa, 163 p. . .
1'EJXElRA, C.Z. (1993). Comportamento de estacas escavadas em IOloa colapslveia. Diuertaçlo
de Mestrado, EESCIUSP. 157 p.
V~ DER VEEN. (1953): ~ bearing ~ of a pile. In: lntematiooal Conference on Soil
Medwlica anel Foundation Engineering, 3., Zuricb, (2): 84-90.
VILAR, O.M. (1979): Estudo da compresslo unidirecional do aedimenro moderno (solo
IUplricial) da cidade de Slo Carlos. Diuertaçlo de Mestrado. Slo Carlos. EESCIUSP. 110p.
53

ESTUDO DE SOLOS COLAPSfVEIS DO NORDESTE


DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Miriam de Fátima Carvalho, Eng• 1


Orencio Monje Vilar2
Nélio Gaioto2

' Mestranda, Escola de Engenharia de sao Carlos - USP


2
Prof., Escola de Engenharia de sao cartos- USP

USUJIO

O caráter colapsivel dos solos coluvionares da região do Vale


do Jequitinhonha no nordeste do estado de Minas Gerais é
identificado através de resultados de ensaios de caracterização e
edométricos com inundação. A camada de colúvio é representada por
uma argila arenosa de baixa plasticidade (CL), com porosidade em
torno de 46% e baixo grau de saturação. Neste trabalho os resultados
dos ensaios são apresentados e analisados. São também estudadas
correlações entre as deformações especificas por colapso em função
das condições· de umidade e das tensões de inundação, onde obteve-se
correlações bastante razoáveis para uma função do tipo polinomial do
grau 2.

1. IB'l'RODUçJ.o

Os solos porosos e colaps1veis ocorrem em significativa área


do Brasil. No estado de Minas Gerais já foram identificados na
região de Três Marias (QUEIROZ, 1960), no munic1pio de Manga-Projeto
de Irrigação do Ja1ba (WOLLE et al, 1978) e em Uberlândia (COSTA,
1986).
Constatou-se, também, a ocorrência desses solos na região do
Vale do Jequitinhonha, no nordeste do estado de Minas Gerais,
durante os estudos de implantação e construção de pequenas barragens
de perenizaçáo de cursos d'água, que foram executadas pela CEMIG -
companhia Energética do Estado de Minas Gerais.
t considerável a ocorrência de solos coluvionares nas regiões
das ombreiras dessas barragens, os quais apresentam grande
porosidade, porém com baixo teor de umidade (em geral abaixo do
limite de plasticidade). Tais solos sofrem apreciável redução de
volume quando submetidos ao umedecimento e carregamento. Essa
redução de volume é conhecida como colapso da estrutura do solo. o
colapso é decorrente da diminuição da resistência dos v1nculos de
cimentação ejou de tensão capilar entre as part1culas, devido à
saturação, a qual permite que as part1culas deslizem umas sobre as
outras, movimentando-se para os espaços vazios.
Este trabalho apresenta uma investigação geol6gico-geotécnica
dos solos de fundação de duas barragens de perenizaç!o (Bananal e
Samambaia), a partir de dados de ensaios laboratoriais, na tentativa
de configurar as caracteristicas colaps1veis destes.
As duas barragens em estudo localizam-se na região do Vale do
Jequitinhonha, na porção nordeste do Estado de Minas Gerais. A
Barragem de Bananal situa-se no Rio Bananal, afluente pela margem
esquerda do Rio Salinas (Bacia do Rio Jequitinhonha), cerca de 30 Km
à nordeste da cidade de Salinas. A Barragen de Samambaia localiza-se
no Rio Mosquito, afluente da margem direita do Rio Pardo (Bacia do
Rio Pardo), situada cerca de 15 Km à oeste da cidade de Águas
Vermelhas. Cada barragem é considerada, neste trabalho, com sendo
uma unidade de estudo.
A geologia da unidade de Bananal é caracterizada por rochas
do Grupo Macaúbas, pertencentes ao super-grupo São-Francisco,
constitu1das por quartzo-micaxistos carbonáticos. Sobrepostos estão
as coberturas detriticas e os aluviões recentes (ENGEVIX, 1988).
O dominio litol6gico da unidade de Samambaia é exercido por
granitos de caracteristicas intrusivas e pelos gnaisses da
Associação Metam6rfico-Mignatitica. Acima encontram-se os sedimentos
terciários (Grupo Barreiras) e as coberturas detriticas do
terciário-quaternário, sendo estas últimas de maior expressão na
área (ENGEVIX, 1989).
Climatologicamente, a região caracteriza-se por uma
concentração de chuvas no periodo de novembro a março, com alta
variabilidade dos totais anuais de precipitação. Os valores mais
baixos, em torno de 800 mm, são encontrados nos Vales dos Rios
Jequitinhonha, São Francisco e seus afluentes; e os mais altos, da
ordem de 1300 mm, na Serra do Espinhaço (CETEC, 1980; CEMIG, 1988).
Apesar dos totais anuais não serem muito baixos, essa regl.ao se
destaca por apresentar uma variabilidade na precipitação muito
grande, com coeficiente de variação da ordem de 30 a 40%. Tal
coeficiente caracteriza o baixo grau de representatividade de
precipitação média, mostrando que a região está sujeita a periodos
prolongados de estiagem (5 a 6 meses secos).
A temperatura do ar é relativamente estável durante o ano,
apresentando média anual de 22°C a 26°C. A umidade relativa do ar é
da ordem de 70%. Tais registros aliados à vegetação (mata cipó,
cerrado e caatinga) caracterizam a região como semi-árida.
54

3. KATDIAIS E KETÓDOS
Para a verificação da susceptibilidade ao colapso dos solos
em questão utilizou-se dados de ensaios de caracterização e
edométricos, referentes aos estudos básicos de implantação e
execução das barragens. Os ensaios foram realizados pelo laboratório
de solos da CEMIG, em amostras "tipo blocos indeformados" coletadas
em solo coluvionar.

3.1. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇAO

Os ensaios de caracterização foram realizados conforme


especificações da ABNT, abrangendo: análise granulométrica completa
(NBR 7181/84), limite de plasticidade (NBR 7180/84), limite de
liquidez (NBR 6459/84), peso especifico dos grãos (NBR 6508/84) e
peso especifico natural pelo método da balança hidrostática {NB
2887/88).
Na Tabela 1 encontra-se, para cada unidade, os resultados dos
ensaios de caracterização para os diversos blocos, bem como os
indices fisicos e a classificação do solo segundo a sues.
As amostras da unidade de Samambaia foram coletadas para
investigar as deformações ocorridas no maciço de fundação após
saturação do mesmo. A amostragem foi feita perfurando-se todo o
maciço compactado até atingir a camada de colúvio, penetrando cerca
de 50 em neste, onde o solo foi amostrado. Vale ressaltar que parte
do colúvio já havia sido escarificado e removido para assentamento
do maciço compactado.

TABELA 1. RESULTADOS DOS ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO

SAMAMBAIA BANANAL
caraetari:ação SIUII-Ql SIUII-02 Saa-03 SIUII-04 Ban-01 Ban-02 Ban-03 Ban-04
Prof. (m) 1,10 2,30 6,0 1,3
Vo (%) 14,5 13,2 13,9 12,6 10,1 10,5 14,8 9,9
JS (kN/m3) 25,6 25,5 25,5 25,5 25,9 25,9 28,06 26,29
yd (kN/m3) 13,42 13,88 14,10 14,69 13,58 13,99 14,35 14,67
LL (%) 35,9 36,4 35,8 38,2 33,0 28,2 30,6 32,2
IP (%) 11,6 10,9 13,9 13,5 14,3 11,0 13,8 11,9
eo 0,908 0,837 0,809 0,736 0,907 0,851 0,955 0,792
n (%) 48 46 45 42 48 46 49 44
Sr0 (%) 41,7 41,0 44,7 44,5 29,4 32,6 44,3 33,5
Argila (%) 63 56 61 58 41 37 36 39
Silte (%) 2 3 5 6 25 23 28 27
Areia (%) 33 34 34 33 34 40 36 33
Padreg. (%) 2 7 - 3 - - - -
sues CL CL CL CL CL CL CL CL

3.2. ENSAIOS EDOMÉTRICOS

Foram realizados ensaios edométricos com inundação, para a


determinação da colapsibilidade. Estes consistem, basicamente, em
carregar a amostra no teor de umidade natural até uma determinada
tensão e inundá-la, medindo-se as deformações provocadas pelo
umedecimento.
O colapso do solo pode ser quantificado através da deformação
especifica por colapso {&vc), {Figura 1) cujo valor é dado por:

.iec
&vc=--
l+el
{1)

onde, <iec é a variação do indice de vazios devido à inundação; e 1 é


o indice de vazios imediatamente antes do colapso.
A maior parte dos corpos de prova foi submetida a estágios de
carregamentos (P) de 10, 20, 40, 80, 160, 320, 640 e 1600 kPa, com
duração de 24 horas ou até a estabilização das deformações e
descarregamentos de 160, 40, 10 kPa. somente a amostra Ban-04 {prof.
= 1,00 - 1,30 m) de Bananal foi submetida a carregamentos de 12,5;
25; 50; 100; 200; 400; soo; 1000; 1200 kPa e descarregamentos de
400, 100 e 25 kPa.
Em cada amostra realizaram-se ensaios edométricos, na umidade
natural e em várias tensões de inundação, onde determinaram-se as
deformações especificas de colapso correspondentes à tensão de
inundação. Na Figura 2 estão representadas as curvas de compressão
(e/e 0 x log P) de alguns ensaios edométricos realizados para a
amostra de Bananal, as quais são consideradas tipicas dos solos
ensaiados.
A deformação especifica por colapso, de 19,92% da amostra de
Bananal {Ban-04), a uma tensão vertical de ao o kPa {Figura 2) ,
corresponde ao colapso máximo observado em todos os ensaios
edométricos. A maioria dos corpos de prova não sofreu deformações de
colapso significativas para baixas tensões, sendo que, em alguns
casos o material chegou a sofrer uma leve expansão.
55

Figura 1. Representação Gráfica do Colapso

1000 Joc P {kPI.)


"
1.00
INUN IN1CIO

-+-- CP-01
INUN 2'(ki'o)

-m- CP·02
INUN I OO(kl'lo)

0.10 ---:.--- CP • OJ
INUN 200(\Po)

--+-- CP-04
INUN 400(1LPa)
___._ CP-05
INUN ISOCX\Pa}

__..,.__ CP • 06
060
INUN 100(\P.)

_....._,_ CP-07
INUN lOOO(kPa) 1

----6-- CP • OI
INUN llOC(kP.)

040
-e-- CP-09

Fig.2 - curvas de Compressão ejeo x log P (Bananal)

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS DE ENSAIOS

4.1. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO

Os solos estudados podem ser classificados como argila


arenosa de baixa a média plasticidade (CL), constituidos
predominantemente pela fração argila ejou silte. Esses materiais
apresentam porosidade volumétrica da ordem 46%, que asssociada a
baixos teores de umidade, proporcionam ao solo as caracteristicas
ideais para sofrer o colapso.
Segundo FEDA (1966), o solo para ser colapsivel deve
apresentar uma porosidade maior que 40%. Já para DUDLEY (1970), o
solo deve apresentar limite de liquidez abaixo de 45% e indice de
plasticidade abaixo de 25%. Os valores encontrados estão coerentes
com as afirmações desses autores.
Do emprego dos critérios de identificação da colapsibilidade,
baseados nos indices fisicos e limites de Atterberg, pode-se afirmar
que o critério de Priklonskij (1952) in FEDA (1966) apresentou-se
completamente inadequado para as duas unidades. Já o critério de
Feda (1966) apresentou-se inadequado para a amostra Ban-04 de
Bananal e para todas as amostras de Samambaia. Isso se deve ao fato
que esses critérios consideram que para o solo apresentar uma
condição de instabilidade estrutural, ele deve possuir umidade
natural muito próxima ou maior que a do limite de liquidez, o que
não se aplica aos solos estudados.
os critérios de Denisov (1951) e do Código de Obras da U. R.
s. S. (1962 e 1977) in FEDA (1966), os quais baseiam-se nos indices
de vazios no estado natural e no estado do limite de liquidez do
solo, apresentaram bons resultados. Cabe resssaltar que o critério
de Denisov (1951) não considera nenhuma classificação para solos que
apresentam coeficiente de colapsibilidade (K) no intervalo entre
0,75 a 1,5. Porém, neste trabalho, os solos que apresentam K dentro
deste intervalo foram considerados colapsiveis. Isso está de acordo
com as propostas de Nowatzki apud MENDONÇA (1990).
As diferenças encontradas na aplicação de tais critérios,
para uma mesma amostra, já eram esperadas, visto que estes foram
formulados para determinadas ocorrências de solo ou regiões a partir
de conceitos empiricos ejou testes rápidos. Portanto, hã uma certa
dificuldade na aplicação desses critérios em outros locais. Em
geral, eles são usados em análises preliminares, por serem passiveis
de erros e não considerarem os estados de tensões ao qual o solo
pode estar submetido.
56

. _Neste trabalho ~doto1;1-~e o cr~têrio de Vargas, como sendo 0


cr~tér~o base para ~dent~f1cação da colapsibilidade. Por este
critério, os solos são considerados colapsiveis quando &vc ~ 2%.

4. 2. ENSAIOS EDOHÉTRICOS

As . amostras ensaiadas possuem alto grau de colapsibilidade,


pois adqu1rem &vc>2% ou bem próximo deste, como é 0 caso de sam-o 4
que apresenta &vc ~1,94% para uma tensão de 640 kPa. com 0 ~
resultados dos ensa1os obteve-se correlações entre as deformações
por colapso com a sobrec~rga e com o teor de umidade (Figura 3).
·Observa-se na F1gura 3a uma tendência ao aumento das
de~ormações por colapso com a tensão de inundação, para uma mesma
um1d_ad.e . . Entretanto, após uma determinada tensão a deformação tende
a d1m1nu1r. No mesmo gráfico pode-se observar que, para umidades

--~
-·-·-·- ... BAN-41
16 •

12
,.
/

.
/ J~·"---···· ...--1-
//
/ '\

• !
1.. ...f
r /1
.I
..~
_,...

··..

--~~

1;/'
• I

• -- IDO I <DO 1:1110 I «<l

a) Bananal

SAU41

JAW.4M
___lf_.

b) 8alaulbaia
Fiq.3 - Variaçlo do colapso com a sobrecarqa e com o teor de umidade

médias maiores, como por exemplo (wm. - 14,2%), a deformação de


colapso é menor, o que jA era de se esperar, tendo em vista que uma
das condiç6es para potencialidade ao colapso é justamente o baixo
teor de umidade. VAries autores, dentre eles ARAG!O et al (1982),
MENDONÇA (1990 a 1993), também constataram esse comportamento.
Para a unidade de Samambaia não foi possivel constatar
correlação entra a &vc a o teor de umidade (Figura 3b), pois esta
dltima praticamente não varia. o material da amostra Sam-04, apesar
de apresentar uma umidade mais baixa, n&o sofreu colapso. Isto pode
ser em decorrência do material apresentar menor indice de vazios e
maior peso especifico seco, possuindo, portanto, uma estrutura mais
estAvel. A Tabela 2 mostra os valores dos coeficientes de
determinação polinomial de grau 2 (r2), resultantes dos ajustes das
curvas de reqressAo, entre os pares de valores tensão de inundação
(X) e deformação especi~ica por colapso (Y), expressos em kPa e %
57

respectivamente. Pode-se notar, nos valores apresentados, uma


correlação bastante boa entre as variáveis.
Procurou-se estabelecer correlações entre as deformações por
colapso com outras propriedades do solo, tais como, peso especifico
seco, unidade volumétrica, grau de saturação, limites de Atterberg e
1ndices de vazios, mas estas foram prejudicadas devido ao reduzido
nümero de dados e ao pequeno intervalo de variação entre eles.

TABELA 2. COEFICIENTES DE CORRELAç!O

AIIOSDA BQUAÇAo D& COBJI'ICIDTB DB


Ic!entif. w 116c!ia t tl CUJtVll. DI!TEJU(IJIAciO t ~ l
Ban-Ol lO Y• 1,1835 +0 1 07504X -91 300E-u~X~ o 989
Ban-02 lO 5 Y• -1 260 +O 0326X -1 893E-05x2 o 830
Ban-03 14 2 Y• -0 7658 +O 03626X -4 l49E-u~X~ o 966
Ban-04 6 5 Y• O 3093 +O 05l04X -3 735E-u~X~ o 897
sam-Ol 13 7 Y• -1 275 +O 03619X -4 3l4E-u~x2 0,908
Sam-02 13 6 Y• -1 7827 +O 03675X -4 99lE-05x2 o 706
sam-03 13 9 Y• -0.6337 +O 0239X -2 833E-v~x~ 0,905
sam-04 ll 7 Y• -o 0617 +O 00044X +4 072E-vox~ o 865

5. COJICLUSÕBS

Os solos coluvionares da região do Vale do Jequitinhonha,


analisados neste estudo, apresentaram propriedades de alta
colapsibilidade, conforme comprovado por ensaios edométricos. Este
elevado caráter colaps1vel provavelmente ocorra em virtude da
porosidade, cujo valor médio está em torno de 46\ e do baixo grau de
saturação que apresentam.
Estes solos, carregados e inundados, sofrem grandes
deformações por colapso, sendo que em geral essas deformações tendem
a aumentar com o aumento da tensão de inundação, até atingir um
valor limite e depois começam a diminuir. Notou-se uma relação do
tipo polinomial de grau 2 entre essas duas variáveis (Figura 3) .
Verificou-se, também, o aumento do colapso com a diminuição da
umidade para uma mesma tensão vertical.

6. AGRADBCIKBHTOS

os autores agradecem à CEMIG - Companhia Energética do Estado


de Minas Gerais, o fornecimento dos dados e a permissão de publicá-
los nesse trabalho.

7. Bl:BL:I:OGR.AP'IA

ARAGÂO, C. J. G.; MELO, A. c., (1982). Fundações Rasas em Solo


Colapsivel - Um Caso no Semi-Árido de Pernambuco. In: Congresso
Brasileiro de Mecânica dos Solos e Eng. de Fundações, 7, Anais,
ABMS, Vol. 2, setembro, p. 19-40, Olinda.

CEMIG (1988). Estudo Hidrometeorol6gico da Bacia do Rio


Jequitinhonha. Belo Horizonte, janeiro 1988 (Divisão de
Hidrologia).
CETEC (1980). Projeto Estudos Integrados do Vale do Jequitinhonha,
Estudos Geológicos; Estudos Climáticos - Relatório Final, Belo
Horizonte, outubro, 1980.
COSTA, M. E. B. R. da, (1986). Estudo da Colapsibilidade dos Solos
Superficiais de Uberlândia. São Carlos (SP), 90p. Dissertação
(Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos/USP.
DUDLEY, J. H. , ( 1970) . Review o f Collapsing Soils. Journal o f the
Soil Mech. and Found. Division. ASCE, Vol. 96, n° SM3, maio,
p.925- 947.
ENGEVIX (1988). Relatório Final de Estudos Geológico-Geotécnicos do
Projeto Básico - Aproveitamento de Bananal. Dezembro\1988.

ENGEVIX (1989). Relatório Final de Estudos Geológico-Geotécnicos do


Projeto Básico - Aproveitamento de Samamabaia. Abril\1989.
FEDA, J., (1966). Structural Stability of Subsident Loess Soil from
Praha-Dejvice. Engineering Geology,Vol.1, n° 3, março, p. 201-
219, Amsterdam.
MENDONÇA, M. B.de , (1990). Comportamento dos Solos Colapsiveis da
Região de Bom Jesus da Lapa-Bahia. RJ, 270p. Dissertação
(Mestrado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro.

MENDONÇA, M. B.de; MAHLER, C. F.; PEREIRA, J. H. F., (1993). Ensaios


de Laboratório em Solos Colapsiveis da Região de Bom Jesus da
Lapa- Bahia. Solos e Rochas, 16, (3), p.159- 172, São Paulo.
58

QUEIROZ, L. A., (1960). Compressible Foundation at Três Marias Earth


Dam. In: Pan American Conference on Soil Mech. and Foundation
Enqineerinq, 1, 1960. Proceedinqs. Vol. 2, p. 763-776, México.

WOLLE, C. M. i BOOENUTO, C. i . VICTORIO, F. C. i POLLA, C. M. i SAAD,


A. M. i PULEGHINI, P. (1978). Estudo Preliminar da
Colapsibilidade dos Solos no Projeto Jaiba (MG). In: Congresso
Brasileiro de Geologia de Engenharia, 2, 1978. Anais. Tema I, ·
Vol. 1, p. 179-193, S!o Paulo.

..
59

Performance during construction of urban tunnels in stiff fissured clay


Performance pendant la construction de tunnels urbains dans des argiles raides
et fissurées
Tarcísio B.Celestino
Themag Engenharia Lula, São Paulo & São Carlos Engineering Schoo~ University of São Paulo, Brazil
Eliezer E Silva
Themag Engenharia Lida, São Paulo, Brazil
Hugo C. Rocha
São Paulo Subway Company. Brazil

ABSTRACT: This paper describes the performance during construction of a


566m long section of NATM tunnels fór the São Paulo Subway North Line
Extension. The tunnels were excavated in stiff overconsolidated Tertiary
clays, interbedded with sand lenses, of the Resende Formation.
Soil mass shear strength and soil pressure on the support were back-
calculated, taking instrumentation readings of surface and deep settlement
volumes. Use was made of a previously developed procedure based on
elastoplastic solutions for displacements around tunnels, relating
stresses, displacements and the support installation delay. Shear strength
values obtained in two cases analyzed are consistent with laboratory
tests, performed on practically fissure-free specimens, and with the
different amount of fissures of two soil masses. This has been one of the
first opportunities of measuring field-scale strength on São Paulo Basin
fissured clay.
Back calculated soil pressure on the support varied consistently with
construction procedures.

RESUMÉ: Ce rapport décrit le comportement, an loin de la construction, de


la section de deux tunnels avec 566m de longueur,excavées par le NATM pour
la ligne nort du Métro de São Paulo.
Les tunnels furent forées en terrains du bassin sédimentaire de São
Paulo qui consistent en argiles tertiaires rigides fortement compactées
appartenant à la formation Resende.
La résistence au cisaillement du massif et les poussées sur les
revêtements sont ici déterminées en éxaminant les resultats des lectures
de l'instrumentation superficielle et profonde.
On a utilizée des méthodes préalablement développées qui usent des
solutions élasto-plastiques pour les déformations autour des tunnels
tenant en compte les données de contrainte et de déplacements aussi que
les rétards de placement du revêtement.
Les valeurs obtenus pour la résistence en deux cas analisées sont
consistents avec ceux obtenues en essais de laboratoire sur des argiles
non fissurées ou avec degrées de fissuration differentes de ceux du
terrain.
On peut dire que cette-ci fut une des premieres occasions de mesurer en
place la résistence des argiles fissurées du Bassin de São Paulo.

1 INTRODUCTION
The São Paulo Subway Company has The distance between the face and
been constructing an Extension for the permanent invert ranged from
the North Line since 1981. In the 3. 6m to 5. 4m. Support consisted o f
present contract the works comprise 10-cm thick shotcrete and one layer
two 293-m long single-track of wire mesh. Steel sets were only
tunnels, each one with ~cross used on 5% of tunnel length, in the
section area of 30 m2, and one 273- vicinity of portals, and at the
m long double-track tunnel, with junction with the double-track
tunnel. Double-track tunnel was
cross section area varying from 70 excavated with an isolated-arch
to som2. type temporary invert (Fig. 1b),
The excavation operation was i.e., 2,4-m shotcrete arch every
carried out by Temporary Closure 4.2-m length. Use was made of a
Type NATM (see Fig. la) from previous successful experience for
September 1990 through March 1992.
On surface, above the excavat;ion another tunnel in soil mass of
area, there were some small similar properties (Celestino et
buildings, with one or two floors. al., 1994). Significant economies
Most of the excavation, however, of shotcrete and time during
was carried out underneath the temporary invert excavation are
unpaved bed of a future Avenue. achieved at a cost of negligible
Overburden varied between 10 and additional settlement for this type
30 m. of soil mass.
Single-track tunnels were According to the design, steel
excavated without temporary invert. sets should only be used in the
60

A A

A A

1 2 3 m
L-1-J

Figure 1 - NATM Tunnels' Cross sections.

vicinity of the portals, layers frequently show fissures


intersection with single-track with polished surfaces. The tunnels
tunnels and where sand occurred at were excavated under the water
the crown. table. However, due to the low
The paper will describe the back- permeability of the clay mass,
analysis of soil mass strength and water inflows and associated
soil-support pressure using values problems were minimum in most of
of settlement volumes. Similar the tunnel length. In sections
back-analysis was first carried out where sand lenses outcropped,
for another tunnel excavated in horizontal drains were installed on
stiff clay with more fissures than the tunnel face.
the one of the present case.
Elastoplastic solutions for
displacements around tunnels are
used, taking support installation 3 INSTRUMENTATION MEASUREMENTS AND
delay into account. Back-calculated BACK-ANALYSIS
values for the undrained shear
strength of the soil masses are Instrumentation measurements were
lower than those obtained on obtained from surface and deep
fissure-free laboratory specimens. settlement devices installed in
A lower value was obtained for the cross sections along the tunnel. A
more fissured mass. The back typical instrumented section is
analysis process described seems to shown in Figure 3. Additional
be consistent, and a simple way for topographic measurements were taken
determining large scale fissured on many buildings on the surface.
soil mass strength. Other instruments were installed
Back-calculated values for the (piezometers and convergence
soil-support pressure were measurement) but their results will
consistent with finite element not be discussed here. Maximum
predictions, and also reflected settlement and loss of ground were
construction procedures. Pressure obtained according to Peck (1969),
values were higher for sections using settlement readings and are
where the support was completed shown in Figures 4a and 4b.
earlier. Settlement volume can be taken as
loss of ground because volume
change during construction is
negligible. This has been observed
in this and other tunnels excavated
2 GEOLOGICAL CONDITIONS in São Paulo stiff clays, as the
difference between surface and deep
The area is composed of Tertiary settlement volumes is also
alluvial fan and fluvial deposits negligible, except for disturbances
of the Resende Formation (São Paulo in the vicinity of the portals (See
Basin). The soil layers consist of Fig. 4b). _
overconsolidated fissured clays Only double-track tunnel
interbedded with sand lenses. settlements will be discussed
Geological longitudinal section for further, to allow comparison with
the double-track tunnel is shown in resul ts back-analyzed from another
Figure 2. Penetration resistance N tunnel with similar cross section.
(SPT) ranges from 28 to 58. Clay
61

Slngle Double
O(Trocl< I Trocl< ,.
Portal

~ :;::;;,TC/>///77/7777/'77
~
Om.
L__ -- - - - - -L $t0110n

CONVENTION

c-J Sll1y or Clayey Fine medlum Sand


740 -Eievatlon (m.)
EF- Eorth flll
~ Sll1yCiay TC- Tertlary sedlrnents

Figure 2 - Double-Track Tunnel - Geoloqical Longitudinal Section.


S-1 S-2 S-3

" • '
S-1 S-2 S-3 S-4 S-5
fil/1/, .1»71
J»lll- '/IW/
T-4 T-3 T-2
o o o
D-7 D-6 D-5 0-4 D-3
T-1 o o o o
o
o
D-2 0-1
o o

(A) ( B,.)

Figure 3 - Typical instrumented cross sections.

The reqion used for back-analysis Loss of qround v1 is related to


was constructed accordinq to the support pressure Ps according
homoqeneous procedures. Shotcrete to the following expression
support was completed in two steps, (Schmidt, 1969):
each one with 10-cm thickness.
Beyond station 100m, this procedure
was chanqed, and the support was v, = 3 Su exp( rz- Ps - I) (1)
completed in four steps, each one E Su
with 5-cm thickness. It is obvious
that the effective distance between where su and E are the soil mass
the face and the completed support undrained shear strength and
is larqer in the second case. modulus of elasticity respectively,
Instrumentation results reflected and rz is the overburden pressure.
this behavior, as shown later on. Equation 1 can be rewritten in
Soil mass shear strength and soil arder to separate qeometrical and
pressure on the support were back - strength influences in
calculated usinq settlement data dimensionless form:
obtained in the field, accordinq to
the procedure proposed by Celestino
(1989) and Celestino and Re (1993). v,= 3-exp
Su Ps
( ---1 ) exp (1Ry
- - -z- ) (2)
The method consists of adjustinq E Su Su 1R
el~stoplastic solutions of
displacements around tunnels (e. g. If it is assumed that the support
Schmidt, 1969) to instrumentation pressure Ps does not vary
data obtained in cross sections significantly with depth z (this
with different overburdens. The has been found out analyzing
influence of the support shotcrete support stress direct
installation delay is obtained by measurements by Negro et al.,
couplinq the solution to Schwartz 1992), equation 2 shows that the
and Einstein's (1980} method. variation of the logarithm of v1
62

SINGLE-TRACK I DOUBLE-TRACK
60 I


50
8 SURFACE
• .
- 40
E
• DEEP

-....
z
w
E
••
rfi.....
I=
30

.-·
w
(I)
• •• ••
~ 20
:e
• • •• •
•-

10 • • •
o
600 500 400 300 200 100 o
STATION(m)

Figure 4a - Haximum settlement along tunnels.

SINGLE-TRACK DOUBLE-TRACK
I
3,5

3 8 SURFACE

• DEEP •
; 2,5
-z
o
2
• •
:::.
oc::
C)
..... 1,5

o
(I)

(I)
o
..... 1 • ••

I

•• • •
• • I
••
• •

0,5
• ••
o
600 500 400 300 200 100 o
STATION(m)

Figure 4b ~ Loss of ground along tunnels.


~- --

versus z I 2R is 1 inear. The angular The back-calculated value for s,1


coefficient m is given by: in the previous tunnel was 67kPa,
2Rr about 23% lower than the value
m=- (3)
found for the present tunnel. This
Su
The ordinate of the hypothetical is consistent with field
point of zero depth is given by: descriptions of the two soil
field, due to the high permeability
~n( vJ r=o = -( ~: + 1) + en(3~ ) (4) of the fracture network.
Support pressure found here
(63kPa) is lower than that found for
The back-analysis process
consists of the following steps: the previous tunnel (67kPa). This is
a)plot values of fn(vt) versus zi2R; masses, that account for much more
frequent fissures in the previous
b)obtain the undrained shear tunnel.
strength for the soil mass using Figure 6 shows the stress path
equation 3; corresponding to the excavations of
c)obtain the support pressure Ps the tunnel, as well as K1 -lines
using equation 4, assuming a corresponding to strength envelopes
convenient value for E. of laboratory tests on fracture-
From other back-analyses free specimens. A cross section
~orresponding to 12.6m depth was
E=80xl0 3 kPa has been found. An taken. According to the total
equivalent radius R=4.72m will be (lateral extension) and effective
taken, and r= 1.9/cN 1m 3 • stress envelopes, the shear
Figure 5 shows the graph of step strength corresponding to tunnel
a above. Using equation 3: excavation stress path would be 145
Su = 99kPa. and 103 kPa respectively.
From equation 4, The field strength obtained is
Ps = 63kPa
63

lower than the laboratory effective Figure 7 shows characteristic


strength because of field-scale cur~es for the ground, for the
fractures not present in laboratory equ1valent support and an idealized
specimens. one. for the actual support.
The much higher total shear Equ1valent support is defined as
strength is due to high values of that one with constant properties
negative pore water pressure of 28-day old shotcrete installed
developed in the laboratory. It is much later than the actual support
probable that significant such that would resul t in the same
pressures did not develop in the equilibrium pressure as the real
due to two reasons: support. The actual shotcrete
a) the better quality (higher shear support is installed next to the
strength) of the soil mass of the face, . ~u~ has stiffness varying
present tunnel, and from 1n1t1al zero value to final 28
b)larger support delay length -day value. According to Schwartz
(distance between face and midpoint and Einstein (1980), the support
of last of support rfng completed) delay can be calculated from
for the present tunnel; this point support delay factor Àd:
will be discussed further.

o 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4


o
-1
!
~
-2
,.,. ~
>" -3
,...,.. ~ ~ -~~-

c ~ ANGULAR COE FICIENT =1.81


./
. /v
-4
"""
-5
v
-6 ~
v
-7 ~
-8

Z /2R

Figure s - Variation of loss of qround with depth.

200

111
a..
~ 100

450

o
o 100 200 300
P,P(kPa)

Figure 6 - stress paths for tunnel excavations and kr-lines


for intact soil.
64

Close to section 280m, measured


values were lower than those
extrapolated, due to the effect of
the approximation of previously
and constructed single-track tunnels.
Their support is stiffer than the
original soil mass, which explains
À.d =O. 98-0.57 Ld the discrepancy.
R
where Ld is the support delay
length as shown schematically in 4 CONCLUSIONS
Figure 7, vtf and vto are values
indicated in the same figure. The performance of both single-
In this case Ld I R= 1.68 was found, track and double-track tunnels was
as opposed to 0.94 for the previous fully adequate for urban
tunnel. environment.
Different construction procedures Settlements ranged from 7. 2mm to
were adopted (due to contractor 23.2mm for the two single track
operation reasons) between stations tunnels and from 14. 4mm to 53. 4mm
100 and 240, as mentioned before. for the double-track tunnel. Loss
Real support constructed in 5-cm of ground varied from 0.3% to 3%
steps means an eqqivalent support for the single track tunnels and
closed further from the face, i. e. from 0.7% to 2.20% for the double-
larger value for Ld. Under this new track tunnel. Steel sets were
condition, equilibrium between needed only for the portals and
ground and support is reached at junction at the single-track
higher ~, as shown in Figure 8. In tunnels, and at the portal and
that figure, loss of ground beyond station 100m for the double-
adjusted to the data of stations 20 track tunnel. No temporary invert
through 100 was extrapolated to the was used for the single-track
remainder of the tunnel and tunnels, and alternate temporary
.compared to measured values. invert segments were adopted for
the double-track tunnel, resul ting

1,0
GROUND CHARACTERISTIC CURVE

0,8 Ld

'"'""'"ll2R
~__u
0,6
I7 7 7 7 7 7 7 Z

0,4

0,2

o 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010


vl
Figure 7 - Characteristic çurves for the soi1 mass and
support.

in significant economy of shotcrete specimens was found. Back analysis


and construction time. Only 57% of also yielded the value for soil-
the temporary invert average length support pressure, which was
consistent with finite element
was shotcreted. predictions. The procedure for
Field scale stiff fissured clay back-analysis has been applied for
· strength was back-calculated based other tunnels, and has proven to be
on settlement volume data. The simple and reliable.
back-cal:eulation accounted for the
· effects of botn. field negative pore
pressure and slicken-sided fissures
present in the soil . mass ~nd 5 ACKNOWLEDGMENTS
represents a valuable ~nformat~on
for future design. A value The authors acknowledge the São
corresponding to 96% of the Paulo Subway Company for the
effective shear strength obtained permission to publish the data
containe<i_ Í__!l_this. paper. Particul_éir
~- the _laborc:tt:.c>~ on fractur~:fr~
65

3
I
2,5
\ •

SURFACE
1--

\
DEEP

• ---+-THEORETICAL·
1--
"1- 2
c
z
::::>
oa::
1,5
""' ~·
...o
~
C)

~~
111
cn
cn • 111

9 1
• ~ v ~
~
0,5

o
250 200 150 100 50 o
STATION (m)

Figure a - comparison of predicated and measured loss of


qround

acknowledgment is due to Luiz Massad, F., Souza Pinto, c. and


Clemente, project coordinator, for Nader, J.J. (1992).
interesting discussions. "Strength and deformability" (in
Portuguese) in Solos da Cidade de
REFERENCES São Paulo, ABMS, pp. 141-179, São
Paulo.
Negro, A., Sózio, L. E. and
Celestino, T.B., Domingues, L.C.S., Ferreira, A.A. (1992) "Túneis" in
Mitsuse, C.T., Hori, K. and
Ferrari, o. A (1985). Solos da Cidade de São Paulo,
"Settlements due to the ABMS, pp. 297-328, São Paulo.
Peck, R.B. (1969)"
Construction of an NATM Urban "Deep Excavation and Tunneling in
Tunnel with Large Cross Section Soft Ground" - State of the Art
and small Overburden" (in Report, 7th Int. Conf. Soil Mech.
Portuguese) 2nd Simp. Escav. FDN. Eng., V.4, pp. 225-290,
Subter., Vol. 1, pp. 325-347, México.
ABGE, Rio de Janeiro. Schmidt, B (1969)
Celestino, T.B. (1989). "Settlements and Ground Movements
"Discussion on Back Analysis for Associated with Tunnelling in
Tunnel Support Load" XII Soil". Ph.D Dissertation, Univ.
International Cong. Soil Mech. of Illinois, Urbana.
Fdn. Eng., Vol. 5, pp. 2905-6, Schwartz, c. W. and Einstein, H.H.
Rio de Janeiro. (1980)
Celestino, T.B. and Re, G. (1993). "Improved Design of Tunnel
"Strength Back Analysis and Soil Support", report UMTA-MA06-0100-
Nailing Design for Tunnel 80-4, M.I.T., Cambridge.
Construction in Structured Soil"
Workshop em Geotecnia Brasil
U.S.A., Viçosa, Minas Gerais. (in
the press)
Celestino, T. B., Kako, H., Silva,
E.F. and Ferrari, A.A. (1994)
"Crossing of two pipelines with
low overburden at the East portal
of Cohab Tunnel São Paulo
Subway" 30 Simp. E'scav. Subter.,
ABGE, Brasília, DF. (in the
press).
66

TRAVESSIA DE TR!S ADUTORAS COM PEQUENO RECOBRIMENTO NO


EMBOQUE LESTE DO TÚNEL COHAB DO METRÔ DE SÃO PAULO

T.B. Celestino, Ph.D


Themag Engenharia Ltda., s, Paulo,SP
Escola de Engenharia de São Carlos , USP

H. Kako, Eng. Mecânico


Themag Engenharia Ltda., s, Paulo,SP

E.F. Silva, Geólogo


Themag Engenharia Ltda., s, Paulo,SP

A.A. Ferreira, Eng. Civil


Companhia do Metropolitano de São Paulo

Resumo: O trabalho relata as medidas adotadas no projeto e o


comportamento durante a obra do emboque. Leste (Sílvio Barbini)
do Túnel Cohab, no trecho Itaquera-Guaianazes do Metrô de São
Paulo. Além das dificuldades típicas de um emboque, somaram-se
condições críticas de pequena cobertura (apenas 5 metros, para
um túnel de 11 metros de largura) e interferências, dentre as
quais três adutoras.
Uma delas, a Adutora do Rio Claro da SABESP (Cia. de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo), tinha 1050mm de
diâmetro em tubo de aço soldado, e carga piezométrica de 150
m.c.a. Por imposição de cronograma da obra, estas
interferências somente puderam ser relocadas após a escavação
do túnel.

Análises dos esforços decorrentes dos recalques previstos,


superpostos àqueles devidos à pressão interna, mostraram que a
segurança estrutural do tubo seria muito reduzida,
incompatível com os riscos admissíveis para uma obra em área
urbana.
Adotaram-se então medidas mitigadoras tanto no método
construtivo do túnel, de modo a reduz ir os recalques, quanto
na superfície, de modo a reduzir os efeitos da escavação sobre
os tubos. A segurança foi monitorada por meio de medidas de
recalque efetuadas em aparelhos instalados diretamente no
tubo.

1. INTRODUÇÃO

O Túnel Cohab tem 1170m de extensão e situa-se no trecho


entre as estações Pêssego e José Bonifácio da Extensão Leste
(Itaquera-Guaianazes) do Metrô de São Paulo. O túnel foi
construido a partir de dois emboques (Botuporã e Silvio
Barbini), em valas com acessos em rampa, e um poço circular
intermediário (Alaide Costa). Este poço foi introduzido por
razões operacionais (saída de emergência e ventilação), e foi
também utilizado para frentes de ataque do túnel. o poço tem
cerca de 20m de profundidade e a retirada de material escavado
foi feita com a utilização de uma grua. Nos emboques Botuporã
e Sílvio Barbini, escavados em rampa, a retirada foi feita
utilizando-se caminhões desde a frente de escavação até o
bota-fora, sem transbordo.
o túnel foi escavado em argilas r~Jas e lentes de areia
da Formação São Paulo. Mais detalhes sobre a geologia serão
apresentados no item 2.1.
o recobrimento do túnel variou de 5 a 30m. O valor mínimo
ocorreu no Emboque Silvio Barbini, objeto do presente
trabalho.
Além dos cuidados intrínsecos a qualquer emboque, a
interferência de três adutoras em situação de pequeno
recobrimento, trouxe dificuldades que tiveram de ser
solucionadas no projeto. A operação das adutoras não podia ser
interrompida durante a construção do emboque. Entre as
adutoras, urna delas (Adutora do Rio Claro) tinha diâmetro de
1050rnrn em tubo de aço e 150 m.c.a. de carga piezométrica. Urna
descrição das interferências é apresentada no item 2.2.
67

A avaliação dos efeitos da escavação do túnel sobre a


adutora, bem como de sua segurança, é apresentada no item 3.
As medidas de projeto, introduzidas no método construtivo do
túnel e em superfície são apresentadas no i tem 4. o item 5
descreve o esquema de monitoração especifico da Adutora do Rio
Claro, e o desempenho observado durante a obra.
Por razões de cronograma, as adutoras só puderam ser
relocadas após a construção do emboque, cuja escavação se
desenrolou com sucesso.

2. DESCRIÇÃO DO EMBOQUE

2.1. GEOLOGIA

O Emboque Silvio Barbini está situado em área próxima à


borda da Bacia Sedimentar de São Paulo. São sedimentos
terciários, da formação São Paulo (Riccomini, 1989),
constituídos por camadas de argila rija a dur.a, entremeadas
por lentes de areia. O contato entre os sedimentos e o
embasamento cristalino dá-se por falha normal, sendo que a
poucos metros de distância do poço aflora solo de alteração de
rocha. o SPT na região da calota do túnel variava de 6 a 12.

2.2. INTERFERÊNCIAS

A Figura 1 apresenta uma seção transversal pelo emboque


Silvio Barbini. Para um vão de escavação de 11m, a cobertura
do túnel é de cerca de Sm. A Adutora do Rio Claro consiste de
um tubo de aço de diãmetro 1050mm e espessura de 12, Omm, com
carga piezométrica de 150 m.c.a. Localiza-se nas proximidades
da linha de centro do túnel, e a diferença de cotas entre sua
geratriz inferior e a geratriz superior do túnel é de cerca de
2,5m.

ADUTORA
JS 400 mm

ADUTORA ADUTORA
gS 1050 mm ~ 700 mm

,.,--.._
,767,60

/ ......
/
NÍVEL DA VALA I/
P/ ESCAVAÇÃO /
DA CALOTA
:JL_I~------TI___________________-+~r-~~
I I
I I
I I
'
' ' ,...._ ___ -- ___ _, /
/
I

Figura 1 - Seção transversal pelo emboque

Duas outras adutoras de ferro fundido com tubos em ponta


e bolsa e diâmetros de 700mm e 900mm situavam-se em região
mais afastada do eixo do túnel, fora portanto da região de
recalques máximos provocados pelo túnel. Uma análise
·preliminar mostrou serem estas duas últimas adutoras bem menos
criticas do que a primeira, não apenas pela localização mais
favorável e menor diâmetro, mas principalmente pela maior
capacidade das juntas tipo ponta-e-bolsa de acomodar
distorções. ·
68

Uma linha de esgoto, não apresentada na figura, mostrou-


se também pouco problemática, e não mereceu maiores atenções
após avaliações preliminares.

3. AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA DA ADUTORA

A seção longitudinal analisada é apresentada na Figura 2.

14m

SEÇAo LONGITUDINAL

d1Ametro•105an

J • 250.1100 an4

W.• •. 770cm3

CORTE A-A

Figura 2 - Seção Longitudinal

o modelo estrutural considerado foi aquele que insere a


envoltória das possibilidades de carregamento da adutora, isto
é, descalçamento completo da adutora. Condições intermediárias
(condições de apoio de rigidez variável) podiam ser analisadas
caso as tensões nas paredes do tubo atingissem valores acima
do admissivel com a primeira hipótese. Neste caso, admitir-se-
ia a adutora assentada em base elástica de módulo de
elasticidade variável.
Este refinamento de cálculo só seria adotado caso a
hipótese mais conservadora de descalçamento completo se
mostrasse inviável.
Assim, analisou-se o modelo estrutural que representa a
pior condição de solicitação, ou seja, o túnel sendo escavado
após a abertura do poço, gerando perda de material sob a
adutora e descalçando-a completamente. Neste caso, estariam
agindo no tubo seu peso próprio e o peso de terra existente
sobre ele. A extensão dessa ocorrência foi estimada em até 20m
de cada lado. Dessa forma, o esquema de carregamento
apresentado na Figura 3 foi considerado:

Figura 3 - Esquema Estrutural


69

onde:
Pl = peso de terra.
P2 = peso próprio da adutora cheia.
L = comprimento estimado da parte da parte aliviada.
Diversas hipóteses de carregamento foram analisadas
atráves de cálculos estruturais.
Dentro dessas hipóteses, analisaram-se carregamentos de O
a 2,5m de aterro e comprimento "L" de até 20m.
Para L 20m, esses carregamentos causavam tensões
combinadas na adutora que variavam de 140 MPa a 420 MPa.
Considerando-se que o material da adutora tem tensão
admissivel de 160 MPa, pudemos concluir que a melhor solução
seria o descarregamento total da adutora isto é, a retirada
total da cobertura de solo.
Esta medida, além de barata, não causaria transtorno
adicional, já que, devido ao emboque, a rua sobrejacente
estava interrompida, tendo sido instalada ali parte do
canteiro de obras.

As deflexões máximas estimadas da adutora variavam de


0,94cm (alivio completo) a 5,2cm (nenhum alivio). A estimativa
de recalques para o túnel feita pelo método de Peck (1968),
.com base em perdas de solo obtidas pelo método de Schwartz-
Einstein (1980) eram de cerca de 2cm. Além disto, exper~encias
anteriores (Celestino et al., 1985) mostraram que re.calques
medidos em emboques podem ser bastante superiores a
estimativas válidas para trechos tipicos de um túnel.
Portanto, já que os recalques esperados eram superiores a
0,9cm, a hipótese de desca1çamento completo não era absurda. A
adoção daquele valor como limite para acompanhamento embutia
uma margem de segurança devida ao fato de que o engastamento
do modelo adotado não era real, mas em vez disto, um
engastamento parcial no maciço de solo.

4. MEDIDAS DE PROJETO PARA MINIMIZAR EFEITOS SOBRE A ADUTORA

A principal medida adotada, com base nos resultados das


análises descritas no item 3, foi a escavação do reaterro
existente sobre a adutora num trecho de 20m a partir do
emboque. Além disto, a seqüência de escavação da vala incluiu
a instalação de apoios para sustentação dos tubos tão logo a
escavação os atingiu.
Por outro lado, como as adutoras menores não foram
aliviadas, e como medida de precaução, pretendeu-se minimizar
os recalques provocados pelo túnel. Para isto, adotaram-se
avanços de 0,80m, cambotas metálicas e arco invertido continuo
a uma distância máxima de 5, 60m da frente de escavação. Em
outros locais do túnel sem lentes de areia, o projeto previa a
eliminação de cambotas e a execução de arco invertido em
lances alternados.
Foi também instalada instrumentação especifica da
adutora. Após expos~çao do tubo pela escavação de alivio,
foram instalados 4 medidores de recalque diretamente no tubo,
espaçados a cada 5,oom.

5. DESEMPENHO DURANTE A CONSTRUÇÃO

De acordo com a estimativa apresentada no item 3, a


máxima de flexão no tubo seria de O, 9cm para a condição de
descalçamento completo. Esta condição era esperada no trecho
inicial da adutora, onde os recalques do terreno superariam
aquele valor.
A Figura 4 apresenta a evolução do recalques ao longo do
tempo nos 4 medidores. O valor de 0,9cm nunca foi superado.

As tensões a devidas à flexão puderam ser calculadas a


partir dos recalques, usando-se a expressão:

u=ERy" ( 1)
70

-+-A02
-a-A03
--6-AD4
~AOS

i !i ~ i ~ f i i ~ i ~ ! i ~ i f
Le1turu I 198S I

Figura 4 - Recalques ao longo do tempo nos 4 medidores

onde .E é o módulo de elasticidade do aço, R o raio do tubo e


y" a segunda derivada da linha elástica, conhecida nos pontos
discretos de medidas de recalques. A partir de derivação
numérica dos recalques ao longo do tubo, os valores de foram
r obtidos nas diferentes datas de leituras nos aparelhos AD3 e
AD4 e são apresentados na Figura 5 a seguir:

. -4,00
..
.8
.....
c -6,00

-8,00
-10,00
-12,00
c: c: c: c c c: :; :; :; :; :; :; :; :; :; :; 8.
....""" ~" ~" ~" ....""" ~" ~ ~ êã' :a ~ ~ (li "'"" ~ ~ ~ ;:ll
N N

Leituras (198S I

Figura 5 - tensões induzidas no tubo pelos recalques

Aqueles valores, combinados com as tensões decorrentes da


pressão interna, estiveram sempre abaixo da tensão admissivel
de 160 MPa.
A evolução das tensões nos dois locais apresenta
comportamentos cíclicos semelhantes, coerentemente defasados
no tempo.

6 CONCLUSÕES

O procedimento de cálculo adotado associado às medidas


preventivas mostraram-se eficientes na manutenção da segurança
da importante adutora, que permaneceu em operação durante as
escavações da vala e do emboque do túnel. As condições
geológicas eram favoráveis, porém a disposição geométrica
conduziu a uma situação severa de interferências. o
recobrimento de maciço sobre o túnel era de apenas 5m, e a
distância vertical entre geratrizes do túnel e da adutora,
apenas 2,5m.
o modelo de cálculo simplificado e conservador pôde ser
utilizado já que a medida corretiva de escavação de alívio
sobre o tubo podia ser executada sem maiores transtornos à
superfície, pois a rua sobrejacente estava interditada. A
hipótese adotada de engastamento rígido do tubo no solo é
conservadora, já que os momentos decorrentes de um
engastamento elástico, mais realista, são menores.
71

o acompanhamento e interpretação da instrumentação


mostrou que as tensões no tubo estiveram sempre abaixo do
valor admissivel para o aço.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Celestino, T.B, Domingues, L.C.S., Mitsuse, C.T., Hori, K.


e Ferrari, O.A. (1985). "Recalques devidos à construção em
NATM de um túnel urbano com grande seção e pequena
cobertura" - 2Q Simp. Escav. Subt., ABGE, vol. 1, pp. 325-
347, Rio de Janeiro.
Peck, R. B. ( 1969) . "Deep Excavation and Tunneling in Soft
Ground" State of the Art Report, 7th Int. Conf. Soil
Mech. Fdn. Eng., v. 4, pp. 225-290, Mexico.

Riccomini, C. (1989). "O Rift Continental do Sudeste do


Brasil", Tese de Doutoramento - Inst. Geoc. da USP, São
Paulo.
Schwartz, c.w. e Einstein, H.H. (1980) "Improved Design of
Tunnel Support", Report UMTA-MAOG-0100-80-4, M.I.T.,
Cambridge.
THEMAG Engenharia Ltda. "Túnel COHAB: Relatório sobre o
desempenho das escavaçÍes Trecho PJB, Extensão Leste
do Metrõ" Relatório Técnico, RT.3.19.02.00/6G3-002,
São Paulo.
72

Tunnel Design considering Rock Mass and


Shotcrete Time-Dependent Properties
T.B. Celestino!.:! and M.C.B. Guimarães!

Themag Engenharia Ltda.. Consulting Engineers. São Paulo. Brazil


::! Depanament ofGeotechnics. EESC-USP. São Carlos .. Brazil

RESUMEN

Los métodos usuales de convergencia-confinamiento para proyecto


de túneles, considerao curvas características isócronas. Cuando
se adepta hormigón proyectado como soporte, este procedimiento
de diseno puede conducir a errores significativos. Propiedades
tales como resistencia y deformabilidad varian expresivamente en
las edades más tempranas del hormigón proyectado, cuando las
situaciones críticas y rupturas suelen ocurrir. El trabajo
describe un método de proyecto, Íundamentado en los principies
de convergencia-confinamiento, donde las propiedades
dependientes del tiempo, tanto del macizo como del hormigón
proyectado, son consideradas. Una aplicación es mostrada en
comparación con resultados de instrumentación de un túnel real.

ABSTRACT

Usual conver;ence-con::nement tunnel design methods consider


isochronous ground reaction curves. When adopting shotcrete for
support, that des~gn procedure may lead to considerable errors.
Properties like strength and deformability vary significantly at
early ages, when the critical situations and failures usually
occur. The paper describes a design method based on the
convergence-confinement principles, in which time-dapendant
propertias of both rock mass and shotcrete are considered. An
application is presented in comparison· to instrumentation
results of a real tunnel.

RÉSUMÉ

Las méthodas de convergance-confinement usuals pour faire le


projet d · un tunnel considerent les courbes isochronas de
réaction du rerrain. L'adoption du béton projeté pour soutenir
l'excavation peut amener a das erreurs significativas, si on
utilisa cas méthodes usuels. Des propriétés comme la résistanca
at la déformabi:ité varient d'une façon três
significativa auax premiers moments apres l'application du
béton projetá, quand il arrivent, usuellement, les situations
les plus critiques et les ruptures. Ce papier décrit une
méthode de proj et basé dans les principes de la convergence-
confinement, dans laquelle les propriétés fonction du temps
pour la masse rocheuse et pour le béton projeté sont pris en
compte. on montra une application en comparaison avec les
résultats de l'instrumentation.

Die zur Tunnelberechnung übliche Gebirgskennlinienmethode


benutzt isochrone Kennlinien. Wenn Spritzbeton als
TUnnelauskleidunq benutzt wird fúhrt diese Berechnunqsmethode
zu bedeutsamen Fehlern. Eiqenschaften wie Widerstandskraft
und Deformationsfãhiqkeit haben qroBe Verãnderunqen im Neubau,
wenn dia kritischen Bedinqunqen und auch der Zusammenbruch oft
aintreten. In der vorlieqenden Verõffentlichung wird eine, auf
die Gebirqskennlienienmethode basierta Berechnunqsmethode
beschrieben, in der die Zeitabhãnqinqen Eiqenschaften des
Gebirqes und des Spritzbetons berücksichtiqt werden. E_in
Berechnunqsbeispiel wird mit Instrumentmessunqsdaten
verqlichen.

DJTRODUC'riOll

TUnnel support desiqn methods usually consider the equilibrium


o f a cross section f ar away from the excavation face, where
load and displacements have reached stabilized values.
This assumption wcrks well when use is made of pre-cast
concrete seqments, rockbolts, or any other support member with
full stiffness and strenqt.h since ear!Y_ ages. Even if the rock __
73

mass has time-dependent properties, GilJ. and Ladanyi (1987)


showed that usual methods lead to an underestimation of load
at early aqes that tends to zero at lonq term.
When usinq shotcrete, however, the most critica! load
conditions may well occur before full strenqth is reached.
Stress measurements on shotcrete near the excavation faces of
some tunnels (Golser et al., 1989) shov that the most critical
ratio between actinq stress and available strenqth takes place
at the aqe of 3 to 5 days. Shotcrete has actually zero
strenqth at the moment when it ia sprayed, and the strength
increases at a :-ate :::mch dependent on ';he '.lse :::! ad:::tix':::::-es.
The load increase dependa mainly on tbe face excavation rate
and the shotcrete stiffness increase rate.
Usual design methods do not take these factors into account.
It is also found that most of the accidents wi th shotcrete
supported tunnels occur near face, in the region where no
design consideration is usually given. Specifications of
strenqth versus time are usually made on basis of experience
related to the type ot rock mass (e.q. Osterreichischer
Betonverein, 1990), but it should be borne in mind that ':his
experience is also dependent on current excavation rate. As
excavation equipment is improved and excavation rates increase
current strenqth vs. time curves will need to be reviewed.
! t is therefore of much interest that design methods take into
account factors like time-dependent properties of shotcrete
and rock mass, excavation and support installation history. It
is also important to have these features added to convergence-
confinement method for the sake of simplicity.
Such a model has been outlined by Celestino (1992) and will be
briefly described here. The rock mass is assumed to behave as
Burqer• s model, following the evidence o f tests on several
types of rock (Goodman, 1980; Celestino, 1985). An application
will be presented for comparison with displacement
instrumentation results of a real tunnel.

OESCRIPTXOH 07 TBE KOOEL

The rock mass is assumed to behave as Burqer's model. Strain E


and stress p are related accordinq to the fc:-llowinq
differential equation

n - · 11, - (
.,, E • G,E · - P • 1 · - · -
G, 11, )p. G1 p
·- • (1)
G, G2 11 2 112
where G1 , G2 , Th and 11z are the model_ parameters.
:'hree-dimensional effects of load increase at a particular
cross section as the excavation proqresses are considered
accordinq to the expression proposed by Schwartz and Einstein
(1980):

(2)

À.•0,98-0,57 ~R (3)

where Pe is a fictitious externa! load on the rock mass at a


cross section located at a distance ~ behind the face; P1 is
the initial stress at the tunnel axis before excavation, and R
is the tunnel radius.
Younq shotcrete rheoloqical behavior is adopted accordinq
to tbe model developed at the University of Leoben in
connect1on with stress :measurements (Schubert, 1988;
Golser et al., 1989). Strain &2 at a :mo:ment t2is qiven by:
(4)

where a is stress, E is the Younq's modulus, t.c, ~and


t.&SH are strain variations due to creep, delayed
elasticity and shrinkaqe; subscripts 1 and 2 refer to
instants t1 and t2.
Younq's :modulus iB assumed to vary accordinq to the
expression proposed by ê:EB-Fl:P (1978):
74

E -r:-.,-;--
,-""'21V~
(5)

Shrinkaqe is evaluated. from the expression proposed. by the


ACI in 1978:

(6)

where esn.. is the final value for shri.nlcaqe and B ia a


constant parameter.
For the excavation phase, assUll.i.nq that it causes a linear
decrease of stress with time, a closed-form solution can
be obtained. for the inteqration of equation 1 in
axisym:aaetric condition. For the interaction with the
shotcrete rinq, a numerical scheme for time direct
inteqration has been developed: p in equation 1 aSII1.1lll&S
the value:

P • Pe-Pc (7)

where Pc is the externa! load on the concreta rinq.

UPLZ~OJI

coçariaons o f 30del ruul. te to lleasured displacemente


have been made for some tunnela of the São Paulo Subway by
Celestino (1992). An application to the experimental Four
FathOJI Tunnel (Ward et al., 1976) will be presented. hera.
In that case, instruli8Dtation displacement resulta are
available for a 5.6m lonq section without support, as well
as a shotcrete-supported. seetion.
Results of the first one can be used to determine rock mass
properties, which can be input in analyzinq the second section
to determine stresses in the shotcrete. Another reason to. use
Four Fathom Tunnel resulta is that the rock mass has
pronounced time-dependent behavior.
Fiqure 1 shows the comparison of displacements u at tunnel
crown in the section without shotcrete, after adjustment of
the four rock mass parameters. No larqe effort for adjustment
was made because the accuracy of instrumentation results
available in qraphical form is not very qood. Excavation rate
of 2.8 m/day has been assumed. The sharp transition at about
u•12mm is not due to rheoloqical reasons. When the excavation
face reaches the distance of 1. 72R to the instrumented section
accordinq to equation 3, no more load is transferred to that
section, and the displacement increase rate drops sharply.
Adjusted. parameters were G1• 700MPa, ~ • 230MPa, Th•6xlo7MPa.s
and fh•2xlo7MPa.s.
Those values were used for the model adjustment to
instrumentation resulta at the shotcreted section (Fiqure 2).
Adjustment haa been achieved by varyinq the final value for
Younq's liiOdulus E2s• While, shotcrete rheoloqical parameters
are not well known, equation 5 has been used adoptinq a
reduced value for E 28 that takes into account other strain
parcels. A value for E28 of l7GPa was found.
Finally Fiqure 3 showa the variations of shotcrete stress with
tilae for two different excavation rates (2. 8mjday and
1011/day).
The strenqth variation of J3 shotcrete as proposed by the
Austrian Concreta Society is also presented for illustration.
The dependence of the stress on the excavation rate becomes
evident. It is also clear that the excavation rate of 10mjday
would be unfeaaible for thia tunnel.

'l'i. . dependent propertiea of shotcrete and rock mass, as well


aa construction history are not uaually taken into account for
tunnel support deaiqn. As a result, safety is not usually
evaluated near the faca. A si.Jiple mmarical aethod has been
presenteei with those features. An application exaaple is ahovn
for a tunnel, and the resulta clearly show the influence of
the excavation rata on the stresses actinq in the shotcrete
support.
75

Celestino, T.8. (1985) General Raport on Rock Kass Propertiu


(in PortucJu... ). 3rd. ccmq. sula.ericano Kec. Rochas, Vol. 1,
PP• 4-45, Porto Alec;re.
Celestino (1992) •shotcrete Twmel Lininq Desiqn•, Encontro
Técnico CBT-ABMS, vol. 1, pp 1-20, São Paulo.
Gill, o.E. and L,adanyi (1987) "Time-dependent qround response
curves !or tunnel lininq desiqn•. 6th Conqress ISRK, Vol. 2,
pp. 917-921, Montreal.
Goodman, R.E. (1980) Introduction to Rock Mechanics. John
Wiley & Sons, New York, 478p.
osterreichischer Betonverein (1990) Guideline on Shotcrete,
Part 1 - Application, Vienna, 36 p.

Schubert, P. (1988) •Beitraq Zwa rheoloqisehen Verhalten von


Spritzbeton• Felsban, Vol 6, N. 3, pp. 150-153.
Schwartz, c.w. and Einstein, H.B. (1980) Improved Desiqn t:Jf
Twmel Support. Report n. 'OMAT MA-06-01000-80-4, MIT, 427p,
Boston.
Ward, W.B., coats, D.J. anel Tedd, P. (1976) •Performance o!
tunnel support systea in the Four- P'athoa Mudstone•, Proc.
•Tunnelinq 76•, Inst. Mininq Metall., London, pp. 329-340.

35

30

25 -~
u (mm) 20 -~
15

10
~
ia
·------- ---Model
11 lns1ruments -
I 5

~~1BEmmBEBEBBEoBEBE20BEBEB~BEBEBo BEtimeB.BE~B(d•a•ys•)•1•0 BEB 1B20BEBE1~_. 1~


0

. . .. . . .

rigure 1 - Adjustment for Unsupported Section

!
\
3.S
11
3

2,5
!/ ____________---JI--- Model
_,. :..._
2
jU (mm)
1.5 I--- lnsNI'IeniS i

0.5

o
I
o 5 10 15 20 25 30

I ~ time (days)

~--------------------------~
riqure 2 - Adjustment for Shotcrete-Suppcrted Sectit:Jn
76

10
9 - - RA-1011id
8 -RA-2llllid

7
6
a (IIIPa) 5
4
3
2

o
o 2 3 4 5 6
. t(hour)

7iqur• 3 - Shotcrete Stress Evolution for Different Excavation


Rates
77

CORRELAÇ0ES ENTRE PARÂMETROS GEOTÉCNICOS


DE UM SOLO RESIDUAL

Cláudio Vidrih Ferreira, M.Sc.


Adernar da Silva Lobo, Dr.
José Henrique Albiero, Dr.

RESOl«>.

A partir dos resultados de investigações geotécnicas realizadas


em 5 locais da cidade de Bauru foram obtidas informações sobre as
propriedades índices, compressibilidade, permeabilidade e resistência
ao cisalhamento.
os di versos parâmetros obtidos, associados ao SPT dos locais
pesquisados, foram correlacionados entre sí e com a profundidade,
através de regressões estatísticas.
Este trabalho apresenta as diversas correlações obtidas. Essas
correlações poderão fornecer uma indicação dos prováveis valores para
este tipo de solo e possibilitar uma orientação em outros programas
de investigação, visto que as camadas de cobertura de uma grande área
do Estado de São Paulo são similares, quanto a origem e
características geotécnicas.

A cidade de Bauru-SP localizada na parte central do Estado de


São Paulo, é coberta, predominantemente, por um solo residual de
arenito, classificado como areia fina argilosa, proveniente do Grupo
Bauru.
Na grande maioria das vezes, os projetos de fundações das obras
CJ.VJ.S executadas nesta região têm sido feitos apenas com os
resultados de sondagens de simples reconhecimento, devido ao baixo
custo, rapidez de execução e grande experiência acumulada.
A pequena quantidade de informações do subsolo e a tendência de
crescimento do número de edificações executadas na região evidenciaram
a necessidade de se buscar a caracterização geotécnica deste
material. Assim foram realizadas investigações do subsolo em di versos
locais da cidade de Bauru. A figura .l mostra uma planta parcial da
cidade, onde são destacados os locais pesquisados.
Admitindo essa aparente homogeneidade e no intuito de predizer
os fenomenos observados durante a realização dos ensaios, os dados
obtidos foram analisados, procurando-se buscar correlações
significativas entre os diversos parâmetros.
Segundo Costa Filho et all (1984), deve-se notar que a
utilização de qualquer correlação empirica deve ser feita com a
máxima cautela e julgamento.
Neste trabalho são apresentadas as correlações significativas
obtidas. "Na Engenharia as correlações são indispensáveis, mas não
deixam de ser um "mal necessário" pelos perigos que apresentam"
(Velloso, 1991).

2. PROGRAM& DE ENSAIOS.

Sobre amostras deformadas e indeformadas de solo, coletadas em 4


locais diferentes, Ferreira (1991) e Lobo (1991) desenvolveram
programas de ensaios de campo e laboratoriais, com o objetivo de
possibilitar a caracterização geotécnica da área e oferecer resultados
que proporcionassem um melhor conhecimento deste material e seu
provável comportamento quando de sua utilização em obras de
engenharia.
As amostras, coletadas de metro em metro através da abertura de
poços de inspeção e coleta de até 16 m, foram submetidas a ensaios de
caracterização, permeabilidade, adensamento, compressão simples,
cisalhamento direto e compressão triaxial adensado rápido, junto ao
Laboratório de Mecânica dos Solos da Escola de Engenharia de São
Carlos da Universidade de São Paulo.
Posteriormente, Ferreira et all (1994) realizaram num local 5,
ensaios de infiltração através de cova cilindrica, escavada com
emprego de trado, que permitiram a determinação do coeficiente de
infiltração, utilizado no dimensionamento de sumidouros de fossas
sépticas.
78

3. ENSAIOS DE ~-

Na área pesquisada foram realizadas sondagens de simples


reconhecimento, num total de 81 furos. Essas sondagens indicam a
presença do ni vel d'água geralmente profundo e a existência de uma
camada superficial de areia fina argilosa fofa a pouco compacta. Os
valores do SPT cresce praticamente de forma linear com a profundidade,
de forma suave até uma profundidade bastante variável, mudando
bruscamente para um crescimento mais acentuado.
Foram correlacionados os valores do SPT a cada metro com a
profundidade, até 19 metros, tomando-se o valor médio de cada cota
como representativo da área estudada.

FIGURA 1. PLANTA DA ÁREA PESQUISADA

Uma análise conduzida em dezenas de sondagens realizadas nesta


região, bem como os resultados de ensaios permitem assumir tratar-se
de um solo bastante homogêneo.

Foram realizados 48 ensaios de granulometria conjunta,


praticamente de metro em metro ao longo de toda a profundidade dos
poços de coleta. As curvas de distribuição granulométrica do solo
pesquisado resultaram praticamente paralelas e superpostas, associadas
a pequena variação no diâmetro das partículas, indicando uma grande
uniformidade ao longo de todos os perfis estudados.
A tabela 1 apresenta a faixa de variação das porcentagens de
material resultantes do ensaio granulométrico, das propriedades
indices e dos parâmetros de compressibilidade, permeabilidade,
resistência e coeficiente de infiltração.
79

Tabel.a 1. Variação dos Val.ores Obtidos .

NtH:Ro
PROPRil!!DADES UNIDADE DE MÍNIM) MÁXDI) MÉDIO
DETERM

-
GliiA AREIA MEDIA 1 10 5
JIIULO AREIA FINA 52 78 69
SILTE % 48
ARGilA
7 20 11
'flUA 10 25 15
TEOR DE UMIDADE (W)
% 24 8,0 15,2 10,1
ÍJK)X
~SA ESPECÍFICI'. <P> <10 3 kg/m3 > 24 1, 61 1,92 1,77
cu 2, 64 2,72 2,68
~SA ESP. SÓLIDOS <Psl c10 3 kg/m3 > 48
ÍNDICE DE ~IOS <el - 0,57 0,83 0,67
rfax 24 27,0 64,9 41,8
c:cs GRAU DE SAT!JRAc:;Ao <Sr> % 24 1,47 1, 72 1, 61
~SA ESP. SECI'. (pcl) <10 3 kg/m3 > 24
LDdi LIMITE DE LIQUIDEZ <LL> % 43 16,8 29,1 22,3
'!U íND. PLASTICIDADE <IP> % 43 4,0 8,5 6, 1
CXI( UMIDADE OT~ (Wot) % 44 9,7 15,1 11,4
PAC
n ~SA ESPECÍFICI'. SECI'. <10 3 kg/m3 > 1,83 1, 98 1,93
çiD (j)dmáx)
44
MÁXD9.
Rll: RES. CCMP. SIMPLES <Rc) kPa 21 13 84 39

...
Sl:ll
BIIC
coESAo
ANGUW ATRITO
(C)

ÍNDICE CCMPRESs1.o <Ccl


PRESs1.o PRt ADENS. (Cfadl
(.)
kPa

-
o

kPa
22
22
19
14
o
25
0,02
27
49
34
0,19
220
14
30
o, 11
133
MW. COEF. PERMEABILIDADE!kl 14 0,1 7,5 1,2
....a COEF. INFILTAAc:;Ao cCil l/m2 /dia 16 50 120 83

5. CORRELAÇÕES.

Há muito tempo tem-se procurado estabelecer correlações que


permitam estimar certas propriedades do solo a partir de outras de
fácil determinação.
No intuito de descrever e predizer os fenômenos observados
durante a realização dos ensaios, os dados obtidos foram analisados,
pro=ando-se correlacionar parâmetros fisicamente dependentes entre
si. Através da construção de modelos matemáticos, que relacionassem as
variáveis envolvidas no fenômeno, estabeleceram-se relações funcionais
entre estes parâmetros. Pro=ou-se obter funções, de forma que se
tivesse uma boa aproximação entre os valores observados na prática e
aqueles calculados pelo emprego destas funções.
Os dados foram agrupados por locais, e em seguida reunidos, de
forma a compor um un1co conjunto, representativo de toda área
pesquisada. Face a complexidade dos fatores que interferem no
comportamento dos solos, foram consideradas significativas as
correlações que apresentaram um coeficiente de determinaçao ( R2 )
maior que 0,60 para o conjunto de dados representativos da área
pesquisada.
Com auxilio de programa de computador, foram efetuadas análises
de regressões simples, que constituem-se núm instrumento de pesquisa,
que tem como objetivo principal estabelecer o modelo de relacionamento.
Assim para cada conjunto de dados foram efetuadas análises com os
segúintes modelos:

a) Regressão Linear y = a + b.x ± erro


b) Regressão Polinomial y =a+ b.x + c.x 2 + ..• ±erro
c) Regressão Logarítmica y a + b.log x ± erro
d) Regressão Potencial y = a.xb ± erro

Pro=ou-se obter correlações entre as grandezas abaixo:

a) N, p, e, LL, Rc, +,
a'adr Cc, CI e k com a profundidade Z.
b) p, e, Rc, +, a'adr Cc, CI e k com o N.
c) Cc =f ( LL ), k =f ( LL ), Cc f (e), LL =f (%argila),
k =f (e), e CI =f( k).

onde:
N S.P.T.
p = massa especifica natural ( 10 3 kg/m3 ) ;
e = indice de vazios;
80

Rc -resistência à compressão simples ( kPa );


Oad •tensão de pré-adensamento ( kPa ) ;
Cc = indice de compressão;
k = permeabilidade ( 10-5 mls ) ;
CI ~coeficiente de infiltração ( l/m2 /dia );
Z .. profundidade ( m ) ;
LL -limite de liquidez (% );

6. RBSUL~S OBTmoS.

A seguir são apresentadas as correlações representativas


obtidas. A tabela 2 apresenta as correlações obtidas em função da
profundidade.

Tabel.a 2. Correl.ações com a profundi.dada.


EXPRESsõES N" OBS r EQ.
N = 1,05.Z -0,04 ± 0,994 1420 0,974 01
p = 0,02.Z + 1,61 ± 0,04 20 0,795 02
e= -0,014.Z + 0,78 ± 0,04 15 0,703 03
Rc = 3,07.Z + 14,58 ± 7,52 17 0,773 04
o'ad= 6,3 + 21,7.Z- 0,62.Z 2 ± 35,9 14 0,710 os
2 14 0,917 06
Cc = -0,37- 0,21.Z + 0,01.Z + 1,99 log Z ± 0,01
k = 7,7 + 0,62.Z- 13,8 log z ± 0,78 14 0,858 07
CI = 117,2 - 8,2.Z ± 3,2 16 0,978 08

A tabela 3 apresenta as equações 9 a 13 que mostram as


correlações obtidas com N.

Tabel.a 3 . Corral.ac;ões com. o SPT.

EXPRESSAO N° OBS Ril E


p = o I 02 .N + 1 I 60 ± 0,05 20 0,755 09

e = 0,89- 0,046.N + 0,002.N" ± 0,03 15 0,819 10


Rc = 3,17.N + 12,89 ± 7,99 17 0,744 11

Rc "' 3,36 - 0,16.N + 6,01.N" ± 7,69 17 0,779 12


k"' 10,7 + 0,75.N- 18,5 log N ± 0,65 14 0,902 13

CI = 115,9 - 6,3.N ± 5,3 16 0,941 14

A tabela 4 fornece as equações 15 a 18 que apresentam as


correlações representativas obtidas com outros parâmetros.

o No r EQCW;AO
OBS
2 14 0,902 15
k"' 228,6 - 27,7.LL + 1,12.LL - 0,015.LL"' ± 0,47
k- 69,7- 217,7.e + 170,5.e2 ± 0,74 14 0,870 16
CI - -117,5 + 280,0.e ± 4,5 7 0,957 17
CI- 68,3 + 115,9x10b k ± 13,7 16 0,609 18

7. CONSmBRAÇÕES nNAJ:S.

As correlações entre o ângulo de atrito interno do solo e outros


81

parâmetros foram omitidas neste trabalho por apresentaram um


coeficiente de determinação (R2 ) muito pequeno.
A correlação 01 envolvendo o SPT representativo da área
pesquisada com a profundidade até 19 m, indica que este valor poderá,
numa estimativa, ser considerado igual a profUndidade.
As correlações obtidas poderão fornecer uma estimativa dos
diversos parâmetros geotécnicos para este tipo de solo e possibilitar
uma orientação em outros programas de investigação, visto que as
camadas de cobertura de grande área do estado de São Paulo, são
similares quanto a origem e caracteristicas geotécnicas
Na prática estas correlações tem um valor relativamente
limitado, sobretudo devido ao fato de que outros fatores não
considerados, podem exercer influência no parâmetro estimado. Assim
estas expressões devem ser vistas como uma indicação de valores
esperados e de maneira nenhuma substituem os métodos de ensaios mais
precisos, e infelizmente mais caros e complexos.
Segundo Velloso et alli ( 1984 ), deve-se notar que a utilização
de qualquer correlação empirica deve ser feita com a máxima cautela e
julgamento.

J.H.; CARVALHO, D. ' IDBO, A.S. (1993). Fundações. SOLOS DO


AI..BIEBO,
INTERIOR DE sAo PAULO. p.243-275, São Carlos.
C08'lA FILHO, L.M.; Jli'NitDN:), C.J.G. ' VELLOSO, P.P.C. (1985).
caracteristicas Geotécnicas de Alguns Depósitos de Argila Mole na Área
do Grande Rio de Janeiro. "Revista Solos e Rochas. V. 8, p. 3-13. São
Paulo.
~IRA, C.V. (1991). caracterização Geotécnica do solo de uma área
da Cidade de Bauru-SP. Dissertação de Mestrado, EESC/USP. 141p., São
Carlos.

PZRREIRA, C. V., LOBO, A.S. ' CAVAGJTI, N. (1994). Variação do


Coeficiente de Infiltração de um Solo Residual de Arenito. 2 Simpósio
Sobre Solos Não Saturados. p.197-201, Recife.
IDBO, A.S. (1991). Colapsividade do solo de Bauru e sua Influência em
Estacas de Pequeno Porte. Tese de Doutorado, EESC/USP. 211 p, São
Carlos.

VELLOSO, D.A. (1991). Capacidade de Carga por Meio do SPT. 2 Seminário


de Engenharia de Fundações Especiais. p. 293-312, São Paulo.
82

Basalts from Três Irmãos Hydroelectric Dam, São Paulo State, Brazil:
A review of methodology for alterability evaluation
Roches basaltiques du barrage de Três Irmãos à São Paulo, Brésil: Une révision
de la méthodologie pour 1' évaluation de 1' altérabilité

E.B.Frazão
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, JPT, Brazil
A. B. Paraguassu
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, Brazil

ABSTRACT: An experimental study on the alterability of basalts from Três


Irmãos Hydroeletric Dam foundations was performed by means of alte-
ration test (dry and wetting cycles) and Los Angeles abrasion test
carried out after the samples have been submitted to alteration tests.
The distribution of weight loss due to alteration and abrasion, with
time, and the grain size distribution presented after those tests allowed
the evaluation of disaggregation of the studied samples. Several criteria
as suggested by different authors, have been used to define alterability
indexes. The alterability indexes adopted allowed to state properly the
grade of alterability of the basalt samples.

RESUMt: À partir des essais cycliques d 1 altération par saturation et


séchage et d 1 abrasivité Los Angeles nous avons effetuée une recherche sur
1 1 altérabilité de basaltes provenant des fondations du Barrage'
Hydroeletrique de Três Irmãos, São ·Paulo. La repartition des valeurs de
la perte de masse düs aux essais d 1 altération et d 1 abrasivité en fonction
du temps (des cycles), et aussi la repartition granulometrique, ont permi
d 1 évaluer la desagregation des échantillons. Les índices d • altérabilité
adoptés ont réussi a établir les degrés d 1 altérabilité des basaltes
etudiés.

1 Ill'l'RODUCTIOH
Several studies on alterability of grayish green micro-vesicular
different types of rocks are basalt. .
described in the international The samples present clay mineral
literature. In Brazil, the major- of hydrothermal origin with the
ity of the studies for geotechnical following content: 5% (sample A),
purposes consider, specially, 15% (sample B), 20% (samples C and
basalt rocks. It is motivated by D) •
their large occurence in the Paraná
basin, where the most important
hydroeletric power plants are 3 TBSTS
placed, with high consumption of
basalts as construction material. Alteration tests were performed
Other reason is the high through dry and wetting cycles and
variability in the degree of by imersion in ethilene glycol. The
alteration presented by the basalt quantification of the expected dis-
rocks and the consequent aggregation was done by weight
variability in mechanical behav- loss.
iour. All the samples submitted to
alteration tests through dry and
wetting cycles were tested by Los
Angeles abrasion, in order to
evaluate the expected decay in
2 SAHPLBS strength.
These alteration tests were
Blocks of basalts extracted from performed through 12h wetting and
the massif during the excavation 24h drying, with 60 cycles for
were left under environmental sample A, 54 for sample B, 36 for
conditions during six months for sample c and 20 for sample O.
the evaluation of their other physical tests carried
alterability by macroscopic out to get complementary in-
inspection. fo~ations, were: longitudinal wave
Four basal t types were selected veloci ty measurements (in dry and
for this study; two o f them pres- saturated states) , dry density,
enting low alterability and two apparent porosity and water
high alterability, as indicated by absorption and grain size analysis.
macroscopic aspects.
The characteristics of the
basalt samples were: sample A: dark 4 ALTBRABILITY BVALUATIOH CRITBRIA
gray compact basalt; sam-
ple B: dark red compact basalt; The evaluation of the alterability
sample C: grayish green mi- of studied samples was performed by
crovesicular basalt; sample O: the foll.owing criteria:
83

4.1 Weight loss index, Iwl (Fraz~o, 3) ul trasound veloci ty index,


1993): Ivp:
wo - wf Vpo - Vpw
Iwl = --------- X 100
Ivp = -----------
WO Vpo
where: wo = initial weight of the where: Vpo = P wave velocity in the
sample; wf = final weight. sample presenting lower degree of
This criterion was adopted after alteration; Vpw = P wave velocity
alteration and Los Angeles abrasion in the sample presenting higher
tests. degree of alteration.
4.2 Farjallat•s alterability index,
Xdt (Farjallat, 1971): 5 RBSULTS
(200 - F) FIGURE 1 and 2 show the results of
Kdt 1 - ----------- alteration tests by dry and wetting
(200 - I) cycling and Los Angelea abrasion
tests carried out on the samples
where: 200 sum of the maximum submitted to those teats.
possible percentage weigh't. .LOSS It can be observed that the
(due to both alteration and Los samples A and B show lower dis-
Angeles abra,sion tests) F = sum of aggregation r ate both after al ter-
percentage of weight loss due to ation and Los Angeles abrasion
alteration and Los Angeles testa at tests, but samples C and D show
the end of the considered time; I = higher disaggregation rate than A
sum of percentage of weight loss and B. It can be noted that sample
due to alteration and Los Angeles A and aample B ahow similar rate
tests at the beginning of the and C and D different ratea between
considered time. them.
FIGURE 3 shows the evolution of
4.3 Yoshida's alterability index, fineness modulus index with time of
Rf (Yoshida, 1972): the four samples. The behaviour ia
similar to that observed in the
(100 - P) R previous Figures.
Rf ------------- FIGURES 4 and 5 show the
100 evolution of Farjallat's al-
terability index (Kdt) and
where: 100 maximum limit of Yoshida' s al terabili ty index (Rf) ,
weight loss; P = weight loss due to respecti vely. Note that samples A
alteration test, in a selected time and B show again low dis-
interval; R = strength in a given aggregation, in similar rate, and
degree of alteration. samples C and D show higher ·
disaggregation, but with different
4.4 Fineness modulus index, Ifm rate between them.
(Fraz~o, op.cit): TABLE 1 presents the resulta of
physical and physico-mechanical
fmo - fme tests carried out on the four
Ifm = ----------- samples.
f mo The analysis of the data set of
TABLE 1 shows that sample A
where: fmo = fineness modulus at representa the lowest al terable
the beginning of the considered with basalt among the samples
time; fme = fineness modulus at the tested.
end of the considered time. With the data of TABLE 1, the
physical and physico-mechanical
4.5 Physical indexes, through the indexes were calculated, consi-
comparison of samples with lower dering the A as the sound sample
and higher degreees o f al teration, (or the lowest alterated). These
(after Frazao, op.cit.): resul ts are shown in TABLE 2 • It
can be observed that in this Table,
1) apparent porosity index, In: that the indexes values are in
agreement with other indexes as
nw - no formerly presented.
In = ---------
nw
Finally, it can be noted that
all the alterability indexes were
suitable to distinguish the
where: nw = apparent porosity of alterability of the four samples
the sample presenting higher degree studied.
of alteration; no = apparent poros-
ity of the sample presenting lower
degree of alteration. 6 CONCLUSION

2) apparent absorption index, Id: According to the resul ts o f thia


study it can be concluded that:
aw - ao a) the alteration testa per-
Ia = ---------
aw
formed,
and
mainly the drying
wetting test, were
suitable to point out the
where: aw = apparent absorption of alterability of the aamples;
the sample presenting higher degree b) the Los Angelea abraaion teat
of alteration; ao apparent was efficient to verify the
absorption of the sample presenting mechanical decay due to the
lower degree of alteration. alteration procesa;
84

c) the alterability indexes YOSHIDA, R. 1972. Contribuição ao


adopted were sui table to conhecimento das caracter!sticas
represent the alterability tecnológicas de materiais rocho-
of the samples; sos. São Paulo. (Phd Thesis,
d) according to the alterability Geosciences Institute,
indexes adopted the University of São Paulo).
following sequence of alte- FRAZÂO, E.B. 1993. Metodologia para
rability of the samples can avaliação da alterabilidade de
be stated: A < B < C < D. rochas a partir de estudo expe-
rimental em amostras de basaltos
da U.H.E. de Três Irmãos. Estado
RBJ'BRDICBS de São Paulo. São Carlos. (Phd
Thesis, São Carlos Engeneering
FARJALLAT, J.E.S. 1971. Estudos ex- School, University o~ São
perimentais sobre degradação de Paulo).
rochas basálticas. São Paulo.
(Phd Thesis, Geosciences Insti-
tute, University of São Paulo).

100.....---------------------,---
90 ·································o················································································ A

D
80 ·····················--·---··-o·--·-o········-··-··-·-··--··········--·-··-··· -··-·- ···········--·----·-·------
8
70 ............ -~- 9......!=?... --........ ··----·- -· ---.••..••••.............. --- -- ••.•....... -- --- -· ••..•...... --••••
c
60
D

50 --·--·a· o·····---·--·---··-----··-·-· --------- -llr·-----· ··-- ·······------···----·------------·---------·------


~ D

40

20

1 o ···············'!IIE···· ....................... --· ·········--·---············· ... ····----·········· .................. -


o g.. lll< ~ ~ ... ... ... ... .... ....
o 10 20 30 40 50 60
TIME (CYCLES)

Figure 1. Evolution of weight loss due to alteration


tests for A, B, C and D basalt samples.

100
111

90 ··································o····-----·-·-··································--·--·---·--····················· A
D Cl
80 ..................... 0 ............................................................................................
o 0 o 8
-
~
(J)
70 ------e----------·----·-------·-llc
D
................... .l!IE. •• *
~ l6E
..llt. ............................................
c
(J) 60 ----------------------······························································································
D
o li!
_J
50 ···············leE········-~·······························································-······················ o
1-
:r:
~ 40 ·······--·~·-······································································································

Ui
:!= 30 --~---·············································································································

20
+ + + + + + +
10 ····:-······:···il··-~·-·································:·····························;······-··.

0+-----~------.------.------.------.----~
o 1o 20 30 40 50 60
TIME (CYCLES)

Figure 2. Evolution of weight loss due to Los Angeles


abrasion tests for A, B, C and D basalt samples.
85

111
0,9 ····················--····--·-----·---·-·············--··-········································--------------------- A

~ o,e ···············································································································------·- •
9
az 0.7 ..................................................................................................................................................................................
00 c
3 0,6 ·································································································--------------------
o
~
g o,5 --·-················---··-----~--õ--õ·-·······--··--·-·······················-·······----··------------------------ ....,o.........
:E
00 0,4 ········--·-······-õ-.C...õ..................................................................................•.......
00 •
~ 0,3 ········· 0·-'=---·--------------~----------------·--'*-··--··-··-······-····--·--······-----------------------
z o • *
ü: 0,2 ·l:::r··-------·~----~---•---------------------------·---·-·········----·········----·-····-----------------------

0,1
...
0+-----~------~----~------~·----~----~·~
o 10 20 30 40 50 60
TIME (CYCLES)

Figure 3. Evolution of fineness modulus index for the


A, B, c and O basalt samples.

111
0,9 A
o
o, e ·······---·-·······--1:&1-············o·-···············-···--------··········································-·-·· •

~ 0,7 ··········--·~-~---··!?.·~---····························--··················································- B
xw 0,6 ······································-··················--------------·--········································· c
a
z co • • o
0,5
D
i::
::::; •
0,4 ...................................................................................................................
ffi •
<
a: 0,3 ·····-··----·············w·········----··-----------------------····----·············-··························
w
I-
..J 0,2
< •
O, 1 . .0.. •••••••••.••..••••••••.••••••..•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••.•..••...••.•.••••.••••••••••••••••••••

O• --llll---•··-1111---•··-•··-11--------.&--------·---·----ã---·····8·-···············--ti········ ~

~.1+-------~------.------,------~------~-------;
o 10 20 30 40 50 60
TIME (CYCLES)

Figure 4. Evolution of Farjallat'~ alterability index


for A, B, c and o basalt samples.

TABLE 1 - Results of physical and physico-mechanical tests carried out on


basal t samples.

TESTS

SAKPLES Vp dry Vp sat L.A.A. n a E.G.


(m/s) (m/s) (t) (%) (%) (%)
A 5,470 5,680 8 3.4 0.42 10.7

B 4,698 4,957 10 6.9 2.50 31.0

c 3,864 4,395 14 8.9 3.33 53.1

o 3,020 3,888 15 9.7 3.65 92.7


86

Note:

Vp sec z longitudinal wave velocity in dry state.


Vp sat - longitudinal w~ve velocity in saturated state.
L.A.A. • Los Angeles abrasion loss.
n = apparent porosity.
a apparent absorption.
E.G. ethylene glycol loss.

100 11

90 ·-·:·-·:···:---f······-:·····-···~···--··-·-:······-··l······-·:···--····:-···--···:--------· A

-
~
6) .....................................................................................................................................................................................................................
B
-x
a: 70
.......................................................................................................................................................................................................................
c c
w 60 ·····-···•··-·-··--···--·----··--·---··-·-·-·--··-··-·········--·--··---··-····-···---··-·······----·-------····- c
o
z - o
50 ........................................................................................................................................................................................ ... -..................
~ Mil
:.:i
ã) 40 ·---···-···-··-·-··-·•--.l!I!L.....••..................•...•......•..........•....•.......•..••.........•.•......•.
<
a:
w 00 ----·---···-··-····--··-··-·····--··-·....-··--···-····--··-·····-·---··--··--····--·-····--···-·····-··--··--··-·-·
Mil
1-
20 ································-~---···········y·····························-··--···--···-··---·-·-·-·-·····-
.......1
< cC

10
..................................................................................................................................................................................................................
Co CC
0-+•--------r~c:___~~c--------~------,-------~------~
0
o 10 20 00 40 50 60
TIME (CYCLES)

Figure s. Evolution of Yoshida's alterability index


for A, B, c and D basalt samples.

TABLE 2 - Results of physical and physico-mechanical indexes for the B, c


and D basalt samples relative A basalt sample.

PROPERTIES ALTERATION INDEX VALUES

apparent InD - (nD - nA)/nD = 0.65


porosity, In InC = (nC - nA)/nC = 0.61
InB = (nB - nA)/nB = 0.51
apparent
absorption,Ia
IaD - (aO - aA)/aD 0.88
Ia C = (aC - aA)/aC = 0.87
..
IaB = (aB - aA)/aB = 0.83
Los Angeles IlaD - (laD - laA)/laD = 0.47
abrasion loss, Ila I la C = (laC - laA)/laC = 0.43
IlaB = (laB - laA)flaB = 0.20
Ethylene glycol IegD - (egO - egA)/egD - 0.88
loss, Ieg IegC = (egC - egA)/egc = 0.80
IegB = (egB - egA)/egB = 0.65
dry state
IvpD = (VpA - VpD)/VpA = 0.45
ultra sound IvpC = (VpA - VpC)/VpA = 0.29
velocity, Vp IypB = (VpA - VpB)/VPA = 0.14
saturated state
IvpD = (VpA- VpD)/VpA ~ 0.13
IvpC = (VpA- VpC)/VpA = 0.23
IvpB = (VpA- VpB)/VpA = 0.32
87

Engineering geological mapping of Cosmópolis Area, Brazil: A tool for land


use planning
Cartographie géotechnique de la région de Cosmópolis (Brésil): Un outil
pour la planification de l' occupation du sol
G.A.G.Gruber & J. E. Rodrigues
University of São Paulo, São Carlos, Brazil

ABSTRACT: Engineering Geological Mapping is an important tool in land use planning and site assessment of
hazards and risks. In this paper the methodology used and documents obtained from an engineering geological
mapping (scale 1:50.000) performed in the Cosmópolis area (Brazil) are shown. The documents include six
interpretative charts conceming soil erodibility, excavability, waste disposal, underground works and road
construction.
RESUMÉ: La carthographie géotechnique est un important moyen pour la planification de l'occupation et
l'utilization du milieu naturel et pour l'évaluation des aléas geologiques et des risques. Cet article concerne la
méthodologie utilizée et les documents obtenus (Echelle - 1:50.000) par l'étude effectuée dans la région de
Cosmópolis (Brésil). Les principales cartes interpretatifs obtenus par ce projet sont: d'erodibilité des sois,
d'excavabilité des sois, pour stockage de déchets, d'ouvrages souterraines, d'ouvrages routiéres.

1. INTRODUCTION 2. 1.2. Unconsolidated Materiais

Engineering geological mapping is of great concern Texture and genetic characteristics have been used to
to technicians involved in land use planning and in group different units ofunconsolidated materiais.
environmental studies. This paper presents the Materiais were divided in Residual and Transported.
methodology used and the resulting documents The Residual Material was subdivided in those
obtained in an engineering geological mapping originated from Pre-Cambrian rocks and from Itararé
performed at a scale of 1:50.000 in Cosmópolis area, Group (Unit 1: Sandstone; Unit 2: Siltstone; Unit 3:
situated in the State of São Paulo, Brazil. The work Diamictites; Unit 4: Siltstone and Unit 5:
was developed by collecting and analyzing the intercalations of sandstone, siltstone and claystone
existing data such as geologic and soil survey rnaps, and from basic intrusive rocks (see figure I).
aerial photos, deep bore-holes, SPT and laboratory Transported materiais were subdivided in sandy,
·tests. clayey and alluvium. Physical characteristics of these
After that, field work was developed and samples materiais are listed in table 1.
were collected for performing laboratory tests. The
analysis of these information allowed the elaboration 2.2. Geomorphology
of various maps and interpretative charts such as
erodibility, excavability and waste disposal charts. By using aerial photos, topographic maps, field
survey and based on Ponçano et al. (1974) the area
was divided in three geomorphological units as
2. METIIODOLOGY AND CHARACTERISTICS listed:
OF TI1E AREA UNDER STUDY Wide Hills: flattened and wide tops interfluves,
convex or linear slopes of over 1000 m long and up
2.1. Geology to 15% declivities. Drainage concentration is low
with subdendritic pattem, wide open valleys with
, Geological studies were conducted to obtain two perennial or intermittent lagoons.
basic geological maps: one grouping the oldest Medium Hills: short and flattened interfluves,
lithologies in the area (granites from rock substrate concave and/or convex slopes not longer than IOOO
and sedimentary rocks) and an other grouping both m and declivities of 15% or over. Drainage
residuais and transported unconsolidated materiais. concentration is from medium to high subtectangular
pattem with open to closed valleys.
2.1.1. Bedrock Alluvial Plain: levei or gentle slope, declivities of less
than 2%, adjacent to river banks that are periodically
Cosmópolis area is situated on the east border of the .subject to floods.
sedimentary Paraná basin. This basin lies on a rock
substrate of pre-Cambrian age constituted by 2.3. Soil Survey
Jeucocratic granites. Over these rocks, there are the
sediments of Itararé Group, which was subdivided in Soil survey maps are very important when
five main units: Unit I: sandstones; Unit 2: siltstones; performing an engineering geological mapping since
Unit 3: diamictites; Unit 4: claystones and Unit 5: they contribute in different stages for data acquisition
intercalations of sandstonelsiltstonel claystone. and interpretation of physical, chemical and genetic
Intrusive rocks (sills and diques) are randomly characteristics of the materiais. Based on pedologic
distributed ali over the area and are represented by maps elaborated by Oliveira et al. (I979) the
diabases offine to medium texture. following units, in order of importance, can be found
88

in the Cosmópoüs area: red-yellow podzol; red- The principie of homogeneous unit definition
yellow Iatosol; dark-red latosol; red latosol; (Zuquette, 1987; Farias et ai., 1984) deals with the
structured red Iatosol; üthoüc soil; cambisol and superposition of attribute with different weights and
hydromor:fic soil. the assignment of subjective values (0, 1, 2) to the
class of the attributes.
The sum of the weights for the assigned values to
3. DEFINITION OF HOMOGENEOUS UNITS OF the classes is obtained by the following equation:
AN INTERPRETATIVE CHART

To define homogeneous units for elaborating an (3.1)


interpretative chart a subjective comparison and
crossing of attributes of the area was performed. To
elaborate the Erodibility, Excavability; Waste Where:
Disposal; Underground Works and Road Vt- total value ofunit
Construction Charts ali the existing information was Pai - weight of attribute i
used. The crossing o f these charts has originated the Pamax - maximum weight of an attribute
Orientative General Chart for Land Use and Vci - value of class attribute i
Planni_!ljlr Vcmax. - maximum value of classes
N - numbér of attributes

UNCONSOLIDATED
- RESIDUALS - TRANSPORTED MA TERIALS MAP
[J -~~~~5 lnt.[J -Diamictite GJ - Rock Substrate O - Sandy Figure 1
O -Sandslone ~ - Claystone O- Clayey From Gruber, 1993

~ _ Siltstone r=l _ l~lercalations o f Sandstone/ ~- Alluvium


NO SCALE GRAPHIC
El G Slltstone/Claystone

4us - Urban Area d- Dam fv- Limils between Unils


t
Okm 1 2 3
o 5 3 g. ~ c:
:r ::;·
n :E
n ~ g ~ ~"'
:I. c ~ lit c "'·
e·n 5 .$. =
~'§.
2.1 S ..Et.·
~:E::go
:'i.
'"'"'S:E
~ 8 <
õ'
::siJ!n::r~.,:;l,.[
:;.g_oOQ
:::. OQ2 . .2c ...
"' . .....
c n
:;. :z:
11 ;a. .....
::s "'
(IQ
(IQ !;,
!:!>'
.2 ~ "r1
<
• .....

n
i
-· n (IQ a·
-· ~ :ro"S!c n<. c ... ~ :::.
-oc..
., ~ n ::s n ~ ~n ~:r ~o
~
Table 1 - Phvsical Characterist' --fU lidated-------
-------------- Material
-- -- _.o.....:r ::s
c:rc..:::! I».w ~ N.,"'
~--

o n n o
::s~nn:E
n- =-~~-.,-a
UNITS Sandy
TRANSPORTED
Clayey Alluvium Granites Sandstones Siltstones
RESIDUALS
Diamictites Claytones Intercalations Basic lntrnsive
~ :r (")
F;;O::rg'
:I. ...
Cf~
::r ir"'O }I.'Mz ~ g.~àe:
• Rocks gS'!ã 3"'§18. ;: c~~(')C
c. 5· ~c ~ ~ ~ ~ ["'~r=-a.
.. :E 2 !
AREA% 304 38 1 80 19 37 65 45 23 19 16
a(!Qt-8.
~~5 ª·~ª>
=o"'~
~
n.,~::r
n!l.,g
"Ó :E
f}. c. S> "' :r e. -·
MIN MAX MIN MAX MIN MAX MIN MAX MIN MAX MIN MAX MIN MAX MIN MAX MIN MAX MIN MAX "5! :S. C: ., ~ n g. !!l g !;,
COARSESAND o 4 o 3 o 11 o 1 o 1
Dl
n
..,
g. ~
..
~
2..
~
c:r
5:
...
iL:: -:::::
c - .... 00
1» -· \0
!a.~
g.nc..~
i 2..
n Q '<
< -· ::s o
!. : Q.. ~ ~ o Sl. ";:;
\0
g_[ ~
MEDIUMSAND 1 21 1 16 o 65 8 37 55 70 20 30 49 64 25 40 38 70 o 1 O::r"'::t:. g"'f}:::r o ~ Y'
n~ OQ

;:t n -~ ~ c. 5· ~ ! ::s
23 o 39 1 23 e: . ...:r s ~ ~.8 ~-
FINE SANO 73 lO 37 42 23 ;i {11
s(IQ
""'
"'
o -· 1!. ::rC::s::r
n.P'OQn "''"""' n e!. c. n
SILT 11 43 11 39 17 47 28 38 lO 20 55 15 16 26 lO 20 4 11 18 72
00
50 60 19 55 46 72 '-0
CLAY 13 43 39 66 21 73 7 24 lO 20 15 20 18 25
LL(%) NP 42 NP 73 NP 76 NP 32 - - - - 19 31 . - . . 44 58
;i
.o .o .o o ~ ;i tr1 c: :E tr1 ~ ~.
!a.
LP(%) NP 29 NP 51 NP 43 NP 24 . . . . 12 23 . . . - 22 43
C: n
~
g_!!l g·""" ~~~ e!..n~8.!4[21§.
I I I l<.~<~n&Q..t::
. . . -· c!: .... o o o 1!. 1!. ~~ o e:(") :E
IP (%) NP 19 NP 32 NP 33 NP 8 . . 8 9 . . . 12 22 ::s
...
:r c.
::s ~ oov.ov.n-o
"....! "v. 'N c n = o -· ....· g n
""c{g'< !!!-"'
I I I I oa~ã.o(')C~
SPECIFIC GRAVITY

VOIDRATIO
2 59

058
2 82

142
2 43

o76
3 00

1 88
2 63

o83
2 73

159
2,60

0,50
2 73

1 17
.
.
.
.
2 71

o 84
272

1 84
2,62

065
2 69

o80
.
.
.
.
2,71

o61
272 2 80

1 02 119
3 07

1,70
n
::s
o
::lc..
:r'<
~8
n
.,
ã
ª~
~
6: !i'~;' 2-g Q :E~ [ g
!: ~ à· ~cs. !.. ~~::r-::s
.2c "'>[S_g
~b.iilc'<s""IA!on
n_g c:r~... (") .. ::r
(") ·· o·
DC(%) •• 64 91 62 89 70 98 74 94 . . 77 85 74 85 . . 83 90 62 88
g,~ i(i"~~~ [00 ~
WEIGHI' LOSS
FROM
IMMERSION (%)
o 154 o 114 64 238 94 138 . . 97 266 o 144 . . 176 230 o 50
Cl.l"'
I»!
o ::s
"CC.
O
~ n el 5'
.. n

~
..
.,..
....
o

. ·-- ---- - ' --- !!- 0:


j
..

• lntercalations of sandstone, siltstone and claystone. o -..!


• • Degree of compaction. Cl.l'""'
!iN
8
~t [
[g_
. ..-·
._, ~·
(IQ
90

Figure 2 - Definition of units

o Attribute
Map
+ +
+ +
+2+ +
+
+ + + + + + 2
+ + + + + +
+ + + + +
+ + + + + +
+ + + + +

Attribute Crossing
of
Map
Maps
3

EXPLANATION
Attribute class
OJJ]
f//::1
Value 1 D Value 2

Resulting
Units values ~ Value 1 ~ Value 2

Attribute

Class of
D Value O ~ Value 1 D Value 2

Units
v.t -- 1
N ·V cmox
L
;-•
Vçj

Vt = total value of Unit


Vci = value class attribute j
Vcmox = maximum value of classes
N = number of attributes

Suitability class interval· for


lnterpretative Charts
0,00 0,35 0,70 1,00

inadequate reasonable adequa te

D
adequate Figure 2 (Gruber, 1993)
DEFINITION OF UNITS

between 22°30' and 22°45' south parallels and 47°00' declivities over residual materiais of Itararé Group,
and 47°15' west meridians (Figure 3). Ten towns are pre cambrian roclcs and basic intrusive roclcs which
included in the area with a total population of about show boulders. The other two units rest on various
·300.000 inhabitants. material types and various physicalland forms.

S. INTERPRETATIVE CHARTS 6. FINAL CONSIDERATIONS

Tables 2, 3, 4, S and 6 list limit values of attributes Engineering geological mapping is an important tool
used for establishing suitability cbarts. Figures 4, 5, in planning and land use management. Information
6 7 and 8 show the distribution of homogeneous put forward by different interpretative cbarts allow
~ of Erodibility, Excavability, Waste Disposal, planning staff to identifY which areas deserve further
Underground Works and Roads Construction Charts. studies and attention.
Orientative Chart for Land Use Planning and Orientative General Chart for Land Use and
Management is showed in Figure 9. Adequate Unit is Management is an important document for deciding
located in areas with declivity ranging from 2 to 5% about the different ways of land use and terrain
on sandy and clayey unconsolidated materiais. occupation.
IJ!!Idequate Unit is confined to areas with hi@!_er
91

Table 2 - Limit values of attributes used for establishinR class erosion susceotibiiW
to Erodibility Chart.
ATIRIBUTES LOW ERODmiLITY MEDIUM ERODmiLITY IDGH ERODmiLITY
residuais clayey materiais sandy materiais: residuais
'Materiais from basic and Itararé Clayey sand materiais from Itararé Group
Group (Unit 4) roclcs (Units 1,2,3 and 5) and
from rock basement
Erodibility factor(USLE) <025 o25-0,45 >045
Declivitv (%) 0-5 5- 10 > 10
concave or convex lesser convex to straight lesser convex larger than
Land form
than 200m in length than 1OOOm in lenltth 1OOOm in length
Present and foreseen natural vegetation and annual cropping with
occupation large reforesting trees seasonal cropping some bare soil and
disordered occupation
hill erosion no marks fewmarks somemarks

Figure 3 - Location of Cosmópolis

SÃO PAULO STATE

LOCATION OF COSMúPOLIS

Figure 4 - ERODIBILITY
CHART
EXPLANATION
U N I T S

D- Low erodibility

O- Medium erodibility
/

11-
í'v -
High erodibility
Limits between Units

cls - Urban Area

~ - Dam
NtO SCALE GRAPHIC
Okm 2 4 6 8km
e-'"'! .....,

From Gruber, 1993

.Figure 4 - Erodibility chart


92

7. ACKNOWLEDGMENTS Farias, I.C. et al. 1984. Guia para la Elaboracion de


Estudios del Medio Físico: Contenido y
The authors are indebted to Programa de Apoio ao Metodologia. 2 ed. Madrid, CE01MAIMOPU,
Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (PADCT) 572 p. {Série Manuales, 3).
and to Fmanciadora de Estudos e Projetos (FINEP) Gruber, G.AG. 1993. Mapeamento Geotécnico da
for financiai support and to SOFTPLAN - Folha de Cosmópolis-SP. Dissertaçio de
Planejamento e Sistemas Ltda for allowing the use of Mestrado, Escola de Engenharia de Silo
equipment to draw maps and cbarts. Carlos!USP. Silo Carlos/SP, 2v.
Oliveira, J.B. et al. 1979. Levantamento Pedológico
Sernidetalhado dos Solos do Estado de São
8. REFERENCES Paulo- Quadrícula de Campinas. Rio de Janeiro,
SUPRENIIBGE, 172 p.
Aguiar, R.L. 1989. Mapeamento Geotécnico da Área Ponçano, W.L. et al. 1979. Mapa Geomorfológico
de Expansão Urbana de Silo Carlos: Contribuição Preliminar do Estado de Silo Paulo. Silo Paulo/SP,
ao Planejamento. Dissertaçio de Mestrado, IPT/SP. Escala 1:500.000.
Escola de Engenharia de Silo Carlos/USP. Silo Zuquette, L.V. 1987. Anãlise Crítica da Cartografia
Carlos/SP, 2v.
Geotécnica e Proposta Metodológica para
Condições Brasileiras. Tese de Doutorado, Escola
de Engenharia de Silo Carlos!USP. Silo
Carlos/SP, 3v.

Table 3 - Lirnit values o f attributes used for establishimz class of suitabilitv to Excavabilitv Chart.
ATTRIBUTES ADEOUATES REASONABLES INADEOUATES
Declivitv (%) < 10 10-20 >20
Bedrock depth (m) >50 20-50 <20
Residual and trans- Residual materiais from Residual materiais with
Unconsolidated materiais ported materiais (without soft to medium resistance boulders andlor blocks.
boulders andlor blocks) rock
Water deoth (m) >50 I O-5O <10

Table 4 - Limit values of attributes used for establishinll class of suitabilitv to W aste Disoosal Chart.
ATTRIBUTES ADEOUATES REASONABLES INADEQUATES
Declivitv (%) 2-5 5 -lO <2 e> 10
CTC (e mll./IOOil) > 15 o 5,0- 15,0 <5,0
Coefficient of permea- 4.to-3 - 7.to-4 to-2- 4.10-3 > to-2 e< 7.to-4
bilitv (cm/s)
Water depth (m) > 5.0 1 o-5o <50
Bedrock depth (m) >200 5,0-20.0 <50

Table 5 - Lirnit values of attributes used for establishir ll class of Undenzround Works Chart.
ATRIBUTES ADEOUATES REASONABLES INADEQUATES
Bedrock depth > 5,0_ 2,0-5,0 <2,0
(m)
sandy, clayey and residual materiais from
Unconsolidated residual materiais from (Itararé Group), granites
materiais granites and basic rocks and basic rocks (with alluvium
(without boulders andlor boulders andlor blocks)
b1ocks)
water depth (m) >5,0 10-50 <lO

Tab1e 6 - Limit values of attributes used for estab.lishing c1ass o f Road construction c hart
ATRIBUTES ADEQUATES REASONABLES INADEÕUATES
sandy and clayey sandy, clayey and alluvium and residual
materiais with good to residual materiais from materiais from Itararé
Unconsolidated excellent properties for granites and basic rocks Group,granites and basic
materiais using as construction with reasonable intrusive rocks which
materiais for base properties for road show bad performance as
co~ses construction road construction
material
Declivitv (%) <5 5- 10 > 10
Water depth (m) > 1,0 - < 1,0
Bedrock depth (m) > 10,0 2 o- 10,0 <2,0
Superficial drainage <4,0 4-5 >5
channelsfkm2)
1 (
93

Figure 7 - Underground Works Charl Figure 8 - Roads Conslruction Chart

From Gruber, 1993


EXPLANATION
NO
U N I T S SCALE GRAPHIC

t
Okm 2 4 6 Skm

D- adequa te D- reasonable - inadequate

Í\J - Umils between Units ~- Dam aLI$ - Urban Area


94

EXPLANATION ORIENTATIVE CHART


FOR LAND USE
U N I T S PLANNING

D- adequate ~ - less adequa te D- reasonable Figure 9

11- inadequale ~- Dam NO SCALE GRAPHIC

d - Urban Area í'v - Umits between Units t Ok:. .I! !~1= 2Ji i íjiõij íj i i i i il3: : :J4km
95

Geological-geotechnical mapping and characterization on rock mass of River


Setubal Dam, Minas Gerais, Brazil
Zonage et cartographie géotechnique et caractérisation du massif rocheux du barrage
de Setubal, Minas Gerais, Brésil
Silvana R. Liporaci & Nahor N.Souza Jr
Engineering Geological Departmenl, E E SiW Carlos, University of SiúJ Paulo, Brazil

ABSTRACf: This hydraulic scheme is located on the Setubal River, at Jequitinhonha River Valley. 1be lithology
is varied. Carbonatic quartz-schist is dominant, with pock:ets and intercalations of other rock: types.
The schistosity is the principal structural feature, followed by tectonic cleavage and four joint sets.
The characteristics showed through geological-geotechnical mapping, directioned alterations and definitions oi the
spillway excavation design, in the light of the rock: mass behaviour, in order to achieve striketdip on spillway
slopes.
The rock: mass quality was evaluated according to the degree of fracturing. 1be intact core length, according to
RQD, was not considered.
According to mapping executed on this geologically and structurally complex rock: mass, it was observcii that the
survey method and probabilistic study of discontinuities proposed by Priest & Hudson may lead to unreal evaluation
of a rock: mass quality, due to the generalization of a local information

RÉSUMÉ: I..e développement des sources hydrauliques de la riviere Setubal est située dans la Vallée de la
Jequitinhonha. La lithologie est variée. I..e quartz-schiste carbonatique est dominant et présente des portions et des .
intercalations d' autres roches.
La schistosité est la principale caractéristique structurelle suivie par le clivage tectonique et quatre conjoints de
diaclases.
I..es caractéristiques montrées à travers les soulevés géologique-géotechniques, ont directioné les changements et
les nouvelles définitions du projet de creusement de l'evacuateur selon la condition réelle du massif rocheux, pour
obtenir la meilleure définition de la pente de I' evacuateur.
I..e massif rocheux a eté évalué selon le degré de fracturation. La longueur de l'echantillon intact n'a pas eté
considerée.
Selon la relevée executée sur ce massif rocheux, géologiquement et structurellement complexe, il a été observé que
la méthode de soulevé et d'étude probabilistique des discontinuités, proposée par Priest & Hudson peut fournir des
évaluations irréelles sur la qualité du massif rocheux dans un projet, à cause de géneraliser les données obtenues
localernent.

1- INTRODUCTION
In the emergency deviation canal, common and rock
The hydraulic exploitation is located on the Setubal excavations were conducted with slopes of 3V:2V
River, at Jequitinhonha Ríver Valley, in the northern and 5V:lH respectively. From the geotechnical point
region of State ofMinas Gerais, Brazil. of view, the excavations were made mainly in
The rock masses that lie along the Setubal Dam saprolite and desarticulated decomposed rock (D3 to
belong to the Precambrian, they are part of São D5 and F3 to F5). The excavation in the coherent
Francisco Super-Group of the Salinas Unit. The rock (Dl to D3 and Fl to F3) happened only in the
lithology is quite diverse with the predornination of middle portion of the canal.
carbonatic-quartz-schist and quartzite in which the The right wa1l of the canal was appreciably
most salient are quatz-sericite-graphite-schist and influenced by the dip of the schistosity, particularly in
sericitic-calciferous quartzite. the reaches of occurrence of saprolite and
decomposed rock (D3/D4/D5), acquiring the final
inclination of approximately 45°.
2 - SYNTHESIS OF THE GEOLOGICAL ANO In the water intake, the excavations were conducted
GEOTECHNICAL CHARACTERISTICS OF THE in first and second category material, represented by
ROCKMASS colluvium, residual soil, saprolite (rock D4/D5),
eventually some portions of D2/D3 rock at the base
The excavations of the temporary deviation gallery of the slope.
were developed in the quartz-rnicaschist With The inclination of 63° (2V:lH) of the right slope
graphite and eventually some portions of quartzitic generated during the rainy period generalized
rock. Both the rock present sound appearance ruptures along the schistosity besides the numerous
(Dl/D2) and they present some fractures (Fl/F2) wedge failures due to the interaction of shistosity
with the exception of few segments where it is very with the main plane of fracture.
or highly weathering (D4/D5) and medium to highly From the structural point of view, the schistosity ( l)
fractured (F3/F4). (N 20° E/45° NW) is without doubt the main
Only two planes of schistosity were found to be open discontinuity with medium concordant attitude with
with appreciable continuity containing decomposed the direction of fiow and reclining toward the left
íilling mat_erial with small ~ of friction. shoulder.
%

The tectonic cleavage (6) occurs cutting the surface n


of schistosity, exhibiting medium attitude (N 30° RQD = 100 L x i /L, where:
E/80° to 900 SE) sometimes toward NW. i =1
Beside these, there exist four more sets of
Xj = is tbe length ofthe i th reach ~ 0.1 m
discontinuities(joints and/or fractures) of regional na-
ture which were identified in the field with medium n = is tbe number ofintact reacbes ~ 0.1 m
L = ís tbe lengtb of scanline or borebole along which
attitude: (2)- (N 60° E/65° NW); (3)- (N !5° W/60°
tbe RQD value is required.
NE);(4) - (N 40° W/55° SW);(5) - (N 45° E /60°
SE).
Priest & Hudson (1976, 1979) proposed that the
study of tbe survey of the existing díscontinuities at
3 - :MEIHODOLOGY FOR SURVEY OF TIIE
least along two perpendicular !ines traced on the rock
ROCKMASS
mass (outcroppings and the excavated slopes) should
give, according to statistical theory, same probability
During the stages of preliminary and basíc designs, a
distribution or density as that of the rock mass as a
survey of the discontinuities revealed in the rock out
whole.
croppings existing along the river banks and in the
For these autbors, accordíng to standard theory, if
grottos was made.
each small segment of the mapping line bas equal or
During the construction and execution of the project,
smaller probability of containing a point of intersec-
geological and geotechnical rnapping of tbe
tíon of a discontinuity, these points follow Poisson
excavatíon surfaces (slopes and foundations) was
distribution and the associated spacing follow a
made with the purpose of determiníng and recording
negative exponential distnbution expressed as .
tbe "in situ" characteristics of tbe surfaces for
installation of hydraulic structures. Tbis allowed a
verification of the parameters used in project and f(x) = À. e -À.X
provide for necessary cbange in the rock mass
conditions instead of tbose initially assumed f(x) = frequency of a discontinuity spacing x
(preliminary and basic design) x = discontinuity spacing
The study of geological and geotechnical /,. = average number of discontinuities per metre.
characteristics recordíng by rnapping provide the
necessary basis for the cbanges and the definition of Tbese authors also propose a formula for the
the design of installation and excavation for tbe calculation ofRQDt* indexas:
spillway on the rigbt abutment in order to fit tbe real
conditions for the behaviour o f the rock mass. RQDt* = 100 e -À.X (Â.t + 1 )
The rnapping works (scale 1: l 00) for tbe slopes were
cbecked with the topographic survey of tbe This general expression for RQDt*(theoretical)can be
excavated surfàces, beside the normal staking, used for other values of the length of intact reaches
included labeling tbe absolute leveis on tbe slope than the conventíonal value ofDeere (t = 0. 1m).
faces at 5m vertical intervals at 1Om horizontal
intervals. In the foundations, the staking was 5m eacb 5 - CORRELATION BETWEEN DEGREE OF
(Figures 1 and 2). FRACTURING AND THE INDICES OF DEERE -
The mapping of final excavated surfaces consisted of PRIEST & HUDSON
delimitation of the geologically and geotechnically
uniform areas considering the characteristics ··tike: For the evaluation of the discontinuities in the
Weathering (DI= sound rock until D5= extremely Setubal rock mass, the degree of fracturing was
weathering rock); Consistency (Cl= very consistent utilized. 1t ís the number of discontinuities existing in
until C5 consistency of the soil or cflimbly); each one meter length of the bore or mapped surface,
Fracturing (FI= occasionally fractured , smalfi:r tban independently of the spacing existing between them
1 fracture per meter, until F5 = extremely fractured and also irrespective of the size of the intact reaches
or fragmented , bigger than 20 fractures per meter) in view of the fact that the spacing of schistosity and
Considering litology types: micaschist(MX);quartzite oftectonic cleavage is ofthe order ofmillimeters.
(QT);quartz..schist(Qx).Components Minerais: quartz It was found that the degree of fracturing obtained
(qz); graphite (gf) and calcite (ca). Consideririg soil from the borehole, a given location is analogous to
leveis: coUuvium (CO); residual soil; (SR); saprolite that obtained on the surface. Tbis fact was also
(SA); and others characteristics Shown in figure 1. suggested by Deere with reference to RQD.
Different discontinuities (schistosíty, tectonic 1t was al"so observed that the degree of fracturing
cleavage, Joint/ fracture, etc.) and tbeir ln:incípal íncreases proportionately with its degree of
characteristics such as: attitude, weatbering, opening, weathering in view of tbe fact that sealed
filling, roughness, etc., were catalogued according to discontinuities in the sound rock are not quite
the recommendations ofiSRM (1981). perceptible.
In the rock with degree of weathering 03, 04, D5,
these discontinuities are weU-defined . by
4 INDICES EMPLOYED FOR TIIE decomposition or even open.
MEASUREMENT OF TIIE INTENSITY OF For each degree of fracturing, average number of
DISCONTINUITIES fractures per metre and the average spacing between
the fractures were considered. The table 1 Sbows
The form of the index used to describe the intensity degree of fracturing adopted for Setubal.
of discontinu{ty, frequently depends upon tbe nature The Figure 3 sbows the curve of distnbution of
oftbe study and upon tbe technique ofinvestigation. discontinuity spacings of Setubal rock mass adapted
Thus the results of the inspection of a line of to the Theory ofPriest Hudson (1976).
observatíon or the quality of the rock obtained during In reality, this curve reflects more the classification
the field investigation can be described by the metbod adopted for the rock mass indicating that there is a
proposed by Deere: the Rock Quality Designation correlation between the degree of fracturing and tbe
(RQD) is given by: Theory ofPriest & Hudson.
97

On the basis ofthe line A-B (Figure 2), traced on the reaches of 1. Om length or greater which confirms the
geological and geotechnical mapping of the floor of field observations.
the deviation gallery between the stakes 5 + 1O and
7, theory of Priest & Hudson is applied. The total
length ofthe line is 32m such that 21m have degree 3.5..----------------,
of fracturing (F3), thus total estimated number of 3
fractures for the reach is 109 and average number of
discontinuities per meter (1..) is: 3,4
The Figure 4 shows that the discontinuities located r~
along A-B follow a negative exponential distribution. 'f 1.5
S(
In other words, the discontinuities with small :;:'1

spacings are more common thus allowing the use of 0.5


the Priest & Hudson model.
The Figure 5 shows that 95,4% of the rock mass has o 0.2 0.4 0.5 0.8
X -Oiacontlnulty sp.dng (m}
the probability of containing intact reachs (t ~ 0. 1m)
and that 14,70/o of the rock mass may contain intact Figure 4- Scanline A-B ofthe deviation gallery

...
--------------------""''

-a-

LEGEND OF THE PROFILES.

1 - Structural aspects 2 - Unstabilisations

- - x - Open schistosity Sliding


----x ---- Closed schistosity
-Y-rx..l...fT Open schistosity with weathering wall Wedge ofb1ocks
--c- Open tectonic cleavage
---e---- Closed tectonic cleavage Splintered area due to explosion
......,..,.c..,.... Open tectonic cleavage with

--F-

---- F----
~F..Y..,
weathering wall.
Open fracture
Closed fracture
Open fracture with weathering wall
'' Crack due to explosion

3 - Water conditions

? Humidity
Measured schistosity or tectonic
cleavage
Schistosity or estirnated tectonic
?~ Drop

cleavage ? ?9 Jet ( Vmin )


Fracture with measured dip
Fracture with estimated dip 4 - T echnical data
Vertical fracture or plane
Number ofthe discontinuities
Fracture or schistosity surface
-m-. Point of reference

:: ;Fs Fracturing zone --v--v-v- Natural rock top

-b-

Figure 1 - Geological-geotechnical mapping of the right wall of the deviation canal: a - profile; b - legend of the
profiles (Fig. 1a and Fig. 2a)
98

100
6 - STIJDIES OF STABILITY OF THE SLOPE OF
80 THE RIGIIT W ALL OF THE SPILLWAY

The Setubal Darn design requires a spillway of 240m


length and of 40m height excavated in soil (saprolite)
and sound rock. Figure 6 shows the study of spillway
slope stability.
20 As the excavation of other hydraulic structures
proceeded and the geological and geotechnical
o 0.2
services of the surfaces conducted, it was observed
0.4 0.6 0.8
t(m) that:
The surface of schistosity (1) (N 20° E /45~ is
comrnonly plane,rough and continuous (up to 100m),
notably in the weathering rock portions (03 to 05)
Figure 5 - RQDt calculation ofthe scanline A-B where these surfaces, in general, are found to be
open and oxidized or covered with decomposed

.
g

"'
ftATHERINI SHIST0$1TY Pt.ANE 104/0~)
THICKHE.SS (5 te 1tS ••)

-a-

DISCONTINUITY N• I lo lb 2 2o 2b .3 3o 3b 4 4o 4b 5 5a Sb
FRACTURE I JOINT X X X X X X X X X
"'"'< SHISTOSITY X X X
..J
<.> TECT. CLEAVAGE X X X
PLANE X X X X X X X X X X X
~ UNOULATE X X X X X X X X X X X X
f!: IRREGULAR
LtJ STEPPEO X X X X X X X X X X X X X X X
o.
>- SMOOTH
1- SLICKENSIDEO
X X
LtJ
<.> ._, OXIOATION X X X X X X X X
<
u. ~ X X X X X X
a: a: 01
::> LtJ
:I:
02 X X X X
1/)
1- 03 X X X X X X X
< 04 X X X X X
~ os X X
CLOSEO X X X X X

i ROCK- ROCK
MILLIMETRIC
CENTIMETRIC
GENERAL
PARTIA L X
X

X
X
X
X X
X

X
X
X
X
X

X
X X
X

X
X
X

X
X
X

X
X
X
X

X
X
X

X
:i COHERENT X X X X X X X X X X X
o
<.> UNCOHERENT X
"'..J QUARTZOUS X X X
~ LtJ CALCIFEROUS X X X X
0:: o.
LtJ >- SANOY X X X X X X X X
1- 1- X X
CLAYEY X X
< 1 1 1 1 1 1 1 1 1 o.s o.s 1 1 1
::!:
THICKNESS tmm l to to to to to to to to lo to to to to to
._, 2 5 30 10 10 10 2 5 40 \0 5 20 5 20
~ EXPANSIVE
-' X
CLEAR X X X X
=
u. 0::
o GREEN
-' REO X
X
X X X
X
X
X
X
X
X
X X
X
8 DARK
0:: HUM!DITY
LtJ
1- OROP
~ JET X
N 350•to so• N 40• to 75• N 2eo•to 315" N1o•to so• N 10•to so•
ATTITUOE
os·to so• NW 35• to 75" NW 35" to aa"NE
or SW eo•to ~;-~~ 2• to so• SE

-b-

Figure 2 - Geological-geotechnical mapping of the floor of the deviation gallery: a - scanline A-B; b
classification of the discontinuites
99

material of small angle of friction. first two were found to be more criticai with respect
In the zones of contact among different lithologies, to stability cuts. Separately or combined with otlier
the schistosity also presents itself open and discontinuities, they are potentially unstable 8S ·
weathering. In sound rock the schistosity is generally regards plane rupture or wedging.
closed and cemented by Si02 or CaC03 , in this The set (2) is, as a rule, characterized by surfaces of
case, when the schistosity is open, they present plane compartmentation and spacing of centimeter to
milliletric widths and rock-to-rock contacts. meter size which occur passing through varied strata
Tectonic cleavage (6) (N 30° F180°- 90° SE) occurs of ditferent lithologies mainly of quartzite rock.
mtersecting the surface of schistosity. It is nearly In the sound roclc, these fractures are generally
imperceptible in the sound rock. In the portions of blocked or cemented by quartz (Si02) whereas in the
weathering rock (03 to 05), these surfaces become altered rock, they are open, oxidized and of easy
more evident, consisting persistent and with spacing landslide.
frequently ofmillimetric size which open easily. The other notable set (3) is characterized by irregular
From the four discontinuity sets (joints/fractures) surfaces, persistent (3 to 30m) with metric spacings
identified in the field (N 60° F165°NW; N l5°WI60° either blocked or sealed by CaC03 or open with
NE; N 45° E I 60°SE and N 40° W I 55°SW ) the oxidized or weathering walls.

Table 1- Shows degree offracturing adopted for Setubal Project

DEGREEOF N°AVERAGEOF SPACING AVERAGE


FRACTURING FRACTURES ·BY BETWEEN f(x) = À e -Â.X
METRE(À) FRACTURES(x)
Fl =occasionally 1 fract/m 1,000m 0.368
fractured - 1 fract/m
F2-little fractured - 2 fract/m 0.500m 0.736
2 to 5 fract/m 3.5 fract/m 0.286m 1.288
F3=averagelly fractured - 8 fract/m 0. 125m 2.943
6 to 10 fract/m
F4=much fractured - 15.5 fract/m 0.065m 5.702
11 to 20 fract/m
F5=extremelly fractured 25 fract/m 0.040m 9.197
> 20 fractlm 33 fract/m 0.030m 12.140
50 fract/m 0.020m 18.394
100 fractlm 0. 0 10m 36.788

40 ,-------------------------------------~

30 f(x)=J... e -Âx

-
~20

Clustered and random distribution


10

o
o 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Discontinuities Spacing (m)

Figure 3 - Discontinuites spacing distribution based on degree offracturing adopted for Setubal Project
100

The set (5) occurs with less frequency if compared On the basis of thc mapping for geological and
with the last two, exhibiting, however, expressive
geotechnical characterization of the slopes of
planes (persistence of up to 70m) with millimetric
excavation for the above mentioned hydraulic
openings with characteristic of undulating, rough and
structures, a study was conducted to predict the best
weathering walls.
attitude and the inclination of the right slope of the
The set (4) occurs with less frequency than the last spillway aiming to minimize the conditions of
three sets exhibiting less expressive planes with instability of slopes excavated in the soil, saprolite
openings of millimeter to centimeter sizes when and sound rock.
weathering and having rough characteristics. The various discontinuities described above were
The shistosity allied to tectonic cleavage and to the dealt with in the equatorial diagram of equal area
other sets of detected discontinuities lead to various (Shimidt-Lambert) where the poles as well as the
wedge failures and slipping of blocks and slabs, large circles, for the sets located in the field, were
observed in the excavated slopes of emergency plotted.
deviation canal , deviation gallery and water in take Through this study, it was possible to examine the
(Fi~res I and 2).
potential instabilities caused by pl~~ rupture, wedge

w ©E W

s s
DIAGRAM I - Attitude ofthe slope: DIAGRAM ll - Attitude ofthe slope:
N 20° E I 45° NW N 20° E I 85° SE
Strength Parameters ofthe Saprolite: Strength Parameters ofthe joint rock-rock:
Cohesion = C= O, Angle offriction = 0 = 28° Cohesion =C= O, Angle offriction = 0 = 45o

Potential Instabilities: Potential Instabilities:


-Plane Failure:None -The plane I touches the zone A -Plane Failure:Planes 3-5. The plane 6 t<!uches the
-Wedge Failure:None - The interceptions of the face of the slope.
planes 1-2 and 1-4 touch the zone A. -Wedge Failure:Combination of the planes 3-5, and
-Toppling Failure: Yes, plane 6. 3-6. The planes 2-3 touch the face of the slope. The
planes 4-5 are intercepting themselves in the limit of
the angle of friction
-Toppling Failure:None

LEGEND OF THE DIAGRAMS:

r;( The great representative circle from each set Zone A - Unstable - surface of the
/ of discontinuities discontinuity intercepting unfavorably
the face of the slope, with dip greater
than the angle of friction.
Interception point between two planes of the
( discontinuities Zone B - Stable - discontinuity with
2
dip greater than the angle of friction
(0), but not intercepting the face of
The great representative circle from slope the s1ope.
face
Zone C - Stable - discontinuity with
dip smaller than the angle o f friction
Dip direction of each set of discontinuities (0), without intercepting the face of
slope.

Representative pole of each set of Zone D - Unstable - with possibilities


'z discontinuities of toppling failur:_.

Figure 6- Study ofstability ofthe right slope ofthe spillway: diagram I and ll
lO I

failure or by toppling. The slope in saprolite, attitude 9 - REFERENCES


N 20° E I 45°NW was considered with an angle of
fiiction of28° (obtained from tests) and the slope in Goodman, R. E. 1989. Introduction to rock
sound rock, attitude N 20° E I 85° SE with an angle mechanics - Second edition, John Wdey & Sons,
offiiction of 45° (by literature) (Figure 6 a and b). Inc.
Hasui, Y & Mioto, J.A. 1992. Geologia estrutural
7 - CONCLUSIONS aplicada - ABGE (Associação Brasileira de
Geologia de Engenharia & S.A. Industrias
The use of degree of fracturing as indices to measure Votorantim- VOTORANTIN.
the intensity of the occurrence of discontinuities in a Hobbs, N.E.; Means, W.D. & Willians, P.F 1989
rock mass is shown to be feasible. It was found that An outline of structural geology - John Wdey &
the degree of fracturing can be correlated with the Sons, inc.
two traditional índices proposed by Deere and Priest Hock, E. & B'ray, J.W. 1977 Rock Slope
& Hudson. Engineering - Revised second edition. The
As regard the theory of Priest & Hudson, one should Institution ofMining and Metalurgy, London.
take exception about the statement that the survey of ISRM - Intemational Society for Rock Mechanics
the existing discontinuities in just two !ines can 1981. Comission on testing methods for rock
provide the quality of the rock mass as a whole. characterization testing and monitoring, E.T.
It was observed in the field that this procedure can Brown - Royal School of Mines, Imperial College
either overestimate the quality of the rock mass or of Science and Technology, London, England - by
otherwise penalize it, this is due to the fact that there Pergarnon.
may be intercalations of various lithologies having LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil
different susceptibilities to fracture and weathering. 1988. Estudo das descontinuidades e sua
influência no comportamento das rochas e
8 - ACKNOWLEDGMENT maciços rochosos. lo. relatório: as
descontinuidades nos maciços rochosos,
Acknowledgment to Engineering geological Dep of características geométricas e influência na
the CEMIG- Companhia Energética de Minas Gerais deformabilidade dos maciços. Ministério das
(Energetic Company of Minas Gerais) and Obras Públicas, Transportes e Comunicações,
Association SPEC-DAM Lisboa.
Loczy, L. & Ladeira, E.A. 1976. Geologia estrutural
e introdução à geotectônica - Ed. Edgard Blücher
Ltda.
Priest, S.D. & Hudson, J.A. 1976. Discontinuity
spacings in rock - in: Int. J. Rock Mech. Min. Sei.
& Geomech. Abstr. vol. 13, p. 135-148.
Pergarnon Press, England. .
Relatório 1991. Mapeamento geológico e geotécnico
- Projeto executivo do Aproveitamento de Setúbal
- Consórcio SPEC-DAM.
102

Engineering geological mapping at Leme region (State of São Paulo, Brazil)


based on Zuquette ( 1987) methodological proposition
Cartographie géotechnique de la région de Leme (État de S. Paulo, Brésil) fondée à la
proposition méthodologique de Zuquette ( 1987)
José Augusto de Lollo
State University of São Paulo, Brazil
Nilson Gandolfi
University of São Paulo, Brazil

ABSTRACT : The Zuquette (1987) methodological proposition was a trial for stablish engineering
geological mapping methods for Brazilian conditions. This paper focuses the first effort to apply this
methodological proposition on regional scale, and was developed in "Leme Region" (in the central-
east part ofSão Paulo State, Brazil) at 1:50.000 scale on an area that measures 717,43 km2.

RÉSUMÉ: Zuquette en 1987 a proposé une nouvelle technique dont l'objectif est établir des
méthodes de cartographie géotechnique pour les conditions brésiliennes. Le but de cet article est
de présenter, dans une échelle régionale, une premiere tentative d'application de cette nouvelle
technique. Le site proposé a été celui du Leme, situé dans le centre-ouest de l'état de São Paulo -
Brésil, à une échelle au 1:50.000 sur une surface d'environ 717km2.

1 INTRODUCTION 2.1 Principies

This study was the first effort to apply the The fundamental principie of the
Zuquette ( 1987) methodological proposition on methodological proposition is the utilization of
regional scale, and was developed in "Leme objective, low cost and rapid methods for
Region" (in the central-east of São Paulo State, information survey, and the attribute
Brazil) at 1:50.000 scale on an area that classification through naturalistic characteristics.
measures 717,43km2. The obtention and observation of this
The scope of this study was test the efficacy attributes was based in three kinds of works : ( l)
of the methodological proposition for the foregoing geological and geothecnical works; (2)
regional conditions and the chosen scale, and to remote sensing; and (3) field works. The basic
present comprehensive special purpose maps documents is that ones consulted (or produced)
that shows the conditions under some obligation for the obtention of environmental information,
in front of the works kind and considerable permitting the elaboration of interpretative maps.
occupation.
Observational maps (such topographic, bed
rock, soil units, surface drainage, documentation 2.2 Methods of work
and steepest slopes) were used for prepare seven
comprehensive maps (erodibility, excavation The work sequence include four steps : ( 1)
difficulty, waste disposal suitability, obtention and analysis of basic maps; (2)
construction natural resources, slope stability, elaboration of auxiliary maps; (3) production of
subsurface installations suitability, and road interpretative maps; and (4) presentation of
installation suitability). Among this maps, will geothecnical conditions in comprehensive maps.
be here presented only the maps ofbed rock, soil The basic maps are topographic, geology,
units, steepest slopes, erodibility, excavation surface drainage, pedology, geophysics,
difficulty, and waste disposal suitability, that geomorphology, climate, and occupation maps.
which be considered the most important in this The really elaborated maps auxiliary map is
area. the steepest slope map, according to gauge
methods of De Biasi (1970), that represents the
inclination of terrain in terms of percentage,
2 METHODOLOGICAL PROPOSmON considering five classes (for regional surveys) :
<2o/o, 2-5o/o, 5-100/o, 10-200/o, >200/o. Other
The Zuquette (1987) methodological auxiliary map is the documentation map in
proposition was a trial for stablish engineering which is presented the information about
geological mapping methods for Brazilian foregoing geological and geothecnical works,
conditions, were it stands the knowledge of include laboratory and "in situ" tests.
engineering geological mapping in other The groups of comprehensive map considered
countries and the difficulties that appeared in the methodological proposition are General
during their adaptation to Brazilian territory. ~ose Geothecnical Zoning Map, SI?_ecific
l03

Purpose Geothecnical Zoning Map, General sediments units . three sediment units
Planning Map, and Construction Conditions (arenaceous alluvial sediments, arenaceous
Map. Among this four types, the most applicable colluvial sediments, and argilaceous colluvial
are Specific Purpose Geothecnical Zoning Maps, sediments) and six soil units ( argilaceous
that represents the evaluation of the area based residual soil from basalt, lrati and Corumbataí
on an specific use proposition. formations; and arenaceous residual soils from
For the geothecnical condition analysis will Botucatu, Pirambóia and Tatuí formations).
be necessary foregoing information. and others The steepest slopes (map 3) shows the zoning
information obtained from laboratory tests and of the studied area in terms of five classes
estimate properties (in the case in which <2%, 2-5%, 5-10%, 10-20%, >20%.
extensive laboratory tests were expensive). For elaborate the erodibility map will be
For the soils units the methodological considered the attributes : nature of soil
proposition foresee the following tests : materi~s. soil profile, slope form, slope
granulometric distribution. atterberg limits, extens1on. steepest slope, and occupation. The
proctor normal compactation. mini-MCV, and area. ~~ divided into three classes : higb
mineralogy. For rock materiais : density, erod1b1hty (soft arenaceous soils in long and
mineralogy and resistance. The estimate convex slopes occupied for annual agricultural
properties are : permeability, compressibility, activities or natural vegetation); medium
expansibility and resistance. erodibility (structured arenaceous or argilo-
arena~eous soils in convex medium slopes,
occup1ed for annual agricultural activities); Iow
erodibility (argilaceous soils in convex and
3 APPLICATION
concave slopes, occupied for annual agricultura!
3.1 The Leme Region activities). The representation of this zoning is
presented in map 4.
The Leme Region in localized in the central- For excavation difficulty analysis was
east part of São Paulo State between the considerate the attributes : nature and thickness
meridians 47°15' and 47°30'W and the parallels of soils and sediments, subsurface deep water,
22°00' and 22°l5'S, corresponding to the "Folha steepest slope, and bed rock characteristics. For
de Leme" at 1:50.000 scale (ffiGE 1971). The this zoning were considered three classes :
climate is, according DAEE (1981), wet sub- suitable (soil thick larger than 5m, steepest
tropical, and the area is ecologically localize slopes lesser than 1Oo/o, subsurface level water
(Setzer 1945) in the "Hot Paleozoic Depression". larger than 5m); reasonable (soil thick between 2
The relief is wavy and gende. and 5m, steepest slope between 1O and 20o/o, and
According Mello ( 1979) the hydraulic regime subs~ace levei deep water between 2 and 5m);
is characterized for to present three typical and madequate (soil thick lesser than 2m,
periods during the year : ( 1) rain period between steepest slope larger than 20o/o, and subsurface
October and marcb; (2) arid period between June levei deep water lesser than 2m). This zoning is
and September; (3) and transition period April presented in map 5.
and may. The natural vegetation is composite for For waste disposal suitability analysis the
savanna and tropical forest, but more than 95% considered attribute are subsurface deep water,
of this vegetation was removed for agricultural bed rock deep, nature and thickness of soils and
activities. sediments, and steepest slopes. Tbree classes of
The rock units presents pertain to the suitability was considered : suitable, reasonable,
sedimentary sequences and basic intrusives of and inadequate. No suitable areas were
Paraná Basin (Kaefer 1979). identified, but the reasonable ones may be used
The basic intrusive rocks are basalt, and the for this finality using corrective techniques. The
sedimentary units are sandstone (Botucatu and reasonable class include areas with the
Pirambóia formations), silt stones (Corumbataí characteristics : subsurface water and bed rock
and Tatuí formations) and mudstones (Irati deep bigger than 5m, steepest slopes between 2
formation). Due the tropical weathering and and 10%, and soil permeability between I 0-3 and
sediment transportation processes the area have Iü-5 cm/s. The inadequate class includes areas
three sediments units (two arenaceous and one with at least one of the attributes restrictive. The
argilaceous) and six soil units (three arenaceous representation of this zoning is presented in map
and three argilaceous). 6.

3.2 Results 4 CONCLUSIONS

The area zoning in terms of bed rock units are The . . appl_ication of this methodological
presented in the map 1. The represented units are propos1t1on. m the studied area, produce good
: basalt; Botucatu formation (fine sandstone); results m terms of geothecnical zoning, but some
Pirambóia formation (argilaceous sandstones); observations may be done, for better future use :
Corumbataí formation (silt stones); Irati (I) the adopted scale (1:50.000) would be
~onsider administrative or phisiographic limits,
formation (mudstones); Tatuí formation (silt
stones). m terms of facilitate the information access; (2)
In the map 2 could be observed the soils and the used attributes in suitability analysis would
104

be hierarquize for pennit more rapid analysis; MELLO, M.H.A. 1979. Determinação da
(3) some interpretative maps proposed in the Largura Efetiva de Escoamento da Bacia
methodological proposition (such foundation do Rio Moji-Guaçu, Aplicação do Modelo
suitability) only could be elaborated in major Macneill & Serra. Bol. Inst. Geol. de São
scales. Paulo. 6 (4).
SETZER, J. 1945. Divisão Morfoclimática e
Ecológica do Estado de São Paulo. São
5 REFERENCES Paulo : lnst. Geogr. Paulista.
ZUQUETTE, L.V. 1987. Análise Crítica da
DAEE 1981. Estudo de Águas Subterrâneas - Cartografia Geotécnica e Proposta
Região Administrativa de Campinas. São Metodológica para as Condições Brasileiras.
Paulo : DAEE. São Carlos : EESCIUSP.
DE BIASI, M. 1970. Carta de Declividade
de Vertentes : confecção e utilização.
Geomorfologia. 21 : 8-13.
IBGE 1971. Mapa Topográfico : Folha de
6 GRATEFULNESS
Leme (SF-23-Y-A-II-1) Escala 1:50.000. São
The authors express gratitude for CAPES and
Paulo : IBGE.
FINEP for the resources ceded for the
K.AEFER, L.Q. 1979. Projeto Sapucaí
"Mapeamento Geotécnico do Centro-Leste do
Relatório Final de Geologia. Brasília
Estado de São Paulo" project.
ÇP~.

,A_/
I

p,

I
l.j 4:' I
v

v - --' ~-- - - - - - - "t~


- - -- 7 -
----
~- '
I
Pc I
I
I
I
I
I
I
I
I Pi
I
I
I
Pc
I\ ___ .,.
\.----
~

v '
'
Pc
v
22"15'
47"15'
CONTACT l!i2J PIRAMBÓIA FORMATION

FAULT [E] CORUMBATAÍ FORMATION

CD BASALTS lliJ IRATI FORMATION

l1ill BOTUCATU [E] TATUI FORMATION


MAP 3 : STEEPEST SLOPES
MAP 2 : SOIL UNITS

-
o
v.

120

...
l2'1~~~.!!'!30~'.................................................-~s;;o;.-""'"....~o-----""""'--""""'.;;.a.- ih..-4~7.~Z:15'
[]i]< 2% U§]2-5% []I]s-10% [J]Q] 10- 2o% l2oo I > 2o% z~a·lla.--~íi.ll.•--------"""....;.;;&.....,.. . . . . . . . . . .""-'.l"'-i:........lt.....:li..""-....,...,.-........llzrw
4T•3o' 47•4&'
~ FINE ARENACEOUS (];i] ARGILACEOUS (aJ ARGILACEOUS
[ãgL) ARGILACEOUS [[[)FINE ARENACEOUS (JIJ ARGILACEOUS
(EJ MIDLE ARENACEOUS [fiJ FINE ARENACEOUS [li] M IDLE ARENACEOUS
s

L
-
o
0\

[!L) REASONABLE (TI INAOEOUATE HIGH [JL) MEOIUM IT]LOWER


R

R
.....
o
-.)

22'l5'U.,.'!"'"'......,__...,_...,......,..,.............~.........- ..................t-._...,....,.....,_,_..,..,_..,...,...............,......... zt•l6'


47'3)' 47• tS'
[JL) REASONABLE CDINAOEOUATE
108

COMPORTAMENTO DE ESTACAS APILOADAS


EM SOLO COLAPSÍVEL

Marcos Fernando Macacari'


Benedito José lmbiriba Carneiro'
José Carlos Ângelo Cintra2

' Mestrando. Escola de Engenharia de São Carlos - USP


2 Prof. Titular, Escola de Engenharia de São Carlos- USP

RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido no Campo Experimental de Fundações


da USP/São Carlos e teve por finalidade estudar a capacidade de
carga e o fenômeno da colapsibilidade da ligação solo-estaca em
estacas do tipo apiloada, muito utilizada na região centro-oeste do
Estado de São Paulo. Os procedimentos de ensaios basearam-se na MB -
3472, para carregamento rápido, com algumas alterações.
Foram ensaiadas seis estacas com o, 2 O m de diãmetro, sendo três
com 6,0 me três com 9,0 m de comprimGnto. Os valores médios obtidos
para a carga ültima das provas de carga (Qu) foram de 195 kN para as
estacas de 6, O m e de 280 kN para as de 9, o m. As estacas foram
reensaiadas com inundação na carga de serviço, por 48 h, não
ocorrendo colapso em nenhuma delas. Ao prosseguir o carregamento,
mantida a inundação, constatou-se uma redução média na capacidade
de carga de 22% para as estacas de 6,0 me de 18% para as de 9,0 m.
São propostas adaptações de métodos para estaca apiloada.

1. Ili1TRODUçiO

As estacas apiloadas são consideradas estacas de deslocamento,


moldadas in loco , sem revestimento, sendo sua execução possivel
apenas em terrenos porosos.
Devido a grande utilização de estacas apiloadas no interior do
Estado de São Paulo, é importante analisar o comportamento deste
tipo de estaca, através de provas de carq~.
Mas como o solo superficial dessa região é comprovadamente
colapsivel, as provas de carga foram realizadas em duas condições :
a) solo na umidade natural, e b) solo inundado.

O perfil tipico obtido a partir das sondagens, indica uma camada


superficial de sedimento cenoz6ico, com 6 m de espessura, com SPT
médio de 3,7. Trata-se de areia argilosa, marrom, laterizada, porosa
e colaps1vel. Separado por uma linha de seixos na cota - 6 m,
aparece logo abaixo solo residual do Grupo Bauru, descrito como
areia argilosa vermelha, de 6 a 10 m, com SPT médio igual a 8. o
n1vel d'água foi encontrado a 10 m de profundidade, no inverno.
Maiores detalhes encontram-se em CINTRA et al. (1991).

3. JlftODOLOGU DE DSAIO E RESULTADOS

Utilizou-se a metodologia proposta pela MB-3472/91 da ABNT, para


os ensaios do tipo rápido (QML), com as seguintes modificações : 1)
os intervalos de tempo de aplicação da carga foram de 15 minutos
conforme sugestão de FELLENIUS (1975); 2) em cada estágio foram
realizadas leituras nos tempos correspondentes a o, 1, 2, 3, 6, 9,
12 e 15 minutos; 3) o decarregamento foi realizado em apenas dois
estágios.
No sistema de reação foi utilizada viga metálica de perfil I, com
capacidade de suporte 800 kN e estacas de reação do tipo Strauss.
Para os deslocamentos, utilizaram-se extensOmetros mecânicos, com
curso total de 50 mm e precisão de O, 01 mm. Na medição das cargas
aplicadas, empregaram-se células de carga instrumentadas de 200 e
500 kN, devidamente calibradas. Os acréscimos de carga foram obtidos
com a utilização de um macaco hidráulico manual, com capacidade de
500 kN.
o procedimento das provas de earga consistia em primeiramente
ensaiar a estaca com o solo em sua umidade natural até se atingir a
carga ültima da prova de carga (Qu) e então descarregava-se.
Iniciava-se então uma segunda prova de carga, incrementa,ndo-se o
109

carregamento em estágios até a carga de serviço. Estabilizados os


recalques e mantida a carga, enchia-se de água a cava aberta em
torno do topo da estaca, com dimensões de 1,00 x 1,00 x 0,40 m. De
acordo com NADEO & VIDELA (1975) e TEIXEIRA (1993), essa técnica de
inundaç!o conduz a melhores resultados de umedecimento do solo.
Como após 48 h n!o ocorria o colapso, dava-se continuidade à prova
de carga, em estágios, até se atingir a carga de colapso (Qc).
Na tabela 1 são apresentados os valores obtidos em todas as provas
de carga para a carga ültima na umidade natural (Qu), carga de
colapso sob inundação (Qc), bem como a redução da capacidade de
carga por influência da colapsibilidade.

Tabel a 1. Redução da ca~ac~dade de carga.


Estaca L o Qu Qc Redução
(m) (m) (kN) (kN) (%)
01 6,0 0,20 232 184 21
02 6,0 0,20 200 150 25
03 6,0 0,20 150 120 20
04 9,0 0,20 255 196 23
os 9,0 0,20 312 270 13
06 9 o 0,20 270 225 17

Estes resultados demostram que a estaca apiloada é menos


suscept1vel aos efeitos de colapsibilidade do solo, quando comparada
à estaca escavada, de acordo com os dados de SILVA (1990), CARVALHO
& SOUZA (1990) e LOBO (1991).
Nas figuras 1 e 2, s!o apresentadas as curvas carga-recalque de
duas provas de carga, de uma da estaca de 6 m e outra de 9 m.

Curva Carga x Recalque


Comparação - 2A/28
L = 6 m; O = 0;20 m

Umidade Natural Solo Inundado

-e- Estaca 2A -6- Estaca 28

Carga (kN)
o 50 100 150 200

Carga Última = 200 kN


Carga de Serviço= 100 kN
Carga de Colapso : 150 kN

Redução = 25 %

Figura 1. Prova de Carga - Estaca de 6 m.

4. CAPACIDADE DB CARGA.

Para a estimativa da capacidade de carga das estacas, utilizaram-


se os métodos propostos originalmente para outros tipos de estacas.
Para o Método AOKI-VELLOSO, adotaram-se os fatores de Fl e F2 de
110

Curva Carga x Recalque


Comparação - 6 A/8
L =9 m; D =0,20 m
Umidade Natural Solo Inundado

-e- Estaca - 6A -8- Estaca - 66

Carga (kN)
o 100 200 300

10 Carga Última= 270 kN

Carga de Serviço = 135 kN

\
Carga de Colapso : 225 kN

20
Redução = 17 %

30

Ê
g
Q) 40
:::1
O"
~
~
50

Figura 2. Prova de Carga - Estaca de 9 m.

estacas pré-moldadas. Para o Método de otcoURT-QUARESMA foi


utilizado o valor de K = 400 kPa. No Método de PEDRO PAULO VELLOSO,
utilizou-se o valor de ~ = 1 (estaca cravada). os parâmetros
adotados para o Método de PHILIPPONNAT foram de estaca pré-moldada.
os valores de capacidade de carga obtidos por esses métodos são
apresentados na tabela 2, bem como os valores médios obtidos nas
provas de carga (Qu).

Tabela 2. Capacidade de carga em Estacas Apiloa~as.


'
ESTACA ENSAIO METODOS SEMI-EMPIRICOS
L o Qu Quav,SPT Qudq Quav,CP Quph Quppv
(m)

6,0
(m)

0,20
(kN)

195
(kN)

120
(kN)

147
T
(kN)
745
(kN)

74
l (kN)

134
9,0 0,20 280 170 235 190 240 I 318

A análise da tabela 2 mostra que os métodos se mostraram, em


geral, muito conservadores. Para as estacas de 6 m, as previsões
variaram entre 38 % e 69 % do valor médio da carga última obtida nas
provas de carga e, para a estaca de 9 m, variaram de 61 % a 114 %.
Por esse motivo, fez-se adaptação dos Métodos de AOKI-VELLOSO e
otcoURT-QUARESMA com o objetivo de melhorar a previsão de capacidade
de carga de estacas do tipo apiloada. Propõe-se, portanto, os
valores adaptados de F1 = 1 e F2 = 2 para utilização do método de
AOKI-VELLOSO em estacas apiloadas e o valor de K = 580 kPa para o
fator caracteristico do solo, do método de otCOURT-QUARESMA, para o
solo residual do Grupo Bauru.

6. CONCLOSÕES

Do exposto, pode-se concluir o seguinte


1) Na condição de umid~ºe natural d~ solo, as erovas de carga
111

realizadas em estacas apiloadas, apresentaram valores de carga


última em geral superiores à estimativa dos métodos semi-empiricos.
Por isso, propõe-se uma adaptação dos coeficientes F1 e F2 de AOKI-
VELLOSO e do fator caracteristico do solo de otCOURT-QUARESMA, com o
objetivo de melhorar a previsão da capacidade de carga de estacas do
tipo apiloadas. Estas sugestões devem ser avaliadas por ensaios
adicionais.
2) Nas provas de carga com inundação por 48 h, no estágio
correspondente à carga de serviço, nenhuma das estacas entrou em
colapso. Mesmo em um reensaio de contra-prova, com inundação durante
120 h na carga de serviço, não se verificou nenhum indicio de
colapso.
3) o efeito da colapsibilidade s6 manifestou quando se deu
continuidade ao carregamento em .estágics, ap6s a inundação por 48 h
na carga de serviço. Nessa condição, determinou-se uma carga de
colapso em média 20% inferior a carga última do ensaio sem
inundação.
4) o processo de apiloamento reduz, portanto, os efeitos da
colapsibilidade do solo, quando comparadas às estacas escavadas.

7. BIBLIOGRAJ':IA.

ABNT/MB-3472. (1991). Estacas- Prova de carga estática.


ALBIERO, J .H. (1990). o Emprego de F6rmulas Emp1ricas na Previsão
daCarga Oltima de Estacas. Tese de Livre Docência. EESC/USP-São
Carlos.
ALBIERO, J .H. (1990). Correlação entre Resistência de Cone (CPT) e
Resistência a Penetração (SPT), para Solos Lateriticos. n: IX
Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de
Fundações. Salvador-Ba. v.2 : 187-194.
AOKI, N. & VELLOSO, O.A. (1975). Um Método Aproximado para
Estimativa da Capacidade de Carga de Estacas. In V Cong. Pan. de
Mec. dos Solos e Eng. de Fundações. Buenos Aires. p.367-376.
CARNEIRO, B. J. I., CAMPELO, N. S., MACACARI, M. F. E CINTRA, J. C.
A. (1994). Correlação entre Carga Oltima de Estacas à Tração e à
compressão em Solo Colaps1vel. 2° Simp6sio sobre Solos Não-
Saturados. ABMS - Regional Nordeste.
CARVALHO, O. & SOUZA, A. (1990). Análise do Efeito do Umedecimento
do Solo em Fundações Rasas e Profundas, em Solos Porosos. In: IX
congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de
Fundações. Salvador-Ba. v.2 : 107-114.
CINTRA, J .C.Ai CARVALHO, O. i GIACHETI, H.L. i BORTOLUCCI, A. A. &
ALBIERO, J.H. (1991). Campo experimental de fundações de São Carlos.
In : SEFE II. São Paulo. v.1 : 96-105.
DtCOURT, L. & QUARESMA, A.R. (1978). Capacidade de Carga de Estacas
a partir dos Valores do SPT. In: VI Congresso Brasileiro de Mecânica
dos Solos e Engenharia de Fundações. Rio de Janeiro. v.1. p.45-53.
FELLENIUS, B.H. (1975). Teste load of piles and new proof test
procedure. ASCE. Journal of Geotechnical Engineering Division. n°
101. GT9 : 855-869.
GIACHETI, H.L.i RÕHM, S.A.i NOGUEIRA, J.B. & Cintra, J.C.A. (1993).
Propriedades geotécnicas do Sedimento Cenoz6ico. In: Solos do
Interior de São Paulo. ABMS/USP-São Carlos. p.l43-175.
LOBO, A. S. (1991). Colapsividade do Solo de Bauru e a sua
Influência em Estacas de Pequeno Porte. Tese de Doutoramento. EESC-
USP/São Carlos. 216 p.
PHILIPPONNAT, G. (1978). Método Prático de Cálculo de Estacas
Isoladas com Emprego do PenetrOmetro Estático. (Tradução ABMS
1986).
SACILOTTO, A.C. (1992). Comportamento de estacas escavadas
instrumentadas, submetidas à provas de carga lentas e rápidas.
Disssertação de mestrado, USP/São Carlos, 163 p.
SILVA, J.C.B.J. (1990). Análise dos Resultados de Provas de carga em
Estacas de Pequeno Diâmetro em Solo Colaps1vel. In: IX Congresso
Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações.
Salvador-Ba. Vol. 2, p.125.
TEIXEIRA, c.z. (1993). Comportamento de estacas escavadas em solos
colapsiveis. Dissertação de Mestrado, EESC/USP. 157 p.
VILAR, O.M. (1979): Estudo da compressão unidirecional do sedimento
moderno (solo superficial) da cidade de São Carlos. Dissertação de
Mestrado. São Carlos. EESC/USP. 110p.
112

ENSAIO DE PERCOLAÇÃO RADIAL EM UM ARENITO


DA FORMAÇÃO BOTUCATU

Samuel de Oliveira Magro, Geól.'


Tarcisio Barreto Celestino, Dr., Eng. 2
Antonio Airton Bortolucci, Dr., Eng. 2

' Instituto Geológico de 8ao Paulo


2 Prof .• Escola de Engenharia de Sao Carlos - USP

RBS'CNO

Este artigo apresenta os resultados obtidos em uma amostra de


arenito Botucatu quando submetido ao ensaio de percolação radial, com
pressões de percolação de água variando de 40 a 1000 kPa. Sob fluxo
convergente observou-se uma diminuição nos valores de permeabilidade com
o aumento da pressão de percolação, o que pode ser explicado pelo
fechamento dos poros e microfraturas presentes na rocha. devido às forças
compressivas do fluxo. Sob fluxo divergente. no entanto, não se
observaram ~créscimos de permeabilidade, como era de se esperar. já que,
neste caso. as tensões resultantes do fluxo. predom~nantemente de tração.
tenderiam a abrir as microfraturas aumentando a permeabilidade da
amostra. Este comportamento anômalo não pode ser explicado com os
resultados obtidos no ensaio, e algumas hipóteses são discutidas no final
do trabalho.

1 • IJII'l'RO:otrÇÃO

A importância do conhecimento preciso das condições de percolação


d'água através de maciços rochosos revela-se nos 1numeros problemas
registrados em obras civis, ocasionados pela presença de água em suas
fundações. A permeabilidade das rochas é, dessa forma, um elemento
fundamental na análise da estabilidade de taludes, especialmente no
tocante às suas variações com a aplicação de esforços pelas estruturas
que eles suportam.

A influência das tensões aplicadas em maciços rochosos sobre sua


condutividade hidráulica tem recebido grande atenção no campo de
fundações de barragens, engenharia de reservatórios e escavações
subterrâneas para depósitos de residuos químicos e radiativos. A
condutividade hidráulica de um maciço rochoso depende fortemente do
estado de tensões a que está submetido, e grandes variações na
condutividade hidráulica de maciços têm sido atribuídas à abertura ou
fechamento de fraturas sujeitas a altas tensões, transmitidas pelas
fundações de barragens (Londe e Sabarly, 1966, e Witike et alli, 19851 e
enchimento do reservatório (Ewert, 19741.

Diversos autores, entre eles Witherspoon e Gale (19831. Sour e Ubbes


( 1987 Ie Soulios ec alli ( 1990 I , observaram um decréscimo na
condutividade hidráulica de maciços rochosos com o aumento da
profundidade. Esse decréscimo, segundo Snow (19681 e Morrow e Byerlee
(19881, deve-se ao progressivo fechamento das fraturas a altas pressões,
impostas pelo peso próprio do maciço a grandes profundidades.

Em estudos de laboratório, esta relação entre a permeabilidade da


rocha e seu estado de tensões tem sido analisada com mais detalhes e suas
conclusões têm sido suportadas por experimentos de campo. Trabalhos de
Brych (19701, Sundaram et alli (19871 e ?yrak-Nolte et alli (19871
mostram que tensões compressi v as normais às fraturas tenderão a
fechá-las, diminuindo sua permeabilidade. Segundo Walsh (19811, isso se
dá devido a dois fatores: diminuição da área transversal ao fluxo com o
fechamento da fratura e aumento do número de pontos de contato entre as
asperezas de sua superfície, obrigando o fluido a percorrer um caminho
maior e mais tortuoso. Este comportamento também foi observado por Jouana
(19721 em um mica-xisto com esforços compressivos normais à xistosidade,
enquanto foi pequena a variação observada no fluxo quando estes esforços
foram aplicados paralelamente à xistosidade.

Sob tensões triaxiais, Mordecai e Morris 11970) e Lee e Juang (19881


observaram um decréscimo na permeabilidade da rocha com o aumento da
carga compressiva normal até o inicio do fraturamento que antecede a
ruptura, a partir do que ela começa a crescer. o desenvolvimento de
tensões de cisalhamento poderá diminuir a permeabilidade das fraturas,
devido à redução do tamanho dos grãos pelo atrito de suas paredes
(Bernabe, 1986. e Teufel. 19871 ou poderá aumentá-la pela sua dilatância
(Bawden et alli, 1980, Voegele ec alli. 1981 e Harper e Last. 19891.

::> ensa~o de percolaç§o radial, desenvolvido por Bernaix (19691,


permite aval~ar, ~ ~çala de laboratório, o efe~o d~~ ~o~~ ~licaºas
113

pelo próprio fluxo de fluido na permeabilidade de uma amostra de rocha. A


permeabilidade pode, por este ensaio, ser medida sob fluxo convergente.
em que as tensões atuantes sao compressivas. e sob fluxo divergente,
quando a amostra é submetida a um campo de tensões predominantemente de
tração.

Estudando algumas rochas cristalinas e sedimentares, aquele autor


observou uma diminuição na permeabilidade de gnaisses com o aumento das
tensões compressivas (figura ll. enquanto que, sob tensões de traçao. a
permeabilidade destas rochas aumentava acentuadamente. Nos calcários. por
outro lado, não observou nenhuma significativa variação da permeabilidade
com a variaçao dos valores de tensões compressivas ou trativas atuantes.
Bernaix conclui, entao, que esta di fere- d• comportamento na
permeabilidade dessas duas rocha" .6. u~ -o;-le.. d'i forma de suas
descontinuidades.

No calcário as des·continuidades sctu ctproximadamente esféricas e nao


são significativamente deformadas pelas variações das tensões efetivas
entre as partículas que as rodeiam. No gnaisse, as descontinuidades sao
planares, e forças compressivas ortogonais às fraturas (fluxo
convergente) tenderão a fechá-las, diminuindo sua permeabilidade. Por
outro lado, quando submetidas a esforços de traçao (fluxo divergente), as
paredes das fraturas tendem a se separar, aumentando a permeabilidade da
rocha. Com o aumento dessas forcas trativàs algumas fraturas começam a
aumentar de tamanho e outras são geradas nas zonas de baixa resistência à
tração. Desta forma a permeabilidade da rocha cresce acentuadamente, até
o colapso da amostra.

1E~~----------------------------------~
~
k
calcário mifJOlítico
(cmls) A~--------------
1E·7

1E-8

1E·9
granito de Malpasset
diverg converg
. <· !·:··>
1E-10 +------+-------------------.-.-~
-2.0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0
Pressão (MPa)

Figura 1. Curvas de variação da permeabilidade com a pressao de


percolacão de fluido de algumas rochas
estudadas por Bernaix (1969l.

2 • MA'l'BlUAIS B MÉTODOS

Uma amostra de arenito da Formação Botucatu. coletada em pedreira da


região de São Carlos. foi submetida ao ensaio de percolaçao radial. para
analisar a variação de sua permeabilidade sob tensões compressivas e
trativas. A descrição da amostra e seus índices físicos estão
apresentadas na tabela 1. Amostras do mesmo arenito foram estudadas por
Teixeira e Celestino (1993) que o classificaram como 'pouco fraturado'
pelo método de Fourmaintraux (1976).

Descrição visual: arenito fino rosado, bem selecionado,


aparentemente não fraturado
Mineralogia: quase exclusivamente grãos de quartzo,
com nódulos ferruginosos
Massa espec. seca: pd = 1. 880 kg/m 3
Massa espec. grãos: ps = 2.641 kgfml
Porosidade: n = 29 %
Tabela 1. Características do Arenito Botucatu estudado
o corpo de prova tinha a forma cilíndrica, com 150 mm de comprimento
e 70 mm de diâmetro. No centro deste cilindro reto foi feito um furo
axial de 14 mm de diâmetro e 125 mm de profundidade, terminando, assim, a
25 mm da base do corpo de prova. A parte superior desse furo central foi
vedada com um tampão de borracha e borracha de silicone. o fluxo de água
para 0 interior do furo se dava por uma mangueira plástica, previamente
conectada ao tampão de borracha.
Depois de completamente seca a borracha de silicone, o corpo de
prova foi colocado no interior de uma célula t~i~a de ~~aio triaxial
114

para solos. A utilização desta célula deu-se por dois impore~


motivos: primeiro, por ser transparente, permitia observar o
comportamento da amostra e do aparato montado durante a execução do
ensaio; e segundo, porque com uma única montagem era possível submeter a
amostra aos dois tipos de fluxo, bastando para isso inverter a posição
das mangueiras nos registros da célula triaxial.

Depois de encher a célula assim montada com água destilada, aplicou-


se vácuo na mesma até completa saturação da amostra. O fluido de
percolaç!o utilizado no ensaio foi água destilada deaerada, à temperatura
ambiente.

No ensaio divergente, a mangueira que acessava o interior da amostra


foi conectada ao sistema de fornecimento de água sob press!o, por um dos
registros da célula. Este sistema de pressão consistiu em um conjunto de
canecas de mercúrio de altura regulável, que permitia trabalhar com
pressões de percolação de fluido de 40 a 1200 kPa. Através de outro
registro, o volume de água percolada pela amostra era coletado, por uma
mangueira, em uma bureta graduada mantida à press!o atmosférica. Para o
ensaio convergente, bastava inverter a posiçao destas mangueiras nos
registros.

Inicialmente a amostra foi submetida a um fluxo divergente em


estágios crescentes de pressao de injeção d'água, em intervalos de 100
kPa, até um limite de 1 MPa. Uma vez alcançada esta pressao, ela foi
reduzida até a minima, nos mesmos estágios anteriores. Em cada um destes
níveis de pressao foi medido o tempo necessário para coleta de 50 ml de
água na bureta, determinando-se, assim, a vaz!o correspondente a cada
nivel de pressão.

Feito isso, o ensaio foi repetido para os mesmos niveis de press!o


de injeção d • água, invertendo-se a direç!o do fluxo e submetendo a
amostra, assim, a um fluxo convergente.

Considerando laminar, em regime permanente, o fluxo estabelecido no


interior da amostra, e desprezando o fluxo nas suas extremidades (de
acordo com Bernaix ( 1969) , esta aproximaç!o n!o traz variações
significativas nos resultados), obteve-se a permeabilidade da amostra
para cada nivel de press!o a partir da equação:

k = _c__. log R~ (1)


2~t.l.p R2

onde: k permeabilidade da amostra


Q vaz!o d'água medida na pipeta graduada
1 comprimento do furo interno da amostra
p press!o de percolaç!o d'água
Rl: diâmetro do furo interno
R2: di!met'ro do corpo de prova

Observando-se o ramo convergente da curva kxP mostrada na figura 2,


percebe-se uma acentuada diminuiç!o na permeabilidade da rocha com o
aumento da press!o de percolação, sendo esta alteração cOmpletamente
reversível. Esta variação pode ser explicada pela deformação dos poros do
arenito pela pressão confinante, que tende a fechá-los (Bernaix, 1969 e
Gangi, 1978).

Sob fluxo divergente, o arenito apresentou a mesma tendência de


diminuição da permeabilidade com o aumento da pressão de percolaçao. Este
comportamento assemelha-se ao observado em um arenito por Heystee e
Roegiers (1981), e contraria as expectativas de aumento da permeabilidade
devido à abertura dos poros e microfraturas pelas forças trativas do
fluxo, como preconizado por Bernaix (1969).

1E.o6 -r------,---------
~~·
k
(cmls)

1E..o6

1E~7+-~-r-~~-+-~-r-~~~
-1.0 ~.a ~.6 ~.4 ~.2 o,o 0.2 0.4 o,6 o,a 1,0
Pressão (MPa)

Figura 2. curva de variação da permeabilidade do arenito


Botucatu com a pressão de percolaç!o d'água
115

As causas deste comportamento da ·rocha sob fluxo divergente MO


puderam ser satisfatoriamente esclarecidas com os resultados obtidos no
ensaio. Algumas hipóteses de falhas de execuç!o e montagem do ensaio
foram testadas durante sua realizaç!o e as principais ser!o discutidas a
seguir.

uma primeira hipótese levantada foi o vazamento de água na célula ou


mangueiras, que foi descartada pela constante observac!o das mesmas.
Também na vedaç!o do furo interno da amostra n!o houve vazamento. Água
colorida foi injetada no interior do furo para verificar estes vazamentos
e direcOes preferenciais de fluxo e nenhuma anormalidade foi detectada.

A deformaç!o das paredes da célula triaxial também na:o deve ter


influído nas mediçOes, já que seu interior estava à press!o atmosférica
quando o volume de água percolado era coletado na mesma e MO pelo furo.
uma última hipótese a ser discutida é a validade da equaç!o 1 para
as condições do ensaio, mas, com o aparato montado, esta hipótese n!o
pode ser verificada.

4. COSCLO'SÕBS

o ensaio de percolaç!o radial apresenta-se como uma útil ferramenta


nos estudos de mecânica das rochas, uma vez que possibilita a análise do
comportamento de amostras submetidas a campos de tensOes, de diferentes
tipos e intensidades, induzidos pela percolaç!o de um fluido em seu
interior. Trata-se de um ensaio de fácil execuç!o, em que a preparaç!o do
corpo de prova na:o exige cuidados especiais, já que a única exigência é
quanto à forma, assim mesmo com alguma tolerância de erro.

Como visto, as conclusões de Bernaix (1969) a respeito do


comportamento das descontinuidades das rochas submetidas às tensões
trativas e compressivas de um fluxo radial aplicam-se à maioria das
rochas até aqui estudadas por diversos autores. Estas conclusões, no
entanto, n!o podem ser aplicadas ao caso dos arenitos, que apresentam um
comportamento anômalo quando submetido a um fluxo radial divergente. Este
comportamento n!o pode ainda ser satisfatoriamente explicado pelos
trabalhos até aqui desenvolvidos, mas está sendo objeto de novos estudos
dos autores deste.

5. RBJPBRbCrAS BJ:BLJ:OGRÁPJ:CAS

BAWDEN, W. F.; CURRAN, J. H. & ROEGIERS, J. C., (1980). Influence of a


fracture deformation on secondaz:y permeability - a numerical approach.
International Journal of Rock Mechanics and Mining Science. v.l7, n.S,
p.265-279.

BERNABE, Y-., (1986). The effective pressure law for permeability in


Chelmsford granite and Barre granite. International Journal of Rock
Mechanics and Mining Science & Geomechanical Abstracts. v.23. n.3,
p.267-275.

BERNAIX, J. , ( 1969 l . New laboratoz:y methods o f studying the mechanical


properties o f rocks. International Journal of Rock Mechanics and Mining
Science. v.6, p.43-90.

BRYCH, I., (1970). Influence de l'état de tension in situ sur la


perméabilité des milieux poreux. I International Congress of
International Association of Engineering Geology.. v.l, p.261-271, Paris.

EWERT, F. K., (1974). The increase of the rock permeability at the Tavera
dam, Dominican Republic, and engineering geological conclusions. II
International Congress of International Association of Engineering
Geology. v.2, t.VI-8, 13p., S!o Paulo.

FOURMAINTRAUX, D., (1976). Caractérisation des roches: essais de


laboratoire. In: PANET et alli. La mécanique des roches ap_pliquée aux
ouvrages du génie civil. c.2, p.39-56.
GANGI, A. F., (1978). Variation of whole and fractured porous rock
permeability with confining pressure. International Journal of Rock
Mechanics and Mining. v.lS, n.S, p.249-257.

HARPER, T. R. & LAST, N. C., (1989). Interpretation by numerical modeling


of changes of fracture system hydraulic conductivity induced by fluid
injection. Geotechnique. v.39, n.l, p.l-11, London.

HEYSTEE, R. & ROEGIERS, J. C., (1981). The effect of stress on the


primaz:y permeability of rock cores - a facet of hydraulic fracturing.
Canadian Geotechnical Journal. v.l8, n.2, p.l95-204.

JOUANNA, P., (1972). Essais de percolation au laboratoire sur des


echantillons de micaschiste soumis a des contrainets. Symposium of the
International Society of Rock Mechanics 'Percolation Through Fissured
Rock'. t.2-F, llp., Stuttgart.
116

_J5:.e, H. &: JUANG, C. H., {1988). Use of permeability as an index to


characterize internal structura1 changes and fracture mechanism. ASTM
Geotechnical Testing Journal. v.11, n.1, p.63-67.
LONDE, P. &: SABARLY, F., {1966). La distribution des perméabilités dans
fondation des barrages vo1ltes en fonction du champ de contrainte. I.
Congress of International Society of Rock Mechanics. p.517-521, Lisboa.
MORDECAI, M. &: MORRIS, L. H., {1970). An investigation into the changes
of permeabi1ity occurring in a sandstone when failed under triaxial
conditions. XII United States Symposium on Rock Mechanics. p.221-239,
Rolla.
MORROW, c. A.&: BYERLEE, J. D., {1988). Permeability of rock samples from
Cajon Pass, California. Geophysical Research Letters. v.l5, n.9, p.l033-
1036, San Francisco.
PYRAK-NOLTE, L. J.; MYER, L. R.; COOK, N. G. W. &: WITHERSPOON, P. A.,
{1987). Hydraulic and mechanical properties of natural fractures in low
permeability rock. VI International Congress on Rock Mechanics. v.1,
p.225-231, Montreal.
SNOW, D. T., {1968). Rock fractures spacings, openings, and porosities.
Journal of the Soil Mechanics and Foundations Division, ASCE. v.94{SM1),
p. 73-91.
SOULIOS, G.; CHRISTARAS, B.; KILIAS, A.; ATHANASIAS, S.; CHRISTOU, O. &:
KONTZOGLOU, J., {1990). Décroissance de la perméabilité dans des roches
cristallines en fonction de la profondeur d'apres des données d'Elassona
{Grece). Bulletin of International Association of Engineering Geology.
n.42, p.95-99.
SOUR, L.&: UBBES, w., {1987). Fracture floW" response to applied stress: a
field study. XXVIII United States Symposium on Rock Mechanics. p.501-508,
Tucson.
SUNDARAN, P. N.; WATKINS, D. J. &: RALPH, W. E., !1987). Laboratory
investigations of coupled stress-deformation-hydraulic flow in a natural
rock fracture.· XXVIII United States Symposium on Rock Mechanics. p.585-
592, Tucson.
TEIXEIRA, C. Z. &: CELESTINO, T. B., {1993). Correlações envolvendo
velocidades sônicas, parâmetros elásticos e propriedades-índices e
resistência mecânica do arenito Botucatu silicificado da região de São
carlos-SP. VII Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia. v.1,
p.339-350, Poços de·Caldas.
TEUFEL, L. w~, {1987r. Permeability changes during shear deformation of
fractured róck. XXVIII United States Symposium on Rock Mechanics.
p.473-480, Tucson.
VOEGELE, M.; HARDIN, E.; LINGLE, D.; BOARD, M. &: BARTON, N., {1981). Site
characterization of joint permeability using the heated block test. XXII
United States Symposium on Rock Mechanics. p.120-127, Cambridge.
WALSH, J. B., {1981). Effect of pore pressure and confining pressure on
fracture permeability. International Journal of Rock Mechanics and Mining
Science. v.18, n.5, p.429-435.
WITHERSPOON, P. A. &: GALE, J. E., {1983). Hydrogeological testing to
characterize a fractured granite. Bulletin of International Association
of Engineering Geology. n.26-27, p.515-526.
WITIKE, W.; ERICHSEN, C. &: KLEINSCHNITTGER, M., {1985). Influence of
seepage and uplift forces on stresses in the rock foundation of arch
dams. v International Conference on Numerical Methods in Geomechanics.
v.4, p.1787-1793, Nagoya.
117

TRANSFER~CIA DE CARGA EM ESTACAS ESCAVADAS


À COMPRESSÃO

Judy Norka Rodo de Mantilla, Dr.Sc. 1


José Henrique Albiero, Dr.Eng. 2
David de Carvalho, Dr. En!f.

' Prot• Adjunto, Universidade Federal de Minas Gerais.


2
Prof. Trtular, Livre Docente, Escola de Engenharia de São Carlos - USP.
• Prof. Associado, Universidade Estadual de Campinas.

RESt!MO

Com o objetivo de se iniciar estudos em estacas ~nstrumentadas em escala


natural na USP de São Carlos, realizaram-se no campo exper~mental duas séries de
provas de carga do tipo lenta, intercaladas de duas séries do tipo rápida, em três
estacas escavadas a seco com diâmetros nominais de 0,35, 0,40 e O,SOm e
comprimento de lO,Om. Foram instaladas ao longo do fuste das estacas, barras
instrumentadas com extensõmetros elétricos de resistência.
O subsolo do local das provas de carga é constituído de uma camada
superficial arenosa de caráter colapsivel.
Neste trabalho são apre'sentados os resultados relativos aos comportamentos
carga x deslocamento, transferência de carga e distribuição do atrito lateral em
função da profundidade, das duas séries de provas de carga lentas.

O subsolo tipico da reg1.ao de São Carlos é constituido de uma camada


superficial arenosa (Sedimento Cenozóico) de caráter colapsivel, sobrejacente a um
solo residual do Grupo Bauru, Vilar (1985).
A caracterização geotêcnica do campo experimental foi feita com sondagens de
simples reconhecimento, ensaios de penetração continua (CPT) e ensaios de
laboratório.
As estacas es):udadas foram do tipo escavada a seco moldadas in loco, de
diâmetros nominais de 0,35m, 0,40m e O,SOm e comprimento de 10m. Foram instaladas
barras instrumentadas com extensõmetros elétricos de resistência, em cinco seções
ao longo do fuste.
Submetemos as estacas a duas séries de provas de carga à compressão do tipo
lenta, sendo que entre estas executa.ram-se outras duas séries do tipo rápida,
Sacilotto (1992). Apresentam-se resultados do comportamento carga x deslocamento
de todas as provas de carga, a transferência de carga e a distribuição do atrito
lateral com a profundidade, das duas séries de provas de carga lentas.

2• CAlUlC'l'ElUZAÇÃO GEOTÉCNICA

Realizaram-se sondagens de simples reconhecimento, ensaios de penetração


continua (CPT) e ensaios de laboratório ao longo da profundidade. Maiores detalhes
sobre a execução e os resultados encontram-se em Carvalho (1991) e Mantilla
(1992). Na figura 1 é apresentado um perfil tipico do solo mostrando a estaca e a
localização das cinco seções instrumentadas junto a valores médios das
carac~eristicas geotécnicas.

3• ESTACAS ENSAIADAS

Com o objetivo de obter as deformações especificas foram instaladas nas


armaduras das estacas, em posições diametralmente opostas, barras instrumentadas
com extensômetros elétricos de resistência em cinco seções ao longo do fuste, ver
figura 1. .
As estacas foram do tipo escavadas a seco moldadas in loco, com diãmetros
nominais de 0,35m, 0,40m e O,SOm e·comprimento de 10m. A escavação dos furos foi
feita com uma perfuratriz rotativa hidrául~ca, sobre caminhão dotada de trado
helicoidal. Logo após a abertura do furo era providenciada a colocação da armadura
com as barras instrumentadas. A concretagem foi feita da superficie do terreno,
com concreto plástico de resistência caracteristica à compressão, fck, de lSMPa.
Realizaram-se duas séries de provas de carga do tipo lenta, seguindo as
recomendações da NBR-6121/86, intercaladas de duas séries de provas de carga do
t~po ráp~da as quais fazem parte da dissertação de Mestrado de Sacilotto (1992).

4. RESULTADOS

CARGA x DESLOC»>EN'l''

Na figura 2 são apresentadas as curvas carga x deslocamento das duas séries


de provas de carga lentas, intercaladas com as curvas das duas séries de provas de
car_9_a rap~das, Mantllla 119921.
118

Na primeira sér1e de provas de carga lentas atingiram-se deslocamentos


máximos da ordem de 40mm, resultando uma relação de 8 a 11·,, do diãmetro da estaca.
Estes deslocamentos podem ser cons1derados insuficientes ao se. levar em conta de
que para a total mobil1zação da resistência de ponta, em estacas escavadas, se
reque: deslocamentos da ordem de 25 a 30 do diãmetro da estaca, Vesic (19751 e
Van Impe t 1991). Na segunda ser1e de provas de carga lentas os deslocamentos
tota1s at1ngidos foram de 180 a 225mm, resultando uma relação de 45 a 50% do
diâmecro da estaca.
Observações em provas de carga com estacas modelo e em tamanho natural, em
solos arenosos, tem mostrado que se forma sob a ponta uma zona de solo altamente
comprimida, Vesic !19751. No caso das estacas em estudo, após a primeira série de
provas de carga lentas, o solo sob a ponta se densificou tornando-se mais
resistente e menos compressível.

TRANSFERÊNCIA DE CARGA

Conhecido o valor da deformação especifica na seção de referência Sl, figura


1, foi determinado o módulo de deformação linear considerando a área
homogeneizada da seção transversal da estaca, para todas as provas de carga. Com
estes valores e as defor~ções determinou-se a carga em cada seção instrumentada,
para cada estágio de carregamento, resultando as curvas de transferência, das duas
séries de provas de carga lentas, apresentadas na figura 3, Mantilla (1992). A
distribuição da carga ao longo da profundidade, de um modo geral, se mostra
uniforme em todas as provas de carga.

CARACTERÍSTICAS
GEOTÉ:CNICAS:

.. •1, •

.. •a.• .. ..... ,
• • 1,1( IIPo)

..,.
----~------,-•!.··
.e~
··~·
r .. ;o•to:PeJ

•• .,.u,
.;.;.......;a._ _ _
-'
____,
-·-----
,.,. PIJI-.a
p ••••• ( ., •• ,
• • ?,I
. . . lt,l(ll ... l

••• 140,. ( .... )

Legenda: p-+Massa especifica do solo.


N->Índice de resistência à penetração dinãmica do SPT.
q~Resistência de ponta do cone dos ensaios CPT.
fG->Atrito lateral dos ensaios CPT.
sl ->Resistência ao c1salhamento do solo,
comportamento drenado.

Figura 1. Seção Tipica da Estaca Instrumentada.

Conhecido 0 valor da carga em cada seção instrumentada, determinou-se o


atrito lateral em cada trecho (região definida entre duas seções instrumentadas)
Nas figuras 4 e 5 apresenta-se a distribuição do atrito lateral com a
profundidade, para cada estágio de carregamento das duas séries de prova de carga
lentas, Mantilla !19921.

S. CONCLUSÕES

Após a primeira série de provas de carga, o solo sob a ponta da estaca se


tornou mais resistente, assim nos carregamentos subsequentes tem-se uma nova
estaca com 0 solo sob a ponta em melhores condições de resistência e menor
compressibilidade. . . .
Na transferência de carga observa-se uma mobilização da res1stenc1a de ponta
desde 0 primeiro estágio de carregamento, em ambas as séries de provas de carga.
119

Na primeira s~rie de provas de carga a distribuição do atrito lateral tem


apresentado valores maiores no trecho superior da estaca, para carregamentos até
50 e 65% da carga máxima da prova de carga. Para carregamentos maiores a tendência
da distribuição é apresentar valores maiores no trecho central da estaca e menores
no topo e na ponta. A estaca de O, 40m de diâmetro apresenta um comportamento
dispar.
Na segunda série de provas de carga observa-se uma distribuição do atrito
lateral diversificada.

Os autores agradecem à FAPESP pelo auxilio finance1ro.

ABNT-NBR-6121/86. Métodos de ensaio-Estacas e Tubulão, Prova de Carga.

CARVALHO, D., (1991). Análise de Cargas últimas à Tração de Estacas Escavadas,


Instrumentadas, em Campo Experimental de São Carlos-SP. Escola de Engenharia de
São Carlos-USP, tese de doutoramento. 204p, São Carlos.

MANTILLA, J. N. R., ( 1992) . Comportamento de Estacas Escavadas, Instrumentadas, à


Compressão. Escola de Engenharia de São Carlos-USP, tese de doutoramento. 251p,
São Carlos.

SACILOTTO, A. c.·, (1992). Comportamento de Estacas Escavadas Instrumentadas,


Submetidas a Provas de Carga Lentas e Rápidas. Escola de Engenharia de São Carlos-
USP, dissertação·de.mestrado. 165p, ~ão Carlos.

Y.AN IMPE, W.F.,11991). Deformations of Deep Foundations. In: Deformation of Soils


and Displacements of Structures. X European Conference on Soil Mechanics and
Foundations Engineering. v. 3, p. 1031-1062, Florence.

VESIC, A. S., 119751. Principles of Pile Foundation Design. Lecture Series on Deep
Foundations-Boston Society of Civil Engineers Section.

VILAR. O. H.; BORTOLUCCI, A. A. & RODRIGUEZ, J.E., 11985). Geotechnical


Characteristics of Tropical CenozoJ.c Sediment from São Carlos Region. I
Internacional Conference .on Geomechanics in Tropical Lateritic and Saprolitic
Soils. v. 1, p. 461-470, Brasília.

Figura 2. Gráficos Carga x Deslocamento.


120

1• Série 2• Série

Figura 3. Transferência de Carga em Função da Profundidade.


121

§I i~ ~~ ~
~ ~
"' ~.. ~.....
..... ....
. .y

. .. ..
...

~~g~
g_~§:~
........
~ ~
.... ....
.. ....
-.:n..ae ............ ....

... fi .... U·TPa.C••...


"' .
d= O, 35m, P Série d= 0,40m, 1• Série

... .._.. ................


. . . . . . IJIIIIIÍIQ._. .. ...-..... . . . . . .
....tea......fUtoL , . . . .

d= 0,35m, 2• Série d• 0,40m, 2• Série


Figura 4. Atrito Lateral em Função da Profundidade.
122

~-

§1. :-. .
~

~~~

~

....
·~

-::
~

- . : lc.ll
~ ~~ ~~~
L&..-r. . . ..._

d• 0,50m, 1• Série
d= 0,50m, z• Série

Figura 5. Atrito Lateral em Função da Profundidade.


123

ANÁUSE DAS TENSOES TANGENCIAIS E DA DISTRIBUIÇÃO


DE ESFORÇOS AO LONGO DE ESTACAS ESCAVADAS

Marilza das Neves, Ora'


Mitsuo Tsutsumi, Dr.Sc. 2

' Escola de Engenharia de sao Carlos • USP


2 Prof. Associado, Escola de Engenharia desao Carlos· USP

RESUMO

Neste trabalho apresentam-se os resultados da análise, pelo


método dos elementos finitos, do comportamento de estacas escavadas
quando o solo de fundação é representado por diferentes leis
constitutivas. As estacas foram construídas num solo arenoso da
região de São Carlos no Estado de São Paulo, instrumentadas e
ensaiadas axialmente em tração e em compressão.
Para representar o comportamento do solo, empregaram-se dois
modelos elastoplásticos e para a descontinuidade solo-estaca um
elemento de contato isoparamétrico bidimensional.
Os resultados da análise numérica relativos à distribuição de
esforços e às tensões cisalhantes ao longo do fuste das estacas são
comparados com os medidos experimentalmente.

l • INTRODUÇÃO

Nas análises do comportamento de fundações profundas as


propriedades dos materiais geológicos raramente podem ser
perfeitamente representadas devido à utilização de algumas hipóteses
simplificadoras que facilitam o de.senvolvimento das formulações
matemáticas.
Os métodos convencionais utilizados nessas análises usualmente
não levam em consideração fatores tais como tensões devido a
cravação, propriedades dos materiais não homogêneos, configuração
geométrica arbitrária, comportamento tensão-deformação não linear,
interação entre a estaca e o solo, tensões residuais e efeitos do
tempo.
Dessa forma, torna-se importante um esquema de solução numérica
onde essas propriedades possam ser incorporadas, a partir de leis de
comportamento do solo que possam simular com mais exatidão o meio
fisico real.
Um método de resolução que vem sendo amplamente utilizado é o
método dos elementos finitos. A sua popularidade é devida a inúmeras
vantagens que oferece quando comparade com os processos análi ticos
clássicos de resolução. Em vista disso, essa técnica de resolução é
aplicada neste trabalho o que permite contornar as dificuldades
inerentes às soluções analíticas.
Contudo, para que uma modelagem seja de confiança, é necessário
que as soluções numéricas sejam aferidas por resultados de campo ou
de laboratório. Assim, os resultados obtidos nas análises são
comparados com aqueles medidos nas estacas escavadas.
Os principais objetivos deste estudo são portanto o de estudar
modelos constitutivos que incorporam leis mais realistas de
comportamento do solo e evidenciar a importância da introdução de um
elemento de contato na interface solo-estaca.
Para se atingir os objetivos propostos, utilizaram-se
resultados de ensaios de provas de carga realizados em estacas
escavadas a seco, de 0.40 m de diâmetro e 10 m de comprimento,
instrumentadas e carregadas axialmente em tração (Carvalho, 1991) e
em compressão (Mantilla, 1992) e dois modelos elastoplásticos para
representar o comportamento do solo. Na interface solo-estaca foi
utilizado um elemento de contato para representar a descontinuidade.
A·modelagem numérica foi realizada com o auxilio de um programa
geral de cálculo pelo método dos elementos finitos denominado CESAR-
LCPC, disponível no Laboratoire Central des Ponts et Chaussées de
Paris (Humbert, 1989). Os resultados numéricos relativos às tensões
cisalhantes ao longo do fuste das estacas e à distribuição de
esforços foram comparados com aqueles medidos no campo experimental.

2. K>DELAGEM PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

2. 1 CARACTERÍSTICAS DO SOLO ANALISADO

O local onde foram construídas as estacas está situado no


campus da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São
Paulo. o material encontrado nessa região é constituído de um
sedimento cenozóico, que é um solo laterizado, poroso e colapsível,
classificado granulometricamente como uma areia argilosa marrom até
a profundidade de seis metros, ondé se situa uma faixa de seixos. A
seguir, encontra-se uma areia argilosa vermelha pertencente ao grupo
Bauru, onde estão apoiadas as pontas das estacas.
124

Para a caracterLzação do solo, realizaram-se ensaios de


penetração do tipo SPT e CPT e ensaios de laboratório a partir de
amostras de solo deformadas e indeformadas que foram retiradas de
metro em metro, a partir de 1. 30 m até a profundidade de 10.30
metros (Menezes, 1990; Carvalho, 1991; Mantilla, 1992). Após análise
dos resultados desses ensaios, definiu-se um perfil de solo que foi
utilizado tanto para o cálculo dos valores médios dos parâmetros
mecân-icos dos modelos do comportamento do solo, bem como para a
análise numér1ca pelo método dos elementos finitos.

2.2 HIPÓTESES DE CÁLCULO

O problema fol estudado em simetria de revolução. Inicialmente


estudou-se a influência do refinamento da malha de elementos finitos
e também a influência de suas dimensões na representação do meio
semi-infinito.
Quanto à influência das dimensões, adotou-se aquelas propostas
por Tadjbakhsh & Frank (1985) pelo fato de que, para limites
situados em torno de 50 vezes o raio da estaca e a 15 metros abaixo
da ponta da estaca, as diferenças eram desprezíveis no que concerne
às tensões e aos deslocamentos.
Em relação à influência do refinamento das malhas, realizaram-
se alguns cálculos onde foram utilizadas malhas grosseiras e
refinadas com elementos de contato, para os casos em tração e em
compressão. Nos quatros casos, empregou-se o modelo de Mohr-Coulomb
para representar o comportamento do solo de fundação. Com os
resultados obtidos nesses cálculos, procedeu-se a uma comparação
gráfica entre os resultados obtidos com o uso dos distintos
refinamentos das malhas através de um diagrama carga aplicada x
deslocamento medido na cabeça da estaca. Numa análise qual i ta ti va,
pôde-se constatar uma boa concordância entre as curvas. Em vista
disso, decidiu-se utilizar nas análises as malhas grosseiras, o que
permitiu um ganho de tempo apreciável na execução dos cálculos.
Contudo, nas simulações com o modelo de Nova foi necessário fazer
uso da malha refinada, visto que esse modelo não forneceu bons
resultados com a malha grosseira.
Dessa forma, os cálculos foram efetuados com duas malhas de
elementos finitos : uma grosseira com 70 elementos e 242 nós e uma
refinada com 536 elementos e 1692 nós.
Para o maciço de solo e a estaca, utilizaram-se elementos do
tipo Q8 (Quadriláteros de 8 nós) e na interface solo-estaca
elementos do tipo Q6 (Quadriláteros de 6 nós).
O estado de tensões iniciais foi considerado corno :

O"zo -y z
O" ro cre k0 y Z (2 .1)
"trZo = o

na qual, O"z 0 é a tensão vertical, O"ro a tensão radial correspondente


ao solo em repouso e 'rZo a tensão tangencial na interface solo-
estaca.

A influência do ângulo de atrito e da coesão no contato também


foram analisados no estudo. Numa pr~meira aproximação consideraram-
se os mesmos valores dos parâmetros mecânicos atribuídos às camadas
de solo. Entretanto, não se obteve uma boa -concordância entre os
resultados simulados com aqueles medidos experimentalmente. Em vista
disso, elaborou-se um estudo analítico com o objetivo de obter-se
uma aproximação dos valores dos parâmetros de contato na interface
solo-estaca. Efetuaram-se vários cálculos, em tração e em
compressão, para diferentes valores de coesão e de ângulo de atrito,
decidindo-se conservar os valores de contato que forneciam uma
melhor aproximação entre os resultados simulados e experimentais
(Neves, 1993; Neves & Tsutsumi, 1993) .
Os cálculos foram efetuados de maneira incrernental aplicando-se
carregamentos progressivos até a ruptura. Quando as estacas
suportavam mais incrementos de carga, esses foram aumentados até a
interrupção do cálculo. Contudo, para alguns casos, a carga simulada
é inferior à carga última experimental·. Isso é devido ao fato de que
a estaca não pôde suportar mais incrementos de carga. A carga última
(Qul experimental em tração é de 440 kN e de compressão igual a
487 kN.

2.3 MODELOS CONSTITUTIVOS UTILIZADOS

Os modelos de comportamento do solo utilizados nas análises


foram o elástico perfeitamente plástico de Mohr-Coulornb e o
elastoplástico de Nova na versão 1982. A descontinuidade na
interface estaca-solo foi representada pelo elemento de contato
desenvolvido por Richer (1985). As estacas foram consideradas como
um corpo elástico.
125

A obtenção dos parâmetros dos modelos foi toda baseada nos


ensaios drenados de compressão triaxial, e estes calibrados através
da reprodução numérica das curvas tensão-deformação. O procedimento
de determinação dos parãmetos assim como a sua validação podem ser
encontrados em Neves (1993).
Uma vez determinados os parâmetros dos modelos de comportamento
do solo, foi possivel desenvolver a modelagem numérica do
comportamento das fundações sob diversos carregamentos.

2.4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados obtidos pelos cálculos com o modelo de Mohr-


Coulomb e com o modelo de Nova são agora comparados com aqueles
medidos experimentalmente. Anallsam-se as tensões tangencia1s sobre
o fuste da estaca e a distribu1ção de esforços procurando evidenciar
a eficiência dos modelos constitutivos.

2. 4 . 1 TENSÕES TANGENCIAIS SOBRE O F'USTE DA ESTACA

A tensão tangenc1al trz fornec1da diretamente pelo próprio


programa é descontínua na interface solo-estaca. Assim, analisam-se
essas tensões sobre o fuste da estaca (concreto) e no solo na
interface solo-estaca.
No entanto, verificou-se durante as análises dos cálculos que
as tensões 'rz no solo eram ligeiramente lnferiores ás obtidas sobre
o fuste da estaca. Dessa forma, apresentam-se somente as tensões trz
obtidas sobre o fuste da estaca. As f1yuras 2. 1 e 2. 2 mostram as
tensões 'rz' em função da profund1dade, obtidas com o auxilio dos
cálculos por elementos finitos, respect1vamente para os casos de
tração e de compressão. Nestas figuras, as tensões trz são também
comparadas com aquelas calculadas através da medida das cargas
aplicadas em cada nivel instrumentado das estacas.
Para se efetuar as comparações entre as tensões tangenc1a1s
simuladas e as experimentais, consid.eraram-se cargas de mesma ordem,
visto que não se possuíam exatamente os mesmos valores de cargas.
Isso é devido ao fato de que nos cálculos foram utilizados
incrementos de carga em porcentagem. Ass1m, utilizaram-se valores de
tensões 'trz simuladas para uma carga de Q = 396 kN para o caso em
tração e Q = 438.3 kN para o caso em compressão. Quanto as cargas
experimentais empregaram-se nas comparações cargas de Q = 400 kN em
tração e Q = 440 kN em compressão. Observa-se igualmente que se
consideraram profundidades prox1mas das experimentais pois, os
valores de 'trz só podem ser obtidos nos nós das malhas.
Observando as curvas apresentadas nas figuras 2.1 e 2.2,
constata-se que as tensões 'trz simuladas crescem em função da
profundidade de maneira que, até a profundidade de 7.3 me:ros, sua
variação está em torno de 30 kPa tanto para o ensaio de tração como
para o ensaio de compressão. Na região da ponta da estaca, ou seja,
para profundidades superiores a 7. 3 metros, verificaram-se grandes
perturbações no maciço, o que faz supor que essa zona é fortemente
afetada pelo cisalhamento.

o
o *Mohr-Coulomb
~ ONgva
~~~êfiffiêfiUl

~! =§

=Hl

(l 40
'i'êMãê 'in ( k~â)

~m rêlaeãe às ~empàraecês êntrê 11 ~urv11 simulaàAI o


ê~Pêtimêntais, Vêfiii~ã=sê quê para o êfisãio ~~ traeAo, fiqurA 2.1,
êXistê uma boa aproxim&elo êfitfê es valefêl ~~
dois modde§ ê os ebHdes êXPêfiMêfitãlmênUI unde q\lê
't•
e&leula~ol eom 01
ª
me~olo de
126

o
".) * Mohr-Coulomb
e: O Nova
Q) • Experimental
'C
til
'C
-~ -5
'C
c
...o
::l

1.1
0..
••

-10

o 40 80
Tensão trz ( kPa)

Figura 2.2 Tensão tangencial trz no fuste da estaca em compressão.

Nova é o que mais se aproxima dos valores experimentais. Em todos os


casos, trz está limitado pelo valor 59 kPa. Para o ensaio de
compressão, figura 2.2, os valores de trz apresentam uma boa
aproximação até a profundidade de 7. 3 m; após esta profundidade,
observam-se tensões tangenciais experimentais muito baixas. Esse
fato pode ser atribuido à grande instabilidade existente na região
da ponta da estaca com conseqüentes incertezas nas medidas
experimentais. Nesse caso, os resultados obtidos com o modelo de
Mohr-Coulomb tiveram uma melhor aproximação com aqueles medidos
experimentalmente.
2.4.2 DISTRISUIÇÃO DE ESFORÇOS AO LONGO DA ESTACA
As curvas de distribuição de esforços ao longo das estacas,
obtidas através dos cálculos pelas duas leis de comportamento do
solo, 'estão apresentadas nas figuras 2.3 e 2.4, respectivamente,
para os ensaios de tração e de compressão. Essas curvas são também
comparadas com os resultados medidos no campo experimental.

L
~
Q) -4
'C
til
'C
·~
'C
c
...o
::l

1.1
0..

-a * Mohr-Coulomb
O Nova

o 200 400
Carga (kN)
Figura 2.3 : Distribuição de esforços ao longo da estaca em tração.
Para as comparações entre os valores de distribuição dos
esforços calculados e medidos, utilizaram-se cargas no topo da
estaca que diferem das experimentais de aproximadamente 5% pois,
como di to anteriormente, não se possuiam cargas de mesmo valor.
Dessa forma, consideraram-se nas análises cargas teóricas de Q = 44,
132, 220, 308 e 352 kN para o ensaio de tração e de Q =·48.7, 146.1,
243.5, 340.9 e 438.3 kN para o ensaio de compressão. Admitiu-se
ainda uma profundidade limite de 9.45 m uma vez que, além de não se
possui rem medidas experimentais a 10.6 m, onde se encontravam as
pontas das estacas, essa região é bastante instável em relação aos
resultados simulados e e~~rimentai§_·
127

Analisando as figuras de 2.3 e 2.4, pode-se constatar que a


maior parte das cargas aplicadas no topo da estaca são mobilizadas
pelo atrito lateral. Constata-se igualmente que existe uma grande
semelhança entre os resultados obtidos pelos dois modelos de
simulação numérica e, que também existe uma boa concordância entre
estes resultados com aqueles obtidos em cada nivel instrumentado da
estaca.

.§.
Q) -4
"O
<1!
"O
·~
"O
c:
;:l
~
o
~
0..

-8
O Nova
• Experimental

o 200 400
Carga (kN)

Figura 2.4 Distribuição de esforços ao longo da estaca em


compressão.

3. CONCLUSÕES

Em termos práticos, os modelos de simulação empregados neste


estudo forneceram resultados bastante aceitáveis quando comparados
aos experimentais, desde que seja utilizado um elemento de contato
para representar a descontinuidade na interface solo-estaca.
O modelo de Nova, pela sua formulação teórica relativamente
satisfatória, é o mais indicado para representar o comportamento do
solo de fundação. Contudo, quando se leva em consideração o tempo de
cálculo em relação ao modelo de Mohr-Coulomb a sua aplicação se
torna dispendiosa.
Além disso, ficou evidenciado que a utilização desses modelos
fornece resultados compativeis entre si e também quando comparados
com os experimentais. Portanto, a utilização da lei elástica
perfeitamente plástica de Mohr-Coulomb para representar o
comportamento do solo de fundação e um elemento de contato para
reproduzir a descontinuidade solo-estaca nos permite boas
aproximações com o modelo fisico real.
Em relação às tensões tangenciais trz' obteve-se uma boa
aproximação entre os valores simulados e aqueles obtidos
experimentalmente para o ensaio de tração. Em compressão, constatou-
se uma boa concordância até a profundidade de 7.3 metros.
Quanto às curvas de distribuição de esforços ao longo das
estacas, constatou-se uma boa concordância entre os resultados
obtidos com os dois modelos consti tu ti vos e os medidos no campo
experimental, o que valida os resultados, adquiridos pela modelagem
numérica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, D. (1991). Análise de cargas últimas a tração de estacas


escavadas, instrumentadas, em campo experimental de São Carlos-SP.
Tese de Doutorado, EESC-USP. 204 p., São Carlos.
HUMBERT, P. (1989). CESAR-LCPC un code général de calcul par
éléments finis. Bulletin de Liaison des Laboratoires des Ponts et
Chaussées. n.160, p.l12-115, Paris.
MANTILLA, J.N.R. (1992). Comportamento de estacas escavadas,
instrumentadas, a compressão. Tese de Doutorado, EESC-USP. 263 p.,
São Carlos.
MENEZES, S.M. (1990). Correlações entre os ens·aios de penetração
(SPT, CPT) e os resultados de láboratório para a região de São
Carlos-SP. Dissertação de Mestrado, EESC-USP. 194 p., São Carlos.
128

NEVES, M. (1993). Análise elastoplástica pelo método dos elementos


finitos de estacas escavadas. Tese de Doutorado, EESC-USP. 2 61 p.,
São Carlos.
NEVES, M. & TSUTSUMI, M. (1993). Desenvolvimento da curva carga-
deslocamento em função dos parâmetros de contato ~~ e c~. XIV
Congresso Ibero Latino-Americano de Métodos Computacionais em
Engenharia, IPT. v.I, p. 391-400, São Paulo.
NOVA, R. (1982) . A model of soil behaviour in plastic and hysteretic
ranges. Part I Monotonic loading. International Workshop on
Constitutive Relations for Soils. p.289-309, Grenoble.
RICHER, S. (1985). Résolution des problémes de contact entre solides
élastiques par la méthode des élérnents finis. Thése de Doctorat,
tcole Nationale des Ponts et Chaussées. 161 p., Paris.
TADJBAKHSH, S. & FRANK, R. (1985). Étude par la rnéthode des élérnents
finis du comportement élastoplastique de sols dilatants. Application
au.x pieux sous charge axiale. Rapport de Recherche LPC 135. 142 p,
Paris.
129

Mechanical Behavior Analysis of a


Dolomitic Limestone From Irati
Formation Under Cyclic Loading
C.A. Nóbrega1 and T.B. Celestino2.3
1
Depanment of Geology, UNESP. Rio Claro. Bnm1
1
Depanment of GeoteGhnics. EESC-USP. Sao Carlos, Bnml
3
Tbemag Engenharia Ltda.. Consulting Engincen. 5-ao Paulo, Bnml

ABSTRACT

An experimental investigation of cyclic loading of a dolo•itic


limestone from the Irati Formation was underta.ken. Fatique-
tests were carried out at a ~requency of 0.25 Hz in unconfined
compression usinq a servo-controlled testinq machine. The·
effects of lll2lXilllma stress on the number of cycles- to· tailure-·
was investiqated, Wõhler•s curve and fatique strenqth vere
also determined. Load-displacement hystaresis loops vere
recorded and a discussion a.bout the dissipated enerqy durinq
cyclic loadinq is presenteei.

RESUMEN

Se presentan los resultados de una investiqación hec:WI · con


calcáreos dolomiticos de la Formación Irati bajo earqaa
ciclicas.
Fueron hechos ensayos de fatiqa bajo una frecuencia de 0.25 Hz
en muestras sometidas a compresión simple en una máquina de
ensayos servo-controlada. La influencia de los esfuerzos
máximos en el nÜlllero de ciclos necesarios para llevar la-
muestra a la rotura fue avaliada,as1 cozao se detendnó- la:
curva de Wõhler y la resistencia a la fatiqa. Los •1oops• dei.
histeresis en la curva carqa- desplazaaiento-- toeroiJ1
daterminadoe y se preseitta una discu.sióJY sobre:· 111' · disipeci"órt
de la energia durante el cargamento c1clieo~

INTRODUCTION

Understandinq of the mechanical behavior of brittla rocJcs,


under cyclic loadinq is still limited, despite the · resulta of
previous studies that revealed strength reductiou: of rock
specl.lllens with increasinq number of cycles, AttewelL and·
Farmer (1973) and Haimson (1974). •·
An experimental investigation of cyclic loading of a dolomitic
limestone from the Irati Formation subjected to unconfined
=o~pression was undertaken.

The present study will focus on the effects of peak stress on


the number o f cycles to failure, Wohler' s curves and f a tique
strength determination, and also on dissipated energy
associated with load-displacement curve hysteresis loops.
Fatique strength is a fraction of the unconfined compressive
strength that can be withstood repeatedly for a given number
of cycles.
Far more experimental work has been carried out ~n the present
study,Nóbrega(l994), in order to explore the influence of
various aspects related to cyclic loading, like amplitude,
loading rate, strain hardening effects, etc. These results are
not presented here and Nill be discussed in detail elsewhere.

The study of cyclic loading behavior of rocks has important


engineering applications: dam foundations, ~unnels, rock
slopes subjected to vibrations due to earthquakes, and also in
rock drilling, comminution and excavation. Irati Formation
rocks outcrop in a extensive area in South and Southeast of
arazil, so the knowledge o f t.heir :atigue behavior has both
academic and practical interests, since it can help to set
standards for future engineering major projects that will
certainly be developed in the :nost i:nportant :::-egion of -:he
country from the economic point of view.

ROCK SAMPLING ANO CHARACTERIZATION


I'his s't:udy !.n:ilized a :io:.omi-:i..:: :i.::les~=~e ==
;;e~:=n 3ae ·...rh:c!':
::,elongs -:o <:he .:..ssistência !'1ember of :rati :or::~ation. :rat~
Formation rocks outcroo in an extens1ve area ~n South and
Southeast Brazil. ?arti-cularly in -:he State o f São ?aulo, .:. t
is formed essentially by dolom1 tlc limestones and dolom1 tes
interestratified Hith ::,lack shales.
130

samples of Irati limestone were coreà :rom :resh i:llc:>cks, all


collected at the same location and horlzon. cyllndrlcal rock
cores were drilled always nor::1al to the bedding pl~nes · All
the samples used ~o~ere 5. 45 em in diameter and the dlame't.er -
to - height ratio ·... as kept between 1:2 -co .1:2. 5 as sugges-ced
bv I.S.R.M., Brown (1981). Some of the spec1mens were reserved
for static testlng to ae-cerm1ne che ~ean ~nccr.~~r.e~
compressive strength (crult), elastic properties (E and v), and
for physical f index) ;>roperties deter::ll.nat:.ons.. :'he :"et'lal.::.der
·..;e r e subj ected -:.o cycl i c ::::ompression. ca:=>le. . :;resen1:s a
summary with ~ean values and s't.andard aevla'Clons of -:.he
physical proper-cies determined for the rock stuàied.
?rocedures adopted during sampling and oreoaration and -:.he
characterization of physical properties, ailowed the select:on
of more homogeneous groups of specimens :or -:.he ::~echan:c:ü
tests.

Table 1. Physical properties of the tested samples of Irati


dolomitic llmes-cone.

Avg. Std.Dev.

Specific Gravity 2.73 0.03


Dry Density (Mg;m3) 2.15 0.06
Saturated Density (Mgjcm3) 2.35 0.05
Saturation Moisture Content (%) 9.06 l . 53
Absolute Porosity (%) 21.0 2.38
Effective Porosity (%) 19.2 2.51
Longitudinal wave velocity (m/s) 3,353 251
Transverse wave velocity (m/s) 2,315 131

An in i tial set o f exoeriments was conducted to determine the


::~ean unconfined compressive strength of the samples and to
evaluate the repea-cability of the results. Fifteen samples
·..,ere tested. Averege and standard deviation values for the
:.mcon: ined compress i v e strength, :nodul us o f elastici ty and
Poisson's ratio are presented in table 2.

~able 2. Strength and Elastic Properties of the tested samples


of Irati dolomitic limestone.

Avg. Std.Dev.

:.:nc::::n::::ed :::::::~press:·:e S'trer.gth '~Pa) . :> 7. J 5


~odulus of Elasticity (GPa) 27.12 2.07
?o:sson's ratio O.Z1 0.04

EXPERIMENTAL PROGRAM

Sta-cic and cyclic tests were conducted in a MTS 315 hydraulic


servo-controlled testlng ::~achine 2, 700 kN maximum capacity.
~his :nachine has a closed-loop control system that allows one
-- selec-:: between different control :nodes. complete stress-
straln curves were obtained oy 'the use of Clrcumferenclal
strain control. cyclic fatigue tests ...,ere load-controlled. A
-:.r1angle loading waveform was programmed :n order -:.o maintain
a cons-::ant rate of :.oading and unloading. cycle .:requency ·,;as
::~aintained at 0.25 Hertz (4 seconds per cycle).

~ATIGUE STRENGTH TESTS


fatigue -::ests ·,.oere r-.rn in arder to determine the fatigue
oenavior of -:.he tested rock and to examine ::he geometry of
~rJ.ctures ~nduced bv ::::yclic :ompressive loading.
Fatigue life, (number of cycles to failure,N) which is a
function of stress,frequency,amplitude,etc.,must be obtained
experimentally, and is usually graphically represented by
~:~-::~:ng, =or each sample, the failure stress vs. the
logarithm of the number of cycles (N).The curve se obtaineà is
refered to as Wohler's curve.

Thirty-five specimens were tested at maximum stress, ranging


.:rom 60 to 100 percent of static compressive strength.

The fatigue curve in cyclic compression obtained for Irati


1imestone is shown in =ig. 1.
131

Although the data are scattered, a fatigue strength of about


63% o f the unconfined compressive strength, can be estimated
corresponding to approximately 10,000 cycles, below which
cyclic loading will not cause failure.
One problem with fatigue tests is that they usually exhibit a
large scatter in the nmnber of cycles to failure at each
stress level. It has been shown by Holmen ( 1979) and Van
Leeuven and Siemes (1979), both testing concrete, that the
scatter in Log N can be explained mainly from the scatter in
unconfined compressive strength.
Another point that should be mentioned is that the value that
has been found for the fatigue strength is lower than the
value for stress corresponding to the inflexion point in the
stress vs. volumetric strain curve, which according to
Bieniawski (1967), corresponds to the long term strength.

ENERGY DISSIPATION DURING CYCLIC LOADING


3esides Wõhler' s curves, defor:nation and appl ied stress ·•s.
time are also obtained using fatigue teses.
In this part of the study, the energy transfer involved in the
fracture process during cyclic loading was investigated by an
analysis of load-displacement diagrams. A typical example of a
load vs. axial displacement diagram for Irati limestone is
shown in fig. 2.
Previous investigations, e.g. Peng et al. (1974) have shown
that a significant part of the input energy transmitted to the
-:-ock s-oecimen is dissioated durinq the cvclic loadino. This
energy dissipation is ·determined "as the · area of the load-
displacement hysteresis loops. The area of the hysteresis
loops that reflects energy dissipation decreases in the fl.rst
few cycles and then increases again as complete failure is
approached.
The amount of input energy dissipated in each load cycle can
be important; for example, in predicting stress wave
attenuation of energy consumption in percussive drilling or in
the case of seismic waves from earthquakes.
Fig. 3 presents a typical result of dissipated energy vs.
cycle number. The dissipated energy sharply decreases during
the first few cycles and rapidly reaches a constant 11 plateau"
level, Emin• through a few cycles before failure, when it
increases sharply.
Fig. 4 shows a plot of Emin vs. logN for different tests
conducted with the same amplitude, but at different values of
peak stress. The general trend is for Emin to decrease and
gradually to level off.
Finally some comments are made about the development of
diametral deformation during cyclic loading. Fig. 5 shows the
load vs. diametral displacement diagram for the same specimen
shown in fig. 2. Comparing these two diagrams one can see that
the diametral displacement increases more rapidly than does
the axial displacement. This clearly indicates the growth of
predominantly axial cracks in the specimen, responsible for an
increase in volume (dilatancy) before failure. The higher the
stress level or the larger the cycle amplitude, the more
obvious this behavior is.

CONCLUSIONS
In this paper, some aspects concerning the deformation and
failure of Irati limestone under cyclic loading were
described.Some of these aspects must be common to other types
of rocks.
Tests have shown that Irati limestone is definitly susceptible
to fatigue failure under cyclic compressive loading. Although
the scatter of results has been considerable, which is typical
of orl.ttle ;n.aterl.als, the data indicate a similar trend to
earl ier resul ts. Fatigue strength o f abcut 63 percent o f the
unconfined compressive strength can be estimated, which is
lower than the stress corresponding to the onset of dilatancy,
usually adopted as fatigue limit in the literature.
~nergy dissl.pation sharply decreases during the first few
cycles and rapidly reaches a constant level through a few
cycles before failure. When different tests are compared,
ml.nimum dissipated energy (Emin) corresponding to specimens
subjected to different values of peak stress, generally
decreases as the number of cycles (N) increases.
132

REFERENCES
Attewell, P.a. and Farmer, J.W. 1973. Fatigue behavior of
roek. Int. J. Roek Meeh. Min. Sei, v.10, n_ 1, 1-9.
Sieniawski, Z.T. 1967. Meehanism of brittle fraeture of rock:
?art I I I - Fraeture in tension and under long-term loading.
Int.J.Roek Meeh. Min. sei. v.4, 425-430.
Brown, E.T. 1981. Roek eharacterization, testing and
monitoring. ISRM suggested methods. Pergamon Press, Oxford.
Haimson, B. c. 1974. Meehanieal behavior of roek under cyelie
loading. Advanees in Rock.Mechanics 1 proc. 3rd ISRM congress,
v.2 1 373-378.
Holmen 1 J.O. 1979. Fatigue of concrete by constant and
variable amplitude loading. Bulletin n_ 79-1 1 division o f
concrete structures 1 NTH1 Trondheim.
Nobrega 1 C.A. 1994. Mechanical Behavior of a dolomitic
limestone from Irati Formation and mortar under cyclic
loading.(In Portuguese), Ph.D. Thesis 1 (In Print).
Peng 1 S.S. 1 Podnieks, E.R. 1 Cain 1 P.J. 1974. The behavior of
Sal em limestone in cyclic loading. Soe. Petr. Eng. J. 1 v .14 1
n_ 1 1 19-24.
Van Leeuven, J. and Siemes 1 A.J .H. 1979. Miner' s i:ule with
respect to plain concrete. HERON 1 v.24 1 n_ 1.

RESUME
Cette communication présente une recherche expérimentale sur
le comportement à la fatigtie d'un calcaire dolomitique de la
Formation Irati.Des essais de fatigue en compression simple
ont été realisés par une presse asservie dans la frequence de
0.25 Hz·.
L'investigacion a etudié les effects de différents niveaux =e
eontrainte maximale sur le nombre de cyeles a la rupture.On a
aussi obtenue la eourbe de Wõhler e la limite d'endurance.
Des boucles d'hystérésis on été obtenues et une discussion sur
l'énergie dissipée pendant le chargement cyclique a été
presentée.

ZUSAMMERFASSUNG

Es wurd ein Dauersehwingversuch mit einachs~ger un.behináer-::e


Druckbelastung und Frequenz von o 1 25 Hz mi ttels einer
servokontrolierten Pruefungsanlage auf Dolomitkalk
ausgefuehrt. Untersucht wurde die Beziehung zwischen :naximale
Spannungen und die Zahl der Wiederholungen bis zum Versagen.
Weiterhin wurden die Woehlersche Kurve und die
Ermuedungspannung ermittelt. Die Spannungs-Dehnungs
Hystereschleifen wurden aufgetragen und es folgen einige
Ueberlequngen in Bezung auf die Verwandlung der Energie in
Waerme.

~r---------------------~
• 80 ....... ---·------·-····-·-··-··--········-····
a.
~
::70
iri()
~50
~

~~--------------------~
0.5 1.5 2' 25 3 3.5 4 4.5
LogN

Fig.l -Wõhler•s curve for Irati limestone


133

o 0.1 o.2 Q.3 0.4


Allild~tlll!lil(nm)

Fig. 2- Typical load vs. axial displacement curve

6~----------------------.
~5.5
E;; 5
~4.5
j 4
~3.5
-i!5 3

2.5~------------~------~
o 5 10 15 20
CydeN!ml«

Fig. 3- Dissipated Energy for all cycles.

5.5 . . . - - - - - - - - - - - - - - - - ,
5 --·-----·----------------
4.5!-----·---------------·--------
~ 4 .0. --
c:
'!: 3.5
w
----------·"h;-----
3 _ _ _ _ _.o._ _ _ _ _ _ _ _ _

2.5 -----------·---.0.,; .0.

2~---+----+-----------~
a.s 1.5 2 2..5 3
LogN

Fig. 4- Minimum Energy vs. Log N for various stress levels

o 0.05 0.1 0.15 o.2


Oianlenl ~1111!11 (rrm)

Fig.S- Load vs, Diametral Displacement


134

Excavated slope stability in lateritic soils: Contributions of natural factors


Stabilité de talus d' excavation dans des sois latéritiques: Contribution des facteurs
naturels

A. B. Paraguassú
University ofSão Paulo, São Carlos, Brazil
S.A.Rõhm
Federal University o/Viçosa, Brazil

ABSTRACT: A study ofthe mechanism ofhardened crust fonnation, that occurs in exposed surfaces ofman-
made slopes in laterised cenozoic sediments, at the central region of the State of São Paulo, Brazil, shows the
crust and its hardening evolution. The quick begining and developement of the slope surface cementation are a
natural erosion protection of this perculiar material. This surface strenght reaches values severa! times higher
than those for the sediments in their original unexposed conditions.
This paper presents conclusions about data from severa! road cuts and from an experimental cut excavated
in those sediments, and their physical conditions during many years of weathering exposition.

RESUMÉ: La formation d'une croíite cimentante et sa evolution en talus et en superficies exposées de sois
lateritiques de la region centrale de l'état de São Paulo, Brasil, a été etudiée par des mesures efectueés sur
quelques talus de routes et sur un talus experimental. La rapide fonnation de cette croíite cimentante est
importante car elle est capable d'améliorer la estabilité des talus, principalement sa résistance à l'érosion. I1 est
montré que la résistance de cette croíite surpasse beaucoup Ia résistance du sol d'origin et il est montré aussi
quelques conclusions sur les conditions physiques de cette croíite depuis plusiers années.

I INTRODUCTION the execution of a cut in the sediments, which


remain exposed to the agents of weathering
Hardened crusts fonned at the exposed surfaces of resulting from interaction between divers factors:
laterised sandy sediments slopes in the Paraná Basin lithological, geomorphological, climatic,hydrological
are a common and systernatic phenomenon and pedological (Paraguassú & Rõhrn, 1991;
(Paraguassú, 1972; Rodrigues 1982; Vilar et ai., Paraguassú & Rõhrn, 1992).
1986; Paraguassú & Rõhrn, 1992; and Gaioto & The regional climate is of Cwb type according to
Queiroz, 1993). Koeppen (Oliveira & Prado, 1984; Mattos, 1982).
It plays a significant role in preventing the Pluviosity is limited by isohyets of 1200 mm and
erosion of slope surfaces produced during road 1500 mrn, with dry periods between May and
construction, which are directly responsible for the September, corresponding to values of about 18.5%
stability ofthe soil mass. of the total annual precipitation. The average
The present investigation was conducted in temperatures of the hot and cold month are,
severa! excavations in cenozoic sediments (TQ) in respectively, 18.I0and23.IOC(DAEE, 1974).
the central region of the State of São Paulo (Fig.
1). This region is of great economic importance and,
as such, possesses a dense road network.
These sediments occupy an extensive area of the
State of São Paulo and complete the stratigraphic
sequence; they always occur in erosional
unconformity with respect to other regional geologic
units.
The average geotechnical characteristics of BRAZ IL
cenozoic sediments of the studied slopes are as
follows: specific mass of solids: 2.8 gtcm3; void
ratio: 0.9; liquid limit: 38%; plasticity limit: 24%;
and penneability coefficient: 5 x 1o-4 crnls. Grain-
size distribution, according to ASTM, shows 8% of
medium sand, 45% of fine sand, 19% of silt and
28% of clay. Mineral composition of these materiais
is as follows: quartz: 54%; iron and aluminum
oxides and hydroxides: 17%; kaolinite: 15%;
gibbsite: 12%; and others: 2%. The average
chemical characteristics are shown in Tabel I.
These data are typical of materiais having a non
expansive behavior due to mineralogy as well as due
to low cationic capacity. From pedologic point of
o~
view, the materiais correspond to well evolved
ferralitic soils of low fertility with predominance of
negative charges on particle surfaces.

2 ORIGIN OF THE CRUST


Fig. 1- Location map ofinvestigated.area
T1te p~o~s ofotigi!!_<>fhard_ crusts starts soon llf!er
135

The manner in which water percolates through measured by a neutron probe (501 DR- Hydroprobe
the soil mass is the main factor in the superficial moisture gauge). The evolution of the mechanic
resistence to penetration of the exposed surface of
cementation of the studied slopes (Paraguassú,
the slopes was measured with the field mini-CBR
1972; Vilar et al., 1986). The cementation develops
device {Rõhm & Correa, 1980).
rather quickly and is associated to the alternate rainy
and dry periods with insolation (Paraguassú, 1989;
Paraguassú & Rõhm, 1991). 4 CONCLUDING REMARKS
In this investigation, field observations on
The soil water transference processes associated to
experimental slopes were conducted in order to
the thermal gradients and the evaporation and
understand how the hardening process initiates and
suction phenomena result in the alternate moviments
how the factors responsable for it interact among
themselves during crust evolution. ofwater near the surface (Philip & De Vries, 1957;
Raudkivi & Van U'u, 1976; Geraminegad & Saxena,
3 EXPERIMENTAL WORKS 1986; Nielsen et al., 1986), where the soluble
material is deposited and the hardening takes place.
Field observations were conducted in various slopes The soil water, subjected to diurnal and
located at road construction sites from which nocturnal thermal gradients, moves repetitively from
information on geological and geotechnical the surface into the soil mass or in the opposite
characteristics of excavated soil mass and the direction, tending to the condition of energy
execution schedules were known. equilibrium. This phenomenon was quantitatively
In the majority of slopes, inclinations were established on the basis of data from equipment
greater than those that Classical Soil Mechanics installed in the soil mass. When the surface is heated
would recommend for such construction. the concentration of the vapor phase tends t~
Futhermore, no erosive processes were observed on increase and consequently an effiux to the
atmosphere occurs. A movement also occurs toward
the slopes, as expected in view of the pluviometric
regime of the region. the colder interior of the soil mass, where part of the
vapor condenses. During hotter periods of the day
In some of the "old" slopes, the crusts are quite
resistant, similar to sandstones with thickness of up the matric suction increases while it diminishes
to 80 mm althoug9. thicknesses of few millimeters during falling temperatures. During rain, the matric
are more common. The accelerated rate at which the suction diminishes depending upon the amount of
crusts develop makes it possible to maintain the rainfall. One o f the basic factors that determines the
original geometry of the slope, even in the most natural cementation of the slopes in sandy soil mass
inclined ones. This fact was confirmed by the is the volume of water (solution) evaporated from
observation of many stable slopes in the region, the surface. The position of the slope with respect to
which were constructed more than twenty years ago the sun determines the intensity of evaporation and
and which still exhibit scars left by the earthmoving thus the rate at which the cementation process
machinery during construction, establishing that advances.
surface cementation occured soon after excavation As a quantitative example of the phenomenon of
(Paraguassú, 1989). the natural hardening of the crust developed in an
experimental slope constructed in the field with the
The construction of experimental slopes
followed the same geometric and geologic geotechnical characteristics previously referred
characteristics as those found in various excavations (Paraguassú & Rõhm, 1992), the evolution of its
in the region. mechanical resistance to penetration is as follows:
The construction of experimental slopes soon after the excavation of the soil mass {before
followed the same geometric and geologic the formation of crust), 0.25 MPa to 4 MPa, after
characteristics as those found in various excavations 18 months. This shows a 16 fold gain in the original
in the region. This permitted the direct and strength.
representative measurements of the phenomenon and This mechanism of cementation progresses, as
observation of its evolution (Paraguassú & Rõhm, follows: the diurna! and seasonal variations of
1992). The measurements of temperature of the temperature and rainfall cause the movements of
sediment were made with thermocouples installed in water in the soil mass as a whole, especially at
a continous manner down to a depth of 0,8 m. The exposed surface where the evaporation takes place
variation of matric potential, a function of moisture and leaves there the dissolved materiais. At the same
content, was measured by means of tensiometers time, also due to solar heating, there occur the
with the porous bulbs installed at a depth of 20 em hardening of the fine materiais and oxides which are
in a vertical section of the siope. The variation of present together with the sand fraction occurs.
moisture content from surface _to fr~ic s_urface was

Table I - Average chernical parameters of sediments in experimental sopes


1
chemical meq/lOOg soil chemical meq/lOOg soil
parameter parameter
Na 0.043 AJ+) 0.128
K 0.038 (H++ AJ+3) 1.76
Ca 0.095 s* 0.199
M.rz; 0.023 CEC 1.9059
m""" 39.1% v*"" 10.2%
* Na + K+Ca+Mg
** percentage base saturation
*** exchangeable bases
136

REFERENCES
temperatura e a sua influência na cimentação de
superficies de sedimentos arenosos: li Simpósio
Departamento de Águas e Energia Elétrica e
de Geologia do Sudeste da Sociedade Brasileira
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras- USP.
de Geologia:309-313.
1974. Estudo de águas subterrâneas - região
Paraguassú, A.B. & Rõhm, S.A. 1992. Evolução da
administrativa 6- Ribeirão Preto. São Paulo, 4
resistência da superficie de taludes em
v.
sedimentos cenozóicos provocada pela
Gaioto, N. & Queiroz, R.C. 1993. Taludes naturais
cimentação natural. Geociências, São Paulo,
em solos. In: Solos do Interior de São Paulo.
11(2):181-190.
Associação Brasileira de Mecânica dos Solos,
Philip, J.R. & De Vries, D.A. 1957. Moisture
São Paulo: 207-242.
movement in porous materiais under
Geraminegad, M. 7 Saxena, S.K.1986. A coupled
temperature gradientes. Trans. Arner. Geophys.
thermoelastic model for saturated-unsaturadet
Union, 38:222-232.
porous media. Géotechnique, 36:539-550.
Raudkivi, A.J. & Van U'u, N. 1976. Soi1 moisture
Mattos, A. Método de previsão de estiagens em rios
movement by temperature gradient. Jour.
perenes usando poucos dados de vazão e longas
Geotechnical Engineering Division of ASCE,
séries de precipitação. Tese de Doutoramento,
102:1225-1244
Escola de Engenharia de São Carlos - USP, 182 Rodrigues, J.E. 1982. Estudo de fenômenos
p. erosivos acelerados (Boçorocas). Tese de
Nielsen, D.R.; Van Genuchten, M.T. & Biggar, Doutoramento, Escola de Engenharia de São
J.W. 1986. Water flow and solution transport Carlos - USP.
porocesses in the unsaturated zones. Water Rõhm, S.A. & Correa, F.C. 1980. Ensaio de mini-
Resourses Research, 22:157-160. CBR de campo: XV Reunião Anual de
Oliveira, J.B. & Prado, H. 1984. Levantamento Pavimentação da Associação Brasileira de
semidetalhado do Estado de São Paulo: Pavimentação, 13p.
quadrícula de São Carlos - ll memorial Vilar, O.M.; Rodrigues, J.E.; Bjomberg, A.J. &
descritivo. Boi. Tec. lnst. Agronom., Campinas Paraguassú, A.B. 1986. The phenomenon of
- SP, 98, 188 p. silicification in slopes: V Intemational Congress
Paraguassú, A.B. 1972. Experimental silicification of International Association of Engineering
of sandstone. Geological Society of Arnerica Geology, Vol. 3.4: 931-932.
Buli., 83: 2853-2858.
Paraguassú, A.B. 1989. A cimentação natural como
processo de estabilização de taludes arenosos: I
Simpósio de Geologia do Sudeste da
Sociedade Brasileira de Geologia: 198.
Paraguassú, A.B. & Rõhm, S.A. 1991. O
movimento da água no solo sob efeito da
137

ENSAIOS DE PERMEABIUDADE SOBRE MISTURAS DE UM SOLO


ARENOSO COM BENTONITA

Patrícia Aparecida de Paula Pereira, M.Sc. 1


João Baptista Nogueira, Dr.Eng.2
1
Escola de Engenharia de sao Carlos • USP
2
Prof., Escola de Engenharia de 8ao Carlos· USP

RESUMO

Foram realizados ensaios de permeabilidade sobre corpos de


prova, compactados com graus de compactação entre 80% e 97% do P
Proctor Normal, de uma areia argilosa e misturas desse solo com
bentonita em teores de 2,4 e 6% em massa. Os resultados obtidos para
o coeficiente de permeabilidade, com os corpos de prova com teor de
bentonita de 2% e grau de compactação, da ordem, de 85% revelaram
uma diminuição de 10 a 30 vezes, em relação ao coeficiente de
permeabilidade do solo natural.

1• INTRODUÇÃO

A construção de pequenos reservatórios, em locais onde o solo


natural tem um coeficiente de permeabilidade mais elevado, pode
apresentar problemas de percolação d'água ou de contaminação do
lençol freático se o material reservado for um resíduo industrial.
Para se evitar esse problema, a superfície do reservatório poderá
ser coberta com uma manta plástica ou com uma camada de solo
compactado, com ou sem material estabilizante.
Para se estudar o comportamento, quanto a permeabilidade, de
uma camada de solo compactado foram realizados 17 ensaios, tanto do
solo quanto de misturas solo-bentoni ta, para graus de compactação
variando entre 80 e 95% da energia do Proctor Normal e teor de
bentonita entre 2 e 6%, em massa.
Os resultados obtidos, com relação ao coeficiente de
permeabilidade, mostram que mesmo para teor de bentonita e energia
de compactação mais baixos o processo é viável.

2. MATERIAIS

O solo utilizado para a realização dos ensaios é uma areia


fina argilosa, geologicamente classificada como um sedimento
cenozoJ.co arenoso. Esse solo na região de São Carlos apresenta,
em seu estado natural, coeficiente de permeabilidade maior do que
10-3 cm/s, Neves, (1987). Informações complementares sobre esse solo,
tanto no seu estado natural quanto no compactado, podem ser
encontradas em Bortolucci (1983), Pereira (1993), Vilar (1979).
Uma bentonita, já industrializada, proveniente de Campina
Grande, Paraíba, foi usada para a preparação das amostras solo-
bentonita.

3. ENSAIOS

Foram realizados ensaios de caracterização e de


permeabilidade, tanto do solo quanto das amostras solo-bentoni ta.
Para isso, o solo foi, inicialmente, deixado secar à sombra, até o
teor de umidade higroscópico e, em seguida, separado em quatro
partes. Uma delas foi usada para os ensaios do solo e com as demais
foram preparadas três amostras solo-bentonita, cada uma delas com 2,
4 e 6% de bentoni ta, em massa, procurando-se sempre deixar essas
amostras homogêneas.
Na Figura 1 está mostrada a curva granulométria do solo,
enquanto que na Tabela 1 estão mostradas as massas específicas dos
sólidos e os limites de consistência, tanto do solo quantu das
amostras solo-bentonita.
Na Figura 2 estão mostradas as curvas, massa específica seca -
teor de umidade, para o ensaio de compactação com energia de 583
kJ/m3. As amostras solo-bentonita estão indicadas por (S+2), (S+4) e
(S+6), respectivamente, para teor de bentonita de 2, 4 e 6%.
Para os ensaios de permeabilidade foram compactados dentro de
um cilindro apropriado, coÍpos de prova com 7 em de diãmetro e
altura de 9 em em 3 camadas de espessuras iguais, com o grau de
compactação entre 80 e 95% e teor de umidade de ±1% do teor de
umidade ótimo, tanto para o solo quanto para as amostras solo-
bentoni ta. A Tabela 2 mostra as características iniciais de cada
corpo de prova.
138

200 100 so 30 1e
100
I I I
I I
I I / I
I
(8)
I
I
I
I
I
I
v I
I

""
I
I : /Í 70
I I I
I I i
I
I
f I
I
I
I v: I
I

-
I I
..... I
I
I
I
I
I
I
30
I I
I I I

I
20
I I
I I I I
1
I I I
I I I
I I <s • e> 19.3 um~
0,1102 0,01 o. 1 1·='-----f.,,..----L---"'"20;;-----'-----=",.s
w( ... l

Flgun 2 • Curv•• de compactação

AMOSTRA Ps LL LP IP
gjc:m3 (%) (%) (%)
s 2,661 34 21 13
s + 2 2, 671 42 22 26
s + 4 2,676 50 24 26
s + 6 .
2,679 53 25 28
Tabela 1 - Parametros do solo e das amostras

AMOSTRA CP MOLDAGEN AMOSTRA CP MOLDAGEN


W(%) f'd(g/czn3) GC(%) W(%) Pd(g/c:m.3) GC(%)

1 1,703 96,1 -
2 1,623 91,6 10 1,622 95,1
s 3 15,5 1,581 89,2 S+4 11 18,4 1,534 89,9
4 1,498 84,5 12 1,489 87,3
5 1,388 78,3 13 1,372 80,4
6 1,670 97,0 14 1, 619 96,5
S+2 7 17,4 1,572 91,3 S+6 15 18,9 1,518 90,4
8 1,491 86,6 16 1,449 86,3
9 1,405 81,6 17 1,360 81,0
Tabela 2 - Caracterist~cas dos corpos de prova-perrneab~l~daae

Inicialmente, apenas água filtrada era deixada circular pelo


corpo de prova durante, aproximadamente, 3 horas em urna tentativa de
aumentar o grau de saturação tendo-se alcançado, no final do ensaio,
valores da ordem de 90%. Em seguida eram feitas as medidas, para um
sistema de carga variável, em intervalos de tempo irregulares até
que os valores calculados do coeficiente de permeabilidade
permanecessem constantes. O valor final calculado era admitido corno
o coeficiente de permeabildiade da amostra, no grau de saturação
atingido.

4. RESULTADOS

Nas Figuras 3, 4, 5 e 6 estão mostrados os resultados das


medidas da permeabilidade com o tempo, para cada corpo de prova
relacionado na Tabela 2, bem como o valor final do coeficiente de
permeabilidade. Para o solo (S) e amostra (S+2) os coeficientes de
permeabilidade crescem, moderadamente, com o tempo de percolação da
água, sendo que a relação entre o coeficiente de permeabilidade
final e aquele calculado para a leitura inicial no ensaio (t = 0) é
sempre inferior a 2, O. Para as amostras (S+4) e (S+6) essa relação
diminui com o tempo podendo chegar até 0,10. Essa diminuição no
coeficiente de permeabilidade pode ser consequência da expansão da
bentonita.
Na Figura 7 estão mostradas as curvas, coeficientes de
permeabilidade - grau de compactação, para todos os corpos de prova.
Pela inclinação dessas curvas percebe-se que há urna diminuição mais
sensivel no coeficiente de permeabilidade para as amostras S e S+2.
Para as condições de baixo teor de bentonita (S+2) e grau de
compactação em torno de 85%, tem-se que a diminuição no coeficiente
de permeabilidade varia de -26,4% a -76,2%.

5. CONCLUSÕES

Para urna amostra com 2% de bentonita e para graus de


compactação de 81,6% e 86,6% a diminuição no coeficiente de
permeabilidade dessa amostra, em relação ao do solo natural, varia
de 10 a 30 vezes.
139

Para uma amostra de solo, compactada com graus de compactação


de 78,3 e 84,5% a redução no coeficiente de permeabilidade, em
relação ao solo natural, varia de 3,4 a 7,4 vezes.
Para teores de bentonita e graus de compactação maiores a
redução nos coef.icientes de permeabilidade cresce, aumentando também
o custo e a dificúldade de se compactar a camada.

6. BIBLIOGRAFIA

Bortolucci, A.A. (1983). Caracterização geológico-geotécnica da


região urbana de São Carlos, SP, a partir de sondagens de simples
reconhecimento, 67 p. Dissertação de Mestrado, Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, São
Carlos,SP.

Neves, M, das (1987). Estudo da permeabilidade do solo colapsivel da


região de São Carlos, 139 p. Dissertação de Mestrado, Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, São
Carlos,SP.

Pereira, P.A. de P. (1993). Determinação experimental da permeabili-


dade de misturas compactadas de solo arenoso e bentonita, 115 p.
Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia de São Carlos da
Unviersidade de São Paulo, São Carlos,SP.

Vilar, O.M. (1979). Estudo da compressão unidirecional do sedimento


moderno (solo superficial) da cidade de São Carlos, 110 p.
Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo, São Carlos,SP .

10
.
?"- J:J k20
/ (em/ •I l!l
k20
(Ct117S)
/ r- v o]

~
./
. ,. I J!l

10
. - lm 10

-
+-- '
I !
121
....__ ... _l~l
...... , : .I
l
, ,I I. I.
10..
-- 50 Tempo (h) 100
10

...-
50
! i
Tempo (h)
I
I
100

Figura 3 • Coeftclente de permeabilidade x tempo ( S ) Figura 4 • Coeftclente de perme•bllldade x tempo


+ 2) (s

. '··----- - - - - - - - - r - - - - - , , - - - - r - - , - - - ,

-I
I
TEMPO (h l 100

Figura 5 • Coeficiente de permeabilidade x tempo ( S + 4 )


140

a"

u
~ ~

...........
--- ~
...... - ,... '-
-r
~
r-.
-
I-.

~~
El
,.
_11!1

I 10-~k20 (em/a) I 'TI!


I 1" I 15 I 1e I " I
• 1 o.36l o.«> 1 o.1•11.oo 1
1o"'o 50 100 150 Temoo (h l

FlgW'II G • Coeflclenta de permeabUidade x tempo ( S + 6 )

75
I • I
7
i i
I I
I ' i li iQ)i
82
~I i I ]@! I : (91 If i
a.
85
'
: 'dL f/_
'I

·~ ~~ I
~
GC 18
(%)
88
~
I

ff,' I lKj'l
1~/
~

15
I I I II I

J I ~! I
~ :I :u
u'
9
14 i} i
I :

rr
10
_,
10 10
,., i í iI
10 . : i i ,.,
10
I
k 20 {em/&)

Figura 7 • Coeficiente de permeabilidade x wrau de compactação


141

INFLU~NCIA DA RESIS~NCIA ANISOTRÓPICA NA


ESTABiUDADE DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES

Paula Britto Pugliesi, M.Sc. 1


2
Tarcísio Barreto Celestino, Ph.D.

1 Escola de Engenharia de São canos - USP


> Prof., Escola de Engenharia de Sao Canos - USP!Themag Engenharia

RESUMO
Apresentam-se estudos de estabilidade de aterros sobre solos
moles explorando-se as influências da forma da superficie de ruptura
e da anisotropia de resistência ao cisalhamento não drenada nas
análises. Foram realizados estudos de estabilidade nos casos de
rupturas de aterros estudados por Bjerrum (1972), buscando as
superficies criticas de escorregamento circulares e não circulares,
e adotando-se resistências ao cisalhamento não drenadas, isotr6picas
e anisotr6picas, obtidas em ensaios de palheta in situ, quando
disponiveis.

1. INTRODUÇXO
A ocorrência de rupturas de aterros sobre solos moles sob
condições de cálculos de estabilidade teoricamente estáveis tem
levado vários autores (Bjerrum (1972); Pary (1972); Ávila (1978);
La Rochelle & Marsal (1981); Ladd (1991)) a questionar os fatores de
segurança calculados e as metodologias utilizadas.
Tem-se observado que aterros em condições de final de
construção, com previsões de fatores de segurança de projeto
superiores à unidade, rompem sem nenhum critério lógico previsivel
através dos cálculos de análises de estabilidade previamente
realizados.
Bjerrum (1972), observando divergências no comportamento de
aterros sobre solos moles na teoria e na prática, realizou análises
de estabilidade em vários casos de rupturas de aterros da época, que
possuíam fatores de segurança maiores que um, (Golder & Palmer
(1955); Marsland (1957); casagrande (1960); Parry (1968); Edie (1967
e 1968); Edie & Holmberg (1972); Pilot (1962 e 1972); Dascal et al.
(1972); Ladd et al. (1972); Haupt & Olson (1972); Wilkes (1972)).
Conhecendo o comportamento da resistência de argilas quanto ao
fenômeno de anisotropia, bem como o efeito do tempo e da ruptura
progressiva, Bjerrum (1972), analisando dados de resistência de
palheta in situ, verificou a existência de uma correlação entre
estas resistências e as mobilizadas na ruptura. Verificou também que
esta correlação variava em função do indice de plasticidade das
argilas. Tais estudos resultaram na elaboração de fatores de
correção a serem aplicados às resistências superestimadas obtidas em
ensaios de palheta in situ.
Permanece, entretanto a pergunta: o problema consiste então na
definição de fatores de correção de resistências de palheta in situ?
Neste contexto, foram analisados os casos de rupturas
estudados por Bjerrum (1972), no trabalho desenvolvido por Pugliese
(1993). Nas análises, foram introduzidas resistências isotr6picas e
anisotr6picas, sob influências de superficies de rupturas não
circulares, com busca da superficie critica, uma vez que tais
variáveis não foram consideradas por Bjerrum (1972).
o presente trabalho mostra a aplicação da metodologia proposta
a um dos casos de ruptura estudados por Bjerrum (1972) e
reanalisados por Pugliese ( 1993) • Trata-se do caso de ruptura do
aterro experimental de Bangkok, relatado por Edie & Holmberg (1972).
2. RUPTURA DE ATERRO EM BANGKOK- EDIE & HOLMBERG (1972)
Foram construidos aterros experimentais com a finalidade de
avaliar a capacidade de carga da argila de Bangkok e a eficiência de
drenos. Para avaliação da capacidade de carga do solo de fundação,
foram consideradas duas seções de estudo: seção A, sem bermas de
estabilização e talude com inclinação de 2:1, e seção B, com bermas
de 1m de altura, 8m de largura no lado esquerdo e 10m no lado
direito. o periodo de construção durou aproximadamente 43 dias,
quando então ocorreu a ruptura. As seções são mostradas na figura 1.
o solo de fundação consiste de uma argila levemente
sobreadensada, com as caracteristicas mostradas na tabela 1 abaixo:
Para efeito de análise os autores consideraram apenas as duas
primeiras camadas, para ambas seções de estudo (A e B). Foram
avaliadas outras caracteristicas do solo: umidade W=150% à
superficie (3 a 4m) e W=110% até 13m, indice de plasticidade Ip=80 a
90%, sensibilidade média=8. o nivel de água foi identificado na
superficie do terreno.
Foi também investigada a anisotropia da argila através da
realização de ensaios de palhetas, com diferentes razões
altura/diâmetro. Os autores chegaram à conclusão de que abaixo da
zona intemper_i_~ada (li _4J o ml_, a razão _entr-E! a resistência não
142

11\Pl\JlA IJ( ATERRO EXPERIWEHTAI. [11 SAH(l((J( - Sl:CAO A


RUPTURA 0[ ATERRO EXPERIU(NTAL [W BANGKCȒ - SECAO 8

/
/
/
'' /
/

~-----"
Escola:~ Escota 0
...!..;...lm

Figura1. Geometria das seções A e B do aterro de Bangkok

Tabela 1. caracteristica do solo de fundação (Edie & Homberg 1972)

3
Camada Espessura(m) 7 (kNfm ) Material

1 1,0 13,2 Solo de topo ressecado


2 23,0 13,2 -1315 Argila mole
3 ? ? Argila Rija

drenada horizontal (Sh) e a resistência não drenada vertical (Sv)


era de 0,8.

Os autores apesar de Tabela 2. Resistências isotr6picas


terem verificado um adotadas por Edie & Holmberg (1972)
comportamento aniso-
tr6pico na argila, ,t;Spessura
Seção camada (m) Resistência (KPa)
realizaram análises
de estabilidade uti- 3,24 10,7
lizando apenas re-
sistências não dre- A 2,40 10,7
nadas isotr6picas, 5,00 10,7
baseadas em resul-
tados de ensaio de 5,64 12,4
palheta in situ va- B
riando com a profun- 5,00 12,4
didade, tabela 2.
Os dados mostrados na tabela 2 foram utilizados por Edie &
Holmberg (1972) e no presente trabalho, durante as análises que se
utilizaram de resistências isotr6picas.
o material do aterro foi identificado como areia de rio. Não
foi considerada a sua resistência, devido ao aparecimento de trincas
de tração antes da ruptura dos mesmos. O peso especifico ~valiado,
tanto para seção A como para seção B, foi de 7 = 20,0 kN/m .

3. CONDIÇXO DE ANÁLISE
Foram realizadas análises utilizando-se resistências não
drenadas obtidas em ensaios de palheta in si tu. Observou-se que a
resistência anisotr6pica não foi considerada pelos autores nas
estabilidades, apesar de tais parâmetros terem sido obtidos em
análises de ensaios de campo realizadas por Edie (1970).
Para introdução da anisotropia de resistência no estudo de
estabilidade do presente trabalho, foi aplicada a Metodologia de Aas
(1967) aos dados fornecidos por Edie (1970), que pode ser utilizada
quando se dispõe de dados, como altura e diâmetro das palhetas e
torques apli-cados, para uma série de ensaios, com diferentes
relações H/D (altura /diâmetro). As relações H/O utilizadas estão
indicadas na tabela 3. O valor de pico do torque M em um ensaio, se
relaciona com a altura (H) e diâmetro (O) da palheta, e com as
resistências ao cisalhamento horizontal (SH) e vertical (S v> de
acordo com a expressão 1, cuja representação gráfica é mostrada na
figura 2.

_ ___,2:--)
II.o 2 .H
•M = SV +
(_oJ.sH 3.H
(1)

As resistências Sv e SH foram calculadas, de metro em metro


até 10 m de profundidade, para cada par de furos.
Dispondo dos parâmetros de resistência anisotr6pica aplicou-se
então a metodologia de Casagrande & Carrillo (1944), com a
finalidade de obter a variação da resistência com a inclinação da
superficie de ruptura. O método adota uma variação eliptica da
143

Figura 2. Metodologia de ASS (1967)

Tabela 3. Dimensões de palhetas utilizadas (Edie (1970))

Diâmetro x Altura Relação H/D


(mml
65 X 260 4,00
65 X 195 3,00
65 X 130 2,00
97,5 X 130 1,33
130 X 130 1,00
130 X 97,5 0,75
130 X 65 0,50

Os ensaios de palheta foram realizados obedecendo a disposição


dos furos de sondagem, de acordo com a figura 3:

2,0 m
I
6l
1

6l
14
6l
2

6l
3
e
3

e
2
6l
4

e
1
6l
5

e
o
6l
6

e
9
6l
7

e
8
I,...
Figura 3. Disposição dos furos de sondagem (Edie (1970))

resistência ao cisalhamento anisotr6pica com a inclinação da


superf1cie de ruptura, de acordo coma expressão 2, cuja
representação gráfica é mostrada na figura 4.
2 (2)
Si= SH+ (SV- SH). cos i

onde: S.= resistência não drenada segundo inclinação i


i~= ângulo de inclinação

Figura 4. Representação gráfica da equação de resistência para solos


anisotr6picos

4. RESULTADOS OBTIDOS

Foram obtidos fatores de segurança para análises utilizando


resistências isotr6picas, resistência anisotr6pica única para toda a
camada de interesse da fundação e resistências anisotr6picas de
metro em metro da fundação. A tabela 4 relaciona os fatores de
segurança encontrados. A figura 5 mostra as superf1cies de rupturas
encontradas apenas para a condição de resistêJ'lcia~; isotr6ptc_~f:l·
144

Os coeficientes de segurança foram calculados pelo método de


Spencer (1967). Superficies criticas circulares foram obtidas com o
programa SSTAB1, Wright (1970) e as superficies criticas não
circulares, com o programa NONCIR, Celestino & ouncan (1973).
Observa-se que fatores de segurança de 1,46, calculados por
Edie & Holmberg (1972), para uma seção rompida, foi reduzido para
1,068, quando considerado o efeito de anisotropia e adotada busca de
superficie critica não circular.

Tabela 4. Fatores de segurança calculados

Fatores de Segurança
Condições Análise
Seção A Seção B
NAO C ••,-~~' 1,283 1,487
1- Resistências CIRCUlAR 1,400 1,505
isotr6picas
AUTORcircul. 1,460 1,610

2- Resistência NÂO CIRCUlAR 1,234 1,387


anisotr6pica
dnica na camada CIRCUlAR 1,438 1,437
3- Res~stênc~a
NÂO CIRCUlAR 1,068
anisotr6pica 1,152
metro por metro CIRCUlAR 1,119 1,212

RUPtURA O( ATERRO OPERIWEHTAL EW BANGK(J( - S(CJ,O 8

Escalo:~

Figura 5. Superficies de ruptura encontradas - Seção A e B

5. CONCLUs5ES
Como se pode observar, avaliando a condição 1 de análise, os
fatores de segurança calculados adotando-se superficie de ruptura
não circular, foram aproximadamente 12% e 7% inferiores para as
seções A e B, respectivamente, aos calculados pelos autores.
Um fator de segurança da ordem de 1,46, calculado pelo autor,
foi recalculado no presente trabalho, para as mesmas condições de
resistência, alterando-se somente a forma de superficie de ruptura e
o método de cálculo. As análises forneceram um fator de 1,28. Estes
dados já levantariam düvidas quanto a ·uma geometria estável do
aterro.
Jã na segunãa condição, os fatores de segurança reduziram-se
·ainda mais, 15% e 13%, para as seções A e B respectivamente.
Na terceira condição de análise, introduzindo-se uma condição
de anisotropia na resistência para cada metro da fundação, chegou-se
a fatores de segurança da ordem de 1, 068 e 1, 152, seções A e B
respectivamente. Os dados calculados foram inferiores aos do autor
em cerca de 26,9% e 28%, para seções A e B respectivamente.
sem o emprego dos fatores de correção propostos por Bjerrum
(1972), e introduzindo-se a anisotropia de resistência e a forma
mais realista da superficie de ruptura, o presente trabalho chegou a
resultados explicativos da real condiÇão de instabilidade das seções
A e B. Vale lembrar que Edie & Holmberg (1972) ressaltaram que a
argila local possuia um pequeno sobreadensamento e que por isto foi
considerada, para efeito de análise, como uma argila normalmente
adensada. Este pequeno sobreadensamento e a anisotropia dele
resultante, foram capazes de reduzir, juntamente com a adoção da
forma de superficie de ruptura, fatores de segurança de 1,46 para
1,068 e 1,601 para 1,15, respectivamente seções A e B.
Finalizando, observou-se que mesmo para niveis pequenos de
sobreadensamento, como o sobreadensamento natural da argila de
Bangkok, as resistências anisotr6picas passam a ter um papel
importante na estabilidade de aterros. Quanto mais precisa for a
avaliação deste comportamento no solo de fundação, mais reais serão
os fatores de segurança calculados, como se pode notar através dos
145

resultados das condições 2 e 3 estudadas.


Abrem-se perspectivas, com este trabalho, para substituir os
fatores de correção propostos por Bjerrum (1972), por métodos de
anâlises mais concisos, utilizando parâmetros cujos processos de
obtenção sejam mais 16gicos e racionais. Conclusões definitivas
necessitam de novos casos de rupturas bem documentados e do
conhecimento do comportamento da resistência anisotr6pica de
argilas.
6. AGRADECIMENTOS
Os autores desejam agradecer ao Dr. o. Edie, do Instituto de
Geotecnia da Norú~ga, por fornecer-nos os dados obtidos em seus
estudos a respeito da anisotropia de resistência das argilas de
Bangkok.
7. BIBLIOGRAFIA
AAS, G. (1965), A study of the effect of vane shape and rate of
strain on the measured values of in situ shear strength of clays.
In: Int. Conf. Soil Mech. Found. Eng.,6, Montreal, v.1, p. 141-145.
AAS, G. (1967), Vane test for investigation of anisotropy of
undrained shear strength of clays. In: Geotechnical Conference, 1,
1967, p.3-8.
BJERRUM, L. (1972), Embankments on soft Ground. In: specialty
Conference of Earth and Earth supported structures., v.2, p.1-54.,
PUrdue Univ. Lafayette.
BJERRUM, L. (1973), Problems of soil mechanics and construction on
soft clays and structurally unstable soils. General report, session
4. In: Int. Conf. Soil Mech. and Found. Eng., 8, v.3, p.111-159,
Moscow.
CELESTINO, T.B. (1977), Some aspects of influences of the
heterogeneities in slope stability analysis. University of
California, 17pp., Berkeley.
CELESTINO, T.B. & DUNCAN, J.M. (1973), Search of critica!
non-circular surfaces for slope stability analysis. University of
California, 13pp., Berkeley.
CELESTINO, T. B. & DUNCAN, J. M. Simplified search of noncircular
slip surface. In: Int. Conf. Soil Mech. and Found. Eng.,10,
Stockolm, 1981. Proceedings: Stockolm, 198l,vol.3,p.391-394.
EDIE, o. ( 1970) , Field Vane shear strength of soft clay at Test
Section IV Km 44 + 170 44 + 525, Bangkok Siracha Highway.
Norwegian Geotechnical Institute, Internal Report, 28pp.
EDIE, o. & HOLMBERG, s. (1972) Test fills to failure on the soft
Bangkok clay. In: Specialty Conference on Performance of Earth and
Earth Supported Structures, ASCE, vol.1, pt.1, p.159-180.
LO, K.Y. (1964), Stability of slopes in anisotropic soils. Journal
of the Soil Mechanics and Foundaion Division, ASCE, vol.91, no.SM4,
p.85-106.
PUGLIESE, P. B. (1993), Estudo de Estabilidade de Aterros Sobre
Solos Moles. Dissertação (Mestrado), 156pp., Escola de Engenharia de
São Carlos, Universidade de São Paulo, São Paulo.
146

ARRANJO FfsiCO DE EQUIPAMENTOS PARA O ESTIJOO DA


RESIS'ftNCIA AO CISALHAMENTO DE UM SOLO ARENOSO
LATERIZADO

Robm,S.A. (Universidade Fedenl de Viçosa)


Vllar,O.M. (USP)

RESUMO
F.sao 1nb6o ~o IIIÍIIlaDa ~ • ~de Cr'p'............. o 011 pmceclt-
llllllllll&cla uaadoa para ac estudar a ~ ao çjnlbli!DI:!Itn de um solo :111a1010, lm:rizado, do Ullllm-
do, do scdimennto cenozóico da região cc:ntto-lcste do Estado de São Paulo.

INTRODUÇÃO
Para ac estudar a resistência ao cisalhamento de um solo arcooso laterindo, nio saturado, do
ICdimcnto cenozóico da região centro-leste do Estado de São Paulo (FÚI.FARO & BOJRNBERG,
1993 c: GIACHETI c:t alii, 1993), foi nc:cc:ssário adaptu: divc:rsos c:quipamcntoe de bboratório, comtnlir
oulro8 c: coucc:bc:r um sistc:ma capaz de monitorar, c:ficazm.cntc, todas as fzscs dos c:nsaioll de
çomprc:sdo 1riaxial.
Durmtc a fase prc:paratória dos ~ c: na cxccução do c:nsaio de COII1pR88io tria-
xi.al, obsc:rvaram-sc momalias no comport.amento do solo, que: foram sanadas com um eficicmt acom-
plllllwnc:uto dos n:sultadoe parciais dos c:DSaÍOII, utilizmdo-sc ~ c: recurBOII da iuformáDca.
Este artigo aprc:sc:nta o arranjo fiaico dos c:quipamentos usado para o citado estudo c: as sohJç&8
clcac:nwMdas para a rc:alizaçio dos ~ labontoriais..

CARACTERIZAÇÃO DO SOLO
As amostras de solo foram colctadaa em um corte de um IDliiCiço lllllinl de acdim>•"•
CCDOzóicos arc:D1J111011, que: ac liSSc:lltllm sobre: ~ do Grupo Bauru (K) (PARAGUASSÚ &
ROHM, 1991 c: ROHM & VILAR. 1994, ncatc simpósio).

OS EQUIPAMENTOS E OS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS


Imtalaç§o da~ matridal
· Pm estudar a msistência ao cisalbamento deste solo, em sua coru:liçio nio lllldllrada, foi
IIICCC8IIário impor às amostras sucçõc:s malriciais c:ntrc: 1o c: 500 kPa.. Esta sucção DWricial. foi induzida
com o auxílio de tiêa câmaras de c:nsaio de ~ 1riaxial, que foram tranaformadaa em pmclaa de
Rklwds, FJgUra 1. O pc:dcstal convencional foi modificado com a inc:ruslaçio de pc:draa parou~ de alta
cmrada de pmssão de ar de 100, 300 (RÕHM c:t alii, 1990b), 500 c: 1500 kPa, cortadas de plaçu
porosas comerciais usadas na dctmninação da Clll.'v.l C:&rliCtcristic de solos.
Cada corpo-de-prova, com diãmelro de 50 mm c: altura de 120 mm, em 8Cil estado namnl, foi
poaicoioD.ado sobre: o pc:dcstal modificado da câmarll auxiliar. Em 8Cil topo foi c:oJoçada uma pcqucua
cobertura de algodlo, com a finalidade de ammtecer o ~ do ~ de água, uec:euária para
levar a sua sucç!o malricial próxima de zero. Estc procedimeDro ~ a c:rodo do topo do ~
prova, que: manteve-se estive~ sem auxilie de acessórios, e nio apresentou tcndêDci.as síguificalivas de
expansão. Em seguida, foram aplicadas as pressões de ar e de água, detc:rminadas para se iDduzir a
sucção matricial desejada. A vazão da água interst:icial foi acompanhada na bureta ligada ao pc:dcstal da
câmara até estabilizar. Este conjunto pode: se utilizado, também, para dctcnninaçõcs da condutividade
hidráulica do solo não saturado.
BURETA

P't!OA4 oe: 41.. TA PAII!.$.S;'o


OI! I!NTA40.. 011! AA (u 0 )

FIGURA 1 - Câmara auxiliar para induzir a sucção matricial desejada.

Resistência ao clsalhamento
Os ensaios de resistência ao ci.salhamento dos corpos-<le-prova, preparados segundo a c:tzpa
amcrior, foram desenvolvidos em câmaras de compressão tri.axial Wykc:bam Fammcc:, moddo
WF1101, modificada para pc:nnitir o controle:, ou a medição, da sucção matricial do solo, FJgUra 2,
coaformc: as recomendações de HO & FREDLUND (l982a).
No pc:dcstal destas câmaras foram incrustadas pc:draa porosas de albl pressão de c:ulrllda de IIF de
100 a 500 kPa, cortadas de placas porosas comerci.ais, ll8adas ~ em pmclaa de ~
coladas com Aralditc:/24h.
A obtenção das pc:draa porosas de albl de prcssio c:onda de ar a partir de piacas pCII'OIIIIII c:am
diimc:tro de = a de 300 mm é uma al!cmaJi.va simples, de baixo custo e ecgue a IIICgiiÍIIIIC rcCiu:
a) regularização de sua superfície inferior com uma camada de parafina com espessura da ordem de
5 mm, com a finalidade de não submeter a cerâmica a flexão durante a operação de corte:, e preYCIIir a
ocorrência de: Jascamento quando a placa é totalmente: vazada pelo instrum~o cortan.~;_
147

b) posiciomento da placa parafinada sobre a mesa gir.uória de uma furadeira de coluna, fixar o diâmetro
da pedra desejada e proceder a operação de corte, ou seja, pr=ionar o instrumento de corte (broca de
videa, ou fresa, com diâmetro da ordem de 2 mm) contra a placa cerâmica até penetrar cerca de 1 mm. c
girar a mesa da furadeira, lentamente. Este ciclo se repete até vazar totalmente a placa porosa; c,
c) limpeza da superficie da pedra porosa obtida com o auxilio de uma espátula e de uma lixa fina.

ConsoHdação dos corpos-de-prova


Cada corpo-de-prova foi posicionado no pcdcstal modificado da câman de compn:ssão lriuial,
com a sucção matricial já estabelecida na câmara auxiliar. Em seu topo foi colocada uma pedra porosa
de baixa entrada de pressão de ar e, então, revestiui-sc o corpo-de-prova com uma membrana de látt:L
Antes de se proceder a etapa de cisalhamcnto, cada corpo-de-prova foi submetido à tc:nsõea de
confinamento que variaram entre 50 e 600 lcPa e ao par de pressões no ar e na água necessário para
manter a sucção matricial arbitrada. Durante esta fase de consolidação os corpos-de-prova aprcscn-
taram colapsos, a partir de cerca de 500 minutos de aplicação das tensões confinantes, FJgUra 3.
volume: (1 - dV I\QX100 (%)
1 00~·--------~-----------------,u-c-ç~ã-o_m_a_t_rl-cl_a_l_•_5_0_k_P_a--.

tensão confinante • 50 kPa


98

92

9oL-----~------~L-------L-------L-------~----~
o 10 20 .~o ,. 40 50 eo
tempo lmln ' l
FlGURA 3 - Colapso ocorrido durante a fase de consolidação.

Obser\/Ou-sc que o teor de umidade do solo era muito superior ao de sua sucçio IIWricial iDi:iaL
Alaim, para se monitorar o fluxo de água pelo corpo-de-prova, foi associada à câm.1n de compte&lo
lliaxial um conjunto de buretas duplas, FigUra 4 c S.
C~1'0 DE IURCTA.J DU~A$
I MC Dll -SAiOACIJ I'NTIItAO..
DC ÃOUA. DO c:.•.l

Este ai:C8IIÓriO mostrou que durantc os primc:iros minutos de aplicaçio das temõca coafinantcs
não houw lllOYÍIDcnto da água do interior do corpo-de-prova, c que, após o colapso do IOio
c:mbdeccu-sc um fluxo de água que percolava a membrana de látex..
Este problema foi contornado com . a aplicação de uma fina camada de graxa de silicoae
(KOMORNIK ct alii, 1980), nas duas faces da membrana de látex..
O conjunto de buretas duplas foi mantido no arranjo geral do equipamento c mostrou, também,
a iuéxistência de fluxo de água nos cotpOS-dc-prova de solo não saturado, rc:vcstidos pela mcmbrma de
látc:lt impc:rmc:abilizada com graxa de siliconc, em ~rase ao cnsaao oe COIIQli"CSSao liJliXW.

Alnmjo geral do equipamento


Na Figura S mostra-se o arr;ago geral do equipamento usado no estudo da R:Sistênci.a ao
cáalbamc:nto dcsle solo am!OSO.
148

--~ til .iCIU4


•••TCM• c= I'On:~ca
"'il
C:Of'TRCI..AOo\
M~•C.:.•o

~~CII[AIIIICOHTJIICLAOit
I'QR YÁl,.VU....& JICOV\.4 00-..,
c. •c~a.t:o

,..._~ CZ A.lll C:Oillll:ll..ACM.


llrOiil YÀL.YV\.A lltC04A,..t.DC:IIU.
oc Jlla1[&alo

......... UNID4CC Cll[ LCJTUJ'A

FIGURA S - A!Rigo geral doo cquipamcntos usados para os cmaios de resistência ao cisalbamcnto.

O con1rolc da pressão de ar foi 1"C33iz1do através de reguladores de prcssão Norgrcn Martomir e


a prcssão da água foi conlrolada por meio de potes de mercúrio.
A insttumentação doo ensaios foi c:omposta coafonnc a Tabela 1 e as FJgUrll!l 4 e 6.
As infOt'IIIaÇÕc:S c:miadas pela ins1rumcntaç!o fomn dccodificadas por uma unidade de leittlras
Wikcb.am Fammce WF12713 c c:miadas a um mic:rocomputado, que COIWMl com um sqftwore
pRDCiador de cosaioa de comprcdo tti.axial (R.OHM et alii, 1990a).
Para medir o volume de ar solubilizado na água, que poderia atrawssar a pedra porosa de aha
pnsdo de entrada de ar, foi utilizado o acessório desenvolvido por FREDLUND (1975), que não
delectou a passageui de ar pela pedra porosa em nenhuma fase doo ensaios.

DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE
Resultados de ensaios de compn:ssão 1riaxial, realizados para se ter uma prévia idéia do compor-
tllmcnto deste solo nlo saturado, mostraram que este material aprcsentava comportameoto plástico, com
dcfonnação na ruptura maiorea do que 15%. A velocidade destes ensaios, segundo as proposiçõea de
HO & FREDLUND (1982b), foi definida como 0,006 mmlmin, com previsão de duração da Oldem
de 60 hons. Dessa forma, o sistema de gerenciamento de c:DS&i.os de compn:ssão tti.axial (R.O'HM ct alii,
1990a) foi desenvolvido para garantir todo o monitoram.CIIlo dos ~os, sem descontinuidades na
coleta das informações enviadas pela instrumentação do coip<Hlc:-prova.
O sistema compõe-se de um conjunto de hardware (Figura 6) e de softwares em Basic (Figura
7) que coleta, arquiva e trata os dados durante a execução do ensaio. Originalmente, este sistema foi
desenvolvido para computadores compatives Apple e, posteriormente, foi modificado para atender
computadores compatíveis IBM/PC.

TABELA 1 - Instrumentação usada durante os ensaios de resistência ao cisalh.amento.


transdutor de convernão de deformações lineares WF170 15
transdutor de conversão de deformações lineares WF17016
transdutor de pressão. WF17060
transdutor ee pressão WF17021
medidor de variação de volume WF1703&
unidaáe de leitura com display WF12713
anel dinamométrico de 20 kg equipado com transdutor de def. linear WF17015
anel djnamométrico de 100 kg equipado com transdutor de def.lincar WF17015
anel dioamométrico de 250 kR equipado com transdutor de def. linear WF17015

INTERP'4CZ: 1!30UEHA OA pqf:N3A CC!'


~2UC
C:CIHPAt!~ TRIAXIAl.. f!
0A IH3TRVHENTACÃQ

MONITOR

~ - MCOIDOIIl CC fi"ORCA AXIAL. (AHCI.. OINAMOMÉTRICO COM TRAN30UTOA 1% oe31..0C4MENT0)


&H - ICOIOOA or; PRE~ ftCUTAA (TAAN3CVTOR CE Alt!Es.3-ÃO I
.t.Y - JICOIOCA IX VAJIUACÃO -.oL..t.JotETRICA {TAAN.:!OUTOA CC Dr::SLDCAHEHTO)
AI.. - HIDICX)A Cl[ 0C.)L.OC4Me:HTO ~JilTIC4L. ( TJU.N40UlOR DE" OI!~I..OCAHe:NTO)

FIGURA 6 - Diagrama do hardware do sistema infonnatizado de coleta c tratamento de dados.

CONCLUSÚES
A obtenção de pedras porosas de aha pressão. de entrada de ar a partir de placas porosas de
diimtlro da ordem de 300 mm, mostrou-se vikvcl c econômica.
149

~ verificar a eficácia das membranas de látex na impermeabilização dos ~prova


a serem ensaiados em câmaras de compressão triaxial.. O uso do conjunto de buretas duplas, co-Dforme
aa FJgURS 4 e 5, auxilia cata verificação durante a execução- do- ensaio. A aplicação de graxa de silicone
em mc:mbrm.u de látex permeávcis reduziu a zero o fluxo de água por seus poros.

~~-E_N__
u ____o_E-,--E~~~

i
I
i
j j

...... nu..... ov IH,.••:t.~"':


- T•ML.A a;,.. \.,l:lf. ( A&>-11. TAOO
- -.,.,.,co,. ... ,.... ... rc•-..:r..ç.õo
• &-c;.KfoolfAeÀo .-..oa:.O t1CL..o.T0"'!0
• r....-1...4 C.CM L.I!T. C IIIC~T.t.OO
o ...-.C::.C.HTA ~v& Tl[,.,a.l.Q • 0.1' - o•"""'ICO" ........ MTII:•••IT.. ~

FIGURA 7 - Diagrama estruturado- do- conjunto de softwares .

O conjunto de buretas duplas indicou que, durante todas as fases de ensaio de compressão tria-
xial, não houve fluxo de água para fora ou para dentro do corpo-de-prova. Posstvehnente, este
fenômeno se verificou por que grande quantidade da água intersticial deste solo não saturado- concenlra-
se nos seus intra-poros (vazios do- interior dos aglomerados) com motilidade bastante reduzida (ROHM
& VILAR, 1994. neste simpósio).
O sistema de gerenciamento de ensaios de compressão triaxial desenvolvido- por ROHM et alii
(1990a), pernútiu acompanhar o comportamento do corpo-de-prova durante todo o transcorrer do-
ensaio, mostrando-se eficiente para ensaios de longa duração.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREDL\.JND, D. G. (1975). A diffused air volume indicator for ureaturated soili<. Can. Geotech. lour., 12:533-539.
FÚLFARO, V. l. & BJORNEBERG, A l. S. 11993). Geologia In: C!NTRA, J. C. A & ALBIERO, J. H., ed. Solos
do Interior de São Paulo. ABMS. cap I, p. 1-42.
GIACHETI, H. L., RÓHM, S. A., NOGUEIRA, J. B. & CINTRA, J. A C. (1993). Propriedades geotécnicas do
Sedimento Cenozóico.. In: CINTRA, J. C. A & ALBIERO, J. H., ed. Solos do Interior de SAo Paulo.
ABMS. cap 6, ?· 143-175.
HO, D. Y. F & FREDLUND, D. G. (1982a). A multistage triaxia1 teot for unsaturated som.
Geoteclmical Testing
Journal, ASTM, Philadelphia, 5(1/2):18-25, March!lune 1982.
HO, D. Y. F. & FREDLUND, D. G. (1982b). Straín rates for unsaturated soil !hear strenglh testing. Soulbeast Asian
Geotecnical Conference, 7., Hong Kong. Proceedings. p.787-803.
NOGAMI, J. S. & Vll.LrBOR, D. F.(198l). Uma nova cla•sificação de solos pera finalidades rodoviárias. In: Simp.
Bras. de Solo Trop. em Eng. Rio de Janeiro. Anais. Univ. Fed. do Rio de Janeiro. p 30-41.
NOGAMI, l. S & V1LLIBOR, D. F (1983) Os solos tropicais laterltieos e saprollticos e a Jl8vimentaçllo. In: KeuniAo
Abual de Pavimentação, 18., Porto Alegre, 1983. Anais. 21p.
PARAGUASSÚ, A. B. & RÕHM, S. A (1991). O movimento da água do solo sob efeito da tcmpcratuno e a...,.
influência na cimentação de superficies de :!edimentos arenosos. In: Simpósio de Geologia do Sudeste, 2.,
São Paulo. Anais.SBG. p. 309-313.
RÕHM, S. A, GIACHETI, H. L., ANTONIUTI1, L. & BORTOLUCCI, A A (1990a). Um sistema para
gerenciamento de ensaios de compresão triaxiaL In: Congresso Brasileiro de Ensino de Engenbsria. Poço. de
Ca.l.das. Anais. Associação B-rasileira de Ensino de Engenharia. 1990. p.329-336.
RÕHM, S. A., MARIANO, W. A & VILAR, O. M. (1990b). Elaboração de pedra porosa de alta pressAo de entrada
de ar para avaliação do comportamento mecânico de sol.os não saturadoo. In: Congresso Brnsileiro de Emino
de Engenharia, Poçoo de Calda.. Anais. A3sociação Brasileira de Ensino de Engenharia. 1990. p.2!1-219.
VILAR., O. M., BORTOLUCCI, A A & RODRIGUES, J. E. (1985). In 1nt Con( on Geomocblmicl in Tropiool
Lateriric and Saprolitic Soil!, Brasilia. Anais. Brasília, ABMS, 1985. v2, p.461-470.
150

A INFLlffiNCIA DA ESTRUfURA DE UM SOLO ARENOSO LATERIZADO


NÃO SATURADO NA SUA RESISTÊNCIA AO CISALHA1\1ENTO

Rõhm, S. A. (Universidade Federal de Viçosa)


Vilar, O. M. (USP}

RESUMO
Este trabalho apresenta uma relação enlre a resistência ao cisalhamento e a sucção matricial para
um solo arenoso latcrizado, do Sedimento Cenozóico, da região de São Carlos-SP. Procura-se analisar
por que o modelo que melhor atende a esta relação é não linear, com o auxilio da curva característica.,
da porosimetria, da distnbuição do volume de vazios c de fotografia do plasma do solo.

INTRODUÇÃO
O estudo do comportamento mecânico de um solo arenoso latcrizado, do Sedimento Cenozóico,
da região de São Carlos-SP (FÚLFARO & BOJRNBERG, 1993 c GIACHETI et alii, 1993), mostrou
que a relação entre a resistência ao cisalhamento c a sucção matricial apresenta-se não linear, em
discordância com FREDLUND ct alii (1978), GUI.JiATI & SATUA (1981), HO & FREDLUND
(1982), FREDLUND ct alü (1987) c FREDLUND (1990).
A curva que melhor representou a relação entre a sucção matricial c a resistência ao
cisalhameDto foi a h:iped>ólica., que atende à não linearidade admitida por ESCARIO & SÁEZ (1987),
ABRAMENTO & CARVALHO (1989), ESCARIO & JUCA (1989) c WOLLE & HACHICH (1989).
Uma possível explicação para este comportamento parece estar relacionada com a
~peculiar destes solos latcrizad.oe que, segundo NOGAMI & Vlll..IBOR (1983), IDOStra-
se como esponjosa ou como um conjunto de pipocas. Esta microestrutura permite a ocorrência de
grandes poros (mtcr-aglomcrados) c de minúaculos outros poros (intra-aglom.ctadOs).
Neste artigo aprcscntml-se uma distribuição porosimétrica deste solo arenoso, uma curva
característica c uma microfotografi.a que parecem explicar o comportamento deste material.

CARACTERUAÇÃODOSOLO
As amostras de solo foram colctadas em um corte de um maciço natural de Sedimentos
Cenozóicos arenOS06, que se assentam sobre conglomerados do Grupo Bauru (K) (PARAGUASSÚ &
ROHM, 1991). Este solo classifica-se, pcdologicamcntc, como um latossolo vermelho-amarelo, fase
arcnoea. Pela metodologia MCT (NOGAMI & VTI..LIBOR, 1981) este solo pode ser classificado como
LG'a, indicando que trata-se de um solo arenoso,· de comportamento lateritico. Sua distnbuição
granulométrica é descontínua c apresenta mais de 50 % de areia fina, FJgUia 1. Nas frações areia c
pcdrcgulho deste solo podem ocorrer quantida.de& variadas de concreções fcnuginosas ou aluminosas. A
fração argila constitui-se de argilominerais da família da caolinita c óxidos hidratados de ferro c/ou
alumínio (NOGAMI & Vlll..IBOR , 1983 c V1LAR ct alii, 1985). Estes óxidos aglomeram os
argi1omincrais, gerando uma microestrutura esponjosa ou de pipoca. Os índices fisicos médios deste
soles são: massa específica dos sólidos: 2,8 gicm3; índice de vazios: 1,0; teor de umidade natural: 20%:
massa especifica natural: 1,65 glcm3; e, grau de saturação: 50%.

"' J
dJ
v
"'
"'
"'
20

<o
o
o.oo ,
'
FIGURA 1 - Distribuição granulométrica do solo arenoso laterizado.

RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO VERSUS SUCÇÃO MATRICIAL


O estudo da resistência ao cisalhamento deste solo foi desenvolvido em uma câmara de
compressão triaxiaJ modificada para se medir, ou controlar, a sucção matricial do solo, segundo os
procedimentos descritos em R6HM, 1992 e em R6HM & Vll..AR 1994, neste siropósio.
A trajetória de tensões imposta ao solo, até sua consolidação na câmara de compressão triaxial,
apresenta-se na Figura 2, associada à variação relativa do índice de vazios do corpo-dc-prow.
Inicialmente os corpos-de-prova, com sucção matricial natural CBn), foram posicionados c:m jJma
câmara de Richards auxiliar, e tiveram sua sucção matricial relaxada até próximo de zero (B 0 ), com o
fornecimento de água suficiente para isto. Na seqOência, a câmara foi fechada c aplicada a diferença de
pressões (u3 - Uw) desejada, para se estabelecer a sucção matricial arbitrada (B l• por exemplo).
Atingido o cquihbrio nesta fase, o corpo-de-prova foi transferido para a câmara de compressão trlaxial
modificada, onde foi adensado (B:z) e finalmente cisalhado, sob sucção matricial controlada. Para um
segundo corpo-de-prova, a trajetória de tensões desenvolveu-se como se segue: Bn -+ B 0 -+ B3 -+ B4.
Segundo ESCARIO & SÁEZ (1987), FREDLUND et :ilii (1987) e FREDLUND (1990), o
ângulo cpb (FREDLUND et alii, 1978) se igula a <j>', quando a sucção matricial do solo é nula.
Entretanto, este solo apresentou a.b, análogo à cpb, maior do que a.', análogo à cp', em concordãncia
com ABRAMENTO & CARVALHO (1989) e WOUE & HACHICH (1989)

ANÁLISE DOS RESULTADOS


A não ünearidade da relação entre q e a sucção matricial parece estar relacionada com a
estrutura deste solo. Na Figura ~ observa-se a rede de poros inter-aglomerados, com grandes
sinuosidades e variações de diãmetos de O, 002 a O, 02mm. A vesícula localizada na parte superior da
151

Bo

FIGURA 2 - Trajetória de tensões associada à variação relativa do índice de vazios do solo:

A relação entre a reS1SténCla ao ~JSallumento e a sucção !TlCltricul ;;m um J.i.lgrama q ''ersus


(ua- Uw), Figura 3. apresentou-se hipcrbóliw rRÕ!-l),LJ992l.

q (kPal
140 ~------------------- ----
120

100

80

60

40

20

o - - - -------------
o 100 200 300 400 500 600
sucção matricial (kPa)

FIGURA 3 - Projeção da variação de q versus sucção matriciaL

FIGURA 4 - Fotografia do plasma do solo arenoso la.teriza.do, com aumento de 850 vezes
(microscópio elelrônico de varredura - IFQSC/USP)

fotografia, indica condições favoráveis para a ocorrência de fenômenos de histerese, pelo efeito ink
bottle, ou pela captura de bolhas durante a fase de umedecimento (MARSHAll.. & HOLMES, 1981).
Na Figura 5 mostra-se a curVa de retenção da água deste solo, · realizada por secagem da
amostra, caracteristica de um material arenoso. Obscrva.se que, até uma sucção matricial de 10 kPa a
água do solo drena com alguma facilidade. A partir desse valor, a dificuldade de se retirar água do solo,
alravés de valores de sucções matricilús crescentes, aumenta de fonna acentuada. Isso moslra que este
solo apresenta uma distnbuição porosimétrica descontínua, com poros inter-aglomerados e outros mira-
aglomerados, em conseqüência de sua microes1rutura esponjosa ou de pipocas_
As Figuras 6 e 7 moslram as distribuições porosimétrica e de volume de vazios deste solo,
revelando que cerca de 3004> dos poros têm diãrnelros na faixa de 0,0006 a 0,1mm, e que 70% dos
poros têm diâmelros que variam enlre 0,00006 e 0,0006mm. Nota-se, também, que o volume dos poros
entre 0,0006 e O, lmm é de cerca de 90% do volume total de vazios desta amostra; conseqüentemente, o
volume dos poros entre 0,00006 e 0,0006mm constitui apenas 10% do volume total de vazios. Esta
distnbuição de volumes moslra por que a curva característica assume a forma apresentada na Figura 5 _
152

sucção matricial (kPa)


1000 =

f
,.;
100 J,


t
~
0.1~--~---+----~--+---~---+----~--+----P~_j
15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35
teor de umidade em massa (%)

FlGURA S - Curva característica do solo arenoso laterizado, em suas condições naturais,


obtida por desidratação.

Uma análise conjunta da fotografia do plasma, da curva caracteristica e das distnbuições


pórosimétrica e de volume de vazios deste solo, permitem inferir que, para sucções malriciais até cerca
de 200 kPa, parte: da água do solo situa-se, ainda, nos vazios inter-aglomerados. A partir deste valor, a
água intersticial localiza-se, ptedominantcmente, nos intra-poros (no interior das pipocas constituídas
por a.rgilorninerais aglomerrados por óxidos hidratados de ferro e/ou ahunínio ). Este fato parece explicar
por que a relação entte q e a sucção matricial mostra-se curva, tendendo para uma assíntota acima de
valores da ordem de 200 kPa de sucção matricial..

CONCLUSÕES
O modeb hiperbólico parece atender satisfatoriamente a relação entre q e a sucção malricial
para este solo arenoso bterizado, do Sedimento Cenozóico.
A detenninação da curva caracteristica, da porosimetria, da distnbuição do volume dos poros e a
observação do plasma do solo, são recursos importantes na análise do comportamento mecânico de um
solo não saturado. ,
A diminuição do ganho da resistência ao cisalhamento a medida que se aumenta a sucção malri-
cial, parece estar associada com a distnbuição da água intersticiaL No início, mesmo com sucções malri-
ciais de baixo valor, consegue-se interferir em uma grande quantidade de água dos vazios, provocando
sua drenagem e o reananjo da remanescente. Progressivamente, a água dos poros maiores vai se es-
casseando. A partir de um dado valor, cerca de 200 kPa, pouca água resta nos vazios inter-aglomera-
dos, e a água que drena ·apresenta peq~ motilidade, indicando que ela pertence, predominantemente,
aos poros intra-aglomerados. Este mecanismo parece provocar os efeitos mostrados na FtgUia 3.
d~trib. porosimetrica (%) área dos poros (%)
100 ~--~~------~--~~======~==~~100
-e-- dlatrlb. doa poroa

\~
...,_ âraa doa poroa
80 80

80

~ 60

\~
40

20

o
1.000E-05 1.000E-04 1.000E-03 0.01 0.1
diãmetro dos poros (mml
FlGURA 6 - Distribuição porosimétrica do solo arenoso laterizado.
volume lncremetal (cm 3tg) distribuição de volume(%)
0.013r--------r------~~-------.----~--.--------,9

0.012
e
0.011
0.01 7
0.009
0.008
0.007
0.006
0.0015
0.00-4
0.003
0.002
0.001
o~J-~~~~~~~--~~llll~~~we~~~~~o

tOOOE-05 1.000E-04 1.000E-03 O.o1 0.1 1


dlãmetro dos poros (mm)
FlGURA 1 - Distribuição do volume vazios do solo bterizado.
153

REF'ERtNCIAS BffiLIOGRÁFICAS
ABRAMENTO, M & CARV AUIO, C. S. (1989). Geotecbnical parameters for study of natural
s1opcs instabilizalion at Serra do Mar, Brazil.. In: Jnt. Conf. on Soil Mecilanics and Foundation
fL;;ineering. 12., Rio de Janeiro. Proceedings. Rotterdam, A. A. Balkema. v. 2, p. 1599-1602.
ESCARIO, V. & JUCÁ J. F. T. (1989). Strength. and deformation of partiy saturated soils. In: Int.
Conf. on Soil Mech. and Found. Engng. 12., Rio de Janeiro. Proc. R.otcrdam, A. A. Balkcm.a.
V. L p. 43-46.
ESCARlO, V. & SÁEZ, J. (1987). Shear sln:nglh of partly saturated soiJs versus suction. In:
lntemational Conference on Expansive Soils, 6., New Delhi. Proceoding". v. 2, p.141-143.
FREDLlJND. D. G. (1990). The character ofthe shear strength envelope for unsaturated soils.. In: De
MeDo Volume. São Paulo. 'Edgar Blücher Ltda. p. 142-149.
FREDLUND, D. G., MORGENSTERN, N. R. & WIDGER, R. A. (1978). The shear strength ofun-
saturated soils. Canadian Geotechnical Joumal, 15(3):313-321, August 1978.
FREDLUND, D. G., RAHARDJO, H. & GAN, J. K. M. (1987). Non-linearity of strength euvdope
for unsaturated soils. In: Int Conf. on Expansive Soils, 6., Nc:w Delhi Proc.. v. 2, p. 49-54.
FÚI.FARO, V. J. & BJORNEBERG, A. J. S. (1993). Geologia. In: CINTRA, J. C. A. & ALBIERO,
J. H., ed. Solos do Interior de São Paulo. ABMS. cap 1, p. 1-42.
GIACHETI, H. L, RÓHM, S. A., NOGUEIRA, J. B. & CINTRA, I. A. C. (1993). Propriedades
geotécnicas do Sedimento Cenozóico.. In: CINTRA, J. C. A. & ALBIERO, J. H., ed. Solos· do
Interior de São Paulo. ABMS. cap 6, p. 143-175.
GULHATI, S. K. & SA"I1IA B. S. (1981). Shear strength of par1ially saturated soils. In: Int. Conf. on
Soil Mech. and Foundation Engng. 10., Stockholm. Proc. Rotterdam, A. A. Balkema. p. 609-
621.
HO, D. Y. F. & FREDUJND, D. G. (1982). A multistage triaxi.al tcst for unsaturated soils..
Geotechnical Testing Joumal, ASTM, Philadelphia., 5(112):18-25, Marcb/June 1982.
KOMORNIK, A., L1VNEH, M. & S:MUCHA, S. (1980). Shear strength and swelling of cl.ays undcr
suction. In: lntema.tional Confc:rence on Expansive Soils, 4., Dem.u, 1980. Procccdings.
p.206-226.
MARSH.ALL, T. J. & HOLMES, J. W. (1981). Soil Physics. Cambridge Univ. Presa, 1981. cap. 1-4.
NOGAMI, J. S. & Vill.JBOR, D. F.(1981). Uma nova classificação de. solos para finalidades rodo-
viárias. In: Simp. Bras. de Solo Trop. em Eng. Rio de Janeiro. Anais. Univ. Fed. do Rio de
Janeiro. p 30-41.
PARAGUASSÚ, A. B. & RÓHM, S. A. (1991). O movimento da água do solo sob efeito da tempera-
tura e a sua influência na cimentação de superficies de sedimemos areno806. In: Simpósio de
Geologia do Sudeste, 2., São Paulo. Anais.SBG. p. 309-313.
RÓHM, S. A. (1992). Resistência ao cisalharnento de um solo arm0110 laterizado não satllr3do da
região de São Carlos-SP. São Carlos. 282p. (Doutorado - Escola de Eng. de São Carlos da
Univ. de São Paulo)
Vll..AR, O. M, BORTOLUCCI, A. A. & RODRIGUES, J. E. (1985). In Jnt. Conf. on Geomechanica
in Tropical Lateritic and Saprolitic Soils, Brasília. Anais. Brasília, ABMS, 1985. v2,. p.461-470.
WOli.E, C. M & HACHICH, W. (1989). Raio induccd landslide in southcastem Brazil.. In: In: Int.
Conf. on Soil Mech. and Found. Engng, 12:, Rio de Janeiro. Proc. Rottcrdam, A. A. Balkcma.
v.3, p.l639-164.
154

DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DA CONDUTIVIDADE IDDRÁULICA


DE SOLOS NÃO SATURADOS

Sio Mateus, M. S. C. (UEFS/BA)


Vllar, O. M. (EESC/USP)

RESUMO

A condutividade hidráulica de três solos do Estado de São Paulo é determinada em


laboratório, empregando-se a técnica de medição de fluxo de água drenada da amostra, e utilizando-se
câmaras de ensaio de compressão triaxial adaptadas para funcionarem de forma semelhante à
membrana de pressão. Os valores de condutividade hidráulica são obtidos pelo método de Olson e
Daniel ( 198 I), que considera a impedância do sistema solo-pedra porosa de altq valor de pressão de
entrada de ar, e esses valores são comparados com aqueles calculados segundo o método de Gardner
(1956) para os mesmos solos. As características de permeabilidade e condutividade hidráulica são
analisadas, além de serem discutidas a relação sucção-teor de umidade e a influência da distribuição de
poros nos valores medidos de condutividade hidráulica.

1. INTRODUÇÃO

Problemas de fluxo em meios não saturados, como o avanço da frente de infiltração em


taludes ou a compressibilidade, necessitam do conhecimento da condutividade hidráulica para a sua
resolução. O estudo da condutividade hidráulica é realizado com certa frequêocia em Agronomia para
definir características dos solos necessárias a projetos de irrigação. Em Geotecnia, embora se trate de
uma propriedade de interesse, poucos são os registros encontrados na literatura, havendo uma grande
necessidade de dados e características que permitam avaliar diversos problemas, como, por exemplo, a
perda de água de canais de irrigação
Este trabalho procura dar uma contribuição no que se refere à determinação, em laboratório,
da condutividade hidráulica de solos não saturados. Em síntese, o objetivo do presente trabalho é
determinar a variação da condutividade hidráulica de amostras indeformadas em função do potencial
matricial e avaliar a relação dessa propriedade com a permeabilidade e com a distribuição de poros.

2. ESTUDO EXPERIMENTAL

2.1. Caracterizaçlo Geológica e Geotécnica

Os solos estudados foram coletados em três locais distintos: o solo A (Talude EESC) e
proveniente áa área experimental, situada no Campus da Escola de Engenharia de Sao Carlos-USP, e
os solos B (Sertãozinho) e C (Rodovia Washington Luiz) são provenientes de pontos situados nas
rodovias SP-333 km 320+ l90E e Washington Luiz km 230, respectivamente.
As amostras A e C são do Sedimento Cenozóico sobre Arenito Bauru e Arenito Botucatu,
respectivamente, enquanto a amostra B, pela granulometria, deve se tratar do Sedimento Cenozóico
sobre Basaltos da Formação Serra Geral.
Para os três tipos de solo estudados, foram retiradas amostras deformadas e indeformadas
provenientes de taludes existentes nos locais de amostragem. A posição de retirada das amostras foi de
aproximadamente I m abaixo da superficie de cada encosta (corte de talude).
Com as amostras deformadas foram realizados ensaios de caracterização, segundo as normas
da ABNT, cujos resultados são mostrados na Tabela I.

Tabela I -Resultados dos ensaios de caracterização

SOLO A B c
Y (kN/m 3 ) 27,3 29,0 26,7
wd%) 41 49 -
w (%) 26 30 -
Wr (%) 21 23 -
lp (%) 15 19 NP
Areia média (%) 9 I 7
Areia fina (%) 48 23 75
Silte (%) 16 36 6
Argila(%) 27 40 12

2.2. Ensaios para Determinação da Condutividade Hidráulica

Na execução desses ensaios, empregou-se a técnica de "fluxo de saída", primeiramente


desenvolvida por Gardner (1956). Foram adaptadas câmaras triaxiais com o objetivo de coloca-las
funcionando da mesma forma que placas de pressão. O volume de água expulsa da amostra foi medido
em bureta graduada, onde se colocou uma camada de vaselina líquida com corante vermelho (cerca de
I em de espessura) sobre a superficie da água contida na bureta, visando impedir a evaporação dessa
água.
155

Os corpos de prova foram ensaiados dentro de anéis de PVC, com diâmetro igual a 5 em e
diferentes alturas (3, 6 e 9 em). Antes de iniciar os ensaios, as pedras porosas foram saturadas e os
corpos de prova, umedecidos para elevar o grau de saturação do solo Os solos estudados foram
súbmetidos, em geral, às sucções de 5, 10, 15, 25, 30, 50, 80, I 10, ISO e 180 kPa. A temperatura
ambiente foi medida no decorrer de cada ensaio.
Para o cálculo da condutividade hidráulica, foram utilizados o método de Gardner ( 1956) e o
método de Olson e Daniel ( 1981 ).

a) Método de Gardner (1956)

No emprego deste método, os dados experimentais foram plotados, para cada estágio de
pressão, em gráfico tendo nas ordenadas o logaritmo de (Q 0 • Q) e, nas abscissas, o tempo
correspondente as leituras. A condutividade hidráulica foi obtida através da expressão:

k = (Qo. B.yw) I V.ôP.a.1 (1)

onde: k=condutividade hidráulica; B=inclinacão da linha reta obtida do gráfico (Q 0 -Q) x


tempo, em escala semi-log; Q0 =volume total de água expulsa; ôP=acréscimo de pressão de ar aplicado
à câmara; V=volume da amostra; a.= n1t/(2L); L= altura do corpo de prova; n= 1,3,5.,7 Yw=peso
especifico da água; B/ a2= D(9)

b) Método de Olson e Daniel ( 1981)

Neste método, obteve-se o gráfico Q, x logt, no qual Qt e o volume de água expulsa


correspondente a cada tempo t.
O cálculo da condutividade hidráulica é feito através da equação

(2)

onde:T so=fator tempo para o qual 50% do fluxo de saída já ocorreu e, obtido através do
~co!Tso x R, m~strado em Olson e Daniel (1981); m=inclinacão da curva 9 versus h, para cada
mcremento de pressao; tso=tempo correspondente a metade do fluxo total de saída.

2.3. Ensaios Complementares

a) Ensaio para Determinação da Curva Característica de Umidade do Solo

.. Para o ensaio de determinação da curva característica de umidade dos solos (Figura 1),
utilizaram-se corpos de prova saturados, dentro de anéis metálicos com 4,82 em de diâmetro interno e
3,0_ em de altura. As pressões aplicadas durante o ensaio, para promoverem a drenagem da amostra,
vanaram na faixa de I à 1452 kPa (ISO mH20)

"r-------------------------------------------~

lO

SOlO C
lO

0
o:J:.,-~-r-r"TT>c,n::.o-~~,.,~,o.,.._.o:--~r.-rT"TT,TTor-o.o-,.-,-,....,.,.,orro,..-o.-o-,..~,..-...,~,o,.,.jooo.o
Sucsõo (kPo)

Figura 1 - Curvas características dos solos ensaiados.

b) Ensaio de Porosimetria por Intrusão de Mercúrio

O ensaio de porosimetria foi realizado em amostras de forma cúbica com 2 em de lado


utilizando-se o equipamento "PoreSizer 9320 da Micromeritics Instrument Corporation". O control~
desse ensaio_foi_ feito através de "software• que acompanha o equipamento. A obtenção dos diâmetros
dos poros atmg1dos por cada pressão aplicada (de 6 kPa à 200 MPa) foi feita utilizando-se a equação
de W ashbum (I 921 ), e os resultados dos ensaios são apresentados na Figura 2.

c) Ensaios para Determinação da Permeabilidade

Os ensaios de permeabilidade foram realizados a carga constante, adotando-se o procedimento


de Stancati et alii ( 1981) e, utilizando-se corpos de prova com 5 em de diâmetro e ll em de altura
(solos A e C) e, 6,6 em de altura (solo B). Essa diferença nas alturas ocorreu devido a dificuldade em
trabalhar o solo B (presença de concreções e baixo teor de umidade). Na Tabela 2 são apresentados
valores dos coeficientes de permeabilidade obtidos, bem como alguns índices físicos dos solos.
156

IOO:-·-~

.
_ ao
!:.
"'o 70

"'i? 60
:::
o
o 50
~

~
::> 40
u
~

3 JO

i5
> 20

10

o
0.001 o 010 o. 1ao 1.aoo t o.ooa 100.000 1000.000
Oiômotro dos poros (E-6 m)

Figura 2 - Distribuiçãó do tamanho dos poros.

Tabela 2 - Coeficinete de permeabilidade e índices fisicos dos solos ensaiados

Solo A B c
Y (k.N/m 3) 16,2 14,1 16,7

YA(k.N/m:l) 14,1 11,7 15,5


e 0.93 I 47 072
S,.i (%) 43 40 31
w (%) 14,7 20 2 84
k,n (m/s) 3,1 X JQ-S 30xJQ-S 3 7 X JQ-S
Srf (o/o}_ 84 !00 88
wr(%1 28,5 53,1 23,7

3. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Entre os três solos ensaiados, notou-se que os solos A e B apresentam curvas características
típicas de solo argiloso, sendo que para o nível de sucção na faixa de I a 30 kPa, o solo A apresenta
maior retenção de umidade do que o solo B, apesar desse último ter maior porcentagem de finos. Este
fato provavelmente encontra explicação no elevado índice de vazios do solo B (e= 1,47). As curvas de
distribuição de poros também fornecem respaldo a tal comportamento
Através da Figura 2 e, considerando-se a definição de Libardi (1984) para macro e
microporos, verifica-se que os solos C e B apresentaram maior porcentagem de macroporos. Essa
mesma figura mostra, ainda, uma descontinuidade na distribuição de poros (menos acentuada para o
solo B), verificando-se praticamente a inexistência de vazios com diâmetros no intervalo de 0,04>tm a
0,01 mm. Observou-se também que o solo A apresentou maior porcentagem de microporos, quando
comparado aos solos B e C
Pelos resultados dos ensaios de permeabilidade, apresentados na Tabela.2., nota-se que os três
solos possuem valores de coeficiente de permeabilidade praticamente iguais. Pelo fato de o solo B ser
classificado como argila siltosa, inicialmente esperava-se um valor menor para o seu coeficiente de
permeabilidade, típico de solos finos. Entretanto, devido ao seu elevado índice de vazios e a sua
distribuição de poros, observou-se que se trata de um argila bastante porosa e, portanto, com
caracteristicas de permeabilidade semelhante as de solos mais grossos.
Verificou-se que, em geral, os solos estudados comportaram-se conforme previsto pelo
método de Gardner, apresentando pontos (volume de água drenada, ao modificar a sucção, em função
do tempo) com comportamento aproximadamente linear, sendo que, em alguns casos, no inicio ou no
final de cada estágio de pressão de ar, esse comportamento mostrou desvios. O mesmo aconteceu com
os solos B e C. Exemplos de aplicação desse método podem ser encontrados nos trabalhos de Gardner
(1956) e Diny et alii (1993). Gardner afirma que o desvio pode ser consequência de elevados
acréscimos de pressão de ar, os quais deixam de satisfazer a condição de k(8) constante (uma das
hipóteses adotadas para aplicação do método).
Pelo método de Olson e Daniel (I 981 ), observou-se que a forma dessas curvas é semelhante à
daquelas plotadas segundo o método de Casagrande para o calculo de "ey" no ensaio de adensamento.
Aliás, no trabalho de Olson e Daniel (1981) a referida semelhança fica subentendida (visto que os
autores não foram muito claros quanto a obtenção de t 50), pois para a resolução do problema, o
método parte de uma equação idêntica a equação diferencial que governa o adensamento
unidimensional, além de Óbter, para o calculo de k(8), parâmetros correspondentes a 50% do volume
total expulso para cada sucção aplicada.
Para a condutividade hidráulica, os valores obtidos pelo método de Gardner (1956), bem
como para o método de Olson e Daniel (1981), para o solo A, são mostrados nas Figuras 3 e 4,
respectivamente. Valores nessa mesma ordem de grandeza também foram encontrados para os solos B
e C. Essa faixa de valores já foi reportada por autores como Gardner (1956), Kunze e Kirkham (1962),
Richards (1965), Hamílton et al. (1981), Constantz (1982), Diny et alii (1993), entre outros, para
amostras compactadas.
O gráfico de condutividade hidráulica x sucção, para os solos estudados, mostram que, em
geral, a condutividade hidráulica decresce com o aumento de sucção.
Como se observa, pelas Figuras 3 e 4, os valores de condutividade hidráulica calculados por
ambos os métodos são muito baixos. Em princípio, pensou-se que esses valores representavam a
permeabilidade da pedra porosa de A VPEA ou do filtro de papel utilizado (autores como Danielson e
Sutherland, 1986 afirmam que a presença do filtro de papel influência nos resultados); no entanto,
157

ensaios realizados utilizando-se a técnica do perfil instantâneo (Eizeftawy e Cartwright, 1981)


forneceram resultados semelhantes aqueles obtidos neste trabalho. Sendo assim, é provável que, nesse
caso, o papel filtro não tenha exercido influência nos resultados. Quanto à influência da pedra porosa,
verificou-se que no trabalho de Diny et ali i, ( 1993) foi utilizada pedra porosa de AVPEA com
permeabilidade superior a dos solos ensaiados e, no entanto, esses autores mostraram resultados na
mesma ordem de grandeza daqueles encontrados nesta pesquisa.

CONOUTIVIOAOE HIORAULJCA - SUCÇÃO


SOLO A H: 3 em

1(~·~----------------------------------------------,
l<tlOOO DE GAROtO
(1956)

kJ (C? - 1)

1
!(-1JL-~
•o 100 1000
sucçÃo (kl'o)

Figura 3 - Condutividade hidráulica- sucção (solo A, altura= 3 em)

CONOUTIVIDAOE HIDRÁULICA - SUCÇÃO


SOLO A H : 3 em
1(~·~-----------------------------------------------
l<tlOOO DE OLSON E DANEL
(198 I)
k5 (CP - I)
..::. 1(-10
!.

1(-13 +--------,--~--...-~~~~..,......----~---~----.--,--...-,.--.-:1.
10 100 1000
SUCÇÃO (kl'o)

Figura 4 - Condutividade hidráulica - sucção (solo A, altura= 3 em)

CONCLUSÕES

Após análise dos resultados, foi possível fazer algumas observações, tais como:

comparando-se os gráficos de condutividade hidráulica x sucção, para os métodos de Gardner


(1956) e Olson e Daniel (1981 ), verificou-se comportamento semelhante (valores na mesma
ordem de grandeza), apresentando apenas diferenças quanto aos valores absolutos. Isto pode
indicar, para os solos estudados; que a aplicação de um ou de outro método, desde que a
condutividade hidráulica do solo seja inferior a da pedra porosa, conduz a valores próximos.
Sendo assim,-optando-se pelo emprego do método de Gardner (1956), o processo de cálculo
toma-se mais rápido, da mesma forma que a execução do ensaio;
para os solos estudados, o método de Gardner (1956) não se aplica quando o grau de
saturação estiver elevado (pressões iniciais ate cerca de 50 kPa), devido á impedância do
sistema solo-pedra porosa; o mesmo ocorre para o método de Olson e Daniel (1981), pois,
durante o p~<1cesso iterativo de cálculo, para as pressões iniciais, não houve convergência para
um~valor único de condutividade hidráulica, principalmente quando o incremento de pressão
era elevado (na aplicação da primeira pressão). Parece que a proposta de Olson e Daniel
(1981) para levar em consideração a impedância do sistema solo-pedra porosa não funciona,
para esses solos pesquisados;
dentro da faixa de sucções estudadas, os macroporos governaram o fluxo de água nos três
solos, influenciando, portanto, na condutividade hidráulica
158

5. REFERÊNCIAS BmLIOGRÁFICAS

CONSTANTZ, J. (1982), "Temperature Dependence ofUnsaturated Hydraulic Conductivity ofTwo


Soils", Soil Science Society Am. 1., 46, p.466-470.
DANIEL, D. E; HANll..TON, J. M. e OLSON, R. E.· (1981), "Suitability of Thermocouple
Psychrometers for Studying Moisture Movement in Unsaturated Soils", Permeability and
Growndwater Contaminant Transport. ASTM, STP 746, T. F. Zimmie and C. O. Riggs, Eds.,
p. 84-100.
DANIELSON, R. E. e SUTHERLAND, P. L. (1986), "Porosity Methods of Soil Analysis Part 1 -
Physical and Mineralogical Methods"., American Society of Agronomy, 9, p.443-461.
DINY, S.; MASROURI, F. e TISOT, J.-P. (1993), "Détermination de la Conductivité Hydraulique
d'un Limon non Saturé", Rev. Franç. Géotech., 62, p.67-74.
ELZEFTAWY, A e CARTWRIGHT, K. (1981), "Evaluating the Saturated and Unsaturated Hydraulic
Conductivity of Soils", Permeability and Growndwater Contaminant Tra.QSport, ASTM STP
746, 83 T. F. Zimmie and C. O. Riggs, Eds., p.168-181.
GARDNER, W. R. (1956), "Calculation ofCapillary Conductivity from Pressure Plate Outflow Data",
Proceedings Soil Science Society of America, 20, p.317-320.
HAMILTON, J. M.; DANIEL, D. E. e OLSON, R. E. (1981), "Measurement of Hydraulic
Conductivity of Partially Saturated Soils", Permeability an Growndwater Contaminant
Transport, ASTM STP 746, T. F. Zimmie and C. O. Riggs, Eds., p.182-196.
~. R. J. e KIRKHAM, D. (1962), "Simplified Accounting for Membrane Impedance in Capillary
Conductivity Determinations", Soil Science Society Proceedings, 26, p.421-426.
LIBARDI, P. L. (1984) "Dinâmica da Água no Sistema Solo-Planta-Atmosfera", Piracicaba, 232p.
(Apostila impressa pelo CENA!USP)
OLSON, R.E. e DANIEL, D. E. (1981), "Measurement ofthe Hydraulic Conductivity ofFine-Grained
Soils", Permeability and Growndwater Contaminant Transport, ASTM STP 746, T. F. Zimmie
and C. O. Riggs, Eds., p.18-64.
RICHARDS, B. G. (1965), "Determination of the Unsaturated Permeability and Diffusivity Functions
from Pressure Plate Outflow Data with Non-negligible Membrane Impedance", Soil
Mechanics Section, Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization,
Melbourne, Australia.
159

APLICAÇÃO DE METODOLOGIA DE MAPEAMENTO


GEOTÉCNICO COMO SUBSÍDIO AO PLANEJAMENTO
AMBIENTAL

Rodrigo Martins Saraiva, Geól.'


José Eduardo Rodrigues, Dr.Eng. 2

' GEOEXEC/Mestrando, Escola de Engenharia de São Carlos - USP


2
Prof., Escola de Engenharia de São Carlos- USP

RESUMO

Utilizando-se a metodologia proposta por Zuquette (1993) para


mapeamento geotécnico, foi executada a compartimentação dos terrenos
da folha de socorro (SP) na escala 1:50.000. Esta compartimentação
teve como base o estudo das formas de relevo ("landforms") e dos
perfis tipicos de alteração (materiais inconsolidados) .
Deste modo, uma série de cartas interpretativas foram produ-
zidas a partir da análise dos atributos (qualidades pertintentes aos
componentes do meio fisico e utilizados para caracterizá-lo) ,
levando-se em conta as peculiaridades dos solos tropicais.
As cartas interpretativas de cunho ambiental fornecem dados de
suma importância para exploração e ocupação do meio fisico nesta
região turistica do estado de São Paulo, de forma que o meio fisico
seja minimamente agredido.

1. INTRODUÇÃO

A folha de Socorro representa uma 1área de al?roximadamente 700


Km2 localizada entre as latitudes 220 30 e 220 45 S e as longitudes
1 1
460 30 e 460 45 W.
Trata-se de região serrana, na qual o turismo se constitui numa
das principais fontes de renda. Deste modo, é de se esperar que haja
uma tentativa de redução do impacto ambiental negativo, provocado
pela exploração dos recursos naturais e intervenções humanas.
A avaliação dos impactos negativos é uma etapa fundamental no
planejamento da utilização de uma área, assim como nos processos de
implantação dos diferentes tipos de ocupação.
Para que tal estimativa seja possivel é necessário o
conhecimento geol6gico-geotécnico do meio fisico, o qual permite que
um determinado terreno seja inicialmente classificado
(compartimentado) com base na similaridade ou homogeneidade de
certos atributos e, numa segunda etapa taxado (qualitativamente) ou
avaliado (quantitativamente) para o enfoque (projeto) desejado.
Desta forma, o mapeamento geotécnico efetuado na Folha de
Socorro fornece subsidias para a compartimentação do terreno, tendo
como base a análise dos atributos do meio fisico segundo a proposta
de Zuquette (1993), que visa a elaboração de mapeamento geotécnico
preventivo. Em regiões que não possuem informações básicas e
portanto exigem a geração (obtenção) de dados, deverão ser
produzidos tanto os fundamentais como também os especificas. Esta
metodologia baseia-se na geração e na análise de uma série de
documentos gráficos representando o meio fisico que associada a
outros documentos relativos aos outros componentes do meio ambiente
permitem uma apreciação da viabilidade de ocupação e
consequentemente a priorização e hierarquização das áreas segundo a
adequabilidade (Zuquette, op. cit.).
Esta proposta metodológica sugere ainda uma seqüência para
coleta de informações e indica a maneira de aquisição dos atributos.
Tais procedimentos têm como objetivo ordenar e facilitar a obtenção
dos atributos associados às várias etapas de mapeamento.
Desta forma analisou-se os seguintes componentes do meio
fisico: GEOMORFOLOGIA ("LANDFORMS")
~SUBSTRATO ROCHOSO (MAPAS GEOLÓGICOS)
~MATERIAIS INCONSOLIDADOS
A partir da análise destes elementos gerou-se a seguir o mapa
de UNIDADES GEOLÓGICO-GEOTtCNICAS, onde estão representadas as áreas
consideradas homogêneas quanto aos atributos analisados. Por fim, é
indicado como as unidades podem ser avaliadas para um fim especifico
(CARTAS INTERPRETATIVAS) .

2. GEOMORFOLOGIA ("LANDFORMS")

Zuquette (op. cit.) considera "landforms" como sendo elementos


do meio fisico que possuem constituição definida, assim como as
variações das caracteristicas visuais e fisicas, tais como: forma
topográfica, modelo de drenagem e morfologia.
Os "landforms" foram identificados com base em trabalhos de
fotointerpretação e de campo, sendo que dois mecanismos foram
seguidos, a saber:
160

"Landsc:ape Approac:h" é um conjunto de obs7rv~çõ7s


fotointerpretativas e de campo que delimitam as pr~nc~pa~s
descontinuidades de uma região, portanto separando áreas que são
consideradas semelhantes quanto a geomorfologia, geologia e evoluçãó
(gênese) , tais como: forma geométrica, ausência/presença de manto de
intemperismo, declividade e forma dos canais de drenagem e das
vertentes.
"Parametric:h Approac:h" corresponde as observações dos
atributos que são descritos em termos de valores: inclinações,
profundidade do substrato rochoso, variações. de altitudes e
densidades de canais.
Na realidade, na primeira fase de trabalho de fotointerpretação
foram observados os atributos possiveis de serem identificados
através desta técnica e posteriormente associados aos dados geol6-
gicos e de materias inconsolidados obtidos em trabalhos de campo.
Considerou-se assim vários atributos na definição dos
"landforms", entre eles pode-se citar: Condicionamento Estrutural,
Grau de Dissecação do Relevo, Altitude, Declividade, Forma das
Encostas, Topos e Vales.

3. SUBSTRATO ROCHOSO

Nesta etapa do trabalho procedeu-se ao levantamento


bibliográfico dos dados relativos à geologia da área, seguida da
verificação em campo da veracidade dos contatos propostos e obtenção
dos atributos relativos ao substrato rochoso indicados na planilha
de campo. Foram analisados, entre outros, os seguintes atributos:
Tipo Litol6gico, Condições de Deformação das Rochas, Geologia
Estrutural, condições Metam6rficas, etc.

4. MATERIAIS INCONSOLIDADOS
Para a análise dos atributos dos materiais inconsolidados foram
executados trabalhos de campo (análise de perfis tipicos e coleta de
amostras) e ensaios de laborat6rio.
Nos trabalhos de campo foi examinada pontualmente uma série de
perfis (naturais e cortes de estradas) que foram compartimentados em
horizontes de acordo com perfis tipicos de regiões tropicais. Estes
perfis foram caracterizados com o auxilio de planilhas, que eram
preenchidas com os c6digos da ficha de levantamento geol6gico-
geotécnico de campo.
Desta maneira, foram analisados em campo uma série de atributos
considerados relevantes, tanto a nivel geomorfol6gico
("landforms"), geol6gico, como para o material inconsolidado.
Nas amostras coletadas privilegiou-se a execução de ensaios
simples e pouco onerosos, além de alguns rotineiros de Mecânica dos
Solos que pudessem caracterizar as unidades com base nos atributos
naturais. Procurou-se também executar outros ensaios que fossem
sensiveis às "peculiaridades" dos solos tropicais, tornando possivel
assim estimativas sobre o comportamento destes materiais. Os ensaios
executados foram:
- Índices fisicos naturais(Método do anel, segundo Pejon 1992).
- Granulometria conjunta (Norma ABNT-NBR 7181/84)
- Proctor Normal (Norma ABNT-NBR 7182/86)
-Metodologia MCT (Segundo Nogami e Villibor ,1981)
- Ensaio com Azul de Metileno (Segundo Pejon, 1992)
Para cada unidade de materiais inconsolidados são apresentados
perfis tipicos da topossequência (topo, encosta e vale) e ao lado
destes estão indicados oito atributos para cada horizonte de solo.
Os valores apresentados ao lado dos perfis, ordenados da
esquerda para a direita dizem respeito às caracteristicas dos
seguintes atributos: Espessura dos Horizonte(EH), Textura dos
Solos (TS), Classificação MCT(MCT), Atividade das Argilas (AA),
Composição das Argilas(CA), Indice de Vazios(e), Massa Especif. Seca
de Campo(Pcl e Massa Especif. Seca Máx.do ensaio Proctor Normal(Pdl.

5. UNIDADES GEOLÕGICO-GEOT~CNICAS

Devido ao modo como o mapeamento geotécnico da Folha de Socorro


foi conduzido, ou seja, através da análise seqüencial, os limites
das unidades geol6gico-geotécnicas se equivalem aos das unidades de
materiais inconsolidados.
Isto deve-se ao fato de que a análise seqüencial visa (além de
facilitar a aquisição dos atributos) gerar um "inter-relacionamento"
entre os dados obtidos para os componentes do meio fisico à medida
que cada fase hierárquica de avaliação é concluida (geomorfologia ~
substrato rochoso => materiais inconsolidados) .
Desta forma, logo que os primeiros atributos são obtidos, eles
passam a fornecer informações para a compartimentação geral do
primeiro nivel hierárquico. Esta primeira compartimentaç&o aliada a
outros atributos considerados representam subsidio para a análise
inicial da pr6xima etaEil e asS~im sucessivamente.
161

Assim, quando os diferentes componentes do meio fisico são tra-


balhados, a própria correlação de informações entre estes confirma
as unidades já definidas ou indica a necessidade de subdivisões
destas ou mesmo uma reavaliação das unidades preliminares.
os limites do mapa de materiais. inconsolidados, por serem o
Qltimo estádio de investigação do meio fisico e por representarem as
áreas mais "homogêneas" quanto aos atributos analisados, assinalam
igualmente os limites das unidade geol6gico-geotécnicas.
Para a caracterização de uma unidade geol6gico-geotécnica
deve-se então correlacionar todás as informaçõe& obtidas nos
diferentes niveis hierárquicos. Com a finalidade de exemplificar o
procedimento adotado s2io apresentadas as informações referentes às
unidades XX e v (Figura 1).
UDidade Gaológico-Geot6cDica :U: - Região de associação de morros e
morros com encostas suavizadas, com amplitudes que Variam entre 100
e 200m. Apresentam topos arredondados e por vezes angulosos com
vertentes convexas principalmente e secundariamente retilineas. Os
vales são fechados com formato em V. Há declividades baixas, médias
e altas, ocorrendo um ligeiro predominio das altas em relaç2io as
médias e mais subordinadamente ocorrem as baixas.
o substrato rochoso é formado por gnaisse granitico acinzentado
e migmatitos milonitizados. O paleossoma dos migmatitos é de gnaisse
cinza e o neossoma de leucogranito cinza a rosa.
Nesta unidade houve desenvolvimento de horizonte orgânico (OR)
de pequena espessura (praticamente desprezivel para fins
geotécnicos) e de espessos horizontes de solo saprolitico(S).
conforme apresentado no item 4, as caracteristicas destes horizontes
encontram-se nos perfis abaixo:
RB TS MCT AA CA ('li) e

f=ls \o~!m
LJ areno siltosa NA'
Normais

Ativa
OK+lOOI+OM
80X+OI+20M
l0K+45I+45M
OK+98I+2M
1.079

1.315
1.016

1.160
1.534

1.552

Perfil migmatitico para topo e encosta


< 0,3m
> 6m areno siltosa NG' Nociva 10K+OI+90M 1.165 1.192 1.503
areno siltosa 100m 1.965 1.352 1.630
Perfil Gnáissico para topo e encosta
ONDE:K é porcentagem de caulinita, I é porcentagem de ilita e M
é porcentagem de montmorilonita.

UDidade Geológico-Geot6cDic& V - Região de colinas com amplitudes de


aproximadamente 60m, de topos arredondados, vertentes pouco
ravinadas e padrão de drenagem sub-paralelo. Predominam declividades
baixas e médias (inferiores a 15%).
o substrato rochoso é formado por anfibolitos e gnaisses.
o material inconsolidado apresenta três horizontes:
orgânico(OR), lateritico(L) e saprolitico(S).
o horizonte org&nico é pouco espesso (geotecnicamente quase
desprezivel), já o horizonte lateritico é bem desenvolvido e
aparentemente residual. Este solo recobre a unidade inteira sempre
com espessura razoável, no minimo de 3m, mas em geral acima de Sm. o
horizonte saprolitico nem sempre é identificado nos perfis, todavia
ocorrem perfis com até 3m.

6. CARTAS DiTERPRETATXVAS (ou de APTIDiO)

As cartas interpretativas estão sendo produzidas considerando-


se as unidades geol6gico-geotécnicas e utilizando-se os atributos
pertinentes obtidos nas diferentes etapas de trabalho. os atributos
considerados fundamentais para cada tipo de carta de aptidão foram
extraidos da proposta de Zuquette (1993).
Para a elaboração de cartas interpretativas, este autor
apresenta várias tabelas nas quais são indicadas classes de aptidão
para os atributos considerados para diferentes tipos de cartas. como
o enfoque deste trabalho privilegia o meio ambiente, são mostrados
nas tabelas 1 e 2 (as quais devem ser analisadas conjuntamente) as
classes de aptidão que possibilitam a avaliação ou taxação dos
atributos das unidades geol6gico-geotécnicas constantes da figura 1
para a elaboração da Carta para Aterro Sanitário.
Tabela 1. Relação entre atributos e classes de aptidão da Carta para
Aterro sanitário(Zuquette,1993). Fatores: Meio fisico e Processos.
Após a avaliação de cada atributo, este autor propõe ainda
niveis de adequabilidade para as unidades que compõem as cartas
interpretativas, estipuladas com base na experiência de trabalhos
desenvolvidos em várias regiões do pais e através de uma extensa
revisão bibliográfica.
De acordo com os niveis obtidos uma série de previsões quanto
ao meio fisico podem ser efetuadas. Foram estipuladas as seguintes
classes (niveis) de adequabilidade:
a)FAVORÁVEL: A totalidade dos atributos apresenta niveis favoráveis,
podendo ocorrer que no máximo dois atributos de importância
secundária apresentem niveis que os colocariam na classe moderada. A
classe favorável significa que os recursos tecnológicos necessários
a implementação serão os mais simples e baratos, o potencial de
impactos negativos e de riscos serão os mais baixos da região.
162

EH TS HCT AA CA (\) e Pc(g/cm3) Pd(g/cm3)

a<
0,2m
Pouco 951C+SI+OM 1.634 1.179 1.541
> 3m argilo arenosa LG' ativa 951C+OI+SM

s > 3m areia ailtoaa NA' Ati"ll 101C+OI+90K 1.319 1.140 1.570


OIC+98I+2M

lCXII

LEGENDA: I

Figura 1. Mapa de Unidades Geol6gico-Geotécnicas da Quadricula


de Socorro. Escala 1: 50.000

Tabela 2. Relação entre os atributos e classes de aptidão da Carta


para Aterro Sanitário (Zuquette,l993). Fatores: Clima, Relevo.

COMPo- CLASSES
NENTES ATRIBUTOS Favorável Moderada Severa I Restritiva
Escarpas I Escarpas
Re Landform (26) Encosta Suave Zonas de acúmulo d'água
le Diviaor de águas Distante Distante Muito Coincidente
( 27_1_ (200m) (100m) Próximo
vo zona Alagada (28) Não Não Não Ocorre
Zona sujeita a Não Não TR-Alto Ocorre TR
inundação ( 29) >20 anos < 20 anos
Climá Evapotranspiração Alta Média Baixa Baixa
(30)*
ti co Direção dos Para o centro
Ventos (31)* vedado
P1uviosidade Chuva Durante
(32)* longos Periodos
* Atr~butos nao - cons~derados - da Carta.
na elaboraçao
b)MODEEADA: Nesta 80% ou mais dos atributos fundamentais devem
apresentar niveis compativeis com as classes moderada e favorável.
Em áreas classificadas como moderadas há possibilidades de
ocorrência de impactos negativos e riscos. Durante a implantação de
um tipo de ocupação poderá haver necessidade de recursos
operacionais e tecnológicos mais onerosos e com alguma complexidade.
c) SEVERA: Nesta classe não mais do que 15% dos atributos devem
apresentar niveis compativeis com as classes moderada e favorável e
também no máximo 15% na restritiva. Uma área classificada como
severa apresenta possibilidades concretas quanto a ocorrência de
impactos ambientais negativos e de riscos. Poderá, também, exigir
recursos operacionais e tecnológicos caros e complexos para
implementar as ocupações em comparação com a favorável.
d)RESTRITIVA: Somente 20% dos atributos podem apresentar niveis que
os caracterizem como classe favorável, moderada e severa. As áreas
que se enquadram nesta classe devem ser ocupadas com o maior cuidado
pois exigirão recursos tecnológicos complexos e onerosos podendo
não compensar em termos de rendimentos, devido ao surgimento de
impactos ambientais negativos e possibilidade de riscos.
A análise dos atributos assinalados na tabela 1 evidenciou que
as unidades geológico-geotécnicas XX e V apresentam para a carta
Interpretativa para Aterro Sanitário classificações de Severa e
Moderada respectivamente. A Carta para Aterro Sanitário propriamentP
163

COMPO- CLASSES
NENTES ATRIBUTOS Favorável Moderada Severa Restritiva
Suba Tipo litol6gico(1) Arenito Calcário
trato Litologia como aauifero
Profundidadelm)(2) > 15 5 - 10 < 5 < 3
Rocho Descontinuidade Poucos Média Muito. Muito fraturado
90 (DensidadejJV)(3) fraturado e com aberturas
Textura (4) Média Média Arenoso Muito Arenoso
Variação perfil(5) Progressiva Progres. Homogêneo Homoaêneo
Mate Mineralogia (6) Presença de Minerais Razoável l. Minerais
Min. tipo tipo 1:1 minerais inertes (Alta
2:1 inertes \)
riais Presença de Raros e Pequenos e Muitos Muitos e
Matacões (7) pequenos _I><:>_UCOS Grandes
Ph (8)* > 4 > 4 > 5 < 4
Salinidade(mmho/cm) < 16 < 16 > 16 Muito salina
(9)*
C.T.C(meqf100all10) > 15 5 - 15 < 5 < 2
Incon camadas Não ocorrem Não ocorrem Ocorrem em Ocorrem em
compressiveis (11)* superfície subst. não
substitutivo
sol i COlapsividade/ Não ocorre Camada Camada Camada espessa
Exoansibilidadel12) suoerf ._i 1!1\}_ Stlperf ._i2j (4m)
(Potencial) Baixa Baixa Alta Muito Alta
Erodibilidade (13)
dados Fator de Alto Médio Baixo Como de
retardamento (14)* tracador
Característ pdz
compactação W0 tz
(15)
Prof. do N.A abaixo > 10 > 5 < 4 < 2
da base
poluidora(m) (16)
Direção do fluxo Uma Uma 2 ou 3 Diversas
eubterrãneo(l7)*
Escoamento Laminar Laminar Laminar COncentrado
Suoerficial(18)* _i Baixo_) {Alto)
1iguas Infiltração
(coeficiente de 10-4 (p 10""3_10- 4 > 10-3 Muito alta
permeabilidade) r6ximo)
(cmjs) (19)*
Áreas recarga(20) Não Não Não Ocorre
Distãncia de poços > 500 m < 300m
e fontes
naturais(21)*
Drenabilidade (22) Boa Boa Má Má
Pro Erosão (23) Não Não Muito Ocorre intensa
intensa
ces Movimentos de Não Não HA ocorre
massa(24) Potencial
9011 Declividade (%)(25) 2 - 5 < 2 \ > 5 > 15 > 20

dita estará concluida quando todas as unidades geol6gico-geotécnicas


(figura 1) forem analisadas.

1• CO!tCLOS.iO

t cada vez maior a consci·entização da necess~dade de


planejamento urbano e regional, para que locais com más condições de
substrato sejam evitados e também para que fontes naturais sejam
preservadas, impedindo-se assim a degradação do meio fisico.
Para tanto é preciso que:
- ocorra uma investigação apropriada do ambiente geológico,
Que as informações sejam facilmente compreendidas pelos usuários,
Que as informações facilitem o progóstico de mudanças prováveis no
meio e da necessidade de medidas preventivas.
A metodologia de mapeamento geotécnico aplicada foi capaz de
atingir todos os itens salientados anteriormente , pois, conforme
demonstrado, os resultados do presente trabalho podem ser
armazenados e apresentados de modo que os planejadores, adminis-
tradores e engenheiros tenham condições de avaliar criticamente seus
projetos. Tem como vantagem o fato de facilitar o entendimento ao
usuário em termos de como foi conduzida a análise básica do ambiente
geológico e como podem ser avaliados os atributos (cartas interpre-
tativas), de modo que este usuário possa compreender ejou julgar a
importância de cada atributo na carta interpretativa em questão.
Cabe salientar que se procurou levantar o maior número possivel
dos atributos considerados relevantes por Zuquette (1993) para
avaliação do meio fisico. Todavia, devido à escala de trabalho
(1:50.0000) tornou-se inviável a aquisição de todos os atributos
assinalados nas tabelas para elaboração das cartas de aptidão.
o usuário deve considerar que a classificação para as
diferentes unidades geol6gico-geotécnicas foram geradas para a
escala 1:50.000 (regional), desta forma prestando-se para uma
avaliaçãojcompreensão inicial da região de estudo e que estas não
substituem uma investigação local.
16-+

7. AGRADECIMENTOS
Trabalho realizado com apoio financeiro do PADCT/FINEP.

8. REFER!NCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NOGAMI, T.S. & VILLIBOR, D.F. (1981). Uma Classificação de Solos


para Finalidades Rodoviárias. Simp. Bras. de Solos Tropicais em
Engenharia. v.1,p.30-41,Rio de Janeiro-RJ.
PEJON, O.J., (1992). Mapeamento Geotécnico da Folha de
Piracicaba/SP. Estudos de Aspectos Metodológicos, de Caracterizaç~o
e de Apresentação dos Atributos. Tese de Doutoramento, EESC/USP,
2V., São Carlos- SP.
ZUQUETTE, L. V. (1993). Importância do Mapeamento Geotécnico no Uso e
ocupaç~o do Meio-Fisico: Fundamentos e Guia para Elaboração. Livre-
Docência, EESC/USP, 2V., S~o Carlos- SP.
165

ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DE CARGA EM GRUPOS


DE ESTACAS ESCAVADAS

Ronald Savoi de Senna Junior'


José Carlos Ângelo Cintra 2

' Doutorando, Escola de Engenharia de Sao Carlos- USP


' Prof. Trtular, Escola de Engenharia de Sao Carlos- USP

RESUMO

Através de provas de carga do tipo rápida 1 realizadas u in


situ",sobre grupos de estacas foi analisada a distribuição de carga
1

entre estacas e a parcela da carga transmitida diretamente ao


terreno pelo bloco.
Foram analisados os seguintes fatores de influência : nivel de
carregamento posição da estaca no grupo, sequência de execução das
I

estacas e, a contribuição do bloco de coroamento.


São apresentados para os quatro grupos ensaiados a carga
transmitida para cada estaca e a tensão transmitida diretamente do
bloco de coroamento para o terreno, em cada estágio das provas de
carga.
A distribuição de carga entre as estacas em um mesmo grupo foi
praticamente uniforme, sendo que a parcela da carga total
transmitida ao terreno variou de 8 a 22,5%.
Os resultados obtidos estão em concordância com os encontrados na
bibliografia.

1. INTRODUÇÃO

As provas de carga foram realizadas no Campo Experimental de


Fundações do Departamento de Geotecnia da USP/São Carlos.
No local dispõe-se de uma completa caracterização geol6gico-
geotécnica,compreent:iendo ensaios "in situ" e em laborat6rio.O perfil
geotécnico do Campo Experimental é tipico de vasta região do Estado
de São Paulo,consistindo de uma camada superficial de 6m de
espessura de areia argilosa lateritica fina,pouco a mediamente
compacta (SPT variando de 3 a 5).
Abaixo desta camada separada por uma linha de seixos existe uma
camada de areia argilosa (SPT variando de 4 a 18).
O lençol freático foi encontrado a 10m.

2. EXECUçAO DAS ESTACAS


Foram executadas 14 estacas escavadas e moldadas in loco com
0,2Sm de diâmetro e 6m de comprime~to,constituindo grupos com quatro
diferentes configurações (de duas a quatro estacas),com espaçamento
de três diâmetros de centro a centro.
Esse tipo de estaca é largamente utilizado na região,como
fundação de estruturas de pequeno a médio porte.
sobre cada estaca , I oi colada uma célula de carga de concreto
com mesmo diâmetro da estaca e com O, 3Om de altura, c a 1 i brada de
maneira a se determinar a carga transmitida para a estaca.
A Figura 1 apresenta os grupos de estacas ensaiados.

o o o o
"
f~l ,'{5'·,
[~J !+: '-+ '
L~J '·~-~)

o o o o o
,O OJ
r.--ftl
' +
f9l
:0: [t?J
:_~-~ I+ I
L~

o o o o o
0 ESTACA ESCAVADO
0 ESTACA CE REACAo
+ CÉLULA CE TENS.iiO

PZGURA 1- Grupos de Estacas Ensaiados


166

3. BDCUçiO DOS BLOCOS

Procedeu-se a escavação do terreno de o,sm de profundidade para


execução dos blocos de coroamento.
As armaduras foram previamente instrumentadas visando a
verificação das hip6tes teóricas de dimensionamento estrutural.
Sob os blocos de coroamento foram colocadas células de tensão
total de maneira a se determinar a tensão de reação do solo na base
do bloco de coroamento.

4. PROVAS DB CARGA

Para realização das provas de carga sobre os grupos utilizou-se


uma viga metálica de reação,fixada em tirantes suficientemente
espaçados.
As provas de carga foram do tipo rápida ,com aplicação de carga
em estágios sucessivos até a ruptura, com controle da carga total
aplicada no grupo através de uma célula de carga de aço.
A carga foi aplicada ao grupo com a utilização de um macaco
hidráulico em, no minimo, 20 estágios com duração de 15 minutos
cada.
A instrumentação utilizada permitiu a obtenção ,em tempos pré-
determinados,da carga transmitida para cada estaca do grupo,da
tensão de contato entre o bloco e o terreno,e do recalque do
grupo.Esses dados foram coletados,processados e armazenados em tempo
real por um sistema de aquisição digital de dados com 120 canais.

5. ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS

5.1 GRUPO DE DUAS ESTACAS


A Figura 2 apresenta a porcentagem da carga total,em relação a
carga máxima aplicada ao grupo (326kN) ,e da carga transmitida às
estacas e ao terreno, em relação à carga aplicada no estágio de
carregamento.
Pode-se observar que as duas estacas receberam praticamente o
mesmo quinhão de carga ,sendo que a diferença das cargas absorvidas
pelas estacas aumentou progressivamente atingindo um valor máximo de
7%.
A carga máxima transmitida para a primeira estaca executada foi
42,7%,para a segunda 35,5% e para o terreno 21,8%.

55

50
45
B 10
/ )'(-"' -)r"'_,._.. -- ... - ... _ ....
~
!1
JS -x-....:- ... -,.._ -.:- ~-~--- ...... ...-.a!*

I:
S!
~ 15
V . . . • . . . Y ..................... •·
....................... ····•··
. •.... , .....f'
............. ~ •••11[__•

rf1
V'· . ,

~
10

o
o 10 9J

Figura 2- Grupo de Duas Estacas

5.2 GRUPO DB TR!S ESTACAS (LINHA)


A Figura 3 apresenta a porcentagem da carga total em relação à
carga máxima aplicada ao grupo (477 kN), e da carga transmitida às
estacas e ao terreno, em relação ã carga aplicada no estágio de
carregamento.
Através dos resultados,verificou-se que até 50% da carga máxima
aplicada ao grupo,o quinhão de carga transmitido às estacas foi o
mesmo.
Em seguida, progressivamente, uma das estacas externas (a última
executada) recebeu menos carga que as demais, que absorveram
praticamente os mesmos quinhões de carga.
A diferença máxima observada entre as estacas foi de 6%.
A segunda e a última estaca executada absorveram em média
28, 4\e 28,5\ respectivamente, enquanto que a primeira atingiu 25,6%
da carga máxima aplicada.
167

com excessão do inicio do carregamento,a parcela da carga


transmitida ao terreno em média foi de 17,8% sendo praticamente
constante na maior parte do carregamento.

8 30

~
51
25

I: I
,
I
I
I
........... ,
\.

o
o . lO

Figura 3- Grupo de três Estacas em Linha

5.3 GRUPO DE TR!S ESTACAS (TRIÂNGULO)

Na figura 4 são apresentadas as curvas de porcentagem da carga


total, em relação à carga máxima aplicada ao grupo (472 kN) ,e da
carga transmitida às estacas e ao terreno,em relação à carga
aplicada no estágio de carregamento.
Até 35% da carga máxima aplicada, a primeira estaca executada
foi menos carregada que as demais,as quais,por sua vez foram
igualmente carregadas.
A partir deste valor, a segunda estaca foi progressivamente a
mais carregada do grupo.
Com 60% da carga de ruptura, ocorreu uma redistribuição, com a
primeira estaca executada sendo a segunda mais carregada no grupo.
A diferença máxima observada foi de l0%,com a primeira
executada absorvendo em média 28,9%,a segunda 32,5% e a ültima 28%.
A parcela média da carga transmitida ao terreno foi de
10,7%,sendo praticamente constante com excessão do inicio do
carregamento.

!i! 15

I XI

o
o eo m

Figura 4- Grupo de três Estacas Triangular

5.4 GRUPO DE QUATRO ESTACAS

Para o grupo quadrado de quatro estacas,verificou-se que até


30% da carga máxima aplicada (599 kN) a terceira estaca executada
foi a mais carregada,enquanto que as demais foram igualmente
carregadas.
A partir deste valor, ocorreu uma ligeira redistribuição com a
primeira estaca passando a ser a mais carregada , a segunda da a
a menos carregada,a terceira e a quarta igualmente carregadas.
A diferença máxima observada entre as estacas foi de 8%, sendo
que a primeira estaca executada absorveu em média 25,4%,a segunda
21,1%,a terceira 23,3% e a quarta 22,1%.
168

Para incrementos de car~a.de até 30% da carga máxima aplicada,a


parcela da carga transm~t~da ao terreno foi praticamente
nula,crescendo progr~s~i~a~ente até atingir 13% da carga aplicada.
_os problemas ~n~c~a~s observados nas leituras ,podem ser
expl~cados pela acomodação da instrumentação que ocorre no inicio do
carregamento.

·······V:

S!

~ Xl

s ,. .. -- _.,..
o
o 10 00 9J 100

Figura 5- Grupo de Quatro Estacas

6. CONCLUSÕES

6.1 TENSÕES NO SOLO

As tensões obtidas pelas células de tensão indicaram que, nas


provas de carga realizadas,as tensões desenvolvidas no contato
bloco-terreno foram inferiores às obtidas por provas de carga
diretas realizadas no local, sendo tanto mais significativo quanto
maior o tamanho do grupo.
Para um recalque de 10mm do bloco obteve-se para os grupos de
duas,três(linha) ,três(triangular) e quatro estacas respectivamente,
70, 66, 30 e 34kPa.Para um mesmo recalque a prova de carga em placa
realizada na mesma cota que blocos ,forneceu 110kPa.
Esses resultados estão de acordo com os obtidos por Garg(l971)
que obteve tensões superiores(40 a 60%) nas provas de carga direta
em relação às sob os blocos dos grupos de estacas.
Constatou-se que blocos de mesma largura apresentam curvas
carga x recalque muito pr6ximas,ou seja os grupos lineares
apresentaram comportamento similar· (duas e três estacas em linha) o
mesmo acontece com os demais (triangular e quadrado).
As tensões obtidas pelas células de tensão foram inferiores às
tensões médias sob os blocos de coroamento,podendo-se concluir que
para os grupos ensaiados desenvolveram-se tensões de contato maiores
nos bordos.

6.2 PARCELA DA CARGA TRANSMITIDA AO TERRENO

Pelos resultados obtidos das curvas de porcentagens de


carga,verificou-se que a parcela da carga total transmitida ao
terreno pelos grupos,descontados-se o trecho inicial de
acomodação, variou de 15, 5 a 22,5% nos grupos lineares , e de 8 a
12,5% nos grupos maiores (triângulo e quadrado).
Chen et al.(l993) verificaram que a carga transmitida ao
terreno diminui com o aumento do número de estacas no grupo pela
redução entre a área externa e a área interna do bloco contribuindo
para a diminuição da rigidez do bloco.
Para grupos menores, o arranjo do grupo e o número de estacas
são os fatores mais importantes na distribuição da carga para o
terreno.
Os valores encontrados por Chen et al. (1993),para a
contribuição do bloco em grupos de estacas escavadas, foram sempre
inferiores a 30% estando dentro do intervalo que se obteve nesta
pesquisa.
Com o modulo de Elasticidade do solo de 8. 7Mpa e o valor da
relação comprimento da estaca e espaçamento (L/S=8),verifica-se que
esse ponto encontra-se pr6ximo dos valores apresentados por Chen et
al.(1993) para estacas escavadas em solo comEs maior que 7Mpa.

6.3 DISTRIBUIÇiO DE CARGAS ENTRE AS ESTACAS

A distribuição de carga foi apresentada em forma de gráficos de


porcentagens da carga transmitida em relação à carga aplicada ao
grupo para cada estágio de carregamento,até a carga máxima aplicada
ao grupo.
169

' 4 i. > 7 ICPa


lcrM Jil• P'. .,. ia •U•
W1 t11 I

&•_-.. i.> 1 IO'a


I - Dri..,. . pU• ,...... U ..U.. w:I.Ul I

~~ c- ..... ,u........ '" .. u ..... ;;. < '·' ....


h•• ,u...._ •• •11• ..... i.< 5.5 .... II
(Ee b tlle •••r..,. ftlwe et ._,..UibilHy •Mulu..
of •il• klow up)

I ' '
:---... 4

•o
~
o
o

,,
"' LI•

Fiqura 6- CUrvas mi4iaa Pc/P versus L/S (APUD cben et al.1993)

Pelos resultados obtidos pode-se concluir que :


Não foi verificada influência da ordem de exécução das
estacas na distribuição de carga, ao contrário do que se observa nas
estacas cravadas.
- Somente para o grupo triangular é que se observou uma pequena
redistribuição de carga.
- Grupos com mesmo nümero de estacas apresentaram distribuição
muito pr6xima, com diferença máxima entre as estacas de 11%.
- A distribuição de carga entre as estacas pode ser considerada
como uniforme ,independente da ordem de execução e posição dentro do
grupo.
A diferença que existe entre os quinhões transmitidos para as
estacas pode ser explicada pela diferença na rigidez do conjunto
estaca-solo provocada exclusivamente no processo executivo das
mesmas.

7. BIBLIOGRAFIA
CIBTRA,J.A.C et al.(1991).Campo Experimental de Fundações em
São Carlos.II SEMINÁRIO DE ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES
ESPECIAIS,vol 2.p.92-105.São Paulo.

GARG,K.G.(l979).Bored Pile Groups Under Vertical Loads.Journal


of the Geotechnical Division.ASCE.105(GTS):p.939-956

SENNA JR,R.S.(l993).Distribuição de carga em Grupos de Estacas


Escavadas de Pequeno Diãmetro.Dissertação de Mestrado,
Escola de Engenharia de São Carlos-USP,ll4p.

SENHA JR,a.s. et al.(1993).Load Distribution in Bored Pile


Groups.DEEP FOUNDATIONS ON BORED ANO AUGERED
PILES,2,p.l51-154,Ghent,Bélgica.

Z.C.CHBN,B.XU & J.B.WANG. (1993).Cap Pile Interactions of Pile


Groups.DEEP FOUNDATIONS ON BORED ANO AUGERED
PILES,2.p.l33-14l,Ghent,Belgica.
170

COMPORTAMENTO DE ESTACAS TIPO PRESSQ-ANCORAGEM

Carlos Roberto da Silva, Eng.'


José Carlos Ângelo Cintra, Dr.Sc. 2

' PROJETAR Ltda.


2
Prol., Escola de Engenharia de Sao Carlos- USP

RESUMO

Este trabalho apresenta uma análise do comportamento (capacidade d.


carga e recalque) de pressa-ancoragens instaladas em solo arenoso. A par
tir dos resultados de provas de carga (á tração e á compressão) são de
terminadas as cargas de ruptura e os recalques destas estacas. São apre-
sentadas e analisadas as várias fórmulas para cálculo da capacidade de
carga e recalque. É feito um estudo comparativo entre os valores calcula-
dos e aqueles obtidos a partir dos ensaios de prova de carga.

1. INTRODUÇÃO

Pressa-ancoragens visam transmitir cargas de estruturas para regiões


mais profundas do terreno, atuando como fundações profundas, com capaci-
dade de carga proporcionalmente bem maior que a das estacas cravadas ou
escavadas de mesmas dimensões. A partir de l970 iniciou-se, no Brasil,
uma nova concepção do funcionamento das ancoragens, ou seja, a possibili-
dade do aproveitamento dos esforços de compressão. Todavia poucos têm
sido os estudos referentes ao comportamento deste tipo de fundação.
Este trabalho apresenta uma análise do comportamento (capacidade de
carga e recalque) de 304 estacas executadas em solo arenoso. É feito um
estudo dos fatores intervenientes na capacidade de carga dessas estacas.

2 - CARACTERÍSTICAS BÁSICAS

Pressa-ancoragens utilizam a pretensão do terreno, causada pela in-


jeção sob pressão, para aumentar a sua capacidade de carga.
Basicamente consta de uma armação de barras, fios ou tubo de aço com
dispositivos e válvulas para injeção, instalada no furo e fixada ao ter-
reno por meio de injeção de calda de cimento sob pressão. Inicialmente é
realizado estágio de injeção com baixa pressão, onde o cimento preenche o
vazio entre a armação e a parede do furo (bainha). Após o seuendurecimen-
recimento são realizados outros estágios de injeção, agora com pressão
mais elevada, que romperão a camada de cimento já endurecida, penetrando
e comprimindo o terreno.
As tensões residuais de compressão do terreno atuarão contra o corpo
da pressa-ancoragem aumentando sua capacidade de suporte, principalmente
por aumento do componente de resistência por atrito lateral.
É um processo, ainda, em continuo desenvolvimento, cabendo aqui des-
tacar alguns conceitos:
-A barra de aço de pequeno diâmetro, confinada com injeção sob pres-
são no interior da massa de solo não sofre, na compressão, os efeitos da
flambagem;
-Nos casos correntes, o ensaio à tração garante o comportamento fu-
turo da estaca à compressão, pois o comportamento na tração é mais desfa-
vorável, na maioria dos casos;
-Trabalhando sob o efeito da compressão é possível o emprego de
aços, como os de alta resistência, sem a preocupação com a "stress corro-
sion", que é evitada pelas tensões de compressão.

3. CAPACIDADE DE CARGA E RECALQUE DE PRESSO-ANCORAGENS

Como já referido, as pressa-ancoragens seguem basicamente o mesmo


comportamento das ancoragens. Assim sendo, um estudo do comportamento me-
cânico deste tipo de estaca deve seguir as mesmas premissas e se basear
nas referências básicas existentes para o uso de ancoragens.
De acordo com Ostermayer ( 197 5) , com base em ensaios executados em
solos não coesivos, a capacidade de carga aumenta de maneira considerável
com 0 aumento da compacidade (densidade relativa) desse solo e para solos
com mesma compacidade, a capacidade de carga aumenta com o aumento do co-
eficiente de uniformidade do solo.
Para solos coesivos, Ostermayer(1975) cita que as técnicas de perfu-
ração e injeção têm uma influência decisiva na capacidade de carga das
ancoragens, na medida que é fator de modificação das características me-
cânicas do solo, notadamente a sua coesão. O autor conclui que a capaci-
dade de carga aumenta com a consistência do solo e diminui com a sua
plasticidade. ·
Entretanto, um fator relevante que determina a elevada capacidade de
carga da pressa-ancoragem, em qualquer tipo de solo, é a pressão da calda
de cimento injetado e a execução de injeções repetidas. Costa Nunes
171

(1987) cita que essas "injeções de pretensão" ocorrem em todos os


terrenos em que a resistência ao cisalhamento cresce notavelmente com o
aumento da pressão efetiva, o que exige um ãngulo de atrito elevado, mas
não necessariamente, de um terreno granular típico.
O efeito de compressão no maciço, denominado por Costa Nunes e
Dringenberg ( 1980) como pro tensão do solo é a hipótese mais geral para a
explicação da influência da injeção sob pressão na capacidade de carga
das pressa-ancoragens. Jorge (1969) e Wernick ( 1977), entre outros, também
atribuem a elevada capacidade de carga à pressão de injeção. Já Gabaix et
Al(1975), Gouvenot(1978) e Bustamente et Al(1983) atribuem a elevada
capacidade de carga das ancoragens primordialmente ao volume da calda de
cimento injetada.
Outro detalhe importante é que a distribuição de tensões ao longo do
trecho ancorado (bulbo) da estaca não é uniforme, mas é maior no bordo de
ataque (Costa Nunes,1987a). Casanovas(1989) afirma que a distribuição de
tensões cisalhantes na interface bulbo de ancoragem-solo é muito
dependente da relação Es/Ep (módulo de deformabilidade solo/estaca) e
que para solos resistentes há uma concentração de tensão de aderência na
região solicitada (bordo de ataque) . O autor propõe que a capacidade de
carga da ancoragem seja atribuída a um comprimento efetivo de ancoragem
(menor que o comprimento do bulbo), sendo o restante do bulbo "neutro".
Este comprimento efetivo de ancoragem é controlado principalmente pela
resistência do solo e não pela carga aplicada à ancoragem.
Naturalmente, o aumento da capacidade de carga com a pressão ou vo-
lume de injeção só se dá até a pressão limite em que se inicia a ruptura,
pressão essa que pode ser obtida do ensaio pressiométrico.
No que diz respeito aos recalques, Dringenberg ( 1985) apresenta um
método, teórico-experimental, para cálculo do recalque. O autor constata
que o recalque esperado esteja entre 5 e 10mm (para carga de trabalho, ou
carga admissível) quando se adota um fator de segurança FS=2.0 para pres-
sa-ancoragens normais (trecho livre até 30m). Baseado em dados de inúme-
ras provas de carga, Polivanov(1987) recomenda que, nos ensaios de con-
trole de qualidade (provas de carga), o deslocamento da estaca sob a
carga de ensaio de 1.5 vezes a carga de trabalho não deve ser maior que
1.5mm, descontando-se o alongamento elástico da estaca.

4. FÓRMULAS DE DIMENSIONAMENTO

Face às características específicas deste tipo de fundação, decorren-


tes de seu processo executivo - estaca com geometria não uniforme, pres-
são de injeção etc - têm sido utilizadas fórmula empíricas e ·semi-empíri-
cas para a estimativa da capacidade de carga dessas estacas, muitas delas
decorrentes da experiência adquirida com tirantes. A maioria dessas fór-
mulas despreza a resistência de ponta, uma vez que este t·ipo de estaca
trabalha predominantemente por atrito lateral.
As fórmulas para o cálculo da capacidade de carga em areia são pro-
postas por Philipponnat(1979), Littlejohn(1970), Hanna(1982), Gabaix et
Al ( 197 5) , Bustamante & Guianeselli ( 1981) , Bustamante et Al ! 198 3) ,
Bustamante & Doix(1985), Costa Nunes(1977), Velloso(1980), Dringen-
berg(1985), Dringenberg(l990), Casanovas(l989) entre outros.

5. CONTROLE DE QUALIDADE DAS PRESSO-ANCORAGENS

As provas de carga constituem técnica insubstituível para a deter-


minação do comportamento de fundações profundas sob solicitação, sendo a
única efetivamente confiável.
Devido ao seu método construtivo, a resistência da presso-ancoragem
à tração é próxima da resistência à compressão. Assim sendo, por uma
questão de economia e praticidade, tem-se recorrido aos ensaios à tração.
Acontece que, no caso das presso-ancoragens que devem trabalhar predomi-
nantemente à compressão, a prova de carga à tração é mais desfavorável do
que à compressão, pois há a ausência da resistência de ponta (10 a 20~ da
carga total) bem como a diferença da distribuição da resistência lateral.
Vários são os critérios de definição de carga última ou carga limite
para anasilar as curvas carga-deslocamento. Os critérios mais utilizados
são o de Van Der Veen(1953) e Mazurkiewicz(1972), além do critério da NBR
6122 (1980).
Importante também seria a instrumentação em toda a estaca, pois per-
mitiria uma análise mais precisa da carga transmitida e dos recalques ao
longo do seu comprimento. Porém essa instrumentação tem custo elevado, o
que não justifica seu uso na prática.
Outro fator relevante na qualidade diz respeito ao controle das ln-
jeções. No caso das pressa-ancoragens ocorre a injeção por fissuração
(Salioni,l985), isto é, durante a injeção sob pressão, vão sendo abertas
pequenas fendas, imediatamente preenchidas com elemento aglutinante
(calda de cimento), resultando em deformações no solo circundante, varia-
ção de volume do mesmo e portanto melhorando suas condições de resistên-
cia e deformabilidade.

6. ASPECTOS GERAIS DAS ESTACAS E DA OBRA

As estacas foram executadas na Usina Intendente Câmara (USIMINAS),


que está situada no km 210 da BR 381, no município de Ipatinga - MG.
172

O recalque calculado está dentro do limite constatado por


Dringenberg(1985).

PROVAS DE CARGA

A prova de carga da estaca 158, executada a tração, apenas atesta o


comportamento global da estaca, no que diz respeito à resistência aos es-
forços. A estaca 162 apresenta valores baixos para os recalques.
Quanto à recomendação de Polivanov(1987), que sugere um recalque de
1. 5mm. sob a carga de ensaio, descontando-se o alongamento elástico da
estaca, tal recalque torna-se dificil de ser quantificado. Vários fatores
influem o recalque elástico, entre eles estado de tensões diferenciado ao
longo da estaca, contribuição do trecho livre, ordem de execução e influ-
ência de estacas próximas.
Devido ao fato de os deslocamentos dessas estacas serem pequenos,
não foi possivel uma boa extrapolação da curva proposta por Van Der
Veen(1953). Outro detalhe a considerar é que as provas de carga não atin-
giram a ruptura e. sim a carga de ensaio preconizada pela NBR 6121(1986).
A respeito da diferença da distribuição de cargas quando a estaca é
ensaiada à compressão ou à tração, Costa Nunes(1985a) afirma que essa
discrepância que se encontra entre os ensaios à tração e os ensaios à
compressão é mais sensivel no problema de ruptura, não no problema de en-
saio dentro do limite do fator de segurança usual nas pressa-ancoragens,
pois se trabalha dentro e próximo do limite elástico.

9. COMENTÁRIOS FINAIS

As estacas ensaiadas apresentaram comportamento dentro da expectati-


va. Infelizmente essas estacas não foram ensaiadas até a ruptura, o que
não permitiu uma análise mais apurada do comportamento.
Comprovou-se a elevada capacidade de carga dessas estacas, mesmo en-
saiadas à tração, comparadas com estacas cravadas ou escavadas de dimen-
sões semelhantes.
Com base no trabalho de Casanovas (1989) e no estudo de preeso-anco-
ragens, poder-se-ia afirmar, principalmente para solos resistentes, que a
capacidade de carga fica limitada ao dimensionamento estrutural da esta-
ca, não à resistência da ligação estaca-solo.
Sugere-se um estudo mais criterioso da pressão residual de injeção
(pressão efetivamente transmitida ao solo), bem como uma maior quantidade
de calda injetada no trecho livre da estaca. Sugere-se também a instru-
mentação da estaca ao longo de seu comprimento para se poder constatar o
comportamento real da estaca, principalmente do trecho ancorado.

10. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à TECNOSOLO o fornecimento de dados e lnforma-


ções, bem como ao Prof. José Henrique Albiero, da EESC-USP. O Eng. CARLOS
ROBERTO DA SILVA contou com apoio financeiro do CNPq para realização do
seu curso de mestrado.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 11986). Estaca e Tubulão


Prova de Carga (NBR 6121), Rio de Janeiro.
BUSTAMANTE,M.; GIANESELLI, L.; LEDOUX, J. L.; SEIGLE, B. & !<LOS,
J., (1983).Portance d'un Micropieu dans les Marnes. BLLPC, Nov/Déc,
France.
BUSTAMANTE, M. & DOIX, B., (1985). Une Méthode pour le Calcul des Tirants
et des Micropieux Injectés. BLLPC, Nov/Déc, France.
BUSTAMANTE, M. & GIANESELLI, L., (1981). Prévision de la Capacité Portance
des Pieux Isolés seus Charge Verticale, BLLPC, May/Jun, France.
CASANOVAS, J. S., (1989). Bond Strength and Bearing Capacity of Injected
Anchors: A New Approach. XII ICSMFE, Vol. 2, Rio de Janeiro.
COSTA NUNES, A. J. & DRINGENBERG, G. E., (1980). Capacidade de Carga de
Estacas Injetadas sob Pressão. Tópicos de Geomecânica Tecnosolo ~ 36 e
37, Rio de Janeiro.
COSTA NUNES, A. J. ( 1987a). Controle de Execução de Pressa-ancoragens
Mediante Provas de Carga. VII Reunião Executiva, Tecno~olo, Rio de
Janeiro.
COSTA NUNES, A. J., (1977). Nova Técnica Usa Fundações Tubulares de
Pequeno Diâmetro e Obtém Grande Capacidade de Carga. Revista Construção
Pesada. Vol 7 (79), São Paulo.
COSTA NUNES, A. J., (1985a). Estacas Injetadas. Debates. I SEFE. Vol 3,
São Paulo.
COSTA NUNES, A. J., (1987). First Casagrande Lecture Ground
Prestressing. VIII COPAMSEF, Colombia.
DRINGENBERG, G. E., (1985). Comunicação Interna. Tecnosolo S.A., Rio de
Janeiro.
DRINGENBERG, G. E., ( 1990). Capacidade de Carga de Micro-estacas
Injetadas. IX COBRAMSEF, Salvador.
GABAIX, J. C.; BUSTAMANTE, M. & GOUVENOT, D., (1975). Essais de Pieux
Scellés par Injection seus Pression. Annales d'ITBTP ~ 331, France.
GOUVENOT, D., {1978). Les Injections de Scellement. Annales d'ITBTP ~
358, France.
173

o terreno, pertencente à plataforma aluvionar do Vale do Rio


Piracicaba, consiste em uma camada profunda de depósitos fluviais de
areia fina a média levemente sobreconsolidada, micácea, contendo pequena
porcentagem de pedregulho fino de quartzo. Superficialmente é composto de
uma pequena camada (2 a 7m) de argila siltosa ou arenosa mole a mediana-
mente rija. O resultado dos ensaios SPT e CPT para o furo 6, que compõe o
perfil típico, é mostrado na FIGURA 1. A curva granulométrica típica,
para profundidade de 3 a 40 m. é mostrada na FIGURA 2.
A perfuração foi executada com sonda rotativa e circulação de água,
diâmetro SW e profundidade média de 20m, sendo revestida até 2m. As
estacas foram montadas com 21 fios de 9mm (aço BEMA CP 135/lSO RB) e
espiral de 5.5mm a cada Sem. As válvulas foram dispostas a cada SOem
(trecho ancorado) e a cada 150cm (trecho livre). Definiu-se um trecho
ancorado de 10m e um trecho livre de 10m. As lnjeções foram executadas em
pelo menos dois estágios, espaçados entre si em pelo menos 24 horas.

7. RESULTADOS

Os resultados do cálculo da capacidade de carga são mostrados no


QUADRO 1. Para utilização de todos os métodos de cálculo, foram pesquisa-
das várias correlações entre os resultados dos ensaios "in si tu". Deter-
minou-se dois valores para a "profundidade critica - Zc": a partir da
proposta de Vesic(l97S) e a partir da análise da curva dos ensaios
conepenetrométrico e de simples reconhecimento (FIGURA 3).
o resultado do cálculo do recalque, proposto por Dringenberg(l985) é
mostrado no QUADRO 2. O recalque elástico calculado, considerando-se se-
ção mista (contribuição do cimento injetado) foi de 4. 76mm e conside-
rando-se apenas a seção de aço, de 96.2mm.
Das 23 provas de carga executadas, foram selecionadas duas, repre-
sentativas, uma à tração (ensaio rápido) e outra à compressão (ensaio
lento). A curva carga-recalque para esses dois ensaios, bem como a curva
proposta por Dringenberg(1985) é mostrada na FIGURA 4.
Para a determinação da carga de ruptura a partir da curva carga-re-
calque obtida em provas de carga, utilizou-se o critério de Van Der
Veeni19S3). Os valores foram de 2782kN e de 1470kN, respectivamente, para
a estaca 158 e 162.

8. ANÁLISE DOS RESULTADOS

MÉTODOS DE CÁLCULO DA CAPACIDADE DE CARGA E RECALQUE

Os métodos de cálculo da capacidade de carga de pressa-ancoragens


apresentaram uma enorme discrepância de resultados. Parece mais coerente
a adoção da profundidade critica de 7. Om, pois este valor decorre da
análise de resultados de ensaios realizados no local e, no cálculo da
profundidade critica adotando o critério de Vesic(1975) considerou-se
como diâmetro da estaca o diâmetro nominal, não o diâmetro efetivo do
trecho ancorado. A seguir tecem-se comentários acerca dos vários métodqs
de cálculo.
A fórmula de Philipponnat(1979) resulta numa elevada carga de ponta
(35% da carga total)e uma baixa carga lateral.
A fórmula de Littlejohn(1970) que leva em conta a pressão de injeção
está coerente com o método de execução das estacas.
A fórmula de Hanna(1982) considera estacas injetadas a baixa pressão
e o coeficiente de pressão de terras no fuste da ancoragem (que embute a
pressão de injeção) tem valor baixo.
A fórmula de Gabaix et Al(1975) também utiliza o fator de aumento da
capacidade de carga, fator este mais condizente com a pressão de injeção.
Lamare Neto(1985), em provas de carga executadas, chegou a um fator de
aumento de atrito lateral igual a 2.3 em relação ao atrito calculado pe-
los métodos clássicos.
A fórmula de Bustamante e Guianese1li(1981) utiliza fatores de capa-
cidade de carga apenas para estacas cravadas e escavadas, o que subes-
tima, principalmente, a resistência por atrito lateral da estaca. A re-
sistência de ponta foi elevada, atingindo 26% da carga total.
A fórmula de Bustamante et Al(1983) utiliza o valor da pressão limi-
te para a resistência de ponta, o que é coerente, porém os autores suge-
rem valores muito baixos para a resistência lateral unitária e pressão
limite.
A fórmula de Bustamante e Doix(1985) adota valores baixos para o fa-
tor de ampliação do diâmetro da estaca no trecho ancorado.
A fórmula de Costa Nunes(1977) parece a mais completa, pois não só
leva em conta todos os fatores de aumento da capacidade de carga, como,
de uma maneira mais simplificada, considera a pressão residual de inje-
ção, pressão esta efetivamente transmitida ao solo.
A fórmula de Velloso(1980) propõe valores baixos para o coeficiente
de atrito lateral, pois, apesar de ter sido um estudo preeliminar para
tirantes, o autor usa coeficientes para estacas cravadas/escavadas.
Nas fórmulas de Dringenberg (1985, 1990) há discrepância de resulta-
dos. Apesar de a fórmula de 1990 estar relacionada ao ensaio press iomé-
trico, o autor subestima a capacidade de carga da estaca.A fórmula
proposta em 1985 subestima o atrito lateral unitário no trecho ancorado
da estaca.
Na fórmula de Casanovas (1989) o autor propõe correlações para o
atrito lateral unitário que são as mesmas para estacas crava-
das/escavadas, subestimando assim a capacidade de carga da estaca.
174

HANNA, T. H. (1982). Foundations in Tension. Trans Tech Publ. - Mcgraw


Hill Book Company, USA.
LAMARE NETO, A.,(1985). Estacas de Pequeno Diâmetro Injetadas sob
Pressão, Dissertação de Mestrado. PUC, Rio de Janeiro.
LITTLEJOHN, G. S., (1970). Soil Anchors. Proceedings of the Ground
Engineering Conference, ICE, London.
MAZURKIEWICZ, B. H., (1972). Test Loading of Piles According to Polish
Regulations. Swedish Academy of Sciences. Prel. Report ~ 35, Sweden.
OSTERMAYER, H., ( 197 5) . Constrúction, Carrying Behaviour and Creep
Characteristics of Ground Anchors. Diaphragm Walls and Anchorages
Conference, Proceedings, London.
PHILIPPONNAT, G., (1979). Método Prático de Cálculo de Estacas Isoladas
com o Emprego do Penetrômetro Estático. Tradução de Nelson S. Godoy e
Nélcio Azevedo Jr., ABMS/ABEF.
POLIVANOV, B., ( 1987) . Diretivas Para Confecção e Uso de Pressa-ancora-
gens, Manual Técnico Tecnosolo.
SALIONI, C., (1985). Capacidade de Carga de Estacas Injetadas. I SEFE. Vol
1(separata), São Paulo.
"!AN DER VEEN, C., (1953). The Bearing Capacity of a Pile. III ICSMFE, Vol.
2, Switzerland.
VELLOSO (1980). Fundações, Aspectos Geotécnicos. Vols. 1 e 3, PUC, Rio de
Janeiro.
WERNICK, E., (1977). Stresses and Strains on Surface of Anchors. Revue
'rançais de Geotechnique, ~ 3, Paris.

Qpu Q~u Qu Qadm


AUTOR (kN) (kN) (kN) (kN)

PHILIPPONNAT (1979) 500 930 1430 715


LITTLEJOHN (1970) - 2700 2700 1350
LITTLEJOHN (1970) - considerando pres. - 2700 2700 1350
HANNA (1982) - Zc - 3. 6 m. -- 760 7 60 370
HANNA (1982) - zc - 7.0 m. -- 1460 1460 730
GABAIX et Al (1975) - Zc- 3.6 m. -- 2650 2650 1325
GABAIX et Al (1975) - Zc- 7.0 m. -- 5110 5110 2555
BUSTAMANTE E GUIANESELLI (1981) 610 1760 2370 1185
BUSTAMANTE et Al (1983) 270 900 1170 585
BUSTAMANTE E DOIX (1985) 370 2040 2400 1400
COSTA NUNES (1977) - zc - 3. 6 m. -- 5750 5750 2875
COSTA NUNES (1977) - Zc - 7 .O m. -- 5970 5970 2985
COSTA NUNES (1977) - tensões totais -- 6600 6600 3300
VELLOSO ( 1980) - 770 770 385
VELLOSO (1980) - usando fator LAMARE -- 1990 1990 995
DRINGENBERG (1985) - 4000 4000 2000
DRINGENBERG (1990) - Zc - 3.6 m. -- 710 710 355
DRINGENBERG (1990) - Zc - 7.0 m. -- 990 990 495
DRINGENBERG (1990) - tensões totais -- 1530 1530 765
,, CA.SANOVAS ( 1989) -- 1600 1600 800

Qm'IDRO 1 - RESULTADOS DO CÁLCULO DA CAPACIDADE DE CARGA

RECALQUE DO RECALQUE DO RECALQUE DO RECALQUE RECALQUE P/


TRECHO LJ:VRE TRECHO ANCOR. SOLO TOTAL CARGA TRAB.
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm)

12.6 6.0 3.0 21.6 5. 4

QUADRO 2- RESULTADOS DO CÁLCULO DO RECALQUE

...
ã501--t-+-I-Mrt+

~401--!-H-Mrtt
!
15u
f
2 3 4 56
o il•etro 401 ereoa( •ra.J

FIG.l - PERFIL TÍPICO DO SOLO


F'IG.2 - CURVA GRANULOMÉTRJ:CA TÍPICA
175

CURVA lqc, NJ x PROFUNDIDADE


.,
t ~.-"".X..... ~
•" bl

" .~ i;\ ·.r· ~J\· :!..


:'
:··i~·.iL·
;, '\'\. :
. ..
\.
'.. ..,.,·
" .. '·
... :'/_.,. ....,.
~

'•
: .~·

. . _,,.,
. .
FIG.3 - CURVAS N(SPT) E qc (CPT) •u.....••-1
VERSUS PROFUNDIO.l>.DE
FIG.4 - CURVA CARGA-RECALQUE PARA
AS ESTACAS 158 E 162
176

PREVISÃO DA CARGA ÚLTIMA DE ESTACAS RAIZ


ATRAVÉS DE FÓRMULAS EMPÍRICAS

Denilson José Ribeiro Sodré, Eng.


José Carlos Ângelo Cintra, Dr.Sc.,
José Henrique Albiero, Dr.Sc.,
David de Carvalho, Dr.Sc.~

' Prol., Escola de Engenharia de Sao Carlos


2 Prol., Universidade Estadual de Campinas

RESVMC

Apresenta-se um estudo sobre a aplicabilidade das fórmulas de


Lizzi(l982), Salioni(l985), Bustarnante & Doix(l985), Cabral(l986) e
BRASFOND (1991) utilizadas na previsão da carga última de estacas
raiz. A análise é feita a partir do resultado de 40 provas de carga
à compressão axial, cujas cargas últimas são obtidas pelo critério
de Van der Veen (1953). É proposto um ajuste que melhora a previsão
das fórrnulás anteriormente mencionadas.

1. INTRODUÇÃO

Diversos tipos de estaca têm sido desenvolvidos objetivando um


melhor desempenho das fundações sendo a estaca raiz um exemplo deste
avanço tecnológico. Esta técnica pioneira deu origem a urna categoria
de estacas usualmente denominada "Estaca de Pequeno Diâmetro Injeta-
da Sob Pressão", que se caracteriza por atingir elevada capacidade
de carga, superior as estacas ditas convencionais, cravadas e esca-
vadas, apresentando recalque bastante reduzido e podendo ser empre-
gada na solução de diversos problemas geotécnicos.
Inúmeras provas de carga instrumentadas mostram que bastam
pequenos deslocamentos para a mobilização da resistência máxima por
atrito lateral, ao contrário do que acontece na ponta, que é mobili-
zada totalmente após maiores deslocamentos, também bastante reduzi-
dos, e que estas estacas transmitem as cargas para o solo, princi-
palmente por atrito lateral, mobilizando pequena ou nenhuma resis-
tência na ponta.
As teorias convencionais não são adequadas para o calculo da
capacidade de carga de estacas raiz devido principalmente ao pro-
cesso de injeção sob pressão, que representa o fator mais importante
no comportamento mecânico dessas estacas.
O objetivo deste trabalho é fazer uma análise da aplicabilida-
de das fórmulas de Lizzi (1982), Salioni (1985), Bustamante & Doix
(1985), Cabral (1986) e Brasfond (1991) utilizadas na previsão da
carga última de estacas raiz. São propostas correlações que permitem
a obtenção da carga última de Van Der Veen (1953) em função do diâ-
metro nominal da estaca e do valor de carga última estimado pelas
fórmulas anteriormente mencionadas.

2. PROVAS DE CARGA ANALISADAS

. Foram coletados os resultados de 40 provas de carga (Tabe1a 1)


realJ.zadas em estacas raiz, nos quais constam: sondagem próxima à
estaca ensaiada, esquema de montagem, dados sobre a estaca e a curva
carga-recalque.
As estacas, com diâmetro nominal variando entre O.lOm e 0.37m
e comprimento entre 14 rn e 34 rn, instaladas em diferentes tipos de
solo, foram ensaiadas à compressão axial com carregamento do tipo
"SML" de acordo com as prescrições da NBR6122. A carga última foi
obtida pelo critério de Van der Veen (1953) (Puvov).

3. MÉTODOS EMPÍRICOS EMPREGADOS NA PREVIsÃO DA CARGA ÚLTIMA

Vários métodos empíricos e semi-empíricos têm sido desenvolvi-


dos especificamente, ou indicados corno adequados, para o cálculo da
capacidade de carga de estacas injetadas: Little John (1970) ;Costa
Nunes (1974); Gabaix, Bustamante & Gouvenot (1975); Velloso ( 1980);
Jones & Turner (1980); Hanna (1982); Lizzi (1982); Bustarnante et al.
(1983); Brasfond(l991) (apud Larnare Neto et al., 1985); Salioni
(1985); Bustarnante & Doix (1985); Cabral (1986); Dringemberg &
Crizer (1990) e Revoort & Janse (1991) (apud Sodré, 1994).
Optou-se para o estudo da aplicabilidade os métodos de Lizzi
(1982), Salioni (1985), Bustarnante & Doix (1985), Cabral 11986) e
Brasfond (1991) (Tabela 2), referentes ao caso em que a injeção é
aplicada sob baixa pressão no topo da estaca.
177

Tabela 1. Dados sobre as estacas raiz submetidas as provas de carga.

Estaca Referência Local dt (m.) L (m.) pi (MPa) Pu.,., (kN)


ER1 Nacional LTDA Bauru-SP 0.22 21.00 0.4 1484
ER2 Nacional LTDA São Paulo-SP 0.27 15.00 0.4 2680
ER3 Nacional LTDA São Paulo-SP 0.27 16.60 0.4 1748
ER4 Nacional LTDA Osasco-SP 0.22 15.00 0.4 1380
ER5 Fundesp 119901 São Paulo-SP 0.10 17.00 0.2 545
ER6 Rocha (19851 São Paulo-SP 0.22 18.43 0.4 1373
ER7 Carvalho ( 19911 São Carlos-SP 0.22 15.00 0.4 1050
ER8 Corrêa (19881 São Paulo-SP 0.22 20.50 0.4 1297
ER9 Corrêa 119881 Guarujá-SP 0.22 25.96 0.4 1472
ER10 Corrêa 119881 Guarujá-SP 0.22 18.00 0.4 833
ERll Corrêa (19881 São Paulo-SP 0.17 20.00 0.4 958
ER12 Corrêa (19881 São Paulo-SP 0.22 14.00 0.4 1189
ER13 Corrêa (19881 Bauru-SP 0.22 23.00 0.4 1674
ER14 Corrêa 119881 Guarujá-SP 0.22 20.92 0.4 904
ER15 Corrêa 11988) Guarujá-SP 0.22 32.00 0.4 980
ER16 Corrêa 119881 São Paulo-SP 0.17 21.00 0.4 781
ER17 Moreno ( 19891 São Caetano-SP 0.22 21.80 0.2 2351
ER18 Moreno ( 19891 São Caetano-SP 0.22 16.00 0.2 1666
ER19 Moreno ( 19891 São Caetano-SP 0.22 15.10 0.2 2534
ER20 Moreno (19891 São Caetano SP 0.22 21.00 0.2 1988
ER21 Cabral ( 1991) São Paulo-SP 0.17 23.00 - 921
ER22 Cabral I 1991 I São Paulo-SP .0.17 23.00 - 1089
ER23 Cabral 11991) São Paulo-SP 0.22 23.00 - 1276
ER24 Cabral I 19911 São Paulo-SP 0.22 23.00 - 1495
ER25 Cabral I 1986) - 0.27 23.20 - 1780
ER26 Cabral I 1986) - 0.22 34.00 - 1290
ER27 Cabral ( 1986) - 0.27 34.00 - 1734
ER28 Cabral (19861 - 0.27 34.00 - 1724
ER29 Nacional LTDA São Caetano-SP 0.22 23.00 - 1122
ER30 Nacional LTDA São Caetano-SP 0.22 14.00 - 1053
ER31 Fundesp S.A. São Paulo-SP 0.12 17.00 - 409
ER32 Geotécnica S.A. Santo André-SP 0-.22 27.40 - 1341
ER33 Teixeira Eng. Recife-PE 0.22 25.40 - 1221
ER34 Brasfond S.A. Cubatão-SP 0.17 24.57 - 1129
ER35 Brasfond 11991) Jacarei-SP 0.22 24.40 - 1368
ER36 Brasfond 119911 Camaçari-BA 0.22 20.10 - 1408
ER37 Brasfond 11991) São Paulo-SP 0.37 21.00 - 2646
ER38 Brasfond I 1991) São Caetano-SP 0.37 18.00 - 2000
ER39 Brasfond 11991) Alto B. Vista-SP 0.22 27.50 - 1320
ER40 Lopes 119861 Rio de Janeiro-RJ 0.27 34.00 - 2050
dt
..
- diametro do tubo de perfuraçao -
L - comprimento da estaca
Pi - pressão de inj~ção aplicada

Para contornar a ausência de resultados de ensaios de labora-


tório necessários para a determinação de alguns parâmetros da fórmu-
la de Salioni foram adotadas correlações em função do índice de
resistência à penetração N(SPT) (Sodré, 1994).

Tabela 2. Métodos empíricos empregados na previsão da carga última


de estaca raiz
Autor Tipo de Re•istência Resistência Observa.ç:ões
Solo Lateral (PL) de Ponta CPP)
Lizzi (19821 qualquer n.D.L.K.I - I-f (D)
K;f (solo)
'
Salioni (1985) não coesivo n.D.L.a.tg<p - a,<p;f(solo)
coesivo n.d.L.Rc - Rc;comp. simples
Bustamante & qualquer n.Ds .Ls .qs Sp.Kp.Pl ou qs,Kp,Pl;f(solo)
Doix 11985) 0,15.PL
J3o;f(pressão,D)
Cabral (19861 qualquer J3o.J31.N. U . .:I.L J3o.J32.N.Ab J31,J32;f(solol
J3o .J31. N$0, 2MPa
po.J32.N:>5Mpa
Brasfond(19911 qualquer J3.N.P.L CL.Np.Ap N,Np(SPT)$40

4. RESULTADOS OBTIDOS

Para a apresentação dos resultados obtidos, relacionam-se os


valores de carga última definidos nas provas de carga pelo critério
de Van Der Veen ( 1953) com os respectivos valores de carga última
previstos pelas fórmulas (Figura 11.

5. ~ISE DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES

Deve existir uma relação linear entre a carga última obtida·na


prova de carga e o diâmetro das estacas, entretanto, abaixo de um
valor mínimo, esta relação, devido a problemas de flarnbagem, poderá
ser exponencial. Observa-se que para cada diâmetro, as cargas variam
dentro de uma faixa de valores, ou seja, não ultrapassando certos
limites de car:ga·. Devido ao número reduzido de dados, não foi possí-
vel identificar estes limites. Na Figura 2 é apresentada a correla-
ção linear obtida.
178

3000 5000

<> )(
2500 • 4000

!2000 • )( <> z
G.
~
:I 1500

1000 o
• <> •

• •••
• o••• • •
... <> <> <>
:!.3000
>
5!
:I
G.
2000
• <>
• X
X

• o• • •• •
500
1000 De
o •

500 1000 1500 2000 2500 3000 o 1000 2000 3000 4000 5000
~Cktl) Pus Cktl)
(a) (b)
5000 3000

4000
2500 •
z ~2000
:!.3000
>
<> )( ~ • <>
:I
5! • :I
G.
1500
• •
G.
2000
<> •
<> X ••
• •
<> <> 1000 o

1000 •
• •o'
o
.• • •• 500
o

+
o 0~--~~~~--~~~--~
o 1000 2000 3000 4000 5000 o 500 1000 1500 2000 2500 3000
Puao Cktl) Pile (!IN)
(c) (d)

~-
• c1,0.10m
• c1,0.12m
<> a <1,0.17m
z 2500 • o <1,0.22m
:!. <> c1,0.21m
> 2000 )(
X <1,0.37m
5!
:I
G. 1500
I (a) Lizzi (1982) (PuL)
1000 (b) SaHoni (1986) (Pus)
(c) Bustamania & Doix (1986) (Puao)
500 (d) Cabral (1986) (P\Ic)
(e) Brufond (1 981) (Pu8)
0·~~--~--~~--~--~~
o 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Pue(ldlll Puwv- c:arga última de Van Der Veen
(e)
Figura 1. Relação entre os valores de carga última obtidos nas
provas de carga e os previstos pelas fórmulas.

4000

3eOO
f'uvov--308+1~
3000 R~.76

~2500 o

~-2000. o o
c. 1500
o

1000

500 o
o
o
0,07 0,14 0,21 0,28 0,35 0,42
~(m)

Figura 2. Relação entre a carga última de Van Der Veen


e o diãmetro da estaca raiz.
179

A dispersão obtida pela fórmula da Brasfond (1991) é relativa-


mente constante para todos os niveis de carga, o que não ocorre com
as demais, que apresentam maior dispersão quanto maior é o valor da
carga última, ou seja, o erro de previsão tende a ser maior quanto
maior é a capacidade de carga da estaca (Figura 1).
Os valores de atrito lateral unitário máximo indicados por
Salioni (1985) e Bustamante & Doix (1985) para solos coesivos, por
serem muito elevados, provocam erros consideráveis na previsão.
Estes métodos admitem valores maiores que 250 kPa, atingindo até
mesmo 400 kPa, incompativel, portanto com o que se tem observado na
literatura correlata.
Observa-se também na Figura 1 que é possivel obter a carga úl-
tima definida por Van Der Veen, em função do diâmetro da estaca e do
valor da carga última obtido por qualquer uma das fórmulas emprega-
das, e desta maneira, melhorar a previsão das mesmas.
O processo utilizado para adaptar uma equação aos conjuntos de
dados de carga última em função do diâmetro, é feito através do
ajuste, pelo método dos minimos quadrados, dos dados obtidos a par-
tir da transformação linear da equação selecionada. Como se desco-
nhece a forma da equação que melhor ajusta esses dados, a escolha da
mesma é feita por tentativas. Dentre as várias equações testadas, a
exponencial é a solução mais adequada (Sodré, 1994). Uma ilustração
referente ao ajuste é apresentada na Figura 3 e as correlações são
descritas na Tabela 3.
As correlações obtidas melhoram consideravelmente a previsão
dos métodos. Verifica-se que a maioria dos pontos estão situados
próximos a reta de 45°, situação em que os valores de carga última
previstos coincidem com os obtidos nas provas de carga, e que os
mais afastados estão acima da mesma. Isto significa que os valores
de carga última, determinados pelas expressões obtidas das regres-
sões, quando não se aproximam da carga última de Van Der Veen,
tendem na pior das hipóteses a subestimá-la, portanto, tais expres-
sões mostram-se a favor da segurança (Figura 4).

3500
~:
A 41,0.10m
3000 + 41,0.12m Vlllares da c1t (m)
o 41,0.11m
o X
2500
e
O
41,0.22m
41,0.21m • ll.l7

i' x 41,0.37m
o
~2000 X
G.27
~
~
IL
1500 11.22

0.17
1000
G.12

Figura 3. correlação entre a carga última de Van Der Veen e a carga


última prevista pelo método da Brasfond (1991)· em função
do diâmetro da estaca raiz.

Tabela 3. Correlações que melhoram a previsão da carga úlima de


estacas raiz
MÉTODOS EMPÍRICOS CORRELAÇÃO: Pu'VDv • f (dt, Pul)
p-ai-IIDV = (51. 4+6880de) (1-e-0. 00123PuLJ
Lizzi (19821
Salioni I 1985 I Pa 3 YDV = (J.52.8+6160d<J (l-e- 0 · 00 103Pus)

Bustamante & Doix ( 19851 PuBDVDV = (-3+6900de) (1-e-o. 00138PuBDJ

119861 PucVDv = (1046+4200de) (1-e-O.OOOBSPuc)


Cabral
Brasfond I 1991 I Pa 8 vov- (-32. 6+6880de) (l-e- 0 · 00164PuJJJ

Através de uma análise estatistica realizada a partir dos


erros relativos médios obtidos antes da correção proposta, põde-se
classificar as fórmulas, com 95% de confiança, em três grupos: o de
melhor previsão, correspodente a fórmula de Cabral, 18% de erro, um
grupo intermediário correspondente as fórmulas de Lizzi e Brasfond,
25% e 29% de erro, e o que apresenta maior erro de previsão corres-
pondente a fórmula de Bustamant~ & Doix, 37% de erro. A fórmula_de
Salioni foi excluida desta anál1se porque apresentou erro relat1vo
médio bastante elevado, cerca de 70%. Deve-se considerar que os va-
lores adotados para os parâmetros desta fórmula em função do N(SPT),
também contribuíram nos erros obtidos. Constata-se também, para 95%
de confia11c;a, que os erros relativ_o_::; médi_Q_â_ são signific_ativam~nt~
180

1gua1s após correção dos valores de carga última pelas correlações


obtidas, tornando as fórmulas, portanto, equivalentes. O ajuste que
apresentou o menor erro foi o referente a fórmula de Cabral, 14% e o
de maior erro o referente a fórmula de Salioni, 19%, as demais fór-
mulas apresentaram em média 16% de erro· relativo médio (Sodré, 1994).

3000 !000

o
~ • ..000
• i'
!20110 • ~
3000
~
~1!00 =
A. • <> • X

i. 20110 X

1000

1000

o
!00 1000 1!00 20110 ~ 3000 o 1000 20110 3000 ..000 5000
Wvr:JI/(kN)
rVVfYt (ldl)
(a) (b)
3000

<>
2!500 •

!2000 •
=~ 1500
A.
X
1000

1000
500

o 01~--~--~--~--~--~~
o 1000 20110 3000 ..000 !000 o 500 1000 15CIO 2000 2500 3000
PtJ!Dvr:N (kN) Pucvov(kN)
(e) (d)
3500

3000
o X
L-
A d,010m
+ d,0.12m
o elo O 17m
z-~ •
~ • • do0.22m
<> do0.27m
~20110 • <> X
x do037m

i. 15CIO
(a) Lizzi (1982) (Pulvov)
1000 (b) Salloni (1985) (PuSvov)
(c) Bustamante & Doix (1985) (PuBDvov)
5CIO (d) Cabral (1986) (PuCvov)
(e) Brastond (1991) (PuBvov)
01~~~-r--~~--~--~-
0 !00 1000 1!00 20110 ~ 3000 3eOO
Puvov -carga última de Van Der Veen
PtJJVfYt lkll)
(e)
Figura 4. Relação entre os valores de carga última obtidos nas pro-
vas de caraa e os previstos pelos ajustes propostos.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASFOND, (1991). Estacas Raiz. Catálogo. p. 1-38, São Paulo.

BUSTAMANTE, M. & DOIX, B., (1985). Une Méthode pour le Calcul des
Tirants et des Micropieux Injectés. Bulletin de Liaison des
Laboratoires des Ponts et Chaussées. n. 140, p. 75-92.

CABRAL, D.A., ( 1986). O Uso de Estacas Raiz como Fundações de Obras


Normais. VIII Congresso Brasileiro de Mecãnica dos Solos e Engenha-
ria de Fundações. v.6,p.71-82, Porto Alegre.

CABRAL, D.A.; FEITOSA, G.O. & GOTLIEB, M., (1991). Um Caso de Refor-
mulação de Fundações com Emprego de Estacas Raiz. 2° Seminário de
Engenharia de Fundações Especiais. v. 1, p. 58-68, São Paulo.
181

CARVALHO, D.; MANTILLA, J.N.R.; ALBIERO, J.H. & CINTRA, J.C.A.,


(1991). Provas de Carga à Tração e à Compressão em Estacas Instru-
mentadas do Tipo Raiz. 2° Seminário de Engenharia de Fundações
Especiais. v. 1, p.79-87, São Paulo.

CORRtA, R.S., (1988). Previsão da Carga de Ruptura de Estacas Raiz a


Partir de Sondagens de Simples Reconhecimento. Dissertação de
Mestrado. Escola Politécnica USP, São Paulo.

FUNDESP, (1990). Catálogo de Fundações Especiais. 54 p., São Paulo.

LIZZI, F., (1982). The Static Restoration of Monuments. Sagep


Publisher. 146 p., Genova, Italy.

LAMARE NETO, A.; BERNARDES, G.P. & COSTA FILHO, L.M., (1985). Re-
sultados de Provas de Carga Executadas Sobre Estacas Injetadas de
Pequeno Diâmetro. 1° Seminário de Fundações Especiais. v .1, p .163-
177, São Paulo.

LOPES, F.R., (1986). Medições de Transferência de Carga em Estacas.


VIII Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de
Fundações. v. 8, p. 25-42, Porto Alegre.

MORENO, R. F. & MARCO, L.C., (1989). Interpretação de Provas de Carga


Instrumentadas em Profundidade. 3° Seminário Técnico de Empresas de
Energia de São Paulo. Eletropaulo, p .. 1-17, São Paulo.

ROCHA, R.; YASSUDA, A.J. & MASSAD, E., (1985). Provas de Carga em
Estaca Tipo Raiz Instrumentada. 1° Seminário de Engenharia de
Fundações Especiais. v. 1, p. 179-193, São Paulo.

SALIONI, C., (1985). Capacidade de Carga de Estacas Injetadas. 1°


seminário de Engenharia de Fundações Especiais. v. 1, p. 13-27, São
Paulo.
SODRÉ, D.J.R., (1994). Previsão da Carga Última, do Recalque e da
curva Carga-Recalque de Estacas Raiz. Dissertação de Mestrado.
Escola de Engenharia de São Carlos - USP. São Carlos, São Paulo.
182

FUNDAÇÕES RASAS NO SOLO COLAPStVEL


DE ILHA SOLTEIRA· SP

Adriano Souza, M.Sc. 1


José Carlos Ângelo Cintra, or.Eng.2

' Prof., Universidade Estadual Paulista - Ilha Solteira


2
Prof., Escola de Engenharia de São Carlos- USP

Este trabalho estuda a redução dos recalques de fundações rasas, construídas


sobre o solo colapsivel de Ilha Solteira (SPl, em função da compactação do solo
de apoio das mesmas.
Procurando estudar o comportamento real das sapatas corridas,
confeccionaram-se dois protótipos apoiados sobre: a. solos natural e, b. solo
subjacente compactado em camadas. Acompanharam-se os recalques sofridos ao longo
do tempo, em condições reais de solicitações, utilizando-se um processo
topográfico.
Realizaram-se ensaios de provas de carga direta em placa, tanto para o solo
em seu estado natural como para o caso de compactação do solo subjacente, nas
condições de teor de umidade natural e teor de umidade ótima, bem como com a
inundação, para o estudo dos recalques do solo frente a solicitações.

Extensas áreas do Brasil são cobertas por solos colapsiveis, geralmente com
origem coluvionar, que ao serem umedecidos, sofrem redução brusca do índice de
vazios, ocasionando o colapso de sua estrutura.
Os solos colapsiveis apresentam duas características básicas: um alto índice
de vazios (estrutura porosa) e um teor de umidade menor que o necessário para sua
completa saturação (Dudley, 1970; Nunes, 1975).
Em função da crescente ocupação do solo em regiões onde ocorrem os depósitos
de solos colapsiveis, da quantidade e da importância das obras civis já
implantadas e, ainda considerando-se os danos já sofridos por construções na
região, torna-se de relevante importância pesquisar o comportamento destes solos
(Souza, 1993). Por isso, neste trabalho estudou-se o solo superficial da cidade de
Ilha Solteira (SP), situada na região noroeste do Estado de São Paulo.
Região onde se tem observado, em um número elevado de casos, os danos
ocorridos em construções, tais como: trincas em paredes, quebra de pisos e
azulejos, deslocamento de paredes e outros, os quais são advindos de grandes
recalques de fundação, que ocorrem em função do colapso do solo que cobre toda a
região (Souza, 1993) .
A solução ou minimização dos recalques de fundação, através de processos de
estabilização é de grande importância, principalmente os que conciliem baixo custo
com facilidade e rapidez. Por esta razão torna-se cada vez mais necessário estudos
desta natureza.
Estudou-se o processo preventivo de compactação do solo solto, o qual além
de sua facilidade de execução apresenta duas vantagens : rapidez e baixo custo.
Este processo foi inicialmente estudado por Souto Silveira & Silveira
(1958), onde constataram o aumento na tensão admissivel do terreno.
Posteriormente, Silveira & Souto Silveira (1963), relataram a experiência
realizada nos edifícios construidos para a Escola de Engenharia de São Carlos, da
UniversJ.dade de São Paulo, utilizando-se este processo. Estes edifícios
apresentaram um comportamento bastante satisfatório em face das observações
realizadas após a construção~
Para quantificar a eficiência desse procedimento, em relação à
colapsibilidade, Cintra, Nogueira & Hermany Filho (1986) realizaram ensaios de
placa, utilizando-se modelo, em laboratório. Constataram que, mesmo para baixas
energias de compactação, o solo superficial de São Carlos (SP), sofre uma
significativa redução do recalque de colapso. Mas devido ao fato de que os modelos
não representam as condições de campo, havia necessidade de estudos complementares
sobre protótipos.
Buscando estudar com exatidão os recalques "in situ" de fundações rasas
apoiadas sobre solos compactado e natural, confeccionou-se duas sapatas corridas
com 0.60 m de largura por 3.02 m -de comprimento, e utilizando-se um processo
topográfico para a medição dos recalques.
Constatou-se a grande eficiência do processo preventivo estudado, em função
dos pequenos recalques que foram observados, mesmo quando da inundação do solo de
fundação, justifica-se assim a parte experimental desta pesquisa.
Para dar mais subsídios ao trabalho, executou-se provas de carga sobre os
solos compactados e naturais, com as quais obteve-se valores de recalques que
comprovam em ordem de grandeza, os resultados obtidos com as fundações dos muros.
Pode-se até observar o sensível aumento na tensão de ruptura do solo de fundação,
fato este que leva a uma redução nos custos das fundações a serem projetadas, além
de garantirem uma sensível diminuição nos recalques por colapso.

2. ~%AÇÃO DO SOLO ES'l'tlDADO

A área estudado está situada no Campus da Faculdade de Engenharia de Ilha


Solteira UNESP, numa região onde se encontra espessas camadas de solos
coluvionares colapsiveis, as quais ultrapassam lO m de profundidade. Estes solos
apresentam parâmetros geotécnicos uniformes em todo o depósito (Ferreira &
Monteiro, 19851.
183

Resultados de investigações geotécnicas de campo constam no trabalho de


Carvalho & Souza (1990), dos quais destacam-se as sondagens de simples
reconhecimento (SPT) apresentando um número baixo de golpes nos primeiros metros
(< 3 golpes), não ultrapassando 6 golpes até os 10m de profundidade. Os ensaios
de penetração estática (CPTl apresentam Rp < 2,5 MN/m2 •
Ensaios de caracterização foram efetuados apresentando uma homogeneidade de
valores ao longo de toda a profundidade, conforme segue:
- 26t de argila, 9~ de silte e 65~ de areia.
- 12• de teor de umidade, 27t de LL e 14% de IP.
- Peso especifico do solo de 15 kN/m3 ,
- Índice de vazios de 0,9.
- Peso específico dos sólidos de 27 kN/m3 •
- 78~ de Si0 2 , 11~ de Al,o,, 5o de Fe 2o3 e 4% de FeO.

3. PROVJ.S 011: CAliGA

Realizaram-se quatro provas de carga direta em placa a 0,70 m de


profundidade, com as seguintes características:
-prova de carga em cava seca (Figura 1.a.);
-prova de carga em 'cava inundada (Figura 1.a.);
- prova de carga em cava seca, com O, 60 m de solo subjacente compactado
(Figura l.b. l e,
- prova de carga em cava inundada, com 0,60 m de solo subjacnte compactado
(Figura l.b).

p _[ 0.70

0.60

1.00

I
I
r- 1.00

a. solo antural b. solo compactado

Figura '1. Esquema das cavas nas provas de carga

Os carregamento foram feitos em estágios sucessivos de 5 kN até que se


atingisse o dobro da taxa admitida para o solo, segundo a NBR 6489
(dezembro/1994), adotando-se carregamento lento, tanto para as cavas secas como
para as cavas inundadas.
Como reação foi usada uma viga constituída de dois perfis I de aço, com 6 m
de comprimento.
Os esforços na viga eram transmitidos a duas estacas de reação laterais, com
6 m de profundidade e 0,25 m de diâmetro, uma em cada extremidade da viga. Foram
utilizados macacos para 500 kN, célula de carga, rótula e dois relógios
comparadores com 100 mm cte curso e precisão de 0,01 mm (Figura 2l.

VIGA DE RF.ACAO
r·------

PlACA
llt:ACO

CAIXA /
/
DE
tmllRA

Figura 2. Esquema do sistema de transferência de carga das provas de carga

Para inundar o solo de fundação, abriram-se orifícios ao redor da placa


rígida, no interior da cava, com o cuidado de que os mesmos ultrapassassem a
camada compactada (Figura 1), utilizando-se um trado do tipo concha, com diãmetro
de 12.5 em. Em seguida encheram-se os orifícios com seixos rolados e
posteriormente com água através de uma mangueira, a fim de se inundar o solo de
fundação.

Construíram-se duas sapatas corridas, ambas apoiadas a O, 70 m de


profundidade, ond~: -a. sobre solo natural e, b. sobre uma camada subjacente com
espessura de 0,60 m de solo compactado em camadas.
_ Efetuóu-se a compactação com um soquete manual de aproximadamente 15 kg,
solto de uma altura média de O, 20 m e, em camadas de O, 10 m de espessura, do
próprio solo extraído durante a escavação. O solo teve seu teor de umidade
corrigido para wót + 2%. Após a compactação de cada camada, retirou-se uma amostra
indeformada, utilizando-se o extrator cilíndrico de amostras, com a qual fêz-se o
controle de compactação, tomando o cuidado de escarificar a superfície da camada
recém compactada com o auxilio de um rastelo, para em seguida iniciar-se o
lançamento e co~actação da camada subsequente.
184

Durante o processo de compactação foram utilizados em média 400 golpes por


camada, equivalendo a uma energia de compactação de aproximadamente 46 kJ/mJ
(cerca de 8,2% da energia PrÕctor Normal).
As sapatas foram confeccionadas sobre uma camada de 5 em de espessura de um
concreto magro (traço de 1:4 em volume), a qual serviu de nivelamento do fundo das
cavas, tendo o cuidado de fixar na parte superior das mesmas os pinos da la. fase
de leitura de recalques.
Decorridos cinco dias, as formas foram retiradas e em seguida assentada as
duas primeiras fiadas de blocos de concreto. Na segunda fiada procedeu-se a
instalação dos pinos que foram utilizados nas 2a., 3a. e 4a. fases de leituras de
recalques (Figura 3).

Lw
(A)

Figura 3. Esquema de leitura de cotas

Prosseguiu-se o assentamento das demais fiadas, na última foram colocados


três barras de aço CA-SOA e $ = 6 mm, seguida da concretagem (traço 1: 3 em
volume), a fim de criar uma viga na parte· superior do muro, para uma melhor
distribuição das cargas aplicadas sobre os muros.
Os muros construidos têm 1, 60 m de altura por 3, 02 m de comprimento, nos
quais utilizaram-se blocos de concreto (20 x 20 x 40 em), que são muito empregados
nas edificações da região em estudo.
Para a inundação do solo de fundação dos muros, abriram-se orifícios,
utilizando-se um trado do tipo concha, distantes 0,50 m do muro e entre os mesmos
(Figura 4), com o cuidado de que ultrapassassem a camada compactada, os quais
foram enchidos com seixos rolados (Figura 5) e posteriormente inundados
simultAneamente por intermédio de mangueiras.

-:- : : : : :~ ==f=:
lu•
[ o o o o o o 0~,...
-€
o o o o o o o
.........,~
...
I I I I I I I I I
....... UIUIUIIUIUI

Figura 4. Detalhamento da furação para inundação do solo de fundação dos muros

0.61>

1.50

~r-- 0.125

a. cava natural b. cava compactada

Figura 5. Detalhamento dos orifícios para a inundação


do solo de fundação das sapatas

Os recalques das sapatas foram medidos através do processo topográfico de


nivelamento geométrico, com uma precisão de décimos de milímetros.
Este processo se baseia na diferença de nível entre dois pontos (A e Bl,
sendo o ponto A um bloco de referência de nível (ponto fixo) e o ponto B os pinos
instalados nos muros, a diferença de nível entre estes pontos ('l = hA - h 9 J nas
leituras realizadas, determinam os recalques das fundações em estudo ao longo do
tempo.
A leitura dos recalques acompanhou as diferenças de niveis entre dois pontos
fixos (RN•I e dez pontos que sofreram recalque ao longo do tempo.
Os recalques foram medidos em quatro fases distintas, a se saber:
la. fase: após a construção das sapatas;
2a. fase durante o assentamento da alvenaria;
3a. fase: após o carregamento dos muros e,
4a. fase: com o umedecimento do solo de fundação dos muros.
O sistema de leitura é composto pelos seguintes elementos: 02 muros
construidos sobre sapatas corridas, 10 pinos de referência de cota, 04 placas de
referência de cota, 02 blocos de referência de nível (RNI, 02 blocos de leitura
(BLJ, 01 nível de alta precisão NI-002 da VEB Carl Zeiss JENA, 02 miras invar, 01
cronômetro e 01 termômetro.
185

5. ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS

Realizadas as provas de carga, obtiveram-se os resultados mostrados na


Figura 6 (a e b) .Da quais pode-se observar que com a compactação do solo
subjacente a placa, frente a inundação do mesmo a uma tensão de 60 kN/m2 , ocorre
uma diminuição de aproximadamente 86% nos recalques devido ao colapso, como pode-
se ver na Tabela 1.
Os recalques nas fundações dos muros estão na Figura 7. Da qual tomando-se
os valores dos recalques, ao final de cada fase, obtem-se a Tabela 2.
Fazendo-se a análise comparativa dos recalques médios das sapatas sobre: a.
solo natural (Muro A) e, b. solo compactado (Muro B), através da Tabela 2,
constata-se uma redução dos recalques superior a 50%, nas quatro fases estudadas.
Principalmente na 4a. fase, quando submeteu-se o solo de fundação das duas sapatas
a inundação, para a qual observa-se uma redução em torno de 79%.
Para uma visualização quantitativa da evolução dos recalques ao longo do
tempo, basta observar o gráfico da Figura 7, que demonstra a diminuição dos
recalques ao decorrer das fases, quando da compactação do solo de fundação da
sapata.
Analisando-se a Figura 7, nota-se que os recalques das sapatas têm um
comportamento similar, no que diz respeito ao comportamento das curvas A e B no
gráfigo recalque x tempo, diferenciando-se apenas no valor dos mesmos.

10 lO

20 2!1

50

110 60

10
! __ ,_ ..........
~---·-----
2_ ...... ._ •• .,... 2 - ...... -~ • .,.,.

a. solo natural b. solo compactado

Figura 6. Gráficos das provas de carga

Solo condição umidade do solo pressão de colapso


de antes do ensaio inundação
FUndação do ensaio ( " ) (kN/m: I lmml

seco 9.5
Natural -------------------------------------------------------
inundado 10.6 60 36.6

seco 10.4
Compactado -----------------------------------------------------
inundado 9.8 60 4.9

Tabela 1. Resultado das provas de catgd

30

I
I I
I
--+ Muel A Solo Mlural
liURO B. Solo compod•do
'
: _..;. r-
20
I
--!--;---_r _;-- ,.,,...,....
íi
' ·--'- ' lo ,,
r---------------·-----·
.!!. ' ~ Zl 1-2 .......... ........,. . . _
j.
_i 10
'"' '
I '
.. .. 2·3 ~ ......

,..' ' •i
100 150
Tmpo (diul

Figura 7. Análise comparativa dos recalques sofridos pelas sapatas corridas

Os trechos 0-1 e 2-3 correspondem a carregamentos do solo de fundação,


ocasionando um recalque imediato que é maior para o solo natural. Já os trechos 3-
4 dos solos A e B, mostram que após a estabilização dos recalques devido ao
186

-------------------------------------
Recalque Médio Redução
Etapa -----------------
Muro 1 Muro 2 I % I
------------
la.
-------------------------
2.5 1.0 60
-------------------------------------
2a. 3.0 1.0 66
------------------
3a. 8.7
-------------------
4.0 54
-------------------------------------
4a. 28.1 5.8 79
-------------------------------------
Figura 2. Valores médios dos recalques das sapatas ao final de cada fase

carregamento, as fundações recalcaram aproximadamente 1,0 mm, demonstrando


comportamento e valores similares, porém no trecho C-5, que corresponde a
inundação do solo de fundação, os recalques entre o solo natural e compactado
diferenciam-se novamente, registrando valores de recalques de 28,1 mm e 5, 8 mm,
respectivamente.

6. CONCLOSÕES

Os resultados obtidos nesta pesquisa permitem que se façam as seguintes


considerações:
- Realizadas as provas de carga, foram observados:
a. em cava natural
O solo, quando em seu teor de umidade natural, tem uma tensão
admissivel média de 60 kN/m~ (critério de deformação excessiva), já quando da
inundação a uma tensão de 60 kN/m2, o mesmo experimenta um colapso de 36,6 mm.
b. em cava com 0,60 m de solo subjacente compactado
- O solo, quando em seu teor de umidade natural, tem uma tensão
admissivel média de 115 kNJm2 (critério de deformação excessiva), já quando da
inundação a uma tensão de 60 kN/m2, tem sua tensão admissivel reduzida para 82
kN/m2 e sofre um recalque de apenas 3,5 mm.
- Comparando-se: a. cava natural com o solo em seu teor de umidade natural
com b. cava compactada com o solo no teor de umidade ótima, temos que a carga
admissivel tem uma melhora média de 110%, demonstrando que o processo de compactar
o solo subjacente é eficiente.
- Ao comparar: &. cava natural com b. cava compactada; em ambos os casos com
a inundação do solo a uma tensão de 60 kN/m2, verifica-se de forma incontestável a
grande melhoria do solo frente aos recalques, os quais são de respectivamente 36.6
mm e 3.5 mm.
Através do acompanhamento dos recalques sofridos pelas fundações dos
muros, apoiadas sobre: a. solo natural e b. 0,60 m de solo subjacente compactado,
tem-se que para as quatro fases estudadas, a fundação sobre solo compactado sofreu
pequenos recalques, já a sobre solo natural experimentou consideráveis recalques,
principalmente quando da inundação do solo de fundação.
Resultados estes que exprimem a melhora do solo frente aos recalques, tanto
para o solo com baixos teores de umidade quanto da inundação do mesmo.
O processo proposto é de fácil execução, consistindo da remoção do solo sob
a cota de arrasamento da fundação a ser construída, até uma profundidade maior ou
igual ao menor lado da sapata em questão, até um valor minimo de O, 60 m, e a
seguir procede-se a sua reposição, em camadas compactadas com soquete manual de
ãproximadamente 15' kg. Desta forma, não necessitando de mão de obra especializada
nem mesmo de equipamentos sofisticados, podendo ser contratada na própria região,
alêm de rápida e econômica.

7. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a CAPES-PICO pelo apoio financeiro, bem como aos


colegds que participaram e contribuiram no trabalho aqui descrito.

8 • BIBI.IOGRAP':[A

CARVALHO, D. & SOUZA, A., 119901. Análise do Efeito do Umedecimento do Solo de


Fundações Rasas Profundas em Solos Porosos. IX Congresso Brasileiro de Mecânica
dos Solos e Engenharia de Fundações. v.2, p. 109-114, Salvador.

CINTRA, J.C.A.; NOGUEIRA, J.B. & HERMANY FILHO, C., (1986).Shallow Foundations on
Collapsible Soils. v International Congress International Association of
Engineering Geology. p. 673-675, Buenos Aires.

DUDLEY, J.H., 119701. Review of Collapsing Soils. Journal of the Soil Mechanics
and Foundation Division. v. 96, p. 925-947.

FERREIRA, R. C. & MONTEIRO, L. B., I 1985 I. Jdentification and Evaluation o f


Collãpsibility of Colluvial Soils thdt Occur in the São Paulo State. I
International Conference on Geomechanics in Tropical Lateritic and Saprolitic
Soil. v.l, p. 269-280, Brasilia.

NU~ES, E., (19751. Suelos Especiales: Colapsibles, Expansivos, Preconsolidados por


Desecacion. V Congresso Pan-Americano de Mecánica de Suelos e Ingineria de
Fundaciones. v.4, p. 43-73, Buenos Aires.
187

SILVEIRA, A. SOUTO SOLVEIRA, E.B., (1963). Fundações Rasas de Baixo Custo.


D.V.C.T., USP de São Carlos, publicação no. 86, 11 p., São Carlos.

SOUTO SILVEIRA, E. S. & SILVEIRA, A., (1958 )· .. Investigação do Arenito Decomposto de


São Carlos para Fundação de Pequenas Construções. II Congresso Brasileiro de
Mecãnica dos Solos. v.1, p. 77-110, Recife/Campina Grande.

SOUZA, A., ( 1993 I . Utilização de Fundações Rasas no Solo Colapsivel de Ilha


Solteira (SPI. Dissertação de Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, 126 p., São Carlos.
188

O ENTABLAMENTO (PARTE I)· PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS


E CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA DA ROCHA INTACTA

Nahor Neves de Sousa Júnior, Dr., Eng.

Prol., Escola de Engenharia de Sao Carlos • USP

RESUMO

o "entablamento", uma feição estrutural singular verificada em


determinados derrames basálti~os da Formação Serra Geral, quando
caracterizado- ao nivel da rocha intacta, revela um comportamento
mecan~co e tecnológico satisfatórios, muito embora apresente uma
textura quase vitrea.

1• INTRODUÇÃO

O entablamento corresponde, basicamente, a uma feição


estrutural especifica de derrames basálticos, onde a rocha encontra-
se seccionada por densa rede de juntas primárias, dispostas sub-
verticalmente, isolando colunas delgadas e irregulares (micro-
colunas), conforme ilustrado na Figura 1. Em análise petrográfica,
constata-se ainda uma granulação extremamente fina e abundante
matriz vitrea (textura hialofitica). O modelo de gênese, =ncebido
para esclarecer a presença de entablamentos em maciços basálticos,
admite a inundação de derrames de lava por águas continentais de
superficie. O resfriamento do corpo de lava, então submerso, se
processa de maneira extremamente rápida originando o intenso
fraturamento.
A feição estrutural, em apreço, tem sido exaustivamente
estudada nos derrames do Grupo Rio Columbia (EUA), desde o inicio da
década de 60 (Spry, 1962) . Entretanto, nos derrames da Formação
Serra Geral (Bacia do Paraná), o entablamento, com exposições
relativamente mais raras, provavelmente, tenha sido identificado ou
mencionado pela primeira vez em Souza Jr. (1986). Estudos geológicos
e geotécnicos, desenvolvidos posteriormente, possibilitaram sua
caracterização genética e geomecânica (Souza Jr., 1992).
É prática usual na Geologia de Engenharia e na Mecânica das
Rochas a consideração, em separado, dos dois elementos componentes
dos maciços rochosos em geral: rocha intacta e descontinuidades. No
caso particular de maciços basálticos tipo entablamento, cujas
juntas e material rochoso apresentam caracteristicas peculiares, a
referida discriminação reveste-se de ·um maior significado. Sendo
assim, no presente artigo considerar-se-á apenas as propriedades
mecânicas e tecnológicas do material rochoso, para em seguida (parte
II), o entablamento ser caracterizado como um todo.

-a-
189

-b-

Figura 1 - Aspectos estruturais do entablamento: a - foto mostrando


o fraturamento sub-vertical (Pedreira da Prefeitura - São Carlos-SPl
b - foto onde se observam as micro-colunas em seção transversal (UHE
de Nova Ponte - CEMIG)

2. PROPRIEDADES MECÂNICAS DA ROCHA INTACTA

Para a obtenção dos principais parâmetros mecânicos do


entablamento, procedeu-se à confeccção de amostras cilíndricas com
as dimensões padronizadas pelo ensaio de compressão uniaxial. Os
valores de resistência e módulo de elasticidade, então obtidos,
apresentaram-se significativamente dispersos (Figura 2), ainda que a
rocha apresentasse grande homogeneidade textural e mineralógica. Na
realidade, as juntas naturais do entablamento estavam,
invariavelmente, representadas nos corpos de prova e dispostas
aleatoriamente de tal forma, que praticamente não foi possível a
obtenção de pelo menos duas amostras "idênticas". Analisando-se a
disposição dos pontos na Figura 2, verifica-se que:
- 90% dos pontos estão contidos em uma faixa mais horizontali-
zada, relativamente à zona delimitada para rochas vulcânicas
em geral. Esta disposição dos pontos reflete variações mais
acentuadas na resistência (baixa a muito alta), em relação
ao módulo de elasticidade (moderado a alto).

- a maioria dos pontos (72%) corresponde ao Módulo Relativo


Alto, o que revela, na verdade, uma condição de baixa resis-
tência, devido ao efeito de rupturas prematuras, desencadea-
das pelas juntas pré-existentes.

Tendo em vista as dificuldades então encontradas, recorreu-se


a realização dos seguintes ensaios índices: índice de resistência à
compressão puntiforme e índice esclerométrico, com o objetivo de
avaliar-se, indiretamente, em amostras (menores) desprovidas de
juntas, os valores de resistência a compressão uniaxial e módulo de
elasticidade da rocha intacta. A importância da utilização dos
ensaios de compressão puntiforme e dureza esclerométrica, entre
outros ensaios índices, para a estimativa da resistência a
compressão uniaxial de rochas muito fraturadas, é realçada por
Cargill & Shakoor (1990). Dos resultados obtidos, por estes autores,
destacam-se os seguintes:

- existe uma forte correlação entre a res1stência a compressão


uniaxial e os parâmetros "índice de resistênc1a a carga pon-
tual" e "índice esclerométrico".

o ensaio de compressão puntiforme aparenta ser o melhor mé-


todo para estimativa da resistência a compressão un1ax1al.

Procedeu-se ainda a avaliação indireta da resistência à


tração, com a realização do ensaio brasileiro. A Figura 3, apresenta
os valores médios dos parâmetros mecânicos do material rochoso do
entablamento, na Formação Serra Geral e no Grupo Rio Columbia. Os
valores então obtidos si tua riam esta rocha no campo das rochas de
resistência mecânica muito alta.
190

MUITO MUITO
BAIXA MOOERAOA ALTA
BAIXA ALTA

160
- - 75"1. doa pontoa I Rochaa Vulec1nicas- 70 A~tras-
MUITO DEERE I 1968)
ALTO =90'"1. doa pontos

o
<>.
ALTO ~

~
::;)
'lO
12
M:lOERADO !!:!
o
...J

-~
20
I :+-o
BAIXO I~
~<!'
,._,'i-
~<,; lO
MUITO
BAIXO
/0
5
10 20 40 ao 160 320

RESISTÊNCIA À CCM'flESSÃO i..tiiiAXIAL (lllf'll)

Figura 2 - Diagrama para classificação de rochas, com base na resis-


tência à compressão uniaxial e módulo de elasticidade (modif. Deere,
1968 e Attewell & Farmer, 1976)

PROPRIEDADES ENTABLAMENTO

Formação Serra Geral <DGrupo Rio Columbia


Resist. à Compr. 0
Uni axial (MP a) 275 292
Módulo de ~
Elasticidade (GPa) 76 76
@ Resistência à
Tração (MPa) 17 15
1- KIM & McCABE (1984); 2- v~a ~nd~ce de res~stenc~a a cornpressao puntiforrne; -
3 - via índice esclerornétrico; 4 - método ~ndireto (ensaio brasileiro)

Figura 3 - Parâmetros mecânicos da rocha intacta do entablamento

3. CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA

A caracterização tecnológica do material rochoso do


entablamento, para seu emprego como material de construção civil,
revela que, à semelhança dos basal tos compactos da Formação Serra
Geral, esta rocha se enquadra perfeitamente na categoria das rochas
de comportamento satisfatório (Figura 4).
O índice ou coeficiente de alterabilidade, parâmetro
extremamente importante na caracterização tecnológica de rochas, foi
também determinado a partir de ensaios laboratoriais em agregados.
Objetivando urna análise comparativa, envolvendo rochas basálticas de
comportamento comprovadamente adequado, estudadas por Yoshida
(1972), empregou-se o mesmo procedimento desenvolvido por este
autor. Os resultados (Figura 5), colocam em evidência a maior
sensibilidade do entablamento, ao nível da rocha intacta, no que
concerne às variações de temperatura e umidade !ensaio de
saturação/secagem e, ensaio de sat.sol. Na 2 S0 4 /secagemJ.
191

PROPRIEDADES ENTABLAMENTO BASALTOS COMPACTOS VALOR PADRAO


TECNOLÓGICAS (MATERIAL ROCHOSO) F.SERRA GERAL (IPT, 1980)
Massa Especifica 2,87 2,89 > L'-c;
~

Aparente lg/cm3l
Absorção I~ I 0,21 o' 49 < :'o
Porosidade 0,60 1, 49 < 2, o
Aparente I% I
Abrasão Los 12,2 1 s, a < 40
Angeles I" I
Tenacidade Treton 1 O, 1 7I 4 < 20
I% I
Esmagamento 15,2 14 f 4 ' < 20
I% I
Resist.Cornpressão 275 163 > 140
Uni axial IMPal
Flgura 4 - Caracterlstlcas tecnologlcas do entaolamentc, ~os basal-
tos da Formação Serra Geral e os valores para utilização adequada em
construção civil

ENSAIO DE ÍNDICE DE ALTERABILIDADE (K)

ALTERABILIDADE
Entablamento Basalto "A" Basalto Basalto Basalto
(Rocha Intacta) Capivara Olimpia S. Brotas I.Solteira
Extrator Soxhlet 0,018 0,007 O, 013 0,008 0,001
(30 ciclos)
Satur. /Secagem O, 046, 0,002 0,018 o' 001 0,005
130 ciclos)
Etileno Glicol 0,005 0,088 0,002 0,014 o, 023
115 dias)
Sol. Na 2 so 4 / 0,043 0,105 o, 001 O, 012 0,008
Sec. 115 ciclos)
Fi g ura 5 - Indices de Al terabilidade (K) do Entablamento e de basal-
to compactos: 10-2 > K > lo-3 - Alterabilidade Baixa; 10-1 > K >
lo-2 - Alterabilidade Moderada; 1 > K > 10-1 - Alterabilidade Alta

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Attewell, P.B.; Farmer, I.W. (1976) Principles of Engineering


Geology. Chapman & Hall Ltda, 1045 p. Cambridge.

cargill, J .L.; Shakoor, A. (1990) Evaluation of Empirical Methods


for Measuring the Uniaxial Compressive Strength of Rock. Int. Jour.
Rock Mech. Min. Sei., vol. 27, n°. 6, p. 495-503.

Deere, D.V. (1968} Consideraciones Geológicas. In: Roch Mechanics in


Engineering Practice (stagg & Zienkiewicz, 1968}. 1a. Ed. Espaii.ola
(1970), Cap. 1, Madrid.

IPT (1980} Características Tecnológicas das Rochas Utilizadas como


Material Natural de Construção no Estado de São Paulo. Relatório n°.
1471C.

Kim, K.; McCabe, W.M. (1984) Geomechanics Characterization of a


Proposed Nuclear Waste Repository Site in Basalt. 25th. Symp. Rock
Mech., chapter 116, p. 1126-1135, New York.

Souza Jr., N.N. (1986) Feições Lito-Estruturais de Interesse


Geológico e Geotécnico em Maciços Basálticos. Dissertação de
Mestrado, EESC-USP, 183 p.

Souza Jr., N.N. 11992) O Entablamento em Derrames Basálticos da


Bacia do Paraná: Aspectos Genéticos e Caracterização Geotécnica.
Tese de Doutorado, EESC-USP, 257 p.

Spry, A. (1962}. The Origin of Columnar Jointing, Particularly in


Basalt Flow. Jour. Geol. Soe. Austr., vol. 8, n°. 2, p. 191-221.

Yoshida, R. 11972} Contribuição ao Conhecimento de Características


Tecnológicas de Materiais Rochosos. Tese de Doutorado, IG-USP, 2
vcl_,,;.mes.
192

O ENTABLAMENTO (PARTE 11) • MODELO ESTRUTURAL


E COMPORTAMENTO GEOMECÂNICO DO MACIÇO ROCHOSO

Nahor Neves de Sousa Júnior, Dr., Eng.

Prof., Escola de Engenharia de sao Carlos · USP

RESUMO

Na avaliação geotécnica do entablamento, como maciço rochoso


não perturbado, verifica-se que as juntas primárias estreitamente
espaçadas, mas fortemente seladas e/ou perfeitamente imbricadas,
isolam pequenos blocos de rocha intacta de resistência mecan~ca
muito alta. Este conjunto lito-estrutural confere ao entablamento um
comportamento geomecànico comprovadamente adequado, quanto á
resistência, deformabilidade e permeabilidade, como suporte rochoso
em obras civis de g;ande porte.

1. INTRODUÇÃO

O entablamento, uma feição geológica singular verificada em


alguns maciços basálticos da Bacia d6 Paraná, é facilmente
identificado por apresentar intenso diaclasamento primário,
separando pequenos blocos de rocha intacta de coloração c~nza-escura
e textura aparentemente vítrea. Estas características lito-
estruturais, constituem uma clara evidência do processo extremamente
rápido de resfriamento do corpo de lava basáltica. Na verdade, os
derrames em questão, segundo modelo de Gênese já comprovado (Long &
Wood, 1986), solidificaram-se quando submersos.
Em abordagem anterior (parte I), a rocha intacta do
entablamento é caracterizada mecanicamente, por intermédio de
ensaios índices, revelando valores de resistência (à compressão e á
tração) muito altos. A descrição pormenorizada das características
geológico-geotécnicas das juntas, associada às referidas
propriedades mecânicas do material rochoso, possibilita, no contexto
de determinados sistemas classificatórios de maciços rochosos, a
estimativa do comportamento geomecànico do maciço "entablamento".

2 . MODELO ESTRUTURAL

O entablamento é essencialmente caracterizado pelo seu típico


sistema de juntas sub-verticais. Estas descontinuidades, em análise
mais detalhada, revelam, na verdade, a existência de três tipos de
juntas dispostas de tal maneira a formar um "colunamento" irregular
e estreitamente espaçado:
- juntas tipo I: apresentam comprimento variável e largura de
20 a 30 centímetros, são as mais contínuas, encontram-se
preenchidas por película milimétrica e, conferem o aspecto
pseudo-colunar ao entablamento.
- juntas tipo II: delimitam "micro-colunas" com diâmetros
geralmente inferiores a 10 centímetros, correspondendo, à
princípio, a uma subdivisão das "colunas" maiores (circuns-
critas pelas juntas tipo I). Apresentam ainda, em seção
longitudinal,uma sucessão de pequenos segmentos sub-horizon-
tais.
- juntas tipo III: correspondem a fraturas pouco persistentes
e de disposição aparentemente caótica, mas que favorecem a
fragmentação do entablamento em blocos prismáticos, de
variados tamanhos, por ocasião dos desmontes à fogo.
Assim, as principais feições estruturais do entablamento, em
termos globais e específicos para cada tipo de descontinuidade,
tornam possível a elaboração do modelo estrutural ou geométrico
apresentado na figura l.

3• COMPORTAMENTO GEOHEcANICO

Fundamentando-se no modelo estrutural da Figura 1, procedeu-se


à aeterminaçào dos parâmetros geotécnicos das juntas, conforme
metodologia sugerida pela ISRM (1981). A descrição semi-quantitativa
das referidas juntas, permitiu a constatação do perfeito
imbricamento das juntas II e III e o forte selamento das juntas tipo
I, indicando uma elevada resistência à tração. Esta alta resistência
põde ser comprovada em ensaio laboratorial (ensaio brasileiro), onde
se encontrou o valor 8 MPa, em amostras de rocha sã.
193

~l
n I
n/ O.___.1020cm
____,
( b)

LL..!5'cm
O I 2m
'---"--' ( d)

(a)

O 5 tOem I,n e m- Tipos de juntes


'--'--' -Micro-colunas
111
(c l S - Se~Jnentos IU!rllariZDIItlls

Figura 1 - Mddelo estrutural do entablamento: a - bloco-diagrama;


b - disposição das JUntas em seção horizontal; c - perfil em junta
tipo II; d formato dos blocos produz~dos em desmontes à fogo
(Souza Jr., 1992)
Consequentemente, seria razoável admitir que os maciços basálticos,
tipo entablamento, apresentassem propriedades geotécnicas
satisfatórias quando não perturbados intempérica ou tectonicamente,
mesmo que estejam cortados por densa rede de juntas primárias.
Os resultados obtidos do levantamento estrutural e descrição
geotécnica das descontinuidades do entablamento, quando considerados
nos três principais sistemas classificatórios de maciços rochosos,
confirmam a previsão, ou seja, encontrou-se a qualificação "maciço
bom a muito bom", conforme se observa na Figura 2.

SISTEMA CLASSIFICAÇAO
INDICE TERMOS DESCRITIVOS ENTABLAMENTO
RQD 75 - 90 Bom
(Deere & Deere, 1988) 90 - 100 Excelente 90
RMR 61 - 80 Bom
(Bieniawski, 1989) 81 - 100 Muito Bom 78/86 ( *)
Q 10 - 40 Bom
(Barton, 1988) 40 - 100 Muito Bom 40
( *)Ut1.l.1.zaçao -
- de valores al ternat1.vos para res1stenc.1a a .:;ompressao un1.ax1.al -
80/275 MPa: 80 MPa (ensaio convencional em amostras fraturadas I; 275 MPa !avalia-
ção indireta por intermédio do índice de resistência à compressão puntl.forme)

Figura 2 - Avaliação geotécnica do entablamento, segundo os princi-


pais sistemas de classificação geomecânica de maciços rochosos

Os estudos geológico-geotécnicos realizados no maciço rochoso


da obra de construção da Usina Hidrelétrica de Nova Ponte Rio
Araguari, pela CEMIG, revelam que o maciço basáltico local é
composto por dois espessos derrames. Ainda que não tenham sido reco-
nhecidos, os derrames I e II, na verdade, correspondem a autênticos
entablamentos. Verificou-se então, que o intenso diaclasamento pri-
mário do entablamento, em um maciço não perturbado, representado pe-
lo núcleo do derrame I, parece não acarretar qualquer problema de
instabilidade, apresentando, segundo Patrão et alii (1989), caracte-
rísticas geológico-geotécnicas excelentes, tanto para fundações como
para escavações a céu aberto ou subterrâneas (Figura 3).

PROPRIEDADES SIMBOLO
TERMOS DESCRITIVOS
Grau de Consistência C1Muito Consistente
Grau de Decomposição D1 Rocha sã
Muito Pouco Fraturado
Grau de Fraturamento F1
(< 1 ]unta/metro)
H1/H2 Estanque a Pouco
Permeabilidade
Permeável
F~gura 3 - Caracter~st~cas geolog~co-geotecnlcas do entablamento
(derrame I) - UHE de Nova Ponte-MG (Patrão et alii, 1989)

Situação semelhante verifica-se ao examinar-se, cuidadosamen-


te, as descrições gerais e fotografias dos derrames basálticos
identificados na obra da UHE de Agua Vermelha-Rio Grande (SP/MG) . A
porção superior do derrame "L" ou "B", corresponde ao próprio
194

entablamento. Este entablamentci, mesmo não tendo sido identificado


como tal, foi caracterizado geologicamente (Promon & Themag, 1979a;
Araújo, 1982} e também quanto ao seu comportamento geotécnico
(Promon & Themag, 1979b, Bjornberg et alii, 1980, 1983; Silveira et
alii, 1981}. Constata-se condições de perfeita estabilidade quanto à
resistência, deformabilidade e permeabilidade.
Convém ressalta r, no entanto, que se por um lado o intenso
fraturamento primário não chega a interferir no comportamento
geotécnico do entablamento, por outro lado a abertura das juntas I,
II ou III, por solicitações externas, pode modificar
significativamente sua condição de maciço estável. É o que se
verificou em determinadas porções do derrame I (UHE de Nova Ponte},
afetadas por eventos tectônicos e/ou intempéricos. Observou-se,
neste caso, uma desarticulação ou dissipação do intertravamento das
referidas juntf,!.S. Tal maciço, se não removido, apresentaria
problemas de instabilidade de taludes (queda de blocos), tornando-se
ainda impróprio como fundação (elevada permeabilidade e
deformabilidade} .
Finalmente, verifica-se que a densa rede de fraturas do
entablamento, constitui fator que situa esta feição estrutural em
uma condição economicamente vantajosa, no que diz respeito à
relativa facilidade com que se processa a sua fragmentação, em
desmontes com uso de explosivos (Rolim Filho, 1993}.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Araújo, J.S (1982} Estruturas Circulares de Água Vermelha.


Dissertação de Mestrado, IG/USP, 79 p., São Paulo.

Barton, N. ( 1988} Rock Mass Classification and Tunnel Reinforcernent


Selection Using the Q-Systern. Rock Class. Syst. for Engn. Purp. ASTM
(by Kirkaldie}, p. 59-88, Philadelphia.

Bieniawski, Z.T. (1989} Engineering Rock Mass Classification. A.


Wiley. Interscience Publication, 251 p., EUA.

Bj ornberg, A. J. s. et ali i ( 1980} Decisões Técnicas Relacionadas com


a Barragem de Água Vermelha. XIII Sém. Nac. Gr. Barr., Terna II, p.
269-291, Rio de Janeiro.

Bj ornberg, A. J. S. et ali i ( 1983} Resumo das Feições Litológicas de


Interesse às Fundações em Rocha, em Barragens da Bacia do Alto
Paraná. Sirnp. Geot. Alto Paraná, vol. lA, Tema II-B, p. 263-297, São
Paulo.

Deere, D.U.; Deere, D.W. (1988} The Rock Quality Designation (RQD}
Index in Practice. Rock Class. Syst. for Engng. Purp. ASTM (by
Kirkaldie}, p. 91-101, Philadelphia.

ISRM (1981} Rock Characterization, Testing and Monitoring. ISRM


suggested Methods, Pergamon Press, 211 p., London.
Long, P.E.; Wood, B.J. (1986} Structures, Textures, and Cooling
Histories of Colurnbia River Basalt Flows. Geol. Soe. Am. Bull., vol.
97, no. 9, p. 1144-1155.
Patrão, P.P., et alii (1989} condicionantes Geológico-Geotécni~as na
concepção dos Projetos de Desvio, dos Condutos Forçados e do S1sterna
de Impermeabilização da Fundação da Barragem da UHE de Nova Ponte-
MG. XVIII sem. Nac. Gr. Barr., Terna IV, p. 1463-1486, Foz do Iguaçu.

PROMON & THEMAG (1979a} Investigações Geológicas Realizadas para o


projeto da UHE de Água Vermelha. Relat. CS04F-GL8-022.

PROMON & THEMAG (1979b} Aproveitamento Hidrelétrico de Água


vermelha. Proj. Executivo Relat. de Mec. Rochas (CS04F-GL8-025} ·

Rolirn Filho, J.L. (1993} Considerações sobre Desmontes de RDoocuhtaosradcoorn,


tnfase aos Basaltos Feição "Entablarnento". Tese de
Departamento de Geotecnia, EESC-USP, 216 p.

Silveira, J.F.A, et alii (1981} Análise do Comportamento


Hidrogeotécnico do Maciço Basáltico de Fundação das Estruturas de
Concreto da UHE de Água Vermelha. XIV Sem. Nac. Gr. Barr., Terna II,
p. 355-379.
Souza Jr., N.N. (1992} o "Entablarnento" em Derrames Basálticos da
Bacia do Paraná: Aspectos Genéticos e Caracterização Geotécnica.
Tese de Doutorado, EESC-USP, 257 p.
195

IIEDIDAS DE DEFORMAÇÃO RADIAL EM ENSAIO


DE COMPRESSÃO TRIAXIAL

Gene Stancati, Ora 1


Caio Leister de Almeida Barros, Dr. 2
1 Prof., Escola de Engenharia de São Carlos· USP
2 Universidade Estadual de Campinas

RESUMO

Descreve-se o medidor de deformação radial eletrônico TDR-


05/2, desenvolvido pela Transdutec, em conjunto com o Laboratório de
Geotecnia da EESC-USP, para uso em ensaios de Compressão Triaxial.
Compara-se as deformações radiais medidas pelo equipamento com as
calculadas a partir das deformações axiais e volumétricas
simultaneamente tomadas.

1. INTRODUÇÃO

Medir a deformação radial em corpos de prova de solo em ensaio


de Compressão Triaxial requer o desenvolvimento de equipamentos
complexos porque além da acuidade usual e necessar~a, a não
interferência do instrumento no conjunto é requisito básico e nem
sempre fácil de ser satisfeito.
Com o advento da instrumentação eletrônica diversas técnicas e
equipamentos tem sido usados para a deformação radial (Mazanti e
Holland, 1970; Ehrgott, 1971; El Ruwayith, 1976; Lo, Leonards, Yen.
1977; Yen e Palmer, 1978; Chaddock, 1982; Schnard, Costa Filho e
Medeiros, 1983), todos sofisticados para garantia da precisão das
medidas nos ensaios propostos.
Um equipamento de montagem cuidadosa e porisso demorada,
devido à sua fragilidade, entretanto menos sofisticado, foi
desenvolvido em conjunto com a Transdutec Aparelhos Eletrônicos,
para medidas de deformações radiais em corpos de prova ensaiados no
Laboratório de Geotecnia da EESC-USP.

2. DES~ÇÃO DO EQUIPAMENTO

o medidor de deformação radial TDR-05/2, ajustado a um cálibre


cilindrico de latão é mostrado na Foto 1.
O equipamento consta basicamente de dois transdutores LVDT
diametralmente opostos, em relação ao corpo de prova a ser ensaiado,
presos a um arco de sustentação em aluminio; este por sua vez é
suspenso por molas de fios de latão que são presas ao cabeçote do
topo do corpo de prova e na base da câmara.

Foto 1 - Medidor de Deformação Radial TDR-05/2

Os dois transdutores LVDT com núcleos de ferro magnético,


estão ligados eletronicamente entre si por pequenos cabos a um
conector localizado na base da câmara. Os núcleos dos transdutores
se movimentam acompanhando as deformações num plano horizontal. O
movimento de um dos núcleos é somado ao do outro e a resultante é
registrada no indicador digital. O deslocamento máximo dos núcleos é
de Smm.
Os dois transdutores são presos por braçadeiras que fazem
parte do arco de sustentação em aluminio vazado por circules, para
redução de sua massa (12, 4g). A massa dos dois transdutores com os
seus núcleos totaliza 21,5g.
Antes de ser posicionado junto ao corpo de prova a ser
ensai<i_ci_o_, o eguipamento precisa passar pela operação do zero de
196

escala do núcleo com o seu indicador digital de leitura. Também é


necessar1o o ajuste e alinhamento das molas, para se obter a
simetria diametral dos transdutores.
A estrutura de alumínio ilustrada isoladamente na Foto 2, e o
cálibre cilíndrico de latão, são utilizados na fases de calibrações,
ajustes e alinhamentos. Na altura total do cálibre de latão
(187, 7mm) foram consideradas a altura média de um corpo de prova
(125mm) e os elementos de montagem de um ensaio de Compressão
Triaxial: base, cabeçote e pedras porosas.
Após os ajustes, o conjunto fixo pela estrutura de alumínio
ilustrada na Foto 2 é retirado do cálibre cilíndrico e instalado no
corpo de prova do solo, posicionado na base da câmara triaxial já
revestido com a membrana de latex.
As duas hastes verticais da estrutura de alumínio são
retiradas, e os semiarcos inferior e superior permanecem prendendo o
conjunto na base da câmara triaxial e no cabeçote instalado sobre o
corpo de prova. Os transdutores ficam então suspensos pelas molas. A
Foto 3 ilustra o equipamento instalado.
Finalizando a montagem, as pontas dos núcleos ferro-magnéticos
dos transdutores LVDT são colados à membrana, com selante de cura
neutra não corrosivo, não acétivo, e flexível após secagem.

Foto 2 - Estrutura de alumínio do TDR 05/2

Foto 3 - Corpo de Prova com o TRD 05/2

3. DADOS OBTIDOS

Este equipamento foi utilizado em trabalho experimental que


teve como objetivo principal estudar os parâmetros anisotrópicos de
um solo argiloso. O solo, extraído de depósito natural foi
homogeneizado com água em forma de lama e adensado
unidirecionalmente, em consolidômetro de grandes dimensões. A
anisotropia induzida pelo processo de adensamento unidirecional foi
analisada através de ensaios de Compressão Triaxial Adensados
Rápidos executados em corpos de prova cilíndricos talhados com as
direções de seus eixos diferenciadas em relação à direção da carga
de adensamento aplicada na lama. Estas direções foram: vertical
(coincidente); horizontal (ortogonal) e inclinada 450.
o processo de homogeneização e adensamento da argila, permitiu
que o Grau de Saturação dos corpos de prova ensaiados fossem de
100%. os ensaios de Compressão Triaxial, à deformação controlada
foram executados com tensões confinantes constantes de 50, 100, 150
e 200 kPa.
197

Dos dados obtidos nos ensaios de Compressão Triaxial, serão


utilizadas na análise neste trabalho, as seguintes variáveis:
&. - deformação vertical especifica (%)
&~ -deformação volumétrica especifica (%), obtidas dos Medidores
Eletrônicos de Variação de Volume.
&, -deformação horizontal especifica(%),obtida do medidor de de-
formação radial TDR-05/2
&~ -deformação radial especifica (%),calculada em função das de-
formações volumétricas especificas (&~) e das deformações
verticais (&.), isto é, &~ = (&~ - &.) /2
Estas variáveis e outras obtidas nos ensaios foram aplicadas a
estudos desenvolvidos para modelo teórico da Teoria de Elasticidade
Anisotrópica Transversal (Souto Silveira, E.B. e outros, 1970 e
1973; Barreiro, J.C., 1971; Schiel, 1973). A associação das Equações
Elásticas Lineares com Regressões Polinomiais Lineares, permitiram
com razoável precisão matemática, a determinação de parâmetros
elásticos anisotrópicos e análise de suas variações.

4. ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS

As variações das deformações horizontais especificas &h, foram


comparadas às deformações radiais especificas &~.
Sendo os corpos de provas saturados e o ensaio não drenado, as
deformações volumétricas, &~, que deveriam ser teoricamente nulas,
na prática ocorreram, embora com a ordem de grandeza muito pequena.
o valor médio das deformações volumétricas especificas, &~, máximas
atingidas nos 50 ensaios realizados foi de 0,34%.
O valor médio das deformações verticais especificas, &.,
máximas atingidas nos ensaios foi de 6%. Por isso, os cálculos das
deformações radiais especificas,·&~, foram influenciadas pela ordem
de grandeza das deformações verticais especificas, &•.
A Figura 1 é a apresentação gráfica das diferenças entre as
deformações horizontal e radial especificas (&h - &~) em função das
deformações verticais especificas&. (0,1; 0,3; 1; 3; 5%).
Observa-se que (&h - &~) cresce com &., isto é, as deformações
obtidas por medidas diretas &h tornam-se mais realisticas que as
obtidas por cálculo &~ O medidor de deformações radiais apresentou
desempenho satisfatório nos ensaios executados.
Foi analisado também o comportamento das deformações
horizontais especificas, &h, com as deformações verticais
especificas, &., e as deformações radiais especificas, &~, com as
deformações verticais especificas e., para todos os ensaios
ralizados.
Em função dos resultados gráficos obtidos, foram estudadas as
correlações entre as variáveis através de Regressão Linear entre os
valores.
A Figura 2 (a e b) ilustra os resultados dessas análises.
O que se pode observar na maioria dos ensaios é que no inicio,
para deformações pequenas, &h e &,... se diferenciam pouco e são da
mesma ordem de grandeza. Quando as deformações aumentam, as
deformações horizontais, e,, são maiores em relação as deformações
radiais &,..., já que estas últimas, na verdade dependem da ordem de
grandeza das deformações &~ e e•.

0.00 2.00 4.00 6.00


1.00 I I 1.00
- I I X r-
.......illíí iilóí

~
0.00
-.. ,.,. I r-
0.00

~. -1.00 -1.00
a:
.
...:
o
- ~ -
-2.00 -2.00
j
c
...
o - ~ ,--
-.::
o -3.00 X
-3.00
.:I:
...:
e. - -
-4.00 X -4.00
- -
-5.00 -5.00
I
I I
I
0.00 2.00 4.00 6.00
Deformação Vertical(0.4)
198

Figura 1: (eb- e""") (%) x e. (%)

o o
~ -1 -1
:sc: ~
~
".
o
N
"C
o -2 a:: -2
J:
o
o
.
~ -3 .
~
E
-3
E
..
.2
c -4 ..
2
c -4
-5 -5
o 1 2 3 4 5 6 7 8 o 1 2 3 4 5 6 7 8
Deformação Varticai (%) Deformação Varticai (%)

00 ~

Figura 2: (a) eb X ev; (b) e""" X ev; e Regressões Lineares

5. CONCLUSÕES

- O equipamento utilizado embora de manipulação delicada é de


utilização simples.
- O sistema de molas suspensas permite que se faça em corpos
de prova do mesmo solo, porém em ensaios distintos, medidas de
deformação horizontal especifica a qualquer altura de plano
horizontal, bastando para isso alterar o comprimento das molas que
mantem os transdutores LVDT suspensos.
Para os ensaios realizados a obtenção das deformações
horizontais eb, foram fundamentais no cálculo mais realistico dos
parâmetros elásticos anisotrópicos. As deformações radiais e""",
seriam corretas apenas nas primeiras leituras.
- o equipamento por razões de espaço disponi vel dentro da
câmara triaxial e limitações de seu peso próprio, tem uma
deficiência, o seu limite de deslocamento, o que dificulta a sua
utilização em solos muito deformáveis em planos horizontais.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARREIRO, J.C. (1971) Aplicação da teoria da elasticidade ao estudo


dos maciços de terra. Publicações EESC-USP, 7 pp.

CHADDOCK, B.C.J. (1982) Repeated triaxial loading of soil: apparatus


and preliminary results. Suplementary Report 711 - Transport and
Road Research Laboratory - England, 19 pp.

COSTA FILHO, LEANDRO DE MOURA (1980) A laboratory investigation of


the small strain behavior of London clay. Tese de Doutoramento
apresentada na Uni ver si ty o f London - Imperial College o f Science
and Technology.

EHRGOTTT, J.Q. (1971) Calculation of stress and strain from


triaxial test data on undrained soil specimes. Miscellaneous Paper
5-71-9 u .. S. Army Engineer Waterways Experiment Station,
Vicksburg, Miss, 86 pp.

EL RUWAYIH, A.A. (1976) Design manufacture and performance of a


. lateral strain device. Geotechnique 26. Technical Notes, pp. 215-
216.

LO, K. Y.; LEONARDS, C.A.; YEN, C. (1977) Interpretation and


significance of anisotropic deformation behavior of soft clays.
Norwegian Geotechnical Institute, no. 117, pp. 1-16.

MAZANTI, B.A. e HOLLAND, C.N. (1970) Study of soil behavior under


high pressure. Contract Report S-70-2 - U.S. Army Engineer Waterways
Experiment Station, Vicksburg, Miss, 73 pp.

SCHNAID, F.; COSTA. FILHO, L.M.; MEDEIROS, L.V. (1983) Um equipamento


para medida de deformações radiais em ensaios triaxiais. Revista
Solos e Rocha, vol. 6, no. 3, pp. 35-44
SILVEIRA, A.; SOUTO SILVEIRA, E.B. (1970) Considerações sobre
anisotropia transversal em solos compactados. 4o . CBMSEF, Rio de
Janeiro, vol. I, pp. 101-111.
199

SILVEIRA, A.; SOUTO SILVEIRA, E •. B. (1973) Elastic parameters for


soils with cross anisotropy. Bo. ICSMFE, Moscou, vol. 12, pp. 261-
365.

STANCATI, G. (1990) Estudo Experimental do Comportamento Tensão-


Deformação de uma Argila Adensada Unidirecionalmente. Tese de
Doutoramento. EESC-USP, 244 pg.

YEN, C.M.K. et al (1978) A new apparatus for measur~~ng the


principal strains in anisotropic clay. Geotech. Test. Journal, vol.
1, no. 1, pp. 24-33.
200

COMPORTAMENTO DE ESTACAS ESCAVADAS


INSTRUMENTADAS EM UM SOLO COLAPSÍVEL INUNDADO

Cornélio Zampier Teixeira, M.Sc.'


José Henrique Albiero, Dr.Eng. 2

' Prof . Assistente, Escola Superior de Agricultura - Lavras


2
Prof. Trtular. Livre Docente, Escola de Engenharia de Sao Carlos- USP

RESUMO

Neste trabalho são descri tas três provas de carga em duas


estacas instrumentadas no campo experimental da USP/São Carlos,
ensaiadas à compressão e com inundação do solo a partir da carga de
trabalho e/ou início da prova de carga. São apresentados os '
resultados destas provas de carga e feitas as principais análises no
que diz respeito ao comportamento do sistema solo-estaca (carga -
recalque e transferência de carga ) , bem como se discute como a
inundação e a repetição das provas de carga influenciam a capacidade
de carga, os recalques e as tensões laterais. É verificado que a
inundação magnífica os recalques e que reduz a capacidade de carga
destas estacas em torno de 30%.

1• INTRODUÇÃO

A USP/São Carlos vem desenvolvendo, desde Silveira & Silveira


(1958), pesquisas sistemáticas sobre o solo de fundação de seu
campus, que é representativo não só da própria cidade, mas também de
extensas regiões do interior do estado de São Paulo. Em continuação,
devem ser mencionadas as contribuições de Albiero (1972); Vila r
(1979) e Neves (1987 ). Com a implantação do campo experimental de
fundações, registra-se uma seqüência de pesquisas, iniciada por
Menezes ( 1990 ) (caracterização completa do sub-solo l e seguida por
Carvalho (1991) (provas de carga à tração), Sacilotto (1992) (provas
de carga rápidas à compressão), Mantilla (1993) (provas de cargas
lentas à compressão ) e Teixeira (1993) (provas de carga lentas à
compressão com o solo inundado) .
O solo local, bem caracterizado até a profundidade de 10,0 rn,
possui urna camada superior com espessura de 6, Orn colapsível, que
pode ser representada pelos valores médios seguintes: w = 13%; massa
específica 1,56 g/crn3, massa específica dos sólidos= i,70 g/crn3. Na
energia de compactação do Proctor Normal, é obtida massa específica
máxima de 1,88 g/crn 3 e w0 t = 15,5%. Seus li,rnites, de l iquidez e plas-
ticidade, são representados por 24% e 17%, respectivamente e o coe-
ficiente de permeabilidade varia entre 10· 3 e 10· 4 crn/s.Os parâmetros
de cornpressibilidade e de resistência ao cisalhamento (em termos de
tensões totais e efetivas) foram estudados por Giacheti (1991).

2 • PROVAS DE CARGA

As estacas foram ensaiadas anteriormente em urna série de


provas de carga à compressão, podendo-se observar que o histórico do
carregamento influenciou a carga última, como se nota na Tabela 1
abaixo.

CARGA ULTIMA (kN)


MÉTODO
D3s 0 40 Dso
Aoki li V~llo•o (1975) 315,5 385,8 545,1
Decourt • Qu&reama (1978) 632, o 766,5 1094,3
Van Der Veen (1953) 335,0 488,0 451,0
1a.Prova (Lenta) (dez/89) (dez/89) (dez/89)
2a.Prova (Rápida) 391,0 595,0 725,0
(nov/90) (nov/90) (nov/90)
3•.Prova (Rápida) 648,0 727,0 831,0
(jan/92) ( jan/92 ) (jan/92)
4a.Prova (Lenta) 645,0 726,0 911' o
(jan/92) (jan/92) (jan/92)
Tabela 1 -
Evoluçao das cargas ult1mas das estacas de Prova
(em kN)

Para esta pesquisa, foram escolhidas apenas as estacas D40 e


D50 tendo em vista que a _evo lução da_ capacidade de carga de D35 e o40
apontava para urna presurn1da convergenc1a. Na conduçãc das provas de
carga as e~~~ça~ foram submetidas a estágios de 10% d~ urna provável
201

carga de ruptura, até uma carga de trabalho pré-flxada i300 kN para


o40e 480 kN para D50 J, com o solo na condição natural. A part1r de
então, o terreno foi inundado, mantendo-se o estàg1o por vários
dias, na exoectativa de ocorrência do colapso.
Fato ~omum para ambas as provas de carga é que as mencionadas
cargas de trabalho não foram suficientes para despertar o colapso
estrutural do solo envolvente às estacas. Decidiu-se então fazer
pequenos incrementos (metade dos anteriores), para uma melhor
definição da curva carga-recalque com o solo inundado, bem como para
uma detecção mais precisa da carga de colapso.
A estaca o50 foi novamente ensaiada, após a descarga, com o
solo inundado desde o inicio. Esta prova de carga foi conduzida até
a carga onde o solo fora inicialmente inundado (480kNJ.
A instrumentação foi feita em cinco níveis, através de pares
de "strain-gages" colados às armaduras de compressão, permitindo
assim o cálculo das cargas existentes nesses níveis, em cada estágio
de carregamento. Maiores detalhes são dados por Carvalho (1991).

3. RESULTADOS

o comportamento carga-recalque pode ser anal1sado através das


Figuras 1 (onde se comparam as provas de carga das sequências 4 -
sem inundação e 5 com inundação) e 2 (onde é mostrado o
comportamento da estaca 0 50 para a prova de carga conduzida apenas
até a carga trabalho, com o solo inundado desde o inic1o1 .
CARGA tKN)
Oin,4:> O;n 50 CARGA (KN) o !00

181 o.__....;200;:;,:.,.,;..1,...r400;r.:::-:-:1::-:-::,5
eoo:=-,..,-----"ooot=-, 228
- --~.::-:.._·--.:-,·-·-._
. \'N
-·-.....
191
N\ i ;: 238

\lo~
201
o
o
... ..•
I

.
248
_,
I
I. I 258 e
211 I
I_ i e
o; '"' ~
221 i :~ 268
::>
o...J

---yÕ.5iNft _______ o _..
I
I
~ CD JAN/92 • S/INUNO

231 278 "'a::


@ JUL/92
T 3""" 2
I 288 @ JUL/92 • C/INUNO
241 1- A I
,::,;f-·-,i:'i.;.; -·-. -· -· -· -· ·-·-·-·-·
Z5l 298
REC

2$~"""
(mm)
:!)8

Figura 1 - Curvas carga-recalque Figura 2 - Curvas carga-recalque


para provas de carga em 0 40 e 0 50 de 0 50 até a carga de trabalho

As curvas de transferência de carga estãc apresentadas nas


Figuras 3(D 40 J, 4 (0 50 ) e 5 (0 50 , levada apenas até a carga de
trabalho).

Q(KN)
»:> !00

8
...cz 2
2
J.
::>
~ 3
UI
-! 3
...J
.::"'z
"
"
5
5

Figura 3-Transferência Figura 4-Transferência Figura 5-Transferência


de carga (D4ol de carga (Dsol de carga (Dso' até Qwl

Para obtenção das curvas de transferência de carga, as cargas


Qi de cada seção instrumentada foram calculadas com a. expressão:
202

( 1)

As resistências unitárias laterais estão mostradas nas Figuras


6 (D4o), 7 (Ds 0 ) e 8 (D 50 , até a carga de trabalho, Owl.

60 120 180 2410 300 330 360 390 4120 4150 411!10 510

Figura 6 - Variação do atrito lateral unitário (E s t aca D40 ) , em k Pa,


para os diversos estágios de carga em kN.

N
...:

80 160 240 320 480 533 560 600 630 660 690

Figura 7- Variação do atrito lateral unitário (Estaca o50 ), em kPa,


para os diversos estágios de cargas, em kN.

No cálculo desses valores, foi implicitamente admitida a


validade de uma variação linear da transferência de carga com a
profundidade entre dois níveis adjacentes, implicando assim na
tensão constante nesse intervalo, dada por:

f.._ Q·-Q·
I I (2)
S,l - p.LiL

(3)

300

Figura 8 - Variação do atrito lateral unitário (Estaca D50 , até Qw1·


em kPa, para os diversos estágios de carga, em kN.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO

A boa definição de ruptura (do tipo generalizada) do


comportamento carga-recalque permitiu o estabelecimento da carga
última sem utilizar nenhum método de extrapolação de resultados das
provas de carga.
A escolha do critério de paralisação das provas de carga foi
decidida com base em que esse critério não poderia diferir dos
adotados na seqüência anterior, onde as cargas foram sustentadas até
um nivel de recalque superior ao mínimo recomendado pela NBR 6121/86
na definição de ruptura, concomitante com a estabilização para a
carga aplicada. Permitia-se, a partir disto, a relaxação da carga
até o estágio de equilíbrio, tomando-se esta carga como a de
ruptura, para efeito de avaliação da perda de capacidade de suporte
das estacas devido à inundação.
203

Foram encontradas reduções de 34% (D 40 ) e 27% (D 50 ). Tais


perdas estão muito aquém de resultados encontrados em outras
pesquisas regionais (Carvalho & Souza, 1990; Mellios, 1985;
Monteiro, 1985; Lobo et al., 1991), cuja variação na perda de carga
estende-se de 40% até 75%. Ressalve-se, contudo, que nesses
trabalhos foram utilizadas estacas virgens. No entanto, os
resultados são compati veis com os apresentados por Nadeo & Vide la
(1975), que encontraram valores de 30 a 35% em estacas escavadas
reensaiadas, portanto em condições sim~lares (embora em solo
loéssico). O histórico de carregamento pode ser uma explicação
possivel para este caso.
As provas de carga, levadas à ruptura, mostraram grandes
deformações plásticas. A inundação do solo aumentou os recalques,
tendo sido observado um enrijecimento no sistema solo-estaca, pela
análise do aumento verificado na relação entre recalque elástico e
recalque total (evolução de 4,4% para 5, 7% na estaca D40 e de 2, 3%
para 4,5% na estaca D50 ). Esta influência da inundação sobre os
recalques é mais claramente observável na Figura 2, quando se
compara os recalques na estaca D50 para os carregamentos até a carga
de trabalho, .com e sem inundação.
Sob o aspecto da variação da resistência lateral unitária com
a profundidade, a estaca D40 exibe um comportamento singular: nos
primeiros estágios de carregamento, para os quais a prova de carga é
feita com o solo em condição natural, a resistência lateral não está
adequadamente mobilizada nos·trechos superiores. Isto parece indicar
um prev~o esgotamento dessas tensões laterais, já que o
comportamento é monótono até o inicio da inundação. Após isto, ela é
desmobilizada na parte superior da estaca e permanece razoavelmente
constante no trecho intermediário, indicativo de saturação da
resistência. A transferência é então repassada para o trecho médio
inferior; o segmento adjacente à base é o que apresenta um
desempenho mais tipico, pois nos estágios de carregamento, é mais
intensamente mobilizado. Após a descarga, não foi possível
identificar tensões residuais.
Já a estaca D50 tem uma performance previ si vel, com tendência
inicial de mobilizar bastante os trechos superiores e m~nlmamente a
metade inferior. A tendência se inverte á medida que o carregamento
prossegue, quando então as extremidades apresentam-se mui to pouco
mobilizadas, ficando o trecho central bastante solicitado.
Procurando interpretar a influência da inundação nesses
resultados, faz sentido observar que o estágio de inundação da
estaca D50 (480 kN) praticamente não modifica a tendência de
comportamento da estaca. Isto porque, devido ás condições de
realização das provas de carga, com antecedência da estaca D40 , que
já fora submetida a uma prolongada inundação (300.000 litros de água
em 13 dias) além da proximidade entre essas estacas :: da
insuficiência de tempo para o solo retornar à sua condição de
umidade natural, pode-se supor que esta prova de carga tenha-se
passado como se a estaca já estivesse inundada desde o estágio
inicial de carregamento.

5. CONCLUSÕES

A inundação exerce considerável efeito na capacidade de


carga das estacas, mesmo quando sucessivamente ensaiadas e já tendo
mobilizado inteiramente a resistência de ponta. A média de 30% em
relação à seqüência número quatro das provas de carga é compati vel
com informações da literatura. Estacas virgens podem apresentar
variações da redução entre 50% a 70%.
A carga de trabalho não foi suficiente para produzir
colapsos nas estacas escavadas com o solo inundado.
A inundação aumenta os recalques, mesmo nas cargas de
trabalho, porém em niveis que não chegam a prejudicar a segurança
das estruturas.
- O atrito lateral é notavelmente diminui do pelo efeito da
inundação.

LISTA DE SÍMBOLOS:

Area homogeneizada de concreto da estaca, m2


Area da base da estaca, m2
Estaca cujo diâmetro é 0,35 m
Estaca cujo diâmetro é 0,40 m
Estaca cujo diâmetro é 0,50 m
Módulo de Young do material da estaca, kPa
Resistência unitária de ponta, kPa
Resistência unitária lateral no i-ésimo nivel, kPa
Leitura do indicador de deformações no final de cada es-
tágio da prova de carga, micro-strains
Leitura do indicador de deformações no inicio da prova
de carga, micro-strains
204

p Perimetro da estaca, m
Q1 Carga na i-ésima seção instrumentada da estaca, kN
Op Parcela de carga transferida para a ponta da estaca kN
Ow Carga de trabalho = Ou/2, sendo Ou a carga última, kN
ôL Segmento da estaca entre dois niveis instrumentadas, m
Uaço Coeficiente de Poisson do aço= 0,3

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBIERO, J.H. (1972) Comportamento de Estacas Escavadas, Moldadas in


loco. Tese (Doutorado). Escola de Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo.

CARVALHO, D. (1991) Análise de Cargas Últimas à Tração de Estacas


Escavadas, Instrumentadas, em Campo Experimental de São Carlos. Tese
(Doutorado). Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de
São Paulo.

CARVALHO, D. & SOUZA, A. (1990) Análise do Efeito de Umidificação do


Solo em Fundações Rasas e Profundas em Solos Porosos. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 6°. CONGRESSO BRASILEIRO DE
MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA DE FUNDAÇCES, IX, Salvador, 1990,
anais, v.2, p. 109-114.

GIACHETI, H.L. (1991) Estudo Experimental de Parãmetros Dinãmicos de


Alguns Solos Tropicais do Estado de São Paulo. Tese (Qoutorado) .
Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo.

LOBO, A.S.; ALBIERO, J.H. & FERREIRA, C.V. (1991) Influência da


Inundação na Carga Última de Estacas de Pequeno Porte. In: SEMINÁRIO
DE ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES ESPECIAIS, II, São Paulo, 1991, v.II, p.
217-226.

MANTILLA, J.N.R. (1992) Comportamento de Estacas Escavadas, Instru-


mentadas, à Compressão. Tese (Doutorado). Escola de Engenharia de
São Carlos da Universidade de São Paulo.

MELLIOS, G.A. (1985) Provas de Carga em Solos Porosos. In: SEMINÁRIO


DE ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES ESPECIAIS, I, São Paulo, 1985, Anais,
v.II, p. 73-102.

MONTEIRO, L.B. (1985) Alguns Aspectos da Capacidade de Carga de


Solos Colapsi veis. In: SEMINÁRIO DE ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES
ESPECIAIS, I, São Paulo, 1985, v.II, p. 193-213.

NADEO, J.R. & VIDELA, E.P. (1975) Comportamiento de Pilotes en


Suelos Colapsibles. In: CONGRESSO PANAMERICANO DE MECANICA DE SUELOS
E INGENIERIA DE FUNDACIONES, V, Buenos Aires, 1975, Anais, v. V, p.
303-312.
NEVES, M. (1987) Estudo da Permeabilidade do Solo Colapsivel da
Região de São Carlos. Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia
de São Carlos da Unversidade de São Paulo.

SACILOTTO, A.C. (1992) Comportamento de Estacas Escavadas


Intrumentadas, submetidas a Carregamentos Sucessivos. Dissertação de
Mestrado, Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São
Paulo.

SILVEIRA, E.B.S. & SILVEIRA, A. (1958) Investigação do Arenito


Decomposto de São Carlos para Fundações de Pequenas Construções. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS, II, Recife/Campina
Grande, 1958, v.I, p. 77-110.

TEIXEIRA, C. Z. ( 1993} Comportamento de Estacas Escavadas em Solos


Colapsi veis. Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia de São
Carlos da Universidade de São Paulo.

VILAR, o. M. (1979} Estudo da Compressão Unidirecional do Sedimento


Moderno (Solo Superficial} da Cidade de São Carlos. Dissertação de
Mestrado, Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São
Paulo.
205

A EVOLUÇÃO DA REAÇÃO DE PONTA DE ESTACAS ESCAVADAS


SUBMETIDAS A SUCESSIVAS PROVAS DE CARGA

Comélio Zampier Teixeira, M.Sc.'


José Henrique Albiero, Dr.Eng. 2

' Prof. Assistente, Escola Superior de Agricultura • Lavras


2 Prof. Trtular, Livre Docente, Escola de Engenharia de Sao Canos· USP

RESUMO

A sucessão de provas de carga executadas sobre urna mesma


estaca escavada, aumenta a sua capacidade de carga, fazendo-o
praticamente à custa de um crescimento da reação de ponta. Nota-se,
porém, que há urna tendência da res1stênc1a lateral de diminu1r em
valor absoluto, à semelhança da res1stênc1a ao cisalhmento pós-plco,
característica de grandes deformações c:salhantes. Este trabalho
avalia não só o crescimento das reações de ponta com os 1ncrementos
de carga em urna seqüência de provas de carga em solos colapsiveis de
São Carlos (SPI, bem como a variação das relações ~P/Q e ·;< 1 /QP, que
são bem mais ilustrativas do fenõmeno de transferênc1a destas
parcelas de carga.

1. INTRODUÇÃO

É sabido que a execução de estacas escavadas, tanto por


processos manuais quanto mecan1zados, causam urna considerável
perturbação no solo envolvente, sendo critica a reg1ão da ponta.
Ali, o material sofre urna profunda alteração na sua estrutura
natural, provocada pelo efeito rotativo ou percutivo da ferramenta
de corte e, além disto, o próprio estado de tensões in situ se
modifica, pelo deslocamento de urna coluna de solo, o que pode
traduzir-se pela mudança de K0 •
No campo experimental da USP/São Carlos (módulo I), foram
executadas estacas escavadas, instrumentadas em profundidade, com
diâmetros de 0,35 m, 0,40 me 0,50 me comprimentos de 10,0 m, para
um programa de investigações envolvendo diversos pesquisadores, com
os objetivos de analisar o comportamento carga-recalque e os
mecanismos de transferência de carga.
Estas estacas foram submetidas a urna seqüência de
carregamentos à compressão axial, ora lentos, ora rápidos, em
condições de solo natural e inundado, de tal modo que, em conjunto,
se possa visualizar urna situação bem realista. Com efeito,
determinadas estruturas poderão estar sujeitas a todas essas
condições em seu período operacional, simultânea ou isoladamente:
silos e galpões de armazenamento são exemplos desse históricos de
,.,rga-descarga, em ciclos mais ou menos rápidos, em intervalos de
Cémpo mais ou menos freqüentes e podem, potencialmente, sofrer
colapso por inundação do solo de fundação.
É importante determinar a evolução da quantidade de carga e
quantificar o seu limite superior, correspondente a urna certa ordem
de carregamento, quando o solo sob a ponta da estaca atingir algum
~ 1 dice de vazios capaz de esgotar a possibilidade de ganho de
resistência na ponta.

2. CONDIÇÕES DO SUB-SOLO NO LOCAL DAS PROVAS DE CARGA

o campo experimental está localizado no Campus da USP/São


Carlos em local próximo á zona urbana onde estão concentrados os
ma1ores edifícios, sendo representativo da maior parte dos solos de
Sào Carlos.
Neste local, encontram-se duas camadas distintas de uma areia
argilosa, de compacidades diferentes, separadas por uma linha de
seixos. Acima desta fronteira, o solo é muito poroso, com índice de
vazios praticamente unitário e corresponde a um sedimento moderno
(cenozóico! e é bastante susceptível ao colapso estrutural quando
inundado (Vilar, 1979). Abaixo, o solo é res1dual, proveniente da
alteração de arenitos da Formação Bauru. O SPT aumenta bastante com
a profundidade, à medida que o índice de vazios diminui e a camada
torna-se, aparentemente, insensível aos efeitos da inundação.
Neste local foram feitos ensa1os SPT e CPT (5 de cada),
visando a obtenção dos parâmetros de resistência à penetração
dinâmica e estática do solo, com objetivo de estimar a capacidade de
carga das estacas. Os valores médios estão reunidos na Tabela 1.
206

PROF. (rn) N (SPT) qc (MPa) Al (kPa)


l' 30 5 1,66 29,5
2,30 2 1' 06 40,8
3,30 3 0,78 43,6
4,30 3 0,90 52,0
5,30 4 0,96 60,5
6,30 4 1,24 66,1
7,30 7 1,90 115,3
8,30 9 2,82 178,5
9,30 9 11 88 181, 3
10,30 7 2,96 208,0
TabeLa 1 - Valores medlos dos SPTs e CPTs (Menezes, 1990)

3. PARÂMETROS BÁSICOS DA TRANSFERÊNCIA DE CARGA

Nos. estágios iniciais de carregamento de uma prova de carga, ~


carga apllcada no topo da estaca é inteiramente absorvida por atrito
lateral, sendo que as camadas superiores do solo recebem o máximo. À
medlda que o carregamento prossegue, uma parte começa a ser
transferlda para a ponta e, em determinado estágio, quando a estaca
cisalha através do solo, uma parcela de carga é transferida para a
ponta. Esta fase corresponde ao esgotamento de sua resistência
lateral (Mohan et al., 1963).
A quantidade de carga transferida para a ponta é usualmente
pequena. Reese et al. (1969) sugerem que este valor alcança, no
máximo 25% da carga aplicada á estaca. Toh et al. (1989) encontram
valores na faixa de 10% a 20% e Chang & Broms (1991) informam que em
estacas escavadas virgens tal valor fica em torno de 10%.
Quanto aos movimentos necessários para a mobilização da
resistência de ponta, a Tabela 2 (Teixeira, 1993) reflete a opinião
de diversos autores.

REFERENCIA DESLOCAMENTOS OBSERVAÇOES


Cooke & Whitaker (1961) (0,1 a 0,15) o., -
Coy1e & Reese (1966) 0,1 D -
Vesic ( 1975) - Proporcional ao comprimento
da estaca
Woodward et a1. (1972) - A ponta não se desloca na
carga de trabalho
LLoyd & Gowan (1975) 0,1 D -
Reese et al. (1976) 25 mm a 38 mm Grandes diâmetros
Aurora & Reese (1977) (0, os a 0,1) D -
- de QP
Tabela 2 - Movlmentos necessarlos para moblllzaçao

4. HISTÓRICO DO CARREGAMENTO DAS ESTACAS

A evolução da capacidade de carga das estacas pode ser vista


na Tabela 3 abaixo.

DIAMETRO SEQUENCIA DAS PROVAS DE CARGA E CARGAS DE RUPTURA (kN)


PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA QUARTA QUINTA* SEXTA
0,40 488 595 727 726 510 -
0,50 451 725 831 911 610 -
...
Tabela 3 - Sequencla de carregamentos e cargas de ruptura
{*) Feitas com inundação do terreno

As cargas últimas até a seqüência 4 foram extrapoladas pelo


processo de Van Der Veen (1953) a partir dos resultados das provas
de carga. A estaca com diãmetro de 0,40 m foi inundada no estágio de
300 kN e a de 0,50 m no estágio de 480 kN. A sexta prova de carga só
foi realizada na estaca de 0,50 me não foi levada à ruptura.

5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

A separação das parcelas de carga lateral e de ponta foi feita


a partir da interpretação dos dados das provas de carga com
instrumentação das estacas. A partir das curvas de transferência de
carga (Teixeira & Albiero, 1994) e considerando-se os níveis de
instrumentação 4 e 5 extrapolou-se o resultado para a carga de
ponta, segundo uma lei linear. Para a geometria dessas estacas,
foram utilizadas as expressões:
207

Qp = Qs(a/b) ( 1)

(2)

a=.€-2,8 (3)

b=t-2,5 ( 4)

(5)

Com base nessas indicações, os valores da resistência de ponta


de cada uma das provas de carga foram calculados, para cada estágio
de carregamento e os resultados estão apresentados nas Figuras 1 e
2.
Op~------------------------------,
Op
(KN)
~------------------------~ (KN B

Figura 1 - Variação de QP (D4ol Figura 2 - Variação de QP (D 50 J

6. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Muitas conclusões sobre mecanismos de transferência de carga e


a influência da inundação do terreno envolvente às estacas nesse
processo, poderão advir de uma cuidadosa investigação sobre a
evolução das cargas de ponta das estacas nos diversos ensaios de
campo a que foram submetidas.
Sob esse aspecto, o comportamento das estacas é idêntico. A
seqüência das provas de carga revela . que as inclinações das curvas
nas Figuras 1 e 2 aumentam à medida que se impõe às estacas um maior
carregamento. Além do mais, é notório que há crescimento da reação
de ponta com a sucessão de ensaios, porém esta regra é contrariada
na primeira prova de carga (lenta), que atingiu grandes valores,
mesmo para cargas finais de ensaios inferiores às de provas de carga
posteriores.
É ainda sintomático observar que as provas de carga lentas
tenham mobilizado as menores cargas de ponta. Disto pode-se
concluir que o esgotamento da resistência lateral é mais difíc::
e que, portanto, minimiza o trabalho mobilizado pela ponta da
estaca.
Quanto ao efeito da inundação, parece bastante claro que ele
mobiliza instantaneamente a reação de ponta, à custa de uma também
rápida desmobilização da resistência lateral (Figura 3). Pode-se
observar este fato nos trechos A-B das Figuras 1 e 2. Isto também
fica confirmado pelo comportamento da prova de carga número 6
(Figura 2), que estava sob inundação desde o início do ensaio. Neste
caso, a variação da resistência de ponta com o incremento de carga
foi praticamente linear.
Contudo, parece que a simples constatação do crescimento, em
valores absolutos, da reação de ponta nos sucessivos carregamentos,
não é suficiente para aclarar o fenômeno, sendo mais importante
avaliar a porcentagem relativa da carga de ponta (Qp/Q). Esta razão
deve crescer, numa prova de carga, com o crescimento do carregamento
aplicado no topo da estaca, sem esperar, contudo, por nenhuma
linearidade.
A Figura 4 ilustra esta variação, para as provas de carga
números 4 e 5 (diãmetro de 0,40 m) e números 4, 5 e 6 (diâmetros de
O, 50 m). Observe-se que a estaca de menor diâmetro mobiliza uma
maior porcentagem de resistência de ponta, para uma mesma carga.
Isto pareçe estar de acordo com a hipótese implici ta que,
sendo maior a resistência lateral (grosseiramente proporcional ao
diâmetro da estaca), é mais fácil saturar esta resistência para
pequenos carregamentos, o que contribui para uma transferência mais
rápida e quantitativamente mais'significante, para a resistência de
ponta, para uma mesma carga.
208

Considerando-se como usual que a relação Op/Q possa estar


entre os limites de 0,10 a 0,25, percebe-se que uma estaca escavada,
quando submetida a múltiplos carregamentos, tende a comportar-se
como uma estaca cravada.

'I
'
7 9,...
,,,,
",,
'.
5
''
''
''
~
...''''
'' '
''.,..Q..---... -.,und.·
3
-- ', ""J
''0--~:-~, -o---o._ --o~~~)
~"'--.....---::z:::::-.:;-- ... ___ ,. 040(4)

B ~(5)

100 500 700 O(kN)


900

Figura 3 - Variação de QtiQp com o carregamento

0,7

o 100 500

Figura 4 - Var1açào de QP/Q com o carregamento

7. CONCLUSÕES

Mui to mais do que o modo de execução (que diferencia estacas


escavadas e cravadas! é o histórico de carregamento o fator
preponderante no comportamento. Ao se analisar o seu desempenho,
deve-se considerar que as sucessivas penetrações no solo,
densificando-o sob a ponta e realinhando as partícula!õ no contato
solo-estaca, à feição de um solo ámolgado por efeito de cravação,
tendem a fazer desaparecer as principa1s características das estacas
escavadas virgens.
A mobilização da carga de ponta é feita à custa da
desmobilização da resistência lateral, independentemente de ter
havido inundação do solo. Isto parece estar em correspondência com a
resistência residual do solo, inferior à resistência de pico, tipica
de grandes deslocamentos (somatórios dos diversos recalques após a
série de carregamentos).
As hipóteses freqüentes na li ter atura, segundo as quais as
porcentagens de Op/Q não ultrapassam O, 25 para estacas escavadas
falham no caso de uma sucessão de ensaios. Após a realização de
cinco provas de carga, esta relação está próxima de O, 60, o que
indica um comportamento típico de estaca cravada.

LISTA DE SÍMBOLOS
Seção homogeneizada de concreto da estaca no nível de
instrumentação n° 5 (0,1319104 m2 para D40 e 0,2026062 m2
para D50 J
209

Diâmetro do fuste de uma estaca cilindrica, m


Diâmetro da base alargada de uma estaca cilindrica, m
Estaca cujo diâmetro vale 0,40 m
Estaca cujo diâmetro vale 0,50 ~
Módulo de Young da estaca (30,73632 x 10 6 kNfm2 para D40
e 26,83681 x 106 kNfm2 para D50 )
1
Coeficiente de empuxo no estado de repouso
Leitura final, no último estágio de carregamento, obtida
no indicador de deformações (em micro-strains)
Leitura inicial, no último estágio de carregamento,
obtida no indicador de deformações (em micro-strainsl
Coeficiente de Poisson do aço (0,3)
Car~a aplicada à estaca, kN
Parcela de carga da resistência lateral, kN
Parcela de carga da resistência de ponta, kN

8. REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS

CHANG, M.F. & BROMS, B.B. (1991) Design of Bored Piles l.n Res1dual
Soil, Based on Field-Performance Data. CANADIAN GEOTECHNICJ..::..
JOURNAL, v.28, n°. 2, p. 200-209.

MENEZES, S.M. (1990) Correlações entre os Ensa1os de Penetração


(SPT,CPTl e os Resultados de Ensaios de Laboratório para a Região de
São Carlos-SP. Dissertação de Mestrado. Escola de Engenhar1a de São
Carlos da Universidade de São Paulo.

MOHAN, D.; JAING, G.S. & KUMAR, V. (1963) Load Bearing Capacity of
Piles. GEOTECHNIQUE, v.13, n°.1, p.76-86.
REESE, L.C.; HUDSON, B.S. & VIJAYVERGJYA, B.S. !1969) An
Investigation o f the Interact1on Between Bored Piles and Soil. In:
INTERNATIONAL CONFERENCE ON ~GIL MECHANICS AND FOUNDATION
ENGINEERING, 7th, Mexico City, 1969. Anais, v.2, p. 211-215.

TEIXEIRA, C. Z. ( 1993) Comportamento de Estacas Escavadas em Solos


Colapsi veis. Dissertação de Mestrado. Escola de Engenharia de São
Carlos da Universidade de São Paulo.

TEIXEIRA, C.Z. & ÀLBIERO, J.H. (1994) Comportamento de Estacas


Escavadas Reensaiadas em um Solo Colapsivel Inundado. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA DE FUNDAÇÓES, X, Foz
do Iguaçu, 1994. No prelo.

TOH.T.; IOO, T.A.; CHIU, H.K.; CHEE, S.K. & TING, W.N. (1989) Design
Parameters for Bored Piles in a Wheathered Sedimentary Formation.
In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON SOIL MECHANICS AND FOUNDATION
ENGINEERING, 12th, Rio de Janeiro. Anais, v.2, p. 1073-1078.

VAN DER VEEN, C. (1953) The Bearing Capacity of a Pile.


In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON SOIL MECHANICS AND FOUNDATION
ENGINEERING, 3rd, Zurich, 1953. Anais, v.2, p. 84-90.

VILAR, O.M. (1979) Estudo da Compressão Unidirecional do Sedimento


Moderno (Solo Superficial) da Cidade de São Carlos. Dissertação de
Mestrado. Escola de Engenharia de Sào Carlos da Universidade de São
Paulo.
210

Collapse of a compacted clay under controlled suction


Collapsus d'une argile tassée sous une succion contrôlée
O.M.Vilar
University of São Paulo, São Carlos, Brazil

ABSTRACT: This paper describes the results of laboratory tests carried out to clarify the influence of matric
suction reduction in the gradual collapse observed on a compacted clayey soil. Both conventional oedemeter
tests where the sample was flooded after loading and suction controlled oedometer tests were performed.
Partia! collapses under matric suction reduction are analyzed and it is shown that wetting-induced strains were
more significant at the lower suctions and depend on overburden pressure. For the lower overburden pressures
the soil tended to swell, while for the Jarger pressures the strains were due to collapse of the soil structure. It is
also shown that deformations at zero suction are closer to the results obtained when tqe samples were
inundated in the conventional oedometer test.

RESUMÉ: Cette communication décrit les résultats des essais réalisés en laboratoire pour montrer l'influence
de Ia réduction de la succion sur l'effondrement graduei remarqué dans un sol argileux compacté. On a pratiqué
les essais oedometriques conventionnels, dans lesquels l'échantillon était inondée apres être chargée, et aussi les
essais oedometriques avec succion contrôlée. On a analysé les effondrements partiaux obtenus par la réduction
de la succion et on a montré que les déformations induites étaient plus importantes sous succions faibles et
qu'elles dépendent de la charge appliquée a l'échantillon . Sous des charges faibles, le sol a eu la tendance de se
gonfler, alors que sous des contraintes plus fortes les déformations étaient dues à l'effondrement de la structure
du sol. On a aussi montré que sous succion nulle les déformations sont pareilles aux résultats obtenus lorsque
les échantillons étaient inondées dans l'essai oedometrique conventionel.

INTRODUCTION This is specially true in arid and semi-arid regions


and in compacted fills not built for water reservation.
Increasing moisture content, without reaching
Wetting-induced volumetric strains at constant saturation, causes reduction in matric suction that
overburden pressure can occur in a variety of natural can be responsible for relevant deformations in a soil,
and compacted non saturated soils. When a soil as it was shown by Escario & Saez (1973).
swells by the addition of water it is known as This paper describes the results of laboratory tests
expansive or swelling soil, while when it densifies carried out to clarify the influence of matric suction
one says that it has suffered a collapse being a reduction in the gradual collapse observed on a
collapsible soil. compacted clayey soil. The tests were conducted in a
The physical reasons for each of the phenomenons suction controlled oedometer were the suction is
are different. Expansive soils are related to clay imposed to the sample according to the axis
minerais that swell in the presence of water, while translating technique.
collapsible soils are characterized by an open
unstable structure, where soil or aggregate particles
are held in their place by matric suction or any kind
of temporary bonding agent, such as soluble cements. SOIL AND METHODS
When water is added, the matric suction is reduced
and the bonding agents may be softened or even
eliminated, thus causing shear failures at the The soil used in the investigation was a clay which
interaggregate or intergranular contacts as well as show expansive characteristics in spite of its low
volumetric decreases (Dudley, 1970). content of montmorillonite clay minerais, being 42
Compacted soils can show both swell or collapse, meq/100 g its Cation Exchange Capacity as reported
depending on their compaction characteristics and by Presa (1982). The liquid and plasticity limits were
overburden pressure. Poorly compacted soils, in a 71% and 36%, respectively, and shrinkage limit was
loose state and/or drier than of optimum are those 22%. Standard Proctor (ASTM D698) parameters
immediately associated to collapse phenomenon, were maximum dry density of 1,325 g!cm3 and
(Barden & Sides, 1969; Collins & Me Gown, 1974), optimum water content of 33,6%, and particle
but even in well compacted fills the problem can density was 2,70 g!cm3.
arise, when overburden pressures are large (Lawton The samples were statically compacted in a ring
et ai., 1989). having 70 mm in diameter and 20 mm in height, to a
As it is well-known, the main laboratory test for dry density of 1,23 g!cm3 and water content of22%.
identification of collapsible soils is the standard The test program consisted of conventional
oedometer test where the sample is loaded to a stress oedometer testes were the sample was soaked after
of interest and then soaked. To inundate the sample loading and suction controlled tests, using the
is probably the worst condition for a collapsible soil. apparatus developed by Escario (Escario & Saez,
However it must be recognized that there are many 1973) which is shown in Figure l.
situations where soils will not reach total saturation, This oedometer is based on the axis trans1ating
but only changes in moisture from its natural or as- technique (Hilf, 1956) and is similar to the pressure
compacted moisture content (Aionso et ai., 1987). plate apparatus used in soil physics for determining
211

the moisture retention characteristics of soil. larger than 160 kPa and collapse strains increase with
To apply the desired suction, air pressure is raised overburden pressures at least until the larger
inside the chamber. This air pressure will act too in overburden stress used in the tests (1280 kPa).
the air present in the voids of the soil. The base of A similar behavior is observed in some lateritic soils
the soil specimen is in contact with water at from Brazil when air dried (Vilar et ai., 1985), but it
atmospheric pressure through the cellulose must be stressed that this soil tested at its natural
membrane and inferior porous stone. As the cellulose moisture content shows collapse strains increasing
membrane is impermeable to air, but not to water, with overburden pressures until a deterrnined value.
there is a flow o f water until equilibrium. At this time After that, the strains decrease (Vargas, 1973; Vilar,
the suction is equal to air pressure, since suction 1979) in a different way than that observed in the
corresponds to the difference between air and water compacted soíl under study.
pressures, and in this case water pressure is zero
(water is at atmospheric pressure).
After compaction of specimen and mounting of
apparatus, an initial overburden pressure of 40 kPa SUCTION CONTROLLED TESTS
and the as-compacted suction (3500 kPa) were
aplied to the sample. When equilibrium under the
applied suction was reached, the sample was loaded Figure 3 summarizes the results obtained in the
to an overburden pressure of interest, then it was suction controlled tests. In this figure the strains,
subjected to reduction in matric suction in stages, referred to the height (Ha) the sample reached after
and the corrresponding changes in height of the equilíbrium under load and initial suction, are plotted
sample were measured. against suction for the overburden pressures used in
the tests.
As it can be seen, for the lower surcharges (lesser
than 160 kPa) the specirnens tended to swell,
irrespective of suction decrease. In the early stages of
matric potential reduction (from 3,5 to 1,5 MPa) the
deformations were negligible, but when the suctions
were lesser than 1,5 MPa they increased apreciably
reaching a change in height of about 2,5% (at zero
suction) for the specimen at 80 kPa of overburden.
Considering the larger surcharges (inferior to 600
kPa) ít can be noted that until suction was not
reduced below l MPa, the samples tended to swell in
a way similar to that observed on the lower
surcharges. When suction is reduced to 0,5 MPa the
soil tend to collapse and collapse strains are crescent
reaching its maximum at zero suction. ·
For the surcharge of 640 kPa, the strains were of
collapse nature irrespective of matric potential. As
can be noted, straíns at zero suction are crescent with
overburden stresses. These results show how
collapse straíns developed under a gradual decrease
L in matric potentíal. So, depending on overburden
SAMPLE
stress, straíns due to collapse can be relevant when
Figure I: Suction Controlled Oedometer (Escario & soil is wetted but without reaching total saturation.
Saez, 1973) In Figure 4 wetting induced deformations obtained
in conventional oedometer tests and in suction
To optirnize the time available for testing it was controlled oedometer are compared. Deformations
decided that each stage of suction could take four or under controlled suction plotted are those related to
tive days, unless some special condition could occur. zero suction and it can be seen the good agreement
In this case, as when suction was reduced to zero, between values measured in one and other test A
the stage contínued for nine to ten days. similar behaviour is related by Justo et ai. (1984)
concerning swellíng deformations Some factors can
be responsible for the behavior observed. One is
CONVENTIONAL OEDOMETER TESTS referred to the deformations commanded by
expansive clay minerais and the others are related to
soil structure (particle or aggregate arrangement; size
Figure 2 shows the compression curves obtained in and distribution o f pores), to the volume of water
conventional oedometer tests where the samples that reaches the sample and the overburden stress.
were soaked after load. Ho is the ínitial height ofthe When few water reaches the sample swelling effects
sample and Hi is the height at the end of each stage prevail although the volume of pores is large. If
of load. Total overburden pressures when the overburden pressures are not large, soil structure is
samples were inundated ranged from 80 kPa to 1280 able to withstanding the loads even at zero suction
kPa. Assurning that the sample soaked under 80 kPa and swellíng takes place.
of overburden pressure corresponds to the saturated When overburden pressures are higher and more
condítion it can be noted that this curve corresponds water reaches the sample, collapse strains prevail.
aproximately to an inferior boundary of collapse Large loads overcome the tendency for swelling and
strains. soil structure collapses since it cannot sustain these
It is worthy to note that depending on overburden loads without the aid of high values of matric
pressures the soil can swell or densify by the addition suction. It can be expected that as void ratio
of water. Collapse starts at overburden pressures decreases, collapse will be more dífficult to occur
212

STRAIN - Hi/Ho (%)


105~------------------------------------~

100

95

90

85

8QL-----~~~~~~~~----~--~~~~~~

20 200 2000
TOTAL STRESS (kPa)

Figure 2: Strain versus overburden pressure curves for soaked after loading collapse tests

STRAIN - Hi/Ha (%)


105~~--------~--------------------~

OVERBURDEN STRESS
80 k.Pa
-+- 160 k.Pa
---*"- 320 k.Pa
-8- 640 k.Pa
---*- 1080 k.Pa
-A- 250 k.Pa
___:g- 500 k. Pa
90L________ L_ _ _ _ _ _ _ _ L-------~------~

o 1 2 3
SUCTION (MPa)

Figure 3: Effect of suction decrease on strains at constant overburden pressures

even at large loads. The proximity between particles Figure 5 shows the result of a test where the
or aggregates will be little, dry density will be large specimen was subject to cycles of wetting and
and expansive forces will dominate, since expansive drying. When the sarnple is wetted for the first time
stresses are influenced by dry density (Chen, 1975). (suction decrease) collapse takes_ place. When drying
213

to l MPa of matric potential a considerable volume


reduction took place. This reduction cannot be
assigned only to shrinkage of soil, since an STRAIN - Hl/Ho (S)
95r---------~~----------.
undesirable compression have occurred immediately
e~ 1.143

STRAIN - HI/Ha ('Jo)


105,---------~~----------~

OVERBURDEN STRESS

640 kPA

lO O

eontrolled auetlon r-~=-~ e: 0.874


e: 0.864
95
ao~~--L-~--~~---L--~_j

o 0.5 1.5 2 2.5 3 3.5 4


eonven Uonal SUCTION (MPa)

Figure 5: Effect of cycles of wetting (suction


90~~--~---L--~--L-~--_j decrease) and drying (suction increase) on strains.
o 200 400 600 800 1000 1200 1400 Overburden stress 640 kPa.
TOTAL STRESS (kPa)

Figure 4: Comparison between wetting induced Ventura Escario and Carlos Oteo Mazo for their
deformations measured in conventional oedometer sugestions and for the facilities put at his disposal at
test and in controlled suction oedometer (at zero the Laboratorio de Geotecnia - CEDEX in Madrid,
suction). Spain, where the tests were performed.
after air pressure was raised in this test. But, what is
of interest is the void ratio at this stage, much lower
than inicial void ratio. Now, when the sample is REFERENCES
wetted again, there is a tendency for swelling. The
amount of swelling is not large, since the high Alonso, E.E.; Gens, A. & Hight, D.W. 1987. Special
overburden pressure prevent large volume increase. Problem Soils. General Report. Proc. 9th European
In the other cycles the behavior is similar, but Conf Soil Mech. and Found. Engn., Dublin, vol. 3,
shrinkage is lesser. pp. 1087-1146.

Barden, L. and Sides, G.R. 1969. The Influence of


CONCLUSION Structure on the Collapse of Compacted Clay.
Proc. 2nd. Int. Res. and Eng. Conf. on Expansive
Clays, Texas A & m University, pp. 317-326,
Poorly compacted soil of expansive nature can both
expand or swell depending on overburden pressures Chen, F.H. 1975. Foundations on Expansive Soils.
and on the levei of matric potential reduction. Amsterdam: Elsevier.
For Jow surcharges (lesser than 160 kPa) the soil
showed an expansive behaviour both in conventional Collins, K. and McGown, A. 1974. The Form and
oedometer test and in suction controlled test. For Function of Micro-Fabric Features in a Variety of
higher pressures, when matric potential is higher Natural Soils. Géotechnique 24, n°. 24, pp, 223-
(above 1,5 MPa) there is a tendency of swelling, but 254.
when suction is reduced below that value, gradual
collapse takes place with decreasing suction. Strains Dudley, J.H. 1970. Review of Collapsing Soils.
due to gradual wetting of the soil are maximum at Journal ofthe Soil Mech. and Found. Div., vol. 96,
zero suction and the values obtained at this condition pp. 925-947.
in controlled suction tests are closer to that obtained
in conventional oedometer tests. Escario, V. & Saez, J. 1973. Measurement of the
When overburden stresses were larger than 640 kPa Properties of Swelling and Collapsing Soil under
strains due to water addition were of collapse nature, Controlled Suction, Proc. 3rd Int. Conf. Expansive
irrespective o f matric potential. Soils: 195-200. Haifa

Hilf, J.W. 1956. An Investigation of Pore-Water


ACKNOWLEDGEMENTS Pressure in Compacted Cohesive Soils. U.S. Dept.
oflnterior - Bureau of Reclamation - Tech-Memo,
The_ author is indebted to Drs. Jesus Saez Aui'íon; 654, Denver- CO.
214

Vargas, M. 1973. Structuraly Unstable Soils in


Justo, J.L.; Delgado A. and Ruiz, J. 1984. The Southern Brazil, Proc. VIII Int. Conf on Soil
lnfluence of Stress-Path in the Collapse-Swelling of Mech. and Found. Eng., Moscow, vol. 2.2, p. 239-
Soils at the Laboratory. Proc. 5th Int. Conf, Exp. 246.
Soils: 67-71. Adelaide.
Vilar, O.M. 1979. Estudo da Compressão
Lawton, E.C.; Fragaszy, R.J. & Hardcastle, J.H. Unidirecional do Sedimento Moderno (Solo
1989. Collapse ofCompacted Clayey Sand. Journal Superficial) da Cidade de São Carlos. Dissertação
of Geotech. Engn., ASCE, vol. 115, n°. 9, pp. de Mestrado, EESC-USP.
1252-1267.
VJ.lar, O.M.; Rodrigues, J.E. e Nogueira, J.B. 1981.
Presa, E.P. 1982. Deformabilidad de Arcillas Solos Colapsíveis: Um Problema para a Engenharia
Expansivas bajo Succión controlada. Tesis de de Solos Tropicais, Anais I Simpósio Brasileiro de
Doctorado. Univ. Politecnica de Madrid. Solos Tropicais em Engenharia, pp. 199-208, Rio
de Janeiro.
215

COMPARAÇÃO ENTRE UM ENSAIO DE COMPACTAÇÃO DE


SOLOS EM MOLDE DE DIMENSÕES REDUZIDAS E O ENSAIO
PROCTOR NORMAL

Orencio Monja Vilar'


Sérgio Antonio Rohm 2

' Escola de Engenharia de São Carlos - USP


2 Universidade Federal de Sao Carlos

RESUMO

O trabalho reúne resultados exper1menta1s de cerca de quarenta


amostras de solo, variando desde areias finas até argilas,
submetidas ao ensaio de compactação Proctor Normal, sem reúso, e a
\llr. ensaio alternativo (ensaio Minl l. Neste, o corpo de prova, com
50mm de diâmetro e 50 mm de altura final, recebe 5 golpes por face
de um soquete com peso e altura de queda padro~.lzados. Mostra-se a
excelente correlação entre as massas específ1cas secas rnáx1mas e
entre as umidades ótimas obtidas nos do1s tipos de ensa1os e a
influência de diferentes energ1as apl:cada= no ensaio M1n1.
Enfatiza-se a necessidade da obtenção de rna1s resultados, envolvendo
wr. universo maior de solos e diferentes labora:ór1os e operadores,
para ter-se um controle mais abrangente da re~ação entre os dois
tipos de ensaios.

1 . INTRODUÇÃO

A compactação ocupa um lugar de destaque dentre os métodos de


melhoria das condições do solo corno mater1al de construção.
o estudo e o controle da compactação e::.pregarn usualmente o
ensaio concebido por Proctor em 1933, no qual u::.a amostra de solo é
compactada dinamicamente em camadas dentro de ~ molde c i 1 índr 1 co.
No processo de compactação, várias são as energias que podem ser
aplicadas. Encontram-se padronizadas as energias intermediária,
modificada e normal, esta última proposta originalmente por Proctor,
na qual o solo é compactado em três camadas, com 25 golpes por
camada, empregando um soquete com 2, 49 kg que cai de uma altura de
30,5 em. Como o volume final do corpo de prova é de 944 crn3 (ASTM,
1989), a energia normal corresponde a

ECpN = 591,3 kJ/m3 ( 1)

A ABNT ( 198 6) padroniza o ensaio na energia Normal,


considerando cilindro com 1000 cm3. Para tanto, fixa o número de
golpes em 26 para manter a energia o mais próximo do valor original
de Proctor. o ensaio pode ser realizado com reúso do solo, quando
cerca de 3 kg de solo são necessários, ou sem reúso, quando se
utiliza cerca de 15 kg de amostra.
Em que pese a aceitaçao universal do ensaio de Proctor, a
grande quantidade de amostra e a energia dispendida pelo operador
sao dois aspectos que, se devidamente minimizados, trariam uma
significativa economia de custo, de tempo e de esforço nas
atividades de laboratório e de campo. Diversos pesquisadores têm
sugerido ensaios alternativos como bem o demonstram os trabalhos de
Wilson (1950); de Dietert (Head,1984) e de O'Flaberty et al. (1963).
No Brasil, Pinto (1965) e Nogami (1972) empregam equipamento
semelhante ao de O' Flaberty et al. (1963) encontrando boa
equivalência entre os resultados desse ensaio e o ensaio de Proctor
Normal, obedecidas algumas condições. Frise-se, de passagem, que os
ensaios de compactação continua executados no equ1parnento
desenvolvido por Nogami (1972) são utilizados na class1ficação MCT -
Miniatura, Compactado, Tropical - proposta por Nogami & Villibor
( 1981) .
O DER-SP (1988), provavelmente baseado na invest1gação de
Nogami (1972), propôs o M191/88 "Ensaio de Compactação de Solos corr.
Equipamento Miniatura" em que se admite que a aplicação de cinco
golpes por face do corpo de prova (50mrn de diâmetro e 50mrn de
altura), com um soquete de 2270g, caindo em queda livre de 30,5cm de
altura, fornece uma curva de compactação que se aproxima daquela
resultante do ensa1o Proctor Normal. A Figura 1 mostra \llr. esquerr.a
do equipamento Miniatura, podendo-se encontrar rna1s deta:hes er..
Soria & Fabri (1980) e DER (1988).
Por outro lado, na metodologia MCT (Nogami & Villibor, 1981)
tem-se admitido, informalmente, que os parâmetros de compactaçào
obtidos da curva com 12 golpes se aproximam dos parâmetros obtidos
no ensaio de compactaçào Proctor Normal.
216

Detalhe Pé do
Soquete de
Compactação

Corte A- A

Figura 1: Esquema do Equipamento para Ensaio de Compactação em Molde


de Dimensões Reduzidas.

Na verdade há diferenças significativas entre um e outro


processo de compactação, a principiar pela energia aplicada. No
ensaio em molde de dimensões reduzidas (doravante designado por
ensaio Mini) a energia de compactação corresponde a

EC:..Uni = 691,5 lcJ/rn3 (2)

o que significa um aumento de cerca de 17% em relação à energia


conferida ao solo no ensaio Proctor Normal. Outras diferenças
residem na forma de aplicação da energia e na tolerância quanto ao
volume final de solo compactado. No ensaio de Proctor, o soquete
atinge apenas urna pequena porção da superficie do solo a cada golpe,
enquanto no Mini a seção do soquete é igual à seção do corpo de
prova, ou seja, toda a amostra recebe o impacto a cada golpe. Ao
final do ensaio Proctor, admite-se um excesso de solo compactado de
até 1cm de altura, enquanto no Mini, a tolerância é de lrnrn, para
mais ou para menos, em relação à altura final padronizada de 50rnrn.
Essas diferenças, principalmente as referentes à energia,
parecem compensar-se, pois parte da maior energia aplicada no Mini
possi velrnente é absorvida pelo ar que fica aprisionado no molde.
Assim, tem-se encontrado boa igualdade entre os resultados dos dois
ensaios, embora por vezes haja discrepâncias como no caso dos solos
mais arenosos onde a aplicação de cinco golpes por face parece ser
insuficiente para reproduzir as condições do Proctor Normal.
A despeito das boas evidências de correlação sugeridas por
Nogarni (1972), para um conjunto de dez amostras, e da normatização
do ensaio pelo DER-SP, não se tem noticia de urr. estudo sistemático
que procure esclarecer a interrelação entre os dois ensaios para
gamas variadas de solos, envolvendo desde os arenosos até os
argilosos.
Este trabalho mostra os resultados preliminares de um programa
experimental em q;.Je se pretende entender os fatores que afetam a
compactação no ensaio Mini e esclarecer que variáveis condicionam a
relação entre este ensaio e o ensaio Proctor Normal, procurando
reavivar as discussões sobre um ensaio alternativo ao ensaio
clássico de compactação. Para tanto, são apresentados os primeiros
resultados correspondentes a cerca de 40 diferentes amostras de
solo, as quais forarr. ensaiadas de acordo com as metodologias do DER-
SP (1988) e da AB~T (1986). Corno particularidades, no ensaio Mini, a
altura final do corpo de prova deveria situar-se entre 49 e Slrnrn,
enquanto o ensaio de Proctor Normal foi realizado sem reúso do solo.
Posteriormente, com dez amostras, de granulometria variada,
efetuou-se um conjunto de ensaios procurando-se avaliar as
diferenças provocadas pela variação da energia no ensaio Mini. Para
tanto, as amostras foram compactadas com 5, 6 e 8 golpes por face e
com 10 golpes aplicados numa única face.

2.ANÁLISE E DISCUSSÃo DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS DE COMPACTAÇÃO

As amostras foram caracterizadas utilizando-se ensaios de


217

análise qranulométrica conjunta, de limites de consistência e de


massa especifica de sólidos. A titulo de informação deve-se frisar
que foram ensaiadas desde areias finas a médias, pouco argilosas,
até argilas, variando as amostras desde não plásticas até solos co~
LL = 80~ e IP = 45%.
Considerando a fase preliminar dos resultados, na definição dos
parâmetros das curvas de compactação (Pdmáx e W0 t l resolveu-se
traçar a curva de compactação com ajuste manual, como rotineiramente
se faz em laboratório. De qualquer forma, deve-se frisar que as
curvas correspondentes a cada solo, foram traçadas independentemente
uma da outra, de sorte que o resultado de um dos ensaios não viesse
a interferir ou condicionar o outro. Na análise definitiva, quando
um universo maior de amostras for ensaiado, pretende-se eliminar o
caráter pessoal dessa definição, procurando-se obter a curva de
compactação de outra forma, como, por exemplo, pelo ajuste de wr.
polinômio ou pela construção gráfica da parábola de Hilf. Pela
mesma razão, evitou-se efetuar uma análise estatistica mais
elaborada, considerando-se suficiente, na fase atual, uma análise de
regressão que pudesse dizer da previsão de wr. dado ( do Proctor
Normal) a partir do outro (do Mini).
A Figura 2 traz os r e sul ta dos das massas especificas secas
máximas obtidas no ensaio Proctor Normal (PNpd..,.axl, em função dos
mesmos valores obtidos no ensaio Mini(Mpdmáx).

2.0 - , - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ,

r:;
E
<.>
.
..,Q
:§!1.8
.,
<.>
. ..
~
~-

Cll
cn
g.1.6
w
.,
.,.,
.,
~1.4
z
o.

1.2 ~'--"---.----'----~------------
1.2 1.4 1.6 1.8 2.0
MINI • Massa Esp. Seca (g/cm3)

Figura 2: Valores de massa especifica seca máxima obtidos no ensaio


de Proctor Normal em função dos valores obtidos no ensaio Mini.

Aparecem nesse gráfico a reta de igualdade entre valores, a


reta de regressão linear e a reta de regressão linear passando pela
origem, as quais apresentam as seguintes equações e coeficientes de
determinação (R2):

PNPdmáx = -0,097 + 1,042.Mpdmáx R2 • O, 953 (3)

R2 = O, 950 ( 4)

As duas correlações apresentam coeficientes de determinação


praticamente iguais e, em primeira aproximação, se considerada
apenas a reta que passa pela origem nota-se que a correlação fornece
valores para o Proctor que são 1,7% menores que os valores do Mini.
Também como constatado por Nogami (1972), nota-se que nas duas
amostras mais arenosas (maiores massas especificas secas máximas),
os valores obtidos no Proctor são maiores que· os valores do Mini, ou
seja, nesses casos a energia aplicada no Mini é insuficiente para
representar a energia do Proctor.
A Figura 3 mostra as umidades ótimas obtidas no ensaio de
Proctor Normal, em função dos mesmos valores obtidos no ensaio Mini.
Neste caso, as correlações obedecem às seguintes equações:

-0,758 + 1,049.MWot 0,988 (5)

PNWot 1,017.MW 0 t 0,987 (6)

Pode-se constatar agora, considerando a correlação que passa


pela origem, que para prever as umidades ótimas do P~octor Normal a
partir do ensaio Mini, é necessário acrescer estes ul t1mos val<?res
em cerca de 1, 7%. Obviamente, como no caso das massas especif1cas
secas max1mas, há discrepâncias ligeiramente maiores quando se
analisam os dados isoladamente. Contudo, em termos médios, é
218

40

35

30
~
=25
~
• 20
z
~

15

10

5
5 10 15 20 25 30 35 40
MINI • Wot (%)

Figura 3: Umidades ótimas obtidas no ensaio Proctor Normal, em


função das obtidas no ensaio Mini.

possivel inferir que há um excelente ajuste entre os valores medidos


através dos dois tipos de ensaios.
A variação da energia aplicada no ensaio Mini foi estudada
fazendo-se variar o número de golpes por face do corpo de prova. A
Figura 4 ilustra esses resultados, mostrando os dados dos ensa:.os
efetuados com 6 golpes por face do corpo de prova e a reta de
igualdade entre valores. Por carência de espaço, deixa-se de
apresentar as figuras correspondentes aos ensaios com 8 golpes por
face e com 10 golpes numa única face, porém as equaçOes de regressão
correspondentes estão reunidas nas Tabelas I (massas especificas
secas máximas) e II (umidades ótimas). Também estão nestas tabelas
os resultados correspondentes a 5 golpes por face, porém restritos
às dez amostras que foram ensaiadas nesta fase. Na parte a) da
Figura 4 estão os resultados referentes às massas especificas secas
máximas e na b) os correspondentes às umidades ótimas.

~·---------------------------------,
I
.
~--------------------------------~
Jsl
;:; I
ll.8iI I
30 ...
-o I ~ i
~ I il5 t
~ 1.6-i 3: :
ll" I ' lO-
w f
15'"

10-

l.l .jL..----------------------~------- 5~------------------------~


1.2 1.4 1.6 1.8 l.O 5 lO 15 lO 15 J0 35
MINI· M. Esp Seco (g/crn3) • G Q/F 111NI • Wot (%) • G QIF

o) b)

Figura 4: Comparação entre os Resultados d~ Ensaio Proctor Kormal e


o Ensaio Mini, com 6 golpes por face. a) Massas Especificas Secas
Máximas; b) Umidades ótimas.

Tabela I: Equações de Regressão Linear para as Massas Específicas


Secas Máximas Obtidas nos Ensaios Proctor Normal (Var1ável
Dependente) e Mini.

5 golpes/face 6 golpes/face e golpe•/face 10 golpe•

intercepto -0,106 o -0,169 o -o ,204 o -0,131 o


coeficiente 1,031 0,965 1,060 0,957 1,0U 0,942 1,045 0,965

~t2 0,942 0,938 0,948 0,939 0,939 0,927 0,944 0,939


219

Nota-se, na Fig. 4, que os valores dados pelo ensaio Mini, na


sua quase totalidade, afastam-se da reta de igualdade e são maiores
que os valores do Proctor Normal, como seria de se esperar
considerando os resultados dos ensaios com 5 golpes por face. De
interesse também, é constatar que na amostra mais arenosa essa
energia ainda é insuficiente para reproduzir o resultado do Proctor
Normal, embora os resultados dos dois ensaios estejam bastante
préximos. Com relação às umidades ótimas, pode-se notar que os
valores tendem a se alinhar sobre a reta que indica a igualdade de
valores, porém ainda permanece a tendência de as umidades ótimas do
Proctor Normal serem ligeiramente superiores àquelas do Mini.

Tabela II: Equações de Regressão Linear para as Umidades Ótimas


Obtidas nos Ensaios Proctor Normal (Variável Dependente) e Mini.

5 golpea/face 6 golpea/face e golpes/face 10 golpe•

intercepto -1,171 o -1,538 o -o ,967 o -1,494 o


coeficiente 1,071 1,027 1,103 1,044 1,099 1,061 1,083 1,027

R2 0,984 0,983 0,981 0,978 0,975 0,974 0,977 0,974

Os resultados colocados nas Tabelas I e II mostram outro fato


in:eressante, que é a razoável equivalência entre os valores
fc::-necidos pelas diferentes equações de correlação, nas faixas de
in:eresse de massas especificas secas ou de umidades ótimas, quando
se variam a energia ou a forma de sua aplicação. Além disso, os
coeficientes de determinação revelam-se bastante próximos entre si.
u~ aspecto a ressaltar dessas constatações refere-se aos ensaios com
10 golpes numa única face. Estes evidenciar:: um comportamento
praticamente igual ao observado nos ensaios com 5 golpes por face, o
que sugere que a forma de aplicação da energia pouca interferência
exerce nos resultados dos ensaios.
Em relação às umidades ótimas, deve-se ressaltar que em termos
de R2 , este é decrescente com o aumento do núr..ero de golpes. O R2
co:::respondente a 10 golpes, ainda que bastante alto, só é superior
ac correspondente a 8 golpes por face. De qualquer forma, deve ser
sa:ientado que as diferenças de R2 são muito pequenas, tanto quando
se consideram as massas especificas secas máximas ou as umidades
ótimas. Assim, a simplificação operacional de aplicar 10 golpes numa
única face parece ser uma opção viável e atraente, fornecendo bons
resulta dos para a massa especifica seca máxima e um pouco piores
para as umidades ótimas.
A continuidade das pesquisas, incluindo um universo maior de
solos e envolvendo diferentes laboratórios e operadores, além da
utilização de uma análise estatística mais apurada, permitirá
confirmar as conclusões parciais relatadas neste trabalho. Com isto
se poderá definir se os dois ensaios são equivalentes para qualquer
selo ou se é preciso estabelecer diferentes correlações considerando
determinados conjuntos de solos.

3 • CONCLUSÃO

Os resultados preliminares referentes a quarenta amostras de


solos mostram excelente correlação entre os parâmetros obtidos no
ensaio Proctor Normal e no ensaio Mini, quando se aplicam 5 golpes
por face do corpo de prova. Em termos práticos é possivel, em
primeira aproximação, supor que os resultados do ensaio Mini são
e~uivalentes aos do ensaio Proctor Normal. Contudo, antes da
utilização desses resultados, faz-se necessário ampliar o alcance da
pesquisa envolvendo um universo maior de amostras ensaiadas e
diferentes laboratórios e operadores, para ter-se um controle mais
abrangente da relação entre os dois tipos de ensaios. Esse controle
deve envolver, principalmente, a reprodutibilidade dos ensaios Mini,
a influência do operador e a variabilidade própria de cada um dos
tipos de ensaio em análise, buscando-se verificar se uma única
e~úação atende a todos os solos ou se é necessário estabelecer
diferentes equações para diferentes grupos de solos.

4.BIBLIOGRAFIA

AB!'T (1986)"Solo - Ensaio de Compactação: NBR 7182/86", lOpp.


ASTM (1989)"Annual Book of ASTM Standards - D 698-78 Standard Test
Methods for Moisture Density Relations of Soils and Soil
Aggregate Mixtures ..... ", Vol 04.08, Philadelphia.
220

DE~-SP (1988) " M 191/88 - Ensaio de Compactação de Solos com


Equipamento Miniatura ", 20p.
HEJ..D, K.H. (1984) "Manual of Soil Laboratory Testing", Vol. II,
Pentech Press, London.
NO:;AMI, J.S. (1972) "Determinação do Indice de Suporte Califórnia
com Equipamento de Dimensões Reduzidas (Ensaio Mini-CBR) ", II
Reunião das Organizações Rodoviárias, Brasilia, DF.
NO:;AMI, J.S. e VILLIBOR, D.F. (1961) "Urna Nova Classificação de
Solos para Finalldades Rodov1ár1as", Simpósio Brasileiro de
Solos Tropica1s em Engenhar:a, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro.
O'E.AHERTY, C.A., EDGAR, C.E. & DAVIDSON, D.T. 11963) "Iowa State
Cornpaction Apparatus for ~easurernent o f Srnall Soll Sarnples",
HRR, No. 22, p. 48 - 63.
PINTO, c.s. (1965) "Equipamento Reduzido para Moldagern de Corpos de
Prova Solo-Aditivo", IPR, Publ. 87-GTM-65-01, Rio de Jane1ro.
PROCTOR, R. R. (1933) "Fundamental Principles of Soil Cornpaction".
Eng. News Record, 111, N 9, pp 245-248.
SORIA,M.H.A e FABRI, G.T.P. (1980) "O Ensaio de MINI-MCV - Um ensaio
de MCV-Moisture Content Value, com corpos de Prova de Dimensões
Reduzidas", XV Reunião Anual de Pavimentação, ABPv, Belo
Horizonte.
WILSON, S.D. (1950) "Srnall Soil Cornpaction Apparatus Duplicates
Field Results Closely". Eng1neering News-Record, 2, Novernber.
221

COMPORTAMENTO COLAPSÍVEL DE UM SOLO LATERÍ'TICO


COMPACTADO

Vilar, O. M. (EESC!USP)
Gaioto, N. (EESC!USP)

RESUMO

Em muitas obras de engenharia é comum a consttuçlo de aterros, que slo simplesmente


lançados ou pobremente compactados, geralmente com baixo teor de umidade. Esses aterros podem
sofrer recalques acentuados, devidos à sua alta compressibilidade, como também deformações por
colapso, quando ocorre aumento do teor de umidade do solo. Tem-se também verificado, que mesmo
aterros relativamente bem compactados podem sofrer deformações por colapso, desde que
determinadas condições ocorram. Neste trabalho, slo apresentados resultados preliminares, sobre a
iDfiuência da umidade de compactação e da sobrecarga, nas deformações produzidas em um solo
latcritico compactado, bastante utilizado como material de construçlo para aterros no interior do
Estado de Slo Paulo.

Os solos colapsíveis caracterizam..se por sofrer reduções de volume, :IOb tensões totais
constantes, quando seu grau de saturaçio é aumentado. A literatura geotécnica apresenta muitos
artigos que tratam do coillpso de formações naturais pouco densas, porém slo raros os registros que
tratam do problema de colapso em aolos compa.ctados.

Embora a compac:taçlo seja um processo que enstJa a melhoria das caracteristicas geotécnicas
de um· solo, dentre elas a nduçlio da compressibilidade, há diversas situações em que aterros slo
simplesmente lançados ou pobremente comp~os (baixa densidade e/ou umidade). Podem situar-se
dentro desse c:onteláo os 11tem111 construidos a partir de rejeitos de mineração, bota-foras, aterros
construidos em regiões áridas e semi-áridas, dentre outros exemplos. Nesses casos, conjuntamente com
u deforrnaç&s devidas à elevada compressibilidade desses maciços, também podem ocorrer
deforrnaç&s por colapao, caso haja um aumento no teor de umidade do solo.

Além desses casos, tem-se .verificado que, mesmo aterros relativamente bem compactados,
podem aofrer deiormações por colapso, sob determinadas condições. Diferentemente dos colapsos
observados em formações naturais, comumente condicionados pelos estratos mais superficiais , em
solos compãaados o fenômeno parece ser condicionado pelas porções mais profundas do aterro, onde
u tensões devidas ao peso próprio slo mais elevadas (Brandon et ai., 1990; Lawton et ai., t992).

No interior do Estado de São Paulo, muitas obras, desde pequenos aterros até grandes
barragens, têm sido construidas com solos de natureza laterítica, abundantes nessa regilo. Nos
pequenos empreendimentos, o controle de compactação é precário, quando não inexistente, o que dá
origem a diversos problemas provocados por recalques excessivos.

Este trabalho apresenta os resultados preliminares de um programa experimental, conduzido


para se verificar alguns aspectos que condicionam o comportamento colapsivel de solos laterlticos
compactados. Especificamente, Sfri. abordada a influência do teor de umidade e da sobrecarga nu
deformações produzidas por inundaçlo das amostras de solo.

2, CARACfERÍSDÇAS 00 SOW ESDJDADO

O solo ensaiado é uma areia fina argilosa com 44% de suas particulas pasaando na peneira #200
(0,074mm), limite de liquidez de 35%, limite de plasticidade de 25%, e massa especifica das partk:u1u
de 2, 74 y/crW. De acordo com a classificaç!o unificada, enquadra-se na categoria SC, enquanto,
pedologicamente, trata-se de um latossolo vermelho amarelo, fase am10sa. Na clusificaçlo MCT
(Nogami & Vdhõor, 1981) tal solo é classificado como LG', ou seja, argila ou argila arenosa de
comportamento laterítico. No ensaio de compactação Proctor Normal, a massa especifica seca máxima
obtida foi de 1,79 y/cml e a umidade ótima de 17,2%.
Para a verificação do comportamento ao colapso, recorreu-se ao ensaio de adensamento
edométrico, onde as amostras foram inundadas após equillbrio das deformações sob uma carga de
interesse. Os corpos de prova foram compactados dinamicamente, fazendo-se variar tanto a umidade
quanto a densidade de moldagem. As umidades foram de 10"/o, 17,2% e 20"/o, enquanto as mauu
especificas secas foram de 1,30; 1,50; 1,65 e 1,79 y/cml. As sobrecargas sob as quais ali amostras
foram inundadas foram de 50, 100, 200, 400 e 800 kPa. Deve-se fiisar que nlo foram feitas todu u
combinações possiveis entre massa específica seca, umidade e sobrecarga, restando ainda realizar
ensaios com sobrecargas mais elevadas , principalmente para amostras compactadas com maiores
densidades.

3.AJ'iÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A Figura I mostra as deformações provocadas por inundação em funçlo das sobrecargas de


~o, para as 8Jil05tras moldadas com teor de umid~e de 10"/o e difer~:~~._!es ~específicas. PO<ie-
222

ae distinguir claramente um aumento das defonnações com a dinünuição das massas especificas, até a
máxima sobrecarga de ensaio (1200 kPa). A baixa umidade de compactação torna o solo bastante
rigido o que lhe permite suportar altas cargas com pequenas deformações, nessa faixa de sobrecargas.
Assim, quando o solo inundado tem indice de vazios relativamente alto, sofre colapsos crescentes com
a sobrecarga. Pode-se supor que, à medida que as sobrecargas superem 1200 kPa, as deformações por
colapso passe,;: por um máximo e depois tendam a dinünuir. De fato, sob altas tensões, as deformações
devidas apenas ao carregamento devem crescer e conduzir o solo a um estado mais denso e por
consequência menos propenso a sofrer colapso. Digno dé nota, ainda, é o comportamento exibido pela
amostra mais densa (pd = 1,79 glcm3 - GC = 100"/o). Ainda que as deformações por umedecimento
sejam despreziveis até a sobrecarga de 800 kPa, há uma tendência de crescimento do colapso com a
sobrecarga, chegando-se a uma deformação da ordem de 8%, na sobrecarga de 1200 kPa. Isto mostra
a possibilidade de ocorrência de deformacões apreciáveis nesses solos bem compactados, porém com
carência de umidade.

20

-4
o 200 400 600 800 1000 1200
Tensão Total (kPa)

--m-Pd =1,79 g/cm3 -e-Pd =1,65 g/cm3 ----Pd =1,50 g/cm3 -.-Pd =1,30 g/cm3

Figura I: Deformações por inundação, em função das sobrecargas, para amostras moldadas com I 0%
de unúdade.

A Figura 2 mostra as deformações para amostras moldadas com teor de unúdade de 17,2%,
correspondente à unúdade ótima. Neste caso, o comportamento é diferente do observado na unúdade
de 10%, visto que os colapsos são crescentes com a sobrecarga, porém, após passarem por um
máximo, decrescem. Com exceção da amostra menos densa (pd = 1,30 glcm3), todas as demais
mostraram defonnações praticamente nulas na sobrecarga de 800 kPa. O ponto de máxima deformação
por colapso tende a ocorrer em sobrecargas menores, à medida que a massa específica seca dinünui.
Isto parece indicar que o teor de unúdade, com o qual foi compactada a amostra, favorece a
densificação do solo provocada pelas sobrecargas aplicadas de sorte que os indices de vazios, quando
da inundação, são relativamente baixos tomando o solo insensível às deformações produzidas pelo
umedecimento.

Na Figura 3 estão as deformações observadas nas amostras ensaiadas com teor de umidade de
20%. Como se pode notar, as deformações são baixas e apenas na amostra compactada como pd =
1,50 glcml (GC = 84%) e inundada na sobrecarga de 400 kPa, a deformação por colapso supera 1,5%.
As amostras com maior densidade e com elevados graus de saturação, anteriormente à inundação,
mostram-se praticamente insensíveis às deformações por colapso, como seria de se esperar.
Por fim, api"esen~-se na Figura 4 um gráfico tentativo que p~ra separar ~ faixas de
possibilidade de oc:Orrência de colapso etn função da sobrecarga e da UllUdade volumétrica do solo.
Este lndice físico, de uso pouco frequente em Mecânica dos Solos, consiste na relação entre o volume
de água e o volume -total do solo. Pode-se mostrar também que esse indice reflete o produt~ entre
densidade seca e teor de unúdade (em peso), dois índices essenciais para descrever as caracteristlcas de
aolos compactados e que pode ser útil para quantificar o comportamento desses solos. Os valores
•.assinalados em cada ponto são as deformações por colapso medidas e as curvas correspondem a
defonilações de 2%, valor comumente tomado como linúte para definir um solo colapslvel 01 argas,
1978).

4.1. o aolo lateritico estudado, compactado com deficiência de umidad~ (7% ab~o da ótima)
mostrou deformações por colapao creacentes com as sobrecargas. Quanto nwor 1 dCilSI~e com ~e
a compactado 0 solo, menores 01 colapsos, porém, mesmo o solo compactado na dens1dade máxima
do Proctor Normal mostrou deformaçio significativa quando 1 sobrecarga era alta.

4.1. aolo, na umidade ótima do Proctor Normal, mostrou colapsos apreciáveis ~do seu grau de
o
c:ompectaçlo era baixo (CG < 84%). Neste caso, as defonnações passam por um máximo e tendem a
amdlr-ae l medida que a aobrecarga cresce.
223

10
-
~
o 8
..........
o
•rn
C> 6
rn
E
"-
4
.EQ)
2
o
o
o 200 400 600 800
Tensão Total (kPa)

I w Pd=1,79g/cm3 o Pd=1,65g/cm3 • Pd=1,50g/cm3 • Pd=1,30g/cm31

Figura 2: Deformações por inundação, em função das sobrecargas, para amostras moldadas com
17,2% de umidade.

2 ~--------------------------------~

-~1.5
o
I~
ro 1
E
....
~ 0.5
o
0~--~==r=~F=~==~==~==~

100 200 300 400 500 600 700 800


Tensão Total (kPa)

j--m-Pd= 1,79g/cm3 -a-Pd= 1.65g/cm3 ---Pd= 1,50g/an31

Figura 3: Deformações por inundação, em função das sobrecargas, para amostras moldadas com 20"/e
de umidade

0.36 ...
~~~u,. ~.u------~mv. vr---------~,mu,. ur---------~

5
"I::
... o.o ... o.o ... 0.1

:a> 0.30 ··········--fl:t······ .........


-·······-.,....,.,.-···-····-····N'Ao·· · ··-···-:8:9········--·-- ······················-················
E '1'0.0 ... o.a COLAPSfVEL '1'0.0
::I
·········--..~~~~---·!º:.1...................................................
~ 0.24
Cl)
"C
"'1·i:s7
...,.,. · YQ.O Y4.2 . -
COLAPSIVEL - -Y3.8
-- - - -
-- ---
~
tU
:2 0.18 ·--::o--1----·--··-·----;;·a.7------------···-········-·-.o:a-···--··-···-··--···-··········- 7.4
E .. ~:e '0'7.8
3.3 '0'2.3
'0'3.7
•8.8
·~ 18.2
111.3
::::>
0.12 +----r-----,---.------r---.----1
o 200 400 600 800 1000 1200
Tensão Total (kPa)

Yasun 4: Regiões prováveis de ocorrencia de colapso , em funçlo das sobrecargas e da umidade


volumétrica do solo.
224

-'.3. Acima da umidade ótima, os co~ fonm praticamente desprenveis, para todo~ os graus de
compactaçlo utilizados.

S.BIBLIOGRAliA

Brandon, T.L.; Duncan, J.M. & Gardner, W.S. (1990) Hydrocompression Settlement ofDeep Falls. J.
ofGeotech. Engn., Vol. 116, N. 10, October, pp. 1536-1548.

Lawton, E. C.; Fragaszy, R.J. & Hetherington, M.D. (1992) Review of Wetting-Induced Collapse in
Compacted Soü. I. ofGeotechnical Engn., Voi. 118, N. 9, September, pp. 1376-1394.

Nogami, J.S. & Vdh'bor, D.F. (1981) Uma Nova Classificaçlo de Solos para Fins Rodoviúioa. Anail
Simpósio Bru. de Solos Tropicais em EngeMuia, pp. 30-41, Rio de Janeiro.

Vargas, M. (1978) lntroduçio à Meclnica doa Solos, Mc:Graw Hill do Bruil Ltda
225

DEFORMAÇOES POR COLAPSO EM UM SOLO


LATERÍllCO COMPACTADO

Orencio Monja Vilar


Nélio Gaiato

Escola de Engenharia de Sao Canos - USP

RESUMO

A literatura geotécn1ca tem reconhec1dc que mesmo aterros


re:atlvamente bem compactados podem sofrer deformações por colapso,
se::; determinadas condições. Por outro lad:., ha uma grande
d.:. versidade de obras em que aterros são simplesmente lançados ou
p:.:::-remente compactados, com baixas densidades e/ou com defic1ênc:a
de umidade. Apresentaxr.-se, neste trabal!'lo, res·.;: tadcs J=.::-ellrninares
acerca do comportamento colapsível de lL" solo la:er:.tlco compactado.
As influências da massa especifica seca e da um:àaàe de compactação,
e:: função das sobrecargas, são a:-:alisadas e ressalta-se a
'-:::.;::ortãncia de teor de unüdade como condic1c:.adcra dos colapsos
J[ejidos.

l. INTRODUÇÃO

A compactação consiste num processo que perxr.:te a melhoria das


características geotécnicas de um selo, como pc:: exerr.plo, o aumente
áe sua resistênc1a ao cisalharnentc ou a redução de sua
ccrnpressibi l idade. Não obstante sererr. sobe] a::-. ente conhec 1 dos os
beneficios da compactação, são inúmeros os exemF~Os de construção de
a:erros por simples lançamento do sole ou que sã::> mal compactados,
se;a por deficiência de umidade ou de der:s1dade.
A alta compressibilidade desses aterros J:.al construidos pode
resultar em deformações significativas; contudo, a estrutura aberta
desses solos pode ensejar deformações adiciona:s por colapso, caso
ocorra um aumento no seu teor de umidade.
Os solos colapsiveis caracterizam-se por uma estrutura
instável na qual as partículas permanecem em sua posição graças a
algum vinculo temporário, tais corno cimentos solúveis ou tensões
capilares e de adsorção. A adição de água, mantida constante a
tensão total atuante sobre o solo, reduz ou elimina a ação desses
v:.nculos, o que provoca um rearranjo da estrutura e uma redução de
volume do solo.
Vãrios são os tipos de solos sujeitos a colapso, podendo-se
citar os sedimentos arenosos la ter i ticos do interior do Estado de
São Paulo (Vargas, 1973; Vilar et al~, 1981) ou os loesses (Dudley,
1970). A literatura geotécnica relata muitos casos de colapso em
fonnac;ões naturais pouco densas, porém sao poucos os artigos que
tratam do problema em solos compactados. Nesses solos,
diferentemente dos colapsos observados em formações naturais, em
geral condicionados pelos estratos mais superficiais, o fenômeno tem
sido associado aos estratos mais profundos do aterro, onde as
tensões devidas ao peso próprio são mais elevadas (Brandon et al.,
1990; Lawton et al., 1992).
Os solos de natureza lateritica, abundantes no interior do
Estado de São Paulo, têm sido empregados em inúmeras obras, desde
pequenos aterros até grandes barragens. Em muitas situações, quando
a compactação é precária, surgem di versos problemas provocados por
recalques excessivos em aterros construidos com esses solos.
Neste trabalho, determinados aspectos do comportamento
colapsivel de um solo lateritico compactado são abordados, dando-se
ênfase à in f 1 uênci a do teor da um1dade, da massa especi f 1 c a seca e
da sobrecarga de ensaio nas deformações or:g1nadas pela lnundação de
amostras de solo em laboratór1o.

2. CARACTERÍSTICAS DO SOLO ESTUDADO

O solo ensaiado é uma are1a fina argllosa, com 44~ de suas


partículas passando na peneira #20G 10, 074mmJ, l:xr.l te de liqu1dez de
35!, limite de plastlcidade de 25~, e massa especif1ca das
pa.!:ticulas de 2, 74 g/cm~. De acorde com a class1:'icação un1f1cada,
enquadra-se na categoria se, enquanto, pedolog1camente, trata-se de
wr. latossolo vermelho amarelo, fase arenosa. t~a class.iflcação Me:
(Nogarni & Villibor, 1981) tal solo é 1den:::'1cad:. corr.o :..G', ou se::a,
argila ou argila arenosa de comportamento late::-ítlcc. No ensa1c de
corr,pactação Proctor Normal, a massa específica seca max i ma obt 1 da
foi de 1,79 g/cm' e a umidade ótima de 17,2!.
Para a ver1ficação do comportamento ao colapso, !"eCo!"reu-se ac
226

er:.saio de adensamento, onde as amostras f.oram inundadas após


e~~ilibrio das deformações sob uma carga de interesse. Os corpos de
prova forarr. compactados dinamicamente, fazendo-se variar tanto a
urr.:.dade quantc a der.sidade de moldagem. As umidades foram de 10-!;-,
17,2-%" e 20-%, enqüanto as massas especificas secas foram de 1,30;
1,50; 1,65 e 1,79 g/cm~. As sobrecargas sob as quais as amostras
foram inundadas foram de 50, 100, 200, 400, 800 e 1200 kFa. Deve-se
frisar que não forarr. feitas todas as combinações possíveis entre
massa específica seca, umidade e sobrecarga, restando ainda realizar
er.saios com sobrecargas mais elevadas , principalmente para amostras
co~pactadas com maiores densidades.

3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A Figura 1 engloba as deformações origlnadas por inundação, err.


função das sobrecargas, para os corpos de prova compactados na
umidade de 10%, porém com diferentes massas especificas secas. A
tendência das deformações por colapso é de aumento com as
sobrecargas, qualquer que seja a massa especifica seca da amostra.
De fato, mesmo a amostra mais densa (pd. = 1, 79 g/cm3 ou GC = lOOtl
mostrou uma significativa deformação por colapso (da ordem de 8%),
na sobrecarga de 1200 kPa.

o 200 400 600 800 1000 1200


Tendo Total (kPa)

Pd =1,30 g/cm3 Pd = 1,50 g/cm3 Pd = 1,65 g/cm3 Pd =1,79 glcm3

Figura 1: Deformações por inundação, em função das sobrecargas, para


amostras moldadas com 10% de umidade.

Além do aumento das deformações com a sobrecarga, sobressai-se


também o fato de que as deformações são tanto maiores, quanto
menores são as massas especificas.
À primeira vista, as baixas densidades poderiam estar
associadas a elevadas compressibilidades. Se isto de fato ocorresse,
seria de se esperar que a aplicação das sobre:::argas conduzisse o
solo a um estado mais denso, e, por isso mesmo, menos susceptível a
sofrer colapso. No entanto, a baixa umidade de :::ompactação torna o
solo bastante rígido e apto a suportar as cargas aplicadas nos
ensaios, com pequenas deformações. Assim, quandc o índice de vazios
anteriormente à inundação é relativamente alto, os colapsos mostram-
se crescentes com a sobrecarga. Pode-se supor que as deformações por
colapso não devem crescer indefinidamente com as sobrecargas. De
fato, sob altas tensões, as deformações devidas apenas aos
carregamentos devem crescer e conduzir o solo a um estado mais denso
e, por consequência, menos propenso a sofrer colapso.
A Figura 2 mostra as deformações para amostras moldadas com
teor de umidade de 17,2%, correspondente à urr.idade ótima. Neste
caso, o comportamento é diferente do observado na umidade de 10%,
visto que os colapsos são crescentes com a sobrecarga, porém, após
passarem por um máximo, decrescem. Com exceção da amostra menos
densa (pd 1,30 g/cm 3 ), todas as demais mostraram deformações
praticamente nulas na sobrecarga de 800 kPa. O ponto de máxima
deformação por colapso tende a ocorrer em sobrecargas menores, à
medida que a massa especifica seca diminui. Isto parece indicar que
o teor de umidade, com o qual foi compactada a amostra·, aumenta a
sua compressibilid-ªde. A aplicação das sobrecargas comprime o solo
até índices de vazios relativamente baixos tornando o solo
praticamente insensível às deformaçOes produzidas pelo umedecimento.
227

10

o
o 200 400 600 800
Tenslo Total (kPa)

-
Pd = 1,30 g/cm3 Pd = 1,50 g/cm3 Pd = 1,79 g/cm3

Figura 2: Deformações por inundação, em função das sobrecargas,


para amostras moldadas com 17,2% de umidade.

Os resulta dos correspondentes às amostras ensaiadas com teor


de umidade de 20% (não apresentados aqui) revelaram deformações por
colapso praticamente despreziveis, mesmo para a amostra compactada
com pd = 1, 50 g/cm 3 (GC "' 84%). A alta compressibilidade conduz o
solo a um estado mais denso, anteriormente à inundação. Este fato,
associado aos elevados graus de sa.turação, fazerr. com que as
deformações por colapso sejam irrelevantes, como seria de se
esperar.
Os resulta dos anteriores são mostrados de outra forma, nas.
Figuras 3, 4 e 5, para ressaltar a influência da massa especifica
seca (ou do grau de compactação) .
A Figura 3 mostra as deformações provocadas por umedecimento
das amostras, em função das sobrecargas de ensaio para os corpos de
prova moldados com Pd = 1,50 g/cm3 (GC = 84%) e diferentes teores de
umidade. Como ser i à de se esperar, as amostras com baixo teor de
umidade (w 10%) mostram grandes deformações, as quais são
crescentes com as sobrecargas. A estrutura dessas amostras mostra-se
bastante rigida, provavelmente devido a fenômenos capilares, e é
capaz de resistir a altas sobrecargas, ·sem deformações apreciáveis.
Com a inundação, os vincules capilares são elimiandos e ocorrem
grandes colapsos. Na umidade mais alta (w • 20!.1, os colapsos sâo
praticamente despreziveis, enquanto na umidade 6tima (w • 17, 2í l
mostram-se crescentes até a sobrecarqa de 400 kPa, quando atinqem
valores da ordem de 6%, para entâo decrescerem e tornarem-se
praticamente nulo·s na sobrecarga de 800 kPa.
Na Figura 4, estão os resultados das amostras ensaiadas com
~ • 1,65 gfcml, o que corresponde a um grau de compactaç&o de 92%.
Novamente, nota-se a grande influência da deficiência de
umidade nos colapsos . observados nas amostras compacta_das com pd •
1, 65 gfcm3 (Fiqura 41. Na umidade de 10%, os colapsos revelam-se
crescentes até a máxima sobrecarqa de ensaio. Já em umidades iquais
ou superiores à 6tima·, os colapsos s&o desprezi veis.
A Figura 5 traz os resultados para as amostras ensaiadas com
Pd 1,79 qfcm3 (GC 100%). Neste caso, a maior densidade
praticamente elimina os efeitos de colapso, até sobrecarqas de 800
kPa. Contudo, é de se ressaltar a deformação medida na sobrecarga de
1200 kPa, para amostra com w • 10%, o que acentua a importância da
deficiência de umidade no colapso desses solos ccmpactados.
Por fim, apresenta-se na Figura 6 um gráfico tentativo, que
procura separar as faixas de possibilidade de ocorrência de colapso
em função da sobrecarga e da umidade volumétrica do solo. Este
indice fisico, de uso pouco frequente em Mecânica dos Solos,
consiste na relação entre o volume de água e.o volume total do solo.
Pode-se mostrar, também, que esse indice reflete o produto entre
densidade seca e teor de umidade (em peso), dois indices essenciais
para descrever as caracteristicas de solos compactados e que pode
ser útil para quantificar o comportamento desses solos. Os valores
assinalados em cada ponto são as deformações por colapso medidas e
as curvas correspondem a deformações de 2%,. valor comumente tomado
como limite para definir um solo colapsivel (Vargas, 1978).
228

20 w•10% wa17,2% w• 20%

- 16

..•
f.
o
C>
12

E 8
.$!
c• 4

o
i
o 200 400 600
Tenslo Total (kPa)
800 1000 1200

Figura 3: Deformações por inundação, em função das sobrecargas, para


amostras moldadas com pd = 1. 50 gfcrn3 (GC = 84~.'.

20

--
w=10% w = 17,2% w=20%

-
16
_.,..__
~
..•
o
C>
12

8
E
.$!
c• 4

o 200 400 600 800 1000 1200


Tendo Total (kPa)

Figura 4: Deformações por inundação, em função das sobrecargas para


amostras moldadas com Pd = 1,65 g/cm3 (GC s 92%).

--
w .. 10% wa 17,2% w=20%

~
.•
o
C>
6

4
--- -
E 2
.$!
c•
o

-2
o 200 400 600 800 1000 1200
Tenslo Total (kPa)

Figura 5: Deformações por inundação em função das sobrecargas, para


amostras moldadas com pd = 1,79 g/crn3 (GC = 100%)

4. CONCLUSÃO

Dentre os parâmetros estudados, massa especifica seca e teor


de umidade, e considerando as sobrecargas empregadas nos ensaios, o
teor de umidade revelou-se o mais importante condicionador das
deformações por colapso medidas. De fato, para qualquer massa
especifica seca, as deformações revelaram-se cre§.çentes com as
229

0.40

0.35 61.0

•u
..=
li
e
0.30
60.0

U.!
60.0 60.0
60.1

....~~

;! 0.25 .~2't. 601


"D •
1
·1 67. ~-
------

"D 0.20
/ At.o 64.2
COLAPSIVEL - - -
c .1 • 0.2 • u • 7.4
:::1
0.15 • :u Hl Hi:D 611.2
3 ·~

o 200 400 600 800 1000 1200


Tenslo Total (kPa)

Figura 6 - Regiões prováveis de ocorrência de colapso, em função das


sobrecargas e da umidade volumétrica do solo

sobrecargas, para as amostras ensaiadas com de!iciência de umidade


(w - w0 t = -7%). Mesmo com grau de compactaçã:: de 100%, ocorreram
deformações significativas para sobrecarga de 1Z2-0 kPa.
Na umidade ótima, os corpos de prova ensaiados com GC < 84%
mostraram deformações crescentes até um de~erminado valor de
sobrecarga, para decrescerem até valores despreziveis na sobrecarga
de 800 kPa. Acima desse grau de compactação, os colapsos foram
despreziveis, em qualquer sobrecarga até 800 kPa.
Nas altas umidades de compactação (cerca de 3% acima da
umidade ótima), as deformações por colapso revelaram-se
insignificantes, mesmo para as amostras compactadas com baixas
massas especificas secas( graus de compactação inferiores a 92%)
A complementação do programa de investigações previsto, com o
ensaio de amostras com sobrecargas superiores a 1200 kPa, permitirá
esclarecer se as deformações por colapso podem ser significativas em
aterros de grande altura, e sob que condições de compactação isto
poderá ocorrer.

5. BIBLIOGRAFIA

Brandon, T.L.; Duncan, J.M. & Gardner, W.S. (1990) Hydrocompression


Settlement of Deep Fills. J. of Geotech. Engn., Vol. 116, N. 10,
October, pp. 1536-1548.

Dudley, J.H. (1970) Review of Collapsing Soils. Journal of the Soil


Mech. and Found. Div., vol. 96, pp. 925-947.

Lawton, E.C.; Fragaszy, R.J. & Hetherington, M.D. (1992) Review of


Wetting-Induced Collapse in Compacted Soil. J. of Geotechnical
Engn., Vol. 118, N. 9, September, pp. 1376-1394.

Nc.garni, J.S. & Villibor, D.F. (1981) Urna Nova Classificação de Solos
para Fins Rodoviários. Anais Simpósio Bras. de Solos Tropicais
em Engenharia, pp. 30-41, Rio de Janeiro.

Va:::gas, M. (1973) Structuraly Unstable Soils in Southern Brazil,


Proc. VIII Int. Conf. on Soil Mech. and Found. Eng., Moscow,
vol. 2.2, pp. 239-246.

Va:::gas, M. (1978) Introdução à Mecânica dos So2.os, McGraw Hill do


Brasil Ltda

v::ar, O.M.P.; Rod:::igues, J.E. e Nogueira, J.B. (1981) Solos


Colapsiveis: Um Problema para a Engenharia de Solos Tropicais,
Anais I Simpósio Brasileiro de Solos Trop~cais em Engenharia,
pp. 199-208, Rio de Janeiro.
230

DEFORMAÇÕES VOLUMÉTRICAS INDUZIDAS POR REDUÇÃO DE


SUCÇÃO EM UM SOLO COMPACTADO

Vilar, O. M. (EFSC/USP)

Apresentam-se resultados de ensaios conduzidos para


avaliar as deformações provocadas pelo umedecimento de um solo
argiloso compactado com baixa densidade e baixa umidade. o efeito do
umedecimento gradual da amostra foi medido em ensaios com sucção
controlada. As deformações foram mais significativas nos niveis mais
baixos de sucção (inferiores a 500 kPa} e máximas quando a sucção
foi reduzida a zero. Para sucção nula, notou-se uma tendência de
expansão das amostras nas baixas sobrecargas, enquanto para
sobrecargas superiores a 160 kPa as deformações foram devidas a
colapso.

1 • INTRODUÇÃO

Os solos colapsiveis caracterizam-se por uma estrutura


instável na qual as partículas permanecem em sua posição graças a
algum vinculo temporário, tais como cimentos solúv·eis ou tensões
capilares e de adsorção. Costuma-se designar como verdadeiramente
colapsivel aqueles solos que experimentam colapso apenas pela adição
de água, porém, são mais comuns as ocorrências em que o solo sofre
colapso pela atuação conjunta de uma carga e de umedecimento
posterior.

Vários são os solos sujeitos a colapso, como os sedimentos


arenosos que recobrem vastas áreas no interior do Estado de São
Paulo ou os loesses da Europa Central (Dudley, 1970; Vargas, 1973;
Vilar et. al., 1981}. Além das ocorrências naturais, registram-se
deformações por colapso em solos compactados, principalmente
naqueles compactados em baixas umidade e densidade (Barden & Sides,
1969; Collins & McGown, 1974) .

O processo rotineiro de detecção , em laboratório, das


características colapsiveis de um solo consiste em se efetuar
ensaios convencionais de adensamento com a amostra em sua condição
natural de umidade. Esta é inundada (procurando a saturação) quando
o solo se encontra em equilíbrio, sob uma determinada carga de
interesse.

Conquanto a situação de completa saturação seja a mais


critica e possa ocorrer em algumas ocasiões, como, por exemplo, em
fundações de barragens, é forçoso reconhecer que há uma diversidade
de casos em que ocorrem deformações devidas a variações de umidade,
porém sem completa saturação do solo. Recalques observados em
residências na região de São Carlos (SP) e recalques em aterros
(Lawton et al., 1989) se constituem em evidências desses fatos.

O objetivo deste trabalho é verificar como se desenvolvem


as deformações produzidas por redução gradual de sucção em um solo
de características expansivas, compactado a baixas umidade e
densidade.

2. CONDICIONAMENTO E REALIZAÇ!o DOS ENSAIOS

Para a realização dos ensaios, o solo foi compactado


estaticamente em anéis que tinham diãmetro de 70 mm e .altura de 20
mm, empregando um molde desenvolvido para tal fim. Os parâmetros de
moldagem foram pd = 1,23 g/cm3 e w = 22%.

o solo ensaiado, uma argila cinza, apreselita


características expansivas, porém contém uma pequena quantidade de
argilo minerais da familia das esmectitas, prevalecendo a ocorrência
de micas e de caulinitas, com uma capacidade de troca catiõnica de
42 meq/100g (Presa,1982).

O limite de liquidez corresponde a 71% e o limite de


plasticidade a 36%. A massa especifica dos sólidos. é de 2,70g/cml,
enquanto o ensaio de compactação Proctor Normal forneceu pdmáx
1,325 g/cm3 e wot • 33,6%.

Nos ensaios a sucção controlada empregou-se a célula de


Escario (Escario & Saez., 1973) cujo esquema aparece na Figura 1.
Esta célula, cujo principio baseia-se na técnica de translação de
eixos, permite a aplicação de sucções até valores da ordem de 15
MPa. Na base da célula existe uma pedra porosa, sobre a qual se
coloca uma membrana de celulose (membrana tipo Visking - tamanho 20
- 5,5", com 0,05 mm de espessura. Fornecedor: Medicell International
- 239 Liverpool Road N1 1LX) que tem a principal característica de
permiti_r Q fluxo de áCllla, porém não o de ar. A p_ed.ra ~l'Q§Jl e a
231

membrana ficam em contacto com àgua à pressão atmosférica, que por


sua vez é transmitida ao corpo de prova que repousa sobre a
membrana.

Para atingir-se a sucção desejada, aplica-se uma pressão


ao ar dentro da célula, que atuarà também no ar dos vazios do solo.
Na aplicação dessa pressão utilizou-se nitrogênio contido em um
botijão. Dessa forma, a pressão no fluido gasoso presente nos vazios
do solo terà um valor conhecido e corresponder! exatamente ~ sucção
atuante no solo, jà que, como se recorda a sucção corresponde à
diferença entre as pressões atuantes no ar e na água de um solo
parcial~ente saturado.
Um aspecto a levar em conta refere-se à deformabilidade do
equipamento e da membrana, principalmente quando as deformações do
solo em ensaio- si!.o pequenas. A aplicaçi!.o da sobrecarga desejada em
uma única etapa tende a minimizar os problemas de deformabilidade
(Escario & Saez, 1973).

MANOMETRO

PEDRAS

MEMBRANA
CORPO DE PROVA

Figura 1 - Célula para ensaio de adensamento com sucção controlada


Após montagem do corpo de prova na célula, aplicavam-se o
primeiro carregamento, correspondente a 40 kPa, e a pressão de
nitrogênio, em geral de 3500 kPa, esperando-se estabilizar as
deformações devidas a essas solicitações. Escolheu-se essa tensão
inicial por que alguns testes revelaram que para essa tensi!.o as
deformações produzidas eram despreziveis. Além disso, tinha-se o
beneficio de uma carga razoàvel sobre a célula o que impedia
movimentos indesejáveis nas operações de manuseio do equipamento
para aplicação das pressões ao ar, através do botijão de nitrogênio.
o valor da sucção inicial aplicada correspondia, aproximadamente, à
sucção que o solo tinha após compactado.
Uma vez estabilizadas as deformações (após quatro ou cinco
dias), aplicava-se o incremento de carga desejado, esperando-se a
nova estabilização das deformações, quando enti!.o se dava inicio à
redução da sucção, atraves da diminuição da pressão de nitrogênio.
Nessa figura, uma é a curva do ensaio a umidade constante
(inundado na sobrecarga de 1280 kPal e a outra a curva admitida como
correspondente ao solo saturado (inundado na sobrecarga de 80 kPa).
Aparecem, também, superpostas, as deformações observadas em cada uma
das sobrecargas em que os corpos de prova foram inundados.
Digno de nota é o fato de que, dependendo da sobrecarga, o
solo tende a expandir ou sofrer colapso. Para a sobrecarga de 80 kPa
houve expansão e para sobrecargas superiores a 160 kPa, colapso.
Os· colapsos registrados são crescentes com as sobrecargas,
até 640 kPa. A partir dai não se notou um crescimento acentuado das
deformações (deve-se considerar que, acima de 640 kPa, hà apenas um
ensaio a mais, com sobrecarga de 1280 kPal . Este comportamento de
colapso crescente com a sobrecarga tem sido notado em diversos solos
(Justo et al., 1984}, porém destoa do ~bservado em solos lateriticos
do Centro-Sul do Brasil, que mostram, comumente, colapsos crescentes
até um certo valor de sobrecarga e a partir dai, decrescentes
(Vargas, 1973; Vilar, 1979}.
Nessa figura encontram-se as variações de altura (para
cada estàdio de redução da sucção) dos diversos corpos de prova, em
função das sobrecargas de en~aio. Nota-se, destes resultados, que os
corpos de prova referentes às sobrecargas de 80kPa e de 160 kPa
tenderam a mostrar expansão, com valores mais acentuados para a
sobrecarga mais baixa. t interessante observar ainda, que a maior
parte das deformações ocorre para valores de sucção inferiores a 1,5
MPa.
232

3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A Figura 2 mostra duas curvas de compressão obtidas nos


ensaios edométricos convencionais.

100

-~ 95
o
::r:
'i 90

85

80~--~--~~~~~~----~~~~-L~~

20 200 2000
TENSÃO TOTAL (tPa)
Figura 2: Curvas de compressão para o solo saturado e para o solo na
umidade de compactação, com deformações por inundação
superpostas.

A Figura 3 sintetiza os resultados dos ensaios de


compressão ~ob sucção controlade

105r------------------------------------------

_100
<!<
'J
tj
::r:
-
'::r:
95
--*""- LO MPa
-a- 0.5 MPa
---*- o
90
o 200 400 600 800 1000 1200
TENSÃO TOTAL (tPa)

Figura 3: Variações de altura, quando se varia a sobrecarga,


para diferentes niveis de sucção.

Ao aumentar as sobrecargas, nota-se a ocorrência de


colapso, em geral tanto maior quanto maior a sobrecarga e menor a
sucção, a menos de algumas pequenas discrepâncias. Notam-se, também,
pequenas expansões nas primeiras etapas de redução da sucção,
praticamente para todas as sobrecargas. o ensaio com sobrecarga de
lOBO kPa mostrou, desde o primeiro momento, colapsos que foram
crescendo gradualmente à medida que a sucção decrescia.

5. CONCWSÃO

5.1 - Para sobrecargas inferiores, aproximadamente, a 160 kPa o solo


apresentou um comportamento expansivo, enquanto para sobrecargas
superiores a esse valor o comportamento foi de solo colapsivel.
233

5.2 - Os ensaios a sucção controlada revelaram que a maior parte das


deformações originadas por uma redução de sucção deu-se quando a
sucção aproximava-se de zero.
5.3 Nos ensaios a sucção controlada as amostras tenderam
inicialmente a exibir expansões, quando se iniciava a redução de
sucção (sucções decrescendo de 3,5 a 1,5 MPa, aproximadamente). Para
altas sobrecargas (acima de 640 Kpa, aprox,.imadamente)., mesmo nessas·
faixas de s'ucção, o solo sofria def()rmações por colapso.

6.BIBLIOGRAFIA

BARDEN, L. and SIDES, G.R. (1969) . rhe Influence of Structure on the


Collapse of Compacted C1ay. Proc. 2nd. Int. Res. and Eng. Conf.
on Expansive Clays, Texas A & m University, pp. 317-326.
COLLINS, K. and McGOWN, A. (1974). The Form and Function of Micro-
Fabric Features in a Variety of Natural Soi1s. Géotechnique 24,
no 24, pp. 223-254.
DUDLEY, J.H. (1970). Review of Collapsing Soils. Journal of the Soil
Mech. and Found. Div., vol. 96, pp. 925-947.
ESCARIO, V. & SAEZ, J. (1973). Measurement of the Properties of
Swelling and Collapsing Soil under Controlled Suction, Proc. 3rd
Int. Conf. Expansive Soils.: 195-200. Haifa.
JUSTO, J.L.; DELGADO A. and RUIZ, J. (1984). The Influence o!
Stress-Path in the Collapse-Swelling of Soi1s at the Laboratory.
Proc. 5th Int. Conf., Exp. Soils: 67-71. Adelaide.
LAWTON, E.C.; FRAGASZY, R.J. & HARDCASTLE, J.H. (1989). Collapse of
Compacted Clayey Sand. Journal of Geotech. Engn., ASCE, vol. 115,
n° 9, pp. 1252-1267.
PRESA,E.P. (1982) Deformabilidad de Arcillas Expansivas bajo Succi6n
Controlada. Tesis de Doctorado. Univ. Politecnica de Madrid.
VARGAS, H. (1973). Structuraly Unstable Soils in Southern Brazil,
Proc. VIII Int. Conf. on Soil Mech. and Found. Eng., Moscow; vol.
2.2, pp. 239-246.
VILAR, O.M. (1979). Estudo da Compressão Unidirecional do Sedimento
Moderno (Solo Superficial) da Cidade de Sl!.o Carlos. Dissertaç&o
de Mestrado, EESC-USP.
VILAR, O.M. RODRIGUES, J.E. e NOGUEIRA, J.B. (1981). Solos
Colapsiveis: Um Problema para a Engenharia de Solos Tropicais,
Anais I Simp6sio Brasileiro de Solos Tropicais em Engenharia, pp.
199-208, Rio de Janeiro (RJ).
234

REVIEW OF WETTING-INDUCED COLLAPSE IN


COMPACTED SOIL3
Discussion by Orencio Monje Vilar'

The authors present a very interesting review of an important problem,


that is the collapse of compacted soils, and they must be commended for
that. The writer would like to contribute with some data about laboratory
testing on compacted collapsible soils.
In testing collapsible soils it is very usual to inundate the samples. How-
ever, it is necessary to recognize that there are many situations where com-
pacted fills will not reach total saturation, but only changes in moisture
from their compaction moisture content. As referred in this paper, matric
suction is a bonding agent in many kinds of collapsible soils. Reduction in
matric suction can be responsible for relevant deformations in a compacted
soil without the need for fui! saturation of the soil as reported by Escario
(1973) and Escario and Saez (1973). They used a suction controlled oed-
om~ter to measure the expansive-collapsing behavior of compacted soils
and showed the importance of knowing the gradual deformations that hap-
pen when a soil has its matric suction reduced.
The writer performed a series o f tests in the suction-controlled oedometer
developed by Escario (1973) with a compacted clayey silt. This soil has a
liquid limit of 76% and a plasticity index of 35%, with 97% of the particles
finer than 0.074 mm and 34% finer than 0.002 mm. Maximum dry density
and optimum water content, as obtained in standard Proctor compaction
test, were 1.33 g/cm 3 and 33.6%, respectively. After pulverization of the
sample and the addition of water to reach a moisture content of 22%, the
specimens were statically compacted in a ring (70 mm in diameter and 20
mm in height) to a dry density of 1.23 g/cm 3 • The ring was assembled in
the controlled suction apparatus and the as-compacted suction, 3.5 MPa,
was applied to the sample. After equilibrium under the applied suction, the
sample was loaded with an overburden pressure. The samples were then
subjected to reduction in matric suction in stages, and the corresponding
changes in height of the sample were measured. Fig. 6 shows the wetting-
induced strains (nega tive values mean collapse) related to total applied stress
for each stage of suction decrease. The strains are referred to the height
the sample had when it carne to equilibrium under the applied suction and
load.
As it can be seen, in the first stage of suction reduction, from 3.5 to 2.5
MPa, the deformations were negligible. As more water comes to the sam-
ples, the deformations increase and when the suction is reduced to 0.5 MPa,
significant deformations occur with a tendency for expansion for lower stresses
and collapse for higher applied stresses. Finally, when the suction comes to
zero (saturation or near saturation of the sample) the maximum deforma-
tions occur, which means expansion for the lower overburden pressures and
collapse for the higher ones. At zero suction, the deformations are closer
to the results obtained when the samples are inundated in a conventional
oedometer test (Vilar 1992). The results in Fig. 6 show the possibility of
significant deformations in a compacted fill without total saturation of the
embankment. This can be useful in understanding problems related to water-

~ 2
cn
z
~
o
a:
1-
cn
-2
c
UJ
(.)
::> -4
c
~ MATRIC SUCTIONS
<!) -6 o- 2.5 MPa
z + - 1.5 MPa
1- v - 1.0 MPo
1-
UJ
-a o- 0.5 MPa
3:: X- 0

-lO
o 200 400 600 800 1000 1200
TOTAL STRESS ( kPo)

RG. 6. Wettlng-lnduced Stralns versus Total Stress for Varlous Leveis of Matrlc
Suctlon

•September, 1992, Vol. 118, No. 9, by Evert C. Lawton, Richard J. Fragaszy,


and Mark D. Hetherington (Paper 2139). .
4Asst. Prof., Dept. of Geotech. Engrg., Univ. of São Paulo, São Carlos, Brazd.
235

induced deformations in situations where total saturation has little chance


to occur, like in fills in arid and semiarid regions or even in natural soils in
these and other regions.

APPENDIX. REFERENCES
Escario, V. (1973). "Gradual collapse of soils originated by a suction decrease."'
Proc. 8th lnt. Conf Soil Mech. and Found. Engrg .. Moscow, U.S.S.R., Vol. 4.2.
123-124.
Escario, V.. and Saez, J. (1973). "Measurement of the properties of swelling and
collapsing soils under controlled suction." Proc. 3rd lnt. Conf on Expansive Soils,
Haifa, Israel, 195-199.
Vilar. O. M. (1992). "Collapse behavior of a compacted soil." Res. Report. Labo-
ratorio de Geotecnia, CEDEX, Madrid, Spain, 69.
236

CARTA DE RISCOS POTENCIAIS DE EROSÃO· CIDADE DE FRANCA (SP)


ESCALA 1:25.000 (BRASIL)

Lázaro V. ZUQUETTE1l
Osni J. PEJON 1!
Osmar SINELLI1J
Nilson GANDOLFI2l

11 DGFMIFFCLRPIUSP • R1be1râo Prelo. Bras1l

21IGCEIUNESP. R1o Claro EESCIUSP. São Carlos. Bras1l

RESUMEN

A cidade de Franca (SP), Brasil, está localizada na porção nordeste do Estado de São
Paulo, entre as latitudes de 20° 30' e 20° 35'S e as longitudes 4r 22' e 47o 27' W, con uma
superfície de 70 Km 2. A geologia da área é constituída pelos basaltos de la Formação Serra
Geral, e os arenitos argilitos e siltitos da Formação ltaqueri, que são recobertos por sedimentos
arenosos do Cenozóico.
Na área há centenas de feições erosivas que afetam o desenvolvimento da cidade e da
região. As feições erosivas se desenvolvem a partir da linha de inflexão entre o platô e as
encostas. Esta situação é caracterizada geologicamente pelo limite entre os sedimentos
arenosos e as rochas sotopostas. Algumas formas de ocupação da cidade estão sujeitas aos
processos de propagação das feições devido às águas pluviais.

INTRODUÇÃO

A cidade de Franca, localizada no Estado de São Paulo, Brasil, ocupa uma área de 70km 2• com uma
população superior a 200.000 habitantes e devido aos problemas erosivos na área precisaria investir 500.000 dólares
em obras de recuperação e de proteção, para reabilitação e controle de 3 áreas degradadas pela erosão.
Na atualidade a cidade apresenta um ritmo de crescimento ace-lerado devido às necessidades crescentes de
zonas residenciais e industriais.
A implantação destas formas de ocupação normalmente acele-ram a progressão das feições erosivas
existentes, aumentando as áreas degradadas, assim como provocam o aparecimento de novas feições.
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise dos problemas erosivos, assim como uma carta de
riscos quanto à erosão.

CARACTERÍSTICAS DA ÁREA

GERAIS
A cidade de Franca está situada entre as latitudes 20030' e 20035' Se as longitudes 47°22' e 47°27' W e em
altitudes varian-do de 960 a 1.020 m, ocupando a parte superior de um planalto isolado no interior da zona
geomorfológica denominada de Cuestas Basálticas (Figura 1). O clima é do tipo A da classificação de Koeppen (1948),
com temperatura média em torno de 24°C e a pluviosidade anual é superior a 1.300 mm.

SUBSTRATO ROCHOSO
Na área, segundo D.A.E.E. (1974), Ponçano (1981). Sinelli et alii (1972) e Zuquette et alii (1992) afloram
rochas pertencentes a duas formações (Figura 2), a saber:
237

- Formação ltaqueri, idade cretácica constituída por arenitos, siltitos e argilitos intercalados e com
espessura total inferior a 50 m.
- Formação Serra Geral, de idade jurocretácica, constituída por basaltos, muito fraturados e com
espessuras que podem superar 50 m em alguns locais. Os basaltos podem ser ex- piorados em
alguns pontos como materiais para construção civil. Em alguns taludes artificiais podem ocorrer
escorregamentos em função do fraturamento e da posição na encosta.

MATERIAIS INCONSOLIDADOS
As litologias do substrato rochoso encontram-se recobertas por materiais inconsolidados residuais e
retrabalhados com espessuras variando desde 1 m até superiores a 10m (Figura 3).

MATERIAIS RETRABALHADOS
Arenosos - Ocorrem nas posições mais elevadas da área, recobrindo as rochas das duas formações e
apresentam alta homogeneidade no perfil. As principais características destes materiais são:
- espessuras desde métrica até superiores a 10m em alguns pontos;
- granulometria: areia 60-70%; silte 15-24% e argilas 15 a 25%;
- índice de vazios: 0,8 a 1,2;

- coeficiente de permeabilidaoe da ordem de 10-6 m/s;

- massa especifica dos sólidos: 2,64 a 2,7 4 g/cm3;

- superfície especifica: 14 a 18 m2tg;


- capacidade de troca catiônica: 1,8 a 3,5 meq/1 OOg de material;
- índice de erodibilidade elevado devido à textura arenosa e a fração silte e argilosa serem
constituídas por óxidos e argila-minerais como gibsitas e caulinitas que estão agre-gados
formando partículas maiores.
Argilosos - Ocorrem em uma pequena extensão, a sudoeste da área, como colúvios dos materiais de
alteração dos basaltos da Formação Serra Geral, e estão sobrepostos ao pacote de materiais inconsolidados
residuais. Apresentam homogeneidade no perfil e espessuras inferiores a 5 m, e apresentam as seguintes
características:
- granulometria: areia 8-15%; silte 10-20% e argila 65 a 82%;
- índice de vazios: 1,5 a 2,5;

- coeficiente de permeabilidade da ordem de 1o-6 m/s;

- massa especifica dos sólidos: 3,07 a 3,23 g/cm3;

massa especifica aparente seca natural: 0,8 a 1,1 g/cm3;

- superfície especifica: 20 a 24 m2tg;


- capacidade de troca catiônica da ordem de 3,5 meq/100g de material.

MATERIAIS RESIDUAIS
Mistos (arenitos, siltitos, argilitos) - As características dependem da litologia que predomina no local
analisado, porém, como as camadas rochosas intercaladas são de pequenas espessuras (< 2 m) e não
apresentam continuidade lateral significante, os materiais inconsolidados oriundos da alteração sempre
apresentam características mistas e heterogeneidade no perfil, tais como:
- granulometria: areia 30-40%; silte 20-50% e argila 20-40%;
índice de vazios: 0,8 a 1,05;

- coeficiente de permeabilidade da ordem de 10·7 m/s;


238

- massa especifica dos sólidos variando de 2,7 a 3,2 g/cm3;

- superfície específica da ordem de 35 m2/g;


- capacidade de troca catiônica de até 6 meq/100g de material;
- massa específica aparente seca natural: 1,00 a 1,52 g/cm3.
Argiloso (basaltos) - São originados da alteração dos basaltos da Formação Serra Geral e apresentam um
perfil heterogêneo, sendo a porção superior argilo-siltosa e a inferior silto-argilosa; normalmente, ocorrem nas
posições mais baixas dos vales. As principais características destes materiais são:
- as espessuras do pacote variam de 1 até 15m;
- granulometria: parte superior - areia 20%; sílte 20%; argila 60%; parte inferior - areia 20%; silte:
40 a 60%; argila 20 a 40%;
- indica de vazios: 1,1 a 2,1;

coeficiente de permeabilidade: 10-6 m/s e 1o-7 m/s, para as porções superior e inferior,
respectivamente;

- massa específica dos sólidos: 2,98 a 3,23 g/cm3;

- massa específica aparente seca natural: 1,02 a 1,4 g/cm3;

- superfície específica variando de 18 a 30 m2/g;


- capacidade de troca catíôníca pode atingir 10 meq/100g de material.

DECLIVIDADE
Os valores de declividade para a região são predominantemente inferiores a 30% (Figura 4}. As principais
faixas delimitadas na carta são: O a 2%; 2 a 5%; 5 a 10%; 10 a 20% e> 20%, predominando os valores inferiores a
20%.
As variações de declividade estão relacionadas às caracte-rísticas dos canais de drenagens da àrea, ~endo
que a classe de O a 2% ocorre nos platôs, entre os principais canais de drenagens. As classes mais elevadas das
declividades ocorrem, principalmente, associadas aos canais de drenagens básicos (38 ordem).

LEVANTAMENTO DAS FEIÇÕES EROSIVAS


Através da interpretação de fotos aéreas dos anos 80 e re-centes (ano de 1993} e trabalhos de campo, foi
possível delimitar cerca de 22 locais com feições erosivas que vão desde boçorocas até pequenos ravinamentos
(Figura 5}. A maioria dos locais estão sempre associados às cabeceiras dos canais de drenagens de primeira ordem,
nas proximidades da zona de inflexão dos platôs para as encostas (Figuras 5 e 6}, e sob a influência dos processos de
ocupação; outras feições erosivas desenvolvem-se lateralmente aos canais de drenagens, mas com processos de
evolução semelhantes.
As feições mais evoluídas (bocorocas) apresentam comprimentos entre 200 e 300 m, profundidades que
podem atingir 60 m e largura da ordem de 50 a 80 m. Todas as feições erosivas atingem os materiais rochosos da
Formação ltaqueri, que condicionam as irregularidades do fundo.
Os processos de correção ou de recuperação por meio de patamares podem ser responsáveis pela
aceleração do processo erosivo, ao invés de recuperá-lo ou atenuá-lo. Isto ocorre devido ao acúmulo e concentração
das águas superficiais que provoca o rompimento dos patamares. ·

ELABORAÇÃO DA CARTA DE RISCOS

Devido ao intenso crescimento das áreas ocupadas, os seguintes documentos são de grande importância
para a área:
1. carta de riscos (potenciais e reais) à erosão;
2. mapa de localização das áreas que apresentam feições erosivas.
239

METODOLOGIA
A carta de riscos (Figura 7) foi elaborada a partir da análise dos atributos do meio físico que podem favorecer
a erosão (declividade; forma e comprimento das encostas; textura, gênese e erodibilidade dos materiais
inconsolidados; litologia; profundidade do nível de água; pluviosidade; escoamento superficial; feições erosivas) que
foram registrados em mapas e cartas e combinados com as formas de ocupação existentes e as possibilidades de
implantar novas ocupações nas diversas zonas. Desta combinação resultou uma subdivisão da área em 4 tipos de
unidades que apresentam diferentes níveis de riscos.
Unidade A • Risco potencial elevado - Zonas que reúnem um grupo de atributos com níveis favoráveis ao
desenvolvimento de feições erosivas. Como pode se observar na carta de riscos, esta unidade refere-se à
porção superior das encostas e às partes mais baixas do platô, com as seguintes características:
- As cabeceiras dos canais de drenagens de 1a ordem estão situadas nesta zona, nas
proximidades do contato entre os materiais inconsolidados retrabalhados arenosos com os
residuais das litologias da Formação ltaqueri. Esta zona é caracterizada por encostas com forma
convexa (Figura 6), algumas vezes concentrando as águas de chuvas devido às características
côncavas no sentido longitudinal.
- As posições mais elevadas dos canais de drenagem de 11 ordem situam-se nos limites entre a
classe de declividade Oa 2% e as de maiores valores.
- O nível do lençol freático está situado nos materiais inconsolidados residuais da Formação
ltaqueri a profundidades variáveis(< 10m), mas próxima ao plano de contato com os arenosos
sobrepostos.
- Os materiais inconsolidados retrabalhados arenosos apresentam índice de erodibilidade elevado.
- A porção superior da Formação ltaqueri, que está em contato com os materiais retrabalhados
arenosos, apresenta uma proporção maior de arenitos com cimentação fraca ou inexistentes, o
que propicia um índice de erodibilidade alto.
Como só existe uma pequena parcela das áreas planas sem ocupação, o crescimento urbano está sendo
direcionado no sentido das encostas e, portanto, para esta zona de risco potencial elevado, que será ocupada em
todas a sua extensão nos próximos 20 anos. O processo de ocupação urbana caracteriza-se como um grande
concentrado e direcionador das águas pluviais superficiais, através das ruas e tubulações, e assim propicia o
aparecimento de feições erosivas e a progressão das instaladas.
Esta unidade de risco potencial elevado pode ser subdividida em 2 níveis de riscos, a saber:
Subunidade A1- Quando os terrenos constituem as cabeceiras dos canais de drenagem de 13 ordem,
o risco é muito elevado, superando os da subunidade A2
Subunidade A2 - Refere-se aos terrenos que possuem as condições citadas e não caracterizam
especificamente as cabeceiras dos canais de drenagem.
Unidade 8 • Risco real. Todas as ocorrências de feições erosivas estão localizadas no interior das
zonas caracterizadas como de risco potencial elevado (Unidade A), e assim, em função das
características e intensidades das ocupações urbanas e industriais, passam a ser classificadas com
diferentes graus de riscos reais.
Subunidade 81 - Risco real alto Refere-se às porções da área que apresentam a combinação de
ocorrências de feições erosivas com uma ocupação intensa, sendo que as edificações estão a
distâncias menores que 50 m das feições.
Subunidade 82 - Risco real médio - Ocorre nas partes da área que combina ocupação esparsa co
ocorrência de feições erosivas. Os elementos que constituem a ocupação encontram-se a distâncias
entre 50 e 100m das feições erosivas.
Subunidade 83 - Risco real baixo - Constitui as porções da área que apresentam poucas feições
erosivas, mas que não há nenhum tipo de ocupação urbana ou industrial nas proximidades, ou seja, a
distâncias inferiores a 100 m. /
Unidade c - Risco potencial médio - São as zonas constituídas pelos materiais inconsolidados
retrabalhados arenosos sobrepostos aos residuais da Formação ltaqueri, ocupando as posições mais
elevadas em termos topográficos, e apresentam as seguintes condições:
240

- As declividades são inferiores a 5%. com predomínio dos valores menores que 2%.
- A velocidade de escoamento das âguas pluviais é baixa se comparada às zonas classificadas
como Unidade A.
- Os materiais inconsolidados retrabalhados arenosos apresentam índice de erodibilidade elevado.
Nesta unidade, as feições erosivas podem ser desenvolvidas quando o processo de ocupação envolver
grande movimento de terra, com mudanças acentuadas da declividade ou concentração de âguas.
Unidade D · Risco potencial baixo • Refere-se às partes da ârea constituídas pelos materiais
inconsolidados residuais da Formação ltaqueri e dos basaltos e retrabalhados dos basaltos, ocorrendo nas
porções inferiores das encostas retilíneas levemente côncavas e não concentradoras das águas pluviais.
Apesar da declividade ser superior a 10%, as rochas estão muito próximas da superfície e as condições não
são favoráveis para que as âguas superficiais sejam concentradas e os materiais erodidos.

CONCLUSÕES
Nas zonas classificadas como de risco real alto e médio, obras de recuperação e contenção devem ser
executadas rapidamente, pois a progressão das feições erosivas pode ser significativa em curto período de tempo
As zonas que são classificadas como unidade A (risco potencial elevado)devem ser ocupadas de tal forma
que as águas superficiais não sejam direcionadas para as cabeceiras dos canais de drenagem, através de ruas e
tubulações.
O sistema de patamares nas cabeceiras dos cana1s de drenagem, para minimizar a velocidade das águas,
não apresentam resultados adequados devido ao índice de erodibilidade elevado dos materiais arenosos.
Nas unidades A, 8 e C devem ser tomados todos os cuidados quando os processos de ocupação exigirem
grandes movimentos de terra favorecem o desenvolvimento de feições erosivas.

BIBLIOGRAFIA

DAEE, Departamento de Águas e Energia Elétrica, (197 4). Estudos de águas subterrâneas, região administrativa- 6.
KOEPPEN, W. (1948). Climatologia con un estudo de los climas de la tierra, version de Hendrichs. P.R. Mexico, Fondo
de Cultura Economica. 478pp.
PONÇANO, W.L. (1981). O cenozóico paulista. In: ALMEIDA, F.M.M. de et ai. Mapa geológico do estado de São Paulo,
escala 1:500.000. São Paulo, IPT. (IPT Publicação 1184) (Série Monografias 6). pp. 82-96.
SINELLI, 0.; SOUZA, A. de; WERNICK, E.; PENALVA, F.; SOARES, P.C. & CASTRO, P.R.M. (1972). Mapeamento
geológico em detalhe do NNE do Estado de São Paulo. CNEN. 72pp.
ZUQUETTE, L.V.; PEJON, O.J. & SINELLI, O. (1992). Analisis del riesgo de contaminacion del acuifero freatico
(Formacion Botucatu) en las inmediaciones de la ciudad de Ribeirão Preto- Brasil. 2° Simposio Latinoamericano sobre
Riesgo Geologico Urbano e 2° Conferencia Colombiana de Geologia Ambiental. pp. 483-493.
241

-- -

c -a'rea estudada
rz.,../ -limites entre as províncias geamarfalógicas

Figura 1 Mapa de localização da área estudada


242

....J
+-----_,--~-----~--~~~
CD

-.j

------~~~-~~~r---~~4~
O'>

....J
2 -.j
N
~
;:o::

~--~--~--~--._----~~~----~--~--------~~--------------~3
0,5Km O 1Km
-LEGENDA-
,..Gç' -canais de drenagem

~-estradas principais
/'"ifv -contatos geológicos
2 -Formação ltogueri (K )-Arenitos,Siltitos,Argilitos.
-Formação Serro Geral (JK)- Bosoltos

Figura 2 Mapa do substrato rochoso


243

246Km E

~
~
N
.t>

"'3
~==~~~~~~~==~~~~~~~------~~--~--~----~~
IKm
CÓDIGO MATERIAIS INCONSOLIDADOS

1.1 <2
Retro- arenosas
1.2 2-10
bolha-
2.1 dos <2 -LEGENDA-
argilosos
2.2 2-5 ~ -canais de drenagem
--- -estradas
3.1 <2
Arenitos, Siltitos, ~ -contatos entre matenais
3.2 Argilitos 2-5
Resi-
4.1 duais <2
Basaltos
4.2 2-10

Figura 3 Mapa de materiais inconsolidados


244

246Km E 254

.....
.....
N
~
::0::
~~----~~~~~--------~~----~~~~--~~~~------~------~3
0,5Km O 1Km
-LEGENDA-
~ canais de drenagem
--...:::- estradas principais
~} limites entre classes

CLASSES:
1-0- 2%
2-2- 5%
3-5- 10%
4-10-20%
5- >-20%

Figura 4 Carta de declividade


245

246Km 252 254 N


'--.... oo
i.>l
o_
l)l

-..j

---------~-~~~L-----=-~~
(jl

-..j
-..j
N
.::.
(o\ ,o:
3
1Km

Nl
-LEGENDA-
,..k -canais de drenagem
"""'"~~;'"" -estrados principais
c;:::J -locais de ocorrências
1
~-Perfis geológico-geotécnico

Figura 5 Mapa de localização das zonas de ocorrências de feições erosivas


246

1000
980
960
940

/"\...... -limites entre materiais MATERIAIS INCONSOLIOADOS


SUBSTRATO ROCHOSO 1- Retrabalhados arenosos
2-Retrabalhados argilosos
O - Formação ltaqueri 3-Residuais de arenitos,siltitos,argilitos
0 -Formação Serra Geral 4-Reslduais de Basaltos

Figura 6 Perfis geológico-geotécnicos


247

246 Km E 254

'4
'4
N
co

'4
~~---;r~---~~

"'

'4
'4
N
~
;:o;

~====~====~========~~~~--~~~~~~~--~3
UNIDADE
A1 POTEN.ELEVADO
A
A2 POTEN .ELEVADO
-LEGENDA-
AI ALTO
8 A2 REAL MÉDIO .--4- -canais de drenagem

BAIXO ~-estrados principais


A3
/\./"--limites entre os zonas
c POTEN. MÉDIO
D POTEN. BAIXO

Figura 7 Carta de riscos a erosão


248

Engineering geological zoning mapping of the Ribeirão Preto city (Brazil)


at 1:25,000 scale
Carte de zonage géotechnique de la ville de Ribeirão Preto (Brésil) dans l'échelle
1:25.000
L.V:Zuquette, O.J. Pejon & O.Sinelli
USPIFFCLRP. Ribeirão Preto, Brazil
N.Gandolfi
USPIEESC, São Carlos, Brazil

ABSTRACT: The area delimited by parallels 21° and 21°15'8, and meridians 47°45' and 48"W, in São Paulo
State (Brazil), is also constituted by diabases or basalts of the Serra Geral Formation and Sandstones of the
Botucatu Formation. The urban center covers 400 km2 and has a population of 500,000 inhabitants. In the
courses of engineering geological works were elaborated several graphic documents: declivity chart,
unconsolidated materiais map, rock substrate map, overland flow chart and engineering geological zoning
chart. These documents allowed the division of the area into different basic engineering geological units. The
most common problems that occur in the area are: collapsivity of the soils, declivities higher than 20%,
pollution of the aquifer, flood zones, low depth of the bedrock, recharge zone and adequate sites for waste
disposal.

RESUMÉ: La régionétudiéeestlocalizéeentre lesparalleles21° et 2l 15'S, et les méridiens 47°45' et 48"W,


0

dans l'Etat de São Paulo (Brésil). Cette region est constituée par diabases or basaltes de la Formation Serra
Geral et arenites de la Formation Botucatu. Les centres urbaines recouvrent 400 km2 avec une population
d'environ 500.000 habitants. Dans le travail de cartographie géotechnique ont été élaborés plusieurs cartes:
carte de déclivité, carte de matériaux non consolidés, carte du substratum,carte d'écoulement superficiel des
eaux et carte de zonage géotechnique. Ces documents ont permis la division de la région en unités
géotechniques basiques. Les problemes plus communs que la région presénte sont: déclivité plus grand que
20%, pollution des eaux souterraines, petite profondeur du substratum, zone de recharge du aquifere et zone
de stockage de déchets.

1. INTRODUCTION

The Ribeirão Preto city and expansion areas are Morphology: The region can be divided into 2
located in the Northeast region of the São Paulo morphological zones, which are separeted
State (Brazil), between the parallels 21o and 2l 0 15'S preliminarly by altitude and declivity leveis:
and meridians 47°45' and 48"W, covering more than - The flat area is located from 500 to 600 m above
400 k:m2 , with 500,000 inhabitants (Figure 1). sea levei and declivities between 1 to 10%. The
The region presents accelerated growth and several other area is constituted by the altitudes and
constructions are being fixed, such as: industries, declivities higher than 600 m and 10%, respectively.
sanitary landfills, residential centers, gas stations,
wells, electricity and transportation services. Hidrogeology: The sandstones of Botucatu
Due to these constructions, several problems are Formation are a good aquifer and there are wells
occuring in the region, for example: pollution of that can produce about 300 m3 /h, and part of the
aquifers and soils, flood, erosion, changes in the region is characterized as recharge zone. In the
infiltration ratio and damage of the buildings due to urban area, there are 400 wells producing 80.000
the collapsivity of the soils. m3/h.
An engineering geological mapping was elaborated
_ for the region ata scale 1:25,000, and reproduced in
this work at a scale 1:200,000, for urban and 3. METHODOLOGY
regional planning purposes.
The work was elaboreted through methodology
proposed by Zuquette and Gandolfi (1990) and basic
2. GENERAL CHARACTERISTICS principies of Fookes (1987), Matula (1979) and
Dearman et alii (1979). In this work were prepared
the basic graphic documents: rock substrate map,
The region is constituted by:
unconsolidated materiais map, declivity chart (Figure
Geology: 2 formations from Mesozoic Era: 2), hydrograph basins map (Figure 1) and
- Serra Geral Formation - diabases or basalts interpretative document, the engineering geological
zoning chart (Figure 3) that was elaborated by
(friassic~Jurassic);
- Botucatu Formation - sandstones (friassic). matrix and Iogic tree mechanisms.
These mechanisms permited the association among
Climatic conditions: The predominant climatic the rock substrate and unconsolidated materiais maps
type is Aw (Koppen's classifications) with rai~y and the results from in situ and laboratorial
summer, dry winter, average annual temperature ts geotechnical tests, that resulted in the basic
engineering geological units (Table 1).
220C and annual rainfall index is 1400 mm.
249

LEGEND
• River
, . - • Boundary between draiDage basins
-
... ...
'- _; - Urban ar=

L :=:' - Expansioo ZDDe of the city

Figure 1 - Map of the d~nage net, boundary of the urban area, drainage basins and expansion
zone of the ctty.

LEGEND
Declivity class

A-< 2%
A 1- < 2 9!i (flood ZDDe)
B-2toS%
c- 5 to 10%
D- 10 to 20%
E-> 20%

IICioO 31C1o

Figure 2 - Declivity chart.

4. RESULTS

The engineering geological zoning permited to excavability, foundation, erosion, aquifer and
define a group of 35 basic engineering geological recharge zone, residential and industrial zones and
units (fable 1), that were used as basis for the agriculture potential. These factors have influence in
division of the region into 200 subareas (Figure 3). the occupation process and urban planning, and the
Each unit is characterized by basic profile of the results are presented in the Table 2, where the units
unconsolidated materiais, lithology of the bedrock, were classified as favorable, moderate and
class of depth of the bedrock and some index restrictive.
properties such as void ratio, S.P.T. (Standard
Penetration Test) index and mineralogy of the Favorable units - The natural attributes, present
differents leveis of the unconsolidated materiais. adequate leveis for occupation factor.
These characteristics of the units permited a good
knowledge of the region in this scale. By the Moderate units- Less than 30% of the natural
engineering geological zoning chart we elaboreted a attributes present non adequate leveis for occupation
analysis of adequabilities of each unit for several factor. The correction is possible with low costs and
occupation factors, such as: sanitary Jandfill, common technological mechanisms.
250

Restrictive units- More than 30% of the natural the assessment of the region:
attributes present not adequate leveis for occupation - t_h~re are severa! units that have adequate
factor. condttwns for sanitary landfills, septic tank,
cesspool, residencial and industrial occupations;
After the analysis of the units we verified that - a large number of units presents limitations as
region presents at least one limitations in the total flood, erosion, foundation, pollution of aquifers and
extension, then we elaboreted the grafic document soils, low depth of the bedrock, low ground water
named engineering geological limitations chart with levei and agriculture.
the unfavorable attributes (Figure 4). ~e results obtained from engineering geological
zom~g c~art show that the region present high grade
of dtverslty and that more detailed studies must be
5. CONCLUSION elaborated on the specific zones.
The units 24, 26 and 27 are characterized as the
The engin~rin~ geological zoning mapping allowed principal recharge zones of the regional aquifer.

tOIZI<Ia

--- -- -...
...........
.,...o(
..........
(ao)
o( IM
T""""'

........,.
... "'"
"......_
._.w
..., a.,.. ...
""""" ""'""
..... .... -
.....
... ...., .... ..... ...,.
...,...,.
......_ ....
<l
>2Utlll<j
I"
a
l

3
lO •
11 '
ll '
13
1
14
> Sl.llid < 10 15 16 11 11 19 lO li
>lOalild < U
>15aad<l0
n 23 14 1J 26
,.
l1 li

· ts.asK:.
l9 30 31
oacmccrma: BCOlop:al umta morro uuormaboaa, eae
32
aDIO I).
33
"
Figure 3 - Enginnering geological zoning chart.

l.EGEND
-H+f- Bouodary of lhe ....,. wilh dccJivjtico bip lban 15 l'.
- Bouodary of lhe nocloarae .,_ of lhe - oqui!O<.
- - Bouodary- ........
1· Flatmdfloocl..,..-polll>d_loYol <2m.
2· Flat .... -G......t-lovd>2m.
3 • A= lltal tta.. doplh of lhe bcdrocl; < 2m.
4 ·A= wilh dccllvity bip lban ISl'.
~ : ~d,':ii..-blo ooila (SPI" < 5).
7 - Fiai md ftoocl .... wilh peoL

Figure 4 - Engineering geological limitations chart.


251

Engineering Geology, Special Publication, 4:273-


BffiLIOGRAPHY
282, London.
DEARMAN, W.R.; MONEY, M.S.; STRACHAN, MATULA, M. 1979. Regional engineering
A.D.; COFFEY,J.R. &MARSDEN, S. 1979. A evaluation for planning purposes. Buli. of
regional engineering geological map of the Tyne l.A.E.G., 19:18-24, .Krefeld.
and Wear country N.E. England. Buli. oj ZUQUETIE, L. V. & GANDOLFI, N. 1990.
l.A.E.G., 19:5-17, Krefeld. Engineering geological mapping: a
FOOKES, P.G. 1987. I...and evaluation and site methodological proposition. Geociências, 9:55-
66, São Paulo.
assessment (hazard and risk). Planning and
Engineering Geology. Geological Society

Table I - Matrix of the basic engineering geo1ogical characteristics of the units


UDC01110Iitated Uneo1110lidated Baaic S.P.T Mineralogy (b) Baaic S.P.T. MiocraJosy (b)
material profile (a) profile (1)
(aoil) (teXbln:) (teXbln:)
Profilca co (c) co
matcriala
Sandy or < 5 I. 3, 4 f'IDC Andy 2 I, 3, 4, 6
clayey 1,0 (wilh llilt and
textun: clay < 10$)
textun: 8 > 1,0

Dep!h Sandy 5 I, 4, 6, 7 Wcalhcn:d 8 4, 7


oftbc textun: 25 1,0 uodatooe 15
bcdrock (m) > 0,9
(a)
LilholoBY of lhe Baaalt or >25 SandiiODC
bcdrock aandSione

<2 I" 2"

>2 8 9
< s
> s IS 16
< 10

> 10 22 23
< IS

> IS 29 30
< 20
• 1!&11C cn,emocnng JCOI<>g~cal umta.

Tablc I !coot.\

Uneooaolitated Uncooaolidated Baaic S.P.T. Miocralogy (b) Baaic S.P.T. M'meralogy (b)
material profile (a) profile (a)
(soil) (textun:) (textun:)
co (c) co
Profilca
materiais
Claycy <S I 3 4 S Claycy textun: <6 I S 4 3
textun: (clay (clay > 70$)
> 70$Í > I S > I S
Deplh SIODC lioc I 3 4 S 8 SIODC lioc
oftbc
bcdrocl: (m) >lO
(a)
Wcatbcn:d > 30 I, 2, 4, 6, 7, 8 Silty clay 7, IS 124678
baaalt l.eXbln:
>I O
< 1,0 Silty aand >IS 2 4 6 7 8
ICXIUrc
<I O

LilholoBY of lhe Baaalt 7, 8 Wcalhcn:d > 30 7,8


bcdrock baaalt
Baaalt

<2 3" 4"

>2 10 li
<S
>S 17 18
< 10

> 10 24 25
< IS

> 15 31 32
< 20
BaiiC cngmecnng gcol<>glcal uruta.
a · Staadard peactntioo lelt (mininwm and maximum iodex).
b • Miocralog;y: 1- bolinite; 2- iotercllnltificd; 3- Fc andAI oxidea; 4- quartz; S- Bibbaite; 6- othcr oxidca; 7- wcatbcn:d fcldapara· 11- WCIItbcn:d piro:<eDCI
and amph•bolca. ,
c ·co- Natural voida mtio (averaec valuc).
252

Tablc I (c-.)

UDCODIOii~ated UDCOD106clated Bosic S.P.T. Mincralogy (b) Baaic S.P.T. MiDcralogy (b)
material pro file (a) pro file (a)
(ooil) (lextu~) (lextu~)
Profllca co (c) co
materiais
Claycy unel <7 I, 4, 6 Sandy texturc < 6 I, 4, 6
leXIU~ (anel> 90%)
(wilh ailt

~20~
> 1,0 > 1,2
Dcpth
oflhc Fine unely 7 I 4 7 Stooc lioc
bodrock (m) lextu~ IS
(a) (unel > 1,0 FIDC undy anel > 10 I, 4, 6
> 85%) graveis
> 12

Wcalhc~ > IS 4, 7 Wcalhc~ > 15 4, 7


lalldalooc aandstone
>o 9
l..ilhology of lhe Sandatooc SaodllOoe
bodrock

<2 s· 6"

>2 12 13
<5
>5 19 20
< 10

> 10 26 27
< IS

> 15 33 34
< 20
uasac cJlilDCCnna acotOJlcat uruta.
Tablc I (cont.)

Uneooaolitatcd Uoconooliclated Buie S.P.T. Mincralogy (b)


material profile (a)
(aoil) (lexturc)
Profilca co (c)
materiais
Sanely clay <S I, S. 4. 6
lexture
>I O

Dcpth
Clayey s I, 3, 4, S
lexturc 20
oflhe >I O
bodroct (m)
(a) Wealhe~ > 30 I, 2, 7, 8
basah
> 09
l..ilhology of lhe Boaalt
bodroek

<2 T
>2 14
<5
>S 21
<lO

> 10 28
< IS

> IS 35
< 20
Hamc engmeenng geologtea.J uruta.

a · Staudard penetration te:at (minimum and maximum iodex).


b- Mineralogy: 1- kaolinite; 2- inlerestntitied; 3- Fe anel AI oxidea; 4- quartz; S- gibbaile; 6- other oxidea; 7- wealhc~ feldspan; 8- wealhe~ piroxcnca
anel amphibolca.
e · co · Natural voida ratio (avcragc value).

Table 2 - Adequabilities of the basic engineering geological units for some factors of occupations.

Fllcton of FaTocable Moderate auits Restridive


occapatioas auits auits
Uaits Uofavoarable attributea
Excavability conditiollll 12, 16, 17, 18, 19, 23,
24 25 26 28 31 3S
8, IS
10 11 14 : t:'.:::f'~ ::~~vcl 3, 4, 7

Fouodatioo conditiona 3, 4, 7, 10, 11, 14 I, 16, 17, 18, 19, 20, - Low grounel waler levei 8, IS, 22,29
21, 23, 24, 25, 26, 27, - Collapaiblc material in thc aurface
28, 30, 31' 32, 33, 34,
35
Saaitsry lanelfilla 31,35 24, 25, 28 - Deplh of grounel waler levei 8, 15, 3, 4, 7, 16, 23,
- DeÔlh of lhe bodroct 26

Septic taDk anel 24, 25, 26, 28, 31, 3S 10, 11, 14, 16, 23 - Deplh of lhe bedrock 8, 15, 3, 4, 7
ceapool - Higb permeabUit coeficient
- Low rctardation factor
Brolion (potential) 3, 10, 17, 24, 31, 4, 7, 14, 28, 35, 12, 19, - Sanely lexturc 16,23
11, 18, 25 ~ow
8
26
·~ntia

Aquifer (potential) 16, 23, 30, 19, 20, 26, I, 8, IS, 22, 29 - Flood zone 3, 4, 10, 11, 17, 18,
27, 33,34 24, 25, 31, 32, 7, 14,
21, 28, 35

Con~amimtioo of 12, 19, 26, 33 - Thickneu of the clayey aand materiais 9, 16, 6, 13, 20, 23,

::..1) 30, 27, 34

Aond (potenti&l) Ali unita - When decüvitiea are < 2% I, 8, IS 22, 29

Aericullurc polential 10, 11, 17, 18, 24, 25, IS, 12, 19, 26, 33, 3, - Low catiorúc cxcbange capacity 6, 13, 20, 27, 34, 2, 9,
31, 32, 114,21, 28,35 4, 7, I, 8,15,22 - Low deplh of bedroet 16, 23,30
- Low 2round water levei

Urban (relidential, 17, 24, 31, 18, 25, 28, 12, 19, 16, 23, 26, lO, ~ Foundation problema 3, 4, 8, 7, IS
incfuotriea) ZOOCI 35 11, 14 - Excavabitity problema
- Rccharge zonc
253

Engineering geological zoning of São Paulo State (Brazil)- Scale 1:500,000


Zonage géotechnique de I' état de São Paulo (Brésil) à I' échelle 1:500.000
L.V.Zuquette, O.J. Pejon & O.Sinelli
USP/FFCLRP, Ribeirão Preto, Brazil
N. Gandolfi, A. B. Paraguassú, J. E. Rodrigues & O. M. Vi lar
USPIEESC. São Carlos, Brazil

ABSTRACT: This study presents a preliminary assessment of an engineering geological mapping in terms
of geotechnical problems, construction materiais, aquifer contamination and probability of occurrence of
hazards. The São Paulo State, located in the southeast region of Brazil, has 248.898 km2 of area and it is
divided into 750 cities and is delimited by parallels 20° and 25° S and by meridians 45° and 52° W. The
studies were based in the geological characteristics (rocks, relieves, unconsolidated materiais, groundwater)
and evidences of geotechnical problems that are now occurring. Lithologies ofthe three rock groups that are
covered by unconsolidated materiais (residual and transported) with thickness between 0.5 and 30m, occur
in the region studied. São Paulo State was divided into 18 regions that are constituted by different geological
geotechnical characteristics and presents probabilities of occurring different kinds of hazards with various
intensities.

RÉSUMÉ: Cet étude presente une évaluation preliminaire de la cartographie géotechnique avec rapport aux
problemes géotechniques, matériaux de construction, contamination des eaux souterraines et probabilité
d'occurrence d'événements dangereux. L'état de São Paulo est localisé dans la région sud-est du Brésil et
presente une superficie de 248.898 km2 , est divisé en 750 villes et est délimité pour les paralleles 20° et 25°
S et pour les méridiens 45 o et 52 o W. Les études ont été basés sur les caractéristiques géologiques (roches,
relief, matériaux non consolidés, nappe phréatique) et sur les problemes géotechniques que occurrent
actuellement. Dans la région occurrent lithologies appartenant à trois groupes de roches qui sont recouvertes
par matériaux non consolidés avec épaisseur entre 0,5 et 30 metres. L'état de São Paulo a été divisé en 18
régions qui sont constituées par des caractéristiques géologiques et géotechniques différentes et qui presentent
des probabilités d'occurrence de types différents d'événements dangereux avec plusieurs intensités.

1. INTRODUCTION

São Paulo State is located in the southeast region of and their lithologies.
Brazil and is delimited by parallels 200 and 25° S
and by meridians 45° and 52° W with a total surface
area ofabout 248,000 km2 • The most developed and METHODOLOGY
industrialized region of Brazil, the São Paulo State
has 750 urban areas with population ranging from
1,500 (in the little cities) to 11,000,000 inhabitants The documents was elaborated based in existing
in the city of São Paulo. The increasing development geologic maps and reports (IPT, 1981; Brasil,
in the last decades and sometimes the irrational DNPM, 1979), in engineering geological mapping
occupation of some areas has led to some problems (Paraguassu et alii, 1991; Lollo, 1991; Nishiyama,
as, for example, soil erosion, landslides and water 1991; Zuquette et alii, 1992; Zuquette & Gandolfi,
pollution. These problems are not extended to the 1992) that were elaborated at scales larger than the
whole State, but occur mainly in some sub-regions this work, and in fields investigagions specially
where the intensity of occupation is acelerated and performed for this map. These informations allowed
where the environment geology limitations are the recognition of zones that were delimited by the
larger. following aspects: a) the predominant lithology; b)
As to know the needs of the region and to furnish the ocurrence of natural events (soil erosion,
guides to prevent the referred problems, severa! landslides, subsidences and flood); c) the occurrence
studies of engineering geological mapping, in of other geotechnical problems, such as soil collapse
various scales, were developed in the Iast ten years or soil expansion; d) the presence of unconsolidated
and were adapted in an unique map that is presented materiais; e) the presence of material for use in
in this paper. landfills and f) the presence of aquifers and its
susceptibility of contamination.
GEOLOGY Figure 2 shows the engineering geological zoning
map and Table 2 summarizes the correspondent
Figure 1 shows gelogical constitution of the region engineering geological units.
studied and Table 1 Iists the Geologic Formations
3f!l01»(JQI» ()

~f3S:[~~~
~~
O. OO(JQ~Q
o;;i(JQ .... ..-..,
f:t,...o;,n~o.
e:"' o v.~ .... s·
B.~~S<5~(Jq ------ -- ---------
ã :::rcs'"·"'
o~e.~ t;S 'Q
s- -~--
- --- -- ----- ------ -

~1
TIME

ã"~ ~~§i~~
GEOLOGY GROUP OR COMPLEX FORMATION LlTIIOLOGIES

s· ~::r~ o a o
~o-~»Er Quartemary
Mor Pequeno Group
(Coam! oedlmentt) c
Canan6ia
Ilha CompridA
Smd and clayoy
Sand and clayoy

ê: ~ o ~. ~ 8" 8. Pariquero-~çu Sand and clayey

:::1. (Jq ~0 !ti


"'~5c j;lo Cenozoic A Sio Paulo, Rio Claro
(a õ Silly, aandy & clayey
03.
o
s· o~. ...õ' cs.,.,'<
2 1:5. (Jq Tertiary B Caçapava
Trcmemb6
::se-"'(JQII>oc
!"o -::s""~
og,g.o.e-1:5. Marilia Sandstonet (tilutooeo & tandstonet with carbonate
:::~. e!. .ij o s· cemonl)

~ ~ ~ 8.c J!.g"'ê:
&::.14 l)l
Bauru Group I AdAmantioa SandJtoocs, ailtJtonea & clayltoocs

Mez.oaoic Santo Anuúcio Sandstooeo


gg_~p~o~
-·o ~ :::1. 5l Cai lá Sandstooeo (oilutoneo & clavttoneo) N
S.B.:a~~J'I"' v.
2 Sem Ocr~J Diabueo& bualts ~
Sio Bento Group
Botucatu Eolic tandstoneo
3
Pirombóia Fluvial u.odJtone1
I:Tl'Tlt"" .....
mg_O~"cCI:::Otx1
cn ::r t"" ~: : . "-. o :;o
Q~»t""S";I~s.r>
c:::o.~O· ~ c g_f:!?
i f:!? o .... ~ :õ ~· :::1. _t""
ê8 Paleozoic
Puaa Doia Group

Tubario Group
4
Corumbal.o(

In li

Taru(
ClayJtonea, silt.Jtonu & NndltoDCI

Limeltonca & shalc, dolomitc

Siltstonet, aandatonc• limeltOnct

~
o
'"cn"'I""'. "' 00
~ ?> 1::1 :- ~~ o ltan~ Sancbtonea, arcosea, diamcctitea, •ilt.Jtooes, abale.
rbitmitet
"'' 3 ~ IS"
oo ........ ~::t'"''Z t:tl 'Tl • -<: ParonA Group 5 Fumas SandltOncJ
()

::L"'d:-
\0 ••.1::1
1n \0 8v, "(;I1::1 =
Vi
....
:I
e!. .
"'d Eopaleozoic PoJtectonic Oranitic Suítes X Granitea
o '-' . 11> •
!". ~~~· ~~ Sintectonic Granitic Suite• m Gnnitet & migmatilct

;g ~1p; ?5 ~ ~ Upper

. ~ ..::r:t •;z:"'d-
. Fi'
Sio Roque Group, Pilar do Sul Complex, Embu
Complex
VI PhyUite, achiJt, calc·ailicatc roeU & migmatitea

~..J
00 ::1 \0
;-JI>i o ..... c
~,;aos::..:.....~ Proterozoic Medium Canastru Group vm Quartzite & limestoneo
O O IV Q~ (') v
~ "'d "!j
Turvo-Cajati Complcx Gneiu
fr o0 11>1....
cn~ :::o=·
· á Lower Paraíba do Sul Complcx XI Migmatiteo. granulitea
o o ~ . o
f~~Õ" ~8"
I
I Amparo Complex IV MiJiffilltiteo, granulitea I

aa 8-· ?"c ~1::1..


I Basic rocks migmatiteo, ocbilll & gnnuliu
cn~ cn Colteiro Complex I

~ ~R I Arquean Juiz de Fora Complex Migmatitea j


.Ofr 'llarginba Complex ._______o ___ Qu.a~-~~migmatitca, granulitc• I
~~----- -~- -~-- --~

t.~
255

50°W
I
I

/
' >-23"5

/
/
/
)JBATUBA

45ow

EXPLANATION
1, X, A - Geo1ogical formations and Groups
(see Tab1e 1)
C6, C7 - Principal corridors of occupation
• - Cities
- - - Geologic boundary
Figure 1 - Geologic and principal corridors map - São Paulo State (Brazil).

52"W

----21°5

-~-----4---22"5

EXPLANATION
2.5 ... 8- Basic engineering geologic
units (see Table 2)

Figure 2- Engineering geological zoning map- São Paulo State (Brazil).


~ ~ '7'.
t!! l""l :-:'~o~> t:J"' B3
11> 3 'T1
§: ~ ~ o ~ 86· ~ tl ~ ~- ~
lc:Q.~»Z~. ::sÔ~0~3><
=
s e. Q, • !' e!. o a c: s· >
OCil~ Q, Cc::t;; .~ ~
Table li - Characteristics of engineering geological units.
!"c2'G
.... ..... o:l •• l"r1 o Q, >
jil8~~ o:..~»..-V>~.Q.~».
Unconsolidated materiais
õ"'iil --t; z· .G..c
Units Bask
cbaracterútu
Class Litbologi<s
or tex1urt.>
Cbaracteristícs Su)).
class
Declirity
('l&)
Unfu....-.Ne
attríbutes
Potmtial
hazanls
Othen
informations g- o. ~ ~ ~ 61 ~ • ~ fii r·
g-~~N~~S:-~>g~ ....
Pro file 'fhiclmes1
(m) for oocupatioa
iil~»'. "-~"'~rnb:l~>~g~
c:outal zonc - 1.1 aandy Jedimenu 1.1.1 hcterogeneous > 10 ()..2 - low grouod watcr - flooding- t:1o !:>"(I)"' ,.... •.. Q.--
õ ... Vl""'~»• Q,'
1~
"'01».
orographic rain levei; olopc iJUtability eroaion c:g~~»ol""lG • Q.
Õ !:!' 7' §' ~ <: N tT1 ~
~ ~· ~ g ~ l. ~] çã ~ ~]
claycy and organic 1.1.2 heterogeneoua >10 ()..2 - settlement; low ground - flooding G
material• watcr levei; alope
iJUtability
1 • Ge ... · c::o...,3~c::c:n3
1.2 gnnites fracturcd 1.2.1 hcterogcneou• 2 to 20 >15 · low ground watcr - landtlides
m "' g- o :g ~ s· g • ~ (I) ~ g
levei; slopc irutability
rn~ . . o~('> ~ s :c õ s
ochiltllphilliteo fractured 1.2.2 heterogeneoua 2 to IS > IS - boulden, high % - laodslides Í)~Q.8-:~C'I .... o
.._C:,.,.g ~ ~· ~
(1)"',-,
gnein mie as v. ' ... J
8~
(1) • • " ' ' ,-..
o'- OCilo
::s !,.,.)<::> ~~
gnnuliteli fncturcd 1.2.3 heterogcneout 2 to 20 > IS - landalidet
~ iJ,
(1)1>'"'
-2 .... ~ ~- [ ~- . .
s:;t· ....
t'"' \ J 7'
migmatiteo I
• o l-'í 8 . 1:) e.s~·<: ~ N ....
s (I)Q..-. ~ o<Q,
aedimentary
matcriall
2.1 11ndy and clayey unconsolicbted aedimentary
roeu
bctcrogcneous > <S - low ground water
levei
'
~·Sl Sl &r C::OI>l ...... ! " . o
N
2 2.2 11nd1tonea c:o1110lidated rockl hcterogeneous 2toS < 10 - exparuiblc material a - flooding v.
o.
2.3 clay•tone/Jilt.Jtone conaolidated roclcJ heterogencouo 2 to 10 < 10 - crosion I

sedimentary 3.1 ..nd and clayey low consolidated sedimentary hetcrogcneoua > s < s - high erodibility - flooding
roeu
3
3.2 ailtstonea; high conoclidated roeb bctcrogcneoua S to 10 - croaion @Cil~~~:..tn8Sl0~íl
claystonea;
undatonc•
> 10
- landtlidea 6·::s -~txl~-2 1:)C::.-::tQ,9:s;Zc::õ
:- ~ ~ ::s ::s > 1:) ~

·e!. :;! 3 ~ ..., o. õ o ~ !"


. (") oQ,o~o
~ 5 !à
~n
2 to IS
~ ~ 5·
low grade limestone; acbiau; - irregular diltribution in the hcterogeneoua 10 to 20 - high% micu - landslidet
mctamorphic philites; quartzites unit - oolubility - lllbsidenccs '? (1) t;;
roeb and
limcstones
~ unconaolidatcd material•
prcsent largc differcnces duc
- dolin.u
~GO· ~~~(JQ::s_-.
4 to mincralogy and extrutural ~~ 0t'"'Y'::t~o 8~ r
fe.atures ~ ~. 8 <: ~ c;;· '3 N ~ z <
gnnites fncturcd heterogencoos 2 to 20 > 20 - boulden - landllideo good e·3 ~ · :- ~ 5- e. e. · ~ ·
5 (occuring a lot of - low depth of bcdroek - erosion coD.JtrUction
"cn '8 8' Pl> ~ ta ~ ~ Pl> ~
@lt~Q,o ~eg-g-
boulder) material•
o
low grade
metamorphic
6.1 quartzitea and
phillite•
weathered rockJ are differentJ
due to mineralogy
hctcrogencous/
homogeneoua
< s > 10 - high % micu ponr
corutruction ~-·"' ~
~»~>' <:>. .......
DQC~»õ0" CllZ
roeb materiais E. '2 @ ;::;· • ., "' c: o
6 .0 j;! ~. O c::o ::::: ~ ..., N '-<
6.2 phillite• (micaccouo) <S > 10 - landslides
- erosion
-
- ...,
,_..
@l'
o Q. ..-••
c s:~-· l""l::1-· õ' cr~ '!" ~(I).
:::1 ....
C.. -
6.3 -----
schista -
(very micaceout) < s > 10 ·--
- landslides
;..:..~
~-o z-
z . 'G~orl:zZ
-a&. o; ~ c· a :;:l. • ~
7""'!3 ....
1'-)3..., o flfl .... ..-
~t'õ(JQ t'"'
~ g ~· ~
. Õtn !V


g.c::o !!.'<!V;.
Q, Sl ~ o

"
T ABLE O (continue<!)

Uoconsolldated materiais
Uaits Basic Class l..idsolosies Characterisô<a Sul>- Declirity Uala•oarable Potmtial Otllen
c.haracterista ortextures duo (~) ettribul8l luuanJs iuformatioas
Profile 'i'blclrJMu
(m) for oc:cupatioa

migmatitu weathered roeU are very ~ bcterogcoeout >20 >20 - boulden -londalidea granitet are
granitet aimilar (granire area - depth of bedrock - block falia goodu
pretent boulder -eroaioo coaut.ruction
in aeveral deplh) materi&Ja
7 - 80% oflhe
profUea are
wealhered roeu)

Jedimcntl 8.1 ICdimentJ in flood heterogeoeous > 5 < 5 · low ground water - Oooding
igneoua aod ploin (aaody or cloyey) levei . ~ettlement
8 metamorphic
roeu 8.2 granitet, ICbilt hetcrogeoeoua > 10 > 15 - boulder cx:curency · landalidet
migmatilel (aandy or cloyey) eroaion
(80% are
wealhered roeu)

unconsoli<bted 9.1 oand y tedirnenll theae material• are on baaaltl homogeneout > 10 · high erodibility · eroaion low fertility
material• or undstonea (continuou• over
distribuilion) beterogeneout
9 9.2 oandy tedimenll the10 materiais are over homogeneoua > 10 · erotion
and clayey oaod bua1ll aod oaodatonea o ver
(colluvium) (deacontinuoua diatribuition) hetcrogeneoua

iaolated platc.aux 10.1 conalomentic hetcrogeneou.. < 10 <10 - high erodibility · croaion 1ow fertility
aod tedimenllry oaodiiODU aod - block faU
roeu ai1lii0Del

lO 10.2 oaodllonea wilh hetcrogeneout < 10 < 10 - moderate expansibility · expa111ible


cloyey cirnenl material•
10.3 ~andy Jedimenta OD tilt.Jtone, clayltonc homogcneoua > 10 < 10 · altemated matcriaJa tnallbility
tedirnenllry roeu (aandy) over a1ope
heterogeneoua

1•'1• plotuu 11.1 fine oaodllonea carbon.atic ciment or nodulea 11.1.1 homogeneoua > 5 < 10 · high erodibility · el'Oiion ali tlauea
aod tedimenllry (IÍ1llloDU aod 11.1.2 when are < 5 > 20 u.line toila preNDI.
roeu c1ayllonea reaiduah tnterl>edded
inlerbedded) roeu lhat
produce
11.2 fine aod ..,.,.. earbonatic nodule~ 11.2.1 homogeneoua < 5 > 20 · moderate ulinity · oo1ub1e dilfereDl
oaodllonea 11.2.2 when ue > 5 < 10 toill profileaaod
(aillllooea, reaiduaJa · erotion imgulor
clay110nea aod vory roek faUa diltribution of
11 fine aaodiiODOI uncon.JOiid&ted
inrerl>«<d«<) materiala
11.3 fine and aandatooea, 11.3.1 homogeneoua < 5 > 20 - hi.ch declivity · eroaion
loca1y arlt:oao 11.3.2 when are >5 < 10
reaidu.aJt
11.4 fine and undatooea 11.4.1 homogeneooa < 5 > 20 · eroaion
11.4.2 when are > 5 < 10
rcaiduah
T ABLE ll (continued)

Uocoo.solidated maúriah
Uaits Jlasic Class I.Jthologjes Clw'actemtics Sub- Declirity Unfuou.rable l'olential Othen
cllaracterista or !atures class (~) attributeo lw:ards informatioas
Profile 1lliclmeu
(m) for occupaôoa

igneou~ roeu 12.1 bualu and weathered roeU are very 12.1.1 betcrogeneoua >10 < 10 - hiJb erodibility ~ CI'OIÍOD
tandJtonet aimilar (undy)
a1temated,
betcrogeneoua /
diatribution in area
12.1.2 heterogeneoua 2 to 20 lO to 20
(clayey/oilty)
12 12.1.3 bet.erogencoua < 10
(coUuviou•)

12.2 baulu very fractured heterogencoua <2 > 20 - block fali• - Jood for
(clayey) - omall constrution
landslideo materiais

12.3 bualu vcry fracrured 12.3.1 beterogeneoua 2 to 20 <10 - low deplh o f lhe - omall - sood fertility
(clayey) bedroek landalidct
· collapaible toila (m
surface zonc)

12.3.2 homogcncoua 2 to lO <5 · collapaiblc toila (in - sood fertility


(clayey) JUrface zonc)

igoc.ou.a and undatone• hetcrogeneou• < l >lO - dectivity - block falto Bood
13 oedimeolary baoalu - deplh o( lhe bedroek conJtnJction
roeu materiala
N
undy roeu 14.1 aandJtones with ailicious ciment 14.1.1 homogeneout < l > 15 - bigb declivity - block fatio sood
v.
00
- deplh o( bedrock coDJtruction
material•
14 without <:iment 14.1.1 homogcncout > 10 < 5 - hiJh permeability - eroaion Jood aquifer
cocficieot
• low fertility

14.1 aandstooet oilt plua clay < lO% low bomogeneity >10 < 5 - low fertility - eroaion

heterogcneou• 15.1 riltltonet, bcterogcncoua < 5 - expaDJibility Jood fertility


dillribution of clayatoneo
15 roeu
15.2 limestooes, <l
dolomites, abale•

sedimcntary 16.1 claystonet, hcterogcneoua dittribution of bcterogcneoua 2 to 15 < 10 - expanoibility


roeu diamictitea, ahalct, roeu (clayatonel and
siltstonet, oUUtoneoare predominanU)
aandttonet
16 16.2 aandstones, hcterogeneouo dillribution o(
lillltOOCI, rocb (aand.Jtonea are
claystonea, predominanU)
limeatonea

s 5 to lO
""':~
17 oedimcnt.uy IIID<ÚioDOI <
roeu

metamorpbic quartzitea betero<eneou• < 5 domlnant - deptb of lho bedrock


18 roeu (llllerbedded witb profile and i• bjper - hiJb declivity
achilt and pbilliteo) dillribution lO%
259

Methodology of specific engineering geological mapping for selection


of sites for waste disposal
Méthodologie de cartographie géotechnique spéciale pour la sélection de sites
pour le stockage de déchets

L.V.Zuquette, O.J. Pejon & O.Sinelli


USPIFF CLRP/Ribeirão Preto. Brazil
N.Gandolfi
USPIESSC !São Carlos, Brazil

ABSTRACT: In countries with extense territories and that present social-economic problems it is necessary
the assessment of the conditions of the geological environment (waters, relieves, rodes and unconsolidated
materiais) for disposal of the waste produced in residences, industries, laboratories, hospitais and other.
Severa! studies were elaborated in some regions of Brazil and now we are proposing an attribute group and
leveis of attributes that must be considered in the studies of selection of sites for waste disposal in sanitary
landfills, lagoons, cesspool, septic tanks, irrigation and spreading. The selection of the attributes and their
leveis was based in the general conditions of the tropical regions and in the limitations that occur more
frequently and that are mapped in the process of engineering geological mapping. The attributes that must
be evaluated in the process are: rocks substrate depth, unconsolidated materiais (texture, permeability,
mineralogy), water levei, chemical and physical characteristics ofthe waters, declivity, landforms and cation
exchange capacity. The principal objective of this work is to orientate the elaboration of the special
engineering geological mapping for waste disposal at scales between 1:100,000 and 1:25,000.

RESUME: Dans les pays avec grand extension territorial et que présentent des problemes sociaux et
économiques est nécessaire i'évaluation de la condition du environment géologique (eaux, relief, roches et
materiaux non conso1idés) pour le stockage de déchets produites en résidences, industries, laboratoires,
hôpitals et autres. Plusieurs études ont été elaboré dans quelques regions du Brésil et maintenant nous
proposont un group d'attributs et niveaux d'attributs que doivent être utilizé dans les études pour la selection
des sites pour stockage de déchets dans les decharges controllées, logons, fosses noires, irrigation et
similaire. La selection des attributs et leurs niveaux ont été basés dans de conditions générales des regions
tropicales et dans la limitation la plus souvent et que sont étudiés en cartographie géotechnique. Les attributs
que doivent être evalués dans le proces de cartographie sont: profondité du substratum, materiaux non
consolidés (texture, pennéabilité, mineralogie), produndité de la nappe fréatique, caractéristiques chimique
et fisique des eaux, déclivité, landfonns et capacité d'exchange cationique. Le principal objetif de ce travail
est d'orienter l'eraboration d'une cartographie géotechnique especial pour ie stockage de déchets en écheles
entre 1:100.000 et 1:25.000.

1. INTRODUCTION

Only few cities in Brazil have adequate sites for sequency proposal in the Table 1. 1?e pri~ci~
waste disposal that were selected by studies manners of waste disposal that are constdered m th~s
work are: sanitary landfill, lagoon, cesspooi, septtc
elaborated for selection and choice of the most
eficient technological mechanisms in the protection tank irrigation and spreading.
Th~ table 2 shows the attributes and leveis of the
of the environment. Due to these conditions, we are
attributes that permit the definition and delimitation
proposing a preliminary procedure to the
development of studies of the components of the of the units that are classified as:
Favorable - the natural attributes of the area
geological environemnts for selections of
geologically adequate sites. present leveis adequate for waste disposal.
Moderate - some natural attributes of the area
In countries with extense territories and low social-
economic conditions it is necessary the development present leveis not adequate for waste disposal. The
of low cost works. These works must consider one correction is possible with low costs and common
group of attributes and basic procedures for its technological mechanisms.
Severe - More than 50% of the natural attributes
obtention.
present leveis not adequate for was~ disposal. ~ere
is a necessity of special technologtcal mecharusms
2. METIIODOLOGY for correction.
Restrictive - the natural attributes of the area
present leveis not adequate for waste disposal. lt is
The works for preliminary selection of the sites
must be elaborated by specific engineering necessary very special technological ~e::h~sms and
high costs for correction o_f the hmtta~ons. The
3. Rainfall occupation can produce mtense envtronmental
4. Water balance
impacts.

These attributes must be obtained by mechanisms


3. CONCLUSION
that are adopted by technical associations and by
proceding presented in Zuquette (1993) and Zuquette
The use of the me~odology~ <~:~butes and other
& Gandolfi (1990) aJid the user must to obey the
260

mechanisms permit the execution of works of the compartimentação das formas de relevo e perfis
especific-purpose engineering geological mapping de tipos de alteração. São Carlos/SP. 2 volumes
for selection of the sites for waste disposal in large (Mestrado-EESC/USP).
regions with low costs. geological mapping at between 1:100.000 and
These documents obtained by these works present 1:25,000 scales.
the ranking of sites that must be studied in details This work must consider the attributes and leveis
before the instalation of: sanitary landfills, lagoons, of attributes and forms of disposal (sanitary landfills,
cesspools, septic tanks, irrigation and spreading cesspool, septic tank, irrigation, Jagoon and
areas. spreading).
The attributes that must be considered in these
works are presented in Zuquette (1993) and Souza
BIBLIOGRAPHY (1992) that are:

SOUZA,N.C.de - 1992 - Mapeamento Geotécnico Rock Substrate


regional da Folha de Aguaf: com base na 1. Litology

~
] ~
o
.!l 8
§
ar
-g §
5
§ §
eo
::= ª- o
'!"!
."
~ ao
.:..:..:!

§"'
·:::

c
8
c
.9
sál
e-o
u

f
"'
261

2. Depth Water
3. Descontinuities (fractures. strutural lines,
l . Ground water levei
folds) 2. Ground water flow direction
3. Overland flow
Unconsolidated Material
4. Infiltration (perrneability coefficient)
1. Texture
5 Recharge area
2. Profile variations
6. Well and spring localization
3. Míneralogy
7. Drenability conditions
4. Presence of rock blocks
S. pH and ~pH
Geologic Process
6. Salinity
I. Erosion
7. Cation exchange capacity or anionic exchange
2. Landslides
capacity
8. Compressibility conditions
Relief
9. Colapsivity/expansibility
I. Declivity
10. Erodibility index
2. Landforrn
11. Retardation factor
3. Surface water boundary
12. Compaction conditions

Table 2 - Principais attributes and leveis that must be used in the definition and delimitation of the homogeneous units.

Compooenu Claue SANITARY LANDFILL


AtribUle FAVORABLE MODERATE SEYER.E R.ESTRJcriVE
(I) Lithology SandiiiOne l.imeiiiOne
Aquifen Aquifen
ROCK (2) Depth (m) > IS s- lO < s < 3
SUBSTRATE (3) Deocontinuitico
Vcry fracturcd Vcry fracturcd
(4) Tcxtun: Cloycy aand Sandyclay Sandy Vcry aand
(5) Variation of thc Heterogeneous Hcterogeneoua Homogeneoua Hornogcneous
proftlc
(6) Mincralogy Mineral typc 2 x I Mineral typc I x I lnert minerais lnert minerais
(!) Rock blocb Fcwandsmall Fcwandsmall Vcry and amall Vcry and lorge
(8) pH/ApH" > 4/negativc > 4/ncgative > S/negative < 4/positive
(9) Salinity < 16 < 16 > 16 High
(mhoa/cm)
(IO)C.E.C.'"""' > IS S • JS < s <2
(Meq/IOOg)
(li) Co~n:saibility Not Not Occur in lhe BUrface Occur in the
UNCONSOLIDATED conchtions bed surface bed
MATERIALS (12) Collopsivity Not occur In Atrface bed (2m) In aurface bed (4m) In Alrface bed (6m)
(13) Erodibility Low Low Higb Very higb
indcx
(14) Retardation Higb lntennediate Low Low
factor
(I S) Co~actation Good Good Inadequate lnadcquate
cond1tion
(16) Ground water > 10 > 6 <4 <2m
levei (m)
(17) Ground water I I 2 or 3 > 3
flow direction
(18) Ovcrland Oow Laminar Laminar (low) Laminar (higb) Conccntn.te
WATER (19) Pcrmeability lo-" JO·'-JO• > I()"' Vcry hi~
eoeficient (> 10"
(em/a)
(20) Rccharge an:a Not Not Not Oecur
(21) Distancc of thc
welt and spring >500 400 >300 <300
(m)
(22) Dn:nability Good Good lnadequate Inadequare
condition
PROCESS (23) Erosion Not Not Potential intensity High potential
(FEATURES)
(24) Landslide Not Not Poteiltial Occur
(25) Declivity (%) 2- 5 > s > IS > 20
<2
(26) Landform Flot alopea Ingrcmc alopea Very ingreme
alopes
Aoodzonca Aood zonea
RELIEF (27) Boundary (>200m) (>200m) Near Coincidental
between Far (200m) Far (100m)
drainage
basins
(28) Wct zonc Not Not Not Occur
(29) Aood zonc Not Not Retum lime Retumtime
> 20 yean < 20 yean
(30) Evapo- High lntennediate Low Very Jow
CLIMATIC transpiration
CHARACTERISTICS (31) Wind din:ction Toward urban area
(32) Rainfall (mm) > 2000 (mm)/year > 3000 (mm)/ycar

i") ApH • pH H,O - pH KCJ


( •) C.E.e.· cationic exchangecapacity
( - - ) Not vcry important
( ) Variable
262

4. Wet zones sur la Geologie Urbaine, pp. 300-309, Sfax,


5. Flood zones Tunisie.
ZUQUE'ITE, L. V. - 1993- Importância do Mapea-
Climatic Condition mento Geotécnico no uso e ocupação do meio fí-
l. Wind direction sico: Fundamentos e Guia para Elaboração. 2
2. Evapotranspiration volumes - São Carlos!SP (Tese Livre Docência -
EESC/USP).
ZUQUE'ITE, L.V. & GANDOLFI, N. - 1990 -
Engineering Geological Mapping: A
Methodological Proposition. Geociências, São
Paulo, 9:55-66.
ZUQUE'ITE, L. V. 7 GANDOLFI, N. - 1991 -
Problems and rules to select the landfill waste
disposal sites Brazil. Symposium International

TABU! 2 lcnnt.
Compoocnta Claue LAGOON
Atributc FAVORABLE MODERATE SEVERE RESTR.IcriVE
(!) Lithology Sandstone Limestone
Aquifen Aquifcn
ROCK (2) Dcpht (m) > 10 8-4 <4 < 2
SUBSTRATE (3) Deacontinuitiea Fcw Fcw Vcry fractured Very fractured and
opcn fr:acturea
(4) Texture Sand clay Clayey aand Sand Sand
(5) Variation of the Hetcrogeneous Heterogeneoua Homogeneoua Homogeneoua
pro file
(6) Minenlogy Witbout mineral• Withouth minerab lnert miocrala lnert minerala
2:1 type 2:ltype
(1) Rock blocka Dcpth Fewandamall A loto in lowdepth A lot in surface
(8) pH/t.pH'' > 4/negativc > 4/negative > 4/negative < 4/positive
(9) Salinity < 16 < 16 > 16 > 16
(mhoalcm)
(IO)C.E.C.'.., > 15 5- 15 < 5 <2
(Meq/IOOg)
(li) Compreasibility Not occur Not occur Occur in surfacc bed
UNCONSOLIDATED condttioDJ Occur in aurface
bed
MATERIALS (12) Collapsivity - - -
(13) Erodibility Low Low High Very high
index
(14) Rctardation
faclor
- -- --·
(15) Compactation G<'<'d lnlcrmc.Jiatc ln.aJcqualc Minerais
cond.ttion
(16) Ground water > 7 >4 < 4 <2m
levei (m)
(17) Ground water I I 2 or 3 Several
fiow direc:tion
(18) Ovcrland flow High Concentrate
WATER (19) Perrneability < 10~ > 10"' w·•. w~ > w·• > 10"'
cocficient
(em/a)
(20) Recharge arca N01 NOI NOI Occur
(21) DiBtancea of <300
the well and
spring (m)
(22) Dre"!'~ility Gond Gond Bad Bad
concbtioo
PROCESS (23) Erosion NOI NOI Potential Occur
(FEATURES)
(24) Landolide - Potential Occur
(25) Dcclivity (%) <2 < 5 <7 >7
(26) Landform Stcep alope1 aod wet and flood zones
RELIEF (27) Boundary F ar Far Near Coincidental
between (>200m) (100m)
drainage
ba•ina
(28)Wetzone NOI NOI NOI Occur
(29) Flond z.one NOI N01 Occur Occur
(30) Evapo;- . High High High Low
traoaptraüon
CUMATIC (31) Wind direction Toward urban area
(32) Rainfall (mm) Rainfall
( > !500 mm/year)

1"\ t.oH • pH H,O - pH KCI


(••) C'.E.C. ~ eatiçnic exchange capacity
( - - ) NOI very 1mportant
( ) Variablc
263

TABLE 2 (contd_
Componenu Classe CESSPOLL
Atnl>ulc FAVORABLE MODERATE SEVERE RESnUCTIVE
(I) Lllbology
ROCK (2) Oepht (m) > 8 <6 < 5 <4
SUBS'mATI! (3) Deacontinuitica
-- -- -- --
(4) Texture Modet11lc Modenlc Saody Saody o.- clayey
(5) Variation of lhe Heterogcncoua Heterogeneoua Homogeneow Homogeneoua
profile
(6) Mincralogy Clay mineral• Clay minenla lnctt minera.Ja lnert minenla
typc 2:1 type 1:1
(1) Rock blocka Oeplh > 5 Oeplh < 3 oej>lh < 2 Occur in surface
(8) pH/t.pH'" > 4 > 4 > 5 < 4
(9) Salinity < 16 < 16 > 16 > 16
(mhoa/cm)
(IO)C.E.C.'.., > 15 5 . 15 < 5 <2
(Mcq/IOOg)

UNCONSOLIOATED
(li) CoJI!Preuibility
coocbtions
-- -- -- --
MATERIALS (12) Collapaivity -- -- -- --
(13) Erodibility
index
-- -- -- --
(14) Retanlation High High Low Low
factor
(15) COJ~!P8ttation
conchtion
-- -- -- --
(16) Ground watcr >8 > 4 <3 < 2
levei (m)
(17) Ground walcr I I 2 >3
flow direction
(18) Overland flow -- -- -- Cooceruratc
WATER (19) Permcability
coeficient w• (ncar) ·~-10-' lO"'. lO"' > 10"'
(em/a)
(20) Rccharge arca Not Not Occur Occur
(21) Distante o f lhe
welland (rring >50 > 30 < 30 < 30
(m) m)
(22) Drenability Good Good lnadcquatc lnadequatc
conditioo
PROCESS
(FEATURES)
(23) Eroaion -- -- -- High
(24) undslide Not
(25) Occlivity (%) < 8 < 12 12. 15 > 15
(26) undform Wet aod Oood zonea
RELIEF (27) Boundary
between
drainage
baain1
(28) Wet zonc Not Not Occur Occur
(29) Flood zone Not Not Occur Occur
(30) Evapo- High Moderate Low Low
CLIMATIC transpiration
CHARACTERISTICS (31) Wind direetion -- -- -- --
(32) Rainfall (mm) -- -- -- --
(I) Lilhology Sandstone Limestone
ROCK (2) Ocpht (m) >4 < 3 <I < 6.3
SUBSTRATE (3) Descontinuities
-- -- -- --
(4) Texture Modet11tc Moderate Sandy or claycy Sandy or clayey
(5) Variation o f lhe
profile
-- -- -- --
(6) Mineralogy Clay minerais lnen mineral•
(1) Rock bloeka Ocplh > 3 Oeplh < 2 In aurface
(8) pH/.ó.pH'" >4 >4 > 5 <4
(9) Salinity < 16 < 16 > 16 High
(mhoalcm)
(IO)C.E.C.'.., > 15 5. 15 < 5 < 2
(Mcq/IOOg)

UNCONSOLIDATEO
(li) COJ~!PteSSibility
condttion•
-- -- -- --
MATERIALS (12) Collapsivity -- -- -- --
(13) Erodibility
index
-- -- -- --
(14) ReLudation High Modente Low Low
factor

(lS) g~~ti~:ion -- -- -- --
(16) Ground watcr <3 >3 <3 <2
levei (m)
(17) Ground watcr I I 2 or 3 > 3
flow direc:tion
(18) Overland flow Concentrate
WATER (19) Permeability 10• • to·• < 10"' lO"'. lO"' > to·•
coeficient
(em/a)
(20) Rccharge arca Not Not Occur Occur
(21) Distantes of
lhe wcll and >50 > 30 < 30 < 30
spring (m)
(22) Orenability Good Good lnadequatc lnadcqualc
condition
-
264

TABLE 2 leonl.l
Componenta CloSIC SEPTIC TANK
Atribute FAVORABLE MODERATE SEVERE I RESTRICTIVE
PR.OCESS
(FEATURES)
(23) Eroaion -- -- -- Very bigb
(24) Landalide Not Potential
(25) Deelivity (%) <8 8- 15 > 15 > 15
(26) Landform ~ct aod fiooding zooea
RELIEF (27) Boundary
betwee n
-- -- -- --
drain.age
baaina
(28) Wet zone Not Not Not Oeeur
(29) Flood zone Not Not Not Occur
(30) Evap<>- Higb Moderate Low Low
CLIMATIC lnnJPiration
CHARACTERISTICS (31) Wind direction -- -- -- --
(32) Rainfall (mm) -- - -- --

TABLE 2 (eont.\
Componenu Cloaae IRRIGATION/SPR.EADING
Atlribute FAVORABLE RESTRICTIVE
(I) Lithology LirnellOoe

ROCK (2) Depth (m) > 5 <I


SUBSTitATE (3) Deaeontinuitiea
(4) T e xture lntermediate Clayey aand
(S) V ariâtion o f the Heterogeneoua Heterogeneoua
profile
(6) Mineralogy Minerais 2 : I type lncn miocnla
(7) Roek bloeka - -
UNCONSOLIDATED (8) pH/ <l.pH'~ > S/ncgative < 4/poaitive
MATERIALS (9) Salinity < 16 > 16
(Mboílem)
(lO) C .E .C .'"" > 10 < 2
(Meq/IOOg)
(li) COJJ!Pt'eUibility
conchtiona
- -
(12) Collopaivity - -
(13) Erndibility Low lntennediate and
index high
(14) Reatardation High Low
factor
(I S) CoJJ!Pactation
conchtion
- -

(1 6) Ground water > 5 <2


levei (m)
(17) Ground water
flux direction
- -
(18) Overland Oow Low Conc:entrate
WATER (19) Penneability
coeficient Ht'(near) < lo·•
(em/a)
(20) Recbarge area Not Occur
(21) Diatance of > 300 <300
lhe well and
apring (m)
(22) Drenability Good lnadequate
coodition
PR.OCESS (23) Eroaion Low potential lntermediate and
FEATURES bigb potential
(24) Landalide Not
(25) Deelivity (%) < 12 > 12
(26) Landform Flat alope, tcver dope, wct aod flood zonea
RELIEF (27) Boundary
between
- -
dnainage
baainJ
(28) Wet zone Not Occur

(29) Flood zone Retum time < 20 Rerum time < S


yean yean
(30) Evapo- High Low
tnnspiration
CLIMATIC (31) Wind direction - -
(32) Rainfall (mm) Rainfall
( > I 500 mm/year)

Você também pode gostar