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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS


DEPARTAMENTO DE GEOTECNIA

GEOTECNIA NO. 2
(1991)
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J.C.A. Cintra
N. Gandolïï
N. Gaioto
A.B. Paraguassu
J. E. Rodrigues
:ila O.M. Vilar
-.1

SÃO CARLOS, 1994 ^c-^


PUBLICAÇÃO 084/94
Si&iffite el
,'>-,

vz
\0'/^ ç.
APRESENTAÇÃO

A produção científica dos docentes do Departamento


de Geotecnia da EESC/USP é publicada geralmente em
congressos e revistas, nacionais e internacionais. Portanto,
para ter acesso a essas publicações é preciso consultar
inúmeros anais de congressos e volumes de revistas, o que
não é prática comum entre os alunos de graduação.
Por isso~ resolveu-se criar essa coleção, reunindo
em cada volume ós principais trabalhos científicos do ano,
começando pelo ano de 1990. Apresentamos agora o n°. 2,
correspondente ao ano de 1991. O objetivo é facilitar ao
máximo a consulta pelos alunos de graduação e, também,
divulgar a parte mais importante da produção científica dos
docentes do Departamento de Geotecnia. Muitos dos trabalhos
são publicados em co-autoria com pós-graduandos da área de
Geotecnia ou com docentes credenciados na área de pós-
graduação em Geotecnia da EESC-USP mas vinculados a outras
instituições.
No índice são destacadas as referências completas
das publicações originais, em ordem alfabética do primeiro
autor de cada trabalho.

São Carlos, abril de 1994

Prof.Dr. ' José Carlos A. Cintra


Coordenador da Area de Pós-Graduação
em Geotecnia
ÍNDICE

1. BORGES, A.L.; CONTE, A.E.; PAIVA, P.R.; GAIOTO, N. Barragem Morro do


Ouro - um exemplo de projeto otimizado das etapas de construção. In:
SIMPÓSIO SOBRE BARRAGENS DE REJEITOS E DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS, 2.,
Rio de Janeiro, 6-9 nov., 1991. Anais. São Paulo, ABMS/ABGE/, Rio
de Janeiro, CBGB/Clube de Engenharia, 1991. p.47-54................ 1

2. BROLLO, M.J.; RODRIGUES, J.E. Aplicação da cartografia geotécnica na


deposição de rejeites sépticos - região de Araras, SP. In: SIMPÓSIO
SOBRE BARRAGENS DE REJEITOS E DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS, 2., Rio de
Janeiro, 6-9 nov., 1991. Anais. São Paulo, ABMS/ABGE, Rio de
Janeiro, CBGB/Clube de Engenharia, 1991. p.339-349 ............ .... 9

3. CARVALHO, D.; CINTRA, J.C.A.; ALBIERO, J.H.; MANTILLA, J.N.R. Étude


expérimentale de pieux instrumentés. In: COLLOQUE INTERNATIONALE SUR
FONDATIONS PROFONDES, Paris, 19-21 mars, 1991. Annales. Paris,
Presses de l'École Internationale des Ponts et Chaussées, 1991.
p. 413-420 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

4. CARVALHO, D.; MANTILLA, J.N.R.; ALBIERO, J.H.; CINTRA, J.C.A. Provas


de carga à tração e à compressão em estacas instrumentadas do tipo
raiz. In: SEMINÁRIO DE ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES ESPECIAIS, 2., São
Paulo, 19-21 nov., 1991. Anais. São Paulo, ABEF/ABMS, 1991. v.1,
p.79-87 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

5. CINTRA, J.C.A.; CARVALHO, D.; GIACHETI, H.L.; BORTOLUCCI, A.A.;


ALBIERO, J.H. Campo experimental de fundações em São Carlos. In:
SEMINÁRIO DE ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES ESPECIAIS, 2., São Paulo, 19-21
nov., 1991. Anais. São Paulo, ABEF/ABMS, 1991. v.1, p.96-105 ... . 37

6. FERREIRA, C.V.; ALBIERO, J.H.; LOBO, A.S. Características geotécni-


cas do solo residual de arenito da cidade de Bauru - SP. In:
SEMINÁRIO DE ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES ESPECIAIS, 2., São Paulo, 19-21
nov., 1991. Anais. São Paulo, ABEF/ABMS, 1991. v.1, p. 133-142 47

7. FERREIRA, C.V.; ALBIERO, J.H.; LOBO, A.S. Parâmetros de resistência


do solo residual de arenito da cidade de Bauru. In: SEMINÁRIO DE
ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES ESPECIAIS, 2., São Paulo, 19-21 nov., 1991.
Anais. Sâo Paulo, ABEF/ABMS, 1991. v.1, p.143-152 . . . . . . . . . . . . . . . . 57

8. GAIOTO, N.; VILELA, T.F.; VIEIRA FILHO, V.D. Otimização do projeto


do maciço da barragem de Dahmouni em função das características e
disponibilidade dos materiais de empréstimo. In: SEMINÁRIO NACIONAL
DE GRANDES BARRAGENS, 19., Aracaju, mar., 1991. Anais. Rio de
Janeiro, CBGB, 1991. Tema 3, p.309-314 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... 67
9. JURY, W.J.; PARAGUASSU, A.B. Influência de agentes biológicos na
permeabilidade de fundações de barragens na região amazonica,
Brasil. In: CONGRESSO NACIONAL DE GEOTECNIA, 4., Lisboa, 2-4 out.,
1991. Anais. Lisboa, Sociedade Portuguesa de Geotecnia/LNEC, 199i.
v.1, p.99-104 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

10. KUWAJIMA, S.M.; NEGRO, A.; CELESTINO, T.B.; FERREIRA, A.A. Mini-
flat jack test for assessment of tunnel lining stress. In:
PANAMERICAN CONFERENCE ON SOIL MECHANICS AND FOUNDATION ENGINEERING,
9., Vinã del Mar, Chile, Aug. 26-30, 1991. Proceedings. Santiago,
Sociedad Chilena de Geotecnia, 1991. v.3, p.1377-1390 ..•.•••.•••..••• 79

11. LEVACHER, D.; GARNIER, J.; BOUAFIA, A.; CINTRA, J.C.A. Étude
expérimentale de pieux sollicités latéralement. In: EUROPEAN ON SOIL
MECHANICS AND FOUNDATION ENGINEERING, 10., Florence, Italy, May 26-
30, 1991. Proceedings. Roma, Associacione Geotecnica Italiana, 1991.
p.463-466 ......................................................... . 93

12. LOBO, A.S.; ALBIERO, J.H.; FERREIRA, C.V. Comparação entre carga
última previstas por diversas fórmulas e obtidas em provas de cargas
executadas em estacas de pequeno porte. In: SEMINÁRIO DE ENGENHARIA
DE FUNDAÇÕES ESPECIAIS, 2., São Paulo, 19-21 nov., 1991. Anais.
São Paulo, ABEF/ABMS, 1991. v.1, p.197-197-206 ................... . 97

13. LOBO, A.S.; ALBIERO, J.H.; FERREIRA, C.V. Influência da inundação


do solo na carga última de estacas de pequeno porte. In: SEMINÁRIO
DE ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES ESPECIAIS, 2., São Paulo, 19-21 nov.,
1991. Anais. São Paulo, ABEF/ABMS, 1991. v.1, p.207-216 ........ . 107

14. LOLLO, J.A.; GANDOLFI 1 N. Mapeamento geotécnico da Folha de Leme


(SP). In: SIMPÓSIO DE GEOLOGIA DO SUDESTE, 2., São Paulo, 12-15
nov., 1991. Atas. São Paulo, SBG, 1991. p.367-373 .............. . 117

15. MENEZES, S.M.; ALBIERO, J.H.; CARVALH0 D.; ~JillTILLA, J.N.R. Algumas
1

correlações entre os ensaios de penetração (SPT, CPT) e os resulta-


dos de ensaios de laboratório para a região de São Carlos-SP. In:
SEMINÁRIO DE ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES ESPECIAIS, 2., São Paulo, 19-21
nov., 1991. Anais. São Paulo, ABEF/ABMS, 1991. v.1, p.266-275 . .. 124

16. PARAGUASSU, A.B.; ZUQUETTE, L.V.; RODRIGUES, J.E.; VILAR, O.M.;


GANDOLFI, N .. Mapeamento geotécnico regional da Folha de Campinas,
escala 1:200.000. In: SIMPÓSIO DE GEOLOGIA DO SUDESTE, 2., São
Paulo, 12-15 nov., 1991. Atas. São Paulo, SBG, 1991. p.375-382 .. 134

17. PARAGUASSU, A.B.; ROHM, S.A. O movimento da água no solo sob efeito
da temperatura e a sua influência na cimentação de superfícies de
sedimentos arenosos. In: SIMPÓSIO DE GEOLOGIA DO SUDESTE, 2., São
Paulo, 12-15 nov., 1991. Atas. São Paulo, SBG, 1991. p.309-313 . . 142
18. ZUQUETTE, L.V.; GANDOLFI, N. Análise da relação entre disposição de
rejeites de baixa periculosidade e meio geológico receptor. In:
SIMPÓSIO SOBRE BARRAGENS DE REJEITOS E DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS, 2.,
Rio de Janeiro, 6-9 nov., 1991. Anais. São Paulo, ABMS/ABGE, Rio
de Janeiro, CBGB/Clube de Engenharia, 1991. p.221-232 ..... .. ... ... 147

19. ZUQUETTE, L.V.; PEJON, O.J.; SINELLI, O.; GANDOLFI, N. Carta de


risco da região de Ribeirão Preto (SP), escala 1:50.000. In:
SIMPÓSIO DE GEOLOGIA DO SUDESTE, 2., São Paulo, 12-15 nov., 1991.
Atas. São Paulo, SBG, 1991. p.361-365 ............................ 159

20. ZUQUETTE, L.V.; GANDOLFI, N. Cartografia geotécnica da região de


Campinas, SP e sua importância para o planejamento regional. In:
CONGRESSO NACIONAL DE GEOTECNIA, 4., Lisboa, 2-4 out., 1991. Anais.
Lisboa, Sociedade Portuguesa de Geotecnia/LNEC, 1991. v.1, p.47-56 164

21. ZUQUETTE, L.V.; GANDOLFI, N. Problems and rules to select landfill


waste disposal sites, Brazil. In: INTERNAT!ONAL SYMPOSIUM ON URBAN
GEOLOGY, Sfax, Tunísia, 1991, 300-309. Theme VI. Les Dechets Urbains 174
1

BAIUtAGIRMORROOOOOIW- UM.EXBWLOIEPROmi'OOI'WUAOO
DAS ETAPAS IEOONS'Dluç.ÃO.

fni Ankloio I..aodi Boqp, RPM- Rio Pamc:alú Mioa:açio SA


F.ng. AniOilio Euridcs Ccnse, Pmmoo &rgc:nharia Uda.
F.ng. Paulo Robcdo de Paiva, Pmmoo ~ Ltda.
Pmf. Dr. Nélio Gaiato, E&oola de ~haria de SiD Caric1

RESUMO

A Barragem Morro do Ouro está sendo construida em etapas, com o


objetivo inicial de contenção de reieitos da mineraião de ouro, e ad~
cionalmente, para armazenamento de agua para operaçao da usina de be-
neficiamento. ~ constituida de um maciço de terra compactada, com um
vertedor de superfície lateral. As etapas de construção tem sido oti-
miz~das com auxilio do modelo "HIDOREJ", objetivando compatibilizar a
produção de rejeites com o reaproveitamento da água, levando-se tam-
bém em consideração as perdas por evaporação e por infiltração. A co~
cepção hidráulica do vertedor é bastante simples e permite adaptações
para atender a todas as etapas de construção.

1. INTRODUÇÃO

O custo crescente dos processos de mineração, juntamente com o


aproveitamento de corpos minerais de baixo teor, tem resultado numa
escala crescente dos empreendimentos de mineraião, na produção de ve-
lumes maiores de rejeites e forçado a construçao de estruturas de con
tenção de porte cada vez maior.
Em 1985, a PROMON iniciou o projeto básico da BARRAGEM MORRO DO
OURO, para a RPM- RIO PARACATO MINERAÇÃO S.A., próxima à cidade de
Paracatú, M.G., e, desde então, objetivando atender às necessidades
da mina, que têm variado de acordo com o andamento do processo de ex-
ploração, bem como, tendo em mente o montante do capital envolvido,
vem buscando otimizar cada uma das etapas construtivas. Para tanto,
desenvolveu um "software" especifico, o HIDROREJ, para a operação de
barragens de contenção de rejeites, onde se contempla, simultaneamen-
te, a capacidade de armazenamento do rejeito, bem como otimiza a ope-
ração de bombeamento de água armazenada, necessária ao funcionamento-
da planta de beneficiamento do minério.

2. PROJETO 8ASICO

o projeto básico, apresentado em 1986, contemplava a construção


de um sistema de contenção, composto por uma barragem de terra conven
cional, de maciço argiloso homogêneo, compactado mecanicamente, dotã-
2

da de um sistema de drenagem interna, composto por um filtro vertical


homogênio de areia e de um tapete drenante horizontal, zoneado, do ti
po sanduiche, com camadas filtrantes de areia e drenantes de pedrã
britada. Nas etapas iniciais de produção, não foi considerado interes
sante o aproveitamento dos rejeitas para a construção do barramento~
em vista de sua granulometria muito fina, com cerca de 95\ passando
na peneira 0,074mm. Foi então prevista a exploração de solos locais ,
disponíveis nas áreas de empréstimo adjacentes ao barramento, consti-
uidos de argilas siltosas coluvionares do tipo CH e de siltes argilo-
sos residuais, dos tipos CL e MH, segundo a classificação de Casagran
de. -
Para o escoamento das cheias foi projetado um extravazor de su
perficie, de concreto armado, com um canal de aproximação em terra e
uma bacia de dissipação de energia, dotada de dentes, do tipo desen-
·:alvido pelo u.s. Bureau of Reclamation. o extravasar foi dimensiona-
do para uma onda de cheia correspondente a um período de recorrência-
de 10.000 anos, com vazão efluente de 60 m3fs, da primeira etapa cons
trutiva. -
A altura máxima da barragem, preconizada no projeto hásico foi
de 35 metros, com umvolume de aterro compactado de 5,4 x 106 metros-
cúbicos e um reservatório capaz de armazenar 100 milhÕes de toneladas
de rejeitas. Objetivando a redução do investimento do capital inicial
necessário e o alongamento do prazo dos investimentos, optou-se pela
construção do maciço em etapas, tendo-se chegado a uma solução ótima,
que associou a viabilidade técnica das etapas com o menor custo, a va
lor presente, de execução da obra. A tabela 1 apresenta o esquema de
construção da barraqem adotado após uma comparação dos custos prová -
veis, na qual conclui-se que o custo provável de investimento a valor
presente, para a construção em 9 etapas é cerca de 69,0\ daquele que
ocorria para a construção em uma única etapa.
TABELA 1 - ETAPAS CONSTRUTIVAS DA BARRAGEM
Etapa Ano de Elevação N.A. do
conclusão da crista reservatório
n9 (31/10)" (m) (m)
1 1987 595,00 590,70
2 1988 600,00 595,70
3 1989 603,50 599,20
4 1990 607,00 602,70
5 1992 610,50 606,20
6 1994 614,00 610,00
7 1996 617,50 613,50
8 1998 621,00 617,50
9 2000 625,00 622,00

A construção das etapas foi programada para acréscimos do maci-


ço da barraqem por jusante, dedicando-se atenção especial nas juntãs
construtivas, que poderiam constituir zonas mais fracas e mais per-
meáveis do aterro. Nestas zonas foram executados poços, para observa-
3

ção visual do aterro e para a retirada de amostras indefOrmadas, que


foram submetidas a ensaios de compressão triaxial. Além disso, foram
instalados piezõmetros, do tipo Caaaqrande, para detectar eventuais
caminhos preferenciais de percolaçio de iqua. No dreno de pé foram
instalados medidores de vazão, do tipo trianqular, que permitiram
correlacionar as vazões de percolação com o nivel do reservatório
Foi então constatado o efeito impermeabilizante dos rejeites, que
funcionaram como um tapete, à medida que se depositaram junto ao t~
lude montante da barraqem. Esta constatação foi registrada através -
das medidas de vazões de percolação e de estabilização e redução das
stibpressóes observadas nos piezõmetros instalados nas juntas e na
fundação. Nas análises de percolação, processadas para o projeto das
etapas, os rejeites foram considerados com permeabilidade de to-4cm/
s, determinada em laboratório.
Para o planejamento das etapas, foram inicialmente utilizados
valores de densidade seca obtidos de ensaios de laboratório, realiz~
dos com o rejeito produzido em usina piloto. A partir do primeiro
ano de funcionamento foram realizados levantamentos batimétricos do
reservatório, que permitiram aferir os dados de laboratório e que
confirmaram um valor médio de 1,17. A batimetria também definiu os
ângulos de deposição do rejeito, o que foi importante para a consi-
deração da porcentaqem de volume que se deposita fora da água, utili
zada na programação das etapas construtivas. -
Quanto ao vertedor, foram previstas juntas no concreto, para
permitir o seu prolongamento ao longo da ombreira, para receber as
águas do canal de aproximação de cada etapa construtiva.
Para a construção da primeira etapa~ o rio foi desviado atra
vês de um canal lateral escavado no pé da ombreira direita e utili=
zando-se uma ensecadeira de 15 metros de altura, cQnstruida de
aterro compactado, que foi incorporada ao maciço da barragem. Após o
fechamento do canal de desvio, no inicio do período de estiagem, as
vazões afluentes foram controladas pela ensecadeira e por bombeamento
até a época de conclusão da primeira etapa da barragem e do vertedor
antes do inicio do período chuvoso 1987/88. Evitou-se assim a
construção de uma estrutura rígida sob o maciço da barragem.

3. EVOLUÇÂO DO PROJETO

As duas primeiras etapas seguiram as projeções do projeto


básico. Durante a construção da segunda etapa da barragem a programa
cão prevista foi significativamente modificada, em razão de novas
avaliações sobre as quantidades de minério disponíveis na jazida
=
e
da maior eficiência nos processos de mineração e beneficiamento do
minério. A produção da planta teve um crescimento de 60%, que
inicialmente era de 6,0 x 106 toneladas por ano. Para atender a
estas necessidades e buscando uma eficiência maior nas operações dos
sistemas de abastecimento de água - lançamento de rejeites - pro
cesso construtivo da barragem, foi necessário modificar substancial=
mente a programação do projeto básico. Para tal, optou-se por pre-
parar uma simulação na qual a barragem passaria a ter uma altura
final de 74,50 metros, para ser construida em 11 etapas, conforme in
dicado na Tabela 2.
4

TABELA 2 - PROG~O ATUAL DAS ETAPAS CONSTRUTIVAS


Etapa Ano de Elevação N.A. do
conclusão da crista reservatôrio
N9 (31/10) (m) ( m}
1 1987 595,00 590,70
2 1988 600,00 595,70
3 1989 604,00 600,00
4 1991 611, CIO 608,60
5 1992 615,50 613,40
6 1994 621,00 619,00
7 1996 626,00 624,00
8 1998 630,50 628,50
9 2000 634,50 632,50
10 2003 639,50 637,50
ll 2008 644,50 642,50
A Figura 1 apresenta, em planta, o esquema construtivo da barra
gem nas diferentes etapas e as posições do vertedor e dos canais de ã
proximação. A partir da sexta etapa o eixo do vertedor será desloca=
do para jusante. Nessa ocasião a capacidade de amortecimento de chei-
as do reservatório será bastante grande, o ~ue permitirá uma signifi-
cativa redução na seção transversal do vertedor. A bacia de dissipa -
ção será então substituída por uma estrutura em salto de esqui. A Fi-
gura 2 apresenta, em seção transversal, o planejamento de construção
das etapas da barragem para as condições atuais de produção e de dis-
ponibilidade da jazida.
t importante ainda destacar que a recuperação da água do reser-
vatório, que não estava prevista durante os estudos do projeto básico
passou a assumir um papel importante, face à reduÇão das vazões dispo
n!veis nos mananciais da região, que também passaram a ser intensamen
te utilizados por outros empreendimentos lá instalados. -

4• O MODELO HIDROREJ

o reservatório da barragem recebe, alem dos rejeitos, afluxos


das águas não recuperadas no'processo industrial e também das águas
de chuva precipitadas sobre a bacia hidrográfica, que mede cerca de
18 km2. Grande parte da água que retorna ao processo industrial pro-
vem agora do reservatório, sendo que a eventual necessidade complemen
tar é bombeada de córregos situados cerca de 3 km a jusante do sítiÕ
da barragem. Com o objetivo de orientar o planejamento das etapas
construtivas do alteamento da barragem e otimizar o uso da água fres-
ca durante o ano, foi desenvolvido o modelo HIDROREJ, em linguagem
FORTRAN, implantado em microcomputadores da linha PC.
o modelo HIDROREJ efetua o balanço h!drico mensal do reservató-
rio, considerando condições de chuvas com diversas p~ilidades de o
corréncia e descontando as vazões de infiltração e as correspondentes
à evaporação. Estas perdas aumentam com o nível do reservatório, pela
variação da carga hidráulica na barragem e pelo aumento da área do es
pelho d'água do reservatório. Por outro lado a deposição dos rejeites
a montante da barragem, produz um efeito contrârio,de redução das va-
zões de percolação. Estas vazões são sistematicamente aferidas pelos
dados obtidos através da instrumentação instalada na barragem e pelos
levantamentos batimátricos.
o modelo pode ser processado com a alteração de qualquer parãme
tro, para a revisão do planejamento. são apresentados a seguir, nas
5

tabelas 3 e 4, os dados de entrada e de saida de um exemplo típico


de simulação do balanço h!drico do reservatório, correspondente ao
ano de 2012.
TABELA 3 - DADOS DE ENTRADA
Consumo d! água.da planta, m3/h ••••••• 3 •••••• 2250,00
Recuperaçao de agua nos espessa~ores, m /h ... 650,00
Vazão infiltrada na barragem,~ /h .•....•..... 100,00
Areada bacia hidrográfica, km •••••••••••••• 18,80
Coeficiente de deflúvio da bacia ••••••••••••• 0,185
Coeficiente de deflúvio do reservatório •••••• 0,900
Produção anual de rejeitos, ton •••••••••• 10.000.000
Densidade seca dos rejeites •••..••.••••••••••••• 1,17
Agua retida nos rejeites,% ••••••••.••••••••••• 52,7
Ocupação do rejeito-coef. de forma ••.••••.••••• 0,67
N.A. inicial do reservatório, m............ 607,67
Volume inicial de rejeitos~ m3 •.••••••••• 31.274.060
Reserva inicial de água, m •••.•••••••••• 2.000.000
Bombeamento limite desejado, m3fh ••••••••••• 1.600,00
Produção horária de rejeitas, m3/h .••••.•.•• 975,69
Taxa de água retida nos rejeitas, m3/h •••••• 601,60
Agua livre para reutilização, m3/h ••••.••••• 998,40
Necessidade de água fresca, m3jh ••••.••.•••• 1.600,00

5. CONCLUSÕES

Quando se está envolvido com processos de disposição de rejei-


tas de mineração e resíduos industriais é necessário estar ciente do
dinamismo dos processos e da rapidez de respostas para o atendimento
das solicitações frequentemente apresentadas. No presente trabalho
os autores procuraram ilustrar alterações que se fizeram necessárias
no projeto básico da Barragem Morro do Ouro e a forma adotada para ~
timizar o aproveitamento da água do reservatório, bem como da tomada
de decisões quanto à elevação da crista e dos recursos requeridos P!
ra cada etapa.
Cumpre notar, finalmente, a adequação da adoção de modelos
construtivos de concepção simples e flexivel, particularmente no que
se refere às estruturas hidráulicas, de forma a permitir a execução
das adaptações necessárias, sem prejuizo de continuidade, atendendo
às diferentes solicitações que foram apresentadas, preservando ao
mesmo tempo, integralmente, os padrões de segurança adotados.

6. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à RPM • RIO PARACATO S.A. e à PROMON EN-


GENHARIA LTDA., pela autorização e apoio na elaboração do presente
trabalho.
TA Bel.A 4 - SIMULAÇÂO DO BALANÇO HÍDRICO MENSAL DO RESERVAroRIO
MES RESERVATÓRIO AFLUfNCIAS ( m3 ) PERDAS (mJ) BOMBEAM. (m 3 jh)
ANO ELEV. fi.REA VOLUMr. COEF'. REJEITO AG.LIVP. INFJLT. EVAPOR. OUTRAS
CHUVAS RESERV.
2012 (m) (km 2 ) (hm 3 ) DEFL. ACUMULADO RECUPBR. BARRAG. PARRAG. FONTES
set 638,10 6,310 172,556 0,4250 172556000
out 638,20 6,321 173,188 Q14254 173187500 742811 330360 74400 810911 252,5 1J4 71 5
no v 638,29 6,333 173,799 0,4258 173798700 71884 ~ 345694 72000 385945 842,5 757,5
dez 638,48 6,355 175,002 o,4 26 7 174430200 742811 1738961 74400 645155 1600,0 o,o
jan 638,97 6,414 178,207 0,4289 175061800 742811 3900680 74400 805069 1600.0 o,o
fev 639,26 6,449 180,125 0,4303 175632200 670926 2245718 67200 427059 1600,0 o,o
mar 639,48 6,475 181,510 0,4313 176263700 742811 1832412 74400 556384 1600,0 0,0

abr 6 )9 1 4 3 61470 181.223 o14 311 176874900 718849 25 74 39 72000 650649 1600,0 o,o
ma i 6 39 1 4 2 6,467 181,108 o, 4 310 177506400 742811 335681 74400 560821 1600,0 0,0

jun 639,33 6,458 180,577 o,4 306 178117600 718849 1!47181 72000 7R4554 1600,0 0,0

ju1 639,21 6,443 179,792 Q14 JOQ 178749100 742811 o 74400 894672 1600,0 0,0
ago 639,15 6,436 179,381 0,4298 179380700 742811 47831 74400 1285943 635,9 964,1

set 639,24 6,447 179,972 o, 4 302 179991800 718849 298196 72000 1151691 o,o 1600,0

TOTAL ANUAL ( ml l 7435897 8746000 11480750 876000 8958664 10598770 3417227

Vazão média anual bombeada do reservatório ( m3/h 1209,9


3
Complemento médio anual de outras fontes •• ( m /h 390,1
FIG.I- Eaqu•mo conatrutivo da barrag•m- PLANTA
o oo to 11(1 40 ~.

IICAL6 eltÂIICA

00

Saçllo tl'pica do borrovem

FIG. 2- Planejamento doa etapoa


9

APUCK;}D I>A C'.Ail100RAfiA.Gmmc:mcA NADa'(]ISlÇÃD DE REI BitS


sá'11ca;- :RBJIÃO DE .ARARAS SP.

Eng. MadaJclllé Btdlo, &cola de El~ia de São WJSP


Eng. José Edlaldo Rodrigues, Eacola de Engenhula de Sio CariaVUSP

Dentre as várias contribuições da cartografia geotécnica para


a orientação ao uso e ocupação do meio físico, destaca-se sua
aplicação na escolha de áreas adequadas à deposição de rejeito~
sépticos. são apresentados os atributos do terreno a serem
considerados na execução de aterros sanitários, tanques sépticos e
fossas sépticas em trabalho desenvolvido na região de Araras, no
centro leste do Estado de São Paulo.

A deposição de rejeitas sépticos é feita, via de regra, de


forma inadequada pois desconsidera os condicionantes do meio físico
e como consequencia tem se verificado um crescente número de
problemas decorrentes da implantação destas obras. A escolha ~e
áreas que atendam a esta finalidade usualmente não segue critérios
bem definidos por parte dos órgãos governamentais. Tal situação
atinge maiores proporções em cidades de pequeno a médio porte nas
quais a seleção de locais é norteada por critérios essencialmente
não técnicos, que denotam total desconhecimento do meio físico.
Os danos decorrentes dessa prática são relatados com frequen-
cia crescente e além de onerar os-cofres públicos, degrad~ o meio
ambiente de várias formas, às vezes irreversivelmente.
Este trabalho apresenta metodologia de cartografia geoté~r.ica
aplicada ao planejamento regional, onde são obtidas e submetidas à
análise por cruzamento as seguintes informações:material inconsoli-
dado da cobertura cenozõica(texturas,espessuras,capacidade de troca
catiônica), profundidade do nível d'água e declividade do terreno.
Como produto final, apresenta-se um mapa na escala 1:50.000,
correspondente à folha topográfica de Araras-SP (IBGE, 1969) , onde
são definidas três classes de adequabilidade à deposição de
rejeitas sépticos: adequada, razoável e inadequada.
10

Ha Pigura 1 tea-se a localização da irea mapeada no


centro-leste do Estado de são Paulo com aproximadamente 712 Km2.

Piqura 1. Localização da irea mapeada no Estado de Sio Paulo.

A metodologia de mapeaaento qeotêcnico utilizada (ZUQUETTE,


1987), considera coao eleaentoa fundaaentais para sua elaboração os
ATRIBUTOS, os qUais definem áreas homogêneas para fins específicos
previstos.
Considerando-se a escala adotada (1:50.000), este estudo
pode auxiliar e orientar a ocupação da área, dando enfase aos
atributos que interfere. nos diversos usos possíveis, e propondo
qual a melhor maneira de executar a ocupação, segundo o ponto de
vista da Geotecnia. Para que esta finalidade seja alcançada são
analisados os seguintes grupos de atributos: condições
~rfológica~' fatores cl:Uú.t:icos; materiais ioconsolidadosJ
aat:erial rochoso~ águas superficiais e subterrâneas; forma de
ocupaçioJ açio ant:rópica.
A apresentação das inforMações usualmente é feita sob a forma
de MAPAS DE ZONEAMENTO GEOT2CNICO ESPEC!FICO ou CARTAS DE APTIDAO.
Assim, a área é dividida em zonas segundo condições geotécnicas que
afetam uma única finalidade, facilitando ao usuário seu entendimento
e sua utilização.
Primeiramente, os atributo·s são obtidos através do levanta-
mento de dados já existentes,cujas principais fontes são: levan-
tamento bibliogrificor mapas topográficos, geológicos, pedológicos,
geofísicos, etc.J sondagens e ensaios executados por empresas.
Segue-se i essa primeira etapa a interpretação fotogeolÕqica
e após esta o levantamento de campo visando a caracterização das
propriedades dos solos, águas e rochas da área. Os trabalhos de
campo tem por objetivo principal determinar as informações
geolóqico-geotéenicas qtie permitam a definição de limites entre os
diferentes materiais, além de orientar as amostragenB futuras.
A amostragem deve ser executada apÓs o delineamento de áreas
12

homogêneas e obedecendo a um minimo, que para a escala 1:50.000 é de


uma amostragem a cada S km 2 (ZUQUETTE, 1987) • Nos materiais
inconsolidados são executados os seguintes ensaios: análise
granulométrica, limites de consisténcia, massa especifica dos
sólidos, mini-MCV e perda por imersão, compactação e densidade
relativa. No material rochoso as principais informações, obtidas no
campo e laboratório, são: estruturas, texturas, mineralogia, espes-
suras, grau de alteração, descontinuidades, intercalações, etc.
Obtidos e analisados estes atributos, eles podem ser repre-
sentados em quatro classes de documentos:
a. Mapas básicos fundamentais- Mapa Topográfico~ Mapa do
Substrato Geológico; Mapa de Materiais Inconsolidados; Mapa das
Âquas.
b. Mapas básicos opcionais- Mapa Pedológico: Mapa Geomor-
fológico; Mapa Climático; Mapa de Ocupação Atual ou Prevista.
c. Mapas auxiliares- Mapa de Documentação.
d. Mapas derivados ou interpretativos- Mapa de Erodibilidade;
Mapa de Escavabilidade; Mapa de Fundações; Mapa para Deposição de
Rejeitos Sépticos; Mapa de Materiais para Construção; Mapa para
Estabilidade de Taludes; Mapa para Obras Enterradas; Mapa para
Irrigação; Mapa para Obras Viárias; Mapa de Restrições Ambientais;
Mapa de Orientação ou de Zoneamento.

CLIM'l'OLOGIA.

O clima, seg~ndo Koppen, é do tipo Cwa (mesotérmico õe


inverno seco com veroes quentes e estação chuvosa no verão). Por
esta classificação, a temperatura média do mis mais frio é inferior
a 18°C e a do mês mais quente ultrapassa 22°C. O índice
pluviométrico varia de 1 100 mm a 1 700 mm. A estação seca ocorre
entre os meses de abril e setembro, e a estação mais chuvosa oscila
entre dezembro e fevereiro.

GEOMORFOLOGIA.

A área localiza-se na Província Geomorfolõgica denominada


Depressão Periférica, estando parte dela na Zona do Médio Tieté e
parte na Zona do Moqi-Guaçu (IPT, 1981).
Na Zona do Médio Tietê predominam colinas baixas, de formas
suavizadas, separadas por vales jovens, sem planícies aluviais
importantes, determinadas pela intersecção dos perfis convexos das
encostas. Toda a zona é coberta por uma rede de drenagem bastante
organizada, cujo padrão é dendrítico, notando-se porém algum
controle estrutural a partir de diáclases e da presença de corpos
litolõgicos mais resistentes, especialmente de diabásio.
A Zona do Mogi-Guaçu tem como substrato predominante líto-
logias do grupo Tubarão, com formas fisiográficas similares às do
restante da província onde afloram rochas desta unidade, e áreas
restritas onde ocorrem rochas da formação Corumbataí. A drenagem tem
caráter dendrÍtico, com algum controle estrutural; pode ainda
ocorrer padrão de drenagem retangular. O relevo caracteriza-se por
12

formas suavizadas, levemente onduladas.


Como toda a rede hidrográfica do município de Araras se
dirige para o rio Mogi-Guaçu, a Leste, de modo geral as altitudes
vão diminuindo de oeste para leste, acompanhando os rios que buscam
seu nivel de base regional. Este plano suavemente inclinado para
nordeste é limitado ao norte, sul e oeste por elevações que alcançam
altitudes de até 800 m.

A área em estudo está inserida na porção nordeste da Bacia


Sedimentar do Paraná, compreendendo sedimentos do Grupo Tubarão
(Formações Itararé e Tatui), do Grupo Passa Dois (Formações Irati e
Corumbata!) e do Grupo São Bento (Formação Pirambóia), além de
magmatitos básicos e coberturas cenozõieas. o DAEE estabeleceu a
coluna estratigráfica mostrada na Figura 2 que foi confirmada neste
trabalho.
Os materiais inconsolidados ~e jazem sobre o substrato geo-
lógico constituem a cobertura cenozoica e são diferenciados segundo
sua classificação textura!. Exceção feita às aluviões, cuja
diferenciação guarda caráter genético (trata-se, certamente, de
material retrabalhado), os outros tipos de materiais não foram
diferenciados quanto a sua gênese. Assim foi utilizado o critério
textura! como principio básico para a definição dos dez diferentes
tipos de materiais, cujas características físicas se encontram
sintetizadas na Tabela 1. Foram estabelecidas, ainda, isoespessuras
da cobertura inconsolidada, com três classes de espessura: de O a
2,0 m: de 2,0 a 5,0 m: e maior que 5,0 m.

PBOOLOGIA

Em se tratando do estudo de uma região tropical, torna-


se de vital importância o co~hecimento detalhado do solo, visto ser
este o produto da decomposição das rochas. Tal decomposição torna-se
mais acentuada neste tipo de clima, onde as transformações físico-
qu~m~cas dos materiais ocorrem numa velocidade e amplitude
extremamente maiores que nos climas temperados e secos.
Nos mapas pedológicos os materiais inconsolidados são
representados até uma profundidade aproximada de 3,0 m•• Nesses
mapas estão descritas características intrínsecas dos solos, que
podem interessar ao mapeamento geotécnico, tais como: gênese, rocha-
mãe, composição mineralógica, índices físicos, textura,
granulometria, permeabilidade, capacidade de troca catiõnica, bases
trocáveis, matéria orgânica, etc.
Tomando-se como base o Map~ Pedológico da Quadrícula de
Araras, executado por OLIVEIRA et alii (1982), tem-se uma
classificação formal dos solos. Nesta área ocorrem latossolos
(latossolo roxo, latossolo vermelho-escuro, latossolo veraelho-
amarelo), solos podzólicoa vermelho-a.arelos, terra roxa
estruturada, solos litólicos e solos hidromórficos.
COLUNA ESTRATIGRAPICA DA BACIA DO PARANA KA R!GIAO ADMINISTRATIVA DE CAMPINAS
Idade(ailhoes de anos) ~lo Espes.
Era Periodo uA.t
PORMAClo aáx.(ll)
DESCRIClO LITOLÕGICA AMBIENTE O! DEPOSIÇlO
Quartenario Formaçoes auperfi- Arenitos lam!ticos inconsolida- Continental e fluvial,la-
I .., (1) ciaia aluvionarea,
o CJ 40 dos,coa níveis de lamitos e con custre e coluvionar
cQIIO
.... Tere ia rio coluvionares e te! glomerados na base.
u ... (50)
racos fluviais
Cretaceo Serra Geral 150 Basaltos extruatvo
(extr) VulcanislliO
Inferior •
(120) ...co Intrusivas Básicas (silla)
2.50 Diãbado (diques e sills) intrusivo
.. 41

~
1111
....
•o
(,1

... Jurássico o 100 Arenito fino, bem selecionado


o.. (170) UI
111
coa pouca matriz lamítica.
Continental:eólico
~
Triassico Pirambóia 170 Arenito fino coa matriz lam!ti- Continentahflúvioiacustre
(200) co e n{veia de lamitos.

....
UI
--- - Siltitos,lamitos, níveis de Misto: lacustre e plan{-
Corumbata! 200 ele de maré
Supe- 8 arenitos finos

o
rio r
(230)
.
.111
Siltitos,calcários dolomfticos Harinho:lacustre e planl-
.,
c
....
IQ
111
A.t
Irati 50
e folhelhos cie de maré.
~ Siltitos e siltitos arenosos e Misto: plan!cle de 11111re
<O u Tatu i 70
....
(,1 !lo
Médio aranitos IIUitO fino avermelhe- e deltaico
•o dos
N (250) ......
o Continental: glacial flu-
u
.-1

"' lnferior ....


o
Itararé 1200
Arenitos finou a grosseiros la
m{tlcoa,lamitos,alltltoa,rltm! vio-lacustre
!lo
(270)
A"' toa a dlamictitoa • Histo:_l'_lanícies de maré
Continente: lacustre prá-
Carbonífero Sup. ?. quidauana 100 Arenitoa, siltitoa arenosos glacial
(300) Misto:planlcies de mare,
turbid{toll
w'o
O N .
u
Pre-Caabriano
(+ de 600)
v Rochaa ígneas e metamorficas.
do ambasa•anto cristalino
"' o
!lo"'

FCI.URA 2 - Coluna estratigráfica na rP.gião administrativa de


Campinas IDAP.E, 19811
tabela 1 - Características físicas da unidades .d~ materiais inconsoltdadoe
da quadrícula da Araros-SP (adaptado da BROLLO, 1991).

UNIDADES ARS I ARAG I ARAG li AGSI I AGSI II AGSI Ili AGAI!. I ACAR I l ALAC A.L..U
fNDICES FISICOS MIN MÁ)( MIN MAx MlN MAx HIN M.(X lU~ ~ :i IN M'\l MUI ~ 11lN ~ lUS ~ lUN w
% Areia raidia 02 02 01 oa 01 os 01 02 01 02 01 03 01 04 02 0] 01
I
I 02 03 03

% Areia fina 40 56 3.5 49 50 75 14 27 10 20 05 16 21 35 16 29 12 1] 49 66

% Silte 22 3S 15 27 09 22 30 42 25 3!1 20 31 21 30 17 21 22 )0 16 19

% Argila 20 23 30 40 15 27 )9 45 50 5!1 60 67 .37 48 52 62 56 64 lS Z9


~a.ua especifica
dos aólidos(kg/m 1 ) 2620 2650 2650 2840 2590 2710 2650 3010 2650 3010 2660 3040 2630 29)0 2700 2750 2780 2850 2560 25110
Mana upec:!fic:a
seca de campo(kg/m 3 ) 1290 1460 1120 1390 1170 1630 1000 1310 920 1360 910 1250 990 2270 1190 1330 860 980 1510 1600
Indic:e de vazios
de campo 0,79 1,31 0,91 1,37 0,59 1,32 1,02 1,79 1,12 2,27 1,13 2,12 0,99 2,27 1,04 1,27 1,84 2,31 0,60 0,71
Teor de u111idade
de campo (%} 11,0 14,2 14,6 20,8 9,8 1.5. 4 16,9 28,3 23,4 38,0 27,0 34,9 24,7 38,0 16,9 28,0 )0,2 31,2 lO,) 14,3
15

Normalmente, os rejeites sólidos (lixo) são dispostos direta-


mente sobre o solo, ou em depressões, ou barrancas de rios, quando
não diretamente nos rios, mangues e estuários. Os técnicos denominam
esta prática de "Aterro a céu Abertoft, popularmente conhecido como
"Lixão• (ZULAUF, 1987). Tal forma de manejo do lixo pode gerar
inúmeros inconvenientes ao meio ambiente, poluindo tanto o solo (que
apresenta caráter cumulativo dos resíduos), como as águas
superficiais e subterrãneas, além de provocar mau cheiro {poluição
do ar) e acarretar poluição estética.
Existem, felizmente, formas mais racionais para a disposição
final destes rejeitas sólidos, como: Aterro Controlado, Aterro
Sanitário, Aterro Sanitário Energético, Compostagem, Reciclagem,
Incineração.
Os rejeites liquidas, considerados como todos os liquidas
servidos, lançados nas redes de esgotos domiciliares e industriais
(COTTAS, 1983), encontram como forma de deposição racional: Lagoas
de Estabilização, Tanques Sépticos e Fossas Sépticas.
Deve ser enfatizado que, embora o volume das lagoas,
tanques e fossas seja maior que o do chorume produzido nos aterros
sanitários, o potencial poluidor neste último excede sobremaneira
aos outros (ZUQUETTE, 1987).
Em nosso estudo especifico levou-se em consideração apenas
os atributos referentes à instalação de Aterros Sanitários, Tanques
Sépticos e Fossas Sépticas, não se fazendo qualquer recomendação
quanto à deposição de rejeitas perigosos e radiativos, para os quais
devem ser executados estudos especiais.
Brollo (1991) analisa os seguintes atributos para a confecção
do mapa para deposição de rejeitas sépticos:

a. Material Inconsolidado. Leva em consideração três de suas


características: Tipo Textural1 Espessura: Capacidade de Troca
Catiônica (CTC, obtida a partir de Oliveira et alii, 1982).

b. Profundidade do Nível D'Agua entre a base da fonte


poluidora e o nível máximo de água:

c. Declividade.

Para esses atributos, estabeleceu-se limites quantitativos


que possibilitaram a determinação de três classes de adequabilidade
(Tabela 2}. Estes limites foram definidos através de adaptações para
a área estudada a partir das proposições de Froelich et alii (1976),
Cottas (1983), CEOTMA/MOPU (1984), Pejon (1987), Zuquette (1987) e
Aquiar (1989) •
16

TABELA l. Atributos considerados na confecoão do MAPA PARA


DEPOSIClO DE REJEITOS S2PTICOS (Brollo, 1991).

CLASSES DB
ADBQUABILIDADE

ALAR:
ARSI; AI.AG;
ARAG li. AGSI III:
AGAR II.
a) > 6,0 2,0 a < 2,0 111
MAftRIAL (fossas e 6,0 •• (JRaterial
IlfCOWS. ESPESSURA tanques); litólico).
(li) b) > 20,0
(aterros).
C'!'C >15 5 a 15 < 5, o
••eq/100 q
de solo

PROPUIID:IDADII DO a) > 4,0 < 4,0


JIÍ'ftL D' .lGUA (fossas e
(a) tanques) J
b) > 15,0
(aterros).

2 a 5 % 5 a 10 % a) < 2 \;
b) > 10 ' .

Os dados constantes da Tabela 2 são tratados na equação


proposta por Aquiar (1989) para estabelecer quantitativamente
limites que permitem a definição das classes de adequabilidade na
elaboração dos mapas interpretativos.
N
l: PA3
Dadot PT a ~-=-~--------
PAJ • • N
max.

Onde: • Peso total da unidade;


3 Peso do Atributo J;
= Atributo;
z Peso máximo do atributo J;
z Número de Atributos.

Com exceção dos tipos texturais ALAR e ALAG, os outros dados


listados na coluna INADEQUADA(Tabela 2) referentes a todos os atri-
butos são fatores que limitam a utilização para o fia ea questão.Ou
seja, basta que apenas UJR deles ocorra para que a área seja
considerada iftadequada à instalação de depósitos de rejeitos
sépticos.
Mas áreas classificadas coao ADEQUADAS e &AialvaLI A
17

deposição de rejeites devem ser tomados cuidados especiais de várias


naturezas quanto à possível instalação do depósito:
a. Investiqações geotécnicas detalhadas, visando a:
a.l - Determinação exata do N. A. e espessura do
material inconsolidado;
a.2 Detecção de possível colapsividade do material;
a.J - Detecção de possíveis camadas compressiveis.

b. Determinação da direção dos ventos.


e. Estas áreas tornar-se-io IRADBQOADAS se:
e.l Houver proximidade a núcleos de mata primitiva~
c.2 Constituirem área de recarga de aquiferos;
c.J Houver proximidade a divisores topoqráficos;
c.4 A distãncia de drenaqens for inferior a 200 m.

5. C!OilCLIJSÕES

A cartografia geotécnica constitui importante instrumento de


aux!lio à ocupação do meio físico, propondo qual a melhor maneira de
executá-la sequndo o ponto de vista da Geotecnia. Deve ser
enfatizado que o mapa produzido ao final do trabalho de mapeamento
geotécnico constitui apenas uma das etapas de um estudo
multidisciplinar, tendo caráter indicativo.
Uma importante característica deste tipo de trabalho é o seu
baixo custo, visto que se faz uso, em parte, de informações já
geradas em outros trabalhos. Esbarra-se, no entanto, no problema da
confiabilidade dos dados recuperados e na escala dos mapas
auxiliares, que podem não servir aos objetivos do estudo pretendido.
Analisando-se o Mapa para Deposição de Rejeites Séptic~s da
quadrícula de Araras-SP, observa-se que poucas são as areas
propicias a sua instalação. No entanto, muitas áreas consideradas
inadequadas ou razoáveis frente à deposição de rejeites podem se
tornar adequadas com a utilizac~o de ticnicas corr~tivas
específicas.

fi. REFER2NCIAS BIBLIOGRAFICAS.

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Carlos, 2v. Dissertaç~o (Mestrado) - Escola de Engenha=~a ~~ São
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COTTAS, L. R. (1983). Batu4oa gaolÕgicoa-geotécnico• aplicadOs ao


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proposta metodológica para condições brasileiras. são Carlos, 3
V. Tese (Doutoramento) - Escola de Engenharia de São Carlos/USP.
19

.....
~

AOEQUABILIOIUE À OEPOSICÃO ESCALA ~A~="'CA


tE ~.JEITOS sÉPTICOS
l 1 p 2 jiCrft
• AOEQUAOO

~ RAZOÃVEL
0 INACEQUAOO

Fiqura 3. Mapa para deposição de rejeites sépticos da quarlricula de


Araras-SP (modificado de RROLLO, 1991).
20

ÉTUDE EXPÉRIMENTALE DE PIEUX INSTRUMENTÉS


EXPERIMENTAL STUDY OF INSTRUMENTED PILES
CARVALHO 0 .• CINTRA J.C.A .• ALBI[RO J.H .• MANlllltA J.N.R.
Ecolc d'lngénicur!> de São Carlos. USP, Brésil

Cette communication présente lc site expérimental de fonda-


tions instrumentés, situé à São Carlos, Brésil, dont la pre
miere phasc de travaux est déjà finic. Cettc phase a con~
sisté en un ensemblc de six pieux forés de 10 m de longueur
et dix-scpt pieux-racines de 16 m de longueur. Les auteurs
préscntent aussi les premieres analyses et conclusions des
résultats obtenus dans les essais d'arrachage.

This report presents an experimental field of instrumented


foundations located in São Carlos, Brazil, whose first sta-
ge .is completed. This stage has consisted of six lO-meter
bored piles and seventeen 16-meter root piles. An initial
ana1ysis and some conclusions on the experimental results
obtained in uplift tests are also presented.

1. INTRODUCTION

L'Ecole d'Ingénieurs de São Carlos de l'Université de São


Paulo, Brésil, a récemment entrepris des recherches sur le
comportement de pieúx instrumentés. Dans un site expérimen-
tal ontété exécutés six pieux forés ayant 10m de longueur
et trais diamêtres différents: 0,35m, 0,40m et O,SOm. Tous
ces pieux étaient instrumentés par des jauges de déforma-
tion et par des tiges "tell-tales". En plus, ont été exécu-
tés dix-sept pieux-racines ayant 0,25m de diametre et 16m
de longueur, dont deux instrumentés.

Des essais d'arrachage en paliers ont été réalisés sur


trais pieux forés et sur un pieux-racine. Sur un même nom-
bre de pieux, sont en train d'être pratiqués des essais de
chargement. Les autres quinze pieux-racines jouent le rõle
de tirant.

Dans cette communication les auteurs présentent les premi-


êres analyses et conclusions des résultats expérimentaux OE
tenus dans les essais d'arrachage.

2. PRESENTATION OU SITE EXPERIMENTAL

São Carlos, siege d'un des cinq campus de l'Université de


21

São Paulo, se situe à 230 km de la ville de São Paulo, la


capitale de l'état de São Paulo, Brésil. Dans ce campus se
trouve l'Ecole d'Ingénieurs de São Carlos, l'une des plus
importantes du pays par rapport à la qualité de l'enseigne-
ment et des recherches

Dans le domaine de la géotechnique, en particulier des fon-


dations profondes, l'Ecole d'Ingénieurs de São Carlos a re-
cérnrnent entrepris des recherches expérimentales sur le com-
portement en vraie grandeur des pieux isolés instrumentés.
Il s'agit d'un ensemble de six pieux du type foré et moulé
en place, avec trais différents diametres: 0,35m, 0,40m et
O,SOm. Tous ces pieux ont 10m de longueur et sont instrume~
tés par de jauges de déformation disposées en cinq niveaux
et par cinq tiges "tell-tales". Le massif de réaction est
constitué par une poutre métallique sous la forme. en plan
d'un I, de 20 kN de poids propre et 2000 kN de capacité de
charge, qui s'ancre sur quatre tirants pour expérimenter
chaque pieu. Pour jouer le rôle de tirant ont été exécutés
quinze pieux-racines ayant 0,25m de diametre et 16m de lon-
gueur.

Le profil géotechnique du site expérimental est typique de


toute la région centre-ouest de l'état de são Paulo. Il mon
tre une couche de 6m d'épaisseur de sable latéritique fin
argileux, de porosité tres elevée, reposante sur du sable
fin. argileux peu à moyennement compact. La nappe phréatique
a été·tro~ée à l0,30m de profondeur en hiver.

Dans le site expérimental ont été réalisés dix essais péné-


trométriques: cinq essais de pénétration standard (SPT) et
cinq essais au pénétrometre statique à cône mobile (CPT) .La
figure 1 montre le plan d'implantation de ces essais.En fai
sant la moyenne du nombre de coups obtenus à la méme profon
deur dans les essaisSPT, et de façon semblable dans les
essais CPT, on obtient les profils présentés sur la figure
2.

Des essais en laboratoire ont également eté réalisés sur


des échantillons intacts prélevés à chaque metre de profon-
deur d'un puits creusé à la main jusqu'au niveau d'eau.
C'étaient des analyses physiques et les essais mécaniques
suivants: limites d'Atterberg, compressibilité oedométrique,
compression simple et cisaillements triaxiau de types CO
(consolidé, drainé) et CU (consolidé, non drainé). En résu-
mant les résultats de tous ces essais, la figure 3 préscnte
en fonction de la profondcur: les caract~ristiques physi-
ques du sol (la répartition granulométrique, la teneur en
eau w, les poids spécifiques naturel Y, du sol sec Y d et
des grains Ys, et l'indicic des vidcs e), ct ainsi que ses
caractéristiques mécaniques, c'est-à-dirc, les limites
d'Atterberg wL ct wp et l'indice de plasticité Ip, lcs pa-
rametres oedométriqucs (la pression de consolidation a•,
l'indice de compression C et lc cocfficicnt de consoliPda-
tion cvl , la r~sistancc cà la comprcssion simple R , la
cohésion (c et c' de l'essai CU et cA de l'essai eCO) ct
l' ·•ng lc de frot t:•'m•!nt intern~, ( <P et ~' de l.' csS<lÍ CU ct
·~;
1 de t··~ssai (:D).
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9 10. 20. JO.
(SSAI CPT

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2 4 G 8 10 .OI .02 .03 ,04 .0~ 20. 40. 80. 8í). I()()

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FIG. 1 - PLAN O'IMPLANT A TION OES PIEUX, FIG. 2 - ESSAIS DE PENETRA TION (SPT ET CPT)
OES ESSAIS DE PENETRA llON ET DE PUITS
Reportition Granulo- Limites d' Mtect>ug Poldo ~péclnquu Porom•troo 8e ComPf'H·· Réaittonct à la Com Conátlon (KPo)
métrique (X) At'lgle ele f"rottament
at TMeur an Eou (X) (KN/rn ) tlll,ai oi 11\dtc. ""' ""'"' pr..alon Slmple (KPo) lnltrn• (')
o 20 40 •o .ao 100 o 10 20 JO o 10 20 JO o 1 1 l 4 o 20 40 so o lO 2030.40 10 15 .20 U •.lO
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FtG . .3 - RESULTATTS DES ESSAIS EN LABORATOIRE


24

3. 1-:f:Sl\JS D'l\HHJ\CIIl\GE

3. l. Pir.u-rur.ine
Tout d'abord a été pratiqué l'c5sai d'arracha~e sur un pi~u
racinc, pour vériíier lc comportcmcnt dcs picux-tirants cn
cssai de chargemcnt.

Pour obtenir la rãaction de traction n6ccssaire, les quatrc


picux-racincs autour du pieu d'cssai ont 6té coifíés de la
poutrc métalliquc. Au picu central était encastrée un barre
tirante en acier, laquclle traversait de bas en haut la pou
tre, puis le vérin et une cellule de charge, pour cnfii
trouver une plaquc métallique ou sa tête s'attachait. Ce
vérin a une capacité de 2000 kN et la cellule étalonnée
pour 1500 kN, tous les deux creusés pour permettre lc passa
ge de la barre tirante. L'effort de compress1on applique
par le vérin à la poutre fournit la réaction de traction
qui permet l'extraction du pieu central.

L'essai du pieu-racinc a été tiré par sept paliers crois


sants jusqu'à la charge maximale de 700 kN, proche du flua~
ge de la barre tirante, mais sans atteindrc la rupture du
sol, chaque palier étant maintenu jusqu'à la stabilisation
des soulevements. A chaque palier, la charge appliquée é-
tant contrõlée avec précision par la cellule, ont été mesu-
rés les soulevements de la tête du pieu par des compara
teurs·, et aussi f ai tes les lectures des déformations des
jauges mises à cinq niveaux dans le corps du pieu et des
soulevements des cinq tiges "tell-tales".
La charge maximale a été maintenue pendant 12 heures et en-
suite a été fait le déchargement complet en trois paliers,
présentant un soulevement permanent de 10,22rnm ou 4,0% du
diametre du pieu. Puis, par paliers de 200 kN, ont été pr~
tiqués trois cycles de charge-décharge pour observer le co~
portement de ce type de pieu comme réaction dans plusieurs
essais. La figure 4 montre les courbes de soulevement obte-
nues dans l'essai d'arrachage du pieu-racine.

3.2. Pieux forés

Apres ont été pratiqués les essais d'arrachage de trois


pieux forés et moulés en place ayant 0,3Sm, 0,40m et O,SOm
de diametre. Le mode opératoire a été le même que l'essai
du pieu-racine, sauf qu'un seul cycle a été conduit jusqu'à
la rupture franche.
Comme les résultats des trois essais sont tres semblables,
on ne présente que ceux du pieu de O,SOm de diametre. La fi
gure 5 montre la courbe de soulevement de ce pieu, obtenue
par douze paliers de 40 kN jusqu'à la charge maximale de
478 kN et en suite le déchargement complet

La figure 6 montre le schéma d'instrumentation par des jau-


ges de déformation et les courbes de transfert de charge le
long de la profondeur pour les paliers de 120, 240, 360,
440 et 478 kN. La figure 6 montre aussi les diagrarnmes de
25

CHARGe: DE TRAC110N (KN}

FIG. 4 - COURBE O ARRACHAGE FIG. 5 - COURBE O ARRACHAGE


(PIEU RAC1NE) (PIEU-FORE)

CHAR~ DE lRACTION <K")


2

la:: 5.901---f--,f-+H-----i
:>
w
~ 8.10 1-+H.~"--------i
l)
g:10•.30t!~========::f

120 KN

u
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I 20.ts
I

1 - - - - - - i l ta.as 1--------tH.ft

f"IG. 6 - COURBE DE TRANSFER r DE CHARGE ET DIAGRAMES DE FROT-


TEMENl lATERAl OU PIEU FORE POUR FES PAUERS DE TRACnON
26

frottement laléral moyl'll sur ]r·!'; quatrc· !>ubcljvi!>:ion~ du


pi~u d~finies par l'in~trumrnlation.

4. AI'\IILYSE DES ESSAJS D'l\HRJ\CJIA(;E

4.1. Picu-racine

Le pieu-racine a it6 tiré jusqu'i la charge maximalc de 700


kN, pr&scntant lc soulêvcmcnt maximal de 13,51 mm ct. lc sou
Jcvcment permancnt de 10,22 mm.

Par lcs pdnts de stabilisation des sept paliers d'arrachagc


utilisant la méthodc de VAN DER VEEN (1953), on trouve la
charge ultime de 829 kN. Par contre, en utilisant les don-
nées du sol et du pieu dans la formule de CABRAL (1986), dé
loppée à partir de la résistance à la pénétration SPT, on
arrive à 841 kN de frotternent latéral.

4.2. Pieux forés

Les trais pieux forés ont été tirés jusqu'à la rupture, pre
sentant les charges ultimes nettes de 363 kN, 408 kN et 428
kN, respectivement pour les diametres de 0,3Sm, 0,40rn et
O,SOm. Ces valeurs ont été comparées avec celles obtenues
par les méthodes brésiliennes d'AOK!-VELLOSO (1975) et de
D!:COURT-QUARESMA (1978), basées sur le SPT, et de VELLOSO
(1982), basée sur le CPT, ainsi qu'avec les méthodes de
MEYERHOF-ADAMS (1968) et de GRENOBLE (BIARREZ-BARRAUD,1968;
MARTIN, 1973).

S. CONCLUSION

La valeur du frottement latéral à l'arrachage, appelée char


ge ultime, obtenue par les essais en vraie grandeur a éte
comparée'a différent\ autres méthodes.

Pour le pieu-racine il y a eu une excellente concordance en


tre la valeur expérimentale de 829 kN et celle donnée par
la méthode de CABRAL (1986) de 841 kN, dane un rapport de
1,01 entre la valeur calculée et la valeur expérimentale.

En ce qui concerne les trois pieux forés, la meilleure con-


cordance a été trouvée avec la méthode de VELLOSO (1982),
dont les rapports entre les valeurs calculées et les va-
leurs expérimentales sont 0,97, 0,99 et 1,18 respectivement
pour les diamêtres de 0,35m, 0,40m et O,SOm.

Tous les autres résultats expérimentaux obtenus dans les e~


sais d'arrachage, y compris les courbes de transfert de
charge, sont en train d'être analysés. La simulation numéri
que par la méthode des éléments finis pourra ajuster un mo-
déle théorique au comportement réel des pieux dans ce type
de sol. Aussi sont en train d'être pratiqués des essais de
chargement sur un même nombre de pieux, c'est-à-dire, un
pieu-racine et trois pieux forés.

Dans une seconde phase seront réalisés des essais pressiom~


triques et des essais dynamiques "cross-hole". Seront aussi
27

exécutés d'autres types de pieux et pratiqués des essais


sur groupes de pieux ainsi que chargement latéral.

6. REMERCIEMENTS
Les auteurs remercient la FAPESP de l'appui financier acor-
dé à cette recherche.
7. REFERENCES

AOKI, N. & VELLOSO, D. {1975) - An Aproximate Method to Es-


timate the Bearing Capacity of Piles, 5th Pan Arnerican Conf.
on Soil Mech. and Found. Eng., Buenos Aires, vol. 1, p.367-
376.
BIARREZ, J. & BARRAUD, Y. (1968) - Adaptation des fonda-
tions des pylônes au terrain par les méthodes de la mécani-
que des sols, Conf. Int. des grands reseaux eléctriques, P~
ris.
CABRAL, D.A. (1986) - L'utilisation de pieux-racines comme
fondations d'ouvrages normales (en brésilien), VIUCongrés
Brésilién de Mécanique des Sols et des Travaux de Fonda-
tions, Porto Alegre, vol. 6, p. 71-77.
D~COURT, L. & QUARESMA, A.R. (1978) - La charge portante de
pieux à partir de valeurs SPT (en brésilien) , VI Congrés
Brésilien de Mécanique des Sols et des Travaux de Fonda-
tio~s~ Rio de Janeiro, vol. 1, p. 45-54.
MARTIN, D. {1973) - Calcul des pieux et fondations à dalle
des pylõnes de transport d'énergie eléctrique. Etude théori
que et résultats d'essais en laboratoire et in-situ, Anna=
les de'l'Institut du Bâtiment et des Travaux Publics, (307-
308): 105-130, juillet-aoüt.
MEYERHOF, G.G. & ADAMS, J.I. (1968) - The Ultimate Uplift
Capacity of Foundations, Canadian Geotechnical Journal, 5
(4): 225-244, November.
28

PROVAS DE CARGA A TRAÇÃO E Â COMPRESSÃO EM


ESTACAS INSTRUMENTADAS DO TIPO RAIZ

David de Carvalho - FEAGRI/UNICAMP


Judy Norka R. de Mantilla - UFMG
Josi Henrique Albiero - EESC/USP
José Carlos A. Cintra - EESC/USP

RESUMO

Apresenta-se neste trabalho uma análise dos resultados


obtidos em provas de carga, à tração e à compressão, realizadas
em duas estacas do tipo raiz, instrumentadas com •strain gages•
em quatro níveis ao longo do fuste. Com comprimento de 16,0 m e
diâmetro nominal de 0,25 m, as estacas foram executadas no Campo
Experimental de são Carlos, cujo subsolo é constituído de uma
camada superficial arenosa de Sedimento Cenozóico, sobrejacente a
um extrato de solo residual do Grupo Bauru.
Analisam-se a transferência de carga ao solo lateral e os
deslocamentos ocorridos, e determinam-se os parâmetros de
CAMBEFORT (1974) para as estacas ensaiadas. Faz-se ainda uma
análise da aplicabilidade de fórmulas empíricas à previsão da
carga Última às estacas raiz.

1. INTRODUÇÃO
Objetivando o estudo do comportamento de estacas
instrumentadas, implantou-se um campo experimental de fundações
na Escola de Engenharia de são Carlos, campus da USP.
O subsolo local é constituído basicamente de duas camadas
bem distintas separadas por uma linha de seixos. A primeira, de
Sedimento Cenozóico, com espessura média de. 6 m, classificada
como areia argilosa fofa, é laterizada e tem comportamento
colapsivel. Subjacentes, aparecem os arenitos provenientes no
Grupo Bauru, geralmente classificados como areia fina a média
siltosa. Maiores detalhes desse perfil geológico, representativo
de grandes extensões de área no interior do Estado de São Paulo,
são encontrados em RORTOLUCCI (1983).
A caracterização geotécnica do solo local foi obtida com a
realização de sondage~s à percussão (SPT) , ensaios de penetração
estática (CPT), e ensaios laboratoriais em amostras retiradas a
cada metro, de um poco com 10m de profundidade, aberto para este
fim. A Figura 1 mostra o perfil típico do ·subsolo do campo
experimental, bem como os resultados médios dos parâmetros
obtidos nos ensaios.

2. CARACTERÍSTICAS DAS ESTACAS RAIZ


As estacas raiz foram executadas com o emprego de uma
perfuratriz, utilizando lavagem com circulação externa de água.
Concluída a perfuração, que atingiu 16 m de profundidade,
foi posicionada a armadura das estacas, constituída de seis
29

barras de aço tipo CA-50, com mossa, c1e diâmetro 19 mm.


Após a limpeza do furo revestido, por meio de lavagem com
circulação de igua, foi feita a injeção da argamassa, de baixo
para cima, até o cxtrava$amento da parcela inicialmente injetana.
D~pOi$ procedeu-se a retirada do revestimento, em etapas de 1 a 2
~. $~crio que, entre cada etapa, completava-se o interior do
revestimento com um volume de argamassa suficiente para preenchi-
l~ até o topo e aplicava-se uma pressão de ar de 0,39 MPa, a fim
de dde~sar a argamassa e comprimi-la contra o solo. A argamassa
utilizada tinha um traço correspondente a 50 kg de cimento, 72
litr~s je areia e 25 litros de água.

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·.AREIA . • RGILOSA · TRIAXII.L .,..ENADO
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FIGURA 1 CA RACTER(STICAS DO SUB SOLO


NO LOCAL DOS ENSAIOS
30

3. INSTRUMENTAÇAO UTILIZADA
Foram utilizadas barras instrumentadas com extensõrnetros
elétricos de resistência para medida das deformações especificas
ao longo do fuste, e também urna célula de carga para medida da
força aplicada à cabeça da estaca pelo conjunto macaco-bomba.
Para medida dos deslocamentos verticais da cabeça da estaca,
foram instalados quatro relógios cornparadores, com precisão de
0,01 rnrn e curso de 50 rnrn.
As barras instrumentadas com "strain gages" eram de aço tipo
CA-50 com mossa, diâmetro de 19 mm e comprimento de 0,60 m. Os
•strain gages" utilizados foram do tipo KFC-5-Dl6-11, da Kyowa,
tendo sido ligados em ponte completa. Após a colagem e
instalação, foi feita urna proteção externa dos "strain gages• com
massa asfáltica isolante e resina epóxi. Essas barras
instrumentadas, em número de quatro, foram ligadas através de
luvas, a outras barras não instrumentadas de mesmo diâmetro e
material, de maneira a formar uma barra un~ca de 16 m de
comprimento, instalada na parte central do fuste. Assim
resultaram quatro niveis instrumentados, correspondentes às
profundidades de 0,50 m, 5,70 m, 9,70 me 15,70 m. Apresenta-se
na Figura 1 uma vista lateral de uma estaca, com a localização
dessa instrumentação.

4. PROCEDIMENTO DOS ENSAIOS


As duas provas de carga foram realizadas com carregamento do
tipo lento, seguindo os procedimentos recomendados pela NBR-
6121/86.
A primeira prova de carga realizada foi à tração. Para se
obter a reação necessária, as quatro estacas situadas em torno da
estaca-teste eram encabeçadas pela viga metálica. Na estaca
central era fixada urna barra de aço, que atravessava, de baixo
para cima, primeiro a viga, depois o macaco e a célula de carga,
para enfim, encontrar uma placa metálica na qual se engastava. o
macaco tem capacidade de 2000 kN e a célula de carga estava
calibrada para 1500 kN, ambos vazados para permitir a passagem
daquela barra-tirante. O esforço de compressão aplicado pelo
macaco à viga, fornecia a reação necessária para a extração da
estaca central.
o ensaio foi conduzido em sete estágios sucessivos até a
carga máxima de 700 kN, próxima da fluagem da barra-tirante, mas
sem atingir a ruptura do solo, cada estágio sendo mantido até a
estabilização dos deslocamentos. Em cada estágio, a carga
aplicada era controlada com precisão pela célula, eram medidos os
deslocamentos da cabeça da estaca, e feitas as leituras de
deformação dos "strain gages" dispostos nos quatro niveis
instrumentados. A carga máxima foi mantida por 12 horas e, em
seguida, foi feito o descarregamento em quatro estágios. Doze
horas após o descarregamento, foram feitos mais três ciclos de
carga-desc3rga. Na Figura 2 são apresentadas as curvas carga-
deslocamento obtidas.
A segunda prova de carga, realiz-ada à compressão, foi
conduzida até a ruptura, em estágios de 100 kN, atingindo-se a
carga de 1050 kN. O descarregamento foi feito em estágios de 200
31

kN. Apresenta-se na Figura 3 a curva carga-deslocamento obtida.

5. ANÁLISE DAS CARGAS ÚLTIMAS

Para a estaca tracionada, conduzida até a carga máxima de


700 kN, determinou-se a carga Última pelo processo de VAN DER
VEEN (1953), obtendo-se o valor de 803 kN. Já para a estaca
comprimida, ensaiada até a ruptura, a carga última obtida
diretamente na prova, foi de 1050 kN.
Procurando-se pesquisar a aplicabilidade de fórmulas
empíricas na determinação da carga Última em estaca raiz,
aplicaram-se a essas estacas as f6rmulas propostas por LIZZI
!1982), CABRAL (1986) e NUNES (1987). Destas fórmulas, a que
!orn.aceu valores .mais prox1.mos dos "reais" foi a de CABRAL
(1~86), pela qual se obteve 830 kN para a estaca tracionada (3,4%
super1.or ao valor de Van der Veen) e 1023 kN para a estaca
co~primida (2,6• inferior i carga última do ensaio).

zoo 400 600 800 1000

FIG~ 2 Provo d• Carga b Tração em Estaca


Raiz - CutVa Car Oll Desloc:omento
CARM (ldNJ
200 400 600 100 1000

"'::lo
...j
c
u2
"'cz:

FIGURA 3 ProYG de Olrga a ComprenCio em


Estoc:a Raiz-Curva CGirgcultKGICiollll
32

6. DESLOCAMENTOS DA CAREÇA DAS ESTACAS

Para a estaca tracionada, atingiu-se o deslocamento máximo


de 15,31 mm, correspondente a carga de 700 kN, a qual r.epresenta
87% da carga última de Van der Veen. Doze horas após o
descarregamento, foram feitos três ciclos de carga-descarga,
obtendo-se um deslocamento permanente de 10,60 mm (Figura 2).
Para a estaca comprimida, o deslocameento atingiu 11,22 mm
para a carga de 900 kN, último estágio antes de se atingir a
ruptura com 1050 kN. Manteve-se essa carga até se encontrar um
deslocamento de 38,12 mm, resultando, após o descarregamento, o
deslocamento permanente de 30,22 mrn (Figura 3).

7. TRANFERENCIA DE CARGA

7.1. Carga nos Níveis Instrumentados

o módulo de deformação da estaca foi determinado através da


seção de referência, e admitido constante para toda a estaca. o
valor obtido foi 24,8 GPa para a estaca comprimida, e 16,2 GPa
para a estaca tracionada.
A partir desse módulo, da área da seção homogeneizada, e das
deformações específicas sofridas pelos "strain gages•,
determinou-se a carga nos niveis instrumentados, em cada estágio
do ensaio, resultando as curvas de transferência de carga
mostradas na Fiqura 4, para ambas as estacas.

ESTACA TrW::IONADA ESTACA COMPIUIIIIIDA


CAJitGAIIUd
toa 2100 lCO 400 5CC 41100 »>
33

7.2 Resistência de Ponta e Resistência Lateral


A análise dos dados apresentados na Figura 4 indica que a
resistência de ponta começou a ser mobilizada somente a partir da
~plicação de 500 kN na cabeça da estaca, atingindo o valor
máximo de 115 kN, ou seja, 11i da carga máxima Gltima.
Comparando-se a resistência por atrito lateral total,
mobl.lizada na ruptura, em ambas as estacas, constata-se um valor
de 16i superior no ensaio à compressão em relação ao ensaio de
cra.;ão.

7.3. ~~i:ise Teórica

Co~siderou-se o modelo de BAGUELIN (1971), estudado por


CASSA~ (1978), baseado nas leis de interação entre o solo e a
est~ca, propostas por CAMBEFORT (1974). Estas leis prevêem
relações do tipo rigiqo-elástico-plástico, tanto para o atrito
lateral quanto para a ponta das estacas, conforme se indica na
Fl.s~ra 5, onde estão apresentados os parâmetros mais importantes.
MASSAD (1981), NIYAMA (1981) e ROCHA (1985) apresentam os
conceitos básicos desse modelo.
A partir dos resultados obtidos nas provas de carga,
determinaram-se os parâmetros para esse modelo.

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FI&URA - 5 - L EIS DE CAMBEFORT I IN IIIYAIIIA,l98ll

Apresenta-se na Figura 6 o desenvolvimento do atrito lateral


unitário da estaca comprimida em função do deslocamento médio do
fuste, e na Figura 7 o desenvolvimento da pressão na ponta da
estaca em função do seu deslocamento. Para a estaca tracionada,
na Figura 8 apresenta-se o desenvolvimento do atrito lateral
unitário em função do deslocamento do fuste.
Observa-se nas figuras 6, 7 e 8 as fases de mobilização e de
saturação da resistência do solo em função do deslocamento médio
do fuste e da ponta. A partir dessas figuras, determinaram-se os
parãmetros de Cambefort para ambas as estacas, os quais são
apresentados nas Tabelas I e II. Eles se situam dentro dos
intervalos de variação preconizados por CASSAN (1978).
34

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OUI.OCAMIENTO IIIÉDIO IEN,_ IIÍVDS
INSTRUMENTADOS

FIGURA 8
35

Tabela I: Parâmetros de Cambefort para Atrito e Ponta


(Estaca à Compressão)

Prof. A B yl Ba
(m) (kPa) (kN/m 3 ) (mm) (kN/m 3 )
------------
oa 6 -----------
4
------------
1100 ---------
1,8
-----------
760
6 o 10 11 2200 1,9 2790
10 a 16 4 7400 1,0 3680

Q Ya
Ponta (kPa) (mm)

30 204000 0,6 24000

Tabela II: Parâmetros de Cambefort para Atrito


(Estaca à Tração)

Pro f. A B y Ba
(m) (kPa) (kN/m 3 ) (nui) (kN/mJ)
------------
o a 6 -----------
4
------------
1500' ---------
1,3 -----------
170
6 o 10 4 3900 1,1 330
10 a 16 4 7000 1,0 600

8. CONCLUSOES
Apresentaram-se os resultados de provas de carga à tração e
a compressão em duas estacas instrumentadas do tipo raiz.
Analisaram-se a transferência de carga ao solo e os deslocamentos
no topo da estaca e ao longo da profundidade, e fez-se uma
análise da aplicabilidade de fórmulas empíricas à determinação da
carga última das estacas ensaiadas.
Determinaram-se ainda os parâmetros de CAMBEFORT (1974) para
ambas as estacas.
Considerando-se que os ensaios foram realizados em local
cujo perfil típico do subsolo é representativo de extensa região
do Estado de São Paulo, os dados e análises apresentados poderão
ser úteis na previsão do comportamento de estacas raiz nessa
região.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Engo. Ariovaldo Viscaino de Barros e
a empresa Nacional Engenharia de Fundações Ltda. pelo apoio dado
na execução das estacas de reação e instrumentação das duas
estac.as raiz.
Agradecem também à FAPESP pelo auxilio financeiro concedido
36

para a implantação do campo experimental e desenvolvimento das


pesquisas.

REFER~NC!AS BIBLIOGRÁFICAS

BAGUELIN, F. & VENON, V.P. (1971): Influence da la


Compressibilité des Pieux sur la Mobilisation des Efforts
Résistants - Le Comportement des Sols avant la Rupture.
Journées Nationales, Bulletin de Liaison, LCPC, Paris, maio.

BORTOLUCCI, A.A. (1983): Caracterização Geológico-Geotécnica da


Região Urbana de São Carlos - SP, a partir de Sondagens de
Simples Reconhecimento. Dissertação de Mestrado, Escola de
Engenharia de São Carlos - USP, 64p.
CABRAL, D.A. (1986): o uso de estaca raiz como fundação de obras
normais. Anais do VII Cong. Bras. de Mec, dos Solos e Eng. de
Fundações, Porto Alegre - RS, v. 6, pp. 71-77.
CAMBEFORT, ~. (1974): Essai sur le Comportement en Terrain
Homogéne des Pieux Isolés et des Groupes de Pieux. Annales de
l'Inst. Tech. du Bat. et des Travaux Publics, No. 204,
dezembro.
CARVALHO, D. (1991): Análise de Cargas Oltimas à Tração de
Estacas Escavadas, Instrumentadas, em Campo Experimental de
São Carlos - SP. Tese de Doutoramento, Escola de Engenharia
de São Carlos - USP, 204 p.

CASSAN, M. (1978): Les Essais in situ en Mécanique des Sols. Tome


II, Editions Eyrolles, Paris.
LIZZI, F. (1982): The Static Restoration of Monuments. Sagep
Publisher, Genova.

MASSAD, F.; NIYAMA, S. & ROCHA, R. (1981): Vertical Load Test on


Instrumented Root Piles. X Int. Conf. on Soil Mech. and Found.
Eng., Estocolmo, v. 2, pp. 771-775.

NIYAMA, S. i MASSAD, F. & ROCHA, R. (1981): Anãlise de Provas de


Carga em Micro-Estacas Injetadas num Solo de Alteração. Anais
do Simp. Bras. de Solos Tropicais em Engenharia, Rio de
Janeiro, pp. 683-705.
NUNES, A.J.C. (1987): Soil-Anchor Interaction and Anchoredwall.
Acts du Colloque organisé par l'ENPC, Paris, maio.

ROCHA, R.; YASSUDA, A.J. & MASSAD, E. (1985): Provas de Carga em


Estacas Tipo Raiz Instrumentadas. Seminário de Engenharia de
Fundações Especiais, v. 1, pp. 179-193.
VAN DER VEEN (1953): The Bearing Capacity of a Pile. Proc. Third
Int. Conf. on Soil Mech. and Found. Eng., Zurique, vol. 2, pp.
84-90.
37

CAMPO EXPERIMENTAL DE FUNDAÇ0ES EM SAO CARLOS

José Carlos A. Cintra - EESC/USP


David de Carvalho - FEAGRI/UNICAMP
Heraldo Luiz Giacheti - FEG/UNESP
~ntonio Airton Bortolucci EESC/USP
José Henrique Albiero - EESC/USP

RESUMO

Faz-se a apresentação do campo experimental de fundações,


implantado.~o Campus da USP em são Carlos, detalhando-se as
pesquisas Ja reali~adas e as que estão em andamento. Mostra-se a
caracterização geológico-geotécnica do local, cujo perfil típico
é representativo de vasta região. Apresentam-se os resultados
dos ensaios realizados "in situ" (SPT, CPT e "cross-hole") e um
dos ensaios realizados em laboratório (coluna ressonante).
Comenta-se a realização de provas de carga estáticas, à
compressão e à tração, em estacas dos tipos escavada e raiz.

1. INTRODUÇÂO

Dentre as várias linhas de pesquisas desenvolvidas pelo


Departamento de Geotecnia da Escola de Engenharia de São Carlos
da Universidade de São Paulo, destaca-se a de Fundações por
Estacas, que foi iniciada com o trabalho pioneiro de ALBIERO
(1972) sobre ·o comportamento de estacas isoladas, escavadas, do
tipo broca.
Enfocando apenas os trabalhos experimentais realizados
dentro do próprio Campus de são Carlos, o marco sequinte foi a
introdução da extensornetria elétrica por CINTRA (1977) no estudo,
em laboratório, de modelos de grupos de estacas cravadas em
areia.
Em seguida, com o fortalecimento da pós-graduação na área de
Geotecnia, em são Carlos, partiu-se para um projeto mais
ambicioso, a implantação de um campo experimental de fundações,
viabilizado pela aprovação de um auxilio de vulto, em 1988, pela
FAPESP, que aliás, já financiara as duas pesquisas anteriores.
Devido à importância do projeto, o Conselho do Campus destinou
urna área de 400 rn2 para o campo experimental de fundações. A
partir daí os trabalhos deixaram de ser individuais, e passaram a
envolver vários pesquisadores em cada projeto.
Nesse campo, foram desenvolvidas pesquisas experimentais
sobre o comportamento de estacas isoladas instrumentadas,
tracionadas e comprimidas. Foram ensaiadas estacas de 10 m de
comprimento com diâmetros de 0,35 a 0,50 m, e escavadas do tipo
raiz de 16 m de comprimento e 0,25 m de diâmetro.
Em 1991, graças a um novo auxilio obtido junto à FAPESP,
foram anexados outros 200 m2 à área do campo experimental, para o
desenvolvimento de pesquisas sobre o comportamento geotêcnico-
estrutural de grupos de estacas escavadas de pequeno diâmetro.
38

2. ASPECTOS GEOLCGICOS

A cidade de São Carlos está assentada sobre rochas do Grupo


São Bento, constituídas de arenitos da Formação Botucatu e
magmatitos básicos da Formação Serra Geral. Sobre essas rochas
ocorrem conglomerados e arenitos do Grupo Bauru e, em seguida,
cobrindo toda a região, aparecem os Sedimentos Cenozóicos.
A Figura 1, proposta por BORTOLUCCI (1983), mostra um perfil
típico da geologia de pequena superfície na área urbana, com a
descrição táctil-visual das litologias predominantes. Ainda nessa
figura, mostra-se a localização da área de estudo, na parte mais
elevada do perfil.

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LEGENDA

t:-'YJ
AREIA ARGILOSA} SEDIIdEN'II) CENOZÓICO
~ ARGILA AIIEHOSA

~ AREIA AMILOSA- GRUPO BAURU

li'i21l ARGILA SILTOSA} ALTEMÇÃo DO MSIILTO} -


E5:E) SILTE ARENOSO FO~ SEARA &EM.
fr-,;;:.!1 IBASAL TO

(;::::::·1 ARENITO- FOAI.t~ IIOTUCATU

FIGURA 1 Seção E_squemáhc_a da Geologia de Pequena


Profundidade n São Corlos
39

2.1. Sedimentos Cenozóicos

Os Sedimentos Cenozóicos, que cobrem toda a região, foram


originados a partir do retrabalhamento dos materiais do Grupo
bauru e das Formações Serra Geral e Botucatu, através de um
p~queno transporte em meio aquoso de razoável competência.
Esses sedimentos foram submetidos à ação de intemperismo sob
condições climáticas típicas de região tropical, onde tem-se
el~vada temperatura, intensa pluviosidade e situações de boa
drenagem. Isso provocou nesse material o processo de laterização,
que consiste na concentração de óxidos e hidróxidos de ferro e
alurr.inio. Por isso sao pouco compactos, muito porosos e
colapsi~e1s.
Sua litologia é constituída de sedimentos mal selecionados,
contendo cerca de 35% de argila e pelo menos 50% de areia de
granulação média a fina. Seu contato inferior é feito com o Grupo
Bauru através de uma fina camada de seixos de quartzo e limonita.
Em toda a região urbana esse sedimento arenoso não ultrapassa 12
m de espessura, predominando valores entre 5 e 7 m.
2.2. Grupo Bauru
O Grupo Bauru está representado na região por arenitos de
granulação média a conglomeráticos, com grãos angulosos, teor de
matriz variável, seleção pobre, ricos em feldspatos, minerais
pesados e instáveis.
Na área urbana de são Carlos, quase que sem exceção, os
contatos basal e superior do Bauru são feitos com a Formação
Serra Geral e com os Sedimentos Cenozóicos, respectivamente.
Apesar de texturalmente bastante heterogêneo, o Grupo Rauru,
pelo menos nas regiões mais altas, pode ser descrito corno um
arenito médio bem graduado, grãos angulosos, com cerca de 45% de
areia e 35% de argila e de cor vermelha a rosada, com pontos
brancos constituídos de feldspatos parcialmente alterados.
Esse solo, quando classificado por sistemas usuais da
Mecânica dos Solos, por exemplo a Classificação Unificada,
encontra-se no mesmo grupo dos Sedimentos Cenozóicos. No entanto,
apresenta comportamento muito diferente em relação aos Sedimentos
Cenozóicos.

3. CARACTERIZAÇÃO GEOTtCNICA
3.1. Ensaios "in situ"

a) Ensaios Penetrométricos
Foram realizados dez ensaios penetrométricos: cinco
sondagens de simples reconhecimento (SPT) e cinco ensaios de
penetração estática (CPT) , até a profundidade de 20 m.
O perfil tipico obtido a partir das sondagens indica uma
camada de Sedimento Cenozóico sobreposta ao arenito do Grupo
Bauru. A camada de Sedimento Cenozóico tem cerca de 6 m de
espessura e é descrita como areia argilosa marrom. A partir dessa
profundidade, separada por uma linha de seixos, tem-se a camada
de arenito que é descrita como areia argilosa vermelha. O nivel
40

d'água foi encontrado a cerca de 10 m de profundidade.


Apresentam-se na Figura 2 os valores médios obtidos nos ensaios
penetrométricos.

PERFIL N qc - (M Po)
T(PICO
o a 42 46 o
4 20 2
" 6 8 10

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2 /" AREIA ARGILOSA·."· / 1/
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(SEDIMENTO CENOZÓiCO)
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o 100 2.00 300 400 !!00

fc (k Po)

,
FIGURA 2 PERFIL TI PICO E VALORES MÉDIOS DE SPT E CPT
41

tJ Ensaio Sísmico "cross-hole"


O ~nsaio consiste em se colocar uma fonte mecânica geradora
d~ ondas elásticas em um fu~o e pelo menos dois geofones
~riaxiais em outros dois furos, alinhados com o primeiro, todos
ao mesmo nivel. A fonte produz ondas S e P, que são captadas em
cada um dos geofones.
Os resultados deste ensaio são apresentados na Figura 3,
o~àe constam a velocidade de propagação (Vs) da onda S e o Módulo
cisalha~te máximo (Gol, determinados de metro em metro, até a
~ro:~~êidade de 8,50 m.

3.2. Ensaios Laboratoriais

R~dlizaram-se ensaios em amostras deformadas e indeformadas


retiradas de metro em metro, de dois poços exploratórios com 10 m
de profundidade, abertos para este fim. Foram ensaios de
caract~rização (granulometria, limites de consistência e Índices
:ísicos do solo) e ensaios mecan1cos estáticos (compressão
s1xples, triaxiais dos tipos adensado-rápido e lento, e
a.ien::;a;r.ento).

Vs ImI s l Go (MPa I
100 150 200 Z50 o 100 150

E
·tr
3
w
o
<C
o 4 t ILI
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4

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o o
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:l 5
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a: 0
~
11
a: •
Q.

7 7


,..._ __________ ~

FIGURA 3 RESULTADOS DO ENSAIO S(S MICO


•cROSS HOLE•
42

Todos os parâmetros determinados nesses ensaios, bem como


correlações entre eles, SPT e CPT, estão apresentados por
CARVALHO (1991).
Além desses, realizou-se o ensaio de coluna ressonante, que
consiste basicamente em se aplicar uma vibração de baixa
amplitude numa amostra de solo confinada em câmara triaxial e em
fazer variar a freqüência, até que se atinja a condição de
ressônancia.
Foram realizados ensaios em corpos de prova talhados de
amostras in~formadas retiradas em três diferentes profundidades
(1.40 m, y.60 m e 8.35 m). Os resultados destes ensaios são
apresentados na Figura 4, onde se têm o valor do módulo
cisalhante máximo (Go), o parâmetro NG, as curvas de degradação
do módulo (G/Go x Y) e a variação da razão de amortecimento
interno (D) com a amplitude de deformação (Y).
Detalhes sobre os ensaios de coluna ressonante e também do
"cross-hole" encontram-se em GIACHETI & ZUQUETTE (1990).

4. PESQUISAS CONCLU!DAS
A fase inicial do campo experimental já está praticamente
concluída, com o desenvolvimento de pesquisas sobre o
comportamento de estacas isoladas instrumentadas.
Trata-se de um conjunto de seis estacas escavadas com três
diferentes diâmetros: 0.35 m, 0.40 m e 0,50 m. Todas estas
estacas têm 10 m de comprimento e foram instrumentadas com
extens6metros elétricos ("strain-gages") dispostos em cinco
níveis, e também com cinco hastes do tipo "tell-tale".
O sistema de reação, para realização de provas de carga, é
constituído de uma viga metálica, em forma de I em planta, com 20
kN de peso próprio e 2000 kN de capacidade de carga. Para ensaiar
cada estaca, a viga se ancorava sobre quatro tirantes, sendo o
papel de tirante desempenhado por quinze estacas do tipo raiz,
com 16 m de comprimento e 0,25 m de diâmetro. Duas outras estacas
raiz foram executadas e instrumentadas para serem ensaiadas à
tração e à compressão.
A Figura 5 mostra o plano de implantação do campo
experimental.
4~1. Comportamento a Tração
Para verificar o comportamento das estacas-tirantes,
realizou-se inicialmente o ensaio de arrancamento de uma estaca
raiz instrumentada, Detalhes da instrumentação dessa estaca e da
execução da prova de carga, bem como da interpretação, estão
apresentados em outro trabalho desse Seminário (CARVALHO et alii,
1991).
Em seguida foram realizadas provas de carga a tração em três
estacas escavadas com diâmetros de 0.35 m, 0.40 m e O.SOm,
aplicando-se a carga em estágios até a ruptura. A análise e a
interpretação dessas provas de carga encontram-se em CARVALHO
(1991).
AMOSTRA 1 - 1. 40 m AMOSTRA 2 • 4. 60 m AMOSTRA 3 • 8.35 m
1,0

o,e
o
....0 O, I
0
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0
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0,4
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T,O A 100 44t, J S,Z
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10
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FIGURA 4 RESULTADOS DOS ENSAIOS DE COLUNA RESSONANTE


44

MURO I
QUAOR.t.
3.50

LEGENOA
8 ES'i'ACAS RAIZ

@ ESTACA$
TRAÇAO
ESCAVADAS

ESTACAS E~CAVAOAS
® COMPRESSA O

Gl ~:~r::45UIZ
() ENSAIOS CPT

~ SOIIOAGENS SPT

® "CIIOSS- HOLE"

0 POCC

l.OT ®
X
~00 ®
MEDIDAS EM METROS
v
FIGURA 5 PLANO DE IMPLANTAÇÃO
DO CAMPO EXPERIMENTAL
45

4.2. Comportamento a Compressão

Foram realizadas provas de carga a compressão sobre um mesmo


número àe estacas, isto é, uma estaca raiz e tres estacas
escavadas. As análises desses ensaios, assim como as conclusões
constam da tese de doutoramento a ser apresentada pela Enga. Judy
~orka R. de Mantilla.

5. PESQUISAS EM ANDAMENTO

Os resultados experimentais citados no item anterior estão


sendc ~~~e~o de simulação numérica pelo método dos elementos
:initos, com utilizacão de modelos elasto-plásticos para
representar o comportamento do solo. Trata-se da tese de
doutoramento da Enga: Mari~za das Neves. Além disso, as estacas
ensaiadas à compressao estao sendo reensaiadas com carregamento
rápido, para comparação com os resultados do carregamento lento,
dentro do programa de mestrado do Engo. Antônio Carlos Sacilotto.
Sobre o comportamento dinâmico desses solos, avaliado a partir
dos resultados de ensaios "cross-hole" e de coluna ressonante,
está sendo desenvolvida a tese de doutoramento do Engo. Heraldo
Luiz Giacheti.
Outras pesquisas em andamento referem~se à nova etapa do
caffipo experimental, com o estudo do comportamento de grupos de
estacas.

6. CO!'<CLUSOES

A implantação do campo experimental de fundações no Campus


da USP em São Carlos fortaleceu uma das linhas de pesquisa do
Departamento de Geotecnia da EESC-USP. O desenvolvimento de
técnicas de instrumentação e de execução de provas de cargas em
estacas, bem como a análise dos resultados através de diferentes
métodos, inclusive o MEF, está desempenhando um papel muito
importante na formação de novos pesquisadores.
Outro aspecto importante é que, como o subsolo doo campo
experimental é representativo de grandes áreas do estado de São
Paulo, principalmente, os resultados das pesquisas ali realizadas
poderão ser estendidas a essas áreas.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FAPESP pelos auxílios financeiros


concedidos, e ao IPT pela colaboração prestada na realização dos
ensaios dinâmicos.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBIERO, J.H. (1972): Comportamento de Estacas Moldadas "in
loco". Tese de Doutoramento, Escola de Engenharia de São
Carlos, 108 p.
46

BORTOLUCCI, A.A. (1983): Caracterização Geológico-geotécnica da


Região Urbana de São Carlos-SP, a partir de Sondagens de
Simples Reconhecimento. Dissertação de Mestrado, Escola de
Engenharia de São Carlos, 67 p.

CARVALHO, D. (1991): Análise de Cargas Oltimas à Tração de


Estacas Escavadas, Instrumentadas, em Campo Experimental de
São Carlos-SP. Tese de Doutoramento, Escola de Engenharia de
São Carlos, 204 p.

CARVALHO, D.; MANTILLA, J.N.R.; ALBIERO, J.H. & CINTRA, J.C.A.


(1991): Provas de Carga à Tração e à Compressão em Estacas
Instrumentadas do Tipo Raiz. SEFE II, São Paulo.

CINTRA, J.C.A. (1987): Comportamento de Modelos Instrumentados de


Grupos de Estacas Cravadas em Areia, Tese de Doutoramento,
Escola de Engenharia de São Carlos, 117 p.

GIACHETI, H.L. & ZUQUETTE, L.V. (1990): Técnicas para


Determinação de Parâmetros Dinâmicos dos Solos: um Exemplo de
Aplicação. XI Seminário da ADUNESP, Guaratinguetá.

MENEZES,S.M. (1990): Correlações entre Ensaios de Penetração (SPT


e CPT) e os Resultados de Ensaios de Laboratório para a
Região de São Carlos-SP. Dissertação de Mestrado, Escola de
Engenharia de São Carlos, 194 p.
47

CARACTER!STICAS GEOTI:CNICAS DO SOLO RESIDUAL DE ARENITO


DA CIDADE DE BAURU - SP.

CL!UDIO VIDRIH FERREIRA


Prof. M.Sc., FET-UNESP-BAURU
JOS~ HEKRIQUE ALBIERO
Prof. Associado, EESC-USP
ADEMAR DA SILVA LOBO
Prof. Dr. , FET-UNESP-BAURU

SINOPSE.

o trabalho apresenta os resultados parciais de


investigaç5es geotécnicas realizadas sobre um solo residual de
arenito de 4 locais da cidade de Bauru-SP. No programa de ensaios
laboratoriais desenvolvido, foram obtidas, dentre outras,
informaç5es sobre as propriedades de caracterização e
permeabilidade. t feito um estudo da". variação desses parbetros
com a profundidade. os resultados indicam que os solos estudados
são similares quanto a origem e características geotécnicas.

INTROOUCÃO.

A cidade de Bauru est& localizada a oeste da cidade de


São Paulo. Geologicamente a região de Bauru se encontra no
Planalto Ocidental Paulista. A área é coberta predominantemente,
segundo CAVAGUTI (1981), por sedimentos do Grupo Bauru (Formação
Mar1lia e Formação Adamantina). o solo predominante classifica-se
como latossol vermelho escuro de textura média.
No intuito de fornecer uma contribuição que proporcione
subs1dios aos futuros projetos geotécnicos e permitir uma
poss1vel indicação das propriedades deste solo, foram realizadas
investigaç5es do subsolo. Selecionou-se 4 locais da cidade, onde
se encontram camadas t1picas de areia fina argilosa.
A figura 1 representa parte da planta da cidade onde
são indicados os locais pesquisados.

AMOSTRAS.

As amostras deformadas e indeformadas de solo foram


coletadas, praticamente de metro em metro, ao longo das
escavaç5es que variaram de 10 a 16 m de profundidade.
Todo o processo de extração e· coleta de amostras foi
realizado de acordo com os procedimentos e recomendaç5es
indicados por STANCATI et alii (1988).
48

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FIGURA 1. Planta da região. puquiaada cidade de Bauru.

ENSAIOS.

As amostras indeformadas foram utilizadas para execução


dos ensaios de adensamento, cisalhamento direto, compressão
triaxial, compressão simples e permeabilidade. Com as amostras
deformadas foram realizados os ensaios de granulometria,
compactação normal, limites de Atterberg e massa especifica dos
s61 idos. Neste trabalho são apresentados os resultados obtidos
nos ensaios de permeabilidade e caracterização.
49

RESULTADOS DOS ENSAIOS.

ENSAIOS DE RESIST2NCIA A PENETRAÇlO

Nos locais pesquisados foram realizadas sondagens de


simples reconhecimento, sendo 4 furos no local 1, 3 furos no
local 2, 5 furos no local 3 e 52 furos no local 4.
A figura 2 mostra a variação do 1ndice de resistência a
penetração médio (N) com a profundidade, para cada local
pesquisado.

ENSAIOS GRAKULOHtTRICOS

Foram realizados 48 ensaios de granulometria conjunta,


peneiramento e sedimentação, obtendo-se curvas granulométricas,
ao longo dos perfis investigados. ·
A figura 3 indica a variação das ~imensões das
part1culas com a profundidade para um dos locais investigado.

GRANUI..DHETA IA t•le l
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Fie. S -VARIAÇÃO DA MAN..


Fl8. 2 • VARIAçÃO DO aPT Cl A PAOF. LOCAL 1
Cl A PROFUNDIDADE.

A figura 4 representa as curvas granulométricas


tlpicas, obtidas para um dos locais pesquisado.
50

200 100 110 40 )O


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OIÁMETRO DOS GR.{Os (mm)
FIGURA 4-Conjunto de curvas gronulométricos- Local \

:ÍNDICES FÍSICO.:>.
Através das amostras indeformadas foram determinadas a
massa especifica natural e o teor de umidade de cada corpo de
prova ensaiado. As amostras deformadas possibilitaram a
determinação da massa especifica dos sólidos.
Para correçào de eventuais desvios nos valores obtidos,
considerou-se cada um dos indices fisicos da amostra como a média
de todas as determinações efetuadas com os corpos de prova
daquele local e profundidade.
A figura 5 apresenta a variação dos indices fisicos com
a profundidade para cada local investigado.

LIMITES DE ATTERBERG
A figura 6 representa a variação do teor de umidade,
limite de liquidez e plasticidade com a profundidade, para 2 dos
locais pesquisados.
A figura 7 mostra a posição das amostras ensaiadas no
gráfico de plasticidade.

ENSAIOS DE COMPACTAÇ10
Utilizando-se amostras deformadas de solo, sem reuso,
fc.rar.. E::Xt:cutado~ 4-5 ensaios de compactação Proctor normal.
51

TEOR DE UMIDADE &•lei GRAU DE ~TUAAÇÃO t•l•l


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HA&&A IE&PIECÍFICA H01 Kslm1 1 INDICIE DE VAZIO&


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FICJURA 8 - VARIAÇÃO DOa INDICEa Fl3lCO~ COM A
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PROFUNDIDADE.
52

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Fie. 6 ·VARIAÇÃo DE W, WL. E WP COM A PROFUNDIDADE.


LOCAl~ 1 E 2.

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LEGENDA
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LIMITE DE LIQUIOEZ ("1.)

FIGURA 7- Gráfico de Plasticidci'de.


53

A fiqura e indica a variação da massa especifica seca


m~xima e teor de umidade 6timo com a profundidade.

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A f iqura 9 apresenta as curvas de eompactaçio


t1picas, obtidas para um dos locais estudado.
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TEOR OE UMIDADE (•4)

FIG. P • CURVA~ DE COMPACTAÇÃO- LOCAL 1


54

PERMEABILIDADE

Os coeficientes de permeabilidade foram determinados


para os locais 1, 2 e 3, através de ensaios de permeabilidade com
carga variável e durante o ensaio de adensamento. As dimensões
dos corpos de prova talhados das amostras indeformadas indicaram,
em média, altura de 125mm e diâmetro 48mm.
A figura 10 mostra a variação do coeficiente de
permeabilidade com a profundidade.

PERMEABILIDADE uo-G m/s)


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FIGURA lO-Variação da permeabilidade com a profundidade.

ANÁLISE DOS RESUl TAOOS.

S.P.T.
Observa-se, através dos relat6rios de sondagens, que os
valores da resistência à penetração, de um modo geral, crescem
com a profundidade, até se atingir camadas onde o material se
apresenta impenetrável à percussão.

PROPRIEDADES lHDICES
As distribuições granulométricas determinadas,
apresentaram discretas variações com a profundidade e de um local
para outro.
A granulometria foi praticamente constante para toda a
espessura, nos três locais pesquisados. Apesar das porcentagens
de silte e argila se afastarem da média, próxima da profundidade
de 9m, amostra L2.09, o solo se classifica predominantemente como
uma areia fina argilosa.
Na camada da amostra L2.09, encontrou-se sst de areia,
20% de silte e 25\ de argila, contrastando com as porcentagens
médias das particulas constituintes deste solo que apresentaram:
73 % de areia, 12% de silte e 15 % de argila. Em nenhuma das
55

curvas obtidas, foi possivel determinar o diâmetro efetivo.


A massa especifica dos sólidos se manteve praticamente
constante para toda ãrea estudada, apresentando valores entre
3 3 3
2,66 a 2,71 x 10 kgtm 3 , com uma média de 2,68 x 10 kg/m • Estes
valores estão na faixa de 2,65 a 2,68 X 10 3 3
kg/m , previstos por
Bowles (1982), para o caso de areias.
O teor de umidade e o grau de saturação, apresentaram
pequenas oscil~SçOes com a profundidade, para cada local
investigado.
A massa especifica natural, de forma geral, cresce com
a profundidade, apresentando valores na faixa de 1., 62 a 1, 92 x
3
10 kg/m 3 , com uma média de 1 1 80 x 10 3 kgfm 3 • Constata-se,
novamente, a influência da maior porcentagem de finos da amostra
L2. 08, em relação as outras amostras, induzindo A obtenção de
valores mãximos.
o 1ndice de vazios, em média, decresceu com a
profundidade, passando de um máximo de 0,83 1 ponto mais pr6ximo a
superficie, a um minimo de 0,57 1 contido na camada da amostra
L2. 08, apresentando um valor médio de o, 66. Os valores obtidos
estão situados dentro da faixa de 0,40 a 0,85, prevista por Das
( 1985 ) , para o caso de areias finas.
Na caracterização dos solos quanto ã plasticidade, os
limites de Atterberg obtidos para cada local, sofreram pequena
variação com a profundidade. os valores máximos de WL, WP e IP
ocorreram para a amostra L2. 09, qUe. apresenta maior teor de
argila e silte. -
Os parâmetros, pdmáx e wot' obtidos nos ensaios de
compactação apresentaram pequena dispersão, apresentando valores
bem caracter1sticos, coerentes com valores tipicos fornecidos por
Vargas (1981), para solos residuais de arenito.

PEIUIEABILIDADE
Os valores obtidos para o coeficiente de
permeabilidade, para os três locais investigados, decrescem com a
profundidade.
A faixa de variação deste coeficiente está entre 0,1 a
7,5 x 10- 5 m/s, com um valor médio de 1,2 x 10- 5 m/s. Estes
resultados são consistentes com o tipo de solo pesquisado e
coerentes com os valores tipicos fornecidos por Sanglerat &
Costet (1975) e Das (1985).

COMENTÁAIOS FINAIS.

Os resultados das sondagens executadas nos três locais


pesquisados, apresentam uma grande semelhança entre a1. Uma
anâlise conduzida em dezenas de outras sondagens, realizadas em
outros locais da &rea investigada, permitem admitir tratar-se de
um solo bastante homogêneo.
56

As curvas de distribuição granulométrica do solo da


ãrea pesquisada, praticamente paralelas, associadas a pequena
variação no diâmetro das particulas, indicam uma grande
uniformidade ao longo de todos os perfis estudados.
A soma das porcentagens de argila e silte mantêm-se
praticamente constantes com a profundidade, para os três locais
investigados. Assim não é possivel afirmar-se que ocorreu
lixiviação de finos, dos horizontes superiores para os
inferiores, como seria o esperado para este tipo de solo.
o valor médio da massa especifica dos sólidos, 2,68 x
3 3
10 kgjm , é bastante coerente com este tipo de solo, situando-
se bem próximo da massa especifica do quartzo.
o decréscimo da permeabilidade com a profundidade está
relacionada com a redução da porosidade com a mesma, sendo que os
valores encontrados estão coerentes para este tipo de solo.

REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

BOWLES, J. E. Foundation Analysis and Design. J& edição. New


York, McGraw-Hill Book Company, 1982. 816 p.

CAVAGUTI, N. Geologia, Estruturas e Caracteristicas


Hidrogeológicas Mesozóicas da Região de Bauru-SP. Bauru-SP,
1981, 169 p. Tese Doutorado Faculdade de Filosofia
Ciências e Letras - Bauru-SP.
COSTA FILHO, L.M.; ARAG10, C.J.G. lc VELLOSO, P.P.C.
Caracteristicas geotécnicas de alguns depósitos de argila mole
na área do Grande Rio de Janeiro. Revista Solos e Rochas, v.s
n.l: p.J-13, 1985.
DAS, B.M. Advanced Soil Mechanics. New York, McGraw-Hill, 1985.
Sllp.

FERREIRA, c.v. caracterização Geotécnica do Solo de uma Área da


Cidade de Bauru-SP. São Carlcs-SP, 1991. 160p. Dissertação -
Mestrado - Escola de Engenharia de São Carlos/USP.
LOBO, A.S. Colapsividade do Solo de Bauru e sua Influência em
Estacas de Pequeno Porte. São carlos-SP, 1991. 2llp. Tese -
Doutorado - Escola de Engenharia de São carlosjUSP.
SANGLERAT, G. 1c COSTET, J. Curso Prático de Mecanica de Suelos.
Barcelona, Ediciones Omega, 1975. 653 p.

STANCATI, G.; NOGUEIRA, J.B. & VILAR, O.M. Ensaios de


laboratório em Mec~nica dos Solos. São Carlos, Escola de
Engenharia de S~o Carlos ( USP ), 1988. 208 p.
TERZAGHI, K. 1c PECK, R.B. Soil Mechanics in Engineering Pratice.
2• ediç!o. New York, J. Wiley & Sons, 1967. 729 p.

VARGAS, M. Introduç~o à Mecãnica dos Solos. 21l edição. São


Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 1977. 509p.
57

PARÂMETROS DE RESIST~CIA DO SOLO RESIDUAL DE ARENITO


DA CIDADE DE BAURU

CLÁUDIO VIDRIH FERREIRA


Prof. M.Sc., FET-UNESP-BAURU
3052 HENRIQUE ALBIERO
Prof. Associado - EESC-USP
ADEMAR DA SILVA LOBO
Prof. Dr., FET-UNESP-BAURU

SINOPSE.

Este trabalho apresenta os _,resultados de 66 ensaios de


compressão triaxial adensado r~pidQ.. ( CU ), fruto de
investigações geotécnicas realizadas sobre um solo residual de
arenito. Os ensaios foram realizados sobre corpos de prova
talhados a partir de amostras indeformadas, coletadas em 4 locais
da cidade de Bauru-SP.

INTRODUÇÃO.

A cidade de Bauru localiza-se a oeste da cidade de São


Paulo, no Planalto OCidental Paulista. A ~rea é coberta,
predominantemente, por sedimentos do Grupo Bauru (CAVAGUTI 1981).
Segundo SOARES et alii ( 1979 ), na área estudada ocorrem apenas
as formações Adamantina ( inferior ) e Mar1lia ( superior ) •
Pedologicamente o solo predominante classifica-se como latossol
vermelho escuro de textura média.
A tendência de crescimento do nümero de obras de
engenharia executadas na regiio, aliado a pequena quantidade de
informações das propriedades do subsolo, motivaram a realizaç&o
de investigações geoticnicas deste material.
Foram selecionados 4 locais da cidade, onde se
encontram camadas tipicas de areia tina argilosa. Objetivou-se a
caracterização geoticnica da ~rea, a variação de suas
propriedades com · a profundidade e obtenção de di versas
correlações significativas entre alguns par!metros encontrados, a
profundidade e o SPT.
Neste trabalho são apresentados apenas os resultados
obtidos com os ensaios triaxiais realizados.
58

IDENTIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS.

A figura 1 mostra a planta de uma reg1ao da cidade de


Bauru, onde são destacados os locais pesquisados.

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FIGURA \. Planto. ela região pasquiao.da cidade de Bauru.

Através da abertura de poços de coleta, foram retiradas


amostrc~.s deformadas e indeformadas de solo. A profundidade dos
poços variaram de 10 a 16 m. As amostras indeformadas foram
extraidas, praticamente de metro em metro, ao longo de todas as
perfurações.
Todo o processo de extração e coleta de amostras, foi
recüizaào de acordo com os procedimentos e recomendações
rro::vistu:::; por Stancati et ali i 1988 ) • I (
59

Do total de amostras indeformadas coletadas, foram


selecionadas 22 para os ensaios. A seleção foi feita procurando-
se obter dados pr6ximos à superficie do poço escavado, na cota de
apoio das fundações de obras edificadas nos locais pesquisados e
alguns pontos intermediários.
A tabela 1 indica as amostras ensaiadas para cada local
e sua respectiva profundidade.

TAB.l- Relaç&o de amostras ensaiadas e profundidades.

LOCAL 1 LOCAL 2 LOCAL 3 LOCAL 4

AMOS PROF. AMOS PROF. AMOS PR.OF. AMOS PROF.


TRAS (m) TRAS (m) TRA.S (a) TRA.S (a)

Ll.02 1,5 L2.02 2,5 L3.02 3,5 L4.01 0,9


Ll.05 4,5 L2.05 5,5 L3.05 7,5 L4.02 2,6
L1.08 7,5 L2.08 8,5 L3.08 10,5 L4.0J 3,8
Ll.ll 10,5 L2.11 1.2,5 LJ.ll 13,5 L4.04 4,8
Ll.l3 12,5 L3.1.3 15,5 L4.06 6,7
L4.08 8,8
L4.09 10,3
L4.10 1.1,0

ENSAIOS.

Desenvolveu-se junto ao Laborat6rio de Geotecnia da


Escola de Engenharia de São carlos-USP, um programa de ensaios
sobre aaostras deformadas e indeformadas, para cada local
pesquisado.
Foram realizados, dentre outros, 66 ensaios de
compressão triaxial do tipo adensado rápido ( CU), com medidas
de pressão neutra e variação de volúme. Os corpos de prova foram
talhados com aproximadamente 50 mm de dibetro e 125 mm de
altura.
os ensaios triaxiais foram conduzidos com velocidade de
aplicação de carga constante, de valor 1,14 mm/min, para os
locais 1, 2 e 3 e 0,3 mm/min, para o local 4.

RESULTADOS DOS ENSAIOS.

A tabela 2 apresenta os valores mínimos, máximos e


médios dos índices físicos de cada local pesquisado.
As fiquras 2 a 5 representam as envolt6rias médias, em
termos de tensões efetivas, dos locais pesquisados.
60

TAS. 2 - VALORES DE ÍNDICES FÍSICOS.

ÍNDICES
kg/m 3 )
l.OJ J Ps l.OJ
FíSICOS
p ( kg/m ) (

LOCAIS MlN MÃX MÊD MÍN MAx MtD

l. 1,62 1 83 1,77 2,68 2 69 2,68


2 1,67 1, 92 1 80 2,66 2,69 2,68
3 1_, 66 1_, 92 1, 83 2,67 2,71 2,69
l 61 1 84 1_, 72 2,64 2,72 2, 67
"
ÍNDICES
w ( % ) e
FíSICOS
LOCAIS NÍN MAx MtD MÍN MAx MÉD MÍN
Sr

M1x
(
" )

MtD

1 9,8 10 6 10,0 0,61 0,83 0,68 32.5 43,3 40,3


2 9,7 12 7 11,0 0,57 o 76 0,66 34,4 56,5 45,9
3 8 8 15 2 11,8 0,59 0,77 0,65 31,0 64.9 50,1
4 s.,o 9 7 9_, " 0,61 o, ao 0,69 27,0 48,0 36,0

As tabelas 3 a 6 apresentam os parâmetros de ruptura e


resis~éncia obtidos em cada um dos locais investigado.

TABELA 3 - Parâmetros de Ruptura e Resistência - Local 1


IPar&metros de IParametros de
a-'v a-3 Ruptura Resistência
AMOS u C' ~I
TRAS (a-1-a-3) cl.
(kPa) (kPa) (kPa) (%) (kPa) (kPa) (o)

100 158 22,2 18


L1.02 24 200 391 28,1 27 o 32
300 610 14,7 25
100 197 15,7 23
Ll.OS 75 200 381 15,5 :n 24 28
300 547 15,1 31
100 203 12,0 14
Ll.08 129 200 397 13 o 22 20 29
300 576 12,2 27
100 227 8,1 8
L1.11 183 200 425 10,5 15 16 30
300 589 13 o 23
100 287 17,9 a
L1.13 219 200 386 10,4 16 49 25
300 546 12,5 28
61

TABELA 4 - ParAmetros de Ruptura e Resistência - Local 2


Par ~.metros de Paraaetros Ce
AMOS
v'v VJ Ruptura Resistência
TRAS (ar1-ct3) €:1 u c' ;'
(k.Pa) (k.Pa) (k.Pa) (\) (kPa) (kPa) (o)

100 216 27,1 27


L2.02 42 200 367 17 1 33 14 31
300 635 22,1 38
100 186 13,2 21
L2.05 93 200 359 15 s 25 1.4 29
300 557 12,7 25
100 263 s,o 7
L2.08 147 200 440 11,1 16 35 28
300 587 11,8 20
100 256 5,1 6
L2.11 223 200 426 7,6 11 26 29
300 572 10,9 30

TABELA 5 - ParAmetros de Ruptura e Resistência - Local 3


Parbetros de Par&met.ros ele
AMOS
v'v v3 Ruptura Resistência
TRAS (v1-v3) &1 u c ;•
(kPa) (kPa) (kPa) (%) (kPa) (kPa) (o)

100 225 22,9 26


L3.02 58 200 452 24,3 36 22 30
300 616 18,6 36
100 181 9,4 11
L3.05 128 200 414 24,0 37 o 32
300 566 16,7 39
100 169 12,7 35
L3.08 183 200 343 14/3 33 14 29
300 541 15,4 39
100 174 10,8 16
L3.11 239 200 382 14,2 32 o 32
300 567 16,0 43
100 252 12,1 9
L3.13 277 200 386 14 '2 29 18 30
300 582 1813 49
62

TABELA 6 - Parâmetros de Ruptura e Resistência - Local 4.

Paramet.ros de Pari.met.ros de
AMOS
tr'
v (TJ Ruptura Resistência
TRAS (cr1-cr3) c1 u c' 1/1'
(kPa) (kPa) (k.Pa) (%) (k.Pa) (kPa) (o)

30 69 6,6 5
L4.01 15 60 120 9,6 12 o 34
120 262 19,4 22
50 72 6,2 7
L4. 02 43 100 157 13,2 16 o 31
200 400 14,6 24
50 97 7,7 10
L4. 03 63 100 151 9,6 25 9 27
200 323 12,6 23
50 108 5,6 3
L4.04 79 100 191 7,4 10 8 28
200 269 14,2 29
75 173 8,5 10
L4.06 112 100 192 8,5 11 23 25
200 319 12,5 29
50 127
-
4,1 4
L4. 08 149 100 197 5 o 6 5 31
200 492 14,4 11
50 125 2,8 1
L4.09 175 100 189 5,9 7 3 31
200 415 12,3 7
65 165 5,2 4
L4.10 188 130 281 6,3 6 17 28
260 491 12,5 19

ANÁLISE DOS RESULTADOS.

A coesão nos ensaios de compressão triaxial variou de O


a 49 kPa, apresentando um valor médio de 10 kPa.
o ângulo de atrito interno deste solo, nos ensaios
triaxiais, variou de 25° a 34°, com um valor médio de 30°.
As envolt6rias de resistência média, em termos de
tensões efetivas, obtidas para os 4 locais investigados foram:
63

!J)('..Al 1

FIGURA Z - Envoltório do relistincla (mídia) 1 círculo• de Mobr- Local

LOCAL 2

O"tK Pol

o.

FIGURA 3.- Envoltórla da rosistineia (mÍdia) 1 círculos de Mchr -Local Z


64

LOCAL 3

400

100

o VIKPal
o 100 200 300 400 ~00 iOO 700 100 900

FIGURA 4 - Envoltório da resistência (média l e círculos ele Mohr- Local 3

LOCAL 4
:lO O

zoo

100

o. 100 2.00 300 400 ~00 600 100 800

FIGURA 5- Envoltório ela resistincia (média) e círculos de Mohr- Local 4


65

Local 1 T' :;;


8 + tr 1 tg 31° kPa ( 1

Local 2 T' 16 + rT 1 tg 30° kPa 2

Local 3 T' = 12 + rT' tg 31° kPa 3

Local 4 T'
"" 8 + rT 1 tg 29° kPa ( 4 )

CONSIOERACOES FINAIS.

Nota-se uma grande semelhança entre as envolt6rias de


resistência m6dia, obtidas para os 4 locais peàquisados, por
tratar-se de um solo de origem e caracter1sticas similares.
Os valores obtidos são consistentes com os previstos
por MELLO & TEIXEIRA ( 1961 ), TERZAGHI & PECK (1967), SANGLERAT
& COSTET (1975) e DAS {1985).
A envolt6ria de resistência média, obtida nos ensaios
triaxiais, em termos de pressões efetivas, para a área
pesquisada, obedece a expressão:

kPa ( 5 )

REFER~IAS BIBLIOGRAFICAS.

CAVAGUTI, N. Geologia, Estruturas e Caracteristicas


Hidr()9eol6gicas Mesoz6icas da Região de Sauru-SP. Bauru-SP,
1981, 169 p. Tese - Doutorado Faculdade de Filosofia
Ciências e Letras - Bauru-SP.

COSTA FILHO, L.K.; AnGlO, C • .J.G. Ir VELLOSO, P.P.C.


Caracteristicas qeotécnicas de alguns dep6sitos de argila mole
na área do Grande Rio de Janeiro. Revista Solos e Rochas, v.8
n.1: p.J-13, 1985.

DAS, B.N. Advanced Soil Mechanics. New York, McGraw-Hill, 1985.


Sllp.
66

FERREIRA, C.V. Caracterização Geotécnica do Solo de uma Área da


Cidade de Bauru-SP. São Carlos-SP, 1991. 160p. Dissertação -
Mestrado - Escola de Engenharia de São CarlosfUSP.
LOBO, A.S. Colapsividade do Solo de Bauru e sua Influência em
Estacas de Pequeno Porte. São Carlos-SP, 1991. 211p. Tese -
Doutorado - Escola de Engenharia de São Carlos/USP.

MELLO, V.F.B. & TEIXEIRA, A.H. Mecânica dos Solos. São Carlos,
Escola de Engenhaaria de São Carlos ( USP ), 1961.
SANGLERAT, G. • COSTET, J. CUrso Prático de Mecanica de Suelos.
Barcelona, Ediciones Omega, 1975. 653 p.
SOARES P.C.; LANDIM, P.M.B.; FÚLFARO, V.J.; AMARAL, G.; SUGUIO,
K.; COIMBRA, A.M.; SOBREIRO NETO, A.F.; GIANCURSI, F.; CORREA,
W.A.G . • CASTRO, C.G.I, Geologia da Região Sudeste do Estado
de São Paulo. In: SIMPÓSIO REGIONAL DE GEOLOGIA, 2, Rio Claro,
1979. Atas •.. , Rio Claro, SPG, 1979. p.307-19.
STANCATI, G.; NOGUEIRA, J.B . • VILAR, O.M. Ensaios de
laboratório em Mecânica dos Solos. São Carlos, Escola de
Engenharia de São Carlos ( USP ), 1988. 208 p.

TERZAGHI, K. • PECK, R.B. Soil Mechanics in Engineering Pratice.


21 edição. New York, J. Wiley & Sons, 1967. 729 p.
67

OTIMIZAÇÃO DO PROJETO DO MACIÇO DA BARRAGEM DE


DAHMOUNI EM FUf.JÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS E
DISPONIBILIDADE DOS MATERIAIS DE EMPRÉSTIMO

Nélio Gaiolo
T1ago Franco Vilela
Vicente Dias Vieira Filho
PROMON Engenharia Lida

RESUMO

As investigações complementares das áreas de empréstimo realizadas no Inicio


do projeto executivo detectaram a existência de materiais em condições
diferentes das previstas no projeto básico. principalmente para os materiais
destinados à construçáo dos espaldares da barragem.
Estudos técnico-econômicos foram elaborados para trés alternativas onde se
verificou que a alternativa adotada é a que apresentava um custo lotai mais
reduzido, aproveitando os materiais de empréstimo com melhores condições de
exploração e, em consequéncia, permitindo uma reduçáo de prazo de execução
da obra em 2 meses.

1. INTRODUÇÃO
A Barragem de Dahmouni, localizada na região sudoeste ela Argélia. tem como objetivo regularizar a vazão
do Rio Nahr Ouassel para sua posterior utilização na irrigação da região e na alimentação das cidades vizi-
nhas ao reservatório.
O reservatório formado pelo barramento tem 5,4 km 2 de área inundada e um volume útil de 35.3 hm 3.
O barramento, composto por um maciço em terra de 35,0 m de altura máxima sobre as fundações. um ver-
tedor de soleira livre em canal lateral para 515m3 /se uma estrutura de tomada de água, permitirá assegurar
uma vazão média para a irrigação de 0,86 m 3 /s para uma região onde a precipitação média anual é da ordem
de450 mm.

2. PROPOSIÇÃO DO PROJETO BÁSICO


A solução proposta no projeto básico previa. para o maciço. a utilizaÇão de cascalho nos espaldares e a
utilização de núcleo impermeável em argila. limitado a jusante por um espesso filtro em chaminé o~ taludes
indicados eram de 1:2,5 para montante e 1:2,0 para jusante. O talude de montante seria protegido por rip rap
e o de jusante por cascalho grosso. A fundação do maciço da barragem previa. sob o núcleo, a execução de
uma trincheira e uma cortina de injeção.
A Figura 1 apresenta a seção transversal típica indicada como solução no final dos estudos da lase de
projeto básico. Para a execução das obras eram previstas as seguintes Q:.;antidades de materiais:
cascalho para os espaldares ......................................................................... 465.000 m3
(com 20 a 30% de silte argiloso)
núcleo em argila siltosa ................................................................................. 120.000 m3
• materiais de transição e fi'· •os ......................................................................... 55.000 m3
• rip rap ............................................................................................................. 40.oo0 m3
prote;ão do taluc'e df' jusan!e ...................................................................... 5€ C.\10 m3
De ar urdo cc -:1 os re&wilad.:>! éa!. a~~ises dos m21eriais de em;m~stimo ha.e:;3 ur.oa Quantidade de material
adecJaj;::, e er.-. voLJr:r<· s3ici~•le para õ re::'i:aç.ão das obra:>.
~ lai>:a g,...clnulof'l'lé,;~;ca do ma:?ria1que havia sido especf..::.ad::. ;.B"'B os es.pak:!a,es (.a a;:.,..esenlada na Figwra 2

3. DIVERGtN(;iAS VERIFICADAS
Durante o d :senvolvimento óa campanha de invest:gações comrlernen:a·e~ na ?O'la de e:'"'lprés!imo. no
início do projeto executivo. ver:ficou-se QUe a disponóilidade de c.asca!~'L' c:rr. :;o~.. ou meno~ dt: finos era
68

s.t-rtst•elmente mellOl que as prwi!.t.cs do projf>to bés.lco, além de la(! ~tneontrar distribulc!o dP urrlil forma
muito mleat6ria nas lO'\aS de &mpté!.trmo e de .er de dHícl extraçâo
Na figura 2 &âo aprer.entadas as curva> grartulométrlcar. d05 materiai!o disponfvels para a construção do!>
espaldares. juntamente com a lail(él esPE'cif•caôa Constatou-se assim. que ~nte 20'1(. das amostras en-
saiadas apresentavam porcentagem de fonos Inferior a 30%. Além deste fato. verificou-se uma diferença atg
nHicatlve entre as curvas granulométricas indicadas no projeto béslco e as CUNas obtidas a partir dos novos
ensaios de caracterização realizados como pode ser observado na Figura 3

4. ALTERNATIVAS ADOTADAS
Procurou-se então definir um elenco de allernalivas para a execução do maciço da barragem. em lunção da
falta de volume do material originalmente previsto. A$ alternativas foram concebidas baseando se nos
materiais disponfvels na região.
Inicialmente foram analisadas 3 alternativas para a seção transversal:
alterantlva A, conservar a mesma seção transversal do projeto básico. substituindo parte do cascalho
por enrocamento;
alternativa B, adotar uma barragem em terra. zoneada. utilizando os materiais realmente disponfveis na
zona de empréstimo; e
- alternativa c.
adotar uma barragem em terra. homogênea, utilizando somente o melhor dos dois
materiais disponlveis nas áreas de empréstimo.
Uma análise preliminar destas 3 alternalivas levou às seguintes observações:
para a alternativa A. embora hoLNesse material disponfvel em quantidade suficiente, o custo do
mesmo era 300% superior ao custo do material originalmente previsto para ser utilizado na barragem.
o que aumentaria sensivelmente o custo das obras. sendo esta alternativa descartada logo no inicio
dos estudos:
para a alternativa B. os volume~ necessários seriam superiores aos volumes previstos no projeto
básico. havendo entretanto a vantagem de se utilizar os materiais existentes na zona de empréstimo.
sem necessidade de grandes trabalhos de seleção ou mesmo de escavação; entretanto. um dos
materiais disponfveis, classificado como argila siltosa marrom. apresentava baixa resistência. o que
levaria a taludes mais abatidos para o maciço;
para a alternativa C. esta tinha como vantagem a grande facilidade na execução da obra pois seria
empregado um material único. e principalmente o falo de que este material (sille arenoso amarelado)
possuia resistência superior ao material marrom o que levaria a uma redução da seção transversal
relativamente à allt:rnativa B. entretanto. a utilização deste material exigiria urna escavação adicional
da zona de empréstimo. para se retirar a camada superior de argila sillosa marrom.

5. ANÁLISES EFETUADAS
Antes de se proceder a urna análise econômica detalhada das alternativas B e C foram elaboradas anális.es
de eslabnidade do maciço. considerando diversas situações de solicitação externa. incluindo análise pseudo-
estática com aceleração horizontal O.tg.
Ambas indicaram comportamento adequado, lace às solicitações impostas. para as duas alternati·•as. com
coeficientes de segurança superiores aos mínimos impostos para cada tipo de análise.
Os resultados indicaram que, nas duas alternativas, era possível modificar a inclinação inicialmente adotada
para os taludes. o que levaria a reduções de custo
A análise econômica, considerando somente a execução do maciço. levou aos seguintes custos com-
parativos:
6
Alternativa do projeto básico ................................................................... USS 10,2 x 10
6
Alternativa B ...............................................................................................US$ 9,3 x 10
6
- Alternativa C .............................................................................................US$ 9,9 x 10

6. CONCLUSOES
Consid,·rartd:- que a'fT. dE' apr~se~:~r um cus!n tc!a 1 mais reó,;:ijv a ah<?~n::r:·:3 8 (Figura 4) te-n Ú'-:i:t a seu
lavor a m<;ior C:i;;ponrt;i:•:ia~:.: o!.' rm:Niais nas zonas de e>mp,~·t''m'. fL.nç~;::. tar;,t.;',m da nlõr:·' b:;ildade de
e)(ploraçi.o. Es!a to: a atte~l'\átivé:J recome~aáa pélra a exe::uç-.b~· dõ ~~,-= ~·rõJ:•;,m. ::'-
A disponit>i!dé:lde de ma!eri.ais e a sua maior "explorabiiidade' permitiram arnda ao final. red"'zir o prazo de
execução da obra em 2 meses.
9~0

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o
920
Tf.F'IRE"IC

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'>

"' 910 t ------ -- ----


..
900

MATERIAIS:
CORTINI\ ()F. IN,If. tCO
(i') Ntku:o AR61LOSO
'--·'
<iJ fll_TR('
1·j) CI\<:CIIL~<' COMPACTI\00 EM
'-> CAMADAS {'I[ O,l'Om
0 RIPRAI>
(.\) (NROCA,.ENTO Sf.t,tElHANTE A
'-'··· lONA® ~OM YA•CR DMú

FIGURA
SEÇÃO TRANSVERSAL T(PICA PROPOSTA NO PROJETO BÁSICO
PENE.IRAS ( ASTM)
o
o
....
o
o o
• ... .- .
~

ARGILA SILTE A R E IA CASCA L HO 100


o
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' O I Â M E T R O ( mm I

~ FAIXA GRANULOMÉTRICA
~ E5PECIFICAOA NO PROJETO BÁSICO

FIGURA 2
GRANUMETRIA DOS MATERIAIS DISPON(VEIS
NAS A'REAS DE EMPRÉSTIMO PARA OS ESPALDARES
71

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PORCENTAGEM DE SI LTE E ARGILA (0 ~ 0,02 mm)

FIGURt. 3
CUR\'AS DE f>"([QUE.!•CJA DAS OUAr-.;TIDA~ES DE
FINOS OOS CASCALHOS DAS ÁREAS DE EMPRÉSTiMO
L F. G E N DA

0 SIL fE ARENOSO AMARELO

0 ARGILA SI I.. TOSA MARRON

0 E.NROCAMENTO

FIGURA 4
SECA-O TRANSVERSAL DA ALTERNATIVA 8
73

INF1JJfNClA DE AGENTES BJOI..6:;1COS NA PERMr:ABILJDADE DE FUNDAÇÕES DF. BARAAGEN~


NA RECIÀO AMAZÔNICA, BRASIL.
INFUJENCE Of' BIOI.DGJCAL AGENTS IN 'mE PERMEABILITY OF Dl\M FOONDATIONS IN THE
1\MAZONAS RffilON, BRAZIL.

Wilm:~r José Jury *


Antenor Braga Paragu:~ssu **

Na região amezônica, Brasil, a atividade intensa de olig~etos (minhocuçús)


e termitas provocam o aparecimento de C3Vidades em solo, genericsmente de-
signados pelo têrno "csnalÍculos", que exercem significatiV3 influência 03
resistênci3 e na permeabilidade dos solos em áreas de fundações de b3rr3gens
s3o 3preseotados aspectos da biologi3 destes 3nim3is, características das es
truturas por eles geradas e os result3dos de su3s atividades na modificaçãÕ
d:s propriedades dos solos da região.

In the Amazon region, Brazil, an intensive activity of oligochaete (minhocu-


ÇÚs) and termites brought up several cavities generally termed "can:~.liculus"
in the ground. These cavities have significant influence on the strength and
permeability of soils in the dam foundations sre3s. It is presented some bio
logical characteristics of these animais, structur3l features cre3ted bY
them and the results of their activities in modifying soil properties of the
region.

* Doutoraooo em Geotecnia da Escola de Engenharia de são Carlos - Universida


de de são Paulo -
** Professor Titul3r do Departamento de Geotecnia da Escola de Engenh;arh de
São Carlos - Universidade de são Paulo
74

A ocorrência de canalÍculos nas áreas de irrq:'lantação de barngens ns 11m3zôni!l


tem sido observada e investigada, de maneira sistemática, por diferentes e~
cialistas, durante os Últimos 20 anos, especialmente nos locsis dos aproveit;
mentes hidrelétricos de Tucuruí, de Balbina e de 53mUel. -

Devido as consequências que estas feições podem provoc:sr em obras de terra,


foram realizados pelas Centrais Elétricas do Norte do Brasil - ELETRONORTE ,
estudos no sentido de caracterizar e avaliar o comportamento geotécnico des-
sas feições. Foi escolhido par:~ desenvolvimento da pesquisa, o local onde se
instalou a Usina Hidrelétrica de Samuel, situada ao sudoeste da região amazô-
nica, no Rio Jamari, 50 km s sudeste da cidsde de Porto Velho, cujas caracte-
rísticas principais são suas dimensões (60 km de diques de terra) e a hetero-
geneidade dos materiais que constituem os solos da 3rea de implantaç3o das o-
bras.

Entre os tipos de canalÍculos identificados, serao apresentados aqueles for-


mados pela evolução de processos biológicos, mais especificamente os origina-
dos pela atividade de minhocuÇÚs e termitas associados a formigas. Os resulta
dos apresentados decorrem de trabalhos de equipe de empresas contratados pel3
Eletronorte, onde um dos autores fez parte do quadro da projetista no cantei-
ro de obras, tendo a oportunidade de acompanhar a execução dos serviços de
C3!!1p0 • .

A região de implantação da UHE Samuel e seu reservatório, possui geologia re-


lativamente simples, sendo constituída de rochas cristalinas do Complexo Ja-
mari (Xingú) e da SUite Intrusiva Rondônia, de sedimentos quatern3rios incon-
solidados da Formação Iç3 e de sedimentos recentes, constituídos por solos e-
luviais, coluviais e aluviais (Projeto Noroeste de RondÔnia, MME/DNFM/CPRM ,
1975). A distribuição e identificação destes solos são complexas em oonse-
quência da evolução geomorfológica regional desenvolvida durante os períodos
tercisrio e quatern3rio.
O Complexo J3m3ri é representado por granitos metamórficos (de anatexia), g-
naisses, migmatitos e faixas de milonitos, além de produtos catac13sticos de-
vido a intenso cisalhamento.
A Suite RondÔnia é composta por dezenas de maciços graníticos, cem grande va-
riação de tipos de rochas. s3o granitos anorogênicos e sUbvulc3nicos, rioli-
tos e graisens, constituindo batólitos em grandes estruturas circulares.
A Formação Içá representa a maior ocorrência na 3rea de implantaç3o das o-
bras da hidrelétrica. t predominantemente arenosa, incluindo intercalações de
argilitos e camadas de turfa. são arenitos friáveis, intercalando níveis cen-
timétricos de ferrificações. Constitui uma planície de drenagem aberta, in-
cluindo frequentes paleomeandros, com relevo extremamente plano apresentando
sedimentos inconsolidados, parcialmente laterizados. Mantém forte semelhança
com as coberturas eluviais e coluviais, constituindo os sedimentos de planí-
cie de inundação.
Os seditrentos atuais designados pela Unidade Aluviões Recentes englob3m os a-
luviões que ocorrem nas calha.s e nas áreas de inundaç3o dos rios, cuja granu-
lometria varia entre cascalho e argila, destacando-se a fração areia.
75

A ocorrêr~is de oligoquetos (minhocas) nos solos é universal, no entanto, os


tipos designados no Bnsi 1 por minhocuçÚs são exclusivos d:~ Améric::s d~ Sul,
sendo aoond:~ntes na florest:~ 3I!I3zÔnic:~. s3o aninsis de grsndes dimensoes, :~­
tingindo v:~lores d:~ ordem de 90,0 em de cc:mprimento e 1,0 em de diâmetro,que
ocupam principalmente s faix:~ de solo úmid:~ e rica ec matéria org3nic:~.

Sem o conhecimento da fisiologis, comportsrnento e h3bitos do animal, tornava-


se difícil qualquer previs3o a respeito de sua atuação sobre as obras de ter-
ra. Os estudos efetuados tiveram corro objetivo conhecer dos minhOCUÇÚs: os ~
râmetros d:~ biologia, os estímulos que determinam a construção das galerias
(canalÍculos), a capacidade de perfuraç3o, a profundidade m3xima !I que c~
e, finalmente, a eventual possibilidade de virem a se instalar nos maciços
Comp:!Ctados.

A imensa fioresta amazon~ca fornece ininterruptamente a fitomassa que cai e


transforma-se no "litter", c3ITI3da de matéria org3nic:s semi~sta situada
logo acima da superfÍcie do solo. O material, com a decomposição, forma a ma-
téri3 prima necess:iria à manutenção da fauna do solo, da qu3l f3Zem p3rte os
minhOCUÇÚs.

Os decompositores s9o representados por alguns seres vivos, que, agindo sobre
o 1 i tter, produzem enzi.nas que hidrolizam a matérh org3.nic3. Alguns decompo-
sitores n3o produzem diretamente ess3.s enzi.nas, mas possuem no intestino, u-
ma microbiota que faz esse trab3.lho de decomposição. As minhocas possuem b3.i-
xo rendimento na decomposiç3o dos detritos vegetais, devido a 3usência de en-
zimas especializados para t3.l. Por isto, é uma espécie que vive em um ambien-
te onde existe, no solo, uma microbiota, com a qual ela interage. Par3. os mi-
nhocuÇÚs é mais imp:>rtante a existência de um3. micro"biots de solo, d3 qual e-
les se alimentam, do que proprisrnente a camada de litter.

Os termit3s (cupins de solo e madeir3) e formig3s s9o insetos terrestres, so-


ciais de distribuição predominantemente intertropic3l. H3bitam ninhos cuja
popuhção pode cheg3r 3 milhões de indivíduos. Muita: espécies explor!II!I o so-
lo como fonte de alimento, água e m3.teriais de construç3o com os quais edifi-
cam um smplo sistema de galerias sUbterr3.neas, pelo qual tr3nsitam os indiví-
duos. Olegam mesmo a causar profundas modificações n:> solo, tanto de natureza
físic3 como quÍmica.

Tais efeitos podem abranger áreas consideráveis e decorrem do hábito social


deste inseto, que formam colÔnias muito populos3s, e se est3belecem em gr;m-
de número 3.0 longo de extensões territoriais (Lee e~~. 1971).

No projeto executivo da UHE Sanuel, as atividades de c:mp::> resultaram na ex-


posição do solo em decorrência de desmat3.mentos e escavaÇÕes, onde foi obser-
vada, atr:~vés do mapesrnento sistem3tico, a existência dos c:sn31Ículos.

Desta fo:ma, devido ao ineditismo da situação encontrada, onde as cavidades


se apresentavam com características variadas, foi elaborado um programs minu-
cioso de investigaç3o, que se encontra resumídsrnente 3pre~ent:sdo no quadro 1.

As g3.lerias formadas por minhocuçÚs ocorrem em grande incidência até 3 pro-


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DESCRIÇÃO DOS SF.RVIÇOS T.
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Sondagem 11 Quantidade de furo~ 9 - 36R - 164 J 544
PercussRo Perfurnção e 11mo~tra~em (m) 220,7 - 5.386,45 - 2.112,48 62,45 7.71l2,08

Sondagem a Quantidade de furos 50 - 1.671 - Sll7 2'44 2.552


TrlldO Perfuração e amostrngcm (m) 313,0 - '1.180,'10 - 3.040,30 7.,41;),)4 14,Q07,54

Poços de Ins· Quantidade 6 - 512 - 212 5 7JS


pPçiio + Trin· Perfuração e nmostr3fl<."m (m)
cheirns
2R,25 - 2.663,1 - 767,45 so J.S~~.~o

F.m cava rasa tipo Hatsuo . . 2 . - . 2


Ensaios de Inftltra Com per~ament~ pm poço de - - 2 - -. - 2
~ ÇRO Tnspeção 2 7. . . - t.
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.. Em furo a de sondngem IR ·1, ?JI, 70 J~CI - 2.~1\

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Ensaloa de perda d'Água em sondagem rotativa 5'1 6 23 24 - 112
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Ensaios de Bombea· PTP
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~~~entoe Recuper11çÃo Em trincheirAs - - )4 - - . 34
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Enslllios de comunlcabllldade em trincheiras com


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Ens.oios macroteste de penneabl ltdade da~• funda-
çÕell - . 1 - . . 1

En19aios Espe•
EnMlos de erodlbtlldade df! Cl!nftl {cu 1os - . 8 . 4 . 12
cfala de Ls112
r a tório
Quantidade
Ensaios laboratorlAlA de datação de ~edimento~ - - 4 - 2 . f,

Qundro I • TNVF.S11GAç0F.S GF.Otôr.TCO·CF.Orr.CNICAS


77

fundid:~de de 4,0 rn. Ness:~ f:~ix3 de solo os snineis II'OVimentsm-se intens3rnente


en• tÔd:~:. ss direções estimulsàos por fatores como umid3de, temper:~tur:~ e pre-
sença de matéria org3nica (Buck, 1986).
No solo mais profundo, !!proximadamente a 10,0 m, o estimulo fund5ment3l é a
águs do lençol fre~tico, e a migração vertic!ll origins galeriss subvertic!lis,
onde simplesmente pel:~ 3ção animal não ocorre comunic3ção horizont5l entre e-
las. são canalículos geralmente contínuos e individu3lizsdos.
Apresentsm seção geométrica arredondada, inconfundível pela regularidsde e
forma ligeiramente sinuosa, sem ramific:~ções. Possuem diâmetro médio d! ordem
de o, 5 em e náxi.II'O de 1, 2 em.

As paredes apresent3lll uma pelÍcul:l de revestimento endurecids, constituÍd:l ~


lo prÓprio solo local, compectado pelo processo de perfursção do animal. Este
30 se movimentsr, por contração muscular, expele lÍquidos, plastificsndo e
construindo essa fina camada, com marcas de estrias anel3res.

Já os canalÍculos formados pela ação termítica apresentam csracterísticas ou


de origem relacion3àas 3 interação raízes-termitas ou 3 processos fÍsico-quí-
micos por eros3o e laterização com ativid3àes termíticas 3 "posteriori".
No primeiro caso, ocorrem a profundidades inferiores a 5,0 m, limitados pel3
presença de raízes em decomposição, uma vez que termit3s não se slimentam das
raízes ae vegetais vivos. Possuem diâmetro médio variando de 1,0 a 30,0cm, o-
riginados pelo hábito dos animais em formar galerias de slimentsção, reprodu-
ç3o e abastecimento de agu3. Possuem orientação mais OU menos horizont3liZ3d3
em função do enraizamento.

As paredes das cavid3des apresentam revestimento te~t1co e ferruginização a


centuada devido a presença do lençol freático. Os vazios podem ser preenchi:
dos total ou parcialmente por materi3l com vestÍgios org3nicos ou por peletas
termíticas que são materiais inorg3nicos em forms de discos, trabalh3àos com
as garras do animal e misturados com sucos digestivos e/ou excreções fec3is.
No segundo c:1so, são mscrocavidades antigas (fÓsseis), ocorrentes nos sedimen
tos siltosos ds planície de inundação, podendo atingir os sluviões arenosos
(peleocsnsis) subjacentes. OCorrem predominantemente agrupadas e anastomosa-
das, possuem formas ramificadas e s!ío encontradas até a profundidsde de 8,0m.
SUas dimensões vari3lll de 3, O a 30, O em de diâmetro, com seções extern:unente
irregulares. A maioria. destas cavidades se apresentaram abertas devido a grsn
de percolação d'águs ou parcia.lmente preenchidas com material terroso resul:
tante da eros!ío das paredes e/ou ds stividade termítica.
Foram diferenciados t:unbém, cam!lÍculos com a presença de termitss do gênero
"Syntermas" e formigas atualmente em plena atividade. são estruturas contí-
nu3s, com dimensÕes variando de 1,0 a 8,0 em de di5metro e seção predominsnte
mente circul3r pass3ndo a elÍptica. Normalmente ocorrem isolados, porém coiii
ccm.micações retrab3lh3das por formig5.s ou erosão.
Possuem inclinaç3o aleatória, com predominânci3 de posição mais ou menos hor!
zontal, tratando-se sem dÚvida de g3lerias de alimentação em matéria vegetal.

Estabelecem-se em redes n3o muito afastadas da superfÍcie. devido a fatores co


mo distância das fontes de alimentaç!ío e cspacidade escavadora do animal.
78

O l!l3teri:sl de preenchimE'nto é tot:sl!Tl('ntE· djversific:~d~ onde se percebe res-


tos de raízes, arei:s, pastilh:ss formad:ss por cam3d:ss de pelet:ss fecais e solo
pl9stico sob a form3 de p:ssta argilos:s. Os processos posteriores de dissolu-
ção e lixivi:sção não foram observ:sdos neste tipo de canalÍculo.

Os canalÍculos ocorrem nos solos coluviais, colúvio-aluvionares e residu:sis,


alter:sndo significativamente as su:ss propried:sdes. Solos que naturalmente têm
permeabilidade d:s ordem de 10-5 cm/s e SPI' em torno de N=}O, a presença dos
can:slÍculos provoc:s um aumento d:s permeabilidade para 10- cm/s e uma qued3
no v3lor do SPT para N=S.

As cavid3des formad3s por processos biolÓgicos, ocorrentes de form3 sistem3-


tic3 a ~enas profundidades têm direções e inclin3ções ale3tóri:ss. J3 as o-
rigin3d:ss pelos rninhocuçÚs, cuja profundid3de é determinad:s pela ostilação do
lençol fre3tico, possuem inclinação subvertical. A intercomunicação entre as
cavidades :stingiu a dist3nci3 máxim3 de 12m, sendo adotad3 nos estudos, cano
segurança, o V3lor de 2c.n.
Os minhocuÇÚs, pehs su3S dimensões, são capazes de perfurar m3teri:sis com :ss
mesm3s C3racterísticas dos diques de terr3. Isso porém, foi observado em ex-
perimentos com o 3nim3l em estado de confinamento, não sendo oportuno extra-
polar p3r3 3S condições livres ambient~lis. Até mesmo porque os solos dos di-
ques estarão satur3dos, tornando invi3vel a sua sobrevivência.

BIBLIOORAFIA

1. Buck, N. - Dossiê d3 Pesquisa Sobre MinhocuÇÚs n3 ke3 de Impl3nt3ção d3


Obra da UHE 5arruel (Rondôni:!l. Relatório d3 ELETROOCRTE. 1986.
2. Lee, K.E. and Wood, T.G. -Termites and Soils. Adel3ide, Australi3, C.S.!.
R.O. Division of Soils, 1971.
3. Projeto Noroeste de RondÔnia. Relatório de C=mpo. MME/DNPM/CPRM, Rio je
J3neiro, 1975. vol. 1, pp. 25-45
79

Mini Flat Jack Test for Assessment


of Tunnel Lining Stresses
F.M.Kuwajima (1), P... Negro Jr. (2), T.B.Celestino (3)
and A.A.Ferreira (4)

ABSTRACT
The Mini Flat Jack Test was developed and used by Kuwaji-
ma (1991) for evaluation of stresses in shotcrete lin-
ings. A review of this technique is presented. This pro-
cedure was applied to a NATM tunnêl driven in Sao Paulo
through a hard silty-sandy clay. An assessment of the fi-
nal lining loads was poasible as well as an evaluation of
lining stress build up, with tunnel face advance.

INTRODUCTION
The difficulties involved in measuring stresses in shot
crete linings are well known. The usual problem with
stress concentration in stress gauges is aggravated when
they are embedded in a material with stiffness changing
with time. The use of ernbedded strain gauges requires a
compl~mentary laboratory testing program in shotcrete sa~
ples to furnish elements for stress calculation from mea
sured strains. Both testing program and data interpreta=
tion procedures are very involving. Embeáded or contact
pressure cells are prone to undermeasure stresses due to
cell expansion under concrete hydration heating. This
tends to produce deficient cell concrete contact when tem
perature drops and concrete hardens, even in open hydrau=
lic systems allowing fluid injection. Integration (or
else identification) techniques require a large number of
displacernent measurernents in the lining, so that lining
loads can be back-es.timated. Knowledge of the lining proE_
erties is thus required as well as performing àn inverse
solution of the load-displacement problem, which is not
always a simple exercise.
(1) PhD, ITA - CTA
(2) PhD, FEFAAP, BUREAU
(3) PhD, EESCUSP, THEMAG
(4) Civil Engineer, METRO Sao Paulor Brasil.
80

The above difficulties, made some to favour stress re


lease techniques, in which a stress change is induced i'n
the lining through a cut and the associated strains are
measured. They require, however, the knowledge of the
stress-strain behaviour of the shotcrete and the use of
analytical or numerical solutions to obtain stresses from
strains.

To avoid the latter an alternative technique was devised.


It involves the release procedure as before, followed by
a cornpensation procedure, in which an attempt is made to
reconstitute the state of stress prior to the stress re-
lease stage. This stress cornpensation is usually achieved
by pressurizing a jack against the cut profile, which
may have different shapes. During the compensation stage,
the strains are also measured and the stresses are ob-
tained through the jacking pressures needed to recover
the state of strain prior to the stress release phase.

This technique ~lirninates further investigation on the


stress-strain behaviour of the lining and the use of theo
ries relating stresses to rneasured strains.

Its soundness depends on the ability of a simple jacking


sys~em to reconstitute the actual stress state prior to
lining cutting. This requires a calibration stage where
that ability is assessed and a rule relating stresses to
jacking pressures is stablished.

FLAT JACK TECHNIQUES

The flat jack test belongs to the last group of tech-


niques. Its use was originally directed to the deterrnin~
tion of rock rnass stresses. Rocha et al. (1966) developed
from earlier applications in the fifties and sixties, ~
procedure that consisted in releasing the rock stress by
cutting a slot with a diarnond disk saw, measuring the
induced relative displacements between some reference
points fixed on the rock surface, inserting a flat jack
fitting fully into the slot, pressurizing it and restor-
ing the reference points to its original positions prior
to cutting. The restoring pressure is related to the
normal stress acting upon the slot plane.

More recently, a variation of this procedure was applied


to determine strcsses in masonry structures in Italy, in-
cluding brick linings in tunnels by ISMES (Barla and
Rossi , 1 9 8 3 ) •
Considerable experience with this technique has been ac-
81

cumulated in rock rnasses. Its recent use in masonry sug-


gested it could also be applied to shotcrete linings. But
this required some rnodifications to be introduced as de
scribed below.

DEVELOPMENT OF THE MINI FLAT JACK TEST

The, standard flat jack procedure required a 60 em diame-


ter disk saw and a cut too deep for usual shotcrete lin
ing thicknesses. Moreover, the shotcrete thickness tends
to vary along the tunnel, being rnaxirnum close to steel
ribs or lattice girders and rninirnum at half distance be-
tween thern. This results in a wavy shotcrete surface,that
irnplies in a curved slot at surface, for a convenient
straight jac~ edge. To avoid this incornpatibility,smaller
sizes cut and jack were envisaged, what would also ~ccorn­
modate better the test to local sinuosities and construc-
tion irnperfections.

Rocha et al. (1966) have noticed that the hydraulic pres-


sure was not entirely transrnitted by the jacks to the me-
dium in the neighbourhood of the jacks welded edges.They
have also shown that the bigger the ratio depth to radius
of the slot was, the better the pressure transrnission
would be. As the depth of thé slot cutting would have
to be reduced, due to the lining thickness limitation, a
simultaneous reduction on cutting radius was favoured in
arder to keep the depth to radius ratio high and to en-
sure an efficient oressure transrnission.

While the reasons above required reducing the test scale,


the coarse aggregate s~ze and the extensometer accuracy
required increasing the scale of the test. The flat jack
shown in Figure 1 represents the compromise solution be-
tween these conflicting requirements. After this scale re
duction, the test was denominated Mini Flat Jack Test
(MFJT), consistently to the LNEC terrninology.

TEST EQUIPMENTS AND PROCEDURES

The jack is built with 0.15 mm thick stainless steel


sheets welded to a 5 rnm wide steel frarne. Two steel tubes
are provided for pressure application and air drainage. A
guarding flap is also provided for protection against pos
sible leakage at high oil pressure. The flap is fixed tÕ
the frame by 4 mrn diameter bolts.

The pressure is applied by a conventional manual oil purnp


82

FIGURE 1. The mini flat jack.

with pressure dial gauge control. The shotcrete cut is


rnade by an electric circular saw, with a 14" diarneter dia
rnond disk, 1.5 mrn thick. Cutting is performed with run
ning water as a cooler. A valve allows control of water
flow. Water is circulated at site air temperature using
an electri.c submersible pump. In order to make a 1. 5 mm
wide slot, i t is necessary to make two parallel cuts fol-
lowed by the removal of the remaining shotcrete between
them. A special translation device allows the saw to be
precisely shifted, in order to make the parallel cuts
with deviations of less than 0.3 mm.

For precise measurement of strains the use of surface


rnounted vibrating wire strain gauge was favoured. For re-
dundancy, two VW gauges are fixed orthogonally to the cut
as shown in Figure 2. The positions of the measuring
points were selected to achive maxirnurn accuracy and re-
peatability, after a number of numerical and laboratory
trials. Gauges 152.4 mm long with 1 x 10-6 m/m of nominal
accuracy were selected. The gauges are fixed with quick
setting hydraulic cement, with expansive properties to
ensure good contact to the shotcrete surface.

It was found that ternperature and.air relative humidity


had a major influence on the VW readings. Accordingly,
both vw gaugcs and shotcrete surface should receive ther
mal insulation protection whose e"fficiency is assessed
83

by temperature readings through a thermistor installed in


the gauges.

16.5 em

:~~:';L" l"," ,,. ,. •·•·


~- 31 em ~ jo.75cm
fRONT VIEW

LONGITUDINAL SECTION

FIGURE 2. Mini flat jack test lay-out.


Recognizing that the jack pressure is not entirely tran~
mitted to the concrete, the need to calibrate the system
in the laboratory is identified. This was done using a
concrete slab submitted to a known uniaxial state of
stress field. It was found that the restoring pressure aE
plied by the jack was 23 to 3Bt (29% as an average) high-
er than the actual stress field. Among other factors,that
difference was due to the contact area jack-concrete be-
ing smaller than the slot area. A correction factor was
thus introduced as a function of the actual contact area
which is evaluated, in each test, by impression on graph-
ite paper fixed on the jack surface.
The test is conducted in three stages. In the first one,
ternperature and strain readings are taken until thermal
stability is achieved. In the second stage a slot is cre
ated by making the two parallel cuts. During the first
cut, strain readings are taken at each 10 mm of saw disk
penetration. The second cut does not induce additional
straining as it should. This stage is conducted as fast
as possible (typically within 10 min) in order to avoid
creep, delayed distortion and secondary effects resulting
frorn surface wetting. In the third stage the jack is in-
84

troduced into the slot and pressure is applied in steps


up to the limit allowed by the system (around 1.3 MPa),
with strain readings being taken at each step. The pres
sure is .decreased and a second loading and unloading cy-
c~ performed. The last stage is also conducted quickly,
typically in 20 to 30 min. Total test duration ranges
from 1 to 2 hours depending on the first stage duration.

The test was designed for fully hardened concrete as to


ensure a linear stress-strain response. The two cycles of
loading and .unloading are a convenient way of checking
possible non-elastic response of the shotcrete. Test in-
terpretation involves the determination of the restoring
pressure causing strains of ma9:1itude equal to those mea
sured during cutting.

The mini flat jack test was initially conducted in tun-


nels for the Edmonton (Canada) Subway System (Kuwajima,
1991) and lately for the Sao Paulo Metro. Since 1987 con-
siderable experience has been accumulated with this tech-
nique and over one hundred tests have been carried out
covering a wide range of application conditions both in
Canada and in Brazil.

INVESTIGATIONS ON THE SAO PAULO METRO

To illustrate an application of the above technique, a


case history has been selected. It is a NATM tunnel built
in Sao Paulo, in 1989 - 1990, for the East Extension of
the existing East-West Subway line. The tunnel, 810 m
long, had a cross sectional area of 78 m2 , with 30 m of
soil cover to tunnel crown.

The construction method involved the complete drivage of


the tunnel heading with a temporary invert, followed by
the bench excavation and final invert construction, as in
dicated in Figure 3. Excavation of the heading face was
carried under the protection of a centre core. The open-
ing was supported by steel lattice girders at 1.05 m spa~
ing and 25 em thick shotcrete (primary lining). Wire mesh
was applied both at temporary and final inverts. Head-
ing face excavation was performed at 1.05 m advances and
bench removal at 3.15 m advances. The rate of tunnel head
ing advance was 2.20 m/day approximately, and the excavã
tion was carried mainly with a tire mounted backhoe.

A novel design concept was applied to this project: the


use of a discontinuous temporary invert, in the form of
2.10 m long inverted arches, spaced at 2.10 m intervals.
85

*- OIMENSIONS IN m
... ·... ···.·. ··.·.·· ..... ··:;·.··:·:

I
"~~~
, ,
,=
" __ ---,,
"
f?&17.m.a:: :[::
I
Jn7U.
I I
I 6
I I 8.50
I I

EXCAVATION

*- OIMENSIONS IN m

9.50

FIGURE 3. Construction method for the Sao Paulo


Metro tunnel.
The use of discontinuous arches represented increased
economy in shotcrete consumption and higher rates of ad-
vance, specially with respect to bench excavation, as the
86

demolition of the temporary invert is considerably sim


plified.

On the other hand, this construction scheme raised con-


cerns regarding the magnitude of lining loads and the ef
fect of this scheme on the distribution of loads along
the tunnel, as a result of the discontinuous nature of
the supporting system. These concerns motivated special
investigations on the ground loads acting upon the tunnel
temporary support, after heading drivage, prior to bench
excavation. As such, the present analysis focus the head
ing opening only, with 50.0 m~ of cross sectional area
of excavation, 6.3 m high, 11.0 m wide and 8.1 m of equi~
alent diameter.
It is difficult to assess the lining loads build up with
the face advance through the MFJT, since it is designed
for fully hardened shotcrete, with linear response. The
reversibility of the response is required in order to en-
sure determination of the restoring pressure obtained ei-
ther by interpolation or extrapolation of the pressure-
-strain data. Therefore, the test data was supplemented
by data collected through hydraulic-pneumatic contact
pressure cells conveniently installed and read continuous
ly as the tunnel was advanced. As mentioned earlier, it
is known that these systems furnishes unreliable stress
data due to deficient cell-concrete contact. However, if
the final lining loads are known, it may be possible to
scale it down, using the pressure cell data with tunnel
advance to recover the loads build up.

SITE CONDITIONS ANO TUNNELLING PERFORMANCE


Figure 4 presents a simplified geological profile at the
test site. The soils found belong to what is locally
known as the Sao Paulo Tertiary Sediments. The dominant
sediment found at the site is a stiff to hard silty sandy
clay (SPT blow counts N from 20 to 45). Also present are
fine to medium silty or clayey dense sand layers and
lenses with thicknesses varying from 1 to 6 m (N = 15 to
30). Both clay and sand layers are saturated, with the
original piezometric level located between 5 to 10 m be-
low surface. The soils are red in colour reflecting weath
ering action under a tropical environment.

Typical geotechnical properties of these soil are shown


in Table I. The soils are preconsolidated with OCR of
about 3 and present a Ko of 0.9. Their average specific
weight is 18.5 kN/m 3 • The ground conditions were favor-
able for tunnelling except for some concerns regarding
87

local instabilities in the saturated sand layers.

160 190 220 250 280 (m)

LEGEND EAST....,.

~ Flll C BROWN SANOY CLAY)

om REO SIL TY CLAY ( SPT • 20 TO 45) PIEZOI.IETRIC SURFACE

f·'.-.'~.'·"') FINE TO I.IEOIUI.I CLAYEY REO SANO (SPT•lSTOJOI

FIGURE 4. Geological profile along the Sao Paulo


Metro tunnel.
Accordingly dewatering was implemented through nearly hor
izontal drains 15 to 20 m long, 6.3 em diameter, drilled
from the tunnel face, and activated by a suction pump,
applying a 0.4 bar negative pressure. This dewatering sy~
tem was vcry efficicnt and induced piezometric depletion
at points located 15 to 20 m away from tunnel contour of
88

some 15 m.
TABLE I. Typical geotechnical properties of the
ground.

CLAY SANO
\ < 2 1.1 \ 65 28
IP 28 13
LL '
% 58 28
;5' (O ) 23 25
c' kPa 75 15
Eo (1) MP a 300 200
(1) Estimated in situ tangent modulus

TABLE II. Geotechnical performance of the complete


excavation of tunnel heading at the test site.

Maximum Surface Settlement mm 5.3


Volume of Surface m3 /m 0.6
Settlement Trough % Vt 1.2
Maximum Deep Settlement mm 16.5
{2 m above crown)
Total Increase of Tunnel mm 2.0
Width after Supporting

The geotechnica1 performance in tunnelling the heading is


summarized in Table II. Ground settlements monitoring
revealed a maximum subsidence of about 5 mm at surface
after completion of the tunnel heading, and a maximum
transverse distortions of about l:SOOO, insufficient to
induce damages in existing bui1dings at surface. Settle
ments at depth were also monitored and using Cording and
Hansmire (1975) criteria, a total loss of ground of 0.2\
of the heading volume was estimated,24% of which occurred
ahead the tunne1 face.

LINING LOADS
Four MFJT were carried out about 30 days after the open-
ing was supported. The tests aimed the determination of
the avcrage tangential stress in the shotcrete at s2o
from the crown. Thc four tests gave rough1y similar re-
89

sults, therefore a typical result is discussed herein.


Staqe 1 of the test lasted some 60 minutes, until strains
and temperature stabilized. Figure 5 presents the results
obtained in stage 2, during shotcrete first cutting. At
the end of the second cut the strain gauge showed an ac-
cumulated elongation of 64.5 ~m/m. No significant tem-
peratura changes were noted during the cut. Stage 3 fol-
lowed with two cycles of jack loading and unloading. Fig
ure 6 shows that the pressure-strain response was close
to linear. The maximum jack pressure applied was not
enough to cance1 the strains induced by the cut. A linear
extrapolation of pressure-strain data was thus required,
that led to a restoring pressure of about 4 MPa for a cut
strain of 64.5 ~m/m.In this test, a correction factor of
0,75 was calculated, resulting in an average shotcrete
stress of 3 MPa.

MF®
o --..
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- -10 ~
52°

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-60
~
r-..........
...........
-70
o 2 4 6 e 10
DEPTH (em)
FIGURE S. Measured strains with cutting depth.

If bending stresses are neglected, thus assuming an ide-


ally flexible lining condition, an average thrust force
of about 750 kN/m is obtained, for a 25 em thick shot-
crete layer. This represents an active ground load of
about 25\ of the overburden stress acting on the support.
Some authors contend that the assumption above is usually
achieved in shotcrete linings due to the inability of the
shotcrete to withstand distortion when loaded at early
ages, when creep straining is significant.

The tests carricd out at different longitudinal positions


revealed also that no significant load variation was
90

detected, at the 520 location, in cross sections with and


without the discontinuous temporary invert.
The lining load build up can be assessed through pressure
c~ll readings taken roughly at 100°from the MFJT loca
tion. Figure 7 presents these data plotted as a function
of the distance to the tunnel face. The magnitude of
stresses measured should be interpreted with due caution
as the effects described before are present causing under
measurement of stress. However, if the final stress es::
timated from thé MFJT of 25% of the overburden is taken
as correct, the curve in Figure 7 can be reinterpreted ac
cordingly.
20
- LEGEND ~
18 -- !J.
-
16,-r-
o- 1st CYCLE LOAD
-Ir •
- E 14 --
- +- 1st CYCLE

o -2nd CYCLE
UNLOAD

LOAO
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- ~-2nd CYCLE
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U)
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- ~
o

z e
-
!J. •
- •
~ 6
l-
4
- !J.
U)
*__!_*
- !J.$-;
2
o
-. ~;!I I I I I I
o 200 400 600 800 1000 1200
PRESSURE ( k Po }

FIGURE 6. Pressure-strain curves.


A higher load gradient is noted at shorter distances to
the face. Loads of about 10% of the overburden stress
were observed at one diameter behind the tunnel face. The
load built up at smaller rates for points between 1 to
4 diameters. The load ceased to increase at distances
beyond 5 diameters behind the face
Results similar to those presented in Figure 7 were found
in other pressure cells and MFJ tests. Although the
build up as given by the pressure cells cannot be war-
ranted, the consistency noted in other sets of data seems
91

o 10
I
20
I
3D
I
4D
I
soI 6D
J
10
I
aoI
(I)
40
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v ~

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30 """'
Cl) z
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/ PC
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-:
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10 ffi
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~ 10 li..
~ o
o
o J I
I
I
I
o ";/.
o 10 20 30 40 50 60 70

DISTANCE TO THE TUNNa FACE (m)

FIGURE 7. Pressure cell data: lining load build up.


to indicate that the adopted procedure can be taken as a
convenient expedient for that evaluation. One should have
in mind that the response of the pressure cells, highly
dependent on the contact area, changes with increasing
load, being therefore less reliable at initial low load
level.

CONCLUSIONS
In this paper a review of stress release techniques is
presented. Details of the Mini Flat Jack Test development
for applications in shotcrete lining are discussed. An
example of application is introduced. This refers to a
Sao Paulo Metro large tunnel, where the heading was ad
vanced with a temporary and discontinuous inverted arch:
The investigations have shown no significant load varia-
tion in the longitudinal direction in spite of the dis-
continuous support nature at the invert. Moreover, the
MFJT revealed lining stresses of 3 .HPa, what corresponds
to about 25% of the overburden stress.
The contact pressure cells undermeasured the ground
stresses, but were used to describe how the lining loads
build up with the tunnel advance. Consistent results were
92

obtained in other locations using similar procedure, com


bining MFJT results with contact pressure cell readings.-

A key assumption made refers to the uniformity of tan


gential stress within the lining thickness, which would
be acceptable for a no bending moment condition. Test de
velopments are required to identify possible nonuniformi=
.ties of lining stresses.

ACKNOWLEDGENTS
The ~1FJT was developed by the first author as part of his
research work at the University of Alberta (Canada), un-
der the supervision of Dr. z. Eisenstein.

The authors are indebted to Companhia do Metropolitano


de Sao Paulo for permission of publishing data from Sao
Paulo Metro.

REFERENCES

Barla, G. and Rossi, P.P. (1983). Stress measurements in


tunnel linings. Proceedings of the International Sym-
posium on Field Measurements in Geomechanics, zurich.

Kuwajima, F.M. (1991). Soil-concrete interaction in


tunnels. PhD Thesis. Department of Civil Engineering.
The University of Alberta.

Rocha, M.; Lopes, B. and Silva, N. (1966). A new tech-


nique for applying the method of the flat jack in the
determination of stresses inside rock mass. Proceedings
of the 1st Congress of the International Society for
Rock Mechanics, Lisbon.
93

Etude expérimentale de pieux sollicités latéralement


Experimental study on laterally loaded piles

D. LEVACHER, Laboratoire de Mécanique des Fluidas. Université du Havre. France


J.GARNIER & A. BOUAFIA, Laboratoire Central des Ponts et Chaussées, Nantes, France
J. C. CINTRA, Ecole d'ingénieurs de Sao Carlos. Université de Sao Paulo, Brazil

RESUME : L'article présente las assais de chargement latéral de pieux et couples de pieux
dans du sable, manés sur modeles réduits centrifugés. Aprés la description des dispositifs
et das procédures d'essais, las résultats d'une étude paramétrique portant sur un pieu
souple et un pieu rigide sont exposés. L'effet das caractéristiques du pieu (rigidité, rugo-
sité), du moda de ~ise en placa (fonçage, battage) at des propriétéa physiques du sol (den-
sité, teneur en eau) ast analysé. Les courbes de réaction p-y sont déterainées à partir des
moments mesurés. Afin de las validar, elles sont introduitea dana un calcul au aodule de
réaction et las courbes de chargement calculées sont comparées aux courbea expérimentales.
La derniere série d'esaais concerne l'étude de l'effet de groupe surdas couples de pieux
disposés à espacement variable an ligne et en rangée.

ABSTRACT : This papar presents lateral loading pile testa performed in sand on centrifuged
modela. Devices and procedures are described. Resulte of parametric etudies on flexible and
rigid piles are presented. The effect of pile characteristics (etiffness, roughness), me-
thods of installation (jacked, driven) and soil properties (density, water content) are
analysad. P-y curves are developed from bending moment measurements. In justifying, thaae
curves are used in a subgrade modulus raethod and the calculated load displecement curves are
compared with those obtainad frora testa. Another test serias is concerning the group effi-
ciency of piles inatalled in line or side by side, at different spacings.

l INTRODUCTION 2.1 Massifs de sol


Le comportement d'un pieu ou d'un groupe de Ils sont tous reconstitués ã densité cons-
pieux sollicités latéralement est rendu tante, directement dana les conteneurs
complexa par le caractere tridimensionnel d'essais, par pluviation à l'aide d'une
du problême, la non-linéarité de l'inte- trémie .obile. Ce matériel totalement
raction sol-structure et l'effet de cou- automatique garantit une bonne homogénéité
plaga dana le cas das groupes. L'analyse das densités et une bonne répétitivité des
théorique est de ce fait difficile et un conteneurs succassifs. Ainsi, sur les 7
vasta programme expérimental d'essais sur massifs reeonstitués pour l'átude de
sitas et sur modeles réduits centrifugés a l'effet de groupe, l'écart sur le poids
été entrepris eu Leboratoire Central das volumique souhaité da 16 kN/m3 est resté
Ponta et Chaussées. Le nombre d'essais inférieur ã 1.3 %. Las essais ont été
nécessaires est en effet beaucoup trop réalisés avec du aable de Fontainebleau ou
élevé, en particulier pour les études avec du sable provenant du si te du 'RHEU
paramétriques (effets de groupe, par pres de Rennes (Franca) sur lequel ont été
exemple) pour qu'il soit possibla deles effectués las assais en vraie grendeur. Il
réeliser sur sita réel. Ces expériences s'agit de sables siliceux à granulométrie
peuvent, par contra, être aisément multi- uniforme (Tableau 1). Las saasifs recons-
pliées sur modêles réduits centrifugés dans titués sont caractérisés par leur densité
das conditions axpérimentales parfaitement et par des profils pénétrolllétriques rée-
maitrisées. lisés en cours de cantrifugation.
Aprês une breve description des matériels
et procédures d'essai, l'article présente T'e.bleau 1. Coraeté:rist:iques physJ.ques dc.s so.bles d"usci.
las principaux résultats obtenus sur Sablea d 1 essa i t.e Rheu Font•1neb1eau
modeles oentrifugés de pieux isolés ou an
groupes (courbe das moments, courbe de Yd ein {kH/.-3) 13.9 lJ .9
YCJ INJt (kN/..3) 16.8 16.6
chargement, courbes p-y). ~60/dlQ 2.0 1.5
dSO 0.40 0.1?

2 DISPOSITIFS ET PROCEDURES D'ESSAI 2.2 Pieux et instruaentation

Tous les essais ont été réalisés sur la Las pieux modêles sont consti tués de tubes
centrifugeuse du centre de Nantes du d 'acier ou d • alumi.nium équipés de 12 paires
Laboratoire Central das Ponta et Chaussées, de jauges pour la détermination des moments
décrite par ailleurs (Corté et Garnier, de flexion (sauf lors dee assais de
1986). Les conteneurs utilisés ont das groupe). Les pieux Pl et P2 sont las
dimensions intérieures de SQQ mm X 1200 mm. modéles réduits dee pieux résls testés sur
La massa totale des modeles peut atteindre le sita du RHEU (souple pour Pl et rigide
2 tonnes sous une accélération centrifuge pour P2) et sont utilisés pour la simu-
de 100 G. lation du sita. Le pieu P3, trés rigide, a
94

6t6 conçu pour 1.' 6tuele eles gre.nds dépla-


cemante.
Lea aaeaie aur le:s groupas sont rlaali:slas
~1
aur l.ea pieux soupl.aa da typa P4, da dia-
aétre plus faible (tableau 2). Les jaugea
ont 6t6 6talonn&ea par charg..-nt en
.s
flexion dea piaux Pl, P2 et P3. Différentaa ~
"O
aéthodaa ont latia ~ pour la lliaa en
pl.ace daa pieux dana la sol (fonçage, bat- c
o
tage, pluviation du aabla autour des
pieux). õ
à:
,.ablacu 2. C.raet6;ri.stiquea dos pi.eu.x prot:otypcs s.laul6.s. 4
P1""" Piou Pl P'ieu Pl Picu P3 Piau P'
p:ototypes
a ,., 0.5 0.9 0.5 0.32
F1c:ba (a)
El Mtl.•s
5
56 744
5

628 •
74
Figure l. Momonts meaur68 sur Pl pour
2. 3 D.iaposi t:l.f et progr.....,.. ele c:hargeaent oiifférentes cond:l.tions (piau l i - ou
rugueux, sable densa ou a.i.-donae).
Las IIICidé1es sont emba.rqués sur l.a centri-
fugeusa et acuais à l'acoll.âration qui 1000r-~----~--~--~---,
permet l.e reapect des condi tions de siai-
l:l.tude (n fo:l.s la gravitá terrestre si ~ 800

i
1' échall.e de réduct:l.on du IIIOdàl.e est 1/n) • -"'
Las p:l.ewo: sont al.ors chargés latéraleaent,
en cours de eentrifugat:l.on, à l'a:l.de d'un 600
d:l.spos:l.t:l.f spóc:l.el. L'effort lat6ral aat
appl1qu6. par paliara succeasifs, en ~ -400
déplaçant una masae IIIIObil.e et est tr&nSIU.s
au pieu per 1'1nterméd1a1re d'un cAble.
Chaqua pal.icar est ..,.intenu 3 llinutes pour
les ....sais aur Pl, P2 et P3, et 1 llinute
~
pour laa assais sur P4 ( groupea) . 200 300 ~00 500
H (kN)
Figura 2. Momonts IIUIXÍlllla aeau:r6s aur Pl et
3 PIEU ISOLE SUR MASSIF HORIZONTAL P2 (SaSSia 1 et 2. ID • 60 t - Easais 3 et
4, Io • 94 t).
Avec les piewo: Pl et P2, 1..,. essais ont
portla sur la simulation das expériences du
sita du RHEU et sur l'étude de l'influenee 800 ai te: LE RHEU
de d:l.fférents per&Dàtraa (rigid:l.té, rugo-
sité, IIIOde de aise en placa des pieux,
Ycs-1.5 4 l~N/e I~-t53S:
3
Í/
danaitia et teneur en eau du eassif). La
pieu P3 a parais l'6tude das grands dépla-
gteu
a,., "'.5
s
""5
.9 /
cemants et la détcarllination des chargea
ultimes Hu (Bouafia, 1990).
D(m}
e::t (MNail} 56.6 741 -:/\c ieu: ?ê
a (s) I 1
[7
.~
3. 1 Mollarits de fle.z:ion lz L
I1s aont déterlllinés d:l.rectement par extan-
.;!
7 ' 1eu:Pt
eométrie. L'évolution dea moaents obsarvés
sur le pieu Pl, toutes oonditions d'essais
200
..e /
confondues, est donnée sur la figure 1
o /
(pieu lisae ou rugueuz, foncé ou battu. H (~N)
sable 111-cSensa ou dense) •
L'ensemb1e des easais réalisês sur o 100 êOO 300 400
modàles zontre que 1es moments de flexion,
pour un êl..nc..-nt et un effort latéral. Figure 3. Ealii<ÚS sur ai te r6al - - t s .
donn6s, Mpendent peu das carac:téristiquea maxi.ala obaervés aur Pl et P2.
du pi.eu ( incartie. ruges i t6, liiiOde de miae en
plac:e) ou du sol (densité, teneur en eau). L'étude expér:l.aentsle condui.te sur l -
La figure 2 illustre cette eonstatstion en pieux 1110d4l.es Pl et P2 a per ail.l.eura - -
présentant sur un ,..... graphi.qua las tré que l.'effet das peraaétres pouvait être
zoonente ....,.iaa mesurés aur le pieu souple netteaent d:l.fférent aur le pieu aouple Pl
P1 et la pieu rtgide P2, pour dewc densités et aur la pieu rigide P2 (Bouafia, 1990).
du sable d:l.fférentes. La tableau 3 synth4tiae las princ:ipeux
Les assais aur sita réel (La Rheu) résulteta obtanus, les va1eura entre paren-
conduiaent à l.a lllême conclusion et à des théses donnant 1 • influence en pourc:entege
valeurs dea IIIIOID8Jlta aaxiaa trás prochas &a das différents paremàtrea aur le dlapla-
cal1es obtenues sur mod4lea (fig. 3). eement en tête. Cea pourcentagaa peuvent
varicar, daM les p1ages ind:l.quéea,
lorsqu • ils dlapendent soit de la valeur de
l. 'effort lat6ral. app1.1qu6, soit d'un autre
paraaétre ( effets croisés).
Contrairaaent aux oourbas de 1110111ent, las ( 1) La ruges i tolo r6d.ui t lég4\r-nt les
courbas de chargaaent sont tri&s aensibles à déplac:eaents dana toua las caa (sable ai-
c:ertaina paramàtres liés au pieu ou au sol. densa ou dense, pieu soup1e ou rigide).
95

'l'abl-u 3. Effet de dift6rent• pe:r...tatre• INr las d6placement. La réponse du pieu rigide P2 est au con-
en t6ta dea pleux.
traire tràs fortenent gouvernée par las
E;ttet dea par. . . ttee Piou »>Uple Pl P!e\o\ r .ig1de P2 conditions en pointe (valeur de l'affort
RucjJM11:6 F&ible Faibl•
horizontal et du moment de flexion}. Les
(S.ble d-..a 4 •L-denae. aec) (10 l) {10 t .co \) paramétres pouvant DOdifier las conditions
Modll da -.1- en plac:e du l.portant 1'r•' taibla
régnant en pointe auront de ce fait une
p1•u (aable 4~ ...::) ( 10 • 80 •> ( ( 10 t} grande influence sur P2 et seront sans
effet sur Pl. Ceux qui sont plutOt suscep-
Doana1. t6 du aabl• lJIPQrtont Tr6a iapo~n.t
(Sabl• S6C) (60 \) (270 t) tibles de changer la résistance latérale du
sol modifieront la réponse de Pl, mais três
Taneur e.n eau Iaportanc 1apo.rtant
(S.ble deru~e) (206.80t) {70 \) pau celle de P2.

3.3 COurbes de réaction p-y


(2) La moda de mísa en placa du pieu, en
sable densa, a três pau d'influenca sur le Las profils de prassion p(z) et de dépla-
pieu rigida P2. Par contra, sur le pieu Pl, cement latéral y(::} sont obtenus respecti-
lea déplaoementa las plus faibles sont ob- vement par double dérivation et double
servéa sur las pieux foncés. La bettega du intégration du profil das =ementa. Suivant
pieu et la pluviation du sabla autour du les cas, le lissage des valeurs expérimen-
pieu augmentent les déplacements respecti- tales des moments a été effectué par des
vement de 10 à 40 \ et de 40 à 80 \. polynômes de degré 4 à 7 ou par des splines
(3) La densité du sabla a un affet quintiques, choisis de telle façon que le
beaucoup plus marqué sur la pieu rigide P2 bilan d'efforts à toute profondeur soit sa-
que sur Pl. Le passage du sable dense (In • tisfait à moins de 10 % prés (moments et
90 %} au sable mi-dense (In • 60 t) multi- efforts tranchants). La figure 5 présente
plie las déplacements par 3.7 pour P2 et les courbes de réaction obtenues à
par 1.6 pour Pl. On peut notar que la rap- différentes profondeurs pour le pieu Pl
port des résistances pénétrométriques qc dans le sable du Rheu A densité moyanne (Io
entre las massifs densas et mi-denses est • 53 t).
du même ordre de grandeur puisqu'il varie
entre 2 et 3.2 suivant la profondeur, sur
les 4 métres reconnus.
Par ailleurs, las assais réalisés sur les
pieux souples isolés, de type P4, pour des
compacités différentes, permettent de
d~nner l'évolution du déplacement du pieu à
la surface du sol en fonction de 1' indice
de densité du massif (fig. 4). On note que,
pour la variation d'indice In • 90 \ à Io •
60 t, l'accroissement des déplacements est
compris entre 1.7 et 2 suivant l'effort
appliqué, valeurs voisines de celles déjà
observées sur le pieu souple Pl.

75r-----~-----r-----r-----,

Figure S. COurbes p-y expérimentalas A


différentea profondeurs (pieu Pl, sable du
Rheu, In • 63 %).

Elles sont três nettement non linéaires


et montrent un accroissement net de la
résistance du sol avec la profondeur. Au
voisinage du centre de rotation situé à une
profondeur relative de 7 B, les pressiona
0
6~0~--~------~ro~----~----~ et las déplacements sont trea faibles et
lnôc• do <1<-nsit~ ('I.) leur détermination est imprécise. Par
Figure 4. Effet de la densité du sable contra on note, sur cet essai, un chan-
gement de signe eu passage de ce point de
(pieu P4, sable de Fontainebleau sec).
rotation (en même temps sur les pressiona
et sur les déplacements).
(4) La teneur en eau a un effet important Afin de contrOler la validité des courbes
sur les 2 pieux puisque le passage d'un p-y obtenues par double intégration et
massif sec à un sable bumide (w • 8 à 9 t, double dérivation des courbes de monents,
soit un dagré de ssturation de 55 % envi- elles ont été introduites dana un calcul au
ron) provoque une augmentstion des dépla- module de réaction (logiciel Pilate). Les
cemants de 20 à 80 % auivant la niveau déplaoements du pieu calculés par cette
d'effort. Ce résultat a déjà été observé méthode sont tràs proches des valeurs
par Scott (1989}. mesurées ( fig. 6) : la famille des courbes
La sensibilité à un paramétre donné p-y obtenues caractérise donc correctement
différe d'un pieu souple à un pieu rigide. le massif de sol, pour cette interaction
ceei s'explique par les medes de fonction- sol-structure.
nement. Les calcula de simulation effectués Une autra approche a égelement été
par la méthode du module de réaction avec utilisée pour déterminer les ~éplacements
les courbes p-y expérimentales, à l'aide du du pieu par application de la aéthode
logiciel Pilate, ont montré que le compor- preasicnétrique. Dana cette llléthode, les
tement du pieu souple Pl ne dépendait pas courbes de réaetion propoaées sont trili-
des conditions régnant à sa base, mais néaires et les paramétres qui las définis-
uniquement des réactions latérales du sol. sent sont déduits des caractéristiques
96

,.•. ,---...----------~

~ o
rr-r-rr t
2 ' 6
s/B
8 10 12

Figure 7. Efficacité das couples de pieux.


1
14

""'
)'MI'""-' ""' pieu du groupe est identique à celui du
Figure 6. Comparaison des déplacements pieu isolé.
meauréa (l} et calculés à partirdes Pour las assais réalisês sur las oouplas
courbea p-y expérimentales (2} ou par la de pieux de type P4, inatallés en ligne ou
méthOde pressiométrique (3}. en rangée, la variation du terae d'effica-
cité Eq ast présentée à la figure 7, en
fonction de l'espaoaeent.
pressiométriques Ep et Pl· En l'absence de Dana le cas das piaux an ligne, l'effica-
pressiomàtre miniatura, on a évalué Ep et cité reste faible pour las pieua prochea.
Pl à partir des résistances pénétromê- Ella tend vers 95 i loraque l'aapacemant
triques Qc mesurées sur le modele en atteint 8 D, valeur limite déjà indiquée
appliquant les corrélations pénétrométre- par Fellenius et al. (1989). Pour las
pressiométre qc/Pl • 7 et Qc/Ep • 1. Les rangéea da pieux, l'afficacitê est
calcula conduisent là ancore à das dépla- sensiblement uniforme et avoisine 95 i.
cements tràs voisins de ceux observés sur
le modele (fig. 6).
5 CONCLUSIONS

4 ETUDE SUR COUPLE DE PIEUX Cette étude expérimentale sur le compor-


tement de pieux sollicités latéralement
La couple de pieux constitue l'élément de conduit aux principaux enseigneaents
base d'un groupe de pieux. L'effet de suivants :
groupe résulte d'une "coabinaison• d'inté- ( 1) Las 1110a1ents de flexion, pour un
ractions élêmentaires de couples. Il parait effort donné, dépendent pau das caractéris-
opportun, pour étudier l'intéraction pieu- tiques du piau at du sol. Ces paramêtres
sol-pieu d'un groupe, de s'appuyer sur les pauvent per contra avo ir beaucoup d • effet
résultats obtenus dans le cas d'une confi- sur las déplaceaents en tête. Pour ces
guration simple comme la· couple de pieux. reisons, les méthodea de dimensionnement
Chaque configuration est dêfinie par : évaluent en général aieux las moaents que
- l'espacement s, mesuré de centre à las déplaceaents.
centre ; (2) Pour las couples de pieux, l'affat de
- l'angle ~que fait la direction de la groupe est à pau prês inexistant pour las
charge latérale appliquée avec la ligne pieux en rangée. Il ae manifeste pour las
formée par las deux pieux. pieux en ligne lorsque la distanoe entre
Dans lacas das pieux en l1gne, l'in- pieux devient inférieure à BB. Il se
fluenca de l'interaction est nette. Elle traduit par une réduction par repport au
est d'autant plus importante que l'espa- pieu isolé, de 35 i de la charge moyenne
cement diminue. Donc, pour une même des pieux du couple lorsqua l'espacement
déflexion horizontale, le couple de pieux n'est plus que de 2B.
reprend une charge latérale 1nférieure à (3) La JDéthOde expérimentala utilisée
deux fois oalle appliquée au pieu isolé. La (modeles réduits centrifugés) permat, outra
opmportement d'une rangée est différent. las courbes de somente et las courbes de
Une faible interaction se produit pour das chargement, de déterminer des oourbes de
espacements inférieurs à 4 B. Au-delà de 4 réaction p-y qui semblent tràs reprásenta-
B, l'effort latêral de la rangée équivaut à tives des interactiona sol-pieu.
deux feia l'effort appliqué à un pieu
isolé.
Pour apprécier le comportement de REFERENCES
diversas configurations, on compare
l'effort moyen eppliqué à chaque pieu du Bouafia, A. 1990. Modéliaation an
couple et l'effort appliqué au pieu isolé, centrifugeuse de pieux isolés charg6s
toutes déflexions horizontalas égales par lat6ral_..t. '!'h68a untv. Nantea.
aillaura. L'affet da groupe ou l'efficacité Corté, J.F., Garnier, J. 1986. Une centri-
du groupe peut se définir par la relation fugauae pour la recbarche en g6otech-
suiventa nique. Bull. Lie.iaon Labo. P. et Ch. 146
Hg,y : 5-28.
Eg • "' 100 Fellenius, B.H., Saluon, L., Tavenas, F.
N • lli,y 1989. Geotechnical guidalines-Pile
design. Public works, Marine works,
o~ &a eat le terme d'efficacité du groupe, Ottawa - 72 p.
Hg, y I 'effort appliqué au groupe corres- Frank, R., Jezequel, J.F. 1989. La réais-
pondant à une déflexion horizontale y. N tance latérele das pieuz. Journéea
est la noabre de pieux du groupe, Hi,y est Fondations LPC, Saint-Brieuc - 36 p.
l'effort appliqué à un pieu isolé pour la Scott, R.F. 1988. Eaaais an centrifugeuse
même déflexion y. une valeur de Eq égale à et technique de la aodélisation. Rev.
100 t indique qu' il n 'y a pas de phénomàne Française Géotechnique, 48, Juillat 89 :
d'interaction. Le comportement de chaque 15-34.
97

COMPARACAO ENTRE CARGA úLTIMA PREVISTAS POR DIVERSAS


FORMULAS E OBTIDAS EM PROVAS DE CARGAS EXECUTAOAS
EM ESTACAS DE PEQUENO PORTE

ADEMAR DA SILVA LOBO


Professor Dr FET.Bauru-UNESP
30St HENRIQUE ALBIERO
Professor Associado EESC-USP
CLAUDIO VIDRIK FERREIRA
Professor M.Sc.FET Bauru-UNESP

SINOPSE

Este trabalho apresenta os resultados obtidos em provas de


carga verticais, realizadas em 16 estacas executadas sem
revestimento, na cidade de Bauru-SP, onde os furos foram abertos
por escavação ou apiloamento do solo. As estacas denominadas
escavadas ou apiloadas ensaiadas apresentavam comprimento
variando entre 2 e 12 m e diãmetro entre 0,25 e 0,35 m. As provas
de carga foram interpretadas por 3 1111étodos e os resultados
definidos pelo critério de Van der Veen foram comparados aos
previstos por diversas f6r1111ulas que utilizam resultados de
sondagens de simples reconhecimento.

IMTRODUÇAO

A determinação da carga ültima de estacas sem a realização


de provas de carga tem sido uma preocupação de especialistas de
fundações.
Métodos emp1ricos, que utilizam resultados de ensaios de
penetração continua ou de sondagens de simples reconhecimento,
tem sido utilizados com razoável aproximação em alguns casos.
Esses métodos, no entanto, foram desenvolvidos a partir de
resultados de provas de carga realizadas em determinadas regiões
com caracter1.sticas geológicas e geotécnicas próprias. O uso
desses métodos em outras regiões podem levar a resultados muito
distantes do valor real.
Quando se trata de prever a carga ültima de estacas de
comprimento muito pequeno, cuidado adicional deve ser tomado,
pois as forlllulações existentes foram desenvolvidas a partir de
resultados de provas de carga executadas em estacas de m6dio e
grande porte.
Uma grande área na região central e no oeste do Estado de
São Paulo é recoberta por uma camada de solo n!o saturado, de
alta porosidade, provocada por lixiviação dos finos das camadas
superiores para horizontes mais profundos, devido a alternãncia
de estações chuvosas e de relativa seca.
Esse tipo de solo que tem suas part1culas maiores
98

interligadas por um agente cimentant~, coloidal, permite que se


execute acima do nivel d'água freático, estacas escavadas, sem
revestimento, e estacas, aqui chamadas de apiloadas, cujo furo é
executado com a simples queda de um soquete, de peso entre 2 e 5
J.:t:, tan:béJ<: sem revestimento, onde o solo v a i sendo compactado ao
redvr do furo, formando um anel fortemente apiloado. Em ambos os
casos o concreto do fuste é simplesmente lançado da superficie do
terreno, podendo ser vibrado.
Na c1dade de Bauru a fundação da maioria das obras
residenciais, comerciais ou industriais, incluindo edificios
resiaencid.is de 3, 4 e até 7 pavimentos, tem sido executadas com
estacas apiloadas, com comprimento variando entre 4 e 12 metros.
J..s estaca~ escavadas tem sido utilizadas em pilares ou paredes
~roximas às divisas dos terrenos, onde existe a preocupação com
dar.os às t::dificaçõcs vizinhas, devido as vibrações provocadas
pela queda do soquete, e até em grandes conjuntos habitacionais,
co~ editicações de 4 pavimentos.
Devido a in~.istência de literatura sobre estacas apiloadas,
fo1 desenvolvido um programa de pesquisa, para determinar a carga
~itima desse tipo de estacas, e de estacas escavadas de pequeno
cor.;primento.

CARACTERISTICAS DO LOCAL DO ENSAIO

Bauru localiza-se na parte oriental


iNOICE RESISTENCIA
àa oacia ào Rio Paraná, no Planalto
À PENE TRAÇÃú
Ocidental do Estado de Sao Paulo, o 4 8 l2 l6 zo 24
cortado pelo paralelo 22°21' de latitude
sul e o meridiano de 49°22' de longitude
oeste:.
A àrea é coberta predominantemente
por sedimentos do grupo Bauru
( Cavaguti, 1981 )
ks sondagens de simples
r~connecimento, executadas na área,
acusam a existência de uma camada
superficial de areia fina argilosa, fofa
a pouco compacta, com espessura de 10 ou
mais metros em 70 % dos furos, com valor
médio do indice de resistência à
penetração igual 4,5. w
o
k f~gura 1 mostra o perfil de <t
SOl1dagcm médio do local das provas de o
o
carga. z
o valor do indice de resisténcia à ::>
u..
penetração, em geral, cresce o
cr
ligeiramente àe forma linear com a c..
profundidade, até uma profundidade
bastante variável, mudando bruscamente FIGURA l - VARIAÇÃO 00
para um crescimento mais acentuado.
Foram correlacionados os valores lNOICE OE RESISTENCIA À
àos inoices de resistência à penetração PENETRAÇÃO COM A PRO-
medias ~ cada metro, com a profundidade, FUN OIOAOE
at~ 15 metros, obtendo-se
99

N = 1,05 + 0,636 Z com r


2
= 0,994 ( 1 )

Execução das provas de cargas

As provas de cargas foram realizadas seguindo-se


recomendações da NBR 6121-86, fazendo-se o macaco reagir contra
uma viga, ligada a 2 estacas de tração, executadas para esse fim,
armadas ao longo de todo comprimento.
O carregamento foi aplicado em estágios, aguardando-se a
estabilização dos recalques para aplicação de novo carregamento.
Nas estacas número 50 e 57 o carregamento foi feito de acordo com
norma ASTM, com estágios de 20 kN e duração de 3 minutos.
As estacas tracionadas foram ensaiadas simultaneamente com a
estaca comprimida, medindo-se o recalque através de 2
deflectõmetros colocados em pontos diametralmente opostos; os
resultados obtidos fogem ao objetivo deste trabalho.

INTERPRETAÇ10 DAS PROVAS DE CARGA

Algumas provas de carga não foram conduzidas até a ruptura


em raz~o de estacas de reação terem at.ingido ruptura antes da
estaca ensaiada a compressão, outras vezes em razão de se ter
atingido a capacidade do macaco.
No trabalho foi usado o conceito de carga última definido
por Poulos e Davis ( 1980 ) " Carga última é aquela na qual o
recalque continua a ocorrer indefinidamente, sem novo acréscimo
de carga, a não ser que a velocidade seja tão lenta que indique
um recalque por consolidação do solo".
As cargas de ruptura foram determinadas por extrapolação
utilizando-se métodos que adotam uma função matem!tica ajustada
aos últimos o~ a todos os pontos da curva carga recalque.
Foram usados os métodos de Van der Veen e Mazurkiewicz, que
adotam a função exponencial:

p PU X ( 1 - e a + b x d ) ( 2 }

onde p = Carga aplicada na estaca


Pu = carga última da estaca
d ""' Deslocamento do topo da estaca
a b ::: Constantes da função exponencial

A diferença entre os valores obtidos pelos dois métodos


deve- se ao fato que no método de Mazurkiewicz procurou-se
ajustar a função aos últimos 5 pontos da curva carga-recalque,
enquanto que no método de Van der Veen procurou-se ajustar a
função a todos os pontos da curva carga recalque.
100

Essê:1 escolha teve o objetivo dE: aproximar os resultados


obtidos por computador através de regréssão linear, aos que
st-riar.. obtidos por processos gráficos de determinação de Pu,
conforme ::;e encontra na literatura.
Uti J. i zou-se também o método de Chin, que adota a função
hiperbolica:
p d
( 3 )
a "f" d/PU

on:ie procurou-se ajustar a função a todos os pontos da curva


c.:.rga-re:ca.lque.

RESULTADOS OBTIDOS

h tabela 1 mostra os resultados obtidos pelos três métodos


citaa.os.
A tabela 2 mostra os valores médios das cargas últimas das
e:stac~s, obtidas pelo método de Van der Veen.
Gcserva-se que não há muita discrepância entre os valores de
P;.:, ob~idos pelos tres métodos citadqs. Em algumas provas de
carg<-t c coe f i c i ente de correlação ( r~ ) resultou praticamente
igual a unidade, indicando que a função imposta pelo método é
~uitc próxima da curva carga-recalque, obtida na prova de carga.

COMPARAÇÃO ENTRE VALORES PREVISTOS POR FÓRMULAS EMPÍRICAS E


OBTIDAS PELO CRITÉRIO DE VAN DER VEEN
fora~ co~parddos os valores da carga última previstos por ~
~~~o~os: hoki-V~lloso, Meyerhof, Decourt-Qudresma, Philipponnat e
Maringcr.~. Ao s~ aplicar o método de Aoki-Velloso, usou-s~
in.::.c~.;.l.1lt::lYte os vulores de K e o. propostos pelos autores para
c0rrelaçionar-se qc con N e fc com qc, o qual foi denominado de
Aot~i -Vc-lloso 1 e no método denominado Aoki-Velloso 2, foram
~~ili~a~~u as correlaçó~s abaixo, obtidas por Albiero ( 1990 ),
p~rd a ciaade de bauru.

qc =- 841 T 881 x N - 82 x z 4

fc = 35,5 T O,OlS x qc 5

N~ ~~lic~çdo da fórmula de Meyerhof admitiu-se a espessura da


co.;:.ãoc. .:le embutime:nto
( Ze ) igual ao ·comprimento da estaca. Para
c.~ ~sto~~s escavadas, adotou-se o parámetro Pt igual a 0,41 e para
as est;.,c.::.s apiloadas, adotaram-se St e Pt os correspondentes às
tS~dcas cravadas cilindricas.

Pu Plu T Ppu ( 6 )
101

TABELA 1 - RESULTADOS DAS PROVAS DE CARGA

E s TA C A s M t T o D o s
N
T
u c v D v MAZURKIEWICZ c H I N
I
p M o Pu Pu Pu
E M r2 r2 ra
o R P. ( kN ) ( kN ) ( kN )
o
11 4 159 0,964 161 0,976 154 0,985
E
s 13 4 184 0,991 184 0,997 179 0,984
c
A 15 6 171 0,992 169 0,997 172 0,952
v
A 17 6 178 0,986 182 0,995 178 0,968
D
A 57 8 151 0,992 ~1 0,994 155 0,993
s • ··
41 12 322 0,999 322 0,999 392 0,993

50 12 398 0,973 446 0,995 375 0,981

22 2 186 0,972 196 0,999 172 0,978

33 2 . :198 0,997 196 0,996 225 0,980


A
p 25 4 216 0,999 216 1,000 261 0,983
I
L 27 4 36 2 0,992 354 0.993 408 0,925
o
A 29 6 564 0,988 566 1,000 433 0,909
D
A 31 6 606 0,984 570 0,996 445 0,998
s
5 8 332 0,968 340 0,982 302 0,974

2 12 592 0,992 612 0,997 666 0,974

8 12 85 5 0,997 905 0,998 989 0,976

- - - - - -- - - ---- ~-·---- -
102

TABELA 2 - CARGA ÚLTIMA DAS ESTACAS PELO MÉTODO DE VAN DER VEEN

E s T A c A s CARGA
ULTIMA
TIPO NÚMEROS COMPRIM. DIÂMETRO
( v o v )
E 11 e 13 4 0,25 172
s
c 15 e 17 4 0,25 175
A
v 57 8 0,25 151
A
D 41 12 0,30 322
A
s 50 12 0,35 398
22 e 33 I 2 0,25 192
A
p 25 e 27 4 0,25 289
I
L 29 e 31 6 0,25 585
o
A 5 8 0,25 332
D
A 2 12 0,30 592
s
8 12 0,35 855

Plu sendo fui = 2 x St x N 7 )

Ppu Pt X qu x Ap sendo qu = 40 X Np X Ze
z ( 8 )
D

Na aplicação da fórmula de Decout-Quaresma, adotou-se para


as estacas escavadas o coeficiente K igua 1 a 17 O, e para as
estacas apiloadas, K igual a 325, considerando-se o solo local
como intermediArio entre silte arenoso e areia.

Pu "' Plu + Ppu ( 9 )

Plu Al x (3,33 x Nl + 10 ) para estacas de deslocamento ( 10

Plu = Al x ( 2,33 x Nl + 7 ) para estacas escavadas ( 11


( 12
Ppu = Ap X K X Np
103

Na aplicação da fórmula de Philipponnat, adotaram-se para as


estacas escavadas as igual a 100, af igual a 0,85 e up igual a
0,40. Na determinaçAo de qc utilizou-se a correlação obtida por
Albiero ( 1990 ), dada acima.

Pu = Plu + Ppu ( 13 )

qc
Plu Al x fsu e 14
cr:s
Ppu Ap X qpu e c:p x qc 15

As tabelas 3 e 4 apresentam os valores de Pu previstos pelas


diversas formulações citadas, assim como os valores de Pu, obtidos
por Van der Veen, nas provas de carga.

TABELA 3 - VALORES DE Pu PREVISTOS POR FÓRMULAS EMPÍRICAS


( ESTACAS ESCAVADAS )

.•.
ESTACAS VDV AV1 AV2 ME DQ PH MA
'•'

11-13 172 93 93 54 94 125 129


15-17 175 124 126 71 134 177 212
57 151 140 151 77 159 185 201
41 322 296 238 151 292 363 435
50 398 326 326 183 358 448 580

TABELA 4 - VALORES DE Pu PREVISTOS POR FÓRMULAS EMPÍRICAS


ESTACAS APILOADAS )

ESTACAS VDV AV1 AV2 ME DQ PH MA

22-33 192 95 ·93 74 97 89 94


25-27 289 140 139 124 154 156 203
29-31 585 187 188 163 217 229 307
5 332 210 222 226 256 227 280
2 592 444 357 345 466 480 587
8 855 490 488 418 573 581 798
104

Obteve-se para cada fórmula apresentada, um coeficiente de


correção c, de tal forma que:
Pu ( VDV ) Pu ( previsto ) x c ( 16 )

A tabela 5 mostra os valores dos coeficientes de correção,


para cada fórmula utilizada.

TABELA 5 - COEFICIENTES DE CORREÇAO

TIPO L D CAV1 CAV2 Ct!E CDQ CPH Ct!A


E 0,25 1,85
s 4 1,85 3,18 1,83 1,38 1,33
c 6 0,25 1,41 1,39 2,46 1,31 0,99 0,83
A
v 8 0,25 1,08 1,00 1,96 0,95 0,82 0,75
A 12 0,30 1,09 1,35 2,13 1,10 0,89 0,74
D.
12 0,35 1,22 1,22 2,18 1,11 0,89 0,69
A
p 2 0,25 2,02 2,06 2,59 1, 97 2,15 2,04
I 4 o, 25 2,06 2,02 2,33 1,88 1,85 1 42
L
6 0,25 3,13 3,11 3,59 2,70 2,55 1,90
o
A 6 0,25 1,58 1,47 1,47 1,30 1, 46 1,18
D 12 0,30 1,33 1,66 1,71 1,27 1,23 1 01
A
s 12 0,35 1,74 1,75 2,04 1,49 1,47 1,07

AH~LISE DOS RESULTADOS

A carga ú.ltima das estacas apiloadas resultaram superior a


das escavadas para o mesmo diâmetro e comprimento, quando as
estacas foram ensaiadas com o terreno no estado natural. Essa
diferença observada deve ser consequência da melhoria dos
parâmetros de resistência do solo adjacente a estaca, pois o
apiloamento do terreno ao se executar o furo cria ao redor da
estaca um anel de solo fortemente compactado, melhorando a
resistência lateral e de ponta da estaca.
As fórmulas empiricàs de previsão de carga última de
estacas, quando comparadas as cargas últimas obtidas com o
terreno em estado natural, apresentaram, em geral, resultados
conservadores, notadamente para estacas mais curtas. Para as
estacas escavadas, a fórmula de Philipponnat, foi dentre as
a~alisadas, a que teve o valor mêdio do coeficiente de correção
105

( c ) mais próximo do valor unitário, enquanto que para as


estacas apiloadas, a fórmula de Maringoni, foi a que melhor
estimou os valores de carga última.
Obteve-se boa corr~lação entre os coeficientes de correção
( c ) e as relações L/D das estacas.
A tabela 6 indica as correlações obtidas.

TABELA 6 - CORRELACÕES ENTRE

TIPO FÓRMULA CORRELAÇÃO r2


E
CAVl =
2
AOKI-VELLOSO 1 2,44 - 0,0107 (L/D ) 0,884
s
c AOKI-VELLOSO 2 CAV2 = 2,28 - o 0089 _(L/D 2 ) o 632
A MEYERHOF 3,98 - o_I 0015 2
0,809
v CME = (L/D )
2
A DECOURT-QUARESMA CDQ = 2 39 - 0,1100 (L/D ) 0,794
D 2
A PHILIPPONNAT CPH = 1,72 - o 0070 (L/D ) 0,761
2
s MARINGONI CMA = 1,64 - 0,0075 (L/D ) 0,636
A
p AOKI-VELLOSO 1 CAV1 = 2,34 - 0,0065 (L/D
2
) 0,844
I AOKI-VELLOSO 2 CAV2 = 2 31 - o I 0056 (L/D )
2
0,834
L 2
o MEYERHOF CME = 2 95 .. O, 0010 (L/D ) 0,936
2
A DECOURT-QUARESMA CDQ = 2 25 - O 0074 (LjD ) 0,966
D PHILIPPONNAT CPH .. 2,38 - 0,0082 2
{L/D ) 0,935
A 2
s MARINGONI CMA = 2,14 - 0,0088 (L/D ) 0,810

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Rio de Janeiro, PUC, 1979. 3v.
107

INFLUENCIA DA INlN)ACAO DO SOLO NA CARGA úLliMA


DE ESTACAS DE PEQUENO PORTE.

ADEMAR DA SILVA LOBO


Professor Dr. FET - Bauru UNESP
Jose HENRIQUE ALBIERO
Professor Associado EESC-USP
CLAUDIO VIDRIH FERREIRA
Professor M.Sc. FET - Bauru UNESP

SINOPSE

Este trabalho apresenta os resultados obtidos em provas de


carga verticais realizadas em 10 estacas executadas na cidade de
Bauru-sP, sem revestimento, onde em 4 estacas o furo foi aberto
por escavação e nas outras 6 por apiloamento do solo, chamadas no
trabalho de escavadas e apiloadas, tendo comprimento de 2, 4 e
6m, todas com diámetro 0,25 m. As provas de carga foram
realizadas com o terreno no estado natural e ap6s inundaç!o do
solo ao redor da estaca, objetivando-se verificar a influência da
inundação do solo na carga ültima daA estacas.

IIITRODUÇ10

Solos não saturados, de alta porosidade, que tem suas


part1culas maiores interligadas por alqum agente cimentante,
quando sofrem aumento no teor de umidade, podem apresentar uma
brusca reduç!o no seu volume, chamada colapso estrutural.
Tem sido observada a presença desse tipo de solo, em paises
como: Africa do Sul, Angola, Argentina, Australia, Brasil, China,
Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Ilhas CanArias, Israel,
Luanda, Romênia e Russia.
o Brasil é um pais que apresenta uma enorme Area de solo
tropical, não apenas no sentido geográfico, mas tambem no sentido
geotécnico, tendo áreas áridas e semi-Aridas que criam condições
favoráveis para a ocorrência de solos colaps1veis.
Num clima tropical, onde há alternancias de estações
chuvosas com estações de relativa seca, ocorre a lixiviaçao dos
finos do horizonte superficial, criando uma estrutura porosa e
nao saturáda, condições bAsicas para que ocorra a colapsividade.
Numa area urbana, apresença de solo colaps1vel traz uma
preocupação grande, pois mudanças nas condições de umidade do
solo podem provocar redução na capacidade de carga das fundações.
InWileros tem sido os problemas constatados de obras que
durante certo tempo apresentaram bom comportamento e
repentinamente começaram apresentar problemas de fissuras,
trincas e até rachaduras, decorrentes de recalques ocorridos
devido a infiltrações de áqua de chuva, rupturas de condutores de
água ou esgoto.
108

"'\ carvalhoe Souza 1990 verificaram a influência da


inundação do terreno no valor da carga última em estacas,
realizando provas de carga, com o terreno nas condições naturais
e inundado no Campus da UNESP em Ilha Solteira, tendo constatado
redução de quase 70 % no valor da carga última, quando as estacas
foram ensaiadas com o terreno inundado.
Silva ( 1990 ) verificou a influência da inundação do
terreno no valor da carga última de estacas realizando provas de
carga na área do projeto de Irrigação Formoso A em Bom Jesus
da Lapa ( BA ) , contatando redução de 77 \ no valor da carga
última quando estacas foram ensaiadas com o terreno inundado.
O solo superficial de Bauru é constituído de uma areia fina
argilosa, fofa a pouco compacta, de alta porosidade, com 1ndice
de resistência à penetração nos primeiros 5 metros variando de 2
a 4 golpes.
Esse tipo de solo, que tem suas particulas maiores
interligadas por um cimento coloidal permite que se execute até
grandes profundidades ( acima do nivel d'água ) estacas escavadas
sem revestimento e estacas apiloadas, cujo fuste é aberto sem
retirada de solo, com a queda de um soquete de 2 à 5 kN, que vai
apiloando o solo, formando ao redor do fuste um anêl de solo
fortemente compactado. Nos dois tipos de estacas o concreto é
simplesmente lançado da superficie
Na cidade de Bauru a fundação da maioria das obras
residenciais, comerciais e industriais, incluindo edificios
residenciais de 3, 4 e até 7 pavimentos, é feita com estacas
apiloadas, com comprimento variando entre 4 e 12 metros.
Devido a constatação de grande número de problemas de
recalques de obras, associado a infiltração d'água nas fundações,
desenvolveu-se um programa de pesquisa para determinar a carga
última de estacas escavadas e apiloadas, quando ensaiadas com o
terreno nas condições naturais e após inundação do terreno ao
redor da estaca.

CARACTERÍSTICAS DO LOCAL DO EHSAIO

Bauru localiza-se na parte oriental da bacia do Rio Paraná,


no Planalto Ocidental do Estado de São Paulo, cortado pelo
paralelo 22°21' de latitude sul e o meridiano de 49°22' de
longitude oeste.
o solo local é residual, proveniente da decomposição do
arenito do grupo Bauru, formação Marilia, de deposição fluvio-
lacustre.
A figura 1 mostra o perfil de sondagem médio do local das
provas de carga.
As sondagens de simples reconhecimento, executadas na área,
acusam a existência de uma camada superficial de areia fina silto
argilosa, fofa a pouco compacta, com espessura de lO ou mais
metros em 70 % dos furos, com valor médio do indice de
resistência à penetração igual 4,5.
o valor do ind ice de resistência à penetração, em geral,
cresce praticamente de forma linear com a profundidade, de forma
suave, até uma profundidade bastante variável, mudando
109

bruscamente para um crescimento mais


acentuado.
Foram correlacionados os ÍNDICE OE RES,APENETRAÇÃO
valores dos indices de resistência à a lo ,.., ~o 40
penetração médios a cada metro, com
2!15 :-
a profund:ldade, até 15 metros,
obtendo-se
N = 1,05 + 0,636 Z com r
2
= o, 994 :z:
( 1 ) ...,:

Execuçao das provas de cargas -=:


cn
290 o
As provas de cargas foram -"'a:
...I

realizadas seguindo-se recomendações -=:


da NBR 6121-86, fazendo-se o macaco \
reagir contra uma viga de reação, -=:
z
ligada a 2 estacas de
executadas para esse fim, armadas ao
tração, ....
\
-
zes -=:
longo de todo comprimento, as quais
foram ensaiadas simultaneamente com a ci - \
estaca comprimida, porém os _\
o -=:a: "'
resultados fogem ao objetivo deste \
trabalho.
Inicialmente as estacas foram 1\.
ensaiadas até deformações que
permitissem uma boa definição da uo
curva carga recalque.
Ao redor da estaca comprimida
foi feita uma escavação de formato
quadrado em planta, de lado 1,3 m e FIGURA 1- VARIAÇÃO DE M
profundidade 0,40 m. Em cada canto da C/ A PROFUNDI·
escavação executou-se um furo com OADE.
trado manual de diâmetro O, 10 m e
comprimento aproximadamente igual ao
comprimento da estaca. Esses furos
foram preenchidos com areia grossa
lavada para permitir melhor
infiltração d'água no terreno.
Após a realização da primeira prova de carga, com o terreno
nas condições naturais, carregava-se a estaca até próximo de 50 t
da carga atingida no primeiro carregamento, e inundava-se a
escavação, ao redor da estaca, mantendo-se uma lâmina d'água de
o ,10 a o, 30 m por 48 horas fazendo-se leituras de recalques a
cada hora, quando então a estaca era descarregada.
Mantendo-se sempre o terreno inundado ao redor da estaca,
iniciava-se nova prova de carga até atingir-se a ruptura,
normalmente da estaca comprimida. Algumas provas de cargas foram
interrompidas sem atingir ruptura da estaca comprimida, devido a
ruptura da ligação estaca-solo das estacas tracionadas, quando a
umidade atingia o fuste dessas estacas.
110

INTERPRETAÇlO DAS PROVAS DE CARGA

Algumas provas de carga nas es.tacas comprimidas não foram


conduzidas até a ruptura em raz.ã o de estacas de reação terem
atingido ruptura antes da estaca ensaiada a compressão, outras
vezes em razão da torção da viga de reação.
No trabalho foi usado o conceito de carga última definido
por Poulos e Davis ( 1980 ) " Carga última é aquela na qual o
recalque co ntinua a ocorrer indefinidamente, sem novo acrescimo
de carga , a não ser que a velocidade seja tão lenta que indique
um recalque por consolidação do solo".
As cargas de ruptura foram determinadas por extrapolação
utilizando-se métodos que adotam uma função matemática ajustada
aos últimos ou a todos os pontos da curva carga - recalque.
Foram usados os métodos de Van der Veen e Mazurkiewicz , que
adotam a função exponencial:

p = Pu x ( 1 - ea + b x d ) ( 2 )

onde p Carga aplicada na estaca


Pu Carga última da estaca
d = Deslocamento do topo da estaca
a b = Constantes da função exponencial

A diferença entre os valores obtidos pelos dois métodos


deve- se ao fato que no método de Mazurkiewicz procurou-se
ajustar a função aos últimos 5 pontos da curva carga-recalque,
enquanto que no método de Van der Veen proc urou-se ajustar a
função a todos os pontos da curva carga recalque.
Essa escolha teve o objetivo de aproximar os resultados
obtidos por computador através de regressão linear, aos que
seriam obtidos por processos gráficos de determinação de Pu,
conforme se encontra na literatura.
Utilizou-se também o método de Chin, que adota a função
hiperbólica:

d
p = ( 3 ) 11
a + d/Pu

onde procurou-se
carga-recalque.
ajustar a função a todos os pontos da curva
.
RESULTADOS OBTIDOS

A tabela 1 mostra os resultados obtidos pelos três métodos


citados , para as estacas ensa ibdas com o terreno no estado
natural e inundado.
111

TABELA 1 - RESULTADOS DAS PROVAS DE CARGA

E s TA c A S M É T o D o s
T T
N
c v D v MAZURKIEWICZ c H I N
I
u o
E p M
Pu rz Pu rz Pu
( kN )
rz
R. M. ( kN ) kN )
o P. I (

E 11 4 159 0,964 161 0,976 154 0,985


s
c 13 4 184 0,991 184 0,997 179 0,984
N A
v 15 6 171 0,992 169 0,997 172 0,952
A A
o. 17 6 178 0,986 182 0,995 178 0,968
T
22 2 186 0,972 196 0,999 172 0,978
u A
p 33 2 198 0,997 196 0,996 225 0,980
R I '
L 25 4 216 0,999 216 1,000 261 0,983
A o
A 27 4 362 0,992 354 0.993 408 0,925
L O
A 29 6 564 0,988 566 1,000 433 o, 909
s •.
31 6 606 o 984 57Q 0,996 445 0,998

E 11 4 90 0,931 90 0,933 90 1,000


s
I c 13 4 120 0,964 120 o, 986 121 1,000
A
N v 15 6 105 0,956 105 0,959 107 1,000
A
u o. 17 6 105 0,956 105 0,966 109 0,999

N 22 2 121 0,900 121 0,902 124 0,999


A
p
D 33 2 153 0,986 153 0,983 182 0,988
I
L 25 4 167 0,928 167 '0,934 170 1,000
A
o
A 27 4 246 0,943 246 0,945 252 0,999
O
O
o A 29 6 394 0,959 394 0,952 430 0,995
s
31 6 425 0,965 425 o 971 485 0,971

AN~LISE DOS RESULTADOS

Observa-se que não há muita discrepância entre os valores de


Pu, obtidos pelos três métodos citados.Em algumas provas de carga
112

2
o coeficiente de correlação ( r ) resultou praticamente igual a
unidade, indicando que a função imposta pelo método é muito
próxima da curva carga-recalque, obtida na prova de carga.
Nas estacas ensaiadas com o terreno inundado os três métodos
prar.icamente conduziram ao mesmo valor de Pu, isso se deve a
forma da curva carga-recalque, que apresentam nesse caso uma
ruptura bem definida.
A tabela 2 compara os resultados obtidos pelo método de Van
der Veen, para as estacas escavadas, ensaiadas com o terreno no
estado natural e após inundação.

TABELA 2 - COMPARAÇÃO ENTRE CARGAS ÚLTIMAS DAS ESTACAS


ESCAVADAS COM O TERRENO NATURAL E INUNDADO

L D TERRENO TERRENO PERDA


E S T A C A S POR
( M ) ( :m ) NATURAL INUNDADO
INUNDAÇÃO
11 4 0,25 159 90 43 \

13 4 0,25 184 120 35 %

15 6 0,25 171 105 39 %


17 6 0,25 178 105 41 %

A tabela 3 compara os resultados obtidos pelo método de Van


der Veen para as estacas apiloadas, ensaiadas com o terreno nas
condições naturais e após inundação.

TABELA 3 - COMPARAÇÃO ENTRE CARGAS ÚLTIMAS DAS ESTACAS


APILOADAS COM O TERRENO NATURAL E INUNDADO

L D TERRENO TERRENO PERDA


E S T A C A S POR
( M ) ( m ) NATURAL INUNDADO
INUNDAÇÃO

22 2 0,25 186 121 35 %

33 2 0,25 198 153 23 %

25 4 0,25 216 167 23 %

27 4 0,25 362 246 32 %

29 6 0,25 564 394 30 %

31 6 0,25 606 425 30 %

o carater colapslvel do solo de Bauru, já verificado pelo


comportamento de inúmeras obras e confirmado com a realização de
ensaios oedométricos e de compressão simples, em amostras
ensaiadas no estado natural e após inundação ( resultados não
enfocados neste trabalho ) , fica bastante evidenciado quando se
113

analiza os resultados das provas de carga no estado natural e


após inundação do solo ao redor da estaca
As estacas escavadas foram as que apresentaram maior
sensibilidade ao efeito da inundação do terreno, com uma redução
média no valor da carga última de 40 %.
As estacas apiloadas, apresentaram uma redução média no
valor da carga última de próxima de 30 %, devido a inundação do
terreno ao redor da estaca.
As figuras 2 a 8 comparam curvas carga- recalque de estacas
escavadas e apiloadas, ensaiadas com o terreno nas condições
naturais e após inundação.
Observa-se a maior influência da colapsividade do solo nas
estacas escavadas, pois o solo ao redor do fuste da estaca
mantem-se em seu estado natural, enquanto que as apiloadas
tiveram o solo ao redor do
fuste fortemente apiloado,
com 1ndice de vazios o 100 r co JCO 400

reduzido, portanto menos .... o INUNDADO.


I
"
suscept1v~is de sofrer IE
E
I I
I
---CSC4V.
I
1-AI'IL.
colap~<.>. I I

Não se deve perder de I


'l
\
I
vista que o aspecto das I I
I
I
curvas carga- recalque nos ru, v< U& [.27
ensaios realizados após
inundação do solo das '
I
I
I
I
IG
figuras 2 a a é muito I I
influenciado pelo 1e e 2e I
I
I
I
carregamento nas estacas, I
que provocam uma espécie •• --~
______ ...., _J
..... 410.
de pré-àdensamento do solo
ao redor e na ponta das 30
1--. l I):0.2llle.

estacas. FI&. 2 • CURVAS CARGA•RECALOUE


A comparação das
curvas carga-recalque e
dos valores de carga últi-
ma das estacas escavadas e
apiloadas nas condições CARGA (UU
naturais e principalmente o ao o 400
o
ap6s inundação do solo
mostram nitidamente melhor f-·-----. I

~~
UIIIDAOA

comportamento das estacas


apiloadas.
....
Ê
li
~
117

I
--g:;_~ov.

~:J I lU \,

CONSIDERAÇlO FINAL w
1111::
12

... "'
IJ 81
\
••
A anâlise de resulta- ------
dos de sondagens, numa
mesma &rea, executadas em
épocas diferentes, que
34

1--
.........
O•O-ZD•
mostram uma grande varia- lO
ção nos valores dos 1ndi- N.J• CURVAS CARGA·RECALOUE
ces de resistência à pene-
tração, somado a anâlise
de resultados laborato-
CAROA ( k Nl CARGA (kN )
o 100 lO O 100 400 o 100 •oo
o

~
I
($CAVADA S f iT~ E ! CAVAO&S

I ~ . ...
'
&
1&.1 •
~
'\:
I
r
I
I
'
•. ;)
(J
~

"'u 11
[ I! I [ 1! \...

~
1&.1 I ;
a:: I
I !
••
I
. I
r
_,
·~~ - ----- -·
I A T' V RA L
I

E li
I
I
1! 1
1
En --
NATUIIAL
- I NUNDA DO ----· ~U I'I O A OO

. -_-------~: ::., -_ I l
L "4"'. O• O. Z!!"' L:r. .... o'o~ ...
lO lO
FIG . 4 • CUR VAS CAROA-RECALQl€ 1"11. 8 • CUR VAS CARGA- RECALQ UE

CAROA ( kN ) CARGA ( k N)

o
o lO oro ••o o 100 NO I~ 4~
o ~~~~~~--·L----~--~---;----~---i
AI' ILOA D AS
--NAT URA L É
Ê
E•
1&.1
----
- - - INUNDA DO
-..,
E
o

- -- ;)

..
;)
(J
(J
..J
..J, 11

~a:: ..,
u

••
------ a::
..
I

•• ---- 14 I -

L. ::z ... D • O ZS"'


... - ..-- -__.. . . ,. . ----,- l O
.. T -. , _ J.., L 4M. D_=;>: r.l"'
lO - --· r - - r- - --·r ·
.
- r ~---

f l(l . • CURVAS CARGA· RECA L QUE f iG.7 CURVAS CARGA- RECALQUE


115

riais em amostras indefor-


madas do solo, ensaiadas
em estado natural e ap6s
inundação ( assuntos não
tratados neste trabalho),
e ainda em função dos o ;tO O
CARGA (llNI
resultados obtidos nas o ·~
~ ~a:_'._,
:-:.-:.-----.:.:~-.., AI ILOADAS
provas de carga com o
terreno natural e após
inundação, pode se afirmar 1 1.....-i
ser o solo em estudo do ---- ------- --~------1 l)c0.21ioo
L: I•

tipo colaps1vel, fato esse


n~
que deve ser levado em ~EJI
consideração em qualquer I
I
projeto geotêcnico na
cidade de Bauru, princi-
palmente no dimensinamento
de fundações, pois é difi- 24
--NATURAL
• --INUNDADO li\
,.._
cil afirmar que nunca uma
fundaçã~ ~ofrerá problemas
--- ------ --- ------------ r--'
I
I
J
de inundação do solo ao fiiJ. I - CURVAS CARGA-RECALQUE
seu redor, seja por infil-
tração de água de chuva,
vazamento em tubulação de
água ou esgoto sob a edi-
ficação, ou até mesmo
provocado por vazamento na
rede püblica de água, fato
esse que ocorre frequente
mente em bauru.

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117

I MAPEAMENTO GEOTECNICO OA FOLHA DE LEME (SP)

José Augusto de Lo/lo fiJ


Nilson Gandolfl 121
(1} Faculdade de Engenharia dQ Ilha Soheira • UNESP, Ilha Solreira • $P
(2} Escola d9 Enganharis de Sáo Carlos - USP, SfJo Carlos - SP

ABSTRACT
The Engineering Geological Mappíng intends, where it stands the geotecnical properties
of rock and soil that are present in some area, to setup a zoning of this surtace, for lhe
human occupation. This study takes place on an area that mesures 717,43 krrf, called
"Folha de Leme·. in the central-east part of Sáo Paulo state. Thís study was develloped
through the metodologícal proposition of Zuquette (1987), from the eartieranatysis of the
colleted datas and informations that are gotten during the work. The anatysis were
develloped in the sense to stablish Comprehensive Special Purpose Maps that shows
the condition under some obligation in front of the work's kind and consíderable
occupation.

INTRODUÇÃO
A necessidade de conhecimento das condiçOes do meio flsico como forma de racionalizar as obras de engenharia,
diminuindo seu impacto sobre o meio tem possibilitado o desenvolvimento de várias modalidades de estudo de
atributos do meio considerado de interesse. O mapeamento geotécnico é uma destas modafldades, e tem tido
grande impulso no Brasil, em especial na região sudeste, nos últimos anos.
O presente trabalho enfoca a região aqui descrita como "Folha de Leme·. situada no centro-leste do Estado de
2
Sao Paulo entre os meridianos 47"15' e 4T30'W e os paralelos 22'00' e 22'15'S, compreendendo 717,43 km
de área. A escolha da Folha SF-23-Y-A-11·1-(IBGE, 1971), na escala 1:50.000, se deve ao fato da mesma se incluir
no contex1o do convínio firmado entre a EESC-USP e a FINEP para o projeto "Mapeamento Geotécnico do
Centro-Leste do Estado de São Paulo", cujos trabalhos abrangem a Folha de Campinas (1 :250.000).
A escala utilizada para execução dos trabalhos (1 :50.000) se justifica como trabalho de nível regional, segundo a
proposta metodológica adotada (Zuquette, 1987).

ÁREA ESTUDADA
A área escolhida para estudo apresenta, em sua divisão administrativa. parte dos municípios de Pirassununga,
Leme, Santa Cruz da Conceição, Araras. Corumbatai e Rio Claro, apresentando uma economia baseada
principalmente em atividades agropecuárias e um parque industrial voltado ao aproveitamento dos recursos
agrícolas.
A ocupação e uso do solo é caracterizada pela predominância de culturas anuais (cana-de-aducar, algodao e
feijão) e culturas semi permanentes {citrus). A ocupação residencial apresenta grande concentração nos sítios
urbanos (Leme, Pirassununga e Santa Cruz da Conceição) e as áreas de ocupação industrial estão situadas nas
proximidades destes núcleos urbanos.
O clima da área foi caracterizado, segundo DAEE {1981), como Sub-Tropical muito úmido a úmido, estando a
região localizada, segundo Setzer (1966) na "Depressão ~aleozóica Quente (OPq)", caracterizada por ·uma
topograHa suave, sem serra ou vale profundo, clima tropical com estiagem nitida, pluviosidade média anual inferior
a 1.300mm e evapotranspiraçao média anual menor que 1.000mm·. O balando hídrico, obtido por Mello (1979),
com dados do período 1946- 1975, apresenta três perlod.,Ps típicos no decorrer do ano: {1) período chuvoso entre
os meses de outubro e março; {2) período de estiagem_ de junho a setembro; e (3) período de transiçao (equilíbrio
entre precipitação e evapotranspiraçâo) nos meses de abril e maio.
Hídrologlcamente a área está situada na Bacia do Moji-Guaçu apresentando drenagens de segunda e terceira
ordem com comportamento tipicamente subsequente. enquanto as demais tem comportamento consequente. Com
relação à águas subterrâneas a área nao apresenta aquíleros em boas condiçOes (qualitativas e quantitativas)
de explotabilidade, fato este já apresentado por DAEE (1979) e DAEE (1981) e verificado em trabalhos realizados
118

pelos SAAE de Leme e Pirassununga.


Em termos geomorfológicos a região situa-se, segundo Ponçano et alii {1981), na Província Geomorlológica da
Depressão Periférica, na Zona do Moji-Guaçu, apresentando como sistemas de relevo predominantes : Colinas
Amplas, Colinas Médias. Morrotes Alongados e Espigões. caracterizando-se por formas suaves, com declives
pouco acentuados.

GEOLOGIA REGIONAL
Os litotipos presentes na Folha de Leme podem ser descritos genericamente como pertencentes às sequênclas
sedimentares e magmatitos básicos da Bacia do Pataná. As unidades sedimentares apresentam litologias
pertencentes aos Grupos São Bento e Passa Dois e ao Supergrupo Tubarão. As intrusivas básicas podem estar
associadas ao evento Serra Geral ou lhe ser posteriores.
A estruturação da área pode ser descrita, segundo Andrade e Soares (1971, apud Kaefer, 1979), como um sistema
de falhamentos de gravidade (formando um conjunto de blocos elevados e rebaixados) orientados segundo NW-SE
e NE-SW, estando normalmente associados às intrusões básicas.
A caracterização das unidades litoestratigráficas, aqui referenciadas como ·substrato geológico", baseou-se nos
trabalhos de Kaefer (1979), Almeida (1981), DAEE (1981) e Landim (1982) e em trabalhos de campo.
Do Supergrupo Tubarão foi reconhecido apenas o Membro Paraguassu da Formação Tatui, composto por siltitos
arenosos de cores arroxeadas. O Grupo Passa Dois é representado na área pelo Membro Taquaral da Formação
lrati (siltitos e folhelhos cinza escuros) e pelos folhelhos variegados da Formação Corumbatai. O Grupo São Bento
apresenta, na área estudada, os arenitos argilosos da Formação Pirambóia e os arenitos finos bem classificados
da Formação Botucatu. Os magmatitos básicos são soleiras e diques de textura faneritica e coloração cinza a
preta.

METODOLOGIA UTILIZADA
A Proposta Metodológica de Zuquette (1987), utilizada para a realização do trabalho, representa uma tentativa
de, tendo-se como base os princípios que regem outras metodologias de mapeamento geotécnico existentes.
criar uma forma de execução do mesmo adequada às condições brasileiras.
A seqOência de trabalhos inclui quatro etapas: (1) obtenção e análise dos mapas básicos; (2) elaboração dos
mapas auxiliares; (3) obtenção das cartas derivadas ou interpretativas: e (4} apresentação das condições
geotécnicas em cartas interpretativas.
Os atributos considerados na análise. podem ser obtidos ou observados de três formas básicas : ( 1} trabalhos
anteriores; (2) uso de censores remotos; e (3) trabalhos de campo. A importância de cada atributo depende da
aptidão considerada. Os atributos básicos são: declividade dos terrenos, características dos materiais (rochosos
e inconsolidados). espessura do material inconsolidado, profundidade do nível d'água, forma dos terrenos,
movimentos de massas, ocupação e uso do solo, condições hidrológicas, além de parâmetros e propriedades
obtidas por meio de ensaios de laboratório.
Os documentos utilizados são divididos em Mapas Básicos Fundamentais (topográfico, geológico e de águas).
Básicos Opcionais (pedológico, geofísico, geomorlológico, climático, de ocupação e outros julgados de interesse).
Mapa Auxiliar (de documentadfo), e Cartas Interpretativas.

CONDIÇÕES GEOTÉCNICAS DA ÁREA ESTUDADA


Os trabalhos executados permitiram a definição das unidades geotécnicas pela associação Substrato I Material
lnconsolidaao.

Substrato geológico
A adoçao do termo "substrato geológico· em lugar de ·substrato rochoso" para caracterizar os materiais
consolidados presentes na área. se deve a dificuldades encontradas. em muitos locais, de se definir o limite exato
(em profundidade) entre os materiais inconsolidados transportados e seu substrato. Portanto o termo substrato
geológico pode englobar o manto de alteração, de espessura raramente superior a SOem, sotoposto aos materiais
inconsolidados retrabalhados presentes na área.
As unidades utilizadas para a descrição do substrato geológico são os litotipos já descritos no item "Geologia
Regional" e sua denominação é idêntica à sua nomenclatura estratigráfica. Desta forma temos como unidades do
substrato geológico: Intrusivas Básicas, Formação Botucatu, Formação Pirambóia, Formação Corumbatai,
Formação lrati e Formação Tatui, cuja distribuição na área estudada pode ser observada no Mapa do Substrato
Geoló~ico (Fig. t).
119

Materiais lnconsolidados
Sob a denominação materiais inconsolidados pode-se distinguir, quanto à gênese, duas categorias: materiais
residuais e materiais retrabalhados.
Os materiais residuais representam, como o próprio nome indica, produtos derivados dos litotipos do substrato.
englobando solos derivados das intrusivas e das unidades sedimentares. Por questão de uniformidade de
nomenclatura estas unidades tiveram seu nome associado à unidade liloestrat~ráfica que lhes deu origem.
Os materiais retrabalhados incluem sedimentos aluviais recentes e sedimentos cenozóicos. Os sedimentos
aluviais abrangem depósilos, predominantemente arenosos. de terraços e de planícies de inundação, além de
corpos Isolados de turfa. Os sedimentos cenozóicos foram divididos em dois grupos de acordo com sua génese :
sedimentos arenosos indiferenciados de distribuição extensa por toda área; e sedimentos argilosos de rampa,
cujos depósitos se distribuem nas proximidades das soleiras básicas.
Para as unidades inconsolidadas retrabalhadas optou-se por uma nomenclatura dupla na qual o primeiro termo
descreve a granulometria do material e o segundo a sua gênese.
A seguir são apresentadas. de forma resumida, as unidades de materiais inconsolidados, cujas propriedades
geotécnicas mais importantes podem ser encontradas na tabela 1. Sua distribuição na área é mostrada no Mapa
de Materiais lnconsolidados (fig. 2).
Unidade Arenosa Aluvial (Ar. a) :depositados em planícies de inundaçao e terraços aluviais nas drenagens de
maior expressao da área. estes sedimentos normalmente possuem espessuras inferiores à 2m, apresentando
maiores valores apenas na planície de inundação do Moji-Guaçu, na porção leste da área. sao areias argilosas
compostas por quartzo, fragmentos de rocha, óxidos de Fe e argilo- minerais do grupo da caulinila.
Unidade Argilosa de Rampa (Ag. r): composta por colúvios cenozóicos de rampa, denominados "depósilos
frontais às escarpas regionais" por Fulfaro (1979), esta unidade foi reconhecida à NW da área, na região
conhecida como Serra da Cantareira", e na porção centro-sul, nas proximidades de Leme. Sua presença
está sempre associada às vizinhanças das escarpas das soleiras de magmatitos básicos, com espessuras
Inferiores à 2m nas proximidades dos corpos básicos. aumentando quando se afasta deles (podendo chegar à
Sm). São sedimentos predominantemente argilosos com uma mineralogia rica em hematita, ilmenita, quartzo,
limonita, zircão e argilominerais 1:1.
Unidade Arenosa Coluvlonar (Ar. c): de distribuiçao extensa na área estudada (principalmente ao norte),
estes sedimentos coluvionares cenozóicos sao lruto do retrabalhamento indistinto de unidades rochosas da
Bacia do Paraná, segundo Bigarella e Mousinho (1965) e Avila et alii (t981), recobrindo as intrusivas básicas
e rochas do Grupo Passa Dois, apresentando três classes de espessura: menor que 2m, 2-Sm. e maior que Sm.
Sao sedimentos arenosos finos com significativa contribuição da traçao argila, compostos por quartzo, óxidos e
hidróxidos de Fe e argilominerais tipo 1:1.
Unidade Magmatltos (Mg) :os solos derivados das intrusivas básicas foram reconhecidos na área principalmente
nas porções norte (na Serra da Cantare ira e nas proximidades da estação de tratamento do SAAE de Pirassunun-
ga) e sudeste, podendo apresentar três níveis de espessura:< 2m, 2-5m e> Sm. São solos predominantemente
argilosos compostos basicamente por opacos (magnetita, hematita, limonita e ilmenita) e quartzo.
Unidade Botucatu (Bt) : presente principalmente na porçao NW da região estudada, em regiões de relevo
escarpado ocupando as maiores cotas dos terrenos da área, estes solos apresentam espessuras sempre inferiores
à 2m e encontram-se assentes diretamente sobre o arenito silicificado em estágio inicial de alteração. Apresentam
predominância da fração areia fina (com alto grau de seleção dos graos) podendo mesmo ultrapassar 85%.
Apresentam uma mineralogia rica em quartzo e argilominerais 1:1.
Unidade Plrambóla (Pb): identificada nas porções NW e sw da área. esta unidade mostra faixas de distribuiçao
mais expressivas nas proximidades de Santa Cruz da Conceição. Em termos de espessuras, estes solos podem
ser divididos em duas classes: menor que 2m e entre 2 e Sm. sao areias finas argilosas compostas por quartzo.
feldspato e argilominerais cauliníticos.
Unidade Corumbatal (Cb) : de distribuição extensa em..toda a porçao oeste da área, principalmente à SW de
Pirassununga e NW e SW de Leme, esta unidade pode apresentar espessuras menores que 2m ou variando
entre 2 e 5m. São solos nos quais predomina a fraçao argila e apresentam uma composição rica em óxidos e
quartzo.
Unidade lratl (11) : identificada na região em estudo nas porções NW (a sul de Pirassununga) e SE, esta unidade
apresenta duas classes de espessura: < 2m e 2-Sm. Granulometricamente são argilas arenosas compostas
essencialmente por quartzo e opacos. apresentando subordinada mente carbonatos e argilominerais caulinfticos.
120

Unldsde Tstul (Ts): presentes principalmente na porção NE da Folha de Leme, os produtos residuais da Formação
Tatui situam-se nas porções mais aplainadas e rebaixadas da área. com duas classes de espessura: menor
que 2m e entre 2 e 5m. sao areias argilosas compostas por quartzo e opacos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A caracterização das condições geotécnicas presentes na área e dos atributos técnicos de interesse para cada
uso considerado permitiu o reconhecimento dos seguintes aspectos de grande relevancla geotécnica :
• os problemas erosivos já existentes e o potencial de erodibilldade da Unidade Arenosa Coluvionar indicam a
necessidade de um manejo muito cuidadoso com a mesma, especialmente no que diz respeito à atividade
agrícola. ·
• o fenômeno de expansão, decorrente de microlissuramento, apresentado pela Unidade Corumbatai, exige um
cuidado especial com taludes de corte.
• a possibilidade de uso de certas unidades para a deposição de rejeites sépticos, requer soluções técnicas
especiais tais como a instalação de drenes e a impermeabilização da base e das laterais do aterro.
• os pontos de ocorrência de sedimentos orgânicos (turfas) na planície de inundação do Moji-Guaçu devem ser
evitados em projetos de engenharia, especialmente obras viárias.
• o baixo potencial de utilização de águas subterrâneas na área estudada, pode ser melhorado com a
possibilidade de utilização de aqufferos rasos presentes na base da Unidade Arenosa Coluvionar.
• com relação à escavabilidade dos terrenos é necessário um cuidado especial nos locais que apresentem três
fatores associados: altas declividades(> 10%), espessura de material inconsolidado menor que 2m, e substrato
geológico representado pela Formação Corumbatai.

REFERÊNCIAS
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SC, ABGE, 1981, V. 3, p. 19·31.
BIGAAELLA. J.J. e MOUSINHO, M.R. Considerações a Respeito dos Terraços Fluviais, Rampas de Colúvios
e Várzeas. Boletim Paranaense de Geografia, (16-17): 153-198, 1965.
DAEE Estudo da Qualidade das Águas Subterrâneas no Estado de São Paulo. São Paulo· SP. DAEE. 1979. 2
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DAEE Estudo de Águas Subterrâneas - Região Administrativa de Campinas. Sao Paulo • SP, DAEE, 1981. 2
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KAEFER, L.O. Projeto Sapucai : Relatório Final de Geologia. CPRM - Ministério de Minas e Energia. Série
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MELLO, M.H.A. Determinação da Largura Efetiva de Escoamento da Bacia do Rio Moji-Guaçu, Aplicação do
Modelo Macneill & Serra. Boletim do Instituto Geológico de São Paulo. 6 (4): 52p., 1979.
PONÇANO, W.L. et ai Mapa Geomorlol6gico do Estado de São Paulo. São Paulo- SP, DMGA-IPT, Publicadfo
N9 1183, S'rie Monografias N° 5, 1981. 2 V., 94p.
SETZER, J. Atlas Climatológico e Ecológico do Estado de São Paulo. São Paulo· SP, Comissão Interestadual
da Bacia Paraná • Uruguai, 1966. 61p.
ZUOUETTE, L. V. Análise Critica da Cartográfia Geotécnica e Proposta MetodOlógica para as Condições
Brasileiras. São Carlos- SP, EESC/USP, Tese de Doutoramento, 1987. 3 V., 673p.
121

--· ::.:
lJNipÀoé_ Pe -_- p e Pdmãx Wot(%) .. -- HRB sues
Ar. a 2,67 1,60 0,6 2,00 10 A-2·7 se
Ag. r 2,70 1,50 1,0 1,80 18 A-7 Cl
Ar. c 2,68 1,40 0,5 1,94 11 A-2-6 se
Mg 2,82 1,50 0,7 1,69 23 A-7 CL
Bt 2,65 1,40 0,5 1,72 12 A-2-4 SP·SC
Pb 2,67 1,60 0,7 1,90 13 A-2-6 se
Cb 2,73 1,50 0,5 1,75 18 A·7 CL
lt 2,85 1,40 1,1 1,60 17 A-6 Cl
Ta 2,70 1,60 0,8 1,90 12 A-2-6 se

Tabela 1 • Características Geotécnicas dos Materiais lnconsolidados

p$ - massa específica dos sólidos (gtcm3 )


3
p - massa específica do solo (g/cm )
e - fndice de vazios
3
pdmax - massa especffica sêca máxima (g/cm )
Wot - umidade ótima
HRB • Wighway Recearch Board
SUCS - Sistema Unificado de Classificação de Solos
122

~
v "
'I v

1
v v v
v

'I
" "
'/ v
v •/ v 11
"
v v v
v
v v
~
,,
"

FIGUIIA OI· MAPA CO SUBSTRATO GEOLOOICO

c;) JIÚ<:t.EOS UII&ANO$ E!] I'ITIIIUSIVA$ BÁSICAS


- IICIDCMAS lfu_~ "'""'•ç.io aoruc•ru
,( J OOIEIIIÓE:• E RIOS
[i:!j}FCIOIOAÇÃc ""''""""•
~ CCOffATOS ~F<:o1014C.ioc""""'...,...·
[EJ fOVII.I!CÂO llt4fl
!1!) -NAC.io rArui
ESCALA A....OX I lloSOOO
123

FIGURA 02 - MAPA DE MATERIAIS INCONSOLIDADOS

··~·
LE&ENOA

t:1 IIÚCI.m U~IAIOO ~--AUMAL (!!) PHIAIIDÓI.&

~A-.cGAOI:­ @
--~
CDIIUII8ATAÓ
~ ~ IIIIII!IIOÕ€1 E IIIOS I!ti) OIJ •••,,
J LJIIIIIT! !.NTI'IE UJ!tiDIIM.S
lEi]_.,.,.
AllflOIOY CXll...........
(!!] TAT>Ji

IID IOTUCATU
124

ALGUMAS CORRELAÇOES ENTRE OS ENSAIOS DE PENETRAÇAO (SPT;CPT) E


OS RESULTADOS DE ENSAIOS DE LABOAATOI\10 PARA A REGIAO DE SAO CARLOS-SP.

ST~LIO MAIA MENEZES


FEIS/UNESP
JOS~ HENRIQUE ALBIERO
EESC/USP

DAVID DE CARVALHO
FEAGRI/UNICAHP
JUOY NORKA RODO DE HANTILLA
UFHG

RESUKO

O trabalho procura estudar o comportamento do solo da região de São Car


Jos-SP, através da realização de ensaios SPT, CPT e laboratoriais em amostras
deformadas e indeformadas. Este solo, classificado geologicamente como se-
dirrento cenozóico, é encontrado em todas as regiÕes norte e oeste do estado
de São Paulo. Os dados de ensaios obtidos foram correlacionados entre si.
procurando-se assim obter resultados de utilização prática em projetos geo-
técnicos e orientar futuros programas de ensaios.
ABSTRACT
Results of Standard Penetration Test, Cone Penetration Test (disturbed
and undisturbed samples) are utilized to study the soil properties in the São
Carlos region. The soil is classified as cenozoic sedlment and it is found
in all northern and western regions of the São Paulo state. The informations
were analysed and correlated to guide in future programs of experiments.
1 - IHTRODUÇAo

A prática brasileira de Engenharia de Fundações tem se envolvido no sen


tido da aplicação de ensaios 11 in-situ 11 para a esti·mativa da capacidade· de
carga de estacas, através de co-rre'laçõe·s existentes entre 'DS ensai"os SPT e
CPT. Dessa. forma, vârios autores procuram correlacionar a resistência de PO!!_
ta QC(CPT} com os valores de N(SPT), através de tratamento estatrstico. O
objetivo deste trabalho é estabelecer o emprego de correlações entre os en-
saios SPT, ensaios CPT e ensaios laboratoriais (caracterização, compressibi-
lidade e resistência) e submetê-los a um estudo para a previsão do comporta-
mento de estacas para a região de São Carlos, Estado de São Paulo.
Para tanto, foram executados, no campus da EESC-USP, cinco sondagens de
reconhecimento, cinco ensaios de penetração contínua, além de retirada várias
amostras deformadas e indeformadas, extraídas a cada metro até atingir o len-
çol d'água através da abertura de um poço de inspeção.

2 - O SOlO DA REGIAO ESTUDADA (Aspectos Geológicos)


A região de São Carlos está assentada sobre as rochas do Grupo São Ben-
to-Jurássico/Cretáceo, constituídas pelos arenitos das Formações Botucatu e
PirambÕia, e pelos derrames de efusivas basálticas da Formacão Serra Geral.
125

Acima dessas formações rochosas aparecem os.conglomerados e arenitos do Grupo


Bauru e logo a seguir, abrangendo toda a região, aparecem formações superio-
res através dos sedimentos cenozóicos. A Figura 1· apresenta parte de exten-
so perfil geológico da região estudada.

EZJ Areio Arvi!OM ~ .,. . ~- &ruelo ......


~ Artilo ArGM80 O Aren!OcK.a iMi01Io BotucGtu
~ Ar9ilo Síltoea 1~1 L.imo. s.illl08
!-=.-! Silte 1\reRoeo

FIGURA 1- Perfil geológico da região de São Carlos


3 - ENSAIOS DE PENETRAÇÃO

Na área da retirada das amostras, foram.r,~alizadas cinco sondagens de


simples reconheciment9. , Em cada u.ma des'sas sondagens foram efetuadas, a
cada metro de profundidade, ensaios de ·resistência à penetracão dinâmica do
solo, medindo o número de golpes' nos últimos 30 em de cada metro.
O amestrador utilizado apresenta 50,8 mm e 31+,9 mmde diâmetros externo
e interno, respectivamente. Os valores dos N(SPT) para cada profundidade e~
salada estão delineados nas Figuras 2 e 3.
Foram realizados cinco ensaios "deepsounding". Nesses ensalus foram
medidas as resistências oferecidas pelo solo ã penetração vertical de um co-
ne holandês móvel com luva tipo Begemann, com ângulo de vértice 60°, com tu-
bos de diâmetros externo e interno iguais a 35,7 mm e 16,0 mm, respectiva
2
mente e 10 cm de área de base, além de medidas do atrito lateral local d~
furo (haste lisa do aparelho). As Figuras 2 e 3 apresentam os esboços dos
resultados de QC e AL, respectivamente.

~ - ENSAIOS DE LABORATORIO
126

ATERRO
5
--OI
----- 02
---o3 2
AREIA
--·-··· 04 ARGILOSA,
-·-·- 05 4 IIMRAOIA.
FOFA
3
E
4
(SEDIIIIEf1TO
4 CEH020100)

9ARGL.A
ARENOSA,
v~
DIA
7
l.,........ ..,....
BAURU)
IIL----L----L---~--~----L____L___J
O tO 2.0 3.0 4.0 5.0 60 7.0
RESISTENCIA DE POHTA !MPol

FIGURA 2 - Resultados dos ensaios de QC e SPT

4. 1 - A~ ALI SE GRANULOME:TR I CA CONJUNIA

Nas amostras retiradas a cada metro de profundidade, foram realizados


ensaio~ de granulometria. A Tabela I contém as percentagens de cada fração
principal bem como os diâmetros específicos da curva granulométrica, 030, 050
t! 060.

l;,2- LIMITES DE CONSISTtNCIA


A Tabela I apresenta os resultados desses ensaios com as respt:c ti vas
profundidades amestradas.

4.3 - ENSAIOS DE ADENSAMENTO


Foram executados 10 ensaios de adensamento, nos corpos de prova extraí-
dos a cada metro do poço de inspeção. Essas amostras indeformadas foram ta-
lhadas de maneira a ter as estratificé'çÕes orientadas na mesma direção no anel
do conjunto do ensaio e no campo. Através da curva de compressão, foram
127

obtidos valores da pressão de pré-adensamento (PA), pelo método de Pacheco e


Silva, e do Índice de compressão do solo (CC).

ATERRO
5
'·tsr.~
[:·l,·1'\ ------
- OI
02
21----l'.....~-~-1---1--~- 03 2

3 r ~
~4
-···-·-04
-~-·- 05
AREIA
4 ARGILDSA,
II!IARROM,
FOFA
3

4
!SEDIMENTO
CENOZÓICO)
4

9~-- i9. ARGILA


ARENOSA,
~b'., VERMEUIA,
MÉDIA
lO f---·-· ...
~---···~~'.j -- ---- 7
(GRUPO
i
11 '---.l..---...1...--...1...---l..---'-.-...L..---.J BAURU)
o 005 010 015 020 025 030 035
RESISTÊNCIA LATERAL (MPo)

FIGURA 3 - Resultados dos ensaios de ALe SPT

TABELA I - Características Geotécnicas do Solo

. GRANULOMETRIA (~)
Prof Areia Si I te Argila 030 050 060 LL LP IP
(m) H F (rrm) (mm) (mm) (%) (%) (%)
1 ,00 12 51 11 26 0,012 o' 15 o,20 21! 17 7
2,00 10 55 14 21 0,045 o' 16 0,20 26 18 8
3,00 10 51 os 31 0,002 o' 13 o. 18 27 20 7
4,00 os 56 11 28 0,004 o•11t 0,20 28 18 10
5,00 09 54 17 20 o' 030 o' 12 ot 17 30 19 11
6,00 08 54 16 22 0,020 o' 13 o. 18 31 21 10
7,00 10 57 14 19 o,070 o' 15 0,20 31 22 9
8,00 16 54 09 21 0,070 o,18 0,22 34 20 14
9,00 17 56 10 17 0,090 0,22 0,26 30 19 11
10 t 00 16 56 08 20 0,088 o, 19 0,24 32 19 13
128

O coeficiente de adensanento (CA) 1 responsável pela relação tempo x re-


calque de um solo, foi determinado por processos de Taylor e Casagrande. Os
rtsultados desse~ ensaios estão contidos na Tabela lI.

!;.4- ENSAIOS DE PERMEABILIDADE

O coeficiente de permeabilidade foi também determinado durante o en-


5aio de adensamento, obtido em função da média de TSO (Casagrande) e T90
(Taylor) para cada estágio de carregamento. O valor de K apresentou interva
ios de variação entre 10- 7 e 10- cm/s (mistura de. areia, si I te e argila)~
8
resultados esses esperados para a região de São Carlos. Esses valores estão
descritos na Tabela I I,

TABELA I I - Resultados dos ensaios de adensamento


fND ICES FfS I COS (10- 3 ) (lo- 1 )
Prof w €'
o
sr CC
PA CA K
(r.,) (5() (%) (kg/cm 2 ) (cm 2 /s) (cm/s)
1 ,OQ 13,26 0,99 31í,82 o. 11 0,41 2, 77 0,88
2,00 16,24 1. o1 43.12 o. 13 0,34 3,02 0,59
3,00 16,59 0,99 45118 o' 16 0,50 3,91 1 '13
4,00 15,96 0,87 50,08 o' 12 0,72 3,05 0,58
5,00 15,53 0,85 50,43 0,20 0,62 3.12 0,69
6,00 17,54 0,90 53,59 0,26 0,45 3.23 1 ,04
7,00 14191 o' 72 56,53 o' 18 I, 10 3,03 0,32
8,00 15,40 0,68 62173 0,20 1. 18 3,21 0,75
9,00 16,05 0,74 60 ,o 1 o. 19 0,80 2,89 0,55
I O, 00 17,48 o. 71 67.71 o' 19 0,82 3,43 0,88

4.5 - ENSAIOS DE COMPRESSAO SIMPLES

Os resultados de compressão simples foram obtidos através da realização


de ensaios em amostras indeformadas,extraídas de dez profundidades es\ava-
das. Os valores obtidos e as características dos corpos de prova ensaiados
estão representados na Tabela I I I.

TABELA 111 - Resultados dos ensaios de compressao simples


fNDICES FfS I COS
P rof ç. Ç) ,)d RC e: r:so
s
(m) {t/m 3 ·) (t/m 3 ) ( t/m 3 ) (kPa) (%) (MP a)
1 ,00 2,75 1 ,51 1. 33 39,30 1. 19 59,54
2,00 2,68 1 ,53 1 ,34 40,90 2,23 44,45
3,00 2,70 1 ,55 1 .33 37,60 0,87 78,33
4,00 2,73 1 ,63 1 ,41 30,00 1. 03 68.18
5,00 2,76 1, 74 1 ,51 65,50 o 179 125 '96
6,00 2,75 1,77 1,51 41,30 1,36 71 ,21
7,00 2,73 1 ,88 1 ,63 69,90 1 ,49 63,54
8,00 2,77 1 ,80 1 ,55 60,40 1 ,59 47,94
9,00 2,77 1 ,90 1 ,S3 42,40 o,96 44,27
10 ,00 2,76 1 ,90 1,61 34.10 2,61 24,36

4. 6- ENSAIOS DE COMPRESSM TRIAXIAL ADENSADOS RAPIDOS


129

Em todos os ensaios foram medidas as variações volumétricas, bem como


as pressões neutras. Foram ensaiados 30 corpos de prova, extraídos a várias
profundidades, sendo usadas tensões confinantes de 50, 100 e 200 kPa, conforme
mostra a Figura 4. A envoltôria média para a profundidade O a 10 metros, é
-:- • 18,1 + a. tg 20,9° (kPa).

~~--------------------~------------------------------~

FIGURA 4 - Envoltória de resistência (média) e Círculos


de Mohr's para os ensaios adensados rápidos.
4.7- ENSAIOS DE COMPRESSÃO TRIAXIAL
Os ensaios de compressão triaxial lentos, drenados pelo topo, pela base
e radialwente, foram realizados com leituras de variação volumétrica. Foram u
tilizadas tensÕes confinantes de 50,100 e 200 kPa, ensaiados em 30corpos de pro
va obtidos de várias profundidad~. Apartir dos resultados definiu-se a envof
tória média para a profundidade O a 10 metros: -r .. 13,0+cr.tg 27,6° (kPa).
traçando-se os respectivos Círculos de Mohr's, conforme mostra a Figura S.

õ
Cl. 200
~

100

100 200 300 400


O(kPo)

FIGURA 5- Envoltõria de resistência (média) e Círculos


de Mohr's para os ensaios lentos.
130

5 - CORRELAÇÕES PARA O SOLO OBJETO EM ESTUDO


A finalidade desse estudo i estabelecer propriedades que possam relacio
nar algumas variáveis do conjunto: NSPT, QC, AL, PV, 030, 050, 060, AREIAM-:-
AREIAF, SILTE, ARGILA, LL, LP, IP, AC, CC, PA, CA, K, RC, El, EZ, E3, CD, FD,
CE, FE, CT e FT.

Onde:

NSPT fndice de Resistência à Penetração


QC :; Resistência de Ponta~ (MPa) -
AL Resistência Lateral ..... (MPa)
P\' Pressão Efetiva Vertical-+ (t/m 2 )
030 ~iâmetro tal oue 30~ das nartículas < 30~ + (mm)
DSO Diâmetro tal que 50% das partículas < 50%+ (mm)
C60 Diâmetro tal que 6G% das partículas< 60~ ..... (mm)
ARE IAM Percentagem C:e Areia l'lédia-+ (~.)
AREIAF Percentage~ de Areia Fina -+(%)
SI LTE Percentaqem de Silte-+ (~)
ARGILA Percentagem de Argila -+ (;J
Ll Limite de Liquidez • (%)
LP Limite de Plasticidade-+ {~)
IP fndice de Plasticidade+ (~)
AC Atividade Coloidal
CC fndice de Compressão
PA Pressão de Pré-adensamento-+ (kg/cm 2 )
CA Coeficiente de Adensamento-+ (cm 2 /s)
K = Coeficiente de Permeabilidade-+ (cm/s)
RC Resisbência a Compressão Simples • (kPa)
E1 Módulo de Deformabilidade (Ensaio de Compressão Simples)-+ (MPa)
co Coesão Drenada (Ensaio Lento) -+ (kPa)
FD Angulo de Atrito (Ensaio lento) • ( 0 )
E2 = Módulo de Deformabi I idade (Ensaio Lento)-+ (MPa)
CE Coesão Efetiva (Ensaio Adensado Ráoido)-+ (kPa}
FE = Angulo de Atrito Efetivo (Ensaio Adensado Rápido)-+ (O)
CT Coesão Total (Ensaio Adensado Rápido) -+ (kPa)
FT Angulo de Atrito Total (Ensaio Adensado Rápido) -+ ( o)
E3 MÕdu lo de De formab i 1 idade (Ensaio Adensado Rãpi do) -+ (1'\Pa)

Do conjunto acima, é preciso verificar quais são as variáveis dependen


tes do conjunto principal, isto é, quais as variáveis que podem ser explica':'
das em função das outras variáveis. As variáveis descritas acima serão de-
nominadas de agora em diante, de conjunto principal.

Do conjunto principal, 14 variáveis fnram indicadas como sendo possí-


v~is var1aveis dependentes, ou seja, cada uma dessas 14 variáveis podem ser
explicadas em função das outras variáveis que compõem o conjunto principal.
O conjunto das variáveis que rrdem ser dependentes é formado por: NSPT, QC,
AL, CC, PA, CA, K, RC, CO, FD, CE, FE, CT, H. A seguir, começamos a procu-
rar os n~delos que melhor explicariam as variáveis dependentes. Os modelos
con~iderados serão do tipo:

Jnde:
131

Y • variável dependente;
x 1 =variável independente (explicativas), 1, o o o o , j;
'b1 =coeficiente, i= l, ... ,j;
~o= intercepto;
c ::: resíduo.
Essa equação é denominada modelo de regressão linear, ou simplesmente,
modelo. Devido ao baixo número de observações (metros escavados) para cada
variável, poderemos ter, no máximo, modelos com 3 variáveis explicativas. Pa-
ra procurar os modelos que melhor explicariam o comportamento das variáveis de
pendentes, inicialmente calculamos as correlações pelo método de Pearson parã
encontrar as variáveis mais correlacionadas, obtendo-se a matriz de correla-
ção. O programa computacional utilizado constitui-se do seguinte algorítmo:

- indicar a variável dependente;


-indicar o conjunto de variáveis que podem explicar a variável depende.!!.
te, anteriormente indicada;
o programa escolhe o melhor modelo, que e o modelo que possui o maior
coeficiente de explicação (r 2 ).

Para cada variável dependente foram encontrados 3 modelos ótimos: com u-


ma, duas ou três variáveis explicativas. Para cada um desses modelos foi fei-
ta uma análise de variâncid, -~mo respectivo teste F.

6 - REGRESSOES KOLTIPLAS LINEARES


6.1 - PARAMETROS DE COMPRESSIBILIDADE

6.1.1 -TENSÃO DE PR~-ADENSAHENTO (PA)


PA"" -138,64 + 7,11LL-+r 2 = 0,59002
PA = -78,93 + 4.57LL + O,OlAL -+ r 2 c 0,63837
PA -132,95- 4,22PV + 7,05LL + 0,04AL-+ r 2 • 0,67307
6. 1.2 - fNDICE DE COMPRESSÃO (CC)
CC -0,27 + 0,02LP-+ r 2 = 0,63037
CC -0,26 + 0,02LP + 0,09AC-+ r 2 = 0,73342
CC= -0,28- 0,006NSPT + 0,02LP + 0,15AC-+ r 2 = 0,77718
6. 1.3- COEFICIENTE DE ADENSAMENTO (CA)
CA 2,5& + O,OBK-+ r 2 • 0,39272
CA 1,19 + 0,07LP + 0,08K-+ r 2 • 0,51290
CA = 0,20 + 0,04ARGILA + 0,06LL + O,OSK-+ r 2 • 0,62032
6.1.4- PERMEABILIDADE (K)
K 56,06 + D,B9AREIAF-+ r 2 = 0,56049
K 59,17- 1, 10AREIAF + 0,27LL-+ r 2 0,64563
K 45,69 - 0,94AREIAF + 0,33Ll + 0,14ARGILA-+ r 2 • 0,68038
6.2 - PARÃHETROS DE RESISTENCIA
6.2. 1 - COMPRESSÃO SIMPLES (RC)
132

RC = 81,97- 1,60ARGILA ~ r 2 = 0,25543


RC = 7,67- 1,23ARGILA + 3,44LP ~ r;=0,38984
RC = 6,46- 1,62ARGILA + 4,47LP- 0,48CT + r 2=0,51754
6.2.2 - COESÃO DRENADA (CO)
CO 19,00 + 3,181P ~ r 2 = 0,37229
CO= 25,46 + 5,741P- 41,19AC + r 2 = 0,41740
CO = 52,87 - 8,03NSPT + 2,31QC + 2,38LL + r 2 m 0,68304
6.2.3 - ANGULO DE ATRITO (ENSAIO DRENADO) + FD
FD = 32,61 - 0,006AL ~ r 2 = 0,66173
FD = 28,96- O,OlAL + 1,56NSPT + r 2 = 0,80141
FD = 12,46- 0,01AL + 2,04NSPT + 0,76AREIAF + rz: 0,85721
6.2.4 - COESAO EFETIVA (ENSAIO NAO DRENADO) + CE
CE -12,33 + 3,021P + r 2 = 0,49282
CE = -48,36 + 2,98LL - 0,45RC ~ r 2 = 0,66152
CE = -39,48 + 2,78LL - 0,37RC - 0,57SILTE + r 2 = 0,68343
6.2.5 - ANr,ULO DE ATRITO EFETIVO (ENSAIO NAO DRENADO) ~ FE
FE 31,24- 0,70PV ~ r 2 = 0,48590
FE = 25,43- 1,91NSPT- O,OlAL + r 2 = 0,67534
FE = 5,05 + 1,63NSPT- O,OlAL + 1/.3,70D60 + r 2 = 0,79102
6.2.6 - COESÃO TOTAL (ENSAIO NÃO DRENADO) + CT
CT = -15,96 + 3,681P + r 2 = 0,58923
CT = -12,20 + 2,551P + 0,44QC + r 2 = 0,64351
CT = -51,38 + 1,74QC + 2,39LL- S,OSNSPT + r 2 = 0,79627
6.2.7- ANGULO DE ATRITO TOTAL (ENSAIO NÃO DRENADO)+ FT
FT = 35,55- 0,42AL + r 2 = 0,66173
FT = 32,72- 0,42AL + 0,06QC + r 2 = 0,77379
FT = 36,50- 0,45AL + 0,8QC- 0,19PV + r 2 = 0,88749
6.3 - PARÂMETROS DOS ENSAIOS PENETROMETRICOS
6.3.1 - RESISTENC.IA DE ATRITO LATERAL (AL)
AL .. - 179 , 9 7 + 12O, 9 8PV + r 2 = O, 89 753
AL = -341,08 + 70,98PV + 37,21QC ~ r 2 = 0,97661
Ala 2600,90 + 75,56PV- 89,34SILTE- 57,4ARGILA-+ r 2 - 0,99089
6.3.2 - REStSTtNCIA DE PONTA (QC)
QC = -0,40 + 3,25NSPT + r 2 • 0,83081
QC = -5,64 + 0,67PV + 1,45AREIAH + r 2 = 0,91378
QC .. -58,90 + 1,28NSPT + lm32AREIAH + 1,00AREIAF + r 2 = 0,94653

6.3.3 - rNDICE DE RESISTêNCIA À PENETRAÇÃO (NSPT)


133

NSPT -0,47 + 0,52AREIAM ~ r 2 a 0,68621


NSPT s -8,21 + 0,42AREIAM + 0,30LL + r 2 0,80653
NSPT E -11,27 + 0,47AREIAM + 0,50LL- 0,3211P + r 2 • 0,82865
7 - CONCLUSAO
O solo da região de são Carlos é classificado geologicamente como sedi-
mento cenozóico e sua espessura é bastante homogênea, situando-se próxima aos
6_metros. Em profundidades maiores, osolo provém das combinações das Fornla-
çoes Bauru (areia siltosa), Serra Geral (argila siltosa, si I te arenoso e ba-
salto) e Botucatu (arenito).
Com relacão aos ensaios, o SPT variou entre 2 e 11 golpes, o QC teve co-
mo média valores oscilando na faixa de 0,8 a 3,0 MPa, enquanto o AL médio va-
riou entre 30 e 200 kPa, havendo aumento diretamente proporcional desses valo
res ao longo das profundidades escavadas. Nos ensaios de adensamento, o CC
do solo ficou na média de 0,20 e na PA verificou-se um maior intervalo deva-
lores, entre 30 e 120 kPa, o coeficiente de permeabilidade aoresentou interva
los de variação por volta de 10-7 cm/s. Nos ensaios de resistência, o ângulo
de atrito do solo encontrado foi de 27°, em termos de tensões efetivas e 21°,
em termos de tensões totais. Já nos ensaios de resistência à compressão sim-
ples, os resultados tiveram osci:~~Ões entre 30 e 70 kPa, estando esses cor-
pos de prova ensaiados com as mesmas ~ropriedades físicas dos ensaios de com-
pressão triaxial (MENEZES, 1990).
8 - BIBLIOGRAFIA
ALBIERO, J.H. (1972) Comportamento de estacas escavadas, moldadas "in loco".
Tese de Doutoramento, Escola de Engenharia de São Carlos- USP, 108 p. , São
Carlos (SP) .·
DANZIGER, B.R. (1982) Estudo de correlações entre os ensaios de penetração
estática e dinâmica e suas aplicações ao projeto de fundações profunrlas.
Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro COPPE,
265 p., Rio de Janeiro (RJ).

MENEZES, S.M. (1990) Correlaç;es entre os ensaios de penetraçio (SPT;CPT) e


os resultados de ensaios de laboratório para a região de São Carlos-SP. Ois
sertação de Mestrado, Escola de Engenharia de São Carlos - USP, 19~ p., SãÕ
Carlos (SP).
VI LAR, O.M.; BORTOlUCCI, A.A. & RODRIGUES, J.E. (1985) Geotechnical char-
acteristics of tropical cenozoic sediment from São Carlos region (Brazil).
First lnternational Conference on Geomechanics in Tropical Lateritic and
Saprolitic Soils, vol. 1, 461-470, Brasília (DF).
134

MAPEAMENTO GEOTÉCNICO REGIONAL DA FOLHA DE CAMPINAS


ESCALA 1 :200.000

Antenor Braga Paraguassu (f}


Lázaro Valentim Zuquette f21
José Eduardo Rodrigues (f)
Orencio Monje VIla r (f)
Nilson Gandolfl (fJ
(t) 09pRrlütn9nto d9 GeotBCIIia, éscola d9 Engenharia d9 São Carlos-USP. São Carlos- SP
(2) Faculdade d9 Filosofia Ci4ncias e Letras de Ribeirão Prelo - USP. Ribeírãc Preto · SP
P"squisJ Financiad3 pt>lo PADCTIFJNEP

ABSTRACT
Using a methodology for geotechnica/ mapping developed in the EESC-USP. an
investigation in a wide area of S~o Paulo State, Brazil, located in lhe topographic map
of Campinas (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, 1:250.000 scale) was
carried out in order to provide the elaboration of a synthetic regional map (1:200.000
scale) of geotechnical units.

INTRODUÇÃO

A preocupaça.o em se conhecer as limitações do meio físico, frente a sua ocupaçao crescente, se tez sentir, em
alguns países, já no início do século. No Brasil essa preocupação só surgiu na década de 70; a rigor, só em 1974,
é que o primeiro mapa geotécnico foi elaborado. A partir dai, diversos outros trabalhos foram desenvolvidos em
institU1os de pesquisa e em centros universitários quase todos calcados em linhas metodológicas criadas no
exterior e que nem sempre contemplavam. adequadamente, as condições ambientais, tecnológicas e sócio-
econômicas de nosso pais.
No presente trabalho, elabora-se o mapeamento geotécnico de uma grande área do Estado de São Paulo, com
base em metodologia desenvolvida na EESC-USP (Zuquette, 1987) que procura considerar aspectos sociais e
econômicos do país, bem como a quase total ausência de informações básicas, função da extensão territorial e
da baixa densidade de ocupação de algumas regiões.

CARACTERÍSTICAS DA ÁREA INVESTIGADA

A área em que foi desenvolvido o projeto consta da figura anexa e corresponde à Folha Topográfica de Campinas,
do IBGE (1980), na escala 1:250.000, entre os paralelos 22° e 23°S e os meridianos 47" e 48° W, com uma área
aproximada de 10.000 km2 , onde se situam 56 municípios. Estima-se, para a área, uma populaçao superior a 4
milhões de habitantes, com cerca de 3,5 milhOes concentrando-se nas zonas urbanas. Dentre os municípios que
compõem a região, face à população e à importância econômica, destacam-se Campinas. Piracicaba, Limeira.
Americana, Rio Claro, Sao Carlos, Sumaré e Bragança Paulista.

Geomorfologla

Segundo Ponçano et a/li (1981 ), a compartimentação do relevo paulista permite incluir a regiao investigada, quase
na sua totalidade, dentro da Província Geomorfológica da· Depressão Periférica; subordinadamente, pequena
porção à NW, situa-se dentro da Provlncia Geomorfológica das Cuestas Basálticas e finalmente, uma área muito
restrita, à SE. enquadra-se na Província Geomorfológica do PlanaHo Atlântico.

Águas
a) Superficiais- Considerando as águas superficiais, a região apresenta boa rede de drenagem, sendo os cursos
d'água pertencentes principalmente às bacias dos rios Mogi-Guaçu e Piracicaba que drenam a maior parte da
área e subsidiariamente às bacias dos rios Jacaré-Guaçu e Corumbataí.
135

Olabásio, Tuburâo e Cristalino.


Segundo o DAEE (1981), o aproveitamento das águas subterrâneas na região é muito pequeno, quando
comparado ao consumo de água para os diversos Iins e também em relação aos potenciais disponíveis nos
aquiferos que nela ocorrem.

Geologia
A região é constituída por litologias da Bacia Sedimen!ar do Paraná e do embasamento cristalino. Na Tabela 1
encontra-se uma síntese da geologia regional

Cenozóico Form. Rio Claro


Form. Pirassununga
Depósitos recentes
Grupo Bauru Form. Marilia Arenitos e conglomerados
Grupo São Bento Form. Serra Geral Basaltos e diabãsios
Form.Botucatu Arenitos
Form.Pirambóia Arenitos com até 20% de finos
Grupo Passa Dois Form. Corumbatal Siltitos, argilitos e folhelhos
Form.lrali Argilitos, sillitos e folhelhos
Dolomitos e calcários
'
Grupo Tubarão Form.Tatui Siltitos arenosos e arenitos
Form .Aquidauna Siltitos arenosos
Form.ltararé Arenitos,sillitos. ritmitos
Grupos Amparo Granitos, granitóides. magmátitos.
Varginha gnaisses, etc.

Tabela 1 • Geologia regional

METODOLOGIA
O mapeamento geotécnico constitui-se de um conjunto de etapas. realizadas de maneira sucessiva, até atingir o
seu objetivo, ou seja, a realização de cartas que apresentam uma gama de informações sobre as condições do
meio físico (Cartas interpretativas).
Segundo Zuquette e Gandolfi (1990). a obtenção dos atributos constitui uma etapa essencial do trabalho, a qual
deve ser planejada e realizada em tempo de duraçao suficiente para a soluçao das dúvidas. Considera-se como
um primeiro passo para a obtenção dos atributos. o levantamento e a análise criteriosa dos trabalhos já realizados,
tais como: mapas (topográfico, geológico. pedológico. geomorfológico, geofísico, dentre outros), sondagens e
ensaios. Porém, é importante ressaltar que essas informações devem ser rigorosamente selecionadas. Outros
meios para a obtenção dos atributos podem ser utilizados: fotografias aéreas. trabalhos de campo (trabalhos de
superfície e investigação de superfície), ensaios de laboratório e propriedades estimadas. Face à escala adotada.
os resultados obtidos foram apresentados na forma de um mapa de síntese das unidades geotécnicas definidas.

MAPA· SÍNTESE DAS UNIDADES GEOTÉCNICAS


Os mapas das figuras 1,2,3 e 4 foram realizados tendo como báse, principalmente. os levantamentos dos materiais
inconsolidados em associação com os dados e mapas do substrato-rochoso, resultando em unidades geotécnicas
residuais e retrabalhadas, descritas a seguir:

Residuais
1. Cóstaljoo (graojtos gnaisses) - Composta por materiais residuais provenientes de granitos e gnaisses do
embasamento cristalino; apresentam espessura variável, chegando a 25m em alguns locais. sendo porém
comum encontrar valores menores que 2m. Em quase toda a área de ocoorréncia dessa umidade, são
encontrados mataçOes de dimensões diversas. É muito frequente a ocorrência de perfis em que a faixa de
136

saprolitos (materiais ferrisialíticos) é predomin<;Jnte em relaçao a faixa de material mais evoluído (com pequena
porcentagem de micas) que lhe é sotoposta.
2. Hjdrom6rtjcos- Podem ser representados por aluviões ou materiais residuais onde, na maior parte do ano. o
nível freático se mantém à profundidade menor que 1m. Constituem-se em áreas potencialmente inundáveis
(portanto, sujeitas a risco). apresentando limitações à maioria das formas de ocupação. Apresentam variações
texturais abruptas. tanto em área quanto em profundidade. Em toda a área de ocorrência, encontra-se ocupada
com atividades agropecuárias.
3. formacao Corumbataj - Composta pelos materiais residuais oriundos da Formação Corumbataí. sendo
predominantemente de textura fina (argila+ silte), apresentado-se sempre com espessuras inferiores a 5m.
Esta umidade apresenta problemas de estabilidade em cortes ou alloramentos, face ao processo de •empas-
tilhamento" dos materiais quando exposto à ciclagem natural.
4. Formaçao Serra Geral - Constituída pelos materiais inconsolidados residuais ligados aos magmatitos básicos
da Formação Serra Geral e intrusões associadas. Apresentam-se com espessuras variando de centímetros a
valores maiores que 20m. Em perfís nessa unidade. é possível distinguir três faixas de in!eresse geotécnico,
a saber: uma faixa superior, com minerais de gibsita, caolinita. quartzo e óxidos e hidróxidos de Fe e AI,
classificada por Nogami e Villibor como de comportamento laterítico: uma faixa intermediária, onde não se
observa mais estrutura e textura relativas à rocha ma1riz, mas classificadas por Nogami e Villibor (1985) como
de comportamento nao lateritico; finalmente, uma faixa inferior, com estrutura da rocha ainda mantida, bem
como existência de alguns minerais primários.
S. Formação Botucatu/Formação Pjrambója- Unidade constituída por pacotes muito espessos e homogêneos.
onde a contribuição de finos é sempre inferior a 20%; em alguns locais. e anomalamente. a fração argilosa
aprese ma altos valores de CTC (15 meq/1 OOg de argila). Trata-se da unidade que apresenta maior suscep-
tibilidade à erosão em toda a região mapeada.
6. Formacao Marília - Formada pelos materiais inconsolidados provindos de arenitos. siltitos e argilitos da
Formação Marília. Há uma relação entre a posição das camadas e a topografia, resultando uma alternância
textura! em área Assim. acontecem mudanças em distâncias inferiores a 1OOm, com ocorrência de materiais
arenosos, siltosos. argilosos. mistos e até a presença de carbonatos em alguns locais.
7. Formação Itararé (lextura fina} e
8. Eormacao Itararé (textura arenosa\- Unidades compostas pelos materiais residuais de texturas fina e arenosa
oriundos da Formação Itararé. Independentemente do tipo de textura, as espessuras encontradas variam de
centímetros até valores próximos a 20m. havendo predomínio (ao redor de 75% da área) de espessuras
Inferiores a 1Om. As regiões com textura fina são ocupadas por atividades agropecuárias e hortilrutigranjeiras.
sendo pouco conhecidas em termos geotécnicos. A textura fina (siltosa ou argilosa) é oriunda da alteração de
siltitos, argilitos. diamictitos. lamitos e outras litologias sedimentares peliticas.
As áreas de textura arenosa tem grande importância quanto à ocupação, pois apresentam susceptibilidade à
erosão e podem também se constituir em aquíferos, com vulnerabilidade à poluiçao.
9. Formação lratVForrnacao Tatui - Umidade constituída por materiais inconsolidados de diversas texturas e
grande variação em área; apresentam-se com espessuras também variadas, predominando valores menores
que 10m; são materiais pouco estudados. mesmo ao nível de caracterização.

Retrabalhadas

10. Mis1QS- Trata-se de unidade que apresenta materiais inconsolidados com alternância entre texturas fina e
arenosa; a espessura é variada, chegando a 25m, sendo raro encontrar valores menores que 5m. É uma
unidade que ocorre em depressões do terreno ou nas porções inferiores das encostas, formando-se a partir
de diferentes tipos fito lógicos. ·
11. Argilosos- É uma unidade que se apresenta em pacotes espessos, podendo atingir espessura de até 20m,
sendo encontrada em encostas. estando sempre associada a litologias finas ou a magmatitos básicos.
12. Arenosos- Constitue unidade que se apresenta em pacotes espessos, recobrindo praticamente todos os tipos
litológicos encontrados na região; às vezes. os finos podem chegar a quase 50% em sua composição textura!.

CONCLUSÃO
De acordo com a metodologia que norteou os trabalhos foi produzido um mapa síntese das unidades geotécnicas.
na escala 1:200.000, que permite uma visão abrangente das características geotécnicas da área investigada.
137

Cabe ressaltar que os materiais inconsolidados, quer de natureza residual quer retrabalhados, cobrem toda a área
mapeada, com diferentes espessuras e são de primordial importância em termos de caracterlsticas geotécnicas
de interesse para o planejamento do uso e ocupação do solo.

REFERêNCIAS
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA 1980 Mapa topográfico. Folha de Campinas
(SF-23-Y·A). 2a. ed. Sao Paulo, IBGE. Escala 1 :2~0.000.
NOGAMI, J.S. e VILLIBOR, D.F. 1985 Additional considerations about a new classification for tropical soils. In:
INTERN. CONF. ON GEOMECHANICS IN TROPICAL LATERITIC ANO SAPROLITIC SOILS, 1, Brasma.
Proceedings, Sao Paulo, ABMS, v. 1, p. 165-174.
ZUQUETTE, L.V. 1987 Análise critica de cartografia geotécnica e proposta metodológica para as condições
brasileiras. São Carlos, 3 v. Tese (Doutorado) EESC-USP.
ZUOUETTE, LV. e GANDOLFI, N. 1990 Mapeamento Geotécnico: uma proposta metodológica. Geociências 9:
55-66.
PONÇANO, W,L. et alii Mapa geomorfológico do Estado de São Paulo, São Paulo, IPT, 2v. (Publicação IPT, 1183.
Monografias 5)
138

Fig. - MAPA siNTESE DAS UNIDADES GEOTÉCNICAS

i,..EGENDA

Unidades Residuoi:~~ Unidade:~~ Retrobolnodos


1 CRISTALINOS I granitos, gnoisses 10- MISTOS
2 HIOROMÓRFICOS 11 - ARGILOSOS
3 Fm. CORUMBATAI 12 - ARENOSOS
Fm. SERRA GERAL
"
5 Fm. BOTUCATU I Fm. PIRAMBÓIA
6
.,_ Fm. MAR(LIA
Fm . ITARARÉ I textura fino 1
N.G.

~
' t o 7 ~ 6
LiiiJ::S=tz::tõ;;;;J
& Fm. ITARARÉ I textura arenoso l E~CAL.A GQÃF"ICA
9 Fm. IRATI I Fm. TATUI
139

Fio. 2 - MAPA ~iNTESE DAS UNIDADES GEOTÉCNICAS

LEGENDA

Unidades Residuais Unidades Retrobolhodos

1
2 -
- CRISTALINOS
HIOROMÓRFICOS
I granitos, onoi.sse.s I 10-
11 -
MIST~

ARGILOSOS
3 - Fm. CORUMBATAI 12 - ARENOSOS

"-
5 -
Fm. SERRA GERAL
Fm. BDTUCATU I Fm. Pt RAMBÓIA
6 Fm. MARt'LtA N.G.
7- Fm. ITARARÉ I textura fino I

~
2 ' o l ~ ......

& Fm. ITARARÉ I textura arenoso l ~~


f.''\C"t..A 6MÃF'IC•
9 - Fm. IRA TI I Fm. TATU!
140

Fig. 3 - MAPA .SÍNTESE DAS UNIDADES GEOTÉCNICA.S

LEGENDA

Unidades Residuais Unidades Retroba lhadas


CRI-sTALINO~ I granitos, gnoisses I 10- MISTOS
2 - HIDROMÓRF ICO.S 11 - ARGILOSOS
3 - Fm. CORUMBATAI 12 - ARENO.SOS
4 - Fm. ~RRA GERAL
5 Fm. SOTUCATU J Fm. PIRAMBÓIA
6
.,_-
Fm.
Fm.
MARÍLIA
ITARARÉ I textura fina I w; uklft
N.G.

8- Fm
9- Fm.
ITARARÉ I textura arenosa I
IRATI I Fm. TATUI
E.:S.CAL.A -ÃFICA @
141

Fig. 4 - MAPA ~INTESE DAS UNIDADES GEOTÉCNICA~

LEGENDA

Unidode3 Residuais Unidades Retrabolhodo~

1 - CRISTALINOS I granito~ gnai~~e.s I 10- MISTOS


2 - HIOROMÓRFICOS 11 - ARGILOSOS
3 - Fm. CORUMBATAI 12 - ARENOSOS
' Fm. SERRA GERAL
5 - Fm. BOTUCATU I Fm. PIRAMBÓIA
6 - Fm. MARÍLIA N.G.
7 - Fm. ITARARÉ I textura fino I
8- Fm. ITARARÉ I textura arenoso I
9- Fm. IRATI I Fm. TATUI
@
142

Anlenor Braga Paraguassú lt I


Sergio Antonio Rohm 121
(f) Dspattamsnto de Gootecnis, Escola de Engenharia de São Carlos- USP, Sáo Carlos. SP
(2) Dsparlamento de Engenharia Civil. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa. MG
Financiado pelo Conselho NaciontJI de Pesquisa (CNPq}

ABSTRACT
A study about the mechanism o f hardened crust formation that occur in exposed surlaces
o f man-made slopes in cenozoic sediments atthe central region oi lhe State o f Sé'lo Paulo
is presented. A cut was made in those sediments at lhe Escola de Engenharia de Sé'lo
Carlos Campus to understand some questions, namely, lhe crust evolution and the water
movement under climalic and artificial influences.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho faz parte de uma pesquisa que vem sendo realizada em taludes escavados nos sedimentos
arenosos na região central do Estado de São Paulo, que se mostram capeados por "crostas• de materiais mais
resistentes. Estas crostas auxiliam na estabilização de alguns cortes em maciços de baixa coesão, mesmo com
inclinação acentuada, pela melhora das condições da super1ície exposta frente aos processos erosivos.
A maneira como a água percola os maciços é o principal fator da cimentação superficial desses taludes
(Paraguassú. 1972 e Vilar et ai., 1986). Os processos de transferência da água no solo. associados ao gradiente
térmico e aos fenômenos de evaporação e sucção, resultam na movimentaçao· alternada da água próxima à
superfide. onde se deposita o material -solúvel transportado e ocorrem fenômenos de endurecimento. A
cimentaçao se desenvolve com relativa rapidez e está associado aos períodos chuvosos e secos com insolação
(Paraguassú e 1989).
A crosta endurecida mostra-se mais intensa na super1ície exposta à ação climática, com uma atenuação gradual
do endurecimento com a profundidade. A espessura da zona mais resistente varia de poucos milímetros a até uma
dezena de centímetros, conforme se observa em cortes executados para a abertura de rodovias na região
estudada.
Trata-se de uma pesquisa experimental de campo, em escala real, num talude situado em local de fácil acesso
para possibilitar observações continuas da evolução do fenômeno. O objetivo principal foi aumentar os conhe-
cimentos sõbre os processos de cimentação e sua aplicabilidade nas obras de estabilização de taludes.

DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS


Foi construído um talude num maciço de sedimentos cenozóicos que se assentam sobre conglomerados do Grupo
Bauru (K): conglomerados estes contendo principalmente seixos de basalto alterados. Uma linha de seixos de
quartzo e quartzitos separa essas duas litologias.
A geometria do talude em estudo é mostrada na Figura 1. A superfície de estudos propriamente dita compreende
a sua parte central que apresenta uma inclinação de 30° para.NW; é limitada superior e Inferiormente por patamares
que permitem a condução dos experimentos. No patamar superior abriu-se um furo (Ft) para a introdução de
soluções, com o fim de observar o seu movimento e seus efeitos no maciço terroso. Foram instalados tensiómetros
(T1, T2 e T3) com bulbos à profundidades de 20 em, em cotas diferentes; para determinação dos valores de sucção.
No patamar inferior foi feito um poço (P) com 15 em de diâmetro e 1Om de profundidade para o acompanhamento
das posiçOes do lençol freático e, também. para coleta de água.
Os sedimentos cenozóicos onde foi escavado o talude, apresentam massa específica dos sólidos de 2,8 gtcm3 e
fndice de vazios de 0,9, com limite de liquidez de 38% e limites de plasticidade de 24%. O coeficiente de
permeabilidade é de 5 x 1o·" cmts. A granulometria deste sedimentos. segundo a ABNT, mostra 8% de areia
média, 45% de areia fina, 19% de silte e 28% de argila. A resistência à penetração média (N) obtida com a
143

Sondagem de Simples Reconhecimento (Standard Penetration Tesf) é de 3 golpes por trinta centímetros de
penetração. Esses dados mostram que se trata de um material formado essencialmente por uma areia fina argilosa
fofa, de média permeabilidade.
Leituras In situ efetuada com uma sonda de Neutrons (501 DR - Hydroprobe moisture depth gauge) mostraram
que o teor de umidade do terreno não varia com a profundidade durante as estações do ano, apresentando valores
médios de 21 %, exceto nos SOem superficiais, onde a variaçao do teor de umidade foi considerável, da ordem de
21 ± 10% (Rõhm, 1991 ). Estes resultados foram confirmados através de determinações diretas com a coleta de
amostras a trado.
A composição química da água que percola o maciço está expressa pelos valores médios constantes da Tabela 1:

TABELA 1 • Análise qufm lca da água que percola o maciço

>.:têL"ef.d~N:tó?~~ iêdNCeNffi4ÇA'ólmQ'ti). · · · · .· eiêMÊNTo> cót4bêNTRÁCÃÕima/lf


Ca 0,03 Fe 0,05
Mg 0,02 Zn 0,03
Na 5,50 AI 0,005
K 0,25 Si02 6.20
Mn 0,01 Valor do Ph = 5,6

O MOVIMENTO DA ÁGUA NO SOLO SOB EFEITO DA TEMPERATURA


Os processos de transferência da água no solo, associados ao gradiente térmico e aos tenõmenos de evaporação
e sucçao, ocasionam os fenômenos de endurecimento das superfícies expostas dos taludes estudados.
A variação da temperatura de uma superfície plana e infinita de um solo sem vegetação, de perfil homogêneo.
com massa específica seca e teor de umidade constantes ao longo da profundidade, exposta à radiação
solar, pode ser representada pela expressao: T(Z::O,t) =T +To. sen wt, onde: T- temperatura média em torno
da qual a temperatura do solo oscila; To - amplitude máxima da oscilação da temperatura para z"" Oe para o solo
considerado; e. w- velocidade angular da Terra (Decico. 1974).
Admite-se. assim. que a trajetória aparente do sol, desde o nascer até o poente, em relaçao à superfície do terreno.
pode ser simulada ·por uma senóide.
Segundo este modelo, a onda de temperatura, ao se propagar da superfície para o interior do terreno, apresenta
uma atenuação com a profundidade e um atraso de máximos de temperatura, também, dependente da profun-
didade.
No estudo dos efeitos da temperatura no movimento da água do solo, deve-se considerar duas situações diferentes:
uma onde o movimento se dá isotermicamente e a outra onde existe um gradiente térmico estabelecido.
Nas investigações do endurecimento da camada superficial do talude em questão, o fenômeno se encaixa na
segunda situação. Durante todo o tempo a temperatura do solo varia em função do aquecimento solar (dia), ou do
resfriamento noturno. Assim, a água do solo fica sujeita a gradientes térmicos que geram variações no seu potencial
total. Conseqüentemente, a água vai buscar uma condição de equilíbrio mais conveniente, a cada situaçao
ambiental que se apresente.
Em condições não isotérmicas o movimento da água no interior de um solo não saturado pode se dar tanto no
estado líquido como no de vapor {Raudkivi & Van u·u. 1976).
Dessa forma, no estudo dos solos nao saturados, deve-se avaliar concomitantemente as equações de movimento
e de continuidade da água, como líquido e vapor, e do calor, conforme tentativas de Philip & De Vries (1957).
Sophocleous {1979), Milly {1982) e Geraminegad & Saxena {1986).
Com relação ao vapor, quando ocorre o aquecimento da superfície, sua concentração tende a aumentar gerando
uma fuga para a atmosfera e, também, um movimento para regiões mais Irias onde uma parte se condensa.
O movimento da água como líquido, em solos finos, se dá devido a variação do potencial matricial com a
temperatura, combinada com a variação da pressão do ar dissolvido e ocluso. Com o aquecimento da superfície.
o fluxo da água se dirige para o interior da massa de solo, que está mais Iria (Raudkivi & Van u·u, 1976).
Os sedimentos cenozóicos onde foi construído o talude, conforme caracterização já apresentada, se enquadram
nesta categoria de solos finos, valendo portanto as considerações feitas sobre o movimento da água na sua forma
liquida e de vapor.
144

Os dados apresentados na Tabela 2 (obtidos a partir dos tensiõmetros instalados no talude. descritos mais adiante)
mostram que durante os períodos mais quentes do dia. a sucção aumenta, diminuindo com o decréscimo de
temperatura, quando a noite se aproxima. Pela manhã, antes do nascer do sol, a sucção é a menor do período.
voltando a crescer com o aumento da temperatura; e assim sucessivamente. Quando ocorrem chuvas, a sucção
diminui. expressando variações proporcionais a quantidade de água precipitada.

TAS ELA 2- leituras dos tensiOmetros

9:00 sol -34,8 ·62,5 -58,7


29/01 14:30 sol -37,3 -71,3 -66,3
t-------+-----'1~7~:3:!:0:___+-_ _..:S~O:!..I_ ·39 8 • 75 1 ·85 2
9:00 sol -28,5 ·62,5 -65,0
30/01 14:30 sol ·25,9 ·62,5 -63,8
17:30 sol -28 5 -67 6 -64 o
9:00 sol -27.2 -70,1 -70,1
31/01 14:30 sol ·34,8 -77,6 -71,3
17:30 sol -386 ·82 7 -72 6
9:00 sol -32.3 ·52.4 -60,0
01/02 14:30 sol -28.5 -47,4 -48.7
17:30 sol ·31 o ·51 2 -499
9:00 sol -67,6 -70,1 -64.7
04/02 14:30 sol -85,2 -92,8 -70,7
17:30 sol -950 ·110 4 -87 7
9:00 sol -78,9 -85,2 -70.1
05/02 14:30 sol -87,7 ·110.4 -77,6
17:30 sol -902 ·110 4 -85 o
9:00 sol -78,9 -87,7 -65.0
06/02 14:30 sol -83,8 -110.4 -66,1
17:30 sol -85 2 -116 7 -66 3
9:00 sol -77,6 -82,7 -66.3
07/02 14:30 sol -75,1 ·88,9 -71,1
17:30 sol -81 3 ·95 2 -752
9:00 sol -57.5 -82.7 -60,0
08/02 14:30 sol -52,4 -74,7 ·61,5
17:30 sol -60 o -77 6 ·62 5

OBSERVAÇÃO DO MOVIMENTO DA ÁGUA DO SOLO INDUZIDO ARTIFICIALMENTE


Um dos fatores básicos que determina a cimentaçao natural dos taludes é o volume de água (soluçao) evaporado
na superfície. Para que o processo ocorra com maior velocidade, tem-se estudado a possibilidade de introduzir
soluções clmentantes no topo do talude. É necessário, portanto, conhecer a velocidade da frente da soluçao
introdUzida no solo em direção à face do talude. que pode ser obtida pela determinação da variação do potencial
total da água do solo.
Os componentes do potencial total da água do solo, considerando que os processos ocorram em condições nao
isotérmicas e de baixa velocidade, sao: gravitacionai. osmótico, térmico, matricial e de pressão. Como o
componente mais sensível deste potencial, que varia nas condições do estudo, é o matricial. basta fazer medidas
desta grandeza para se inferir quando a frente da soluçao atinge um determinado local.
O componente matricial considera a interação entre matriZ sólida do solo e a água. tais corno o trabalho capilar,
o trabalho contra as torças de adsorção, elétricas e outros. Assim, de uma forma geral, o potencial matricial é uma
consequência combinada dos mecanismos de capilaridade e adsorçao. dependentes do teor de umidade do solo.
A medida do potencial matricial pode ser feita de diversas maneiras, uma delas é com o uso de tensi6metros.
Trata-se de um equipamento simples, constituído de um bulbo poroso conectado a um manômetro (Figura 2).
Quando instalado no terreno a água do solo entra em contato com a água do interior do tensiômetro, através dos
145

poros do bulbo, e um novo equilíbrio de pressões se estabelece.Como o potencial matricial apresenta uma relação
com o teor de umidade do solo, pode-se determinar a chegada da frente de variação de umidade.
Para se conhecer o percurso da água que se in filtra no topo do maciço e o tempo necessário para que a frente de
umidade atinja a superfície do talude, procedeu-se da seguinte maneira: introduziu-se continuamente volumes
conhecidos de água no furo F1 e fez-se as leituras nos tensiõmetros T1, T2 e T3, que se encontram alinhados
com o referido luro.
Na primeira tentativa foram introduzidos 260 litros de água, pela manha, durante um período de três horas. Os
tensiõmetros nada registraram mesmo após cinco horas do término deste procedimento.
A segunda tentativa foi realizada nas mesmas condições, onde colocaram-se 710 litros de água num perlodo de
cinco horas. Novamente os tensi6metros mostraram-se insensíveis durante a introduça.o da água e também cinco
horas após o término do procedimento. Eles só acusaram pequenas variações na manha do dia seguinte,
mostrando que o fornecimento de soluções cime.ntantes somente por esta via é pouco eficiente. devido a grande
disseminação que ocorreu no interior do maciço. não chegando quantidades significativas à superfícies.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O mecanismo da cimentaçao em princípio é simples: as variações de temperatura e pluviOmétricas (diárias e
sazonais) promovem o movimento da água no maciço, em todo seu corpo. e principalmente na superfície exposta
ao ambiente onde se dá sua evaporação. Precipitações, principalmente da sílica, associadas a processos de
umedecimento e secagem dos materiais mais finos (óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio. caulinita e gibbsila;
componentes característicos dos sedimentos estudados). provocam o endurecimento da superfície exposta.
Por outro lado, quando se pretende investigar, com detalhes, as reações envolvidas na cimentaçao de superfícies
arenosas, a complexidade é grande necessitando-se de mais estudos de campo e de laboratório. Contudo. o fator
fundamental no mecanismo de cimentaça.o é o movimento da água no maciço que favorece os processos
físico-químicos envolvidos.
Dos sedimentos arenosos estudados, os do tipo referido nesta experiência, em princípio, sao os que mais
rapidamente tem suas superfícies cimentadas.
A época em que é feito o corte é muito importante. É preferível executá-lo após a estação chuv.osa ou entao num
período logo após a ocorrência de alguns dias de chuvas. A posição do talude em relação ao sol determina a
intensidade da evaporação o que influência diretamente na velocidade do processo de cimentação.

REFERÊNCIAS
DECICO, A. 1974. A determinação das propriedades térmicas do solo em condições de campo. S.Paulo. (Tese
de Livre Docência). ESALO/USP.
GERAMINEGAD, M. & SAXENA, S.K. 1986. A coupled lhermoelastic model for saturated-unsaturadet porous
media. Géotechnique, 36(4):539-550. ·
MILLY, P.C. 1082. Moisture and heat transpor! in hysteristic inhomogeneous porous media: a matric head-based
formulation anda numerical model. Water Resour.Res .. 18(3):489-498.
PARAGUASSÚ, A.B. 1972. Experimental silicification oi sandstone. Geol. Soe. America Buli., 83(9):2853-2858.
PARAGUASSÚ, A.B. 1989. A cimentação natural como processo de estabilização de taludes arenosos. In: SIMP.
GEOL. SUDESTE, 1, R.Janeiro, 1989. Boletim de resumos. S. Paulo, SBG. p.198 (Resumo expandido).
PHILIP, J.R. & DE VAIES, O.A. 1957. Moisture movement in porous materiais undertemperaturegradientes. Trans.
Amer. Geophys. Union, 38:222-232.
RAUDKIVI, A.J. & VAN u·u.
N. 1976. Soil moisture movement py temperatura gradient. J.Geotech. Eng.Div.ASCE.
102( 12): 1225·1244.
RÕHM. S.A. 1991. Aspectos da resistência ao cisalhamento de solos naturais parcialmente saturados da região
de São Carlos-SP. S. Carlos. (Tese de Doutoramento). EESC/USP. (Inédita).
SOPHOCLEOUS, M. 1979. Analysis of water and heat flow in unsaturated-saturated porous media. Water Resour.
Res.,15(15):1195-1206.
VILAR, O.M.; RODRIGUES, J.E.; BJORNBERG, A.J. & PARAGUASSU, A.B. 1986. The phenomenon of silicifica-
lion in slopes. In: INT. CONG. IAEG. s. Buenos Aires, 1986. Proceedings. Rotterdam, Balkema. v.3.4.
p.931-932.
146

r, • FUI::O P4RA. INU~OOUZiq $0LUCÕE5

T,, T2, T3 • TEN$1ÔMETRO$

P ' P0Cc PARA GOLETA CE ÂGUA

&E'OIMENT'O$
CENOZÓICO$ IPI
6. 30W'I

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GR\JPÓ BAURU
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1:;;;;.-~~....:.
·.:;:;-,,;;-·.~- ..!...:_ ~

Figura 1 • seçao do talude experimental construído no "campus'' da


Escola de Engenharia de Sao Carlos· USP

HANÔHIETRO DE
HIERCÜAIO

ht

_._j. ~!III!:NCIAL

CWUVtOADE
P<UIA

Figura 2- Esquema do tensiOmetro Instalado


147

SNIÕ!IIIO!IOIII2~DEWE1106EDISPOQÇÃO DEJebJOS- mDD"91


JIIIOE&JANI!IIIQ.~ 1991

AMÃIJSB'D\ ~ENl'RE DrSPOSIÇÃODEIWBIOS DE BAIXA


Jl'fRICIJUliSID E MEIO GBJLOOIOO JWCIEP'Iat

Pro(. Dr. Ülllli!o Valentim ~e· FFCLde Ribàsio Preso- UNESP


Prof. Dr. Nillon Gamdolfi- Escola de~ de São Carlos

RESUMO

Os centros urbanos reunem grande contingente populacional c d~·.


formas de ocupação, que são responsáveis pela produção de vários ti-
pos de rejeites. Estes rejeites são dispostos sempre em.contato co~ o
meio físico (direto ou indireto) e que podem contaminá-lo em funç~o
das características geológicas do local, atingindo assim a biosf~ra,
hidrosfera e atmosfera. Os rejeites podem ser classificados em comuns
(ex.: lixo urbano) e perigosos (ex.: materiais tóxicos) e qu~ cc\"el"
ser dispostos nas condiç~es mais favoráveis em termos de prot~c5o ao
meio ambiente.
Este trabalho procura relacionar as principais condições e cui-
dados, que devem ser consideradas para a disposição dos rejeites de
baixa periculosidade do tipo: baixo nível de radioatividade, rejeites
líquidos e sólidos com ions pesados. Também, são comentadas as etapas
básicas e os principais atributos dos componentes do meio físico (ma-
teriais inconsolidados, rochas, águas e geomorfologia) que devem ser
avaliados para a seleção dos locais mais adequados a disposicào dos re
feridos rejeitos. -

1. IN'l'RODUçAO

Os centros urbanos reunem grande contingente populacional, as-


sim como as mais diferentes formas de orodução e transformação J~b~ns
naturais. Este conjunto de ocupações provoca uma série de proble~asem
uma extensão territorial relativamente pequena (< 500 km 2 ) ori~ das
tentativas para os atendimentos das condições sociais, educa~ionai~,
industriais, de saúde, habitacionais e das relativas à disposi~ão dos
rejeites produzidos.
Até o momento a preocupação com a disposição dos rejeitos vem.re
cebendo pouca atenção nos palses subdesenvolvidos, como o Brasil, aõ
contrário dos desenvolvidos onde já existem especificações para a se-
leção de locais adequados para tal fim.
Os rejeites constituem a fonte de poluição mais perigosa, por
contaminarem diretamente o meio físico (rochas, materiais inconsolida
dos, águas e relevo), que é a base de sustentação da biosfera, hidros
fera e atmosfera. A contaminação resultante é cumulativa (após ini=
ciar não há condições de cessar imediatamente) e vária não só em fun-
ção da quantidade do rejeito, mas principalmente do seu tipo.
148

2. P'ON'l'ES DE POLUiçAO E CLASSIPICAcAO QUANTO AO PERIGO DA COHTANI-


NAr;AO

Na Tabela 1 é feito um ordenamento das fontes de rejeites em or


dem crescente de potencialidade de contaminação. Cabe observar que as
fontes constantes da coluna direita são muito mais perigosas do que
as da coluna esquerda.
As fontes citadas na Tabela 1 são encontradas em sua totalidade
ou parcialmente mesmo nos centros urbanos de porte médio ·'{em torno de
50.000 habitantes) e os rejeites produzidos são normalmen~e lançados
em lixões (pseudo aterros) sem quaisquer controle e seleção do local.
Da tabela, pode-se separar dois grandesgrupos de rejeites:
- os considerados contaminantes comuns, listados na coluna es-
querda; para a deposição desses rejeitas, no Brasil, não há especifi-
cações técnicas que permitam avaliar e delimitar as áreas mais propi-
cias do meio fisico; há apenas poucos trabalhos cientificos, tais co-
mo: BARROSO e PEDROTO (1984}, ZUQUETTE e GANDOLFI (1987) e algumas
orientações da CETESB 11988);
- os considerados contaminantes perigosos, que podem ser dividi
dos em pouco e altamente perigosos; estes são representados basicamen
te pelos radioativos usados em reatores, ou pelos que apresentam mais
de 370 MBq/m 3 , devendo ser dispostos em locais especiais, seleciona-
dos apõs estudos especificas em que se considerem principalmente osse
guintes aspectos:
- meia vida muito longa;
- temperatura produzida pela radiação;
- melhores barreiras artificiais;
- mudanças que podem ser provocadas nas barreiras e no meio
flsico pela radiação ou devido às alterações dos próprios rejeitas.
Qua1quer que seja o tipo de rejeito, a disposição ocorre nomeio
flsico ou·em~contato com ele; assim, a contaminação é função das ca-
racterísticas dos componentes desse meio físico. Na Tabela 2, pode-se
observar as principais formas de disposição em relação aos diversosti
pos de rejeitas.

3. REJEITOS DE BAIXA PERICULOSIDADE

Os rejeitas de baixa periculosidade são produzidos em quantida-


des variáveis em quase todas as regiões, seja nos centros urbanos ou
nas áreas rurais e estão sendo dispostos em locais inadequados, quan-
do são lançados diretamente nos sistemas de drenagem (caso dos pesti-
cidas e fertilizantes, na zona rural]. Podem ser classificados em 4
subgrupos: materiais com baixo nível de radioatividade: pesticidas e
similares; rejeitas sólidos e liquides com ions pesados e aterros sa-
nitários com materiais tóxicos.

a. MATERIAIS COM BAIXO NÍVEL DE RADIOATIVIDADE

São constituidos pelos materiais que apresentam até 370 MBq/m 3


e meia vida considerada curta. A seguir, uma lista dos radionuclídeos
mais comuns.
149

Tabela 1. Principais fontes de rejeites (modificada de BOUWER, 19781.

Rejeites do tipo 12
1 áqua servida re-
sidencial
1J
2

Exploraçao de *
3 areia
argila
15

Plasticos
5 16 e •
borrachas
Aqroindustrias
6 (mistura de fer-
tilizantes, cou-
ro, etc.)
Solidos com
Solidos de ma- 18 ions de metais *
7 deiras, papéis pesados
e têxteis
.
8
20
9 Deterqentes e
semelhantes ReJeites
21 radioati- "
vos
10
Rejeitos
22 hospitalares
Minas de me- a. Biolo-lb. Radio-
11 ~gicos 1 ativos
tais e carvão

* Contaminantes perigosos.
Tabela 2. Relação entre os tipos de rejeitas e as formas de disposição.

Fonnas IB::ine
Aterros T~ ~S/ Irriga-
T,"llY}UeS célu- a:m:ii-
rucão- c,;ões
Fossas sépti- trinchei Espa~
Barra-
Tipos de sanitá- gens La<pu;
-menta de~rCX?_ las es- es
rejeitas rios (lOS ras cao laçao peciais
e ate_E pecia.ii
(Tabela 1) ros

1 X X

2 X X

3 X

4 X X
5 X X
6 X X X

7 X

8 )( X X

9 X X X

10 X X X i-'
U1
11 X X o
12 X X X I(

13 r!1 t!l ,:) (~)


14 ,:l l:l '~'
15 X X

16 X

17 X X X X

18 X X

19 X X X
20 X X X

21 X
22 {~) (~)
153

Radionuclideo Meia vida Fonte principa~

Carbono 14 5770 anos Indústria/Institutos


Césio , 34 22 anos Reatores/Hospitais
césio 137 30 anos Reatores/Indústria
Cromo S1 278 anos Reatores
Cobalto 58 71 anos Reatores/Hospitais
Cobalto 60 53 anos Reatores/I~d~stria
Iodo 125 60 dias Indústria/Institui~õ~s
Iodo 131 811dias Reatores
Iridio 192 74dias Indústr!a!In~titulc5cs
Manganês 54 291dias Reatores
Estrôncio 90 28anos Reatores
Tritio 12,3 anos Indústria/ Inst i t :1:.ç :..!s
Zinco 65 245 nias Reatores/Indústria
b. PESTICIDAS E SIMILARES
Dentre eles, são mais comumente encontrados: a endos~lfan, ~ ~~
dosulfan, endosulfan sulfate, B.H.c. la,~. y, ô), ~ldr.i.n, D1el::lnr.,
D.D.D., D.D.T., Endrin, Endrin Aldchyde, Chordane, Heptachl;;r, Toxaphanc,
Organosfosforados.
c. REJE:I'l'OS COM tONS PESJI.OOS

Materiais que apresentam, em parte ou na totalidade, Ions ouco~


postos dos seguintes elementos: Cd, Zn, Hg, Pb, Fe, Ni, cu, Cr, arse-
niatos, baratos, Se, Sb, As, Tl.
No Brasil, estes rejeitas são dispostos junto com os rejeitosc2
muns dos centros urbanos, não havendo um sistema de seleção e contro-
le do destino final, quando produzidos por indústrias e normabEnte não
se realizam estudos específicos para a seleção do local onde são dis-
postos.
d. ATERROS SANITÂRIOS COM MATERIAIS TOXICOS

Em principio, são considerados aqueles que contiverem um oumais


dos seçuintes materiais: Óleos, cianetos, benzenos, fenóis, álcalis,
ácidos, combustíveis, restos hospitalares, plásticos, etc.

4. COtmlçOES QUE PODEM PROVOCAR A CON'l'MINAcAO


A contaminação do meio físico e conseqüentemente da biosfera,
'":<'da hidrosfera e da atmosfera podem ocorrer através de wn ou mais dos
seguintes fatores:
- contato direto entre os rejeitas e os componentes do meio fí-
sico;
- produção de gases pelos rejeitas que podem contaminar can maior
rapidez o meio fis·ico, a biosfera e a atmosfera:
- infiltração da áçua pluvial no local de disposição, pela sua
cobertura ou lateralmente:
- radiação devido a desintegração de materiais radioativos;
- problemas com a natureza e condições dos materiais que consti
tuem o local de disposição, como recalques, fendas na cobertura, al=
ta permeabilidade, etc.;
-problemas decorrentes de erros construtivos e das barreirasar
tificiais; -
- deficiencia das barreiras protetoras (naturais e artificiais}.
152

5. SELEÇÃO DOS LOCAIS DE DISPOSiçAO

Na escolha do local mais adequado para a disposição dos rejei-


tas de ba u:a P<' r-iculosidade, deve-se considerar as variações do meio
fisico d~ região, assi~ corno as relações com o meio biológico e as mu
d:wç-as antrópicas que estão ocorrendo (LANGER, 1986).
NoG paises subdesenvolvidos, não existem mapeamentos do meio fi
sico em escalas e formas q\le permitam urna análise inicial adequada pa
ra orientar a seleção ~os locais de disposição e não se fa~ern normal~
mente as investigações geotécnicas detalhadas de cada local que permi
tam a seleção final e a irnpleme~taçà~ das obras de engenharia necessã
rias e adequadas. -
Dest.a forma, propr5e-se uma sequência de etapas que visam awd.liar
a seleção do lccal, t.enn'-" corno bas(~ a Al.Jbo..:-a.ção de mapeamento geo-
::é.:nLco na es.::al.a 1/50.000.

ETAPAS PARA A SELEÇÃO

A seleção de gualqu~r local para a disposição dos rejeitas de


baixa periculosjdade deve obedecer, basJcarnente, as etapas apresenta-
das na Tabela 3.

CONDIÇÕES LIMITANTES

Qualquer área que apresentar pelo menos urna das seguintes condi
ções deve ser evitada para a disposição de rejeites perigosos em ge=
ral:
- alto potencial à erodibilidade;
- solos cornpressiveis/colapsiveis e corn baixa capacidade de su-
po~te (resistência) ;
- proximidade a equipamentos públicos (distãncia < 10 km);
- nível de ãgua superficial (< 8 rn);
-declividade maior que 20%;
- evidência de movimentos de massa ou potencial para queooorram;
zona de recarga de aqülferos;
- ser potencialmente inundiive l, mesmo que por tempo minirno e com
periodo d~ retorno longo:
- localização em zonas costeiras;
- apresentar fraturarnento intenso ou constituir zona de falha-
menta;
- rlsco de sisrnicidade;
- ser constituída por materiais com coeficiente de permeabilid~
de maior que 10-6 rn/s.

ATRIBUTOS A CONSIDERAR DO MEIO F1SICO

Para a análise, devem ser considerados os atributos do meio fí-


sico apresentados a seguir.
a) Relacionados aos materiais inconsolidados e rochosos: textu-
ra e t.ipos litológicos, mineralogia, capacidade de troca catiônica,
permeabilidade, fraturarnento (espaçamento e grau de alteração das pa-
~~des) e zona de falharnento, indice de vazios/porosidade, arranjo es-
pacial de cada tipo de material, grau de alterabilidade dos materiais
r~chosos, erodibilidade, expansibilidad•::!, colapsividade, gradiente téf.
r;tico, capacidade de suporte e espessura elo pacote de materiais incon-
solidados.
b) Relacionados a aspectos geornorfolõgicos: formas . do terreno
(hlandforms"J, forma e comprimento das encostas, declividade, movirnen
153

Tabela 3. Etapas de identificação do meio fisico.


Procedimentos de Investigação do meio fisico
Estágio enqenharia
Inventário Seleção das empre- Mapeamento geotécnico em esca
da região sas que reunem con la 1:50.000/esco~ha das áreas
dições para a rea= qu~ reunem potencial
lização do projeto
Pré-planeja- Análise das variá- Mapeamento geotécnlco das á-
mento veis que serão con reas escolhidas/definição dos
sideradas no p:rojetÕ locais mais favoráveis- 1:
10.000 ou maior

Análise dos Estudo de viabili- Definição dos diferentes mate


locais dade riais e/ou condições caracte=
risticas de cada local (no má
ximo 5 - investigação de ca=
da local
Projeto - Layout do proje- - Mapeamento dos locais sele-
construtivo to cionados, na escala 1:500 ou
- Definição dos in 1:1.000
dices de estabi= - Caracterizações e invcstig~
lidade e de segu ções "in situ"
rança exigidos - - Amostragens para análise em
laboratório (escolha dos 2 lo
cais mais adequados)
Implementa- Gerenciamento e a- - Observações "in situ" das va
ção do pro- companhamento das riações do meio flsico, com a
jeto obras definição dos pontos onde o mo
nitoramento será necessário -
- Definir um sistema de pesos
para as situações negativas,
considerando os aspectos ames
cala real -
Pré-estoca- Verificar o funcio Análise dos diferentes ~
gem namento dos equipi do local para conhecimento do
mentos de maneirã seu "backqround", através de
geral geoflsica «método eletromagné
tico), análises geoqulmicas~
etc.
Estocagem Verificar o funcio Análises rotineiras dos atri-
namento dos equipã butos, ~ropriedades e parâme-
mentos em geral - · tros pre-defin:1dc& ("background •)
Monitoramen Verificar o funcio Acompanhamento por um perlodo
to - namento dos equipã superior ao definido como de
mentes em geral - risco
154

to de terrenos.
c) Relacionados is iguas superficiais e is informações climáti-
cas: pluviosidade, intensidade pluviométrica, coeficiente de escoamen
to superficial, densidade de drenagem, erosividade, per!odos seco e
chuvoso, ~nsolação, direções predominantes dos ventos, divisores das
bacias, ~ar~cteristicas fisico-qulmicas, drenab111d&de e drenagem da
regiã.;,.
dl R~lacionados às águas subterrâneas: n!vel de água, sentidodo
fluxo, ãrQas de recarga e caracterlsticas flsico-quimicas.
el Atributos e niveis em que devem ser priorizado& para a sele-
ção dos locais. ·
o agrupamento dos atributos em favoráveis, intermediários e des
f3':orãveis constitui uma tentativa de ordenação que visa possibilitar
a escolha dos locais mais adequados. os nlveia que separam as clas-
ses de cada atributo foram definidos em função das condições mais fa-
,.o!"áveis à disposição dos rejeites e das caracteristicaa do 111eio fisi
c~ mais encontradas no Brasil, onde predomina o clima tropical e a ei
pessura do manto de alteração pode atingir 50 m ou mais (Tabela 4).-

b. DISPOSIÇAO DOS REJEITaS

us rejeites de qualquer dos subgrupos devem ser dispostos emcon


diç0es semelhantes de meio flsico, podendo ocorrer apenas variações
q~anto às barreiras artificiais. Para disposição destes rejeitas, éim
prescindlvel considerar sempre as seguintes orientações fundamentais:
- a umidade do rejeito deve ser a ainima poss!vel;
- não deve ser permitida a infiltração de água no aterro;
- a compactação dos rejeites deve ser a mais efetiva possivel;
- as barreiras artificiais devem ser as mais eficientes:
-não misturar, na mes1111a "célula•, os rejeites considerados in-
compativeis (segundo a u.s. ENVIRONMENTAL AGENCY, 1978). A seguir são
apresentadas duas propostas para disposição desses rejeitos:
Condição 1 - Rejeitas de baixo nivel de radioatividade: as bar-
reirasnaturais deve1111 aer as 1111ais efetivas e obrigatória a utilização
das artificiais. Os rejeites deste subgrupo devea se~pre ser di~tos
em aterros sanitários. Quando sólidos, recomenda-se sua disposição di
retamente em células especia.h (Figura 11 • Quando liquidas I devem ser
misturados com sólidos (por exemplo, cimento) e dispostos taabimemcé
luas especiais, evitando contato com o aeio flsico natural. -
A cobertura da cilula, como um todo, deve ser feita de bentoni-
ta misturada com fosfato ferroso e a parte :mais acima com ci~~~ento e v~
dante.
COndição 2 - Rejeites com materiais tóxicos/pesticidas e simi-
lares/rejeites sõlidos e liquidas com lons metálicos pesados: quando
os rQjeitos forem caracterizadamente sólidos (umidade< 20%), a for1111a
mais segura é a sua disposição e1111 aterros sanitários (com ou sem cél~
las especiais). Nos casos d~ materiais co1111 ~idade alta ou tipicamen-
te Liquides, deve-se buscar a disposição e1111 lagoas de tratamento ou
reall.zar uma mistura com cimento ou materiais argilosos. A mistura tem
a finalidade de reduzir a umidade, permitindo a disposição em aterros
e assim evitar q~e os liquides migrem como chorume e contamineaomeio
fÍsico e a biosfera.
A selecão dos locais para a disposição destes rejeites deve o~
decer todas as fases previstas no item S, bem como considerar todasas
condições limitantes.
Na realização das cavas para disposic;io dos rejeites, deve-sese
guir os aspectos construtivos apresentados na Figura 2. A base de to=
Tabela 4, Principaie atributos e nlveil.
Nivela de prlorlzaçio dos atributos
Atributns -------F~av_o_r_a-pv_e_lrs--~~~~~~I~n~t-e-rme~~d~i~á~r~i~o~s~-~~~--~D~e-s~fra-v_o_r~i-v-e~l-e______
Dccl:i\·i.d.2Je 1 a 10% 10 a fS% 1S'
'Ll tol~ii.1 -~------=Fbc=--::l-:-laS--.l,.....gne-as"""'--c-rie-t'""'i!ii::-ll'll-·,-rf~l.---------'.;;._..;;;;....~-- - íb$Uí i'Ulto fiaturãdâlí
cas de médio e alto <JI'Ml - Atenit.o. e~ pm:ui.-
cau baixo indice de fratu- vei~>
ramento
P.ochas sed.i.ment.arel!l lW}i~
VEDACitO SUPERFICIAL PARA PROTEÇÃO DE CIMENTO CANALETAS PARA COLETAR
EVITAR IN FIL TRAÇAO DE COM 1/EOANTE AS AGUAS SUPERFICIAIS

~~]C::~~I=
~UA SUPERFICIAL

COBERTURA -1.0 m
SOLOS ARGILOSOS - - - . - - - SOLOS ARGILOSOS
K~10-4 cm/s DECLIVIDAO€ t ti. 2 % K't0-6cm/s

BASE-FILTRO

PROFUNDIDAO€
CONDICIONADA 1\ I FILTROS DRENOS COLETORES BARREIRA 0€ BENTONITA
PROFUNDIDADE I MISTURADA COM
00 Nl'vEL D'AGUA I _ _ _ _ _ _ _ _ _ _J FOSFATO FERROSO
L--

NIVEL
D'AGUA
SOLO ARGILOSO DE
COMPORTAMENTO
LATERI'riCO

Fiqu~a 1. Esquema para célula especial.


LARGURA DEFINIDA
VEDAÇÃO EM FUNÇÃO DO VO- VEDAÇÃO VEDACÁO
LUME "A SER COLO-
CADO POR DIAISE:-
MANAIMES, ETC.

FILTROS

fDECLIVIDADE 1/ A 3 "/"

MATERIAL 00 MEIO FÍSICO


ARGILOSO COM K lQ·''l cm/s

E ,.,E MATERIAL INCONSOLIDAOO DE


1/"1 o CCMPORTAMEN TO LArE11ÍTICO •

Fig. 2 - Aspectos construtivos para disposição em cavas


158

das as cavas deve ser trabalhada •in situ•, se o material for de com
portamento later!tico, de tal maneira que tenha sua estruturação des=
truida e seja adequadamente compact&dQ a fim de que o coeficiente de
permeabilidade se torne menor que 10-7 m/s. Caso a base não seja de
material de comportamento lateritico, deverá ser substituída por mate
rial adequado e a seguir compactada obedecendo os critérios propostos
por NOGAMI e VILLIBOR (1985).

7. REFEdNCIAS BIBLIOGMFICAS

BARROSO, J.A. e PEDROTO, A.E.S. (1984}. Condicionantes do meio


físico na implantação de fossas sépticas. 49 Congresso Brasileiro de
Geologia de Engenharia, Belo Horizonte. 2: 223.
BOUWER, H. (1978). Groundwater hydrology. McGraw Hill Series.
CE7ESB. (1988). Coletâneas de normas de reslduos sólidos. São
Pau h,.

LANGER, ~t. (1986). Main activites of engineering geologists in


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Association of Engineering Geology. 34: 25.
NOGAMI, J, e VILLIBOR, D.F. (1985}. Controle tecnolÓgico dasba
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ção, Fortale3a, CE.

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plicável a rejeites sépticos. 59 Congresso Brasileiro de Geologia de
Engenharia, São Paulo. 2: 313.
159

~ CARTA DE RISCO DA REGIÃO DE RIBEIRÃO PRETO (SP) • ESCALA 1,50.000

Lázaro V. Zuquette IIJ


Osni J. Pejon ltJ
Osmar Slnelfl ltJ
Nilson Gandolfl 121
(1J Faculdade de Filosaf111, Ci6ncias ll Llltras - USP, Ribllitáo Pr~~to • SP
12} Escola dll Eng11nharia d• São Carlos • USP, Sáo Carlos • SP

ABSTRACT
This pape r presents the rfsk chart of Ribeira o Preto region, ata scale 1:50.000. That chart
registerthe units with attributes desfavorables the severa! possibilities of ocupation. Were
mapped 8 groups of attributes in the region.

INTRODUÇÃO
As diversas regiões geográficas estão sujeitas a diferentes grupos de processos geológicOs e climáticos, que
podem alterar significativamente as suas características básicas em espaços curtos de tempo. Os processos
podem ser acelerados, potencializados ou até provocados por ações antropogênicas; principalmente quando
envolvem movimentos de materiais, cortes e implementação de obras relacionadas ao desenvolvimento dos
centros urbanos ou com grande extensão. Estes, podem ocorrer com intensidades diversas, de tal maneira que
podem causar danos eco nó micos, sociais e riscos de vida. Assim certas áreas estão sujeitas as ações decorrentes
destes processos.
Segundo Cerri et alií (1990) e Garry e Decaillot (1987), as condições de riscos podem ser pontuais ou não;
decorrentes dos processos geológicos ou climáticos; naturais e/ou provocados; podendo ocasionar perdas sócio
econômicas e/ou de vidas.
Para que não ocorram as referidas perdas é necessário avaliar as características dos processos, as probabilidades
existentes para que ocorram as situações de risco e as áreas que serão atingidas.
Segundo Zuquette et alíí (1990) é possível classificar os riscos em 4 grupos em função das situações que o
provocam.
1 - relacionados a fenômenos naturais, independentes da forma de ocupação,
2 - relacionados a fenômenos naturais induzidos pela ocupação em áreas potencialmente problemáticas,
3 - decorrentes da ocupação implementada de forma inadequada em terrenos potencialmente sem problemas.
4 ·decorrentes de limitações contornáveis do meio físico, porém não detectados antes da ocupação.
A· análise dos processos envolvidos em cada grupo exige procedimentos diferentes, e a previsão de suas
ocorrências está condicionada ao nlvel de conhecimento das características do meio físico, que aumenta em
direção aos processos do grupo 4. Assim, delimitar as áreas sujeitas aos riscos exige estudos que podem variar
desde escalas semi regionais (1 :50.000) até de detalhes (1 :5.000).
As possibirldades de ocorrerem processos caracterizados como de riscos podem ser avaliados em diferentes níveis
de probabilidades de ocorrência, desde que sejam considerados todos os aspectos do meio tísico, antrópicos e
climáticos.

IMPORTÃNCIA DAS CARTAS DE RISCOS


Constituem documentos fundamentais desde que registrem e informem com a devida clareza, em função da escala,
as áreas que estão sujeitas aos diferentes tipos de proce~sos.
Dentre os documentos gráficos mais conhecidos sobr~ riscos, podem ser citadas: as cartas ZERMOS (Zonas
expostas aos riscos de movimentos do solo) elaboradas na França a mais de duas décadas, as cartas de
inundações, as cartas de potencial aos sismos (U.S.A., pafses do leste europeu), as cartas de movimentos de
terrenos (Itália) e as cartas de vulnerabilidade á poluição (U.S.A., Canadá, França).
160

No Brasil a maior parte das cartas de riscos elaboradas até o momento tratam predominantemente de movimentos
de materiais em regiões serranas (Costa Nunes et alii, 1990; Meio et alii, 1990; Cerri e Almeida, 1990), enquanto
que algumas sao gerais, como aquelas apresentadas por Carvalho (1990) e Freitas et alii (1990).
Nos últimos congressos brasileiros da Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e da Associação Brasileira
de Mecânica dos Solos foram apresentados trabalhos que tratam de situações localizadas, onde ocorreram
processos que são ciassificados como de risco, mas não existem estudos com enfoque preventivo. que é o objetivo
fundamental das cartas de riscos.
No primeiro Simpósio Latino-Americano de Risco Geológico Urbano foram apresentados trabalhos com enfoques
diversos, mas sempre relacionados aos movimentos de terrenos. Nos últimos simpósios da I.A.E.G. (lntemational
Association of Engineering Geology) sobre geologia urbana (Londres. 1987; Hong Kong, 1989 e Amsterdam. 1990)
foram apresentados trabalhos sobre condições de riscos em áreas que se caracterizam como de expansão, assim
como com enfoque regional.

CARACTERfSTICAS DA REGIÃO ESTUDADA

A região de Ribeirão Preto encontra-se em pleno desenvolvimento, seja no aspecto urbano quanto no rural, assim
como apresenta uma série de problemas que provocam perdas econômicas e em alguns casos colocam vidas em
risco. Por estes motivos elaborou-se uma carta de risco em escala 1:50.000 com o objetivo de definir preliminar-
mente as áreas com problemas.
Está localizada entre os paralelos 21' oo· e 21' 15' Se os meridianos 47" 15' e 48' oo· W (Figura 1). tendo 30%
da sua extensão territorial ocupada por centros urbanos (cidades de Ribeirão Preto, Bonfim Paulista. Sertãozinho,
Cruz das Posses e Jardinópolis). 60% pela cultura de cana de açúcar e 10% por outras formas de ocupaçao
(hortifrutigranjeiros. hotéis e chácaras de lazer). A amplitude topográfica máxima é de 240 m (490 a 730 m). a
pluviosidade anual média é da ordem de 1.400 mm, apresentando anomalias que podem atingir 700 mm em um
só mês (dezembro/1986). A geologia é constituída pelos arenitos da Formaçao Botucatu e magmatitos básicos da
Formação Serra Geral. que deram origem aos materiais inconsolidados arenosos e argilosos. respectivamente.

CARTA DE RISCO DA REGIÃO DE RIBEIRÃO PRETO (Figura 2}


Esta carta foi elaborada a partir de informações obtidas no mapeamento geotécnico realizado em escala 1:50.000,
tendo como objeti.vo delimitar as áreas que estao sujeitas a alguns problemas decorrentes de atributos limitantes.
que podem provocar danos.
Desta forma, nas regiao foram delimitadas unidades de terreno com os seguintes grupos de atributos e problemas:
1. Áreas planas - planície de inundaçao - nível de água 2m
Problemas: enchentes anuais. fundações. drenabilidade. saneamento, escavações e aterros.
2. Áreas planas - nao são bacias de inundação - nível de água 2 m -Substrato rochoso: magmatitos básicos e
arenitos.
Problemas: enchentes esporádicas, saneamento, aterros, escoamento das águas pluviais e canalizações.
3. Áreas com substrato rochoso a profundidade menor que 2m- Substrato rochoso: magmatitos básicos.
Problemas: escavações, cortes, drenabilidade e obras enterradas.
4. Áreas com declividades superiores a 15% - Substrato rochoso: magmatitos básicos.
Problemas: traçado das ruas. cortes. aterros, canalizações, interligações de obras enterradas.
5. Áreas arenosas planas- recarga de aquílero- Substrato rochoso: arenitos.
Problemas: contaminaçao da água subterrânea, erosão, fertilidade. canalizações.
6. Áreas com materiais colapsíveis- solos porosos (SPT 5) ·-Substrato rochoso: magmatitos básicos.
Problemas: fundações rasas (trincas nas construções).
7. Áreas com declividades altas ( > 15%). em pequenas faixas· Substrato rochoso: magmatitos básicos.
Problemas: ruas, cortes. canalizações. obras públicas. blocos rolados devido a retirada de cascalho.
8. Áreas planas -planícies de inundações com ocorrência de turfas.
Problemas: Todos os da classe 1 mais o perigo de ocorrência de fogo.
161

CONCLUS0ES
A maior parte da região apresenta pelo menos um tipo de limitação. assim como a ocorrência de alguns problemas
decorrentes já foram observados, tais corno: fogo em turteiras, aumento do custo das obras por serem necessârios
c:or1es em rocha, entre outros.
A grande maioria das áreas apresentam riscos enquadrados no grupo 4 (decorrentes de limitações contornáveis
do meio físico, porém não detectados antes da ocupação) de Zuquette et alii (1990), portanto podem ser evitados.
As informações que fazem parte da carta de risco podem direcionar o desenvolvimento das cidades, se utilizadas
na elaboraçao do plano diretor dos municípios.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, E.T.- 1990- O risco geológico em Belo Horizonte. In: 1 Simpósio Latino-Americano sobre Risco
Geológico Urbano. Sao Paulo. pp. 66-n.
AUGUSTO FILHO, 0.: CERRI, L.E.S.: AMENOMORI, C.J.- 1990- Riscos Geológicos: aspectos conceituais. In:
I Simpósio Latino-Americano sobre Risco Geológico Urbano. São Paulo. pp.334-341.
CERRI, L.E.S. 7 ALMEIDA. J.G.A.- 1990- Instabilidade da Serra do Mar no Estado de São Paulo: situaç6es de
risco. In: I Simpósio Latino-Americano sobre Risco Geológico Urbano. São Paulo. pp.342-351.
COSTA NUNES, A.J.: FERNANDES, C.E.M.: IUESCU, M.; CID. M.R.V.K.: ALVES. R.I.V.; SILVA, L.J.R.O.B. •
1990 - Contribuiçao ao conhecimento do risco geológico da cidade de PelrópolisiRJ. In: I Simpósio
Latino-Americano sobre Risco Geológico Urbano. São Paulo. pp. 102-114.
GARRY, G. & DECAILLOT, P. - 1987- La representationcartographique des risques naturels. In: Buii.Liaison Labo.
P. et Ch., 150/151. pp.20·28.
MELO, L. V.; MENEZES, M.F.M.: MARQUES, M.Z.L: BASTOS, E.G. • 1990 • Uma tentativa para definição das
áreas de risco nos morros da cidade do Recite. In: I Simpósio Latino-Americano sobre Risco Geológico
Urbano. São Paulo. pp. 281-292.
ZUQUETTE, L.V.; GANDOLFI. N.; PEJON. O.J.- 1990- O mapeamento geotécnico na previsão e prevenção de
riscos geológicos em áreas urbanas. In: 1Simpósio Latino-Americano sobre Risco Geológico Urbano. sao
Paulo. pp.305-315.
162

Figura 01 - Mapa de localizaçao e franja áe expansão dos centros urbanos.


163

6
21°15'L_~--~_L_L___L~~~----------~--~~~~_L~~~--~~--~~--_J47°45'
48°
Figura 02 - Carta de Risco da Região de Ribeirão Preto
Legenda

-H- limite das áreas com declividades maiores que 15%


limite das áreas constituidas por arenitos-recarga aqu{fero Botucatu
limite das diferentes áreas com limitaçÕes

- !reas planas - bacias de inundação - n!vel de água < 2 m


2- Áreas planas- não são bacias de inundaç~o- níve; de água >2m
3 - Áreas com substrato rochoso a profundidade menor que 2 m
4 - Áreas com declividades superiores a 15%
5 - Áreas arenosas planas - recarga de~qu{fero

6 - Áreas com 111Bter1a1s colaps:lveis J solos porosos (SPT < S)


7 - Áreas com declividades altas ( > 15%), em pequenas faixas
8 - Áreas planas - bacias de inundação com ocorrência de turfas
164

CARTOGRAFIA GEOTtCNlCA DA REGIAO DE CAMPINAS-SP (BRASlL) E SUA


IMPORTÂNCIA PARA O PLANEJAMENTO REGIONAL.
ENGINEERING GEOLOGICAL MAPPING lN THE CAMPINAS REGION (BRASIL)
AND THEIR IMPORTANCE FOR THE REGIONAL PLANNING.

ZUQUETTE, L.V.*
GANDOLFI, N.**

RESUMO
Neste trabalho são apresentados os resultados obtidos com
a aplicação da metodologia de cartografia geotécnica proposta
por Zuquette e Gandolfi [2) em uma área de aproximadamente 700
km 2 , compreendida entre os paralelos 22045' e 23'00ftS e os me-
ridianos 47°00' e 4701S'W em escala 1:50.000. A região apreseE
ta diversos problemas relacionados ao meio físico e à ocupação
ambiental, tais como: áreas inundaveis, solos colapsiveis, ero
são e escavabilidade. -
Como resultado da cartografia Geotécnica foram obtidas di
versas cartas interpretativas voltadas ao zoneamento da regiãÕ
em termos de erodibilidade, escavabilidade, fundações e dispo-
sição de rejeites sépticos. Estas cartas permitiram a identifi
cação de áreas que reunem condições fortemente limitantes a ocÜ
-
paçao. -

ABSTRACT
This paper presents the results obtained ~ith the appli-
cation of the methodological proposal for engineering geological
mapping [2) in the Campinas region (Brazil), ata scale of
1:50.000. The region presents several problems having relations
with the physical environmental and occupation suchas:
callapsibility, erosion, flood and excavation. The engineering
geological mapping permited the elaboration of several inter-
pretatives charts for the definition of the units interms of:
erodibility, excavation, foundation, irrigation and waste
disposal.
* FACULDADE DE FILOSOFIA,CitNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO-USP
Depto de Geologia, Física e Matemática
Av.Bandeirantes, 3900
14049 - Ribeirão Preto - SP
** ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÂO CARLOS
Av.Dr.Carlos Botelho, 1465
13500 - São Carlos - SP
165

l - INTRODUÇ$.0
A região de Campinas, no centro-leste do Estado de são Pau
lo (Figura 11, é uma das áreas mais densamente povoadas do Brã
sil ( 2.100 habi tantes/km 2 ) e apresenta uma elevada taxa de cres
cimento urbano e industrial comparativamente ao restante dÕ
Pais.
A ocupação dessa região tem se dado sem qualquer planeja-
mento e desrespeitando as limitações naturais impostas pelo
meio-fisico (rochas, materiais inconsolidados e relêvo). Como
decorrência, tem surgido inúmeros e graves problemas relaciona
dos ao saneamento, i inundações, à erosão, à estabilidade de tã
ludes e à poluição de aquiferos.
Com o objetivo de relacionar criteriosamente as áreas com
problemas quanto às diversas formas de ocupação, foi elaborada
a cartografia geotécnica da região, na escala 1:50.000, atra-
vés da produção de diversos documentos básicos, onde foram re
gistradas as principais caracteristicas geotécnicas.

2 - CARACTERÍSTICAS GERAIS DA AREA


A região estudada, com uma população da ordem de 3 milhÕes
de habitantes, si tua-se na porção centro-leste do Estado de São
Paulo (região sudeste do Brasil, figura 1) e acha-se delimita-
da pelos paralelos de 22°45' e 23ooo•s e pelos meridianos de
47°00' e 4701S'W, compreendendo urna área de aproximadamente
710 krn 2 •
O clima predominante é do tipo CWa (Classificação I<õppen),
com temperatura média mensal entre 14oc e 240C e pluviosidade
média anual superior a 1.200 mm. Quanto ao relêvo, predominam
colinas e morrotes.

3 - ASPECTOS METODOLOGICOS
O mapeamento geotécnico foi realizado na escala 1:50.000,
segundo a proposta metodológicas de Zuquette e Gandolfi [ 2), que
tem como fundamento a análise de um grupo de atributos do meio
físico utilizados na elaboração das diversas cartas de aptidão
(Tabela 1).
Os atributos investigados foram agrupados em um conjunto
de documentos básicos, a saber: carta de declividade (Figura 2) ,
mapa do substrato rochoso {Figura 3), mapa dos materiais incon
solidados (Figura 4 e Tabela 2) e unidades hidrogeológicas (FI
gura 5), acompanhadas dos respectivos textos explicativos. -
A partir das informações contidas nos documentos básicos,
foram elaboradas cartas interpretativas para: fundações (Figu-
ra 6), rejeitos sépticos (Figura 7), erodibilidade (Figura B)e
irrigação e escavabilidade (Figura 9).
Finalmente, com base nesses diversos documentos, foi ela-
borada uma carta de zoneamento geral, voltada ao planejamento,
166

na qual foram relacionadas as áreas que apresentam restriçõe~


à ocupação (Figura lO).

4 - CONCLUSÕES
A maior parte da regi~o apresenta atributos que s~o limi
tantes, levando a um aumento de custo na implementação da ocÜ
pação e as vezes provocando situações de riscos. -

Devem ser evitadas as áreas com símbolos 1 e 5 (Figura 10),


face ao nivel d'água ser quase aflorante e a ocorrencia de
inundações.

Devem ser tomados cuidados com escavações nas áreas com


símbolos 3,4,7 e 10 (Figura 10) devido à pequena profundidade
do substrato Rochoso, a presença de mataçoes e minerais expa~
si vos.

As áreas com sirnbolos 6,8 e 9 (Figura 10) sao constitui-


das por materiais susceptíveis a erosão.

BIBLIOGRAFIA

1. Nogami, J. e Villibor, D. - Soil characterization of


mapping units for Highway purposes in a tropical area.
Bull. I.A.E.G., 1979, vol.l9, pp.l96-l99.

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FundaçÕes o o o o o o o X X
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F:scavabilidade o X o o o X X

Deposição de rejeitos o o o o o o X X o o o o X X X X

Estrndas o o o o o o o o X X o X o X

Obras enterradas o X o o X o o X o o X

Estabilidade de taludes o X o o o o o o o o o X o
Materiais para construção o o X X o o o
Erodibilidade o o o o X X o o o X

Irrigação o o X o o o X o o o o X

Poluição o o o o o o o X X o
Loteamento X X X o o o O• X o o o o o o o
Tabela 1 - Atributos e fatores de ocupaçao (O • Fundamentais; X • Secundários)
~
LlMITF.S DE
GRANULOMETRIA NATURAIS PROCTOR NORMAL Co C Cl.ASS 1ri CAçAO
ALTERBERG
AREIA SlLTF. ARGILA PR E' O pdnat pdmáK WoT Nat L, L L.P UNIFICADA NOGA.Ml
'\, % % (g/cm 3 ) (g/cm 3 ) (g/cm 3 ) ('\) (\) ('-) (\) VILLIIIOT 111

RES 11.lUAL DO
DIARÂSIO 28 20 52 3,000 1,0 1,522 1,625 24,0 93,6 47,0 35,0 C, L LG'
RESIDUAL DO
ARENITO FINO 70 5 25 2,64 O,RO 1,46 1,905 13,0 76,6 19,0 16,0 s.c LA'
RES llllJAIS lXJS
--
GNAISSI':S/GRA- 45 18 )7 2,585 0,840 1,405 1, 715 16,70 82,0 39,3 27,3 C,L NA
NITOS
RESIDUAIS DOS
ARGII.lTOS/Sl!! 11 52 37 2,687 0,516 1, 772 1,810 17,2 97,0 35,5 18,8 M.L NS
TI TOS
RF.SlllUAI S DOS
FINOS E OIAB~ 42 19 39 2,817 1,40 1,180 1,635 23,30 72,1 36,2 27,25 C.L
SJOS
MATERIAIS
~0"• ARG. /SILTE 49 10 41 2,644 1,07 1,277 1,638 19,7 78,0 42,2 31,4 C, L NG/LG'
;...>
50% AREJA
C'
RFSIOUAIS DOS o.
SILTITOS, AR· 25 24 51 2,733 1,185 1,300 1,600 23,30 81,2 45,8 35,7 C. L LA'
GlLITUS/FOLH~
LIIOS
ALUVII'IES
N.A <1m ASSOCIAÇÃO llF. LF.NTHS DE ARF.lA E ARGILAS COM ALTO CRAIJ DE HOHOGENElDADE

l MATERIAIS TRAN§.
POIHADOS EM 01::- 43 12 45 2, 740 1,04 1,341 1,610 23,10 83,3 45,1 32,2 C.L
PRESSÔF.S
AIS ARE-
~IATr:RJ
71 12 17 2,594 o, 775 1,461 1,905 12,50 76,7 24,4 17,9 s.c LA
NOSOS I
MATERIAIS ARE·
NOSOS 11 55 12 33 2,6)6 0,801 1,470 1,822 12,50 94,8 33,4 17,6 s.c
TARF.I.A 2 - CARACTERtSTICAS DOS MATERIAIS INCONSOLIDADOS (VALORES fi€DlOS)
ps • Mas11a ll!spcd fica dos sÓlidos; pdnat - massa espec{rtca aparente aeca natural; pdmáx -massa especifica aparente seca mÁxima;
ro • lnctlce tlr vÍI7.lon nnturnl, WoT • umt clnde íit.lmn; C.C. Nnt. - ~rnu de compnct11çÃo nnturnl; LL • Llmlte de llquldez; LP - llml te de
plnHtlddiHII'.
..,. l

C•l80il'lla65

!>
......
.,..•. ~ -----'·'·
Figura 1 • Locali&açio da ragião de Caap1nae.

Figura 2 - Carta de Declividade.


Class"s
2 - o .. 2•
10 - 2 a lO•
1 !> - lO a H\
20 - 15 • 20\
•20 > 20\
F1~ura l - MApA do Substrato Figura 4 - Mapa doa Hatariaia Inconaolid•do"
1 Grupo AQparoiPEI - granitoa/gnaiaaea I - Keaiduaia dna di~bisioA

~ ~
lUtUfMPf!_
2 - For&AçÃo Itararé 2 - K~nldUdlR do arc~1to fino
2.1 - argilltoa/ailtitou l - Rctilduais do qra~itn o
2.2 - arenitoo qnaisses C&sAda• doatnant•
2.) - ailtitoa/folhelho&/ergilitoa - Residuais dor. '~gilito& c. 2-4-•ep~~~:&t~o
2.4 - intercalaçõea úc ailtitoa/ar9ilitoa/lanitos !àiltitOIO l- re(lll~>-aÃx)
2.S - ArenltO~/ailtitns/arqilitos/lAMitoa S - Residuais dos fino& c di.! s.r.1
l - Formação serra geral IJ~I OiabÁaiou IJá.-io (1\ln-K.Õx)
6 - Materi~ir. co~ 50\ d~ Sil-
t~/arqiln P.
SO\ de areia
- Jtea1duais arqilitoa, all-
tito& c folholhos
e - Aluviõc& - N.A < 211t
9 - Y.atcriais transportados
ID~&-rcl>siol
lO - M"tcríais areno&on I -~>~
L-----~~~~~~~~.a~t~c~r~l:A~i:s~a~r~c~n~o~s~o~là~·-1~!--------------------------------~
lia ' • t o t !100 .lOCI).
F19ur4 S - Corta das unióodc~ HidrogeolÓqic~~
lú - A4uif~ro &uporflcl4l (Material arenoso que pode Figura 6 - Carta para fundaçõea - nlval ~
oUlll'Jlr tOM de e:;peo;sural 2131 - aubatrato rochoao a prof. < 2•
AkG - a!"gilito 1 - Unidade adequada
S!L- td.ltitn 1.1 - aubatrato rochoso- pcof.entre 2 e Sa
litologia AI<E - arenito
aflur•nte 1.2- SPT- 5 a lO -adequado para conatruçio até
S~D - rocha& :;edi~ntaro~ l pavi.laantoa
61&pe~2riUtA
lllA - dilsbisio l.l - SPT- 9 a 15- adequado para divoraoa tipoa
lmin-tn.ÔKI CklS- qnai•ses/qranitos
laolo•p .. de conatruc:io
!'l'A - t'K ltar .. ré 2 - Unidade raaoive1
&OtOpoGt ..
2.1 - SPT < 7
2. 2 - SPT > 7
l - Unidadea inadequada•
11

8:KALA~
''" J I 1 O tiiOOli!IOO'"
H b:! feeed
Figura 8 - carta para erodibilidade
A - Unidade adequada A - Aduquada - materiaia que apreaentaa baixo potencial
1 - Unidade totalmente inadequada de erodibilidade
1) - Te~tura ailtoargilosa R - Razoável - materiais coa algwaaa cerecteriaticas f~
Unidades 1 2 - pro!und.1.dade do aubstrato rochoao < !uo vorÁvaiw a erodibilidade.
1 - lnaduquada - ll&llteriAis que reune111 muitas caracter!!_
COlO l.i.- 1 - profundidade do aubatrato rochoso< 2m
3
ticao favorãvaia a erodibilidade.
l!Uf.aÇÓ4:1i 1 - associaçÃo de prof.aub. rochoao, tex-
4
parciah tu::a a::c;ilooa e pro f .do nível de .ÍÍ<Jua.
Is - associaçÃo de prof.do aub.rochoao e
te~tu::a arenosa.

16 - aeaociaçio de diveraos atributos limi


tantas.
I) f-

1-'
-....)
w

•• I o
r•v~~• 9 - Carta para eacavabilidade • irrigação
·rigur.a lO - Certa de lone ... nto Geral voltada ao Plane)!
Eacavebllid.ade Irrigação -nto.
1 - Unidade adeq~ade I - Unidade adequada 1 - profundidade do nlvel ele i'JU• < Za + inull4açõee anuaia
l - Unidade razoável lreee reatantea - podam 2 - aoloa colapeivaia -ao • l,S, Bll"r c S
2.1 - W.A. e/ou a~.rocho ear adequadaa aae •P~•­ l - l'roflmdidede do a~atrato rochoao c 2•
ao - l e Sm - aentaa probl . .aa de QU! • - Ocorrência do aataçõea e profundidade< Sa + eroaõea +
2.2 - declividade - O • S\ lidada da áque e/ou fe~ profundidade aub-::ochoao < 2a
l . l - N.A. e/ou e~acc.ro­ tilidado doa aat.incona. 5 - Inundaçõea eeporidicaa Caonaa de acu.ulo de iguaa)
cho&o • la. 6 - ero~io + iree da recarga + potencialidade da contaai-
Declivid.ade 10 e lS\ naçao.
l - Unidade inadequada 7 - l'~of.a~.roch. < 2• + poaelveia ainereia expenaivoa
l.l - N.A. e/ou aub.roch~ I - e~oaio + potencial para contaainaçio equlf.aup.rfi-
ao< la cial.
J . l - Declividade>U\ P! 9 - Aqulfero aup. + cont&ainação
ca qualquer profundidade lO - Prof. aub. rochoao < S..
do 11.11 ou do aub •.rocho&o

.. ,
-~
174

PROBLEMS AND RULES TO SELECT THE LANDFILL WASTE DISPOSAL SITES


BRAZIL.
PROBLtMES ET RtGLES POUR StLECTION DE SITES POUR LA STOCKAGE
DE OtCHETS DANS LE BRASIL.

ZOQUETTE, L.V.* *USP/FFCLRP/Ribeirão Preto,


GANDOLFI, N.** Brasil
**USP/EESC/Sâo Carlos, Brasil

ABSTRACT
The accentuated growing of urban centers are considerably
increasing the quantity of domestic and industrial wastes. It
is necessary, therefore, to choose new sites to be destined
to the installation of sanitary landfills.
The physical environrnent (unconsolidated materials, water,
rocks and landforrns) of tropical regions like the one that
occurs in Brazil, presents very different characteristics from
the ones that are found in the bibliographies originating from,
temperate and cold countries. A study was conducted which
proposes a group of rules that guide the procedure to choose
the most suitable sites destined to sanitary landfill installation.
A an example, this paper sents the application of the proposed
rules in the region of Campinas (State of são Paulo - Brasil) in
an area of approximately 700 km 3 and a population around 2,5
million inhabitants.
Rtsu.Mt
Le développement des villes est responsable pour la grande
quantité de déchets urbanes et industriels. Ansi, la sélection
. de nouveaux si tes pour la stocka·ge de déchets sol ides et liquides
produites dans les villes se fait nécéssaire.
L'environnement géologique (roches, sols, eaux et relief)
des régions tropicais, comme le Brasil, présente caractéristiques
différents decelles existantes dans les bibliographies provenantes
des pays avec climats froides et modé:res.
Un étude fut dévellopé avec 1' objectif de proposer un groupe
de rêgles géologiques et géotechniques pour la selection préli-
liminaire des sites plus favorables pour la stockage des déchets.
L'article présente les resultats de l'application de ce
~:·
175

groupe de r~gles dans la reg1on de Campina~ (itat de São Paulo,


Brasil) avec extension de 700 kma et 2,5 millioris d'habitants.
1. INTRODUCTION
The urbanization of Brazilian population has been happening
at an accelerated and haphazard way for the last few decades~
The population grouth together with the associated socio-
economic activities result in increasing amounts of diverse
urban wastes, many time disposed in the physical environment
unsuitable as to its. geological. and geotechnical aspects.
The resulting problems of this mode are equally diverse,
such as the contamination of aquifers whether freatic (shallow
and deep) or confined.
When one-apts for implantation of sanitary landfills, wic}l
is rather rare in Brazil, technical informations obtained from
foreign sources are usually employed wich belong to countries
lying in cold or temperature climates and having different
environmental characteristics . in terms of rock material, soils,
landform and water. The site selection is further complicated
due to lack of knowledge about the geological parameters for
the Brazilian territory.
The preparation of a geotechnical map is the best aid to
the selection of a site for waste disposal through landfill.
Some environmental attributes that mu%t be considered during
the preparation of a chart for disposal purposes, are analysed
in the following.
II. ENVIRONMENTAL ATTRIBUTES
The sanitary landfills can be constructed in ditches,
individual celh or in layered berros. Whatever the form of
construction, the risk of contarnination exists. This risk is
posed by the infiltration of leachate, by the faiture of the
landfill base layers and by the infiltration of rainfall
which increases the amount of leachate.
The leachate infiltration generally procedes in the form
of a plume which migrates in the downward direction towards
groundwater. The degree of contamination is eontrolled by the
physical characteristics and by the distance between the
pollution source and the water levei. Thus, the possibility of
contamination decreases with increase in this distance due to
176

enhanced dilution, more effective absorption of the pollutant


and a greater chance of the their degradation resulting in more
effective purification. In flat regions, the pollution front is
spread out giving rise to numerous branches.
With these considerations in mind to following attribute
of the physical environment should always be identified and
analysed during the selection process:
1. Relief
Landforms - Installation of a sanitary lar.dfills in the
vicinity of the limits of two different landforms should be
avoided as such areas represent anomolies which can significantly
alter the other atributes.
Slope - Areas with slopes of 2-5% and secondarity, with
5-10% are considered favorable. Slope of less than 2% should
be avoided as they enhance infiltration of stormwaters, make
it difficult to construct drainage systems and are conductive
to higler freatic levels of groundwater. Slopes of higher than
10% are prone to er:~sion, soil mass movements, seepage of ---
leachates o,ut of hillslopes and are less favorable to earth-
moving machinary.
2. Unconsolidated Materiais
These are the materials found between the botton rock and
the ground surface.
Thickness - The most favorable situation is one in wbich
the thickness of unconsolidated material is greater than 20m
is order to accomodate the movements of water usually found
in this layer. Smaller thickness makes it necessary to avoid
leachate infiltration throught additional works for the purpose
(Zuquette & Gandolfi, 1987).
Texture - The unconsolidate material must have least 25%
of fines.
Support - The base of the landfill should be layers of
material with SPT of more than 10 (or Borro lndex greater .
than 15). Materiais with SPT value of less than 4 should be
avoided because they are excessively compressible.
Cationic Exchange Capacity (CEC) - This index usually
reflects the characteristics of the typical minerals found in
the fines which are an important factor in the ,retention of
177

of the chemical pollutants in aerobic zone. It is adviable that


the unconsolidated materiais possess CEC value greater than lO
meg/lOOg of material (Bouwer, 1978).
pH - It is a very important factor in the precipitation of
insoluble components and also in the reactions which promete
retention and deposition of certain pollutants. In Brazil, the
unconsolidated materiais normally present pH between 4 and 6.5.
Thus efforts should be made to assess the extent to which pH of
the leachate can affect the pH of the soil e~vironment and the
extent to which it can alter its retention characteristics.
Mineralogy - The existence of small percentages (<5%) of
clay minerais of the type 2:1 and/or interstratified are very
favorable if the textura! conditions of the soil are duely
considered. This condition is not fundamental because of the
lateritic (ferraliticsoil) nature of unconsolidated materials.
It may be difficult to find materiais with such characteristic.
Permeability - This reflects to velocity of liquid flow
through the interstices o f soil being determined by granulometry,
mineralogy, material genesis and the liquid characteristics. It
is expressed as coefficient of permeability (K). Value of K
greater than 10- 2 cm/sec should be avoided because they induce
rapid movement of polluted liquids. Also soils with K less than
10-s .cm/sec should be avoided as they hinder movement and
produce saturation of the soil environment in the vicinity of
the landfill. Coefficients K between 10- 3 and 10-s cm/sec are
better indicated as they permit flow velocities conductiveto
pollutant degradation.
3. Surface Runoff - Infiltration
Areas with a certain equilibrium between surface runoff
and infiltration should be preferred avoiding those were one
of these factors strongly predominates. Further the topography
should not promete concentration of water.
4. Water Level
It is of fundamental importance to k~ow the seasonal
oscillation of water as well as the spatial grÇidient, velocity
and direction of flow. One must determine de position of the
9roundwater flow divide which alters the direction of flow.
Finally it is advisable that the landfill base should be at
178

least 15 m above the highest water leve!.


5. Rock Substrate
Any lithology that presents high coefficients of permeability
should be avoided besides the limestones, dolomites and rocks
wi th c·arbonatic cement. In the case o f low permeabili ty
lithology, there will occur a strong discontinuity between ~o
flows in the unconsolidated material and the rock which points
to the need of having water levels at least 5 m above the base
rock.
6. Compressible Layers
Materiais like peat or those with high compression indices
or with greater than 1,0 and the degree of.compaction of the
natural material in the field CPd Field I pd max xlOO) less than
80% should be avoided.
7. Cover Materials
It is recommended that sandy clay materials (±50% of each
granulometry) are emplpyed with clay minerais of all types 1:1
(caolinite;. gypsite) compacted at moisture content 1% below
the optimum.
III. INVESTIGATION REGION
The attributes considered in the last section were observed
during geotechnical mapping of Campinas region in the State of
São Paulo in southeast Brazil. This region is under intensive
developement activity. lt has a population of 2,5 million in
about 700 km2 bounded by 22°45' and 23°00' S parallels and the
meridians of 47°00 and 47°15' w. With predominant climate of
the type cwa (according to Kõppen). It is geologically consti-
tuded of gnaisses/granites, diabases, sandstones, clays, silts
and other sedimentary rocks with the predominance of fines
(Zuquette, 1987).
Waste Disposal Chart
The execution of geotechnical mappin9 pertni tted preparation
of a group of basic documents: slope chart,maps of unconsolidated
materials {figure Ol), rock substrate (figure 02) and hydro-
geologie units and a series of interpretative charts including
the waste Disposal Chart (figure 04).
179

This chart was obtained from the analysis of the attribute 8


considered to be of fundamental importance for regional zoning
and the classification of areas for waste disposal by sanitary
landfills. This study permitted classifying the areas as:
a. Adequate;
b. inadequate, due to least one strongly limiting attribute
(as for example, depth of groundwater, thickness of the rock
substrate, texture of unconsolidated material, slope);
c. inadequate, due to two or more unfavorable attributes
but not strongly limiting wit~ the possibility of correcting
through technological measures. These represent areas where the
installation of sanitary landfills would require large investiments
and should be opted for only when no other adequa te al ternatives
are available as they will always have a potential for risk.
IV. CONCLUSIONS
The identification and analysis of proposed attribute
during preparation of the sanitary landfill waste disposal
chart of Campinas region permitted to conclude that the
attributes.indicated in this study were efficient in the
demarcation of·areas adequate and inadequate for the purpose.
Further these attributes are easy to observe and catalogue. As
regards the·investigated region, it was found that there are
~ew locations which are adequate fo! the construction of

sanitary landfills. Some areas need technological interventions


befor~ their use for waste disposal.

·More than half of area of the region is unsuitable for the


purpose even if corrective measures are taken.
V. BIBLIOGRAP·HY
- BOUWER, H. - 1978 - Groundwater Hydrology. McGraw-Bill,
Kogakusha, 480 p., USA.
- ZUQUETTE, L.V. - 1987 - Análise critica da cartografia
geotécnica e proposta metodologia para condições brasileiras.
Tese de Doutoramento, São Carlos, EESC-USP, 761 p.
- ZUQUETTE, L.V. & GANDOLFI, N. - 1987 - Mapeamento geo-
técnico aplicável a rejeites sépticos. v Congresso Brasileiro
de Geologia, S.Paulo, vol.2, pp 313-322.
180

Figure 1 - Unconso1idateds Materials Map


1 - Diabases residuals
2 - Sandst:ones residuals predominant
3- Gnaisses/granites·residuais texture
2-4- tnicltness
4 - Siltstones/claystones residuals (m!n.-máx)
5 - Diabases/fines residuals .P.T index
(m!n.-mãx.)
50% - clay/silt
6 - Materials with
50% - sand
Texture
7 - claystones/siltstones/mud5tc~es residuals
A - C1ay
8 - Alluviun - water level 2M
S - Silt
9 - Transporteds Materials(depressions)
water level 2M AR - Sand

10 - Sandy Materials I R.A - Weathered


Rock
11 - Sandy Materials li
I - Impenetrable
181

Figure 2 - Rock Substrate Map


1 - Amparo Group - (PE) - Granites, Gnaisses.
2 - Itararé Formation • (P)
2.1 - claystones/ sil tston.es
2.2 - sandstones
2.3 - fines (claystones, siltstones, mudstones)
2.4 - alterations hetwcen siltstones and claystones
2.5 - sandstones, siltstones, shales, claystones
3 - Serrá Geral Formation - (JK) - Diabases
182

Figure 3- Hydrogeologic.units map


Stripe Key
10 - unconfined aquifer

~BWS~
ARG - claystones litology
SIL - siltstones Thickness (m)
ARE sandstones litology
SED - rocks sedirnentars
DIA - diabases
CRIS - gnaisses/granites
ITA - Itararé Formation
183

1(191 5 t I 0 f !O() 200(1111

Figure 4 - Waste Disposal Chart


A - Adequate
I - Inadequate (strongly)
1 1 - texture: clay/silt ·•
1 2 - depth of rock _substrate around 10m
1 3 - the landfill cannot be excavated below the surface
1 4 - association of problems as to: depth of rock
substrate, very clayey texture and the depth
of groundwatP.r.
1 5 - association of problems as to: depth of rock
substrate and sandy texture
I 6 - associat-ion of constraints related to all attributes.

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