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UTILIZAÇÃO DO SIG COMO FERRAMENTA PARA O PLANEJAMENTO

TERRITORIAL: O ESTUDO DE CASO DO MUNICÍPIO DE SONORA (MS)

Renato Neves Martins¹; Gustavo Ferreira de Souza¹;


Raony Moreira Gomes Yamashiro²& Antonio Conceição Paranhos Filho³

RESUMO: A estrutura do SIG (sistema de informação geográfico) pode ser usada como uma ferramenta
para o planejamento territorial, auxiliando na análise e manipulação de dados geográficos, além de
também poder ser usada como uma ferramenta para produzir mapas, fazer a análise espacial e construir
bancos de dados geográficos. A administração dos municípios tem necessidade de controlar este tipo de
banco de dados espacial que organiza os dados necessários recolhidos para compreender o espaço
ocupado pelo município. Para construir os SIG apresentados neste trabalho foram usados os dados
fundiários obtidos por formulários do campo. Os produtos finais permitiram o acesso a diverentes
informações, como mapas temáticos (cobertura do solo) e dados de infra-estrutura, ambos os essenciais
para o planejamento territorial.

ABSTRACT: The structure of a GIS (Geographic Information System) may be used as a tool for land
planning, helping on the analysis and manipulation of geographic data and also can be used as way to
produce maps, to make spatial analysis and to build geographic data banks. The municipalities
administration need to manage this kind of spatial data bank that organize the gathered data needed to
understand the space occupied by the municipality. To build the GIS presented in this work have been
used the data of the parcels gathered by field forms. The final product alouds the access to several
information, as thematic mapping (land cover) and infra-structural data, both essential for land planning.

Palavras Chave: Sistema de Informações Geográficas, planejamento territorial, Banco de Dados,


município de Sonora.

¹Laboratório de Geoprocessamento, Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, Centro de pós-Graduação e extensão (CPGE) Av .
Tamanderé N° 6000, Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil - gustavoferreira@ucdb.br e renatets@gmail.com
²Acadêmico do Curso de Geografia, Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, raony.shiro@gmail.com
³Prof° Dr°. Antonio Conceição Paranhos Filho. Departamento de Hidráulica e Transportes - Centro de Ciências Exatas e Tecnologia
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Caixa Postal 549 - 79070-900 - Campo Grande - Mato Grosso do Sul, Brasil.
paranhos@nin.ufms.br ou toniparanhos@gmail

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1. ITRODUÇÃO

No trabalho de planejamento territorial, do Município de Sonora, MS,


informações confiáveis tornam-se indispensáveis. Nesse sentido pode-se caracterizar o
SIG como um sistema indispensável para o fornecimento de elementos e características
próprias, que possibilitem analisar e comparar informações, a partir de dados
georreferenciados devidamente estruturados e interligados, sobre uma determinada
região, servindo para analisar, armazenar e manipular dados geográficos, podendo ser
utilizado, ainda, como meio para produção de mapas; análise espacial de fenômenos
geográficos, banco de dados espaciais e informações de cada propriedade.
Segundo Smaniotto (2000, p. 13), os dados necessários são obtidos de fontes
diversas, apresentando-se de formas diferentes (analógica e digital) e com formatos
diferentes (espacial, descritivo, tabular, georreferenciado); desta maneira, existe a
necessidade de criação de meios para conversão destes para uso no SIG. Deve ser um
sistema na medida do possível, fácil de manipular, para atingir a sua finalidade principal
no fornecimento de informações. É dessa maneira que deve-se manipular todas as
informações a serem inseridas em um SIG, utilizando-se ainda das informações
levantadas a campo para compor o banco de dados.
Segundo Smaniotto (2000, p. 1), um SIG é um conjunto organizado de
hardware, dados geográficos e pessoal, destinados a obter, armazenar, manipular,
analisar e exibir todas as informações geograficamente referenciadas utilizando recursos
de computação gráfica e processamento digital de imagens. Associando informações
geográficas a bancos de dados convencionais, é possível recuperar informações não
apenas com base em suas características alfanuméricas, mas também através de sua
localização espacial.
Em análise feita por PUEBLA (2000, p. 41), SIG seria um sistema de hardware,
software e procedimentos desenhados ou criados para realizar a captura
armazenamento, manipulação, análises, modernização e apresentação de dados
referenciados especialmente, para a resolução de problemas complexos de planificação
e gestão.
Os Sistemas de Gerenciamento de Dados Geográficos permitem manter dados
georreferenciados, fundamentais para o desenvolvimento de aplicações em várias áreas,
como o controle sobre os processos ambientais, econômicos e sociais. As informações
espaciais estão georreferenciadas, como por exemplo o local de uma área de plantação,

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e as não espaciais, que representam as informações descritivas, como o tipo de cultura
plantada nesta na área.
Para efetivação do SIG, deve-se iniciar um procedimento de pesquisa sobre os
dados que serão coletados através da obtenção de pontos com o GPS, entrevistas,
análise de conteúdos e questionários, entre outros e passados do universo real para um
modelo, usando, para isso, equipamentos e programas; esse procedimento terá como
referência a utilidade das informações para o usuário em suas tomadas de decisão.
Com relação à funcionalidades é importante destacar que o SIG, de acordo com
as considerações feitas por PUEBLA (2000, p. 44) , varia suas funcionalidades desde
formas simples, como desenhar mapas até complexas, tais como análise de rede De
forma geral, o trabalho com o SIG exige, como ferramenta de modelização, a utilização
de numerosas funcionalidades de forma seqüencial.

2. OBJETIVO

O objetivo do trabalho foi a utilização do geoprocessamento para montar um


Sistema de Informações Geográficas no Município de Sonora, como subsídio para o
planejamento territorial.
O SIG deveria conter informações da pesquisa de campo (coleta de pontos,
entrevistas, questionários, etc.), relacionando-as ao mapa do município como, subsídio
para o mapeamento das sedes das fazendas e ordenação do planejamento territorial para
o município.

3. METODOLOGIA

O Município de Sonora localiza-se na parte norte do Estado de Mato Grosso do Sul,


fazendo fronteira com o Estado de Mato Grosso, com uma economia voltada
diretamente para a agroindústria e pecuária de corte.

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Figura 1 – Localização do município de Sonora

Para viabilizar o projeto de pesquisa, foi necessário buscar fundamentação


teórica de apoio para implementação do banco de dados georreferenciado, o que serviu
para formatar e dar início à estruturação do SIG.
O levantamento de dados foi feito a partir de entrevistas feitas com proprietários
ou, muitas vezes, com funcionários das propriedades. Os questionários trazem
informações como: nome do proprietário e da propriedade, se a mesma está
georreferenciada, a localização da sede da fazenda obtida através do GPS, tamanho em
hectares, distância da estrada principal, condições das estradas, distribuição do uso do
solo conforme, nomes de rios, córregos e nascentes, que tipo de infra-estrutura e
equipamentos a propriedade possui, origem, estado civil e escolaridade do proprietário,
número de empregados e nível de escolaridade de todas as pessoas que moram nas
fazendas e por fim um pequeno levantamento de interesses futuros do proprietário em
relação ao uso da terra.
Os dados das pesquisas de campo, serviram para alimentar o banco de dados, das
propriedades da zona rural do município.

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Cumprida esta etapa, os dados foram agregados a tabela dos pontos das sedes
das fazendas coletados com o GPS, no software ArcView 3.2 (ESRI, 1998). Dessa
forma foi alimentado o plano de informação e adicionado ao banco de dados das
propriedades da zona rural do município.
Foi possível ainda elaborar um mapa das estradas de todo o município,
levantadas com o auxílio do GPS de navegação durante os trabalhos de campo. Em cada
fazenda visitada, era gasto, em média, de 10 a 20 minutos, tempo necessário para
preenchimento do formulário e a coleto do ponto com o GPS. O tempo variava de
acordo com o conhecimento da pessoa abordada, pois na maioria dos casos eram
empregados da fazenda e, muitas vezes, não sabiam repassar todas informações de
forma precisa.

4. RESULTADOS

Os dados, após serem compilados, permitem ao SIG efetuar uma série de


consultas ao BD. Por exemplo, a partir as chave de busca a localização exata da sede da
propriedade, tamanho da fazenda ou que ela produz, analisando-se ainda o uso e
ocupação do solo.
Através do levantamento imobiliário da zona rural com o GPS, foi possível ter a
localização da maior parte das propriedades e se obter um novo mapa das estradas,
muito mais detalhado que os antigos. Os mapas de estradas já estavam desatualizados e
com poucas informações, com a visita as sedes das propriedades e o uso de GPS foi
possível mapear até mesmo as estradas internas das fazendas, anotar o tipo e
conservação das estradas e saber a distância da sede da fazenda até a estrada principal.
Com isso foi possível construir um mapa vetorial utilizando o limite de
município fornecido pelo IBGE, agregando as estradas e os pontos das sedes das
fazendas levantadas com o auxílio do GPS, com todas as informações do Banco de
Dados.

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Figura 2- Localização das sedes das fazendas e levantamento das estradas.

Foi possível observar que as características do município se alteram à medida que se


desloca de um extremo a outro. Por exemplo, o solo fica mais arenoso, o tipo de
vegetação muda, do mesmo modo o uso do solo muda completamente. Dessa forma
pode-se regionalizar o município e estruturar plano de ação adequados a cada
região.Com um levantamento desse modo, com várias informações, principalmente
sobre a população e o tamanho das propriedades rurais, suas condições de sociabilidade
e trabalho, pode-se verificar as carências de algumas regiões, como estradas em má
conservação, falda de infra-estruturas básicas como escolas, a postos de saúde.
Na área da educação ficam muito claras as necessidades da população em termos de
números, localização de escolas e linhas coletoras de alunos, afetadas com a falta de
escolas próximas as sedes das fazendas.
Nesse sentido fica perceptível a necessidade da implementação de um Banco de
Dados estruturado em SIG, na implementação de projetos voltados para o planejamento
territorial.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com informações como área cultivada, tipo de cultura plantada, mecanismos para
implementação das lavouras, levantamento dos rebanhos, o município fica ciente de

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suas potencialidades na área da agropecuária, podendo então desempenhar projetos
específicos de planejamento territorial, tendo assim um aproveitamento maior de seus
investimentos nesse setor, que se destaca como um dos principais na geração de
recursos para a maioria dos municípios brasileiros.
Pode-se ainda analisar a infra-estrutura e as potencialidades de cada fazenda, dessa
forma a prefeitura pode realizar parcerias mais seguras com os proprietários em
possíveis empreendimentos locais.
E levando em consideração a conservação ambiental, é possível analisar o potencial
hídrico de cada propriedade, verificando quantos rios, córregos e nascentes se
encontram no perímetro da fazenda, ligando a análise da conservação desses
mananciais, via interpretação de imagens de satélite ligadas ao banco de dados. Esse
produto pode-se fazer a verificação de áreas de vegetação natural e desmatamentos em
todo o município. Tendo o poder público um suporte no monitoramento do ambiental
do município
Agregando todas essa informações coletadas através dos questionários e pelo GPS,
num banco de dados georreferenciado, utilizando ainda imagens CBERS-2, pode-se
elaborar um plano de desenvolvimento territorial específico para cada região do
município, evitando assim gastos desnecessários e obras sem um real proveito.
Esse tipo de levantamento permite ainda observar os inúmeros espaço que um
município pode agregar em seu território, indicando assim desigualdades estruturais,
dessa maneira pode-se direcionar projetos específicos através de regionalização do
território.

6. BIBLIOGRAFIA

ARCVIEW – Esri Inc. Arc View Version 3.2. Environmental Systems Research Institute Inc. New York.
1998. 1 Cd Rom.

PUEBLA, J. G. Sistemas de Informação Geográfica: funcionalidades, aplicações e perspectivas em Mato


Grosso do Sul. Revista Internacional de Desenvolvimento Local, Vol. 1, Nº 1, 2000.

SMANIOTTO, C. R. Modelagem de SIG para a Fiscalização e Licenciamento de Recursos Naturais: Um


Estudo de Caso para Vegetação Natural de Mato Grosso do Sul. (Dissertação de Mestrado) Presidente
Prudente: UNESP, 2000.

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