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EFÉSIOS
CRISTO E A IGREJA

Efésios 1.1-14

Os cristãos, para poderem desenvolver mais e melhor a sua missão no mundo,


precisam ter uma compreensão doutrinária mais abrangente de Cristo e da igreja.
Quando não se tem tal compreensão, o desenvolvimento espiritual e a ação
missionária da igreja ficam seriamente comprometidos.

Percebe-se, nitidamente, que alguns hoje têm apresentado em sua mensagem, um


Cristo que está muito distanciado das Escrituras Sagradas, pois fala-se muito no Jesus
Salvador, e pouco no Jesus Senhor.

Quanto à igreja, como Corpo de Cristo no mundo, o que tem sido evidenciado é muito
preocupante, tendo em vista que a sua prática cristã também tem se distanciado das
finalidades para as quais ela existe.

A epístola aos Efésios se constitui numa valiosa e indispensável orientação para se ter
essa compreensão mais abrangente da pessoa de Cristo e da igreja.

A EPÍSTOLA
Embora tenha predominado a aceitação de que a epístola tenha sido enviada
originalmente à igreja de Éfeso, há fortes indícios de que ela tenha sido escrita para
várias igrejas, em forma de circular, e não apenas para uma só.

Quando escreveu esta epístola, Paulo estava preso na cidade de Roma, e esta faz
parte das chamadas "epístolas da prisão", juntamente com as cartas aos Colossenses,
a Filemon e, provavelmente, aos Filipenses.

A leitura da carta faz perceber, com clareza, que ela está dividida em duas partes
principais:

Dos capítulos 1 a 3, Paulo descreve a sublimidade do ministério de Cristo, revelando


que todas as coisas estão centralizadas nele, pois é em Cristo que os cristãos
recebem todas as bênçãos de Deus (1.3-14).

Após descrever essa centralidade de Cristo, Paulo afirma que ora sempre para que
todos os crentes tenham um conhecimento pleno de Jesus, pois é nele que está a
salvação pela graça, sendo que esta salvação une judeus e gentios, isto é, a todos,
na formação de um só corpo (v. 2).

O apóstolo tem plena consciência de que foi vocacionado para levar o evangelho aos
gentios, a fim de que eles conhecessem a riqueza da glória de Cristo (v.3). Esta
primeira seção é, essencialmente, doutrinária.

A segunda parte, capítulos 4, 5 e 6, é prática, como afirma o Dr. Russel Shedd: "os
três primeiros capítulos falam principalmente de doutrina e de história, aquilo que Deus
já fez e está fazendo; enquanto que os capítulos 4, 5 e 6 nos desafiam a fazer alguma
coisa, em decorrência do que Deus faz e já fez" (Tão Grande Salvação, ABU Editora).

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O estudo desta epístola há de nos fazer perceber, como diz J. Sidlow Baxter, em seu
livro Examinai as Escrituras, publicado pela Edições Vida Nova que, "embora não seja,
nem de longe, a mais longa epístola de Paulo, Efésios é geralmente considerada a
mais profunda. Existe nela uma grandiosidade de concepção, além de majestade e
dignidade, riqueza e plenitude que lhe são peculiar".

1 - A IGREJA EXISTE EM FUNÇÃO DA VOCAÇÃO DE CRISTO


A primeira parte da epístola, constituída dos três capítulos iniciais, apresenta a
centralidade da pessoa de Jesus na vida da comunidade cristã, que só existe porque
foi vocacionada em Cristo. São várias as expressões utilizadas pelo apóstolo Paulo
para afirmar essa verdade fundamental.

Ele declarou que Cristo nos escolheu (1.4), predestinou-nos (1.5), redimiu-nos (1.7), e
desvendou-nos o mistério da sua graça (1.9), deu-nos vida (2.1), e fez-nos assentar
nos lugares celestiais (2.6). Essas e outras afirmações deixam muito claro que a igreja
surge, não pela vontade do homem, mas de Deus.

Em seu comentário de Efésios, o comentarista bíblico Francis Foulkes, declara que a


vocação da igreja nasce do propósito divino, e que "tal propósito não é como planos
ou projetos da história, os quais se concretizam ao sabor das circunstâncias, à medida
que passam os séculos. Esse propósito parte de um Deus pessoal que está ativo no
mundo, operando sua própria vontade e sabedoria e graça" (Rm 8.28).

Quando a igreja compreende que ela existe em função da vocação de Cristo, com
toda certeza, as suas atividades estarão voltadas para o louvor da glória de Deus,
como fica claro em 1.12. A igreja não existe para o louvor da sua própria glória, para a
sua autossatisfação, mas para a glorificação e satisfação de Cristo Jesus, pois foi Ele
quem a instituiu. "Nós o amamos, porque Ele nos amou primeiro" ( I Jo 4.19).

2 - A IGREJA EXPERIMENTA A SUA UNIDADE EM VIRTUDE DA


PRESENÇA DE CRISTO
Nos capítulos 2 a 4, Paulo trata da questão da unidade no corpo de Cristo, ao afirmar
que gentios e judeus são unidos por meio dele.

Os que vivem debaixo da lei, e os que estão sem lei, são chamados à unidade, pois há
um só Corpo, um só Espírito, uma só esperança, um só Senhor, uma só fé, um só
batismo, um só Deus e Pai de todos, que está sobre todos, age por meio de todos e
está em todos (4.4-6).

O muro da separação foi derrubado por Cristo (2.14), fazendo desaparecer todas as
diferenças que se constituem em obstáculos para que esta unidade seja estabelecida.

É importante ressaltar que essa unidade não acontece apenas na igreja local, mas
entre os cristãos espalhados pelo mundo. Não é apenas união visível, mas também
invisível, razão pela qual os cristãos precisam demonstrar essa unidade no mundo, a
despeito das diferenças doutrinárias existentes entre as denominações.

O zelo denominacional não pode abalar a unidade do Corpo de Cristo, o que muitas
vezes acontece, quando o nome da denominação está acima do reino de Deus. 0
desejo de Jesus é que essa unidade cristã seja evidenciada no mundo (Jo 17.21).

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3 - A IGREJA MANIFESTA UMA VIDA DE SANTIDADE COMO


RESULTADO DA OBRA DE CRISTO
A partir do capítulo 4.7, até ao final da epístola, Paulo apresenta a santidade como
resultado da obra de Cristo na vida da igreja.

O "andar" da igreja é um andar santo, sendo que essa santidade precisa ser, também,
buscada no dia a dia da caminhada cristã no mundo. É preciso andar em novidade de
vida (4.17-24). E novidade ou santidade se manifesta nos seguintes aspectos:

Nas palavras e atitudes (5.1-21) - O falar e o agir do cristão precisam revelar a sua
santidade e novidade de vida. Ser santo não significa ser sem pecado, mas viver em
busca de uma vida agradável a Deus. Essa vida agradável a Deus é oposto ao estilo
de vida daqueles que não foram alcançados com a obra redentora de Cristo.

Nos relacionamentos familiares (5.22-6.4) - No lar - diz Paulo -, marido, mulher e


filhos precisam desenvolver um relacionamento fundamentado no amor e no respeito
de uns para com os outros e de todos para com Deus. Uma vida familiar bem ajustada
e direcionada revela a santidade de Deus no lar.

Nos relacionamentos de trabalho (6.5-9) - Salientando que todos são iguais perante
Deus, o apóstolo revela que o tratamento entre patrões e empregados não pode ser
de opressão, nem de falsidade, pois ambos têm um Senhor no céu, e este Senhor não
faz acepção de pessoas.

Na firmeza contra o inimigo (6.10- 20) - Para resistir e vencer ataques do inimigo é
preciso que o cristão vista a armadura de Deus, que lhe possibilitará a vitória, e
revelará a sua vida de santidade. A intensificação da comunhão com Deus,
simbolizada nas peças da armadura de um soldado romano, possibilita ao membro do
Corpo de Cristo, experimentar a santificação diária, o fortalecimento espiritual, e a
necessária preparação para se permanecer firme contra tudo aquilo que é obra do
inimigo.

AUTOR: REV. SÉRGIO PEREIRA TAVERES

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