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Funções exponenciais e

logarítmicas 5
Em muitos problemas aplicados, estudamos fenômenos que apresentam um cresci-
Antes de ler o capítulo
mento ou decrescimento que não pode ser representado por uma função polinomial
A leitura desse capítulo exige o
ou racional. Problemas cuja modelagem exige o emprego de uma função exponen-
domínio de vários tópicos já vis-
tos ao longo do livro, incluindo
cial, o tema central desse capítulo, ocorrem em áreas tão distintas como a economia
potências (Seção 1.8), equações (cálculo de juros de investimentos e dívidas bancárias), a biologia (determinação da
(Seções 2.1 e 2.4), sistemas (Se- população de bactérias) e química (decaimento de material radioativo).
ção 2.5), e funções (Seções 3.5 a As funções logarítmicas, por sua vez, desempenham o papel contrário, permitindo-
3.9). nos, por exemplo, determinar o instante em que uma função exponencial atinge um
valor preestabelecido. Para compreender essa relação entre funções exponenciais e
logarítmicas, vamos iniciar o capítulo pelo estudo de funções inversas.

5.1 Função inversa

Nos capítulos anteriores, toda vez que quisemos descobrir para que valor de x uma
função f valia c, foi preciso resolver uma equação na forma f (x) = c. Nessa seção,
veremos como obter o mesmo resultado determinando a função inversa de f . Para
que fique clara para o leitor a relevância desse tema, começaremos apresentando um
exemplo.

Exemplo 1. População de uma cidade


Suponha que um geógrafo tenha tenha aproximado a população de uma certa
cidade ao longo do tempo pela função

p(t) = 12000 + 240t,

em que t é o tempo, em anos, transcorrido desde o dia 1 de Janeiro de 2010.


Imagine, agora, que o mesmo geógrafo queira determinar, aproximadamente, quando
a população dessa cidade irá atingir 13.000, 15.000 e 20.000 habitantes.
Uma alternativa para o geógrafo seria resolver cada um dos três problemas em
separado, usando equações. Por exemplo o instante em que a população atinge 13.000
habitantes é o valor de t que resolve a equação p(t) = 13000. Logo,

12000 + 240t = 13000


240t = 1000
t = 1000/240 ≈ 4,167 anos.

Como a contagem dos anos começa em 2010, concluímos que a população da cidade
chegou à marca de 13.000 habitantes em 2010 + 4, ou seja, em 2014.
450 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Para determinar o momento em que a população atingirá 15.000 habitantes, ado-


tamos estratégia semelhante, resolvendo a equação p(t) = 15000. Nesse caso,

12000 + 240t = 15000


240t = 3000
t = 3000/240 = 12,5 anos.

Logo, a população chegará a esse valor em 2022 (2010 + 12).


Finalmente, para descobrir quando a cidade terá 20.000 habitantes, devemos achar
a solução da equação p(t) = 20.000. Assim, como nos casos anteriores, temos

12000 + 240t = 20000


240t = 8000
t = 8000/240 ≈ 33,333 anos.

Portanto, a população atingira as 20.000 almas em 2043 (2010 + 33).


Observe que é muito cansativo resolver uma equação para cada tamanho da po-
pulação, mesmo trabalhando com uma função muito simples. Imagine, então, o que
aconteceria se a função p(t) fosse mais complicada.
A dificuldade em resolver esse problema reside no fato de que a função p(t) foi
definida para que calculemos o valor de p a partir de um valor dado de t. Entretanto,
queremos exatamente o inverso, ou seja, determinar t, uma vez dado o valor de p.
Nosso trabalho seria facilitado se fôssemos capazes de escrever uma nova função
t(p), que nos fornecesse diretamente o valor de t a partir de p. Mas será que é possível
encontrar tal função?
Não custa tentar. Tomando a expressão de p(t), vamos escrever uma equação
simples que relacione p e t:
p = 12000 + 240t.
Observe que não estamos mais indicando que p é função de t, pois nosso objetivo é
obter t(p). Tentemos, agora, isolar t na equação acima.

12000 + 240t = p
240t = p − 12000
p − 12000
t= .
240
Pronto! Uma vez que t foi isolada, podemos definir a função
p − 12000
t(p) =
240
e, a partir dela, calcular facilmente os instantes em que a população atinge 13.000,
15.000 e 20.000 habitantes.
13000 − 12000 1000
t(13000) = = ≈ 4,167.
240 240
15000 − 12000 3000
t(15000) = = = 12,5.
240 240
20000 − 12000 8000
t(20000) = = ≈ 33,333.
240 240
Observe que esses valores são compatíves com aqueles encontrados acima, resolvendo
as equações. Dizemos, nesse caso, que t(p) é a função inversa de p(t).

Agora, tente o Exercício 8.

A partir do exemplo acima, podemos definir um roteiro simples para a determi-


nação da inversa de uma função.
Seção 5.1. Função inversa 451

Roteiro para a obtenção da inversa de uma função


Para encontrar a inversa de uma função f definida na forma

f (x) = expressão que depende de x,

1. Troque o termo “f (x)” por y, de forma que a equação se torne

y = expressão que depende de x.

2. Resolva essa equação com relação a x, ou seja, isole x de modo a obter

x = expressão que depende de y.

3. Escreva a nova função na forma

g(y) = expressão que depende de y.

Problema 2. Inversa de uma função


Determine a função inversa de f (x) = x3 − 1.

Solução.

Substituindo o termo “f (x)” por y, obtemos a equação

y = x3 − 1.

Agora, precisamos resolver essa equação com relação a x, ou seja, obter uma equação
em que x esteja isolado:

y = x3 − 1 Equação original.

y + 1 = x3 Somando 1 a ambos os lados.

(y + 1)1/3 = (x3 )1/3 Elevando ambos os lados a 1/3.



3
y+1 =x Simplificando o resultado.

x = 3 y+1 Invertendo os termos.

Logo, a função inversa é dada por g(y) = 3
y + 1.

∎ Gráfico da função inversa



Como vimos, a inversa de f (x) = x3 − 1 é g(y) = 3 y + 1. Os gráficos dessas duas
funções são dados na Figura 5.1.
Repare que, no gráfico de f , o eixo horizontal contém os valores da variável x,
e o eixo vertical contém os valores de y = f (x). Por outro lado, no gráfico de g, o
eixo horizontal contém os valores de y, enquanto o eixo vertical contém os valores de
x = g(y). Essa inversão não é acidental. De fato,

O gráfico da inversa de f (x) pode ser obtido trocando-se as posições dos eixos
x e y, isto é, desenhando-se o eixo-x na vertical e o eixo-y na horizontal. Essa
troca é equivalente à reflexão do gráfico em torno da reta y = x.
452 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas


(a) f (x) = x3 − 1 (b) g(y) = 3
y+1

Figura 5.1: Gráficos de f (x) e de sua inversa.

A Figura 5.2 mostra o efeito da reflexão do gráfico de f (x)√= x3 − 1 em torno da


reta y = x, com a consequente obtenção do gráfico de g(x) = 3 y + 1. Repare que a
reflexão de uma reta horizontal em torno de y = x produz uma reta vertical, e vice-
versa, motivo pelo qual essa reflexão é equivalente à troca de posição entre os eixos
coordenados.

(a) Reflexão de f (x) em torno da reta y = x (b) y = f (x) e x = g(y)

Figura 5.2: Reflexão de y = f (x) em relação à reta y = x.

Essa relação entre a inversão de uma função e a troca de posição dos eixos x e y é
essencial para o estabelecimento de condições de existência da função inversa, como
veremos na próxima seção.

∎ Funções injetoras
O Exemplo 1 mostrou como encontrar a inversa de uma função afim na forma f (x) =
mx + b, com m ≠ 0. Entretanto, nem toda função possui inversa, como ocorre com
f (x) = c, em que c é uma constante real. Além disso, há muitos casos em que a
inversa só pode ser definida quando restringimos o domínio de f . Para discutirmos as
condições necessárias para que uma função tenha inversa, devemos analisar sob que
circunstâncias uma equação define uma função.
Segundo o roteiro apresentado acima, a obtenção da inversa inclui a transformação
Seção 5.1. Função inversa 453

de uma equação do tipo

y = expressão que depende de x.

em outra equação na forma

x = expressão que depende de y.

Como vimos no Capítulo 3, para que essa última equação defina uma função, é
necessário que seu gráfico no plano Cartesiano satisfaça o teste da reta vertical, o que
significa que nenhuma reta vertical pode interceptar o gráfico da equação em mais de
um ponto.
Suponha, por exemplo, que queiramos inverter a função f (x) = x2 . Nesse caso, o
procedimento padrão consiste em fazer
y = x2 Equação na forma y = f (x).

± y =x Eliminando a raiz quadrada.

x =± y Invertendo os termos.

Veja que, apesar de termos obtido uma equação na forma

x = expressão que depende de y,

ela não define uma função de y, já que, para y = 2, por exemplo, temos dois valores
distintos de x, que são √ √
√ x= 2 e x = − 2.
Figura 5.3: x = ± y não repre-
De fato, como mostra a Figura 5.3 – na qual os eixos x e y estão trocados – é fácil
senta uma função. √
encontrar uma reta vertical que cruza o gráfico da equação x = ± y em dois pontos,
o que indica que a curva não corresponde ao gráfico de uma função.
Entretanto, não é muito prático analisar se f (x) = x2 possui inversa traçando

o gráfico de x = ± y e verificando se a curva assim obtida satisfaz o teste da reta
vertical. Seria mais conveniente se pudéssemos chegar à mesma conclusão observando
diretamente o gráfico de f . Felizmente, isso não é difícil, como ficará claro a seguir.

Já vimos que a curva verde da Figura 5.3, que representa a equação x = ± y, pode
ser obtida trocando-se de lugar os eixos x e y da Figura 5.4, que mostra em vermelho
o gráfico de f (x) = x2 . Adotando o mesmo procedimento, podemos converter a reta
vertical mostrada na Figura 5.3 na reta horizontal apresentada na Figura 5.4.
Constatamos, então, que a função f não terá inversa se o seu gráfico (Figura 5.4)
puder ser cortado mais de uma vez por uma reta horizontal, pois isso fará com que a
Figura 5.4: Curva que não repre- curva resultante da troca de posição dos eixos (Figura 5.3) deixe de satisfazer o teste
senta o gráfico de uma função in- da reta vertical. Esse resultado está resumido no quadro abaixo.
versível.

Teste da reta horizontal


Uma função tem inversa em um domínio D se e somente se nenhuma reta
horizontal intercepta seu gráfico mais de uma vez.

Recorramos a um exemplo para ilustrar a utilidade desse novo teste.

Problema 3. Teste da reta horizontal


Seja dada a função f cujo gráfico é apresentado na Figura 5.5. Determine se f
tem inversa.

Solução.

Figura 5.5: Gráfico da função do Como vemos na Figura 5.6a, a função não tem inversa, pois encontramos uma reta
Problema 3. horizontal que cruza seu gráfico em mais de um ponto (três, nesse caso).
454 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

De fato, trocando de lugar os eixos x e y, obtemos a curva verde da Figura 5.6b,


que viola o teste da reta vertical. Dessa forma, a equação representada por essa curva
não corresponde a uma função, o que implica que f não tem inversa.

(a) Pontos com o mesmo valor de f (b) Gráfico com os eixos trocados

Figura 5.6: Exemplo em que a função não satisfaz o teste da reta horizontal.

Agora, tente o Exercício 4.

Uma função cujo gráfico satisfaz o teste da reta horizontal é denominada injetora.

Função injetora
Uma função f , definida em um domínio D, é injetora quando, dados quais-
quer valores reais x1 , x2 ∈ D,

se x1 ≠ x2 então f (x1 ) ≠ f (x2 ).

A função mostrada na Figura 5.7 não é injetora, pois f (x1 ) = f (x2 ), embora
x1 ≠ x2 . Note que o gráfico viola o teste da reta horizontal.

Figura 5.7: Gráfico de uma função Exemplo 4. Determinando se uma função é injetora
que não é injetora.
Uma maneira prática de determinar algebricamente se uma função é injetora con-
siste verificar se é possível invertê-la. Essa estratégia, que foi usada acima para a
função f (x) = x2 , é útil quando é fácil isolar x na equação y = f (x).
Tomemos como exemplo a função

3
f (x) = ,
5x − 2

cujo domínio é Df = {x ∈ R ∣ x ≠ 52 }. Seguindo o roteiro proposto para a inversão de


funções, podemos escrever

3
y = Equação na forma y = f (x).
5x − 2
y(5x − 2) = 3 Multiplicando os dois lados por (5x − 2).

3
5x − 2 = Dividindo os dois lados por y.
y
Seção 5.1. Função inversa 455

3
5x = +2 Somando 2 a ambos os lados.
y
3 2
x = + Dividindo os dois lados por 5.
5y 5

Como, nesse caso, para cada valor de y (salvo y = 0) temos um único valor de x,
a função possui uma inversa g, que é dada por
3 2
g(y) = + .
5y 5
O domínio de g é Dg = {y ∈ R ∣ y ≠ 0}.
Agora, tente o Exercício 1.

Exemplo 5. Determinando se uma função é injetora


A estratégia apresentada no exemplo anterior pode não ser útil quando a expressão
de f inclui vários termos que envolvem a variável x, como ocorre com

f (x) = x2 + x − 2,

cujo domínio é o conjunto de todos os números reais. Para verificar se uma função
desse tipo é injetora, devemos usar uma estratégia um pouco mais complicada.
Sabemos que f não será injetora se existirem valores x1 e x2 pertencentes ao seu
domínio, com x1 ≠ x2 , tais que f (x1 ) = f (x2 ), ou seja, se

x21 + x1 − 2 = x22 + x2 − 2

para x1 ≠ x2 . Como não podemos testar todos os valores admissíveis para x1 e x2 ,


usaremos um truque para descobrir em que casos a equação acima é satisfeita.
Suponhamos que
x2 = x1 + c,
em que c é um número real diferente de zero. Nesse caso, substituindo x2 na equação,
obtemos
x21 + x1 − 2 = (x1 + c)2 + (x1 + c) − 2.
Se a equação for válida para algum c diferente de zero, então a função não será
injetora. Vejamos se isso acontece.

x21 + x1 − 2 = (x1 + c)2 + (x1 + c) − 2 Equação original.

x21 + x1 − 2 = x21 + 2x1 c + c2 + x1 + c − 2 Expandindo o lado direito.

−2x1 c − c2 − c = 0 Passando os termos para o lado esquerdo.

c(−2x1 − c − 1) = 0 Pondo c em evidência.

Deduzimos, portanto, que a equação é válida se

c=0 ou − 2x1 − c − 1 = 0.

Naturalmente, desprezamos a solução c = 0, pois isso faz com que x1 = x2 , o que


Na verdade, se c = 0 fosse a única so- não nos interessa. Assim, restringimos a nossa análise ao caso em que −2x1 − c − 1 = 0,
lução da equação, então a função se- o que nos leva a
ria injetora, pois só teríamos f (x1 ) = −2x1 − c − 1 = 0 ⇒ c = −2x1 − 1.
f (x2 ) quando x1 = x2 .
Observando, então, que x1 pode ser qualquer número real (ou seja, qualquer ele-
mento do domínio de f ), concluímos que há infinitos valores diferentes de zero para
c que fazem com que a equação f (x1 ) = f (x2 ) seja válida. Assim, a função não é
injetora.
456 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

De fato, lembrando que x2 = x1 + c, concluímos que f (x2 ) = f (x1 ) para todo x2


dado por
x2 = x1 + (−2x1 − 1) = −x1 − 1.

Conferindo a resposta Escolhendo, por exemplo, x1 = 4, e usando a fórmula acima para obter x2 , ou seja,
tomando
f (4) = 42 + 4 − 2 x2 = −x1 − 1 = −4 − 1 = −5,
= 16 + 4 − 2 = 18, deduzimos que f (4) = f (−5), de modo que f não é injetora.
f (−5) = (−5)2 + (−5) − 2
= 25 − 5 − 2 = 18.
Exemplo 6. Determinando se uma função é injetora
Tentemos aplicar a estratégia que envolve escrever x2 = x1 + c para determinar,
mais uma vez, se a função do Exemplo 4 é injetora. Como o leitor deve se lembrar, a
função em questão era
3
f (x) = ,
5x − 2
que estava definida em Df = {x ∈ R ∣ x ≠ 52 }. Igualando, então f (x1 ) a f (x2 ), obtemos

3 3
= .
5x1 − 2 5x2 − 2

Substituindo, agora, x2 por x1 + c, escrevemos

3 3
= Equação f (x1 ) = f (x2 ).
5x1 − 2 5(x1 + c) − 2
3[5(x1 + c) − 2] = 3(5x1 − 2) Efetuando o produto cruzado.

15x1 + 15c − 6 = 15x1 − 6 Expandindo os termos.

15c = 0 Movendo os termos para o lado esquerdo.

Nesse exemplo, chegamos à conclusão de que c = 0, de modo que a única forma de


obter f (x1 ) = f (x2 ) consiste em fazer

x2 = x1 + c ⇒ x2 = x1 + 0 ⇒ x2 = x1 .

Logo, f (x) é injetora.

O Exemplo 6 ilustra uma propriedade bastante importante, que pode ser deduzida
facilmente da definição de função injetora. Essa propriedade será útil na resolução de
equações exponenciais e logarítmicas.

Propriedade das funções injetoras


Se f é uma função injetora, então

f (x1 ) = f (x2 ) se e somente se x1 = x2 .

∎ Definição de função inversa


Já vimos como obter a inversa de uma função f , e já percebemos que f deve ser inje-
tora para que possua inversa. É chegada, então, a hora de reunirmos esses conceitos
em uma definição mais formal.
Seção 5.1. Função inversa 457

Função inversa
Seja f uma função injetora em um domínio A, com conjunto imagem B. A
inversa de f , representada por f −1 , é a função com domínio B e conjunto
imagem A definida por

f −1 (y) = x se e somente se y = f (x).

Além de definir uma nova notação para a inversa, f −1 , e de estabelecer a relação


entre y = f (x) e x = f −1 (y), essa definição permite que restrinjamos a nossa análise a
um conjunto A, que não precisa ser todo o domínio da função.
Assim, escolhendo um conjunto A no qual f seja injetora, é ser possível determinar
a inversa f −1 , como mostra o exemplo a seguir.

Problema 7. Determinação da função inversa


Verifique se a função f (x) = x2 é injetora no domínio D = {x ∈ R ∣ x ≥ 0}. Em caso
afirmativo, determine a inversa de f .

Solução.

Para resolver esse problema, vamos tentar inverter f no domínio especificado. Se


tivermos sucesso, descobriremos, ao mesmo tempo, se a função é injetora e qual é a
sua inversa.
y = x2 Equação na forma y = f (x).

± y =x Eliminando a raiz quadrada.

x =± y Invertendo os termos.

x = y Desprezando os valores de x fora do domínio.

Observe que, apesar de termos obtido x = ± y, pudemos desprezar os valores
negativos de x, uma vez que, no domínio considerado, temos x ≥ 0. Sendo assim, só
há um valor de x para cada y, e a função é injetora. Além disso,

f −1 (y) = y.
A Figura 5.8 mostra os gráficos de f (x) e de sua inversa.

(a) Gráfico de f (x) no domínio (b) Gráfico de f −1 (y) no domínio


D = {x ∈ R ∣ x ≥ 0} Dinv = {y ∈ R ∣ y ≥ 0}

Figura 5.8: Gráficos de f (x) e de f −1 (y) em seus respectivos domínios.


458 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Problema 8. Determinação da função inversa


Determine a inversa da função abaixo. Defina o domínio de f e de f −1 .
2 − 5x
f (x) = .
8x − 3

Solução.

A função f só não está definida para os valores de x que fazem com que o deno-
minador seja igual a zero. Assim, temos
−3 3
3 − 8x ≠ 0 ⇒ −8x ≠ −3 ⇒ x≠ ⇒ x≠ ,
−8 8
o que nos permite concluir que o domínio da função é
3
D(f ) = {x ∣ x ≠ }.
8
Tentemos, agora, encontrar a inversa de f seguindo o roteiro estabelecido no início
dessa seção:
2 − 5x
y = Equação na forma y = f (x).
8x − 3
(8x − 3)y = 2 − 5x Multiplicando os dois lados por 8x − 3.

8xy − 3y = 2 − 5x Aplicando a propriedade distributiva.

8xy + 5x = 2 + 3y Isolando do lado esquerdo os termos com x.

x(8y + 5) = 2 + 3y Pondo x em evidência.

2 + 3y
x = Dividindo os dois lados por 8y + 5.
8y + 5
Observando essa última equação, é fácil perceber que há apenas um valor de x
para cada valor de y. Desse modo, f possui inversa, que é definida por
2 + 3y
f −1 (y) = .
8y + 5
Além disso, como o denominador dessa função não pode ser igual a zero, temos
5
8y + 5 ≠ 0 ⇒ 8y ≠ −5 ⇒ y≠− .
8
Assim, o domínio de f −1 é
5
D(f −1 ) = {y ∣ y ≠ − } .
8

Agora, tente o Exercício 2.

∎ Inversa da função inversa


No exemplo 1, vimos que a inversa de p(t) = 12000 + 240t era
p − 12000
t(p) = .
240
Tentemos, agora, determinar a inversa dessa última função, o que envolve isolar p na
equação acima:
Seção 5.1. Função inversa 459

p − 12000
t = Equação associada à função t(p).
240
240t = p − 12000 Multiplicando ambos os lados por 240.

240t + 12000 = p Somando 12000 aos dois lados.

p = 12000 + 240t Invertendo os termos.

Dessa última equação, concluímos que a inversa de t(p) é

p(t) = 12000 + 240t.

Observe que essa era a nossa função original, da qual t(p) era a inversa. Logo, a
inversa da inversa da função definida por p(t) é a própria função p. Esse resultado
está resumido no quadro a seguir.

Propriedade da função inversa


Seja f uma função injetora em um domínio A, com conjunto imagem B. Nesse
caso,
f (f −1 (y)) = y, para todo y em B;
f −1 (f (x)) = x, para todo x em A.

Esse resultado, que parece complicado, indica apenas que f −1 é a inversa de f ,


e f é a inversa de f −1 . Embora ele não pareça útil no momento, iremos utilizá-lo
bastante nesse capítulo, no qual trataremos das funções exponencial e logarítmica.
Como a função logarítmica é a inversa da função exponencial, a propriedade acima
nos diz que a função exponencial também é a inversa da função logarítmica.

Exercícios 5.1
1. Determine se as funções são injetoras. 4. Dados os gráficos abaixo, determine se as funções cor-
respondentes possuem inversa.
a) f (x) = 6 − 5x e) f (x) = x2
b) f (x) = x2 − 1 f) f (x) = x3 + x a) c)

c) f (x) = x − 4 g) f (x) = x2x+1
d) f (x) = 1 − x2 h) f (x) = x2 − 5, para x ≥ 0

2. Dadas as funções abaixo, determine a função inversa,


bem como os domínios de f e de f −1 .

a) f (x) = 3x − 2. i) f (x) = 1 + x2 , para x ≥ 0


√ √ b) d)
b) f (x) = 9 − x j) f (x) = 4 − 25x
√ √
c) f (x) = x + 1 k) f (x) = 16x − 49
√ 4x+7
d) f (x) = 3 x + 4 l) f (x) = 5x−12
e) f (x) = x12 , para x > 0 m) f (x) = 3x−4
6−2x
3−2x
f) f (x) = x−5
3
n) f (x) = x+4
5 400−25x
g) f (x) = o) f (x) =
x+1
√80−2x
h) f (x) = x+1
x−2
p) f (x) = x
3x−2
5. Uma loja de automóveis criou uma promoção, válida
3. Uma função f tem a forma f (x) = −5x + b, em que b é apenas nessa semana. Todos os carros da loja estão
uma constante real. Sabendo que f −1 (14) = −2, deter- com 10% de desconto sobre o preço de tabela do fabri-
mine o valor de b e a expressão da inversa. cante. Além disso, depois de calculado o desconto, o
460 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

cliente ainda tem uma redução de R$ 900,00 sobre o 9. A numeração dos sapatos varia de acordo com o país.
preço do carro. Para converter o número de um sapato feminino bra-
a) Escreva uma função P (x) que forneça o valor que o sileiro para a numeração americana, podemos usar a
cliente pagará pelo carro, nessa semana, em relação função a(b) = 0,733b − 19, em que b é a medida no Bra-
ao preço de tabela, x. sil.
b) Determine a função inversa de P e indique o que a) Determine a função inversa de a.
essa função representa. b) Usando a inversa, determine o número, no sistema
c) Se você tem exatamente R$ 27.000,00, determine o brasileiro, do sapato de uma senhora americana que
preço de tabela do carro mais caro que você conse- calça 6 e 21 em seu país de origem.
gue comprar à vista. c) Esboce o gráfico da inversa de a.
d) Esboce o gráfico da função inversa de P . 10. Comprei uma árvore frutífera com 1,5 m de altura. Sa-
6. Uma piscina com 10 m de comprimento, 5 m de lar- bendo que a árvore cresce 60 cm por ano,
gura e 2 m de profundidade contém apenas 10 m3 de a) Escreva uma função A(t) que forneça a altura da
água. Uma bomba com vazão de 2,5 m3 /h é usada para árvore em relação ao número de anos (t) decorridos
encher a piscina. desde sua compra.
a) Escreva a função v(h) que fornece o volume da pis- b) Determine a inversa de A(t) e indique o que essa
cina (em m3 ), em relação à altura do nível d’água inversa representa.
(em m). Lembre-se que o volume de um prisma c) Trace o gráfico da inversa.
retangular reto com dimensões x, y e z é dado por
d) Usando a inversa, determine o tempo necessário
xyz.
para que a árvore alcance 12 m.
b) Escreva a inversa da função do item acima, ou seja,
a função h(v) que fornece a altura do nível d’água 11. Dada a tabela abaixo, esboce o gráfico da inversa de
(em m) em relação ao volume de água da piscina, f(x).
v (em m3 ).
x −1 0 1 2 3 4
c) Escreva a função v(t) que fornece o volume da pis-
f (x) −1 1,5 4 6,5 9 11,5
cina em relação ao tempo, em horas, contado a
partir do momento em que a bomba é ligada.
12. Para cada função abaixo, restrinja o domínio de modo
d) Escreva a função h(t) que fornece o nível d’água da que a função seja injetora. Determine, então, a inversa
piscina em relação ao tempo. da função para o domínio escolhido.
e) Determine o instante em que a piscina estará sufi-
cientemente cheia, o que ocorrerá quando seu nível a) f (x) = (x − 2)2 b) f (x) = ∣x∣
d’água atingir 1,8 m.
7. Para converter uma temperatura dada em graus Fah- 13. Use a propriedade das funções inversas para mostrar
renheit (F ) para graus Celsius (C), usamos a fórmula que g é a inversa de f e vice-versa.
C = 59 (F − 32).
a) f (x) = 3x−1
5
e g(y) = 5y+1
3
a) Escreva uma função F (C) que converta para Fah- √
b) f (x) = 3 x e g(y) = y 3
renheit, uma temperatura C em graus Celsius.
c) f (x) = x1 e g(y) = y1
b) Trace o gráfico de C(F ) para F entre −50 e 250. No √
mesmo plano coordenado, trace o gráfico de F (C) d) f (x) = 2 − x5 e g(y) = 5 2 − y
2x−5 8y+5
para C entre −50 e 120. e) f (x) = 8−3x e g(y) = 3y+2

c) Determine em que temperatura a medida em Cel- 2
f) f (x) = xx2 +1 e g(y) = 1−y y
, com x ≥ 0 e 0 ≤ y < 1
sius e Fahrenheit é a mesma. (Dica: determine o
valor C tal que F (C) = C.) Mostre esse ponto no 14. Pelo aluguel de um determinado modelo de carro, uma
gráfico de F (C). locadora de automóveis cobra R$ 50,00 por dia, além
8. Como empregado de uma loja de roupas, você ganha de R$ 0,50 por quilômetro rodado.
R$ 50,00 por dia, além de uma comissão de cinco cen- a) Escreva a função C(x) que fornece o custo diário
tavos para cada real que consegue vender. Assim, seu do aluguel para quem pretende percorrer x km em
rendimento diário é dado pela função f (x) = 50 + 0,05x. um dia.
a) Determine a inversa de f e descreva o que a inversa b) Determine a função inversa de C. O que essa fun-
representa. ção representa?
b) Determine quantos reais você deve vender em um c) Usando a função inversa, determine quantos quilô-
único dia para receber R$ 80,00 de remuneração metros é possível rodar em um mesmo dia com
pelo trabalho desse dia. R$ 175,00 e com R$ 350,00.
Seção 5.1. Função inversa 461

15. Uma loja possui um programa de recompensa para cli- a) Determine a expressão de f (x).
entes fiéis. A cada real gasto em compras, o cliente b) Determine a inversa de f .
ganha 10 pontos do programa de fidelidade. Depois de
juntar muitos pontos, é possível trocá-los por mercado- 19. A figura abaixo mostra o gráfico de f . Sobre o mesmo
rias da própria loja. Suponha que Marta já tenha 2000 sistema de eixos Cartesianos, trace o gráfico de f −1 .
pontos.
a) Escreva uma função B(x) que forneça o número
de pontos de Marta, em relação ao valor x, que
corresponde a seu gasto na loja a partir de hoje.
b) Determine a função inversa de B(x). Indique o que
essa função representa.
c) Determine quanto Marta ainda precisa gastar na
loja para poder levar uma calça que vale 10000 pon-
tos.
16. Quando uma fábrica produz x unidades de um carrinho
metálico, o custo médio por unidade é dado pela função
c(x) = 1500+12x
x
.
a) Determine a função inversa de c e indique seu do-
mínio.
b) Usando a inversa, determine quantas unidades do 20. A figura abaixo mostra o gráfico de f . Sobre o mesmo
carrinho devem ser produzidas para que o custo por sistema de eixos Cartesianos, trace o gráfico de f −1 .
unidade seja igual a R$ 15,00.
17. Quando está a uma altura h (em km) acima do solo,
um vigia consegue
√ enxergar pessoas a uma distância de
d(h) = 112,88 h km.
a) Determine a função inversa de d e indique seu do-
mínio.
b) Usando a inversa, determine que altura deve ter a
torre de observação de um forte, para que seu vigia
enxergue pessoas a 10 km de distância.
18. A figura abaixo mostra o gráfico de y = f (x).

21. Para cada função abaixo, trace o gráfico de f e de f −1


sobre o mesmo sistema de eixos Cartesianos e defina o
domínio e o conjunto imagem de f −1

a) f (x) = x
− 1. c) f (x) = x2 .

2
b) f (x) = x + 2. d) f (x) = x3 − 2.

Respostas dos Exercícios 5.1



1. a) V c) V e) V g) F e) f −1 (y) = 1/ y D(f −1 ) = {y ∣ y ≥ 1}
b) V d) F f) V h) V D(f ) = {x ∣ x > 0} 2
j) f −1 (y) = 4−y
D(f −1 ) = {y ∣ y > 0} 25
D(f ) = {x ∣ x ≤ 25
4
}
f) f −1 (y) = 5 + 3y D(f ) = R
2. a) f −1 (y) = 2+y D(f ) = {y ∣ y ≥ 0}
−1
3
D(f −1 ) = R
D(f ) = R D(f −1 ) = R 2
g) f −1 (y) = 5−y k) f −1 (y) = 49+y
16
b) f −1 (y) = 9 − y 2 D(f ) = {x ∣ x ≥ 49
16 }
y
D(f ) = {x ∣ x ≤ 9} D(f ) = {x ∣ x ≠ −1}
D(f ) = {y ∣ y ≠ 0}
−1 D(f −1 ) = {y ∣ y ≥ 0}
D(f −1 ) = {y ∣ y ≥ 0}
h) f −1 (y) = 1+2y l) f −1 (y) = 7+12y
c) f −1 (y) = y 2 − 1 y−1
5y−4

D(f ) = {x ∣ x ≥ −1} D(f ) = {x ∣ x ≠ 2} 5 }


D(f ) = {x ∣ x ≠ 12
D(f −1 ) = {y ∣ y ≥ 0} D(f ) = {y ∣ y ≠ 1}
−1 D(f ) = {y ∣ y ≠ 45 }
−1

√ m) f −1 (y) = 4+6y
d) f −1 (y) = y 3 − 4 i) f −1 (y) = y − 1 2y+3
D(f ) = R D(f −1 ) = R D(f ) = {x ∣ x ≥ 0} D(f ) = {x ∣ x ≠ 3}
462 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

D(f −1 ) = {y ∣ y ≠ − 32 } b) A−1 (y) = 1,667y − 2,5 A inversa for-


nece o tempo necessário para que a
n) f (y) =
−1 3−4y
y+2 árvore atinja um altura y, em metros.
D(f ) = {x ∣ x ≠ −4}
D(f −1 ) = {y ∣ y ≠ −2} c)

o) f −1 (y) = 80y−400
2y−25
D(f ) = {x ∣ x ≠ 40}
D(f ) = {y ∣ y ≠ 25
−1
2 }
2y 2
p) f −1 (y) = 3y 2 −1
D(f ) = {x ∣ x ≤ 0 ou x > 2
}

3
D(f −1 ) = {y ∣ y ≥ 0 e y ≠ 3}
1

21. a) D(f −1 ) = Im(f −1 ) = R


3. b = 4, f −1
(y) = 4−y
5 d) 17,5 anos

4. a) V b) F c) V d) F 11.

5. a) P (x) = 0,9x − 900


b) P −1 (y) = y+900
0.9 . A inversa fornece o
custo original do carro que se pode
comprar, nessa semana, com y reais.
c)


12. a) D(f ) = {x ∣ x ≥ 2}; f −1 (y) = y+2
b) D(f ) = {x ∣ x ≥ 0}; f −1 (y) = y
b) D(f −1 ) = {y ∣ y ≥ 0},
13. ... Im(f −1 ) = {x ∣ x ≥ −2}
14. a) C(x) = 50 + 0,5x
b) C −1 (y) = 2y − 100. Essa função for-
d) R$ 31.000,00. nece a distância que se pode percor-
rer, por dia, com y reais.
6. a) v(h) = 50h d) h(t) = 10+2,5t
50
c) C −1 (175) = 250; C −1 (300) = 500
b) h(v) = v/50
15. a) B(x) = 2000 + 10x
c) v(t) = 10 + 2,5t e) 32 horas
b) B −1 (y) = 10
y
− 200. A função fornece
o quanto Marta deve gastar na loja
7. a) F (C) = 9
5C + 32 para conseguir y pontos do programa
b) de fidelidade.
c) B −1 (10000) = 800 reais

16. a) c−1 (y) = 1500


D(c−1 ) = {y ∣ y ≠ 12} c) D(f −1 ) = {y ∣ y ≠ 0},
y−12
Im(f −1 ) = {x ∣ x ≠ 0}
b) 500 carrinhos

17. a) d−1 (y) = 0,0000785y 2


D(d−1 ) = {y ∣ y ≥ 0}
b) 0,00785 km, ou 7,85 m

18. a) f (x) = 2 − 2x
3 b) f −1 (y) = 3− 3y
2
c) −40○ C = −40○ F
8. a) f −1 (y) = 20y − 1000. Essa função for-
nece o quanto você deve vender por 19. O gráfico de f −1 aparece em verde na figura
dia (em reais) para que seu rendi- a seguir.
mento diário seja igual a y.
b) R$ 600,00 d) D(f −1 ) = Im(f −1 ) = R
9. a) b(a) = (a + 19)/0,733
b) 35
c)

20. O gráfico de f −1 aparece em verde na figura


10. a) A(t) = 1,5 + 0,6t a seguir.
Seção 5.2. Função exponencial 463

5.2 Função exponencial

Seguindo o padrão adotado nesse capítulo, vamos iniciar a seção sobre funções expo-
nenciais apresentando um exemplo aplicado.

Exemplo 1. Dívida bancária


Suponhamos que Heloísa tenha contraído um empréstimo de R$ 1.000,00 com um
banco que cobra 6% de juros ao mês. Enquanto Heloísa não saldar sua dívida, ela irá
crescer mês a mês, conforme indicado abaixo.

Dívida após um mês (contado a partir da data do empréstimo).

6
1000 + 1000 × 100
= 1000 + 1000 × 0,06 6% de 1000 é o mesmo que 0,06 × 1000.

= 1000(1 + 0,06) Pondo 1000 em evidência.

= 1000 × 1,06 Efetuando a soma entre parênteses.

= 1060 Simplificando o resultado.

A partir da sequência de passos acima, concluímos que aumentar a dívida em 6%


é o mesmo que multiplicá-la por 1,06, de modo que, ao final de um mês, Heloísa já
devia R$ 1.060,00.

Dívida após 2, 3 e 4 meses.

Como, a cada mês, a taxa de juros incide sobre todo o valor devido, e não apenas
sobre os 1000 reais iniciais, temos

• Dívida após dois meses: 1060 × 1,06 = 1123,60.

• Dívida após três meses: 1123,60 × 1,06 = 1191,016 (≈ R$ 1.191,02).

• Dívida após quatro meses: 1191,016 × 1,06 = 1262,47696 (≈ R$ 1.262,48).

Observe que a dívida em um determinado mês é igual ao produto da divida do mês


anterior por 1,06. Escrevendo essa dívida em relação ao valor original do empréstimo
(R$ 1000,00), obtemos:

• Dívida após um mês:


1000 × 1,06
± ±
Empréstimo Juros.

• Dívida após dois meses:

1000 × 1,06 × 1,06 = 1000 × 1,062 .


´¹¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¸¹¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¶ ±
Dívida após 1 mês Juros

• Dívida após três meses:

1000 × 1,062 × 1,06 = 1000 × 1,063 .


´¹¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¸ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¶ ±
Dívida após 2 meses Juros

• Dívida após quatro meses:

1000 × 1,063 × 1,06 = 1000 × 1,064 .


´¹¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¸ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¶ ±
Dívida após 3 meses Juros
464 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Dívida após x meses.

Repare que, para calcular a dívida após 1, 2, 3 ou 4 meses, multiplicamos o valor


do empréstimo (1000) por 1,06 elevado ao número de meses. Supondo, então, que
Heloísa não salde nem mesmo parcialmente sua dívida, podemos estender o raciocínio
acima e calcular o montante devido após x meses, em que x é um número inteiro
positivo:
Dívida após x meses: 1000 × 1,06x .
De posse dessa fórmula e de uma calculadora, somos capazes de determinar a
dívida de Heloísa após 1 e 2 anos sem precisar fazer as contas mês a mês:

• Dívida após 12 meses (um ano): 1000 × 1,0612 ≈ R$ 2012,20.

• Dívida após 24 meses (dois anos): 1000 × 1,0624 ≈ R$ 4048,93.

Agora, tente o Exercício 7.

Mais precisamente, a função do O exemplo acima mostra que, em certas aplicações matemáticas, é preciso usar
Exemplo 1 tem a forma uma função na forma
f (x) = ax ,
f (x) = b ⋅ ax ,
em que a é uma constante real, e a variável x aparece no expoente.
em que b = 1000 e a = 1,06. Esse tipo
Embora tenhamos empregado 1,06x , com x inteiro, no cálculo dos juros de Heloísa,
de função será tratado à página 468.
podemos definir uma função mais geral, na qual x pode assumir qualquer valor real.

Função exponencial
A função exponencial com base a é definida por

f (x) = ax .

em que a > 0, a ≠ 1 e x é qualquer número real.

Observe que

• exigimos que a constante a fosse positiva, para garantir que√a função estivesse
definida para todo x real (lembre-se de que, por exemplo, a = a1/2 não está
definida para a negativo);

• excluímos a = 1, pois 1x = 1 para todo x real, de modo que f (x) = 1x é uma


função constante.

Uma ressalva que precisa ser feita sobre a função exponencial diz respeito às
potências com expoentes irracionais. Embora tenhamos considerado apenas expoentes
racionais ao definirmos potências no Capítulo 1, é possível estender esse conceito para
o caso em que o expoente é qualquer número real, bastando para isso que aproximemos
um expoente irracional por um número racional. √
3
Como exemplo, vamos calcular valores
√ aproximados da potência 2 usando apro-
ximações decimais diferentes para 3 ≈ 1,7320508075688772935:

21,7321 ≈ 3,32211035953 21,7320508 ≈ 3,32199706806


21,73205 ≈ 3,32199522595 21,73205081 ≈ 3,32199709108
21,732051 ≈ 3,32199752858 21,732050808 ≈ 3,32199708648
Seção 5.2. Função exponencial 465

Na lista acima, os algarismos corretos são mostrados


√ em vermelho. Note que,
quanto mais algarismos

empregamos na aproximação de 3, mais próximo chegamos
do valor real de 2 3 .

Problema 2. Cálculo da função exponencial



Para cada uma das funções abaixo, obtenha f (−1), f (0), f ( 34 ) e f ( 3).

a) f (x) = 3x b) f (x) = ( 31 )x c) f (x) = 0,3x

Solução.

Usando uma calculadora científica, é fácil obter os valores pedidos no enunciado.


As teclas usadas para calcular a função f (x) = 3x em cada ponto são dadas abaixo.

Valor Teclas da calculadora Resultado

f (−1) = 3−1 3 yx (−) 1 = 0,33333


0
f (0) = 3 3 yx 0 = 1,00000
f (3/4) = 33/4 3 yx ( 3 ÷ 4 ) = 2,27951
√ √

f ( 3) = 3 3 3 yx 3 = 6,70499

Os comandos acima não são válidos para todas as calculadoras, já que, em algumas
delas, a tecla de potência é ∧ , em lugar de yx . Além disso, para escrever −1

pode ser necessário digitar 1 +/− , e para calcular 3 pode ser necessário digitar

3 .
Verifique como usar as teclas de sua calculadora e confira se os valores que você
obteve para as funções dos itens (b) e (c) são os mesmos dados nas Tabelas 5.1a e
5.1b, respectivamente.

x f (x) Resultado x f (x) Resultado


−1 ( 13 )−1 3,00000 −1 0,3 −1
3,33333
0 ( 13 )−1 1,00000 0 0,3−1 1,00000
3 3
4
( 13 )3/4 0,43869 4
0,3 3/4
0,40536
√ √ √ √
3 ( 31 ) 3 0,14914 3 0,3 3
0,12426
(a) f (x) = ( 13 )x (b) f (x) = 0,3x

Tabela 5.1: Alguns valores de ( 13 )x e 0,3x .

Agora, tente o Exercício 1.

∎ Gráfico da função exponencial


Os gráficos das funções exponenciais possuem várias características importantes, que
variam de acordo com a base a. Funções em que a > 1 têm gráficos similares, o mesmo
acontecendo com aquelas nas quais 0 < a < 1, como mostram os exemplos abaixo.
466 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Exemplo 3. Gráfico de f (x) = ax com a > 1


Para ilustrar o comportamento da função f (x) = ax quando a > 1, vamos traçar o
gráfico de
f (x) = 2x .

Como é de praxe, nosso primeiro passo será montar uma lista de pares na forma
(x, f (x)), que nos auxiliarão no traçado do gráfico. Essa lista é mostrada na Tabela
5.2.

Tabela 5.2: Dados do problema 3.

x −3 −2 −1 0 1 2 3
1 1 1
f (x) = 2
x
8 4 2
1 2 4 8

Com base nos pontos da tabela, traçamos o gráfico de y = 2x no plano Cartesiano,


Figura 5.9: f (x) = 2x . conforme mostrado na Figura 5.9.

Exemplo 4. Gráfico de f (x) = ax com 0 < a < 1


Vejamos agora como é a aparência do gráfico de g(x) = ax quando 0 < a < 1,
usando como exemplo a função
1 x
g(x) = ( ) .
2
Os pares (x, g(x)) usados para traçar a curva y = ( 12 )x são dados na Tabela 5.3.

Tabela 5.3: Dados do problema 4.

x −3 −2 −1 0 1 2 3
g(x) = ( 21 )x 8 4 2 1 1
2
1
4
1
8

Figura 5.10: g(x) = ( 12 )x . O gráfico da função é apresentado na Figura 5.10.


Agora, tente o Exercício 6.

Observando as Figuras 5.9 e 5.10, notamos que os gráficos de f (x) = 2x e g(x) =


( 21 )x
têm uma aparência semelhante, embora pareçam espelhados. De fato, usando
nossos conhecimentos de potências, podemos escrever

1 x 1x 1
( ) = x = x = 2−x .
2 2 2
Logo,
g(x) = 2−x = f (−x).
Lembrando, então, aquilo que foi visto na Seção 3.8, que trata de transformações de
funções, concluímos que o gráfico de g(x) = f (−x) é a reflexão do gráfico de f (x) com
relação ao eixo-y.
O quadro abaixo resume as principais características do gráfico de f (x) = ax ,
destacando as semelhanças e diferenças associadas ao valor da base a.
Seção 5.2. Função exponencial 467

Gráfico de funções exponenciais


As características comuns aos gráficos de funções exponenciais na forma f (x) =
ax , com a > 0 e a ≠ 1, são:

• O gráfico é contínuo.
• O domínio é (−∞, ∞) e o conjunto imagem é (0, ∞).
• O intercepto-y é 1 e não há intercepto-x.
Além disso,

Se a > 1 Se 0 < a < 1

O gráfico é crescente. O gráfico é decrescente.


f (x) → 0 quando x → −∞. f (x) → 0 quando x → ∞.

Uma das características mais importantes da função exponencial é o fato de seu


gráfico se aproximar do eixo-x sem nunca tocá-lo. Para a > 1, a função tende a zero
quando x decresce, (ou x → −∞). Já para 0 < a < 1, a aproximação com o eixo-x se
dá à medida que x cresce (isto é, x → ∞). Nesse caso, dizemos que o eixo-x – ou seja,
a reta y = 0 – é uma assíntota horizontal do gráfico da função exponencial.

Assíntota horizontal
A reta y = b é uma assintota horizontal do gráfico da função f se

f (x) → b quando x → −∞ ou x → ∞.

Exemplo 5. Comparação entre x2 e 2x

É comum entre estudantes de matemática confundir a função exponencial f (x) =


2x – na qual a variável x aparece como o expoente – com a função potência g(x) = x2
– em que x está na base. Para realçar a diferença que há entre essas funções, a Tabela
5.4 apresenta f (x) e g(x) para diversos valores de x.
A tabela mostra que, além da grande diferença observada entre os valores de f (x)
e g(x) quando x é negativo, a função exponencial cresce mais rapidamente quando
x → ∞. Os gráficos das duas funções no intervalo [−5,5] são apresentados na Figura
5.11.
468 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Tabela 5.4: Dados do problema 4.

x −10 −5 −2 −1 0 1 2 5 10
f (x) = 2 x
0,0009765 0,03125 0,25 0,5 1 2 4 32 1024
g(x) = x2 100 25 4 1 0 1 4 25 100

∎ Transformações da função exponencial


Figura 5.11: Gráficos de f (x) = 2 x
As transformações da função exponencial seguem as linhas apresentadas na Seção 3.8.
e g(x) = x2 . Ainda assim, é interessante rever algumas dessas transformações, particularmente
aquelas podem ser apresentadas de formas alternativas.
Tomando como referência a função f (x) = 2x , cujo gráfico é dado na Figura 5.12,
vejamos qual é o comportamento da função g definida em cada caso abaixo, analisando
a utilidade de cada transformação.

1. g(x) = f (x) + a.

A soma de uma constante ao valor de f (x) provoca um deslocamento vertical do


gráfico da função. Essa transformação é particularmente importante quando se
deseja mudar a posição da assíntota horizontal. Se quisermos, por exemplo, que
a assíntota passe a ser definida pela reta y = 1, basta tomarmos g(x) = 2x + 1,
como mostra a Figura 5.13a.
2. g(x) = c ⋅ f (x).

Multiplicar a função por uma constante c é equivalente a definir g(x) = f (x +


d), em que d também é uma constante. Como exemplo, vamos usar nossos
Figura 5.12: f (x) = 2x . conhecimentos sobre potências para reescrever g(x) = 4 ⋅ 2x .

g(x) = 4 ⋅ 2x = 22 ⋅ 2x = 2x+2 .

Nesse caso particular,


g(x) = 4f (x) = f (x + 2).
Como se sabe, ao somarmos uma constante positiva a x, deslocamos o gráfico
de f (x) na horizontal. Em particular, o gráfico de g(x) = 4 ⋅ 2x pode ser obtido
deslocando-se o gráfico de f (x) duas unidades para a esquerda.
Essa transformação é útil para mudar o intercepto-y da função, sem alterar a
posição da assíntota. Como exemplo, a função g(x) = 4 ⋅ 2x cruza o eixo-y no
ponto (0,4), em lugar de fazê-lo no ponto (0,1), como se vê na Figura 5.13b.
3. g(x) = −f (x).

A troca de sinal de f (x) provoca uma reflexão de seu gráfico em torno do eixo-x.
Assim, o gráfico de g(x) = −2x , mostrado na Figura 5.13c, é uma reflexão do
gráfico de f (x) = 2x , mantendo o eixo-x como assíntota.
4. g(x) = f (−x).

Ao definirmos f (−x), refletimos o gráfico de f (x) em torno do eixo-y. Se qui-


Observe que sermos, então, traçar o gráfico de g(x) = 2−x , podemos simplesmente refletir a
curva y = 2x em torno do eixo-y, como ilustra a Figura 5.13c.
1 x
2−x = (2−1 )x = ( ) . Funções exponenciais na forma h(x) = a−x são usadas para definir modelos
2
matemáticos nos quais a função é decrescente e tende a zero quando x → ∞,
Assim, a função g(x) = 2−x pode ser como ocorre com o decaimento de isótopos radioativos. Exploraremos melhor
x
reescrita como g(x) = ( 12 ) . esse tipo de função no Problema 7 abaixo.
Seção 5.2. Função exponencial 469

(a) Gráfico de y = 2x + 1 (b) Gráfico de y = 4 ⋅ 2x

(c) Gráfico de y = −2x (d) Gráfico de y = 2−x

Figura 5.13: Algumas transformações da função exponencial f (x) = 2x .

5. g(x) = f (cx)

Multiplicar a variável x por uma constante é equivalente a promover uma mu-


dança da base da função exponencial, como mostrado abaixo.

g(x) = acx = (ac )x .

Logo, g(x) = dx , em que d = ac é uma constante real que satisfaz d > 0 e d ≠ 1.


Como exemplo, a função g(x) = 23x pode ser reescrita como

g(x) = 23x = (23 )x = 8x .

Se c < 0, além da mudança de base, há também uma reflexão do gráfico em


torno do eixo-y. A Figura 5.14 mostra os gráficos de funções exponenciais com
bases diferentes. Note que a base está relacionada à curvatura do gráfico.
Uma função exponencial muito comum em aplicações práticas é f (x) = ex , que
Verifique se sua calculadora possui usa como base o número irracional
a tecla ex . Caso isso ocorra,
você pode obter um valor aproxi- e ≈ 2,71828182845904523536028747135266249775724709369996...
mado para a constante e pressio-
nando A função exponencial de base e tem algumas propriedades interessantes, que
ex 1 =
são exploradas em cursos de cálculo. Além disso, ela é usada para definir as
funções hiperbólicas.
470 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

(a) Gráficos de y = 2x , y = 3x e y = 10x (b) Gráficos de y = ( 12 )x , y = ( 31 )x e y = ( 10


1 x
)

Figura 5.14: Gráficos de funções exponenciais em várias bases.

Exemplo 6. Composição da função exponencial


Pesquisadores de Pederneiras fizeram um estudo estatístico para investigar a dis-
tribuição dos tamanhos dos pés dos homens da cidade. Segundo os estudiosos, a
função que fornece o percentual aproximado da população masculina adulta cujo pé
direito mede x centímetros é
f (x) = 28,5e−(x−24,4) /3,92
2
.
Assim, para saber quantos homens de Pederneiras têm o pé direito com aproximada-
mente 25 cm, basta calcular

f (25) = 28,5e−(25−24,4) /3,92


2
≈ 26%.

Naturalmente, f (x) pode ser vista como a composição g(h(x)), em que g(z) =
Figura 5.15: Gráfico de f (x) = 0,285ez e h(x) = − (x−24,4)
2
. Essa composição faz com que o gráfico de f se pareça
3,92
28,5e−(x−24,4) /3,92 .
2
com um sino, como mostra a Figura 5.15. Note que, em lugar de ser estritamente
crescente ou decrescente, a curva vermelha atinge seu máximo em x = 24,4, e tem
como assíntota horizontal a reta y = 0.

∎ Aplicação da função exponencial


Terminando essa seção, vamos apresentar duas novas aplicações da função exponen-
cial, além daquela fornecida no Exemplo 1. Para resolver nosso próximo problema,
devemos levar em conta o fato de a função exponencial ser injetora, como destacado
abaixo.
A função exponencial f (x) = ax , com a > 0 e a ≠ 1, é sempre crescente ou
sempre decrescente. Dessa forma, ela satisfaz o teste da reta horizontal, sendo,
portanto, injetora. Em consequência,
ax1 = ax2 se e somente se x1 = x2 .
Seção 5.2. Função exponencial 471

Problema 7. Decaimento radioativo


O decaimento radioativo do 131 I, um O decaimento radioativo do Iodo 131 (131 I) é descrito pela função
isótopo instável do Iodo, é a sua con-
versão em 131 Xe (Xenônio 131), com P (t) = P0 ⋅ 2−bt ,
a consequente produção de energia
pelo seu núcleo. em que P0 é a concentração inicial do elemento, t é o tempo transcorrido (em dias)
desde que foi medida a concentração, e b é uma constante real positiva. Responda às
perguntas abaixo, sabendo que a meia-vida do Iodo 131 é de 8 dias, ou seja, que a
concentração desse isótopo em uma amostra cai pela metade em 8 dias.

Picocurie por litro, ou pCi/l, é uma a) Em uma medição feita hoje, uma amostra de água contaminada apresentou 50
unidade de medida de concentração pCi/l de Iodo 131. Escreva a função que fornece a concentração de 131 I em função
radioativa. de t, o tempo (em dias) contado a partir da data em que a concentração foi medida.

b) Trace o gráfico da concentração de Iodo 131 nessa amostra de água para um período
de 40 dias, contados a partir de hoje.

c) Com base em seu gráfico, determine aproximadamente daqui a quantos dias a


água conterá uma concentração de 131 I menor ou igual a 3 pCi/l, que é o limite
recomendado para o consumo humano.

Solução.

131
a) Segundo o enunciado do problema, a concentração inicial de I é P0 = 50 pCi/l.
Substituindo esse valor em nossa função, obtemos

P (t) = 50 ⋅ 2−bt .

Para determinar o valor de b, devemos lembrar que a meia-vida do 131 I equivale a


8 dias, de modo que, daqui a 8 dias, a concentração de Iodo 131 será reduzida a
25 pCi/l, que é a metade da concentração inicial. Assim,

P (8) = 50 ⋅ 2−b⋅8 = 25.

A resolução dessa equação envolve não apenas a manipulação de potências, mas


também a propriedade das funções injetoras apresentada acima.

50 ⋅ 2−8b = 25 Equação original.

2−8b = 25
50
Dividindo os dois lados por 50.

2−8b = 1
2
Simplificando o lado direito.

2−8b = 2−1 Escrevendo os dois lados como potências de base 2.

−8b = −1 Aplicando a propriedade das funções injetoras.


−1
b = −8
Dividindo ambos os lados por −8.
1
b = 8
Simplificando o resultado.

Portanto,
P (t) = 50 ⋅ 2−t/8 .
472 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

b) Para traçar o gráfico de P , é preciso montar uma tabela de pares (t,P (t)). Aprovei-
tando o fato de que P (t) cai pela metade a cada 8 dias, adotamos esse espaçamento
para os valores de t, como mostrado na Tabela 5.5. Em seguida, usando os pontos
da tabela, desenhamos a curva da Figura 5.16.

Tabela 5.5: Dados do Problema 7.

t P(t)
0 50
8 25
16 12,5
24 6,25
32 3,125
40 1,5625

Figura 5.16: Gráfico de P (t) = 50 ⋅ 2−t/8 .

Resolvendo exatamente a equação c) Observe que a concentração de 131 I decresce e se aproxima o eixo-x, sem nunca
usando técnicas que serão vistas adi- tocá-lo (a concentração nunca será zero). Segundo a Figura 5.16, a água estará
ante nesse capítulo, obtemos t ≈ 32,5 própria para o consumo humano no instante correspondente ao ponto de interseção
da curva com a reta P = 3, ou seja, daqui a cerca de 32 dias (ponto verde no gráfico).

Agora, tente os Exercícios 11 e 12.

Problema 8. Curva de aprendizado


Em uma indústria, um funcionário recém-contratado produz menos que um ope-
rário experiente. A função que descreve o número de peças produzidas diariamente
por um trabalhador da metalúrgica MetalCamp é

p(t) = 180 − 110 ⋅ 2−0,5t ,

em que t é o tempo de experiência no serviço, em semanas.

1. Determine quantas peças um operário recém-contratado produz diariamente.

2. Trace o gráfico de p(t), supondo que t varia de 0 a 30 semanas.

3. Determine a assíntota horizontal do gráfico e explique o que ela representa.

Solução.

1. O número de peças produzidas diariamente por um novato na indústria é

P (0) = 180 − 110 ⋅ 2−0,5⋅0 = 180 − 110 ⋅ 20 = 180 − 110 = 70.

2. O gráfico de p é dado na Figura 5.17. Note que, nesse caso, a função é crescente.
Seção 5.2. Função exponencial 473

Figura 5.17: Gráfico de P (t) = 180 − 110 2−0.5t .


O termo constante 180 define a po-
sição da assíntota horizontal da fun- 3. Como mostra a Figura 5.17, o gráfico de p tem uma assíntota horizontal em
ção. Por sua vez, as constantes ne- y = 180. Esse valor é um limite superior para o número de peças que um
gativas −110 e −0,5 convertem a as- trabalhador consegue produzir diariamente.
síntota em um limite superior para
p(t).
Agora, tente o Exercício 13.

Exercícios 5.2
x x
1. Sem usar calculadora, determine o valor de cada função c) f (x) = ( 23 ) e g(x) = ( 31 )
abaixo nos pontos indicados. d) f (x) = 22x e g(x) = 4x
a) f (x) = 4 ; f (0),f (−1),f (1),f (0,5),f (2).
x x −x
e) f (x) = ( 53 ) e g(x) = ( 35 )
b) f (x) = 3−x ; f (0),f (−1),f (1),f (0,5),f (2).
x 6. Relacione o gráfico à função.
c) f (x) = ( 13 ) ; f (0),f (−1),f (1),f (0,5),f (2).
d) f (x) = 12 ⋅ 2x ; f (0),f (0,5),f (1),f (2),f (3). a) c)
e) f (x) = 2x−1 ; f (0),f (0,5),f (1),f (2),f (3).
f) f (x) = 2x−3 + 12 ; f (0),f (−1),f (6).
g) f (x) = 5−x ; f (−2),f (−0,5),f (3).
−x
h) f (x) = ( 14 ) ; f (0),f (−2),f (0,5),f (2).
2. Você notou alguma semelhança nos valores encontra-
dos nos itens (b) e (c) do Exercício 1? Explique o que
ocorre. Faça o mesmo com os itens (d) e (e) do exercí-
cio. b) d)
3. Usando uma calculadora, determine o valor de cada fun-
ção abaixo nos pontos indicados.
a) f (x) = ex ; f (−1),f (1),f (0,5),f (2).
b) f (x) = e−3x ; f (−1),f (1),f (0,5),f (2).
c) f (x) = ex/2 ; f (−1),f (1),f (0,5),f (2).
x
d) f (x) = ( 25 ) ; f (−1,5),f (0,5),f (3,2).
x−3 √
e) f (x) = ( 54 ) ; f (−4,5),f ( 2),f (π).
f) f (x) = 2,40,7x ; f (−1,2),f (0,7),f (2,4). (I) f1 (x) = 3x + 1. (III) f3 (x) = 4−x .
4. Esboce o gráfico das funções dos itens (a), (b) e (d) do (II) f2 (x) = 4x−1 . (IV) f4 (x) = 2x .
Exercício 1.
5. Em um mesmo plano Cartesiano, esboce os gráficos das 7. Lício pegou um empréstimo bancário de R$ 2500,00, a
funções f e g dadas abaixo. uma taxa de 5% ao mês.
a) f (x) = 1,5x e g(x) = 1,5−x a) Escreva a função que fornece o quanto Lício deve
b) f (x) = 1,2x e g(x) = 1,8x em um determinado mês t, contado a partir da data
474 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

do empréstimo, supondo que ele não tenha condi- b) Trace um gráfico da população para t ∈ [0,30].
ções de saldar nem mesmo parte da dívida. c) Determine de que valor a população se aproxima à
b) Determine a dívida acumulada após 12 meses da medida que o tempo avança. Escreva a assíntota
data do empréstimo. horizontal associada a esse limite superior.
8. Em uma placa de Petri, uma cientista criou uma cul- 11. O decaimento radioativo do estrôncio 90 (Sr-90) é des-
tura de bactérias que contava inicialmente com 600 bac- crito pela função P (t) = P0 ⋅2−bt , em que t é um instante
térias. Observando a cultura, a cientista notou que o de tempo, medido em anos, b é uma constante real e P0
número de bactérias crescia 50% a cada hora. é a concentração inicial de Sr-90, ou seja, a concentra-
a) Escreva a função que fornece o número de bactérias ção no instante t = 0.
em função do tempo t, em horas, decorrido desde a) Determine o valor da constante b sabendo que a
a criação da cultura. meia-vida do Sr-90 é de 29 anos (ou seja, a concen-
b) Determine a população de bactérias após 3, 6 e 12 tração de Sr-90 cai pela metade em 29 anos).
horas. b) Foram detectados 570 becquerels de Sr-90 por kg
9. Em uma xícara que já contém certa quantidade de açú- de solo na região da usina de Fukushima, no Japão,
car, despeja-se café. A curva abaixo representa a função em abril de 2011 (valor que corresponde a cerca de
exponencial M (t) = M0 ⋅ 2bt , que fornece a quantidade 130 vezes a concentração normal do solo daquela
de açúcar não dissolvido (em gramas), t minutos após região). Determine qual será a concentração de Sr-
o café ser despejado. Determine a expressão de M (t). 90 daqui a 100 anos.
12. A concentração de CO2 na atmosfera vem sendo me-
dida desde 1958 pelo Observatório de Mauna Loa, no
Havaí. Os dados coletados mostram que, nos últimos
anos, essa concentração aumentou, em média, 0,5% por
ano. É razoável supor que essa taxa anual de cresci-
mento da concentração de CO2 irá se manter constante
nos próximos anos.
a) Escreva uma função C(t) que forneça a concentra-
ção de CO2 na atmosfera em relação ao tempo t,
10. O crescimento populacional de algumas espécies de- dado em anos. Considere como instante inicial –
pende das limitações impostas pelo meio ambiente. En- ou seja, aquele em que t = 0 – o ano de 2004, no
quanto há espaço e comida em abundância, a população qual foi observada uma concentração de 377,4 ppm
cresce rapidamente. Quando a concorrência por espaço de CO2 na atmosfera.
e comida aumenta, a população tende a crescer mais b) Determine a concentração de CO2 em 2010.
devagar, até se aproximar de um patamar. Nesse caso, 13. O sistema de ar condicionado de um ônibus quebrou
o número de indivíduos da espécie é descrito pela curva durante uma viagem. A função que descreve a tempera-
logística, ou curva "S", definida por tura (em graus Celsius) no interior do ônibus em função
A de t, o tempo transcorrido, em horas, desde a quebra
P (t) = , do ar condicionado, é T (t) = (T0 − Text ) ⋅ 10−t/4 + Text ,
b + ce−dt
em que T0 é a temperatura interna do ônibus enquanto
em que A, b, c e d são constantes reais. Para uma espé- a refrigeração funcionava, e Text é a temperatura ex-
cie de anfíbio introduzida nas cercanias de uma lagoa, terna (que supomos constante durante toda a viagem).
observou-se que o tamanho da população era dado pela Sabendo que T0 = 21○ C e Text = 30○ C,
função abaixo, na qual t é o tempo, em meses, decorrido
desde a introdução dos animais. a) escreva a expressão de T (t) para esse problema;
b) calcule a temperatura no interior do ônibus trans-
1600 corridas 4 horas desde a quebra do sistema de ar
P (t) = .
1 + 15e−t/4 condicionado;
a) Determine a população inicial de anfíbios. c) esboçe o gráfico de T (t).

Respostas dos Exercícios 5.2



1. a) f (0) = 1, f (−1) = 1/4, f (1) = 4, e) f (0) = 1/2, f (0,5) = 2/2, assim como as respostas dos itens (d) e (e),
f (0,5) = 2, f (2) = 16 f (1) = 1, f (2) = 2, f (3) = 4 uma vez que 3−x = 1/3x = (1/3)x , e que
b) f (0) = 1, f (−1) = 3, f (1) = 1/3, f) f (0) = 5/8, f (−1) = 9/16, f (6) = 17/2 (1/2) ⋅ 2x = 2−1 ⋅ 2x = 2x−1 .
√ √
f (0,5) = 1/ 3, f (2) = 1/9 g) f (−2) = 25, f (−0,5) = 5, 3. a) 0,367879; 2,71828; 1,64872; 7,38906
c) f (0) = 1, f (−1) = 3, f (1) = 1/3, f (3) = 1/125 b) 20,0855; 0,049787; 0,22313; 0,002479

f (0,5) = 1/ 3, f (2) = 1/9 h) f (0) = 1, f (−2) = 1/16, c) 0,606531; 1,64872; 1,28403; 2,71828
√ f (0,5) = 2, f (2) = 16
d) f (0) = 1/2, f (0,5) = 2/2, d) 3,95285; 0,632456; 0,0532834
f (1) = 1, f (2) = 2, f (3) = 4 2. As respostas dos itens (b) e (c) são iguais, e) 0,187575; 0,701975; 1,0321
Seção 5.3. Função logarítmica 475

f) 0,479317; 1,53569; 4,35266 5. a) e)

4. a)

b)

6. a) III b) IV c) II d) I

7. a) D(t) = 2500 ⋅ 1,05t


b) R$ 4489,64
8. a) P (t) = 600 ⋅ 1,5t
b) Cerca de 2025, 6834 e 77848 bacté-
b) rias.
9. M (t) = 16 ⋅ 2−t/75
10. a) 100 anfíbios
b)
c)

c) 1600 anfíbios. y = 1600


11. a) b = 1/29
b) 52,22 becquerels
c) 12. a) C(t) = 377,4 ⋅ 1,005t
d) b) C(6) ≈ 388,9 ppm
13. a) T (t) = 30 − 9 ⋅ 10−t/4
b) 29,1○ C
c)

5.3 Função logarítmica

A função exponencial f (x) = ax , com a > 0 e a ≠ 1, é injetora em todo o seu domínio.


Logo, ela possui uma inversa f −1 (y), à qual damos o nome de função logarítmica
na base a. Uma das aplicações importantes da função logarítmica é a solução de
equações exponenciais, como mostra o exemplo abaixo.

Problema 1. Dívida bancária

Heloísa contraiu um empréstimo de R$ 1.000,00 e terá que pagar juros de 6% ao


mês. Se Heloísa não saldar sequer uma parte de sua dívida, em que momento ela
476 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

deverá o dobro do valor que pegou emprestado?

Solução.

Como vimos no Exemplo 1 da Seção 5.2, após x meses da data do empréstimo, a


dívida acumulada de Heloísa será dada por

f (x) = 1000 ⋅ 1,06x .

Para descobrir em que momento a dívida alcançará o dobro do valor do empréstimo


– isto é, R$ 2.000,00 – devemos resolver a equação

1000 ⋅ 1,06x = 2000


1,06x = 2.

Encontrar x que resolve 1,06x = 2 é equivalente a encontrar x tal que f (x) = y.


Nesse caso, o valor que procuramos é dado pela inversa de f , ou seja,

x = f −1 (y).

Função logarítmica
Seja a uma constante real tal que a > 0 e a ≠ 1. Se x > 0, então dizemos que

y = loga (x) se e somente se ay = x.

A função definida por f (x) = loga (x) é denominada função logarítmica na


base a.

A função logarítmica f (x) = loga (x) é a inversa de g(y) = ay , a função exponencial


Note que é importante manter a base. na mesma base a. Da mesma forma, g(y) = ay é a inversa de f (x) = loga (x). Logo,
Assim, por exemplo, log3 (x) é a in- as equações
versa de 3y , mas não de 5y . y = loga (x) e x = ay
são equivalentes, embora a primeira equação esteja na forma logarítmica, enquanto a
segunda está na forma exponencial.

Damos o nome de logaritmo ao número real obtido pela aplicação da fun-


ção logarítmica a algum valor particular de x. O termo loga (b) é denominado
logaritmo de b na base a.

Como exemplo, sabendo que log3 (81) = 4, dizemos que o logaritmo de 81 na base
3 é 4.

Problema 2. Cálculo de logaritmos


Calcule os logaritmos abaixo.

a) log2 (64) b) log10 (1000) c) log2 ( 81 ) d) log9 (3)

Solução.

a) log2 (64) = 6 (o logaritmo de 64 na base 2 é 6), pois 64 = 26 .

b) log10 (1000) = 3 (o logaritmo de 1000 na base 10 é 3), pois 1000 = 103 .


Seção 5.3. Função logarítmica 477

c) log2 ( 18 ) = −3, pois 1


8
= 2−3 .

d) log9 (3) = 21 , pois 3 = 91/2 = 9.

Agora, tente os Exercícios 1 e 2.

Como se percebe, loga (x) é o expoente ao qual é preciso elevar a para se obter x.
Tendo isso em mente, é fácil estabelecer algumas propriedades para os logaritmos.

Propriedades derivadas da definição de logaritmo

Propriedade Motivo Exemplo


1. loga (1) = 0 Sabemos que a0 = 1 log8 (1) = 0
Dica 2. loga (a) = 1 Sabemos que a1 = a log3 (3) = 1
Treine essas propriedades resol-
vendo o Exercício 6. 3. loga (ax ) = x loga (x) é a inversa de ax log7 (74 ) = 4
4. aloga (x) = x ax é a inversa de loga (x) 10log10 (13) = 13

Para explicar melhor as duas últimas propriedades do quadro, vamos recorrer à


relação
y = loga (x) ⇔ ay = x,
apresentada na definição da função logarítmica. Usando essa relação, podemos subs-
tituir x por ay na equação y = loga (x), obtendo

y = loga (x) ⇒ y = loga (ay ),

que é equivalente à Propriedade 3. Por sua vez, a Propriedade 4 pode ser obtida se
substituirmos y por loga (x) na equação x = ay :

x = ay ⇒ x = aloga (x) .
Outra propriedade importante da função logarítmica, decorrente do fato de ela ser
injetora, é apresentada abaixo.

loga (x1 ) = loga (x2 ) se e somente se x1 = x2 .

Essa propriedade nos permite concluir que


• se loga (x1 ) = loga (x2 ), então x1 = x2 ;
Naturalmente, estamos supondo aqui
que x1 > 0 e x2 > 0. • se x1 = x2 , então loga (x1 ) = loga (x2 ).

As duas implicações acima são úteis para a resolução de equações logarítmicas e


exponenciais, como mostra o exemplo a seguir.

Problema 3. Solução de equações simples


Resolva as equações a seguir.

a) log8 (x + 3) = log8 (3x − 7) b) 10x = 15


478 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Solução.

a) Usando a propriedade das funções injetoras, temos

log8 (3x − 7) = log8 (x + 3) ⇒ 3x − 7 = x + 3 ⇒ 2x = 10 ⇒ x = 5.

b) Como a função logarítmica é injetora, podemos aplicar o logaritmo na base 10 aos


dois lados da equação 10x = 15, obtendo

log10 (10x ) = log10 (15).


Na calculadora Recorrendo, então, à Propriedade 3, concluímos que log10 (10x ) = x, de modo que
Para obter log10 (15) em sua
calculadora, pressione x = log10 (15).
log 1 5 =
Finalmente, usando uma calculadora científica, chegamos a x ≈ 1,17609.

∎ Operações com logaritmos


Durante a resolução de equações exponenciais e logarítmicas, é comum nos deparar-
mos com expressões como

log10 (3x), log3 (x/5), loge ( x) ou log5 (x2 ).

Para lidar com esse tipo de expressão, precisamos recorre a algumas propriedades
dos logaritmos, além daquelas apresentadas acima, que decorrem diretamente da de-
finição. As três principais propriedades relacionadas à operação com logaritmos são
apresentadas no quadro a seguir.

Propriedades dos logaritmos


Seja a uma constante real tal que a > 0 e a ≠ 1, e seja c uma constante real
qualquer. Se x > 0 e y > 0, então,

Propriedade Exemplo
5. Logaritmo do produto
loga (xy) = loga (x) + loga (y) log10 (3x) = log10 (3) + log10 (x)
6. Logaritmo do quociente
x x
loga ( ) = loga (x) − loga (y) log3 ( ) = log3 (x) − log3 (5)
y 5
7. Logaritmo da potência
loga (xc ) = c loga (x) log5 (x2 ) = 2 log5 (x)

Vamos demonstrar as propriedades acima, já que essa é uma boa oportunidade


de aplicarmos nossos conhecimentos sobre potências e sobre funções exponenciais e
logarítmicas. Como um primeiro passo, vamos supor que

loga (x) = r e loga (y) = s.

Nesse caso, usando a propriedade 4 (ou mesmo a definição de logaritmo), temos

aloga (x) = ar ⇒ x = ar
Seção 5.3. Função logarítmica 479

e
aloga (y) = as ⇒ y = as .
De posse dessas relações, podemos passar à demonstração de cada propriedade em
separado.

Propriedade 5. Usando a Propriedade 3 apresentada acima, podemos escrever

loga (xy) = loga (ar ⋅ as ) Substituindo x = ar e y = as .

= loga (ar+s ) Propriedade das potências.

=r+s Propriedade 3.

= loga (x) + loga (y) Definição de r e s.

Propriedade 6. Usando o mesmo raciocínio adotado para a Propriedade 5, temos


x ar
loga ( ) = loga ( s ) = loga (ar−s ) = r − s = loga (x) − loga (y).
y a

Propriedade 7. Recorrendo, mais uma vez, à Propriedade 3, escrevemos

loga (xc ) = loga ((ar )c ) Substituindo x = ar .

= loga (arc ) Propriedade das potências.

= cr Propriedade 3.

= c loga (x) Definição de r.

Problema 4. Propriedades dos logaritmos


Sabendo que

log10 (2) ≈ 0,301, log10 (3) ≈ 0,477 e log10 (7) ≈ 0,845,

calcule

a) log10 (14) c) log10 (3/2) e) log10 ( 27)
b) log10 (1/3) d) log10 (63)

Solução.

a)
log10 (14) = log10 (2 ⋅ 7) Fatoração de 14.

= log10 (2) + log10 (7) Propriedade 5.

= 0,301 + 0,845 Cálculo dos logaritmos.

= 1,146 Simplificação do resultado.

b)
log10 (1/3) = log10 (3−1 ) Propriedade das potências.

= − log10 (3) Propriedade 7.

= −0,477 Cálculo do logaritmo.


480 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

c)
log10 (3/2) = log10 (3) − log10 (2) Propriedade 6.

= 0,477 − 0,301 Cálculo do logaritmo.

= 0,176 Simplificação do resultado.

d)
log10 (63) = log10 (32 ⋅ 7) Fatoração de 63.

= log10 (32 ) + log10 (7) Propriedade 5.

= 2 log10 (3) + log10 (7) Propriedade 7.

= 2 ⋅ 0,477 + 0,845 Cálculo dos logaritmos.

= 1,799 Simplificação do resultado.

e)
√ √
log10 ( 27) = log10 ( 33 ) Fatoração de 27.

= log10 (33/2 ) Propriedade das raízes.

3
= log10 (3) Propriedade 7.
2
3
= ⋅ 0,477 Cálculo do logaritmo.
2
= 0,716 Simplificação do resultado;

As propriedades acima também podem ser usadas no sentido contrário àquele


adotado no Problema 4, como mostram os exemplos a seguir.

Problema 5. Propriedades dos logaritmos


Sem usar calculadora, determine

a) log8 (2) + log8 (4) b) 3 log5 ( 3 125) c) 2 log2 (12) − log2 (9)

Solução.

a)
log8 (2) + log8 (4) = log8 (2 ⋅ 4) Propriedade 5.

= log8 (8) Cálculo do produto.

=1 Propriedade 2.

b)
√ √
3 log5 ( 3 125) = log5 (( 3 125)3 ) Propriedade 7.

= log5 (125) Propriedade das raízes.

= log5 (53 ) Fatoração de 125.

=3 Propriedade 3.
Seção 5.3. Função logarítmica 481

c)
2 log2 (12) − log2 (9) = log2 (122 ) − log2 (9) Propriedade 7.

= log2 (144/9) Propriedade 6.

= log2 (16) Simplificação da fração.

= log2 (24 ) Fatoração de 16.

=4 Propriedade 3.

Agora, tente o Exercício 5.

∎ Logaritmos usuais e mudança de base


Apesar de ser possível definir o logaritmo em qualquer base, as calculadoras costumam
apresentar apenas dois tipos de logaritmo, o decimal e o natural.

Logaritmos usuais
Os logaritmos mais comumente empregados possuem uma notação particular,
para facilitar seu uso. São eles:

• O logaritmo na base 10, também chamado logaritmo comum ou de-


cimal, que é apresentado sem a indicação da base.

log(x) = log10 (x).

A função logarítmica f (x) = log(x) tem como inversa a função exponen-


cial g(y) = 10y . Desse modo,

y = log(x) ⇔ 10y = x.

• O logaritmo na base e, também chamado logaritmo natural ou Ne-


periano, que é representado por ln.

ln(x) = loge (x).

A inversa de f (x) = ln(x) é a função exponencial g(y) = ey . Assim,

y = ln(x) ⇔ ey = x.

Exemplo 6. Logaritmos usuais


Dadas as definições acima, e as propriedades dos logaritmos, podemos escrever
a) ln(1) = 0 e) log(0,01) = log(10−2 ) = −2
b) log(10) = 1 f) eln(π) = π
c) ln(e5 ) = 5 g) log(10e) = log(10) + log(e) = 1 + log(e)
d) log(10000) = log(104 ) = 4 h) ln(e2 /10) = ln(e2 ) − ln(10) = 2 − ln(10)
Agora, tente os Exercícios 3 e 4.

Como as calculadoras só incluem logaritmos nas bases 10 e e, precisamos definir


alguma estratégia para calcular logaritmos fornecidos em outra base.
482 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Suponha que queiramos determinar y = loga (x), em que a é uma base qualquer,
mas que só saibamos calcular logb (x), com b ≠ a. Nesse caso, recorrendo à definição
de logaritmo, escrevemos
y = loga (x) ⇔ x = ay .
Aplicando o logaritmo na base b a ambos os lados dessa última equação, obtemos

x = ay Equação original.

logb (x) = logb (ay ) Aplicando logb aos dois lados.

logb (x) = y logb (a) Propriedade 7.

logb (x)
=y Isolando y no lado direito.
logb (a)
logb (x)
y = Invertendo a equação.
logb (a)
logb (x)
loga (x) = Substituindo y = loga (x).
logb (a)
Assim, podemos calcular loga (x) aplicando duas vezes o logaritmo na base b.

Mudança de base
Sejam a, b e x números reais maiores que zero, e suponha que a ≠ 1 e b ≠ 1.
Nesse caso,
logb (x)
loga (x) = .
logb (a)

Problema 7. Mudança de base do logaritmo


Calcule

a) log2 (12) b) log4 (8) log5 (1000) d) log3 (e)


c)
log5 (10)

Solução.

Na calculadora
a) Usando o logaritmo na base 10 e uma calculadora, obtemos
Para obter log2 (12) em sua cal-
culadora, pressione
log(12) 1,07918
÷ log2 (12) = ≈ ≈ 3,58496.
log 1 2 log 2 = log(2) 0,30103
b) Nesse caso, como os números 8 e 4 são potências de 2, podemos converter os
logaritmos à base 2, em lugar de usar a base 10 ou e. Assim, nem precisamos de
uma calculadora para obter o resultado (embora possamos usá-la, caso desejemos):
log2 (8) log2 (23 ) 3
log4 (8) = = = .
log2 (4) log2 (22 ) 2

c) Agora, vamos usar a fórmula de mudança de base no sentido inverso:


log5 (1000)
= log10 (1000) = 3.
log5 (10)
Mais uma vez, a conversão nos fez evitar o uso da calculadora.
Seção 5.3. Função logarítmica 483

Note que d) Em nosso último exemplo, usamos o logaritmo natural:


1
log3 (e) = . ln(e) 1 1
ln(3) log3 (e) = = ≈ ≈ 0,91024.
ln(3) ln(3) 1,09861
Esse resultado é um caso particular
de uma regra geral, segundo a qual
Agora, tente o Exercício 7.
1
loga (b) = .
logb (a)
Problema 8. Conclusão do Problema 1
Heloísa contraiu um empréstimo de R$ 1.000,00 e terá que pagar juros de 6% ao
mês. Se Heloísa não saldar sequer uma parte de sua dívida, em que momento ela
deverá o dobro do valor que pegou emprestado?

Solução.

Como vimos no Problema 1, o números de meses que transcorrerão até que a


dívida de Heloísa dobre é a solução da equação

1,06x = 2.

Usando a definição de logaritmo ou a Propriedade 3 acima, é fácil concluir que a


solução dessa equação é
x = log1,06 (2).
No entanto, como as calculadoras não dispõem do logaritmo na base 1,06, obtemos x
trocando a base, ou seja, fazendo
log(2) 0,301
x= ≈ ≈ 11,9.
Conferindo a resposta log(1,06) 0,0253

1000 ⋅ 1,0612 = 2012,20 Logo, em 12 meses Heloísa já deverá mais que o dobro do valor do empréstimo.

Exemplo 9. Mudança de base da função exponencial


Também podemos usar logaritmos para mudar a base da função exponencial.
Suponha, por exemplo, que queiramos converter f (x) = 3x para a base 10. Nesse
caso, usando a Propriedade 4, fazemos

3x = 10log10 (3 )
x
Propriedade 4.

= 10x⋅log10 (3) Propriedade 7.

= 100,4771x log10 (3) ≈ 0,4771.

Logo, f (x) ≈ 100,4771x .


Agora, tente o Exercício 8.

∎ Gráfico da função logarítmica


Assim como foi feito com as funções exponenciais, é comum dividir os gráficos das
funções logarítmicas em dois grupos. O primeiro compreende as funções em que a
base a é maior que 1. Já o segundo contém os casos em que 0 < a < 1.

Exemplo 10. Gráfico de f (x) = loga (x) com a > 1


Podemos traçar o gráfico de f (x) = log2 (x) a partir dos pares (x, f (x)) apresen-
tados na Tabela 5.6. O resultado é mostrado na Figura 5.18a.
484 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

O gráfico de f (x) = log2 (x) também poderia ser obtido a partir do gráfico de
g(x) = 2x . Para tanto, bastaria lembrar que o gráfico da inversa de uma função g é a
reflexão do gráfico de g com relação à reta y = x.
A Figura 5.18b mostra os gráficos de g e de f = g −1 . Observe que g(x) = 2x tem
domínio A = R e conjunto imagem B = (0,∞), enquanto f (x) = log2 (x) tem domínio
B = (0,∞) e conjunto imagem A = R.

Tabela 5.6

x log2 (x)
1/8 −3
1/4 −2
1/2 −1
1 0
2 1
4 2
8 3

(a) Gráfico de f (x) = log2 (x) (b) Gráficos de f (x) = log2 (x) e g(x) = 2x

Figura 5.18: Gráficos do Exemplo 10.

Exemplo 11. Gráfico de f (x) = loga (x) com 0 < a < 1


Analisemos, agora, o comportamento da função f (x) = log1/2 (x). Os pares
(x, f (x)) usados para obter o gráfico de f são mostrados na Tabela 5.7. A curva
resultante é dada na Figura 5.19a.
A relação entre os gráficos de f (x) = log1/2 (x) e sua inversa, g(x) = ( 12 )x , é
mostrada na Figura 5.19b. Note a simetria das curvas com relação à reta y = x.

Tabela 5.7

x log 12 (x)
1/8 3
1/4 2
1/2 1
1 0
2 −1
4 −2
8 −3

(a) Gráfico de f (x) = log1/2 (x) (b) Gráficos de f (x) = log 1 (x) e g(x) = ( 12 )x
2

Figura 5.19: Gráficos do Exemplo 11.

Como vimos, só é possível calcular loga (x) se x > 0, não importando se a > 1 ou se
0 < a < 1. Essas e outras características do gráfico de f (x) = loga (x) estão resumidas
no quadro abaixo.
Seção 5.3. Função logarítmica 485

Gráfico de funções logarítmicas


Seja a uma constante real tal que a > 0 e a ≠ 1. O gráfico de f (x) = loga (x),

• é contínuo;
• tem domínio (0, ∞) e conjunto imagem é R;
• tem intercepto-x em (1,0) e não tem intercepto-y.

Além disso,

Se a > 1 Se 0 < a < 1

O gráfico é crescente. O gráfico é decrescente.


f (x) → −∞ quando x → 0. f (x) → ∞ quando x → 0.

Como se observa, quando x tende a zero, a função decresce ilimitadamente se


a > 1, e cresce ilimitadamente se 0 < a < 1. Dito de outra forma, a função logarítmica
se aproxima do eixo-y sem nunca tocá-lo. Nesse caso, o eixo-y – ou seja, a reta x = 0
– é uma assíntota vertical do gráfico.

Assíntota vertical
A reta x = b é uma assintota vertical do gráfico da função f se

f (x) → ∞ ou f (x) → −∞ quando x → b pela esquerda ou pela direita.

∎ Transformações e composições da função logarítmica


Vamos analisar as transformações da função logarítmica tomando por base a função
f (x) = log2 (x), cujo gráfico já vimos na Figura 5.18a.

1. g(x) = f (x) + b e g(x) = f (cx).

Somando uma constante b ao valor de f (x), deslocamos o gráfico dessa função


em exatas b unidades na vertical. Além disso, se escrevermos b = loga (c), então

loga (x) + b = loga (x) + loga (c) = loga (cx),

de modo que g(x) também pode ser definida na forma g(x) = loga (cx), em que
c = ab . Ou seja, é equivalente escrever

g(x) = log2 (x) + 1 ou g(x) = log2 (2x).

O gráfico dessa função é apresentado na Figura 5.20a.


486 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

(a) Gráfico de y = log2 (x) + 1. (b) Gráfico de y = log2 (x − 2).

Figura 5.20: Translações de y = log2 (x).

2. g(x) = f (x + b).

A soma de b unidades a x provoca o deslocamento do gráfico de f na horizontal.


Se b > 0, a curva é deslocada para a esquerda. Já se b < 0, o gráfico é movido para
a direita. Como consequência dessa translação, a assíntota vertical também é
deslocada, o que implica em uma alteração do domínio da função.

A Figura 5.20b mostra o gráfico de g(x) = log2 (x − 2) (curva verde), bem como
o gráfico de f (x) = log2 (x) (curva tracejada). Note que o domínio de g(x) é
(2,∞).

3. g(x) = cf (x)

Ao multiplicarmos f (x) = loga (x) por uma constante c, causamos um estica-


mento ou encolhimento do gráfico de f . Além disso, se a constante c é negativa,
o gráfico é refletido em relação ao eixo-y. A Figura 5.21 mostra em verde o grá-
fico de g(x) = 3 log2 (x), enquanto a curva de f (x) = log2 (x) aparece tracejada.

É importante notar que a multiplicação de loga (x) por uma constante é equiva-
lente a uma mudança de base da função logarítmica. Para mostrar essa relação
vamos supor que queiramos converter a função logarítmica na base b para uma
outra base a. Nesse caso, escrevemos simplesmente

loga (x)
logb (x) = = c loga (x),
loga (b)

em que c = 1/ loga (b) é constante. Assim, para converter f (x) = log3 (x) à base
2, fazemos

log2 (x)
log3 (x) = ≈ 0,63093 log2 (x).
log2 (3)
Figura 5.21: Gráfico de y =
3 log2 (x).
Logo, f (x) ≈ 0,63093 log2 (x).

A Figura 5.22 mostra os gráficos de loga (x) para vários valores da base a.
Seção 5.3. Função logarítmica 487

(a) Gráficos de y = log2 (x), y = log3 (x) e y = (b) Gráficos de y = log1/2 (x), y = log1/3 (x) e
log10 (x). y = log1/10 (x).

Figura 5.22: Gráficos de funções logarítmicas em várias bases.

Problema 12. Transformação e composição da função logarítmica


Determine o domínio e trace o gráfico das funções abaixo.

a) f (x) = ln(x + 1) b) f (x) = log3 (9 − x2 )

Solução.

a) Para que possamos calcular ln(w), é preciso que w > 0. Assim, f (x) = ln(x + 1) só
está definida para
x+1>0 ⇒ x > −1.
Portanto, Df = {x ∈ R ∣ x > −1}. O gráfico de f pode ser obtido deslocando-se
a curva y = ln(x) uma unidade para a esquerda. O resultado é apresentado na
Figura 5.23a.
b) Para calcularmos a função composta log3 (9 − x2 ), devemos exigir que 9 − x2 > 0.
Se você não se lembra como resolver Para descobrir os valores de x que satisfazem essa condição, escrevemos
esse tipo de desigualdade, consulte as
9 − x2 > 0 ⇒ x2 < 9 ⇒ −3 < x < 3.
Seções 2.11 e 4.1.
Logo, Df = {x ∈ R ∣ − 3 < x < 3}. O gráfico de f é mostrado na Figura 5.23b.

(a) Gráfico de y = ln(x + 1) (b) Gráficos de y = log3 (9 − x2 )

Figura 5.23: Gráficos das funções do Problema 12.

Agora, tente os Exercícios 11 e 12.


488 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Problema 13. Inversa da função logarítmica


Dada a função
f (x) = 2 log2 (4x − 1),
a) Determine a inversa de f .
b) Em um mesmo plano Cartesiano, trace os gráficos de f e de sua inversa.

Solução.

a) Para determinar a inversa, isolamos a variável x na equação y = f (x), como descrito


abaixo.

y = 2 log2 (4x − 1) Equação original.


y
= log2 (4x − 1) Dividindo ambos so lados por 2.
2
2y/2 = 4x − 1 Usando a definição: c = loga (b) ⇔ ac = b.

2y/2 + 1 = 4x Somando 1 aos dois lados.


2y/2 + 1
=x Dividindo os dois lados por 4.
4
2y/2 + 1 Invertendo o lado dos termos.
x =
4
Logo, a inversa é dada por
2y/2 + 1
f −1 (y) = .
4
b) O gráfico de y = f (x) é mostrado em vermelho na Figura 5.24, enquanto o gráfico
de f −1 (y) é apresentado em verde.
Figura 5.24: Gráficos de f (x) =
2 log2 (4x−1) e x = f −1 (y) = 2 4 +1 .
y/2

Agora, tente o Exercício 15.

Exercícios 5.3
1. Sabemos que, se log4 (4096) = 6, então 46 = 4096. 3. Usando uma calculadora, determine
Usando essa ideia, reescreva as identidades abaixo na √
forma exponencial. a) log(2) d) log( 21 ) g) log( 3)
b) log(20) e) log(0,2) h) log(5,7)
a) log5 (125) = 3 e) log256 (4) = 14 c) log(200) f) log(0,02) i) log(1 + 47 )
b) log8 (32768) = 5 f) log7 (1) = 0
1 4. Usando uma calculadora, determine
c) log9 (81) = 2 g) log( 100 ) = −2
d) log2 ( 18 ) = −3 h) log27 (3) = 1
3 a) ln(3) c) ln(302 ) e) ln(0,03)
b) ln(30) d) log( 31 ) f) ln(2,7183)
2. Sabemos que, se 34 = 81, então log3 (81) = 4. Usando
essa ideia, reescreva as identidades abaixo na forma lo-
5. Sem usar calculadora, determine
garítmica.
a) log(5) + log(20)

9
a) 2 = 512 d) ( 14 )3
= 1
64
g) ( 2)8 = 16 b) log2 (96) + log2 (1/3)
b) 65 = 7776 0
e) 135 = 1 c) log3 (45) − log3 (5)
c) 10−3 = 1000
1
f) 7291/6 = 3 h) 1251/3 = 5 d) log5 (15) − log5 (75)
Seção 5.3. Função logarítmica 489

e) log1/6 (1/3) + log1/6 (1/12) 14. Em um mesmo plano, esboce os gráficos de f (x) =
f) log√3 (18) − log√3 (2) ln(x), g(x) = ln(x − 2) e h(x) = ln(1/x).
g) loge (e5 ) + loge (e2 ) 15. Um aparelho que mede ruídos indica a intensidade do
h) loge (e5 ) ⋅ loge (e2 ) som em decibéis (dB). Para relacionar uma medida β,
em decibéis, à intensidade I, dada em W/m2 , usamos
i) log2 (85 )
a função
j) log2 ( 413 ) I
β(I) = 10 log ( −12 ) .
k) log3 (811/5 ) 10
6. Sem usar calculadora, determine a) Determine a função inversa de β.
b) Usando a inversa, calcule a intensidade de um som
a) log2 (1) h)log3 (81) o) log8 (2) de 20 dB.
b) log1/5 (1) log2 (1/8)
i) p) log√3 (3) 16. Hemácias de um animal foram colocadas em meio de
c) log5 (5) j)log2 (0,25) cultura em vários frascos contendo diferentes concen-
√ q) 2 log2 (5)
d) log1/2 (1/2) k)log3 ( 3) trações das substâncias A e B, marcadas com isótopo
√ r) 10log(7)
e) log5 (53 ) log3 ( 4 3)
l) de hidrogênio. Dessa forma os pesquisadores puderam

f) log4 (4−1/3 ) m) log3 ( 33 )
5
s) eloge (8) acompanhar a entrada dessas substâncias nas hemácias,
como mostrado no gráfico abaixo.
g) log2 (32) n) log4 (2) t) eloge (1/3)

7. Usando uma calculadora científica e a regra de mudança


de base, obtenha valores aproximados para
1
a) log2 (3) d) log6 ( 12 ) g) log1/3 (9)
b) log5 (2) e) log1/3 (8) h) log4 (625)
c) log8 (24) f) log2,5 (3,1) i) log0,1 (16)

8. Usando uma calculadora científica e a regra de mudança


de base, reescreva cada função exponencial abaixo na
base indicada.

a) 2x na base 10 d) 4x na base e
b) 10x na base 5 e) ex na base 10
c) 54x na base 2 f) ( 21 )x na base 3 Seja x a concentração de substância B no meio extrace-
lular e y a velocidade de transporte. Observando-se o
formato da curva B e os valores de x e y em determina-
9. Mostre, com um exemplo, que
dos pontos, podemos concluir que a função que melhor
a) log(a + b) ≠ log(a) + log(b) relaciona essas duas grandezas é
b) log(a − b) ≠ log(a) − log(b)
4+log (x)
10. Supondo que logx (2) = a, logx (3) = b e logx (7) = c, a) y = 2
2
c) y = 38 (1 − 2−2x )
escreva logx (756) em função de a, b e c. b) y = 1 − log2 (x + 1) d) y = 3x − 1
11. Determine o domínio e trace o gráfico das funções 8
abaixo. 17. Sejam dadas as funções f (x) = 42x
e g(x) = 4x .
a) Represente a curva y = f (x) em um gráfico no qual
a) f (x) = 2 log(x − 1) c) f (x) = − log(x + 1) o eixo vertical fornece log2 (y).
b) f (x) = log(x + 2) d) f (x) = log(1 − x) b) Determine os valores de y e z que resolvem o sis-
tema de equações
12. Determine o domínio das funções abaixo.
f (z) = g(y)
a) f (x) = log2 (2x − 5)
b) f (x) = log(15 − 4x2 ) f (y)
=1
c) f (x) = ln(−x2 + 2x + 3) g(z)

13. Trace, em um mesmo plano, os gráficos de f (x) = 3x e Dica: converta o sistema acima em um sistema li-
g(x) = log3 (x). near equivalente.
490 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Respostas dos Exercícios 5.3

1. a) 53 = 125 e) 2561/4 = 4 11. a) c) −1 < x < 3


b) 85 = 32768 f) 70 = 1 13.
c) 92 = 81 g) 10−2 = 1
100
1
d) 2−3 = 1
8 h) 27 3 = 3

2. a) log2 (512) = 9 e) log135 (1) = 0


b) log6 (7776) = 5 f) log729 (3) = 61
c) log( 1000
1
) = −3 g) log√2 (16) = 8
d) log1/4 ( 64
1
)=3 h) log125 (5) = 1
3

b)
3. a) 0,30103 f) −1,69897
b) 1,30103 g) 0,238561
c) 2,30103
h) 0,755875 14.
d) −0,30103
e) −0,69897 i) 0,196295

4. a) 1,09861 d) −1,09861
b) 3,4012 e) −3,50656
c) 6,80239 f) 1,00001

5. a) 2 d) −1 g) 7 j) −6
c)
b) 5 e) 2 h) 10
c) 2 f) 4 i) 15 k) 4
5

15. a) I(β) = 10β/10−12


6. a) 0 f) − 13 k) 1
2 p) 2
b) 0 g) 5 l) 1
q) 5 b) 10−10 W/m2
4
c) 1 h) 4 m) 3
5 r) 7 16. c
d) 1 i) −3 n) 1
2 s) 8 17. a)
e) 3 j) −2 o) 1
3 t) 1
3

7. a) 1,58496 f) 1,23476
b) 0,430677 g) −2 d)
c) 1,52832
d) −1,38685 h) 4.64386
e) −1,89279 i) −1.20412

8. a) 100,3010x d) e1,3863x
b) 51,4307x e) 100,4343x
c) 29,2878x f) 3−0,6309x

9. a) Basta usar a = 1 e b = 1.
b) Basta usar a = 2 e b = 1. 12. a) x > 5
2
√ √
10. 2a + 3b + c b) − 15
2 <x< 15
2 b) y = 1/2 e z = 1/2

5.4 Equações exponenciais e logarítmicas

Nessa seção, vamos resolver equações que envolvem funções logarítmicas e exponen-
ciais. Entretanto, antes de começarmos, veremos como usar as propriedades dos
logaritmos para manipular expressões.

∎ Expansão e contração de expressões logarítmicas


Para resolver uma equação logarítmica ou exponencial, devemos isolar a variável x,
o que, frequentemente, exige a aplicação das propriedades dos logaritmos. Vejamos,
Seção 5.4. Equações exponenciais e logarítmicas 491

então, alguns exemplos práticos de manipulação de expressões algébricas.

Problema 1. Expansão de expressões logarítmicas


Expanda as expressões abaixo usando as propriedades dos logaritmos.

a) log2 (8x) c) log2 ( 2x) 1 x6
e) ln ( 4 )

3 2 y
b) log(7x5 y 2 ) d) log ( x2
4
)

Solução.

a)
log2 (8x) = log2 (8) + log2 (x) Propriedade 5.

= log2 (23 ) + log2 (x) Fatoração de 8.

= 3 + log2 (x) Propriedade 3.

b)
log(7x5 y 2 ) = log(7) + log(x5 ) + log(y 2 ) Propriedade 5.

= log(7) + 5 log(x) + 2 log(y) Propriedade 7.

c)

log2 ( 2x) = log2 ((2x)1/2 ) Propriedade das raízes.

1
= log2 (2x) Propriedade 7.
2
1
= [log2 (2) + log2 (x)] Propriedade 5.
2
log2 (2) log2 (x)
= + Propriedade distributiva.
2 2
1 log2 (x)
= + Propriedade 2.
2 2

d) √
3 2/3
log ( x2
4
) = log ( x 4 ) Propriedade das raízes.

= log(x2/3 ) − log(4) Propriedade 6.

2
= log(x) − log(4) Propriedade 7.
3

e)
1 x6 1
ln ( 4 ) = [ln(x6 ) − ln(y 4 )] Propriedade 6.
2 y 2
6 ln(x) 4 ln(y)
= − Propriedade 7.
2 2
= 3 ln(x) − 2 ln(y) Simplificação do resultado.

Agora, tente o Exercício 1.


492 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Problema 2. Contração de expressões logarítmicas


Escreva cada expressão abaixo como o logaritmo de um único termo.

a) 3 log(x + 5) − 2 log(x) d) 2 log(x − 1) − log(x2 − 1)


b) log3 (x) − log3 (4x) + log3 (2)
1
c) [ln(x − 2) + ln(x + 2)] e) log2 (6) + log8 (x)
2

Solução.

a)
3 log(x + 5) − 2 log(x) = log((x + 5)3 ) − log(x2 ) Propriedade 7.

(x + 5)3
= log ( ) Propriedade 6.
x2

b) x⋅2
Nesse caso, podemos fazer a simpli-
log3 (x) − log3 (4x) + log3 (2) = log3 ( ) Propriedades 5 e 6.
ficação xx = 1 pois, como a expres- 4x
são original inclui log3 (x), já supo-
1
mos que x ≠ 0. = log3 ( ) Simplificação do resultado.
2

c) 1 1
[ln(x − 2) + ln(x + 2)] = [ln((x − 2)(x + 2)]) Propriedade 5.
2 2
1
= [ln(x2 − 4)] Produto notável.
2
= ln[(x2 − 4)1/2 ] Propriedade 7.

= ln( x2 − 4) Simplificação do resultado.

d)

2 log(x − 1) − log(x2 − 1) = log((x − 1)2 ) − log(x2 − 1) Propriedade 7.

(x − 1)2
= log ( ) Propriedade 6.
x2 − 1
Como a expressão original inclui (x − 1)(x − 1)
= log ( ) Produto notável.
log(x − 1), podemos fazer a simpli- (x − 1)(x + 1)
x−1
ficação, x−1 = 1, pois supomos que
x−1
(x − 1) ≠ 0. = log ( ) Simplificação do resultado.
x+1

e) log2 (x)
log2 (6) + log8 (x) = log2 (6) + Mudança de base.
log2 (8)
log2 (x)
= log2 (6) + Cálculo do logaritmo.
3
= log2 (6) + log2 (x1/3 ) Propriedade 7.

= log2 (6 3 x) Propriedade 5.

Agora, tente o Exercício 2.


Seção 5.4. Equações exponenciais e logarítmicas 493

Usando corretamente as propriedades apresentadas nesse capítulo, não é difícil


determinar a solução de equações que envolvem funções exponenciais e logarítmicas,
como veremos a seguir.

∎ Equações exponenciais
A solução de equações exponenciais e logarítmicas envolve a combinação

1. do fato de loga (x) ser a inversa de ax , e vice versa, de modo que as seguintes
propriedades dos logaritmos são válidas:
Dica a) loga (ax ) = x (Propriedade 3);
A Propriedade 3 é o caso parti-
cular da Propriedade 7 no qual b) aloga (x) = x (Propriedade 4);
b = a. c) loga (bx ) = x loga (b) (Propriedade 7);
2. do fato de loga (x) e ax serem injetoras, ou seja,
a) loga (x) = loga (y) se e somente se x = y;
b) ax = ay se e somente se x = y;
3. das demais propriedades dos logaritmos e das potências.

O item 2(a) indica que podemos aplicar o logaritmo aos dois lados de uma equação,
sem alterar a sua solução. Essa ideia é utilizada no quadro a seguir, no qual apre-
sentamos uma estratégia que permite a resolução de um grande número de equações
exponenciais.

Roteiro para a solução de equações exponenciais


Para resolver uma equação exponencial em relação à variável x,

1. Reescreva a equação de modo a obter

Nesse quadro, consideramos que a, b aexpressão com x = c


e c são constantes reais maiores que ou
zero, com a ≠ 1 e b ≠ 1. aexpressão com x = c ⋅ b outra expressão com x

2. Aplique o logaritmo aos dois lados da equação.


3. Simplifique a equação usando as Propriedades 3 e 7 do logaritmo.
4. Resolva a equação resultante.

No Passo 2 acima, pode-se aplicar o logaritmo em qualquer base. O uso da base


a, por exemplo, simplifica o lado esquerdo da equação, enquanto a base b torna mais
simples o lado direito. As bases 10 e e também são boas opções, pois permitem o uso
de uma calculadora para a determinação das constantes que aparecem na equação
resultante.
Os problemas abaixo ilustram o uso do roteiro para a solução de equações.

Problema 3. Solução de equações exponenciais


Resolva

a) 4x = 5 c) 6e5x = 12 e) 35x+1 = 52 ⋅ 3x g) 45−2x = 3x


+5
+ 24 = 144 f) 23x−2 − 4x+6 = 0
2
b) 6x−1 + 3 = 7 d) 2x
494 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Solução.

a)
Lembrete
Há várias maneiras de se resol- 4x = 5 Equação original.
ver uma mesma equação expo-
log4 (4x ) = log4 (5) Aplicando log4 aos dois lados.
nencial. A sequência de passos
mostrada aqui é apenas uma x = log4 (5) Propriedade 3 do logaritmo.
das muitas alternativas. O lei-
tor deve sentir-se livre para in- log(5)
x = Mudando para a base 10.
vestigar outros caminhos para a log(4)
obtenção da solução.
x = 1,16096 Calculando o lado direito.

b)
6x−1 + 3 = 7 Equação original.

6x−1 = 4 Isolando a função exponencial.

log(6x−1 ) = log(4) Aplicando log10 aos dois lados.

(x − 1) log(6) = log(4) Propriedade 7 do logaritmo.

log(4)
x−1 = Dividindo os dois lados por log(6).
log(6)
log(4)
x =1+ Isolando x.
log(6)
x = 1,77371 Calculando o lado direito.

c)
6e5x = 12 Equação original.

e5x = 2 Dividindo os dois lados por 6.

ln(e5x ) = ln(2) Aplicando ln aos dois lados.

5x = ln(2) Propriedade 3 do logaritmo.

ln(2)
x = Dividindo os dois lados por 5.
5
x = 0,13863 Calculando o lado direito.

d)
+5
+ 24 = 144
2
2x Equação original.
4
Note que 2 é um número real inde- +5
= 144 − 24
2

pendente de x.
2x Isolando a função exponencial.
2
+5
2x = 128 Simplificando 144 − 24 .
2
+5
log2 (2x ) = log2 (128) Aplicando log2 aos dois lados.

x2 + 5 = log2 (128) Propriedade 3 do logaritmo.

x2 + 5 = 7 Cálculo de log2 (128).

x2 = 2 Subtraindo 5 dos dois lados.


A equação tem duas soluções:

√ √ x =± 2 Extraindo a raiz quadrada.
2 e − 2.
Seção 5.4. Equações exponenciais e logarítmicas 495

e)
35x+1 = 52 ⋅ 3x Equação original.

log3 (35x+1 ) = log3 (52 ⋅ 3x ) Aplicando log3 aos dois lados.

log3 (35x+1 ) = log3 (52 ) + log3 (3x ) Propriedade 5 do logaritmo.

5x + 1 = log3 (25) + x Propriedade 3 do logaritmo.

4x = log3 (25) − 1 Isolando o termo que envolve x.

log3 (25) 1
x = − Dividindo os dois lados por 4.
4 4
log(25) 1
x = − Mudando para a base 10.
4 log(3) 4
x = 0,48249 Calculando o lado direito.

f)
23x−2 − 4x+6 = 0 Equação original.

23x−2 = 4x+6 Reescrevendo a equação.

log2 (23x−2 ) = log2 (4x+6 ) Aplicando log2 aos dois lados.

3x − 2 = (x + 6) log2 (4) Propriedades 3 e 7 do logaritmo.

3x − 2 = 2(x + 6) Calculando log2 (4).

3x − 2 = 2x + 12 Propriedade distributiva.

x = 14 Isolando x.

g)
45−2x = 3x Equação original.

log(45−2x ) = log(3x ) Aplicando log10 aos dois lados.

(5 − 2x) log(4) = x log(3) Propriedade 7 do logaritmo.

5 log(4) − 2x log(4) = x log(3) Propriedade distributiva.

5 log(4) = 2x log(4) + x log(3) Isolando os termos que envolvem x.

5 log(4) = x[2 log(4) + log(3)] Pondo x em evidência.

x[2 log(4) + log(3)] = 5 log(4) Invertendo os termos.

5 log(4)
x = Isolando x
2 log(4) + log(3)
x = 1,79052 Calculando o lado direito.

Agora, tente o Exercício 4.

Infelizmente, nem todas as equações que envolvem funções exponenciais podem ser
2x = x + 3
resolvidas usando o roteiro apresentado à Página 493. Se a equação original fosse, por
2x = 2log2 (x+3) exemplo, 2x = x+3, conseguiríamos convertê-la à forma descrita no Passo 1 do quadro,
x = log2 (x + 3). (E agora?) mas não haveria como obter sua solução com o auxílio dos métodos apresentados nesse
capítulo, como se vê ao lado.
496 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

O problema a seguir mostra uma equação que pode ser resolvida recorrendo-se a
outros artifícios algébricos.

Problema 4. Solução de uma equação exponencial


Resolva a equação e2x + 2ex − 8 = 0.

Solução.

Para resolver essa equação, vamos substituir ex por uma variável temporária y.
Nesse caso,
e2x = (ex )2 = y 2 ,
de modo que nossa equação pode ser rescrita como
y 2 + 2y − 8 = 0.
Aplicando a fórmula de Bháskara, com ∆ = 22 − 4 ⋅ 1 ⋅ (−8) = 36, obtemos

−2 ± 36 −2 ± 6
y= = .
2⋅1 2
Logo, as raízes da equação em y são
−2 + 6 −2 − 6
y1 = =2 e y2 = = −4.
2 2
Lembrando, então, que y = ex , temos duas possibilidades.
a) Para y1 = 2:
ex = 2 ⇒ ex = eln(2) ⇒ x = ln(2).

b) Para y2 = −4:
ex = −4, Impossível, pois ex > 0.
Portanto, a única solução da equação é x = ln(2) ≈ 0,69315.

∎ Equações logarítmicas
Para resolvermos equações logarítmicas, usamos uma estratégia semelhante àquela
empregada para as equações exponenciais, lembrando que, em virtude de a função
exponencial ser injetora, ay = az se e somente se y = z. Além disso, usamos a Propri-
edade 4 do logaritmo, que estabelece que aloga (y) = y, como se vê a seguir.

Roteiro para a solução de equações logarítmicas


Para resolver uma equação logarítmica na variável x, dada a constante c,
Note que as duas formas apresenta- 1. Reescreva a equação de modo a obter
das no item 1 são equivalentes, uma
vez que podemos escrever
loga (expressão com x) = c
loga (y) = loga (z) + c ou
loga (y) − loga (z) = c loga (expressão com x) = loga (outra expressão com x) + c
y
loga ( ) = c. 2. Aplique a função exponencial na base a a cada um dos dois lados.
z
3. Simplifique a equação usando a Propriedade 4 do logaritmo.
4. Resolva a equação resultante.
5. Confira se as soluções encontradas satisfazem a equação original.
Seção 5.4. Equações exponenciais e logarítmicas 497

A conferência das soluções (passo 5) é feita para assegurar que não estamos, por
exemplo, aplicando o logaritmo a um número menor ou igual a zero. Como opção
a essa verificação, podemos determinar o domínio da equação original e eliminar os
valores de x que dele não fazem parte.
O problema 5 mostra como aplicar esse roteiro a problemas práticos. Natural-
mente, há vários caminhos para a obtenção da solução de uma equação logarítmica,
de modo que estimulamos o leitor a resolver de outras maneiras as equações apresen-
tadas.

Problema 5. Solução de equações logarítmicas


Resolva
3
a) log2 (x) = 2
e) ln(5x − 8) = ln(x + 4)

b) log2 (5x) + 3 = 8 log(4 − 8x)


f) =6
log(2)
c) log(2x + 100) = 3 g) log3 (3x + 1) − 3 = log3 (x − 4) + 1

d) log2 (4x) − log2 (12) = 5 h) log10 (2x2 − 4) = log10 (7x)

Solução.

a)
log2 (x) = 3/2 Equação original.
Conferindo a resposta
2log2 (x) = 23/2 Elevando 2 a cada um dos lados.
log2 (2,82843) ≈ 1,5 Ok!
x = 23/2 Propriedade 4 do logaritmo.

x = 2,82843 Calculando a potência.

b)
log2 (5x) + 3 = 8 Equação original.
Conferindo a resposta
log2 (5x) = 5 Isolando o logaritmo.
log2 (5 ⋅ 32/5) + 3 = 8
2log2 (5x) = 25 Elevando 2 a cada um dos lados.
log2 (32) + 3 = 8
5+3=8 Ok! 5x = 32 Propriedade 4 do logaritmo.

x = 32/5 Dividindo ambos os lados por 5.

c)
log(2x + 100) = 3 Equação original.

Conferindo a resposta 10log(2x+100) = 103 Elevando 10 a cada um dos lados.

log(2 ⋅ 450 + 100) = 3 2x + 100 = 1000 Propriedade 4 do logaritmo.

log(1000) = 3 Ok! 2x = 900 Subtraindo 100 dos dois lados.

x = 450 Dividindo ambos os lados por 2.


498 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

d)
log2 (4x) − log2 (12) = 5 Equação original.

log2 (4x) = 5 + log2 (12) Isolando o logaritmo que envolve x.

2log2 (4x) = 25+log2 (12) Elevando 2 a cada um dos lados.


Conferindo a resposta
2log2 (4x) = 25 ⋅ 2log2 (12) Propriedade das potências.
log2 (4 ⋅ 96) − log2 (12) = 5
4x = 25 ⋅ 12 Propriedade 4 do logaritmo.
log2 (384) − log2 (12) = 5
8,58496 − 3,58496 = 5 Ok! x = 32 ⋅ 12/4 Dividindo ambos os lados por 4.

x = 96 Simplificando o resultado.

e)
ln(5x − 8) = ln(x + 4) Equação original.

Conferindo a resposta eln(5x−8) = eln(x+4) Elevando e a cada um dos lados.

5x − 8 = x + 4 Propriedade 4 do logaritmo.
ln(5 ⋅ 3 − 8) = ln(3 + 4)
ln(7) = ln(7) Ok! 4x = 12 Reescrevendo a equação.

x =3 Dividindo ambos os lados por 4.

f)
log(4 − 8x)
=6 Equação original.
log(2)
log(4 − 8x) = 6 log(2) Multiplicando os dois lados por log(2).
Conferindo a resposta
log(4 − 8x) = log(26 ) Propriedade 7 do logaritmo.
log(4 − 8 ⋅ (−15/2))
=6 )
10log(4−8x) = 10log(2
6
log(2) Elevando 10 a cada um dos lados.
log(64)
=6 4 − 8x = 26 Propriedade 4 do logaritmo.
log(2)
log2 (64) = 6 Ok! −8x = 60 Subtraindo 4 de ambos os lados.

x = −15/2 Dividindo ambos os lados por −8.

g)
log3 (3x + 1) − 3 = log3 (x − 4) + 1 Equação original.

log3 (3x + 1) = log3 (x − 4) + 4 Isolando o termo constante.

3log3 (3x+1) = 3log3 (x−4)+4 Elevando 3 a cada um dos lados.


Conferindo a resposta
3log3 (3x+1) = 3log3 (x−4) ⋅ 34 Propriedade das potências.
log3 (3⋅ 25 +1)−3 = log3 ( 25 −4)+1
6 6
3x + 1 = (x − 4) ⋅ 81 Propriedade 4 do logaritmo.
log3 ( 81
6
)−3 = log3 ( 16 )+1
3x + 1 = 81x − 324 Propriedade distributiva.
4−log3 (6)−3 = 0−log3 (6)+1
1−log3 (6) = 1−log3 (6) Ok! −78x = −325 Isolando o termo que envolve x.

x = 25/6 Dividindo ambos os lados por −78.


Seção 5.4. Equações exponenciais e logarítmicas 499

h)
log (2x2 − 4) = log(7x) Equação original.

−4)
10log(2x = 10log(7x)
2
Elevando 10 a cada um dos lados.

2x2 − 4 = 7x Propriedade 4 do logaritmo.

2x2 − 7x − 4 = 0 Reorganizando a equação.



−(−7) ± (−7)2 − 4 ⋅ 2 ⋅ (−4)
x = Aplicando a fórmula de Bháskara.
2⋅2
x = 4 ou − 1/2 Calculando as raízes.

Conferindo se as duas raízes da equação quadrática satisfazem a equação original,


descobrimos que

log (2 ⋅ 42 − 4) = log(7 ⋅ 4) log (2 ⋅ (−1/2)2 − 4) = log(7 ⋅ (−1/2))


log(28) = log(28) Ok! log(−7/2) = log(−7/2) Erro!

Observamos, assim, que x = −1/2 não pertence ao domínio da equação, de modo


que a única solução do problema é

x = 4.
Alternativa

Poderíamos ter chegado à conclusão de que apenas x = 4 é solução do problema se


tivéssemos verificado antecipadamente o domínio da equação.
Dado que a equação inclui o logaritmo de 2x2 − 4 e de 7x, qualquer solução deve
satisfazer

2x2 − 4 > 0 7x > 0


2
x >2 x>0
√ √
x < − 2 ou x > 2
√ √
Tomando a interseção de {x ∈ R ∣ x < − 2 ou x > 2} e {x ∈ R ∣ x > 0} obtemos

D = {x ∈ R ∣ x > 2}.

Desse modo, ao calcularmos as raízes x1 = −1/2 e x2 = 4, observamos imediata-


mente que x1 deve ser descartada.
Essa estratégia poderia ter sido adotada em todas as equações desse problema.
Entretanto, preferimos verificar se as soluções encontradas satisfazem a equação
original, pois isso costumeiramente é menos trabalhoso.

Agora, tente o Exercício 5.

A exemplo do que ocorre com as equações exponenciais, há casos em que, além de


aplicar os passos do roteiro da Página 496, precisamos recorrer a outras propriedades
do logaritmo e a algumas manipulações algébricas para resolver equações logarítmicas,
como mostra o problema a seguir.
500 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Problema 6. Solução de equações logarítmicas


Resolva

a) log(2x − 1) + log(x) = 0 c) log2 (8x) = 6 log8 (2x) + 2


b) 2 log(x) = log(3x) + log(x − 4)

Solução.

a)

log(2x − 1) + log(x) = 0 Equação original.

log((2x − 1)x) = 0 Propriedade 5 do logaritmo.

10log((2x−1)x) = 100 Elevando 10 a cada um dos lados.

(2x − 1)x = 1 Propriedade 4 do logaritmo.

2x2 − x = 1 Propriedade distributiva.

2x2 − x − 1 = 0 Reescrevendo a equação.



−(−1) ± (−1)2 − 4 ⋅ 2 ⋅ (−1)
x = Aplicando a fórmula de Bháskara.
2⋅2
x = 1 ou − 1/2 Calculando as raízes.

Conferindo se as raízes da equação quadrática satisfazem a equação original, ob-


temos
1 1
log(2 ⋅ 1 − 1) + log(1) = 0 log (2 (− ) − 1) + log (− ) = 0
2 2
1
log(1) + log(1) = 0 Ok! log(−2) + log (− ) = 0 Erro!
2
Logo, a única solução da equação é x = 1.

b)
2 log(x) = log(3x) + log(x − 4) Equação original.

2 log(x) = log(3x(x − 4)) Propriedade 5 do logaritmo.

log(x2 ) = log(3x(x − 4)) Propriedade 7 do logaritmo.

)
10log(x = 10log(3x(x−4))
2
Elevando 10 a cada um dos lados.

x2 = 3x(x − 4) Propriedade 4 do logaritmo.

x2 = 3x2 − 12x Propriedade distributiva.

2x2 − 12x = 0 Reescrevendo a equação.

x(2x − 12) = 0 Fatorando o lado esquerdo.

Como o produto de dois fatores só é zero se um deles for zero, concluímos que

x=0 ou 2x − 12 = 0.
Seção 5.4. Equações exponenciais e logarítmicas 501

Nesse último caso, temos

2x − 12 = 0 ⇒ 2x = 12 ⇒ x = 6.

Logo, as raízes da equação quadrática são

x1 = 6 e x2 = 0.

Conferindo se essas satisfazem a equação original, obtemos

2 log(6) = log(3 ⋅ 6) + log(6 − 4) 2 log(0) = log(3 ⋅ 0) + log(0 − 4) Erro!


2
log(6 ) = log(18) + log(2)
log(36) = log(18 ⋅ 2) Ok!

Portanto, a única solução é x = 6.

c)
log2 (8x) = 6 log8 (2x) + 2 Equação original.

log2 (2x)
log2 (8x) = 6 +2 Mudando para a base 2.
log2 (8)
log2 (2x)
log2 (8x) = 6 +2 Calculando log2 (8).
3
log2 (8x) = 2 log2 (2x) + 2 Simplificando o lado direito.

log2 (8x) = log2 ((2x)2 ) + 2 Propriedade 7 do logaritmo.

2log2 (8x) = 2log2 ((2x) )+2


2
Elevando 2 a cada um dos lados.

2log2 (8x) = 2log2 ((2x) ) ⋅ 22


2
Propriedade das potências.

8x = (2x)2 ⋅ 22 Propriedade 4 do logaritmo.

16x2 − 8x = 0 Reescrevendo a equação.

x(16x − 8) = 0 Pondo x em evidência.

Como no problema anterior, o produto que aparece do lado direito da última


equação só será igual a zero se um dos termos for zero, de modo que x = 0 ou
8 1
16x − 8 = 0 ⇒ 16x = 8 ⇒ x= = .
16 2
Resta-nos conferir se os dois valores obtidos satisfazem a equação original:

log2 (8 ⋅ 1/2) = 6 log8 (2 ⋅ 1/2) + 2 log2 (8 ⋅ 0) = 6 log8 (2 ⋅ 0) + 2 Erro!


log2 (4) = 6 log8 (1) + 2
2=6⋅0+2 Ok!
1
Logo, apenas x = 2
é solução.

Agora, tente o Exercício 6.

∎ Erros a evitar na manipulação de logaritmos


As propriedades dos logaritmos são frequentemente usadas de forma indevida. A Ta-
bela 5.8 mostra os casos mais comuns de engano na manipulação dessas propriedades,
apresentando o motivo de cada erro.
502 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Tabela 5.8: Aplicações incorretas das propriedades do logaritmo.

Exemplo com erro Motivo do erro Expressões corretas semelhantes

log(x + 5) = log(x) + log(5) Não há propriedade para logc (a + b) log(x) + log(5) = log(5x)

log(x) log(x)
log(x − 8) = Não há propriedade para logc (a − b) = log8 (x)
log(8) log(8)

log(3) ⋅ log(x) = log(3x) logc (a) ⋅ logc (b) = logc (blogc (a) ) log(3) ⋅ log(x) = log(xlog(3) )
log(3x) = log(3) + log(x)

log(6x) 6x logc (a) log(6x)


= log ( ) = log(2x) = logb (a) = log3 (6x)
log(3) 3 logc (b) log(3)
6x
log ( ) = log(6x) − log(3)
3

log(6 − 2x) = log((6 − 2)x) = log(4x) a − b ⋅ d ≠ (a − b) ⋅ d log((6 − 2)x) = log(6x − 2x)

log(2x + x2 ) = log((3x)2 ) = 2 log(3x) a + bk ≠ (a + b)k 2 log(3x) = log((3x)2 ) = log(9x2 )

[log(x)]2 = 2 log(x) Não há propriedade para [logc (a)]k 2 log(x) = log(x2 )

2log2 (x)+3 = 2log2 (x+3) = x + 3 logc (a) + b ≠ logc (a + b) 2log2 (x)+3 = 2log2 (x) ⋅ 23 = 8x

Esses mesmos erros podem aparecer de forma mais sutil, como mostra o exemplo
abaixo.

Exemplo 7. Erros na manipulação de logaritmos


Para resolver equações exponenciais e logarítmicas, levamos em conta o fato de
essas duas funções serem injetoras. Assim,
• se ax = ay , então x = y;
• se loga (x) = loga (y), então x = y.
Entretanto, é preciso tomar cuidado quando combinamos as propriedades da fun-
ção logarítmica com o fato de ela ser injetiva. O exemplo abaixo mostra um erro
cometido corriqueiramente. Será que você consegue detectar o que não está correto?
log(x) + log(3) = log(y) ⇒ x + 3 = y. A Errado!
Veja se você acertou, comparando a resposta acima com a conclusão correta, que é:
log(x) + log(3) = log(y) ⇒ log(x ⋅ 3) = log(y) ⇒ 3x = y.
Também é comum encontrar a seguinte dedução errada:
log2 (5) ⋅ log2 (x) = log2 (y) ⇒ 5x = y. A Errado!
Nesse caso, o correto é fazer
log2 (5) ⋅ log2 (x) = log2 (y) ⇒ log2 (xlog2 (5) ) = log2 (y) ⇒ x2,321928 = y.

Agora, tente o Exercício 7.


Seção 5.4. Equações exponenciais e logarítmicas 503

Exercícios 5.4
1. Usando as propriedades dos logaritmos, expanda as ex- 4. Resolva as equações.
pressões abaixo. Suponha sempre que as variáveis per-
tençam ao domínio das expressões. a) 3−x = 811 x
n) ( 13 ) = 27
3x−1
√ b) e = 100 o) 52x−7 = 125
a) log(4x) k) log2 ( xy) 3x+2
c) 4 = 5x−1 p) 3x+1 = 22x−3
b) log2 (16x3 ) l) log5 ( √x+2 ) d) 3 2x−1
= 4x+2 20
q) =5
log3 (yx3 ) √x +1
2
c) e) 100
= 20
10+2x
m) log3 (x x) 1+23−x/2 r) 32x−1
= 5x
d) log2 (2(x + 1)(x − 12 )) √ 3x+4
n) log3 ( x2 w)
3 f) 3 = 272x−2 s) 162
=2
e) log (x−2 (x − 4)) g) 50
=2
33x−7
√ 1+3⋅2x t) 42x−1 = 5x+1
f) ln( xe ) o) ln ( 3 y/w4 ) h) 4 2x−1
= 83x+2
√ u) 24x−5 = 81−2x
g) log2 ( x82 ) i) 52x+3 = 50
p) log (6/ x2 ) v) 35x−2 = 94
3

h) log( x+3 ) √ j) 42−x = 31


x−2 w) 2 ⋅ 32x = 61−x
i)log2 ( w5 z2 )
x q) log2 ( x(x + 1))
√ k) 3 (2x+4 − 5) = 12 x) 43x−1 = 643−2x

j) log ( x3 ) r) log5 (x y5 ) l) 3x = 2x + 2x+1 y) 153−7x = 5x
x+1
m) ( 12 ) = 64 z) ex/3−1 = e1x
2. Usando as propriedades dos logaritmos, escreva cada
expressão abaixo como o logaritmo de um único termo.
5. Resolva as equações.
Suponha sempre que as variáveis pertençam ao domínio
das expressões. a)log(2 − x) = −3
a) log2 (x) − log2 (y) b)ln(3x − 1) = 2
b) 3 log2 (x) + 2 log2 (5) c)4 − log2 (1 − 3x) = 6

c) 2 log(3x) + log(x + 1) d)log2 ( 5x − 1) = 3
d)
log (x)−3 log (z)
2 2 e)log2 (2x + 3) + 1 = log2 (x − 2) + 5
2
e) −2 log4 (x) f)log3 (x + 19) − 1 = 3 + log3 (x − 1)
f) 31 log2 (x) g)log1/3 (2x2 − 9x + 4) = −2
g) log2 (6 − x) − 12 log2 (x) h)log(10x) − log(4 − x) = 2
h) log2 (x2 − 1) − log2 (x + 1) i)log25 (2x − 1) = 1/2
i) log(x) − 2 log( x1 ) + log(5) j)log5 (x − 2) − 3 = log5 (4x + 3) − 1
j) 1
log(x) − 12 log(2) k)2 log(x + 2) − log(4) = log(x + 5) − log(8)
2
k) 1
log2 (x) + 2 log2 (y) − 13 log2 (z) l)log (x2 − 3x + 2) = log(6)
2 √
l) log2 (x − 1) − 13 log2 (x + 1)
4 m) log2 (4x − 3) − log2 ( x) = 2
3
m) 3 log4 (2x + 3) − log2 (x + 2) 6. Resolva as equações.
n) 3[ln(3) + ln(x/2)] a) log2 (4x) = log4 (x) + 7
o) 2[log(x) + 12 log(y)] − 4 log(z) b) log16 (x − 2) + log16 (x + 1) = 1/2
p) 2[log(x + 3) − log( x2 )] − 32 log(x) c) log3 (x + 2) − log1/3 (x − 6) = log3 (2x − 5)
3. Usando alguma mudança de base, além das proprie- d) 2 log(x) = log(2) + log(x + 4)
dades dos logaritmos, simplifique as expressões abaixo. e) 2 log4 (x + 6) − log4 (x) = log4 (x + 15)
Suponha sempre que as variáveis pertençam ao domínio
f) ln(x + 1) + ln(x − 2) = 1
das expressões.
g) log4 (x) + log3 (x) = 5
log(3x)−log(6)
a) log(2)
f) log2 (x) − log4 (x) h) log(4x + 1) − 2 log(3) = 3 log(2) + log(x/12)
b)
log6 (2x)+log6 (5)
g) 1
log(x) + log1000 (x) i) log2 (3x) = log4 (8x2 + 9)
log6 (10) 3
log5 (81x) j) 2 log2 (x) = log2 (4x + 8) − log2 (4)
c) log5 (3)
h) log3 (5x2 ) + log1/3 (x)
k) 2 log4 (6 − x) = log2 (3x) − log2 (6)
log2 (x)
d) 2 log2 (5) i) ln(x) ⋅ log(e) l) 2 log3 (x + 3) = log3 (x + 7) + log3 (x)
log(x−4)
e) ln(x−4) j) log(x) ⋅ logx (10) m) 4 log4 (x − 3) = log2 (25 − 6x)
504 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

7. A Tabela 5.8 mostrou erros comuns na aplicação dos lo- 8. A equação 2x−3 = 2x −23 não é válida para todo valor de
garitmos. Apresentamos abaixo algumas equações que x. Trace os gráficos de 2x−3 e de 2x − 23 para x ∈ [0,5]
não são verdadeiras para todo x e a (ou seja, que não e descubra o valor aproximado da única solução real
são identidades). Descubra para que valores de x cada dessa equação.
equação é satisfeita. Em seguida, determine a solução
9. As populações de duas cidades, A e B, são dadas
específica para o valor de a fornecido.
em milhares de habitantes por A(t) = log8 (1 + t)6 e
a) log(x + a) = log(x) + log(a), a=5 B(t) = log2 (t + 1) + 2, em que a variável t representa o
b) log(x − a) = log(x) − log(a), a=3 tempo em anos contado a partir do último censo. De-
c) ln(ax) = ln(a) ln(x), a = e2 termine o instante em que a população de uma cidade
d) [log(x)]2 = 2 log(x) é igual à população da outra.

Respostas dos Exercícios 5.4

1. a) log(4) + log(x) 4. a) x = 4 i) x = 3
b) 4 + 3 log2 (x) b) x=
1+ln(100)
≈ 1,8684 j) x = − 79
3
c) log3 (y) + 3 log3 (x) c) x ≈ −1,71882 k) x = − 12
d) 1 + log2 (x + 1) + log2 (x − 21 ) d) x ≈ 4,77378 l) x = −1 ou x = 4
e) log(x − 4) − 2 log(x) e) x=2 m) x = 94
f) ln(x) − 1 f) x = 10/3 6. a) x = 1024
g) 3 − 2 log2 (x) g) x=3 b) x=3
h) log(x + 3) − log(x − 2) h) x = −8/5
c) x=7
i) log2 (x) − 5 log2 (w) − 3 log2 (z) i) x = −1 + 12 log5 (10)
d) x=4
j) 2 log(x)
3
j) 2 + log4 (3)
e) x = 12
k)
log2 (x)+log2 (y)
2
k) log2 (9) − 4 √
log (3) f) x = 1+ 9+4e

l) log5 (x + 2) −
log5 (x2 +1) l) x = − 1−log
2 2
2 2 (3) 5 log(3) log(4)

m) 3
log3 (x) m) x = −7 g) x= 10 log(3)+log(4)
2
n) 2
log3 (x) + 1
log3 (w) n) x = −3 h) x = 12
3 3
o) x = 5 i) x=3
o) 1
3 ln(y) − 4
3 ln(w)
p) x =
−1−3 log3 (2) j) x=2
p) log(6) − 2
log(x) 1−2 log3 (2)
3
k) x=4
q) 1
log2 (x) + 1
log2 (x + 1) q) Não há solução.
2 2
log(3) l) x=9
r) log5 (x) + 1
− 1
log5 (y) r) x =
2 2 2 log(3)−log(5) m) x=4
s) x = 11
2 √x 3 7. a) x = a−1 ,
a
x = 54
2. a) log2 (x/y) k) log2 ( y 3√ ) 2 log(2)+log(5)
z t) x = 2
b) log2 (25x3 ) √
4 log(2)−log(5)
b) x = a−1 ,
a
x = 92
3 (x−1)4 u) x = 4
c) log(9x2 (x+1)) l) log2 ( ) 5
c) x = a , x = e2
1/(ln(a)−1)
√ x+1
v) x = 2
d) log2 ( x/z 3 ) √ log(6)−log(2) d) x = 1 ou x = 100
(2x+3)3 w) x =
e) log4 (1/x2 ) m) log2 ( ) 2 log(3)+log(6)
8. x ≈ 3,19
√ x+2
x) x = 10
f) log2 ( 3 x) 9
n) 8 x )
ln( 27 3
g) log2 ( √x )
6−x
y) x =
3(log(3)+log(5))
7 log(3)+8 log(5)
h) log2 (x − 1)
2
o) log ( xz4y ) z) x = 3
4
i) log(5x3 ) 5. a) 1,999
√ 4(x+3)2
j) log( x2)
p) log ( √ 7 ) b) x = (1 + e2 )/3 ≈ 2,79635
x

√ c) x = 1/4
3. a) log2 ( x
2) f) log2 ( x) d) x = 13

b) 1 + log(x) g)
3
log( x2 ) e) x = 5/2
c) 4 + log3 (x) h) log3 (5x) f) x = 5/4

d) log5 ( x) i) log(x) g) x = 5 ou x = −1/2
e) log(e) j) 1 h) x = 40/11 9. 3 anos

5.5 Inequações exponenciais e logarítmicas

Para resolver inequações exponenciais e logarítmicas, usamos as propriedades dessas


funções, assim como foi feito na Seção 5.4. Além disso, recorremos ao fato de que
as funções ax e loga (x) são crescentes quando a base a é maior que 1 e decrescentes
quando 0 < a < 1.
Seção 5.5. Inequações exponenciais e logarítmicas 505

∎ Inequações exponenciais

Problema 1. Rendimento de aplicações financeiras


Priscila acaba de obter um empréstimo de R$ 5.000,00, a uma taxa de juros de 5,6%
ao mês. Na mesma data, seu amigo Fernando contraiu um empréstimo de R$ 3.000,00
para saldar suas dívidas. Entretanto, por ser ciente de outro banco, Fernando viu-se
obrigado a pagar juros de 7,8% ao mês, mesmo tendo obtido um empréstimo de menor
valor. Determine quando a dívida de Fernando será maior que a de Priscila.

Solução.

Supondo que nenhum dos dois amigos conseguirá saldar sequer parcialmente sua
dívida nos próximos meses, os valores devidos por Priscila e Fernando no mês t,
contado a partir da data de empréstimo, serão dados, respectivamente, por

p(t) = 5000 ⋅ 1,056t ,


f (t) = 3000 ⋅ 1,078t .

Observe que, como p e f envolvem bases maiores que 1, as duas funções são
crescentes. Além disso, como a taxa de juros de Fernando é maior, sua divida crescerá
mais rapidamente. A Figura 5.25 mostra os gráficos das funções p e f . Segundo a
figura, a curva verde, que corresponde à função de Fernando, supera a curva associada
Figura 5.25: Gráficos das funções à função de Priscila a partir de cerca de 25 meses.
do Problema 1.
No Problema 1, se quisermos determinar exatamente em que período Fernando
deverá mais que Priscila, devemos resolver a inequação

3000 ⋅ 1,078t > 5000 ⋅ 1,056t .

Essa é uma inequação exponencial, ou seja, uma inequação na qual a variável


aparece no expoente de uma ou mais potências. A solução de inequações desse tipo
segue um roteiro similar ao das equações exponenciais, apresentado à Página 493.

Roteiro para a solução de inequações exponenciais


Para resolver uma inequação exponencial em relação à variável x,
1. Reescreva a inequação de modo a obter

Nesse quadro, consideramos que a, b aexpressão com x ≤ c


e c são constantes reais maiores que
zero, com a ≠ 1 e b ≠ 1. ou
aexpressão com x ≤ c ⋅ b outra expressão com x
ou ainda uma inequação similar com “<”, “≥” ou “>”.
2. Aplique o logaritmo aos dois lados da inequação, invertendo o
sinal da desigualdade caso a base do logaritmo seja menor que 1.
3. Simplifique a inequação usando as Propriedades 3 e 7 do loga-
ritmo.
4. Resolva a inequação resultante.

A novidade desse roteiro é a inversão do sinal da desigualdade no Passo 2. Essa


inversão é necessária porque loga (y) é crescente quando a > 1 e decrescente quando
0 < a < 1, de modo que
506 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

• Quando a > 1,
se y ≤ z, então loga (y) ≤ loga (z);
• Quando 0 < a < 1,
se y ≤ z, então loga (y) ≥ loga (z).

Vejamos como aplicar esse roteiro à resolução de alguns problemas práticos.

Problema 2. Solução de inequações exponenciais


Resolva

a) 3x+1 ≤ 243 d) 3000 ⋅ 1,078t > 5000 ⋅ 1,056t

b) 5x > 4 ⋅ 5x/2+6 1 4−x 1 x


e) ( ) ≤( )
3 5
1 2x−1 1
c) ( ) ≥ f) ex
2
−5
≤ e4x
2 16

Solução.

a)
3x+1 ≤ 243 Inequação original.

log3 (3x+1 ) ≤ log3 (243) Aplicando log3 aos dois lados.

x+1 ≤ 5 Propriedade 3 do logaritmo.

x ≤ 4 Isolando x.

b)
5x > 4 ⋅ 5x/2+6 Inequação original.

log5 (5x ) > log5 (4 ⋅ 5x/2+6 ) Aplicando log5 aos dois lados.

log5 (5x ) > log5 (4) + log5 (5x/2+6 ) Propriedade 5 do logaritmo.

x
x > log5 (4) + +6 Propriedade 7 do logaritmo.
2
x
> log5 (4) + 6 Reorganizando a inequação.
2
x > 2 log5 (4) + 12 Multiplicando os dois lados por 2.

2 log(4)
x > + 12 Mudando para a base 10.
log(5)
x > 13,7227 Calculando o lado direito.

c)
1 2x−1 1
( ) ≥ Inequação original.
2 16

1 2x−1 1
log 12 (( ) ) ≤ log 12 ( ) Aplicando log 1 aos dois lados.
2 16 2

1 2x−1 1 4
log 12 (( ) ) ≤ log 12 (( ) ) Reescrevendo o lado direito.
2 2
2x − 1 ≤ 4 Propriedade 7 do logaritmo.

2x ≤ 5 Reorganizando a inequação.

x ≤ 5/2 Dividindo os dois lados por 2.


Seção 5.5. Inequações exponenciais e logarítmicas 507

d)
3000 ⋅ 1,078t > 5000 ⋅ 1,056t Inequação original.
5
1,078t > 3
⋅ 1,056t Dividindo os dois lados por 3000.

log(1,078t ) > log( 53 ⋅ 1,056t ) Aplicando log10 aos dois lados.

t ⋅ log(1,078) > log( 35 ) + t ⋅ log(1,056) Propriedades 5 e 7 do logaritmo.

0,032619t > 0,22185 + 0,023664t Calculando os logaritmos.

0,008955t > 0,22185 Reorganizando a inequação.

Essa é a solução do Problema 1. t > 24,774 Isolando t.

e)
1 4−x 1 x
( ) ≤ ( ) Inequação original.
3 5
1 4−x 1 x
log (( ) ) ≤ log (( ) ) Aplicando log10 aos dois lados.
3 5
1 1
(4 − x) log ( ) ≤ x log ( ) Propriedade 7 do logaritmo.
3 5
(4 − x) log(3−1 ) ≤ x ⋅ log(5−1 ) Convertendo frações em potências.

−(4 − x) log(3) ≤ −x ⋅ log(5) Propriedade 7 do logaritmo.

x[log(3) + log(5)] ≤ 4 log(3) Reorganizando a inequação.

4 log(3)
x ≤ Isolando x.
log(3) + log(5)
x ≤ 1,62274 Calculando o lado direito.

f)
−5
e4x
2
ex ≤ Inequação original.

−5
ln(e4x )
2
ln(ex ) ≤ Aplicando ln aos dois lados.

x2 − 5 ≤ 4x Propriedade 7 do logaritmo.

x2 − 4x − 5 ≤ 0 Reorganizando a inequação.

A equação associada a essa desigualdade é x2 − 4x − 5 = 0 e suas raízes podem ser


obtidas empregando-se a fórmula de Bháskara:
√ √
−(−4) ± (−4)2 − 4 ⋅ 1 ⋅ (−5) 4 ± 36 4 ± 6
x= = = .
2⋅1 2 2
De posse das raízes, x1 = 5 e x2 = −1, e considerando que o coeficiente que multi-
plica x2 na inequação é positivo, esboçamos o gráfico da Figura 5.26, que indica
que a solução de x2 − 4x − 5 ≤ 0 é
Figura 5.26: Esboço do gráfico de
y = x2 − 4x − 5. −1 ≤ x ≤ 5.

Agora, tente o Exercício 1.


508 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

∎ Inequações logarítmicas
Para resolver inequações logarítmicas, usamos um roteiro semelhante ao das equações
logarítmicas, o qual apresentamos à Página 496.

Roteiro para a solução de inequações logarítmicas


Para resolver uma inequação logarítmica na variável x, dada a constante c,

1. Reescreva a inequação de modo a obter

loga (expressão com x) ≤ c


ou
loga (expressão com x) ≤ loga (outra expressão com x) + c
ou ainda uma inequação similar com “<”, “≥” ou “>”.
2. Aplique a função exponencial na base a a cada um dos dois lados,
invertendo o sinal da desigualdade caso 0 < a < 1.
3. Simplifique a inequação usando a Propriedade 4 do logaritmo.
4. Resolva a inequação resultante.
5. Elimine da solução os valores de x que não pertençam ao domínio
da equação original.

A exemplo do que ocorre com as inequações exponenciais, pode ser necessária a


inversão do sinal da desigualdade no Passo 2, já que ay é crescente quando a > 1 e
decrescente quando 0 < a < 1. Em outras palavras, ao elevarmos a a cada um dos dois
lados, devemos levar em conta que
• Quando a > 1,
se y ≤ z, então ay ≤ az ;
• Quando 0 < a < 1,
se y ≤ z, então ay ≥ az .
O problema abaixo mostra como resolver inequações por meio desse roteiro.

Problema 3. Solução de inequações logarítmicas


Resolva

a) log4 (5x) ≥ 3 d) log2 (5x − 1) + 5 ≥ log2 (4x) + 3


x
b) log3 ( − 10) + 10 ≤ 16
2 e) log1/2 (x + 8) ≤ log1/2 (6x − 12)
ln(3 − 2x)
c) ≤2 f) log(x) + log(2x + 4) ≥ log(11x − 3)
ln(5)

Solução.

a)
log4 (5x) ≥ 3 Inequação original.

4log4 (5x) ≥ 43 Elevando 4 a cada um dos lados.

5x ≥ 43 Propriedade 4 do logaritmo.

x ≥ 64/5 Dividindo ambos os lados por 5.


Seção 5.5. Inequações exponenciais e logarítmicas 509

A inequação original desse problema envolve o logaritmo de 5x, de modo que a


solução do problema deve satisfazer

5x > 0 ⇒ x > 0.

Como a solução obtida já satisfaz essa condição, concluímos que x ≥ 64/5.


b)
x
log3 ( − 10) + 10 ≤ 16 Inequação original.
2
x
log3 ( − 10) ≤ 6 Subtraindo 10 dos dois lados.
2

3log3 ( 2 −10)
x
≤ 36 Elevando 3 a cada um dos lados.

x
− 10 ≤ 36 Propriedade 4 do logaritmo.
2
x
≤ 739 Reorganizando a inequação.
2
x ≤ 1478 Multiplicando ambos os lados por 2.

Analisando o domínio da inequação original, constatamos que x deve satisfazer


x x
− 10 > 0 ⇒ > 10 ⇒ x > 20.
2 2
Logo, a solução do problema é

{x ∈ R ∣ 20 < x ≤ 1478} .

c)
ln(3 − 2x)
≤ 2 Inequação original.
ln(5)
Observe que ln(5) > 0. ln(3 − 2x) ≤ 2 ln(5) Multiplicando os dois lados por ln(5).

ln(3 − 2x) ≤ ln(52 ) Propriedade 7 do logaritmo.

)
eln(3−2x) eln(5
2
≤ Elevando e a cada um dos lados.

3 − 2x ≤ 52 Propriedade 4 do logaritmo.

−2x ≤ 22 Reorganizando a inequação.

Note a inversão do sinal da desigual- x ≥ −11 Dividindo os dois lados por −2.
dade.
Nesse problema, o domínio da inequação original é dado por

3 − 2x > 0 ⇒ −2x > −3 ⇒ x < 3/2.

Tomando a interseção do domínio com a solução encontrada, obtemos

{x ∈ R ∣ − 11 ≤ x < 3/2} .
510 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

d)
log2 (5x − 1) + 5 ≥ log2 (4x) + 3 Inequação original.

log2 (5x − 1) + 2 ≥ log2 (4x) Subtraindo 3 dos dois lados.

2log2 (5x−1)+2 ≥ 2log2 (4x) Elevando 2 a cada um dos lados.

2log2 (5x−1) ⋅ 22 ≥ 2log2 (4x) Propriedade das potências.

(5x − 1) ⋅ 4 ≥ 4x Propriedade 4 do logaritmo.

20x − 4 ≥ 4x Propriedade distributiva.

16x ≥ 4 Reorganizando a inequação.

x ≥ 1/4 Dividindo os dois lados por 16.

O domínio da inequação original é dado pela interseção entre

5x − 1 > 0 ⇒ 5x > 1 ⇒ x > 1/5

e
4x > 0 ⇒ x > 0,
o que implica que D = {x ∈ R ∣ x > 1/5}. Finalmente, como mostra a Figura 5.27,
a interseção do domínio com a solução encontrada fornece

Figura 5.27 S = {x ∈ R ∣ x ≥ 1/4} .

e)
log1/2 (x + 8) ≤ log1/2 (6x − 12) Inequação original.

Note a inversão do sinal da desigual- 1 log1/2 (x+8) 1 log1/2 (6x−12)


( ) ≥ ( ) Elevando 1/2 a cada um dos lados.
dade. 2 2
x+8 ≥ 6x − 12 Propriedade 4 do logaritmo.

−5x ≥ −20 Reorganizando a inequação.

x ≤ 4 Dividindo os dois lados por −5.

O domínio da inequação original é dado pela interseção entre

x+8>0 ⇒ x > −8

e
6x − 12 > 0 ⇒ 6x > 12 ⇒ x > 2,
de modo que D = {x ∈ R ∣ x > 2}. A interseção desse domínio com a solução
encontrada fornece a solução do problema, que é

{x ∈ R ∣ 2 < x ≤ 4} .

f)
log(x) + log(2x + 4) ≥ log(11x − 3) Inequação original.

log(x(2x + 4)) ≥ log(11x − 3) Propriedade 5 do logaritmo.

10log(x(2x+4)) ≥ 10log(11x−3) Elevando 10 a cada um dos lados.

x(2x + 4) ≥ 11x − 3 Propriedade 4 do logaritmo.

2x2 + 4x ≥ 11x − 3 Propriedade distributiva.

2x2 − 7x + 3 ≥ 0 Movendo os termos para a esquerda.


Seção 5.5. Inequações exponenciais e logarítmicas 511

Usando a fórmula de Bháskara para determinar as raízes da equação 2x2 −7x+3 = 0,


obtemos √ √
−(−7) ± (−7)2 − 4 ⋅ 2 ⋅ 3 7 ± 25 7 ± 5
x= = = .
2⋅2 4 4
Logo, as raízes são x1 = 3 e x2 = 1/2. Assim, observando que, na inequação
2x2 − 7x + 3 ≥ 0, o coeficiente que multiplica x2 é positivo, traçamos o gráfico da
Figura 5.28, que fornece a solução

Figura 5.28: Esboço do gráfico de I = {x ∈ R ∣ x ≤ 1/2 ou x ≥ 3}.


y = 2x2 − 7x + 3.
Voltando, agora, ao domínio da inequação original, verificamos que x deve satis-
fazer
x > 0,
2x + 4 > 0 ⇒ 2x > −4 ⇒ x > −2
e
11x − 3 > 0 ⇒ 11x > 3 ⇒ x > 3/11.
Tomando a interseção desses três intervalos, obtemos D = {x ∈ R ∣ x > 3/11}.
Finalmente, eliminando do conjunto solução os valores de x que não pertencem a
D, obtemos a região indicada em verde na Figura 5.29, que é

Figura 5.29 3 1
S = {x ∈ R ∣ <x≤ ou x ≥ 3 } .
11 2
Agora, tente o Exercício 5.

Exercícios 5.5
1. Resolva as inequações. 4. Resolva as inequações.

a) 52x+1 ≤ 625 m) 109x−4 ≥ 1 a) 2e2x + 7ex − 4 ≥ 0 c) 9x − 4 3x − 12 ≥ 0


103x
1
b) 4x ≥ 64 +1 b) 4x − 8 2x + 15 ≤ 0
n) 24x 5x
2
≤2
8x−7
c) ( 16 ) ≤ 216 o) e x+5 x−2
e ≤ ex
2
5. Resolva as inequações.
d) 1,2 x−3
≥ 2,4 p) (22x )
x+2
≤ 25x+1

x+1 6
a) ln(x) ≤ 3
1
e) (7) ≤ ( 17 ) q) 5 (4x−3 − 9) ≤ 35 b) log2 (8x) ≤ 5
f) 2 ≥ 4 ⋅ 2
x 8−x/4 √ x−1/2 1 c) log1/2 ( x4 ) ≥ 6
r) 3 ≥3
g) 510−3x ≤ 15x+12 d) log(x + 3) + 7 ≤ 9
√ 2x2 −6
h) ( 13 )
x−1/21
≤ 27 s) 2 ≥ 64 e) log3 (6x + 9) ≥ 5
100
i) 34x+5 − 9x ≥ 0 t) e3x−9 ≤ 4 f) log1/3 (4x + 1) ≥ −1
j) 4x/2+2 ≥ 8x−5 u) 8
≥6 g) log4 (2x + 32) − log4 (8) ≤ 2
2x−6 +1
3−x x+1
v) 65
≤ 1 h) log1/2 (x + 8) − log1/2 (4) ≤ 3
k) ( 12 )≤ ( 13 ) 34x+5 +11
1 i) log5 (20 − 3x) + log5 (10) ≥ 3
l) 2 ⋅ 1,06x > 4 ⋅ 1,02x w) 43x+1
≤ 4x
j) log3 (5x + 6) + log3 ( 21 ) ≥ 0
k) ln(6x + 5) ≥ ln(8x − 12)
2. Resolva as inequações.
l) log1/5 (x + 4) ≤ log1/5 (3 − 2x)
m) log(x) ≥ log(6 − x/2)
a) 2x−1 + 2x ≥ 32 b) 3x+2 + 4 3x ≥ 81 log(8x+16)
n) log(4)
≤5
ln(2x+10)
3. Resolva as inequações. o) ln( 14 )
≤ − 12
p) log2 (x − 1) + 3 ≤ 5 − log2 (x + 1)
1
a) 2 ≤ 45x−2 ≤ 4 c) 125
≤ 54x−10 ≤ 625 q) log5 (x + 3) + 6 ≤ log5 ( x4 ) + 7
x−7
b) 1 ≤ ( 12 ) ≤8 r) log1/2 (x) − 1 ≥ log1/2 (x + 3) + 2
512 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

s) log3 (4x + 7) ≥ 4 log9 (x + 4) − 1 8. Uma equipe de cientistas criou culturas de duas espé-
t) log4 (x2 − 8) ≥ log4 (2x) cies de bactérias. A população da espécie A é regida
pela função PA (t) = 500et/3 , em que t é o tempo trans-
u) log1/3 (x2 − 2) ≥ log1/3 (3x) + 1
corrido, em dias, desde a criação da cultura. Já a po-
v) log(x − 5) ≥ 1 − log(x − 2) pulação da espécie B é regida por PB (t) = 100et/2+1 .
w) log2 (x − 3) ≤ 3 − log2 (x + 4) Supondo que as duas colônias de bactérias tenham sido
x) log(x − 1) + log(x + 3) ≤ log(2x + 1) criadas no mesmo momento, determine em que inter-
y) log1/8 ( x2 ) + log1/8 (2x − 6) ≥ log1/8 (3x − 5) valo de tempo a população da espécie A foi maior que
a da espécie A.
6. Resolva as inequações.
9. Quando uma dose de 0,3 mg/ml de certo remédio é
a) 1 ≤ log2 (8x − 12) ≤ 5 1
c) ≤ log9 (2x + 1) ≤ 2 administrada por via intravenosa em um paciente, a
2
concentração de remédio (em mg/ml) em sua corrente
b) 2 ≤ log1/2 ( 14 − x) ≤ 3 d) −2 ≤ log1/3 (x − 2) ≤ −1
sanguínea é regida pela função
7. Resolva as inequações. C(t) = 0,3 ⋅ 2−t/5 ,
a) [log2 (x)]2 + 6 ≥ 5 log2 (x)
em que t é o tempo, em horas, transcorrido desde a ad-
b) [log1/3 (x)]2 − log1/3 (x) ≤ 2
ministração da droga. Determine em que intervalo de
c) 2[log4 (x)]2 ≥ 3 log4 (x) + 2 tempo a concentração de remédio no sangle é maior ou
d) [log1/2 (x)]2 ≥ 2 log1/2 (x) igual a 0,15 e menor ou igual a 0,2 mg/ml.

Respostas dos Exercícios 5.5


1. a) x ≤ 32 w) x ≥ − 41 6. a) 7
4 ≤x≤ 11
2 c) 1 ≤ x ≤ 40
b) x ≥ −3 b) 0 ≤ x ≤ 1
d) 5 ≤ x ≤ 11
8
c) x ≥ 12 2. a) x ≥ 6 − log2 (3) b) x ≥ 4−log3 (13)
d) x ≥ 7,80178
3. a) 12 ≤ x ≤ 35 c) 7
≤x≤ 7 7. a) 0 < x ≤ 4 ou x ≥ 8
e) x ≥ 25 4 2
b) 4 ≤ x ≤ 7 b) 91 ≤ x ≤ 3
f) x≥8
−12 log(3)−2 log(5)
c) 0 < x ≤ 1
2 ou x ≥ 16
g) x ≥ 4. a) x ≥ − ln(2)
log(3)+4 log(5) d) 0 < x ≤ 1
4 ou x ≥ 1
h) x ≥ 7 b) log2 (3) ≤ x ≤ log2 (5)
2 8. Para t ≤ 3,65663
i) x ≥ − 52 c) x ≥ 1 + log3 (2)
9. De 2,925 a 5 horas
j) x ≤ 19
2 5. a) 0 < x ≤ e3 n) −2 < x ≤ 126
3 log(2)−log(3)
k) x ≤ log(2)+log(3) b) 0<x≤4 o) x ≥ −4
l) x > 18,0196 c) 0 < x ≤ 161 √
p) 1 < x ≤ 5
m) x ≥ 13 d) −3 < x ≤ 97
q) x ≥ 12
e) x ≥ 39
n) 4 ≤x≤1
1
r) 0 < x ≤ 3
o) x ≤ −1 ou x ≥ 3 f) − 41 < x ≤ 12 7

g) −16 < x ≤ 48 s) −1 ≤ x ≤ 5
p) − 21 ≤ x ≤ 1
h) x ≥ − 15 t) x ≥ 4
q) x≤5 2 √
r) x ≥ − 32 i) x ≤ 5
2
u) 2<x≤2
s) x ≤ −3 ou x ≥ 3 j) x ≥ − 45 v) x ≥ 7
t) x ≥ 3 + 23 ln(5) k) 3
<x≤ 17 w) 3 < x ≤ 4
2 2
u) x ≤ 6 − log2 (3) l) − 31 ≤ x < 32 x) 1 < x ≤ 2
log3 (2)
v) x ≥ 4 − 1
2 m) 4 ≤ x < 12 y) 3 < x ≤ 5

5.6 Problemas com funções exponenciais e logarítmicas

O número de aplicações práticas que envolvem as funções exponenciais e logarítmicas


é grande. Modelos matemáticos populacionais, por exemplo, costumam representar
o tamanho da população ao longo do tempo por uma função exponencial. Por outro
lado, se queremos representar quantidades que podem assumir valores tão pequenos
quanto 10−5 e valores tão grandes como 1010 , como a intensidade de terremotos ou
a “altura” do som, é melhor utilizar uma escala logarítmica. Nessa seção, vamos
analisar algumas aplicações interessantes envolvendo tópicos que vão da biologia à
física.
Seção 5.6. Problemas com funções exponenciais e logarítmicas 513

Problema 1. População de microrganismos


Uma colônia de microrganismos cresce de forma proporcional ao tamanho da po-
pulação. Isso significa que a taxa de crescimento da colônia em um instante t é dada
por k ⋅ P (t), em que P (t) é o número de microrganismos presentes no instante t, e k é
uma constante. A função que possui essa propriedade é a exponencial. Assim sendo,
Note que incluímos a constante P0 P (t) pode ser escrita como
para alterar o intercepto-y da função P (t) = P0 ⋅ ct .
sem mudar sua assíntota. em que P0 e c são constantes reais, com c > 0 e c ≠ 1. Se preferirmos definir a priori
a base da função exponencial, podemos optar por escrever
Como dito na Seção 5.2, P (t) = P0 abt .
f (x) = k ⋅ ct e f (x) = k ⋅ abt em que P0 e b são constantes reais e a base a é escolhida de modo que a > 0 e a ≠ 1.
Suponha que uma colônia tenha, inicialmente, 20 microrganismos. Se a população
são formas equivalentes de se escrever da colônia dobra a cada 1h15, determine
a função f , desde que
a) uma função na forma P (t) = P0 2bt que expresse o número de microrganismos da
c = ab ou b = loga (c). colônia no instante t, em horas;
b) o número aproximado de microrganismos após 7 h;
c) o instante em que a colônia terá 2000 microrganismos.

Solução.

a) Como sabemos que P (0) = 20, podemos escrever


20 = P0 2b⋅0 ⇒ 20 = P0 ⋅ 1 ⇒ P0 = 20.
Logo, P (t) = 20 ⋅ 2 . Usando, agora, o fato de que P (1,25) = 2P0 , podemos
bt

encontrar a constante b fazendo:


40 = 20 ⋅ 2b⋅1,25 Equação P (1,25) = 40.

2 = 21,25b Dividindo os dois lados por 20.

log2 (2) = log2 (21,25b ) Aplicando log2 aos dois lados.

1 = 1,25b Propriedades 2 e 3 do logaritmo.

1
=b Dividindo ambos os lados por 1,25.
1,25
1
Assim, b = 1,25
= 0,8, de modo que

P (t) = 20 ⋅ 20,8t .

b) P (7) = 20 ⋅ 20,8⋅7 ≈ 970 microrganismos.


c) A população atingirá 2000 microrganismos quando P (t) = 2000, ou seja,

20 ⋅ 20,8t = 2000 Equação P (t) = 2000.

20,8t = 100 Dividindo os dois lados por 20.

log(20,8t ) = log(100) Aplicando log10 aos dois lados.

0,8t log(2) = log(100) Propriedade 7 do logaritmo.

log(100)
t = Dividindo ambos os lados por 0,8 log(2).
0,8 log(2)
t = 8,3 Calculando a expressão do lado direito.
514 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Logo, a colônia terá 2000 microrganismos 8,3h (ou 8h18) após o instante de início
da observação.

Agora, tente o Exercício 17.

Problema 2. Idade de uma múmia


Os vegetais e a maioria dos animais vivos contêm uma concentração de carbono 14
(14 C) semelhante àquela encontrada na atmosfera. Os vegetais os absorvem quando
consomem dióxido de carbono durante a fotossíntese. Já a distribuição entre os ani-
mais é feita através da cadeia alimentar. Quando um ser vivo morre, ele para de repor
o carbono 14, de modo que as quantidades desse elemento começam a decair.
Em um determinado instante, a taxa de desintegração do 14 C é proporcional à
quantidade do elemento que ainda não se desintegrou. Neste caso, o decrescimento
– ou decaimento – da quantidade do isótopo é fornecido por uma função exponencial
(com expoente negativo) que tem a forma

C(t) = C0 abt .
Também nesse problema, podería-
mos ter optado por definir uma fun- Nessa expressão, C(t) representa a quantidade da substância no instante t, C0 é
ção na forma a quantidade inicial (ou seja, no instante t = 0), b é uma constante que depende do
isótopo e a é a base que escolhemos para a função exponencial.
C(t) = C0 ⋅ dt ,
A meia-vida de um elemento radioativo é o intervalo de tempo necessário para que
em que C0 e d são constantes por de- a concentração do elemento decaia para a metade do valor encontrado em um dado
terminar, com d > 0 e d ≠ 1. instante inicial. Sabendo que a meia-vida do carbono 14 é de 5730 anos,

a) encontre uma função na forma C(t) = C0 2bt que forneça a concentração de 14 C em


um ser morto, com relação ao tempo t, em anos, contado desde a sua morte;

b) determine a idade de uma múmia egípcia que tem 70% da concentração de carbono
14 encontrada nos seres vivos atualmente.

Solução.

a) Se a meia-vida do 14 C é de 5730 anos, então a concentração após 5730 anos da


data da morte de um ser é igual à metade da concentração observada no instante
do falecimento, ou seja, C(5730) = C20 . Dessa forma,

C0 C0
C0 ⋅ 2b⋅5730 = Equação C(5730) = .
2 2

1
2b⋅5730 = Dividindo os dois lados por C0 .
2
2b⋅5730 = 2−1 Reescrevendo o lado direito.

5730b = −1 Igualando os expoentes (2x é injetora).

1
b =− Dividindo ambos os lados por 5730.
5730

Logo,
C(t) = C0 ⋅ 2−t/5730 .

b) Para encontrar a idade da múmia, vamos descobrir em que instante t a quantidade


de 14 C corresponde a 70% do que continha o nobre egípcio quando estava vivo.
Para tanto, fazemos
Seção 5.6. Problemas com funções exponenciais e logarítmicas 515

C0 ⋅ 2−t/5730 = 0,7C0 Equação C(t) = 0,7C0 .

2−t/5730 = 0,7 Dividindo os dois lados por C0 .

log(2−t/5730 ) = log(0,7) Aplicando log aos dois lados.

t
− log(2) = log(0,7) Propriedade 7 do logaritmo.
5730
log(0,7) 5730
t = −5730 Multiplicando ambos os lados por − .
log(2) log(2)

t = 2948,5 Calculando a expressão do lado direito.

Portanto, a múmia tem cerca de 2948 anos.

Agora, tente o Exercício 16.

Problema 3. Resfriamento de uma lata


Uma lata foi retirada de um ambiente no qual a temperatura era igual a Ta = 25○ C
e posta em uma geladeira cuja temperatura interna era Tr = 5○ C. A partir daquele
A função desse problema possui um momento, a temperatura dentro da lata passou a ser dada pela função
termo constante Tr , que é somado ao
termo exponencial (Ta − Tr )2−bt para T (t) = Tr + (Ta − Tr )2−bt .
deslocar a assíntota horizontal.
em que t é o tempo (em horas). Sabendo que, depois de manter a lata por 2 horas na
geladeira, a temperatura do líquido em seu interior atingiu 15○ C,

a) determine a constante b e escreva a fórmula de T (t);

b) trace o gráfico de T (t) para t ∈ [0,10].

Solução.

a) Substituindo os valores de Ta e Tr na expressão de T (t), obtemos

T (t) = 5 + (25 − 5)2−bt ⇒ T (t) = 5 + 20 ⋅ 2−bt .

Como T (2) = 15○ C, temos

5 + 20 ⋅ 2−b⋅2 = 15 T (2) = 15.

20 ⋅ 2−2b = 10 Subtraindo 5 dos dois lados.

2−2b = 1/2 Dividindo os dois lados por 20.

2−2b = 2−1 Escrevendo 1


2
como 2−1 .

−2b = −1 Igualando os expoentes (2x é injetora).

b = 1/2 Dividindo os dois lados por −2.

Logo,
T (t) = 5 + 20 ⋅ 2−t/2 .

b) De posse da expressão de T , montamos a Tabela 5.9, composta pelos pares (t, T (t)).
Com base nos pontos da tabela, traçamos o gráfico mostrado na Figura 5.30. Note
a presença de uma assíntota horizontal em T = 5○ C, indicando que a temperatura
da lata não pode ser menor que a temperatura da geladeira.
516 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Tabela 5.9: Dados do Problema 3.

t T(t)
0 25
2 15
4 10
6 7,5
8 6,25
10 5,625

Figura 5.30: Gráfico de T (t) = 5 + 20 ⋅ 2−t/2 .

Agora, tente o Exercício 19.

Problema 4. Altura do som


A intensidade de um som, denotada por I, está relacionada à energia transmitida
pela onda sonora. No sistema internacional de unidades, I é fornecida em watts por
metro quadrado (W/m2 ).
Um som é dito audível se sua intensidade é superior a I0 = 10−12 W/m2 . Por outro
lado, há ocasiões em que somos submetidos a sons que chegam a 1012 W/m2 . Dada
essa grande magnitude dos sons que ouvimos, quando nos referimos à “altura” de um
som, costumamos utilizar como unidade o decibel (dB), em lugar de W/m2 .
Para converter a intensidade I ao nível correspondente em decibéis, dado por β,
usamos a fórmula
I
β(I) = 10 log ( ) .
I0

a) Se um som de 90 dB já é suficiente para causar danos ao ouvido médio, um


2
amplificador de som de uma banda de rock, ligado a 5 × 10−1 W/m , será capaz
de prejudicar a audição de um incauto fã?

b) A que intensidade I, em W/m2 , corresponde o som usual de uma conversa, que


costuma atingir 40 dB?

Solução.

a) O amplificador emite um som a

5 ⋅ 10−1
β(5 ⋅ 10−1 ) = 10 log ( )
10−12
= 10 log(5 ⋅ 1011 )
= 10[log(5) + log(1011 )]
= 10[log(5) + 11]
≈ 117 dB

Logo, o som da banda ultrapassa 90 dB, sendo prejudicial à audição.

b) Se a conversa atinge 40 dB, então


Seção 5.6. Problemas com funções exponenciais e logarítmicas 517

I
10 log ( ) = 40 Equação β(I) = 40.
10−12
I
log ( ) =4 Dividindo ambos os lados por 10.
10−12
log( 10−12
I
)
10 = 104 Elevando 10 a cada um dos lados.

I
= 104 Propriedade 4 do logaritmo.
10−12
I = 104 ⋅ 10−12 Multiplicando os dois lados por 10−12 .

I = 10−8 Simplificando o resultado.

2
Assim, a intensidade da conversa é igual a 10−8 W/m .

Agora, tente o Exercício 4.

Problema 5. Magnitude de terremotos


A magnitude de um terremoto, M , medida na escala Richter, é função da energia
liberada, E, em Joules, e é dada pela seguinte fórmula:

2
M (E) = log(E) − 2,93.
3

a) Qual a energia liberada por um terremoto que atingiu magnitude 7,5 na escala
Richter?

b) Se as magnitudes de dois terremotos diferem por um ponto na escala Richter, qual


a razão entre os valores da energia liberada?

Solução.

a) Se o terremoto atingiu 7,5 pontos na escala Richter, então

2
log(E) − 2,93 = 7,5 Equação M (E) = 7,5.
3
2
log(E) = 10,43 Somando 2,93 aos dois lados.
3
3
log(E) = 15,645 Multiplicando os dois lados por .
2

10log(E) = 1015,645 Elevando 10 a cada um dos lados.

E = 1015,645 Propriedade 4 do logaritmo.

Portanto, E = 1015,645 ≈ 4,416 × 1015 J.

b) Suponhamos que a intensidade do terremoto mais forte seja E1 e a intensidade do


terremoto menos potente seja E2 . Nesse caso, temos

M (E1 ) = M (E2 ) + 1.

Logo,
518 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

2 2
log(E1 ) − 2,93 = log(E2 ) − 2,93 + 1 Equação M (E1 ) = M (E2 ) + 1.
3 3
2 2
log(E1 ) = log(E2 ) + 1 Somando 2,93 aos dois lados.
3 3
2 2 2
log(E1 ) − log(E2 ) = 1 Subtraindo log(E2 ) dos dois lados.
3 3 3

2 2
[log(E1 ) − log(E2 )] = 1 Pondo em evidência.
3 3

2 E1
log ( ) = 1 Propriedade 6 do logaritmo.
3 E2
E1 3 3
log ( ) = Multiplicando ambos os lados por .
E2 2 2

10log(E1 /E2 ) = 103/2 Elevando 10 a cada um dos lados.

E1
= 103/2 Propriedade 4 do logaritmo.
E2
E1
= 31,6 Cálculo da potência de 10.
E2
A razão entre as intensidades é 31,6. Assim, a intensidade do primeiro terremoto
é igual a 31,6 vezes a intensidade do segundo, ou seja,
E1 = 31,6E2 .
Agora, tente o Exercício 10.

∎ Gráficos em escala logarítmica


Nos acostumamos a traçar gráficos nos quais cada eixo representa a reta real e, por-
tanto, contém valores igualmente espaçados. Nesse caso, dizemos que o eixo tem
escala linear.
Entretanto, há grandezas que podem ser melhor representadas graficamente quando
um eixo está em escala logarítmica, ou seja, quando a distância entre dois números
sobre o eixo corresponde à diferença de seus logaritmos.
Para traçar um gráfico no qual o eixo-x está em escala logarítmica, devemos, em
primeiro lugar, calcular os logaritmos de números reais no intervalo desejado. A
Tabela 5.10, por exemplo, fornece os valores de log(x) para x entre 1 e 1000.

Tabela 5.10: Valores aproximados do logaritmo na base 10.

x 1 2 3 4 5 6 7 8 9
log(x) 0,000 0,301 0,477 0,602 0,699 0,778 0,845 0,903 0,954
x 10 20 30 40 50 60 70 80 90
log(x) 1,000 1,301 1,477 1,602 1,699 1,778 1,845 1,903 1,954
x 100 200 300 400 500 600 700 800 900
log(x) 2,000 2,301 2,477 2,602 2,699 2,778 2,845 2,903 2,954

De posse dos logaritmos, devemos marcar os valores de x sobre o eixo, usando uma
régua. A Figura 5.31 mostra como fazer essa marcação usando uma régua de 3 dm,
Seção 5.6. Problemas com funções exponenciais e logarítmicas 519

ou seja, uma régua comum de 30 cm, já que 1 dm = 10 cm. Observe que o número
1 foi associado ao zero da régua, e os demais valores de x foram marcados sobre os
pontos da régua correspondentes a seus logaritmos.

Figura 5.31: Usando uma régua com escala linear para traçar um eixo em escala
logarítmica.

Felizmente, é possível encontrar, tanto em papelarias como na internet, folhas


nas quais um ou ambos os eixos estão em escala logarítmica. Além disso, planilhas
eletrônicas e programas de traçado de gráficos costumam admitir esse tipo de escala
para os eixos, de modo que raramente precisamos criar uma escala logarítmica à mão.
Vejamos, agora, uma aplicação da escala logarítmica.

Exemplo 6. Qualidade de uma caixa acústica


Um piano de concerto possui 88 teclas (52 brancas e 36 pretas), cada qual associada
a uma nota musical. A nota mais grave é o lá0 , cuja frequência corresponde a 27,5 Hz.
Já a nota mais aguda é o dó8 , que tem frequência de 4186,009 Hz.

Figura 5.32: As 88 teclas de um piano.

As frequências das notas do piano não são igualmente espaçadas. De fato, para
determinar a frequência da tecla de número n, usamos a função
Você sabia? f (n) = 27,5 ⋅ 2(n−1)/12 .
a
A 49 tecla do piano é o lá4 ,
que serve como referência para Assim, a 49a tecla tem frequência igual a f (49) = 440 Hz.
a afinação das demais teclas, se- Quando marcamos as frequências das notas do piano sobre um eixo linear, o
gundo a norma ISO 16. espaçamento entre os pontos é muito pequeno do lado esquerdo, tornando-se maior à
medida que os valores da frequência crescem, como mostra a Figura 5.33a. Por outro
lado, usando a escala logarítmica, as notas se distribuem perfeitamente ao longo do
eixo, como se vê na Figura 5.33b.

(a) Escala linear

(b) Escala logarítmica

Figura 5.33: Frequências das notas do piano sobre eixos com diferentes escalas.

Dessa forma, se queremos representar adequadamente o que acontece com as várias


notas do piano, é preferível adotar a escala logarítmica, pois assim as notas ficarão
separadas por um intervalo constante, o que nos permitirá distingui-las com maior
facilidade.
A Figura 5.34 mostra o gráfico da resposta de frequência (em decibéis) de uma
caixa acústica, considerando todo o espectro de frequências audíveis pelos seres huma-
nos, que vai de 20 Hz a 20.000 Hz. O eixo horizontal do gráfico contém as frequências
520 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

das notas, em Hertz, apresentadas em escala logarítmica. Por sua vez, o eixo vertical
mostra a magnitude da resposta de cada frequência, em decibéis.

Figura 5.34: Resposta de frequência de uma caixa acústica.

Para que uma caixa acústica reproduza corretamente uma música interpretada ao
piano, é preciso que as notas possuam uma resposta de frequência similar, pois isso
fará com que todas sejam reproduzidas com igual magnitude. Quando a resposta
varia muito, algumas notas se destacam e temos uma percepção distorcida da música.
Observando a Figura 5.34, notamos que as frequências superiores a 40 Hz têm
uma resposta similar, próxima de 0 dB, enquanto frequências inferiores a 40 Hz têm
uma resposta mais fraca. Dessa forma, a caixa acústica reproduzirá bem as notas do
piano, com exceção das sete teclas mais graves, que possuem frequência entre 27,5 e
38,9 Hz.

Exemplo 7. Outros gráficos com escala logarítmica


Quando o gráfico da função f (x) = 2,5x é traçado no plano Cartesiano usando eixos
em escala linear, obtemos a curva mostrada na Figura 5.35a. Por outro lado, traçando
o gráfico da mesma função usando uma escala logarítmica no eixo-y e mantendo a
escala linear no eixo-x, obtemos uma reta, como exibido na Figura 5.35b.

(a) Eixo-y com escala linear (b) Eixo-y com escala logarítmica

Figura 5.35: Gráficos de f (x) = 2,5x .


Seção 5.6. Problemas com funções exponenciais e logarítmicas 521

De fato, quando o eixo-y está em escala logarítmica e o eixo-x tem escala linear,
o gráfico de uma função exponencial na forma f (x) = a ⋅ bx corresponde a uma reta.
Veremos na Seção 5.7 como aproveitar essa característica para determinar se uma
função exponencial aproxima bem um conjunto de pontos do plano, ou seja, para
fazer um ajuste de curva exponencial, a exemplo daqueles apresentados para funções
polinomiais na Seção 4.7.
As funções potência na forma f (x) = a ⋅ xb também são representadas por retas
quando aplicamos a escala logarítmica tanto ao eixo-x como ao eixo-y.
Como exemplo, considere a função f (x) = x2,75 , cujo gráfico com eixos em escala
linear é mostrado na Figura 5.36a. Convertendo os dois eixos para a escala logarít-
mica, obtemos a reta apresentada na Figura 5.36b.

(a) Eixos com escala linear (b) Eixos com escala logarítmica

Figura 5.36: Gráficos de f (x) = x2,75 .

Mais uma vez, deixaremos para a Seção 5.7 a descrição de como empregar essa
ideia para efetuar ajustes de curvas.

Exercícios 5.6
1. Você acaba de contrair uma dívida no cheque especial, período, para o modelo antigo (ou seja, o valor obtido
pagando uma taxa de 8% ao mês. Supondo que você empregando-se a função P (T ) do exercício acima). De-
não terá como saldar nem mesmo parcialmente essa dí- termine, nesse caso, o valor da constante c.
vida nos próximos meses, determine em quanto tempo 4. A escala de um aparelho de medir ruídos é definida
ela dobrará de valor. como R(I) = 120 + 10 log(I), em que R é a medida do
2. Para certo modelo de computadores produzidos por ruído, em decibéis (dB), e I é a intensidade sonora,
uma empresa, o percentual dos processadores que apre- em W/m2 . O ruído dos motores de um avião a jato
sentam falhas após t anos de uso é dado pela função equivale a 160 dB, enquanto o tráfego em uma esquina
P (t) = 100(1 − 2−0,1t ). Em quanto tempo 75% dos pro- movimentada de uma grande cidade atinge 80 dB, que
cessadores de um lote desse modelo de computadores é o limite a partir do qual o ruído passa a ser nocivo ao
terão apresentado falhas? ouvido humano.
a) Determine as intensidades sonoras do motor de um
3. Os novos computadores da empresa do exercício ante-
avião a jato e do tráfego em uma esquina movimen-
rior vêm com um processador menos suscetível a fa-
tada de uma grande cidade.
lhas. Para o modelo mais recente, embora o percentual
de processadores que apresentam falhas também seja b) Calcule a razão entre essas intensidades, ou seja,
dado por uma função na forma Q(t) = 100(1 − 2−ct ), calcule quantas vezes o ruído do avião é maior que
o percentual de processadores defeituosos após 10 anos o do tráfego.
de uso equivale a 1/4 do valor observado, nesse mesmo 5. Segundo a lei de Moore, o número de transistores em
522 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

um “chip” de computador dobra a cada dois anos. En- 11. Suponha que o preço de um automóvel tenha uma des-
tre 1971 e 2014, o número de transistores, N , em um valorização média de 19% ao ano sobre o preço do ano
chip foi dado por N (t) = 2300 ⋅ 2(t−1971)/2 , em que t anterior. Se F representa o preço inicial (preço de fá-
representa o ano. brica) e p(t) o preço do automóvel após t anos,
a) Determine o número aproximado de transistores a) determine a expressão de p(t);
em um chip de 2001. b) determine o tempo mínimo necessário, em número
b) Determine em que ano o número de transistores inteiro de anos, após a saída da fábrica, para que
atingiu 2.300.000.000. um automóvel venha a valer menos que 5% do valor
6. Dada a função f (x) = log ( 2x+4 ), determine para que inicial.
3x
valores de x tem-se f (x) < 1. 12. Suponha que tenham sido introduzidos, em um lago,
7. A população brasileira era de cerca de 170 milhões de 100 peixes de uma mesma espécie. Um estudo
habitantes em 2000 e atingiu os 190 milhões de habi- ecológico-matemático determinou que a população
tantes em 2010. dessa espécie de peixes nesse lago é dada pela fórmula
a) Considerando que t = 0 no ano 2000, determine 1000
P (t) =
a função exponencial P (t) = aebt que fornece o nú- 1 + Ae−kt
mero aproximado de habitantes do país, em relação em que t é o tempo decorrido, em meses, desde que os
ao ano. primeiros peixes foram postos no lago.
b) Usando seu modelo matemático, estime a popula- a) Determine a função P (t), sabendo que, passados 3
ção brasileira em 2020. meses da introdução dos peixes, a população atin-
8. O nível de iluminação, em luxes, de um objeto situado giu 250 cabeças.
a x metros de uma lâmpada é fornecido por uma função b) Suponha que a pesca no lago será liberada assim
na forma L(x) = aebx . que a população atingir 900 peixes. Determine em
a) Calcule os valores numéricos das constantes a e b, quantos meses isso ocorrerá.
sabendo que um objeto a 1 metro de distância da 13. O processo de resfriamento de um determinado corpo é
lâmpada recebe 60 luxes e que um objeto a 2 metros descrito por T (t) = TA +a⋅3bt , em que T (t) é a tempera-
de distância recebe 30 luxes. tura do corpo (em graus Celsius) no instante t (dado em
b) Considerando que um objeto recebe 15 luxes, cal- minutos), TA é a temperatura ambiente, suposta cons-
cule a distância entre a lâmpada e esse objeto. tante, e a e b são constantes. O referido corpo foi co-
c) Trace o gráfico de L(x) para x entre 0 e 5 metros. locado em um congelador com temperatura de −18○ C.
9. Imediatamente após a aplicação de um medicamento, Um termômetro no corpo indicou que ele atingiu 0○ C
sua concentração no sangue era de 400 mg/ml. Após após 90 minutos e chegou a −16○ C após 270 minutos.
2 horas, essa concentração havia baixado para 200 a) Encontre os valores numéricos das constantes a e
mg/ml. Supondo que a concentração do medicamento b.
seja descrita por c(t) = a ⋅ 2bt , em que t representa o b) Determine o valor de t para o qual a temperatura
tempo em horas desde sua aplicação, do corpo no congelador é apenas ( 32 )○ C superior à
a) determine as constantes a e b; temperatura ambiente.
b) determine em que instante, t, a droga deverá ser re- 14. Uma bateria perde permanentemente sua capacidade
aplicada, o que ocorrerá quando sua concentração ao longo dos anos. Essa perda varia de acordo com
baixar para 20 mg/ml. a temperatura de operação e armazenamento da bate-
10. O pH de uma substância indica se ela é ácida (pH < ria. A função que fornece o percentual de perda anual
7), neutra (pH = 7), ou básica (pH > 7). O pH está de capacidade de uma bateria, de acordo com a tem-
associado à concentração de íons de hidrogênio ([H+ ]), peratura de armazenamento, T (em ○ C), tem a forma
dada em mol/l, através da fórmula P (T ) = a ⋅ 10bT , em que a e b são constantes reais posi-
tivas. A tabela abaixo fornece, para duas temperaturas
pH = − log[H+ ]. específicas, o percentual de perda de uma determinada
bateria de íons de Lítio.
a) Determine a concentração de íons de hidrogênio do
leite de magnésia, cujo pH é 10,5. Temperatura Perda anual de
b) Determinou-se que o suco de um determinado limão (○ C) capacidade (%)
tinha pH 2,2 e o suco de uma certa laranja tinha 0 1,6
pH 3,5. Qual dos dois tinha a maior concentração 55 20,0
de íons de hidrogênio?
c) Calcule o pH do vinagre ([H+ ] = 3 ⋅ 10−4 ) e do san- Com base na expressão de P (T ) e nos dados da tabela,
gue arterial ([H+ ] = 3,9 ⋅ 10−8 ), e indique se essas a) esboce a curva que representa a função P(T), exi-
substâncias são ácidas ou básicas. bindo o percentual exato para T = 0 e T = 55;
Seção 5.6. Problemas com funções exponenciais e logarítmicas 523

b) determine as constantes a e b para a bateria em a) Determine as constantes a e b.


questão. b) Determine o número de computadores infectados
15. Um bule com café fervendo (a 100○ C) foi retirado para t = 6 h.
do fogo e posto em um ambiente cuja temperatura é 19. Uma barra cilíndrica é aquecida a 1100○ F (T0 ). Em
TA = 25○ C. Sabe-se que a função que fornece a tempe- seguida, ela é exposta a uma corrente de ar a 100○ F.
ratura do café em relação ao tempo transcorrido desde Sabe-se que a temperatura no centro do cilindro varia
a retirada do bule do fogo (ou seja, desde o instante com o tempo (em minutos) de acordo com a função
t = 0) é T (t) = TA + a ⋅ ebt .
a) Sabendo que, passados 15 minutos da retirada do T (t) = (T0 − TAR )10−t/12 + TAR .
bule do fogo, a temperatura do café foi reduzida a
a) Determine o tempo gasto para que a temperatura
55○ C, determine o valor das constantes a e b.
nesse ponto atinja 700○ F.
b) Determine a temperatura depois de passados 30
b) Determine a temperatura exata para t = 0 e t = 12
min da retirada do bule do fogo.
minutos.
16. O decaimento radioativo do Iodo 131 (um isótopo tó- c) Usando os pontos dos itens (a) e (b), esboce o grá-
xico) é descrito pela função P (t) = P0 ⋅ 2−bt , em que t é fico de T (t) para t ∈ [0,20].
o tempo transcorrido (em dias), b é uma constante real
e P0 é a concentração inicial de Iodo 131. 20. O decaimento radioativo do Césio 137 (Cs-137) é des-
crito pela função P (t) = P0 2−bt , em que t é um instante
a) Determine o valor da constante b sabendo que a de tempo, medido em anos, b é uma constante real e P0
meia-vida do Iodo 131 é de 8 dias (ou seja, que a é a concentração inicial de Cs-137, ou seja, a concen-
concentração desse isótopo cai pela metade em 8 tração no instante t = 0.
dias).
a) Determine o valor da constante b, sabendo que a
b) Uma amostra do capim de uma fazenda contami-
meia-vida do Cs-137 é de 30 anos (ou seja, a con-
nada tem, hoje, 16 vezes mais iodo 131 que o má-
centração de Cs-137 cai pela metade em 30 anos).
ximo permitido, ou seja, P0 = 16Plim . Trace um
gráfico mostrando o decaimento do Iodo 131 nos b) Determine o valor de P0 sabendo que P (60) = 250
próximos 20 dias. becquerels.
c) Determine em quantos dias, a partir de hoje, o ca- c) Trace o gráfico de P (t) para t entre 0 e 120 anos.
pim poderá ser ingerido por animais da fazenda, ou 21. O consumo anual de água da cidade de Morubixaba
seja, determine t tal que P (t) = Plim . ao longo do tempo pode ser representado pela função
17. Suponha que o número de indivíduos de uma determi- c(t) = a2bt , em que t é o tempo, em anos, decorrido
nada população seja dado pela função P (t) = a⋅2−bt , em desde o ano 2000. Sabendo que o consumo foi de 80
que a variável t é dada em anos e a e b são constantes. mil metros cúbicos em 2000 e que esse consumo che-
gou a 120 mil metros cúbicos em 2012, determine as
a) Encontre as constantes a e b de modo que a popula- constantes a e b, e estime o consumo em 2020.
ção inicial (t = 0) seja composta por 1024 indivíduos
22. Um biólogo determinou que, no dia primeiro de janeiro,
e que a população após 10 anos seja um quarto da
a região próxima a uma lagoa continha 1500 peixes de
população inicial.
uma espécie. Seis meses depois, o biólogo notou que
b) Determine o tempo mínimo para que a população o número de peixes havia dobrado. Supondo que o
se reduza a 1/8 da população inicial. número de membros dessa espécie na lagoa possa ser
c) Esboce o gráfico da função P (t) para t ∈ [0,20]. descrito aproximadamente por
18. Um vírus de computador se espalha segundo a função
N (t) = a log(bt + 10),
6500
c(t) = , em que t é o tempo, em meses, decorrido desde o dia
1 + a ⋅ 2bt
primeiro de janeiro, determine as constantes a e b.
em que c(t) é o número de computadores infectados no
23. A altura média de meninas entre 0 e 2 anos de idade
instante t (em horas), contado a partir do momento em
pode ser aproximada pela função
que a infecção foi detectada. A tabela abaixo fornece o
número de computadores infectados em dois instantes h(t) = 22,15 ln(t + 6) + 10,44,
diferentes.
Tempo (h) Computadores em que t é o tempo (em meses) transcorrido desde o
nascimento, e h é a altura (em cm).
0 100
a) Determine a altura média de meninas de 9 meses.
3 500
b) Estime em que idade as meninas atingem 80 cm de
Com base nos dados da tabela, altura.
524 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

24. De 2010 a 2013, o número aproximado de telefones ce- turandaba.


lulares per capita da cidade de Poturandaba foi dado
por 25. A taxa de transporte de certa substância através de
c(t) = 0,6 log(t − 2009) + 0,8, uma membrana está relacionada à concentração da
substância no meio exterior pela função
em que t representa o ano. Supondo que essa função
continue válida nos próximos anos, V (x) = a + b log2 (x),
a) Determine o número aproximado de telefones celu-
lares per capita em 2014. em que V é a taxa de transporte (em mg/s) e x é a con-
b) Sem calcular o número de aparelhos ano a ano, es- centração (em mg/ml). Sabendo que V (1) = 2 mg/s e
time quando haverá 1,5 celulares per capita em Po- que V (3) = 2,8 mg/s, determine as constantes a e b.

Respostas dos Exercícios 5.6

1. Em cerca de 9 meses. 13. a) a = 54 e b = −1/90 18. a) a = 64, b = −0.805012


2. Em 20 anos. b) 360 minutos. b) 2000 computadores
14. a)
3. c = −0,019 19. a) 2,64 minutos
4. a) Avião: I = 10 W/m , tráfego: I =
4 2
b) T (0) = 1100○ C, T (12) = 200○ C
10−4 W/m2 .
c)
b) O ruído do avião tem intensidade
igual a 108 vezes a intensidade do
ruído do tráfego.
5. a) 75,4 milhões de transistores
b) Em 2010
6. x < −2 ou x > 1/7
7. a) P (t) = 170.000.000e0,0111t b) a = 1,6 e b ≈ 0,01994
b) Aproximadamente 207.640.000 habi- 15. a) a = 75 e b = −0,061
tantes. b) Cerca de 37○ C.
8. a) a = 120, b = − ln(2) 16. a) b = 1/8 20. a) b = 1/30
b) 3 m b) b) P0 = 1000
c) c)

c) Em 32 dias.
9. a) a = 400, b = −1/2 17. a) a = 1024 e b = 1/5
b) 15 anos 21. a = 80, b ≈ 0,04875
b) Em 8,64 h
c(20) = 157,2 mil m2
c)
10. a) [H ] = 3,162 × 10
+
mol/l−11
22. a = 1500 e b = 15
b) O suco de limão.
c) Vinagre: pH = 3,52 (ácido) 23. a) 70,4 cm
Sangue: pH = 7,41 (básico)
b) 17 meses
11. a) p(t) = F ⋅ (0,81) t

b) 15 anos 24. a) 1,22 telefones per capita


12. a) P (t) = 1000 b) Em 2023
1+9e−t⋅ln(3)/3
b) 12 meses 25. a = 2, b = 0.504744

5.7 Novos ajustes de curvas

Já tratamos do ajuste de curvas por polinômios na Seção 4.7. Agora, veremos como
usar uma função potência ou exponencial para aproximar um conjunto de pontos.
Felizmente, como veremos, esses novos tipos de ajuste também podem ser obtidos
com o auxílio das linhas de tendência fornecidas pelas planilhas eletrônicas usuais, de
modo que suporemos que o usuário irá acompanhar o texto usando os recursos de sua
planilha preferida.
Seção 5.7. Novos ajustes de curvas 525

∎ Ajuste com uma função exponencial


Lembrete Dá-se o nome de ajuste exponencial à aproximação de um conjunto de pontos do plano
À semelhança do que foi apre- Cartesiano por uma função exponencial na forma
sentado no Exemplo 9 da Seção
5.3, quando a função exponen- f (x) = aebx ,
cial tem a forma f (x) = a ⋅ dx ,
é fácil convertê-la em f (x) =
aebx , bastando para isso definir em que a e b são constantes reais. O ajuste é efetuado determinando-se os valores de a
b = ln(d). Assim, por exemplo, e b que fazem com que as distâncias verticais entre os pontos fornecidos e o gráfico da
função exponencial sejam tão pequenas quanto possível. O problema a seguir mostra
5 ⋅ 3x = 5eln(3)x ≈ 5e1,0986x . como empregar uma planilha para encontrar a função de ajuste.

Problema 1. Colônia de bactérias


Tabela 5.11: Crescimento de uma
Uma bióloga acompanhou o crescimento de uma cultura de bactérias, anotando
cultura de bactérias.
o número de micro-organismos, N , em função do tempo, t, em horas, transcorrido
desde a instalação da cultura em uma lâmina. Os dados coletados são fornecidos na
tempo, Número de Tabela 5.11. Note que, inicialmente, a colônia contava com 35 bactérias.
t (h) bactérias, N
0 35 a) Transfira a tabela para uma planilha.
1 44 b) Marque os pontos no plano Cartesiano usando um gráfico de dispersão (ou gráfico
2 62 XY) no qual o eixo horizontal forneça o tempo e o eixo vertical o número de
3 84 bactérias.
4 137
5 181 c) Adicione ao gráfico uma linha de tendência exponencial.

d) Exiba no gráfico a expressão da função N (t) = a ⋅ ebt usada para definir a linha de
tendência, bem como o coeficiente de determinação R2 .

e) Prediga o número de bactérias decorridas 8 horas da instalação da colônia.

Solução.

Após transferir os dados da Tabela 5.11 para uma planilha, como ilustrado na
Figura 5.37, traçamos o gráfico de dispersão mostrado na Figura 5.38.

Figura 5.37: Planilha do Pro-


blema 1.

Figura 5.38: Gráfico de dispersão gerado pela planilha do Problema 1.


526 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Supondo, então, que seja possível aproximar adequadamente os pontos por uma
função exponencial, incluímos no gráfico uma linha de tendência desse tipo, e exibimos
a equação de ajuste e o coeficiente de determinação, conforme se vê na Figura 5.39.

Figura 5.39: Gráfico com a linha de tendência exponencial.

Como o coeficiente de determinação obtido – R2 = 0,9906 – está muito próximo


de 1, concluímos que a função exponencial

N (t) = 32,592e0,3408t

fornece uma boa aproximação para o ajuste. Usando essa função, é possível estimar
que, transcorridas 8 horas da criação da colônia, o número de bactérias atingiu

N (8) = 32,592e0,3408⋅8 ≈ 497,93.

Ou seja, naquele momento a lâmina continha 498 bactérias.


Agora, tente o Exercício 1.

∎ Ajuste com uma função potência


Como vimos na Seção 3.7, uma função potência é aquela que pode ser escrita na forma

Tabela 5.12: Corrente × tensão em


f (x) = axb ,
um varistor.

em que a e b são constantes reais. Esse tipo de função também é usado na prática para
I (A) V (V) aproximar conjuntos de pares ordenados (xi ,yi ), i = 1, . . . ,n, como ilustra o exemplo
0,5 18,3 abaixo.
1,0 30,0
1,8 50,0 Problema 2. Relação entre tensão e corrente em um varistor
3,5 80,0
Um varistor é um componente eletrônico no qual a resistência elétrica varia de
7,0 130,0
acordo com a tensão aplicada. Por possuir essa característica, o varistor é ligado em
13,0 220,0
paralelo aos circuitos elétricos, para protegê-los contra transientes de tensão.
24,0 340,0
A Tabela 5.12 fornece os valores medidos da corrente I (em amperes) e da tensão
30,0 400,0
V (em volts) para um determinado tipo de varistor. Siga os passos abaixo para
38,0 480,0
determinar a função potência que melhor se ajusta a esses dados.
Seção 5.7. Novos ajustes de curvas 527

a) Transfira a tabela para uma planilha.


b) Marque os pontos no plano usando um gráfico de dispersão I × V .
c) Adicione ao gráfico uma linha de tendência em forma de potência.
d) Exiba no gráfico a expressão da função V (I) = a⋅I b associada à linha de tendência,
bem como o coeficiente de determinação R2 .
e) Determine a tensão no varistor para uma corrente de 18 A.

Solução.

A Figura 5.40 mostra os pontos e a linha de tendência gerada por uma planilha
eletrônica, a partir dos dados da Tabela 5.12. Observe que a função de ajuste obtida
tem a forma
V (I) = 30,877 I 0,7551 ,
para a qual o coeficiente de determinação é excelente, atingindo 0,9996.
Usando essa função, descobrimos que, quando o varistor é sujeito a uma corrente
de 18 A, a tensão entre seus terminais é de 273,8 V.

Figura 5.40: Gráfico com linha de tendência em forma de potência.

Agora, tente o Exercício 5.

∎ Linearização do ajuste
Nos exemplos acima, sugerimos diretamente a função de ajuste, de modo que o todo o
trabalho consistiu em usar uma planilha para traçar os pontos e a linha de tendência
previamente escolhida. Entretanto, quando nos deparamos com um problema prático,
a determinação do tipo de função que melhor se adéqua aos dados nem sempre é óbvia.
Felizmente, há uma forma fácil de detectar quando os pontos podem ser aproxi-
mados por uma função exponencial ou potência. Nesses casos, uma boa estratégia
consiste em mudar um ou mais eixos para a escala logarítmica, como foi feito na
Seção 5.6. Se os pontos nesse novo gráfico estiverem alinhados, o ajuste escolhido é
satisfatório. Caso contrário, ou seja, se os pontos não parecerem fazer parte de uma
reta, devemos escolher outra tipo de função de ajuste.
528 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Usaremos os próximos dois exemplos para apresentar esse processo de conversão


de problemas, que é conhecido como linearização do ajuste.

Exemplo 3. Linearização de um ajuste exponencial


Para ilustrar a linearização de um ajuste exponencial, recorreremos ao Problema
1, no qual era preciso encontrar uma função capaz de aproximar um conjunto de
dados relacionados ao crescimento de uma colônia de bactérias.
Nosso primeiro passo será investigar o que acontece quando os pontos da Tabela
5.11 são marcados em um gráfico no qual a escala do eixo vertical é logarítmica e a
escala do eixo horizontal é linear. O resultado obtido é mostrado na Figura 5.41.

Figura 5.41: Gráfico de dispersão no qual o eixo-y está em escala logarítmica.

Observando essa figura, notamos que os pontos parecem quase alinhados, algo
bem distinto do que vimos na Figura 5.38, que sugeria uma curva exponencial.
Quando há um alinhamento dos pontos de um gráfico no qual o eixo-x está em
escala linear e o eixo-y está em escala logarítmica, o ajuste de curva mais indicado é
aquele que envolve uma função exponencial.
Para mostrar porque isso acontece, vamos aplicar as regras de conversão de equa-
ções exponenciais apresentadas na Seção 5.4 à nossa função de ajuste, que represen-
tamos por
N = aebt .
Extraindo, então, o logaritmo natural dos dois lados dessa equação, obtemos:

N = aebt Função exponencial original.

ln(N ) = ln(aebt ) Aplicação do logaritmo a ambos os lados.

ln(N ) = ln(a) + ln(ebt ) Propriedade 5 do logaritmo.

ln(N ) = ln(a) + bt Propriedade 3 do logaritmo.

y = c + bt Substituição de ln(N ) por y e de ln(a) por c.

Observe que a equação obtida ao final dessa transformação estabelece uma relação
linear entre t e y = ln(N ). Suponha, então, que tenhamos um conjunto de pontos
(ti ,Ni ) que pertençam ao gráfico de uma função exponencial, e que convertamos esses
pontos nos pares ordenados (ti ,yi ) e os tracemos no plano Cartesiano. Nesse caso, os
pontos obtidos pertencerão a uma mesma uma reta.
Seção 5.7. Novos ajustes de curvas 529

Acompanhe a ideia analisando a Tabela 5.13, que mostra o que ocorre quando
aplicamos o logaritmo natural a N = 3e2t . Note que os valores de N crescem expo-
nencialmente, enquanto os valores de y variam linearmente.

Tabela 5.13: Conversão dos pares (ti ,Ni ) nos pares (ti ,yi ) para N = 3e2t .

t N = 3e2t t y = ln(N )
0 3,00000 0 1,09861
1 22,1672 1 3,09861
2 163,794 Ô⇒ 2 5,09861
3 1210,29 3 7,09861
4 8942,87 4 9,09861
5 66079,4 5 11,09861

A relação acima indica que marcar os pontos (ti ,Ni ) em um gráfico no qual o
eixo-y tem escala logarítmica é o mesmo que traçar os valores de (ti , ln(Ni )) no plano
Cartesiano usual. Em casos assim, é comum adotar a mudança de escala.
Voltando ao nosso problema, a Figura 5.42 mostra a linha de tendência exponencial
obtida a partir dos pontos da Figura 5.41. Note que, apesar de a função de ajuste ser

N (t) = 32,592e0,3408t ,
a curva mostrada é uma reta, já que o eixo-y está em escala logarítmica.

Figura 5.42: Ajuste exponencial em um gráfico monolog.

Agora, tente o Exercício 8.

Exemplo 4. Linearização de um ajuste em forma de potência


Voltemos, agora, ao Problema 2, no qual a relação entre a corrente e a tensão em
um varistor foi aproximada por uma função potência na forma

V (I) = aI b .

Adotando estratégia similar àquela apresentada no Exemplo 3, vamos marcar os


pontos da Tabela 5.12 sobre um plano que, nesse caso, terá os dois eixos em escala
logarítmica. O gráfico encontrado é apresentado na Figura 5.43.
530 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

Figura 5.43: Gráfico de dispersão no qual os dois eixos têm escala logarítmica.

Observe que, nesse exemplo, os pontos estão quase alinhados, um indício de que
o ajuste mais adequado é aquele no qual se usa uma função potência. Para explicar
porque esse é o melhor tipo de ajuste, vamos recorrer, mais uma vez, ao uso de
logaritmos.
Suponha, então, que a nossa função de ajuste possa ser representada por V = aI b .
Aplicando o logaritmo natural aos dois lados dessa equação, obtemos:

V = aI b Função exponencial original.

ln(V ) = ln(aI b ) Aplicando ln a ambos os lados.

ln(V ) = ln(a) + ln(I b ) Propriedade 5 do logaritmo.

ln(V ) = ln(a) + b ln(I) Propriedade 3 do logaritmo.

y = c + bx Substituição de ln(V ), ln(a) e ln(I) por y, c e x.

Observe que, ao final dessa transformação, a equação obtida estabelece uma rela-
ção linear entre x = ln(I) e y = ln(V ). Sendo assim, supondo que os pontos (Ii ,Vi )
pertençam ao gráfico de uma função exponencial, se os convertermos nos pontos
(xi ,yi ) e traçarmos esses últimos no plano Cartesiano, eles pertencerão a uma mesma
reta.
Na prática, marcar os pontos (Ii ,Vi ) em um gráfico no qual os dois eixos têm escala
logarítmica é o mesmo que traçar os valores de (ln(Ii ), ln(Vi )) no plano Cartesiano
usual, motivo pelo qual adotamos a mudança de escala.
A Figura 5.44 mostra a linha de tendência exponencial obtida a partir dos pontos
da Figura 5.43. Note que, apesar de a função de ajuste ser

V (I) = 30,877 I 7551 ,

a curva mostrada é uma reta, já que os dois eixos estão em escala logarítmica.
Seção 5.7. Novos ajustes de curvas 531

Figura 5.44: Ajuste de uma função potência em um gráfico loglog.

Agora, tente o Exercício 9.

Exercícios 5.7
1. Em um laboratório, mediu-se a massa M (em gramas) anos. O primeiro valor da tabela corresponde ao preço
de um material radioativo no instante t (em dias, con- do carro novo.
tados a partir do início do experimento), obtendo–se a
t (anos) 0 1 2 3 4 5
tabela a seguir.
V (R$ mil) 71,0 65,8 60,9 56,7 53,1 49,5
t (d) 2 3 4 5 6 7
Após transferir os dados da tabela para uma planilha,
M (g) 3,16 2,38 1,75 1,34 1,00 0,74 a) Trace um gráfico Tempo x Preço.
Após transferir os dados da tabela para uma planilha, b) Usando uma linha de tendência exponencial, apro-
xime os pontos do gráfico por uma função na forma
a) Trace um gráfico Tempo × Massa. V (t) = aebt .
b) Aproxime os pontos do gráfico por uma função na c) Determine quanto o carro custará quando tiver 6
forma M (t) = aebt . anos.
c) Determine em que instante a massa foi reduzida a 4. Quando penetra na água, a luz é absorvida e refratada,
0,01 g. de modo que sua intensidade é significativamente redu-
2. A tabela abaixo fornece a população de bactérias pre- zida à medida que a profundidade aumenta. A tabela
sente em uma cultura de laboratório. abaixo mostra como a intensidade da luz incidente em
um determinado ponto da superfície do oceano é redu-
t (horas) 0 1 2 3 4 5 zida em função da profundidade, x, em metros.
População 323 469 757 1125 1687 2641
x (m) 0,5 2 5 10 15
Após transferir os dados da tabela para uma planilha, I (%) 77 63 49 30 17
a) Trace um gráfico Tempo × População, adotando a Após transferir os dados da tabela para uma planilha,
escala logarítmica no eixo vertical.
a) Trace um gráfico x × I.
b) Aproxime os pontos do gráfico por uma função na
b) Usando uma linha de tendência exponencial, apro-
forma P (t) = aebt .
xime os pontos do gráfico por uma função na forma
c) Determine em que instante a população atingirá I(x) = aebx .
5000 bactérias. c) Determine a que profundidade a intensidade da luz
3. A tabela abaixo fornece o valor de um certo modelo de equivale a apenas 10% do valor presente na super-
carro, em milhares de reais, em função de sua idade, em fície.
532 Capítulo 5. Funções exponenciais e logarítmicas

5. O período, T (em segundos), e o comprimento de um d) Aproxime os pontos do gráfico por uma função na
pêndulo, x (em metros), estão relacionados pela função forma V (t) = aebt .
e) Defina T (t) = Tamb + V (t).
T (x) = a ⋅ xb .
f) Usando a função que você obteve, determine em
Em uma experiência de laboratório, um estudante de que instante a temperatura chegou a 30○ C, mo-
física variou o comprimento de um pêndulo e anotou o mento em que a cozinheira serviu o bolo.
período correspondente, obtendo os valores mostrados 7. Uma montadora de automóveis fez um teste de acele-
na tabela a seguir. ração com seu novo modelo de carro. A tabela abaixo
fornece a velocidade máxima que o carro atingiu em
x (m) 0,125 0,25 0,5 1 2 4
um determinado instante de tempo, contado a partir
T (s) 0,73 1,09 1,52 2,03 2,76 3,91 do momento em que o motorista pisou no acelerador.
Após transferir os dados da tabela para uma planilha, t (s) 3 6 9 12 15 18
a) Trace um gráfico x × T , adotando a escala logarít- V (km/h) 43 82 99 119 128 137
mica em ambos os eixos.
b) Usando uma linha de tendência na forma de potên- Após transferir os dados da tabela para uma planilha,
cia, aproxime os pontos do gráfico por uma função a) Trace um gráfico Tempo × Velocidade.
do tipo T (x) = axb . b) Usando uma linha de tendência logarítmica, apro-
c) Calcule o valor aproximado do período de um pên- xime os pontos do gráfico por uma função na forma
dulo de 6 m. V (t) = a + b ln(t).
6. Quando um objeto resfria, sua temperatura (T ) varia c) Determine em que instante o carro atingiu
com o tempo (t) de acordo com a função 110 km/h.
8. Após transferir os dados da tabela abaixo para uma
T (t) = Tamb + aebt ,
planilha,
em que Tamb é a temperatura ambiente. a) Trace um gráfico x × y, adotando a escala logarít-
Após retirar um bolo do forno, uma cozinheira deixou- mica no eixo vertical.
o em um ambiente a 25○ C. Para descobrir como o b) Usando uma linha de tendência exponencial, apro-
bolo resfriava, a cozinheira anotou sua temperatura a xime os pontos do gráfico por uma função na forma
cada 5 minutos, obtendo os valores mostrados na tabela y(x) = aebx .
abaixo.
t (min) 0 5 10 15 20 25 x 1,5 3,0 4,5 6,0 7,5 9,0

T (○ C) 185 117 73 55 40 34 y 6,5 18,6 30,2 55,3 151,8 312,0

A cozinheira pretendia determinar a função T que for- 9. Após transferir os dados da tabela abaixo para uma
nece a temperatura aproximada do bolo ao longo do planilha,
tempo. Entretanto, ela não conseguiu fazê-lo usando a) Trace um gráfico x × y, adotando a escala logarít-
uma planilha para aproximar diretamente os dados da mica em ambos os eixos.
tabela, pois a linha de tendência exponencial da plani- b) Usando uma linha de tendência em forma de potên-
lha corresponde a uma função de ajuste na forma aebt , cia, aproxime os pontos do gráfico por uma função
que é ligeiramente diferente da definição dada a T . na forma y(x) = axb .
Felizmente, a cozinheira percebeu que, se usasse a fun-
ção x 2 4 8 16 32 64
V (t) = T (t) − Tamb ,
y 1,54 8,96 40,25 237,6 1562,3 8154,9
então seria possível fazer o ajuste exponencial, já que,
nesse caso, 10. Após transferir os dados da tabela abaixo para uma
V (t) = aebt . planilha,
Aplique a ideia da cozinheira e determine a função de a) Trace um gráfico x × y.
resfriamento do bolo, seguindo os passos abaixo. b) Usando uma linha de tendência logarítmica, apro-
a) Crie uma tabela com os dados de t e V , ou seja, xime os pontos do gráfico por uma função na forma
mantenha inalterada a linha de t e subtraia Tamb y(x) = a + b ln(x).
dos valores de T .
b) Transfira os dados para uma planilha. x 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
c) Trace um gráfico t × V . y -2,6 -0,8 -0,3 0,5 1,0 1,2
Seção 5.7. Novos ajustes de curvas 533

Respostas dos Exercícios 5.7


1. a) b) I(x) = 80,188e−0,102x 7. a)
c) 20,4 metros

5. a)

b) M (t) = 5,6414e−0,289t
c) 21,9 dias b) V (t) = 52,54 ln(t) − 14,001
2. a) c) 10,6 segundos

8. a)
b) T (x) = 2,034x0,4727
c) 4,74 segundos

6. a)

t T
b) P (t) = 318,11e0,4212t (min) (○ C)
c) 6,54 horas 0 160 b) y(x) = 3,3343e0,5002x
3. a) 5 92
10 48 9. a)
15 30
20 15
25 9

b) ...
c)

b) V (t) = 70,689e−0,072t b) y(x) = 0,2668x2,4786


c) R$ 45,9 mil
4. a) 10. a)

d) V (t) = 160,64e−0,116t

e) T (t) = 25 + 160,64e−0,116t
f) Cerca de 30 minutos b) y(x) = 2,1249 ln(x) − 1,0238

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