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das singularidades
Lev Birbrair
Edvalter Sena
a
impa
Lev Birbrair
Edvalter Sena
Geometria Lipschitz
das singularidades
Geometria Lipschitz das singularidades
Primeira impressão, julho de 2021
Copyright © 2021 Lev Birbrair e Edvalter Sena.
Publicado no Brasil / Published in Brazil.
ISBN 978-65-89124-56-6
MSC (2020) Primary: 14P10, Secondary: 11F06
1 Curvas 4
1.1 Semicomplexo de Hölder . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Curvas semialgébricas e semicomplexos de Hölder . . . . . . . . . . 5
1.3 Semicomplexo de Hölder como invariante bi-Lipschitz . . . . . . . 8
1.4 O Teorema da Realização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2 Superfícies 12
2.1 Aplicação bi-Lipschitz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.2 Complexo de Hölder . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3 Triângulo de Hölder . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.4 Cones e Cornetas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.5 Existência do Complexo de Hölder . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.6 Simplificação de Complexos de Hölder . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.7 Complexo de Hölder Canônico – Teorema de Classificação . . . . . 28
2.8 Semicomplexo de Hölder e Complexo de Hölder . . . . . . . . . . . 30
2.9 Teorema de Realização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3 Mergulho Normal 34
3.1 Mergulho normal de subconjuntos semialgébricos . . . . . . . . . . 34
3.2 Métrica da panqueca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.3 Tenda e procedimento de tenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4 Metric Knots 43
4.1 Equivalência ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.2 Nós Métricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Bibliografia 55
Índice Remissivo 59
Introdução
uma aplicação bi-Lipschitz, com respeito a métrica intrínseca entre eles. Equi-
valência extrínseca está definida como existência de uma aplicação bi-Lipschitz,
com respeito a métrica outer – a métrica de espaço ambiente. E finalmente equi-
valência ambiental é existência da uma aplicação bi-Lipschitz outer, que pode ser
estendida para aplicação bi-Lipschitz, definida no espaço ambiente.
O livro recente de Walter Neumann e Anne Pichon (ver Neumann e Pichon
2020) esta cobrando vários aspectos de geometria Lipschitz das singularidades.
Maior parte do livro esta dedicado a teoria complexa. Nosso curso tem esta mais
dedicado a parte do Geometria Real.
Neste trabalho, queremos explicar para os leitores, alguns resultados que acha-
mos importantes sobre todos as três Geometrias Lipschitz de dimensão baixa –
geometria das curvas e superfícies. De fato, a equivalência ambiental implica
equivalência outer e equivalência outer implica equivalência intrínseca.
No Capítulo 1 estamos descrevendo a Geometria Lipschitz outer das curvas
semialgébricas. O caso das curvas é “trivial” no sentido da Geometria intrínseca.
Mas no ponto de vista de métrica outer este caso é primeiro caso interessante. Os
resultados do Capítulo 1 são baseados no trabalho conjunto de Birbrair e A. C.
Fernandes (2000). Definimos ordem de contato ou ordem de tangencia de par dos
arcos. O resultado principal deste capitulo é seguinte: O tabelo das ordens do
contato (semicomplexo) dos ramos das curvas é um invariante completo.
No Capítulo 2 consideramos o caso das superfícies no ponto de vista de Ge-
ometria intrínseca. Aqui definimos o objeto principal complexo de Hölder. O
teorema principal deste capítulo é o teorema de existência do complexo de Höl-
der. Provamos que a superfície pode ser localmente triangulada no tal jeito, que
todo triângulo é equivalente de bi-Lipschitz a um triângulo de Hölder padrão. Esta
triangulação bi-Lipschitz não é única, mas pode ser modificada para ser única e
canônica. Complexo de Hölder é um objeto combinatória, descrevendo esta tri-
angulação canônica. No final do capítulo provamos que o Complexo de Hölder
canônico apresenta um invariante completo de bi-Lipschitz, respeito a métrica de
comprimento (intrínseca).
No Capítulo 3 apresentaremos uma diferença entre a Geometria Lipschitz in-
trínseca e Geometria Lipschitz extrínseca. Mas, realmente, existe uma serie es-
pecial dos conjuntos semialgébricos, para quais a métrica de comprimento e a
métrica ambiental são equivalentes. Este tipo dos conjuntos é chamado os conjun-
tos normalmente mergulhados. O resultado principal do capitulo é o teorema de
existência do mergulho normal de Birbrair e Mostowski (ver Birbrair e Mostowski
2000a). O teorema está dizendo que todo conjunto semialgébrico seria equivalente
bi-Lipschitz intrínseco a um conjunto semialgébrico normalmente mergulhado.
3
f .t/ D br ˛ C o.r ˛ /; ˛ 2 Q; b 2 R
O número ˛ vamos chamar ordem de tangencia de X1 e X2 . Usamos a notação
t ord.X1 ; X1 /.
Seja X R4 uma curva semialgébrica e x0 2 X. Pelo teorema da estrutura
cônica padrão, temos a seguinte declaração:
[k
Existe uma vizinhança Ux0 de x0 em Rn tal que X \ Ux0 D Xi onde os
i D1
conjuntos Xi tem as seguintes propriedades:
1: Xi é subconjunto semialgébrico de Rn e homeomorfo ao segmento Œ1; 0/
pelo homeomorfismo hi W Œ1; 0/ ! Xi tal que hi .0/ D x0 ;
2. Para todo i ¤ j , temos Xi \ Xj D fx0 g;
3. Existe um número r0 tal que, para todo i e 0 ⩽ r < r0 ; #.Xi \ Sr .x0 // D
1, para todo i . Onde Sr .x0 / representa a esfera centrada em x0 de raio r.
6 1. Curvas
(onde Br .x0 / é a bola centrada em x0 de raio r.) Pela definição de gij .r/ e a
versão de eliminação do quantificador do Teorema de Tarski–Seidenberg, obtemos
que gij é uma função semialgébrica. Por isso, pelo Teorema de Newton–Puiseux,
Observação 1.2.3. Note que gij .r/ não é necessariamente igual a fij .r/. Consi-
dere o conjunto X R2 definido como união dos gráficos das funções y D x 2 e
y D x 3 no ponto x0 D .0; 0/.
Lema 1.2.4 (Lema de Comparação de Ordem). Para todo i; j nos temos ˇij D
˛ij .
8 1. Curvas
∠.xi .r/ xj .r/; v0 / ⩾ ı."/
2
Seja yi1 .r/ 2 Xi1 Br .x1 / e yj1 .r/ 2 Xj1 Br .x1 / pontos tais que
k yi1 .r/ yj1 .r/ k D d ist .Xi1 Br .x1 /; Xj1 Br .x1 //,
Assim, por (1.1), (1.2) obtemos:
k ˚.yi1 .r// ˚.yj1 .r// k ⩾ gij
2
.Kr/
1 2
(onde gij ; gij significa a função gij definida para X1 e X2 respectivamente, ver
Seção 1.2). Como ˚ é uma aplicação bi-Lipschitz, existe uma constante L > 0
tal que
gij1
.r/ D k yi1 .r/ yj1 .r/ k ⩾ L k ˚.yi1 .r// ˚.yj1 .r// k.
Assim,
1
gij .r/ ⩾ Lgij 2
.Kr/.
Usando o Teorema de Newton–Puiseux e o Lema de Comparação de Ordem,
obtemos que ˛1 .ai1 ; aj1 / ⩽ ˛2 .ai2 ; aj2 /. Usando o fato que ˚ 1 é também uma
aplicação bi-Lipschitz, temos também que ˛1 .ai1 ; aj1 / ⩽ ˛2 .ai2 ; aj2 /. A primeira
parte do teorema foi provado!
b( Sejam .A1 ; ˛1 / e .A2 ; ˛2 / combinatorialmente equivalentes. Suponha-
k1 k2
mos que o isomorfismo preserve a enumeração. Seja fXi1 gi D1 e fXi2 gi D1 decom-
posição de panquecas de .X1 ; x1 / e .X2 ; x2 /. Seja r0 > 0 um número tal que
xi1 .r/ e xi2 .r/ são funções semialgébricas bem definidas, para todo r < r0 e todo
i . Considere a função semialgébrica r W X1 [ X2 ! R definida por:
k x x1 k; se x 2 X1
r.x/ D
k x x2 k; se x 2 X2
10 1. Curvas
Defina ˚ W X1 \ Br0 .x1 / ! X2 \ Br0 .x2 / por ˚.x/ D xi2 .r.x//, para
x 2 Xi1 .
Afirmação 1.3.2. Existe ı > 0 tal que ˚ jX1 \Bı .x1 / é uma aplicação bi-Lipschitz.
Demonstração da Afirmação 1.3.2. Cada Xi1 e Xi2 tem vetor tangente em x1
e x2 , respectivamente. Para algum ı > 0, temos: ˚ jX1 \Bı .x1 / é uma aplicação
bi-Lipschitz, para todo i . É suficiente provarmos que, para cada para .Xi1 ; Xj1 /, a
aplicação ˚ j.X 1 [X 1 /\Bı .x1 / é bi-Lipschitz, para algum ı1 > 0.
i j 1
Seja x 2 Xi1 e y 2 Xj1 dois pontos suficientemente próximos de x1 . Suponha-
mos que r.x/ ⩽ r.y/. Seja z 2 Xj1 tal que r.z/ D r.x/. Considere os triângulos
.x; y; z/ e .˚.x/; ˚.y/; ˚.z//. Como as curvas Xi1 ; Xj1 ; Xi2 ; Xj2 são conjuntos
semialgébricas, para r suficientemente pequeno, eles estão próximos o suficiente
de seus vetores tangentes. Assim, o ângulo no vértice z do triângulo .x; y; z/ e o
ângulo no vértice ˚.z/ do triângulo .˚.x/; ˚.y/; ˚.z// são limitados próximos
de zero. Usando este fato, obtemos que existem K1 ; K2 > 0 tais que:
K1 max r.y/ r.x/; fij1 .r.x// ⩽ k y xk (1.3)
ky x k ⩽ K2 max r.y/ r.x/; fij1 .r.x// (1.4)
k ˚.y/ ˚.x/ k ⩽ K2 max r.˚.y// r.˚.x//; fij2 .r.x// (1.6)
Como ˛1 .ai1 ; aj1 / D ˛2 .ai2 ; aj2 /, existem constantes M1 ; M2 > 0 tais que:
Observação 1.4.2. Este teorema significa que cada semiconplexo de Hölder pode
ser realizada como uma curva semialgébrica plana. X é chamada de realização
de .A; ˛/.
Tˇ D f.x; y/ 2 R2 j 0 ⩽ y ⩽ x ˇ ; 0 ⩽ x ⩽ 1g
14 2. Superfícies
8 !
ˆ
< yx ˇ1
x; ; se .x; y/ ¤ .0; 0/;
˚.x; y/ D .˚1 .x; y/; ˚2 .x; y// D fe
:̂
.0; 0/; se .x; y/ D .0; 0/:
0 C1 1
X
ˇi 1
B aei .ˇi ˇ1 /x C
B y C
B 1 i D2 C
B 2 C
B x ˇ1 fe.x/ C
D˚ D B ˇ C:
B x 1 C
B C
B C
@ x ˇ1 A
0
fe.x/
Como .x; y/ 2 X e nos obtemos que existe a > 0 tal que y < ax ˇ1 . Por
cálculos diretos temos que, para .x; y/ suficientemente próximos de 0, a norma
de D˚ (norma usual da matriz) é limitada próximos do zero. Ou seja, nos temos
fe.x/ e suficientemente próximos de .0; 0/,
lim ˇ D 1. Assim, para .x; y/ 2 I nt X
x7!0 x 1
C1
X
@˚2
j j<j aei .ˇi ˇ1 /x ˇi 1 j < j 2ae2 .ˇ2 ˇ1 /x ˇ2 1 j
@x
i D2
Mas ea2 .ˇ2 ˇ1 /x ˇ2 1 tende a zero, quando x tende a zero. Portanto, existe
K > 0 tal que a aplicação
˚jI nt.X\f.x;y/I e
e jxj<Kg/ W I nt.X\f.x; y/I jxj < Kg/ ! I nt .Tˇ \f.x; y/I jxj < Kg/
dl .z1 ; z2 / ⩾ K:di nd .. .z1 /; .p// C K:di nd .. .z2 /; .p// ⩾ K:di nd . .z2 /; .p/
18 2. Superfícies
k
[
Então, Xi é um triângulo semialgébrico ˇ-Hölder, onde ˇ D mi nfˇi j i D 1; : : : ; kg
i D1
1 1
di nd .˚ .x; 0/; ˚ .x; x ˇ // ⩾ j di nd .˚ 1
.x; 0/; a/ di nd .˚ 1
.x; x ˇ /; a/ j
Como di nd .˚ 1 .x; x ˇ /; a/ D x; di nd .˚ 1 .x; 0/; a/ D r.x/ e ˚ é uma
aplicação bi-Lipschitz, onde K > 0 e que Kx ˇ ⩾ j r.x/ x j.
Lema 2.3.7 (Lema d-parametrização). Seja X um triângulo semialgébrico ˇ-Hölder
com vértice principal a e curvas limitadas
1 e
2 . Então, existe um germe de apli-
cação semialgébrica bi-Lipschitz Q W .X; a/ ! .Tˇ ; 0/ satisfazendo as seguintes
condições:
1. Para z 2
1 suficientemente próximo de a, Q.z/ D .x; x ˇ /.
2. Para z 2
2 suficientemente próximo de a, Q.z/ D .x; 0/.
onde x D di nd .z; a/.
Demonstração: Seja ˚ W .X; a/ ! .Tˇ ; 0/ uma aplicação satisfazendo a
condição b/ do Lema 2.3.5. Seja W .Tˇ ; 0/ ! .Tˇ ; 0/ uma aplicação definida
por:
y
.r.x/:.1 xˇ
/ C x. xyˇ /; y/; se .x; y/ ¤ .0; 0/
.x; y/ D
.0; 0/; se .x; y/ D .0; 0/
onde,
@1 y
D r 0 .1 / C rˇyx ˇ 1
C yx ˇ
yˇx ˇ
@x xˇ
@1 x r.x/
D
@x xˇ
Nos obtemos, por cálculos simples, que existem constantes K1 ; K2 > 0 tais
@1
que, para .x; y/ suficientemente próximos de .0; 0/, temos; K1 < < K2 .
@x
@1
Usando o Lema 2.3.6 nos temos j j < K3 para algum K3 > 0. Por isso,
@y
k D k é limitado bem longe do 0 e do 1, por tanto, é uma aplicação bi-
Lipschitz. Defina Q D ı ˚. Como D id , para y D x ˇ , Q satisfaz as
condições exigidas. □
Chamaremos a aplicação Q construída acima como a aplicação d -parametrização.
j
Todos os triângulos Ti são bi-Lipschitz equivalent (a equivalência bi-Lipschitz
é dada pela rotação do ângulo =2). Considere o triângulo T11 . Seja P1 W R3 !
R2 a projeção P1 .x1 ; x2 ; y/ D .x1 ; y/. Em cada ponto interno x D .x1 ; x2 ; y/ 2
T11 o ângulo entre o plano tangente Tx T11 e o plano coordenada f.x1 ; x2 ; y/ j
x2 D 0g é limitado por 2 . Então, a aplicação P1 jT 1 é bi-Lipschitz. Pela defini-
1
ção, P1 .T11 / D f.x1 ; y/ 2 R2 j p1 y ˇ ⩽ x1 ⩽ p1 y ˇ I 0 ⩽ y ⩽ 1g. O
2 2
conjunto P1 .T11 / é bi-Lipschitz equivalente a Tˇ . Então, T11 é bi-Lipschitz equi-
valente a Tˇ . Coloque Tˇ1 D T11 [ T12 ; Tˇ2 D T12 [ T22 . Pelo Primeiro Lema
Estrutural, Tˇ1 e Tˇ2 são bi-Lipschitz equivalente ao triângulo ˇ-Hölder Tˇ padrão.
Tˇ1 e Tˇ2 são chamados de semicorneta.
22 2. Superfícies
0 xˇ 00 xˇ
Tˇ D f.x; y/ 2 Tˇ j y ⩾ g; Tˇ D f.x; y/ 2 Tˇ j y ⩽ g
2 2
0 00
Defina Y1 D ˚ 1 .Tˇ /; Y2 D ˚ 1 .Tˇ /. Agora fY1 ; X2 ; : : : ; Xk g é um con-
junto finito de triângulos semialgébricos de Hölder satisfazendo 0
as condições
1 do
[k
Segundo Lema Estrutural (Lema 2.3.4). Por isso, Y 0 D Y1 [ @ Xi A é um
i D2
j j
triângulo semialgébrico ˇ-Hölder com vértice principal a. Sejam Qˇ W Tˇ ! Tˇ
0
(onde j D 1; 2 e Tˇ1 ; Tˇ2 - semicornetas), Q1 W Y1 ! Tˇ ; Q2 W Y2 ! Tˇ as
aplicações d -parametrização. Defina Q W X ! Hˇ por:
( 1 0
.Qˇ1 / .Q1 .z//; se z 2 Y1
Q.z/ D 1
.Qˇ2 / .Q2 .z//; se z 2 Y2
Pelas propriedades da aplicação d -parametrização, para z suficientemente pró-
ximo de a, Q está bem definida e é bi-Lipschitz. O Lemma da Corneta está pro-
vado! □
Definição 2.4.3. O conjunto (semialgébrico) X Rn é chamado de ˇ-corneta
geométrico (semialgébrico) com respeito ao vértice a se o germe .X; a/ é (semial-
gebricamente) bi-Lipschitz equivalente ao germe .Hˇ ; 0/. Se ˇ D 1, o conjunto X
será chamado de Cone Geométrico (semialgebricamente) com respeito ao vértice
a.
tal que B a;ı \ X (onde B a;ı é a bola fechada centrada em a, de raio ı) é um com-
plexo de Hölder geométrico, semialgébrico correspondente a . ; ˇ/ com vértice
principal a.
Observação 2.5.2. O teorema pode ser obtido pelo corolário de decomposição
de ‘‘L-conjuntos”, ver Parusiński (1994) ou a decomposição em ‘‘panquecas”,
ver Kurdyka (1992a, 2000). A versão 2-dimensional é relatada no resultado de
Bochnak e Risler (1975a).
Aqui apresentamos uma prova do teorema. Na verdade, o resultado é um
pouco diferente do resultado de Kurdyka (1992a, 2000). Precisamos que as ‘‘panquecas”
(ou o triângulo de Hölder) sejam subconjuntos fechados de X e a decomposição
tem que ser uma triangulação.
2
Demonstração: Seja fe1 ; e2 ; : : : ; en g uma base ortonormal em Rn ; Rij D
n 2
spanfei ; ej g e Pij W R ! Rij uma projeção ortogonal. Considere a aplicação
de Gauss G W X Si ngX n ! G.2; n/ (onde G.x/ D Tx X 2 G.2; o n/). Seja
" 2
Uij D m 2 G.2; n/ j angle.m; Rij / < "
2
□
[
Lema 2.5.3. Existe "0 > 0 suficientemente pequeno tal que Uij"0 D
1⩽i;j ⩽n
G.2; n/.
Demonstração: É claro que fUij" g é uma cobertura aberta de G.2; n/.
">0;1⩽i;j ⩽n
Como G.2; n/ é um espaço compacto, existe uma subcobertura finita fUij"k g
1⩽i;j ⩽n;1⩽k⩽K
K
[ [ [
dele. Seja "0 D min "k . Então Uij"k D Uij"0 (porque Uij"1 Uij"2 , se
1⩽k⩽K
kD1 ij ij
[
"2 < "1 ). Por isso, G.2; n/ D Uij"0 . Lema provado! □
1⩽i;j ⩽n
Seja Xij D G 1 .Uij"0 /. Pelo Lema 2.5.3, fXij g1⩽i;j ⩽n é uma cobertura de
X Si ngX. Se a 2 SmoothX , então existe um par .i; j / tal que a 2 Xij .
Seja ı um número tal que Pij jXij \B a;2ı é uma aplicação bi-Lipschitz. (Este nú-
2
mero existe pelo Lema 2.5.3, ∠.Ta X; Rij /< "). Por isso, Pij .X \ Ba;2ı /
2
é um conjunto aberto contendo Pij .a/. Significa que Pij .X \ B a;ı / pode ser
dividido em quatro triângulos 1-Hölder (quadrantes). Finalmente, X \ B a;ı é o
complexo de Hölder geométrico, semialgébrico correspondente a . ; ˇ/, onde é
24 2. Superfícies
Afirmação 2.5.4. Para cada k, existe ˇ.k/ tal que Xik0 j0 \ B a;ı é um triângulo
ˇ.k/-Hölder semialgébrico.
pode ser obtido da AAA usando uma família finita de cirurgias AAA
Isto é,
l.ai1 / D h.ai1 /
Vamos considerar uma aresta g 1 2 E 0 . Temos as seguintes opções:
1
1 0
1. A aresta g 1 conecta dois vértices críticos ai1 e ai12 de 1 . Pelo fato de
h ser um homeomorfismo, existe uma aresta g 2 2 E 0 conectando os vértices
2
1 1 1 1 0
h.ai1 / D l.ai1 / e h.ai2 / D l.ai2 / do grafo 2 . Por l.g 1 / D g 2 .
0
2. A aresta g 1 2 E 0 conecta o vértice crítico ai1 e o vértice do laço bs1 de 1.
1
Pela definição do vértice do laço, existe outra aresta gz1 conectando bs1 e ai1 . Como
0
h é homeomorfismo e não existe laço no grafo 2 , existe um vértice de laço bt2 D
h.bs1 / conectado com h.as1 / pelas arestas g 2 e gz2 . Note l.bs1 / D bt2 ; l.g 1 / D g 2
g 1 / D gz2 .
e l.z
0
3. A aresta g 1 conecta dois vértices de laço bs1 e br1 do grafo 1 . Consequen-
temente, existe outra aresta gz1 conectando bs1 e br1 . O homeomorfismo h leva o
0 0 0
círculo isolado de 1 ao círculo isolado 2 . Uma vez que 2 é um grafo sem
2 2
laço, existe dois vértices bt e bu neste círculo isolado. Esses vértices dividem
o círculo em duas partes. Chamaremos um deles g 2 e a segunda gz2 . Coloque
l.bs1 / D bt2 ; l.br1 / D bu2 ; l.g 1 / D g 2 ; l.z
g 1 / D gz2 . A aplicação construída g é
um isomorfismo de grafo. O teorema está provado! □
2.6. Simplificação de Complexos de Hölder 27
(
1; se a1 ; a2 pertencem a componente conexas diferentes de I
e
˛ .a1 ; a2 / D max min ˇ.g /:
k
2P gk 2
ee
Proposição 2.8.1. .A; ˛ / é um Semicomplexo de Hölder.
Demonstração: Iremos provar a propriedade isósceles. Sejam a1 ; a2 ; a3 três
vértices de A e tais que e ˛ .a1 ; a2 / ⩽ e˛ .a2 ; a3 / ⩽ e˛ .a1 ; a3 /. Suponhamos que
a1 ; a2 ; a3 pertençam a uma mesma componente conexa de . (Caso contrário,
a proposição é trivial). Sejam fg1 ; : : : ; gk g um caminho em conectando a1
0 0
e a2 , fg 1 ; : : : ; g s g um caminho em conectando a2 e a3 . Assim, e ˛ .a2 ; a3 / ⩽
mi nfe ˛ .a1 ; a2 /; e ˛ .a1 ; a3 /g. Como e ˛ .a1 ; a2 / ⩽ e
˛ .a1 ; a3 / obtemos que e
˛ .a2 ; a3 / D
e
˛ .a1 ; a2 /. □
2.8. Semicomplexo de Hölder e Complexo de Hölder 31
Demonstração: .2/ Seja Yi1 e Yj1 dois ramos (panquecas) de C l.Y 1 /. Sejam
ai e aj dois vértices em . ; ˇ/. Suponha que ai e aj pertençam a uma mesma
componente conexa de . Seja
D fg1 ; : : : ; gs g um caminho ‘‘maximal” em
conectando ai e aj (significa que e
˛ .ai ; aj / D min ˇ.gk //. Pelos resulta-
gk 2
dos de Birbrair (1999), a união dos triângulos curvilíneos correspondentes às ares-
tas g1 ; : : : ; gs é bi-Lipschitz equivalente ao triângulo de e
˛ .ai ; aj /-Hölder padrão.
1 1
Seja ai .r/ 2 Yi e aj .r/ 2 Yj pontos tais que
K1 dl .ai .r/; y0 / ⩽ r e
˛ .ai ;aj /
⩽ K2 dl .ai .r/; y0 /
e a ‘‘normalização”
.1/ Se Y não for localmente normalmente mergulhado em y0 . Seja Y
e0 e 1 e 2
obtida em Birbrair e Mostowski (2000a). Seja Y [ Y [ Y a estratificação topo-
lógica canônica de Ye. Seja ˚ W Ye ! Y uma aplicação semialgébrica satisfazendo
as seguintes condições:
a) ˚ é uma aplicação bi-Lipschitz com respeito a métrica comprimento.
b) ˚ é uma aplicação Lipschitz com respeito a métrica induzida. A existência
desta aplicação é mostrada em Birbrair e Mostowski (ibid.). Claramente, ˚.Y e1 [
e / D Y [ Y . Sejam Y
Y 0 1 0 e eY
1 e dois ramos de Y
1 e e seja y
1 1
e0 D ˚ .y0 /. Seja
i j
e
ai .r/ 2 Ye ee
1
aj .r/ 2 Ye dois pontos tais que
1
i j
di nd .e e0 / D di nd .e
ai .r/; y e0 / D r:
aj .r/; y
Por Birbrair e Mostowski (ibid.), temos
di nd .e aj .r// D r e
ai .r/;e ˛ .ai ;aj /
C o.r e
˛ .ai ;aj /
/;
di nd .ai .r/; aj .r// D r ˛.ai ;aj / C o.r ˛.ai ;aj / /;
temos que
˛ .ai ; aj / ⩽ ˛.ai ; aj /:
e (2.1)
Tˇ D f.x; y/ 2 R2 j 0 ⩽ y ⩽ x ˇ I 0 ⩽ x ⩽ 1g
é normalmente mergulhado. (A demonstração deste fato é trivial.) O duplo ˇ-
triângulo de Hölder
2. X é normalmente mergulhado em Rm ; e
Note que X, sendo semialgébrico e conexo, é conexo por arcos; por isso
dp .x1 ; x2 / está bem definida para cada par .x1 ; x2 / (vide a demonstração do Teo-
rema 3.2.5). Nós chamamos dp a métrica da panqueca.
Teorema 3.2.1. A função dp W X X ! R é semialgébrica e define uma métrica
em X.
Into foi provado em Kurdyka e Orro (1997); relembraremos o argumento por
conveniência. Precisaremos dos seguintes lemas.
Lema 3.2.2. Existe K > 0 tal que, para quaisquer x1 ; x2 2 X , tem-se
dp .x1 ; x2 / ⩾ Kdl .x1 ; x2 /:
Demonstração. Seja K D min Kj , onde Kj é a constante correspondente a pan-
queca Xj (vide Seção 2). Assim, para cada y D fy1 ; : : : yk g temos
di nd .yi ; yi 1/ ⩾ Kdl .yi ; yi 1 /:
Portanto,
k
X
dp .x1 ; x2 / ⩾ Kdl .yi ; yi 1/ ⩾ Kdl .x1 ; x2 /;
i D2
e o lema está provado.
38 3. Mergulho Normal
Lema 3.2.3. Para cada x1 ; x2 2 X, existe y 2 Yx1 ;x2 tal que dp .x1 ; x2 / D l.y/.
maxfdi nd .x1 ; x2 /; ji .x1 / i .x2 /jg ⩽ Bdi nd .i .x1 /; i .x2 //
Como dp .y; xz/ D i .y/ ⩽ di nd .x; y/, obtemos, pela Desigualdade Triangular,
e assim
dp .x; y/ ⩽ 3di nd .x; y/:
Por isso, pelo ??, segue que
(2’) Defina Xzj1 D 1 .Xj /; assim tem-se que fXzj1 gkj D1 é uma decomposição de
Xz 1 (pela Proposição 3.3.1).
Teorema 4.1.2 (Teorema de Sampaio). Se dois germes .X; 0/ e .Y; 0/ são ambien-
talmente bi-Lipschitz equivalentes, então os cones tangentes C.O; X / e C.O; Y /
também são ambientalmente bi-Lipschitz equivalentes. Em particular eles são to-
pologicamente ambientalmente equivalentes.
Para quaisquer dois arcos
1 e
2 pode-se definir duas ordens de contato: in-
terno e externo.
Definição 4.1.7. Dados dois números racionais alpha > 1 e ˇ > 1, a parte do
g˛ é chamada de .˛; ˇ/- wedge.
limite do conjunto W ˛ˇ pertence ao interior de W
Figura 4.4: Os links das superfícies XK;0 0 D @YK;0 0 e U na prova do Teorema 4.2.2
0 0
Lema 4.2.5. Se as superfícies XK;i e XK;j são bi-Lipschitz equivalentes ambi-
entes, então os resultados do movimento de sela ou do movimento de cruzamento
aplicado a essas duas superfícies são bi-Lipschitz equivalentes ambiente.
Demonstração: Seja H e W .R4 ; 0/ ! .R4 ; 0/ um germe de aplicação bi-
e.X 0 / D X 0 . Pelo Teorema de Valett’s, ver Valette (2007)
Lipschitz, tal que H K;j K;i
existe outro germe de um aplicação bi-Lipschitz H W .R4 ; 0/ ! .R4 ; 0/, tal que
0 0
H.XK;j / D XK;i e, além disso, H leva as esferas centradas na origem até a
esferas centradas na origem.
Seja p1 .t/; p2 .t/; p20 .t/; p30 .t/ pontos descritos na prova do Teorema 4.2.2
0
para superfícies XK;j e q1 .t/; q2 .t/; q20 .t /; q30 .t / os pontos correspondentes em
0
XK;i . Note que os pares de arcos .
1 ;
2 /, tais que t ordout er .
1 ;
2 / D ˇ2 e
4.2. Nós Métricos 51
t ordi nner .e
1 ; e
2 / D 1. Assim, existe um par de triângulos Hölder T1 e T2 em
0
XK;i , tal que sua união é bi-Lipschitz equivalente ambiente à união sobre t ⩾ 0
dos segmentos conectando .x D t ˇ1 ; y D t ˇ2 / com .x D t ˇ1 ; y D t ˇ2 / e .x D
t ˇ1 ; y D t ˇ2 / com .x D t ˇ1 ; y D t ˇ2 / no plano xy ft D const; z D 0g
(ver Figura 4.7).
Então o homeomorfismo H pode ser substituído por outro homeomorfismo
H 0 W .R4 ; 0/ ! .R4 ; 0/ tal que H 0 .p2 .t // D q2 .t /; H 0 .p3 .t// D q3 .t/; H 0 .p20 .t // D
q20 .t /; H 0 .p30 .t// D q30 .t/. Por isso, H 0 .S.XK;j
0 0
// D S.XK;i 0
/ e H 0 .C.XK;j // D
0
C.XK;i /. Isso prova o Lema. □
0
Demonstração: (Teorema 4.2.2) O resultado do movimento da sela de XK;j
é uma superfície tal que a link tangente disso é a união de duas cópias do nó K.
Como o número de ligação das duas cópias é igual ao número de torções com-
0 0
pletas, XK;j e XK;i não são bi-Lipschitz equivalentes ambientes. Observe que a
52 4. Metric Knots
0
topologia da link tangente de XK;j não depende de j . O link tangente é formado
por duas cópias de K pinched em um ponto. Isso conclui a prova do Teorema. □
A próxima afirmação é uma modificação do Teorema da Universalidade.
Teorema 4.2.6. Para quaisquer dois nós K e L, existe um germe de superfície
4.2. Nós Métricos 53
Teorema 4.2.7. Para quaisquer dois nós K e L, existe um germe de uma superfície
˛ˇ
semialgébrica XKL tal que:
˛ˇ
1) O link de XKL na origem é isotópico a L.
˛ˇ
2) Para qualquer ˛ e ˇ. todos germes XKL são bi-Lipschitz equivalentes
externos.
˛ˇ
3) Para um nó K, sendo fixada o link tangente de XKL é isotópico a K.
e˛ D f.w; v; t / j 0 ⩽ v ⩽ t ˛ g. O conjunto Y
Y eˇ é chamado ˛-saturação de
K K
FK S 3 . Note que o link tangente de Ye˛ é isotópico a K.
K
Tome uma fatia SK de FK definida pelas coordenadas ..w; v; t / W .w0 r ⩽
w ⩽ w0 C r// para algum w0 e para r suficientemente pequeno. Considere a ˛-
saturação de SK definida por ..w; v; t/ W .w0 r ⩽ w ⩽ w0 Cr/; .0 ⩽ v ⩽ t ˛ //.
Essa ˛-saturação de SK pode ser removida e substituída por W ˛ˇ exatamente da
˛ˇ
mesma maneira, como fizemos na prova do Teorema da Universalidade. Seja YK
˛ˇ ˛ˇ
um conjunto, obtido por esta operação e seja XK a fronteira de YK .
ˇ
Tome um arco
XK passando pela origem e situado ‘‘longe” do conjunto
W definido acima (isto é, tordout er .
0 ;
/ D 1 para qualquer
0 W ˛ ). Seja
ˇ
A M
aplicação bi-Lipschitz, 12 mergulho normal, 34
morfismo, 5
B
bordas do triângulo, 24 P
panquecas, 36
C
complexo de Hölder, 13 R
combinatoriamente relativamente normalmente
equivalentes, 13 mergulhado, 35
isomorfos, 13
conjunto S
localmente normalmente semicomplexo de Hölder, 4
mergulhado no ponto, 35 semicomplexos de Hölder
normalmente mergulhado, 34 combinatorialmente
conjunto semialgébrico equivalentes, 5
relativamente normalmente isomorfos, 5
mergulhado, 35 subconjunto semialgébrico, 5
ˇ-Corneta padrão, 20
T
D triângulo curvilíneo, 24
decomposição em panquecas, 36 triângulo ˇ-Hölder, 14
59
Títulos Publicados — 33º Colóquio Brasileiro de Matemática
impa
Instituto de
Matemática
Pura e Aplicada
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