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Belém - Pará
Fevereiro de 2014
O FORMALISMO HAMILTONIANO DA RELATIVIDADE GERAL
Felipe de Melo Santos
Banca Examinadora
Belém - Pará
Fevereiro de 2014
Resumo
RAL
Belém - Pará
Fevereiro de 2014
iv
Abstract
malism, Cosmology.
Belém - Pará
February 2014
v
Agradecimentos
vi
Sumário
Introdução 8
2 O Formalismo ADM 22
2.1 Desenvolvimento Formal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.1.1 Caracterizando uma Hipersuperfície em uma Variedade . . . . . . . . . . . . . 22
2.1.2 A Derivada Covariante Induzinda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.1.3 A Curvatura Extrínseca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.1.4 A Decomposição do Espaço-tempo em (3+1)D . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.1.5 O Escalar de Curvatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.1.6 O Princípio Variacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.1.7 A Formulação Hamiltoniana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.2 Aplicação do Formalismo ADM: Equação de Wheeler-DeWitt . . . . . . . . . . . . . 49
2.2.1 O Superespaço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2.2.2 A equação de Wheeler-DeWitt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Considerações Finais 52
Referências Bibliográcas 54
vii
Introdução
A construção da Teoria da Relatividade Geral proposta por Albert Einstein tem como ponto
chave o Princípio da Equivalência. Este princípio implica que as leis da física se comportam de
maneira covariante, ou seja, sob mudanças (transformação) de coordenadas elas são invariantes.
Desta maneira, esta formulação covariante é natural e possibilita expressar a interação da matéria
com a geometria de maneira simples e elegante através das Equações de Campo da Relatividade
Geral. Uma característica importante desta covariância refere-se ao fato de que algumas destas
equações apresentam vínculos nas variáveis dinâmicas, vínculos estes extremamentes relacionados
com as Identidades de Bianchi: Gµν ;ν = 0; estas expressam que tais vínculos se preservam quando
as equações dinâmicas são satisfeitas.
Apesar do alto nível estético que a formulação covariante fornece às equações de Einstein,
na prática, isolar as equações com conteúdo dinâmico das que são vinculádas mostra-se obscuro
devido esta invariância. Para resolver tal problema existe uma maneira de sondar essa dinâmica da
relatividade geral, o qual consiste em tratá-la como um problema de Cauchy [1], ou seja, analisar
esta dinâmica como a evolução de uma hipersuperfície onde estão denidos os campos (escalar,
eletromagnético,...).
Este método de reformular a relatividade geral foi desenvolvido por R. Arnowitt, S. Deser e
C. W. Misner, sendo nalizada no início dos anos 60 [2], conhecida como Formulação ADM da
Relaticidade Geral. Este formalismo promove o desenvolvimento das chamadas variáveis ADM,
estas tem por objetivo mostrar explicitamente o conteúdo dinâmico das equações de Einstein e
permitem construir um hamiltoniano em que todos os termos têm uma interpretação relativamente
clara. De tal maneira, é possível prosseguir à quantização da teoria uma vez que os verdadeiros
graus de liberdade sejam isolados. Um ponto importante desta formulação é a utilização do Princípio
Variacional para a obtenção deste hamiltoniano.
O formalismo ADM teve um desenvolvimento contínuo ao longo de quase 50 anos de existência.
8
Porém, o interesse por parte da comunidade cientíca com respeito às aplicações de tal formalismo
tem sofrido altos e baixos. Desde meados dos anos 80 tem ocorrido, novamente, o interesse tanto
para tal formulação como para suas aplicações em diferentes áreas, por exemplo, na contrução da
Cosmologia Quântica.
Neste trabalho, será estudado este formalismo, com base na parametrização das coordernadas
do espaço-tempo até a reconstrução da formulação hamiltonia baseada nas novas variáveis, para que
então se possa fazer uma abordagem prática da formulação ADM. Utilizaremos a Álgebra Tensorial
como formalismo matemático. Além disso, utilizaremos "unidades geometrizadas"[3], nas quais
c = G = 1, sendo c a velocidade da luz no vácuo e G a constante de gravitação universal.
No capítulo 1, é feita uma abordagem sobre o desenvomento histórico da teoria da relatividade
geral, prosseguindo a uma análise sucinta sobre conceitos básicos sobre geometria diferencial aplicado
a algebra tensorial. Por m, as Equações de Campo da Relatividade serão obtidas por dois métodos
paralelos, primeiro pelas Identidades de Bianchi, depois pelo Princípio Variacional (sem ter sido
modicado pelo formalismo ADM).
No capítulo 2, será vercado o desenvolvimento formal da fomulação ADM, com ponto chave
reescrevendo o Escalar de Ricci (e também o Tensor de Riemann), assim como reescrever também o
Princípio Variacional para que então se possa obter uma Formulação Hamiltoniana. Será feita uma
abordagem prática de tal formalismo ao nal deste capítulo. Este trabalho será encerrado com as
considerações nais.
9
Capítulo 1
Após oito anos da publicação de seu trabalho sobre a Teoria da Relatividade Restrita tratado
no artigo "Sobre a Eletrodinânamica dos Corpos em Movimento" (1905), o físico germano-suíço-
norte americano Albert Einstein completa sua Teoria da Relatividade Geral (TRG) movida pelo
Princípio da Equivalência. Este princípio diz que um determinado observador não distingue os
efeitos gravitacionais em comparação à aceleração de corpos, ou seja, propõe que as leis da física
devem ser tratadas de forma invariante sob mudança de coordenadas. Einstein estende a relatividade
do movimento a todos os observadores, ao mesmo tempo que constrói uma nova teoria da gravitação
[4].
A TRG propõe que não é mais a interação gravitacional o agente reponsável pela ação entre
corpos, mas sim a curvatura sofrida pela presença de matéria na malha espaço-tempo (denido na
Relatividade Restrita).
Para a construção da TRG, Einstein necessitava de uma abordagem matemática mais apurada,
pois os conhecidos axiomas propostos por Euclides (geometria plana) tornavam-se invalidos. No
entanto, a matemática necessária para que esta teoria fosse formuláda já existia.
Desenvolvida pelo matemático alemão Georg Friedrich Bernhard Riemann, a chamada Geome-
tria Riemanniana foi crucial para a desenvolvimento matemático da TRG. Tal geometria trabalha
com comportamentos e aplicações de equações diferenciais em espaços curvos.
10
Dado desenvolvimento formal da TRG, Einstein obtem as conhecidas equações de campo que
levam seu nome. Tais equações descrevem como a matéria gera gravidade e, inversamente, como a
gravidade afeta a matéria.
Na próxima seção será apresenta de forma sucinta o formalismo diferencial utilizado no desen-
volvimento da teoria da Relatividade Geral.
Esta seção será iniciada denindo alguns objetos geométricos na Variedade Diferencial Rieman-
niana 1 que serão necessários para obter as Equações da Relatividade Geral proposta por Einstein.
Em primeira abordagem dene-se que o espaço-tempo, na TRG, comporta-se como uma va-
riedade diferenciável quadridimensional, localmente lorenziana, ou seja, localmente plana. Esta
variedade é dotada de uma Métrica denida como a medida do comprimento entre dois pontos,
podendo também medir normas de vetores (ou tensores em geral - covetores) do espaço tangente
(ou cotangente) à variedade, sendo também o objeto responsável pela relação entre as componentes
dos elementos dos espaços tangente e cotangente. Sua expressão mais usual é dada por:
para uma variedade quadridimensional: µ, ν = 0,...,3; sendo ds2 usualmente conhecido como ele-
mento de linha denido nesta variedade.
Entretanto, existem innitas formas de conectar pontos em uma variedade. O objeto geome-
trico responsável por esta ação é denominado de Conexão Am, denido sobre uma variedade
diferenciável que conecta espaços tangentes próximos, ou seja, conhecendo os vetores de base em
um determinado ponto de um espaço tangente, a conexão possibilita conhecer vetores de base em
um espaço tangente vizinho.
A escolha apropriada de conexão am está ligada diretamente ao conceito de transporte paralelo,
denido como a Lei do Transporte Paralelo, descrito como método de transportar vetores tangentes
ao longo de curvas.
Assim, dene-se a seguinte equação2
11
Figura 1.1: Transporte paralelo de um vetor, numa variedade am. Os pontos p e q perten-
cem à mesma vizinhança.
Dada esta variedade diferenciável, dotada de uma métrica Riemanniana, existe uma escolha
natural de conexão am, chamada Conexão de Levi-Civita ou Conexão de Riemann. Esta conexão
é abordada em termos das componentes da métrica:
1
Γβµν = g βσ (∂µ gνσ + ∂ν gµσ − ∂σ gµν ). (1.3)
2
No entanto, precisa-se denir uma forma de derivação condizente com esta estrutura geomé-
trica, invariante por transformação de coordenadas, denominada Derivada Covariante. A próxima
equação exibe a derivada covariante de um tensor misto:
∇µ T αβ = ∂µ T αβ + Γαµν T νβ − Γν µβ T αν . (1.4)
2. A conexão é simétrica, Γαµν = Γανµ (ou simplesmente Γα[µν] = 0), o que implica na ausência
de torção nesta variedade.
Um ponto importante a ser destacado é a generalização do usual espaço plano euclidiano, po-
dendo este mesmo obter a noção de estruturas espaciais curvas. Neste sentido, o objeto geométrico
que representa a curvatura da variedade é denominado Tensor de Riemann.3
edades tridimensionais, no entanto, denimos esta lei com índices gregos, usados nos estudos de variedades
quadridimensionais.
3 Sendo este tensor identicamente nulo, a variedade é dita plana, ou seja, tem-se uma variedade loreziana.
Entretanto, quando pelo menos uma de suas componentes é não nula, a variedade é dita curva.
12
As componentes do tensor de Riemann são denidas, em termos das conexões (sem torção) e
suas derivadas, por:
Realizando uma segunda contração (duplo traço do tensor de Riemann) nos dois índices restan-
tes, tem-se:
R = g µν Rµν , (1.7)
Nesta seção serão abordados os últimos conceitos matemáticos que levarão a denir as Equa-
ções de Einstein. Tais equações apresentam uma relação entre a distribuição de matéria-energia
(vericada em Relatividade Restrita) no espaço-tempo com a curvatura.
4 Para melhor aprofundamento vericar [5].
13
1.3.1 As identidades de Bianchi e o postulado de Einstein
Com a caracterização do Tensor de Curvatura verica-se que este tensor satisfaz algumas iden-
tidades, denominadas Identidades de Bianchi, sendo:
2a Identidade:
Pode-se, por escolha, realizar algumas manipulações de algébra tensorial nesta última equação,
obtendo:
1
∇µ (Rµλ − g µλ R) = 0. (1.11)
2
1
Gµλ = Rµλ − δ µλ R.
2
Desta maneira:
∇µ Gµλ = 0. (1.12)
∂µ T µν = 0, (1.13)
sendo T µν denominado Tensor Momento-Energia da Matéria, denido como tensor que possui a
contribuição de todos os campos de matéria.
Logo, utilizando o Princípio de Acoplamento Mínimo, neste caso aplicado à TRG, esta lei de
conservação se escreve como:
∇µ T µν = 0. (1.14)
5 Tensor de Einstein escrito em componentes mistas.
14
Após muitas tentativas, Einstein chegou à conclusão que o tensor Gµν , caracterizado pela mesma
lei de conservação, juntamente com o tensor momento-energia, obedeciam um postulado.
Ele vericou que no lado esquerdo de suas equações apareceriam expressões com carácter ten-
sorial que traduziriam a curvatura do espaço-tempo provocada pela presença de massa, possuíndo
divergência nula, eq. (1.12). Enquanto o lado direito seria provido do conteúdo de matéria-energia
e possuidor, também, da mesma divergência nula, eq. (1.14) (generalização do princípio da conser-
vação do momento e da energia)[6]. Desta forma, suas equações seriam consistentes e escritas na
forma:
Gµν = κT µν . (1.15)
sendo κ uma constante de acoplamento, que em unidades naturais (unidades geométricas) vale −8π .
Estas equações são conhecidas como Equações de Einstein.
Tal como as equações de movimento da mecânica clássica, as Equações de Einstein, ou Equações
de Campo da Relatividade Geral, podem ser obtidas a partir de um Princípio Variacional, que por
conseguinte será analisada na próxima subseção.
Paralelamente ao trabalhos feitos por Albert Einstein, o matemático alemão David Hilbert,
propos o Princípio Variacional à teoría gravitacional, o qual diz que toda ação é uma integração
da Densidade de Lagrangeana de um sistema físico, portanto um funcional. Para o caso da teoría
gravitacional tem-se a seguinte densidade lagrangeana:
L = LG + κLM , (1.16)
Utilizando o artifício do Princípio de Mínima Ação 6 Hilbert obteve com sucesso as equações
de campo da TRG. Este princípio diz que ao minimizar a ação, δS = 0, obtem-se diretamente as
equações de movimento do sistema físico. Partindo da eq. (1.16) a ação utilizada para encontrar
6 Todos os tópicos de Mecânica Clássica abordados durante todo este trabalho podem ser vistos com
aprofundamento em [7], [8], [9], [10] e apartir da página cinco de [11].
15
as equações de campo da TRG é denida pela soma entre a ação de Einstein-Hilbert, caracterizada
pela Densidade de Lagrangeana da Gravitação, mais a ação caracterizada pelo termo de matéria.
Desta maneira, a ação total do sistema será descrito como:
√ √
Z Z
ST = SG + SM = LG −gd x + 4
κLM −gd4 x. (1.17)
√
de modo que −gd4 x é o elemento invariante de volume e g o determinante da métrica.
Na ação de Einstein-Hilbert a lagrangeana da gravitação (LG ) deve necessariamente ser cons-
truída a partir de uma quantidade escalar. E uma vez que a métrica propriamente dita ou suas
derivadas primeiras podem ser anuladas por uma escolha conveniente de referencial, o escalar em
questão precisa conter pelo menos derivadas segundas da métrica. O tensor de Riemann satisfaz
esta exigência, e sabe-se também que o único escalar independente que pode ser construído a partir
deste tensor é o escalar de curvatura R. Logo, a densidade lagrangeana da gravitação é descrita da
seguinte forma:
√
LG = R −g, (1.18)
assim:
√ √
Z Z
ST = R −gd x + 4
κLM −gd4 x. (1.19)
O cálculo das variações será dividido em duas partes, uma relativa a cada ação.
Portanto:
√ √ √
δ( −gR) = (δ −g)R + (δR) −g. (1.21)
√ 1 1
(δ −g) = (− √ δg).
2 −g
16
δg
Sabendo que: δg = δgµν ; e que o determinante de uma matriz pode ser expresso por:7
δgµν
assim,
δgαβ
δg = ∆αβ δgµν .
δgµν
Desta maneira:
√ ∆αβ 1 δgαβ
δ −g = − √ δgµν
2 −g gµν
∆αβ 1 α β
= − √ δµ δν δgµν
2 −g
∆ µν 1
= − √ δgµν ,
2 −g
1
sendo: = g µν ; assim:
gµν
√ 1√
δ −g = −gg µν δgµν . (1.23)
2
Agora, utilizando a seguinte identidade: g µν δgµν + gµν δg µν = 0; obtem-se, por m, o primeiro
termo da eq. (1.21):
√
√ −g
(δ −g)R = − gµν δg µν R. (1.24)
2
Para obter o valor de δRµν , é realizado a contração entre o primeiro e o terceiro índice do tensor
de curvartura:
17
assim:
Como forma de simplicar esta última equação, determina-se as seguintes derivadas covariantes
das variações de cada conexão am:
fazendo [1)]-[2)]:
− δΓα µν,α − Γρ α
αµ (δΓ ρν ) + Γα ρ
µρ (δΓ µν ).
√ √ √
−gδR = −g∇α k α + −gRµν δg µν . (1.25)
Observando que:
1 1
Γα αρ = g αλ (gαλ,ρ + gλρ,α − gαρ,λ ) = g αλ (gαλ,ρ ),
2 2
∂g
utilizando novamente a eq. (1.22) e a relação = ∆µν , tem-se:
∂g µν
∂g
= g µν g
∂gµν
1 ∂g 1 ∂(−g)
g µν = = .
g ∂gµν (−g) ∂gµν
Logo, a conexão Γα αρ será:
1 1 ∂(−g)
Γα αρ = (gαλ,ρ ).
2 (−g) ∂gαλ
18
Entretanto:
∂ρ g = ∂ρ (gµν ∆µν )
∂gαβ ∂(gµν ∆µν )
=
∂xρ ∂gαβ
∂gαβ
= ∆αβ
∂xρ
∂g ∂gµν
∂ρ g = . (1.26)
∂gµν ∂xρ
Desta maneira:
1 1
Γααρ = ∂ρ (−g)
2 (−g)
1 h1 1 i
= √ √ ∂ρ (−g)
−g 2 −g
√
( −g),ρ
= √
−g
(−g),ρ
Γα αρ = √ . (1.27)
−g
k α ;α = ∂α k α + Γααρ k ρ
(−g),ρ ρ
= ∂α k α + √ k
−g
1 √
k α ;α = √ ∂ρ ( −gk α ). (1.28)
−g
19
Ação do campo de matéria
Resolvendo:
√ √ √ 1 √
δ( −gLM ) = δ( −g)LM + −gδ(LM ) = − gµν LM δg µν + δLM −g.
2
Se a langrangeana da matéria possui a seguinte dependencia:
LM = LM (gµν , ∂λ g µν ),
então:
δLM
δLM = δgµν . (1.32)
δgµν
Desta maneira:
√ δL 1 √
δ( −gLM ) =
M
− g L
µν M −gδg µν . (1.33)
δg µν 2
Logo, a eq. (1.31) terá a forma:
Z h δL 1 √ i
δSM = κ
M
− gµν LM −gδg µν d4 x. (1.34)
δg µν 2
Ação Total
Por m, dadas eq. (1.30) e (1.34), a variação da ação total será:
δLM i√ √
Z h 1 Z
δST = Gµν + κ − gµν LM + µν −gδg d x + ( −gK α ),α d4 x = 0.
µν 4
(1.35)
2 δg
Para que a variação da ação seja nula cada integral deve se anular. Desta maneira, o Tensor
Momento Energia será escrito de maneira formal como:
1 δLM
Tµν = gµν LM − . (1.36)
2 δgµν
Aplicando o teorema de Gauss8 na segunda integral da eq. (1.35), a integral de volume se
transforma em uma integral de superfície, que se anula na fronteira de integração. Assim, dada a
8 Teorema de Gauss:
µ√ √
I Z
V −gdSµ = ∇µ V µ −gdΩ
20
condição para cada integral e a equação do tensor momento energia, a variação da ação total será :
Z √
δST = Gµν − Tµν κ −gδg µν d4 x = 0. (1.37)
21
Capítulo 2
O Formalismo ADM
xµ = X µ (ξ a ), (2.1)
22
A métrica gµν , pertencente a M, induz uma métrica sobre m. Para tanto, considera-se o elemento
de linha da variedade quadridimensional, restrito agora a variedade tridimensional, da seguinte
forma:
Denindo:
∂X µ
Xaµ ≡ , (2.4)
∂ξ a
sendo Xaµ a µ-ésima componente nas coordenadas xµ , no a-ésimo vetor da base natural de coorde-
nadas sobre m dada por:
∂
êa ≡ . (2.5)
∂ξ a
Desta maneira,
23
A métrica γab , da variedade tridimensional m, é denida de maneira natural:
Como este formalismo tem por objetivo principal estudar a dinâmina do espaço-tempo, a hi-
persuperfície imersa será denida como sendo tipo-espaço, caracterizando a métrica γab como sendo
positiva denida (+, +, +).
Existe uma conexão importante entre as variedades M e m. Verica-se que os três vetores êa
formam a base do espaço tangente ao um ponto P pertencente a variedade m, caracterizado por
TP m. Este espaço é, por sua vez, subspaço do espaço tangente a variedade M, comum ao ponto P,
caracterizado por TP M. No entanto, para completar a base deste espaço constroi-se a componente
ortogonal à TP m, denida pela métrica gµν . Desta maneira, obtem-se um subespaço pertencente
a M, gerado por vetores de base ortogonais à êa , denidos por n̂. Para determinar este vetor, de
componentes η µ , na base ∂µ , ele deve satisfazer:
O sinal negativo desta normalização decorre da denição da assinatura da métrica (−, +, +, +).
Verica-se que o conjunto de vetores (êa ,n̂) formam a base de TP M, ou seja, qualquer vetor,
denido neste espaço tangente, pode ser expresso como a combinação linear entre esses vetores de
base da seguinte maneira:
~ µ = (Aa êa + A⊥ n̂)µ ,
(A)
sendo:
∂
Em linguagem de componentes o vetores de base terão a forma: n̂ = η µ ∂µ = η µ e êa =
∂X µ
∂ ∂
a
= Xaµ ; assim:
∂ξ ∂X µ
~ µ = Aa Xaµ ∂ + A⊥ η µ ∂
µ
(A) , (2.12)
∂X µ ∂X µ
24
desta forma, as componentes dos vetor A
~ serão:
~ µ = Aa X µ + A⊥ η µ ,
(A) a (2.13)
para,
A⊥ = −(A
~ n̂). (2.14)
xos durante estas transformações). No entanto, pode-se ver como componentes contravariantes de
vetores sobre TP m se transformam sob mudança de coordenadas na hipersuperfície ξ a 7−→ ξ 0a :
0b
~ = Aa êa = Aa ∂ = Aa ∂ξ ∂ ,
A
∂ξ a ∂ξ a ∂ξ 0b
∂ξ 0b ∂
sendo: A0b = Aa a
e ê0b = 0b ; obtendo:
∂ξ ∂ξ
~ = A0b ê0 .
Aa êa = A b (2.15)
As componentes contravariantes da métrica em m serão dadas pela matriz inversa das suas
componentes covariantes:
A métrica tridimensional é usada para subir e descer índices, assim como a métrica do espaço-
tempo.
As compenentes contravariantes do vetor podem ser reescritas na seguinte forma:
Aa = γ ab Ab
= γ ab Xbµ Aµ
= γ ab Xbµ gµν Aν
= γ ab gµν Xbµ Aν
Aa = Xνa Aν , (2.18)
25
sendo denido o objeto:
= γ ab δ α µ Xbµ
Xνa g αν = γ ab Xbα ,
= γ ab δbc ,
= g αν δ µ ν δ ρ α
necessário encontrar uma relação que expresse esta mesma projeção em componentes da base ∂µ .
Para isso, substituindo a eq. (2.14) em (2.13), tem-se:
~ µ = Aa X µ − (A.n̂)η
(A) a
~ µ
. (2.22)
~
Aa Xaµ = Aµ + (A.n̂)η µ
~
= Aν δνµ + (A.n̂)η µ
,
26
sendo: (A.n̂)
~ = Aν ην ; assim:
Aa Xaµ = Aν δ µ ν + Aν ην η µ
= Aν (δ µ ν + ην η µ ).
Sendo que:
hµ ν ≡ δµ ν + ην η µ , (2.23)
é o chamado Operador Projeção. Este operador tem a função de projetar um vetor do espaço-tempo
à hipersuperfície.
Utilizando as eq. (2.10) e (2.11), é fácil vericar que este operador obedece as seguintes propri-
edades:
1. η ν hµ ν = 0;
2. hµ ν hν ρ = hµ ρ ;
3. hµ µ = 3.
• Prova propriedade 1:
hµ ν = δµ ν + ην η µ
η ν hµ ν = ην δµ ν + η ν ην η µ
= η µ − η µ = 0.
• Prova propriedade 2:
hµ ν hν ρ = δµ ν + ην η µ δν ρ + ηρ η ν
= δµ ν δν ρ + δ ν ρ ην η µ + δ µ ν ηρ η ν + ην η µ ηρ η ν
= δ µ ρ + ηρ η µ + ηρ η µ − η µ ηρ = hµ ρ .
• Prova propriedade 3:
hµ µ = δµ µ + ηµ η µ
= 4 − 1 = 3.
27
2.1.2 A Derivada Covariante Induzinda
A derivada covariante, denida pela métrica gµν , de um vetor sobre m na direção de outro
vetor que também está em m, em geral, não será um vetor tangente à hipersupefície. Desta ma-
neira, o caminho natural para denir esta derivada covariante sobre m seria caracterizá-la como
um vetor sobre Tp m. Assim, é conveniente considerar o caso em que as coordenadas espaciais das
componentes xµ coincidam com as componentes tridimensionais ξ a , ou seja, xa = ξ a , denominadas
de Coordenadas Adaptadas. Desta maneira, nota-se que os vetores de base êa coincidem com os três
vetores de base do espaço Tp M, obtendo: Xaµ = δaµ .
Em geral, tomar este sistema de coordenadas para m simplica a análise, pois as expressões
obtidas são mais simples, sem perda de generalidade. Deste ponto, todas as análises serão feitas
usando as coordenadas adaptadas. Assim, considera-se a derivada covariante (do espaço-tempo) de
um vetor sobre a hipersuperfície, ou seja, de A
~ = Aa êa , na direção dos vetores de base, como:
4 ~ ≡4 ∇a A
∇êa A ~ = 4 ∇a (Ab êb ), (2.24)
obtendo:
4 ∂Ab
∇a (Ab êb ) = êb + Ab (4 Γµ ba êµ ),
∂X a
sendo: 4 Γµ ba êµ =4 Γc ba êc +4 Γ0 ba ê0 . Assim,
∂Ab
4
∇a (Ab êb ) = êb + Ab [4 Γc ba êc +4 Γ0 ba ê0 ]. (2.25)
∂X a
Como caso particular, a derivada covariante dos vetores de base é dada por:
4
∇a êb = 4 Γµ ba êµ = 4 Γc ba êc + 4 Γ0 ba ê0 . (2.26)
este termo, em geral, não se anula. No entanto, sobre a hipersuperfície ele é nulo. Sendo assim,
obtem-se a derivada covariante intríseca à geometria da hipersuperfície, escrita como:
3
∇ a Ac ≡ Ac |a = Ac ,a + 3 Γc ba A
b
, (2.28)
sendo:
3 c
Γ ba = 4 Γc ba . (2.29)
28
A c-ésima componente covariante da derivada covariante de A
~ , na direção de êa , será:
~ c = êc 3 ∇a A,
(3 ∇a A) ~ (2.30)
~
Ac|a ≡ êc 3 ∇a A.
As expressões da derivada covariante, tanto das componentes contra e covariante, são as mesmas
que as da derivada covariante no espaço-tempo. A componente covariante da derivada covariante
será então:
Ac|a = Ac,a − 3 Γb ca Ab ,
= Ac,a − 3 Γ dca Ad
4 β 1 βσ
Γ µν = g (gνσ,µ + gσµ,ν − gµν,σ )
2
1
(gβα ) 4 Γβ µν = (gβα )g βσ (gνσ,µ + gσµ,ν − gµν,σ )
2
4 1 σ
Γ αµν = δ (gνσ,µ + gσµ,ν − gµν,σ )
2 α
4 1
Γ αµν = (gνα,µ + gαµ,ν − gµν,α ),
2
4 1
Γ abc = (gca,b + gba,c − gbc,a ).
2
Dada condição da eq. (2.29) e gab = γab , chega-se na conexão am na variedade m:
1
3
Γ abc = (γca,b + γba,c − γbc,a ), (2.32)
2
29
para: êd êa = γda e êd ê0 = 0; verica-se a seguinte interpretação:
3
Γdbc ≡ Γdbc = êd ∇c êb . (2.33)
ou seja, sua componente (ab) nada mais é do que a projeção na direção b da derivada covariante
do vetor normal na direção a . Nota-se que Kab é bem denido sobre a hipersuperfície, sendo que
4∇
a n̂ é um vetor em Tp m:
de maneira que:
0 = 4 ∇a n̂ n̂. (2.36)
4
∇a (êb n̂) = 0
n̂ 4 ∇a êb + êb 4 ∇a n̂ = 0
30
Figura 2.1: Representação esquematica da curvatura extrínseca. Ela fornece a medida da
diferença entre dois vetores normais pertencentes aos respectivos pontos em m.
assim,
Das eq. (2.26) e (2.37) pode-se encontrar uma relação que mostra como deve ser escrito o vetor
4∇
a êb em termo das suas componentes sobre a hipersuperfície e sobre a direção ortogonal, respec-
tivamente. Para obter esta relação realiza-se o produto escalar do vetor normal a hipersuperfície
com a eq. (2.26), tem-se:
Kab = n̂ (4 Γ0 ba ê0 ),
4
∇a êb = −n̂Kab +4 Γc ba êc , (2.38)
31
Desta maneira, substituindo a eq. (2.38) na eq. (2.25), pode-se reescrever a derivada de um
vetor arbitrário em Tp m, como sendo:
Para nalizar esta seção considera-se novamente a eq. (2.34), neste caso, utilizando a propriedade
de que Kab faz parte da hipersuperfície, assim:
h4 i
Kab = −êb ∇a (η c ∂c ) ,
em coordenadas adaptadas:
h4 i
Kab = −êb ∇a (η c êc )
h 4 4 i
= −êb êc ∇a η c + η c ∇a êc ,
4 4 h 4 i
sendo: êb êc ∇a η c = ∇a η c γbc = 4 ∇a ηc e êb η c ∇a êc = 0; logo:
No entanto,
ηb;a = Xbµ Xaν ηµ;ν ,
desta maneira:
Até agora foram utilizados métodos precisos para caracterizar uma 3-geometria no espaço-
tempo, denindo a métrica γab sobre a hipersuperfície, uma derivada covariante sobre ela (obtendo
a noção de transporte paralelo), assim como a decomposição de um vetor no espaço-tempo em
componentes projetadas e ortogonais.
O seguinte passo consiste em armar que o espaço-tempo pode ser gerado pelas hipersuperfícies,
na condição que elas não se cruzem. As hipersuperfícies geradoras (ou seja, que darão origem ao
espaço-tempo) são denominadas de Foliações. Como exemplo, imagina-se o espaço euclidiano, R3 ,
gerado por esferas de raio a ; cada esfera é uma hipersuperfície bidimensional imersa no R3 , desta
maneira, cada esfera constitue uma foliação do espaço euclidiano.
32
Cada foliação será caracterizada por uma função t constante, onde esta função é apenas um
parâmetro. No exemplo das esferas, este parâmetro pode ser caracterizado por r = a (raio de cada
esfera).
Considera-se um ponto P sobre uma hipersuperfície de parâmetro t = t0 , caracterizado pelas
coordenadas ξa desta geometria, onde tal ponto representa um evento. Este ponto possui um
correspondente P' pertencente a uma hipersuperfície de parâmetro t0 +dt. A direção em que o ponto
P está em relação a hipersuperfície t0 , depende da função t : O ponto P 0 , sobre a hipersuperfície
t0 + dt, terá as mesmas coordenadas intrínsecas, que tem o ponto P, pertencente a hipersuperfície
original, mas suas componentes do espaço-tempo serão diferentes, dependendo da forma da função
t.
A forma analítica da foliação será dada pelas funções:
xµ = X µ (ξ a , t), (2.42)
∂
o vetor que conecta os pontos entre duas hipersuperfícies dado por: ∂t = , com componentes na
∂t
base ∂µ dadas por:
∂
∂t =
∂t
dX µ ∂
=
dt ∂xµ
∂
∂t = Y µ µ, (2.43)
∂x
dX µ
portanto, suas componetes são: Y µ = . A partir das eq.(2.13) e (2.14), estas componentes
dt
podem ser escritas como:
Y µ = Y ⊥ η µ + Y a Xaµ ,
~ n̂)η µ + γ ab Yb X µ ,
Y µ = −(Y a
~ n̂)η µ + (X a Y ν )X µ ,
Y µ = −(Y ν a
Y µ = N η µ + N a Xaµ . (2.44)
33
A Função Lapso, o Vetor Shift e a métrica γ ab , constituem as chamadas Variáveis ADM. A
Função Lapso representa o quanto uma hipersuperfície (em t ) se separa da nova hipersuperfície
(em t + dt); no exemplo das esferas a separação é a mesma de uma esfera para outra, já que
todas as hipersuperfícies são esferas, no entanto, no caso geral a separação não será necessáriamente
constante. O Vetor Shift indica o quanto uma hipersuperfície se desloca em relação a outra; no
caso das esferas, ele indica o quanto uma rotaciona em relação a outra. Generalizando: A Função
Lapso informa o lapso de tempo entre os eventos P e P 0 (para um observador seria o tempo próprio
transcorrido), já que a direção normal a hipersuperfície é, em algum sentido, a direção temporal ;
o Vetor Shift representa o quanto se move o ponto P de uma hipersupefície em relação a outra, ou
seja, o quanto a hipersuperfície se deforma de P para P 0 .
Dada eq. (2.44) e ao especicar as variáveis ADM N e N a , pode-se determinar completa-
mente a foliação das hipersuperfícies que darão origem ao espaço-tempo. No entanto, para que
o espaço-tempo seja completamente determinado é necessário encontrar os valores das componen-
tes da métrica induzida de cada hipersuperfície, métrica esta vista nas equações dinâmicas que se
derivarão mais tarde.
Para poder obter o elemento de linha entre dois eventos do espaço-tempo, P (xa , t) e P 0 (xa +
dxa , t + dt), em termos das variáveis ADM, é necessário decompô-lo em duas partes: o quadrado da
distância sobre a hipersuperfície que contém P menos o quadrado do tempo próprio entre hipersu-
perfícies ; ou seja:
= γab dxa dxb + γab dxa N b dt + γab dxb N a dt + γab N a N b dt2 − (N dt)2
logo,
ii) Do tempo próprio, já que a evolução das hipersuperfícies é temporal. Neste caso, Y µ é normal
a hipersuperfície.
34
Figura 2.2: Mostra-se as projeções do vetor ∂t sobre a hipersuperfície t e sobre o vetor normal
n̂, identicando-as com as funções N a e N, respectivamente.
Partindo da eq. (2.45), obtem-se as novas componentes covariantes da métrica, gµν ,
g00 = (N a Na − N 2 ); (2.46)
g0a = Na ; (2.47)
gab = γab . (2.48)
Nb
1
−N2 N2
µν
(2.49)
g =
.
Na N aN b
γ ab −
N2 N2
Desta maneira, o elemento de volume (que será utilizado mais a frente) é reescrito em termos
de coordenadas adaptadas e das variáveis ADM será:
√ q p
−gd x = −det[gµν ]d4 x = N 2 det[γab ]d4 x,
4
√ √
−gd4 x = N γd3 xdt. (2.50)
35
2.1.5 O Escalar de Curvatura
Tendo denido um novo conjunto de variáveis, as variáveis ADM, é possível reescrever o Escalar
de Curvatura da variedade quadridimensional, 4 R, em termos destes valores, para assim obter uma
nova formulação do Princípio Variacional (utilizado na obtenção das equações de Einstein). O
ponto de partida será relacionar a denição de curvatura extrínseca com as variáveis ADM. Desta
maneira:
Kab = −ηa;b
= −(ηa,b −4 Γµ ab ηµ )
Kab = −ηa,b +4 Γµ ab ηµ .
Kab = −N 4 Γ0 ab
= −N 4 g 0µ 4 Γµab
= −N (g 00 4 Γ0ab + g 0c 4 Γcab ),
1 c
sendo: g 00 = − e g 0c = N ; assim:
N2 N2
1 4 1
K ab = −N (− Γ0ab + 2 N c 4 Γcab ).
N2 N
1
A conexão am 4 Γ0ab , se resolvida, terá a forma: 4 Γ0ab = (Nb,a +Na,b − γ̇ab ). Por conseguinte,
2
h 1 1 c4 i
Kab = −N − (Nb,a + N a,b − γ̇ ab ) + N Γ cab
2N 2 N2
1
= Nb,a + Na,b − γ̇ab − N c 4 Γcab − N c 4 Γcab ,
2N
logo,
1
Kab = (N + Na|b − γ̇ab ). (2.52)
2N b|a
36
Nota-se que a curvatura extrínseca não depende das derivadas em relação a t de N µ , para:
N µ = (N, N a ). (2.53)
de base) e suas derivadas são tomadas na direção do vetor êa , utilizando a eq. (2.38), faz-se a
seguinte vericação quanto a segunda derivada covariante do vetor de base:
4
∇êa 4 ∇êb êc = 4
∇êa [−Kbc n̂ + 3 Γd cb êd ]
3 d
− Γ cb Kda n̂ + 3 Γl da
3 d
Γ cb êl
3 f
+ Γ ca Kf b n̂ + 3 Γf ca
3 g
Γ f b êg ,
realizando trocas de índices mudos no quinto, oitavo, novo e décimo termos desta soma, e acrescen-
tando o termo − 3 Γd ba Kdc + 3 Γd ab Kdc = 0 nesta soma, obtem-se:
4
[∇a , ∇b ]êc = −n̂[Kcb,a − Kca,b + 3 Γd cb Kda − 3 Γd ca Kdb − 3 Γd ba Kdc + 3 Γd ab Kdc ]
37
podendo, assim, denir as seguintes equações:
Assim:
4
[∇a , ∇b ]êc = −n̂[Kca|b − Kcb|a ] + êd [3 Rd cab + Kbc Kad − Kca Kbd ]. (2.57)
Desta equação tem-se ,diretamente, as projeções sobre a hipersuperfície e sobre a normal. Assim:
4
Rd cab =3 Rd cab + Kbc Kad − Kca Kbd , (2.58)
4
R⊥ cab = Kca|b − Kcb|a , (2.59)
4
R ≡ 4 Rµν µν = 4 Rab ab + 2 4 Rµ⊥ µ⊥ . (2.60)
Como é conhecido o primeiro termo da eq. (2.60), o segundo termo será encontrado utilizando
o comutador da derivada covariante do vetor normal:
[∇α , ∇β ]η ν = ∇α ∇β η ν − ∇ β ∇α η ν
= ∂α (∇β η ν ) − Γλ αβ ∇λ η
ν
+ Γν ασ ∇β η
σ
− (α ↔ β)
= ∂α ∂β η ν + (∂α Γν βσ )η
σ
+ Γν βσ ∂α η
σ
− Γλ αβ ∂λ η
ν
− Γλ ν
αβ Γ λσ η
σ
+ Γν ασ ∂β η
σ
+ Γν σ
ασ Γ βλ η
λ
− ∂β ∂α η ν
− (∂β Γν ασ )η
σ
− Γν ασ ∂β η
σ
+ Γλ βα ∂λ η
ν
+ Γλ ν
βα Γ λσ η
σ
− Γν βσ ∂α η
σ
− Γν σ λ
βσ Γ αλ η .
38
Realizando troca de índece no segundo, sétimo, nono e décimo quarto termos, tem-se:
[∇α , ∇β ]η ν = ∂α ∂β η ν + (∂α Γν βρ )η
ρ
+ Γν βσ ∂α η
σ
− Γλ αβ ∂λ η
ν
− Γλ ν
αβ Γ λσ η
σ
+ Γν ασ ∂β η
σ
+ Γν σ
ασ Γ βρ η
ρ
− ∂β ∂α η ν − (∂β Γν αρ )η
ρ
− Γν ασ ∂β η
σ
+ Γλ βα ∂λ η
ν
+ Γλ ν
βα Γ λσ η
σ
− Γν βσ ∂α η
σ
− Γν σ
βσ Γ αρ η
ρ
= (∂α Γν βρ − ∂β Γν αρ + Γν σ
ασ Γ βρ − Γν σ
βσ Γ αρ )η
ρ
+ ∂α ∂β η ν + Γν βσ ∂α η
σ
− Γλ αβ ∂λ η
ν
− Γλ ν
αβ Γ λσ η
σ
+ Γν ασ ∂β η
σ
− ∂β ∂α η ν − Γν ασ ∂β η
σ
+ Γλ βα ∂λ η
ν
+ Γλ ν
βα Γ λσ η
σ
− Γν βσ ∂α η
σ
.
Agora, projetando o terceiro índice do tensor de Riemann sobre a normal e somando o seu
segundo índice com o quarto, obtem-se:
sendo:
v) [η ν (η λ ;ν )];λ = η ν (η λ ;ν );λ + η λ ;ν (η ν ;λ ).
Assim:
R⊥µ ⊥µ = (η ν η λ ;λ );ν − ηλ ;λ η
ν
;ν − (η ν η λ ;ν );λ + ηλ ;ν η
ν
;λ .
Realizando troca de índices no primeiro, segundo e quarto termos desta soma, tem-se:
R⊥µ ⊥µ = (η λ η ν ;ν − ην ηλ ;ν );λ − ην ;ν η
µ
;µ + ην ;µ η
µ
;ν . (2.63)
Porém, pode-se encontrar algumas identidades utilizando a eq. (2.41). A primeira será:
Ka a = −g µν ηµ;ν ,
39
Ka a = −η ν ;ν = −K; (2.64)
e a segunda:
= g µα g νβ ηµ;ν ηα;β
= g νβ ηµ;ν η µ ;β
= ηµ ;β g
νβ
gµβ η β ;ν
= ηµ ;β η
β
;ν δ
ν
µ
Kab K ab = η µ ;β η
β
;µ . (2.65)
Sendo:
∆λ = η λ η ν ;ν − ην ηλ ;ν , (2.66)
De posse desta última equação e da eq. (2.58), o escalar de curvatura (2.60) terá a forma:
4 4
R = Rab ab + 2 4 Rµ⊥ µ⊥
h i
3
= Rab b
ab + K b K
a
a − K b
a K a
b + 2 (∆λ
) ;λ − K 2
+ Kab K ab
3
= R + K 2 − g bc gbc Kac K ac + 2(∆λ );λ − 2K 2 + 2Kab K ab
3
= R − K 2 + 2(∆λ );λ + 2Kab K ab − Kab K ab ,
logo,
4
R = 3 R − K 2 + 2(∆λ );λ + Kab K ab . (2.68)
Nesta seção vericou-se como o tensor de Riemann e o escalar de curvatura são escritos em
termos das novas variáveis, podendo assim reescrever o tensor de Einstein e, por conseguinte, as
equações de Einstein. O próximo passo consiste em reescrever o Príncipio Variacional, para que se
possa enm obter a Formulação Hamiltoniana da relatividade geral.
40
2.1.6 O Princípio Variacional
Tendo denido o conjunto das variáveis ADM e, por conseguinte, reescrito o invariante de
volume e o escalar de curvatura, pode-se reformular o Princípio Variacional (utilizado na obtenção
das equações de campo de Einstein). No seção (1.3.2) as equação de Einstein foram obtidas com
termo de interação, neste capítulo será abordado somente a ação do campo gravitacional ou ação
de Einstein-Hilbert (equações de Einstein sem interação). Assim:
√
Z
S= d4 x −gR, (2.69)
√ √
sendo: −gd4 x = N γd3 xdt e 4 R = 3 R + Kab K ab − K 2 + 2(∆λ );λ ; a ação será:
√ h
Z Z i
S[γij , N, N ] = dt d3 x γN 3 R + Kab K ab − K 2 + 2(∆λ );λ ,
i
(2.70)
A divergência que aparece na integral que dene o Lagrangeano se transforma em uma inte-
gral sobra a fronteira da variedade m. Estes termos (termos de fronteira) não fornecem nenhuma
informação à dinâmica do sistema, portanto, são desprezados, via teorema de Gauss:
√ √
Z Z
3 λ
2 dtd x γN (∆ );λ = 2 d4 x −g(∆λ );λ
√
Z
= 2 d4 x( −g∆λ ),λ
= 0.
Desta forma:
√ h
Z i
L= d3 x γN 3 R + Kab K ab − K 2 . (2.72)
41
A segunda integral, ou seja, a integral do Lagrangeano entre um tempo inicial t0 e um tempo
nal t é quem representa toda a ação:
Z t
S= Ldt. (2.73)
t0
Esta expressão refente à ação gravitacional limita a topologia da espaço-tempo, uma vez que
ela será então da forma (m × R), mantida durante toda evolução das hipersuperfícies. Ou seja,
não é permitido mudanças de topologia das hipersuperfícies, por exemplo, o universo será sempre
fechado ou sempre aberto.
∂L
π ab = , (2.74)
∂ γ̇ab
42
Os momentos associados às variáveis N µ , vide eq. (2.53), serão identicamente nulos, ou seja,
∂L
Pi = = 0, (2.75)
∂ Ṅa
e
∂L
P0 = = 0, (2.76)
∂ Ṅ
o que signica que estes são vínculos primários da teoria.
A partir da eq. (2.70) a densidade lagrangeana será:
√
L = N γ(Kab K ab − K 2 + 3 R). (2.77)
1 ac bd
sendo: Kab Kcd γ ac γ bd = Kab Kcdγ γ + γ ad γ bc . Desta maneira:
2
n√ h1 i √ o
=N γKab Kcd γ ac γ bd + γ ad γ bc − γ ab γ cd + γ 3 R
2
√
L = N (Gabcd Kab Kcd + γ 3 R). (2.78)
Sendo:
√ h 1 ac bd i
Gabcd = γ (γ γ + γ ad γ bc ) − γ ab γ cd , (2.79)
2
Nesta última equação é realizada troca nos índices mudos do segundo termo, assim:
∂L ∂Kef ∂Kef
= N Gef cd Kcd + N Gcdef Kcd . (2.80)
∂ γ̇ab ∂ γ̇ab ∂ γ̇ab
43
Pela sua denição, verica-se que a supermétrica é simétrica na troca de pares, ou seja,
Gef cd = Gcdef ,
assim:
∂L ∂Kef
= N (2Gef cd Kcd ) . (2.81)
∂ γ̇ab ∂ γ̇ab
logo:
∂Kef δ ef
= − ab , (2.83)
∂ γ̇ab 2N
ef
Gabcd Gcdef = δab . (2.85)
44
Para que se possa obter os valores das constantes A e B as eq. (2.79) e (2.86) serão inseridas
na eq. (2.85), ou seja,
1 h 1 i√ h 1 i
√ A (γac γbd + γad γbc ) + Bγab γcd γ (γ ce γ df + γ cf γ de ) − γ cd γ ef
γ 2 2
A A A A
= γac γbd γ ce γ df + γac γdb γ cf γ de + γad γbc γ ce γ df + γad γbc γ cf γ de
4 4 4 4
A cd ef A cd ef B B
− γ γ γac γbd − γ γ γad γbc + γab γcd γ ce γ df + γab γcd γ cf γ de − Bγab γcd γ cd γ ef
2 2 2 2
A e f f e ef ef
= (δa δb + δa δb ) − (A + 2B)γab γ = δab ,
2
A=1 (2.87)
e
1
B=− . (2.88)
2
H = π ab γ̇ab − L. (2.92)
No caso em questão, a presença dos vínculos primários explicitados nas eq. (2.75) e (2.76), por
questão de consistência, leva à necessidade de escrever a hamiltoniana canônica como:
Hc = π ab γ̇ab − L + Pi N i + P 0 N. (2.93)
45
Desta maneira:
Hc ≡ H = (π ab γ̇ab − L)
√
= −Kcd Gabcd (Na|b + Nb|a + 2N Kab ) − N (Gabcd Kab Kcd + γ 3 R)
√
= −Kcd Gabcd Na|b − Kcd Gabcd Nb|a + Kcd Gabcd (2N Kab ) − N (Gabcd Kab Kcd + γ 3 R),
realizando uma troca de índices no segundo termo desta soma e utilizando a propriedade de simetría
da supermétrica, obtem-se:
√
(π ab γ̇ab − L) = Gabcd N Kab Kcd − 2Gabcd Kcd Na|b − N γ 3 R
√
= Gabcd N Kab Kcd + 2π ab Na|b − N γ 3 R
√ Gabcd
= N γ √ Kab Kcd − 3 R + 2π ab Na|b
γ
√ nh 1 ac bd
i o
= N γ γ γ + γ ad γ bc − γ ab γ cd Kab Kcd − 3 R + 2π ab Na|b
2
√ n 1 ac bd 1 o
= N γ γ γ Kab Kcd + γ ad γ bc Kab Kcd − γ ab γ cd Kab Kcd − 3 R + 2π ab Na|b
2 2
√ n1 c 1 a o
= N γ K b K c + K c K c a − K b b K d d − 3 R + 2π ab Na|b ,
b
2 2
fazendo novamente uma troca de índices no primeiro e segundo termo desta soma, tem-se:
√
Hc = (π ab γ̇ab − L) = N γ{Kab K ab − K 2 − 3 R} + 2π ab Na|b . (2.94)
sendo:
√
H0 = γ(Kab K ab − K 2 − 3 R); (2.95)
Ha = −2π ab |b , (2.96)
logo:
Z Z
H= 3 a
d x[N H0 + N Ha ] + d3 x(2π ab Na )|b , (2.97)
46
A eq. (2.95) pode ser reescrita em função da supermétrica e dos momentos. Para isso faz-se:
Kab K ab = − Gabcd π cd − γ ac γ bd Gcdef π ef
n h γ ac γ bd i o
= − Gabcd π cd − √ γce γdf + γcf γde − γcd γef π ef
2 γ
1 n h i o
= √ Gabcd π cd δea δfb + δfa δeb − δda γ bd γef π ef
2 γ
1 n h1 γ ab γ i o
ef
= √ Gabcd π cd δea δfb + δfa δeb − π ef
γ 2 2
1 n γ ab γef o
= √ Gabcd π cd π ef δef
ab
− Gabcd π cd π ef
γ 2
1 n h 1 i γef o
= √ Gabcd π cd π ef δef
ab
− γ ab √ γac γbd + γad γbc − γab γcd π cd π ef
γ 2 γ 2
1 n h 1 i γef o
= √ Gabcd π cd π ef δef
ab
− √ δcb γbd + δdb γbc − δaa γcd π cd π ef
γ 2 γ 2
1 n h 1 i γef o
= √ Gabcd π cd π ef δef
ab
− − √ γcd π cd π ef ,
γ 2 γ 2
logo,
1 1
Kab K ab = √ Gabcd π cd π ab + γcd γef π cd π ef . (2.98)
γ 4γ
Agora:
1
K = K b b = γ ab Kab = −γ ab Gabcd π cd = √ γcd π cd ,
2 γ
desta maneira:
1
K2 = γcd γef π cd π ef . (2.99)
4γ
A integral da ação a partir desta forma da densidade de lagrangeana será um funcional depen-
dente da métrica espacial γab , dos momentos πab e das funções Nµ . Além disso, dada a forma de L
dois pontos são identicados: As funções Nµ fazem o papel de Multiplicadores de Lagrange e a ação
está escrita na forma parametrizada.
A hamiltoniana total é escrita como:
Z Z
HT = 3 a 0
dtd x(N H0 + Na H + λP + λ Pa ) + a
dtd3 x(2π ab Na )|b , (2.101)
47
pelo teorema de Gauss a integral de superfície se anula na fronteira de integração:
Z
dtd3 x(2π ab Na )|b = 0.
Desta maneita:
Z
HT = dtd3 x(N H0 + Na Ha + λP 0 + λa Pa ). (2.102)
Uma vez que os vínculos primários devem ser mantidos em qualquer instante, derivadas tempo-
rais de P 0 e Pa devem anular-se por (2.75) e (2.76). Utilizando as propriedades de Parênteses de
Poisson, isto implicará:
Ṗ 0 = {P 0 , H0 } = 0
e
Ṗa = {Pa , Ha } = 0;
de modo que:
H0 = 0 (2.103)
Ha = 0, (2.104)
π ab γ̇ ab − L = N H0 + Na Ha
L = π ab γ̇ ab − N H0 − Na Ha . (2.105)
Nota-se que [2.102] já inclui todos os vínculos de primeira classe, de modo que esta equação
dene a hamiltoniana da teoria da relatividade geral. De tal forma, sabe-se que a obtenção da
função hamiltoniana de um sistema físico possibilita ter em mãos as informações sobre o conteúdo
dinâmico deste sistema, ou seja, tem-se a possibilidade de a partir desta hamiltoniana reproduzir
as equações de Einstein, que são as equações que regem a dinâmica de um partícula na geometria
do espaço-tempo.
48
H0 é chamado vínculo hamiltoniano, o qual é responsável por gerar a dinâmica da geometria
tridimensional. Tal caráter dinâmico deste vínculo resulta da dependência quadrática de H0 com
os momentos πab . Por outro lado, Ha é chamado vínculo dos momentos e é responsável por gerar
os difeomorsmos2 da métrica tridimensional γij , ou seja, invariante por transformações gerais de
coordenadas.
Uma vez formulada uma versão hamiltoniana da teoria da relatividade geral, fornecendo os
vínculos hamiltoniano e dos momentos, pode-se proceder uma aplicação importante deste formalismo
na obtenção de uma equação fundamental da cosmologia quântica: A Equação de Wheeler-DeWitt.
DeWitt
2.2.1 O Superespaço
Este é um espaço de dimensão innita no qual cada ponto da hipersuperfície é denotado por
x = {xi }. Contudo, o número de graus de liberdade é nito em cada ponto x ∈ Σ (na verdade
3 × ∞3 , ou seja, três graus de liberdade para cada um dos innitos pontos da hipersuperfície).
Esta construção recebe o nome de superespaço e é o espaço de congurações básico da cosmologia
quântica.
2A relatividade geral é uma teoria invariante por difeomorsmos, isto é, invariante por transformações
gerais de coordenadas.
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Figura 2.3: A gura mostra a imersão de uma hipersuperfície numa variedade quadridimen-
sional.
Até agora todos os desenvolvimentos foram feitos em nível clássico. A quantização é realizada
seguindo o procedimento de Dirac que consiste em substituir as equações de vínculo clássicas Hµ = 0,
sendo µ = 0, a, por condições sobre os estados, ou seja,
os operadores γ̂ab correspondem simplesmente à multiplicação por γab . Aplicando (2.107) ao vínculos
(2.103), obtem-se:
h δ δ √ i
Ĥ0 Ψ[γab ] = Gabcd + γ 3 R Ψ[γab ] = 0, (2.108)
δγab δγcd
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Esta última equação implica que a função de onda é a mesma para quaisquer congurações
ligadas por uma transformação de coordenadas [18].
A equação de Wheeler-DeWitt denida por (2.108) foi obtida em sua forma mais geral, sem
que fosse imposta qualquer simetria através da escolha de uma métrica particular. No entanto, não
existem soluções para esta equação no superespaço, o que se constitui como um dos mais impor-
tantes problemas em aberto em gravitação quântica. Em cosmologia quântica a situação e menos
dramática: como o objeto de estudo é um sistema particular, o universo, é perfeitamente aceitável
construir a teoria com uma métrica xa, a qual possui simetrias que simplicam enormemente o
problema. A obtenção da equação de Wheeler-DeWitt com uma conguração particular, carac-
terística do problema que se deseja analisar, é chamada de quantização em minissuperespaço dos
vinculos Hµ . Por esta razão, modelos cosmológicos construidos a partir deste tipo de equação são
chamados modelos de minissuperespaco.
Uma importante característica da equação de Wheeler-DeWitt e em particular da função de onda
Ψ é a ausência de dependência temporal explícita (ela só depende da métrica da hipersuperfície e
eventualmente de alguns campos). Isso se deve ao fato de que a relatividade geral é uma teoria
parametrizada, o que signica que o tempo está contido entre as variáveis dinâmicas que descrevem
a função de onda.
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Considerações Finais
Neste trabalho foi discultido o método necessário para formulação da teoria hamiltoniana da
relatividade geral. A abordagem dos tópicos foi feita de maneira que os aspectos mais importantes
do problema fossem ressaltados. Além disso, várias referências foram citadas ao longo do trabalho
para complementar as discussões realizadas.
No capítulo 1, foram obtidas sucintamente as principais propriedades existêntes na variedade
riemanniana, a qual é como base na construção da teoria da relatividade geral. Em seguida, vericou-
se que apartir da denição das identidades de Bianchi, juntamente como príncipio de acoplamento
mínimo, é possível postular uma relação entre a geometria do espaço-tempo e o conteúdo de matéria-
energia contida neste, dando origem as equações de campo da relatividade geral (as equações de
Einstein). A sua última seção também teve como ponto chave a obtenção das equações de Einstein.
Utilizando-se do calculo variacional, ou mais especicamente do princípio variacional, foi vericado,
de maneira mais detalhada, que a partir da ação do sistema físico gravitacional mais a ação carac-
terizada pelo termo de matéria, era possível encontrar as mesmas equações de campo obtidas na
seção anterior. A ênfase dada na obtenção das equações de Einstein através do método variacional
está ligada na importância deste ao formalismo abordado posteriormente.
No capítulo 2, caracterizou-se a hipersuperfície na variedade quadridimensional (espço-tempo),
caracterizando a métrica induzida a partir desta variedade. Dene-se a derivada utilizada para todo
processo de calculo diferencial posterior. Determinou-se o objeto necessário à identicação do quanto
a hipersuperfície se curva em relação a variedade de maior dimensão. Realizou-se a decomposição
do espaço-tempo em sua parte espacial e temporal, determinando que cada hipersuperfície era
portadora de um tempo próprio, sendo este constante. Isto acarretou na obtenção de novas variáveis,
chamadas de variáveis ADM. Denidos estes pontos é possível reescrever o invariante de volume
assim como o escalar de curvatura, o que levou na reformulação do princípio varional (utilizado
na obtenção das equações de Einstein) e, por m, na construção de uma teoria hamiltoniana da
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relatividade geral. Este capítulo foi encerrado com uma das suas principais aplicações, a equação
de Wheeler-DeWitt.
Nota-se que o formulação hamiltoniana obtida fornece em suma todo conteúdo dinâmico do
sistema síco na geometria do espaço-tempo, ou seja, obtem-se valores de momento linear, momento
angular, energia do sistema... Uma vez que este mesmo conteúdo era antes determinado pela
equações de campo da relatividade geral.
Com a obtenção da equação de Wheeler-DeWitt aplicado ao contexto cosmológico quântico, visa-
se estudar as propriedades referêntes a solução desta equação, no entanto, para que tal trabalho
seja feito precisa-se utilizar interpretações de mecânica quântica não usual, como por exemplo a
interpretação de Bohm-DeBroglie [17].
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