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Assinatura:
1
O autor teve apoio financeiro da Fapesp.
Aos meus pais,
Dorvalino e
Romilde.
Agradecimentos
Agradeço aos meus pais, Dorvalino e Romilde, pelo privilégio de ter sido criado
pelas grandes figuras humanas que são. Sem eles, tenho certeza, nem uma só palavra
deste trabalho teria sido escrita.
Agradeço aos meus amados irmãos, Daniela e Robson, pelo companheirismo ao
longo destes anos, e a minha tia Mercedes, pelo carinho perene e incondicional, um
traço reservado apenas às pessoas que amam verdadeiramente.
Agradeço aos grandes amigos Castilho e Giu pela parceria e por compartilharem
não só momentos de alegria, mas também de indecisão. Agradeço também aos amigos
da pós-graduação: Catalão, Claudinei, Leitão, Marcos, Wescley, Yuri e todos os demais.
Finalmente, mas não menos importante, agradeço à Prof. Dra. Maria do Carmo
Carbinatto pela orientação e pelo empenho na revisão do texto.
Resumo
Introdução 1
1 Preliminares 5
1.1 Equações diferenciais ordinárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.1 Teoria geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.2 Resultados de continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.3 Sistemas autônomos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2 Topologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2.1 Categorias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2.2 Homotopias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.3 Espaços quocientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2.4 Aplicação induzida por inclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2.5 A adição wedge . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2 O ı́ndice de Conley 21
2.1 Semifluxos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2 Conjuntos limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.3 Vizinhanças isolantes e blocos isolantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.4 Admissibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.5 Par ı́ndice para um conjunto invariante isolado . . . . . . . . . . . . . . 41
2.6 O ı́ndice de Conley homotópico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
xiii
xiv SUMÁRIO
2.7 O caso linear hiperbólico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.8 O ı́ndice de Conley homológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4 A equação de Morse 91
4.1 Par atrator-repulsor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
4.2 Decomposição de Morse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
4.3 Par bloco e trio-ı́ndice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
4.4 A Equação de Morse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
4.5 A Equação de Morse e um resultado de multiplicidade . . . . . . . . . 113
1
2 Introdução
N . Ao conjunto invariante isolado S podemos associar um par de conjuntos fechados
(N1 , N2 ), chamado par ı́ndice, satisfazendo as seguintes propriedades:
O tipo de homotopia do espaço com um ponto base (N1 /N2 , [N2 ]), denotado por
[(N1 /N2 , [N2 ])], não depende da particular escolha do par ı́ndice. O ı́ndice de Con-
ley homotópico de S é definido por h(S) := [(N1 /N2 , [N2 ])]. Utilizando uma teo-
ria de homologia, temos bem definido o ı́ndice de Conley homológico de S dado por
H∗ (S) := (H∗ (N1 /N2 , [N2 ])). A Propriedade de Continuação satisfeita pelo ı́ndice de
Conley torna a teoria uma ferramenta útil em problemas de análise funcional não-linear,
permitindo muitas aplicações em equações diferenciais.
Por meio de ferramentas mais refinadas, como as decomposições de Morse combi-
nadas com uma apropriada versão do ı́ndice de Conley e uma correspondente Equação
de Morse, podemos obter resultados de multiplicidade de soluções para problemas varia-
cionais.
O objetivo geral desse trabalho é apresentar a Equação de Morse para uma decom-
posição de Morse de um conjunto invariante isolado proveniente um semifluxo local
definido num espaço métrico e apresentar algumas ilustrações do uso de tal equação no
estudo de sistemas dinâmicos com exemplos obtido das equações diferenciais ordinárias.
O trabalho está organizado da seguinte forma. No Capı́tulo 1, apresentamos re-
sultados básicos da teoria de equações diferencais ordinárias e de topologia que serão
utilizados ao longo do texto.
No Capı́tulo 2 apresentamos a definição do ı́ndice de Conley homotópico e ho-
mológico para semifluxos locais definidos em espaços métricos e calculamos o ı́ndice
de Conley de um ponto de equilı́brio hiperbólico de um sistema linear de equações
diferenciais ordinárias.
No Capı́tulo 3, discutimos três propriedades básicas do ı́ndice de Conley: a Pro-
priedade de Adição, de Irredutibilidade e de Continuação. Concluı́mos o capı́tulo com
aplicações dessas propriedades no estudo de equações diferenciais.
Introdução 3
Finalmente, no Capı́tulo 4, apresentamos a Equação de Morse associada a uma
decomposição de Morse de um conjunto invariante isolado. Inicialmente, apresentamos
o par repulsor-atrator, que representa a decomposição de Morse mais simples que um
conjunto invariante pode ter. Utilizando o conceito de trio-ı́ndice e o ı́ndice de Conley
homológico, definimos a Equação de Morse. Fechamos o capı́tulo com um resultado de
multiplicidade de soluções para um problema assintoticamente linear.
Capı́tulo
Preliminares
5
6 Capı́tulo 1 — Preliminares
no intervalo I se o gráfico de ϕ em I está contido em Ω e
dϕ
(t) = f (t, ϕ(t)) para todo t ∈ I. (1.2)
dt
ẋ = f (t, x)
com ϕ(t0 ) = x0 .
definida em (ω− (t0 , x0 ), ω+ (t0 , x0 )). Então (t, ϕ(t)) tende à fronteira de Ω quando t →
ω− (t0 , x0 ) ou t → ω+ (t0 , x0 ).
definida no intervalo maximal (ω− (t0 , x0 , λ), ω+ (t0 , x0 , λ)). Além disso, o seguinte re-
sultado é válido:
é aberto em R × R × Ω × Λ e a função
Φ : D → Rn
definida no intervalo maximal (ω− (k), ω+ (k)). Seja [a, b] ⊂ (ω− (0), ω+ (0)). Então
existe um k0 = k0 (a, b) tal que, para cada k ≥ k0 , temos [a, b] ⊂ (ω− (k), ω+ (k)) e
ϕk → ϕ0 uniformemente em [a, b].
(2) π(t + s, x) = π(t, π(s, x)) para todo x ∈ Ω e todos t, s ∈ R tais que t + s ∈
(ω− (x), ω+ (x)) e t ∈ (ω− (π(s, x)), ω+ (π(s, x))).
ẋ = f (x). (1.4)
ẋ = Ax. (1.5)
ẋ = Ax com x(0) = x0
1.2 Topologia 9
definida em R é denotada por etA x.
Segue que 0 é o único ponto de equilı́brio de f (x) = Ax. Dizemos que o sistema
(1.5) é um sistema linear hiperbólico se a parte real dos autovalores de A é diferente de
zero. O número s = s(A) de autovalores com parte real negativa, contando suas multi-
plicidades, chama-se ı́ndice de estabilidade do sistema. O número k(A) de autovalores
com parte real positiva, contando multiplicidades, chama-se ı́ndice de Morse de 0.
ẋ = Ax (1.6)
(2) U é um subespaço invariante de (1.6), isto é, etA x ∈ U para todo t ∈ R e todo
x ∈ U , e A|U possui todos os autovalores com parte real positiva;
1.2 Topologia
Para os conceitos apresentados e demonstração dos resultados enunciados, sugeri-
mos [7], [8] e [14].
1.2.1 Categorias
Uma categoria C consiste de
10 Capı́tulo 1 — Preliminares
(1) uma classe de objetos;
(2) para todo par ordenado de objetos X, Y , um conjunto hom(X, Y ) dos morfismos
com domı́nio em X e imagem em Y . Se f ∈ hom(X, Y ), escrevemos f : X → Y ;
(3) para toda terna ordenada de objetos X, Y e Z, uma função associando ao par
de morfismos f : X → Y e g : Y → Z sua composição
g ◦ f : X → Z.
(4) se f : X → Y , g : Y → Z e h : Z → W , então h ◦ (g ◦ f ) = (h ◦ g) ◦ f : X → W ;
As equações (1.7) e (1.8) implicam que a é isomorfismo e que a1 = a−1 . Desta maneira,
como b = (b ◦ a) ◦ a−1 , segue que b é um isomorfismo e, portanto, que c também o é.
1.2 Topologia 11
Definição 1.2.2. Uma categoria C é chamada sistema simples conexo se, para todo
par (A, B) de objetos em C, o conjunto hom(A, B) de morfismos de A em B contém
exatamente um elemento.
1.2.2 Homotopias
Sejam Y é um espaço topológico e A ⊂ Y um subespaço de Y . O par (Y, A) é
chamado par topológico. No caso especial em que A = ∅, identificamos (Y, A) com Y .
Mais ainda, se A = {y0 }, y0 ∈ Y , identificamos (Y, A) com (Y, y0 ) e chamamos (Y, y0 )
de espaço com ponto base y0 ou com ponto distinguido y0 .
Sejam (Y, A) e (Z, B) dois pares topológicos. Um morfismo f : (Y, A) → (Z, B) é
uma aplicação contı́nua f : Y → Z tal que f (A) ⊂ B.
A classe de todos os pares topológicos (respectivamente, de todos os espaços com
ponto base) e seus morfismos correspondentes definem uma categoria denotada por T P
(respectivamente, T ∗ ).
tal que F (x, 0) = f0 (x) e F (x, 1) = f1 (x) para todo x ∈ X e F (x, t) = f0 (x) para
x ∈ X 0 e t ∈ [0, 1].
12 Capı́tulo 1 — Preliminares
Uma tal aplicação F é chamada homotopia de f0 em f1 relativamente a X 0 . Caso
X 0 = ∅, escrevemos f0 ' f1 e dizemos apenas que f0 é homotópico a f1 e que F é uma
homotopia entre f0 e f1 .
Diremos que um espaço com ponto base (X, x0 ) é contrátil quando existe uma
homotopia entre a aplicação identidade Id(X,x0 ) e a aplicação constante f : (X, x0 ) →
(X, x0 ) dada por f (x) = x0 para todo x ∈ x0 .
Observação 1.2.12. Notemos que a aplicação inclusão induzida preserva ponto base.
Definição 1.2.14. Sejam (Y, y0 ) e (Z, z0 ) dois espaços com ponto base. A adição wedge
(Y0 , yo ) ∨ (Z0 , z0 ) é o espaço com ponto base (W, w0 ), sendo W = Y × {z0 } ∪ {y0 } × Z ⊂
Y × Z, w0 = (y0 , z0 ).
Observação 1.2.15. Por resultados que não demonstraremos nesta dissertação mas
que podem ser encontrados em [14], a adição wedge depende somente dos tipos de
homotopia dos pares (Y, y0 ) e (Z, z0 ).
Além disso, é claro que Cl(Bi \ Ai ) ∩ Bi ⊂ B. Logo, segue da Proposição 1.2.13 que fi
é contı́nua, i = 1, 2.
Caso contrário, z = [A] e (f ◦ g)(z) = f ([A1 ], [A2 ]) = [A]. Isto que encerra a demons-
tração.
Proposição 1.2.17. Se (Y, y0 ) e (Z, z0 ) são espaços com ponto base e [(Y, y0 )∨(Z, z0 )] =
0̄, então [(Y, y0 )] = [(Z, z0 )] = 0̄.
Demonstração. Seja (W, w0 ) = (Y, y0 )∨(Z, z0 ). Como [(W, w0 )] = 0̄, segue que (W, w0 )
é contrátil. Logo, existe uma contração H : W × [0, 1] → W satisfazendo H(w, 0) =
w, H(w, 1) = w0 e H(w0 , s) = w0 para todo w ∈ W , s ∈ [0, 1]. Mostremos que
[(Y, y0 )] = 0̄. Definamos a imersão e : (Y, y0 ) → (W, w0 ) por e(y) = (y, z0 ) e a projeção
p : (W, w0 ) → (Y, y0 ), por p(y, z) = y. É claro que e e p são contı́nuas.
Definamos a aplicação H̃ : Y × [0, 1] → Y por H̃(y, s) = p (H(e(y), s)). Afirmamos
que H̃ é uma contração. De fato, é claro que H̃ é contı́nua. Além disso, H̃(y, 0) =
p(H(e(y), 0)) = p(e(y)) = p((y, z0 )) = y para todo y ∈ Y . Mais ainda, H̃(y, 1) =
p(H(e(y), 1)) = p(y0 , z0 ) = y0 para todo y ∈ Y . Por fim, H̃(y0 , s) = p(H(e(y0 ), s)) =
p(H((y0 , z0 ), s)) = p(y0 , z0 ) = y0 para todo s ∈ [0, 1]. Isso prova nossa afirmação.
Portanto, [(Y, y0 )] = 0̄. De maneira análoga, mostramos que [(Z, z0 )] = 0̄.
πn (X ∨ Y, (x0 , y0 )) ∼
= πn (X, x0 ) ⊕ πn (Y, y0 ) ⊕ πn+1 (X × Y, X ∨ Y, (x0 , y0 )).
f : (W, w0 ) → (S m , s0 ) e g : (S m , s0 ) → (W, w0 )
Temos que H̃ é contı́nua, H̃(y, 0) = (f˜ ◦ g̃)(y), H(y, 1) = y e H(y0 , t) = y0 para todo
y ∈ Y e todo t ∈ [0, 1]. Portanto, g̃ ◦ f˜ é homotópica a Id(Y,y ) . Como πm (Y, y0 ) = 0,
0
dadas por eZ (z) = (y0 , z) para todo z ∈ (Z, z0 ) e pZ (y, z) = z para todo (y, z) ∈
(W, w0 ). Definamos H̃ : Z ×[0, 1] → Z por H̃(z, s) = pZ (H(eZ (z), s)), (z, s) ∈ Z ×[0, 1],
sendo H uma homotopia entre g ◦ f e Id(W,w0 ) .
Afirmamos que H̃ é uma contração de (Z, z0 ). De fato, a aplicação H̃ é contı́nua e
H̃(z, 0) = pZ (H(eZ (z), 0)) = pZ (e(z)) = pZ ((y0 , z)) = z para todo z ∈ Z. Além disso,
H̃(z, 1) = pZ (H(eZ (z), 1)) = pZ (H((g ◦ f )(eZ (z)))). Temos dois casos a condiderar:
se f ((y0 , z)) = 1, então H̃(z, 1) = pZ (H(g(1))) = pZ ((y 0 , z0 )) = z0 para todo z ∈ Z;
se f ((y0 , z)) = −1, então H̃(z, 1) = pZ (g(−1)) = pZ ((y0 , z0 )) = z0 para todo z ∈ Z.
Em qualquer dos casos, temos H̃(z, 1) = z0 para todo z ∈ Z. Por fim, H̃(z0 , s) =
pZ (H(eZ (z0 ), s)) = pZ (H((y0 , z0 ), s)) = pZ ((y0 , z0 )) = z0 para todo s ∈ [0, 1]. Isso
demonstra que (Z, z0 ) é contrátil e encerra a demonstração.
Capı́tulo
O ı́ndice de Conley
2.1 Semifluxos
Definição 2.1.1. Sejam X um espaço métrico, D um conjunto aberto de [0, ∞) × X
e π : D → X uma aplicação. Denotaremos os pontos π(t, x) por xπt. A aplicação π é
chamada um semifluxo local em X, se as seguintes propriedades forem satisfeitas:
(1) π é contı́nua em D;
21
22 Capı́tulo 2 — O ı́ndice de Conley
(2) para cada x ∈ X, existe um ωx ∈ (0, ∞] tal que (t, x) ∈ D se, e somente se,
0 ≤ t < ωx ;
Observação 2.1.4. Nas condições do Exemplo 2.1.3, πf é, na verdade, um fluxo local
em Ω.
ẋ = fk (x), x(0) = x0 ,
sendo x0 ∈ Ω.
Suponhamos que a seqüência (fk )k converge uniformemente para f0 em cada sub-
conjunto compacto de Ω. A Proposição 1.1.6 implica que πfk → π0 quando k → ∞.
Observação 2.2.1. Notemos que, se σ é uma solução definida em [0, ∞), então σ(t) =
σ(0)πt para todo t ∈ [0, ∞) e, portanto, o conjunto ω(σ) depende apenas de x0 := σ(0).
Neste caso, também escrevemos ω(x0 ) para denotar ω(σ). Para o caso de fluxos locais,
como é o caso de equações diferenciais ordinárias, também podemos escrever ω ∗ (x0 )
em vez de ω ∗ (σ).
e seja π o semifluxo local gerado pelas soluções de (2.2). Então F é uma função de
Liapunov associada a π, ou seja, π é um semifluxo (do tipo) gradiente.
1
d(σ(tn ), y) ≤ d(σ(tn ), yn ) + d(yn , y) < + d(yn , y).
n
Segue que a−2 ∈ ω(σ). Como ω(σ) é positivamente invariante e ω(σ) ⊂ Cl σ([0, ∞)),
segue da Proposição 2.2.5 que ωa−2 = ∞. Logo, a aplicação σ2 : [−2, 0] → X, dada por
σ2 (t) = a−2 π(t + 2), t ∈ [−2, 0], está bem definida. Além disso, σ2 (t) ∈ ω(σ) para todo
t ∈ [−2, 0]. É claro que σ2 (0) = y.
Repetindo indutivamente estes argumentos para um k ∈ N, obtemos uma solução
σk : [−k, 0] → X, dada por σk (t) = a−k π(t + k) para t ∈ [−k, 0], e tal que σk (0) = y .
Além disso, se k 0 ∈ N é tal que k 0 < k, temos que σk (t) = σk0 (t) para todo t ∈ [−k 0 , 0].
Deste modo, podemos definir uma solução µ : (−∞, 0] → X dada por µ(s) = σk (s),
sendo k ∈ N tal que k ≥ s. Segue que µ está bem definida, µ(0) = y e µ(t) ∈ ω(σ)
para todo t ∈ (−∞, 0]. Logo, ω(σ) é negativamente invariante e, portanto, invariante.
O teorema está demonstrado.
Demonstração. Suponhamos que J = [0, ∞). Seja σ : [0, ∞) uma solução de π com
σ([0, ∞)) relativamente compacto. Mostremos que V é constante em ω(σ). Suponha
2.2 Conjuntos limites 27
que a afirmação seja falsa. Logo, existem pelo menos dois pontos distintos x1 e x2 em
ω(σ) de tal modo que
V (x1 ) < V (x2 ). (2.3)
1
Definamos ² := 2
(V (x2 ) − V (x1 )) . Da continuidade de V , segue que existe um
δ > 0 tal que
Seja n0 ∈ N tal que, para todo n ≥ n0 , temos que d(σ(t2n ), x1 ) < δ e d(σ(t2n+1 ), x2 )
< δ. Portanto, para todo n ≥ n0 ,
Logo,
V (x2 ) − V (x1 ) < 2² para todo ² > 0.
Portanto,
|V (σ(t)) − V (x0 )| < ² para todo ² > 0.
Inv+
π (Y ) = {x ∈ X : xπ[0, ωx ) ⊂ Y }
Inv−
π (Y ) = {x ∈ X : existe uma solução σ : (−∞, 0] → X por x com σ(−∞, 0] ⊂ Y }
Inv π (Y ) = Inv+ −
π (Y ) ∩ Invπ (Y ).
2.3 Vizinhanças isolantes e blocos isolantes 29
(a) Y será chamado positivamente invariante se Y = Inv+
π (Y );
Invπ (N ) ⊂ IntX (N ).
K = Invπ (N ) ⊂ IntX (N ).
Exemplo 2.3.3. Há conjuntos invariantes que não são isolados. Consideremos a
equação diferencial ordinária em R2 dada por
ẋ1 = x2
(2.4)
ẋ2 = −x1 .
O conjunto K = {(0, 0)} é invariante, mas não é isolado. O retrato de fase de (2.4) é
representado pela Figura 2.1.
O próximo teorema, sobre conjuntos invariantes isolados, foi aplicado para demons-
trar resultados de persistência de populações modeladas por sistemas de equações de
reação-difusão e equações diferenciais ordinárias (ver [5]).
Observação 2.3.7. Intuitivamente, o Teorema 2.3.6 nos diz que, se uma solução fica
infinitamente próxima de K sem, no entanto, permanecer sempre próxima, então esta
solução fica infinitamente próxima de Inv+ (N ) \ K e Inv− (N ) \ K.
Definamos
s2n = inf{t : t02n < t < tn e yπ[t, tn ] ⊂ N }
para elementos z1 , z2 ∈ X.
Sejam t ∈ [0, ωz1 ) e n0 ∈ N tal que s2n + t < s2n+1 para todo n > n0 . Portanto,
yπ(s2n + t) → z1 πt ∈ N para todo t ∈ [0, ωz1 ). Como π não explode em N , segue que
ωz1 = ∞ e z1 ∈ Inv+
π (N ).
Segue que a−2 ∈ ω(σ). Como ω(σ) ⊂ Cl(yπ[0, ∞)) e ω(σ) é positivamente invari-
ante, segue da Proposição 2.2.5 que ωa−2 = ∞. Logo, a aplicação σ2 : [−2, 0] → X,
dada por σ2 (t) = a−2 π(t + 2) para todo t ∈ [−2, 0], está bem definida. Além disso,
σ(t) ∈ N para todo t ∈ [−2, 0] e σ2 (0) = z2 .
Repetindo indutivamente estes argumentos para um k ∈ N, obtemos uma solução
σk : [−k, 0] → X, dada por σk (t) = a−k π(t + k) para t ∈ [−k, 0], e tal que σk (0) = z2 .
Além disso, se k 0 ∈ N é tal que k 0 < k, temos que σk (t) = σk0 (t) para todo t ∈ [−k 0 , 0].
Deste modo, podemos definir uma solução σ : (−∞, 0] → X dada por σ(s) = σk (s),
sendo k ∈ N tal que k ≥ s. Segue que σ está bem definida, σ(0) = z2 e σ(t) ∈ N para
todo t ∈ (−∞, 0]. Portanto, z2 ∈ Invπ (N ), o que completa a demonstração.
e (Inv−
π (N ) \ K) ∩ ω(y) são infinitos.
Inv+ + − −
π (Nn ) ⊂ Invπ (N ) e Invπ (Nn ) ⊂ Invπ (N ). (2.6)
2.3 Vizinhanças isolantes e blocos isolantes 33
Aplicando o Teorema 2.3.6 e usando (2.6), obtemos seqüências (un )n , (vn )n com
un ∈ Inv+ −
π (N ) ∩ ∂Nn ∩ ω(y) e vn ∈ Invπ (N ) ∩ ∂Nn ∩ ω(y) para todo n ∈ N.
Para cada n ∈ N, temos que ∂Nn ∩Vn = ∅. Como ∂Nn+1 ⊂ Vn , segue que ∂Nn ∩∂Nn+1 =
∅. Logo, para todos n, m ∈ N com n 6= m, temos que un 6= um e vn 6= vm . Isto prova o
corolário.
(2) Se δ1 > 0, então, para algum ²1 ∈ (0, δ1 ), σ(t) ∈ IntX (B) para t ∈ [−²1 , 0).
(1) Existe um ²2 ∈ (0, δ2 ] tal que σ(t) ∈ IntX (B) para t ∈ (0, ²2 ];
(1) ∂B = B e ∪ B i ∪ B b ;
(2) B − é fechado em X.
34 Capı́tulo 2 — O ı́ndice de Conley
x2∈ B
e
B
x1∈B i
x3 ∈ B b
é contı́nua.
xπ(sB (x) + ²) ∈ X \ B.
Como B é bloco isolante, segue que xπt está definido para todo t ∈ [0, sB (x)) e
xπ(0, sB (x)) ⊂ IntX (B).
Se sB (x) = 0, a relação (2.7) implica que sB (xn ) → 0 quando n → ∞.
2.3 Vizinhanças isolantes e blocos isolantes 35
Suponhamos então que sB (x) ∈ (0, ∞). Dado ² ∈ (0, sB (x)), a continuidade de π
implica que existe um n0 (²) ∈ N tal que
Afirmamos que, para todo ² > 0, existe um n1 (²) ∈ N com n1 (²) ≥ n0 (²) tal que
xn π[0, sB (x) − ²] ⊂ B para todo n ≥ n1 (²). Suponhamos que a afirmação seja falsa.
Então existem um ²0 > 0, uma seqüência (nk )k em N e uma seqüência (tnk )k em [0, ∞)
tais que nk ≥ n0 (²0 ) e
xnk πtnk ∈
/ B e tnk ∈ [0, sB (x) − ²] para todo k ∈ N.
Como B é bloco isolante, existe uma seqüência (snk )k em [0, ∞), com snk ≤ tnk , tal
que xnk πsnk ∈ B − . Sem perda de generalidade, podemos assumir que snk → s̃ quando
k → ∞ para algum s̃ ∈ [0, ∞). A continuidade de π implica então que xπs̃ ∈ B − , o
que nos dá sB (x) ≤ s̃. Mas
Como B é bloco isolante, as soluções deixam B por B − . Portanto, existe uma seqüência
(δnk )k tal que δnk ∈ (0, M0 ) e
mostra que H está bem definida. Segue do Lema 2.3.10 que a aplicação H é contı́nua.
É claro que H(x, 0) = x para x ∈ U . Além disso,
Uma pergunta natural a ser feita é: blocos isolantes existem? Para uma resposta
positiva no contexto geral de semifluxos definidos em espaços métricos, necessitamos
do conceito de admissibilidade, que será apresentado na próxima seção.
2.4 Admissibilidade
Apresentamos o conceito essencial para generalizar a teoria do ı́ndice desenvolvida
por Conley.
ẋ = fk (x), x(0) = x0 ,
(ii) se existe um t0 ∈ [0, ∞) tal que tn → t0 quando n → ∞, então xπτ está definido
para todo τ ∈ [0, t0 ] e xπ[0, t0 ] ⊂ N .
(i) se (xn )n é uma seqüência em X e (tn )n é uma seqüência em [0, ∞) tal que tn → ∞
quando n → ∞ e xn πn τ está definido para todo τ ∈ [0, tn ] e xn πn [0, tn ] ⊂ N para
todo n ∈ N, então todo ponto limite da seqüência (xn πn tn )n pertence a Inv−
π (N );
Demonstração. Assumamos que N seja fortemente (πnm )m -admissı́vel para toda sub-
seqüência (πnm )m de (πn )n . Seja y0 um ponto limite da seqüência (xn πn tn )n , isto é,
x0n πn0 t0n → y0 quando n → ∞ para uma subseqüência (x0n πn0 t0n )n de (xn πn tn )n . Como N
é (πn0 )n -admissı́vel, existe uma subseqüência (x1n πn1 t1n )n de (x0n πn0 t0n )n tal que
Por outro lado, temos que tkn − k + t0 < tkn e (xkn πnk (tkn − k))πnk t0 = xkn πnk (tkn + (t0 − k))
para todo n ∈ N. Temos uma contradição.
40 Capı́tulo 2 — O ı́ndice de Conley
Para cada k ∈ N, definamos σk : [−k, 0] → X por
Mas xkn πnk (tn − k)πnk k = xkn πnk tkn para todo n ∈ N. Recordemos que (xkn πnk tkn )n é uma
subseqüência de (x0n πn0 t0n )n . Portanto,
As fórmulas (2.11) e (2.12) implicam que y0 = y−k πk = σk (0) e nossa afirmativa está
demonstrada.
Ademais, se k, k 0 ∈ N são tais que k < k 0 , então σk e σk0 coincidem em [−k, 0].
Assim, σ(t) := σk (t), t ∈ [−k, 0] define uma solução de π em (−∞, 0] com σ((−∞, 0]) ⊂
N e σ(0) = y0 . Isto completa a demonstração de (i).
Suponhamos agora que πn não exploda em N para todo n ∈ N e seja W um
subconjunto de N com Invπ (N ) ⊂ IntX (W ). Por absurdo, suponhamos que nossa
tese seja falsa. Sem perda de generalidade, podemos assumir que Invπn (N ) \ (N \
IntX (W )) 6= ∅ para todo n ∈ N. Definamos Kn := Invπn (N ), n ∈ N, K := Invπ (N ).
Para cada n ∈ N, escolhamos xn ∈ Kn ∩ (N \ IntX (W )). Logo, existem yn ∈ Kn
e tn ∈ [0, ∞), n ∈ N, com tn → ∞ e yn πn tn = xn para n ∈ N. Pela hipótese de
admissibilidade, assumimos que yn πn tn → x0 quando n → ∞ para algum x0 ∈ N .
Como yn πn [0, tn ] ⊂ N , (i) implica que x0 ∈ Inv−
π (N ). Como πn não explode em N ,
segue que xn πn tn está definido para todo t ≥ 0. Além disso, xn πn t ∈ N para todo t ≥ 0.
Portanto, x0 πt está definido e pertence a N para todo t ≥ 0, isto é, x0 ∈ Inv+
π (N ).
N , segue que xnm πt está definido para todo t ∈ [0, ∞) e xnm π[0, ∞) ⊂ N para todo
m ∈ N. Portanto, o Teorema 2.4.5(i) implica que x0 πt está definido para todo t ∈ [0, ∞)
e x0 π[0, ∞) ⊂ N , ou seja, x0 ∈ Inv+
π (N ). Em outras palavras, K é compacto.
Em outras palavras, N1t é a imagem por π dos pontos y pelos quais a solução
permanece em N1 para o tempo t. Definamos também
Ou seja, uma solução pelos pontos de N2−t (N ) atinge N2 em algum tempo t0 ≤ t e não
deixa N antes disso.
Exemplo 2.5.3. Seja B um bloco isolante para um conjunto π-invariante K que admite
vizinhança isolante fortemente π-admissı́vel. Então, o par (B, B − ) é um par ı́ndice em
B.
(1) para todo N ∈ N (π, K) e todo par quasi-ı́ndice (N1 , N2 ) em N , (N1 /N2 , [N2 ]) é
um objeto de V(π, K);
(1) A classe dos objetos de I(π, K) é igual à classe dos objetos de V(π, K), isto é,
a classe de todos os espaços com ponto distinguido (N1 /N2 , [N2 ]), sendo (N1 , N2 )
um par quasi-ı́ndice em N para algum N ∈ N (π, K);
Não faremos a demonstração deste fato, mas a sua importância será ilustrada na
demonstração da Propriedade de Continuação do ı́ndice homotópico (ver Teorema
3.3.2).
Como imediata conseqüência do Teorema 2.6.2, temos o seguinte resultado.
Como conseqüência deste resultado, o tipo de homotopia [N1 /N2 , [N2 ]] depende
somente do par (π, K). Logo, a seguinte definição faz sentido.
No caso mais geral apresentado aqui, não estamos assumindo a existência de fluxos
ou a compacidade local do espaço X. Em vez disso, assumimos admissibilidade, e
h(π, K) está definido sempre que N (π, K) 6= ∅.
No que segue, S(X) denota o conjunto de todos os pares (π, K) tais que N (π, K) 6=
∅. Em outras palavras, S(X) é o conjunto de todos os pares (π, K) tais que π é um
semifluxo local em X e K é um conjunto invariante isolado relativamente a π que
admite uma vizinhança fortemente π-admissı́vel relativamente a π.
Exemplo 2.6.7. Seja π o fluxo local gerado pela equação diferencial ordinária
ẋ = 1.
Exemplo 2.6.8. Seja π o fluxo local gerado pela equação diferencial ordinária
ẋ = x2 . (2.14)
Observação 2.6.9. O Exemplo 2.6.8 mostra que um conjunto invariante não vazio
pode ter ı́ndice trivial. O ponto de equilı́brio 0 da equação do Exemplo 2.6.8 não é
hiperbólico. Logo, seu ı́ndice de Morse não está definido. Porém, o seu ı́ndice de
Conley está definido (e é trivial).
(1) para toda matriz C definida positiva, existe uma matriz definida positiva B tal
que AT B + BA = C.
Um resultado análogo também é válido para o caso de uma matriz cujos autovalores
têm parte real negativa:
Lema 2.7.2. Seja A uma matriz quadrada de ordem n cujos autovalores têm parte real
negativa. Então
(1) Para cada matriz C definida positiva, existe uma matriz definida positiva B tal
que AT B + BA = −C.
Teorema 2.7.3. Seja L uma matriz de ordem m. Suponhamos que 0 seja um ponto
de equilı́brio hiperbólico de
ẋ = Lx. (2.15)
Seja π o fluxo global gerado pelas soluções de (2.15). Então o conjunto K = {0} é
um conjunto π-invariante isolado, h(π, {0}) está definido e h(π, {0}) = Σk , sendo k o
número de autovalores, contando multiplicidades, com parte real positiva.
A 0
F := ,
0 C
sendo A e C matrizes.
Como existe uma matriz invertı́vel M tal que L = M −1 F M , segue que existe uma
conjugação linear, Φ : Rm → Rm dada por Φ(x) = M −1 x, entre os fluxos lineares
gerados por
ẋ = Lx e ẏ = F y.
u̇ = Au. (2.17)
AT D + DA = Id .
Definamos VU : Rm → R por VU (x) = (PU x)T D(PU x). Seja x : R → Rm uma solução
de (2.15). Portanto, u(t) := PU (M −1 x(t)), t ∈ R, é uma solução de (2.17) e segue do
Lema 2.7.1(2) que
d
VU (u(t)) = u(t)T Id u(t) ≥ 0 para todo t ∈ R.
dt
48 Capı́tulo 2 — O ı́ndice de Conley
Logo, a função t ∈ R 7→ VU (PU M −1 x(t)) é não decrescente. Além disso, se u é
uma solução não constante de (2.17), então aplicação t ∈ R 7→ VU (PU M −1 x(t)) é
estritamente crescente. É claro que VU (0) = 0.
Tudo o que fizemos para a variedade instável U pode ser feito para a variedade
estável S. Seja VS : Rm → R dada por
É claro que K = {0} ∈ IntRn B. Como a única solução limitada de (2.15) é a solução
nula, segue que
{0} = Invπ (B).
Portanto,
h(π, {0}) = [(B/B − , [B])].
2.8 O ı́ndice de Conley homológico 49
Definamos H : B × [0, 1] → B por H(x, τ ) = PU x + (1 − τ )PS x, x ∈ B e τ ∈ [0, 1]. É
claro que H é contı́nua e, além disso, se x ∈ B − e τ ∈ [0, 1],
Logo, H(B − × [0, 1]) ⊂ B − . Portanto, H induz uma aplicação contı́nua H̃ : B/B − ×
[0, 1] → B/B − que preserva ponto base. Mais ainda, H̃ é uma retração por deformação
forte de B/B − sobre B1 /∂B1 , sendo B1 := {x ∈ U : VU (x) ≤ 1} ⊕ {0}.
Portanto,
h(π, {0}) = [(B/B − , [B − ])].
Por outro lado, o par (B1 /∂B1 , [∂B1 ]) é homeomorfo ao par (Dk , S k−1 ), sendo Dk a bola
unitária k-dimensional, S k−1 a esfera unitária (k − 1)-dimensional e k = dim U . Além
disso, (Dk /S k−1 , [S k−1 ]) é homeomorfo a (S k , s0 ), s0 ∈ S k , por um homeomorfismo que
preserva ponto base. Portanto,
Definição 2.8.1. Se (π, K) ∈ S(X), então o ı́ndice homológico Hq (h(π, K)) de (π, K),
q ∈ Z, é definido por Hq (N1 /N2 , [N2 ]) para qualquer escolha de um par quasi-ı́ndice
(N1 , N2 ) em N (relativamente a π), sendo N ∈ N (π, K).
51
52 Capı́tulo 3 — Propriedades do ı́ndice de Conley
Teorema 3.1.1. Seja X um espaço métrico e π um semifluxo local em X. Suponhamos
que (π, K1 ) ∈ S(X) e (π, K2 ) ∈ S(X) sejam tais que K1 ∩K2 = ∅. Então (π, K1 ∪K2 ) ∈
S(X) e
h(π, K1 ∪ K2 ) = h(π, K1 ) ∨ h(π, K2 ).
h(π, K) = [B/B − , [B − ]] = [B1 /B1− , [B1− ]] ∨ [B2 /B2− , [B2− ]] = h(π, K1 ) ∨ h(π, K2 ),
3.2 Irredutibilidade
Dados conjuntos π-invariantes K, K1 e K2 , com K1 ⊂ K e K2 ⊂ K, uma questão
que se coloca é se K1 e K2 estão “conectados”por uma órbita completa de K. A análise
desta questão nos leva ao conceito de irredutibilidade.
Demonstração. Suponhamos, por absurdo, que (π, K) seja redutı́vel. Logo, existem
conjuntos disjuntos não vazios K1 , K2 ∈ S(X) tais que K = K1 ∪ K2 com h(π, K1 ) 6= 0̄
e h(π, K2 ) 6= 0̄. Pelo Teorema 3.1.1, temos
Como h(π, K) = 0̄, segue da Proposição 1.2.17 que h(π, K1 ) = h(π, K2 ) = 0̄, o que é
uma contradição.
Teorema 3.2.4. Suponhamos (π, K) ∈ S(X) e que (π, K) seja irredutı́vel. Supo-
nhamos que exista um conjunto π-invariante K 0 ⊂ K tal que
Então existe uma solução completa, σ : R → K, de π tal que σ(R) 6⊂ K 0 e que satisfaz
ω ∗ (σ) ⊂ K 0 ou ω(σ) ⊂ K 0 (ou ambos).
O Teorema 3.2.4 afirma que, embora a órbita de σ não esteja inteiramente contida
em K 0 , ela emana de K 0 ou tende a K 0 (ou ambos). Além disso, o teorema não nos
fornece meios para decidir qual dos dois casos necessariamente ocorre: se ω ∗ (σ) ⊂ K 0
ou se ω(σ) ⊂ K 0 . Na verdade, não é possı́vel saber qual situação ocorre assumindo
apenas as hipóteses do teorema, como ilustra o exemplo a seguir.
0 1
x0 πs ∈ K1 ⊂ IntX (N ).
Por outro lado, xn πtn = σn (tn ) ∈ ∂N para todo n ∈ N. Segue de (3.2) que x0 πs ∈
∂N ∩ IntX (N ), o que é uma contradição. Isto demonstra nossa afirmativa.
Mas, pelo Teorema 2.4.5, K1 é compacto, donde d(K1 , ∂N ) > 0. Isto é uma con-
tradição, pois xn πtn ∈ ∂N e seu limite xπs está em K1 .
Assim, podemos assumir que (σn (tn ))n converge a y0 ∈ Inv−
π (K ∩ N )∂N ∩ K, isto
é, existe uma solução σ : R → K por y0 tal que σ((∞, 0]) ⊂ K ∩ N . Como o conjunto
/ K1 , segue que ω ∗ (σ) ⊂ K1 e σ(R) 6⊂ K1 .
α-limite de σ é invariante e σ(0) ∈
Caso 2: Para todo n ∈ N, existe tn > 0 tal que
yn = σn (−tn ) → y0 quando n → ∞
Demonstração. Suponha que o teorema não seja válido. Então existem dois conjuntos
não vazios e disjuntos K1 e K2 tais que K = K1 ∪ K2 , h(π, K1 ) 6= 0̄ e h(π, K2 ) 6= 0̄.
56 Capı́tulo 3 — Propriedades do ı́ndice de Conley
Pelo Teorema 1.2.14,
h(π, K) = h(π, K1 ) ∨ h(π, K2 ).
uma contradição.
Teorema 3.2.7. Seja (π, K) ∈ S(X), com K 6= ∅, e suponha que h(π, K) o tipo de
homotopia de um espaço conexo com ponto base (Y, y0 ). Então, para toda vizinhança
isolante N de K, temos
K = Invπ (N ) 6= Inv−
π (N ).
Demonstração. Suponha que o corolário seja falso. Seja N uma vizinhaça isolante
fortemente π-admissı́vel de K∞ . Sejam x ∈ Inv−
π (N ) e uma solução σ̃ : (−∞, 0] → N
Como estamos assumindo que a conclusão do corolário é falsa, temos de ter σ([0, ∞))
limitado e, portanto, x ∈ K∞ . Segue que
Inv−
π (N ) = Invπ (N ) = K,
Corolário 3.3.3. Nas condições do teorema anterior, se Λ = [0, 1], então h(πλ , Kλ ) é
contante para todo λ ∈ [0, 1]. Em particular,
h(π0 , K0 ) = h(π1 , K1 ).
Demonstração. Suponha que o resultado não seja verdadeiro. Logo, existe uma se-
qüência (nk )k em N, com nk → ∞ quando k → ∞, tal que, para cada k ∈ N, existe
uma solução completa σnk : R → X de πnk de modo que
Além disso, xn1k πn1k [0, n1k ] ⊂ N para todo k ∈ N e n1k → ∞ quando k → ∞.
Portanto, o Teorema 2.4.5 implica que x0 ∈ Inv+
π0 (N ). Desta forma,
x0 ∈ Invπ0 (N ) = K0 .
Por (3.3), temos x0 ∈ ∂N , o que é uma contradição pois N é uma vizinhaça isolante
de K0 .
Demonstração. Suponha que a proposição não seja verdadeira. Logo, existe uma se-
qüência (nk )n em N com nk → ∞ quando n → ∞ tal que Knk 6= ∅ para todo k ∈ N.
Seja σnk : R → X uma solução completa de πnk satisfazendo
Além disso, xn1k πn1k [0, n1k ] ⊂ N para todo k ∈ N e n1k → ∞ quando k → ∞.
Portanto, o Teorema 2.4.5 implica que x0 ∈ Inv+
π0 (N ). Desta forma,
x0 ∈ Invπ0 (N ) = K0 ,
K0 ⊂ IntX (B 0 ) ⊂ N.
Lema 3.3.9. Seja (xn )n uma seqüência em N0 tal que g − (xn ) → 0 quando n → ∞.
Então existe uma subseqüência de (xn )n que converge para um elemento de Inv−
π0 (N0 ).
Demonstração. Da definição destas funções, temos 0 ≤ α(0)F (xn ) ≤ g − (xn ) para todo
n ∈ N. Logo, F (xn ) → 0 quando n → ∞.
Portanto, para cada k ∈ N, existe um nk0 ∈ N tal que n ≥ nk0 implica F (xn ) ≤ 1/k.
Logo, se nk ≥ nk0 , temos
¡ ¢ 1
d xnk , Inv−
π0 (N0 ) = F (xnk ) ≤
k
Logo,
¡ ¢
d xnk , Inv−
π0 (N 0 ) → 0 quando k → ∞.
que
xnk0 → x0 quando k 0 → ∞.
Então
Para mostrarmos a parte (2), suponhamos que, para todo a, b > 0, exista um
xa,b ∈ Cl V (a, b) tal que xa,b ∈
/ U0 . Para cada n ∈ N, sejam a = 1/n e b = n. Portanto,
existe um xn ∈ Cl V (1/n, n) tal que xn ∈
/ U0 para todo n ∈ N. Para cada n ∈ N, seja
yn ∈ V (1/n, n) tal que
1
d(xn , yn ) < . (3.4)
n
Segue que g − (yn ) < 1/n e t+ (yn ) > n para todo n ∈ N. Logo, g − (yn ) → 0 quando
n → ∞. Pelo Lema 3.3.9, existem uma subseqüência de (yn )n , denotada novamente
por (yn )n , e um y ∈ Inv−
π0 (N0 ) tais que
yn → y0 quando n → ∞.
Demonstração. Suponhamos que o lema seja falso. Então existem constantes positivas
a ≤ a0 , b ≥ b0 , δ e M e uma seqüência (nk )k em N com nk → ∞ quando k → ∞ tais
que
K(nk , a, b) 6⊂ V (δ, M ) para todo k ∈ N.
Logo, para cada k ∈ N, existe uma solução completa σk : R → Cl V (a, b) de πnk tal que
σk (0)πnk k ∈
/ V (δ, M )
62 Capı́tulo 3 — Propriedades do ı́ndice de Conley
satisfazendo σk (0)πnk [0, 2k] ⊂ Cl V (a, b) ⊂ N . Notemos que 2k → ∞ quando k → ∞.
Portanto, existem um x0 ∈ Invπ0 (N ) e uma subseqüência de (σk (0)πnk k)k , à qual
denotaremos novamente por (σk (0)πnk k)k , tais que
Como x0 ∈ Invπ0 (N ), segue que g − (x0 ) = 0 < δ e t+ (x0 ) = ∞. Por fim, (3.5) implica
que existe um k0 ∈ N tal que
t+
n (x) := sup{t ≥ 0 : xπn t está definido e xπn [0, t] ⊂ U0 }.
t+ +
n (xn ) → t (x0 ) quando n → ∞.
xn πn tn → x0 π0 t0 e x0 π0 t0 ∈
/ U0 ,
x0 π0 [0, C] ⊂ U0 .
Logo, a afirmativa (3.6) implica a existência de um n0 (C) ∈ N tal que, para todo
n ≥ n0 (C), temos
xn πn [0, C] ⊂ U0 .
N2 (n, a, b, δ, M, M 0 ) := N1 (n, a, b, δ, M ) ∩ {ω ∈ U0 : t+ 0
n (ω) ≤ M },
C(n, δ, M ) := {x ∈ U0 : t+
n (x) ≤ 2M } ∩ Cl V (δ, M ).
(3) Definindo K(n, a, b) := Invπn (Cl(V (a, b)), temos K(n, a, b) ∩ N2 (n, a, b, δ, M, M 0 )
= ∅ pois, se x ∈ K(n, a, b), segue que, para todo t ≥ 0, xn πn t ∈ U0 . Logo,
t+
n (x) = ∞.
Temos então
xk πn [0, tk + s] ⊂ U0 para todo k ≥ k0 .
3.3 A Propriedade de Continuação 65
Seja τ ∈ [0, s]. Temos xk πn (tk + τ ) → xπn τ quando k → ∞. Portanto,
xπτ ∈ Cl{ω : existem ω̄ ∈ V (δ, M ) e um t ≥ 0 tais que ω̄πn [0, t] ⊂ U0 e ω̄πn t = ω},
Para concluir, tomemos x ∈ N2 (n, a, b, δ, M ) e s > 0 tais que xπn [0, s] ⊂ Cl V (a, b).
Portanto
xπn [0, s] ⊂ N1 (n, a, b, δ, M 0 ).
xπ[0, s] ⊂ N2 (n, a, b, δ, M, M 0 ).
d(x̄k , x0 ) → 0 quando k → ∞.
Caso 1: Suponha que a seqüência (tk )k seja limitada. Podemos então assumir que
tk → t0 quando k → ∞. Portanto, d(x̃k πnk tk , x0 π0 t0 ) → 0 quando k → ∞. Definamos
x̃0 := x0 π0 t0 . Como Inv−
π0 (N0 ) é N0 -positivamente invariante em relação a π0 , temos
x̃0 ∈ Inv−
π0 (N0 ).
Caso 2: Assumamos que a seqüência (tk )k seja ilimitada. Podemos assumir que
tk → ∞ quando k → ∞. Como
e N é fortemente (πnk )k -admissı́vel, segue do Teorema 2.4.6 que existe uma subse-
qüência de (x̄k πnk tk )k , denotada novamente por (x̄k πnk tk )k , e um x̃0 ∈ Inv−
π0 (N0 ) tais
que
x̄k πnk tk → x̃0 quando k → ∞.
Como t+ 0 + 0
n (x0 ) ≥ M > b para todo k ∈ N, segue de (3.8) que t (x0 ) ≥ M > b.
Das relações (3.9) e (3.10), temos V (a, b) ∩ ∂ Cl V (a, b) 6= ∅, o que é uma contradição.
ou
t+ +
nk (xk ) ≤ 4M e t (xk ) > 5M para todo k ∈ N.
t+ +
nk (xk ) → t (x̃0 ) para todo k → ∞.
Como t+ +
nk (xk ) ≤ 4M para todo k ∈ N, temos t (x̃0 ) ≤ 4M < 5M . A continuidade
Como g − (x̄k ) < δk → 0 quando k → ∞, segue do Lema 3.3.9 que existe uma
subseqüência de (x̄k )k , denotada novamente por (x̄k )k e um x0 ∈ Inv−
π0 (N0 ) tal que
x̄k → x0 quando k → ∞.
Além disso, temos g − (x̄k ) < δk < a e t+ (x̄k ) > M > b para todo k ∈ N. Portanto,
x̄k ∈ V (a, b) para todo k ∈ N e x0 ∈ Cl V (a, b) ⊂ U0 . Mais ainda, t+ (xk ) ≤ 3M . A
continuidade de t+ implica que
t+ (x0 ) ≤ 3M.
t+
nk (xk ) ≤ 3M ≤ 4M para k ∈ N suficientemente grande. (3.13)
C(n, δ, M ) ⊂ E(a, b, M ).
xk ∈ C(nk , δk , M ) e xk ∈
/ E(a, b, M ) para todo k ∈ N.
3.3 A Propriedade de Continuação 69
Portanto, para cada k ∈ N, xk ∈ Cl V (δk , M ), xk ∈ U0 e t+
nk (xk ) ≤ 2M.
t+ +
nk (x0 ) → t (x0 ) quando k → ∞
e
t+ (x0 ) ≤ 2M ≤ 3M.
(ii) para todo x ∈ N1 (n, a, b, δ, M ) para o qual existe um t0 ∈ [0, ∞) tal que xπn t0 ∈
/
Cl V (a, b), existe um t0 ∈ [0, t0 ] tal que xπn [0, t0 ] ⊂ Cl V (a, b) e xπn t0 ∈ N2 (n, a, b, δ,
M, M 0 );
Notemos que 2M > b0 e M ≥ b0 . Segue das Proposições 3.3.15, 3.3.16, 3.3.17 e 3.3.18
que existem um n̄0 ∈ N e δ̄0 > 0 tais que, para todos n ≥ n0 e δ ∈ (0, δ̄0 ], temos que
(b) para todo x ∈ N1 (n, δ0 , M, δ, 2M ) para o qual existe um t0 ∈ [0, ∞) tal que
/ Cl V (δ0 , M ), existe um t0 ∈ [0, t0 ] tal que xπn [0, t0 ] ⊂ Cl V (δ0 , M ) e
xπn t0 ∈
xπn t0 ∈ N2 (n, δ0 , M,
δ, 2M, 2M );
Recordemos que
Definamos δ̃0 = min{δ0 , δ̄0 } e ñ0 := max{n1 , n0 , n̄0 }. Sejam δ ≤ δ̃0 e n ≥ ñ0 . Temos
Ou seja,
A1 ⊂ A2 ⊂ A3 ⊂ A4 e B1 ⊂ B2 ⊂ B3 ⊂ B4 . (3.15)
De fato, (i) e (ii) implicam, respectivamente, que o par (A1 , B1 ) satisfaz as condições
(1) e (3) da Definição 2.5.1. Analogamente, (a) e (b) implicam, respectivamente, que o
par (A3 , B3 ) satisfaz as condições (1) e (3) da Definição 2.5.1.
O Lema 3.3.11 implica que existe um n10 ∈ N, que podemos supor maior que ñ0 , tal
que, para todo n ≥ n10 , temos
o que mostra que o par (A1 , B1 ) satisfaz a condição (2) da Definição 2.5.1. Analoga-
mente, (3.17) e (3.19) implicam que o par (A3 , B3 ) também satisfaz a condição (2) da
Definição 2.5.1. Estes fatos mostram a validade da afirmação.
Também, é claro que (A2 , B2 ) e (A4 , B4 ) são pares ı́ndices para Invπ0 Cl V (a0 , b0 ) =
Invπ0 (N0 ) = K0 em A2 e A4 respectivamente.
e Λ3 : A3 /B3 → A4 /B4 .
72 Capı́tulo 3 — Propriedades do ı́ndice de Conley
Como as aplicações Λ2 ◦Λ1 e Λ3 ◦Λ2 satisfazem as condições do item (2) da Definição
2.6.1, temos que Λ2 ◦ Λ1 e Λ3 ◦ Λ2 são morfismos de V(π, K). Pelo Teorema 2.6.2, segue
que Λ2 ◦ Λ1 e Λ3 ◦ Λ2 são isomorfismos em HT ∗ . Pelo Lema 1.2.1, as aplicações Λ1 , Λ2
e Λ3 são isomorfismos em HT ∗ . Portanto, se n ≥ n10 , temos
[ [
(Vλ ∩ C) e (Vλ ∩ C)
λ∈A λ∈B
são ambos abertos de C e não vazios. Temos, portanto, uma cisão do conjunto conexo
C, o que é uma contradição. Este fato encerra a demonstração do teorema.
ẋ = Ax + f (x). (3.20)
Demonstração. Seja r > 0 tal que B[0, r] ⊂ Ω. Definamos U := B(0, r). Podemos
assumir f é lipschitziana em U , o que implica, em particular, que f é limitada em U .
Definamos gτ : U → Rn por
ẋ = Lx + gτ (x). (Sτ )
cn
cn := sup ||xn (t)|| 6= 0, cn < ||xn (0)|| + e cn → 0 quando n → ∞.
t∈R n
Portanto
Z t
1 −L(t−t0 ) 1 1
vn (t) = xn (t) = e xn (t0 ) + e−L(s−t0 ) gτn (cn vn (s))ds
cn cn t0 cn
Z t
= e−L(t−t0 ) vn (t0 ) + e−L(s−t0 ) g̃n (vn (s))ds.
t0
²
||f (x) − f 0 (0)x|| < ||x|| para todo x ∈ U, ||x|| < δ.
2
Seja n0 ∈ N tal que cn > 1/δ para todo n ≥ n0 . Então, para n ≥ n0 , temos
1 ² ²
||g˜n (v)|| = ||f (cn v) − f 0 (0)cn v| | ≤ c−1
n ||cn v|| = ||v|| < ², v ∈ V.
cn 2 2
Seja π̃0 := π1 |V . Segue do Teorema 1.1.6 que π̃n → π̃0 . Como vn (0) ∈ Invπ̃n (Y )
para todo n ∈ N, o Teorema 2.4.5(ii) implica que v0 ∈ Invπ1 . Além disso, o Teorema
2.7.3 implica que
v0 ∈ Invπ̃0 (Y ) = {0}.
1 1 ³ cn ´ 1 cn
1− = cn − ≤ ||vn (0)|| = ||un (0)|| ≤ = 1. (3.21)
n cn n cn cn
h(π, {x0 }) = Σk ,
ẋ = f (x). (3.23)
É fácil ver que (−1, 0) e (1, 0) são pontos de equilı́brio do fluxo π. Mas poderı́amos
perguntar: existe alguma outra órbita limitada?
Para responder esta pergunta, comecemos realizando a seguinte mudança de variá-
veis:
t
z1 := ²2 x1 , z2 := ²3 x2 e τ = ,
²
onde ² > 0. Nas novas variáveis, temos o seguinte sistema de equações diferenciais:
dz1
= z2
dτ
(S² )
dz2
= z12 − ²4 .
dτ
Para cada ² > 0, denotemos por π² o fluxo gerado pelo sistema de equações diferenciais
(S² ). Notemos que, se ² 6= 0, os pontos de equilı́brio de π² serão (−²2 , 0) e (²2 , 0).
Afirmamos que existe uma solução limitada de π² distinta dos pontos de equilı́brio.
para mostrar este fato, utilizamos as propriedades básicas do ı́ndice descritas no Capı́-
tulo 3 e o Teorema 3.4.4.
Notemos que, em (S² ), faz sentido considerar o caso ² = 0. Nesse caso, a origem é
o único ponto de equilı́brio de π0 , o fluxo gerado pelo sistema
dz1
= z2
dτ
(S² )
dz2
= z12 .
dτ
Afirmamos que {(0, 0)} é a única órbita limitada de π0 . Justifiquemos esse fato.
Suponhamos que exista uma órbita limitada de π0 não trivial. Logo, existe um z0 ∈ R2
tal que o conjunto {z0 πτ : τ ∈ R} é limitado em R2 . Dado τ ∈ R, denote z0 πτ por
(z0 φτ, z0 ψτ ). Como
d
z0 ψτ = (z0 φτ )2 ,
dτ
78 Capı́tulo 3 — Propriedades do ı́ndice de Conley
temos que z0 ψτ é não decrescente. Portanto, os limites
l1 := lim z0 ψτ e l2 := lim z0 ψτ
τ →∞ τ →−∞
d
z0 φτ = z0 ψτ,
dτ
Denotemos por π̃² o fluxo gerado pelo sistema de equações diferenciais (S̃² ). É
claro que π̃0 = π. Argumentos análogos aos utilizados acima mostram que, dado um
conjunto compacto N ⊂ R2 , temos que N é uma vizinhança isolante e
Nesse caso, um par ı́ndice em N é (∅, ∅), e seu ı́ndice de Conley é o trivial:
Consideremos a famı́lia de fluxos (π̃² )²∈[0,1] . Segue que a famı́lia (π̃² )²∈[0,1] é S-
contı́nua. Logo a Propriedade de Continuação, dada pelo Teorema 3.3.2, implica que,
se N ⊂ R2 é uma vizinhança isolante de {(0, 0)}, então N é uma vizinhança isolante
3.6 Equações diferenciais assintoticamente lineares 79
para K̃² = Invπ̃² (N ) = ∅ e
h(Invπ² (N ), π² ) = 0̄.
Podemos supor que N contém os pontos de equilı́brio de π² , (−²2 , 0) e (²2 , 0). Além
disso,
0 1
DF (z1 , z2 ) = .
2z1 0
√ √
Portanto, os autovalores de DF (²2 , 0) são ² 2 e −² 2. Segue do Teorema 3.4.4 que
K+ := {(²2 , 0)} é um conjunto invariante isolado e que h(K+ , π² ) = Σ1 . Do mesmo
modo, K− := {(−²2 , 0)} é um conjunto invariante isolado.
Suponhamos que K := Invπ² (N ) = {(−²2 , 0), (²2 , 0)}. Pelo Teorema 3.1.1, temos
f (x) − Bx
→ 0 quando ||x|| → ∞.
||x||
80 Capı́tulo 3 — Propriedades do ı́ndice de Conley
Seja A uma matriz quadrada de ordem n e seja π o semifluxo local em Rn gerado pelas
soluções da equação diferencial
ẋ = Ax + f (x).
Para provar isto, é suficiente mostrar que existe um conjunto limitado N ⊂ Rn tal
que Kτ ⊂ N para todo τ ⊂ [0, 1].
Suponhamos que não exista uma vizinhança N com esta propriedade. Então existem
uma seqüência (τn )n em [0, 1] e, para cada n ∈ N, soluções completas limitadas xn de
πn := πτn satisfazendo
Portanto,
Z t
1 −L(t−t0 ) 1 1
vn (t) = xn (t) = e xn (t0 ) + e−L(s−t0 ) gτn (cn vn (s))ds
cn cn t0 cn
Z t
= e−L(t−t0 ) vn (t0 ) + e−L(s−t0 ) g̃n (vn (s))ds.
t0
Notemos que
sendo π̃0 := π1 |V . Como vn (0) ∈ Invπ̃n (Y ) para todo n ∈ N, o Teorema 2.4.5(ii) implica
que v0 ∈ Invπ1 . Além disso, o Teorema 2.7.3 implica que
v0 ∈ Invπ1 (Y ) = {0}.
Lema 3.7.1. A aplicação ũ é uma solução de onda progressiva de (3.32) se, e somente
se, a aplicação u satisfaz a equação diferencial ordinária
Então
µ µ ¶¶ µ ¶ µ µ ¶¶ µ ¶
−1 x − st 0 x − st −1 x − st 0 x − st
−s² Dh u u + ² Df u u
² ² ² ²
µ µ ¶¶ · µ ¶¸2 µ µ ¶¶ µ ¶
−1 x − st 0 x − st −1 x − st 00 x − st
= ² DP u u +² P u u .
² ² ² ²
Fazendo a mudança de parâmetros τ = (x − st)/², temos
−sDh(u(τ ))u0 (τ ) + Df (u(τ ))u0 (τ ) = DP (u(τ ))(u0 (τ ))2 + P (u(τ ))u00 (τ ). (3.34)
Observemos agora que a equação (3.34) é a equação (3.33) quando derivada de ambos
os lados em relação a τ . Segue u é solução de (3.34) se, e somente se, u é solução de
3.7 Soluções de onda de choque e propriedade de irredutibilidade 85
(3.33). Isto significa que ũ é solução de onda progressiva se, e somente se, u satisfaz
(3.33), o que termina a demonstração do lema.
Lema 3.7.2. Uma solução de onda choque (u0 , u1 , s) é admissı́vel se, e somente se,
existe uma solução u de (3.33) para algum c ∈ Rn tal que
Nas condições do Lema 3.7.2, os pontos u0 e u1 devem ser pontos crı́ticos de (3.33),
ou seja,
c = s · h(u0 ) − f (u0 ) = s · h(u1 ) − f (u1 ).
86 Capı́tulo 3 — Propriedades do ı́ndice de Conley
Usando a teoria desenvolvida no capı́tulo, apresentaremos condições que garantam
que, para um dado (v, s) ∈ Rk × R, exista um vetor ṽ ∈ Rn , ṽ 6= v, tal que (v, ṽ, s) ou
(ṽ, v, s) seja uma solução de onda de choque admissı́vel.
h(u) − L2 u
→0 quando ||u|| → ∞
||u||
f (u) − L3 u
→0 quando ||u|| → ∞.
||u||
(H3) Seja (v, s) ∈ Rn × R um ponto arbitrário e definamos
Definamos A0 = g 0 (v) e A∞ = L1 (L3 − sL2 ). Suponhamos que a parte real dos au-
tovalores de A0 e A∞ seja não nula. Denotemos por d+ (A0 ) e d+ (A∞ ), respectiva-
mente, o número de autovalores com parte real positiva de A0 e A∞ e suponhamos que
d+ (A0 ) 6= d+ (A∞ ). Além disso, suponhamos também que o conjunto
seja discreto.
Então existe um vetor ṽ 6= v tal que (v, v, s) satisfaz a condição Rankine-Huguniot
(3.29) e de modo que (v, ṽ, s) ou (ṽ, v, s) é uma solução de onda de choque admissı́vel.
u̇ = g(u), (3.36)
Seja u uma solução de (3.36). Mostremos que a função V é não crescente ao longo
de u. De fato, derivando V ◦ u, temos
Xn Xn ¿ À
d ∂Fj duj Hj duj du
(V ◦u)(t) = − (u(t)) (t)+s· (u(t)) (t)+ f (v) − s · h(v), (t)
dt j=1
∂xj dt j=1
∂xj dt dt
n
X n
X Hj Xn
∂Fj duj duj duj
=− j
(u(t)) · (t) + s · j
(u(t)) · (t) + (fj (v) − s · hj (v)) · (t)
j=1
∂x dt j=1
∂x dt j=1
dt
Xn
duj
=− (fj (u(t)) − fj (v) − s · hj (u(t)) − s · hj (v)) ·
(t)
j=1
dt
¿ À
du
= − f (u(t)) − f (v) − s · h(u(t)) + s · h(v), (t) .
dt
Então
d ®
(V ◦ u)(t) = − ξ(t), P −1 (u(t))ξ(t) , (3.37)
dt
sendo ξ(t) := f (u(t)) − f (v) − s · h(u(t)) + s · h(v). Como a matriz P −1 (u(t)) também
é definida positiva, segue que
d
(V ◦ u)(t) ≤ 0
dt
para todo t ∈ I, sendo I o intervalo maximal da solução u. Logo, t 7→ V (u(t)) é não
crescente.
d
(V ◦ u)(t) = 0
dt
g(u) − A∞ u
→ 0 quando ||u|| → ∞.
||u||
g(u) − A∞ u 1 ¡ −1 ¢
= P (u)(f (u) − f (v) + s · h(v) − s · h(u)) − L1 (L3 − s · L2 )u
||u|| ||u||
1 ¡ −1 ¢
= P (u)(f (u) − f (v) + s · h(v) − s · h(u)) − (P −1 (u) + E(u))(L3 − s · L2 )u
||u||
µ ¶
−1 f (u) − L3 u h(u) − L2 u s · h(v) − f (v)
= P (u) · −s· +
||u|| ||u|| ||u||
µ ¶
u
+ E(u) · (L3 − s · L2 ) .
||u||
g(u) − A∞
→ 0 quando ||u|| → ∞.
||u||
Utilizando o Exemplo 3.6.1, é fácil ver que h(πg , Jg ) está definido e h(πg , Jg ) = Σd ,
sendo d = d+ (A∞ ). Mais ainda, como g(v) = 0, a hipótese (H3) e o Exemplo 3.6.1
0
implicam que {v} é um conjunto πg -invariante isolado e h(πg , {v}) = Σd , sendo d0 =
d+ (A0 ).
Afirmamos que existem um equilı́brio ṽ 6= v de πg e uma solução completa u de πg
tais que u(τ ) → v quando τ → −∞ e u(τ ) → ṽ quando τ → ∞ ou então tais que
u(τ ) → ṽ quando τ → −∞ e u(τ ) → v quando τ → ∞.
Com efeito, o Teorema 3.2.4 implica que existe uma solução limitada t 7→ x(t) em
(−∞, ∞) tal que x0 = x(0) 6= v e x(t) → v quando t → −∞ ou x(t) → v quando
t → ∞.
A hipótese (H1) implica que πg é do tipo gradiente. Logo, pelo Teorema 2.2.10, os
conjuntos ω(x0 ) e ω ∗ (x0 ) são não vazios e contêm apenas pontos de equilı́brio de πg .
Além disso, afirmamos que o campo g possui apenas um número finito de singularidades
em qualquer conjunto compacto K que contenha x ([0, ∞)). De fato, assumamos que
3.7 Soluções de onda de choque e propriedade de irredutibilidade 89
a afirmação seja falsa. A compacidade de K garante a existência de um ponto de
equilı́brio de πg que também é ponto de acumulação de pontos de equilı́brio de πg . Mas
isto contradiz o fato de B(v, s) ser discreto. Isto prova a afirmação.
Sem perda de generalidade, suponhamos que x(t) → v quando t → ∞. Mostremos
que ω ∗ (x0 ) é um conjunto unitário. Assumamos que existam pelo menos dois pontos
distintos, x1 e x2 , no conjunto ω ∗ (x0 ).
Consideremos uma seqüência (tn )n em (−∞, 0) tal que tn → −∞ quando n → ∞.
Seja d2 := 21 d(x1 , x2 ). Como a solução é limitada, temos que existe um ponto x3 ∈ Rn
tal que x(tnm ) → x3 quando m → ∞ para alguma subseqüência (x(tnm ))m de (x(tn ))n .
Logo, x3 ∈ ω ∗ (x0 ). Além disso, x3 6= xi , i = 1, 2.
Com isso, mostramos indutivamente que a existência de dois pontos distintos em
ω ∗ (x0 ) implica a existência de uma infinidade de pontos distintos em ω ∗ (x0 ). Pelo
Teorema 2.2.10, todos estes pontos são equilı́brios de πg . Como estes pontos formam
um conjunto limitado, existe um equilı́brio y que é limite de uma seqüência de pontos
de equilı́brio distintos. Isto contradiz o fato de B(v, s) ser discreto, o que demonstra
que o conjunto ω ∗ (x0 ) é unitário.
Seja ṽ 6= v o único ponto de ω ∗ (x0 ). Temos, portanto,
A equação de Morse
91
92 Capı́tulo 4 — A equação de Morse
\
ω(Y ) := Cl(Y π[t, ∞))
t≥0
(1) Para todo y ∈ X, temos y ∈ ω(Y ) se, e somente se, existem seqüências (xn )n em
∈ Y e (tn )n em [0, ∞) tais que tn → ∞ e xn πtn → y quando n → ∞.
(3) Se Cl(Y π[0, ∞)) é um conjunto compacto, então ω(Y ) é compacto e invariante.
Demonstração. Suponhamos que y ∈ ω(Y ) e seja (τn )n uma seqüência em [0, ∞) com
τn → ∞ quando n → ∞. Então, para todo n ∈ N, existe um yn ∈ Y π[τ, ∞) tal que
d(y, yn ) < 1/n.
Além disso, para cada n ∈ N, existem um xn ∈ Y e um tn ≥ τn tais que yn = xn πtn .
Como τn → ∞, segue que tn → ∞ quando n → ∞.
Reciprocamente, suponhamos que existam seqüências (xn )n em Y e (tn )n em [0, ∞)
tais que tn → ∞ e xn πtn → y quando n → ∞. Mostremos que y ∈ ω(Y ).
Fixemos t0 ∈ [0, ∞). Dado ² > 0, existe um n0 ∈ N tal que, para todo n ≥ n0 ,
temos tn ≥ t0 e
d(xn πtn , y) < ². (4.1)
Portanto, xn πtn ∈ Y π[t0 , ∞) para todo n ≥ n0 e (4.1) implica que y ∈ Cl(Y π[t0 , ∞)).
Segue que
\
y∈ Cl(Y π[t, ∞)).
t≥0
tn → ∞ e xn πtn → x quando n → ∞.
Além disso, tn + s → ∞ quando n → ∞. Por (1), temos que xπs ∈ ω(Y ). A afirmativa
está demonstrada.
Como xπ[0, ωx ) ⊂ ω(Y ) para todo x ∈ ω(Y ), segue da Proposição 2.2.5 que ωx = ∞
para todo x ∈ ω(Y ).
Afirmamos que ω(Y ) é um conjunto negativamente π-invariante. De fato, seja
x ∈ ω(Y ). Devemos mostrar que existe uma solução σ : (−∞, 0] → X por x tal que
σ((−∞, 0]) ⊂ ω(Y ). Segue de (1) que existem seqüências (xn )n em Y e (tn )n em [0, ∞]
tais que
tn → ∞ e xn πtn → x quando n → ∞.
(tkn )n de (tk−1 k k k
n )n tais que tn ≥ k para todo n ∈ N e xn π(tn − k) → x−k quando k → ∞
A∗ := {x ∈ S : ω(x) ∩ A = ∅}
Demonstração. Mostremos (1). Suponhamos que o resultado seja falso. Então existem
um aberto V ⊃ A e seqüências (xn )n em U ∩S e (tn )n em [0, ∞) tais que tn → ∞ quando
n → ∞ e xn πtn ∈
/ V para todo n ∈ N. Sem perda de generalidade, a compacidade de
S implica que a seqüência (xn πtn )n converge para algum y ∈ S \ V . A proposição 4.1.2
implica que y ∈ ω(U ∩ S) = A, o que é uma contradição.
Para mostrar (2), suponhamos que o resultado não seja válido. Então existem um
conjunto fechado B, com B ∩ A = ∅, um ² > 0, e seqüências (xn )n em S e (tn )n em
[0, ∞) tais que tn → ∞ quando n → ∞ e
ω(x) ∩ A 6= ∅.
Sejam t ∈ R e ² > 0. A Proposição 4.1.5(2) implica que existe um t0 (²) ∈ [0, ∞) tal que
d(x, A∗ ) < ² sempre que x ∈ S e t ≥ t0 são tais que xπt ∈ B. Seja n0 = n0 (t, ²) ∈ N
tal que
tn − t ≥ t0 (²) para todo n ≥ n0 .
Assumamos agora que ω ∗ (σ) ∩ A 6= ∅. Então existe uma seqüência (tn )n em [0, ∞)
tal que tn → ∞ quando n → ∞ e
Se x ∈ ω(y), então existe uma seqüência (tn )n em [0, ∞) tal que tn → ∞ e σ(tn ) → x
quando n → ∞.
∅ = A0 ⊂ A1 ⊂ · · · ⊂ An = S tal que
Mj = Aj ∩ A∗j−1 , 1 ≤ j ≤ n.
k
[
∗
ω (σ) ⊂ Ai ∩ A∗i−1 = Mi ⊂ Mj .
j=1
4.2 Decomposição de Morse 99
Reciprocamente, suponhamos que exista uma solução σ : R → S por y ∈ S tal que
S
ω ∗ (σ) ⊂ kj=1 Mj . Logo, ω ∗ (σ) ⊂ Mj para algum j ≤ k e, portanto, ω ∗ (σ) ⊂ Aj ⊂ Ak .
Segue do Teorema 4.1.6 que σ(R) ⊂ Ak . Isto completa a demonstração de (3).
É claro que Mj ⊂ IntX (N̂ ). Além disso, Mj ⊂ K := Invπ (N̂ ) ⊂ S. Suponhamos que
K \ Mj 6= ∅ e seja y ∈ K tal que y ∈
/ Mj . Seja σ : R → N̂ uma solução completa por
y. Como y ∈
/ Mj , temos que y ∈ / A∗j−1 .
/ Aj ou y ∈
Teorema 4.2.4. Seja S como no Teorema 4.2.3 e seja (M1 , ..., Mn ) uma coleção or-
denada de subconjuntos de S dois a dois disjuntos, todos invariantes e compactos.
Suponhamos que, para todo y ∈ S e toda solução completa σ : σ → S por y, temos
σ(R) ⊂ Mj para algum j ou então ω ∗ (σ) ⊂ Mj e ω(σ) ⊂ Mi para ı́ndices i < j. Então
(M1 , ..., Mn ) é uma decomposição de Morse de S.
Como conseqüência imediata dos Teoremas 4.2.4 e 2.2.10, temos o seguinte resultado
para semifluxos do tipo gradiente.
B2
B1
A* A
Demonstração. Definamos
N1 := B, N2 := B2 ∪ B − e N3 := B − .
Por hipótese, N1 é uma vizinhança isolante de K e segue do Exemplo 2.5.3 que (N1 , N3 )
é um par ı́ndice em N1 . Portanto, a condição (1) da Definição 4.3.2 está demonstrada.
102 Capı́tulo 4 — A equação de Morse
Como π não explode em B = N1 , o Teorema 2.3.11 implica que a inclusão i31 : N3 → N1
é uma cofibração.
y ∈ B1 ∩ B2 ⊂ B1− ∩ B2+ .
Portanto, existe um ²00 ∈ (0, ²) tal que, se ² ∈ (0, ²00 ), temos que yπ(0, ²) ∩ B1 = ∅,
isto é, yπ(0, ²) ∩ B = ∅. Portanto, y ∈ B − , outra contradição. Isto mostra que y ∈ B −
e completa a demonstração da condição (2) da Definição 4.3.2.
sendo sB a aplicação definida no Lema 2.3.10. Segue deste lema que sB é contı́nua e,
portanto, que H é contı́nua.
Segue que
xπ(α · sB (x)) ∈ N2 \ B − ⊂ B2 .
Segue que existe uma seqüência (tn )n em (α, α + ²), com tn → α quando n → ∞,
tal que xπ(tn · sB (x)) ∈
/ N2 para todo n ∈ N. Portanto, xπ(tn · sB (x)) ∈ B1 \ B2
para todo n ∈ N. Segue que xπ(α · sB (x)) ∈ B1 ∩ B2 ⊂ B1− ∩ B2+ . Por outro lado,
xπ(α · sB (x)) ∈ B1− implica que existe um n0 ∈ N tal que xπ(tn · sB (x)) ∈
/ B1 para todo
n ≥ n0 , o que é uma contradição. Logo, a imagem de Ũ × [0, 1] por H está em N2 .
Seja H̃ : Ũ → N2 a correspondente restrição de H. A Proposição 1.2.10 implica que a
inclusão i32 : N3 → N2 é uma cofibração.
Caso 1: y ∈ (IntX (N1 )) ∩ ∂V : então existe uma seqüência (xn )n em V ∩ IntX (V1 )
tal que xn → y quando n → ∞. Portanto, xn ∈ (V ∩ N1 ) ⊂ N2 para todo n ∈ N. Disto
segue que y ∈ N2 \ V .
xπ(t · s (x)) se x ∈ B1
B1
H(x, t) =
x caso contrário.
4.3 Par bloco e trio-ı́ndice 105
Verifiquemos que H está bem definida, isto é, que H(x, t) ∈ N1 \ V para (x, t) ∈
/ B1 ou se x ∈ B1− . Sejam então x ∈ B1 \ B1− e t ∈ [0, 1).
U × [0, 1]. Isto é claro se x ∈
Suponhamos que H(x, t) ∈ V . Então
x ∈ B1 ∩ B2 ⊂ B1− .
x ∈ B1 ∩ B2 ⊂ B1−
/ B2 , então x ∈ B − e, portanto,
e, portanto, H(x, t) = x; se x ∈
yπ(0, ²) ∈ B \ B1 ⊂ B2 .
f g
E /F /G
Definição 4.4.3. Seja (π, K) ∈ S(X). O polinômio de Poincaré p(t, h(K)) com res-
peito a Hq é definido por
∞
X
p(t, h(K)) = βq (h(K)) · tq , (4.2)
q=0
O resultado abaixo mostra que há trios-ı́ndices que nos fornecem um modo “fácil”
de calcular os coeficientes do polinômio (4.2).
Demonstração. Pelo Teorema 4.3.4, existe um par bloco (B1 , B2 ) para (A∗ , A) relati-
vamente a K. Definindo B := B1 ∪ B2 , o Teorema 4.3.3 implica que (B, B2 ∪ B − , B − ) é
um trio-ı́ndice para (A∗ , A) relativamente a K que satisfaz a propriedade da cofibração.
108 Capı́tulo 4 — A equação de Morse
Definamos N1 := B, N2 := B ∪ B − e N3 := B − . Pela propriedade da excisão, temos
Hq (N1 \ U, N2 \ U ) ∼
= Hq (N1 , N2 ) para todo q ∈ Z. (4.3)
Hq (h(A∗ )) ∼
= Hq ((N1 \ U, N2 \ U, {[N2 \ U ]}) ∼
= Hq (N1 \ U, N2 \ U ) ∼
= Hq (N1 , N2 ) (4.4)
Hq (h(K)) ∼
= Hq (N1 /N1 , {[N3 ]}) ∼
= Hq (N1 , N3 ) (4.5)
Hq (h(A)) ∼
= Hq (N2 /N1 , {[N3 ]}) ∼
= Hq (N2 , N3 ). (4.6)
∅ = A0 ⊂ A1 ⊂ · · · ⊂ An = K
= Hq (N1 , N2 ) ∼
Hq (h(Mj )) ∼ j j j j
= Hq (N1 \ U, N2 \ U )
Hq (h(Aj )) ∼ j j
= Hq (N , N ) 1 3 (4.7)
Hq (h(Aj−1 )) ∼ j j
= Hq (N2 , N3 ),
j
j j γqj ²jq αjq γq−1
··· /H / H (N j , N j ) / H (N j , N j ) / H (N j , N j ) / ···
q+1 (N1 , N2 ) q 2 3 q 1 3 q 1 2
(4.8)
Segue de (4.7), (4.8) e do Lema 4.4.2 que, para cada j = 1, . . . , n, temos
j
rank Hq (h(Aj−1 )) + rank Hq (h(Mj )) = rank Hq (h(Aj )) + rank(Imγq−1 ) + rank(Imγqj ).
(4.12)
n
X n
X
rank Hq (h(Mj )) = rank Hq (h(K)) + (djq−1 + djq ), (4.13)
j=1 j=1
n−1
X n
X n−1
X
rank Hq (h(Aj )) + rank Hq (h(Mj )) = rank Hq (H(Aj )) + rank Hq (h(K))
j=1 j=1 j=1
Xn
+ (djq−1 + djq ).
j=1
Pn−1
Suponhamos que j=1 rank Hq (h(Aj )) seja finito. Neste caso, obtemos a relação
(4.13).
Pn−1
Assim, suponhamos que j=1 rank Hq (h(Aj )) = ∞. Seja ν o menor inteiro q satis-
fazendo Hq (h(Mν )) = ∞. Então ν ≥ 1 e, pela relação (4.12), temos que rank Hq (h(Mν ))
= ∞. Portanto, o primeiro membro da relação (4.13) é igual a ∞. Assumamos que
Pn j j
j=1 (dq−1 + dq ) < ∞. Tomando j = ν em (4.12), segue que rank Hq (h(Aν )) = ∞. De
n
X
p(t, h(Mj )) = p(t, h(K)) + (1 + t)Q(t), (4.14)
j=1
Pn
sendo Q(t) = j=1 Qj (t).
Além disso, se Qj (t) 6= 0 para algum j ∈ {1, . . . , n}, então existe uma solução
σ : R → K satisfazendo ω ∗ (σ) ⊂ Mj e ω(σ) ⊂ Mi para algum inteiro i < j.
Como Aj−1 ∩ Mj = ∅, o Teorema 4.2.3 implica que ω(σ) ⊂ Mi para algum i < j, o que
˙ j.
é uma contradição. Logo, temos Aj = Aj−1 ∪M
Sabemos que rank(Im γqj ) = 0 para todo q < 0. Tomando em particular q = 0
na relação (4.12), obtemos que rank(Im γ0j ) = rank H0 (h(Aj−1 )) + rank H0 (h(Mj )) −
rank H0 (h(Aj )). Procedendo recursivamente, fica claro que Qj (t) não depende da es-
colha do trio-ı́ndice. Desta maneira, podemos escolher o trio dado por (B, B2 ∪B − , B − )
com B = B1 ∪ B2 , B1 ∩ B2 = ∅ e B1 um bloco isolante para Mj e B2 um bloco isolante
para Aj−1 . Utilizando este trio-ı́ndice, a seqüência (4.8) se torna
γq ²q αq γq−1
··· / Hq (B2 ∪ B − , B − ) / Hq (B2 ∪ B1 , B − ) / Hq (B2 ∪ B1 , B2 ∪ B − ) / ···
4.4 A Equação de Morse 111
Consideremos a seqüência de inclusões
e1 e2 e3
(B2 , B2− ) / (B ∪B − − − / (B ∪B − − / (B ∪B −˙
2 ˙ 1 , B 2 ∪ B1 ) 2 ˙ 1 , B 2 ∪ B1 ) 2 ˙ 1 , B2 ∪B 1)
e denotemos por e∗i o morfismo induzido pela respectiva aplicação ei do q-ésimo grupo
de homologia. Pela propriedade da excisão,
∞
X ∞
X
mq tq = βq (h(K))tq + (1 + t)Q(t),
q=0 q=0
sendo Q(t) um polinômio com um número finito de coeficientes não nulos dados por
inteiros não negativos.
n
X n X
X ∞ n
X ∞
X
q dj
p(t, h(Mj )) = rank Hq (h(K))t = t = mq tq . (4.15)
j=1 j=1 q=0 j=1 q=0
112 Capı́tulo 4 — A equação de Morse
Portanto, o Teorema 4.4.6 implica que
∞
X ∞
X
q
mq t = βq (h(K))tq + (1 + t)Q(t). (4.16)
q=0 q=0
Além disso, é claro da última igualdade em (4.15) que o polinômio Q(t) tem um número
finito de coeficientes não nulos, todos dados por inteiros não negativos.
k
X k
X
q
(−1) mq = (−1)q βk + (−1)k ak .
q=0 q=0
∞
X ∞
X
q
(−1) mq = (−1)q βq = γ(h(K)), (4.17)
q=0 q=0
sendo γ(h(K)) a caracterı́stica de Euler de h(K). Além disso, como ak ≥ 0 para todo
k ∈ N ∪ {0}, temos que
k
X k
X
(−1)k (−1)q mq ≥ (−1)k (−1)q βq . (4.18)
q=0 q=0
(i) f (0) = 0,
f (x) − Bx
→ 0 quando ||x|| → ∞.
||x||
Seja A uma matriz quadrada de ordem n e seja π o semifluxo gerado pelas soluções de
ẋ = Ax + f (x). (4.19)
σ(t) → 0 quando t → ∞
ou σ(t) → 0 quando t → −∞
∞
X ∞
X
m r k
t +t =t + (aj + aj−1 )tj = (aj + aj−1 )tj + (ak + ak−1 + 1)tk .
j=0 j=0, j6=k
4.5 A Equação de Morse e um resultado de multiplicidade 115
Como m 6= k, obtemos ak + ak−1 + 1 = 1 e, portanto, k = r e ak + ak−1 = 0. Logo,
∞
X
m
t = (aj + aj−1 )tj ,
j=0
o que implica
am + am−1 = 1 e
(4.21)
aj + aj−1 = 0 para j 6= m.
am + am−1 = 0. (4.22)
[2] N.P. Bhatia e O. Hajek. Local Semi-Dynamical Systems, Lecture Notes in Math-
ematics, Vol. 90. Springer Verlag Berlin-New York, 1969.
[4] C.C. Conley. Isolated Invariant Sets and the Morse Index. In CBMS. AMS, Prov-
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[7] J.R. Munkres. Elements of Algebraic Topology, Addison-Wesley Publ. Co., Menlo
Park, CA, 1984.
117
118 Referências Bibliográficas
[10] K.P. Rybakowski. The Homotopy Index and Partial Differential Equations.
Springer, Berlin, 1987.
[11] K.P. Rybakowski. Irreducible invariant and asymptotically linear functional dif-
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semiflows on metric spaces., Ergodic Theory Dynam. Systems 5 (1985), no. 1,
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[15] R.M. Switzer. Algebraic Topology-Homotopy and Homology, Springer Verlag, New
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