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WILLIE ALFREDO MAURER

Professor da Universidaâe Maekeiuie

CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

EQUAÇÕES DIFEREXCIAIS

EdiTORA EDCARD BLllCHER Irck


Editora Edgar d Blücher Ltda.

É proibida a reprodução total ou parcial


por quaisquer meios
sem autorização escrita da editora

EDITORA EDGARD BLUCHER LTDA.


0 1000 Caixa Postal 5450
End . Telegráfico: Blucherlivro —
São Paulo — SP — Brasil

Impresso no Brasil Printed in Brazil


PREFÁCIO
Reservamos êsté 4.® volume ao estudo das equações diferenciais
ordinárias que, de acôrdo com o uso consagrado, se tornaram parte
integrante de um curso elementar de Cálculo Diferencial e .Integral
destinado ao biênio fundamental de matemática superior.
As equações diferenciais, mais do que qualquer outro ramo da
matemática, estão intimamente ligadas à solução de problemas
de caráter físico e técnico, o estudo quantitativo dos fenôme­
nos físicos e a formulação matemática de suas leis, se tradu­
zem, via de regra, por meio de equações diferenciais. Procura­
mos assim, sempre que possível, tomar da física a motivação,
as ilustrações bem como as aplicações da teória exposta, teoria que
nos empenhamos em manter nos limites do essencial.
Por razões de ordem didática, pospomos os teoremas de existência
e unicidade das equações e dos sistemas de 1.» ordem ao estudo siste­
mático dos métodos elementares de solução, assumindo o pressuposto
de que sejam verificadas as condições que a legitimam.
Como nos volumes anteriores, incluímos um grande número
de exercícios com as respectivas respostas, além de muitos exemplos
elucidativos inteiramente resolvidos.
Se a obra vier preencher a finalidade que nos levou a escrevê-la,
conforme já se consignou no prefácio do 1.® volume, sentir-nos-emos
plenamente recompensados. Tôda crítica, neste sentido, será bem
acolhida e merecerá de nossa parte a mais alta consideração.
Ao Dr. Blücher, editor e amigo, externamos aqui ainda uma vez
os nossos agradecimentos pelo empenho incansável com que promo­
veu a edição.

S. Paulo, 23 de maio de 1968


W. A. MAURER
ÍNDICE
CAPITULO 1
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS. CLASSIFICAÇÃO E SOLUÇÕES 1
1.1. Introdução. 1.2. Formação de equações diferenciais. 1.3.
Definições. 1.4. Grau. 1.5. Equações lineares. 1.6. Soluções.
1.7. Solução geral. 1.8. Soluções particulares. 1.9. Condições
iniciais. 1.10. Soluções singulares. Exercícios......................... 11

CAPÍTULO 2
VARIÁVEIS SEPARÁVEIS. CASOS REDUTÍVEIS.......... 14
2.1. Equações diferenciais de 1.* ordem. 2.2. Equações a variá­
veis separadas. 2.3. Equações a variáveis separáveis. 2.4. Apli­
cações geométricas. 2.5.- Aplicações físicas. Exercícios........... 24
2.6. Coeficientes homogêneos. 2.7. Redução a coeficientes ho­
mogêneos. Exercícios...................................................................... 35

CAPÍTULO 3
DIFERENCIAL EXATA. FATORES INTEGRANTES . . . 37
^3.1. Equação diferencial exata. 3.2. ^Fatôres integrantes. 3.3.
Grupamentos integráveis. Exercícios........................................... 47
3.4. Equação linear incompleta. 3.5. Equação linear completa.
í^3.6. Equação de Bernoulli. 3.7. Equação de Riccati. Exercícios 65

CAPÍTULO 4
TIPOS ESPECIAIS. SOLUÇÕES SINGULARES................. 70
4.1. Solução em y'. Fatoração. 4.2. Solução por derivação.
4^3. Equações de Lagrange e de Clairaut. Exercidos................ 80
4.4. Soluções singulares. Envoltórias. 4.5. Determinação de
envoltórias a partir da equação geral. 4.6. Lugares geométricos
de pontos nodais e angulosos. 4.7. Determinação da envoltória
a partir da equação diferencial. 4.8. Lugares geométricos dos
pontos angulosos e dos pontos de contato. Exercícios............. . 98
CAPÍTULO 5
MÉTODO DE PICARD. TEOREMA DE EX ISTÊN C IA ... 100
5.L' Solução por aproximações sucessivas. Método de Picard.
Exercícios......................................................................................... 108
5.2. Teorema de existência e unicidade........................... ^.. . .
EXERCÍCIOS DE REVISÃO ................................................... 114

CAPÍTULO 6
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE 2.» ORDEM .................... 119
6.1. Interpretação geométrica. 6.2. Existência e unicidade da
solução. 6.3. Solução de alguns tipos especiais. Exercícios. . . . 132
6.4. Equações lineares de 2.®ordem. 6.5. Equação incompleta.
Propriedades. 6.6. Determinação de soluções independentes de
uma solução dada yi. 6.7. Equação linear a coeficientes cons­
tantes. 6.8. Equação linear completa. Exercícios .................... 160

CAPÍTULO 7
EQUAÇÕES LINEARES. PROPRIEDADES GERAIS........... 163
7.1. Equação linear de ordem n. 7.2. Equação completa e incom­
pleta. 7.3. Operador diferencial. 7.4. Operadores lineares. 7.5.
Propriedades dos operadores D e L (D). 7.6. Propriedades da
equação linear tncompZeía. 7.7. Equação incompleta a coeficientes
constantes. Soluções particulares. 7.8. Método dos operadores.
7.9. Solução geral. Exercícios ..................................................... 176

CAPÍTULO 8
EQUAÇÃO LINEAR COMPLETA 177
8.1. Propriedades da equação linear completa. 8.2. Solução da
equação completa. Método de Lagrange. 8.3. Método dos ope­
radores inversos. 8.4. Casos de raízes múltiplas. Exercícios---- 191

CAPÍTULO 9
EQUAÇÕES A COEFICIENTES VARIÁVEIS.
TIPOS E S P E C IA IS .................................. 193
9.1. Equação de Euler. 9.2. Equações em duas derivadas conse­
cutivas. 9.3. Depressão da ordem quando se conhece uma solu­
ção particular. Exercidos ........... ...................... ................... . 205
C A P Í T U L O 10
SOLUÇÕES POR DESENVOLVIMENTO EM S É R IE S .. . . 207
10.1. Desenvolvimento em série de Taylor. 10.2. Método dos
coeficientes a determinar. 10.3. Pontos ordinários e singulares
de uma equação diferencial. 10.4. Método de Frobenius. 10.5.
Casos de exceção. Exercícios ...................................................... 234

CAPÍTULO 11
SISTEMAS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS, 237
11.1. Sistemas de 1.* ordem. 11.2. Integração de um sistema
de 1.® ordem. 11.3. Equações simultâneas a três variáveis.
Interpretação geométrica. 11.4. Integração do sistema simétrico.
11.5. Método de D’Alembert. 11.6. Sistemas de equações de
ordem superior. 11.7. Teorema de existência. Exercícios.......... 255
c a p It u l o 1

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS.
CLASSIFICAÇÃO E SOLUÇÕES
1.1. Introdução.
Sob a designação de equações diferenciais, Leihniz, a quem se deve
a expressão, entendia uma relação entre duas variáveis x e y e âs suas
diferenciais dx, dy. Assim concebidas, as equações diferenciais não
se distinguem essencialmente do próprio cálculo integral. Na acepção
moderna, a teoria das equações diferenciais constitui uma extensão
natural do cálculo integral prôpriamente dito. Embora tôda equação
em que figurem derivadas ou diferenciais se possa chamar, com Leih­
niz, uma equação diferencial, sob a designação específica de Equa­
ções Diferenciais compreendemos o estudo dos diversos métodos que
visam reduzir a quadraturas, isto é, a integrais elementares ou clás­
sicas certas relações mais ou menos complexas em que figuram ao lado
de uma ou mais funções incógnitas, uma ou mais variáveis indepen­
dentes e uma ou mais derivadas ordinárias ou parciais (equações dife­
renciais ordinárias e equações diferenciais a derivadas parciais).

1.2. Formação de equações diferenciais.


Na prática, uma equação diferencial pode traduzir em linguagem
algébrica uma propriedade geométrica relativa a curvas ou superfícies,
ou exprimir em linguagem matemática a lei que rege um fenômeno
físico.
Exemplos, o) Eliminação de constantes arbitrárias.
Seja a equação
a;2 -
que representa uma família de hipérboles equiláteras. Se derivamos
esta equação em x, vem :

2x - =0 ou 1/'j = —
*
V
2 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTÉGRAL

que é uma equação diferencial que traduz uma propriedade comum


a tôdas as hipérboles da família -y ^ = C, a, saber, o declive da tan­
gente á qualquer das hipérboles num ponto genérico {x, y) é & razão
xjy das coordenadas do referido ponto. Seja ainda a equação
X — a sen (d
Derivando duas vêzes esta equação, tem os:
dx d^x
= (oo COS ( d e = - (ú^a sen <út
dt ^
ou, substituindo, a sen o)í pelo seu valor x
d^x
= - (ji*X
dt^
que é a equação diferencial característica do movimento harmônico
simples (aceleração proporcional à elongação).
6) Eliminação de junções arbitrárias.
Seja

uma função arbitrária das variáveis independentes x, y. Se fazemos


u = yjx, temos a função composta
z = j{u) com u = yjx
Derivando z parcialmente em x, vem :
õz
(n)
ÕX
Derivando em y, temos anàlogamente:

^ („) i = V ( „ )
dy du õy '' X x'^ ^ '
Se agora multiplicarmos a l.'' derivada por a; e a 2.* por y resulta:
y tn \ e y -----= —yJ itt
\y) \
® ÕX tX í (w) ^ õy X’ ^ '
ou, somando membro a membro:
ÕZ . õz .
X -------- H y ----- = 0
ÕX ^ õy
que é uma equação diferencial a derivadas parciais.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

1.3. DefiniçSes.

Dada uma função incógnita y de uma variável independente x,


chama-se equação diferencial ordinária de ordem n, tôda relação da
forma
( 1) 9 {^7 y, y \ y'', • • •, = o
em que figurem ao lado de x e y, certas derivadas de y em x, de ordem
não superior a n. Em particular diremos equação diferencial ordinária
de 1.* ordem, tôda relação da forma
çMi y, y') = 0, ou y' = J(x, y)
ou ainda
( la ) Mdx ■+• iV dy = 0
onde M = M{x, y) e N = N(x, y) são funções de x e y.
Exemplos.

a) ^ = Z x - 2 y ou y' = Z x - 2 y (f.“ ordem)

b) y \ / y ^ - l d x - ' \ / l - x ^ d y = 0 (í.“ ordem)

c)r {2.* ordem)

(5.* ordem)

1.4. Grau.
Quando uma equação diferencial se apresenta na forma de um
polinômio nas diversas derivadas que entram na sua composição, di­
remos grau da equação o grau da derívada mais elevada que figura
na equação.
Assimi a equação

é do 2.® grau

a equação

/£ y _ " \ o d^
- 2y = 6x é do 3.® grau.
\d x ^ ) \d x ) dx*
4 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

1.5. Equações lineares.

Uma equação diferencial se diz ímear quando a variável depen­


dente (função incógnita) e as suas derivadas são tôdas do l.° grau e
não figuram produtos destas na equação.
Exemplos:
y' + 5xy = 3e* (linear de 1.* ordem)
d^y
- 2/ = 4 sen Zx (linear de 3.“ ordem)
dx^
Zx^y”^ - hxy' •+• 12y = (linear de 2.“ ordem)

4 ^ + 3 + 4 - 5 ^ -\-2y = Q (linear de 4.“ ordem)


dx^ dx^ dx^ dx

1.6. Soluções.

Resolver ou. integrar uma equação diferencial significa achar


tôdas as funções que introduzidas conjuntamente com as suas deri­
vadas na equação diferencial dada, a verificam idênticamente para
todo valor da variável independentemente x pelo menos em um certo
intervalo (a, h). Tais funções dizem-se soluções,primitivas ou integrais
da equação diferencial dada.
Deve-se advertir que nem sempre a solução de uma equação
diferencial pode ser expressa de forma explícita mediante funções
elementares conhecidas. Neste cago nos limitamos a determinar as
propriedades ou as características das soluções da equação proposta
sem efetuar a sua integração.
Uma solução pode ser geral, particular ou singular.

1.7. SoluçSo geral.


Chama-se integral ou sóluçõu) geral de uma equação diferencial
ordinária de ordem n, uma solução em que figurem n constantes arbi­
trárias» Assim, a solução geral de uma equação diferencial de ordem n
y, y'ry"> ••• •,
assume a forma
F{x, y, Cl, Ca, . . . Cn) ?= 0 ou y =j { x , Ci, Ca, .. - ., C.)
onde Cl, Ca, ..., Ca são constantes arbitrárias.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

Êste fato se pode justificar observando que na resolução de


uma equação diferencial de ordem n estão implícitas n integrações
(quadraturas). Alguns exemplos servirão para ilustrar o exposto.
Exemplo 1. Seja a equação
dH
{g = constante)

Desdobrando a derivada de 2.* ordem, podemos escrever:

ir (w ) =^ =
e integrando:

= . + (Cl = constante de integração)

Daqui, multiplicando novamente por d t;


dx = {gt + Cl) dt

e integrando uma segunda v ez:

X= — -{■ C \t Ci

resultado que encerra duas constantes arbitrárias e representa, por­


tanto, a solução" geral.
Exemplo 2. Seja a equação diferencial
d^^y
= 0
dx‘

Desdobrando a derivada e lembrando que a derivada de uma cons­


tante é 0, pode^ios escrever :

dx
Desdobrando uma segunda vez, tem os:
d / \ ( d^-^y \ ^
dx \V J
= Cl ou d J = Cl dx
CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

e integrando:
d“-2í/

Anàlpgamente,
£d / d''~^y \ ^
= CiX Cj ou d ( \ ^
(Í7ix.-|- C^dx.
dx y J \ da:-> /
e integrando:
d'^~hj 1
^ = _ c .x = + f t x + f t

Integrando n vêzes, obtemos n constantes arbitrárias, isto é, uma so­


lução da form a:
y = ttoít*"” ^ -j- ü2X^~^ "b ctn^i x -|- On—
i
Exemplo 3. Seja ainda a equação
(1) y"’ = y'
Suponhamos que esta equação admita uma solução em forma de
uma série de potências de x, convergente num certo intervalo, a saber :
(2) y = ao + o,\x + 02»® + 08»* + 04»^ + Os»® + 06»® + aix’ + . . . +
+ On»“ + . . .
Calculemos as derivadas de 1.*, 2.», e 3.* ordem desta série; tem os:
y'=oi+2o2»+3o3»®+4a4»®+5o6»M-6o6»®+7o7»®+.. .+non»”~® +...
y'' = 2o2 + 6o8» + 12o4»* + 20os»* + 30oe»® + 42ot»® + . . . +
+ (w —1) íio»“~* + . . . .
j/"' — 6o8 + 24o4» + COos»® + 120o6»* + 210o7»® +
+ . . . + (n - 2) (n - 1) no»»"~® + . . .
Substituindo na equação dada, as expressOes da 1.* e da 3.* deri­
vadas, resulta:
6o8+24o4»+60os»®+120o6»*+210o7»®+. . . + (n—
2)(n—l)no»»“~* + . . .
= Oi+2o2»+3o8»®+4o4»*+5a6»^+6o6»®+7o7»^+.. . + 710»»““ ' + . •.
Igualando os coeficientes das mesmas potências de » nos dois membros,
obtemos:

6o8 = oi donde: cs = 4 *oi =


o á!
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

0/1 = o
24tt4 2tt2 /donde:
:» 04 = ttt = -77
24 4!

, . O-Z ^ d\ o>\ i .. dl \
6006 = 3 o3 donde : «5= ^ ^ • sT ^ T í V ^ )

■ . 1 j 04 1 2o2 202/ . , 2as\


I 2O06 = 4o4 donde : o»6 = —
30
= — ----- = ------ I visto que a< = — - I
30 4 ! 6! V 4! y

^6 1 tXi tXi I . ai 1
2IO07 = Sob donde : 07 =
42 42 5! 7! V /
etc.
Como se vê, os coeficientes 03, 04, Oe, . . . podem ser expressos em
função de Oi e 02 respectivamente; substituindo êstes valôres na série
preconizada (2), tem os:

y=az-\-aii^+(HX^-{- ^ -

x^ x"^ \ X^ X^ X® \
( + 5 T + T T + - } + ^ ( '2 T + T T ''¥ 1 + - )
{pondo em evidência oi de uma parte e 2ai de outra, depois de substituir atx^ por
^ X»).
2!

Por onde se vê que a solução obtida vem a depender de 3 cons­


tantes arbitrárias: Oo, «i, 02.
Mudando convenientemente as constantes arbitrárias, podemos
reduzir a solução achada a uma expressão mais simples. Lembrando
que

x ^ . x ^ . X* X^ X® . X*
e* 1+x-l- 2 f + 3 1 + 4 ! + • • • e e * 1 x-|- ^ j 3 j “*■ 4 f *

x^ . x^ X X^ X® . X®
ou e * -l= x H - f-5-f+ ...ee--l= -x + —
2! ■ 3 ! ' 4 2! 3! ■ 4!

podemos fazer
ai = o - ò e 2o2 = a b,
CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

e substituir na solução achada, o que dá sucessivamente:

(
rpZ /|<6 7*2 /|«4 7*6
" + T T + fí+ - • • ) + (2-!+r!+lr+- •■)=

= 0. + « ^X + -g-y + - ^ + . . . J - b + — + — + ^ +

X^ '\ , Z' X^ X* x^ \ •
(
2T+4T+6T + ---}+*’(ãT+IT + 6T + -"} “
(multiplicando por a e h)

x^ x^ X* x^ X® *\
(
* + ^ + 3 T + 4 T + 5 T + ^ + ---) +

2T ■ J í + I T " 5 l + 6 T " - • • } “ <‘o+o(e--l)+i)(e— 1)

= ao + a e * -o + &c”* - b

= a e* + 6 e~* 4* C (Jazendo Oo- a - b = c)

Êste resultado, como se vê, encerra ainda três constantes arbitrárias.

1.8. Soluções particulares.

Chama-se 'particular tôda solução de umá equação diferencial


que se obtém atribuindo valôres particulares às constantes arbitrárias
que figuram na solução geral. Assim, se na equação

X = -^ gi^ C \t Ci

fazemos, por exemplo, (7i = 5 e C2 = -7 {g é uma constante dadci),


temos a solução particular :

- 7

Do mesmo modo no exemplo 3 acima, se fazemos a = 6, 6 = 0 e C = 0,


tem os:
y = 5 e*;
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

ou, se fazemos,

a = h = — e c = 0,

tem os:
e* + e-* ,
y — — = coshx

que são soluções particulares da equação dada.

1.9. Condições iniciais.

Dada uma equação diferencial ordinária de ordem n :


(1) g(^, y, y', y", • • •, y^"^) = o
seja determinar a solução desta equação que, para x = Xq, verifique
as condições
y=yo, y'=yo', y " = y o " , . • •, onde yo, yo, yo", yo^’"~^\
são valôres dados e se dizem as condições iniciais do problema.

A solução do problema assim proposto, redunda numa solução


particular da equação diferencial dada. Seja
(2) y = j(x, Cl, C2, . . Cn)
a solução geral da equação (1). Se derivamos a equação (2) suces­
sivamente até a derivada de ordem w - 1 , e substituimos nestas deri­
vadas bem como na própria equação (2), x por Xq, obtemos as n re­
lações :
2/0 = /(a:o, Cl, Ci, . . Cn)
yo = f{xo, Cl, Ci, . . . , C„)
yo" = r ( x o , Cl, C2, . . . , C„)
(3) ...........................................................
Cl, C2, Cu)
que constituem um sistema de n equações nas n incógnitas Ci, C2,
. .., Cn. Eliminando estas n constantes arbitrárias entre as equações
(3) e (2), obtemos a solução particular :
y = (^, xti, yo, yo, yo", . •
Exemplo. Achar a equação de uma curva, sabendo que a derivada
de 2.“ ordem da equação é igual a 4, que a curva passa pelo ponto
(2, 6) e que a sua tangente neste ponto tem por equação y = 3x.
10 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Solução. O problema se traduz na equação diferencial:


d
= 4 ou
dx^ dx \ d x J
ou, multiplicando por dx :

d 4 dx
e integrando : V*)
%
= 4a; + Cl
dx
Multiplicando novamente por dx., vem :
dy = (4a; + Ci) dx
e integrando:
(1) y = 2a;2 + Cia; + C2
que é a solução geral.
Para x = Xq = 2, deve ser y = yo = visto que a curva procurada
deve passar pelo ponto (2, 6) ; doutra parte a tangente à curva nesse
ponto tem um declive y' = yd = 3, visto que a sua equação 6 y = dx.
Donde, derivando a equação (1) :
(2) y' =-■ 4a; + Ci
Substituindo em (1) e (2) x, y e y' pelos valôres iniciais 2, 6 e 3, vem ;
6 = 8 ”1“ 2Ci “1“ C2 ou 2Ci -|“ C2 = ~2
3 = 8 “}" Cl ou Cl = ~5
Substituindo na 1.* o valor de Ci tirado da 2.*‘, obtemos C2 = 8. Intro­
duzindo êstes valôres particulares das constantes arbitrárias na ?o-
liição geral (1), obtemos a solução particular
y = 2x^ - 5a; + 8
que é a equação da curva que verifica as condições iniciais impostas.

1.10. Soluções singulares.

Além das soluções gerais e das soluções particulares, existem ainda,


as chamadas soluções singulares. As soluções singulares são equações
da forma y = J (x), destituídas de constantes arbitrárias que verificam
a equação diferencial, mas não derivam da solução geral por simples
atribuição de valôres particulares às constantes arbitrárias.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 11

Exemplo. Seja a equação diferencial


y'2 + 2/2 = o*.
É fácil ver que y = a é uma solução desta equação, pôsto que,
neste caso,
2/' = 0 e Q2 + a2 = a*.
Quanto à solução geral é
y = sen {x C)
como se verá mais adiante (4.1). A solução y = a, embora satisfaça
a equação diferencial proposta, não está inclusa na solução geral
como simples caso particular. Exemplos de soluções particulares são :

2/ = sen a; (C = 0), y = sen ^ ~

EXERCÍCIOS

I. Verificar que as seguintes funções são soluções das equações diferen­


ciais indicadas.

1. í/ = 2x+8, y =x y' +y' ^


2. y = 2 x - 3a:*, y' (2x - 3x*) - y ( 2 - 6 x ) = 0
3. á x^ + 2y + 1 = 0, xy'i - 2yy' d- 4x = 0
4. 2/* == 4x, 2xy' = y
5. X* + 2/2 = 16, y y ',+ x = 0
6 . 9x* + 102/* = 144, x y y " + x y '^ -y y ' = 0
7. y = 3x* + 2 c*, x(x - 2)y" - (x* - 2)y' + 2(x - l)y = 0
8. 2/ = 3 e» + 6 - 6 , y " -y = 6
9. 2/ = 4 6** -|- 5 e**, y” - 5 y* + 6y = 0
10. y = 1 + 2x-*, x Y " + 2x* y" - 6*y' = 0

11. X = 10 sen (o) < + ^ ), — + 0 )*x = 0


6 aí*
12. y = 5 e“** cos 3x -j- 7 e~** sen 3x, y" -j- 4y' + 13 y = 0

II. Eliminar as constantes arbitrárias nas seguintes equações diferen­


ciais correspondentes.

1. xy + 1 = C y* Resp. (xy + 2) y' = y*


2. X* + 2Cxy + y* = 1 Resp.: x(x* - y* - 1) y' = y (x* - y* + 1)
12 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

3. y ^ C x + fiÇ ) Resp. í/ = a:y'+/(yO

4. arc sen * + are sen y — ce^ Resp. y' +. 1 =arc sen x +


V 1-y* V l-a;* + arc sen y
5. » * 6 Bc«p. y y" = y'*
6. y = a e~^ + b e*« Besp. y" ~ y '- 2 y = 0
7. A COS a; 4 --B sen a; Resp. y" + y = 0
8. y = e*(A cos x + B sen x) Besp. y" - 2y' + 2y = 0
9. y = cie“* COS hx C2e“* sen bx Besp. y" - 2ay' + (a® + b®) y = 0
10. y = cie* + C2C** + cse®» Besp. y'" - 6y" + lly ' - 6y = 0
11. y = -4 e** + B sen x Besp. (2 -cotgx) y” - 5y' + 2 ( 1 + 2 cotg x) y 0

12. y = c cos h — Resp. X = y In {y' + V 1 + y'*)


c VTTi í'2
III. Resolver as seguintes questões.
1. Achar a equação diferencial da família de hipérboles x®-y* = Cx
Resp. X®+ y® = 2xyy'
2. Mesma questão para a família de círculos que passam pela origem.
Resp. (x® + y®) y" = 2(xy' - y)(l + y'®).
3. Mesma questão para a família de cônicas com centro na origem e os eixos
dispostos sôbre os eixos de coordenadas {equação'. Ax® + By® = 1).
Resp. x(y'® + yy") - yy' = 0
4. Mesma questão para a família de parábolas com o vértice na origem e eixo Ox.
Resp. 2xy'~ y = 0
5. Mesma questão para a totalidade das retas do plano.
Resp. y" = 0
6. Mesma questão para a familia.de retas cuja distância à origem é constan­
te e igual a p.
Resp. (xy' - y)® = p®(l + y'®)
7. Mesma questão para a família de cônicas centradas confocais

+ ,
y* _= 1
o® + X b® + X
(X constante arbitrária). Resp. {xy'-y)(yy' + x) = {a^-b^) y'
8. Mesma questão para a família de círculos tangentes ao eixo dos x.
Resp. (1 + y'®)® = (1 + y'® + yy")*
9. Mesma questão para â totalidade dos círculos de raio unitário.
Resp. y"® = (1 + y'®)®
10. Mesma questão para a totalidade dos círculos do plano.
Resp. y'" (1 + y'®) = 3y'y"®.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 13

11. Achar a equação da curva que passa pelo ponto (3,9), sabendo que o declive
de sua tangente em um ponto qualquer é igual ao quadrado da abscissa do
mesmo" ponto mais 4.
Resp, Sy = X® + 12 X - 36
12. Achar a equação da curva cuja 2.* derivada é igual a 4/3, sabendo que a
curva passa pelos pontos (3,2) e (6,-4).
Resp. Zy = 2x* - 24x + 60
13. Achar a equação da curva cuja 2.* derivada é igual a 6x, sabendo que a
curva passa pelos pontos (1 ,-3 ) e (-2,5).
Resp. Zy —3x® - 17x + 5.
14. Achar a equação da curva cuja 2.* derivada é igual a 12x, sabendo que a
curva passa pelo ponto (-1,0) e que a sua tangente neste ponto tem por equa­
ção y = X - 3.
Resp. y = 2x® - 5x - 3.
15. Achar a equação da curva cuja 2.® derivada é igual a 1/x®, sabendo que a
curva passa pelo ponto (1,4) e tem por tangente neste ponto a reta 2y = 3x -f- 2;

Resp. 2y = -i. + 4x 4- 3.

16. Achar a equação da curva cuja 2.® derivada é igual a 4x, sabendo que a
curva passa pelo ponto (1,4), e a sua tangente neste ponto tem uma incli­
nação de 45° sôbre o eixo dos x.
Resp. Zy — 2x®-3x -|- 13.
17. Uma partícula se desloca com uma aceleração igual &Zt 2 cmls^. No ins­
tante í = 0, a partícula se acha a 5cm da origem e quando í= ls , a sua velo­
cidade é lOcm/s. Que posição ocupa no mesmo instante?
Resp. 13 cm da origem.
18. A velocidade angular de uma polia é to = 80 - 10 <rd/s. Quantas voltas
dará antes de parar?
Resp. 50,9.
19. Uma polia gira com uma velocidade angular (i)=0,001íVd/s. Se 0 = 0 para
í= 0, achar: a) quantas rotações dará em 3 min; h) quanto tempo leva para
dar 100 rotações.
Resp. a) 309,4 rot: h) 123,5s.
20. Um balão sobe com uma velocidade de 5m/s. Uma pedra abandonada do
balão atinge o solo ao cabo de 5s. Achar a altura do balão no instante em
que a pedra é abandonada.
Resp. 100 m.
CAPÍTULO 2

VARIÁVEIS SEPARÁVEIS.
CASOS REDUTÍVEIS

2.1. Equações diferenciais de 1.* ordem.

Como já vimos (1.3), uma equação de l.* ordem se apresenta,


normalmente sob uma das três formas características;
g y, y') = o, 2/' = / (x, y) ou M d x + N d y = 0
onde M e N são, via de regra, funções d e x e y . Geomètricamenteuma
tal equação associa a cada ponto (x, y) de uma certa região do plano
uma direção, a saber, a direção y' = tg « da tangente à curva repre­
sentativa da função incógnita y = y{x). Se partimos de um ponto
inicial dado Po(xo, yò) (Jw- 2.1), e calculamos a direção yo' associada

a êsse ponto pela relação dada y' — j (x, y), e sôbre essa direção
tomamos um ponto vizinho (xj, y^ e calculamos a direção y\
que y' = /(x, y) associa a êsse nôvo ponto, obtemos um se­
gundo ponto e vinculado a êle uma 2.» direção; sôbre esta última
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 15

tomamos um 3./ ponto (x^, yi) e calculamos a direção que


y' = j (x, y) associa a êsse ponto e assim por diante. Se pros-
vseguimos nesta operação indeíinidamente, obtemos uma 'poligonal
que se aproxima tanto mais de uma curva regular, quanto menos espa­
çados forem os pontos siicessivamente tomados. Surge naturalmente
a questão de saber se uma solução de uma equação diferencial de 1.*
ordem, assim concebida existe sempre e, em caso contrário, em que
condição a sua existência nos é assegurada. Deixando de parte, por
ora, esta questão de caráter essencialmente teórico, vamos nos ocupar
de certos tipos clássicos de equações de 1.* ordem cuja resolução se
reduz a métodos elementares de integração.

2.2. Equações a variáveis separadas.


Seja a equação diferencial de 1.* ordem na forma
M dx N dy = ()
e suponhamos, em particular, que os coeficientes M e N sejam fimções,
('ada qual de uma única variável, e, precisamente,
M = M(x) e N = N{y)
D(' modo mais explícito escrevemos :
M {x) dx N (y) dy = 0
Neste caso a equação se diz a variáveis separadas, e se reduz imedia-
tamente a quadraturas ;

fM {x)dx + f N{y) dy = C
Se as funções M(x) e N (y) são integráveis, obtemos a solução geral
da equação diferencial proposta em forma de uma função implícita.
Exemplo 1. Seja a equação
"^ydy + sen xd x = 0.
Integrando cada têrmo de per si, tem os:

2 J* y dy J sen xd x = c ou 2 —— cos x =-c

Donde, y^ = cos X c
que é a solução geral procurada. Se damos uma condição inicial,
obtemos uma solução particular. Seja, por exemplo, ?/ = 0 para
X = x/2 ; resulta :

%
0 = cos -f- c
16 GURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

donde, c =:o.
Daqui, a solução particular
= COS X

Exemplo 2. Achar a equação geral da família de curvas para as quais


a subnormal é proporcional à raiz quadrada da abscissa.

Solução. Seja (Jig. 2.2) P T a tangente a uma curva num ponto dado
y), P N seja a normal à curva no mesmo ponto e PM = y &orde­
nada do ponto de contato. A subnormal M N pode ser expressa em
função de y e de ^ no triângulo retângulo P M N :
MN
cotg ^ = ou M N = y cotg ^
y
Mas, ^ é o complemento de a, e portanto,
dy
MN = y tg a = y ^ ^visto que cotg ^ = tg ct =

As condições do enímciado se traduzem na equação diferencial


dy r~
(a = const. de proporcionalidade)
dx
Desdobrando a derivada, resulta a equação a variáveis separadas
y dy = Gx^l^dx
Integrando ambos os membros, vem :

y d y ^ a J x^^^dx c ou \ ~ ax^'^ -b c
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 17

Esta equação pode ser fàcilmente racionalizada. Multiplicando tudo


por 6 (denominador comum) e isolando o têrmo em x, vem :
- 6c = 4a ou 3 {y^ - 2c) = 4a
e elevando ambos os membros ao quadrado ;
9 (y^ - 2c)* = 16 o*a:®
que representa uma família de curvas de 4.» ordem.

2.3. Equações a variáveis separáveis.

Dada a equação
(1) M dx N dy = 0
com M = M (Xf y) e N = N{x, y) funções x e y, suponhamos que
estes coeficientes sejam decomponíveis em fatôres que encerrem
únicamente uma e outra das variáveis, isto é, de modo que as vari­
áveis sejarii separáveia; simbòlicamente :
M (x, y) = m (x) p(y) e N (x, y) = n {x) q (y)
Donde, substituindo em (1);
(2) m {x) p iy) dx n {x) q (y) ãy = 0
Dividindo tudo pelo produto n{x)p{y), vem:

n(x) p{y)
equação que apresenta ás variáveis separadas. Donde a solução :

dy = c
n{x) J p (y)

Exemplo. Seja a equação


(x - xy) dy + {y + xy) dx = 0
Pondo em evidência o fator comum x no 1.® coeficiente e y no
2.®, tem os:
x i l - y ) dy y{\ -\- x) dx = 0
Dividindo tudo pelo produto xy, o coeficiente de dx se reduz a uma
função de x únicamente, e o coeficiente de dy a uma função de y :

^ ^ d y -H í - i ^ d x == 0
y X
18 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Donde as quadraturas

J y J X

Estas integrais não oferecem dificuldade. As frações - ~ ^ e


y X
podem ser decompostas nas expressões mistas —- 1 e -^
X
+ 1 respec­
tivamente, e integradas têrmo a termo : ^
•dx
^ dy -\r J dx = c ou Iny - y + In x-\-x= c

ou ainda, reunindo os logaritmos:


Inxy x-y = c

2.4. Aplicações geométricas.

Exemplo 1. Achar a equação da curva que passa pelo ponto (3, 4),

sabendo que o declive da tangente num ponto qualquer é igual a ---- .


y

Solução. Lembrando que o declive da tangente é dado pela derivada


da equação da curva, o nosso enunciado se traduz na equação dife­
rencial
dy X
dx y
Multiplicando cruzadamente, tem os:
y dy = - xd x ou y dy xd x — 0
Integrando resulta :

^ y"^ ^ =c ou x^ -\- y^ == 2c

que para c > 0, representa uma família de círculos com centro na


origem. Em particular, para o círculo que passa pelo ponto (3, 4),
temos :
9 -j- 16 = 2c, isto é, 2c = 25
Donde, a equação procurada
-f- y2 _ 25
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 19

Exemplo 2. Trajetórias ortogonais. Duas famílias de curvas se dizem


trajetórias ortogonais quando cada ente de uma família corta todos os
entes da outra sob ângulo reto.
Seja achar a eqiiaçâo da curva que passa pelo ponto (3, 2) e que
intercepta a jamilia de hipérboles xy — c sob ângulo reto.

Solução. Tendo presente que o ângulo formado por duas curvas que
se cortam é dado pelo ângulo formado pelas tangentes às curvas no
ponto de encontro, a ortogonalidade está sujeita à condição
(1 ) wii mj = - 1
onde Ml e M2 são os declives das referidas tangentes. Mas, êstes de­
clives são dados pelas derivadas das equações das curvas que se cor­
tam ortogonalmente. Representando por y' a derivada de y tirada
da equação dada xy = c, e por dyfdx a derivada da equação incógnita
(das trajetórias ortogonais procuradas), temos a relação (substitu^
indo em (1)) :
r 1 dy 1
(2) -r- y' = - 1 ou T -------
dx dx y
Da equação dada xy = c, tiram os:
c
y^ C X- 1 e derivando: y ' = - CX-- ^
X

Como a condição de ortogonalidade é independente de c, devemos


eliminar esta constante entre a equação dada xy = c e sua derivada.
Substituindo nesta última, c por xy tirado da equação, tem os:

^ x^ X

Substituindo êste valor de y' em (2), obtemos a equação diferencial:


dy X
— ou y dj y - x djx = nQ
dx y
cuja integração dá

ou = 2C

que é a família de trajetórias ortogonais às curvas da família xy = c.


Ém particular, a curva da família que passa pelo ponto (3, 2), satisfaz
a condição
9 - 4 = 2C ; donde, 2C =« - 5
20 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Substituindo na equação achada, tem os:


-x"^ = - 5 ou = 5
que é a equação procurada.

2.5. Aplicações físicas.

Exemplo 1. Uma caixa dágua cilindrica de 70 de hase, está pro­


vida de um orijício de 5 cm^ de seção praticado na parede lateral. A
água escoa com uma velocidade v = \/2 g h , onde g = 9,8 m/s^ e h é a
altura do nivel dágua acima do orijicio. Quanto tempo leva para que
0 nivel haixe de 40 dw a 10 dm? {fig. 2.3).

v=V25T

Fig. 2.3
Solução. Chamemos dV o elemento de volume dágua que escoa no
intervalo de tempo dt. Se a velocidade de escoamento é y e a seção
do orifício é s, o volume que sai por segundo será sv ; donde, a equação
dV = - s v d t
(o sinal - está a indicar que o volume V decresce com o crescer de t).
Doutra parte, o elemento de volume dV pode ser representado por um
cilindro de base B e espessura d h ; donde,
B dh — - svdt
ou. B dh = - s \ / 2 ^ dt {visto que v — V 2^ )

que é uma equação diferencial a variáveis separáveis. Como se deve


achar í, é conveniente resolver a equação em d t :
Bdh
dt = -
s^s/^gh
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 21

OU, separando h e passando-o para cima


B
dt = - h-^l^ dh

Integrando, vem :
2B
t = -{■ c

Ao substituir nesta equação as constantes dadas pelos seus valôres,


devemos ter o cuidado de reduzir todos os dados a um sistema de
unidades único. Reduzindo-os ao sistema C.G.S. tem os:
B = 70 dm^ = 7000 cm^, g = 9,8 w/s^ = 980 m/ô^, s = 5 cm^;
substituindo, tem os:
14.000
t = - \/fi +
5V 2V 98Õ
= - 442,4\//i -h c
A fim de determinar c, temos a condição inicial: para < = 0,
h = 40 dm = 400 cm ; donde,
0 = - 442,4 + c ou c = 8848.
Daqui a solução particular
t = - 442,4 v ^ + 8848
para h — 10 dm = 100 cm, t s('i á :
t = - 442,4 viÕÕ + 8848 = - 4424 + 8848 = 4424 s = 73 min 44s =
— Ih IZmhi 44 s.
que é o tempo procurado.
Exemplo 2. Um recipiente contém 60 kg de sal dissolvidos em 300 litros
dágua e é alimentado com água pura à razão de 10 litros por minuto.
A solução se conserva unijorme por meio de uma lenta agitação e escoa
à mesma razão de 10 l{min. Achar a quantidade de sal que escoou ao
caho de t minutos. Considere-se, em particular, o caso t = ^ m i n .
Solução. Seja Q kg a quantidade de sal que escoou ao cabo de t minutos,
de modo que ainda restam no recipiente 60 -Q kg dissolvidos em 300
litros dágua. A velocidade de escoamento de sal, nesse instante, por
litro de solução e referida à \midade de tempo {minuto}, será :
60- Q
300
22 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

E como saem 10 litros de solução por minuto, temos:


(60 - Q) 10 60 - Q
V = kgimin.
300 30
Mas, a velocidade com que cresce uma grandeza Q é dada pela sua
derivada em relação ao tem po; donde a equação diferencial:
dQ _ 60 - Q
dt 30
Separando as variáveis, tem os:
dQ dt
60 - Q 30
ou, em quadraturas.
dQ _ Ç d , t
/ 60 - Q ~ J 30 ^
Integrando, vem :

- In (60-Q) = ^ + c ou In (60-Q) = ~ ^ ^

(o sinal de c, constante arbitrária, é indiferente).


A constante c se determina pelas condições iniciais. Quando
í = 0, é Q = 0, e, portanto, In 60 = c. Substituindo êste valor de c
na equação obtida e transpondo-o ao l.° membro, tem os:
60- Q £
In (60 - Q) - In 60 = - ^ ou In
30 60 30
Esta equação logarílmica pode ser convertida em uma exponencial
equivalente. Lembrando a definição de logaritmo, tem os:
6 0 - Q = p-iizo
60
donde tiramos Q :
Q = 60(l-e-*/30)
que é a expressão procurada. Em particular, para t = 30 mm. re­
sulta :

Q = 60(1 = 60^1 - = 60(1-0,3679)

= 60.0,6321 = 37,927 kg.


EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 23

Exemplo 3. Um tuho metálico de 10 cm de diâmetro e 5m de comprimento


conduz vapor a 100°C. 0 tiibo é revestido por uma camada de ashestos
de 5cm de espessura e sua condviividade térmica é k — 0,0006 calorias
por cm . grau . seg. Achar a perda de calor por condução durante unia
hora, supondo que a temperatura externa se conserve estacionária a 30®(7.
Solução. A quantidade de calor q (em calorias) que flue através de
uma parede por segundo, é dada pela fórmula empírica:
dT
( 1) q=- k S
dr
onde k é uma constante de proporcionalidade que depende da natu­
reza do corpo e se diz o coeficiente de condutividade térmica, S é a área
da superfície isotérmica atravessada e
dT
dr
é o gradiente da temperatura, isto é, a razão de variação da tempe­
ratura T na direção r normal à superfície isotérmica S; o smal - está
a indicar que a temperatura T decresce com o crescer de r. No caso
presente, as superfícies isotérmicas são cilindros coaxiais; seja r o
raio de um qualquer dêsses cilindrós; a superfície isotérmica corres­
pondente terá por área S — 2%ra, onde a é o comprimento do tubo
(superfície lateral de um cilindro de raio r e altura a). Substituindo
em (1), tem os:
dT
q — - 2%akr
dr
que é uma equação diferencial a variáveis separáveis. Multiplicando
os dois membros por dr e dividindo-os a sçguir por r, vem :

q — = - 2%ak dT
r
que se reduz às quadraturas
dr
q J - ^ = - 2%ak f dT + c
ou seja
q l n r = - 2'ira k T c
que é a solução geral da nossa equação diferencial; pelas condições
iniciais podemos determinar a constante arbitrária c :
para r = 5 cm, ê T = 100°C ; donde, q l n ô — - 2%a k . 1(X) + c
para r = 10 cm, é T = 30°C; donde, q In 10 = - 2x afc . 30 c
24 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

subtraindo a 1.* da 2.», vem : q In 10- q l n 5 2% ak . 100 - 2%ak . ‘30


ou simplificando:

q l n ^ = 2%a k . 70
O

isto é,
q l n 2 = 140 xa k
Daqui, expressão de q :
140 X ak 140 x 500.0,0006
= 191,1318 ca^/s.
In 2 0,69
(Observe-se que as unidades são dadas no sistema C.G.S., e, por­
tanto, o comprimento a = 5m deve ser reduzido' a cm : a = òm =
= 500 cm). A quantidade de calor perdida em 1 hora (= 3.600 s)
será Q = qt = 191,1318.3600 cal = 688074 cal ^ 688 kcal.

EXERCÍCIOS

I. Achar as soluções gerais das seguintes equações diferenciais

1. y ^ + X = 0 Resp. x^ + y^ = c
dx

2. dx _ e-^ Resp. e** - arc tg— = c


~di <2 _j-4 2
3. sen 6 dr + r cos 6 dO = 0 Résp. ?'sen 6 = c

4. y arc sen x dx - V 1 -x^ dy = 0 Resp. In y = (arc sen x)^ + c


2t
5. xy d y - { l - y^) dx = 0 Resp. x*(l -y^) = c
6. (x + xy) d x + (y + xy) dy =^0 Resp. (x + 1) (y + 1) - c
7. ydx + (1 + x^) arc tg x dy = 0 Resp. y arc tg x = c
8. ydx-\- sec^ y dy tg y dx -{■dy = 0 Resp. eHy + igy) = c
9. 2í/(x* -X - 1) dx + (x®-x) dy = 0 Resp. x \x + l)y = c { x - l )
10. (1 - tgH) dx + 2x tg tdt = 0 Reip. x^ = c cos 2t
11. a dx - X yfx'^ - a'‘‘ dt = 0 Resp. X = a sec {t + c)

12. — = ew -f- e-y Resp. 3 (ey - e*) = x® + c


dx
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 25

13. ex* - j/* + ÍL ^ = o Resp. 2 e»* + 3 <y* = c


dx
<^y 1 /a* - t/2
Resp. y yj a^- x^- x Va* - j/^ = c

1 _|_ y2
15. xy ^ (1 + X + X*) i2e«p. ín ^ = arc x + c
rfx 1 + X* X

16. .Íí = - XJ/*


Resp. (x* + 4) (1 - j/®)^ = c
ax 8y + 2x^y
17. y{x^ dy - y^ dx) = x^ dy 72csp. X- 2xy + 2y® = cxy^
18. (x + y) (dx - dy) = dx dy Resp. X - y = ln{x + y) + c

19 a(x ^ + 2 j / ) = xy Resp. x^y = c


ax . dx

20. (1 + x®)í/®dx + (1 - y^)x^dy = 0 Resp. —í- + — = 2 In —


X* </* y

II. Resolver as seguintes questões

1. Achar a equação da curva que passa pelo ponto (1,-1), sabendo que o declive
de sua tangente em um ponto qualquer é igual ao ,triplo do quadrado da
ordenada do mesmo ponto
Resp. y =
2 -3 x
2. O declive da tangente a uma curva num ponto genérico (x,y) é igual a xy
Achar a equação da curva que passa pelo- ponto (0,3).
Resp. y = 3 e=‘®A
3. Achar a equação da curva que passa pela origem, pelo ponto (1,4) e tal que
a área compreendida entre a curva, o eixo dos x e a ordenada de um ponto
genérico (x,y) é igual a um têrço do produto das coordenadas do ponto (x,y).
Resp. y = 4x®
4. Achar a equação cartesiana da família de curvas para as quais a subtangente
é constante.
Resp. y = c
6 Achar a equação cartesiana da curva para a qual a tangente é constante,
sendo y = a para x = 0.
a - yf a* - y®
Resp. X—V a®-y® + ^ In
2 a + Va® -y®
6. Achar a equação da família de curvas tais que a tangente em um ponto gené^
rico (x,y) e o raio vetor do mesmo ponto formam com o eixo dos x, ângulos
suplementares.
Resp. xy = c
26 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

7. Achar a equação da família de curvas tais que a subnormal seja constante e


igual a a.
Resp. í/* = 2a (x + c)
8. Achar a equação da curva que passa pelo pionto (2,3), sabendo que a subnor­
mal correspondente a um ponto genérico é numèricamente igual a abscissa
do mesmo ponto.
Resp. y* - X* = 5 ou x* y* = 13
9. Achar a equação da curva que passa pelo ponto (1,0) e corta ortogonalmente
as hipérboles x*-ay* = 1
Resp. X* -f y* - 2 ín X = 1
10. Achar as trajetórias ortogonais da família de curvas x^ = k
Resp. 3x* -f 2y* = c
11. Achar as trajetórias ortogonais da família de parábolas y* = 4ax.
Resp. 2x* -f y* = 6
12. Mostrar que as trajetórias ortogonais da família de círculos x* -f y®- 2ax = 0
e outra família de círculos cuja equação geral é x* -f- y* - 26y = 0.
13. Achar as trajetórias ortogonais da família de curvas (x® -f- y*)®- a*xy = 0
{Sug. Exprimir a equação em coordenadas polares).
Resp. (x® + y®)®- c®(x®- y®) = 0
14. Partindo com uma velocidade inicial horizontal wj = 70 cm/s, um corpo des­
liza ao longo de uma curva com uma velocidade.
V - yf 2gy H- t;o®
onde g = 980 cm/s® e y é a distância vertical ao ponto de partida. Manten­
do-se constante a velocidade horizontal e tomando um sistema de coordena­
das com o eixo dos x horizontal e o eixo dos y voltado para baixo, achar
a equação da curva.
Resp. 10 y = X®
15. Um recipiente cilíndrico de eixo vertical, de 84 dm® de base, está provido de
um orifício de 12 cm® praticado na parede lateral, nas proximidades do fundo.
A velocidade de escoamento é dada pela fórmula v=0,6 syj2gh, onde s é a
seção do orifício h, é & altura do nível dágua acima do centro do orifício e
<7 = 980 cmjsK Observando-se que o nível baixou de 9 cm em 50 s, achar:
a) a altura do nível ao ter início o escoamento: h) o tempo necessário para
que o nível baixe até o orifício.
Resp. a) ho = 27,2 cm: b) 4 min 35 s.
16. Admite-se que a rapidez com que um corpo esfria é proporcional à diferença
entre sua temperatura e a temperatura do ambiente. Supondo que esta seja
de 20°C' e sabendo que a temperatura de um corpo cai de 100°C7. a 80“(7. em
20 minutos, achar o tempo necessário para que a sua temperatura baixe a
30®C'.(7’* = temp. amb.). (Obs. Inx = In 10 logttx = 2,3 logtox)
Resp. 2h24:mind6 s.
17. Um funil cônico de 25 cm de altura tem um diâmetro de 30 cm no alto e de
2 cm no fundo. Achando-se inicialmente cheio d'água, qual o tempo neces­
sário para escoar tôda água? (v = 0,6s yj2gh; considerar o funil um cone.)
Resp. 17 seg. apr.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 27

18. As paredes de uma câmara frigorífica têm Im de espessura. A temperatura


interna se mantém a 20®C e a externa a 70°(7. O coeficiente de condutivi-
dade do material de que são feitas as paredes é 0,002. Achar: à) a tempera­
tura a 50 cm da superfície interna; 6) a quantidade de calôr que flue através
de uma área de Im^ da parede por dia.

h= I] Resp. a) 45°C: 864000 cal.


19. Numa reação química uma substância A se transforma em outra B com uma
velocidade proporcional à quantidade de A ainda não transformada. Dis­
pondo inicialmente de Sg de A, verifica-sé que ao cabo de meia hora restam
ainda 4g. Achar a expressão da quantidade que resta no fim de t horas. Quan­
tas gramas restam ao cabo de 2^?
Resp. 1/2 g
20. üm frasco de um litrò cheio de ar recebe oxigênio através de um tubo e a
mistura escôa através de outro. Se o fluxo de gás é suficientemente lento
de modo que a mistura se mantenha uniforme, achar a porcentagem de
oxigênio quando fluiram através do frasco 3 litros de gás. (admite-se que
o ar contenha 21% de oxigênio).
Resp. 96% apr.

2.6. Coeficientes homogêneos.


A equação diferencial
(1) Mdx + Ndy = 0
se diz a coejicientes homogêneos quando os coeficientes M e N são
funções homogêneas do mesmo grau, das variáveis x e y. Neste caso,
mediante uma transformação adequada, é possível reduzí-la ao tipo
anterior, isto é, a uma equação a variáveis separáveis. Com efeito,
a equação (1) pode assumir a forma equivalente
M (x, y)
dx N N{x, y)
Dividindo o numerador e o denominador do 2.® membro por x elevado
a uma potência igual ao grau de homogeneidade, resulta uma função
de yjx, a saber:

(2) dx
M (x, y)
N{x, y) ■' ) 0
Representando por v esta razão isto é, fazendo

y
V= — ou y — vx,
X
28 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

podemos eliminar y e dy áa. equação (2) em função da nova variável


V. Com efeito, diferenciando y = vx, vem :

dy = vdx + xdv
t/
Substituindo em (2) êste valor de dy ccMijuntamente com — por r,
resulta:
vdx + xdv
dx = f(v)

Ou multiplicando por d x :
vdx + xdv = j (v) dx
e isolando o têrmo em d v:
xdv = [f{v)-v]dx,
onde as variáveis se apresentam separadas; dividindo tudo pelo
produto
x\j{v) - v \ {contanto que f{v)9^v),
tem os:
dv dx
í(v )-v X
que se reduz às quadraturas:

j{ v ) - v
Uma vez integrado o 2° membro desta última equação, voltamos
a substituir v por yjx e simplificamos, o que nos dá a primitiva
procurada.

Exemplo. Seja integrar


xd y- ydx = d,x

Solução. Esta equação é homogênea de grau 1. Dividindo tudo por


X, tem os:

(1) d y - | - á x = [ / l + ( | ) ’ dx

Fazendo yjx = v ou y = vx e diferenciando esta última, tem os:


dy = vdx + xdv.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 29

Substituindo em (1) êstes valôres de yjx e dy, vem :


vdx + xdv-vdx = \ / l + dx ou xdv = \ / l + dx
Daqui, dividindo tudo pelo produto temos :
dv dx
v r+ ~ y 2 a.
ou em quadraturas:
dv_____
/^•v/l/l +4- ,.2 J X

que são integrais elementares conhecidas:


In (v + \ / l + v‘^) = Inx Inc (fazendo C = lhe)
Donde,
In (y■+ x /T + 1 ^) = In cx ou V -}- \ / l + = cx (passando ao aniilog)
Substituindo v pelo seu valor ylx, temos :

I + |/i + ( 7 ) ’ =
ou, multiplicando tudo por x :
y + \/r^ + y^ = cx^
Esta equação ainda pode ser racionalizada; isolando o radical e
elevando ambos os membros ao quadrado, vem
a;2 -)- 2/* = (cx* - y Y ou x* + y* = c^x* - 2cx*?/+í/*
ou, suprimindo o têrmo comum y^ e, a seguir, dividindo o que ficou
pelo fator comum x*:
1 = c*x* - 2cy ou 2cy = c*x* - 1

2.7. Redução a coeficientes hom ogêneos.

Um caso típico de equação redutível ao caso anterior, ocorre


quando M e N são funções de trinômios lineares em x, y, a saber:
M = M (mx + ny a), N = N (px qy + b)
Neste caso a equação diferencial assume a forma
dy _ M (mx + ny a) _ ^, ^f m'^0a- + ny +
(1)
dx N (px -h qy b) \ p x + qy b J
3a CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Se a = fe = 0, a equação é dotada de coeficientes homogêneos e está


no caso anterior. Se a e b não são ambos nulos, podem ocorrer dois
casos distintos.

1.® caso. Se os coeficientes m, n, p, q não são proporcionais, isto


é se o determinante
m n
A= ^0
P Q
podemos fazer a substituição x — X + h, y — Y + k onde h e k
são as raízes do sistema
(2) mx -{■ ny a = (j
px + qy -\-b = 0
Geomètricamente interpretado êste fato equivale a efetuar uma
translação dos eixos ao ponto 0'(^, k), interseção das retas
mx + ny + u = 0 e px qy h = 0,
interação que certamente existe quando o determinante A ^ O
(jig. 2.4). As retas (2) passam assim pela origem do nôvo sistema

—X

XOfY e as suas equações referidas a êste sistema são destituídas de


constantes independentes, a saber, assumem á form a:
A X - \- B Y = a A 'X + = 0
Resulta daqui que a substituição x = X A- h, y = Y k nos dá
mx + 712/4-0 = A X + B Y
p x-\-q yA -b = A 'X -\- B 'Y
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 31

e, doutra parte, dx — dX e dy — dY. Donde substituindo em (1),


temos :
dY r AX + B Y \
dX ^ + B 'Y )
que é uma equação do tipo anterior.

Exemplo. Seja a equação


(x + 2y - 3) dx - {2x + y^- 3) dy = 0

Solução. Rosolvendo simultâneamente as equações lineares


« + 2?/-3 = 0 e 2a; + 2 /~ 3 = 0 ,
obtemos x = 1 e y = 1. Fazendo a substituição a; = X + l e 2/ = F + l
nos trinômios dados, temos :
rr4 -2 ?/-3 = Z + H - 2 ( F + l ) - 3 = X + 2F
2x + y - d = 2(X + 1) + 7 + 1 - 3 = 2Z + F
Levando êstes valôres à equação dada e tendo presente que dx = dX
e dy = dY, temos :
(X + 2 Y ) d X - (2X + Y )d Y = 0
que é uma equação a coeficientes homogêneos. Dividindo tudo por
X e fazendo a seguir

— V ou F = vX e dY = vdX + Xdv,

resulta :
(1 + 2v) dZ - (2 + v) {vdX + Xdv) = 0
ou, abrindo o último parêntese:
(1 + 2v)dX ~ (2 + v )v d X - (2 + v) Xdv = 0
e pondo em evidência dX nos dois primeiros têrm os:
[l+2v-(2+t;>]dZ-(2+í;)Zdí; = 0 ou (1^^) dX-(2+ v) Xdv=0.
Dividindo tudo pelo produto {1 -v^) X , temos :
dX ^ (2 + v)dv^^ dX (v + 2)dv _
ou
X 1 + v^ Z v ^-1
Daqui, as integrais:
vdv dv
C
32 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

is to é,

InX + In {v^ -1 ) In - \ = Inc (fazendo C = Inc)


2 V+ 1
OU, a p lica n d o c o n h e c id a s p rop ried ad es d o s lo g a r itm o s :

X \/v^ - í (v - 1) =. c (v + 1)
Y
Voltando atrás, substituímos primeiramente v i)elo seu valor ^ í
tem os:

OU, m u ltip lica n d o tu d o por X e s im p lific a n d o :

V Y ^ - X ^ '( Y - X ) = c (Y + X)
Elevando ao quadrado os dois membros a fim de racionalizar, vem :
(y 2 - X ^ ) i Y - X ) ^ = cH Y + X y
o u sim p lifica n d o p or F + X :

( F - X ) ( F - X ) 2 = c^{Y + X ) ou ainda (F -X )3 = cH Y + X)
Das relações iniciais x — X \ q y = Y tiramos :
X = x-1 e F = 2/-1
e substituímos na relação obtida:
[2/ - 1 -(a;-!)]® = + a :- l) ou { y - x Y = c^{x-{■ y -2 )
que é a primitiva procurada.
2.® caso. Se o determinante
m
A= = 0
V 9
o método exposto falhaj uma vez que, neste caso, as retas
m x-\-n y + a = Q e p x q y h = d
são paralelas e a sua. interseção é um ponto impróprio. Mas, neste
caso, os coeficientes das variáveis a; e 2/ são proporcionais e podemos
escrever:
m n
— = — = r ou m — pr e n = qr
p q
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 33

Substituindo êstes valôres de w e n na equação (1), tem os:

( la )
^ = i í 'prx -h
d- qry
qry +
+ u\ ^ ^i Ví {px + qy) + a
dx ~ \ p x + qy bJ [_ px qy + b ]
se agora substituímos o binômio px + qy por uma variável auxiliar
V e diferenciamos a relação obtida, a saber:

V = px qy e dv = pdx + qdy

podemos eliminar y e dy de (la); o resultado será uma equação a


variáveis separáveis. Com efeito, da relação dv = pdx 4- qdy, tiramos
dy:
dv - pdx
dy =

e introduzimos êste valor conjuntamente com v = px qy em ( la ) :


dv - pdx ^ , Fry + u~|
qdx ^ + ^J
Multiplicando tudo por qdx, vem :

dv - pdx = j qdx
\ v -\- a J
ou isolando dv :

dv dx

equação que apresenta as variáveis separadas e se reduz imediatamente


a quadraturas.

Exemplo. Seja a equação


{2x - 3 y 1) dS' + (4x - 6 ^ - 3 ) dy = 0

Solução. Os coeficientes de rr e ^ sendo proporcionais nos dois trinômios :


2 x -Z y e 4 x -6 y = 2 (2x - Sy),
fazemos
V = 2 x -3 y ;
diferenciando : dv = 2dx - 3dy e resolvendo em dy :
dy — ll3{2dx-dv)
34 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Substituindo na equação proposta 2x - 3y por v e dy pela expressão


que acabamos de obter, resulta:

{v + 1) dx + (2v - 3) '^{2dx -dv) = 0


o
ou
3 (t> 4* 1) dx + (2v —3) (2dx —dv) = 0 {multiplicando por 3)

Abrindo o último parêntese e fatorando em d x :


[3(t;+ 1) + 2 (2 v -3 )]d x - { 2 v - Z ) d v = 0
e simplificando o coeficiente de d x :
(7 y -3 )d x - { 2 v - Z ) d v = 0
Enfim, isolando dx no 1.® membro, tem os;

dx = dv
7 v -Z
que é fàcilmente integrável:
•2i;-3 ^, . ^^ 2'í C j 15 /• dy , ^

OU,

X = y y - ^ ín (7y - 3) + C

ou ainda, multiplicando tudo por 49:


49x = 14y - lòln {7v - 3) + C
(como C ê uma constante arbitrária, é indiferente escrever C ou 49 C)

Lembrando que v = 2aj - 3y, temos :


4 9 x = 14(2x-32/)-15íw [7(2x-3y)-3] + C
ou, simplificando:
21x + á2y + 15ln (14x - 21?/ - 3) = C
que se pode ainda simplificar por 3:
7x + 14y + 5ln(14x - 21y - 3) = C
que é a primitiva procurada.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 35

EXERCÍCIOS

1. (x + y) dx -{- { x -y )d y = 0 Resp. X* + 2xy -y^ — C


2 . xHy + X (xy + y^) dx = 0 Resp. x^y = C (2x + y)

3. dy =
_ 2xy Resp. X* + j/* = Cy
dx x^ - y^

(«* + y*) = xy Resp. ay —gx2 /2y2


dx
5. (x^ + 2xy-y^)dx = {x^-2xy -y^)dy Resp. y^ = C{x + y)
6 . (2x*y+3j/®) dx-{x^-\-2xy^) dy = 0 Resp. (x* + y^)y^ = Cx*
7. (3x^ - y^) dx- {Zxy^ - x^) dy = 0 Resp. xy(x^ - y*) = C
8. (x* -3y*) xdx = (y* -3x*) ydy Resp. (x* + y*)* = C(x^ - y*)

9. 2yHx +(4x* - 2xy + y*) dy —Q Resp. Iny + arc tg- — = C


y
1 0 . (y + + y’®)d x -x d y — 0 i2esp. x* = 2Cy + C*
11. (x® + xy + 2y*) dx- (x* + xy) dy = 0 i2csp. x* = C-y/ x'^ + y* e*"

12. ydx = (x - dy i2esp. 2V y/x = InCy


13. XVx^-y'^dx = (x + y) (ydx -xdy) jBesp. xíwx - Vx^ - y* + xarctg M. = Cx

14. ydx + -/x ( V ¥ “ dy = 0 Eesp. 4x = y (Zwy - C y

' 15. xdy = (y + X sen ü ) dy Resp. tg -^ = Cx


2x

16. .2. COS ^ dx-1 — sen ~ + cos — I dy = 0 Resp. y sen ~ = C


X X \y ^ Xj ” ^ X
y\ y r-...... . y
17.
( x-yarcsen~ Jdx+xarcsen —dy—0 Resp. Vx^^+y^+xíwx+yarcsen “ = Cx
XM X X
18.
(3 x + 2 y -5 )d x + (2 x + 3 y -5 )d y = 0 Resp. 3x® + 4xy + 3y® - lOx - lOy = C
19.
(2y - x) dx - (2x - y ) d y == 0 Resp. (x + y)* = C(x - y)
20.
(x + y + 1 ) dx - (2x+2y4-l) dy = 0 Resp. 3x - 6y + In (3x + 3y + 2) = C
21.
(2 x -y + 3 )d x + (4x-2y+ 7)dy = 0 Resp. 5x+10y - In (lOx - 5y+17) = C
22.
(x+ y+ 2) dx-(x-y-^) dy = 0 Resp. ín[(x-l)*+(y4-3)*H-2arctg y + 3 = C
23. (x - y + 2) dx - (x + y - 1 ) dy = 0

Resp. in[(x+y-l)*+{x-y+2)*l+2arctg * C
x-y+2
36 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

24 ^ Z n (4x*+ í/*-4x-2í/+ 2)+ V 2arctg-Jlí— = C


rfx 2x-2y-4i V2(a;-1)
25. Achar as trajetórias ortogonais da família de círculos + y^ = qx.
Resp. x* + y* = Cy
26. Achar a família de curvas para as quais a subtangente relativa a um ponto
genérico é a média aritmética das coordenadas do mesmo ponto.
Resp. { y - x Y = Cy
27. Achar a famflià de curvas que interceptam os círculos x* + j/* = o* sob
um ângulo de .45® ______
Resp. In C V x* + y* ± arctg ^ = 0
X

28. Um ponto se desloca de Inodo que o ângulo formado pela direção do movi­
mento com a direção Ox, seja constantemente o duplo do ângulo polar. Achar
a equação de sua trajetória.
Resp. xy — Cx(x^ -f- y*) (C>0)
29. A velocidade de um ponto é proporcional ao deslocamento e ao seno do tempo.
Achar o deslocamento em função do tempo.
Resp. s = Ce
30. Djeterminar a equação das linhas de fòrça de um campo cujo potencial é
dado, em coordenadas polares, pela expressão
sen 6
F = Fo

(Sug. Passar a coordenadas cartesianas) Resp. r —&cos*6.


CAPÍTULO 3

DIFERENCIAL EXATA.
FATÔRES INTEGRANTES

8.1. Eiqttação diferencial exata.

Gomo vimos (III.6-2.5), o binômio diferencial


(1) Mdx + Ndy
onde M e N são fimções é ò x e y , dotadas de derivadas parciais contínuas
em uma certa região do plano, é uma dijerendal exata quando existe
uma função
(2) u = u(x, y)
cuja diferencial total se identifica com o binômio, a saber:

(3) du = dx + dy = Mdx + Ndy


dx dy
Se (1) é uma diferencial exata, dizemos por extensão que a equação
(4) M dx-J[-N dy^Q
é uma equação dijerendal exata e, precisamente, a diferencial total de
uma primitiva da forma
( 6) u{x, y ) ^ c
(se du »s Mdx + Ndy 0, devt ser u(x,y) = C)
que se trata de obter. Vamos demonstrar que uma condição neces­
sária e suficiente para que (4) seja uma equação diferencial exata é que
seja idênticamente
õM õN
(6)
dy dx
Veremos outrossim que esta condição nos proporciona um método
para integrar a equação Í4).
38 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

a) A condição é necessária. Para prová-lo, suponhamos que o


1.® membro de (4) seja a diferencial total de (5):
(lo) du — Mdx -f Ndy = 0
Doutra parte, a diferencial total de (5), calculada diretamente, é

( 1&) du = dx 4- dy = 0
õx õy ^
Portanto, para que (la) se identifique com (16), é necessário que
seja,
du õu
(7) M = e iV =
õx õy
Derivando a l.“ em 2/ e a 2.* em x e admitindo a invertibilidade, temos :
ôM _ õH õN _ õ^u
õy dxõy ÕX õxõy
e portanto
õM _ õN
õy õx
6) A condição é íujiciente. Calculemos a integral em x (inde­
pendente de y).

(8) Mdx = F {x, y)

Trata-se de provar que, verificada a condição (6), é possível achar


uma função g{y) de y üuicamente, tal que
(9) u{x, y) = F{x, y) -^g{y)
seja, a menos de uma constante arbitrária, a função procurada. Com
efeito, derivando (9) em x e em y respecíivamente e tendo presente
as relações (7), tem os:
ÕU õF õu _ õF
(10) = — =M e
õx õx õy õy + g' iv) = N
Desta última relação, podemos tirar gr' {y) :
õF
( 11) g'{y) = N -
õy
O 1.® membro desta relação é independente de x : devemos provar
que o 2.® membro sÓ aparentemente encerra esta variável, isto ó,
na realidade é também independente de x. Para tanto, basta verificar
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 39

que a sua derivada em a; é idênticamente nula. Com efeito, deri­


vando-o em X , tem os:
õN _ d^F
dx õxõy
Mas, em virtude da l.“ das relações (10),
d^F õM
= M e, portanto,
õx õxõy dy
donde:
õN d^F õN õM j- é. —
I/ por tnp. õM = õ.N\
— I
= 0 V. õy dx J
ÕX õxõy dx dy V &y
Portanto, a função g {y) pode ser determinada integrando (11):

(12) g{y)= llN-^)dy


Substituindo esta última relação (12) e a relação (8) em (9), temos
a expressão da função procurada u :

u y) f Mdx -f
= dy ^ c (em virtude de (5))

Esta demonstração, como se vê, nos proporciona um método para


obter a solução de uma equação diferencial exata. Constatado que
()sta verifica a relação (6), a sua solução se obtém, mediante duas
quadraturas.

Exemplo. Seja a equação

X yJ
(V l + - - + \y‘
r + y- - l J
4 V l ' “ ®

Solução. Àqui
1 1 3 - 1
M = ± l+ ± ^ e AT = -I- - - 1
X y y
Derivando a 1.* em 2/ e a 2.* em x, tem os:
dM 1 dN 1 . , dM _ dN
---- = —r ® ---- = ~ T } portanto dy dx
dy 2/ ôx 2/
e a diferencial é exata.
40 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Calculemos F{x, y)

F {x, y) — J Mdx = J ^ 1 + ~ dx ^ X Inx - ^

(prescindimos da constante arbitrária, que será introduzida no final).


Derivando esta função em y, v em :
õF
oy y2 >
donde
õF
N -
õy y^ y y
que, de acôrdo com (11) nos dá g' {y) ; donde,

g{y) = = ln y -y

A solução procurada será :


u (x, y) = F {x, y)-\-g {y),
a saber: ^

X + Inx - — + Iny - y c
y
ou reduzindo os dois logaritmos:
X
X --------- y inxy = c
y
3.2. Fatôres in teg ran tes.
Quando a equação diferencial
(1) / Mdx + Ndy = 0
não é exata, é possível, em muitos casos, torná-la exata, multiplicando-a
por um fator adequado (função de x, de y ou de ambos). Um tal
fator se diz jator integrante. Para que uma função R = R(x, y) seja
um fator integrante, de modo a tornar a expressão
(2) RMdx->r RNdy = Q
uma diferencial exata, deve ser verificada a condição (6), que neste
caso assume a form a:

± (HM) - ( .m ,
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 41

Isto é,
õM õR õN õR
R + M =R
õy ày dx dx
ou passando tudo ao 1.® membro:
õN \ õR dR
(3) r ( ^ ~ + M -N = 0
V dx J dy dx.
relação que exprime a condição que deve satisfazer a função R para
que seja um fator integrante. Mas esta relação é uma equação dife­
rencial a derivadas parciais em 22, e a sua resolução constitui, em
princípio, um problema muito mais difícil do que integrar a equa­
ção (1). Contudo, se a equação (1) admite um fator integrantç,
função ünicamente de x ou de y, a saber, se K = fí(a:) ou 22 = 22(2/),
a equação (3) se simplifica de modo a tornar possível a determinação
de 22 mediante uma simples quadratura. Com efeito, suponhamos
que seja R = R ( z ) ; nestas condições.
dR dR dR
= 0 (derivada ordinária)
dy dx dx
e a equação (3) se reduz a
/d M dN \ dR
R N = 0
V dx ) dx
que é uma equação a variáveis separáveis; separando as variáveis,
tem os:
dR - 1 ( àM
R ~ N \d y dx J
ou
ç 1 / dU dN
(4) InR
J N \\^ ddv
y ) dx
Exemplo. Seja a equação dijerencial
(Zx^ - y^) dx d- 2xydy = 0
Solução. Aqui
M = Zx^ - y ^ e N = 2xy
Vejamos primeiramente se a equação é ex ata:
dM dN o donde,
A A
——= -2 y e —^— = 2y — ^ —
dy ■ dx dy dx
42 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E mXEGRAL

isto é, a equação não é uma diferencial exata. Assim sendo, verifi­


quemos se, porventura, a equação admite um fator integrante, fimção
de X únicamente R = R(x), Se um tal fator existe, êle será dado
pela equação (4). Para tanto, o integrando do 2,® membro deve ser
independente de y ; temos:

JN-\f dÈM
y
.- dx )
- 2JL (-2y-2y) = - 2—xy -
xy ^ ^ X
que verifica esta condição. Donde:

InR = f - ~ d x = -2 = - 2lnx = lnx~^


J _x J X
ou

= a;-2 = JL
x^
que é um fator integrante da equação proposta. Multiplicando-a
por êste fator, tem os:
3a;* - , 2xy _ ^ \ 2y
dx -j- — dy = 0
X
Ê fácil verificar que a equação assim transformada se tornou uma
diferencial exata. Com efeito, agora
õM 2?/ dN 2^
M = 3 - ^ e N
x^. X dy dx .
donde
õM _ õN
dy ~ dx
A solução procurada é
u(x, y) = F{x, y) + g{y) = c
onde

2/) = f u d x ^ f ^ 3 - - ^ y i x = 3 fd x - y^fx-^dx= 3x+


x

e 9 (y) = /(n- ■^'^dy = = c

(ayui i l = J - A i + ü i ') - 2 í )
\ dy dy \ XJ XJ
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 43

Donde a solução

Sx 4- = c ou = cx
X

3.3. Grupamentos intégráveis.

Ocorrem freqüentemente, na prática, certos grupamentos dife­


renciais fàcilmente integráveis, mediante a introdução de um fator
integrante determinado por tentativa. A eficácia deste recurso
depende essencialmente da segurança no manejo de certas diferenciais
clássicas.
Assim, dada a equação diferencial
ydx - xãy = 0
e tendo, presente que

d
(d- ydx -xd y
y"
podemos concluir imediatamente que Ify^ é um fator integrante da
equação proposta, e escrever:
ydx - xdy
y2 d
(f )-»
Donde, integrando:
X _
ou X = cy
1 ~
que é a solução geral procurada. O mesmo resultado, naturalmente,
se obteria por separação das variáveis., Sucede, porém, que o método
empregado se estende a casos mais complicados. Seja, por exemplo,
a equação:
(x^ sen X y ) d x - xdy = 0
Abrindo os parênteses, temos :
x^ sen xdx -f ydx - xdy = 0
onde se encontra ao lado do grupo anterior, uma função de x ^ ic a -
mente. Ê fácil ver que Ify^ não é fator integrante desta equação,
embora o seja do grupo y d x -x d y isoladamente. Mas, êste grupo
admite ainda o fator integrante -Ifx^, pôsto que
xdy - ydx ydx - xdy
d
( j> x^
44 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

e êste fator não destroe a integrabilidade do tênno restante a;*sen xdx.


Multiplicando a equação por -Ijx^, vem :
ydx ~xdy xdy - ydx
- sen x d x ------- :— =. 0 ou = sen xdx
x^ x^
ou ainda

d sen xdx
0 )-
Donde, integrando
y
— = - COS X
X
c ou y = c x - x COS X

As seguintes diferenciais nos sugerem alguns fatôres integrantes no­


táveis :
1. d{xy) = xdy + ydx
xdy - ydx
'■ ‘ ( 0 ■ x^

ydx - xdy
y2
‘ " © ■
4. d(x^ ± y^) = 2xdx + 2ydy
xdy -y d x
5. d ^ a rc tg =
-I- y^

^ / y \ x d y -y i
6. d ( arc sen — I = ---- j =
\ ^J Xy/x^- y 2.

7. d[Zn(a;2-}-y2)] ^ 2xdx 4- 2ydy


x^ + y"^
2ydx - 2xdy
8, d ( i n =
V ^+ yj x^ - y^

2xdy - 2ydx
'■ - (© ) -
{x -y Y

2ydx-2xdy
'■' ç— :) - {x 4- yY
11. d(x“^“) = mx“~ ^ ’^dx 4- nx“y'‘~^dy
tQUAÇOES DIFERENCIAIS 45

Exemplo 1. Seja irdegrar


(x* + í/* — 2x) dx ■' 2ydy
Solução. 0 1.® membro pode ser decomposto em duas partes carac­
terísticas :
(a:* + y*) dx - 2xdx »» 2ydy
Transpondo o 2.® têrmo ao 2.® membro, tem os:
(x^ + y^) dx — 2xdx 4- 2ydy
A divisão por x^ y^, reduz o 2.® membro à forma (7), ao mesmo
tempo que deixa no 1.® membro uma expressão integrável, a saber:

dx = ou dx = d [ln{x^ + y^)]
+ y*
Donde, integrando
X = In (x® + y*) + c

Exemplo 2. Seja integrar


[cos X tg y + sen (x + y) ] dx + [sen x sec* y + sen (x + y) ] dy « 0
Solução. Abrindo os colchetes, temos :
COS X tg ydx + sen (x + y) dx + sen x sec® ydy + sen (x + y) dy = 0
ou, reagrupando:
COS Xtg ydx + sen x sec* ydy + sen (x -f- y) (dx + dy) = 0
Observando que
COS xdx = d (sen x), sec® ydy = d (tg y) e dx -{• dy — d {x -{■ y)
podemos escrever:
tg y d (sen x) + sen x d (tg y) + sen (x + y) d (x -f- y) = 0
Os dois primeiros têrmos constituem um agrupamento da forma
vâu + udv = d{uv) e o 3.® se enquadra na fórmula
sen vdv = - d (cos v) ;
donde,
d (sen Xtg y) - d (cos (x + y)) = 0
que se integra imediatamente:
sen Xtg y - cos (x + y) = c

Exemplo 3. Seja ainda integrar


y (x*e^^ - y ) dx -{• x(y xh^^) dy = 0
46 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Solução. Observando inicialmente que a diferencial de xy, expoente


de e, é xdy + ydx, procedemos a um reagrupamento dos têrm os;
abrindo os parênteses:
yx^e^^ dx - y ^ x + xydy + x^e^^dy = 0
reagrupando:
a;3gxy ^ + y {xdy - ydx) — 0

A expressão
e*' {ydx + xdy)
do l.° grupo é equivalente a
{xy)

que é da forma é^dv cuja integral é e'. Mas para poder integrá-la
é necessário remover o fator a;®. Se, portanto, o 2.® grupo admitir
o fator integrante 1/a:®, a equação poderá ser integrada. Ora a ex­
pressão x d y -y d x admite o fator integrante 1/a:^, pôsto que:
xdy - ydx
X‘‘ - < í)
Como dispomos do divisor x®, podemos, desdobrar esta potência em
X . x^, dividindo o binômio xdy - ydx por x^ e o outro fator y por .r,
o que d á :

e-d(xj,) + í í ! ^ ^ = 0 ou «»d(.rs,)+ = 0
X x^

Esta última expressão

X J

é da forma vdv, cuja integral é 1/2 ; donde,

e’'d(xy) + = 0 ou e " + = o

multiplicando tudo por 2a:*, temos ainda:


2a:*e*^ - f y* = ca;* (escrevendo c em vez de 2c)

que é a solução procurada.


EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 47

e x e r c íc io s

I. Verificar se são exatas as seguintes diferenciais e, caso afirmativo,


ol)ter a sua solução.
1. xyHx - (2 - dy = Q Resp. 4y - X*y* = C

2. (x* - y^) dx - (2xy -3 ) dy = 0 Resp. X® + 9y - 3xy* =» c

3. (x® + J/®) dx + ZxyHy = 0 Resp. X® + 4xy® = c


4. (x® + xr/®- 1) dx + (x® + y®) ydy = 0 Resp. (x® + y®)®- 4x = c
Resp. 5x®y® + X® - 2y® - 4y = c
Resp. x®y - 2x®y®- 3y = c
7. 2x&fdx + xhydy = 0 Resp. x®ey = c
8. (1 + ysenx)dx + (1 - cosx)dy = 0 Resp. X + y ~ ycosx = c
9. (Recxtgx-y)dx+(secytgj/-x+2)d7/ = 0 Resp. secx+secy+y (2 - x) = c
10. (ey+y) dx + (ey+l)xdy = 0 Resp. x(cy+y) = c

11. (sen2x-y)dx + dy —0 Resp. sen®x-xy+ / y = c

12. (1 + ^íxy) ydx + (1 + V xy) xdy = 0 Resp. xy = c

Resp. x®sen — = c

14. (2xtgy+sen2y)dx+(x®sec®y+2xcos2y-ey)dy = 0 Resp. x®tgy+xsen2y-cy = c

15. -L + 2lLS\dx - 2C + Jí-^dy = 0 Resp. x® = y®(y® +cx®)


V y® X® y V y® X® y

16. ^y®- r^ e y '* ^ d x + ^ 2 x y + -1 ey^*^dy = 0 xy* + = c

17. (^y®-3-—
\
ií— ^dx-tf-l-
x®H-xyy Vx+y
+2xy+2y / =0
iBcsp. ín®-±í'+(x+l)(y®-3) * e
X

18. i H Ü - dx + <í» - 0 fíesp. Zn(x* + y®) - arctg— = c


X® + y® X® + y* y
19. ? í^ ^ ^ d x + dy = 0 Resp. X* y®(y* - x®) = c
xy* - X® y® - x®y

20. ( —- — 7= r= ^ '^ d x + dx = 0 /Besp. x * - 2cy + c-®= 0


V. X xVy®“ X®y Vy® “ X®
21. (xVx® + y® -y)dx-1-(y Vx®"+^-x)dy = 0 Sesp. (x® + y®)®'®-3xy = c
48 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

( ^ - —r ^ dy — 0 Resp. C——^
C XI
+ arcsena: = c
V(a;-i/)* 2V1 - ícV {x-yY x -y

• T i-v
Vx* + 2/*
+ V + 1/V

y
=0iee«p. 2/* = c*-2cx

24 2o;3t/ f 3 x V = 0 i?esp. xy(x* - j/») = c (x + y)


(®+y)* (aj+y)*
25. [(x + y + 1) e* -«>] dx + [e* -(x + y + l)^] dy = 0 JResp. (x + y) (e* - e^) = c

II. Determinar um fator integrante adequado e integrar as seguintes equa­


ções diferenciais.
1. x d y-yd x = x*e*dx 72csp. y = xe* cx

2. ydx-xdy + xy^dx = 0 Resp. — 4 -— = c


2/ 2
3. (xy* - y) dx + (x*y + x) dy = 0 Resp. xy + ín (y/x) =» c

4. (ydx - xdy + y*V y*- x* dy = 0 D


icesp. arcsen _a. +I _V®= c
y 2
5. xdy- (y + 2x* V - y*)dx =» 0 Resp. y =■ xsen (x® + c)
6. (x* - y*) dx + 2xydy = 0 Resp. X® + y® = cx
7. (x®- y*) dx + xy®dy = 0 /2eap. y* + 3x* ín (cx) = 0
8. (xy + V 1 - »®y®) dx + x®dy = 0 IBesp. Zwx + arcsenxy = c
9. 3ydx + 2xdy = xy® (xdy + ydx) /Besp. 4x*y*-x*y^ = c
10. ydx - xdy = x®y* (3ydx + 2xdy) IBcsp. x*y* - X = cy
11. ye-'^ydx - {xe-^'y + y) dy = 0 IBcsp. c-»'y -f- Bny = c
12. (x*e»y* r 2x + 2y) dx d- (2x* c*y - x) dy = 0 Resp. e*x®y® + 2x - y = cx*

13. secy - tgy^ dx - (x - secy Inx) dy = 0 Resp. xseny - ylnx = c

14. (1 - 2xy*) dx + 2xy (1 - x - xy®) dx =* 0 ficap. xey®- x*y®cy® = c


15. (x* + xy* - y)dx + (y* + x* y - x) dy=*0 iBeap. (x® + y®)®- 4xy = c

16. ^ + 2 (^ — - = 0 IBeap. x®-y® + xy = c


X y V y X y
17. (x®- x y + y * ) d x - ( x * - x y ) d y = 0 IBeap. 2xy - y® + 2x*lncx = 0
18. ydx + (x + x*y®) dy = 0 fieap. xy® - 1 * cxy
19. (xy - y) dx + (x* - 2x + y )dy = 0 IBeap. 3x®y®- 6xy® 4- 2y* «■ c

20. ydx 4- x(Zn — - 2) dy = 0 IBeap. y = c(?» — - 1)


X X
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 49

8.4. Equação linear incom pleta.

Uma equação diferencial de 1.* ordem é denominada linear quando


a função incógnita y bem como a sua derivada y' são ambas do 1.**
grau. A sua forma típica é

(1)

Onde P e Q são funções de x úhicamente:


P = P{x) e Q==Q(x)
Se, em particular, Q = 0, a equação se diz incompleta ou linear homo­
gênea

( la )

Esta equação se integra.sem dificuldade por separação das variáveis:


basta multiplicá-la por dx e dividir por y :

y
^ -f- Pd« = 0

Donde, integrando:
•dy
+ = C ou l n y = - - f P d x + C

Conhecida a função P = P {x), podemos calcular a integral J* Pdx.

Fazendo para maior comodidade, C ^ Inc e transpK)ndo esta constante


ao 1."* membro, tem os:

Iny-lnc “ “ J*Pdx ou ín — * “ X Pdx

resultado que se pode ainda exprimir em forma de uma exponencial:

(I) ou y ^ ce -JPdx

Exemplo. Seja a equação:


dy 2
dx x^
50 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Multiplicando por dx e dividindo por y, tem os:

— - 2 — = 0 donde Iny - 2lnx = C


y X
ou Iny - Inx^ — Inc (C = Inc)

e daqui

In — = Inc (2.°- prop. dos log.)

OU passando a anti-log:
y — cx^
Ao mesmo resultado chegaríamos aplicando a fórmula deduzida (I).
Com efeito, no caso presente

p = - 2 l Q fp d x = í - — d x - 2 = -2 ln x = -Inx^
X j j X j X

Donde,
g —jPdx gini* =: (visto que e'“* = z)
e y = cx^ como antes.

3.5. Equação linear com pleta.

Dada a equação completa (1), multiplicando ambos os membros


por dx, tem os:
dy + Pydx — Qdx
Transpondo tudo ao 1.® membro e fatorando em dx, v em :
(2) (Py -Q )d x + dy = 0
Que é da forma
Mdx + Ndy = 0.
A equação obtida não é exata, como fàcilmente se verifica; resta
saber se ela não admite um fator integrante que seja função ünica-
mente de a:: R = R{x). Se um tal fator integrante existe, a sua ex­
pressão se obtém pela fórmula (4) (3.4):
õM ôN \
InR dx
= f wN ( õy dx J
Em nossa equação M = P y - Q e N = \ (P e Q funções de x)
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 51

Donde:
õM
= P e = 0
õy dx
(luqui.

I nR = Pdx

ou, passando à forma exponencial:


jPdx
P = e
que é um fator integrante, função de x únicamente, pôsto que P = P {x).
Introduzindo um fator assim determinado em (2), tem os:

(Py -Q ) e i^^d x + e ^^^dy = 0


Sendo esta equação uma diferencial exata, poderiamos integrá-la pelo
método exposto em 3.1. Mas existe um processo mais simples, que
consiste em transformar a equação como se segue:
Àbrindo os parênteses, passamos o têrmo em Q (o qual é função
de X únicamente) ao 2.® membro, o que d á :

Pye^^^dx 1 e^^^dy
- - = Qe^^^dx
Com um pouco de perspicácia, não é difícil perceber que o 1.® membro
é simplesmente a diferencial total do produto

ye jPd »
pôsto que-

d(yefP^) = yd(elP^) + e^P^^dy =

= y e í ^ ^ d ^ ^ P d x ^ + e^^^dy = ye ^^^P d- e^^^dy;

donde,

diyeí^*^) = Qe^^^dx e ye^^^ = jQ e ^ ^ ^ d x -\-c {integrando)

enfim, isolando y vem :

(II) y = -f c j

que é a solução procurada.


52 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Exemplo 1. Seja a equação


d—y+. y COSar — sen 2ar

Solução. Neste caso

P = COS ar
z
e Q = -^ sen 2ar =
z. 2 sen ar cos ar = sen ar cos ar
Donde,

J* Pdx = J* cos xdx — sen ar

Substituindo na fórmula (II), temos :

( 1) y = e~ sen ar cos are"“ dar + c


Íí ]
A integral presente no 2.® membro se calcula por partes. Note-se
que a parte
cos are"”*dar
é a diferencial da exponencial 6**“ , a saber:
cos are**“ dar = e**“ cos xdx = d (e**“*) [á(e’) = e’ dv\
Lembrando a fórmula de integração por partes

^u d v = u v - ^vd u

fazemos : u — sen ar => du = cos xdx e


dv = cos arc**"dar = d («“"*) V * C*

donde

J*sen ar cos are““ dx = sen are**“* - Je**“ cos ardx =


= sen xe**“ - 6**“ = (sen x - l)t*

Substituindo êste valor em (1), v«oa :


y = e-"“ [ (sen x - l)c**“ + c]
= sen X - 1 + ce“ (viato que —1)
que é a solução procurada.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 53

Exemplo 2. Um circuito elétrico é constituido por uma resistência


n -8 Õ e está sujeito a um j.e.m. E = é voUs. Sendo o coejidente de
auto-indução L = 0,2 henries, achar a intensidade de corrente i ao cabo
de 0,01 s. (jig. 3.1.).
/ =8A
-W W W -

E-4

---------awWffTTÍP--------
L-0,2
Fig. 3.1
Solução. Quando a intensidade i de uma corrente elétrica sofre uma
variação, por exemplo, quando fechamos um circuito, produz-se uma
variação do fluxo magnético induzido, o qual, por sua vez, dá origem
a uma j.e.m. induzida que segundo a lei de Lenz, se opõe à variação
da corrente. Esta j.e.m. de auto-indução, como se chama, se exprime
em função da variação da intensidade de corrente, pela relação
^ di

onde L é uma constante do circuito que se diz o coejidente de auto-


-indução. O sinal - traduz o fato de que a j.e.m. induzida se opõe
à variação da corrente* A unidade prática de auto-indução, correspon­
dente ao voU e ao ampère, é o henry (volt. seg/ampères). A equação
do circuito se reduz assim à equação diferencial de 1.* ordem
■n T ài
E —L = ri
dt

onde R, L e r são constantes. Esta equação é linear e pode ser redu­


zida à forma (1):
di r . _ E
lí T ^ ~ ~L
onde

P ^ j- e f

são constantes.
54 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Quando, como aqui, P e Q sâo constantes, a equação linear pode ser


resolvida por separação das variáveis, sem necessidade de recorrer
à fórmula II. Multiplicando a equação por dt e isolando a diferencial
di, tem os:

di = — dt — — ~ —f—
Ju • Lí Jb
e dividindo ambos os membros por E - r i :
di _ dt
E -ri L
A fim de integrar, multiplicamos os dois membros por -r (de modo
que o numerador do l.° membro -rdi, seja a diferencial do denominador
E^'i: -r d i
dt;
E - ri L
donde:

OU,

In (E - ri) = — — t + c
Jj
A constante c s(' det('rmina pelas c.oncliçõos iniciais :
%
pa t ;r / = 0 é i = 0, donde, hiE -■ c
Substituindo e reduzindo os logaritmos, tem os:
E - ri r
r r = ■T ‘
011 passando à forma exponencial:
E - ri — rt/L
~E
e resolvendo em i :
E (1 -g-rt/L)
i =

Equação que exprime a intensidade i da corrente, t segundos depois


de fechado o circuito.
EQUAÇÕES DIFOIENCIAIS 55

No caso vertente, £? = 4, r = 8, L = 0,2 e t — 0,01; donde,


rt 8.0,01
= 0,4 e = 0,67
0,02
portanto:

i = -^(1-0,67) = 4- . 0,33 = 0,167 amp


O

3.6. Equação de BemouUi.

A equação de BemoulU é, de certo modo, uma extensão da equação


linear e se reduz, mediante uma substituição adequada, a esta última.
A sua forma típica é

(1) + Py = Qy^
dx
onde P ^ P (x ) e Q=Q {x) são funções de x únicamente, e n ^ 1 e
n ^ O (para n = 0, ela se reduz à equação linear).

Se dividimos os dois membros por ?/“, temos:

(la ) íT - ^ + P y '-' = Q

Fazendo agora z — e derivando esta relação em x, resulta


/I ^
* = -í-

ou, dividindo por 1 - n :


^dy l dz / , IN

Substituindo êstes valôres de e ^ em (lo), obtemos:

( 2)
1 - n dx

que é uma equação linear de 1.* ordem em z, que pode sèr resolvida
de acôrdo com o método do número anterior. Uma vez achada a função
2, obtemos y a partir da relação inicial z = y^~^:
y =
56 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Exemplo. Seja a equação


dy \ ^ -

Solução. Aqui n = 2 e l - w = l - 2 = - l , fazemos portanto


2 = y-^
De acôrdo com (2), a equação em z será:
dz 1 .. dz , 1
— — ----- 2 = 4 ou -z— I----- 2 = - 4
dx X dx X

que é uma equação linear com P = — e Q = -4 .


•C

Substituindo em (II) do número anterior, tem os:

z = e- + cj

= e-‘”* I^J*- 4e'“ dx + c j

risto cpie e—In x __


J- e e'”
X

de 2 = y~^, tiramos :

y = — ou y = ----—
2 c - 2x^
que é a solução procurada.

3.7. Equação de Riccati.

A equação de Riccati, como a equação de Bernoulli, representa


uma generalização da equação linear, assumindo a forma geral
( 1) y' == Py^ + Qy R
onde P, Q e R são funções de x, e y' se apresenta como uma função
quadrática de y.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 57

A despeito de sua relativa simplicidade, a equação de Riccati


se caracteriza pelo fato de que só excepcionalmente se reduz a qua-
draturas.

Contudo, existem algumas peculiaridades da equação que importa


assinalar.

1. Conhecida uma solução particular y\ da equação (1), a trans­


formação
(2) y = z yi
a reduz a uma equação de Bemmlli.

Com efeito, se é uma solução particular de (1), vale a identidade


(3) y\ = Py\ -\- Q yi-\-R

Derivando (2) , temos :


(2a) y' = z' + yi
Levando êste valor de y' conjuntamente com a expressão de y tirada
de (2), à equação (1), vem :
z' + = P (2 + 2/1)^ + Q (2 + 2/1) +
Í efetmndo
operações

= Pz^ + 2Py\z + Py"^ + Q z Q y i + R
indicadas

= Pz^ + (2 P y i - \ - Q ) z - \ - P y i ^ + Q2/1 + -K ( reagrupando


os têrmos segundo
as potências de z
Ou, em virtude de (3) :
2' = Pz'^-\- {2Pyx + Q)z
que é uma equação de Bemoulli em z e pode ser reduzida a uma qua-
dratura de acôrdo com o número anterior.
Na prática é relativamente fácil, em muitos casos, obter uma
solução particular da equação por simples inspeção.

Exemplo. Seja a equação

(o) 2/' = — y * - 2 (^1 - + x-l


X X J

Solução. Por tentativa constata-se, sem dificuldade, que y ^ x é


uma solução particular da equação. Donde, fazendo
y = z - \- x e y' = z' 1 (derivando)
58 CURSO DE CALCULO DIFERÉNCUL E INTEGRAL

obtemos por substituição em (a ):

2' + 1 = — (^ xy
X

~ (z®+ 2xz + X®) - 2 I z - — + .T- 1 '^ + x ~ l


X V ^ y
2z
— + 2 z + x - 2 z + ------ 2X + 2 + X - Í
X X

z^ 2z
= — + — + 1 (simplificando)
X X
OU
/ 2 1 ,
z ---- 2 = — 2^
X X
que é uma equação de BemouUi. Dividindo por 2®, vem :
2 dz 2 ^ 1
ib) 2^ ----- Z~^ = —
dx X X
Fazendo, de acôrdo com o n.® anterior, u = z~^ e derivando, tem os:
du _ _2 dz
dx dx
Substituindo em (6) e multiplicando os dois membros por -dx, resulta

(c) dw + —udx — - — dx
X x
que é uma equação linear que admite o fator integrante
R — e2Í<*»/x = g21nx _ g ,„2 _ 3.2
Donde,
xMu + 2xitdx = - xdx
ou seja,
d(x^u) — - xdx
cuja integral geral é :
X*
x^ u = — - — r C
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 59

Resolvendo em u:
1 . C
“ = " 2 + o;’
2C -x^
{reduzindo o 2.® membro)
2x^
Daqui a expressão de z :
2x^
z = - =
u 2C -x^
e, conseqüentemeute,
2x2
y = 2+ X= + X
2(7-x2

_ 2Cx + 2x2 - x^
(reduzindo)
"" 2C -x2
que é a solução geral da equação dada.
2, A equação de Riccati se reduz a uma determinada equação linear
incompleta de 2.* ordem, mediante duas transformações e, precüamente,
jazendo suçessivarnente
(4) z = Py

u
(5) z= -
u
Com efeito, derivando (4), vem :
2' = Py' + P 'y (derivada de um produto)
P'
(substituindo y tirado de (4))

= P {Py^ Qy
+ + R) + -p~^ (substituindo y' tirado de (1))

p i y i _|_ P Q y -4- PR + — z (efetuando a multiplicação)

(substituindo P*y* por z* e y por zlP)


z^A-Q z + PR + Y ^
60 CURSO DE CALCULO DIFERENQAL E INTEGRAL

= + ( Q “h •^p" )Z PR (fatorando e ordenando em z)


(«+ ^ )
Daqui, transpondo ao 1.® membro:

(6) í '-2 * = (^ Q + Ç \ z + PR

Fazendo, de acôrdo com (5):


u
z —-
u
e derivando, tem os:
W'-
= -

un
U
+ (f)- (desdobrando)

Substituindo estas expressões de 2 e 2' em (6), vem :


u//
u \ ' P í u '
(Vvisto que - ( í ) ' )
ou, multiplicando por -u e transpondo tudo ao 1.® membro :

«" + T q + + Pie« = 0

que é uma equação linear homogênea ou incompleta de 2.“ ordem


em u (Cap. 6).

3. Equação Especial de Riccati. Um caso particular da equação


(1) é a chamada equação especial de Riccati cuja forma geral é
(7) y' — ay^ + hx'^
onde a, b e kf são constantes.

A solução da equação especial está condicionada a certos yalôres


particulares do expoente fc e dá lugar aos seguintes casos.
a) Quando fc = 0, a equação (7) assume a forma
(7o) y' = oy* + 6
que é uma equação a variáveis separáveis e se integra de acôrdo com
o exposto em (2.3).
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 61

h) Quando k =-2, temos:


(76) y' = oy* -f- hx~^
que se reduz, mediante a substituição
Jf — e y^ = — (derivando)
a uma equação do tipo homogêneo. Com efeito, substituindo estas
expressões de y e y' em z e z', na equação (76), vem :
- z~h' — az~^ + hx~^
ou, multiplicando por -z*:

^ fazendo z^x~^ =*

que se reduz a uma equação a variáveis separáveis, mediante a subs­


tituição

(2.6) V =
X

c) De modo geral, quando o expoente fc é da forma


4n
fc = - (n inteiro positivo ou negativo)
2n- 1
podemos reduzir a equação (7) à forma integrável (7o) mediante
uma transformação prévia da equação, seguida de uma oportuna
substituição repetidas sucessivamente de modo a reduzir, em cascata,
o expoente fc a 0.

Seja n > 0. Fazendo


..-1 X.-2
y = x~H ------ e y' = x~h' - 2x~H + (derivando).
a " a
substituimos em (7) o que dá a transformada:
x~^ /' V
x r h ' - 2x~h + ------ = 0 1 2 ---------I + 6xk
o V « y
..-2
ax~^z^ - 2xrH + -------\-hx^ (desenvolvendo o quadrado)
a
OU suprimindo os têrmos iguais comuns aos dois membros e multi­
plicando por x ^ :
(8) z' = ax-^ z^ + bx'^-^
62 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Fazemos a seguir as substituições


u = z ^ e í =

(cujas inversas são : z = u~^ e x =


Concebendo z como função de x através das novas variáveis
(intermediárias) u e t, podemos escrever idênticamente :
dz
z' =
dx du dt dx dt
(msto que z = u~^ t = x
k+2
^visto que x = í e ^
= - (fc +

Substituindo em (8) conjuntamente com z e x em função de u e t,


tem os:
k+g 2 k+i
- (fc + 3) ^r2ík+* u / = au-H-^-^* +
ou, dividindo tudo pelo coeficiente de w/ e simplificando:
h n
(9) w/ = - t
k 3 fc H“ 3
que é ainda uma equação especial de RiccaM, mas còhi o expoente k
da variável independente mudado em
fc + 4
fc + 3 '
Resta verificar que se
An
k =- e n > 0
2n^
0 expoente assim obtido equivale a diminuir de uma unidade o inteiro
n. Com efeito, se
An
fc = -

An
+ 4
fc + 4 2 n -l - 4n 4- 8w - 4 _____ 4 (n - 1 )
(1 0 )-
fc 4- 3 An -4 n H -6 n -3 2 (? i-l)-l
+ 3
2^1
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 63

oomo se tratava de verificar. Uma nova mudança de variáveis me­


diante as mesmas substituições, reduzirá n - 1 a n - 2 e assim por
diante até n o ò que, de acôrdo com (10), leva a uma última variável
independente de expoente 0, que é a característica da equação (7a).
Se n < 0, procedemos de modo análogo, mas em ordem inversa,
fazendo primeiramente
z = e t r-ifr-i cujas inversas 9ão y = z^ e x = t
O derivando z em relação à t, através de y e x :
1
_ dz _ dz dy dx
dt dy dx dt - y ~ V • fc-l- 1

1 k+í í substituindo y
- \ í k+i
2*f az~^ -h ht \z e t.
fc+ 1

a (multiplicando e
2* \reduzindo.
fc -f-1
Introduzindo a seguir a variável u através da nova substituição
t fc -|- 1
Z =* t^U + (fc + 1) Y' 6 ~ -{- 2tu ~i----------— {derivando)
0 O
obtemos r a
u; = f k+í
1 fc -|- 1
(eliminando z e z' entre estas duas equações e a anterior e simpli­
ficando).
Quando o expoente fc de a; na equação primitiva é da forma
4n
2 n -1
o expoente de t, expresso em n, assume o valor:
-12w
+ 4
3fc-|-4 2 n -l - 12n + 8w - 4
fc-l- 1 4n - 4n -H 2n - 1
2 n -l
+ 1
- 4(n + 1) _ 4(n -I- 1)
- 2 ti 1 - 2 (n -M )-l
que é ainda da mesma forma com n substituído por n + 1. Se w é
negativo, repetindo n vêzes as transformações anteriores, acabamos
por obter um expoente nulo.
64 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Exemplo. Seja a equação especial de Riccati.


(a) y' =
Solução. Aqui é a = 1, 5 = 1, k = -%JZ, e n = 2 > 0

( visto <rue dá 16n - 8 = 12n ou n=2 )


3 2n-l J

Fazendo, de acôrdo com o 1.® caso, a mudança de y em z através


da relação
y = x ~ h - a—^ e y ' = x ~ \' - 2x~ h + x~^ {derivando)
e substituindo em (a), temos:
x~h' - 2x~*z x~^ = (x~h -x ~ ^ y +
= x~h'^ - 2x~H + x~^ +
ou, suprimindo os têrmos iguais comuns aos dois membros:
x~^z' = x~h^ +
e multiplicando por x^ :
(6) z' = x~h‘^ + x~^^^
Fazendo nesta equação a substituição
y — ^-1 g I — j.k+J _ 2J-8/Í+3 = : 3.1/3
(cMjos inversas são z = u~^ e x — V), calculamos a derivada de z
em X, através das variáveis intermediárias u e t, o que dá'
, dz dz du dt du 1 , 1 _ ,
" = ^ -rfí- d l = -dT ■ 3 ^
Substituindo em (6) conjuntamente com x e 2, resulta:

ó
ou multiplicando por
(c) u \ = -Z u ^-Z ir*

onde agora é o = - 3 , 6 = - 3 , fc = - 4 e w = l
4n
^ visto gue - 4 n ou n = i j
2 n -l dá 2n - \
Introduzindo a nova função incógnita v ligada a u pela equação

U = trh + e = Í“V - i < -2 {derivando)


EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 65

0 substituindo em (c), obtemos:

i - v - 2t-h - i Í-* = - 3 + j t - ^ y - m-*

= - - 2t-H - ió - Zt~*

ou, suprimindo os têrmos iguais comuns aos dois membros è multi­


plicando por :
v' = -3 t-V -3 < -2
que é uma equação a variáveis separáveis que pode ser posta na form a:

^ = -3í-2(t;* + 1) ou 1 = -^tr^dt
dt V* H- 1
Donde, integrando:
(I msto
I que —
d ^arc cotg u = -
arc cotg V = + c l da
M* H- 1 '
ou passando a inversa e observando que t =

Substituindo esta expressão de v em

U = t~ h + 17 (conjuntamente com t=x^l*)


á
a seguir a expressão de u assim obtida em z = u~^, e, finalmente, a
expressão de 2 em
y = 3T^z-x~^
obtemos a solução geral da equação proposta.

EXERCÍCIOS

I. Achar as soluções gerais das seguintes equações lineares:

2
i. í i - = X+ 1 Resp. y = (x+1) [ín(x+l) + C\
dx a+ 1

2. ^dy +. J1- 2 / - Vx* + 1 Besp. Zxy (x* + 1)*^* + C


dx X
66 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

3 y. Resp. 2y = sen x+ C cos x sec x


dx

4. X ^ - (3x - 1) y = 2xc** i2esp. xy = c®* (x* + C)


dx

5. sen í — + 2r cos í + 1 = 0 Resp. r BenH = cos < + C


dt
6. (x* + 1) y' + y = e*'**'* ÍBC«P. 2y«*"‘«* = « 2»r«t,x (J
7. (1 - X*) y' - x y = 1 « e ,,. - arc sen X C
V 1 - X® V i-» ’
8. x(l-x2)y' +(2x2-1) = X» iJesp. y = X + Cx V 1 - X®
o ^ , *y _ 2arc sen x i?e«p. y = V l-x2[(arcsenx)2 + C]
dx ^ 1 - X*

10. 2(x + l)y' - (2x + l)y = x * V x ^ Resp. y = Ccx x2 +2x + 2


V x+ 1 2V x+l
11. (x2 - l ) y ' x y = X®- 2x i?csp. (x^-yY = C(x®- 1)
12. x(í - x*)y' + (2x® - 1) y = x® iíesp. (y - x)2 = (72 x2 (x®—1)
13. x*dy-2ydx = e~^'^dx Resp. xy = (Cx -1 ) e~^'^
14. xlnxy' + y = inx Resp. 2ylnx = Inh^ + C
15. (x + l)y' - n y = e* (x + l)“+2 Resp. y = (x + 1)" (c* + C)

16. ^dx +, 'e‘ -e ■x = <2 Resp. x(e‘ + e~‘) = <* + C


d< ■ e‘ + e - ‘ e‘ + e - ‘ 3
17. sen 6 dr + 2arc cos 6 dô = - sen 2 6 dO Resp. Zr sen20 + 2sen®6 = C

18. y2 + (y2 + 2y) = 1 (linear em x). Resp. xy2 = 1 + Ce~>'


dy
19. e^dx + 2(xe®y - y)dy = 0 Resp. xe®® = y® + C
7•
20. L ~ + Ri = Es&a. wí . quando i = 0 para 7 = 0
dt

Resp. i =
í? (jBsen o)< - w Lcos mt) -e-Rt/L
ií®+ G)2L2 í;2+fa)2L2

II. Achar as soluções gerais das seguintes equações de Bernoulli.

1. xy' + y = y2/nx 5esp. — = 1 + Inx + Cx


y
2. r sen 6 - cos 0 = r® Resp. — == sen 0 + C cos 0
d0
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 67

3. x^y' xy = Resp. + C
xy 2x*
4. y' - ytgx = y* sen 2x Reap. y(2cos% + C cos x) = 1
5. 4ay' + 3y + = 0 Re$p. x*y* (e*- + C) = 1
Q ^ ^ 3xy + Resp. y(l - Cx^) = 2Cx®
dx X*
7. (1 - x*)y'- xy = axy* Resp. y(a + CV1 - + 1= 0
8. (l + x)* dy - [(1 + x) y + x*y®] dx = 0 jResp. 2y* (0 - x*) = 3(1 + x)*
9. x(l - x*)y' + (2x^ - 1) y = x*y® Resp. 2y®(x® - C) = 5x* (x^ - 1)

10. y' + y = «-/y Resp. = X- 2 + C

III. Resolver as seguintes equações de Riccati.

1. y' = 3y - y* - 2 Resp. y =
2e* + C
e* + C

2. x^ y' = 4 - xy - x*y* iíesp. y = 2x*-2C


X®+ Cx
1
3. x*y' = x*y2 + xy + 1 fíesp. y = —
Cx - X Inx X

4. y' = c“*y2 + y + e* Resp. y 2e^^ + e*


2C ~ 3e -*

5. x(l - X») y' = y - 2xy® + x^ i?csp. y = ?---- ^ + x^


x^ + C
2 cos^x
6. y ' = COS X - y* tg X sec X -y Resp.y = + C06 X
2Cc* - sen x - cos x

7. y' = 2x“* - y* Resp. y = 2x® - C


x((7 + x)

1 - (C + x) tg — - Cx
X
'' = y* + y=
x=(tgi+c)
9. Se yi, y2, ya, yí são quatro soluções particulares da equação de, Riccati
y> s Pyi + Qy + R,
mostrar que é constante sua razão .anarmònica:
yi - yz . V2 - y» ^
yi - y« * y» - y<
68 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Valem, por hipótese, as 4 relações:

V\ = Qyi -\-R , Vi = Pyt^ + <?í/2 + ,


Vi = Pyz^ + + Ã , 2/4' = Py*^ -\-Q y*+ R

Subtraindo a 3a. e 4a. da la, resulta:

yi - yz = (2/1 - yz){P{yi + y%) + Ql; donde, ^ = P{yi + yz) + Q


yi - yz
yi' - y* = (2/1 - yi)[Piyi + y*) 4- Q]; donde, = p(yi
yi - y*
Formando a diferença das duas razões obtidas, temos:
/ 41#' a#-' e# '
-a _ :J !L = P te ,-tó
2/1 - yz 2/1 - ^4
e integrando:
In (2/1 - 2/3) - In (2/1 ~ 2/4) = J * í ®(2/3 - 2/4) dx + Ci
ou

—--- = Cie^ P(3tf^i>dx


2/1 - 2/4
Se tomamos 2/1 em lugar de 2/1 e refazemos as mesmas operações obtemos
ígualmente

~ = C.e -^i*(y3-i/4)áít
2/1 - 2/4
Dividindo membro a membro, resulta a relação proposta.
10. Conhecidas três soluções particulares da equação de Riccati, a integral geral
se obtém sem quadratura pela relação:
y - y i . yi - y» ^ q (C = const. arb.)
2/ - 2/3" 2/1 - 2/3

IV. Resolver as seguintes questões:

1. Achar a família de curvas para as quais a soma da ordenada de um ponto


e da parte do eixo 0^ compreendida entre a origem e a tangente à curva no
referido ponto, é meia proporcional entre as coordenadas do mesmo ponto.
Resp. y = {Cx + V^)*-
2. Achar a equação da família de curvas para as quais a razão entre a subtan-
gente e a ordenada de um ponto genérico é igual à ra^ão entre um segmento
constante a e a diferença entre a ordenada e a abscissa do mesmo pònto.
Resp. y — + ar + a
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 69

3. A tangente em um ponto genérico P em uma curva corta o eixo dos x em


um ponto T; a normal à curva em P encontra o eixo dos y em M, entre 0
e Q. Se OT = MQ, achar a equação da curva sabendo que ela passa pelo
ponto (1,1).
Hesp. y = x{l + In x)
4. Um recipiente contém inicialmente 100 litros de luna solução salina à razão
de 100 g. por litro, e recebe, através de um condutor uma nova solução que
flue a razão de 2,51/min e encetra 50 g de sal por litro. A solução se mantém
uniforme por meio de um agitador, e escoa à razão de 2ljmin. Achar a quan­
tidade de sal contida no recipiente ao cabo de 1 hora.
Resp. Q = 6634,4 g apr.
Um corpo cai sob ação da gravidade e está sujeito à resistência do ar que é
proporcional à velocidade adquirida. Se a velocidade limite (velocidade
máxima atingida) é de 58 m/s, achar a velocidade ao cabo de 10 s. (Svy.
dt>
O corpo está sujeito a uma fôrça F = ma = mg—kmv, onde a
df
e k é um coeficiente de proporcionalidade a ser determinado.
Resp. V = 46,27 m/s apr.
■6. Um navio pesa 10.000 íon e tem uma velocidade limite de 30 km/h, quando
as máquinas desenvolvem uma fôrça de 25 ton. Achar o tempo necessário
para que o navio atinja uma velocidade de 20 km/h, supondo que a resistência
seja proporcional ao quadrado da velocidade
Resp. 4 min 32s apr.
7. Um corpo cai do repouso em um meio cuja resistência é proporcional à velo­
cidade V. Quando a velocidade é igual a 2,8 mjs, a resistência vale 1/10 do
pêso do corpo. Achar: o) a velocidade limite; 6) a velocidade e a distância
percorrida ao cabo de 5s.
Resp. a) 2S mjs; 6)23,13 ot/s; TAm apr.
8. Um corpo é lançado verticalmente para cima com uma velocidade de 12 mjs.
Admitindo que a resistência do ar seja proporcional ao quadrado da velo­
cidade e que a velocidade limite seja igual a 36 m/s, achar: a) a altura má­
xima alcançada pelo corpo: h) o tempo gasto em atingí-la; c) o tempo dis-
pendido em voltar ao ponto de partida; d) a velocidade com que chega a êste
ponto.
Resp. a) 7,05m; 6) l,18s; c) l,20s; d)ll,45m/s.
9. Uma resistência de 2ohms e uma indutância de 1 henry esi&o dispostos em
série com um a/, e. m. E volts. Se a corrente é igual a 0 para í = 0, achar
a corrente áo cabo de Is, quando: a) E = 10 volts, b) E = 20 sen 150< volts.
Resp. à) 4,32 amp; b) -0,076 amp.
10. Quando uma resistência r{óhms) e uma capacidade C (Jarads) estão em série
com uma /. e. rn. E (volts), a corrente i (àmpères), é dada pela fórmula
di _L ^
, C * dt
Se r — l.OOOâ. C = 5.10“* farad e a corrente inicial i« — 10 .amp. (para
t = 0), achar a corrente para: a) / = l s e E — 100 volte; b)i = 0,01s, a E = 100
sen 120 ic t volts.
Resp. a) 1,35 amp; b) 9,74 amp.
CAPÍTULO 4

TIPOS ESPECIAIS.
SOLUÇÕES SINGULARES

4.1. Solução em y', Fatoração.

De um modo geral, as equações diferenciais de 1.* ordem


(1) 9 {x, y, 2/0 = 0
que não se apresentam ao 1.° grau em y', podem-se resolver por um
ou outro dos métodos já expostos, depois de submetidas a uma trans­
formação adequada. São dois, em essência, os processos de redução
aos tipos fundamentais, a saber, redução por transformações algé­
bricas e redução por derivação.
A redução por transformações algébricas dá lugar a dois casos
típicos, que passamos a expor.
a) Resolução em y'. Se a equação (1) pode ser resolvida em y'
de modo a assumir a forma
y' = y)
basta que esta equação se enquadre em um dos métodos de inte­
gração das equações diferenciais do l.° grau já estudados.
Exemplo 1. Seja resolver a equação (1.8) y'^ + ?/^ =
Resolvendo em y \ e descartando o sinal - por desnecessário,
tem os:

y' = -v/a* - y^ ou

que é uma equação a variáveis separáveis:


dy
== dx
- 2/*
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 71

Integrando, vem

are sen — = x-\-C


a
ou passando à função inversa:

~y = sen {x + C) 011 y = a sen {x-\- C)


a

Exemplo 2. Achar a equação geral da família de curvas para as quais


a normal 6 constante.

Solução. No triângulo PM N {Hg. 4.1), ordenada PM = y, áubnormal


M N = yy' e a normal
PN = y^PM^-hMN'^ ou \/y ^+ y y'^ = a (fionst.)

OU ainda, passando y para fora do radical:


y \ / l + y'^ = a
que é a equação diferencial que se trata de resolver. Dividindo ambos
08 membros por y e elevando ao quadrado, tem os:
- y^
1 + 2/'^= ou 2//«* = —
®r = 11 =
y^
e extraindo a raiz quadrada positiva:
, - 2/* dy \/o® - 2/^
y' = ------- — ou -7" = ----------
y dx y
72 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

que é uma equação a variáveis separáveis; daqui, multiplicando


por ydx e dividindo por
\/a* —y"
y dy
dx = ou dx = (a^ - y^)~^l^y dy
- y^
equação cuja integração é imediata:
rc = - (a* - yi^) + C
ou, isolando a potência fracionária e elevando ao quadrado :
(x - cy = a ^- y^, isto é : ( x - cy + 2/* =
que representa uma família de círculos com o centro sôbre o eixo dos x.
h) Fedoração em y'. Se a equação
( 1) 9Í^, y, y') = 0
é uma função racional inteira de grau n em y' da forma
(la) ( ^ 0 " + giiy'y~^ + g2Íy'y~^ + . . . + g^-iy' + g^ = 0
onde gi, g^, .. g„, representam funções dadas de x, y, podemos su­
pô-la decomposta em fatôres lineares em y', a saber :
(16) [y' -ji{ x , y)] [y' -jii(x, y )] [y' -jz{x, y )]. . . [y' {x, í/)] = 0
Igualando separadamente a zero os diversos fatôres binômios, obtemos
outras tantas equações de 1.* ordem e do 1.® grau;
y '-J A x , y) = 0, y ' - j 2 (x, 2/) = 0, .. y'-Jn(x, y) = 0
ou
(2) y' = ji{x, y), y' = jiix, y), .. y' = fnix, y)
Sejam fespectivamente
y,
Cl) = 0, Fiix, y, C2) = 0, Fn{x, y,'Cn) = 0
as soluções das equações (2), supostas existentes; C\, C2 , c„
são constantes arbitrárias. O produto
(3) Fi(x, y, Cl) F%{x, y, C2) . . . Fn(x, y, C„) = 0
representa uma equação que encerra tôdas as equações precedentes
e ünicamente aquelas; conseqüentemente ela pode ser considerada
a solução geral da equação (1).
De resto, não se perde nada em generalidade substituindo as
diversas constantes arbitrárias Ci, C2, . . . , Cn por uma única cons­
tante C. Com efeito, a equação (3) se verifica únicamente quando
se iguala a zero separadamente cada um dos fatôres
Fi{x, y, Cl), F^ix, y, C2), . . F„(x, y, C»).
EQUAÇÕES DIFERENCUIS 73

Se escrevemos F\{x, y, C) = 0, Fi{x, y, C) = 0, . . Fu{x, y, C) =0


e atribuímos a C todos valôres possíveis, estos nos proporcionam tjôdas
as soluções que nos poderiam dar as equações
Fi{x, y, Cl) = 0, F2 (x , y, C2) = 0, . . .
Donde, a solução geral da equação diferencial (1):
(4) Fi{x, y, C) Fzix, y, C) . . . F(x, y, C) = 0

Exemplo. Seja a equação [(1 -x"^) y '^ - l] { y ' + 2x) = 0.

Igualando separadamente a zero cada um dos fatôres, tem os:


{\ - x^) y'^ - 1 = 0 e 2/^ + = 0
ou ainda, fatorando o primeiro:
{ \ / l - x ^ y ' - 1) ( \ / l - x^ í/' + 1) = 0
Daqui, a três equações:
dy 1 dy _ 1 dy o
dx y /j - ’ dx s /l-x " ^ ® àx~ : ^
cujas soluções são :
y = arc sen x C, y = arc cos x + C e y = - x^ C
Donde a solução geral da equação proposta:
{y - arc sen x - C ) ( y - arc cos x - C ) (y + x^ - C) — 0.

4.2. Solução por derivação.

Certos equações se reduzem a formas integráveis por derivação.


Consideraremos aqui alguns casos típicos.

a) Quando jalta uma das variáveis x ou y na equação. Neste caso,


a equação assume uma das formas
(2) g{x, y') = 0 (1) ou g{y, y') = 0 (2)
Tomemos a 1.* e suponhamos que se possa resolvê-la em x, de modo
que:
(lo) X = j{y')
Derivando esta equação em x, tem os:

(der. de função de função)


74 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

ou

^ Qi^toque ^

que é uma equação diferencial a variáveis separáveis em y e y ' única­


mente. Multiplicando por dy resulta :
dy =‘S'{y') t/d y '
que se reduz imediatamente a quadraturas:

y=f f ( v ') 2/ 'd y ' + c

Representemos por G(y') a, integral do 2.® membro, de modo que


(16) y = Giy') + C

Se agora entre (la) e (16) conseguimos eliminar y', obtemos uma


equação da forma
y, C) = 0
que será a solução geral procurada. Podemos ainda conceber y' como
um parâmetro que, para maior comodidade representaremos por t.
Neste caso, o sistema (la), (16):
a; = f(t)
y = G{t) + C
representa em forma paramétrica a solução geral da equação (1),
ou seja, em linguagem geométrica, uma família de curvas integrais.
De modo análogo podemos tratar a equação (2). Resolvendo-a em
y (se possível), escrevemos:
(2a) y=í(y')
Derivando-a em x, vem :

ou y '= f { y t )
dx
que é uma equação a variáveis separáveis (em dx e dy')
dy'
dx ^ í'(,y')
y'
Integrando, tem os:

(26) x =ff(3 r )^ + C OU X = n + c
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ÍO

representando por G{y') a integral do 2.® membro. Eliminando, como


antes, y' entre (2&) e {2a), obtemos a solução geral sob forma
(3) F(x, y , O ^ 0
Ou, fazendo y' = t, obtemos o sistema de equações paramétricas equi­
valente à s o l u ç ã o geral (3):
y=
X
f(t)
= G(t) + C,
■Exemplo. Seja integrar por êste método a equação
yfi 4- = a* (4.1)
Esta equação é da forma g{y, y') = 0. Resolvendo-a em y, descar­
tando a raiz negativa por ser desnecessária, tem os:
{a) y = V o 2 -^
e derivando em x :
y dy'
ou y' = -
y /a ^-y '^
que é uma equação a variáveis separáveis. Simplificando por y' e
separando as diferenciais, resulta:
dy'
dx = -
y/a^ - y'^
ou integrando :

X = arc y' \-I


C O S -------- n
C
a
Passando à função inversa, vem :
(&) y' — a COS (x-\- C)
(é indiferente escrever -C ou +C).
Eliminando agora y' entre (6) e (a), tem os:
y = y /a ^ - cos^ {x + C) = a-\/l - cos^ (x + C) = a sen (a: -f- C)
como já havíamos achado acima (4.1).
6) O método se aplica ainda sem grandes alterações à equação
(1) g{x, y, y') = 0
quando esta pode ser resolvida em x ou em y, isto é, pode ser posta
na forma
(3) x = f { y , y ') (2) ou y = J { x ,y ')
76 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

e a diferenciação leva a uma equação integrável em y, y' pela elimi­


nação de dx em (2), e em x, y' pela eliminação de dy em (3). Com
efeito, diferenciando (2), temos :
(2a) dx = J^'dy + j,/d y '

Mas, y' — portanto, dx= ; substituindo êste valor de dx


y'
em (2o), vem

y = h 'd y + U ,

que é uma equação diferencial em que figuram únicamente y, y' e


as suas diferenciais dy e dy'. Se esta equação é integrável, podemos
eliminar ^ entre a sua solução geral G {y, y', (7) = 0 e a equação (2),
o que nos dá a solução geral da equação (1), na forma
F(^y Vy C) = 0
Do mesmo modo podemos tratar a equação (3). Diferenciando-a,
tem os:
dy = U dx /y / dy' ou y'dx = jJdx f j dy' {dy = y' dx)
que é uma equação em x, y' e suas diferenciais. Se esta equação é
integrável, obtemos uma relação da forma
G{^y y'y C) = 0
Eliminando y' entre esta equação e a equação (3), obtemos a solução
geral de (1).

4.3. £q[uações de Lagrauge e de Clairaut.


a) Equação de Lagrange. Um caso particular, sempre integrável,
da equação (3) acima, é a chapaada equação de Lagrange (ou de Monge),
equação linear em x e y, k qual se dá a forma geral:
(A) y = xjiy') + g{y')
Diferenciando, temos:
dy = f (2/') dx -h x f {y') dy' g' iy') dy'
ou, visto que dy = y'dx :
y'dx = / {y') dx + x f iy') dy' + g' {y') dy'
Transpondo todos os têrmos ao 1.® membro, com exceção do último,
e fatorando em dx i
W - / (2/01 dx - xj' iy') dy' = g' \y') dy'
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 77

Dividindo tudo por dy* e por (contanto que y'


temos a equação:
dx f i y ') ^ g'(y')
(B)
dy' y'-j{y^) y'-fiy') X=

que é uma equação linear de l.“ ordem em que y' desempenha o papel
de variável independente e a; o de função incógnita, equação da forma :

dx ^ y'-f{y') y -Ky)
Integrando esta equação, obtemos uma solução da forma
G{x, y', C) = 0;
eliminando y' entre esta e a equação (^1), obtemos a solução procurada :
F{x, 2/, C) = 0

Exemplo. Seja a equação y = 2xy' - y'^ (A)

Solução. Diferenciando, vem :


dy = 2y' dx + 2xdy' - 2y'dy' ou y'dx = 2y'dx + 2xdy' - 2y'dy'

Transpondo ao l.° membro os têrmos em x e em dx, e mudando os


sinais, tem os:
y' dx + 2xdy' = 2y' dy'
ou, dividindo tudo por y' e por d y ':

(B ) % + ^ x = 2
dy’ ' t/

que é linear e admite um fator integrante da forma e ; aqui é


2
F = — e a variável independente é y ' ; donde,
i7
^fijyfdy/ _ g2U y/ _ g la y /2 _ y'2

Tendo presente a fórmula (solução geral da equação linear) :

y = e -ÍP d x j^Q eí
78 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

e observando que aqui y' faz as vêzes de a; e a; é *a função incógnita,


tem os:
1
yH 2»'W + C

1
( 3 ^ ‘+ 9

2 , , C
= -3 2/'® + c
~ 3 ?' + 7 Í
que é a solução geral da equação {B). Entre esta equação e a equação
(A) podemos agora eliminar y', problema êste bastante laborioso.
Justapondo as duas equações, depois de multiplicar a 2.* por 3 e isolar
o termo em C, tem os:
(1) 2xy' -y '^ == y
(2) Zxy'^-2y'^ = 3C
Eliminamos primeiramente y'*, multiplicando a 1.* por -2y' e somamos
membro a membro, o que dá :
( 3) 2yy' -x y '^ = SC
Eliminamos a seguir j/'*, para o que multiplicamos a equação (1)
por -X e somamos com (3); vem :
x y -S C
2 (x^ - y)y' = x y -S C ou y' =
2 {x^-y)
Êste valor de y' introduzimos em (1) e simplificamos, o que dá a
solução procurada:
4y* (y - X*) + 6cx {2x^ - Sy) + 9C® = 0

ò) Equação de Clairaut. Se na equação de Lagrange fazemos,


em particular, j{y') — y', tem os:
(1) y = xy' -^g {y')
que se diz equação de Clairaut. Esta equação, porém, não pode ser
resolvida como aquela, visto que pára /(y') = 2/', a diferença y' - f( y ')
é nula, o que invalida o método ali empregado.

Diferenciando a equação (1),. resulta :


dy = y'dx + xdy' + g' (y')dy' ou visto que dy = y 'd x :
y'dx = y'dx + xdy* + g'{y') dy'
EQUÀÇÕES DIFERENCIAIS 79

e simplificando por y'dx e pondo em evidência a diferencial d y ':


[x + g'{y')]dy' = 0
produto que se desdobra nas duas equações:
dy' = 0 (a) e x-\-g'{y') = 0 (6)
A l.* dá a integral y' = C.

Levando êste valor de y' à equação (1), temos:


(2) y = Cx + g{C)

que é a solução geral, pôsto que encerre uma constante arbitrária;


geomètricamente, esta equação representa uma família de retas.
Doutra parte, se eliminamos y' entre as equações (6) e (1), obtemos
ainda uma solução de (1), mas esta será uma solução singular, pôsto
que, distituída de constante arbitrária, não pode ser a solução geral;
nem tão pouco provém desta mediante a atribuição de valôres parti­
culares à constante arbitrária.

Exemplo. Seja a equação y = xy' + y'^

Diferenciando e substituindo dy por y'dx, tem os:


'\/dx = y'dx + xdy' + 2i/dy' ou (x -f- ^y')dy' = 0
Donde,
à) dy' = 0 e y' = C

Substituindo na equação dada temos a solução geral


y = Cx-\-C^
h) x + 2y' = 0

Eliminando y' entre esta equação e a equação dada, isto é, tirando


y' desta e substituindo naquela, vem :
x^ x^ x^
y = - - 2 + T " ~ i r =

que é uma solução singular, e representa uma parábola que passa pela
origem e tem como eixo o semi-eixo negativo dos y. Como veremos
em (4.4), esta curva representa a envoltôria da família de retas dada
pela solução geral.
80 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

EXERCtCIOS

Resolver as seguintes equações.

1. y'* = X-1 Resp. (4y - Cy = 27(x - 1)‘


2. y' + V1 + y'^ = e* Resp. y = Pos hx + C
3. x*y'* - 4xyy' + 3y* = 0 Resp. {xhj - C)(xy - C) = 0
4. X + yy'^ = (1 + xy)y' Resp. {2y - x* - C)(y^ - 2x-C ) = 0
5. {a^x^)y'^-\-bx(a^x^)y'^-y'-bx = 0 Resp. {2y +bx^ - 2C)[a* sen*(y - C) - x* =0
6. y'®-4xy'+4x*-l = 0 Resp. (y-x^x-C)(y-x*+x-C) = 0 ou {y-x^y = (x-C y

7. y'^-^ 9 x^ + - | ! ^ y ' 2 _|_9 a;2y2 = 0 Resp. [{y-Cy-x*] (y-Cx) (xy-C) = 0

8. x*y'* + 3xyy' + 3y* = 0 (fat. no campo complexo)


Resp. x*y*-2Cx*'*ycos(V^Í« ^fx)+C^ = 0

9 . 1 + y'* = {resolver em y') Resp. y = arc cos h{x + 1) + C


X* + 2x
10. y'*-2xy' + 1 = 0 Resp. (2y - x« + ln{x + Vx* - 1) - C y= x*{x'^ - l)

11. (1 + y'2) y = 2 Resp. x = 2 arc tg | / Z Z - V2y-y2 + C

12. (1 + x*)*y'» + x(l + X*)V* - y' - X = 0


Resp. (2y + x* - 2C) [iy - C y - (arc tg x)*] = 0
13. y^y'^-2xyy' + 2 y * -x * = 0 {resolver em y')
Resp. x^ + y* + 4Cx + 2C* = 0
14. X = y'ey' {diferenciar) Resp. x = <e*, y = e‘(l - < + <^) + C (y' = t)

15. y = 2 x y '-y '“ {diferenciar). Resp. x = ~ t y = 2tx -i^ {y' = í)


3

16. X + yy' = {diferenciar)

2a< Cí
Resp. X = ;; y = °^! + + (y' = 0
(1 + t Y V i+<"’ (i + <*)* ' VT+1®
17. y = x(y' + V 1 + y'®) {diferenciar) Resp. x® + y* - Cx = 0

18. y = -^- y~ {dif. ) . y* = 4Cx-.íC*; sol.sing.y^-x^ = 0.


1 + y'2

19. yV^l +y'* = o(x + yy') {resolver em x e diferenciar)


Resp. x* + y*-2Cx + (l-a * ) = 0 sol. sing. (I - a*)y* = o*x*
20. y = xy' - y'* iíesp. y = Cx - C*; soí. siny. 9y = 2 x ^ í^
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 81

21. y = xy' + V 0 *2/'* + b'^ Resp, y = Cx + V = 1


O'* 6»

22. y = xy'+&TC. coigy' Resp. y = Cx+arc cotg C; y= Vx(l-a;)+arc c o tg ^ í—?

23. í/ = jy' - sen y' Resp. y — Cx - sen C; y = x arc cosx - V


ay' /íesp. y = Cx - aC rí/3 + /2/3 ,2/3
24. y = xy' -
V1 + y' V1 i- c»’
25. y = (x - a)y' - y'* y = ix - a)C - C^; {x - «•)* = 4y

26. y = xy' + V a*-6'‘‘y'^ A^.sp. y = Cx + Vo* - 6*C*; y =


6V®* +
27. y==2xy' + (l+y')* Ae,sp. x = CC^ -.^<-1; j/ = 21x + (1 +/)*

28. 2cos*yy'* - x eos yy' -(- .sen y = 0 {faça sen y = z) Resp. sen y = Cx -2C
29. 2yy'* + (2x - 3)y' = y (/afa y* >= z) /?csp. 2y* = C(2x-3)+C*; 8y*= (2x-3)“

30. y == yy'* + 2xy' (./>«(•« y* = z) Resp. y^ = 2Cx + C‘^


31. ü/y'* + (2x-l)y' = y (/oçfl y* = z) Resp. y® = C(2x - 1) + C-

32. y* = 2xyy' + -v/í ■•4y*y'^ (y^ = z) AV.sp. y* = ('.t + 1 - C®; y* = x* + 1


33. y^ = 2xyy' - (I 4- 4y-y'-) Ae.s-p. y*' = Cx - (1 + C*); 4y^ = x* + 4
34. y'* + 4y^ = 2xyy' (/aça y = z^) Ae.sp. y = (Cx -- 2C*)-; 27y = 2x*
35. Achar a família de curvas planas para as quais a área limitada a partir de
uma ordenada dada 6 proporcional ao arco, contado a partir da mesma
ordenada

Resp. y = a cos h x-C


a
36. Achar a equação das curvas planas tais que o triângulo formado pela tan­
gente em um ponto genérico e os eixos de coordenadas tenha área constante a.
Resp. y = C*x -f- C^f2 ou 2xy 4- a = 0
37. Determinai" as curvas planas tais que o segmento interceptado sôbre o eixo
dos X pela tangente e a normal, tenha um comprimento constante 2a.

Resp. X = aln - JL. ^ a^ - 4- C


a
38 . A tangente e a normal a uma curva em um ponto P, encontram o eixo Ox nos
pontos T e N respectivamente. Achar a equação da curva, sabendo que o
quadrado da normal é proporcional à abscissa do pé da normal (coef. de
prop. 2o),
Resp. 4 o 4- y*) - 4oC(o 4- a:) 4* C* = 0 sol. sing. y* = 2ox 4- o*
82 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

4.4. Soluções singulares* EuToltóiias.

J á vimos (2.1.) que a equação diferencial de !.• ordem


(1) g(^, y, í/') ■= 0
associa a cada ponto {x, y) pelo menos em uma certa região do plano,
uma direção y' = tg a.
A sua solução geral
(2) y, O = 0
representa uma família de curvas ou uma simples infinidade (ooi)
de curvas planas, pôsto que a cada valor particular de C corresponde
uma e uma única curva da família, e a C podemos atribuir infinitos
valôres em (2). Para maior comodidade representaremos a família
de curvas dadas pela equação geral (2), simplesmente por F.
Pode suceder que exista uma curva que designaremos abrevia­
damente por E, que seja tangenciada em cada um de seus pontos por
uma curva da família F. Uma tal curva, se existe, se dirá a envoUória
da família de curvas F. Daqui a definição:
Uma curva E se diz a envoUória de uma jamüia de curvas F quando
em cada um de seus 'pontos é tangenciada por uma curva de F.
Seja
(3) Gix, 2/) = 0
a equação da envoltória E. Esta equação, como se pode verificar sem
dificuldade, é uma solução singular (1.8) da equação diferencial (1).

Com efeito, num ponto genérico P {x,y) da envoltória j&, a envoltória


e a curva de F que a tangencia neste ponto, tem uma tangente co-
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 83

mum (jig. 4.2); portanto, para todo ponto P{x, y) de E (que per­
tença também a uma curva de F), as equações
G{x, y) = 0 e j{x, y, C) ^ Q
admitem os mesmos valôres para {x, y, y'), de modo que
G{x, y) = 0
será como
y, Cí) = 0
uma solução da equação diferencial (1). Mas esta solução não provém
da solução geral (2), mediante a simples atribuição de um valor par­
ticular à constante arbitrária C e é, por conseguinte, uma solução
singular.
Exemplo. Seja a equação (x -a)^ -f 2/* = 4.
Esta equação representa um círculo de raio = 2 e centro C(a, 0)
sôbre 0 eixo dos x. Se atribuirmos a o uma série de valôres
oi, a%, «3, . . .
obtemos outros tantos círculos, todos com o mesmo raio = 2 que só
diferem pela posição de seus centros
(ai, 0), (q2, 0), (tt3, 0 ) -----

sôbre o eixo dos x (Jig. 4,3). Se imaginamos atribuir a a todo e qualquer


valor real, obtemos uma infinidade ou uma família de círculos («i)
que recobrem inteiramente a faixa compreendida entre as retas
y = - 2 e y = 2;
estas retas são tangenciadas em cada um de seus pontos por um cír­
culo da família e são, portanto, a sua envoltória. Doutra parte
84 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

é fácil verificar que estas equações são soluções singulares da equação


diferencial da família de círculos dada. Com efeito, derivando a equação
dada, tem os:
2 (a;- o) + 2yy' = 0 ou x - a = - yy'
e eliminando entre esta e aquela o binômio x - a , vem :
y Y ^ + 2/^= 4
equação que evidentemente admite a solução y = ± 2. Deve-se
advertir que nem tôda família de curvas possui uma envoltória ; êste
fato constitui antes uma exceção. A envoltória de uma família de
curvas, quando existe, pode ser determinada com auxílio da equação
geral ou da correspondente equação diferencial.

4.5. Determinação de envoltóiias a partir da equação geral.


Seja :
(1) y, C) = 0
a equação geral de uma família de curvas F e suponhamos que estas
admitam uma envoltória E (jig. 4.4).

Sejam 1 e 2 duas curvas vizinhas de F que se cortam em um ponto


Q, e sejam C e C a C os valôres da constante arbitrária que indi-
viduam estas duas curvas.
Se a equação (1) é derivável em relação ao parâmetro C, podemos
escrever, de acôrdo com o teorema da média ;
(2) í( x ,y ,C + A C )~S(x,y,C ) = j c ' { x , y , C a C) a C (O<0<1)
Como as coordenadas (x, y) de Q satisfazem as equações
y, C) = 0
e fix , y, C + a C )= 0,
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 85

satisfazem, ipso-facto, a equação


(3) jc'{x, 2/, C' + 6 a C) = 0
Passando ao limite, tem os:
(3a) 1 i m ic {x, 2/, C + 6 a C) = j c ix, j/, 0) = 0
ao-^o
o ponto Q tende a uma posição limite P , ponto cujas coordenadas
{x, y) verificam simultâneamente as equações (1) e (3a). Se entre
estas duas equações eliminamos o parâmetro C, obtemos uma equação
em {x, y) :
(4) G {x,y) = Çi
que é a equação do lugar geométrico das posições limites P dos pontos
de interseção Q de curvas vizinhas. Resta saber se o lugar geométrico
assim obtido é uma envoltória da família de curvas F. Para que assim
seja é necessário que a tangente à curva da família F em P coincida
com a tangente de
G(x, y) = 0
no mesmo ponto. Para que exista e seja única a tangente à curva de
F que passa por P , deve êste ponto ser um ponto ordinário (III.7-4.3);
neste caso derivando em x a equação (1), obtemos 0 declive da tangente :
àf t\ , dy dj õj
(5) -~ = 0 ou t / = T ~ = ------- /
õx + õy dx '' dx dx /I õy
Doutra parte resolvendo a equação (3a) em C, 0 que exige que
õjc'
^0
õC
(III.7-1.4) temos : C = C{x, y).
Introduzindo esta expressão de C em (1), resulta:
(4a) y, C{x, y)] = Q
que é um caso particular de
G{x, y) = 0.
Derivando em x esta função composta, vem :
àí , d j^ J l _ / dC
dx
+
dy d x '^ (?CV^ dx +
i^ f íV o
dy d x J
Mas, em virtude de (3a), é:
àj í L
= Sc' (x, y, C) = 0 ; donde ^ = 0
õC dx. + dy dx

ou resolvendo em
86 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

(6) êL
dx dx í dy
resultado que coincide com a expressão (5). Portanto, a curva (4a)
tangencia a curva da família F que passa por P , como se tratava de
provar. Resulta assim que a envoltória da família de curvas F, se
existe, se acha inclusa na equação
G{x, y) = 0
que se obtém eliminando C entre as equações:
2/, C) = 0 e jc'{x, y, 0==Q

4.6. Lugares geom étricos de pontos nodais e angulosos.

Deve-se advertir que a equação


G{x, 2/) = 0
pode existir, sem que por isso a família F apresente necessàriamente
uma envoltória, podendo doutra parte, compreender outros lugares
geométricos quando as curvas de F apresentam determinadas singu­
laridades (pontos nodais ou angulosos). Com efeito, se as curvas da
famüia
(1) /(* , y, C) = 0
possuem pontos singulares, as derivadas/,' e / / são nulas nos referidos
pontos (III.7-4.3).

Diferenciando a equação (1), assiunindo C como um parâmetro


variável, temos:
U d x + U d y ^ -jc 'd C = 0

E como nos pontos singulares é

resulta:
/c ' dC = 0 ou /c ' = 0 {dC arbitrário)

que coincide com (3o) do n.® anterior. Portanto, os pontos {x, y)


em que as curvas de F apresentam singularidades, satisfazem ao
mesmo tempo as equações (1) e (3o) do n.® anterior, e estão presentes
no discriminante
G{x, y) = 0
EQUAÇÕES DIFERENOAIS 87

(discriminante de C entre a equação (1) e sua derivada em C). Se


as curvas de F apresentam pontos nodais ijig. 4.5), a equação
G{x, y) = 0
deve abranger:
а) a equação da envoltória E (se existe);
б) a equação do lugar geométrico dos pontos nodais ao quadrado.
Com efeito, consideremos diversas curvas vizinhas
Cl, C2, Cz, • ..
Quando as curvas C2, Cz, . . . se aproximam indefinidamente de Ci,
as interseções I', . . . tomam as posições limites P%, Pz, . . . e dão
lugar a um lugar geométrico tangente às curvas Ci, Cz, Cz, . . . qne
é a envoltória. As interseções
7i', h " . . . e Iz', h " . . . ,
por sua vez, vão se sobrepor aos pontos nodais de modo que o lugar
geométrico N , constituído por estes pontos nodais, abrange duas curvas
de interseção h e Iz sobrepostas ou coincidentes e a sua equação deve
ocorrer ao quadrado. Simbòlicamente podemos escrever:
G(x, y) = E(x, y)[N{x, y)Y Q{x, y) = 0
onde E{x, y) — 0 representa a equação da envoltória, [(iV(a;, 2/)]®=0
representa a equação do lugar dos pontos nodais ao quadrado e
Q \ x , y) = 0 pode eventualmente encerrar outros lugares geométricos.
Se as curvas da família F apresentam pontos angulosos (f^.4.6),
podemos considerar 0 lugar geométrico A constituído por êstes pontos
como resultante da sobreposição de três curvas de interseção
I\, Iii Iz,
88 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

de modo que é de esperar que a sua equação se apresente ao cubo.


Em símbolos:
G{x, y) = [A{x, y )fP {x , ^) = 0
onde [A{x,y)Y = 0 representa a equação do lugar dos pontos angulosos
ao cubo e P {Xy y) = 0 pode compreender eventualmente outros lugares
geométricos.

Em resumo: a equação discriminante G{x, y) = 0 pode conter:


a) a equação da envoUôría ao 1.® grau;
h) a equação do lugar dos pontos nodais ao quadrado;
c) a equação do lugar dos pontos angulosos ao cubo.

Deve-se advertir, porém que em geral a envoltória é o único dentre


êstes lugares geométricos cuja equação é uma solução da equação dife­
rencial da família de curvas.

Exemplo: Seja a equação) geral


(1) {x-C )^ = y { y - i y
Solução. Aqui J{x, y, C) = ( x - C f) ^ - y ( y - 1)* = 0.
Derivando esta equação parcialmente em C, tem os:
jo'{x, y, C) = - 2 {x -C ) = 0
Levando êste valor de (x -C ) k equação (1), a fim de eliminar C,
resulta:
-1)2 = 0
que é a equação discriminante. Esta equação se desdobrâ em duas
y = 0 e (y~D* “ 0
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 89

A forma destas equações, nos faz supor que a primeira é a equação


da envoltória, e a segunda, que dá y = 1 é a equação do lugar dos
pontos nodais. Para confirmá-lo, construimos o gráfico de uma ou
várias curvas da família ijig. 4.7). Efetivamente, a equação y = 0

é uma solução singular da equação diferencial da família de curvas


representada pela equação (1) como se pode verificar diretamente,
obtendo a referida equação diferencial.

4.7. D eterm inação da envoltória a p a rtir da equação diferencial.

Consideremos agora a equação diferencial da família de curvas F


(1) y, y') = o
Se a família F admite uma envoltória, a sua equação poderá ser obtida
eliminando y' entre a equação (1) e a sua derivada em y ':
(2) Çy/ {x, y, y') = 0
Com efeito, dada uma família de curvas, em cada ponto de inter­
seção de duas curvas distintas da família, ocorrem normalmente duas
tangentes distintas (jig. 4.8). Assim sendo, fixado um ponto Po{Xo, yo),
a equação em y' que resulta de (1)
g(^o, yo, yO = 0
apresenta duas raízes distintas y / e y 2' que correspondem às tangentes
h e ti às curvas Ci e Ca da família que passam por êsse ponto.
Quando a curva Ca é levada a se sobrepor à curva Ci, o ponto de
interseção Po passa à sua posição limite sôbre a envoltória e as duas
tangentes h e ti vêm a coincidir com a tangente à envoltória no mesmo
ponto (/fy. 4.9). De modo que nos pontos da envoltória concorrem
duas tangentes coincidentes dos pontos de interseção de duas curvas
90 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

sucessivas da família F. Algèbricamente êste fato se traduz pela con­


dição de que a equação em y'
(1) g(^y 2/, í/O = 0

Fig. A. 9
tenha nesses pontos uma raiz dupla pelo menos. Mas, se a equação
(1) tem uma raiz dupla, esta será ainda uma raiz da equação :
( 2) Çy^y (^ y V y V ') = 0

derivada de (1) em y'. Eliminando y' entre (1) e (2), obtemos a equação
discriminante
(3) F{x, y) = 0
equação do lugar geométrico (ou dos lugares geométricos) dos pontos
{x, y) para os quais sãó satisfeitas simultâneamente as equaçfões (1)
e (2), isto é, pontos eúi que se apresentam sobrepostas as tangentes
a duas curvas de F eín seus pontos de interseção. A equação (3)
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 91

deve conter portanto, a equação da envoltória, caso exista. Dizemos


que deve conter a envoltória se existe, porque, como o discriminante
G(x, y) ^ 0
da equação geral, também esta pode apresentar outros lugares geomé­
tricos e existir mesmo quando a família F não admita envoltória.

4.8, Lugares geométricos dos pontos angulosos e dos pontos


de contato.

Na equação discriminante (3) podem estar presentes ainda as


equações do lugar geométrico dos pontos angulosos e a equação do
lugar geométrico dos pontos de contato.
a) Pontos angulosos. Se as curvas da famÜia F possuem pontos
angulosos (Jig. 4.10) quando duas curvas consecutivas Ci e Ca são
levadas a se sobrepor, o ponto de interseção P se desloca à posição

limite A, levando a coincidir as duas tangentes h e ía (Ci e Ca respec­


tivamente) que se cortam nesse ponto. Resulta assim que para as
coordenadas {x, y) de pontos angulosos A a equação em y'
gix, y, y') = o
admite duas raízes coincidentes; portanto o lugar geométrico dos
pontos A está incluído no discriminante
F{x, 2/) = 0
6) Pontos de contato. Pode-se dar que as curvas não consecutivas
de uma família F se tangenciem aos pares, formando um lugar geomé­
trico, que se diz o lugar dos pontos de contato. Assim> os círculos da
lig.4.38etangenciam aos pares sôbre p eixo dos x, de modo que em cada
92 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

ponto dêsse eixo ae apresenta um contato de dojs dentre os círculos


da família, e constitui portanto, o lugar geométrico dos pontos de
contato.
Os pontos de contato são pontos duplos, a saber, concorrem neles
duas interseções sobrepostas. Com efeito, consideremos, por exemplo,
três círculos de uma famÜia> Ci, Cz, C3 (Jig. 4.11); se levamos os cír­

culos a se tangenciarem dois a dois, os pontos e I-z de uma parte,


e os pontos /z" e I ” de outra, vão se sobrepor nos pontos de contato
(jig, 4.12). De modo que o lugar geométrico dos pontos de contato

compreende prôpriamente dois lugares geométricos sobrepostos, a


saber, o lugar dos pontos
1 —/2 , ii —Í2 , • . .
Doutra parte cada um dêsses pontos traz consigo duas tangentes
coincidentes (nos pontos de contato) de modo que para as coordenadas
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 93

{x, y) dêsses pontos a equação g(x, 2/, í/0 = 0 apresenta uma raiz
dupla em y' o que nos permite concluir que a equação do lugar dos
pontos de contato está inclusa no discriminante
F{x, y) = 0
Mas, os pontos de contato são pontos duplos, isto é, o lugar dos
pontos de contato resulta da sobreposição de dois lugares geométricos
h e I 2, de modo que a sua equação se apresenta ao quadrado no discri­
minante
F{x, 2/) = 0
Em resumo, o discriminante F{Xj 2/) = 0 do sistema
g (^, y, 2/0 = 0 e ff^/, (x, y, 2/0 = 0
pode compreender:
a) a equação da envoltória: E{x, 2/) = 0
6) a equação do lugar dos pontos angulosos: A{x, y) 0
c) a equação do lugar dos pontos de contato ao quadrado :
[K{x, y)Y = 0.

Exemplo 1. Dada a famüia de círculos {x - + 2/^ = 25, ackar a


sua equação dijerencial. Mostrar que:
d) nos pordos (0, 5) e (5, 0) a equação possui raízes duplas, inter­
pretar ;
b) no ponto (3, 4) a equação em y' tem duas raizes distintas
c) a jamüia de círculos possui duas envoltórios,
ã) 0 eixo dos X é 0 lugar dos pontos de cordato.

Solução: Temos F(x, y, a) = (x - á)^-j-y^ - 25 = 0 (1)


Derivando em x, vem :
(2) 2 ( x - a ) -j- 2 yy' = 0 ou x - a = - yy'
Levando êste valor de a: - a à equação (1) a fim de eliminar o parâ­
metro o, resulta
(3) 2/V2 H- 2/' - 25 = 0
que é a equação diferencial procurada.
a) No ponto (3, 4) esta equação se reduz a
15y' -f 16 - 25 = 0 (substituindo y por 4)
donde:
= 9/16 e y' = ± 3/4
94 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

que dá os declives -3/4 e 3/4 das duas tangentes Í2 aos círculos Ci


e Cz da família que passa por êsse ponto (jig. 4.13). As equações dêstes
dois círculos se obtém calculando o para íc = 3 e y = 4 n a equação
(1); resulta sem dificuldade:
-f- ^2 = 25 para Ci e ( x - 6)* + = 25 para C2

h) Para (0,5), a equação diferencial se reduz a :


25í/'* + 2 5 -2 5 = 0 ou 2/'* = 0
isto é, a equação possui uma raiz dupla 2/' = 0, o que significa que
nesse ponto existem duas tangentes coincidentes da família de círculos
(paralelas ao eixo dos x). Para obter o valor de y' em (5,0), toma-se
necessário resolver a equação (3) em 2^, o que d á :

y'2 = — ^ para y = 0, tem os; y'^ = 00


y■
o que nos diz que pelo ponto (5,0) passam duas tangentes coincidentes
(perpendiculares ao eixo dos x). Êstes resultados se podem confirmar
geomètricamente. (Dom efeito, se fazemos deslizar o círculo Ca para a
esquerda, de modo a vir se sobrepor ao círculo Ci, o ponto de inter­
seção P se desloca ao longo do arco PE, levando as tangentes e fe
a coincidirem quando P incide sôbre E. Do mesmo modo se deslocamos
o círculo C2 para a direita de modo a vir tangenciar Ci em T o ponto
P (bem como P ') vem se sobrepor a P e as duas tangentes h e tz (bem
como as tangentes ti e tz') vêm se dispor perpendicularmente ao eixo
dos X em T.
c) Fazendo:
(a) y , y ') = yV ^ + 2/* - 25 = 0
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 95

e derivando esta equação em y' vem:


(&) g,/ y, y') = 2^V = o
A fim de eliminar y' entre (o) e (b), tiramos o valor de y' de (o):
25-y^ y*
y/2 _ ou y' = ±
y
e o introduzimos em (5) :

=0 ou ± j/V 2 5 -y 2 = q

Elevando ao quadrado tem os:


(c) y^{25-y^) = 0
que é o discriminante procurado. Esta equação (c) se desdobra nas
diias equações
y.^ = 0 e 25 - 2/* = 0 ou y = áz 5
A 1.* que se apresenta ao quadrado, representa dois lugares geomé­
tricos coincidentes, isto é, o lugar geométrico dos pontos de contato.
A 2.® representa as duas retas
y = 5 e y = - 5,
tangentes a todos os círculos da família, isto é, as envoltórias.
É fácil verificar que as equações das envoltórias y = + 5 satis­
fazem a equação diferencial, visto que para
y = + 5 ê y' — 0
e a substituição dêstes valôres na equação reduzem o 1.® membro idên­
ticamente a zero, isto é,
y* = 25
é uma solução singular da nossa equação diferencial. Já o mesmo não
se dá com a equação do lugar dos pontos de contato,
y*= 0
como se verifica sem dificuldade.

Observação. A equação da envoltória poderia ser obtida diretamente


da equação geral, segundo o exposto, eliminando a entre aquela
equação e sua derivada em o. Advirta-se, de passagem, que a envol­
tória é o único lugar geométrico comum às duas equações discriminantes
a se apresentar ao 1.® grau em am bas; êste fato nos pode valer na
determinação da envoltória em caso de dúvida.
96 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Deve-se notar ainda que, salvo casos excepcionais, a envoltória


é p único lugar geométrico implícito nas equações discriminantes
(em C ou em yO cuja equação- constitui uma solução singular da
equação diferencial da família de curvas.
Exemplo 2. Seja verijicar se a equação dijerendál xy'^ - (a; - 3)® = 0
admite uma solução singular. Determinar a configuração das curvas da
família correspondente.
Solução: A equação diferencial é :
(1) g (x, y, y') = xy'^ - ( x - Z y = 0
e a sua derivada em y' é
(2) g'^,{x, y, y') = 2 x y ' = 0
A fim dé eliminar y', tiramos o seu valor de (1) | :

y'i = - 3)^ x-Z


(2a) ou y' = +
\/x y/x
e o substituímos em (2)

(3) x(x-Zy = 0

(elevando ao quadrado e simplificando). Esta equação se desdobra


em d u as:
a; = 0 e (a: - 3)* = 0
A 1.* representa o eixo dos y e é uma solução singular da equação
(1) (para a; = 0, (2a) dá y = <», que é o declive do eixo dos y),
e representa a envoltória da família de curvas. A 2.» representa
duas retas sobrepostas (a;=3) e nos dá o lugar geométrico dos pontos
de contato.
Resolvendo a equação (1), podemos ainda estudar o discriminante
da equação geral. Integrando a equação (2a), obtemos:

!/= ± ( I 1/2^ _ j_ y = + v/x X- 6 ^ + C

ou, desdobrando:

y = - 6 ^ + C e y = - \/x a: - 6 ^ 4- C

Transportando tudo ao 1.® membro em ambas as equações e formando


o produto, obtemos a solução geral:
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 97

Agrupando os dois primeiros têrmos {y-C), temos um produto no­


tável da forma (a -h){a + h) = a ^ - 6®, o que d á :

(4) (y-C )^-xíjX -6 y = 0

Fazendo

j(x , y , 0 = ( y - 0 '‘ - x ( ^ x - e Y = 0

e derivando em C :

(5) jc'{x, y, C) = - 2 ( y - C ) = 0
Eliminando C entre (4) e (5), obtemos a equação discriminante:

.( |. - 6 ) ’ = 0

que se desdobra nas duas equações :

a: = 0 e

A l.“, que já encontramos no discriminante da equação diferencial


(elimmante de y), é a equação da envoltória. A 2.» representa duas
retas sobrepostas (a: = 9) e nos dá o lugar geométrico dos pontos

modais (cuja equação, como vimos em 4.6, se apresenta ao quadrado


na eliminante de C). A íig. 4.14 nos apresenta a disposição das curvas
da família.
98 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

EXERCÍCIOS

1. Achar a solução geral e a solução singular das seguintes equações diferenciais.

1. xy'^-2yy' + x = 0 Resp. x* = 2Cy-C*; y^ = x*


2. X* - 42/* + 2xyy' - 3j/*2/'* = 0 Resp. (x - 2C)* + í/* = C*; x* = 3i/*
3. 2/ = (1 + x)y'^ Resp. (x + 1) = C(t - 1)“*; y = C t\t - !)"*(< = 2/0; y = 0
4. (1 + X*) 2/'* - 2x2/2/' + 2/*- 1 = 0 Eesp. (1 +x*)C* - 2(7x2/ + K*= 1; y^-x^ — 1
5. x*2/'® + x*2/2/' + 4 = 0 Resp. Gxy + 4x + C* = 0; xy^ = 16
6. xy'^ - 2yy'« + 12x» = 0 Resp. 2C»y = C<x» + 22; 3y» = 8x»

II. Achar as envoltórias das seguintes famílias de curvas.


1. y —xy' -y'^ Resp. x* = 4y
2. y —xy' + y'® Resp. 27y* = 4x*
3. yy'*-2xy' + y = 0 Resp. y —x e y — - x
4 y'®-27y* = 0 Resp. y = 0.
5. yy' - xy'* = 2 - y' iBesp. (y + 1)* = 8x

III. Determinar a solução geral e os diversos lugares geométricos implí­


citos nas eliminantes de C e de y' respectivamente.
1. xy'*-2yy' + 4x = 0 Resp. S.G. x* = C {y-C ); s.sing.y^ = 4x*
2. (2 - 3y)*y'* = 4(1 - y). J?esp. S.G. (x - C)* = y*(l - y), 5. sing. y = 1.
3. (x* - o*)y'* - 2xyy' - x* = 0. i2esp. S.G. x* = a* + 2Cy + C*; s. sing.
• X* + y* = o* Zttjfor dos p. ds coní, x = 0

4. 3y = 2xy' - 2y'*. /Eesp. S.G. (3y + 2C)* = 4Cx*; s. siny. 6y = x®;


X p. any. x = 0
õ. 4y'* = 9x. Resp. S. G. (y + C)* = x®; l. dos p. ang. x = 0
6 . 4xy'* = (3x - 1)*. Resp. S. G. (y + (7)* = x(x -1)*. s. sing. x = 0;
p. de cont. 3x = 1; p. nod. x = 1
7. 8y'® + 12y'* = 27 (x + y). Resp. S.G. (x + (7)® = (y - (7)* s. stTiy.
27 (x + y) = 4; Z. p .ang.x + y = 0
8. xy'* - 2yy' + 1 = 0. Resp. S.G. 16x» - 12x*y* + 8(7y« - 12Cxy + C* = 0
l. p. ang. y* = x
9. (3y - o)*y'* = 4y. Resp. S. G. (x + C)* = y(y - o)* s. siny. y = 0;

p. nod. y = o; p. de conZ. y = —
3
10. (6x - oy)» (6* + o*y'») = C* (b + ay')*. i2esp. S. G. (oy - (7)* + (bx - C7)* = C*
«. sing. bx - oy = db CVz p. conZ. 6x - oy = 0
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 99

IV. Resolver as seguintes questões.


1. Achar a família de curvas para as quais a soma dos segmentos determinados
pela tangente em um ponto genérico, sôbre os eixos de coordenadas é cons­
tante. Resp. (x -\-y + C)* - 4xy = 0
2. Achar a família de curvas tais que a projeção sôbre o eixo dos y da perpen­
dicular da origem à tangente é constante.
Resp. — 4o(í/ + o)
3. Achar a família de curvas para as quais o produto das perpendiculares ti­
radas de dois pontos fixos a uma tangente é constante.

Resp. + f = 1.
+k k
Achar .a família de curvas para as quais a área compreendida entre uma
tangente e os eixos de coordenadas a constante e* = a^.
Resp. 2xy = a*
Achar a família de curvas tais que a distância da origem a uma tangente
qualquer e numèricamente igual à raiz quadrada do declive ao quadrado
mais 1.
Resp. x^ — 4(1 - y)
CAPÍTULO 5

MÉTODO DE PICARD.
TEOREMA DE EXISTÊNCIA

5.1. Solução por aproximações sucessivas. M étodo de Picard.

Dada a equação diferencial de 1.* ordem na forma que diremos


normal

( 1) y' = y)
nem sempre esta pode ser levada a se enquadrar em um dos tipos clás­
sicos até aqui expostos, de modo que a sua solução geral que, simbò-
licamente, assume a forma

(2) y = y)dx-\-C,

via de regra não pode ser achada. Na realidade esta equação apre­
senta um manifesto círculo vicioso, uma vez que a função incógnita
y que se trata de determinar figura no integrando. Nestas condições,
podemos procurar obter uma solução particular da equação diferencial
(1) a partir de uma condição inicial prefixada, por meio de um processo
de aproximações sucessivas, devido a Picard, verificando o posteriori
em que condições o método dá a solução do problema.

Geomètricamente concebido, o problema proposto consiste em


determinar uma curva integral que passe por um ponto dado {xo, yo)
e cuja equação
y = gi^)
verifique a equação diferencial (1), a saber:
d) yo=g(xq), isto é, para x =Xo,deve sevy=yo;
d) g'{x) =J[x, g(x)]
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 101

A fim de indicar que a solução procurada deve satisfazer a con­


dição inicial y Vmpara x = Xo, podemos dar à equação (2) a forma
A

(2a) 2/ = yo + f f ( x , y)dx
*0
visto que para x = Xo a. integral se anula e y se reduz a yo- No ponto
(xo, yo) em cujas vizinhanças nos propomos achar a solução da equação
(1), y assume o valor dado yo {constante); substituindo em f{x, y)
a função incógnita y pelo seu valor particular 2/0, a função resultante
/ (^) 2/0) (de X ünicamente) pode ser integrada; obtemos assim y
como função de x, a qual embora não seja uma solução da equação
y' = y)
Cpôsto que seja válida apenas para y = y^, satisfaz a condição incial
imposta à referida solução, a saber, para x = Xo, ela se reduz a yo;
representando-a por
2/1 =
podemos escrever
A

(a ) 2/1 = gi{x) = 2/0 + f f { ^ , yò)dx

Geomètricamente, esta função representa uma curva passando por


(a^o, 2/0) visto que, para x = Xo, tem os:
xo
2/1 = = 2/0 + ^/(^> yò)dx — yo {para x=Xo, a integral é nula)
xg
Diremos que esta função (a) constitui uma 1.* aproximação da solução
procurada. Se em j {x, y), no integrando, substituímos a seguir y
por esta 1.* aproximação
2/1 =
obtemos uma 2.“ aproximação
2/2 = g2(x):

(í>) 2/2 = 9z(PÒ = 2/0 + f j i x , 2/1) dx {onde yi está por Çi{x))


Xo
Achada esta função
2/2 = 92
podemos introduzí-la no integrando / (ar, y) em lugar de y e calcular
uma terceira aproximação:
jk.

(c) = ^8 (a;) = 2 /0 + f j { x , y^dx


102 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Continuando indefinidamente êste piocesso, obtemos uma sucessão


de aproximações, yi, y 2, yz, . . . Se esta sucessão de funções
yi = g\{x)fyz = ^2(3-),yz= gz{x), . . .
tende a uma função limite
y = g{x),
esta será a solução procurada. Geomètricamente interpretado, êste
processo nos fornece uma sucessão de curvas {jig. 5.1), tôdas elas pas­
sando pelo ponto (aJo, ^o), tendo neste ponto o mesmo declive
2/0' = Hxz, 2/0).

Se estas curvas Ci, C2, Cz, . •» tendem a uma posição limite {curva C)
de modo que para esta não só a relação
yo = /(íCo, 2/0),
mas a equação
y' = f(x, y),
seja verificada para todos os seus pontos {%, y), esta curva C será a
curva integral procurada.
Exemplo. Para facilitar a compreensão do método, vamos expô-lo
através de uma função conhecida. Seja achar por aproximações suces­
sivas a solução da equação diferencial
(1) y' = Sx^y
de modo que para a; = 0 seja y = yo.
Solução. Atribuindo a y, no 2.® membro de (1) o valor particular
yo) obtemos a equação simplificada:
y' *= 3rc*yo (fu n çã o de x iinicam ente)
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 103

Integrando de acôrdo com (2a) do n.® anterior, tem os:


X

yi = gÁ^) = 2/0 + Jsx^yodx

= 2/0 + 3?/o J x H x

X*
= 2/0 + 3t/o . = yo-\r x^yo

ou simplesmente
(2) 2/1 = 2/0 + x^yo
Evidentemente para a: = 0, esta equação se reduz a. yi = 2/0, isto é,
a função yi satisfaz à condição inicial, mas não é uma solução da
equação diferencial (1), visto que a sua derivada é
2/1' = Zx^yo
derivada esta, que só coincide com a equação (1) para y = 2/0. Intro­
duzindo em (1), em lugar de y, a sua l.“ aproximação 2/1 tirada de (2)
e integrando, v em :
A A

2/2 = 2/0 + Jsx^yidx = 2/0 + f 3x“(2/o+ x^yo)dx

(3) = 2/0 + x^yo + x^yo

Calculamos anàlogamente ys, introduzindo em (1) êste valor de ^2


em lugar de y e integrando :

2/3 = 2/0 + f Sx^yidx = yo d- J Zx^ Çyo + x^yod- ^ x ^ y ^ x

(4) = 2/0 + x^yo -(- ^ x^yo + -i x^yo

Introduzindo êste valor de 2/3 em (1) e integrando, obtemos 2/4"


X X 1 1 ^

2/ 4 = 2/o + f Zx^y 3d x = y o - \ - f Z x ^ ^ o + x ^ y o + - ^ x ^ o d r-Q x ^ y o j d x

1 1 1
( 5) =yó+x^yo + ~ x^yo + -^x^yo + ^ x^^yo
104 CURSO DE CALCULO DIFERENQAL E INTEGRAL

A sucessão de funções
Vh Vi) 2/3, y*, . •.
parece obedecer a uma lei de formação bem determinada que nos
autoriza a escrever a aproximação de ordem n por indução:

(6) 2/» = 2/0 + J*Zx^Vn-idx = yo + íc*2/o + +


0

+ a:^*2/o + . .. + a:»“í/o

A validez desta generalização se demonstra por indução completa:


suposta válida a relação estabelecida para um índice n qualquer,
calculamos a partir desta a relação para n + 1; se a lei de formação
se confirma, podemos considerá-la estabelecida para todo número
natural n. Introduzindo em (1) o valor tirado de (6), em lugar de
y e integrando, temos :

2/n+l = 2/0 + 2/0 + x«2/o + x*yo +


A ^

1
+ ^j®^^2/o + . . . +

= 2/0 + x^yo + x*yo + ^ x^yo -f- ^ jX ^ % -|-

1 a;3(B+i)y^
+ g-,x*'^2/o+ . . . +
(n + 1) !
resultado êste que confirma a lei de formação pressuposta. Se fazemos
n crescer ihmitadamente, a expressão (6) se converte em uma série.
Resta saber se a série assim obtida é convergente, e em caso afirmativo,
se é apta a representar a solução da equação diferencial (1). Seja

(6 o ) y = 1i m y» = 2 /0 + x^yo - b x^yc + i x^yo + A ^*V o +

+ .• . —7 x^^yo -{-. ..
n!
a série em questão. A fim de estabelecer a sua convergência, torna-se
necessário submeter a equação diferencial dada a certas condições
restritivas. Observe-se inicialmente que vale a identidade:
( 7) 2/« == 2/o + (2/1 “ 2/0) + (2/2 “ 2/0 (y a ~ 2/í) " b . . • 4" (2/« ~ 2/ e - i)
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 105

De modo que o limite de se existe, vem a depender da existência


do limite da série formada com as diferenças das aproximações conse­
cutivas. A fim de obter uma limitação da soma do 2.® membro de
(7) vamos submeter a equação diferencial (1), às seguintes condições
restritivas:
1. ®) y' seja finita nas vizinhanças do ponto (0, y ^, isto é, em tôda
uma região R do plano que inclui êste ponto, seja:
I Zx"^y \ < M {M uma constante arbitrário^.
2. ®) os valôres de x e y sejam confinados a um retângulo de centro
fO, ^o) e inteiramente contido na região R, a saber:
\x \ a ou -a ^ x e l y - y o | < & ou y o - h ^ y ^ y o + h;
3. ®) para dois pontos quaisquer de R (x, y) e (x, y) de mesma
abscissa e ordenadas distintas, seja sempre:
I 3xV - 3x2?/1 < c ^ L \ y - y \ {co-adição de Lipschitz)
onde L é uma constante positiva arbitrária, mas finita. Baseados nestas
condições, podemos provar que a série (6a) é convergente e constitui
uma solução da equação diferencial dada. Pode-se provar ainda que
a solução assim obtida é única. Com efeito, da !.*• igualdade da relação
(6) tiramos (passando yo ao 1.® membro) :
X

k» - ?/oI = I J*3x2^n-ldx I
0

Donde, observando que, por hipótese, [3x2^ | < M, tem os:


X

(«) 12/n - í/o I < I J* Mdx I = M I X I < Ma {visto que \x\ <a)
0

Para que yn venha a cair dentro do retângulo prescrito, torna-se neces­


sário impor a a a condição acessória:

o que acarreta a desigualdade

I I < Ma < M
M ^
a qual subordina a série y» à 2.* condição acima. A desigualdade (a),
vale, em particular, para n = 1 e dá neste caso:
(&) yi-yo \ < M \x \
106 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Doutra parte, observando que


X X

yi = 2/Ò + f Sx^yodx e 2/2 = 2 /0 + f Zx^idx


' 0 0
e subtraindo membro a membro a 1.» da 2.“, obtemos:
X

i - 2/11 = J* I | dx
0

Mas, de acôrdo com a 3.* condição {condição de Lipschitz) :


I Sx^yi - dx^yo | < X 1 2/1 - 2/ 0 1

e, portanto, podemos escrever:


X X X

1 2/ 2- 2/ 1 1 = J* I ^x^yi~^x% \dx < J l \ 2/ 1- 2 /0 \dx < fLM X 1 I dx)


• 0 0
(em virtvde de h)
OU

x^
(c) 1 2/2 - I < I/M (integrando)

Formando do mesmo modo a diferença yz-y^Q aplicando novamente


a condição de Lipschitz, tem os:
I 12

ysI 2/ 2 I = J * |3a;22/2 ^x‘^ yi\dx< jL \y i-^ i\d x < L '^ M

(em virtude de c)
j£jP
(d) 1 2/3 - 2 /2 1 < L^M (integrando)
3!

Como se vê, estas diferenças obedecem uma lei de formação cuja


expressão geral é

j 2 /n - 2 /n - i I < L^-^M \xn !


como fàcilmente se comprova por indução completa. Daqui, reto­
mando a identidade (7), podemos escrever sucessivamente :
2/ = 1 i m 2/“ = 2 / ó + 2
Í 2 / i ~ 2 / o ) + (2/í t -2/ i ) “ I" ( / r - / ) + *22 • • + (y^-yD-i) + . •• (7a)
00
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS lOn

ou, em módulo:
\y \ = I yo I 4- 12/1 2/o I + 12/2“ 2/114* fl/s ~ 2/21+ • •. + l2/n” 2/«-i I 4" • • •
\x 1^1'
= \ y , \ + M \ x \ ^ - L M ^ -\-UM 3! + - + ^ ‘“ ' ^ - ínr !n +•••

< |yo |+ A fa+ iM ‘J f ^ + . . .


(wtogwK o)

= Is,.\+ M ( a+ £ |l + L > |i + ...+ L - {pondo M em


evidência)

= \, y«\, +
, M / ', , LV ,W
T T + T T
, , L-
n! /
(mult. e div.
por L)

(La) ,
= II2/0 11+, -^ í . r
l+ L a H.— — .
H (L a y
—7 T , .
;---H.-H----- n !1 — 4-
2! ' 3! ....... -0
{somando e subtraindo 1)
M
— Í2/oI 4" —1) {acrescentando 1obtém-se a série exponencial)

A série (7o) resulta assim absoluta e uniformemente convergente no


intervalo -a ^ x ^ a (é convergente a série dos módulos e indepen­
dente de X no intervalo considerado).

Existe portanto:
1/ = 1i m y . ;
n -► 00

e como
A
2/n“ 2/0 4- J* Zx^y^idx
0

podemos escrever, passando ao lim ite:


X
1 im = 2/0 4 - f 3a;* 1i m yu-jdx
n-^co ^ n-*oo
OU
JL
2/ = 2/0 + J*3a;*2/ da; (»ísto çt/c Zímyn = Zimífc-»)
108 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCUL E INTEGRAL

E daqui, por derivação, resulta:


y' = Zx^y
isto é, a fuução
y = 1 i m y«
n->oo

verifica a uossa equação diferencial. Deixamos para a exposição teórica,


a demonstração de que esta solução é única.
A solução obtida que é a série (6a), pode ser escrita de modo mais
simples. Com efeito, pondo em evidência yo, tem os:

y = yo ^ 1 + X® + i a:» 4- -f- . . . -j- i + . . .^

* + T T ' ' ' T r + T T + ■■■+ ~ ^ + - J =y<fi


Nota. Advirta-se qUe a solução geral da equação diferencial proposta
poderia ser achada fàcilmente por separação de variáveis.

EXERCÍCIOS

Obter por aproximações sucessivas as séries que dão as soluções das seguintes
equações diferenciais, a partir da condição indicada.

1. y' = 2xy; P(0,3); Resp. y = 3(1 + ^ + + .. .) = 3e-*

2. y' = x - y \ P(0,1) Resp. y = \-x-\-x^ + *• •


O U.4 o.4.o

3. v ' - x + , . ; m 0 ) +

4. »' - 2xy>-, P(0,1) flesp. ! , - l + i > + ^ + 4- + | ^ + . . .


2 3 24

5. y' ==2y- 2x* - 3; P(0,2). Resp. y = 2 - \ - x - \ - x * - ^ - .


3 15

6. y' = ü ; P(l,2). Resp. y = 2 + 2ln x + (ínx)* -|- —(Inxy + . . .


X 3

7. y^ = 2 - —; P(l,2) Resp. y = 2 x - 2 l n x - —{InxY - . . .


X 3
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 109

5.2. Teorema da existência e unicidade.

Dada a equação diferencial de 1.» ordem na forma norm al:


(1) y'= f{x,y)
suponhamos que f(x, y) seja contínua e confinada em um retângulo
R de centro (xo, 2/o), de modo que
y) \ para \x-Xo \ <ae \y-yo\<h (M = cte. positiva)
e verifique em R a condição de LipscMiz, a saber, para dois pontos
yi) e (x, yz) de R seja
yO-f(x, 2/i) I < L I yi-yi (L = cte. positivo)
Nestas condições existe uma solução y = g(x) de (1), tal que
para x = xo e esta solução é única.
y= yo
Dem. a) Existência. Fazemos inicialmente y = ya em (1) e integramos
a função de x que resulta, de modo a verificar a condição inicial y^y o
para x = Xq) esta função que diremos y\ representa uma curva que
passa pelo ponto {Xo,yò), mas não é a solução da nossa equação dife­
y
rencial (pôsto que a verifique únicamente para = yo)i em símbolos :

(A) Vi = yo A- f í(x, yo) dx

Introduzimos a seguir esta função y\ (de x únicamente) em j{x, y)


em lugar de y, e calculamos uma 2.® função y^ e assim por diante, de
modo a formar urna sucessão de funções (aproximações sucessivas):
2/2, 2/3, 2/4,

(B) 2/2 = 2/0 + f f ( x , yi)dx


XO
Y
A
(O 2/3 = 2/0 + ff{^> y ^ d r
XO
JL
(D) 2/4 = 2/0 + j j {X yyz )d x
XO
X
{N) 2/ - = 2/o + f j iX y 2/n_i) dx
110 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

A fim de que t^das estas aproximações estejam confinadas ao retân­


gulo prescrito, deve ser
12/n - y o I <h
para todo n. Mas em virtude de (N), é
X X

\yn-yA ^ I I < IjM dx\ (por hip. \f(x,y)<M)


xo xo

= M \ x-Xo \ < Ma (por hip. \ x -X o ; \ <a)

Para que a desigualdade


I yn-yo I < Ma

acarrete a anterior 12/n - yo | < &, temos que submeter a à condição

acessória a < donde resulta:

\yn-yo\ < Ma < M . ^ < b

como o está a exigir o enunciado.

Pôsto isso, trata-se de provar que, nas condições do enunciado,


esta sucessão admite um limite
l i m y n = y = g(x)
n -^ O O

e que êste limite é a solução de (1), isto é, escrevendo a identidade


yn = y o + (yi - yo) + (2/2 - yi) + (2/í - 2/2) + . . . + (?/a-2/—0
devemos provar que

(2) ?/ = 1 i m y u = y o + (?/i-1/o)+ ( . y r ^ i ) + ( y y ^ d + - - - \ - (2/n-2/n_i)+...


n->00

Para tanto, vamos formar ás diferenças (em módulo) dos elementos


de nossa sucessão e estabelecer a sua limitação com base nas condições
do enunciado. Primeiramente, isolando a integral em (A), e tendo
presente a . condição y) |. < M, obtemos:
X X X

(a) lyv-yo 1=1 JV (^> yò)dx | < | jM d x I^ M | J d x | < M \x-Xo [


XO XO
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 111

A seguir subtraindo membro a membro (A) de (B), {B) de ((7), (C)


de (D), etc.'6 valendo-nos da condição de Lipsdiüz, resulta:
X X

12/2- 2/11 = I / [ / ( * , 2/o)]da;[ < | f L \ y i - y o \ d x \ <


xo XQ

< If L M \ x - X o \ d x \ = LM (b)
XO
{subst. \yo - yo 1 na int, pela sua limitação M \x - Xo 1 tirada de (a)).
X X

1ys-2/2 1= I j \ j { x , Vi) - j { x, y^]dx I < I j h \ y 2 -'Ú \\dx \ <

< If L m dxI = L m (c)


Xf

X X

2/4 - 2/3 I = I/ U(X, yz)-f(^, y^]dx \ < I j L \ y & - y z \ d x \ <


JL
\x-Xa\^ \ x ~ Xo 1'^
< jim dx I = L m (d)
w ~ Ti
Xo

I yn-yn- 1 1=1 y . - i ) -f ( x, yn-i)]dx | <


xo

<1 <L-W (n)

Esta última relação, que se infere por generalização das anteriores


se estabelece por indução. Supondo-a válida, calculamos a limitação
da diferença subseqüente

I H - 2/« I = I / Lf{^y 2/0 - i i^y 2/«-l) ]dx I < Ij h [ Ur.-yn-1 \dx I <
xo xo

<1
I a;-Xo 1“dx = Lm
\x-Xo
n! (n + 1) !
xo
112 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

que verifica a sua validade para todo número natural n. Eetomando


a série (2) e tendo presente estas limitações, podemos escrever suces­
sivamente (passando aos módulos);
I y | < | y o | + U 'i~2/ol + |^ 2 -2 /il+ |y 3 -2 /2 | + |y4-2/3| +

. 4* I 2/n ~ 2 /n - l I + • • •

a;-Xo I* x-xo
<|yo|+M|x-xo| + L M ' 3 +

+ i, + ... + L -A í + ...
4 ! n!

a*
< I yo I + Ma 4 - LM 4 ~ L^M 4~ L^M 4~ • • • 4 ~

o"
4- — 4- . . . (visto que jx - Zo 1< a)
ni
I, Mf (Lay (LaY A L a Y (La)-
= ^ + - s 3!
T + ' - 4!
4 r +•••+
....... nl ]
(pondo M em evidência, multiplicando e dividindo por L)

M {Lay , (Lo)« , (La)‘ . ,


= l»ol+ ^ [ ^ l + L a + - i ^ + 3 ^ 4------------r -• T-
4!

(La)‘
+ + ...-1 (somando e subtraindo 1)
n! ]
M
= |yo| 4- (c“ - i )

Daqui resulta que a série (2) é absoluta e uniformemente convergente


no intervalo
Xo- a < X < Xo 4- o,
de modo que podemos escrever de acôrdo com (JV) :
X X
(3) y = 1i m y. = yo 4- f/(x , l i m yn_i)dx = yo4- f/(« , y) dx
n-*oo ^ n-*0)
visto que
1i m y«^i = 1i m ym = y.
n-^00 n-^ 00
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 113

Mas
JL

y=Vo+xo y)dx
é simplesmente a expressão de uma primitiva da nossa equação dife­
rencial
y' y),
que se reduz a yo para x = xo. Portanto a nossa função limite
= 1i m yn
n-^00
que verifica a equação (3) é uma solução da equação diferencial (1),
como se tratava de estabelecer.

b) Uniddade. Resta provar que a solução assim obtida é única.


Suponhamos por um momento que exista uma outra solução y, dis­
tinta de y, que verifique as condições impostas a esta, a saber, seja:
\ y - y o \ < b e y = yo para rr = xo
Por hipótese, tem os;
Z

y — yo (x, y) dx (y é a solução da equação diferencial)


xo
Subtraindo daqui membro a membro, a aproximação (iV)» vem :
X
f
y - y n = [/(x, y ) - f { x , yn-i)]dx
xo
Fazendo n igual a 1, 2, 3 , . . . e tendo presente a condição de Lipschitz,
obtemos a sucessão de desigualdades:
A
\ y - y x \ < J l \ y - y o \ d x < , L h \ x - X o \ < Lha
xo
X X

y -V i\< f L \ y - y i |d*<L*6 f | < Uh


XO xo

1
y-yo I < f L \ y-y2 d x<Uh j dx=L^h ^
xo xo

(Lay
\ y - y u \ < L^h ^ = h
n! n!
114 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Mas,
(Lay
n!
é o têrmo geral da série exponencial e, portanto, tem por limite
zero quando n tende a a>:
1li•m ---- ^ = n0

Donde, resulta que


y ^Umyn = y
71 00

isto é, y coincide com y e a. solução é única, como se tratava de provar.

EXERCÍCIOS DE REVISÃO

I. Resolver as seguintes equações diferenciais.

1. {2x-\-Sy-4:)dx + {3x + y + l)dy = 0 Resp. y ^ 6 x y + 2x^+ 2 y -8 x = C


2. yHx - {y +1) V** + 1 dy = 0 Resp. 2y^ In [C{x + + 1)1 + 2t/ + 1 = 0
3. (2a:y — 2y^)dx + {x^ - áxy) dy = 0 Resp. x^y - 2xy^ + 0^ — 0

• ( ~ - tt— + C = 0 Resp. y = Cx
\x + y^y
x^ + y"^ \x ^ + y ^ yy
5.. y (xy + l)d® - XIn xdy — 0 Resp. Inx + y{x - C) = 0
6. {x + y - l)dx + (x + y + 2)dy = 0 Resp. x^ + 2xy + y* - 2x + 4y = C
7. (x* + y* + 2x)dx + 2ydy = 0 Resp. e*(x* + y^) = C

8. ^ s e n ^dx + ^cos ^ ^ sen —'^dy = 0 Resp. y COS — = C


\x y X \ X X Xy X

9. COS 6(1 + 2r cos*6) dr + r sen 6(1 - rcos*6) d6 = 0


Resp. COS* 6 + r = C cos 8
10. y*dx + ydy + x*ydy - dx — 0 Resp. arc tg x + In V y* - 1 = C
11. 2(x - y)dx + (3x - y - 1) dy = 0 Resp. (x + y - 1)< = C(4x - 2y - 1)

12. COS 6 ^ = 2 + 2r sen 6 Resp. rcos*6 = 2 sen6 + C


dO
13. y(3x + y®) dx + x(y* - x)dy = 0 Resp. x*(2x + y®) = Cy
14, y*dx + xVy* - “ xy)dy = 0 Resp. ■y \x - 2C) ■+■C*x = 0
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 115

15. (y* + \)dx + {2xy + \)dy = 0 Resp. x(l y^) + y = C

16. 2/'Vl-x^ J/V 1-35^ = (x+V l+íc*) V l+ » * Àsp. 2/ = (x + V l + X*)


(are sen x + (7)

17. ( —í:— + — - |dx + ( — + arc sen x \ d y = 0


\ l + X* V 1 - V 2/ y
Resp. arc tg x + arc sen x + Iny = C

18. (2 - xy) ydx + (2 + xy) xdy = 0 Resp. In — - — = C


X xy
19. (1 - x^)y' = (1 - x2)2 - 2y Resp. 32/(1+x) = (l-x)IC +(l+x)*]

20. ^dx + ( T - ^ Resp. x^-y^ = Cy^


2/® V. 2/* y* J

r
/
y' = 1 1 - t - +
X® X
Resp. y = X sen {In Cx)

22 . dx + Resp. — + - + 2 l n y = C
y 2/2 2 y.
23. ( x-y arc tg — ) áx + x arc tg —dy = 0 Resp. —arc tg —-\-ln- = C
\ xj X X X Vx^ + yi
24. dx - - C d y = Q Resp. (x + 1)^ = (C - x){y - 1)
2 /-1 2 \ y - l y
25. Zxyy'^ -2y^y' + 2 = 0 Resp. (3Cx + 2)* = 4(72/®; sol.sing. 2/® = 6x.
20. 2/ = xy' + -/02/' Tíesp. ?/ = Cx + VaC; soZ. singr. xy —- a

27. y - xy' {y' - 2 Y = 0


iíesp. 2/ = Cx - (C - 2)®; soZ. szngr. y = ~ + 2x
4
28. 2/(3 - 2yYy'^ + 16í/ - 32 = 0 Resp. (4x - C)® = 2/®(2 - 2/)- «• y = 2
29. 2/'®- (3:^ + X2/ + 2/^) y'^ + {x^y + x^y^ + xy^)y' - x®2/® = 0
Resp. (3y-x^ -C ) {In y*-x^ -C ) (x y-C y + 1) = 0
30. (2/ - xy') COS 2/' + X sen y' = 1
Resp. y = X arc tg - ')[ } ’ ^ + V 1 +C® - x®
X® - 1

II. Resolver as seguintes questões.

1. Achar as curvas para as quais o comprimento do arco compreendido entre


o eixo dos X e um ponto genérico é proporcional à raiz quadrada da ordenada
do mesmo ponto.

Resp. X = a arc sen \ í í + V í/(o - y) + c


116 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

2. Achar as curvas para as quais a área a partir de uma ordenada dada é igual
à razão entre o cubo da ordenada e a abscissa. (ordenada inicial x = a;
c=
Besp. (2y®- »*)* + *= 0
3. Achar as trajetórias isogonais que cortam a família de hipérboles xy — a
Bob um ângulo de 45®.
Besp. X* - 2xy -y* — C
4. Achar as trajetórias ortogonais da família de hipérboles r* sen 20 = o.
Besp. r*cos20 = c
5. Achar as curvas tais que a tangente em um ponto genérico P(x, y), deter­
mine sôbre o eixo dos y um segmento igual à raiz quadrada da soma dos
quadrados das coordenadas do ponto de contato.
Besp, X* e= C* - 2Cy
6 . Dada a família de curvas x^y\y^ - x®) = o, achar a família de curvas isogo­
nais, de modo que as bissetrizes dos ângulos formados pelas tangentes nos
pontos de encontro, sejam paralelas aos eixos de coordenadas.
Besp. X® + 2/®- Cxy = 0
7. Uma lebre se dirige ao longo de um caminho retÚíneo Oy com uma velocidade
constante v; ao passar por 0, um cão postado em A, sôbre a perpendicular
a Oy em 0 (eixo Ox), à distância OA = a, sai em seu encalço orientando o seu
movimento na direção da lebre. Supondo que a velocidade do cão seja cons­
tante e igual ao dòbro da velocidade da lebre, achar a equação de sua traje­
tória {curva do cão).

Vn z ^I 2—
o

8. A superfície côncava de uma lente côncavo-convexa é esférica. Determinar


a equação da superfície convexa de modo que todo raio incidente paralelo
ao eixo da lente seja refratado normalmente à superfície côncava, isto é,
passe pelo centro de curvatura da superfície côncava da lente.

\se n ^ Z j
Besp. 16(x® + y*) = 9(x - o)®
9. Um refletor deve ter a forma de uma superfície de revolução gerada por uma
curva plana y = /(x), girando em tôimo do eixo dos x. Determinar, a forma
da curva geratriz a fim de que os raios emitidos por uma fonte luminosa em
0, sejam refletidos pela superfície paralelamente ao eixo dos x (ângulo de
incidência igual ao ângulo de reflexão).
Besp. y^ — 2ax -f a®
10. Achar as curvas planas para as quais a área limitada por dois raios e o arco
subtendido, é proporcional ao comprimento do arco.
Besp. ç = 2a sec (0 + C)
11. Um recipiente cilíndrico de eixo vertical, de 1 dm* de seção e 25 cm de altura
está inicialmente cheio de água. A água escoa através de um orifício de
1 cm® de seção praticado no fundo, com uma velocidade v = ■^2gh, onde
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 117

h é & altura do nível livre da água acima do orifício. Sabendo que a vazão
é dada pela fórmula 0,62t;.s, onde s é a seção do orifício e v a velocidade de escoa­
mento, achar o tempo necessário para esvaziar o recipiente.
Resp. 36,4
12. Um reservatório tem a forma de um parabolóide de revolução cuja seção
meridiána é dada no plano xOy pela parábola x® = 4y, onde y é o eixo vertical.
Se a altura inicial do nível dágua é de 90 cm e a águs, escoa através de um
orifício de seção $ = 2 cm^ praticado no fundo do recipiente, achar o tempo
necessário para esvaziá-lo (vazão = 0,6s»; = 0,6s-^2gh).
Resp. 2 min 15 seg apr.
13. Achar a equação da catenária (forma que toma uma corrente suspensa pelas
extremidades, sujeita únicamente ao próprio pêso) (fig. 5.2).
Resp. 2/ = ~ -f €“*'•) ou y = a COS h —
2 a

14. Numa reação química uma substância se transforma em outra com velocidade
proporcional à quantidade ainda não transformada. Se 1/4 da quantidade
inici^ foi transformada ao cabo de 3 minutos, e 35 9 foram traiisformadas
no fim de 6 minutos, achar a quantidade inicial da substância.
Resp. 80 ç
15. Um recipiente cilíndrico de eixo vertical contém um líquido e gira com uma
velocidade angular constante o. Achar a equação da curva meridiana da
superfície livre do líquido em movimento.
Resp. y = + C
2g
16. Um barqueiro se dirige transversalmente de uma margem para outra de
um rio de largura 5, com uma velocidade constante a. Supondo que a velo­
cidade da correnteza varia na razão direte do produto das distâncias do barco
às duas margens, achar a equação de sua trajetória. A que distância do
ponto visado atraca o barqueiro?
Resp. 6ax “ C(36y*-2y*); d * C5*/6a
118 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

17. Um condutor de vapor de 20 cm de diâmetro está revestido por uma camada


de 5 cm de espessura de magnésia (fc = 0,00018) e esta, por sua vez, é reco­
berta por uma camada dé cimento {k = 0,0020), também de 5 cm de espes­
sura. Supondo que a temperatura no interior do condutor é de 160°C e a
temperatura do ambiente é de- 30°C, achar a perda de calor por dia e por
metrô de condutor.
Resp. 2 945 000 cal.
18. A quantidade elementar de calor dQ cedida por radiação por um corpo negro
no vácuo, é

dQ = - ^{T) dv + v^'{T) dT
3
onde a função incógnita tJ*(T) denota o calor radiante. Admitindo que a
dQ deve ser uma diferencial exata, achar a forma
diferencial da entropia
T
da função ^{T).
Resp. tí»(r) = CT* (lei de Stefan)
19. A uma bobina de resistência r = 20Q e indutância L = 0,5 henries está
aplicada uma f.e.m. constante E — 100 volts. Achar: a) a intensidade da
corrente t,0,05s depois de fechar e depois de abrir o circuito; 6) depois de
quanto tempo é i = 1/2, onde 7 é a corrente no instante em que é aberto o
circuito ?
Resp. a) 4,33 amp e 0,67 amp; h) t = 0,017s
20 . Um recipiente encerra 200 litros de salmora à razão de 10-^ de sal por litro;
a solução escoa à razão de 1 litro por segundo, sendo substituída na mesma
razão por água pura. Supondo que a solução se mantém uniforme durante
a operação, determinar a quantidade de sal por litro ao cabo de t segundos.
Achar ainda o tempo necessário para que a solução se reduza & Ig por litro.
Resp. Q = 10e“‘'*®®; 7 min 40,5 seg.
21. Num dia de nevada forte, suposta uniforme, um removedor de neve, entra a
funcionar ao meio-dia; durante a primeira hora de trabalho, percorre 2 km
e durante a segunda hora apenas 1 km. Supondo que a velocidade da má­
quina é inversamente proporcional à quantidade de neve acumulada, per­
gunta-se a que horas começou a nevar. (Agnew)
11 horcís e 37 min.
22. Um corpo cai do repouso em um líquido cuja densidade é 1/n da densidade
do corpo e sofre uma resistência proporcional à velocidade. Se a velocidade
ao cabo de 1 seg. é de 7 m/s e aó cabo de 4 seg. vale a metade, da velocidade
limite, achar a velocidade limite e ò valor de n.
Resp. vel. limite 44 m/s opr.; n = 4,5 apr.
CAPÍTULO 6

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE
2“ ORDEM

6.1. Interpretação geom étrica.

Uma equação diferencial ordinária de 2.* ordem e3q)rime uma


relação entre uma variável independente x, uma função incógnita
y = y(x) e as derivadas de 1.» e 2.* ordem desta em relação àquela.
A sua forma geral é
(1) g y, y', y") = o
Se a equação de 2.® ordem se apresenta resolvida em diremos que
ela se apresentá na forma normal e escrevemos
( 2) y'’ = y, y')
Restringiremos o nosso estudo às equações que se podem exprimir
na forma normal.

A equação de 2.» ordem associa a cada ponto {x, y) de uma certa


região do plano, não sòmente uma direção y' como sucede com a
equação de 1.* ordem, mas ainda uma curvatura ou um raio de curvatura

r = (1 + n
y
A solução da equação de 2.» ordem vem a depender, assim, de duas
condições iniciais. Dado um ponto (xo, yò)
e uma direção determinada
yo' associada a êsse ponto, a equação (2) nos dá o valor correspon­
dente de 2/" e conseqüentemenffe uma curvatura determinada associada
ao ponto e à direção dados.

Êste fato íjos sugere uma construção geométrica da solução de


uma equação de 2,* ordem, análoga a que já vimos com relação à
equação de 1.* ordem (2.1).
120 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

A partir de um ponto dado (xq, t/o) e numa direção dada yo' nos
deslocamos a um ponto vizinho (xi, sôbre o círculo de curvatura
Ca (na direção yd)\ tomando neste ponto (aji .3/1), uma direção yx \
passamos a um ponto \izinho (xa, y^) sôbre o círculo de curvatura
Cl (na direção yi'), e assim por diante.

6.2. Existência e unicidade da solução.


Também para as equações de 2.* ordem se pode estabelecer a
existência e imicidade de uma solução quando verificadas certas con­
dições prefixadas. Contudo, não o faremos aqui. Basta observar,-
por hora, que a equação de 2* ordem se pode reduzir a um sistema
equivalente de 1.® ordena, mediante a introdução de uma variável
auxiliar z, fazendo j / = z; donde resulta y" = z' e portanto.
2' = / («, y, 2). O sistema
y '= z e z^= j(x,y,z)
resulta assim equivalente à equação
y" = y> 2/0-
Em linhas gerais a demonstração do teorema da existência para
sistemas de 1.®ordem, não difere essencialmente do teorema já demons­
trado para uma equação única. Daremos a sua demonstração no
capítulo 11.
No estudo dos diversos métodos de solução das equações de 2.®
ordem que passamos a expor, suporemos sempre que a solução exista.

6.3. Solução de alguns tipos especiais.

1.® tipo: y" = f(x).


A solução se obtém imediatamente mediante duas quadraturas
sucessivas. Com efeito, podemos escrever:
dy'
y" = dx = j (x) ou dy' = f (x)dx;

donde

y' = fj {x) dx -f- C,


Pôsto y' ^ desdobrando, vem :
dy = |”j / (x) dx + Cijda;
EQUAÇÕES DIFERENOAIS 121

e integrando novamente:

. =/[/yw dxjáa: + Cix + Cz


Exemplo. Flexão de uma viga. á) Mornento fletor e cortante.
Seja uma viga engastada AB (fig. 6.1), fixa em A e livre em B,
sujeita a uma carga Q, aplicada em B. Se concebemos a viga como

•B

constituída de fibras longitudinais, constatamos que certas fibras se


distendem, outras se contraem, e outras ainda se conservam inalteradas.
Estas últimas se distribuem sôbre uma superfície longitudinal MN
que se diz seção neutra. Se traçamos uma seção transversal por um
ponto qualquer C da viga, podemos dizer que a parte AC da viga exerce
sôbre a parte restante BC uma ação que impede a sua separação. As
fôrças internas aplicadas à seção em C, conjuntamente com a lôrça
externa Q mantém a parte CB em equilíbrio. A fôrça Q aplicada em
B é equilibrada, por uma fôrça -Q.aplicada em C. Estas duas fôrças
constituem um binário de momento Q X CB que se diz o momento jletor
em C e que dá origem a um esfôrço cortante ou de cisalhamento que
tende a produzir a ruptura da viga. O binário assim formado é neutra-
lisKtdo por outro, igual e de sentido contrário oriundo de fôrças internas.
Com efeito, as fibras acima da seção neutra estão sujeitas a tensões
crescentes Ti, Ta, . . . , e as fibras abaixo da seção neutra estão sujeitas
a compressões crescentes Pi, Pa, .. .j (jig. 6.2). As resultantes T e P
destas fôrças internas formam um binário ou momerUo de resistência
que equilibra o momento fletor Q X CB
h) Cálculo do momefUo fletor. Seja ABCD uma seção da viga
flexionada. A seção neutra N N ^ s subtende um ângulo 6 no seu centro
de curvatura 0, (jig. 6.3). Se ON = R é o raio de curvatura, temos:
(1) s “ P6
122 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Consideremos uma fibra PQ à distância N P = z da seção neutra,


sujeita a uma fôrça T . dS onde T é a, fôrça por unidade de área de
seção da fibra e d S éa. área desta fibra. Sob a ação desta fôrça, a libra
sofre uma distensão HQ = ds. Conforme a lei de Hooke, a ÍFôrça T
por unidade de área é proporcional a distensão longitudinal (distensão
por unidade de comprimento :)

(2) T =E —
s
onde E é o módulo de elasticidade de Young {kgfcm?). Doutra parte
se traçamos N M paralela a OA, o -<íÇ.MNB = 6, e, no triângulo HNQ,
o arco ds é igual ao raio iVQ = z multiplicado pelo ângulo 6:
(3) ds = z6
Eliminando 6 entre (1) e (3), temos:
ds s ds z
T ” "B s ~ R
Donde, substituindo êste valor de dsjs em (2) :

= ® B
O momento da fôrça TdS em relação a. N é

tC
dM = zTdS = z . E . ^ d S ^
K
~zH S

Integrando, resulta:

(4) M
i - M -
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 123

onde 7 é o momento de inércia da área da seção transversal em relação


a um eixo por N normal ao plano da figura. Se referimos a flexão
a um sistema de coordenadas cartesianas, com o eixo dos x horizontal
e tangente em 0 à viga e o eixo dos y voltado para baixo (Jig. 6.4)
p raio de curvatura em um ponto genérico A terá por expressão

R =
(1 +
ff
y
Como normalmente o ângulo a é muito pequeno, também tg a = y'
será pequeno, e o têrmo y'^ pode ser descartado da fórmula do raio de
curvatura. Tomando R = Ify" e substituindo em (4), tem os:
(5) M = E ly ”
que é uma equação diferencial de 2.* ordem. Se retomamos a viga
engastada da íig. 6.1 cujo comprimento seja AB = L e chamamos
X a distância da seção considerada à extremidade fjxa (AC *= x),
o momento fletor relativo será:
M = Q X C B ^ Q( L - x )
Substituindo em (5), tem os:

Q (L - x ) = Ely" ou y" = (L-x)

que é uma equação diferencial de 2A ordem do tipo I . A primeira


integração d á :
(visto que i
^ -f )+ ^ Oparax^O)

Integrando uma segunda vez, resulta:


_ Q /'LáJ» \
^ E I\2 ~ Q
124 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Para a; = 0, é y = 0 e, portanto, C2 = 0; donde,

y Q X®
6" )
que é a equação da viga flexionada.

I I tipo. y"

Recorremos a um artifício, multiplicando os dois membros por


2y', o que d á :

2y'y" ^ f{ y ) y ' ou 2y' ^

Mas, o 1.® membro assim escrito é simplesmente a derivada de y'^,


visto que

i (j/*) = 2j/' ■

donde,

ou multiplicando tudo por dx :


d(y'^) =^{y)dy
e integrando:

»'• = 2 / / W d j z + C i

Daqui, extraindo a raiz quadrada (positiva) e separando as variáveis


dy dy
dx = ou + C2

fs- Ky)dy -\-Ci


fs^ Ky)dy +Ci

dy dy
dx = OU X + C2
^ 2 //( ! ,) dy H- Cl K y)d y 4- Cl

Exemplo. Pêndulo simples. Seja uma esfera de massa m suspensa


por um fio de massa desprezível e de comprimento invariável L (Jig. 6.5).
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 125

V ig . 6 . 5
Desviado o pêndulo de sua posição natural de equilíbrio de um ângulo
6, a fôrça pêso P = dá origem a uma componente tangencial
(1) j = mg sen 6 ou ma = mg sen 0
onde o é a aceleração que a fôrça / imprime ao pêndulo. Se s = AM
é o arco da elongação, tem os:

a = -
dt^
onde o sinal menos está a indicar que a aceleração é dirigida no sentido
da elongação decrescente.
Substituindo em (1) e simplificando por m, vem :

(2)

Se o ângulo 6 é suficientemente pequeno ( ^ 5®)


sen 6 íía 6
e podemos escrever mais simplesmente
d^s
(2 a)
dt^ = -g 0
Doutra parte, lembrando que s = L0 (arco = raio X ângulo), temos :
dh ^ d2 0
= Li

substituindo em (2a), vem :


d^0
(26) L -rhr- = ~g^ ou
dP
126 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

que é uma equação de 2.* ordem do tipo I I . Multiplicando ambos os


membros por

^ dt
temos:
_ gr - d6
dt dt^
OU

1 / i i Y » ^= _- o2 X
4 - 60
d t\d t J L di
multiplicando por dt e integrando, resulta:

® (ir ) ■"f
Onde Cl se determina de acôrdo com as condições iniciais. Quando
o pêndulo atinge o seu desvio máximo 6 = 0o, a velocidade angular
dO .

donde.

0 = — 00^ “1~ Cl ou Cl = -^r~ 00* (00 = cont.)


JU Lá
Levando êste valor de Ci a (3) e extraindo a raiz quadrada (positiva),
tem os:
Í7 02 + V V -0 *
dt -i-
ou, separando as variáveis:
d0

que se integra imediatamente:


0
(4) arc sen í + Cs
0c = l/ í
A fim de determinar Cs dispomos de uma 2.* condição inicial
para í = 0 é 0 = 0o;
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 127

donde,

arc sen -7— = C2 ou are sen l = C2 ; donde, C2 =


%
Substituindo em (4), tem os:

arc sen
- í - l / í ‘+T -
e passando à função d ireta:

(5 ) A = 3 e n ( ^ j / í í + - í - ^ = c o s | / í í o u e= 9ocos | / ^ l

Se representamos por T o pcriodo(duração de uma oscilação completa),


a duração de uma oscilação simples será TJ2 e 0 valor correspondente
de 6 será 6 = - 60; donde, substituindo em (5);

- 6 0 = 60 COS = X

Daqui tiramos, enfim, a expressão de T :

- . | / i

I I I tipo. y" = /(yO-


Escrevendo
dy'
y.// = dx

ày'
tem os:
dx = Hy')
pu, separando as variáveis
dy'
dx =
H l/)
dy'
e integrando
=
X
fW /
+ Cl
que se reduz a uma equação de !.• ordem e se integra por um dos pro­
cessos conhecidos.
128 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Exemplo. Movimento em um meio resistente. Quando um corpo se


move em um meio resistente, em geral a resistência oferecida é uma
função da velocidade do corpo. Assim, um pingo de chuva ou um
paraquedista ao cair no seio da atmosfera, está sujeito inicialmente
a um movinaento acelerado ; com o crescer de sua velocidade, porém,
aumenta a resistência do ar que acaba por equilibrar a fôrça da gravi­
dade. Daí por diante o movimento será uniforme e a velocidade cons­
tante adquirida se diz velocidade limite do corpo no meio resistente.
Seja um corpo de massa m que, partindo do repouso, cai sob a
ação da gravidade e de uma resistência por parte do ar proporcional
ao quadrado da velocidade. Achar: d) a velocidade lim ite; h) a
equação da velocidade em função do tempo; c) a equação do espaço.

Solução: Seja P = mg a fôrça exercida pela gravidade sôbre o


corpo e R a resistência do a r ; a fôrça eficaz que rége o movimento
será
( 1) F = P - R ou F - m g ~ R
Se representamos por x o espaço genérico percorrido em um tempo
t a fôrça F assume, de acôrdo com a lei fundamental da dinâmica, a
form a:
d^x
(2) F=m ou F = mx
~dP
representando por x (leia-se x dois pontos) a 2.* derivada de x em
relação ao tempo t, que exprune como sabemos, a aceleração do corpo.
Supondo, enfim, que a resistência do ar seja proporcional ao qua­
drado da velocidade, podemos escrever:
(3) R — kmv^ ou R = kmx^
onde k é uma constante que depende da densidade do meio e da seção
máxima do corpo, normal a direção de movimento, e i é a derivada
de X em relação a t (velocidade). Substituindo êstes valôres de F e
R em (1) e simplificando por m, obtemos a equação do movimento
•• •
(4) X = g - kx^
que é uma equação diferencial de 2.* ordem do I I I tip o .

a) Velocidade limite. A velocidade limite será atingida quando


a aceleração fôr nula, isto é,
•• •
(em (4)) X = 0 ou g - kx^ = 0
Resolvendo esta equação em x, tem os:
X = v5/fc
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 129

que é a expressão da velocidade lim ite; para maior simplicidade,


vamos representá-la por w :
(5) w=
h) Equação da velocidade, Na equação (4) podemos p o r:
dx
X =
dt
donde resulta a equação de 1.* ordem em x :
dx
(4o) = g - kx^
dt
Separando as variáveis, temos :
dx
— = dt
g - kx^
Para integrar esta equação, multiplicamos primeiramente ambos os
membros por k :
kdx
• ”■kdt
g - kx^
Dividimos, a seguir, os dois têrmos da fração do l.° membro por k :
dx dx
• — kdt ou ~ = kdt (em virtude de (6))
gjk - x^ to* —
Daqui, a integral:
dx
aj^ /»
/
w X
------= k [dt -1- Cl ou In • — kt ~\~ Cl
yyi
1/J2 _—x'i
7*2 J 2w ^ —X
A fim de determinar Ci, dispomos da condição inicial, para t = 0,
X = 0 { o corpo parte do repouso); donde.

to — = 0 + Cl ou Cl = 0 (visto que In 1 = 0)
2w w
Donde
1 w + X w + X
(6a) lifh • "kt ou In ------ r = 2kwt
2w w - X w - X
Passando à forma exponencial, teremos:
w X
— ^2kwt
w - X
130 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

m
equação que resolvida em x, d á :
gíkwt _ 1
X= w >2kwt
+ 1
Multiplicando o numerador e o denominador do 2.® membro por
e"'*’'*, resulta,

V — X = V) -Tzr-; rrr* = wigh kwt


gkw* -j-—e~kwt

que é a equação da velocidade.


c) Èqtiação do espojo. De (7) tiram os:
dx sen h kwt , sen h kwt
— = w ---------- ou dx = w -----——— dt
dt COS h kwt COS h kwt

Ajustando as constantes e integrando, vem :


k w . sen h kwt dt , ^ 1, . , . , ^
---- 7-%—:------ \- C2 ou X = — In COS h kwt + C2
^ kJ COS h kwt k
De acôrdo com as condições iniciais, para < = 0 e a ; = 0, e como
COS hO = 1 e In l = 0, resulta C2 = 0. Donde a equação:

(8) X= - 7- In COS h kwt


k

I V tipo. p" y') (1).


Escrevemos
dy' ^ d ^ d^
y" = (função de função)
dx dy dx
tomando y como variável intermediária entre a função y' e a variável
independente x ; e como dyjdx = y', podemos escrever:
r, / ^y'
y = y dy
que substituído na equação dada, a reduz a uma equação de 1.®
ordem em y ' :

que se procura integrar por um dos métodos conhecidos.


EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 131

Exemplo. Achar a equação da curva que passa pelo ponto (3, 2) e


cuja tangente neste ponto tem a inclinação de 45®, sabendo que o
raio de curvatura em um ponto genérico {x, y) é o duplo da noimal
no mesmo ponto.
Solução. O raio de curvatura é dado pela fórmula
(1 +
r = n
y
Quanto ao comprimento da normal, pode ser achado no triângulo
retângulo P M N (Jig. 6.6), onde F M = y é a. ordenada do ponto gené­
rico P (x, y) e P N é a normal à curva no mesmo ponto. Se a é a incli­
nação da tangente em P, também o ângulo M P N = a e podemos
escrever (no triângulo P M N ):
MN
tg a = ou M N = 2/. tg a = 2/'i/ {visto que y' = tgcC)
y

Doutra parte o teorema de Pitágoras nos d á :


PN = ^ P M ^ + MN^ = = y^A T V ^
que exprime o comprimento da normal. De acôrdo com o enunciado,
temos a equação:

( 1)
(1 + = 2 y V l + y'^
//
y
que é uma equação diferencial de 2.“ ordem do tipo I V ; ou, simpli­
ficando por (1 -f- :
1 + y'^
ff = 2y
y
132 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Multiplicando por y" e fazendo

dy
vem :

que é uma equação diferencial de 1.* ordem a variáveis separáveis.

Resulta sem dificuldade:


2y'dy' ^
1 + 2/'* y
e integrando:

f “ ^'^y+
Donde se tira:
1 + 2/'* = Ciy
Segundo os dados iniciais, para y = 2, é y' = fg 45° = 1; donde:
Cl = 1 e 1 + y'^ = y
Resolvendo esta equação em y' (excluindo a raiz negativa) :
y' — \ / y ~ 1 ou {y - = dx
e integrando
2(2/-1)»/^ = x+ C2
Segundo as condições iniciais, para x = Z é y = 2; donde:
C2 = - 1 e 2 \/y - í = x - 1
Racionalizando, vem :
4 (y - 1) = (x - 1)^ ou 4í/ = - 2x + 5
que representa uma parábola.

EXERCÍCIOS

I. Integrar as seguintes equações:


•• •
1. x - 4 x = 0 R esp. X = Cl + C2C^‘
EQÜAÇOES O IFEREN O A IS 133

•• - -

2. r = - ÍL (^=0 para r= Resp. r» = (< + O*


r*
3. 1/"» = 1 + !/'* Resp. y = 'C i-ln cos {x + Ci)
4. i/" = a(y'* + Resp. a^b* (x - Ci)* + a*6 * (y - Cj)’ = 1
6. »/'-2i/y' = 0 Resp. y = Cl tg (Cix + C2
)
6. 2í/í/" = y '* -l Resp. áCiy = (Cix + C j)*-4

7. 1/ (1 - íny)y" + (1 + íny)í/'* = 0 Resp. Iny =


x-C i
x-C i
8. (1 + x^)y" + 1 + j,'* = 0 Resp. y — Cí~ C\x -|- (1 “f* Ci ®)Zti(íc + Ci)

9. y'Y '*-^ y'y" + ^ = 0 iíesp.j { y -B Y - —{2x-\-AY


{■ ] [ iy-BY -

-_ (4 x + 4 ).
] -
1 0 . yy” - y'^ = yHn y Resp. Iny = A senh(x - B)

II. Resolver as seguintes questões.

1 . Achar as curvas para as quais o raio de curvatura é proporcional ao cubo


da razão entre o comprimento da tangente e a ordenada.
Resp. (y - CiY = ~ 2«(íc- Ci)
2 . Achar as curvas para as quais o arco medido a partir de certo ponto é igual
ao duplo do comprimento da tangente.
{arco = 2 tangente.) s = 2 x ^ \/l-\-y '2
y'
Resp. X = V y(Ci - y) + — arc cos ~ + Ci
2 Cl
X
3. üm corpo em movimento está sujeito a uma fôrça resistente / =
x+ 1
Para í = 0 é x = 0 e t; = vo; achar a equação do «espaço.
Resp. X = {2vot + ! ) * - ! '
4. Um tubo cilíndrico, condutor de vaporj tem um raio interno n = 5 cm e
o raio externo rz = 10 cm. A temperatura interna é de 100°C e a externa é
de 80°C. Sabendo que o calor atravessa a parede em regime estacionário
(independente do tempo), mostrar que a temperatura T satisfaz a equação
diferencial
, dT f.
dr^dr
Achar a expressão da temperatura em função de r; qual é a temperatura
a r = 7,5 cm do eixo do tubo ?
Resp. T = + Tdn{rilr) . gg 3 ,^
ln{ri/rz)
134 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

5. Mesma questão para uma esfera oca, sendo os dados os mesmos da questão
anterior. Mostrar que nesse caso T verifica a equação diferencial.
^ , o dT = 0

Resp. T - , gg
r2-ri r(rí-ri)
6 . Sob a ação de uma carga de massa m = 100 g, uma mola elástica sofre uma
distenção de 1 cm. Imprimindo à maissã m um pequeno deslocamento longi­
tudinal e abandonando-a, esta se põe a oscilar. Achar o período do movi­
mento oscilatório resultante.
Resp. r = ~ 8 àpr.
5
7. Um cilindro de madeira de massa m = 1000 g e base S — 1 0 0 cm^ flutua
com o eixo em posição vertical. Achar o período de oscilação quando deslo­
cado um pouco de sua posição de equilíbrio e abandonado.
Resp. T = 0,628 s
8 . Estabelecer a equação diferencial do movimento e o período de um líquido
que oscila em um tubo em forma de U (fig. 6.7).

Resp. T = 2%
^/i'
(L — comprimento da coluna líquida)

9. Pêndulo físico. Achar o p>eríodo de oscilação de um pêndulo físico de massa


m, sendo h = OG a distância do centro de gravidade ao eixo de suspensão
(fig. 6 .8 ).

Resp. T *= 2% (onde 7 é o momento de inércia em relação ao


mgh
centro de suspensão).
EQUAÇÕES DIFERENOAIS 135

1 0 . Oscilação de um barco. Seja {fig. 6.9), G o centro de gravidade do barco,


M o metacentro (ponto de encontro do plano de simetria do barco com a
linha de' ação do empuxo), e = GM, a distância entre o centro de gravidade
e o metacentro (Af acima de G). Achar o período de oscilação do barco.

Resj>. T = 2% l/IT
f mgh

11. Um pingo de chuva sofre, por parte do ar, uma resistência proporcional à
sua velocidade. De uma janela, a 14 m acima do solo, observa-se que trans­
correm 2s entre a passagem do pingo e o seu impacto no chão. Admitindo
que o pingo de chuva tenha atingido o regime estacionário, pode-se considerar
a velocidade final sensivelmente igúal à velocidade limite. .Se o tempo de
queda é de < = 30s, achar a altura da nuvem de que se desprendeu o pingo.
Resp. 205 m

12. Um barco a vela de massa m = 300 kg parte do repouso e é impelido por


um vento cuja velocidade é de 45 km/h. Admite-se que a fôrça propulsora
do vento seja proporconal ao excesso da própria velocidade sôbre a velocidade
do barco e que para w = 0, a fôrça seja igual a 30 kg*. Supondo que o coefi­
ciente de atrito entre o barco e a água seja igual a 1/50, achar a velocidade
limite e o espaço percorrido em 1 hora.
Resp. w = 36 km/h; x = 35,998 — 36 km
13. Um eléctron de massa m e de carga e é projetado com velocidade constante
V em direção normal a um campo eletrostático E, uniforme, determinado por
um condensador plano de comprimento L. Tomando um sistema de coorde­
nadas cartesianas com o eixo dos x na direção de v, a origem 0 no ponto em
que a partícula penetra no condensador e o eixo dos y na direção do campo,
achar a trajetória do eléctron quando projetado sôbre um anteparo AB à
distância x =» o. (fig. 6 .1 0 ).

Resp. y = (no condensador)


2mv^
EeL^ . EeL , ,, .
y - -X — r + ------ r - A»! ( /o r o )
2mv^ mv‘
136 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

14. No exercício anterior suponha-se que E seja alternado ou senoidal, a saber,


E = A sen o)<, e que um 2 ° campo, também senoidal, Ei = B cos (i)< normal
ao primeiro, seja atravessado pela partícula m. Se a partícula dá origem a
um ponto luminoso ao incidir sôbre o anteparo, mostrar que sob a ação con­
junta dos dois campos, os pontos luminosos sôbre o anteparo formam uma
elipse


p2 -H —
q2 = 1 onde p = CiA, q ■= CJS
e o eixo dos z é normal ao plano xOy (direção do campo Ei).
0
15. Uma corrente*de 10 m de comprimento tem uma massa total de 20 kg e está
apoiada pelo meio em uma polia de raio e atrito desprezíveis, de modo.que
inicialmente, os ramos de cada lado são iguais a 5 m cada um. A uma das
extremidades suspendè-se uma massa de 3 kg que põe em movimento o con­
junto. Achar a velocidade da corrente no instante em que a outra extremidade
atinge a polia. {^ig. 6.11).
Besp. 5,84^mls

mg. 6.12

16. Se a corrente do exercício anteiior está apoiada sôbre uma mesa perfeita-
mente lisa, com uma parte de Im pendida verticalmente por sôbre a borda
da mesa, e se põe em movimento, achar a velocidade em fimção do compri­
mento (variável) da parte vertical da corrente. Supondo que a corrente não
encontra obstáculo, achar a velocidade final e o temno necessário para que
a extremidade apoiada atinja a borda da mesa (fig. 6.12).

Resp. V = j/^ ( x * - l) ; vel. final = 9,85 m/s.; t = Z$


EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 137

l7. Uma viga engastada de comprimento L, fixa em uma extremidade e livre


na outra, suporta uma carga uniforme de q kgicm. Achar a deflexão máxima.

Resp. y =
SEI
18. Achar a deflexão da extremidade livre de uma viga de comprimento L engas­
tada numa extremidade, sabendo que a viga suporta uma carga uniforme
de q kgicm e mais uma carga Q na extremidade livre.

Resp. y = QL» + qL*


ZEI "SÊT
19. Uma viga de comprimento L apoiada nas extremidades, suporta uma carga
de q kgicm e uma carga Q kç concentrada no porito médio. Achar a deflexão
máxima da viga.

Resp. y = — CQ -f ^
24A/ V 16 y
20. Uma viga de comprimento L é engastada nas duas extremidades e suporta
uma carga uniforme de q kgicm. Achar a deflexão máxima.
qL*
Resp. y
384EI

6.4. Equações lineares de 2y ordem .

A equação diferencial de 2.® ordem é linear quando são do 1.*^


grau a função incógnita y bem como as suas derivadas de 1.* e 2.“
ordem y' e y". A sua forma geral é
(1) y" + P iy ' +P^y=Q
onde Pi = Pi(x), Pa = Pi{x) e Q = Q(x) são funções de x ünica-
mente. Se o 2.® membro Q ^ 0 a equação se diz completa ou não ho­
mogênea ; quando Q = 0, a equação se reduz a
(2) y" + Piy' + Pay ^ 0
e se diz incompleta ou linear homogênea.
Como veremos, a solução da equação completa (1) se pode fazer
depender da solução da equação incompleta que sç obtém fazendo
inicialmente Q = 0. A equação incompleta assim associada a uma
equação completa dada, se diz a sua equação auxiliar. Assim, a equação
completa
y*' - 5y' + 6y = 2e*sen Zx
tem como equação auxiliar a equação incompleta
- 5y' + 6y = 0

A vista dessa dependência, vamos estabelecer algumas propriedades


fundamentais da equação incompleta.
138 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

6.5. Eiquação incom pleta. Propriedades.

1.*) Se yi é uma solução particular da equação incompleta (2),


também Cyx, com C constante arbitrária, é uma solução da mesma equação.

Com efeito, por hipótese, y\ conjuntamente com as sua? derivadas


y\ O'2/i" satisfazem idênticamente a equação (2), de modo que
(2a) yi* + Piyx' + P%yx = 0
Doutra parte, se fazemos y = Cy\ e derivamos, duas vêzes, tem os:
y' = Cyi e y" = Cyi"
Substituindo estas expressões de y, y' e y" em (2), vem:
Cyx" + PxCyx' + P^Cyx = 0
ou, pondo em evidência o fator comum C :
(26) C(yx" + Pxyi' + P^yd = 0
Mas, o trinômio entre parênteses é idênticamente nulo, em virtude de
(2a) e portanto, Cyi, é uma solução de (2).
Assim, ^ = e** é uma solução particular da equação
(a) y" - 5?/' + 6y = 0
como se pode verificar diretamente. Com efeito, se
yx — e®*, é yx = e yi” = ;
substituindo em (a), vem :
- 15e** + 6e** = 0 ou 0= 0
É fácil verificar que, nestas circunstânci£tô, também y — Ce’* é uma
solução. Com efeito, derivando duas vêzes e substituindo em (a),
tem os:
9Ce®*-15Cc’* + 6Ce’* = 0 ou 0= 0
2.“) Se yx e yt são duas soluções particulares de (2), também
yreferida 2
= Cxyx 4* Ciyz, com Cx e C constantes arbitrárias^ é uma solução da
equação.
Com efeito, derivando duas vêzes a combinação linear
(3) 2/ = Cxyx + C22/2
tem os:
y' = Cxyx + Cxy2 e y" = Cxyx' + C22/2"
e substituindo em (2), resulta:
(3a) Cxyx" + Czyi" + PxiCxyx -h C^y/) + P^{Cxyx + C ^ ^ — 0
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 139

ou, efetuando as multiplicações por Pi e P 2:


Ciyx” + H" PiCiyi + PiC^yz “h PzCiyi + Pzp2y2 — 0
e reagrupando os têrmos, fatorando em (7i e C2:
(36) Cx{y\' + Pxyx + P^y-ò + C^iyz' + Pxy^' + Piy^ = 0
Mas, os polinômios entre parênteses são idênticamente nulos visto
que, por hipótese, yx e y^ são soluções da equação (2); portanto o
1.® membro de (36), ou de (3a), é também idênticamente nulo, e
(3) é uma solução da equação (2), como se tratava de provar.

Assim, no exemplo acima, se


yx = 2/2 = e**
são soluções particulares da equação
y" - W + 62/ = 0,
também
y = Cie** + C2e**
será uma solução. Com efeito, derivando duas vêzes esta combinação
linear (Ci e C2 const.), tem os:
y' = 2Cie** + 3C2e®* e y" = 4Cie** + 9C26»*;
e substituindo na equação dada resulta:
4Cie** + 9C2e«* - 5 (2Cie** + 3C26®*) + 6 (Cie** + C2e**) = 0
ou, efetuando as multiplicações :
4Cie** + 9Cae®* - lOCie** - 15C2e®* + 6Cie** + ôCae** = 0
e reduzindo os têrmos semelhantes: 0 = 0.
3.*) Soluções linearmente independentes. Sistema fundamental.
Do exposto acima, resulta, aparentemente, que basta conhecer duas
soluções particulares da equação (2) para que se tenha a solução geral
na forma
(3) y = Ci2/i + C2Í/2
uma vez que esta apresenta duas constantes arbitrárias. Na realidade,
as soluções yx e y^ devem satisfazer uma condição a mais, a saber,
devem ser linearmente independentes. Convém lembrar que duas
funções yx e se dizem linearmente independentes quando não existem
duas constantes particulares, kx e não ambas nulas, tais que
(4) kxyx + ^22/2 = 0
Se uma tal relação existe, as funções yx e yx se dizem lineàrmente
dependentes.
140 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Se existe uma relação da forma (4) entre duas soluções particulares


yi e ^2 da equação (2), a relação (3) não exprime a solução geral desta
equação. Com efeito, de (4) podemos tirar yz em função de y i :

2/2 h . 2/1
JC2
e introduzindo êste valor de yi em (3) :

Cyi
ki ^2/1 =
kiC2 - c )
( fazendo Ci -
k.
o que nos mostra que y (que devia ser a solução geral) não difere subs­
tancialmente de yi, pôsto que entre ambas, intercede ílnicamente um
fator constante de proporcionalidade.
Duas soluções particulares y\ e y^, que não sejam linearmente
dependentes, constituem o que se chama um sistema fundamental.
Conhecido um sistema fundamental yx e y&, obtém-se a solução geral
sob a forma
y = Ciyx-\- G%y2
com Cl e C2 constantes arbitrárias.
4.*) Soluções linearmente dependentes. Wronskiano. Uma con­
dição necessária e suficiente para que duas soluções particulares da
equação (2), yx e yi, sejam linearmente dependentes, e que seja idênti­
camente nulo o determinante formado com as funções yx, 2/2 e suas
derivadas de 1.* ordem yx e y^, a saber:
2/1 2/2
(5) TF = = 2/12/2' - 2/22/1' = 0
yx y%
Êste determinante se diz o wronskiano do sistema yx, 2/2-
a) A condição é necessária. Suponhamos que as soluções yx e
yt sejam linearmente dependentes, isto é, que entre elas interceda uma
relação da forma
Í4) kiyx + *22/2 = 0
kx e *2 uão ambas nulas. Derivando a relação (4), obtemos:
(4a) *i2/i' + *22/2' = 0
Tomadas em conjunto, as equações (4) e (4a) constituem um sistema
linear homogêneo nas duas inc<^itas *1 e ki. Para que um tal sistema
admita uma solução diversa da solução trivial (kx = *2 = 0), é neces­
sário que o determinante de seus coeficientes seja nulo, e êste é preci­
samente o wronskiano W.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 141

De resto, pode-se verificar êste fato diretamente.

Se no sistema (4), (4a), transpomos e ^22/2' ao 2.® membro,


temos :
kxyx = - kzVi
kxyx = - k^yt'
e dividindo membro a membro:

^ ^ M2'-2f'22/i'= 0

que é a condição que se tratava de estabelecer.

6) A condição é suficiente, Para prová-lo, vamos sup6-la veri­


ficada, isto é :
W - ym ' - 2/22/1 ' = 0

Daqui passando 2/22/1 ', ao 2.® membro, resulta:

2/12/2 ' = 2/22/1 ' ou = lL {dividindo por yiyi)


2/2 2/1

Integrando esta última equação vem :

ri(L = ri(L. -\-lnC ou Inyi = Inyx-h C.


J Vi J Ux

Passando aos anti-logaritmos, temos


y% = Cyx ou ^22/2 + kxyx = 0
hL
( fazendo. C — -
ki
e simplificando)

isto é, 2/2 depende lineaimente de yx, como se tratava de provar.

Do exposto resulta que, dadas duas soluções particulares yx e 2/2


da equação (2), é condição necessária para que estas constituam um sis­
tema fundamental, que seja difererUe de zero 0 seu wronskiano, a saber:
W = yiyi'-yiyx ¥> 0
142 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

6.6. Determinação de soluções independentes de um a solução


dada yi.

Conhecida uma solução particular yi da equação (2), podemos


determinar uma segunda solução independente daquela mediante uma
quadratura. Tomando por base o exposto, suponhamos inicialmente
que sejam dadas duas soluções independentes yi e y 2 de (2), de modo
que seja por hipótese (ambas verificam a equação (2))'
yi" + Piyi + Piyi = 0 e y^" + Piy 2" + P 22/2 = 0

Multiplicando a 1.®por - ?/2 e a 2.“ por yi, e somando vem :


- y m ” - P m yi - P^y^i = 0
2/12/2" + P jym ' + P iym = 0
y m ” - 2/22/1" + P i{ym ' - ^22/1') = 0 {pondo Pi em evid.)

Ora, o 1.® binômio desta soma.


2/12/2"- 2/22/1"
é simplesmente a derivada do 2.®,
2/12/2'- 2/22/1';
com efeito, derivando êste último, temos (derivada da diferença de
dois produtos) :

^ (2/12/2'- 2/22/1') = 2/12/2" + y M - yiVí - 2/22/1" = 2/12/2"- ^22/1"


Donde resulta que podemos escrever a soma obtida na forma :
d
(7 ) ^ iym ' - y^yi) + Pi (2/12/2'- 2/22/1') = 0
que é uma equação linear de 1.* ordem na expressão
2/12/2'-2/22/1';
representando esta última por u, podemos escrever (7) de modo mais
simples:

equação linear incompleta de 1.* ordem (3.4) cuja integral é :


(8) u= ou ym-y^yi• = Ce- M**»
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 143

Se agora supomos uma função desconhecida e a representamos sim>


plesmente por y e sua derivada por y', temos:

(8o) 2/ 1/ - yi'y= Ce~


Como yi e yi são, por hipótese, funções conhecidas de x, segue-se que
esta equação é uma equação linear completa de !.• ordem em y e pode
ser integrada de acôrdo com o exposto em 3.4. A título de exemplo
vamos retomar a equação
y" -5 y ' + Qy = 0
e, supondo conhecida uma solução particular
yi = e^,
achar uma segunda solução independente desta.

Derivando esta função, achamos


2/1 ' = 2e2*;
doutra parte, como Pi = - 5 temos:
g-IPldx = gfSdx — gSx
Substituindo em (8a) a função pi e a exponencial, resulta:
e^^y'-2é^y = ou y ' - 2 y =Ce ^^ {simplificando por
Esta equação admite um fator integrante (3.4) ;
g/Pá» = g-/2*f = g-2x
Donde
g-2xy/ - 2e~^^y = Ce* ou d {e~^y) = Ce^dx
e, integrando:
gr-2xy = Ce* ou y = Ce®*
Para C = 1, obtemos a solução particular y = e®*, cuja existência já
havíamos constatado.

6.7. Equação linear a coeficientes constantes.

Examinemos, primeiramente, um caso particular que se integra


de acôrdo com o tipo II (6.3). Seja
y " = k^y {k = const.)
144 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Multiplicando ambos os membros por 2y', vem ;

2^'y" = 2k^yy' ou ^

Donde,
d{y'^ = 2kydy
e integrando:
yn = k^y2 + Cl
Para maior comodidade, façamos Ci = k^a^, o que dá :
y'^ = k^y^ + ou y' — k\/y^ +
Separando as variáveis, temos:
dy
= kdx,
+
integrando:
7J I (X^
In ----------------- = kx + 6 {b—cont. arhitr.)

OU, em form a ex p o n en cia l :


(1) y -f + o} —
A fim d e reso lv er em y e s ta eq u a çã o , m u ltip lica m o s o s d o is m em ­
b ros por

y - x / r + 02,
o que dá :
{y - a/2/2+ a®){y -H (y - a^)
ou - (y - \/y ^ + a^)

Simplificando por a e isolando o binômio y - \/y^ resulta :


(2 ) y - y/y^ + = - oe~'tkx+'»)
(jnsto gue dividir a "por ek*+'’ equivale a multiplicar a por e'(k“^+‘’)

Somando membro a membro as equações (1) e (2), temos:


2y =
= —üe~^C~^^ (desdobrando as exponenciais)
OU, dividindo por 2:
y = 1/2 ae*’€'‘* - 1/2 oe-V**
ou y = Cie'^ -|- Cze~^^
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 145

iütroduzmdo as novas constantes arbitrárias:


(7i = 1/2 oe'* e (72 = -1/2 oe"**
E^oiminemos agora a equação linear incompleta a coeficientes
constantes, à qual se pode dar a forma
(3) y" - 2ay' + = 0
onde a e & são constantes dadas.
O resultado acima nos sugere a existência de uma solução da
forma
y = c".
Que uma tal solução existe efetivamente pode-se verificar por subs­
tituição direta, substituição que nos proporciona ao mesmo tempo
um recurso apropriado para determinar os valôres convenientes da
incógnita r.
Derivando duas vêzes a solução hipotética y = c**, temos:
y' = re** e y" =
Substituindo em (3) y e suas derivadas por estas exponenciais
resulta:
+ 6c“ = 0
ou, pondo em evidência a e^onencial comum c**:
(3o) 6“ (r* - 2or + 6) = 0
Para que o 1.® membro seja nulo, é necessário que seja nulo pelo
menos um dos fatôres; como a exponencial é sempre diferente de
zero, só nos resta admitir que se anule o trinômio
- 2ar + 6,
o que dá lugar a uma expressão do 2.® gráu em r, a chamada equação
earacterisUca:
(4) r* -2 o r-|-6 = 0
Resolvendo esta equação algébrica, obtemos:
r = o ± \i^a^-b
que nos dá as duas raízes:
ri = o -f- \/a ^ - b e rz = a - \/á^ - b
Na apreciação destas raízes temos que distinguir três casos,
segundo estas sejam reais e distintas, complexas conjuyaãas ou iguais.
a) Se o* > b, as raizes ri e T2 são reais e distintas e as exponenciais
146 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

representam duas soluções particulares, linearmente independentes da


equação (3):
yi - e
de modo que a solução geral será:
y = CjC'*' {C\,Ci comt. arh).

Com efeito, s& rz, o wronskiano W será certamente dife­


rente de zero. Aqui,
yi = e yz = rzf^
donde:•
yi yi 1 1

yi V2 rx Tz
= e('i+'í)*(r2-ri) ^ 0

A lítulo de exemplo, vamos retomar a equação


y " - 5 í / '- h % = 0
com que já nos ocupamos acima. Fazendo
2/ = e**
e derivando duas vêzes, tem os:
y' = re« e y" =

e substituindo na equação dad a:


r^e“ - 5re“ H- 6e'* = 0 ou (r®- 5r -f- 6) = 0
e daqui a equação característica:
r* - 5r -1- 6 = 0
cujas raízes são : n = 2 e Vz = Z.
Donde as soluções particulares:
yi = e yz = c**
e a solução geral:
y = + Cze^^
como já tivemos ocasião de ver (6.5).
h) Se < h, as raízes ri e r2 são complexas conjugadas e podemos
dar-lhes a form a:
ri = p + qi rz = p - q i
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 147

Donde, as soluções particulares:


e 2/2 =
e a solução geral :
y = + C2C^»-«‘)*

Esta solução pode-se traduzir em forma trigonométrica, tendo


presente as fórmulas de Euler:
= COS qx -|- i sen qx e c"'** = cos qx - i sen qx
Com efeito, a solução obtida pode ser transformada como segue :

= Ci^*e**’* + {desdobrando as exponenciais)


— + C2e~**‘*) {pondo em evidência o fator comum e"***)
= e***[Cl (cos qx + i sen qx) -|- C2(cos qx - i sen qx) ] {Euler)
— cos qx -h C\i sen qx + C2 cos qx - C^i sen qx)
= e***[ (Cl + C2) cos qx + (Ci - C2) i sen qx]
= e^*{A cos qx -\- B sen qx) {mudando as const. arb.)
ou seja
y = e*‘*(A cos qx B sen qx)
Como exemplo, retomemos a equação do pêndulo simples (26) (6.3
tipo II).
g 6
dP L o S +t ’ -»
e, para maior simplcidade façamos = g jL ; donde :
dH
+ = 0
dt^
Fazendo 6 = e** e derivando duas vêzes, teremos:
. de ,, d^e
= r*e'‘
dt ^ dt^

d*e
substituindo 6 e na equação proposta, vem :

rV* + =0 ou e^(r^ + = 0

Daqui a equação característica:


r* + fc* = 0 e r = ± ki
148 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

As raízes são portanto :


r\ — M e Ti = - k i (p = 0 e q = k)

A solução geral será:


6 = Ciei“*+
ou, em forma trigonométrica :
^ = A COS kt-\- B sen kt

A primeira vista, êste resultado parece estar em desacôrdo com


a solução obtida anteriormente. Na realidade, trata-se apenas de
uma forma diferente dada às constantes arbitrárias. Com efeito, se
multiplicarmos e dividirmos o 2.® membro por podemos
escrever:
B
0 = \/A ^ + C ^ = COS kt + sen kt
4- 52
+ B^ + B^ )
Construindo um triângulo retângulo cujos catetos sejam A e B, a.
sua hipptenusa será ^/A^ + B^; chamando a o ângulo agudo oposto
ao cateto A, podemos exprimir a em função de A e J? (Jig. 6.13):
B
sen a = e COS a =

e, portanto substituir, as frações em A c B, por sen a e cos a respec­


tivamente o que d á :
6 = \/A ^ + J52(sen a COS kt -h COS a sen kt)
= a/A ^ + B^ sen(fcí -j- a)
ou, substituindo também \ / a ^ B^ por uma nova constante arbi­
trária C :
(a) 0 = C sen(fc< + a)
resultado em que figuram ainda duas constantes arbitrárias a e C.
EQUAÇÕES DIFERENCUIS 149

Tendo presente as condições físicas do problema podemos deter­


minar estas constantes e obter a expressão do período T, como anterior­
mente. Para < = 0, 0 atinge o seu desvio máximo 6o e a velocidade
d6
angular w = ^ é nula. Derivando a equação (a), tem os:

(í 0
- jr = kC COS(kt -f a) e para < = 0 : 0 = kC cos a ;
at

donde tiramos : a = x/2.

Substituindo em (a) resulta:


(6) 0 = C sen (kt + 'tc/2) = C cos kt
e como 0 = 6o para t = 0, tem os:
6o = C cos 0 ou C = 00 {desvio m á x.)

Substituindo em (6) vem :


6 = 00 cos kt
Doutra parte, para t = Tj2 (meio período), 6 = - 6o; donde,
- 00 = 00 cos {k . TJ2) ou cos (k . TJ2 ) = - 1
e, portanto,
k .T J 2 = %
Daqui tiramos T :

T = 2% que k
■fú
c) Se = &, as duas raízes são reais e iguais:
ri = f2 = a
e a sua substituição na exponencial e'* nos dá uma única solução
particular:
2/1 = e“*

Uma 2.“ solução linearmente independente desta, pode ser obtida


pelo método exposto (6.7), valendo-nos da fórmula (8a)

yiy' - yi'y = Cie


Aqui,
2/1 = yi = e P x - -2 a ;
150 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

donde,
—06*^ = Pidx = - J"~2adz = 2az)
ou, simplificando por e**:
y ' - ay =‘ Cie**
que é uma equação linear completa de 1.* ordem e admite um fator
integrante da forma (3.4):

JPdx — g—^adx — (aqui P = - c)

Multiplicando a equação por êste fator integrante vem :


e~**y' - ae~** = Cie**e~**
ou

e~** . ^ - ae^**y = Ci

e multiplicando por d x :
e~**dy - ae~**ydx = Cidx
ou
d{e~**y) = Cidx
Donde, integrando:
e~**y = C\x + Cl
ou
y = (Cix + C^e** (mult. por e**)
que já é a solução geral, pôsto que encerre duas constantes arbitrá­
rias.

Exemplo, Seja a equação y'' + 6y' + 9^/ = 0-

Fazendo y =
é 2/' = re^* e y" = r*e'%
e a equação característica é
+ 6r + 9 = 0
cujas raízes são : ri = ri = - Z; de modo que a = - 3 e a solução
geral será:
y={Cix Ci)e~^^
+
EQUAÇÕES DIFERENCUIS 151

6.8. Equação linear com pleta.

Seja dada a equação completa


(1) y" + Piy' + P^y = Q

Conhecida a solução geral da equação auxiliar


(2 ) y" + Piy' + P ^y = 0
podemos obter a solução geral da equação completa (1), mediante
duas quadraturas, por um processo chamado o método da variação
das constantes ou de Lagrange.

O método consiste em substituir inicialmente na solução geral


da equação incompleta (2),
(3) y = Ciyi + Ü2y2
as constantes arbitrárias Ci e C2 por supostas funções de x
kl = ki{x) e ki -= kt{x)^
e impor a estas funções desconhecidas a condição de que
(4) y — kiyi -j- k^y^
venha a ser a solução geral da equação completa (1).

Como temos à nossa disposição duas funções incógnitas ki e


/c2 a determinar e uma única condição a satisfazer, a saber, a equação
(1), podemos dispor da condição restante à nossa vontade. Valen­
do-nos dêste fato, derivamos a relação (4), assumindo ki e k% como
funções de’ x e impomos às suas derivadas k\ e ki a condição de que
satisfaçam a equação acessória
(5) k iy i + k%y^ = 0

Esta condição conjuntamente com a condição de que k\ e kt


verifiquem a equação (1), nos fornece um sistema de duas equações
lineares nas funções incógnitas k \ e kz ; resolvendo o sistema em
k í e kt e integrando estas funções, obtemos ki e fcj na forma de duas
funções de a; e mais duas constantes arbitrárias:
kl — kl (ír) C\ e kt = kt (x) -f- Cs

Substituindo êstes \alôres em (4), obtemos:


y = [ki(x) -(- Ci]i/x -f [ks(x) -f Ct] yt
ou
( 6) y — kl (x) yi-\- kt (x) yt -[■ Ciyi -|- Ctys
152 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

A demonstiaçâo se processa como segue. Derivai- j (4), assu-


miodo kl e k^ como fimções de x, tem os:
y' = k iyi + k i y i + k^y^ + ^ 2 ^ 2 {derivando como produto)
= k iy i + k^yz + k i y i + k 2y t {reagrupando)
Impondo a W e k^' a condição acessória
(5) ki'yi + k%y^ = 0
a derivada y' se reduz a
y' = kiyi k^y^'
que derivada por sua vez d á :
y' = k i y i ' + k i y i + k^yz" k^y^ {derivando como produto)
= kiyi" + k%y%' + ki'yi! + k 2'yz' {reagrupando)
Levando êstes valôres de y' e y" bem como ode à equação com­
pleta (1) resulta;
kxyi"-\-k2y%'+kíyT[-^k2y2-\-Pi ik ^ i+ k iy ^ )-\ -P t (/cij/i-f- = Q
ou, reagrupando os têrmos e fatorando em fci e k^:
k i{y i" -b P iy i + P^yd + k2{yi” + Piy^ -f- P 22/2) + k \ y x - \ - k i y i = Q

Mas os trinômios
y i' + Pxyx + Payi 0 V i' + P^y^ + P^y^
são idênticamente nulos de vez que por bipótese yx e yi são soluções
particulares da equação auxiliar (2). Donde, a equação em kx e k% :
(7) kxyx + k^'yi' = Q
As equações (7) e (5) constituem um sistema de Cromer em
kx e kx (o determinante dos coeficientes, que é o wronskiãno das
funções yx e 2/2, é diferente de zero por hipótese); resolvendo o sis­
tema, obtemos:
-Q vi Qyi
(8) fci' =
yxyi - ym' kx' =
y m - y^yi
Integrando estas funções de x, obtemos k x e kxns. forma prevista
acima; introduzindo os valôres assim obtidos em (4), resulta a so­
lução de (1) na forma (6).

Em virtude do papel que desempenha na solução geral da equação


completa (1), a solução geral da equação incompleta (2),
Cxyi + Cxyx,
dá-se-lhe o nome de função complementar.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 153

Exemplo 1. Seja a equação y" + + 5y = 2e~* (a)

Solução : Inicialmente vamos achar a solução geral da equação auxiliar


(h) y" + 2y' + 5y = 0
cuja equação característica é (fazendo y = e*^, derivando duas vêzes
e substituindo em (h) :
(c) + 2r + 5 = 0

Resolvendo em r :
r = - 1 ± 2i
ou desdobrando :
n = —1 -j- 2í e rj = - 1 - 2*

Daqui, a solução geral da equação auxiliar:


(d) y = _|_ /cjgí-i-»)*
onde kl e k^ são constantes arbitrárias (quando y é a solução geral da
equação incompleta),

Para que y possa vir a ser a solução geral da equação completa


(a), impomos a fci e ^2 a condição de que sejam funções de x, funções
que verifiquem as equações (5) e (7).
Derivando (d), tem os:
y' = (- 1 + 2^fcie(-i+2U* + (- 1 - 2 t)k 2e^-^-^^> + fci'e(-i+2i)x +

e impondo a k j e /C2' a condição (5) :


/C i ' 6 ( - 1 + 2 ‘ ) x + f c 2 ' e ( - l - 2 ‘ )x ^ 0

ou, suprimindo o fator comum :


kje^^^ + We-^^' = 0
(r) [e(-l+2i)x _ g-x+2ix _ g-xg21xj
Quanto a y' fica;
y' = (- 1 4- 2 í ) f c i e + (- 1 - 2z)/c2€(-i-2‘)x
Derivando novamente, vem :
y" = ( _ i 4- 2i ) 2f c i e ( - i + « ) x 4 . ( _ i _ 2^-)2/ c 2 g ( - i - 2! ) x ^ ( _ l + 2 í ) f c i ' e ( - i + 2 ’ )* +
4 - (- 1 - 2 ^)/c2' c<-i-'*’>*
e de acôrdo com (7) :
( - 1 4 - 2f)fci'e(-i+2*)x 4- ( - 1 - 2z)A:2'e(-i-2‘)» = 2e"*
154 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Mas o 1.® membro admite o fator comum visto que


g (-l+ 2 i)x _ g - « g 2 lx Q e (-l-2 i)x _ g -x g -2 ix .

donde:
(/) (- 1 + + (-1 - 2f)fc2'e-2‘» = 2

Resolvendo simultâneamente (c) e (/), achamos:

fci' = e W =
2 2

Donde, integrando:

fci = - l i J*e-^^-dx + Ci = 1 6 -2 ‘> + Cl

e /cj= l í J e ^ - d x - { - C i ^ le^^^ + Cz

Introduzindo êstes valôres de ki e /c2 em (d), obteremos:

2/ = ^1 e-2‘- + C i^ e(-i+2*)*+ ^ 1 e2«* +

= l e - * + Cl e(-i+2i)x + 1 e-x + C2
4 4

= — + g-*(Ci + (72e"2‘*)
2

= 1 + e~*{^ COS 2a; + 5 sen 2a;) (fórmula de Euler)


2

que é a solução procurada.

Exemplo 2, Circuito RLC : Um circuito consiste de uma bobina de indu-


tància L = 2 henries e resistência hômica desprezível disposta em série
com um condensador de capacidade C = 2.10~* jarads e uma f.e.m.
alternada E = 120 sen 250< voUs. Supondo que para t — 0, seja 1 = 0
e q = 0, achar:

a) a intensidade da corrente I quando t = 0,01§;


h) 08 valôres máximo e mínimo da corrente (Jig. 6.12).
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 155

SoluççU>: De acôrdo com a lei de Ohm, a f.e.m. aplicada E é igual à


queda de potencial ao longo do circuito, a saber:

(a) + J+ C
dt
onde:
_ dl
^ dt
é a f.e.m. de auto indução (contrária a, E) R I é a queda de potencial
devida à resistência ôhmica qfC é a diferença de potencial nas placas
do condensador devida a carga (variável) q.
Tendo presente q u e: I = dqfdt podemos nos desfazer de q na
equação (a) derivando-a em t :
dn dl 1 dq _ dE
(L, R, C, são constantes)
^ dt^ ^ d i~ ^ C dt dt
ou, substituindo dqfdt por I

T - R ^ ^ 4- ^ -
dE
V>) 4
dt
que é uma equação linear de 2.* ordem, a coeficientes constantes, em
I. A equação (a) pode ainda ser dada em q, mediante a eliminação
de 7. Com efeito :
dq
de I =
~dt
tiramos por derivação:
dl d^q
IT “ I F
156 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

e substituindo em (a)

(c) T 4 . 7? _U ^ - F
^ " d F + ^ d? + ' c -
que é uma equação de 2.* ordem em q.
Embora na questão proposta, a função a determinar seja J,
convém integrar em ç, visto que esta função figura nas condições
iniciais. Substituindo em (c), os valôres dados
L = 2, B = 0, C = 2.10-«, E = 1 2 0 sen 2 5 0 í

tem os: 2 Ü + = 120 sen 250í


dt^ ^ 2 . 10-®
ou

4- ç = 60 sen 250í {dividindo tudo por 2 e mudando o divi­


dv 4 sor 1 0 '®em fator 1 0 ®)

OU a in d a sim p lifica n d o o c o eficien te d e q :

d^q
(A) + 2 5 . 10®ç = 60 sen 250í
dt^
A equação auxiliar é :
d^Q
(B) + 25 . lO^ç = 0
dt^
e tem como equação característica:
(O + 25.10® = 0
cujas raizes são :
r = + 5 . lO^í,
ou desdobrando:
ri = 500t e = - 500í
Em forma exponencial a solução geral da equação auxiliar será
portanto:
q = Cie®»®** + (726-®®°“

No caso presente, convém exprimir esta solução em forma trigo-


nométrica, mediante as fórmulas de Euler, visto que o 2.® membro
da equação completa é uma função trigonométrica, o que d á :
(D) q = K l COS 500í + K^ sen 500í
onde assumiremos K i e como funções de t, sujeitas às condições
(5) e (7).
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 157

A fim de simplificar o trabalho, podemos fazer:


y x = COS 500í e ya = sen 500< (soluções pa rticulares)

derivar estas funções:


yx — - 500 sen 500< e y^ — 500 cos 500í
e aplicar diretamente as fórmulas (8), para determinar Kx e K i.
Observando que na equação proposta o 2.® membro é
Q = E = &) sen 250í,
e substituindo conjuntamente com yx, ys, yx' e ys em (8), tem os:
- Qv2 - 60 sen 250 t . sen 500<
Kx' =
yxVi - yíyx' 500cos*500í + 500sen*500í

- 60 sen 250í. sen 500< _


500 fcos» 500< + sen® 500Q' “

= - — . sen 250í. sen 500< (cos* a + sen* a = 1)


25

= - ^ . sen* 250f. cos 250< (scn 2 a = 2sen a. cosa)


25
Anàlogamente,

Ki = ^ . sen 250í. cos 50(ií

= ^ . sen 250<(2 cos* 250< - 1) (cos 2 a •= 2cos*a - 1)

e integrando:
6 /•
iTi = ~ 25 J A

6 sen* 250f
+ ^ ~ .sen*250< + A
2 5 .2 5 0 * 5®
e

= ^ / s e n 250< (2 cos*250< -1 ) df + B

= ^ / cos*250<. sen 250í . d t - ^ . dí + B


158 CURSO DE CALCULO DIFERENCUL E INTEGRAL

6 COS* 250< , 3 , j,
-------------r ^ . cos 250í + B
2 5 .2 5 0 25 . 250

= — ^ cos*250í + ^ ^— . COS 250í + 5


5® 2.5®
Substituindo êstes valôres de Í li e K'2 em (D), vem :

g= ^- sen*250< + cos 500í +

+ 1 — — cos*250í + “77—^ cos 250t + .B J .. sen


S( 500<
5® 2.5®

~ — ^ sen*250í. cos 500< + A cos 500/ - cos*250/. sen 500/ +


5® 5®

+ 2 . 5* cos 250/. sen 500/ + B sen 500/

De acôrdo com ai.® condição inicial para / = 0, é g = 0 ; donde


^ = 0. ^ {visto que sen 0 = 0 c cos 0 = 1 )

A função g se reduz portanto a

g = — Jr sen*250/. cos 500/ — Jr- cos*250/. sen 500/ +


5® 5®

+ cos 250/. sen 500/ + B sen 500/.


2 . 5®
Substituindo cos 500/ pór cos*250/ - sen*250/ e sen 500/ por
2 sen 250/. cos 250/ em todos os têrmos exceto no último, e reduzindo
tudo a seno resulta:

g = ~ sen 250/ + B sen 500/



Derivando esta relação, obtemos 2 :
fjff 250
cos 250/ + 500 B cos 500/
d/ 5®

= r- . cos 250/ + 5G0B cos 500/


25
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 159

De acôrdo com a 2.* condição inicial para ( = 0 é I = 0 ; donde,

0=^+5005 çue COS 0 = 1)

500J? =

Donde a expressão de I :

(m I= Jío2 COS
2
250Í - ^ . COS 500í

Para responder a questão à) fazemos t ■= 0,01s, o que d á :


COS 250í = COS 250.0,01 = cos 2,5 = cos 143<>18'43" = - cos 36«4l'17"
= -U,8019.
e cos 500Í = cos 500.0,01 = cos 5 = 296«37'26" = cos 73‘>22'34" =
= 0,2863. Substituindo em (J^ :

r = ^ (-0 ,8 0 1 9 - 0,2863) = - 0,087 omp.

Para responder a questão b) trata-se de achar os máximos e


mínimos da função I ; para o que derivamos (E) e igualamos a zero
a derivada obtida:
2250 , 2500 _ . _
sen 250í -|— sen 500í = 0
df 25 ' 25
ou, simplificando os coeficientes:
- sen 250í + 2 sen 500í = 0
Substituindo sen 500í por 2 sen 250í. cos 250< e fatorando temos :
sen 250Í (4 cos 250? - 1) = 0
Para simplificar a discussão façamos 250í = 6; donde:
sen 9 (4 cos 9 - 1) = 0
Para que se anule o 1.® membro deve se r:
sen 9 = 0 ou 4 cos 9 - 1 = 0

a) sen 9 = 0 para 9 = 0 e 9 = x ; no 1.® caso / = 0 e no 2.®


I = 0,16 amp, que é o mínimo.

b) de 4 cos 9 - 1 = 0, tiramos cos 9 = 1/4 e 7 = 0,09 amp. que


é o máximo.
160 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

EXERCÍCIOS
I. Resolver as seguintes equações incompletas:
1. y" - 3y' + 2y = 0 Resp. y = Ci«* +
2. 6 y" + y ' - y = 0 Resp. y =
•• •
3. òx + x - 2 x — 0 Resp. X = Cie*'® + Cje“®*'*
4. 2y" + 9y' - 18y = 0 Resp. y = Cie"®* + Cje**'®
5. ay" - (a* + l)y' + ay = 0 Resp. y = Cie“ + Cié‘ '‘‘
6. y" + 3y = W Resp. y = e®*'®(Cie-/^*'® + C-2e"V^*'®
7. y" - 4y' + 8 y = 0 Resp. y = e®»(A sen 2x + B cos 2 x)
8 . 36y" + 36y' + 13y = O Resp. y — e"*'®(A sen x/2 + B cos x/2 )
•• •
9. X + 8 x + 25x = 0 Resp. X = Ae~** sen (3í + B)
10. y" - 6 y' + 9y = P Resp. y = (Cix + Ct)e^^
II. Resolver as seguintes equações completas:
1. y" + 2 y '- 8 y = x Resp. y = Cie** + Csc"®* - (4x + l)/32
2. y" - 5y' + 4y = X* Resp. y “ Cie*4 ”C2 e®*“|~(8x*-j-20x-|-21)/32
3. y" - y = xe* Resp. y = Cie*4-C2eT*+(x*-x+l/2)e*/4
4. y" + 4y' + 3y = 8 xe* - 6 Resp. y = Cie"*+C2e"®*+(x-3/4)e* - 2
5. y" + 6 y' + 5y = 3 sen 2x Resp. y = Cie"* + C2e"** +
+ (3 sen 2x - 36 cos 2x)/145

6- X + 2x + 5x = 1 + sen Zt Resp. x = Ae"*sen(2<4-B) - .A sen 3< 4- 1/5

7. X+ 2x + X = 3e®* - cos t Resp. X =(Cl 4- C2Í)e"*4- —c*‘ - — sen t,


•• • 3 2
8 . X - 5x + 6 x = 6 <®4- 2e* Resp. x = Cie**4-C2e»*4-e*4-C4-5</3 4- 19/18

9. y” + 3y' + 2y = e~* sen 2 x Resp. y=Ae"* 4 -Be ®*- (2 sen2 x 4 -cos2 x)


10
o—
3x
10. y" 4- 6 y' 4 - 9y = Resp. y
11. 2x 4- 5x - 3 x = í*e"®* 4- e* Resp. X = Cie*'* 4-
4 - (C2 - 24< - 42<2 - 49C)/1029 4- e*/4

12. X 4- lOx 4- 25x = 12í*e"®*, para < = 0, x = x = l


Resp. X = (í® 4- 6 í 4- l)e"®*
III. Resolver as seguintes questões:
Um condensador de capacidade C fa¥ads e carga Q coulomhs, é descarregado
através de uma resistência R ohms e uma indutância L henries. Determinar
a condição para que o circuito seja oscilante.
Resp. 4 L > CR*
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 161

2 . Uma bobina de resistência desprezível e indutância de 1 hmry está disposta


em série com um condensador de capacidade C = IQr* farads e uma/em
de E volts. Assumindo Q = 7 = 0 , para t = 0, achar a carga Q & & corrente
I para t = 0 ,0 2 s^ supondo que: a) E = 1 0 0 volts\ h) E = 100 sen 50t;
c) E = 100 sen 100/.
Besp. a) Q = 0,0142 coul. I = 0,909 amp.; b) Q = 0,0052, I = 0,638;
c) Q = 0,0087, I = 0,909.
3. Uma bobina de resistência R = 12 Ohms e indutância L — 0 ,0 1 henries
está disposta em série com um condensador de capacidade C — 2,5.10“*
farads e uma fem alternada E = 120 sen 120x t volts. Supondo que a carga
do condensador g = 0 no instante em que se fecha o circuito, achar a expressão
de I em função de t.
Besp. I = 4,3 COS 120x/ + 7,5 sen 120 xí - e~*®®*(4,3 cos 200í+27,lsen 200/).
4. Uma bobina de resistência R = 1 0 0 ohms e indutância L = 1 henry está dis­
posta em série com um condensador de capacidade C = 10“* farads e uma
fem E = 100 volts. Se para / = 0, é j = 0 e 7 = 0 , achar o valor noáximo
da corrente.
Besp. 0,546 amp.
5. Uma bobina de resistência 7íi == 14 ohms e indutância L = 0,05 henries,
está disposta em paralelo {fig. 6.15) com um ramo em que se encontram em
série uma resistência Ri = 15 ohms e um condensador de capacidade C= 10“*
farads. O conjunto é alimentado por uma fem E = 220 volts. Supondo que
seja q = 0 e I = 0 para / = 0 , achar em função do tempo: a) a carga q do
condensador; b) a corrente de carga; c) a corrente na bobina; d) a cor­
rente total.
Besp. à) q = 0,022 ( 1 - e~«<»*t*);b h = ~ . er «•**/»;
3

c) h = 15,71 (1 - «-*»*); d) I 7i + 7j = 15,71 (1 - e-»*) + - .


3
1

6. Um pêndulo simples de massa m e comprimento L oscila em um meio que


oferece uma resistência proporcional à velocidade. Determinar a condição
para que o movimento seja oscilatório e o tempo de uma oscilação completa.
fe».{k =‘ coef. de prop.)
4»i*
7. Uma mola helicoidal que sofre uma distensão de 1 cm sob a ação de uma carga
de 100 g (massa), está em equilíbrio sob a ação de uma carga de 490 g. A
carga é deslocada 1 0 cm abaixo de sua posição de equilíbrio e abandonada a
partir desta posição de modo que entre a oscilar. Admitindo que a carga sofra
162 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

por parte do ar uma resistência = 1 0 gv, onde t; é a velocidade em cm/s,


achar a freqüência.
Resp. N — IjT = 5 /x
8. Em um ponto qualquer no interior da terra, a atração da gravidade é propor­
cional à distância ao centro da terra. Calcular o tempo que levaria uma
partícula para atravessar a terra através de um orifício diametral. Considere-se
o caso em que o orifício não passe pelo centro da terra.
Resp. 42,2 min. nos dois casos
Uma esfera de metal desliza ao longo de uma haste que gira no plano vertical
em tôrno de uma de suas extremidades, com velocidade angular constante
(i). Desprezando o atrito, obter a equação do movimento.

Resp. r = To COS h (út + sen h (i)t -\- g sen (i)í


V (D 2w*y 2aj2
10. Um cilindro homogêneo de eixo horizontal, raio r, massa m e momento de
inércia polar I = wrV2, é envolvido em uma corda fixa por uma extremidade
em 0 (Jig. 6.16). Abandonando o cilindro de modo que ao cair vá desenro­
lando a corda e supondo que o ar oponha ao seu movimento uma resistência
R = mgvjòO, onde v é & velocidade; achar: o) a distância percorrida em
t segundos; b) a velocidade limite; c) a velocidade adquirida ao cabo de 2 0 s.
Resp. a) 2/ = 50 í-h 5) 50m/s; c) 46,325 m/s
g

11. Um pêndulo de massa m e comprimento L inicialmente em repouso sob a


ação da gravidade é submetido a uma fôrça horizontal F = ma pequena em
comparação com a fôrça pêso P = mg. Mostrar que a equação do espaço

angular é 6
g
?2sen«
2 K L
2l/r t onde 6 se supõe suficientemente pequeno,
de modo que sen 6 = tg 6 = 0 .
12. Um mascote de prata está suspenso por meio de um fio aó teto de um carro
animado de movimento uniforme. Freiando-se 0 carro de modo uniforme,
o mascote entra a oscilar. Supondo que a abertura do ângulo de oscilação
é igual a 3® = — rod, mostrar que a desceleração é igual a —^ .
60 ’ 120
CAPÍTULO 7

EQUAÇÕES LINEARES.
PROPRIEDADES GERAIS

7.1. Equação linear de ordem n .

Uma equação diferencial de ordem n se diz linear quando são


do 1.** grau tôdas as derivadas bem como a função incógnita y. A sua
forma geral é

(1) 2/í“>+ + ... + + P ny^Q

onde Q = Q(x) e Pi = Pi(x) i = 1, 2, 3, . . n

isto é, os coeficientes P i e o 2.®membro Q são funções de x únicamente.

7.2. Equação com pleta e incom pleta.

Sempre que seja Q ^ O , & equação se diz completa ou não homo­


gênea ; se, em particular, Q = 0, a equação se diz incompleta ou homo­
gênea.

Assim, a equação

é linear completa; a equação

= 0
dx^ dx^ ^ dx^ ^
é linear incompleta.
164 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

7.3. Operador diferencial.(*)

A fim de simplificar a discussão das equações lineares, intro­


duzimos o operador simbólico Z>, para representar a derivação, a saber,

de modo que o opèrador D aplicado a uma função y = y(x) e3q)rime


a sua derivação em x :

Assim, se
y = 3a;*-5a; + 2,
será

Dy = — (3a;* - 5a: -j- 2) = 6a; - 5

Anàlogamente se exprimem as derivadas de ordem superior:


d^y ^ d“v
da;*
Se, por exemplo,
y = 5x* - 2x* - r.
temos sucessivamente:
Dy = 15a;* - 4a;, D^y = 30a; - 4, DV = 30, D*y = 0, etc.

7.4. Operadores lineares.


Generalizando, podemos escrever a equação (1) na forma sim­
bólica :
(la) Z)“í/ + PiD“-i?/ + PJ>-^y + . . . + Pr,-iDy + Pny = Q
ou ainda, na forma de um produto simbólico;
(16) (Z)“ + + P2P“-* + .. . + Pn-iDy + P„) 2/ = Q
que representa um operador dijerencial linear, de ordem n aplicado a
uma fimção incógnita y. Para maior concisão, podemos representá-lo
simplesmente por um símbolo funcional, a saber,
(2) L {D) = + PiZ>-i -1- P2Z)“-* -t-. . . + Pn-iD -1- P«
(*) A rigor, é um operador de derivação c não de diferenciação; o qualificativo diferen­
cial deve-se entender em sentido lato como em “ equações diferenciais*’ por exemplo.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 165

A equação (1), assume assim a forma simbólica


(Ic) L {D )y = Q

Exemplo. A equação diferencial

pode ser escrita:


D^y - 2D^y + 5Dy + 3y ^ 5x^ ou (D» - 2D^ + 5D + 3) y =
Aqui,
L(D) = 2)3-21)*+ 52) + 3.

7.5. Propriedades dos operadores D e L(D).

Sãó de fácil verificação as seguintes propriedades dos operadores


diferenciais:

2. Se u e V são junções de x, vale para ambos os operadores a pro­


priedade distrihutiva :
2) = 2)u + 2)ü e L (D) (u v) = L {D)u + L (D)v

I I. Se u é uma junção de x e a é uma constante, valem as relações :


D{au) — aD{u) e L{D){av) = aL{D)u
isto é, os operadores D e L (D) gozam da propriedade comutativa relati­
vamente a uma constante.

I I I . S em e n são constantes positivas e u é uma junção de x, vedem,


como para expoentes, as relações de derivação:
2)“ . 2)“w = 2)“+“m e 2)“ (D’^u) = 2)" (2)“m)
A título de exemplo, vamos ilustrar a 2.“ de I.
Seja 2/(2)) = 2)* - 32) + 4. Podemos escrever sucessivamente :
2/(2)) (w + ü) = (2)* - 32) + 4) (w + v) =
= 2)* (w + v) - 32) (w + t>) + 4 (w + v) =

“ + í>)- 3 ^ ( w + y) + 4(« + t> )-

dx^ ^ dx* dx dx ^ ^
166 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

^ - Z ^ + in + dh o A _
dx^ dx dx^
— Dhi —dDu + 4w + D^v —SDv + 4ü —
= (Z)2 - 3D + A)u + (D2 - 3D + 4)v = L (D)u + L iD)v
como se tratava de estabelecer.

7.6. Propriedades da equação linear incom pleta.

Seja a equação linear incompleta de ordem n :


D^y + PiD'^~^y + P 2D'^~^y + . . . + Pn~iDy + Pn?/ = 0
ou L{D)y = 0

7. Se yi, 2/2, .. • , Vn soluções particulares da equação (1) e


Cl, C2, . . . , Cn são n constantes arbitrárias, tôda combinação linear
destas soluções particulares
(2) y — ciyi + C22/2 + • • • + Cn2/n
será tcmhém uma solução da equação (1).

Com efeito, podemos escre\er:


L {D)y = L {D) (cit/i + C22/2 + .. Cní/n)
= L {D)ciyi + L {D)c2y2 + . . . + L {D)cnyu (/.“ prop. dos operad.)
= ciL (D)yi + C2L (D)y2 + . . . + ÇnL {D)yn (//.* prop. dos operad.)
■ = Cl . 0 “1
“ C2.0 ”1“ . Cn . 0 = 0
(por hipótese, yi é uma solução da equação (1 ) e, portanto deve verificá-la idênti­
camente, isto é, L{D)yi = 0; anàlogamente para as demais).

I I . Se as soluções particulares 2/1, 2/2, - • 2/» «ôo linearmente inde~


pendentes, üto é, tais que
Cl2/l + C2^2 + . . . + Cn^n 7^ 0
para todo grupo de n constantes arbitrárias ci, C2, . . . , c» {contanto que
não sejam todas nulas), a combinação linear
(2) y = ci,2/i + ciyt + . . . -f- Cn2/»
é a solução geral da equação (1).

Com efeito, para que a relação (2) represente a solução geral da


equação (1), é necessário que as constantes ci, C2, . . . , Cn possam ser
determinadas de modo que, para um valor dado de x (x=Xo), a função
2/ e as suas n - 1 primeiras derivadas y', y”, . . . , 2/^“ ^^ assumam n
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 167

valôres prefixados (condições iniciais, 1.7). Derivando sucessivamente


a relação (2), até a ordem n - 1, tem os:
y = c\yi + ctyi 4* • • • + c^yi».
y' = ciyi + C2?/2^ + • • • + Cayu
(3) y" = ciyi' + c^yz' + • • • 4" c^yn"

4- C22/2^‘~^^ 4- . . . 4-
Para que se possa resolver êste sistema de n equações nas n incógnitas
Cl, C2, — , Cn, é necessário que o determinante formado com os coefi­
cientes destas incógnitas, a saber, com as funções,
yi) y^t • • *, 2/íi
e suas n - 1 primeiras derivadas, seja diferente de zero. Êste deter­
minante se diz o tormskimo do sistema de funções yi, j/2, . . yn e
o representamos por W ; donde.
yi yz y-
yi yz yn
TT = yi" yz" y^' ^0 (4)
y^i-l) ...
Ora, esta é precisamente a condição para que as funções yi, yz, . . yn
sejam linearmente independentes. Com efeito, se admitimos que
existam n constantes dadas.
Ofl} Q-ny
não tôdas nulas, tais que
(2o) Oiyi 4" 02^2 4" . • • 4~ On^i, == 0
e derivamos sucessivamente (até a ordem n - 1 ) esta relação, tem os:
o>íyi 4" a^yt 4 - . . . 4" a^y^n = 0
(3o) oií/i" 4- a^yi” 4- . . . 4- a^yj' = 0

oiyi<“~^> 4- 02^2^“^^^ 4- . . . 4- o„yn("~^> = 0


O sistema formado com as equações (2o) e (3o), é homogêneo nas
incógnitas oi, 02, . . . , o», e para W = 0 admite únicamente a solução
trivial Oi = 0, 02 =» 0 , __, On = 0. Se portanto W 0, as soluções
particulares yi, 2/2, • •., y» são linearmente independentes, e a relação
(2) nos dá a solução geral da equação (1).

Todo sistema de n soluções particulares, linearmente indepen­


dentes se diz um sistema fundamental.
168 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

7.7. Equação incom pleta a coeficientes constantes. SoluçS«3


particulares.

Seja a equação linear a coeficientes constantesj os quais repre­


sentaremos por oi, aj, . . . , On:
(1) -f + . . . + On-jy' + üaU = 0
ou, em forma simbólica:
(2) L {D)y = (D“ + -f OaD""* + ctJv = 0
Gomo no caso da equação linear de 2.* ordem (6.4) podemos assumir
a existência de uma solução da forma y = e’'*, onde r é uma cons­
tante a determinar, e verificar a posteriori, em que condições uma
tal solução existe efetivamente.

Derivando sucessivamente a solução hipotética y =.e'*, tem os:


d d
Dy = ~ ~ ~

e substituindo estas derivadas conjuntamente com y = em


(2o) D y + a j)^ -y + + an-iDy + oȒ/ = 0
v em :
+ air“~ V* + + . . . . + On-ire*^* + One'* = 0
ou, pondo em evidência a exponencial (fator comum):
6^*(r“ + air““ ^ -1- Ú2r““2 + . . . + On_ir + o») = 0
Como a exponencial e'* é sempre diferente de zero, êste produto só
pode se anular com o polinômio em r ; donde a equação:
(3) r“ + Oir“" ^ + . . . -|- o»_ir + = 0
Esta equação algébrica de grau n em r se diz a equação característica
da equação diferencial linear (1) ou (2) e se anula para n valôres de r :

que são as raízes da equação (3). A cada uma destas raízes corres­
ponde uma solução particular da equação diferencial (1) ou (2):
yi = e^i*, 2/2 = 2/»= e'»?, . . . , y» = e'»*
Assim, a equação
2/"' - Zy" - áy' -f 122/ = 0
tem por equação característica a equação algébrica do 3.® grau :
r* - 3r* - 4r -I- 12 = 0
EQÜAÇÕES DIFERENCIAIS 169

que se pode resolver por fatoração. Com efeito, agiupando os têrmos,


pomos em evidência nos dois primeiros e -4 nos dois últimos, o
que d á :
r* (r - 3) - 4 (r - 3) = 0 ou (r2 -4 )(r-3 ) = 0
ou ainda;
( r - 2 ) ( r + 2 )(r-3 ) = 0 (fatorando ainda r*-4)

Daqui as raizes:
Ti = 2, n = - 2 e f3 = 3
Obtemos assim as soluções particulares:
yt = y2 = 6-^* e yz = 6»*
E como estas soluções particulares são independentes, a solução geral
será:
y = + 026- 2* + Cse**

7,8. M étodo dos operadores.

Comparando a equação (2) com a equação característica (3), obser­


va-se que o operador linear L (D) tem a mesma forma que o 1.®membro
de (3). Se portanto,

são as raizes de (3), podemos decompor diretamente o polinômio


L(D) no produto simbólico de n fatôres binômios:
D" + oíD"-^ + + . . . + On_iD + a» — { D - ri) . {B-r^
e conceber o operador linear L {D) como equivalente aos n operadores
binômios
D - n , D - n , . . D- r .
que aplicados separadamente à função incógnita y, nos dão as n so­
luções particulares
e'**, . . e'»*
Em outras palavras, a equação linear incompleta de ordem n, a coefi­
cientes constantes, é equivalente a n equações lineares (incompletas)
de 1.* ordem. Assim, em particular,

(D - ri)y = 0 dá : D y - n y = 0 ou ^ ®

cuja solução é y = e'»*.


170 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Como exemplo retomemos a equação do n.® anterior:

ou, em forma equivalente:


D*?/ - 3D*2/ - ^By + 12j/ = 0
Pondo y em evidência e fatorando, tem os:
( D 8 - 3 D 2 - 4 D + 12)2/= 0 e (D - 2) (D + 2) (D - 3)2/= 0
Esta última é equivalente às três equações de 1.“ ordem :
{D -2 )y = 0, (D + 2)2/ = 0 e {D -Z )y = 0
cujas soluções são
2/1 = 2/2 = e 2/3 = e**
Donde a solução geral da equação proposta:
y = Ci2/i + C22/2 + C32/3 = Cie^* + + Cae**

7.9. Solução geral.

Conhecidas n soluções particulares independentes da equação (1),


yi> 2/2, ♦• Vn,
a solução geral será dada como sabemos (7.6, 11) pela combinação
linear
y = Çiyi + C22/2 + . . . + C32/3
onde Cl, C2, . . . , C« são n constantes arbitrárias. Resta, portanto,
saber em que condições a resolução da equação característica nos pro­
porciona n soluções particulares linearmente independentes da equação
diferencial (1). Ora, a equação característica, quanto à natureza de
suas raízes, dá lugar a três casos : raízes tôdas reais e distintas, nem
tôdas reais ou nem tôdas distintas.
d) Se as raizes ri, r2, . . . , r» da eqvnção característica são tôdas
reais e distintas, as soluções particulares correspondentes
2/1= 2/2 = . . . , 2/« =
serão certamente independentes e a solução geral será
y = Ci^»*+ Cs!e'**+ . . . + Cne'"*
Basta verificar que, neste caso, o wronskiano das soluções 2/1, 2/2» • • •>2/»
(7.6, IT) é diferente de zero.
Com efeito, derivando n - 1 vêzes as funções
2/1= 2/2= /»= e'"*
2
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 171

e substituindo no wronskiano, temos suoessivamente


yi 2/2 . 2/n . . . e'“*
w = yi Vi y- = rie'i* rae'2* . . . rne'“*

ri““ V* ra"“ V** • • • / n

1 1 ... 1
= ... ri Tz ... r» ^ 0

ri“- i r^~^ • • • e/rnn—l


visto que êste último determinante (de Vandermode) é sempre dife­
rente de zero quando ri, rj, . . r» são todos distintos.
h) Se a equação caraderistica apresenta raizes complexas conjugadas
{não múltiplas), podemos jazer corresponder a cada par de raizes com­
plexas conjugadas uma expressão trigonométrico {no campo real), me­
diante as jórmiãas de Euler.
Com efeito, sejam
r\ = p + qi e rz = p - q i
duas raizes complexas conjugadas. A parte da solução geral

que lhes corresponde, pode ser transformada sucessivamente como


segue:
Cie'* + Cae'* = Cief*>+<*‘)* -f- Cae^^-*)*
= Cie***, e"*** Cae***. e"®** (desdobrando as exponenciais)
= e***(Cie‘*‘* -|- Cae~****) (pondo em evidência e***)
= e***[Cl (cos qx H- i sen qx) -f Ca (cos qx - i sen qx) ]
(fórmula de Euler).
= c”* [ (Cl + Ca) cos qx -}- (Ci - Ca) i sen qx ] (reagrupando)
= e^*(A cos qx^^r B sen qx) jazendo (7i + ^2= A e
(Ci-Cz) i = B)

c) Se a equação característica possui certas raizes múltiplas, as


soluções particulares yi, y^, . . . , yn, não são tôdas independentes e a com­
binação linear
Ciyi + CzyZ + . . . + Cn^n
não nos proporcionará, como antes, a solução geral.
Assim, se ri = ra, as soluções particulares correspondentes
yi — e'i* e ya = e'«*
172 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

se tornam iguais:
Vi = y2 =
e a expressão
Ciyi C2Í/2
se reduz a
C2e'»* = (Cl 4 - C2)e^»*
que não é independente de yi (ou y^, visto que a soma de duas cons­
tantes arbitrárias equivale a uma constante arbitrária.
Para obter a solução geral, neste caso, vamos estabelecer primei­
ramente uma relação fundamental entre o operador L (D) e a equação
característica.
Se fazemos y = e'* e substituimos em (2), temos sucessivamente:
L(D)e^^ = (D" -}- + a2D"~^ + . • . + On-iD +
= DV* 4 - «1-0 "“V* 4 - 4- ... 4 - ün-xDe'^ -f a„e’*
= + air“~ V* + 02r““^c''* + On-ire'* 4* OnC'*
= e»«(r“+ a ir “-i4-a2y“~ ^ + . . .+ a u -ir+ a n ) (fatorando)
= e-L(r) ( 0 jyoUnômio «m r a mesma forma
que 0 polinômio em D)
A igualdade
L{D)e^^ = e»*L(r)
pode ser considerada como uma identidade em r, concebida como
uma variável. Derivando ambos os membros em r, tem os:

^ [L(D)e-] = -|^ [e -Z ,(r)] ou L(D) e '« V .


ôr dr

tivos^
( os operadores diferenciais L(D) e são comutativos

ou
L {D) — xe^^L (r) -|- (r) {derivada de um produto)

Se agora supomos que ri seja uma raiz dupla de


L (r) = r“ -|- air*~^ (hr^~^ -f- . . . -f an_ir + Un
será
L{rj) — 0 e L'(ri) = 0
(tôda raiz dupla de uma função racional é raiz simples de sua derivada),
e o 2.® membro se reduz idênticamente a 0 ; donde:
L(D)(a?e«) = 0
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 173

O que equivale a dizer que também y = íce'i* (além de yi = e'»“) é


uma solução de (1) ou (2). Portanto,
ou (Cl + Cja;)e'»*
será a solução correspondente à raiz dupla ri.

Suponhamos, a seguir, que ri seja uma raiz tripla de JL(r), de


modo que será uma raiz dupla da derivada L ' (r) e uma raiz simples
da 2.* derivada L"(r), e devemos te r:
L(ri) = L '(n) = 0
Derivando (em r) a relação
L(D )(^^) = e«L(r),
obtemos;
L {D) (a:c'*) = xe^*L (r) + (r)
Derivando uma 2.* vez (em r), resulta:
L (D) (a:V*) = (r) + 2rre'*L' (r) + (r) rfe Leihniz)
Para r = ri, o 2.® membro se anula idênticamente; donde,
L(D)(a:V«) = 0
0 que significa que também
y = xV**
é neste caso, uma solução da nossa equação diferencial (além de
y\ = e yz = Portanto, a uma raiz tripla ri, corresponde
a combinação linear:
Cic'»* + + CsrrV»* ou (ci + C2X + CsX^)e^t*
De um modo geral, se ri é uma raiz de multiplicidade k {k são
nulas para r = ri, L(r) e as derivadas Z/'(r), L"(r), . . . , I/('‘~^>(r),
a saber:
L{ri) = L'(ri) = L"(ri) = . . . = = 0
Derivando sucessivamente (k - 1) vêzes a identidade
L(D)(e^-) = e'*L(r)
temos (aplicando ao 2.® membro a fórmula de Leibniz) :
1. * der. L{D){xe^) = xe'*L{r) + e'*L'(r)
2. * der. L(D)(a;V*) = xH^*L{r) + 2xe'^L'(r) + e^^L"{r)
3. ®der. Z/(D)(xV*) = xV*L(r) + 3a:V*í/'(r) + dxé^^L" (r) + e^^L(r)

(k - l)"«‘der. L (D) (x^-V*) = x^~h^^L (r) + (fc - l)xk-V*L' (r) + ...+


174 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Para r = ri sSo nulos todos os segundos membros destas relações;


donde:
L(D)(e'«*)=0 L(D)(a;e'i*) = 0 L(D)(rrV»") = 0 . . . L(D) (xk-V>‘) = 0
e, portanto,
yi = e'»*, yi = a»'»*, 2/3=xV»*, . . yn = «'‘“ V»*
são k soluções particulares independentes da nossa equação diferencial.
Por conseguinte, a uma raiz n de multiplicidade k da equação carac­
terística L (r) = 0, corresponde a combinação linear
cie'i* + C2a;e'i* -f- 4* • • • + V**
ou
(ci + C2X + czx^ 4-
Estas soluções particulares são certamente linearmente independentes,
posto que não seja possível dar um sistema de k constantes Xi, X2, ..., Xk
não tôdas nulas, de modo que seja idênticamente
Xi -}” 4" -j- • • • 4" Xk3!**~^ = 0
Em resumo, se a equação característica
r“ + air"“ ^ 4- «2r“~®4- • • • 4 - o,n~ir 4- On = 0
relativa à equação diferencial linear
2/(“) + ai2/(“-U + + . . . + a^-iy' Ony = 0
possui n raizes n, n , .. .,r„ tôdas reais e distintas, a solução geral será :
y = cie'i* 4- C2e'** + . . . +
se a equação característica possui raizes complexas conjugadas, não
repetidas da forma
Tt = p iq e T2 = p - iq,
a cada par de raízes complexas conjugadas, corresponde na solução
geral, um binômio da forma
A COS qx B sen qx ;
se a equação característica possui raizes repetidas, a cada raiz ri de
multiplicidade k, corresponde na solução geral um polinômio inteiro
em X de grau fc - 1 a multiplicar a exponencial :
Cci + czx + 4- • • • 4-
Se ri é uma raiz complexa de multiplicidade k, isto é, se ri = p 4-
também a sua conjugada rz = p - i q será de multiplicidade k, visto
que as raízes complexas se apresentam aos pares, e obtemos uma se­
gunda expressão da mesma form a:
(ci 4- Oft'x 4- czx^ 4- • .. +
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS nt

Estas duas expressões podem ser reduzidas à forma trigonométrica


por meio das fórmulas de Euler, o que d á :
e*** [ (Al + A i X + Asa:* + . . . + A k3:'‘~^)cos q x + {B i + B ^x +
+ BzX^ + . . . + BiiX^~^) sen qx]
Exemplo. Seja achar a solução geral da equação

áV _ d v ^ 2 ^ + 2« = 0 ou (2)*-2)* + 2i> + 2)y = 0


dx* dx^ ^ d x ^ ^
Solução. Recorrendo ao método dos operadores. (7.8), podemos pro­
curar fatorar o polinômio simbólico
D^-Z)* + 22> + 2
Agrupando os têrmos aos pares, podemos pôr em evidência D* no 1.®
grupo e 2 no 2.®, o que d á :
+ 2D -b 2 = 1) + 2(D + 1)
= D*(Z)—1) (D + 1) -j- 2(i)-l-l) (fat. a dif.dequadr)
= (Z) + 1) [Z)* (D —1) + 2] {pondo em evid. D+1)
= (Z)4-l)(Z)»-Z)* + 2)
Por divisão sintética, podemos constatar que o trinômio Z)* - Z>* 4- 2
é divisível por Z) + 1 e dá como quociente Z)* - 2Z) + 2 ; donde,
Z)*-Z)* + 2D + 2 = íZ) + l)(Z) + l)(Z)*-2D + 2)
A fim de fatorar o trinômio restante Z)* - 2Z> + 2, temos que pesquisar
as raizes da equação
Z)2_2Z)-f-2 = 0
o que d á :
D = 1 ± i;
donde: D *-2D + 2 = ( Z ) - l - t ) ( Z ) - 1 + i)
e Z)4-Z)*+2Z) + 2 = (Z) + 1)(Z)4- l ) ( Z > - l - í ) ( í > - l + í )
Donde
(D* - Z>* 4- 2D + 2)y = (Z) + 1)* [D - (1 + i) ] [ D - ( 1 - i) ]y ^ 0
A nossa equação característica apresenta assim duas raizes reais coin­
cidentes iguais a -1, às quais corresponde uma solução da forma (7.9, c) :
(Cl 4- Czx)e-^
e duas raizes complexas conjugadas 1 + i, às quais corresponde uma
solução dá forma (7.9, h ):
CaeU+i)* -(- ou e*(A cos x -{■ B sen x)
Donde a solução geral:
y = (Cl 4" C2x)e~^ 4" e*(A cos X -\- B sen x).
176 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

EXERCÍCIOS

Achar as soluções gerais das seguintes equações lineares.


1. y"'-32/" + 4 y - 0 Resp. y = Cie~* + (Ct + C'3x)e**
2. y'" -7 y" + 12y' = 0 Resp. y = Cl + C^e * + Cae^*
3. DK2D - 1)(D + l)’y = 0 Resp. y — -f-
+ CzX^)
4. y"' + 2y" + y' + 2y = 0 Resp. y = Cie '** + C2 cos x, + C3 sen x
5. (D» - 3D« + 3D - l)y = 0 Resp. y = e*(Ci + Czx + C3X*)
6. y'" + 6y" + 12y' + 8y = 0 Resp. y = (Cl + Csx + C$x^)e~^
7. 4y'"-12y" 4-21y'-26y = 0 Resp. y=é^>\A cos -^x-\-B sen V^a;)+Ce**
8 . (D< + 8 D* 4-16) y = 0 Resp. y = (Cl+ C2x)cos2 x + (C3 + C4x)sen 2x
9. (D’ - D» - 7D* + 3D)y = 0 Resp. y = Ci+C 2e®'+e-*(C3e^"* +C 4 e-‘'^**)
10. (D< + 2D» - D* - 2D)y = 0 Resp. y = Ci+C 2e*+C 3e~*+C4e'**
11. (D <-13D *+ 36D)y - 0 Resp. y = Cie»+C 2e -» + C 3C» d-Cae"»
12. (D» - 12D« + 16D*)y *= 0 Resp. p = Cl-|-C2X“l-C3e~» 4 "(C4 -l-C|x)e»
13. (D« + 3D< + 3D* + l)y = 0 Resp. y = (Cl + C2X + Csa:*) cos ® +
+ (Cl + Cex + CeX*) sen x
14. (D« - 4D< + 4D*)y = 0 Resp. y — Cl C2X 4- (Cs 4" C4X) e"^^ 4-
4- (Cs 4- Cex)e-V*='
15. (I>* - 12D* 4- 60D» - 156D» 4- 2 1 2 D - 120)y = 0
Resp. y = Cie** 4- e** (A cos V 2 x 4- B sen V2 x) 4- e** (Ai cosx4-Ri sen x).
CAPiTULO 8

EQUAÇÃO LINEAR COMPLETA

8.1. Propriedades da equação linear com pleta.

Seja a equação linear completa de ordem n :

OU

(1) L{D)y = Q
Se nesta equação fa2íemos, em particular Q = 0, obtemos uma equação
incompleta
(2) L(D)y = 0
que difere de (1) únicamente no 2.® membro e que desempenha um
papel importante na solução da equação completa (1), como veremos.
A equação (2) se diz a equação auxiliar da equação completa (1).
Pôsto isso, podemos estabelecer as seguintes propriedades da equação
linear completa.
I. Se conhecemos n soluções particulares independentes da equação
auxiliar (2), yi, 2/2, . . . , 2/n, e além disso, conhecemos ainda uma solução
particular Y da equação completa (1), a solução geral desta última será
(3) y — ci2/i + Ciyi + . . . + Cii2/n + Y
Com efeito, podemos escrever :
L{D)y = L (D) (ci2/i + C22/2 + . . . + Cnyn + F) =
«= L (D) (ci2/i + C22/2 + . . . + "b P (P) F =
= 0 + P(£>)F = L(Í>)F = Q
(a 1.* parte L (D) {ciyi + C22/2 + . . . + Cnj/») é idênticamente nula,
visto que por hipótese, ayi -j- c^y^ + . . . + c^y^ é uma. solução da
equação incompleta L{D)y = 0 e L{D )Y — Q, uma vez que F é,
por hipótese, uma solução da equação completa L{D)y = Q). Como
(3) verifica a equação (1) e encerra n constantes arbitrárias, ela é a
solução geral desta equação (1).
178 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

A solução geral da ecjuaçâo iucompleta (2),.


2/ = + Ci2/í + . . . + c«í/.
se diz &Junção compUmeniar da equação completa (1), dado o papel
que desempenha na sua solução.
I I . Se conhecemos a solução geral da equação incompleta L (i))y=0,
podemos obter a soluçjão geral da equação completa L{Dyy = Q mediante
n queidraturas.
A propriedade enunciada se estabelece pelo método da variação
dos parâmetroSf devido a Lagrange (6.9), e consiste em substituir inicial­
mente na solução geral da equação incompleta.
(4) y = ClPl -|- CiPi -f- . . . + CnJ/n.
as .constantes arbitrárias ci, C2, . . . , c» por supostas funções de a;
k\ 5= ki = k^ix), . . . , fcn = kn{x)
e impor a estas funções a condição de que
(4a) y = kiyi -f- k%y% kuyu
venha a ser a solução geral da equação completa (1). Como temos
à nossa disposição n funções incógnitas k\, ki, . . . , fcn a determinar
e uma única condição a satisfazer (a saber L (D) {kiyi -f- k^y2 + . . . +
+ fc„2/n) = Q), podemos dispor das n - 1 condições restantes a nosso
arbítrio. Valendo-nos dêste fato derivamos n vêzes a relação (4a),
assumindo ki, /c2, . . . , fcn como funções de a; e impomos às suas derivadas
k l , kz', . . . , kj/ a condição de que satisfaçam as n - 1 equações:
ki'yi + ki'y2 + ... + kn'yn = 0
(5) k iy i -}- kzyz' + . . . + ka'ya = 0

kxy&~^'^ + -+•.. . -h kn 'yj’'~^'> = 0


Derivando sucessivamente (4a), temos (cada têrmo se deriva como
um produto):

1.* derivada-, y '—k iy i-\-k2y i •. .+fcn?/n'+/ci'yi-|-/c2'2/2+ . . .+ k jy n )


fazendo k \y i + kzyz -j- . . . + kjy^ = 0 condição), y' fica reduzida
a
(A) T>y = y' — kiyi -f kzyz + . . . + k^yJ
2.® derivada: y ''= k iy i'+ 1c2y 2” -\-.. .+ kx,yn '+ kiyi'\-k 2 y z -\-‘ . >-\-kJy^'
fazendo k iy i -}- kzyz + . .. + k^yu — 0 (2.®condição), y" fica redu­
zida a
(B) D ^ y = y ” = k i y i " -f k z y z " + . . . + k n y ^ "
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 179

derivada: i/= kiyi"-{-k 2y2"'-{-...~\~kayn"-\-ki'yi'-\-k2'y 2"-[-...-\-kDym"


fazendo k i'y i' + k 2 y2" + . . . + k /y ^ " = 0 (3.* condiçcUi), y'" fica
reduzida a
(C^) J)%y ^ y»t = + ^23/2" ' + . . . + fcn3/. ///

der. de ordem n - 1: = kiyi^'^~^^ + /c2i/2^““ ^^ + . . . +


+ + kiy2^'"~^'> + . . . +
e fazendo + k 2'yiS'"~^'> + . . . + /c„'3/n(““^) = 0
( ( n - l ) “* condição), fica reduzida a
(D) = y(^-í) = /cx?/i(“~U + /C2?/2^“~^^ + . ,. + fcn3/«("“ U
derivada : fci3/x(“)+/?22/2(“^ + . . .+/Caí/a(“) + kiyi^’^-^'^ +
(^) + '>+...+
Resta verificar que as derivadas fcx', ^2', .. ku satisfazem a relação
ki'yi^'^~^^ + /c2^3/2^“~^^ + . . . + = Q
Para tanto, vamos introduzir as derivadas sucessivas (áj, (R)j {€),
(D), (£0j bem como (4a) na equação completa
L(D)y = Q
e reagrupar convenientemente os têrm os; obtemos :
L(D)y = D^^y + Pxl>“-V + PzD^~^y + . . . + Pn^iDy + P„3/ =
= kiyi^’^^ + 7c23/2^“^ + . . . + fcn3/n(“^ + kiyi^’^~^^ + 702^2^"” ^^ H~
+ fcn'3/«(““ D 4- [D‘y]
+ PiCfcxí/ií^-D + fc23/2(“~^^ + .. . H- k n y ^ ^ + [IP~^]
+ Piikiyi^^-'^'* + fc23/2^"~^> + . . . + /Cn^ní““^)) + . . . [^"““*2^]
... + PB— 1{kiyi + /c23/2^ + . . . + knyJ) + [Pp]
+ Pu{kiyi + k2P2 + . . . + kayà) =* Q [y]
Ou, ,efetuando as multiplicações por Pl, Pí, . . Pa e pondo em evi­
dência os fatôres comuns kí, fcj, . . fc» (em coluna^ :
L(D)y = fcx(yx^"^ + Piyi'<“~^^ + Piyi^‘~^^ + . . . - + - Pn-tyi + P^yi) +
+ 702(y2^“>+ Piy2^"“ ^7 -|- y2^"“ ^) 4 -... + P«-iy2' + P^y^ + •••
... 4 " kniyu^^^ 4 " Piyo^“~^7 4- P2yo^“~*^ 4 ~ ••♦ 4 * Pa-iyJ 4 ~P^yà), +
+ + fc2'y2("-'> + . . . + = Q
Mas, as expressões polinômias que multiplicam ki, ^2, • • •, ka são
respectivamente
L{D)yi, L{D)y 2, . . . , L (D)yi,,
180 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

e estas são tôdas idêuticamente nulas, visto que por hipótese,


Hi) Vh . . 2/n são soluções da equação incompleta
L{D)y = 0
Donde resulta a equação
(6) + .. . + ku'yu^~^'^ =■ Q
combinando esta relação com as relações (5), obtemos um sistema
linear de n equações nas n incógnitas kx^ Jcz, ..
ki'yi + k2,'y2 + . . . + kuy^ = 0
kiyx + k^yi + • . . + k j y j = 0
(7) ...............................: ......................
k\yx^'^~^'i + fc2'2/2<“~^^ + . • . + kjyj?^^'^ = 0
+ fc2'2/2Í‘~^^ + . .. + fc»'yn(“-U - Q
A resolução dêste sistema nos dá as n funções:
1f dk\ . j , dkz r. 1f dk-D .»
k^! = = gi{x), fca' = — = g2{x), . . . , k j = = g^{x)

que integradas nos dão fci, k 2, . . . , fc» á menos de constantes arbitrárias:

kl — Jgi{x)dx-{-Cx, ^2=J*gii^dx+ C i, . . . , kn—J*gu{x)dx + Cn

Introduzindo êstes valôres de fci, /c2, • . ka. em (4a>, obtemos a so­


lução geral da equação completa L {D)y = Q :

y= fgi{x)dx + Cijyi H- jgi{x)dx + C2J í/2 + . . . +

+ j^J*g^ {.x)dz 4- Cb^ «

Ciyi + Csyi 4" . . . 4* Cayu 4" y i g i {x)dx y2^ g 2 (x)dx 4- • . . 4~

4- y» JgM{x)dx

8.2. Solução da equação completa. Método de Lagrange.

Seja a equação linear completa de ordem n a coeficientes constardes


4“ 4- 4- . . . 4- an-iy' 4- a«2/ = Q
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 181

ou
(1) L { D )y r .Q
De acôrdo com o exposto no d.® anterior, conhecida a soluçâk) geral
(2) y = h\y\ + Ic^y^ + . • • +
da equação auxiliar
(la) L(D)2/ = 0
assumimos os coeficientes fci, /c2, . . fc» como funções de a; e deter­
minamos a sua forma a fim de que a fimção
(2o) y = h i {x)yx -f fca {<t)yit + . . . + fcn(«)y.
venha a ser a solução geral da equação completa (1). Para tanto,
submetemos as derivadas fci', fe', . . fc,' às n condições
fclVl H“ ^2^2/2 + . . . + fcní/n = 0 •
ki'yi “b k^yi -f-.». k jy j = 0

kiyii’^ k^y^^ -j- . . . -1- k^y^^ i) s= 0


+ . . • + fcn'í/n("-U = Q
Resolvendo êste sistema em fci', k t , . . fc«' e integrando estas funções,
obtemos as funções k\ {x) que substituídas em (2), nos dão a solução
geral da equação completa (1), na forma (2o).

Exemplo. Seja a equação limar y'" - Sy" + 4y' - 2y = e* sec x, ou,


em forma simbólica: (D* - 3D* + 42) - 2) j/ = e^sec x (1).

A equação auxiliar é :
(2) (D*-3D* + 4 2 )-2 )y = 0
Por divisão sintética determinamos uma raiz da equação algébrica
D * -3 D » -f 4 D - 2 = 0
a saber, D = 1; donde, a decomposição em fatôres;
D » -3 D * -|-4 D -2 = (D - l) (D » -2 D 4 -2 )
A decomposição do trinômio do 2.® grau se obtém pesquisando as raizes
da equação
D* - 2D -I- 2 = 0,
o que d á :
D = 1± v T ^= 1± i
donde,
(D » -3 D * -|-4 D -2 )2 /= ( D - X ) ( D - l - i ) { D - \ + Í)y= 0
1S2 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Daqui, as três soluções particulares:


y\ •= í/2 = e yz —
e a solução geral da equação auxiliar (2) será:
(3) y = k\e' + e'{ki cos x k z sen x)
{transformando as exponenciais complexas mediante as fórmulas de Euler).
Derivando esta relação (3), considerando fci, k% e kz como funções
de X temos:
y' = fcie* -h kie^ + e*(/c2Cos x + fcssen x) + e*(- fc2sen x + /c2*cos x +
4- fcscos X + kz' sen x)
== fcie* + e* [fc2(cos X - sen x) + kz (sen x +cos x f^ k ie ’^ + e^ik^ cos x +
+ kz' sen x)
{aplicando a fórmula da derivada de um produto e reagrupando os têrmos).

Submetendo as derivadas k i , kz e kz à condição


(а) + e^{kz'cos x + fcs^sen a:) = 0
a derivada y' fica reduzida a
y' ~ fcie* + e* \kz (cos x - sen x) + kz (sen x + cos x) ]
Derivando esta novamente, e reagrupando os têrmos como antes,
resulta:
y" = ki€* + 2e* (- kzsen x + fcgcos x) + ki'e^ + e* [kz (cos x - sèn x) +
4* kz' (sen x 4- cos x) ]
e impondo a k i , kz' e kz' a 2.* condição acessória:
(б) ki'e^ 4- c* [^2' (cos x - sen x) 4- kz' (sen a; + cos a:) ] = 0
a derivada y" se reduz a
y" = fcic* 4- 2e*(- kz sen x 4- kzcos x)
Derivando uma terceira vez, vem :
2/"' = fcic* 4- 2«*(- kz sen x 4- kzcos x) 4- 2c* (- fc2COS x - kzaen x) 4-
4- A?'c* 4- 2e* (- k^' sen x + kz cos a:)
Desta última tiram os:
(c) /ci'e* 4- 2e*(- kz' sen x + kz' cos x) = c* sec x
Trata-se de resolver o sistema (o), (6), (c) em fci', kz', kz'.

Simplificando as equações por c*, tem os:


kl 4- kz' cos X 4- kz sen a; = 0
kl 4- kz' (cos X - sen a:) 4- kz' (sen x -}- cos x) = 0
kl - 2kz' sen x 4- 2fcs' cos x = sec x
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 183

Aplicando a regra de Cramer, obtemos:

0 coso: senx cosx sen X


0 C08 X- seruc senx - cosx sec X
W A x _ sec X - 2 sen a; 2 cosx cosx-senx senx+cosx
A 1 cosx sen X 1 cosx senx
1 cosx-senx senx-cosx 0 -se n x cosx
1 - 2 sen X 2 cosx 0 --2senx-cosx 2cosx-senx
8eca;(senxcosa:+cos*a;-seiu;cosa5+sen*a;) _
-sen» C08X
-2sena;-coBa: 2cosx-senx

Becg(cos*x+sen*a!) secx
-2senxcosír+ een*a:+ 2sena:co8a)+ co8*x
Como A 1 para kt':

0 8enx
0 senx-co8x
secx 1 senx
‘2 _ 2 co8 x
-secx
A 1 1 senx-cosx
= - secx (senx-coBx-senx) = secxcoBX = 1

1 C08X 0
1 C 08X - s e n x 0
COBX
,_A, _ 1 -2 se n x se cx
= secx
A 1 cosx-senx
= 8ecx(co8x-senx-co8x) = - senxsecx = - tgx

Integrando estas três funções k i, ki e kz, tem os:

fci = J*sec xdx -\- Cl = In(sec x tg x ) Cx

ki = ^ d x -|- C^ = X Ci

e kz = - J t g xdx -jr Cz = In cos x Cz

Levando êstes valôres de ki, k 2 e ks à solução (3), resulta:


y = e^Jn(secx -\-tg x )-\- Cié^ + [ (x + C2)cosx + (Zn cosa;+C3)senx
== (7ie*+C2e*cosar+C'3e*senx+e*Zn(seca;-l-tga:;H-e^co&c+senxZwcos x
que é a solução da equação completa.
184 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

8.3. M étodo dos operadores inversos.

Retomemos a equação completa a coeficientes constmxtes


(1) 2/0*) + ai2/0*-i) + 022/0*-*) + . . . + o«_i2/' + o«2/ ■= Q
ou, em fOi.*ma simbólica (7.4 (16) e (Ic)^:
(lo) L{U)y = (D“ + -1-... + On—iD-f-Oii)2/ = Q
e suponhamos o I.® membro decomponível em fatôres lineares (simbó­
licos) :
(2) ( i > - r i ) ( í ) - r 2) ( i > - r 8) , . . (D -rn)y = Q

Consideremos inicialmente o caso mais simples que é a equação de


1.® ordem :
(3) y' - n y = Q ou (D - r^y = Q
cuja solução geral é (3.4):

(4) y = + CiJ ou y J*er^^^Qdx + CiC'»*

Mas, a parte nada mais é senão a solução geral da equação


auxiliar
(Z> - r-dy = 0
e constitui a junção complementar y, (8.1) relativa à solução geral da
equação (3). Como esta função complementar pode ser determinada
pelo método exposto no capítulo anterior, ocupar-nos-emos aqui
ünicamente da obtenção de uma solução particular Y (8,1, I) da
equação completa que, no caso presente, se reduz a

(3o)

Concebendo em (3) D - r i como um fator simbólico de y, podemos


escrever reciprocamente:

(4) y =
D -ri Q
introduzindo assim o operador simbólico inverso
1
D-r\
que aplicado à função Q deve dar a solução particular Y da equação
completa (2). Mas, doutra parte, a relação (3o) nos mostra de um
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 185

modo explícito a que operações se deve submeter a função Q, a fim


de obter F. Igualando (4) e (3o), tem os:

(5) Y=U_ J^ _T l Q = J
r e ^x ^d x

igualdade que nos pennite atribuir um conteúdo ao operador inverso


1
D -r\
isto é, podemos interpretar êste resultado, dizendo que aplicar o ope­
rador inverso
1
D -T x
à função Q significa efetuar a integração do produto e~*x*Qdx e multi­
plicar o resultado por De modo ainda mais expressivo podemos
escrever a identidade simbólica

(5a) Je-^x' (*) dx

onde o asterisco (") está a representar uma função qualquer de x \


o 2.^ membro indica de modo explfdto as operações implícitas na apli­
cação do operador inverso à função simbolizada por (*)
Assim, seja a equação
y '- 2 y = c* ou (D - 2)y = e \
A equação auxiliar
(D -2 )y = 0,
dá a função complementar
y, =
Para obter uma solução particular da equação completa, escrevemos:

Y — Je"^e*dx (aqui Q = c*)

Donde, a solução geral da equação completa:


y = í^, + F = C e*'-e'
Consideremos a seguir a equação de 2.* ordem :
y" + axy' + Oty = Q ou (D* + axD -|- a*)y * Q
O 1.® membro se decompõe nos fatôres lineares
D - r i e D-Ti]
186 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

(ionde (chamando Y a solução particular procurada) :


(D-n)(D-r,)Y= Q
Aplicando primeiramente à equação o operador inverso
1
D -ri’
tem os:

(6) (D-n) Y = Q= f (em virtvde de (5)


U —Ti J

Representando provisôriamente por Qx o último membro, a saber:

Qx — J* e~’i^Qdx

obtemos a nova equação :


(6a) (D-r,)Y=Qx
E daqui,

Y = f e~'*^xdx
L) —Ti J

(svbftüuindo^ Qi)

= e'»* Je~'‘í'Qdxdx (tirando os colchetes)

(7) (reduzindo)

Anàlogamente, tratamos a equação de 3.* ordem :


Ml” + aiy" + 0 2 ?/' + asy = Q ou (D* + aiD® + o,<J> + os)y = Q

Fatorando o 1.®membro e supondo as raizes distintas, temos (chamando


Y a solução particular procurada):
( Z ) - n ) ( i ) - r 2) ( i ) - r s ) F = Q
Aplicando à equação sucessivamente os três operadores inversos
1 1 1
D-rx* D-T2* D-rz
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 187

resulta:

1. ®) (D - rs) (D -rs) Y = ■ Q- f d x
U -Tx J

ou, fazendo provisôriamente

Qi = J*e - ^ í^ d x :

iD - r ,) { D - r s ) Y = Qx

2. ®) (D -rs) Y = y- Q i =
D 'To J

= J* c“'** Qdarjdx iSubstituindo Qi)

= e'»* Je~^i^Qdx^

ou, fazendo provisôriamente


Qi = e'i' J*e('i-'í)* J*e-’i^Qdx^ :

(D - rs) y = Qi

3.®) F = Q2 = f e-^»^Qdx
U —r's

~ J X J e '^í^Qdx^ Jdx

(8)

Êste resultado nos induz a uma generalização espontânea. Se


iP - rx) (D - rs) {D - rs) . . . {D -r.^x) (D - r»)F = Q
onde supomos rx, rs, . . . , rn todos distintos, podemos escrever direta­
mente :

= 6'“* 6('n-l *n)* ^ fCn-í 'n-1 )* . . .

(9)
188 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

De resto, esta fórmula pode ser demonstrada por indução matemática.


Representando por Qn-i, o 2.® membro e escrevendo
( D - r 4 i ) F = Qn_i
tem os:

Y = jr-------Qb_i = fe~^->+í’^Qn-idx
U~ J
Introduzindo aqui, em lugar de Qw-i, o seu valor tirado da relação
anterior e reduzindo, obtemos uma expressão da mesma forma :

Y = ^ e('o-'n+l)« ^ eCn-l-rn)* . . .

' ' ' S ®^*^*~^*^* ^ ^€~'^'Qâx


que prova a validade da fórmula.
Exemplo. Seja a equação y"' + 3y" - áy' - Í2y = sen 2x
Solução. Em forma simbólica, podemos escrever :
(1) (D* + 3D* - 4D - \2)y = sen 2x
A equação auxiliar é:
(D®+ 3 D 2 -4D -12)y = 0
O polinômio
X)3 + 3X>2 _ 4/) _ 12
pode ser fatorado por agrupamento:
D * + 3 D * -4 D -1 2 = D^CD + 3 )-4 (D + 3) = {D^~^){D + 3) =
= (D -2 )(D + 2 )(D + 3 )
Donde resulta: ri = 2, r2 = - 2 e r? = - 3
Obtemos as três soluções particulares da equação auxiliar:
yi = Pi = (j-2* e yz=
A sua solução geral será, portanto:
y = C\yi + Ciyz + Czyz = Cie** + Cje-** + Cse"»*
que nos dá a junção complementar relativa à equação completa (1):
y, = Cie** + C26-** + Cae-**
Para obter ainda uma solução particular Y da equação completa,
escrevemos:
(D -2 ) (D + 2)(D + 3)F = sen 2x
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 189

Aplicando diretamente a fórmula que acabamos de estabelecer para


o caso de três raízes, vem (fazendo n = 2, ra = - 2 e rs = - 3)

Y J * J * e ( * + 2 ) x J*e-*»5en 2xdx^

(o) = e” ®* e*J*j^J*e~**sen 2a;da;Jda;*

A integral entre colchetes se calcula pela fórmula;


e**(a sen hx-^h cos hx)
(A) J e^^^en bx dx —
a * + 6*
o que dá
g-u (_ 2 sen 2x - 2 cos 2a;) - e~**(sen 2a; + cos 2a;)
J e“2*sen 2a:da; =
(-2)2 + 22

Substituindo em (a) e simplificando, temos:


- e~2*(sen 2a; + cos 2a;)
Y = e-2» dx* =

= - ~ e“2* J*e* j^J*e** (sen 2a; + cos 2a;) da;] dx {h)

A integral entre colchetes se desdobra nas duas integrais

J*«2»sen 2xdx e e^cos 2xdx,

A primeira se calcula como a anterior:

/e,« ^ 2.K ,f a ----------------------------------------------


e2*(2 sen 2a; - 2 cos 2a;) e**(sen 2x - cos 2a;)
j ----------

A s^unda se calcula anàlogamente pela fóimnla:


(6 sen 6a; + o cos 6a;)
(B) Je^*<x>abxdx =
a*+ 6»

o que d á :
, c2*(2sen2x +2cos2a;) e**(sen2a; + cos2a;)
e^coB 2xaz ------------- ^---------------------------- —— ------
190 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Donde, somando as d u as:


e^*(sen 2x - cos 2x)
e**sen 2tdx + J*e^*cos 2xdx = +

e**(sen 2x + cos 2a?) 6**sen 2x


+
4 2
Substituindo êste -resultado em (6) e simplificando, resulta;
1 - /• _ e^*sen 2a; 1
= - -4 dx = - J ,e®*sen 2xdx

1 , e®*(3 sen 2a;- 2 cos 2a;) 1 « o « \


= - - g e - “ . -------- g5-;p^5 ---------------j^ ( 3 s e n 2 i- 2 c o s 2 x )

(aplicando a fónnula (i4) e simplificando).


A solução geral da equação dada, será portanto:

y = Cie®* -b Cze"®* + Cse"** - (3 sen 2 x - 2 cos 2a;)

8.4. Casos de raizes m dltíplas.

Basta considerar, em particular, b caso em que as três raizes da


equação
(D -n )(D -r2 )(D -r3 )r-= Q
se tornam iguais. Resulta simbòlicamente :
1
(D-ryY= Q ou Y =
(D-r)-,Q
Introduzindo esta hipótese em (8), v em :

Y = J e('-')* J*e^'*Qda;*

= e'* e-'*Qda;»

e que quer dizer que se deve submeter a função a três quadraturas


sucessivas.
Assim, se
(D -2 )» F = 6®*,
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 191

tem os:

Y = J * J * J * = e-‘‘ J íía-Jíía;^

= J* = e*' = c-* J*e‘dar = r “‘e* = 0 3x

Anàlogamente se trata o caso em que duas ou mais raizes são nulas.


Assim, para a equação
D^ Y = Q
a fórmula (8) dá diretam ente:

1’ =

EXERCÍCIOS

1 . (D^ - 6 D* + IID - 6 ) y = Ref<p. y = Cix -|- (C2 - x)e^* +


2 . (D3 - 6 D 2 + 1 2 D - 8 ) y = 1 2 e«» + y = (C, + C2X + C,x*)e*> +

+ I2 e’* 4 - —
6

3. (D®+3D*+3D + l)j/ = 2e '*-x*e“' Resp. y = {Ci+C 2X+ € 3


X^)6" ^ (20-x^)
60
4. y'" - y ' = + e~* Resp. y = C*i + (C2 + x/2)e* + (Cs + x/2)e“*
5 . y'-"-|-2 y"-y'-2 t/ = 6 sen 2 x + 1 2 xe** Ãesp. y = (C'i+C2X+C'3X®)e~* +

4 - — (2 sen X- 1 1 COS x)
26
6 . y"' y" - y' - y = sen%; Resp. y = Cie* 4- (C2 4- C3x)e~* 4-

H 1 sen 2 x 4 - — cos 2 x - 1 / 2
25 50
7. y"'4 -í/'=tgx Resp. y = Cicosx+C'2senx 4 -C'3 H-ínsecx-senxZn(setíx+tgx)

8 . j/'" + 8 y = cos 2 x Resp. p = Cie*cos(V3^ + C2) 4 - C'3e ^ --^ (se n 2 x-cos 2 x)


16

y. y'” - y ” - 2y' = xe** Resp. y = Ci -{■ Cte^ + C%e~^ +


\12
(L x ^ -± x)
36 J
.10. p'"4-3p"-4p=9xe~**+4x Resp. y = Cie* + í C2 + C 3X - í-^ y ^ -x
0 i 2 j

1 1 . (D*-5D*-6)y=»3senx Resp. p=C ie*^ 4 -C2C~*^+C 3Cosx+C 4Benx+— cos x


3x
14
192 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

12. (D* + 5D* - 36)í/ =* 20e^ cos 3x

Bevp. y — Cie** + Cae”** + €%cos 3x + U4 sen 3a: - — (sen 3x + 3 cos 3x)


30

13. (D*+4D*)ya.4 cos4a; Besp. y=Ci+Cja:+CíX*+C4 e'^ + —<(cos4x-sen4x)


128 }

14. (D - l y y = 2e* Resp. y = (Ci + Cjx + Cix®)e* + — x*e*


3

15. D*(P - 2)*í/ = e** iíesp. y = Ci + Cax + ((7* +• C4X + C*x*)e** + ~ x*e*»
24
16. (D»-7a*D + 6 a»)j/ = x*

Resp. y = Cie“ + Cae»^ + ^ + _ iL ^


^ 6 o« V 3a 18o* y
17. (D* + 2 a*D* + a*)y = cos ox

Resp. y = {Cl + Cax) cos ox + (Cj + C4 x) sen ox + -----x* cos ox.


80*
CAPÍTULO 9

EQUAÇÕES LINEARES A
COEFICIENTES VARIÁVEIS.
TIPOS ESPECIAIS

9.1. Equação de Euler.

Bá-se 0 nome de equação de Euler a uma equação da forma


(1) üdiax + + ai(oa; + + . . . + o»_i (oíc + h)y' +
+ o.y = Q(a;)
onde a, 6, oo, Oi, 02, . . . , a» são constantes dadas. Como se vê, a carac­
terística da equação de Euler é que uma função-linear dea;, -(arr + í>)~
elevada a uma potência igual a ordem de derivação, multiplica cada
uma das derivadas. Esta equação pode ser reduzida a uma equação
linear da mesma ordem a coeficientes constantes, mediante a subs­
tituição
ax + 6 = e* ou, em Torma inversa : t =* In (ax -j- 6)

Com efeito, podemos assumir y como função de x, através de t,


de modo que a derivada de y em a;, se exprime por meio da derivada
de y em í e de í em a; (junção de junção). Derivando, tem os:
dy dt 5)-i í visto qiie — =
y = dx = a'ax dt 1 * ax + b
dt dx
^ a (ox + 6 )“*)

Derivando uma 2.® vez :


dy' d^y d dy d i \ d , - 1 ^ 4.
2/" = dx dx^ dx Y tíí d x j ^ dx dt ^

a {ax -\- b)' (derivada de produto)


d x \^ d t J
194 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

= -a*(«x + + «(«X + W -

I dx J dt \ d t J dx\

= -a ^ {ax + 6)“* ^ ^ ^

+ 5 )-. ( ^ _ ^ ) (fatorandó)

Anàlogamente calculamos a 3.* derivada :


d - ÉM.\
dx» dx^^^ \ dí2 dt)~^

{derivada de produto)

-«••<••+*>-(5 4 0 + «
(função de função)

= - .( A - ft) ( f - 4 i )

|. dt a(ax + h)
dx "I
(fatorando)

Calculando do mesmo modo as demais derivadas até a de ordem


n, e substituindo em (1), êstes valôres de
y', y ” , y” ', • •

cancelam-se nos diversos têrmos as potências positiva e negativa do


binômio ax + b, ficando assim os coeficientes reduzidos a constantes;
a equação tomará a form a:
/o^ í. <^“2/ . r ^ d‘-^y , , ^ dy
(2) *>• + *>'-djiíT +*>* + •■• + *>-• l i -f-ba^ = Q\(f)

onde 6o, b\, hi, . . . , b» são constantes e Qi(0 = Q(eO


EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 195

Exemplo: Seja a equação x^y” + x y ' - y = ax^

Solução : Aqui fazemos x = e* e portanto, t *= Inx,

Derivando y como função de x através de t v em :

y dx dt dx dt
(\ visto que —
dx
=l = x A
X J

E derivando uma 2.* vez :


d^y
y” = dx^ dxy dt J dl dxX^dtJ
(fórmula do produto)

--X -' + \ - É-(


d t^ cUd dz . [ rfx V rfí y dt\dtjdx\

=- X ( visto que ^ = x~^ )


dt dt^ dx J

/ d‘^y
= xr^ (faJtorando)
V dp dt )
Substituindo êstes valôres de y' e y” bem como o valor de x em
função de t, na equação dada, resulta:

* ^ + **-. 4 l - j , = ae*‘
\d t^ d tj^ dt ^
ou, simplificando:
d^y
- y = oc**
dt^
que é uma equação ainda de 2.* ordem, mas a coeficientes constantes.
Podemos escrever simbòlicamente:
( D ^ - l ) y = ae**

A fimção complementar será obtida, resolvendo a equação auxiliar:


(D® —1 ) y = 0 (raizes ri = 1 e r* = ^1 )
isto é.
y, * Cie* + C ^ *
196 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

üm a solução particular da equação completa, pode ser obtida


pelo método dos operadores inversos. Temos:
1 st 8t
D» - 1

= J = [« ‘ / « - ‘ae» d íj o -« -)

= ^e* C®* dt ^aqui r = -le Q = * .^ € * ^

= e^*dt= ~ e-’* . (x = e*)

Donde a solução geral:

P = C i^+ Cixr^ + ax*

(vüto que e* SB X « e~* = x"*).

9.2. Equações em duas derivadas consecutívas.

Seja
(3)
Fazendo z = e derivando v irá :
dz

Donde, substituindo em (3):


dz .. , dz
^ =<'<*) *>" '** = w
e daqui integrando:
dz
(4) X= J -zzr + ^ « = G (2) + C
g(jò
repres^tando por G{z) a integração efetuada.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 197

Supondo que esta função se possa resolver em z, podemos escrever


0 = F{x, C)
ou lembrando que z = :
y(«-U = F {Xf C)
que se integra mediante n - 1 quadraturas (1.6). Se a equação
X = G{z) + C
não pode ser resolvida em z, procedemos como segue. A derivada
pode ser expressa como a derivada de a saber :
dyi -0 2 }
ou — ;----- = z {visto que = z)
dx dx
ou desdobrando esta derivada e integrando ;

dyí'^-^) = zdx e = J * + C\

dz
giz) ( visto que dx = g{z)J
— Qiiz) + C'!
chamando g\{z) a integração efetuada.

De modo análogo podemos passar a escrevendo :


dyi'^~^)
= = Qxiz) + Cl ou dyi^-^) = [^1 {z) + Ci]dx
dx
e integrando :
dz
y(n~9) = J \gi(z) + Ci]dx + C2 = J \gi{z) + Cl] + C2 =

~ g^iz) + C2.
Depois de integrar n - 1 vêzes, obtemos y em fimção de z :
(5) y = g«-xiz) + Ciu-i
Eliminando z entre as equações (4) e (5), obtemos uma equação
em a; e y. Caso esta eliminação seja impossível, assumimos (4) e
(5) como a solução procurada dada em forma paramétrica.
Por meio de uma substituição análoga se pode resolver uma equação
da forma
(6) 2/(“) = g (2/(“-2 ))
198 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Com efeito, fazendo = z podemos escrever;


áH
y(“) = ou = z"
dx^

Donde substituindo em (6) por z e 2/(") por z", resulta


z" = g{z)
que é uma equação do tvpo I I , (6.3). Integrando, obtemos uma so­
lução da forma
z ^ j { x , Ct, C2)
e como z = obtemos a equação
2/(»-2) = f(x, Cl, Ci)
que se integra mediante n - 2 quadraturas.

Exemplo 1. Seja a equação y” = \ / l + y'^

Solução. Fazendo y' = z, vem :


dz
dx
— V^l + 0 " - 1)
Separando as variáveis:
dz
dx =
a/ i +
e integrando:
dz
x = C = íw (z -}- \ / l “H z*) + C
/\ / l +
A fim de resolver esta equação em z, passamos à forma e:q>onencial
z + \ / l + z“ =
Isolando o radical, v em :
\ / T + V = c*“^ - z
e elevando ao quadrado os dois membros, a fim de racionalizar:
1 + z* = - 2ze*~^ -|- z*
Suprimindo z^ nos dois membros e isolando o. têrmo reslmite em
z, tem os:
2ze*^ = —1
EQUAÇÕES D IF E R E N C U IS 199

Enfim, dividindo tudo por :


g ( 2 x -C ) 1
2z = j X—
'= é* ^ —

Dividindo ainda por 2 e substituindo z por y'y obtemos uma


equação diferencial de 1.* ordem que, integrando, d á :

y“ 4 / + C. =• i (e-« + «-(-O)) + C.

que é a solução procurada.


Exemplo 2. Seja ainda a equação x^y"' - 6^/' = 0 (o)
Solução. Fazendo y' = z, temos y”' = z"; donde, substituindo :
a:V'- 6 2 = 0 (6)
que é uma equação de Euler em z. Para resolvê-la, fazemos x — e*
ou t = In X, e derivamos em x através de t :
, dz dz dt ^ dz dt 1
dx dt dx dt \ ax X J
Derivando novamente, v em :
dh
z" =
dx^ d tj d t^ da \d tj
{derivada como produto)

„ dz . . d h dt 1 visto que ^ = d / dz \
= -d ê Ix ’k. d x \ dt / dt Vdí / dx y

. dz =x-»^
dt^ \ dx )

, í àh d z\
(faiorando)
^ \d t^ ~ d t)

Substituindo êste valor de z" em (6), tem os:

X‘

OU

d^z dz
-6z = 0
ÜF dt
200 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

que é uma equação linear incompleta a coeficientes constantes, cuja


equação característica é
r ^ - r - 6 = 0;
suas raízes são ri = 3, — - 2 . Donde, a solução geral;
(c) 2= + Cae-**
Lembrando que x = e*, podemos substituir' estas exponenciaiç
em função de a;:
= (e‘)8 = X® ’e = (c*)“ * = x~^

Substituindo em (c), v em :
z — Cix* -H CiX~^

Doutra parte, substituindo z por y', e integrando, temos a solução


procurada:
y = CiX^ "f" "1- Cz
{prescindindo dos coeficientes 1/4 e - 1 das constantes arbitrárias C\ e C*.)

9.3. Depressão da ordem quando se conhece um a solução


particular.

Se conhecemos uma solução particular y\ da equação linear


incompleta
(1) 2/(“) + + P2^(“-2) + . . . + P -i2/' + P.2/ = 0
podemos abaixar de uma unidade a ordem da equação completa que
tem (1) por equação auxiliar:
(2) 2/í") + Pi2/(*-U + P22/(“-2) + . . . + Pn_i2/' + P^y = Q

Com efeito, se fazemos


y = yiz
onde z é uma nova função incógnita, e derivamos sucessivamente como
produto, a fórmula de Leihniz nos d á :
y' = yiz' + y iz
y” = 2/12" + 2yi'z' + yi"z
y'" = yiz'" + 3yi'z" + 3yx'V + y^'"z
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 201

Substituindo êstes valôres de y', y'^, . . « / ( “>conjuntamente com


o valor de y, em (2), resulta :

+ (n-1) . . . +P„_i {yiz'+yiz)-\-Puyiz= Q


ou, reagrupando e ordenando segundo a ordem decrescente das deri­
vadas de z :
yi2(")-f- (ny/-l-Pi^i)2(“-U-l-...+ (?^'”i+ Piyií“-D+...+P„_i)?//+P„yj)2 = Q
Mas, o coeficiente de z, é idênticamente nulo, por hipótese, visto
que yi é uma solução particular de (1), e reduz, por conseguinte o
l.° membro desta equação idênticamente a zero.
Assim tratando-se em particular de uma equação de 3.® ordem :
y"' + Piy" + PiV' -\r Pzy == Q
e suposto que yi seja uma solução particular da equação auxiliar
y '" + Piy" + P^y' + P z y = 0
isto é, seja idênticamente:
yx" + PiVi' + P 2V1' + P m = 0
temos (substituindo por y\z e y', y", y'" pelos seus valôres calculados
acima):
yiz'" + Zyiz" -f Zyi"z' + yi'"z -f Pi {yiz" + 2yi'z' + yi"z) -j- P 2{yiz' +
+ yi'z) + P m z = Q
ou, reagrupando e ordenando segundo a ordem decrescente das deri­
vadas em z :
yiz'" + (Zyi + P.iyi)z" {Syi" + 2Piyi' -{- P 2yi)z' + (yi" + P m " +
+ P^yi + Pzyi) z = Q
0 coeficiente de z é idênticamente nulo por hipótese, e a equação sç
reduz a :
yiz"' + (32/i' -t- P m Y ' + {Zyi" + 2 P m ' + P 22/O2' = Q
onde os coeficientes de 2'", z” e 2' são funções conhecidas de x. Fazendo
z ' = y,. resulta :
z" = v' e z"' =
Introduzindo êstes valôres de z', z" e z"' na equação que acabamos
de obter, v em :
yxv" 4 - (3 ^i' + P i y ^ ' 4 - {Zyi" 4 - 2 Pxy-L ^ P^y-òv = Q
que é uma equação de 2.* ordem, na função auxiliar v. Se sabemos
integrar esta equação, obtemos v, ou seja, z '; conhecida esta função
z', obtemos z, mediante uma quadratura. Achado z, obtemos y através
da relação inicial y = y ^.
202 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Exemplo 1. Seja a equação Zy'" + 5y” - 2y' = e'


Solução. Dividindo preliminarmente a equação por 3, temos :
... I 3 2 - 1
(a) y + j 2/ *3 y = -3

A equação auxiliar é

Q>) y"' + 4õ y"


2/^ - í y ' = 0

e admite evidentemente uma solução particular yi = C, pôsto que,


neste caso,
yi' = 2/1" = yi^" = 0
Neste caso, em vez de fazer primeiramente y = zyi e a seguir
Dz = z' = u, podemos fazer diretamente
(c) y' = z
Derivando duas vêzes, vem :
y" = 2' e y"' = z"
e substituindo estas expressões de y', y” e y"' em (6), resulta:

(d) s" + - | í ' - | í = 0

que é uma equação incompleta de 2.» ordem a coeficientes constantes


e tem como equação característica:

cujas raízes são n = - 2 e r2 = 1/3.


Daqui a solução geral da equação (d):
(c) 2= -b
Determinamos a seguir, ki e de modo que z verifique a equação
completa
./ . 5 , 2 1
(/) " 3 "*
Derivando (e), supondo ki e funções de x, tem os :
z' = - 2fcie-2* + 1/3 fcse*/» +
Impondo a ki e a condição acessória
(y) =0
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 203

e derivando novamente:
2 " = 4 - 1 /9 - 2 f c i 'e - 2 « + 1 /3

Levando êste valor de z", bem como z' (depois de imposta a condição
(gj) e z k equação (/) e tendo presente a equação (d), obtemos a 2.*
equação de condição em W e kz :

ih) -2fc,'«-“• + = je'

Resolvendo simultâneamente em ki e W às equações (g) e (A), vem :

fe/ = - - y e'» e fcí' = y


E integrando:
fci = - ^ e«*+(7i
1 4

Introduzindo êstes valôres de ki e k^ em (e), temos :

í = (^ - ^ e>‘ + eW* + c A * "

= - ^ ^ e« + Cze"" {multiplicando)
21 14

ou reduzindo as exponenciais iguais:

(^■) 2= o 4
Tendo presente a relação inicial (c), ?/' = 2, obtemos y mediante uma
quadratura, substituindo 2 pelo seu valor dado em (i) e integrando :

y = f z d x + C, = f ( j e ^ + dx +
6

46 e* - 42 + Cs

ou, substituindo - Ci, 3C2 e 0$ por nova? constantes arbitrárias


Cl, C2, e Cg:

y = 4
D
+ cie~2* + C2C*!®+ C2
que é a solução geral procurada.
Exemplo 2. Seja e equação (x^ + l)y" - 2xy' + 2^ = 6 + 1)^ (A)
Solução. Fàcilmente se vê que yi = x é uma solução particular da
equação auxiliar
(x^ + 1) y" - 2xy' + 2^/ = 0
204 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

pôsto que
para y i - x, é y\ = l e yi" = 0';
e portanto:
0 - 2a; + 2* = 0
Fazendo y ^ xz ^ derivando duas vêzes, tem os:
y* — xz' -Y z e y" = xz” + z* + z' = xz” + 2z'

Introduzindo êstes valôres de y, y', e y" na equação proposta,


resulta:
^ (a;* + 1) (a;z" + 2z0 - 2a; {xz' + 2) + 2a;z = 6 (a;* + 1)*
ou, simplificando:
(B) (x^ + l)a;z" + 2z' = 6 (x^ + 1)*

Fazendo ainda z' = v e derivando, temos z" = v '; substituindo


z' e z" por v e » ' respectivamente, obtemos a equação:
(O (a,* + !>»' + 2v = 6 (a;* + 1)*
que é uma equação linear de !.• ordem. Dividindo tudo por (a;*-f

fazendo —^ ^ multiplicando por dx, vem :


2dx
dv +
(x^ + l)a; X
que se resolve pelo método exposto em 3.4. Integrando, obtemos:

t. = 3 ( * « + l) + C ' , í l ^
X
dz
Mas, » = z' = ^ ; donde a equação de 1.* ordem :

que integrada dá

= a;®+ 3a; + Cl ^a; - + C%

i^nfim, lembrando que y = xz, e substituindo aqui z pelo seu


valor, resulta:
y = ;r* + 3x*4-C i(a:*-l) +
que é a solução geral da equação dada.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 205

exercícios

I. Equações de Euler e depressão da ordem. Resolver as seguintes questões.

1. x^y" + xy' - y = O Resp. Cix + CíX~^


2. (x + Zyy"' + 3 (« + Zyy" + (2x + 6)y' = 0
Resp. y = Cl Ci sen [In (x + 3)] + C3 cos {Irt, (x + 3)]
3. x^y'‘ + 4zy' + 2y = e^ ' Resp. y = Cix~^ + C2X“* + e*x“*
4. x^y" - Zxy' + 4y = x® Resp. y = (Ci + C2In x) x® + a:®

5. x®y"' - 2x^y" = 2 x®- x Resp. y = Ci + C^x + Czx*- — + JLlnx


3 3
6 . (x - lyy" ' + 2 (x - l y y ” - 4 (x - l)y* + 4 y = 4 Zn (x -1 )
Resp. 2/ = Cl (x - 1) + Cí (x - D* + C, (x - l)-® + In [e (x - 1)]
7. 4x®j/'" + 8 x®y" - xy' + y = x + Zn x
Resp. y = Cix + Cax®'* + Czx~^>^ + 1/3 x Zn x + Zn x -(- 1
8 . (2x - l)*y'" + (2x - 1 ) y' - 2 y = 4x

Resp. y = ^ Cl + Czlnx + - In^x') Vx - — x*


8 y 25
9. x»y'" + 6 x*y" + 8 xy' + 2 y = x* + 3 x - 4

Resp. y = [Cl + C2 sen (Zn x) + C3 cos (ín x)J — + ~ ^ - 2


X 30 10
10. x®y'" + 3x%" + xy' + y = sen (Zn x)
3 Zn
e . cos (^ V
Resp . y = -/x I^Ci »— • + ftsen + C3X * +

4 - JL (cos (Zn x) + sen (Zn x))


2
1 1 . x V ’^- 2y" = 0 Resp. y *= Cix< + C2 x Zn x 4* C3X 4- C4

1 2 . y" 4- cotg xy' = cos x Resp. y = Ci Zn (cosec x - cot x) + C2 - -L cos x


A

13. y" = ( 1 + y'*)«'® Resp. y = Ci - > r i-(x 4 - C2)®


14. ( 1 - X®) y" - xy' = 2 Resp. y = (are sen x)® 4- Ci arc sen x 4 - C2
15. x®y'" 4- 2 xy" = x + x“» Resp. 1 2 y = Ci + C2X 4 - C3 Zn x + 3 x®- x~®
16. xy*^ 4- (y'U® = y"' Resp. 24y = Cix* + 4Ci®x* + C2X® + Czx 4- C4

17. x®y" - 2 x®y' - y'® = 0 Resp. db 2 y = Ci®arc sen — \- C2 -xVCi®-x®


Cl

18. y" - 2x“®y' + 2x“®y >= x l nx Resp. y = Cix + C2X® + x® Zn x - — x®


2 4
206 CURSO DE CALCULO DIFERENCUL E INTEGRAL

19. (x* - 1 ) y” + xy* - y = 0 sol. part. yi = x.


Resp y = Cl X -\-C 2 V íc* - 1
20. (x + Z )y " - (4x + 13) y ' + (4x + U ) y = (x + 4) €«, yi = e»
Resp, í/ s- e** (e’* + Ci (x + 3)* + CJ

II. Resolver as seguintes equações por depressão da ordem.


1. y”' + 2y" + 5i/' = 0 Resp. y = (7 + (A cos 2x + J? sen 2x)
2. y"' 4- 4y' = 0 Resp. y —A sen 2x + 5 cos 2 x + C

3 y"' - y ' - X Resp. y = Ci+Cí0‘+Cie~' - —x*


2

1
4. y'"+y"-2y'=x» Resp. y=Ci+Cí6>+C,e-9» - - (2x*+4x»+18x*+30x+31)
16
5. (Da-D*-2D)y=44-76x-á8x* Resp. y == Ci+C 2 e-*+ Cze^^+8x* + 7x*-5x

6 . (D» + 4D* + 4D) y = Resp. y = Ci + + C3


X- .-2x

7. (D* - D)y = €« 4- iíesp. y = Ci 4- ^26* 4- Cte~^ + x cos h x


8 . (D> - 2i)*4-5D)y = 1 0 4-15 cos 2 x.
fiesp. y = Cl 4 - (C2 cos 2 x 4 - C, sen 2 x) 4 - 2 x 4 - 60 cos 2 x _j_ 2 3 .
34
CAPÍTULO 10

SOLUÇÕES POR DESENVOLVIMENTO


EM SÉRIES

10.1. Desenvolvim ento em série de Taylor.

Quando não sabemos integrar uma equação diferencial dada,


isto é, quando ela não se enquadra em nenhum dos métodos elemen­
tares expostos, podemos procurar obter uma solução em forma de
uma série de potências. Um exemplo de um tal processo já tivemos
ocasião de expor ao tratar do método das aproximações sucessivas
de Picard (5.1).
Seja dada uma equação diferencial de ordem n,
(1) ^(“) + -b P2?/(“-2) -b . . . + Pn-l2/' + P.y = Q
Se a função incógnita y = y{x) pode ser desenvolvida em série
de Taylor nas vizinhanças de um ponto xo do intervalo em que ela
é definida, a solução procurada assumirá a forma :

(2) y = y (x) = y fxo) + y' {xo) + v" í*o) +


1! 2!

onde y (xo) é os coeficientes


y'(xo), y"{X o), . . . ?/(“- ^ ) { x o )
se determinam por n condições iniciais (1.8), e os demais, por derivação
sucessiva da equação diferencial dada. Vamos ilustrar o método em
um exemplo.
Exemplo. Seja a eqitação dijerencial x^y" - xy' 2y = 0 (A) de modo
que para x = 1, seja y — y{\) = 0 e y' = y' {!) = 1.
Solução : Trata-se aqui de obter a solução procurada
y = y(x)
208 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

em forma de uma série de Taylor nas vizinhanças do ponto Zo — 1,


ou seja em potências crescentes de a; - 1 , de tal forma que para a; = 1,
seja
(a) y 0 e y* = 1.
O valor da 2.* derivada y", se obtém diretamente da equação
diferencial dada, introduzindo aía; = l, y = 0 e y ' = l, o que d á :
(6) y" - 1 = 0 ou y" = y" (1) = 1.
Para obter os demais coeficientes da série (2), derivamos suces­
sivamente a nossa equação diferencial (como função implícita). Temos:

(B) •^(x ^"-zy '+ 2 y ) = .xY"+ 2xy"-xy"-y'+ 2y' = x ^ " + x y " + y '= 0

Daqui tiramos o valor de y"', para a; = 1, observando que y ' = l


(dado) e y" = 1 (achado em (6):
(c) y"' -H 1 + 1 = 0 ou y'” = - 2
Derivando (P) por sua vez, tem os:

( O ^(xy"-|-a-y"-hyO = ícV’'+2a:y"'-H a:y"'+y"+y"=a:V ^ +

+ 3a:y"'-f- 2y" = 0
que para X = 1, y" = 1 e y"' = - 2 , d á ;
(d) y*’^- 6 -b 2 = 0 ou y^' = 4
Derivando (C), achamos y(’>:

(D) — (a:^<*’')-|-3a;y"'+2y") = a:®yí'')+2a:yé'')-f-3a:y(‘’')-|-3y'" +


dx
-f- 2y"' = x^yi^) + 5a:y(‘^) -f- 5y'" = 0
Para a: = 1, y"' = - 2 e y(‘^) = 4, vem :
ie) yi') -1- 20 - 10 = 0 ou y(^) = - 10
Prosseguindo indefinidamente nestas operações, obtemos o número
desejado de têrmos da série procurada. Substituindo os valôres cal­
culados em (2), obtemos:
a -1 (x - 1)2 (x - ly (x - 1)^
y = 0 + y p . l + —^ . 1 + —^ ( - 2 ) + .4-f

(X - 1)6
(—10) “b . • •
5!
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 209

(a: - 1)2 2 {x - l y ^{x - l y ÍO (íC -l)®


y = x - l - \ ------- ------------------------------ 1-------- 7-1------------^ -------- 1- . ..
2! 3! 4! 5!
ou ainda, simplificando:

y = x - l + |■(x-l)>--i.(x-l)= + +

que é a série procurada.

10.2, M étodo dos coeficientes a determ inar.

Quando uma função não pode ser desenvolvida em série de Taylor,


o método exposto falha. Neste caso podemos tentar o método dos
coeficientes a determinar. Consiste êste método em assumir a priori
a existência de uma solução da forma (1.6) :
CO
(1) y ~ 0,0 "i~ a%X^ -}- s UnX“
0

e verificar a seguir, se é possível determinar os coeficientes


CtO; ^1; ••«
de modo que esta série e suas derivadas implícitas na equação dife­
rencial dada, são aptas a verificar esta última. Se isto se der e a série
assim obtida fôr convergente num certo intervalo do eixo dos x, teremos
a solução procurada, assegurada neste intervalo.

Exemplo. Seja a eqvjação y” -x ^y ' xy = x (A)

Solução: Fazendo

(J5) y=ao-\-ít'iX-\-(i2X^+üzx^+.. .. = S
f 0

e derivando duas vêzes, obtem os:


2/'=ai+2a2íC+3o»x2-j-4a4X*-f...-f (n-l)an_ix““2-j-7j^„x.““ i + . . .
00
= S nonX"-i
0

y" = 2az + 603X •+• 12a4x2 -f 20a6X* + . . . + (w - 2) (w - l)afl_.iX‘~* -f


-f- (w - l)nOnX“~2 -f n (w - i)an+ix'*“ ^-f- (w -|- 1) (n -f 2)an+2X" •+- ...=
00
= 2 (w - l)nonX"^2
0
210 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Multiplicando a 1.* série por x, a 2.* por e somando membro


a membro com y", compomos o 1.® membro da nossa equação dife­
rencial, o que d á :
00

00
-x^y'=-aiX^-2o2X^-da3X^.. . - ( n - l ) a » _ i a : “-naaa;“+ K . . =
0

y" = 2o2 “1“ ^ci3X-\- 12 u 4íc^ -|-20(26^* “t" • • • “H (22“f" 1) (22~f“ 2)<iii+2íc“ .

+ . . . = S (w - l)nanX'^-^
0

y" - x^y' + xy — 2o2 + (oo + Q(h)x + 12o4a;2 + (20a6 - 02)0?®+


-|- (SOu#~ 2íí3)x* “b [ (w “I" 1) (w “H 2)Uiv+2~ (w “1“ 2)<2n_i]a:“ -j- ... = x
(2.® membro da equação diferencial dada)
OU,passando x ao 1.® membro da 2.“ igualdade e reunindo-o ao têrmo
em X aí existente, obtemos :
2o 2 + (oo + 6aa - l)aJ + 12a4a^^,+ (20a6 - 02)»* + (30ae - 2ai)x* + ... +
“h [ (w H“ 1) (w d” 2)Ud^2 — (fi — 2)Un_i]ír“ d- . . . == 0
Como esta série é igual a zero, devem-se anular individualmente
os coeficientes de tódas as potências de x, o que nos dá a suc^são
de equações:
2u2 = 0 donde U2 = 0
1 —Uq
tto + 6oj - 1 = 0 donde as
6
12a4 = 0 donde 04 = 0
20o5- 02 = 0 donde Us = 0 (visto gue a» » 0)

j j 1 —ao 1 - ao 1-0» \
30os “ 2as = 0 dou e a, - ^ - 5 _3. _2 (a. 6 /

(n - 2)g<i^i
(w.-|-l) (w“l“2)an4.2r (w—
2)an—
i='0 an+2 “
(n H- 1)(% + 2)
Esta última relação e:^rime de um modo geral o coeficiente de
ordem n 2 em função do coeficiente de ordem n - 1 . Para maior
comodidade, vamos obter a expressão de aa. Fazemos, para tanto,
k — n-\r 2; ou, resolvendo em n : n = fc - 2.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 211

Substituindo nos 2 membros da referida relação n por fc-2, vem :


(fc ~ 2 - 2)ak-8 {k - 4)an_3
Ok = ou Ok =
( /C - 2 + l ) ( f c - 2 + 2 ) (fc-l)fc

ou voltando a escrever n em lugar de k :


(n - 4)g,-3
a» =
(n - \)n
que é a expressão do coeficiente do têrmo geral On, em função de o»_3.
Deve-se notar que esta fórmula só é válida para n ^ 3, pôsto que
para n < 3, n - 3 se torna negativo e ctn-s deixa de ter sentido.
Fazendo nesta fórmula, n = 7, 8, 9, . . . (até 6 já calculamos
diretamente), v e m :
3íl4 ^
para n — 7 : 07 = —u {visto que 04 = 0)
6 .7

4as
para n = 8 : = = 0 {visto que 04 = 0 )
7 .8

òct^ ô 1— * (Zq 1 (Zq


para n = 9 : 09 =
8 7 9 "" 8 7 9 ' 5 . 3 2 . 2 "" 8 . 3 » . 3 l

( visto que ae = —í—2 ? )


5.3*.2 /
e assim por diante.
Obtemos assim, os coeficientes
^3) ^4^ •••
de nossa série que são nulos ou se exprimem em função de ao, que faz
as vêzes de uma constante arbitrária. Quanto a ai, não aparece em
nossos cálculos, tendo desaparecido logo de início por subtração:
aix - áix = 0, isto é, ai pode assumir qualquer valor sem que esta
diferença deixe de ser idênticamente n u la; ai se apresenta assim
como uma 2.* constante arbitrária, como de resto era de prever, pôsto
que a equação seja de 2.®ordem. Substituindo os coeficientes assim
determinados em (B), com exceção de a© e ai, que desempenham o
papel de constantes arbitrárias, tem os:

p = üo + aix + 0 . x^ + ^ . X®-h 0 . -f 0 . aj® -b ^ x^-h


5.3®. 2

1 - ao
+ 0. -j- 0 . X®+ X®H-
8 .3®. 3!
212 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

ou simplificando^ e fazendo Oi = 6 e 1 - «o = « (donde ao = 1 - a ):


a
y = l - a + 6 a ; + -|a ;» + 3* +
8.3».3!

a;® a;*
= 1 + 6a; + 1 + 2 .3 + +
' 5 . 32.2 ' 8 . 3 * . 3 !
que é a solução procurada.
A convergência da série obtida, se pode constatar fàcilmente
pelo critério da razão.
De
(n-4)a._3
a» =
(n - l)n ^
tiramos a razão entre dois têrmos consecutivos;
a» n- 4
Ob_8 (» - l)n
donde
a« . r (n - 4)a;*~l
1 i m ----- = 11 m I 7----- ^ = 0
n-»00 Un- 8 n 00 L 1)^ Jj
isto é, a série é convergente para todo valor de x.

10.3. Pontos ordinários e singulares de um a equação diferencial

Consideremos a equação diferencial de 2.* ordem


(1) Py" + Qy' + % = 0
onde os coeficientes P , Q, R se supõem funções de a;, a saber:
P = P(a;), Q = 0(a;), R ^ R{x)
Quando, em particular,
P = P{x) = «2, Q = Q(x) = ax e R = R(x) = 6
a equação (1) se reduz a uma equação de Evler de 2.* ordem :
(la) x ^ " + axy' + 6y = 0
cuja solução geral, como vimos (9.1), se obtém por quadraturas,
reduzindo a equação a outra da mesma ordem e a coeficientes cons­
tantes mediante a substituição x = e \
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 213

Vimos, outrossim, que a obtenção de uma solução particular


ou da solução geral em séries de potências da forma
00 00
y = S a„a:" ou y = S a» (a; - a:o)“,
0 0
está condicionada à possibilidade de determinar os coeficientes a»
e a convergência da série obtida. Assim, no exemplo tratado em
(10.1), determinam-se os coeficientes por recurrência a partir das
condições iniciais:
2/ = 2/(l) = 0 e y' = y'{\) = \ para = 1,
calculando primeiramente y" (para Xo = 1) por meio da própria equação
x^y" - xy' + 2v = 0, ou seja :

X
A seguir, por derivação sucessiva, obtivemos os coeficientes sub-
seqüentes

o« =
n!
A aplicação do método, como se vê, exige que sejam definidas e finitas
no ponto X = Xo a. função
y = y(x)
e tôdas suas derivadas sucessivas.
É oportuno assinalar, de passagem, que a equação em aprêço
não comporta um desenvolvimento da forma
00
(2) y = S aaX‘ = ão + o>i^ + «2®* + . . . .
0
pôstp que a função y = y{x) bem como suas derivadas sucessivas não
sejam definidas no ponto a; = 0.
De um modo geral, retomando a equação (1), podemos escrever
(dividindo por F) :

(3) y”+^y' + 2/ = 0

ou, isolando y ” :
Q R
y" = - - p - y - - p - y
214 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

O que nos mostra que a obtenção de y" no ponto a: = 0, a partir de


y %y' dados, exige que sejam finitas as razões QjP e RfP em a: = 0,
no sentido de que existam os seus limites neste ponto :
,. R
l1-i m Q — A4 lim = B
x^O “ a? 0 ^

Ademais, para que seja possível obter, por derivação sucessiva da


equação (1), os coeficientes da série de potência (2;, importa que
também as derivadas sucessivas das razões QJP sejam definidas em
a; = 0 0 que, por certo, se verifica quando desenvolvíveis em série de
Taylor no referido ponto. Dizemos neste caso que o ponto x — 0
é um ponto ordinário da equação (1) e, precisamente:
O ponto a; = 0 é um ponto ordinário da equação
(1; Py" + Qí/' + = 0
quando as razões QJP e RJP admitem neste ponto o desenvolvimento
de Taylor:
Q ®
«= 2 = «0 “4“ OL\X + + • .
(3c) 0

-^ = S = ^0 + +
A 0
Nestas condições, a solução geral da equação (1) assume a forma
de uma série de potências
00
(2) 2/ = S «na.* = Oo + Cia- + Ozx^
0

onde qo e ai são arbitrários e podem ser determinados mediante duas


condiçttes iniciais de nossa livre escolha, assumindo que para a; = 0,
seja:
y = y (0) = Co e y' = y' (0) = ai.
Se os coeficientes QJP e RJP não comportam representação em
série de Taylor no ponto a; = 0, êste se diz: um ponto singular da
equação (1).
A equação de Euler (lo) é um exemplo típico de uma equação
dotada de um ponto singular na origem (a; = 0), o que equivale a
dizer que não comporta uma solução em série de Maclaurin. Com
efeito, dividindo a equação por x^, teinos:

»" + j y ' + - ^ v ^ o
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 215

onde os coeficientes
Q. a A
P X P
bem como suas derivadas sucessivas não são definidas no ponto «=0.
Existe uma classe importante de equações de ordem da forma
(1) ou (3), na qual se inclui a equação de Euler (la), cuja solução
pode ser olítida por desenvolvimento em série de Tayhr nas vizinhanças
do ponto singular x = 0, contanto que os coeficientes QfP e RfP
satisfaçam as seguintes condições mais gerais:
Oto (XiX *4“ (XiX^ -j- .
i s «níC” =
P X 0 X

(36)
00
A s0 ft X" = + »• ♦
p X‘‘
para «0 = 0 e «1 = «2 = «3 = . .. = 0
= 6 0 = &3 = • . . = 0,
obtemos os coeficientes da equação de E v ^ r :
Q «0 oa P) 00 6
=— e
X X x^
Para «o = 0o = 0i = 0, as expressões (36) se reduzem às expressões
(3a), isto é, ao caso em que x = 0 é um ponto ordinário.
Quando os coeficientes QfP e RfP verificam as condições (36),
dizemos que x = 0 é um ponto singular regular da equação (1). Caso
contrário, o ponto x = 0 se diz um ponto singular irregular da
equação (1).
Limitar-nos-emos aqui ao exame de uma classe de equações
para as quais o ponto x = 0 é um ponto singular regular, o que dá
lugar a soluções que envolvem, como ocorre via de regra na equação
de Euler (la), um fator da forma x* ou Irix.
Incluem-se nesta classe certas equações clássicas como as equações
de Bessel (de ordem n) :
x^y" -f xy' -f (x^ - n^)y = 0
as equações de Legendre (de ordem n ) :
(1 - x^)y" - 2xy' H- n (w -t- l)i[/ = 0
e as hipergeométricas de Gauss:
X(1 - x)y" -f- [ç - (a + 6 + l)a: ] 2/' - ahy = 0
216 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

A solução geral desta classe de equações pode ser obtida pelo


método de Frobehiua que dá lugm* a certas variantes que vamos exa­
minar em alguns exemplos.

10.4. M étodo de Frobenius.

A fim de melhor situar o problm a, consideremos dois exemplos


típicos de equações de E%der.
а) Seja a equação
«V" “ -H 2y = 0
A substituição X ^ e* nos dá a equação a coeficientes constantes

cuja equação característica é


r* “ 3r H- 2 “ 0
que tem como raízes ri = 1 e rz = 2.
Donde a solução geral:
y = Cie* + C ^^
— CiX + Cz®* {visto que e* = x e e** = x*)
= (Ct + C zrc) X

б) Seja ainda a equação


- Zxy' + 42/ = 0
cuja transformada é

^ - i È . + i v =n

Neste caso a equação característica


r®- 4r + 4 = 0
possui duas raizes iguais
n = Ti = 2
de modo que a solução geral assume a forma (6.8)
2/ = (Cl + Cit)e^*
— (Cl + CUn x)x^ {visto que e* = x e t — Inx)
Em ambos os casos, como se vê, figura na solução um fator,
potência de x, e no segundo, ocorre ademais a função Inx.
EQUAÇÕES D IFERENOAIS 217

Êste fato nos sugere a ocorrência em um ponto singular regular


da equação (1), de uma solução da forma

(1) y=X*'Z 00

0
= X* (ao 4* + . . .)

onde supomos ao <7^ 0 e o .expoente t é uma constante desconhecida a


ser determinada no decorrer da resolução.
A existência de uma tal solução está condicionada, além da deter­
minação de tf à possibilidade de determinar os coeficientes a». Doutra
parte, é óbvio que a série obtida deve ser convergente.
Em se tratando da solução de equações diferenciais de 2.“ ordem,
a determinação de t dá lugar, como veremos, a uma equação algébrica
do 2.® grau nesta incógnita, e recebe o nome de equação indiciai ou
determinante.
Segundo sejam distintas ou coincidentes as raízes desta equação,
temos a considerar, inicialmente, dois casos caracterfeticos. Dois
casos de exceção serão examinados à parte.
1.® caso. Quando as raízes da equação indiciai são distintas e sua
diferença é um número fracionário, resultam duas séries determi­
nadas e independentes, cuja combinação linear nos proporciona a
solução geral.
Exemplo : Seja a equação
(a) 2x^y" 4- 5xy' 4- (íc 4- 1)?/ = 0
Solução. Assumimos a priori uma solução da forma
00 00
(ò) y = x^Z UnX^ = S ano:“+* { multiplicando
série por x \
os têrmos da
0 0

= X* («0 + a i x 4- ò.2x^ 4- u ix'^ 4- • • •. 4" «1^^“ 4- • ♦•)


Derivando duas vêzes esta série na forma simbólica
00
y = ZanX’‘'^*
0

temos:
00
y' = S (w 4- <)a«a:“+*-i
0

00
y" = S (w 4 - <- 1) (n 4"
218 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Introduzindo estas expressíSes de y", y' e y na equação dada,


resulta:

2a;2 S (n + <-1 ) {n + + 5x 2 (n + t)auX^+*-^ +


0 0

00
+ (1 + íc) S = 0
0
ou, efetuando as multiplicações indicadas:

S 2 (n + <- 1) (n + t)a.x-+* + S 5 (w + t)da‘+* + 2 a«a;»+‘ +


0 0 0

+ 2 Ona;»+*+i = 0
0

Nos três primeiros somatórios, podemos pôr em evidência a


parte comum
anX*"^,
a saber:

2 [2(w + í - l ) ( n + 0 + 5(n + 0 + llona;»+* + 2a„a;»+‘+i == 0


0 0

Doutra parte podemos fatorar o coeficiente entre colchetes


2 (w -f- í —1) (w -|- í) -j- 5 (íi -|- í) “1“ 1 1
2 (w. + í)^ ~ 2 (w + <) + 5 (w + í) + 1 {abrindo o 1.® parêntese)
= 2 (n + + 3 (n + í) H" 1 {reduzindo os têrmos semelhantes)
= [2(re + !/) + l] [(» + < )+ 1] {fatoranão como trinômio do 2.® gráu)
= (2n + 2Í + 1) (n + í + 1) {simplificando)
Donde,

. 2 (2w + 2< -f 1) (n + í + l)a«a;*‘+* + 2 a.a;"+‘+i = 0


0 0

A fim de obter a expressão geral do coeficiente de podemos


mudar no último somatório, n em n - \ , contanto que se passe a contar
o índice a partir de 1 ao invés de 0; resulta assim :

(c) 2 (2n + 2í + 1) (n + < + l)aaa:»+* + 2 = 0


0 1

O coeficiente do têrmo geral será, portanto:


Çn = (2n 2í + 1) (n “b í + l)(Zn + On—i para n ^ 1.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 219

Em particular, para n = 0, só subsiste o 1.® somatório, ou seja o


1.® têrmo de gr»:
go = (2í + 1) (í + l)a.

Como é idênticamente nulo o 1.® membro de (c), impOe-se o


anulamento de todos os coeficientes gr»:
{d) gr» = 2í + 1) (w + í + l)a » o »_i = 0

Daqui podemos tirar a» em função de a»-i:

(e) o» = “
(2n 2t
0 .- 1
1) (w ”1“ í *4" 1)
para n ^ 1

Em particular, de gro = 0, resulta a equação em t (oo 0) :


(/) (2< + 1) (í + l)oo = 0 ou (2í -f- 1) (í + 1) =s 0 •
que é a equação indiciai; as suas raízes são:

<1 = - l e <2 = " 4

Se, para êstes valôres de t, todos os coeficientes a» (para n ^ 1)


resultam determinados e finitos, obtemos duas séries distintas, como
soluções particulares independentes da nossa equação diferencial e,
portanto a sua solução geral.
a) Para <i = - 1 , a relação (e) adquire a forma
dn— 1
(ei)
(2w “ l)w
Fazendo, nesta relação, sucessivamente n igual a 1, 2, 3, . . . ,
obtemos os coeficientes:
do
para n = 1: a\ = -

dl do do
para n = 2 : a^ = -
3 .2 “ 3.2 ” 3.2

d2 1 ao do
para n = 3 : = -
5 .3 “ 5.3 * 3 .2
az 1 (_
7 .4 “ 7 . 4 \ 2. ;
220 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Com um pouco de artificio, podemos dar a êstes coeficientes,


uma forma que se preste à generalização:
2(ío

ao 2^üo
(h =
3 ,2 4!

tto 2’ao
«3 = - 2 . 3 . 3 . 5 6!

do _ 2%o
=
2 . 3 . 3 . 4 . 5 . 7 ~ 8!

Introduzindo em (6) êstes valôres dos coeficientes, e substituindo


o expoente t por -1, resulta:
1 / 2ao , 2^ao
y == X - X H----- r-r- X
^«0 2! ' 4! 6! 8! "J

2x , (2xY (2xy , (2xy


= aox^ -— + (-1)“ ~ +
'( 2 ! ' 4! 6! 8! - ^ ^ (2w) ! ^ )

que é uma solução particular, multiplicada por uma constante arbi­
trária ao.

b) Para Í2 = - “2 , a relação (c) assume a form a:


«n-l
dn ““ (ez)
n {2n + 1)
Donde, fazendo outra vez n = 1, 2, 3, .. •
do 2ao
para n = 1:
“‘ = - 1 . 3 = 3!

Oi 1 ( 2ao \ 2%o
para n = 2 :
“‘ = 2 .6 " 2. 5 ( 3!) 5!

d2 1 / 2%o \ 2^do
para n = 3 :
“ 3.7" 3. 7 ( - 6 t ) 7!

az 1 / 2*ao \ 2^ao
para n = 4 :
“‘ = " 4 . 9 = 4.9 ( 7! ) " 9!
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 221

De um modo geral:
2"ao
a» = ( - 1)“
(2n + 1) !
Daqui, substituindo em (6) conjuntamente com o expoente

Í2 = —^ j resulta :
2ao , 22«o 2^ao 4 _
y = X-U2 «0 — 3ttt ! ^ H---- 5!
^ 9!
X +

2“ao
+ (- D ”
(2n + 1)

(2a:)> ^ (2x)‘ ^
y = aoX~^l^
0 -s +
5! 7! 9!

(2rc)*
+ (-1 )' (2 n + 1)

onde ao se interpreta como uma outra constante arbitrária.

A solução geral será portanto :


00 í’2rr'l“ oo (2«)’ j
j, = ay. + = «*-. 2 ( - 1 ) .^ 2 (- 1).

Pelo critério da razão, se estabelece, sem dificuldade, a conver­


gência destas duas séries.
2.® caso. Quando as raízes da equação indiciai são coincidentes o
processo exposto nos proporciona uma única série. Neste caso a ob­
tenção de uma 2.® série se processa por via indireta, mediante uma
oportuna transformação da série obtida.

Exemplo. Seja ainda a equação zy" -{- y' xy = 0 (A)


Solução. Fazemos
y = z* (ao 4- aiíc -|- ozz^ asz^ a^z* + • .. + anX“ + • • •)
(1) = ao»* -f aia;*+i -f- Ozz*'^^ -f- azz*^^ -f a^x*'*'* -f . . . -f a„a:*+“-}- ...
ou, simbòlicamente :
00 00
(la) y — z* H ünZ'^ = S a„a:^+"
0
222 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Derivando (1) duas vêzes temos :


y' = (í+l)aio;*+ (í+ 2)o2a:*+i+ (<+3) +
H“ . . . (Í “h íl)UníC*^“~^ “1“ . . . .
y" = ( t - l)íaoX*-2 + í (í 4- + « + 1) (í + 2)o2X* +
+ (< + 2) (< + S)azX*^ ^ + (< + 3) (í 4- 4" • • • 4"
4- (í 4- n - 1) (í 4- w)ana;*+*-2 4- . . .
Ou, derivando (lo) em forma simbólica:
00>
y' = 2 (í 4- w)ana;*+“- i
0

00
e y" = H {t n - \) {t + n)aaa:*+““2
0

Introduzindo êstes valôres de y", ?/' e na equação (A), resulta :

a:2 (< 4- n - 1) (í 4- n)a„a;*+“-24-S (t 4- 4- «2 flna:*+" = 0


0 0 0

ou passando, no 1.® e no último têrmo, x para dentro do somatório


(trata-se de um fator comum a todos os têrm os):

fB) 2 (í4-n-l) (í4-n)a„a^*+»-i4- 2 (<4-n)a„a:*+»-i'4-2 anX*+-+^= 0


0 0' 0

Come os dois primeiros têrmos se referem à mesma potência de


X podemos reduzí-los a um somatório único:

2 [« 4- n -1 ) (í 4- w) 4- (< 4- w)Kx*+»-» 4- 2 OuX*+‘+i = 0


0 0

O coeficiente do 1.® têrmo se reduz a (< 4- nY, como se verifica


fàcilmente transformando como segue o produto:
« 4 - w-l )(í 4 -íi) = [ ( < + « ) - ! ] « + = (t + n y - ( t + n )
Donde: (<4- n) + (< 4- = (< + nY - (< 4- w)+ =
= (t-\-n Y
E portanto:

2 (f 4- n)*a.a;*+*-» -h 2a.x*+“+i = q
0 0

Como o expoente de x no 2.® somatório excede de 2 o expoente


de X no 1.®, podemos mudar aí n em n - 2, contanto que neste soma­
tório n seja contado sòmente a partir de 2 :

iO 2 « 4- 4- 2 a _ 2X*+"-i = 0
0 2
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 223

O coeficiente de assume assim a form a:


— (t 7h)^Oijx ~}” Qm—2
onde fica subentendido que o 2.® têrmo só será computado para n ^2.
Como, em virtude de (C), todos os coeficientes gn devem ser
nulos, temos :
(D) {t + n^ün + Un-2 = 0 para n ^ 2
Em particular,
Para n — 0 : Pao = 0 ou = 0 {ao ^ 0, por hipótese)
que é a equação indiciai. Esta apresenta duas raízes coincidentes
tí = Í2 = 0, de modo que em vez de duas séries distintas como no
exemplo anterior, obteremos uma série única, com í = 0.
Para n = 1, temos : (í + l)^ai = 0 (a«-2 «<> corUa para n > 2)
para í = 0 (raiz da equação indiciai), resulta:
(0 + l)^oi = 0 ou Ui = 0
Resolvendo (D) em a» vem :
O n_2
au ““
{t + n y
Por uma razão que veremos a seguir, vamos calcular os coefi­
cientes a» em fimção de t, isto é, deixando para mais tarde a sua subs­
tituição por 0 :

para n = 2 : do
02 —
(< + 2 ) '

dl
para n = 3 : Oi = 0 (visto gue ai — 0)
(t + 3)» “

Oo
para n = 4 : 04 =
it -f 4)2 ( í + 2)M < + 4 ) ’>

flj
para » = 6 : 06 = 0 (visto que = 0)
« + 5)» "
a. Oo
para n = 6 : dt =
¥+ 6y (í + 2)M < + 4 )H « + 6 )'

(já se vê que ai = 03 = «6 = = • • • = « 2n+1 = 0).


224 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

e de um modo geral:

= (- 1)"
{t + 2)2(< + 4)2 . . . (í + 2ny
Para í = 0, obtemos os coeficientes:
Uq Uo cio
Oi = - 22 » 04 = —

22. 42 ’ 2 2 .4 2 .6 2 ’

ÜQ
Ít2n = (- 1)“
2 2 . 4 2 . . . (2 n ) 2

e por conseguinte a série:


9 OO j
1 Oo
2/ = * +2T45* 22. 42.62 ■)
*2 ^ X* I

^“ 2^ 2TT2 " 2 2 .42.62 J


A fim de obter uma 2.* solução, vamos expor um processo que se
aplica sempre que a equação indiciai nos proporciona uma raiz dupla.
Para tanto, substituímos em (1) os coeficientes oi, 02, «s, •. em
função de í, bem como x \ isto é, sem atribuir a < 0 seu valor zero,
de modo que y se exprime na forma de uma função de t, a saber ;

y=x*|^ao - (t +«02)^,X2 + Oq
{t + 2)2 (<+4)2
rA~. Oo
,x«+
«+2)2 «+4)2 (<+6)2’

+
)
. *+2 r»+4
( 16) + 2)* +' « + 2)^(í + 4)*

(< + 2)»(í + 4)*(< + 6)* + . )


Trata-se de verificar que a derivada ^ é também uma solução de
nossa equação diferencial. â
Calculando f/ e yf' & partir de (16) (derivadas em x 0> resulta:
X'*+i Xt+8 X'.♦+6
“f" • • • • •
y' oo ^ ^ 2 +■ (í+2)s(<+4) ^+2)»(<+4)H<+6) )
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 225

y" = « 0 1^
^ ^ <+ 2 ^ (í H-2)H< + 4)

{t -f 5)x*+*
(t + 2)2(< + ^ )^ t + 6) +.' . ]
Se multiplicámos y e y" por x, respectivamente e conservamos
y' como foi obtido, resulta:
(t + 3)a:‘+2
xy" = ao |^í(í - l)x‘- i - t —+
<+ 2 ' (í + 2)^ (t + 4)

{t + 5)a:*+5
+
{t + 2)M< + 4)2 (í + 6) ]
j.t+1 X t+ 3 (t + õ)a;‘+5
y = «0
(
+ 2 +' (í+2)2(í+4) (í +2)2( í +4)2( íH-6) “f" • )
-t+5
X t+ 3 Xt+7
xy = ao^: .t+]
{t + 2)2 (í+2)2 (í+4)2 (í+2)2 (í+4)2 «4-6)2 + )
Se agora somamos estas três relações membro a membro, o 1.®
membro se reduz ao 1.® membro de nossa equação diferencial; quanto
ao 2.® membro, como se verifica diretamente reduzindo os têrmqs
semelhantes, fica reduzido aos termos em x*~^; os demais se reduzem
todos idênticamente a zero ; donde :
xy” y' xy = 4- aot{t - l ) x ^ ^
= 4 - aoPx*~^ - aotx*~^
= aot^x*~^

O 1.® membro da nossa equação diferencial assume a forma de


uma função de í, a saber :v
{E) xy” 4- 2/' + xy =
que para í = 0, se redu? à equação diferencial dada :
xy” yk -{■ xy = Q

A presença do fator no 2.® membro de {E), nos diz que também


a derivada dêste em í, se anula para < = 0. Escrevendo o 1.® membro
de {E) em forma simbólica, temos :
{xD^ 4- 4" ^ y = aoi^x*~^
226 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Derivando os dois membros em t, vem :

d^t {xD^ + D + x)y = Oo dt


— ao(2te*~^ + t^x*~Hn x)
ou, lembrando que os operadores diferenciais são comutativos, podemos
escrever o 1.® membro :

{xD^ ^ D x) = ao(2íx*~i + tH ^H nx)


dt

Para í = 0, o 2.° membro se anula idênticamente, e resulta:

{xD^ + D + x) - ^ = 0

OU

a: J L ^ 1 ^ + X = 0
dx^ í?í ^ d x^d t y dt

O que significa que ——para í = 0 é também uma solução da nossa


equação diferencial. ^
Derivando (16) em í, como produto de x* pela série, resulta:

dt = UtíxHnx (
^
- « + 2 )2 +' (t + 2)H t-\-4y

X* ,
(í +2)M< + 4)2(<+6)2 ^ ’ J

2x* 4(< + 3)x*


+ Ooa:'
■[. (< + 2)» (í + 2)»(í + 4)» +

[2(<+2)(<+4)^(e+6)^+2(<+2)^(<-b4)(<+6)^H-2(fH-2)^<+4)»(<H-6)]x
(< + 2)M< + 4)*(<+6)^
Para < = 0, vem :
ôv , Z' X® x^ X*
7T "" ~ ~ 2*.4*.6* + • • • 1 +
)
2x^ 4 . 3x< 2 ( 4 . 6 + 2 . 6 + 2 . 4 )
+ <*o
( 2» 2». 4* T----- 2». 4». 6» *• - )
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 227

Se representamos a 1.* série por yx, podemos escrever, repre­


sentando esta última expressão a menos da constante arbitrária, por
X* 2 (4 .6 4 -2 .6 - 1 -2 .4 ) a;®
yt^yiln x -h +
22 2 2®. 42 2.4.6 ' 22.42.62

= yj.nx + i - (1 + 1 ) ^ , + (1 + T + 62

A solução geral procurada será uma combinação linear destas


duas soluções particulares da forma
y ^ ayx + by2
onde a e b são constantes arbitrárias, representadas nas relações
anteriores por ao.

10.5. Casos de Exceção.


d) Quando as raízes da equação indiciai diferem de um número
inteiro, pode suceder que uma destas raízes tome infinito um coefi­
ciente da série.
Exemplo. Seja a equação
(A) xhj" -f xy' - (a:2 + 1)^ = 0
Solução. Assumindo
00 00

(1) y = J] ttnX^ = S
0 0

e derivando duas vêzes, tem os:

y' = S ( n e y" = 'E (n+ t-l)


0 0

Substituindo em (A), resulta :


00 00 00 00
S {n -\-t-l) (n-\-t)anX’^'^^ + S S anX”''‘* - S o„x“+‘+2 _ q
0 0 0 0

00 00
S [ (n-l-í-l) (n-\-t)-\- (n4-í)-l ]a„a-“+‘ - S aoa:“+‘+2= 0 ífatorando os têr-
0 0 Imos em On®”*

fatorando o coeficiente
S (w+í-l) (n4-í+l)«B®“’^* ~ S ano:“+*+2= 0
0 0 { de an.T"+*

mtidando n em n-2
2 (n-l-í-1) (n-|-í-f
0
- 2 00- 2®“'^*= 0
2 { no 2.® somatório.
228 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Donde o coeficiente de ordem geral:


(B) Çn — (n + <” 1) (n + f + l)o« - = 0 (n ^ 2)
Em particular, para n = 0, tem os:
iO go= ( < - ! ) ( < + l)o o ^ 0
Para ao ^ 0 obtemos a equação indiciai:
(D) « -l)(t+ l) = 0
cuja>s raízes sã o :
í i = l e fa = - l
como a fórmula (B) só é válida para n S 2, temos um 2.® caso parti­
cular a considerar, ou seja, para n = 1.
(•®) flTi = t (< + 2)ai = 0
Esta equação só é compatível com a equação (D) quando Oi = 0,
pôsto que
para É = 1 resulta 3ai = 0
para t = - 1 : -a\ = 0
Passando ao caso geral, resolvemos a equação (B) em a», o que d á :
an-2
(w ^ 2 )
(w + <- 1) (n + í + 1)
Fazendo w = 2, 3, 4, . . obtemos:

(a) Cl2 =
(< + ! ) ( < + 3)

Ul
0 ( visto que ai — 0; resulta evi­
dente que serão nulos todos os
(í + 2) (< -|- 4) coeficientes de Índice impar.

CI2 ao
( 6) a4 =
(< + 3) (< + 5) (/ H" 1) (í + 3)®(í + 5)

€L^ ao
(c) ae =
(í + 6) (( + 7) (í + 1) (í + 3)‘ (« + 5)>(í + 7)

Para t — ti= , 1, resulta:


ao Oo ao
(2) 02 = 04 = a® =
2.4’ 2 . 42. 6 ’ 2 . 42. 6*. 8
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 229

Donde, a série:
aox^- QtíXi üoX^
= X Çao + +
2 . 4 ^ 2 . 42.6 + 2 . 42. 62.8 + . )
(3)
0
= aoX I# 11 +
_j_p;,---i
^ +I X
^ 2 . 4 ^ 2 . 42.6 + 2õ . 42. 6®. 8 +
Para t = Í2 = -1 resulta de acôrdo com (a );
)
_ tto _ ^

^ F 1 + 1) (-1 + 3) " “
de modo que não podemos obter uma 2.® série por esta via. Neste
caso, a fim de contornar êste valor impróprio e dada a arbitrariedade
da constante a.o, podemos introduzir uma nova constante arbitrária
a por meio da relação
Q'0 = U(í + 1)
O que nos permite desembaraçar o coeficiente oz do fator t + 1
no denominador. Calculando az, «4, «6» • • • • com êste valor de ao,
o b t e m o s «((+-1) _ o
((+!)(( +3) (+3

et (í -f- 1) a
(bO üi =
« + 1) (í + 3)Hi + 5) ( í + 3 ) H< + 5)

o(í + 1) a
(cO =
{t + 1) (í + 3)2 (í + 5)2 (í + 7) (t + 3)2 (<+ 5)2 (í + 7)

Para < = - 1 , resulta :


a a o
02 == — > 04 = «« 22. 42. 6 ’
2 ’ 22.4 ’
Donde a série :

(
a;2 X* \
“ + T + 2 n + 2 r 4 T : 6 + ......... )

(3a) = “* ( 4 + 2 ^ 2t V : 6 + • • • )

Esta série, contudo, não nos proporciona üma solução indepen­


dente da anterior, visto que os coeficientes de ambas conservam entre
230 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

si uma razão constante, como fàcilmente se verifica (no caso a razão


comum é igual a 2).

A fim de obter uma 2.“ série independente de (3), procedendo


como no caso anterior, podemos constatar que, expresso y como função
de t, a sua derivada em t
dy
ât
é também uma solução da equação diferencial dada.

Com efeito, exprimindo y em função de t por meio dos coeficientes


(o')> (&0> (c0> • • •> obtemos :
ÍC®
/=ax*|^ «+1) +
í + 3 ' (<+3)Hí+5) ' (í +3)2«+5)2(<+7) ]
(f + l y + ^ +

X*+6
+
« + 3)*(í + 5)2(< + 7) + ]
Calculando as derivadas y' e y" (em'«), tem os;
(t + 4)x*+»
1 / '= o |^ ( (í+1)*»-* + + y *+
í+ 3 ' (í + 3)*(í + 6)
(í + 6)**+*
+ + . . .
(í + 3)»(< + 5)*(< + 7> ]
r 1 )X - + +
<+ 3 ' « + 3)H< + 5)
(<+ 5)(<+ 6)x*+®
+
(< + 3)®(í H-5)M< + 7) +

t+Z ' (í^- 3)(| + 6)

{t + 6)x«+®
H" ...]
« + 3)»(í+5)(< + 7)
(redveindo no !.• têrmo (t - 1) (í + 1)« iimplificando a 2.*fração por t 3 e a 3.*
por Í-+ 6).
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 231

Multiplicando y” por x^, y' por x e y por 1) a fim de


compor o 1.** membro da equação dada (A), somando membro a
membro e sitnplificando o 2.® membro, resulta:
x^y" + xy' - (x^ + ijy = a (<-1 ) (f + 1) V
A presença do fator (t + 1)* nos assegura que -1 é um 0 duplo da
função racional em í do 2.® membro, o que vale dizer que -1 é, outros-
sim, um 0 de sua derivada em t Introduzindo, como no exemplo
anterior, o operador diferencial D para exprimir derivação de y em
Xf podemos escrever:

{ [x^D^ + xD - (x* + 1) ■{a ( f - l ) ( / + 1)V>


ot ot
ou, aplicando a propriedade comutativa dos operadores diferenciais
ao 1.® membro e efetuando a derivação do 2.®:

{x^D^ + x D - (x* + 1 ) > - ^ = « [ ( < + l ) V + 2 « - l ) « + l)x* +


dt
+ (<- 1 ) (t + lyxHn x]
Para < = - 1 , o 2.® membro se reduz a 0 e tem os:

ÊL = 0
õt
isto é, o valor (em x) que assume a derivada õyldt para í = - 1 , é
uma solução da equação diferencial (A). Calculando esta derivada
para < = - 1 , obtemos :
õ'i ,, x^ X*
— = ax Hn X + 2* . 4 +’ 2 2 .42.6 + • +
dl V -2 )
+ ax + +i+
Designando esta 2.“ solução por y^ (a menos da constante arbitrária
a) e representando por yi a série (3) (a menos da constante arbitrária
ao), podemos escrever:
x^ x“ X*
y = «02/1 + «2/2 = «ox ( 1 +
(' 2 . 4 ' 2.42.6 +
+ 2.42.62.8 + ... H
)

+ ax~
22.4 ' 22. 42. 6 + . . . ) +
)
+ [ i-
1 | r -(1 + 1 ) 2 ^ -(1 + i 6
• • • •
232 CURSO DE CÁLCULO DÜERENGIAL E INTEGRAL

Sè tomamos comõ primeira solução y\, ao invés de (3) á sua equiva­


lente (3o), iK)demos formar a combinação linear :
1 2 X*
y — Cryt “b Ca,y2 = Cix
( 2 + 2T 4 “*■2 2 .42. 6
+ ... 1+
)
- b . . . 1+
(■ )

= (Cl + C2Ín x) a: ^ 1 + + 22. 42. 6 + ♦* +

+ [ 1 - |r- ( ‘+1) 2b4-(^+|+Í) - •]


= (C, + « n *)íí, + CíC-1 j^l - 1 1 - ^ 1 + ^ -

■ (^ + Í + Í } 2 “. 4 ^ 6 " - ]
que é a solução geral da equação diferencial dada.
h) Quando as raízes da equação indiciai diferem de um número
inteiro pode suceder ainda que uma destas raízes torne indeterminado
um dos coeficientes da série.
Exemplo : Seja a equação
(A) (i - a?2)y - A:xy' + 4y = 0
Solução. Substituindo nà equação
00 00 00
rn+t y'
y = X* 'Z anX’^ = Sona;“+*, a/ ~
= S (n + t)anX‘^*~^
0 0 0
00
e y" = S (n + <-1 ) (n + t)anX^+*-'^
0
obtemos:

S (n + f-l) (w+í)oi»a:*'*^*~*-S (nH-í-^l) (n+í)®“^“^*~S 4 +


0 0 0

+ S 40nX“+* = 0.
0
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 233

Reduzindo os somatórios referidos à potência n + í - 2 de x, resulta :


00 00
S (n + í -1 ) (n.-f “ S (n + í - 3) (n + í + 2)a„_2a:“+‘~2 = 0
0 2

Donde o coeficiente de ordem geral:


(B) Qn = (n + í - 1) (n + 0«n - (n + í - 3) (n + < + 2)a«_2 = 0

Em particular, para n = 0, temos :


Ço = {t- l)too = 0 {ao ^ 0)
Daqui a equação indiciai
{t-iyt = 0)
cujas raizes são
t — ti = 0 e < = <2 = 1.
Para n — 1, temos (ainda um caso particular):
gri = <(< + 1) «1 = 0
Neste caso a raiz < = 0 da equação indiciai anula o coeficiente
<(< + 1) de tti e esta relação é válida, qualquer que seja o valor de
a i; de modo que para < = 0, resulta tti indeterminado. Para < = 1,
(2.» raiz da equação indiciai), a compatibilidade com a equação indi­
ciai exige que seja ai = 0 (pôsto que 1 (1 + l)oi = 0).
Nestas condições, a raiz < = 0 da equação indiciai nos dá uma
solução da equação diferencial dada que envolve duas constantes
arbitrárias Oo' e a\ (assumindo ai 76 0) e pode ser assumida como a
solução geral. Resolvendo {B) em On e fazendo < = 0, obtemos :
(w - 3) (n + 2)an_2

(n - l)n
Donde, fazendo n — 2, 3, 4, . .. .
4a 0 (2a 0
n — 2:
““ “ ■ 1 . 2 1

0. ai consequentemente serão nvlos todos os


{ coeficientes
n = 3: = 0 svbseqiíentes de indice ímpar.
~ 2.3

6a2 «2 ÜQ
n = 4: ^4 = A--- 7
3.4 2 T
234 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

3 . 804 4o4 4ao


n = 6: aj —
5.6 5 5

5 . lOufl 52a* 5a,


n = 8: 0, =
7.8 7.4 7

Donde a série (oo 9^ 0 e oi 9^*0) :


2ao A do 4 4ao 5ao .
y = üQ aix - • ----- X* -- - - a;*- ..
1 1 5 7

2 « 3 , 4 5 \
-r- ÍC* - 77' a:^ - a:< - 7=- a:* - . . . I
1 3 5 7 /
que é a solução geral da equação dada.

EXERCÍCIOS

1. y' = X + 2xy Resp. j/ *= - J

= - ^ + C e ..

2. y" ^ xy' -\-y

Resp. y = Cl ^ 1 + ^ + ^ +
2 4!
3. ( x + 2 ) y " * y ' + y

4. y” + x y = 0

Besp. K = a (^1 - | i + 1^ + ■• ) +

I r ^ -ê 2x^ I 2. 5 • ^ ^ ^ /yp
+*“ V ' T r + — + - J
5. a:*y" + 3a:y' + 2y = 0, com y = 1 e y' = 1 para x — 1
- 1 j. - 1 _ 5(a: - D* ^ 20(x -1)» :47D(a: -1)^ 896(z -1)»
^ 1! 2! 3! 4! 5!
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 235

6. (1 - X*) y" + 2xy' + 4y = 0

Resp. V = Ci(l -2*» + x*) + C, ( x - x ^


\ 5 5 . 7 õ . 7 .y y

7. y" + 2xy' + x*y = 0 com y = O, y' = 1 para a; = O


n , x ’‘ X’
Resp. y ^ X ------H------- --- — +, . • -
3 10 21
8 . ' (2x + x^) y" - y ' - 6xy = 0

fi«p. ^ = « ( l + 3 .* + I X. - X. + 1 ^ 3 X. - , .

y-1 = b x ^ i^ A
V
+A
8
X*- 8*.2! X* +liiil
8^.3!
. .V
J

9. y'' + --1=0
Va: y X*

Resp. y = a - i í l + ^ . - .. -\-h (x -^ + — + ...\


VX 3 36 2268 / V 15 180 17820 J

10. éxy" + 2y' + y = 0

8 « p .,- a ( l - ^ + ^ - . . . ) + 3 x - ( l - ^ + 4 - . . . ) =

= a COS + 5 sen ^fx


11. 2x ( l - x ) ? / " + ( l - x ) í / ' + 3j/ = 0

Resp. y ^ a ( \ - 3a: + ^ + 6 x ‘'*(l-a:)


V* 1 .3 3 .5 5*7 7 .9 y
12 x*í/" - X(1 + x) y' + y = 0
Resp. yi — x í l + x + l l + l l + . . . j = xtF', ys = xe» I n x -
V. ol ✓

- x ( x + |-x « + ^ x * + ...)

13. xy" + (1 + x) y' + 2y = 0

Resp. yi = 1 - 2x + —- x*------ x* + • . .
2Í 3!
y* = yiln x + 2
'0 4 > -
- i 0 +T - i ) ^’+ i (^ +T +i - i ) •
14. x(l - x) y" - Zxy' - y = 0
Resp. yi = X + 2x* + 3x* + . . . = x(l - x)~*;
yz ~ y i l nx X + x x* + . . . = yiZnx + (1 - x)~*
236 CURSO DE CALCULO DIFERENCUL E INTEGRAL

15. +2j/= 0

Resp. y ^1 ^ + 5x = a ^ l —| In + 6x

16. (2 4-«*)y" + xy' + {1 + x )y - 0

^ \ 4 12 m y V 6 24 24 J

17. x*y" + xy' + j^x* - y= 0

*«p. , - (. - ^ +^ - .. . ) + 6*-.-. ( l - |1 + | . - . . . )

18. (1 - x)x*y" + (5x - 4) xy' + (6 - 9x) y = 0


Resp. y = (a + b l n x ) x * + 6x*
19. xy" - 2y' + xy = 0

Resp. y = a ( l + íl ---- -- . . \ + bx^ ( 1 - +


\ 2 4 .2 6.3.4.2 / \ 5.2
X* X*
+ 5.2.7.4 5.2.7.4.9.6 +
20. xy" + ( c- x) y ' - a y = 0 (c fracionário).

Resp. y = A A + — « + - ^ + . . .^ +
V c cc+12 y
+ Rx»-“ r 1 + ^ X+ ͱ ± -^ 2 + a - c X*
V 2 -c 2 -c 3 -c )
CAPÍTULO 11

SISTEMAS DE EQUAÇÕES
DIFERENCIAIS

11.1 Sistem as de 1.*^ Ordem.

Sejam
Vh Vi, yny
n funções de uma dada variável independente x, definidas por um
sistema de equações diferenciais de 1.® ordem :
yx = jx {x, yj, yz, . . . yn)
( 1) y 2 = h {x , yx, y 2, . . . 2/n)
.............................• • • • .
y.' = jn {x, yx, yzy .. . yn)
. Damos o nome de soluções ou integrais gerais dêste sistema de
equações, a todo sistema de funções yx, yi, . . yn que verificam as
equações (1) para todo valor de x em um certo intervalo, e que en­
cerram n constantes arbitrárias, de modo a nos permitir atribuir a
yh 2/2, . . . , yn, para um valor dado Xo de x, n valôres prefixados 6i,
6 2 , . • t)n.

As soluções que se obtém ao atribuir às n constantes arbitrárias,


n valôres arbitrários, se dizem soluções particulares.

Como veremos em (11.7), sempre que as funções


í x , Í 2, . . . , /n

de (1) verifiquem certas condições em uma região dada as equações


(1) admitem um sistema de soluções gerais. Se tais condições, não
se Verificam, as equações do sistema (1) podem admitir soluções que
não se incluem nas soluções gerais; tais soluções se dizem soluções
singulares.
238 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

11.2 Integração de u m sistem a de 1.* ordem .

A integração de um sistema de !.• ordem (1), se reduz ao problema


de obter a solução geral de uma equação diferencial de ordem n. Consi­
deremos, para maior simplicidade, um sistema de 3 equações:

=/i(<, íc, y, z); ^ = fi(t, X, y, z); ^ = jz(t, x, y, z) (2)

onde X, y ez &e supõem fimções da variável independente í.


Derivando a ! .• equação em t, resulta :

(2a)
d^x
dt^
dõth“r '-r—
, dh- -rrdx *1---dr::—ji dyTT "r. dji dz
dx dt õy dt õz dt

/ éx .
I é função implícita de t e é função de t através das variáveis

y, z Y
Substituindo em (2a), ^ pelos seus valôres
h { t , X, y , z ) e V, z)
tirados da 2.* e da 3.® de (2), obtemos uma relação da form a:
d^x / '. dx \
(3)
HF ~ y

Derivando por sua vez esta relação (3) em t, e substituindo como


dy dz
antes ~dt ®
e dt pelos seus valôres tirados de (2), obtemos uma relação
da form a:
d^x dx d^x
(4) X, Vy z ^
dt ’ ’
Entre as equações (4) e (3) e a l.“ de (2), podemos eliminar as
variáveis y e z, o que nos fornece uma relação da form a:
d^x _ dx d^x
(5)
dt ’ dt^ ’ 0
isto é, uma equação de 3.* ordem entre a função x e a variável indepen­
dente t Se conseguimos integrar está equação a sua solução geral
será da form a:
(6) X = F ( í , C l, C 2, C»)
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 239

Substituindo êste valor de z conjuntamente com as suas deri-

vadas de 1.* e 2.» ordem, ^ , e , em (3) e na 1.* de (2), obtemos


um sistema de 2 equações nas variáveis ou funções incógnitas y e
que resolvidas algèbricamente nos dão estas funções, sem nova inte­
gração, em função das mesmas constantes arbitrárias.
Exemplo 1 — Seja o sistema:
ãx
(A) = x; ^ = 2x + dy; ^ = - x + 5 y -^ 2 z
dt
Solução: Como a 1.* só contém x, podemos integrá-la independente­
mente das outras duas; a sua integral é :
(o) X = Cie*
Introduzindo êste valor de x na 2.* e na 3.* de (A) resulta o nôvo
sistema:

(B) ^ = 3y + 2C.e‘ e ^ = 5» + 2*-C ,e‘

A l . * equação dêste sistema é uma equação linear completa de


1.* ordem :
dy
(O = Zy + 2Cie*
dt
que pode ser resolvida pelo método exposto em (3.4) e d á :
(6) y = - Cie* -I- Cie^*
Introduzindo êste valor de y na 2.* equação (B), resulta:

(D) ~ =2z-ZCie*-\-5C2e^*
dt
que nos dá novamente uma equação linear completa de 1.* ordem:

dt
cuja solução geral é :
(c) z = ^Cie*-\-Cte'^*+hC^^*
As três relações (a), (5) e (c) representam as soluções gerais do
sistema dado.
Exemplo 2. Seja ainda o sistema
dx dy
(A) + 2/ = sen í X = COS t
dt
240 CURSÒ DE CALCULO DIFERENCUL E INTEGRAL

Solução, Derivando a 1.*, vem :


d^x . dy ,
(B)

Substituindo aqui ^ tirado da 2.* de (i4), tem os:

dhc
- X + COS í = COS t
'W
ou, simplificando por cos t:

(O '*** -X = 0
dp
que é uma equação linear de 2.* ordem e pode ser intep*ada pelo mé­
todo exposto (6.8), ou pelo método dos operadores (7.8); a sua so­
lução geral é :
(а) X= -|- Cí0~*

Introduzindo êste valor de x na 2.* equação de (il), resulta:

^ + C'i€‘ 4- Cífi-* = cos t


dt
ou, transpondo os têrmos em t ao 2.® membro:

== - Cie* - C2e~* + cos t


dt
que se integra fàcilmente, e d á :
(б) y — - Cie* -|- C2e~* + sen < + C3
As relações (o) e (6) são as soluções procuradas.

11.3 Equações sim ultâneas a três variáveis. Interpretação


geom étrica.

Consideremos em particular o sistema :


dy dz
(1)
dx = Í(íK, y, z)

Resolvendo estas equações em dx, tem os:


dy , dz
dx = dx =
y> z) y, z)
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 2 tt

ou inalando :
dx dy dz
(la)
T y, z) 9i^yy, z)
De um modo geral, podemos representar um sistema de 1.* òrdem
em foima simétrica i
dx dy dz
(2) ~F Q R
onde
P P{x, 2/, z), Q = Q{x, y, z) e à = R(x, y, z)
são funções de x, y q z ) Tais equações se apresentam freqüentemente
em geometria e na física, e comportam uma interpretação simples.
As soluções gerais do sistema (2) são de form a:
F{x, y, Zj Cl) = 0 e G{x, y, z, Cg) = 0
e representam duas famílias de superfícies (a dois parâmetros). Se
atribuimos valôres particulares às constantes arbitrárias Ci e Cg,
obtemos duas superfícies particulares, uma de cada família; sejam
(3) F{x, y, z) = 0 e G{x, y, z) = 0
as suas equações. Tomadas simultâneamente, estas equações repre­
sentam uma curva no espaço, lugar geométrico dos pontos (x, y, «)
que satisfazem simultâneamente estas duas equações, ou seja, a sua
interseção C (fig. 11,1).

P ig . 1 1 .1

Á tatrgente a esta interseção em um ponto genérico P, tem por


parâmetros diretores as diferenciais da;, dy, dz {IIIJ-5.2). As equações
do sistema (2) traduzem portanto o fato geométrico de-que a tangente
242 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

a uma certa curva, em um ponto genérico (x, y, z) tem co-senos dire­


tores proporcionais aos valôres que assumem as funç^s P , Q e no
mesmo ponto.
Um exemplo concreto de um tal sistema de equações diferenciais
nos apresentam as linhas de fôrça de um campo que admite potencial,
um campo eletrostático por exemplo. Em cada ponto do campo passa
uma l i n ^ de fôrça e é tangenciada nesse ponto pelo vetor qúe repre­
senta a intensidade de cami)o no mesmo ponto.
Doutra parte, sabemos que êste vetor é normal à superfície equi-
potencial que passa pelo referido ponto (JII.5-1.4 e 1.8). Se
V = F(x, y , z ) ^ C
é a equação de uma superfície equipotencial S {fig. 11»2), a linha de
fôrça PM que a atravessa em P(x, y, z) é tangenciada neste ponto
pela normal P N à superfície, e tem por parâmetros diretores as deri­
vadas parciais (J//.7-1.8):
õV dV dV
9 e
dx dy õz

Donde, as
dz dy dz
dV dV ~dV
ôx dy dz
Assim, por exemplo, as superfícies eqüipotenciais do campo ele­
trostático criado por uma carga puntiforme, são esferas concêntricas,
tendo por centro a referida carga. Se tomamos êste ponto como origem
de um sistema de coordenadas cartesianas, as superfícies eqüipoten-
ciais têm por equação ijig, 11.3):
F =í X* + 2/* + 2* = U
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 243

cujas derivadas parciais são :

^ = 2., ^ = 2 , , ^ = 2 .
ÕX ' dy dz

As equações diferenciais das linhas de fôrça resultam


dx _ dy _ dz dz _ d y
2x 2y 2z z y X

Destacando a 1.“ e a última v em :


dx dz
X z
que se integra imediatamente:
Inz = ln x + Irí a ou z — ax

Anàlogamente, podemos integrar a equação


dy dz

Inz == In y + lnb ou z ^ by
A l . * solução,
z = ax,
244 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

representa uma família de planos que têm como suporte o eixo dos
2/, e a 2.%
z^hy
representa outra família de planos cujo suporte é o eixo dos x. Tomadas
conjuntamente estas equações nos dão a totalidade das retas (suas
interseções) que passam pela origem e representam as linhas de fôrça
do campo criado pela carga em 0.

11.4 Integração do sistem a sim étrico.


a) Método dos multiplicadores. Não se pode dar um método
infalível para integrar o sistema (2). As vêzes, como no exemplo que
acabamos de tratar, podem-se integrar separadamente as equações
dx dy dx dz dy dz
ou
~F Q ’ ~P~ ~ti Q ~R
Neste caso, naturalmente, basta integrar duas dentre as três,
pôsto que a equação restante não nos proporcione nada de nôvo em
relação às outras duas.
Em muitos casos a introdução de fatôres adequados no nume-
rador e no denominador das diversas razões nos permite formar uma
combinação linear integrável. Com efeito, se multiplicarmos a 1*.
por um fator oportuno p, a 2.* por ç e a 3.® por r, podemos escrever
de acõrdo com uma conhecida propriedade das proporções:
pdx _ qdy _ rdz _ pdx -|- qdy -f- rdz
pF qQ rR pP qQ-\- rR
Se, em particular, conseguirmos determinar os três fatôres p
ç e r de modo que a soma
pP + qQ -P rR
se reduz a idênticamente a zero e o trinômio diferencial seja inte-
grável, obtemos uma solução do nosso sistema, pôsto que, anulando-se
o denominador
p P -\-q Q + rR,
a compatibilidade exige que se anule outrosâm o númerador, a saber:
pdx -f qdy -f rdz = 0
Se agora, esta equação fôr integrável, obtemos uma solução pix)-
ourada. Eventualmente se pode achar, uma segunda solução pelo
mesmo processo, descobrindo um nôvo grupo de fatôres, não propor­
cionais aos primeiros, que verifiquem as mesmas condições, a saber,
anulem o denominador e tomem integrável o númerador.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 245

Exemplo. Seja integrar o sistema


dx dy dz
bz - cy cx - az ay - hx
Solução. Por tentativa, não é muito difícil descobrir que multiplicando
o l.° denominador por o, o 2.° por 6 e o 3.® por c resulta uma soma
idênticamente nula ; donde :
adx hdy cdz adx + hdy + cdz
a {bz - cy) b {cx - az) c {ay - bx) abz - acy + bcx - abz + acy - hcx

_ adx + hdy + cdz


Õ
e, portanto :
adx -}- hdy -\- cdz = 0
que se integra imediatamente e d á :
(A) ax by -)r cz = C\
Doutra parte, ainda por tentativa, podemos constatar que multi­
plicando ordenadamente por x, y e z 08 três denominadores resulta
ainda uma soma idênticamente n u la; donde :
ocdx _ ydy _ zdz _ xdx -|- ydy -j- zdz
X {bz - cy) y {cx - az) z {ay - bx) bxz - cxy-\- cxy - ayz-\- ayz - bxz

xdx ydy zdz


0
e, portanto:
xdx -f- ydy -f- zdz = 0
Também esta equação sé integra sem dificuldade, e d á:

ou -f. y2 -b 2* = C2

As equações (A) e {B) são as soluções procuradas.


b) Obtenção de uma segunda soltição, conhecida a primeira. Às
vêzes, conhecida uma solução, podemos achar uma segunda por subs­
tituição, eliminando em uma das equações uma variável indesejável.
Exemplo. Seja o sistema
dx _ d y _ dz
b a z^ cos^ {ax - by)
246 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Solução, Destacando a 1.® equação, temos


dx dy , , ,
-r- = — ou (W.X = bdy
h a
ou, integrando:
ax — hy Cl

Isolando a constante, vem :


(A) a x - h y = Ci
Esta 1.® solução nos^ permite eliminar o argumento a x - h y na
última razão, o que d á :
dx dy dz
h a cos^ Cl

Daqui uma 2.» equação integrável:


dy _ dz
a z^ cos^ Cl
Podemos escrever:
COS* Cl dy — az~^ dz
e integrando

COS* Ciy = “ — + C2
z
ou
COS* Ciyz + o = C22

Substituindo aqui novamente Ci pelo ‘seu valor ax - hy, resulta


(B) yz cos*(oa: - hy) a — C2Z

As equações (A) e {E) são as equações procuradas.

11.5 Métodto de D^Alembert.

Quando o sistema (1) do (11.1), é linear e a coeficientes variáveis,


pode-se procurar integrar o sistema por um processo devido a D'Alem-
hert. Se os coeficientes são constantes, o método de D'Alembert é
sempre aplicável.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 247

Seja o sistema:
dy dz
( 1)
dx + Piy + qiz = n ; dx + v^y + *= ^2

onde
pi = Pi{x), Pi = pzix}, qi = qi{x), = q^ix), n = ri{x) e rz = n{x)
são funções explícitas de x. Multipliquemos a 2.® por um fator k
a ser determinado oportunamente, e somemos membro a membro
com a 1.®; temos :

(2) ^ + fc - ^ + (pi + kpi)y + (^1 + kqi)z = n + kr^

Se fazemos
(3) t> = 2
/ + fcz
e derivamos em x, assumindo que também k seja função de x, vem :
^ ^ dk
dx dx dx ^ dx
Nesta relação, isolamos as derivadas de ?/ e de z, o que d á :

— — - z
dx dx dx dx
Substituindo êste valor de
dy , j dz
-j- -\- k -T—em (2), temos:
ax dx

- 2 + (pi + kp ^y + {qi + kq^z = n -|- k n

ou, pondo z em evidência no 2.® e no último têrmo do 1.®membro :


dv dk
(4) + {pi + kp^y + + çi + k q ^ z = n + kVi
dx (- dx
Doutra parte, podemos ainda eliminar y entre (3) e (4), para o
que tiramos y de (3) :
y —v-kz
e substituimos o seu valor em (4):
dk
+ (pi + kpi) {v - kz) -f + Çi + k q i^ 2 = ri + kvi
(- dx
248 CURSO DE CALCULO I^IFERENCIAL E INTEGRAL

OU, efetuando a multiplicação por v - kz


dv dk
+ (pi + kpi)v - {pi + kpi)kz + + qikq> ri-f-fcra
dx (- dx
ou ainda, pondo em evidência z nos dois últimos produtos do 1.®
membro;

(5) (pi+fcp2>+ [-(pi+kp2)k - +gi+%2]«=ri+fcr2

Como temos à nossa disposição a função arbitrária fc, podemos


sujeitá-la à condição de que anule idênticamente o coeficiente de z
em (5), ou seja:
dk
(6) - {pi -f kpi)k + + kq2 = 0
dx
Se fc e a sua derivada em x, verificam esta condição, a equação
(5), se reduz a
%
(7) + (pi + kpi)v = ri + kr2
dx
que é uma equação linear de 1.* ordem em v. Naturalmente, a solução
desta equação efetá condicionada ao conhecimento de k.
Se, portanto a equação (6) nos permite obter o valor de k, po­
demos introduzí-lo em (7) e resolver esta última equação a fim de
achar v. O inconveniente do método reside no fato de que nem sempre
é fácil ou mesmo possível, determinar k por meio da equação (6).
Há, porém, um caso em que isto é sempre possível, a saber, quando
os coeficientes pi, p2, e qi, q2 são constantes. Neste caso, podemos sub­
meter k às duas condições compatíveis com (6) e entre s i :
dk
= 0 (pi + kp2)k -q i-k q 2 = 0
dx
A 1.® equivale a assumir k constante, e a 2.® que, reagrupando os
têrmos, se pode escrever:
Ptk^ + (pi - qè^ - çi = 0
que é uma equação do 2.® grau em k. Admitindo que esta equação
tenha duas raizes reais e distintas, ki e /c2, e introduzindo êstes valôres
em (3) conjuntamente com vi e V2, soluções da equação (7), corres­
pondentes a fei e ^2 respectivamente, obtemos um sistema em y, z
vi = y kiz e V2 — y + k 2Z
que resolvido nestas funções incógnitas, nos dá as soluções procuradas.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 249

H á ainda a considerar dois artifícios, que, às vêzes, nos permitem


determinar k.

1.®) Reagrupando os têrmos em k na equação (6), podemios es­


crever :
dk
(6a) + Pik^ 4- (Pi “ Qi)k -q i = 0
dx

Se agora fizermos separadamente


dk
m) + (Pi - ff2)fc = 0 e pjfc* - çi - 0
dx
trata-se de verificar se existe alguma relação da primeira que é uma
equação diferencial incompleta de 1.® ordem, que satisfaça a segunda.
Se isto se der, esta segunda nos d á :

fc=±|/^
}/ Pi
ou kl =
Pi
e fe = - 1/

valôres que substituidos em (3) e (7) nos permitem achar as


funções y e z.

2.®) Em (6a) podemos ainda fazer separadamente.


dk
dx ■Qi = 0 e p i k ^ { p i - q ^ k = 0. ou p%k+ {pi~q^ = 0

A primeira, por integração d á :

k = J ‘ qidx + C (C = const. arh.)

e a segunda, resolvida em k :
q2-pi
k
P2

Se os coeficientes pi, p 2, Çi, Ç2 verificarem a relação

fqidx C= ^ ^
J P2

teremos assegurada uma solução do nosso sistema. A obtenção de


uma segunda solução ficará a depender da possibilidade de aplicação
de algum outro método já conhecido.
250 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Exemplo, Seja o sistema


dy dz
(A)

Solução. Mültiplicaíido a 2.* por k e somando membro a membro


com a 1.*, v em :

W) S í" “ + 2(1 +

Fazendo v = y kz e derivando :
dv _ dy dz ^ dk
dx dx dx dx
e daqui, isolando as derivadas em y e z:
dy ^ ^ dz _ dv ^
dx dx dx dx

Introduzindo êste valor de


dy j dz
dx dx
em ^B) e substituindo aí, ao mesmo tempo, y por v - kz, temos :
dv
- 2 4 ^ = (1 + Zk) i v- kz) + 2(1 + k)z
dx dx
= (1 + m v - (1 + Zk)kz + 2(1 + k)z
Transpondo tudo ao 1.® membro, e pondo em evidência z, resulta :

(C) - ^ ~ ( l + 3fc> + j ^ - + fc + 3 f c 2 - 2 - 2 / c j 2 = 0

Impomos & k B, condição de anular o coeficiente de z, de modo


que:
dk
(í>) + - fc - 2 = 0
dx
o que reduz a equação {C) a

{E ) - (1 + 3fc)«, = 0
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 251

Doutra parte, podemos desdobrar a condição (D) nas duas equa­


ções, certamente compatíveis:
dk
= 0 Zk^-k~2 = 0
dx
Resolvendo esta equação do 2.® grau em k, temos as raizes:
fci = 1 e /C2 = - 2/3
Integrando a equação (BI) que é linear incompleta de !.• ordem
e a coeficientes constantes, obtem os:
In y = (1 + 3k)x 4- In C
ou

Substituindo nesta solução k pelos seus dois valôres


kl — 1 e kz — ~ 2/3,
temos as duas soluções independentes:
Vi == e vz = ^
(representando a constante arbitrária por Ci num caso e por Cz no
outro). Substituindo na relação
V = y -\- kz
conjuntamente v por vi e k por 1, e depois v por Vz com k = -2 /3 ,
obtemos o sistem a:
2/ + 2 = Cie** e y ~ 2/3 z — Cze~*
que resolvido em y e z d á :
2 ~ . 3 ~ 3 ^ ^
y = Cie** + C2e-* e 2 = ~ Cie** - CíC"*
5 O 5 5
que são as soluções procuradas.

11.6 Sistem as de equações de ordem superior.

Já vimos (6.2) que uma equação diferencial de 2.“ ordem, se pode


sempre reduzir a um sistema equivalente de 1.* ordem. Êste fato é
geral e vale, outrossim, para um sistema de ordem superior.

Assim a equação de 3.* ordem


y, y\ y'0
252 CURSO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

equivale a um sistema de 3 equações de 1.^ ordem nas três-funções


y, y\ y":
ày , dy' „ dy” dy" ,, , „
S = Ã T = 2' * -dT =
Anàlogamente, o sistema de 2* ordem :

i - /i(íc, y, 2 , f);
y = y, z, i); «= <)
equivale às 6 equações de 1.® ordem :
dz • dy dz
dt ~ ^ ’ dt

dx
= y, z, t) ; y, z, t); * ^ = /a(®, 2/, s, t)
dt
nas 6 funções x, y, z, x, y, z.
Quanto à integração de um sistema de equações de ordem supe­
rior, podemos recorrer ao método da derivação sucessiva (11.2),
derivando uma das equações dadas tantas vêzes quantas se tornem
necessárias para eliminar tôdas as funções incógnitas, exceto uma,
bem como as suas derivadas, de modo a obter uma única equação,
ainda que de ordem superior, em uma única função incógnita.

Exemplo. Seja o sistema

4 - 2 — = 10- — ^2^1 = - f i
dx^ dx ’ dx^ dx
ou, em forma simbólica:
(A) D^y -f- 2Dz = 10; D h - 2Dy = - 6
Solução. Derivando a 1.®, vem :
D^y + 2Dh = 0

Se agora multiplicamos a 2.® por -2, e somamos o resultado com


esta, tem os:
D^y + áDy = 12
que é uma equação linear de 3.® ordem em y únicamenie e pode ser
integrada sem dificuldade. A sua solução geral é :
(B) y = C l C 2 sen 2x -|- C3 cos 2x -f 3a;
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 253

A fim de obter z, derivamos esta fimção duas vêzes e introdu­


zimos a derivada assim achada na 1.* equação (A), de modo a
reduzí-Ia a uma equação na função incógnita z únicamente. Derivando
tem os:

^ = Dy = 2 Ci COS 2 x - 2 Cz sen 2x Z

e a 2.* derivada será:

= = - 4C2 sen 2x - 4Cz cos 2x


dx^
Introduzindo êste valor na 1.* equação (A), resu lta:
- 4C2 sen 2x - áCz cos 2x + 2Dz = 10
ou
Dz = 2 Ci sen 2 x + 2Cz cos 2a; + 5
a sua integral é
(C) z — - C2 cos 2a; + Cz sen 2a; + 5a; +

As equações (B) e (C) são as soluções procuradas.

11.7 Teorema de existência.

Já vimos em (5.2), como se demonstra a existência de uma so­


lução de uma equação diferencial de 1.* ordem, uma vez verificadas
determinadas condições. A demonstração se adapta sem alterações
substanciais, a um sistema de equações de 1.» ordem. Consideremos
por simplicidade, o caso de duas equações.

Teorema: Dadas as equações diferenciais de 1.* ordem

(1) ^ y, z); dz
dx - y, z)
suponhamos que as funções
j{x, y, z) e g{x, y, z)
sejam continuas e confinadas em um paralelepípedo retângulo R de
centro (xo, yo, Zo), de modo que
|y (®, y, z ) l < M e lg(x, y, z)l < M ^
para \ x - Xo \ < a, | y - 2/0 1 < 5, | z - Zo | < c
254 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

e verifiquem em R a condição de Lipsàhitz, a saber:


y, y, 2)1 < L \ y - y \ - \ - K \ z - z \
\ q {x, y, z ) - ç ( x , y, z)\ < L \ y - y \ K \ z - z \
{L e K constantes positivas)
Nestas condições, existe uma e uma única solução y = y{x),
z = z(x) do sistema (1), tal que
para x — xq, seja y = yo Z = 2o.

Demonstração. Ao sistema (1), substituimos a sucessão de sistemas :


dyi dzi
(«) ãx = yo, 2o); dx = gX^, yo, 2o)

dy2 dz2
(&) yi, 2 i ) ; g(^, yi, 2 i)
dx = dx =

dZn
(^) = J(X, yn_l, Zn-l); = g {X, yn-l, Zn-l)
dx dx
E procedendo à sua integração,^ tendo presente as condições
iniciais (y = yo e z = zo para x = x^, obtemos a dupla sucessão de
integrais:
X X

(A) yi = 1/0 + yo, zo)dx ; zi = zo f g (x, yo, zo)dx


XO XO

(B) y ff(^, yi, Zi)dx;


X X

2= 1/0 + z%= 2©+ J g i x , yi, zi)dx


XO
X A
(N) = i/o + 2«_i)da;; 2»=2o + f g{x, y^-i, Zn-i)dx
Xo Xo

Tendo presente a 1.* condição do teorema, a saber,


\í{^, y, z ) \ < M e [ g{x, y, z ) \ < M,
tiramos da 1.* de (a) :
X X

(Al) \ y i - y o \ = I f f ( x, yo, z o) dx\ < j M \ d x \ = M \ x - Xo\


XO xo
e anàlogamente para a 2.*:
(A*) \zi-zo\ < M \x-Xo\
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 255

Doutra parte, subtraindo membro a membro a 1.* de (o) da 1.*


de (6) resulta :
X

V i-yi = yi, Zi ) ~í { x, yo, Zo)]dx


xo
e em virtude da condição de Lipschitz:
. X

I í/2 - 2/11 < j {L\yi~y(i \ -\r K \ z - Z f i \ ) dx


Xo

<! ^ \L M ] X — Xq\+ K M \ X —X q W dx {em virtude de (A i) e A%)


xo
*
= M iL + K ) ^ \x-Xa\dx — M {L K) ^^^2 "P ^ (P i) (integrando)

Anàlogamente, obtem os:


U - To P
(B2) Z 2 - z i \ < M { L + K)
2!
Prosseguindo nestas operações, obtemos de um modo geral
x-xo
[Nt) 2/» “ 2 /« -i \ < M { L -^
n!

w « ,-2 ^ 1 1< i l f ( i + «)*-• i í —p!Í‘


n\
Desta sucessão de desigualdades, deduzimos como no caso de
uma dnica equação diferencial de 1.* ordetti (5.2), a existência e a
unicidade de duas funções
2^ — l i m
n-^ 00 n-^ 00
e z = íimz»

que satisfazem o sistema (1), bem como as duas condições iniciais


2/0 = 2/ (^0) e zo = zCa^o) (equivalentes a duas constantes arbitrárias).

EXERCÍOIOS

1 ^ « 12<wp. = o; x * -i* = 6
yz xz xy

2. 5 ^ - Reep. a; a* - 6(«* + v*)


y* X* z
256 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

g dx _ dy dz
Resp. y = ax, bz = (a-z)e*
xy y^ xyz

4. = 'r ^ Resp. y - z = a(y-x), (x + y +z) ( z- x) ^ = b


y +z X z » + !/

5. ------Resp. X* + y* + z* = a, y* - 2ys -z^ = b


2 - - 2yz - y* y + 3 y - z

dx dy _ dz
6. Resp. X + y + s = a, xyz = 6
x{y-z) y(z-x) z(x-y)
dx dy —^ Resp. xy = o, (z* 4- a;y)® - x* = b
7.
x z (z * + xy) -y z(z* + x y ) x*

dx _ dy _ dz
8. Resp. X + y - z = a, xyz - b z = l
-1 -x z * 1 + y«* zH y-x)

9. È i = ^ ..K. fie sp . X + 2 y + 3z = a; X* + y>* + 3* =? í>


dx 3 y - 2z dx 3 y - 2z

dz 2xz
10. ^dy =
_ 2xy Resp. y = flz = 6 (x* + y^ + z®)
dx X* - y* - z* ’ dx x* - y* - z*

11 ^ ^ • — = __y~ fíesp. y^- z* = a, (y - 2)* = 2 (6 - x)


dx (z - y)* ’ dx (z - y)=

12. - 8x + y = €*; ^ 25 x + 2y = 3í
aí cíí

iíesp. y= (Ci-C,0«“ + 4 e ‘- 4 - - - | ; « ^ [õ C i+ C íd -õ O K + ^ e* -^ -^ .
4 u y 4 o 9

lâ. 5 ^ - 3 ^ - 5 z » 5x; 3 ^ - 5 - ^ -2 y = 0
ax ax ax ox

Besp. y * 5Cxe“*« + — ; 2 = -^2Cic*»^ - x - 1


2

14. + 6y + 2 = 7e«-9€««; ^ -y + 3 z * 4 e * » -3 « «
ax ax

Be«p. y = (Cl + C2»)e~^ + ir


25 36

2 = - (Cl + Ca + C^)e~*^ “ M
25
® "I" ^
36

15. ^ + 2 y + 2 * x ; ^ + ^ + * = 1.
ax dx dx
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 257

Resp. y — (Ci s e n x + Czcos x) + — -----;


2 2

2 = e~ * [(C 2 - C l) s e n x - ( C 2 + C i) c o s x] + —
2
dx dy dz
16. - ^ = 3x, - ^ = 2x + 3i/, - ^ = 3t/-22
dt rfí
fíesp. x=25Cie®*; í/ = 50Ci<e®*+5Ç2C®‘; 2 = 30Cife«*+3(C'2-2Ci)e»*+C3€-»'

17_ ^ = -^ = :r + . ■ ^ =
dt dt dt
Resp. x + y + 2 = Cie**; x - y = C2e~*; x - z — Cje~*

18. i í - + - 25x - y = <; t ^ - Z ^ + 75x- t y = - St


dt dt dt dt

Resp. x = - - i + Cie*‘ + C2e-»‘; 1/ = - i . + 5Cie“ - 5C2e-‘*


25 25

1 9 . (x®- 2x) + X* -f 4í/ = 1 - X®; — - x y - x z = x*


ax dx dx

Resp. y — Cix* + CixHnx + ~ ; 2 = Ci(2-x*)+C2(l+ínx*-x*/nx)-x- —.


4 4

20. à-M - -(- y -f. 62 = s e n x ; - y -^ z — cos x.


d x* dx®

fíesp. y = - 3(Cie* + C2e“®) - 2(Cje''^ * + CV’ V* ^ _ ggg


6

z = Cie- + Cje-* + Cae^"* + C4 C V®* +■ —


1 sen x
6

21. . ^ - 2 ^ - 4 y + 2 = x; 2^ + .^ + y = 0
dx® dx dx dx*
i2 e s p . y — Cí s e n x + C2 c o s x + Cs s e n fe x + C4 cos Ax
2 = (Cl - 2C2) s e n X + (C2 + 2Ci) c o s x - (C4 + 2Cj) c o s h x -
- (C s + 2 C4) . s e n A X + X + 2

22. - ^ + 2 = lOe-*-; ^ + - ^ - y = l + 7e~®^


dx® dx dx dx

/2esp. y = (Cl + Csx)e- + Csc~* + 3e~®* - 1; 2 = - C2e* - 2 C3C‘ * - 8e~*».

23. — - ÉL ^ - 2e®‘; — + 2 — = 16e** - sen t


dt^ dt dt^ dt
Resp. X '= Cl + C2 sen V? < 4- Cs cos V2 í + cos t 4* e**
y ■= C4 4 - C^^f2coB - C| ^f2 sen - sen t + 3e*'
258 CURSO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

24. a:* + x ^ + 2« = 0; x* 4 ^ + a: ~ -2 y = 0
dx* dx dx* dx
Resp. y = Cix cos (in ®- C») + Cjx~* coa (Zn * - C4)
2 = Cix sen (Zn x - Cs) - Cs x”*sen (Zn x - C4)

25. X* + x - ^ + S í = 1+Znx; x ^ + Inx


dx dx dx

Resp. y — ^ C i ~ ®~ CsX” * + Zn x + 1

z = Cl Zn x ^ X + Csx“‘ - 2 Zn X - 2

26. + w*x = 0; 4 ^ -m*x = 0


dt* dt*
Resp. X = Cl COSmt + Cs sen «iZ; j/ ** Cs + C4Z- Ci cos m< - Cs sen mt
27. Achar a equação das superfícies ortogonais às curvas representadas pelo sis­
tema

—^ = — . Resp. X* -f- xw -I- = C


2 x -H y X -h s y
28. Achar a família de curvas ortogonais às superfícies 2x* -f- y® -f- x* = a
Resp. X = 6 y*; y = cz
29. Ura ponto material se desloca no plano segundo a lei
•• ••
X = - 4x, y = - 9y.
Achar a equação da sua trajetória, sabendo que o movimento tem como
origem o ponto (1 ,0 ) e que as componentes da velocidade inicial são »* = W
y==1

Resp. X = cos 2Z + — sen 2Z, y = — sen 3Z


2 3
X
30. Sejam X = - ■ e F = ’as componentes de um campo de
j;2 yi X® -1- y®
fôrçEs. Achar o potencial, as curvas de nível e as linhas de fÔrça.

Resp. C = arc tg — -f- C; y = ox; x® -H y* = &•


X
ÍNDICE ALFABÉTICO
Auto - indução, coeficiente de, 53 -----------incompleta, 49, 163, 166
auxiliar, equação, 137, 177. equações diferenciais, sistemas, 237
BemmUi, equação de, 55 Euler, equação de 193
Bessd, equação dé, 215 — fórmulas de 147,156, 171, 175,
C^uracterfstica, equação, 145, 168 existência, teorema de, 100,109,253.
circuito RLC, 154 Fatoração, solução por, 70
Clairaut, equação de, 78 fatôres integrantes, 40
coeficientes a determinar, método fletor, momento, 121
dos, 209 flexão de uma viga, 121
— constantes, equações a, 143 FrÓbenius, método de, 216
— homogêneos, 27 função complementar, 152, 178
— Variáveis, 193 fundamental, sistema, 139
Complementar, função, 152, 178 Gattss, 215
condições iniciais, 9 grau de uma equação diferencial, 3
condutividade t^ m ica, 23 grupamentos integráveis, 43
lyAlembert, método de, 246 Hooke, lei de, 122
depressão da ordem, 200 Indiciai, equação, 217
determinante, equação, 217 iniciais, condições, 9
diferencial exata, 37 Lagrange, equação de, 76
Envoltórias, 79, 82, 84, 89 ------------- método de, 151, 178, 180
equação auxiliar, 137, 177
Legendre, equação de, 215
— característica, 145, 168
Letbniz, 1, 173
— diferencial, 1,3
Lihschitz, condição de, 105, 109, 254
------- a coeficientes homogêneos, 27
Maclaurin, 214
— .— a variáveis separadas. 15
momento fletor, 121
—: ----------- separáveis, 17
------ ^— de resist&icia, 121
------- de BemovlU, 55
— — — Bessel, 215
Monge, 76
— —■— Clairaut, 78 movimento em meio resistente, 128
------------ Gauis, 215 multiplicadores, método dos, 244
--------------Lagrange, 76 Operador diferencial, 164
------ ----- Legendre, 215 --------------- linear, 164
.------------ Riccati, 56, 60 Operadores, método dos, 169
— — exata, 37 ----------- propriedades dos, 165
-------homogênea, 137 ----------- inversos, método dos, 184
r------ linear, 4 ordem, depressão da, 200
— — ~ a coeficientes constantes, 168 — de uma equação diferencial,^8^
— ------------ — variáveis, 193 Parâmetros, variação dos, 178
, T— — — conq>leta, 50, 151, 163, 177 pêndulo simples, 124
período, 127 ----- — de ordem superior, 251
Picard, método de, 100, 207 solução gorai, 4
pontos angulosos, lugar geométrico dos — particular, 8
86, 91 — por aproximações, sucessivas, 100
— de contato, lugar geométrico dos 91. derivação, 73
— nodais, lugar geométrico dos, 86 ------- fatoração, 70
— ordinários de uma equação diferen­ — singular, 10
cial, 212, 214
soluções em séries, 207
— singulares de uma equação diferen­
cial, 212, 214. — lincarmente independentes, 139
prim itivas, 4 /Sí^on,'L ei de, 1Í8
Quadratura, 1 Taylor, séries de, 207
Raizes múltiplas, 190 trajetórias ortogonais, 19
redução a coeficientes homogêneos, 29 Unicidade, teorema de, 109, 113
Riccati, equação de, 66, 60 Vandermonde, determinante de, 171
Sistema.-fundamental, 139 variação das constantes, método da, 151
— simétrico, 244 variáveis, coeficientes, 193
sistemas de equações diferenciais, 237 velocidade lim ite, 128
--------------- interpretação geométrica, Wronskiano, 140
240 Young, módulo de, 122

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