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Primeira Edição
Rolci Cipolatti
2016
Caiu a primeira gota na terra seca
Solitária, corajosa, suicida,
Pra que molhe o chão, a planta cresça
Pra que brote o verde, a nova vida
RC
Exórdio
O presente texto iniciou-se como notas de aula e listas de exercı́cios
do Curso de Cálculo Avançado I, curso que ministrei por vários anos
no programa de Mestrado em Matemática Aplicada do Instituto de
Matemática da UFRJ. As notas foram publicadas pela Editora do
IM e continham a primeira parte do programa do Exame de Quali-
ficação de Cálculo Avançado, o que aqui corresponde essencialmente
ao material distribuı́do nos onze primeiros capı́tulos.
Como a inclusão da Integral de Riemann e aplicações se fazia neces-
sária para que essas notas pudessem almejar uma promoção à catego-
ria de livro texto, foram incluı́dos na presente edição os Capı́tulos 12
e 13, um Apêndice contendo coisas básicas da Álgebra Multilinear e,
ao longo do texto, alguns tópicos interessantes que, de um modo
geral, não são abordados nos livros de Análise no Rn . Por uma
questão de nostalgia, preferi manter o tı́tulo Cálculo Avançado, em-
bora o conteúdo abordado contenha o programa básico de um curso
de Análise do mestrado.
Os alunos podem consultar a solução de todos os exercı́cios desta
edição no site abaixo. São vários os que complementam o conteúdo
dos respectivos capı́tulos, razão pela qual recomendamos fortemente
que os considerem, inicialmente procurando resolvê-los e, complemen-
tarmente, estudando (e se possı́vel, melhorando) as soluçõas apresen-
tadas.
http://www.dmm.im.ufrj.br/~cipolatti/
Rolci Cipolatti
Sumário
Capı́tulo 1:
Conjuntos e Funções . . . . . . . . . . . . . 1
Operações com conjuntos . . . . . . . . . . . . 2
Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Composição de funções . . . . . . . . . . . . . 6
Sequências . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Capı́tulo 2:
Métricas e Normas . . . . . . . . . . . . . 11
Espaços vetoriais com produto interno . . . . . . . 13
Normas em Rn . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Exemplos de espaçoes vetoriais normados . . . . . . 17
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Capı́tulo 3:
Abertos, Fechados, Compactos . . . . . . . . 21
Conjuntos compactos . . . . . . . . . . . . . . 24
Compactos de Rn . . . . . . . . . . . . . . . 26
Sequências em espaços vetoriais . . . . . . . . . . 29
Sequências de Cauchy . . . . . . . . . . . . . 31
Sequências em Rn . . . . . . . . . . . . . . . 32
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
iv Cálculo Avançado I
Capı́tulo 4:
Limite e Continuidade . . . . . . . . . . . . 35
Funções contı́nuas . . . . . . . . . . . . . . . 38
Funções contı́nuas e compactos . . . . . . . . . . 40
Funções contı́nuas e conjuntos conexos . . . . . . . . 42
Conjuntos convexos e funções convexas . . . . . . . 43
Continuidade uniforme . . . . . . . . . . . . . 45
Espaços vetoriais de dimensão finita . . . . . . . . 47
O espaço vetorial das transformações lineares . . . . . 48
O teorema do ponto fixo de Banach . . . . . . . . 48
Semicontinuidade . . . . . . . . . . . . . . . 50
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Capı́tulo 5:
Funções Diferenciáveis . . . . . . . . . . . . 61
Derivadas direcionais . . . . . . . . . . . . . . 61
Funções diferenciáveis (o caso escalar) . . . . . . . . 62
O vetor gradiente . . . . . . . . . . . . . . . 66
Regras básicas de derivação . . . . . . . . . . . 68
Funções diferenciáveis (o caso vetorial) . . . . . . . 69
A matriz jacobiana . . . . . . . . . . . . . . 70
A regra da cadeia . . . . . . . . . . . . . . . 71
O teorema do valor médio . . . . . . . . . . . . 72
Derivadas parciais (o caso vetorial) . . . . . . . . . 73
Condições suficientes para a diferenciabilidade . . . . . 74
Funções diferenciáveis (o caso geral) . . . . . . . . 76
A diferencial: funções de classe C 1 . . . . . . . . . 79
A projeção ortogonal . . . . . . . . . . . . . . 81
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Sumário v
Capı́tulo 6:
Curvas em Rn . . . . . . . . . . . . . . . 89
Curvas retificáveis . . . . . . . . . . . . . . . 91
Curvas diferenciáveis . . . . . . . . . . . . . . 92
Integral de linha: o caso escalar . . . . . . . . . . 94
Aplicação: a transformada raio-x . . . . . . . . . 95
O teorema fundamental do cálculo . . . . . . . . . 99
Aplicação: conservação da energia . . . . . . . . 105
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Capı́tulo 7:
Derivadas de Ordem Superior . . . . . . . . 109
A matriz hessiana . . . . . . . . . . . . . . 114
Máximos e mı́nimos . . . . . . . . . . . . . 114
Partição da unidade . . . . . . . . . . . . . 120
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
Capı́tulo 8:
O Teorema da Função Inversa . . . . . . . . 129
O teorema da função inversa . . . . . . . . . . 130
Aplicação: o método das caracterı́sticas . . . . . . 135
O teorema da função inversa (bis) . . . . . . . . 137
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
Capı́tulo 9:
O Teorema da Função Implı́cita . . . . . . . 143
O teorema da função implı́cita . . . . . . . . . 146
Multiplicadores de Lagrange . . . . . . . . . . 147
Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
Multiplicadores de Lagrange (bis) . . . . . . . . 151
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
vi Cálculo Avançado I
Capı́tulo 10:
Sequências de Funções . . . . . . . . . . . 157
Convergência uniforme . . . . . . . . . . . . 159
Convergência uniforme e derivadas . . . . . . . . 163
Série de funções e convergência uniforme . . . . . . 167
Série de potências . . . . . . . . . . . . . . 170
A matriz exponencial . . . . . . . . . . . . . 172
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
Capı́tulo 11:
O Espaço C(K;Rm ) . . . . . . . . . . . . 177
Aplicação: o teorema de Picard . . . . . . . . . 178
O teorema de Arzelà-Ascoli . . . . . . . . . . 180
Aplicação: o teorema de Cauchy-Peano . . . . . . 184
O teorema de Weierstrass . . . . . . . . . . . 187
Funcionais contı́nuos e diferenciáveis . . . . . . . 190
Aplicação: fluxos . . . . . . . . . . . . . . 191
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
Capı́tulo 12:
A integral de Riemann em Rn . . . . . . . . 201
Áreas, volumes, etc... . . . . . . . . . . . . . 201
A integral de Riemann . . . . . . . . . . . . 206
Como calcular integrais? . . . . . . . . . . . 219
Funções de conjuntos e derivadas espaciais . . . . . 224
Mudança de variáveis . . . . . . . . . . . . . 229
Coordenadas esféricas em Rn e aplicações . . . . . 237
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . 246
Sumário vii
Capı́tulo 13:
Gauss, Green e Stokes . . . . . . . . . . . 253
Superfı́cies em Rn . . . . . . . . . . . . . . 253
Integrais de superfı́cie em Rn . . . . . . . . . . 259
O Teorema de Gauss e aplicações . . . . . . . . 262
Campos vetoriais da Fı́sica Matemática . . . . . . 283
Formas diferenciais - uma breve introdução . . . . . 299
O Lema de Hadamard . . . . . . . . . . . . 306
Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . 311
Apêndice:
Determinantes, traços e etc. . . . . . . . . 315
Formas n-lineares alternadas . . . . . . . . . . 315
O determinante . . . . . . . . . . . . . . . 317
O traço . . . . . . . . . . . . . . . . . . 324
O produto tensorial . . . . . . . . . . . . . 326
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . 333
“Até onde as leis da matemática se refiram à reali-
dade, elas estão longe de constituir algo certo; e,
na medida em que constituem algo certo, não se
referem à realidade.”
(Albert Einstein)
1
Conjuntos e Funções
Um dos fundamentos sobre os quais a Matemática se alicerça é o
conceito de conjunto. No que segue, estabelecemos a notação univer-
salmente adotada e recordamos as operações básicas da Teoria dos
Conjuntos.
Como é usual, a notação
x∈X
x∈
/ X.
• Diferença e Complementar
Dados dois conjuntos A e B, definimos
A \ B = x ; x ∈ A e x 6∈ B .
• Produto Cartesiano
Dados dois conjuntos A e B, definimos
A × B = (x, y) ; x ∈ A e y ∈ B .
k
Y
Ai = A1 × · · · × Ak = (x1 , . . . , xk ) ; xi ∈ Ai , i = 1, . . . , k .
i=1
∞
Y
Ai = A1 × A2 × · · · = (x1 , x2 , x3 , . . .) ; xi ∈ Ai , i = 1, 2, 3, . . . .
i=1
Funções
f : A → B.
f
A B
6 Cálculo Avançado I
Composição de funções
Se f : A → B e g: B → C são funções, podemos definir a função
composta g ◦ f : A → C por (g ◦ f )(x) = g f (x) , ∀x ∈ A. Mais
precisamente, como f é função, para cada x ∈ A existe um único
y = f (x) ∈ B tal que (x, y) ∈ f . Como g é função, existe um único
z = g(y) = g(f (x)) ∈ C tal que (y, z) ∈ g. Portanto, o conjunto
g ◦ f = (x, z) ∈ A × C ; z = g(f (x))
satisfaz a propriedade (1.2). É, portanto, uma função, que definimos
como função composta de g com f .
f g
A B C
g◦f
Conjuntos e Funções 7
Sequências
Exercı́cios
Aλ = (x, y) ∈ R2 ; (x − λ)2 + y 2 ≤ λ2 /2 ,
Bλ = (x, y) ∈ R2 ; (x − λ)2 + y 2 = λ2 /2 .
Então d é métrica em X.
No caso em que X é um espaço vetorial, podemos medir distâncias
por intermédio de normas, que são funções que permitem “medir
comprimentos”.
Definição 2.2: Seja V um espaço vetorial. Uma norma em V é
qualquer função k k: V → R que satisfaça as seguintes propriedades:
i) kxk ≥ 0, ∀x ∈ V ;
ii) kxk = 0 ⇐⇒ x = 0;
iii) kλxk = |λ|kxk, ∀λ ∈ R e ∀x ∈ V ;
iv) kx + yk ≤ kxk + kyk, ∀x, y ∈ V .
A desigualdade em iv) é denominada desigualdade triangular.
Observação: É fácil ver das definições acima que toda norma num
espaço vetorial induz uma métrica nesse espaço. De fato, se k k é
uma norma num espaço vetorial V , então d(x, y) = kx − yk é uma
métrica em V . Por outro lado, nem toda métrica induz uma norma
(dê um exemplo!).
Lema 2.3: Se k k é uma norma em V , então para todo x, y ∈ V
temos
Normas em Rn
Mais geralmente,
Teorema 2.8: Se 1 ≤ p < +∞, então
1/p
p p p
kxkp = |x1 | + |x2 | + · · · + |xn |
16 Cálculo Avançado I
Considerando os vetores
a = (|x1 |, . . . , |xn |), b = (|y1 |, . . . , |yn |) e
c = (|x1 + y1 |p−1 , . . . , |xn + yn |p−1 ),
podemos expressar a desigualdade acima na forma
kx + ykpp ≤ ha : ci + hb : ci.
Decorre, então, da desigualdade de Hölder,
kx + ykpp ≤ ha : ci + hb : ci ≤ kakp kckq + kbkp kckq .
Observando que
kakp = kxkp , kbkp = kykp , kckq = kx + ykp/q
p = kx + ykp−1
p ,
obtemos
kx + ykpp ≤ kxkp kx + ykp−1
p + kykp kx + ykp−1
p
n
!1/p
X
kP kp = |ai |p p ∈ [1, +∞[,
.
i=0
kP k∞ = max |ai | ; i = 0, . . . , n
Exercı́cios
Figura 3.1
O conceito de bola aberta nos permite intruduzir diversas defini-
ções, alicerces para a construção da Análise. Iniciemos com os con-
ceitos de ponto interior e ponto de acumulação.
Definição 3.1: Seja A um subconjunto de V e x0 ∈ V .
22 Cálculo Avançado I
k
\
Br (x) ⊂ Ai .
i=1
k
!c k
[ \
Fi = Fic
i=1 i=1
Sk
é um conjunto fechado. Portanto i=1 Fi é conjunto aberto.
Definição 3.7: A = A′ ∪ A é denominado aderência ou fecho de A.
Proposição 3.8: A é fechado se e somente se A = A.
Prova: Veja exercı́cios.
24 Cálculo Avançado I
Conjuntos compactos
K ⊂ Aλ1 ∪ · · · ∪ Aλk .
Seja r̄: = min{rx1 , rx2 , . . . , rxm } > 0. Afirmo que Br̄ (x0 ) ⊂ K c . De
fato, pela definição de r̄ temos
m
\
Br̄ (x0 ) = Brxi (x0 ).
i=1
Compactos de Rn
a 1 ≤ a 2 ≤ . . . ≤ a k ≤ . . . ≤ bk ≤ . . . ≤ b2 ≤ b1 .
Lema 3.15: Seja {Pk }k∈N uma famı́lia de n-pavês tais que P1 ⊃
P2 ⊃ . . .. Então
∞
\
Pk 6= ∅.
k=1
Qn
Prova: Pk = i=1 [ai,k , bi,k ]. Como P1 ⊃ P2 ⊃ . . ., segue que
Ii,k = [ai,k , bi,k ] satisfaz Ii,1 ⊃ IT i,2 ⊃ . . . para todo i = 1, . . . , n.
∞
T∞ decorre do Lema 3.13 que k=1 Ii,k 6= ∅ e consequentemente
Logo,
k=1 Pk 6= ∅.
P1 ⊃ P2 ⊃ P3 ⊃ . . .
T
Pelo Lema 3.15, existe x̄ ∈ k Pk . Provemos que x̄ ∈ A′ .
Dado δ > 0, seja k0 ∈ N tal que r/2k0 < δ/2. Como x̄ ∈ Pk para
todo k, temos Pk0 ⊂ Bδ (x̄). Como Pk0 contém infinitos pontos de A,
segue que
Bδ (x̄) ∩ A \ {x̄} 6= ∅.
seu diâmetro.
Suponhamos que {Gα }α∈Λ seja uma cobertura aberta de P que
não admite subcobertura finita.
Os pontos médios ci = (ai + bi )/2 dos intervalos que compõem P
dividem P em 2n pavês de diâmetro δ/2. Algum desses 2n pavês não
pode ser coberto por um número finito de abertos de {Gα }. Seja P1
tal pavê.
Repetindo-se o argumento acima ad infinitum, construimos uma
famı́lia {Pk }k∈N de n-pavês, cada Pk com diâmetro δ/2k , tais que
P1 ⊃ P2 ⊃ . . .
T∞
Pelo Lema 3.15, ∃x̄ ∈ k=1 Pk ⊂ P . Portanto, ∃α0 ∈ Λ tal que
x̄ ∈ Gα0 . Como Gα0 é aberto, ∃r > 0 tal que Br (x̄) ⊂ Gα0 .
Escolhendo k ∈ N tal que δ/2k < r/2 tem-se Pk ⊂ Br (x̄) ⊂ Gα0 ,
o que é uma contradição, pois Pk não pode ser coberto por uma
quantidade finita de abertos.
Teorema 3.18: Se K é fechado e limitado de Rn , então K é com-
pacto.
Prova: Se K limitado, então existe P n-pavê tal que K ⊂ P . Pelo
teorema anterior, P é compacto. Como K é fechado e K ⊂ P , segue
que K é compacto. .
Os resultados seguintes fornecem uma generalização aos Lemas 3.13
e 3.15.
Teorema 3.19: Seja {Kα }α∈Λ uma famı́lia de compactos de Rn com
a propriedade da interseção finita, isto é, “toda subfamı́lia finita tem
interseção não vazia”. Então
\
Kα 6= ∅.
α∈Λ
T
Prova: Suponhamos que α∈Λ Kα = ∅ e fixe α0 ∈ Λ. Afirmo que
{Kαc }α∈Λ é cobertura aberta de Kα0 . Com efeito, se x ∈ Kα0 , segue
Abertos, Fechados, Compactos 29
T
de α∈Λ Kα = ∅ que
\ c [
x∈ Kα = Kαc .
α∈Λ α∈Λ
lim xk = x0 ou xk −→ x0 .
k→∞
30 Cálculo Avançado I
Sequências em Rn
Exercı́cios
Exercı́cio 3.1. Sejam A e B subconjuntos de um espaço vetorial
normado V . Demonstre as afirmativas abaixo.
a) A é fechado ⇐⇒ A ⊃ A′ . Dê exemplo de A fechado tal que
A′ 6= A.
b) A′ é conjunto fechado.
c) A ⊂ B =⇒ A′ ⊂ B ′ .
d) (A ∪ B)′ = A′ ∪ B ′ .
e) A é conjunto fechado.
f) A é fechado ⇐⇒ A = A.
Exercı́cio 3.2. Sejam k k∗ e k k∗∗ duas normas equivalentes de um
espaço vetorial V .
a) Mostre que x0 é ponto de acumulação de A com relação a uma
das normas se e somente se é ponto de acumulação com relação
à outra.
b) Mostre que se A é um conjunto aberto em V em relação a k k∗ ,
se e somente se A é aberto em relação a k k∗∗ . Mostre que o
mesmo vale para conjuntos fechados e compactos.
Exercı́cio 3.3.
◦ ◦ ◦ ◦
Se A ⊂ B, mostre que A ⊂B e A ⊂ B. Defina α(A) =A e β(B) = B.
Mostre
a) A aberto ⇒ A ⊂ α(A).
34 Cálculo Avançado I
b) B fechado ⇒ B ⊃ β(B).
◦
c) Dê exemplo de conjunto A tal que A, A, A, α(A) e β(A) sejam
todos distintos.
Exercı́cio 3.4. Seja K subconjunto compacto de um espaço vetorial
normado V . Mostre que existe A = {x1 , x2 , . . .} ⊂ K tal que A = K.
Exercı́cio 3.5. Seja A = f ∈ C [0, 1]; R ; kf k∞ < 1 e f0 ≡ 0.
Mostre que f0 é ponto interior de A relativamente à norma k k∞
mas não é ponto interior de A relativamente à norma k k1 .
Exercı́cio 3.6. Demonstre a Proposição 3.22.
Exercı́cio 3.7. Prove diretamente a equivalência dos itens (b) e (c)
no Teorema 3.29.
Exercı́cio 3.8. Seja A ⊂ Rn . A fronteira de A é definida por:
∂A = x ∈ Rn ; ∀r > 0, Br (x) ∩ A 6= ∅, Br (x) ∩ (Rn \ A) 6= ∅ .
◦
a) Mostre que ∂A = A \ A = A ∩ (Rn \ A). Em particular, ∂A é
fechado.
◦
b) Mostre que A = A ∪ ∂A e A= A \ ∂A.
c) Determina a fronteira de A = [0, 1] × [0, 1] ∩ Q2 .
Exercı́cio 3.9. Considere as afirmações:
a) X ⊂ Rn é conexo;
b) Se A ⊂ X tal que ∂A ∩ X = ∅, então A = ∅ ou A = X.
Mostre que (a) implica (b), mas a recı́proca é falsa.
4
Limite e Continuidade
Neste capı́tulo iniciamos o estudo sobre limite e continuidade para
funções de Rn em Rm . No que segue estaremos denotando por k k
indistintamente as normas euclidianas, isto é, as normas k k2 de Rn
e Rm .
Definição 4.1: Sejam f : A ⊂ Rn → Rm , x0 ∈ A′ e b ∈ Rm . Dize-
mos que b é o limite de f (x) quando x se aproxima de x0 em A
(relativamente às normas euclidianas) se
lim f (x) = b ⇐⇒
x→x0
∀ε > 0, ∃δ > 0 tal que x ∈ A ∩ Bδ (x0 ) \ {x0 } ⇒ f (x) ∈ Bε (b).
então
lim (f ± g)(x) = b ± c
x→x
0
lim (f g)(x) = bc
x→x0
então
lim f (x) : g(x) = hb : ci.
x→x0
f : A ⊂ Rn → Rm , x0 ∈ A′ e g: B ⊂ Rm → Rk , y0 ∈ B ′
então
lim (g ◦ f )(x) = z0 .
x→ x0
Funções contı́nuas
ou ainda
∀ε > 0, ∃δ > 0 tal que f A ∩ Bδ (x0 ) ⊂ Bε f (x0 ) .
então
lim (g ◦ f )(x) = g(y0 ).
x→x0
e consequentemente
g(f (x)) ∈ Bε (g(y0 ))
Então,
sup f Bδ (x0 ) ≤ f (x0 ) + ε,
inf f Bδ (x0 ) ≥ f (x0 ) − ε,
de onde se obtém
sup f Bδ (x0 ) − inf f Bδ (x0 ) ≤ 2ε.
Como
inf f Bδ (x0 ) ≤ f (x) ≤ sup f Bδ (x0 ) , ∀x ∈ Bδ (x0 ),
segue que |f (x) − f (x0 )| < ε para todo x ∈ Bδ (x0 ), com o que
concluı́mos a prova.
Proposição 4.13: Se A, B ⊂ Rn são fechados não vazios e disjuntos,
existe f : Rn → [0, 1] satisfazendo as seguntes propriedades:
f (x) = 1, ∀x ∈ A e f (x) = 0, ∀x ∈ B.
k
! k k
[ [ [
−1 −1
f (K) ⊂ f f (Aλi ) = f f (Aλi ) ⊂ Aλi .
i=1 i=1 i=1
x kxk
m ≤ f (y) = = ⇒ mkxk1 ≤ kxk.
kxk1 kxk1
k
! k
X X
f λi xi ≤ λi f (xi ).
i=1 i=1
e concluı́mos que
f (x) ≥ −δa > −ε. (4.3)
De (4.2) e (4.3) concluı́mos
Etapa 3: Se f (0) 6= 0.
Neste caso, g(x) = f (x) − f (0) é função convexa que se anula em
x = 0. Pelas etapas anteriores, g é contı́nua em x = 0, o mesmo
valendo para f .
Etapa 4: O caso geral.
Seja x0 ∈ Rn . Então g(x) = f (x + x0 ) é função convexa. Portanto,
etapas anteriores, g é contı́nua em x = 0. Segue que f é contı́nua em
x = x0 .
Continuidade uniforme
Seja δ = min{δx1 /2, δx2 /2, . . . , δxk /2} Então, se x, y ∈ K são tais
que kx − yk < δ, segue de (4.4) que x ∈ Bδxi /2 (xi ), para algum i.
Portanto,
f
V −−−−−−→ W
x x
−1 −1
T y T S y S
g
Rn −−−−−−→ Rm
Semicontinuidade
Prova: Suponhamos lim inf x→x0 f (x) = lim supx→x0 f (x) = l e se-
jam
l(r) = inf f A ∩ Br (x0 ) \ {x0 }
(4.6)
L(r) = sup f A ∩ Br (x0 ) \ {x0 }
Limite e Continuidade 51
e concluı́mos que
Reciprocamente,
se f (x) ≥ f (x0 ) − ε ∀x ∈ A ∩ Bδ (x0 ), então l(r) =
inf f (x) ; x ∈ A ∩ Br (x0 ) ≥ f (x0 ) − ε, ∀r < δ.
Como l(r) é função decrescente, segue que
n
Corolário 4.39: f : R
→ R é função scs se e somente se para todo
−1
α ∈ R, f ] − ∞, α[ é aberto em Rn .
O resultado a seguir generaliza o Corolário 4.15.
Teorema 4.40: Seja f : Rn → R função sci e K ⊂ Rn conjunto
compacto. Então existe x0 ∈ K tal que f (x0 ) = min f (K).
Prova: Faremos a prova em duas etapas:
Etapa 1: Provemos que inf f (K) > −∞.
De fato, como f é sci, para todo x ∈ K existe δx > 0 tal que
Exercı́cios
a b
+ > 1.
c d
1 1 1
+ + ···+ = 1,
p1 p2 pk
Limite e Continuidade 55
f (x) = a, ∀x ∈ A, f (x) = b, ∀x ∈ B.
Exercı́cio 4.11.
a) Mostre que se A ⊂ Rn é um conjunto aberto e convexo e f : A →
R é uma função convexa, então f é contı́nua. Mostre que o
resultado é falso se A não for aberto.
b) Seja f : [a, b] → R função convexa. Mostre que f é semicontı́nua
superiormente em [a, b].
c) Dê um exemplo de uma função convexa definida na bola B =
{x ∈ R2 ; kxk2 ≤ 1} que não seja semicontı́nua superiormente
em B.
Exercı́cio 4.12. Prove que o conjunto Nr = {x ∈ Rn | f (x) ≤ r} é
convexo se f é função convexa.
Exercı́cio 4.13. Seja Ω ⊂ Rn um conjunto aberto e convexo. Uma
função f : Ω → ]0, ∞[ é dita log-côncava em Ω se a função log f (x)
é côncava em Ω.
a) Prove que toda função log-côncava é contı́nua.
b) Prove que f é log-côncava ⇔ f λx +(1 −λ)y ≥ f (x)λ f (y)(1−λ) ,
∀x, y ∈ Rn , ∀λ ∈ [0, 1].
c) Prove que o conjunto Nr = {x ∈ Rn | f (x) ≥ r} é convexo se f
é log-côncava.
d) Toda função log-côncava é côncava? Toda função côncava é log-
côncava?
Exercı́cio 4.14. Seja f : Rn → R uma função estritamente convexa,
isto é, f tx1 +(1−t)x2 < tf (x1 )+(1−t)f (x2), para todo x1 , x2 ∈ Rn
com x1 6= x2 e para todo t ∈ ]0, 1[. Mostre que se f é coerciva
(veja (4.10)), então existe um único x0 ∈ Rn tal que f (x0 ) ≤ f (x),
∀x ∈ Rn .
Exercı́cio 4.15. Seja C ⊂ Rn conjunto convexo e fechado.
Limite e Continuidade 57
PC : Rn → Rn
(4.11)
x 7 → PC (x)
kAk = MA , (4.12)
det: M2 −→ R
a11 a12
7→ a11 a22 − a21 a12
a21 a22
a) Mostre que
Derivadas direcionais
∂f
(x0 ),
∂xi
Figura 5.1
Se u = (u1 , u2 ) é um vetor unitário qualquer, então
(
∂f f (λu) − f (0) u22
(0, 0) = lim = se u1 6= 0,
∂u λ→0 λ u1
0 senão.
|εx0 (h)|
lim = 0. (5.3)
h→0 khk
Se εx0 (h) satisfaz (5.3), dizemos que εx0 é função o(khk). Para sim-
plificar a notação, escreveremos simplesmente ε(h), deixando de ex-
plicitar a dependência de ε em x0 .
Se f é função diferenciável em x0 , então a transformação linear L
é denominada diferencial de f em x0 (ou a derivada de Fréchet de f
em x0 ) e denotamos f ′ (x0 ).
Exemplos 1: Consideremos f (x, y) = xy. Se h = (h1 , h2 ), então
f (x0 + h1 , y0 + h2 ) = x0 y0 + y0 h1 + x0 h2 + h1 h2 .
|ε(h)|/khk ≤ khk/2 → 0 se h → 0,
x0 1 h2 (x0 h2 − y0 h1 )
f (x0 + h1 , y0 + h2 ) = + 2 (y0 h1 − x0 h2 ) + .
y0 y0 y02 (y0 + h2 )
|ε(h)|
= khk2 → 0 se h → 0,
khk2
(
|x|y
p se (x, y) 6= (0, 0),
f (x, y) = x2 + y 2
0 senão.
Figura 5.2
(
2y|x|x2
f (x, y) = se (x, y) 6= (0, 0),
x4 + y 2
0 senão.
Figura 5.3
O vetor gradiente
Notação: O vetor de Rn
∂f ∂f
∇f (x0 ) = (x0 ), . . . , (x0 )
∂x1 ∂xn
1
(f /g)′ (x0 ) = g(x 0 )f ′
(x 0 ) − f (x 0 )g ′
(x 0 ) .
g(x0 )2
Prova: Faremos a demonstração de (b); os outros itens são deixados
como exercı́cio para o leitor.
Por hipótese temos,
f (x0 + h) = f (x0 ) + L(h) + ε1 (h),
g(x0 + h) = g(x0 ) + G(h) + ε2 (h),
onde
E(h) = f (x0 ) + L(h) ε2 (h) + g(x0 ) + G(h) ε1 (h) +
+ L(h)G(h) + ε1 (h)ε2 (h).
kεx0 (h)k
lim = 0. (5.6)
h→0 khk
|εi (h)|
lim = 0.
h→0 khk
X |εi (h)|m
kε(h)k kε(h)k1
≤C =C →0 se h → 0.
khk khk i=1
khk
temos o resultado.
A matriz jacobiana
Observação: Se Jf (x0 ) 6= 0, então a matriz f ′ (x0 ) é invertı́vel.
Como f ′ (x0 ) aproxima f (x) − f (x0 ) na vizinhança de x0 , seria ra-
zoável esperar que f também fosse invertı́vel nas proximidades de
x0 . De fato é quase isso, como veremos mais à frente no estudo do
Teorema da Função Inversa. O Jacobiano e o Divergente também
desempenham papel importante na integração de funções de várias
variáveis.
A regra da cadeia
Em particular
(g ◦ f )′ (x0 ) = g ′ (y0 ) f ′ (x0 ) .
∂f1 ∂f1 ∂f1 ∂f1
(x ) · · · (x0 ) ···
∂y1 0 ∂yk ∂z1 (x0 ) ∂zl
(x0 )
.. .. .. , .. .. ..
. . . .
∂fm ∂fm ∂fm. ∂fm
.
(x0 ) · · · (x0 ) (x0 ) ··· (x0 )
∂y1 ∂yk ∂z1 ∂zl
então para todo h = (h1 , h2 ) ∈ Rk × Rl , temos
f ′ (x0 )h = Bh1 + Ch2 .
As transformações lineares associadas às submatrizes B e C são de-
nominadas derivadas parciais de f em x0 com relação respectivamente
a y e z e denotamos
∂f ∂f
B= (x0 ) , C= (x0 ) .
∂y ∂z
74 Cálculo Avançado I
∂f ∂f
f ′ (x0 )h = (x0 )h1 + (x0 )h2 .
∂y ∂z
Pelo que vimos até agora, só dispomos da definição para verificar
se uma dada função é diferenciável. O Teorema a seguir fornece uma
condição suficiente para a diferenciabilidade de uma dada função.
Teorema 5.12: Seja Ω ⊂ Rn aberto e f : Ω → R uma função cujas
derivadas parciais existem em Ω e são contı́nuas em um ponto x0 de
Ω. Então f é diferenciável em x0 .
Prova: À guisa de simplicidade, faremos a demonstração no caso
n = 2; o caso geral segue por argumento análogo.
Seja h = (h1 , h2 ) = h1 e1 + h2 e2 , tal que x0 + h ∈ Ω, onde {e1 , e2 }
é a base canônica de R2 . Então
∂f
f (x0 + h1 e1 + h2 e2 ) − f (x0 + h1 e1 ) = (x0 + h1 e1 + ξ2 h2 e2 )h2 .
∂x2
Funções Diferenciáveis 75
∂f
f (x0 + h1 e1 ) − f (x0 ) = (x0 + ξ1 h1 e1 )h1 .
∂x1
Portanto,
∂f ∂f
f (x0 + h) − f (x0 ) = (x0 + ξ1 h1 e1 )h1 + (x0 + h1 e1 + ξ2 h2 e2 )h2 .
∂x1 ∂x2
Denotando
∂f ∂f
ε(h) = (x0 + ξ1 h1 e1 ) − (x0 ) h1
∂x1 ∂x1
(5.8)
∂f ∂f
+ (x0 + h1 e1 + ξ2 h2 e2 ) − (x0 ) h2 ,
∂x2 ∂x2
temos
f (x0 + h) = f (x0 ) + ∇f (x0 ) : h + ε(h).
Para concluir que f é diferenciável, basta mostrar que ε(h) é de ordem
o(khk).
Por hipótese, dado ε > 0, existe δ > 0 tal que se x ∈ Bδ (x0 ), então
∂f ∂f
| (x) − (x0 )| < ε, i = 1, 2.
∂xi ∂xi
e consequentemente,
|ε(h)|
<ǫ
khk1
e o resultado segue da equivalência das normas em Rn .
Observação: Vale observar que o Teorema 5.12 dá somente condição
suficiente para a diferenciabilidade. De fato, uma função pode ser
diferenciável num ponto x0 , mesmo tendo suas derivadas parciais
76 Cálculo Avançado I
kεx0 (h)kW
lim = 0. (5.10)
h→0 khkV
f : V → R, f (A) = tr(A),
g: V → R, g(A) = det(A).
2
|P2 (H)| ≤ kHk22 e |P3 (H)| ≤ kHk33 ,
3
78 Cálculo Avançado I
|εI (H)|
≤ kHk2 + α3 kHk22 ,
kHk2
de onde se conclui que εI (H) é o(kHk2 ) e consequentemente, g é
diferenciável em I, com a diferencial dada pela função linear traço,
isto é, g ′ (I) = f .
Etapa 2: Sejam A, H ∈ V , com det(A) 6= 0. Lembrando que
det(AB) = det(A) det(B) qualquer que seja B ∈ V , segue da Etapa 1,
g(A + H) = g A(I + A−1 H) = g(A)g(I + A−1 H)
= g(A) 1 + tr(A−1 H) + P2 (A−1 H) + P3 (A−1 H)
= g(A) + det(A) tr(A−1 H) + det(A)P2 (A−1 H) + det(H).
Denotando
εA (H) = det(A)P2 (A−1 H) + det(H),
segue da etapa anterior e do Exercı́cio 2.9(c),
de modo que
f ′ : Ω →L(Rn , Rm ),
x 7→f ′ (x),
para todo x ∈ K e i = 1, . . . , n.
Se f não é C 1 , então existe ε > 0, x0 ∈ Ω e uma sequência {xk }k≥1
em Ω tal que xk → x0 e
A projeção ortogonal
1
f (x) = x − PC (x) : PC (x) , (5.17)
2
82 Cálculo Avançado I
Exercı́cios
lim ϕ(s) = 0.
s→±∞
kε(x, h)k
lim =0
h→0 khk
86 Cálculo Avançado I
kε(x, h)k
khk < δ =⇒ < ε, ∀x ∈ K. (5.21)
khk
Exercı́cio 5.14. Calcule PC (x) e f (x) definida por (5.17) para cada
um dos seguintes convexos:
(a) C = [0, +∞[;
(b) C = [0, 1];
(c) C = [0, +∞[ ×[0, +∞[
(d) C = BR (0) a bola de raio R e centro em zero de Rn .
Descreva o operador de projeção PC nos três primeiros casos acima
usando a notação
x + |x|
x+ = max{x, 0} = .
2
d
det A(t)−1 .
dt
Mostre que
g(A + H) = g(A) + tr f (A)H + det(H),
onde cada γi (t) é uma função real da variável real t, com t percorrendo
um dado intervalo I ⊂ R.
A trajetória da partı́cula é uma curva em R3 e (6.1) são denomi-
nadas equações paramétricas da curva (ou da trajetória), sendo t o
parâmetro.
Se denotarmos por γ: I → R3 a função dada por
γ(t) = γ1 (t), γ2 (t), γ3 (t) ,
Curvas retificáveis
onde P = {t0 < t1 < · · · < tm−1 < tm } é uma partição de I, isto
é, um conjunto finito de pontos de I. Além disso, segue da desigual-
dade triangular que as somas em (6.2) aumentam se a partição P for
refinada. Portanto, é razoável que o comprimento de γ seja dado pelo
supremo das somas em (6.2) para todas as possı́veis partições de I.
Para formalizar estas ideias, denotemos por P a coleção de todas
as partições do intervalo I.
Definição 6.2: Uma curva γ: I → Rn é retificável se existe M > 0
tal que
Xm
kγ(ti ) − γ(ti−1 )k ≤ M,
i=1
é denominado o comprimento de γ.
92 Cálculo Avançado I
Curvas diferenciáveis
nZ b o
sup kγ(t)k dt ; [a, b] ⊂ I < +∞.
a
• Funções radiais
Assim, temos
Z ∞
Rθ [f ](x) = fe(−τ sen θ + t cos θ, τ cos θ + t sen θ) dt
−∞
Z Z √
∞ p R2 −τ 2 p
=2 fe0 τ 2 + t2 dt = 2 f0 τ2 + t2 dt.
0 0
• O problema inverso.
Logo, Z Z
∞ ∞
τ
√ g(τ ) dτ = π ξ fe0 (ξ) dξ.
r τ 2 − r2 r
ou, equivalentemente,
Z ∞
1 d τ
fe0 (r) = − √ g(τ ) dτ .
πr dr r τ 2 − r2
√
Observe que a função τ 7→ τ / √ τ 2 − r 2 é integrável em [r, r+ε] para
todo ε > 0. Entretanto, como τ / τ 2 − r 2 → 1 quando τ → +∞, de-
vemos supor que |g(τ )| decaia rapidamente a zero para que a integral
imprópria acima seja convergente. Esta condição é automaticamente
satisfeita se o suporte de fe0 estiver contido no cı́rculo de raio R. De
fato, neste caso, como vimos anteriormente, g(τ ) = 0 para τ > R e,
consequentemente,
"Z #
R
1 d τ
f0 (r) = − √ g(τ ) dτ , ∀r ∈ (0, R). (6.10)
rπ dr r τ 2 − r2
n
Curvas em R 99
γ2 (t) = γ1 (t),
γ3 (s) = γ1 (s + 1) = x + sh.
onde Z 1
ǫ(h) = g γ3 (s) − g(x) : h ds. (6.15)
0
102 Cálculo Avançado I
Como g é contı́nua em Ω, dado ε > 0, existe δ > 0 tal que se ky−xk <
δ, então kg(y) − g(x)k < ε. Portanto, se khk < δ, temos de (6.15)
|ǫ(h)|
≤ kg(γ3 (s)) − g(x)k < ε.
khk
Como a unicidade de f é consequência imediata do Teorema do Valor
Médio, concluı́mos a prova.
Observação: O Teorema 6.9 dá condições suficientes para que g seja
um campo gradiente num aberto conexo de Rn , mas não oferece um
critério prático para isso. Podemos obter um critério simples e fácil
de provar supondo Ω convexo.
Teorema 6.10: Seja Ω aberto e convexo de Rn . Se g: Ω → Rn é
função de classe C 1 em Ω tal que g ′ (x) é matriz simétrica para
todo x ∈ Ω, então g é campo gradiente em Ω.
Prova: Sejam x, y ∈ Ω e γ0 , γ1 : [0, 1] → Rn duas curvas diferenciáveis
distintas que ligam x a y em Ω. Para cada s ∈ [0, 1], consideremos
n
γs : [0, 1] → R definida por γs (t) = γ0 (t) + s γ1 (t) − γ0 (t) . Então
para cada s ∈ [0, 1], γs é curva diferenciável ligando x a y e γs′ (t) =
γ0′ (t) + s γ1′ (t) − γ0′ (t) .
Seja Φ(s) a função definida por
Z 1
Φ(s) = g γs (t) : γs′ (t) dt.
0
d
g γs (t) : γ1 (t) − γ0 (t) = g ′ γs (t) γs′ (t) : γ1 (t) − γ0 (t)
dt
+ g γs (t) : γ1′ (t) − γ0′ (t) ,
podemos escrever
Z 1
′ d
Φ (s) = g γs (t) : γ1 (t) − γ0 (t) dt = 0.
0 dt
γ1 (t) = (cos πt, sen πt) e γ2 (t) = (cos πt, − sen πt),
Exercı́cios
|ǫ(h)|
lim =0 (7.1)
h→0 khk2
110 Cálculo Avançado I
tal que
1 ′′
f (x0 + h) = f (x0 ) + f ′ (x0 ) : h + f (x0 )h : h + ǫ(h).
2
Como Z 1
f ′ (x0 + th) : h dt = f (x0 + h) − f (x0 ),
0
temos a identidade
Z 1
1
f (x0 +h) −f (x0 ) = f ′ (x0 ) : h + f ′′ (x0 )h : h + E(th) : h dt.
2 0
Como E é o(khk), dado ε > 0, existe δ > 0 tal que se kξk < δ, então
kE(ξ)k < εkξk. Em particular, se khk < δ, então kE(th)k < εkhk,
para todo t ∈ [0, 1] e concluı́mos a prova.
Derivadas de Ordem Superior 111
ǫ(ξ)
f (x1 ) − f (x0 ) ≥ f ′ (x0 ) : x1 − x0 + kx1 − x0 k.
kξk
112 Cálculo Avançado I
Fazendo t → 0, concluı́mos
Mutatis mutandis,
e temos a conclusão.
Provemos a implicação contrária “⇐”. Sabemos da Análise Real
que se ϕ: R → R é derivável e ϕ′ é crescente, então ϕ é convexa.
Sejam x1 , x0 ∈ Rn e consideremos ϕ(t) = f x0 + t(x1 − x0 ) . Como
f é diferenciável, segue
da Regra da Cadeia (Teorema 5.9) que ϕ′ (t) =
f ′ x0 + t(x1 − x0 ) : x1 − x0 . Provemos que ϕ′ é crescente.
ϕ′ (t1 )−ϕ′ (t0 ) = f ′ x0 +t1 (x1 −x0 ) −f ′ x0 +t0 (x1 −x0 ) : x1 −x0 .
Como x0 + t1 (x1 − x0 ) − x0 + t0 (x1 − x0 ) = (t1 − t0 )(x1 − x0 ),
podemos escrever
(t1 − t0 ) ϕ′ (t1 ) − ϕ′ (t0 ) = f ′ (xt1 ) − f ′ (xt0 ) : xt1 − xt0 ,
g(x1 ) − g(x0 ) : x1 − x0 ≥ 0,
g(x1 ) = g(x0 ) + g ′ (x0 )(x1 − x0 ) + ǫ(x1 − x0 ).
114 Cálculo Avançado I
A matriz hessiana
f ′′ : Ω → L(Rn , Rn ).
∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f
(x ) (x ) . . . (x )
∂x21 0 ∂x2 ∂x1 0 ∂xn ∂x1 0
′′
f (x0 ) = .. .. .. ..
.
∂ 2f. 2
∂ f
.
2
∂ f
.
(x ) (x ) . . . (x0 )
∂x1 ∂xn 0 ∂x2 ∂xn 0 ∂x2n
Máximos e mı́nimos
ε(λu)
f ′ (x0 ) : u + ≥ 0.
λ
No limite quando λ tende a zero, obtemos a desigualdade
f ′ (x0 ) : u ≥ 0
1 ′′
f (x0 + h) = f (x0 ) + f ′ (x0 ) : h + f (x0 )h : h + ǫ(h).
2
1 ′′ ǫ(λu)
f (x0 )u : u + ≥0
2 λ2
para todo vetor unitário u e para todo λ ∈ ]0, r[. Obtemos o resultado
no limite quando λ → 0.
Teorema 7.8: Seja Ω ⊂ Rn aberto e f : Ω → R uma função de classe
C 1 em Ω e duas vezes diferenciável em x0 ∈ Ω. Se f ′ (x0 ) = 0 e
f ′′ (x0 ) é matriz positiva definida, então x0 é ponto de mı́nimo local
de f .
Prova: Pelo Lema 7.1, temos
1 ′′
f (x0 + h) = f (x0 ) + f (x0 )h : h + ǫ(h), (7.5)
2
para todo h suficientemente pequeno, onde ǫ(h) é função o khk2 .
Seja µ = min{ f ′′ (x0 )u : u ; kuk = 1}. Como f ′′ (x0 ) é positiva
definida, segue que µ > 0 e vale a desigualdade
µ
f (x0 + h) − f (x0 ) ≥ khk2 + ǫ(h).
2
Como ǫ(h) é o khk2 , existe δ > 0 tal que se 0 < khk < δ, então
|ǫ(h)| < (µ/4)khk2 . Portanto,
µ µ
f (x0 + h) − f (x0 ) ≥ khk2 − khk2 ≥ 0
2 4
∂ 2g ∂ 2g
st θ1 s, θ2 t = st θ4 s, θ3 t , ∀s, t.
∂t∂s ∂s∂t
A conclusão da prova segue da passagem ao limite para (s, t) → (0, 0)
e da continuidade em (0, 0) das derivadas parciais de segunda ordem
de g.
Sintetizando os resultados anteriores, temos o seguinte critério:
Corolário 7.15: Seja Ω ⊂ Rn aberto e f : Ω → R uma função de
classe C 2 . Se Δf (x0 ) > 0 então existe R > 0 tal que para todo r ≤ R
o máximo de f sobre a aderência da bola Br (x0 ) é atingido sobre a
fronteira kx − x0 k = r. Em particular, se f ′ (x0 ) = 0, então x0 não é
máximo local de f em Ω.
Partição da unidade
Sm
Assim, B = j=1 Bd/2 (xj ) satisfaz (7.10).
Seja g : Rn → R definida por
exp −(kxk22 − 1)−2 se kxk2 < 1,
g(x) =
0 se kxk2 ≥ 1
122 Cálculo Avançado I
(deixamos ao leitor
Pm verificar que g é função de classe C ∞ em Rn ) e
considere f (x) = j=1 gj (x), onde
x − xj
gj (x) = g .
d/2
◦
Então, f (x) > 0 se, e somente se, x ∈B. Como K é compacto, existe
x ∈ K tal que
µ = f (x) = min f (x) ; x ∈ K > 0.
Seja ρ : R → R função de classe C ∞ tal que 0 < ρ(s) < 1 para todo
0 < s < µ e (veja Exercı́cios)
0 se s ≤ 0,
ρ(s) =
1 se s ≥ µ.
Considere então
◦
K 2 = K \ ( B 1 ∪ U 3 ∪ · · · ∪ Um )
Derivadas de Ordem Superior 123
Sm ◦
Seja U = i=1 Bi . Como ψ1 (x) + · · · + ψm (x) > 0 para todo x ∈ U ,
definimos φi : Rn → R, por φi (x) = 0 se x ∈ U c e
ψi (x)
φi (x) = se x ∈ U .
ψ1 (x) + · · · + ψm (x)
◦
A = K1 ∪ K2 ∪ K3 . . . , Ki compacto e Ki ⊂ K i+1 , i = 1, 2, . . . .
124 Cálculo Avançado I
Para i ≥ 2, considere
n ◦ o
U2 = Uλ ∩ K3 ,
λ∈Λ
n ◦ o
Ui = Uλ ∩ K i+1 \Ki−2
λ∈Λ
∞ X
X iX
0 +1 X
φ(x) = φ(x) < ∞
i=1 φ∈Φi i=1 φ∈Φi
e a função σ : Rn → R,
∞ X
X
σ(x) = φ(x)
i=1 φ∈Φi
1 ′′
f (x) = f (0)x : x , ∀x ∈ Rn .
2
1
Jf (x) 6= 0 ∀x ∈ D e kf (x) − xk2 ≤ ∀x ∈ D.
3
isto é,
Z 1
f (x + h) − Ah − f (x) = f ′ (x + th) − A h dt.
0
Em particular,
Z 1
kf (x + h) − f (x) − Ahk ≤ kf ′ (x + th) − Akkhk dt.
0
1
kf (x + h) − f (x)k > kAhk.
2
Como A é invertı́vel, Ah 6= 0 ∀h 6= 0, o que demonstra a afirmativa.
Etapa 2: ∃ δ2 > 0 tal que f Bδ2 (x0 ) é aberto.
Como f é de classe C 1 , x 7→ Jf (x) é função contı́nua. Logo, ∃δ̃ > 0
tal que Jf (x) 6= 0 ∀x ∈ Bδ̃ (x0 ).
Seja δ2 = min{δ1 , δ̃}. Então Jf (x) 6= 0 ∀x ∈ Bδ2 (x0 ) e f é injetora
em Bδ2 (x0 ).
Provemos que W = f Bδ2 (x0 ) é um conjunto aberto.
132 Cálculo Avançado I
m: = inf{u(x) ; x ∈ K} = u(x∗ ).
Portanto,
T
f ′ (x̄) f (x̄) − ȳ = 0.
T
Como det f ′ (x̄) = det f ′ (x̄) = Jf (x̄) 6= 0, segue que f (x̄) = ȳ, e
a afirmativa esta provada.
O Teorema da Função Inversa 133
kBef (h)k
lim =0 (8.4)
k→0 kkk
Como na Etapa 1,
1
kkk = kf (x + h) − f (x)k ≥ kAhk
2
1
kAhk ≥ khk.
kA−1 k
Portanto,
1
kkk ≥ khk
2kA−1 k
e
kBef (h)k kBkkef (h)k −1 kef (h)k
0≤ ≤ 1 = 2kA kkBk
kkk 2kA−1 k
khk khk
Etapa 4: f −1 : V → U é de classe C 1 .
Vamos denotar A = f ′ (x1 ) e B = f ′ (x2 ). Visto que B −1 − A−1 =
B −1 (A − B)A−1 , obtemos
kB −1 − A−1 k ≤ kB −1 kkA − BkkA−1 k (8.5)
Por outro lado, temos para todo h ∈ Rn ,
khk
khk ≤ kA−1 kkAhk ⇒ kAhk ≥ ,
kA−1 k
de modo que
kBhk ≥ kAhk − k(A − B)hk ≥ kAhk − k(A − B)kkhk
khk
≥ − k(A − B)kkhk.
kA−1 k
Portanto
1
kBhk ≥ − kA − Bk khk.
kA−1 k
Como f é de classe C 1 , dado 0 < ε ≤ 1/2kA−1 k, existe δ > 0 tal que
kx2 − x1 k < δ ⇒ kB − Ak < ε.
Portanto, se kx1 − x2 k < δ, temos
1
kBhk ≥ khk.
2kA−1 k
Tomando k = Bh vemos que
kB −1 kk ≤ 2kA−1 kkkk ⇒ kB −1 k ≤ 2kA−1 k. (8.6)
Portanto, se kx1 − x2 k < δ, concluı́mos de (8.5) e (8.6)
kB −1 − A−1 k < 2kA−1 k2 kA − Bk < 2εkA−1 k2 .
Definição 8.2: Seja f : U → V uma função bijetora. Dizemos que f
é um homeomorfismo entre U e V se f e f −1 são contı́nuas. Dizemos
que f é um difeomorfismo entre U e V se f e f −1 são diferenciáveis.
Com a terminologia da definição acima, podemos enunciar o Teo-
rema da Função Inversa da seguinte maneira:
Teorema 8.1: Se f é função de classe C 1 e Jf (x0 ) 6= 0, então existem
vizinhanças abertas U e V respectivamente de x0 e f (x0 ) tais que f
é difeomorfismo de classe C 1 entre U e V .
O Teorema da Função Inversa 135
∂ϕ ∂ϕ
a(x, y) + b(x, y) = c(x, y), (8.7)
∂x ∂y
cujos valores sobre a curva γ são prescritos, isto é, ϕ γ(ξ) =
ϕ0 (ξ) onde ϕ0 : I → R é uma função dada.
A solução do problema acima pode ser obtida via uma mudança
apropriada de coordenadas, que pode ser intuı́da pelo seguinte ar-
gumento: fixado um ponto γ0 = γ(s0 ) = (x0 , y0 ) de γ, considere a
curva Γ(ξ) = x(ξ),y(ξ) que passa por γ0 , isto é, Γ(0) = γ0 . Defina
z(ξ) = ϕ x(ξ), y(ξ) , onde ϕ é solução de (8.7). Se Γ é diferenciável,
temos pela Regra da Cadeia,
dz dx ∂ϕ dy ∂ϕ
= Γ′ (ξ); ∇ϕ(Γ(ξ)) = + .
dξ dξ ∂x dξ ∂y
dz
= c(x, y), z(0) = ϕ0 (s0 ).
dξ
136 Cálculo Avançado I
∂ϕ ∂ϕ
x +y = xy (8.9)
∂x ∂y
1 1 y 3 y 2
z = ϕ(x, y) = xy − + sen .
2 2 x x
O Teorema da Função Inversa 137
f : R2 → R2 ,
(ξ, s) 7→ (x, y).
Etapa 1: f (U ) é aberto.
Por hipótese, existe 0 < α < 1 tal que kϕ(x) − ϕ(y)k ≤ αkx − yk
para todo x, y ∈ U . Seja y ∈ f (U ) e x ∈ U tal que y = f (x). Se
R = r(1−α)/2, onde r > 0 é tal que Br (x) ⊂ U , então BR (y) ⊂ f (U ).
De fato, seja y ∈ BR (y) e considere a sequência definida pela re-
corrência
x0 = x,
xk+1 = y + ϕ(xk ), k ≥ 0.
Afirmativa 1: xk ∈ U , ∀k ∈ N, e, consequentemente, {xk }k está bem
definida. De fato,
e obtemos
1
kf −1 (y1 ) − f −1 (y2 )k ≤ ky1 − y2 k.
1−α
−1
Lema 8.3, g = I − ϕ = A ◦ f é homeomorfismo entre Bδ1 (x0 ) e o
aberto g Bδ1 (x0 ) .
Como A é uma função aberta (A é inversa de função
contı́nua A−1 ),
temos em particular f Bδ1 (x0 ) = A g(Bδ1 (x0 )) aberto e
f : Bδ1 (x0 ) → f Bδ1 (x0 )
é homeomorfismo.
Etapa 2: Existe δ2 > 0 tal que f : Bδ2 (x0 ) → f Bδ2 (x0 ) é difeomor-
fismo.
De fato, como f é de classe C 1 , dado ε = 1/kA−1 k existe δ2 > 0
tal que se kx − x0 k < δ2 , então kf ′ (x) − Ak < ε. Segue portanto do
Corolário 8.4 que f ′ (x) é invertı́vel para todo x ∈ Bδ2 (x0 ).
Etapa 3: (f ′ )−1 é contı́nua em f Bδ2 (x0 ) .
Podemos repetir o argumento da etapa 4 da prova do Teorema 8.1.
Exercı́cios
Mais
√ √[−1, 1] → R é a função definida por ϕ(x) =
precisamente, se ϕ:
1 − x (ou ϕ(x) = − 1 − x2 ), então ϕ está implı́cita na equação
2
da circunferência.
De modo análogo, a equação 5x2 + 5y 2 − 6xy − 8 = 0 descreve uma
elipse centrada em (0, 0).
1.6
1.4
1.2
1
y0.8
0.6
0.4
0.2
–1.6 –1.2 –1 –0.8 –0.4 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6
–0.2 x
–0.4
–0.6
–0.8
–1
–1.2
–1.4
–1.6
Figura 9.1
144 Cálculo Avançado I
Portanto,
k m k m
Prova: Seja F : R ×R → R ×R 1 a função definida por F (x, y) =
x, f (x, y) . Então F é de classe C e a matriz Jacobiana de F em
z0 = (x0 , y0 ) é
Ik O
′
F (z0 ) =
∂f ∂f
(z0 ) (z0 )
∂x ∂y
segue do Teorema
da Função Inversa que existe δ1 > 0 tal que V =
F Bδ1 (z0 ) é aberto e F : Bδ1 (z0 ) → V é difeomorfismo de classe C 1 .
É claro que (x0 , 0) ∈ V e é claro também
da definição de F que se
−1
(x, ỹ) ∈ V , então F (x, ỹ) = x, g(x, ỹ) , onde g : V → Bδ1 (z0 ) é de
classe C 1 .
Como V é aberto, seja δ0 > 0 tal que Bδ0 (x0 , 0) ⊂ V e considere
ϕ(x) = g(x, 0), para todo x ∈ Bδ0 (x0 ) ⊂ Rk . Então
x, f (x, ϕ(x)) = F x, ϕ(x) = F x, g(x, 0)
= F F −1 (x, 0) = (x, 0),
de onde se conclui que f x, ϕ(x) = 0 para todo x ∈ Vδ0 (x0 ).
Multiplicadores de Lagrange
Então f ′ (x0 ) e g ′ (x0 ) são linearmente dependentes, isto é, existe (mul-
tiplicador de Lagrange) λ ∈ R tal que ∇f (x0 ) = λ∇g(x0 ).
148 Cálculo Avançado I
Aplicações
é contı́nua em Rn .
Seja S = x ∈ Rn ; g(x) = 0 . O conjunto S é a esfera unitária
para a norma k kp . Como S é compacto, existe x ∈ S ponto de
máximo de f sobre S, isto é, f (x) ≥ f (x), ∀x ∈ S. Além disso,
∇g(x) 6= 0 pois
n
X
∇g(x) : x = p |xi |p = pkxkpp = p > 0.
i=1
Pelo Teorema 9.2, existe λ ∈ R tal que ∇f (x) = λ∇g(x), isto é,
Então, se x̃ ∈ S, então
hy : xi ≤ kykq kxkp .
|x|p |y|q
|xy| ≤ + .
p q
Prova: Consideremos as funções f, g: Ω+ → R definidas por
1 p 1 q
f (x, y) = |x| + |y| , e g(x, y) = xy − 1,
p q
onde Ω+ = (x, y) ∈ R2 ; x > 0, y > 0 . A função f é de classe C 1
pois p, q > 1 e ∇f (x, y) = |x|p−2 x, |y|q−2y para todo (x, y) ∈ R2 .
A função g é de classe C 1 pois é polinômio e ∇g(x, y) = (y, x), para
todo (x, y) ∈ R2 .
O Teorema da Função Implı́cita 151
Seja S = (x, y) ∈ R2 ; g(x, y) = 0 . O conjunto S não é compacto,
pois não é limitado. Entretanto é fechado e como f é coerciva (veja
(4.10)), existe (x, y) ponto de mı́nimo de f sobre S, isto é, f (x, y) ≤
f (x, y), ∀(x, y) ∈ S.
Além disso, ∇g(x, y) = (y, x) 6= (0, 0).
Pelo Teorema 9.2, existe λ ∈ R tal que ∇f (x, y) = λ∇g(x, y), isto
é,
(
|x|p−2 x = λy,
|y|q−2 y = λx,
1 p 1 q
|x̃| + |ỹ| ≥ 1,
p q
1 p 1 q
|x| + |y| ≥ xy.
p q
∂g1 ∂gm ∂f1
∂x1 (x0 ) · · · (x0 ) λ (x0 )
∂x1 1
∂x 1
.. .. .. .. = .. (9.10)
. . . . .
∂g1 ∂gm λ ∂f1
(x0 ) · · · (x0 ) m (x0 )
∂xn ∂xn ∂xn
T
Ou de modo mais conciso, Hλ = F , onde H = g ′ (x0 ) e F =
′ T
f (x0 ) .
Para provar o teorema, devemos mostrar que o sistema (9.10) possui
uma solução λ.
Prova: Se x ∈ Rn ,escrevemos
x = (y, z) ∈ Rk ×Rm , ondek = n−m.
Como o posto de g ′ (x0 ) é igual a m, a matriz g ′ (x0 ) possui m
colunas linearmente independentes, que podemos supor sem perder a
generalidade, serem as últimas m colunas. Assim,
′
∂g ∂g
g (x0 ) = (x0 ) (x0 ) ,
∂y ∂z
∂g
onde a submatriz (x0 ) é invertı́vel.
∂z
Como g é de classe C 1 e g(y0 , z0 ) = 0, segue do Teorema da Função
Implı́cita que existe U ⊂ Rk vizinhança aberta de y0 e ϕ: U → Rm
de classe C 1 tal que ϕ(y0 ) = z0 e
g y, ϕ(y) = 0, ∀y ∈ U. (9.11)
O Teorema da Função Implı́cita 153
Exercı́cios
Determine ϕ′ (x).
Exercı́cio 9.8. Considere ai , i = 1, . . . , n, números reais distintos e
o polinômio de grau n ı́mpar,
n
Y
p(x) = (x − ai ).
i=1
Defina
A = b ∈ R ; p(x) = b possui n raı́zes distintas .
f (x1 , . . . , xn ) = (x1 x2 · · · xn )2
156 Cálculo Avançado I
Convergência uniforme
Segue a conclusão.
A convergência uniforme preserva as “boas” propriedades. De fato,
Teorema 10.6: Seja x0 ∈ A ∩ A′ e {fk } sequência de função contı́-
u
nuas em x0 . Se fk −→ f em A, então f é contı́nua em x0 .
Dado ε > 0, existe k0 ∈ N tal que se k ≥ k0 , kfk (x) − f (x)k < ε/3,
∀x ∈ A. Portanto, fixando k = k0 em (10.2), temos
2ε
kf (x) − f (x0 )k < + kfk0 (x) − fk0 (x0 )k.
3
Sequências de Funções 161
u
Prova: Se fk −→ f em A, então {fk } é uniformemente de Cauchy.
Assim, dado ε > 0, existe k0 ∈ N tal que
Além disso, como limx→x0 fk1 (x) = µk1 , existe δ > 0 tal que se
0 < kx − x0 k < δ, então kfk1 (x) − µk1 k < ε/3 e concluı́mos a prova.
Teorema 10.8: Seja {fk }k uma sequência de funções de F [a, b]; R
u
tal que cada fk é função Riemann-integrável em [a, b]. Se fk −→ f
em [a, b], então f é integrável em [a, b] e
Z b Z b
lim fk (x) dx = f (x) dx.
k→∞ a a
Prova: Seja P = a = x0 < x1 < · · · < xm = b uma partição de
[a, b] e consideremos
Mik = sup fk (x) ; x ∈ [xi−1 , xi ] , Mi = sup f (x) ; x ∈ [xi−1 , xi ] ,
mki = inf fk (x) ; x ∈ [xi−1 , xi ] , mi = inf f (x) ; x ∈ [xi−1 , xi ] .
Consideremos também
m
X m
X
U (fk , P ) = Mik Δxi e L(fk , P ) = mki Δxi ,
i=1 i=1
Como fk é derivável, vemos que limt→x Φk (t) = fk′ (x). Por outro
lado, é fácil ver que Φk converge pontualmente em [a, b] \ {x} para a
função
f (t) − f (x)
Φ(t) = , t ∈ [a, b] \ {x}.
t−x
u
Se provarmos que Φk −→ Φ em [a, b] \ {x}, podemos usar o Teorema
10.7 para concluir a demonstração.
Com efeito, pelo Teorema do Valor Médio,
fk (t) − fk (x) fl (t) − fl (x)
Φk (t) − Φl (t) = − = fk′ (ξ) − fl′ (ξ)
t−x t−x
para algum ξ entre t e x. Como {fk′ } é uniformemente de Cauchy, o
mesmo vale para {Φk }.
O Teorema acima pode ser estendido às funções vetoriais, mas neste
caso precisamos fazer hipóteses adicionais sobre o conjunto Ω. Por
exemplo, um conjunto Ω é estrelado se existe x ∈ Ω satisfazendo a
seguinte propriedade: para todo x ∈ Ω,
sx + (1 − s)x ; s ∈ [0, 1] ⊂ Ω. (10.7)
Logo,
de modo que
ε
|fk (xi ) − f (xi )| < .
2
k
X
Φk (x) = fi (x).
i=1
l
X
fi (x) < ε, ∀x ∈ A.
i=k+1
Séries de potências
A matriz exponencial
podemos perguntar:
Problema: Para quais X ∈ M temos a convergência pon-
tual da sequência {Φk }k ? Onde ocorre a convergência uni-
forme?
Com argumentos análogos aos anteriores podemos mostrar que
p
existe Φ: BR (X0 ) → M tal que Φk −→ Φ em BR (X0 ) = X ∈
M ; kX − X0 k < R , com R definido por (10.11).
ΦP é denominada Série de Potências em torno de X0 , que denotamos
∞
por k=1 ak (X − X0 )k e, por analogia, BR (X0 ) o seu intervalo de
convergência.
Com argumentos análogos aos anteriores (veja Teorema 10.14),
podemos provar o seguinte resultado sobre a convergência uniforme
de séries de potências em M.
P∞
Teorema 10.14 (bis): Seja k=1 ak (X − X0 )k uma série de potên-
cias em torno de X0 em M = Mn×n e S um subconjunto de BR (X0 )
Sequências de Funções 173
Exercı́cios
Mostre que
n
fk (x) = 1 se x ∈ {1/k!, 2/k!, . . . , 1},
0 senão
e que fk converge pontualmente em [0, 1] para a função
n
1 se x é racional,
f (x) =
0 se x é irracional.
d
(a) exp(θA) = A exp(θA) = exp(θA)A.
dθ
(b) det exp(A) = etr A .
Sug.: Considere ϕ(θ) = det exp(θA) e calcule ϕ′ (θ).
Exercı́cio 10.11. Mostre que
2 t2
≤ L kγ1 − γ2 k∞ .
2
k k L k tk
kΨ (γ1 )(t) − Ψ (γ2 )(t)k ≤ kγ1 − γ2 k∞ , ∀t ∈ [0, T ]. (11.4)
k!
180 Cálculo Avançado I
k k Lk T k
kΨ (γ1 ) − Ψ (γ2 )k∞ ≤ kγ1 − γ2 k∞ .
k!
O Teorema de Arzelà-Ascoli
não é um conjunto compacto em C([0, 1], R). Seja (veja Figura 11.1)
x2
fk (x) = 2 , x ∈ [0, 1].
x + (1 − kx)2
m
O Espaço C(K;R ) 181
p
É fácil ver que kfk k∞ ≤ 1 e que fk −→ 0 em [0, 1]. Se B fosse
compacto, a sequência {fk } admitiria uma subsequência convergente
(necessariamente a zero), o que é impossı́vel, pois
1.2
0.8
y
0.6
0.4
0.2
Figura 11.1
A caracterização dos conjuntos compactos de C(K; Rm ) é dada pelo
Teorema de Arzelà-Ascoli que veremos a seguir.
Definição 11.4: Dizemos que X ⊂ C(K; Rm ) é equicontı́nuo se
∀ε > 0 existe δ > 0 tal que se x, y ∈ K e kx − yk < δ, então
kf (x) − f (y)k < ε, ∀f ∈ X .
Se X ⊂ C(K, Rm ), denotamos X (x) = {f (x) ; f ∈ X }.
Teorema 11.5: Seja K ⊂ Rn compacto e X ⊂ C(K, Rm ). Então
X é relativamente compacto em C(K, Rm ) se e somente se X é
equicontı́nuo e, para todo x ∈ K, X (x) é limitado de Rm .
A prova é consequência dos seguintes lemas:
Lema 11.6: Se X é compacto em C(K, Rm ) então X é equicontı́nuo
e, para todo x ∈ K, X (x) é compacto em Rm .
Prova: Seja x0 ∈ K. Provemos que X (x0 ) é compacto. Conside-
remos {ξk } uma sequência de X (x0 ). Por definição, existe fk ∈ X
tal que fk (x0 ) = ξk . Como X é compacto, {fk } admite uma sub-
sequência {fki } tal que fki −→ f uniformemente para algum f ∈ X .
182 Cálculo Avançado I
Bε (f ) = {g ∈ C(K, Rm ) ; kg − f k∞ < ε}
Mas kfi0 (x) − fi0 (y)k < ε pois kx − yk < δ ≤ δi0 e kf − fi0 k∞ < ε
pois f ∈ Bε (fi0 ).
Portanto kf (x) − f (y)k < 3ε, o que implica X equicontı́nuo.
Lema 11.7: Seja X subconjunto fechado de C(K, Rm ). Se X é
equicontı́nuo e, para todo x ∈ K, X (x) é compacto em Rm , então X
é compacto em C(K, Rm ).
Prova: Consideremos {fk } uma sequência qualquer de X e E =
{x1 , x2 , . . .} ⊂ K enumerável tal que E = K (veja Exercı́cio 3.4).
Por hipótese X (x1 ) é compacto. Então {fk (x1 )} ⊂ X (x1 ) admite
uma subsequência (que designaremos por {fk1 (x1 )}) convergente para
um elemento ξ1 de X (x1 ).
Como X (x2 ) é compacto, {fk1 (x2 )} admite subsequência {fk2 (x2 )}
convergente para um elemento ξ2 de X (x2 ). E assim, sucessivamente,
construı́mos subsequências de {fk }, a saber {fkj }k , satisfazendo as
seguintes propriedades:
1. {fkj (xj )}k converge em Rm , para todo j ∈ N;
m
O Espaço C(K;R ) 183
′
kfkk (xl ) − fkk′ (xl )k < ε, ∀k, k ′ ≥ k0 . (11.7)
Assim, se k, k ′ ≥ k0 , então
′ ′
kfkk (x) − fkk′ (x)k ≤ kfkk (x) − fkk (xl )k + kfkk (xl ) − fkk′ (xl )k
′ ′
+ kfkk′ (xl ) − fkk′ (x)k < 4ε.
R = {(x, y) ∈ Ω ; |x − x0 | ≤ r, |y − y0 | ≤ M r} ⊂ U.
an0 = y0 ,
r (11.9)
ani+1 = ani + f (xi , ani ), i = 0, 1, . . . , n − 1
n
e as funções ϕni são definidas por
n
ϕ0 (x) = n(x1 − x)/r
n se x0 ≤ x ≤ x1 ,
0 senão
n
ϕn (x) = n(x − xn−1 )/r
n se xn−1 ≤ x ≤ xn
0 senão
e para i = 1, 2 . . . , n − 1,
(
n(x − xi−1 )/r se xi−1 ≤ x ≤ xi
n
ϕi (x) = n(xi+1 − x)/r se xi ≤ x ≤ xi+1
0 senão
(as funções ϕni formam uma base para o espaço vetorial das poligonais
com vértices nos pontos da partição).
Como |ai − a0 | ≤ M r para i = 1, 2, . . . , n, o gráfico de ψn está
inteiramente contido no retângulo R. Além disso, é claro que ψn é
contı́nua com derivada ψn′ contı́nua por partes. Mais precisamente,
≤ εr
m
O Espaço C(K;R ) 187
podemos escrever
n Z
X xi
|Φn (x) − ψn (x)| ≤ |f (s, ψn(s)) − ψn′ (s)| ds
i=1 xi−1
Xn Z xi
≤ |f (s, ψn(s)) − f (xi−1 , ani−1 )| ds
i=1 xi−1
≤ εr
O Teorema de Weierstrass
n−1
X
P (x) = αi Pi (x), onde Pi (x) = Qi (x) + x − xi ,
i=0
temos
kf − P k∞ ≤ kf − ψk∞ + kψ − P k∞ < ε.
Provemos, então, que x 7→ |x − xi |, i = 0, . . . , n − 1, pode ser aproxi-
mada uniformemente por polinômios em [0, 1].
√
A série de Taylor de φ(ξ) = 1 − ξ em torno de ξ = 0 é
X∞
1 (2ν − 3)!
1− ξ− 2ν−1
ξν ,
2 ν=2
ν! (ν − 1)! 2
Xk
1 (2ν − 3)!
Sk (ξ) = 1 − ξ − 2ν−1
ξν ,
2 ν=2
ν! (ν − 1)! 2
(2ν − 3)! 1
|aν ξ ν | = |ξ| k
≤ , ∀ν ≥ 2
ν!(ν − 1)!22ν−1 ν!2ν
Exemplo 2: Sejam x0 ∈ [a, b] e J: C [a, b] → R o funcional
definido
por J(f ) = f (x0 ). J é linear e contı́nuo em C [a, b] . Este funcional
é denominado delta (ou medida) de Dirac em x0 .
Aplicação: Fluxos
Exercı́cios
Determine a função T ∗ : R → R.
12
A integral de Riemann em Rn
Neste capı́tulo vamos definir a integral de Riemann para funções com
domı́nio em Rn e apresentar os principais resultados sobre esta in-
tegral. No que segue, denotaremos por k k a norma euclidiana em
Rn .
I = I1 × I2 × · · · × In .
◦
Cat1 (A, P ) = j ; I j ⊂A ,
Cat2 (A, P ) = j ; I j ∩ A 6= ∅ , (12.1)
Cat3 (A, P ) = j ; I j ∩ A = ∅ .
É claro que uma união qualquer de n-pavês da famı́lia gerada por P
é um conjunto elementar. Assim, definimos
X
J(A, P ) = µ(IIj ),
j∈Cat1 (A,P )
X
J(A, P ) = µ(IIj ).
j∈Cat2 (A,P )
Portanto,
c(∂A) ≥ c(A) − c(A).
Por outro lado, dado ε > 0, existem partições P1 e P2 de I tais que
J(A, P1 ) < c(A) + ε/2,
J(A, P2 ) > c(A) − ε/2.
Como P1 ∪ P2 é um refinamento de P1 e de P2 , temos
c(∂A) ≤ J(∂A, P ) = J(A, P ) − J(A, P )
< J(A, P1 ) − J(A, P2 ) < c(A) − c(A) + ε.
Como ε > 0 é arbitrário, concluı́mos a demostração.
Teorema 12.8: Seja f : Rn → Rn função localmente Lipschitz, i.e.,
satisfazendo a seguinte propriedade: para todo K ⊂ Rn limitado,
existem constantes positivas M e δ tais que se x, y ∈ K, então
|P0 |n
µ(IIj ) = n/2 , ∀j = 1, 2, . . . , m.
n
Desta forma, n
|P0 | ε
J(K, P0 ) ≤ p √ < ,
n α
onde p ≤ m denota o número de ı́ndices de Cat2 (K, P0 ) (veja (12.1)).
Para cada j ∈ Cat2 (K, P0), seja xj ∈ I j ∩ K. Se y ∈ I j ∩ K, então
e, portanto,
de modo que
p
X p
n
√ nX √
c f (K) ≤ (2M |P0 |) = (2M n) (|P0 |/ n)n < ε.
i=1 i=1
U ∩ f (K) 6= ∅ e U ∩ f (K)c 6= ∅.
Br (x0 ) ∩ K 6= ∅ e Br (x0 ) ∩ K c 6= ∅,
A integral de Riemann
Sejam Z
L f = sup L(f, P ) ; P ∈ P(II ) ,
ZI
U f = inf U (f, P ) ; P ∈ P(II ) ,
I
que denominaremos respectivamente integral inferior e integral supe-
rior de Riemann de f em I .
Definição 12.11: Seja f : I → R função limitada. Dizemos que f é
Riemann integrável em I (e denotamos f ∈ R(II )) se
Z Z
L f = U f.
I I
Por definição, dado ε > 0, existem Pε1 e Pε2 partições de I tais que
ε ε
l− < L(f, Pε1 ) ≤ l ≤ U (f, Pε2 ) < l + .
2 2
Se ε0 = l2 − l1 , é claro que
Então,
X X
U (f, Peε ) − L(f, Peε ) = fj − m
(M e j )µ(Iej ) + fj − m
(M e j )µ(Iej )
I j ∈e
e I1 eI j ∈e
I2
ε X X
< µ(Iej ) + 2M µ(Iej ) < ε.
2µ(II )
e
I j ∈e
I1 I j ∈e
e I2
É claro que
◦ ◦ ◦
I 1, I 2, . . . ∪ I x ; x ∈ I \ A
é uma cobertura aberta de I . Logo, existem j1 , . . . , jm e x1 , . . . , xk
tais que
◦ ◦ ◦ ◦
I ⊂ I j1 ∪ · · · ∪ I jm ∪ I x1 ∪ · · · ∪ I xk .
n
A integral de Riemann em R 211
É óbvio que
m
X ◦ ε
c I ji < (12.4)
i=1
2(M + c(II ))
e é claro também que
′ ε ′
◦
|f (y) − f (y )| < , ∀y, y ∈ I ∩ I xj , j = 1, . . . , k.
(M + c(II ))
(12.5)
Como I ∩ I j e I ∩ I xj são n-pavês, denotemos
Então,
p
X
U (f, P ) − L(f, P ) = (Mq − mq )c(Ieq )
q=1
X X
= (Mq − mq )c(Ieq ) + (Mq − mq )c(Ieq )
Ieq ∈I ′ Ieq ∈I ′′
Como
X m
X ε
c(Ieq ) ≤ c(If
ji ) < ,
2(M + c(II ))
Ieq ∈I ′ i=1
X k
X
c(Ieq ) ≤ c(IIxi ) < c(II ),
Ieq ∈I ′′ i=1
l
1 X ε
c(IIji ) ≤ U (f, P ) − L(f, P ) < .
m i=1 m
l
X
Cm ⊂ I j1 ∪ · · · ∪ I jl e c(IIji ) < ε,
i=1
Como
L(f, P ) ≤ S f, P, {x1 , . . . , xm } ≤ U (f, P ),
qualquer que seja a escolha de xj ∈ I j , tem-se
S f, P, {x1 , . . . , xm } − l ≤ U (f, P ) − l < ε,
S f, P, {x1 , . . . , xm } − l ≥ L(f, P ) − l > −ε.
Portanto,
|S f, P, {x1, . . . , xm } − l| < ε.
Reciprocamente, suponha que vale a propriedade (12.8). De (12.2)
obtemos
Mj − mj = sup f (x) − f (y) ; x, y ∈ I j ,
de modo que se ν < ε/µ(II ), existem xj , yj ∈ I j tais que
Logo,
m
X m
X
f (xj ) − f (yj ) µ(IIj ) ≥ (Mj − mj − ν)µ(IIj )
j=1 j=1
(12.9)
= U (f, P ) − L(f, P ) − νµ(II )
> U (f, P ) − L(f, P ) − ε.
segue de (12.8),
|S f, P, {x1 , . . . , xm } − S f, P, {y1, . . . , ym } | < 2ε. (12.10)
o que é absurso.
R
O mesmo argumento leva a um absurdo se I
f − l > 0.
Agora estamos em condições de estender a integral de Riemann
para funções definidas em conjuntos J-mensuráveis.
Seja A um conjunto J-mensurável e f : A → R uma função limi-
tada. Consideremos I um n-pavê tal que I ⊃ A. Seja fe : I → R a
função definida por
n
fe(x) = f (x) se x ∈ A,
0 senão.
Br (x0 ) ∩ Ac 6= ∅. (12.11)
◦
Por outro lado, x0 ∈
/ I \A signifca que x0 ∈ A e, portanto,
Logo,
k X
X l
S F, P1 , {ξ1 , . . . , ξk } = f (ξi , νij )Δsj .
i=1 j=1
podem não estar definidas para todo s e para todo t. Por outro lado,
mesmo que essas integrais existam e que
Z "Z # Z "Z #
b d d b
f (t, s) ds dt = f (t, s) dt ds,
a c c a
Prova: Seja M = sup |f (x)| ; x ∈ I e ε > 0. Então:
(1) Como c(B) = 0, existe Pε ∈ P(II ) tal que
ε
J(B, P ) ≤ , ∀P ⊃ Pε . (12.19)
4M
(2) Pelo Teorema 12.14, f ∈ R(II ), de modo que existe Peε ∈ P(II )
tal que se P ⊃ Peε , então
Z
ε
S f, P, {x1 , . . . , xm } − f < , (12.20)
I 2
222 Cálculo Avançado I
Seja I 11 , . . . , I kl a famı́lia gerada por P . Por hipótese, f é
contı́nua em cada um dos pavês que não intercepta B. Vamos separá-
los em duas partes:
Ii1 = j ; I ij ∩ B = ∅ , Ii2 = I \ Ii1 .
de modo que
k
X X
S(F, P1 , {ξ1 , . . . , ξk }) = f (ξi , νij )Δsj
i=1 j∈Ii1
XZ sj
+ f (ξi , s) ds Δti .
sj−1
j∈Ii2
Seja
(ξi , νij ) se j ∈ Ii1 ,
xij =
(ξi , sj ) se j ∈ Ii2 .
Então, de (12.19), obtemos
k X
X ε
≤ 2M Δsj Δti = 2M J(B, P ) < .
i=1 j∈I 2
2
i
Logo,
Z
S F, P1 , {ξ1 , . . . , ξk } − f
I
≤ S F, P1 , {ξ1 , . . . , ξk } − S(f, P, {x11, . . . , xkl })
Z
+ S(f, P, {x11, . . . , xkl }) − f < ε
I
A1 ⊂ A2 ⇒ F (A1 ) ≤ F (A2 ).
n
A integral de Riemann em R 225
Se l é o limite de F em x0 , denotamos
lim F (II ) = l.
I ↓x0
F (II )
lim = l. (12.21)
I ↓x0 c(II )
226 Cálculo Avançado I
ε
|f (x) − f (y)| < , ∀x, y ∈ I com kx − yk∞ < δ.
2
Então,
ε ε
|M − f (x0 )| ≤ e |m − f (x0 )| ≤ .
2 2
Como Z
mc(IId ) ≤ f ≤ M c(IId ),
Id
obtemos
F (IId )
− f (x0 ) ≤ ε.
c(IId )
Como x0 foi tomado arbitrariamente em I e δ não depende de x0 ,
concluı́mos que F é uniformemente diferenciável em I e F ′ (x0 ) =
f (x0 ).
n
A integral de Riemann em R 227
Prova: Por hipótese, dado ε > 0, existe δ > 0 tal que, qualquer que
seja x ∈ I 0 e qualquer que seja o n-pavê I contendo x, se diam(II ) < δ,
então
F (II ) ε
− f (x) < .
c(II ) 2
√
Sejam x1 , x2 ∈ I 0 tais que kx1 − x2 k2 < δ/ n. Seja x0 = (x1 + x2 )/2
e I d o n-cubo com centro em x0 e diâmetro d = δ. Então, x1 , x2 ∈ I d
e
F (IId ) F (IId )
|f (x1 ) − f (x2 )| ≤ − f (x1 ) + − f (x2 ) < ε.
c(IId ) c(IId )
◦
Logo, f é uniformemente contı́nua em I 0 . Seja F0 : M J (I 0 ) →Ra
função de conjuntos definida por
Z
F0 (A) = f.
A
◦
Considere G(A) = F (A) − F0 (A), A ∈ MJ (I 0 ). É claro que G é
◦
aditiva e uniformemente diferenciável em todo n-pavê I ⊂I 0 com
derivada espacial G′ (x) = 0. Portanto, dado ε > 0, seja δ > 0 tal que
G(II )
< ε, (12.22)
c(II )
228 Cálculo Avançado I
◦
para todo n-pavê I contido em I 0 com diam(II ) < δ. Fixe um n-
pavê
I ⊂ I 0 e considere P uma partição de I que gera a famı́lia
I 1 , . . . , I m de n-pavês satisfazendo a seguinte propriedade:
m
[ ◦ ◦
I = Ij, diam(IIj ) < δ, ∀j, I i ∩ I j = ∅, se i 6= j.
j=1
Logo, Z
lim f ≤ F (A).
j→∞ Aj
n
A integral de Riemann em R 229
Portanto, Z
f ≤ F (A). (12.23)
A
Mudança de variáveis
Então, T (An ) ⊂ T (An+1 ) ⊂ T (A), ∀n ∈ N. Como c T (An ) =
| det T |c(An ), obtemos
onde
kǫ(x, h)k∞
lim =0 (12.27)
khk∞ →0 khk∞
uniformemente nos os compactos de Ω (veja Exercı́cio 5.12). Assim,
se K ⊂ Ω um compacto e ε > 0, existe δ > 0 (dependendo de K) tal
que se khk∞ < δ e x + h ∈ Ω, tem-se
Em particular, obtemos
(1 − εM )n (2r)n ≤ c T −1 g Br (x0 ) , ∀r < δ. (12.31)
Em particular
Z
G(K) = c g (K) = |J� (x)| dx
K
e concluı́mos a prova.
Com os resultados anteriores, podemos demonstrar a fórmula de
mudança de variáveis.
Teorema 12.36: Sejam U, Ω abertos de Rn e g : U → Ω função
bijetiva de classe C 1 tal que J� (u) 6= 0 para todo u ∈ U . Seja
f : Ω → R função contı́nua e positiva. Então, para todo K ⊂ U
compacto J-mensurável, tem-se
Z Z
f (x) dx = f g (u) |J� (u)| du.
� (K) K
e
G I d (u0 ) c g (IId (u0 ))
= f g (ud ) . (12.35)
c I d (u0 ) c I d (u0 )
É claro que limd↓0 f g (ud ) = f g (u0 ) pois f ◦ g é contı́nua e ud ∈
I d (u0 ) implica ud → u0 quando d → 0. Pelo Lema 12.34, obtemos
c g (IId (u0 ))
lim = |J� (u0 )| (12.36)
d↓0 c I d (u0 )
e concluı́mos a prova.
Podemos obter um resultado semelhante ao do Teorema acima sem
a hipótese de positividade de f . De fato:
Corolário 12.37: Sejam U, Ω abertos de Rn e g : U → Ω função
bijetiva de classe C 1 tal que J� (u) 6= 0 para todo u ∈ U . Seja
f : Ω → R função contı́nua. Então, para todo K ⊂ U compacto
J-mensurável, tem-se
Z Z
f (x) dx = f g (u) |J� (u)| du.
� (K) K
n
A integral de Riemann em R 237
|J� (u)| = | det g ′ (u)| = ρn−1 senn−2 (θn−1 ) senn−3 (θn−2 ) · · · sen(θ2 ).
xn = ρ cos(θn−1 ). (12.41)
n
A integral de Riemann em R 239
r = ρ sen(θn−1 ). (12.42)
onde Z π
Ik = senk (θ) dθ, k = 1, 2, . . . , n − 2.
0
n
R 2π k
se n = 2k,
n (k − 1)!
c(BR ) = (12.44)
Rn 2π k
se n = 2k + 1.
n k − 12 k − 32 · · · 32 21
onde Z
2π n/2
dω = 2πIn−2 In−3 · · · I2 I1 = . (12.47)
S n−1 Γ(n/2)
Em particular, se f é uma função radial, temos
Z Z !
R
f (x) dx = f (ρ)ρn−1 dρ |Sn−1 |.
BR (0) 0
242 Cálculo Avançado I
Nesta seção veremos como o Teorema 12.36 pode ser aplicado para
estender a fórmula (12.48) no caso em que o domı́nio de integração
também depende de t. Como veremos na sequência, resultados desse
tipo são importantes em diversos contextos, tais como na Mecânica
do Contı́nuo.
No que segue, consideramos o seguinte:
(1) g : R × Rn → Rn é função de classe C 2 em R × Rn tal que, para
todo t ∈ R, a aplicação u 7→ g (t, u) é um difeomorfismo de classe
C 1 em Rn ;
(2) f : R × Rn → R é uma função de classe C 1 em R × Rn .
Nas condições acima, denotamos:
(3) se A ⊂ Rn , então At = g(t, A);
(4) como para cada x ∈ At , existe um único u ∈ A tal que x =
g (t, u), definimos
∂g
v (t, x): = (t, u)
∂t
Teorema 12.39: Sejam g e f satisfazendo as condições (1) e (2)
acima e, com a notação introduzida em (3) e (4), consideremos K ⊂
Rn um conjunto compacto e M : R → R a função definida por
Z
M (t) = f (t, x) dx.
Kt
Então M é derivável e
Z
dM ∂f
= + div(f v ) dx. (12.49)
dt Kt ∂t
∂ρ
(t, x) + div ρ(t, x)v(t, x) = 0, ∀t > 0, ∀x ∈ Kt . (12.55)
∂t
Exercı́cios:
∂F ∂F
(t0 , r0 ), (t0 , r0 ).
∂t ∂r
p Z R q
−r2
IR (2) ≤ e dr ≤ I√2R (2).
−R
(7) Com o resultado de (3), a fórmula (12.47) pode ser obtida dire-
tamente a partir da seguinte astúcia: use coordenadas esféricas e o
Teorema de Fubini para obter
Z ∞ Z Z
1 1
π n/2 = e−s s(n/2)−1 dρ dω = Γ(n/2) dω .
2 0 Sn−1 2 Sn−1
λ1 = · · · = λn−1 = 0, λn = kuk22 .
Superfı́cies de Rn
F (U ) = S ∩ V e F −1 : S ∩ V → U é contı́nua. (13.1)
Observe também que a Definição 13.3 pode não incluir algumas su-
perfı́cies que “possuem bordo”. Para incluı́-las, precisamos acrescen-
tar uma restrição ao sistema de cartas locais.
Definição 13.4: Dizemos que uma n-superfı́cie diferenciável S tem
bordo se, para todo x ∈ S, existem um aberto U contido em Rn−1
ou no semi-espaço Rn−2 × (0, +∞), um aberto V ⊂ Rn contendo x e
um mergulho F : U → Rn de classe C 1 satisfazendo as propriedades
definidas em (13.1). Nesta caso, o bordo de S (que denotamos por ∂S)
está contido na união das imagens daqueles mergulhos cujos domı́nios
são abertos do semi-espaço Rn−2 × (0, +∞).
Exemplo: A semi-esfera positiva
Sn−1
+ = x ∈ Rn ; kxk2 = 1, xn > 0 (13.2)
é uma superfı́cie com bordo que pode ser definida com um único
mergulho. O bordo de Sn−1
+ é o conjunto
∂Sn−1
+ = x ∈ Rn ; kxk2 = 1, xn = 0
A esfera Sn−1 é uma superfı́cie sem bordo que pode ser definida com
dois mergulhos (veja Exercı́cios).
Observação: Uma superfı́cie S tal como definida acima é, global-
mente, uma “colagem de pedaços lisos” homeomorfos a abertos de
Rn−1 . Se ela é de classe C 1 , então, como veremos a seguir, ela é uma
colagem de gráficos de funções reais de n − 1 variáveis.
Proposição 13.5: Seja S uma n-superfı́cie de classe C 1 e x0 =
(x10 , . . . , xn0 ) ∈ S. Então existem um aberto V0 ⊂ Rn contendo x0 ,
u0 ∈ Rn−1 , um aberto W0 ⊂ Rn−1 contendo u0 e uma função ϕ :
W0 → R de classe C 1 tal que, para algum i = 1, 2, . . . , n, tem-se:
(a) ϕ(u0 ) = xi0 ;
(b) V0 ∩ S é o gráfico de ϕ.
Prova: Por hipótese, existem V ⊂ Rn aberto contendo x0 , U ⊂ Rn−1
e F : U → Rn mergulho de classe C 1 , F (U ) = V ∩ S e F −1 : V ∩ S →
U é contı́nua.
Seja u0 = F −1 (x0 ) e considere o conjunto de vetores
C = L1 , . . . , Ln , onde
∂Fi ∂Fi
Li = (u0 ), . . . , (u0 ) (13.3)
∂u1 ∂un−1
256 Cálculo Avançado I
• Superfı́cies orientáveis
1
A faixa de Möbius, bem conhecida dos matemáticos, ganhou fama no
mundo das artes com a obra do genial artista holandês M.C. Esher. Veja
a gravura “Faixa de Möbius II” em http://www.mcescher.com/
258 Cálculo Avançado I
Como
— L1 —
— L2 —
det[Φ′ (u0 , 0)] = det
... .. ..
6= 0.
. .
— Ln−1 —
segue do Teorema
da Função Inversa, a existência de δ > 0 tal que
Φ Bδ (u0 ) = V0 é aberto de Rn e Φ : Bδ (u0 ) → V0 é um difeomor-
fismo de classe C 1 . Considere o conjunto aberto U f0 = Fe−1 (V0 ∩ W ).
f0 ⊂ D
Então U e e T | = Φ−1 ◦ Fe é de classe C 1 .
Ue 0
JT (u) > 0, ∀u ∈ D1 .
Gauss, Green e Stokes 259
Integrais de superfı́cie em Rn
S = F (U1 ) = G(U2 ).
e
2
det [G′ (u)]T [G′ (u)] = det [F ′ (g(u))]T [F ′ (g(u))] det[g ′ (u)]
= det [F ′ (g(u))]T [F ′ (g(u))] |Jg (u)|2 .
+
SR = x ∈ Rn ; kxk2 = R, xn > 0 .
Seja DR = u ∈ Rn−1 ; kuk2 < R . Então, F : DR → Rn definida
por
q
F (u) = u, R2 − kuk22
+
é um mergulho de classe C 1 sobre SR . Logo, a medida de superfı́cie
+
de SR é
Z Z
1/2
dσ = det [F ′ (u)]T [F ′ (u)] du
+
SR DR
Z
R
= p du.
DR R2 − kuk22
Z Z !
R
R R
p du = 2π √ r n−2 dr In−3 In−4 · · · I1 .
DR R2 − kuk22 0 R2 − r 2
262 Cálculo Avançado I
+
Portanto, a medida superficial de SR é
Z n/2
1 n−1 n−1 π
dσ = R In−2 In−3 · · · I2 I1 = R .
+
SR 2 Γ(n/2)
+
Observação: Segue da Observação 13.9 que SR é orientável. Além
disso, a medida superficial da esfera de raio R é Rn−1 |Sn−1 |, onde
n−1 2π n/2
|S | = In−2 In−3 · · · I2 I1 =
Γ(n/2)
d
c BR (0) = |∂BR (0)|.
dR
G′ : U → L(Rn−1 ; Rn )
Logo, ′ ′
′ ′ T
det G (y ) G (y ) = 1 + ∇ϕ(y ′ ) · ∇ϕ(y ′ ).
∂f
(σ) = ∇f (σ) · n(σ).
∂n
• O Teorema de Gauss
O Teorema a seguir é denominado Teorema de Gauss e estende
ao Rn a bem conhecida fórmula de integração por partes do Cálculo
Integral de uma variável.
Tereoma 13.18: Sejam Ω ⊂ Rn aberto e f : Rn → R, função de
suporte compacto, ambos de classe C 1 . Então,
Z Z
∂f
(x) dx = f (σ)n j (σ) dσ, (13.11)
Ω ∂xj ∂Ω
RM
É claro que −M
∂j f (x) dxj = 0, o que implica
Z
∂j f (x) dx = 0.
In
Assim,
Z Z !
ϕ(x′ )
Jj = − ∂j f (x′ , xn ) dxn dx′ . (13.13)
I n−1 −M
Denotemos Z ϕ(x′ )
h(x′ ) = f (x′ , xn ) dxn .
−M
Portanto,
Z Z
0= ∂j h(x′ ) dx′ = Jj + f x′ , ϕ(x′ ) ∂j ϕ(x′ ) dx′ ,
I n−1 I n−1
Como 1/2
∂j ϕ(x′ ) = n j (x′ , ϕ(x′ )) 1 + k∇ϕ(x′ )k2
e a aplicação x′ 7→ f (x′ , ϕ(x′ ))n j (x′ , ϕ(x′ )) é contı́nua em Rn−1 ,
segue da Proposição 13.16 que
Z Z
∂j f (x) dx = f (σ)n j (σ) dσ. (13.15)
Ω ∂Ω
Logo,
Z Z Z !
M
∂n f (x) dx = ∂n f (x′ , xn ) dxn dx′
Ω I n−1 ϕ(x′ )
Z
=− f x′ , ϕ(x′ ) dx′
n−1
Z I p
= f x′ , ϕ(x′ ) n n (x′ , ϕ(x′ )) 1 + k∇ϕ(x′ )k2 dx′
n−1
ZI
= fn (σ)n n (σ) dσ.
∂Ω
(13.16)
268 Cálculo Avançado I
Xn Z
= aij g y ′ , ϕ(y ′ ) n j (y ′ ) dy ′
j=1 I n−1 (13.17)
Z
= g y ′ , ϕ(y ′ ) R n(y ′ )
n−1
ZI
= f R y , ϕ(y ) + b R n(y ′ )
′ ′
I n−1
Pelo Teorema 13.16, F (y ′ ) = R y ′ , ϕ(y ′ ) + b, é um mergulho sobre
∂Ω, de modo que (13.17) equivale a (13.11).
Gauss, Green e Stokes 269
Em particular,
Z Z
div f (x) dx = f (σ) : n(σ) dσ. (13.20)
Ω ∂Ω
270 Cálculo Avançado I
Observando que
′ 0 ∂2 f 1 − ∂1 f 2
f − f ′T = ,
∂1 f 2 − ∂2 f 1 0
0 f 1 n2 − f2 n1
f ∧n = ,
f2 n1 − f1 n2 0
∂ ∂
onde ∂1 e ∂2 denotam respctivamente as derivadas parciais ∂x e ∂y ,
obtém-se das expressões acima e de (13.22),
Z Z
∂1 f2 − ∂2 f1 dx = f2 n1 − f1 n2 dσ.
Ω ∂Ω
Gauss, Green e Stokes 271
f2 n1 − f1 n2 = f : (e2 ∧ e1 )n
onde
0 −1
e2 ∧ e1 =
1 0
corresponde a uma rotação de π/2 (no sentido anti-horário), vemos
que (e2 ∧ e1 )n(σ) é um vetor unitário tangente à fronteira de Ω no
ponto σ ∈ ∂Ω.
Corolário 13.21: Seja Ω é um aberto de classe C 1 e f, g duas funções
de classe C 2 com suporte compacto. Então valem as seguintes fór-
mulas:
Z h i Z
∂g
f (x)Δg(x) + ∇f (x) · ∇g(x) dx = (σ)f (σ) dσ.
Ω ∂Ω ∂n
Z h i
f (x)Δg(x) − g(x)Δf (x) dx
Ω
Z
∂g ∂f
= (σ)f (σ) − (σ)g(σ) dσ.
∂Ω ∂n ∂n
∂ρ
+ div(uρ) = 0, (13.24)
∂t
que exprime a lei de conservação da massa.
Se supusermos que o fluido é incompressı́vel (∂ρ/∂t = 0) e ho-
mogêneo (∂ρ/∂xi = 0, i = 1, 2, 3), então ρ(t, x) = ρ0 > 0, a equação
da continuidade se reduz a
div u = 0 (13.25)
Mas
3
X 3
X
∂ ∂ui
div(ui u) = (ui uj ) = uj + ui div u
∂xj ∂xj
j=1 j=1
para todo ρ ∈ (0, R). Observe que se σ ∈ ∂Bρ (0), então existe um
único ω ∈ ∂B1 (0) tal que σ = ρω e n(σ) = ω. Assim, segundo a
notação introduzida na Observação 12.38 (veja (12.46)), dσ = ρn−1 dω
e (13.31) toma a forma
Z
∇f (ρω) · ω ρn−1 dω = 0. (13.32)
∂B1 (0)
Como
∂
f (ρω) = ∇f (ρω) · ω,
∂ρ
(13.32) pode ser reescrita como
Z Z
∂ d
ρn−1 f (ρω) dω = ρn−1 f (ρω) dω = 0.
∂B1 (0) ∂ρ dρ ∂B1 (0)
Assim, a função
Z Z
1
ρ 7→ f (ρω) dω = f (σ) dσ
∂B1 (0) ρn−1 ∂Bρ (0)
Pelo Teorema do Valor Médio, (veja (12.14)), existe σρ ∈ ∂Bρ (0) tal
que
Z Z
f (σ) dσ = f (σρ ) dσ = f (σρ )ρn−1 |Sn−1 |.
∂Bρ (0) ∂Bρ (0)
Portanto, Z
1
f (σ) dσ = f (σρ )|Sn−1 |. (13.34)
Rn−1 ∂BR (0)
• O Teorema de Stokes
No que segue demonstraremos um resultado importante: o Teorema
de Stokes. Para isso, lembremos que, dado um campo de vetores
f = (f1 , f2 .f3 ), f derivável em dado conjunto aberto Ω, definimos o
rotacional de f o seguinte campo de vetores: rot f : Ω → R3 ,
∂f3 ∂f2 ∂f1 ∂f3 ∂f2 ∂f1
rot f = − , − , − , (13.37)
∂x2 ∂x3 ∂x3 ∂x1 ∂x1 ∂x2
3
X ∂Fi
g1 (u) = fi F (u) (u),
i=1
∂u1
3
X ∂Fi
g2 (u) = fi F (u) (u).
∂u2
i=1
X3
∂g2 ∂g1 ∂fi ∂Fj ∂Fi ∂Fj ∂Fi
− = −
∂u1 ∂u2 i,j=1 ∂xj ∂u1 ∂u2 ∂u2 ∂u1
3
X (13.40)
∂fi ∂Fj ∂Fi ∂Fj ∂Fi
= −
∂xj ∂u1 ∂u2 ∂u2 ∂u1
i,j=1
i6=j
e
∂F ∂F ∂1 F2 ∂1 F3 ∂ F ∂1 F2 ∂1 F1 ∂ F
× = , 1 3 , , 1 1
∂u1 ∂u1 ∂2 F2 ∂2 F3 ∂2 F3 ∂2 F2 ∂2 F1 ∂2 F1
(13.41)
onde denotamos ∂j Fi = ∂Fi /∂uj . Calculando diretamente o produto
escalar dos vetores (13.37) e (13.41), obtemos
X 3
∂F ∂F ∂fi ∂Fj ∂Fi ∂Fj ∂Fi
rot f · × = − . (13.42)
∂u1 ∂u1 i,j=1
∂x j ∂u 1 ∂u 2 ∂u 2 ∂u 1
i6=j
Como
∂F ∂F ∂F ∂F
× =n × .
∂u1 ∂u1 ∂u1 ∂u1
Gauss, Green e Stokes 279
concluı́mos a demonstração.
Observação 13.25: Aplicando-se o Teorema de Partição da Unidade
(veja Teorema 7.17), Podemos estender o Teorema de Stokes para
superfı́cies S de classe C 1 orientáveis com bordo. Observe também
que se a superfı́cie S é fechada (não pussui bordo), então
Z
rot f (σ) · n(σ) dσ = 0.
S
• Operadores diferenciais
Como vimos anteriormente, se V e W são espaços vetoriais nor-
mados, Ω ⊂ V é um conjunto aberto e f : Ω → W é uma função
diferenciável, definimos a diferencial de f como a aplicação
f ′ : Ω → L(V, W )
x 7→ f ′ (x)
e os análogos C k (Ω)m .
280 Cálculo Avançado I
div f = ∇ · f .
div(ϕf ) = ∇ϕ · f + ϕ div f .
∂ 2f ∂ 2f
div(∇f ) = +···+ = Δf
∂x21 ∂x2n
div(∇f ) = ∇ · (∇f ) = ∇2 f.
Gauss, Green e Stokes 281
rot f = ∇ × f .
Prova: Seja ε > 0. Por hipótese, existe C0 > 0 tal que |ϕ(x, y)| ≤ C0
para todo (x, y) ∈ Rn × Rn . Se z = x temos, para R > 0,
Z Z
ϕ(x, y) 1
dy ≤ C0 dy
Ω∩BR (x) kx − ykα BR (x) kx − yk α
Z R
= C0 |Sn−1
| ρn−α−1 dρ , (13.47)
0
n−1
C0 |S | n−α
= R
n−α
Portanto,
Z
ϕ(x, y) C1 |Sn−1 |δ n
dy ≤
Ω∩Bδ (z) kx − ykα n
( 1/n )
R0 nε
δ0 = min , .
3 C1 |Sn−1 |
Assim, Z
ε
|ϕ(x, y) − ϕ(x0 , y)|dy <
Ω 2
se kx − x0 k < δ. Logo, para δ ≤ δ0 = min{δ1 , δ2 }, tem-se
∂ 1 −α
= (x − y).
∂x kx − ykα kx − ykα+2
∂ ϕ(x, y) −αϕ(x, y) 1 ∂ϕ
= (x − y) + (x, y).
∂x kx − ykα kx − ykα+2 kx − ykα ∂x
Observe que
α+2 α
0 < hR (s) ≤ e |h′R (s)| ≤ , ∀ s ≥ 0. (13.49)
2Rα Rα+1
Considere ϕR : Rn × Rn → R, ϕR (x, y) = hR kx − yk ϕ(x, y). Se
fR : Rn → R é definida por
Z
fR (x) = ϕR (x, y) dy,
Ω
∂ϕ
|ϕ(x, y)| ≤ C0 , (x, y) ≤ C1 , ∀(x, y) ∈ Rn × Rn .
∂x
∂ α
hR kx − yk = − α+2 (x − y).
∂x R
u
Portanto, fR′ −→ fe em Rn e, pelo Teorema 10.10, concluı́mos que f
é diferenciável e f ′ (x) = fe(x) para todo x ∈ Rn .
• Campos Newtonianos
No que segue, Ω ⊂ Rn (n ≥ 2) denota um domı́nio (i.e., aberto
conexo) limitado e J-mensurável.
Definição: Dizemos que um campo vetorial g : Rn → Rn é newto-
niano se é da forma
Z
ϕ(y)
g (x) = − (x − y) dy, (13.50)
Ω kx − ykn
onde
(yi − xi )
ψi (x, y) = ϕ(y)
kx − yk1/2
é contı́nua em Ω (verifique). Pelo Teorema de Tietze (veja Teo-
rema 10.13), ψ pode ser estendida a uma função contı́nua e limitada
em Rn × Rn , de modo que, considerando essa extenção, o integrando
em (13.52) satisfaz as hipóteses do Teorema 13.29.
290 Cálculo Avançado I
g é de classe C 1 em Ω e
Z
1 ′
g ′ (x) = − ϕ (y) ⊗ (x − y) dy.
Ω kx − ykn
Mε = sup{|ϕ(y)| ; y ∈ Bε (x)}.
Então,
Z Z
y−x 1
ϕ(y) n
dy ≤ Mε n−1
dy
Bε (x) ky − xk Bε (x) ky − xk
Z ε (13.56)
n−1
= Mε |S | dρ
0
n−1
= Mε |S |ε,
Z Z
y−x −1 ∂ 1
ϕ(y) = ϕ(y) dy
Ω\Bε (x) ky − xkn n−2 Ω\Bε (x) ∂y ky − xkn−2
Z
−1 ∂ ϕ(y)
= dy
n − 2 Ω\Bε (x) ∂y ky − xkn−2
Z
1 ϕ′ (y)
+ dy
n − 2 Ω\Bε (x) ky − xkn−2
(13.57)
292 Cálculo Avançado I
Portanto,
Z Z
∂ ϕ(y) |ϕ(y)|
dy ≤ dσ
Ω\Bε (x) ∂y ky − xkn−2 ∂Bε (x) ky − xkn−2
Z
Mε
≤ n−2 dσ = Mε |Sn−1 |ε.
ε ∂Bε (x)
(13.58)
Fazendo ε → 0, em (13.56), (13.57) e (13.58), obtemos para x ∈ Ω,
Z
1 ϕ′ (y)
g (x) = dy.
n−2 Ω kx − ykn−2
Como
x−y
div =0 ∀x 6= y,
kx − ykn
Gauss, Green e Stokes 295
isto é, Z
′ v (y) ⊗ (x − y)
h (x) = dy, (13.66)
Ω kx − yk3
Logo,
Z
v (y) × (x − y)
rot h(x) = dy = g (x), ∀x ∈ R3
Ω kx − yk3
e concluı́mos a prova.
• Campos Harmônicos
Seja Ω ⊂ Rn um domı́nio limitado de classe C 1 .
Definição: Dizemos que g : Ω → Rn é um campo harmônico se g é
diferenciável em Ω e satisfaz as seguintes condições: para todo x ∈ Ω,
∂f ∂f
f ′ (x)(h) = (x)h1 + · · · + (x)hn = ∇f (x) : h .
∂x1 ∂xn
∂f ∂f
df (x) = (x)dx1 + · · · + (x)dxn , (13.69)
∂x1 ∂xn
escalar usual, temos dx1 = (1, 0, . . . , 0), . . . , dxn = (0, 0, . . . , 1). Logo,
uma forma linear qualquer pode ser expressa como uma combinação
linear dos elementos dessa base:
n
X
L(h) = ai dxi (h), ai ∈ R.
i=1
R
Nesta caso, é usual denotar F (γ) = γ
ω.
O produto exterior de L1 e L2 (veja Apêndice) é a forma bilinear
alternada, definida por
a1 b1
∧ : L(R2 , R) × L(R2 , R) → A2 (R2 ), L1 ∧ L2 = dx1 ∧ dx2 ,
a2 b2
ω = f1 (x) dx2 ∧ dx3 + f2 (x) dx3 ∧ dx1 + f3 (x) dx1 ∧ dx2 . (13.74)
u1 u2 u3
(dx1 ∧ dx2 ∧ dx3 )(u, v, w) = v1 v2 v3 ,
w1 w2 w3
a1 b1 c1
L1 ∧ L2 ∧ L3 = a 2 b2 c2 dx1 ∧ dx2 ∧ dx3 ,
a3 b3 c3
∂a ∂a ∂a
dω = dx1 + dx2 + dx3 ;
∂x1 ∂x2 ∂x3
ω = a1 dx1 + a2 dx2 .
Gauss, Green e Stokes 305
O Lema de Hadamard
∂Φ ∂Φ
Ψ+
i (x0 ) = lim (x), Ψ−
i (x0 ) = lim (x). (13.79)
x∈Rn
+ ∂xi x∈Rn
− ∂xi
x→x0 x→x0
x2
x1
Gauss, Green e Stokes 311
De fato, temos
1 − kxk2 , se kxk2 < 1 e x2 < 0,
Φ(x) =
0, senão.
R2− = x ; x2 < 0 e R2+ = x ; x2 > 0 .
∂Φ xi
(x) = − , i = 1, 2.
∂xi kxk2
q
′
[Φ](x ) = 1 − x21 + · · · + x2n−1
Exercı́cios
σ : {1, 2, . . . , n} → {1, 2, . . . , n}
O determinante
LQ (v ) = Q(Lv ).
LQ = λQ, LQ ee e = µQ.
e = λQ, Q
Então , se v ∈ V n , temos
LQ e
e(v ) = Q(Lv ) = µQ(Lv ) = µLQ (v ).
Logo
eQ(v
λ e ) = µλQ(v ). (A.1)
Como Q e = λ.
e = µQ, concluı́mos de (A.1) que λ
Definição A.10: Dada a transformação L ∈ L(V, V ), a constante
λL é denominada determinante de L, que, de agora em diante, será
denotada por det(L). Assim, temos
de modo que
a11 · · · a1n
. .. ..
[L] = .. . .
an1 · · · ann
Se v = (v1 , . . . , vn ), obtemos
n
X
Q(v1 , u2 , . . . , un ) = a1j Q(uj , u2 , . . . , un ).
j=1
de modo que
Observe que
X
a11 a22 − a12 a21 = sign σ a1σ(1) a2σ(2) .
σ∈Π2
Q(Kv ) = det(K)Q(v ), ∀v ∈ V n .
Então,
hLui : uj i = aij , hui : LT uj i = aTji
e segue de (A.3), aTji = aij . Portanto, de ,
X
T
det(L ) = sign σ aT1σ(1) · · · aTnσ(n)
σ∈Πn
X
= sign σ aσ(1)1 · · · aσ(n)n
σ∈Πn
X
= sign σ a1σ−1 (1) · · · anσ−1 (n)
σ∈Πn
= det(L)
Q(Lu) = det(L)Q(u) 6= 0,
322 Cálculo Avançado I
é uma base de Rk × Rm .
Dada uma forma (k + m)-linear alternada e não nula Q, podemos
escrever
u1 uk 0 0
Q ,..., , ,...,
0 0 v1 vm
= Q1 (u1 , . . . , uk )Q2 (v1 , . . . , vm ),
O traço
Mais precisamente,
Como
n
X
Luj = aij ui
i=1
e
Q(u1 , . . . , Luj . . . , un ) = ajj Q(u1 , . . . , uj , . . . , un ),
segue que
O produto tensorial
No caso L = u ⊗ v, temos
Q(Li w ) = Q(w1 , . . . , wi−1 , (u ⊗ v)wi , wi+1 , . . . , wn )
= Q(w1 , . . . , wi−1 , hv : wi iu, wi+1 , . . . , wn )
= hv : wi iQ(w1 , . . . , wi−1 , u, wi+1 , . . . , wn )
Apêndice 327
Assim,
n
X
Q(Li w ) = hv : wi ihu : wj iQ(w)
j=1
e obtemos de (A.7)
n X
X n
tr(L) = hv : wi ihu : wj i = hu : vi.
i=1 j=1
Assim, para w = w1 e1 + w2 e2 e z = z1 e1 + z2 e2
a a2 0 1 w1 z1
(u ∧ v)(w, z) = 1 :
b1 b2 −1 0 w2 z2
a1 a2 z1 z2
=
b1 b2 w1 w2
330 Cálculo Avançado I
Analogamente, se u = a1 e1 + a2 e2 + a3 e3 e v = b1 e1 + b2 e2 + b3 e3 ,
temos
∧ : R3 × R3 → A2 (R3 ).
e2 ∧ e3 ∼ e1 , e3 ∧ e1 ∼ e2 , e1 ∧ e2 ∼ e3
L1 = a1 dx1 + b1 dx2 ,
L2 = a2 dx1 + b2 dx2 .
a1 b1 a c1
L1 ∧ L2 = dx1 ∧ dx2 + 1 dx1 ∧ dx3
a2 b2 a2 c2
b1 c1
+ dx2 ∧ dx3 .
b2 c2