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Eduard Toon
SERVIÇO DE PÓS-GRADUAÇÃO DO ICMC-USP
Data de Depósito:
Assinatura:________________________
Eduard Toon
Toon, Eduard
TT668e Equações diferenciais ordinárias generalizadas e
e aplicações às equações diferenciais clássicas / Eduard
Toon; orientadora Márcia Cristina Anderson Braz
Federson. -- São Carlos, 2012.
89 p.
Agradeço, primeiramente, a minha famı́lia e familiares pelo apoio nas horas cer-
tas, palavras de incentivo, carinho, conselhos e compreensão com meus momentos de
ausência.
Aos meus amigos e colegas pelo apoio, ajuda, discussões, risadas e companheirismo.
Agradeço à minha orientadora, professora Márcia Federson por seu trabalho de
orientação, dedicação, paciência, pela contribuição em minha formação profissional,
pelas palavras de incentivo e, também, pelas broncas, quando se fizeram necessárias.
Agradeço, também, pela amizade que pudemos construir neste perı́odo.
Agradeço aos professores do ICMC-USP que contribuı́ram com minha formação.
Agradeço aos funcionários do ICMC-USP por proporcionarem um local adequado
para o desenvolvimento deste trabalho.
E, por fim, agradeço a FAPESP pelo suporte financeiro durante a execução deste
trabalho.
Resumo
Introdução xi
4 Estabilidade de Lyapunov 57
4.1 Estabilidade de Lyapunov para EDOGs . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.2 Estabilidade de Lyapunov para EDFs em medida via EDOGs . . . . . 63
ix
x SUMÁRIO
Índice Remissivo 84
Referências Bibliográficas 87
Introdução
xi
xii Introdução
(*) Para cada compacto A ⊂ Ω, existe uma função Lebesgue integrável MA (t) tal
que, para qualquer x ∈ A vale
(**) Para cada compacto A ⊂ Ω, existe uma função Lebesgue integrável LA (t) tal
que, para quaisquer x1 , x2 ∈ A vale
Artstein mostrou que o espaço de EDOs cujas funções do lado direito das equações
satifazem as condições (*) e (**) não contém todas as suas equações limites. De fato,
seja F0 uma função contı́nua que não é diferenciável em nenhum ponto e seja Fj ,
j = 1, 2, . . ., uma sequência em C 1 , que converge uniformemente para F0 . Se fj for a
Rt
derivada de Fj , então para todo (x, t), 0 fj (x, s)ds convergirá. Entretanto, o limite
Z t
F0 (x, t) = lim fj (x, s)ds
0
Rt
não possui uma representação integral F0 (x, t) = 0
f (x, s)ds. Para cada j = 1, 2, . . .,
consideremos a equação
ẋ = fj (x, t)
cuja solução é, a menos de uma constante, a primitiva Fj de fj . Note que, a “solução”
limite F0 não é solução de uma EDO.
O tipo de problema que acabamos de descrever não ocorre quando utilizamos a
teoria de EDOGs. Veja [5] e [7].
Outra vantagem no estudo da teoria de EDOGs é que podemos obter a correspon-
dência destas equações com outros tipos de equações diferenciais, tais como equações
diferenciais ordinárias e equações diferenciais funcionais com retardamento (escrevemos
EDFRs), onde reside nosso interesse e onde estão situados vários trabalhos.
A correspondência entre EDFRs e EDOGs foi investigada primeiramente em 1966
por Carlos Imaz e Z. Vorel e por F. Oliva e Z. Vorel sob certas hipóteses bastante
técnicas (veja [21] e [24]). Em 2003, M. Federson e P. Z. Táboas mostraram, em [14],
a mesma correspondência em um cenário mais próximo ao de [25]. Em tal trabalho,
a teoria de EDOGs foi importante no estudo da dinâmica topológica de EDFRs. Em
2006, M. Federson e Š. Schwabik mostraram, em [12], que é possı́vel relacionar EDFRs
sob a ação de impulsos em tempos pré fixados e EDOGs. Recentemente, em 2011, S. M.
Introdução xiii
Afonso estabeleceu, em [1], uma correspondência entre EDFRs sob a ação de impulsos
em tempos variáveis e EDOGs. Veja também [2]. Todos estes trabalhos mostram que
é possı́vel obter resultados para EDFRs, com ou sem impulsos, que são mais gerais do
que os resultados que já eram conhecidos na teoria clássica de EDFRs ou resultados
inéditos, como os de [13] e [14], via teoria de EDOGs.
Como sabemos, o interesse no estudo de EDFRs está no fato de que estas equações
descrevem muitos fenômenos fı́sicos, biológicos e de engenharia, que envolvem um lapso
de tempo entre causa e efeito. Já a teoria de equações diferenciais impulsivas descreve
modelos em que ocorrem variações do estado em tempos tão pequenos que podem ser
considerados instantâneos para efeitos de modelagem. Assim, uma teoria que possibilita
a melhora de resultados sobre esses dois tipos de equação (que é o caso de EDOGs) é,
de fato, muito interessante.
Este trabalho é dividido em duas partes: a primeira compreende os capı́tulos 1 e
2 e a segunda compreende os capı́tulos 3 e 4. A divisão foi feita desta maneira pois
o Capı́tulo 2 trata de aplicações dos resultados do Capı́tulo 1. Já os capı́tulos 3 e 4
tratam, principalmente, de estabilidade de soluções de EDOGs e de EDFs em medida.
O Capı́tulo 1 é dividido em três seções. A primeira delas traz alguns resultados
básicos sobre a teoria de EDOGs e a definição de uma nova classe de funções para
EDOGs. Mostramos que podemos obter um teorema de existência e unicidade de
solução para EDOGs, desde que a função envolvida na equação pertença a esta classe.
Também mostramos que esta classe inclui uma classe para a qual já sabı́amos haver
um teorema de existência e unicidade de solução. Na segunda seção, definimos um
conceito de EDOG autônoma que não existia na literatura. Enunciamos um teorema de
existência e unicidade de solução para tais equações. Além disso, demonstramos alguns
resultados sobre dependência contı́nua de soluções de EDOGs autônomas com relação
às condições iniciais. Na última seção, descrevemos a noção de bacia de atração para
EDOGs autônomas e mostramos que ela tem propriedades muito boas. Demonstramos
resultados sobre estabilidade para pontos de equilı́brio via funcionais de Lyapunov
e o resultado mais importante desta seção que garante a existência de um conjunto
compacto contido na bacia de atração.
O Capı́tulo 2 está dividido em três seções. Na primeira seção, fazemos uma des-
crição de uma classe de problemas de EDOs autônomas tomando valores em espaços
de Banach. Mostramos um resultado de existência e unicidade de solução para esta
classe de problemas via EDOGs. Na segunda seção, obtemos resultados de dependência
contı́nua de soluções de EDOs autônomas com relação às condições iniciais utilizando
a relação obtida na primeira seção deste capı́tulo. Na última seção, apresentamos um
xiv Introdução
X
Capı́tulo
1
Equações Diferenciais Ordinárias
Generalizadas Autônomas
1
2 Capı́tulo 1 — Equações Diferenciais Ordinárias Generalizadas Autônomas
dx
= DG(x, t) (1.1)
dτ
Observe que a notação em (1.1) é apenas simbólica. A letra D indica que (1.1) é
uma equação definida através das soluções da sua forma integral dada por (1.2).
Apresentamos, agora, uma classe de funções G : Ω → X para as quais podemos
obter algumas informações sobre as soluções de (1.1), em particular, existência e uni-
cidade de soluções. Tal classe de funções também está descrita em [25].
Definição 1.2. Dada uma função não decrescente h : [α, β] → R, diremos que uma
função G : Ω → X pertence à classe F(Ω, h), se valerem as desigualdades
para quaisquer s1 , s2 ∈ [α, β]. Para uma demonstração deste fato, veja o Lema 3.10 em
[25]. Em particular, qualquer ponto em [α, β] no qual a função h é contı́nua também
será um ponto de continuidade da solução x : [α, β] → X.
Se denotarmos por varβα (x) a variação em [α, β] de uma função x : [α, β] → X e
assumirmos que G : Ω → X satisfaz (1.3) e x : [α, β] → X é uma solução de (1.1),
então (1.5) implicará que x é de variação limitada em [α, β] com
s2
Z
≤ |h(s2 ) − h(s1 )|.
DG(x(τ ), t)
(1.6)
s1
O resultado a seguir nos dá condições sob as quais a integral envolvida na definição
de solução da EDOG (1.1) existe. Para uma demonstração de tal resultado, veja [25],
Teorema 3.14.
Teorema 1.4. Seja G ∈ F(Ω, h). Se x : [α, β] → X, com [α, β] ⊂ (a, b), for o
limite uniforme de uma sequência (xk )k∈N de funções escada xk : [α, β] → X tais que
(x(s), s)) ∈ Ω e (xk (s), s) ∈ Ω, para todo k ∈ N e para todo s ∈ [α, β], então a integral
Rβ
α
DG(x(τ ), t) existirá e teremos
Z β Z β
DG(x(τ ), t) = lim DG(xk (τ ), t).
α k→∞ α
Proposição 1.5. Sejam G ∈ F(Ω, h), x : [α, β] → X regrada (em particular, uma
função de variação limitada) e (x(s), s) ∈ Ω para todo s ∈ [α, β]. Então a integral
Rβ Rs
α
DG(x(τ ), t) existe e a função s →
7 α
DG(x(τ ), t) ∈ X é de variação limitada em
[α, β] (e, portanto, também regrada).
Teorema 1.6. Suponha que G : Ω → X pertença à classe F(Ω, h), onde a função
h é não decrescente e contı́nua à esquerda. Se dado (e x, t0 ) ∈ Ω tal que para x
e+ =
x
e + G(e x, t0 +) − G(e x+ , t0 ) ∈ Ω, então existirão ∆ > 0 e uma única
x, t0 ), tivermos (e
solução x : [t0 , t0 + ∆] → X da equação diferencial ordinária generalizada (1.1) para a
qual x(t0 ) = x e.
Fazendo uma pequena modificação na Definição 1.2, obtemos uma classe maior de
funções G : Ω → X para a qual ainda conseguimos garantir existência local e unicidade
de uma solução da EDOG (1.1). Introduzimos, então, esta classe a seguir.
Vamos usar a notação x ∈ G([α, β], O) para uma função x ∈ G([α, β], X) tal que
x(s) ∈ O, para todo s ∈ [α, β], onde O é um aberto de X.
Definição 1.7. Dada uma função não decrescente h : [α, β] → R, diremos que uma
Rβ
função G : Ω → X pertence à classe F(Ω,
e h), se a integral α DG(x(τ ), s) existir para
qualquer x ∈ G([α, β], O), e se tivermos
s2
Z
≤ |h(s2 ) − h(s1 )|
DG(z(τ ), s)
(1.7)
s1
e
Z s2
D[G(z(τ ), s) − G(w(τ ), s)]
≤ kz − wk∞ |h(s2 ) − h(s1 )| (1.8)
s1
Note que, pela Proposição 1.5, se (1.3) for verificada, então a existência das integrais
em (1.7) e (1.8) estará garantida.
O resultado a seguir garante que F(Ω, h) ⊂ F(Ω,
e h).
6 Capı́tulo 1 — Equações Diferenciais Ordinárias Generalizadas Autônomas
Proposição 1.8. Suponha que G ∈ F(Ω, h). Então para quaisquer z, w ∈ G([α, β], O)
e quaisquer s1 , s2 ∈ [α, β], valem (1.7) e (1.8), ou seja, G ∈ Fe(Ω, h).
e
Z s2 k(d)
X
DG(w(τ ), t) − [G(w(τi ), ti ) − G(w(τi ), ti−1 )]
< .
s1 i=1
Assim,
Z s2
[DG(z(τ ), t) − DG(w(τ ), t)]
s1
Z s2 k(d)
X
≤
DG(z(τ ), t) − [G(z(τi ), ti ) − G(z(τi ), ti−1 )]
s1 i=1
Z s2 k(d)
X
+
DG(w(τ ), t) − [G(w(τ i ), ti ) − G(w(τ i ), ti−1 )]
s
1 i=1
k(d)
X
+ kG(z(τi ), ti ) − G(z(τi ), ti−1 ) − G(w(τi ), ti ) + G(w(τi ), ti−1 )k
i=1
k(d)
X
< 2 + kz(τi ) − w(τi )k[h(ti ) − h(ti−1 )] ≤ 2 + kz − wk∞ [h(s2 ) − h(s1 )].
i=1
Teorema 1.9. Suponha que G : Ω → X satisfaça (1.3) e pertença à classe F(Ω, e h),
onde a função h é não decrescente e contı́nua à esquerda. Se dado (e x, t0 ) ∈ Ω tal que
para xe+ = xe + G(e x, t0 +) − G(e x+ , t0 ) ∈ Ω, então existirão ∆ > 0 e
x, t0 ), tivermos (e
uma única solução x : [t0 , t0 + ∆] → X da equação diferencial ordinária generalizada
(1.1) tal que x(t0 ) = xe.
R t +∆
Como G pertence à classe Fe(Ω, h) e, portanto, a integral t00 DG(x(τ ), t) existe
para todo x ∈ G([t0 , t0 + ∆], X) o operador T está bem definido. Note que, o fato de
G ∈ F(Ω,
e h), implica que
Z s
kT z(s) − x
ek =
DG(z(τ ), t)
≤ h(s) − h(t0 ),
s ∈ [t0 , t0 + ∆]
t0
Portanto
1
kT z − T wk∞ ≤ kz − wk∞ [h(t0 + ∆) − h(t0 )] < kz − wk∞
2
e, assim, T é uma contração. O resultado segue, então, pelo Teorema do Ponto Fixo
de Banach.
8 Capı́tulo 1 — Equações Diferenciais Ordinárias Generalizadas Autônomas
G(x, t) = F (x)t
Neste momento, o leitor pode achar estranho o nome “autônoma” para uma equação
do tipo
dx
= D[F (x)t], (1.10)
dτ
com este t “aparecendo” no lado direito da equação. Entretanto, lembramos o leitor
que uma solução de (1.10) é qualquer função x : [α, β] → X tal que x(t) ∈ O para todo
t ∈ [α, β] e vale
Z v Z v
x(v) − x(γ) = D[F (x(τ ))t] = F (x(t))dt (1.11)
γ γ
para quaisquer γ, v ∈ [α, β], onde a última integral é exatamente a integral de Perron
de F : O → X. Assim, a forma integral
Z t
x(t) = x(α) + F (x(s))ds, t ∈ [α, β], (1.12)
α
1.2 EDOGs autônomas 9
correspondente a (1.10) torna claro porque o nome “autônoma” de fato faz sentido.
É importante observar que o processo definido pela solução da equação (1.10) será
um processo autônomo, ou semigrupo e, portanto, o nome autônoma faz sentido para
a equação (1.10). Este fato será mostrado na Seção 1.3.
Note que, se G ∈ F(Ω,
e h), com G(x, t) = F (x)t, então valem as seguintes condições
Z β
(i) Para qualquer x ∈ G([α, β], O), a integral de Perron F (x(s))ds existe;
α
x, t0 ) ∈ Ω, existem ∆ > 0
Teorema 1.11. Nas condições (i), (ii) e (iii) acima, dado (e
e uma única solução x : [t0 , t0 + ∆] → X da EDOG autônoma (1.10) tal que x(t0 ) = x
e.
Ainda sob as condições (i), (ii) e (iii), podemos demonstrar alguns resultados sobre
dependência contı́nua de soluções de EDOGs autônomas, com respeito a parâmetros.
Os três resultados a seguir são adaptações de resultados de [5] para o contexto de
EDOGs autônomas.
Lembramos o leitor que O denota um aberto do espaço de Banach X.
Diremos que uma sequência de funções Fk : O → X converge para uma função
F0 : O → X em F(Ω,
e h), quando tivermos
β
Z
k→+∞
[Fk (x(s)) − F0 (x(s))]ds
−→ 0,
α
k = 1, 2, . . ., ψk ∈ G([α, β], O). Suponha, ainda, que ψ0 : [α, β] → X seja tal que
ψ0 (s) ∈ O, para todo s ∈ [α, β], com
k→+∞
kψk − ψ0 k∞ −→ 0.
Então
β
Z
k→+∞
[Fk (ψk (s)) − F0 (ψ0 (s))]ds
−→ 0. (1.13)
α
k→+∞
Como kψk − ψ0 k∞ −→ 0, existe um inteiro positivo N0 tal que
kψk − ψ0 k∞ < ε,
β
Z
Z β
+
[Fk (ψ0 (s)) − Fk (y(s))]ds
+
[Fk (y(s)) − F0 (y(s))]ds
+
α α
Z β
+
[F0 (y(s)) − F0 (ψ0 (s))]ds
. (1.14)
α
β
Z
[Fk (ψk (s)) − Fk (ψ0 (s))]ds
≤ kψk − ψ0 k∞ [h(β) − h(α)] ≤ ε[h(β) − h(α)].
α
1.2 EDOGs autônomas 11
β
Z
[Fk (ψ0 (s)) − Fk (y(s))]ds
< ε[h(β) − h(α)]
α
e
β
Z
[F0 (y(s)) − F0 (ψ0 (s))]ds
< ε[h(β) − h(α)].
α
β
Z
< 3ε[h(β) − h(α)] +
[Fk (y(s)) − F0 (y(s))]ds
.
α
Z β
Consideremos, então, a integral [Fk (y(s)) − F0 (y(s))]ds.
α
Como y : [α, β] → X é uma função escada, então y é regrada. Por hipótese,
k→∞
Fk −→ F0 . Logo,
Z β
k→∞
[Fk (y(s)) − F 0 (y(s))]ds
−→ 0,
α
A seguir usaremos BV ([α, β], O) para denotar o subconjunto de BV ([α, β], X) das
funções de variação limitada de [α, β] em X que assumem valores em O ⊂ X, onde O
é um aberto de X.
β
Z
k→+∞
−→ 0.
[Fk (ψk (s)) − F0 (ψ0 (s))]ds
α
kψk (t) − ψ0 (t)k ≤ kψk (α) − ψ0 (α)k + kψk (t) − ψ0 (t) − (ψk (α) − ψ0 (α))k
≤ kψk (α) − ψ0 (α)k + varαt (ψk − ψ0 )
≤ kψk (α) − ψ0 (α)k + varαβ (ψk − ψ0 ) = kψk − ψ0 kBV ,
onde varαt f denota a variação de uma função f no intervalo [α, t]. Assim kψk −
k→+∞
ψ0 k∞ −→ 0 e o resultado segue pelo Lema 1.12.
dx
= D[Fk (x)t],
dτ
• kx0 (s2 ) − x0 (s1 )k ≤ |h(s2 ) − h(s1 )|, para quaisquer s1 , s2 ∈ [α, β];
dx
• x0 é uma solução da EDOG autônoma = D[F0 (x)t] em [α, β].
dτ
dx
= D[F (x)t], t ∈ [α, β]. (1.16)
dτ
Então, como visto na Seção 1.1, uma solução de (1.16) é qualquer função x : [α, β] → O
tal que Z v Z v
x(v) − x(γ) = D[F (x(τ ))t] = F (x(t))dt (1.17)
γ γ
para quaisquer γ, v ∈ [α, β], onde a última integral deve ser entendida no sentido da
integral de Perron.
A partir daqui, vamos lidar com uma classe de problemas de valor inicial para
EDOGs autônomas da forma
dx = D[F (x)t]
dτ (1.18)
x(α) = x̃,
que admitem uma única solução x : [α, β] → O, com F : O → X. De fato, como visto
na Seção 1.3, temos a existência local e unicidade de uma solução sob determinadas
condições, a saber, as condições (i), (ii) e (iii).
Denotamos por I(x̃) o intervalo maximal de existência de solução do problema
(1.18). Diremos que a solução definida neste intervalo maximal de existência é a solução
maximal do problema (1.18) e, de agora em diante, diremos que esta é a trajetória de
F através de x̃.
Dado x̃ ∈ O, seja t ∈ I(x̃) arbitrário. Diremos que o fluxo no tempo t associado a
F : O → X em O é a aplicação φt : O → X que, a cada x̃ ∈ O, associa φt (x̃) = x(t),
onde x : I(x̃) → O é a trajetória de F através de x(t) = x̃. Isto quer dizer que,
para cada t variando em I(x̃), o fluxo determina a posição da solução com respeito à
condição inicial x̃ no tempo t.
Para cada par (t, x̃) tal que t ∈ I(x̃) e x̃ ∈ O, definimos φ(t, x̃) = x(t), onde
x : I(x̃) → O é a trajetória de F através de x̃ e, então, obtemos uma aplicação
φ : Ω → X,
Note que um ponto de equilı́brio x̃ de F é tal que φ(t, x̃) = x̃, para cada t ∈ I(x̃), ou
seja, um ponto de equilı́brio de F é um ponto fixo de seu fluxo associado.
Seja x̃ um ponto de equilı́brio de uma aplicação F : O → X, com O ⊂ X sendo um
aberto. Diremos que x̃ é um ponto de equilı́brio estável de F , se para toda vizinhança
(não necessariamente aberta) U ⊂ X de x̃, existir uma vizinhança (não necessariamente
aberta) W ⊂ X de x̃ tal que W ⊂ O ∩ U e
φt (y) ∈ U,
Logo x̃ ∈ B(x̃), o que garante que a bacia de atração B(x̃) é não vazia.
Para facilitar nosso entendimento, vamos denotar por x(t, x̃), a solução x no ponto
t, com condição inicial x̃. Assim x(0, x̃) denota a solução x no ponto 0, com condição
inicial x̃, que é precisamente x̃.
Observemos que, como x é solução do problema (1.18), então x(t + s, x̃) é solução
de (1.16), com condição inicial x(0) = x̃. Além disso, x(t, x(s, x̃)) é solução de (1.16),
com condição inicial x(0) = x(s, x̃). Pela existência e unicidade de soluções e do fato
que, em t = 0, temos
então
x(t + s, x̃) = x(t, x(s, x̃))
φt+s = φt ◦ φs .
φt (y) ∈ B(x̃).
onde a primeira igualdade vale pela propriedade de grupo e a última igualdade vale
já que t ∈ [0, +∞) é dado e, então, t + s → +∞, quando s → +∞. Isto mostra a
invariância positiva da bacia de atração sob a ação do fluxo.
16 Capı́tulo 1 — Equações Diferenciais Ordinárias Generalizadas Autônomas
Finalmente, vamos mostrar que B(x̃) é um conjunto aberto. Note que as soluções
do problema (1.18) são contı́nuas já que a solução da EDOG autônoma deve ser vista
como solução da equação integral (1.17), e como pode ser visto em [25], Teoremas
1.14 e 1.16, temos a continuidade da integral em (1.17), e portanto, a continuidade da
solução. Assim, o fluxo φ e o fluxo no tempo φt também são contı́nuos.
Considere z ∈ B(x̃). Afirmamos que existe uma vizinhança de z tal que todo ponto
nesta vizinhança também tende a x̃. De fato, seja uma vizinhança W0 de x̃ tal que
lims→+∞ φs (y) = x̃, para cada y ∈ W0 . Note que a existência da vizinhança W0 está
assegurada, pois x̃ é um ponto de equilı́brio assintoticamente estável. Como z ∈ B(x̃),
então y = φt0 (z) ∈ W0 para algum t0 suficientemente grande e, como φt0 (z) é contı́nuo
em z, existe uma vizinhança W de z tal que φt0 (W ) ⊂ W0 .
Então, dado w ∈ W , temos
pois φt0 (w) ∈ W0 e s = t − t0 → +∞, quando t → +∞. Isto significa que todo w
na vizinhança W de z tende a x̃ em tempo infinito e, assim, a bacia de atração é um
conjunto aberto.
• Para cada solução x : [γ, ν] → X de (1.16), onde [γ, ν] ⊂ [0, +∞), vale
já que δ > 0 está fixado e V (y) > 0, para qualquer y ∈ W \ {x}.
Como o funcional V é contı́nuo, então o conjunto W0 = {y ∈ B(x, δ); V (y) < α} é
aberto e, como V (x) = 0, W0 é uma vizinhança de x e W0 ⊂ B(x, δ) ⊂ U ∩ W . Assim
só nos resta mostrar que φt (y) ∈ U , quaisquer que sejam y ∈ W0 e t > 0.
Dado y ∈ W0 , suponha que φt (y) ∈ / U , para algum t > 0. Então φt (y) ∈
/ B(x, δ) e,
como y ∈ W0 ⊂ B(x, δ) ⊂ U ∩ W , em algum tempo 0 < t∗ ≤ t, a trajetória através de
y encontra B(x, δ), ou seja, kφt∗ − xk = δ. Logo
o que contradiz a hipótese de que V não cresce ao longo das trajetórias de F . Isto
mostra que φt (y) ∈ U , para quaisquer y ∈ W0 e t > 0, o que implica que x é um ponto
de equilı́brio estável.
O próximo teorema é o mais importante desta seção, já que ele relaciona funcionais
de Lyapunov com o conceito de bacia de atração, mostrando, sob certas condições,
que um ponto de equilı́brio x de F será assintoticamente estável e que um conjunto
compacto e positivamente invariante pelo fluxo de F : O → X estará contido na bacia
de atração de x.
2
Aplicações às EDOs autônomas
dx
= f (x, t) , t ∈ [t0 , T ] (2.1)
dt
19
20 Capı́tulo 2 — Aplicações às EDOs autônomas
quando a integral existir em algum sentido. Sabe-se, também, que quando a integral
em (2.2) existir no sentido de Riemann, Lebesgue (=McShane) ou Henstock-Kurzweil,
então ela poderá ser aproximada por uma soma riemanniana da forma
m
X
f (x(τi ), τi )[si − si−1 ].
i=1
Rs
Alternativamente, se definirmos F (z, s) = s0
f (z, σ)dσ, então a integral em (2.2)
poderá ser aproximada por
m Z
X si m
X
f (x(τi ), σ)dσ = [F (x(τi ), si ) − F (x(τi ), si−1 )] , (2.3)
i=1 si−1 i=1
onde vamos assumir integração no sentido de Perron. Então y ∈ C([t0 , t0 + σ], X),
onde C([t0 , t0 + σ], X) denota o espaço de Banach das funções contı́nuas de [t0 , t0 + σ]
2.1 EDOGs autônomas x EDOs autônomas 21
• y(t0 ) = y0 ,
então diremos que y é uma solução de (2.4) em [t0 , t0 +σ], com condição inicial (y0 , t0 ).
(M) Existe uma função Lebesgue integrável M : [t0 , t0 +σ] → R tal que, para qualquer
z ∈ C([t0 , t0 + σ], O) e quaisquer s1 , s2 ∈ [t0 , t0 + σ],
s2 s2
Z
Z
≤
f (z(s))ds
M (s) ds;
s1 s1
(L) Existe uma função Lebesgue integrável L : [t0 , t0 +σ] → R tal que, para quaisquer
z, w ∈ C([t0 , t0 + σ], O) e quaisquer s1 , s2 ∈ [t0 , t0 + σ],
s2 s2
Z
Z
[f (z(s)) − f (w(s))] ds
≤ kz − wk∞ L (s) ds.
s1 s1
Note que as equações (2.5) e (2.8) coincidem, ou seja, uma solução y da EDO
autônoma (2.4) pode ser escrita como uma solução x da EDOG autônoma (2.7), isto
é, y ≡ x em [t0 , t0 + σ].
Note, também, que nas condições (M) e (L) consideradas há pouco, temos G ∈
F(Ω,
e h) com Ω = O × [t0 , t0 + σ] e h : [t0 , t0 + σ] → R dada por
Z t
h(t) = [M (s) + L(s)]ds, t ∈ [t0 , t0 + σ]. (2.9)
t0
e
s2 s2
Z
Z
[F (z(s)) − F (w(s))]ds
≤ kz − wk∞
L(s)ds ≤ kz − wk∞ |h(s2 ) − h(s1 )|
s1 s1
Teorema 2.2. Considere a EDO autônoma (2.4) e suponha que as condições (M) e
(L) estejam satisfeitas. Então o problema (2.4) admite uma única solução (local).
Demonstração: Pelo que fizemos acima e pelo Teorema 1.11, temos a existência de
uma única solução para a EDOG autônoma (2.7) e, portanto, o mesmo se aplica para
o sistema (2.4), sob as condições (M) e (L).
2.2 Dependência contı́nua de soluções com respeito às condições iniciais 23
dy = f (y) ,
p t ∈ [t0 , t0 + σ],
dt (2.10)
y(t0 ) = y0p ,
Então o problema (2.10) pode ser reescrito como uma EDOG autônoma
dx = D[F (x)t],
p
dτ (2.13)
x (t ) = y p .
p 0 0
24 Capı́tulo 2 — Aplicações às EDOs autônomas
Teorema 2.3. Suponha que, para cada p = 0, 1, . . . , tenhamos y0p ∈ O e que, para
cada y ∈ C([t0 , t0 + σ], O), t 7→ fp (y(t)) seja Perron integrável em [t0 , t0 + σ]. Suponha,
também, que as funções fp satisfaçam as condições (M) e (L) da seção anterior para
as mesmas funções M e L para p = 0, 1, . . .. Suponha, ainda, que
Z ϑ
lim sup
[fp (y(s)) − f0 (y(s))]ds
= 0, y ∈ C([t0 , t0 + σ], X), (2.14)
p→∞ ϑ∈[t ,t +σ]
t0
0 0
e y(s) ∈ O, para todo s ∈ [t0 , t0 + σ]. Então y : [t0 , t0 + σ] → O será uma solução do
problema
dy = f (y) , t ∈ [t , t + σ],
0 0 0
dt (2.16)
y(t ) = y .
0 0
dx = D[F (x)t],
0 t ∈ [t0 , t0 + σ],
dτ (2.18)
x(t0 ) = y0 ,
Uma aplicação imediata do Teorema 2.3 é similar a que foi descrita na Introdução.
Seja g0 : [α, β] → Rn , uma função contı́nua que não é diferenciável em qualquer ponto
de seu domı́nio. Seja gk : [α, β] → Rn , k = 1, 2, . . ., uma sequência de funções em
C 1 ([α, β], Rn ), onde C 1 ([α, β], Rn ) denota o subconjunto de C([α, β], Rn ) das funções
que são continuamente diferenciáveis em todo ponto de [α, β]. Suponhamos que as
2.3 Bacia de atração para EDOs autônomas 25
funções gk satisfaçam as condições (M) e (L) da Seção 2.1, com as mesmas funções M
e L, para todo k = 1, 2, . . .. Assim gk ∈ F(Ω,
e h), k = 1, 2, . . ., com Ω = Rn × [α, β] e
h : [α, β] → R dada por
Z t
h(t) = [M (s) + L(s)]ds, t ∈ [α, β].
α
Consideramos em F(Ω,
e h) a topologia métrica caracterizada pela convergência
Z β Z β
gk → g0 se gk (s)ds → g0 (s)ds, (2.19)
α α
dy
= f (y(t)), (2.21)
dt
onde f aplica O em X.
Definição 2.5. Seja y um ponto de equilı́brio de f . Diremos que uma função contı́nua
V : W → R, com W ⊂ X uma vizinhança de y, é um funcional de Lyapunov (com
respeito à EDO (2.21)) em y, se as seguintes condições forem satisfeitas:
dx
= D[F (x)t].
dτ
3
Comportamento assintótico de EDFs
em medida via EDOGs
Neste capı́tulo, faremos uma breve apresentação de como é feita a relação entre
EDOGs e equações diferenciais funcionais em medida e apresentaremos novos resultados
de estabilidade para tais equações via EDOGs. Vamos definir equações diferenciais
funcionais em medida e apresentar alguns novos conceitos de estabilidade para tais
equações.
Em [10], os autores introduzem o conceito de equações diferenciais chamadas equa-
ções diferenciais funcionais em medida (escrevemos EDFs em medida) que podem ser
descritas pela seguinte equação:
onde xt é dado pela fórmula xt (θ) = x(t+θ), θ ∈ [−r, 0], com r > 0, f : G([−r, 0], Rn )×
[t0 , +∞) → Rn , com t0 ≥ 0, Dx e Dg são as derivadas distribuicionais, com respeito a
x e g, no sentido das distribuições de L. Schwartz (veja [8]).
No caso em que g(t) = t, a equação (3.1) se reduz a uma equação diferencial
funcional com retardamento no sentido usual.
29
30 Capı́tulo 3 — Comportamento assintótico de EDFs em medida via EDOGs
Lembramos que, quando consideramos g uma função não decrescente, então g pode
conter infinitos pontos de descontinuidade.
3.1 Integração de Kurzweil-Henstock-Stieltjes 31
é regrada e satisfaz
k(d)
X
f (τi )[g(ti ) − g(ti−1 )]
i=1
dem ser encontradas em [17], por exemplo, para o caso de EDFs com retardamento que
são um caso particular de EDFs em medida.
Definição 3.3. A solução trivial da equação (3.1) será dita estável no sentido de
Lyapunov, se para todo ε > 0 e todo γ ∈ R, γ ≥ t0 , existir δ = δ(ε, γ) > 0 tal que, se
φ ∈ S e y : [γ, v] → Rn , com [γ, v] ⊂ [t0 , +∞), for uma solução de (3.1) tal que y γ = φ
e
kφk∞ < δ,
então
ky t (γ, φ)k∞ < ε, t ∈ [γ, v].
Definição 3.4. A solução trivial do sistema (3.1) será dita uniformemente estável, se
o número δ na Definição 3.3 for independente de γ.
Definição 3.5. A solução y ≡ 0 de (3.1) será dita uniformemente assintoticamente
estável, se existir um δ0 > 0 e para todo ε > 0, existir um T = T (ε, δ0 ) ≥ 0 tal que se
φ ∈ S, e y : [γ, v] → Rn , com [γ, v] ⊂ [t0 , +∞), for solução de (3.1) tal que y γ = φ e
kφk∞ < δ0 ,
então
ky t (γ, φ)k∞ < ε, t ∈ [γ, v] ∩ [γ + T, +∞).
Definição 3.6. Considere o problema (3.2) e suponha que valham as condições (H1 )
e (H4 ). Se uma função y ∈ G− ([t0 − r, +∞), Rn ) for tal que
Z t Z t
• y (t) = y(t0 ) + f (ys , s) dg(s) + p(s)du(s), para quase todo t ∈ [t0 , +∞);
t0 t0
• yt0 = φ,
então y será dita uma solução de (3.2) em [t0 − r, +∞) com condição inicial yt0 = φ.
Definição 3.7. A solução y ≡ 0 de (3.1) será integralmente estável, se para todo ε > 0
existir um δ = δ(ε) > 0 tal que, se φ ∈ S e p : [γ, v] → Rn forem tais que kφk∞ < δ e
Z t
sup p(s)du(s) < δ,
t∈[γ,v] γ
então
|ȳ(t; γ, φ)| < ε, para todo t ∈ [γ, v],
onde ȳ(t; γ, φ) é uma solução da equação perturbada (3.2) tal que ȳγ = φ.
então
|ȳ(t; γ, φ)| < ε, para todo t ≥ γ + T, t ∈ [γ, v],
3.3 EDFs em medida vistas como EDOGs 35
Note que, se a solução nula y ≡ 0 da equação não perturbada (3.1) for integralmente
estável, então y ≡ 0 será uniformemente estável no sentido usual de Lyapunov.
e
0, t0 − r ≤ ϑ ≤ t0 ,
ϑ
Z
P (t) (ϑ) = p(s)du(s), t0 ≤ ϑ ≤ t < +∞, (3.5)
t0
Z t
p(s)du(s), t ≤ ϑ < +∞.
t0
Então,
G (y, t) = F (y, t) + P (t) (3.6)
dx
= DG(x, t), (3.7)
dτ
e
x(ν)(ϑ) = x(ϑ)(ϑ), ν ≥ ϑ. (3.10)
3.3 EDFs em medida vistas como EDOGs 37
Então a função x : [t0 , t0 +σ] → G([t0 −r, t0 +σ], Rn ) será uma solução da EDOG
dx
= DG (x, t)
dτ
(ii) Reciprocamente, seja G dada por (3.6). Suponha que x : [t0 , t0 + σ] → O seja
uma solução da EDOG
dx
= DG (x, t) ,
dτ
com a seguinte condição inicial
(
φ(ϑ − t0 ), t0 − r ≤ ϑ ≤ t0 ,
x(t0 )(ϑ) =
φ(0), t0 ≤ ϑ < t0 + σ.
38 Capı́tulo 3 — Comportamento assintótico de EDFs em medida via EDOGs
onde M, L e K foram dadas nas condições (H2 ), (H3 ) e (H5 ) respectivamente. Como
as funções g e u são não decrescentes, elas podem ter apenas um número finito de
pontos t ∈ [t0 , v] tais que ∆+ g(t) ≥ ε e ∆+ u(t) ≥ ε. O mesmo vale para a função h,
ou seja, h pode ter apenas um número finito de pontos t ∈ [t0 , v] tais que ∆+ h(t) ≥ ε.
Note que os pontos que satisfazem esta última desigualdade são a união dos pontos que
satisfazem a desigualdade para as funções g e u, pela definição da função h. Denotemos
estes pontos por t1 , . . . , tm .
Considere um calibre δ : [t0 , t0 + σ] → R+ tal que
tk − tk−1
δ(τ ) < min , k = 2, . . . , m , τ ∈ [t0 , t0 + σ]
2
Estas condições asseguram que, se um par ponto-intervalo (τ, [c, d]) for δ-fino, então
o intervalo [c, d] conterá no máximo um dos pontos t1 , . . . , tm , e, mais ainda, teremos
τ = tk sempre que tk ∈ [c, d].
3.3 EDFs em medida vistas como EDOGs 39
para qualquer k ∈ {1, . . . , m}. Assim, o calibre δ pode ser escolhido de modo que
Z tk +δ(tk )
ε
L(s)kys − x(tk )s k∞ dg(s) < , k ∈ {1, . . . , m}.
tk 2m + 1
Z τ +t Z τ +t
≤ M (s)dg(s) + K(s)du(s) ≤ h(τ + t) − h(τ ),
τ τ
e, portanto,
|y(ρ) − y(τ )| ≤ ε
0, ϑ ∈ [t0 − r, si−1 ],
ϑ ϑ
Z Z
= f (x(τi )s , s) dg(s) + p(s)du(s), ϑ ∈ [si−1 , si ],
si−1 si−1
Z s Z si
i
f (x(τi )s , s) dg(s) + p(s)du(s), ϑ ∈ [si , t0 + σ].
si−1 si−1
Assim,
kx(si ) − x(si−1 ) − [G(x(τi ), si ) − G(x(τi ), si−1 )]k∞ =
ϑ
Z
= sup
[f (ys , s) − f (x(τi )s , s)] dg(s) .
ϑ∈[si−1 ,si ] si−1
Dado um par ponto-intervalo particular (τi , [si−1 , si ]), existem duas possibilidades:
ou seja,
ε
kx(si ) − x(si−1 ) − [G(x(τi ), si ) − G(x(τi ), si−1 )]k∞ ≤ .
2m + 1
Caso (b) ocorra, temos
Combinando os casos (a) e (b) e utilizando o fato de que (a) ocorre no máximo 2m
vezes, obtemos
l Z t0 +σ
X
2mε
x(v) − x(t0 ) − [G(x(τi ), si ) − G(x(τi ), si−1 )]
≤ε L(s) dg(s) + .
i=1
t0 2m + 1
∞
como querı́amos.
Agora vamos mostrar (ii). A igualdade yt0 = φ segue facilmente das definições de y
e x(t0 ). Resta mostrarmos que vale
Z v Z v
y(v) − y(t0 ) = f (ys , s) dg(s) + p(s)du(s), v ∈ [t0 , t0 + σ].
t0 t0
Assim Z v Z v
y(v) − y(t0 ) − f (ys , s) dg(s) + p(s)du(s) =
t0 t0
Z v Z v Z v
= DG(x(τ ), t) (v) − f (ys , s) dg(s) − p(s)du(s). (3.13)
t0 t0 t0
Seja ε > 0 arbitrário. Como g e u são funções não decrescentes, elas podem ter
no máximo um número finito de pontos t ∈ [t0 , v] tais que ∆+ g(t) ≥ ε e ∆+ u(t) ≥ ε.
Analogamente, temos o mesmo para a função h. Denotamos a união dos pontos de
descontinuidade das funções g e u por t1 , . . . , tm . (Lembrando que estes pontos são os
mesmos para a função h).
Considere um calibre δ : [t0 , t0 + σ] → (0, +∞) tal que
tk − tk−1
δ(τ ) < min , k = 2, . . . , m , τ ∈ [t0 , t0 + σ]
2
e
δ(τ ) < min {|τ − tk |; k = 1, . . . , m} , τ ∈ [t0 , t0 + σ].
Estas condições asseguram que, se um par ponto-intervalo (τ, [c, d]) for δ-fino, então
[c, d] conterá no máximo um dos pontos t1 , . . . , tm , e, ainda mais, τ = tk sempre que
tk ∈ [c, d].
Novamente, o calibre δ pode ser escolhido de forma que
Z tk +δ(tk )
ε
L(s)kys − x(tk )s k∞ dg(s) < , k ∈ {1, . . . , m}.
tk 2m + 1
Como descrito anteriormente, a função G dada por (3.4) pertence à classe F(O ×
[t0 , t0 + σ], h). Como
para toda partição δ-fina {(τi , [si−1 , si ]), i = 1, . . . , l} de [t0 , v]. A existência de tal
calibre segue da definição da integral de Kurzweil. Escolhemos uma partição δ-fina
particular {(τi , [si−1 , si ]), i = 1, . . . , l} de [t0 , v]. Daı́, por (3.13) e (3.14), temos
v v
Z Z
y(v) − y(t0 ) − f (ys , s) dg(s) − p(s)du(s) =
t0 t0
v v v
Z Z Z
= DG(x(τ ), t) (v) − f (ys , s) dg(s) − p(s)du(s) <
t0 t0 t0
Xl Z v Z v
< ε + [G(x(τi ), si ) − G(x(τi ), si−1 )](v) − f (ys , s) dg(s) − p(s)du(s) ≤
i=1 t0 t0
l
X Z si Z si
≤ε+ [G(x(τi ), si ) − G(x(τi ), si−1 )](v) −
f (ys , s) dg(s) − p(s)du(s) .
i=1 si−1 si−1
o que implica
si si
Z Z
[G(x(τi ), si ) − G(x(τi ), si−1 )](v) − f (ys , s) dg(s) − p(s)du(s) =
si−1 si−1
si
Z
= [f (x(τi )s , s) − f (ys , s)] dg(s) .
si−1
Pelo Lema 3.10, para qualquer i ∈ {1, . . . , l}, temos x(τi )s = x(s)s = ys para
s ∈ [si−1 , τi ] e ys = x(s)s = x(si )s para s ∈ [τi , si ]. Portanto
si si
Z Z
[f (x(τi )s , s) − f (ys , s)] dg(s) = [f (x(τi )s , s) − f (ys , s)] dg(s) =
si−1 τi
si si
Z Z
= [f (x(τi )s , s) − f (x(si )s , s)] dg(s) ≤ L(s)kx(τi )s − x(si )s k∞ dg(s),
τi τi
ou seja,
si si
Z Z
[G(x(τi ), si ) − G(x(τi ), si−1 )](v) −
ε
f (ys , s) dg(s) − p(s)du(s) ≤ .
si−1 si−1 2m + 1
Caso (b) ocorra, como toda solução da EDOG é regrada, obtemos a seguinte esti-
mativa
kx(si )s − x(τi )s k∞ ≤ kx(si ) − x(τi )k∞ ≤ h(si ) − h(τi ) ≤ ε
Z si
≤ε L(s) dg(s).
τi
Combinando os casos (a) e (b) e utilizando o fato de que o caso (a) ocorre no
máximo 2m vezes, obtemos
l
X Z si Z si
[G(x(τi ), si ) − G(x(τi ), si−1 )](v) − f (ys , s) dg(s) − p(s)du(s) ≤
i=1 si−1 si−1
Z t0 +σ Z t0 +σ
2mε
≤ε L(s) dg(s) + <ε 1+ L(s) dg(s) .
t0 2m + 1 t0
Consequentemente,
v si t0 +σ
Z Z Z
y(v) − y(t0 ) − f (ys , s) dg(s) − p(s)du(s) < ε 2 +
L(s) dg(s) ,
t0 si−1 t0
Agora usaremos o Teorema 1.6 e o Teorema 3.11 para obter um teorema de exis-
tência local e unicidade de soluções para EDFs em medida. Tal resultado pode ser
encontrado em [10], Teorema 5.3.
Seja (
φ(ϑ − t0 ), t0 − r ≤ ϑ ≤ t0 ,
x(t0 )(ϑ) =
φ(0), t0 ≤ ϑ < t0 + σ.
Então x(t0 ) ∈ O. Vamos mostrar que x(t0 ) + F (x(t0 ), t0 +) − F (x(t0 ), t0 ) ∈ O. De fato,
note que F (x(t0 ), t0 ) = 0. O limite F (x(t0 ), t0 +) é tomado com respeito a norma do
supremo e ele existe, já que F é regrada. Assim é suficiente calcular o limite pontual
F (x(t0 ), t0 +)(ϑ) para qualquer ϑ ∈ [t0 − r, t0 + σ].
Pelo Teorema 3.2, obtemos
0, t ∈ [t0 − r, t0 ],
F (x(t0 ), t0 +)(ϑ) =
f (φ, t )∆+ g(t ), t ∈ (t , t + σ].
0 0 0 0
46 Capı́tulo 3 — Comportamento assintótico de EDFs em medida via EDOGs
dx
= DF (x, t), x(t0 ) = x0 . (3.16)
dτ
Esta solução é única pois, caso contrário, o Teorema 3.11 implicaria que x não é a
única solução da EDOG (3.16), o que seria um absurdo.
dx
= DF (x, t). (3.17)
dτ
3.4 Relações entre conceitos de estabilidade para EDOGs e EDFs em medida 47
então
kx(t)k < ε, t ∈ [γ, v].
então
kx(t)k < ε, para t ∈ [γ, v] ∩ [γ + T, +∞) e γ ≥ t0 .
dx
= D[F (x, t) + P (t)], (3.18)
dτ
Definição 3.16. A solução x ≡ 0 de (3.17) será dita estável com respeito a pertur-
bações, se para todo ε > 0, existir δ = δ(ε) > 0 tal que se kx0 k < δ e P ∈ G− ([γ, v], X)
com sups∈[γ,v] kP (s) − P (γ)k < δ, então
Definição 3.17. A solução x ≡ 0 de (3.17) será dita atratora com respeito a per-
turbações, se existir um δe > 0 e para todo ε > 0, existirem um T = T (ε) ≥ 0 e um
ρ = ρ(ε) > 0 tal que se
(i) A solução x ≡ 0 de (3.17) será regularmente estável se, e somente se, for estável
com respeito a perturbações.
(ii) A solução x ≡ 0 de (3.17) será regularmente atratora se, e somente se, for
atratora com respeito a perturbações.
Também, suponha que kx(γ)k = kx(γ, γ, x0 )k < δ e sups∈[γ,v] kP (s) − P (γ)k < δ.
Então (3.19) implica que
Z s
x(s) − x(γ) − DF (x(τ ), t) = P (s) − P (γ), s ∈ [γ, v]
γ
e portanto,
Z s
sup
x(s) − x(γ) − DF (x(τ ), t)
= sup kP (s) − P (γ)k. (3.20)
s∈[γ,v] γ ∞ s∈[γ,v]
Logo,
Z s
sup
x(s) − DF (x(τ ), t)
≤ kx(γ)k + sup kP (s) − P (γ)k < 2δ.
s∈[γ,v] γ ∞ s∈[γ,v]
Rs
Para s ∈ [γ, v], seja P (s) = P (γ) + x(s) − x(γ) − γ
DF (x(τ ), t). Então, para
s1 , s2 ∈ [γ, v], temos
Z s2
x(s2 ) − x(s1 ) − DF (x(τ ), t) = P (s2 ) − P (s1 ),
s1
o que implica que x é uma solução de (3.18) em [γ, v]. Mais ainda, temos
Z s
sup kP (s) − P (γ)k = sup
x(s) − x(γ) − DF (x(τ ), t)
≤
s∈[γ,v] s∈[γ,v] γ ∞
Z s
≤ sup
x(s) −
+ kx(γ)k∞ < 2δ.
DF (x(τ ), t)
s∈[γ,v] γ ∞
Também, segue diretamente da definição da função P que P ∈ G− ([γ, v], X). Assim,
a estabilidade com respeito a perturbações implica kx(t)k = kx(t, γ, x0 )k < ε, para todo
t ∈ [γ, v], o que implica que a solução x ≡ 0 de (3.17) é regularmente estável.
Agora, vamos mostrar o item (ii). Suponha, primeiramente, que a solução x ≡ 0 de
(3.17) seja regularmente atratora. Então existe um δe > 0 e para todo ε > 0, existem
um T = T (ε) ≥ 0 e um ρ = ρ(ε) > 0 tais que, se x : [γ, v] → Bc , t0 ≤ γ < v < +∞, for
uma função regrada e contı́nua à esquerda em [γ, v] tal que kx(γ)k < δe e
Z s
sup
x(s) − DF (x(τ ), t)
< ρ,
s∈[γ,v] γ ∞
então
kx(t)k < ε, t ∈ [γ, v] ∩ [γ + T, +∞), γ ≥ t0 .
Então kx0 k = kx(γ)k < δe e pela definição de solução da equação (3.18), temos
Z s
sup
x(s) − x(γ) − DF (x(τ ), t)
= sup kP (s) − P (γ)k.
s∈[γ,v] γ ∞ s∈[γ,v]
3.4 Relações entre conceitos de estabilidade para EDOGs e EDFs em medida 51
Portanto,
Z s
sup
x(s) −
− kx(γ)k∞ ≤ sup kP (s) − P (γ)k,
DF (x(τ ), t)
s∈[γ,v] γ ∞ s∈[γ,v]
Rs
Novamente, para s ∈ [γ, v], seja P (s)−P (γ) = x(s)−x(γ)− γ DF (x(τ ), t). Então x(t)
é uma solução de (3.18) em [γ, v]. Também temos P ∈ G− ([γ, v], X) e, da definição de
solução e pela equação (3.21), vale
onde f : S × [t0 , +∞) → Rn satisfaz as condições (H1 ), (H2 ) e (H3 ) e g : [t0 , +∞) → R
é uma função não decrescente. Mais ainda, estamos assumindo f (0, t) = 0 para todo
t ∈ [t0 , +∞), o que implica que y ≡ 0 é uma solução (3.22).
Também, considere a função
definida por (3.4), para todo y ∈ O e t ∈ [t0 , +∞). Como estamos assumindo f (0, t) =
0, para todo t ∈ [t0 , ∞), então, por (3.4), F (0, t) = 0, para todo t ∈ [t0 , +∞), o que
implica que x ≡ 0 é uma solução da EDOG
dx
= DF (x, t). (3.23)
dτ
Vimos, na seção anterior, que existe uma correspondência biunı́voca entre as so-
luções de (3.22) com condição inicial yt0 = φ e as soluções de (3.23) com condição
inicial (
φ(ϑ − t0 ), t0 − r ≤ ϑ ≤ t0 ,
x(t0 )(ϑ) = (3.24)
φ(0), t0 ≤ ϑ < ∞.
(i) A solução y ≡ 0 de (3.22) será integralmente estável se, e somente se, a solução
x ≡ 0 de (3.23) for regularmente estável.
então
ε
|ȳ(t; γ, φ)| < , t ∈ [γ, v],
2
onde ȳ(t; γ, φ) é uma solução de (3.25) tal que ȳγ = φ.
Vamos mostrar que a solução trivial da EDOG (3.23), com F dada por (3.4), é
estável com respeito a perturbações e, então, o resultado seguirá pela Proposição 3.19.
Seja x uma solução da EDOG perturbada (3.26) com condição inicial x(t0 ) = x0
dada por (3.24), onde F e P são dadas por (3.4) e (3.5) respectivamente. Seja ε > 0 e
suponha que exista um δ = δ(ε) > 0 tal que δ < ε/2 e, mais ainda, suponha que
δ
kx0 k∞ < δ e sup kP (s) − P (γ)k < ,
s∈[γ,v] 2
kφk∞ < δ.
Assim, por (3.27) e do fato de que sups∈[γ,v] kP (s) − P (γ)k∞ < δ/2, obtemos
Z s
sup p(v)du(v) < δ/2.
s∈[γ,v] γ
Então, pela estabilidade integral da solução trivial de (3.22), |y(t)| < ε/2, para todo
t ∈ [γ, v].
Finalmente, temos
R
s
Pela definição da função P e do fato de que sups∈[γ,v] γ p(w)du(w) < δ/2, obtemos
Em particular,
sup |y(θ)| ≤ sup |y(θ)| < ε.
θ∈[γ,v] θ∈[γ−r,v]
Agora, vamos mostrar (ii). Suponha, então, que a solução trivial da EDOG (3.23)
seja atratora com respeito a perturbações. Então, existe δe > 0 e dado ε > 0 sejam
T = T (ε) ≥ 0 e ρ = ρ(ε) > 0 da Definição 3.17.
Seja y(t; γ, φ) uma solução da EDF
em medida perturbada (3.25). Suponha que
Rs
kφk∞ < δe e sups∈[γ,v] γ p(w)du(w) < ρ. Então,
Pelo Teorema 3.11, kx0 k∞ = kφk∞ < δ. e Portanto, pela atratividade com respeito
a perturbações da solução trivial de (3.23), temos
4
Estabilidade de Lyapunov
57
58 Capı́tulo 4 — Estabilidade de Lyapunov
dx
= DF (x(τ ), t) (4.1)
dτ
onde vamos supor que F (0, t) − F (0, s) = 0 para t, s ≥ t0 . Então, para todo intervalo
[γ, v] ⊂ [t0 , +∞), temos
Z v
DF (0, t) = F (0, v) − F (0, γ) = 0
γ
kx̃k < δ,
então
kx̄(t)k < ε, t ∈ [γ, v].
kx̃k < δ0 ,
4.1 Estabilidade de Lyapunov para EDOGs 59
então
kx̄(t)k < ε, t ∈ [γ, v] ∩ [γ + T, +∞).
Proposição 4.2. Suponha que −∞ < a < b < +∞ e que f, g : [a, b] → R sejam
funções contı́nuas à esquerda em (a, b]. Se para todo σ ∈ [a, b], existir δ(σ) > 0 tal que
para todo η ∈ (0, δ(σ)) a desigualdade
Lema 4.3. Suponha que V : [t0 , +∞) × X → R seja tal que V (·, x) : [t0 , +∞) → R
é contı́nua à esquerda em (t0 , +∞) para x ∈ X e que exista uma função φ : X → R
tal que para toda função x : [γ, v] → X, com [γ, v] ⊂ [t0 , +∞), contı́nua à esquerda e
regrada, temos
Então,
V (v, x(v)) − V (γ, x(γ)) ≤ M (v − γ), (4.3)
Demonstração: Seja σ ∈ [γ, v] qualquer. Pela condição (4.2), existe δ(σ) > 0
suficientemente pequeno tal que, para todo ρ ∈ (0, δ(σ)) vale que
A seguir, definiremos funcional de Lyapunov para EDOGs. Esta definição foi dada
em [4] e é mais geral do que a definição dada em [25].
(i) V (·, x) : [t0 , +∞) → R é contı́nua à esquerda em (t0 , +∞), para todo x ∈ X;
V (t, x) ≥ b(kxk),
(iii) Para toda x̄ : [γ, v] → X solução de (4.1), com [γ, v] ⊂ [t0 , +∞), temos
Teorema 4.5. Suponha que V : [t0 , +∞) × B̄ρ → R seja um funcional de Lyapunov
para a EDOG (4.1), onde B̄ρ = {x ∈ X ; kxk ≤ ρ}. Suponha, ainda, que V satisfaça
a seguinte condição:
Por outro lado, suponha que exista u ∈ [γ, v] tal que kx̄(u)k ≥ ε. Então
o que contradiz (4.4). Portanto kx̄(t)k < ε, para todo t ∈ [γ, v] necessariamente e a
demonstração está completa.
Teorema 4.6. Seja V : [t0 , +∞) × B̄ρ → R um funcional de Lyapunov, onde B̄ρ =
{x ∈ X ; kxk ≤ ρ}. Suponha que V satisfaça a condição (i) do Teorema 4.5. Suponha,
ainda, que exista uma função contı́nua φ : X → R, com φ(0) = 0 e φ(x) > 0 para
x 6= 0, tal que para toda solução x̄ : [γ, v] → B̄ρ da equação (4.1), com [γ, v] ⊂ [t0 , +∞),
vale
V̇ (t, x̄(t)) ≤ −φ(x̄(t)), t ∈ [γ, v]. (4.5)
(I) Existe δ̃ ∈ (0, ρ) tal que se x̄ : [γ, v] → X for uma solução de (4.1) em [γ, v] ⊂
[t0 , +∞) com
kx̄(γ)k < δ̃,
62 Capı́tulo 4 — Estabilidade de Lyapunov
então
kx̄(t)k < ρ, t ∈ [γ, v].
(II) Para todo ε > 0, existe δ = δ(ε) > 0, com δ < ε, tal que se x̄ : [γ̄, v̄] → Bc for
uma solução de (4.1) em [γ̄, v̄] ⊂ [t0 , +∞) com
kx̄(γ̄)k < δ,
então
kx̄(t)k < ε, t ∈ [γ̄, v̄].
Seja
e definimos ( )
δ̃
T (ε) := min v − γ, −K > 0,
N
Afirmamos que existe t∗ ∈ [γ, γ + T (ε)] tal que kx̄(t∗ )k < δ(ε). De fato, suponha
o contrário, ou seja, kx̄(s)k ≥ δ(ε), para todo s ∈ [γ, γ + T (ε)]. Pelo Lema 4.3, pela
condição (i) do Teorema 4.5 e por (4.6), temos
Assim,
V (γ + T (ε), x̄(γ + T (ε))) ≥ b(kx̄(γ + T (ε))k) ≥ b(δ(ε)) > 0,
o que é uma contradição. Logo, kx̄(t)k < ε para t ∈ [t∗ , v], uma vez que (II) vale para
γ̄ = t∗ e v̄ = v. Além disso, kx̄(t)k < ε para t > γ + T (ε), já que t∗ ∈ [γ, γ + T (ε)], o
que conclui o resultado.
Rt
(H1 ) A integral de Kurzweil-Henstock-Stieltjes t0
f (ys , s)dg(s) existe para quaisquer
y ∈ O e t ∈ [t0 , ∞).
Além disso, assumimos que F da equação (4.1) é dada pela relação descrita na
equação (3.4), ou seja, para y ∈ O e t ∈ [t0 , +∞), temos
0, t0 − r ≤ ϑ ≤ t0 ,
ϑ
Z
F (y, t)(ϑ) = f (ys , s)dg(s), t0 ≤ ϑ ≤ t < +∞,
t0
Z t
f (ys , s)dg(s), t ≤ ϑ < +∞.
t0
Neste caso, F : O × [t0 , +∞) → G([t0 − r, +∞), Rn ) e pelo Teorema 3.11, temos uma
relação entre problemas de valor inicial para as equações (4.1) e (4.7).
Dados t ≥ t0 e uma função ψ ∈ G− ([−r, 0], Rn ), consideramos a EDF em medida
(4.7) com condição inicial yt = ψ. Consideramos, também, que a EDOG (4.1) sujeita
à condição inicial x(t) = x e(τ ) = ψ(τ − t), t − r ≤ τ ≤ t, e x
e, onde x e(τ ) = ψ(0), τ ≥ t.
n
Pelo Teorema 3.12, existe uma única solução y : [t−r, v] → R da EDF em medida (4.7)
que satisfaz yt = ψ. E, pelo Teorema 3.11, podemos encontrar uma solução x : [t, v] →
G− ([t, v], Rn ) da EDOG (4.1), com condição inicial x(t) = x
e. Então x(t)(t+θ) = y(t+θ)
para todo θ ∈ [−r, 0] e, portanto, (x(t))t = yt . Neste caso, escrevemos yt+η = yt+η (t, ψ)
para todo η ≥ 0. Então, para U : [t0 , +∞) × G− ([−r, 0], Rn ) → R, definimos
Por outro lado, dado t ≥ t0 , se xe ∈ G− ([t − r, +∞), Rn ) for tal que x e(τ ) = ψ(τ − t),
t−r ≤ τ ≤ t, e x e(τ ) = ψ(0), τ ≥ t, então existirá, pelo Teorema 1.6, uma única solução
x : [t, v] → G− ([t, v], Rn ) da EDOG (4.1) tal que x(t) = x e, com [t, v] ⊂ [t0 , +∞). Pelo
Teorema 3.11, podemos encontrar uma solução y : [t − r, v] → Rn de (4.7) que satisfaz
yt = ψ e é descrita em termos de x. Neste caso, escrevemos xψ (t) em lugar de x(t)
e temos yt (t, ψ) = (xψ (t))t = ψ. Consequentemente, (t, xψ (t)) 7→ (t, yt (t, ψ)) é uma
aplicação biunı́voca e podemos definir uma função V : [t0 , +∞) × O → R por
Portanto
kyt (t, ψ)k = kyt k = sup |y(t + θ)| = sup |y(τ )| = sup |xψ (t)(τ )|
−r≤θ≤0 t−r≤τ ≤t t−r≤τ ≤t
(i) U (·, ψ) : [t0 , +∞) → R é contı́nua à esquerda em (t0 , +∞), para qualquer ψ ∈
G− ([−r, 0], Rn );
U (t, ψ) ≥ b(kψk),
(iii) A desigualdade
D+ U (t, ψ) ≤ 0
e
B ρ = {x ∈ O; kxk ≤ ρ},
Teorema 4.8. Considere a equação diferencial funcional em medida (4.7). Suponha
que U : [t0 , +∞) × E ρ → R seja um funcional de Lyapunov para a equação (4.7).
Suponha, ainda, que para cada ψ ∈ E ρ ,
Seja V : [t0 , +∞)×B ρ → R dado por (4.8). Como visto acima, V é um funcional de
Lyapunov para a EDOG (4.1). Note que a condição (4.10) implica que a condição (i)
do Teorema 4.5 é válida. De fato, se denotarmos y(t) = y(t; γ, φ) uma solução qualquer
de (4.7) e definirmos
(
y (τ ) , γ − r ≤ τ ≤ t,
x (t) (τ ) = (4.11)
y (t) , τ ≥ t,
então, pelo Teorema 3.11, x(t) será uma solução da EDOG (4.1), satisfazendo a
condição inicial x(γ) = x
e, com
(
φ (τ − γ) , γ − r ≤ τ ≤ γ,
x
e (τ ) = (4.12)
φ(0), τ ≥ γ.
4.2 Estabilidade de Lyapunov para EDFs em medida via EDOGs 67
Logo,
então
ky t (γ, φ)k < ε, t ∈ [γ, v]. (4.14)
Como
kx(γ)k = sup |e
x(τ )| = kφk < δ (4.15)
γ−r≤τ <+∞
e x ≡ 0 é uniformemente estável, então kx(t)k < ε, para todo t ∈ [γ, v]. Logo (4.11)
implica que, para qualquer t ∈ [γ, v],
= kx(v)k < ε.
Como,
kyt k = kxψ (t)k,
obtemos
então
kx(t)k < ε, t ∈ [γ, v] ∩ [γ + T, +∞), γ ≥ t0 . (4.19)
Mas este fato segue como na demonstração do Teorema 4.8. Por (4.20), é possı́vel obter
(4.18), como feito no Teorema 4.8. Assim, (4.21) segue, já que temos (4.16), como no
Teorema 4.8 e (4.19).
4.2 Estabilidade de Lyapunov para EDFs em medida via EDOGs 69
e
U (t+, y(t+)) = lim+ U (s, y(s)), t ∈ [t0 − r, +∞),
s→t
existam, com a igualdade U (t−, y(t−)) = U (t, y(t)) satisfeita, para y ∈ G− ([t0 −
r, +∞), Rn ). Além disso, suponha que U satisfaça as seguintes condições:
(i) u é contı́nua;
que os limites
e
U (t+, y(t+)) = lim+ U (s, y(s)), t ∈ [t0 − r, +∞),
s→t
existam, com U (t−, y(t−)) = U (t, y(t)), para y ∈ G− ([t0 − r, +∞), Rn ). Suponha que
as condições (i) e (ii) do Teorema 4.10 estejam satisfeitas e que exista uma função
d : R+ → R+ de classe Hahn tal que para toda solução y de (4.7), tenhamos
onde s ≥ t0 , com d(t) ≥ b(t), para todo t ≥ 0. Suponha, ainda, que exista uma função
Λ : R+ → R+ que satisfaça Λ(0) = 0 e Λ(x) > 0, se x 6= 0, e que exista uma função
contı́nua e não decrescente p(s) > s para s > 0 tal que
para θ ∈ [−r, 0], t ∈ [t0 , +∞) e ψ ∈ G− ([−r, 0], Rn ). Então a solução trivial y ≡ 0
de (4.7) será uniformemente assintoticamente estável. Se, além disso, a função b do
teorema anterior satisfizer b(s) → ∞ quando s → ∞, então a solução x = 0 será um
atrator global para a equação diferencial funcional em medida (4.7).
A demonstração deste teorema é análoga àquela feita em [4], Teorema 4.9. Esta de-
monstração segue algumas ideias da demonstração feita em [17], Teorema 5.4.2. Nesta
demonstração podemos observar que o fato de b(s) → ∞ quando s → ∞ implica
que podemos fixar um δ arbitrário e determinar um H tal que d(δ) = b(H) e, como
demonstrado no Teorema 5.4.2 de [17], este fato e a estabilidade assintótica uniforme
da solução nula, implicam que x = 0 é um atrator global.
Consideramos que as hipóteses sobre a equação (4.1) são as mesmas que foram
descritas no inı́cio deste capı́tulo e que as hipóteses sobre a equação (4.7) são as mesmas
da Seção 2 deste capı́tulo.
Apresentaremos primeiramente os resultados de estabilidade para EDOGs e, uti-
lizando o Teorema 3.11, obteremos os resultados de estabilidade para equações em
medida.
Todas as definições que serão utilizadas nesta seção, tais como estabilidade regular,
atratividade regular, estabilidade assintótica regular e funcionais de Lyapunov, foram
apresentadas anteriormente no Capı́tulo 3 e nas Seções 1 e 2 do Capı́tulo 4.
Antes do primeiro lema desta seção, precisamos de dois resultados auxiliares que
serão enunciados aqui. O primeiro deles é o conhecido Lema de Saks-Henstock. Uma
demonstração dele pode ser encontrada em [25], Lema 1.13, para X = Rn . A demons-
tração para X sendo um espaço de Banach arbitrário é análoga.
Lema 4.14. Seja U : [a, b] × [a, b] → X Kurzweil integrável sobre [a, b]. Dado ε > 0,
seja δ um calibre em [a, b] tal que
Xk Z b
[U (τj , sj ) − U (τj , sj−1 )] − DU (τ, t)
< ε (4.24)
j=1 a
para toda divisão marcada δ-fina d = {(τj , [sj−1 , sj ]), j = 1, 2, . . . , k} de [a, b]. Se
a ≤ β1 ≤ ξ1 ≤ γ1 ≤ β2 ≤ ξ2 ≤ γ2 ≤ . . . ≤ βm ≤ ξm ≤ γm ≤ b
representar uma divisão parcial marcada δ-fina {(ξj , [βj , γj ]), j = 1, 2, . . . , m} de [a, b],
isto é,
ξj ∈ [βj , γj ] ⊂ (ξj − δ(ξj ), ξj + δ(ξj )), j = 1, 2, . . . , m,
então teremos
" #
Xm Z γj
U (ξj , βj ) − U (ξj , γj ) − DU (τ, t)
< ε. (4.25)
j=1 βj
Corolário 4.15. Seja U : [a, b] × [a, b] → X Kurzweil integrável sobre [a, b]. Dado
ε > 0, seja δ um calibre em [a, b]. Seja [γ, v] um subintervalo fechado de [a, b]. Então,
4.3 Outros resultados de estabilidade 73
Lema 4.16. Seja G ∈ F(Ω, h). Suponha que V : [t0 , +∞) × X → R seja tal que
V (·, x) : [t0 , +∞) → R é contı́nua à esquerda em (t0 , +∞) para x ∈ X e satisfaça
onde K é uma constante positiva. Além disso, suponha que exista uma função Φ :
X → R tal que para toda solução x : [a, b] → X, [a, b] ⊂ [t0 , +∞), de (4.1), tenhamos
e
Z σ+η
G(x(σ), σ + η) − G(x(σ), σ) −
η
< 2K .
DG(x(τ ), t)
(4.31)
σ
Note que
σ+η
Z
D[G(x(τ ), t) − G(x(τ ), t)]
σ
Como
uma vez que x(σ) = x(σ) e vale (1.4), segue por (4.30) e (4.31) que
σ+η
Z
η
D[G(x(τ ), t) − G(x(τ ), t)]
≤ K. (4.32)
σ
Como x é regrada em [γ, v], segue da Proposição 1.5 que P também é regrada em [γ, v].
Então, temos
Z σ+η Z σ
P (σ + η) − P (σ) = x(σ + η) − x(σ) − DG(x(τ ), t) + DG(x(τ ), t)
γ γ
Z σ+η
= x(σ + η) − x(σ) − DG(x(τ ), t).
σ
Agora, definimos
f (t) = KkP (t) − P (σ)k + εt + M t.
76 Capı́tulo 4 — Estabilidade de Lyapunov
Note que
O próximo resultado nos dá condições sob as quais a solução nula de (4.1) é regu-
larmente estável.
Demonstração: Seja x : [γ, v] → X uma função regrada em [γ, v] ⊂ [t0 , +∞). Pela
condição (iii) da Definição 4.4 e pelo Lema 4.16, temos
Z s
V (t, x(t)) ≤ V (γ, x(γ)) + K sup
x(s) − x(γ) − DG(x(τ ), t)
,
(4.36)
s∈[γ,t] γ
Sejam ε > 0 e b(ε) > 0. Seja δ(ε) > 0 tal que 2Kδ(ε) < b(ε). Se
Z s
sup
x(s) − x(γ) − DG(x(τ ), t)
< δ(ε),
s∈[γ,t] γ
então
Z s
V (t, x(t)) ≤ V (γ, x(γ)) + +K sup
x(s) − x(γ) −
DG(x(τ ), t)
s∈[γ,t] γ
δ(ε) δ(ε)
≤ |V (γ, x(γ))| + K +K
2 2
≤ Kkx(γ)k + Kδ(ε) ≤ 2Kδ(ε) < b(ε), t ∈ [γ, v]. (4.38)
Por outro lado, suponha que exista u ∈ [γ, v] tal que kx(u)k ≥ ε. Então, por (4.37),
temos
V (u, x(u)) ≥ b(kx(u)k) ≥ b(ε),
o que contradiz (4.38). Logo kx(t)k < ε para t ∈ [γ, v] e o resultado segue.
O próximo teorema mostra que, com uma condição a mais sob o funcional de
Lyapunov, a solução nula da EDOG (4.1) é regularmente assintoticamente estável.
Teorema 4.18. Seja V : [t0 , +∞) × Bρ → R um funcional de Lyapunov, onde Bρ =
{y ∈ X : kyk ≤ ρ}, 0 < ρ < c. Suponha que V satisfaça a condições (i) e (ii) do
Teorema 4.17. Além disso, suponha que exista uma função contı́nua Φ : X → R,
satisfazendo Φ(0) = 0 e Φ(x) > 0 para x 6= 0, tal que para toda solução x : [γ, v] → Bρ
de (4.1), com [γ, v] ⊂ [t0 , +∞), tenhamos
(I) Existe δe ∈ (0, ρ) tal que se x : [γ, v] → Bc , [γ, v] ⊂ [t0 , +∞), é uma função
regrada em [γ, v], tal que
δe
kx(γ)k <
2
e
Z s
sup
x(s) − x(γ) −
DG(x(τ ), t)
< δ,
e
s∈[γ,v] γ
então
kx(t)k < ρ, t ∈ [γ, v].
(II) Para todo ε > 0, existe δ = δ(ε) > 0, δ < ε tal que, se x : [γ, v] → Bc ,
[γ, v] ⊂ [t0 , +∞), é uma função regrada em [γ, v], tal que
kx(γ)k < δ
e
Z s
sup
x(s) − x(γ) −
DG(x(τ ), t)
< δ,
s∈[γ,v] γ
então
kx(t)k < ε, t ∈ [γ, v].
Seja
Defina
δ0 + δ(ε)
T (ε) := min v − γ, −K > 0. (4.40)
N
Suponha que x : [γ, v] → Bc , [γ, v] ⊂ [t0 , +∞), seja uma função regrada em [γ, v], tal
que
δe
kx(γ)k < (4.41)
2
e
Z s
x(s) − x(γ) −
sup
DG(x(τ ), t)
< δ(ε). (4.42)
s∈[γ,v] γ
4.3 Outros resultados de estabilidade 79
Afirmamos que existe t∗ ∈ [γ, γ +T (ε)] tal que kx(t∗ )k < δ(ε). Suponha o contrário,
ou seja, kx(s)k ≥ λ(ε), para qualquer s ∈ [γ, γ +T (ε)]. Pelo Lema 4.16, pelas condições
(i) e (ii) do Teorema 4.17, (4.42), (4.40) e (4.41), obtemos
Z s
V (γ + T (ε), x(γ + T (ε))) ≤ V (γ, x(γ)) + K sup
x(s) − x(γ) −
DG(x(τ ), t)
s∈[γ,γ+T (ε)] γ
!
δe δe + δ(ε)
+ N T (ε) < K δ(ε) + K + N −K
2 N
!
δe δe + δ(ε)
≤ Kkx(γ)k + Kδ(ε) + K + N −K2
2 N
δe
= K − K δe < K δe − K δe = 0.
2
Assim,
V (γ + T (ε), x(γ + T (ε))) ≥ b (kx(γ + T (ε))k) ≥ b(λ(ε)) > 0.
o que contradiz (4.3). Então segue nossa afirmação. Portanto, kx(t)k < ε para t ∈
[t∗ , v], já que (II) vale para γ = t∗ e v = v. Também, kx(t)k < ε para t > γ + T (ε),
já que t∗ ∈ [γ, γ + T (ε)] e, portanto, a solução x ≡ 0 da equação (4.1) é regularmente
atratora e o resultado segue.
Os teoremas que virão a seguir são similares aos Teoremas 4.8 e 4.9. Porém, note
que aqui precisamos de mais hipóteses, especificamente, a hipótese de que o funcional
de Lyapunov satisfaça uma condição do tipo lipschitz na segunda variável. Faremos
as demonstrações destes teoremas já que eles são generalizações para o caso de uma
EDF em medida dos Teoremas 4.6 e 4.7 de [4]. Antes de demonstrar tais teoremas
precisamos de um lema.
Lema 4.19. Considere a equação diferencial funcional em medida (4.7). Suponha que
a função U : [t0 , +∞) × E ρ → R satisfaça as seguintes condições:
80 Capı́tulo 4 — Estabilidade de Lyapunov
Então a função V : [t0 , +∞) × B ρ → R definida por (4.8) satisfaz V (t, 0) = 0 para
todo t ∈ [t0 , +∞), e
|V (t, z) − V (t, z)| ≤ Kkz − zk,
para t ≥ t0 e z, z ∈ B ρ .
Uma demonstração deste lema para o caso de uma EDFR pode ser encontrado em
[4], Lema 4.4. A demonstração para o caso de uma EDF em medida é análoga.
e
|V (t, z) − V (t, z̄) ≤ Kkz − z̄k, t ∈ [t0 , +∞), z, z̄ ∈ B ρ .
4.3 Outros resultados de estabilidade 81
então
kx(t)k < ε, t ∈ [γ, v]. (4.43)
Pelo Teorema 3.11, x é uma solução em [t0 , +∞) da EDOG (4.1) satisfazendo a
condição inicial x(t0 ) = x
e, com
(
φ (τ − t0 ) , t0 − r ≤ τ ≤ t0 ,
x
e (τ ) = (4.47)
φ(0), τ ≥ t0 .
kx(t0 )k = sup |e
x(τ )| = kφk < δ. (4.48)
t0 −r≤τ <+∞
Portanto, (4.43) vale, ou seja, kx(t)k < ε para todo t ∈ [t0 , v]. Logo (4.46) implica
que, para qualquer t ∈ [t0 , v],
= kx(v)k < ε.
Também temos
kyt k = kxψ (t)k.
Portanto,
e
Z s
sup
x(s) − x(γ) − DG(x(τ ), t)
< ρ,
(4.53)
s∈[γ,v] γ
então
kx(t)k < ε, t ∈ [γ, v] ∩ [γ + T, +∞), γ ≥ t0 . (4.54)
Mas isto segue como na demonstração do Teorema 4.20. Por (4.55), obtemos (4.52)
como em (4.48). Também, como no Teorema 4.20, temos (4.49) e, portanto, segue
(4.53). Finalmente segue (4.56), já que temos (4.50), como no Teorema 4.20 e (4.54).
Índice Remissivo
87
88 Referências Bibliográficas
[9] M. Federson, J.G. Mesquita, A. Slavik, Basic results for functional differential
and dynamic equations involving impulses, submetido para publicação. (Citado na
página xiv.)
[12] M. Federson, Š. Schwabik, Generalized ODEs approach to impulsive retarded func-
tional differential equations, Differential and Integral Equations., 19(11), (2006),
1201-1234. (Citado nas páginas xii, 2, 5, 7 e 24.)
[19] C. S. Hönig, Volterra Stieltjes Integral Equations, North Holland Publ. Comp.,
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[21] C. Imaz and Z. Vorel, Generalized ordinary differential equations in Banach spaces
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(Citado na página xii.)
[24] F. Oliva and Z. Vorel, Functional equations and generalized ordinary differential
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[25] Š. Schwabik, Generalized Ordinary Differential Equations, World Scientific, Series
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[26] Š. Schwabik, Variational stability for generalized ordinary differential equations,
Časopis Pěst. Mat. 109(4) (1984), 389-420. (Não citado.)
[27] Š. Schwabik, Abstract Perron-Stieltjes integral, Math. Bohem., 121 (1996), 425-
447. (Citado na página 2.)