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Computação Cientı́fica
Florianópolis
Agosto de 2008
Universidade Federal de Santa Catarina
Computação Cientı́fica
ii
Agradecimentos
In this work we study, using semigroups theory, the existence and unique-
ness of solutions for the initial boundary value problem associated with the viscoelas-
tic equation with a dissipative term on a bounded interval of R. We also study the
same problem for the wave equation with a locally distributed damping and the linear
one-dimensional thermoelastic system. Finally, we consider the two-dimensional wave
equation in a bounded rectangular domain. Using the Gearhart theorem one obtain
the exponential stability for these models.
Sumário
Introdução 2
1 Resultados preliminares 4
1.1 Análise funcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Espaços de Sobolev . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2 Teoria de semigrupos 9
2.1 Propriedades dos semigrupos de classe C0 . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.2 Caracterização dos geradores infinitesimais de semigrupos de classe C0 . 18
4 Aplicações 30
4.1 Sistema linear viscoelástico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.1.1 Existência e unicidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.1.2 Estabilidade exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
4.2 Equação da onda unidimensional com dissipação localmente distribuı́da 38
4.2.1 Existência e unicidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.2.2 Estabilidade exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.3 Sistema linear termoelástico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.3.1 Existência e unicidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.3.2 Estabilidade exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.4 Equação da onda bidimensional com dissipação localmente distribuı́da . 63
vi
4.4.1 Existência e unicidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.4.2 Estabilidade exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Referências Bibliográficas 75
1
Introdução
3
Capı́tulo 1
Resultados preliminares
4
No próximo capı́tulo, para iniciarmos o estudo das propriedades dos semi-
grupos de classe C0 em um espaço de Banach X, precisaremos do seguinte teorema:
Notação 1. Denotamos por ρ(A) o conjunto resolvente e por R(λ, A) = (λI − A)−1 o
operador resolvente de A.
é o raio espectral de A.
1
rσ (A) = lim kAk k k .
k→∞
5
A demonstração pode ser encontrada em Rivera [7], pg. 107.
ii) Uma forma bilinear a(·, ·) : H × H → R é dita coerciva se existe k > 0 tal que
Ax − λx = y (1.1)
Ax − λx = 0
admite apenas a solução trivial x = 0. Neste caso, a solução da equação (1.1) é única
e A − λI tem inversa limitada.
6
1.2 Espaços de Sobolev
é um espaço de Hilbert.
7
Teorema 8 (Regularidade Elı́ptica). Seja L um operador diferencial elı́ptico de ordem
0 0
2m, m ∈ N, definido em um aberto regular Ω ⊂ Rn e u ∈ D (Ω), sendo D (Ω) o
espaço das distribuições. Seja u solução de Lu=f, no sentido distribucional, com f ∈
L2 (Ω).Então, u ∈ H 2m .
8
Capı́tulo 2
Teoria de semigrupos
9
2.1 Propriedades dos semigrupos de classe C0
Demonstração:
Afirmação: Existem δ > 0 e M ≥ 1, tal que kS(t)k ≤ M , para todo t ∈ [0, δ]. Se isso
não acontecesse, haveria uma seqüência (tn )n∈N , tn → 0+ tal que kS(tn )k ≥ n, para
todo n ∈ N. Então, pelo teorema 1, kS(tn )xk não seria limitado para algum x ∈ X, o
que entraria em contradição com a definição 8.
Além disso, temos que M ≥ 1, pois pela condição a) da definição de
semigrupo de classe C0 , kS(0)k = 1.
Seja t ∈ [0, T ]. Então, para algum inteiro não negativo n e algum r ∈ R,
com 0 ≤ r < δ temos que t = nδ + r. Logo,
Demonstração:
Consideremos t ≥ 0. Para cada x ∈ X e h > 0, segue que
kS(t − h)x − S(t)xk = kS(t − h)[I − S(h)]xk ≤ kS(t − h)k k[I − S(h)]xk → 0
10
quando h → 0+ .
Assim, lim S(s)x = S(t)x, para todo x ∈ X.
s→t
Demonstração:
p(t)
Defina w0 = inf , sendo −∞ ≤ w0 < ∞. A demonstração será dividida em dois
t>0 t
casos.
Caso 1: w0 > −∞.
p(T )
≤ w0 + .
Seja > 0. Da definição de ı́nfimo, existe T > 0 tal que
T
Sejam t > T , n ∈ N e r real com 0 ≤ r < T tal que t = nT + r.
Considerando que p é subaditiva, resulta da definição de w0 que
p(t)
w0 ≤ lim sup ≤ w0 +
t→∞ t
11
Como é arbitrário, está provado (2.1) para w0 > −∞.
Caso 2: w0 = −∞.
p(T )
Para cada real w existe T > 0 tal que ≤ w. De maneira análoga
T
p(t)
ao caso anterior, obtém-se lim sup ≤ w.
t→∞ t
Como w é arbitrário, segue que
p(t)
lim = −∞.
t→∞ t
Demonstração:
A função log kS(t)k é subaditiva. De fato,
12
Do fato que kS(t)k ≤ M0 , para todo t ∈ [0, t0 ] e kS(0)k = 1, concluimos
que M0 ≥ 1. Agora, considerando w ≥ 0 em (2.4), obtemos
S(h) − I
Definição 10. Seja X um espaço de Banach e seja D(A) = {x ∈ X : lim x existe}.
h→0 h
S(h) − I
O operador A : D(A) ⊂ X → X definido por Ax = lim x é o gerador infini-
h→0 h
tesimal do semigrupo {S(t)}t≥0 .
Notação 3. Denotamos por Ah , com h > 0, o operador linear limitado dado por
S(h) − I
.
h
13
A próxima proposição é muito importante no estudo dos semigrupos de
classe C0 . Ela trata da diferenciabilidade de um semigrupo associado a seu gerador
infinitesimal.
d
S(t)x ∈ D(A) para todo t ≥ 0 e S(t)x = AS(t)x = S(t)Ax;
dt
iv) Se x ∈ X, então
Z t Z t
S(τ )xdτ ∈ D(A) e S(t)x − x = A S(τ )xdτ.
0 0
Demonstração:
(i):
Seja {S(t)}t≥0 semigrupo de classe C0 e A seu gerador. Para t > 0 e
h > 0, vale a identidade
Assim, para x ∈ D(A), o termo S(t)Ah x tem um limite quando h → 0, isto é,
S(h) − I
S(t) x = S(t)Ah x → S(t)Ax,
h
d+
S(t)x = AS(t)x = S(t)Ax. (2.5)
dt
14
Também para 0 < h < t e x ∈ D(A) segue que
S(t − h) − S(t)
x = S(t − h)Ah x
−h
= S(t − h)(Ah x − Ax) + S(t − h)Ax → S(t)Ax
d−
S(t)x = S(t)Ax. (2.6)
dt
d
S(t)x = AS(t)x = S(t)Ax.
dt
(ii):
Consideremos x ∈ D(A) e t, s números positivos. Integrando
d
S(t)x = AS(t)x = S(t)Ax
dt
de s a t, obtemos
Z t Z t
S(t)x − S(s)x = AS(τ )xdτ = S(τ )Axdτ.
s s
(iii):
Pelo corolário 1, lim S(τ )x = S(t)x, para todo x ∈ X e t ≥ 0. Isto
τ →t
é, dado > 0, existe δ > 0 tal que para |τ − t| < δ resulta kS(τ )x − S(t)xk < .
Conseqüentemente, para x ∈ X e 0 < |h| ≤ δ resulta
Z t+h Z t+h
1 1
(S(τ )x − S(t)x)dτ ≤ kS(τ )x − S(t)xk dτ < .
h t h t
(iv):
15
Agora para x ∈ X e h > 0, obtemos
t
S(h) − I t
Z Z
Ah S(τ )xd(τ ) = S(τ )xdτ
0 h 0
1 t 1 t
Z Z
= S(h + τ )xdτ − S(τ )xdτ
h 0 h 0
1 t+h 1 h
Z Z
= S(τ )xdτ − S(τ )xdτ.
h t h 0
Demonstração:
(i):
Seja {S(t)}t≥0 um semigrupo de classe C0 e seja A seu gerador infinitesi-
1 h
Z
mal. Para cada x ∈ X e h > 0, considere xh = S(t)xdt. Portanto, da proposição
h 0
3, resulta que xh ∈ D(A) e, como xh → x quando h → 0, temos que x ∈ D(A). Logo,
D(A) é denso em X.
Agora, provaremos que A é fechado.
Seja (xn )n∈N uma seqüência no domı́nio de A tal que xn → x e Axn → y
quando n → ∞. Da proposição 3, segue que
Z h
S(h)xn − xn = S(t)Axn dt. (2.7)
0
E, pela proposição 1, existe M > 0 tal que kS(t)k ≤ M, para todo t ∈ [0, h]. Logo,
16
Como Axn → y quando n → ∞, concluı́mos que S(t)Axn → S(t)y uniformemente em
[0, h]. Assim, passando limite quando n → ∞ em (2.7), segue que
Z h
S(h)x − x = S(t)ydt.
0
Portanto,
S(h)x − x 1 h
Z
= S(t)ydt → y
h h 0
S(h) − I
quando h → 0. Daı́, concluı́mos que lim x existe. Assim, x ∈ D(A) e Ax = y.
h→0 h
Portanto, A é um operador fechado.
(ii):
Suponhamos que {S1 (t)}t≥0 e {S2 (t)}t≥0 possuem o mesmo gerador in-
finitesimal A. Se 0 ≤ s ≤ t < ∞, para cada x ∈ D(A), a função
para todo x ∈ D(A). Como D(A) é denso em X e S1 (t) e S2 (t) são operadores contı́nuos
de X, segue que
S1 (t)x = S2 (t)x, para todo x ∈ X,
17
para U0 ∈ D(A). Além disso,
semigrupos de classe C0
18
A seja fechado, seu domı́nio seja denso e exista um número real w, tal que se λ > w,
então
1
λ ∈ ρ(A) e kR(λ, A)k ≤ .
λ−w
Demonstração:
1
Como kR(λ, A)n k ≤ kR(λ, A)kn ≤ , então o operador A satisfaz as condições
(λ − w)n
do teorema 9 com M = 1.
Pelo Teorema de Hahn-Banach (Brezis [6], pg. 03), J(x) 6= ∅ para todo x ∈ X.
Uma aplicação dualidade é uma aplicação j : X → X 0 tal que j(x) ∈
J(x), para todo x ∈ X. Pela definição de j, kj(x)k = kxk.
19
Teorema 10 (Lumer-Phillips). Seja X um espaço de Banach e A : D(A) ⊂ X → X
um operador linear com domı́nio denso em X.
(i) Se A ∈ G(1, 0), então A é dissipativo e R(λ − A) = X, para todo λ > 0;
(ii) Se A é dissipativo e existe λ0 > 0 tal que R(λ0 I − A) = X, então A ∈ G(1, 0).
Demonstração:
Por hipótese, 0 ∈ ρ(A), então A é inversı́vel e seu inverso é limitado e tem domı́nio
denso em H. Portanto, o operador
λI − A = A(λA−1 − I) (2.8)
é inversı́vel para 0 < λ < kA−1 k. Agora, utilizando o teorema 10 concluı́mos que A é
um gerador de um semigrupo de contrações de classe C0 .
20
Capı́tulo 3
Estabilidade exponencial de
semigrupos
e
lim sup k(iβI − A)−1 k < ∞. (3.2)
|β|→∞
21
A demonstração completa desse teorema não será feita neste trabalho.
De fato, nas aplicações necessitamos somente justificar que as condições (3.1) e (3.2)
são suficientes para a estabilidade exponencial do semigrupo {S(t)}t≥0 . Para provar
essa suficiência, precisamos dos resultados a seguir. Mas, antes precisamos da seguinte
definição:
ln kS(t)k ln kS(t)k
w0 (A) = lim = inf .
t→∞ t t>0 t
De fato,
ln keAts k ln keAts k
w0 (sA) = lim = s lim = sw0 (A).
t→∞ t t→∞ ts
Demonstração:
Da definição do tipo de semigrupo e propriedade da função logarı́tmica, vemos que
ln keAst k 1
w0 (tA) = lim = lim ln keAst k s .
s→∞ s s→∞
1 1 1
Como rσ (S(t)) = lim kS(t)n k n = lim kS(tn)k n = lim keAtn k n , então
n→∞ n→∞ n→∞
pela Observação 4 .
22
possui uma única solução periódica, de perı́odo 1, se, e somente se 1 ∈ ρ(eA ), o resol-
vente de eA = S(1).
Demonstração:
Primeiramente, provamos que a equação (3.3) possui uma única solução periódica se
1 está no resolvente do operador eA . Suponhamos então que u(t) é uma solução da
equação acima. Então, vale que
d −At
e u(t) = e−At f (t).
dt
Assim, integrando no tempo, vemos que a equação (3.3) possui uma solução que pode
ser escrita como
Z t
At
u(t) = e u(0) + eA(t−s) f (s)ds (3.4)
0
com u(0) ∈ X. Para que essa solução seja periódica, isto é, u(1)=u(0), devemos ter
Z 1
A
u(0) − e u(0) = eA(1−s) f (s)ds.
0
Portanto, provamos que se 1 ∈ ρ(eA ) então a função dada por (3.4), com
u(0) dado pela expressão acima, é uma solução periódica da equação (3.3).
A seguir, mostramos a unicidade.
Sejam u1 (t) e u2 (t) soluções da equação (3.3), então
23
e
u02 (t) = Au2 (t) + f (t).
sendo u = u(t) a única solução de 3.3, que existe por hipótese. Notamos que o operador
K é fechado. De fato, seja fn ∈ C([0, 1], X) tal que
fn → f e Kfn = un → u,
24
Portanto, u é solução da equação 3.3. Como un (0) = un (1), para todo n ∈ N, segue da
convergência uniforme que u(0) = u(1). Daı́, concluimos que u é uma solução periódica
da equação 3.3. Além disso, da unicidade da solução, decorre que Kf=u. Logo, K é
um operador fechado e, pelo teorema do gráfico fechado, K é um operador contı́nuo.
Considerando f (t) = eAt x, definimos o operador contı́nuo
S: X → X
x → Sx = Kf (0) = u(0)
onde u é, por hipótese, a única solução periódica associada a essa função f .
Sendo u periódica, temos que
Z 1 Z 1
A A(1−s) A
u(0) = u(1) = e u(0) + e f (s)ds = e u(0) + eA(1−s) eAs xds.
0 0
(I − eA )(Sx + x) = (I − eA )Sx + (I − eA )x
Z 1
= eA(1−s) eAs xds + x − eA x
0
= e x + x − eA x
A
=x
Demonstração:
Seja 1 ∈ ρ(eA ). Como
Z 1 Z 1
(A−2kπiI) d (A−2kπiI)s
e x−x= e xds = (A − 2kπiI)e(A−2kπiI)s xds
0 ds 0
25
e
e(A−2kπiI) = eA ,
obtemos que
Z 1
A
e x−x= (A − 2kπiI)e(A−2kπiI)s xds.
0
= (A − 2kπiI)Bx
R1
sendo Bx = (eA − I)−1 0
e(A−2kπiI)s xds, pois os operadores (eA − I)−1 e (A − 2kπiI)
comutam;
2.
Z 1
A −1
x = (e − I) (A − 2kπiI)e(A−2kπiI)s xds
Z0 1
= (eA − I)−1 e(A−2kπiI)s (A − 2kπiI)xds
0
= B(A − 2kπiI)x.
2kπi ∈ ρ(A)
e
sup k(2kπiI − A)−1 k ≤ M.
k∈Z
Reciprocamente, mostramos que a equação (3.3) possui uma única solucão periódica,
para então, aplicarmos o teorema 12.
26
Primeiramente, mostramos que se existe uma solução ela é única. Seja u
uma solução da equação 3.3. Denotando
Z 1
uk = u(s)e−2kπis ds
0
e
Z 1
fk = f (s)e−2kπis ds,
0
obtemos uk = (2kπi − A)−1 fk . Usando séries de Fourier, segue que a solução deve ser
única. Agora, mostramos que existe uma solução periódica. Definindo
N
X
uN (t) = uk e2kπit
k=−N
e
N
X
FN (t) = fk e2kπit
k=−N
verificamos que
d
uN = AuN + FN .
dt
Isso implica que
Z t
At
uN (t) = e uN (0) + e(t−s)A FN (s)ds. (3.6)
0
E, como
Z 1 Z 1 Z t
A (1−t)A (1−t)A
e uN (0) = e uN (t)dt − e e(t−s)A FN (s)dsdt,
0 0 0
então
uN (0) = (1 − eA )uN (0) + eA uN (0) → u0 ,
27
pois uN (0) é igual a soma de sequências convergentes. Finalmente, aplicando o limite
em 3.6, encontramos que
Z t
At
u(t) = e u0 + e(t−s)A f (s)ds.
0
Como u é uma solução periódica da equação (3.3), pelo teorema 12, concluimos que
1 ∈ ρ(eA ).
Demonstração:
Suponhamos que eλt ∈ ρ(eAt ). Isso implica que 1 ∈ ρ(e(A−λ)t ). Logo, pelo teorema
anterior, 2kπi ∈ ρ((A − λ)t) para todo k ∈ Z e sup k(2kπiI − (A − λ)t)−1 k < ∞.
k∈Z
2kπi
Como 2kπi ∈ ρ((A − λ)t) para todo k ∈ Z, então λ + ∈ ρ(A). Além disso, como
t
2kπi
sup k(2kπiI − (A − λ)t)−1 k < ∞, então k[(λ + )I − A]−1 k < ∞ para todo k ∈ Z.
k∈Z t
2kπi
Reciprocamente, do fato que λ + ∈ ρ(A), segue que 2kπi ∈ ρ((A − λ)t) e, como
t
−1
k (λ + 2kπi k < ∞ para todo k ∈ Z, temos que k(2kπI − (A − λ))−1 k <
t
)I − A
∞, para todo k ∈ Z. Assim, pelo teorema anterior, 1 ∈ ρ(e(A−λ)t ). Logo, I − e(A−λ)t é
inversı́vel e seu inverso é limitado. Portanto, eλt ∈ ρ(eAt ).
1
Lµ ⊂ ρ(A) e sup k(λI − A)−1 k < ∞.
t λ∈ 1 Lµt
28
Demonstração:
Consideramos a seguinte expressão:
S(t) S(t)2
−1 −1 −1
−1 −1
(λI − S(t)) =λ I − λ S(t) =λ I+ + 2 + ... .
λ λ
Assim, se kS(t)k < |λ|, então λ ∈ ρ(S(t)). Logo, λ ∈ σ(S(t)) implica que |λ| ≤ kS(t)k.
Como {S(t)}t≥0 é um semigrupo de contrações, kS(t)k ≤ 1, logo,
2πni 2πni
{ ; n ∈ N} ⊂ ρ(A) e sup k( I − A)−1 k ≤ M.
t n∈N t
ou seja,
1
rσ (eAt ) = lim keAts k s < 1.
s→∞
Assim, como rσ (eAt ) = etw0 (A) , obtemos que tw0 (A) < 0. Isso implica que
ln keAz k
lim < 0,
z→∞ z
29
Capı́tulo 4
Aplicações
30
4.1.1 Existência e unicidade
é um espaço de Hilbert.
Considerando v = ut , reescrevemos a primeira equação de (4.1) na forma
de um sistema de primeira ordem no tempo dado por
ut − v = 0
v − au − γv = 0.
t xx xx
Agora, definindo
u v
U = e AU = ,
v auxx + γvxx
podemos escrever o modelo (4.1) da seguinte forma:
U = AU
t
u0
U (0) = .
u1
Demonstração:
Para provarmos este resultado, mostramos que A é dissipativo e que 0 ∈ ρ(A), para
então, aplicarmos o Corolário 4.
i) A dissipativo:
31
Seja U ∈ D(A). Usando as condições de contorno, resulta que
v u
(AU, U )H = ,
auxx + γvxx v
H
ou seja,
v = f ∈ H 1 (0, l)
0
(au + γv ) = g ∈ L2 (0, l).
x x x
Resolvendo o sistema acima, isto é, substituindo a primeira equação na segunda, vemos
que u deve satisfazer
a (ux )x = g − γfxx ∈ H −1 (0, l). (4.2)
em que (·, ·) indica o produto interno em L2 (0, l). É claro que B(·, ·) é bilinear. Resta
verificar que B(·, ·) é coerciva e contı́nua.
i) Coercividade de B(·, ·):
32
Seja u ∈ H01 (0, l). Então,
Assim, B(u, u) ≥ akukH01 (0,l) , para todo u ∈ H01 (0, l). Isso implica que B(·, ·) é coerciva.
ii) Continuidade de B(·, ·):
Sejam u e v ∈ H01 (0, l). Então,
|B(u, v)| = |a(ux , vx )| ≤ akux kL2 (0,l) kvx kL2 (0,l) = akukH01 (0,l) kvkH01 (0,l) .
Assim, para u e v ∈ H01 (0, l), |B(u, v)| ≤ akukH01 (0,l) kvkH01 (0,l) . Isso implica que B(·, ·)
é contı́nua. Como γfxx − g ∈ H −1 (0, l), pelo Teorema de Lax-Milgram, existe uma
única u ∈ H01 (0, l), tal que
B(u, v) = (γfxx − g, v),
kU kH ≤ CkF kH .
Como
akuk2H 1 (0,l) = a(ux , ux ) = (γfxx − g, u) = −(γfx , ux ) − (g, u)
0
akuk2H 1 (0,l) ≤ kγfx kL2 (0,l) kux kL2 (0,l) + kgkL2 (0,l) kukL2 (0,l)
0
≤ kγfx kL2 (0,l) + kgkL2 (0,l) kukH01 (0,l) ,
isto é,
akukH01 (0,l) ≤ kγfx kL2 (0,l) + kgkL2 (0,l) (4.4)
33
para todo u ∈ H01 (0, l). Logo, usando 4.4 em 4.3, resulta
2
kU k2H ≤ kγfx kL2 (0,l) + kgkL2 (0,l) + kfx k2L2 (0,l)
≤ C kf k2H 1 (0,l) + kgk2L2 (0,l)
0
= CkF k2H
sendo C uma constante positiva. Isso implica que o operador A−1 é limitado. Portanto,
0 ∈ ρ(A). Logo, segue do Corolário 4 que A é gerador infinitesimal de um semigrupo
de contrações de classe C0 .
com
U ∈ C([0, ∞); D(A)) ∩ C 1 ([0, ∞); H). (4.5)
Conseqüentemente, concluimos que existe uma única função u(x, t) que satisfaz o pro-
blema de valor inicial (4.1).
34
Teorema 15. O semigrupo de contrações de classe C0 , {S(t)}t≥0 , gerado por A, é
exponencialmente estável, isto é, existem constantes positivas M e α tal que
kS(t)k ≤ M e−αt .
iβI − A = A(iβA−1 − I)
é inversı́vel para todo β tal que |β| < kA−1 k−1 . Além disso, a função
k(iβI − A)−1 k
e
sup{k(iβI − A)−1 k; |β| < |w|} = ∞.
Então, existe uma seqüência de números reais {βn }n∈N tal que βn → w e |βn | < w e
uma seqüência vetorial de funções Un ∈ D(A), tal que kUn k = 1 e k(iβn I − A)Un k → 0.
Isto é,
35
Fazendo o produto interno de (iβn I − A)Un com Un em H, resulta que
Assim, como a seqüência (Un )n∈N é limitada e (iβn I − A)Un → 0 em H, segue que
Z l
2
γkvnx kL2 (0,l) = γ|vnx |2 dx → 0,
0
concluimos que
vn → 0 em L2 (0, l). (4.8)
1
Multiplicando (4.6) por , segue que
βn
vn
iun − → 0 em H01 (0, l).
βn
Portanto, de (4.8) e (4.9), segue que kUn kH → 0, o que é uma contradição, pois
kUn kH = 1.
Agora, provaremos que
Suponhamos que (4.10) é falso, então existe uma seqüência de números reais {βn }n∈N
com |βn | → ∞ e uma seqüência vetorial de funções (Vn )n∈N em H tal que
k(iβn − A)−1 Vn k
≥ n, para todo n ∈ N,
kVn k
36
ou seja,
k(iβn − A)−1 Vn k ≥ nkVn k, para todo n ∈ N.
Uma vez que (Vn )n∈N ∈ H e que iβn ∈ ρ(A), existe uma única seqüência (Un )n∈N ∈
D(A), tal que
(iβn − A)Un = Vn , com kUn k = 1.
Assim,
kUn k ≥ nk(iβn − A)Un k, para todo n ∈ N.
quando n → ∞, ou seja,
vn → 0 em L2 (0, l)
e
un → 0 em H01 (0, l),
logo, kUn kH → 0, o que é uma contradição, pois kUn kH = 1. Portanto, pelo Teorema
de Gearhart, concluimos que o semigrupo de contrações de classe C0 , {S(t)}t≥0 , gerado
por A, é exponencialmente estável. Assim, fica provado o decaimento exponencial da
solução do modelo (4.1), pois quando se considera o estudo do decaimento exponencial
da solução de um modelo dissipativo, o problema é estabelecer uma estimativa para a
energia total do sistema, E(t). Essa estimativa para a energia do sistema é obtida da
estabilidade exponencial
37
do semigrupo dissipativo, {S(t)}t≥0 , gerado por A. De fato, temos que a energia do
sistema é
Z l
1 2
aux + u2t dx
E(t) =
2 0
2
1 u
=
2 ut
H
1
= kU k2H .
2
localmente distribuı́da
38
4.2.1 Existência e unicidade
21 Z l Z l 21
kU kH = kuk2H 1 (0,l) + kvk2L2 (0,l) = 2
|ux | dx + 2
|v| dx
0
0 0
é um espaço de Hilbert.
Considerando v = ut , reescrevemos a primeira equação do sistema (4.11)
na forma de um sistema de primeira ordem no tempo dado por
ut − v = 0
v − u + a(x)u = 0.
t xx t
u
Fazendo U = e definindo o operador A como
v
v
AU = ,
uxx − a(x)v
Demonstração:
Mostramos que A é dissipativo e que 0 ∈ ρ(A), para então, aplicarmos o Corolário 4.
39
i) A dissipativo:
Seja U ∈ D(A). Usando as condições de contorno, obtemos que
v u
(AU, U )H = ,
uxx − a(x)v v
H
Agora, mostramos que (4.12) admite uma única solução u ∈ H01 (0, l) ∩ H 2 (0, l). Para
isto, definimos a forma bilinear
40
em que (·, ·) indica o produto interno em L2 (0, l). Verificamos que B(·, ·) é coerciva e
contı́nua.
i) Coercividade de B(·, ·):
Seja u ∈ H01 (0, l). Então,
|B(u, v)| = |(ux , vx )| ≤ kux kL2 (0,l) kvx kL2 (0,l) = kukH01 (0,l) kvkH01 (0,l)
L : H01 (0, l) −→ R
v 7−→ L(v) = (−g − a(·)f, v)
41
Em particular,
sendo D(0, l) o espaço das funções C0∞ (0, l). Isso implica que
uxx = g + a(x)f
no sentido distribucional.
Como g + a(x)f ∈ L2 (0, l), usando o Teorema da Regularidade Elı́ptica
para o operador elı́ptico de ordem 2, ∆, resulta que u ∈ H 2 (0, l). Então,
u ∈ H01 (0, l) ∩ H 2 (0, l). Portanto, obtivemos uma única U ∈ D(A) tal que AU = F .
Assim, existe o operador A−1 . Além disso,
= c5 kF k2H
u0
Logo, a teoria de semigrupos diz que para U0 = ∈ D(A),
u1
U (t) = S(t)U0 é a única solução clássica do problema de valor inicial
U = AU
t
u0 .
U (0) =
u1
42
Também temos que
U ∈ C([0, ∞); D(A)) ∩ C 1 ([0, ∞); H). (4.13)
ut ∈ C([0, ∞), H01 (0, l)), ou seja , u ∈ C 1 ([0, ∞), H01 (0, l));
u ∈ C([0, ∞), H 2 (0, l) ∩ H01 (0, l)) ∩ C 1 ([0, ∞), H01 (0, l)) ∩ C 2 ([0, ∞); L2 (0, l))
43
é falso. Então, existe β ∈ R, β 6= 0 tal que iβ ∈ σ(A). Já sabemos que a inversa de A
está definida em todo H, com valores em D(A), isto é,
A−1 : H → D(A)
Como a imersão iA
iA : D(A) → H
A−1 = A−1 ◦ iA : H → H
1 1
(1) A−1 x − x = y ⇔ x − Ax = Ay ⇔ λx − Ax = λAy.
λ λ
1 1
(2) A−1 x − x = 0 ⇔ x − Ax = 0 ⇔ λx − Ax = 0.
λ λ
−1 1
Suponha que a equação A − x = 0 admite apenas a solução trivial, então
λ
λx − Ax = 0 admite apenas a solução trivial. Assim, pelo Teorema 6, a equação
1 1
A−1 x − x = y possui uma solução x para cada y ∈ H e o operador A−1 − tem
λ λ
inversa limitada, ou seja, o operador λI − A tem inversa limitada. Logo, λ ∈ ρ(A), o
−1 1
que é uma contradição, pois por λ ∈ σ(A). Portanto, a equação A − x = 0 não
λ
possui apenas a solução trivial e, desta forma, λ é um autovalor de A.
Assim, existe um vetor U ∈ D(A), com kU kH = 1, tal que
iβU − AU = 0, (4.14)
isto é,
iβu − v = 0 (4.15)
44
Fazendo o produto interno de (4.14) com U em H, resulta que
iβu − v u
0 = (iβU − AU, U )H = ,
iβv − uxx + a(x)v v
H
= i(βu, u)H01 (0,l) − (v, u)H01 (0,l) + i(βv, v)L2 (0,l) + (a(x)v − uxx , v)L2 (0,l)
Como
Z l Z l
kavk2L2 (0,l) = 2
|a(x)v| dx ≤ kakL∞ (0,l) a(x)|v|2 dx = 0
0 0
então,
a(x)v(x) = 0, para todo x ∈ [0, l]. (4.17)
−β 2 u − uxx = 0.
mπ m2
u(x) = k sin x com β 2 = 2 π 2 ,
l l
mπ
0 = ika(x)β sin x, para todo x ∈ [0, l],
l
pois iβu − v = 0. Mas, isso diz que a(x) = 0 exceto sobre um conjunto enumerável de
Z l
pontos, o que é uma contradição, pois a(x)dx > 0. Portanto, podemos afirmar que
0
ρ(A) ⊇ {iβ; β ∈ R}.
45
Para a segunda parte da demonstração, suponhamos que
lim sup k(iβI − A)−1 k = ∞, então existe uma seqüência de números reais {βn }n∈N
|β|→∞
com |βn | → ∞ e uma seqüência vetorial de funções (Vn )n∈N em H tal que
k(iβn − A)−1 Vn k
≥ n, para todo n ∈ N,
kVn k
ou seja,
k(iβn − A)−1 Vn k ≥ nkVn k, para todo n ∈ N.
Uma vez que (Vn )n∈N ∈ H e que iβn ∈ ρ(A), existe uma única seqüência (Un )n∈N ∈
D(A), tal que
iβn Un − AUn = Vn , com kUn k = 1.
Assim,
kUn k ≥ nkiβn Un − AUn k, para todo n ∈ N.
quando n → ∞, ou seja,
46
Como iβn Un − AUn → 0 em H e Un é limitada, segue que
Agora, considerando q(x) ∈ C 1 (0, l) uma função real e fazendo o produto interno de
(4.22) com q(x)unx em L2 (0, l), obtemos
Z l
qx (βn2 |un |2 + |unx |2 )dx − [q|unx |2 ]l0 = 2(gn , qunx ) − 2(iβn (fn q)x , un ) − 2(avn , qunx ),
0
pois
Z l Z l
(−βn2 un − unxx , qunx ) = − βn2 un qunx dx
unxx qunx dx −
0 0
1 l 2 2 1 l
Z Z
=− β q(u )x dx − q(u2nx )x dx
2 0 n n 2 0
1 l 2 2 1 l
Z Z
= βn qx un dx + qx u2nx dx − [q|unx |2 ]l0
2 0 2 0
e
Z l Z l Z l
(gn + iβn fn − avn , qunx ) = gn qunx dx + iβn fn qunx dx − avn qunx dx
0 0 0
Z l Z l Z l
= gn qunx dx − iβn un (fn q)x dx − avn qunx dx.
0 0 0
Observando que βn un é uniformemente limitada em L2 (0, l), pois kvn kL2 (0,l) ≤ 1 e
iβn un − vn → 0 em L2 (0, l), e usando (4.18), (4.19) e (4.21), concluimos que
47
ou seja,
Z l
qx (βn2 |un |2 + |unx |2 )dx − [q|unx |2 ]l0 → 0.
0
ou seja,
Z l
1
(βn un , aβn un ) + (aunx , unx ) → a(s)ds > 0,
l 0
o que é uma contradição, pois por outro lado, mostraremos que (βn un , aβn un ) e (aunx , unx )
convergem para zero.
1 (βn un , aβn un ) → 0:
Fazendo o produto interno de iβn un − vn com aβn un , obtemos
(βn un , aβn un ) → 0.
48
2 (aunx , unx ) → 0:
Fazendo o produto interno de iβn vn − unxx + a(x)vn com aun e usando
as condições de contorno, resulta
(iβn vn − unxx + a(x)vn , aun ) = (iavn , βn un ) + (ax un , unx ) + (aunx , unx ) + (a(x)vn , aun ).
e
(avn , aun ) → 0 em L2 (0, l). (4.27)
vn
iun − → 0 em L2 (0, l).
βn
concluimos que
un → 0 em L2 (0, l). (4.28)
Agora, como kunx kL2 (0,l) ≤ 1, pois kUn kH = 1, usando (4.28), obtemos
49
Assim, lim sup k(iβI − A)−1 k < ∞.
|β|→∞
Logo, segue do Teorema de Gearhart que {S(t)}t≥0 é exponencialmente
estável. Isso implica que a solução do modelo (4.11) decai exponencialmente, isto é,
1 l 2
Z
E(t) = (ux + u2t )dx ≤ CE(0)e−αt , para todo t > 0,
2 0
sendo C uma constante positiva.
Seja H = H01 (0, l) × L2 (0, l) × L2 (0, l). Este espaço munido da norma
1
kU kH = (kux k2L2 (0,l) + kvk2L2 (0,l) + kθk2L2 (0,l) ) 2
é um espaço de Hilbert.
50
u
Agora, considerando v = ut e U = v , segue que
θ
ut v
Ut = vt = uxx − γθx = AU.
θt kθxx − γuxt
D(A) = H 2 (0, l) ∩ H01 (0, l) × H01 (0, l) × H 2 (0, l) ∩ H01 (0, l).
Demonstração:
Para provarmos esse resultado mostramos que A é dissipativo e que 0 ∈ ρ(A), para
então, aplicarmos o Corolário 4.
i) A dissipativo:
51
Seja U ∈ D(A). Usando as condições de contorno, obtemos
v u
(AU, U )H = uxx − γθx , v
kθxx − γvx θ
H
= (v, u)H01 (0,l) + (uxx − γθx , v)L2 (0,l) + (kθxx − γvx , θ)L2 (0,l)
Z l Z l Z l
= vx ux dx + (uxx − γθx )vdx + (kθxx − γvx )θdx
0 0 0
Z l Z l Z L
= −γ θx vdx − k θx θx dx + γ vθx dx
0 0 0
Z l
= −k |θx |2 dx.
0
Rl
Como (AU, U )H = −k 0
|θx |2 dx ≤ 0, A é dissipativo, pois k > 0.
ii) 0 ∈ ρ(A):
f
Provaremos que para todo F = g ∈ H, existe um único
h
u
U = v ∈ H tal que AU = F .
θ
f
Seja F = g ∈ H. A equação AU = F em termos de seus compo-
h
nentes é dada por:
v = f ∈ H01 (0, l)
uxx − γθx = g ∈ L2 (0, l)
kθxx − γvx = h ∈ L2 (0, l)
Resolvendo o sistema acima, isto é, substituindo v = f na terceira equação, segue que
Agora, mostramos que a equação (4.31) possui uma única solução θ ∈ H01 (0, l)∩H 2 (0, l).
Para isto, definimos uma forma bilinear
52
B(·, ·) : H01 (0, l) × H01 (0, l) → R
(θ, v) 7−→ B(θ, v) = k(θx , vx )
em que (·, ·) é o produto interno em L2 (0, l). Verificamos que B(·, ·) é coerciva e
contı́nua.
i) Coercividade de B(·, ·):
Seja θ ∈ H01 (0, l). Então,
|B(θ, v)| = |(θx , vx )| ≤ kθx kL2 (0,l) kvx kL2 (0,l) = kθkH01 (0,l) kvkH01 (0,l)
L : H01 (0, l) −→ R
v 7−→ L(v) = (−h − γfx , v)
53
Isto é,
k(θx , vx ) = (−h − γfx , v), para todo v ∈ H01 (0, l).
Em particular, temos
sendo D(0, l) o espaço das funções C0∞ (0, l). Isso implica que
kθxx = h + γfx
no sentido distribucional.
Como h+γfx ∈ L2 (0, l), usando o Teorema da Regularidade Elı́ptica para
o operador elı́ptico de ordem 2, ∆, resulta que θ ∈ H 2 (0, l). Então,
θ ∈ H01 (0, l) ∩ H 2 (0, l). Logo, existe uma única θ ∈ H01 (0, l) ∩ H 2 (0, l) satisfazendo
(4.31).
Agora, substituindo θ obtida resolvendo a equação (4.31) na segunda
equação, vemos que
uxx = g + γθx ∈ L2 (0, l). (4.32)
54
Teorema da Regularidade Elı́ptica, temos
= c4 kF k2H
u
0
Logo, a teoria de semigrupos diz que para U0 = u1 ∈ D(A), U (t) = S(t)U0 é a
θ0
única solução do problema de valor inicial
Ut = AU
U (0) = U .
0
55
Isso implica que
ut ∈ C([0, ∞), H01 (0, l)), ou seja , u ∈ C 1 ([0, ∞), H01 (0, l));
Portanto,
u ∈ C([0, ∞), H 2 (0, l) ∩ H01 (0, l)) ∩ C 1 ([0, ∞), H01 (0, l)) ∩ C 2 ([0, ∞); L2 (0, l))
e
θ ∈ C([0, ∞), H 2 (0, l) ∩ H01 (0, l)) ∩ C 1 ([0, ∞), L2 (0, l)).
56
Segue do fato de 0 ∈ ρ(A) que o operador
iβI − A = A(iβA−1 − I)
é inversı́vel para todo número real β tal que |β| < kA−1 k−1 . Além disso, k(iβI − A)−1 k
é uma função contı́nua para todo β ∈ (−kA−1 )k−1 , kA−1 k−1 ).
Agora, suponhamos que
ρ(A) ⊇ {iβ; β ∈ R}
é falso, então existe w ∈ R com kA−1 k−1 ≤ |w| < ∞, tal que
e
sup{k(iβI − A)−1 k; |β| < |w|} = ∞
Então, existe uma sequência βn ∈ R com βn → w e |βn | < |w| e uma sequência vetorial
un
de funções Un = vn ∈ D(A) com kUn kH = 1 tal que
θn
k(iβn I − A)Un kH → 0,
ou seja,
57
Tomando a parte real e usando as condições de contorno, segue que
Como
Z l Z x 2
kkθnx − kθnx (0) − γvn k2L2 (0,l) = kθnxx (x) − γvnx (x)dx dy
0 0
Z l Z l 2
≤ |kθnxx (x) − γvnx (x)|dx dy
0 0
Z l Z l Z l
2 2
≤ 1 dx |kθnxx (x) − γvnx (x)| dx dy
0 0 0
58
Agora, de (4.33) e do fato que kunx kL2 (0,l) ≤ 1, pois kUn kH = 1, obtemos que kvnx kL2 (0,l)
é uniformemente limitada. Assim, de (4.38), segue que kθnxx kL2 (0,l) é uniformemente
limitada. Logo, pela Desigualdade Gagliardo-Nirenberg, concluimos que
1 1
|θnx (0)| ≤ kθnx kL∞ (0,l) ≤ C1 kθnxx kL2 2 (0,l) kθnx kL2 2 (0,l) + C2 kθnx kL2 (0,l) → 0 (4.42)
Como un é limitada em L2 (0, l) e iβn vn − unxx + γθnx → 0 em L2 (0, l), segue que
Portanto, de (4.37), (4.43) e (4.44) concluimos que kUn kH → 0, o que é uma con-
tradição, pois kUn k = 1.
Provaremos agora que
Suponhamos que
lim sup k(iβI − A)−1 k = ∞.
|β|→∞
Então, existe uma sequência de números reais {βn }n∈N com |βn | → ∞ e uma seqüência
vetorial de funções (Vn )n∈N em H tal que
k(iβn − A)−1 Vn k
≥ n, para todo n ∈ N,
kVn k
ou seja,
k(iβn − A)−1 Vn k ≥ nkVn k, para todo n ∈ N.
59
Uma vez que (Vn )n∈N ∈ H e que iβn ∈ ρ(A), pela primeira parte da demonstração,
existe uma única seqüência (Un )n∈N ∈ D(A), tal que
Assim,
kUn k ≥ nkiβn Un − AUn k, para todo n ∈ N.
1
Multiplicando (4.48) por e usando que kθn kL2 (0,l) → 0, segue que
βn
kθnxx γvnx
− → 0 em L2 (0, l). (4.51)
βn βn
γ
Multiplicando (4.46) por , obtemos
βn
vnx
iγunx − γ → 0 em L2 (0, l). (4.52)
βn
kθnxx
− iγunx → 0 em L2 (0, l). (4.53)
βn
60
kθnxx
Do fato que kunx kL2 (0,l) ≤ 1, pois kUn kH = 1, segue de (4.53) que é limitada
βn
kθnxx
em L2 (0, l). Fazendo o produto interno de − iγunx com unx em L2 (0, l), vemos
βn
que
kθnxx kθnxx
− iγunx , unx = , unx − iγkunx k2L2 (0,l) .
βn βn
kθnxx
Como unx é limitada em L2 (0, l) e − iγunx → 0 em L2 (0, l), então
βn
kθnxx
, unx − iγkunx k2L2 (0,l) → 0. (4.54)
βn
e 1
61
kθnx (l)unx (l) kθnx (0)unx (0)
Isso implica que e convergem para zero. Logo, segue
βn βn
de (4.55) que
kθnxx
, unx → 0. (4.58)
βn
Assim, de (4.54) e (4.58), concluimos que
vnx
→ 0 em L2 (0, l). (4.60)
βn
Fazendo o produto interno de iβn vn − unxx + γθnx com vn em L2 (0, l), obtemos
Z l Z l Z l
2
(iβn vn − unxx + γθnx , vn ) = iβn |vn | dx − unxx vn dx + γ θnx vn dx
0 0 0
Como iβn vn − unxx + γθnx → 0 em L2 (0, l) e kvn kL2 (0,l) ≤ 1, pois kUn kH = 1, então
1
Multiplicando (4.61) por , obtemos
βn
2 vnx vn
ikvn kL2 (0,l) + unx , + γ θnx , → 0. (4.62)
βn βn
vnx vn
Como unx , e γθnx , convergem para zero, concluimos de (4.62) que
βn βn
62
u
Conclusão: Da estimativa do Teorema 19 tem-se para U = ut
θ
com u e θ solução do problema termoelástico a seguinte desigualdade:
2E(t) = kuk2H 1 (0,l) + kut k2L2 (0,l) + kθk2L2 (0,l) ≤ M 2 kU0 k2 e−αt , t > 0.
0
1 l 2
Z
E(t) = (u + u2t + θ2 )dx ≤ CE(0)e−αt , t > 0,
2 0 x
localmente distribuı́da
63
4.4.1 Existência e unicidade
é um espaço de Hilbert.
Considerando v = ut , reescrevemos a primeira equação do problema
(4.64) na forma de um sistema de primeira ordem no tempo dado por:
ut − v = 0
v − 4u + a(x, y)u = 0.
t t
u
Escrevendo U = e definindo o operador A como
v
v
AU = ,
4u − a(x, y)ut
Demonstração:
Mostramos que A é dissipativo e que 0 ∈ ρ(A), para então, aplicarmos o Corolário 4.
64
i) A dissipativo:
Seja U ∈ D(A). Usando as condições de contorno, obtemos
v u
(AU, U )H = ,
4u − a(x, y)v v
Z H
pois a ∈ L∞ (Ω). Agora, mostramos que (4.65) admite uma única solução
u ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω). Para isto, definimos uma forma bilinear
65
em que (·, ·) indica o produto interno em L2 (Ω). Verificamos que B(·, ·) é coerciva e
contı́nua.
i) Coercividade de B(·, ·):
Seja u ∈ H01 (Ω). Então,
|B(u, v)| = |(∇u, ∇v)| ≤ k∇ukL2 (Ω) k∇vkL2 (Ω) = kukH01 (Ω) kvkH01 (Ω) .
L : H01 (Ω) −→ R
v 7−→ L(v) = (−g − a(·, ·)f, v)
|L(v)| = |(−g − a(x, y)f, v)| ≤ k − g − a(·, ·)f kL2 (Ω) kvkL2 (Ω) .
(∇u, ∇v) = (−g − a(·, ·)f, v), para todo v ∈ H01 (Ω).
66
Em particular,
sendo D(Ω) o espaço das funções C0∞ (Ω). Isso implica que
4u = g + a(·, ·)f
no sentido distribucional.
Como g + a(·, ·)f ∈ L2 (Ω), usando o Teorema da Regularidade Elı́ptica
para o operador elı́ptico de ordem 2, ∆, resulta que u ∈ H 2 (Ω). Então,
u ∈ H01 (Ω) ∩ H 2 (Ω). Portanto, obtivemos uma única U ∈ D(A) tal que AU = F .
Assim, existe o operador A−1 . Além disso, da Desigualdade de Poincaré e do Teorema
da Regularidade Elı́ptica, temos
= c5 kF k2H
67
U (t) = S(t)U0 é a única solução clássica do problema de valor inicial
Ut = AU
U (0) = U .
0
u ∈ C([0, ∞), H 2 (Ω) ∩ H01 (Ω)) ∩ C 1 ([0, ∞), H01 (Ω)) ∩ C 2 ([0, ∞); L2 (Ω)).
68
Para provar a estabilidade exponencial de {S(t)}t≥0 , verificamos as condições
(3.1) e (3.2) do Teorema de Gearhart.
Primeiramente, provamos que ρ(A) ⊇ {iβ; β ∈ R}. Para isso, supo-
nhamos que
ρ(A) ⊇ {iβ; β ∈ R}
é falso. Então, existe β ∈ R, β 6= 0 tal que iβ ∈ σ(A). Já sabemos que a inversa de A
está definida e é contı́nua em todo H, com valores em D(A), isto é,
A−1 : H → D(A).
Como a imersão iA
iA : D(A) → H
A−1 = A−1 ◦ iA : H → H
1 1
(1) A−1 x − x = y ⇔ x − Ax = Ay ⇔ λx − Ax = λAy.
λ λ
1 1
(2) A−1 x − x = 0 ⇔ x − Ax = 0 ⇔ λx − Ax = 0.
λ λ
1
Suponha que a equação A−1 − x = 0 admite apenas a solução trivial, então
λ
λx − Ax = 0 admite apenas a solução trivial. Assim, pelo Teorema 6, a equação
1 1
A−1 x − x = y possui uma solução x para cada y ∈ H e o operador A−1 − tem
λ λ
inversa limitada, ou seja, o operador λI − A tem inversa limitada. Logo, λ ∈ ρ(A), o
−1 1
que é uma contradição, pois por λ ∈ σ(A). Portanto, a equação A − x = 0 não
λ
possui apenas a solução trivial e, desta forma, λ é um autovalor de A.
Assim, existe um vetor U ∈ D(A), com kU kH = 1, tal que
iβU − AU = 0, (4.67)
69
isto é,
iβu − v = 0 (4.68)
= i(βu, u)H01 (Ω) − (v, u)H01 (Ω) + i(βv, v)L2 (Ω) + (a(x, y)v − 4u, v)L2 (Ω)
0 = Re(iβU − AU, U )H = (a(x, y)v − 4u, v)L2 (Ω) − (v, u)H01 (Ω)
Z Z
= (a(x, y)v − 4u)vdz − ∇v∇udz
ZΩ Z Ω Z
2
= a(x, y)|v| dz − (4u)vdz − ∇v∇udz
ZΩ ZΩ ZΩ
2
= a(x, y)|v| dz − (4u)vdz + v4udz
ZΩ Ω Ω
Como
Z Z
kavk2L2 (Ω) = 2
|a(x, y)v| dz ≤ kakL∞ (Ω) a(x, y)|v|2 dz = 0
Ω Ω
então,
a(x, y)v(x, y) = 0, para todo (x, y) ∈ Ω. (4.70)
−β 2 u − 4u = 0,
em Ω. Como u(x, t) = 0 sobre ∂Ω × (0, ∞), a solução da equação acima é dada por:
mπ nπ m2 n2
u(x, y) = k sin x sin y com β 2 = 2 π 2 + 2 π 2 ,
a b a b
70
sendo k 6= 0 e m, n ≥ 1. Substituindo em
mπ mπ
0 = a(x, y)v(x, y) = iβa(x, y)u(x, y) = iβka(x, y) sin x sin y,
a b
para todo (x, y) ∈ Ω. Mas, isso diz que a(x, y) = 0 exceto sobre um conjunto enu-
R
merável de pontos, o que é uma contradição, pois Ω a(x, y)dz > 0. Portanto, podemos
afirmar que ρ(A) ⊇ {iβ; β ∈ R}.
Para a segunda parte da demonstração, suponhamos que
lim sup k(iβI − A)−1 k = ∞, então existe uma seqüência de números reais {βn }n∈N
|β|→∞
com |βn | → ∞ e uma seqüência vetorial de funções (Vn )n∈N em H tal que
k(iβn − A)−1 Vn k
≥ n, para todo n ∈ N,
kVn k
ou seja,
k(iβn − A)−1 Vn k ≥ nkVn k, para todo n ∈ N.
Uma vez que (Vn )n∈N ∈ H e que iβn ∈ ρ(A), existe uma única seqüência
(Un )n∈N ∈ D(A), tal que
Assim,
kUn k ≥ nkiβn Un − AUn k, para todo n ∈ N.
71
Considerando a parte real e usando as condições de contorno, obtemos
Re(iβn Un − AUn , Un )H = (a(x, y)vn − 4un , vn )L2 (Ω) − (vn , un )H01 (Ω)
72
Logo,
|un |2 |un |2
Z Z
−βn2 un q(x, y) · ∇un dz = −βn2 div q(x, y) − div (q(x, y)) dz
Ω Ω 2 2
por conseguinte, usando o teorema da divergência, resulta que
|un |2
Z Z
2 2
−βn un q(x, y) · ∇un dz = βn div (q(x, y)) dz.
Ω Ω 2
2
Z Z Z
1 2 1
−4un q(x, y) · ∇un dz = q(x, y) · η|∇un | dΓ + div (q(x, y)) |∇un |2 dz +
Ω 2 ∂Ω 2 Ω
Z X 2
+ (Dj qi )(Di un )(Dj un )dz.
Ω i,j=1
3 Como
= fn un div(q(x, y)) + hun ∇fn , q(x, y)i + hfn ∇un , q(x, y)i
ou seja,
Z Z 2
Z X
2 2 2 2
div(q)(βn |un | +|∇un | )dz + q ·η|∇un | dΓ+2 (Dj qi )(Di un )(Dj un )dz → 0.
Ω ∂Ω Ω i,j=1
x
Considerando q(x, y) = , temos
y
Z Z Z
2 (βn2 |un |2 2
+ |∇un | )dz + 2
q · η|∇un | dΓ + 2 u2nx + u2ny dz → 0,
Ω ∂Ω Ω
73
Z Z
2
u2nx + u2ny dz ≥ 0
o que é uma contradição, pois q(x, y) · η|∇un | dΓ ≥ 0, 2
Z ∂Ω Z Ω
2 2
βn |un | + |∇un |2 dz, por causa que
2 2
e 2 = lim 2 |∇un | + |vn | + dz = lim 2
n→∞ Ω n→∞ Ω
2
βn un − vn → 0 em L (Ω) .
Assim, lim sup k(iβI − A)−1 k < ∞.
|β|→∞
Logo, segue do Teorema de Gearhart que {S(t)}t≥0 é exponencialmente
estável.
sendo C uma constante positiva dependendo dos dados iniciais e α uma constante
positiva. Aqui,
Z a Z b
1
|∇u|2 + |ut |2 dxdy.
E(t) =
2 0 0
74
Referências Bibliográficas
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