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2014
A Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional -
SBMAC publica, desde as primeiras edições do evento, monografias dos
cursos que são ministrados nos CNMAC.
Para a comemoração dos 25 anos da SBMAC, que ocorreu durante
o XXVI CNMAC em 2003, foi criada a série Notas em Matemática
Aplicada para publicar as monografias dos minicursos ministrados nos
CNMAC, o que permaneceu até o XXXIII CNMAC em 2010.
A partir de 2011, a série passa a publicar, também, livros nas áreas
de interesse da SBMAC. Os autores que submeterem textos à série
Notas em Matemática Aplicada devem estar cientes de que poderão
ser convidados a ministrarem minicursos nos eventos patrocinados pela
SBMAC, em especial nos CNMAC, sobre assunto a que se refere o
texto.
O livro deve ser preparado em Latex (compatı́vel com o Miktex
versão 2.9), as figuras em eps e deve ter entre 80 e 150 páginas. O
texto deve ser redigido de forma clara, acompanhado de uma excelente
revisão bibliográfica e de exercı́cios de verificação de aprendiza-
gem ao final de cada capı́tulo.
2014
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS PARCIAIS DE
PRIMEIRA ORDEM
Editora: SBMAC
Patrocı́nio: SBMAC
Copyright ⃝2014
c by Maria Lewtchuk Espindola. Direitos reservados, 2014 pela
SBMAC. A publicação nesta série não impede o autor de publicar parte ou a totali-
dade da obra por outra editora, em qualquer meio, desde que faça citação à edição
original.
Espindola, Maria L.
Equações Diferenciais Parciais de Primeira Ordem - São Carlos, SP :
SBMAC, 2014, 68 p., 21.5 cm - (Notas em Matemática
Aplicada; v. 72)
e-ISBN 978-85-8215-058-0
CDD - 51
A minha mãe Eudokia.
A minha filha Maı́ra e meus netos Ila e Igor.
Dedico
Agradecimentos
Prefácio xi
ix
x
O principal intuito desse livro é abordar a essência da teoria das equações dife-
renciais parciais de primeira ordem, cuja intenção fundamental é suprir uma falha
que ocorre na maioria dos textos que abordam equações diferenciais parciais. Esses
textos, em geral, abordam equações diferenciais parciais de segunda ordem, sendo
que muitos se preocupam em deduzir essas equações a partir de problemas parti-
culares abordados por modelos fı́sicos. O texto acaba se tornando pouco objetivo,
pois nem todos os estudantes ou pesquisadores na área da matemática dominam
conceitos fı́sicos. O livro surgiu como consequência de programas elaborados para
disciplinas ministradas de tópicos especiais no curso de graduação de Matemática.
A abordagem é voltada a aqueles que querem ter o conhecimento teórico necessário
para poder resolver problemas provenientes de modelos que envolvem esses tipos de
equações. O livro inicia abordando a origem das equações diferenciais parciais de
primeira ordem, após ter sido dada a definição geral de equação diferencial parcial.
Na sequência são discutidos os diversos tipos de soluções que aparecem em equações
diferenciais parciais: geral, completa, particular e envoltória. Sendo que no texto
é ressaltada a importância da solução envoltória, mesmo que essa não pertença à
solução geral, mostramos que esta exerce um papel primordial em determinados
problemas, podendo fornecer a resolução de diversos problemas aparentemente in-
solúveis, principalmente os não lineares.
Um dos objetivos do texto, apresentado no segundo capı́tulo, é expor determina-
dos métodos clássicos de solução de equações diferenciais parciais de primeira ordem
lineares ou não. Abordando o método de obtenção de soluções gerais das equações
diferenciais parciais de Lagrange ou lineares, desde que ele foi o precursor desse
método. Na sequência o método de Charpit para equações diferenciais parciais li-
neares ou não, é apresentado com diversas aplicações a diferentes tipos de equações
[1, 2]. Sendo que o intuito principal é abordar de maneira clara, sistematizada esses
métodos sem se preocupar com o excesso de demonstrações ou uso de linguagem
matemática complicada. A principal intenção é fornecer ao leitor a possibilidade
deste visualizar a existência de métodos que fornecem soluções gerais e que, por-
tanto, podem ser empregados em inúmeros modelos de Matemática pura e aplicada.
Sendo que esses métodos podem ser dominados facilmente através dos exemplos e
exercı́cios apresentados. Isso se deve ao fato de que a maioria dos textos se preocupa
em apresentar métodos que são aplicados a problemas especı́ficos, onde as condições
iniciais e de contorno estão fixas e, portanto, estão tratando de um modelo parti-
cular. Os mais abordados são os problemas de Cauchy ou de valor inicial e aqueles
que utilizam o método das caracterı́sticas. Vale ressaltar que hodiernamente em
diversos textos se discute a existência e o comportamento de determinadas soluções
para alguns modelos especı́ficos. A intenção desse texto diverge dessa linha procu-
rando sempre premiar a abordagem matemática simples e que resulte em soluções
gerais as quais posteriormente podem ser aplicadas a um determinado modelo em
xi
xii
qualquer área que utilize a matemática como sua ferramenta. O livro está baseado
em textos clássicos que abordam equações diferenciais parciais [1, 2, 3].
Como desfecho no terceiro capı́tulo é apresentado um método novo de obtenção
de soluções gerais de determinados tipos de equações diferenciais parciais lineares
ou não, desenvolvidos por Espindola [4, 6]. O procedimento desenvolvido tem como
base uma transformada de Legendre e a utilização de um teorema para formas di-
ferenciais Pfaffianas, que fornece a condição para que estas se tornem integráveis
[1]. É interessante ressaltar que este método fornece sempre uma solução geral, i.e.,
que depende de uma função arbitrária, portanto o método pode ser aplicado a qual-
quer problema particular, pois não existem restrições sobre as condições que este
irá impor, a não serem aquelas devidas a cálculos algébricos especı́ficos, aos quais os
métodos numéricos e computacionais conhecidos podem ser aplicados. Sendo apre-
sentada como uma extensão desse método a obtenção da solução geral da equação de
Hamilton-Jacobi unidimensional. Assim como a solução generalizada para equações
de segunda ordem que podem ser transformadas em sistemas de EDPs de primeira
ordem, como por exemplo a EDP p-Laplace.
É importante ressaltar que quase todos os livros que abordam equações diferen-
ciais parciais, geralmente se dedicam as de segunda ordem: equação de Laplace,
equação de calor e equação de onda. No entanto, em muitas situações aparecem
equações diferenciais parciais de primeira ordem, como, por exemplo, em fı́sica ma-
temática e em outros ramos da matemática pura e aplicada. Tais equações surgem
na construção de superfı́cies caracterı́sticas de equações diferenciais parciais de se-
gunda ordem, no cálculo variacional, em alguns problemas geométricos, assim como,
em problemas de dinâmica dos gases cujas soluções, quase que em geral, são obti-
das a partir do método das caracterı́sticas. Podemos citar seu aparecimento em:
mecânica de meios contı́nuos, dinâmica de gases, hidrodinâmica, termodinâmica,
transferência de massa e calor, teoria de ondas, acústica, fluxos multifásicos, pro-
cessos de morte e vida média de bactérias, engenharia quı́mica, metereologia, teoria
dos processos estocásticos entre outros. Assim como a aplicação no caso de deter-
minados sistemas dinâmicos.
Em alguns casos o domı́nio da teoria das equações diferenciais parciais de pri-
meira ordem é absolutamente fundamental. No quarto capı́tulo isso é evidenciado
com a apresentação do desenvolvimento da teoria de Hamiltonização alternativa
em fundamentos da mecânica analı́tica, a qual é baseada na análise matemática
dos diversos tipos de soluções de equações diferenciais parciais de primeira ordem.
Como está exposto nas aplicações dos métodos apresentados no último capı́tulo,
onde se demonstra que a inexistência da descrição de Hamilton em alguns casos,
como o da mecânica singular (de Dirac), ocorre devido ao uso da solução envoltória
da equação diferencial parcial que define o Hamiltoniano. A existência da solução
envoltória está atrelada a condição de não linearidade da equação diferencial par-
cial, veja em Espindola [7, 8, 9, 5]. Ainda em fundamentos da mecânica analı́tica
é apresentada a linearização da equação de Hamilton-Jacobi, desde que essa é uma
equação diferencial parcial de primeira ordem não linear.
Equações Diferenciais
Parciais de Primeira Ordem
1.1 Introdução
Exemplos:
∂ρ ∂ρ
divj + =0 ⇒ ∇·j+ = 0 − equação de continuidade;
∂t ∂t
∂2u ∂2u
∇2 u = 0 ⇒ + 2 =0 − equação de Laplace bidimensional;
∂x2 ∂y
∂2u ∂2u 2
2 ∂ u
= c2 ∇2 u ⇒ 2 =c − equação de onda unidimensional;
∂t2 ∂t ∂x2
2 Equações Diferenciais Parciais de Primeira Ordem
∂u ∂u ∂2u
= c2 ∇2 u ⇒ = c2 − equação de calor unidimensional;
∂t ∂t ∂x2
∂S ∂S
H(x, , t) + = 0 − equação de Hamilton-Jacobi unidimensional.
∂x ∂t
∂z ∂z
p= , q= , (1.2)
∂x ∂y
f (p, q, x, y, z) = 0. (1.3)
1.2 Origens
x2 + y 2 + (z − c)2 = a2 ,
x + p(z − c) = 0, y + q(z − c) = 0.
yp − xq = 0 (1.4)
que é de primeira ordem. Podemos então afirmar que o conjunto de todas as esferas
são caracterizadas pela equação (1.4). Por outro lado se agora tomamos o conjunto
de cones retos circulares cujo eixo coincide com o eixo z
x2 + y 2 = (z − c)2 tg 2 α,
onde α, o ângulo entre uma reta qualquer do cone e o eixo z e c são constantes
arbitrárias. Derivando e eliminando as constantes iremos obter a equação (1.4).
[Prove!]
Se analisarmos o que estas superfı́cies tem em comum percebemos que ambas
são superfı́cies de revolução cujo eixo de simetria é Oz.
Como qualquer superfı́cie de revolução em torno deste eixo é representada pela
equação
z = f (x2 + y 2 )
então podemos mostrar que todas elas são caracterizadas pela mesma equação (1.4).
[Demonstre!]
Com este exemplo observa-se que agora a solução geral depende de uma função
arbitrária. Podemos generalizar este resultado primeiramente imaginando uma
solução completa
F (x, y, z, a, b) = 0, (1.5)
∂F ∂F
+p = 0,
∂x ∂z
∂F ∂F
+q = 0. (1.6)
∂y ∂z
F (x, y, z) = 0, (1.7)
Fx + p Fz = 0,
Fy + q Fz = 0. (1.8)
f (p i , q i , u, x) = 0, (1.9)
onde
∂u ∂u
pi = , qi = ,
∂xi ∂yi
φ(u, x, a) = 0, (1.10)
∂φ
= 0, (1.11)
∂ai
φ (u (x), x, a(x)) = 0.
6 Equações Diferenciais Parciais de Primeira Ordem
z = px + qy + p2 + q 2 ,
φ = ax + by + a2 + b2 − z = 0, (1.12)
∂φ
= x + 2a = 0
∂a
∂φ
= y + 2b = 0,
∂b
1
z = − (x2 + y 2 ),
4
onde
Soluções envoltórias 7
∂u ∂u
pi = , qi = ,
∂xi ∂yi
φ(u, x, y) = 0,
φ(u, x, y, a, b) = 0, (1.14)
∂φ ∂φ
= 0, = 0. (1.15)
∂a i ∂b i
∂u ∂u
= 0, = 0. (1.17)
∂a i ∂b i
dx i dy i du
= = ,
0 yi −ri u−s
xi = ci u − s = C i (y i − r i ), (1.18)
desde que
y i ̸= r i ,
onde i é fixo.
Fazendo C i = ψ i (c), onde c = c1 , ..., cn , obtemos a solução geral
u = s + ψ i (c) (y i − r i ). (1.19)
Considerando
ψ i (c) = a i ,
φ = s + a i (y i − r i ) − u = 0.
1.6 Exercı́cios
2. Elimine a função arbitrária nas equações abaixo, e verifique que esta é a solução
geral da equação diferencial parcial originada:
(a) z = x + y + f (x2 + y 2 );
(b) 2z = x2 + y 2 + f (xy);
(c) z = F ((x + y)/xy);
(d) z = f (x + y);
(e) G(xyz, z 2 − x) = 0.
(f) 1/z = G(x2 − y);
(g) z = x2 + y 2 + f (x2 y 2 );
(h) G(xy, 2 − z) = 0;
(i) u = G(x − ct), c = cte;
(j) z = x2 + y 2 + f (xy);
(k) G(z − x2 , xy) = 0.
z = 1/p + 1/q :
√ √
(a) z = 2x + a + 2y + b;
(b) u = f (x + y, xz);
(c) Determine uma solução completa (integral), a partir desta uma solução
envoltória e uma solução particular da equação obtida em (a) e em (b).
Métodos Clássicos de
Resolução de EDPs de
Primeira Ordem
2.1 Introdução
Nesse capı́tulo são abordados dois dos principais métodos de solução de equações
diferenciais parciais de primeira ordem, denominados clássicos, desde que esses re-
montam ao desenvolvimento no século XVIII. Iniciamos com o método desenvol-
vido por Lagrange (1736 - 1813) para o caso linear e que fornece a solução geral
da equação linear. No caso abordado as soluções gerais são famı́lias de superfı́cies
dadas pelas equações F(x,y,z)=0. Na sequência abordamos o método de Charpit
(método de Charpit-Lagrange) que permite a determinação de soluções completas
para equações diferenciais parciais não lineares de diversos tipos, e que se reduz ao
de Lagrange no caso linear. Esses métodos podem ser facilmente estendidos para
equações diferenciais parciais que envolvem funções com n variáveis.
Existem outros métodos abordados com frequência em diversos textos, que for-
necem uma solução particular para um problema especı́fico, como por exemplo, o
das caracterı́sticas desenvolvido por Cauchy (1789 - 1857) e o conhecido como pro-
blema de valor inicial ou de Cauchy, onde são dadas condições de contorno para um
determinado problema.
P p + Q q = R, (2.1)
11
12 Métodos clássicos de resolução de EDPs de primeira ordem
∑
n
F i p i = G, i = 1, ..., n, (2.2)
i=1
G(u, v) = 0, (2.3)
dx dy dz
= = . (2.4)
P Q R
x2 p + y 2 q = xz.
dx dy dz
= 2 = ,
x2 y xz
x−1 − y −1 = c1 , z/x = c2
G(x−1 − y −1 , z/x) = 0
ou
Equações diferenciais parciais lineares 13
z = x g(x−1 − y −1 ).
Este método pode ser generalizado para equações diferenciais parciais do tipo
(2.2). [Demonstre!]
Ainda podemos considerar o caso que a solução completa ou particular da
equação diferencial parcial (2.1) é a requerida, isto é, uma solução que obedeça
a determinadas condições, como, por exemplo, soluções que passem por uma deter-
minada curva dada pelas suas equações paramétricas:
G(c1 , c2 ) = G(x, y, z) = 0.
xp − yq = x,
sendo que a solução, que é uma superfı́cie, deve passar pela seguinte curva:
x(t) = −t;
y(t) = 1 − t;
dx dy dz
= = ,
x −y x
xy = c1 ,
z − x = c2 ,
c2 = c1
z = x + xy.
Observe que não foi necessária a determinação da solução geral. [Mostre que está é
uma solução particular!]
2.3 Exercı́cios
F (x, y, z, a, b) = 0. (2.7)
f (p, q, x, y, z) = 0 (2.8)
g(p, q, x, y, z) = 0. (2.9)
∂(f, g)
J≡ ̸= 0 (2.10)
∂(p, q)
16 Métodos Clássicos de Resolução de EDPs de Primeira Ordem
p = ϕ(x, y, z)
ϕ dx + ψ dy = dz (2.12)
[f, g] = 0, (2.13)
onde
[Prove!]
A ideia fundamental do método de Charpit é a introdução de uma segunda
equação diferencial parcial de primeira ordem
g(p, q, x, y, z, a) = 0, (2.15)
que contém uma constante arbitrária a e que deve satisfazer as seguintes condições:
(a) As equações (2.8) e (2.9) podem ser resolvidas fornecendo
p = p(x, y, z, a)
q = q(x, y, z, a);
F (x, y, z, a, b) = 0, (2.17)
contendo duas constantes arbitrárias, será uma solução completa da equação (2.8).
O principal problema a ser resolvido é a determinação da segunda equação (2.9),
i.e., o que precisamos determinar é uma equação g = 0 compatı́vel com a equação
dada f = 0. Esta compatibilidade implica nas condições dadas pelas equações
(2.13) e (2.14).
Expandindo a última equação (2.14) observamos que ela é equivalente a equação
diferencial parcial linear
∂g ∂g ∂g ∂g ∂g
fp + fq + (pfp + qfq ) − (fx + pfz ) − (fy + qfz ) =0 (2.18)
∂x ∂y ∂z ∂p ∂q
dx dy dz dp dq
= = = = . (2.19)
fp fq p f p + q fq −(fx + p fz ) −(fy + q fz )
f (p, q) = 0. (2.20)
dx dy dz dp dq
= = = = .
fp fq p f p + q fq 0 0
p = a,
e de (2.20)
q = Q(a).
z = ax + Q(a)y + b,
f (p, q, z) = 0, (2.21)
dx dy dz dp dq
= = = = .
fp fq p f p + q fq −p fz −q fz
p = aq,
Uma equação diferencial parcial é dita separável se puder ser escrita na forma
dx dy dz dp dq
= = = = .
Fp −G q p Fp − q G q −Fx Gy
Método de Charpit 19
Fp dp + Fx dx = 0,
cuja solução é
F (x, p) = a,
e portanto de (2.22)
Gg (y, q) = a.
p2 y(1 + x2 ) = qx2 ,
p2 (1 + x2 ) q
2
= .
x y
ax
p= √
1 + x2
q = a2 y,
√ 1
z=a 1 + x2 + a2 y 2 + b,
2
Uma equação diferencial parcial é dita de Clairaut se pode ser escrita na forma
20 Métodos Clássicos de Resolução de EDPs de Primeira Ordem
dx dy dz dp dq
= = = = .
x+gp y +gq px + yq + p g p + q g q 0 0
p = a, q = b,
z = ax + by + f (a, b).
2.6 Exercı́cios
xp − yq = x,
x2 p + q = xz
2. Considere
u = u(x1 , x2 , x3 )
∂u
ui = , i = 1, 2, 3.
∂xi
Exercı́cios 21
f (x1 , x2 , x3 , u1 , u2 , u3 ) = 0
g(x1 , x2 , x3 , u1 , u2 , u3 ) = 0
são compatı́veis se
z = xp + yq + p + q + pq.
a) f (p, q) = 0;
b) f (p, q, z) = 0;
c) f (x, p) = g(y, q);
d) z = xp + yq + g(p, q).
yp − xq = y,
p + y 2 q = zy
(k) y 2 p + z 2 q − y 2 = 0;
(l) y 2 z 2 p + x2 z 2 q − x2 y 2 = 0;
(m) yux + xy 3 uy − xz 2 uz = yu, onde u = u(x, y, z);
(n) xuux + uy − uz + y 2 u2 = 0, onde u = u(x, y, z);
(o) p2 − (1 − z)q 2 = z−1 ;
(p) p4 − q 2 = x2 − y 2 ;
(q) (p2 + q 2 )x = pz;
(r) z 2 = p2 − q 2 .
z = xp + yq + g(p2 + q 2 ).
3.1.1 Introdução
F (p, q) = 0;
F (f (x)p, q) = 0;
F (p, h(y)q) = 0
ou
F (f (x)p, q) = V (x),
25
26 Obtenção de Soluções Gerais para Determinadas EDPs
F (r, s) = 0
F (s, t) = 0,
desde que estas podem ser transformadas nas equações diferenciais parciais acima
[11].
Outra extensão possı́vel é para equações diferenciais parciais de primeira ordem
com diversas variáveis
F (p1 , . . . , pn , q1 , . . . , qn ) = 0,
sendo
u = u(x1 , . . . , xn , y1 , . . . , yn ),
onde
∂u ∂u
pi = , qi = .
∂xi ∂yi
F (p, q) = 0,
onde u = u(x, y) e
Solução geral de F (p, q) = 0 e F (f (x)p, q) = 0 27
∂u ∂u
p= , q= .
∂x ∂y
du = p dx + q dy. (3.1)
Desde que
dF = Fp dp + Fq dq = 0,
logo
Fq
dp = −( )dq
Fp
então
( )
Fq
d(xp + yq) − du + x − y dq = 0 . (3.2)
Fp
Sendo essa uma forma diferencial Pfaffiana pode ser aplicado o teorema que fornece
a condição de integrabilidade [1]:
X · dr = 0
X · rotX = 0
.
u − xp − yq = ϕ(q). (3.3)
F (p, q) = p − Bq − A = 0,
p = f (q) = Bq + A,
f ′ = B,
xf ′ + y = Bx + y = ϕ′ (q),
= Ax + Φ(Bx + y).
F (f (x)p, q) = 0,
p = G(q)/f (x)
onde
∫
dx
H(x) = .
f (x)
onde ϕ(q) é uma função arbitrária que uma vez escolhida irá determinar o valor de
q = q(x, y) a partir da equação (3.7), e que após determinada deve ser substituı́da
em (3.8) uma solução completa ou particular.
De maneira análoga se obtém a solução geral de
F (p, h(y)q) = 0.
Se
q = G(p)/h(y)
u = xp + G(p)H(y) − ϕ(p),
onde
∫
dy
H(y) =
h(y)
e a condição de integrabilidade
ϕ′ (p) = G ′ (p)H(y) + x.
F (r, s) = 0
ou
G(s, t) = 0,
Solução geral da equação de Hamilton Jacobi unidimensional 31
onde
desde que estas podem ser transformadas nas equações diferenciais parciais acima.
As soluções obtidas dependem de uma função arbitrária, como são EDPs de segunda
ordem a solução geral depende de duas função arbitrárias, logo definimos esta como
solução generalizada.
Solução generalizada de uma EDP de segunda ordem é definida como aquela
que contém uma função arbitrária,
Com esse intuito basta fazer as transformações
∂u ∂u
P = , Q= .
∂x ∂y
∂P ∂P
F( , ) = F (p, q) = 0,
∂x ∂y
∂Q ∂Q
G( , ) = G(p, q) = 0.
∂x ∂y
( )2
∂S ∂S
a(x) + V (x) − = 0,
∂x ∂t
ou de forma equivalente,
32 Obtenção de Soluções Gerais para Determinadas EDPs
ap2 + V − q = 0, (3.9)
onde
∂S ∂S
p= , q= .
∂x ∂t
Portanto
( √ )
dS = d x (q − V )/a + qt −
x(a′ V − aV ′ − qa′ )
− √ dx −
2 a(q − V )
( )
x
− t+ √ dq, (3.11)
2a a(q − V )
√
S(x, t) = x (q − V )/a + qt − F (x, q), (3.12)
∂F x
= t+ √ ,
∂q 2 a(q − V )
∂F x(a′ V − aV ′ − qa′ )
= √ ≡ H(x, q). (3.13)
∂x 2a a(q − V )
∫
∂H x
dx + G ′ (q) = t + √ . (3.14)
∂q 2 a(q − V )
( )2
∂S ∂S
a − = ap2 − q = 0,
∂x ∂t
√
S=x q/a + qt − F.
∂F x
= t+ √ ,
∂q 2 aq
∂F
= 0.
∂x
Cuja solução é
F = G(q),
x
G ′ (q) = t+ √ .
2 aq
q = x2 /4a(C − t)2 ,
logo
√
S(x, t) = x C/a + Ct
( )2
∂S ∂S
+ x2 − = p2 + x2 − q = 0.
∂x ∂t
Sua solução é
( )
1 √ q x
S(x, t) = qt + x q − x2 + sen−1 √ − G(q),
2 2 q
A equação
∑
∆∞ u = |∇u|−2 uxi uxi xj uxj .
i,j
p2 r + 2pqs + q 2 t = 0, (3.17)
onde
O método de Monge [1], pode ser aplicado para a equação (3.18) que sendo
quasilinear, uniforme e homogênea resulta no seguinte sistema de Monge:
(pdy − qdx)2 = 0,
ou
q
dy = dx.
p
pdp + qdq = 0,
cuja solução é
p2 + q 2 = λ2 ,
onde λ é uma constante arbitrária.
Como a equação diferencial parcial é da forma F (p, q) = 0 logo sua solução é
dada pelas equações (3.5)
√
u = x λ2 − q 2 + yq + φ(q), (3.20)
xq
φ′(q) = y − √ , (3.21)
λ2 − q 2
( √ )2 1/2
x±y λ2 (x2 + y 2 ) − 1
u = x λ2 −
x2 + y 2
( √ )
x±y λ2 (x2 + y 2 ) − 1
+ y +
x2 + y 2
( √ )
x±y λ2 (x2 + y 2 ) − 1
+ arcsin + µ.
λ(x2 + y 2 )
Extensões e generalizações possı́veis 37
3.6 Exercı́cios
Aplicações em Fundamentos
da Mecânica Analı́tica
Hamiltoniana
4.1 Introdução
4.2.1 Introdução
d d
Fi = pi = (mdṙi ), (4.1)
dt dt
∑
N
(e)
∑N
d d ∑
N
d
F≡ Fi = pi = pi = P, (4.2)
i=1 i=1
dt dt i=1
dt
onde
∑
N
P= pi
i=1
∫ 2 ∫ 2
2
d 1
Fi · dri = (mi dṙi ) · dri = mi dṙ2i , (4.3)
1 1 dt 2
1
N ∫
∑ 2 ∑
N 2
∑
N 2
1
Fi · dri = mi dṙ2i = Ti = T (2) − T (1) . (4.4)
i=1 1 i=1
2 i=1
1 1
∑
N
Fi · dri = −dV, (4.5)
i=1
pois esta é uma diferencial exata, onde a função V = V (xI ), I = 1, 2, ..., 3N , cha-
mada de energia potencial, depende somente das componentes dos vetores posição
de cada partı́cula. Neste caso particular a equação (4.4) fornece
∂V
FI = − . (4.7)
∂xI
∫
δ L(q, q̇, t) dt = 0.
∫ ∫ ∫ (∑N ∑N
)
∂L ∂L
δ L dt = δL dt = δq i + δ q̇ i dt = 0.
i=1
∂q i i=1
∂ q̇ i
∫ ∑N [ ( )]
∂L d ∂L
− δq i dt = 0.
i=1
∂q i dt ∂ q̇ i
L = T − V, (4.9)
4.3.1 Introdução
∂L
pi = , (4.10)
∂ q̇ i
onde as variáveis q̇ i devem ser obtidas a partir de (4.10) como funções das variáveis
q, p e t. As equações (4.10) fornecem o sistema de equações dadas por p i =
p i (q, q̇, t) que deve ser resolvido para obtermos q̇ i = q̇ i (q, p, t), o que nem sempre
é simples. Sendo que no caso em que a função Lagrangiana é linear em alguns q̇ i ′ s
se torna impossı́vel, gerando todo um desenvolvimento de um ramo da mecânica
analı́tica chamada de mecânica singular ou de Dirac.
Esta definição da função Hamiltoniana H pode ser justificada de várias formas,
por ser uma grandeza que representa uma constante de movimento, desde que a
função Lagrangiana não dependa de t, ou por representar a energia total do sistema,
H = T + V = E, no caso conservativo e em alguns outros sistemas. No entanto,
Mecânica Hamiltoniana 45
não devemos confundi-la com a energia total, pois existem sistemas onde a energia
total e o Hamiltoniano são constantes de movimento mas são diferentes [17, 18].
A definição dada por (4.11) é uma transformação de coordenadas denominada
transformação de Legendre, que muda as variáveis do conjunto {q i , q̇ i , t} para
{q i , p i , t}.
∂H ∂H ∂H
dH = dq i + dp i + dt (4.12)
∂q i ∂p i ∂t
e de (4.11)
∂L ∂L
dL = dq i + p i dq̇ i + dt =
∂q i ∂t
∂L
= ṗ i dq i + p i dq̇ i + dt
∂t
∂L ∂L
dH = q̇ i dp i − dq i − dt =
∂q i ∂t
∂L
= −ṗ i dq i + q̇ i dp i − dt.
∂t
∂H
q̇ i = (4.14)
∂p i
∂H
ṗ i = − (4.15)
∂q i
∂L ∂H
= − . (4.16)
∂t ∂t
46 Aplicação em Fundamentos da Mecânica Analı́tica Hamiltoniana
( )
d ∂L ∂L
− = 0, (4.17)
dt ∂ q̇ i ∂q i
iii. O movimento do sistema mecânico pode ser descrito pelas equações (4.8), ou
de forma alternativa, pelo conjunto de equações canônicas de movimento, conhecidas
como equações de Hamilton
Procedimento de Hamiltonização alternativa 47
∂H
q̇ i = ; (4.19)
∂p i
∂H
ṗ i = − . (4.20)
∂q i
que passa a ser a equação diferencial parcial que define a função Hamiltoniana,
que vamos definir como EDP Hamiltoniana. Portanto qualquer função H que
satisfaça esta equação pode ser definida como o Hamiltoniano do sistema mecânico,
sendo que esta descrição será canônica.
Esta equação diferencial parcial possui uma solução generalizada linear nos mo-
menta dada por
∂H
= 0. (4.24)
∂A i
48 Aplicação em Fundamentos da Mecânica Analı́tica Hamiltoniana
∂H
ṗ i = − =
∂q i
∂Aj ∂L ∂L ∂Aj
= − pj + + =
∂q i ∂q i ∂Aj ∂q i
( )
∂L ∂L ∂Aj
= − pj − , (4.25)
∂q i ∂Aj ∂q i
( ) ( )
∂L ∂Aj d ∂L
ṗ i = − pj − + ̸=
∂Aj ∂q i dt ∂ q̇ i
( )
d ∂L
̸= .
dt ∂ q̇ i
∂H ∂L
= pi − = 0. (4.26)
∂A i ∂A i
∂H
q̇ i = = A i. (4.28)
∂p i
∂L
pi = , (4.29)
∂ q̇ i
4.8 Exemplo
aq̈ − b q = 0.
[ ]2
∂H ∂H
H = p −a − b q2 ,
∂p ∂p
cuja solução é
H = p A − aA2 − b q 2 . (4.30)
q̇ = ∂H/∂p = A;
d(2a A)/dt − 2b q = 0,
cuja solução é
√
A = ± C + b q 2 /a ,
( √ )
H = ± C + b q 2 /a p − 2b q 2 − a C.
√
q̇ = ± C + b q 2 /a
bqp
ṗ = ∓ √ + 4b q = p ′ q̇ =
a C + b q 2 /a
( √ )
= p ′ ± C + b q 2 /a ,
2b q 2 + D
p = ±√ ,
C + b q 2 /a
∂H/∂A = 0 =⇒ p − 2a A = 0 =⇒ A = p/2a.
p2
H = − b q2 ,
4a
( ) ( )
∂pj ∂2L
J= = .
∂ q̇ i ∂ q̇ i ∂ q̇j
∂aj ∂V
ȧ i = q̇ j − . (4.32)
∂q i ∂q i
O Hamiltoniano que descreve este sistema é definido pela seguinte equação di-
ferencial parcial, obtida de (4.22),
Aplicações e extensões de Hamiltonizações alternativas 53
∂H
H = (p i − a i ) + V. (4.33)
∂p i
q̇ i = Gi ; (4.35)
∂Gj ∂V ∂aj
ṗ i = −(p j − a j ) − + Gj . (4.36)
∂q i ∂q i ∂q i
∂V ∂aj
ȧ i = − + Gj . (4.37)
∂q i ∂q i
Estas equações constituem um sistema algébrico (de fácil solução) para as funções
Gj .
Os momenta p i (até agora indefinidos) são determinados resolvendo o sistema
de equações diferenciais parciais que resultam do segundo conjunto de equações de
Hamilton (4.36). Este sistema pode ser reescrito, utilizando as equações (4.37),
como
∂Gj
ṗ i − ȧ i = − (p j − a j ). (4.38)
∂q i
Das soluções deste sistema devem ser excluı́das aquelas que resultam em p i =
ai .
Esta dificuldade de hamiltonizar os sistemas singulares da maneira usual é bas-
tante conhecida, desde que neste caso é impossı́vel determinar os q̇ i ′ s a partir das
definições usuais dos momenta (p i = ∂L/∂ q̇j ). (Justifique!)
Este problema resultou na teoria de Dirac [19] para estes sistemas.
54 Aplicação em Fundamentos da Mecânica Analı́tica Hamiltoniana
4.9.3 Exemplo
∂H ∂H
H = (p1 − q2 ) + (p2 + 2q1 ) − q1 q2 ,
∂p1 ∂p2
q1 = C1 ;
q2 = C2 ;
H + q1 q2 = C3 (p1 − q2 );
H + q1 q2 = C4 (p2 + 2q1 ).
q̇ i = Gi , (i = 1, 2).
q̇2 = q2 − 2G2 = G2 ;
Aplicações e extensões de Hamiltonizações alternativas 55
− 2q̇1 = q1 + G1 = − 2G1 .
q1
G1 = −
3
q2
G2 = ,
3
1
H = (q2 p2 − q1 p1 ). (4.39)
3
p1 = q2 f1 (q1 q2 );
p2 = q1 f2 (q1 q2 ),
Para sistemas mecânicos parcialmente singulares (ou mistos) algumas das funções
Am = Am (q, p, t) (m = 1, . . . , K; K < N ), podem ser determinadas a partir das
condições de envoltória - (4.24). A determinação dos A i ′ s destas condições im-
plicam na definição usual dos momenta pm = ∂L/∂ q̇m (§ 4.3), i.e., teremos um
56 Aplicação em Fundamentos da Mecânica Analı́tica Hamiltoniana
4.9.5 Conclusão
4.10.1 Introdução
se L não é singular (i.e., det(∂ 2 L/∂ q̇ i ∂ q̇j ) = det(a ij ) ̸= 0), então o Hamiltoniano
correspondente é
1
H(q, p, t) = b ij (q, t) p i p j + V (q, t), (4.41)
4
∂S
pi = ;
∂q i
∂S
H = − ,
∂t
1 ∂S ∂S ∂S
b ij +V + = 0, (4.42)
4 ∂q i ∂qj ∂t
H̄ = p i A i − a ij A i A j + V,
∂a ij ∂V
2(d/dt) (ajk A j ) = A i Aj − .
∂q k ∂q k
∂ S̄ ∂ S̄
Ai + a ij A i A j + V + = 0. (4.43)
∂q i ∂t
tido pode-se adicionar uma função arbitrária f (q, q̇, t) sem alterar o procedimento
de Hamiltonização (desde que esta adição só muda a definição dos momenta). Se
esta função for o negativo da função Lagrangiana, então o procedimento de Hamil-
tonização é o usual.
Como esta Hamiltonização independe do número de equações de movimento que
descrevem o sistema, então pode ser aplicado a sistemas que possuem um número
ı́mpar de equações. Um dos exemplos deste caso é a Mecânica de Nambu, que possui
um número ı́mpar de equações de movimento de primeira ordem [31, 32]. Utilizando
o procedimento de Hamiltonização direta podemos demonstrar que a Mecânica de
Nambu é uma mecânica usual (singular) [33].
Vamos considerar um sistema mecânico com N graus de liberdade, descrito
pelas suas equações de movimento.
∂H k ∂H
δH = δq + δp k . (4.46)
∂q k ∂p k
∂H
q̇ k = = Ak , (4.47)
∂p k
δH = δ(Ak p k ) = δ(q̇ k p k ) = δ q̇ k p k + q̇ k δp k
d ( )
= p k δq k − ṗ k δq k + q̇ k δp k (4.48)
dt
Conclusão geral 61
∂H
q̇ k = ; (4.49)
∂p k
∂H
ṗ k = − , (4.50)
∂q k
Φ i (Ȧ, A, q, t) = 0, (4.51)
onde A = A , · · · , A .
1 N
65
66 Aplicação em Fundamentos da Mecânica Analı́tica Hamiltoniana
[13] ARONSSON, G. On the partial differential equation u2x uxx + 2ux uy uxy +
u2y uyy = 0. Arkiv för Matematic, v. 7, pp. 395-425, 1968.
[15] ARONSSON, G.; PERES, Y.; SCHRAMM, O.; SHEFFIELD, S.; WILSON,
D. B. Tug-of-war and the infinity Laplacian. J. Amer. Math. Soc., v. 22, p.
167-210, 2009.
[26] KODAMA, Y.; WADATI, M. Progr. Theor. Phys., v. 56, p. 1740-1746, 1976;
ibid. Progr. Theor. Phys., v. 57, p. 1900-1911, 1977.
Hamiltonização, 46
Hamiltonização direta, 59
Hamiltonizações alternativas, 46
definição de momentum, 48
68