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não isomorfo
ao conjugado complexo
Dissertação apresentada
ao
Instituto de Matemática e Estatística
da
Universidade de São Paulo
para
obtenção do título
de
Mestre em Ciências
Programa: Matemática
Orientador: Prof. Dr. Valentin Raphael Henri Ferenczi
Comissão Julgadora:
Agradeço inicialmente ao meu orientador, o Prof. Dr. Valentin Ferenczi, pela sua dedi-
cação e disposição para todas as minhas consultas.
i
ii
Resumo
iii
iv
Abstract
In this work we study the concept of twisted sum of F -spaces. We present some properties
and simplifications in the construction of twisted sums of locally bounded F -spaces. In
particular, we study a sufficient condition for a twisted sum of Banach spaces to be a Banach
space. Finally we apply these concepts to define the space constructed by N. J. Kalton
[Kal95], which is an example of a Banach space not isomorphic to its complex conjugate.
The Kalton space X is a twisted sum of Hilbert spaces, i.e. X has a closed subspace E such
that E and X/E are isomorphic to Hilbert spaces.
Keywords: Complex structure, Twisted sums, Banach spaces.
v
vi
Sumário
1 Resultados preliminares 3
1.1 Conceitos e notações básicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Espaços vetoriais topológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3 Espaços Quase-normados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.4 Decomposição de Schauder . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2 Somas torcidas 25
2.1 Somas torcidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2 Propriedades preservadas pelas somas torcidas . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.3 Somas torcidas de espaços de Banach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.4 Simplificações na construção de somas torcidas . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Referências Bibliográficas 73
vii
viii SUMÁRIO
Introdução
Um resultado clássico de S. Mazur e S. Ulam [MU32] estabelece que dois espaços de Ba-
nach reais que sejam isométricos devem ser R-linearmente isométricos. A pergunta natural é
se esse resultado pode-se estender ao caso complexo. Dado um espaço de Banach complexo
X, o espaço mais simples que é R-linearmente isométrico a X é o espaço conjugado X de X,
que está definido como o espaço X munido com a lei escalar λ x = λx em vez de λx. Em
1986 J. Bourgain [Bou86] exibiu dois espaços de Banach que são linearmente isométricos
como espaços reais, porém não isomorfos como espaços complexos. Mais especificamente,
Bourgain construiu, usando técnicas probabilísticas, um espaço de Banach não isomorfo ao
conjugado. Desta forma, o resultado de Mazur-Ulam não é válido no caso complexo. Uma
construção mais explícita de um espaço não isomorfo ao conjugado foi obtida por N. J.
Kalton [Kal95] mediante somas torcidas. O objetivo deste trabalho é apresentar o espaço de
Kalton, que é uma soma torcida de `2 com `2 .
1
2 SUMÁRIO 0.0
Resultados preliminares
Denotaremos por c00 (K) o conjunto das sequências sobre o corpo K, tais que suas coor-
denadas são todas zero, exceto um número finito.
Seja X um espaço vetorial sobre um corpo K, denotaremos por idX a função identidade
de X, isto é, a aplicação idX : X → X definida por idX (x) = x para todo x ∈ X.
3
4 RESULTADOS PRELIMINARES 1.1
Teorema 1.2 (Lema de Zorn). Seja P um conjunto não vazio parcialmente ordenado com
a propriedade que todo subconjunto totalmente ordenado de P possui uma cota superior em
P . Então P contém pelo menos um elemento maximal.
Segue do Lema de Zorn que todo espaço vetorial possui uma base de Hamel, ou seja,
uma família geradora e linearmente independente. De modo mais geral, temos o seguinte:
Lema 1.6. Seja T : X → Y uma aplicação linear sobrejetora entre espaços vetoriais X e
Y . Então existe uma aplicação linear S : Y → X tal que T ◦ S = idY .
Definição 1.8. Seja (X, d) um espaço vetorial métrico, dizemos que d é invariante, se
d(x + a, y + a) = d(x, y) para todo x, y, a ∈ X.
Seja (X, d) um espaço vetorial métrico, definimos para cada x0 ∈ X e r > 0 a bola aberta
centrada em x0 e rádio r como o conjunto Br (x0 ) = {x ∈ X, d(xo , x) < r}, em particular
B1 (0) é a bola aberta unitária e BX = {x ∈ X, d(0, x) ≤ 1} é a bola fechada unitária.
1.1 CONCEITOS E NOTAÇÕES BÁSICAS 5
Num espaço métrico a topologia gerada pela métrica ao considerar um aberto como união
de bolas abertas, é chamada de topologia induzida pela métrica.
Seja (X, τ ) um espaço topológico, se a topologia τ é gerada por uma métrica d, então
dizemos que τ e d são compatíveis.
Seja X um espaço normado. A métrica d induzida pela norma é definida por d(x, y) =
kx − yk. A topologia em X obtida pela métrica induzida será chamada de topologia gerada
pela norma.
Definição 1.9. Dizemos que um espaço topológico X é normalizável se existe uma norma
em X tal que a topologia em X coincide com a topologia gerada pela norma.
Teorema 1.12 (Baire). Todo espaço métrico completo, não vazio, é de Baire.
Demonstração. [Meg98].
Seja X um espaço normado, vamos denotar por X ∗ o espaço dual de X, isto é, o espaço
(de Banach) de todas as aplicações lineares contínuas f : X → K, munido com a norma
kf k = supx∈BX |f (x)| para f ∈ X ∗ . Denotamos por X ∗∗ o espaço dual de X ∗ .
Lema 1.14. Seja T : X → Y é uma aplicação linear contínua entre espaços normados X e
Y . Então o operador transposto de T é contínuo e kT ∗ k = kT k.
Demonstração. [Meg98].
6 RESULTADOS PRELIMINARES 1.1
Se f : M → R é uma aplicação linear contínua sobre M tal que |f (m)| ≤ g(m) para todo
m ∈ M , então existe um funcional F ∈ X ∗ tal que F (x) = f (x) para cada x ∈ M e
|F (x)| ≤ g(x) para todo x ∈ X.
Para cada x0 ∈ X a aplicação Q(x0 ) : X ∗ → K dada por Q(x0 )(f ) = f (x0 ), para
todo f ∈ X ∗ , é uma aplicação linear contínua tal que kQ(x0 )k = kx0 k. Logo a função
Q : X → X ∗∗ , que a cada x0 ∈ X associa Q(x0 ) como antes, é uma isometria linear sobre
um subespaço de X ∗∗ .
(b) Se M é fechado (e então X/M é um espaço vetorial normado) então (X/M )∗ é isomé-
trico a M ⊥ pela aplicação T : M ⊥ → (X/M )∗ definida por T (m⊥ )(x + M ) = m⊥ (x).
Demonstração. [Meg98].
Demonstração. [Meg98].
w∗
(a) Sejam f, f1 , f2 . . . ∈ X ∗ . Então fn −→ f se, e somente se, limn→∞ fn (x) = f (x) para
todo x ∈ X.
w
(b) Sejam x, x1 , x2 . . . ∈ X. Então xn −
→ x se, e somente se, limn→∞ f (xn ) = f (x) para todo
∗
f ∈X .
X × X 3 (x, y) → x + y ∈ X; K × X 3 (k, x) → kx ∈ X
8 RESULTADOS PRELIMINARES 1.2
Lema 1.24. Todo espaço vetorial topológico é Hausdorff. Logo, se U é uma base local, então
T
U = {0}
Demonstração. [Rud73].
(b) E é limitado se para cada vizinhança U de 0, existe t > 0 tal que E ⊆ sU para todo
s > t.
As seguintes propriedades dos anteriores tipos de conjuntos são simples de provar. Para
os detalhes sugerimos o livro de Rudin [Rud73].
Lema 1.26.
(b) O fecho da soma de dois conjuntos contém a soma dos fechos destes dois conjuntos.
\ \
rβA = rβαU = rαU
|α|=1 |α|=1
Observação 1.29. Todo espaço vetorial topológico possui uma base local de conjuntos equi-
librados.
Todo espaço vetorial topológico localmente convexo possui uma base local de conjuntos con-
vexos e equilibrados.
{sn V : n = 1, 2, . . .}
Pela parte (a) do lema anterior segue-se que toda vizinhança de 0 é absorvente.
Vamos estabelecer uma condição necessária e suficiente para que um espaço vetorial to-
pológico seja normalizável, isto é, que a topologia seja induzida por una norma.
Considere E um subconjunto absorvente de X, o funcional de Minkowski µE de E está
definido por
µE (x) = inf t > 0 : t−1 x ∈ E
(x ∈ X).
Lema 1.31. Seja E um conjunto convexo, equilibrado e absorvente num espaço vetorial
topológico X. Então
Teorema 1.32. Um espaço vetorial topológico X é normalizável se, e somente se, 0 possui
uma vizinhança aberta convexa e limitada.
1.2 ESPAÇOS VETORIAIS TOPOLÓGICOS 11
Demonstração. Se existe uma norma k.k compatível com a topología em X, então a bola
aberta unitária B1 (0) é convexa e limitada.
Reciprocamente, seja U uma vizinhança de 0 limitada e convexa. Pelo Lema (1.28), U contém
uma vizinhança V de 0 convexa e equilibrada. Definamos
kxk = µV (x) (x ∈ X)
É claro que V é limitada, logo por Lema (1.30)-(b), os conjuntos rV (r > 0) formam uma
base local para a topologia de X. Se x 6= 0 então x ∈
/ rV para algum r > 0(X é Hausdorff)
e assim kxk ≥ r, isto prova, junto com o Lema (1.31), que k.k define uma norma.
Dado que V é um aberto,
{x : kxk < r} = rV r > 0
W ⊆ T (V1 ) ⊆ T (V ) (1.1)
Portanto, para provar a primeira inclusão em (1.1) é suficiente mostrar que T (T (V2 )) tem
interior não vazio. Segue do Lema (1.30)-(a) que X = ∞
S
k=1 kV2 . Logo
∞
[
Y = kT (V2 ).
k=1
Pelo teorema de Baire (1.12) existe k0 ∈ N tal que (k0 T (V2 ))o 6= ∅, dado que x → ko x é um
homeomorfismo de X, temos (T (V2 ))o 6= ∅. Notemos que o mesmo argumento mostra que
T (Vn ) é uma vizinhança de 0 para todo n ≥ 1.
Para mostrar a segunda inclusão em (1.1), fixemos y1 ∈ T (V1 ). Por indução vamos escolher
12 RESULTADOS PRELIMINARES 1.3
T (xn ) = yn − T (Vn+1 ).
Definamos yn+1 = yn − T (xn ). Com isto, yn+1 ∈ T (Vn+1 ) e podemos continuar o processo.
Dado que d(xn , 0) < 2−n r (n ≥ 1), então as somas sn = x1 + · · · + xn formam uma sequência
de Cauchy. Com efeito, se n < m
m
! m
!
X X
d (sm , sn ) = d (sm − sn , sn − sn ) = d xk , 0 ≤ 2−k r
k>n k>n
Segue da continuidade de T que limn→∞ yn+1 = 0, pois yn+1 ∈ T (Vn+1 ). Concluímos que
y1 = T x ∈ T (V ). O que completa a demonstração.
s x t y 1
+ = (x + y) ∈ KV
s+ts s+tt s+t
Uma aplicação que satisfaz as propriedades (Q1) até (Q4) é chamada de quase-norma.
Uma constante K em (Q4) chama-se módulo de concavidade.
Temos mostrado até aqui, que
Lema 1.35. A topologia de um espaço localmente limitado pode ser determinada por uma
quase-norma.
Lema 1.36. Seja X um espaço vetorial e k.k uma quase-norma em X. Então X é localmente
limitado com a topologia induzida por k.k
Demonstração. Consideremos E = {x ∈ X : kxk ≤ 1}. A coleção rE, r > 0, forma uma base
1 1
T
local de 0, de uma topologia Hausdorff, pois α>0 αE = {0}. Segue-se do fato 2K E + 2K E⊆
E(por Q4), que a topologia é compatível com a estrutura linear. Claramente E é limitado,
o que completa a prova.
Definição 1.37. Um espaço vetorial topológico chama-se quase normado se ele é localmente
limitado, o que é equivalente a dizer que a topologia é gerada por uma quase-norma.
kαn xk ≤ C, n∈N
14 RESULTADOS PRELIMINARES 1.3
Definição 1.39. Duas quase-normas |.| e k.k em X são equivalentes se existem constantes
0 < m ≤ M < ∞ tais que
m|x| ≤ kxk ≤ M |x|, x ∈ X.
Definição 1.41. Uma quase-norma k.k é p-subaditiva, 0 < p ≤ 1, se kx + ykp ≤ kxkp +kykp
para todo x, y ∈ X.
Teorema 1.43 (Aoki-Rolewicz(1957)). Seja (X, k.k) um espaço quase-normado. Então exis-
tem números positivos p, L e uma quase-norma p-subaditiva |||.||| equivalente a k.k, tais que
n n
!1/p
X X
||| xi ||| ≤ L |||xi |||p
i=1 i=1
1.3 ESPAÇOS QUASE-NORMADOS 15
para todo n e x1 , . . . , xn ∈ X.
Então |||x||| ≤ kxk, logo k|xk| satisfaz (Q1),(Q2) e (Q3). Vejamos que |||.||| é p-subaditiva.
Dado > 0, sejam ni=1 xi = x e m
P P
j=1 yj = y tais que
n
X
p
|||x||| + > kxi kp
i=1
m
X
p
|||y||| + > kyj kp
j=1
Logo |||x+y|||p ≤ (kxi kp + kyj kp ) < |||x|||p +|||y|||p +2. Como era arbitrário, concluímos
P
= max ρk kxk k
1≤k≤n+1
Logo kxk ≤ H(x) ≤ 21/p kxk. Vamos mostrar por indução que
e em consequência
A fórmula (1.2) é clara para n = 1. Suponhamos que também é válida para n = m. Sejam
x1 , . . . , xm+1 ∈ X. Podemos supor kx1 k ≥ kx2 k ≥ · · · ≥ kxm+1 k. Vamos considerar dois
casos. O primeiro, se os elementos do conjunto {H(xi ) : 1 ≤ i ≤ m + 1} são todos distintos.
Neste caso, 21/p H(xj+1 ) ≤ H(xj ) para j = 1, . . . , m. Logo, H(x1 ) ≥ 2i−1/p H(xi ). Agora,
e pelo FATO 1:
O segundo caso é quando H(xj ) = H(xj+1 ) para algum j, 1 ≤ j ≤ m. Então para algum
r∈Z
m+1
!1/p
X
≤ 21/p H(xi )p
i=1
1/p
|||x1 + x2 ||| ≤ (kx1 kp + kx2 kp )
≤ 21/p (kx1 k + kx2 k)
≤ 21/p 41/p (|||x1 ||| + |||x2 |||)
= ρ3 (|||x1 ||| + |||x2 |||)
1.4 DECOMPOSIÇÃO DE SCHAUDER 17
Observação 1.44. Sejam (X, k.k) e (Y, |.|) dois espaços quase-normados. Segue da prova
do teorema de Aoki-Rolewicz, que podemos tomar o mesmo p ∈ (0, 1] tal que k.k e |.| sejam
equivalentes a quase-normas p-subaditivas. Com efeito, é suficiente tomar K um módulo
de concavidade comum para as quase-normas de X e Y e continuar a construção feita na
demonstração.
que dimXn = k para todo n ∈ N. Em particular, uma 1-F.D.D não é outra coisa do que
uma base de Schauder {xn }∞n=1 de X, onde Xn = span {xn } para cada n ∈ N.
Cada decomposição de Schauder {Xn }∞ n=1 de um espaço de Banach X determina uma
sequência de projeções {Pn }n=1 sobre X, definidas por Pn ( ∞
∞ P Pn
k=1 xk ) = k=1 xk que satis-
fazem o lema seguinte.
Lema 1.48. Seja {Xn }∞ n=1 uma decomposição de Schauder de um espaço de Banach X.
Então as projeções associadas Pn : X → X são contínuas e supn∈N kPn k < ∞.
kn
X
xn = ani eni para ani ∈ K
i=1
A aplicação fin : Xn → K definida por fin (xn ) = ani é contínua, pois dimXn < ∞. Assim o
operador linear en∗ n∗ n
i : X → K , definido como ei (x) = ai é contínuo, já que
|en∗ n n
i (x)| = |fi (Pn − Pn−1 )(x)| ≤ kfi k 2K kxk
m
!
X
Pm∗ (x∗ )(x) = x∗ xn
n=1
m kn
!
X X
= x∗ ani eni
n=1 i=1
m X
X kn
= ani x∗ (eni )
n=1 i=1
Xm X kn
= x∗ (eni )en∗
i (x)
n=1 i=1
w∗
Agora mostremos que Pm∗ (x∗ ) −→ x∗ em X ∗ . Com efeito para cada x ∈ X
m
!
X
lim Pm∗ (x∗ )(x) = lim x∗ (Pn (x)) = lim x∗ xk
m→∞ m→∞ m→∞
k=1
m
!
X
= x∗ lim xk
m→∞
k=1
∗
= x (x)
∗
X ∗ = spanw
k∗
ei
= spanw ek∗
i
= span ek∗
i
Definição 1.50. Sejam {Xn }∞ n=1 uma decomposição de Schauder de X e 1 = k1 < k2 < k3 <
. . . uma sequência crescente de números inteiros. Escreva Yi = Xki ⊕ Xki +1 ⊕ · · · ⊕ Xki+1 −1
(i = 1, 2, . . .). Então a decomposição {Yi }∞
i=1 de X é chamada um ’blocking’ da decomposição
∞
{Xn }n=1 .
Como a dimensão de (Qn Y )∗ é finita então, passando a uma sub-sequência se for necessario,
existe ye∗ ∈ (Qn Y )∗ tal que
ye∗ = lim yk∗
k→∞
|y ∗ (Qn T xk )| = |e
y ∗ (Qn T xk )|
≥ |yk∗ (Qn T xk )| − |(e
y ∗ − yk∗ )(Qn T xk )|
M kT k
≥ − =
2M kT k 2
Escrevendo f = Q∗n y ∗ , a equação anterior fica |T ∗ f (xk )| ≥ /2. Logo para todo n suficiente-
mente grande
kPn∗ (T ∗ f ) − T ∗ f k ≥ |Pn∗ (T ∗ f xn ) − T ∗ f xn |
= |T ∗ f (xn )| ≥ /2
kT xi − Qk T xi k ≤
1.4 DECOMPOSIÇÃO DE SCHAUDER 21
kT x − Qm T xk ≤ kT x − T xi k + kT xi − Qm T xi k + kQm T xi − Qm T xk
≤ kT k δ + /2 + kQm k kT k δ
= /2 + (kT k + M kT k)δ
kT x − Qm T xk ≤ kxk
para todo x ∈ Pn X.
T x − (Qk T x − Qk T x)
≤
T x − Qk T x
+
Qk T x
j j−2 j j−2
≤ j /2 kxk + j /2 kxk
= j kxk
P
Lema 1.53. Sejam X e Y espaços de Banach e X = Xn uma decomposição de Schauder
de X. Seja ∞
P
n=1 n = uma serie convergente de números reais não negativos. Se existem
aplicações lineares Tn : Xn → Y tais que kTn (xn )k ≤ n kxn k para todo xn ∈ Xn , então o
operador T (x) := ∞
P P
n=1 Tn (xn ), onde x = xn , está bem definido, é contínuo e kT k ≤ 2K
∞
sendo K a constante da decomposição {Xn }n=1 .
P
Demonstração. Seja x ∈ X, vamos mostrar inicialmente que n Tn (xn ) converge. Suponha-
mos que kxn k ≤ 1 para todo n ∈ N. Assim
∞
X ∞
X
kTn (xn )k ≤ n =
n=1 n=1
assim, aplicamos o resultado anterior a xn /2K kxk e obtemos pela linearidade de Tn , que
P
n Tn (xn ) converge e
X ∞
Tn (xn )
≤ 2K kxk
n=1
(c)
Te
≤ kT k +
P
Corolario 1.55. Sejam X e Y espaços de Banach, X = Xn uma F.D.D contrátil de X
P P∞
eY = Yn uma F.D.D de Y . Considere n=1 n = uma serie convergente de números
reais positivos. Então dado um operador contínuo T : X → Y , existem ’blockings’ {Xn0 }∞
n=1
∞ 00 ∞ ∞
de {Xn }n=1 e {Yn }n=1 de {Yn }n=1 e um operador contínuo T : X → Y tais que
e
(b)
T (x) − T (x)
≤ n kxk para todo x ∈ Xn0
e
(c)
Te
≤ kT k +
0
Demonstração. Basta tomar Yn00 = Y2n−1 0
⊕ Y2n . Onde Te, {Xn0 }∞ 0 ∞
n=1 e {Yn }n=1 são obtidos pelo
teorema anterior.
24 RESULTADOS PRELIMINARES 1.4
Capítulo 2
Somas torcidas
A maioria dos teoremas deste capítulo serão estabelecidos para F -espaços localmente
limitados. Esta classe de espaços é a mais geral e interessante para estudar somas torcidas,
pois nos F -espaços é válido o teorema da aplicação aberta e, como será demonstrado na
próxima secção, toda soma torcida de F -espaços localmente limitados é um F -espaço local-
mente limitado.
Usaremos a notação k.k para referirmos à quase-norma que gera a topologia do F -espaço
localmente limitado(Definição (1.37)).
j q
0→X→Z→Y →0
• j é injetora.
• q é sobrejetora.
25
26 SOMAS TORCIDAS 2.1
• j(X) = ker q.
Lema 2.3. Sejam X, Y e Z F -espaços. Então Z é uma soma torcida de X e Y se, e somente
j q
se, existe uma sequência exata curta 0 → X → Z → Y → 0.
T S◦π
0→X→Z → Y →0
j1 q1
0 / X / Z1 /Y /0
iX T iY
j2 q2
0 / X / Z2 /Y /0
• q2 (T z) = q1 (z), z ∈ Z1
Nesta secção vamos estudar varias propriedades das somas torcidas, em particular mos-
traremos que geram e são geradas por aplicações quase-lineares.
(b) kF (y1 + y2 ) − F (y1 ) − F (y2 )k ≤ M (ky1 k + ky2 k), para todo y1 , y2 ∈ Y onde M é uma
constante independente de y1 , y2 .
define uma quase-norma no espaço vetorial X × Y (onde usamos o mesmo símbolo para as
diferentes quase-normas).
Com efeito, as propriedades (Q1), (Q2) e (Q3) são claras. Provemos (Q4)
Com efeito, pelo teorema da aplicação aberta existe uma constante C > 0 tal que C1 BY ⊆
q(BZ ). Vamos definir φ inicialmente em SY = {y ∈ Y : kyk = 1}. Considere sobre SY a
seguinte relação de equivalência, y1 Ry2 se, e somente se, existe λ ∈ K com |λ| = 1 tal que
y2 = λy1 . Para cada y ∈ SY , denotemos por y a classe de equivalência de y. Pelo axioma de
S
escolha, consideremos J = α∈I {yα } um conjunto que contém um único representante de
cada classe de equivalência. Para cada yα ∈ J, definamos φ(yα ) = Czα onde yα = q(Czα )
para algum zα ∈ BZ . Deste modo kφ(yα )k ≤ C para todo α ∈ I. Agora dado y ∈ SY ,
definimos φ(y) = φ(yα ) se y ∈ yα . E para cada λ ∈ K e y ∈ SY definamos φ(λy) = λφ(y).
Assim, para y ∈ Y , y 6= 0 arbitrário
y
φ(y) = kyk φ
kyk
Portanto, F é um operador quase-linear, pois é claro que F (λy) = λF (y) para todo λ ∈ K.
Agora definamos T : Z → X ⊕F Y mediante a fórmula
Então
= kqzk +
j −1 (z − φ(qz))
≤ kqzk + L kz − φ(qz)k
≤ kqzk + KL (kzk + kφ(qz)k)
≤ kqk kzk + KL(kzk + C kqk kzk).
= (kqk + KL + KLC kqk) kzk .
j q
0 / X / Z / Y / 0
iX T iY
q0
0 / X
i / X ⊕F Y / Y / 0
comuta, pois
j1 q1
0 / X / X ⊕F Y / Y / 0
iX T iY
j2 q2
0 / X / X ⊕G Y / Y / 0
seja comutativo. Assim, T (j1 (x)) = j2 (x) implica que T (x, 0) = (x, 0) e de q1 (x, y) =
q2 (T (x, y)) temos y = q2 (T (0, y)). Escrevamos πX : X ⊕F Y → X a projeção sobre
X(πX (x, y) = x) e definamos a aplicação A(y) = πX T (0, y), y ∈ Y . Claramente A é li-
near e
30 SOMAS TORCIDAS 2.2
Pela construção, T faz que o diagrama comute, com isto a prova fica completa.
Teorema 2.14. Ser localmente limitado é uma propriedade dos três espaços.
Com isto, a sequência (mn ) é limitada, o que implica que n1 xn é limitada, pois soma de
conjuntos limitados é limitado. Portanto, existe α > 0 tal que xn ∈ nαV para todo n ∈ N,
em particular tomando n ≥ α, temos xn ∈ n2 V o que é uma contradição. Concluímos que
V é limitada.
Assim x∗∗ − Q(x) ∈ M ⊥⊥ e pelo Lema (1.18) existe m ∈ M tal que x∗∗ − Q(x) = Q(m). Em
consequência x∗∗ = Q(x + m). Isto completa a prova.
Lema 2.17. Para cada sequência de sinais (i )ni=1 (i = ±1) existe um único k ∈ {0, 1, . . . , 2n − 1},
tal que
k k+1
i = γi (t), t ∈ , para i = 1, . . . , n.
2n 2n
Demonstração. Vamos provar este lema por indução sobre n. É claro que a afirmação é válida
quando n = 1. Supondo que também é válida para n, consideremos (i )n+1 i=1 uma sequência
n
de n + 1 sinais. Pela hipótese de indução, seja kn ∈ {0, 1, . . . , 2 − 1}único tal que
kn kn + 1
i = γi (t), t∈ , para i = 1, . . . , n.
2n 2n
k
, 2k+1 kn kn +1
já que 2n+1 n+1 ⊆ 2n
, 2n . O que completa o passo indutivo.
Lema 2.18. Seja (X, k.k) um espaço quase-normado. Consideremos x1 , . . . , xn , . . . , xnm nm-
vetores em X. Então temos:
R 1 Pn 2 1
P Pn 2
(a) 0
k k=1 γk (t)xk k dt = 2n k =±1 k k=1 k xk k
Onde a soma no lado direito de (a) é tomada sobre todas as escolhas de n sinais = (i )ni=1 ,
ou seja, i é +1 ou −1 para cada i = 1, . . . , n.
2
2
Z 1
n
Z 1
Xmn
X X
γk (s) γj (t)xj
dt = γj (t) γkj (s)xj
dt
0
k=1 m(k−1)<j≤mk
0
j=1
nm
2
1 X
X
= nm j γkj (s)xj
2 =±1
j=1
j
2
nm
1 X
X
= nm j xj
2 =±1
j j=1
onde kj é o inteiro k tal que j ∈ (m(k − 1), mk]. A última igualdade segue do fato que
γkj (s) = ±1 e a soma é tomada sobre todas as sequências de nm sinais, então o produto
j γkj (s) também percorre todas 2nm possíveis escolhas de nm sinais. Usando novamente (a)
obtemos (b).
Lema 2.20. Seja X um espaço quase-normado. As sequências (an ) ,(bn ) e (cn ) são submul-
tiplicativas no sentido
(a) anm ≤ an am
(b) bnm ≤ bn bm
(c) cnm ≤ cn cm
2.3 SOMAS TORCIDAS DE ESPAÇOS DE BANACH 35
para todo n, m ∈ N.
assim
1
k(x11 + · · · + x1m ) + · · · + (xn1 + · · · + xnm )k ≤ an
am
logo anm ≤ an am .
(b). Considere xij ∈ X como en (a). Para cada i escolha sinais θij = ±1 (j = 1, . . . , m) tais
que
Xm
θij xij
≤ bm (i = 1, . . . , n).
j=1
Portanto bnm ≤ bn bm .
(c) Sejam x1 , . . . , xnm nm vetores em X. Para cada 1 ≤ k ≤ n e t ∈ [0, 1] definamos
X
yk (t) = γj (t)xj .
m(k−1)<j≤mk
R 1 R 1 Pn 2
Denotemos por I = 0 0
k k=1 γk (s)yk (t)k dsdt. Segue da definição de cn que
n Z
X 1 nm
X
2
I≤ nc2n kyk (t)k dt ≤ nmc2n c2m kxj k2 .
k=1 0 j=1
Portanto
2
Z 1
Xmn
nm
X
γj (u)xj
du = I ≤ (mn)(cn cm ) 2
kxj k2
0
j=1
j=1
36 SOMAS TORCIDAS 2.3
e em consequência cnm ≤ cn cm .
Definição 2.21. Um espaço quase-normado é chamado B-convexo se limn→∞ n−1 bn = 0.
Pela propriedade sub-multiplicativa dos bn , podemos notar que uma condição necessária
e suficiente para que um espaço X seja B-convexo é que exista um m ∈ N tal que m−1 bm < 1.
Com efeito, esta condição é necessária. Para ver que é suficiente, seja n ∈ N arbitrário e
k ∈ N tal que mk ≤ n < mk+1 . Assim, usando o Lema (2.20)
k1 x1 + · · · + n xn k ≤ (1 − δ)n.
Num espaço normado, isto pode-se entender como a propriedade que permite fazer múltiples
cancelamentos entre quaisquer n vetores de BX usando sinais i = ±1, isto é, a expressão
1 x1 + · · · + n xn tem vários cancelamentos de modo que não se atinge a norma máxima.
Portanto
Xn
min
i xi
≤ ncn
i =±1
i=1
Vamos estudar mais uma caracterização dos espaços B-convexos, agora na categoria de
2.3 SOMAS TORCIDAS DE ESPAÇOS DE BANACH 37
espaços normados.
Lema 2.22. Seja X um espaço normado. Então X é B-convexo se, e somente, se limn→∞ cn (X) =
0
2
2
2
X
Xn
X
Xn
Xn
k xk
≤ k xk
+
k xk
e
=±1
k k=1 6=e
k=1 k=1
n 2
≤ (2 − 1)n + b2n .
forma que sup1≤i≤n |ai | = 1 e reais, pois no caso complexo é suficiente tomar a parte real.
Escrevamos i = sinal(ai ) se ai 6= 0 e i = 0 em outro caso. Com isto, |i − ai | ≤ 1 e para
algum i ∈ {1, . . . , n}, i − ai = 0. Portanto
38 SOMAS TORCIDAS 2.3
Xn
Xn n
X
n−1
i xi
= n−1
ai x i + (i − ai )xi
i=1 i=1 i=1
n
X
≤ n−1 |i − ai |
i=1
≤ n−1 (n − 1) = 1 − n−1 .
`1 não é B-convexo.
Exemplo 4. Os espaços `∞ e c0 não são B-convexos.
Fixemos n ∈ N, definamos n sequências x1 , . . . , xn ∈ c0 da seguinte forma
j−1 j
xi (j) = γi (tj ), tj ∈ , , j = 1, . . . , 2n
2n 2n
Agora vamos provar alguns lemas técnicos, para demonstrar que toda soma torcida de
2.3 SOMAS TORCIDAS DE ESPAÇOS DE BANACH 39
Teorema 2.23. Seja X um espaço quase-normado tal que sup n−1 an < ∞. Então 0 possui
uma vizinhança convexa e limitada.
!
Xn
n
X
[mαi ]xi
≤ C [mαi ] .
i=1 i=1
Pn Pn
Como i=1 [mαi ] ≤ i=1 mαi = m, obtemos
n
X [mα ]
i
xi
≤ C.
m
i=1
Também observamos que limm→∞ [mαi ]/m = αi pois (m − 1)αi ≤ [mαi ] ≤ mαi . Logo
passando ao limite(Observação (1.38))
n
X
α i i
≤ CK
x
i=1
Lema 2.24. Seja X um espaço quase-normado tal que lim n−1 bn = 0. Então existe p > 1
tal que sup n−1/p bn < ∞
Demonstração. Por hipótese existe um m ∈ N tal que m−1 bm < 1. Considerando a função
mr com r > 0, podemos encontrar um p > 1 que satisfaz m−1/p bm < 1 e usando o Lema
(2.20) temos m−k/p bmk ≤ (m−1/p bm )k para todo inteiro positivo k. Logo para qualquer n ∈ N,
se mk ≤ n < mk+1
Lema 2.25. Em um espaço quase-normado X, se lim n−1 bn = 0 então sup n−1 an < ∞
Demonstração. Primeiro observemos que é suficiente demonstrar que sup 2−n a2n < ∞. Com
efeito, suponhamos que exista C > 0 tal que 2−k a2k ≤ C para todo k ∈ N. Sejam n ∈ N e
x1 , . . . , xn ∈ X com kxi k ≤ 1, se 2k ≤ n < 2k+1 então
1 −1
n kx1 + · · · + xn k ≤ 2−(k+1) kx1 + · · · + xn + 0 + · · · + 0k
2
≤ 2−(k+1) a2k+1
40 SOMAS TORCIDAS 2.3
Assim n−1 an ≤ 2C. Isto mostra que o lema fica provado se (n−1 an )r é limitado para n = 2k
e algum r > 0 fixo.
Sejam d > 0 e p > 1 constantes, obtidas pelo lema (2.24), tais que bn ≤ dn1/p , isto é
n−1 bn ≤ dn1/p−1 . Escrevamos 1/q = 1 − 1/p > 0, tomando n da forma 2k observamos que
para qualquer r > 0
r
2−k b2k ≤ dr 2−kr/q
de onde
n ∞
X
−k
r X
2 b2k ≤d r
2−kr/q = C (2.1)
k=0 k=0
Agora sejam {x1 , . . . , x2n } 2n vetores com kxi k ≤ 1 e uma escolha de sinais i = ±1 tal
que
X2n
i i
≤ b2n
x
i=1
Logo
2n
r
X
r
X
xi
≤ 2r
xi
+ br2n
i=1 i∈A
≤ 2 an + br2n .
r r
Daqui, temos
2−(n+1)r ar2n+1 − 2−nr ar2n ≤ 2−(n+1)r br2n+1 .
2.3 SOMAS TORCIDAS DE ESPAÇOS DE BANACH 41
Logo
n
X
2−(n+1)r ar2n+1 ar1 2−(k+1)r ar2k+1 − 2−kr ar2k
− =
k=0
n
X
≤ 2−(k+1)r br2k+1 ≤ C
k=0
para todo n ∈ N, onde a última desigualdade é garantida pela equação (2.1). Isto implica
que supk∈N (2−k a2k )r < ∞, e assim a prova do lema fica completa.
para todo x1 , . . . , xn ∈ Z.
Pelo lema sobre B-convexidade em espaços normados(Lema ((2.22))) se Z é isomorfo a um
espaço de Banach B-convexo, então limn→∞ cn (Z) = 0(pois passando a una quase-norma
equivalente não altera esta propriedade). Assim, neste caso lim cn (Y ) = lim cn (X/Y ) = 0.
2 Z 1Z 1
2
Z 1
X m X n
X m X n
θij (t)xij
dt = ϕi (s)θij (t)xij
dsdt
0
i=1 j=1
0 0
i=1 j=1
Z 1Z 1
2
X m
= ϕi (s)ui (t)
dsdt
0 0
i=1
R P 1/2
1 2
Seja A(t) = 0 k mi=1 ϕi (s)ui (t)k ds .
A imagem da função ui é um conjunto finito de vetores de X, assim dado t ∈ [0, 1] existe
42 SOMAS TORCIDAS 2.3
Observamos
!
Xm
Xm
X m
ϕi (s)ui (t)
≤ K ϕi (s)(ui (t) + vi (t))
+
ϕi (s)vi (t)
i=1 i=1 i=1
m
2 1/2
Z 1
2 1/2
Z 1
X
Xm
A(t) ≤ K ϕi (s)(ui (t) + vi (t))
ds + K ϕi (s)vi (t)
ds
0
i=1
0
i=1
m
!1/2 m
!1/2
√ X √ X
≤ K mcm (X) kui (t) + vi (t)k2 + K mcm (Y ) kvi (t)k2
i=1 i=1
m
!1/2 m
!1/2
√ X √ X
≤ 2K mcm (X) kπ(ui (t))k2 + 3K 2
mcm (Y ) kui (t)k2
i=1 i=1
1/2 m Z
!1/2
Z 1 √ X 1
2
A (t)dt ≤ 2K mcm (X) kπ(ui (t))k2 (2.2)
0 i=1 0
m Z
!1/2
√ X 1
2
+ 3K mcm (Y ) kui (t)k2
i=1 0
Pn
Observemos que π(ui (t)) = j=1 θij (t)π(xij ). E assim:
2 !1/2
m Z
X 1
Xm
m
X n
X 2
θij (t)π(xij )
dt ≤ cn (X/Y ) kπ(xij )k
i=1 0
i=1
i=1 j=1
m Z
!1/2
m Z
m
2 1/2
X 1 X 1
X
kπ(ui (t))k2 = θij (t)π(xij )
dt
i=1 0 i=1 0
i=1
m n
!!1/2
X X
≤ nc2n (X/Y ) kπ(xij )k2
i=1 j=1
m X
n
!1/2
√ X
= ncn (X/Y ) kπ(xij )k2 (2.3)
i=1 j=1
!1/2
2 1/2
m Z
X 1 m Z
X 1
Xn
kui (t)k2 = θij (t)xij
dt
i=1 0 i=1 0
j=1
m n
!!1/2
X X
≤ nc2n (X) kxij k2
i=1 j=1
m X
n
!1/2
√ X
= ncn (X) kxij k2 (2.4)
i=1 j=1
2 1/2 Z 1 1/2
1
X
X
2
ij xij
= A (t)dt
2nm
ij =±1 i,j
0
!1/2
√ √ X
≤ K m n (2cm (X)cn (X/Y ) + 3Kcm (Y )cn (X)) kxij k2
i,j
Em particular
cm2 (X) ≤ (2Kcm (X/Y ) + 3K 2 cm (Y ))cm (X).
Pela hipótese limm→∞ 2Kcm (X/Y )+3K 2 cm (Y ) = 0. Assim usando a relação anterior, existe
um m ∈ N tal que cm (X) = α < 1. Do fato que m−1 bm (X) ≤ cm (X) < 1 concluímos que X
é B-convexo.
Teorema 2.27. Toda soma torcida de espaços de Banach B-convexos é um espaço de Banach
B-convexo.
44 SOMAS TORCIDAS 2.4
Demonstração. Suponhamos que X seja uma soma torcida de espaços de Banach B-convexos.
Pelo teorema anterior, X é B-convexo. Resulta dos teoremas (2.25) e (2.23) que 0 ∈ X possui
uma vizinhança convexa limitada, como foi estudado no capítulo 1( Teorema (1.32)) essa é
uma condição necessária e suficiente para que um espaço seja normalizável. Também X deve
ser completo (Teorema (2.11)). Em consequência X é um espaço de Banach B-convexo.
Seja Z um completamento deste espaço. Defina j : X → X ⊕F0 Y0 como sendo j(x) = (x, 0)
e q̂ : X ⊕F0 Y0 → Y por q̂(x, y) = y. Sabemos que q̂ é contínua e sobrejetora, então existe
uma função q : Z → Y contínua que estende q̂. Vamos demonstrar que a sequência curta
j q
0→X→Z→Y →0
é exata. Para isto, só falta verificar que j(X) = ker q. É claro que j(X) ⊆ ker q pois
q(j(x)) = q(x, 0) = q̂(x, 0) = 0.
Seja z ∈ ker q, então z = lim(xn , yn ) onde (xn , yn ) ∈ X ⊕F0 Y0 . Assim 0 = q(z) =
lim q(xn , yn ) = lim q̂(xn , yn ) = lim yn , isto implica que lim(F0 (yn ), yn ) = 0, pois
k(xn − F0 (yn )) − (xm − F0 (ym ))kX ≤ k(xn − F0 (yn ), 0) − (xm − F0 (ym ), 0)kF0
j q
0 / X / Z /Y / 0
iX T iY
j0 q0
0 / X / X ⊕H Y /Y / 0
seja comutativo. Segue da demonstração do teorema 1.3, que T |X ⊕F0 Y0 tem a forma
T (x, y) = (x + Ay, y)
Da fórmula anterior é claro que F (λy) = λF (y) para todo λ ∈ K e y ∈ Y . Para mostrar que
F é um operador quase-linear, temos que achar uma constante C tal que
para todo y1 , y2 ∈ Y . Para isto, devemos verificar a desigualdade anterior em cada um dos
seguintes casos:
(a) y1 , y2 ∈ Y0 ;
(b) y1 ∈ Y0 , y2 ∈
/ Y0 ;
(c) y1 ∈
/ Y0 , y 2 ∈
/ Y0 .
para quaisquer y1 , . . . , yn ∈ Y .
Demonstração. Suponhamos (X, k.kX ) e (Y, k.kY ) são espaços quase-normados. Pela obser-
vação (1.44) do teorema de Aoki-Rolewicz, existem quase-normas |.|X e |.|Y equivalentes a
k.kX e k.kY , respetivamente, e um 0 < p ≤ 1 tais que
Portanto
Com efeito, o caso n = 2 segue do comentário anterior. Agora suponhamos que a fórmula
2.4 SIMPLIFICAÇÕES NA CONSTRUÇÃO DE SOMAS TORCIDAS 47
n
X n
X
i |yi |pY = i |yi |rY |yi |rY
i=1 i=1
n i
!
X X
≤ |yj |rY |yi |rY
i=1 j=1
n X
n n
!2
X X
≤ |yi |rY |yj |rY = |yi |rY
i=1 j=1 i=1
Assim
n
! n
n
!1/p
X X X
f yi − f (yi ) ≤ CK i |yi |pY
i=1 i=1 X i=1
n
!2/p
X
≤ |yi |rY
i=1
n
!1/r
X
= |yi |rY
i=1
Lema 2.31. Suponha X um F -espaço quase-normado. Então existe uma constante KX , que
48 SOMAS TORCIDAS 2.4
kf (t) − tf (1)k ≤ KX K 0 ≤ t ≤ 1
n
! n
n
!1/r
X X
X
f ti − f (ti )
≤ KL kti kr (2.6)
i=1 i=1 i=1
n
n
!1/r
X
X
xi
≤ L kxi kr (2.7)
i=1 i=1
para todo t1 , . . . tn ∈ R e x1 , . . . xn ∈ X.
PASSO 3. O objetivo é mostrar que existe uma constante KX dependendo só do espaço X
tal que
kf (t)k ≤ KX K 0 < t < 1
logo para t ∈ (0, 1) e n ∈ N tal que 2−n ≤ t < 2−(n−1) temos que
∞
X
n
2 t= k 2−k
k=0
2.4 SIMPLIFICAÇÕES NA CONSTRUÇÃO DE SOMAS TORCIDAS 49
P∞
isto é t = 2−n k=0 k 2
−k
e definamos
m
X
−n
tm = 2 k 2−k
k=0
No PASSO 4, vamos mostrar que existe uma constante C > 0 tal que para todo m ∈ N
kf (tm )k ≤ KC
PASSO 4. Vamos provar a afirmação usada no passo anterior. Observamos pela quase-
aditividade de f , que
−n
f (2 ) − 2f (2−(n+1) )
≤ K(2−(n+1) + 2−(n+1) ) = K2−n
Portanto
Também temos
n
!1/r
2 f (2−i ) − 2i−1 f (2−(i−1) )
r
X
2 f (2−n )
≤ L
n
i
i=0
n
!1/r
X
r
≤L K = LKn1/r
i=0
Agora
!
m
X
m
X m
X
f (tm ) − k f (2−(n+k) )
=
f k 2−(n+k) − k f (2−(n+k) )
k=0 k=0 k=0
m
!1/r
X
≤ KL k 2−r(n+k)
k=0
∞ k !1/r
X 1
≤ KL
k=0
2r
1/r
1
= KL
1 − 2−r
m
n
!1/r
X
X r
k f (2−(n+k) )
≤ L k
f (2−(n+k) )
k=0 i=0
m
!1/r
X
r
k 2−(n+k)r
2−(n+k) f (2−(n+k) )
≤L
k=0
m
!1/r
X
≤L k 2−(n+k)r (LK)r (n + k)
k=0
m
!1/r
X
= L2 K k (n + k)2−(n+k)r
k=0
2.4 SIMPLIFICAÇÕES NA CONSTRUÇÃO DE SOMAS TORCIDAS 51
Observamos que
t1 + t2 t1 t2
kg(t1 + t2 ) − g(t1 ) − g(t2 )k =
f
x −f x −f x
kxk kxk kxk
t1 x
t2 x
≤K
kxk
+
kxk
= K (|t1 | + |t2 |)
Logo g é quase-aditiva de ordem K, para cada x ∈ Y0 . Suponhamos agora que 0 < kxk ≤ 1.
Temos pelo lema anterior
kf (x + y) − F (x + y)k ≤ KX K
Isto implica
kF (x + y) − F (x) − F (y)k =
x y
Logo aplicando o fato anterior a C(kxk+kyk)
e C(kxk+kyk)
, obtemos
|(x1 + x2 )φ(− log |x1 + x2 |) − x1 φ(− log |x1 |) − x2 φ(− log |x2 |)| ≤ L log 2(|x1 | + |x2 |)
|(z1 + z2 )φ(− log |z1 + z2 |) − z1 φ(− log |z1 |) − z2 φ(− log |z2 |)| ≤ 8L(|z1 | + |z2 |)
x1 x2
φ(− log(x1 + x2 )) − φ(− log x1 ) − φ(− log x2 )
x1 +x2 x1 +x2
x1 x2
≤ |φ(− log(x1 + x2 )) − φ(− log x1 )| + |φ(− log(x1 + x2 )) − φ(− log x2 )|
x1 + x2 x + x2
1
x1 x1 + x2 x2 x1 + x 2
≤L log + log
x1 + x2 x1 x1 + x2 x2
≤ L log 2
onde a última desigualdade resulta do fato que t log(1/t) + (1 − t) log(1/(1 − t)) ≤ log 2
(0 < t < 1)(Isto porque log x é uma função côncava em (0, ∞), logo t log(t−1 ) + (1 −
t) log((1 − t)−1 ) ≤ log(tt−1 + (1 − t)(1 − t)−1 ) = log 2). Portanto, fica provada a desigualdade
de (a) no caso que x1 e x2 tenham o mesmo sinal. Agora suponhamos x1 < 0 e x2 > 0. Então
se x1 + x2 > 0 substituindo x1 por −x1 e x2 por x1 + x2
|(x1 + x2 )φ(− log |x1 + x2 |) − x1 φ(− log |x1 |) − x2 φ(− log |x2 |)|
|(x1 + x2 )φ(− log |x1 + x2 |) − x1 φ(− log |x1 |) − x2 φ(− log |x2 |)|
|(z1 + z2 )φ(− log |z1 + z2 |) − z1 φ(− log |z1 |) − z2 φ(− log |z2 |)|
= x1 φ(− log |z1 |) − x1 φ(− log |x1 |) + x1 φ(− log |x1 |)
+ x2 φ(− log |z2 |) − x2 φ(− log |x2 |) + x2 φ(− log |x2 |)
− (x1 + x2 )φ(− log |z1 + z2 |) + (x1 + x2 )φ(− log |x1 + x2 |) − (x1 + x2 )φ(− log |x1 + x2 |)
+ iy1 φ(− log |z1 |) − iy1 φ(− log |y1 |) + iy1 φ(− log |y1 |)
+ iy2 φ(− log |z2 |) − iy2 φ(− log |y2 |) + iy2 φ(− log |y2 |)
− i(y1 + y2 )φ(− log |z1 + z2 |) + i(y1 + y2 )φ(− log |y1 + y2 |) − i(y1 + y2 )φ(− log |y1 + y2 |)
54 SOMAS TORCIDAS 2.4
≤ |x1 (φ(− log |z1 |) − φ(− log |x1 |))| + |x2 (φ(− log |z2 |) − φ(− log |x2 |))|
+ |(x1 + x2 ) (φ(− log |x1 + x2 |) − φ(− log |z1 + z2 |))| + L log 2 (|x1 | + |x2 |)
+ |y1 (φ(− log |z1 |) − φ(− log |y1 |))| + |y2 (φ(− log |z2 |) − φ(− log |y2 |))|
+ |(y1 + y2 ) (φ(− log |y1 + y2 |) − φ(− log |z1 + z2 |))| + L log 2 (|y1 | + |y2 |)
|z1 | |z2 | |z1 + z2 |
≤ L |x1 | log + |x2 | log + |x1 + x2 | log + log 2 (|x1 | + |x2 |)
|x1 | |x2 | |x1 + x2 |
|z1 | |z2 | |z1 + z2 |
+ |y1 | log + |y2 | log + |y1 + y2 | log + log 2 (|y1 | + |y2 |)
|y1 | |y2 | |y1 + y2 |
≤ 2L |z1 | + |z2 | + |z1 + z2 | + log 2(|z1 | + |z2 |)
≤ 2L(2 + log 2)(|z1 | + |z2 |)
≤ 8L(|z1 | + |z2 |).
(a) Se en denota o n-ésimo vetor da base canônica(en (k) = δnk ), então o espaço linear c00 (K)
gerado por os vetores (en ) é denso em E.
porque neste caso (en ) forma uma base incondicional de E e tomando a sequência s = (s(k))k
tal que para todo k ∈ N, com x(k) 6= 0
x(k)s(k) = |x(k)|
k|x|k = ksxk ≤ ksk∞ kxk = kxk =
s−1 |x|
≤
s−1
∞ k|x|k ≤ k|x|k
onde s−1 (k) = (s(k))−1 se s(k) 6= 0 e s−1 (k) = 0 se s(k) = 0. Do mesmo modo, observamos
que se x, y ∈ E são tais que |x(k)| ≤ |y(k)| par todo k ∈ N, então kxk ≤ kyk.
Seja φ ∈ L definamos uma aplicação fφ : c00 (K) → c00 (K) mediante a fórmula
x(k)φ(− log |x(k)|), se x(k) 6= 0, k ∈ N,
fφ (x)[k] = (2.8)
0, se x(k) = 0, k ∈ N.
fφ assim definida é quase-aditiva(em relação à quase-norma de E). Para provar isto, obser-
vemos que pelo Lema (2.33) se L é a constante de Lipschitz de φ e x1 , x2 ∈ E
|fφ (x1 )[k] + fφ (x2 )[k] − fφ (x1 + x2 )[k]| ≤ 8L (|x1 (k)| + |x2 (k)|) .
Onde K é o módulo de concavidade de k.k. Agora pelo Teorema (2.32) fφ induz uma aplicação
quase-linear F0 : c00 (K) → c00 (K) que podemos extender(Teorema (2.28)) a um operador
quase-linear Fφ : E → E. E, pela construção Fφ satisfaz a fórmula do enunciado.
(b) Ω(x1 + x2 ) − Ω(x1 ) − Ω(x2 ) ∈ Y para todo par x1 , x2 ∈ X. Além disso, existe uma
constante K > 0 tal que
Então (E, k.kΩ ) é um espaço quase-normado isométrico a uma soma torcida Y ⊕Ω0 X, para
algum operador quase-linear Ω0 : X → Y , tal que Ω − Ω0 : X → Y é linear.
Seja Q : Z → Z/Y a aplicação quociente. Pelo Lema (1.6) existe uma aplicação linear
η : Z/Y → Z tal que Q ◦ η = idZ/Y . Dado que Q ◦ Ω : X → Z/Y é linear( condição (b) de
Ω), definamos A = η(Q ◦ Ω). Portanto Q ◦ A = Q ◦ Ω e em consequência Ω − A(x) ∈ Y para
todo x ∈ X. Escrevamos Ω0 = Ω − A : X → Y . Verificamos pelas propriedades (a) e (b) que
Ω0 é um operador quase-linear, pois
e definamos T : Y ⊕Ω0 X → E mediante a fórmula T (y, x) = (x, y + Ax). Com isto, T está
bem definida, pois y + Ax − Ω(x) = y − Ω0 (x) ∈ Y . Além disso
Neste capítulo, para cada α ∈ (−∞, ∞) vamos definir um espaço de Banach Z2 (α) que é
uma soma torcida de `2 com `2 . Demonstraremos que o espaço conjugado de Z2 (α) é isomorfo
a Z2 (−α). Usando o fato que cada Z2 (α) possui uma F.D.D contrátil, mostraremos que se
α 6= β então Z2 (α) não é isomorfo com nenhum subespaço de Z2 (β). Portanto, para α 6= 0,
Z2 (α) não é isomorfo ao conjugado.
57
58 EXEMPLO DE UM ESPAÇO DE BANACH NÃO ISOMORFO A SEU CONJUGADO
COMPLEXO 3.2
kxk 2
|Ωφ (x)(n) − fφ (x)(n)| = x(n)φ log − x(n)φ(− log |x(n)|)
|x(n)|
kxk2 |x(n)|
≤ L |x(n)| log
|x(n)|
|x(n)|
≤ L .
kxk2
Portanto, Ωφ satisfaz as condições (a) e (b) do Teorema (2.35). Denotemos por Z2 (φ) =
{(x, y) ∈ `2 × C∞ ; y − Ωφ (x) ∈ `2 }. Então
define uma quase-norma em Z2 (φ). Assim, podemos considerar (Z2 (φ), k.kφ ) como uma soma
torcida de `2 com ele mesmo e em consequência Z2 (φ) será um espaço de Banach refle-
xivo(Teoremas (2.27) e (2.15)) com uma norma equivalente a k.kφ .
Em particular vamos estudar os espaços Z2 (φ) para as funções φα (t) = t1+iα , t ≥ 0 para
α ∈ (−∞, ∞). Denotamos por Z2 (α) o espaço Z2 (φα ) e Ωα no lugar de Ωφα
Observação 3.2. Dada uma sequência crescente k = (kn )∞ n=1 de inteiros positivos, o ope-
rador Tk : Z2 (φ) → Z2 (φ) definido por Tk (x, y) = (xπk , yπk ) onde xπk (n) = x(kn ), é linear e
contínuo, pois kTk (x, y)kφ ≤ k(x, y)kφ , assim kTk k ≤ 1. Nos próximos argumentos, vamos
estudar o comportamento de certos operadores definidos em Z2 (φ). Usando Tk será possí-
vel simplificar a análise destes, considerando só o seu comportamento nos subespaços Ekn
relativos à sequência k.
Lema 3.3. Seja β ∈ (−∞, ∞). Se b = 1 + iβ, então para t > s > 0
b
t − sb ≥ t − s (3.1)
b
t − sb ≤ |b| (t − s) (3.2)
t − sb − bsb−1 (t − s) ≤ 1 |b| |s|−1 (t − s)2
b
(3.3)
2
Demonstração. A primeira desigualdade resulta de tb − sb ≥ tb − sb = t − s. Para
obter (3.2), derivamos φ0β (t) = (1 + iβ)t1+iβ t−1 = btiβ , logo φ0β (t) ≤ |β| para todo t > 0,
assim tb − sb ≤ |b| (t − s). Para a terceira fórmula, usamos aproximação por Taylor, ou
seja, para algum s < u < t temos φβ (t) − φβ (s) − φ0β (s)(t − s) = 21 φ00β (u) (t − s)2 =
bu u (t − s)2 ≤ 12 |b| |s|−1 (t − s)2 .
1 iβ −1
2
Dado β ∈ (−∞, ∞), escrevamos b = 1 + iβ. Definamos para cada w ∈ `2 uma sequência
Ω0β (w), mediante a fórmula
w(n)(log |w(n)|−1 )b , se w(n) 6= 0,
0
Ωβ (w)(n) =
0, se w(n) = 0.
Pela definição Ω0β (w) preserva o suporte da sequência w, no sentido que Ω0β (w)(n) = 0 para
60 EXEMPLO DE UM ESPAÇO DE BANACH NÃO ISOMORFO A SEU CONJUGADO
COMPLEXO 3.3
T (x, y) = (x, y)
onde x representa a sequência x(k) = x(k) para cada k ∈ N. Do fato que t1+iα = t1−iα , t ≥ 0
temos
kxk2 kxk2
y(n) − x(n)fα log = y(n) − x(n)f−α log
|x(n)| |x(n)|
segue-se que kT (x, y)kα = k(x, y)k−α , logo T está bem definido e é bijetor. T é C linear,
pois T (λ(x, y)) = λ T (x, y). Assim, T é um isomorfismo C linear entre os espaços Z2 (−α)
e Z2 (α).
Definição 3.5. Um operador linear contínuo T : Z2 (α) → Z2 (β) será chamado c-admissível,
para algum c > 0, se kT k < 1 e kT (en , 0)kβ , kT (0, en )kβ > c para todo n ∈ N.
(pn )∞
n=0 tais que
Escrevamos a = 1 + iα e b = 1 + iβ.
P
e n n < . Aplicando o Teorema (1.54) e seu corolario (1.55), obtemos um operador linear
contínuo Te : Z2 (α) → Z2 (β) e ’blockings’ {Fn }∞ ∞
n=0 de {En } em Z2 (α) e {Gn }n=0 de {En }
em Z2 (β), satisfazendo
De modo análogo, kS(0, en )kβ > c para todo n ∈ N. Notemos também que kSk ≤
Te
< 1.
Afirmação 2. Vamos provar para o operador obtido na afirmação anterior que limn→∞ kwξBn k2 =
0.
Caso contrário, existiria um δ > 0 e uma sequência crescente (kn )∞
n=1 de inteiros positivos
tais que wξBkn 2 ≥ δ para todo n. Pela observação (3.2), podemos supor que kn = n para
todo n ∈ N, pois é simplesmente trabalhar com T ◦ Tk .
Dado um inteiro N , seja A = {1, 2, . . . , N }. Notemos que
= kT k < 1
pois
(0, N −1/2 ξA )
α = N −1/2 kξA k2 = 1. Logo
3.3 ISOMORFISMOS ENTRE OS ESPAÇOS Z2 (α) 63
!
−1/2 X X
N yξBj − Ωβ N −1/2 wξBj
≤ 1 (3.6)
j∈A j∈A
P
−1/2 −1/2
P
já que T 0, N ξA = N j∈A yξBj , j∈A wξBj .
De forma análoga
Com efeito,
2
X
XX
wξBj
= |w(k)|2
j∈A 2 j∈A k∈Bj
wξB
2 ≤ N.
X
= j
j∈A
Usando o mesmo argumento, e o fato que
yξBj − Ωβ (wξBj )
2 < 1 segue também que
X X
−1/2
N yξBj − Ωβ (N −1/2 wξBj )
≤ 1 (3.8)
j∈A j∈A 2
pois Ωβ preserva o suporte das sequências. Por (3.6) , (3.8) e desigualdade triangular, obtemos
!
X X
Ωβ N −1/2 wξBj − N −1/2 Ωβ wξBj
≤ 2 (3.9)
j∈A j∈A 2
64 EXEMPLO DE UM ESPAÇO DE BANACH NÃO ISOMORFO A SEU CONJUGADO
COMPLEXO 3.3
e para todo j
Ωβ (wξB ) − Ω0β (wξB )
≤ |b| .
j j
Pois Ω0β também preserva o suporte. Novamente pela desigualdade triangular, juntando (3.9),
(3.10) e (3.11)
!
X X
0
Ωβ N −1/2 wξBj − N −1/2 Ω0β wξBj
≤ 2(1 + |b|)
j∈A j∈A
√ !b
2
N b
1 X X 2
N 1
≤ 4(1 + |b|)2 .
|w(k)| log − log
N j=1 k∈B |w(k)| |w(k)|
j
√ !b
b √
N 1
log − log ≥ log N
|w(k)| |w(k)|
e assim
√ !b
2
b
√ 2
X 2
N 1 ≥
wξB
2 log N .
|w(k)| log − log j 2
k∈Bj |w(k)| |w(k)|
Portanto
N
1 X
√ 2
4(1 + |b|)2 ≥
wξB
2 log N
j 2
N j=1
√ 2
≥ δ 2 log N
Afirmação 3. Vamos observar que pelo fato anterior, existe um operador c admissível
com as propriedades da afirmação 1, tal que w = 0.
Do fato que limn→∞ kwξBn k2 = 0, concluímos que existe uma sequência crescente k = (kn )n
de inteiros positivos tal que
wξBkn
2 ≤ n para todo n ∈ N. Seja Tk o operador associado
à sequência k, como na observação (3.2), se Tkn denota o operador Tk restrito ao subespaço
En , então
Wkn Tkn : En → Z2 (β)
satisfaz kWkn Tkn k ≤ kWkn k kTkn k ≤ n . Pelo Lema (1.53), o operador W = n Wkn Tkn é
P
• kSk ≤ kT ◦ Tk k + ≤ kT k + < 1
Supondo o contrário, dado K > 0 existe uma sequência crescente (kn )∞n=1 de inteiros tais
que
uξBkn
∞ ≤ e−K . Mais uma vez, pelo argumento da subsequência dado pela observação
(3.2), podemos assumir que existe um operador admissível T : Z2 (α) → Z2 (β), T = TK
(com w = 0) e tal que kuk∞ ≤ e−K .
Com isto, sejam m1 < M1 e m2 < M2 pares de inteiros e definamos σr = 1/2 log mr e
τr = 1/2 log Mr para r = 1, 2. Seja M qualquer inteiro maior do que max {M1 , M2 }. Suponha
A ⊆ {1, . . . , M } com |A| = m1 . Então kσ1α ξA − Ωα (ξA )k2 = 0, pois
α
kξA k2
1/2
α
Ωα (ξA )(k) = ξA (k) log = log m1 = σ1α
|ξA (k)|
1/2
Logo k(ξA , σ1α ξA )kα = kξA k = m1 . Observemos que
−1/2
X −1/2
T m1 (ξA , ξ1α ξA ) = m1 (T (ek , 0) + σ1α T (0, ek ))
k∈A
−1/2
X
= m1 ((uξBk , vξBk ) + σ1α (0, yξBk ))
k∈A
−1/2
X
= m1 (uξBk , vξBk + σ1α yξBk )
k∈A
como kT k ≤ 1, então
X
−1/2 α
m1 (uξBk , vξBk + σ1 yξBk )
≤ 1
k∈A β
e em consequência
!
X
−1/2 −1/2
X
m1 (vξBk + σ1α yξBk ) − Ωβ m1 uξBk
≤ 1 (3.12)
k∈A k∈A 2
X
−1/2
m1 uξBk
≤ 1.
k∈A 2
! −1 b
−1/2 −1/2 −1/2
X X
Ω0β m1 uξBk = m1 u(j) log m1 uξBk (j)
k∈A k∈A
b
−1/2 1/2 −1
= m1 u(j) log m1 + log |u(j)|
−1/2
= m1 u(j)(σ1 + ρj )b .
Então
1 X X a 2
σ1 y(j) + v(j) − (σ1 + ρj )b u(j) ≤ (1 + |b|)2 .
m1 k∈A j∈B
k
m1 +1
σ1a y(j) + v(j) − (σ1 + ρj )b u(j)2 ≤ m1 (1 + |b|)2
X X
k=1,k6=i j∈Bk
m 1 +1
σ1a y(j) + v(j) − (σ1 + ρj )b u(j)2 ≤ (m1 + 1)m1 (1 + |b|)2 .
X X
m1
k=1 j∈Bk
Portanto
m 1 +1 X
1 X
σ1 y(j) + v(j) − (σ1 + ρj )b u(j)2 ≤ (1 + |b|)2
a
m1 + 1 k=1 j∈B
k
e em consequência,
M
1 X X a 2
σ1 y(j) + v(j) − (σ1 + ρj )b u(j) ≤ (1 + |b|)2 .
M k=1 j∈B
k
De maneira análoga
M
1 X X a 2
τ1 y(j) + v(j) − (τ1 + ρj )b u(j) ≤ (1 + |b|)2
M k=1 j∈B
k
68 EXEMPLO DE UM ESPAÇO DE BANACH NÃO ISOMORFO A SEU CONJUGADO
COMPLEXO 3.3
2
(s + ρj )b − ρbj − bsρb−1 ≤ |b| s
j
2K
2
(τ1 + ρj )b − (σ1 + ρj )b − b(τ1 − σ1 )ρb−1 ≤ |b| τ1
j
K
Definamos
M X
X
κ = σ1a y(j) + v(j) − (σ1 + ρj )b u(j)
k=1 j∈Bk
M X
X
λ = τ1a y(j) + v(j) − (τ1 + ρj )b u(j)
k=1 j∈Bk
M X
X
µ = (τ1 + ρj )b − (σ1 + ρj )b − b(τ1 − σ1 )ρb−1
j u(j)
k=1 j∈Bk
Portanto,
M
1 X X a iβ
2
τ1 y(j) − σ1a y(j) − bρj u(j)(τ1 − σ1 )
M k=1 j∈B
k
√ !2
2 M M K −1
≤ (1 + |b|) + |b| τ12
M2 M2
2
≤ 2 (1 + |b|) + K −1 |b| τ12
de onde
M 2 2
(2 (1 + |b|) + K −1 |b| τ12 )
a
1 XX τ1 − σ1a iβ
τ1 − σ1 y(j) − bρj u(j) ≤ (3.13)
M k=1 j∈B (τ1 − σ1 )2
k
Um cálculo similar ao feito até agora, mostra uma equação análoga à anterior para σ2 e τ2 .
M a 2 −1 2 2
τ2 − σ2a
1 XX iβ ≤ (2 (1 + |b|) + K |b| τ2 )
y(j) − bρ j u(j) (3.14)
M k=1 j∈B τ2 − σ2 (τ2 − σ2 )2
k
M
1 XX
|y(j)|2 ≥ c2
M k=1 j∈B
k
3.3 ISOMORFISMOS ENTRE OS ESPAÇOS Z2 (α) 69
M
τ1 − σ1a τ2a − σ2a 2
a
1 XX 2
τ1 − σ1 − τ2 − σ2 |y(j)| ≤ L1 + L2
M k=1 j∈B
k
2
(2(1+|b|)+K −1 |b|τr2 )
onde Lr = (τr −σr )2
para r = 1, 2. Portanto
a
τ1 − σ1a τ2a − σ2a
τ1 − σ1 − τ2 − σ2 ≤ N1 + N2 (3.15)
onde
1
K −1 |b| τr2 + 2 + 2 |b|
Nr = (3.16)
c
α
Seja k > 1 um inteiro, é claro que k 6= 1. Vamos mostrar que
k a ςna − ςna
lim (3.17)
n→∞ kςn − ςn
m1 = n e M1 = nk
m2 = n e M2 = nk
para c0 > 0 uma constante . Isto implica que o limite em (3.17) existe, pois a sequência é de
α −1
Cauchy. Portanto, limn→∞ ςniα kk−1 existe. Em outras palavras
existe. Vamos provar que isto é impossivel se α 6= 0. Com efeito, pelo seguinte lema, para
cada t > 0 podemos obter uma subsequência (log nk )iα iαt
nk que converge para e .
Lema 3.7. Seja (tn )n uma sequência de números reais tal que limn→∞ tn = +∞ e limn→∞ tn+1 −
tn = 0. Então para cada t ∈ R+ e cada > 0, existe n0 ∈ N tal que |(t + 2sπ) − tn0 | <
para algum inteiro s > 0.
Antes de demonstrar o lema, vejamos como usá-lo. Temos que (log n)iα = eiα(log n) e que a
sequência tn = α log n satisfaz as hipóteses do lema, logo para cada t > 0 existem sequências
70 EXEMPLO DE UM ESPAÇO DE BANACH NÃO ISOMORFO A SEU CONJUGADO
COMPLEXO 3.3
Da continuidade da função f (θ) = eiθ , obtemos limk→∞ eitnk = limk→∞ ei(tnk −2sk π) = eiαt .
Assim, o limite em (3.17) não existe.
Portanto, temos provado que existe um operador admissível T com as propriedades da afir-
mação 1, tal que w = 0 e inf kuξBn k∞ > 0.
Demonstração. (Lema (3.7)) Seja M ∈ N tal que |tn+1 − tn | < para todo n ≥ M . Agora
como limn→∞ tn = +∞, seja s > 0 um inteiro tal que se tn+1 ≥ t + 2sπ implica n + 1 ≥ M e
t1 < t + 2sπ. Logo tomemos n0 = max {n ∈ N; tn < t + 2sπ}. Assim |tn0 +1 − tn0 | < pois
n0 + 1 ≥ M e
|t + 2sπ − tn0 | < |tn0 +1 − tn0 | < .
Afirmação 5. Agora o objetivo será mostrar que existe um operador linear contínuo
S : Z2 (α) → Z2 (β) com kSk < 1 tal que S(en , 0) = (λen , µen ) e S(0, en ) = (0, νen ) para
constantes λ, µ e ν com λ 6= 0.
Como as sequências u, v e y são limitadas, podemos passar a uma subsequência onde cada
uma converge. Vamos perturbar T no sentido do Lema (1.53). Usando o argumento de sub-
sequência(Observação (3.2)), podemos assumir para cada n ∈ N: |un − λ| < n , |vn − µ| < n
P
e |yn − ν| < n para n tais que n = seja suficientemente pequeno(tal que kT k+3 < 1).
Notemos que λ 6= 0 pois inf kuξBn k∞ > 0. Definamos Wn : En → Z2 (β) primeiro na base de
En :
kWn (cn en , dn en )kβ = |cn | (|un − λ| + |vn − µ|) + |dn | (|yn − ν|)
≤ 3n k(cn en , dn en )kα .
P
Logo é consequência do Lema (1.53) que W = n Wn é contínuo e kT − W k ≤ kT k+3 < 1.
E neste caso, S = T − W satisfaz
S N −1/2 ξA , σN N −1/2 ξA
β ≤ 1
a
isto é
a
b
σN ν + µ − λσN ≤ 1.
a b
Portanto, σN ν − λσN é limitado. Fatorizando, observamos que
é limitado.
Suponhamos que β 6= α(sem perda de generalidade β > α), escrevendo tN = (β − α) log σN
a expressão anterior implica que a sequência
tN
σN eiα β−α ν − λeitN
(3.18)
Logo, pela continuidade de eiθ , temos 1 = e2πi = limk→∞ e(tNk −2sk π)i = limk→∞ etNk i . Assim
lim ν − λeitNk = ν − λ.
k→∞
Agora, aplicando um argumento análogo ao anterior, existe uma subsequência (tNj )j tal que
lim ν − λeitNj = ν + λ
j→∞
e ν + λ 6= 0. Isto contradiz o fato que a sequência em (3.18) é limitada. Logo devemos ter
α = β.
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