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Convergência Absoluta e
Incondicional em Espaços de Banach
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Introdução 3
1 Preliminares 6
1.1 Álgebra Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2 Análise Funcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3 Integral de Lebesgue . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
4 Reordenações Convergentes 40
4.1 O Teorema de Riemann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4.2 O Teorema de Reordenação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.3 O Teorema de Lévy-Steinitz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
1
4.4 O Contra-exemplo de Marcinkiewicz . . . . . . . . . . . . . . 54
Referências Bibliográficas 57
2
Introdução
3
os espaços de Banach de dimensão finita.
Um outro resultado clássico, agora devido a Riemann [17], afirma que
∞
X
se uma série convergente xn de números reais não converge absoluta-
n=1
mente, então para qualquer x ∈ R existe uma permutação P de N tal que
∞
X
xP (n) = x. Lévy [12] estendeu esse resultado a séries de números comple-
n=1
xos, mostrando que dada qualquer série convergente em C , o conjunto das
somas de suas reordenações convergentes ou é unitário, ou é uma reta em C ,
ou é todo o plano complexo C . Lévy propôs que sua demons-tração (alta-
mente não trivial) funcionaria para séries de vetores em Rn para n > 3 , mas
havia um problema. Steinitz [20] completou a demonstração e também
descobriu um argumento totalmente novo, estabelecendo o seguinte resul-
tado: para qualquer série convergente em Rn , o conjunto das somas de
suas reordenações convergentes é uma translação de um subespaço. Identifi-
cando Cn com R2n , segue então que para qualquer série convergente em Cn ,
o conjunto das somas de suas reordenações convergentes é uma translação
de um subespaço real. Como todo espaço de Banach de dimensão finita n é
isomorfo a Rn ou Cn , dependendo do corpo de escalares em questão, vemos
que a conclusão do Teorema de Lévy-Steinitz é válida em todo espaço de Ba-
nach de dimensão finita. O problema de estender este teorema a espaços de
Banach de dimensão infinita foi colocado como Problema 106 no “Scottish
Book” [14] e foi resolvido, quase que de imediato, por Marcinkiewicz, que
produziu um contra-exemplo. Kadets [8] estendeu o exemplo de Marcinki-
ewicz a espaços de Banach de dimensão infinita arbitrários, mostrando que
todo espaço de Banach de dimensão infinita contém uma série cujo conjunto
das somas de suas reordenações convergentes não é sequer convexo. Assim,
a validade da conclusão do Teorema de Lévy-Steinitz também caracteriza os
espaços de Banach de dimensão finita.
4
No Capı́tulo 1 apresentamos alguns preliminares sobre Álgebra Linear,
Análise Funcional e Integral de Lebesgue.
No Capı́tulo 2 desenvolvemos um estudo básico sobre convergência de
séries em espaços de Banach, incluindo os conceitos de convergência abso-
luta e de convergência incondicional, além de algumas caracterizações inte-
ressantes da noção de convergência incondicional.
No Capı́tulo 3 apresentamos o resultado de Dirichlet e o Teorema de
Dvoretzky-Rogers. Também apresentamos o Teorema de Orlicz que está
relacionado com o Teorema de Dvoretzky-Rogers.
No Capı́tulo 4 estabelecemos o Teorema de Riemann e o Teorema de
Lévy-Steinitz, e apresentamos o contra-exemplo de Marcinkiewicz.
5
Capı́tulo 1
Preliminares
(x|y) = x1 y1 + · · · + xn yn .
6
A Desigualdade de Cauchy-Schwarz nos diz que
|(x|y)| 6 kxkkyk.
Kn = W ⊕ W ⊥ ,
x = y + z com y ∈ W e z ∈ W ⊥ .
kP (x)k 6 kxk.
7
No caso particular em que W = [w] (o subespaço unidimensional gerado por
um vetor não nulo w), temos que P é dado por
(x|w)
P (x) = w.
kwk2
As demonstrações das afirmações feitas acima também podem ser encontra-
das em [3] e em [13].
Enfatizamos que, no que se segue, sempre consideraremos Kn munido de
sua norma euclidiana.
8
No caso particular em que Y = K, obtemos o dual topológico L(X, K) de X,
que denotamos por X ∗ .
Para aplicações lineares, muitas vezes escreveremos ux em lugar de u(x)
e escreveremos uv em lugar de u ◦ v.
Os resultados mais substanciais que nós usaremos serão os seguintes:
9
Estamos particularmente interessados nos espaços de Banach Lp [0, 1] para
p = 1, 2 e ∞. Para cada número real 1 6 p < ∞, relembremos que Lp [0, 1]
é o espaço das funções f : [0, 1] → K tais que |f |p é Lebesgue integrável em
[0, 1] munido da norma
³Z 1 ´ p1
p
kf kp = |f (t)| dt .
0
Na verdade, nos espaços Lp [0, 1] nós identificamos funções que são iguais em
quase todos os pontos de [0,1].
A seguinte desigualdade desempenha um papel importante na teoria dos
espaços Lp [0, 1]:
1 1
p
+ q
= 1,
1
onde convencionamos que ∞
= 0. Se f ∈ Lp [0, 1] e g ∈ Lq [0, 1], então
f g ∈ L1 [0, 1] e
kf gk1 6 kf kp kgkq .
Note que a integral acima existe já que f g ∈ L1 [0, 1]. O próximo resultado
nos será útil mais tarde:
10
Teorema 1.5 Para cada g ∈ L∞ [0, 1], a função Fg : L1 [0, 1] → K definida
por
Fg (f ) = hg, f i
F (g) = Fg
Assim, podemos identificar L1 [0, 1]∗ com L∞ [0, 1]. Veja o capı́tulo 6 de
[19] para uma demonstração.
11
Capı́tulo 2
Exemplo 2.2
en = (0, . . . , 0, 1, 0, 0, . . .)
12
a seqüência cuja n-ésima componente vale 1 e cujas demais componentes
valem 0. Para todo x = (xn )n∈N ∈ X, temos que
∞
X
x= xn en .
n=1
Com efeito,
° °
° m
X °
° °
°x − xn en ° = sup |xn | −→ 0 quando m → ∞,
° ° n>m
n=1
De fato,
° ° Ã ∞ ! p1
° m
X ° X
° °
°x − xn e n ° = |xn |p −→ 0 quando m → ∞,
° °
n=1 n=m+1
∞
X
já que |xn |p < ∞.
n=1
13
∞
X
Proposição 2.3 Se xn é uma série convergente em um espaço de Ba-
n=1
nach X, então lim xn = 0.
n→∞
como desejado. 2
∞
X
Proposição 2.4 (Critério de Cauchy para séries) Uma série xn em um
n=1
espaço de Banach X é convergente se e somente se a seguinte condição se
verifica: para todo ² > 0, existe n0 ∈ N tal que
° s °
°X °
° °
° xn ° < ² sempre que s > r > n0 .
° °
n=r
∞
X ∞
X
Proposição 2.5 Sejam xn e yn séries convergentes em um espaço
n=1 n=1
∞
X
de Banach X. Então a série (xn + yn ) é convergente e
n=1
∞
X ∞
X ∞
X
(xn + yn ) = xn + yn .
n=1 n=1 n=1
14
∞
X ∞
X
Demonstração. Sejam s = xn e r = yn , e consideremos as corres-
n=1 n=1
m
X m
X
pondentes somas parciais sm = xn e rm = yn . Como lim sm = s e
m→∞
n=1 n=1
m
X
lim rm = r, vemos que lim (xn + yn ) = lim (sm + rm ) = s + r. 2
m→∞ m→∞ m→∞
n=1
∞
X
Proposição 2.6 Seja xn uma série convergente em um espaço de Ba-
n=1
∞
X
nach X e seja α um escalar. Então a série αxn é convergente e
n=1
∞
X ∞
X
αxn = α xn .
n=1 n=1
∞
X
Demonstração. Seja s = xn . Como T é linear e contı́nuo,
n=1
³ m
X ´ ³X
m ´ m
X
Ts = T lim xn = lim T xn = lim T xn . 2
m→∞ m→∞ m→∞
n=1 n=1 n=1
∞
X
Proposição 2.8 Seja xn uma série convergente em um espaço de Ba-
n=1
nach X. Então
15
° °
°X ∞ ° X ∞
° °
° xn ° 6 kxn k.
° n=1 ° n=1
∞
X
Demonstração. Se kxn k = ∞ então a desigualdade é trivial. Logo,
n=1
∞
X m
X
podemos supor kxn k < ∞. Assim, existe lim kxn k. Agora, pela
m→∞
n=1 n=1
Desigualdade Triangular, temos
° m °
°X ° X m
° °
° xn ° 6 kxn k para todo m ∈ N.
° °
n=1 n=1
Fazendo m → ∞, obtemos
° ° ° °
°X∞ ° °Xm ° m
X ∞
X
° ° ° °
° xn ° = lim ° xn ° 6 lim kxn k = kxn k,
° ° m→∞ ° ° m→∞
n=1 n=1 n=1 n=1
∞
X
pela convergência da série xn e continuidade da norma. 2
n=1
16
Critério de Cauchy para séries (Proposição 2.4) garante que existe n0 ∈ N
tal que
s
X
kxn k < ² sempre que s > r > n0 .
n=r
∞
X ∞
X
Uma série da forma xP (n) é dita uma reordenação da série xn .
n=1 n=1
∞
X
Proposição 2.12 Se uma série xn em um espaço de Banach X é incon-
n=1
dicionalmente convergente, então
∞
X ∞
X
xP (n) = xn
n=1 n=1
17
para toda permutação P de N.
{P (n) : 1 6 n 6 r1 } ⊂ {n : 1 6 n 6 s1 }
e
° °
°X ∞ Xs1 °
° °
° xn − xn ° < 1.
° n=1 n=1
°
{n : 1 6 n 6 s1 } ⊂ {P (n) : 1 6 n 6 r2 }
e
°∞ °
°X r2
X °
° °
° xP (n) − xP (n) ° < 1/2,
° °
n=1 n=1
{P (n) : 1 6 n 6 r2 } ⊂ {n : 1 6 n 6 s2 }
e
° °
°X∞ s2
X °
° °
° xn − xn ° < 1/2.
° °
n=1 n=1
18
E assim sucessivamente. Agora, seja Q a permutação de N obtida listando-
se os elementos de N da seguinte forma: primeiro listamos P (1) até P (r1 ) ,
e em seguida os elementos de {1, . . . , s1 } ainda não listados. Então listamos
os elementos de {P (1), . . . , P (r2 )} ainda não listados seguidos dos elementos
de {1, . . . , s2 } ainda não listados, e etc. Como a seqüência de somas par-
X ∞ X∞
ciais de xQ(n) tem uma subseqüência convergindo para xn e outra
n=1 n=1
∞
X ∞
X
convergindo para xP (n) , vemos que xQ(n) não é convergente. 2
n=1 n=1
∞
X
Proposição 2.13 Se uma série xn em um espaço de Banach X é
n=1
absolutamente convergente, então ela é incondicionalmente convergente.
∞
X
Demonstração. Seja xn uma série absolutamente convergente em X .
n=1
Por definição,
∞
X
kxn k < ∞.
n=1
Então
m
X km
X ∞
X
kxP (n) k 6 kxn k 6 kxn k
n=1 n=1 n=1
∞
X
Pela Proposição 2.10, concluı́mos que a série xP (n) é convergente. 2
n=1
19
A validade da recı́proca da proposição anterior será analisada no
Capı́tulo 3.
Vejamos agora algumas caracterizações interessantes de convergência in-
condicional.
∞
X
Teorema 2.14 Seja xn uma série em um espaço de Banach X. Então
n=1
as seguintes afirmações são equivalentes:
∞
X
(i) A série xn é incondicionalmente convergente.
n=1
(ii) Para todo ² > 0, existe m² > 0 tal que se M é um subconjunto finito
°X °
° °
de N com min M > m² então ° xn ° < ².
n∈M
(iii) Para toda seqüência estritamente crescente (kn )n∈N de inteiros positi-
∞
X
vos, a subsérie xkn é convergente.
n=1
∞
X
(iv) Para toda escolha de sinais ²n = ±1 , a série ²n xn é convergente.
n=1
∞
X
(v) Para todo (bn )n∈N ∈ `∞ , a série bn xn é convergente.
n=1
20
Continuando este processo, construimos uma seqüência (Mn )n∈N de subcon-
juntos finitos de N tal que, para todo n ∈ N,
° X °
° °
max Mn < min Mn+1 e ° xk ° > ².
k∈Mn
∞
X
Por conseguinte, xP (n) não é convergente, o que contradiz (i).
n=1
(ii) ⇒ (i): Seja P uma permutação de N. Fixado ² > 0, existe m² ∈ N tal que
°X °
° °
° xn ° < ² sempre que M ⊂ N é um conjunto finito com min M > m² .
n∈M
Sejam j1 , . . . , jm² ∈ N tais que P (j1 ) = 1, P (j2 ) = 2, . . . , P (jm² ) = m² . De-
fina n² = max{j1 , . . . , jm² } de modo que {1, . . . , m² } ⊂ P ({1,
° . . . , n² }).
° Se
°X s °
° °
s > r > n² então min{P (r), P (r+1), . . . , P (s)} > m² , donde ° xP (n) ° < ².
° n=r °
X∞
Pelo Critério de Cauchy para séries, a série xP (n) é convergente.
n=1
°X °
° °
(ii) ⇒ (iii): Dado ² > 0, existe m² ∈ N tal que ° xn ° < ² para
n∈M
todo subconjunto finito M de N com ° s min M ° > m² . Como kn > n para
°X °
° °
todo n ∈ N , se s > r > m² então ° xkn ° < ². Pelo Critério de Cauchy
° °
n=r
∞
X
para séries, a série xkn é convergente.
n=1
21
(iii) ⇒ (iv): Para cada n ∈ N, seja ²n = ±1. Definindo
S + = {n ∈ N : ²n = 1} e S − = {n ∈ N : ²n = −1},
X
segue de (iii) que ambas as séries xn são convergentes. Fixemos ² > 0.
n∈S ±
Note que se r 6 s são números naturais e
M ± = {n ∈ S ± : r 6 n 6 s},
então
s
X X X
² n xn = xn − xn .
n=r n∈M + n∈M −
X ° X ° ²
° °
Segue da convergência de xn que ° xn ° < sempre que r for su-
2
n∈S ±° °n∈M ±
°X s °
° °
ficientemente grande. Logo, ° ²n xn ° < ² para todo r suficientemente
° n=r °
∞
X
grande. Pelo Critério de Cauchy para séries, a série ²n xn é convergente.
n=1
(iv) ⇒ (ii): Suponhamos que (ii) é falso. Então existe ² > 0 para o qual
existe uma seqüência (Mn )n∈N de subconjuntos finitos de N tal que
° X °
° °
max Mn < min Mn+1 e ° xk ° > ²
k∈Mn
∞
X
Então as somas parciais de (1 + ²n )xn não formam uma seqüência de Cau-
n=1
∞
X ∞
X
chy. Portanto, xn ou ²n xn não converge, o que contradiz (iv).
n=1 n=1
22
(v) ⇒ (iv): Evidente.
sempre que s > r > m² . Pelo Critério de Cauchy para séries, isto implicará
∞
X
que a série bn xn é convergente. Para provarmos nossa afirmação, fixemos
n=1
s > r > m² . Pelo Teorema 1.2, existe x∗ ∈ X ∗ tal que
° °
³X s ´ °X s °
° °
kx∗ k = 1 e x∗ b n xn = ° b n x n °.
n=r
° n=r
°
Logo,
° °
°X s ° ³Xs ´ Xs
° ° ∗
° bn xn ° = x bn xn 6 kbk∞ |x∗ (xn )|.
° n=r ° n=r n=r
Agora, sejam
M + = {r 6 n 6 s : Re x∗ (xn ) > 0}
23
¯ ³ X ´¯ ¯ ³ X ´¯
¯ ∗ ¯ ¯ ¯
6 ¯x xn ¯ + ¯ x∗ xn ¯
n∈M + n∈M −
° X ° ° X °
° ° ° °
6 ° xn ° + ° xn ° < 2².
n∈M + n∈M −
s
X
Analogamente, |Im x∗ (xn )| < 2² . Por conseguinte,
n=r
° °
°Xs ° s
X
° °
° bn xn ° 6 kbk∞ |x∗ (xn )| 6 4kbk∞ ² .
° °
n=r n=r
24
Capı́tulo 3
25
O resultado anterior pode ser facilmente estendido a espaços de Banach
de dimensão finita:
vn = (xn,1 , . . . , xn,m ).
∞
X
Então, para cada 1 6 j 6 m, a série xn,j é incondicionalmente conver-
n=1
gente, donde ela é absolutamente convergente (Proposição 3.1). Consequen-
temente,
∞
X ∞ ³
X ´
kvn k 6 |xn,1 | + · · · + |xn,m |
n=1 n=1
∞
X ∞
X
= |xn,1 | + · · · + |xn,m | < ∞,
n=1 n=1
26
séries em espaços de Banach caracteriza os espaços de Banach de dimensão
finita. Observamos que nossa exposição se baseia no livro [4].
Comecemos com o seguinte lema elementar:
kuP k = max{kuP xk : x ∈ SW }.
uP x = u(P a + P b) = uP a,
donde
27
Lema 3.4 Seja X um espaço de Banach 2n-dimensional. Existem n vetores
x1 , . . . , xn ∈ BX , cada um de norma > 12 , tais que para quaisquer escalares
λ1 , . . . , λn tem-se
° °
°Xn ° ³Xn ´1
° ° 2 2
° λ j xj ° 6 |λj | .
° °
j=1 j=1
28
donde
Logo,
29
para δ > 0 pequeno, onde
|R(δ exp(−iθ))| + S(δ exp(−iθ))
C(δ) = .
δ
Note que C(δ) → 0 quando δ → 0+ . Portanto, fazendo δ → 0+ obtemos
pelo Passo 1.
30
Continuamos este processo até obtermos yn ∈ [y1 , . . . , yn−1 ]⊥ com
31
°n −1 ° Ãn −1 ! 12
° k+1
X ° X
k+1
° °
° αn yn ° 6 |αn |2
° n=n ° n=n
k k
para toda seqüência (αn )n∈N de escalares, todo k ∈ N e todo nk 6 N < nk+1 .
Definamos xn = λn yn /kyn k (n ∈ N). Para qualquer escolha de sinais εn =
±1 e para qualquer nk 6 N < nk+1 , a desigualdade acima nos fornece
° ° ° ° Ã ! 21
°XN ° °X N
εn λn ° ° XN
|λn | 2
° ° °
° εn xn ° = ° yn ° 6 6 2−k+1 .
°n=n ° °n=n kyn k ° n=n
kyn k 2
k k k
∞
X
Daı́ segue que a seqüência das somas parciais de εn xn é de Cauchy,
n=1
∞
X
provando que a série εn xn é convergente. Como isto vale para toda
n=1
∞
X
escolha de sinais εn = ±1, o Teorema 2.14 garante que a série xn é
n=1
incondicionalmente convergente. Finalmente, é óbvio que kxn k = |λn | para
todo n ∈ N. 2
32
resultado no sentido de considerarmos um espaço de seqüências maior do
que `2 (por exemplo, `p com p > 2). O próximo teorema, devido a Orlicz
[15], responde negativamente a esta pergunta, mostrando que a conclusão do
Teorema de Dvoretzky-Rogers é a melhor possı́vel em geral.
∞
X
Teorema 3.6 (Teorema de Orlicz) Se fn é uma série incondicional-
n=1
∞
X
mente convergente em L1 [0, 1], então kfn k21 < ∞.
n=1
r0 r1 r2
1 1 1
1 1 1
−1 −1 −1
33
Demonstração. Se pj é par para todo j = 1, . . . , k, então rnj (t)pj = 1, com
excessão do número finito de pontos onde rnj se anula. Logo,
Z 1 Z 1
p1 pk
rn1 (t) · · · rnk (t) dt = 1dt = 1.
0 0
Observe também que se algum pj é par, onde j ∈ {1, . . . , k}, então rnj (t)pj
pode ser retirado da expresão e podemos analisar somente o que acontece
com a integral do produto
Logo,
Z 1
n1 −1
2X Z
rn1 (t)rn2 (t)dt = (±1) rn2 (t)dt = 0.
n
0 j=1 Ij 1
34
Z
e pela construção de rn3 (t) segue que rn3 (t)dt = 0. Logo,
n2
Il
Z 1
n1 −1
2X (j+1)2n2 −n1 −1
X Z
rn1 (t)rn2 (t)rn3 (t)dt = (±1) (±1) rn3 (t)dt = 0.
n2
0 j=1 Il
l=j2n2 −n1
Demonstração. Defina
m
X
f (t) = an rn (t) (t ∈ [0, 1]).
n=1
Como
Z 1 ¯Xm ¯2
¯ ¯
kf k22 = ¯ an rn (t)¯ dt
0 n=1
Z 1 ³X
m ´³ X
m ´
= an rn (t) ak rk (t) dt
0 n=1 k=1
m X
X m Z 1 m
X
= an ak rn (t)rk (t)dt = a2n ,
n=1 k=1 0 n=1
35
temos que provar que
√
kf k2 6 3kf k1 .
Afirmamos que
√
4
kf k4 6 3kf k2 .
Com efeito,
Z¯ m ¯4
¯X 1 ¯
¯ ¯
¯ an rn (t)¯ dt
0 ¯ n=1 ¯
Ã
Z 1 X m
!Ã m !Ã m !Ã m !
X X X
= ai ri (t) aj rj (t) ak rk (t) al rl (t) dt
0 i=1 j=1 k=1 l=1
m
X Z 1
= ai aj ak al ri (t)rj (t)rk (t)rl (t)dt.
i,j,k,l=1 0
Z 1
Pela Proposição 3.8, ri (t)rj (t)rk (t)rl (t)dt vale 1 quando os ı́ndices são
0
iguais em pares e vale 0 nos demais casos. Logo,
Z 1 ¯¯Xm
¯4
¯ m
X m
X
¯ ¯ 2 2
¯ a r
n n (t) ¯ dt = 3 a a
i j − 2 a4i
0 ¯ ¯
n=1 i,j=1 i=1
³X
m ´2
6 3 a2n = 3kf k42 .
n=1
2 4 1 2 4
= kf k13 kf k43 6 3 3 kf k13 kf k23 .
√
Daı́, kf k2 6 3kf k1 , como querı́amos demonstrar. 2
36
Também necessitaremos do seguinte resultado na demonstração do Teo-
rema de Orlicz:
∞
X
Lema 3.10 Se xn é uma série incondicionalmente convergente em um
n=1
espaço de Banach X, então a função u : X ∗ −→ `1 definida por
Mas
37
dada por v(g) = (hg, fn i)n∈N é uma aplicação linear contı́nua. Logo, para
qualquer seqüência de sinais ²n = ±1 e qualquer m ∈ N, o Corolário 1.3 nos
dá
°Xm ° ¯D X m E¯ ∞
X
° ° ¯ ¯
° ² f
n n° = sup ¯ g, ² f
n n ¯ 6 sup |hg, fn i| = kvk.
1 g∈BL∞ g∈BL∞
n=1 n=1 n=1
Z 1 ³X
m Z 1 ´
= |fn (s)| |fn (t)|dt ds
0 n=1 0
Z 1 ³X
m m ³Z
´ 12 ³ X 1 ´2 ´ 21
2
6 fn (s) |fn (t)|dt ds
0 n=1 n=1 0
³X
m ´ 12 Z 1 ³X
m ´ 12
= kfn k21 fn (s) 2
ds.
n=1 0 n=1
Daı́,
³X
m ´ 12 Z 1 ³X
m ´ 12
kfn k21 6 fn (s)2 ds.
n=1 0 n=1
38
√
que é limitado superiormente por 3kvk já que rn = ±1 para todo t fora do
conjunto enumerável dos racionais diádicos {k2−n : 0 6 k 6 2n , n ∈ N}.
Portanto,
³X
m ´ 12 √
kfn k21 6 3kvk < ∞,
n=1
39
Capı́tulo 4
Reordenações Convergentes
lim pn = 0 e lim qn = 0.
n→∞ n→∞
40
∞
X ∞
X ∞
X ∞
X
Se pn e qn convergem então |an | = (pn + qn ) converge, ou seja,
n=1 n=1 n=1 n=1
∞
X
an converge absolutamente, o que implica que S é unitário (Proposições
n=1
∞
X ∞
X
2.12 e 2.13). Por outro lado, se pn converge e qn diverge, ou vice-versa,
n=1 n=1
então S = ∅ já que
N
X N
X N
X N
X
aP (n) = (pP (n) − qP (n) ) = pP (n) − qP (n) ,
n=1 n=1 n=1 n=1
p1 + p2 + · · · + pn1 > c.
41
∞
X
Proseguindo desta maneira, obtemos uma reordenação da série an tal que
n=1
∞
X
as somas parciais sn da nova série bn tendem a c. Com efeito, para todo
n=1
i ı́mpar temos
sni+1 < c < sni , 0 < sni − c 6 pni e 0 < c − sni+1 < qni+1 .
Daı́ resulta que lim sni = c. Além disso, para cada i ı́mpar, ni < n < ni+1
i→∞
implica sni+1 6 sn 6 sni , e para i par, ni < n < ni+1 implica sni 6 sn 6
∞
X
sni+1 . Por conseguinte, lim sn = c, ou seja, bn = c. 2
n→∞
n=1
42
° °
° j
X °
° °
°v 1 + vP (i) ° 6 Cn para todo j = 2, . . . , m.
° °
i=2
p
Além disso, podemos tomar C1 = 1 e 1 6 Cn 6 4(Cn−1 )2 + 1 para todo
n > 2.
L = v 1 + u1 + · · · + us ,
L + w1 + · · · + wt = 0.
43
Vamos agora provar que cada ui forma um ângulo agudo com L enquanto
cada wi forma um ângulo obtuso com L.
1
= kLk − (v |L)
kLk 1
> kLk,
uma contradição.
44
(v|L)
v0 = v − kLk2
L.
w10 + · · · + wt0 = 0.
45
e então escolhemos o menor inteiro r2 > r1 tal que
r1
X s1
X r2
X
(v1 |L) + (wR(i) |L) + (uQ(i) |L) + (wR(i) |L) 6 0,
i=1 i=1 i=r1 +1
Nesta reordenação temos que para cada soma parcial, a sua componente em
[L] tem módulo no máximo 1 enquanto a sua componente em [L]⊥ tem
norma no máximo 2Cn−1 . Logo, pelo Teorema de Pitágoras, a norma de
p
cada soma parcial é no máximo 4(Cn−1 )2 + 1 . Isto completa a demons-
tração. 2
Corolário °
4.3 Seja ° ² > 0 e seja {v1 , . . . , vm } um conjunto finito de vetores
°X m °
n ° °
em R com ° vi ° 6 ² e kvi k 6 ² para todo i = 1, . . . , m. Então existe
° °
i=1
uma permutação P de {1, . . . , m} tal que
m+1
X
Demonstração. Definamos vm+1 = −v1 − · · · − vm , de modo que vi =
i=1
0. Aplicando o Teorema do Confinamento Poligonal ao conjunto de vetores
n o
1
v
² i
: i = 1, . . . , m+1 ⊂ Rn , obtemos uma permutação Q de {2, . . . , m+1}
tal que
° °
°1 Xr
1 °
° °
° v1 + vQ(i) ° 6 Cn para todo r = 2, . . . , m + 1.
°² ² °
i=2
46
Definindo Q(1) = 1, obtemos então
° r °
°X °
° °
° vQ(i) ° 6 ²Cn para todo r = 1, . . . , m + 1.
° °
i=1
Agora vamos ordenar os v’s de acordo com Q mas omitindo vm+1 . Como
kvm+1 k = k − (v1 + · · · + vm )k 6 ², isto muda a norma das somas parciais
por no máximo ². Logo, com esta nova permutação P obtemos
de modo que todas as somas parciais dessas famı́lias sejam pequenas. Mais
precisamente, para cada k ∈ N, seja δk = kSmk − Sk. Então δk → 0 e
°m −1 ° °m °
° Xk+1 ° °X k+1 mk
X °
° ° ° °
° v i° = ° v i − v i − v mk+1 °
° ° ° °
i=mk +1 i=1 i=1
Logo, definindo
47
n o
²k = max δk+1 + δk , sup{kvi k : i > mk } para k ∈ N,
temos que ²k → 0 e
°m −1 °
° X
k+1 °
° °
° vi ° 6 2²k .
° °
i=mk +1
0
Seja (Sm )m∈N a seqüência das somas parciais nesta reordenação. Note que,
0
para cada k ∈ N, Smk = Smk e
m
X
0 0
Sm − Smk = vPk (i) para mk + 1 6 m 6 mk+1 − 1.
i=mk +1
Portanto,
0 0 0 0
kSm − Sk 6 kSm − Smk k + kSmk − Sk 6 2²k (Cn + 1) + kSmk − Sk
0
sempre que mk 6 m 6 mk+1 − 1 (k ∈ N). Daı́ segue que Sm → S. 2
48
Teorema 4.5 (Teorema de Lévy-Steinitz) Para qualquer série de vetores em
Rn , o conjunto de todas as somas de suas reordenações convergentes é o
conjunto vazio ou uma translação de um subespaço.
O caso n = 2 do Teorema 4.5 foi provado por Lévy [12], que propôs
que sua demonstração também funcionaria para n > 3. Todavia, havia uma
lacuna na demonstração de Lévy no caso n > 3, a qual foi completada por
Steinitz [20], que também obteve um argumento totalmente novo.
A fim de provarmos o teorema acima necessitaremos da seguinte con-
seqüência do Teorema do Confinamento Poligonal:
v1 + · · · + vi > tw .
Como
v1 + · · · + vs−1 6 tw e |vs | 6 ² ,
49
temos que
|v1 + · · · + vs − tw| 6 ² .
v10 + · · · + vm
0
= 0,
Além disso,
³ ¯ ´ ³ ¯ ´ ³ ¯ ´
¯ w ¯ w ¯ w
v1 ¯ kwk + vP (2) ¯ kwk + · · · + vP (m) ¯ kwk = kwk > 0
e
¯³ ¯ ´¯
¯ ¯ w ¯
¯ vi ¯ kwk ¯ 6 ² para todo i = 1, . . . , m.
50
como querı́amos demonstrar. 2
{1, . . . , m} ⊂ Im ⊂ Jm ⊂ Km ⊂ Im+1 ,
°X ° °X ° °X °
° ° ° ° ° °
° vi − S1 ° < ² m , ° vi ° < ²m e ° vi − S2 ° < ² m .
i∈Im i∈Jm i∈Km
51
im < jm < km < im+1 ,
° ° °j ° ° °
°Xim ° °X m ° °Xkm °
° ° ° ° ° °
° vP (i) − S1 ° < ²m , ° vP (j) ° < ²m e ° vP (k) − S2 ° < ²m ,
° ° ° ° ° °
i=1 j=1 k=1
donde
°i °
°Xm km
X °
° °
° vP (i) + vP (i) − (S1 + S2 )° < 3²m .
° °
i=1 i=jm +1
Sejam
n o
δm = sup kvP (i) k : i = jm + 1, . . . , km
52
km
X
um = vP (i) − S2 .
i=jm +1
Pelo Lema 4.6, existe uma permutação Qm de {P (jm + 1), . . . , P (km )} com
Qm (P (jm + 1)) = P (jm + 1) e existe um rm ∈ {jm+1 , . . . , km } de modo que
° °
° X rm ° p
° °
° vQm (P (i)) − t(S2 + um )° 6 M δm , onde M = (Cn−1 )2 + 1.
° °
i=jm +1
Então
° °
° X
rm °
° °
° vQm (P (i)) − tS2 ° 6 M δm + |t|kum k < M δm + 2²m ,
° °
i=jm +1
donde
°j °
°X m rm
X °
° °
° vP (i) + vQm (P (i)) − tS2 ° < M δm + 3²m .
° °
i=1 i=jm +1
Assim, vemos que existe uma reordenação para a qual uma subseqüência
da seqüência de somas parciais converge para tS2 . Pelo Teorema de Reor-
denação, tS2 ∈ S. Provemos agora que −S2 ∈ S. Como
° j ° °j °
° X m+1 ° °X m+1 km
X °
° ° ° °
° v P (i) − (−S )
2 ° = ° v P (i) − v P (i) − (−S )
2 °
° ° ° °
i=km +1 i=1 i=1
°j ° °k °
°X m+1 ° °X m °
° ° ° °
6 ° vP (i) ° + ° vP (i) − S2 °
° ° ° °
i=1 i=1
< ²m+1 + ²m ,
temos que
°j °
°Xm jm+1
X °
° °
° vP (i) + vP (i) − (−S2 )° < ²m+1 + 2²m .
° °
j=1 i=km +1
53
Observação 4.7 Tendo em vista o Teorema de Lévy-Steinitz, é natural per-
guntarmos se qualquer translação de qualquer subespaço de Rn é o conjunto
de somas das reordenações convergentes de alguma série em Rn . É fácil ver
que a resposta é sim. De fato, seja v ∈ Rn e seja M um subespaço de Rn .
Se M = {0}, basta considerarmos a série
v + 0 + 0 + 0 + ··· .
∞
X
Suponhamos dim M > 1 e seja {b1 , b2 , . . . , bm } uma base de M . Seja λi
i=1
uma série de números reais que é convergente mas não é absolutamente con-
vergente (por exemplo, podemos tomar λi = (−1)i /i para todo i > 1). Segue
do Teorema de Riemann que todo número real é a soma de alguma reor-
∞
X
denação convergente da série λi . Consequentemente, o conjunto de todas
i=1
as somas obtidas de reordenações convergentes dos vetores em
{v} ∪ {λi bj : j = 1, . . . , m; i = 1, 2, 3 . . .}
é igual a v + M .
f0 = 1,
54
f1 = χ[0, 1 ) , f2 = χ[ 1 ,1) ,
2 2
f3 = χ[0, 1 ) , f4 = χ[ 1 , 2 ) , f5 = χ[ 2 , 3 ) , f6 = χ[ 3 ,1) , · · ·.
4 4 4 4 4 4
f0 f1 f2
1 1 1
0 1 0 0
1/2 1 1/2 1
f5 f6
f3 f4
∞
X
Consideremos a série gn , onde
n=0
f1 + f2 − f0 = f3 + f4 − f1 = f5 + f6 − f2 = · · · = 0,
55
f0 + f1 + f2 − f0 + f3 + f4 − f1 + f5 + f6 − f2 + · · · = 1.
∞
X
Qualquer reordenação de gn só pode convergir para uma função em
n=0
L2 [0, 1] de valores inteiros. Logo, o conjunto das somas de reordenao̧ões
X∞
convergentes da série gn não é sequer convexo.
n=0
56
Referências Bibliográficas
[1] S. Banach, Sur les opérations dans les ensembles abstraits et leurs ap-
plications aux équations intégrales, Fund. Math. 3 (1922), 131-181.
57
[10] P. A. Kornilov, Structure of the sums set of a functional series, Mosc.
Univ. Math. Bull. 43 (1988), 6-11.
[17] B. Riemann, Über die Darstellbarkeit einer Funktion durch eine trigo-
nometrische Reihe, Habilitationsschrift Universität Göttingen, 1854.
[19] H. L. Royden, Real Analysis, third edition, Macmillan Publ. Co, 1988.
58