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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE

CAMPINAS

Instituto de Matemática, Estatística e


Computação Científica

VICENTE CARLOS PEREZ ALVAREZ

SOBRE UM SISTEMA DE EQUAÇÕES DO


TIPO SCHRÖDINGER E COMPORTAMENTO
ASSINTÓTICO DE SOLUÇÕES

Campinas
2019
Vicente Carlos Perez Alvarez

SOBRE UM SISTEMA DE EQUAÇÕES DO TIPO


SCHRÖDINGER E COMPORTAMENTO
ASSINTÓTICO DE SOLUÇÕES

Dissertação apresentada ao Instituto de Mate-


mática, Estatística e Computação Científica
da Universidade Estadual de Campinas como
parte dos requisitos exigidos para a obtenção
do título de Mestre em Matemática.

Orientador: Ademir Pastor Ferreira

Este exemplar corresponde à versão


final da Dissertação defendida pelo
aluno Vicente Carlos Perez Alvarez e
orientada pelo Prof. Dr. Ademir Pas-
tor Ferreira.

Campinas
2019
É meu desejo, como simples gesto de gratidão, dedicar este trabalho a Deus por ser meu
apoio constante, ao meu amado irmão Mateo Perez Alvarez e às minhas duas avós Irlene
Marrugo e Irbelia Bautista.
Agradecimentos

Agradeço a Deus por me dar força em todos os momentos da minha vida, por ser meu
sustento em tempos difíceis.
Agradeço ao professor Dr. Ademir Pastor, pela orientação neste trabalho, pelo conheci-
mento que sempre compartilhou comigo e pela boa disposição em me orientar da melhor
maneira.
Agradeço aos meus pais Marceliano Perez e Gladys Alvarez por me apoiarem neste
sonho que hoje em dia está prestes a ser realizado.
Agradeço aos meus queridos tios e tias por me darem as vozes de alento para realizar
o meu sonho, especialmente, as minhas tias Lilia Perez e Ligia Perez por me terem dado a
mão naquele momento de dificuldade que aconteceu quando comecei esta etapa.
Agradeço à Unicamp por abrir suas portas e me permitir obter conhecimento em
diversas áreas da matemática.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
Finalmente quero agradecer a CNPQ porque também o presente trabalho foi realizado
com seu apoio financeiro por meio do processo 169059/2018-9 que permitiu concluir este
trabalho.
Resumo
Nesta dissertação estudamos o comportamento assintótico de soluções para um sistema
de equações do tipo Schrödinger não-linear. O resultado principal a ser estudado exibe
explicitamente uma classe de ondas viajantes solitárias para a equação de Schrödinger e
mostra que sempre existe uma solução do sistema que tem comportamento assintótico, no
espaço de energia, semelhante a um par de ondas solitárias. Além disso, a convergência no
infinito se dá de forma exponencial. Como requerimento prévio, será necessário um estudo
das ferramentas básicas da teoria de equações diferenciais parciais dispersivas.

Palavras-chave: Sistema de equações de Schödinger, ondas viajantes , multi-soliton, ,


comportamento assintótico de soluções.
Abstract
In this dissertation we study the asymptotic behavior of solutions for a nonlinear system
of Schrödinger type equations. The main result to be studied exhibits explicitly a class
of solitary traveling waves for the standard Schrödinger equation and shows that there
is a solution of the system that asymptotically behaves, in the energy space, like a pair
of solitary waves. As previous requirements, it will be necessary a study about the basic
tools of the theory of dispersive partial differential equations.

Keywords: System of Schrödinger equations, traveling waves, multi-soliton, asymptotic


behavior of solutions.
Lista de símbolos

q.t.p A menos de um conjunto de medida nula.

ℜz Parte real do número complexo z.

ℑz Parte imaginária do número complexo z.

CpX, Y q Espaço das funções contínuas do espaço topológico X ao espaço topoló-


gico Y .

LpX, Y q Espaço de Banach dos operadores lineares e contínuos do espaço de


Banach X para o espaço de Banach Y , equipado com a topologia da
norma.

LpXq LpX, Xq.

K Espaço complexo (C) ou Espaço euclideano (R).

Rd Espaço euclideano d-dimensional.

x¨y Produto interno entre dois elementos de Rd .

|¨| Norma em Rd .

} ¨ }X Norma do espaço X.
Bu
Bi u “ u xi “ .
Bxi
∇u “ pB1 u, B2 u, . . . , Bd uq.
ÿ
d
B2u
∆u .
i“1
Bx2i

Bu du
ut “ Bt u “ “ .
Bt dt
B α1 u B αd u
D u α
“ α1 ¨ ¨ ¨ αd .
Bx1 Bxd
p
u Transformada de Fourier de u.

q
u Transformada de Fourier de inversa de u.

Ω Subconjunto aberto de Rd .

C k pΩq Espaço das funções com derivadas contínuas até ordem k ě 0 em Ω.

SpRd q Espaço de Schwartz.


S 1 pRd q Espaço das distribuições temperadas em Rd .
1 1
p1 Conjugado de p P r1, 8s dado por ` 1 “ 1.
p p
Lp pΩq Espaços das funções de Lebesgue.

Lploc pΩq Espaço das funções u P Lp pBq, com B Ă Ω limitado.

W m,p pΩq pm P N, 1 ď p ď 8q Espaço de Sobolev.

H m pΩq “ W m,2 pΩq, com m P N.


` s ˘_
J s upxq p1 ` |ξ|2 q 2 u
ppξq pxq.

H s,p pRd q ps P R, 1 ď p ď 8q Espaço de Banach dos elementos u P S 1 pRd q tais


que J s u P Lp pRd q.

H s pRd q “ H s,2 pRd q.

H9 s,p pRd q ps P R, 1 ď p ď 8q Versão homogênea do espaço de Sobolev H s,p .

H9 s pRd q “ H9 s,2 pRd q.


s
Bp,q pRd q ps P R, 1 ď p, q ď 8q Espaço de Besov.

B9 p,q
s
pRd q ps P R, 1 ď p, q ď 8q Versão homogênea de espaço de Besov Bp,q
s
pRd q.

Lp pI, Xq Espaço de Banach das funções u : I Ñ X tais que uptq P Lp pXq q.t.p
t P I.
´ 2 2
¯_
eit∆ u0 e´4π it|ξ| up0 .

C Uma constante universal que pode variar conforme a linha.

Xl Espaço produto X ˆ X ˆ ¨ ¨ ¨ ˆ X (l-vezes).


Sumário

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

1 PRELIMINARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.1 Espaços de Sobolev . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2 Espaços de Besov . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.3 Estimativas de Strichartz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.4 O Problema de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

2 BOA COLOCAÇÃO LOCAL PARA UM SISTEMA NÃO-LINEAR


DE EQUAÇÕES TIPO SCHRÖDINGER EM H s . . . . . . . . . . . 25
2.1 Boa colocação local em H s quando d{6 ă s ă min t1, d{2u . . . . . . 28
2.2 Boa colocação local em H 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.3 Leis de conservação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

3 EXISTÊNCIA DE MULTI-SOLITON PARA UM SISTEMA NÃO-


LINEAR DO TIPO SCHRÖDINGER . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.1 Standing waves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.2 Construção da solução multi-soliton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.3 Estimativas uniformes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88

APÊNDICE A – PROPRIEDADE DE COERCIVIDADE . . . . . . 90


12

Introdução

Sistemas de equações do tipo Schrödinger surgem em diversos contextos físicos. Quando


o potencial de interação é quadrático, estes são colocados na forma
#
iBt u1 ` ∆u1 ` pµ1 |u1 |2 ` β|u2 |2 qu1 “ 0,
(1)
iBt u2 ` ∆u2 ` pµ2 |u2 |2 ` β|u1 |2 qu2 “ 0,
onde pt, xq P R ˆ Rd , u1 “ u1 pt, xq e u2 “ u2 pt, xq são funções que tomam valores
complexos, com β P Rzt0u e µj ą 0 para j “ 1, 2. Para exemplificar, quando d “ µj “ 1 o
sistema (1) pode ser derivado como um modelo de propagação de feixes de luz em uma
fibra ótica, levando em consideração a polarização do feixe. Com esta escolha específica de
parâmetros, o parâmetro β mede a força da interação XPM (modulação de fase cruzada)
e varia dependendo da natureza da fibra (por exemplo, β “ 2 para fibras de núcleo duplo
2
ou β “ para fibras de núcleo único) (veja (AGRAWAL, 2007)). Também, se d “ 3 tal
3
sistema pode modelar a interação de dois condensados de Bose-Einstein de átomos em
diferentes estados de “spin” (veja (ESRY et al., 1997)).
Sistemas de tipo (1) também foram estudados a partir do ponto de vista matemático.
Quando µ1 “ µ2 “ β, em dimensão 1, o sistema (1) tem a particularidade de ser
completamente integrável. Portanto, cálculos explícitos de soluções são possíveis e pode-
se exibir uma variedade de soluções não-lineares como solitons ou multi-solitons (veja
(ABLOWITZ; PRINARI; TRUBATCH, 2004)).
Solitons e multi-solitons desempenham um papel crucial na compreensão da dinâmica
das equações de evolução dispersivas não-lineares, como nas equações de Korteweg-de Vries
ou nas equações não-lineares de Schrödinger (veja (TAO, 2009) para uma visão geral). O
primeiro resultado de existência de multi-solitons em um ambiente não-integrável foi obtido
por Merle em (MERLE, 1990) para multi-solitons compostos de ground states ou excited
states para a equação de Schrödinger não-linear L2 -crítica. Para multi-solitons compostos
apenas de ground states, o caso L2 -subcrítico foi tratado por (MARTEL; MERLE, 2006)
(ver também (MARTEL, 2005) para a equação generalizada de Korteweg-de Vries) e o caso
L2 -supercrítico de (CÔTE; MARTEL; MERLE, 2011). Até onde vai nosso conhecimento,
o primeiro resultado de construção de excited multi-solitons, em um ambiante não crítico,
é devido a (IANNI; LE COZ, 2014). Este que será objeto principal de estudo ao longo
desta dissertação.
Agora, devido às diversas aplicações e do interesse do ponto de vista matemático, o
sistema (1) tem recebido muita atenção nos últimos anos. O interesse matemático ocorre
em diversos aspectos tais como boa colocação local e global, comportamento assintótico de
soluções, existência e estabilidade de ondas viajantes, existência e unicidade de soluções do
tipo ground state, dentre outros. Nesse sentido, o objetivo de I. Ianni e L. Coz é fornecer
Introdução 13

um novo ponto de vista sobre o estudo deste sistema. Mais precisamente, ao estudar este
trabalho temos a intenção de entender a boa colocação global em alguns espaços de funções
definidos em Rd e estudar o comportamento assintótico de soluções do sistema (1).
Observe que se u1 “ 0 ou u2 “ 0, o sistema (1) reduz à equação de Schrödinger escalar

iBt u ` ∆u ` µ|u|2 u “ 0. (2)

Portanto, o sistema (1) também pode ser visto como uma extensão natural de (2) no
sentido que se u1 ou u2 é “pequena” em algum espaço de funções então a solução pu1 , u2 q
deveria se comportar como as soluções de (2). É bem sabido que esta última equação
satisfaz algumas propriedades de existência de solução em alguns espaços de funções.
Motivados por isto, nossa intenção inicialmente é estender de certa forma todas essas
propriedades da equação (2) para o sistema (1). As soluções da equação não linear de
Schrödinger (2) satisfazem várias leis de conservação (veja (GINIBRE; VELO, 1982),
(STRAUSS, 1978) e (WEINSTEIN, 1986) para um entendimento bastante completo dessas
leis), em particular, a massa M e a energia E de uma solução de (1) (veja a definição em
(2.57) e (2.58)) são conservadas no tempo. Assim, parece natural estudar as propriedades
do problema (2.2) no espaço H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q. De fato, no segundo capítulo estudaremos
4
a teoria de boa colocação em H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q no caso sub-critico 2 ă . O problema
d´2
se dificulta em espaços de Sobolev do tipo H s pRd q ˆ H s pRd q para s ą 0, onde a existência
e regularidade das soluções depende da escolha da s. Como estudaremos existência local
nestes espaços, precisamos de estimativas em espaços do tipo Lq pI, Lr pRd qq, com I um
intervalo contendo o zero.
Contudo, para valores de s não inteiros as não linearidades não são bem comportadas
entre espaços de Sobolev do tipo H s,r pRd q. Assim, somos forçados a recorrer aos espaços
de Besov Br,2
s
pRd q e precisamos de estimativas lineares nos espaços do tipo Lq pI, Br,2
s
pRd qq.
Nestas estimativas, os expoentes q e r sempre satisfazem uma certa relação (que considera-
remos mais adiante). A ideia geral é entender a teoria de boa colocação local da equação
(2) em (CAZENAVE, 2003) e estender esta teoria para o sistema (1).
Estudar a boa colocação global ou blow up é um pouco mais complicado, exigindo uma
análise um pouco mais avançada. Por exemplo, para o caso d “ 3, se considerarmos o par
pP, Qq como sendo qualquer solução ground states de (1), e assumimos que

Mpu01 , u02 qEpu01 , u02 q ă MpP, QqEpP, Qq

onde pu01 , u02 q é qualquer dado inicial do sistema (1). Então, (veja (PASTOR, 2015))

piq Se
Mpu01 , u02 qp}∇u01 }22 ` }∇u02 }22 q ă MpP, Qqp}∇P }22 ` }∇Q}22 q,
temos

Mpu01 , u02 qp}∇u1 ptq}22 ` }∇u2 ptq}22 q ă MpP, Qqp}∇P }22 ` }∇Q}22 q,
Introdução 14

e portanto a solução existe globalmente no tempo, pois o gradiente permanece


uniformemente limitado.

piiq Se
Mpu01 , u02 qp}∇u01 }22 ` }∇u02 }22 q ą MpP, Qqp}∇P }22 ` }∇Q}22 q,

temos

Mpu01 , u02 qp}∇u1 ptq}22 ` }∇u2 ptq}22 q ą MpP, Qqp}∇P }22 ` }∇Q}22 q.

Além disso, se u01 e u02 são radiais então a solução possui blow up em tempo finito
(veja (PASTOR, 2015)). É importante ressaltar que no caso piq acima, ainda ocorre o
espalhamento da solução, ou seja, existem φ` , ψ ` , φ´ , ψ ´ P H 1 pRd q tais que

lim }pu1 ptq, u2 ptq ´ peit∆ φ` , eit∆ ψ ` q}H 1 ˆH 1 “ 0


tÑ`8

e
lim }pu1 ptq, u2 ptq ´ peit∆ φ´ , eit∆ ψ ´ q}H 1 ˆH 1 “ 0,
tÑ´8

onde, eit∆ denota o grupo associado a (2) (veja (FARAH; PASTOR, 2017)). Note que as
igualdades acima estabelecem o comportamento assintótico no infinito das soluções de (1),
implicando que para t suficientemente grande o comportamento da solução do problema
não linear é equivalente ao de uma solução do problema linear. Por outro lado, nosso
principal interesse é justamente no comportamento assintótico das soluções de (1) que
não satisfazem piq e piiq (no caso d “ 3). Por isso estudaremos em detalhes o trabalho em
(IANNI; LE COZ, 2014), o qual consiste em aplicar estimativas uniformes em soluções
aproximadas do sistema (1) e usando as propriedades adquiridas por este sistema mostrar
que existem soluções que se comportam como duas ondas solitárias no infinito.
Este trabalho está organizado da seguinte forma, o primeiro capítulo apresenta algumas
ferramentas da análise que utilizamos nos capítulos seguintes, tendo como principais
referências os livros (CAZENAVE, 2003), (LINARES; PONCE, 2015) e (BERGH; LÖFS-
TRÖM, 1976). O segundo capítulo tem como propósito analisar a boa colocação local
do sistema (1), usando como base para esse estudo (CAZENAVE, 2003) e (CAZENAVE;
WEISSLER, 1990). Finalmente, no terceiro capítulo apresentamos a construção de uma
solução do sistema (1) com cada componente se comportando, para tempos suficientemente
grandes, como uma onda solitária da equação escalar de Schrödinger (2), usando como
referências (IANNI; LE COZ, 2014).
15

1 Preliminares

Com o intuito de deixar este trabalho autocontido, neste capítulo vamos apresentar as
definições básicas e resultados clássicos sobre a teoria de equações diferenciais dispersivas.
Alguns resultados não serão demonstrados, eles se encontram nas referências indicadas ao
longo do texto.

1.1 Espaços de Sobolev


Esta seção contem definições e resultados relacionados com os espaços de Sobolev, os
quais nos darão suporte para o entendimento dos capítulos posteriores. Para obter uma
maior quantidade de detalhes sobre este assunto o leitor poderá consultar as referências
(CAZENAVE, 2003), (BERGH; LÖFSTRÖM, 1976).
O primeiro passo para a construção do espaço de Sobolev será introduzir um novo
conceito de derivada que generaliza a derivada usual.

Definição 1.1.1. Sejam um aberto Ω Ă Rd , uma função u P L1loc pΩq e α P Nd um


multi-índice, dizemos que v P L1loc pΩq é uma α-ésima derivada fraca de u se
ż ż
|α|
α
upxqD ϕpxq dx “ p´1q vpxqϕpxq dx, para toda ϕ P C08 pΩq.
Ω Ω

Dizemos que u é fracamente diferenciável se todas as derivadas fracas de primeira


ordem de u existem, e fracamente diferenciável k–vezes, quando Dα u existe para todos os
multi-índices α tais que 0 ď |α| ď k.
Essencialmente, a Definição 1.1.1 diz que uma derivada fraca de uma função é uma
função localmente integrável que nos permite fazer integração por partes. O Lema 1.1.2
abaixo estabelece, em certo sentido, a unicidade da derivada fraca.

Lema 1.1.2. A α-ésima derivada fraca de uma função u P L1loc pΩq, quando existe, é única
a menos de conjuntos de medida nula.

Demonstração. Suponha que v, vr são α-ésimas derivas fracas de u. Então


ż ż ż
|α| |α|
p´1q α
vϕ dx “ uD ϕ dx “ p´1q vrϕ dx, para toda ϕ P C08 pΩq,
Ω Ω Ω

e portanto ż
pv ´ vrqϕ dx “ 0, para todo ϕ P C08 pΩq.

Daí, por Dubois Raymond segue que v ´ vr “ 0 q.t.p em Ω, e portanto v “ vr q.t.p em


Ω.
Capítulo 1. Preliminares 16

Do Lema 1.1.2, se u P L1loc pΩq possui α-ésima derivada fraca v, podemos denotar
simplesmente
v “ Dα u.

Motivados por este conceito de derivada fraca, definimos os espaços de Sobolev com os
quais vamos trabalhar nos próximos capítulos.

Definição 1.1.3. Sejam Ω Ă Rd um aberto, 1 ď p ď 8 e k P N Y t0u. Definimos o


espaço de Sobolev W k,p pΩq como sendo

W k,p pΩq “ tu P Lp pΩq : Dα u P Lp pΩq para todo |α| ď ku.

Observe que, se u P W k,p pΩq então u P Lp pΩq, de modo que toda função de W k,p pΩq
está em L1loc pΩq.
W k,p pΩq é um espaço de Banach equipado com a norma } ¨ }W k,p “ } ¨ }W k,p pΩq definida
por
ÿ
}u}W k,p “ }Dα u}Lp .
0ď|α|ďk

Quando p “ 2, defina W k,p pΩq “ H k pΩq, e equipamos H k pΩq com a norma equivalente
˜ ¸1{2
ÿ ż
}u}H k “ |Dα upxq|2 dx .
0ď|α|ďk Ω

O espaço H k pΩq é então um espaço de Hilbert com produto escalar


ÿ ż
pu, vqH k “ ℜ Dα upxqDα vpxq dx.
0ď|α|ďk Ω

Definimos a convergência fraca e convergência forte no espaço de Sobolev W k,p pΩq como
segue.

Definição 1.1.4. Sejam tum u8m“1 uma sequência em L pΩq e u P L pΩq. Dizemos que um
p p

converge fracamente a u em Lp pΩq, se


ż ż
1
lim um v dx “ uv dx para toda v P Lp pΩq,
mÑ8
Ω Ω

1 1
em que ` 1 “ 1. Neste caso escrevemos
p p

um á u em Lp pΩq.

Definição 1.1.5. Sejam tum u8


m“1 uma sequência em W
k,p
pΩq e u P W k,p pΩq.

(i) Dizemos que um converge fracamente a u em W k,p pΩq, se

um á u em Lp pΩq
Capítulo 1. Preliminares 17

e
Dα um á Dα u em Lp pΩq para cada |α| ď k,

e escrevemos
um á u em W k,p pΩq.

(ii) Dizemos que um converge fortemente a u em W k,p pΩq, se

lim }um ´ u}W k,p pΩq “ 0,


mÑ8

e escrevemos
um Ñ u em W k,p pΩq.

Uma estratégia muito usada no Capítulo 3 é a seguinte.

Teorema 1.1.6. Sejam pX, } ¨ }q um espaço vetorial normado, txm u8


m“1 uma sequência
8
em X e x P X. Se xm á x fracamente em X, então txm um“1 é limitada e

}x} ď lim inf }xm }.


mÑ8

Demonstração. Veja (BREZIS, 2011, Pag. 58).

Acima definimos os espaços H k com k P N Y t0u, mas em geral k pode não ser um
número natural, portanto definimos H s para s P R.

Definição 1.1.7. Seja s P R. Definimos


s
H s pRd q “ tu P S 1 pRd q : p1 ` |ξ|2 q 2 u
p P L2 pRd qu,

com norma
s
}u}H s “ }p1 ` |ξ|2 q 2 u
p}L2 .

Mais geralmente podemos definir os seguintes espaços.

Definição 1.1.8. Sejam s P R e 1 ď p ď 8. Definimos o espaço de Sobolev de ordem s,


denotado por H s,p pRd q, como:
s
ppξqq_ pxq P Lp pRd qu,
H s,p pRd q “ tu P S 1 pRd q : J s upxq “ pp1 ` |ξ|2 q 2 u

com a norma
}u}H s,p “ }J s u}Lp .

Algumas propriedades fundamentais do espaço H s,p pRd q são dadas na seguinte propo-
sição.

Proposição 1.1.9. O espaço H s,p pRd q verifica:

(i) H s,2 pRd q “ H s pRd q e H 0,p pRd q “ Lp pRd q (mesmas normas).


Capítulo 1. Preliminares 18

(ii) H s1 ,p pRd q ãÑ H s2 ,p pRd q se s1 ě s2 .


1
(iii) Se p ă 8 então rH s,p pRd qs‹ “ H ´s,p pRd q.

(iv) Se m é um inteiro não negativo e 1 ă p ă 8 então W m,p pRd q “ H m,p pRd q com
normas equivalentes.

(v) Imersão de Sobolev: H s,p pRd q ãÑ H s1 ,p1 pRd q se


d d
s´ “ s1 ´ e 1 ă p ď p1 ă 8, s, s1 P R.
p p1
d
Em particular, se 1 ď p ă 8 e 0 ă s ă , então
p
pd
H s,p pRd q ãÑ L d´sp pRd q.
d
Mais ainda, H s,p pRd q ãÑ L8 pRd q se p ą 1 e s ą .
p
Demonstração. Veja (BERGH; LÖFSTRÖM, 1976) Capítulo 6.
ˆ ˙
1 1
Teorema 1.1.10. Se s ě d ´ com p ą 2, então H s pRd q ãÑ Lp pRd q.
2 p
Demonstração. Basta combinar as propriedades piq,piiq pvq da Proposição 1.1.9.

1.2 Espaços de Besov


Mais adiante vamos precisar de espaços que servem para generalizar espaços de funções
mais elementares, como os espaços de Sobolev, e são eficazes na medição das propriedades
de regularidade das funções. Para que possamos prosseguir, vamos introduzir a noção de
espaços de Besov Bp,q
s
pRd q para 1 ď p, q ď 8 e s P R.
Consideremos a função η P Cc8 pRd q tal que,
#
1 se |ξ| ď 1,
ηpξq “
0 se |ξ| ě 2,

e definimos a sequência pφj qjPZ Ă SpRd q por


ˆ ˙ ˆ ˙
ξ ξ
φj pξq “ η ´η .
2j 2j´1

Definição 1.2.1. Sejam 1 ď p, q ď 8 e s P R. Definimos o espaço de Besov Bp,q


s
pRd q
por
s
Bp,q pRd q “ tu P S 1 pRd q : }u}Bp,q
s ă 8u,
com ˜ ¸1{q
ÿ
8
_ _
}u}Bp,q
s “ }pηp
uq }Lp ` sj
p2 }pφj u q
pq }Lp q se q ă 8
j“1
Capítulo 1. Preliminares 19

e
}u}Bp,q
s uq_ }Lp ` sup 2sj }pφj u
“ }pηp pq_ }Lp se q “ 8.
jě1

Mostraremos a relação entre os espaços H s,p pRd q e Bp,q


s
pRd q. Mais precisamente.

Proposição 1.2.2. As seguintes propriedades são satisfeitas:

1. Se 1 ă p ď 2, então Bp,p
s
pRd q ãÑ H s,p pRd q ãÑ Bp,2
s
pRd q.

2. Se 2 ď p ă 8, então Bp,2
s
pRd q ãÑ H s,p pRd q ãÑ Bp,p
s
pRd q.

3. Em particular, B2,2
s
pRd q “ H s,2 pRd q “ H s pRd q.

Demonstração. Veja Teorema 6.4.5 em (BERGH; LÖFSTRÖM, 1976).

Agora introduzimos os espaços homogêneos H9 s pRd q, H9 s,p pRd q e B9 p,q


s
pRd q. Na verdade,
eles são bastante delicados de definir, já que podem ser considerados espaços semi-normados
ou espaços quociente. Será suficiente para o nosso propósito definir apenas as semi-normas.

Definição 1.2.3. Sejam 1 ď p ď 8 e s P R. Definimos a semi-norma do espaço H9 s,p pRd q


por: dada u P S 1 pRd q, temos que
› ›
› ÿ8 ›
› ›
}u}H9 s,p “ › pq_ ›
p|ξ|s φj u
›j“´8 › p
L

ÿ
8
se pq converge em S 1 pRd q para uma função de Lp pRd q, e }u}H9 s,p “ 8 de outra
p|ξ|s φj u
j“´8
forma.
Dada u P S 1 pRd q definimos a semi-norma do espaço H9 s pRd q por, }u}H9 s “ }u}H9 s,2 .
Finalmente, sejam s P R e 1 ď p, q ď 8 e u P S 1 pRd q. Definimos a semi-norma do
espaço B9 p,q
s
pRd q por:
˜ ¸1{q
ÿ
8
}u}B9 p,q
s “ pq_ }Lp qq
p2sj }pφj u se q ă 8
j“´8

e
}u}Bp,q
s pq_ }Lp se q “ 8.
“ sup 2sj }pφj u
jPZ

O seguinte teorema será muito importante no desenvolvimento do Capítulo 2.

Teorema 1.2.4. Algumas propriedades fundamentais das seminormas H9 s,p pRd q e B9 p,q
s
pRd q
são:

1. Se s ą 0, então }u}Bp,q
s s .
« }u}Lp ` }u}B9 p,q
Capítulo 1. Preliminares 20

2. Se 0 ă s ă 1, então
˜ż ¸1{q
8
dt
}u}Bp,q
s « pt´s sup }up¨ ´ yq ´ up¨q}Lp qq se q ă 8
0 |y|ďt t
e
}u}Bp,q
s « sup }up¨ ´ yq ´ up¨q}Lp se q “ 8.
|y|ďt

Demonstração. Veja Teoremas 6.3.1 e 6.3.2 em (BERGH; LÖFSTRÖM, 1976).

1.3 Estimativas de Strichartz


Algumas estimativas muito importantes nos permitirão garantir a existência de solução
do sistema (1). Iniciamos introduzindo a noção de par admissível.

Definição 1.3.1. Dizemos que o par pq, rq é admissível se


ˆ ˙
2 1 1
“d ´
q 2 r
e
2d
2ďrď se d ě 3, 2 ď r ď 8 se d “ 1, 2 ď r ă 8 se d “ 2.
d´2
Observação 1.3.2. Se pq, rq é um par admissível, então 2 ď q ď 8. Além disso, note
que p8, 2q é um par admissível.

O teorema a seguir descreve as propriedades suavizantes globais do semigrupo peit∆ qtPR .

Teorema 1.3.3 (Estimativas de Strichartz). As seguintes propriedades são validas:

1. Para cada ϕ P L2 pRd q, a função t ÞÑ eit∆ ϕ pertence a

Lq pR, Lr pRd qq X CpR, L2 pRd qq

para cada par admissível pq, rq. Além disso, existe uma constante C tal que

}eip¨q∆ ϕ}Lq pR,Lr q ď C}ϕ}L2 para toda ϕ P L2 pRd q.

2. Sejam I um intervalo de R (limitado ou não), J “ I, ¯ e t0 P J. Se pγ, ρq é um par


1 1
admissível e f P Lγ pI, Lρ pRd qq, então para cada par admissível pq, rq, a função
żt
t ÞÑ Φf ptq “ eipt´sq∆ f psq ds para t P I (1.1)
t0

pertence a
Lq pI, Lr pRd qq X CpJ, L2 pRd qq.
Além disso, existe uma constante C, independente de I, tal que
1 1
}Φf }Lq pI,Lr q ď C}f }Lγ 1 pR,Lρ1 q para toda f P Lγ pI, Lρ pRd qq.
Capítulo 1. Preliminares 21

Demonstração. Veja Teorema 2.3.3 em (CAZENAVE, 2003).

As estimativas do Teorema 1.3.3 podem ser generalizadas a outros espaços envolvendo


derivadas. Mais precisamente,

Teorema 1.3.4. As seguintes propriedades são validas:

1. Para cada ϕ P H m pRd q, a função t ÞÑ eit∆ ϕ pertence a

Lq pR, W m,r pRd qq

para cada par admissível pq, rq. Além disso, existe uma constante C tal que

}eip¨q∆ ϕ}Lq pR,W m,r q ď C}ϕ}H m para toda ϕ P H m pRd q.

2. Seja I um intervalo de R (limitado ou não) tal que 0 P I. Se pγ, ρq é um par


1 1
admissível e f P Lγ pI, Lρ pRd qq, então para cada par admissível pq, rq, a função
żt
t ÞÑ Φf ptq “ eipt´sq∆ f psq ds para t P I
0

pertence a
Lq pI, W m,r pRd qq.

Além disso, existe uma constante C, independente de I, tal que


1 1
}Φf }Lq pI,W m,r q ď C}f }Lγ 1 pI,Lρ1 q para toda f P Lγ pI, Lρ pRd qq.

Demonstração. Veja (CAZENAVE, 2003, Pag. 38).

Corolário 1.3.5. Seja s P R.

1. Se pq, rq é um par admissível, então existe uma constante C tal que

}eip¨q∆ ϕ}Lq pR,Br,2


s q ď C}ϕ}B s
2,2
para toda ϕ P H s pRd q.

2. Se pq, rq é um par admissível, então existe uma constante C tal que

}eip¨q∆ ϕ}Lq pR,B9 s ď C}ϕ}B9 s


r,2 q 2,2

para toda ϕ P S 1 pRd q tal que }ϕ}B9 s ă 8.


2,2

3. Seja I um intervalo de R (limitado ou não). Se pγ, ρq é um par admissível, então


para cada par admissível pq, rq existe uma constante C, independente de I, tal que
1
}Φf }Lq pI,Br,2
s q ď C}f } γ 1
L pI,B s1 q para toda f P Lγ pI, Bρs1 ,2 pRd qq,
ρ ,2

onde Φf é definida como em (1.1).


Capítulo 1. Preliminares 22

¯ e t0 P J. Se pγ, ρq é um par
4. Sejam I um intervalo de R (limitado ou não), J “ I,
admissível, então para cada par admissível pq, rq

Φf P Lq pI, B9 r,2
s
pRd qq X CpJ, H9 s pRd qq,

e existe uma constante C, independente de I, tal que


1
}Φf }Lq pI,B9 s ď C}f }Lγ 1 pI,B9 s1 para toda f P Lγ pI, B9 ρs1 ,2 pRd qq,
r,2 q ρ ,2
q

onde Φf é definida como em (1.1).

Demonstração. Veja (CAZENAVE; WEISSLER, 1990).

1.4 O Problema de Cauchy


Seja X um espaço de Hilbert com norma } ¨ }X e produto interior real p¨, ¨qX . Con-
sideremos A : DpAq Ă X Ñ X um operador C-linear, e assuma que A é auto-adjunto,
DpAq denso em X e pAx, xq ď 0 para todo x P DpAq. Suponhamos que A é o gerador
infinitesimal do semigrupo de contrações pU ptqqtě0 em X. Note que DpAq um espaço de
Hilbert equipado com o produto escalar px, yqDpAq “ pAx, AyqX ` px, yqX , correspondente
à norma }x}2DpAq “ }Ax}2X ` }x}2X .
Denotamos por XA o completamento de DpAq para a norma }x}2DpAq “ }x}2X ´pAx, xqX .
Logo,
DpAq ãÑ XA ãÑ X ãÑ XA‹ ãÑ pDpAqq‹ ,
onde todas as imersões são densas.
Agora, vamos definir o que entenderemos por uma solução para nosso sistema (1),
através de um argumento muito comum que consiste em estabelecer uma equivalência
entre o problema de Cauchy e uma equação integral.
Com efeito, consideremos o problema de valor inicial (PVI)
#
iut ` Au ` gpuq “ 0,
(1.2)
up0q “ u0 P X,

onde g é chamada de não-linearidade e A um operador auto-adjunto que estende A em


pDpAqq‹ com domínio em X.
Além disso, seja I um intervalo tal que 0 P I, e consideremos a seguinte equação
integral ż t
uptq “ eitA ϕ ` i ept´sqA gpupsqq ds para t P I. (1.3)
0

com peitA qtPR o grupo de isometrias gerado por iA.


Agora, a teoria de semigrupos de operadores lineares (veja (CAZENAVE, 2003, Pag.
18)), estabelece que se u0 P X, g P L1 pr0, T s, XA‹ q e u P L1 pp0, T q, XA q, então u verifica
(1.2) q.t.p t P r0, T s se e somente se u verifica (1.3) q.t.p t P r0, T s.
Capítulo 1. Preliminares 23

Portanto, usando a teoria mencionada anteriormente com o operador A “ ∆ e os


espaços de Sobolev X “ H s pRd q com alguma escolha de s P R temos o seguinte teorema,
o qual vai estabelecer uma relação entre equações (1.2) e (1.3). Por conveniência, vamos
usar a mesma notação para eitA e eitA .

Teorema 1.4.1. Sejam I um intervalo tal que 0 P I, s, σ P R, e g : H s pRd q Ñ H σ pRd q


contínua e limitada em conjuntos limitados. Se u P L8 pI, H s pRd qq, então ambas equações
(1.2) e (1.3) fazem sentido em H µ pRd q para µ “ mints ´ 2, σu. Além disso, u satisfaz a
equação (1.2) q.t.p t P I se, e somente se, u satisfaz a equação integral (1.3) q.t.p t P I.

Demonstração. Como u P L8 pI, H s pRd qq e ∆ P LpH s pRd q, H s´2 pRd qq, então ∆u P
L8 pI, H s´2 pRd qq. Além disso, gpuq : I Ñ H σ pRd q é mensurável pois temos que g P
CpH s pRd q, H σ pRd qq, e limitada já que g é limitada em conjuntos limitados, portanto
gpuq P L8 pI, H s´2 pRd qq. Consequentemente as equações (1.2) e (1.3) fazem sentido em
H µ pRd q. Agora, como teit∆ utPR é um grupo de isometrias em H µ pRd q, então a equivalência
entre (1.2) e (1.3) segue da observação feita acima.

Por último vamos mostrar um resultado que permite estender, sob certas condições,
as soluções obtidas do problema (1.2). No que segue vamos assumir que para cada
u0 P H s pRd q, com s P R, existe T “ T p}u0 }X q ą 0 dependendo somente de }u0 }H s e uma
única u P Cpr0, T s, H s pRd qq solução de (1.2). Além disso suponha que T pode ser escolhido
uniformemente no seguinte sentido: se }uptq}H s ď M então u está definida em r0, TM s,
com TM “ T pM q.

Proposição 1.4.2. Se }uptq}H s ď M para todo t P r0, T s, com M ą 0 uma constante,


então u pode ser estendida unicamente a r0, 8q.

Demonstração. Como }uptq}H s ď M , então sabemos „ que uestá definida em r0, TM s.


3TM
Vamos a mostrar que podemos estender u ao intervalo 0, . De fato, consideremos o
2
seguinte PVI, #
rt ` ∆ u
iu r ` gpruq “ 0,
rp0q “ u pTM {2q .
u
Como }r
up0q}H s “ }u pTM {2q }H s ď M , então segue que u
r está definida em r0, TM s. Agora,
defina #
uptq, se 0 ď t ď TM {2
wptq “
urpt ´ TM {2q, se TM {2 ď t ď 3TM {2.
Pela definição de w não é difícil obter que w P Cpr0, 3TM {2s, H s q. Para finalizar a de-
monstração devemos mostrar que w é a única solução de (1.2) em r0, 3T M {2s, ou seja,
żt
wptq “ e it∆
u0 ` i eipt´sq∆ gpwpsqq ds, q.t.p t P r0, 3TM {2s. (1.4)
0
Capítulo 1. Preliminares 24

O resultado é claro para t P r0, TM {2s. Suponha que t P rTM {2, 3TM {2s, então temos que

wptq “ u
rpt ´ TM {2q
ż t´TM {2
ipt´TM {2q∆
“e upTM {2q ` i eipt´TM {2´sq∆ gpr
upsqq ds
0
˜ ż TM {2 ¸
“ eipt´TM {2q∆ eipTM {2q∆ u0 ` i eipTM {2´sq∆ gpupsqq ds
0
ż t´TM {2
`i eipt´TM {2´sq∆ gpr
upsqq ds
0
ż TM {2 żt
it∆ ipt´sq∆
“e u0 ` i e gpupsqq ds ` i eipt´rq∆ gpr
upr ´ TM {2qq dr
0 TM {2
ż TM {2 żt
“ eit∆ u0 ` i eipt´sq∆ gpwpsqq ds ` i eipt´sq∆ gpwpsqq ds
0 TM {2
żt
“ eit∆ u0 ` i eipt´sq∆ gpwpsqq ds.
0

Fazendo este processo reiteradamente podemos mostrar o resultado desejado.


25

2 Boa Colocação local para um sistema não-


linear de equações tipo Schrödinger em H s

Neste capítulo vamos estudar a boa colocação local do problema de valor inicial
associado a um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger no espaço de Sobolev
H s pRd q para certos valores de 0 ă s ď 1. Em princípio, um resultado de existência local
pode ser estabelecido por um argumento de ponto fixo usando as estimativas de Strichartz
nos espaços de Sobolev H s,r pRd q junto com estimativas de }.}H s,r . Aqui, preferimos usar o
espaço de Besov Br,2 s
pRd q como um espaço auxiliar, porque as estimativas de }.}Br,2 s são
muito mais simples de serem obtidas.
A noção de boa colocação local que adotaremos inclui existência, unicidade, persistência
e dependência contínua com relação ao dado inicial. Mais precisamente,

Definição 2.0.1. Sejam X, Y espaços de Banach e F : Y Ñ X uma função contínua.


Dizemos que o problema de Cauchy
#
Bt uptq “ F puptqq P X,
(2.1)
up0q “ ϕ P Y,

é localmente bem colocado (ou bem posto) em Y se

1. Existe T ą 0 e uma função u P Cpr´T, T s : Y q tal que up0q “ ϕ e a equação


diferencial em (2.1) é satisfeita, no sentido que
› ›
› upt ` hq ´ uptq ›

lim › ´ F puptqq›› “ 0,
hÑ0 h X

onde as derivadas em t “ ´T e t “ T são calculadas a direita e a esquerda


respectivamente.

2. Essa solução é única em Cpr´T, T s : Y q.

3. A função ϕ ÞÑ u é contínua. Mais precisamente, sejam ϕn P Y , n “ 1, 2, 3, . . . , 8,


Y
tal que ϕn Ñ ϕ8 e un P Cpr´Tn , Tn s : Y q as soluções correspondentes. Seja T P
p0, T8 q. Então as soluções un podem ser estendidas ao intervalo r´T, T s, para todo
n suficientemente grande, e

lim sup }un ptq ´ u8 ptq}Y “ 0.


nÑ`8 r´T,T s

Se alguma das condições acima não é verificada, o problema é dito mal colocado (ou
mal posto). Se as condições são satisfeitas para todo T ą 0, dizemos que o problema é
globalmente bem posto.
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 26

Consideremos o sistema de equações não lineares de Schrödinger


$
& iBt u1 ` ∆u1 ` g1 pu1 , u2 q “ 0,

iBt u2 ` ∆u2 ` g2 pu1 , u2 q “ 0, (2.2)

%
pu1 p0q, u2 p0qq “ pϕ1 , ϕ2 q,

onde para j “ 1, 2, gj : C ˆ C Ñ C são as não linearidades, uj : R ˆ Rd Ñ C, d ď 3 e


ϕj : Rd Ñ C. Frequentemente escrevemos uj “ uj pt, xq e uj ptq “ uj pt, ¨q.
Nosso objetivo aqui será estudar a boa colocação local do sistema (2.2) nos espaços de
Sobolev Y “ H s pRd q para escolhas apropriadas de s P R e gj para j “ 1, 2. O Capítulo 3
está orientado a trabalhar com não linearidades dadas por

g1 pu1 , u2 q “ µ1 |u1 |2 u1 ` β|u2 |2 u1 e g2 pu1 , u2 q “ µ2 |u2 |2 u2 ` β|u1 |2 u2 ,

onde µj ą 0 e β P Rzt0u. Neste sentido, é claro que para j “ 1, 2,


` ˘
|gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q| ď C |u1 |2 ` |u2 |2 ` |v1 |2 ` |v2 |2 qp|u1 ´ v1 | ` |u2 ´ v2 | . (2.3)

Formalmente, obter uma solução pu1 , u2 q do sistema (2.2) com as duas não linearidades
indicadas acima é equivalente a obter uma solução das seguintes equações integrais, no
sentido do Teorema 1.4.1,
żt
u1 ptq “ e ϕ1 ` i eipt´sq∆ g1 pu1 psq, u2 psqqds
it∆
(2.4)
0

e żt
u2 ptq “ e it∆
ϕ2 ` i eipt´sq∆ g2 pu1 psq, u2 psqq ds. (2.5)
0
De fato, a seguinte observação mostra esta relação.
4d 8
Observação 2.0.2. Sejam d{6 ă s ă mint1, d{2u, ρ “ e γ “ , com
d ` 2s d ´ 2s
1 ď d ď 3. Considerando, as funções g1 : C ˆ C Ñ C, g2 : C ˆ C Ñ C dadas por

g1 pz1 , z2 q “ pµ1 |z1 |2 ` β|z2 |2 qz1 ,

e
g2 pz1 , z2 q “ pµ2 |z2 |2 ` β|z1 |2 qz2

para z1 , z2 P C. Daí, para j “ 1, 2, resulta que gj p0, 0q “ 0 e gj verifica a desigualdade


(2.3) para z1 , z2 P C. Seja I um intervalo limitado com 0 P I e suponha pu1 , u2 q P
pL8 pI, H s pRd qqq2 X pLγ pI, Bρ,2
s
pRd qqq2 .
Como ρ ě 2, pela Proposição 1.2.2 temos Bρ,2s
pRd q ãÑ H s,ρ pRd q. Como 2s ă d, obtemos
ρd
sρ ă d, então a Proposição 1.1.9 diz que H s,ρ pRd q ãÑ L d´sρ pRd q.
ρd
Segue, aplicando interpolação, que Bρ,2
s
pRd q ãÑ Lp pRd q para todo ρ ď p ď “
d ´ sρ
4d
.
d ´ 2s
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 27

4d
Assim, pu1 , u2 q P pLγ pI, Lp pRd qqq2 para todo ρ ď p ď .
d ´ 2s
Além disso, como
ˆż ˙1{p ˆż ˙3{3p
3 3p 3p
}|v| }Lp “ |v| dx “ |v| dx “ }v}3L3p ,
Rd Rd

e
ˆż ˙1{p ˆż ˙1{2p ˆż ˙1{2p
2 2p p 4p 2p
}|v| |u|}Lp “ |v| |u| dx ď |v| dx |u| dx “ }v}2L4p }u}L2p ,
Rd Rd Rd

então, dado que

|gj pz1 , z2 q| ď Cp|z1 |2 ` |z2 |2 qp|z1 | ` |z2 |q “ Cp|z1 |3 ` |z2 |3 ` |z1 |2 |z2 | ` |z2 |2 |z1 |q,
! ρ) d
temos que gj pu1 , u2 q P pL pI, L pR qqq para todo max 1,
γ p d 2
ď p ď , pois para
2 d ´ 2s
tPI

}gj pu1 ptq, u2 ptqq}Lp


ď Cp}|u1 ptq|3 }Lp ` }|u2 ptq|3 }Lp ` }|u1 ptq|2 |u2 ptq|}Lp ` }|u2 ptq|2 |u1 ptq|}Lp q
“ Cp}u1 ptq}3L3p ` }u2 ptq}3L3p ` }u1 ptq}2L4p }u2 ptq}L2p ` }u2 ptq}2L4p }u1 ptq}L2p q.
! ρ) d
Desta forma, se max 1, ďpď , obtemos }gj pu1 , u2 q}Lγ pI,Lp q ă 8.
2 d ´ 2s
4d 1
Logo, como ρ1 “ , então gj pu1 , u2 q P pLγ pI, Lρ pRd qqq2 .
3d ´ 2s
pd ´ 2sq 2d
Por outro lado, tomando σ “ , temos 2σ ă d, de onde H σ pRd q ãÑ L d´2s pRd q,
4
2d 1
e como “ ρ, resulta que, H pRd q ãÑ Lρ pRd q, assim Lρ pRd q ãÑ H ´σ pRd q. Logo,
σ
d ´ 2s
gj pu1 , u2 q P Lγ pI, H ´σ pRd qq. Consequentemente, gj pu1 , u2 q P L1 pI P H ´σ pRd q.
Por outro lado, como (veja (2.21))

}gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}Lρ1 ď Cp}u1 ´ v1 }Lρ ` }u2 ´ v2 }Lρ q,


1
H s pRd q ãÑ H σ pRd q ãÑ Lρ pRd q, pois d{6 ď s, e Lρ pRd q ãÑ H ´σ pRd q, segue que gj P
CpH s pRd q, H ´σ pRd qq. Logo, como pu1 , u2 q P pL8 pI, H s pRd qqq2 , o Teorema 1.4.1 garante
que obter uma solução do sistema (2.2) é equivalente a obter uma solução dos sistemas de
equações integrais (2.4) e (2.5).

Sendo assim, no que segue, entenderemos por solução do sistema (2.2), com as não
linearidades satisfazendo (2.3), uma solução das equações integrais (2.4) e (2.5). Convém
mencionarmos que, restringiremos o estudo da boa colocação local para dois casos: o
primeiro quando d{6 ă s ă min t1, d{2u e o segundo quando s “ 1. Para outros casos veja
(CAZENAVE, 2003).
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 28

2.1 Boa colocação local em H s quando d{6 ă s ă min t1, d{2u


Vamos começar estabelecendo uma estimativa para a norma de Br,2 s
pRd q, a qual
usaremos para mostrar a boa colocação local do sistema (2.2). Mais precisamente.

Proposição 2.1.1. Seja g P CpC ˆ C, Cq. Assuma gp0, 0q “ 0 e


` ˘
|gpz1 , z2 q ´ gpx1 , x2 q| ď C |z1 |2 ` |z2 |2 ` |x1 |2 ` |x2 |2 qp|z1 ´ x1 | ` |z2 ´ x2 | (2.6)

para z1 , z2 , x1 , x2 P C.
2pr
Sejam 0 ă s ă 1, 1 ď q ď 8, 1 ď p ă r ă 8. Se σ “ , então
r´p

}gpu1 , u2 q}B9 r,q


s ď Cp}u1 }2Lσ ` }u2 }2Lσ qp}u1 }B9 r,q
s ` }u2 }B
9s q
r,q

e
}gpu1 , u2 q}Br,q
s ď Cp}u1 }2Lσ ` }u2 }2Lσ qp}u1 }Br,q
s ` }u2 }B s q,
r,q
(2.7)
ż
para toda pu1 , u2 q P Br,q
s
pRd q. Aqui, usamos a convenção que }u}σLσ “ |u|σ dx para
Rd
0 ă σ ă 1.
2pr 2p p
Demonstração. Como σ “ temos 1 “ ` . Aplicando a desigualdade de Hölder
r´p σ r
segue que
ż
2 2 p
}p|u1 | ` |u2 | qv}Lp “ |p|u1 |2 ` |u2 |2 qv|p dx
d
żR
“ |p|u1 |2 ` |u2 |2 q|p |v|p dx
Rd
ˆż ˙2p{σ ˆż ˙p{r
2 2 p σ{2p p r{p
ďC p||u1 | ` |u2 | | q dx p|v| q dx
ˆż
Rd
˙2p{σ ˆż
Rd
˙p{r (2.8)
“C p|u1 |2 ` |u2 |2 qσ{2 dx |v|r dx
Rd Rd
ˆż ˙2p{σ ˆż ˙p{r
σ r
ďC p|u1 | ` |u2 |q dx |v| dx
Rd Rd

“ C}p|u1 | ` |u2 |q}2p p


Lσ }v}Lr .

Dessa maneira,

}p|u1 |2 ` |u2 |2 qv}Lp ď C}p|u1 | ` |u2 |q}2Lσ }v}Lr ď Cp}u1 }2Lσ ` }u2 }2Lσ q}v}Lr . (2.9)

Além disso, se y P Rd , então das desigualdades (2.6) e (2.9) obtemos

}gpu1 , u2 qp¨ ´ yq ´ gpu1 , u2 qp¨q}Lp


ď C}p|u1 p¨ ´ yq|2 ` |u2 p¨ ´ yq|2 ` |u1 p¨q|2 ` |u2 p¨q|2 q
¨ p|u1 p¨ ´ yq ´ u1 p¨q| ` |u2 p¨ ´ yq ´ u2 p¨q|q}Lp
ď Cp}u1 }2Lσ ` }u2 }2Lσ qp}u1 p¨ ´ yq ´ u1 p¨q}Lr ` }u2 p¨ ´ yq ´ u2 p¨q}Lr q.
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 29

Nesse sentido, usando o Teorema 1.2.4 resulta que

}gpu1 , u2 q}B9 r,q


s ď Cp}u1 }2Lσ ` }u2 }2Lσ qp}u1 }B9 r,q
s ` }u2 }B
9 s q.
r,q
(2.10)

Por outro lado, por (2.6), temos |gpu1 , u2 q| ď Cp|u1 |2 ` |u2 |2 qp|u1 | ` |u2 |q, assim, novamente
usando a desigualdade (2.9), chegamos a

}gpu1 , u2 q}Lp ď Cp}u1 }2Lσ ` }u2 }2Lσ qp}u1 }Lr ` }u2 }Lr q, (2.11)

e pelo Teorema 1.2.4 sabemos que }u}Bp,q


s s . Logo combinando as desigual-
« }u}Lp ` }u}B9 p,q
dades (2.10) e (2.11) segue (2.7).

A seguinte proposição diz respeito aos vários parâmetros que ocorrem no teorema
principal.

Proposição 2.1.2. Suponha


4 4d 8
2ă , 0 ă s ă d{2, ρ “ e γ“ .
d ´ 2s d ` 2s d ´ 2s
Seja
1 1 s

“ ´ ,
ρ ρ d
então
2d
(i) 2 ă ρ ă se d ą 2 e 2 ă ρ ă 8 se d “ 1, 2.
d´2
ˆ ˙
2 1 1
(ii) “d ´ . Em particular, pγ, ρq é um par admissível.
γ 2 ρ
d
(iii) ρ ă . Em particular ρ‹ ą ρ.
s
1 2 1
(iv) 1
“ ‹` .
ρ ρ ρ
1 3
(v) 1
ą .
γ γ
4
Demonstração. Suponha 2 ă e 0 ă s ă d{2.
d ´ 2s
ˆ ˙
d 4s 4s 2s
1. Como s ă obtemos ă 2. Logo 2 ` ă 4, isto é, 2 1 ` ă 4, de onde
2 d d d
2pd ` 2sq 4d
ă 4, o que é equivalente a 2 ă . Agora, como 2pd ´ 2 ´ 2sq ă
d d ` 2s
2pd ´ 2sq ă 4 temos 2d ´ 4 ´ 4 ă 4s e assim 2d ` 2d ´ 8 ă 2d ` 4s, o qual implica
que 4pd ´ 2q ă 2d ` 4s.
4d 2d 2d
Portanto ă , se d ‰ 2. Desta forma concluímos que 2 ă ρ ă .
d ` 2s d´2 d´2
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 30

2. Note que ˆ ˙ ˆ ˙
1 1 1 1 ` 2s{d d ´ 2s 2
d ´ “d ´ “ “ .
2 ρ 2 4 4 γ
Da parte 1 e a igualdade acima é claro que pγ, ρq é um par admissível.
4
3. Novamente de s ă d{2 segue que d ` 2s ą 4s, isto é, ă 1. Daí,
2 ` d{s
ˆ ˙
4 d 4 d
ρ“ “ ă .
1 ` 2s{d s 2 ` d{s s
ˆ ˙
2s 4 1 1 s 1
4. Pela definição de ρ resulta que 1 ` “ , isto é, 1 ´ “ 2 ´ ` .
d ρ ρ ρ d ρ
1 2 1
Portanto 1 “ ‹ ` .
ρ ρ ρ
4 4
5. Como 2 ă , a definição de γ implica que γ ą 4, o que equivale a ă 1, de
d ´ 2s γ
1 1 3
onde, 1 “ 1 ´ ą .
γ γ γ

O seguinte resultado garante a boa colocação local do sistema (2.2) no espaço de


Sovolev H s pRd q quando d{6 ă s ă min t1, d{2u.
4
Teorema 2.1.3. Suponha d{6 ă s ă min t1, d{2u e 2 ă , com 1 ď d ď 3. Para
d ´ 2s
j “ 1, 2 sejam gj P CpC ˆ C, Cq. Assuma gj p0, 0q “ 0 e

|gj pz1 , z2 q ´ gj px1 , x2 q| ď Cp|z1 |2 ` |z2 |2 ` |x1 |2 ` |x2 |2 qp|z1 ´ x1 | ` |z2 ´ x2 |q (2.12)

para z1 , z2 , x1 , x2 P C.
Seja pγ, ρq o par admissível definido por

4d 8
ρ“ , γ“ .
d ` 2s d ´ 2s

Dados pϕ1 , ϕ2 q P H s pRd q ˆ H s pRd q, existem Tmax , Tmin P p0, 8s e uma única solução maxi-
mal pu1 , u2 q P pCpp´Tmin , Tmax q, H s pRd qqq2 X pLγloc pp´Tmin , Tmax q, Br,2
s
pRd qqq2 do sistema
(2.2), satisfazendo as seguintes propriedades:

1. pu1 , u2 q P pLqloc pp´Tmin , Tmax q, Br,2


s
pRd qqq2 para cada par admissível pq, rq.

2. Se Tmaxpϕ1 ,ϕ2 q ă 8 (respectivamente Tminpϕ1 ,ϕ2 q ă 8) então

}pu1 ptq, u2 ptqq}H s ˆH s Ñ 8,

quando t Ò Tmaxpϕ1 ,ϕ2 q (respectivamente t Ó ´Tminpϕ1 ,ϕ2 q ).


Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 31

3. pu1 , u2 q depende continuamente de pϕ1 , ϕ2 q, no seguinte sentido. Existe 0 ă T ă


Tmaxpϕ1 ,ϕ2 q , Tminpϕ1 ,ϕ2 q tal que se pϕn1 , ϕn2 q Ñ pϕ1 , ϕ2 q em H s pRd q ˆ H s pRd q e se
pun1 , un2 q denota a solução de (2.2) com dado inicial pϕn1 , ϕn2 q, então 0 ă T ă
Tmaxpϕn1 ,ϕn2 q , Tminpϕn1 ,ϕn2 q , para todo n suficientemente grande, e pun1 , un2 q é limitada
em Lq pp´T, T q, Br,2 s
pRd qq para todo para admissível pq, rq. Além disso, pun1 , un2 q Ñ
pu1 , u2 q em Lq pp´T, T q, Lr pRd qq quando n Ñ 8. Em particular, pun1 , un2 q Ñ pu1 , u2 q
em Cpr´T, T s, H s´ε pRd qq para todo 0 ă ε ă s.

Demonstração. A demonstração deste resultado será feita em 5 passos.


Passo 1 (Existência) Inicialmente vamos mostrar a existência de uma solução para o
sistema (2.2). A ideia para garantir a existência desta solução é encontrar soluções das
equações integrais (2.4) e (2.5).
Definamos ! )
X “ u P L pI, Bρ,2 pR qq : }u}Lγ pI,Bρ,2
γ s d
s q ď M , (2.13)
onde I “ p´T, T q e T , M são constantes positivas que serão escolhidas posteriormente.
Sem perda de generalidade suponha que I “ r0, T q para o caso p´T, 0q procedemos de
forma semelhante. O espaço X ˆ X munido da métrica

dppu1 , u2 q, pv1 , v2 qq “ }u1 ´ v1 }Lγ pI,Bρ,2


s q ` }u2 ´ v2 }Lγ pI,B s q
ρ,2

é um espaço métrico completo.


Com efeito, consideremos a sequência tpun , vn qunPN Ă X ˆ X tal que pun , vn q Ñ pu, vq
em Lγ pI, Bρ,2
s
pRd qq ˆ Lγ pI, Bρ,2
s
pRd qq. Dessa maneira pelo Teorema 1.1.6 temos que

pu, vq P Lγ pI, Bρ,2


s
pRd qq ˆ Lγ pI, Bρ,2
s
pRd qq

e
s qˆLγ pI,B s q ď lim inf }pun , vn q}Lγ pI,B s qˆLγ pI,B s q ď M.
}pu, vq}Lγ pI,Bρ,2 ρ,2 nÑ8 ρ,2 ρ,2

Portanto pu, vq P X ˆ X, o que mostra que pX ˆ X, dq é completo. Por outro lado,


consideremos a função H : E ˆ E Ñ E ˆ E definida por

Hpu1 , u2 q “ pH1 pu1 , u2 q, H2 pu1 , u2 qq (2.14)

com żt
Hj pu1 , u2 qptq :“ eit∆
ϕj ` i eipt´sq∆ gj pu1 psq, u2 psqq ds, (2.15)
0
para j “ 1, 2. Nosso objetivo é encontrar T , M tais que H esteja bem definida e além
disso, que também seja uma contração, de onde, pelo Teorema de ponto fixo de Banach
seguirá o resultado desejado.
De fato, consideremos pu1 , u2 q, pv1 , v2 q P X ˆ X. Daqui para frente trabalharemos com
j “ 1, 2. Tomando p “ ρ1 , r “ ρ e q “ 2, pela Proposição 2.1.1 temos que
´ ¯´ ¯
2 2
}gj pu1 , u2 q}Bρ1 ,2 ď C }u1 } 4d ` }u2 } 4d
s }u1 }Bρ,2 ` }u2 }Bρ,2 ,
s s
L d´2s L d´2s
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 32

para cada pu1 , u2 q P Bρ,2


s
pRd q ˆ Bρ,2
s
pRd q.
4d
A Proposição 1.1.9 estabelece que Bρ,2 s
pRd q ãÑ L d´2s pRd q, assim
´ ¯´ ¯
}gj pu1 , u2 q}Bρs1 ,2 ď C }u1 }2Bρ,2
s ` }u2 }2Bρ,2
s }u1 }Bρ,2
s ` }u2 }Bρ,2
s ,

isto é,
´ ¯
}gj pu1 , u2 q}Bρs1 ,2 ď C }u1 }3Bρ,2
s ` }u2 }3Bρ,2
s ` }u1 }2Bρ,2
s }u2 }B s
ρ,2
` }u2 }2Bρ,2
s }u1 }B s
ρ,2
. (2.16)

1 3
Agora, pela Proposição 2.1.2 resulta que 1
ą , então seja δ ą 0 tal que
γ γ
1 3
1
“ ` δ. (2.17)
γ γ

Aplicando a desigualdade de Hölder (no tempo) segue que


ˆż ˙1{γ 1 ˜ˆż ˙γ 1 δ ˆż ´ ¸ 1
¯γ{3γ 1 ˙3γ 1 {γ 1{γ
3γ 1 3γ 1
}uptq} s
Bρ,2 dt ď dt }uptq}B s
ρ,2
dt
I I I
ˆż ˙3{γ (2.18)
“T δ
}uptq}γBρ,2
s dt
I
δ
“T }u}3Lγ pI,Bρ,2
s q

e
ˆż ˙1{γ 1
2γ 1 γ1
}uptq}B s }vptq}B s
ρ,2 ρ,2
dt
I
˜ˆż ˙γ 1 δ ˆż ´ ¸ 1
1
¯γ{2γ 1 ˙2γ 1 {γ ˆż ´ 1
¯γ{γ 1 ˙γ 1 {γ 1{γ

ď dt }uptq}B s dt }vptq}γBρ,2
s dt
I I
ρ,2
I (2.19)
ˆż ˙2{γ ˆż ˙1{γ
γ γ
“ Tδ }uptq}Bρ,2
s dt }vptq}Bρ,2
s dt
I I
δ
“T }u}2Lγ pI,Bρ,2
s q }v}Lγ pI,B s q .
ρ,2

Desse modo, aplicando a desigualdade de Minkowski em (2.16), e usando as desigualdades


(2.18) e (2.19),

}gj pu1 , u2 q}Lγ 1 pI,B s1 q


ρ ,2
´ ¯
δ 3 3
ď CT }u1 }Lγ pI,Bρ,2 s q ` }u2 }Lγ pI,B s q
ρ,2
(2.20)
´ ¯
` CT δ }u2 }2Lγ pI,Bρ,2 ρ,2
2
s q }u1 }Lγ pI,B s q ` }u1 }Lγ pI,B s q }u2 }Lγ pI,B s q
ρ,2 ρ,2
.

1 1 s
Dessa forma, tomando ρ‹ tal que ‹
“ ´ , pela Proposição 2.1.2 temos que
ρ ρ d
1 2 1 2ρ1 ρ1
“ ` , isto é, 1 “ ` .
ρ1 ρ‹ ρ ρ‹ ρ
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 33

Logo, usando a desigualdade (2.12) e aplicando a desigualdade de Hölder analogamente


como na desigualdade (2.8), resulta que

}gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}Lρ1


ď }p|u1 |2 ` |u2 |2 ` |v1 |2 ` |v2 |2 qp|u1 ´ v1 | ` |u2 ´ v2 |q}Lρ1
“ Cp}u1 }2Lρ‹ ` }u2 }2Lρ‹ ` }v1 }2Lρ‹ ` }v2 }2Lρ‹ qp}u1 ´ v1 }Lρ ` }u2 ´ v2 }Lρ q.

Pela definição de ρ‹ , obtemos que ρ ď ρ‹ . Logo dado que ρ ě 2, pela Proposição 1.2.2
temos Bρ,2
s
pRd q ãÑ H s,ρ pRd q. Como 2s ă d, obtemos sρ ă d, então a Proposição 1.1.9 diz
ρd ‹
que H s,ρ pRd q ãÑ L d´sρ pRd q. Assim, Bρ,2
s
pRd q ãÑ Lρ pRd q e consequentemente

}gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}Lρ1


(2.21)
ď Cp}u1 }2Bρ,2
s ` }u2 }2Bρ,2
s ` }v1 }2Bρ,2
s ` }v2 }2Bρ,2
s qp}u1 ´ v1 }Lρ ` }u2 ´ v2 }Lρ q.

Por outro lado, pelo Corolário 1.3.5 resulta que para todo par admissível pq, rq,

}eit∆ ϕj }Lq pI,Br,2


s q ď C}ϕj }B s
2,2
“ C}ϕj }H s (2.22)

e
}Φgj pu1 , u2 q}Lq pI,Br,2
s q ď C}gj pu1 , u2 q} γ 1
L pI,B s1 q , (2.23)
ρ ,2

onde żt
Φgj pu1 , u2 qptq “ i eipt´sq∆ gj pu1 psq, u2 psqq ds. (2.24)
0

Assim, da definição de Hj dada em (2.15), e as desigualdades (2.22) e (2.23) obtemos


´ ¯
}Hj pu1 , u2 q}Lq pI,Br,2
s q ď C }ϕj }H s ` }gj pu1 , u2 q}Lγ 1 pI,B s1 q , (2.25)
ρ ,2

para todo par admissível pq, rq.


Logo, para o par admissível pγ, ρq, usando a desigualdade (2.20) na desigualdade (2.25),
obtemos

}Hj pu1 , u2 q}Lγ pI,Bρ,2


s q
´ ¯
ď C}ϕj }H s ` CT δ }u1 }3Lγ pI,Bρ,2 3
s q ` }u2 }Lγ pI,B s q
ρ,2
´ ¯
δ 2 2
` CT }u2 }Lγ pI,Bρ,2 s q }u1 }L pI,B
γ s
ρ,2 q
` }u1 }Lγ pI,Bρ,2
s q }u2 }L pI,B
γ s
ρ,2 q
.

Daí,

}Hpu1 , u2 q}Lγ pI,Bρ,2


s qˆLγ pI,B s q
ρ,2

“ }H1 pu1 , u2 q}Lγ pI,Bρ,2


s q ` }H2 pu1 , u2 q}Lγ pI,B s q
ρ,2
´ ¯
δ 3 3
ď Cp}ϕ1 }H s ` }ϕ2 }H s q ` CT }u1 }Lγ pI,Bρ,2 s q ` }u2 }Lγ pI,B s q
ρ,2
(2.26)
´ ¯
` CT δ }u2 }2Lγ pI,Bρ,2 ρ,2
2
s q }u1 }Lγ pI,B s q ` }u1 }Lγ pI,B s q }u2 }Lγ pI,B s q
ρ,2 ρ,2

ď C0 p}ϕ1 }H s ` }ϕ2 }H s q ` C0 T δ M 3 .
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 34

Consideremos
M “ 2C0 p}ϕ1 }H s ` }ϕ2 }H s q, (2.27)

e tomemos T suficientemente pequeno tal que


1
C0 T δ M 2 ď . (2.28)
2
Então, como pu1 , u2 q P X ˆ X combinando as desigualdades (2.26)-(2.28) temos que
δ 3
}Hpu1 , u2 q}Lγ pI,Bρ,2
s qˆLγ pI,B s q ď C0 p}ϕ1 }H s ` }ϕ2 }H s q ` C0 T M
ρ,2
(2.29)
ď M.

O que mostra que HpX ˆ Xq Ă X ˆ X, ou seja, H está bem definida.


Por fim, só precisamos mostrar que H é uma contração.
1 1 1 2 1
Consideremos p ă γ tal que “ ` δ, então pela igualdade (2.17), ` “ 1 , isto
p γ p γ γ
é,
p γ 1 2γ 1
1 “ ` pδ e 1 “ ` .
γ p γ
Mais uma vez, aplicando duas vezes a desigualdade de Hölder (no tempo) na equação
p
(2.21) de forma análoga como nas desigualdades (2.18) e (2.19), primeiro tomando τ1 “ 1
γ
1 γ γ 1 1
e τ1 “ 1 , e, em seguida, τ2 “ e τ2 “ , obtemos
2γ p pδ

}gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}Lγ 1 pI,B s1 q


ρ ,2
´ ¯
2 2 2 2
ď C }u1 }Lγ pI,Bρ,2 s q ` }u2 }Lγ pI,B s q ` }v1 }Lγ pI,B s q ` }v2 }Lγ pI,B s q
ρ,2 ρ,2 ρ,2
` ˘
¨ }u1 ´ v1 }Lp pI,Lρ q ` }u2 ´ v2 }Lp pI,Lρ q
´ ¯
2 2 2 2
ď C }u1 }Lγ pI,Bρ,2 s q ` }u2 }Lγ pI,B s q ` }v1 }Lγ pI,B s q ` }v2 }Lγ pI,B s q

` δ
ρ,2
˘
ρ,2 ρ,2
(2.30)
δ
¨ T }u1 ´ v1 }Lγ pI,Lρ q ` T }u2 ´ v2 }Lγ pI,Lρ q
´ ¯
“ CT δ }u1 }2Lγ pI,Bρ,2 s q ` }u }2
2 Lγ pI,Bρ,2s q ` }v }2
s q
1 Lγ pI,Bρ,2 ` }v }2
s q
2 Lγ pI,Bρ,2
` ˘
¨ }u1 ´ v1 }Lγ pI,Lρ q ` }u2 ´ v2 }Lγ pI,Lρ q
` ˘
ď CT δ M 2 }u1 ´ v1 }Lγ pI,Lρ q ` }u2 ´ v2 }Lγ pI,Lρ q .

Pela definição (2.15) e a desigualdade (2.30) temos

dpHpu1 , u2 q, Hpv1 , v2 qq
“ }H1 pu1 , u2 q ´ H1 pv1 , v2 q}Lγ pI,Lρ q ` }H2 pu1 , u2 q ´ H2 pv1 , v2 q}Lγ pI,Lρ q
´ ¯
ď C }g1 pu1 , u2 q ´ g1 pv1 , v2 q}Lγ 1 pI,Lρ1 q ` }g2 pu1 , u2 q ´ g2 pv1 , v2 q}Lγ 1 pI,Lρ1 q (2.31)
` ˘
ď C1 T δ M 2 }u1 ´ v1 }Lγ pI,Lρ q ` }u2 ´ v2 }Lγ pI,Lρ q
“ C1 T δ M 2 dppu1 , u2 q, pv1 , v2 qq.
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 35

Tomando T suficientemente pequeno tal que


1
C1 T δ M 2 ď , (2.32)
2
segue que
1
dpHpu1 , u2 q, Hpv1 , v2 qq ď dppu1 , u2 q, pv1 , v2 qq,
2
consequentemente, H é uma contração. Então tomando T satisfazendo (2.28) e (2.32)
temos pelo Teorema de ponto fixo de Banach que, existe única pu1 , u2 q P E ˆ E tal que
pu1 , u2 q “ Hpu1 , u2 q, isto é, pu1 , u2 q P E ˆ E é solução do sistema (2.2).
Passo 2 (Item 1) Seja T ą 0 dado pelo Passo 1. Suponha sem perda de generalidade
que I “ r0, T q, e consideremos pu1 , u2 q a solução dada pelo Passo 1, com dado inicial
pϕ1 , ϕ2 q P H s pRd q ˆ H s pRd q.
Mostraremos que pu1 , u2 q P pLq pI, Br,2 s
pRd qqq2 X pCpr0, T s, H s pRd qqq2 . Por (2.14) e
(2.15) sabemos que
Hpu1 , u2 q “ pH1 pu1 , u2 q, H2 pu1 , u2 qq,
com żt
Hj pu1 , u2 qptq :“ e it∆
ϕj ` i eipt´sq∆ gj pu1 psq, u2 psqq ds,
0
para j “ 1, 2.
Pelo Teorema 1.3.3 e o Corolário 1.3.5 temos que Hj pu1 , u2 q P Cpr0, T s, H s pRd qq para
j “ 1, 2. Além disso, combinando o Corolário 1.3.5, a desigualdade (2.20) e a definição
dada em (2.24), segue que para j “ 1, 2,
M
}eit∆ ϕj }Lq pI,Br,2
s qq ď C}ϕj }B s “ C}ϕj }H s ă
2,2
2
e
}Φgj pu1 , u2 q}Lq pI,Br,2
s q

ď C}gj pu1 , u2 q}Lγ 1 pI,B s1 q


ρ ,2
´ ¯
δ 3 3
ď CT }u1 }Lγ pI,Bρ,2 s q ` }u2 }Lγ pI,B s q
ρ,2
´ ¯
` CT δ }u2 }2Lγ pI,Bρ,2 ρ,2
2
s q }u1 }Lγ pI,B s q ` }u1 }Lγ pI,B s q }u2 }Lγ pI,B s q
ρ,2 ρ,2

ď CT δ M 3
M
ď ,
2
para todo par admissível pq, rq e M dado em (2.27), satisfazendo (2.28)-(2.32).
Portanto, combinando as definições (2.14) e (2.15) com as duas desigualdades acima,
obtemos
}Hpu1 , u2 q}Lq pI,Br,2
s qˆLq pI,B s q ď M,
r,2

o que implica Hpu1 , u2 q P Lq pI, Br,2


s
pRd qq ˆ Lq pI, Br,2
s
pRd qq. Como pu1 , u2 q é tal que
pu1 , u2 q “ Hpu1 , u2 q, obtemos que

pu1 , u2 q P pLq pI, Br,2


s
pRd qqq2 X pCpr0, T s, H s pRd qqq2 .
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 36

Passo 3 (Unicidade) Sejam

pu1 , u2 q, pv1 , v2 q P Lγ pp´T, T q, Bρ,2


s
pRd qq ˆ Lγ pp´T, T q, Bρ,2
s
pRd qq,

soluções do sistema (2.2) e com igual dado inicial pϕ1 , ϕ2 q, onde T ą 0 e r´T, T s é um
intervalo comum de existência de pu1 , u2 q e pv1 , v2 q. Se pu1 ptq, u2 ptqq “ pv1 ptq, v2 ptqq para
todo t P r´T, T s, então nada temos que demonstrar.
Mostraremos o resultado para o intervalo r0, T s (a mesma análise poderá ser feita para
r´T, 0q).
Suponhamos que pu1 pt1 q, u2 pt1 qq ‰ pv1 pt1 q, v2 pt1 qq para algum t1 P r0, T s. Logo, pela
continuidade de pu1 ptq, u2 ptqq e pv1 ptq, v2 ptqq em H s pRd q para todo t P r0, T s, existem ǫ ą 0
e t0 P R tais que

t0 “ inf tt P r0, T s : pu1 ptq, u2 ptqq ‰ pv1 ptq, v2 ptqqu , pu1 pt0 q, u2 pt0 qq “ pv1 pt0 q, v2 pt0 qq.

e pu1 ptq, u2 ptqq ‰ pv1 ptq, v2 ptqq para todo t P pt0 , t0 ` ǫq Ă r0, T s.
Sem perda de generalidade assumamos que pu1 pt0 q, u2 pt0 qq “ pv1 pt0 q, v2 pt0 qq “ pϕ1 , ϕ2 q,
sendo pϕ1 , ϕ2 q as condições iniciais do sistema (2.2).
Note que as curvas pU1 ptq, U2 ptqq “ pu1 pt ` t0 q, u2 pt ` t0 qq e pV1 ptq, V2 ptqq “ pv1 pt `
t0 q, v2 pt ` t0 qq para t P r0, T s, satisfazem

pU1 ptq, U2 ptqq, pV1 ptq, V2 ptqq P pCpr0, ǫs, H s pRd qqq2 X pLγ pp0, ǫq, Bρ,2
s
pRd qqq2

e
pw1 ptq, w2 ptqq “ Hpw1 , w2 qptq, para todo t P r0, ǫs.

Consequentemente, considerando fj “ gj pU1 , U2 q´gj pV1 , V2 q, temos da igualdade (2.24)


que
żt
Φgj pU1 , U2 qptq ´ Φgj pV1 , V2 qptq “ i eipt´sq∆ pgj pU1 psq, U2 psqq ´ gj pV1 psq, V2 psqqq ds
ż0t
“ i eipt´sq∆ fj psq ds “ Φfj ptq.
0

Logo, como pU1 p0q, U2 p0qq “ pu1 pt0 q, u2 pt0 qq “ pϕ1 , ϕ2 q “ pv1 pt0 q, v2 pt0 qq “ pV1 p0q, V2 p0qq,
pelas definições de H e Hj para j “ 1, 2, (2.14) e (2.15), e além disso usando o Corolário
1.3.5 e a desigualdade (2.30) segue que

}pU1 , U2 q ´ pV1 , V2 q}Lγ pI,Bρ,2


s qˆLγ pI,B s q
ρ,2

“ }HpU1 , U2 q ´ HpV1 , V2 q}Lγ pI,Bρ,2


s qˆLγ pI,B s q
ρ,2

“ }H1 pU1 , U2 q ´ H1 pV1 , V2 q}Lγ pI,Bρ,2


s q ` }H2 pU1 , U2 q ´ H2 pV1 , V2 q}Lγ pI,B s q
ρ,2

“ }Φg1 pU1 , U2 q ´ Φg1 pV1 , V2 q}Lγ pI,Bρ,2


s q ` }Φg pU1 , U2 q ´ Φg pV1 , V2 q}Lγ pI,B s q .
2 2 ρ,2
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 37

Ou seja,

}pU1 , U2 q ´ pV1 , V2 q}Lγ pI,Bρ,2


s qˆLγ pI,B s q
ρ,2

ď }Φg1 pU1 , U2 q ´ Φg1 pV1 , V2 q}Lγ pI,Bρ,2


s q ` }Φg pU1 , U2 q ´ Φg pV1 , V2 q}Lγ pI,B s q
2 2 ρ,2

s q ` }Φf }Lγ pI,B s q


ď }Φf1 }Lγ pI,Bρ,2 2 ρ,2
´ ¯
ď C }f1 }Lγ 1 pI,B s1 q ` }f2 }Lγ 1 pI,B s1 q
ρ ,2 ρ ,2
´ ¯
“ C }g1 pU1 , U2 q ´ g1 pV1 , V2 q}Lγ 1 pI,B s1 q ` }g2 pU1 , U2 q ´ g2 pV1 , V2 q}Lγ 1 pI,B s1 q
ρ ,2 ρ ,2
´ ¯
δ 2 2 2 2
ď Cǫ }U1 }Lγ pI,Bρ,2 s q ` }U2 }Lγ pI,B s q ` }V1 }Lγ pI,B s q ` }V2 }Lγ pI,B s q
ρ,2 ρ,2 ρ,2
` ˘
¨ }U1 ´ V1 }Lγ pI,Lρ q ` }U2 ´ V2 }Lγ pI,Lρ q

Tomemos ǫ suficientemente pequeno tal que


´ ¯
Cǫδ }U1 }2Lγ pI,Bρ,2 2
ρ,2
2
ρ,2
2
s q ` }U2 }Lγ pI,B s q ` }V1 }Lγ pI,B s q ` }V2 }Lγ pI,B s q
ρ,2
ă 1,

então

}pU1 , U2 q ´ pV1 , V2 q}Lγ pI,Bρ,2


s qˆLγ pI,B s q ă }pU1 , U2 q ´ pV1 , V2 q}Lγ pI,B s qˆLγ pI,B s q ,
ρ,2 ρ,2 ρ,2

o que é uma contradição. Assim, devemos ter que pu1 ptq, u2 ptqq “ pv1 ptq, v2 ptqq para
todo t P r0, T s, mostrando assim a unicidade da solução em pCpr´T, T s, H s pRd qqq2 X
pLγ pp´T, T q, Bρ,2
s
pRd qqq2 .
Passo 4 (Blowup Alternativo) Consideremos pϕ1 , ϕ2 q P H s pRd q ˆ H s pRd q.
Sejam
Tmaxpϕ1 ,ϕ2 q “ sup tT ą 0 : Existe solução de (2.2) em r0, T su ,

Tminpϕ1 ,ϕ2 q “ sup tT ą 0 : Existe solução de (2.2) em r´T, 0su .

Pela Proposição 1.4.2 e os Passos 2 e 3, temos que existe única solução do sistema (2.2),

pu1 , u2 q P Cpp´Tminpϕ1 ,ϕ2 q , Tmaxpϕ1 ,ϕ2 q q, H s pRd qq ˆ Cpp´Tminpϕ1 ,ϕ2 q , Tmaxpϕ1 ,ϕ2 q q, H s pRd qq

com dado inicial pϕ1 , ϕ2 q.


Agora, suponha que Tmaxpϕ1 ,ϕ2 q ă 8. Seja 0 ă t ă Tmaxpϕ1 ,ϕ2 q , e sem perda de generali-
dade suponha que pu1 ptq, u2 ptqq “ pϕ1 , ϕ2 q.
Fazendo o mesmo processo que no Passo 1, para uma translação do dado inicial, segue
da equação (2.28) e o argumento de ponto fixo que se M “ 2Cp}ϕ1 }H s ` }ϕ2 }H s q e

Cp}ϕ1 }H s ` }ϕ2 }H s q ` CpT ´ tqδ M 3 ď M,

então T ă Tmaxpϕ1 ,ϕ2 q . Logo,

Cp}ϕ1 }H s ` }ϕ2 }H s q ` CpTmaxpϕ1 ,ϕ2 q ´ tqδ M 3 ą M,


Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 38

e como M “ 2Cp}ϕ1 }H s ` }ϕ2 }H s q, temos que

pTmaxpϕ1 ,ϕ2 q ´ tqδ M 3 ą p}ϕ1 }H s ` }ϕ2 }H s q.

Por isso,
1
M2 ą ,
CpTmaxpϕ1 ,ϕ2 q ´ tqδ
obtendo
1
ă p}ϕ1 }H s ` }ϕ2 }H s q2 “ p}u1 ptq}H s ` }u2 ptq}H s q2 ,
CpTmaxpϕ1 ,ϕ2 q ´ tqδ

de modo que
1
ă p}pu1 ptq, u2 ptq}H s ˆH s q2 ,
CpTmaxpϕ1 ,ϕ2 q ´ tqδ
por conseguinte, como t ă Tmaxpϕ1 ,ϕ2 q é tomado de forma arbitrário, se temos que
Tmaxpϕ1 ,ϕ2 q ă `8, segue que

}pu1 ptq, u2 ptqq}H s ˆH s Ñ `8,

quando t Ò Tmaxpϕ1 ,ϕ2 q . O caso em que t Ó ´Tminpϕ1 ,ϕ2 q é análogo.


Passo 5 (Dependência contínua) Seja pϕ1 , ϕ2 q P H s pRd q ˆ H s pRd q. Consideremos
pu1 , u2 q solução do sistema (2.2) com dado inicial pϕ1 , ϕ2 q. Suponha que existe uma
sequência de dados inicias tais que pϕn1 , ϕn2 q Ñ pϕ1 , ϕ2 q em H s pRd q ˆ H s pRd q quando
n Ñ 8.
Pela convergência temos que

}ϕn1 }H s ` }ϕn2 }H s ď 2p}ϕ1 }H s ` }ϕ2 }H s q, (2.33)

para n ě n0 suficientemente grande.


Fixemos n ě n0 . Pelo Passo 1, a solução pun1 , un2 q está definida em algum intervalo de
tempo p´Tn , Tn q onde podemos considerar Tn tal que
1
Tn “ ,
CMnθ

com C independente do dado inicial, Mn “ 2C0 p}ϕn1 }H s ` }ϕn2 }H s q, e θ ą 0 uma constante


escolhida de forma que Tn satisfaz as desigualdades (2.28)-(2.32). Seja M “ 4C0 p}ϕ1 }H s `
}ϕ2 }H s q, onde C0 satisfaz (2.29). Notar que, usando (2.33), obtemos que M ą C0 p}ϕn1 }H s `
}ϕn2 }H s q “ Mn . Assim, também temos que o tempo de existência da solução pu1 , u2 q pode
ser tomado da forma
1
T “ .
CM θ
Logo,
1 1
“ CMnθ ă CM θ “ ,
Tn T
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 39

dessa forma T ă Tn para todo n ě n0 . Logo, obtemos que 0 ă T ă Tmaxpϕn1 ,ϕn2 q , Tminpϕn1 ,ϕn2 q .
Aplicando o mesmo processo que no Passo 1 para pun1 , un2 q obtemos as seguintes esti-
mativas

}Hpun1 , un2 q}Lγ pI,Bρ,2 n n δ


s qˆLγ pI,B s q ď C0 p}ϕ }H s ` }ϕ }H s q ` C0 T M
ρ,2 1 2 n
3
n

dpHpun1 , un2 q, Hpv1n , v2n qq ď C1 Tnδ Mn2 dppun1 , un2 q, pv1n , v2n qq.

Portanto, pela estimativa (2.33) e o fato de que Mn ă M

}Hpun1 , un2 q}Lγ pI,Bρ,2 n n δ


s qˆLγ pI,B s q ď C0 p}ϕ }H s ` }ϕ }H s q ` C0 T M
ρ,2 1 2 n
3
n

ď 2C0 p}ϕ1 }H s ` }ϕ2 }H s q ` C0 Tnδ M 3


e
dpHpun1 , un2 q, Hpv1n , v2n qq ď C1 Tnδ Mn2 dppun1 , un2 q, pv1n , v2n qq
ď C1 Tnδ M 2 dppun1 , un2 q, pv1n , v2n qq.

Então, usando a argumentação feita no Passo 1 segue que pun1 , un2 q pertence ao conjunto
XpTn , M q ˆ XpTn , M q com XpTn , M q definido em (2.13) (Tn e M definidos acima) para
todo n ě n0 . Como T ă Tn , resulta que pu1 , u2 q e pun1 , un2 q pertencem ao mesmo conjunto
XpT, M q ˆ XpT, M q (M e T definidos acima) para n ě n0 .
O Passo 2 garante que

}pu1 , u2 q}Lq pI,Br,2


s qˆLq pI,B s q “ }Hpu1 , u2 q}Lq pI,B s qˆLq pI,B s q ď M
r,2 r,2 r,2

e
}pun1 , un2 q}Lq pI,Br,2 r,2
n
1
n
s qˆLq pI,B s q “ }Hpu , u q}Lq pI,B s qˆLq pI,B s q ď M
2 r,2 r,2

para n ě n0 .
Desse modo, pu1 , u2 q e pun1 , un2 q são limitadas em Lq pI, Br,2
s
pRd qq ˆ Lq pI, Br,2
s
pRd qq.
Agora, mostraremos que pun1 , un2 q Ñ pu1 , u2 q em

Lq pp´T, T q, Lr pRd qq ˆ Lq pp´T, T q, Lr pRd qq para todo par admissível pq, rq.

Seja pq, rq um par admissível. Aplicando as estimativas de Strichartz, o Corolário 1.3.5


e fazendo um processo semelhante ao feito nas desigualdades (2.30)-(2.31) temos que para
n suficientemente grande

dppun1 , un2 q, pu1 , u2 qq


“ dpHpun1 , un2 q, Hpu1 , u2 qq
“ }H1 pun1 , un2 q ´ H1 pu1 , u2 q}Lγ pp´T,T q,Lρ q ` }H2 pun1 , un2 q ´ H2 pu1 , u2 q}Lγ pp´T,T q,Lρ q
“ }peit∆ ϕn1 ` Φg1 pun1 , un2 qq ´ peit∆ ϕ1 ` Φg1 pu1 , u2 qq}Lγ pp´T,T q,Lρ q
` }peit∆ ϕn2 ` Φg2 pun1 , un2 qq ´ peit∆ ϕ2 ` Φg2 pu1 , u2 qq}Lγ pp´T,T q,Lρ q .
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 40

De onde,

dppun1 , un2 q, pu1 , u2 qq


` }peit∆ ϕn2 ` Φg2 pun1 , un2 qq ´ peit∆ ϕ2 ` Φg2 pu1 , u2 qq}Lγ pp´T,T q,Lρ q
ď }eit∆ ϕn1 ´ eit∆ ϕ1 }Lγ pp´T,T q,Lρ q ` }Φg1 pun1 , un2 qq ´ Φg1 pu1 , u2 q}Lγ pp´T,T q,Lρ q
` }eit∆ ϕn2 ´ eit∆ ϕ2 }Lγ pp´T,T q,Lρ q ` }Φg2 pun1 , un2 qq ´ Φg2 pu1 , u2 q}Lγ pp´T,T q,Lρ q
ď Cp}ϕn1 ´ ϕ1 }L2 ` }ϕn2 ´ ϕ2 }L2 q
´ ¯
n n n n
` C }g1 pu1 , u2 q ´ g1 pu1 , u2 q}Lγ 1 pp´T,T q,Lρ1 q ` }g2 pu1 , u2 q ´ g2 pu1 , u2 q}Lγ 1 pp´T,T q,Lρ1 q

ď Cp}ϕn1 ´ ϕ1 }L2 ` }ϕn2 ´ ϕ2 }L2 q


` ˘
` CT δ M 2 }un1 ´ u1 }Lγ pp´T,T q,Lρ q ` }un2 ´ u2 }Lγ pp´T,T q,Lρ q
“ Cp}ϕn1 ´ ϕ1 }L2 ` }ϕn2 ´ ϕ2 }L2 q ` CT δ M 2 dppun1 , un2 q, pu1 , u2 qq.
Assim,

dppun1 , un2 q, pu1 , u2 qq ď Cp}ϕn1 ´ ϕ1 }L2 ` }ϕn2 ´ ϕ2 }L2 q ` CT δ M 2 dppun1 , un2 q, pu1 , u2 qq. (2.34)

Como o tempo T é tal que pun1 , un2 q, e pu1 , u2 q pertence a EpT, M q para n suficientemente
grande, então pela escolha de T temos
1
CT δ M 2 ă .
2
Logo
1
dppun1 , un2 q, pu1 , u2 qq ď Cp}ϕn1 ´ ϕ1 }L2 ` }ϕn2 ´ ϕ2 }L2 q ` dppun1 , un2 q, pu1 , u2 qq,
2
de onde resulta que

dppun1 , un2 q, pu1 , u2 qq ď Cp}ϕn1 ´ ϕ1 }L2 ` }ϕn2 ´ ϕ2 }L2 q


ď Cp}ϕn1 ´ ϕ1 }H s ` }ϕn2 ´ ϕ2 }H s q.
Mas como
pϕn1 , ϕn2 q Ñ pϕ1 , ϕ2 q em H s pRd q ˆ H s pRd q,
segue que

pun1 , un2 q Ñ pu1 , u2 q em Lγ pp´T, T q, Lρ pRd qq ˆ Lγ pp´T, T q, Lρ pRd qq.

Seguindo o mesmo procedimento que na desigualdade (2.34) obtemos

}pun1 , un2 q ´ pu1 , u2 q}Lq pp´T,T q,Lr qˆLq pp´T,T q,Lr q


“ }Hpun1 , un2 q ´ Hpu1 , u2 q}Lq pp´T,T q,Lr qˆLq pp´T,T q,Lr q
“ }H1 pun1 , un2 q ´ H1 pu1 , u2 q}Lq pp´T,T q,Lr q ` }H2 pun1 , un2 q ´ H2 pu1 , u2 q}Lq pp´T,T q,Lr q
“ }peit∆ ϕn1 ` Φg1 pun1 , un2 qq ´ peit∆ ϕ1 ` Φg1 pu1 , u2 qq}Lq pp´T,T q,Lr q
` }peit∆ ϕn2 ` Φg2 pun1 , un2 qq ´ peit∆ ϕ2 ` Φg2 pu1 , u2 qq}Lq pp´T,T q,Lr q .
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 41

Ou seja,

}pun1 , un2 q ´ pu1 , u2 q}Lq pp´T,T q,Lr qˆLq pp´T,T q,Lr q


“ }peit∆ ϕn1 ` Φg1 pun1 , un2 qq ´ peit∆ ϕ1 ` Φg1 pu1 , u2 qq}Lq pp´T,T q,Lr q
` }peit∆ ϕn2 ` Φg2 pun1 , un2 qq ´ peit∆ ϕ2 ` Φg2 pu1 , u2 qq}Lq pp´T,T q,Lr q
ď Cp}ϕn1 ´ ϕ1 }L2 ` }ϕn2 ´ ϕ2 }L2 q
´ ¯
` C }g1 pun1 , un2 q ´ g1 pu1 , u2 q}Lγ 1 pI,Lρ1 q ` }g2 pun1 , un2 q ´ g2 pu1 , u2 q}Lγ 1 pI,Lρ1 q
` ˘
ď Cp}ϕn1 ´ ϕ1 }L2 ` }ϕn2 ´ ϕ2 }L2 q ` CT δ M 2 }un1 ´ u1 }Lγ pI,Lρ q ` }un2 ´ u2 }Lγ pI,Lρ q
` ˘
ď Cp}ϕn1 ´ ϕ1 }H s ` }ϕn2 ´ ϕ2 }H s q ` CT δ M 2 }un1 ´ u1 }Lγ pI,Lρ q ` }un2 ´ u2 }Lγ pI,Lρ q .

Logo como
pϕn1 , ϕn2 q Ñ pϕ1 , ϕ2 q em H s pRd q ˆ H s pRd q

e
pun1 , un2 q Ñ pu1 , u2 q em Lγ pp´T, T q, Lρ pRd qq ˆ Lγ pp´T, T q, Lρ pRd qq,

então
pun1 , un2 q Ñ pu1 , u2 q em Lq pp´T, T q, Lr pRd qq ˆ Lq pp´T, T q, Lr pRd qq,

para todo par admissível pq, rq.


Em síntese, só resta mostrar a convergência em pL8 pp´T, T q, H s´ε pRd qqq2 para todo
ε ą 0.
ε
Seja ε ą 0. Então aplicando interpolação com θ “ e escrevendo s ´ ε “ p1 ´ θqs,
s
temos que

}pun1 , un2 q ´ pu1 , u2 q}H s´ε ˆH s´ε “ }un1 ´ u1 }H s´ε ` }un2 ´ u2 }H s´ε
s´ε ε s´ε ε
ď }un1 ´ u1 }Hss }un1 ´ u1 }Ls 2 ` }un2 ´ u2 }Hss }un2 ´ u2 }Ls 2 .

Desse modo,

}pun1 , un2 q ´ pu1 , u2 q}L8 pp´T,T q,H s´ε qˆL8 pp´T,T q,H s´ε q
“ }un1 ´ u1 }L8 pp´T,T q,H s´ε q ` }un2 ´ u2 }L8 pp´T,T q,H s´ε q
s´ε ε
ď }un1 ´ u1 }Ls8 pp´T,T q,H s q }un1 ´ u1 }Ls 8 pp´T,T q,L2 q
s´ε ε
` }un2 ´ u2 }Ls8 pp´T,T q,H s q }un2 ´ u2 }Ls 8 pp´T,T q,L2 q .

Nesse sentido, pela limitação de pun1 , un2 q e pu1 , u2 q em L8 pp´T, T q, H s q e a convergência


pun1 , un2 q Ñ pu1 , u2 q em L8 pp´T, T q, L2 q (tomando o par admissível pq, rq “ p8, 2q), segue
que, pun1 , un2 q Ñ pu1 , u2 q em L8 pp´T, T q, H s´ε pRd qq ˆ L8 pp´T, T q, H s´ε pRd qq para todo
0 ă ε ă s.
Isso completa a demonstração do teorema.
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 42

Observação 2.1.4. No teorema anterior mostramos como a solução depende conti-


nuamente do dado inicial. Por outro lado, é possível fazer um processo muito simi-
lar ao feito no Passo 5 na demonstração do Teorema 2.1.3 e mostrar o seguinte: Se-
jam pϕn1 , ϕn1 q P H s pRd q ˆ H s pRd q, n “ 1, 2, 3, . . . , 8, tal que pϕn1 , ϕn1 q Ñ pϕ1 , ϕ2 q em
H s pRd q ˆ H s pRd q e pun1 , un2 q P Cpr´Tn , Tn s : H s pRd q ˆ H s pRd qq as soluções correspon-
dentes. Se T P p0, Tpϕ1 ,ϕ2 q q, então as soluções pun1 , un2 q podem ser estendidas ao intervalo
r´T, T s, para todo n suficientemente grande, e para todo 0 ă ǫ ă s

lim sup }pun1 ptq, un2 ptqq ´ pu1 ptq, u2 ptqq}H s´ǫ ˆH s´ǫ “ 0.
nÑ`8 r´T,T s

2.2 Boa colocação local em H 1


A seguir usaremos um método introduzido por T. Kato, (CAZENAVE, 2003, Pag. 90),
baseado no argumento do ponto fixo de Banach e estimativas de Strichartz, por o qual
podemos mostrar que o sistema (2.2) é bem posto em H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q para certas classes
de não linearidades g1 , g2 .

Teorema 2.2.1. Para j “ 1, 2 sejam gj P CpC ˆ C, Cq. Assuma gj p0, 0q “ 0 e

|gj pz1 , z2 q ´ gj px1 , x2 q| ď Cp|z1 |2 ` |z2 |2 ` |x1 |2 ` |x2 |2 qp|z1 ´ x1 | ` |z2 ´ x2 |q (2.35)

para z1 , z2 , x1 , x2 P C.
Dado pϕ1 , ϕ2 q P H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q, 1 ď d ď 3,

1. Existem Tmax , Tmin P p0, 8s e uma única solução maximal do sistema (2.2),

pu1 , u2 q P pCpp´Tmin , Tmax q, H 1 pRd qqq2 X pLq pp´Tmin , Tmax q, W 1,r pRd qqq2

com r “ 4.

2. Se Tmaxpϕ1 ,ϕ2 q ă 8 (respectivamente Tminpϕ1 ,ϕ2 q ă 8) então

}pu1 ptq, u2 ptqq}H 1 ˆH 1 Ñ 8,

quando t Ò Tmaxpϕ1 ,ϕ2 q (respectivamente t Ó ´Tminpϕ1 ,ϕ2 q ).

3. pu1 , u2 q depende continuamente de pϕ1 , ϕ2 q.

Demonstração. A demonstração deste teorema será feita em 3 passos.


Passo 1 (Existência) Primeiro vamos fazer algumas estimativas usando a desigualdade
2r1 r1
de Hölder. Fixemos j “ 1, 2. Note que 1 “ ` , então temos que
r r
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 43

› ›1
›p|u1 |2 ` |u2 |2 ` |v1 |2 ` |v2 |2 q|u1 ´ v1 |›r r1
L
ż
1
“ |p|u1 |2 ` |u2 |2 ` |v1 |2 ` |v2 |2 q|u1 ´ v1 ||r dx
d
żR
1 1
“ |p|u1 |2 ` |u2 |2 ` |v1 |2 ` |v2 |2 q|r |u1 ´ v1 |r dx
Rd
ˆż ˙2r1 {σ ˆż ˙r1 {r
2 2 2 2 r1 r{2r 1 r 1 r{r 1
ď p||u1 | ` |u2 | ` |v1 | ` |v2 | | q dx p|u1 ´ v1 | q dx .
Rd Rd

Portanto,
› ›1
›p|u1 |2 ` |u2 |2 ` |v1 |2 ` |v2 |2 q|u1 ´ v1 |›r r1
L
ˆż ˙2r1 {σ ˆż ˙r1 {r
2 2 2 2 r1 r{2r1 r1 r{r 1
ď p||u1 | ` |u2 | ` |v1 | ` |v2 | | q dx p|u1 ´ v1 | q dx
Rd Rd
ˆż ˙2r1 {r ˆż ˙r1 {r
“ 2 2 2
p|u1 | ` |u2 | ` |v1 | ` |v2 | q 2 r{2
dx |u1 ´ v1 | dxr (2.36)
Rd Rd
ˆż ˙2r1 {r ˆż ˙r1 {r
r r
ďC p|u1 | ` |u2 | ` |v1 | ` |v2 |q dx |u1 ´ v1 | dx
Rd Rd
1 1
“ C}p|u1 | ` |u2 | ` |v1 | ` |v2 |q}L2rr }u1 ´ v1 }rLr ,
resultando em
› ›
›p|u1 |2 ` |u2 |2 ` |v1 |2 ` |v2 |2 q|u1 ´ v1 |› r1
L

ď C}p|u1 | ` |u2 | ` |v1 | ` |v2 |q}2Lr }u1 ´ v1 }Lr (2.37)


ď Cp}u1 }2Lr ` }u2 }2Lr ` }v1 }2Lr ` }v2 }2Lr q}u1 ´ v1 }Lr .
Do mesmo modo
› ›
›p|u1 |2 ` |u2 |2 ` |v1 |2 ` |v2 |2 q|u2 ´ v2 |› r1
L

ď C}p|u1 | ` |u2 | ` |v1 | ` |v2 |q}2Lr }u2 ´ v2 }Lr (2.38)


ď Cp}u1 }2Lr ` }u2 }2Lr ` }v1 }2Lr ` }v2 }2Lr q}u2 ´ v2 }Lr .
Por conseguinte, pelas desigualdades (2.35), (2.37) e (2.38) segue que

}gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}Lr1 ď Cp}u1 }2Lr ` }u2 }2Lr ` }v1 }2Lr ` }v2 }2Lr qp}u1 ´ v1 }Lr ` }u2 ´ v2 }Lr q.
(2.39)
Agora, vamos definir o espaço no qual vamos aplicar o Teorema de ponto fixo de
Banach.
Consideremos q tal que pq, rq é um par admissível e definamos
(
X “ u P L8 pI, H 1 pRd qq X Lq pI, W 1,r pRd qq : }u}L8 pI,H 1 q ď M, }u}Lq pI,W 1,r q ď M ,

onde I “ p´T, T q e T , M são constantes positivas que serão escolhidas posteriormente.


Sem perda de generalidade suponha que I “ r0, T q para o caso p´T, 0q procedemos de
forma semelhante. Consideremos X ˆ X munido da métrica

dppu1 , u2 q, pv1 , v2 qq “ }u1 ´ v1 }Lq pI,Lr q ` }u2 ´ v2 }Lq pI,Lr q .


Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 44

Note que pX ˆ X, dq é um espaço métrico completo (veja Passo 1 do Teorema 2.1.3). Além
disso, consideremos a função H : X ˆ X Ñ X ˆ X definida por

Hpu1 , u2 q “ pH1 pu1 , u2 q, H2 pu1 , u2 qq

com żt
Hj pu1 , u2 qptq :“ e it∆
ϕj ` i eipt´sq∆ gj pu1 psq, u2 psqq ds (2.40)
0
para j “ 1, 2. Aqui também temos o propósito de encontrar T , M tais que H esteja bem
definida e além disso também seja uma contração.
Sejam pu1 , u2 q, pv1 , v2 q P X ˆ X. Usando a estimativa (2.39) obtemos

}gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}Lq pI,Lr1 q


` ˘
ď C }u1 }2L8 pI,Lr q ` }u2 }2L8 pI,Lr q ` }v1 }2L8 pI,Lr q ` }v2 }2L8 pI,Lr q
ˆż ˙1{q
q
¨ p}u1 ptq ´ v1 ptq}Lr ` }u2 ptq ´ v2 ptq}Lr qq dt .
I

Dessa maneira, aplicando a desigualdade de Minkowski

}gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}Lq pI,Lr1 q


` ˘
ď C }u1 }2L8 pI,Lr q ` }u2 }2L8 pI,Lr q ` }v1 }2L8 pI,Lr q ` }v2 }2L8 pI,Lr q
˜ˆż ˙1{q ˆż ˙1{q ¸
¨ |}u1 ptq ´ v1 ptq}qLr dt ` |}u2 ptq ´ v2 ptq}qLr dt (2.41)
I I
` ˘
ď C }u1 }2L8 pI,Lr q ` }u2 }2L8 pI,Lr q ` }v1 }2L8 pI,Lr q ` }v2 }2L8 pI,Lr q
¨ p}u1 ´ v1 }Lq pI,Lr q ` }u2 ´ v2 }Lq pI,Lr q q,

isto é,

}gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}Lq pI,Lr1 q


` ˘
ď C }u1 }2L8 pI,Lr q ` }u2 }2L8 pI,Lr q ` }v1 }2L8 pI,Lr q ` }v2 }2L8 pI,Lr q (2.42)
` ˘
¨ }u1 ´ v1 }Lq pI,Lr q ` }u2 ´ v2 }Lq pI,Lr q ,
1
portanto gj pu1 , u2 q P Lq pI, Lr pRd qq.
Também, dado que pu1 , u2 q P X ˆ X, temos que pu1 ptq, u2 ptqq P W 1,r pRd q q.t.p t P I.
Logo, como r ą d, segue pela imersão de Sobolev que o par pu1 ptq, u2 ptqq é continuo q.t.p
t P I. Assim, temos que para i P t1, 2, . . . , du, pela desigualdade (2.35),

|Bi gj pu1 ptq, u1 ptqqpxq|


ˇ ˇ
ˇ gj pu1 ptq, u2 ptqqpx ` kei q ´ gj pu1 ptq, u2 ptqqpxq ˇˇ
ˇ
“ ˇ lim
kÑ0 k ˇ
|gj pu1 ptq, u2 ptqqpx ` kei q ´ gj pu1 ptq, u2 ptqqpxq|
“ lim
kÑ0 |k|
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 45

Portanto,

|Bi gj pu1 ptq, u1 ptqqpxq|


ď C lim p|u1 pt, x ` kei q|2 ` |u2 pt, x ` kei q|2 ` |u1 pt, xq|2 ` |u2 pt, xq|2 q
kÑ0
p|u1 pt, x ` kei q ´ u1 pxq| ` |u2 pt, x ` kei q ´ u2 pt, xq|
¨ lim
kÑ0 |k|
“ Cp2|u1 pt, xq|2 ` 2|u2 pt, xq|2 qp|Bi u1 pt, xq| ` |Bi u2 pt, xq|q
“ 2Cp|u1 pt, xq|2 ` |u2 pt, xq|2 qp|Bi u1 pt, xq| ` |Bi u2 pt, xq|q,

ou seja,

|∇gj pu1 ptq, u2 ptqq| ď Cp|u1 ptq|2 ` |u2 ptq|2 qp|∇u1 ptq| ` |∇u2 ptq|q, q.t.p t P I.

Consequentemente,

|∇gj pu1 ptq, u2 ptqq ´ ∇gj pv1 ptq, v2 ptqq|


ď Cp|u1 ptq|2 ` |u2 ptq|2 ` |v1 ptq|2 ` |v2 ptq|2 qp|∇u1 ptq| ` |∇u2 ptq| ` |∇v1 ptq| ` |∇v2 ptq|q,

q.t.p t P I. Daí, aplicando a desigualdade de Hölder como na desigualdade (2.36), resulta


que

}∇gj pu1 , u2 q ´ ∇gj pv1 , v2 q}Lr1 ď Cp}u1 }2Lr ` }u2 }2Lr ` }v1 }2Lr ` }v2 }2Lr q
(2.43)
¨ p}∇u1 }Lr ` }∇u2 }Lr ` }∇v1 }Lr ` }∇v2 }Lr q.

Então, pelas desigualdades (2.39) e (2.43) obtemos

}gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}W 1,r1


“ }gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}Lr1 ` }∇gj pu1 , u2 q ´ ∇gj pv1 , v2 q}Lr1
ď Cp}u1 }2Lr ` }u2 }2Lr ` }v1 }2Lr ` }v2 }2Lr qp}u1 }Lr ` }u2 }Lr ` }v1 }Lr ` }v2 }Lr q
` Cp|u1 }2Lr ` }u2 }2Lr ` }v1 }2Lr ` }v2 }2Lr qp}∇u1 }Lr ` }∇u2 }Lr ` }∇v1 }Lr ` }∇v2 }Lr q
ď Cp}u1 }2Lr ` }u2 }2Lr ` }v1 }2Lr ` }v2 }2Lr qp}u1 }W 1,r ` }u2 }W 1,r ` }v1 }W 1,r ` }v2 }W 1,r q.

Agora, fazendo um processo análogo ao desenvolvido na desigualdade (2.41), e pelo fato


de que H 1 pRd q ãÑ Lr pRd q (Proposição 1.1.9), pois r “ 4 e d ď 3, segue que

}gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}Lq pI,W 1,r1 q


ď Cp}u1 }2L8 pI,Lr q ` }u2 }2L8 pI,Lr q ` }v1 }2L8 pI,Lr q ` }v2 }2L8 pI,Lr q q
¨ p}u1 }Lq pI,W 1,r q ` }u2 }Lq pI,W 1,r q ` }v1 }Lq pI,W 1,r q ` }v2 }Lq pI,W 1,r q q (2.44)
ď Cp}u1 }2L8 pI,H 1 q ` }u2 }2L8 pI,H 1 q ` }v1 }2L8 pI,H 1 q ` }v2 }2L8 pI,H 1 q q
¨ p}u1 }Lq pI,W 1,r q ` }u2 }Lq pI,W 1,r q ` }v1 }Lq pI,W 1,r q ` }v2 }Lq pI,W 1,r q q.
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 46

q 1 pq ´ q 1 qq 1
Como ` “ 1, aplicando a desigualdade de Hölder (no tempo) temos
q qq 1

}gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}Lq1 pI,W 1,r1 q


ˆż ˙1{q1
q1
“ }gj pu1 ptq, u2 ptqq ´ gj pv1 ptq, v2 ptqq}W 1,r1 dt
I
˜ˆż ˙δq1 ˆż ˙q1 {q ¸1{q1
ď dt }gj pu1 ptq, u2 ptqq ´ gj pv1 ptq, v2 ptqq}qW 1,r1 dt
I I

“ T δ }gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}Lq pI,W 1,r1 q


e

}gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}Lq1 pI,Lr1 q


ˆż ˙1{q1
q1
“ }gj pu1 ptq, u2 ptqq ´ gj pv1 ptq, v2 ptqq}Lr1 dt
I
˜ˆż ˙δq1 ˆż ˙q1 {q ¸1{q1
ď dt }gj pu1 ptq, u2 ptqq ´ gj pv1 ptq, v2 ptqq}qLr1 dt
I I

“ T δ }gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}Lq pI,Lr1 q ,

pq ´ q 1 q
onde δ “ . Então, usando as duas desigualdades acima e as estimativas (2.42) e
qq 1
(2.44) obtemos

}gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}Lq1 pI,W 1,r1 q


ď CT δ p}u1 }2L8 pI,H 1 q ` }u2 }2L8 pI,H 1 q ` }v1 }2L8 pI,H 1 q ` }v2 }2L8 pI,H 1 q q
(2.45)
¨ p}u1 }Lq pI,W 1,r q ` }u2 }Lq pI,W 1,r q ` }v1 }Lq pI,W 1,r q ` }v2 }Lq pI,W 1,r q q
ď CT δ M 3
e

}gj pu1 , u2 q ´ gj pv1 , v2 q}Lq1 pI,Lr1 q


` ˘
ď C }u1 }2L8 pI,Lr q ` }u2 }2L8 pI,Lr q ` }v1 }2L8 pI,Lr q ` }v2 }2L8 pI,Lr q
` ˘
¨ }u1 ´ v1 }Lq pI,Lr q ` }u2 ´ v2 }Lq pI,Lr q
` ˘
ď CT δ M 2 }u1 ´ v1 }Lq pI,Lr q ` }u2 ´ v2 }Lq pI,Lr q .

Entretanto, pelo Teorema 1.3.3 e o Corolário 1.3.4, temos que para todo par admissível
pq, rq
}eit∆ ϕj }Lq pI,Lr q ď C}ϕj }L2 , (2.46)

}eit∆ ϕj }Lq pI,W 1,r q ď C}ϕj }H 1 (2.47)

e
}Φgj pu1 , u2 q}Lq pI,Lr q ď C}gj pu1 , u2 q}Lq1 pI,Lr1 q , (2.48)
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 47

}Φgj pu1 , u2 q}Lq pI,W 1,r q ď C}gj pu1 , u2 q}Lq1 pI,W 1,r1 q , (2.49)
onde żt
Φgj pu1 , u2 qptq “ i eipt´sq∆ gj pu1 psq, u2 psqq ds.
0
Pela definição de Hj dada em (2.40) e as desigualdades (2.47), (2.48) resulta que
´ ¯
}Hj pu1 , u2 q}Lq pI,W 1.r q ď C }ϕj }H 1 ` }gj pu1 , u2 q}Lq1 pI,W 1,r1 q , (2.50)

para todo par admissível pq, rq. Logo, combinando as desigualdades (2.45) e (2.50), obtemos

}Hj pu1 , u2 q}Lq pI,W 1,r q ď C}ϕj }H 1 ` CT δ M 3

e por conseguinte

}Hpu1 , u2 q}Lq pI,W 1,r qˆLq pI,W 1,r q “ }H1 pu1 , u2 q}Lq pI,W 1,r q ` }H2 pu1 , u2 q}Lq pI,W 1,r q
(2.51)
ď C0 p}ϕ1 }H s ` }ϕ2 }H s q ` C0 T δ M 3 .

Nesse sentido, se consideramos

M “ 2C0 p}ϕ1 }H s ` }ϕ2 }H s q, (2.52)

e tomamos T suficientemente pequeno tal que


1
C0 T δ M 2 ď , (2.53)
2
então, combinando as desigualdades (2.51), (2.52) e (2.53) temos
M M
}Hpu1 , u2 q}Lq pI,W 1,r qˆLq pI,W 1,r q ď ` “ M.
2 2
Como resultado Hpu1 , u2 q P Lq pI, W 1,r pRd qq ˆ Lq pI, W 1,r pRd qq, de onde segue que H está
bem definida.
Além disso, o Teorema 1.3.3 combinado com o Corolário 1.3.5 implicam que Hpu1 , u2 q P
pCpr´T, T s, H 1 pRd qqq2 , portanto temos que

Hpu1 , u2 q P pCpr´T, T s, H 1 pRd qqq2 X pLq pI, W 1,r pRd qqq2 .

De maneira similar que no Teorema 2.1.3, combinando as desigualdades (2.46)-(2.49),


podemos mostrar que H é uma contração. Assim, pelo Teorema de ponto fixo de Banach
existe única pu1 , u2 q P X ˆ X tal que pu1 , u2 q “ Hpu1 , u2 q P pCpr´T, T s, H 1 pRd qqq2 X
pLq pI, W 1,r pRd qqq2 , o qual implica que pu1 , u2 q é a única solução do sistema (2.2) em
X ˆ X.
Passo 2 (Unicidade e Blowup alternativo) Este passo é feito como nos Passos 2 e 3
do Teorema 2.1.3, basta mudar os espaços onde as normas são estimadas, por isso para
evitar tecnicalidades não faremos a sua demonstração (veja (CAZENAVE, 2003, pag. 93)).
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 48

Passo 3 (Dependência contínua) A demonstração deste passo é similar ao Passo 5 do


Teorema 2.1.3, com uma nova estimativa que depende do gradiente de gj para j “ 1, 2,
que não é difícil de obter procedendo da mesma forma que no Passo 5 (veja (CAZENAVE,
2003, pag. 96)).

2.3 Leis de conservação.


Mostraremos agora que o sistema (2.2) satisfaz as leis de conservação de energia,
massa e momento. Para isto, assumiremos que o sistema (2.2) tem boa colocação local em
H 2 pRd q ˆ H 2 pRd q, de fato, um processo semelhante ao feito nas seções anteriores mostra
que o sistema (2.2) é bem posto no espaço H 2 pRd q ˆ H 2 pRd q (CAZENAVE, 2003, Pag.
134).
Considere a equação escalar de Schrödinger
#
iBt u ` ∆u ` µ0 |u|2 u “ 0
up0q “ u0
quando µ0 é uma constante positiva.
Além disso, sejam a energia, a massa e o momento escalares associados ao problema
de Cauchy acima, definidos por
1 µ0
Epu, µ0 q :“ }∇u}2L2 ´ }u}4L4 , (2.54)
2 4

1
M puq :“ }u}2L2 (2.55)
2
e ż
1
P puq :“ ℑ u∇u dx. (2.56)
2 Rd
A seguir, observamos que o sistema (2.2) admite suas próprias leis de conservação.
Mais precisamente, sejam a energia E, a massa M e o momento total P definidos como
segue
ż
β
Epu1 ptq, u2 ptqq :“ Epu1 ptq, µ1 q ` Epu2 ptq, µ2 q ´ |u1 ptq|2 |u2 ptq|2 dx, (2.57)
2 Rd

Mpu1 ptq, u2 ptqq :“ M pu1 ptqq ` M pu2 ptqq (2.58)


e
Ppu1 ptq, u2 ptqq :“ P pu1 ptqq ` P pu2 ptqq (2.59)
Nosso objetivo é mostrar que qualquer solução pu1 , u2 q do sistema (2.2) definida num
intervalo r´T, T s com dado inicial pu1 p0q, u2 p0qq “ pϕ1 , ϕ2 q satisfaz as seguintes leis de
conservação,
Epu1 ptq, u2 ptqq “ Epu1 p0q, u2 p0qq, (2.60)
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 49

Mpu1 ptq, u2 ptqq “ Mpu1 p0q, u2 p0qq. (2.61)

e
Ppu1 ptq, u2 ptqq “ Ppu1 p0q, u2 p0qq. (2.62)

Primeiramente mostraremos que a energia total é conservada pelo fluxo de (2.2).


Suponha que pu1 , u2 q P H 2 pRd q ˆ H 2 pRd q. Multiplicando a primeira igualdade de (2.2)
por Bt u1 e a segunda igualdade por Bt u2 e integrando sobre Rd temos
ż ż ż ż
iBt u1 Bt u1 dx “ ´ ∆u1 Bt u1 dx ´ µ1 2
|u1 | u1 Bt u1 dx ´ β |u2 |2 u1 Bt u1 dx (2.63)
Rd Rd Rd Rd

e
ż ż ż ż
iBt u2 Bt u2 dx “ ´ ∆u2 Bt u2 dx ´ µ2 2
|u2 | u2 Bt u2 dx ´ β |u1 |2 u2 Bt u2 dx. (2.64)
Rd Rd Rd Rd

Mas, do sistema (2.2) também segue que

´iBt u1 Bt u1 “ ´∆u1 Bt u1 ´ µ1 |u1 |2 u1 Bt u1 ´ β|u2 |2 u1 Bt u1

e
´iBt u2 Bt u2 “ ´∆u2 Bt u2 ´ µ2 |u2 |2 u2 Bt u2 ´ β|u1 |2 u2 Bt u2 ,

dessa maneira integrando sobre Rd resulta que


ż ż ż ż
´ iBt u1 Bt u1 dx “ ´ ∆u1 Bt u1 dx ´ µ1 2
|u1 | u1 Bt u1 dx ´ β |u2 |2 u1 Bt u1 dx
Rd Rd Rd Rd
(2.65)
e
ż ż ż ż
´ iBt u2 Bt u2 dx “ ´ ∆u2 Bt u2 dx ´ µ2 2
|u2 | u2 Bt u2 dx ´ β |u1 |2 u2 |Bt u2 dx.
Rd Rd Rd Rd
(2.66)
Por consequência, somando as igualdades (2.63) e (2.65), também (2.64) e (2.66)
obtemos
ż ż
0“ p∆u1 Bt u1 ` ∆u1 Bt u1 q dx ` µ1 p|u1 |2 u1 Bt u1 ` |u1 |2 u1 Bt u1 q dx
d d
R
ż R
(2.67)
2 2
`β p|u2 | u1 Bt u1 ` |u2 | u1 Bt u1 q dx,
Rd

assim como também


ż ż
0“ p∆u2 Bt u2 ` ∆u2 Bt u2 q dx ` µ2 p|u2 |2 u2 Bt u2 ` |u2 |2 u2 Bt u2 q dx
d d
R
ż R
(2.68)
2 2
`β p|u1 | u2 Bt u2 ` |u1 | u2 Bt u2 q dx.
Rd
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 50

Aplicando integração por partes nas igualdades (2.67) e (2.68) temos


ż ż
0“´ p∇u1 Bt ∇u1 ` ∇u1 Bt ∇u1 q dx ` µ1 p|u1 |2 u1 Bt u1 ` |u1 |2 u1 Bt u1 q dx
Rd Rd
ż
`β p|u2 |2 u1 Bt u1 ` |u2 |2 u1 Bt u1 q dx
Rd

e
ż ż
0“´ p∇u2 Bt ∇u2 ` ∇u2 Bt ∇u2 q dx ` µ2 p|u2 |2 u2 Bt u2 ` |u2 |2 u2 Bt u2 q dx
Rd Rd
ż
`β p|u1 |2 u2 Bt u2 ` |u1 |2 u2 Bt u2 q dx,
Rd

o que é equivalente a

ż ż ˆ ˙
d d 1
0“´ |∇u1 |2 dx ` µ1 pu1 u1 q2 dx
Rd dt Rd dt 2
ż
`β p|u2 |2 u1 Bt u1 ` |u2 |2 u1 Bt u1 q dx
Rd

e
ż ż ˆ ˙ ż
d d 1
0“´ |∇u2 |2 dx ` µ2 pu2 u2 q2 dx ` β p|u1 |2 u2 Bt u2 ` |u1 |2 u2 Bt u2 q dx.
Rd dt Rd dt 2 Rd

Em consequência, somando as igualdades acima segue que


ż ż ˆ ˙ ż
d d 1 d
0“´ 2
|∇u1 | dx ` µ1 2
pu1 u1 q dx ´ |∇u2 |2 dx
R d dt d dt 2 d dt
ż ˆ ˙R ż R
d 1
` µ2 pu2 u2 q2 dx ` β |u2 |2 pu1 Bt u1 ` u1 Bt u1 q dx
d dt 2 d
żR R

`β |u1 |2 pu2 Bt u2 ` u2 Bt u2 q dx
d
ż R ż ˆ ˙ ż
d 2 d 1 2 d
“´ |∇u1 | dx ` µ1 pu1 u1 q dx ´ |∇u2 |2 dx
R d dt d dt 2 d dt
ż ˆ ˙R ż ˆ R
˙
d 1 2 d 1 2 2
` µ2 pu2 u2 q dx ` β |u1 | |u2 | dx,
Rd dt 2 Rd dt 2

de tal forma que


ż ż ˆ ˙ ż
d d 1 d
0“´ 2
|∇u1 | dx ` µ1 2
pu1 u1 q dx ´ |∇u2 |2 dx
dt Rd dt Rd 2 dt Rd
ż ˆ ˙ ż ˆ ˙
d 1 2 d 1 2 2
` µ2 pu2 u2 q dx ` β |u1 | |u2 | dx,
dt Rd 2 dt Rd 2
portanto
d
0“
Epu1 ptq, u2 ptqq,
dt
o que mostra que pu1 , u2 q P H 2 pRd q ˆ H 2 pRd q satisfaz a igualdade (2.60).
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 51

Como H 2 pRd q é denso em H 1 pRd q segue que a igualdade também é válida para
pu1 , u2 q P H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q. Com efeito, suponha pu1 , u2 q P H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q e pϕ1 , ϕ2 q P
H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q. Sejam pϕn1 , ϕn2 qnPN Ă H 2 pRd q ˆ H 2 pRd q uma sequência de funções tais
que }pϕn1 , ϕn2 q ´ pϕ1 , ϕ2 q}H 1 ˆH 1 Ñ 0 quando n Ñ 8. Agora, pela boa colocação de (2.2)
` ˘2
temos que existem T ą 0 e pun1 , un2 q P Cpr´T, T s, H 2 pRd qq para cada n P N solução de
(2.2) com dado inicial pϕn1 , ϕn2 q.
Da dependência contínua temos que

sup }pun1 ptq, un2 ptqq ´ pu1 ptq, u2 ptqq}H 1 ˆH 1 Ñ 0,


r´T,T s

quando n Ñ 8. Além disso, como


1 µ2 1 µ2
Epun1 ptq, un2 ptqq “ }∇un1 ptq}L2 ´ }un1 ptq}L4 ` }∇un2 ptq}L2 ´ }un2 ptq}L4
2 ż 4 2 4
β
´ |un1 ptq|2 |un2 ptq|2 dx
2 Rd
“ Epϕn1 , ϕn2 q para todo t P r´T, T s,

e pela Proposição 1.1.9 temos que H 1 pRd q ãÑ L4 pRd q pois d ď 3, então tomando limite na
igualdade acima, temos que a convergência em H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q implica que

Epu1 ptq, u2 ptqq “ Epϕ1 , ϕ2 q “ Epu1 p0q, u2 p0qq para todo t P r´T, T s.

Por conseguinte mostramos que a igualdade (2.60) se verifica para a solução dada pela
boa colocação local.
Para mostrar a igualdade (2.62) consideremos inicialmente pu1 , u2 q P H 2 pRd q ˆ H 2 pRd q
satisfazendo (2.2) com dado inicial pϕ1 , ϕ2 q. Multiplicamos (2.2) por ∇u1 na primeira
igualdade e por ∇u2 na segunda igualdade, integramos sobre Rd e tomamos a parte real
ż ż ż ż
ℜ iBt u1 ∇u1 dx “ ´ℜ ∆u1 ∇u1 dx ´ µ1 ℜ 2
|u1 | u1 ∇u1 dx ´ βℜ |u2 |2 u1 ∇u1 dx
Rd Rd Rd Rd

e
ż ż ż ż
ℜ iBt u2 ∇u2 dx “ ´ℜ ∆u2 ∇u2 dx ´ µ2 ℜ 2
|u2 | u2 ∇u2 dx ´ βℜ |u1 |2 u2 ∇u2 dx.
Rd Rd Rd Rd

Logo,
ż ż ż ż
´ℑ Bt u1 ∇u1 dx “ ´ℜ ∆u1 ∇u1 dx ´ µ1 ℜ 2
|u1 | u1 ∇u1 dx ´ βℜ |u2 |2 u1 ∇u1 dx
Rd Rd Rd Rd
(2.69)
e
ż ż ż ż
´ℑ Bt u2 ∇u2 dx “ ´ℜ ∆u2 ∇u2 dx´µ2 ℜ 2
|u2 | u2 ∇u2 dx´βℜ |u1 |2 u2 ∇u2 dx.
Rd Rd Rd Rd
(2.70)
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 52

Além disso, do sistema (2.2) também segue que

´iBt u1 ∇u1 “ ´∆u1 ∇u1 ´ µ1 |u1 |2 u1 ∇u1 ´ β|u2 |2 u1 ∇u1

e
´iBt u2 ∇u2 “ ´∆u2 ∇u2 ´ µ2 |u2 |2 u2 ∇u2 ´ β|u1 |2 u2 ∇u2 .

Logo fazendo o mesmo processo anterior,


ż ż ż ż
ℑ Bt u1 ∇u1 dx “ ´ℜ ∆u1 ∇u1 dx ´ µ1 ℜ 2
|u1 | u1 ∇u1 dx ´ βℜ |u2 |2 u1 ∇u1 dx
Rd Rd Rd Rd

e
ż ż ż ż
ℑ Bt u2 ∇u2 dx “ ´ℜ ∆u2 ∇u2 dx ´ µ2 ℜ 2
|u2 | u2 ∇u2 dx ´ βℜ |u1 |2 u2 ∇u2 dx,
Rd Rd Rd Rd

Assim usando integração por partes temos


ż ż ż ż
ℑ Bt u1 ∇u1 dx “ ℜ ∇u1 ∆u1 dx ´ µ1 ℜ 2
|u1 | u1 ∇u1 dx ´ βℜ |u2 |2 u1 ∇u1 dx
Rd Rd Rd Rd
(2.71)
e
ż ż ż ż
ℑ Bt u2 ∇u2 dx “ ℜ ∇u2 ∆u2 dx ´ µ2 ℜ 2
|u2 | u2 ∇u2 dx ´ βℜ |u1 |2 u2 ∇u2 dx
Rd Rd Rd Rd
(2.72)
dessa forma, somando (2.69) e (2.71), logo (2.70) e (2.72), segue que
ż ż ż ż
2
ℑ Bt u1 ∇u1 dx ´ ℑ Bt u1 ∇u1 dx “ ´µ1 ℜ |u1 | u1 ∇u1 dx ´ βℜ |u2 |2 u1 ∇u1 dx
Rd Rd d d
ż R ż R
2
´ µ1 ℜ |u1 | u1 ∇u1 dx ´ βℜ |u2 |2 u1 ∇u1 dx
Rd Rd

e
ż ż ż ż
2
ℑ Bt u2 ∇u2 dx ´ ℑ Bt u2 ∇u2 dx “ ´µ2 ℜ |u2 | u2 ∇u2 dx ´ βℜ |u1 |2 u2 ∇u2 dx
Rd Rd ż R
d
ż R
d

´ µ2 ℜ |u2 |2 u2 ∇u2 dx ´ βℜ |u1 |2 u2 ∇u2 dx.


Rd Rd

Logo,
ż ż ż ż
ℑ Bt u1 ∇u1 dx ´ ℑ Bt u1 ∇u1 dx “ 2µ1 ℜ |u1 | u1 ∇u1 dx ` 2βℜ
2
|u2 |2 u1 ∇u1 dx.
Rd Rd Rd Rd

e
ż ż ż ż
ℑ Bt u2 ∇u2 dx ´ ℑ Bt u2 ∇u2 dx “ 2µ2 ℜ |u2 | u2 ∇u2 dx ` 2βℜ
2
|u1 |2 u2 ∇u2 dx.
Rd Rd Rd Rd
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 53

Como
ż ˆż ż ˙
ℑ p∇u1 Bt u1 ´ ∇u1 Bt u1 q dx “ ℑ ∇u1 Bt u1 dx ´ ∇u1 Bt u1 dx
Rd Rd Rd
ˆż ż ˙
“ℑ ∇u1 Bt u1 dx ` u1 ∇Bt u1 dx
Rd Rd
ż
“ℑ p∇u1 Bt u1 dx ` u1 Bt ∇u1 q dx
Rd
ż
d
“ℑ pu1 ∇u1 q dx
Rd dt
ż
d
“ ℑ pu1 ∇u1 q dx,
dt Rd

obtemos
ż ż ż
d
ℑ pu1 ∇u1 q dx “ 2µ1 ℜ |u1 | u1 ∇u1 dx ` 2βℜ
2
|u2 |2 u1 ∇u1 dx.
dt Rd Rd Rd

e
ż ż ż
d
ℑ pu2 ∇u2 q dx “ 2µ2 ℜ |u2 | u2 ∇u2 dx ` 2βℜ
2
|u1 |2 u2 ∇u2 dx.
dt Rd Rd Rd

Assim
ˆ ż ż ˙
d
ℑ pu1 ∇u1 q dx ` ℑ pu2 ∇u2 q dx
dt Rd Rd
ż ż
“ 2µ1 ℜ |u1 | u1 ∇u1 dx ` 2βℜ
2
|u2 |2 u1 ∇u1 dx
d d
żR żR
` 2µ2 ℜ |u2 | u2 ∇u2 dx ` 2βℜ
2
|u1 |2 u2 ∇u2 dx
d d
żR żR
“ 2µ1 ℜ |u1 |2 u1 ∇u1 dx ` 2µ2 ℜ |u2 |2 u2 ∇u2 dx
d d
ż R R
` 2 ˘
` 2βℜ |u2 | u1 ∇u1 ` |u1 |2 u2 ∇u2 dx
Rd

Portanto,
ˆ ż ż ˙
d
ℑ pu1 ∇u1 q dx ` ℑ pu2 ∇u2 q dx
dt Rd Rd
ż ż
“ 2µ1 ℜ |u1 | u1 ∇u1 dx ` 2µ2 ℜ
2
|u2 |2 u2 ∇u2 dx
d d
ż R R
` 2 ˘
` 2βℜ |u2 | u1 ∇u1 ` |u1 |2 u2 ∇u2 dx
d
żR ż
1 ` 2 2
˘ 1 ` ˘
“ µ1 ∇ p|u1 | q ` µ2 ∇ p|u2 |2 q2 dx
2 d 2 Rd
ż R
` 2 ˘
`β ∇ |u1 | |u2 |2 dx
Rd

“ 0.
Capítulo 2. Boa Colocação local para um sistema não-linear de equações tipo Schrödinger em H s 54

Assim,
d
pP pu1 ptqq ` P pu2 ptqqq “ 0.
dt
O que implica que
d
Ppu1 ptq, u2 ptqq “ 0.
dt
Em consequência
Ppu1 ptq, u2 ptqq “ Ppu1 p0q, u2 p0qq,

para toda pu1 , u2 q P H 2 pRd q ˆ H 2 pRd q.


Por analogia ao caso da energia, podemos mostrar que Ppu1 ptq, u2 ptqq “ Ppu1 p0q, u2 p0qq
para toda solução em H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q. Finalmente a igualdade (2.61) pode ser obtida
de forma similar como nos casos anteriores, multiplicando o sistema por u1 e u2 , obtendo
assim que as massas escalares respeito a u1 e u2 são quantidades conservadas, de onde
segue o resultado.
Isto mostra que as soluções obtidas pela teoria local satisfazem as leis de conservação
(2.60)-(2.62).
55

3 Existência de Multi-Soliton para um sis-


tema não-linear do tipo Schrödinger

Este capítulo é dedicado ao estudo do artigo (IANNI; LE COZ, 2014), com o propósito
de exibir uma solução particular de (2.2) e estudar seu comportamento para tempos
suficientemente grandes. Primeiramente estabeleceremos alguns resultados da equação
escalar de Schrödinger não-linear. Imediatamente depois, definiremos os tipos de soluções
que vamos estudar junto com suas propriedades mais importantes, e em seguida fazemos a
apresentação de algumas estimativas com as quais será demonstrado o teorema principal.

3.1 Standing waves


Consideremos a equação escalar de Schrödinger

iBt u ` ∆u ` µ|u|2 u “ 0. (3.1)


eit
Uma standing wave é uma solução de (3.1) da forma upt, xq “ ? Φpxq, onde Φ é
µ
uma solução de
´∆Φ ` Φ ´ |Φ|2 Φ “ 0. (3.2)
A existência e propriedades de soluções para equações do tipo (3.2) são bem conhecidas
(veja (BERESTYCKI; LIONS, 1983a), (BERESTYCKI; LIONS, 1983b)). De fato, todas
as soluções de (3.2) são suaves e exponencialmente decrescentes, no seguinte sentido.

Proposição 3.1.1. Sejam a ą 0, b P R. Se u P H 1 pRd q satisfaz

´∆u ` au “ b|u|2 u em H ´1 pRd q,

então as seguintes propriedades são satisfeitas:


|x|Ñ8
1. u P W 3,p pRd q para todo 2 ď p ă 8. Em particular, u P C 2 pRd q e |Dβ upxq| ÝÑ 0
para todo |β| ď 2.

2. Para todo 0 ă ǫ ă 1 temos eǫ|x| p|upxq| ` |∇upxq|q P L8 pRd q.

Demonstração. Ver Teorema 8.1.1 de (CAZENAVE, 2003, Pag. 256).

3.2 Construção da solução multi-soliton


Começamos definindo um tipo de solução da equação

iBt u ` ∆u ` µj |u|2 u “ 0, (3.3)


Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 56

para j “ 1, 2, as quais serão muito usadas no desenvolvimento desta seção.

Definição 3.2.1. Para j “ 1, 2, sejam ωj ą 0, vj P Rd , γj P R, xj P Rd e Φj P H 1 pRd q


uma solução de
´∆Φj ` Φj ´ |Φj |2 Φj “ 0. (3.4)
Um soliton é uma solução de (3.3) viajando na reta x “ xj ` vj t, dada por
c |vj |2
ωj ? 1
Rj pt, xq “ Φj p ωj px ´ vj t ´ xj qqeipωj t´ 4 t` 2 vj ¨x`γj q .
µj

Note que se R1 denota um soliton para (3.3) então pR1 , 0q é trivialmente uma solução
do sistema (2.2). Se R2 é outro soliton de (3.3), então devido à interação não-trivial β ‰ 0,
o par pR1 , R2 q não tem razão para ser solução do sistema (2.2). No entanto, nosso objetivo
será exibir soluções do sistema (2.2) que se comportam como um par de solitons pR1 , R2 q
no infinito, desde que a velocidade relativa dos solitons sejam suficientemente grandes.
Chamamos tais soluções de multi-solitons, mais precisamente.

Definição 3.2.2. Um multi-soliton é uma solução pu1 , u2 q de (2.2) para a qual existem
T0 P R e um par de solitons pR1 , R2 q da equação (3.3) tal que pu1 , u2 q esta definida em
rT0 , `8q e
lim }pu1 ptq, u2 ptqq ´ pR1 ptq, R2 ptqq}H 1 ˆH 1 “ 0.
tÑ`8

Sejam ω0 ą 0, γ0 P R, x0 , v0 P Rd e Φ0 solução da equação (3.4). Consideremos R0 o


soliton correspondente, isto é,
c
ω0 ? |v0 |2 1
R0 pt, xq “ Φ0 p ω0 px ´ v0 t ´ x0 qqeipω0 t´ 4 t` 2 v0 ¨x`γ0 q . (3.5)
µ0

Seja S0 : H 1 pRd q Ñ R o funcional definido por:


ˆ ˙
|v0 |2
S0 puq :“ Epu, µ0 q ` ω0 ` M puq ` v0 ¨ P puq, (3.6)
4

para toda u P H 1 pRd q, sendo E, M e P definidos como em (2.54), (2.55) e (2.56).


Agora, definamos a ação linear H0 , para todo t P R e v P H 1 pRd q, por

H0 pt, vq :“ xS02 pR0 ptqqv, vy. (3.7)

Observação 3.2.3. Usando a definição de derivada de Gateaux, temos que para toda
u P H 1 pRd q, (veja Teorema A.0.1)
ˆ ˙
1 |v0 |2
S0 puq “ ´∆u ` ω0 ` u ` iv0 ∇u ´ µ0 |u|2 u.
4
Note que R0 definido em (3.5) satisfaz
ˆ ˙
|v0 |2
´∆R0 ` ω0 ` R0 ` iv0 ∇R0 ´ µ0 |R0 |2 R0 “ 0,
4
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 57

desse modo, para t fixo, temos que R0 pt, ¨q é um ponto critico de S0 .


Ademais, a segunda derivada de Gateaux é dada por, (veja Teorema A.0.1)

xS02 pR0 qv, vy


ˆ ˙ ż ż ż
|v0 |2
“ }∇v}2L2 ` ω0 ` }v}L2 ` v0 ¨ ℑ v∇v ´ 2µ0 |R0 | |v| ´ µ0 ℜpR0 vq2 .
2 2 2
4
Rd Rd Rd

O proximo lema mostra uma propriedade muito importante que satisfaz a ação H0 , a
qual chamaremos de propriedade de coercividade.

Lema 3.2.4. Sejam ω0 ą 0, γ0 P R, x0 , v0 P Rd , Φ0 solução de (3.4) e R0 solução de


(3.3) dado por (3.5), e S0 , H0 os funcionais dados em (3.6) e (3.7). Então existem c0 ą 0,
ν0 P N, e uma família de funções tξ0k P L2 pRd q : }ξ0k }L2 “ 1, para k “ 1, ¨ ¨ ¨ , ν0 u, tais que
para todo t P R e toda v P H 1 pRd q,
ν0 ´
ÿ ¯2
k
c0 }v}2H 1 ď H0 pt, vq ` v, ξr0 . (3.8)
2
k“1

k
onde ξr0 ptq denota as funções definidas por
c
k ω0 k ? |v0 |2 1
ξr0 ptqpxq :“ ξ0 p ω0 px ´ v0 t ´ x0 qqe´ipω0 t´ 4 t` 2 v0 ¨x`γ0 q .
µ0

Demonstração. Inicialmente vamos mostrar o resultado para v P H 2 pRd q. Em seguida


usando a densidade de H 2 pRd q em H 1 pRd q, estenderemos o resultado para v P H 1 pRd q.
Com efeito, sejam t P R e v P H 2 pRd q. Consideremos z P H 2 pRd q tal que
c
ω0 ipω0 t´ |v0 |2 t` 1 v0 ¨x`γ0 q ?
vpxq “ e 4 2 zp ω0 px ´ v0 t ´ x0 qq,
µ0

para todo x P Rd . Pela Observação 3.2.3 temos que

xS02 pR0 qv, vy


ˆ ˙ ż ż ż
|v0 |2
“ }∇v}2L2 ` ω0 ` }v}L2 ` v0 ¨ ℑ v∇vdx ´ 2µ0 |R0 | |v| dx ´ µ0 ℜ pR0 vq2 dx
2 2 2
4
Rd Rd Rd

r0 pzq,
Logo, substituindo v na igualdade acima, segue que (veja Corolário A.0.2) H0 pt, vq “ H
onde
ˆ 2 2 ż 2 ż
˙
r0 pzq :“ ? 1 ω 0 2 ω 2
0 2 2ω 0 2 2 ω 0 2
H }∇z}L2 ` }z}L2 ´ |Φ0 | |z| dx ´ ℜpΦ0 zq dx .
p ω0 qd µ0 µ0 µ0 Rd µ0 Rd

r0 pzq “ ? a xLz, zy, com L é o operador linear dado por


Note que H
p ω0 qd

Lw “ ´∆w ` w ´ 2|Φ0 |2 w ´ Φ20 w, (3.9)

para toda w P H 2 pRd q e a “ ω02 {µ0 uma constante.


Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 58

Usando integração por partes é fácil mostrar que L é um operador auto-adjunto.


Além disso, pela Proposição 3.1.1, temos que Φ0 decai exponencialmente. Logo, L é uma
perturbação compacta de ´∆ ` 1 (veja Teorema A.0.3). Portanto, como σess p´∆ ` 1q “
r1, `8q (veja (REED; SIMON, 1980, Pag.117)), o Teorema de Weyl’s (REED; SIMON,
1980, Pag. 113) diz que σess pLq “ σess p´∆ ` 1q “ r1, `8q.
Agora, como
ż ż
xLw, wy “ }∇w}L2 ` }w}L2 ´ 2
2 2 2 2
|Φ0 | |w| dx ´ ℜpΦ0 wq2 dx
R d Rd
ż
ě }w}2L2 ´ 3 |Φ0 |2 |w|2 dx
Rd

ě }w}2L2 ´ 3C}w}2L2
“ p1 ´ 3Cq}w}2L2 ,
então L é limitado inferiormente, portanto σpLq, o espectro de L, também é limitado
inferiormente. Assim, como σpLqzσess pLq consiste de autovalores isolados de multiplicidade
finita segue que L tem um número finito de autovalores em p´8, w1 s, para todo w1 ă 1.
Consideremos λ1 ď λ2 ď . . . ď λν0 P R os autovalores não positivos de L (contando
multiplicidades) e sejam ξ01 , ξ02 , . . . , ξ0ν0 P H 1 pRd q suas autofunções correspondentes, tais
que }ξ0k }L2 “ 1 para todo k “ 1, . . . , ν0 .
Pelo Teorema espectral (KATO, 1995, Pag.178) temos que

L2 pRd q “ xtξ01 , ξ02 , . . . , ξ0ν0 uy ‘ P

com P a imagem da projeção espectral correspondente à parte positiva do espectro do


operador L. Como z P H 2 pRd q, então

z “ c1 ξ01 ` c2 ξ02 ` ¨ ¨ ¨ ` ξ0ν0 ` p0 , (3.10)

com ci P R, para todo i “ 1, . . . , ν0 . Além disso, como σpL|P q é limitado inferiormente por
0, então existe c ą 0 tal que xLp, py ě c}p}2L2 para todo p P P X H 2 pRd q (veja (KATO,
1995, Pag.278)). Assim, aplicando o Teorema de Pitágoras na igualdade (3.10) chegamos a

xLz, zy “ xLpc1 ξ01 ` c2 ξ02 ` ¨ ¨ ¨ ` ξ0ν0 ` p0 q, c1 ξ01 ` c2 ξ02 ` ¨ ¨ ¨ ` ξ0ν0 ` p0 y


“ c21 λ1 ` c22 λ2 ` ¨ ¨ ¨ ` c2ν0 λν0 ` xLp0 , p0 y
ě c21 λ1 ` c22 λ2 ` ¨ ¨ ¨ ` c2ν0 λν0 ` c}p0 }2L2
“ c21 λ1 ` c22 λ2 ` ¨ ¨ ¨ ` c2ν0 λν0 ` cp}z}2L2 ´ c21 ´ c22 ´ ¨ ¨ ¨ ´ c2ν0 q
“ c}z}2L2 ` pλ1 ´ cqc21 ` pλ2 ´ cqc22 ` ¨ ¨ ¨ ` pλν0 ´ cqc2ν0
ě c}z}2L2 ` pλ1 ´ cqpc21 ` c22 ` ¨ ¨ ¨ ` c2ν0 q,

pois L é auto-adjunto e xξ0j , ξ0k y “ 0 para j ‰ k.


Como ck “ pz, ξ0k q2 para todo k “ 1, ..., ν0 , obtemos
ÿ
ν0
xLz, zy ` C1 pz, ξ0k q22 ě c}z}2L2 ,
k“1
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 59

com C1 “ c ´ λ1 ą 0. Além disso, sabemos que


ż ż
xLz, zy “ }∇z}L2 ` }z}L2 ´ 2
2 2 2 2
|Φ0 | |z| dx ´ ℜpΦ0 zq2 dx .
Rd Rd
Logo,
ż ż
xLz, zy ` 2 2 2
|Φ0 | |z| dx ` ℜpΦ0 zq2 dx “ }∇z}2L2 ` }z}2L2 .
Rd Rd
Desse modo, como Φ0 é limitada,
}z}2H 1 “ }∇z}2L2 ` }z}2L2
ż ż
“ xLz, zy ` 2 2 2
|Φ0 | |z| dx ` ℜpΦ0 zq2 dx
Rd Rd

ď xLz, zy ` C}z}2L2
˜ ¸
ÿ
ν0
ď xLz, zy ` C xLz, zy ` C1 pz, ξ0k q22
k“1
˜ ¸
ÿ
ν0
ďC xLz, zy ` pz, ξ0k q22 ,
k“1

isto é,
? d r ÿ
ν0
}z}2H 1 ď p ω0 q C H0 pzq ` C pz, ξ0k q22 .
k“1
Agora, usando mudança de variáveis temos
ˆ ˙
2 ? d 2 1 2
}z}H 1 “ p ω0 q }r z }L2 ` }∇r z }L2 ,
ω0
ˆ ˙
? 1
onde zrpxq “ zp ω0 px ´ v0 t ´ x0 qq. Como }r
z }H 1 ď maxt1, ω0 u }r
2 2
z }L2 temos
z }L2 ` }∇r 2
ω0
? d 2 ? d r ? d ÿ ν0
k
z }H 1 ď p ω0 q C H0 pzq ` p ω0 q C
p ω0 q }r z , ξ 0 q22 ,
pr (3.11)
k“1
k ?
onde ξ 0 pxq “ ξ0k p ω0 px ´ v0 t ´ x0 q.
Agora, pela igualdade (A.1) temos
3{2 ż
ω0 |v0 |2 2 ω ω02
}∇v}2L2 “ z }L2 ´ 0 v0 ¨ ℑ
}r zr∇r
z` z }2L2
}∇r
4µ0 µ0 Rd µ0
ď z }2L2
Cp}r ` z }2L2 q.
}∇r
|v0 |2
t` 21 v0 ¨x`γ0 q
Se denotamos por e˘ip¨q :“ e˘ipω0 t´ 4 , usando (3.11) temos que
}v}2H 1 ď C}r
z }2H 1
ÿ
ν0
k
r0 pzq ` C
ď CH z , ξ 0 q22
pr
k“1
˜d d ¸2
ÿ
ν0
ω02 ω02 k
ď K0 Hpt, vq ` K0 eip¨qz , e´ip¨q ξ 0
k“1
µ0 µ0
2
ÿν0
k
ď K0 Hpt, vq ` K0 pv, ξr0 q22 .
k“1
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 60

1
Tomando c0 “ , obtemos
K0
ÿ
ν0
k
c0 }v}2H 1 ď Hpt, vq ` pv, ξr0 q22 .
k“1

Isso mostra a desigualdade desejada se v P H pRd q. Vamos mostrar que


2

ÿ
ν0
k
c0 }w}2H 1 ď Hpt, wq ` pw, ξr0 q22 ,
k“1

para toda w P H pR q. Com efeito, seja w P H pRd q, então pela densidade de H 2 pRd q em
1 d 1

H 1 pRd q, temos que existe twn u Ă H 2 pRd q tal que wn Ñ w em H 1 pRd q quando n Ñ 8.
Logo,
ÿ
ν0
k
c0 }wn }2 1 ď Hpt, wn q `
H pwn , ξr0 q2 . (3.12) 2
k“1
Tomando o limite quando n Ñ 8 na desigualdade (3.12), obtemos
ÿ
ν0
k
c0 }w}2H 1 ď lim Hpt, wn q ` pw, ξr0 q22 .
nÑ8
k“1

Assim, só precisamos mostrar que lim Hpt, wn q “ Hpt, wq. Lembremos que
nÑ8

Hpt, wn q
ˆ ˙ ż ż ż
|v0 |2
“ }∇wn }2L2 ` ω0 ` }wn }L2 ` v0 ℑ wn ∇wn ´ 2µ0 |R0 | |wn | ´ µ0 ℜ pR0 wn q2
2 2 2
4
Rd Rd Rd

Como wn Ñ w em H 1 pRd q quando n Ñ 8, então é claro que


lim }∇wn }2L2 “ }∇w}2L2 (3.13)
nÑ8

e ˆ ˙ ˆ ˙
|v0 |2 |v0 |2
lim ω0 ` 2
}wn }L2 “ ω0 ` }w}2L2 . (3.14)
nÑ8 4 4
Além disso, aplicando integração por partes, temos
ż ż
lim ℑ wn ∇wn dx “ ´ lim ℑ wn ∇wn dx
nÑ8 nÑ8
Rd d
żR
lim ℜi
“ nÑ8 wn ∇wn dx
Rd

lim pi∇wn , wn q2 dx
“ nÑ8
“ pi∇w, wq2
ż
“ ℜi w ∇w dx
Rd
ż
“ ´ℜi w ∇w dx
Rd
ż
“ℑ w ∇w dx,
Rd
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 61

de onde ż ż
lim v0 ¨ ℑ wn ∇wn dx “ v0 ¨ ℑ w ∇w dx. (3.15)
nÑ8
Rd Rd

Ainda mais, pela Proposição 3.1.1 temos que R0 P L8 pRd q e dessa maneira
ˇż ż ˇ ˇż ˇ
ˇ ˇ ˇ ˇ
ˇ 2 2 2 2 ˇ ˇ 2 2 2 ˇ
ˇ d |R0 | |wn | dx ´ d |R0 | |w| dxˇ “ ˇ d |R0 | p|wn | ´ |w| qdxˇ
R R R
ż
ďC ||wn |2 ´ |w|2 |dx
d
żR
“C p|wn ` |w|qp||wn ´ |w||qdx
Rd

ď C p}|wn | ` |w|}L2 q p}wn ´ w}L2 q


ď C}wn ´ w}L2 .

Como wn Ñ w em H 1 pRd q quando n Ñ 8, resulta que


ż ż
lim 2 2
|R0 | |wn | dx “ |R0 |2 |w|2 dx. (3.16)
nÑ8
Rd Rd

Similarmente, obtemos
ż ż
lim
nÑ8
R02 w2n dx “ R02 w2 dx. (3.17)
Rd Rd

Combinando (3.13)-(3.17), segue que

lim Hpt, wn q “ Hpt, wq,


nÑ8

desse modo mostramos que a desigualdade (3.8) vale para toda v P H 1 pRd q, o que mostra
o resultado.

Dadas as anteriores considerações procedemos para enunciar o principal teorema desta


dissertação.

Teorema 3.2.5. Para j “ 1, 2, sejam ωj ą 0, xj , vj P Rd , γj P R e Φj solução de

´∆Φj ` Φj ´ |Φj |2 Φj “ 0, Φj P H 1 pRd q.

Consideremos os solitons
c |vj |2 t
ωj ? 1
Rj pt, xq “ Φj p ωj px ´ vt ´ xj qqeipωj t´ 4 ` 2 vj ¨x`γj q , para j “ 1, 2.
µj

Existe v7 tal que se v‹ ą v7 , então existem T0 P R e um multi-soliton pu1 , u2 q solução de


(2.2) definida em rT0 , `8q tal que, para todo t P rT0 , `8q
?
}pu1 ptq, u2 ptqq ´ pR1 ptq, R2 ptqq}H 1 ˆH 1 ď e´ ω‹ v‹ t
. (3.18)
1
onde v‹ :“ |v1 ´ v2 | e ω‹ :“ mintω1 , ω2 u.
4
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 62

A estrategia para mostrar este resultado é resolver o problema de valor final associado
ao sistema (2.2) com dado final sendo um par de solitons no tempo Tn , onde tTn u é uma
sequencia crescente convergindo ao infinito. Estas soluções são chamadas de soluções
aproximadas. Em síntese, a demonstração depende de dois passos principais. Primeiro,
mostramos que as soluções aproximadas satisfazem a estimativa (3.18) em rT0 , Tn s com
T0 independente de n. Em seguida, mostramos que a sequência de dados iniciais, em T0 ,
é compacta. Portanto, podemos extrair um dado inicial dando origem a uma solução do
sistema (2.2) satisfazendo a conclusão do Teorema 3.2.5.
Por conseguinte, seja tTn u uma sequencia crescente em R de tempos tais que lim Tn “
nÑ`8
`8. Para cada n P N, seja pu , u q solução do sistema (2.2) definida no intervalo pTrn , Tn s
n
1
n
2
e tal que o dado final satisfaz que pun1 pTn q, un2 pTn qq “ pR1 pTn q, R2 pTn qq.

Proposição 3.2.6 (Estimativas Uniformes). Existe v7 tal que se v‹ ą v7 , então o


seguinte se verifica. Existem T0 P R e n0 P N tais que, para todo n ě n0 cada solução
aproximada pun1 , un2 q está definida em rT0 , Tn s e para todo t P rT0 , Tn s
?
}pun1 ptq, un2 ptqq ´ pR1 ptq, R2 ptqq}H 1 ˆH 1 ď e´ ω‹ v‹ t
. (3.19)

Por enquanto vamos assumir a Proposição 3.2.6 para fazer a demonstração do Teorema
3.2.5, depois dedicaremos todos os esforços à demonstração dessa proposição e com isso
teríamos provado a existência de uma solução do sistema (2.2) cujo comportamento no
infinito é comparável com um par de solitons pR1 , R2 q.
Como Tn vai para `8, a sequência pun1 , un2 q fornece uma melhor aproximação do
multi-soliton. O que falta mostrar é a convergência dessa sequência. De acordo com a boa
colocação local do sistema (2.2) e as estimativas uniformes, a questão principal é obter a
convergência da sequência de dados iniciais pun1 pT0 q, un2 pT0 q, o qual é o objetivo da seguinte
proposição.

Proposição 3.2.7. Existe pu01 , u02 q P H 1 pRd qˆH 1 pRd q tal que, a menos de uma subsequên-
cia, pun1 pT0 q, un2 pT0 qq Ñ pu01 , u02 q fortemente em H s pRd q ˆ H s pRd q para todo 0 ď s ă 1
quando n Ñ `8.

Para demonstrar esta proposição precisamos do seguinte lema.

Lema 3.2.8 (L2 pRd q- Compacidade). Seja δ ą 0. Existe rδ ą 0 tal que para todo n
suficientemente grande,
ż
` n ˘
|u1 pT0 q|2 ` |un2 pT0 q|2 dx ď δ.
|x|ąrδ

Demonstração. Consideremos n suficientemente grande tal que a estimativa (3.19) seja


? δ
satisfeita. Seja Tδ P rT0 , Tn s tal que e´2 ω‹ v‹ Tδ ď . Então, pela Proposição 3.2.6, temos
8
? δ
}pun1 pTδ q, un2 pTδ qq ´ pR1 pTδ q, R2 pTδ qq}2H 1 ˆH 1 ď e´2 ω‹ v‹ Tδ ď . (3.20)
8
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 63

A Proposição 3.1.1 implica que R1 e R2 decaem exponencialmente, assim podemos


garantir a existência de ρδ ą 0 tal que
ż
` ˘ δ
|R1 pTδ q|2 ` |R2 pTδ q|2 dx ď . (3.21)
8
|x|ąρδ

Também, da desigualdade (3.20) segue que

δ
}pun1 pTδ q, un2 pTδ qq ´ pR1 pTδ q, R2 pTδ qq}2L2 p|x|ąρδ qˆL2 p|x|ąρδ q ď .
8
Assim a estimativa (3.21) implica que
c
δ
}pun1 pTδ q, un2 pTδ qq}L2 p|x|ąρδ qˆL2 p|x|ąρδ q ď2 ,
8
isto é, ż
` ˘ δ
|un1 pTδ q|2 ` |un2 pTδ q|2 dx ď . (3.22)
2
|x|ąρδ

Nossa intenção é mostrar que a desigualdade acima se verifica com T0 no lugar de Tδ .


Consideremos τ : R Ñ R função de corte de classe C 1 pRq tal que τ psq “ 0 para s ď 0,
τ psq “ 1 para s ě 1, τ psq P r0, 1s e |τ 1 psq| ď 2 para todo s P R. Seja kδ ą 0 (a qual será
definida mais para frente) e definimos a função
ż ˆ ˙
1 |x| ´ ρδ
V ptq :“ n 2 n 2
p|u ptq| ` |u2 ptq| qτ dx.
2 Rd 1 kδ

Como, para j “ 1, 2,
d n 2
|uj ptq| “ unj ptqBt unj ptq ` Bt unj ptqunj ptq “ 2ℜpunj ptqBt unj ptqq,
dt
então diferenciando no tempo obtemos
ż ˆ ˙
d 1 d n 2 n 2 |x| ´ ρδ
V ptq “ p|u ptq| ` |u2 ptq| qτ dx
dt 2 Rd dt 1 kδ
ż ˆ ˙
1 |x| ´ ρδ
“ p2ℜp u1 ptqBt u1 ptqq ` 2ℜp u2 ptqBt u2 ptqqqτ
n n n n
dx
2 Rd kδ
ż ˆ ˙
1 |x| ´ ρδ
“ p2ℜp un1 ptqBt un1 ptq ` un2 ptqBt un2 ptqqqτ dx
2 Rd kδ
ż ˆ ˙
n n n n |x| ´ ρδ
“ ℜ pu1 ptqBt u1 ptq ` u2 ptqBt u2 ptqqτ dx.
Rd kδ
ż ˆ ˙
|x| ´ ρδ
Agora, vamos estimar ℜ n n
u1 ptqBt u1 ptqτ dx. De fato, como pun1 , un2 q é solução
R d k δ
do sistema (2.2), então

iBt un1 ` ∆un1 ` µ1 |un1 |2 un1 ` β|un2 |2 un1 “ 0. (3.23)


Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 64

Logo multiplicando a igualdade (3.23) por i un1 obtemos

´un1 Bt un1 ` iun1 ∆un1 ` iµ1 |un1 |4 ` iβ|un2 |2 |un1 |2 “ 0.

Assim, fazendo integração por partes,


ż ˆ ˙ ż ˆ ˙
|x| ´ ρδ |x| ´ ρδ
ℜ n n
u1 Bt u1 τ dx “ ℜ ipu1 ∆u1 qτ
n n
dx
Rd kδ Rd kδ
ż ˆ ˙
n 4 |x| ´ ρδ
`ℜ iµ1 |u1 | τ dx
Rd kδ
ż ˆ ˙
n 2 n 2 |x| ´ ρδ
`ℜ iβ|u2 | |u1 | τ dx
Rd kδ
ż ˆ ˙
|x| ´ ρδ
“ ´ℑ pu1 ∆u1 qτ
n n
dx
Rd kδ
ż ˆ ˙
n 4 |x| ´ ρδ
´ℑ µ1 |u1 | τ dx
Rd kδ
ż ˆ ˙
n 2 n 2 |x| ´ ρδ
´ℑ β|u2 | |u1 | τ dx
Rd kδ
ż ˆ ˙
|x| ´ ρδ
“ ´ℑ pu1 ∆u1 qτ
n n
dx
Rd kδ
ż ˆ ˆ ˙˙
n n |x| ´ ρδ
“ℑ ∇u1 ∇ u1 τ dx.
Rd kδ

Visto que
ˆ ˆ ˙˙ ˆ ˙ ˆ ˙
n |x| ´ ρδ |x| ´ ρδ n |x| ´ ρδ
∇ u1 τ “ ∇τ u1 ` τ ∇un1
kδ kδ kδ
ˆ ˙ ˆ ˙
x 1 |x| ´ ρδ n |x| ´ ρδ
“ τ u1 ` τ ∇un1 ,
kδ |x| kδ kδ
temos
ż ˆ ˙ ż ˆ ˙
|x| ´ ρδ |x| ´ ρδ
ℜ un1 Bt un1 τ dx “ ℑ |∇un1 |2 τ dx
Rd kδ Rd kδ
ż ˆ ˙
1 n n x 1 |x| ´ ρδ
` ℑ ∇u1 ¨ u1 τ dx
kδ Rd |x| kδ
ż ˆ ˙
1 n x n 1 |x| ´ ρδ
“ ℑ u1 ¨ ∇u1 τ dx.
kδ Rd |x| kδ

Consequentemente,
ż ˆ ˙ ż ˆ ˙
|x| ´ ρδ 1 n x n 1 |x| ´ ρδ
ℜ n n
u1 Bt u1 τ dx “ ℑ u1 ¨ ∇u1 τ dx. (3.24)
Rd kδ kδ Rd |x| kδ

repetindo o processo acima, mas trocando un1 por un2 , temos que
ż ˆ ˙ ż ˆ ˙
|x| ´ ρδ 1 n x n 1 |x| ´ ρδ
ℜ n n
u2 Bt u2 τ dx “ ℑ u2 ¨ ∇u2 τ dx. (3.25)
Rd kδ kδ Rd |x| kδ
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 65

A Proposição 3.2.6 implica que }pun1 pTδ q, un1 pTδ qq}H 1 ˆH 1 é limitada independentemente
de n e t, isto é, existe n0 P N suficientemente grande tal que

sup sup }pun1 ptq, un2 ptqq}H 1 ˆH 1 ď 1. (3.26)


nąn0 tPrT0 ,Tn s

Então por (3.24) e (3.25) segue que, para j “ 1, 2,


ˇ ż ˆ ˙ ˇ ˇ ż ˆ ˙ ˇ
ˇ |x| ´ ρδ ˇ ˇ 1 x |x| ´ ρ δ ˇ
ˇℜ u n
B u n
τ dx ˇ“ˇ ℑ u n
¨ ∇u n 1
τ dx ˇ
ˇ j t j
kδ ˇ ˇ kδ j
|x| j
kδ ˇ
Rd Rd
ż ˇ ˆ ˙ˇ
1 ˇ n x |x| ´ ρδ ˇˇ
ď ˇuj ¨ ∇u n 1
τ
kδ Rd ˇ |x| j
kδ ˇ dx
ż ˇ ˇˇ ˆ ˙ˇ
1 ˇ nˇ ˇ x ˇˇ |x| ´ ρδ ˇˇ
ď ˇu ˇ ˇ nˇ ˇ 1
¨ ∇uj ˇ ˇτ
kδ Rd j ˇ |x| kδ ˇ dx
ż ˇ ˆ ˙ˇ
1 ˇ n ˇ ˇ n ˇ ˇ 1 |x| ´ ρδ ˇ
ď ˇu ˇ ˇ∇uj ˇ ˇτ ˇ dx
kδ Rd j ˇ kδ ˇ
ż
2 ˇ nˇ ˇ nˇ
ď ˇu ˇ ˇ∇uj ˇ dx
kδ Rd j
ˆż ˙1{2 ˆż ˙1{2
2 ˇ n ˇ2 ˇ n ˇ2
ď ˇuj dxˇ ˇ∇uj dxˇ
kδ Rd Rd
2
“ }unj }L2 }∇unj }L2

1
ď p}unj }2L2 ` }∇unj }2L2 q

1
ď }unj }2H 1 .

Logo, usando a estimativa anterior e a desigualdade (3.26) segue que

ˇ ˇ ˇ ż ˆ ˙ ˇ
ˇd ˇ ˇ |x| ´ ρ δ ˇ
ˇ V ptqˇ “ ˇℜ pu n
B u n
` u n
B u n
qτ dx ˇ
ˇ dt ˇ ˇ 1 t 1 2 t 2
kδ ˇ
Rd
ˇ ż ˆ ˙ ˇ ˇ ż ˆ ˙ ˇ
ˇ |x| ´ ρ δ ˇ ˇ |x| ´ ρ δ ˇ
ď ˇˇℜ n n
u1 Bt u1 τ dxˇˇ ` ˇˇℜ n n
u2 Bt u2 τ dxˇˇ
Rd kδ Rd kδ
1 ` n 2 ˘
ď }u1 }H 1 ` }un2 }2H 1

1
“ }pun1 , un2 q}2H 1 ˆH 1

1
ď ,

Tδ ´ T0 δ
para todo n ě n0 e t P rT0 , Tn s. Agora, escolha kδ tal que ď . Então,
kδ 4
ż T0
Tδ ´ T0 δ
V pT0 q ´ V pTδ q “ V 1 ptqdt ď ď . (3.27)
Tδ kδ 4
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 66

Pela desigualdade (3.22) e a definição de τ temos


ż ˆ ˙
1 n 2 n 2 |x| ´ ρδ
V pTδ q “ p|u pTδ q| ` |u2 pTδ q| qτ dx
2 Rd 1 kδ
ż
1 ` n ˘
ď |u1 pTδ q|2 ` |un2 pTδ q|2 dx
2
|x|ąρδ
δ
ď .
4
δ δ
Desta forma, a estimativa (3.27) implica V pT0 q ď V pTδ q` ď . Por fim, seja rδ :“ kδ `ρδ
4 2
(note que rδ é independente de n), de onde, pela definição de τ ,
ż ż ˆ ˙
` n 2 n 2
˘ n 2 n 2 |x| ´ ρδ
|u1 pT0 q| ` |u2 pT0 q| dx “ p|u1 pT0 q| ` |u2 pT0 q| q τ dx
|x|ąrδ kδ
|x|ąrδ
ż ˆ ˙
n 2 n 2 |x| ´ ρδ
ď p|u1 pT0 q| ` |u2 pT0 q| q τ dx
Rd kδ
“ 2 V pT0 q
ď δ,

mostrando o resultado.

Agora, faremos a demonstração da Proposição 3.2.7.

Demonstração da Proposição 3.2.7 . Seja T0 como na Proposição 3.2.6. Pela de-


sigualdade (3.19) temos que pun1 pT0 q, un2 pT0 qq é limitada em H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q, e sendo
este um espaço de Hilbert, segue que, a menos de uma subsequência, existe pu01 , u02 q P
H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q tal que

pun1 pT0 q, un2 pT0 qq á pu01 , u02 q em H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q. (3.28)

Nossa intenção é mostrar que além de convergir fracamente em H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q, a


sequência pun1 pT0 q, un2 pT0 qq, a menos de uma subsequência, converge fortemente no espaço
c
L2 pRd q ˆ L2 pRd q. Com efeito, seja δ ą 0. Como H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q ãÑ L2loc pRd q ˆ L2loc pRd q,
então temos que pun1 pT0 q, un2 pT0 qq (a menos de subsequência) converge fortemente em
L2loc pRd q ˆ L2loc pRd q. Logo pela convergência fraca dada em (3.28) temos que o limite da
sequência é o mesmo, isto é,

pun1 pT0 q, un2 pT0 qq Ñ pu01 , u02 q em L2loc pRd q ˆ L2loc pRd q. (3.29)

Consideremos rδ ą 0 como no Lema 3.2.8. Então por (3.29) existe N1 P N tal que se
n ě N1 , obtemos
ż
` n ˘ δ
|u1 pT0 q ´ u01 |2 ` |un2 pT0 q ´ u02 |2 dx ă . (3.30)
2
|x|ďrδ
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 67

Por outro lado, o Lema 3.2.8 garante a existência de N2 P N tal que, se n ě N2 ,


ż
` n ˘ δ
|u1 pT0 q|2 ` |un2 pT0 q|2 dx ă . (3.31)
8
|x|ąrδ

Além disso, como

pun1 pT0 q, un2 pT0 qq á pu01 , u02 q em H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q,

segue que

pun1 pT0 q, un2 pT0 qq á pu01 , u02 q em L2 p|x| ą rδ q ˆ L2 p|x| ą rδ q,

de tal forma que o Teorema 1.1.6 e a desigualdade (3.31) implicam

}pu01 , u02 q}L2 p|x|ąrδ qqˆL2 p|x|ąrδ q ď lim inf }pun1 pT0 q, un2 pT0 qq}L2 p|x|ąrδ qqˆL2 p|x|ąrδ q
nÑ`8
c (3.32)
δ
ď ,
8
ou seja, ż
` 02 ˘ δ
|u1 | ` |u02 |2 dx ă . (3.33)
8
|x|ąrδ

Finalmente seja N P N com N ą maxtN1 , N2 u, então combinando (3.30)-(3.33) resulta


ż
n n 0 0 2
` n ˘
}pu1 pT0 q, u2 pT0 qq ´ pu1 , u2 q}L2 ˆL2 “ |u1 pT0 q ´ u01 |2 ` |un2 pT0 q ´ u02 |2 dx
Rd
ż ż
n 0 2
“ |u1 pT0 q ´ u1 | dx ` |un2 pT0 q ´ u02 |2 dx
|x|ďrδ |x|ďrδ
ż ż
` |un1 pT0 q ´ u01 |2 dx ` |un2 pT0 q ´ u02 |2 dx.
|x|ąrδ |x|ąrδ

Portanto,
}pun1 pT0 q, un2 pT0 qq ´ pu01 , u02 q}2L2 ˆL2
ż ż
` n ˘ ` ˘ δ
ď2 |u1 pT0 q|2 ` |un2 pT0 q|2 dx `2 |u01 |2 ` |u02 |2 dx `
2
|x|ąrδ |x|ąrδ
ˆ ˙ ˆ ˙
δ δ δ
ď2 `2 `
8 8 2
“ δ.
Consequentemente,
}pun1 pT0 q, un2 pT0 qq ´ pu01 , u02 q}L2 ˆL2 Ñ 0. (3.34)
Como as sequências pun1 pT0 q, un2 pT0 qq e pu01 , u02 q são limitados em H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q,
então usando interpolação e a convergência (3.34) temos que para cada s P r0, 1q existe
θ P p0, 1q tal que

}pun1 pT0 q, un2 pT0 qq ´ pu01 , u02 q}H s ˆH s ď C θ }pun1 pT0 q, un2 pT0 qq ´ pu01 , u02 q}1´θ
L2 ˆL2 ,
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 68

o que implica que

pun1 pT0 q, un2 pT0 qq Ñ pu01 , u02 q em H s pRd q ˆ H s pRd q, 0 ď s ă 1.

Agora, mostraremos como as Proposições 3.2.6 e 3.2.7 implicam o teorema principal.

Demonstração do Teorema 3.2.5. A Proposição 3.2.6 garante a existência de v7 tal


que se v‹ ą v7 , então existem T0 P R e n0 P N tais que, para todo n ě n0 e todo t P rT0 , Tn s,

?
}pun1 ptq, un1 ptqq ´ pR1 ptq, R2 ptqq}H 1 ˆH 1 ď e´ ω‹ v‹ t
. (3.35)

Seja pu01 , u02 q como obtido pela Proposição 3.2.7. A boa colocação local do sistema (2.2)
em H s pRd q ˆ H s pRd q, para 1{2 ă s ă 1, garante a existência de uma solução pu1 , u2 q
do sistema (2.2) com condição inicial pu1 pT0 q, u2 pT0 qq “ pu01 , u02 q definida num intervalo
rT0 , T ‹ q, onde T ‹ é o tempo maximal de existência da solução.
Vamos mostrar que T ‹ “ `8 e que pu1 , u2 q verifica a estimativa do Teorema 3.2.5. De
fato, suponha T ‹ ă 8. Então, usando a Proposição 3.2.7 temos que

pun1 pT0 q, un2 pT0 qq Ñ pu01 , u02 q em H s pRd q ˆ H s pRd q, 0 ď s ă 1.

Como o sistema (2.2) é bem colocado em H s pRd q ˆ H s pRd q, então pela dependência
contínua em relação ao dado inicial temos que, para t P rT0 , T ‹ q,

pun1 ptq, un2 ptqq Ñ pu1 ptq, u2 ptqq em H s pRd q ˆ H s pRd q, 1{2 ă s ă 1.

Agora, pela desigualdade (3.35) e a Proposição 3.1.1 obtemos (tomando n suficientemente


grande tal que Tn ą T ‹ ) que pun1 ptq, un2 ptqq é limitada em H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q para todo t P
rT0 , T ‹ q, então a menos de uma subsequência temos que pun1 ptq, un2 ptqq converge fracamente
em H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q. Mas como a sequência converge fortemente em H s pRd q ˆ H s pRd q,
para 1{2 ă s ă 1, podemos concluir usando interpolação que para todo t P rT0 , T ‹ q,

pun1 ptq, un2 ptqq á pu1 ptq, u2 ptqq em H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q.

Logo

}pu1 ptq, u2 ptqq ´ pR1 ptq, R2 ptqq}H 1 ˆH 1 ď lim inf }pun1 ptq, un2 ptqq ´ pR1 ptq, R2 ptqq}H 1 ˆH 1
nÑ`8
?
´ ω‹ v‹ t
ďe

Assim, existe v7 tal que se v‹ ą v7 , então existem T0 P R e n0 P N tais que, para todo
n ě n0 e todo t P rT0 , T ‹ q,
?
}pu1 ptq, u2 ptqq ´ pR1 ptq, R2 ptqq}H 1 ˆH 1 ď e´ ω‹ v‹ t
. (3.36)
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 69

Como T ‹ ă `8, então pela desigualdade (3.36) obtemos que pu1 ptq, u2 ptqq é limitada em
H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q para todo t P rT0 , T ‹ q.
Novamente como o sistema (2.2) é bem posto em H 1 pRd qˆH 1 pRd q, então existe solução
deste sistema satisfazendo as condições do Teorema 2.2.1, mas como H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q Ă
H s pRd q ˆ H s pRd q então temos que pela unicidade da solução em H s pRd q ˆ H s pRd q, a
solução dada em H 1 pRd qˆH 1 pRd q, coincidem com pu1 , u2 q em H 1 pRd qˆH 1 pRd q. Portanto,
como T ‹ ă `8, a condição de blow up alternativo implica

lim }pu1 ptq, u2 ptqq}H 1 ˆH 1 “ `8,


tÑT ‹

o que contradiz a limitação de pu1 ptq, u1 ptqq em H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q para todo t P rT0 , T ‹ q.
Portanto devemos ter que T ‹ “ `8. Agora, precisamos mostrar que pu1 , u2 q verifica
a estimativa do Teorema 3.2.5. De fato, seja N ě n0 , então da mesma maneira como
chegamos à desigualdade (3.36) para t P rT0 , T ‹ q, podemos obter
?
}pu1 ptq, u2 ptqq ´ pR1 ptq, R2 ptqq}H 1 ˆH 1 ď e´ ω‹ v‹ t
,

para todo t P rT0 , TN s. Da mesma forma obtemos que que


?
}pu1 ptq, u2 ptqq ´ pR1 ptq, R2 ptqq}H 1 ˆH 1 ď e´ ω‹ v‹ t
,

para todo t P rTN , TN `1 s. Seguindo este processo obtemos assim


?
}pu1 ptq, u2 ptqq ´ pR1 ptq, R2 ptqq}H 1 ˆH 1 ď e´ ω‹ v‹ t
,

para todo t P rT0 , 8q.

3.3 Estimativas uniformes


Esta última parte é dedicada à demonstração da Proposição 3.2.6. Ela será baseada em
um argumento de bootstrap. De fato, a partir da definição do dado final pun1 pTn q, un2 pTn qq
e a continuidade do pun1 , un2 q no tempo, segue que a desigualdade (3.19) se mantém em
um intervalo rt: , Tn s para t: suficientemente próximo a Tn . Então a seguinte proposição
mostra que podemos realmente melhorar a estimativa 3.19, deixando espaço suficiente
para estender o intervalo no qual a estimativa original se verifica.

Proposição 3.3.1. Existe v7 tal que se v‹ ą v7 , então existem T0 P R e n0 P N tais que,


para todo n ě n0 , toda solução aproximada pun1 , un2 q está definida em rT0 , Tn s. Além disso,
sejam t0 P rT0 , Tn s e n ě n0 . Se, para todo t P rt0 , Tn s, temos
?
}pun1 ptq, un2 ptqq ´ pR1 ptq, R2 ptqq}H 1 ˆH 1 ď e´ ω‹ v‹ t
, (3.37)

então para todo t P rt0 , Tn s,


1 ?
}pun1 ptq, un2 ptqq ´ pR1 ptq, R2 ptqq}H 1 ˆH 1 ď e´ ω‹ v‹ t .
2
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 70

Antes de prosseguir, indicamos como a Proposição 3.3.1 é usada para demonstrar a


Proposição 3.2.6.

Demonstração da Proposição 3.2.6. Sejam T0 , n0 e v7 dados pela Proposição 3.3.1.


Fixemos n P N com n ě n0 e assuma que v‹ ą v7 . A Proposição 3.3.1 implica que as
soluções aproximadas estão definidas em rT0 , Tn s, no seguinte sentido,

pun1 , un2 q P CprT0 , Tn s, H 1 pRd qq ˆ CprT0 , Tn s, H 1 pRd qq.

Além disso temos pela Proposição 3.1.1 que o par pR1 , R2 q é continuo em relação ao
tempo. Logo como pun1 pTn q, un2 pTn qq “ pR1 pTn q, R2 pTn qq, então para todo t suficientemente
próximo de Tn (pela esquerda) segue que

}pun1 ptq, un2 ptqq ´ pR1 ptq, R2 ptqq}H 1 ˆH 1


ď }pun1 ptq, un2 ptqq ´ pun1 pTn q, un2 pTn qq}H 1 ˆH 1 ` }pR1 pTn q, R2 pTn qq ´ pR1 ptq, R2 ptqq}H 1 ˆH 1
ď }un1 ptq ´ un1 pTn q}H 1 ` }un2 ptq ´ un2 pTn q}H 1 ` }R1n ptq ´ R1n pTn q}H 1 ` }R2n ptq ´ R2n pTn q}H 1
?
ď e´ ω‹ v‹ t
.

Seja
t7 :“ inf tt: P rT0 , Tn s : (3.19) é satisfeita para todo t P rt: , Tn su .
Pela escolha de t7 obtemos que t7 ă Tn . Assim para demonstrar a Proposição 3.2.6 só
precisamos mostrar que t7 “ T0 . Assuma que t7 ą T0 . Então pela Proposição 3.3.1 para
todo t P rt7 , Tn s temos que
1 ?
}pun1 ptq, un2 ptqq ´ pR1 ptq, R2 ptqq}H 1 ˆH 1 ď e´ ω‹ v‹ t .
2
Consequentemente,
1 ?
}pun1 pt7 q, un2 pt7 qq ´ pR1 pt7 q, R2 pt7 qq}H 1 ˆH 1 ď e´ ω‹ v‹ t7 .
2
Novamente pelo argumento acima, a continuidade de pun1 , un2 q implica que para t suficien-
temente próximo de t7 (pela esquerda),
?
}pun1 ptq, un2 ptqq ´ pR1 ptq, R2 ptqq}H 1 ˆH 1 ď e´ ω‹ v‹ t
,

o que contradiz a minimalidade de t7 . Assim, se deve ter que t7 “ T0 .

Antes de fazer a demonstração a Proposição 3.3.1, ainda precisamos de alguns resultados


preliminares. Vamos considerar n fixo. No que segue denotaremos pun1 , un2 q por pu1 , u2 q.
Por outro lado, seja pε1 , ε2 q P H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q tal que

pu1 , u2 q “ pR1 , R2 q ` pε1 , ε2 q. (3.38)

Consideremos t0 ă Tn e assuma a hipótese bootstrap


?
}pε1 , ε2 q}H 1 ˆH 1 ď e´ ω‹ v‹ t
, para todo t P rt0 , Tn s. (3.39)
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 71

Para j “ 1, 2 denotamos por Sj e Hj os funcionais definidos a partir dos soliton Rj , do


mesmo modo que S0 e H0 foram definidos para R0 (veja (3.6)).
Agora, seja S o funcional definido para cada pw1 , w2 q P H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q por:

Spw1 , w2 q :“ S1 pw1 q ` S2 pw2 q (3.40)

e H o funcional definido para cada pt, pw1 , w2 qq P R ˆ H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q por

Hpt, pw1 , w2 qq :“ H1 pt, w1 q ` H2 pt, w2 q.

O próximo lema é consequência direita do Lema 3.2.4.

Lema 3.3.2. Existe c‹ ą 0 tal que, para todo t P R e todo pw1 , w2 q P H 1 pRd q ˆ H 1 pRd q,
temos νj
ÿ ÿ k
c‹ }pw1 , w2 q}2H 1 ˆH 1 ď Hpt, pw1 , w2 qq ` pwj , ξrj ptqq22 ,
j“1,2 k“1
k
onde pξrj q são dados para j “ 1, 2 pelo Lema 3.2.4.

Para demonstrarmos a Proposição 3.3.1, além das considerações feitas acima, precisamos
dos seguintes lemas.

Lema 3.3.3 (L2 pRd q- Controle). Seja pε1 , ε2 q dado por (3.38) e assuma a hipótese (3.39).
Então existe C ą 0, independente de v‹ , tal que, para todo t P rt0 , Tn s,
C ?
}pε1 ptq, ε2 ptqq}2L2 ˆL2 ď ? e´2 ω‹ v‹ t .
ω‹ v‹
Lema 3.3.4. Assuma a hipótese (3.39). Então existe T0 ą 0 dependendo somente de v1 , v2 ,
com v1 , v2 como no Teorema 3.2.5, tal que se t0 ą T0 existe C ą 0 independente de n e v‹
tal que, para todo t P rt0 , Tn s,
C ?
|Spu1 ptq, u2 ptqq ´ Spu1 pTn q, u2 pTn qq| ď ? e´2 ω‹ v‹ t .
ω‹ v‹
Por enquanto vamos assumir os lemas acima para demonstrar a Proposição 3.3.1.

Demonstração da Proposição 3.3.1. Seja pε1 , ε2 q dado por (3.38), assuma a hipótese
(3.39) e que t0 ą T0 , onde T0 é dado pelo Lema 3.3.4. Então, para n P N fixo, podemos
assumir pela boa colocação do sistema (2.2) que pu1 , u2 q está definida para cada t P rT0 , Tn s,
pois o problema de dado final associado ao sistema (2.2)
$
& iBt u1 ` ∆u1 ` pµ1 |u1 | ` β|u2 | qu1 “ 0,
2 2

iBt u2 ` ∆u2 ` pµ2 |u2 |2 ` β|u1 |2 qu2 “ 0,

%
pu1 pTn q, u2 pTn qq “ pR1 pTn q, R2 pTn qq,
é também bem posto (é equivalente a resolver nosso sistema para trás). Isso garante a
existência das soluções pu1 , u2 q, as quais satisfazem

pu1 , u2 q P CppTrn , Tn s, H 1 pRd qq ˆ CppTrn , Tn s, H 1 pRd qq.


Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 72

No Capítulo 2 mostramos que existe M ą 0 tal que }pu1 ptq, u2 ptqq}H 1 ˆH 1 ď M para todo
t P rTrn , Tn s, onde Trn “ Trn pM q. Portanto, pela Proposição 1.4.2 temos que pu1 , u2 q pode
ser estendida unicamente a rT0 , Tn s . Daí que

pu1 , u2 q P CprT0 , Tn s, H 1 pRd qq ˆ CprT0 , Tn s, H 1 pRd qq.

Neste sentido pu1 , u2 q está definida em rT0 , Tn s.


Por outro lado fixemos t P rt0 , Tn s e seja v7 suficientemente grande tal que
d
C 1
? ď ,
ω‹ v7 2

onde C será determinado mais adiante. Suponha v‹ ą v7 . Do Lema 3.3.2 segue que existe
c‹ ą 0 tal que
νj
ÿ ÿ k
c‹ }pε1 ptq, ε2 ptqq}2H 1 ˆH 1 ď Hpt, pε1 ptq, ε2 ptqqq ` pεj ptq, ξrj ptqq22 . (3.41)
j“1,2 k“1

Agora, pelo desenvolvimento de Taylor do funcional S temos que

Spu1 ptq, u2 ptqq “ SpR1 ptq ` ε1 ptq, R2 ptq ` ε2 ptqq


“ SpR1 ptq, R2 ptqq ` S 1 pR1 ptq, R2 ptqq ¨ pε1 ptq, ε2 ptqq
` xS 2 pR1 ptq, R2 ptqq ¨ pε1 ptq, ε2 ptqq, pε1 ptq, ε2 ptqqy
´ ¯
3
` o }pε1 ptq, ε2 ptqq}H 1 pRd qˆH 1 pRd q .

Como R1 , R2 são pontos criticos de S1 e S2 respectivamente, obtemos que

Spu1 ptq, u2 ptqq “ SpR1 ptq, R2 ptqq ` Hpt, pε1 ptq, ε2 ptqq
´ ¯ (3.42)
3
` o }pε1 ptq, ε2 ptqq}H 1 pRd qˆH 1 pRd q .

Do Lema 3.3.4 segue que


C ?
|Spu1 ptq, u2 ptqq ´ Spu1 pTn q, u2 pTn qq| ď ? e´2 ω‹ v‹ t . (3.43)
ω‹ v‹
Além disso, como pu1 pTn q, u2 pTn qq “ pR1 pTn q, R2 pTn qq e os solitons R1 , R2 satisfazem as
leis de conservação então

Spu1 pTn q, u2 pTn qq “ SpR1 pTn q, R2 pTn qq “ SpR1 ptq, R2 ptqq. (3.44)

Por outro lado, da hipótese bootstrap (3.39) temos que existe C ą 0 tal que
` ˘ ?
o }pε1 ptq, ε2 ptqq}3H 1 ˆH 1 ď Ce´3 ω‹ v‹ t . (3.45)

Assim, usando as desigualdades (3.42)-(3.45) e tomando T0 suficientemente grande tal que,


para t ą t0 ą T0 ,
? 1 ?
e´3 ω‹ v‹ t ď ? e´2 ω‹ v‹ t ,
ω‹ v‹
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 73

obtemos
ˇ ` ˘ˇ
|Hpt, pε1 , ε2 qq| “ ˇSpu1 ptq, u2 ptqq ´ SpR1 ptq, R2 ptqq ´ o }pε1 ptq, ε2 ptqq}3H 1 ˆH 1 ˇ
` ˘
ď |Spu1 ptq, u2 ptqq ´ SpR1 ptq, R2 ptqq| ` o }pε1 ptq, ε2 ptqq}3H 1 ˆH 1
C ? ?
ď? e´2 ω‹ v‹ t ` Ce´3 ω‹ v‹ t
ω‹ v‹
C ?
ď? e´2 ω‹ v‹ t ,
ω‹ v‹
isto é,
C ?
|Hpt, pε1 , ε2 qq| ď ? e´2 ω‹ v‹ t , para todo t ą t0 ą T0 . (3.46)
ω‹ v‹
Também, para j “ 1, 2, sejam cj :“ maxt}ξjk }2L2 : k “ 1, ¨ ¨ ¨ , νj u, e c :“ maxtcj : j “ 1, 2u.
Então, pelo Lema 3.3.3,
ˇ ˇ
ˇÿ ÿ νj ˇ ÿ ÿ νj
ˇ r k 2ˇ k
ˇ pεj ptq, ξj ptqq2 ˇ ď |pεj ptq, ξrj ptqq2 |2
ˇj“1,2 k“1 ˇ j“1,2 k“1
ÿ
ν1
k ÿ
ν2
k
“ |pε1 ptq, ξr1 ptqq2 |2 ` |pε2 ptq, ξr2 ptqq2 |2
k“1 k“1

ď pν1 qC}ε1 ptq}2L2 ` pν2 qC}ε2 ptq}2L2


ď C}pε1 ptq, ε2 ptqq}2L2 ˆL2
C ?
ď? e´2 ω‹ v‹ t .
ω‹ v‹
Desse modo, ˇ ˇ
ˇÿ ÿ νj ˇ C ?
ˇ r k 2ˇ
ˇ pεj ptq, ξj ptqq2 ˇ ď ? e´2 ω‹ v‹ t . (3.47)
ˇj“1,2 k“1 ˇ ω‹ v‹
Portanto, usando as estimativas (3.41), (3.46) e (3.47) resulta que
C ?
}pε1 ptq, ε2 ptqq}2H 1 ˆH 1 ď ? e´2 ω‹ v‹ t ,
ω‹ v‹
d d
C C 1
para todo t ą t0 ą T0 . Como ? ď ? ď , temos que
ω‹ v‹ ω‹ v7 2

1 ?
}pε1 ptq, ε2 ptqq}H 1 ˆH 1 ď e´ ω‹ v‹ t .
2
O que mostra o resultado desejado.

Antes de demonstrarmos os Lemas 3.3.3 e 3.3.4, precisamos da seguinte estimativa


sobre a interação de dois solitons.

Lema 3.3.5. Existe C ą 0 dependente de Φ1 , Φ2 , ω1 , ω2 , µ1 , µ2 , como no Teorema 3.2.5,


porém não de v1 , v2 tal que, para todo x P Rd , temos que
?
}|R1 ptq| |R2 ptq|}L2 ď Ce´p 2 q
3
ω‹ v‹ t
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 74

e
?
}p|R1 ptq| ` |∇R1 ptq|q p|R2 ptq| ` |∇R2 ptq|q}L2 ď Cp1 ` |v1 | ` |v2 |q2 e´p 2 q
3
ω‹ v‹ t
,
para todo t P R.

Demonstração. Sejam j P t1, 2u, t P R, x P Rd . Como Φj decai exponencialmente


(Proposição 3.1.1), sabemos que para 0 ă η ă 1 existe C “ CpΦj q ą 0 tal que

|Φj pxq| ` |∇Φj pxq| ď Ce´η|x| .

Pela Definição 3.2.1 temos


c |vj |2
ωj ? 1
Rj pt, xq “ Φj p ωj px ´ vj t ´ xj qqeipωj t´ 4 t` 2 vj ¨x`γj q ,
µj
e
c
1 ωj ? |vj |2 1
∇Rj pt, xq “ vj Φj p ωj px ´ vj t ´ xj qqeipωj t´ 4 t` 2 vj ¨x`γj q
2 µj
? 2
p ωj q ? |v |2
ipωj t´ j4 t` 12 vj ¨x`γj q
` ? ∇Φj p ωj px ´ vj t ´ xj qqe .
µj

Portanto
ˇ ? ˇ
|Rj pt, xq| ` |∇Rj pt, xq| ď ˇCΦj p ωj px ´ vj t ´ xj qqˇ
ˇ ? ˇ
` ˇCvj Φj p ωj px ´ vj t ´ xj qqˇ
ˇ ? ˇ
` ˇC∇Φj p ωj px ´ vj t ´ xj qqˇ
?
ď Cp1 ` |vj |qe´η ωj |x´vj t´xj |
,

onde C “ CpΦj , ωj , µj q. Logo

p|R1 pt, xq| ` |∇R1 pt, xq|qp|R2 pt, xq| ` |∇R2 pt, xq|q
? ?
ď Cp1 ` |v1 |qp1 ` |v2 |qe´η ω1 |x´v1 t´x1 | ¨ e´η ω2 |x´v2 t´x2 |
?
ď Cp1 ` |v1 | ` |v2 |q2 e´η mintω1 ,ω2 up|x´v1 t´x1 |`|x´v2 t´x2 |q .

Seja 0 ă δ ă η. Como

|v1 t ´ v2 t| ď |x ´ v1 t| ` |x ´ v2 t|

e
|x ´ v1 t| ´ |x1 | ` |x ´ v2 t| ´ |x2 | ď |x ´ v1 t ´ x1 | ` |x ´ v2 t ´ x2 |,
então
p|R1 pt, xq| ` |∇R1 pt, xq|qp|R2 pt, xq| ` |∇R2 pt, xq|q
?
ď Cp1 ` |v1 | ` |v2 |q2 e´δ mintω1 ,ω2 up|x´v1 t´x1 |`|x´v2 t´x2 |q
?
´pη´δq mintω1 ,ω2 up|x´v1 t´x1 |`|x´v2 t´x2 |q
¨e
? ?
ď Cp1 ` |v1 | ` |v2 |q2 e´δ mintω1 ,ω2 up|x´v1 t´x1 |`|x´v2 t´x2 |q e´pη´δq mintω1 ,ω2 u|v1 t´v2 t|
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 75

7 1
onde C “ CpΦj , ωj , µj , xj q ą 0. Escolhendo η “ , δ “ e lembrando as definições de
8 8
1
ω‹ “ mintω1 , ω2 u e v‹ “ |v1 ´ v2 |, obtemos
4

p|R1 pt, xq| ` |∇R1 pt, xq|qp|R2 pt, xq| ` |∇R2 pt, xq|q
1? ?
ω‹ p|x´v1 t´x1 |`|x´v2 t´x2 |q ´p 32 q ω‹ v‹ t
ď Cp1 ` |v1 | ` |v2 |q2 e´ 4 e ,

implicando que

}p|R1 ptq| ` |∇R1 ptq|qp|R2 ptq| ` |∇R2 ptq|q}2L2


ż
ď |p|R1 pt, xq| ` |∇R1 pt, xq|qp|R2 pt, xq| ` |∇R2 pt, xq|q|2 dx
Rd
ż
? 1?
4 ´3 ω‹ v‹ t
ď Cp1 ` |v1 | ` |v2 |q e e´ 2 ω‹ p|x´v1 t´x1 |`|x´v2 t´x2 |q dx
d
żR
? 1?
“ Cp1 ` |v1 | ` |v2 |q4 e´3 ω‹ v‹ t e´ 2 ω‹ |x| dx
d
? › R 1 ? ›2
› ›
“ Cp1 ` |v1 | ` |v2 |q4 e´3 ω‹ v‹ t ›e´ 4 ω‹ |¨| ›
2 L
?
4 ´3 ω‹ v‹ t
ď Cp1 ` |v1 | ` |v2 |q e .

Desta forma
3?
}p|R1 ptq| ` |∇R1 ptq|qp|R2 ptq| ` |∇R2 ptq|q}L2 ď Cp1 ` |v1 | ` |v2 |q2 e´ 2 ω‹ v‹ t
,

mostrando a segunda desigualdade. Agora, para demonstrar a primeira desigualdade,


prosseguimos do mesmo modo acima, para obter
?
|Rj pt, xq| ď Ce´η ωj |x´vj t´xj |
.
7 1
Novamente, tomando η “ e δ “ , temos
8 8
?
|R1 pt, xq||R2 pt, xq| ď Ce´η tω1 ,ω2 up|x´v1 t´x1 |`|x´v2 t´x2 |q
1? 3 ?
ď Ce´ 4 ω‹ p|x´v1 t´x1 |`|x´v2 t´x2 |q
¨ e´p 2 q ω‹ v‹ t
,

e daí,
3?
}|R1 ptq||R2 ptq|}L2 ď Ce´ 2 ω‹ v‹ t
.

Por fim, vamos fazer a demonstração dos Lemas 3.3.3 e 3.3.4. Para obter o Lema
3.3.3 adotamos a seguinte estratégia. Primeiro escrevemos o sistema satisfeito por pε1 , ε2 q.
Então, diferenciamos no tempo as L2 pRd q-massas de ε1 e ε2 , e limitamos o resultado com
?
a expressão e´ ω‹ v‹ t . A integração no tempo finalmente nos permite ganhar o fator extra
1
? .
ω‹ v‹
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 76

Demonstração do Lema 3.3.3. Seja pε1 , ε2 q dado por (3.38) e assuma a hipótese
(3.39). Note que pε1 , ε2 q satisfaz a equação

iBt pε1 , ε2 q ` Lpε1 , ε2 q ` N pε1 , ε2 q ` F “ 0, (3.48)

onde L denota a parte linear em pε1 , ε2 q, N a parte não-linear e F o termo forçante. Mais
precisamente,

Lpε1 , ε2 q :“ pL1 pε1 , ε2 q, L2 pε1 , ε2 qq, N pε1 , ε2 q :“ pN1 pε1 , ε2 q, N2 pε1 , ε2 qq,

F :“ βp|R2 |2 R1 , |R1 |2 R2 q,

com

L1 pε1 , ε2 q “ ∆ε1 ` p2µ1 |R1 |2 ` β|R2 |2 qε1 ` µ1 R12 ε1 ` βpR1 R2 ε2 ` R1 R2 ε2 q,

L2 pε1 , ε2 q “ ∆ε2 ` p2µ2 |R2 |2 ` β|R1 |2 qε2 ` µ2 R22 ε2 ` βpR1 R2 ε2 ` R1 R2 ε1 q,

N1 pε1 , ε2 q “ µ1 pR1 ε21 ` 2R1 |ε1 |2 ` |ε1 |2 ε1 q ` βpR2 ε2 ε1 ` R2 ε1 ε2 ` R1 |ε2 |2 ` |ε2 |2 ε1 q

N2 pε1 , ε2 q “ µ2 pR2 ε22 ` 2R2 |ε2 |2 ` |ε2 |2 ε2 q ` βpR1 ε1 ε2 ` R1 ε1 ε2 ` R2 |ε1 |2 ` |ε1 |2 ε2 q.

De fato, mostremos que

iBt ε1 ` L1 pε1 , ε2 q ` N1 pε1 , ε2 q ` β|R2 |2 R1 “ 0.

Como R1 é solução de
iBt u ` ∆u ` µ1 |u|2 u “ 0,

então

iBt ε1 ` L1 pε1 , ε2 q ` N1 pε1 , ε2 q ` β|R2 |2 R1


“ iBt u1 ´ iBt R1 ` ∆u1 ´ ∆R1 ` 2µ1 |R1 |2 u1 ´ 2µ1 |R1 |2 R1 ` β|R2 |2 u1
´ β|R2 |2 R1 ` µ1 R12 u1 ´ µ1 R12 R1 ` βR1 R2 u2 ´ β|R2 |2 R1 ` βR1 R2 u2
´ β|R2 |2 R1 ` µ1 R1 u21 ´ 2µ1 |R1 |2 u1 ` µ1 |R1 |2 R1 ` 2µ1 |u1 |2 R1
´ 2µ1 |R1 |2 u1 ´ 2µ1 R12 u1 ` 2µ1 |R1 |2 R1 ` µ1 |u1 |2 u1 ´ µ1 |u1 |2 R1
´ µ1 u21 R1 ` µ1 |R1 |2 u1 ´ µ1 |u1 |2 R1 ` µ1 R12 u1 ` µ1 |R1 |2 u1 ´ µ1 |R1 |2 R1
` βR2 u2 u1 ´ βR2 u2 R1 ´ β|R2 |2 u1 ` β|R2 |2 R1 ` βR2 u2 u1 ´ βR2 u2 R1
´ β|R2 |2 u1 ` β|R2 |2 R1 ` βR1 |u2 |2 ´ βR1 u2 R2 ´ βR1 R2 u2 ` β|R2 |2 R1
` β|u2 |2 u1 ´ β|u2 |2 R1 ´ βu2 R2 u1 ` βu2 R2 R1 ´ βR2 u2 u1 ` βR2 u2 R1
` β|R2 |2 u1 ´ β|R2 |2 R1 ` β|R2 |2 R1
“ ´iBt R1 ´ ∆R1 ´ µ1 |R1 |2 R1 “ 0.
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 77

De forma semelhante se pode mostrar que

iBt ε2 ` L2 pε1 , ε2 q ` N2 pε1 , ε2 q ` β|R1 |2 R2 “ 0.

O seguinte argumento consiste em estimar a derivada com respeito ao tempo da L2 pRd q-


massa de ε1 . Com efeito, seja t P rt0 , Tn s

B
M pε1 ptqq
Bt
1B ` ˘
“ }ε1 ptq}2L2
2 Bt
1B
“ pε1 ptq, ε1 ptqqL2
2 Bt
“ pBt ε1 ptq, ε1 ptqqL2
“ piL1 pε1 ptq, ε2 ptqq ` iN1 pε1 ptq, ε2 ptqq ` iβ|R2 ptq|2 R1 ptq, ε1 ptqqL2
ż
` ˘
“ ℜi L1 pε1 ptq, ε2 ptqq ε1 ptq ` N1 pε1 ptq, ε2 ptqq ε1 ptq ` β|R2 ptq|2 R1 ptq ε1 ptq dx
d
żR
` ˘
“ ´ℑ L1 pε1 ptq, ε2 ptqq ε1 ptq ` N1 pε1 ptq, ε2 ptqq ε1 ptq ` β|R2 ptq|2 R1 ptq ε1 ptq dx.
Rd

A ideia é estimar cada um dos termos da igualdade acima. De fato, Pela definição de L1
temos
ż
ℑ L1 pε1 ptq, ε2 ptqq ε1 ptq dx
Rd
ż
` ˘
“ℑ ∆ε1 ptq ε1 ptq ` p2µ1 |R1 ptq|2 ` β|R2 ptq|2 q ε1 ptq ε1 ptq dx
Rżd
` ˘
`ℑ µ1 R1 ptq2 ε1 ptq ` βpR1 ptq R2 ptq ε2 ptq ` R1 ptqR2 ptqε2 ptqqε1 ptq dx.
Rd

Portanto fazendo integração por partes obtemos


ż
ℑ L1 pε1 ptq, ε2 ptqq ε1 ptq dx
Rd
ż ż
` ˘
“ ´ℑ ∇ε1 ptq∇ε1 ptq dx ` ℑ 2µ1 |R1 ptq|2 ` β|R2 ptq|2 ε1 ptq ε1 ptq dx
d Rd
żR
` ˘
`ℑ µ1 R1 ptq2 ε1 ptq ` βpR1 ptqR2 ptqε2 ptq ` R1 ptqR2 ptqε2 ptqqε1 ptq dx
d
żR ż
` ˘
“ ´ℑ 2
|∇ε1 ptq| dx ` ℑ 2µ1 |R1 ptq|2 ` β|R2 ptq|2 |ε1 ptq|2 dx
d Rd
żR
` ˘
`ℑ µ1 R1 ptq2 ε1 ptq ` βpR1 ptqR2 ptqε2 ptq ` R1 ptqR2 ptqε2 ptqqε1 ptq dx
d
ż R
` ˘
“ℑ µ1 R1 ptq2 ε1 ptq2 ` βpR1 ptqR2 ptqε2 ptqε1 ptq ` R1 ptqR2 ptqε2 ptqε1 ptqq dx.
Rd

Assumindo a hipótese (3.39) e usando o fato de Rj decair exponencialmente para cada


j “ 1, 2, temos
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 78

ˇ ż ˇ
ˇ ˇ
ˇℑ L1 pε1 ptq, ε2 ptqqε1 ptq dxˇˇ
ˇ d
ˇ Rż ˇ
ˇ ` ˘ ˇ
ˇ
“ ˇℑ µ1 R1 ptq ε1 ptq ` βpR1 ptqR2 ptqε2 ptqε1 ptq ` R1 ptqR2 ptqε2 ptqε1 ptqq dxˇˇ
2 2
d
żR ż
ˇ ˇ ˇ ˇ
ď µ1 ˇ 2 2ˇ
R1 ptq ε1 ptq dx ` |β| ˇpR1 ptqR2 ptqε2 ptqε1 ptqˇ dx
Rd Rd
ż
` |β| |R1 ptqR2 ptqε2 ptqε1 ptqq| dx
Rd
ˆ ż ż ˙
2 2
ď C }R1 ptq}L8 |ε1 ptq| dx ` }R1 ptq}L8 }R2 ptq}L8 |ε2 ptq| |ε1 ptqq| dx
Rd Rd
` ˘
ď C }R1 ptq}2L8 }ε1 ptq}2H 1 ` }R1 ptq}L8 }R2 ptq}L8 }ε1 ptq}L2 }ε2 ptq}L2
` ˘
ď C }ε1 ptq}2H 1 ` }ε1 ptq}H 1 }ε2 ptq}H 1
` ˘
ď C }ε1 ptq}2H 1 ` }ε2 ptq}2H 1
?
ď Ce´2 ω‹ v‹ t
,

isto é,
ˇ ż ˇ
ˇ ˇ ?
ˇℑ L1 pε1 ptq, ε2 ptqq ε1 ptq dxˇˇ ď Ce´2 ω‹ v‹ t , para todo t P rt0 , Tn s. (3.49)
ˇ d
R

Além disso, como d ď 3, H 1 pRd q ãÑ L3 pRd q e H 1 pRd q ãÑ L4 pRd q, temos


ˇ ż ˇ
ˇ ˇ
ˇℑ N1 pε1 ptq, ε2 ptqqε1 ptq dxˇˇ
ˇ
Rd
ˆż ż ż ˙
3 4 2
ďC |R1 ptq| |ε1 ptq| dx ` |ε1 ptq| dx ` |R2 ptq||ε2 ptq||ε1 ptq| dx
d Rd Rd
ˆRż ż ˙
2 2 2
`C |R1 ptq||ε2 ptq| |ε1 ptq| dx ` |ε2 ptq| |ε1 ptq| dx
Rd Rd
` ˘
ďC }R1 ptq}L8 }ε1 ptq}3L3 ` }ε1 ptq}4L4
` }R2 ptq}L8 }ε2 ptq}L2 }ε1 ptq}2L4
` ˘
` C }R1 ptq}L8 }ε1 ptq}L2 }ε2 ptq}2L4 ` }ε2 ptq}2L4 }ε1 ptq}2L4
` ˘
ď C }ε1 ptq}3H 1 ` }ε1 ptq}4H 1 ` }ε2 ptq}H 1 }ε1 ptq}2H 1
` ˘
` C }ε1 ptq}H 1 }ε2 ptq}2H 1 ` }ε2 ptq}2H 1 }ε1 ptq}2H 1
` ˘
ď C }ε1 ptq}3H 1 ` }ε1 ptq}4H 1 ` }ε2 ptq}2H 1 ` }ε1 ptq}4H 1
` ˘
` C }ε1 ptq}2H 1 ` }ε2 ptq}4H 1 ` }ε2 ptq}4H 1 ` }ε1 ptq}4H 1
` ˘
ď C }ε1 ptq}3H 1 ` }ε1 ptq}4H 1 ` }ε2 ptq}2H 1 ` }ε1 ptq}2H 1 ` }ε2 ptq}4H 1
` ? ? ? ˘
ď C e´3 ω‹ v‹ t ` e´4 ω‹ v‹ t ` e´2 ω‹ v‹ t
?
ď Ce´2 ω‹ v‹ t
.

Daí,
ˇ ż ˇ
ˇ ˇ ?
ˇℑ N1 pε1 ptq, ε2 ptqqε1 ptq dxˇˇ ď Ce´2 ω‹ v‹ t , para todo t P rt0 , Tn s. (3.50)
ˇ d
R
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 79

Finalmente vamos estimar o termo forçante. Combinando o Lema 3.3.5 com a desigualdade
(3.39) obtemos
ˇ ż ˇ ż
ˇ ˇ
ˇℑ |R ptq|2
R ptqε ptq dx ˇď |R2 ptq|2 |R1 ptq||ε1 ptq| dx
ˇ 2 1 1 ˇ
Rd Rd
ż
ď }R2 ptq}L8 |R2 ptq||R1 ptq||ε1 ptq| dx
Rd

ď C}|R1 ptq||R2 ptq|}L2 }ε1 ptq}L2


5 ?
ď Ce´p 2 q ω‹ v‹ t
,

ou seja,
ˇ ż ˇ
ˇ ˇ 5 ?
ˇℑ |R2 ptq| R1 ptqε1 ptq dxˇˇ ď Ce´p 2 q ω‹ v‹ t , para todo t P rt0 , Tn s.
2
(3.51)
ˇ d
R

Dessa maneira, pelas desigualdades (3.49)-(3.51)


ˇ ˇ
ˇB ˇ ?
ˇ M pε1 ptqqˇ ď Ce´2 ω‹ v‹ t para todo t P rt0 , Tn s.
ˇ Bt ˇ

Integrando no tempo e lembrando que ε1 pTn q “ u1 pTn q ´ R1 pTn q “ 0, chegamos a

M pε1 ptqq ď |M pε1 ptqq|


ˇż Tn ˇ
ˇ B ˇ
“ˇˇ M pε1 psqqdsˇˇ
t Bs
ż Tn ˇ ˇ
ˇB ˇ
ď ˇ M pε1 psqqˇ ds
ˇ Bs ˇ
t
ż Tn
?
ďC e´2 ω‹ v‹ s ds
ˆt ˙
1 ?
´2 ω‹ v‹ Tn 1 ?
´2 ω‹ v‹ t
ďC ? e ´? e
ω‹ v‹ ω‹ v‹
C ?
ď? e´2 ω‹ v‹ Tn .
ω‹ v‹

Logo,
C ?
M pε1 ptqq ď ? e´2 ω‹ v‹ t , para todo t P rt0 , Tn s.
ω‹ v‹
Fazendo o mesmo processo anterior para ε2 vemos que
C ?
M pε2 ptqq ď ? e´2 ω‹ v‹ t
ω‹ v‹

e consequentemente,
C ?
}pε1 ptq, ε2 ptqq}2L2 pRd qˆL2 pRd q ď ? e´2 ω‹ v‹ t , para todo t P rt0 , Tn s.
ω‹ v‹
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 80

Para terminar esta seção só resta mostrar o Lema 3.3.4. A demonstração deste resultado
é semelhante ao Lema 3.3.3, com a diferença que aqui vamos estimar três quantidades, a
massa, o momento e a energia.

Demonstração do Lema 3.3.4. Suponha a condição (3.39) e seja t P rt0 , Tn s.


Pela definição de S (veja (3.40)),

|Spu1 ptq, u2 ptqq ´ Spu1 pTn q, u2 pTn qq|


“ |pS1 pu1 ptqq ´ S1 pu1 pTn qqq ` pS2 pu2 ptqq ´ S2 pu2 pTn qq|
ď |pEpu1 ptq, µ1 q ´ Epu1 pTn q, µ1 qq ` pEpu2 ptq, µ2 q ´ Epu2 pTn q, µ2 qq|
ˆ ˙ ˆ ˙
|v1 |2 |v2 |2
` ω1 ` |M pu1 ptqq ´ M pu1 pTn q| ` ω2 ` |M pu2 ptqq ´ M pu2 pTn q|
4 4
` |v1 pP pu1 ptqq ´ P pu1 pTn qqq ` v2 pP pu2 ptqq ´ P pu2 pTn qqq| .
Neste sentido, nosso objetivo é controlar cada termo na expressão acima.
Como as massas escalares são conservadas pelo fluxo de (2.2) (veja Capítulo 2) e
pu1 , u2 q é solução de (2.2), então
ˆ ˙ ˆ ˙
|v1 |2 |v2 |2
ω1 ` |M pu1 ptqq ´ M pu1 pTn qq| ` ω2 ` |M pu2 ptqq ´ M pu2 pTn qq| “ 0.
4 4
(3.52)
Agora vamos estimar os termos que envolvem o momento. Como o momento total (2.59)
é uma quantidade conservada (veja Capítulo 2), conseguimos que Ppu1 ptq, u2 ptqq “
Ppu1 pTn q, u2 pTn qq, de onde

P pu1 ptqq ´ P pu1 pTn qq “ P pu2 pTn qq ´ P pu2 ptqq.

Assim, só precisamos estimar

|pv1 ´ v2 qP pu1 ptqq ´ P pu1 pTn qq| “ v‹ |P pu1 ptqq ´ P pu1 pTn qq|. (3.53)

Agora diferenciamos no tempo t o momento para u1 .


B
P pu1 ptqq
Bt ż
1B
“ ℑ u1 ptq∇u1 ptq dx
2 Bt Rd
ż
1 B
“ ℑ pu1 ptq∇u1 ptqq dx
2 Rd Bt
ż
1
“ ℑ pBt u1 ptq ¨ ∇u1 ptq ` u1 ptq ¨ Bt ∇u1 ptqq dx
2 Rd
ż ż
1 1
“ ℑ Bt u1 ptq ¨ ∇u1 ptq dx ´ ℑ ∇u1 ptq ¨ Bt u1 ptq dx
2 Rd 2 Rd
ż ż
1 1
“ ℑ Bt u1 ptq ¨ ∇u1 ptq dx ` ℑ ∇u1 ptq ¨ Bt u1 ptq dx
2 Rd 2 Rd
ż
“ℑ Bt u1 ptq ¨ ∇u1 ptq dx
Rd
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 81

Usando o fato de que pu1 , u2 q satisfaz (2.2) e fazendo integração por partes, Note que na
oitava igualdade usamos o fato de que, fazendo integração por partes,
B
P pu1 ptqq
Bt ż
“ℑ Bt u1 ptq ¨ ∇u1 ptq dx
Rd
ż ż
“ℑ i∆u1 ptq∇u1 ptq dx ` µ1 ℑ i|u1 ptq|2 u1 ptq∇u1 ptq dx
Rd Rd
ż
` βℑ i|u2 ptq|2 u1 ptq∇u1 ptq dx
R d
ż
“ βℑ i|u2 ptq|2 u1 ptq∇u1 ptq dx
d
żR
β ` ˘
“ ℑ i|u2 ptq|2 ∇ |u1 ptq|2 dx
2 d
żR
β ` ˘
“´ |u2 ptq|2 ∇ |u1 ptq|2 dx.
2 Rd
Pois, ż
ℑ i∆u1 ptq∇u1 ptq dx “ 0
Rd
e ż
µ1 ℑ i|u1 ptq|2 u1 ptq∇u1 ptq dx “ 0.
Rd
Com o exposto acima, mostramos que
ż
B β ` ˘
P pu1 ptqq “ ´ |u2 ptq|2 ∇ |u1 ptq|2 dx. (3.54)
Bt 2 Rd

Lembrando que uj “ εj ` Rj para j “ 1, 2 substituindo na equação (3.54) temos

B
P pu1 ptqq
Bt ż
β ` ˘
“´ |u2 ptq|2 ∇ |u1 ptq|2 dx
2 Rd
ż
β ` ˘
“´ |ε2 ptq ` R2 ptq|2 ∇ |ε1 ptq ` R1 ptq|2 dx
2 Rd
ż ż
β β
“´ 2 2
|R2 ptq| ∇p|R1 ptq| q dx ´ 2|R2 ptq|2 ∇pℜpR1 ptq ε1 ptqqq dx
2 Rd 2 Rd
ż ż
β β
´ 2 2
|R2 ptq| ∇p|ε1 ptq| q dx ´ 2ℜpR2 ptq ε2 ptqq∇p|R1 ptq|2 q dx
2 Rd 2 Rd
ż ż
β β
´ 4ℜpR2 ptq ε2 ptqq∇pℜpR1 ptq ε1 ptqqq dx ´ 2ℜpR2 ptq ε2 ptqq∇p|ε1 ptq|2 q dx
2 Rd 2 Rd
ż ż
β β
´ 2 2
|ε2 ptq| ∇p|R1 ptq| q dx ´ 2|ε2 ptq|2 ∇pℜpR1 ptq ε1 ptqqq dx
2 Rd 2 Rd
ż
β
´ |ε2 ptq|2 ∇p|ε1 ptq|2 q dx.
2 Rd
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 82

Vamos estimar cada termo usando a desigualdade (3.39) e o Lema 3.3.5.

ˇ ż ˇ ż
ˇβ ˇ |β|
ˇ 2 2 ˇ |R2 ptq|2 |∇p|R1 ptq|2 q| dx
ˇ 2 d |R2 ptq| ∇p|R1 ptq| q dxˇ ď 2 d
R
żR
|β|
ď 2|R2 ptq|2 |∇R1 ptq||R1 ptq| dx
2 Rd
ż
ďC p|R2 ptq| ` |∇R2 ptq|q2 p|R1 ptq| ` |∇R1 ptq|q2 dx
Rd

“ C }p|R1 ptq| ` |∇R1 ptq|qp|R2 ptq| ` |∇R2 ptq|q}2L2 pRd q


?
ď Cp1 ` |v1 | ` |v2 |q4 e´3 ω‹ v‹ t
.
(3.55)
Aplicando a desigualdade de Hölder,
ˇ ż ˇ
ˇβ ˇ
ˇ |ε ptq|2
∇|ε ptq|2
dx ˇ
ˇ2 d 2 1 ˇ
R
ż
ďC |ε2 ptq|2 |∇|ε1 ptq|2 | dx
d
żR
ďC |ε2 ptq|2 |∇ε1 ptq||ε1 ptq| dx
Rd
ˆż ˙1{2
2 2 2
ďC |ε2 ptq| |ε2 ptq| |ε1 ptq| dx }∇ε1 ptq}L2
Rd

ď C}ε2 ptq}2L6 }ε1 ptq}L6 }∇ε1 ptq}L2 .

Como H 1 pRd q ãÑ L6 pRd q temos


ˇ ż ˇ
ˇβ ˇ
ˇ 2 2 ˇ
ˇ 2 d |ε2 ptq| ∇|ε1 ptq| dxˇ
R

ď C}ε2 ptq}2H 1 }ε1 ptq}H 1 }∇ε1 ptq}H 1 (3.56)


ď Cp}ε2 ptq}2H 1 ` }∇ε1 ptq}2H 1 qp}ε1 ptq}2H 1 ` }∇ε1 ptq}2H 1 q
?
´4 ω‹ v‹ t
ď Ce .
Para cada j “ 1, 2, pelo fado de Rj decair exponencialmente, segue que
ˇ ż ˇ ˇ ż ˇ
ˇβ ˇ ˇβ ˇ
ˇ 2|R ptq|2
∇pℜpR ptqε ptqqq dx ˇ ` ˇ 2ℜpR ptqε ptqq∇p|R ptq|2
q dx ˇ
ˇ2 d 2 1 1 ˇ ˇ2 d 2 2 1 ˇ
R
ż żR
ďC |R2 ptq|2 |∇pℜpR1 ptqε1 ptqqq| dx ` C |ℜpR2 ptqε2 ptqq||∇p|R1 ptq|2 q| dx
d d
żR R
2
ďC |R2 ptq| p|∇R1 ptq||ε1 ptq| ` |∇ε1 ptq||R1 ptq|q dx
Rd
ż
`C |R2 ptq||ε2 ptq||∇R1 ptq||R1 ptq| dx
Rd
ż
ďC |R2 ptq|2 p|∇R1 ptq| ` |R1 ptq|qp|ε1 ptq| ` |∇ε1 ptq|q dx
R d
ż
`C |R2 ptq||ε2 ptq||∇R1 ptq||R1 ptq| dx.
Rd
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 83

Portanto,
ˇ ż ˇ ˇ ż ˇ
ˇβ ˇ ˇβ ˇ
ˇ 2|R ptq|2
∇pℜpR ptqε ptqqq dx ˇ ` ˇ 2ℜpR ptqε ptqq∇p|R ptq|2
q dx ˇ
ˇ2 d 2 1 1 ˇ ˇ2 d 2 2 1 ˇ
R R
ż
ďC p|R1 ptq| ` |R2 ptq|q p|R1 ptq| ` |∇R1 ptq|q p|R2 ptq|qp|ε1 ptq| ` |∇ε1 ptq| ` |ε2 ptq|q dx
d
żR
ďC p|R1 ptq| ` |∇R1 ptq|qp|R2 ptq|qp|ε1 ptq| ` |∇ε1 ptq| ` |ε2 ptq|q dx
Rd

ď C}p|R1 ptq| ` |∇R1 ptq|q|R2 ptq|}L2 p}|ε1 ptq| ` |∇ε1 ptq}L2 ` }ε2 ptq}L2 q
3? ?
ď Cp1 ` |v1 | ` v2 q2 e´ 2 ω‹ v‹ t ´ ω‹ v‹ t
e
?
´ 25 ω‹ v‹ t
ď Cp1 ` |v1 | ` |v2 |q2 e .
(3.57)

Além disso como H 1 pRd q ãÑ L4 pRd q, obtemos


ˇ ż ˇ
ˇβ ˇ
ˇ ˇ
ˇ 2 d 4ℜpR2 ptqε2 ptqq∇pℜpR1 ptqε1 ptqqq dxˇ
R
ż
ďC |R2 ptq||ε2 ptq|p|∇R1 ptq| ` |R1 |qp|∇ε1 ptq| ` |ε1 |q dx
Rd
ż
ďC p|R2 ptq| ` |∇R2 ptq|qp|ε2 ptq| ` |∇ε2 ptq|qp|∇R1 ptq| ` |R1 |qp|∇ε1 ptq| ` |ε1 |q dx
Rd

ď C}p|R2 ptq| ` |∇R2 ptq|qp|∇R1 ptq| ` |R1 |q}L2 }p|ε2 ptq| ` |∇ε2 ptq|qp|∇ε1 ptq| ` |ε1 |q}L2
ď C}p|R2 ptq| ` |∇R2 ptq|qp|∇R1 ptq| ` |R1 |q}L2 }|ε2 ptq| ` |∇ε2 ptq|}L4 }|∇ε1 ptq| ` |ε1 |}L4
ď C}p|R2 ptq| ` |∇R2 ptq|qp|∇R1 ptq| ` |R1 |q}L2 }|ε2 ptq| ` |∇ε2 ptq|}H 1 }|∇ε1 ptq| ` |ε1 |}H 1
3? ?
ď Cp1 ` |v1 | ` |v2 |q2 e´ 2 ω‹ v‹ t ´2 ω‹ v‹ t
e
?
´ 72 ω‹ v‹ t
ď Cp1 ` |v1 | ` |v2 |q2 e .
(3.58)

Similarmente,
ˇ ż ˇ ż
ˇβ ˇ
ˇ 2 ˇ
ˇ 2 d ℜpR2 ptqε2 ptqq∇p|ε1 ptq| q dxˇ ď C d |ε2 ptq||ε1 ptq||∇ε1 ptq| dx
R R
(3.59)
ď }ε2 ptq}L4 }ε1 ptq}L4 }∇ε1 ptq}L2
?
ď Ce´3 ω‹ v‹ t
.

Fazendo integração por partes e por um processo similar ao anterior conseguimos


ˇ ż ˇ ˇ ż ˇ
ˇβ ˇ ˇβ ˇ
ˇ 2 ˇ ˇ 2 ˇ
ˇ 2 d ∇pℜpR1 ptqε1 ptqqq|ε2 ptq| dxˇ “ ˇ 2 d ℜpR1 ptqε1 ptqq∇p|ε2 ptq| q dxˇ
R
żR
ďC |ε1 ptq||ε2 ptq||∇ε2 ptq| dx (3.60)
Rd

ď }ε1 ptq}L4 }ε2 ptq}L4 }∇ε2 ptq}L2


?
ď Ce´3 ω‹ v‹ t
.
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 84

Por outro lado, para j “ 1, 2,

∇p|Rj pt, xq|2 q “ ∇pRj pt, xq ¨ Rj pt, xqq


ˆ ˙
ωj ? ?
“∇ Φj p ωj px ´ vj t ´ xj qq ¨ Φj p ωj px ´ vj t ´ xj qq
µj
3{2
2ωj ? ?
“ ℜpΦj p ωj px ´ vj t ´ xj qq∇Φj p ωj px ´ vj t ´ xj qqq.
µj

Desse modo,
}∇|Rj ptq|2 }L8 ď C}Φj ptq}L8 }∇Φj ptq}L8 ď C.

Por conseguinte, pelo Lema 3.3.3 segue,


ˇ ż ˇ
ˇβ ˇ C ?
ˇ 2 2 ˇ 2 ´2 ω‹ v‹ t
(3.61)
ˇ 2 d |ε2 ptq| ∇|R1 ptq| dxˇ ď C}ε2 ptq}L2 ď ?ω‹ v‹ e .
R

O próximo termo é tratado de forma semelhante ao anterior, além de usar integração por
partes,
ˇ ż ˇ ˇ ż ˇ
ˇβ ˇ ˇβ ˇ
ˇ 2 2 ˇ ˇ 2 2 ˇ
ˇ 2 d |R2 ptq| ∇|ε1 ptq| dxˇ “ ˇ 2 d ∇p|R2 ptq| q|ε1 ptq| dxˇ
R R

ď C}ε1 ptq}2L2 (3.62)


C ?
ď? e´2 ω‹ v‹ t .
ω‹ v‹

Consideremos T0 suficientemente grande tal que


1?
v‹ p1 ` |v1 | ` |v2 |q4 e´ 2 ω‹ v‹ T0
ă 1. (3.63)

Suponha que t ą t0 ą T0 , então combinando (3.55)-(3.62) segue que


ˇ ˇ
ˇ B ˇ
ˇv‹ P pu1 ptqqˇ
ˇ Bt ˇ
ˆ ˙
1 ?
´2 ω‹ v‹ t
?
4 ´3 ω‹ v‹ t
ď Cv‹ ? e ` p1 ` |v1 | ` |v2 |q e
ω‹ v‹
C ? ? ?
ď ? e´2 ω‹ v‹ t ` Cv‹ p1 ` |v1 | ` |v2 |q4 e´ ω‹ v‹ t e´2 ω‹ v‹ t
ω‹
? ? ?
ď Ce´2 ω‹ v‹ t
` Cv‹ p1 ` |v1 | ` |v2 |q4 e´ ω‹ v‹ T0 ´2 ω‹ v‹ t
e
?
ď Ce´2 ω‹ v‹ t
,

isto é, ˇ ˇ
ˇ B ˇ ?
ˇv‹ P pu1 ptqqˇ ď Ce´2 ω‹ v‹ t , (3.64)
ˇ Bt ˇ
onde C “ CpΦj , ωj , µj , βq para j “ 1, 2.
Da equação (3.64) e de (3.53) obtemos o seguinte controle para o momento
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 85

|v1 pP pu1 ptqq ´ P pu1 pTn qqq ` v2 pP pu2 ptqq ´ P pu2 pTn qqq|
“ |v‹ pP pu1 ptqq ´ P pu1 pTn qqq|
ˇż Tn ˇ
ˇ B ˇ
“ ˇˇ v‹ P pu1 psqq dsˇˇ
t Bs
ż Tn ˇ ˇ
ˇ B ˇ (3.65)
ď ˇ ˇ
ˇv‹ Bs P pu1 psqqˇ ds
t
ż Tn
?
ďC e´2 ω‹ v‹ s ds
t
C ?
ď? e´2 ω‹ v‹ t .
ω‹ v‹
Agora, vamos estimar a parte da energia. Como a energia total (2.57) é uma quantidade
conservada (veja Capítulo 2), observamos que

|pEpu1 ptq, µ1 q ´ Epu1 pTn q, µ1 qq ` pEpu2 ptq, µ2 q ´ Epu2 pTn q, µ2 qq|


ˇ ż ˇ
ˇ ˇ
ˇ
“ ˇEpu1 ptq, u2 ptqq ´ Epu1 pTn q, u2 pTn qq ´ β p|u1 ptq| |u2 ptq| ´ |u1 pTn q| |u2 pTn q| q dxˇˇ
2 2 2 2
Rd
ˇ ż ˇ
ˇ ˇ
ˇ
“ ˇβ p|u1 ptq| |u2 ptq| ´ |u1 pTn q| |u2 pTn q| q dxˇˇ
2 2 2 2
d
żR
ď |β| p|u1 ptq|2 |u2 ptq|2 ` |u1 pTn q|2 |u2 pTn q|2 q dx.
Rd

Novamente a ideia é estimar cada termo da desigualdade acima. Primeiro, usando o fato
de que pu1 pTn q, u2 pTn qq “ pR1 pTn q, R2 pTn qq e o Lema 3.3.5 temos
ż ż
2 2
|u1 pTn q| |u2 pTn q| q dx “ |R1 pTn q|2 |R2 pTn q|2 dx
Rd Rd

ď Ce
?
´3 ω‹ v‹ Tn (3.66)
?
ď Ce´3 ω‹ v‹ t
.

Como antes, para o outro termo restante na estimativa da energia, substituímos uj “ Rj `εj
para j “ 1, 2, consequentemente,
ż
|β| |u1 ptq|2 |u2 ptq|2 dx
Rżd
ż
` ˘
“ |β| |R1 ptq| |R2 ptq| dx ` 2|β|
2 2
|R1 ptq|2 ℜ R2 ptq ε2 ptq dx
Rżd Rż
d

` ˘
` |β| |R1 ptq|2 |ε2 ptq|2 dx ` 2|β| ℜ R1 ptq ε1 ptq |R2 ptq|2 dx
d Rd
żR
` ˘ ` ˘
ż
` ˘ (3.67)
` 4|β| ℜ R1 ptqε1 ptq ℜ R2 ptqε2 ptq dx ` 2|β| ℜ R1 ptqε1 ptq |ε2 ptq|2 dx
d Rd
ż R ż
` ˘
` |β| |R2 ptq|2 |ε1 ptq|2 dx ` |β| ℜ R2 ptqε2 ptq |ε1 ptq|2 dx
d d
żR R

` |β| |ε1 ptq|2 |ε2 ptq|2 dx.


Rd
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 86

As seguintes estimativas são obtidas usando os mesmos argumentos que foram usados nas
estimativas do momento. Logo pelo Lema 3.3.5 e a hipótese (3.39)
ˇ ż ˇ
ˇ ˇ ?
ˇβ |R1 ptq| |R2 ptq| dxˇˇ ď C}|R1 ptq||R2 ptq|}L2 ď Ce´3 ω‹ v‹ t ,
2 2
(3.68)
ˇ
Rd

ˇ ż ˇ
ˇ ` ˘ ˇ
ˇ2β ℜ R2 ptqε2 ptq |R1 ptq| dxˇˇ ď C}R1 ptq}L8 }|R1 ptq||R2 ptq|}L2 }ε2 ptq}L2
2
ˇ
Rd (3.69)
?
´ 25 ω‹ v‹ t
ď Ce ,

ˇ ż ˇ
ˇ ` ˘ ˇ
ˇ2β ℜ R1 ptqε1 ptq |R2 ptq| dxˇˇ ď C}R2 ptq}L8 }|R1 ptq||R2 ptq|}L2 }ε1 ptq}L2
2
ˇ
Rd (3.70)
?
´ 25 ω‹ v‹ t
ď Ce ,

ˇ ż ˇ
ˇ ` ˘ ` ˘ ˇ
ˇ4β ℜ R1 ptqε1 ptq ℜ R2 ptqε2 ptq dxˇˇ ď C}|R1 ptq||R2 ptq|}L2 }|ε1 ptq||ε1 ptq|}L2
ˇ d
R

ď C}|R1 ptq||R2 ptq|}L2 }ε1 ptq}L4 }ε2 ptq}L4 (3.71)


ď C}|R1 ptq||R2 ptq|}L2 }ε1 ptq}H 1 }ε2 ptq}H 1
7?
ď Ce´ 2 ω‹ v‹ t
,

ˇ ż ˇ
ˇ ` ˘ ˇ
ˇ2β ℜ R1 ptqε1 ptq |ε2 ptq| dxˇˇ ď C}R1 ptq}L8 }ε1 ptq}L2 }ε2 ptq}2L4
2
ˇ
Rd
(3.72)
ď C}ε1 ptq}L2 }ε2 ptq}2H 1
?
ď Ce´3 ω‹ v‹ t
.
e
ˇ ż ˇ
ˇ ` ˘ ˇ
ˇβ ℜ R2 ptqε2 ptq |ε1 ptq| dxˇˇ ď C}R2 ptq}L8 }ε2 ptq}L2 }ε1 ptq}2L4
2
ˇ
Rd
(3.73)
ď C}ε2 ptq}L2 }ε1 ptq}2H 1
?
ď Ce´3 ω‹ v‹ t
,

ˇ ż ˇ
ˇ ˇ
ˇβ |ε1 ptq| |ε2 ptq| dxˇˇ ď C}ε1 ptq}2L4 }ε1 ptq}2L4
2 2
ˇ
R d (3.74)
?
´4 ω‹ v‹ t
ď Ce .

Por outro lado, pelo Lema 3.3.3 segue,


ˇ ż ˇ
ˇ ˇ
ˇβ |ε ptq|2
|R ptq|2
dx ˇ ď C}R2 ptq}2L8 }ε1 ptq}2L2
ˇ 1 2 ˇ
Rd
(3.75)
C ?
ď? e´2 ω‹ v‹ t .
ω‹ v‹
Capítulo 3. Existência de Multi-Soliton para um sistema não-linear do tipo Schrödinger 87

e
ˇ ż ˇ
ˇ ˇ
ˇβ |ε2 ptq| |R1 ptq| dxˇˇ ď C}R1 ptq}2L8 }ε2 ptq}2L2
2 2
ˇ d
R
(3.76)
C ?
ď? e´2 ω‹ v‹ t .
ω‹ v‹

Combinando (3.66)-(3.76) e tomando T0 suficientemente grande tal que, para t ą t0 ą T0 ,


5? 1 ?
e´ 2 ω‹ v‹ t
ď? e´2 ω‹ v‹ t , (3.77)
ω‹ v‹

obtemos

|pEpu1 ptq, µ1 q ´ Epu1 pTn q, µ1 qq ` pEpu2 ptq, µ2 q ´ Epu2 pTn q, µ2 qq|


ˆ ˙
?
´ 52 ω‹ v‹ t 1 ?
´2 ω‹ v‹ t
ďC e `? e (3.78)
ω‹ v‹
C ?
ď? e´2 ω‹ v‹ t .
ω‹ v‹

Finalmente, consideremos T0 suficientemente grande satisfazendo (3.63) e (3.77), segue de


(3.52), (3.65) e (3.78) que se t0 ą T0 , existe C ą 0 independente de n e de v‹ tal que, para
todo t P rt0 , Tn s,

C ?
|Spu1 ptq, u2 ptqq ´ Spu1 pTn q, u2 pTn qq| ď ? e´2 ω‹ v‹ t ,
ω‹ v‹

o que mostra o resultado desejado.

Com a demonstração deste lema temos obtidos todos os requerimentos com os quais
foi mostrado o teorema principal desta dissertação.
88

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Referências 89

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Korteweg-de Vries equations. Amer. J. Math., v. 127, n. 5, p. 1103–1140, 2005.

MARTEL, Y.; MERLE, F. Multi solitary waves for nonlinear Schrödinger equations. Ann.
Inst. H. Poincaré Anal. Non Linéaire, v. 23, n. 6, p. 849–864, 2006.

MERLE, F. Construction of solutions with exactly k blow-up points for the Schrödinger
equation with critical nonlinearity. Comm. Math. Phys, v. 129, n. 2, p. 223–240, 1990.

PASTOR, A. Weak concentration and wave operator for a 3D coupled nonlinear


Schrödinger system. J. Math. Phys, v. 56, n. 2, 2015.

REED, M.; SIMON, B. Methods of modern mathematical physics. Academic Press, New
York, v. 4, 1980.

SCHUUR, P. C. Asymptotic analysis of soliton problems. An inverse scattering approach.


Lecture Notes in Mathematics 1232, springer-Verlag, Berlin, 1986.

STRAUSS, W. A. Nonlinear invariant wave equations. Invariant wave equations. Lecture


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TAO, T. Why are solitons stable? Bull. Amer. Math. Soc. (N.S.), v. 46, n. 1, p. 1–33,
2009.

WEINSTEIN, M. I. On the structure and formation of singularities in solutions to


nonlinear dispersive evolution equations. Comm. Partial Differential Equations, v. 11,
n. 5, p. 545–565, 1986.
90

APÊNDICE A – PROPRIEDADE DE
COERCIVIDADE

Nesta seção vamos mostrar alguns resultados usados no Lema 3.2.4 que não foram
demonstradas.

Forma quadrática associada a S0


O seguinte teorema estabelece algumas propriedades da forma
ż quadrática H0 (veja
(3.7)). No que segue, para simplificar a notação, denotaremos f dx simplesmente por
ż Rd

f.
Rd

Teorema A.0.1. Seja o operador S0 : H 1 pRd q Ñ R definido por


ˆ ˙
|v0 |2
S0 puq :“ Epu, µ0 q ` ω0 ` M puq ` v0 ¨ P puq,
4

para toda u P H 1 pRd q. Então


ˆ ˙
|v0 |2
S01 puq “ ´∆u ` ω0 ` u ` iv0 ∇u ´ µ0 |u|2 u.
4
e
ˆ ˙ ż ż ż
|v0 |2
xS02 pR0 qv, vy “ }∇v}2L2 ` ω0 ` }v}L2 `v0 ¨ℑ v∇v´2µ0 |R0 | |v| ´µ0 ℜpR0 vq2
2 2 2
4
Rd Rd Rd

onde R0 é definido como em (3.5).

Demonstração. Lembrando que


1 µ0
Epu, u0 q :“ }∇u}2L2 ´ }u}4L4 ,
2 4
1
M puq :“ }u}2L2 ,
2
e ż
1
P puq :“ ℑ u∇u,
2 Rd
obtemos
ˆ ˙ ż
1 µ0 1 |v0 |2 1
S0 puq “ }∇u}2L2 ´ }u}4L4 ` ω0 ` 2
}u}L2 pRd q ` v0 ¨ u∇u.
2 4 2 4 2 Rd

Agora, vamos calcular a derivada de Gateaux de S0 .


APÊNDICE A. PROPRIEDADE DE COERCIVIDADE 91

Considere ż
1 1
S1 puq “ }∇u}2L2 “ |∇u|2
2 2 Rd

. Logo para v P H 1 pRd q,


ş ş
1 |∇pu ` tvq| 2
´ |∇u|2
xS11 puq, vy “ lim R
d Rd
2 tÑ0 ş t ş
1 Rd
|∇u ` t∇v| 2
´ Rd |∇u|2
“ lim
2 tÑ0 ş şt ş ş ş
1 d |∇u|2
` t Rd
∇u∇v ` t Rd ∇u∇v ` t2 Rd |∇v|2 ´ Rd |∇u|2
“ lim R
2 tÑ0 ş ş t 2
1 t d p∇u∇v ` ∇u∇vq ` t Rd |∇v|2
“ lim R
2żtÑ0 t
1
“ p∇u∇v ` ∇u∇vq
2 Rd
ż
“ℜ ∇u∇v
Rd
ż
“ ´ℜ ∆uv
Rd

“ x´∆u, vy.

Desse modo, no sentido das distribuições, temos que S11 puq “ ´∆u.
Ademais,
ş ş
ℜ ∇pu ` tvq∇v ´ ℜ ∇u∇v
xS12 puqv, vy “ lim R d Rd
tÑ0
ş t
tℜ Rd ∇v∇v
“ lim
tÑ0
ż t
“ lim ℜ ∇v∇v
tÑ0
ż Rd

“ |∇v|2
Rd

“ }∇v}2L2 .

Por outro lado, seja


ˆ ˙ ˆ ˙ż
1 |v0 |2 2 1 |v0 |2
S2 puq “ ω0 ` }u}L2 pRd q “ ω0 ` |u|2 .
2 4 2 4 Rd

Então, para v P H 1 pRd q


ˆ ˙ş ş
1 1 |v0 |2 Rd
|u ` tv|2 ´ Rd |u|2
xS2 puq, vy “ ω0 `
2 4 t
ˆ ˙ ş ş ş ş ş
1 |v0 |2 R d |u|2
` t Rd |v|2
` t R d uv ` Rd uv ´ Rd
|u|2
“ ω0 `
2 4 t
ˆ 2
˙ ż
|v0 |
“ ω0 ` ℜ uv.
4 Rd
APÊNDICE A. PROPRIEDADE DE COERCIVIDADE 92

ˆ ˙
|v0 |2
Dessa maneira, S21 puq
“ ω0 ` u.
4
Também, temos que
ˆ ˙ ş ş
2 |v0 |2 ℜ Rd pu ` tvqv ´ ℜ Rd uv
xS2 puqv, vy “ ω0 ` lim
4 tÑ0 t
ż
“ℜ |v|2
Rd

“ }v}2L2 .
ż
1
Agora, considere S3 puq “ v0 ¨ ℑ u∇u. Fazendo o mesmo processo acima obtemos
2 Rd
ş ş
1 v 0 ¨ ℑ pu ` tvq∇pu ` tvq ´ v 0 ¨ ℑ u∇u
xS31 puq, vy “ lim Rd Rd
2 tÑ0
` ş şt ˘
1 t v 0 ¨ ℑ Rd
u∇v ` v 0 ¨ ℑ Rd
v∇u

2ˆ ż t ż ˙
1
“ ´v0 ¨ ℑ ∇uv ` v0 ¨ ℑ ∇vu
2 Rd Rd
ż
“ v0 ¨ ℑ v∇u
Rżd

“ ´v0 ¨ ℑ v∇u
d
ˆ żR ˙
“ v0 ¨ ℜ i v∇u
Rd

e assim S31 puq “ iv0 ∇u. Também,


ş ş
v0 ¨ ℑ ∇pu ` tvqv ´ v0 ¨ ℑ Rd ∇uv
xS32 puqv, vy “ lim Rd
tÑ0
ş t ş ş
v0 ¨ ℑ Rd ∇uv ` tv0 ¨ ℑ Rd ∇vv ´ v0 ¨ ℑ Rd ∇uv
“ lim
tÑ0
ż t
“ lim v0 ¨ ℑ ∇vv
tÑ0
Rd
ż
“ v0 ¨ ℑ ∇vv.
Rd
Logo,
ż
xS32 puqv, vy“ v0 ¨ ℑ ∇vv.
Rd
ż
µ0 µ0
Por ultimo, considere S4 puq “ ´ }u}L4 “ ´ 4
|u|4 . Daí,
4 4 Rd
ş 4
ş
µ 0 |u ` tv| ´ |u|4
xS41 puq, vy “ ´ R d Rd
4 ş t ş ş ş
µ0 Rd |u| 4
` 2t Rd |u| 2
uv ` 2t Rd |u|2
vu ´ Rd
|u|4
“´
4 ˆż ż t˙
µ0
“´ |u|2 vu ` |u|2 uv
2 d d
żR R

“ ´µ0 ℜ |u|2 uv.


Rd
APÊNDICE A. PROPRIEDADE DE COERCIVIDADE 93

e S41 puq “ ´µ0 |u|2 u.


Além disso,
ş ş
ℜ |u ` tv|2 pu ` tvqv ´ ℜ Rd |u|2 uv
xS42 puqv, vy “ ´µ0 lim Rd
tÑ0
ş t ş
ℜ Rd |p|u|2 uv ` t|u|2 v 2 ` tv 2 u2 ` t|u|2 |v|2 ´ ℜ Rd |u|2 uv
“ ´µ0 lim
tÑ0
ż ż t
“ ´2µ0 ℜ |u|2 |v|2 ´ µ0 ℜ puvq2 .
Rd Rd

Portanto,

S01 puq “ S11 puq ` S21 puq ` S31 puq ` S41 puq
ˆ ˙
|v0 |2
“ ´∆u ` ω0 ` u ` iv0 ∇u ´ µ0 |u|2 u,
4
e

xS02 pR0 qv, vy


“ xS12 pR0 qv, vy ` xS22 pR0 qv, vy ` xS32 pR0 qv, vx`xS42 pR0 qv, vy
ˆ ˙ ż ż ż
|v0 |2
2
“ }∇v}L2 ` ω0 ` }v}L2 ` v0 ¨ ℑ v∇v ´ 2µ0 |R0 | |v| ´ µ0 ℜpR0 vq2 .
2 2 2
4
Rd Rd Rd

No próximo corolário mostraremos uma propriedade de H0 que foi usada na demons-


tração do Lema 3.2.4.

Corolário A.0.2. Dado v P H 1 pRd q, considere z tal que


c
ω0 ipω0 t´ |v0 |2 t` 1 v0 ¨x`γ0 q ?
vpxq “ e 4 2 zp ω0 px ´ v0 t ´ x0 qq,
µ0

para todo x P Rd . Então


ˆ 2 ż ż ˙
1 ω0 2 ω02 2 2ω02 2 2 ω02 2
H0 pt, vq “ ? d }∇z}L2 ` }z}L2 ´ |Φ0 | |z| ´ ℜpΦ0 zq .
p ω0 q µ0 µ0 µ0 Rd µ0 Rd

Demonstração. Temos

H0 pt, vq
ˆ ˙ ż ż ż
|v0 |2
“ }∇v}2L2 ` ω0 ` }v}L2 ` v0 ¨ ℑ v∇v ´ 2µ0 |R0 | |v| ´ µ0 ℜpR0 vq2 .
2 2 2
4
Rd Rd Rd

Nos cálculos abaixo denotaremos as expressões e˘ip¨q , zr e r 0 respectivamente por


Φ
|v0 |2 1 ? r 0 pxq :“ Φ0 p?ω0 px ´ v0 t ´
e˘ip¨q :“ e˘ipω0 t´ 4 t` 2 v0 ¨x`γ0 q , zrpxq :“ zp ω0 px ´ v0 t ´ x0 qq e Φ
x0 qq.
APÊNDICE A. PROPRIEDADE DE COERCIVIDADE 94

Inicialmente, usando mudança de variáveis, temos


ż
2
}∇v}L2 “ |∇v|2
Rd
ż ˇ ˆc ˙ˇ2
ˇ ω 0 ˇ
“ ˇ∇ e ip¨q
r
z ˇ
ˇ µ0 ˇ
Rd
ż
ω0 ` ˘
“ ∇ eip¨q zr ∇ peip¨q zrq
µ0 Rd
ż ˆ ˙ (A.1)
ω0 |v0 |2 2 ? i ? i 2
“ z | ` ω0 v0 ¨ zr∇r
|r z ´ ω0 v0 ¨ zr∇rz ` ω0 |∇r
z|
µ0 Rd 4 2 2
ż ˆ ˙
ω0 |v0 |2 2 ? i ? i 2
“ ? |z| ` ω0 v0 ¨ z∇z ´ ω0 v0 ¨ z∇z ` ω0 |∇z|
µ0 p ω0 qd Rd 4 2 2
ˆ 2 ż ˙
ω0 |v0 | 2 ? 2
“ ? }z}L2 ´ ω0 v0 ¨ ℑ ∇zz ` ω0 }∇z}L2 .
µ0 p ω0 qd 4 Rd

Além disso,
ˆ ˙ ˆ ˙ż
|v0 |2 2 |v0 |2
ω0 ` }v}L2 “ ω0 ` |v|2
4 4 Rd
ˆ ˙ ż ˇc ˇ
|v0 |2 ˇ ω0 ip¨q ˇ2
“ ω0 ` ˇ ˇ
4 ˇ µ0 e zrˇ
Rd
ˆ ˙ż (A.2)
ω0 |v0 |2
“ ω0 ` z |2
|r
µ0 4 Rd

ω02 ω0 |v0 |2
“ ? d }z}2L2 ` ? }z}2 2 .
µ0 p ω0 q 4µ0 p ω0 qd L
Por outro lado,
ż ż c ˆc ˙
ω0 ip¨q ω0 ip¨q
v0 ¨ ℑ v∇v “ v0 ¨ ℑ e zr ¨ ∇ e zr
Rd Rd µ0 µ0
ż ˆ ˙
ω0 ip¨q i ´ip¨q ? ´ip¨q
“ v0 ¨ ℑ e zr ´ v0 e zr ` ω0 e ∇rz
µ0 Rd 2
ż ˆ ˙ ż
ω0 |v0 |2 i 2 ? ω0
“ ℑ ´ |r z | ` ω0 v0 ¨ ℑ zr∇rz (A.3)
µ0 Rd 2 µ0 Rd
ż 3{2 ż
ω0 |v0 |2 2 ω0
“´ z| `
|r v0 ¨ ℑ zr∇rz
2µ0 Rd µ0 Rd
3{2 ż
ω0 |v0 |2 2 ω0
“´ ? }z} 2 ` ? v0 ¨ ℑ z∇z.
2µ0 p ω0 qd L µ0 p ω0 qd Rd

Também temos
ż ż ˇc ˇ ˇc ˇ
ˇ ω0 ip¨q ˇ2 ˇ ω0 ip¨q ˇ2
ˇ r ˇ ˇ ˇ
ˇ µ0 e Φ0 ˇ ˇ µ0 e zrˇ
2 2
´2µ0 |R0 | |v| “ ´2µ0
Rd R d
ż
2ω02 r 0 |2 |r
“´ |Φ z |2 (A.4)
µ0 Rd
ż
2ω02
“´ ? d |Φ0 |2 |z|2 .
µ0 p ω0 q Rd
APÊNDICE A. PROPRIEDADE DE COERCIVIDADE 95

Finalmente,
ż ż ˜c c ¸2
ω 0 ip¨q r ω 0 ip¨q
´µ0 ℜpR0 vq2 “ ´µ0 ℜ e Φ0 e zr
Rd R d µ 0 µ 0
ż ´ ¯2
ω02 r 0 zr (A.5)
“´ ℜ Φ
µ0 Rd
ż
ω02
“ ´ ? dℜ pΦ0 zq2 .
µ0 p ω0 q Rd

Portanto, de (A.1)-(A.5) segue o resultado.

Perturbação compacta do Laplaciano


Esta seção é dedicada à demonstração de um resultado usado no Lema 3.2.4.

Teorema A.0.3. Seja L o operador definido em (3.9). Então L é uma perturbação


compacta de L0 :“ ´∆ ` 1 : H 2 pRd q Ă L2 pRd q Ñ L2 pRd q.

Demonstração. Da definição de pertubação compacta (REED; SIMON, 1980, Pag.113)


precisamos mostrar que o operador linear pL ´ L0 qpL0 ´ λIq´1 é compacto para algum
λ P ρpL0 q. Como σpL0 q “ r1, `8q, isto garante que λ “ 0 P ρpL0 q, de onde, só devemos
mostrar que o operador pL ´ L0 qL´1 0 é compacto.
Seja vn P L2 pRd q limitada e denotemos por T “ pL ´ L0 qL´1 0 : L2 pRd q Ñ L2 pRd q.
Pela igualdade (3.9) temos que pL ´ L0 qv “ ´2ω0 |Φ0 |2 v ´ ω0 Φ20 v e como Φ0 decai
exponencialmente, então L ´ L0 é um operador limitado. Logo, T é um operador limitado
em L2 pRd q, pois é composta de operadores limitados. Assim T vn é uma sequência limitada
c
em L2 pRd q, portanto, existe v P L2 pRd q tal que T vn á v em L2 pRd q, e como L2 pRd q ãÑ
L2loc pRd q, então temos que T vn Ñ v em L2loc pRd q. O decaimento exponencial de Φ0 vai
implicar que T vn Ñ v em L2 pRd q, o que mostra que pL ´ L0 qL´1
0 é um operador compacto.
De fato, seja δ ą 0. Consideremos rδ ą 0 o qual vai ser definido mais para frente.
Então,

}T vn ´ v}2L2 “ }T vn ´ v}2L2 p|x|ąrδ q ` }T vn ´ v}2L2 p|x|ďrδ q , (A.6)

e dado que T vn Ñ v em L2loc pRd q, temos que, }T vn ´ v}2L2 p|x|ďrδ q Ñ 0. Logo só devemos
estimar o termo }T vn ´ v}2L2 p|x|ąrδ q . Para isso, escolha rδ tal que, para q “ 2,
ż 1
4q 1 δq
|Φ0 | dx ď , (A.7)
M
|x|ąrδ

onde q 1 é o conjugado de q e M vai ser escolhido mais para frente.


APÊNDICE A. PROPRIEDADE DE COERCIVIDADE 96

Agora, H 2 pRd q ãÑ L4 pRd q, pois d ď 3, e pL´1 0 vn q é uma sequência limitada em


H pR q então aplicando a desigualdade de Hölder, temos
2 d

ż ˇ ˇ2
ˇ 2 ´1 ˇ
2
}T vn }L2 p|x|ąrδ q “ ˇ2ω0 |Φ0 |2 L´1
0 v n ` ω Φ L
0 0 0 v nˇ

|x|ąrδ
ż ´ˇ ˇ ˇ ˇ¯
ďC ˇ2ω0 |Φ0 |2 ˇ2 ` ˇω0 Φ20 ˇ2 |L´1
0 vn |
2

|x|ąrδ
ż
ďC |Φ0 |4 |L´1
0 vn |
2
(A.8)
|x|ąrδ
¨ ˛1{q1 ¨ ˛1{q
ż ż
˚ 1‹ ˚ 2q ‹
ďC˝ |Φ0 |4q ‚ ˝ |L´1
0 vn | ‚
|x|ąrδ |x|ąrδ

ď δ,
1
sendo M “ C1q em (A.7), onde C1 é tal que
¨ ˛1{q1
ż
˚ 2q 1 ‹
C˝ |L´1
0 vn | ‚ ď C1 .
|x|ąrδ

Além disso, pela convergência fraca em L2 pRd q, temos convergência fraca em L2 p|x| ą rδ q.
Logo,
}v}L2 p|x|ąrδ q ď lim inf }T vn }L2 p|x|ąrδ q .
nÑ`8

Assim,
}v}L2 p|x|ąrδ q ď δ. (A.9)

Usando (A.8) e (A.9) em (A.6), segue que }T vn ´ v}L2 Ñ 0. Com isto obtemos o resultado.

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