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Instituto de Fı́sica
Departamento de Fı́sica Teórica
Orientador:
Eduardo Cantera Marino
Agradecimentos
Por todos esses anos ricos de aprendizado em fı́sica quero deixar aqui toda a minha
gratidão ao professor Eduardo Marino, que com paciência e muita dedicação me guiou
por essa selva densa, que é a fı́sica teórica, sempre mostrando que a perseverança e a
dedicação são tudo para trafegar de forma segura nessa selva.
Agradeço a todos aqueles que, com muita gentileza, me ajudaram todos esses anos,
desde a graduação, passando pelo mestrado, até o doutorado. Quero agradecer em parti-
cular aos amigos, os quais sempre estiveram presentes em todos os momentos, sendo bons
ou ruins. Em especial quero agradecer ao Paulo Wells por toda a ajuda e pelas belas
discussões de fı́sica.
Agradeço o auxı́lio da CAPES, sem o qual não poderia jamais ter me dedicado com
afinco ao presente trabalho.
E, finalmente, quero agradecer à minha famı́lia por todo o incentivo, amor e por tudo
que ela representa pra mim.
ii
iii
Resumo
Abstract
This thesis is in the area of applications of Quantum Field Theory (QFT) methods to dis-
ordered quantum magnetic systems of the spin glass type in 2+1 dimensions. We explore,
specifically, the case of a Heisenberg quantum spin system with SO(3) symmetry in two
spatial dimensions and nearest neighbors interaction. The disorder is introduced through
a gaussian distribution of exchange parameters. For technical reasons, we consider the
case in which the gaussian center has a value which corresponds to an antiferromagnetic
coupling.
The methodology of coherent spin states was used to map the problem into a model
of quantum field theory that is a generalization of a nonlinear sigma model with SO(3)
symmetry containing a quartic interaction. This interaction term is a consequence of
the disorder and is proportional to the gaussian width. After a Hubbard-Stratonovitch
transformation and functional integration on the transverse degrees of freedom of the
nonlinear sigma field, we explore the phase diagram of the system within the mean field
approximation.
The T × J phase diagram ( where J is the center of the gaussian distribution of
exchange couplings ) is obtained analytically for different values of the gaussian width.
This diagram shows the existence of a quantum paramagnetic phase and a spin glass
phase, which are separated by a critical curve that is explicitly determined. We also
obtain analytic expressions for the static magnetic susceptibility and for the Edwards-
Anderson parameter, respectively, in the paramagnetic and spin glass phases. We show
that the former satisfies Curie’s law at high temperatures.
We have discovered a quantum critical point, which separates the quantum paramag-
netic phase from the spin glass phase at T = 0. The position of this quantum critical point
depends on the disorder through the parameters of the gaussian distribution. Finally, we
show that no ordered Néel-type phase occurs as in the pure system at T = 0.
Sumário
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . i
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iii
Abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iv
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v
Lista de Figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vi
Lista de Tabelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix
Introdução 1
4 Diagrama de fases 45
4.1 Significado Fı́sico dos Parâmetros q e χ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.2 As Fases termodinâmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.2.1 A Fase Paramagnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.2.2 A Fase Vidro de Spins . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
v
vi Sumário
Apêndices 61
Bibliografia 73
Lista de Figuras
2.1 A rede em duas dimensões espaciais junto com a decomposição do campo Ω nos campos
n e L. Nota-se a perpendicularidade entre os campos n e L. . . . . . . . . . . . . . 25
2.2 Geometria dos estados coerentes de spins. Os estados coerentes de spin mapeiam a
esfera bidimensional sobre o plano complexo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.3 Interpretação geométrica da expressão de SB . A evolução temporal função Ω(τ, u),
define o mapeamento do retângulo 0 ≤ τ ≤ β, 0 ≤ u ≤ 1 sobre a esfera unitária, logo
SB é o ângulo sólido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.1 A relação do parâmetro A com a frustração e a desordem para alguns valores de ρ̄s e
mantendo D fixo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.2 A relação do parâmetro A com a frustração e a desordem mantendo ρ̄s fixo e tomando
diferentes valores para D. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.3 Gráfico da massa m2 em função da susceptibilidade estática χ0 . . . . . . . . . . . 54
4.4 Gráfico descrevendo a relação entre os dois lados da equação (4.42). . . . . . . . . . 54
4.5 Gráfico da temperatura em função da rigidez de spin (spin stiffness) em escala normal. 56
4.6 Gráfico da temperatura em função da rigidez de spin em escala logarı́tmica. . . . . . 56
vii
viii Lista de Figuras
Lista de Tabelas
1.1 As várias formas de tratar o termo quártico usando uma variável auxiliar . 20
ix
x Lista de Tabelas
Introdução
Os sistemas sem desordem1 , tais como cristais ideais ou perfeitos, materiais antiferro-
magnéticos e ferromagnéticos uniformes, apresentam simetrias espaciais que simplificam
bastante a sua análise teórica. No entanto, na natureza não existem tais tipos de sistemas
apresentando um perfeito ordenamento em suas estruturas microscópicas. Todo sistema
real contém um certo grau de desordem que destrói as simetrias existentes levando ao sur-
gimento de novas simetrias ou a uma completa falta de simetria em nı́vel microscópico.
Isto leva à existência de falhas do limite termodinâmico para certas quantidades [ Ander-
son & Stein (1985) ], quebra de ergodicidade [ Palmer (1982) ], competição entre estados
fundamentais [ Sachdev et al (1999) ] e uma gama de outros comportamentos fı́sicos
interessantes.
Esta tese de doutorado aborda um tipo particular de comportamento fı́sico de sis-
temas com desordem denominado, de maneira geral, vidro de spins. Este nome foi cunhado
nos anos 70 para especificar um novo estado do magnetismo que, diferentemente das fases
ferromagnética e antiferromagnética, apresentava uma total ausência de ordenamento em
seu estado fundamental e diferentemente da fase paramagnética apresentava quebra de
ergodicidade [ Mydosh (1993) ].
Por vidros de spins entendemos sistemas com momentos magnéticos localizados
( spins ), nos quais os estados são caracterizados por uma desordem fixa no tempo,
onde cada par de spins vizinhos têm uma probabilidade a priori de ter uma interação
ferromagnética ou uma antiferromagnética. Portanto, nenhuma ordem convencional (
do tipo antiferromagnética ou ferromagnética ) de longo alcance pode ser estabelecida.
Isto faz com que um sistema tipo vidro de spins, constitua-se realmente em um novo
estado do magnetismo. Como conseqüência estes sistemas sofrem um tipo de transição (
freezing transition ) para um estado com um novo tipo de ordem na qual existe correlação
temporal mas não existe correlação espacial entre os spins, daı́ o nome vidro de spins,
onde a desordem magnética apresenta uma semelhança com a desordem translacional nos
1
Neste sentido desordem se refere a impurezas, que leva a uma falta de correlação espacial no estado
fundamental do sistema. No sentido mais amplo a palavra desordem está relacionada, dentro de um certo
nı́vel de escala, com a falta de correlações tanto espaciais quanto temporais. Não confundir desordem
com caos, este último conceito se referindo somente aos aspectos dinâmicos de um determinado sistema.
1
2 Introdução
fase para outra é infinito, ou seja, existe uma degenerescência no estado termodinâmico
do sistema, onde diferentes microestados levam a diferentes estados termodinâmicos e que
apresentam a mesma energia livre mı́nima. Isto caracteriza uma certa dependência do
sistema com respeito à sua preparação experimental.
Experimentalmente não é possı́vel distinguir um estado metaestável de um sistema
não-ergódico. O motivo reside no fato de que, na mecânica estatı́stica, a taxa na qual
as flutuações das variáveis que descrevem os graus de liberdade do sistema ocorrem, de-
pende do espectro dos tempos de relaxação τ do problema. Se o tempo de observação,
τexp , for muito maior do que o tempo de relaxação máximo, τmax , então pode-se afir-
mar, num contexto clássico, que o sistema explora todas as regiões do espaço de fase.
Dito de outra forma, a média temporal tomada sobre a observação dessas variáveis será
equivalente a uma média da mecânica estatı́stica em equilı́brio, chamada média de Gibbs
ou também média sobre ensembles, onde todos os estados microscópicos são incluı́dos de
acordo com uma certa distribuição, e neste caso dizemos que o sistema está em equilı́brio
termodinâmico completo. Entretanto, existem muitos exemplos onde estas médias não
são as mesmas. Considere, novamente, os vidros comuns ( Dióxido de silı́cio amorfo ), os
quais poderão, de acordo com a média de Gibbs, existir na forma cristalina e cuja energia
livre é a mı́nima possı́vel ( Dióxido de silı́cio na forma cristalina ) [ Palmer (1982) ]. A
estrutura amorfa observada é um estado metaestável, cuja energia livre é maior do que
a energia livre da forma cristalina, e este estado decairá em um tempo finito, apesar de
enorme, ao estado cristalino. Este decaimento, geralmente ocorre através da formação
de pequenas regiões apresentando fase cristalina, que crescem e cobrem todo o material
amorfo.
Existem alguns sistemas, onde se acredita que o tempo de relaxação máximo, τmax ,
realmente tende ao infinito, ao tomarmos o limite termodinâmico4 , neste caso dizemos
que estes sistemas são verdadeiramente não-ergódicos, e existem regiões do espaço de fase
que jamais serão exploradas pelo sistema.
Dependendo de como a desordem é imposta ao sistema, vários tipos de vidros de
spins podem surgir. No entanto, estes vários tipos se encaixam em duas grandes classes:
podemos ter vidro de spins cuja desordem é incorporada através de uma aleatoriedade na
ocupação dos sı́tios, cujo nome vamos convencionar, vidro de spins aleatórios nos sı́tios,
e vidro de spins produzidos por uma aleatoriedade nas interações magnéticas, os quais
chamaremos vidro de spins aleatórios nas ligações e que será estudado nesta tese.
Na criação de vidros de spins aleatórios por sı́tios, a desordem nos sı́tios decorre da
substituição de solutos5 magnéticos em solventes não magnéticos de forma completamente
aleatória, isto permite tratar o sistema como estatı́stico e usar distribuição de probabili-
dades gaussiana, sem qualquer perda de generalidade. Como exemplos de vidros de spins
4
Em um sistema de rede discreta corresponde ao limite N → ∞, aqui N representando o número de
sı́tios, em um sistema contı́nuo corresponde ao limite do a → 0, estando a representando o parâmetro de
rede.
5
Numa solução, componente cuja fração é muito pequena ou menor do que a do outro componente,
conhecido como solvente
4 Introdução
aleatórios por sı́tio, podemos citar o Eux Sr1−x S (um semicondutor), o La1−x Gdx Al2 (um
metal) e diversas ligas metálicas, tais como Cu1−x Mnx e Au1−x F ex , conhecidas como
vidros de spins canônicos [Mydosh (1993)].
Com o intuito de demonstrar teoricamente a possı́vel existência de uma fase vidro
de spins, Edwards e Anderson [ Edwards & Anderson (1975) ] introduziram um modelo
simples onde a desordem era imposta através da interação de troca. E dentro de uma
teoria de campo médio6 , esses autores foram capazes de demonstrar algumas propriedades
da possı́vel fase. O modelo de Edwards & Anderson consiste de um conjunto de spins
S~i sobre uma rede periódica interagindo através de uma interação de troca Jij , cujo
hamiltoniano é descrito por: X
H=− Jij S~i · S~j , (1)
(ij)
onde a soma é sobre todos os sı́tios e as variáveis Jij são independentemente distribuı́das
através de um distribuição de probabilidade P [Jij ]. Outro modelo importante e extrema-
mente estudado para vidros de spins é o modelo de Sherrington e Kirkpatrick [ Sherrington
& Kirkpatrick (1975) ] com interação de alcance infinito. Tais modelos, até hoje só foram
resolvidos analiticamente, na aproximação de campo médio, no caso Ising, com simetria
discreta e para interação de longo alcance, envolvendo todos os spins da rede [ Parisi
(1979); Binder & Young (1986) ]. No caso de interação de curto alcance (primeiros vizi-
nhos) só existem resultados de simulação numérica [ Marinari et al (2000); Arrachea &
Rozenberg (2001); Camjayi & Rozenberg (2003) ].
O presente trabalho visa a elaboração de um modelo de teoria quântica de campos
para vidros de spins que seja capaz de incorporar a desordem congelada e a frustração
na descrição de um modelo do tipo Heisenberg com simetria SO(3) em duas dimensões,
com uma distribuição gaussiana para o acoplamento de troca e considerando interações
de curto alcance, ou seja, interações entre primeiros vizinhos, analisar as propriedades
decorrentes deste modelo e estabelecer o diagrama de fases. Portanto, de forma a clarear
a compreensão em linhas gerais do presente trabalho, faz-se necessário discutir alguns
conceitos importantes e gerais relacionados ao tratamento de sistemas desordenados.
No capı́tulo 1 será discutido o papel das variáveis estatı́sticas e como elas se rela-
cionam com a estrutura macroscópica do sistema. Será mostrado como incorporar a
desordem e como estabelecer as médias estatı́sticas sobre as variáveis que a representa.
Discutiremos a energia livre em sistemas desordenados e dentro dessa discussão intro-
duziremos o método de réplicas, muito importante na mecânica estatı́stica desses sistemas.
Nesta parte, também será visto o importante papel que os estados coerentes irão desem-
penhar, tanto para a possibilidade de se estabelecer a média sobre a desordem7 quanto
para o mapeamento da teoria microscópica discreta em uma teoria quântica de cam-
6
A principal idéia da teoria de campo médio é refazer todas as interações sobre um corpo por uma
interação média ou efetiva que decorre dos demais corpos. Isto reduz qualquer problema de muitos corpos
em um problema efetivo de um corpo.
7
Esta média é denominada também de média configuracional e diferentemente da média quântico-
térmica se aplica somente a sistemas desordenados.
pos, objetivo principal da presente tese. Estudaremos a questão da falta de invariância
translacional no hamiltoniano em questão e será mostrado que o cálculo da média so-
bre a desordem da função de partição do sistema, na formulação do método de réplicas,
recuperará a invariância translacional ao custo de incorporar uma interação quártica.
Utilizando um campo auxiliar de Hubbard-Stratonovitch, nos será possı́vel eliminar essa
interação quártica, transformando-a em trilinear.
O limite do contı́nuo é feito no capı́tulo 2. Veremos que o mapeamento no contı́nuo
depende do valor do centro da gaussiana e, conseqüentemente, tal dependência irá levar
a uma teoria quântica para um sistema antiferromagnético efetivo que difere de uma
teoria quântica para o caso ferromagnético efetivo. Veremos também como a topologia
da fase geométrica, fruto da interferência quântica entre os estados coerentes, no caso
antiferromagnético dará origem ao termo cinético.
No capı́tulo 3 é feita a integração funcional sobre os graus de liberdade transversos
do campo correspondente à magnetização e, de forma a calcular o determinante multi-
funcional que decorre dessa integração funcional, introduzimos um ansatz que possibilita
calcular exatamente o determinante funcional no espaço de réplicas. Neste capı́tulo obte-
mos a densidade de energia livre.
A termodinâmica do sistema é analisada no capı́tulo 4, onde é explicado o significado
fı́sico dos parâmetros envolvidos e é feito um estudo do diagrama de fases, através das
equações que minimizam a energia livre.
As conclusões, os resultados obtidos e as perspectivas futuras são apresentadas no
capı́tulo 5.
6 Introdução
Capı́tulo
7
8 1 O Hamiltoniano de Heisenberg com Desordem
sı́tios, entretanto em sistemas sujeitos a uma desordem, essas variáveis deixam de ser fixas
e passam a variar de sı́tio para sı́tio. Enquanto as variáveis extrı́nsecas se referem somente
aos sistemas desordenados por imposição externa de impurezas, as variáveis estatı́sticas
intrı́nsecas são inerentes a todos os sistemas de mecânica estatı́stica.
Si Jij Sj
X X
X X X
X X
X X X
X X
Si
X Jij
Figura 1.1: Representação pictórica mostrando as variáveis de spin Si e as variáveis de
interação de troca Jij .
onde notamos que as médias sobre as variáveis intrı́nsecas e sobre as variáveis extrı́nsecas
são feitas em pé de igualdade. Z{Jij } é a função de partição do sistema, a qual é descrita
2
Expressão decorrente da indústria de produção de vidros. Durante a sua fabricação, o vidro é sujeito a
um arrefecimento lento (recozimento) que liberta o vidro de tensões internas e permite que as operações
de corte e manufatura sejam feitas de forma extremamente maleável.
1.1. Variáveis estatı́sticas e o método de réplicas 9
onde hiji significa soma sobre os primeiros vizinhos. No que segue, estará subentendido
que os sı́mbolos em negrito representam grandezas vetoriais. O estado fundamental do
sistema descrito pelo hamiltoniano (1.7) possui ordenamento ferromagnético se Jij > 0
ou ordenamento antiferromagnético se Jij < 0.
Embora o hamiltoniano no caso ferromagnético difira do hamiltoniano no caso an-
tiferromagnético por apenas uma mudança global na constante de acoplamento Jij , as
diferenças existentes em suas propriedades fı́sicas são bem acentuadas. Por exemplo, a
fenomenologia apresentada pelo hamiltoniano, H, b antiferromagnético depende fortemente
da morfologia da rede subjacente, onde neste caso tem-se uma rede bipartite, isto é, uma
rede que pode ser segmentada em duas redes que se interpenetram A e B ( Figura 1.2a
). Dentro dessa morfologia os estados fundamentais do hamiltoniano de Heisenberg an-
tiferromagnético adotam, na ausência de desordem, uma configuração de spin, conhecida
como estado de Neél, onde todos os spins vizinhos são antiparalelos.
Do ponto de vista clássico os estados fundamentais de um sistema ferromagnético (
antiferromagnético ), varrem um variedade de degenerescência contı́nua4 , na qual os spins
estão alinhados paralelamente ( antiparalelamente ), ao longo de direções arbitrárias e
qualquer particular configuração de spins definindo um estado fundamental tem uma sime-
tria mais baixa do que o hamiltoniano. Dentro deste contexto clássico a quebra espontânea
de uma simetria contı́nua é acompanhada pelo aparecimento de graus de liberdade de
baixa energia conhecidos como modos de Goldstone. São essas excitações, conhecidas
como ondas de spin, que governam a estabilidade do estado fundamental clássico e que
podem ser quantizadas [ Tsvelik (2003) ] .
Nos sistemas desordenados, a desordem é imposta ao sistema, independentemente
em cada par de sı́tios, através de uma distribuição gaussiana centrada em torno de um
valor médio J¯ij [ Edwards & Anderson (1975); Sherrington & Kirkpatrick (1975); Binder
4
Uma infinidade de configurações de spins apresentando a mesma energia em T = 0 ( temperatura
nula ).
1.1. Variáveis estatı́sticas e o método de réplicas 11
Antiferromagnetismo Ferromagnetismo
(a) (b)
Figura 1.2: Representação pictórica do estado fundamental (a) do antiferromagnetismo
e (b) do ferromagnetismo.
No entanto, deve-se ter muito cuidado no processo de mediar sobre as variáveis Jij . O
motivo da cautela reside no fato de que sendo as variáveis Jij variáveis clássicas, bastaria
tomar a média de forma padrão, ou seja,
Z Y
[Z n ]av = dJij P [Jij ] Z n {Jij }. (1.9)
(ij)
X Y
exp{ Ôp } = exp{Ôp }, (1.10)
p p
a não ser que todos os operadores comutem entre si, o que não é o caso do hamiltoniano
descrito pela equação (1.7). Portanto, para que a média sobre a desordem seja estabele-
cida, é necessário utilizar estados coerentes de spin a fim de substituir os operadores por
variáveis clássicas.
12 1 O Hamiltoniano de Heisenberg com Desordem
Hsistema ≡ Hs = Hn ⊗ HN
5
As excitações são de baixa energia pelo motivo de toda a análise ser feita sobre flutuações decorrentes
de pequenas perturbações do sistema em torno do seu estado fundamental. Esta idéia é análoga a que
ocorre no estudo do pêndulo, em que só é possı́vel descrever o sistema de forma adequada e simples, isto
é, sem se preocupar com efeitos caóticos, se considerarmos que os valores do ângulo de deslocamento da
posição de equilı́brio sejam muito pequenos, de tal maneira que seja válida a aproximação sin θ ≈ θ.
1.2. Estados coerentes de spin: das variáveis quânticas para as variáveis clássicas 13
onde Hn descreve o espaço de Hilbert das n-réplicas e é dado pelo produto direto do
espaço de Hilbert de cada réplica do sistema, ou seja,
n
O
Hn = Hα = H1 ⊗ H2 ⊗ . . . ⊗ Hn .
α=1
HN descreve o espaço de Hilbert dos N -sı́tios e é descrito pelo seguinte produto direto
N
O
HN = Hi = H1 ⊗ H2 ⊗ . . . ⊗ HN .
i=1
Uma vez que, o traço em (1.6) independe da base sobre a qual é calculado, é possı́vel
definir um conjunto de estados quânticos supercompletos6 |{Ω}i, conhecidos na literatura
como estados coerentes de spin, os quais são definidos da seguinte maneira:
N O
O n
|{Ω}i ≡ |Ωαi i.
i=1 α=1
onde |Ωαi i representa o estado coerente de spin em uma única réplica (α) e em um único
sı́tio (i); a medida de integração é dada pela expressão
Y n
N Y N Y
Y n
2S + 1
dµ(Ω) = dΩαi ≡ dµαi (Ω).
i=1 α=1
4π i=1 α=1
{Sbiα }
Z n X
X
= dµ(Ω)h{Ω}| exp −β b α {Jij , Sbα }|{Ω}i,
H (1.15)
i
α=1 hiji
6
Um conjunto de estados é dito supercompleto se possuir um subconjunto completo, logo um tal
conjunto não pode possuir todos os seus elementos ortogonais entre si.
14 1 O Hamiltoniano de Heisenberg com Desordem
Esfera de Bloch
W
W W
W
W W
y
Espaço de Hilbert
|W
Figura 1.3: Representação pictórica da projeção do vetor de estado, |Ωi, sobre a esfera
de Bloch.
onde
b α {Jij , Sbα } = −Jij S
H bα · S
bα . (1.16)
i i j
Levando em consideração tanto a soma nas réplicas quanto a soma sobre os sı́tios primeiros
vizinhos, pode-se escrever a equação (1.15), da seguinte maneira
m
Z n Y
Y β bα bα
Z n {Jij } = lim dµ(Ω)h{Ω}| e− m H {Jij ,Si } |{Ω}i. (1.18)
m→∞
α=1 hiji
onde
Z h β α i
b bα m
zα {Jij } = lim dµαi (Ω)hΩαi | e− m H {Jij ,Si } |Ωαi i. (1.21)
m→∞
tendo em mente que dµαi,k ≡ dµαi (Ω(τk = kε)) e que |Ωαi,k i ≡ |Ωαi (τk = kε)i.
16 1 O Hamiltoniano de Heisenberg com Desordem
b α |Ωα i
≈ hΩαi,k |Ωαi,k+1i − εhΩαi,k |H i,k+1
" #
α bα α
hΩ i,k | H |Ω i,k+1 i
= hΩαi,k |Ωαi,k+1i 1 − ε α α
, (1.25)
hΩi,k |Ωi,k+1i
Finalmente tem-se, fazendo a substituição dos resultados expressos nas equações (1.30) e
(1.31) na expressão (1.25), o seguinte resultado:
h i
|Ωαi,k+1i ≈ e[εhΩi,k |∆ε |Ωi,k i−εhΩi,k |H |Ωi,k i]
α −εHbα α α α bα α
hΩi,k | e (1.32)
onde
n X
X
H(τ ) = b α {Jij , Sbiα }|Ωαi (τ )i,
hΩαi (τ )|H (1.35)
α=1 hiji
e !
Z YZ
n Y m−1
Y
D[dµ(Ω)] ≡ lim dµαi,k (1.36)
m→∞
α=1 i k=0
este termo é chamado de fase geométrica [ Berry (1984) ] e está relacionado à interferência
quântica dos estados coerentes e é responsável pelos aspectos cinéticos e topológicos do
sistema.
Tendo em mente a definição (1.26) e fazendo uso da segunda propriedade em (1.14)
a qual relaciona valores esperados de operadores quânticos com vetores na esfera de Bloch,
tem-se
n X
X
2
H(τ ) = −S Jij Ωαi (τ ) · Ωαj (τ ). (1.38)
α=1 hiji
Logo, com o uso dos estados coerentes foi possı́vel substituir os operadores quânticos
em variáveis clássicas, porém é importante notar que todo o tratamento envolvido na des-
crição do sistema é ainda quântico, pois todos os aspectos quânticos estão agora contidos
na integração funcional, que se estende sobre todas as possı́veis histórias e não apenas
sobre a história dada pelas equações clássicas do movimento.
W(t=0)
Figura 1.5: Algumas das infinitas histórias do vetor unitário Ω(τ ) na esfera unitária
durante a evolução em tempo euclidiano
pela equação (1.7) alternam aleatoriamente seus valores entre Jij > 0 e Jij < 0, vemos
que existe uma total falta de simetria translacional e o hamiltoniano passa a depender do
sı́tio i. No que se segue veremos como é feita a média estatı́stica sobre estas variáveis e o
que muda na estrutura do hamiltoniano após esta média ser estabelecida.
Com a substituição dos operadores quânticos por variáveis clássicas, estabelecido
anteriormente, torna-se possı́vel calcular a média sobre a desordem da equação (1.6), ou
seja, a média sobre as configurações da variável Jij dada pela equação (1.9). Entretanto,
é importante ter em mente que a distribuição é válida em cada par de sı́tios independen-
temente dos outros pares, ou seja, para cada par de sı́tios existe uma distribuição P [Jij ].
Portanto, com a expressão de Z n {Jij } dada pela equação (1.34) e (1.38), fazendo uso da
distribuição gaussiana (1.8) na equação (1.9)
Z Y Z Pn Rβ
n SB S2 dτ Jij Ωα α
i (τ )·Ωj (τ )
[Z ]av = D[dµ(Ω)]e dJij P [Jij ]e α=1 0
hiji
2
J¯ij
Z Y e −
2(∆Jij )2
Z
2
= D[dµ(Ω)]eSB p dJij e−aij Jij +bij Jij (1.39)
hiji
2π(∆Jij )2
onde
1
aij = (1.40)
2(∆Jij )2
e
n Z β
J¯ij 2
X
bij = +S dτ Ωαi (τ ) · Ωαj (τ ). (1.41)
(∆Jij )2 α=1 0
1.4. Tratamento do termo quártico 19
n Z
!2
S4 X X β
− (∆Jij )2 dτ Ωαi (τ ) · Ωαj (τ ) , (1.43)
2 α=1 0
hiji
junto com a fase geométrica (1.37). Note que Hef (n, Ω) formalmente não contém mais
qualquer tipo de desordem sendo, portanto, translacionalmente invariante7 [ Sherring-
ton & Kirkpatrick (1975); Binder & Young (1986) ]. Entretanto observa-se que a não-
trivialidade associada à desordem é representada pelo termo quártico. Veja que este termo
se anula para ∆Jij → 0, o que equivale a remover a desordem.
ou
Z
1X 1X X
exp bi Aij bj = Dxi exp − xi Aij xj + bi Aij xj . (1.45)
2 2
(ij) (ij) (ij)
onde (ij) significa soma sobre todos os sı́tios da rede. É possı́vel transformar a soma
restrita aos primeiros vizinhos hiji, em uma soma sobre todos os sı́tios, através da matriz
de conectividade, cuja definição é:
1; se i e j são primeiros vizinhos
Kij = (1.46)
0; se i e j diferentes de primeiros vizinhos.
A constante de acoplamento efetiva J¯ij , que descreve o valor médio que as constantes de acoplamento
7
podem assumir em cada par de sı́tios, não pode alternar aleatoriamente entre valores negativos e positivos.
20 1 O Hamiltoniano de Heisenberg com Desordem
Tabela 1.1: As várias formas de tratar o termo quártico usando uma variável auxiliar
Por conseguinte
Z
n
[Z ]av = D[dµ(Ω)]DQeSB −Hef (n,Ω,Q), (1.50)
1.4. Tratamento do termo quártico 21
No estudo de transições de fase, a distinção entre fases é expressa por uma ou mais quan-
tidades termodinâmicas, que denominamos parâmetros de ordem. Desta forma, podemos
caracterizar, por exemplo, fases ferromagnéticas ( F ), antiferromagnéticas ( AF ), para-
magnéticas ( PM ) e vidro de spins ( VS ). O valor médio da distribuição dos parâmetros
de troca, J¯ij , irá definir a natureza do modelo efetivo, obtido após fazer a média sobre
Jij .
no qual não se está somando sobre os ı́ndices i e α. Quanto aos hamiltonianos na equação
(2.2), temos H1 dado por
n XZ
X β
H1 (n, Ω) = −S 2
dτ J¯ij Ωαi (τ ) · Ωαj (τ ). (2.4)
α=1 hiji 0
Note que esse termo é do tipo Heisenberg com uma constante de troca dada pelo valor
médio configuracional de Jij . Conforme vimos anteriormente, o desacoplamento do termo
quártico leva ao surgimento dos termos H2 e H3 , onde
Z Z X X X αβ
S 4 (∆J)2
H2 (n, Q) = dτ dτ ′ Qi,ab (τ, τ ′ )Qαβ ′
j,ab (τ, τ ), (2.5)
2
hiji (αβ) (ab)
Observando a equação (2.4) e fazendo uso do vı́nculo (2.3), podemos escrever essa
equação como
Z
J¯S 2 X X β h α i
n
2
H1AF (n, Ω) = dτ Ωi (τ ) + Ωαj (τ ) − 2 . (2.7)
2 α=1 0
hiji
j
ai j i
z
rj ri
O an
W
y
aL
x
Figura 2.1: A rede em duas dimensões espaciais junto com a decomposição do campo
Ω nos campos n e L. Nota-se a perpendicularidade entre os campos n e L.
Os valores dos campos nα (ri , τ ) e Lα (ri , τ ) são definidos em uma célula microscópica i de
volume ad . No limite em que o volume desta célula microscópica é muito menor que as
dimensões volumétricas totais do sistema, ou seja, ad ≪ V , sendo V o volume do sistema,
temos X Z
1
−→ d dd r. (2.12)
i
a
Logo, em virtude de estarmos tratando com uma soma sobre primeiros vizinhos, é
possı́vel fazer uma expansão em série de Taylor em torno do sı́tio localizado em ri . Com
isso, temos
h i
~ nα (rj , τ )
nα (rj , τ ) = nα (ri , τ ) + (rj − ri ) · ∇ + O (rj − ri )2 . (2.13)
rj =ri
É importante enfatizar que se não estivéssemos tratando com sı́tios primeiro vizinhos, não
nos seria possı́vel estabelecer a expansão em série de Taylor feita acima.
Seja a seguinte definição do vetor parâmetro de rede aij = rj − ri . É através
~
da relação entre este parâmetro e a variação espacial nos sı́tios, dado pelo operador ∇,
que se estabelece a natureza geométrica da rede, isto é, se se está considerando uma
rede quadrada ou uma rede triangular ou uma rede hexagonal, entre outras. Nesta tese,
estamos considerando uma rede quadrada bidimensional, logo, temos
a
onde âij = |aijij | é o vetor unitário na direção rj − ri .
Uma vez que o Lα (ri , τ ) corresponde ao valor esperado do spin total em uma pequena
região do espaço, então formalmente temos, sem qualquer perda de generalidade
¯ 2X n XZ β
JS
H1AF (n, Ω) = dτ a2 ∇j nα (ri , τ ) · ∇j nα (ri, τ )(1 − a2d |Lα (ri , τ )|2 )
2 α=1
hiji 0
p
+4ad+1 Lα (ri , τ ) · ∇j nα (ri , τ ) 1 − a2d |Lα (ri , τ )|2 (2.19)
2d α α
+4a L (ri , τ ) · L (ri , τ ) − 2 ,
como para cada sı́tio, devemos somar sobre 4 vizinhos, a contribuição de opostos se anula,
logo
X X
Lα (−ri ) · (−∇j )nα (−ri ) = − Lα (ri ) · ∇j nα (ri ) = 0. (2.21)
hiji hiji
Qαβ ′ αβ ′
i,ab (τ, τ ) ≡ Qab (ri , τ, τ ). (2.24)
Novamente, uma vez que estamos considerando interações de curto alcance, ou seja, in-
terações entre spins localizados em sı́tios primeiros vizinhos, podemos estabelecer a ex-
pansão em série de Taylor do campo Qαβ ′
ab (rj , τ, τ ) da mesma forma que foi feito para o
campo nα (rj , τ ), isto é,
Qαβ ′ αβ ′ αβ ′ 2
ab (rj , τ, τ ) = Qab (ri , τ, τ ) + a∇j Qab (ri , τ, τ )|rj =ri + O(a ), (2.25)
logo, temos para o termo H2 , fazendo a substituição na equação (2.5) da relação (2.25),
o resultado
Z Z X X X αβ
S 4 (∆J)2
AF
H2 (n, Q) = dτ dτ ′ Qab (ri , τ, τ ′ )Qαβ ′
ab (ri , τ, τ ), (2.26)
2 i (αβ) (ab)
onde está implı́cito a soma sobre as componentes SO(3) representadas aqui por (a, b),
e sobre as réplicas representadas pelos ı́ndices (α, β) (convenção de somatório). No de-
senvolvimento nota-se a existência de termos oscilantes, porém, uma vez que estamos
considerando configurações suaves, esses termos são eliminados no processo de somar so-
bre todos os sı́tios da rede. Quanto ao termo do tipo Q∇Q, ele é eliminado conforme
argumentos de simetria. Fazendo a comparação entre os termos da equação (2.28), vemos
2.1. O limite do Contı́nuo 29
que o segundo termo da equação anterior no limite de ad muito pequeno, será desprezı́vel
com respeito ao primeiro termo, logo
Z Z X
AF 4
H3 (n, Ω, Q) = −S (∆J) 2
dτ dτ ′ nαa (ri , τ )Qαβ ′ β ′
ab (ri , τ, τ )nb (ri , τ ). (2.29)
i
Da observação do termo H1F , equação (2.4), e fazendo uso do vı́nculo (2.3), podemos
escrever n XZ β
¯ 2X
JS h 2 i
F
H1 (n, Ω) = dτ Ωαj (τ ) − Ωαi (τ ) − 2 . (2.31)
2 α=1 0
hiji
e Z Z Z
H3F (n, Ω, Q) = −D dr dτ dτ ′ nαa (r, τ )Qαβ ′ β ′
ab (r, τ, τ )nb (r, τ ). (2.36)
30 2 O Limite Contı́nuo: desordem com predominância AF e F.
Um passo seguinte consiste em determinar qual o papel que a fase geométrica desempenha
na evolução temporal do sistema.
Sabemos que os operadores de spin, Ŝx , Ŝy e Ŝz são os geradores das rotações
nas direções x, y e z respectivamente. No espaço de Hilbert do sistema, analisando os
efeitos dessas rotações sobre o estado fundamental2 |Ωαi (τ = 0)i, vemos que essas rotações
causam uma evolução temporal a partir desse estado. Em termos quantitativos vamos
considerar o operador de rotação infinitesimal de um ângulo γ em torno de um eixo de
rotação em uma direção qualquer, descrita pelo vetor unitário n,
onde
θ
z = z(τ ) = e−iφ (0 ≤ θ ≤ π, 0 ≤ φ ≤ 2π). (2.41)
2
2
Na esfera de Bloch, o estado fundamental aponta na direção z.
2.2. O tratamento da fase geométrica 31
Y
q
j
X q2
t*=ex Y
p(ij)tg
(q/2)
Plano-t
Figura 2.2: Geometria dos estados coerentes de spins. Os estados coerentes de spin
mapeiam a esfera bidimensional sobre o plano complexo.
onde nota-se a dependência do estado com a variável u, logo a equação (2.49) torna-se
Z 1 ∗
α d α α ∂zi,α (τ ) ∂zi,α (τ )
hΩi (τ )| |Ωi (τ )i = duhΩi (τ, u)| Ŝ+ − Ŝ− |Ωαi (τ, u)i. (2.51)
dτ 0 ∂τ ∂τ
é possı́vel explicitar a simetria SU(2) envolvida no sistema, e dessa forma obter a fase
geométrica em um único sı́tio e em uma única réplica, este procedimento é visto em
detalhes no Apêndice A, logo
Z β Z 1 Z β Z 1 α
α α
∂Ωαi,b ∂Ωαi,c α ∂Ωi ∂Ωαi
SB,i = iS dτ duǫabc Ωi,a = iS dτ duΩi · × . (2.53)
0 0 ∂u ∂τ 0 0 ∂u ∂τ
Para obter a fase geométrica para todo o sistema, basta fazer a substituição do
resultado acima na equação (2.38)
Xn XZ β Z 1 α
α ∂Ωi ∂Ωαi
SB = iS dτ duΩi · × . (2.54)
α=1 i 0 0 ∂u ∂τ
u=1
t=b t
x
∂n
= 0,
∂τ u=0
nα (r, τ ) · nα (r, τ ) = 1,
nα (r, τ ) · Lα (r, τ ) = 0, (3.5)
onde é importante notar que não se está somando sobre os ı́ndices de réplicas.
O termo Θ é o termo de Hopf e em duas dimensões considerando configurações
suaves, mostra-se que este termo se anula [ Haldane (1988); Manousakis (1991); Sachdev
(1999) ]. Apesar do sistema original ser desordenado, a teoria efetiva não é. A desordem
é representada pela interação quártica.
Observa-se a partir da equação (3.3) que a ação S1 é quadrática no campo L, dessa
forma, reescrevendo a função de partição, equação (3.1), como
Z Z
n −S2 [n,Q]
[Z ]av = DnDQe DLe−S1 [n,L] , (3.6)
onde c2 = ρ̄s χ̄⊥ representa a velocidade das excitações em baixa energia dos spins. É
importante salientar que na equação (3.7), o vı́nculo nα (r, τ ) · nα (r, τ ) = 1 foi incorpo-
rado na integração funcional através de um multiplicador de Lagrange, representado pelo
funcional δf .
Considere o seguinte reescalonamento do campo n,
1
nα (r, τ ) → √ nα (r, τ ), (3.9)
ρ̄s
isto é feito unicamente para colocar a ação S[n, Q] em uma forma que ressalte a parte não
interagente do campo n. Com este reescalonamento o vı́nculo sobre o campo n torna-se
agora
nα (r, τ ) · nα (r, τ ) = ρ̄s . (3.10)
3.1. Simetrias de Réplicas e Isotropia nas Componentes SO(3) 37
Z Z
1X d
β
α 1 2 α 2 α 2
S[n, Q, λ] = d r dτ |∇n (r, τ )| + 2 |∂τ n (r, τ )| + 2iλα (|n (r, τ )| − ρ̄s )
2 α 0 c
Z Z Z h
D XX β β
+ dd r dτ dτ ′ Qαβ ′ αβ ′
ab (r, τ, τ )Qab (r, τ, τ ) (3.13)
2 0 0
(αβ) (ab)
2 α αβ ′ β ′
− na (r, τ )Qab (r, τ, τ )nb (r, τ ) .
ρ̄s
Onde estamos desprezando o termo constante −2ρ̄s a−2 que pode ser assimilado na medida
de integração funcional. Note que o campo n, que descreve a magnetização da subrede, é
um campo vetorial cujas componentes no espaço de spins são nα = (σ α , ~π α ).
Qαβ ′ αβ ′
ab (r, τ, τ ) = Q (r, τ, τ )δab . (3.14)
Fazendo a substituição desta relação na equação (3.13) acima e levando em conta a de-
composição do campo n em suas componentes σ e ~π , a ação torna-se
onde
Z Z
1X 2
β
1
Sσ [σ, Q, λ] = dr dτ |∇σ (r, τ )| + 2 |∂τ σ α (r, τ )|2 + 2iλα (|σ α (r, τ )|2 − ρ̄s )
α 2
2 α 0 c
38 3 Um Modelo de Teoria Quântica de Campos para Vidros de Spins
Z Z Z
DX 2
β β
+ dr dτ dτ ′ 3Qαβ (r, τ, τ ′ )Qαβ (r, τ, τ ′ ) (3.16)
2 0 0
(αβ)
2 α αβ ′ β ′
− σ (r, τ )Q (r, τ, τ )σ (r, τ ) .
ρ̄s
e
Z Z
1X 2 α
β
2 1 α 2 α 2
Sπ [~π , Q, λ] = dr dτ |∇~π (r, τ )| + 2 |∂τ ~π (r, τ )| + 2iλα |~π (r, τ )|
2 α 0 c
Z Z Z
DX β β
− d2 r dτ dτ ′ ~π α (r, τ ) · Qαβ (r, τ, τ ′ )~π β (r, τ ′ ) . (3.17)
ρ̄s 0 0
(αβ)
Z Z Z Z
1X 2
β
2 ′
β
Sπ [~π , Q, λ] = dr dτ dr dτ ′~π α (r, τ ) · M αβ (r, τ |r′, τ ′ )~π β (r′ , τ ′ ) (3.19)
2 0 0
(αβ)
2D αβ
M αβ (r, τ |r′ , τ ′ ) = (−22 + 2iλα )δ αβ δ(r − r′ )δ(τ − τ ′ ) − Q (r, τ, τ ′ ) (3.20)
ρ̄s
1 ∂2
onde 22 = ∇2 + .
Portanto seja o funcional,
c2 ∂τ 2
Z 1 XZ Z
′ α αβ ′ β ′
I[λ, Q] = D~π exp − dx dx ~π (x) · M (x, x )~π (x ) (3.21)
2
(α,β)
onde faz-se uso de uma notação ainda mais compacta em que x = (r, τ ). Note que a ação
Sπ é quadrática em ~π , logo efetuando a integral funcional sobre este campo na equação
(3.21), obtemos
I[λ, Q] = [det M]−1 (3.22)
Substituindo este resultado na equação (3.18), obtemos
Z
[Z ]av = DσDQDλe−Sσ [σ,Q,λ] [det M]−1 ,
n
(3.23)
3.1. Simetrias de Réplicas e Isotropia nas Componentes SO(3) 39
onde M é uma matriz cujas componentes no espaço de configuração são dadas pela equação
(3.20) em que λ é uma variável que depende localmente das coordenadas espaço-temporais
e é diagonal no espaço das réplicas Q é uma variável multifuncional (coordenadas espaço-
temporais + espaço de réplicas). O determinante multifuncional pode ser escrito da
seguinte maneira:
det M = det[det M], (3.24)
c r
ou equivalentemente
Qαβ = (χ − q)δ αβ + qC αβ , (3.26)
onde χ e q são funções das coordenadas espaço-temporais, I é a identidade no espaço de
réplicas e C é uma matriz no espaço de réplicas onde todos os elementos são iguais a 1,
isto é,
1 ··· 1
C = ... . . . ... . (3.27)
1 ··· 1
A motivação para esta decomposição de Qαβ , tem por objetivo introduzir o parâmetro de
ordem de Edwards-Anderson para a fase vidro de spins [ Edward & Anderson (1975); Bray
& Moore (1980); Binder & Young (1986); Georges et al (2000) ]. Esta envolve médias
de operadores de spin de réplicas distintas α 6= β e, como veremos, está relacionada
com q. A parte correspondente a α = β, que denominamos χ, está relacionada com a
susceptibilidade estática.
Com esta expressão podemos reescrever M em termos de suas componentes no
espaço de réplicas e no espaço de configuração, ou seja,
onde temos
′ 2 ′ 2D
M0 (x, x ) = [−2 + 2iλ(r, τ )]δ(τ − τ ) − [χ(r, τ, τ ) − q(r, τ, τ )] δ(r − r′ )
′ ′
(3.29)
ρ̄s
e
2D
M1 (x, x′ ) = q(r, τ, τ ′ )δ(r − r′ ). (3.30)
ρ̄s
40 3 Um Modelo de Teoria Quântica de Campos para Vidros de Spins
Perceba nas equações (3.29) e (3.30), a localidade espacial de todos os campos refletida
na função δ(r − r′ ) e a não localidade temporal dos campos χ e q. Este fato decorre de
nossa escolha para a variável Qαβ ′
i (τ, τ ), tabela (1.1).
Calculando o determinante de M no espaço de réplicas utilizando a decomposição
(3.28) e (3.27), obtemos de forma exata que
Considere a identidade
det M = exp[tr ln M], (3.33)
c
com isso temos a expressão final para o cálculo do determinante funcional na equação
(3.24), ou seja,
I[Q, λ] ≡ I[χ, q, λ] = [det M]−1 = e−(n−1)tr ln(M0 )−tr ln(M0 −nM1 ) (3.35)
A fim de obtermos uma expressão conveniente para a equação (3.23), vamos intro-
duzir (3.26) naquela equação. Introduziremos esta expressão na ação Sσ dada por (3.16),
obtemos
Z Z β
1X 2 α 2 1 α 2 α 2
Sσ [σ, Q, λ] = d r dτ |∇σ | + 2 |∂τ σ | + iλα (|σ | − ρ̄s )
2 α 0 c
Z Z β Z β h
D
+ d2 r dτ dτ ′ 3n(χ2 (τ, τ ′ ) − q 2 (τ, τ ′ )) + 3n2 q 2 (τ, τ ′ ) (3.36)
2 0 0
2 X 2 X
− χ(τ, τ ′ ) − q(τ, τ ′ ) σ α (τ )σ α (τ ′ ) − q(τ, τ ′ ) σ α (τ )σ β (τ ′ ) .
ρ̄s α
ρ̄s
(αβ)
Nesta tese vamos admitir simetria nas réplicas, logo σ α = σ β para todo α e β.
Portanto, valem as seguintes relações
X
σ α (τ )σ α (τ ′ ) = nσ(τ )σ(τ ′ ) (3.37)
α
e X
σ α (τ )σ β (τ ′ ) = n2 σ(τ )σ(τ ′ ). (3.38)
(αβ)
3.2. Aproximação De Fase Estacionária 41
Isto nos leva finalmente, desprezando os termos de ordem n2 os quais não irão contribuir
no limite n → 0, à expressão
Z Z β
1 2 2 1 2 2
Sσ [σ, q, χ, λ] = n dr dτ |∇σ| + 2 |∂τ σ| + iλ(σ − ρ̄s )
2 0 c
Z Z β Z β h
D
+ d2 r dτ dτ ′ 3n(χ2 (τ, τ ′ ) − q 2 (τ, τ ′ ))
2 0 0
2n ′ ′ ′
− σ(τ ) [χ(τ, τ ) − q(τ, τ )] σ(τ ) . (3.39)
ρ̄s
Substituindo os resultados expressos nas equações (3.34) e (3.39) na expressão para
a função de partição, equação (3.23), obtém-se para a função de partição o seguinte
resultado: Z
[Z ]av = DσDqDχDλe−S[σ,q,χ,λ],
n
(3.40)
onde a ação é expressa agora na forma
S[σ, q, χ, λ] = n[S0 + tr ln M0 ] + tr ln(M0 − nM1 ) − tr ln M0 , (3.41)
em que M0 e M1 são dados pelas equações (3.29) e (3.30) e S0 corresponde à expressão
Z Z β
1 2 2 1 2 2
S0 = dr dτ |∇σ| + 2 |∂τ σ| + 2iλ(σ − ρ̄s )
2 0 c
Z Z β Z β h
D
+ d2 r dτ dτ ′ 3(χ2 (τ, τ ′ ) − q 2 (τ, τ ′ ))
2 0 0
2 ′ ′ ′
− σ(τ ) χ(τ, τ ) − q(τ, τ ) σ(τ ) .
ρ̄s
(3.42)
A ação S[σ, q, χ, λ] descreve a dinâmica das n-réplicas do sistemas acopladas em con-
seqüência da média sobre a desordem. Perceba que ao retiramos o efeito da desordem,
representadas por D, a expressão acima, recai na equação que descreve o modelo sigma
não linear proveniente do mapeamento no contı́nuo de um sistema antiferromagnético
puro [ Haldane (1983) ].
É importante notar o fato de que ao fazermos o limite do contı́nuo da expressão
[Z n ]av , descrevendo a estatı́stica quântica de um sistema desordenado em 2-dimensões,
fomos levados a uma teoria quântica de campos em (2 + 1)-dimensões, dada pela equação
(3.40), onde [Z n ]av toma a forma de uma integral funcional sobre os campos σ, q, χ e λ.
V 2 2
F = m (σcl − ρ̄s )
2
DV β
Z Z β
2 2
′ 2 ′ 2 ′ ′ ′
+ dτ dτ 3( χcl (τ, τ ) − qcl (τ, τ )) − σcl χcl (τ, τ ) − qcl (τ, τ )
2β 0 0 ρ̄s
1 1
+ tr ln(M0 ) − tr M1 M0−1 , (3.49)
β β
onde definimos como de costume [Polyakov (1987); Marino (2002)] m2 = 2iλcl . Os ope-
radores M0 e M1 são agora representados, no espaço de configuração, por
′ 2 2 ′ 2D
M0 (x, x ) = [−2 + m ]δ(τ − τ ) − [χ(τ, τ ) − q(τ, τ )] δ(r − r′ )
′ ′
(3.50)
ρ̄s
e
2D
M1 (x, x′ ) = q(τ, τ ′ )δ(r − r′ ). (3.51)
ρ̄s
Os traços na equação (3.49) independem do espaço em que são tomados, porém
quando tomados no espaço de configuração, vemos que as expressões envolvidas não são
diagonais nas bases desse espaço (r, τ ). No entanto, é possı́vel escrever M0 e M1 em
termos das coordenadas no espaço recı́proco (k, ωn ), onde os traços ficam sendo dados
por
X Z d2 k
2 2 2 2D
tr ln M0 = V 2
ln k + ωn + m − [χ(ωn ) − q(ωn )] (3.52)
ω
(2π) ρ̄s
n
e
Z !
−1
2D X d2 k q(ωn )
tr M1 M0 = V . (3.53)
ρ̄s ω n
(2π)2 k + ωn + m − 2D
2 2 2
ρ̄s
(χ(ωn ) − q(ωn ))
Os detalhes desta passagem do espaço de configuração para o espaço recı́proco estão dados
no apêndice B.
É importante perceber a dependência dos campos q e χ com respeito as freqüências
de Matsubara bosônicas2 , ωn = 2πnT ( n ∈ Z ). Esta dependência reflete a não-localidade
temporal no espaço de configuração dos campos qcl e χcl . No próximo capı́tulo veremos
qual o significado fı́sico desses campos.
Seguindo o mesmo procedimento feito na determinação dos traços, vamos estabelecer
a transformada de Fourier dos campos na ação S0 . Do fato de que os campos qcl (τ, τ ′ ) e
2
Os campos σ e ~π são bosônicos.
44 3 Um Modelo de Teoria Quântica de Campos para Vidros de Spins
χcl (τ, τ ′ ) serem constantes no espaço, vamos considerar a transformada de Fourier desses
campos apenas nas variáveis temporais. Portanto, temos
1 X −iωn (τ −τ ′ )
qcl (τ, τ ′ ) = e q(ωn ), (3.54)
β ω
n
e
1 X −iωn (τ −τ ′ )
χcl (τ, τ ′ ) = e χ(ωn ). (3.55)
β ω
n
Isto, junto com as equações (3.52) e (3.53), nos permite obter da equação (3.49), a den-
sidade de energia livre mediada sobre a desordem f¯ = F /V , como
1 2 2 Dσ 2
f¯ = m (σ − ρ̄s ) − (χ(ω0 ) − q(ω0 ))
2 ρ̄s
3DT X h i
+ χ(−ωn )χ(ωn ) − q(−ωn )q(ωn ) (3.56)
2 ω
n
X Z d2 k
2 2 2 2D
+ T 2
ln k + ωn + m − (χ(ωn ) − q(ωn ))
ωn
(2π) ρ̄s
Z !
2D X d2 k q(ωn )
− T 2 2 + ω 2 + m2 − 2D (χ(ω ) − q(ω ))
,
ρ̄s ωn
(2π) k n ρ̄s n n
onde, por questão de conveniência, foi omitido o ı́ndice (cl) designando a configuração
clássica do campo σ e foi feita a substituição β = 1/T .
A densidade de energia livre f¯ fornece as propriedades termodinâmicas do sistema,
refletidas nos parâmetros de ordem σ, m2 , q(ωn ) e χ(ωn ). No próximo capı́tulo veremos
os significados fı́sicos desses parâmetros e discutiremos as propriedades macroscópicas,
analisando a densidade de energia f¯.
Capı́tulo
Diagrama de fases
No capı́tulo anterior obtivemos uma teoria quântica de campos para um sistema vidro
de spins, cuja distribuição gaussiana de parâmetro de troca é centrada em um valor que
privilegia a interação antiferromagnética em face da interação ferromagnética1 . Fazendo
teoria de campo médio, nos foi possı́vel obter a densidade de energia livre. Neste capı́tulo
vamos analisar as propriedades termodinâmicas que decorrem dessa densidade de energia
¯
livre f.
Antes de analisarmos as equações decorrentes da densidade de energia livre f¯, é
necessário estabelecermos o significado fı́sico dos parâmetros q e χ.
45
46 4 Diagrama de fases
limite
e sua inversa Z Z
β β
′
q(ωn ) = dτ dτ ′ e−iωn (τ −τ ) q(τ − τ ′ ). (4.4)
0 0
qEA = T q0 . (4.5)
hα|Ŝiα(0)|αi = 0, (4.10)
4.1. Significado Fı́sico dos Parâmetros q e χ 47
Vamos ver agora o que acontece quando τ 6= τ ′ . Para este caso, temos
Conforme vimos no capı́tulo 1, após a média sobre a desordem ter sido estabelecida,
não nos é possı́vel fatorar o operador Ĥ, na forma Ĥα ⊗ Ĥβ , logo concluı́mos que em geral
q(τ − τ ′ 6= 0) 6= 0. (4.13)
Os resultados obtidos nas equações (4.11) e (4.13) serão extremamente úteis ao analisar-
mos as equações que definem as fases termodinâmicas do sistema.
Quanto ao parâmetro (χ), notamos que este parâmetro reflete a seguinte correlação
temporal da direção de magnetização tomada no mesmo ponto do espaço e na mesma
réplica, ou seja,
hŜiα (τ )Ŝiα (τ ′ )i −→ χ(τ − τ ′ ), (4.14)
onde na expressão acima não está subentendida a soma sobre i e α. Considerando para
χ o mesmo procedimento feito acima para q, temos para τ − τ ′ = 0,
hŜiα (τ )Ŝiα (τ )i = hΨ|Ŝiα (τ )Ŝiα (τ )|Ψi = hΨ|Ŝiα (0)Ŝiα (0)|Ψi −→ χ(τ − τ ′ = 0). (4.15)
Tendo em mente que Ŝi → ni = (σ, πx , πy ) e do fato de que |n|2 = 1, temos devido à
simetria SO(3)
1
hσ 2 + πx2 + πy2 i = 1 ⇒ hσ 2 i = hπx2 i = hπy2 i = . (4.16)
3
Dessa forma concluı́mos que
1
hσiα (0)σiα (0)i = h(σiα (0))2 i −→ χ(τ − τ ′ = 0) = . (4.17)
3
A fim de obter as fases do sistema, devemos minimizar a energia livre com relação aos
parâmetros σ, m2 , q(ωn ) e χ(ωn ). Assim, obtemos as seguintes equações:
∂ f¯ 2 2D
(i ) = 0 =⇒ m − [χ0 − q0 ] σ = 0
∂σ ρ̄s
∂ f¯ X Z d2 k 1
2
(ii ) 2
= 0 =⇒ σ = ρ̄s − 2T 2 2D
∂m ωn
(2π) k + ωn + m − ρ̄s [χ(ωn ) − q(ωn )]
2 2 2
X Z
2D d2 k q(ωn )
−2 T h i2
ρ̄s (2π)2 2
ωn k + ωn2 + m2 − 2D
ρ̄s
[χ(ω n ) − q(ω n )]
" Z #
∂ f¯ ∗ 2D d2 k 1
(iii ) = 0 =⇒ T 3Dχ (ωn ) − =
∂χ(ωn ) ρ̄s (2π)2 k 2 + ωn2 + m2 − 2D ρ̄s
[χ(ωn ) − q(ωn )]
2 Z
Dσ 2 2D d2 k q(ωn )
δωn ,0 + T 2 2
ρ̄s ρ̄s (2π)
k 2 + ωn2 + m2 − 2D
ρ̄s
[χ(ω n ) − q(ω n )]
4.2. As Fases termodinâmicas 49
∂ f¯ Dσ 2
(iv ) = 0 =⇒ 3DT q ∗(ωn ) = δω ,0
∂q(ωn ) ρ̄s n
2 Z
2D d2 k q(ωn )
+ T 2 2 ,
ρ̄s (2π) 2 2 2 2D
k + ωn + m − ρ̄s [χ(ωn ) − q(ωn )]
Perceba que no limite de desordem nula, ou seja, D = 0, as equações (iii ) e (iv ) são
identicamente nulas e as equações (i ) e (ii ) recaem nas equações que descrevem um
sistema antiferromagnético sem frustração [ Marino (2002) ].
Efetuando a integração sobre a variável k nas equações anteriores, tem-se
(i ) M0 σ = 0
2 T X Λ2 + M n T X 1 1
(ii ) σ = ρ̄s − ln +A q(ωn ) 2 −
2π ω Mn 2π ω Λ + Mn Mn
n n
∗ T Λ2 + M n Dσ 2 2 T 1 1
(iii ) 3DT χ (ωn ) − A ln = δω ,0 − A q(ωn ) 2 −
4π Mn ρ̄s n 4π Λ + Mn Mn
∗ Dσ 2 2 T 1 1
(iv ) 3DT q (ωn ) = δω ,0 − A q(ωn ) 2 −
ρ̄s n 4π Λ + Mn Mn
onde, Mn é dado pela expressão
Mn ≡ M(ωn ) = ωn2 + m2 − A[χ(ωn ) − q(ωn )] (4.19)
e M0 = M(ωn = 0). Λ é um corte ultravioleta introduzido para efetuar as integrais em
k. O parâmetro A é definido como uma razão entre a largura da gaussiana e o centro
da gaussiana, a primeira representando a intensidade da desordem ( D ) e o segundo
representando a rigidez de spin média ( ρ̄s ), ou seja,
2D
A= . (4.20)
ρ̄s
O parâmetro A é uma medida da frustração do sistema. Conforme podemos ver na figura
(4.1), a parte sombreada provoca frustração. Se ρ̄s for suficientemente grande, a frustração
será desprezı́vel, apesar da desordem D 6= 0. Por outro lado, em uma rede quadrada sem
desordem (D = 0) não haverá frustração como representado na figura (4.2). Vamos agora
discutir as equações (i), (ii), (iii) e (iv) expostas acima.
Observando a equação (i ), vemos que σ 6= 0 implica necessariamente M0 = 0,
porém, esta condição submetida à equação (ii ) leva no limite M0 → 0 a uma magnetização
imaginária infinita, o que não tem sentido fı́sico. Concluı́mos que σ poderia ser não nulo
somente em T = 0. No entanto, das equações (iii ) e (iv ), verificamos que para T = 0
obtemos a seguinte relação
D 2
σ δωn ,0 = 0. (4.21)
ρ̄s
50 4 Diagrama de fases
P( r ) S
0 rS rS r
S
P( r ) S
0 rS rS
Figura 4.2: A relação do parâmetro A com a frustração e a desordem mantendo ρ̄s fixo
e tomando diferentes valores para D.
Esta relação nos diz necessariamente que σ = 0. Portanto, concluı́mos que não existe uma
fase ordenada, tipo Néel, com magnetização σ não nula quando D 6= 0. Daqui pra frente,
portanto, admitiremos sempre que σ = 0. Na ausência de desordem, D = 0, sabe-se que
existe uma fase ordenada de Néel a T = 0 (de acordo com o teorema de Mermim-Wagner)
para ρ̄s > Λ/4π.
De forma a colocar as equações acima numa forma mais adequada ao tratamento
algébrico, vamos definir a seguinte função
A2 1 1
gn = − , (4.22)
4π Λ2 + Mn Mn
logo temos
2
T X Λ + Mn 2 X
(ii ) 0 = ρ̄s − ln + T qn gn
2π ω Mn A ω
n n
4.2. As Fases termodinâmicas 51
1 Λ2 + M n
(iii ) 3Dχ∗n − A ln = −qn gn (4.23)
4π Mn
onde " s #
1 1 Λ4
X± = (Λ2 + 2m2 ) − ± + 4Y (m) , (4.32)
2 2 (Λ2 + 2m2 )2
com
DΛ2
Y (m) ≡ , (4.33)
3πρ2s (Λ2 + 2m2 )2
o valor Y0 na equação (4.31) corresponde ao valor Y (m = 0), ou seja,
D
Y (m = 0) = Y0 = , (4.34)
3π ρ̄2s Λ2
Λ2
m2 − A(χ0 − q0 ) = 2π ρ̄s . (4.35)
Υ−1 e T −1
No entanto da equação (4.25), calculada em freqüência nula, temos
Λ2
m2 − A(χ0 − q0 ) = . (4.36)
e6πρ̄s (χ0 −q0 ) − 1
Comparando as equações (4.35) e (4.36), obtemos
1 1
χ0 − q0 = − ln Υ(m, T ). (4.37)
3T 6π ρ̄s
ou seja,
m2 − C0
χ0 − q0 = . (4.39)
A
4.2. As Fases termodinâmicas 53
Veremos na seção seguinte (4.2.2) que a solução fı́sica é a positiva. Note que a equação
(4.39) é incompatı́vel com a equação (4.37). Logo, concluı́mos que a equação (4.37) só
é válida quando q0 = 0, ou seja, na fase paramagnética já que qEA = T q0 . Quanto à
equação (4.39), esta só é válida quando não houver solução para χ0 na equação (iii ) em
(4.23), neste caso estamos na fase vidro de spins e necessariamente q0 6= 0.
Vamos analisar separadamente cada uma dessas possı́veis soluções e suas implicações
no estabelecimento das fases termodinâmicas do sistema.
Λ=1
4
2 D = 0.01
ρs = 0.08923
m2 ( χ0 )
0
-2
-4
-6
χ0
-10 -5 0 5 10
m2
χ0
Figura 4.4: Gráfico descrevendo a relação entre os dois lados da equação (4.42).
Tendo em mente o valor de Y0 dado na equação (4.34), temos finalmente a expressão que
fornece a linha crı́tica e que descreve a dependência da rigidez de spin (ρ̄s ) em função da
temperatura (T ), da desordem (D) e do corte ultravioleta (Λ), ou seja,
b
ρ̄s = a + ⇒ ρ̄3s − aρ̄2s − b = 0, (4.48)
ρ̄2s
onde definimos " #
Λ
T sinh 2T
a = a(T, Λ) = ln Λ
(4.49)
π 2T
e
D Λ Λ
b = b(T, D, Λ) = coth −T . (4.50)
3πΛ2 2 2T
A equação (4.48) possui 3 raı́zes, duas imaginárias e que são desprezadas por não
corresponderem a situação fı́sica, e uma raı́z real dada por
a ah p i1/3 a h p i1/3
ρ̄s (T, D, Λ) = + (1 + γ) + γ(2 + γ) + (1 + γ) − γ(2 + γ) , (4.51)
3 3 3
onde a função γ é dada por 3
b 3
γ(T, D, Λ) = . (4.52)
2 a
A equação (4.51) é a expressão final para a curva crı́tica ρ̄s (T ) separando as fases para-
magnética e vidro de spins, representadas nas figuras (4.5) e (4.6) para diferentes valores
de D. Note que o nosso modelo não está definido para ρ̄s = 0, porque neste caso o termo
de Heisenberg desaparece do hamiltoniano efetivo (1.51).
Para valores pequenos de desordem ( D ≪ 1 ), a equação (4.51), torna-se
b
ρ̄s (T, D, Λ) = a + + O(D 2 ), (4.53)
a2
onde a e b são dadas pelas equações (4.49) e (4.50). No limite de temperatura nula, T = 0,
obtemos o ponto crı́tico quântico
Λ 2πD
ρ̄cs (T = 0, D, Λ) = + . (4.54)
2π 3Λ3
Este resultado mostra a dependência do ponto crı́tico quântico com a desordem. Note
que o valor de ρ̄cs aumenta com a desordem. Como o aumento de ρ̄s tende a diminuir
56 4 Diagrama de fases
30
D = 0.005
D = 0.01
D = 0.015
25 Λ = 1.0 D = 0.02
D = 0.025
20
T 15
10
0
0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2
ρs
100
Λ = 1.0
10 PM
T
VS
0.1
D = 0.005
D = 0.01
D = 0.015
D = 0.02
D = 0.025
0.01
0.1
ρs
1 m2 ρs
q0 = χ0 + − . (4.55)
6πρ2s 2D
Nesta expressão escolhemos a solução positiva de (4.38), que levará a q0 > 0 para m2 → 0
e χ0 → 0.
A equação (4.30) é geral, uma vez que ela resulta da equação (ii ) em (4.23). Por-
tanto, com o intuito de determinar uma expressão para a massa (m2 ) nesta fase, vamos
igualar a equação (4.30) com a equação (4.38), disso resulta
Λ2 D
2πρs = , (4.56)
Υ−1 e T −1 3πρ2s
Uma vez que Υ = Υ(m2 , T ), esta equação determina a massa m na fase vidro de spins,
em função das variáveis T , ρ̄s , Λ e D, ou seja,
Obtivemos o diagrama de fases T × ρ̄s , onde ρ̄s está relacionado com J, ¯ o centro da
distribuição gaussiana de acoplamentos de troca. Tal diagrama mostra a existência de
uma fase paramagnética quântica e uma fase de vidro de spins, separadas por uma curva
crı́tica que é determinada explicitamente de forma analı́tica. Mostramos a inexistência de
uma fase ordenada do tipo Néel, como ocorre no sistema puro a T = 0.
Expressões analı́ticas foram encontradas para a susceptibilidade magnética estática
e para o parâmetro de Edwards-Anderson, respectivamente nas fases paramagnéticas e
vidro de spins. Mostramos que a primeira satisfaz a lei de Curie a altas temperaturas.
Descobrimos a existência de um ponto crı́tico quântico a T = 0, separando a fase
paramagnética quântica da fase vidro de spins, cuja posição é dependente da desordem
através dos parâmetros da distribuição gaussiana.
Concluı́mos que a abordagem de Teoria Quântica de Campos é extremamente con-
veniente para o tratamento analı́tico em campo médio de um vidro de spins com simetria
contı́nua e interação de primeiros vizinhos, já que assume uma forma particularmente
simples. Este tipo de interação é de grande importância, já que corresponde à situação
encontrada em diversos sistemas realı́sticos. O modelo com simetria SO(3) em duas di-
mensões espaciais estudado nesta tese poderia ser aplicado, por exemplo na descrição dos
cupratos supercondutores de alta de temperatura.
É bem conhecido o fato de que a solução em campo médio, com simetria de réplicas,
para modelos com interação de alcance infinito, tais como o modelo de Sherrington e
Kirkpatrick [ Sherrington & Kirkpatrick (1975) ], são instáveis [ de Almeida & Thouless
(1978) ]. A estabilidade de tais soluções em modelos com interação de curto alcance,
entretanto, é um problema aberto. Portanto, pretendemos analisar na continuação deste
trabalho, a estabilidade da solução que encontramos para a fase vidros de spins. Caso tal
solução seja instável, pretendemos generalizar nossa solução de modo a quebrar a simetria
59
60 5 Conclusões e considerações finais.
bi · S
h{Ω}|S b j |{Ω}i = S 2 Ωi · Ωj , (i 6= j). (A.1)
61
62 A Propriedades dos estados coerentes.
como
hΩαi (τ )|Ŝ|Ωαi (τ )i = S P̂iα (τ ), (A.5)
onde
α α
Pi,11 (τ ) Pi,12 (τ ) Ωαi,z (τ ) Ωαi,x (τ ) − iΩαi,y (τ )
P̂iα (τ ) = α α = (A.6)
Pi,21 (τ ) Pi,22 (τ ) Ωαi,x (τ ) + iΩαi,y (τ ) −Ωαi,z (τ )
Da observação da equação acima, percebe-se que ela pode ser escrita em uma forma
simples como
P̂iα (τ ) = Ωαi (τ ) · σ̂, (A.7)
onde σ̂ = σx î + σy ĵ + σz k̂, sendo os σ´s as matrizes de Pauli. Na representação spin-1/2
temos explicitamente para as matrizes de Pauli
0 1 0 −i 1 0
σ̂x = , σ̂y = , σ̂z = .
1 0 i 0 0 −1
onde
Ûi,α (τ, u) = euÂi,α (τ ) , (A.13)
esse resultado nos permite escrever a equação(2.51) como
Z 1 ∗
α d α ∂zi,α (τ ) α ∂zi,α (τ ) α
hΩi (τ )| |Ωi (τ )i = S du Pi,21 − Pi,12 . (A.14)
dτ 0 ∂τ ∂τ
logo concluı́mos que
Z !
1
d ∂ Âi,α α
hΩαi (τ )| |Ωαi (τ )i = S duT r P̂ (τ, u) . (A.15)
dτ 0 ∂τ i
Agora o próximo passo consiste em estabelecer uma relação entre o operador Âi,α (τ ) e o
operador P̂iα (τ, u).
Uma vez que [Âi,α (τ ), Ûi,α (τ, u)] = 0 e que P̂iα (τ, u)P̂iα(τ, u) = 1̂, é importante
perceber a seguinte identidade:
∂ Ûi,α (τ, u)
= Âi,α (τ )Ûi,α (τ, u). (A.18)
∂u
Essa identidade nos permite escrever o seguinte resultado
∂ P̂iα (τ, u) †
P̂iα (τ, u) = Ûi,α (τ, u)σ̂z Âi,α (τ )σ̂z Ûi,α (τ, u) − Âi,α (τ ). (A.19)
∂u
64 A Propriedades dos estados coerentes.
1 ∂ P̂ α (τ, u)
Âi,α (τ ) = − P̂iα (τ, u) i . (A.21)
2 ∂u
Conseqüentemente a fase geométrica em um único sı́tio e em uma única réplica fica
escrito como
Z β Z 1 !
α α
S ∂ P̂ (τ, u) ∂ P̂i (τ, u)
α
SB,i = dτ duT r P̂iα (τ, u) i . (A.22)
2 0 0 ∂u ∂τ
sendo Gγβ (x′′ , x′ ) = [M −1 ]γβ (x′′ , x′ ). Com a decomposição feita no capı́tulo 3, equação
(3.26), temos a seguinte expressão para o kernel M αγ (x, x′′ )
onde
′ ′ 2 2D
2 ′
M0 (r, τ |r , τ ) = [−2 + m ]δ(τ − τ ) − [χ(τ, τ ) − q(τ, τ )] δ(r − r′ )
′ ′
(B.3)
ρ̄s
e
2D
M1 (r, τ |r′ , τ ′ ) = q(τ, τ ′ )δ(r − r′ ). (B.4)
ρ̄s
Inserindo as equações (B.3) e (B.4) na expressão (B.2) e substituindo na equação (B.1)
temos
Z Z β " #
X
d2 r ′′ dτ ′′ M0 (r, τ |r′′, τ ′′ )Gαβ (r′′ , τ ′′ |r′ , τ ′ ) − M1 (r, τ |r′′ , τ ′′ ) Gσβ (r′′ , τ ′′ |r′ , τ ′ )
0 σ
αβ ′ ′
= δ δ(r − r )δ(τ − τ ). (B.5)
65
66 B Cálculos dos traços.
e X
C ασ Gσβ (r′′ , τ ′′ |r′ , τ ′ ) = nG(r′′ , τ ′′ |r′ , τ ′ ) (B.7)
σ
T1 = tr ln(M0 ) (B.10)
e
T2 = tr M1 M0−1 . (B.11)
A fim de obter os traços tomados no espaço recı́proco, é necessário conhecermos as ex-
pressões de M0 e M1 M0−1 em função das coordenadas (k, ωn ). Assim, vamos considerar
as seguintes transformadas de Fourier
Z Z β Z Z β
2 2 ′ ′ ′ )]
M0 (k, ωn ) = dr dτ dr dτ ′ M0 (r, τ |r′ , τ ′ )ei[k·(r−r )+ωn (τ −τ (B.12)
0 0
e Z Z Z Z
β β
2 2 ′ ′ ′
M1 (k, ωn ) = d r dτ dr dτ ′ M1 (r, τ |r′, τ ′ )ei[k·(r−r )+ωn (τ −τ )] . (B.13)
0 0
M0 (k, ωn ) = βV [k 2 + ωn2 + m2 ]
Z β Z β
2D ′
− V dτ dτ ′ [χ(τ − τ ′ ) − q(τ − τ ′ )] eiωn (τ −τ ) . (B.14)
ρ̄s 0 0
67
O termo M1 M0−1 na equação (B.11) tem uma complicação que reside no fato da
necessidade de se conhecer o inverso de M0 . No entanto, conforme vimos anteriormente,
a equação (B.9) fornece o inverso da matriz M0 .
Seja a seguinte definição
Z Z β
[M1 M0−1 ](r, τ |r′ , τ ′ ) = 2 ′′
dr dτ ′′ M1 (r, τ |r′′ , τ ′′ )M0−1 (r′′ , τ ′′ |r′ , τ ′ ). (B.17)
0
e
XZ d2 k ′ ′′ ′
′′ ′ ′ −1
G(r, τ |r , τ ) = β 2
G(k, ωn )e−i[k·(r−r )+ωn (τ −τ )] , (B.21)
n
(2π)
temos que, inserindo (B.18) na equação (B.19) e efetuando as integrais envolvidas, resulta
2D
[M1 M0−1 ](k, ωn ) = βq(ωn )G(k, ωn )(2π)2 δ(0). (B.22)
ρ̄s
68 B Cálculos dos traços.
2D
[M1 M0−1 ](k, ωn ) = βV q(ωn )G(k, ωn ). (B.24)
ρ̄s
Fazendo uso das transformadas de Fourier para χ(τ, τ ′ ), q(τ, τ ′ ) e G(r, τ |r′ , τ ′ ) na expressão
(B.25), resulta
1
G(k, ωn ) = 2 2D
. (B.26)
k + ωn − ρ̄s [χ(ωn ) − q(ωn )]
Inserindo (B.26) na equação (B.24), chegamos ao resultado
2D q(ωn )
[M1 M0−1 ](k, ωn ) = βV 2 2D
. (B.27)
ρ̄s k + ωn − ρ̄s [χ(ωn ) − q(ωn )]
ou seja, Z
2D X d2 k q(ωn )
T2 = V 2 2D
. (B.29)
ρ̄s ω (2π) k + ωn − ρ̄s [χ(ωn ) − q(ωn )]
2
n
Apêndice
Este apêndice descreve o procedimento feito para efetuar as somas nas freqüências de
Matsubara. Dessa forma, seja a soma
X ω 2 + Λ2 + m2 − A [χ(ωn ) − q(ωn )]
n
ST OT = ln . (C.1)
ω
ωn2 + m2 − A [χ(ωn ) − q(ωn )]
n
Separando na equação acima o modo de freqüência nula dos demais modos e fazendo
a substituição da expressão para [χ(ωn ) − q(ωn )], dada por (4.29), temos
2
Λ + m20
ST OT = ln + SP AR , (C.2)
m20
onde
!
X Ã/ρ̄s
SP AR = ln ωn2 + Λ2 + m2 − 2
ωn 6=0
ωn + m2
!
X Ã/ρ̄s
− ln ωn2 + m2 − 2 , (C.3)
ω 6=0
ωn + m2
n
e
Λ2
à = A . (C.5)
6π
69
70 C Cálculo da soma de freqüências.
Observando a equação (C.7), vemos que este consiste de uma soma sobre o polinômio
Ã
P1 (ωn2 ) = ωn2 + Λ2 + m2 ωn2 + m2 − . (C.8)
ρ̄s
Portanto, de forma a fatorar o polinômio (C.8), é necessário obtermos suas raı́zes, assim
Ã
X + Λ2 + m2 X + m2 − =0 (C.9)
ρ̄s
ou
Ã
X 2 + (Λ2 + 2m2 )X + m2 (m2 + Λ2 ) − = 0. (C.10)
ρ̄s
onde fizemos ωn2 ≡ X.
Resolvendo a equação (C.10) para a variável X, obtemos as duas raı́zes do polinômio
(C.8), ou seja,
" s #
2 2 1 1 Λ4
X± = (Λ + 2m ) − ± + 4Y (m) , (C.11)
2 2 (Λ2 + 2m2 )2
com
Ã
Y (m) ≡ , (C.12)
ρs (Λ2 + 2m2 )2
O resultado (C.11) permite reescrever o polinômio (C.8) da seguinte maneira
P1 (ωn2 ) = (ωn2 − X+ )(ωn2 − X− ). (C.13)
Inserindo (C.13) na equação para S1 , equação (C.7), obtemos
X
S1 = ln(ωn2 − X+ ) + ln(ωn2 − X− )
ωn 6=0
X
= ln(ωn2 − X+ ) + ln(ωn2 − X− ) − ln(−X+ ) + ln(−X− ). (C.14)
ωn
71
Agora é possı́vel efetuar a soma sobre as freqüências de Matsubara para S1 , a qual resulta
√ √
−X+ −X−
S1 = 2 ln sinh + 2 ln sinh − ln(−X+ ) + ln(−X− ), (C.15)
2T 2T
Esta expressão pode ser reescrita em uma forma fatorada da seguinte maneira
X 1/2 X 1/2
2 2 2 2
S2 = ln ωn + m + Ã/ρ̄s + ln ωn + m − Ã/ρ̄s
ωn 6=0 ωn 6=0
X 1/2 X 1/2
2 2 2 2
= ln ωn + m + Ã/ρ̄s + ln ωn + m − Ã/ρ̄s (C.18)
ωn ωn
1/2 1/2
2 2
− ln m + Ã/ρ̄s − ln m − Ã/ρ̄s .
onde
Ã
Y0 = Y (m = 0) = . (C.20)
ρ̄s Λ4
Assim, temos
Λ2 + m20
ST OT = ln + ln Υ, (C.21)
m20
em que fizemos a seguinte definição
ln Υ = S1 − S2 , (C.22)
72 C Cálculo da soma de freqüências.
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