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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MATEMÁTICA

Maicon Luiz Collovini Salatti

UMA CLASSE DE PROBLEMAS DE DIRICHLET DO TIPO


𝑝(𝑥)-LAPLACIANO

Santa Maria, RS
2019
Maicon Luiz Collovini Salatti

UMA CLASSE DE PROBLEMAS DE DIRICHLET DO TIPO


𝑝(𝑥)-LAPLACIANO

Dissertação apresentada ao Curso de


Pós-Graduação em Matemática, da
Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM, RS), como requisito parcial
para a obtenção do grau de Mestre em
Matemática.

Orientador: Prof. Dr. Juliano Damião Bittencourt de Godoi

Santa Maria, RS
2019
Salatti, Maicon Luiz Collovini
UMA CLASSE DE PROBLEMAS DO TIPO p(x)-LAPLACIANO COM
FRONTEIRA DE DIRICHLET / Maicon Luiz Collovini Salatti.-
2019.
109 f.; 30 cm

Orientador: Juliano Damião Bittencourt de Godoi


Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa
Maria, Centro de Ciências Naturais e Exatas, Programa de
Pós-Graduação em Matemática, RS, 2019

1. Espaços de Lebesgue com Expoente Variável 2. Espaços


de Sobolev com Expoente Variável 3. Problemas do Tipo
p(x)-Laplaciano 4. Técnicas Variacionais 5. Equações
Diferenciais Parciais Elípticas I. Bittencourt de Godoi,
Juliano Damião II. Título.
Sistema de geração automática de ficha catalográfica da UFSM. Dados fornecidos pelo
autor(a). Sob supervisão da Direção da Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca
Central. Bibliotecária responsável Paula Schoenfeldt Patta CRB 10/1728.
O presente trabalho foi realizado com apoio da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -
Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
Agradecimentos

Inicialmente, quero agradecer a Universidade Federal de Santa Maria por fornecer


um local físico e ambiente propício à formação intelectual e técnico a quem assim o desejar;
de maneira gratuita, além de auxílios básicos na alimentação, moradia e transporte, os
quais, foram de grande valia durante a minha formação, que usufrui da melhor maneira
possível. A CAPES, agência de fomento à ciência, que me financiou durante os longos
dois anos de estudos, culminando nessa dissertação a qual o leitor tem acesso.
A primeira pessoa que eu gostaria de agradecer é meu orientador: Juliano Damião
Bittencourt de Godoi, pela paciência, dedicação, profissionalismo e paciência principal-
mente... ao me orientar. Em seguida, as pessoas que de uma forma ou outra ajudaram-me,
de maneira direta, nesta dissertação: Elard Juárez Hurtado, Laurem Maria Mezzomo Bo-
naldo e Eduardo de Souza Böer. Aos professores da Pós-Graduação do Mestrado em
Matemática da UFSM que participaram da minha formação através das disciplinas mi-
nistradas: Celene Buriol, Ari João Aiolfi, Juliano Damião Bittencourt de Godoi, Maurício
Fronza da Silva, Fernando Tura, Saradia Sturza Della Flora, Márcio Luís Miotto, Mar-
cio Violante Ferreira e Juliana Fernandes Larrosa; à secretária Andréia Lucila da Costa
Schlosser, que sempre de maneira muito atenciosa tirou minhas dúvidas a respeito das
burocracias do curso, e ao Gustavo Grings Machado que me supervisionou durante a
docência orientada.
Agradeço a minha família pelo apoio: meu pai Adão Salatti, minha mãe Lourene
Collovini Salatti, meus irmãos Ana Paula Collovini Salatti e Marcos Paulo Collovini
Salatti. Finalmente, agradeço ao apoio e companheirismo de todos os colegas da pós-
graduação, dos meus amigos e parentes, entre eles Leonardo Michelsen(Seco), da minha
querida cidade de Arroio dos Ratos.
“A Humildade é o primeiro degrau para a Sabedoria.”
(São Tomás de Aquino)
Resumo
Estudamos a seguinte classe de EDPs do tipo 𝑝(𝑥)-laplaciano
⎧ (︂ )︂
−div 𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢 = 𝜆𝑓 (𝑥, 𝑢), se 𝑥 ∈ Ω








𝑢(𝑥) = 0, se 𝑥 ∈ 𝜕Ω,

onde, Ω ⊂ R𝑁 é um domínio limitado com fronteira 𝜕Ω de Lipschitz. Conseguimos provar


dois teoremas de existência de soluções fracas não triviais para esse problema, sendo que
um deles, garante a existência de uma infinidade de soluções fracas. Ainda, conseguimos
um teorema de caracterização de um autovalor. Em ambos os resultados utilizamos
técnicas variacionais, em especial, o Teorema do Passo da Montanha e o Teorema de
Fountain. Também, dedicamos um capítulo inteiro ao estudo das propriedades básicas a
respeito dos Espaços de Lebesgue e Sobolev com Expoente Variável.

Palavras-chaves: Expoente Variável, 𝑝(𝑥)-Laplaciano, Técnicas Variacionais.


Abstract

We study the following class of PDEs of 𝑝(𝑥)-laplacian type


⎧ (︂ )︂
−div 𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢 = 𝜆𝑓 (𝑥, 𝑢), if 𝑥 ∈ Ω








𝑢(𝑥) = 0, if 𝑥 ∈ 𝜕Ω,

where Ω ⊂ R𝑁 is a bounded domain with a Lipschitz boundary 𝜕Ω. We prove two exis-
tence theorems of non-trival week solutions for this problem, where one of them, insure
that there exists an infinity of week solutions. Still we obtain a caracterization theorem
for an eigenvalue. In both results we use the variational tecniques, in special the Moun-
tain Pass Theorem and the Fountain’s Theorem. Yet we dedicate a whole chapter for the
study about the basic results of the Lebesgue and Sobolev Spaces with Variable Exponent.

Key-words: Variable Exponent, 𝑝(𝑥)-Laplacian, Variational Tecniques.


Sumário

CAPA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
AGRADECIMENTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
EPÍGRAFE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
RESUMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
ABSTRACT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
SUMÁRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
LISTA DE SÍMBOLOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2 OS ESPAÇOS 𝐿𝑝(·) (Ω) E 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16


2.1 Espaços de Lebesgue com Expoentes Variáveis . . . . . . . . . . . . 16
Operador de Nemytskii para expoentes variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.2 Espaços de Sobolev com Expoentes Variáveis . . . . . . . . . . . . . 33
Desigualdade de Poincaré . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.2.1 O que vale em 𝐿𝑝 (Ω) e não vale em 𝐿𝑝(·) (Ω) . . . . . . . . . . . . . . . . 38

3 UMA CLASSE DE PROBLEMAS DO TIPO 𝑝(𝑥)-LAPLACIANO


COM CONDIÇÃO DE DIRICHLET . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.1 Resultados Auxiliares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Desigualdade para provar a condição (𝑆+ ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Condição (𝑆+ ) da Φ′ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.1.1 Hipóteses sobre a função 𝑓 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Condição de Palais-Smale da 𝐼𝜆 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.2 Existência de Soluções Fracas para o Problema (PI) . . . . . . . . . 60
3.2.1 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.3 Existência e Caracterização de um Autovalor para (PI) . . . . . . . . 70
3.3.1 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
3.4 Prova de Alguns Fatos Auxiliares Usados no Transcorrer do Capítulo 81
3.4.1 Fatos utilizados no lema (3.1.1). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
3.4.2 Fatos utilizados na Proposição (3.1.2). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
3.4.3 Fatos utilizados em vários momentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
3.4.4 Fatos utilizados no primeiro teorema de existência, Teorema (3.2.1) . . . . 86
Condição de Ambrosetti-Rabinowitz da 𝑓 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
3.4.5 Fatos utilizado no segundo teorema de existência, Teorema (3.2.2) . . . . 89
3.5 Discussões adicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
4 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

5 APÊNDICES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
5.1 Funções Convexas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
5.2 Teoria da Medida e Análise Funcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
5.3 Funções Absolutamente Contínuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
5.4 Operador de Nemytskii . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
5.5 Cálculo em Espaços de Banach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
5.6 Aplicações Multi-Avaliadas e Operadores Monótonos . . . . . . . . . 105
5.7 Teorema do Passo da Montanha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
5.8 Teorema de Fountain . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
SUMÁRIO 12

LISTA DE SÍMBOLOS

1 se 𝑡 > 0




aaaaaaavvvvvvvvvvvvvvvaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa ∙ sgn𝑡 = 0 se 𝑡 = 0


⎩ se 𝑡 < 0,

denota a função sinal;


∙ 𝑈 denota o fecho do conjunto 𝑈 , contido num espaço topológico 𝑋;
∙ R𝑁 denota o espaço euclideano 𝑁 -dimensional, com 𝑁 ≥ 1;
∙ |𝑥| denota a norma do vetor 𝑥 ∈ R𝑁 ;
∙ ⟨𝑥, 𝑦⟩ ou 𝑥 · 𝑦 denota o produto interno usual em R𝑁 ;
∙ Ω denota um domínio em R𝑁 , ou seja, um aberto conexo não vazio em R𝑁 ;
∙ 𝜕Ω denota a fronteira do conjunto Ω;
{︂ }︂
∙ ℱ(𝑋; 𝑌 ) = 𝑓 : 𝑋 → 𝑌 ; 𝑓 é função , para quaisquer conjuntos não vazios 𝑋 e 𝑌 ;

∙ (𝑋, A, 𝜇) é um espaço de medida completo;


∙ |𝐴| é a medida de Lebesgue do conjunto 𝐴 ⊂ R𝑁 ;
∙ 𝑆(Ω) = {𝑢 : Ω → R; 𝑢 é mensurável};
∙ 𝑀 + é o conjunto das funções mensuráveis não-negativas definidas em 𝑋 e assumindo
valores em R = R ∪ {∞};
∙ 𝐿∞ ∞
+ (Ω) = {𝑢 ∈ 𝐿 (Ω); inf ess(𝑢) ≥ 1};

∙ supp(𝑢) = {𝑥 ∈ Ω; 𝑢(𝑥) ̸= 0};


∙ 𝐸 * denota o dual topológico do espaço vetorial normado 𝐸;
∙ 𝑢 ̸= 0 indica que existe um conjunto de medida positiva 𝑀 ∈ A, tal que 𝑢(𝑥) ̸= 0, para
todo 𝑥 ∈ 𝑀 ;
Daqui em diante,os conjuntos 𝑋 e 𝑌 sempre estarão munidos de uma topologia.
∙ 𝐶(𝑋) = {ℎ : 𝑋 → R; ℎ é contínua};
∙ 𝐶(Ω) = {ℎ ∈ 𝐶(Ω); possui extensão contínua ao Ω};
∙ 𝐶+ (Ω) = {ℎ ∈ 𝐶(Ω); min𝑥∈Ω ℎ(𝑥) > 1};
∙ 𝐶0 (Ω) = {𝑢 : Ω → R; 𝑢 é contínua e supp(𝑢) é compacto em Ω};
∙ 𝐶 1 (𝑋) = {𝑓 : 𝑋 → R; 𝑓 é uma vez continuamente diferenciável };
∙ 𝐶 ∞ (𝑋) = {𝑓 : 𝑋 → R; 𝑓 infinitamente continuamente diferenciável };
∙ 𝐶0∞ (Ω) = {𝑢 : Ω → R; 𝑢 é infinitamente diferenciável e supp(𝑢) é compacto em Ω};
∙ 𝐶 1 (𝑋; 𝑌 ) = {𝑓 : 𝑋 → 𝑌 ; 𝑓 é uma vez continuamente diferenciável };
SUMÁRIO 13

(︃ )︃
𝜕𝑢 𝜕𝑢 𝜕𝑢
∙ ∇𝑢 = , ,··· , ;
𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 𝜕𝑥𝑁
∙ Δ𝑝 𝑢 = div(|∇𝑢|𝑝−2 ∇𝑢) ;
{︂ }︂
𝑝(·) 𝑝(𝑥)
∙ 𝐿 (Ω) = 𝑢 ∈ 𝑆(Ω); |𝑢(𝑥)| 𝑑𝑥 < ∞
∫︀
Ω é o Espaço de Lebesgue com expoente
variável;
∙ ℎ+ = sup𝑥∈Ω ℎ(𝑥) e ℎ− = inf 𝑥∈Ω ℎ(𝑥);
∫︁
∙ 𝜌(𝑢) = |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥, função modular;
Ω
{︂ (︁ )︁ }︂
𝑢
∙ ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) = inf 𝜆 > 0; 𝜌 𝜆
≤ 1 , norma no espaço 𝐿𝑝(·) (Ω);
∫︁
𝜕𝜙 ∫︁
𝜕𝑢
∙ 𝑢 𝑑𝑥 = − 𝜙𝑑𝑥, ∀ 𝜙 ∈ 𝐶0∞ (Ω), define a j-ésima derivada fraca de 𝑢;
Ω 𝜕𝑥𝑗 Ω 𝜕𝑥𝑗

𝜕𝑢
{︂ }︂
𝑝(·)
∙𝑊 1,𝑝(·)
(Ω) = 𝑢 ∈ 𝐿 (Ω); ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), 𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑁 , é o Espaço de Sobolev com
𝜕𝑥𝑗
expoente variável;
𝑁 ⃦
⃦ ⃦
⃦ 𝜕𝑢 ⃦
∑︁ ⃦
∙ ‖𝑢‖𝑊 1,𝑝(·) = ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) + ⃦ ⃦
⃦ 𝜕𝑥𝑗 ⃦
, norma no espaço 𝑊 1,𝑝(·) (Ω);
𝑗=1 𝐿𝑝(·) (Ω)

∙ Δ𝑝(𝑥) 𝑢 = div(|∇𝑢|𝑝(𝑥)−2 ∇𝑢) ; é o 𝑝(𝑥)-laplaciano ;


14

1 Introdução

Segundo Cruz-Uribe & Fiorenza (2013), aceita-se como linha divisória entre o
período moderno e o inaugural no estudo dos Espaços de Lebesgue com Expoente Variável,
o artigo On spaces 𝐿𝑝(𝑥) and 𝑊 𝑘,𝑝(𝑥) de O. Kovácik e J. Rákosník de 1991. A origem deste
espaço remonta ao artigo Über konjugierte exponentenfolgen de W. Orlicz publicado em
1931. De maneira essencial, a contribuição de Orlicz foi mostrar que, para 1 < 𝑝(𝑥) < ∞,
∫︁ 1
se |𝑓 (𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 < ∞, então uma condição necessária e suficiente para que uma função 𝑔
0
)︂ ′
∫︁ 1 ∫︁ 1 (︂
|𝑔(𝑥)| 𝑝 (𝑥)
seja tal que 𝑓 (𝑥)𝑔(𝑥)𝑑𝑥 < ∞, é que exista 𝜆 > 0 de modo que 𝑑𝑥 < ∞.
0 𝜆 0
Como exemplo básico da utilidade de se estudar espaços 𝐿𝑝(𝑥) , a função
1
𝑓 (𝑥) = √︁ ,
3
|𝑥|

é tal que, não pertence a 𝐿𝑝 (R), para nenhum 𝑝 ∈ [0, ∞]. Porém, restringindo-se o
domínio da 𝑓 , consegue-se, por exemplo, 𝑓 ∈ 𝐿2 ([−2, 2]) e 𝐿4 (R∖[−2, 2]). Assim, uma
das aplicações dos Espaços de Lebesgue e Sobolev com Expoente Variável é estudar o
comportamento de funções, sem a necessidade de restrição do domínio, ao se trabalhar com
determinadas classes de funções. O estudo de equações diferenciais envolvendo condições
de crescimento do tipo 𝑝(𝑥)-growth vêm crescendo bastante nos últimos anos. Segundo
Kim & Kim (2015), eles podem modelar fenômenos físicos que surgem no estudo de
Mecânica de Elasticidade, Dinâmica dos Fluídos, Processamento de Imagens, entre outros.
Um exemplo é o trabalho realizado no artigo Variable exponent, linear growth functionals
in image restoration de Yunmei Chen, Stacey Levine e Murali Rao publicado em 2006.
Segundo os autores: “Estudamos um funcional com expoente variável, 1 ≤ 𝑝(𝑥) ≤ 2, o
que fornece um modelo para image denoising, aprimoramento e restauração de imagens”
(CHEN, Y.; LEVINE, S.; RAO, M. 2006, p. 1383).
Destaca-se neste trabalho, o estudo do seguinte problema:
⎧ (︂ )︂
−div 𝜑(𝑥, |∇𝑢(𝑥)|)∇𝑢(𝑥) = 𝜆𝑓 (𝑥, 𝑢(𝑥)), se 𝑥 ∈ Ω





(PI)



𝑢(𝑥) = 0, se 𝑥 ∈ 𝜕Ω,

o qual, encontra-se no artigo Mountain pass type solutions and positivity of the infimum
eigenvalue for quasilinear elliptic equations with variable exponents de In Hyoun Kim e
Yun-Ho Kim publicado em 2015, veja (KIM, I. H.; KIM, Y. H. 2015). Onde, Ω é um
domínio limitado de R𝑁 , com fronteira 𝜕Ω de Lipschitz, 𝑁 ≥ 1, a função 𝜑(𝑥, 𝑡) é do
tipo |𝑡|𝑝(𝑥)−2 , com 𝑝 : Ω → (1, ∞) contínua e 𝑓 : Ω × R → R é de Carathéodory. Nosso
principal objetivo é buscar soluções fracas não-triviais para o problema (PI) no espaço
Capítulo 1. Introdução 15

1,𝑝(·)
𝑊0 (Ω), o qual é definido como o fecho das funções de classe 𝐶 ∞ com suporte compacto
em 𝑊 1,𝑝(·) (Ω). Os principais resultados obtidos aqui são: Dois teoremas de existência
de soluções fracas não triviais e um teorema de caracterização de um autovalor, que o
chamaremos de 𝜆* .
Essa dissertação está dividida em dois capítulos e um apêndice, juntos das demais
partes exigidas. O primeiro capítulo trata da teoria básica a respeito dos Espaços de
Lebesgue e Sobolev com Expoente Variável. Exibimos a grande maioria das provas dos
resultados ali colocados, que serão fundamentais no auxílio à busca de soluções fracas
para o Problema (PI). No segundo capítulo, tratamos então da questão de buscar soluções
fracas não-triviais para o Problema (PI), exibindo-se também demais fatos auxiliares que
dependem das hipóteses do nosso problema. Ainda o Capítulo dois está dividido em
duas partes. A primeira exibe de maneira linear as hipóteses e resultados conforme são
necessárias. A segunda parte é a seção intitulada Prova de Alguns Fatos Auxiliares Usados
no Transcorrer do Capítulo, Seção (3.4), que trás a prova de resultados, considerados
“elementares”, também dependentes das hipóteses do Problema (PI), mas que, com o
intuito de facilitar a leitura, foram colocados no final do capítulo. O apêndice trás vários
resultados de Análise Funcional, Teoria da Medida, etc... com as respectivas referências
onde pode-se encontrar as demonstrações de tais fatos, que foram necessários ao longo do
trabalho.
A estratégia para resolver o Problema (PI) é utilizar as Técnicas Variacionais. Em
especial, destacam-se o Teorema do Passo da Montanha, Teorema 5.7.3 e o Teorema de
Fountain, Teorema 5.8.2. A ideia é basicamente construir um funcional chamado funcional
energia
1,𝑝(·)
𝐼𝜆 : 𝑊0 (Ω) → R,
1,𝑝(·)
que satisfaça as hipóteses desses dois teoremas, onde, 𝑊0 (Ω) é o fecho de 𝐶0∞ (Ω)
em 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) (veja seção 2.2 após Proposição 2.2.2), que é o espaço onde “moram” as
possíveis soluções do nosso problema e encontrar pontos críticos desse funcional utilizando
1,𝑝(·)
os teoremas citados, ou seja, 𝑢 ∈ 𝑊0 (Ω), tal que 𝐼𝜆′ (𝑢) = 0. No primeiro resultado
existência de solução fraca, utilizamos o Teorema 5.7.3, obtendo assim, a existência de
ao menos uma solução fraca não trivial para o Problema (PI). Já no segundo resultado,
utilizamos o Teorema 5.8.2, obtendo-se a existência de uma infinidade de soluções fracas
não triviais.
A maioria dos trabalhos existentes a respeito da existência de soluções para pro-
blemas do tipo 𝑝(𝑥)-laplaciano exigem que o funcional induzido pela parte principal da
equação (PI) seja uniformemente convexo. Veja, por exemplo, Mihăilescu e Rădulescu
(2006). Aqui, obtemos nosso principal resultado sem assumir a convexidade uniforme do
funcional induzido pela parte principal da equação (PI).
16

2 Os Espaços 𝐿𝑝(·)(Ω) e 𝑊 1,𝑝(·)(Ω)

Neste capítulo, estudamos o espaço de Lebesgue, com expoente variável, o qual é


definido por {︂ ∫︁ }︂
𝑝(·) 𝑝(𝑥)
𝐿 (Ω) = 𝑢 ∈ 𝑆(Ω); |𝑢(𝑥)| 𝑑𝑥 < ∞ ,
Ω
𝑁
onde Ω ⊂ R é um domínio limitado, com fronteira de Lipschitz e 𝑝 ∈ 𝐶+ (Ω). Esse
espaço será útil para definirmos o espaço de Sobolev com expoente variável 𝑊 1,𝑝(·) (Ω)
1,𝑝(·)
e, em seguida 𝑊0 (Ω). Tais espaços serão fundamentais para o estudo dos problemas
elípticos que apresentaremos no capítulo seguinte.

2.1 Espaços de Lebesgue com Expoentes Variáveis


Seja Ω ⊂ R𝑁 um domínio limitado, com fronteira de Lipschitz e consideremos o
conjunto
𝐶+ (Ω) = {ℎ ∈ 𝐶(Ω); min ℎ(𝑥) > 1}.
𝑥∈Ω

Para cada ℎ ∈ 𝐶+ (Ω), definimos

ℎ+ = sup ℎ(𝑥) e ℎ− = inf ℎ(𝑥).


𝑥∈Ω 𝑥∈Ω

Ainda, para cada 𝑝 ∈ 𝐶+ (Ω), dizemos que 𝜌 : 𝐿𝑝(·) (Ω) → R, dada por
∫︁
𝜌(𝑢) = |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥, 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω),
Ω

é a modular de 𝐿𝑝(·) (Ω). Este nome é motivado pela definição de funções modulares e
semimodulares que, para mais detalhes, pode-se encontrar em DIENING, L. (2011, cap.2).
A próxima proposição fornece alguns resultados básicos para a modular de 𝐿𝑝(·) (Ω).
Essas propriedades serão de uso recorrente ao longo do trabalho.

Proposição 2.1.1. Para quaisquer 𝑢, 𝑣 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), temos:


(i) 𝜌(𝑢) = 0 se, e somente se, 𝑢 = 0 em 𝐿𝑝(·) (Ω);
(ii) 𝜌(−𝑢) = 𝜌(𝑢);
(iii) 𝜌 é uma função convexa;
+
(iv) 𝜌(𝑢 + 𝑣) ≤ 2𝑝 (𝜌(𝑢) + 𝜌(𝑣));
− +
(v) 𝜌(𝑢) ≤ 𝜆𝜌(𝑢) ≤ 𝜆𝑝 𝜌(𝑢) ≤ 𝜌(𝜆𝑢) ≤ 𝜆𝑝 𝜌(𝑢), quando 𝜆 > 1;
− +
(vi) 𝜌(𝑢) ≥ 𝜆𝜌(𝑢) ≥ 𝜆𝑝 𝜌(𝑢) ≥ 𝜌(𝜆𝑢) ≥ 𝜆𝑝 𝜌(𝑢), quando 0 < 𝜆 < 1;
(vii) Para cada 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω)∖{0}, 𝜙𝑢 : [0, +∞) → R, dada por 𝜙𝑢 (𝜆) = 𝜌(𝜆𝑢) é não
decrescente, contínua e convexa.
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 17

Prova: (i) Basta-nos notar que

𝜌(𝑢) = 0 ⇔ |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) = 0 q.t.p. em Ω


⇔ |𝑢(𝑥)| = 0 q.t.p. em Ω
⇔ 𝑢(𝑥) = 0 q.t.p. em Ω
⇔ 𝑢 = 0 em 𝐿𝑝(·) (Ω).

(ii) Ora, ∫︁ ∫︁
𝑝(𝑥)
𝜌(−𝑢) = |(−𝑢)(𝑥)| 𝑑𝑥 = |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 = 𝜌(𝑢).
Ω Ω
(iii) A função 𝜓 : Ω × R → R, dada por

𝜓(𝑥, 𝑠) = |𝑠|𝑝(𝑥) , (𝑥, 𝑠) ∈ Ω × R,

é convexa em R (veja exemplo 5.1.3 no apêndice), para cada 𝑥 ∈ Ω fixado. Logo, para
quaisquer 𝑢, 𝑣 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑡 ∈ [0, 1],
∫︁
𝜌((1 − 𝑡)𝑢 + 𝑡𝑣) = |(1 − 𝑡)𝑢(𝑥) + 𝑡𝑣(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥
∫︁Ω
≤ [(1 − 𝑡)|𝑢(𝑥)| + 𝑡|𝑣(𝑥)|]𝑝(𝑥) 𝑑𝑥
Ω ∫︁ ∫︁
≤ (1 − 𝑡) |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 + 𝑡 |𝑣(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥
Ω Ω

= (1 − 𝑡)𝜌(𝑢) + 𝑡𝜌(𝑣).

Consequentemente, 𝜌 é uma função convexa.


(iv) Para quaisquer 𝑢, 𝑣 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), temos

|𝑢(𝑥) + 𝑣(𝑥)|𝑝(𝑥) ≤ (|𝑢(𝑥)| + |𝑣(𝑥)|)𝑝(𝑥)


≤ (2 · max{|𝑢(𝑥)|, |𝑣(𝑥)|})𝑝(𝑥)
= 2𝑝(𝑥) · max{|𝑢(𝑥)|, |𝑣(𝑥)|}𝑝(𝑥)
≤ 2𝑝(𝑥) · (|𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) + |𝑣(𝑥)|𝑝(𝑥) ), ∀ 𝑥 ∈ Ω.
+
Por isso e por 2𝑝(𝑥) ≤ 2𝑝 , para todo 𝑥 ∈ Ω,
∫︁
𝜌(𝑢 + 𝑣) = |𝑢(𝑥) + 𝑣(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥
∫︁Ω
≤ 2𝑝(𝑥) (|𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) + |𝑣(𝑥)|𝑝(𝑥) )𝑑𝑥
Ω ∫︁
𝑝+
≤2 · (|𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) + |𝑣(𝑥)|𝑝(𝑥) )𝑑𝑥
Ω
+
= 2𝑝 (𝜌(𝑢) + 𝜌(𝑣)).
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 18

(v) Se 𝜆 > 1, então, devido a 𝑝− > 1,

|𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) ≤ 𝜆|𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥)

≤ 𝜆𝑝 |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥)
≤ 𝜆𝑝(𝑥) |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥)
= |𝜆𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥)
+
≤ 𝜆𝑝 |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) , ∀ 𝑥 ∈ Ω.

Logo,
∫︁ ∫︁
𝑝(𝑥)
|𝑢(𝑥)| 𝑑𝑥 ≤ 𝜆 |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥
Ω Ω∫︁

≤ 𝜆𝑝 |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥
∫︁ Ω

≤ |𝜆𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥
Ω ∫︁
𝑝+
≤𝜆 |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥,
Ω

ou seja, vale (v).


(vi) A prova de (vi) é análoga à de (v), por isso a omitiremos.
(vii) Sejam 𝜆1 , 𝜆2 ∈ [0, +∞), com 𝜆1 < 𝜆2 , e 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω) − {0} fixado. Então
𝑝(𝑥)
|𝜆1 𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) = 𝜆1 |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥)
𝑝(𝑥)
< 𝜆2 |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥)
= |𝜆2 𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) , ∀ 𝑥 ∈ Ω.

Consequentemente,
∫︁ ∫︁
𝜙𝑢 (𝜆1 ) = 𝜌(𝜆1 𝑢) = |𝜆1 𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 ≤ |𝜆2 𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 = 𝜌(𝜆2 𝑢) = 𝜙𝑢 (𝜆2 ),
Ω Ω

isto é, 𝜙𝑢 é não decrescente.


Agora, provemos a continuidade de 𝜙𝑢 . Para tal, seja 𝜆 ∈ [0, +∞). Mostraremos
que
lim− 𝜙𝑢 (𝜆) = 𝜙𝑢 (𝜆).
𝜆→𝜆
A prova de que
lim+ 𝜙𝑢 (𝜆) = 𝜙𝑢 (𝜆)
𝜆→𝜆

é análoga. Para isso, seja (𝜆𝑛 ) ⊂ [0, +∞) uma sequência não decrescente tal que 𝜆𝑛 → 𝜆,
com 𝜆𝑛 < 𝜆, para todo 𝑛 ∈ N. Por 𝜙𝑢 ser não decrescente e 𝑝(𝑥) ≥ 𝑝− > 1, para
todo 𝑥 ∈ Ω, (|𝜆𝑛 𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) ) é uma sequência não decrescente de funções mensuráveis e
não negativas. Além disso, |𝜆𝑛 𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) → |𝜆𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) , para todo 𝑥 ∈ Ω. Com isso, pelo
Teorema da Convergência Monótona (??),
∫︁ ∫︁
𝜙𝑢 (𝜆𝑛 ) = 𝜌(𝜆𝑛 𝑢) = |𝜆𝑛 𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 → |𝜆𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 = 𝜌(𝜆𝑢) = 𝜙𝑢 (𝜆).
Ω Ω
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 19

Deste modo, 𝜙𝑢 é contínua.


Novamente, pelo exemplo 5.1.3, a função 𝜉(𝑥, 𝜆) = |𝜆𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) , para 𝜆 ≥ 0, é
convexa em [0, +∞). Assim, para quaisquer 𝜆1 , 𝜆2 ∈ [0, +∞) e 𝑡 ∈ [0, 1],

𝜙𝑢 ((1 − 𝑡)𝜆1 + 𝑡𝜆2 ) = 𝜌([(1 − 𝑡)𝜆1 + 𝑡𝜆2 ]𝑢)


∫︁
= |[(1 − 𝑡)𝜆1 + 𝑡𝜆2 ]𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥
∫︁Ω
≤ [(1 − 𝑡)|𝜆1 𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) + 𝑡|𝜆2 𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) ]𝑑𝑥
Ω

= (1 − 𝑡)𝜌(𝜆1 𝑢) + 𝑡𝜌(𝜆2 𝑢)
= (1 − 𝑡)𝜙𝑢 (𝜆1 ) + 𝑡𝜙𝑢 (𝜆2 ).

Portanto, 𝜙𝑢 é convexa.
A partir da proposição anterior, estamos aptos a provar que 𝐿𝑝(·) (Ω) é um espaço
vetorial real.

Proposição 2.1.2. O conjunto 𝐿𝑝(·) (Ω) é um espaço vetorial real.

Prova: Para provarmos tal proposição basta-nos mostrar que 𝐿𝑝(·) (Ω) é um subespaço
vetorial de ℱ(Ω; R). Para isso, sejam 𝑢, 𝑣 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝛼 ∈ R. Por isso, 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑆(Ω),
𝜌(𝑢) < ∞ e 𝜌(𝑣) < ∞. Como 𝑆(Ω) é um espaço vetorial real, 𝑢 + 𝛼𝑣 ∈ 𝑆(Ω). Ainda,
pelo item (vi) da Proposição 2.1.1,
+
𝜌(𝑢 + 𝑣) ≤ 2𝑝 (𝜌(𝑢) + 𝜌(𝑣)) < ∞.

Assim, 𝑢 + 𝑣 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω).


Agora, pelos itens (ii),(v) e (vi) da Proposição 2.1.1, temos: caso 𝛼 > 1, 𝜌(𝛼𝑢) ≤
𝑝+ −
𝛼 𝜌(𝑢) < ∞; caso 0 < 𝛼 < 1, 𝜌(𝛼𝑢) ≤ 𝛼𝑝 𝜌(𝑢) < ∞; caso 𝛼 = 0, 𝜌(0𝑢) = 0 e, caso
𝛼 < 0, 𝛼 = −𝛽, com 𝛽 > 0, logo 𝜌(𝛼𝑢) = 𝜌(−𝛽𝑢) = 𝜌(𝛽) < ∞. Disso, decorre que
𝛼𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω)
Antes de demonstrarmos que podemos munir o espaço 𝐿𝑝(·) (Ω) de uma norma,
defina, para cada 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω) fixado,
𝑢
{︂ (︂ )︂ }︂
𝐼𝑢 = 𝜆 > 0; 𝜌 ≤1 .
𝜆
(︁ )︁
Se 𝑢 = 0, então 𝜌 𝜆0 = 𝜌(0) = 0 ≤ 1, para todo 𝜆 > 0. Com isso, 𝐼0 = (0, +∞).
Agora, se 𝑢 ̸= 0, então existe 𝑎 ∈ 𝐼𝑢 , com 𝑎 > 0, de modo que 𝐼𝑢 = [𝑎, +∞). De fato,
se 𝑢 ̸= 0 em 𝐿𝑝(·) (Ω), então |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) > 0 q.t.p. em Ω. Logo, 𝜌(𝑢) > 0. Denotando
1
𝜉(𝑥) := 𝜌(𝑢) 𝑝(𝑥) , consequentemente,

𝑢 ⃒ 𝑢(𝑥) ⃒𝑝(𝑥) 𝜌(𝑢)


(︂ ∫︁ )︂ ⃒ ⃒
𝜌 = ⃒⃒ ⃒ 𝑑𝑥 = = 1,
𝜉(𝑥) Ω 𝜉(𝑥)

𝜌(𝑢)
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 20

1
ou seja, 𝜌(𝑢) 𝑝(𝑥) ∈ 𝐼𝑢 . Deste modo, 𝐼𝑢 ̸= ∅. Com isso, se 𝑏 ∈ 𝐼𝑢 e 𝜆 > 𝑏, então, por 𝜙𝑢 ser
não decrescente,
1 1 1 𝑢 𝑢 1
(︂ )︂ (︂ )︂ (︂ )︂ (︂ )︂
< ⇒ 𝜙𝑢 =𝜌 ≤𝜌 = 𝜙𝑢 ≤ 1.
𝜆 𝑏 𝜆 𝜆 𝑏 𝑏
Logo, 𝜆 ∈ 𝐼𝑢 .
Agora, a função 𝛽 : (0, +∞) → R, dada por
𝑢 1
(︂ )︂ (︂ )︂
𝛽(𝜆) = 𝜌 = 𝜙𝑢 ,
𝜆 𝜆
é não crescente, contínua e convexa. Por isso,

𝐼𝑢 = {𝜆 > 0; 𝛽(𝜆) ≤ 1}
= 𝛽 −1 ((0, 1]).

Deste modo, pondo 𝑎 = 𝛽 −1 (1), temos 𝐼𝑢 = [𝑎, +∞), como queríamos.


Seja ‖ · ‖𝐿𝑝(·) (Ω) : 𝐿𝑝(·) (Ω) → R, definida por
𝑢
{︂ (︂ )︂ }︂
‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) = inf 𝜆 > 0; 𝜌 ≤1 .
𝜆

Na próxima proposição, provaremos que ‖ · ‖𝐿𝑝(·) (Ω) torna 𝐿𝑝(·) (Ω) um espaço ve-
torial normado, noção esta, exibida na Definição 5.2.3 no apêndice.

Proposição 2.1.3. O par (𝐿𝑝(·) (Ω), ‖ · ‖𝐿𝑝(·) (Ω) ) é um espaço vetorial normado.

Prova: Basta-nos mostrar que ‖ · ‖𝐿𝑝(·) (Ω) é uma norma em 𝐿𝑝(·) (Ω).
(︁ )︁
(N1) Por {𝜆 > 0; 𝜌 𝜆𝑢 ≤ 1} ⊂ [0, +∞) e pelas propriedades de ínfimo,

‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) ≥ inf[0, +∞) = 0.

Ainda, se 𝑢 = 0 em 𝐿𝑝(·) (Ω), então 𝐼𝑢 = (0, +∞), e assim ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) = 0. Reciprocamente,
se ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) = 0 e 𝑢 ̸= 0 em 𝐿𝑝(·) (Ω), então, pela definição de ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) , existe (𝜆𝑛 ) em
(0, 1), de modo que
𝑢
(︂ )︂
𝜆𝑛 → 0 = ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) e𝜌 ≤ 1, ∀ 𝑛 ∈ N.
𝜆𝑛
Deste modo, por ser 𝑝(𝑥) > 1, para todo 𝑥 ∈ Ω e 𝜆𝑛 ∈ (0, 1),
𝑢 1 1 ∫︁
(︂ )︂ ∫︁
𝑝(𝑥)
1≥𝜌 = 𝑝(𝑥)
|𝑢(𝑥)| 𝑑𝑥 ≥ |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 ∀ 𝑛 ∈ N.
𝜆𝑛 Ω 𝜆𝑛 𝜆𝑛 Ω

Devido a ser 𝑢 ̸= 0 em 𝐿𝑝(·) (Ω), 𝜌(𝑢) > 0. Logo,


1 ∫︁ 1
lim |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 = lim 𝜌(𝑢) = ∞,
𝜆𝑛 Ω 𝜆𝑛
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 21

o que é um absurdo. Portanto, ‖𝑢‖ = 0 em 𝐿𝑝(·) (Ω).


(N2) Se 𝛼 = 0, então ‖𝛼𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) = 0 = 0 · ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) . Caso 𝛼 ̸= 0, temos
𝛼𝑢
(︂ )︂
‖𝛼𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) = inf{𝜆 > 0; 𝜌 ≤ 1}
𝜆(︂ )︂
𝑢
= inf{|𝛼|𝜆 > 0; 𝜌 ≤ 1}
𝜆
= |𝛼| inf 𝐼𝑢
= |𝛼|‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) .

(N3) Inicialmente, o conjunto 𝐶 = {𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω); 𝜌(𝑢) ≤ 1} é convexo, devido a 𝜌 ser


uma função convexa. Sejam 𝑢, 𝑣 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω). Caso 𝑢 = 0 ou 𝑣 = 0, segue de (N1) a
validade de (N3). Se 𝑢 ̸= 0 e 𝑣 ̸= 0 então podemos considerar 𝑎 = ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) ∈ 𝐼𝑢 e
𝑏 = ‖𝑣‖𝐿𝑝(·) (Ω) ∈ 𝐼𝑣 . Devido a 𝐼𝑢 e 𝐼𝑣 serem intervalos, 𝑎 + 𝜀 ∈ 𝐼𝑢 e 𝑏 + 𝜀 ∈ 𝐼𝑣 , para todo
𝑢 𝑣
𝜀 > 0. Por conseguinte, , ∈ 𝐶. Por isso e por 𝐶 ser convexo,
𝑎+𝜀 𝑏+𝜀
𝑢 𝑣
𝑡· + (1 − 𝑡) · ∈ 𝐶, ∀ 𝑡 ∈ [0, 1].
𝑎+𝜀 𝑏+𝜀
𝑎+𝜀 𝑢+𝑣
Em particular, para 𝑡 = ∈ [0, 1], ∈ 𝐶, ou seja, 𝑎 + 𝑏 + 2𝜀 ∈ 𝐼𝑢+𝑣 .
𝑎 + 𝑏 + 2𝜀 𝑎 + 𝑏 + 2𝜀
Consequentemente,

‖𝑢 + 𝑣‖𝐿𝑝(·)(Ω) ≤ ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) + ‖𝑣‖𝐿𝑝(·) (Ω) + 2𝜀.

Ao fazermos 𝜀 → 0+ , decorre que ‖𝑢 + 𝑣‖𝐿𝑝(·) (Ω) ≤ ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) + ‖𝑣‖𝐿𝑝(·) (Ω) .


Pela validade de (N1), (N2) e (N3), temos que (𝐿𝑝(·) (Ω), ‖ · ‖𝐿𝑝(·) (Ω) ) é um espaço
vetorial normado.

Proposição 2.1.4. Se 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑢 ̸= 0, então ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) = 𝑎 se, e somente se,
(︁ )︁
𝜌 𝑢𝑎 = 1.

Prova: Seja ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) = 𝑎, com 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω)∖{0}. Como 𝑢 = ̸ 0, 𝐼𝑢 = [𝑎, +∞) é um
(︁ )︁ (︁ )︁
intervalo fechado, e assim, ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) = inf 𝐼𝑢 = 𝑎 ∈ 𝐼𝑢 . Logo, 𝜌 𝑢𝑎 ≤ 1. Se 𝜌 𝑢𝑎 < 1,
(︁ )︁
𝑢
então, devido à função 𝜉, definida por 𝜉(𝑡) = 𝜌 𝑡
, para 𝑡 ≥ 0, ser contínua, convexa
(︁ )︁
𝑢
e decrescente, existe 𝛿 > 0 tal que 𝜌 𝑡
< 1, para todo 𝑡 ∈ (𝑎 − 𝛿, 𝑎 + 𝛿). Com isso,
(︁ )︁
𝛿 𝑢
𝑎− 2
∈ 𝐼𝑢 , o que é um absurdo, já que 𝑎 = inf 𝐼𝑢 . Portanto, 𝜌 𝑎
= 1.
(︁ )︁
Agora, seja 𝜌 𝑢𝑎 = 1. Neste caso, 𝑎 ∈ 𝐼𝑢 . Logo, ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) = inf 𝐼𝑢 ≤ 𝑎. Se
‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) < 𝑎, então existe 𝜆 ∈ (‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) , 𝑎). Por conseguinte, da continuidade de 𝜌 e
por 𝜙𝑢 ser não decrescente,
𝑢 𝑢
(︂ )︂ (︂ )︂
𝜌 <𝜌 ≤ 1,
𝑎 𝜆
o que é um absurdo. Portanto, ‖𝑢‖𝐿𝑝 (Ω) = 𝑎.
As Proposições 2.1.5 e 2.1.6 são de extrema importância. Como a norma em
𝑝(·)
𝐿 (Ω) é o ínfimo de um conjunto, isto em geral dificulta seu uso nas aplicações. Com
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 22

essas proposições junto com a função modular 𝜌, temos propriedades muito úteis para
se realizar majorações e trabalhar com desigualdades em geral, envolvendo a norma de
𝐿𝑝(·) (Ω).

Proposição 2.1.5. Seja 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω). Então:


(1) ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) < 1(= 1; > 1) se, e somente se, 𝜌(𝑢) < 1(= 1; > 1);
− +
(2) Se ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) > 1, então ‖𝑢‖𝑝𝐿𝑝(·) (Ω) ≤ 𝜌(𝑢) ≤ ‖𝑢‖𝑝𝐿𝑝(·) (Ω) ;
+ −
(3) Se ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) < 1, então ‖𝑢‖𝑝𝐿𝑝(·) (Ω) ≤ 𝜌(𝑢) ≤ ‖𝑢‖𝑝𝐿𝑝(·) (Ω) .

Prova: (1) Se 𝑢 = 0 em 𝐿𝑝(·) (Ω), então o resultado segue. Pela proposição anterior,
decorre que
‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) = 1 ⇔ 𝜌(𝑢) = 1.
1
No caso ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) = 𝑎 < 1, então 1 < . Disso e, novamente pela proposição anterior,
(︁ )︁ 𝑎 (︁ )︁
𝜌(𝑢) ≤ 𝜌 𝑢𝑎 = 1., por 𝜙𝑢 ser não decrescente. Observe que o caso 𝜌(𝑢) = 𝜌 𝑢𝑎 porque
isto contradiz a proposição anterior. Portanto, 𝜌(𝑢) < 1. Reciprocamente, se 𝜌(𝑢) < 1,
então 1 ∈ 𝐼𝑢 , logo ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) < 1. A prova da outra equivalência é análoga, por isso a
omitiremos.
− +
(2) Se ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) = 𝑎 > 1. Como, 𝑝− ≤ 𝑝(𝑥) ≤ 𝑝+ e 𝑎𝑝 ≤ 𝑎𝑝(𝑥) ≤ 𝑎𝑝 , temos

𝜌(𝑢) 𝑢 𝜌(𝑢)
(︂ )︂
𝑝 + ≤ 𝜌 = 1 ≤ 𝑝− .
𝑎 𝑎 𝑎
Disso, concluímos que
− +
‖𝑢‖𝐿𝑝 𝑝(·) (Ω) ≤ 𝜌(𝑢) ≤ ‖𝑢‖𝑝𝐿𝑝(·) (Ω) ,

como queríamos.
(3) A prova deste item é similar à do item (2).

Proposição 2.1.6. Seja 𝑞 ∈ 𝐿∞ (Ω) tal que 1 ≤ 𝑝(𝑥)𝑞(𝑥) ≤ ∞ q.t.p. em Ω. Se 𝑢 ∈


𝐿𝑞(·) (Ω), com 𝑢 ̸= 0, então
− +
(1) ‖𝑢‖𝐿𝑞 𝑝(·)𝑞(·) (Ω) ≤ ‖|𝑢|𝑞(𝑥) ‖𝐿𝑝(·) (Ω) ≤ ‖𝑢‖𝑞𝐿𝑝(·)𝑞(·) (Ω) , quando ‖𝑢‖𝐿𝑝(·)𝑞(·) (Ω) ≥ 1;
+ −
(2) ‖𝑢‖𝐿𝑞 𝑝(·)𝑞(·) (Ω) ≤ ‖|𝑢|𝑞(𝑥) ‖𝐿𝑝(·) (Ω) ≤ ‖𝑢‖𝑞𝐿𝑝(·)𝑞(·) (Ω) , quando ‖𝑢‖𝐿𝑝(·)𝑞(·) (Ω) ≤ 1.
Prova: Veja EDMUNDS, D. E.; RÁKOSNÍK, J. (2000, p. 271).

Proposição 2.1.7. Se 𝑢, 𝑢𝑛 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), 𝑛 ∈ N, então as seguintes afirmações são equiva-


lentes:
(1) lim ‖𝑢𝑛 − 𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) = 0;
𝑛→∞
(2) lim 𝜌(𝑢𝑛 − 𝑢) = 0.
𝑛→∞

Prova: (⇒) Como lim ‖𝑢𝑛 − 𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) = 0, dado 𝜀 ∈ (0, 1), existe 𝑛0 ∈ N tal que

𝑛 ≥ 𝑛0 ⇒ ‖𝑢𝑛 − 𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) < 𝜀 < 1.


Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 23

Por isso e pela Proposição 2.1.5,


− −
𝜌(𝑢𝑛 − 𝑢) ≤ ‖𝑢𝑛 − 𝑢‖𝑝𝐿𝑝(·) (Ω) < 𝜀𝑝 ≤ 𝜀.

Consequentemente, lim 𝜌(𝑢𝑛 − 𝑢) = 0.


(⇐) Como lim 𝜌(𝑢𝑛 − 𝑢) = 0, dado 𝜀 ∈ (0, 1), existe 𝑛0 ∈ N tal que
𝑛→∞
+
𝑛 ≥ 𝑛0 ⇒ 𝜌(𝑢𝑛 − 𝑢) < 𝜀𝑝 ≤ 𝜀 < 1.

Por isso e pela Proposição 2.1.5, ‖𝑢𝑛 − 𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) < 1 e


+ +
‖𝑢𝑛 − 𝑢‖𝑝𝐿𝑝(·) (Ω) ≤ 𝜌(𝑢𝑛 − 𝑢) < 𝜀𝑝 .

lim ‖𝑢𝑛 − 𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) = 0.


Portanto, 𝑛→∞

Proposição 2.1.8. O espaço vetorial normado 𝐿𝑝(·) (Ω) é um espaço de Banach.

Prova: Seja (𝑢𝑛 )𝑛∈N uma sequência de Cauchy em 𝐿𝑝(·) (Ω). Para provarmos que (𝑢𝑛 )𝑛∈N
converge em 𝐿𝑝(·) (Ω), basta-nos mostrar que (𝑢𝑛 )𝑛∈N admite uma subsequência conver-
gente em 𝐿𝑝(·) (Ω). Para isso, demonstraremos que existe uma subsequência (𝑢𝑘 )𝑘∈N de
(𝑢𝑛 )𝑛∈N , de modo que
1
‖𝑢𝑘+1 − 𝑢𝑘 ‖𝐿𝑝(·) (Ω) <
2𝑘
, ∀ 𝑘 ∈ N. 6
( )

1
Ora, por (𝑢𝑛 )𝑛∈N ser de Cauchy em 𝐿𝑝(·) (Ω), dado 𝜀 = , existe 𝑛1 ∈ N tal que
2
1
𝑚, 𝑛 ≥ 𝑛1 ⇒ ‖𝑢𝑚 − 𝑢𝑛 ‖𝐿𝑝(·) (Ω) < .
2
1
Agora, dado 𝜀 = 2 , existe 𝑛2 ∈ N, com 𝑛2 > 𝑛1 , tal que
2
1
𝑚, 𝑛 ≥ 𝑛2 ⇒ ‖𝑢𝑚 − 𝑢𝑛 ‖𝐿𝑝(·) (Ω) < 2 .
2
Visto que 𝑛2 , 𝑛1 ≥ 𝑛1 ,
1
‖𝑢𝑛2 − 𝑢𝑛1 ‖𝐿𝑝(·) (Ω) < .
2
1
Dado 𝜀 = , existe 𝑛3 ∈ N, com 𝑛3 > 𝑛2 , tal que
23
1
𝑚, 𝑛 ≥ 𝑛3 ⇒ ‖𝑢𝑚 − 𝑢𝑛 ‖𝐿𝑝(·) (Ω) < .
23
Como 𝑛3 , 𝑛2 ≥ 𝑛2 ,
1
‖𝑢𝑛3 − 𝑢𝑛2 ‖𝐿𝑝(·) (Ω) <
.
22
6
E assim por diante, donde ( ) se verifica. Denotando 𝑢𝑛𝑘 = 𝑢𝑘 , mostraremos que (𝑢𝑘 )𝑘∈N é
convergente em 𝐿𝑝(·) (Ω). Para tal, consideremos a sequência (𝑣𝑛 )𝑛∈N em 𝐿𝑝(·) (Ω), definida
por
𝑛
∑︁
𝑣𝑛 (𝑥) = |𝑢𝑘+1 (𝑥) − 𝑢𝑘 (𝑥)|, 𝑥 ∈ Ω,
𝑘=1
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 24

6
a qual é não-decrescente. Pela desigualdade dada em ( ), ‖𝑣𝑛 ‖𝐿𝑝(·) (Ω) ≤ 1, para todo
𝑛 ∈ N. Por isso e pela Proposição 2.1.5,
∫︁
|𝑣𝑛 (𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 ≤ 1, ∀ 𝑛 ∈ N.
Ω

Disso e do Teorema da Convergência Monótona, Proposição ??, existe 𝑣 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), de


modo que
lim 𝑣𝑛 (𝑥) = 𝑣(𝑥), q.t.p. em Ω.
𝑛→∞

Por outro lado, para 𝑚, 𝑛 ≥ 2 e 𝑥 ∈ Ω, temos

|𝑢𝑚 (𝑥) − 𝑢𝑛 (𝑥)| ≤ |𝑢𝑚 (𝑥) − 𝑢𝑚−1 (𝑥)| + · · · + |𝑢𝑛+1 (𝑥) − 𝑢𝑛 (𝑥)| ≤ 𝑣(𝑥) − 𝑣𝑛−1 (𝑥).

Deste modo, (𝑢𝑘 (𝑥)) ⊂ R é uma sequência de Cauchy q.t.p. 𝑥 ∈ Ω, logo convergente,
digamos que
lim 𝑢𝑘 (𝑥) = 𝑢(𝑥), q.t.p. em Ω.
𝑘→∞

Com isso,
|𝑢𝑘 (𝑥) − 𝑢(𝑥)| ≤ 𝑣(𝑥), ∀ 𝑘 ≥ 2 e q.t.p. em Ω.
Devido a 𝑣 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), por conseguinte,

|𝑢𝑘 (𝑥) − 𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) → 0 e |𝑢𝑘 (𝑥) − 𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) ≤ 𝑣(𝑥)𝑝(𝑥) , q.t.p. em Ω,

logo, pelo Teorema da Convergência Dominada, Proposição ??,


∫︁
lim |𝑢𝑘 (𝑥) − 𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) = 0,
𝑘→∞ Ω

isto é,
lim 𝜌(𝑢𝑘 − 𝑢) = 0,
Por isso e pela Proposição 2.1.7, 𝑢𝑘 → 𝑢 em 𝐿𝑝(·) (Ω), o que finaliza a prova da proposição
em questão.

Proposição 2.1.9. Seja (𝑢𝑛 )𝑛∈N uma sequência em 𝐿𝑝(·) (Ω) tal que 𝑢𝑛 → 𝑢. Então,
existe uma subsequência (𝑢𝑛𝑘 )𝑘∈N de (𝑢𝑛 )𝑛∈N e ℎ ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), tal que
(a) 𝑢𝑛𝑘 (𝑥) → 𝑢(𝑥) q.t.p. em Ω;
(b) |𝑢𝑛𝑘 (𝑥)| ≤ ℎ(𝑥), para todo 𝑘 ∈ N, q.t.p. em Ω.

Prova: (a) Devido a (𝑢𝑛 ) em 𝐿𝑝(·) (Ω) ser convergente, ao repetirmos os argumentos do
teorema anterior, produzimos uma subsequência (𝑢𝑛𝑘 )𝑘∈N de (𝑢𝑛 )𝑛∈N tal que
1
‖𝑢𝑛𝑘+1 − 𝑢𝑛𝑘 ‖𝐿𝑝(·) (Ω) < , ∀ 𝑘 ∈ N.
2𝑘
Além disso,

lim 𝑢𝑛𝑘 (𝑥) = 𝑔(𝑥), q.t.p. em Ω


𝑘→∞
6
( )
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 25

|𝑢𝑛𝑘 (𝑥) − 𝑔(𝑥)| ≤ 𝑣(𝑥), ∀ 𝑘 ≥ 2 e q.t.p. em Ω, 66)


(

com 𝑣 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω). Pelo Teorema da Convergência Dominada, Proposição ??, 𝑔 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω)
e 𝑢𝑛𝑘 → 𝑔 em 𝐿𝑝(·) (Ω). Deste modo, 𝑔(𝑥) = 𝑢(𝑥), q.t.p. 𝑥 ∈ Ω. Por isso e por ( ), 6
𝑢𝑛𝑘 (𝑥) → 𝑢(𝑥), q.t.p. em Ω.
66
(b) Pondo ℎ = |𝑔| + 𝑣 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω) em ( ), o resultado segue.
A proposição a seguir generaliza a desigualdade de Hölder para os espaços 𝐿𝑝(·) (Ω).
Esta, junto com as Proposições 2.1.5 e 2.1.7 serão de grande importância ao se realizar
majorações envolvendo o funcional energia 𝐼𝜆 no capítulo seguinte.
1 1
Proposição 2.1.10. Sejam 𝑝− > 1 e 𝑞 ∈ 𝐿∞
+ (Ω) tal que + = 1, para todo
𝑝(𝑥) 𝑞(𝑥)
𝑥 ∈ Ω. Se 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑣 ∈ 𝐿𝑞(·) (Ω), então
(︃ )︃
1 1
⃒∫︁ ⃒
⃒ ⃒
⃒ 𝑢(𝑥)𝑣(𝑥)𝑑𝑥⃒⃒ ≤ −
+ − ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) ‖𝑣‖𝐿𝑞(·) (Ω) .

Ω 𝑝 𝑞

Prova: Se 𝑢 = 0 ou 𝑣 = 0, a desigualdade vale. Agora, se 𝑢 ̸= 0 e 𝑣 ̸= 0, então


𝑎 = ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) ̸= 0 e 𝑏 = ‖𝑣‖𝐿𝑞 (Ω) ̸= 0. Logo, pela Desigualdade de Young, Proposição
5.2.4,
⃒∫︁ ⃒
⃒ 𝑢(𝑥) 𝑣(𝑥) ⃒⃒ ∫︁ |𝑢(𝑥)| |𝑣(𝑥)|
· 𝑑𝑥⃒⃒ ≤ · 𝑑𝑥


⃒ Ω 𝑎 𝑏 Ω 𝑎 𝑏
⃒ ⃒𝑝(𝑥) ⃒ ⃒𝑞(𝑥)
∫︁
1 ⃒⃒ 𝑢(𝑥) ⃒⃒ ∫︁
1 ⃒⃒ 𝑣(𝑥) ⃒⃒
≤ ⃒ ⃒ 𝑑𝑥 + ⃒ ⃒ 𝑑𝑥
Ω 𝑝(𝑥) ⃒ 𝑎 ⃒ Ω 𝑞(𝑥) ⃒ 𝑏 ⃒
⃒ ⃒𝑝(𝑥) ⃒ ⃒𝑞(𝑥)
1 ∫︁ ⃒⃒ 𝑢(𝑥) ⃒⃒ 1 ∫︁ ⃒⃒ 𝑣(𝑥) ⃒⃒
≤ − ⃒⃒ ⃒ 𝑑𝑥 + − ⃒⃒ ⃒ 𝑑𝑥
𝑝 Ω 𝑎 ⃒ 𝑞 Ω 𝑏 ⃒
1 1
= − + −,
𝑝 𝑞
já que 𝜌( 𝑢𝑎 ) = 𝜌( 𝑣𝑏 ) = 1. Logo, vale a desigualdade desejada.

Proposição 2.1.11. Se 𝑝− > 1, então 𝐿𝑝(·) (Ω) é um espaço reflexivo.

Prova: Se Ω− = {𝑥 ∈ Ω; 1 < 𝑝(𝑥) < 2} e Ω+ = {𝑥 ∈ Ω; 𝑝(𝑥) ≥ 2}, então 𝐿𝑝(·) (Ω) =


𝐿𝑝(·) (Ω+ ) ⊕ 𝐿𝑝(·) (Ω− ). Deste modo, para provarmos que 𝐿𝑝(·) (Ω) é reflexivo, basta-nos
provar que 𝐿𝑝(·) (Ω+ ) e 𝐿𝑝(·) (Ω− ) são reflexivos.
Af.1 - 𝐿𝑝(·) (Ω+ ) é uniformemente convexo.
Com efeito, dado 𝜀 > 0, sejam 𝑢, 𝑣 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω+ ) tais que

‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω+ ) ≤ 1, ‖𝑣‖𝐿𝑝(·) (Ω+ ) ≤ 1 e ‖𝑢 − 𝑣‖𝐿𝑝(·) (Ω+ ) > 𝜀.

Como 𝑝(𝑥) ≥ 2, para todo 𝑥 ∈ Ω+ , temos, pela Primeira Desigualdade de Clarkson,


Proposição 5.2.13,
⃒ 𝑢 + 𝑣 ⃒𝑝(𝑥) ⃒ 𝑢 − 𝑣 ⃒𝑝(𝑥) 1
⃒ ⃒ ⃒ ⃒
⃒ ⃒ + ⃒⃒ ⃒ ≤ (|𝑢|𝑝(𝑥) + |𝑣|𝑝(𝑥) ), ∀ 𝑥 ∈ Ω+ .

2 ⃒
2 ⃒
2
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 26

Disso e pela Proposição 2.1.5, segue que


⃒ 𝑢 + 𝑣 ⃒𝑝(𝑥) ⃒ 𝑢 − 𝑣 ⃒𝑝(𝑥) 1 𝑝(𝑥) 1 𝑝(𝑥)
∫︁ ⃒ ⃒ ∫︁ ⃒ ⃒ ∫︁ ∫︁
⃒ ⃒ 𝑑𝑥 + ⃒ ⃒ 𝑑𝑥 ≤ |𝑢| 𝑑𝑥 + |𝑣| 𝑑𝑥 ≤ 1.
Ω+

2 ⃒
Ω+

2 ⃒
Ω+ 2 Ω+ 2

Assim,
⃒ 𝑢 + 𝑣 ⃒𝑝(𝑥) ⃒ 𝑢 − 𝑣 ⃒𝑝(𝑥)
∫︁ ⃒ ⃒ ∫︁ ⃒ ⃒
⃒ ⃒ 𝑑𝑥 ≤1e ⃒ ⃒ 𝑑𝑥 ≤ 1.
2Ω+
⃒ ⃒
Ω+

2⃒

Por isso e pela Proposição 2.1.5,


⃦ + ⃦ +
⃦ 𝑢 + 𝑣 ⃦𝑝 ⃦ 𝑢 − 𝑣 ⃦𝑝
⃦ ⃦
⃦ ⃦ + ⃦⃦ ⃦ ≤ 1.

2 ⃦ 𝑝(·)
𝐿 (Ω+ ) 2⃦ 𝑝(·)
𝐿 (Ω+ )

[︃ (︂ )︂𝑝+ ]︃ 𝑝1+
𝜀
Considerando 𝛿 = 1 − 1 − > 0, temos
2
⃦𝑢 + 𝑣 ⃦
⃦ ⃦
⃦ ⃦ < 1 − 𝛿.

2⃦
𝐿𝑝(·) (Ω+ )

Portanto 𝐿𝑝(·) (Ω+ ) é uniformemente convexo, valendo assim, a Af.1.


Pela validade da afirmação anterior e pelo Teorema de Milman-Pettis, Proposição
5.2.12, 𝐿𝑝(·) (Ω+ ) é reflexivo.
Af.2 - 𝐿𝑝(·) (Ω− ) é reflexivo.
De fato, se 𝑞 ∈ 𝐿∞ + (Ω) é tal que

1 1
+ = 1, ∀ 𝑥 ∈ Ω,
𝑝(𝑥) 𝑞(𝑥)

então, ao considerarmos 𝑇 : 𝐿𝑝(·) (Ω− ) → (𝐿𝑞(·) (Ω− ))* , definido por


∫︁
𝑇 (𝑢) · 𝑣 = 𝑢(𝑥)𝑣(𝑥)𝑑𝑥,
Ω−

1 1
temos, pela Desigualdade de Hölder, Proposição ??, que existe 𝐶 = + , tal que
𝑝− 𝑞 −
|𝑇 (𝑢) · 𝑣| ≤ 𝐶‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω− ) ‖𝑣‖𝐿𝑞(·) (Ω− ) .

Logo,
‖𝑇 (𝑢)‖(𝐿𝑞(·) (Ω− ))* ≤ 𝐶‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω− ) ,
isto é, 𝑇 é contínuo.
Agora, sejam 𝑎 = ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω− ) e 𝑣0 : Ω− → R, definida por

⃒ 𝑢(𝑥) ⃒𝑝(𝑥)−1
⃒ ⃒
𝑣0 (𝑥) = · sgn 𝑢(𝑥), ∀ 𝑥 ∈ Ω− .
⃒ ⃒
⃒ ⃒
⃒ 𝑎 ⃒

Ressaltamos, aqui, que 𝑣0 ∈ 𝐿𝑞(·) (Ω− ) e que ‖𝑣0 ‖𝐿𝑞(·) (Ω− ) = 1. Por conseguinte,

⃒ 𝑢(𝑥) ⃒𝑝(𝑥)−1 ⃒ 𝑢(𝑥) ⃒𝑝(𝑥)


∫︁ ∫︁ ⃒ ⃒ ∫︁ ⃒ ⃒
𝑇 (𝑢) · 𝑣0 = 𝑢(𝑥)𝑣0 (𝑥)𝑑𝑥 = |𝑢(𝑥)|𝑑𝑥 = 𝑎⃒ 𝑑𝑥 = 𝑎.
⃒ ⃒ ⃒ ⃒
⃒ ⃒ ⃒
Ω− Ω− ⃒ 𝑎 ⃒ Ω− ⃒ 𝑎 ⃒
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 27

Consequentemente,
‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω− ) ≤ ‖𝑇 (𝑢)‖𝐿𝑞(·) (Ω− ) .

Com isso,

‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω− ) ≤ ‖𝑇 (𝑢)‖(𝐿𝑞(·) (Ω− ))* ≤ 𝐶‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω− ) , ∀ 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω− ).

Por isso, se 𝑇 (𝑢) = 0, então 𝑢 = 0, logo, por 𝑇 ser linear, 𝑇 é injetivo. Ainda, 𝐸 =
𝑇 (𝐿𝑝(·) (Ω− )) é um subespaço vetorial de (𝐿𝑞(·) (Ω− ))* . Finalmente, devido a 𝐿𝑝(·) (Ω− )
ser um espaço de Banach, 𝐸 é fechado. E, por 𝐿𝑞(·) (Ω+ ) ser reflexivo, de acordo com
o Proposição (5.2.14), (𝐿𝑞(·) (Ω+ ))* é reflexivo. Portanto, pelo Proposição 5.2.15, 𝐸 é
reflexivo. Daí, 𝐿𝑝(·) (Ω− ) é reflexivo.
O resultado a seguir generaliza o Teorema de Representação de Riesz.
1 1
Proposição 2.1.12. Sejam 𝑝− > 1 e 𝑞 ∈ 𝐿∞
+ (Ω) tal que + = 1, para todo
𝑝(𝑥) 𝑞(𝑥)
𝑥 ∈ Ω. Então, dado 𝑓 ∈ (𝐿𝑝(·) (Ω))* , existe um único 𝑣 ∈ 𝐿𝑞(·) (Ω) tal que
∫︁
𝑓 (𝑢) = 𝑢(𝑥)𝑣(𝑥)𝑑𝑥, 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω).
Ω

Prova: Consideremos 𝑇 : 𝐿 𝑞(·)


(Ω) → (𝐿𝑝(·) (Ω))* , definido por
∫︁
𝑇 (𝑣) · 𝑢 = 𝑢(𝑥)𝑣(𝑥)𝑑𝑥.
Ω

Repetindo o argumento da Af.2 da proposição anterior, concluímos que 𝑇 é injetivo e


que o subespaço vetorial 𝐸 = 𝑇 (𝐿𝑞(·) (Ω)) é fechado em (𝐿𝑝(·) (Ω))* .
No que segue, provaremos que 𝑇 é sobrejetivo. Visto que 𝐸 é fechado em (𝐿𝑝(·) (Ω))* ,
basta-nos mostrar que 𝐸 é denso em (𝐿𝑝(·) (Ω))* . Para isso, seja 𝑢 ∈ (𝐿𝑝(·) (Ω))** = 𝐿𝑝(·) (Ω),
(proposição anterior garante que 𝐿𝑝(·) (Ω) é reflexivo), de modo que

𝑇 (𝑣) · 𝑢 = 0, ∀ 𝑣 ∈ 𝐿𝑞(·) (Ω).

Af : 𝑢 = 0.
Com efeito, seja 𝑣0 : Ω → R, definida por 𝑣0 (𝑥) = |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥)−2 𝑢(𝑥), para todo 𝑥 ∈ Ω.
Notamos que 𝑣0 ∈ 𝐿𝑞(·) (Ω). Deste modo,
∫︁ ∫︁
𝑝(𝑥)
|𝑢(𝑥)| 𝑑𝑥 = 𝑣0 (𝑥)𝑢(𝑥)𝑑𝑥 = 𝑇 (𝑣0 ) · 𝑢 = 0,
Ω Ω

de onde segue que 𝑢 = 0. Por isso e pela Proposição 5.2.16, 𝐸 é denso em (𝐿𝑝(·) (Ω))* .
Portanto, 𝑇 é sobrejetivo. E assim, 𝑇 é um isomorfismo. Com isso, dado 𝑓 ∈ (𝐿𝑝(·) (Ω))* ,
existe um único 𝑣 ∈ 𝐿𝑞(·) (Ω), tal que 𝑇 (𝑣) = 𝑓 . Consequentemente, vale a proposição em
questão.
No transcorrer desse capítulo, faremos a identificação (𝐿𝑝(·) (Ω))* = 𝐿𝑞(·) (Ω), onde
1 1
+ = 1.
𝑝(·) 𝑞(·)
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 28

Proposição 2.1.13. Seja Ω ⊂ R𝑁 um conjunto aberto. Então, o espaço 𝐶0 (Ω) é denso


em 𝐿𝑝(·) (Ω).
Prova: Sabemos, da Análise Funcional, que 𝐶0 (Ω) é denso em 𝐿1 (Ω). Suponhamos
𝑝(𝑥) > 1, para todo 𝑥 ∈ Ω. Para provarmos a proposição em questão, de acordo com o
Proposição 5.2.16 e a Proposição ??, é suficiente verificarmos que se 𝑣 ∈ 𝐿𝑞(·) (Ω) é tal que
∫︁
𝑣(𝑥)𝑢(𝑥)𝑑𝑥 = 0, ∀ 𝑢 ∈ 𝐶0 (Ω),
Ω

então 𝑣 = 0.
Ora, para todo compacto 𝐾 ⊂ Ω, pela Desigualdade de Young, Proposição 5.2.4,
∫︁ ∫︁
1 ∫︁
|𝑣(𝑥)|𝑞(𝑥) 1 1 ∫︁
|𝑣(𝑥)|𝑑𝑥 ≤ 𝑑𝑥 + ≤ − |𝐾| + − |𝑣(𝑥)|𝑞(𝑥) 𝑑𝑥 < ∞.
𝐾 𝐾 𝑝(𝑥) 𝐾 𝑞(𝑥) 𝑝 𝑞 𝐾

Portanto, 𝑣 ∈ 𝐿1𝑙𝑜𝑐 (Ω). Com isso, podemos utilizar a Proposição 5.2.21 para concluir que
𝑣 = 0. Consequentemente, 𝐶0 (Ω) é denso em 𝐿𝑝(·) (Ω).

Proposição 2.1.14. Seja Ω ⊂ R𝑁 um conjunto aberto. Então, o espaço 𝐶0∞ (Ω) é denso
em 𝐿𝑝(·) (Ω).
Prova: Se 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), então pela proposição anterior, para cada 𝜂 > 0, existe 𝑣 ∈ 𝐶0 (Ω),
de modo que
𝜂
‖𝑢 − 𝑣‖𝐿𝑝(·) (Ω) < .
2
Ainda, pela Proposição 5.2.20, para todo 𝜀 > 0, 𝜙𝜀 = 𝐽𝜀 *𝑣 ∈ 𝐶0∞ , quando 𝑑(supp(𝑣), 𝜕Ω) >
𝜀e
𝜙𝜀 → 𝑣, uniformemente em supp(𝑣),

quando 𝜀 → 0+ , onde 𝐽𝜀 ∈ 𝐶0∞ é uma mollifier e


∫︁
𝜙𝜀 (𝑥) = (𝐽𝜀 * 𝑣)(𝑥) = 𝐽𝜀 (𝑥 − 𝑦)𝑣(𝑦)𝑑𝑦, ∀ 𝑥 ∈ R𝑁 .
R𝑁

Agora, pelo Teorema da Convergência Dominada, Proposição ??,


∫︁ ∫︁
𝜌(𝜙𝜀 − 𝑣) = |𝜙𝜀 − 𝑣|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 = |𝜙𝜀 − 𝑣|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 → 0,
Ω supp(𝑣)

quando 𝜀 → 0+ . Logo, pela Proposição 2.1.7,


𝜂
‖𝜙𝜀 − 𝑣‖𝐿𝑝(·) (Ω) < ,
2
quando 𝜀 → 0+ . Deste modo,
𝜂 𝜂
‖𝑢 − 𝜙𝜀 ‖𝐿𝑝(·) (Ω) ≤ ‖𝑢 − 𝑣‖𝐿𝑝(·) (Ω) + ‖𝜙𝜀 − 𝑣‖𝐿𝑝(·) (Ω) < + = 𝜂,
2 2
quando 𝜀 → 0+ . Daí segue o resultado desejado.
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 29

Proposição 2.1.15. Seja Ω ⊂ R𝑁 um conjunto aberto. Então, o espaço 𝐿𝑝(·) (Ω) é


separável.
1
Prova: Para cada 𝑛 ∈ N, seja Ω𝑛 = {𝑥 ∈ Ω; 𝑑(𝑥, 𝜕Ω) > e |𝑥| < 𝑛}. Cada Ω𝑛 é
𝑛
um subconjunto compacto de Ω, já que Ω𝑛 é limitado em Ω. Ainda, se 𝑃 representa o
conjunto de todas as funções polinomiais de R𝑁 em R, com coeficientes racionais então,
para cada 𝑛 ∈ N, {︂ }︂
𝑃𝑛 = 𝜒Ω𝑛 𝑓 ; 𝑓 ∈ 𝑃 ,

de acordo com o Teorema de Stone-Weierstrass, Proposição 5.2.18, é denso em 𝐶(Ω𝑛 ).



⋃︁
Além do mais, o conjunto 𝑃0 = 𝑃𝑛 é enumerável.
𝑛=1

Agora, para 𝜀 > 0 e 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), devido à densidade de 𝐶0 (Ω) em 𝐿𝑝(·) (Ω), existe
𝑣 ∈ 𝐶0 (Ω), tal que
𝜀
‖𝑢 − 𝑣‖𝐿𝑝(·) (Ω) < .
2
1
Ainda, se < 𝑑(supp(𝑣), 𝜕Ω), então supp(𝑣) ⊂ Ω𝑛 . Logo, existe 𝑓 ∈ 𝑃𝑛 , tal que
𝑛
𝜀 1
‖𝑣 − 𝑓 ‖𝐿∞ (Ω𝑛 ) ≤ |Ω𝑛 |− 𝑐 ,
2
onde 𝑐 = 𝑝+ , se |Ω𝑛 | < 1, ou 𝑐 = 𝑝− , se |Ω𝑛 | ≥ 1. Em qualquer uma desses casos,
∫︁ ∫︁
𝜀
|𝑣 − 𝑓 |𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 = |𝑣 − 𝑓 |𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 < .
Ω Ω𝑛 2
𝜀
Assim, pela Proposição 2.1.5, ‖𝑣 − 𝑓 ‖𝐿𝑝(·) (Ω) < . Por conseguinte,
2
𝜀 𝜀
‖𝑢 − 𝑓 ‖𝐿𝑝(·) (Ω) ≤ ‖𝑢 − 𝑣‖𝐿𝑝(·) (Ω) + ‖𝑣 − 𝑓 ‖𝐿𝑝(·) (Ω) < + = 𝜀,
2 2
isto é, 𝑃0 é denso em 𝐿𝑝(·) (Ω). Consequentemente, 𝐿𝑝(·) (Ω) é separável.
Sejam 𝑓 : Ω × R → R uma função de Carathéodory, isto é, 𝑓 (·, 𝑡) é mensurável
para todo 𝑡 ∈ R fixado e 𝑓 (𝑥, ·) é contínua, q.t.p. 𝑥 ∈ Ω, e 𝑁𝑓 o operador Nemytskii
definido por 𝑓 , ou seja, (𝑁𝑓 𝑢)(𝑥) = 𝑓 (𝑥, 𝑢(𝑥)), para toda 𝑢 ∈ 𝑆(Ω).
A próxima proposição é a versão dos operadores de Nemytskii para expoentes
variáveis.

Proposição 2.1.16. Se 𝑁𝑓 : 𝐿𝑝(·) (Ω) → 𝐿𝑞(·) (Ω), então 𝑁𝑓 é contínuo, limitado e existem
𝑏 ≥ 0 e uma função não-negativa 𝑎 ∈ 𝐿𝑞(·) (Ω) tais que

B
𝑝(𝑥)
|𝑓 (𝑥, 𝑠)| ≤ 𝑎(𝑥) + 𝑏|𝑠| 𝑞(𝑥) , ∀ 𝑥 ∈ Ω e ∀ 𝑠 ∈ R. ( )

Reciprocamente, se 𝑓 satisfaz a desigualdade acima, então 𝑁𝑓 : 𝐿𝑝(·) (Ω) → 𝐿𝑞(·) (Ω), e 𝑁𝑓


é contínuo e limitado.
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 30

Prova: (⇒) Seja 𝑁𝑓 : 𝐿𝑝(·) (Ω) → 𝐿𝑞(·) (Ω). Suponhamos 𝑓 (𝑥, 0) = 0. Provemos a
continuidade de 𝑁𝑓 em 𝑢 = 0. Para tal, seja (𝑢𝑛 )𝑛∈N uma sequência em 𝐿𝑝(·) (Ω) tal que
𝑢𝑛 → 0. Pela Proposição (2.1.7),

6
∫︁
lim
𝑛→∞ Ω
|𝑢𝑛 (𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 = 0. ( )

Definamos ℎ : Ω × R → R, pondo
1
ℎ(𝑥, 𝑠) = |𝑓 (𝑥, sgn𝑠|𝑠| 𝑝(𝑥) )|𝑞(𝑥) .

Agora, para cada 𝑣 ∈ 𝐿1 (Ω), consideremos

(𝑁ℎ 𝑣)(𝑥) = ℎ(𝑥, 𝑣(𝑥)) = |𝑓 (𝑥, sgn𝑣(𝑥)|𝑣(𝑥)| 𝑝(𝑥) )|𝑞(𝑥) , ∀ 𝑥 ∈ Ω


1
66)
(
1
Visto que sgn𝑣|𝑣| 𝑝(𝑥) ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑁ℎ 𝑣 ∈ 𝐿1 (Ω) vale, 𝑁ℎ : 𝐿1 (Ω) → 𝐿1 (Ω). Portanto,
devido aos Teoremas 19.1 de (VAINBERG, 1964, apud DE FIGUEIREDO, 1989, p. 13)
e 2.3 de DE FIGUEIREDO, (1989, p. 13), 𝑁ℎ é é limitado e contínuo em 𝑣 = 0.
Agora, seja (𝑣𝑛 )𝑛∈N em 𝐿1 (Ω), definida por 𝑣𝑛 = sgn𝑢𝑛 |𝑢𝑛 |𝑝(𝑥) . Por isso e por ( ), 6
∫︁ ∫︁
lim |𝑣𝑛 (𝑥)|𝑑𝑥 = lim |𝑢𝑛 (𝑥)|𝑝(𝑥) = 0.
𝑛→∞ Ω 𝑛→∞ Ω

Logo, 𝑣𝑛 → 0 em 𝐿1 (Ω). Disso e do fato de 𝑁ℎ ser contínua em 0, 𝑁ℎ 𝑣𝑛 → 0 em 𝐿1 (Ω),


ou seja, ∫︁
lim
𝑛→∞
|(𝑁ℎ 𝑣𝑛 )(𝑥)|𝑑𝑥 = 0.
Ω
Por conseguinte, devido a ( ), 6
∫︁ ∫︁
𝑞(𝑥)
lim |(𝑁𝑓 𝑢𝑛 )(𝑥)| 𝑑𝑥 = lim |𝑓 (𝑥, sgn𝑢𝑛 (𝑥)|𝑢𝑛 (𝑥)|)|𝑞(𝑥) 𝑑𝑥
𝑛→∞ Ω 𝑛→∞ Ω
∫︁
= 𝑛→∞
lim |(𝑁ℎ 𝑣𝑛 )(𝑥))|𝑑𝑥 = 0.
Ω

Portanto, pela Proposição 2.1.5, lim ‖𝑁𝑓 𝑢𝑛 ‖𝐿𝑞(·) (Ω) = 0, o que prova a continuidade de
𝑛→∞
𝑁𝑓 em 𝑢 = 0.
Agora, no caso geral, se 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), basta-nos considerar 𝑔, definida por

𝑔(𝑥, 𝑠) = 𝑓 (𝑥, 𝑠 + 𝑢(𝑥)) − 𝑓 (𝑥, 𝑢(𝑥)),

e notarmos que 𝑔(𝑥, 0) = 0.


A seguir, veremos que 𝑁𝑓 é limitado. Para tal, seja 𝐵 ⊂ 𝐿𝑝(·) (Ω) limitado. Neste
caso, existe 𝑟 > 0, de modo que

‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) ≤ 𝑟, ∀ 𝑢 ∈ 𝐵.

Por isso e pela Proposição 2.1.7, existe 𝑐 > 0 tal que


∫︁
|𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 ≤ 𝑐.
Ω
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 31

Ainda, se 𝑢 ∈ 𝐵, então 𝑣 = sgn𝑢|𝑢|𝑝(𝑥) ∈ 𝐿1 (Ω), pois


∫︁ ∫︁
|𝑣(𝑥)|𝑑𝑥 = |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 ≤ 𝑐.
Ω Ω

Disso e pelo fato de 𝑁ℎ : 𝐿1 (Ω) −→ 𝐿1 (Ω) ser limitado, existe 𝑘 > 0, de modo que
∫︁ ∫︁
|(𝑁𝑓 𝑢)(𝑥)|𝑞(𝑥) 𝑑𝑥 = |𝑁ℎ (sgn𝑢𝑛 (𝑥)|𝑢𝑛 (𝑥)|𝑝(𝑥) )|𝑑𝑥 ≤ 𝑘.
Ω Ω

Deste modo, pela Proposição 2.1.5, 𝑁𝑓 (𝐵) ⊂ 𝐿𝑞(·) (Ω) é limitado, como queríamos.
Finalmente, como 𝑁ℎ : 𝐿1 (Ω) → 𝐿1 (Ω), pelos Teoremas 19.1 de (VAINBERG,
1964, apud DE FIGUEIREDO, 1989, p. 13) e 2.4 de DE FIGUEIREDO, (1989, p. 13),
existem 𝑏1 ≥ 0 e 𝑎1 ∈ 𝐿1 (Ω) não-negativa, de modo que

|(𝑁ℎ 𝑣)(𝑥)| ≤ 𝑎1 (𝑥) + 𝑏1 |𝑣(𝑥)|, ∀ 𝑣 ∈ 𝐿1 (Ω).

Se 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), então 𝑣 = sgn𝑢|𝑢|𝑝(𝑥) ∈ 𝐿1 (Ω). Deste modo,

|(𝑁𝑓 𝑢)(𝑥)|𝑞(𝑥) = |(𝑁ℎ 𝑣)(𝑥)|𝑞(𝑥) ≤ 𝑎1 (𝑥) + 𝑏1 |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) .


1
Por isso e por < 1,
𝑞(𝑥)
1
|(𝑁𝑓 𝑢)(𝑥)| ≤ (𝑎1 (𝑥) + 𝑏1 |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) ) 𝑞(𝑥)
1 1 𝑝(𝑥)
≤ (𝑎1 (𝑥)) 𝑞(𝑥) + 𝑏1𝑞(𝑥) |𝑢(𝑥)| 𝑞(𝑥)
𝑝(𝑥)
≤ 𝑎(𝑥) + 𝑏1 |𝑢(𝑥)| 𝑞(𝑥) ,
1 1

onde 𝑎 = 𝑎1𝑞(𝑥) ∈ 𝐿𝑞(·) (Ω) e 𝑏 = 𝑏1𝑞 ≥ 0, o que prova a desigualdade desejada.

(⇐) Se existem 𝑏 ≥ 0 e 𝑎 ∈ 𝐿𝑞(·) (Ω) não negativa, tais que a desigualdade ( ) seja B
verdadeira, então
𝑝(𝑥)
|(𝑁𝑓 𝑢)(𝑥)|𝑞(𝑥) ≤ |𝑎(𝑥) + 𝑏|𝑢(𝑥)| 𝑞(𝑥) |𝑞(𝑥)
≤ 2𝑞(𝑥) (|𝑎(𝑥)|𝑞(𝑥) + 𝑏𝑞(𝑥) |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) )
+ +
≤ 2𝑞 |𝑎(𝑥)|𝑞(𝑥) + 2𝑞 𝑏𝑞(𝑥) |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) , ∀ 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω).

Por isso, por 𝑎 ∈ 𝐿𝑞(·) (Ω), por 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω) e pela função 𝑏𝑞(𝑥) ser limitada, 𝑁𝑓 𝑢 ∈ 𝐿𝑞(·) (Ω),
e assim, 𝑁𝑓 : 𝐿𝑝(·) (Ω) → 𝐿𝑞(·) (Ω). Repetindo a ideia da primeira parte, garantimos que
𝑁𝑓 é contínuo e limitado.
O próximo resultado fornece condições suficientes para a imersão de 𝐿𝑝(·) (Ω) em
𝐿𝑞(·) (Ω). A Definição 5.2.11 traz precisamente a noção de imersão e encontra-se no apên-
dice na subseção de Análise Funcional.
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 32

Proposição 2.1.17. Suponha |Ω| < ∞ e sejam 𝑝, 𝑞 ∈ 𝐿∞ + (Ω). Então 𝐿


𝑝(·)
(Ω) ⊂ 𝐿𝑞(·) (Ω)
se, e somente se, 𝑞(𝑥) ≤ 𝑝(𝑥), q.t.p. 𝑥 ∈ Ω. Neste caso, a imersão é contínua.
Prova: (⇒) Suponhamos 𝐿𝑝(·) (Ω) ⊂ 𝐿𝑞(·) (Ω) e consideremos a função de Carathéodory
𝑓 : Ω × R → R, definida por 𝑓 (𝑥, 𝑠) = 𝑠. Pela Proposição 2.1.16 existem 𝑏 > 0 e
𝑎 ∈ 𝐿𝑞(·) (Ω) não negativa, tais que
𝑝(𝑥)
|𝑓 (𝑥, 𝑠)| = |𝑠| ≤ 𝑎(𝑥) + 𝑏|𝑠| 𝑞(𝑥) .

Com isso,

|𝑠|𝑞(𝑥) ≤ 2𝑞(𝑥) (|𝑎(𝑥)|𝑞(𝑥) + 𝑏𝑞(𝑥) |𝑠|𝑝(𝑥) )


+ +
≤ 2𝑞 |𝑎(𝑥)|𝑞(𝑥) + (2𝑏)𝑞 |𝑠|𝑝(𝑥) .

Se existir 𝐵 ⊂ Ω, com |𝐵| > 0, tal que 𝑞(𝑥) > 𝑝(𝑥), para todo 𝑥 ∈ 𝐵, então, ao fazermos
𝑠 → ∞, geraríamos um absurdo com a desigualdade acima (∞ ≤ 𝑐). Logo, 𝑞(𝑥) ≤ 𝑝(𝑥),
q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.

(⇐) Suponhamos, sem perda de generalidade, que 𝑞(𝑥) ≤ 𝑝(𝑥), para todo 𝑥 ∈ Ω. E, para
cada 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), seja
𝐸 = {𝑥 ∈ Ω; |𝑢(𝑥)| < 1}.
Ora,
∫︁ ∫︁ ∫︁
𝜌𝑞 (𝑢) = |𝑢(𝑥)|𝑞(𝑥) 𝑑𝑥 = |𝑢(𝑥)|𝑞(𝑥) 𝑑𝑥 + |𝑢(𝑥)|𝑞(𝑥) 𝑑𝑥
Ω 𝐸 ∫︁ 𝐸𝑐

≤ |𝐸| + |𝑢(𝑥)|𝑞(𝑥) 𝑑𝑥
𝑐
∫︁ 𝐸
≤ |Ω| + |𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥
𝐸𝑐

≤ |Ω| + 𝜌𝑝 (𝑢) < ∞, 6


( )

logo 𝑢 ∈ 𝐿𝑞(·) (Ω). Portanto, 𝐿𝑝(·) (Ω) ⊂ 𝐿𝑞(·) (Ω).


Finalmente, mostremos que a imersão 𝐿𝑝(·) (Ω) ˓→ 𝐿𝑞(·) (Ω) é contínua. Para isso,
afirmamos que se ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) ≤ 1, então ‖𝑢‖𝐿𝑞(·) (Ω) ≤ |Ω| + 1. Com efeito, se 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω)
6
é tal que ‖𝑢‖𝑝(·) ≤ 1, então, por ( ) e pela Proposição 2.1.5,

𝜌𝑞 (𝑢) ≤ |Ω| + 𝜌𝑝 (𝑢) ≤ |Ω| + 1.

Disso, de 𝑞(𝑥) > 1, para todo 𝑥 ∈ Ω e de |Ω| + 1 ≥ 1, decorre que


(︃ )︃ ∫︁ ⃒⃒ ⃒𝑞(𝑥)
𝑢 ⃒ 𝑢(𝑥) ⃒
⃒ 1
𝜌𝑞 = 𝑑𝑥 ≤ 𝜌𝑞 (𝑢) ≤ 1.
|Ω| + 1 Ω ⃒ |Ω| + 1 ⃒ |Ω| + 1
⃒ ⃒

Logo, pela Proposição 2.1.5, ⃦ ⃦


⃦ 𝑢 ⃦⃦

≤ 1,
⃦ |Ω| + 1 ⃦
⃦ ⃦
𝐿𝑞(·) (Ω)
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 33

e assim, ‖𝑢‖𝐿𝑞(·) (Ω) ≤ |Ω| + 1.


⃦𝑢⃦
⃦ ⃦
Agora, se 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω) é tal que ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) = 𝑎 ̸= 0, então ⃦⃦ ⃦⃦ = 1. Deste
𝑎 𝐿𝑝(·) (Ω)
modo,
⃦𝑢⃦
⃦ ⃦
⃦ ⃦ ≤ |Ω| + 1.
⃦ ⃦
𝑎 𝐿𝑞(·) (Ω)

Consequentemente, ‖𝑢‖𝐿𝑞(·) (Ω) ≤ (|Ω| + 1)‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) . Portanto, 𝐿𝑝(·) (Ω) ˓→ 𝐿𝑞(·) (Ω) é uma
imersão contínua.

2.2 Espaços de Sobolev com Expoentes Variáveis


Nesta seção, estudaremos o espaço de Sobolev generalizado 𝑊 1,𝑝(·) (Ω), a saber,
𝜕𝑢
{︂ }︂
𝑝(·)
𝑊 1,𝑝(·)
(Ω) = 𝑢 ∈ 𝐿 (Ω); ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), 𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑁 ,
𝜕𝑥𝑗
𝜕𝑢
onde Ω ⊂ R𝑁 é um domínio e, para cada 𝑢 ∈ 𝑊 1,𝑝(·) (Ω), denota a j-ésima derivada
𝜕𝑥𝑗
fraca de 𝑢, isto é, ∫︁
𝜕𝜙 ∫︁
𝜕𝑢
𝑢 𝑑𝑥 = − 𝜙𝑑𝑥, ∀ 𝜙 ∈ 𝐶0∞ (Ω).
Ω 𝜕𝑥𝑗 Ω 𝜕𝑥𝑗

Podemos munir 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) com a seguinte norma


𝑁 ⃦
⃦ ⃦
⃦ 𝜕𝑢 ⃦

, ∀ 𝑢 ∈ 𝑊 1,𝑝(·) (Ω).
∑︁
‖𝑢‖𝑊 1,𝑝(·) = ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) + ⃦ ⃦
⃦ 𝜕𝑥𝑗 ⃦
𝑗=1 𝐿𝑝(·) (Ω)

Agora, pondo, para cada 𝑢 ∈ 𝑊 1,𝑝(·) (Ω),


(︃ )︃
𝜕𝑢 𝜕𝑢 𝜕𝑢
∇𝑢 = , ,..., ,
𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 𝜕𝑥𝑁

podemos reescrever 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) como

𝑊 1,𝑝(·) (Ω) = {𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω); |∇𝑢| ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω)}.

E a norma em 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) será dada por

‖𝑢‖𝑊 1,𝑝(·) (Ω) = ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) + ‖∇𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) .

Teorema 2.2.1. O espaço vetorial normado 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) é um espaço de Banach.


(︃ )︃
1,𝑝(·) 𝜕𝑢𝑛
Prova: Seja (𝑢𝑛 ) ⊂ 𝑊 (Ω) uma sequência de Cauchy. Então (𝑢𝑛 ) e , para
𝜕𝑥𝑗
𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑁 , são sequências de Cauchy em 𝐿𝑝(·) (Ω). Por isso e por 𝐿𝑝(·) (Ω) ser um
espaço de Banach, existem 𝑢, 𝑤𝑗 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), tais que

𝑢𝑛 → 𝑢 e
𝜕𝑢𝑛
𝜕𝑥𝑗
→ 𝑤𝑗 em 𝐿𝑝(·) (Ω), A
( )
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 34

para 𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑁 .
Como 𝑝− > 1 e pela Desigualdade de Hölder, Proposição ??, existe 𝐶 > 0, tal que
⃦ ⃦
∫︁
𝜕𝜙 ⃦ 𝜕𝜙 ⃦
(𝑢𝑛 − 𝑢) 𝑑𝑥 ≤ 𝐶‖𝑢𝑛 − 𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) ⃦⃦ , ∀ 𝜙 ∈ 𝐶0∞ (Ω).
⃦ ⃦

Ω 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 𝐿𝑞(·) (Ω)

Deste modo, ∫︁
𝜕𝜙 ∫︁
𝜕𝜙
𝑢𝑛 𝑑𝑥 → 𝑢 𝑑𝑥, ∀ 𝜙 ∈ 𝐶0∞ (Ω).
Ω 𝜕𝑥𝑗 Ω 𝜕𝑥𝑗

De maneira análoga, temos


∫︁
𝜕𝑢𝑛 ∫︁
𝜙𝑑𝑥 → 𝑤𝑗 𝜙𝑑𝑥, ∀ 𝜙 ∈ 𝐶0∞ (Ω) e ∀ 𝑛 ∈ N.
Ω 𝜕𝑥𝑗 Ω

Visto que ∫︁
𝜕𝜙 ∫︁
𝜕𝑢𝑛
𝑢𝑛 𝑑𝑥 = − 𝜙𝑑𝑥, ∀ 𝜙 ∈ 𝐶0∞ (Ω),
Ω 𝜕𝑥𝑗 Ω 𝜕𝑥 𝑗

ao fazermos 𝑛 → ∞, obtemos
∫︁
𝜕𝜙 ∫︁
𝑢 𝑑𝑥 = − 𝑤𝑗 𝜙𝑑𝑥, ∀ 𝜙 ∈ 𝐶0∞ (Ω).
Ω 𝜕𝑥𝑗 Ω

𝜕𝑢
Por isso e pela Proposição 5.2.22, = 𝑤𝑗 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), para 𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑁 , e assim,
𝜕𝑥𝑗
𝑢 ∈ 𝑊 1,𝑝(·) (Ω).
Finalmente, por ( ), A
𝑁 ⃦
⃦ ⃦
∑︁ ⃦ 𝜕𝑢𝑛 𝜕𝑢 ⃦⃦
‖𝑢𝑛 − 𝑢‖𝑊 1,𝑝(·) (Ω) = ‖𝑢𝑛 − 𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) + ⃦
⃦ 𝜕𝑥𝑗
− ⃦ → 0.
𝑗=1 𝜕𝑥𝑗 ⃦𝐿𝑝(·) (Ω)

Por conseguinte, 𝑢𝑛 → 𝑢 em 𝑊 1,𝑝(·) (Ω), com 𝑢 ∈ 𝑊 1,𝑝(·) (Ω), ou seja, 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) é um
espaço de Banach.

Proposição 2.2.2. O espaço 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) é separável e reflexivo, se 𝑝− > 1.


[︁ ]︁𝑁 +1
Prova: Como 𝐿𝑝(·) (Ω) é reflexivo e separável, o espaço 𝐸 = 𝐿𝑝(·) (Ω) , munido da
norma da soma ‖ · ‖, também é reflexivo e separável. Agora, 𝑇 : 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) → 𝐸, definida
por
𝑇 (𝑢) = (𝑢, ∇𝑢), 𝑢 ∈ 𝑊 1,𝑝(·) (Ω),
é linear. Além disso, ‖𝑇 (𝑢)‖ = ‖𝑢‖𝑊 1,𝑝(·) (Ω) , para todo 𝑢 ∈ 𝑊 1,𝑝(·) (Ω). Disso, segue
que 𝑇 (𝑊 1,𝑝(·) (Ω)) é um subespaço fechado de 𝐸. Por isso e pelas Proposições 5.2.15 e
5.2.17, que 𝑇 (𝑊 1,𝑝(·) (Ω)) é reflexivo e separável. Portanto, 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) também é reflexivo
e separável.
1,𝑝(·)
Definimos 𝑊0 (Ω) como sendo o fecho de 𝐶0∞ (Ω) em 𝑊 1,𝑝(·) (Ω). Por isso,
1,𝑝(·) 1,𝑝(·)
𝑊0 (Ω) é fechado em 𝑊 1,𝑝(·) (Ω). Logo, pela proposição anterior, 𝑊0 (Ω) é um espaço
de Banach, separável e reflexivo, se 𝑝− > 1.
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 35

Teorema 2.2.3. Sejam Ω ⊂ R𝑁 limitado e 𝑝, 𝑞 ∈ 𝐿∞ + (Ω), tais que 𝑞(𝑥) ≤ 𝑝(𝑥) q.t.p. em
1,𝑝(·) 1,𝑞(·)
Ω. Então, 𝑊 (Ω) ⊂ 𝑊 (Ω), e tal imersão é contínua.
Prova: Como 𝑞(𝑥) ≤ 𝑝(𝑥) q.t.p. em Ω, pela Proposição 2.1.17, 𝐿𝑝(·) (Ω) ˓→ 𝐿𝑞(·) (Ω) é
contínua, ou seja, existe 𝐶 > 0, de modo que

‖𝑢‖𝐿𝑞(·) (Ω) ≤ 𝐶‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) , ∀ 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω). 6


( )

Agora, como 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) ⊂ 𝐿𝑝(·) (Ω) ⊂ 𝐿𝑞(·) (Ω), 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) ⊂ 𝑊 1,𝑞(·) (Ω), e por ( ), a 6
imersão 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) ˓→ 𝑊 1,𝑞(·) (Ω) é contínua.
Para cada 𝑝 ∈ 𝐶+ (Ω), denotaremos
𝑁 𝑝(𝑥)

*

⎨ , se 𝑝(𝑥) < 𝑁
𝑝 (𝑥) = ⎪ 𝑁 − 𝑝(𝑥)

∞, se 𝑝(𝑥) ≥ 𝑁.

Proposição 2.2.4. Sejam 𝑝, 𝑞 ∈ 𝐶(Ω) tais que 𝑝− , 𝑞 − ≥ 1. Se 𝑞(𝑥) < 𝑝* (𝑥), para todo
𝑥 ∈ Ω, então
𝑊 1,𝑝(·) (Ω) ˓→ 𝐿𝑞(·) (Ω)
e tal imersão é contínua e compacta.
Prova: Se 𝑝, 𝑞 ∈ 𝐶(Ω), então, por 𝑞(𝑥) < 𝑝* (𝑥), para todo 𝑥 ∈ Ω, existe 𝑉𝑥 ⊂ Ω aberto,
com 𝑥 ∈ 𝑉𝑥 , tal que 𝑞 + (𝑉𝑥 ) < (𝑝− (𝑉𝑥 ))* , onde

𝑞 + (𝑉𝑥 ) = sup{𝑞(𝑦); 𝑦 ∈ 𝑉𝑥 } e 𝑝− (𝑉𝑥 ) = inf{𝑝(𝑦); 𝑦 ∈ 𝑉𝑥 }.

Como {𝑉𝑥 }𝑥∈Ω é uma cobertura aberta para o conjunto compacto Ω, existem, de acordo
𝑠
⋃︁
com o Teorema de Borel-Lebesgue, 𝑉1 , . . . , 𝑉𝑠 , tais que Ω = 𝑉𝑗 .
𝑗=1

Seja, para cada 𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑠,

𝑝− − + +
𝑗 = 𝑝 (𝑉𝑗 ) e 𝑞𝑗 = 𝑞 (𝑉𝑗 ).

Agora, se 𝑢 ∈ 𝑊 1,𝑝(·) (Ω), então 𝑢 ∈ 𝑊 1,𝑝(·) (𝑉𝑗 ), para 𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑠. Por isso e



pela proposição anterior, 𝑢 ∈ 𝑊 1,𝑝𝑗 (𝑉𝑗 ), para 𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑠. Logo, pelas Proposições
5.2.17 e 5.2.24 (Teorema de Rellich-Kondrachov), as imersões
− +
𝑊 1,𝑝𝑗 (𝑉𝑗 ) ˓→ 𝐿𝑞𝑗 (𝑉𝑗 ), 𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑠, A
( )
+
são contínuas e compactas. Deste modo, 𝑢 ∈ 𝐿𝑞𝑗 (𝑉𝑗 ), para 𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑠. Mas, as
imersões
+
𝐿𝑞𝑗 (𝑉𝑗 ) ˓→ 𝐿𝑞(·) (𝑉𝑗 ), (AA)
são contínuas, para 𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑠, já que 𝑞𝑗+ ≥ 𝑞(𝑥), para todo 𝑥 ∈ 𝑉𝑗 . Consequente-
mente, 𝑢 ∈ 𝐿𝑞(·) (𝑉𝑗 ), 𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑠, e assim, 𝑢 ∈ 𝐿𝑞(·) (Ω). Portanto, 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) ⊂ 𝐿𝑞(·) (Ω).
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 36

Afirmamos, agora, que 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) ˓→ 𝐿𝑞(·) (Ω) é uma imersão contínua. Para tal,
seja (𝑢𝑛 ) ⊂ 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) tal que 𝑢𝑛 → 0. Visto que as imersões 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) ˓→ 𝐿𝑞(·) (𝑉𝑗 ), para
𝑗 = 1, 2, . . . , 𝑠, são contínuas, 𝑢𝑛 → 0 em 𝐿𝑞(·) (𝑉𝑗 ). Por isso,
∫︁ 𝑠 ∫︁
|𝑢𝑛 (𝑥)|𝑞(𝑥) 𝑑𝑥 ≤ |𝑢𝑛 (𝑥)|𝑞(𝑥) 𝑑𝑥 → 0.
∑︁
Ω 𝑗=1 𝑉𝑗

Logo, 𝑢𝑛 → 0 em 𝐿𝑞(·) (Ω). Portanto, a imersão 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) ˓→ 𝐿𝑞(·) (Ω) é contínua.
Finalmente, provemos que a imersão 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) ˓→ 𝐿𝑞(·) (Ω) é compacta. Para tal,

seja (𝑢𝑛 )𝑛∈N em 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) limitada. Pelo Teorema anterior, (𝑢𝑛 )𝑛∈N em 𝑊 1,𝑝𝑗 (𝑉𝑗 ), para
𝑗 ∈ {1, 2, . . . , 𝑠}, é limitada. Por isso, por ( ) e por ( A AA
), (𝑢𝑛 ) admite subsequências
convergentes tais que, para 𝑗 ∈ {1, 2, . . . , 𝑠},

(𝑢𝑗𝑛 )𝑛∈N𝑗 ⊂ 𝐿𝑞(·) (𝑉𝑗 ),

onde N𝑠 ⊂ N𝑠−1 ⊂ · · · ⊂ N2 ⊂ N1 ⊂ N.
Ao considerarmos a subsequência
𝑠
𝜒𝑉𝑗 𝑢𝑗𝑛 (𝑥), 𝑥 ∈ Ω, 𝑛 ∈ N𝑠 ,
∑︁
𝑣𝑛 (𝑥) =
𝑗=1

temos, para 𝑚, 𝑛 ∈ N𝑠 suficientemente grandes,


∫︁ 𝑠 ∫︁
𝑞(𝑥)
|𝑢𝑗𝑚 − 𝑢𝑗𝑛 |𝑞(𝑥) 𝑑𝑥 → 0.
∑︁
|𝑣𝑚 (𝑥) − 𝑣𝑛 (𝑥)| 𝑑𝑥 ≤
Ω 𝑗=1 𝑉𝑗

Logo, (𝑣𝑛 )𝑛∈N𝑠 é de Cauchy em 𝐿𝑞(·) (Ω), e assim, convergente, pois 𝐿𝑞(·) (Ω) é um espaço
de Banach. Portanto, a imersão 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) ˓→ 𝐿𝑞(·) (Ω) é compacta.
Observação - Utilizando ideias similares à demonstração da proposição anterior, pode-
mos provar que se 𝑝, 𝑞 ∈ 𝐶(Ω) são tais que 1 ≤ 𝑝(𝑥) ≤ 𝑞(𝑥) ≤ 𝑝* (𝑥), para todo 𝑥 ∈ Ω,
então a imersão 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) ˓→ 𝐿𝑞(·) (Ω) é contínua.

Proposição 2.2.5. (Desigualdade de Poincaré) Seja 𝑝 ∈ 𝐶(Ω), com 𝑝− > 1. Então,


existe 𝐶 > 0, de modo que
1,𝑝(·)
‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) ≤ 𝐶‖∇𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) , ∀ 𝑢 ∈ 𝑊0 (Ω).

Prova: Consideremos 𝑓 : [0, 𝑁 ) → [0, +∞), dada por

𝑁𝑡
𝑓 (𝑡) = , ∀ 𝑡 ∈ [0, 𝑁 ),
𝑁 −𝑡
a qual é uma bijeção crescente, com 𝑓 −1 = 𝑔 : [0, +∞) → [0, 𝑁 ), definida por

𝑁𝑠
𝑔(𝑠) = , ∀ 𝑠 ∈ [0, +∞).
𝑁 +𝑠
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 37

Ainda, se 𝑝0 (𝑥) = 𝑝(𝑥) e 𝑝𝑁 (𝑥) = 1, para todo 𝑥 ∈ Ω, então definamos, para cada
𝑗 = 0, 1, . . . , 𝑁 − 1,
𝑝𝑗+1 (𝑥) = max{𝑔(𝑝𝑗 (𝑥)), 1}, ∀ 𝑥 ∈ Ω.

Com isso, para 𝑗 = 0, 1, . . . , 𝑁 − 1,

𝑝𝑗+1 (𝑥) < 𝑝𝑗 (𝑥) ≤ 𝑝*𝑗+1 (𝑥), ∀ 𝑥 ∈ Ω.

Por isso e pela observação anterior, as imersões,

𝑊 1,𝑝𝑗+1 (·) (Ω) ˓→ 𝐿𝑝𝑗 (·) (Ω) 6 ( )


𝐿𝑝𝑗 (·) (Ω) ˓→ 𝐿𝑝𝑗+1 (·) (Ω), (66)
1,𝑝(·)
para 𝑗 ∈ {0, 1, . . . , 𝑁 − 1}, são contínuas. Finalmente, se 𝑢 ∈ 𝑊0 (Ω), então, ao
6
utilizarmos ( ) e ( ),66
‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) ≤ 𝐶0 (‖∇𝑢‖𝐿𝑝1 (·) (Ω) + ‖𝑢‖𝐿𝑝1 (·) (Ω) ),

≤ 𝐶0 ‖∇𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) + 𝐶0 ‖𝑢‖𝐿𝑝1 (·) (Ω)
‖𝑢‖𝐿𝑝1 (·) (Ω) ≤ 𝐶1 (‖∇𝑢‖𝐿𝑝2 (·) (Ω) + ‖𝑢‖𝐿𝑝2 (·) (Ω) )

≤ 𝐶1 ‖∇𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) + 𝐶1 ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) ,

···

‖𝑢‖𝐿𝑝𝑁 −1 (·) (Ω) ≤ 𝐶𝑁 −1 (‖∇𝑢‖𝐿𝑝𝑁 (·) (Ω) + ‖𝑢‖𝐿𝑝𝑁 (·) (Ω) )



≤ 𝐶𝑁 −1 ‖∇𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) + 𝐶𝑁 −1 ‖𝑢‖𝐿𝑝𝑁 (·) (Ω) .

Disso e da Desigualdade de Poincaré em Espaços de Sobolev, Proposição 5.2.26,



‖𝑢‖𝐿𝑝𝑁 (·) (Ω) = ‖𝑢‖𝐿1 (Ω) ≤ 𝐶𝑁 ‖∇𝑢‖𝐿𝑝1 (Ω) ≤ 𝐶𝑁 ‖∇𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) .

Combinando essas desigualdades, concluímos a validade da proposição em questão.


1,𝑝(·)
Corolário 2.2.6. As normas ‖𝑢‖𝑊 1,𝑝(·) (Ω) e ‖∇𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) são equivalentes em 𝑊0 (Ω).
Prova: Para vermos isso, basta-nos notar que:

‖∇‖𝐿𝑝(·) (Ω) ≤ ‖𝑢‖𝑊 1,𝑝(·) (Ω) = ‖𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) + ‖∇𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) ≤ (𝐶 + 1)‖∇𝑢‖𝐿𝑝(·) (Ω) .
Capítulo 2. Os Espaços 𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝑊 1,𝑝(·) (Ω) 38

2.2.1 O que vale em 𝐿𝑝 (Ω) e não vale em 𝐿𝑝(·) (Ω)


Uma observação importante é que nem todas as propriedades que valem para os
espaços 𝐿𝑝 (Ω), com 𝑝 > 1 constante, possuem seus análogos em 𝐿𝑝(·) (Ω). Por exemplo a
desigualdade de convolução de Young

||𝑓 * 𝑔||𝐿𝑝(·) (Ω) ≤ ||𝑓 ||𝐿1 (Ω) ||𝑔||𝐿𝑝(·) (Ω) ,

não é válida. Também, a fórmula


∫︁ ∫︁ ∞
𝑝
|𝑓 | 𝑑𝑥 = 𝑝 𝑡𝑝−1 |{𝑥 ∈ Ω; |𝑓 (𝑥)| > 𝑡}|𝑑𝑡,
Ω 0

não possui seu análogo em espaços de expoente variável. Para mais detalhes, pode-se
consultar DIENING, L. et al. (2011, p. 9).
39

3 Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-


Laplaciano com Condição de Dirichlet

Neste capítulo, estudaremos a seguinte classe de equações não lineares do tipo


𝑝(𝑥)-laplaciano:
⎧ (︂ )︂
−div 𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢 = 𝜆𝑓 (𝑥, 𝑢), se 𝑥 ∈ Ω






(PI)


𝑢(𝑥) = 0, se 𝑥 ∈ 𝜕Ω.

onde Ω ⊂ R𝑁 é um domínio limitado com fronteira 𝜕Ω de Lipschitz, 𝜑 e 𝑓 cumprem


certas condições, que veremos mais a frente.
Como já foi mencionado na introdução, a estratégia para resolver este problema
1,𝑝(·)
é construir um funcional 𝐼𝜆 : 𝑊0 (Ω) → R, de modo que, este satisfaça as hipóteses
tanto do Teorema 5.7.3 quanto do Teorema 5.8.2. Com isso, conseguimos a existência de
pontos críticos para o funcional 𝐼𝜆 , os quais, serão soluções fracas para o nosso problema.
Começamos então com a definição de solução fraca.
1,𝑝(·)
Definição 3.0.1. Dizemos que 𝑢 ∈ 𝑊0 (Ω) é uma solução fraca não trivial para o
problema (PI), se 𝑢 ̸= 0 e
∫︁ ∫︁
1,𝑝(·)
𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢 · ∇𝜙𝑑𝑥 = 𝜆 𝑓 (𝑥, 𝑢)𝜙𝑑𝑥, ∀ 𝜙 ∈ 𝑊0 (Ω).
Ω Ω

1,𝑝(·)
Como veremos mais a frente, dado 𝜆 > 0, definiremos 𝐼𝜆 : 𝑊0 (Ω) → R, por
1,𝑝(·)
𝐼𝜆 (𝑢) = Φ(𝑢) − 𝜆Ψ(𝑢), para todo 𝑢 ∈ 𝑊0 (Ω), onde Φ(𝑢) = Ω Φ0 (𝑥, |∇𝑢|)𝑑𝑥, para
∫︀
∫︀
alguma Φ0 adequada e Ψ(𝑢) = Ω 𝐹 (𝑥, 𝑢)𝑑𝑥, também para uma função adequada 𝐹 ; de
modo que,
∫︁ ∫︁
′ ′
Φ (𝑢) · 𝑣 = 𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢 · ∇𝑣𝑑𝑥 e Ψ (𝑢) · 𝑣 = 𝑓 (𝑥, 𝑢)𝑣𝑑𝑥.
Ω Ω

Observe a relação entre 𝐼𝜆′ (𝑢) = Φ′ (𝑢) − 𝜆Ψ′ (𝑢) com a definição de solução fraca. O
funcional 𝐼𝜆 assim definido, chamamos de o funcional energia do Problema (PI). Com o
1,𝑝(·)
intuito de facilitar as notações, denotaremos 𝑋 = 𝑊0 (Ω) e || · ||𝑋 = || · ||𝑊 1,𝑝(·) (Ω) .
0

As hipóteses a seguir, servem basicamente, para que se tenha as condições necessá-


rias para checar as hipóteses dos Teoremas 5.7.3 e 5.8.2, e aplicá-los ao funcional energia
𝐼𝜆 , obtendo então os resultados já mencionados.
As hipóteses (H1)-(H4) abaixo, dizem respeito à primeira parcela do funcional
energia, ou seja, ao funcional Φ.
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 40

(H1) A função 𝜑 : Ω×[0, ∞) → [0, ∞) satisfaz as seguintes condições: 𝜑(·, 𝜂) é mensurável


para todo 𝜂 ≥ 0 e 𝜑(𝑥, ·) é localmente absolutamente contínua q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.

(H2) Existe 𝑎 ∈ 𝐿𝑝 (·) (Ω) e 𝑏 ≥ 0, tais que

|𝜑(𝑥, |𝑣|)𝑣| ≤ 𝑎(𝑥) + 𝑏|𝑣|𝑝(𝑥)−1 , q.t.p. 𝑥 ∈ Ω, ∀ 𝑣 ∈ R𝑁 ;

(H3) Existe 𝑐 > 0, de modo que:

𝜕𝜑
𝜑(𝑥, 𝜂) ≥ 𝑐𝜂 𝑝(𝑥)−2 e 𝜂 (𝑥, 𝜂) + 𝜑(𝑥, 𝜂) ≥ 𝑐𝜂 𝑝(𝑥)−2 , q.t.p. 𝑥 ∈ Ω, ∀ 𝜂 ∈ [0, ∞);
𝜕𝜂

(H4) Para todo 𝑥 ∈ Ω e todo 𝜉 ∈ R𝑁 valem as seguintes desigualdades:

0 ≤ ⟨𝜑(𝑥, |𝜉|)𝜉, 𝜉⟩ ≤ 𝑝+ Φ0 (𝑥, |𝜉|),


∫︁ 𝑡
onde, Φ0 (𝑥, 𝑡) = 𝜑(𝑥, 𝜂)𝜂𝑑𝜂, para todo (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × [0, ∞).
0

3.1 Resultados Auxiliares


Nesta seção, forneceremos uma série de resultados que serão fundamentais para a
prova dos principais resultados deste trabalho.

Proposição 3.1.1. Se (H1) e (H2) valem, então o funcional Φ : 𝑋 → R definido por


∫︁
Φ(𝑢) = Φ0 (𝑥, |∇𝑢|)𝑑𝑥, 𝑢 ∈ 𝑋,
Ω

é de classe 𝐶 1 e sua derivada de Fréchet em 𝑢 ∈ 𝑋 é dada por


∫︁
Φ′ (𝑢) · 𝑣 = 𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢 · ∇𝑣𝑑𝑥, 𝑣 ∈ 𝑋.
Ω

Prova: A demonstração desta proposição será dividida em vários itens.

(i) Φ0 (𝑥, ·) ∈ 𝐶 1 ([0, ∞)), q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.


Com efeito, por (H1), 𝜑(𝑥, ·) é localmente absolutamente contínua q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.
Logo, pelo Teorema ??, 𝜑(𝑥, ·) é contínua q.t.p. 𝑥 ∈ Ω. Disso e pelo Teorema Fundamen-
tal do Cálculo, Φ0 (𝑥, ·) ∈ 𝐶 1 ([0, ∞)), q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.

(ii) Para cada 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑋 e 0 < |𝑡| < 1, vale a desigualdade:


⃒ ⃒
⃒ Φ0 (𝑥, |∇𝑢 + 𝑡∇𝑣|) − Φ0 (𝑥, |∇𝑢|) ⃒
⃒ ⃒
⃒ ⃒ ≤ |𝑎(𝑥) + 𝑏(|∇𝑢| + |∇𝑣|)𝑝(𝑥)−1 ||∇𝑣|, q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.

⃒ 𝑡 ⃒

Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 41

De fato, se 𝑥 ∈ Ω é tal que Φ0 (𝑥, ·) ∈ 𝐶 1 ([0, ∞)) e 0 < |𝑡| < 1, defina 𝑔 : [0, 1] → R, por
∫︁ |∇𝑢+𝑠𝑡∇𝑣|
𝑔(𝑠) = Φ0 (𝑥, |∇𝑢 + 𝑠𝑡∇𝑣|) = 𝜑(𝑥, 𝜂)𝜂 𝑑𝜂, ∀ 𝑠 ∈ [0, 1].
0

Se 𝑔1 = | · | é a norma usual em R𝑁 e 𝑔2 : [0, 1] → R𝑁 é dada por 𝑔2 (𝑠) = ∇𝑢 + 𝑠𝑡∇𝑣,


então podemos escrever |∇𝑢 + 𝑠𝑡∇𝑣| = (𝑔1 ∘ 𝑔2 )(𝑠), para todo 𝑠 ∈ [0, 1]. Assim
∫︁ (𝑔1 ∘𝑔2 )(𝑠)
𝑔(𝑠) = Φ0 (𝑥, (𝑔1 ∘ 𝑔2 )(𝑠)) = 𝜑(𝑥, 𝜂)𝜂 𝑑𝜂.
0

Por isso e pela Regra da Cadeia, Proposição ??


𝜕Φ0
𝑔 ′ (𝑠) = (𝑥, (𝑔1 ∘ 𝑔2 )(𝑠))
𝜕𝑠
= 𝜑(𝑥, (𝑔1 ∘ 𝑔2 )(𝑠))(𝑔1 ∘ 𝑔2 )(𝑠) · (𝑔1 ∘ 𝑔2 )′ (𝑠)
= 𝜑(𝑥, (𝑔1 ∘ 𝑔2 )(𝑠))(𝑔1 ∘ 𝑔2 )(𝑠) · 𝑔1′ (𝑔2 (𝑠))𝑔2′ (𝑠)
⟨ ⟩
∇𝑢 + 𝑠𝑡∇𝑣
= 𝜑(𝑥, |∇𝑢 + 𝑠𝑡∇𝑣|)|∇𝑢 + 𝑠𝑡∇𝑣| , 𝑡∇𝑣
|∇𝑢 + 𝑠𝑡∇𝑣|
= 𝜑(𝑥, |∇𝑢 + 𝑠𝑡∇𝑣|)⟨∇𝑢 + 𝑠𝑡∇𝑣, 𝑡∇𝑣⟩.

Visto que 𝑔 é diferenciável em [0, 1], 𝑔(0) = Φ0 (𝑥, |∇𝑢|) e 𝑔(1) = Φ0 (𝑥, |∇𝑢+𝑡∇𝑣|),
pelo Teorema do Valor Médio de Lagrande, Proposição ??, existe 𝜉 ∈ (0, 1) tal que
𝑔(1) − 𝑔(0)
= 𝑔 ′ (𝜉).
1−0
De outro modo, ao denotarmos 𝑀 = 𝜑(𝑥, |∇𝑢 + 𝜉𝑡∇𝑣|),

Φ0 (𝑥, |∇𝑢 + 𝑡∇𝑣|) − Φ0 (𝑥, |∇𝑢|) = 𝑀 ⟨∇𝑢 + 𝜉𝑡∇𝑣, 𝑡∇𝑣⟩. A


( )

Agora, por (H2),

|𝑀 ||∇𝑢 + 𝜉𝑡∇𝑣| = |𝜑(𝑥, |∇𝑢 + 𝜉𝑡∇𝑣|)|(∇𝑢 + 𝜉𝑡∇𝑣)|


≤ 𝑎(𝑥) + 𝑏|∇𝑢 + 𝜉𝑡∇𝑣|𝑝(𝑥)−1 , q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.

Deste modo,
⃒ ⃒
⃒ Φ0 (𝑥, |∇𝑢 + 𝑡∇𝑣|) − Φ0 (𝑥, |∇𝑢|) ⃒
⃒ ⃒
⃒ ⃒ ≤ |𝑀 ⟨∇𝑢 + 𝜉𝑡∇𝑣, ∇𝑣⟩|

⃒ 𝑡 ⃒

≤ |𝑀 ||∇𝑢 + 𝜉𝑡∇𝑣||∇𝑣|
≤ [𝑎(𝑥) + 𝑏|∇𝑢 + 𝜉𝑡∇𝑣|𝑝(𝑥)−1 ]|∇𝑣|, q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.

Como 0 < 𝜉|𝑡| < 1 e |𝜉𝑡∇𝑣| = 𝜉|𝑡||∇𝑣| < |∇𝑣(𝑥)|. Por isso e por 𝑝(𝑥) − 1 > 0, para todo
𝑥 ∈ Ω,

[𝑎(𝑥) + 𝑏|∇𝑢 + 𝜉𝑡∇𝑣|𝑝(𝑥)−1 ]|∇𝑣| ≤ [𝑎(𝑥) + 𝑏(|∇𝑢| + 𝜉|𝑡||∇𝑣|)𝑝(𝑥)−1 ]|∇𝑣|


≤ [𝑎(𝑥) + 𝑏(|∇𝑢| + |∇𝑣|)𝑝(𝑥)−1 ]|∇𝑣|
≤ |𝑎(𝑥) + 𝑏(|∇𝑢| + |∇𝑣|)𝑝(𝑥)−1 ||∇𝑣|, q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 42

o que finaliza a prova de (ii).

(iii) Para cada 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑋, a função 𝐺 : Ω → R, definida por

𝐺(𝑥) = |𝑎(𝑥) + 𝑏(|∇𝑢| + |∇𝑣|)𝑝(𝑥)−1 ||∇𝑣|, 𝑥 ∈ Ω,

é um elemento de 𝐿1 (Ω). Para verificarmos a validade deste item, notamos que, pela
desigualdade triangular
∫︁
𝐴 := |𝑎(𝑥) + 𝑏(|∇𝑢| + |∇𝑣|)𝑝(𝑥)−1 ||∇𝑣|𝑑𝑥
∫︁ Ω

≤ (|𝑎(𝑥)| + 𝑏|(|∇𝑢| + |∇𝑣|𝑝(𝑥)−1 ||∇𝑣|𝑑𝑥


∫︁Ω ∫︁
= |𝑎(𝑥)||∇𝑣|𝑑𝑥 + 𝑏 (|∇𝑢| + |∇𝑣|)𝑝(𝑥)−1 |∇𝑣|𝑑𝑥.
Ω Ω

Como 𝑣 ∈ 𝑋 ⊂ 𝑊 1,𝑝(·) , |∇𝑣| ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω) e, por 𝑎 ∈ 𝐿𝑝 (·) (Ω), temos, pela Desigualdades de
Hölder, Proposição ??,

AA)
∫︁
|𝑎(𝑥)| · |∇𝑣|𝑑𝑥 ≤ 2||∇𝑣||𝐿𝑝(·) ||𝑎||𝐿𝑝′ (·) < ∞. (
Ω

Ainda, pela Proposição ??,


∫︁
𝑏 (|∇𝑢| + |∇𝑣|)𝑝(𝑥)−1 |∇𝑣|𝑑𝑥 ≤ 2𝑏||∇𝑣||𝐿𝑝(𝑥) ||(|∇𝑢| + |∇𝑣|)𝑝(𝑥)−1 ||𝐿𝑝′ (𝑥) < ∞.
Ω

Desta desigualdade, junto com ( AA), decorre que


∫︁
|𝑎(𝑥) + 𝑏(|∇𝑢| + |∇𝑣|)𝑝(𝑥)−1 ||∇𝑣|𝑑𝑥 < ∞.
Ω

1
(d) Mostraremos que Φ′ (𝑢) · 𝑣 = lim (Φ(𝑢 + 𝑡𝑣) − Φ(𝑢)), para quaisquer 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑋.
𝑡→0 𝑡
Observe que esta igualdade é motivada pela derivada de Gâteau (ver Definição 5.5.3 no
apêndice na seção Cálculo em Espaços de Banach). Provaremos utilizando o Teorema da
Convergência Dominada de Lebesgue, Proposição ??.
Inicialmente, defina 𝑓 : Ω −→ R, por
Φ0 (𝑥, |∇𝑢 + 𝑡∇𝑣|) − Φ0 (𝑥, |∇𝑢|)
𝑓 (𝑥) = lim , 𝑥 ∈ Ω,
𝑡→0 𝑡
com 𝑢 e 𝑣 fixados arbitrariamente em 𝑋. A boa definição de 𝑓 , vem do fato que 0 < |𝑡| < 1
e 0 < 𝜉|𝑡| < |𝑡| implicar em lim 𝜉|𝑡| = 0. Disto e pela igualdade ( ), temos
𝑡→0
A
𝑓 (𝑥) = lim 𝑀 ⟨∇𝑢 + 𝜃𝑡∇𝑣, ∇𝑣⟩
𝑡→0

= 𝜑(𝑥, ∇𝑢)⟨∇𝑢, ∇𝑣⟩


= 𝜑(𝑥, ∇𝑢)∇𝑢 · ∇𝑣, ∀ 𝑥 ∈ Ω.
∫︁
Deste modo, basta-nos mostrar que Φ′ (𝑢) · 𝑣 = 𝑓 (𝑥)𝑑𝑥, para quaisquer 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑋.
Ω
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 43

lim 𝑡𝑛 = 0 e defina funções


Agora, seja (𝑡𝑛 )𝑛∈N uma sequência em R, tal que 𝑛→∞
𝑓𝑛 : Ω −→ R por

Φ0 (𝑥, |∇𝑢 + 𝑡𝑛 ∇𝑣|) − Φ0 (𝑥, |∇𝑢|)


𝑓𝑛 (𝑥) = , ∀ 𝑥 ∈ Ω, ∀ 𝑛 ∈ N.
𝑡𝑛
lim 𝑓𝑛 (𝑥) = 𝑓 (𝑥), para todo 𝑥 ∈ Ω, que todas estas funções são mensuráveis
Observe que 𝑛→∞
e |𝑓𝑛 (𝑥)| ≤ 𝐺(𝑥) para todo 𝑥 ∈ Ω. Assim, pelo Teorema da Convergência Dominada de
Lebesgue, Proposição ??,
∫︁ ∫︁
𝑓 (𝑥)𝑑𝑥 = 𝜑(𝑥, ∇𝑢)∇𝑢 · ∇𝑣𝑑𝑥
Ω ∫︁Ω ∫︁
= lim 𝑓𝑛 (𝑥)𝑑𝑥 = lim 𝑓𝑛 (𝑥)𝑑𝑥
Ω 𝑛→∞ 𝑛→∞ Ω
∫︁
[Φ0 (𝑥, |∇𝑢 + 𝑡𝑛 ∇𝑣|) − Φ0 (𝑥, |∇𝑢|)
= 𝑛→∞
lim ]𝑑𝑥
Ω 𝑡𝑛
1 ∫︁
= 𝑛→∞
lim Φ0 (𝑥, |∇𝑢 + 𝑡𝑛 ∇𝑣|) − Φ0 (𝑥, |∇𝑢|)𝑑𝑥
𝑡𝑛 Ω
⎛ ⎞
1 ⎝ ∫︁ ∫︁
= 𝑛→∞
lim Φ0 (𝑥, |∇𝑢 + 𝑡𝑛 ∇𝑣|)𝑑𝑥 − Φ0 (𝑥, |∇𝑢|)𝑑𝑥⎠
𝑡𝑛 Ω Ω

1
= lim (Φ(𝑢 + 𝑡𝑛 𝑣) − Φ(𝑢)).
𝑛→∞ 𝑡𝑛
Como a sequência (𝑡𝑛 )𝑛∈N foi fixada de modo arbitrário, então
1 ∫︁
lim (Φ(𝑢 + 𝑡𝑣) − Φ(𝑢)) = 𝑓 (𝑥)𝑑𝑥, .
𝑡→0 𝑡 Ω
∫︁
ou seja, Φ′ é a derivada de Gâteau, com Φ′ (𝑢) · 𝑣 = 𝑓 (𝑥)𝑑𝑥
Ω
(e) Mostraremos que a derivada de Gâteau Φ′ é contínua. Para tanto, considere as
aplicações

∇ : 𝑋 −→ 𝐿𝑝(·) (Ω; R𝑁 )

Λ : 𝐿𝑝(·) (Ω; R𝑁 ) −→ 𝐿𝑝 (·) (Ω; R𝑁 )

𝐷 : 𝐿𝑝 (·) (Ω; R𝑁 ) −→ 𝑋 * ,

definidas, respectivamente, por


𝜕𝑢 𝜕𝑢 𝜕𝑢
(︂ )︂
∇(𝑢) = , ,··· , , 𝑢 ∈ 𝑋.
𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 𝜕𝑥𝑁
Λ(𝑢)(𝑥) = 𝜑(𝑥, |𝑢(𝑥)|)𝑢(𝑥), ∀ 𝑥 ∈ Ω, ∀ 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω),
∫︁
𝐷𝑣 · (𝑤) = ⟨𝑣(𝑥), ∇𝑤(𝑥)⟩𝑑𝑥, 𝑣, 𝑤 ∈ 𝑋
Ω

e provadas, respectivamente, nas proposições 3.4.1, 3.4.2 e 3.4.2, que são aplicações con-
tínuas e limitadas. Onde 𝑤 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω; R𝑁 ) se, e somente se, 𝑤𝑖 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω), para todo
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 44

𝑖 ∈ {1, 2, · · · 𝑁 }, onde 𝑤 = (𝑤1 , 𝑤2 , · · · , 𝑤𝑁 ). Ainda, Φ′ é composição dessas aplicações.


De fato, dado 𝑢 ∈ 𝑋,
(︂ )︂ (︂ )︂ (︂ )︂
𝐷 ∘ Λ ∘ ∇ (𝑢) = (𝐷 ∘ Λ) ∘ ∇ (𝑢) = 𝐷 ∘ Λ (∇𝑢)
(︂ )︂
= 𝐷 ∘ Λ(∇𝑢)
(︂ )︂
= 𝐷 Λ(∇𝑢)
(︂ )︂
= 𝐷 𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢 .

Agora, dado 𝑣 ∈ 𝑋, temos


∫︁
Φ′ (𝑢) · 𝑣 = 𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢 · ∇𝑣𝑑𝑥 = 𝐷(𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢) · 𝑣.
Ω

Portanto, Φ′ = 𝐷 ∘ Λ ∘ ∇, e assim, Φ′ é contínua e limitada por ser a composição de


aplicações possuindo estas propriedades. Provado que a derivada de Gâteau é contínua,
pela proposição (5.5.4), concluímos que esta é de fato a derivada à Fréchet de Φ, à qual,
portanto é contínua e limitada. .
A próxima proposição cumprirá o papel central para prova de que o funcional
Φ satisfaz a condição (𝑆+ ), noção esta que está na Definição 5.6.5 na seção Aplicações
Multi-Avaliadas e Operadores Monótonos no apêndice. Para este propósito, consideremos
os seguintes conjuntos:

Ω1 := {𝑥 ∈ Ω ; 1 < 𝑝(𝑥) < 2} e Ω2 := {𝑥 ∈ Ω ; 𝑝(𝑥) ≥ 2}.

Proposição 3.1.2. Assumindo (H1) e (H3), vale a seguinte estimativa:







𝑐(|𝑢| + |𝑣|)𝑝(𝑥−2) |𝑢 − 𝑣|2 , se 𝑥 ∈ Ω1 e |𝑢|2 + |𝑣|2 ̸= 0;
⟨𝜑(𝑥, |𝑢|)𝑢 − 𝜑(𝑥, |𝑣|)𝑣, 𝑢 − 𝑣⟩ ≥


41−𝑝+ 𝑐|𝑢 − 𝑣|𝑝(𝑥) , se 𝑥 ∈ Ω2 .

para quaisquer 𝑢, 𝑣 ∈ R𝑁 , onde 𝑐 é a constante definida em (H3).


Prova: Para cada 𝑥 ∈ Ω, seja 𝜓𝑖 : R𝑁 → R definida por 𝜓𝑖 (𝑢) = 𝜑(𝑥, |𝑢|)𝑢𝑖 , para todo
𝑢 = (𝑢1 , . . . , 𝑢𝑁 ) ∈ R𝑁 . Pela proposição (3.4.4), temos a igualdade:

𝜕𝜓𝑖 1 𝑑𝜑
(𝑢) = (𝑥, |𝑢|)𝑢𝑖 𝑢𝑗 + 𝜑(𝑥, |𝑢|)𝛿𝑖,𝑗 , ∀ 𝑖, 𝑗 ∈ {1, . . . , 𝑁 },
𝜕𝑢𝑗 |𝑢| 𝑑𝑠

𝑑𝜑
onde, é a derivada de 𝜑 em relação a segunda variável. Dados um vetor 𝑤 =
𝑑𝑠
(𝑤1 , 𝑤2 , . . . , 𝑤𝑁 ) ∈ R𝑁 e um par de índices (𝑖, 𝑗), ao multiplicarmos a igualdade acima
por 𝑤𝑖 𝑤𝑗 , obtemos

𝜕𝜓𝑖 1 𝑑𝜑
(𝑢)𝑤𝑖 𝑤𝑗 = (𝑥, |𝑢|)𝑢𝑖 𝑢𝑗 𝑤𝑖 𝑤𝑗 + 𝜑(𝑥, |𝑢|)𝑤𝑖 𝑤𝑗 𝛿𝑖,𝑗 .
𝜕𝑢𝑗 |𝑢| 𝑑𝑠
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 45

A partir disso, podemos escrever as igualdades:


𝑁 𝑁 𝑁
𝜕𝜓𝑖 1 𝑑𝜑
A
∑︁ ∑︁ ∑︁
(𝑢)𝑤𝑖 𝑤𝑗 = (𝑥, |𝑢|)𝑢𝑖 𝑤𝑖 𝑢𝑗 𝑤𝑗 + 𝜑(𝑥, |𝑢|)𝑤𝑖 𝑤𝑗 𝛿𝑖,𝑗 , ( )
𝑖=1 𝜕𝑢𝑖 𝑖=1 |𝑢| 𝑑𝑠 𝑖=1
𝑁 𝑁 𝑁
𝜕𝜓𝑖 1 𝑑𝜑
AA)
∑︁ ∑︁ ∑︁
(𝑢)𝑤𝑖 𝑤𝑗 = (𝑥, |𝑢|)𝑢𝑖 𝑤𝑖 𝑢𝑗 𝑤𝑗 + 𝜑(𝑥, |𝑢|)𝑤𝑖 𝑤𝑗 𝛿𝑖,𝑗 . (
𝑗=1 𝜕𝑢𝑗 𝑗=1 |𝑢| 𝑑𝑠 𝑗=1

Observe que,
𝑁 ∑︁
𝑁 𝑁
𝑤𝑖2 . 6
∑︁ ∑︁
𝜑(𝑥, |𝑢|)𝑤𝑖 𝑤𝑗 𝛿𝑖,𝑗 = 𝜑(𝑥, |𝑢|) ( )
𝑖=1 𝑗=1 𝑖=1

Somando membro a membro as igualdades ( ) com ( A AA) e usando a igualdade (6),


obtemos
𝑁 ∑︁
𝑁 𝑁 ∑︁𝑁 𝑁
𝜕𝜓𝑖 1 𝑑𝜑
𝑤𝑖2 .
∑︁ ∑︁ ∑︁
(𝑥, 𝑢)𝑤𝑖 𝑤𝑗 = (𝑥, |𝑢|) 𝑢𝑖 𝑤𝑖 𝑢𝑗 𝑤𝑗 + 𝜑(𝑥, |𝑢|)
𝑖=1 𝑗=1 𝜕𝑢𝑗 |𝑢| 𝑑𝑠 𝑖=1 𝑗=1 𝑖=1

𝑁 ∑︁
𝑁
𝑢𝑖 𝑤𝑖 𝑢𝑗 𝑤𝑗 = ⟨𝑤, 𝑢⟩2 . Logo,
∑︁
Mas,
𝑖=1 𝑗=1

𝑁 ∑︁
𝑁 𝑁
𝜕𝜓𝑖 1 𝑑𝜑
(𝑥, |𝑢|)⟨𝑤, 𝑢⟩2 + 𝜑(𝑥, |𝑢|) 𝑤𝑖2
∑︁ ∑︁
(𝑢)𝑤𝑖 𝑤𝑗 =
𝑖=1 𝑗=1 𝜕𝑢 𝑗 |𝑢| 𝑑𝑠 𝑖=1
⎛ ⎞
𝑁
|𝑤|2 ⎝ 1 𝑑𝜑 2
𝑤𝑖2 ⎠
∑︁
= (𝑥, |𝑢|)⟨𝑤, 𝑢⟩ + 𝜑(𝑥, |𝑢|)
|𝑤|2 |𝑢| 𝑑𝑠 𝑖=1
⟨ ⟩2
1 𝑑𝜑 𝑤
(︂ )︂
2
= |𝑤| (𝑥, |𝑢|) ,𝑢 + 𝜑(𝑥, |𝑢|)
|𝑢| 𝑑𝑠 |𝑤|
⟨ ⟩2
|𝑢| 1 𝑑𝜑 𝑤
(︂ )︂
2
= |𝑤| (𝑥, |𝑢|) ,𝑢 + 𝜑(𝑥, |𝑢|)
|𝑢| |𝑢| 𝑑𝑠 |𝑤|
⟨ ⟩2
𝑑𝜑 𝑤 𝑢
(︂ )︂
= |𝑤|2 |𝑢| (𝑥, |𝑢|) , + 𝜑(𝑥, |𝑢|)
𝑑𝑠 |𝑤| |𝑢|
𝑑𝜑
(︂ )︂
2
= |𝑤| |𝑢| (𝑥, |𝑢|)𝜇 + 𝜑(𝑥, |𝑢|) .
𝑑𝑠
⟨ ⟩2
𝑤
com 𝜇 := , 𝑢
|𝑤| |𝑢|
. Observe que 0 ≤ 𝜇 ≤ 1, pois
⟨ ⟩2 ⃒⟨ ⟩
𝑤 𝑢 𝑤 𝑢 ⃒⃒


, ≤1⇔ ⃒ , ≤1
|𝑤| |𝑢| ⃒
|𝑤| |𝑢| ⃒
⇔ |⟨𝑤, 𝑢⟩| ≤ |𝑤||𝑢|.

Assim, por (H3), vale (1 − 𝜆)𝜑(𝑥, |𝑢|) ≥ (1 − 𝜆)𝑐|𝑢|𝑝(𝑥)−2 e também


𝑑𝜑 𝑑𝜑
(︂ )︂
𝜆 |𝑢| (𝑥, |𝑢|) + 𝜑(𝑥, |𝑢|) = 𝜆|𝑢| (𝑥, |𝑢|) + 𝜆𝜑(𝑥, |𝑢|) − 𝜆𝜑(𝑥, |𝑢|) + 𝜆𝜑(𝑥, |𝑢|)
𝑑𝑠 𝑑𝑠
𝑑𝜑
(︂ )︂
= (1 − 𝜆)𝜑(𝑥, |𝑢|) + 𝜆 |𝑢| (𝑥, |𝑢|) + 𝜑(𝑥, |𝑢|)
𝑑𝑠
≥ 𝑐|𝑢|𝑝(𝑥)−2 .
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 46

Deste modo,
𝑁 ∑︁
𝑁
𝜕𝜓𝑖
(𝑢)𝑤𝑖 𝑤𝑗 ≥ 𝑐|𝑢|𝑝(𝑥)−2 |𝑤|2 . 66)
∑︁
(
𝑖=1 𝑗=1 𝜕𝑢 𝑗

Agora, pela Proposição 3.4.5, temos, para cada 𝑥 ∈ Ω


𝑁
∫︁ 1 ∑︁
𝜕𝜓𝑖
𝜓𝑖 (𝑢) − 𝜓𝑖 (𝑣) = (𝑣 + 𝑡(𝑢 − 𝑣))(𝑢𝑗 − 𝑣𝑗 )𝑑𝑡, 𝑡 ∈ [0, 1].
0 𝑗=1 𝜕𝑢𝑗

Por isso e pela desigualdade ( 66),


𝑁
∑︁
⟨𝜑(𝑥, |𝑢|)𝑢 − 𝜑(𝑥, |𝑣|)𝑣, 𝑢 − 𝑣⟩ = (𝜓𝑖 (𝑥, 𝑢) − 𝜓𝑖 (𝑥, 𝑣))(𝑢𝑖 − 𝑣𝑖 )
𝑖=1
𝑁 (︂ ∫︁ 1 ∑︁
𝑁
𝜕𝜓𝑖
∑︁ )︂
= (𝑥, 𝑣 + 𝑡(𝑢 − 𝑣))(𝑢𝑗 − 𝑣𝑗 )𝑑𝑡 (𝑢𝑖 − 𝑣𝑖 )
𝑖=1 0 𝑗=1 𝜕𝑢𝑗
𝑁 ∑︁
∫︁ 1 ∑︁ 𝑁
𝜕𝜓𝑖
= (𝑥, 𝑣 + 𝑡(𝑢 − 𝑣))(𝑢𝑗 − 𝑣𝑗 )(𝑢𝑖 − 𝑣𝑖 )𝑑𝑡
0 𝑖=1 𝑗=1 𝜕𝑢𝑗
∫︁ 1
≥ 𝑐|𝑣 + 𝑡(𝑢 − 𝑣)|𝑝(𝑥)−2 |𝑢 − 𝑣|2 𝑑𝑡.
0

Sem perda de generalidade, assuma que |𝑢| ≤ |𝑣|. Assim,

|𝑢 − 𝑣| ≤ |𝑢| + |𝑣| ⇒ |𝑢 − 𝑣| ≤ 2|𝑣|


1
⇒ |𝑢 − 𝑣| ≤ |𝑣|.
2
Para 𝑡 ∈ [0, 41 ],

|𝑣| = |𝑣 + 𝑡(𝑢 − 𝑣) − 𝑡(𝑢 − 𝑣)| ≤ |𝑣 + 𝑡(𝑢 − 𝑣)| + |𝑡(𝑢 − 𝑣)|


1
≤ |𝑣 + 𝑡(𝑢 − 𝑣)| + |𝑢 − 𝑣|
4
1
⇒ |𝑣 + 𝑡(𝑢 − 𝑣)| ≥ |𝑢 − 𝑣|.
4
A
( )

Finalmente, se 𝑥 ∈ Ω2 então 𝑝+ ≥ 𝑝(𝑥) ≥ 2 e desigualdade ( ), A


∫︁ 1
⟨𝜑(𝑥, |𝑢|)𝑢 − 𝜑(𝑥, |𝑣|)𝑣, 𝑢 − 𝑣⟩ ≥ 𝑐|𝑣 + 𝑡(𝑢 − 𝑣)|𝑝(𝑥)−2 |𝑢 − 𝑣|2 𝑑𝑡
0
1−𝑝+
≥4 𝑐|𝑢 − 𝑣|𝑝(𝑥) .

Agora, se 𝑥 ∈ Ω1 , então 1 < 𝑝(𝑥) < 2. Além disso, ao se considerar 𝑡 ∈ [0, 41 ],


então |𝑡𝑢 + (1 − 𝑡)𝑣| ≤ |𝑢| + |𝑣|. Consequentemente,

|𝑡𝑢 + (1 − 𝑡)𝑣|𝑝(𝑥)−2 ≥ (|𝑢| + |𝑣|)𝑝(𝑥)−2 .


Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 47

Assim, ao utilizarmos a desigualdade ( 66),


𝑁 ∑︁
∫︁ 1 ∑︁ 𝑁
𝜕𝜓𝑖
(︂ )︂
⟨𝜑(𝑥, |𝑢|)𝑢 − 𝜑(𝑥, |𝑣|)𝑣, 𝑢 − 𝑣⟩ = 𝑥, 𝑣 + 𝑡(𝑢 − 𝑣) (𝑢𝑗 − 𝑣𝑗 )(𝑢𝑖 − 𝑣𝑖 )𝑑𝑡
0 𝑖=1 𝑗=1 𝜕𝑢𝑗
∫︁ 1
≥ 𝑐|𝑣 + 𝑡(𝑢 − 𝑣)|𝑝(𝑥)−2 |𝑢 − 𝑣|2 𝑑𝑡
0

≥ 𝑐(|𝑢| + |𝑣|)𝑝(𝑥)−2 |𝑢 − 𝑣|2 .

A próxima proposição garante a validade da condição (𝑆+ ) para o funcional Φ′ .

Proposição 3.1.3. Assumindo (H1), (H2) e (H3), então o operador Φ′ : 𝑋 −→ 𝑋 * é


monótono e satisfaz a condição (𝑆+ ).
Prova: Φ′ é monótono. Para tal, sejam 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑋 e considere o funcional Φ′ (𝑢) −
Φ′ (𝑣) : 𝑋 −→ R.

(Φ′ (𝑢) − Φ′ (𝑣)) · 𝑤 = Φ′ (𝑢) · 𝑤 − Φ′ (𝑣) · 𝑤


∫︁ ∫︁
= 𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢 · ∇𝑤𝑑𝑥 − 𝜑(𝑥, |∇𝑣|)∇𝑣 · ∇𝑤𝑑𝑥
∫︁Ω Ω

= (𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢 · ∇𝑤 − 𝜑(𝑥, |∇𝑣|)∇𝑣 · ∇𝑤)𝑑𝑥


∫︁Ω
= ⟨𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢 − 𝜑(𝑥, |∇𝑣|)∇𝑣, ∇𝑤⟩𝑑𝑥, ∀ 𝑤 ∈ 𝑋.
Ω

Tomando 𝑤 = 𝑢 − 𝑣, pela Proposição


∫︁
3.1.2,
(Φ′ (𝑢) − Φ′ (𝑣)) · (𝑢 − 𝑣) = ⟨𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢 − 𝜑(𝑥, |∇𝑣|)∇𝑣, ∇𝑢 − ∇𝑣⟩𝑑𝑥
∫︁Ω

Ω1
𝑐(|∇𝑢| + |∇𝑣|)𝑝(𝑥)−2 |∇𝑢 − ∇𝑣|2 𝑑𝑥 ≥ 0, 6
( )

se 𝑥 ∈ Ω1 . Caso 𝑥 ∈ Ω2 ,

66)
∫︁
(Φ′ (𝑢) − Φ′ (𝑣)) · (𝑢 − 𝑣) ≥ 41−𝑝+ 𝑐|∇𝑢 − ∇𝑣|𝑝(𝑥) ≥ 0. (
Ω2

Em resumo, (Φ′ (𝑢)−Φ′ (𝑣))·(𝑢−𝑣) ≥ 0, para quaisquer 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑋. Portanto, pela Definição


(5.6.3), Φ′ é monótona.
No que segue, provaremos que Φ′ satisfaz a condição (𝑆+ ). Para tal, seja (𝑢𝑛 )𝑛∈N
uma sequência em 𝑋, tal que 𝑢𝑛 ⇀ 𝑢 e lim sup(Φ′ (𝑢𝑛 ) − Φ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) ≤ 0. Pela
𝑛→∞
monotonicidade de Φ′ ,

(Φ′ (𝑢𝑛 ) − Φ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) ≥ 0

Com isso,

lim sup(Φ′ (𝑢𝑛 ) − Φ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) ≥ 0.


𝑛→∞
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 48

Da desigualdade lim sup(Φ′ (𝑢𝑛 ) − Φ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) ≤ 0, temos:


𝑛→∞

lim (Φ′ (𝑢𝑛 ) − Φ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) = 0.


𝑛→∞
.
( )

Denotemos

𝑝+
1 = sup 𝑝(𝑥).
𝑥∈Ω1

Assuma que 𝑥 ∈ Ω2 . Pela Proposição (3.1.2),


+
⟨𝜑(𝑥, |∇𝑢𝑛 |)∇𝑢𝑛 − 𝜑(𝑥, |∇𝑣|)∇𝑣, ∇𝑢𝑛 − ∇𝑣⟩ ≥ 41−𝑝 𝑐|∇𝑢𝑛 − ∇𝑢|𝑝(𝑥) .

Utilizando esta desigualdade junto com ( 66), obtemos


∫︁
+
(Φ′ (𝑢𝑛 ) − Φ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) ≥ 41−𝑝 𝑐 |∇𝑢𝑛 − ∇𝑢|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥.
Ω2

Desta última desigualdade e do limite ( ), .


A
∫︁
lim |∇𝑢𝑛 − ∇𝑢|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 = 0. ( )
𝑛→∞ Ω2

Assuma que 𝑥 ∈ Ω1 . Novamente, pela Proposição (3.1.2),


∫︁
′ ′
(Φ (𝑢𝑛 ) − Φ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) = ⟨𝜑(𝑥, |∇𝑢𝑛 |)∇𝑢𝑛 − 𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢, ∇𝑢𝑛 − ∇𝑢⟩ (3.1.1)
Ω

AA)
∫︁
≥𝑐 𝜉(𝑥)𝑝(𝑥)−2 |∇𝑢𝑛 − ∇𝑢|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥, (
Ω1

onde 𝜉(𝑥) = |∇𝑢𝑛 (𝑥)| + |∇𝑢(𝑥)|. Antes de prosseguir, observe que, por 𝑥 ∈ Ω1 , vale
2 2
𝑙(𝑥) := 2−𝑝(𝑥) > 1 e 𝑚(𝑥) := 𝑝(𝑥) > 1. Assim,
∫︁ 2
∫︁
𝑝(𝑥)(2−𝑝(𝑥))
|𝜉(𝑥) 2 | 2−𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 = |𝜉(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥
Ω1 Ω1
∫︁
= (|∇𝑢𝑛 | + |∇𝑢|)𝑝(𝑥) 𝑑𝑥
Ω1
∫︁
≤ (|∇𝑢𝑛 | + |∇𝑢|)𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 < ∞,
Ω

𝑝(·)(2−𝑝(·)) 2 𝑝(·)(𝑝(·)−2) 2
donde, 𝜉 2 ∈ 𝐿 2−𝑝(·) (Ω1 ). Ainda, temos 𝜉 2 |∇𝑢𝑛 − ∇𝑢|𝑝(·) ∈ 𝐿 𝑝(·) (Ω1 ) pois,
6
devido a ( ), |∇𝑢𝑛 − ∇𝑢|2 ≤ (|∇𝑢𝑛 | + |∇𝑢|)2 implica

(|∇𝑢𝑛 | + |∇𝑢|)𝑝(𝑥)−2 |∇𝑢𝑛 − ∇𝑢|2 ≤ (|∇𝑢𝑛 | + |∇𝑢|)𝑝(𝑥) .

Desta forma,
∫︁ 2
∫︁
𝑝(𝑥)(𝑝(𝑥)−2)
𝑝(𝑥)
|𝜉(𝑥) 2 |∇𝑢𝑛 − ∇𝑢| | 𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 = 𝜉(𝑥)(𝑝(𝑥)−2) |∇𝑢𝑛 − ∇𝑢|2 𝑑𝑥
Ω1 Ω1
∫︁
≤ (|∇𝑢𝑛 | + |∇𝑢|)𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 < ∞.
Ω
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 49

Finalmente, pela desigualdade de Hölder, Proposição ??,


∫︁ ∫︁
|∇𝑢𝑛 − ∇𝑢|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 = 1 · |∇𝑢𝑛 − ∇𝑢|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥
Ω1 Ω1
∫︁
= 𝑙(𝑥)0 |∇𝑢𝑛 − ∇𝑢|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥
Ω1
∫︁
𝑝(𝑥)(2−𝑝(𝑥)) 𝑝(𝑥)(𝑝(𝑥)−2)
= 𝑙(𝑥) 2 𝑙(𝑥) 2 |∇𝑢𝑛 − ∇𝑢|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥
Ω1
⃒⃒ ⃒⃒
⃒⃒ ⃒⃒ ⃒⃒ ⃒⃒
𝑝(𝑥)(2−𝑝(𝑥)) ⃒⃒ 𝑝(𝑥)(𝑝(𝑥)−2)
𝑝(𝑥) ⃒⃒
⃒⃒ ⃒⃒ ⃒⃒
≤ 2⃒⃒𝑙(𝑥)
⃒ ⃒ 2 ⃒⃒
⃒⃒ 2
⃒⃒𝑙(𝑥)
⃒ ⃒ 2 |∇𝑢𝑛 − ∇𝑢| ⃒⃒
𝐿 2−𝑝(·) (Ω1 ) ⃒⃒ ⃒⃒ 2
𝐿 𝑝(·) (Ω1 )
⎛ ⎞𝛽
∫︁
≤ 2||𝑙||𝛼𝐿𝑝(·) (Ω1 ) ⎝ 𝑙(𝑥)𝑝(𝑥)−2 |∇𝑢𝑛 − ∇𝑢|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥⎠ ,
Ω1

𝑝− (2 − 𝑝+ 𝑝− (2 − 𝑝− ) 𝑝− 𝑝+
onde, 𝛼 é
2
1)
ou
2
e𝛽é
2
ou 1 . Por esta desigualdade, (
2
AA) e (.)
temos

C
∫︁
lim |∇𝑢𝑛 (𝑥) − ∇𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 = 0. ( )
𝑛→∞ Ω1

A C lim 𝜌(∇𝑢𝑛 − ∇𝑢) = 0, donde,


Agora, de ( ) e ( ), obtemos 𝑛→∞

lim ||∇𝑢𝑛 − ∇𝑢||𝐿𝑝(·) (Ω) = 0.


𝑛→∞

lim ||𝑢𝑛 − 𝑢||𝑋 = 0, provando então que 𝑢𝑛 → 𝑢


Assim, pela definição da norma em 𝑋, 𝑛→∞

em 𝑋. Portanto, Φ satisfaz a condição (𝑆)+ .

3.1.1 Hipóteses sobre a função 𝑓 .


Os próximos resultados auxiliares envolvem a função 𝑓 . Assim sendo, nesta sub-
seção, fornecemos as hipóteses que a 𝑓 deve cumprir para obtermos os resultados de
existência de soluções fracas para o problema (PI). Elas formam dois blocos: (J1)-(J2)
e (F1)-(F4). Para dar uma ideia do porque estas hipóteses são importantes, daqui em
diante será utilizado muitas vezes os resultados de imersão do primeiro capítulo que são
o Teorema 2.2.3 e a Proposição 2.2.4. Estes resultados junto com as hipóteses (J1)-(J2)
permitirão que se possa realizar a imersão contínua (ou compacta) usando a Proposição
1,𝑝(·)
2.2.4 de 𝑊0 (Ω) em, por exemplo, 𝐿𝑞(·) (Ω) ou em 𝐿𝑟(·) (Ω). As hipóteses (F1)-(F4),
a grosso modo, dizem respeito a condições de crescimento sobre a 𝑓 e a sua primitiva
𝐹 . Basicamente, estas condições de crescimento junto com a Desigualdade de Hölder,
Proposição ?? e as hipóteses (J1)-(J2) permitem se realizar as majorações necessárias
para provar os resultados exigidos tanto pelo Teorema do Passo da Montanha, Teorema
5.7.3 quanto do Teorema de Fountain, Teorema 5.8.2.
Seguem-se então as hipóteses restantes:
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 50

(J1) Considere 𝑝, 𝑞 ∈ 𝐶+ (Ω), com 𝑝(𝑥) < 𝑁 , onde 𝑁 é a dimensão do espaço R𝑁 , e


1 < 𝑝− ≤ 𝑝+ < 𝑞 − ≤ 𝑞 + < 𝑝* (𝑥);

𝑟(·)
(J2) 𝑚 ∈ 𝐿 𝑟(·)−𝑞(·) (Ω) ∩ 𝐿∞ (Ω), para algum 𝑟 ∈ 𝐶+ (Ω) com 𝑞(𝑥) < 𝑟(𝑥) < 𝑝* (𝑥) e
|{𝑥 ∈ Ω ; 𝑚(𝑥) > 0}| > 0;

(F1) 𝑓 : Ω × R −→ R é uma função de Carathéodory;

(F2) 𝑓 satisfaz a seguinte condição de crescimento, para todo (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R

|𝑓 (𝑥, 𝑡)| ≤ |𝑚(𝑥)||𝑡|𝑞(𝑥)−1 , (3.1.2)

onde, 𝑞 e 𝑚, satisfazem as hipóteses (J1) e (J2).

(F3) Existem 𝑀1 > 0 e 𝜃1 > 𝑝+ de modo que

0 < 𝜃1 𝐹 (𝑥, 𝑡) ≤ 𝑓 (𝑥, 𝑡)𝑡, |𝑡| ≥ 𝑀1 , (3.1.3)


∫︁ 𝑡
onde, 𝐹 (𝑥, 𝑡) = 𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑑𝑠, para todo (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R;
0

+ −1 𝑓 (𝑥, 𝑡)
(F4) 𝑓 é 𝑜(|𝑡|𝑝 ) uniformemente, para todo 𝑥 ∈ Ω, ou seja, lim = 0 uniforme-
𝑡→0 |𝑡|𝑝+ −1
mente, para todo 𝑥 ∈ Ω;

Observa-se que se (F2) valer, então temos a validade de (F2’), assim


(F2’) 𝐹 satisfaz a condição de crescimento,
|𝑚(𝑥)| 𝑞(𝑥)
|𝐹 (𝑥, 𝑡)| ≤ |𝑡| , ∀ (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R. (3.1.4)
𝑞(𝑥)

A próxima proposição expõe as propriedades da segunda parcela do funcional


energia do nosso Problema (PI). A noção de Completamente Contínuo encontra-se na
Definição 5.2.6, enquanto que a noção de funcional Coercivo encontra-se na Definição
5.6.6, todas no apêndice.

Proposição 3.1.4. Seja 𝑓 satisfazendo as ∫︁hipóteses (J1), (J2), (F1)-(F4). Então o


funcional Ψ : 𝑋 −→ R definido por Ψ(𝑢) = 𝐹 (𝑥, 𝑢(𝑥))𝑑𝑥, para todo 𝑢 ∈ 𝑋, é de classe
Ω
𝐶 1 com derivada de Fréchet dada por
∫︁

Ψ (𝑢) · 𝑣 = 𝑓 (𝑥, 𝑢)𝑣𝑑𝑥, ∀ 𝑣 ∈ 𝑋. (3.1.5)
Ω

Além disso, Ψ′ é compacto, completamente contínuo, coercivo e satisfaz a condição (𝑆+ ).


Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 51

Prova: A demonstração desta proposição será dividida em vários itens. Começamos


mostrando que Ψ está bem definido. Com efeito, se 𝑢 ∈ 𝑋, usando a desigualdade de
Hölder, Proposição (??) e a condição (F2’),
∫︁ ∫︁
|𝑚(𝑥)| 𝑞(𝑥)
Ψ(𝑢) = 𝐹 (𝑥, 𝑢)𝑑𝑥 ≤ |𝑢| 𝑑𝑥
Ω Ω 𝑞(𝑥)
1 ∫︁
≤ − |𝑚(𝑥)||𝑢|𝑞(𝑥) 𝑑𝑥
𝑞 Ω
2
≤ − ||𝑚|| 𝑟(·) |||𝑢|𝑞(𝑥) || 𝑟(·) < ∞.
𝑞 𝐿 𝑟(·)−𝑞(·) (Ω) 𝐿 𝑞(·) (Ω)

Vale ressaltar que, 𝐹 (𝑥, ·) é diferenciável q.t.p. 𝑥 ∈ Ω, por ser a primitiva da função
𝑓 (𝑥, ·) que é contínua q.t.p 𝑥 ∈ Ω.
(i). Para cada 𝑢 ∈ 𝑋, seja 𝑇𝑢 : 𝑋 → R, dada por
∫︁
𝑇𝑢 (𝑣) = 𝑓 (𝑥, 𝑢)𝑣𝑑𝑥, ∀ 𝑥 ∈ Ω.
Ω

Então 𝑇𝑢 é um funcional linear contínuo. A linearidade é imediata. Agora, pelas hipóteses


(F2) e 𝑚 ∈ 𝐿∞ (Ω),

|𝑓 (𝑥, 𝑡)| ≤ |𝑚(𝑥)||𝑡|𝑞(𝑥)−1


≤ ‖𝑚‖∞ |𝑡|𝑞(𝑥)−1 ,

𝑞(𝑥)
onde, ‖𝑚‖∞ > 0, já que |{𝑥 ∈ Ω ; 𝑚(𝑥) > 0}| > 0. Por isso e por = 𝑞(𝑥) − 1,
𝑞 ′ (𝑥)
para todo 𝑥 ∈ R, em que 𝑞 ′ (𝑥) representa o expoente conjugado de 𝑞(𝑥), temos, pela

Proposição 2.1.16 que 𝑁𝑓 : 𝐿𝑞(·) (Ω) → 𝐿𝑞 (·) (Ω) é contínua. Assim sendo, para todo
𝑣 ∈ 𝑋, temos, pela desigualdade de Hölder, Proposição ?? e pela imersão de 𝑊 1,𝑝(·) (Ω)
em 𝐿𝑞(·) (Ω), Proposição 2.2.4,
∫︁
|𝑇𝑢 (𝑣)| = |𝑓 (𝑥, 𝑢)||𝑣|𝑑𝑥,
∫︁Ω
= |𝑁𝑓 𝑢||𝑣|𝑑𝑥
Ω

≤ 2‖𝑁𝑓 𝑢‖𝐿𝑞′ (·) (Ω) ‖𝑣‖𝐿𝑞(·) (Ω) . A


( )

Disto e novamente pela Proposição 2.2.4, existe 𝐾1 > 0, de modo que ‖𝑣‖𝐿𝑞(·) (Ω) ≤
A
𝐾1 ‖𝑣‖𝑋 . Combinando esta desigualdade com ( ) e denotando 𝐾 = 2𝐾1 ‖𝑁𝑓 𝑢‖𝐿𝑞′ (·) (Ω) ,
obtemos

|𝑇𝑢 (𝑣)| ≤ 2‖𝑁𝑓 𝑢‖𝐿𝑞′ (·) (Ω) ‖𝑣‖𝐿𝑞(·) (Ω) = 𝐾‖𝑣‖𝑋 .

Portanto, 𝑇𝑢 é um funcional linear contínuo.


(ii) Sejam 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑋. Dados 𝑥 ∈ Ω e 0 < |𝑡| < 1, existe 𝜉 ∈ (0, 1) tal que
𝐹 (𝑥, 𝑢 + 𝑡𝑣) − 𝐹 (𝑥, 𝑢)
= 𝑓 (𝑥, 𝑢 + 𝜉𝑡𝑣)𝑣.
𝑡
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 52

De fato, defina 𝑔 : [0, 1] → R, por


∫︁ 𝑢+𝑠𝑡𝑣
𝑔(𝑠) := 𝐹 (𝑥, 𝑢 + 𝑠𝑡𝑣) = 𝑓 (𝑥, 𝜂) 𝑑𝜂, 𝑠 ∈ [0, 1].
0

Se 𝑔1 : [0, 1] → R é dada por 𝑔1 (𝑠) = 𝑢 + 𝑠𝑡𝑣, então podemos escrever


∫︁ 𝑔1 (𝑠)
𝑔(𝑠) = 𝐹 (𝑥, 𝑔1 (𝑠)) = 𝑓 (𝑥, 𝜂) 𝑑𝜂.
0

Por isso e pela Regra da Cadeia,


𝜕𝐹
𝑔 ′ (𝑠) = (𝑥, 𝑔1 (𝑠))
𝜕𝑠
= 𝑓 (𝑥, 𝑔1 (𝑠)) · 𝑔1′ (𝑠)
= 𝑓 (𝑥, 𝑢 + 𝑠𝑡𝑣)𝑡𝑣, ∀ 𝑠 ∈ [0, 1].

Como 𝑔 é diferenciável em [0, 1], 𝑔(0) = 𝐹 (𝑥, 𝑢) e 𝑔(1) = 𝐹 (𝑥, 𝑢 + 𝑡𝑣), temos, pelo
Teorema do Valor Médio de Lagrange, Proposição ??, que existe 𝜉 ∈ (0, 1) tal que

𝑔(1) − 𝑔(0)
= 𝑔 ′ (𝜉).
1−0
De outro modo, vale

𝐹 (𝑥, 𝑢 + 𝑡𝑣) − 𝐹 (𝑥, 𝑢)


= 𝑓 (𝑥, 𝑢 + 𝜉𝑡𝑣)𝑣.
𝑡
Com isso, finalizamos a prova de (ii).

(iii) A função 𝐺 : Ω → R, definida por

𝐺(𝑥) = |𝑚(𝑥)|(|𝑢| + |𝑣|)𝑞(𝑥)−1 |𝑣|, 𝑥 ∈ Ω,

é um elemento de 𝐿1 (Ω) e |𝑓 (𝑥, 𝑢 + 𝜉𝑡𝑣)𝑣| ≤ 𝐺(𝑥), para todo 𝑥 ∈ Ω. Primeiro, pela


desigualdade triangular, e por 𝜉, 𝑡 ∈ (0, 1), |𝑢 + 𝜉𝑡𝑣| ≤ |𝑢| + |𝑣|. Disso da hipótese (F2)

|𝑓 (𝑥, 𝑢 + 𝜉𝑡𝑣)𝑣| ≤ |𝑚(𝑥)||𝑢 + 𝜉𝑡𝑣|𝑞(𝑥)−1 |𝑣|


≤ |𝑚(𝑥)|(|𝑢| + |𝑣|)𝑞(𝑥)−1 |𝑣| = 𝐺(𝑥).

Além disso, por (J1), (J2), desigualdade de Hölder, Proposição ?? e pela imersão de
𝑊 1,𝑝(·) (Ω) em 𝐿𝑞(·) (Ω), Proposição 2.2.4,
∫︁ ∫︁
|𝐺(𝑥)|𝑑𝑥 = |𝑚(𝑥)|(|𝑢| + |𝑣|)𝑞(𝑥)−1 |𝑣|𝑑𝑥
Ω Ω ∫︁
≤ ‖𝑚(𝑥)‖∞ (|𝑢| + |𝑣|)𝑞(𝑥)−1 |𝑣|𝑑𝑥
Ω

≤ 2‖𝑚(𝑥)‖∞ ‖(|𝑢| + |𝑣|)𝑞(𝑥)−1 ‖𝐿𝑞′ (·) (Ω) ‖𝑣‖𝐿𝑞(·) (Ω) . ( AA)


Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 53

∫︁
Para concluir que 𝐺 ∈ 𝐿1 (Ω), precisamos observar que (|𝑢| + |𝑣|)𝑞(𝑥) 𝑑𝑥 < ∞
Ω

e (|𝑢| + |𝑣|)𝑞(𝑥)−1 ∈ 𝐿𝑞 (𝑥) (Ω), para quaisquer 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑋. De fato, pela Proposição 2.1.1,
+ 𝑞(𝑥)
𝜌(𝑢 + 𝑣) ≤ 2𝑞 (𝜌(𝑢) + 𝜌(𝑣)). Observando que 𝑞 ′ (𝑥) = ,
𝑞(𝑥) − 1
∫︁ ∫︁
′ ′
((|𝑢| + |𝑣|)𝑞(𝑥)−1 )𝑞 (𝑥) 𝑑𝑥 = (|𝑢| + |𝑣|)(𝑞(𝑥)−1)𝑞 (𝑥) 𝑑𝑥
Ω Ω
(︁ )︁
∫︁ 𝑞(𝑥)
(𝑞(𝑥)−1)
= (|𝑢| + |𝑣|) 𝑞(𝑥)−1
𝑑𝑥
∫︁Ω
= (|𝑢| + |𝑣|)𝑞(𝑥) 𝑑𝑥 < ∞.
Ω

Com isso, podemos concluir que ‖(|𝑢| + |𝑣|)𝑞(𝑥)−1 ‖𝐿𝑞′ (·) (Ω) < ∞. Disto e pela desigualdade
AA
( ),
∫︁
|𝐺(𝑥)|𝑑𝑥 < ∞.
Ω

1
(iv) Mostraremos que 𝑇𝑢 (𝑣) = lim (Ψ(𝑢 + 𝑡𝑣) − Ψ(𝑢)), para quaisquer 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑋. Ou
𝑡→0 𝑡
seja, Ψ é diferenciável à Gâteau com Ψ′ (𝑢) = 𝑇𝑢 .
De fato, defina ℎ : Ω −→ R pondo
𝐹 (𝑥, 𝑢 + 𝑡𝑣) − 𝐹 (𝑥, 𝑢)
ℎ(𝑥) = lim = 𝑓 (𝑥, 𝑢)𝑣, 𝑥 ∈ Ω,
𝑡→0 𝑡
com 𝑢 e 𝑣 fixados arbitrariamente em 𝑋. A boa definição
∫︁ de ℎ, vem dos fatos 0 < |𝑡| < 1
e 0 < 𝜉|𝑡| < |𝑡| implicarem lim 𝜉|𝑡| = 0. Observe que ℎ(𝑥)𝑑𝑥 = 𝑇𝑢 (𝑣).
𝑡→0 Ω
Agora, dado uma sequência (𝑡𝑛 )𝑛∈N , tal que lim 𝑡𝑛 = 0 e definindo ℎ𝑛 : Ω −→ R,
𝑛→∞
por
𝐹 (𝑥, 𝑢 + 𝑡𝑛 𝑣) − 𝐹 (𝑥, 𝑢)
ℎ𝑛 (𝑥) = , 𝑥 ∈ Ω e ∀ 𝑛 ∈ N.
𝑡𝑛
Temos lim ℎ𝑛 (𝑥) = ℎ(𝑥) e que todas estas funções são mensuráveis. Além disso, |ℎ𝑛 (𝑥)| ≤
𝑛→∞
𝐺(𝑥) para todo 𝑥 ∈ Ω. Assim, pelo Teorema da Convergência Dominada de Lebesgue,
Proposição ??,
∫︁
𝑇𝑢 (𝑣) = 𝑓 (𝑥, 𝑢)𝑣𝑑𝑥
∫︁Ω ∫︁ ∫︁
= ℎ(𝑥)𝑑𝑥 = lim ℎ𝑛 (𝑥)𝑑𝑥 = lim ℎ𝑛 (𝑥)𝑑𝑥
Ω Ω 𝑛→∞ 𝑛→∞ Ω
∫︁
𝐹 (𝑥, 𝑢 + 𝑡𝑛 𝑣) − 𝐹 (𝑥, 𝑢)
= lim 𝑑𝑥
𝑛→∞ Ω 𝑡𝑛
1 ∫︁
= lim [𝐹 (𝑥, 𝑢 + 𝑡𝑛 𝑣) − 𝐹 (𝑥, 𝑢)]𝑑𝑥
𝑛→∞ 𝑡
𝑛 Ω
⎛ ⎞
1 ⎝ ∫︁ ∫︁
= lim 𝐹 (𝑥, 𝑢 + 𝑡𝑛 𝑣)𝑑𝑥 − 𝐹 (𝑥, 𝑢)𝑑𝑥⎠
𝑛→∞ 𝑡 Ω Ω
𝑛

1
= lim (Ψ(𝑢 + 𝑡𝑛 𝑣) − Ψ(𝑢)).
𝑛→0 𝑡𝑛
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 54

Como a sequência (𝑡𝑛 )𝑛∈N foi fixada de modo arbitrário, segue então a validade de
1
𝑇𝑢 (𝑣) = lim (Ψ(𝑢 + 𝑡𝑣) − Ψ(𝑢)).
𝑡→0 𝑡

(v) Neste item, mostraremos que a derivada de Gâteau é contínua. Para isso, seja (𝑢𝑛 )𝑛∈N
uma sequência em 𝑋, tal que 𝑢𝑛 → 𝑢 em 𝑋. Dado 𝑣 ∈ 𝑋, defina 𝐺1 , 𝑃, 𝑃𝑛 : Ω −→ R
pondo, para cada 𝑥 ∈ Ω e 𝑛 ∈ N,

𝐺1 (𝑥) = |𝑚(𝑥)||𝑢(𝑥)|𝑞(𝑥)−1 ||𝑣||𝑋 , 𝑃𝑛 (𝑥) = 𝑓 (𝑥, 𝑢𝑛 (𝑥))𝑣(𝑥), e 𝑃 (𝑥) := 𝑓 (𝑥, 𝑢(𝑥))𝑣(𝑥).

Note que lim 𝑃𝑛 (𝑥) = 𝑃 (𝑥) e que todas estas funções são mensuráveis. Ainda, |𝑃𝑛 (𝑥)| ≤
𝑛→∞
𝐺2 (𝑥) para todo 𝑥 ∈ Ω. Logo, pelo Teorema da Convergência Dominada de Lebesgue,
Proposição ??,
∫︁ ∫︁

Ψ (𝑢) · 𝑣 = 𝑓 (𝑥, 𝑢)𝑣𝑑𝑥 = 𝑃 (𝑥)𝑑𝑥
Ω ∫︁Ω ∫︁
= lim 𝑃𝑛 (𝑥)𝑑𝑥 = 𝑛→∞
lim lim Ψ′ (𝑢𝑛 ) · 𝑣.
𝑃𝑛 (𝑥)𝑑𝑥 = 𝑛→∞
Ω 𝑛→∞ Ω

De outro modo, Ψ′ (𝑢𝑛 ) · 𝑣 → Ψ′ (𝑢) · 𝑣. Como 𝑣 ∈ 𝑋 foi fixado de modo arbitrário, segue
que Ψ′ (𝑢𝑛 ) → Ψ′ (𝑢), o que prova a continuidade da aplicação Ψ′ .
Provado que a derivada de Gâteau é contínua, pela Proposição 5.5.4, concluímos
que esta é de fato a derivada à Fréchet de Ψ, a qual, portanto é contínua e limitada.
(vi) Ψ′ é compacto. Para tal, seja (𝑢𝑛 )𝑛∈N uma sequência em 𝑋, tal que 𝑢𝑛 ⇀ 𝑢 em 𝑋.
1,𝑝(·)
Usando a desigualdade de Hölder e a imersão de 𝑊0 (Ω) em 𝐿𝑞(·) (Ω), Proposição 2.2.4,

||Ψ′ (𝑢𝑛 ) − Ψ′ (𝑢)||𝑋 * = sup |(Ψ′ (𝑢𝑛 ) − Ψ′ (𝑢)) · 𝑣|


||𝑣||𝑋 ≤1
∫︁
≤ sup |𝑓 (𝑥, 𝑢𝑛 ) − 𝑓 (𝑥, 𝑢)||𝑣|𝑑𝑥
||𝑣||𝑋 ≤1 Ω
∫︁
= sup |𝑁𝑓 (𝑢𝑛 ) − 𝑁𝑓 (𝑢)||𝑣|𝑑𝑥
||𝑣||𝑋 ≤1 Ω

≤ 2 sup ||𝑁𝑓 (𝑢𝑛 ) − 𝑁𝑓 (𝑢)||𝐿𝑞′ (·) (Ω) ‖𝑣‖𝐿𝑞(·) (Ω)


||𝑣||𝑋 ≤1

≤ 𝐾||𝑁𝑓 (𝑢𝑛 ) − 𝑁𝑓 (𝑢)||𝐿𝑞′ (·) (Ω) ,



para algum 𝐾 > 0. Pela continuidade do operador de Nemytskii 𝑁𝑓 : 𝐿𝑞(·) (Ω) → 𝐿𝑞 (·) (Ω),
1,𝑝(·)
segue que Ψ′ (𝑢𝑛 ) → Ψ′ (𝑢), pois, 𝑢𝑛 → 𝑢 em 𝐿𝑞(·) (Ω), visto que a imersão de 𝑊0 (Ω)
em 𝐿𝑞(·) (Ω) é compacta.
(vi) Ψ′ é completamente contínuo. Com efeito, da compacidade do operador Ψ′ , e da
Proposição 5.2.10, decorre a propriedade desejada. .
(viii) O operador Φ′ : 𝑋 −→ 𝑋 * é coercivo.
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 55

Dado 𝑢 ∈ 𝑋, inicialmente, por (H3),


∫︁

Φ (𝑢) · 𝑢 = ⟨𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢, ∇𝑢⟩𝑑𝑥
∫︁Ω
= 𝜑(𝑥, |∇𝑢|)|∇𝑢|2 𝑑𝑥
∫︁Ω
C
∫︁
≥ 𝑐|∇𝑢|𝑝(𝑥)−2 |∇𝑢|2 𝑑𝑥 = 𝑐|∇𝑢|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥. ( )
Ω Ω

Supondo 𝜌(∇𝑢) > 1, pela Proposição 2.1.5 e o Corolário 2.2.6,


∫︁
− −
𝑐|∇𝑢|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 ≥ ||∇𝑢||𝑝𝐿𝑝(·) (Ω) ≥ 𝐶1 ||𝑢||𝑝𝑋 .
Ω

Por isso e pela desigualdade em ( ), C


𝑝 −
Φ′ (𝑢) · 𝑢 ≥ 𝐶||𝑢||
̃︀
𝑋 ,

com 𝐶̃︀ = 𝑐𝐶1 . Dividindo a desigualdade acima por ||𝑢||𝑋 ,


Φ′ (𝑢) · 𝑢 𝑝− −1
≥ 𝐶||𝑢||
̃︀
𝑋 .
||𝑢||𝑋

Como 𝑝− − 1 > 0, fazendo ||𝑢||𝑋 → ∞, temos enfim que


Φ′ (𝑢) · 𝑢
lim = ∞.
||𝑢||𝑋 →∞ ||𝑢||𝑋

Provando que Φ′ é coercivo.


(vii) Ψ′ satisfaz a condição (𝑆+ ).
Seja (𝑢𝑛 )𝑛∈N em 𝑋 tal que 𝑢𝑛 ⇀ 𝑢 e lim sup(Ψ′ (𝑢𝑛 ) − Ψ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) ≤ 0.
𝑛→∞
Na Proposição 3.4.7 mostramos que 𝑝(𝑥) < 𝑞(𝑥) implica na imersão compacta de 𝑋 em
𝐿𝑞(·) (Ω). Disso e pela convergência fraca da sequência (𝑢𝑛 )𝑛∈N em 𝑋 temos

lim ||𝑢𝑛 − 𝑢||𝐿𝑞(·) (Ω) = 0.


𝑛→∞

Esse último fato junto com a Proposição 2.1.9 implica que

𝑢𝑛𝑘 (𝑥) → 𝑢(𝑥) q.t.p. 𝑥 ∈ Ω;


|𝑢𝑛𝑘 (𝑥)| ≤ ℎ(𝑥) q.t.p. 𝑥 ∈ Ω, ∀ 𝑘 ∈ N,

para alguma ℎ ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω).


Por (F2) podemos obter

|𝑓 (𝑥, 𝑡)𝑠| ≤ |𝑚(𝑥)||𝑡|𝑞(𝑥)−1 |𝑠|, ∀ (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R, ∀ 𝑠 ∈ R.

Disso e pelo Teorema da da Convergência Dominada, Proposição ?? obtemos


∫︁ ∫︁
lim 𝑓 (𝑥, 𝑢𝑛𝑘 )𝑣𝑑𝑥 = 𝑓 (𝑥, 𝑢)𝑣𝑑𝑥, ∀ 𝑣 ∈ 𝑋,
𝑘→∞ Ω Ω
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 56

ou seja,

lim Ψ′ (𝑢𝑛𝑘 ) · 𝑣 = Ψ′ (𝑢) · 𝑣, ∀ 𝑣 ∈ 𝑋,


𝑘→∞

em particular,

lim (Ψ′ (𝑢𝑛𝑘 ) − Ψ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) = 0.


𝑘→∞

Como Ψ′ é um operador compacto, segue que este satisfaz a condição (𝑆+ ).

Proposição 3.1.5. Suponha válidas todas as hipóteses das Proposições 3.1.1 e 3.1.4.
Então, dado 𝜆 > 0, o funcional 𝐼𝜆 : 𝑋 → R definido por

𝐼𝜆 (𝑢) = Φ(𝑢) − 𝜆Ψ(𝑢), ∀ 𝑢 ∈ 𝑋 (3.1.6)

é de classe 𝐶 1 com derivada de Fréchet em 𝑢 ∈ 𝑋, dada por

𝐼𝜆′ (𝑢) · 𝑣 = Φ′ (𝑢) · 𝑣 − 𝜆Ψ′ (𝑢) · 𝑣, ∀ 𝑣 ∈ 𝑋. (3.1.7)

Além disso, 𝐼𝜆′ satisfaz a condição (𝑆+ ).


Prova: Pelas Proposições 3.1.1 e 3.1.4, Φ′ e Ψ′ são de classe 𝐶 1 . Logo 𝐼𝜆 = Φ(𝑢) − 𝜆Ψ(𝑢)
também é classe 𝐶 1 . Além disso, 𝐼𝜆′ (𝑢) = Φ′ (𝑢) − 𝜆Ψ′ (𝑢). Provaremos, então a condição
(𝑆+ ) para 𝐼𝜆′ . Para isso, seja (𝑢𝑛 )𝑛∈N uma sequência em 𝑋 tal que, 𝑢𝑛 ⇀ 𝑢 e

lim sup[(Φ′ − 𝜆Ψ′ )(𝑢𝑛 ) − (Φ′ − 𝜆Ψ′ )(𝑢)] · (𝑢𝑛 − 𝑢) ≤ 0.


𝑛→∞
A
( )

Pela definição de soma e multiplicação por escalar de operadores,

[(Φ′ − 𝜆Ψ′ )(𝑢𝑛 ) − (Φ′ − 𝜆Ψ′ )(𝑢)] · (𝑢𝑛 − 𝑢) =


= (Φ′ − 𝜆Ψ′ )(𝑢𝑛 ) · (𝑢𝑛 − 𝑢) − (Φ′ − 𝜆Ψ′ )(𝑢) · (𝑢𝑛 − 𝑢)
= (Φ′ (𝑢𝑛 ) − Φ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) − 𝜆(Ψ′ (𝑢𝑛 ) − Ψ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢),

A
para todo 𝑛 ∈ N. Disso, da desigualdade ( ) e da Proposição 5.5.8, dado 𝜀 > 0, existe
𝑛0 ∈ N, tal que, se 𝑛 ≥ 𝑛0 , então

(Φ′ (𝑢𝑛 ) − Φ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) − 𝜆(Ψ′ (𝑢𝑛 ) − Ψ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) ≤ 𝜀.

De outro modo,

(Φ′ (𝑢𝑛 ) − Φ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) ≤ 𝜆(Ψ′ (𝑢𝑛 ) − Ψ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) + 𝜀

Consequentemente,

lim sup(Φ′ (𝑢𝑛 ) − Φ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) ≤ 𝜆 lim sup(Ψ′ (𝑢𝑛 ) − Ψ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) + 𝜀
𝑛→∞ 𝑛→∞
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 57

Ao fazermos 𝜀 → 0,

lim sup(Φ′ (𝑢𝑛 ) − Φ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) ≤ 𝜆 lim sup(Ψ′ (𝑢𝑛 ) − Ψ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢).
𝑛→∞ 𝑛→∞
AA)
(

Por outro lado, pela monotonicidade da Φ′ , temos

(Φ′ (𝑢𝑛 ) − Φ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) ≥ 0, ∀ 𝑛 ∈ N,

donde, lim sup(Φ′ (𝑢𝑛 ) − Φ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) ≥ 0. Por isso, por 𝜆 > 0 e por (
𝑛→∞
AA) concluímos
que

lim sup(Ψ′ (𝑢𝑛 ) − Ψ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) ≥ 0.


𝑛→∞

Agora, pela Proposição 3.1.4, Ψ′ é completamente contínuo. Devido a isso e a 𝑢𝑛 − 𝑢 ⇀ 0,


lim (Ψ′ (𝑢𝑛 ) − Ψ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) = 0. Desse modo,
𝑛→∞

lim sup(Ψ′ (𝑢𝑛 ) − Ψ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) = lim (Ψ′ (𝑢𝑛 ) − Ψ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) = 0.
𝑛→∞ 𝑛→∞

Finalmente, a existência do limite acima e com a desigualdade ( AA), permitem-nos con-


cluir que

lim sup(Φ′ (𝑢𝑛 ) − Φ′ (𝑢)) · (𝑢𝑛 − 𝑢) ≤ 0.


𝑛→∞

Mas, pela Proposição 3.1.3 Φ′ satisfaz a condição (𝑆+ ). Portanto, 𝑢𝑛 → 𝑢.


O próximo resultado garante a validade da condição (𝑃 𝑆)𝑐 para o funcional 𝐼𝜆 ,
para todo 𝜆 > 0. Esta condição será essencial para obtermos o nosso primeiro teorema
de existência de solução fraca para o problema (PI). Na seção Teorema do Passo da
Montanha no apêndice, na Definição 5.7.1, a noção de condição (𝑃 𝑆)𝑐 .

Proposição 3.1.6. Supondo válidas as hipóteses (H1) - (H4) e (F1) - (F3), então o
funcional 𝐼𝜆 satisfaz a condição (𝑃 𝑆)𝑐 , para todo 𝜆 > 0.
Prova: Dado 𝜆 > 0, seja (𝑢𝑛 )𝑛∈N uma (𝑃 𝑆)𝑐 -sequência em 𝑋, ou seja, existe 𝑐 ∈ R, tal
que,

lim 𝐼𝜆 (𝑢𝑛 ) = 𝑐 e lim 𝐼 ′ (𝑢𝑛 ) = 0.


𝑛→∞ 𝑛→∞ 𝜆

Nosso intuito é mostrar que ela possui uma subsequência que é fortemente convergente.
Af : (𝑢𝑛 )𝑛∈N é limitada.
Por absurdo, suponha que existe uma subsequência (𝑢𝑛𝑘 )𝑘∈N de (𝑢𝑛 )𝑛∈N , tal que
lim ||𝑢𝑛𝑘 ||𝑋 = ∞.
𝑘→∞

Lembrando que 𝜃1 > 𝑝+ e que

0 < 𝜃1 𝐹 (𝑥, 𝑡) ≤ 𝑓 (𝑥, 𝑡)𝑡, |𝑡| ≥ 𝑀1 ,


Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 58

1 ′ 1
𝐼𝜆 (𝑢𝑛 ) − 𝐼𝜆 (𝑢𝑛 ) · 𝑢𝑛 = Φ(𝑢𝑛 ) − 𝜆Ψ(𝑢𝑛 ) − (Φ′ (𝑢𝑛 ) · 𝑢𝑛 − 𝜆Ψ′ (𝑢𝑛 ) · 𝑢𝑛 )
𝜃1 ∫︁
𝜃1 ∫︁
= Φ0 (𝑥, |∇𝑢𝑛 |)𝑑𝑥 − 𝜆 𝐹 (𝑥, 𝑢𝑛 )𝑑𝑥
Ω Ω
1 ∫︁
(︂ ∫︁ )︂
− 𝜑(𝑥, |∇𝑢𝑛 |)∇𝑢𝑛 · ∇𝑢𝑛 𝑑𝑥 − 𝜆 𝑓 (𝑥, 𝑢𝑛 )𝑢𝑛 𝑑𝑥
𝜃1 Ω Ω
∫︁ (︂
1
)︂
= Φ0 (𝑥, |∇𝑢𝑛 |) − 𝜑(𝑥, |∇𝑢𝑛 |)∇𝑢𝑛 · ∇𝑢𝑛 𝑑𝑥
Ω 𝜃1
∫︁ (︂
1
)︂
+𝜆 𝑓 (𝑥, 𝑢𝑛 )𝑢𝑛 − 𝐹 (𝑥, 𝑢𝑛 ) 𝑑𝑥
Ω 𝜃1
(H4) ∫︁ 1
≥ (Φ0 (𝑥, |∇𝑢𝑛 |) − 𝑝+ 𝜑0 (𝑥, |∇𝑢𝑛 |))𝑑𝑥
Ω 𝜃1
∫︁ (︂
1
)︂
+𝜆 𝑓 (𝑥, 𝑢𝑛 )𝑢𝑛 − 𝐹 (𝑥, 𝑢𝑛 ) 𝑑𝑥
Ω 𝜃1
+ )︂ ∫︁
𝑝 1
(︂ ∫︁ (︂ )︂
= 1− Φ0 (𝑥, |∇𝑢𝑛 |)𝑑𝑥 + 𝜆 𝑓 (𝑥, 𝑢𝑛 )𝑢𝑛 − 𝐹 (𝑥, 𝑢𝑛 ) 𝑑𝑥.
𝜃1 Ω Ω 𝜃1
( ) A
Agora, seja
1
{︂⃒ ⃒ }︂
⃒ ⃒
𝑀 = sup ⃒⃒ 𝑓 (𝑥, 𝑡)𝑡 − 𝐹 (𝑥, 𝑡)⃒⃒; 𝑥 ∈ Ω e |𝑡| ≤ 𝑀1
𝜃1
Observe que este supremo existe pois, a aplicação
1
𝑡 ↦−→ 𝑓 (𝑥, 𝑡)𝑡 − 𝐹 (𝑥, 𝑡)
𝜃1
1
é contínua no compacto Ω × [−𝑀1 , 𝑀1 ]. Denotaremos, 𝐴 = 𝜃1
𝑓 (𝑥, 𝑢𝑛 )𝑢𝑛 − 𝐹 (𝑥, 𝑢𝑛 ). Pela
A
desigualdade ( ), obtemos
𝑝+ ∫︁ 1 ′
(︂ )︂ ∫︁
1− Φ0 (𝑥, |∇𝑢𝑛 |)𝑑𝑥 ≤ 𝐼𝜆 (𝑢𝑛 ) − 𝐼𝜆 (𝑢𝑛 ) · 𝑢𝑛 − 𝜆 𝐴𝑑𝑥
𝜃1 Ω 𝜃1 Ω
1 ′
= 𝐼𝜆 (𝑢𝑛 ) − 𝐼𝜆 (𝑢𝑛 ) · 𝑢𝑛
𝜃
∫︁ 1 ∫︁
−𝜆 𝐴𝑑𝑥 − 𝜆 𝐴𝑑𝑥
{𝑥∈Ω;|𝑢𝑛 (𝑥)|>𝑀1 } {𝑥∈Ω;|𝑢𝑛 (𝑥)|≤𝑀1 }
1 ′ ∫︁
≤ 𝐼𝜆 (𝑢𝑛 ) − 𝐼𝜆 (𝑢𝑛 ) · 𝑢𝑛 − 𝜆 𝐴𝑑𝑥 + 𝜆𝑀 |Ω|.
𝜃1 {𝑥∈Ω;|𝑢𝑛 (𝑥)|>𝑀1 }

Para (𝑥, 𝑡), tal que |𝑡| ≥ 𝑀1 , temos, por (F3),


1
𝑓 (𝑥, 𝑢𝑛𝑘 )𝑢𝑛𝑘 − 𝐹 (𝑥, 𝑢𝑛𝑘 ) ≥ 0.
𝜃1
Logo,
1
∫︁ (︂ )︂
−𝜆 𝑓 (𝑥, 𝑢𝑛𝑘 )𝑢𝑛𝑘 − 𝐹 (𝑥, 𝑢𝑛𝑘 ) 𝑑𝑥 ≤ 0.
{𝑥∈Ω;|𝑢𝑛𝑘 |>𝑀1 } 𝜃1
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 59

E assim,

𝑝+ ∫︁ 1 ′
(︂ )︂
1− Φ0 (𝑥, |∇𝑢𝑛𝑘 |)𝑑𝑥 ≤ 𝐼𝜆 (𝑢𝑛𝑘 ) − 𝐼𝜆 (𝑢𝑛𝑘 ) · 𝑢𝑛𝑘 + 𝜆𝑀 |Ω|.
𝜃1 Ω 𝜃1
Como estamos supondo que (𝑢𝑛 )𝑛∈N não possui subsequência convergente, para todo
𝑛 ∈ N suficientemente grande, podemos supor que ‖𝑢𝑛 ‖𝑋 ≥ 1. Disso e pela Proposição
3.4.6, vale ∫︁
𝑐 −
Φ0 (𝑥, |∇𝑢𝑛𝑘 |)𝑑𝑥 ≥ + ||𝑢𝑛𝑘 ||𝑝𝑋 ,
Ω 𝑝
donde,

𝑝+ 𝑐
⃒(︂ )︂ ⃒ ⃒ ∫︁ ⃒

⃒ 1− 𝑝− ⃒⃒ ⃒ ⃒
||𝑢𝑛𝑘 ||𝑋 ⃒ ≤ ⃒ Φ0 (𝑥, |∇𝑢𝑛𝑘 |)𝑑𝑥⃒⃒

𝜃 𝑝+1

Ω
1 ′
⃒ ⃒
⃒ ⃒
≤ ⃒𝐼𝜆 (𝑢𝑛 ) −
𝑘
𝐼𝜆 (𝑢𝑛𝑘 ) · 𝑢𝑛𝑘 + 𝜆𝑀 |Ω|⃒⃒.

𝜃1
Deste modo,

𝑝+ 𝑐 1 ′
(︂ )︂
𝑝−
1− ||𝑢𝑛 ||𝑋 ≤ |𝐼𝜆 (𝑢𝑛 )| + | 𝐼 (𝑢𝑛 ) · 𝑢𝑛𝑘 | + |𝜆𝑀 |Ω||
𝜃1 𝑝+ 𝑘 𝑘
𝜃1 𝜆 𝑘
1 ′
≤ 𝐼𝜆 (𝑢𝑛𝑘 ) + ||𝐼𝜆 (𝑢𝑛𝑘 )||𝑋 * ||𝑢𝑛𝑘 ||𝑋 + 𝜆𝑀 |Ω|
𝜃1
≤ 𝑀2 ,

para alguma constante 𝑀2 > 0, observando que 𝜃1 > 𝑝+ e 𝑝− > 1, e assim

𝑝+ 𝑐
(︂ )︂

lim 1− +
||𝑢𝑛𝑘 ||𝑝𝑋 ≤ lim 𝑀2
𝑘→∞ 𝜃1 𝑝 𝑘→∞

Assim,

𝑝+ 𝑐
(︂ )︂
𝑝−
1− lim ||𝑢𝑛𝑘
||𝑋 ≤ 𝑀2 .
𝜃1 𝑝+ 𝑘→∞

O que entra em contradição com a suposição de que lim ||𝑢𝑛𝑘 ||𝑋 = ∞. Portanto, (𝑢𝑛 )𝑛∈N
𝑘→∞
é limitada.
Finalmente, como o espaço 𝑋 é reflexivo, pela Proposição 5.2.9, existe (𝑢𝑛𝑘 )𝑘∈N
subsequência de (𝑢𝑛 )𝑛∈N tal que, 𝑢𝑛𝑘 ⇀ 𝑢 em 𝑋. Na Proposição 3.1.4, provamos que Ψ é
completamente contínuo. Assim

lim Ψ(𝑢𝑛𝑘 ) = Ψ(𝑢).


𝑘→∞

Com isso, lim sup(Ψ(𝑢𝑛𝑘 ) − Ψ(𝑢)) · (𝑢𝑛𝑘 − 𝑢) ≤ 0. Mas, como Ψ satisfaz a condição (𝑆+ ),
𝑛→∞
segue que 𝑢𝑛𝑘 → 𝑢 em 𝑋. O que prova a condição (𝑃 𝑆)𝑐 .
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 60

3.2 Existência de Soluções Fracas para o Problema (PI)


Com as ferramentas da seção anterior estamos aptos a provar a existência de solu-
ções fracas para o Problema (PI). Nesta seção, provaremos dois os teoremas de existência,
a saber os Teoremas 3.2.1 e 3.2.2. O primeiro deles, utiliza o Teorema do Passo da Mon-
tanha, Teorema 5.7.3, que garantindo a existência de uma solução fraca não-trivial para o
Problema (PI), para todo 𝜆 > 0. Já no segundo, utilizamos o Teorema de Fountain, Teo-
rema 5.8.2, onde este, sob certas condições que veremos logo abaixo, garante a existência
de uma infinidade soluções fracas para o Problema (PI), para todo 𝜆 > 0.
A ideia para provar o Teorema 3.2.1 é apenas checar as hipóteses do Teorema 5.7.3.
A mesma receita é aplicada ao Teorema 3.2.2, checando as hipóteses do teorema 5.8.2.

Teorema 3.2.1. Se as condições (H1) - (H4), (J1) - (J2) e (F1) - (F4), são válidas,
então o problema (PI) possui uma solução, não trivial, para todo 𝜆 > 0.
Prova: Notemos, inicialmente, que 𝐼𝜆 (0) = 0.
Afirmação: Se 𝑢 ∈ 𝑋 com 0 < ‖𝑢‖𝑋 < 1, então 𝐼𝜆 (𝑢) > 0.
Inicialmente, precisamos provar que, dado 𝜀 > 0, existe uma contante 𝐶(𝜀) > 0
tal que

|𝐹 (𝑥, 𝑡)| ≤ 𝐶(𝜀)|𝑚(𝑥)||𝑡|𝑞(𝑥) , ∀ (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R. A


( )

Mas por (F2),

|𝑓 (𝑥, 𝑡)| ≤ |𝑚(𝑥)||𝑡|𝑞(𝑥)−1 ⇒ −|𝑚(𝑥)||𝑡|𝑞(𝑥)−1 ≤ 𝑓 (𝑥, 𝑡) ≤ |𝑚(𝑥)||𝑡|𝑞(𝑥)−1


∫︁ 𝑡 ∫︁ 𝑡 ∫︁ 𝑡
𝑞(𝑥)−1
⇒− |𝑚(𝑥)||𝑠| 𝑑𝑠 ≤ 𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑑𝑠 ≤ |𝑚(𝑥)||𝑠|𝑞(𝑥)−1 𝑑𝑠
0 0 0
∫︁ 𝑡 ∫︁ 𝑡 ∫︁ 𝑡
𝑞(𝑥)−1
⇒ −|𝑚(𝑥)| |𝑠| 𝑑𝑠 ≤ 𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑑𝑠 ≤ |𝑚(𝑥)| |𝑠|𝑞(𝑥)−1 𝑑𝑠
0 0 0
|𝑡|𝑞(𝑥) |𝑡|𝑞(𝑥)
⇒ −|𝑚(𝑥)| ≤ 𝐹 (𝑥, 𝑡) ≤ |𝑚(𝑥)|
𝑞(𝑥) 𝑞(𝑥)
𝑞(𝑥)
|𝑡| |𝑡|𝑞(𝑥)
⇒ |𝐹 (𝑥, 𝑡)| ≤ |𝑚(𝑥)| ≤ |𝑚(𝑥)| − ,
𝑞(𝑥) 𝑞
para todo (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R. Ou seja,
1
|𝐹 (𝑥, 𝑡)| ≤ −
|𝑚(𝑥)||𝑡|𝑞(𝑥) , ∀ (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R.
𝑞
Assim, dado 𝜀 > 0, podemos escolher 𝐶(𝜀) > 0 de modo que valha ( ). A
Agora, seja 𝑢 ∈ 𝑋, com ||𝑢||𝑋 < 1.

Como 𝑟 ∈ 𝐶+ (Ω), implica 𝑟 ∈ 𝐿∞ (Ω) e, por (J2), 𝑟(𝑥) ≤ 𝑝* (𝑥); a Imersão de


Sobolev, Proposição (2.2.4), nos diz que 𝑋 está imerso em 𝐿𝑟(·) (Ω), donde existe 𝐾1 > 0
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 61

de modo que

||𝑢||𝐿𝑟(·) (Ω) ≤ 𝐾1 ||𝑢||𝑋 .

De modo análogo, por (J1), 𝑞 ∈ 𝐿∞ (Ω) e 𝑞(𝑥) ≤ 𝑝* (𝑥), donde 𝑋 está imerso em 𝐿𝑞(·) (Ω),
e existe 𝐾2 > 0 tal que

||𝑢||𝐿𝑞(·) (Ω) ≤ 𝐾2 ||𝑢||𝑋 .

Assim, podemos supor ||𝑢𝑛 ||𝑋 suficientemente pequeno, de modo que ||𝑢||𝐿𝑟(·) (Ω) < 1.
Disso e por 𝑞 − > 1, vale
− −
𝐾1𝑞 ||𝑢||𝑞𝑋 ≤ ||𝑢||𝑞𝐿𝑟(·) (Ω) .

6
( )

A 6
usando a Proposição 3.4.6, as desigualdades ( ) e ( ) e a desigualdade de Hölder, Pro-
posição ??,
∫︁ ∫︁
𝐼𝜆 (𝑢) = Φ0 (𝑥, |∇𝑢𝑛 |)𝑑𝑥 − 𝜆 𝐹 (𝑥, 𝑢)𝑑𝑥
Ω Ω
𝑐 +
∫︁
≥ +
||𝑢||𝑝𝑋 −𝜆 𝐶(𝜀)|𝑚(𝑥)||𝑢|𝑞(𝑥) 𝑑𝑥
𝑝 Ω
𝑐 +
∫︁
≥ +
||𝑢||𝑝𝑋 − 𝜆𝐶(𝜀) |𝑚(𝑥)||𝑢|𝑞(𝑥) 𝑑𝑥
𝑝 Ω
𝑐 +
≥ +
||𝑢||𝑝𝑋 − 2𝜆𝐶(𝜀)||𝑚|| 𝑟(·) ‖|𝑢|𝑞(𝑥) ‖ 𝑟(·)
𝑝 𝐿 𝑟(·)−𝑞(·) (Ω) 𝐿 𝑞(·) (Ω)
𝑐 𝑝+ −
≥ ||𝑢|| 𝑋 − 2𝜆𝐶(𝜀)||𝑚|| 𝑟(·) ||𝑢||𝑞𝐿𝑟(·) (Ω)
𝑝+ 𝐿 𝑟(·)−𝑞(·) (Ω)
𝑐 + −
≥ +
||𝑢||𝑝𝑋 − 2𝜆𝐶(𝜀)||𝑚|| 𝑟(·) ||𝑢||𝑞𝐿𝑟(·) (Ω)
𝑝 𝐿 𝑟(·)−𝑞(·) (Ω)
𝑐 + −
≥ +
||𝑢||𝑝𝑋 − 𝐶(𝜀)𝐾3 ||𝑢||𝑞𝑋 .
𝑝

Para 𝐾3 = 2𝜆𝐾1𝑞 ||𝑚|| 𝑟(·) e 𝑐 > 0 é a constante vinda de (H3). Escolhendo-se 𝜀,
𝐿 𝑟(·)−𝑞(·) (Ω)
de maneira que 0 < 𝐾3 𝐶(𝜀) < 𝑐
2𝑝+
e observando que ||𝑢||𝑋 < 1 e 𝑞 − > 𝑝+ implicam em
+ −
||𝑢||𝑝𝑋 > ||𝑢||𝑞𝑋 , temos
𝑐 + −
𝐼𝜆 (𝑢) ≥ +
||𝑢||𝑝𝑋 − 𝐶(𝜀)𝐾3 ||𝑢||𝑞𝑋
𝑝
𝑐 + −
> + ||𝑢||𝑝𝑋 − 𝐶(𝜀)𝐾3 𝜀||𝑢||𝑞𝑋
𝑝
𝑐 + +
> + ||𝑢||𝑝𝑋 − 𝐶(𝜀)𝐾3 𝜀||𝑢||𝑝𝑋
𝑝
> 0.

Assim, existe 𝑅 > 0, suficientemente pequeno, e 𝛿 > 0 tal que

||𝑢||𝑋 = 𝑅 ⇒ 𝐼𝜆 (𝑢) ≥ 𝛿 > 0.


Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 62

Por outro lado, devido à condição (F3) e à Proposição 3.4.9, existem 𝑐1 > 0 e
𝑐2 > 0, tais que

𝐹 (𝑥, 𝑡) ≥ 𝑐1 |𝑡|𝜃1 − 𝑐2 , ∀ (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R.

Deste modo, para cada 𝑣 ∈ 𝑋∖{0},


∫︁ ∫︁
𝐼𝜆 (𝑡𝑣) = Φ0 (𝑥, 𝑡|∇𝑣|)𝑑𝑥 − 𝜆 𝐹 (𝑥, 𝑡𝑣)𝑑𝑥
Ω ∫︁ Ω ∫︁
+
≤ 𝑡𝑝 Φ0 (𝑥, |∇𝑣|)𝑑𝑥 − 𝜆𝑐1 𝑡𝜃1 |𝑣|𝜃1 𝑑𝑥 + 𝜆𝑐2 |Ω|,
Ω Ω

para todo 𝑡 ≥ 1. Como 𝜃1 > 𝑝+ , temos

lim 𝐼𝜆 (𝑡𝑣) = −∞.


𝑡→∞

Portanto, 𝐼𝜆 satisfaz a geometria do teorema do passo da montanha.


Agora, com o auxílio do Teorema de Fountain, Teorema (5.8.2), estabeleceremos
uma infinidade de soluções fracas para o problema (PI) para cada 𝜆 > 0.

Teorema 3.2.2. Suponhamos válidas as condições (H1) - (H4) e (F1) - (F3). Se,

𝑓 (𝑥, −𝑡) = −𝑓 (𝑥, 𝑡),

para todo (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R, então o funcional 𝐼𝜆 tem duas sequências de pontos críticos
(𝑢𝑛 )𝑛∈N e (−𝑢𝑛 )𝑛∈N em 𝑋, tais que

lim 𝐼𝜆 (𝑢𝑛 ) = lim 𝐼𝜆 (−𝑢𝑛 ) = ∞,


𝑛→∞ 𝑛→∞

para todo 𝜆 > 0.


Prova: Inicialmente, observe que 𝐺 = {−1, 1} é um subgrupo multiplicativo de R, assim
como, um subespaço topológico deste. Logo, 𝐺 pode ser visto como um grupo topológico.
Definimos a ação 𝐴 : 𝐺 × 𝑋 → 𝑋 por 𝐴(𝑔, 𝑢) = 𝑔 · 𝑢, onde · é a multiplicação por escalar
usual em 𝑋. Com isso, temos que a aplicação 𝐴 é de fato uma ação do grupo 𝐺 em 𝑋
(ver Definição 5.8.1).
A seguir, provaremos que 𝐼𝜆 satisfaz as hipóteses do Teorema de Fountain, Teorema
5.8.2.
Afirmação.1. 𝐼𝜆 é invariante pela ação 𝐴.
De fato, Dado 𝑔 ∈ 𝐺, então 𝑔 = 1 ou 𝑔 = −1. No primeiro caso, não há nada
para checar, visto que a ação 𝐴 é a multiplicação por escalar usual em 𝑋. Caso 𝑔 = −1,
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 63

∫︁ −𝑢 ∫︁ 𝑢
usando a mudança de variáveis 𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑑𝑠 = 𝑓 (𝑥, 𝜎)𝑑𝜎 (veja Proposição 3.4.10),
0 0

𝐼𝜆 (−𝑢) = Φ(−𝑢) − 𝜆Ψ(−𝑢)


∫︁ ∫︁
= Φ0 (𝑥, |∇ − 𝑢|)𝑑𝑥 − 𝐹 (𝑥, −𝑢)𝑑𝑥
Ω Ω
∫︁ ∫︁ ∫︁ −𝑢
= Φ0 (𝑥, | − ∇𝑢|)𝑑𝑥 − 𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑑𝑠𝑑𝑥
Ω Ω 0
∫︁ ∫︁ ∫︁ −𝑢
= Φ0 (𝑥, |∇𝑢|)𝑑𝑥 − 𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑑𝑠𝑑𝑥.
∫︁Ω ∫︁Ω ∫︁0𝑢
= Φ0 (𝑥, |∇𝑢|)𝑑𝑥 − 𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑑𝑠𝑑𝑥 = Φ(𝑢) − 𝜆Ψ(𝑢).
Ω Ω 0

Deste modo, 𝐼𝜆 (𝐴(𝑔, 𝑢)) = 𝐼𝜆 (𝑢), para quaisquer 𝑔 ∈ 𝐺 e 𝑢 ∈ 𝑋. Disso e pela Definição
5.8.1, 𝐼𝜆 é invariante pela ação 𝐴.

Afirmação.2. 𝐼𝜆 satisfaz a condição (𝑃 𝑆)𝑐 . Basta observar que, aqui, exige-se todas as
hipóteses da Proposição 3.1.6, o que é suficiente para provar o resultado desejado.
Por 𝑋 ser um espaço de Banach, reflexivo e também separável, pela Proposição
5.8.3, existem sequências (𝑒𝑛 )𝑛∈N em 𝑋 e (𝑒*𝑛 )𝑛∈N em 𝑋 * , tais que

⎨ 1 se 𝑖 = 𝑗
𝑋 = span 𝑒𝑛 , 𝑋 * = span 𝑒*𝑛 e 𝑒*𝑖 (𝑒𝑗 ) =
𝑛∈N 𝑛∈N ⎩ 0 se 𝑖 ̸= 𝑗.

𝑘 ∞
Denotemos 𝑋𝑛 = span{𝑒𝑛 }, 𝑌𝑘 := ⊕ 𝑋𝑛 e 𝑍𝑘 := ⊕ 𝑋𝑛 .
𝑛=1 𝑛=𝑘

Afirmação.3. Existem duas sequências (𝜌𝑘 )𝑘∈N e (𝛿𝑘 )𝑘∈N em R, tais que

𝑏𝑘 := inf{𝐼𝜆 (𝑢) ; 𝑢 ∈ 𝑍𝑘 , ||𝑢||𝑋 = 𝛿𝑘 } e 𝑎𝑘 := max{𝐼𝜆 (𝑢) ; 𝑢 ∈ 𝑌𝑘 , ||𝑢||𝑋 = 𝜌𝑘 },

de modo que 𝜌𝑘 > 𝛿𝑘 > 0 e

lim 𝑏𝑘 = ∞ (1)
𝑘→∞

𝑎𝑘 ≤ 0, ∀ 𝑘 ∈ N. (2)

Com efeito, começamos definindo

𝛼𝑘 = sup ||𝑢||𝐿𝑟(·) (Ω) .


||𝑢||𝑋 =1
𝑢∈𝑍𝑘

Observe que faz sentido falar em 𝑢 ∈ 𝑍𝑘 , com ||𝑢||𝑋 = 1, pois para cada 𝑘 ∈ N, 𝑍𝑘 é um
subespaço vetorial de 𝑋 diferente de {0}. Também faz sentido falar em ||𝑢||𝐿𝑟(·) (Ω) , pois,
(J2) garante que 𝑟(𝑥) < 𝑝* (𝑥), donde pela Proposição 2.2.4 temos 𝑋 imerso em 𝐿𝑟(·) (Ω).
É importante observar que 0 < 𝛼𝑘+1 ≤ 𝛼𝑘 , donde, existe 𝛼 ≥ 0 tal que

lim 𝛼𝑘 = 𝛼.
𝑛→∞
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 64

Seja 𝑢𝑘 ∈ 𝑍𝑘 , com as propriedades


1
||𝑢𝑘 ||𝑋 = 1 e 0 ≤ 𝛼𝑘 − ||𝑢𝑘 ||𝐿𝑟(·) (Ω) < .
𝑘
Como (𝑢𝑘 )𝑘∈N é uma sequência limitada em 𝑋 e 𝑋 é um espaço de Banach reflexivo, pela
Proposição (5.2.9), existe uma subsequência (𝑢𝑘𝑙 )𝑙∈N de (𝑢𝑘 )𝑘∈N , tal que 𝑢𝑘𝑙 ⇀ 𝑢 em 𝑋.
Por isso,

𝑒*𝑗 (𝑢) = lim 𝑒*𝑗 (𝑢𝑘𝑙 ) = 0, ∀𝑗 ∈ N.


𝑙→∞

Assim, 𝑢 = 0. Na Proposição 3.4.7, mostramos que 𝑟(𝑥) < 𝑝* (𝑥), para todo 𝑥 ∈ Ω implica
na compacidade do mergulho de 𝑋 em 𝐿𝑟(·) (Ω). Disso, 𝑢𝑘𝑙 ⇀ 0 e da Proposição 5.2.10,

lim 𝛼𝑘𝑙 = 0.
𝑙→∞

Por outro lado, para cada 𝑢 ∈ 𝑍𝑘 , com ||𝑢||𝑋 > 1, temos pela Proposição 3.4.6 e
por (F2’), que
∫︁ ∫︁
𝐼𝜆 (𝑢) = Φ0 (𝑢, |∇𝑢|)𝑑𝑥 − 𝜆 𝐹 (𝑥, 𝑢)𝑑𝑥
Ω Ω
𝑐 𝑝−
∫︁
|𝑚(𝑥)|
≥ +
||𝑢||𝑋 − 𝜆 · |𝑢|𝑞(𝑥) 𝑑𝑥
𝑝 Ω 𝑞(𝑥)
𝑐 𝑝 − 𝜆 ∫︁
≥ +
||𝑢||𝑋 − − |𝑚(𝑥)| · |𝑢|𝑞(𝑥) 𝑑𝑥
𝑝 𝑞 Ω
𝑐 − 2𝜆
≥ +
||𝑢||𝑝𝑋 − − ||𝑚|| 𝑟(·) ||𝑢𝑞(𝑥) || 𝑟(·)
𝑝 𝑞 𝐿 𝑟(·)−𝑞(·) (Ω) 𝐿 𝑞(·) (Ω)
𝑐 − 2𝜆 +
≥ +
||𝑢||𝑝𝑋 − − ||𝑚|| 𝑟(·) ||𝑢||𝑞𝐿𝑟(·) (Ω)
𝑝 𝑞 𝐿 𝑟(·)−𝑞(·) (Ω)
𝑐 − 2𝜆 𝑞
= ||𝑢||𝑝𝑋 − − 𝐶||𝑢||𝐿+𝑟(·) (Ω)
𝑝+ 𝑞
⃦ ⃦𝑞+
𝑐 𝑝− 2𝜆 𝑞+ ⃦ 𝑢 ⃦
⃦ ⃦
= ||𝑢|| 𝑋 − 𝐶||𝑢||𝑋 ·
𝑝+ 𝑞− ⃦ ||𝑢||𝑋 ⃦ 𝑟(·)
⃦ ⃦
𝐿 (Ω)
𝑐 𝑝− 2𝜆 𝑞+ 𝑞+
≥ ||𝑢||𝑋 − 𝐶𝛼𝑘 ||𝑢||𝑋
𝑝+ 𝑞−
onde, na terceira desigualdade acima, utilizamos a Proposição ??, pois 𝑟(𝑥)−𝑞(𝑥)
𝑟(𝑥)
+ 𝑞(𝑥)
𝑟(𝑥)
= 1,
e na quarta desigualdade a Proposição 2.1.6. 𝑐 é a constante de (H3), 𝐶 = ||𝑚|| 𝑟(·)
𝐿 𝑟(·)−𝑞(·) (Ω)
𝑢
e na última desigualdade vem de || ||𝑢|| 𝑋
||𝑋 = 1. Diante disso,
⃦ ⃦
⃦ 𝑢 ⃦
⃦ ⃦
∈ {||𝑣||𝐿𝑟(·) (Ω) ; ||𝑣||𝑋 = 1},
⃦ ||𝑢||𝑋 ⃦
⃦ ⃦
𝐿𝑟(·) (Ω)
𝑢
donde 𝛼𝑘 ≥ || ||𝑢|| || 𝑟(·) (Ω) , por ser o supremo do conjunto acima.
𝑋 𝐿

Defina ainda, para cada 𝑘 ∈ N,


1
2𝜆
(︂ )︂
𝑞+ 𝑝− −𝑞 +
𝛿𝑘 = 𝑞 + 𝐶𝛼𝑘 ,
𝑐𝑞 −
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 65

Denotando 𝐴 = 𝑞 + 𝑐𝑞2𝜆− 𝐶 e −𝜃 = 𝑝− − 𝑞 + , com 𝜃 > 0; temos, por, 𝑝− < 𝑞 + e lim 𝛼𝑘 = 0,


𝑘→∞
o seguinte
(︂ )︂− 1
+ 𝜃
lim 𝛿𝑘 = lim 𝐴𝛼𝑘𝑞
𝑘→∞ 𝑘→∞
1
= lim (︂
𝑘→∞
)︂ 1 = ∞.
𝑞+ 𝜃
𝐴𝛼𝑘

Dado 𝑢 ∈ 𝑍𝑘 , com ||𝑢||𝑋 = 𝛿𝑘 , deduzimos, para cada 𝑘 suficientemente grande, que

𝑐 − 2𝜆 + +
𝐼𝜆 (𝑢) ≥ +
||𝑢||𝑝𝑋 − − 𝐶𝛼𝑘𝑞 ||𝑢||𝑞𝑋
𝑝 𝑞
𝑐 𝑝− 2𝜆𝐶 𝑞+ 𝑞+
= 𝛿 − − 𝛼𝑘 𝛿𝑘
𝑝+ 𝑘 𝑞
𝑐 𝑝− 2𝜆𝐶 𝑞+ 𝑝− +𝜉
= 𝛿 − − 𝛼𝑘 𝛿𝑘
𝑝+ 𝑘 𝑞
𝑐 𝑝− 2𝜆𝐶 𝑞+ 𝜉 𝑝−
= 𝛿 − − 𝛼𝑘 𝛿𝑘 𝛿𝑘
𝑝+ 𝑘 𝑞
𝑐 𝑝− 2𝜆𝐶 𝑐 𝜉 𝑝−
≥ +
𝛿𝑘 − − 𝜉 𝛿𝑘 𝛿𝑘 ,
𝑝 𝑞 2𝜆𝐶𝛿𝑘

onde, na última desigualdade, utilizamos o fato de que para 𝑘 suficientemente grande,


+ 𝑐
𝛼𝑘 < 1 e 𝑞 + > 1 implica 𝛼𝑘𝑞 < . Lembrando que 𝑐 é a constante da hipótese (H3)
2𝜆𝐶𝛿𝑘𝜉
e que 𝑞 + = 𝑝− + 𝜉, para algum 𝜉 > 0, porque, por (J1), vale 𝑝− < 𝑞 + . Em resumo, temos
1 1 𝑝−
(︂ )︂
𝐼𝜆 (𝑢) ≥ 𝑐 − 𝛿 .
𝑝+ 𝑞 − 𝑘
1 1
Como, lim 𝛿𝑘 = ∞, 𝑝− > 1 e +
− − > 0, concluímos que
𝑘→∞ 𝑝 𝑞

lim 𝐼𝜆 (𝑢) = ∞.
𝑘→∞

O que prova (1).


Agora, seja 𝑢 ∈ 𝑌𝑘 . Como nosso objetivo é fazer ||𝑢||𝑋 → ∞, suponha, sem perda
de generalidade, que ||𝑢||𝑋 > 1. Segue de (H3), da desigualdade de Hölder, Proposição
??, Proposição 2.1.5, Corolário 2.2.6 e da Condição de Ambrosetti-Rabinowitz Proposição
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 66

3.4.9, que
∫︁ ∫︁
𝐼𝜆 (𝑢) = Φ0 (𝑢, |∇𝑢|)𝑑𝑥 − 𝜆 𝐹 (𝑥, 𝑢)𝑑𝑥
Ω Ω
∫︁ ∫︁ |∇𝑢| ∫︁
= 𝜑(𝑥, 𝜂)𝜂𝑑𝜂𝑑𝑥 − 𝜆 𝐹 (𝑥, 𝑢)𝑑𝑥
Ω 0 Ω
∫︁ ∫︁ |∇𝑢| ∫︁
𝑝(𝑥)−1
≤ (𝑎(𝑥) + 𝑏|𝜂| )𝑑𝜂𝑑𝑥 − 𝜆 𝐹 (𝑥, 𝑢)𝑑𝑥
Ω 0 Ω
∫︁
𝑏 ∫︁ ∫︁
≤ 𝑎(𝑥)|∇𝑢|𝑑𝑥 + |∇𝑢|𝑝(𝑥) 𝑑𝑥 − 𝜆 𝐹 (𝑥, 𝑢)𝑑𝑥
Ω 𝑝− Ω Ω
𝑏 ∫︁
≤ 2||∇𝑢||𝐿𝑝(·) (Ω) ||𝑎||𝐿 (Ω) + − 𝜌(|∇𝑢|) − 𝜆 𝐹 (𝑥, 𝑢)𝑑𝑥
𝑝′ (·)
𝑝 Ω
𝑏 +
∫︁
≤ 2||∇𝑢||𝐿𝑝(·) (Ω) ||𝑎||𝐿𝑝′ (·) (Ω) + − ||∇𝑢||𝑝𝐿𝑝(·) − 𝜆 𝐹 (𝑥, 𝑢)𝑑𝑥
𝑝 Ω
𝑏 + +
∫︁
≤ 2𝐾1 ||𝑢||𝐿𝑝(·) (Ω) ||𝑎||𝐿𝑝′ (·) (Ω) + − 𝐾2𝑝 ||𝑢||𝑝𝐿𝑝(·) (Ω) − 𝜆 (𝑐1 |𝑡|𝜃1 − 𝑐2 )𝑑𝑥
𝑝 Ω

𝑝+ 𝑝+ 𝑏 𝑝+ 𝑝+ 𝑝+
∫︁
= 2𝐾1 𝐾3 ||𝑎||𝐿𝑝′ (·) (Ω) ||𝑢||𝑋 + − 𝐾2 𝐾3 ||𝑢||𝑋 − 𝜆𝑐1 |𝑢|𝜃1 𝑑𝑥 + 𝜆𝑐2 |Ω|
𝑝 Ω
+ 𝑏 +
≤ 2𝐾||𝑎||𝐿𝑝′ (·) (Ω) ||𝑢||𝑝𝑋 + − 𝐾||𝑢||𝑝𝑋 − 𝜆𝑐1 ||𝑢||𝜃𝐿1𝜃1 (Ω) + 𝜆𝑐2 |Ω|,
𝑝
+ + +
com 𝐾 = max{𝐾1 𝐾3𝑝 , 𝐾2𝑝 𝐾3𝑝 }. Como dim(𝑌𝑘 ) é finita, todas as normas em 𝑌𝑘 são
equivalentes. Disto e por 𝜃1 > 1, temos ||𝑢||𝜃𝐿1𝜃1 (Ω) ≤ 𝐶2 ||𝑢||𝜃𝑋1 . Assim,

+ 𝑏𝐾 +
𝐼𝜆 (𝑢) ≤ 2𝐾||𝑎||𝐿𝑝′ (·) (Ω) ||𝑢||𝑝𝑋 + −
||𝑢||𝑝𝑋 − 𝜆𝑐1 𝐶2 ||𝑢||𝜃𝑋1 + 𝜆𝑐2 |Ω|.
𝑝
Por isso e por 𝜃1 > 𝑝+ > 1, segue que

lim 𝐼𝜆 (𝑢) = −∞,


||𝑢||𝑋 →∞

o que prova (2). Assim, podemos escolher 𝜌𝑘 > 𝛿𝑘 > 0, de modo que todas as hipóteses
do Teorema de Fountain, Teorema 5.8.2 estejam satisfeitas, o que completa a prova. .

3.2.1 Aplicações

Exemplo 3.2.1. Consideremos o problema


⎧ (︂ )︂
−div 𝑎(𝑥)|∇𝑢(𝑥)|𝑝(𝑥)−2 ∇𝑢(𝑥) = 𝜆𝑓 (𝑥, 𝑢(𝑥)), se 𝑥 ∈ Ω






(E1)


𝑢(𝑥) = 0, se 𝑥 ∈ 𝜕Ω,

onde, 𝑎 ∈ 𝐿∞ (Ω) e existe 𝑎0 > 0 tal que 𝑎(𝑥) ≥ 𝑎0 para que todo 𝑥 ∈ Ω.

Defina 𝜑 : Ω × [0, ∞) −→ [0, ∞) pondo

𝜑(𝑥, 𝑡) = 𝑎(𝑥)|𝑡|𝑝(𝑥)−2 , ∀ (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × [0, ∞).


Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 67

(H1). Para cada 𝑡 fixado, temos que 𝑥 ↦−→ |𝑡|𝑝(𝑥)−2 é uma função contínua e,
portanto, mensurável. Também, por 𝑎 ∈ 𝐿∞ (Ω), 𝑎 é mensurável. Segue então, que o
produto destas funções 𝑥 ↦−→ 𝑎(𝑥)|𝑡|𝑝(𝑥)−2 é mensurável.
Agora, para cada 𝑥 fixo, 𝑡 ↦−→ 𝑎(𝑥) é uma função constante, portanto, contínua,
derivável, com derivada integrável e leva conjuntos de medida de Lebesgue nula em con-
juntos de medida de Lebesgue nula. De modo análogo, 𝑡 ↦−→ |𝑡|𝑝(𝑥)−2 tem as mesmas
propriedades. Disso e pelo Teorema ??, segue que ambas são absolutamente contínuas e,
assim o produto 𝑡 ↦−→ 𝑎(𝑥)|𝑡|𝑝(𝑥)−2 também é absolutamente contínua.
(H2). Tomando 𝑑(𝑥) = 0, para todo 𝑥 ∈ Ω, ou seja, a função identicamente nula em Ω e

𝑏 := ||𝑎||𝐿∞ ,

temos

|𝜑(𝑥, |𝑣|)𝑣| = |𝑎(𝑥)|𝑣|𝑝(𝑥)−2 𝑣|


= |𝑎(𝑥)||𝑣|𝑝(𝑥)−1
≤ ||𝑎||𝐿∞ |𝑣|𝑝(𝑥)−1
= 𝑑(𝑥) + 𝑏|𝑣|𝑝(𝑥)−1 .

(H3). Como vale, 0 < 𝑎0 ≤ 𝑎(𝑥) e 1 < 𝑝− ≤ 𝑝(𝑥), para todo 𝑥 ∈ Ω, podemos considerar

𝑐 = min{𝑎0 , (𝑝− − 1)𝑎0 } > 0

Com isso, 𝑐 ≤ (𝑝− − 1)𝑎0 ≤ (𝑝(𝑥) − 1)𝑎0 , para quase todo, 𝑥 ∈ Ω,

𝑐|𝜂|𝑝(𝑥)−2 ≤ (𝑝(𝑥) − 1)𝑎(𝑥)|𝜂|𝑝(𝑥)−2


= (𝑝(𝑥) − 2)𝑎(𝑥)|𝜂|𝑝(𝑥)−2 + 𝑎(𝑥)|𝜂|𝑝(𝑥)−2
𝜕𝜑
= 𝜂 (𝑥, 𝜂) + 𝜑(𝑥, 𝜂).
𝜕𝜂
Também, 𝑐 ≤ 𝑎0 ≤ 𝑎(𝑥), o que implica em

𝑐|𝜂|𝑝(𝑥)−2 ≤ 𝑎(𝑥)|𝜂|𝑝(𝑥)−2
= 𝜑(𝑥, 𝜂).

Logo, vale (H3).

(H4). Como 1 < 𝑝(𝑥) ≤ 𝑝+ , para todo 𝑥 ∈ Ω, temos


𝑝+
1≤ , ∀ 𝑥 ∈ Ω.
𝑝(𝑥)
Assim,
𝑝+ |𝜉|𝑝(𝑥)
𝑎(𝑥)|𝜉|𝑝(𝑥) ≤ 𝑎(𝑥)|𝜉|𝑝(𝑥) = 𝑝+ 𝑎(𝑥) .
𝑝(𝑥) 𝑝(𝑥)
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 68

Por conseguinte,
∫︁ |𝜉|
𝑝(𝑥)−2
𝑎(𝑥)|𝜉| 2 +
|𝜉| ≤ 𝑝 𝑎(𝑥) |𝜂|𝑝(𝑥)−1 𝑑𝜂
0
∫︁ |𝜉|
= 𝑝+ 𝑎(𝑥)|𝜂|𝑝(𝑥)−2 |𝜂|𝑑𝜂.
0

Deste modo,

0 ≤ 𝜑(𝑥, |𝜉|)⟨𝜉, 𝜉⟩ ≤ 𝑝+ Φ0 (𝑥, |𝜉|).

Finalmente, se as condições (J1), (J2) e (F1)-(F4) forem satisfeitas, então os Teoremas


3.2.1 e 3.2.2 garantem existência de soluções fracas para o Problema (E1).
Exemplo 3.2.2. Consideremos o problema
⎧ ⎛⎛ ⎞ ⎞
⎪ |∇𝑢|𝑝(𝑥) ⎠|∇𝑢|𝑝(𝑥)−2 ∇𝑢⎠ = 𝜆𝑓 (𝑥, 𝑢),
−div ⎝⎝1 + √︁ se 𝑥 ∈ Ω




1 + |∇𝑢|2𝑝(𝑥)


(E2)





𝑢(𝑥) = 0, se 𝑥 ∈ 𝜕Ω.

Neste caso, sejam


⎛ ⎞
|𝑣|𝑝(𝑥) ⎠|𝑣|𝑝(𝑥)−2
𝜑(𝑥, |𝑣|) = ⎝1 + √︁
1+ |𝑣|2𝑝(𝑥)
e
√︁
1 1 + |𝑣|2𝑝(𝑥)
Φ0 (𝑥, |𝑣|) = |𝑣|𝑝(𝑥) + ,
𝑝(𝑥) 𝑝(𝑥)

para todo 𝑣 ∈ R𝑁 . As condições (H1)-(H4) são válidas

(H1). Com argumento análogo ao exemplo anterior, para cada 𝑡 fixado em [0, ∞), as
funções

|𝑡|𝑝(𝑥)
𝑥 ↦→ 1 + √︁ e 𝑥 ↦→ |𝑡|𝑝(𝑥)−2
1 + |𝑡|2𝑝(𝑥)

são mesuráveis. Segue então, que o produto destas funções, a saber,

|𝑡|𝑝(𝑥)
𝑥 ↦→ 1 + √︁ |𝑡|𝑝(𝑥)−2
1+ |𝑡|2𝑝(𝑥)

é mensurável. Também, para cada 𝑥 fixado em Ω,

|𝑡|𝑝(𝑥)
𝑡 ↦→ 1 + √︁ e 𝑡 ↦→ |𝑡|𝑝(𝑥)−2
1+ |𝑡|2𝑝(𝑥)
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 69

são de classe 𝐶 ∞ , portanto, contínuas, deriváveis, com derivada integrável e levam con-
juntos de medida de Lebesgue nula em conjuntos de medida de Lebesgue nula. Assim,
estas propriedades, através do Teorema ??, permitem-nos concluir que o produto
|𝑡|𝑝(𝑥)
𝑥 ↦→ 1 + √︁ |𝑡|𝑝(𝑥)−2 ,
1+ |𝑡|2𝑝(𝑥)
é localmente absolutamente contínuo.

(H2). Tomando novamente 𝑑(𝑥) = 0, para todo 𝑥 ∈ Ω e agora, 𝑏 = 2, temos:


|𝑣|2𝑝(𝑥) |𝑣|𝑝(𝑥)
≤ 1 ⇒ √︁ ≤ 1.
1 + |𝑣|2𝑝(𝑥) 1 + |𝑣|2𝑝(𝑥)
Logo,
⎛ ⎞
|𝑣|𝑝(𝑥) ⎠|𝑣|𝑝(𝑥)−1
⎝ √︁ ≤ |𝑣|𝑝(𝑥)−1 ,
1+ |𝑣|2𝑝(𝑥)
e assim,
⎛ ⎞
|𝑣|𝑝(𝑥)
|𝑣|𝑝(𝑥)−1 + ⎝ √︁ ⎠|𝑣|𝑝(𝑥)−1 ≤ 2|𝑣|𝑝(𝑥)−1 .
1 + |𝑣|2𝑝(𝑥)

Consequentemente,
⎛ ⎞
|𝑣|𝑝(𝑥) ⎠|𝑣|𝑝(𝑥)−1
⎝1 + √︁ ≤ 2|𝑣|𝑝(𝑥)−1 ⇒ |𝜙(𝑥, |𝑣|)𝑣| ≤ 𝑑(𝑥) + 𝑏|𝑣|𝑝(𝑥)−1 .
1+ |𝑣|2𝑝(𝑥)

(H3). Tomando 𝑐 = min{1, 𝑝− − 1}, temos


⎛ ⎞
|𝜂|𝑝(𝑥) ⎠|𝜂|𝑝(𝑥)−2
⎝1 + √︁ ≥ 1 · |𝜂|𝑝(𝑥)−2 ≥ 𝑐|𝜂|𝑝(𝑥)−2 ,
1+ |𝜂|2𝑝(𝑥)

donde, obtemos 𝜑(𝑥, 𝜂) ≥ 𝑐|𝜂|𝑝(𝑥)−2 .


𝜕𝜑
Calculando a derivada (𝑥, 𝜂), temos
𝜕𝜂
𝜕𝜑 2(𝑝(𝑥) − 1)𝜂 2𝑝(𝑥)−1 + (𝑝(𝑥) − 2)𝜂 4𝑝(𝑥)−1
(𝑥, 𝜂) = (𝑝(𝑥) − 2)𝜂 𝑝(𝑥)−1 + 3 .
𝜕𝜂 (1 + 𝜂 2𝑝(𝑥) ) 2
Deste modo,
𝜕𝜑 2(𝑝(𝑥) − 1)𝜂 2𝑝(𝑥)−2 + (𝑝(𝑥) − 2)𝜂 4𝑝(𝑥)−2
𝜂 (𝑥, 𝜂) + 𝜑(𝑥, 𝜂) = (𝑝(𝑥) − 1)𝜂 𝑝(𝑥)−2 + 3
𝜕𝜂 (1 + 𝜂 2𝑝(𝑥) ) 2
≥ (𝑝(𝑥) − 1)𝜂 𝑝(𝑥)−2
≥ (𝑝− − 1)𝜂 𝑝(𝑥)−2
≥ 𝑐|𝜂|𝑝(𝑥)−2 .
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 70

(H4). Dado 𝜉 ∈ R𝑁 , observe que

|𝑣|2𝑝(𝑥) 1 1 + |𝜉|2𝑝(𝑥)
≤ 1 ≤ 1 + = .
1 + |𝑣|2𝑝(𝑥) |𝜉|2𝑝(𝑥) |𝜉|2𝑝(𝑥)

Estas desigualdades, por sua vez, implicam em

|𝑣|4𝑝(𝑥) 2𝑝(𝑥) |𝜉|2𝑝(𝑥) √︁


≤ 1 + |𝜉| ⇒ √︁ ≤ 1 + |𝜉|2𝑝(𝑥)
1 + |𝑣|2𝑝(𝑥) 1 + |𝜉| 2𝑝(𝑥)

𝑝+
Como 1 ≤ 𝑝(𝑥)
, temos

𝑝+
|𝜉|𝑝(𝑥) ≤ |𝜉|𝑝(𝑥) .
𝑝(𝑥)

Assim, desta desigualdade e da anterior obtemos

|𝜉|2𝑝(𝑥) 𝑝+ √︁
|𝜉|𝑝(𝑥) + √︁ ≤ |𝜉|𝑝(𝑥) + 1 + |𝜉|2𝑝(𝑥)
1 + |𝜉|2𝑝(𝑥) 𝑝(𝑥)
𝑝+ 𝑝+ √︁
≤ |𝜉|𝑝(𝑥) + 1 + |𝜉|2𝑝(𝑥)
𝑝(𝑥) 𝑝(𝑥)
⎛ √︁ ⎞
|𝜉| 𝑝(𝑥) 1 + |𝜉|2𝑝(𝑥)
= 𝑝+ ⎝ + ⎠.
𝑝(𝑥) 𝑝(𝑥)

Consequentemente, 𝜑(𝑥, |𝜉|)⟨𝜉, 𝜉⟩ ≤ 𝑝+ Φ0 (𝑥, |𝜉|).


Se as condições (J1), (J2), (F1) - (F4) forem satisfeitas, então vale:
(i) O Problema (E2), possui uma solução fraca para qualquer 𝜆 > 0.
(ii) Se 𝑓 (𝑥, −𝑡) = −𝑓 (𝑥, 𝑡), para todo (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R, então 𝐼𝜆 possui uma sequência
(±𝑢𝑛 ) de pontos críticos em 𝑋 de modo que

lim 𝐼𝜆 (𝑢𝑛 ) = ∞ e lim 𝐼𝜆 (−𝑢𝑛 ) = ∞.


𝑛→∞ 𝑛→∞

3.3 Existência e Caracterização de um Autovalor para (PI)


Se Φ e 𝐹 são definidas, como nas seções anteriores, então consideremos

Φ0 (𝑥, |∇𝑢(𝑥)|)𝑑𝑥
∫︀
* Ω
𝜆 = inf ∫︀ .
𝑢∈𝑋∖{0} Ω 𝐹 (𝑥, 𝑢)𝑑𝑥

Ainda, se 𝑟 e 𝑞 são como em (J2), então podemos considerar

𝑟(𝑥)
𝛾(𝑥) = , ∀ 𝑥 ∈ Ω.
𝑟(𝑥) − 𝑞(𝑥)

O nosso objetivo, nesta seção, é provar o teorema:


Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 71

Teorema 3.3.1. Se (H1)-(H3), (J1)-(J3), (F1) e (F5) são válidos, então

(a) 𝜆* É um autovalor positivo para o Problema (PI);

(b) Para todo 𝜆 ≥ 𝜆* , o Problema (PI) possui uma solução fraca.

As hipóteses (J3) e (F5) serão exibidas a seguir. No que segue, forneceremos uma série de
resultados que nos auxiliarão na prova do Teorema 3.3.1. Começamos exibindo a condição
(F5).
(F5) Existe uma função mensurável, não-negativa 𝑚 ∈ 𝐿𝛾(𝑥) (Ω), tal que

|𝑓 (𝑥, 𝑡)| ≤ 𝑚(𝑥)|𝑡|𝑞(𝑥)−1 e 𝑓 (𝑥, 𝑡)𝑡 ≥ 0, ∀ (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R.

Proposição 3.3.2. A condição (F5) implica que


𝑚(𝑥) 𝑞(𝑥)
0 ≤ 𝐹 (𝑥, 𝑡) ≤ |𝑡| , ∀ (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R. (F5’)
𝑞(𝑥)
Prova: Pela condição (F5) segue que

−𝑚(𝑥)|𝑠|𝑞(𝑥)−1 ≤ 𝑓 (𝑥, 𝑠) ≤ 𝑚(𝑥)|𝑠|𝑞(𝑥)−1 , ∀ (𝑥, 𝑠) ∈ Ω × R.

Logo, para todo (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R,


∫︁ 𝑡 ∫︁ 𝑡 ∫︁ 𝑡
− 𝑚(𝑥)|𝑠|𝑞(𝑥)−1 𝑑𝑠 ≤ 𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑑𝑠 ≤ 𝑚(𝑥)|𝑠|𝑞(𝑥)−1 𝑑𝑠.
0 0 0

De outro modo,
𝑚(𝑥) 𝑞(𝑥) 𝑚(𝑥) 𝑞(𝑥)
− |𝑡| ≤ 𝐹 (𝑥, 𝑡) ≤ |𝑡| , ∀ (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R.
𝑞(𝑥) 𝑞(𝑥)
Consequentemente,
𝑚(𝑥) 𝑞(𝑥)
0 ≤ 𝐹 (𝑥, 𝑡) ≤ |𝑡| , ∀ (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R.
𝑞(𝑥)
Além disso, devido à condição (F5), 𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑠 ≥ 0, para todo (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R. Assim, se
𝑡 > 0 e 0 < 𝑠 < 𝑡, por 𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑠 ≥ 0, temos 𝑓 (𝑥, 𝑠) ≥ 0, logo
∫︁ 𝑡
𝐹 (𝑥, 𝑡) = 𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑑𝑠 ≥ 0.
0
∫︁ 0
Ainda, 𝐹 (𝑥, 0) = 𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑑𝑠 = 0. E, caso 𝑡 < 0 e 𝑡 < 𝑠 < 0, por 𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑠 ≥ 0, temos
0
𝑓 (𝑥, 𝑠) ≤ 0, logo
∫︁ 𝑡 ∫︁ 0
𝐹 (𝑥, 𝑡) = 𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑑𝑠 = − 𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑑𝑠 ≥ 0.
0 𝑡

Diante disso, 𝐹 (𝑥, 𝑡) ≥ 0, para todo (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R. Com isso, finalizamos a prova desta
proposição.
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 72

Proposição 3.3.3. Supondo a validade de (J1) e (J2), então existem 𝛿 ∈ (0, 1) e uma
função mensurável 𝑙 ∈ 𝐿∞ (Ω), de modo que
⎧ ⎫
⎨ 𝑝(𝑥)𝛾(𝑥) 𝑝* (𝑥) ⎬
max ⎩ , * ≤ 𝑙(𝑥)
𝑝(𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥) 𝑝 (𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥) ⎭
⎧ ⎫
⎨ 𝑝* (𝑥)𝛾(𝑥) 𝑝(𝑥) ⎬
≤ min ⎩ * , ;,
𝑝 (𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥) 𝑝(𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥) ⎭

para quase todo 𝑥 ∈ Ω. Além disso,


(︂ +
𝑙 𝑟(𝑥)
)︂
𝛿 + 1 < 𝑞 − e 1 < 𝑙(𝑥) <
𝑙− 𝑟(𝑥) − 𝑞(𝑥)
Prova: Inicialmente, precisamos provar a seguinte lista de desigualdades:
𝑝(𝑥)𝛾(𝑥) 𝑝* (𝑥)𝛾(𝑥)
≤ (1)
𝑝(𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥) 𝑝* (𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥)
𝑝* (𝑥) 𝑝(𝑥)
≤ (2)
𝑝* (𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥) 𝑝(𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥)
𝑝* (𝑥) 𝑝* (𝑥)𝛾(𝑥)
≤ * (3)
𝑝* (𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥) 𝑝 (𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥)
𝑝(𝑥)𝛾(𝑥) 𝑝(𝑥)
≤ (4)
𝑝(𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥) 𝑝(𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥)

Como 𝑝(𝑥), 𝛾(𝑥), 𝑝* (𝑥), 𝑞(𝑥) > 1 para todo 𝑥 ∈ Ω, e buscamos 𝛿 ∈ (0, 1),
(1)
𝑝(𝑥)𝛾(𝑥) 𝑝* (𝑥)𝛾(𝑥) 𝑝(𝑥) 𝑝* (𝑥)
≤ * ⇔ ≤ *
𝑝(𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥) 𝑝 (𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥) 𝑝(𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥) 𝑝 (𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥)
⇔ 𝑝(𝑥)(𝑝* (𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥)) ≤ 𝑝* (𝑥)(𝑝(𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥))
⇔ 𝑝(𝑥)𝑝* (𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥)𝑝(𝑥) ≤ 𝑝* (𝑥)𝑝(𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥)𝑝* (𝑥)
⇔ 𝛿𝛾(𝑥)𝑝(𝑥) ≤ 𝛿𝛾(𝑥)𝑝* (𝑥)
⇔ 𝑝(𝑥) ≤ 𝑝* (𝑥).

Mas, pela condição (J1) sabemos que 𝑝(𝑥) ≤ 𝑝* (𝑥), para todo 𝑥 ∈ Ω. Logo, vale (1).
(2)
𝑝* (𝑥) 𝑝(𝑥)
*
≤ ⇔ 𝑝* (𝑥)(𝑝(𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥)) ≤ 𝑝(𝑥)(𝑝* (𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥))
𝑝 (𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥) 𝑝(𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥)
⇔ 𝛿𝑝* (𝑥) − 𝑞(𝑥)𝑝* (𝑥) ≤ 𝛿𝑝(𝑥) − 𝑞(𝑥)𝑝(𝑥)
⇔ (𝛿 − 𝑞(𝑥))𝑝* (𝑥) ≤ (𝛿 − 𝑞(𝑥))𝑝(𝑥)
⇔ 𝑝* (𝑥) ≥ 𝑝(𝑥).

Notemos que 𝑝* (𝑥) ≥ 𝑝(𝑥) para todo 𝑥 ∈ Ω. Também, utilizamos o fato de que 𝑞(𝑥) > 1
e 1 > 𝛿 > 0, ou seja, 𝛿 − 𝑞(𝑥) < 0, para todo 𝑥 ∈ Ω. Segue assim, a validade de (2).
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 73

(3)
𝑝* (𝑥) 𝑝* (𝑥)𝛾(𝑥)

𝑝* (𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥) 𝑝* (𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥)
Procedendo de maneira análoga aos itens anteriores, na parte final da prova desta desi-
gualdade teremos:
𝑝* (𝑥) 𝑝* (𝑥) 𝑟(𝑥)
*
≤ 𝛾(𝑥) ⇔ *

𝑝 (𝑥) − 𝑞(𝑥) 𝑝 (𝑥) − 𝑞(𝑥) 𝑟(𝑥) − 𝑞(𝑥)
⇔ 𝑝* (𝑥)(𝑟(𝑥) − 𝑞(𝑥)) ≤ 𝑟(𝑥)(𝑝* (𝑥) − 𝑞(𝑥))
⇔ 𝑝* (𝑥)𝑟(𝑥) − 𝑝* (𝑥)𝑞(𝑥) ≤ 𝑟(𝑥)𝑝* (𝑥) − 𝑟(𝑥)𝑞(𝑥)
⇔ −𝑝* (𝑥)𝑞(𝑥) ≤ −𝑟(𝑥)𝑞(𝑥)
⇔ −𝑝* (𝑥) ≤ −𝑟(𝑥)
⇔ 𝑝* (𝑥) ≥ 𝑟(𝑥).

Mas, por (J2), temos a garantia de que 𝑝* (𝑥) > 𝑟(𝑥). Logo, vale (3).
(4) Podemos provar de maneira análoga a validade de (4), isto é,
𝑝(𝑥)𝛾(𝑥) 𝑝(𝑥)
≤ .
𝑝(𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥) 𝑝(𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥)

Em resumo, pela vaidade de (1), (2), (3) e (4), podemos definir 𝑙 : Ω −→ R


contínua, de modo que,
⎧ ⎫
*
⎨ 𝑝(𝑥)𝛾(𝑥) 𝑝 (𝑥) ⎬
max , ≤ 𝑙(𝑥)
⎩ 𝑝(𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥) 𝑝* (𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥) ⎭
⎧ ⎫
*
⎨ 𝑝 (𝑥)𝛾(𝑥) 𝑝(𝑥) ⎬
≤ min , , ∀𝑥 ∈ Ω.
⎩ 𝑝* (𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥) 𝑝(𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥) ⎭

Agora, seja 𝜃 ∈ R tal que


𝛾− − 1
0<𝜃< ,
𝛾−
e defina então
1 𝑞−
{︂ }︂
𝛿 = min , 𝜃, (︂ )︂ .
2 2 𝑙+
+1
𝑙−
(︂ )︂
𝑙+
Disso, segue que 𝛿 𝑙−
+ 1 < 𝑞 − e 𝛿 ∈ (0, 1).

Provaremos agora que 1 < 𝑙(𝑥). Com efeito,


𝑝(𝑥)𝛾(𝑥)
𝑙(𝑥) ≥ > 1 ⇔ 𝑝(𝑥)𝛾(𝑥) > 𝑝(𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥)
𝑝(𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥)
⇔ 𝑝(𝑥)(𝛾(𝑥) − 1) > 𝛿𝛾(𝑥)
𝛾(𝑥)
⇔ 𝑝(𝑥) > 𝛿 .
𝛾(𝑥) − 1
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 74

𝛾− − 1 𝛾(𝑥) − 1
Como 𝛿 < −
≤ , já que
𝛾 𝛾(𝑥)

𝛾− − 1 𝛾(𝑥) − 1
≤ ⇔ 𝛾(𝑥)(𝛾 − − 1) ≤ 𝛾 − (𝛾(𝑥) − 1)
𝛾− 𝛾(𝑥)
⇔ 𝛾(𝑥)𝛾 − − 𝛾(𝑥) ≤ 𝛾 − 𝛾(𝑥) − 𝛾 −
⇔ −𝛾(𝑥) ≤ −𝛾 − ⇔ 𝛾(𝑥) ≥ 𝛾 − ,

e esta última desigualdade é verdadeira para todo 𝑥 ∈ Ω. Com isso,

𝛾(𝑥) 𝛾− − 1 𝛾(𝑥)
𝛿 < −
·
𝛾(𝑥) − 1 𝛾 𝛾(𝑥) − 1
𝛾(𝑥) − 1 𝛾(𝑥)
≤ · = 1.
𝛾(𝑥) 𝛾(𝑥) − 1

Como 𝑝(𝑥) > 1 para todo 𝑥 ∈ Ω, segue neste caso, que 𝑙(𝑥) > 1. Analisaremos agora o
outro caso.
𝑝* (𝑥)
𝑙(𝑥) ≥ *
> 1 ⇔ 𝑝* (𝑥) > 𝑝* (𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥)
𝑝 (𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥)
≥ 𝑝* (𝑥) + 𝛿 − 𝑞 + .

Mas por (J1) e pela definição de 𝛿, temos 𝑞 + > 1 e 𝛿 < 1, donde 𝑝* (𝑥) + 𝛿 − 𝑞 + < 𝑝* (𝑥).
Com isto encerramos a prova de que 𝑙(𝑥) > 1.

𝑟(𝑥)
Finalmente, resta-nos provar que 𝑙(𝑥) < .
𝑟(𝑥) − 𝑞(𝑥)

0 < 𝛿𝛾(𝑥)𝑟(𝑥) ⇒ 𝑝* (𝑥)𝑟(𝑥) < 𝑝* (𝑥)𝑟(𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥)𝑟(𝑥)


𝑟(𝑥)
⇒ 𝑝* (𝑥) (𝑟(𝑥) − 𝑞(𝑥)) < 𝑝* (𝑥)𝑟(𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥)𝑟(𝑥)
𝑟(𝑥) − 𝑞(𝑥)
⇒ 𝑝* (𝑥)𝛾(𝑥)(𝑟(𝑥) − 𝑞(𝑥)) < (𝑝* (𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥))𝑟(𝑥)
𝑝* (𝑥)𝛾(𝑥) 𝑟(𝑥)
⇒ *
< .
𝑝 (𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥) 𝑟(𝑥) − 𝑞(𝑥)

Deste modo, para qualquer 𝑥 ∈ Ω


⎧ ⎫
⎨ 𝑝* (𝑥)𝛾(𝑥) 𝑝(𝑥) ⎬ 𝑝* (𝑥)𝛾(𝑥) 𝑟(𝑥)
min * , ≤ * < .
⎩ 𝑝 (𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥) 𝑝(𝑥) + 𝛿 − 𝑞(𝑥) ⎭ 𝑝 (𝑥) + 𝛿𝛾(𝑥) 𝑟(𝑥) − 𝑞(𝑥)

Portanto, para quase todo 𝑥 ∈ Ω,

𝑟(𝑥)
𝑙(𝑥) < .
𝑟(𝑥) − 𝑞(𝑥)

Encerramos assim, a prova da proposição em questão.


Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 75

Lema 3.3.4. Se as condições (H3), (J1), (J2), (F1), (F5) são válidas e
1
𝑞+ − 𝑝− < 𝛿, (J3)
2
onde, 𝛿 vêm da Proposição (3.3.3). Então os funcionais Φ e Ψ são tais que:

Φ(𝑢) Φ(𝑢)
lim =∞ e lim = ∞. (3.3.1)
||𝑢||𝑋 →0 Ψ(𝑢) ||𝑢||𝑋 →∞ Ψ(𝑢)

Prova: Dado 𝑢 ∈ 𝑋, logo abaixo, será importante utilizar a desigualdade


+ −
||𝑢𝑞(𝑥) || 𝑟(·) ≤ ||𝑢||𝑞𝐿𝑟(·) (Ω) + ||𝑢||𝑞𝐿𝑟(·) (Ω) ,
𝐿 𝑞(·) (Ω)

𝑟(𝑥)
a qual, pode ser provada utilizando a Proposição 2.1.6, tomando os índices 𝑝(𝑥) = 𝑞(𝑥)
e
𝑞(𝑥) = 𝑞(𝑥). Assim,

⃒ 𝑚(𝑥) 𝑞(𝑥) ⃒
⃒ ∫︁ ⃒ ∫︁ ⃒ ⃒
⃒ ⃒
|Ψ(𝑢)| = ⃒ 𝐹 (𝑥, 𝑢)𝑑𝑥⃒⃒ ≤ ⃒ |𝑢| ⃒⃒𝑑𝑥
Ω 𝑞(𝑥)
⃒ ⃒
Ω
1 ∫︁
≤ |𝑚(𝑥)||𝑢|𝑞(𝑥) 𝑑𝑥
𝑞− Ω
2
≤ ||𝑚|| 𝑟(·) |||𝑢|𝑞(𝑥) || 𝑟(·)
𝑞− 𝐿 𝑟(·)−𝑞(·) (Ω) 𝐿 𝑞(·) (Ω)
2
(︂ )︂
𝑞+ 𝑞−
≤ ||𝑚||𝐿 𝛾(·) (Ω) ||𝑢|| 𝐿𝑟(·) (Ω)
+ ||𝑢|| 𝐿𝑟(·) (Ω)
𝑞−
2
(︂ )︂
𝑞+ 𝑞+ 𝑞− 𝑞−
≤ ||𝑚||𝐿𝛾(·) (Ω) 𝐶1 ||∇𝑢||𝐿𝑟(·) (Ω) + 𝐶2 ||∇𝑢||𝐿𝑟(·) (Ω)
𝑞−
2𝐶
(︂ )︂
𝑞+ 𝑞−
≤ ||𝑚||𝐿 𝛾(·) (Ω) ||𝑢|| 𝑋 + ||𝑢|| 𝑋 .
𝑞−
Onde, na penúltima desigualdade utilizamos a Desigualdade de Poincaré, Proposição 2.2.5
+ −
e na última, o fato de que ||𝑢||𝑋 ser equivalente a norma ||∇𝑢||𝐿𝑝(·) (Ω) e 𝐶 = 𝐶1𝑞 +𝐶2𝑞 > 0.
Agora, seja 𝑢 ∈ 𝑋 com ||𝑢||𝑋 ≤ 1. Segue da Proposição 3.4.6 e da desigualdade
acima que
∫︁
+
Φ0 (𝑥, |∇𝑢|)𝑑𝑥
⃒ ⃒
⃒ Φ(𝑢) ⃒
⃒ ⃒
Ω
𝑐
𝑝+
||𝑢||𝑝𝑋
⃒ ⃒ ≥ − ≥ − .
⃒ Ψ(𝑢) ⃒ 4𝐶
||𝑚||𝐿𝛾(·) (Ω) ||𝑢||𝑞𝑋 4𝐶
||𝑚||𝐿𝛾(·) (Ω) ||𝑢||𝑞𝑋
⃒ ⃒
𝑞− 𝑞−

Disso e da hipótese de 𝑞 − > 𝑝+ , temos


Φ(𝑢)
lim = ∞.
||𝑢||𝑋 →0 Ψ(𝑢)
(︂ )︂
𝑙+
Agora, devido a 𝛿 𝑙−
+ 1 < 𝑞 − e a 𝑞+ − 12 𝑝− < 𝛿,

𝑝− > 2(𝑞 + − 𝛿) > 2(𝑞 − − 𝛿) > 2𝛿


𝛾+
𝛾−
. .
( )
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 76

Ainda, se 𝑢 ∈ 𝑋 é tal que ||𝑢||𝑋 > 1, então por (F5’) e pela Desigualdade de Hölder,
Proposição ??,
1 ∫︁
|Ψ(𝑢)| ≤ − 𝑚(𝑥)|𝑢|𝛿 |𝑢|𝑞(𝑥)−𝛿 𝑑𝑥
𝑞 Ω
2
≤ − ||𝑚|𝑢|𝛿 ||𝐿𝑙(·) (Ω) || |𝑢|𝑞(𝑥)−𝛿 ||𝐿𝑙′ (·) (Ω) .
𝑞
logo, sem perda de generalidade, podemos assumir que ||𝑚|𝑢|𝛿 ||𝐿𝑙(·) (Ω) > 1. Das Proposi-
ções ??, 2.1.5 e 2.1.6,
1
2 ∫︁
(︂ )︂
𝑙−
|Ψ(𝑢)| = − 𝑚𝑙(𝑥) |𝑢|𝛿𝑙(𝑥) 𝑑𝑥 || |𝑢|𝑞(𝑥)−𝛿 ||𝐿𝑙′ (·) (Ω)
𝑞 Ω
4 1 1
≤ − ||𝑚𝑙(𝑥) || 𝑙−𝛾(·) || |𝑢|𝛿𝑙(𝑥) || 𝑙−( 𝛾(·) )′ || |𝑢|𝑞(𝑥)−𝛿 ||𝐿𝑙′ (·) (Ω)
𝑞 𝐿 𝑙(·) (Ω) 𝐿 𝑙(·) (Ω)
+
4 𝛿 𝛾−
(︂ )︂
𝛼
≤ −
||𝑚||𝐿𝛾(·) (Ω) ||𝑢|| 𝛾
𝛾(·) ′ + ||𝑢||𝛿 𝛿𝑙(·)( 𝛾(·) )′
𝑞 𝐿
𝛿𝑙(·)(
𝑙(·)
)
(Ω) 𝐿 𝑙(·)
(Ω)
(︂ )︂
+ −𝛿 − −𝛿
× ||𝑢||𝑞𝐿(𝑞(·)−𝛿)𝑙 ′ (·)
(Ω)
+ ||𝑢||𝑞𝐿(𝑞(·)−𝛿)𝑙 ′ (·)
(Ω)
.

onde,

⎨ 𝑙+ , se ||𝑚||𝐿𝛾(·) (Ω) > 1 ;
𝑙−
𝛼=
⎩ 1, se ||𝑚||𝐿𝛾(·) (Ω) ≤ 1.

Pela Desigualdade de Young, Proposição 5.2.4,


+
4 2𝛿 𝛾 −
(︂
|Ψ(𝑢)| ≤ − ||𝑚||𝛼𝐿𝛾(·) (Ω) ||𝑢|| 𝛿𝑙(·)(
𝛾
𝛾(·) ′ + ||𝑢||2𝛿𝛿𝑙(·)( 𝛾(·) )′
𝑞 𝐿 𝑙(·)
)
(Ω) 𝐿 𝑙(·)
(Ω)
)︂
2(𝑞 + −𝛿) 2(𝑞 − −𝛿)
+||𝑢||𝐿(𝑞(·)−𝛿)𝑙′ (·) (Ω) + ||𝑢||𝐿(𝑞(·)−𝛿)𝑙′ (·) (Ω) .

Pela Proposição 3.3.3,


)︂′
𝛾(𝑥)
(︂
1 < 𝛿𝑙(𝑥) 𝑙(𝑥)
≤ 𝑝* (𝑥) e 1 < (𝑞(𝑥) − 𝛿)𝑙′ (𝑥) ≤ 𝑝* (𝑥),

para quase todo 𝑥 ∈ Ω. Logo, pela Imersão de Sobolev, Proposição 2.2.4, existe 𝐶 > 0,
tal que
+
4𝐶 2𝛿 𝛾 −
(︂ )︂
2(𝑞 + −𝛿)
|Ψ(𝑢)| ≤ − ||𝑚||𝛼𝐿𝛾(·) (Ω) ||𝑢||𝑋 𝛾 + ||𝑢||𝑋 , q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.
𝑞
Portanto,
𝑐 −
||𝑢||𝑝𝑋
⃒ ⃒
⃒ Φ(𝑢) ⃒ +
⃒ ⃒
𝑝
⃒ ⃒ ≥ + )︂ .
⃒ Ψ(𝑢) ⃒ 4𝐶 2𝛿 𝛾 −
⃒ ⃒ (︂
𝛼 𝛾 2(𝑞 + −𝛿)

||𝑚||𝐿 𝛾(·) (Ω) ||𝑢||𝑋 + ||𝑢||𝑋
𝑞

.
Disso e de ( ), decorre que lim
Φ(𝑢)
||𝑢||𝑋 →∞ Ψ(𝑢)
= ∞.
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 77

A Proposição 5.6.9 garante a existência de um minimizador global de um funcional


de classe 𝐶 1 , desde que este seja coercivo e fracamente semi-contínuo inferiormente. Isso
será importante logo a frente para provarmos que todo 𝜆 > 𝜆* é um autovalor para o
Problema (PI). Na Definição 5.6.7 encontramos a noção de funcional fracamente semi-
contínuo inferiormente.

Lema 3.3.5. Supondo a validade das condições (H1) - (H3) e (J1), então Φ é fraca-
mente semi-contínua inferiormente.
Prova: Seja (𝑢𝑛 )𝑛∈N uma sequência em 𝑋, tal que 𝑢𝑛 ⇀ 𝑢. Como Φ′ é monótona, pela
Proposição 5.6.4,

Φ(𝑢𝑛 ) ≥ Φ(𝑢) + Φ′ (𝑢) · (𝑢𝑛 − 𝑢), ∀ 𝑛 ∈ N.

Consequentemente,

lim inf Φ(𝑢𝑛 ) ≥ Φ(𝑢) + lim inf Φ′ (𝑢𝑛 ) · (𝑢𝑛 − 𝑢)


𝑛→∞ 𝑛→∞

= Φ(𝑢) + lim Φ′ (𝑢𝑛 ) · (𝑢𝑛 − 𝑢)


𝑛→∞

= Φ(𝑢).

Portanto, Φ é fracamente semi-contínua inferiormente.

Lema 3.3.6. Supondo a validade de (J1), (J2), (F1) e (F5), então

1 𝑚(𝑥)𝛾(𝑥) |𝑡|𝑟(𝑥)
(︂ )︂
𝐹 (𝑥, 𝑡) ≤ + + ′ , ∀ 𝑡 ∈ R, q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.
𝑞− 𝛾− (𝛾 )

Além disso, o operador de Nemytskii 𝑁𝐹 : 𝐿𝑟(·) (Ω) → 𝐿1 (Ω) é contínuo.


Prova: Inicialmente, fixando (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R, ao tomarmos 𝑎 = 𝑚(𝑥) e 𝑏 = |𝑡|𝑞(𝑥) , pela
Desigualdade de Young, Proposição 5.2.4,
1 1 ′
𝑎(𝑥)𝑏(𝑥) ≤ 𝑎(𝑥)𝛾(𝑥) + ′
𝑏(𝑥)[𝛾(𝑥)] .
𝛾(𝑥) [𝛾(𝑥)]
Deste modo,
1 1 ′
𝑚(𝑥)|𝑡|𝑞(𝑥) ≤ 𝑚(𝑥)𝛾(𝑥) + ′
|𝑡|𝑞(𝑥)[𝛾(𝑥)]
𝛾(𝑥) [𝛾(𝑥)]
1 1 ′
≤ − 𝑚(𝑥)𝛾(𝑥) + ′
|𝑡|𝑞(𝑥)[𝛾(𝑥)]
𝛾 [𝛾(𝑥)]

𝛾
1
= − 𝑚(𝑥)𝛾(𝑥) +
1
[𝛾(𝑥)]′
|𝑡|𝑟(𝑥) , A
( )

𝑟(𝑥)
observando que [𝛾(𝑥)]′ = . Ainda,
𝑞(𝑥)
𝑟(𝑥)
𝑞(𝑥)
≥ +
𝛾+
𝛾 −1
, ∀ 𝑥 ∈ Ω. AA)
(
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 78

Com efeito,
𝑟(𝑥)
𝛾 + ≥ 𝛾(𝑥) = ⇒ (𝑟(𝑥) − 𝑞(𝑥))𝛾 + ≥ 𝑟(𝑥)
𝑟(𝑥) − 𝑞(𝑥)
⇒ 𝑟(𝑥)𝛾 + − 𝑟(𝑥) ≥ 𝑞(𝑥)𝛾 +
⇒ 𝑟(𝑥)(𝛾 + − 1) ≥ 𝑞(𝑥)𝛾 +
𝑟(𝑥) 𝛾+
⇒ ≥ + = (𝛾 + )′ .
𝑞(𝑥) 𝛾 −1

𝑚(𝑥) 𝑞(𝑥)
Agora, por 1 < 𝑞 − 𝐹 (𝑥, 𝑡) ≤ −
|𝑡| ≤ 𝑚(𝑥)|𝑡|𝑞(𝑥) , para todo (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R. Disso,
𝑞
A
por ( ) e ( AA), segue que
1 𝑚(𝑥)𝛾(𝑥) |𝑡|𝑟(𝑥)
(︂ )︂
𝐹 (𝑥, 𝑡) ≤ − + + ′ , ∀ 𝑡 ∈ R, q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.
𝑞 𝛾− (𝛾 )
Finamente, por 𝑓 ser uma função de Carathéodory, F também o é. Além disso, como
𝛾(𝑥)
𝑚 ∈ 𝐿𝛾(𝑥) (Ω), temos 𝑞−𝑚(𝛾 + )′ ∈ 𝐿𝛾(𝑥) (Ω) e 𝑞− (𝛾1 + )′ > 0. Logo, pela Proposição 2.1.16,
𝑁𝐹 : 𝐿𝑟(·) (Ω) → 𝐿1 (Ω) é contínuo.

Proposição 3.3.7. Se as condições (J1), (J2), (F1) e (F5) são válidas, então Ψ é
fortemente contínua.
Prova: Seja (𝑢𝑛 )𝑛∈N uma sequência em 𝑋, tal que 𝑢𝑛 ⇀ 𝑢 em 𝑋. Na Proposição 3.4.7
provamos que a imersão 𝑋 ˓→ 𝐿𝑟(·) (Ω) é compacta. Logo, 𝑢𝑛 → 𝑢 em 𝐿𝑟(·) (Ω). No
Lema 3.3.6, logo acima, provamos que o operado de Nemytskii 𝑁𝐹 : 𝐿𝑟(·) (Ω) → 𝐿1 (Ω) é
contínuo. Consequentemente, Ψ(𝑢𝑛 ) → Ψ(𝑢). Portanto, Ψ é fortemente contínua.
Prova do teorema (3.3.1): Inicialmente observemos que𝜆* ≥ 0. Com eleito, já vimos
que Φ0 (𝑥, |∇𝑢|) ≥ 𝑝𝑐+ |∇𝑢|𝑝(𝑥) ≥ 0 e 𝐹 (𝑥, 𝑢) ≥ 0. Com isso,
∫︁
Φ0 (𝑥, |∇𝑢|)𝑑𝑥
𝜆* = inf Ω∫︁
≥ 0.
𝑢∈𝑋∖{0}
𝐹 (𝑥, 𝑢)𝑑𝑥
Ω

Se 𝜆* = 0, então, pela definição de ínfimo, existe uma sequência (𝑢𝑛 )𝑛∈N em 𝑋∖{0}, tal
que

lim
Φ(𝑢𝑛 )
𝑛→∞ Ψ(𝑢 )
= 0. 6
( )
𝑛

Deste modo,
𝑐 +
||𝑢𝑛 ||𝑝𝑋
⃒ ⃒
Φ(𝑢𝑛 ) ⃒⃒ Φ(𝑢𝑛 ) ⃒⃒ +
⃒ ⃒
𝑝
=⃒ ⃒ ≥ 4𝑐
Ψ(𝑢𝑛 ) ⃒ Ψ(𝑢𝑛 ) ⃒ ||𝑢𝑛 ||𝑞𝑋

𝑞 −
+ −
≥ 𝐶||𝑢𝑛 ||𝑝𝑋 −𝑞 .
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 79

+ −
Mas, pela condição (J2), 𝑝+ < 𝑞 − , logo lim ||𝑢𝑛 ||𝑝𝑋 −𝑞 = 0 e lim ||𝑢𝑛 ||𝑋 = ∞. Disso e
𝑛→∞ 𝑛→∞
pelo Lema 3.3.4,

Φ(𝑢𝑛 )
lim = ∞,
𝑛→∞ Ψ(𝑢 )
𝑛

6
o que contraria ( ). Portanto, 𝜆* > 0.
Provaremos agora, que 𝜆* é um autovalor para o problema (PI). Para tal, seja
(𝑢𝑛 )𝑛∈N uma sequência em 𝑋∖{0}, tal que

lim
Φ(𝑢𝑛 )
𝑛→∞ Ψ(𝑢 )
= 𝜆* e 0 <
Φ(𝑢𝑛 )
Ψ(𝑢𝑛 )
, ∀ 𝑛 ∈ N. C
( )
𝑛

Afirmamos que existe subsequência (𝑢𝑘 )𝑘∈N de (𝑢𝑛 )𝑛∈N limitada em 𝑋. De fato, se,
supormos que não existe subsequência limitada, então lim ||𝑢𝑛 ||𝑋 = ∞. Disso e pelo
𝑛→∞
Lema 3.3.4,

Φ(𝑢𝑛 )
lim = ∞,
𝑛→∞ Ψ(𝑢𝑛 )

C
o que contraria ( ).
Com isso, suponha, sem perda de generalidade, que (𝑢𝑛 )𝑛∈N é limitada em 𝑋.
Como 𝑋 é reflexivo, podemos usar a Proposição 5.2.9, garantindo a existência de 𝑢 ∈ 𝑋
tal que 𝑢𝑛 ⇀ 𝑢 em 𝑋.
Afirmação: 𝑢 ̸= 0.
Com efeito, suponha, por absurdo, que 𝑢 = 0. Como Ψ é fortemente contínua
(Proposição 3.3.7), Ψ(𝑢𝑛 ) −→ 0. Por conseguinte,

Φ(𝑢𝑛 )
lim Φ(𝑢𝑛 ) = lim Ψ(𝑢𝑛 ) = 𝜆* 0 = 0.
𝑛→∞ 𝑛→∞ Ψ(𝑢𝑛 )

Ainda, pela Proposição 3.4.6,


+ −
Φ(𝑢𝑛 ) ≥ 𝐶||𝑢𝑛 ||𝑝𝑋 ou Φ(𝑢𝑛 ) ≥ 𝐶||𝑢𝑛 ||𝑝𝑋

lim ||𝑢𝑛 ||𝑋 = 0. Novamente, pelo Lema 3.3.4,


para alguma constante 𝐶 > 0. Com isso, 𝑛→∞

Φ(𝑢𝑛 )
lim = ∞,
𝑛→∞ Ψ(𝑢𝑛 )

C
o que contraria ( ). Isto prova que 𝑢 ̸= 0.
Afirmação 2: 𝜆* é um autovalor para o problema (PI).
De fato, da convergência fraca 𝑢𝑛 ⇀ 𝑢, seguem das Proposições 3.3.5 e 3.3.7, que

Φ(𝑢) ≤ lim inf Φ(𝑢𝑛 ) e


𝑛→∞
lim Ψ(𝑢𝑛 ) = Ψ(𝑢).
𝑛→∞
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 80

Com isso,
Φ(𝑢𝑛 ) Φ(𝑢𝑛 )
Φ(𝑢) ≤ lim inf Ψ(𝑢𝑛 ) = lim · lim Ψ(𝑢𝑛 ) = 𝜆* Ψ(𝑢).
𝑛→∞ Ψ(𝑢𝑛 ) 𝑛→∞ Ψ(𝑢𝑛 ) 𝑛→∞
De outro modo,
Φ(𝑢)
𝜆* ≥ .
Ψ(𝑢)
Por outro lado, devido à caracterização de 𝜆* e a 𝑢 ̸= 0
Φ(𝑣) Φ(𝑢)
𝜆* = inf ≤ .
𝑣∈𝑋∖{0} Ψ(𝑣) Ψ(𝑢)
Assim sendo, concluímos que

Φ(𝑢) = 𝜆* Ψ(𝑢).

Portanto, 𝜆* é um autovalor para o problema (PI).


Afirmação 3: Se 𝜆 ≥ 𝜆* , então 𝜆 é um autovalor para o problema (PI).
Observe que 𝑢 é solução fraca do problema (PI) se, e somente se, 𝑢 é ponto crítico
do funcional 𝐼𝜆 .
Seja 𝜆 > 𝜆* . Se 𝑢 ∈ 𝑋 é tal que, ||𝑢||𝑋 > 1, então por (H3), existe 𝐶 > 0, tal que
+
𝑐 4𝐶 2𝛿 𝛾 −
(︂ )︂
𝑝− 𝛼 2(𝑞 + −𝛿)
𝐼𝜆 (𝑢) ≥ + ||𝑢||𝑋 − 𝜆 − ||𝑚||𝐿𝛾(𝑥) (Ω) ||𝑢||𝑋 𝛾 + ||𝑢||𝑋 .
𝑝 𝑞
+
Como 𝑝− > 2(𝑞 + − 𝛿) > 2𝛿 𝛾𝛾 − , temos que

lim 𝐼𝜆 (𝑢) = ∞
||𝑢||𝑋 →∞

Portanto 𝐼𝜆 é coercivo. Por outro lado, a Proposição 3.3.5 diz que 𝐼𝜆 é fracamente semi-
contínuo inferiormente. Como 𝑋 é um espaço de Banach reflexivo, podemos então utilizar
a Proposição 5.6.9, que garante existência um minimizador global 𝑢1 de 𝐼𝜆 .
Φ(𝑤)
Como 𝜆 > 𝜆* , existe 𝑤 ∈ 𝑋∖{0} de modo que < 𝜆. Assim, 𝐼𝜆 (𝑤) =
Ψ(𝑤)
Φ(𝑤) − 𝜆Ψ(𝑤) < 0. Por conseguinte,

𝐼𝜆 (𝑢1 ) = inf 𝐼𝜆 (𝑢) ≤ 𝜆Ψ(𝑤) < 0.


𝑢∈𝑋

Portanto, 𝜆 é um autovalor para o problema (PI).

3.3.1 Aplicações

Exemplo 3.3.1. Consideremos o problema


⎧ ⎛⎛ ⎞ ⎞
⎪ |∇𝑢|𝑝(𝑥) ⎠|∇𝑢|𝑝(𝑥)−2 ∇𝑢⎠
−div ⎝⎝1 + √︁ = 𝜆𝑚(𝑥)|𝑢|𝑞(𝑥)−2 , se 𝑥 ∈ Ω




1+ |∇𝑢|2𝑝(𝑥)


(E3)





𝑢(𝑥) = 0, se 𝑥 ∈ 𝜕Ω.


Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 81

Considere o número real


1
∫︁ (︂ √︁ )︂
|∇𝑢|𝑝(𝑥) + 1 + |∇𝑢|2𝑝(𝑥) − 1 𝑑𝑥
Ω 𝑝(𝑥)
𝜆* := inf
𝑢∈𝑋∖{0}
∫︁
𝑚(𝑥) 𝑞(𝑥)
|𝑡| 𝑑𝑥
Ω 𝑞(𝑥)

Já vimos no exemplo 3.2.2, que as hipóteses (H1) - (H4) são satisfeitas. Além disso,
𝑓 : Ω × R → R dada por 𝑓 (𝑥, 𝑡) = 𝑚(𝑥)|𝑢|𝑞(𝑥)−2 , cumpre as condições (F1) - (F5), desde
𝑟(·)
que 𝑚 ∈ 𝐿 𝑟(·)−𝑞(·) (Ω) ∩ 𝐿∞ (Ω), com |{𝑥 ∈ Ω ; 𝑚(𝑥) > 0}| > 0. Neste caso, se as condições
(J1) - (J3), são satisfeitas, então o problema E3, possui uma solução fraca para qualquer
𝜆 ≥ 𝜆* .
Exemplo 3.3.2. Seja 𝑝 ∈ 𝐶(Ω) com 2 ≤ 𝑝(𝑥) < 𝑁 , para todo 𝑥 ∈ Ω. O problema
⎧ ⎛ ⎞
(︂ )︂ 𝑝(𝑥)−2
2

⎝ 1 + |∇𝑢|2 = 𝜆𝑚(𝑥)|𝑢|𝑞(𝑥)−2

−div ∇𝑢⎠ se 𝑥 ∈ Ω





(E4)





𝑢(𝑥) = 0 se 𝑥 ∈ 𝜕Ω

Neste caso, colocamos


)︂ 𝑝(𝑥)−2 )︂ 𝑝(𝑥)
1
(︂ [︂(︂ ]︂
2 2
2 2
𝜙(𝑥, |𝑣|) = 1 + |𝑣| e Φ0 (𝑥, |𝑣|) = 1 + |𝑣| −1
𝑝(𝑥)

para todo 𝑣 ∈ R𝑁 . Considerando o número real


⎛ ⎞
)︂ 𝑝(𝑥)
1
∫︁ [︂(︂ ]︂
2
⎝ 1 + |𝑣|2 − 1 ⎠𝑑𝑥
Ω 𝑝(𝑥)
𝜆* := inf
𝑢∈𝑋∖{0}
∫︁
𝑚(𝑥) 𝑞(𝑥)
|𝑡| 𝑑𝑥
Ω 𝑞(𝑥)

Neste caso, se as condições (H1) - (H4), são satisfeitas, então o problema E4, possui
uma solução fraca para qualquer 𝜆 ≥ 𝜆* .

3.4 Prova de Alguns Fatos Auxiliares Usados no Transcorrer do


Capítulo
3.4.1 Fatos utilizados no lema (3.1.1).

Proposição 3.4.1. A aplicação ∇ : 𝑋 −→ 𝐿𝑝(𝑥) (Ω; R𝑁 ) dada por:

𝜕𝑢 𝜕𝑢 𝜕𝑢
(︂ )︂
∇(𝑢) = , ,··· , , 𝑢 ∈ 𝑋,
𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 𝜕𝑥𝑁
é contínua.
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 82

Prova: Seja (𝑢𝑛 )𝑛∈N uma sequência em 𝑋, tal que 𝑢𝑛 → 𝑢 ∈ 𝑋. Mostraremos que
∇𝑢𝑛 → ∇𝑢 em 𝐿𝑝(𝑥) (Ω; R𝑁 ). Com efeito, pela definição da norma em 𝑋 e a Proposição
2.1.7, temos

𝑢𝑛 → 𝑢 ⇔ ||𝑢𝑛 − 𝑢||𝑋 → 0
⇔ ||∇𝑢𝑛 − ∇𝑢||𝐿𝑝(·) (Ω;R𝑁 ) → 0
⇔ 𝜌(∇𝑢𝑛 − ∇𝑢) → 0,

o que conclui a prova.

Proposição 3.4.2. Seja 𝜑 : Ω × [0, ∞) −→ [0, ∞) a função da hipótese (H1), então a



aplicação 𝛬 : 𝐿𝑝(·) (Ω) −→ 𝐿𝑝 (·) (Ω) dada por

𝛬(𝑢) = 𝜑(𝑥, |𝑢|)𝑢, 𝑢 ∈ 𝐿𝑝(·) (Ω),

está bem definida e é contínua.


Prova: Observe que pela hipótese (H2),
𝑝′ (𝑥)
|𝜑(𝑥, |𝑣|)𝑣| ≤ 𝑎(𝑥) + 𝑏|𝑣|𝑝(𝑥)−1 = 𝑎(𝑥) + 𝑏|𝑣| 𝑝(𝑥) ,

𝑝(𝑥)
pois 𝑝′ (𝑥) = 𝑝(𝑥)−1
. Disso da Proposição 2.1.16, temos o resultado desejado.

Proposição 3.4.3. A aplicação 𝐷 : 𝐿𝑝(𝑥) (Ω; R𝑁 ) −→ 𝑋 * dada por:


∫︁
𝐷(𝑣) · 𝑤 = ⟨𝑣(𝑥), ∇𝑤(𝑥)⟩, 𝑣, 𝑤 ∈ 𝑋.
Ω

é um operador linear limitado.


Prova: Inicialmente, precisamos mostrar que, para cada 𝑣 ∈ 𝑋, 𝐷𝑣 : 𝑋 → R é um
funcional linear contínuo. A linearidade é imediata. Para a prova da continuidade, seja
(𝑤𝑛 )𝑛∈N uma sequência em 𝑋, tal que 𝑤𝑛 → 𝑤 em 𝑋.
Afirmação 1. (|∇𝑤𝑛 |)𝑛∈N é uma sequência limitada. Com efeito, como

𝑤𝑛 → 𝑤 ⇔ ||𝑤𝑛 − 𝑤||𝑋 → 0
⇔ 𝜌(∇𝑤𝑛 − ∇𝑤) → 0
∫︁
⇔ |∇𝑤𝑛 − ∇𝑤|𝑑𝑥 → 0
Ω

⇔ |∇𝑤𝑛 − ∇𝑤| → 0,

segue que (|∇𝑤𝑛 − ∇𝑤|)𝑛∈N é limitada em R𝑁 . Suponha, por absurdo, que (|∇𝑤𝑛 |)𝑛∈N
não seja limitada. Logo, para cada 𝑘 ∈ N, existe 𝑛𝑘 ≥ 𝑘, tal que,

|∇𝑤𝑛𝑘 | ≥ 𝑘, ∀ 𝑘 ∈ N.
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 83

Por outro lado, |∇𝑤𝑛𝑘 | ≤ |∇𝑤𝑛𝑘 − ∇𝑤| + |∇𝑤|, para todo 𝑘 ∈ N, donde concluímos que
a subsequência (|∇𝑤𝑛𝑘 − ∇𝑤|)𝑘∈N não é convergente em R𝑁 por não ser limitada. O que
é uma contradição. Com isto provamos a afirmação Afirmação 1.
Assim, existe 𝑀1 > 0 tal que |∇𝑤𝑛 (𝑥)| ≤ 𝑀1 para todo 𝑛 ∈ N e todo 𝑥 ∈ Ω.
Defina então 𝑔1 : Ω → R e a sequência de funcionais (𝑓𝑛 )𝑛∈N de Ω em R por:

𝑔1 (𝑥) = |𝑣(𝑥)|𝑀1 , ∀ 𝑥 ∈ Ω;
e
𝑓𝑛 (𝑥) = ⟨𝑣(𝑥), ∇𝑤𝑛 (𝑥)⟩, ∀ 𝑥 ∈ Ω, ∀ 𝑛 ∈ N.

Observe que |𝑓𝑛 (𝑥)| = |⟨𝑣(𝑥), ∇𝑤𝑛 (𝑥)⟩| ≤ |𝑣(𝑥)||∇𝑤𝑛 (𝑥)| ≤ 𝑔1 (𝑥), e lim 𝑓𝑛 (𝑥) = ⟨𝑣(𝑥), ∇𝑤(𝑥)⟩,
𝑛→∞
para todo 𝑥 ∈ Ω. Disto e pelo teorema da convergência dominada (??) temos
∫︁ ∫︁
lim 𝑓𝑛 𝑑𝑥 = lim 𝑓𝑛 𝑑𝑥
𝑛→∞ Ω Ω 𝑛→∞


∫︁ ∫︁
lim ⟨𝑣(𝑥), ∇𝑤𝑛 (𝑥)⟩𝑑𝑥 = lim ⟨𝑣(𝑥), ∇𝑤𝑛 (𝑥)⟩𝑑𝑥
𝑛→∞ Ω 𝑛→∞
∫︁Ω
= ⟨𝑣(𝑥), ∇𝑤(𝑥)⟩𝑑𝑥 = 𝐷(𝑣) · 𝑤
Ω


lim 𝐷(𝑣) · 𝑤𝑛 = 𝐷(𝑣) · 𝑤.
𝑛→∞

Com isto provamos a continuidade de 𝐷(𝑣). Portanto, a aplicação 𝐷 está bem definida.
Af. 2. 𝐷 é uma aplicação contínua.
Fixado 𝑤 ∈ 𝑋, de modo arbitrário, seja (𝑣𝑛 )𝑛∈N uma sequência em 𝑋, tal que
𝑣𝑛 → 𝑣 ∈ 𝑋. Observe que em particular (|𝑣𝑛 |)𝑛∈N é uma sequência limitada. De fato,

𝑣𝑛 → 𝑣 ⇔ ||𝑣𝑛 − 𝑣||𝑋 → 0
⇔ 𝜌(∇𝑣𝑛 − ∇𝑣) → 0
∫︁
⇔ |∇𝑣𝑛 − ∇𝑣|𝑑𝑥 → 0
Ω

⇔ |∇𝑣𝑛 − ∇𝑣| → 0,

De maneira análoga ao realizado com a sequência (|∇𝑤𝑛 − ∇𝑤|)𝑛∈N , concluímos que


(|∇𝑣𝑛 − ∇𝑣|)𝑛∈N é limitada em R𝑁 . Mas isto por sua vez implica então que (|𝑣𝑛 |)𝑛∈N é
limitada. Logo, existe 𝑀2 > 0 tal que |𝑣𝑛 (𝑥)| ≤ 𝑀2 para todo 𝑛 ∈ N e todo 𝑥 ∈ Ω. Defina
então 𝑔2 : Ω → R e a sequência de funcionais (ℎ𝑛 )𝑛∈N de Ω em R por:

𝑔2 (𝑥) = |∇𝑤(𝑥)|𝑀2 , ∀ 𝑥 ∈ Ω;
e
ℎ𝑛 (𝑥) = ⟨𝑣(𝑥), ∇𝑤(𝑥)⟩, ∀ 𝑥 ∈ Ω, ∀ 𝑛 ∈ N.
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 84

Observe que |ℎ𝑛 (𝑥)| = |⟨𝑣𝑛 (𝑥), ∇𝑤(𝑥)⟩| ≤ |𝑣𝑛 (𝑥)||∇𝑤(𝑥)| ≤ 𝑔1 (𝑥), e 𝑛→∞
lim 𝑓𝑛 (𝑥) = ⟨𝑣(𝑥), ∇𝑤(𝑥)⟩,
para todo 𝑥 ∈ Ω. Disto e pelo teorema da convergência dominada (??) temos
∫︁ ∫︁
lim
𝑛→∞
𝑓𝑛 𝑑𝑥 = lim 𝑓𝑛 𝑑𝑥
Ω Ω 𝑛→∞


∫︁ ∫︁
lim
𝑛→∞
⟨𝑣𝑛 (𝑥), ∇𝑤(𝑥)⟩𝑑𝑥 = lim ⟨𝑣𝑛 (𝑥), ∇𝑤(𝑥)⟩𝑑𝑥
𝑛→∞
Ω ∫︁Ω
= ⟨𝑣(𝑥), ∇𝑤(𝑥)⟩𝑑𝑥 = 𝐷(𝑣) · 𝑤
Ω


lim 𝐷(𝑣𝑛 ) · 𝑤 = 𝐷(𝑣) · 𝑤.
𝑛→∞

Com isto provamos a continuidade de 𝐷. O que conclui a prova.

3.4.2 Fatos utilizados na Proposição (3.1.2).

Proposição 3.4.4. Para quase todo 𝑥 ∈ Ω, a aplicação 𝜓𝑖 : R𝑁 −→ R, definida por


𝜓𝑖 (𝑢) = 𝜑(𝑥, |𝑢|)𝑢𝑖 , possui todas as derivadas parciais. Além disso,
𝜕𝜓𝑖 1 𝑑𝜑
(𝑢) = (𝑥, |𝑢|)𝑢𝑖 𝑢𝑗 + 𝜑(𝑥, |𝑢|)𝛿𝑖,𝑗 ,
𝜕𝑢𝑗 |𝑢| 𝑑𝑠
𝑑𝜑
onde, estamos denotando por (𝑥, |𝑢|), a derivada da função 𝑠 ↦−→ 𝜑(𝑥, 𝑠).
𝑑𝑠
Prova: Inicialmente, por 𝜑(𝑥, ·) ser localmente absolutamente contínua, para quase todo
ponto 𝑥 ∈ Ω, o Teorema ?? garante que 𝜑(𝑥, ·) é contínua e diferenciável em quase todo
ponto de Ω.
Se 𝑥 ∈ Ω é tal que 𝑔1 = 𝜑(𝑥, ·) é diferenciável e denote 𝑔2 := | · | é a função norma
em R𝑁 , então 𝜓𝑖 = 𝑔1 ∘ 𝑔2 . Utilizando o fato de que
𝜕𝑔2 𝑢𝑗
(𝑢) = ,
𝜕𝑢𝑗 |𝑢|
temos, pela Regra da Cadeia, Proposição 5.5.6,
𝜕𝜓𝑖
(𝑥, 𝑢) = 𝑔1′ (𝑔2 (𝑢)) · 𝑔2′ (𝑢)
𝜕𝑢𝑗
𝑢𝑗
= 𝑔1′ (𝑔2 (𝑢))
|𝑢|
𝑑𝜑 𝑢𝑗
= (𝑥, |𝑢|) ,
𝑑𝑠 |𝑢|
𝑑𝜑
onde estamos denotando (𝑥, |𝑢|) = 𝑔1′ (𝑔2 (𝑢)). A aplicação projeção 𝜋𝑖 (𝑢) = 𝑢𝑖 é tal
𝑑𝑠
que
𝜕𝜋𝑖
(𝑢) = 𝛿𝑖,𝑗 .
𝜕𝑢𝑗
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 85

Como 𝜓𝑖 (𝑢) = (𝑔1 ∘ 𝑔2 )(𝑢) · 𝜋𝑖 (𝑢), pela Regra do Produto, Proposição ??, temos
𝜕𝜓𝑖
(𝑥, 𝑢) = ((𝑔1 ∘ 𝑔2 ) · 𝜋𝑖 )′ (𝑢)
𝜕𝑢𝑗
= (𝑔1 ∘ 𝑔2 )′ (𝑢) · 𝜋𝑖 (𝑢) + (𝑔1 ∘ 𝑔2 )(𝑢) · 𝜋𝑖′ (𝑢)
1 𝑑𝜑
= (𝑥, |𝑢|)𝑢𝑗 𝑢𝑖 + 𝜑(𝑥, |𝑢|)𝛿𝑖,𝑗 .
|𝑢| 𝑑𝑠

Proposição 3.4.5. Para quase todo 𝑥 ∈ Ω, vale a igualdade


𝑁
∫︁ 1 ∑︁
𝜕𝜓𝑖
𝜓𝑖 (𝑢) − 𝜓𝑖 (𝑣) = (𝑥, 𝑢)(𝑢𝑗 − 𝑣𝑗 ).
0 𝑗=1 𝜕𝑢𝑗

Prova: Sejam 𝑢, 𝑣 ∈ R𝑁 e defina 𝛼 : [0, 1] −→ R𝑁 e 𝜙 : [0, 1] −→ R, respectivamente, por

𝛼(𝑡) = 𝑣 + 𝑡(𝑢 − 𝑣) ∀ 𝑡 ∈ [0, 1] e 𝜙 = 𝜓𝑖 ∘ 𝛼.

Pela Regra da Cadeia, Proposição ??,

𝜙′ (𝑡) = (𝜓𝑖 ∘ 𝛼)′ (𝑡) = 𝜓𝑖′ (𝛼(𝑡)) · 𝛼′ (𝑡)


𝑛
𝜕𝜓𝑖
(𝛼(𝑡)) · 𝛼𝑗′ (𝑡)
∑︁
=
𝑗=1 𝜕𝑢 𝑗
𝑛
𝜕𝜓𝑖
(𝑥, 𝑢) · 𝛼𝑗′ (𝑡).
∑︁
=
𝑗=1 𝜕𝑢 𝑗

Pelo Teorema Fundamental do Cálculo,


∫︁ 1
𝜙′ (𝑡) = 𝜙(1) − 𝜙(0)
0

= (𝜓𝑖 ∘ 𝛼)(1) − (𝜓𝑖 ∘ 𝛼)(0)


= 𝜓𝑖 (𝑢) − 𝜓𝑖 (𝑣)

Consequentemente,
𝑁
∫︁ 1 ∑︁
𝜕𝜓𝑖
𝜓𝑖 (𝑢) − 𝜓𝑖 (𝑣) = (𝑥, 𝑢)(𝑢𝑗 − 𝑣𝑗 )𝑑𝑡.
0 𝑗=1 𝜕𝑢𝑗

3.4.3 Fatos utilizados em vários momentos

Proposição 3.4.6. Se a condição (H3) é válida, então dado 𝑢 ∈ 𝑋, temos:


(i) Se ||𝑢||𝑋 ≥ 1, então
∫︁
𝑐 − 𝑐 −
Φ0 (𝑥, |∇𝑢|)𝑑𝑥 ≥ + ||∇𝑢||𝑝𝐿𝑝(·) = + ||𝑢||𝑝𝑋 ;
Ω 𝑝 𝑝
(ii) Se ||𝑢||𝑋 ≤ 1, então
∫︁
𝑐 + 𝑐 +
Φ0 (𝑥, |∇𝑢|)𝑑𝑥 ≥ +
||∇𝑢||𝑝𝐿𝑝(·) = + ||𝑢||𝑝𝑋 .
Ω 𝑝 𝑝
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 86

Prova: Por (H3), temos


∫︁ ∫︁ ∫︁ |∇𝑢|
Φ0 (𝑥, |∇𝑢|)𝑑𝑥 = 𝜑(𝑥, 𝜂)𝜂𝑑𝜂𝑑𝑥
Ω Ω 0
∫︁ ∫︁ |∇𝑢|
≥ 𝑐𝜂 𝑝(𝑥)−1 𝑑𝜂𝑑𝑥
Ω 0
∫︁
|∇𝑢𝑛 |𝑝(𝑥)
= 𝑐 𝑑𝑥
Ω 𝑝(𝑥)
𝑐 ∫︁
≥ + |∇𝑢|𝑑𝑥
𝑝 Ω
𝑐
= + 𝜌(∇𝑢).
𝑝

(i) Caso ||𝑢||𝑋 ≥ 1, Como ||∇𝑢||𝐿𝑝(·) = ||𝑢||𝑋 , pela proposição (2.1.5), temos 𝜌(∇𝑢) ≥
− − −
||∇𝑢||𝑝𝐿𝑝(𝑥) , donde 𝑝𝑐+ 𝜌(∇𝑢𝑛 ) ≥ 𝑝𝑐+ ||∇𝑢||𝑝𝐿𝑝(𝑥) = 𝑝𝑐+ ||𝑢||𝑝𝑋 . O caso (ii) é semelhante ao
anterior, por isso, será omitida.

Proposição 3.4.7. Se 1 < 𝑟(𝑥) < 𝑝* (𝑥) para todo 𝑥 ∈ Ω, então existe uma imersão de
𝑋 em 𝐿𝑟(·) (Ω) compacta.
Prova: Defina 𝑙(𝑥) = 𝑝* (𝑥) − 𝑟(𝑥), para todo 𝑥 ∈ Ω. Sendo 𝑙 contínua definida num
compacto, existe 𝑥0 ∈ Ω, tal que

𝑙(𝑥0 ) = inf 𝑙(𝑥).


𝑥∈Ω

Como 𝑟(𝑥) < 𝑝* (𝑥) para todo 𝑥 ∈ Ω, temos 𝑙(𝑥0 ) > 0. Segue então que,

inf (𝑝* (𝑥) − 𝑟(𝑥)) ≥ inf (𝑝* (𝑥) − 𝑟(𝑥))


𝑥∈Ω 𝑥∈Ω

= inf 𝑙(𝑥) > 0.


𝑥∈Ω

Disso e pela Proposição 2.2.4, existe uma imersão compacta de 𝑋 em 𝐿𝑟(·) (Ω).

3.4.4 Fatos utilizados no primeiro teorema de existência, Teorema (3.2.1)

Proposição 3.4.8. Vale a seguinte desigualdade:


+
Φ0 (𝑥, 𝑠|𝜉|) ≤ 𝑠𝑝 Φ0 (𝑥, |𝜉|).

Prova: De fato, basta definirmos 𝑔(𝑡) = Φ0 (𝑥, 𝑡|𝜉|). Assim,

1
𝑔 ′ (𝑡) = 𝜑(𝑥, 𝑡|𝜉|)𝑡|𝜉|2 = 𝜑(𝑥, 𝑡|𝜉|)⟨𝑡𝜉, 𝑡𝜉⟩
𝑡
𝑝+ 𝑝+
≤ Φ0 (𝑥, 𝑡|𝜉|) = 𝑔(𝑡).
𝑡 𝑡
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 87

𝑔 ′ (𝑡) 𝑝+
o que implica em ≤ 𝑡
. Logo, para 𝑠 ≤ 1,
𝑔(𝑡)
∫︁ 𝑠 ′ ∫︁ 𝑠 +
𝑔 (𝑡) 𝑝
≤ , ⇒ ln 𝑔(𝑠) − ln 𝑔(1) ≤ 𝑝+ ln(𝑠)
1 𝑔(𝑡) 1 𝑡
𝑔(𝑠) +
⇒ ≤ 𝑠𝑝
𝑔(1)
+
⇒ Φ0 (𝑥, 𝑠|𝜉|) ≤ 𝑠𝑝 Φ0 (𝑥, 𝑠|𝜉|),

como queríamos.

Proposição 3.4.9. Se as hipóteses (F1) e (F3), são válidas, então existem 𝑐1 > 0 e
𝑐2 > 0, tais que

𝐹 (𝑥, 𝑡) ≥ 𝑐1 |𝑡|𝜃1 − 𝑐2 , ∀ (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R.

Prova: Inicialmente, por 𝑓 ser uma função de Carathéodory, temos que sua primitiva
𝐹 (𝑥, ·) é de classe 𝐶 1 , q.t.p. 𝑥 ∈ Ω. Por (F3), para 𝑡 ≥ 𝑀1 ,

0<
𝜃1
𝑡

𝑓 (𝑥, 𝑡)
𝐹 (𝑥, 𝑡)
, ∀ 𝑥 ∈ Ω. A
( )

O próximo passo será tomar a integral de 𝑀1 a 𝑡 na desigualdade acima. Fixemos 𝑥 ∈ Ω,


de modo que 𝐹 (𝑥, ·) seja de classe 𝐶 1 . ∫︁ Definimos 𝐻1 : [𝐹 (𝑥, 𝑀1 ), 𝐹 (𝑥, 𝑡)] → R, por
1 𝑠
𝐻1 (𝑠) = e 𝑔1 : [𝑀1 , 𝑡] → R, 𝑔1 (𝑠) = 𝑓 (𝑥, 𝜎)𝑑𝜎. Mostraremos que a composição
𝑠 0
𝐻1 ∘𝑔1 está bem definida. De fato, 𝑔1 (𝑀1 ) = 𝐹 (𝑥, 𝑀1 ) e 𝑔1 (𝑡) = 𝐹 (𝑥, 𝑡). Para verificarmos
a inclusão 𝑔1 ([𝑀1 , 𝑡]) ⊂ [𝐹 (𝑥, 𝑀1 ), 𝐹 (𝑥, 𝑡)], mostraremos que 𝑔1 é um homeomorfismo.
Sejam 𝑠1 , 𝑠2 ∈ [𝑀1 , 𝑡] com 𝑠1 ≤ 𝑠2 . Observe que (F3) garante que 𝑓 (𝑥, 𝑠) > 0 para todo
𝑠 ∈ [𝑀1 , 𝑡]. Assim,
∫︁ 𝑠1 ∫︁ 𝑠2
𝑔1 (𝑠2 ) = 𝑓 (𝑥, 𝜎)𝑑𝜎 + 𝑓 (𝑥, 𝜎)𝑑𝜎
0 𝑠1
∫︁ 𝑠2
= 𝑔1 (𝑠) + 𝑓 (𝑥, 𝜎)𝑑𝜎,
𝑠1

o que implica em 𝑔1 (𝑠1 ) ≤ 𝑔1 (𝑠2 ). Logo 𝑔1 é crescente. Sendo 𝑔1 contínua, por ser de
classe 𝐶 1 , temos que 𝑔1 é um homeomorfismo de [𝑀1 , 𝑡] em [𝐹 (𝑥, 𝑀1 ), 𝐹 (𝑥, 𝑡)], por que
𝑔1 (𝑀1 ) = 𝐹 (𝑥, 𝑀1 ) e 𝑔1 (𝑡) = 𝐹 (𝑡). Assim, podemos utilizar a Proposição 5.5.9 para
concluir que
∫︁ 𝐹 (𝑥,𝑡) ∫︁ 𝑡
𝐻1 (𝑠)𝑑𝑠 = 𝑓 (𝑔1 (𝜎))𝑔1′ (𝜎)𝑑𝜎
𝐹 (𝑥,𝑀1 ) 𝑀1

De outro modo,
∫︁ 𝐹 (𝑥,𝑡) ∫︁ 𝑡
1 𝑓 (𝑥, 𝜎)
𝑑𝑠 = 𝑑𝜎,
𝐹 (𝑥,𝑀1 ) 𝑠 𝑀1 𝐹 (𝑥, 𝜎)
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 88

ou seja,
∫︁ 𝑡
𝑓 (𝑥, 𝜎)
ln 𝐹 (𝑥, 𝑡) − ln 𝐹 (𝑥, 𝑀1 ) = 𝑑𝜎.
𝑀1 𝐹 (𝑥, 𝜎)

A
Integrando a desigualdade dada em ( ) de 𝑀1 a 𝑡, utilizando a igualdade acima e as
propriedades usuais da função ln, obtemos, para todo 𝑡 ≥ 𝑀1 , e quase todo 𝑥 ∈ Ω,

𝐹 (𝑥, 𝑀1 ) 𝜃1
𝐹 (𝑥, 𝑡) ≥ 𝑡 .
𝑀1𝜃1

Disto e pela condição de crescimento (F2), podemos considerar

𝐾1 = ess inf 𝐹 (𝑥, 𝑀1 ),


𝑥∈Ω

𝐾1
e, assim, obter 𝐹 (𝑥, 𝑡) ≥ 𝐶1 𝑡𝜃1 , para quase todo 𝑥 ∈ Ω e para todo 𝑡 ≥ 𝑀1 , com 𝐶1 = .
𝑀1𝜃1

Caso 𝑡 ≤ −𝑀1 , por (F3),

0<
𝑓 (𝑥, 𝑡)
𝐹 (𝑥, 𝑡)
𝜃1
≤ , ∀ 𝑥 ∈ Ω.
𝑡
AA)
(

1
Novamente, definindo 𝐻2 : [𝐹 (𝑥, 𝑡), 𝐹 (𝑥, −𝑀1 )] → R, por 𝐻2 (𝑠) = e 𝑔2 : [𝑡, −𝑀1 ] → R
∫︁ 𝑠 𝑠
por 𝑔2 (𝑠) = 𝑓 (𝑥, 𝜎)𝑑𝜎. Temos, 𝑔2 (𝑡) = 𝐹 (𝑥, 𝑡) e 𝑔2 (−𝑀1 ) = 𝐹 (𝑥, −𝑀1 ). Para mostrar
0
a inclusão 𝑔2 ([𝑡, −𝑀1 ]) ⊂ [𝐹 (𝑥, 𝑡), 𝐹 (𝑥, −𝑀1 )], sejam 𝑠1 , 𝑠2 ∈ [𝑡, −𝑀1 ] com 𝑠1 ≤ 𝑠2 .
Observe que (F3) garante que 𝑓 (𝑥, 𝑠) < 0 para todo 𝑠 ∈ [𝑡, −𝑀1 ]. Assim,
∫︁ 𝑠1 ∫︁ 𝑠2
𝑔1 (𝑠2 ) = 𝑓 (𝑥, 𝜎)𝑑𝜎 + 𝑓 (𝑥, 𝜎)𝑑𝜎
0 𝑠1
∫︁ 𝑠2
= 𝑔1 (𝑠) + 𝑓 (𝑥, 𝜎)𝑑𝜎,
𝑠1

o que implica, 𝑔2 (𝑠1 ) ≥ 𝑔2 (𝑠2 ). Logo 𝑔2 é decrescente. Sendo 𝑔2 contínua, então é um


homeomorfismo de [𝑡, −𝑀1 ] em [𝐹 (𝑥, 𝑡), 𝐹 (𝑥, −𝑀1 )]. Novamente, podemos utilizar a Pro-
posição 5.5.9 para concluir que
∫︁ 𝐹 (𝑥,−𝑀1 ) ∫︁ −𝑀1
𝐻2 (𝑠)𝑑𝑠 = 𝑓 (𝑔2 (𝜎))𝑔2′ (𝜎)𝑑𝜎.
𝐹 (𝑥,𝑡) 𝑡

Logo,
∫︁ 𝐹 (𝑥,−𝑀1 ) ∫︁ −𝑀1
1 𝑓 (𝑥, 𝜎)
𝑑𝑠 = 𝑑𝜎,
𝐹 (𝑥,𝑡) 𝑠 𝑡 𝐹 (𝑥, 𝜎)
e assim,
∫︁ −𝑀1
𝑓 (𝑥, 𝜎)
ln 𝐹 (𝑥, −𝑀1 ) − ln 𝐹 (𝑥, 𝑡) = 𝑑𝜎.
𝑡 𝐹 (𝑥, 𝜎)
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 89

Integrando a desigualdade ( AA) de 𝑡 a −𝑀1, temos pela última igualdade,


𝐹 (𝑥, −𝑀1 ) ⃒⃒ 𝑀1 ⃒⃒𝜃1
⃒ ⃒
≤⃒
𝐹 (𝑥, 𝑡) 𝑡 ⃒
De outro modo, para todo 𝑡 ≤ −𝑀1 , e quase todo 𝑥 ∈ Ω,

𝑡 ⃒⃒𝜃1
⃒ ⃒

𝐹 (𝑥, 𝑡) ≥ ⃒ 𝐹 (𝑥, −𝑀1 ), 𝑡 ≤ −𝑀1 .
𝑀1 ⃒

Disso e da condição de crescimento dada em (F2), podemos considerar

𝐾2 = ess inf 𝐹 (𝑥, −𝑀1 ),


𝑥∈Ω

e, assim, obter 𝐹 (𝑥, 𝑡) ≥ 𝐶2 𝑡𝜃1 , para quase todo 𝑥 ∈ Ω e para todo 𝑡 ≤ −𝑀1 , com
𝐾2
𝐶 2 = 𝜃1 .
𝑀1
Se 𝑐1 = min{𝐶1 , 𝐶2 }, então

𝐹 (𝑥, 𝑡) ≥ 𝑐1 |𝑡|𝜃1 , ∀ |𝑡| ≥ 𝑀1 , q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.

Considerando-se

𝑀2 = ess inf 𝐹 (𝑥, 𝑡),


𝑥∈Ω
𝑡∈[−𝑀1 ,𝑀1 ]

então podemos escolher 𝑐2 > 0 de modo que

𝑐2 ≥ 𝑐1 |𝑡|𝜃1 − 𝑀2 ∀ 𝑡 ∈ R, q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.

Consequentemente, 𝐹 (𝑥, 𝑡) ≥ 𝑀2 ≥ 𝑐1 |𝑡|𝜃1 − 𝑐2 , para todo 𝑡 ∈ [−𝑀1 , 𝑀1 ], e assim,

𝐹 (𝑥, 𝑡) ≥ 𝑐1 |𝑡|𝜃1 − 𝑐2 ,

para todo (𝑥, 𝑡) ∈ Ω × R, a menos de conjunto de medida nula, com 𝑐1 > 0 e 𝑐2 > 0
constantes.

3.4.5 Fatos utilizado no segundo teorema de existência, Teorema (3.2.2)

Proposição 3.4.10. Assumindo as hipóteses do teorema 3.2.2, então vale a mudança de


variáveis
∫︁ −𝑢 ∫︁ 𝑢
𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑑𝑠 = 𝑓 (𝑥, 𝜎)𝑑𝜎, q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.
0 0

Prova: Fixe 𝑥 ∈ Ω de modo que 𝑓 (𝑥, ·) seja contínua. Considerando o caso 𝑢(𝑥) ≥ 0, de-
finimos 𝑔 : [0, 𝑢(𝑥)] → R, por 𝑔(𝑠) = −𝑠 e 𝑓 : [−𝑢(𝑥), 0] → R, por 𝑓 (𝜎) = 𝑓 (𝑥, 𝜎). Temos,
𝑔(0) = 0 e 𝑔(𝑢(𝑥)) = −𝑢(𝑥). Para mostrar a inclusão 𝑔([0, 𝑢(𝑥)]) ⊂ [−𝑢(𝑥), 0], observe
que 𝑔 ′ (𝑠) = −1 < 0 para todo 𝑠 ∈ [0, 𝑢(𝑥)]. Logo 𝑔 é decrescente. Com isso, podemos
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 90

concluir que 𝑔 é um homeomorfismo de [0, 𝑢(𝑥)] em [−𝑢(𝑥), 0]. Portanto, podemos utilizar
a Proposição 5.5.9 para concluir que
∫︁ 𝑔(𝑢(𝑥)) ∫︁ 𝑢(𝑥)
𝑓 (𝑠)𝑑𝑠 = 𝑓 (𝑔(𝜎))𝑔 ′ (𝜎)𝑑𝜎
𝑔(0) 0


∫︁ −𝑢(𝑥) ∫︁ 𝑢(𝑥)
𝑓 (𝑥, 𝑠)𝑑𝑠 = 𝑓 (𝑥, −𝜎)(−1)𝑑𝜎
0 0
∫︁ 𝑢(𝑥) ∫︁ 𝑢(𝑥)
= −𝑓 (𝑥, 𝜎)(−1)𝑑𝜎 = 𝑓 (𝑥, 𝜎)𝑑𝜎.
0 0

Onde, na penúltima igualdade utilizamos a hipótese 𝑓 (𝑥, −𝜎) = −𝑓 (𝑥, 𝜎) do Teorema


(3.2.2). O caso 𝑢(𝑥) ≤ 0 é análogo a este. .

3.5 Discussões adicionais


Durante o estudo deste capítulo, e também no anterior, utilizamos algumas ideias
da Dissertação de Mestrado do Cícero Januário Guimarães, intitulada: Sobre os Espaços
de Lebesgue e Sobolev Generalizados e Aplicações Envolvendo o 𝑝(𝑥)-Laplaciano, Veja
(GUIMARÃES, C. J. 2006). Baseado-se ainda em ideias vistas nessa dissertação, podemos
fazer alguns comentários interessantes a respeito das Proposições 3.1.4 e 3.1.6.
Primeiro, se assumirmos que 𝑓 é estritamente convexa, então teríamos 𝐹 também
estritamente convexa. Disso e pela Proposição 5.6.4 vamos ter que Ψ′ é estritamente
monótono. Com isso, podemos provar a seguinte propriedade:
(viii) Ψ′ é um homeomorfismo.
A sobrejetividade vem através do Teorema de Minty-Browder, Proposição (5.6.8),
o qual necessita como hipóteses, que 𝑋 seja reflexivo e que Ψ′ seja monótono e coercivo.
Assim sendo, podemos concluir que Ψ′ é sobrejetivo.
Para a injetividade, sejam 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑋 com 𝑢 ̸= 𝑣. Pela monotonicidade estrita de
Ψ′ ,

(Ψ′ (𝑢) − Ψ′ (𝑣)) · (𝑢 − 𝑣) > 0.

Assim, existe 𝑤 = 𝑢 − 𝑣, tal que Ψ′ (𝑢) · 𝑤 ̸= Ψ′ (𝑣) · 𝑤, donde Ψ′ (𝑢) ̸= Ψ′ (𝑣). Portanto, Ψ′
é injetiva.
Provado a existência de Γ = (Ψ′ )−1 , resta-nos provar sua continuidade. Com efeito,
sejam (𝑔𝑛 )𝑛∈N em 𝑋 * , tal que 𝑔𝑛 → 𝑔 ∈ 𝑋 * . Considere 𝑢𝑛 = Γ(𝑔𝑛 ), para todo 𝑛 ∈ N e
𝑢 = Γ(𝑔). Como Γ é uma bijeção, Γ−1 (𝑢𝑛 ) = 𝑔𝑛 , para todo 𝑛 ∈ N e Γ−1 (𝑢) = 𝑔.
Afirmação. (𝑢𝑛 )𝑛∈N é uma sequência limitada em 𝑋. De fato, como Γ−1 = Ψ′ é um
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 91

operador contínuo,

Γ−1 (𝑢𝑛 ) · 𝑢𝑛 ≤ |Γ−1 (𝑢𝑛 ) · 𝑢𝑛 |


≤ ||Γ−1 (𝑢𝑛 )||𝑋 * ||𝑢𝑛 ||𝑋

−1
Γ (𝑢𝑛 ) · 𝑢𝑛
≤ ||𝑔𝑛 ||𝑋 * , ∀𝑛 ∈ N.
||𝑢𝑛 ||𝑋

Se, por absurdo, supormos que exista alguma subsequência (𝑢𝑛𝑘 )𝑘∈N de (𝑢𝑛 )𝑛∈N , tal que
||𝑢𝑛𝑘 ||𝑋 → ∞, teremos ||𝑔𝑛𝑘 ||𝑋 * → ∞, pois Ψ′ é coerciva. Mas isto contradiz o fato de
(𝑔𝑛 )𝑛∈N ser limitada em 𝑋 * . Como 𝑋 é reflexivo, existe uma subsequência (𝑢𝑛𝑙 )𝑙∈N de
(𝑢𝑛 )𝑛∈N , tal que

𝑢𝑛 ⇀ 𝑢0 ,

para algum 𝑢0 ∈ 𝑋. Por outro lado,

(Γ−1 (𝑢𝑛𝑙 ) − Γ−1 (𝑢0 )) · (𝑢𝑛𝑙 − 𝑢0 ) = Γ−1 (𝑢𝑛𝑙 ) · (𝑢𝑛𝑙 − 𝑢0 ) − Γ−1 (𝑢0 ) · (𝑢𝑛𝑙 − 𝑢0 )
= 𝑔𝑛𝑙 (𝑢𝑛𝑙 − 𝑢0 ) − Γ−1 (𝑢0 ) · (𝑢𝑛𝑙 − 𝑢0 )
= (𝑔𝑛𝑙 − 𝑔)(𝑢𝑛𝑙 − 𝑢0 ) + (𝑔 − Γ−1 (𝑢0 )) · (𝑢𝑛𝑙 − 𝑢0 ).

Mas lim (𝑔𝑛𝑙 − 𝑔)(𝑢𝑛𝑙 − 𝑢0 ) = 0, pois 𝑔𝑛𝑙 → 𝑔 em 𝑋 * e também


𝑙→∞

lim (𝑔 − Γ−1 (𝑢0 ))(𝑢𝑛𝑙 − 𝑢0 ) = 0,


𝑙→∞

pois 𝑢𝑛𝑙 ⇀ 𝑢0 . Com isso, concluímos que

lim sup(Γ−1 (𝑢𝑛𝑙 ) − Γ−1 (𝑢0 ))(𝑢𝑛𝑙 − 𝑢0 ) = lim (Γ−1 (𝑢𝑛𝑙 ) − Γ−1 (𝑢0 ))(𝑢𝑛𝑙 − 𝑢0 ) = 0.
𝑛→∞ 𝑙→∞

Como Γ−1 satisfaz a condição (𝑆+ ), vale 𝑢𝑛𝑙 → 𝑢0 em 𝑋. Disto e pela continuidade de
Γ−1 ,

Γ−1 (𝑢𝑛𝑙 ) → Γ−1 (𝑢0 ), em 𝑋 * .

Como Γ−1 (𝑢𝑛𝑙 ) = 𝑔𝑛𝑙 , Γ−1 (𝑢0 ) = 𝑔0 , para algum 𝑔0 ∈ 𝑋 * , e (𝑔𝑛𝑙 )𝑙∈N é uma subsequência
de (𝑔𝑛 )𝑛∈N que converge para 𝑔; então pela unicidade do limite temos 𝑔0 = 𝑔 e com isso,
Γ−1 (𝑢0 ) = Γ−1 (𝑢). Mas pela injetividade de Γ−1 , temos 𝑢0 = 𝑢. Provamos assim que

Γ(𝑔𝑛𝑙 ) → Γ(𝑔), em 𝑋.

Para finalizar a prova, mostraremos que Γ(𝑔𝑛 ) → Γ(𝑔) em 𝑋. Suponhamos que isto não
ocorra. Então existem 𝜀 > 0 e uma subsequência (𝑔𝑛𝑘 )𝑘∈N de (𝑔𝑛 )𝑛∈N , tais que

‖Γ(𝑔𝑛𝑘 ) → Γ(𝑔)‖𝑋 ≥ 𝜀, ∀𝑘 ∈ N.
Capítulo 3. Uma Classe de Problemas do Tipo 𝑝(𝑥)-Laplaciano com Condição de Dirichlet 92

No entanto, 𝑔𝑛𝑘 → 𝑔 em 𝑋 * . Deste modo, repetindo o argumento inicial para (𝑔𝑛𝑘 )𝑘∈N no
lugar de (𝑔𝑛 )𝑛∈N , esta admitirá uma subsequência (𝑔𝑛𝑘𝑗 )𝑗∈N tal que Γ(𝑔𝑛𝑘𝑗 ) → Γ(𝑔) em 𝑋,
o que gera uma contradição. Logo, temos a validade de Γ(𝑔𝑛 ) → Γ(𝑔), garantido assim a
continuidade da Γ. Portanto, Ψ′ é um homeomorfismo.
Diante de Ψ′ ser um homeomorfismo, podemos dar uma prova diferente no final
da Proposição 3.1.6, a qual não precisa utilizar a condição (𝑆+ ).
Finalmente, como o espaço 𝑋 é reflexivo, pela Proposição 5.2.9, existe (𝑢𝑛𝑘 )𝑘∈N
subsequência de (𝑢𝑛 )𝑛∈N tal que, 𝑢𝑛𝑘 ⇀ 𝑢 em 𝑋. Na Proposição 3.1.4, provamos que Ψ é
completamente contínuo. Assim

lim Ψ(𝑢𝑛𝑘 ) = Ψ(𝑢).


𝑘→∞

Mas,

0 = lim 𝐼𝜆′ (𝑢𝑛 ) = lim 𝐼𝜆′ (𝑢𝑛𝑘 ) = lim (Φ(𝑢𝑛𝑘 ) − 𝜆Ψ(𝑢𝑛𝑘 )).
𝑛→∞ 𝑘→∞ 𝑘→∞

Disso, segue que lim Φ(𝑢𝑛𝑘 ) = 𝜆Ψ(𝑢). Sendo Φ um homeomorfismo,


𝑘→∞

lim 𝑢𝑛𝑘 = Γ(𝜆Ψ(𝑢)).


𝑘→∞

Portanto, 𝐼𝜆 satisfaz a condição (𝑃 𝑆)𝑐 , para todo 𝜆 > 0.


93

4 Conclusão

Este trabalho esteve focado na busca de soluções fracas não triviais para o Pro-
blema (PI), onde aqui, conseguimos provar dois teoremas neste sentido, com um deles,
garantindo a existência de uma infinidade de soluções fracas. Ainda, obtivemos um te-
orema de caracterização de um autovalor. Ambos os resultados utilizaram ferramentas
clássicas das Técnicas Variacionais, mostrando assim, o poder e a grande utilidade que
estes métodos ainda possuem no âmbito da pesquisa na área de Equações Diferenciais
Parciais.
O Problema (PI) possui diversas possibilidades de ramificação para gerar novos
problemas interessantes. Por exemplo, já existem trabalhos do tipo (𝑝(𝑥), 𝑞(𝑥))-laplaciano
que generalizam o problema estudado aqui. São eles o artigo Non-autonomous Eigenvalue
Problems with Variable (𝑝1 , 𝑝2 )-Growth de Sami Baraket, Souhail Chebbi, Nejmeddine
Chorfi e Vicent, iu D. Rădulescu publicado em 2017, veja (BARAKET, S. et al. 2017),
e o artigo Double phase problems with variable growth de Matija Cencelj, Vicențiu D.
Rădulescu, Dušan D. Repovš publicado em 2018, veja (CENCELEJ, M.; RĂDULESCU,
V.; REPOVŠ, D. D. 2018). Em ambos os artigo há poucas adaptações nas hipóteses. O
primeiro deles consegue mostrar a existência de um espectro contínuo e autovalores para
o problema
⎧ (︂ )︂ (︂ )︂
−div 𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢 − div 𝜓(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢 = 𝜆𝑓 (𝑥, 𝑢), 𝑥 ∈ Ω








𝑢 = 0, 𝑥 ∈ 𝜕Ω,

formado por um intervalo ilimitado de autovalores e uma vizinhança de 𝜆 = 0 onde não


há nenhum autovalor para o problema acima. Onde, Ω é um domínio limitado de R𝑁 com
fronteira suave . Enfim, o segundo artigo trabalha com o problema
⎧ (︂ )︂ (︂ )︂
−div 𝜑(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢 − div 𝜓(𝑥, |∇𝑢|)∇𝑢 + 𝑤(𝑥)𝜃(𝑥, |𝑢|)𝑢 =







𝜆(|𝑢|𝑟−2 + |𝑢|𝑠−2 ), 𝑥∈Ω







𝑢 = 0, 𝑥 ∈ 𝜕Ω,

onde, Ω é um domínio limitado de R𝑁 , com 𝑁 ≥ 2, fronteira suave, 𝑤 é um potencial


com peso indefinido e parâmetro 𝜆 ∈ R. Ali estuda-se a relação entre a existência de um
intervalo ilimitado de autovalores com um segundo intervalo associado a este onde se tem
a não existência de autovalores.
94

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97

5 Apêndices

5.1 Funções Convexas

Definição 5.1.1. Uma função 𝑓 : 𝐸 −→ R definida no R-espaço vetorial normado 𝐸 é


dita convexa se:

𝑓 ((1 − 𝛼)𝑥 + 𝛼𝑦) ≤ (1 − 𝛼)𝑓 (𝑥) + 𝛼𝑓 (𝑦), ∀𝛼 ∈ [0, 1], ∀𝑥, 𝑦 ∈ 𝐸. (5.1.1)

Exemplo 5.1.1. Se ‖ · ‖ : 𝐸 −→ R é a norma do R-espaço vetorial 𝐸, então ‖ · ‖ é uma


função convexa, já que, para quaisquer 𝑥, 𝑦 ∈ 𝐸 e para todo 𝛼 ∈ [0, 1],

‖(1 − 𝛼)𝑥 + 𝛼𝑦‖ ≤ ‖(1 − 𝛼)𝑥‖ + ‖𝛼𝑦‖


= (1 − 𝛼)‖𝑥‖ + 𝛼‖𝑦‖.

Proposição 5.1.2. Uma função diferenciável 𝑓 : 𝐼 −→ R é convexa se, e somente se, a


derivada 𝑓 ′ é uma função crescente.
Prova: Veja LIMA, E. L. (2012, p. 287, vol. 1).
Exemplo 5.1.2. Dado 𝑝 ≥ 1, a função 𝑓 : R −→ R dada por

𝑓 (𝑡) = 𝑡𝑝 , ∀ 𝑡 ∈ R

é convexa, visto que sua derivada 𝑓 ′ (𝑡) = 𝑝𝑡𝑝−1 é uma função crescente.

Proposição 5.1.3. Sejam 𝑓 : 𝐼 −→ R e 𝑔 : 𝐽 −→ R funções convexas, tal que 𝑓 (𝐼) ⊂ 𝐽.


Se 𝑔 é crescente, então a composição 𝑔 ∘ 𝑓 é convexa.
Prova: Dados 𝑠𝑡, ∈ 𝐼, 𝛼 ∈ [0, 1], temos, por 𝑓 ser convexa,

𝑓 ((1 − 𝛼)𝑡 + 𝛼𝑠) ≤ (1 − 𝛼)𝑓 (𝑡) + 𝛼𝑓 (𝑠),

com 𝑓 ((1 − 𝛼)𝑡 + 𝛼𝑠), (1 − 𝛼)𝑓 (𝑡) + 𝛼𝑓 (𝑠) ∈ 𝐽, já que 𝑓 (𝐼) ⊂ 𝐽. Por isso e por 𝑔 ser
crescente e convexa,

𝑔(𝑓 ((1 − 𝛼)𝑡 + 𝛼𝑠)) ≤ 𝑔((1 − 𝛼)𝑓 (𝑡) + 𝛼𝑓 (𝑠))


≤ (1 − 𝛼)𝑔(𝑓 (𝑡)) + 𝛼𝑔(𝑓 (𝑠)).

Portanto, 𝑔 ∘ 𝑓 é convexa.
Exemplo 5.1.3. Dado 𝑝 ≥ 1, funções 𝑓 : R −→ R e 𝑔 : [0, ∞) −→ R definidas por

𝑔(𝑠) = 𝑠𝑝 e 𝑓 (𝑡) = |𝑡|, ∀ 𝑠 ∈ [0, ∞0), ∀ 𝑡 ∈ R,

são convexas, 𝑓 (R) ⊂ [0, ∞) e 𝑔 é uma função crescente, segue pela proposição acima que
𝑔 ∘ 𝑓 é uma função convexa.
Capítulo 5. Apêndices 98

5.2 Teoria da Medida e Análise Funcional


Dado dois conjuntos 𝐴 e 𝑋, tais que 𝐴 ⊂ 𝑋, denotamos por 𝜒𝐴 : 𝑋 −→ R a
função dada por:

⎨ 1 se 𝑥 ∈ 𝐴 ;
𝜒𝐴 (𝑥) := ⎩
0 se 𝑥 ∈ 𝑋∖𝐴.

a qual chamamos de função característica de 𝐴.

Proposição 5.2.1. (Convergência Monótona de Lebesgue) Se uma sequência não decres-


cente (𝑓𝑛 ) ⊂ 𝑀 + converge em quase todo ponto para uma função 𝑓 , então
∫︁ ∫︁
𝑓𝑛 𝑑𝜇 → 𝑓 𝑑𝜇.

Prova: Veja Bartle (1995, p. 32).

Proposição 5.2.2. (Convergência Dominada de Lebesgue) Seja (𝑋, A, 𝜇) um espaço de


medida, 𝑔 : 𝑋 −→ [0, ∞] uma função integrável e (𝑓𝑛 )𝑛∈N uma sequência de funções
𝑓𝑛 : 𝑋 −→ R mensuráveis, tais que:

|𝑓𝑛 | ≤ 𝑔(𝑥), q.t.p(𝑋).

Então
⎛ ⎞
∫︁ ∫︁ (︂ )︂
lim ⎝
𝑛→∞
𝑓𝑛 𝑑𝜇⎠ = lim 𝑓𝑛 𝑑𝜇.
𝑛→∞
𝑋 𝑋

Prova: Veja LÓPEZ, A. M. (2010, p. 109).

Definição 5.2.3. Seja 𝐸 um espaço vetorial real. A função ‖ · ‖ : 𝐸 → R é uma norma


em 𝐸, se as seguintes condições forem válidas:
(N1) 𝑢 ̸= 0 ⇒ ‖𝑢‖ > 0 e ‖𝑢‖ = 0 ⇔ 𝑢 = 0 em 𝐸;
(N2) ‖𝜆 · 𝑢‖ = |𝜆|‖𝑢‖, para quaisquer 𝜆 ∈ R, 𝑢 ∈ 𝐸;
(N3) ‖𝑢 + 𝑣‖ ≤ ‖𝑢‖ + ‖𝑣‖, para quaisquer 𝑢, 𝑣 ∈ 𝐸.
Neste caso, o par (𝐸, ‖ · ‖) é um espaço vetorial normado.
1 1
Proposição 5.2.4. (desigualdade de Young) Se 𝑝 > 1 e + = 1, então
𝑝 𝑞
𝑎𝑝 𝑏 𝑞
𝑎·𝑏≤ + ,
𝑝 𝑞
para quaisquer 𝑎, 𝑏 ≥ 0.
Prova: Veja BOTELHO, G.; PELEGRINO, D.; TEIXEIRE, E. (2012, p. 8).
Capítulo 5. Apêndices 99

Proposição 5.2.5. Seja (𝑓𝑛 )𝑛∈N uma sequência em 𝐿𝑝 (Ω) e 𝑓 ∈ 𝐿𝑝 (Ω) tais que

‖𝑓𝑛 − 𝑓 ‖𝐿𝑝 (Ω) → 0.

Então existe uma subsequência (𝑓𝑛𝑘 )𝑘∈N e ℎ ∈ 𝐿𝑝 (Ω) tal que


(a) lim 𝑓𝑛𝑘 (𝑥) = 𝑓 (𝑥), q.t.p. 𝑥 ∈ Ω;
𝑘→∞
(b) 𝑓𝑛𝑘 (𝑥) ≤ ℎ(𝑥), q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.
Prova: Veja BREZIS, H. (2011, p. 94).

Definição 5.2.6. Seja 𝑋 um espaço de Banach. Uma aplicação 𝑇 : 𝑋 −→ 𝑋 * é comple-


tamente contínua quando

𝑢𝑛 ⇀ 𝑢 ⇒ 𝑇 (𝑢𝑛 ) → 𝑇 (𝑢).

Definição 5.2.7. (Operador Compacto) Sejam 𝑋 e 𝑌 , espaços vetoriais normados. Um


operador linear 𝑇 : 𝑋 −→ 𝑌 é compacto se, para todo 𝑀 ⊂ 𝑋 limitado, 𝑇 (𝑀 ) é compacto.

Proposição 5.2.8. Um operador linear 𝑇 : 𝑋 −→ 𝑌 é compacto se, e somente se, para


toda sequência limitada (𝑥𝑛 ) em 𝑋, existe subsequência de (𝑇 (𝑥𝑛 )) convergente.
Prova: Veja KREYZIG, E. (1989, p. 407).

Proposição 5.2.9. Seja 𝑋 um espaço de Banach reflexivo. Se (𝑥𝑛 ) é uma sequência


limitada, então existe uma subsequência (𝑥𝑛𝑘 ) e 𝑥 ∈ 𝑋 tal que

𝑥𝑛𝑘 ⇀ 𝑥,

ou seja, (𝑥𝑛𝑘 ) converge fraco para 𝑥.


Prova: Veja BREZIS, H. (2011, p. 69).

Proposição 5.2.10. Sejam 𝑋 e 𝑌 espaços de Banach e 𝑇 um operador linear de 𝑋 em


𝑌 . Se 𝑇 é compacto, então

𝑥𝑛 ⇀ 𝑥 ⇒ 𝑇 (𝑥𝑛 ) −→ 𝑇 (𝑥),

para toda sequência (𝑥𝑛 ) fracamente convergente para 𝑥 ∈ 𝑋.


Prova: Veja BREZIS, H. (2011, p. 171).

Definição 5.2.11. Sejam 𝑋 e 𝑌 espaços vetoriais normados. Uma imersão de 𝑋 em 𝑌


existe, quando a aplicação linear inclusão 𝑖 : 𝑋 −→ 𝑌 dada por 𝑖(𝑥) = 𝑥, for contínua.
Neste caso, denotamos 𝑋 ˓→ 𝑌 . Quando a aplicação inclusão for um operador compacto,
dizemos que a imersão de 𝑋 em 𝑌 é compacta.

Proposição 5.2.12. (Milman–Pettis) Todo espaço de Banach uniformemente convexo é


reflexivo.
Capítulo 5. Apêndices 100

Prova: Veja BREZIS, H. (2011, p. 77).

Proposição 5.2.13. (Primeira Desigualdade de Clarkson) Se 𝑝 ≥ 2, então, para quais-


quer 𝑓, 𝑔 ∈ 𝐿𝑝 (Ω),
⃦ ⃦𝑝 ⃦ ⃦𝑝
⃦𝑓 + 𝑔 ⃦⃦ ⃦𝑓 − 𝑔 ⃦ 1

⃦ ⃦ + ⃦⃦ ⃦
⃦ ≤ (‖𝑓 ‖𝑝𝐿𝑝 (Ω) + ‖𝑔‖𝑝𝐿𝑝 (Ω) ).
⃦ 2 𝐿𝑝 (Ω)
⃦ ⃦ 2 𝐿𝑝 (Ω) 2

Prova: Veja BREZIS, H. (2011, p. 95).

Proposição 5.2.14. Seja 𝐸 um espaço de Banach. Então 𝐸 é reflexivo se, e somente


se, 𝐸 * é reflexivo.
Prova: Veja BREZIS, H. (2011, p. 70).

Proposição 5.2.15. Seja 𝐸 um espaço de Banach reflexivo. Se 𝑀 é um subespaço


vetorial fechado de 𝐸, então 𝑀 é reflexivo.
Prova: Veja BREZIS, H. (2011, p. 70).

Proposição 5.2.16. Seja 𝐹 um subespaço vetorial de 𝐸 tal que 𝐹 ̸= 𝐸. Então, existe


𝑓 ∈ 𝐸 * tal que 𝑓 ̸= 0 e
⟨𝑓, 𝑥⟩ = 0, ∀ 𝑥 ∈ 𝐹.
Prova: Veja BREZIS, H. (2011, p. 8).

Proposição 5.2.17. Todo subconjunto de um espaço métrico separável é separável.


Prova: Veja BREZIS, H. (2011, p. 73).

Proposição 5.2.18. (Stone-Weierstrass) Sejam 𝑀 um espaço métrico compacto e 𝐴 ⊂


𝒞(𝑀 ; R) uma álgebra de funções contínuas que contém as constantes e separa pontos.
Então 𝐴 = 𝒞(𝑀 ; R), isto é, toda função contínua 𝑓 : 𝑀 → R pode ser uniformemente
aproximada por funções pertencentes a 𝐴.
Prova: Veja LIMA, E. L. (2011, p. 261).

Definição 5.2.19. Uma sequência (𝐽𝑛 )𝑛∈N de funções 𝐽𝑛 : R𝑁 → R é dita um mollifiers


se,
∫︁
𝐽𝑛 (𝑥) ≥ 0, ∀𝑥 ∈ R𝑁 , 𝐽𝑛 ∈ 𝐶𝑐∞ (R𝑁 ), supp𝐽𝑛 ⊂ 𝐵(0; 𝑟𝑛 ), e 𝐽𝑛 𝑑(𝑥)𝑥 = 1,
R𝑁

onde, 𝑟𝑛 = 𝑛1 .

Proposição 5.2.20. Suponha que 𝑓 ∈ 𝐿𝑝 (R𝑁 ), com 1 ≤ 𝑝 < ∞. Então

𝐽𝑛 * 𝑓 → 𝑓, uniformemente em 𝐿𝑝 (R𝑁 ),

para qualquer sequência (𝐽𝑛 )𝑛∈N de mollifiers.


Capítulo 5. Apêndices 101

Prova: Veja BREZIS, H. (2011, p. 109).

Proposição 5.2.21. Seja Ω ⊂ R𝑁 aberto e 𝑢 ∈ 𝐿1𝑙𝑜𝑐 (Ω), tal que


∫︁
𝑢𝑓 𝑑𝑥 = 0, ∀ 𝑓 ∈ 𝐶𝑜 (Ω),
Ω

então 𝑢 = 0 q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.
Prova: Veja BREZIS, H. (1983, p. 61).

Proposição 5.2.22. Seja Ω ⊂ R𝑁 aberto e 𝑢 ∈ 𝐿1𝑙𝑜𝑐 (Ω), tal que


∫︁
𝑢𝑓 𝑑𝑥 = 0, ∀ 𝑓 ∈ 𝐶𝑜∞ (Ω),
Ω

então 𝑢 = 0 q.t.p. 𝑥 ∈ Ω.
Prova: Veja BREZIS, H. (2011, p. 110).

Proposição 5.2.23. (Sobolev-Gagliardo-Nirenberg) Se 1 ≤< 𝑁 , então


*
𝑊 1,𝑝 (R𝑁 ) ⊂ 𝐿𝑝 (R𝑁 ),
1 1 1
onde *
= − , e existe uma constante 𝐶 = 𝐶(𝑝, 𝑁 ) tal que
𝑝 𝑝 𝑁

‖𝑢‖𝐿𝑝* ≤ 𝐶‖∇𝑢‖𝐿𝑝 , ∀ 𝑢 ∈ 𝑊 1,𝑝 (R𝑁 ).

Prova: Veja BREZIS, H. (2011, p. 278).

Proposição 5.2.24. (Rellich-Kondrachov) Seja Ω ⊂ R𝑁 um aberto limitado de classe


𝐶 1 . Se 𝑝 < 𝑁 , então
𝑊 1,𝑝 (Ω) ⊂ 𝐿𝑞 (Ω), ∀ 𝑞 ∈ [1, 𝑝* ),
1 1 1
onde * = − , com imersão compacta.
𝑝 𝑝 𝑁
Prova: Veja BREZIS, H. (2011, p. 285).

Proposição 5.2.25. Seja Ω ⊂ R𝑁 um aberto limitado de classe 𝐶 1 . Se 1 ≤ 𝑝 ≤ 𝑁 ,


então
𝑊 1,𝑝 (Ω) ⊂ 𝐿𝑞 (Ω), ∀ 𝑞 ∈ [𝑝, 𝑝* ],

com imersão contínua.


Prova: Veja BREZIS, H. (2011, p. 281).

Proposição 5.2.26. (Desigualdade de Poincaré) Se Ω ⊂ R𝑁 aberto e limitado, então


existe uma constante 𝐶 = 𝐶(Ω, 𝑝), tal que

‖𝑢‖𝐿𝑝 (Ω) ≤ 𝐶‖∇‖𝐿𝑝 (Ω), ∀ 𝑢 ∈ 𝑊01,𝑝 (Ω), (1 ≤ 𝑝 < ∞).

Prova: Veja BREZIS, H. (2011, p. 290).


Capítulo 5. Apêndices 102

5.3 Funções Absolutamente Contínuas

Definição 5.3.1. Uma função 𝑢 : 𝐼 −→ R definida num intervalo 𝐼 ⊂ R é absolutamente


contínua se, para todo 𝜀 > 0, existe 𝛿 > 0, tal que, se {(𝑎𝑘 , 𝑏𝑘 )}𝑙𝑘=1 é uma coleção finita e
𝑙
∑︁
disjunta de intervalos, com [𝑎𝑘 , 𝑏𝑘 ] ⊂ 𝐼 e (𝑏𝑘 − 𝑎𝑘 ) ≤ 𝛿, então
𝑘=1

𝑙
∑︁
(𝑢(𝑏𝑘 ) − 𝑢(𝑎𝑘 )) ≤ 𝜀.
𝑘=1

Teorema 5.3.2. (absolutamente contínua implica diferenciabilidade) Uma função 𝑢 : 𝐼 −→


R é localmente absolutamente contínua se, e somente se,
(i) 𝑢 é contínua;
(ii) 𝑢 é diferenciável q.t.p 𝑥 ∈ 𝐼;
(iii) 𝑢′ ∈ 𝐿1𝑙𝑜𝑐 (𝐼);
(iv) 𝑢 leva conjuntos de medida nula em conjuntos de medida nula.
Prova: Veja LEONI, G. (2009, p. 77).

5.4 Operador de Nemytskii

Definição 5.4.1. Dizemos que uma função 𝑓 : Ω × R −→ R é de Carathéodory quando:

𝑥 ↦−→ 𝑓 (𝑥, 𝑡) é mensurável ∀𝑡 ∈ R;


𝑡 ↦−→ 𝑓 (𝑥, 𝑡) é contínua q.t.p 𝑥 ∈ Ω.

Proposição 5.4.2. Seja 𝑓 : Ω × R −→ R uma função de Carathéodory e 𝑢 : Ω −→ R uma


função mensurável. Então 𝑁𝑢 : Ω −→ R dada por:

𝑁𝑢 (𝑥) = 𝑓 (𝑥, 𝑢(𝑥)), ∀𝑥 ∈ Ω.

é uma função mensurável.


Prova: (a). Se 𝑠 : Ω −→ R é uma função simples, então 𝑥 ↦−→ 𝑓 (𝑥, 𝑠(𝑥)) é mensurável.
∑︀𝑚
Com efeito, podemos escrever 𝑠 = 𝑘=1 𝛼𝑘 𝜒𝐴𝑘 . Disto, obtemos
𝑚
∑︁ 𝑚
∑︁
𝑓 (𝑥, 𝑠(𝑥)) = 𝑓 (𝑥, 𝛼𝑘 𝜒𝐴𝑘 (𝑥)) = 𝜒𝐴𝑘 (𝑥)𝑓 (𝑥, 𝛼𝑘 ), ∀𝑥 ∈ Ω.
𝑘=1 𝑘=1

Por 𝑓 ser de Carathéodory, 𝑓 (𝑥, 𝛼𝑘 ) é mensurável para todo 𝑘 ∈ {1, · · · , 𝑚}. Assim,
𝑥 ↦−→ 𝑓 (𝑥, 𝑠(𝑥)) é mensurável por ser a soma finita de funções mensuráveis.
(b). 𝑁𝑓 (𝑢) é o limite de funções mensuráveis. Para provar esta afirmação, seja (𝑢𝑛 )𝑛∈N
uma sequência de funções simples mensuráveis, tais que,

𝑢𝑛 −→ 𝑢, q.t.p(Ω).
Capítulo 5. Apêndices 103

Pela afirmação (a), 𝑥 ↦−→ 𝑁𝑓 (𝑢𝑛 )(𝑥) = 𝑓 (𝑥, 𝑢𝑛 (𝑥)) é mensurável para todo 𝑛 ∈ N. Como
𝑡 ↦−→ 𝑓 (𝑥, 𝑡) é contínua q.t.p Ω, segue que

lim 𝑁𝑓 (𝑢𝑛 )(𝑥) = 𝑁𝑓 (𝑢)(𝑥), q.t.p(Ω).


𝑛→∞

Disto, 𝑁𝑓 (𝑢) é mensurável por ser o limite de funções com esta propriedade.

Definição 5.4.3. Seja 𝑓 : Ω × R −→ R uma função de Carathéodory e considere M como


sendo o conjunto de todas as funções 𝑢 : Ω −→ R mensuráveis. Chamamos de operador
de Nemytskii a aplicação 𝑁𝑓 : M −→ M dada por:

𝑁𝑓 (𝑢)(𝑥) = 𝑓 (𝑥, 𝑢(𝑥)), ∀𝑥 ∈ Ω, ∀𝑢 ∈ M.

Para mais informações a respeito de operadores de Nemytskii consulte DE FI-


GUEIREDO, D. G. (1989).

5.5 Cálculo em Espaços de Banach

Proposição 5.5.1. (Teorema do Valor Médio de Lagrande) Seja 𝑓 : [𝑎, 𝑏] → R contínua.


Se 𝑓 é diferenciável em (𝑎, 𝑏), então existe 𝑐 ∈ (𝑎, 𝑏) tal que:
𝑓 (𝑏) − 𝑓 (𝑎)
𝑓 ′ (𝑐) = .
𝑏−𝑎

De outro modo, se 𝑓 : [𝑎, 𝑎 + ℎ] → R é diferenciável em (𝑎, 𝑎 + ℎ), existe 𝜃 ∈ (0, 1) tal que:

𝑓 (𝑎 + ℎ) − 𝑓 (𝑎) = 𝑓 ′ (𝑎 + 𝜃ℎ) · ℎ.

Prova: Veja LIMA, E. L. (2012, p. 269, vol. 1).


Definição 5.5.2. Sejam E e F espaços de Banach e 𝑈 ⊂ E aberto. Dizemos que 𝑓 : 𝑈 −→
F é diferenciável à Fréchet no ponto 𝑥0 ∈ 𝑈 se, existe uma transformação linear 𝑇𝑥0 : E −→
𝑟(𝑥0 , ℎ)
F contínua, tal que lim = 0, onde
ℎ→0 ‖ℎ‖

𝑓 (𝑥0 + ℎ) = 𝑓 (𝑥0 ) + 𝑇𝑥0 (ℎ) + 𝑟(𝑥0 , ℎ),

Definição 5.5.3. Sejam E e F espaços de Banach e 𝑈 ⊂ E aberto. Dizemos que


𝑓 : 𝑈 −→ F é diferenciável à Gâteau no ponto 𝑥0 ∈ 𝑈 se, existe uma transformação
linear 𝐺𝑥0 : E −→ F contínua, tal que:
𝑓 (𝑥0 + 𝑡ℎ) − 𝑓 (𝑥0 )
𝐺𝑥0 (ℎ) = lim
𝑡→0 𝑡
Proposição 5.5.4. Seja 𝑓 : 𝑈 −→ F derivável à Gâteau em todo ponto 𝑥0 ∈ 𝑈 . Se a
aplicação derivada 𝐺 : 𝑈 −→ L(E ; F) dada por
𝑓 (𝑥0 + 𝑡ℎ) − 𝑓 (𝑥0 )
𝐺𝑥 (ℎ) = lim
𝑡→0 𝑡
para todo 𝑥, ℎ ∈ E, é contínua, então 𝑓 é diferenciável e 𝐺 = 𝐷
Capítulo 5. Apêndices 104

Prova: Veja KESAVAN, S. (2004, p. 15).

Proposição 5.5.5. Sejam (𝑎 − 𝛿, 𝑎 + 𝛿) ⊂ R um intervalo, 𝑈 ⊂ R𝑛 um conjunto aberto,


𝑏 ∈ 𝑈 , uma função de várias variáveis 𝑓 : 𝑈 −→ R e um caminho 𝜆 : (𝑎 − 𝛿, 𝑎 + 𝛿) −→ 𝑈 .
Suponha que 𝑏 = 𝜆(𝑎), que 𝜆 é diferenciável no ponto 𝑎 e que 𝑓 é diferenciável no ponto
𝑏. Então a função composta 𝑓 ∘ 𝜆 : (𝑎 − 𝛿, 𝑎 + 𝛿) −→ R é diferenciável no ponto 𝑎 e vale
a fórmula:
𝑛
𝜕𝑓
(𝑓 ∘ 𝜆)′ (𝑎) = (𝑏) · 𝜆′𝑖 (𝑎)
∑︁

𝑖=1 𝜕𝑥 𝑖

Prova: Veja LIMA, E. L. (2012, p. 128, vol. 2).

Proposição 5.5.6. Sejam 𝐼 ⊂ R um intervalo, 𝑈 ⊂ R𝑛 um conjunto aberto, 𝑎 ∈ 𝑈 , 𝑏 ∈ 𝐼,


𝑓 : 𝑈 −→ R uma função de várias variáveis e 𝑔 : 𝐼 −→ R uma função real. Suponha que
𝑏 = 𝑓 (𝑎), 𝑓 (𝑈 ) ⊂ 𝐼, que 𝑓 é diferenciável no ponto 𝑎 e que 𝑔 é diferenciável no ponto
𝑏. Então 𝑔 ∘ 𝑓 : 𝑈 −→ R é diferenciável no ponto 𝑎 e para cada 𝑖 ∈ {1, 2, · · · , 𝑛} vale a
fórmula:
𝜕(𝑔 ∘ 𝑓 ) 𝜕𝑓
(𝑎) = 𝑔 ′ (𝑏) · (𝑎)
𝜕𝑥𝑖 𝜕𝑥𝑖
Prova: Veja LIMA, E. L. (2012, p. 128, vol. 2).

Proposição 5.5.7. Sejam 𝑈 ⊂ R𝑁 um aberto, 𝑎 ∈ 𝑈 , 𝑎 ∈ 𝑈 , 𝑓, 𝑔 : 𝑈 −→ R𝑀 funções


vetoriais diferenciáveis e 𝜙 : R𝑀 × R𝑀 −→ R𝑝 uma aplicação bilinear. Então a aplicação

Φ : 𝑈 −→ R𝑝

dada por, Φ(𝑥) = 𝜙(𝑓 (𝑥), 𝑔(𝑥)), para todo 𝑥 ∈ 𝑈 , é diferenciável no ponto 𝑎 e vale a
fórmula
(︂ )︂ (︂ )︂
Φ′ (𝑎)[𝑣] = Φ 𝑓 ′ (𝑎) · 𝑣, 𝑔(𝑎) + Φ 𝑓 (𝑎), 𝑔 ′ (𝑎) · 𝑣 ,

para todo 𝑣 ∈ R𝑀 .
Prova: Veja LIMA, E. L. (2012, p. 260, vol. 2).

Proposição 5.5.8. Seja (𝑥𝑛 )𝑛∈N uma limitada sequência. Então lim inf 𝑥𝑛 é o menor
𝑛→∞
valor de aderência e lim sup 𝑥𝑛 é o maior valor de aderência.
𝑛→∞

Prova: Veja LIMA, E. L. (2012, p. 122, vol. 1).

Proposição 5.5.9. Sejam 𝑓 : [𝑎, 𝑏] → R contínua, 𝑔 : [𝑐, 𝑑] → R com derivada contínua e


𝑔([𝑐, 𝑑]) ⊂ [𝑎, 𝑏]. Então
∫︁ 𝑔(𝑑) ∫︁ 𝑑
𝑓 (𝑥)𝑑𝑥 = 𝑓 (𝑔(𝑡))𝑔 ′ (𝑡)𝑑𝑡. (5.5.1)
𝑔(𝑐) 𝑐

Prova: Veja LIMA, E. L. (2012, p. 326, vol. 1).


Capítulo 5. Apêndices 105

5.6 Aplicações Multi-Avaliadas e Operadores Monótonos


A definição a seguir refere-se à aplicações multi-avaliadas (multi-valued em In-
glês) ou então aplicações ponto-conjunto. Esta, como demais propriedades, podem ser
encontradas em AUBIN, J. P.; EKELAND, I. (1984).

Definição 5.6.1. Dado dois conjuntos 𝑋 e 𝑌 , uma aplicação multi-avaliada é uma relação
F ⊂ 𝑋 × 2𝑌 com a propriedade:

∀𝑥 ∈ 𝑋, ∃𝐹 ⊂ 𝑌 ; (𝑥, 𝐹 ) ∈ F (5.6.1)

De modo mais informal, se diz que uma aplicação ponto conjunto é uma corres-
pondência F : 𝑋 −→ 2𝑌 , que associa cada 𝑥 ∈ 𝑋, um elemento F(𝑥) ⊂ 𝑌 . Dizemos
que uma aplicação ponto conjunto F é própria se existe 𝑥 ∈ 𝑋 tal que F(𝑥) ̸= ∅. Ainda,
definimos os conjuntos:

Dom(F) := {𝑥 ∈ 𝑋 ; F(𝑥) ̸= ∅}
Grap(F) := {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑋 × 𝑌 ; 𝑦 ∈ F(𝑥)}
⋃︁ ⋃︁
Im(F) := F(𝑥) = F(𝑥).
𝑥∈𝑋 𝑥 ∈ Dom(F)

A definição de dual brackets que exibimos abaixo encontra-se em HU, S.; PAPA-
GEORGEU, N.S. (1997, p. 911). Ou então pode-se consultar Fabian, M.; et al. (2011, p.
84).

Definição 5.6.2. Dado dois R-espaços vetoriais 𝑋 , 𝑌 e uma forma bilinear 𝜙 : 𝑋 ×𝑌 −→


R com as propriedades:

(i) 𝜙(𝑥, 𝑦) = 0, ∀ 𝑦 ∈ 𝑌 ⇒ 𝑥 = 0

(ii) 𝜙(𝑥, 𝑦) = 0, ∀ 𝑥 ∈ 𝑋 ⇒ 𝑦 = 0

chamamos o par (𝑋, 𝑌 ) de Par Dual, ou então Dual Brackets.

Lembrando que dados dois espaços vetoriais 𝐸 e 𝐹 , chamamos de operador ava-


liação à aplicação bilinear 𝐴 : L(𝐸; 𝐹 ) × 𝐸 → 𝐹 dada por 𝐴(𝑇, 𝑣) = 𝑇 (𝑣). Seja 𝑊 um
espaço de Banach, reflexivo e 𝑊 * o seu dual topológico. Por (·) · (·)𝑊 , denotamos o
par dual definida pela aplicação avaliação. Em várias bibliografias costuma-se utilizar a
notação ⟨·, ·⟩𝑊 .
*
Definição 5.6.3. Seja 𝑇 : Dom(𝑇 ) −→ 2𝑊 uma aplicação multi-avaliada.

(a) Dizemos que 𝑇 é monótono se:

(𝑥* − 𝑦 * ) · (𝑥 − 𝑦)𝑊 ≥ 0 (5.6.2)


Capítulo 5. Apêndices 106

(b) Dizemos que 𝑇 é estritamente monótono se:

(𝑥* − 𝑦 * ) · (𝑥 − 𝑦)𝑊 > 0. (5.6.3)

Proposição 5.6.4. Seja 𝜙 : 𝑋 −→ R um funcional definino num espaço de Banach 𝑋.


Suponha que exista a derivada de Gateux 𝜙′ : 𝑋 −→ 𝑋 * de 𝜙.
(1) São equivalentes:
(i) 𝜙 convexa sobre 𝑋;
(ii) 𝜙′ monótona sobre 𝑋;
(iii) 𝜙(𝑢) − 𝜙(𝑣) ≥ (𝜙′ (𝑣)) · (𝑢 − 𝑣), para todo 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑋.

(2) São equivalentes:


(i) 𝜙 estritamente convexa sobre 𝑋;
(ii) 𝜙′ estritamente monótona sobre 𝑋;
(iii) 𝜙(𝑢) − 𝜙(𝑣) > (𝜙′ (𝑣)) · (𝑢 − 𝑣), para todo 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑋, com 𝑢 ̸= 𝑣.
Prova: Veja ZEIDLER, E. (1985, p. 247).

Definição 5.6.5. Seja 𝑇 : Dom(𝑇 ) −→ 2𝑊 * uma aplicação multi-avaliada. Dizemos que


𝑇 satisfaz a condição (𝑆+ ), quando:



⎪ 𝑤𝑛 ⇀ 𝑤

e ⇒ 𝑤𝑛 → 𝑤.

⎩ lim sup(𝑇 (𝑤𝑛 ) − 𝑇 (𝑤)) · (𝑤𝑛 − 𝑤) ≤ 0


𝑛→∞

Definição 5.6.6. Um operador 𝑇 : 𝑋 → 𝑋 * é coercivo quando:

𝑇 (𝑢) · 𝑢
lim = ∞.
𝑛→∞ ||𝑢||
𝑋

Definição 5.6.7. Um funcional 𝑓 : 𝑋 −→ R definido num espaço de Banach é fracamente


semicontínuo inferiormente se para toda sequência (𝑢𝑛 )𝑛∈N fracamente convergente em 𝑋,
ou seja, 𝑢𝑛 ⇀ 𝑢 em X, vale:

𝑓 (𝑢) ≤ lim inf 𝑓 (𝑢𝑛 ).


𝑛→∞

Proposição 5.6.8. Seja 𝑋 um espaço de Banach reflexivo. Se 𝑇 : 𝑋 −→ 𝑋 * é um


operador monótono e coercivo, então 𝑇 é sobrejetivo.
Prova: Veja BREZIS, H. (2011, p. 145), ou então GUIMARÃES, C. J. (2006, p. 79).

Proposição 5.6.9. Seja 𝑋 um espaço de Banach reflexivo e 𝑀 ⊂ 𝑋 fracamente fechado.


Se um funcional 𝑓 : 𝑀 −→ R é coercivo e fracamente semicontínuo inferiormente, então
existe um minimizador global para 𝑓 , ou seja, existe 𝑢0 ∈ 𝑀 tal que 𝑓 (𝑢0 ) = inf 𝑓 (𝑢).
𝑢∈𝑀

Prova: Veja COSTA, G. D. (2007, p. 49).


Capítulo 5. Apêndices 107

5.7 Teorema do Passo da Montanha

Definição 5.7.1. Sejam 𝑋 um espaços de Banach, 𝑐 ∈ R e 𝜙 : 𝑋 −→ R um funcional


de classe 𝐶 1 . Dizemos que 𝜙 satisfaz a condição de Palais-Smale no nível 𝑐, e denotada
por (𝑃 𝑆)𝑐 se, para toda sequência (𝑢𝑛 )𝑛∈N em 𝑋 tal que: 𝜙(𝑢𝑛 ) → 𝑐 e 𝜙′ (𝑢𝑛 ) → 0 possui
subsequência convergente.

Definição 5.7.2. Sejam 𝑋 um espaços de Banach e 𝜙 : 𝑋 −→ R um funcional de classe


𝐶 1 . Dizemos que 𝜙 satisfaz a condição de Palais-Smale fraca se, para toda sequência
(𝑢𝑛 )𝑛∈N em 𝑋 tal que (𝜙(𝑢𝑛 ))𝑛∈N é limitada, e 𝜙′ (𝑢𝑛 ) → 0, possui subsequência conver-
gente.

Teorema 5.7.3. (Teorema do Passo da Montanha) Seja 𝑋 um espaço de Banach, 𝑒 ∈ 𝑋,


𝜙 : 𝑋 −→ R um funcional de classe 𝐶 1 e 𝑟 > 0 tal que:

||𝑒|| > 𝑟 e 𝑏 = inf 𝜙(𝑢) > 𝜙(0) ≥ 𝜙(𝑒).


||𝑢||=𝑟

Então, se 𝜙 satisfaz a condição (𝑃 𝑆)𝑐 com

𝑐 := inf max 𝜙(𝛾(𝑡)) e Γ := {𝛾 ∈ 𝐶([0, 1], 𝑋) ; 𝛾(0) = 0 e 𝛾(1) = 𝑒},


𝛾∈Γ 𝑡∈[0,1]

então 𝑐 é um valor crítico de 𝜙.


Prova: WILLEM, M. (1996, p. 42).
Com o intuito de dar uma interpretação geométrica deste teorema, Supondo o
espaço 𝑋 ter dimensão um, o Teorema do Passo da Montanha garante a existência de
uma concavidade no gráfico do funcional 𝜙 como vemos na figura abaixo.

Figura 1 - Interpretação geométrica do Teorema do Passo da Montanha


inf 𝜙(𝑢) > 𝜙(0) ≥ 𝜙(𝑒)
||𝑢||=𝑟

‖𝑒‖ > 𝑟
𝜙(𝑢2 ) R

𝜙(𝑢1 )
𝜙(0)

𝜙(𝑒)

𝑢2 𝑢1 𝑒
𝑋
‖𝑢2 ‖ = 𝑟 ‖𝑢1 ‖ = 𝑟

Fonte: (O Autor).

Caso o espaço 𝑋 tenha duas dimensões, uma possível interpretação geométrica


para o Teorema do Passo da Montanha seria esta:
Capítulo 5. Apêndices 108

Figura 2 - Interpretação geométrica do Teorema do Passo da Montanha

Fonte: (COSTA, D. 2007).

Mais discussões a respeito da ideia geométrica deste teorema podemos encontrar


em COSTA, D. 2007, p. 1-5.

5.8 Teorema de Fountain


As definições aqui expostas foram retiradas de WILLEM, M. (1996). Para mais
informações a respeito de grupos topológicos, pode-se consultar MUNKRES, J. R. (2000).

Definição 5.8.1. (i) Uma ação de um grupo topológico 𝐺 sobre um espaço vetorial
normado 𝑋 é uma aplicação 𝐴 : 𝐺 × 𝑋 −→ 𝑋 tal que:

𝐴(1, 𝑥) = 𝑥;
𝐴(𝑔ℎ, 𝑥) = 𝐴(𝑔, 𝐴(ℎ, 𝑥));
𝑥 ↦→ 𝐴(𝑔, 𝑥) é linear, para todo 𝑔 ∈ 𝐺;

(ii) A ação 𝐴 é isométrica quando, ||𝐴(𝑔, 𝑥)|| = ||𝑥||;

(iii) Um funcional 𝜙 : 𝑋 −→ R é invariante se, 𝜙(𝐴(𝑔, 𝑥)) = 𝜙(𝑥), para todo 𝑔 ∈ 𝐺.

(iv) Fix(𝐺) := {𝑥 ∈ 𝑋 ; 𝐴(𝑔, 𝑥) = 𝑥, ∀𝑔 ∈ 𝐺} é chamado de espaço dos pontos in-


variantes 𝑋 com espeito a ação 𝐴.

Seja 𝐺 um grupo compacto, que age isometricamente sobre um espaço de Banach


𝑋 := ⊕ 𝑋𝑗 , onde 𝑋𝑗 é invariante e existe um espaço vetorial de dimensão finita 𝑉 , que
𝑗∈N
𝑘 ∞
é isomorfo a todo 𝑋𝑗 . Usamos as seguintes notações 𝑌𝑘 := ⊕ 𝑋𝑗 e 𝑍𝑘 := ⊕ 𝑋𝑗 .
𝑗=1 𝑗=𝑘

Teorema 5.8.2. (Fountain) Sejam 𝑋 um espaços de Banach e 𝜙 : 𝑋 −→ R um funcional


de classe 𝐶 1 tal que:

(a) 𝜙 é invariante;

(b) Para cada 𝑘 ∈ N, existem 𝜌𝑘 > 𝑟𝑘 > 0, tais que

𝑎𝑘 := max 𝜙(𝑢) ≤ 0; (5.8.1)


𝑢∈𝑌𝑘
||𝑢||=𝜌𝑘

𝑏𝑘 := lim inf 𝜙(𝑢) = ∞. (5.8.2)


𝑘→∞ 𝑢∈𝑍𝑘
||𝑢||=𝑟𝑘

(c) 𝜙 satisfaz a condição (𝑃 𝑆)𝑐 , para todo 𝑐 > 0.


Capítulo 5. Apêndices 109

Então 𝜙 tem uma sequência ilimitada de valores críticos.


Prova: WILLEM, M. (1996, p. 58).

Teorema 5.8.3. Suponha que 𝑊 é um espaço de Banach, separável e reflexivo. Então


existem sequências (𝑒𝑛 )𝑛∈N em 𝑊 e (𝑒*𝑛 )𝑛∈N em 𝑊 * , tais que

𝑊 = span 𝑒𝑛 ;
𝑛∈N
*
𝑊 = span 𝑒*𝑛 ;
𝑛∈N

⎨ 1 se 𝑖 = 𝑗
𝑒*𝑖 · (𝑒𝑗 ) =
⎩ 0 se 𝑖 ̸= 𝑗.

Prova: Na demonstração deste teorema exige-se a noção de base de Schauder entre outras
coisas. Assim sendo, indica-se o capítulo 4 da FABIAN, M.; et al. (2011).

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