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CAMPUS DE ARAPIRACA
MATEMÁTICA - LICENCIATURA
ARAPIRACA
2014
ANA CRISTINA MARIA DA SILVA
ARAPIRACA
2014
ANA CRISTINA MARIA DA SILVA
Banca Examinadora
Agradeço primeiramente à Deus pelo dom da vida e pela graça da conquista da gradua-
ção.
Agradeço a minha família, meus pais, Anástacio e Cicera, irmãs, Ane Karoline e Cristi-
ane, pela paciência quando o extresse tomava conta do meu ser, pelo amor incondicional, pelas
palavras amigas e sobretudo pelo apoio nos momentos em que pensei em desistir.
Agradeço ao meu orientador, José Arnaldo, que aceitou de bom grado me orientar neste
trabalho tão importante para fechar esse ciclo na minha graduação.
Agradeço aos amigos que conquistei nesse período de graduação, os quais espero ter
junto a mim durante toda a vida, não citarei nomes, pois poderia esquecer algum.
Agradeço ao meu namorado, Jailson, por sempre me incentivar a terminar meu tcc, me
fazendo acreditar na minha capacidade e sobretudo pelo bem que ele me faz.
Os números governam o mundo.
Platão
RESUMO
Palavras-chave: Teorema da função inversa. Teorema da função implícita. Ponto fixo. Demons-
tração.
ABSTRACT
This work consist in the study of an important theory of the Analyse of the space Rn , and its
consequence, which are simultaneously the Theorem of the Inverse Function and the Theorem
of the Implicit Function. Before the demonstration that they will be showed, some indispensable
results, one of them it is the existence of the one fixed point that we will use in the demons-
tration of the Theorem of the Inverse Function. Beyond of the presentation of such theories the
same still they will be demonstrated in details and we will show some applications to major
(bigger) comprehension.
Keywords: Theorem of the inverse function. Theorem of the implicit function. Fixed point of
the demonstration.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2 ALGUMAS NOÇÕES TOPOLÓGICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.1 Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 Sequências de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3 FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.1 Diferenciação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.2 O Princípio da Contração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4 TEOREMA DA FUNÇÃO INVERSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
5 TEOREMA DA FUNÇÃO IMPLÍCITA . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
6 APLICAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
6.1 Teorema da Função Inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
6.2 Teorema da Função Implícita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
7 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
9
1 INTRODUÇÃO
A demonstração será feita com base na existência de um ponto fixo, para isso estaremos
amparados pelo seguinte teorema:
Além do uso de tal ponto fixo iremos utilizar algumas noções topológicas da Análise no
Rn , conceitos como diferenciabilidade e continuidade para funções com várias variáveis.
Referente a disposição dos capítulos, no primeiro capítulo, com o título de "Noções To-
pológicas", encontram-se algumas definições tais como: conjunto aberto, ponto interior, fecho,
entre outros; encontram-se também as Sequências de Cauchy.
No segundo capítulo, intitulado "Funções de Várias Variáveis"estão dispostas defini-
ções, teoremas e seu foco principal para o trabalho encontra-se sobretudo na existência do ponto
fixo.
No terceiro capítulo, o qual podemos dizer que é o alge do nosso trabalho, faremos a
demonstração do Teorema da Função Inversa destacando de forma prática todos os passos, tal
teorema nos garante a possibilidade de inverter uma função, mesmo que seja localmente. .
Já no quarto capítulo demonstraremos uma consequência do Teorema da Função Inversa
que é o Teorema da Função Implícita que tem o seguinte enunciado
Então existe um aberto A ⊂ Rn que contém a e um aberto B ⊂ Rm que contém b, para os quais
a função g : A → B é C1 e f (x, g(x)) = 0.
O Teorema da Função Implícita garante, por sua vez, que dada uma expressão f (x, y) =
0 a mesma poderá ser resolvida para y em uma vizinhança de qualquer ponto (a, b) em que
f (a, b) = 0 e ∂ f /∂y(a, b) 6= 0, da mesma forma, pode-se resolver para x em termos de y próximo
de (a, b) se ∂ f /∂x(a, b) 6= 0 em (a, b). Em sua demonstração faz-se uso forte do fato de que as
transformações diferenciáveis comportam-se localmente muito parecido com suas derivadas.
No quinto e último capítulo com o intuito de aplicarmos os Teoremas serão apresentados
e resolvidos alguns exemplos.
11
2.1 Definições
Definição 2.1 Dados o ponto a ∈ Rn e o número real r > 0, a bola aberta de centro a e raio r é
o conjunto B(a; r) dos pontos x ∈ Rn cuja distância ao ponto a é menor que r. Simbolicamente
temos: B(a; r) = {x ∈ Rn ; |x − a| < r}.
Definição 2.2 Seja a ∈ X ⊂ Rn . Diz-se que o ponto a é interior ao conjunto X quando, para
algum r > 0, tem-se B(a; r) ⊂ X. Isto significa que todos os pontos suficientemente próximos de
a também pertencem a X, ou seja, existe um número ε > 0 tal que o intervalo aberto (a−ε, a+ε)
está contido em X.
Definição 2.3 O conjunto intX dos pontos interiores a X chama-se interior do conjunto X.
Evidentemente, intX ⊂ X. Quando a ∈ int.X, diz-se que X é uma vizinhança de a.
Definição 2.4 Um conjunto A ⊂ Rn chama-se aberto quando A = intA, isto é, quando todos os
pontos de A são interiores a A.
Todo ponto c do intervalo aberto (a, b) é um ponto interior a (a, b). Os pontos a e b,
extremos do intervalo fechado [a, b] não são interiores a [a, b]. O interior do conjunto que Q
dos números racionais é vazio. Por outro lado, int[a, b] = (a, b). O intervalo fechado [a, b] não é
uma vizinhança de a nem de b. Um intervalo aberto é um conjunto aberto. O conjunto vazio é
aberto. Todo intervalo aberto (limitado ou não) é um conjunto aberto.
Definição 2.5 Diz-se que a é aderente ao conjunto X ⊂ Rn quando a é limite de alguma sequên-
cia de pontos xn ∈ X. Assim sendo, todo ponto a ∈ X é aderente a X, para isto basta considerar
xn = a para todo n ∈ N.
Definição 2.7 Um conjunto X diz-se fechado quando X = X, ou seja, quando todos os pontos
aderentes a X pertencem a X.
Definição 2.8 Seja X ⊂ Rn . Dizemos que X é um conjunto convexo se dados dois pontos
quaisquer de X, o segmento de reta unindo estes dois pontos está inteiramente contido em
X.
Definição 2.12 Diz-se que (xn )n∈N , ou simplesmente xn , é uma sequência de Cauchy quando,
para todo ε > 0 dado, existe n0 ∈ N tal que n ≥ n0 , m ≥ n0 ⇒ |xn − xm | < ε.
Prova:
Seja xn , n ≥ 0, uma sequência de Cauchy. Sendo de Cauchy é limitada. Podemos, então, consi-
derar as sequências
Ln = sup{x j | j ≥ n}
ln = in f {x j | j ≥ n}.
lim [Ln − ln ] = 0;
n→+∞
logo
lim Ln = lim ln .
n→+∞ n→+∞
ln ≤ xn ≤ Ln
lim xn = lim Ln .
n→+∞ n→+∞
14
Este capítulo contém algumas definições aferidas à funções de várias variáveis que nos
serão úteis mais adiante.
Denotaremos por L(X,Y ) o conjunto de todas as transformações lineares do espaço ve-
torial X no espaço vetorial Y . Quando X = Y escrevemos simplesmente L(X), em vez de L(X,Y )
para denotarmos o conjunto dos operadores lineares.
Observe que a desigualdade |Ax| ≤ kAk|x| vale para todos os x ∈ Rn . Além disso, se λ é tal que
|Ax| ≤ λ|x| para todos os x ∈ Rn então kAk ≤ λ.
kA + Bk ≤ kAk + kBk,
kcAk = |c|kAk.
kBAk ≤ kBkkAk.
Prova:
1. Seja {e1 , . . . , en } a base canônica do Rn e suponha que x = Σci ei , |x| ≤ 1, de modo que
|ci | ≤ 1 onde i = 1, . . . , n. Então
de forma que
n
kAk ≤ ∑ |Aei | < ∞.
i=1
Uma vez que |Ax − Ay| ≤ kAk|x − y| se x, y ∈ Rn , vemos que A é uniformemente contínua.
2. A desigualdade em 2 decorre de
3. Finalmente, 3 decorre de
|(BA)x| = |B(Ax)|
≤ kBk|Ax|
≤ kBkkAk|x|.
1. Se A ∈ Ω, B ∈ L(Rn ), e
kB − Ak · kA−1 k < 1,
então B ∈ Ω.
Prova:
de modo que
(α − β)|x| ≤ |Bx| (x ∈ Rn ). (3.1)
3.1 Diferenciação
f 0 (x) = A.
k f 0 (x)k ≤ M
para todo a, b ∈ E.
17
Prova:
Fixe a, b ∈ E. Defina
γ(t) = (1 − t)a + tb
para todo t ∈ R de tal modo que γ(t) ∈ E. Uma vez que E é convexo, γ(t) ∈ E para todo t, tem
0 ≤ t ≤ 1. Além disso,
g(t) = f (γ(t)).
de modo que
para quaisquer x, y ∈ X.
Prova:
Como f é uma contração, então
Daí,
|xk+1 − xk | ≤ λk |x1 − x0 |.
Portanto,
p−1
|xk+p − xk | ≤ ∑ |xk+i+1 − xk+i|
"i=0 #
p−1
≤ ∑ λk+i |x1 − x0 |
i=0
λk
≤ |x1 − x0 |.
1−λ
Como 0 ≤ λ < 1, temos lim |xk+p − xk | = 0, para qualquer p ∈ N. Isso mostra que (xk ) é uma
k→∞
sequência de Cauchy, já que toda Sequência de Cauchy em Rn é convergente, logo existe a =
lim xk . Sendo A fechado, tem-se que a ∈ A. Segue da continuidade de f que f (a) = f (lim xk ) =
lim f (xk ) = lim xk+1 = a. Ou seja, a é um ponto fixo de f . Suponha ainda que f (b) = b, com
b ∈ A, então
|b − a| = | f (b) − f (a)| ≤ λ|b − a|.
Demonstração:
Se f ∈ C 1 , então f 0 (a) é contínua em E e f 0 (a) bijetiva, sendo assim f 0 (a) é inversível. Seja
A = f 0 (a) e tomemos λ de tal forma que
2λkA−1 k = 1
daí,
1
kA−1 k = (4.1)
2λ
Como f 0 é contínua no ponto a, existe uma bola aberta U em Rn centrada em a, com U ⊂ E tal
que
k f 0 (x) − Ak < λ, ∀x ∈ U (4.2)
Seja y ∈ Rn e definamos uma função φ da seguinte forma
Se y = f (x) então
além disso,
ou ainda
Aplicando a norma,
ou ainda,
Aplicando a norma,
de (4.3),
1
kφ0 ((1 − t)x1 + tx2 )kk(x2 − x1 )k ≤ kx2 − x1 k
2
então,
1
kh0 (t)k ≤ kx2 − x1 k.
2
21
ky − y0 k < λr
ou
ky − f (x0 )k < λr (4.5)
Aplicando a norma,
de (4.1) e (4.5)
1
kA−1 kk(y − f (x0 ))k ≤ · λr
2λ
r
=
2
daí,
r
kφ(x0 ) − x0 k ≤ .
2
Se x ∈ B1 , segue de (4.4) que
Segue que φ(x) ∈ B1 ⊂ B1 . Assim φ : B1 → B1 é uma contração, daí φ tem um único ponto fixo
x ∈ B1 . Para este x, f (x) = y e assim y ∈ f (B1 ) ⊂ f (U) = V . Sendo assim chegamos que V é
aberto, pois y é um ponto interior de V . Aqui concluímos a parte 1 da demonstração do teorema.
Para demonstrarmos a parte 2 do teorema, em que g é de classe C 1 , tomemos U = B e V = f (B).
Seja y ∈ f (B) e y + k ∈ f (B). Então, existe, por sua vez, x ∈ B e x + h ∈ B tal que f (x) = y e
f (x + h) = y + k de onde obtemos
k = f (x + h) − f (x).
daí
Aplicando a norma,
de (4.4) temos,
1 1
kh − A−1 kk ≤ kx + h − xk = |h|
2 2
1
|h| − kA−1 kk ≤ |h|
2
assim sendo,
1
−kA−1 kk ≤ |h| − |h|
2
1
≤ − |h|
2
ou seja,
1
kA−1 kk ≥ |h|.
2
Logo,
|h| ≤ 2kA−1 kk
por (4.1),
1 |k|
|h| ≤ 2kA−1 k|k| = 2 · |k| =
2λ λ
23
daí
|k|
|h| ≤ (4.6)
λ
Pelo teorema 3.2 se A é inversível e B ∈ L (Rn ; Rn ) tal que kB − AkkAk < 1, então B também é
invertível. A aplicação A 7→ A−1 é contínua para todo A.
De (4.1) e (4.2), segue
1 1
k f 0 (x) − AkkA−1 k < λ · = <1
2λ 2
e assim f 0 (x) tem inversa, que iremos denotar por T .
Suponhamos que g é a inversa de f , logo dados g(y + k) = x + h e g(y) = x, então
g(y + k) − g(y) = x + h − x = h,
g(y + k) − g(y) − T k = h − T k
então
g(y + k) − g(y) − T k = T ( f 0 (x)h − f (x + h) + f (x)) (4.7)
Aplicando a norma em (4.7) obtemos
g0 (y) = T = [ f 0 (x)]−1 .
24
Então existe um aberto A ⊂ Rn que contém a e um aberto B ⊂ Rm que contém b, para os quais
a função g : A → B é C1 e f (x, g(x)) = 0.
Demonstração:
Definindo F : Rn × Rm → Rn × Rm pela expressão F(x, y) = (x, f (x, y)), tem-se que
In 0 ∂
f
0
detF (a, b) = det ∂ f ∂f = det (a, b) 6= 0.
(a, b) (a, b) ∂y
∂x ∂y
W ⊂ Rn × Rm
contendo F(a, b) = (a, 0) e outro, também em Rn × Rm , o qual contém (a, b) e cuja forma
podemos supor A × B, para os quais se verifica:
F : A×B →W
π : Rn × Rm → Rm
26
Portanto, f (x, q(x, y)) = y. Em particular, f (x, q(x, 0)) = 0. Agora basta definir g por g(x) =
q(x, 0).
27
6 APLICAÇÕES
Exemplo 6.1 A hipótese f é C 1 não pode ser retirada. Considere a seguinte função
x + x2 sin( 1 ), se x 6= 0,
f (x) = 2 x
0, se x = 0.
Solução:
Temos que f é diferenciável e sua derivada é dada por
1 + 2x sin( 1 ) − cos( 1 ), se x 6= 0,
f 0 (x) = 2 x x
1
, se x = 0.
2
Se f fosse invertível numa vizinhança x0 = 0, então f seria injetiva, e também bijetiva, nessa
1
vizinhança. Como f 0 (0) = > 0, então f seria crescente. No entanto, isto é impossível pois,
2
em toda vizinhança x0 f oscila de sinal.
Exemplo 6.2 Seja f : R2 → R2 dada por f (x, y) = (cos x + cos y, sin x + sin y). Vamos mostrar
que f tem uma vizinhança de todos os pontos (x0 , y0 ) tal que (x0 − y0 ) 6= nπ, com n ∈ Z.
Solução:
Se as derivadas parciais das funções coordenadas fi de f existem em (x0 , y0 ), então podemos
formar a seguinte matriz:
!
− sin x0 − sin y0
D f (x0 , y0 ) =
cos x0 cos y0
− sin x0 − sin y0
det f (x0 , y0 ) = = − sin(x0 + y0 )
cos x0 cos y0
Podemos notar que det f (x0 , y0 ) = − sin(x0 + y0 ) 6= 0 se, e somente se, (x0 , y0 ) 6= nπ, logo f tem
uma inversa localmente.
28
Exemplo 6.3 Mostre que na vizinhança de qualquer ponto que satisfaz as equações
x4 + (x + z)y3 = 0
x4 + (2x + 3z)y3 = 0
Solução:
∂y ∂z
7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
LIMA, Elon Lages. Análise real, 1: função de uma variável. 11 ed. Rio de Janeiro:IMPA,
2011.
LIMA, Elon Lages. Análise real, 2: função de várias variáveis. 11 ed. Rio de Janeiro:IMPA,
2011.
SPIVAK, Michael. O cálculo em variedades. 1. ed. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2003.