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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL

CAMPUS DE ARAPIRACA
MATEMÁTICA - LICENCIATURA

ANA CRISTINA MARIA DA SILVA

O TEOREMA DA FUNÇÃO INVERSA E ALGUMAS APLICAÇÕES

ARAPIRACA
2014
ANA CRISTINA MARIA DA SILVA

TEOREMA DA FUNÇÃO INVERSA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


curso de Matemática Licenciatura da Universidade
Federal de Alagoas - UFAL, Campus de Arapiraca,
como pré-requisito parcial à obtenção do título
de Graduado em Licenciatura Plena em Matemática.

Orientador: Prof. Me. José Arnaldo dos Santos

ARAPIRACA
2014
ANA CRISTINA MARIA DA SILVA

O TEOREMA DA FUNÇÃO INVERSA E ALGUMAS APLICAÇÕES

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


curso de Matemática Licenciatura da Universidade
Federal de Alagoas - UFAL, Campus de Arapiraca,
como pré-requisito parcial à obtenção do título de
Graduado em Licenciatura Plena em Matemática.

Data de Aprovação: 27/08/2014.

Banca Examinadora

Prof. Me. José Arnaldo dos Santos


Universidade Federal de Alagoas - UFAL
Campus de Arapiraca
Orientador

Prof. Me. José Fábio Boia Porto


Universidade Federal de Alagoas - UFAL
Campus de Arapiraca
Examinador

Prof. Me. Moreno Pereira Bonutti


Universidade Federal de Alagoas - UFAL
Campus de Arapiraca
Examinador
Dedico este trabalho a minha família que sem-
pre acreditou que eu seria capaz de realizar
tudo a que eu me propusesse, me apoiando,
dando amor e força o suficiente pra que mi-
nha vontade de vencer fosse mais forte do que
a vontade de desistir.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus pelo dom da vida e pela graça da conquista da gradua-
ção.
Agradeço a minha família, meus pais, Anástacio e Cicera, irmãs, Ane Karoline e Cristi-
ane, pela paciência quando o extresse tomava conta do meu ser, pelo amor incondicional, pelas
palavras amigas e sobretudo pelo apoio nos momentos em que pensei em desistir.
Agradeço ao meu orientador, José Arnaldo, que aceitou de bom grado me orientar neste
trabalho tão importante para fechar esse ciclo na minha graduação.
Agradeço aos amigos que conquistei nesse período de graduação, os quais espero ter
junto a mim durante toda a vida, não citarei nomes, pois poderia esquecer algum.
Agradeço ao meu namorado, Jailson, por sempre me incentivar a terminar meu tcc, me
fazendo acreditar na minha capacidade e sobretudo pelo bem que ele me faz.
Os números governam o mundo.
Platão
RESUMO

Este trabalho consiste no estudo de um importante teorema da Análise no espaço Rn , e sua


consequência, o Teorema da Função Inversa e o Teorema da Função Implícita. Antes das de-
monstrações serão apresentados alguns resultados indispensáveis, um deles é a existência de um
ponto fixo que utilizaremos na demonstração do Teorema da Função Inversa. Além da apresen-
tação de tais teoremas os mesmos ainda serão demonstrados detalhadamente e apresentaremos
algumas aplicações para maior compreensão.

Palavras-chave: Teorema da função inversa. Teorema da função implícita. Ponto fixo. Demons-
tração.
ABSTRACT

This work consist in the study of an important theory of the Analyse of the space Rn , and its
consequence, which are simultaneously the Theorem of the Inverse Function and the Theorem
of the Implicit Function. Before the demonstration that they will be showed, some indispensable
results, one of them it is the existence of the one fixed point that we will use in the demons-
tration of the Theorem of the Inverse Function. Beyond of the presentation of such theories the
same still they will be demonstrated in details and we will show some applications to major
(bigger) comprehension.

Keywords: Theorem of the inverse function. Theorem of the implicit function. Fixed point of
the demonstration.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2 ALGUMAS NOÇÕES TOPOLÓGICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.1 Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 Sequências de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3 FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.1 Diferenciação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.2 O Princípio da Contração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4 TEOREMA DA FUNÇÃO INVERSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
5 TEOREMA DA FUNÇÃO IMPLÍCITA . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
6 APLICAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
6.1 Teorema da Função Inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
6.2 Teorema da Função Implícita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
7 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
9

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso tem o objetivo de mostrar a demonstração do


Teorema da Função Inversa que tem o seguinte enunciado:

Teorema 1.1 (Função Inversa) Seja f : E ⊂ Rn → Rn uma aplicação de classe C 1 . Se f 0 (a),


para a ∈ E, é bijetiva e f (a) = b, então:

1. existem abertos U,V ⊂ Rn , com a ∈ U e b ∈ V , tal que f : U → V é bijetiva;

2. existe uma função g : V → U de classe C 1 tal que g = f −1 .

Devemos mostrar que g0 (y) = [ f 0 (g(y))]−1 .

A demonstração será feita com base na existência de um ponto fixo, para isso estaremos
amparados pelo seguinte teorema:

Teorema 1.2 Sejam A ⊂ Rn um subconjunto fechado e f : A → A uma contração. Dado qual-


quer x0 ∈ A, a sequência

x1 = f (x0 ), x2 = f (x1 ), x3 = f (x2 ), ..., xk+1 = f (xk ), ...

converge para um ponto a ∈ A, que é o único ponto fixo de f .

Além do uso de tal ponto fixo iremos utilizar algumas noções topológicas da Análise no
Rn , conceitos como diferenciabilidade e continuidade para funções com várias variáveis.
Referente a disposição dos capítulos, no primeiro capítulo, com o título de "Noções To-
pológicas", encontram-se algumas definições tais como: conjunto aberto, ponto interior, fecho,
entre outros; encontram-se também as Sequências de Cauchy.
No segundo capítulo, intitulado "Funções de Várias Variáveis"estão dispostas defini-
ções, teoremas e seu foco principal para o trabalho encontra-se sobretudo na existência do ponto
fixo.
No terceiro capítulo, o qual podemos dizer que é o alge do nosso trabalho, faremos a
demonstração do Teorema da Função Inversa destacando de forma prática todos os passos, tal
teorema nos garante a possibilidade de inverter uma função, mesmo que seja localmente. .
Já no quarto capítulo demonstraremos uma consequência do Teorema da Função Inversa
que é o Teorema da Função Implícita que tem o seguinte enunciado

Teorema 1.3 (Função Implícita). Seja f : Rn × Rm → Rm uma função de classe C1 . Suponha


que f (a, b) = 0 e
 
∂f
det (a, b) 6= 0.
∂y
10

Então existe um aberto A ⊂ Rn que contém a e um aberto B ⊂ Rm que contém b, para os quais
a função g : A → B é C1 e f (x, g(x)) = 0.

O Teorema da Função Implícita garante, por sua vez, que dada uma expressão f (x, y) =
0 a mesma poderá ser resolvida para y em uma vizinhança de qualquer ponto (a, b) em que
f (a, b) = 0 e ∂ f /∂y(a, b) 6= 0, da mesma forma, pode-se resolver para x em termos de y próximo
de (a, b) se ∂ f /∂x(a, b) 6= 0 em (a, b). Em sua demonstração faz-se uso forte do fato de que as
transformações diferenciáveis comportam-se localmente muito parecido com suas derivadas.
No quinto e último capítulo com o intuito de aplicarmos os Teoremas serão apresentados
e resolvidos alguns exemplos.
11

2 ALGUMAS NOÇÕES TOPOLÓGICAS

Neste capítulo apresentaremos algumas noções topológicas e as Sequências de Cauchy,


que nos serão úteis posteriormente.

2.1 Definições

Definição 2.1 Dados o ponto a ∈ Rn e o número real r > 0, a bola aberta de centro a e raio r é
o conjunto B(a; r) dos pontos x ∈ Rn cuja distância ao ponto a é menor que r. Simbolicamente
temos: B(a; r) = {x ∈ Rn ; |x − a| < r}.

Definição 2.2 Seja a ∈ X ⊂ Rn . Diz-se que o ponto a é interior ao conjunto X quando, para
algum r > 0, tem-se B(a; r) ⊂ X. Isto significa que todos os pontos suficientemente próximos de
a também pertencem a X, ou seja, existe um número ε > 0 tal que o intervalo aberto (a−ε, a+ε)
está contido em X.

Definição 2.3 O conjunto intX dos pontos interiores a X chama-se interior do conjunto X.
Evidentemente, intX ⊂ X. Quando a ∈ int.X, diz-se que X é uma vizinhança de a.

Definição 2.4 Um conjunto A ⊂ Rn chama-se aberto quando A = intA, isto é, quando todos os
pontos de A são interiores a A.

Todo ponto c do intervalo aberto (a, b) é um ponto interior a (a, b). Os pontos a e b,
extremos do intervalo fechado [a, b] não são interiores a [a, b]. O interior do conjunto que Q
dos números racionais é vazio. Por outro lado, int[a, b] = (a, b). O intervalo fechado [a, b] não é
uma vizinhança de a nem de b. Um intervalo aberto é um conjunto aberto. O conjunto vazio é
aberto. Todo intervalo aberto (limitado ou não) é um conjunto aberto.

Definição 2.5 Diz-se que a é aderente ao conjunto X ⊂ Rn quando a é limite de alguma sequên-
cia de pontos xn ∈ X. Assim sendo, todo ponto a ∈ X é aderente a X, para isto basta considerar
xn = a para todo n ∈ N.

Definição 2.6 Chamaremos de fecho o conjunto de todos os pontos aderentes a X e o denota-


remos de X. Tem-se X ⊂ X. Se X ⊂ Y então X ⊂ Y .

Definição 2.7 Um conjunto X diz-se fechado quando X = X, ou seja, quando todos os pontos
aderentes a X pertencem a X.

Seja X ⊂ R limitado, não vazio. Então a = in f X e b = supX são aderentes a X. Com


efeito, para todo n ∈ N, podemos escolher xn ∈ X com a ≤ xn < a + 1/n, logo a = lim xn .
Analogamente, vê-se que b = lim yn , para yn ∈ X. Em particular, a e b são aderentes a (a, b).
12

Definição 2.8 Seja X ⊂ Rn . Dizemos que X é um conjunto convexo se dados dois pontos
quaisquer de X, o segmento de reta unindo estes dois pontos está inteiramente contido em
X.

Definição 2.9 Um conjunto X ⊂ Rn diz-se limitado superiormente quando existe algum b ∈ Rn


tal que x ≤ b para todo x ∈ X. Neste caso, diz-se que b é uma cota superior de X. De forma
análoga, diz-se que o conjunto X ⊂ Rn é limitado inferiormente quando existe a ∈ Rn tal que
x ≥ a para todo x ∈ X. A esse número a daremos o nome de cota inferior de X. Se X é limitado
superiormente e inferiormente, simultaneamente, diz-se que tal conjunto é limitado. Sendo as-
sim X ⊂ [a, b], onde [a, b] é um intervalo limitado por a e b, tais afirmações são equivalentes a,
se existe k > 0 tal que x ∈ X ⇒ |x| ≤ k.

Definição 2.10 Seja X ⊂ Rn limitado superiormente e não vazio. Um número b ∈ Rn chama-se


supremo do conjunto X quando é a menor das cotas superiores de X. Mais explicitamente, b
é o supremo de X quando ∀x ∈ X, tem se x ≤ b e se ∃c ∈ Rn tal que c < b então existe x ∈ X
com c < x. Com efeito, nenhum número real menor do que b pode ser cota superior de X.
Escrevemos b = sup X para indicar que b é o supremo do conjunto X.

Definição 2.11 Seja X ⊂ Rn limitado inferiormente e não vazio. Um número a ∈ Rn chama-se


ínfimo do conjunto X quando é a maior das cotas inferiores de X, e escrevemos a = inf X. Isto
equivale a dizer, por sua vez, ∀x ∈ X tem-se x ≥ a e se c ≤ x para todo x ∈ X então c ≤ a.

2.2 Sequências de Cauchy

Definição 2.12 Diz-se que (xn )n∈N , ou simplesmente xn , é uma sequência de Cauchy quando,
para todo ε > 0 dado, existe n0 ∈ N tal que n ≥ n0 , m ≥ n0 ⇒ |xn − xm | < ε.

Teorema 2.1 Toda sequência de Cauchy é convergente.

Prova:
Seja xn , n ≥ 0, uma sequência de Cauchy. Sendo de Cauchy é limitada. Podemos, então, consi-
derar as sequências

Ln = sup{x j | j ≥ n}
ln = in f {x j | j ≥ n}.

Como xn é de Cauchy, ∀k ∈ N, tal que k 6= 0, existe um natural nk tal que


1 1
n ≤ nk ⇒ xnk − < xn < xnk + .
k k
Assim, xnk − 1k é uma cota inferior do conjunto {xk |n ≥ nk } e xnk + 1k uma cota superior. Assim
sendo,
1 1
xnk − ≤ lnk ≤ Lnk ≤ xnk + .
k k
13

Segue que para todo n ≥ nk ,


1 1
xnk − ≤ lnk ≤ xnk +
k k
e
1
xnk − ≤ Lnk ≤ xnk + 1k
k
Daí e pelo fato de ln ≤ Ln vem
2
n ≥ nk ⇒ Ln − ln ≤
k
e, portanto,

lim [Ln − ln ] = 0;
n→+∞

logo

lim Ln = lim ln .
n→+∞ n→+∞

Como, para todo natural n

ln ≤ xn ≤ Ln

resulta, pelo teorema do confronto, que xn é convergente e

lim xn = lim Ln .
n→+∞ n→+∞


14

3 FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Este capítulo contém algumas definições aferidas à funções de várias variáveis que nos
serão úteis mais adiante.
Denotaremos por L(X,Y ) o conjunto de todas as transformações lineares do espaço ve-
torial X no espaço vetorial Y . Quando X = Y escrevemos simplesmente L(X), em vez de L(X,Y )
para denotarmos o conjunto dos operadores lineares.

Definição 3.1 Dado A ∈ L(Rn , Rm ) definimos a norma de A por

kAk = sup{|Ax|; x ∈ Rn , |x| = 1}.

Observe que a desigualdade |Ax| ≤ kAk|x| vale para todos os x ∈ Rn . Além disso, se λ é tal que
|Ax| ≤ λ|x| para todos os x ∈ Rn então kAk ≤ λ.

Teorema 3.1 1. Se A ∈ L(Rn , Rm ), então kAk < ∞ e A é uma aplicação uniformemente


contínua de Rn em Rm .

2. Se A, B ∈ L(Rn , Rm ) e c é um escalar, então

kA + Bk ≤ kAk + kBk,
kcAk = |c|kAk.

3. Se A ∈ L(Rn , Rm ) e B ∈ L(Rn , Rm ), então

kBAk ≤ kBkkAk.

Prova:

1. Seja {e1 , . . . , en } a base canônica do Rn e suponha que x = Σci ei , |x| ≤ 1, de modo que
|ci | ≤ 1 onde i = 1, . . . , n. Então

|Ax| = |Σci Aei | ≤ Σ|ci ||Aei | ≤ Σ|Aei |

de forma que
n
kAk ≤ ∑ |Aei | < ∞.
i=1

Uma vez que |Ax − Ay| ≤ kAk|x − y| se x, y ∈ Rn , vemos que A é uniformemente contínua.

2. A desigualdade em 2 decorre de

|(A + B)x| = |Ax + Bx|


≤ |Ax| + |Bx|
≤ (kAk + kBk)|x|.
15

A segunda parte de 2 é provada da mesma maneira. Se A, B,C ∈ L(Rn , Rm ), temos a


desigualdade triangular

kA −Ck = k(A − B) + (B −C)k


≤ kA − Bk + kB −Ck.

3. Finalmente, 3 decorre de

|(BA)x| = |B(Ax)|
≤ kBk|Ax|
≤ kBkkAk|x|.

Teorema 3.2 Seja Ω o conjunto de todos os operadores lineares invertíveis em Rn .

1. Se A ∈ Ω, B ∈ L(Rn ), e

kB − Ak · kA−1 k < 1,

então B ∈ Ω.

2. Ω é um subconjunto aberto de L(Rn ), e a aplicação A → A−1 é contínua em Ω.

Prova:

1. Fixe kA−1 k = 1/α, fixe kB − Ak = β. Então β < α. Para todo x ∈ Rn ,

α|x| = α|A−1 Ax|


≤ αkA−1 k · |Ax| ≤ |Ax|
≤ |(A − B)x| + |Bx|
≤ β|x| + |Bx|,

de modo que
(α − β)|x| ≤ |Bx| (x ∈ Rn ). (3.1)

Já que α − β > 0, (3.1) mostra que Bx 6= 0 se x 6= 0. Por isso B é bijetora e B ∈ Ω. Isso


vale para todo B com kB − Ak < α. Assim temos 1 e o fato que Ω é aberto.

2. Em seguida, substitua x por B−1 y em (3.1). A desigualdade resultante

(α − β)|B−1 y| ≤ |BB−1 y| = |y| (y ∈ Rn )


16

mostra que kB−1 k ≤ (α − β)−1 . A identidade

B−1 − A−1 = B−1 (A − B)A−1 ,

combinado com o teorema (3.4) (parte 3), implica, portanto que

kB−1 − A−1 k ≤ kB−1 k · kA − Bk · kA−1 k


β
≤ .
α(α − β)

Isto estabelece a continuidade, afirmação feita na alínea (2), já que β → 0 enquanto B →


A.

3.1 Diferenciação

Definição 3.2 Suponha que E é um conjunto aberto em Rn , f : E −→ Rm uma função, e x ∈ E.


Se existe uma transformação linear A de Rn em Rm de tal modo que
| f (x + h) − f (x) − Ah|
lim = 0,
h→0 |h|
então dizemos que f é diferenciável em x, e escrevemos

f 0 (x) = A.

Se f é diferenciável a cada x ∈ E, dizemos que f é diferenciável em E.

Definição 3.3 Seja U e V abertos do Rn , um difeomorfismo f : U → V é uma bijeção diferen-


ciável cuja inversa também é diferenciável. Se ambos, f e f −1 são de classe C 1 , dizemos que f
é um difeomorfismo de classe C 1 .

Definição 3.4 Seja E ⊂ Rn um aberto e f : E → Rn uma aplicação. Dizemos que f é um


difeomorfismo local se para cada x ∈ E, existe um aberto U e um aberto V , com x ∈ U e
f (x) ∈ V , tal que f : U → V seja um difeomorfismo. Um difeomorfismo local de classe C 1
quando f : U → V for de classe C 1 para cada x ∈ E.

Teorema 3.3 Sejam E ⊂ Rn um conjunto aberto convexo, f : E −→ Rn uma função diferen-


ciável e M um número real tal que

k f 0 (x)k ≤ M

para todo x ∈ E. Então

| f (b) − f (a)| ≤ M|b − a|

para todo a, b ∈ E.
17

Prova:
Fixe a, b ∈ E. Defina

γ(t) = (1 − t)a + tb

para todo t ∈ R de tal modo que γ(t) ∈ E. Uma vez que E é convexo, γ(t) ∈ E para todo t, tem
0 ≤ t ≤ 1. Além disso,

g(t) = f (γ(t)).

Daí, utilizando a regra da cadeia

g0 (t) = f 0 (γ(t))γ0 (t)


= f 0 (γ(t))(b − a),

de modo que

kg0 (t)k ≤ k f 0 (γ(t))k|b − a| ≤ M|b − a|

para todo t ∈ [0, 1]. Daí,

|g(1) − g(0)| ≤ M|b − a|.

Mas g(0) = f (a) e g(1) = f (b). Isso completa a prova. 

3.2 O Princípio da Contração

Definição 3.5 Seja X ⊂ Rn . Uma aplicação f : X −→ Rn chama-se uma contração quando


existe λ ∈ R, 0 ≤ λ < 1, e uma norma em Rn relativamente à qual se tem

| f (x) − f (y)| ≤ λ|x − y|

para quaisquer x, y ∈ X.

Teorema 3.4 Sejam A ⊂ Rn um subconjunto fechado e f : A → A uma contração. Dado qual-


quer x0 ∈ A, a sequência

x1 = f (x0 ), x2 = f (x1 ), x3 = f (x2 ), ..., xk+1 = f (xk ), ...

converge para um ponto a ∈ A, que é o único ponto fixo de f .

Prova:
Como f é uma contração, então

| f (x) − f (y)| ≤ λ|x − y|,


18

para todo x, y ∈ A e 0 ≤ λ < 1.

|xk+1 − xk | = | f (xk ) − f (xk−1 )|


≤ λ|xk − xk−1 |
= λ| f (xk−1 ) − f (xk−2 )|
≤ λ2 |xk−1 − xk−2 |
≤ λk |x1 − x0 |

Daí,
|xk+1 − xk | ≤ λk |x1 − x0 |.

Portanto,
p−1
|xk+p − xk | ≤ ∑ |xk+i+1 − xk+i|
"i=0 #
p−1
≤ ∑ λk+i |x1 − x0 |
i=0
λk
≤ |x1 − x0 |.
1−λ
Como 0 ≤ λ < 1, temos lim |xk+p − xk | = 0, para qualquer p ∈ N. Isso mostra que (xk ) é uma
k→∞
sequência de Cauchy, já que toda Sequência de Cauchy em Rn é convergente, logo existe a =
lim xk . Sendo A fechado, tem-se que a ∈ A. Segue da continuidade de f que f (a) = f (lim xk ) =
lim f (xk ) = lim xk+1 = a. Ou seja, a é um ponto fixo de f . Suponha ainda que f (b) = b, com
b ∈ A, então
|b − a| = | f (b) − f (a)| ≤ λ|b − a|.

Logo, (1 − λ)|b − a| ≤ 0. Como 1 − λ > 0, isto dá b = a. Portanto, o ponto fixo de f é único. 


19

4 TEOREMA DA FUNÇÃO INVERSA

Neste capítulo demonstraremos o Teorema da Função Inversa destacando de forma prá-


tica todos os passos.
O Teorema da função Inversa é um importante resultado que trata da possibilidade de
inverter uma função, mesmo que localmente, o teorema também fala das propriedades de dife-
renciabilidade da inversa. De uma forma geral o Teorema da Função Inversa diz basicamente
que se f 0 (x0 ) é invertível, então f é invertível numa vizinhança de x0 ; a demonstração de tal
teorema se fará a partir da existência de um ponto fixo.

Teorema 4.1 (Função Inversa) Seja f : E ⊂ Rn → Rn uma aplicação de classe C 1 . Se f 0 (a),


para a ∈ E, é bijetiva e f (a) = b, então:

1. existem abertos U,V ⊂ Rn , com a ∈ U e b ∈ V , tal que f : U → V é bijetiva;

2. existe uma função g : V → U de classe C 1 tal que g = f −1 .

Devemos mostrar que


g0 (y) = [ f 0 (g(y))]−1 .
em outras palavras, queremos mostrar que f é um difeomorfismo local de classe C 1 .

Demonstração:
Se f ∈ C 1 , então f 0 (a) é contínua em E e f 0 (a) bijetiva, sendo assim f 0 (a) é inversível. Seja
A = f 0 (a) e tomemos λ de tal forma que

2λkA−1 k = 1

daí,
1
kA−1 k = (4.1)

Como f 0 é contínua no ponto a, existe uma bola aberta U em Rn centrada em a, com U ⊂ E tal
que
k f 0 (x) − Ak < λ, ∀x ∈ U (4.2)
Seja y ∈ Rn e definamos uma função φ da seguinte forma

φ(x) = x + A−1 (y − f (x)), ∀x ∈ U.

Se y = f (x) então

φ(x) = x + A−1 (y − y),

daí φ(x) = x. Poderíamos reescrever φ(x) da seguinte forma

φ(x) = x + A−1 y − A−1 f (x)


20

além disso,

φ0 (x) = I − A−1 f 0 (x)

ou ainda

φ0 (x) = A−1 A − A−1 f 0 (x)


= A−1 (A − f 0 (x)).

Aplicando a norma,

kφ0 (x)k = kA−1 (A − f 0 (x))k


≤ kA−1 kkA − f 0 (x)k

devido a (4.1) e (4.2), temos


1
kA−1 kkA − f 0 (x)k ≤ ·λ

1
=
2
isto é,
1
kφ0 (x)k ≤ (4.3)
2
A bola aberta U é convexa, então para quaisquer x1 e x2 , temos que (1 − t)x1 + tx2 ∈ U. Vamos
definir h(t) de tal forma

h(t) = φ((1 − t)x1 + tx2 ).

Além disso, utilizando a Regra da Cadeia, segue que

h0 (t) = φ0 ((1 − t)x1 + tx2 ) · (−1 · x1 + x2 )

ou ainda,

h0 (t) = φ0 ((1 − t)x1 + tx2 ) · (x2 − x1 )

Aplicando a norma,

kh0 (t)k = kφ0 ((1 − t)x1 + tx2 ) · (x2 − x1 )k


≤ kφ0 ((1 − t)x1 + tx2 )kk(x2 − x1 )k

de (4.3),
1
kφ0 ((1 − t)x1 + tx2 )kk(x2 − x1 )k ≤ kx2 − x1 k
2
então,
1
kh0 (t)k ≤ kx2 − x1 k.
2
21

Utilizando a desigualdade do Valor Médio, concluímos que


1
kφ(x2 ) − φ(x1 )k ≤ kx2 − x1 k (4.4)
2
Assim sendo, φ é uma contração sobre a bola U. Como φ(U) ⊂ U e φ : U → U é uma contração,
então φ tem um único ponto fixo x ∈ U. Temos y = f (x) para no máximo um x ∈ U. Assim,
f : U → f (U) é bijetiva.
Seja g = f −1 . Mostraremos que V = f (U) é um aberto. Seja y0 = f (x0 ) ∈ U. Seja B1 (x0 ; r) a
bola aberta de centro x0 e raio r > 0 tal que B1 ⊂ U.
Tomemos y tal que

ky − y0 k < λr

ou
ky − f (x0 )k < λr (4.5)

provaremos que y ∈ V. Pela definição de φ e utilizando o ponto x0 temos

φ(x0 ) = x0 + A−1 (y − f (x0 ))

Subtraindo em ambos os termos x0 temos

φ(x0 ) − x0 = A−1 (y − f (x0 ))

Aplicando a norma,

kφ(x0 ) − x0 k = kA−1 (y − f (x0 ))k


≤ kA−1 kk(y − f (x0 ))k

de (4.1) e (4.5)
1
kA−1 kk(y − f (x0 ))k ≤ · λr

r
=
2
daí,
r
kφ(x0 ) − x0 k ≤ .
2
Se x ∈ B1 , segue de (4.4) que

kφ(x) − x0 k ≤ kφ(x) − φ(x0 )k + kφ(x0 ) − x0 k


1 r
≤ kx − x0 k +
2 2
r r
≤ +
2 2
= r.
22

Segue que φ(x) ∈ B1 ⊂ B1 . Assim φ : B1 → B1 é uma contração, daí φ tem um único ponto fixo
x ∈ B1 . Para este x, f (x) = y e assim y ∈ f (B1 ) ⊂ f (U) = V . Sendo assim chegamos que V é
aberto, pois y é um ponto interior de V . Aqui concluímos a parte 1 da demonstração do teorema.
Para demonstrarmos a parte 2 do teorema, em que g é de classe C 1 , tomemos U = B e V = f (B).
Seja y ∈ f (B) e y + k ∈ f (B). Então, existe, por sua vez, x ∈ B e x + h ∈ B tal que f (x) = y e
f (x + h) = y + k de onde obtemos

k = f (x + h) − f (x).

Devido a definição de φ, temos

φ(x + h) − φ(x) = x + h + A−1 (y − f (x + h)) − x − A−1 (y − f (x))

daí

φ(x + h) − φ(x) = h + A−1 ( f (x) − f (x + h))


= h + A−1 (−k)
= h − A−1 k

Aplicando a norma,

kφ(x + h) − φ(x)k = kh − A−1 kk

de (4.4) temos,
1 1
kh − A−1 kk ≤ kx + h − xk = |h|
2 2
1
|h| − kA−1 kk ≤ |h|
2
assim sendo,
1
−kA−1 kk ≤ |h| − |h|
2
1
≤ − |h|
2
ou seja,
1
kA−1 kk ≥ |h|.
2
Logo,

|h| ≤ 2kA−1 kk

por (4.1),
1 |k|
|h| ≤ 2kA−1 k|k| = 2 · |k| =
2λ λ
23

daí
|k|
|h| ≤ (4.6)
λ
Pelo teorema 3.2 se A é inversível e B ∈ L (Rn ; Rn ) tal que kB − AkkAk < 1, então B também é
invertível. A aplicação A 7→ A−1 é contínua para todo A.
De (4.1) e (4.2), segue
1 1
k f 0 (x) − AkkA−1 k < λ · = <1
2λ 2
e assim f 0 (x) tem inversa, que iremos denotar por T .
Suponhamos que g é a inversa de f , logo dados g(y + k) = x + h e g(y) = x, então

g(y + k) − g(y) = x + h − x = h,

Subtraindo T k de ambos os membros:

g(y + k) − g(y) − T k = h − T k

utilizando o valor de k, segue

g(y + k) − g(y) − T k = h − T ( f (x + h) − f (x))


= Ih − T ( f (x + h) − f (x))
= T · T −1 h − T ( f (x + h) − f (x))
= T (T −1 h − f (x + h) + f (x))

então
g(y + k) − g(y) − T k = T ( f 0 (x)h − f (x + h) + f (x)) (4.7)
Aplicando a norma em (4.7) obtemos

kg(y + k) − g(y) − T kk = kT ( f 0 (x)h − f (x + h) + f (x))k

por (4.6) temos:


kT kk( f 0 (x)h − f (x + h) + f (x))k|k|
kg(y + k) − g(y) − T kk|h| ≤
λ

kg(y + k) − g(y) − T kk kT k k( f 0 (x)h − f (x + h) + f (x))k


⇒ ≤ · (4.8)
|k| λ |h|
De (4.6) temos que
1 1

|k| λ|h|
daí percebemos que quando k → 0 concomitantemente h → 0. Logo os dois lados de (4.8) ten-
dem a zero. Por meio da definição de derivada de uma função,

g0 (y) = T = [ f 0 (x)]−1 .
24

Podemos afirmar que g é contínua em V , já que g é diferenciável. E a partir de g0 (y) = T =


[ f 0 (x)]−1 podemos afirmar que g0 também é contínua, visto que a composição de funções con-
tínuas é contínua. Finalizamos a demonstração do teorema. 
25

5 TEOREMA DA FUNÇÃO IMPLÍCITA

Neste capítulo demonstraremos uma consequência do Teorema da Função Inversa, ou


seja, o Teorema da Função Implícita.
O Teorema da Função Implícita é uma consequência do Teorema da Função Inversa,
garante que dada uma expressão f (x, y) = 0 a mesma poderá ser resolvida para y em uma vizi-
nhança de qualquer ponto (a, b) em que f (a, b) = 0 e ∂ f /∂y 6= 0, ou seja, mostra a possibilidade
de solucionar um sistema complicado de forma implícita desde que satisfaça as condições do
Teorema. Em sua demonstração faz-se uso forte do fato de que as transformações diferenciáveis
comportam-se localmente muito parecido com suas derivadas.

Teorema 5.1 (Função Implícita). Seja f : Rn × Rm → Rm uma função de classe C 1 . Suponha


que f (a, b) = 0 e
 
∂f
det (a, b) 6= 0.
∂y

Então existe um aberto A ⊂ Rn que contém a e um aberto B ⊂ Rm que contém b, para os quais
a função g : A → B é C1 e f (x, g(x)) = 0.

Demonstração:
Definindo F : Rn × Rm → Rn × Rm pela expressão F(x, y) = (x, f (x, y)), tem-se que
 
In 0 ∂

f

0
detF (a, b) = det  ∂ f ∂f  = det (a, b) 6= 0.
(a, b) (a, b) ∂y
∂x ∂y

Pelo teorema da função inversa existe um aberto

W ⊂ Rn × Rm

contendo F(a, b) = (a, 0) e outro, também em Rn × Rm , o qual contém (a, b) e cuja forma
podemos supor A × B, para os quais se verifica:

F : A×B →W

tem uma inversa diferenciável


h : W → A × B.
Além disso h é da forma
h(x, y) = (x, q(x, y))
para alguma função diferenciável q, pois F possui essa forma. Seja

π : Rn × Rm → Rm
26

dada por π(x, y) = y. Então, π ◦ F = f . Daí,

f (x, q(x, y)) = f ◦ h(x, y) = (π ◦ F) ◦ h(x, y) = π ◦ (F ◦ h)(x, y) = π(x, y) = y.

Portanto, f (x, q(x, y)) = y. Em particular, f (x, q(x, 0)) = 0. Agora basta definir g por g(x) =
q(x, 0). 
27

6 APLICAÇÕES

Neste capítulo apresentaremos algumas aplicações dos Teoremas da Função Inversa e


da Implícita, uma vez que, com o Teorema da Função Inversa podemos encontrar uma inversa
mesmo que localmente e com o Teorema da Função Implícita podemos determinar a solução de
um sistema complicado, caso ele esteja conforme o Teorema.

6.1 Teorema da Função Inversa

Exemplo 6.1 A hipótese f é C 1 não pode ser retirada. Considere a seguinte função

 x + x2 sin( 1 ), se x 6= 0,
f (x) = 2 x
 0, se x = 0.

Solução:
Temos que f é diferenciável e sua derivada é dada por

 1 + 2x sin( 1 ) − cos( 1 ), se x 6= 0,

f 0 (x) = 2 x x
1

 , se x = 0.
2

Se f fosse invertível numa vizinhança x0 = 0, então f seria injetiva, e também bijetiva, nessa
1
vizinhança. Como f 0 (0) = > 0, então f seria crescente. No entanto, isto é impossível pois,
2
em toda vizinhança x0 f oscila de sinal. 

Exemplo 6.2 Seja f : R2 → R2 dada por f (x, y) = (cos x + cos y, sin x + sin y). Vamos mostrar
que f tem uma vizinhança de todos os pontos (x0 , y0 ) tal que (x0 − y0 ) 6= nπ, com n ∈ Z.

Solução:
Se as derivadas parciais das funções coordenadas fi de f existem em (x0 , y0 ), então podemos
formar a seguinte matriz:

!
− sin x0 − sin y0
D f (x0 , y0 ) =
cos x0 cos y0

Para que D f tenha inversa, det f 6= 0, logo:

− sin x0 − sin y0
det f (x0 , y0 ) = = − sin(x0 + y0 )
cos x0 cos y0

Podemos notar que det f (x0 , y0 ) = − sin(x0 + y0 ) 6= 0 se, e somente se, (x0 , y0 ) 6= nπ, logo f tem
uma inversa localmente. 
28

6.2 Teorema da Função Implícita

Exemplo 6.3 Mostre que na vizinhança de qualquer ponto que satisfaz as equações

x4 + (x + z)y3 = 0
x4 + (2x + 3z)y3 = 0

existe uma única solução y = φ1 (x) e z = φ2 (x) dessas equações.

Solução:

f1 (x, y, z) = x4 + (x + z)y3 = 0 (6.1)


f2 (x, y, z) = x4 + (2x + 3z)y3 = 0 (6.2)

Se p = x, q = (y, z) e f ( f1 , f2 ), então as equações (6.1) e (6.2) podem ser escritas na forma


f (p, q) = 0. Logo,
 
∂ f1 ∂ f1 " #
3(x + z)y2 y3
0
 ∂y ∂z  5
det f (p, q) = det  ∂ f2 ∂ f2  = 3(2x + 3z)y2 3y3 = 3xy 6= 0

∂y ∂z

se xy 6= 0. Portanto, para o ponto (x, y, z) com x 6= 0 e y 6= 0, pelo Teorema da Função Implícita,


existe uma vizinhança do ponto (x, y, z) com x 6= 0 e y 6= 0 tal que a equação f (p, q) = 0 possui
uma única solução q = φ(p), isto é, (y, z) = φ(x) = (φ1 (x), φ2 (x)). Logo y = φ1 (x) e z = φ2 (x).

29

7 CONCLUSÃO

O foco deste trabalho foi o enunciado e a demonstração do Teorema da Função Inversa


e o Teorema da Função Implícita, onde foi utilizado conteúdos acerca da Análise Matemática
com requintes do cáculo avançado, voltados para funções de várias variáveis, ficamos voltado ao
espaço Rn , que foram a base necessária para compreensão dos teoremas e a então demonstração
dos mesmos.
É pertinente observar que a demonstração dos teoremas supracitados só foi possível
graças a existência de um ponto fixo.
A partir do resultado do Teorema da Função Inversa, pudemos notar que dada uma
função poderemos inverte-la mesmo que numa vizinhança do seu ponto fixo. Já no Teorema da
Função Implícita, dada uma expressão f (x, y) = 0 a mesma poderá ser resolvida para y em uma
vizinhança de qualquer ponto (a, b) em que f (a, b) = 0 e ∂ f /∂y(a, b) 6= 0, da mesma forma,
pode-se resolver para x em termos de y próximo de (a, b) se ∂ f /∂x(a, b) 6= 0 em (a, b). Por
fim foram apresentados alguns exemplos aplicando os teoremas para maior compreensão dos
mesmos.
30

REFERÊNCIAS

LIMA, Elon Lages. Análise real, 1: função de uma variável. 11 ed. Rio de Janeiro:IMPA,
2011.

LIMA, Elon Lages. Análise real, 2: função de várias variáveis. 11 ed. Rio de Janeiro:IMPA,
2011.

RUDIN, W. Principles of mathematical analysis. 3. ed. New York: McGraw-Hill, 1976.

SPIVAK, Michael. O cálculo em variedades. 1. ed. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2003.

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