Você está na página 1de 512

Maria Helena S. S.

Bizelli
Sidinéia Barrozo

CÁLCULO
para um Curso de Química
Volume 2

Araraquara
2011
Prefácio

Este material foi elaborado para ser o material de apoio


aos alunos que cursam a disciplina Cálculo Diferencial e
Integral II, ministrada no segundo semestre dos cursos de
Licenciatura e Bacharelado em Química da Unesp, Campus de
Araraquara. Estes cursos, assim como os demais cursos de
Química da Unesp, concentram o conteúdo de Cálculo
Diferencial e Integral em dois semestres, o que os diferenciam
da maioria dos cursos da área de exatas, que normalmente
distribui tal conteúdo ao longo de quatro semestres, tratando
do Cálculo de uma variável nos dois primeiros semestres e do
Cálculo de duas variáveis nos dois semestres subsequentes.
Esta particularidade sugere um material mais específico, que
contemple os tópicos que devam ser trabalhados e, ao mesmo
tempo, os apresentem em uma sequência lógica e harmoniosa,
focando a compreensão e a aplicação dos conteúdos. Além
disso, é mais motivador ao aluno um material que apresente
aplicações voltadas para a área, favorecendo a apreensão do
conhecimento adquirido. Assim, com esse intuito,
desenvolvemos este material, o qual vem sendo utilizado e
reformulado ao longo dos últimos anos e apresentando bons
resultados. Esperamos que possa ser útil também a outros
cursos de Química.
Gostaríamos de observar que, seguindo a sequência
programática da disciplina, este volume contém o estudo de
técnicas de integração, equações diferenciais ordinárias,
funções de duas variáveis, derivadas parciais, integração
múltipla e uma introdução ao estudo do cálculo vetorial,
enfatizando a integral de linha.

Maria Helena S.S. Bizelli


Sidinéia Barrozo
5 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Sumário

Capítulo 1 – Alguns Métodos de Integração ............................... 09


Integrais Imediatas ..................................................................... 11
Mudança de Variáveis ....................................................... 13
Outras Substituições .................................................... 15
Integração por Partes ............................................................ 19
Integração de Potências e Funções Trigonométricas ............ 25
Integração por Substituições Trigonométricas ........................... 44
Integração por Frações Parciais .................................................. 52
Exercícios Extras .......................................................................... 59

Capítulo 2 – Equações Diferenciais Ordinárias ......................... 63


Introdução ............................................................................. 64
Equações Diferenciais de Primeira ordem ................................. 66
Problemas de Valor Inicial .......................................................... 69
Equações de Primeira Ordem Separáveis................................... 72
Aplicações .................................................................................... 79
Equações de Primeira Ordem Lineares ............................... .. 101
Aplicações ............................................................................ ... 105
Campo de direções .................................................... 114
Exercícios Extras .................................................................... 135
Capítulo 3 – Funções de Várias Variáveis ................................ 140
Introdução........................................................................... 141
Sistema Tridimensional de Coordenadas ................................. 142
A fórmula da distância no espaço............................................. 147
A equação de uma esfera .......................................................... 149
Funções de Duas Variáveis ....................................................... 155
Gráfico de uma Função de Duas Variáveis ............................. 161
Curvas de Nível ......................................................................... 164
Exercícios Extras .................................................................... 176

Capítulo 4 – Derivadas Parciais ............................................... 188


Introdução........................................................................... 189
Derivadas Parciais .................................................................... 190
Aplicações das Derivadas Parciais .......................................... 195
Cálculo de Derivadas Parciais ................................................. 198
Função Composta – Regra da Cadeia ................................ 205
Interpretação Geométrica ..................................................... 218
Derivadas Parciais de Segunda Ordem .............................. 223
Extremos de Funções de Duas Variáveis................................ 229
Teste da Segunda Derivada...................................................... 235
Diferencial de uma Função de Duas Variáveis ................ 250
Derivação Implícita .................................................................. 273
Exercícios Extras .................................................................... 276
Capítulo 5 – Integrais Múltiplas ............................................... 284
Introdução .................................................................................. 285
Integrais Duplas ................................................................. 285
Integral Dupla sobre uma Região ........................................ 292
Aplicações das Integrais Duplas .......................................... 309
Integrais Triplas ...................................................................... 318
Coordenadas Polares ................................................................. 324
Integrais Duplas em Coordenadas Polares ........................ 329
Coordenadas Cilíndricas e Esféricas........................................ 333
Exercícios Extras .................................................................... 346

Capítulo 6 – Cálculo Vetorial .................................................... 352


Vetor .................................................................................. 353
Operações com Vetores ......................................................... 362
O Produto Escalar ou Produto Interno ............................... 368
O Produto Vetorial ................................................................. 374
Equações Paramétricas de Retas ......................................... 378
Campo Vetorial ......................................................................... 386
Derivada Direcional .................................................................. 388
Integral de Linha ....................................................................... 400
Algumas Aplicações ................................................................. 418
Exercícios Extras .................................................................... 446

Apêndice ......................................................................................... 456


Referências Bibliográficas .......................................................... 464
Respostas dos Exercícios ............................................................ 466
Sobre as Autoras .......................................................................... 511
9 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Capítulo 1

Alguns Métodos de Integração

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR:


• Como determinar a integral indefinida através de outras
mudanças de variáveis.
• Como determinar a integral indefinida através do método de
integração por partes.
• Como determinar a integral indefinida através do método de
potências de funções trigonométricas.
• Como determinar a integral indefinida através do método de
substituições trigonométricas.
• Como determinar a integral indefinida através do método das
frações parciais.
10 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Alguns Métodos de Integração

No curso de Cálculo Diferencial e Integral I fizemos uma


introdução à integração, onde foram trabalhadas as funções que
possuem integrais imediatas ou que podem ser calculadas através de
uma substituição simples da variável. Faremos uma breve revisão
aqui, a fim de situar o leitor a esse respeito.
O cálculo integral consiste em, conhecendo-se a derivada de
uma função, encontrar a função primitiva (ou antiderivada) da qual
ela provém; ou seja, significa encontrar uma função F(x) cuja
derivada seja conhecida. Assim, se a derivada é representada por
f(x), a sua primitiva F(x) deverá satisfazer F´(x) = f(x) para qualquer
x onde f esteja definida e seja contínua. Assim, por exemplo, uma
primitiva da função f(x) = cos x é F(x) = sen x, pois F´(x) = cos x =
f(x). É importante lembrar que a primitiva não é única, pois se
tomarmos F(x) = sen x + C, onde C é um número real qualquer,
ainda teremos F´(x) = cos x = f(x).
Uma primitiva (ou antiderivada) de uma função y = f (x) será
denominada também de integral indefinida de f e representada por

∫ f ( x ) dx = F ( x ) + C.
A função f(x) a ser integrada é denominada de integrando, x é a
variável de integração, dx é um símbolo que indica em relação a
qual variável a função está sendo integrada e C é a constante de
integração.
A tabela a seguir mostra as primitivas consideradas imediatas,
ou seja, que não demandam de cálculos para serem obtidas.
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO 11

Integrais Imediatas

∫ dx = ∫1dx = x + C
x n +1 1
∫ x n dx =
n +1
+ C ( n ≠ −1) ∫ x dx = ln x + C
∫ sen x dx = − cos x + C ∫ cos x dx = sen x + C
∫ sec x dx = tg x + C ∫ cossec x dx = −cotg x + C
2 2

∫ sec x ⋅ tg x dx = sec x + C ∫ cossec x ⋅ cotg x dx = −cossec x + C


1
∫ a dx = ln a a
x x
+ C ( a > 0 e a ≠ 1)
∫ e dx = e
x x
+C

Propriedades

1. ∫ a ⋅ f ( x ) dx = a∫ f ( x ) dx onde a é uma constante.

2. ∫  f ( x ) ± g ( x ) dx = ∫ f ( x ) dx ± ∫ g ( x ) dx

LEMBRETE: A integral do produto não é o produto das integrais,


assim como a integral do quociente também não é o quociente das
integrais, ou seja, em geral temos
12 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

∫ f ( x) dx
∫ f ( x) g( x) dx ≠ ∫ f ( x) dx × ∫ g( x) dx ∫
f ( x)
e dx ≠

∫ g( x) dx
g ( x)

Observamos que nem toda função possui primitiva, ou seja,


existem algumas funções para as quais não conseguimos escrever
suas integrais indefinidas em termos de funções elementares. Um
2
x
exemplo clássico desse tipo de funções é f ( x) = e que, embora
pareça ser uma função bem simples, só pode ser integrada
numericamente. Todavia, para calcular as primitivas daquelas
funções que são integráveis, nos valemos de vários métodos, cada
um deles adequado a um tipo de função. Existem vários deles,
porém trataremos aqui somente daqueles que julgamos mais
necessários para o desenvolvimento das teorias seguintes, como
resolução de Equações Diferenciais, por exemplo. O estudante que
tiver necessidade de resolver alguma integral que não tenha sido
abordada nesse material, poderá recorrer à bibliografia indicada ou
às tabelas de integração apresentadas no final deste material.
Observamos ainda que a abordagem dada neste capítulo é mais
técnica, preparando o estudante com ferramentas matemáticas que
serão utilizadas na resolução de problemas futuros.
Inicialmente faremos uma rápida revisão da mudança de
variável estudada no Cálculo I, seguida de outras possibilidades de
substituições e, na sequência, estudaremos os métodos de integração
por partes, de potências de funções trigonométricas, por meio de
substituições trigonométricas e por meio de frações parciais.
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 13

Mudança de Variáveis

Este método consiste em tomar uma parte da função ão a ser


integrada e representá-la por outra letra, digamos, a letra u.u Esta
expressão geralmente é uma parte do integrando cuja derivada
ada, ou o
produto dela por uma constante, também aparece no integ egrando,
multiplicando dx. Com esta mudança, o integrando passa sa a ser
função de u e a integral torna-se simples de ser calculada. Vejamos
Ve
alguns exemplos:

x2
EXEMPLO 1 Calcule ∫xe dx.
Solução
Observe que a função a ser integrada possui o termo x2, cuja
derivada, 2x, também aparece no integrando, multiplicando do dx, a
menos da constante 2. Este é, portanto, um caso típico dee função
cuja integral se resolve pelo método de mudança de variáve vel, pois
fazendo
u = x2 , obtemos du = 2 x dx ⇒ x dx = du = 1 du ,
2 2
ou seja, mudamos adequadamente a variável x para u e, com om isso,
obtemos uma integral mais simples de ser calculada, ago agora na
variável u:
x2 1 u 1 u
∫ dx = 2 ∫ e du = 2 e + C .
x e

Todavia, não queremos a resposta em u, pois nossa função ori riginal é


função da variável x. Para retornarmos à variável x,, basta
substituirmos a variável u da resposta pela sua expressão em x, ou
seja, basta fazermos a substituição de u por x2 na respost sta final
obtida. Assim, teremos
x2 1 x2
∫ dx = 2 e + C .
x e
14 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXEMPLO 2 Calcule ∫ tg x sec2 x dx por dois meios diferente


tes:
(i) Fazendo u = tg x ;
(ii) Fazendo u = sec x .
Explique a diferença entre os resultados.
Solução
(i) u = tg x ⇒ du = sec 2 x dx .
u2 tg 2 x
∴ ∫ tg x sec 2 x dx = ∫ u du = +C = +C .
2 2
(ii) u = sec x ⇒ du = sec x tg x dx .
u2 sec 2 x
∴ ∫ tg x sec 2 x dx = ∫ sec x sec x tg x dx = ∫ u du = +C = + C.
2 2

Observamos que para cada escolha de u obtivemos uma soluç ução


diferente para a integral. No entanto, um olhar mais cuidadoso para
pa
as soluções, sugere que elas estão relacionadas de algum modo, pois
po
trata-se de potências de funções trigonométricas e sabemos ser s
verdadeira a identidade tg 2 x + 1 = sec2 x , para todo x. Assim
sim,
dividindo ambos os lados desta equação por 2 , obtemos
tg 2 x 1 sec 2 x
+ = ,
2 2 2
o que implica que
tg 2 x sec 2 x 1
− =− ,
2 2 2
2
tg x sec 2 x
ou seja, a função f ( x) = difere da função g ( x ) = p
por
2 2
uma constante. Logo, ambas são primitivas de função dada, já que q
duas primitivas de uma mesma função se diferem apenas por uma um
constante, conforme visto no Cálculo 1.
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 15

Outras substituições

As mudanças de variáveis vistas acima foram trabalhad hadas no


Cálculo 1 e apresentadas aqui apenas com o intuito de relembbrar um
pouco esta técnica. Porém, a situação descrita acima não é a única
em que a mudança de variável simplifica a função a ser inte ntegrada.
Existem outras possibilidades de mudanças de variávei eis que
facilitam muito o cálculo da integral e, dentre elas, citamos os casos
onde aparecem raízes de funções no integrando. A idéia, a, nestas
situações, é fazer uma mudança que possibilite a troca da ra raiz por
um polinômio, uma vez que os polinômios são faci cilmente
integráveis. Os exemplos abaixo ilustrarão como isso ocorre.

∫t
2
EXEMPLO 3 Calcule 1 + t dt .
Solução
Observe que não estamos no caso típico de mudança de vvariável
visto no Cálculo 1. Porém, é possível substituir o integrand
ando por
uma expressão que não contenha a raiz quadrada, considerand
ndo
1 + t = u 2.
Com isso, teremos

u2 = 1 + t ⇒ t = u 2 − 1 e dt = 2u du .

Substituindo no integrando temos

∫t
2
1 + t dt = 2 ∫ ( u 4 − 2u 2 + 1) u u du = 2 ∫ ( u 6 − 2u 4 + u 2 ) du =
 u 7 2u 5 u 3 
= 2 − +  + C.
 7 5 3
Para retornarmos à variável t, basta substituir a variável el u, da
1/2
solução, pela sua expressão em t, ou seja, por (1 + t ) , obtendndo
2 4 2
∫ t 1 + t dt = 7 (1 + t ) − 5 (1 + t ) + 3 (1 + t ) + C .
2 7/2 5/2 3/2
16 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

∫x
5
EXEMPLO 4 Calcule x2 + 4 dx .
Solução
Por se tratar de uma raiz quadrada, aplicaremos o mesm smo
procedimento adotado no Exemplo 3, ou seja, faremos x2 + 4 = u2
com o objetivo de eliminar a raiz do integrando. Com isso teremos
os

u 2 = x 2 + 4 ⇒ x 2 = u 2 − 4 ⇒ 2 x dx = 2u du ⇒ x dx = u du
d

Substituindo no integrando temos

∫x x 2 + 4 dx = ∫ ( x 2 ) 2 x 2 + 4 x dx = ∫ (u 2 − 4) 2 u u du =
5

u7 u5 u3
∫ (u − 8u + 16) u du = ∫ (u − 8u + 16u )du =
4 2 2 6 4 2
− 8 + 16 + C =
7 5 3
( x 2 + 4) 7/2 ( x 2 + 4)5/2 ( x 2 + 4) 3/2
= −8 + 16 +C.
7 5 3

x
EXEMPLO 5 Calcule ∫1+ 3
x
dx .

Solução
Observe que agora o integrando contém uma raiz quadrada e uma um
raiz cúbica e seria interessante fazermos uma mudança de variáv
iável
que eliminasse as duas raízes ao mesmo tempo. Para isso, bas asta
tomarmos para expoente da nova variável, digamos u, o mínim imo
múltiplo comum entre os índices das raízes que aparecem na funçã
ção,
6
ou seja, basta fazermos x = u , já que 6 = mmc(2,3). Assim sim,
teremos
x = u 6 ⇒ dx = 6u 5 du .

Substituindo no integrando obtemos:


ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 17

x u3 6 u5 u8
∫ 1+ 3
x
dx = ∫
1+ u2
du = 6 ∫ 1 + u 2 du.
Aqui temos um novo problema: como calcular a integral res esultante
acima. Para resolver este problema precisamos nos lembrar qu
que se
P ( x)
H ( x) =
Q( x)
onde P e Q são polinômios reais e o grau de Q é menor ou igu
igual que
o grau de P, então H é dita uma função racional imprópria. Para
Pa que
H se torne uma função racional própria é necessário dividir P por Q
até que o grau do numerador seja menor que o do denomi minador.
Assim, teremos
u8 1
2
= u6 − u4 + u2 − 1 +
1+ u 1 + u2
e, substituindo na integral acima, obtemos:
x  1 
∫ 1+ 3
x
dx = 6∫  u 6 − u 4 + u 2 − 1 +

 du =
1+ u2 
 u7 u5 u3 
= 6  − + − u + arctg u  + C =
 7 5 3 
 x7/6 x5/6 x3/6 1/6 
= 6 − + − x + arctg x1/6  + C.
 7 5 3 

OBS: Note que, ao longo da resolução, nos deparamoss com


c a
integral
1
∫ 1 + u 2 du
que ainda não aprendemos como resolver. Sempre que qu isso
ocorrer, consulte uma tabela de integração, como co a
apresentada no final desse livro.
18 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXERCÍCIOS 1.1
1. Calcule as seguintes integrais:

x+3
∫ x(2 + 3x ) dx
2 8
a) b) ∫ dx
x+4

et dt
c) ∫ et + 4 d) ∫ cos(5 x − 2)dx

∫x ∫x
2
e) 1 + x dx f) x + 1 dx

g) ∫t t − 4 dt h) ∫ x tg( x2 ) dx

−1
x 4 − 3x 2
+4 x3
i) ∫ 3
x
dx j)
∫ 3
x2 + 4
dx

1
k)
∫ x+3x
dx l)
∫x 3
x + 9 dx

x 1
m)
∫ 5
3x + 2
dx n)
∫ ( x + 1) x−2
dx

∫e
3x
o) 1 + e x dx
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 19

Integração por Partes


Quando estamos interessados em calcular integrais que
q se
apresentam na forma
∫ f ( x) g( x) dx , onde f é uma função quque pode
ser derivada repetidamente e g é uma função que pode ser integrada
int
repetidamente, ambas sem dificuldades, podemos nos valerr de d uma
técnica denominada Integração por Partes. Este nome se dá pe pelo fato
de que o método consiste em separar o integrando em duass partes,
digamos, u = f(x) e dv = g(x) dx e, em seguida, aplicar a fórm
mula

∫ f ( x ) g ( x ) dx = ∫ u dv = uv − ∫ v du ,
a qual é denominada “fórmula da integração por partes” .

Observe que devemos fazer uma escolha sobre qual al parte


iremos chamar de u e qual parte iremos chamar de dv e esta escolha,
es
embora nem sempre seja fácil, muitas vezes é decisiva ppara o
sucesso da resolução. Não existe uma receita para isso, mas um uma boa
dica é sempre chamar de dv a parte do integrando mais comp mplicada
que possa ser prontamente integrada. E não se esqueça de inc ncluir dx
no termo que chamou de dv. Após feita a escolha, é nece ecessário
calcular a diferencial de u para obter du e a integral de dv para
ara obter
v, ambos presentes na fórmula. O exemplo abaixo ilustrará melhor
me o
que está sendo dito:

∫x
2
EXEMPLO 1 Calcule e x dx .

Solução
O primeiro passo é sempre a escolha da parte que será chamad
ada de u
e daquela que será chamada de dv. Temos várias possibilidade
des para
dv:
dx, x2 dx, ex dx ou x2 ex dx.
20 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

ente
Dentre estas, a mais complexa que sabemos integrar imediatamen
x
é e dx. Portanto, fazemos:

u = x 2 ⇒ du = 2 x dx
dv = e x dx ⇒ v = e x + C1.

Substituindo na fórmula de integração por partes, obtemos:

∫ x e dx = x ( e x + C1 ) − 2 ∫ ( e x + C1 ) xdx =
2 x 2

x 2 ( e x + C1 ) − C1 x 2 − 2 ∫ xe x dx = x 2 e x − 2 ∫ xe x dx.
Para resolver esta nova integral, aplicamos novamente o métod
odo,
tomando agora
u = x du = dx
 x
⇒  x
d v = e dx v = e + C2 .
Com isso, obtemos:

∫ x e dx = x e
2 x 2 x
− 2 ∫ e x xdx = x 2 e x − 2  x(e x + C2 ) − ∫ ( e x + C2 )dx  =
 
2 x x x
= x e − 2 xe − 2 xC2 + 2e + 2 xC2 + C.

∫ x e dx = e ( x − 2x + 2) + C .
2 x x 2

OBS:
1. Note que as constantes de integração, C1 e C2, que
qu
surgiram ao integrar dv e d v , foram canceladas ao longoo ddo
desenvolvimento dos cálculos. É possível provar que os
termos que contêm estas constantes sempre se anularão neseste
método e, por isso, não será necessário considerar ttal
constante quando integrar dv. Assim, daqui por diante, e, a
constante de integração de dv será omitida neste texto.
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO 21

2. Se no início dos cálculos tivéssemos escolhido u = ex e


dv = x2 dx, teríamos obtido:
du = e x dx
u = e
x

 2
⇒  x3
 dv = x dx  v =
 3
e, portanto, a integral se tornaria:
3
x x 1
∫ − ∫ x 3e x dx
2 x
x e dx = e
3 3
que leva a uma integral mais complexa que a original, o que
nos indicaria que esta não teria sido uma boa escolha. Do
mesmo modo, se decidíssemos mudar a escolha no meio do
exercício, ou seja, se ao aplicarmos o método pela segunda
vez tivéssemos optado por inverter a escolha das funções,
teríamos chego a um resultado inconclusivo, como podemos
observar a seguir:

du = e x dx
u = e x 
 ⇒  x2
 dv = xdx v =
 2
 x x2 x2 x 
∫ ∫ 2 e dx 
2 x 2 x
⇒ x e dx = x e − 2  e −
 2

∫ x e dx = x e − x 2e x + ∫ x 2e x dx .
2 x 2 x

Observamos novamente, com este exemplo, que o sucesso da


resolução depende, muitas vezes, da escolha de u e dv.
Todavia, nem sempre acertamos na primeira tentativa. A
experiência adquirida ao longo dos estudos certamente nos
auxiliará nesta tarefa.
22 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

3. Observe que não se trata de uma mudança de variáveis,


mas apenas de um recurso intermediário para escrever a
integral em uma outra forma, mais fácil de ser calculada.
Mantemos a mesma variável independente ao longo de todo o
processo, utilizando u, v, du e dv apenas para mudar a forma
de escrever a integral.

Este método foi desenvolvido a partir da derivada do produto


de duas funções, conforme podemos ver abaixo.
Observe que se u e v são duas funções diferenciáveis na
variável x, então
d dv du
[u ( x) v( x) ] = u ( x) + v( x) .
dx dx dx
Integrando ambos os lados em relação à x, obtemos:
d
∫ dx [u( x) v( x)] dx = ∫ u ( x) v '( x) dx + ∫ v( x) u '( x) dx ,
de onde segue que:

∫ u( x) v '( x) dx = u( x) v( x) − ∫ v( x)u '( x) dx .


Quando esta equação é escrita na notação de diferenciais,
obtemos:

∫ u dv = uv − ∫ v du ,
a qual é denominada, como já fora dito, fórmula da integração
por partes . Assim, para calcular a integral de uma função que se
apresenta na forma f(x) g(x) dx, fazemos u = f(x), dv = g(x) dx e
aplicamos a fórmula acima.
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 23

EXEMPLO 2 Calcule ∫ x ln x dx .
Solução
Como não sabemos calcular a integral de ln x, não devemos es escolhê-
la para compor dv, ou seja, fazemos
 1
u = ln x du = x dx
 ⇒  2
dv = x dx v = x ,
 2
já que x é uma função fácil de ser integrada e ln x é uma funçã
ção fácil
de ser derivada. Substituindo na fórmula de integração porr partes,
obtemos:
x2 x2 1 x2 x
∫ x ln x dx =
2
ln x − ∫ 2 x
dx =
2
ln x − ∫ dx =
2
2 2
x x
= ln x − + C .
2 4

∫ sec
3
EXEMPLO 3 Calcule x dx .
Solução
Neste caso, uma boa estratégia é escrever a integral naa forma
2
∫ sec x sec x dx , uma vez que a função sec x pode ser facicilmente
2

integrada. Assim, tomando


u = sec x  du = sec x tg x dx
 2
⇒ 
 dv = sec x dx v = tg x
e aplicando a fórmula de integração por partes, obtemos:

∫ sec x dx = sec x tg x − ∫ sec x tg 2 x dx.


3

Para efetuarmos o cálculo desta última integral, conforme ve


veremos
bem detalhado na próxima seção, substituímos o termo tg2 x por
po uma
expressão equivalente, através das identidades trigonom métricas
24 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

conhecidas, a fim de transformar a função dada em uma outra qque


propicie alguma facilidade nos cálculos. Assim, fazend endo
tg2 x = sec2 x − 1 , obtemos

∫ sec x dx = sec x tg x − ∫ sec x (sec 2 x − 1) dx =


3

= sec x tg x + ∫ sec x dx − ∫ sec3 x dx .

∫ sec
3
Assim, somando o termo x dx em ambos os lados da
d

igualdade, obtemos

2 ∫ sec3 x dx = sec x tg x + ln sec x + tg x + C1 ,


ou
1
∫ sec
3
x dx = sec x tg x + ln sec x + tg x  + C ,
2
C1
onde C = .
2

OBS: A integral
∫ sec x dx pode ser encontrada na tabelala de
integração, que se encontra no Apêndice desse livro, ou pod
ode
ser facilmente calculada, após a utilização de um artifíc
fício
nada óbvio, como podemos ver abaixo:
 sec x + tg x 
∫ sec x dx = ∫ sec x  sec x + tg x  dx =
du
=
∫ u = ln u + C = ln sec x + tg x + C,
onde
u = sec x + tg x e, consequentemente, du = (sec x tg x + sec2 x)dx.
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO 25

EXERCÍCIOS 1.2
1) Calcule as seguintes integrais:

a) ∫ ln x dx b) ∫ x ln x dx
2
c) ∫ x sen x dx
2

d) ∫ e x sen x dx e) ∫ cossec x dx
3
f) ∫ x e −2 x dx

g) ∫ x sen x dx h) ∫ arctg x dx i) ∫ x ln x dx

j) ∫ (sen x ) ln(cos x ) dx k) ∫ x sec x tg x dx l) ∫ x e dx


3 −x

m) ∫ x cos5 x dx n) ∫ x e dx
2 3x
o) ∫ x cos x dx
2

2) A velocidade (no instante t) de um ponto que se move ao longo


2t
de uma reta é dada por v (t ) = t / e m/s. Se o ponto está na origem
quanto t = 0, ache sua posição em um instante t qualquer.

Integração de potências de funções


trigonométricas

O cálculo de integrais de funções envolvendo potências de


funções trigonométricas geralmente é feito a partir da substituição
da função por uma equivalente a ela, através das identidades
trigonométricas conhecidas, fazendo com que a nova integral possa
ser resolvida mais facilmente, na maioria das vezes por meio de uma
mudança de variável.
26 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Não trataremos de todos os casos aqui por entendermos que


alguns tipos de integrais raramente serão usadas por um estudante de
Química, porém, os casos omissos poderão ser encontrados nas
tabelas de integrais e nos livros constantes da referência
bibliográfica.
O estudo será dividido em casos, de acordo com o tipo da
função e do expoente. Porém, antes de iniciá-lo, relembraremos as
identidades trigonométricas mais conhecidas, uma vez que a
aplicação deste método exige o seu uso constante e certamente
muitas delas já caíram no esquecimento de uma boa parte dos
estudantes. São elas:
1 + cos2 x
sen 2 x + cos2 x = 1 cos2 x =
2
1 − cos2 x
sen 2 x = cotg 2 x + 1 = cossec2 x
2
tg2 x + 1 = sec2 x cos(2 x ) = cos2 x − sen 2 x

1
sen(2 x) = 2sen x cos x sen x cos y = [sen( x − y ) + sen( x + y )]
2
1
sen x sen y = [cos( x − y ) − cos( x + y )]
2
1
cos x cos y = [cos( x − y ) + cos( x + y )]
2
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO 27

1º Caso – Potências de Senos e Cossenos:

∫ sen
m
x cos n x dx

onde m e n são inteiros não negativos.


Existem várias possibilidades para uma integral deste tipo, o
que pode ser notado variando as características de m e n, por
exemplo. Assim, o fato destes expoentes serem par ou ímpar
influencia substancialmente no modo de proceder a busca por uma
solução, conforme pode ser visto a seguir.
A) Se a potência do cosseno é ímpar, independente da potência do
seno, a sugestão é guardar um fator do cosseno e usar
cos2 x = 1 − sen 2 x
para expressar os fatores remanescentes em termos de seno. Observe
que isso sempre é possível, uma vez que o expoente, sendo ímpar,
possibilita escrevermos a função de modo a deixar um termo cos(x)
separado e multiplicando o restante, que terá expoente par e,
consequentemente, pode ser escrito como potência de 2. Este termo,
cos2x, é que será substituído, conforme sugestão acima. Esta nova
maneira de escrever possibilita o cálculo da integral através da
mudança de variável
u = sen x fl du = cos x dx.

OBS: Note que esta regra poderá ser utilizada sempre que
houver uma potência ímpar do cosseno, estando ele sozinho
ou multiplicado por qualquer potência positiva de seno.
28 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

∫ cos
5
EXEMPLO 1 Calcule x dx .
Solução
Como o expoente é ímpar, o primeiro passo é separar um fator cos
os x
no integrando, fazendo com que o restante seja potência de dois:
2
∫ cos
5
x dx = ∫ cos 4 x cos x dx = ∫ ( cos 2 x ) cos x dx .

Agora, substituindo cos2x por (1 sen2x), obtemos

∫ cos x dx = ∫ (1 − sen 2 x ) 2 cos x dx ,


5

cuja integral resultante é facilmente resolvida através do métodoo de


mudança de variáveis. Portanto, fazendo
u = sen x obtemos du = cos x dx e, substituindo na integral, temos
os:
u3 u5
∫ (1 − u ) du = ∫ (1 − 2u + u )du = u − 2
2 2 2 4
+ +C =
3 5
2 1
sen x − sen 3 x + sen5 x + C .
3 5

EXEMPLO 2 Calcule ∫ sen 4 x cos 3 x dx .


Solução
Utilizando os mesmos procedimentos do Exemplo 1, teremos

∫ sen x cos3 x dx = ∫ sen 4 x cos2 x cos x dx = ∫ sen 4 x (1 − sen 2 x ) coss x dx =


4

u5 u7 1 1
∫ u (1 − u )du = ∫ (u − u )du =
4 2 4 6
− + C = sen 5 x − sen 7 x + C ,
5 7 5 7
sendo que novamente foi usada a mudança de variável u = sen x..
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 29

EXEMPLO 3 Calcule ∫ sen 3 x cos5 x dx .


Solução
Como temos uma potência ímpar de cos x, continuamoss com o
mesmo procedimento:

∫ sen x cos x dx = ∫ sen 3 x cos 4 x cos x dx = ∫ sen 3 x (1 − sen 2 x ) 2 cos x dx =


3 5

= ∫ u 3 (1 − u 2 ) 2 du = ∫ u 3 (1 − 2u 2 + u 4 ) du =
u4 u6 u8
= ∫ (u 3 − 2u 5 + u 7 ) du = −2 + +C =
4 6 8
1 1 1
= sen 4 x − sen 6 x + sen 8 x + C .
4 3 8

B) Se a potência do seno é ímpar, independente da potên


ência do
cosseno, você pode guardar um fator do seno e usar
sen 2 x = 1 − cos2 x para expressar os fatores remanescent
ntes em
termos de cosseno. O raciocínio é exatamente o mesmo aplic
licado no
caso A), porém a mudança de variável para resolver a in
integral
resultante, neste caso, será u = cos x fl du = sen x dx. Vejamos
Ve
alguns exemplos.

EXEMPLO 1 Calcule ∫ sen 3 x dx .


Solução
Neste caso, o procedimento é análogo aos exemplos ante
nteriores,
lembrando apenas de separar um fator sen x na express
essão da
30 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

função, a fim de sobrar um fator com expoente par, o qual será


se
substituído por (1 – cos2x). Assim,

∫ sen x dx = ∫ sen x sen x dx = ∫ (1 − cos 2 x) sen x dx =


3 2

u3 1
= − ∫ (1 − u 2 ) du = − u + C = cos3 x − cos x + C
3 3

sendo que a mudança de variável u = cos x foi utilizada.

∫ sen x cos
3 2
EXEMPLO 2 Calcule x dx .
Solução

∫ sen x cos x dx = ∫ sen 2 x cos 2 x sen x dx =


3 2

= ∫ (1 − cos 2 x )cos 2 x sen x dx =


2 u5 u3
= − ∫ (1 − u 2 ) u du = ∫ (u 4 − u 2 ) du = − +C =
5 3
cos 5 x cos 3 x
= − + C.
5 3

∫ sen
3
EXEMPLO 3 Calcule x cos 3 x dx .
Solução
Neste caso, tanto o critério de expoente ímpar de cossenos comoo de
senos pode ser aplicado para solucionar o problema. Inicialmen
ente
vamos resolvê-lo utilizando o expoente ímpar do seno. Então,
o, a
integral pode ser escrita como
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 31

∫ sen x cos x dx = ∫ (1 − cos 2 x ) cos3 x sen x dx =


3 3

u6 u4
= − ∫ (1 − u 2 ) u 3 du = ∫ (u 5 − u 3 )du = − +C =
6 4
1 1
= cos 6 x − cos 4 x + C
6 4
novamente com a mudança de variável u = cos x.

OBS : A escolha de qual termo será substituído por


p um
equivalente a ele, não é única. Você poderá optar, em muitos
casos, por substituir o seno ou o cosseno, de acordo com
co sua
preferência ou conveniência. Assim, também poderíam
amos ter
resolvido o Exemplo 3 considerando potência ímp
mpar de
cosseno, cuja resolução seria:

∫ sen x cos x dx = ∫ (1 − sen 2 x ) sen 3 x cos x dx = ∫ (1 − u 2 ) u 3 ddu =


3 3

u6 u4
= ∫ ( −u 5 + u 3 ) du = − + +C =
6 4
−1 6 1
sen x + sen 4 x + C
=
6 4
com a mudança de variável u = sen x.

Exercício: Verifique que ambas as resoluções estão ccorretas


calculando suas derivadas ou mostrando que as duas so
soluções
diferem por uma constante.

C) Se as potências de seno e cosseno são pares, usam


amos as
identidades:
32 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

1 − cos2 x 1 + cos2 x
sen 2 x = e cos2 x =
2 2

OBS: Note que se a função apresenta potências pares


es e
ímpares de senos e cossenos, a escolha de qual critério será
se
usado (potência par ou potência ímpar) fica a cargo do
d
estudante. Todavia, como neste critério de potência par sur
urge
cosseno de arco duplo, uma mudança de variável a mais se
será
necessária durante a resolução. Portanto, uma boa dica é usar
us
este procedimento somente quando apenas expoentes paress de
senos e/ou cossenos aparecerem no integrando. Nestes caso
sos,
todos os termos contendo potências pares devem sser
substituídos. Vejamos alguns exemplos destes casos.

∫ sen
4
EXEMPLO 1 Calcule x dx .
Solução
Para podermos utilizar a identidade indicada acima, inicialmen
ente
escrevemos o integrando como uma potência de sen2x. Em seguid
ida,
reescrevemos a função em termos de cossenos e procedemos com
omo
nos casos anteriores. Assim, teremos:
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO 33

2
2  1 − cos 2 x 
∫ sen x dx = ∫ sen x
4 2
( ) dx = ∫ 
 2  dx =

1
=
4 ∫ (1 − 2cos 2 x + cos 2 2 x ) dx =

1 1 1
= x + C1 − ∫ cos 2 x dx + ∫ cos 2 2 x dx =
4 2 4
1 1 1
= x + C1 − ∫ cos y dy + ∫ cos 2 y dy ,
4 4 8

onde a mudança de variável y = 2x foi introduzida para simplificar


a integral dos dois últimos termos. Observe que as integrais
resultantes são mais simples, porém a última ainda não é imediata e,
para resolvê-la, nos valemos novamente deste método de potências
pares, agora de cossenos. Vamos resolvê-la separadamente a fim de
facilitar a compreensão:

 1 + cos 2 y  1
∫ cos
y dy = ∫   dy = ∫ (1 + cos 2 y )dy =
2

 2  2
1 1
= y + C2 + ∫ cos z dz =
2 4
1 1
= y + C2 + sen2 y + C3 ,
2 4
onde a mudança z = 2y foi utilizada no cálculo da última integral.
Retomando agora a integral inicial, teremos
1 1y 1 
∫ sen x dx = 4 ( x − sen y ) + 8  2 + 4 sen 2 y  + C ,
4

onde C engloba todas as constantes que surgiram ao longo dos


cálculos. Substituindo y por 2x teremos o resultado final esperado:
34 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

1 1  2x 1 
∫ sen x dx = 4 ( x − sen 2 x) + 8  2
4
+ sen 4 x  + C =
4 
3 1 1
= x − sen2 x + sen4 x + C.
8 4 32

∫ sen
4
EXEMPLO 2 Calcule x cos 2 x dx .
Solução
Neste caso, os dois expoentes são pares e, portanto, fazemoss as
substituições em ambos os termos. Assim, a integral torna-se:
2
 1 − cos 2 x   1 + cos 2 x 
∫ sen x cos x dx = ∫  2   2  dx =
4 2

1
= ∫ (1 − cos 2 x − cos 2 2 x + cos3 2 x ) dx =
8
1
= ∫ (1 − cos y − cos 2 y + cos3 y ) dy,
16
onde a mudança de variável y = 2x fl dx = dy/2 foi utilizada.
A nova integral obtida é a soma de quatro parcelas, sendo quee as
duas primeiras são facilmente integráveis e as duas últimas são

potências de cosseno, necessitando portando, dos métodos vist
istos
acima para calculá-las. Para simplificar o entendimento, novamen
ente
vamos resolvê-las separadamente:

 1 + cos2 y  y 1
∫ cos y dy = ∫ 
2
 dy = + sen 2 y + C1 .
 2  2 4
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 35

∫ cos y dy = ∫ (1 − sen 2 y ) cos y dy =


3

z3 1
( )
= ∫ 1 − z 2 dz = z −
3
+ C2 = seny − sen 3 z + C2 ,
3
onde a mudança de variável z = sen y foi utilizada .
Retomando do ponto onde havíamos interrompido temporaria
riamente
os cálculos, temos
1
∫ sen x cos
4 2
x dx =
16 ∫
(
1 − cos y − cos2 y + cos3 y dy = )
1 y 1 1 
=  y − sen y − − sen 2 y + seny − sen3 y  + C =
16  2 4 3 
1 y 1 1 
=  − sen 2 y − sen3 y  + C =
16  2 4 3 

1  2x 1 1 
= − sen 4 x − sen 3 2 x  + C =
16  2 4 3 
1  1 1 
=  x − sen 4 x − sen 3 2 x  + C ,
16  4 3 
onde C = C1 + C2 + C3, sendo que C3 é a constante correspond
ndente à
primeira parte da integral.

2º Caso – Potências de Tangentes


s e
Secantes:

∫ tg
m
x sec n x dx

onde m e n são inteiros não negativos.


Análogo ao caso dos senos e cossenos, o fato dos exp
xpoentes
serem par ou ímpar interferem fortemente no processo de cal
alcular a
36 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

integral. Por isso, serão novamente divididos em casos. Vale


Va
ressaltar que os procedimentos adotados para trabalhar com
co
tangentes, cotangentes, secantes e cossecantes são todos análog
ogos
aos utilizados para trabalhar com senos e cossenos.

A) Se a tangente aparece sozinha no integrando, independente


te de
d
seu expoente ser par ou ímpar, separe um fator tg2x e escreva-o eem
termos de sec2x, através da identidade tg 2 x = sec 2 x − 1 ; eem

seguida, utilize a mudança de variável u = tg x ⇒ du = sec2 x d


dx
para resolver o problema.

EXEMPLO 1 Calcule ∫ tg 5 x dx.

Solução

∫ tg x dx = ∫ tg x tg x dx = ∫ tg x(sec x − 1) dx =
5 3 2 3 2

= ∫ tg x sec x dx − ∫ tg x dx =
3 2 3

= ∫ tg x sec x dx − ∫ tg x (sec x − 1) dx =
3 2 2

= ∫ tg x sec x dx − ∫ tg x sec x dx − ∫ tg x dx =
3 2 2

u4 u2
= ∫ u 3 du − ∫ u du − ∫ tg x dx = − − ln sec x + C =
4 2
1 1
= tg 4 x − tg 2 x − ln sec x + C ,
4 2

sendo que a mudança de variável u = tg x foi utilizada.


ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 37

∫ tg x dx.
4
EXEMPLO 2 Calcule
Solução

∫ tg x dx = ∫ tg 2 x tg 2 x dx = ∫ tg 2 x (sec 2 x − 1) dx =
4

= ∫ tg 2 x sec 2 x dx − ∫ tg 2 x dx =

= ∫ tg 2 x sec 2 x dx − ∫ (sec 2 x − 1) dx =

= ∫ tg 2 x sec 2 x dx − ∫ sec 2 x dx + ∫ dx =
u3
= ∫ u 2 du − ∫ sec 2 x dx + ∫ dx = − tg x + x + C =
3
1 1
= tg 4 x − tg 2 x − ln sec x + C ,
4 2
onde a novamente a mudança de variável u = tg x foi utiliza
zada.

B) Se a potência da secante é par, independente do expoe


oente da
tangente, você pode guardar um fator de sec2 x e usar
tg2 x + 1 = sec2 x para expressar os fatores remanescentes em termos
de tangente. Isso possibilitará calcular a integral pelo méto
étodo de
mudança de variáveis, a exemplo dos casos anteriores, uma vvez que
d
(tg x ) = sec2 x . Vejamos os exemplos abaixo.
dx

∫ sec
4
EXEMPLO 1 Calcule x dx .
Solução

∫ sec x dx = ∫ sec 2 x sec 2 x dx = ∫ (1 + tg 2 x ) sec 2 x dx =


4
38 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

u3 1
∫ (1 + u ) du = u +
2
+ C = tg x + tg 3 x + C ,
3 3
onde a mudança de variável u = tg x foi utilizada.

∫ tg x sec
5 4
EXEMPLO 2 Calcule x dx .
Solução

∫ tg x sec
5 4
x dx = ∫ tg 5 x sec 2 x sec 2 x = ∫ tg 5 x (1 + tg 2 x ) sec 2 x dx =
u 6 u8 1 1
∫ u (1 + u ) du = ∫ (u + u ) du =
5 2 5 7
+ + C = tg 6 x + tg 8 x + C ,
6 8 6 8
onde a mudança de variável u = tg x foi utilizada.

∫ tg
4
EXEMPLO 3 Calcule x sec 4 x dx .
Solução

∫ tg x sec 4 x dx = ∫ tg 4 x (1 + tg 2 x )sec 2 x dx =
4

u5 u 7 1 1
∫ u (1 + u ) du =
4 2
+ + C = tg 5 x + tg 7 x + C ,
5 7 5 7
onde a mudança de variável u = tg x foi utilizada.

C) Se a potência da tangente é ímpar e ela aparece multiplicand


ando
a secante, independente do expoente da secante, você pode guard
rdar
um fator de sec x tg x e usar tg 2 x = sec 2 x − 1 para expressarr os
fatores remanescentes em termos de secante. Neste caso, use
se a
mudança de variável u = sec x ⇒ du = sec x tg x dx.
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 39

∫ tg x sec
5 3
EXEMPLO 1 Calcule x dx.
Solução

∫ tg x sec x dx = ∫ (tg 2 x ) 2 sec 2 x tg x sec x dx =


5 3

= ∫ (sec 2 x − 1) 2 sec 2 x tg x sec x dx =

= ∫ (u 2 − 1) 2 u 2 du = ∫ (u 6 − 2u 4 + u 2 ) du =
u7 u5 u3
= −2 + +C =
7 5 3
1 2 1
= sec 7 x − sec5 x + sec 3 x + C ,
7 5 3
onde a mudança de variável u = sec x foi utilizada.

∫ tg x sec
5 4
EXEMPLO 2 Calcule x dx.
Solução

∫ tg x sec x dx = ∫ (tg 2 x)2 sec3 x tg x sec x dx =


5 4

= ∫ (sec2 x − 1) 2 sec3 x tg x sec x dx =

= ∫ (u 2 − 1)2 u 3 du = ∫ (u 7 − 2u 5 + u 3 ) du =
u8 u6 u4
= −2 + +C =
8 6 4
1 1 1
= sec8 x − sec6 x + sec4 x + C ,
8 3 4
onde a mudança de variável u = sec x foi utilizada.

OBS: Note que esta última integral já foi calculad


ada pelo
procedimento sugerido no item B), apresentando a re
resposta
em termos de tg x. Isso ocorre pela mudança de variável
v
40 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

escolhida. No entanto, ambas as respostas estão correta


etas,
conforme você pode verificar, derivando-as. Este é um ca
caso
típico onde podemos escolher qual procedimento usar na hora
ho
de resolver a integral.

D) Se a potência da tangente é par e da secante é ímpar ou se a


potência da secante é ímpar e ela aparece sozinha, utili
ilize
integração por partes.

∫ sec
3
EXEMPLO 1 Calcule x dx .
Solução
Este exemplo já foi feito quando estudamos o método de integraç
ação
por partes, porém, como esta integral aparecerá muitas vezes daq
aqui
por diante, entendemos ser válido relembrar sua resolução. Note qque

se escrevermos a integral na forma ∫ sec x sec 2 x dx , e utilizarmos

u = sec x  du = sec x tg x dx
 2
⇒ 
 dv = sec x dx v = tg x
teremos, pela fórmula de integração por partes:

∫ sec x dx = sec x tg x − ∫ sec x tg 2 x dx.


3

Para efetuarmos o cálculo desta última integral, fazem


mos
tg2 x = sec2 x − 1 , e teremos

∫ sec x dx = sec x tg x − ∫ sec x (sec 2 x − 1) dx =


3

= sec x tg x + ∫ sec x dx − ∫ sec3 x dx.


ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 41

∫ sec
3
Assim, somando o termo x dx em ambos os lados
lad da

igualdade, obtemos
2 ∫ sec3 x dx = sec x tg x + ln sec x + tg x + C1 ,
ou
1
∫ sec
3
x dx = sec x tg x + ln sec x + tg x  + C , onde C = C1/2.
2

∫ tg x sec
2 3
EXEMPLO 2 Calcule x dx .
Solução
Análogo ao que foi feito no Exemplo 1, precisamos reescr
crever a
função a ser integrada de modo que ela se apresente em umaa forma
que seja fácil visualizar qual termo chamaremos de u e qual
chamaremos de dv. Lembre-se que u deve ser facilmente deriv
rivável e
dv deve ser facilmente integrável. Assim, segundo estes critérios,
cr
podemos fazer
sen 2 x 1 sen x
∫ tg x sec x dx = ∫ dx = ∫ sen x
2 3
2 3
dxx.
cos x cos x cos5 x
Fazendo agora a escolha
u = sen x ⇒ du = cos x dx
sen x 1
dv = dx ⇒ v =
cos5 x 4 cos 4 x
e aplicando a fórmula de integração por partes, teremos
42 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

sen x 1 cos x
∫ tg x sec − ∫
2 3
x dx = dx =
4cos x 4 cos 4 x
4

sen x 1 1
= 4
− ∫ 3 dx =
4cos x 4 cos x
sen x 1
= 4
− ∫ sec3 xdx =
4cos x 4
sen x 11
= − sec x tg x + ln sec x + tg x  + C =
4cos x 4 2 
4

sen x 1
= 4
− sec x tg x + ln sec x + tg x  + C.
4cos x 8

OBS: Todos estes procedimentos utilizados para tangentes


tes e
secantes também se aplicam, de modo análogo, à cotangent
ntes
e cossecantes, conforme veremos nos exemplos a seguir.

EXEMPLO 1 Calcule ∫ cotg 3 x cossec 4 x dx.


Solução

∫ cotg x cossec x dx = ∫ cotg x cossec x cossec x dx =


3 4 3 2 2

= ∫ cotg x (cotg x + 1) cossec x dx =


3 2 2

= − ∫ u (u + 1) du = − ∫ (u + u ) du =
3 2 5 3

u6 u4 cotg 6 x cotg 4 x
=− − +C = − − + C,
6 4 6 4
onde a mudança de variável u = cotg x, du = cossec2x dx foi
f
utilizada.
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 43

EXEMPLO 2 Calcule ∫ cotg 4 x dx.


Solução

∫ cotg x dx = ∫ cotg x cotg x dx = ∫ (cossec x − 1) cotg x dx =


4 2 2 2 2

= ∫ cossec x cotg x dx − ∫ cotg x dx =


2 2 2

= ∫ cossec x cotg x dx − ∫ (cossec x − 1) dx =


2 2 2

cotg 3 x
= − ∫ u 2 du − ∫ cossec 2 x dx + ∫ dx = − + cotgg x + x + C ,
3

cossec2x
onde novamente a mudança de variável u = cotg x, du = co
dx foi utilizada.

EXEMPLO 3 Calcule ∫ cossec 3 x dx.


Solução
Procedemos de modo inteiramente análogo ao que foi fe
feito no
cálculo da integral de sec3x:

∫ cossec x dx = ∫ cossec x cossec 2 x =


3

= −cossec x cotg x − ∫ cossec x cotg 2 x dx =


= −cossec x cotg x − ∫ cossec x (cossec 2 x − 1)) dx
d =
= −cossec x cotg x − ∫ cossec3 x dx + ∫ cossecx dx.

Assim,

2 ∫ cossec3 x dx = −cossec x cotg x + ln cossec x − cotg x + C ,


ou seja,
1
∫ cossec x
3
dx =  −cossec x cotg x + ln cossec x − cotg x + C  ,
2
44 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

sendo que inicialmente fizemos u = cossec x e dv = cossec2x dx


para utilizar o método de integração por partes e depois, cotg2x =
cossec2x – 1.

EXERCÍCIOS 1.3
1) Calcule as seguintes integrais:

a) ∫ sen 4 x cos x dx b) ∫ sen 2 x cos 4 x dx

c) ∫ cotg 3 x cossec 5 x dx d) ∫ sen 5 x cos 2 x dx

∫ tg x dx
6
e) ∫ sen x cos 3 x dx f)

g) ∫ cos x sen 3 x dx h) ∫ tg 4 x sec 6 x dx

i) ∫ tg x sec
3 2
x dx j) ∫ (tg x + cotg x ) 2 dx

k) ∫ cos 3 x dx l) ∫ cotg 2 x cossec 3 x dx

Integração por substituições


trigonométricas
Se o integrando contém uma expressão da form
rma

a2 − x2 , a 2 + x 2 ou x 2 − a 2 , ou mesmo apenas os quadrad


ados
perfeitos aparecem no radicando, onde a > 0, então é possível,
l, na
maioria das vezes, efetuarmos a integração através de uma
um
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO 45

substituição trigonométrica, conforme veremos abaixo, a qual


possibilitará a eliminação da raiz e o cálculo facilitado da integral.

1º Caso: a2 − x 2 , a > 0 , x ≤ a .

Neste caso fazemos a seguinte mudança de variável:


x = a sen θ ⇒ dx = a cosθ dθ ,
tomando 0 ≤ θ ≤ π / 2 para x ≥ 0 e −π / 2 ≤ θ ≤ 0 para x ≤ 0 ,
uma vez que cosθ ≥ 0 neste intervalo e isso, juntamente com a
hipótese sobre a, nos permitirá eliminar a raiz sem a presença do
módulo. Assim, com essa mudança, a expressão da função se torna
bem mais simples para ser integrada. Veja:

a 2 − x 2 = a 2 − a 2sen 2θ = a 2 (1 − sen 2θ ) = a 2 cos2 θ = a cosθ ,

já que a > 0 e cosθ ≥ 0 para −π / 2 ≤ θ ≤ π / 2 .


x
∴ a 2 − x2 = a cosθ , sendo θ = arcsen , uma vez que f(x) = sen x
a
é inversível em [ −π / 2, π / 2] .

Se posicionarmos estas variáveis em um triângulo retângulo,


visualizaremos a mudança de variável com mais facilidade, uma vez
que sabemos, da trigonometria dos triângulos retângulos, que
cateto oposto x
senθ = = .
hipotenusa a
46 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Essa visualização geométrica é


fundamental para fazermos o retorno da
variável q para x.

dx
EXEMPLO 1 Calcule ∫ a2 − x2
.

Solução
Considere x = a senθ ⇒ dx = a cosθ dθ , −π / 2 ≤ θ ≤ π / 2
Substituindo na integral e aproveitando os cálculos realizados logo
log
acima, obtemos:
dx a cos θ x
∫ 2
a −x 2
=∫
a cos θ
dθ = ∫ dθ = θ + C = arcsen + C .
a

dx
Caso particular: ∫ = arcsen x + C .
1 − x2

9 − x2
EXEMPLO 2 Calcule ∫ x2
dx .

Solução
Considere a = 3 e x = 3 senθ , − π / 2 ≤ θ ≤ π / 2.

Então, temos que dx = 3cosθ dθ e a integral torna-se:

9 − x2 9 − 9sen 2θ 1 9 cos 2 θ
∫ x2
dx = 3 ∫ 9sen 2θ cos θ d θ =
3 ∫ sen 2θ
cosθ dθ =
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 47

cos 2 θ
=∫ dθ = ∫ cotg 2θ d θ = ∫ (cossec 2θ − 1) dθ = ∫ cossec 2θ d θ − ∫ dθ =
sen 2θ
− 9 − x2 x
= −cotg θ − θ + C = − arcsen + C .
x 3

OBS: Observe que o retorno de q para x foi feito a partir


pa da
observação do triângulo retângulo ilustrado acima, um
uma vez
que
cateto adjascente 9 − x2
cotgθ = = .
cateto oposto x
Já a expressão para q é conseqüência imedia
iata de
x x
x = 3 senθ ⇒ senθ = ⇒ θ = arcsen .
3 3

x3
EXEMPLO 3 Calcule ∫ 16 − x 2
dx .

Solução
Considere a = 4, x = 4 sen θ , − π / 2 ≤ θ ≤ π / 2 .

Então temos dx = 4cosθ dθ e a integral torna-se:

x3 64 sen 3θ 4cosθ sen 3θ cosθ


∫ 16 − x 2
dx = ∫
16 − 16sen 2θ
dθ = 64∫
cosθ
dθ =

= 64∫ sen 3θ dθ = 64∫ (1 − cos2 θ ) senθ dθ =

 1 
= 64 ∫ senθ dθ − 64 ∫ u 2 du = 64  − cosθ − cos3 θ  + C =
 3 
48 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

 − 16 − x 2 1 ( 16 − x 2 )3   − x 2 − 32 
= 64  +  + C = 16 − x 2  +C .
 4 3 64   3 

2º Caso: a2 + x 2 , a > 0 .

Neste caso fazemos x = a tgθ ⇒ dx = a sec2 θ dθ , tomand


ndo
0 ≤ θ < π / 2 para x ≥ 0 e −π / 2 < θ ≤ 0 para x ≤ 0 , pelos motiv
ivos
já apresentados no 1° Caso.
No triângulo retângulo teremos então:

e com esta mudança, a raiz torna-se:

a 2 + x 2 = a 2 + a 2 tg 2θ = a 2 (1 + tg 2θ ) = a 2 sec 2 θ = a seccθ ,

π π
já que a > 0 e sec θ ≥ 0 para − <θ < .
2 2
x
∴ a 2 + x 2 = a secθ , sendo θ = arctg ,
a
 π π
uma vez que f(x) = tg x é inversível em  − , .
 2 2

EXEMPLO 1 Calcule ∫ x 2 + 5 dx .
Solução
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 49

Considere a = 5 , x = 5 tgθ , − π / 2 < θ < π / 2 .


Então,
dx = 5 sec 2 θ dθ
e a integral torna-se:

∫ x 2 + 5 dx = ∫ 5 secθ 5 sec2 θ dθ =

5
= 5∫ sec3 θ dθ = secθ tg θ + ln secθ + tgθ  + C =
2

5  5 + x2 x 5 + x2 x 
=  + ln +  + C.
2 5 5 5 5 

dx
EXEMPLO 2 Calcule ∫a 2
+ x2
.

Solução
π π
Considere x = a tgθ , − <θ < . Então, dx = a sec 2 θ dθ e a
2 2
integral torna-se:
dx a sec 2 θ 1 1 1 x
∫ a 2 + x 2 ∫ a 2 sec 2 θ dθ = ∫ a dθ = a θ + C = a arctg a + C .
=

dx
Caso particular: ∫1+ x 2
= arctg x + C .

3º Caso: x2 − a2 , a > 0 , a ≤ x .
50 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Neste caso, fazemos x = a secθ ⇒ dx = a secθ tgθ dθ ,

π 3π
sendo que 0 ≤ θ < para x ≥ a e π ≤ θ < para x ≤ − a .
2 2
No triângulo retângulo agora temos

e, com esta mudança, a raiz torna-se:

x 2 − a 2 = a 2 sec 2 θ − a 2 = a 2 (sec 2 θ − 1) = a 2 tg 2θ = a tgθ ,

levando em conta que:


 π   3π 
a > 0 e tgθ ≥ 0 para x ∈  0,  ∪  π , .
 2  2 

∴ x 2 − a 2 = a tgθ ,

x
sendo θ = arcsec , uma vez que f ( x ) = sec x é inversível para
pa
a
 π   3π 
todo x ∈  0,  ∪  π , .
 2  2 
dx
EXEMPLO 1 Calcule ∫x x2 − a2
.

Solução
Considere
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 51

 π   3π 
x = a secθ ⇒ dx = a secθ tgθ dθ , θ ∈  0,  ∪  π ,  .
 2  2 
Substituindo na integral, obtemos:
dx a sec θ tg θ 1 1 1 x
∫x 2
x −a 2
=∫
a sec θ a tg θ
dθ = ∫ dθ = θ + C = arcsec
a a a
ec + C .
a

dx
Caso particular: ∫x = arcsec x + C .
x 2 − 12

dx
EXEMPLO 2 ∫x 3
x2 − 9
Considere
x = 3 secθ ⇒ dx = 3 secθ tgθ dθ , θ ∈ (0, π / 2) ∪ (π ,3π / 2)
2 .
Substituindo na integral, obtemos:
dx 3 sec θ tg θ
∫x 3
x −92
=∫
27 sec3 θ 3 tg θ
dθ =

1 1 1
27 ∫ sec 2 θ 27 ∫
= dθ = cos 2 θ dθ =

1 (1 + cos 2θ ) 1  1 
27 ∫
= dθ = θ + sen 2θ  + C =
2 54  2 
1
= [θ + 2 sen θ cosθ ] + C =
54
52 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

1  xx2 − 9 3 
= arcsen + +C =
54  3 x x 
.
1  2
x 3 x −9 
= arcsen + +C
54  3 x2 

EXERCÍCIOS 1.4

1) Calcule as seguintes integrais:

dx dx dx
a) ∫ 4 + x2 b) ∫x 2
x +3
c) ∫ 2
x − 16

x2 − 1
d) ∫ et 9 − e2 t dt e) ∫ x 25 − x dx
2 2 f) ∫ x2
dx

2) Mostre, utilizando integrais, que a área da região delimitada pela


pe
x2 y2
elipse + = 1 é A = pab.
a 2 b2
3) Mostre, utilizando integrais, que a área de um círculo de raio R é
A = π R2 .

Integração por Frações Parciais


Este método é utilizado quando desejamos integrar uma funç
nção
racional (quociente de duas funções polinomiais), cuja express
ssão
não permite sua integração por um método mais simples, comoo os
vistos anteriormente.
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO 53

P ( x)
Inicialmente relembramos que se H ( x) = onde P e Q são
Q( x)
polinômios reais e o grau de Q é menor ou igual que o grau de P,
então H é dita uma função racional imprópria. Para que H se torne
uma função racional própria é necessário dividir P por Q até que o
grau do numerador seja menor que o do denominador.
Se tomarmos, por exemplo, a função

x 4 − 10 x 2 + 3 x + 1
H ( x) =
x2 − 4
observamos que é uma função racional imprópria. Porém, ao
dividirmos o polinômio do numerador pelo do denominador,
obtemos uma nova forma de representar a mesma função, agora
composta por um termo polinomial somado a uma fração própria,
como podemos ver abaixo.

x 4 − 10 x 2 + 3x + 1 2 3x − 23
H ( x) = 2
= x −6+ 2
x −4 x −4
fração imprópria fração própria

OBS: Para integrar uma função racional (quociente de duas


funções polinomiais), devemos primeiro verificar se ela é uma
fração própria. Caso não seja, devemos antes transformá-la
em uma fração própria e, só depois, integrar. Por exemplo:
3x − 23 3 x − 23
∫ H ( x)dx = ∫ ( x − 6 + x2 − 4 ) dx = ∫ (x − 6) dx + ∫ x2 − 4 dx
2 2

este é o nosso problema !!


54 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

O método das frações parciais permite escrever uma função


racional própria em uma soma de frações mais simples, que possam
ser integradas pelos métodos já conhecidos. Para isso, em uma
fração do tipo
P ( x)
,
Q ( x)
Q(x) deve ser escrito como um produto de fatores lineares ou
quadráticos irredutíveis (que não possuem raízes reais). Isso sempre
é possível devido ao Teorema Fundamental da Álgebra, que garante
que qualquer polinômio com coeficientes reais pode ser expresso
como um produto de fatores lineares e quadráticos irredutíveis, de
tal forma que cada um dos fatores tenha coeficientes reais. É o que
conhecemos por fatoração.

Método das frações parciais


Seja (x – a) um fator linear de Q(x). Se (x – a)m for o termo de
maior potência de (x – a) que divide Q(x), então devemos atribuir, a
cada fator linear distinto, a soma de m frações parciais escritas do
seguinte modo:
Am Am −1 A2 A
m
+ m −1
+⋯+ 2
+ 1 .
( x − a) ( x − a) ( x − a) x − a
Agora, se x 2 + bx + c for um fator quadrático irredutível de
n
Q(x) e se (x 2
+ bx + c ) for o termo de maior potência de

x 2 + bx + c que divide Q(x), então devemos atribuir, a cada fator


quadrático distinto, a soma de n frações parciais escritas do seguinte
modo:
Bn x + Cn Bn −1 x + Cn −1 B2 x + C2 B1 x + C1
n
+ n −1
+⋯+ 2
+ .
(x 2
+ bx + c ) (x 2
+ bx + c ) (x 2
+ bx + c ) x 2 + bx + c
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 55

Os exemplos a seguir facilitarão o entendimento:

x −1
EXEMPLO 1 Calcule ∫x 3
− x2 − 2 x
dx .
Solução
Inicialmente verificamos se o integrando é uma fração pprópria.
Como o maior expoente do denominador é 3 e o do numerad ador é 1,
concluímos que a fração é própria e, portanto, podemos passa
ssar para
o passo seguinte, que é a aplicação do método em si.
O primeiro passo é fatorar o denominador para que ele fique fiq na
forma de produto de fatores lineares ou quadráticos irredu dutíveis.
Com isso nossa integral torna-se:
x −1 x −1
∫ x3 − x2 − 2 x dx = ∫ x( x − 2)( x + 1) dx .
Agora tomamos o integrando e usamos o método descrito to acima
para transformar a fração dada em uma soma de frações es mais
simples. Como os fatores são todos lineares e não se repetem,
re
atribuímos a cada um deles uma constante no numera erador e
efetuamos a soma das frações resultantes, como mostrado abai
aixo:
x −1 A A A
= 1+ 2 + 3 =
x( x − 2)( x + 1) x x − 2 x +1
A1 ( x 2 − x − 2) + A2 x( x + 1) + A3 x( x − 2)
= =
x( x − 2)( x + 1)
( A1 + A2 + A3 ) x 2 + ( A2 − A1 − 2 A3 ) x − 2 A1
= .
x( x − 2)( x + 1)

Comparando o primeiro termo da igualdade com o último, no notamos


que as duas frações são iguais se, e somente se, os numerador
ores são
iguais, ou seja, quando

( A1 + A2 + A3 ) x 2 + ( A2 − A1 − 2 A3 ) x − 2 A1 = x − 1 ,
56 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

o que é equivalente a

 A1 + A2 + A3 = 0  1  1
 A2 + A3 = −  A2 =
 1  2  6
− A1 + A2 − 2 A3 = 1 ⇒ A1 = ⇒  ⇒
−2 A = −1
2 A − 2A = 3 A = − 2
 1

2 3
2 
3
3
Dessa forma, encontramos os valores para as constantes A1, A2 e A3
de maneira que:
x −1 A A A 1 1 2
= 1+ 2 + 3 = + − .
x( x − 2)( x + 1) x x − 2 x +1 2 x 6( x − 2) 3( x + 1))
Logo,
x −1 1 1 1 1 2 1
∫x 3 2
− x − 2x
dx = ∫ dx + ∫
2 x 6 x−2
dx − ∫
3 x +1
dx =

1 1 2
= ln x + ln x − 2 − ln x + 1 + C .
2 6 3

( x3 − 1)
EXEMPLO 2 Calcule ∫ 2 dx .
x ( x − 2)3
Solução
Observando que a fração é própria e usando o mesmo procedimen
ento
do exemplo 1, porém notando que agora os fatores linearess se
repetem, fazemos

( x3 − 1) A2 A1 B3 B2 B1
= + + + + =
x 2 ( x − 2)3 x 2 3 2
x ( x − 2) ( x − 2) ( x − 2)

A2 ( x − 2)3 + A1 x( x − 2)3 + B3 x 2 + B2 x 2 ( x − 2) + B1 x 2 ( x − 2) 2
= .
x 2 ( x − 2)3

Igualando os numeradores, obtemos


ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO
O 57

x 3 − 1 = A2 ( x 3 − 6 x 2 + 12 x − 8) + A1 ( x 4 − 6 x3 + 12 x 2 − 8 x) + B3 x 2 +
+ B2 ( x 3 − 2 x 2 ) + B1 ( x 4 − 4 x3 + 4 x 2 ) =
= ( A1 + B1 ) x 4 + ( A2 − 6 A1 + B2 − 4 B1 ) x 3 +
+ ( −6 A2 + 12 A1 + B3 − 2 B2 + 4 B1 ) x 2 + (12 A2 − 8 A1 ) x − 8 A2 .

Assim,
 1
 A2 = 8

 −6 A2 + 12 A1 + B3 − 2 B2 + 4 B1 = 0 A = 3
  1 16
 A2 − 6 A 1 + B2 − 4 B1 = 1 
  7
 A1 + B1 = 0 ⇒  B3 = .
12 A − 8 A  4
=0
 2 1
 5
 −8 A2 = −1  B2 = 4

 B = −3
 1 16

Portanto,
( x3 − 1)
∫ x2 ( x − 2)3 dx =
1 dx 3 dx 7 dx 5 dx 3 dx
= ∫ 2+ ∫ + ∫ 3
+ ∫ 2
− ∫ =
8 x 16 x 4 ( x − 2) 4 ( x − 2) 16 x − 2
−1 3 7 5 3
= + ln x − − − ln x − 2 + C =
8 x 16 8( x − 2) 2 4( x − 2) 16
3 x 1 1 7 5 
= ln −  + + + C.
16 x − 2 4  2 x 2( x − 2) 2
( x − 2) 

5 x3 − 3x2 + 7 x − 3
EXEMPLO 3 Calcule ∫ ( x2 + 1)2 dx .
58 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Solução
Como neste caso temos um fator quadrático irredutível no
denominador, o qual se repete, colocamos um fator linear no
numerador de cada fração parcial, e procedemos como nos exemplos
anteriores:

5 x3 − 3x 2 + 7 x − 3 Ax + B Cx + D
= + .
( x 2 + 1) 2 ( x 2 + 1)2 ( x 2 + 1)

Resolvendo esta soma de frações e igualando os numeradores,


chegamos à seguinte igualdade:
5 x3 − 3x 2 + 7 x − 3 = Ax + B + (Cx + D) ( x 2 + 1) =
= Cx 3 + Dx 2 + ( A + C ) x + B + D,
de onde concluímos que:
A = 2, B = 0, C = 5 e D = −3.
Assim,

5 x3 − 3x2 + 7 x − 3 2x 5x − 3
∫ ( x 2 + 1)2 dx = ∫ ( x 2 + 1)2 dx + ∫ ( x 2 + 1) dx =
2x 5x 3
=∫ 2 dx + ∫ 2 dx − ∫ 2 dx =
( x + 1) 2 x +1 x +1
1 5
=− 2 + ln( x 2 + 1) − 3arctg x + K .
x +1 2

EXERCÍCIOS 1.5
1. Calcule as seguintes integrais:
6x + 7 x2 + 1
a) ∫ ( x + 2) 2
dx b) ∫ ( x − 1)( x − 2)( x − 3) dx
4 x 2 + 13 x − 9 2x 3
c) ∫ x3 + 2 x 2 − 3 x dx d) ∫ x 2 + x dx
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO 59

−2 x + 4 9 x3 − 3x + 1
e) ∫ ( x 2 + 1)( x − 1)2 dx f) ∫ x 3 + x dx
2x2 + 7 x 2x + 1
g) ∫ x 2 + 6 x + 9 dx h) ∫ 2x 2
+ 3x − 2
dx

EXERCÍCIOS EXTRAS

1. Calcule as seguintes integrais, utilizando os métodos estudados.

x 2 + 5x + 4 4
1) ∫ x 2 − 2 x + 1 dx 2) ∫ x − x2
4
dx

 1  1
3) ∫  9t 2 +  dt
t3 
4) ∫x x2 + 9
dx

sec 2 x
5) ∫ dx 6) ∫ tg
2
x cossec 2 x dx
(1 + tgx )2

x dx cos x
7) ∫ ( x − 1) 2
( x + 1) 2
dx 8) ∫ 2 − sen x dx
dx
∫ 16 + x ∫ tg (5x ) dx
2
9) 2
10)

2 9
11) ∫ 3t 2
+3
dt 12) ∫ 1 − x2
dx

 1  1 1x
13) ∫  2 y −  dy 14) ∫ e dx
 2 y  x2

60 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

x 3 + 6 x 2 + 3 x + 16 1
15) ∫ x3 + 4 x
dx 16) ∫x 4
x2 − 3
dx

x3 + 2 x2 + 4
17) ∫ sen 2 (2θ ) cos3 (2θ ) d θ 18) ∫ dx
2x2 + 2

19) ∫ e 2 x cos 2 ( e 2 x − 1) dx 20) ∫ ( x − 1)e − x dx

2 x 2 − 25 x − 33
21) ∫ cossec 6 x dx 22) ∫ ( x + 1)2 ( x − 5) dx
 sen x 2  x +1
23) ∫  2e 2 x −

2
+ 7  dx
cos x x 
24) ∫ x2 − 4
dx

x x
25) ∫ (16 − x 2 2
)
dx 26) ∫ e x cos
2
dx

sec 2 x
∫ cotg x dx
2

∫ x e dx
5 x
27) 28)

30) ∫ ( x − 1) sec 2 x dx
x −1
29) ∫ dx
( x + 2 x + 3) 2
2

2. Seja f contínua em [a, b] e R a região delimitada pelo gráfico de f,


pelo eixo-x e pelas retas verticais x = a e x = b. O volume do sólido
de revolução gerado pela revolução de R em torno do eixo-x é dado
b 2
por V = ∫ π [ f ( x ) ] dx . Sabendo disso, calcule o volume dos
a

sólidos gerados pelas funções abaixo, em torno do eixo-x, nos


intervalos especificados:
ALGUNS MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO 61

a) y = ln x; x ∈ [0, e] b) y = cos2 x; x ∈ [0,2π ]

c) y = x( x 2 + 25) −1/2 ; x ∈ [0,5]

3. A velocidade (no instante t) de um ponto em movimento sobre


uma reta coordenada é dada por cos2 π t m/s. Qual é a distância
percorrida pelo ponto em 5 segundos?

4. A aceleração (no instante t) de um ponto em movimento sobre


uma reta coordenada é dada por sen 2t cos t m/s2. Em t = 0 o ponto
está na origem e sua velocidade é 10 m/s. Determine sua posição no
instante t.

5. Encontre a área da região delimitada pelo gráfico de


y = x 3 (10 − x 2 ) −1/2 , pelo eixo-x e pela reta x = 1.
62 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA
Capítulo 2

Equaçoes Diferenciais
Ordinárias

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR:


• Como resolver equações diferenciais ordinárias separáveis.
• Como resolver equações diferenciais ordinárias lineares de
primeira ordem.
• Como modelar e resolver problemas que envolvam as equações
diferenciais estudadas.
64 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Equações Diferenciais

Introdução

Ao ensinar Cálculo para alunos de outras áreas é fundamental


motivar, mostrando-lhes a importância do que estão aprendendo
para os problemas de suas especialidades. Assim, podemos
perguntar qual é a razão para se estudar equações diferenciais? As
equações diferenciais estão presentes na formulação de modelos
relacionados a vários fenômenos estudados nas ciências, dentre os
quais muitos deles dizem respeito a relações que se estabelecem
entre quantidades que variam. Vimos no curso de Cálculo
Diferencial e Integral 1, de que maneira as taxas de variação são
representadas matematicamente através das derivadas. Nesse curso,
iremos estudar como alguns fenômenos são expressos em termos de
equações diferenciais.
A seguir apresentamos dois exemplos de aplicações das
equações diferenciais.

Problemas de Mistura

dy
V = QC − Qy
dt

Corrente i em um circuito RL
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 65

di
L + iR = ε 0
dt
Existem vários outros exemplos de aplicação das equações
diferenciais: variação de temperatura, modelo presa-predador (em
Biologia), decaimento radioativo, crescimento e decrescimento
populacional e muitos outros.
Uma equação diferencial é uma equação que envolve uma
função incógnita (desconhecida) e suas derivadas. Assim, resolver
uma equação diferencial é encontrar uma função que satisfaça
identicamente aquela equação. Todavia, análogo às equações
algébricas, existem muitos tipos de equações diferenciais e,
portanto, para cada tipo, existe uma técnica para determinar sua
solução, quando esta existe. Fazendo novamente um paralelo com as
equações algébricas, lembramos que nem toda equação possui
solução analítica, sendo que em muitos casos, somente métodos
numéricos são capazes de fornecer as soluções procuradas. Todavia,
quando as soluções analíticas existem, as operações inversas são
normalmente utilizadas para obtê-las, ou seja, assim como em uma
equação envolvendo soma, utilizamos a subtração na sua resolução,
em uma equação envolvendo multiplicação, utilizamos a divisão, e
assim por diante, para resolver uma equação envolvendo
diferenciais, utilizaremos algum tipo de integração.
A existência e a unicidade de soluções de equações diferenciais
são garantidas mediante a satisfação de algumas hipóteses, através
de teoremas específicos para isso. Contudo, estes teoremas não serão
66 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

abordados neste texto, uma vez que o objetivo aqui é estudar alguns
métodos de resolução, partindo da premissa de que tal solução
exista. Assim, este material só tratará de equações cujas soluções
existam analiticamente.
É importante observar que as equações diferenciais compõem
um grande grupo, o qual é dividido, inicialmente, em dois
subgrupos: o de equações diferenciais ordinárias (EDO) e o de
equações diferenciais parciais (EDP). Dizemos que uma equação
diferencial é ordinária se a função que se deseja determinar depende
de uma única variável, por exemplo, y = f(t). Se a função incógnita
depender de duas ou mais variáveis, por exemplo, u = f(x,y), a
equação é denominada equação diferencial parcial.
Dentro de cada um desses subgrupos, as equações se
classificam por ordem, assim como os polinômios, porém a ordem
neste caso está associada à ordem da maior derivada que aparece na
equação. Assim, uma equação diferencial é dita de primeira ordem
se apenas a primeira derivada e a função estiverem presentes na
equação. Se a segunda derivada estiver presente e nenhuma outra de
maior ordem, dizemos que ela é uma equação de segunda ordem, e
assim por diante. E dentro de cada ordem, existem vários tipos,
porém o estudo completo de todos eles demandaria muito tempo e
foge dos objetivos deste material.

Equações Diferenciais de Primeira


Ordem
Nesse texto estaremos trabalhando apenas com dois tipos de
equações diferenciais ordinárias de primeira ordem: as separáveis e
as lineares. Isso se deve ao fato de que ambas são muito utilizadas
para descrever fenômenos químicos, físicos e biológicos, tais como
a descrição de vários tipos de reações químicas, de decaimentos
radioativos, transferência de calor, concentração de substâncias em
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
S 67

uma solução, crescimento populacional, dentre muitass outras


situações. Novamente lembramos que o estudante que nec ecessitar
aprofundar seus estudos e/ou trabalhar com outros tip tipos de
equações, poderá fazê-lo através das referências bibliog
ográficas
citadas.
Inicialmente vejamos alguns exemplos de EDOs, a fim f de
ilustrar algumas das classificações feitas anteriormente.
EXEMPLOS
dy equação diferencial ordinária de primeiraa oordem
= k (1 − y (t ))
dt

d2y dy equação diferencial ordinária de segunda ordem


o
2
− 3 + 4y = 0
dx dx

y´− y = 0 equação diferencial ordinária de primeira ordem


o

y ''+ y '+ y = 3 equação diferencial ordinária de segunda ordem


o

OBS: Observe que as duas últimas equações estão exp


xpressas
utilizando a notação “linha”, que não explicita qua
ual é a
variável independente. De maneira geral, a equação
ão ou o
contexto no qual ela se apresenta nos dirá de que m
maneira
deveremos interpretar y’
68 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Soluções de Equações Diferenciais de


Primeira Ordem
Dizemos que uma função y = y(x) é uma solução de um uma
equação diferencial, num intervalo aberto I, se a equação estiv
tiver
satisfeita identicamente em I quando y e suas derivadas fore rem
substituídas na equação. O exemplo abaixo nos auxilia a entend
nder
melhor o conceito de solução de uma equação diferencial.

t
EXEMPLO A função y(t ) = e é uma solução da equaçã
ação
dy
diferencial − y(t ) = 0 no intervalo I = (−∞, +∞) , pois
po
dt
substituindo y e a sua derivada no lado esquerdo dessa equaç
ação
obtemos
dy d
− y(t ) = [et ] − et = et − et = 0
dt dt
para todos os valores reais de t.

Note que esta não é a única solução no intervalo I. A funç


nção
y = Cet também é uma solução da equação dada, para qualqu
quer
valor real da constante C, pois
dy d
− y(t ) = [Cet ] − Cet = Cet − Cet = 0.
dt dt

OBS: Observe que na solução y = Cet aparece uma consta


stante
C, que é a constante de integração. Isso significa que para cada
ca
valor da constante C, temos uma solução diferente e, por isso
sso, a
solução encontrada não é única e é denominada solução geralral da
EDO. Agora, quando a solução é apresentada para algu lguns
valores específicos da constante C, como é o caso da funçãoo y =
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 69

et do exemplo anterior, esta é dita solução particular da EDO.

Problemas de Valor Inicial


Quando um fenômeno é modelado matematicamente por uma
equação diferencial, existem condições que permitem determinar
valores específicos para as constantes de integração que aparecem
na solução geral desta. É importante lembrar que na solução geral de
uma equação diferencial de ordem n, n ∈ ℕ * , aparecem n constantes
de integração e, nesse caso, iremos precisar de n condições para
determinar os valores de todas elas.
No caso de uma equação diferencial de primeira ordem,
necessitamos de apenas uma condição (informação acerca do
70 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

problema estudado) que nos possibilite encontrar a única constan


tante
de integração C. Esta condição, denominada de condição inicial, no
n
caso de EDOs de primeira ordem, é o valor que a função assumee em
e
um ponto qualquer de seu domínio e, quando isso ocorre, dizem mos
que temos um problema de valor inicial (PVI). A solução de um u
PVI é, portanto, a única solução da EDO que passa pelo pon onto
dado.
Por exemplo, suponha que queiramos resolver a ED
DO
dy
− y(t ) = 0 , sujeita à restrição y(0) = 1. Então temos um PVI
PV
dt
(problema de valor inicial):

 dy
 − y (t ) = 0
 dt
 y (0) = 1

cuja solução é y(t ) = et , pois quando substituímos t = 0 e y = 1 nna


solução geral y = Cet da equação dada, encontramos C = 1.

OBS: Geometricamente, a condição inicial y(x0) = y0 tem mo


efeito de destacar, da família de curvas solução de uma um
equação diferencial, a curva que passa pelo ponto (x0,y0).
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
S 71

dy
EXEMPLO A solução geral da equação diferencial + et = 0
dt
é y(t) = −et + C, para qualquer valor real da constante C.. Para
obtermos a solução do problema de valor inicial

 dy t
 +e =0
 dt
 y (0) = 2

basta substituir a condição inicial t = 0, y = 2 na solução geral


ral para
encontrar o valor da constante C. Obtemos então:
2 = − e 0 + C = −1 + C
Assim, C = 3, e a solução do problema de valor inicial é
y ( t ) = −e t + 3 .
Podemos representar graficamente esta solução, através de uma
curva integral que passa pelo ponto (0,2).
72 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Equações de Primeira Ordem Separáveis


s

Dizemos que uma equação diferencial de primeira ordem é ddo


tipo separável se for possível escrever os termos envolvendoo a
função e sua derivada, de um lado da equação, onde a deriva vada
aparece multiplicando, e o termo envolvendo a variável e as
constantes, do outro lado da equação. Observamos que normalmen ente
as equações não aparecem nesta forma e, para sabermos se uma um
equação é, de fato, uma equação separável, precisamos fazer algu
guns
cálculos algébricos a fim de comprovarmos, ou não, ttal
característica. Com os exemplos a seguir, iremos aprender er a
reconhecer uma equação diferencial do tipo separável e, também ém,
como proceder para resolvê-la.

EXEMPLO 1 Encontre as possíveis soluções da equaç


ação
dy
y 4 e2 x + =0.
dx
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 73

Solução
Note que à primeira vista não dá para saber se a equação é do tipo
separável ou não. Para verificar tal fato, precisamos reescrever a
equação diferencial de modo que as expressões envolvendo x
permaneçam de um lado e as expressões envolvendo y e sua
derivada, fiquem do outro lado da equação.
Assim, o primeiro passo é subtrair dos dois lados da equação o
termo contendo a variável x, a fim de que ele “passe” para o lado
direito da igualdade:
dy
= − y 4 e2 x .
dx
Agora, dividindo ambos os lados da igualdade por y4 conseguimos
deixar as expressões envolvendo y do lado esquerdo da equação,
multiplicando a derivada, e as expressões envolvendo a variável x,
do lado direito:
1 dy
4
= −e2 x .
y dx

Isso mostra que a equação diferencial dada é do tipo separável.


Agora, para resolver a equação, basta integrarmos ambos os lados
em relação à x, que é a variável independente, e fazermos os
cálculos necessários para isolarmos y em função de x, que é a função
que procuramos como solução da equação dada. Procedemos, então,
como segue:
1 dy 1
∫y 4
dx
dx = − ∫ e2 x dx ⇒ ∫y 4
dy = − ∫ e2 x dx,

dy
onde usamos a notação de diferencial dy = y '( x )dx ou dy =
dx
dx
na integral do lado esquerdo. Com esta notação de diferenciais,
74 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

temos uma integral em x e outra em y para resolver. Efetuando estes


est
cálculos, obtemos

1 e2 x 1 e2 x
− + C1 = − + C2 ⇒ − = − + C2 − C1
3 y3 2 3 y3 2

1 e2 x 1 3e2 x + 6(C1 − C2 )
⇒ = + C1 − C2 ⇒ = ⇒
3 y3 2 y3 2
1
3 2  2 3
y = 2x ⇒ y =  2x  , onde C = 6(C1 − C2 ).
3e + C  3e + C 

OBS:
1
 2 3
1. Observe que na solução y =  2 x  aparece uma ma
 3e + C 
constante C, que é a constante de integração. Isso signific
ica
que para cada valor da constante C, temos uma solução ção
diferente e, por isso, a solução encontrada não é única e é
denominada solução geral da equação diferencial. A figuraura
a seguir, mostra o gráfico das soluções para vários valore
res
da constante C.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 75

2. Note que no cálculo da integral acima, após adotar a


notação de diferenciais, os integrandos tomaram a forma
1 1 dy
dy = −e2 x dx , a partir da forma original 4 = − e2 x .
y4 y dx
Olhando para estas expressões temos a impressão de que
multiplicamos a equação por dx. Embora não tenha ocorrido
isso, pois dy/dx denota uma derivada e não um quociente, na
prática, após efetuarmos a integração em relação à x e
escrevermos a derivada de y em termos de diferenciais,
sempre teremos uma expressão igual à que teríamos se
multiplicássemos a equação por dx. Por isso muitos livros
trazem este procedimento, ou seja, passa a equação para a
notação de diferenciais logo no início dos cálculos, como se
estivesse efetuando a multiplicação por dx. Faremos isso no
próximo exemplo.
76 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

 dy 2 x − 1
 = 2
EXEMPLO 2 Encontre a única solução do PVI  dx 3 y − 3.
3
 y(1) = 0

Solução
Inicialmente executamos as operações necessárias para ver se é
possível deixar y e suas derivadas de um lado e a variável x do out
utro
lado da equação dada. Sendo possível, integramos.
dy
(3 y 2 − 3) = 2x − 1 ⇒ (3 y 2 − 3) dy = (2 x − 1) dx
dx

∫ (3 y − 3)dy = ∫ (2 x − 1)dx
2

∫ (3 y ∫ (2 x − 1)dx
2
− 3)dy = ⇒ y 3 − 3 y + C1 = x 2 − x + C2

⇒ y 3 − 3 y − x 2 + x + C = 0 onde C = C2 – C1

que é a solução geral da equação dada. Observe que neste caso so é


difícil isolar y em função de x e, portanto, dizemos que a soluç
ução
geral é dada implicitamente pela equação acima. Considerando do a
condição inicial y(1) = 0, obtemos C = 0 e a solução do PVI é da
dada
implicitamente por y 3 − 3 y − x 2 + x = 0. A curva descrita por es
esta
equação é mostrada na ilustração abaixo:
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
S 77

Note que a curva como um todo não é gráfico de função e, po portanto,


a função y(x), que é a solução procurada do PVI dado, é apenas
ap a
parte da curva que está acima da reta y = −1 e passa pelo ponto
nto (1,0).

EXERCÍCIOS 2.1
1. O que você entende por uma equação diferencial? O qu
que você
entende por uma solução de uma equação diferencial? Quantas
Q
soluções existem para uma determinada equação difere
erencial?
3
−x
Mostre que y = 2 + e é uma solução da equação dife
ferencial
y '+ 3x 2 y = 6 x 2 .
2 + ln x
2. Verifique que y = é uma solução para o proble
lema de
x
valor inicial x2y’ + xy = 1 com y(1) = 2.
3. Geometricamente, qual a sua compreensão sobre impo
por uma
condição inicial y(t0) = y0 para uma equação dife
ferencial
qualquer?
x2
4. (a) Mostre que cada uma das funções y = Ce 2 é uma soluçã
ção para
a equação diferencial y’ = xy.
78 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

(b) Ilustre a parte (a) desenhando várias funções da família de


soluções no mesmo plano cartesiano.
5. Resolva a equação diferencial por separação de variáveis e,
sempre que possível, explicite a solução como uma função de x.
2
a) dy = x b)
dy
= y , y (0) = 2
dx 1 + y2 dx
2
dy 2x
c) dy = 3 x + 4 x + 2 , y (0) = −1 d) = , y (0) = −2
dx 2( y − 1) dx y + x 2 y

e)
dy y cos x dy x2
= , y (0) = 1 f) =
dx 1 + 2 y 2 dx y(1 + x3 )
−x
g) dy = x − e y h) y '( x) + xy2 = 0
dx y+e
2x
i)
dy
= y2 j) dy = e 3
dx dx 4y

k) y y’ = x l) y ' = xy
2 ln y

6. Encontre a solução da equação diferencial que satisfaz a


condição inicial dada.
dy dx
a) = y 2 + 1 , y (1) = 0 b) xe − t = t , x(0) = 1
dx dt
7. Para quais valores não nulos de k a função y = sen(kt) satisfaz a
equação diferencial y’’+9y = 0?
8. Resolva o problema de valor inicial
y’ = 2y2 + xy2 ; y(0) = 1
e determine onde a solução atinge seu valor mínimo.
9. Considere o problema de valor inicial
t y (4 − y )
y´= ; y(0) = y0
3
(a) Determine o comportamento da solução quando t → +∞.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 79

(b) Suponha que y0 = 0,5. Encontre o instante T no qual a


solução atinge, pela primeira vez, o valor 3,98.
dy e −2 x
10. Resolva o problema de valor inicial − = 0 , y(0) = 0. O
dx 4
que acontece com y quando x assume valores muito grandes?

Aplicações

Crescimento e decrescimento
populacional

O problema de valor inicial


dy
= ky , y (t0 ) = y0
dt
onde k é uma constante de proporcionalidade, apesar de ser um dos
modelos matemáticos mais simples que conhecemos, ocorre em
muitas teorias físicas, químicas e biológicas, envolvendo
crescimento ou decrescimento de uma população. Esse modelo está
baseado no fato de que quando uma determinada população
(bactérias, por exemplo) não está limitada por restrições ambientais,
esta tende a crescer (ou decrescer) a uma taxa proporcional ao
tamanho da população.
Por exemplo, na Química, a quantidade remanescente de uma
substância durante certas reações pode ser descrita pelo PVI
(problema de valor inicial) acima. Na Física, este PVI proporciona
um modelo para o cálculo aproximado da quantidade remanescente
de uma substância que está sendo desintegrada através de
radioatividade, bem como para determinar a temperatura de um
corpo em resfriamento. Na Biologia, frequentemente é observado
que a taxa de crescimento de certas bactérias é proporcional ao
80 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

número de bactérias presentes no dado instante. Durante um curto


período de tempo, a população de pequenos animais, tais como
roedores, pode ser antecipada com alto grau de precisão pela solução
dy
da equação diferencial = ky .
dt
A seguir iremos ilustrar como uma equação desse tipo pode ser
dy
resolvida. Observamos que a equação = ky é visivelmente do
dt
tipo separável e, portanto, para resolvê-la, usamos os procedimentos
já conhecidos. Assim, temos:
dy dy dy
dt
= ky ⇒
y
= kdt ⇒ ∫ y ∫
= kdt

⇒ ln y + C1 = kt + C2 ⇒ ln y = kt + C , onde C = C2 – C1

⇒ y (t) = ekt +C = ekt eC = Mekt , onde M = eC.

OBSERVE que o
módulo de y foi
tirado, pois y é uma
quantidade positiva.

Considerando t0 = 0, obtemos y(0) = M. Assim, o tamanho da


população em um instante t qualquer é dado por y(t ) = y(0)ekt ,
onde y(0) representa a população no instante inicial do experimento.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
S 81

OBS:
i) Se k = 0, então a taxa de
crescimento é nula e, portanto, a
quantidade considerada se
mantém constante e igual ao seu
tamanho inicial, ou seja,
y(t ) = y(0) para todo tempo t.

ii) Se k > 0, então a quantidade


cresce muito rápido (modelo de
crescimento exponencial). Assim,
este modelo se adéqua somente a
populações que possuem esta
característica, como colônias de
bactérias ou roedores na ausência
de predadores, por exemplo.

iii) Se k < 0, então a quantidade


decresce rapidamente a partir de
seu tamanho inicial (modelo de
decrescimento ou decaimento
exponencial). Este modelo é
muito utilizado para representar o
decaimento radioativo de
elementos químicos.

EXEMPLO Suponha que uma cultura de bactérias se inic icie com


500 bactérias e cresça a uma taxa proporcional ao seu tam
tamanho.
Depois de 3 horas existem 8.000 bactérias.
a) Determine o número de bactérias após 4 horas.
b) Após quanto tempo existirão 30.000 bactérias?
82 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Solução
a) Seja y(t) o número de bactérias no instante t. Então temos:
dy
= ky (t ), y (0) = 500 e, portanto, y (t ) = 500ek t
dt
Mas, qual é o valor de k ? Para obtê-lo utilizamos a informação de
que y(3) = 8.000, ou seja, fazemos:
8.000
8000 = 500 e 3 k ⇒ e 3 k = = 16
500
ln16
⇒ 3k = ln16 ⇒ k = ≅ 0,924196.
3
Assim, o número de bactérias em um instante t qualquer é dado por
y ( t ) = 500e 0,924196t .
Agora, para determinar o número de bactérias, após 4 horas, basta
substituir t por 4 na função y ( t ) = 500e 0,924196t e iremos obter
y ( 4 ) = 20.159 bactérias.

b) Queremos determinar o valor de t que faz com que y(t) seja igual
a 30.000, ou seja, precisamos resolver a equação:
30.000 = 500e0,924196 t ⇒ e0,924196 t = 60
ln 60
⇒ t= ≅ 4, 43 horas.
0,924196
Logo, existirão 30.000 bactérias após aproximadamente 4 horas e 26
minutos.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
S 83

OBS:
Como a função exponencial cresce muito rápido do, uma
pequena mudança na variável independente implica em uma
variação muito grande no valor da função. Por isso, devemos
de
evitar arredondamentos com poucas casas decimais qquando
estamos lidando com exponenciais. Apesar dee mais
trabalhoso, se quisermos um resultado mais con onfiável,
devemos manter os números com o máximo de casas decimais
de
possível.

Reações químicas de primeira ordem


m
A desintegração de uma substância radioativa é ch chamada
reação de primeira ordem e pressupõe que se as moléculass de
d uma
substância A se decompõem em moléculas menores, então a ttaxa na
qual essa decomposição ocorre é proporcional à quantida idade da
primeira substância que não tenha se submetido à conversão
são. Isso
quer dizer que, se X é a quantidade de substância A que qu não
dX
participa da reação, em qualquer tempo, então = kX onde
o a
dt
constante k é negativa, pois X é decrescente.
84 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Um exemplo de uma reação química de primeira ordem é a


conversão de t-cloreto butílico em t-álcool butílico:
(CH3)3CCl + NaOH ö (CH3)3COH + NaCl.
É importante observar que apenas a concentração de t-clore
reto
butílico controla a taxa de reação.

Meia-Vida
Na Física, meia-vida é uma medida da estabilidade de uma um
substância radioativa. A meia-vida é o tempo gasto para metade dos
d
átomos de uma quantidade inicial A0 se desintegrar ou se transmut
utar
em átomos de outro elemento. Quanto maior a meia-vida de um uma
substância, mais estável ela é. Por exemplo, o isótopo de urân ânio
mais comum, U-238, tem uma meia-vida de aproximadamen ente
4.500.000.000 de anos. Nesse tempo, metade de uma quantidadee de
U-238 é transformada em chumbo, Pb-206.

EXEMPLO Um reator converte urânio 238 em isótopo de


plutônio 239. Após 15 anos, foi detectado que 0,043% da
quantidade inicial A0 de plutônio se desintegrou. Encontre a mei eia-
vida desse isótopo, se a taxa de desintegração é proporcional al à
quantidade remanescente.
Solução
Seja A(t) a quantidade de plutônio remanescente no instante t. Comomo
já visto anteriormente, a solução para o problema de valor iniciall é
A(t) = A0 ekt
Assim, se 0,043% dos átomos de A0 se desintegrou, então 99,957
57%
da substância permaneceu. Para calcular k, usamos 0,99957 A0 =
A(15), ou seja,

0,99957 A0 = A0e15k ⇒ 15k = ln(0,99957) ⇒ k = −0,000028677 .


Portanto,
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
S 85

A(t) = A0 e−0,00002867 t .
Agora, considerando que a meia-vida é o tempo t no qual
A
A ( t ) = 0 e calculando o valor de t nesta equação, temos que
ue:
2
A0 1 −0,00002867t
= A0 e−0,00002867t ⇒ =e
2 2
1
⇒ − 0,00002867 t = ln   ⇒ t = 24.2
4.235,92.
 2
Portanto, a meia-vida do isótopo de plutônio é de aproximada
damente
24.236 anos.

Determinação da idade por


radiocarbono
Uma importante ferramenta na pesquisa arqueológic ica é a
determinação da idade por radiocarbono. Este é um moodo de
determinar a idade de certos restos de madeira e plantas, além
al de
ossos humanos, de animais ou de artefatos encontrados nos mesmos
m
níveis. O procedimento foi desenvolvido pelo químico W Willard
Libby no início dos anos 50 e isso lhe conferiu o prêmio Nobel
No de
Química em 1960. A teoria da cronologia do carbono baseiaeia-se no
fato de que o isótopo do carbono 14 é produzido na atmosfer
fera pela
ação de radiações cósmicas no nitrogênio. A razão eentre a
quantidade de C-14 para carbono ordinário na atmosfera pare
arece ser
uma constante e, como consequência, a proporção da quantid
tidade do
isótopo presente em todos os organismos vivos é a m mesma
proporção da quantidade na atmosfera. Quando um orga rganismo
morre, a absorção de C-14, através da respiração ou alimen entação,
cessa. Logo, comparando a quantidade proporcional de C-14
presente, digamos em um fóssil, com a razão constante encocontrada
86 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

na atmosfera, é possível obter uma razoável estimativa da idadee do


d
fóssil. Como a meia-vida do carbono 14 é longa (aproximadamen ente
5.745 anos), quantidades mensuráveis de carbono 14 estão present
ntes
após muitos milhares de anos, o que possibilita a determinaçãoo da
idade de objetos muito antigos.

EXEMPLO Suponha que um pedaço de tecido tenha sido sid


descoberto, contendo 74% de carbono 14 radioativo em relaçãoo às
plantas terrestres nos dias atuais. Sabendo-se que a meia-vidaa ddo
carbono 14 é de aproximadamente 5.745 anos, estime a idadee do d
pedaço do tecido.
Solução
Seja C( ) a concentração de carbono 14 remanescente no tecidoo no n
instante t. Como observado anteriormente, C(t) satisfaz a equaç ação
dC
= kC (t ) , cuja solução, já vimos que é dada por C ( t ) = C0e kt .
dt
Com a informação da meia-vida do elemento, obtemos o valor de k :

C (0) 1
C (0)ek 5745 = ⇒ ek 5745 =
2 2
1
⇒ k 5745 = ln( ) ⇒ k ≅ −0,0001207
2

∴ C (t ) = C (0)e−0,0001207 t .

Por outro lado, queremos determinar t de tal modo que, nes este
instante, a concentração de carbono 14 seja 0,74 da concentraç
ação
original. Para isso, procedemos do seguinte modo:
C(0)e−0,0001207 t = 0,74C(0) ⇒ e−0,0001207 t = 0,74 ⇒ t ≅ 2.494,7
4,7 .
Portanto, a partir destes cálculos, concluímos que o tecido te
tem
aproximadamente 2.500 anos.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 87

Crescimento populacional com


capacidade suporte
O modelo estudado para representar crescimento populacional,
como já observado, é representativo apenas de populações que
crescem muito rapidamente, o que é raro, pois o próprio meio
geralmente regula o tamanho das populações. Isso se dá pelo fato de
que, mesmo na ausência de predadores, se uma população vive em
um determinado ambiente, limitado em termos de espaço, ela cresce
muito e certamente faltará alimento, o que fará com que seus
componentes comecem a morrer ou migrar-se. Essa limitação do
meio é usualmente conhecida como capacidade suporte, ou seja,
uma população cresce até atingir a capacidade suporte do meio em
que vive. A partir daí, começa a decrescer. Este fenômeno foi
representado pela primeira vez pelo matemático-biólogo P.F.
Verhulst, em 1840, quando propôs um modelo matemático para
previsão de populações humanas de vários países. Seu modelo
considera que, se P(t) é o tamanho de uma população no instante t,
α >0 é sua taxa de crescimento e K é a capacidade suporte do meio,
então P(t) satisfaz a seguinte equação diferencial (conhecida como
equação logística):
dP  P (t ) 
= α P (t )  1 − .
dt  K 
dP
Observe que se P(t) < K, então > 0 , o que significa que P(t)
dt
dP
cresce. Por outro lado, se P(t) > K, então < 0 , significando que a
dt
população decresce após atingir a capacidade suporte. Finalmente,
dP
quando P(t) = K, temos = 0 , o que significa que a população está
dt
88 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

estacionada (constante). Por isso dizemos que esta equação


representa bem o crescimento populacional com capacidade suporte.
No último caso, ou seja, quando a taxa de crescimento é nula, a
solução P(t) = K é denominada solução de equilíbrio da equação, a
qual pode ser estável ou instável, conforme aprenderemos quando
estudarmos campos de direções. Do ponto de vista físico, dizemos
que uma solução de equilíbrio é estável se após uma pequena
perturbação em seu valor, o mesmo retorna para o equilíbrio, e
dizemos que ela é instável se isso não ocorre.
Neste momento estamos interessados em encontrar uma
dP  P (t ) 
solução para a equação = α P (t )  1 −  e, a partir desta
dt  K 
solução, visualizar seu gráfico. O fenômeno de estabilidade
assintótica da solução P(t) = K será observado graficamente e
algebricamente, a partir da solução.
É fácil ver que a equação é do tipo separável:
1 dP 1
=α ⇒ dP = α dt
 P  dt  P
P 1 −  P 1 − 
 K  K

1 dP

∫ P 1 − P  ∫
dP = α dt ⇒
∫ P 1 − P  = α t + C1.
 K   K 
 

A integral acima se resolve por frações parciais. Fazendo

 P  K − P  P( K − P)
P 1 −  = P  =
 K  K  K
concluímos que:
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 89

1 K
= .
 P P (K − P)
P 1 − 
 K
Assim, aplicando o método das frações parciais, verificamos
que:
K A B 1 1
= + =⋯= +
P( K − P ) P K − P P K−P
dP dP dP P

∫ P 1 − P  = ∫ P + ∫ K − P = ln P − ln K − P + C 2 = ln
K−P
+ C2 .
 K 

Voltando à equação original, obtemos:

P P t + C3
ln = α t + C3 ⇒ = eα = C 4 eα t ,
K−P K−P

onde C3 = C1 – C2 e C 4 = e C3 .

Agora, para “tirarmos” o módulo, necessitamos analisar dois casos:


Caso 1: P < K
P
P<K ⇒ = C4 eα t ⇒ P = ( K − P )C4 eα t
K −P

⇒ P (1 + C4 eα t ) = KC4 eα t

KC4 eα t KC4 K 1
⇒ P (t ) = αt
= −α t
= −α t
, C=
1 + C4 e C4 + e 1 + Ce C4

K
∴ P (t ) = .
1 + Ce −α t
90 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

K K − P(0))
Supondo t0 = 0, obtemos C : P(0) = ⇒ C=
1+ C P(0)

Aqui vale a pena algumas observações:

1) lim P(t ) = K , ou seja, se o tamanho inicial da população for


f
t →∞
menor que a capacidade suporte do meio, então, segundo este es
modelo, ao longo do tempo, a população crescerá até se aproximimar
da capacidade suporte e se estabilizará neste tamanho (P(t) = K é
uma solução assintoticamente estável).
2) O gráfico de P(t) é denominado de curva logística e é conhecid
cido
como sigmóide devido ao seu formato de S.
3) O ponto de inflexão da curva logística ocorre, exatamente,, nno
instante em que o tamanho da população é igual à metade da sua s
K
capacidade suporte, ou seja, em P ( t ) = .
2
De fato,
2
 P (t )  α  P ( t ) 
P ' ( t ) = α P ( t ) 1 −  = α P (t ) −
 K  K
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 91

α  2P (t ) 
⇒ P '' ( t ) = α P ' ( t ) − 2 P ( t ) ⋅ P ' ( t ) = α P ' ( t ) 1 − =0
K  K 

2P (t ) K
⇔ = 1 ⇔ P (t ) =
P '( t ), α >0 K 2

K
P '' ( t ) > 0 se P ( t ) <
e 2
K
P '' ( t ) < 0 se P ( t ) >
2
Isso significa que a taxa de crescimento começa a diminuir
quando a população atinge metade de sua capacidade de suporte, e
continua diminuindo até zerar, ao atingir a capacidade de suporte.
Nesse estágio dizemos que a taxa de crescimento atingiu seu
equilíbrio.
4) O modelo logístico também é utilizado para analisar a capacidade
de crescimento de empresas e a velocidade de algumas reações
químicas.
Caso 2: P > K
P
P>K ⇒ = C 4 eα t ⇒ P = ( P − K )C 4 eα t
P−K

⇒ P (1 − C 4 eα t ) = − KC 4 eα t

KC 4 eα t KC 4 K 1
⇒ P (t ) = αt
= −α t
= −α t
, C=
C4 e −1 C4 − e 1 − Ce C4

K
∴ P (t ) = .
1 − Ce −α t
92 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Supondo t0 = 0, obtemos C :
K P(0) − K
P(0) = ⇒ C=
1− C P(0)

Aqui novamente observamos que lim P(t ) = K , mostrando qu


que,
t →∞

de fato, a solução P ( t ) = K é uma solução de equilíbr


íbrio
assintoticamente estável, ou seja, ao longo do tempo, independen
ente
do tamanho da população inicial, ela se estabilizará em tornoo da
capacidade suporte do meio.
Lembramos que se inicialmente tivermos P = K, entãoo a
dP
equação original torna-se = 0 e, portanto, P(t) = P(0), para todo
tod
dt
t, ou seja, a população mantém-se constante, já que a taxaa de
crescimento é nula.

EXEMPLO Biólogos colocaram 400 peixes em um lagoo e


estimaram a capacidade suporte como sendo 10.000. O númeroo de
peixes triplicou no primeiro ano.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
S 93

a) Assumindo que o tamanho da população de peixes satis tisfaça a


equação logística, encontre uma expressão para a quantid
tidade de
peixes no lago após t anos.
b) Quanto tempo levará para que se tenha 5.000 peixes no lag
ago?
Solução
a) Temos P(0) = 400 e K = 10.000. Portanto, pela hipótesee de que
a população satisfaz a equação logística e pelos cálculos real ealizados
10.000 − 400
anteriormente, sabemos que C = = 24 e qque a
400
quantidade de peixes em um tempo t qualquer será dad ada por
10.000
P (t ) = .
1 + 24 e −α t
Para encontrar α basta observarmos que P(1) = 3 P(0) = 1.200.
Substituindo na função, obtemos
10.000
1.200 = ⇒ 1.200 + 28.800 e −α = 10.000 ⇒ α ≅ 1,1856
1,1
1 + 24 e −α
Portanto,
10.000
P (t ) = .
1 + 24e −1,1856 t

b) Queremos encontrar t tal que P(t) seja igual a 5.000. Par


ara isso,
basta resolver a equação:
10.000
5.000 = ⇒ t ≅ 2,68 .
1 + 24e −1,1856 t
Portanto, depois de aproximadamente 2 anos e 8 meses, o lag
lago terá
5.000 peixes.
94 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Reações químicas de segunda ordem

Uma reação química de segunda ordem envolve a interaç ação


(colisão) de uma molécula de uma substância P com uma molécucula
de uma substância Q, a fim de produzir uma molécula de uma nova
no
substância X. A notação usual para esse tipo de equação é
P + Q → X.

Suponha que p e q sejam as concentrações iniciais das d


substâncias P e Q, respectivamente, e seja x(t) a concentração de X
no tempo t. Então, p – x(t) e q – x(t) são as concentrações de P e Q
no tempo t, e a velocidade com que a reação ocorre é descrita pepela
equação
dx
= α ( p − x )( q − x )
dt
onde α é uma constante positiva.
Um exemplo de uma reação química de segunda ordem é
CH3Cl +NaOH ö CH3OH + NaCl
onde para cada molécula de cloreto metílico, uma moléculaa de
hidróxido de sódio é consumida, formando assim uma moléculaa de
álcool metílico e uma molécula de cloreto de sódio. Nesse caso,
so, a
taxa na qual a reação se processa é proporcional ao produto das
d
concentrações remanescentes de CH3Cl e de NaOH. Na notaçãoo da
equação, x denota a quantidade de CH3OH formada e p e q sãoo as
quantidades dadas dos dois primeiros compostos químicos.

EXEMPLO 1
a) Se x(0) = 0, resolva a equação geral dada acima.
b) Faça o mesmo quando as substâncias P e Q são as mesmas,, ou
o
dx
seja, = α ( p − x )2 .
dt
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 95

Solução
a) A EDO dada é do tipo separável e, portanto, para resolvê-la
fazemos:
dx

( p − x )( q − x ) ∫
= α dt .

Pelo método das frações parciais, temos:


1 A B
= + ,
( p − x )( q − x ) p − x q − x
de onde obtemos as constantes
1 −1
A= e B= ,
q− p q− p

as quais estão definidas somente quando p ≠ q .


Assim, por um lado, temos:
dx 1 dx 1 dx
∫ ( p − x)(q − x) = q − p ∫ p − x − q − p ∫ q − x =
−1 1
= ln p − x + ln q − x + C1 =
q− p q− p

1
=  ln q − x − ln p − x  + C1 =
q− p
1 q−x
= ln + C1
q− p p−x

e, por outro lado, sabemos que


∫ α dt = α t + C 2 .

Portanto,
96 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

1 q−x q−x
ln = α t + C3 ⇒ ln = (q − p)(α t + C3 ) ⇒
q− p p−x p−x
q−x
⇒ = e( q− p )(α t +C3 ) = Ce( q− p )α t ,
p−x
onde C3 = C2 – C1 e C = eC3 ( q− p) .
q
Como x(0) = 0, segue que   = C e como p – x > 0 e q – x > 0
 p
(representam as concentrações remanescentes de p e q,
respectivamente), podemos eliminar o módulo, fazendo com que
ue a
equação acima se torne:
 q − x  q ( q − p )α t q ( q − p )α t
 = e ⇒ q − x = ( p − x) e
 p−x p p

q 

p 
(
x  e( q − p )α t − 1  = q e ( q − p )α t − 1)
⇒ x=
(
pq e ( q − p )α t − 1 ).
( q − p )α t
qe −p

Portanto, x (t ) =
(
pq e( q− p )α t − 1 ) , para p ≠ q .
( q − p )α t
qe −p

b) Fica como exercício.

EXEMPLO 2 Um composto C é formado quando dois compost stos


químicos A e B são combinados. A reação resultante entre os do
dois
compostos é tal que, para cada grama de A, 4 gramas de B são s
usados. É observado que 30 gramas do composto C são formad ados
em 10 minutos. Determine a quantidade de C em qualquer instan
tante
se a taxa de reação é proporcional às quantidades de A e B
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 97

remanescentes e se inicialmente havia 50 gramas de A e 32 gramas


de B. Qual a quantidade do composto C que estará presente após 15
minutos? Interprete a solução quando t ö ∞.
Solução
Seja x(t) a quantidade, em gramas, do composto C, presente em
qualquer instante. Claramente, x(0) = 0 e x(10) = 30. Se chamarmos
de a a quantidade usada do composto A e de b a quantidade usada do
composto B, teremos a + b = x e b = 4 a. Um simples cálculo nos
fornece a = x/5 e b = (4x)/5. Isso significa que, para cada x gramas
de C devemos usar x/5 gramas de A e (4x)/5 gramas de B.
As quantidades remanescentes de A e B em qualquer instante são,
respectivamente,
x 4
50 − e 32 − x
5 5
Sabemos que a taxa na qual o composto C é formado satisfaz
dx  x  4 
∼  50 −  32 − x  .
dt  5  5 

Para simplificar, fatoramos 1/5 do primeiro termo e 4/5 do segundo,


e os incluímos na constante de proporcionalidade:
dx
= k ( 250 − x )( 40 − x ) .
dt
Separando as variáveis e usando frações parciais, podemos escrever
dx 1 1
= kdt ⇒ − dx + dx = kdt
( 250 − x )( 40 − x ) 210 ( 250 − x ) 210 ( 40 − x )

250 − x 250 − x
⇒ ln = 210 k t + c1 ⇒ = c2e 210 k t .
40 − x 40 − x

Quando t = 0, temos que x = 0 e, portanto, c2 = 25/4. Usando x = 30


em t = 10, encontramos
98 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

1 88
210 k = ln = 0,1258.
10 25
Com estas informações, explicitamos x:
1 − e −0,1258 t
x (t ) = 1000 .
25 − 4e −0,1258 t
Calculando o limite de x(t), quando t ö ∞, vemos que após um
longo período de tempo, x ö 40, ou seja, haverá se formado 40 g
do composto C, deixando 42 g de A (50 – (1/5) 40) e 0 g de
B (32 – (4/5) 40).
O gráfico de x(t) é mostrado na figura abaixo:

EXERCÍCIOS 2.2
1. Uma célula está em um líquido contendo um soluto, por
exemplo, potássio, de concentração constante C . Se C(t) é a
concentração do soluto dentro da célula no instante t, então o
princípio de Fick da difusão passiva através da membrana da célula
afirma que a taxa à qual a concentração varia é proporcional ao
gradiente de concentração C C(t). Determine C(t) se C(0) = 0.
2. O isótopo radioativo tório 234 desintegra-se numa taxa
proporcional à quantidade presente. Se 100 miligramas deste
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 99

material são reduzidos a 82,04 miligramas em uma semana, ache a


expressão para a quantidade presente em qualquer tempo (medido
em dias). Ache também o intervalo de tempo necessário para a
massa decair à metade de seu valor original.
3. O isótopo radioativo plutônio 241 decai de modo a satisfazer a
equação diferencial Q '(t ) = −0,0525Q , onde Q é medido em
miligramas e t em anos.
(a) Determine a meia-vida do plutônio 241.
(b) Se temos 50 miligramas de plutônio hoje, quanto restará em 10
anos?
4. Suponha que se descubram restos arqueológicos em que a
quantidade residual de carbono 14 seja 20% da quantidade original.
Determine a idade destes restos.
5. Suponha que, numa determinada reação química, a substância P
se transforme numa substância X. Seja p a concentração inicial de P
e x(t) a concentração de X no tempo t. Então p – x(t) é a
concentração de P em t. Suponha ainda que a reação seja
autocatalítica, isto é, a reação é estimulada pela substância que está
sendo produzida. Deste modo, dx/dt é proporcional a ambos, x e p –
x, satisfazendo a equação diferencial x '( t ) = α x ( p − x ) , onde α é
uma constante positiva. Se x(0) = x0, determine x(t).
6. Uma teoria matemática das epidemias foi desenvolvida através
das seguintes linhas: assuma que exista uma comunidade com n
habitantes contendo p indivíduos infectados e q indivíduos não
infectados, porém suscetíveis, onde p + q = n. Ou ainda, seja x a
proporção de indivíduos doentes e y a proporção de indivíduos
sadios. Logo, x = p/n, y = q/n e x + y = 1. Se n é grande, é razoável
supor x e y contínuas; assim, a taxa na qual doença se expande é
dx/dt. Se fizermos a hipótese razoável de que a doença se espalha
pelo contato de indivíduos sadios com os doentes da comunidade,
então dx/dt será proporcional ao número de contatos. Se membros
100 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

dos dois grupos se movem livremente entre eles, o número de


contatos é proporcional ao produto de x e y. Chegamos assim à
equação diferencial
dx dx
= β xy ou = β x(1 − x ) ,
dt dt
onde β é um fator positivo de proporcionalidade. Supondo que em
t = 0 a quantidade de indivíduos infectados seja x0, determine a
quantidade de infectados em um tempo t qualquer. Faça uma análise
deste valor quando t → ∞. Você acha este modelo realístico? Por
quê?
7. A população de bactérias em uma cultura cresce a uma taxa
proporcional ao número de bactérias no instante t. Após 3 horas,
observou-se a existência de 400 bactérias. Após 9 horas, 2.500
bactérias. Qual era o número inicial de bactérias?
8. Dois compostos químicos A e B são combinados para formar um
terceiro composto C. A taxa ou velocidade da reação é proporcional
à quantidade instantânea de A e B não convertida em C.
Inicialmente há 40 g de A e 50 g de B e, para cada grama de B, 2
gramas de A são usados. É observado que 10 g de C são formados
em 5 minutos. Quanto é formado em 20 minutos? Qual é a
quantidade limite de C após um longo período de tempo? Qual é a
quantidade remanescente de A e B depois de um longo período de
tempo?
9. O número de supermercados C(t) no país que estão usando um
sistema computadorizado é descrito pelo problema de valor inicial
dC
= C (1 − 0,0005 C ), C (0) = 1 , sendo t ≥ 0 .
dt
Quantos supermercados estarão usando sistemas computadorizados
quando t = 10? Quantas companhias estarão adotando este novo
sistema depois de um longo período de tempo?
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 101

EDOs Lineares

Uma equação diferencial ordinária é dita linear se puder ser


expressa na forma
dy
+ p(t ) y (t ) = q(t ) ,
dt
onde p e q são funções contínuas em um determinado intervalo. Para
resolver esta equação precisamos encontrar uma função auxiliar,
µ (t ) , tal que
 dy  d
µ (t )  + p (t ) y (t )  = [ µ ( t ) y ( t ) ] , (*)
 dt  dt

pois, uma vez determinada esta função, teremos:


d
[ µ (t ) y (t )] = µ (t )q(t ) ⇒ µ (t ) y(t ) = ∫ µ (t )q(t )dt + C
dt

1 
µ (t )q(t )dt + C 
µ (t )  ∫
∴ y (t ) =

que é a solução procurada. Mas quem é µ (t ) ?

Da equação (*) temos que:


µ (t ) y '(t ) + µ (t ) p (t ) y (t ) = µ '(t ) y (t ) + µ (t ) y '(t )

µ '(t )
⇒ µ (t ) p (t ) = µ '(t ) ⇒ p (t ) =
µ (t )
⇒ µ (t ) = e ∫ = Ae ∫
p ( t ) dt +C1 p ( t ) dt
⇒ ∫ p(t )dt + C 1 = ln µ (t ) ,

onde A=eC1.
Portanto, todas as funções do tipo µ (t ) = Ae ∫
p ( t ) dt
podem ser
utilizadas na obtenção da solução y(t).
102 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Observe que a constante A não influencia na solução da


equação diferencial e, portanto, podemos sempre utilizar a funç
nção
µ (t ) = e ∫
p (t ) d (t )
como auxiliar na resolução de EDOs linearess de
primeira ordem. Esta função µ (t ) é chamada fator integrante da
EDO e y(t) é, então, dada por
1 
µ (t ) q (t ) dt + C  .
µ (t )  ∫
y (t ) =

Método do Fator Integrante

Passo 1: Determine o fator integrante µ (t ) = e∫


p (t ) dt
. Com
omo
qualquer µ será suficiente, podemos considerar a constante de
integração igual a zero.
Passo 2: Multiplique ambos os lados da equaç
ação
dy
+ p (t ) y (t ) = q (t ) por µ (t ) e expresse o resultado como
dt
d
[ µ (t ) y (t ) ] = µ (t ) q (t ).
dt
Passo 3: Integre ambos os lados da equação obtida no passo 2 e,, em
e
seguida, resolva para y. Não se esqueça de acrescentar um uma
constante de integração nesse passo.

EXEMPLO 1 Encontre a solução do PVI

 dy 1 2
 dx − x + 1 y = ( x + 1) , x > −1


 y (0) = 2
 .

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
S 103

Solução
1
Neste caso temos p (t ) = − e q(t ) = ( x +1)2 .
x +1
Assim, o fator integrante é dado por
−1
OBSERVE E que
∫ x+1dx −1 1 considerammos a
µ ( x) = e = e − ln( x +1) = e ln( x +1) =
x +1 constante de
d
integraçãoo igual
i a
zero.

Multiplicando ambos os lados da equação por µ ( x ) obtemos:


1 dy 1 1 d  1 
− y= ( x + 1) 2 ⇒ y = ( x + 1)
x + 1 dx ( x + 1) 2
( x + 1) dx  x + 1 

Integrando ambos os lados dessa equação em relação a x, obte


temos

1 x2
y= + x+C
x +1 2
Como y(0) = 2, segue que C = 2 e, portanto, a solução do PVII é dada
por:

x3 3x 2
y ( x) = + + 3x + 2 .
2 2

 dy −t
 + 2y = e
EXEMPLO 2 Encontre a solução do PVI  dt
 y (0) = 3
Solução
Temos que
p(t) = 2 e q(t) = e – t
Logo,
µ (t ) = e ∫ = e 2 t
2 dt
104 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

e y(t) é dada por:


d 2t
 e y (t )  = e 2t e − t = et
 ⇒ e 2t y (t ) = ∫ et dt = et + C
dt

∴ y (t ) = e − t + Ce −2t .

Como y(0) = 3, segue que C = 2 e assim, a solução do PVI é dada


da
−t −2t
por y(t ) = e + 2 e .

 y '− 2 xy = 1
EXEMPLO 3 Encontre a solução do PVI 
 y (0) = 1 .
Solução
Neste caso, p(x) = − 2x e q(x) = 1. Logo, µ ( x ) = e ∫
−2 x dx 2
= e− x e
y(x) é dada por:
d  − x2
e y ( x)  = e− x
2 2 2
⇒ e− x y (t ) = ∫ e− x dx + C .
dx  

Todavia, esta última integral não pode ser expressa em termoss de


d
funções elementares e, portanto, o PVI não possui uma soluç ução
analítica.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
S 105

O exemplo anterior nos indica que, muitas vezes, equações


eq
simples possuem soluções complexas enquanto que eq equações
aparentemente complicadas podem ter soluções bem simples.
si
Vejamos o próximo exemplo:

EXEMPLO 4 Encontre a solução da equação


y '( x) + y ( x)cotg( x) = cossec( x).
Solução
Temos p(x) = cotg(x) e q(x) = cossec(x).
Então,
µ ( x) = e ∫
cot g ( x ) dx
= e ln(sen ( x )) = sen( x ) ,

para todo x tal que sen (x) > 0 e


d 1
[sen( x) y( x)] = sen( x) =1 ⇒ sen( x) y ( x) = x + C
dx sen( x)
x+C
⇒ y ( x) = .
sen( x)

Aplicações
Misturas
Na mistura de dois fluidos, normalmente se deseja determ
rminar a
concentração de um deles em cada instante de tempo. Quandodo existe
fluxo, ou seja, entrada e saída de uma substância, então a taxa
t de
variação da concentração desta substância num determinado instante
in
é dada pela taxa de entrada menos a taxa de saída desta subs
bstância,
neste instante.
106 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXEMPLO 1 Considere um tanque contendo, no tempo t = 0, Q0


kg de poluentes dissolvidos em 100 litros de água. Suponha que q
água contendo ¼ kg de poluentes por litro esteja entrando no tanq
nque
numa taxa de 3 /min e que a solução, bem misturada, sai do tanqnque
na mesma taxa. Encontre uma expressão para a quantidade de
poluentes no tanque num instante t qualquer.
Solução
Seja Q(t) a quantidade de poluentes no tanque no instante t. Então
ão a
taxa de variação desta quantidade (kg/min) é dada pela diferen ença
entre a quantidade que entra e a que sai:
dQ  kg  1  kg   l   l  Q (t )  kg 
 =   × 3  − 3 ×  
dt  min  4  l   min   min  100  l 
ou
dQ 3 3 dQ 3
= − Q(t ) ⇒ + 0,03Q(t ) = ,
dt 4 100 dt 4
que é uma equação linear.

Então, considerando µ (t ) = e ∫
0,03 dt
= e 0,03 t , Q(t) é dada por:

d 0,03 t 3
e Q(t )  = e0,03 t
dt 4
donde segue que:

e0,03t
e0,03t Q(t ) = 0,75∫ e0,03 t dt = 0,75 +C
0,03

∴ Q(t ) = 25 + Ce−0,03 t .

Como Q(0) = Q0, segue que Q0 = 25 + C ⇒ C = Q0 − 25 .

Substituindo na solução, obtemos:


EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
S 107

Q(t ) = 25 + (Q0 − 25)e−0,03 t ou Q(t ) = 25(1 − e−0,03 t ) + Q0e−0,03 t .

Observe que quando t → +∞, Q(t ) → 25 , o que significa qu


que após
um longo período de tempo, a quantidade de poluentes no tan
anque se
estabilizará em 25 kg .

EXEMPLO 2 Uma solução de glicose é administrada ppor via


intravenosa na corrente sanguínea a uma taxa de 0,7 mg/s. À mmedida
que a glicose é adicionada, ela é convertida em outras substân
tâncias e
removida da corrente sanguínea à uma taxa de 0,01 mg/s. Dete
etermine
a concentração de glicose na corrente sanguínea em um ins nstante t
qualquer.
Solução
Seja C (t ) a concentração de glicose na corrente sanguín uínea no
instante t. A medida da variação da concentração da glico icose na
corrente sanguínea em cada instante é feita através da med edida do
quanto entra menos o quanto sai. O que entra, neste caso é fixo,
fi ou
seja, 0,7 mg/seg e o que sai é uma proporção do que existe nnaquele
instante, ou seja, 0,01 C(t). Assim, a taxa de variação é dada por:
p
dC
= 0,7 − 0,01C (t ) ou C '(t ) + 0,01C (t ) = 0,7 ; C(0) = C0
dt
O fator integrante é dado por

µ (t ) = e∫
0,01dt
= e0,01t
Logo,
d 0,01t
e C (t )  = 0,7e0,01t
dt  
108 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

0,7 0,01t
⇒ e0,01t C (t ) = 0, 7 ∫ e0,01t dt = e +c
0, 01

∴ C (t ) = 70 + ce− 0,01t

Como C (0) = C0 , segue que C = C0 −70.

Portanto, a concentração de glicose na corrente sanguínea em uum


instante t qualquer é dada por C (t ) = 70 + ( C0 − 70 ) e −0,01t .

Lei de resfriamento de Newton


A lei de resfriamento de Newton diz que a taxa de variaçãoo da
temperatura T(t) de um corpo é proporcional à diferença entre re a
temperatura atual do corpo T(t) e a temperatura constante do meeio
ambiente Tm. Portanto, a equação que representa o problema é da
dada
por
dT
= k (T − Tm ) ,
dt
que é uma equação tanto separável quando linear. Sua característi
stica
linear se torna mais visível quando a escrevemos assim sim:
T '(t) − kT = −kTm .
Vamos utilizar o procedimento de equações lineares pa
para
resolvê-la. Para isso, considere o fator integran
ante
µ (t ) = e ∫
− kdt
= e − kt .
Assim, temos:
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
S 109

d  −k t −kTm e− k t
e T (t )  = −kTme− k t ⇒ e− k tT (t ) = − kTm ∫ e− k t dt = +C
dt  −k

∴ e− k tT (t ) = Tme − k t + C ⇒ T (t ) = Tm + Ce k t .

EXEMPLO Suponha que uma xícara de café esteja a 90 oC logo


após ser coado e, um minuto depois, passa para 85 oC, em uma
cozinha a 25 oC.
a) Determine a temperatura do café em função do tempo.
b) Quanto tempo levará para o café chegar a 60 oC ?
Solução
Utilizando a equação acima para resolver o problema, podemos
po
dizer que a temperatura do café, após t minutos que foi coad
ado, será
kt
dada por T (t ) = Tm + Ce . Considerando que T(0) = 90 e Tm = 25,
substituindo na solução, temos 90 = 25 + C ⇒ C = 65 .

Considerando agora que T(1) = 85, obtemos k = − 0,0


,080043.
Substituindo na solução, obtemos

T (t ) = 25 + 65e−0,080043 t .

b) Substituindo T(t) por 60 encontramos o tempo que levará


rá para a
o
temperatura do café chegar a 60 C. Assim, temos:
60 − 25
60 = 25 + 65e−0,080043 t ⇒ e−0,080043 t =
65
⇒ − 0,080043 t = −0,619039
∴ t ≅ 7,73.
Logo, levará aproximadamente 7 minutos e 44 segundoss para a
temperatura do café chegar a 60 oC.
110 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Circuito em série
Em um circuito em série contendo um resistor e um indutor, or, a
segunda lei de Kirchhoff diz que a soma da queda de tensãoo no n
indutor (L . (di/dt)) e da queda de tensão no resistor (iR) é igual
al à
voltagem (E(t)) no circuito. Logo, obtemos a equação diferenci ncial
linear para a corrente i(t) :
di
L + Ri = E (t )
dt
onde L e R são constantes conhecidas como a indutância e a
resistência, respectivamente.
A queda de potencial em um capacitor com capacitância C é
q (t )
dada por , em que q é a carga no capacitor. Então, para um
u
C
circuito em série, a segunda lei de Kirchhoff nos dá:
1
Ri + q = E (t ).
c
dq
Mas a corrente i e a carga q estão relacionadas por i = .
dt
Logo, esta última equação torna-se
dq 1
R + q = E (t ).
dt c

EXEMPLO Uma bateria de 12 volts é conectada a um circui uito


em série no qual a indutância é de ½ henry e a resistência, 10 ohm
hms.
Determine a corrente i(t), se a corrente inicial é zero.
Solução
Substituindo os dados na equação da corrente, temos
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
S 111

1 di
+ 10 i = 12, i(0) = 0.
2 dt
Como podemos observar, trata-se de uma equação linear, poré
rém não
se encontra na forma adequada para calcularmos o fator inte
tegrante.
Para que isso ocorra, dividimos a equação dada por ½ e assim,
as a
equação resultante será
di
+ 20 i = 24,
dt
cujo fator integrante é, então, dado por
µ (t ) = e ∫
20 dt
= e 20t .

Logo, teremos:
d  20t  24 6
 e i  = 24e20t ⇒ e20t i = e20t + C ⇒ i(t ) = + Ce−20t .
dt 20 5
Considerando que i(0) = 0, segue que c = −6/5, e assim,
as a
corrente i(t) é dada por

6
i(t ) =
5
(1 − e−20t . )

EXERCÍCIOS 2.3

1. Resolva as seguintes EDOs:


 dy 2 cos x
 dy  + y= 2 , x>0
 − 2 xy = x b)  dx x x
a)  dx  y (π ) = 0
 y (0) = 1

2 2x
−2 x d) y '− 2 y = x e
c) y '( x) + 3y = x + e
112 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

2x
y f) y '− y = 2xe , y(0) = 1
e) y '+ = 3cos(2 x)
x
dy x3 − 2 y −2 x
g) dx = x h) y '+ 2 y = xe , y (1) = 0

2. Um tanque contém inicialmente 100 litros de água e 100 gramas


de sal. Então, uma mistura de água e sal na concentração de 5
gramas de sal por litro é bombeada para o tanque a uma taxa de 4
litros por minuto. Simultaneamente, a solução (bem misturada) é
retirada do tanque na mesma taxa.
a) Determine a quantidade de sal no tanque em cada instante t, onde
t é contado a partir do início do processo.
b) Determine a concentração limite de sal no tanque quando t → ∞ .
3. Considere um tanque usado em determinadas experiências de
hidrodinâmica. Após uma experiência, o tanque contém 200 litros de
uma solução corante com uma concentração de 1 grama por litro.
Para preparar a próxima experiência, o tanque deve ser lavado com
água limpa, fluindo numa taxa de 2 litros por minuto. A solução
bem homogeneizada é drenada na mesma taxa. Ache o intervalo de
tempo decorrente até que a concentração do corante no tanque atinja
1% do seu valor original.
4. Se uma pequena barra de metal , cuja temperatura inicial é de
20°C, é colocada em um vasilhame de água em ebulição, quanto
tempo levará para a temperatura da barra atingir 90°C se é fato
conhecido que sua temperatura aumenta 2°C em 1 segundo? Quanto
tempo levará para a temperatura da barra chegar a 98°C?
5. Um termômetro é retirado de dentro de uma sala e colocado do
lado de fora, em que a temperatura é de 5°C. Após 1 minuto, o
termômetro marcava 20°C; após 5 minutos, 10°C. Qual a
temperatura da sala?
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 113

6. Uma força eletromotriz de 30 volts é aplicada em um circuito em


série L−R no qual a indutância é de 0,5 henry e a resistência, 50
ohms. Encontre a corrente i(t), se i(0) = 0. Determine a corrente
quando t → ∞.
7. Uma força eletromotriz de 100 volts é aplicada a um circuito R−C
em série no qual a resistência é de 200 ohms e a capacitância, 10-4
farad. Encontre a carga q(t) no capacitor, se q(0) = 0. Encontre a
corrente i(t).
114 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Campo de Direções
Nem sempre é possível resolver uma equação diferencial no
sentido de conseguir uma fórmula explícita para a solução. Apesar
disso, podemos obter informações a respeito de uma solução,
utilizando uma abordagem gráfica, através do campo de direções.
Vamos então introduzir o conceito de campo de direções (ou
campo de inclinações) utilizando para isso um problema concreto.
Observe que no problema de valor inicial
 dy
 = y+x
 dx
 y (0) = 1

a equação diferencial não é do tipo separável e, portanto, ainda não


temos condições de encontrar a solução deste. Nesse caso, podemos
construir o gráfico da solução (denominado de curva-solução)
utilizando informações obtidas a partir da equação diferencial dada.
Mas como fazer isso? O primeiro passo é observar que a
dy
equação = y + x nos diz que a inclinação1 da curva-solução em
dx
qualquer ponto (x,y) é igual a y + x. Ou seja, a inclinação em
qualquer ponto (x,y) no gráfico é igual a soma das coordenadas x e y
no ponto. Por exemplo, a inclinação da curva-solução no ponto
P(0,1) é igual a 1 + 0 = 1. Isso significa que a reta tangente à curva-
solução no ponto P(0,1) possui coeficiente angular igual a 1.

1
Inclinação: a inclinação de uma curva em um ponto P é dada pelo
coeficiente angular da reta tangente a essa curva nesse ponto.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
S 115

Observe que, se considerarmos um pedaço da curva-ssolução


próximo do ponto (0,1), a curva se confunde com o segmento to de reta
que passa pelo ponto (0,1) e tem coeficiente angular igual a 1.

Assim, o campo de direções pode ser visualizado pelo desensenho de


pequenos segmentos de reta num conjunto representativo dee ppontos,
sobre a curva-solução, no plano xy. Com isso, para dese senhar o
campo de direções da equação diferencial, basta desenhar peqequenos
segmentos de retas tangentes em alguns pontos (x,y), com incl
clinação
y + x. (veja ilustração a seguir).
116 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

É necessário observar que quanto mais pontos você utilizar pa


para
desenhar o campo de direções, melhor será a descrição das curva vas-
solução.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 117

Agora, para esboçar a curva-solução que passa pelo ponto (0,1),


seguindo o campo de direções, basta desenhar a curva de maneira a
torná-la paralela aos segmentos de reta vizinhos (veja ilustração a
seguir).

No caso do nosso exemplo, a solução da equação diferencial


dy
= y + x é a função
dx
y ( x ) = − x − 1 + Ce x ,

onde C é uma constante arbitrária (verifique esse fato). Assim, a


partir dessa equação, podemos obter uma família de curvas-solução
118 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

para a equação diferencial atribuindo alguns valores para a constan


tante
C.

OBS:
Vimos que quanto mais segmentos de reta desenharmoss no
campo de direções, mais fácil traçaremos os gráficos das d
curvas-solução. Contudo, seria bastante cansativo e trabalho
hoso
calcular inclinações e desenhar manualmente segmentoss de
reta para um número muito grande de pontos. Assim, irem mos
utilizar o computador para nos auxiliar nessa tarefa.

EXEMPLO
(a) Na figura abaixo é dado o campo de direções da equação
dy
diferencial = y . Use o campo de direções para encontrar a
dx
curva-solução que passa pelo ponto (0,1).
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 119

(b) Use o campo de direções dado para estudar o


dy
comportamento das soluções de = y quando x → +∞.
dx
(c) Determine a solução geral da equação, esboce o gráfico de
algumas curvas-solução e confirme as conclusões obtidas no
item (b).

Solução
(a) A partir do ponto (0,1) dado, devemos traçar uma curva tangente
aos segmentos de reta que estiverem mais próximos daquele que
passa por este ponto.
120 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Com esse procedimento, obtemos o gráfico da curva-solução da


equação diferencial dada que passa pelo ponto (0,1).

(b) O campo de direções sugere que, quando os valores de x


aumentam indefinidamente algumas soluções crescem
indefinidamente, outras decrescem indefinidamente e uma delas
permanece constante. Observe que o comportamento das curvas-
solução depende da condição inicial do problema.
dy dy dy
= dx ⇒ ∫
y ∫
=y ⇒ = dx
(c) dx y
⇒ ln y = x + C ⇒ y = ke x

é a solução geral da equação.


Utilizando um CAS (sistema algébrico computacional) desenhamos
algumas curvas-solução para a equação dada.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
S 121

Podemos observar que o comportamento das curvas-soluçã


ção é o
mesmo que o descrito na análise do item (b).

Vamos agora, considerar equações diferenciais da forma


ma
dy
= g ( y)
dx
onde g é uma função independente da variável x. Uma equaçãoeq
desse tipo é denominada de equação diferencial autônoma.
dy
A equação diferencial = g ( y ) é do tipo separáve
ável e a
dx
expressão
dy
∫ g ( y) = x + C
fornece a família de soluções para ela. Contudo, pode ser er muito
difícil calcular a integral do lado esquerdo da igualdade, mesm
smo que
a função g(y) seja relativamente simples. Assim, iremos ap aprender
como utilizar uma abordagem gráfica para estudar o comporta rtamento
das soluções desse tipo de equação.
122 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Uma solução de equilíbrio (ou estacionária) de uma equaçação


dy
diferencial autônoma é uma solução para a qual = 0 , ou seja,
ja, é
dx
uma solução constante. Assim, para determinarmos as soluçõess de
equilíbrio de uma equação diferencial autônoma, basta resolver
er a
equação g(y) = 0.

OBS: Observe que o gráfico de uma solução de equilíbrio


rio é
uma reta horizontal.

EXEMPLO 1 Determine as soluções de equilíbrio da equaç


ação
dy
diferencial = y (3 − y ) .
dx
Solução
Nesse caso, g(y) = y(3 – y). Resolvendo a equação y(3 y) = 0,
obtemos y1 = 0 e y2 = 3 como as duas soluções de equilíbríbrio
(soluções constantes) para a equação diferencial dada.
CUIDADO: Não se esqueça que y1 e y2 são funções e, portant nto,
y1 = 0 e y2 = 3 significa que y 1 (x) = 0 e y 2 (x) = 3 para todo x no
domínio de y, cujos gráficos são retas paralelas ao eixo-x, cruzand
ndo
o eixo-y em y = 0 e y = 3, respectivamente, conforme mostradoo nno
gráfico a seguir.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 123

OBS:
Observe que no exemplo anterior, as soluções de equilíbrio y = 0 e
y = 3 dividem o plano xy em três faixas horizontais e que qualquer
solução não constante está contida inteiramente em uma dessas
faixas. Observe ainda que uma solução é decrescente se estiver nas
faixas correspondentes a y < 0 e y > 3, e é crescente se estiver na
faixa correspondente a 0 < y < 3. Este fato segue do estudo do sinal
da função g(y) = y(3 – y) cujo gráfico é uma parábola com
concavidade voltada para baixo (o sinal de y2 é negativo).
Analisando o sinal da parábola, observamos o seguinte:
• para y < 0 ou y > 3, temos que g(y) < 0
dy
e, portanto, < 0, indicando que a
dx
solução y = f ( x ) é uma função
decrescente.
• para 0 < y < 3, temos que g(y) > 0 e,
dy
portanto, > 0, indicando que a solução
dx
y = f ( x ) é uma função crescente.

Observamos ainda que à medida que x aumenta, as soluções não-


124 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

constantes se aproximam da solução de equilíbrio y = 3 e se


afastam da solução de equilíbrio y = 0. Estas soluções não-
constantes são obtidas resolvendo a equação original
dy
= y (3 − y ) , que é uma EDO separável. Ao fazer isso,
dx
obtemos:

 3
 1 − Ce −3 x , para y < 0 ou y > 3
y( x) = 
 3
, para 0 < y < 3,
 1 + Ce −3 x

de onde notamos que y Ø 3 quando x Ø ∞, o que explica o


comportamento gráfico observado.

Uma solução de equilíbrio y = y0, de uma equação diferencial


dy
autônoma = g ( y ) , é dita ser assintoticamente estável se
dx
g ' ( y0 ) < 0 e é instável se g ' ( y0 ) > 0 . O termo assintoticamente
estável vem do fato da solução y = y0, cujo gráfico é uma reta
horizontal, ser uma assíntota horizontal para os gráficos das
soluções não-constantes, quando a variável independente x cresce
muito.
No exemplo anterior, temos que:

g ( y ) = y (3 − y ) ⇒ g '( y ) = 3 − 2 y

e as soluções da equação são: y1 = 0 e y2 = 3. Assim, temos que:

g ' ( y1 ) = g ' ( 0 ) = 3 > 0 ⇒ y1 ( x ) ≡ 0 é uma solução instável

g ' ( y2 ) = g ' ( 3) = −3 < 0 ⇒ y2 ( x ) ≡ 3 é uma solução


assintóticamente estável
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
S 125

Por isso, as soluções se afastam de y1 = 0 e se aproxim


imam de
y2 = 3, conforme podemos observar no gráfico.

As soluções assintóticamente estáveis são denominad


adas de
atratoras.

EXEMPLO2 Determine as soluções de equilíbrio da equaçãoeq


dy
diferencial = y ( y − 3) e verifique a estabilidade dessas solu
luções.
dx
Solução
Nesse caso temos g(y) = y (y 3) e facilmente notamos quee g(y) se
anula para y = 0 e y = 3 (soluções de equilíbrio). Para te testar a
estabilidade das soluções de equilíbrio, calculamos a deriva ivada de
g(y).

 g '(0) = −3 < 0
g '( y ) = 2 y − 3 ⇒ 
 g '(3) = 3 > 0
tável e a
Portanto, a solução de equilíbrio y = 0 é assintoticamente está
solução de equilíbrio y = 3 é instável.

EXERCÍCIOS 2.4
Resolva os exercícios abaixo usando um computador. Suge
gerimos
os programas Graphmatica ou Winplot.
1. a) Faça um esboço do campo de direções para a eq
equação
dy 1 2
diferencial = ( y − 1) .
dx 2
b) Analisando o campo de direções obtido, quais são as soluções
so
constantes (denominadas de soluções de equilíbrio) da equação
eq
dy 1 2
diferencial = ( y − 1) ?
dx 2
126 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

c) Analisando o campo de direções, o que acontece com os


gráficos das funções soluções, y = f(x), da equação diferencial
dy 1 2
= ( y − 1) , em relação as soluções de equilíbrio, a medida que
dx 2
a variável independente assume valores positivos ou valores
negativos muito grandes?
d) Analisando o campo de direções, o que acontece com a
função?
1 + cet
e) Mostre que todo membro da família de funções y = é
1 − cet
dy 1 2
uma solução da equação diferencial = ( y − 1) .
dx 2
dy 1 2
f) Encontre uma solução da equação diferencial = ( y − 1)
dx 2
que satisfaça a condição inicial y(0) = 2 e esboce o seu gráfico.
dy 1 2
g) Encontre uma solução da equação diferencial = ( y − 1)
dx 2
que satisfaça a condição inicial y(0) = 2 e esboce o seu gráfico no
mesmo plano cartesiano da solução anterior.
dy 1 2
h) Encontre uma solução da equação diferencial = ( y − 1)
dx 2
que satisfaça a condição inicial y(0) = 0 e esboce o seu gráfico no
mesmo plano cartesiano das soluções anteriores.
2. Denotamos por N(t) a quantidade de substância (ou população)
em processo de crescimento ou decrescimento, onde a variável t está
representando o tempo (esta equação aparece em diversos sistemas
de Química tais como decaimento radioativo e consumo de certos
reagentes em um meio reacional mantido a temperatura constante).
Sabendo que a taxa de variação da quantidade de substância é
proporcional à quantidade de substância presente, formule um
modelo matemático para esta situação. Em seguida, escolha um
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 127

valor qualquer para a constante de proporcionalidade e faça um


esboço do campo de direções da equação diferencial obtida. A partir
do campo de direções obtido, determine a(s) solução(ões) de
equilíbrio (soluções constantes) e faça uma análise do
comportamento das curvas soluções (não constantes).
3. Desenhe um campo de direções para a equação diferencial
y ' = y 3 − 4 y . A partir da imagem obtida determine as soluções de
equilíbrio (se existirem). Faça uma análise do comportamento das
curvas soluções. Considerando y(0) = k uma condição inicial, para
quais valores de k, o limite lim y (t ) existe? Quais são os possíveis
t →∞
valores para esse limite? Resolva a equação diferencial e verifique
se suas observações gráficas estão corretas.
4. A função y(t) é solução da equação diferencial
dy
= y 4 − 6 y 3 + 5 y 2 . Descreva o campo de direções para esta
dx
equação diferencial. Analisando esse campo responda as questões a
seguir.
(a) Quais são as soluções constantes da equação? Descreva com
palavras sua compreensão acerca destas.
(b) Para quais valores de y as soluções estão aumentando? Descreva
com palavras sua compreensão acerca deste fato.
(c) Para quais valores de y as soluções estão diminuindo? Descreva
com palavras sua compreensão acerca deste fato.
5. (a) Encontre a solução geral da equação diferencial
dy 6 x2
= .
dx 2 y + cos y
(b) Descreva o campo de direções para esta equação diferencial
e procure analisar qual é o comportamento das soluções da equação
diferencial através deste campo de direções.
128 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

(c) Esboce o gráfico de algumas curvas soluções atribuind


indo
valores para a constante C: 3, 2, 1, 0, 1, 2, 3.

6. Suponha que uma população cresce de acordo com o mode


delo
dP  P 
logístico = 0,0015P  1 − .
dt  6000 
(a) Use o campo de direções (descrito na figura abaixo) para esboç
oçar
a curva solução para a população inicial de 1000 indivíduos. O que
q
você pode dizer sobre a concavidade dessa curva? Quall o
significado do ponto de inflexão?
(b) Use o programa Graphmatica para calcular a população depo pois
de 50 anos.
(c) Se a população inicial for 1000, escreva uma fórmula para ra a
população depois de t anos. Use-a para calcular a população depopois
de 50 anos e compare com o valor encontrado na parte (b).
(d) Plote a solução encontrada na parte (d), no mesmo plano em que
q
você esboçou o campo de direções, e compare com a curva soluçção
que você esboçou na parte (a).
du 1 u
Dado: ∫ u(a + bu) = a ln a + bu +C
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 129

dy
7. Explore graficamente a equação diferencial = x+ y,
dx
7
y ( 0) = − ; 4 ≤ x ≤ 4, 4 ≤ y ≤ 4 seguindo os passos indicados
10
para isso.
(a) Trace um campo de direções para a equação diferencial
especificando os intervalos de variação de x e de y.
(b) Faça uma análise do campo de direções descrito no item (a).
(c) Existem soluções de equilíbrio? Justifique sua resposta a partir
da equação diferencial dada e do campo de direções.
(d) Determine a solução geral da equação diferencial dada.
(e) Trace os gráficos das soluções para os valores da constante
arbitrária C = 2, 1, 0, 1, 2 sobrepostos ao seu campo de
direções.
(f) Determine e trace a solução que satisfaz a condição inicial
especificada ao longo do intervalo [0,1].

dy 1 
8. A equação diferencial = y  − ln y  não possui solução
dx 2 
explícita em termos de funções elementares. Explore graficamente a
equação diferencial dada, através de seu campo de direções, tirando
todas as informações possíveis a respeito do comportamento das
curvas soluções, ou seja, do comportamento de y como uma função
de x.
9. Certo material radioativo decai a uma taxa proporcional à
quantidade presente. Se inicialmente há 100 miligramas e se, após
dois anos, 5% do material decaiu, determine:
(a) a expressão para a massa m(t) em um instante t qualquer;
(b) o tempo necessário para o decaimento de 10% do material.
(c) Esboce o campo de direções para a equação diferencial obtida e
o gráfico da função m(t), obtida anteriormente.
130 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

10. Esboce o campo de direções para a equação diferencial


y ' = 1 − y e use-o para fazer uma conjectura sobre o comportamento
das soluções, quando x → +∞. Confirme a sua conjectura
examinando a solução geral da equação.

11. Use o campo de direções para fazer uma conjectura sobre o


efeito de y(0) no comportamento da solução do problema de valor
inicial y ' = 2 y − x , y ( 0 ) = y0 quando x → +∞ , e verifique a sua
conjectura examinando a solução do problema de valor inicial.
x
12. Esboce o campo de direções para a equação diferencial y ' = −
y
1
e use-o para estimar o valor de y   para a solução que satisfaça a
2
condição inicial y(0) = 1. Compare a sua estimativa com o valor
1
exato de y   .
2
13. Desenhe um campo de direções para a equação diferencial
dy
= ty (3 − y ) e faça um esboço do gráfico de diversas curvas
dt
soluções. Descreva como as curvas soluções parecem se comportar
quando t cresce e como esse comportamento depende do valor
inicial y0.
14. (a) Dado o campo de direções para uma equação diferencial,
esboce o gráfico das soluções que satisfazem as condições iniciais
dadas: (i) y(0) = 1 (ii) y(0) = 3.
(b) Se a condição inicial for y(0) = C, para quais valores de C
lim y (t ) é finito? Quais são as soluções de equilíbrio?
t →∞
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
S 131

15. A quantidade de sal Q(t) em um tanque, no instante te t, que


dQ Q
satisfaz uma equação diferencial do tipo + = B , está d descrita
dt A
no campo de direções ao lado.
(a) À medida que o tempo passa o que acontece com a quantid
tidade de
sal no tanque? Este valor depende da quantidade inicial dee sal no
tanque? Justifique sua resposta.
(b) Faça agora uma análise do comportamento da quantidade
de de sal
no tanque (à medida que o tempo passa), levando em conta c a
quantidade inicial de sal.

16. Associe cada uma das equações diferenciais dadas a seuu campo
de direções e justifique sua escolha, da melhor maneira para se
s fazer
entender.
132 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

(a) y’ = y – x (b) y’ = y2 – x2 (c) y’ = y3 – x3


(1)

(2)

(3)
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 133

17. Verifique se o campo de direções, descrito na figura abaixo, está


relacionado com a equação diferencial y’ = 2y – x. Dê as razões
para sua resposta. Esboce o gráfico das soluções que satisfazem cada
uma das condições iniciais: y(1) = 1, y(0) = 1 e y( 1) = 0.

18. Associe a equação diferencial com o campo de direções, e


explique o seu raciocínio.
1 1
(a) y ' = (b) y ' =
x y
(c) y ' = e − x2 (d) y ' = y 2 − 1

1)
134 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

2)

3)

4)
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 135

EXERCÍCIOS EXTRAS

1. Determine o valor de a para que as funções dadas sejam soluções


das respectivas equações:
α α
a) y (t ) = 2
; y '+ t y 2 = 0 b) y(t ) = 2
; y '− 6 t y 2 = 0
t −3 t +1
2. Resolva os PVIs abaixo:
−x 2
 y '+ (1 − 2 x ) y = xe (1 + x ) y '− xy = 0
a)  b) 
 y(0) = 2  y(0) = 1 / 2

 y '+ 3t 2 y = e − t 3 + t 2
 y − 1 − (2 y + xy ) y ' = 0
c)  d) 
 y (0) = 2  y(2) = 4

 y ' − (cos t ) y = tet 2 + sen t  4 x5


 y '+ x 4 y = x 4 e 5
e)  f) 
 y (0) = 2  y (0) = 1

2
( x + 9) y '+ xy = 0  xy '+ y = 2 x
g)  h) 
 y(4) = 3  y (1) = 0

3. Resolva o PVI y '+ 5 x 4 y = x 4 ; y (0) = y0 .


a) Para que valores de y0 a solução é crescente e para que valores
de y0 a solução é decrescente?
b) Qual o limite de y(x) quando x →¶ ? O limite depende de y0 ?
4. Resolva o PVI ( x 2 − 9) y '+ xy = 0; y (5) = y0 .
a) Qual o intervalo onde a solução é válida?
b) Qual o limite de y(x) quando x →¶ ? O limite depende de y0 ?

dy
5. Considere a equação + p(t ) y = 0.
dt
136 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

a) Mostre que se y1(t) e y2(t) são soluções da equação, então


y ( t ) = y1 ( t ) + y2 ( t ) também o é.
b) Mostre que se y1(t) é solução da equação, então y(t) = c y1(t)
também o é para qualquer constante c.
6. Resolva o PVI
dy 2 x + 1
= ; y (0) = 0.
dx 3 y 2 − 3
Em seguida, determine os pontos onde a solução tem um extremo
local.
7. Em um pedaço de madeira é encontrado 1/500 da quantidade
original de carbono 14. Determine sua idade.
8. Num tanque há 100 litros de salmoura contendo 30 gramas de sal
em solução. Água limpa (sem sal) entra no tanque numa vazão de 6
litros por minuto e a mistura se escoa à razão de 4 litros por minuto,
conservando-se a concentração uniforme por agitação. Determine
quanto sal há no tanque após 50 minutos.
9. Um tanque contém 100 litros de uma solução a uma concentração
de 1 grama por litro. Uma solução com uma concentração de
−1
t
2t e 100 gramas por litro entra no tanque a uma taxa de 1 litro por
minuto, enquanto a solução bem misturada sai à mesma taxa.
a) Determine a quantidade da substância no tanque em cada
instante t, onde t é contado a partir do início do processo.
b) Calcule a concentração da substância no tanque (gramas por
litro) 10 minutos após o início do processo.
10. Num processo químico, uma substância se transforma em outra
numa taxa proporcional à quantidade de substância não
transformada. Se esta quantidade é 48 ao fim de 1 hora e 27 ao fim
de 3 horas, qual a quantidade inicial da substância?
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 137

11. Em uma cultura, inicialmente há N0 bactérias. Uma hora depois,


o número de bactérias passa a ser 3N0/2. Se a taxa de crescimento é
proporcional ao número de bactérias presentes, determine o tempo
necessário para que o número de bactérias triplique.
12. Quando um bolo é retirado do forno, sua temperatura é de
300°F. Três minutos depois, sua temperatura passa para 200°F.
Determine uma função que forneça a temperatura do bolo em um
instante t qualquer, se a temperatura do meio em que ele foi
colocado for de 70°F. Faça o gráfico da solução e, a partir dele,
determine quanto tempo levará para a sua temperatura chegar a
70°F.
13. A população de uma cidade cresce a uma taxa proporcional à
população em qualquer tempo. Sua população inicial de 500
habitantes aumenta 15% em 10 anos. Qual será a população em 30
anos?
14. O isótopo radioativo de chumbo Pb-209 decresce a uma taxa
proporcional à quantidade presente em qualquer tempo. Sua meia-
vida é de 3,3 horas. Se i grama de chumbo está presente
inicialmente, quanto tempo levará para 90% de chumbo
desaparecer?
15. Um termômetro é removido de uma sala em que a temperatura é
de 70°F e colocado do lado de fora, onde a temperatura é de 10°F.
Após ½ minuto o termômetro marcava 50°F. Qual a temperatura
marcada no termômetro após 1 minuto de ter sido removido?
Quanto tempo levará o termômetro para marcar 15°F?
16. Suponha que um circuito R C em série tenha uma resistência
variável. Se a resistência no instante t é dada por R = k1 + k2 t, em
que k1 > 0 e k2 > 0 são constantes, então a equação diferencial para a
dq 1
carga torna-se ( k1 + k2t ) + q = E (t ). Mostre que, se E(t) = E0 e
dt C
138 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

q(0) = 0, então a carga em um tempo t qualquer é dada por


1
 k1  Ck2
q(t ) = E0C + ( q0 − E0C )   .
 k1 + k2 t 

120, 0 ≤ t ≤ 20
17. Uma força eletromatriz dada por E (t ) =  é
0 , t > 20
aplicada a um circuito L R em série no qual a indutância é de 20
henrys e a resistência, 2 ohms. Encontre a corrente i(t), se i(0) = 0.
18. Um marcapasso consiste em uma bateria, um capacitor e o
coração como resistor. O capacitor é carregado e descarregado
periodicamente, enviando um impulso elétrico ao coração. Durante
esse tempo, a voltagem E aplicada ao coração é dada por
dE 1
=− E , t1 < t < t2 , em que R e C são constantes. Determine
dt RC
E(t) se E(t1) = E0.
19. A equação diferencial P '(t ) = (k cos t ) P, em que k é uma
constante positiva, é frequentemente usada como um modelo de uma
população sujeita à flutuações sazonais. Encontre P(t) e faça um
gráfico da solução. Suponha P(0) = P0.
20. Suponha que um estudante infectado por um vírus da gripe
retorne a uma faculdade isolada no campus onde se encontram 1000
estudantes. Presumindo que a taxa na qual o vírus se espalha é
proporcional não somente à quantidade x de alunos infectados, mas
também à quantidade de alunos não infectados, determine o número
de alunos infectados após 6 dias se ainda é observado que depois de
4 dias haviam 50 alunos infectados.
139 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA
140 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Capítulo 3

Funções de Várias Variáveis

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR:


• Sistema Tridimensional de Coordenadas
• A Fórmula da Distância no Espaço.
• A equação de uma Esfera.
• Como plotar o gráfico de funções de duas variáveis em um
sistema tridimensional de coordenadas.
• Como determinar o valor de uma função de duas variáveis.
• Como determinar o domínio de uma função de duas variáveis.
• Como determinar e interpretar uma curva de nível e um mapa de
contorno.
141 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Funções de Várias Variáveis

Introdução
No curso de Cálculo Diferencial e Integral I, estudamos
algumas propriedades relacionadas com funções de uma variável
independente, do tipo y = f(x). Contudo, a maioria dos fenômenos
que ocorrem na natureza está relacionada com a influência mútua de
duas ou mais grandezas. Por exemplo, podemos considerar que a
quantidade de água em um reservatório dependa das chuvas e do
consumo realizado pelos habitantes; ou então que a freqüência de
um circuito sintonizador dependa da sua capacitância, da sua
indutância e da sua resistência; ou ainda que a pressão de um gás
dependa da sua temperatura e de seu volume, e assim por diante.
Na Química, quando a equação de estado de um gás ideal é
nRT
escrita na forma V = f ( P, T , n) = , quer dizer que em qualquer
P
estado do sistema, o valor do volume V (variável dependente) é
determinado pelos valores da pressão P, da temperatura T e da
quantidade de substância n (variáveis independentes), uma vez que
R é uma constante universal.
Particularmente, na Físico-Química, existem inúmeras funções
de várias variáveis independentes. Por exemplo, as propriedades
termodinâmicas de um sistema fluido simples de uma componente e
uma fase, são funções de três variáveis independentes. Se
escolhermos temperatura (T), volume (V) e número de mols (n)
como nossas variáveis independentes, então outra propriedade tal
como a pressão (P), é a variável dependente. Escrevemos então,
P = f (T ,V , n ) . Na Termodinâmica também existem quantidades
que dependem de mais de uma variável, como por exemplo: o
volume molar Vm depende da pressão P e da temperatura T, ou seja,
142 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Vm = f ( P, T ) ; a entalpia H de um sistema pode também ser


pensada como uma função da pressão e da temperatura
H = f ( P, T ) .

Na equação que descreve o movimento retilíneo uniformemente


acelerado
1
s = s0 + v0t + at 2
2
o espaço s é uma função de duas variáveis independentes, ou seja,
s = s ( a, t ) onde a é a aceleração do movimento, t é o tempo e as
grandezas s0 (espaço inicial) e v0 (velocidade inicial), são dois
parâmetros, constantes para cada tipo de movimento.
Na maioria das vezes, os resultados que se estabelecem para as
funções de duas variáveis, estendem-se para funções de mais
variáveis independentes, com o mesmo tipo de raciocínio. Assim,
fixaremos nossa atenção nas funções de duas variáveis e só
consideraremos funções de três ou mais variáveis, quando houver
necessidade.

Sistema Tridimensional de Coordenadas


Iremos aprender aqui como descrever e localizar um ponto no
espaço tridimensional. Vimos em estudos anteriores que o plano
cartesiano é constituído a partir de duas retas perpendiculares,
denominadas de eixo x e eixo y que, juntamente com o ponto de
interseção (a origem), definem um sistema bidimensional de
coordenadas que possibilita especificar a localização de todos os
pontos do plano. Representamos o sistema bidimensional por
ℝ = ℝ × ℝ ={(x,y): x∈ ℝ e y∈ ℝ }.
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 143

Seguindo essa mesma linha de raciocínio, para descrever a


localização de um ponto no espaço precisamos inserir, no sistema
bidimensional, uma terceira dimensão.
Para isso, a partir do plano cartesiano, definimos um eixo-z
(perpendicular ao plano cartesiano) passando pela origem e que,
juntamente com o eixo-x e o eixo-y, irá constituir nosso sistema
tridimensional de coordenadas.

A figura a seguir, mostra a parte positiva dos três eixos do


sistema de coordenadas. Observe que, tomados aos pares, os eixos
determinam três planos coordenados: o plano xy (formado a partir
do eixo x e do eixo y), o plano yz (formado a partir do eixo y e do
eixo z) e o plano xz (formado a partir do eixo x e do eixo z).
144 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Observe ainda que esses três planos coordenados dividem o


sistema tridimensional de coordenadas em oito partes, denominadas
octantes.
O primeiro octante é aquele no qual as três coordenadas são
positivas e os demais são contados a partir deste, no sentido anti-
horário, e de cima para baixo.
Para representar um ponto P(x,y,z) no sistema tridimensional de
coordenadas (espaço) faça o seguinte: marque x unidades, a partir
da origem, sobre o lado positivo do eixo x (se o valor de x for
positivo); a partir daí ande y unidades, paralelamente ao eixo y, no
sentido positivo do eixo y (se o valor de y for positivo), e, em
seguida, ande z unidades paralelamente ao eixo z, no sentido
positivo do eixo z (se o valor de z for positivo).
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
IS 145

Representamos o sistema tridimensional por

ℝ = ℝ × ℝ × ℝ ={(x,y,z): x∈ ℝ , y∈ ℝ e z∈ ℝ }.

EXEMPLO Pontos no Sistema Tridimensiona


nal de
3
Coordenadas R (Espaço)
Plote os seguintes pontos no espaço:
(a) P(3, 1,2) (b) Q( 2,1, 2) (c) R(2,2,0)
Solução
Para plotar o ponto P(3, 1,2) você deve observar quee x = 3,
y = 1 e z = 2. Comece marcando 3 unidades, a partir da origem,
o
sobre o lado positivo do eixo x. A partir daí ande 1 unidade,
un
paralelamente ao eixo y, no sentido negativo do eixo y e, em
seguida, ande 2 unidades paralelamente ao eixo z, no ssentido
positivo do eixo z (veja a figura ao lado). Os demais pont
ntos são
plotados seguindo o mesmo raciocínio.
146 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXERCÍCIOS 3.1
1. Plote os pontos dados no mesmo sistema tridimensional de
coordenadas.
(a) P(3,1,2) (b) P(2, 3,4)
Q( 2,1,2) Q(3,4, 2)
(c) P(3, 1,1) (d) P(0,3, 2)
Q( 3, 1, 1) Q(3,0,2)

2. Represente os pontos P( 2,3,0), Q( 2,3, 2), R(2,0,0),


S(0, 3,0), T(0,0,2) e Q(4,4,2) no sistema tridimensional de
coordenadas e verifique em que octante (oitava parte do sistema
tridimensional) eles estão situados.
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 147

A fórmula da distância no espaço


Algumas das fórmulas deduzidas para um sistema
bidimensional de coordenadas podem facilmente ser estendidas
para um sistema tridimensional, como é o caso da distância entre
dois pontos. Para determinar a distância entre dois pontos P(x1,y1) e
Q(x2,y2) num plano, aplicamos o Teorema de Pitágoras, como
mostra a figura ao lado.

Agora, para determinar a distância entre dois pontos no espaço,


basta aplicar duas vezes o Teorema de Pitágoras, como você pode
ver nas ilustrações abaixo.
148 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

A fórmula da Distância entre o ponto P(x1,y1,z1) e o pon


onto
Q(x2,y2,z2) é então dada pela equação:

d = ( x2 − x1 )2 + ( y2 − y1 )2 + ( z2 − z1 )2

OBS: Esta fórmula é atribuída a Euclides e, por isso, é


conhecida como distância euclidiana entre dois pontos.
s.
Existem outras maneiras de definir distâncias, mas não
ão
serão tratadas aqui.

EXEMPLO Distância entre dois pontos.


Determine a distância entre os pontos P(2,0,1) e Q( 3,4,2)
Solução
Escreva a fórmula da distância

d = ( x2 − x1 )2 + ( y2 − y1 )2 + ( z2 − z1 )2
Substitua os valores
d = ( −3 − 2)2 + (4 − 0)2 + (2 − 1)2
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
IS 149

Simplifique a expressão
d = 25 + 16 + 1
Obtenha o valor
d = 42.

EXERCÍCIO 3.2
Determine a distância entre os pontos dados
(a) P(3,1,2) (b) P(2, 3,4)
Q( 2,1,2) Q(3,4,-2)

A Equação de uma esfera

De maneira análoga ao caso da distância entre dois po pontos, a


equação de uma circunferência pode facilmente ser estendid ida para
um sistema tridimensional, obtendo assim a equação de uma eesfera.
Para determinar a equação de uma circunferência de raio r e centro
em C(a,b) consideramos o seguinte: um ponto (x,y) pertence ce à uma
circunferência se, e apenas se, a distância entre ele e o centro
ro C(a,b)
é igual a r. Em notação matemática escrevemos d ( ( x, y ) ; ( a, b ) ) = r
e, utilizando a fórmula para a distância euclidiana, obtemos
( x − a )2 + ( y − b)2 = r.
Elevando ambos os lados da igualdade ao quadrado, obte
temos a
expressão
(x – a)2 + (y – b)2 = r2,
que é conhecida como a equação reduzida de uma circunferên
rência de
centro em C(a,b) e raio r, conforme figura.
150 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Agora, para determinar a equação de uma esfera (no espaço)


com o centro em C(a,b,c) e raio r, basta considerar que a distância
entre qualquer ponto (x,y,z) da esfera e o centro C(a,b,c) é igual a r.
Usando a fórmula da distância entre dois pontos no espaço

( )
( x − a )2 + ( y − b)2 + ( z − c) 2 = r , obtemos a equação da esfera

de centro no ponto C(a,b,c) e raio r, como mostra a figura.


FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
IS 151

EXEMPLO 1 Determine a equação de uma esfera com cent


entro no
ponto P(2,1,3) e raio igual a 3.
Solução
Escreva a equação da esfera
( x − a )2 + ( y − b)2 + ( z − c)2 = r 2
Substitua os valores.
( x − 2)2 + ( y − 1)2 + ( z − 3)2 = 32
Simplifique a expressão.
( x − 2)2 + ( y − 1)2 + ( z − 3)2 = 9

A Fórmula do Ponto Médio no Espaço


o
O Ponto Médio do segmento de reta que liga dois pontos qua uaisquer
do espaço, digamos P(x1,y1,z1) e Q(x2,y2,z2), é dado por :

 x + x y + y2 z1 + z2 
Ponto Médio =  1 2 , 1 , 
 2 2 2 

EXEMPLO 2 Determine a equação de uma esfera cujo diâm iâmetro


é o segmento de reta que une os pontos P(2, 3,5) e Q( 1,4,3)
,3).
Solução

Use a fórmula do ponto médio para determinar o centro da esf


sfera.
 2 + ( −1) −3 + 4 5 + 3 
C ( a, b, c ) =  , , 
 2 2 2 
Simplifique a expressão.
1 1 
C (a , b, c ) =  , ,4 
2 2 
152 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Use a fórmula da distância para calcular o raio da esfera.

d PQ( −1 − 2)2 + (4 − ( −3))2 + (3 − 5)2 62


r= = =
2 2 2
Escreva a equação da esfera.

( x − a )2 + ( y − b)2 + ( z − c)2 = r 2
Substitua os valores.
2
1 1  62 
( x − ) 2 + ( y − ) 2 + ( z − 4) 2 =  
2 2  2 
Simplifique.

1 1 31
( x − )2 + ( y − )2 + ( z − 4)2 = .
2 2 2

EXEMPLO 3 Determine o centro e o raio da esfera cuja equaç ação


é dada por x2 + y2 + z2 – 2x + 4y – 6z + 8 = 0.
Solução
Para obter o centro e o raio da esfera siga os passos descritos
os a
seguir:
Passo 1: Agrupe os termos que envolvem a mesma variável.
(x2 – 2x + __) + (y2 + 4y + __) + (z2 6z + __) = 8
Passo 2: Some "o quadrado da metade do coeficiente de cada term
rmo
linear" aos dois lados da igualdade.
(x2 – 2x + 1) + (y2 + 4y + 4) + (z2 6z + 9) = 8 + 1 + 4 + 9
Passo 3: Escreva cada parcela como um quadrado perfeito
(x – 1)2 + (y + 2)2 + (z – 3)2 = 6
Passo 4: Compare a equação acima com a equação da esfera ra e
observe que o centro e o raio desta surgem naturalmente.
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
IS 153

( x − a )2 + ( y − b)2 + ( z − c)2 = r 2
(x – 1)2 + (y + 2)2 + (z – 3)2 = 6

a = 1, b = 2, c = 3 e r = 6

C(1, 2,3) e r = 6

EXERCÍCIOS 3.3
1. Determine as coordenadas do ponto médio do segmentoo dde reta
que une os dois pontos dados.
(a) P( 2,0, 3) e Q(4,4,3)
(b) P( 3, 2,3) e Q(4,3,5)
2. Determine a equação da esfera sabendo que:
(a) centro = C(2,2,3) e raio = 5.
(b) centro = C( 3,2,2); a esfera é tangente ao plano-xy.
(c) diâmetro da esfera tem como extremidades os pontos P(3
(3,0,0) e
Q(0,5,0).
3. Determine o centro e o raio da esfera:
(a) x2 + y2 + z2 – 7x = 0
(b) 2x2 + 2y2 + 2z2 – 4x – 12y – 8z + 3 = 0
154 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Funções de Duas Variáveis


Uma função f de duas variáveis x e y é uma regra que associa
a cada par ordenado de números reais (x,y) de seu domínio D ⊂ ℝ ,
um único número real denotado por z = f(x,y).
z

Contra-domínio
z

( x, y, z = f ( x, y ) )

y
y
x
(x,y) Domínio
x

O conjunto D, denominado domínio de f (Df ), é o maior


subconjunto do ℝ para o qual faz sentido a regra em questão; ou
seja, é todo o plano- xy ou uma parte dele. A imagem de f é o
conjunto de valores possíveis de f, ou seja, Im(f) = {z = f(x,y) ∈ ℝ :
(x,y) ∈ D ⊂ ℝ }.

NOTAÇÃO
f :D⊂ 2 →
( x, y ) ֏ z = f ( x, y )
onde z é a variável dependente e x e y são as variáveis
independentes.
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
IS 155

x2 y 2
EXEMPLO 1 Calcule f ( 3,2) onde f ( x , y ) = + .
3 4
Solução
O domínio de f é todo ℝ , uma vez que qualquer par ordenad
ado (x,y)
pode ser substituído na expressão da função. Assim, paraa (x,y)
( =
( 3,2), temos
( −3) 2 (2) 2 9 4
f ( −3, 2) = + = + = 3 + 1 = 4.
3 4 3 4

x+ y
EXEMPLO 2 Dada a função racional f ( x , y ) = ,
x− y
determine e represente geometricamente o domínio de f.
Solução
A expressão para f está bem definida se o denominador for diferente
dif
de 0. Assim, o domínio da função f é:
Df = {(x,y) ∈ ℝ : x ≠ y}

EXEMPLO 3 Represente graficamente o domínio de


y−x
f ( x, y ) = .
x +1
156 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Solução
A expressão para f está bem definida se o denominador for diferen
ente
de zero e o número que está dentro da raiz quadrada for maiorr oou
igual a zero. Assim, devemos ter
y x ≥ 0 e x + 1 ≠ 0 ⇒ y ≥ x e x ≠ 1.
Portanto, o domínio de f é
Df = {(x,y) ∈ ℝ : y ≥ x e x ≠ 1}.

EXEMPLO 4 Uma função polinomial de duas variáveis reais


ais f:
ℝ → é uma função do tipo
f(x,y) = 3x3 y 2xy + 3

cujo domínio é Df = ℝ . Uma função polinomial


f ( x, y ) = ax + by + c
denomina-se função afim.

EXEMPLO 5 Toda função f : ℝ → definida por


f(x,y) = ax + by ; a,b ∈ ℝ

é dita função linear cujo domínio é Df = ℝ .


FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 157

EXERCÍCIOS 3.4

1. Dada f(x,y) = 3x + y, calcule :


a) f( 1,2) b) f(b,x)
f ( x + ∆x, y ) − f ( x, y ) f ( x , y + ∆y ) − f ( x , y )
c) d)
∆x ∆y
2. Determine o domínio de cada função dada e represente-os
graficamente.
z = 4 − x2 − y2 z= y − x2
a) b)
( y 2 − 1) cos x
c) z = d) z = ln (4 − x − 2 y )
x2 − y2
Você pode utilizar o programa Graphmatica para verificar se as suas
respostas estão corretas.
3. Para f(x,y) = x2y + 1, determine:
a) f(2,1) b) f(3a,a) c) f(ab, a b)
4.Para f(x,y) = x + 3x2y2 , x(t) = t2 e y(t) = t3, determine:
a) f(x(t),y(t)) b) f(x(0),y(0))
1
5. Descreva com palavras o domínio de f ( x, y ) = e
x − y2
represente-o graficamente.
6. Especifique o domínio da função dada, faça um esboço gráfico do
domínio encontrado, calcule os valores indicados e explique o que
representa o domínio de uma função de duas variáveis.
2x + 3y
a) f ( x, y ) = ; f(2,1), f(6, 4)
3x + 2 y
b) f ( x, y ) = y2 − x2 ; f(4,5), f( 1,2)
Você pode utilizar um programa gráfico para verificar se as suas
respostas estão corretas.
158 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Aplicações
A seguir veremos alguns exemplos de aplicações de funçõess dde
mais de uma variável.

EXEMPLO 1 A equação do movimento retilíneo


uniformemente acelerado
1
s = s0 + v0t + at 2
2
define uma função de duas variáveis independentes,
s = f ( a, t )
onde a é a aceleração do movimento e t é o tempo. As grandezas s0 ,
espaço inicial e v0 , velocidade inicial, são dois parâmetr
etros
característicos para cada tipo de movimento.

EXEMPLO 2 A lei dos gases ideais


PV = nRT
onde P é a pressão, V é o volume, T é a temperatura e n o númeroo de
mols, define uma função de três variáveis independentes,
V = f ( P, T , n)

considerando que R é uma constante universal.

EXEMPLO 3 A Lei de Coulomb


1 Q1Q2
Fel =
4πε 0 r 2

onde Q1 e Q2 são duas cargas pontuais colocadas no vácu cuo,


separadas pela distância r e ε 0 é a permissividade no vácuo, define
ine a
força elétrica Fel como uma função de três variáveis independentes
es,

Fel = f ( Q1 , Q2 , r ) .
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
IS 159

EXEMPLO 4 A força centrípeta F é uma força dirigida pa


para um
ponto central que faz com que um corpo em movimento nto, que
normalmente se deslocaria em linha reta, se mova em círcuculos. A
equação
mv 2
F=
r
define uma função de três variáveis independentes,
F = f ( m, v , r )
onde m é a massa do corpo, v é a velocidade do corpo e r é o rraio da
trajetória.

EXEMPLO 5 A equação de Van der Waals (equação dee estado


para os gases reais)
 an 2 
 P + 2  (V − nb ) = nRT
 V 
onde n é o número de mols do gás e a e b são as constantess dde Van
der Waals para um determinado gás, define uma função de d três
variáveis independentes,
nRT an 2
P= − 2 .
(V − nb ) V
A constante a representa a correção da pressão e está relacio
ionada à
magnitude das interações entre as partículas do gás. A consta
tante b é
a correção do volume e está relacionada ao tamanho das par artículas
do gás.

EXEMPLO 6 A equação de estado de Dieterici2


−a
RT
P= e VRT
(V − b )
2
Primeira equação transcendental (não algébrica), apresentada comoo
equação de estado.
160 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

onde a, b e R são constantes, define uma função de duas variáve


veis
independentes,
P = f (V , T ) .

EXEMPLO 7 As leis da Eletrólise3 de Faraday podem ser


s
expressas pela função de duas variáveis independentes,
m = f ( E, q )
onde m é a massa depositada, q é a carga elétrica que atravessa
sa a
4
cuba no tempo t e E é o equivalente grama do metal depositado.

EXEMPLO 8 A equação de Sackur-Tetrode, para um gás ideal


eal,
2
  S − β −γ   3
 e N 0 k  
U = 
 V 
 
onde U é a energia interna, S é a entropia, β e γ são constantes, k é a
constante de Boltzmann, V é o volume e N0 é o número de
Avogadro, define uma função de duas variáveis independentes,
U = f ( S ,V ) .

3
A eletrólise é um processo que separa os elementos químicos de uum
composto através do uso da eletricidade (é o processo inverso da pilha).. É
uma reação de oxi-redução não espontânea, provocada por uma corren rente
elétrica contínua fornecida por um gerador. Um eletrólito, ou substâncncia
que conduz eletricidade, é colocado em um recipiente onde se realiza iza a
eletrólise (cuba eletrolítica).
4
O equivalente-grama de um elemento químico é a massa deste elemen ento
que é capaz de reagir (ou deslocar) com 1g de hidrogênio ou 8gg de
oxigênio.
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 161

Gráfico de uma Função de Duas


Variáveis
Outra maneira de visualizar o comportamento de uma função
de duas variáveis é através do seu gráfico. As funções de duas
variáveis podem ser representadas graficamente como superfícies
em sistemas de coordenadas tridimensionais.
Considerando z = f ( x, y) , o par ordenado (x,y) pode ser identificado
como um ponto no plano-xy e o valor correspondente z como a
altura associada ao ponto P(x,y,z) no espaço ℝ , em relação ao
plano-xy.

Assim como o gráfico de uma função f(x) de uma variável é


uma curva no plano-xy, com equação y = f(x), o gráfico de uma
função de duas variáveis f(x,y) é uma superfície no espaço, com
equação z = f(x,y).
162 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Vejamos alguns exemplos de gráficos de funções de duas du


variáveis, observando que o esboço do gráfico dos mesmos é mui
uito
mais complicado do que o de funções de apenas uma variável.

EXEMPLO 1 Os gráficos das figuras a seguir, representam


m a
V
variação da pressão (P) de um gás ideal em relação à V = ond
nde
n
V é o volume à uma temperatura (T).
Na figura (a) essa variação é representada fixando-se alguguns
valores de T (T = 1000 ,T = 500 , ...) obtendo assim, curvas nu num
sistema bidimensional.
Na figura (b) está representada a mesma variação em três tr
dimensões. Observe que (a) é uma maneira simplificada de
representar a figura (b).

a) b)
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
IS 163

EXEMPLO 2 A equação x2 + y2 + z2 = 1, define duas funç


nções no
espaço.

z = 1 − x2 − y2 z = − 1 − x2 − y2

D = {(x,y) ∈ ℝ : x2 + y2 ≤ 1}: círculo de centro na origem e rraio 1.

EXEMPLO 3

f : ℝ2 → ℝ
( x, y) → f ( x, y) = 2

EXEMPLO 4

f : ℝ2 → ℝ
( x, y) → f ( x, y) = y
164 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXEMPLO 5

f : ℝ2 → ℝ
( x, y ) → f ( x, y ) = x 2 + y 2
D = {( x, y ) ∈ ℝ 2 : x ≥ 0, y ≥ 0}

EXEMPLO 6

f : ℝ2 → ℝ
( x, y ) → f ( x, y ) = x 2

Curvas de Nível
Inicialmente gostaríamos de chamar a atenção para o fatoo de
que só é possível fazer representações gráficas de funções reais que
q
possuam, no máximo, duas variáveis independentes, uma vez que qu
seus gráficos estão sempre inseridos em espaços com uma dimens nsão
a mais que a do domínio. Assim, o gráfico de uma função de um uma
variável, é uma curva no plano ℝ , como já vimos; o gráficoo de
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 165

uma função de duas variáveis é uma superfície em ℝ , como


acabamos de ver; o gráfico de uma função real de três variáveis é
uma superfície em ℝ , e assim por diante.
Também já notamos que não é simples construir, manualmente,
o gráfico de funções de duas variáveis, sendo que, neste caso, o mais
recomendado é a utilização de programas gráficos. Contudo, uma
função de duas variáveis pode ser visualizada graficamente, em
parte, considerando uma das variáveis independentes como
constante, e esboçando o gráfico da função apenas em relação à
outra variável.
Para ver como se dá esse processo, considere uma função de
duas variáveis z = f(x,y), cuja representação no espaço ℝ é uma
superfície qualquer.

Vimos anteriormente que podemos desenhar três planos que


cortam a superfície z = f(x,y) em situações particulares: um plano
paralelo ao plano-xy, um plano paralelo ao plano-xz e um plano
paralelo ao plano-yz.
Por exemplo, considerando o plano z = z0 (paralelo ao plano-
xy), onde z0 é uma constante, o plano e a superfície determinam uma
linha de contorno (traço) sobre a superfície, cuja projeção sobre o
166 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

plano-xy define uma curva. Esta curva é denominada curva de nív


ível
de f.

Neste caso, a curva de nível é o conjunto dos pontos (x,y)) do d


plano-xy para os quais f(x,y) = z0 (z0 = constante). Assim, para obt
bter
a equação da curva de nível, no plano-xy, basta fazer f(x,y) = z0.

EXEMPLO 1 Determine as curvas de nível da funç


nção
2
z = f ( x, y ) = x , no plano xy, para os valores de z especificad
ados
abaixo:
z0 = 0 ⇒ x = 0
z0 = 1 ⇒ x = ±1
z0 = 2 ⇒ x = ± 2
z0 = 3 ⇒ x = ± 3
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
IS 167

Uma família de curvas de nível chama-se mapa de cont ntornos,


e pode nos dar uma boa idéia de como as variáveis x, y e z estão
es se
relacionando. Assim, um mapa de contornos de uma super erfície é
obtido projetando-se, no plano- xy, as linhas de contor orno da
superfície, que são geradas em planos igualmente espaça çados e
paralelos ao plano-xy.

OBS: A idéia de construir um mapa de contorno, a pa partir de


planos igualmente espaçados, torna-se necessário quandoq
queremos analisar a inclinação de uma superfície a partir
desse mapa. Para isso, basta observar que a superfície
ie é mais
inclinada onde as curvas de nível estão mais próximasas umas
das outras e, mais ou menos plana, onde as curvas de nível
estão distantes umas das outras.

EXEMPLO 2 f : ℝ2 → ℝ
( x, y ) → f ( x, y ) = x 2 + y 2
168 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

As curvas de nível são os gráficos das funções x2 + y2 = k onde k é


uma constante (ver ilustração a seguir).

0
-4 -2 0 2 4

-2

-4

EXEMPLO 3 Se as curvas de nível de uma função têm o aspec ecto


da figura (a), o gráfico da função terá o formato da figura (b).

OBS: A denominação curva de nível varia de acordo com mo


que a função representa. Por exemplo, se f é uma distribuiç ição
de temperatura, então f(x,y) é a temperatura no ponto (x,y) e as
curvas de nível denominam-se isotermas (curvas cujos pont ntos
têm a mesma temperatura); se f é a energia potencial de certo
cer
campo de forças bidimensionais, então as curvas de nível nív
denominam-se curvas equipotenciais.

EXEMPLO 4 Vamos considerar a variação da pressão (P) de


d
V
um gás ideal em relação ao volume V = e à temperatura (T)
T),
n
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
IS 169

PV
onde n é o número de moles, dada pela equação T ( P,V ) = . As
R
curvas de nível da figura ao lado, mostram as isotermas de um gás
ideal.

EXEMPLO 5 Sabendo que T(x,y) = 4x2 + 9y2 represent nta uma


distribuição de temperatura no plano-xy, desenhe a iso
isoterma
correspondente à temperatura de 36°C.

As curvas de nível têm interpretações interessantes, com


omo por
exemplo, no caso de um cartógrafo que ao mapear um terren eno com
170 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

vales, morros e montanhas, utiliza-se delas para representar pontos


que tenham a mesma altitude.

Na figura abaixo, temos em (a) o gráfico de f(x,y) para uma


região montanhosa onde
f(x,y) = altitude no ponto (x,y)
e, em (b) as curvas de nível correspondente à várias altitudes.

OBS:
1. É importante observar que, conforme o ponto (x,y) se move
ao longo de uma curva de nível, os valores de f(x,y) não se
alteram.
2. Uma curva de nível é um subconjunto do domínio de f e,
portanto, do plano ℝ .
3. Podemos obter curvas de nível de uma função z = f(x,y) no
plano-yz e no plano-xz. Para obter uma curva de nível no
plano-xz, basta fazer y = y0, de maneira que z = f(x,y0) = g(x).
Neste caso, a curva de nível é o conjunto dos pontos (x,z) do
plano-xz para os quais
f(x,y0) = z (y0 = constante).
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 171

Agora, para determinar uma curva de nível no plano-yz basta


fazer x = x0, de maneira que
z = f(x0,y) = h(y).
Neste caso, a curva de nível é o conjunto dos pontos (y,z) do
plano-yz para os quais
f(x0,y) = z (x0 = constante).
172 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Para alguns propósitos, o mapa de contornos é mais útil que uum


gráfico, como podemos ver através dos exemplos a seguir.

EXEMPLO 6 A figura abaixo mostra um mapa de contorn rnos


para uma função z = f ( x, y ) . Utilize-o para fazer uma estimati
ativa
do valor de f (2, −1) .

Solução

O ponto ( 2, −1) está entre as curvas de nível com valores z = 20 e


z = 10. Assim, uma estimativa para o valor de f (2, −1) é
f (2, −1) ≈ 16

EXEMPLO 7 As curvas de nível, obtidas a partir da lei dos gas


ases
ideais, mostram como a pressão varia com o aumento do volum me,
mantendo a temperatura constante. Vemos que, para um valor fix
fixo
da temperatura T, quando o volume do gás aumenta, a press ssão
diminui, e vice-versa.
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 173

EXERCÍCIOS 3.5

1. Esboce algumas curvas de nível das funções dadas, no plano-xy.


a) z = x2 b) z = 1 + 2x + 3y c) z = x2 + y2 1
d) z = x/y
2. Esboce o gráfico das funções dadas, utilizando um programa
gráfico.
a) z = 2x + y + 3
b) z = 2
c) z = y
d) z = − 1 − x 2 − y 2

3. Esboce as curvas de nível para cada uma das funções dadas,


considerando a escolha das constantes especificadas. Descreva, com
suas palavras, o que você entende por uma curva de nível.
a) f(x,y) = y + 2x; C = 1, C = 2, C = 3
b) f(x,y) = x2 + y; C = 0, C = 4, C = 9
174 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

4. Uma camada fina de metal, localizada no plano-xy, tem


100
temperatura T ( x, y ) = no ponto (x,y). Faça o esboço de
1 + x2 + 2 y2
algumas isotermas para a função temperatura.
5. A equação de Van der Waals de estado diz que 1 mol de um gás
confinado satisfaz a equação
 a 
T ( P,V ) = 0,0122  P + 2  (V − b) − 273,15
 V 
onde T (°C) é a temperatura do gás, V (cm3) é o seu volume, P (atm)
é a pressão do gás na parede do seu recipiente, e a e b são constantes
que dependem da natureza do gás.
(a) Se o gás confinado for o cloro, os experimentos mostram que a =
6,49x106 e b = 56,2. Encontre T(1,13; 31,275ä103); isto é, a
temperatura que corresponde a 31,275 cm3 de cloro sob 1,13
atmosferas de pressão.
(b) Esboce os gráficos de várias isotermas de T.
6. a) Suponha que você esteja numa sala de 12 metros de
comprimento com um aquecedor numa extremidade. De manhã a
sala está a 65°F. Você liga o aquecedor, que rapidamente aquece a
85°F. Seja H(x,t) a temperatura a x metros do aquecedor, t minutos
depois do aquecedor ser ligado. A figura a seguir, mostra o mapa de
contorno para H.
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 175

(a) Quão quente está a 3 metros do aquecedor, 5 minutos depois de


ser ligado?
(b) Usando o mapa de contornos, faça um esboço dos gráficos das
funções de uma variável H(x,5) e H(x,20). Interprete os dois gráficos
em termos práticos e explique a diferença entre eles.
7. Decida se as informações abaixo devem, podem ou não podem
ser verdadeiras. A função z = f (x,y) está definida em toda parte.
a) As curvas de nível correspondendo a z = 1 e z = 1 cruzam-se na
origem.
b) A curva de nível z = 1 consiste de duas retas que se cortam na
origem.
2
+ y2 )
c) Se z = e − ( x , existe uma curva de nível para todo valor de z.
176 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXERCÍCIOS EXTRAS
1. Determine os pontos de interseção da equação 2x – y + z = 4 com
os eixos x e y.

2. Reescreva a expressão x 2 + y 2 + z 2 − 2 x − 4 y − 6 z + 15 = 0
completando o quadrado.
3. Plote os pontos no mesmo sistema tridimensional.
(a) (2,1,3) e (-1,2,1) (b) (3,-2,2) e (3,-2,-2)
(c) (0,4,-5) e (4,0,5)
4. Determine a distância entre os pontos dados.
(a) (4,1,5) e (8,2,6) (b) (-1,-5,7) e (-3,4,-4)
5. Determine as coordenadas do ponto central do segmento de reta
que liga os pontos (4,0,-6) e (8,8,20).
6. (a) Você está 2 unidades abaixo do plano xy e está no plano yz.
Quais as coordenadas? (b) Agora você está no ponto (4,5,2) olhando
para o ponto (0,5;0;3). Você está olhando para cima ou para baixo?
Justifique suas respostas.
7. Os cristais são classificados de acordo com a simetria: os que
possuem simetria na forma cúbica são chamados de isométricos. Os
vértices de um cristal foram representados em um sistema
tridimensional de coordenadas. Determine as coordenadas do ponto
(x,y,z) se o cristal for isométrico.
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 177

8. Determine o centro e o raio da esfera x2 + y2 + z2 – 5x = 0.


9. A água usada na fabricação de semicondutores deve ser
extremamente pura. Para separar a água das impurezas, utiliza-se um
processo conhecido como osmose reversa, no qual se faz a água
passar por uma membrana semipermeável. Um parâmetro
importante deste processo é a pressão osmótica, que pode ser
calculada através da equação de Van´t Hoff
P( N , C, T ) = 0,075 N C (273,15 + T ) , onde P é a pressão osmótica
em atmosferas, N é o número de íons por molécula do soluto, C é a
concentração do soluto em gramas-mol por litro e T é a temperatura
do soluto em °C. Determine a pressão osmótica de uma solução de
cloreto de sódio (NaCl) com uma concentração de 0,53 g mol/L, a
uma temperatura de 23 °C (cada molécula de NaCl contém dois
íons: Na+ e Cl-).
10. Para f(x,y) = x2y + 1, determine:
a) f(2,1) b) f(3a,a) c) f(ab,a-b)
N
 r 
11. Dada a função F ( r , N ) = 500  1 +  determine os valores
 12 
de: F (0,09;60) e F (0,14;240) .

12. Dada a função A( P, r , t ) = Pe rt determine os valores de:


A(500;0,10;5) e A(1500;0,12;20) .
y
13. Dada a função f ( x , y ) = ∫ (2t − 3) dt determine os valores de:
x

f (1,2) e f (1,4) .

14. Dada a função f ( x , y ) = 3 xy + y 2 determine os valores de:


f ( x, y + ∆y ) − f ( x, y )
f ( x + ∆x , y ) e .
∆y
178 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

15. Considere uma amostra de 1 mol de dióxido de enxofre (SO2)


com uma pressão de 5 atm e um volume de 10 litros. Calcule a
temperatura desta amostra de gás usando a lei dos gases ideais e a
equação de Van der Waals. Compare os resultados obtidos e
determine o valor da diferença entre eles (em porcentagem).
Dados: a = 6,714 ; b = 0,05636
Lei dos gases ideais: PV = nRT, onde P = pressão,
T = temperatura
 a 
Equação de Van der Waals:  P + 2  (V − b) = RT
 V 
R = 0,08205 (constante da lei dos gases ideais) e
n = número de moléculas do gás.
16. (a) De uma maneira geral, se não houver nenhuma restrição,
qual é o conjunto de partida de uma função de duas variáveis? E o
conjunto de chegada? Descreva com palavras o que representa o
conjunto de partida de uma função de duas variáveis. Descreva com
palavras o que representa o conjunto de chegada de uma função de
duas variáveis.
(Preencha os espaços em branco na ilustração abaixo)
f : _____ → ______
(b) O que você entende por domínio de uma função de duas
variáveis?
(c) De quantos modos você pode representar o domínio de uma
função de duas variáveis? Descreva-os no caso da função
1
z = f ( x, y ) = 2 .
x −4
(d) O que você entende por imagem de uma função de duas
variáveis? Em termos de conjunto, descreva com palavras o que
representa a imagem de uma função de duas variáveis.
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 179

17. Determine e faça o esboço do domínio de cada uma das funções


dadas.

(a) f ( x, y ) = x + y (b) f ( x , y ) = x + y

3x + 5 y
(c) f ( x, y ) = (d) f ( x, y ) = xy x 2 + y
x + y2 − 4
2

x − 3y
(e) f ( x, y ) = (f) f ( x, y) = 1 − x − y
x + 3y

y−x
18. Seja f ( x, y ) = .
2x + y

(a) Determine o domínio da função dada.


(b) Calcule f(u + v,2v - u).
19. (a) Determine e represente graficamente o domínio da função
1
y = f ( x) = .
x−2
(b) Determine e represente graficamente o domínio da função
1
z = f ( x, y ) = .
x−2
20. Expresse matematicamente a função que mede o volume V de
um cilindro circular reto de raio r e altura h. Determine seu domínio
sob o ponto de vista matemático e físico.
21. Utilize o computador para traçar o gráfico de cada uma das
funções dadas e comente o comportamento da função no limite.
(a) O que acontece com a função quando x e y se tornam muito
grandes?
(b) O que acontece quando (x,y) se aproxima da origem? De que
maneira você pode descrever esse fato usando a notação de limite?
180 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

De quantas maneiras diferentes um ponto (x,y) pode aproximar-se da


origem (0,0) no plano cartesiano?
x+ y xy
(i) f ( x, y ) = 2 2
(ii) f ( x, y ) = 2
x +y x + y2

22. (a) Determine o domínio das funções dadas.


(b) Verifique se o ponto dado pertence ao domínio encontrado.
(c) Calcule o valor de f no ponto dado.

x + y +1
(i) f ( x, y ) = ; P(3,2)
x −1
(ii) f ( x , y ) = x ln( y 2 − x ) ; P(e,1)

23. Determine e represente geometricamente o domínio das


funções dadas:
3x + 2 y x− y
a) f ( x, y ) = b) f ( x , y ) =
5x + 3 y ln( x + y )
2 2 e xy
c) f ( x, y ) = 16 − x − y d) f ( x, y ) =
2x − y
x

24. Determine o domínio da função f ( x , y ) = 1 − x − e y e o valor


da função nos pontos (1,1) e (0,4). Represente graficamente o
domínio encontrado.
25. Use o computador para traçar o gráfico e o mapa de contornos
para cada uma das funções dadas. Encontre o melhor ponto de vista
para colocar no seu documento.

(a) f ( x, y ) = x3 + y3 (b) f ( x, y ) = xy 2 − x3

(c) f ( x, y ) = xy 3 − yx 3
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 181

26. (a) Descreva com palavras qual é o seu entendimento acerca de


uma curva de nível de uma função z = f ( x, y ) de duas variáveis.
Dê um exemplo prático de uma curva de nível no contexto da Física
ou da Química.
(b) Algebricamente, explique como é que você obtém uma curva
de nível de uma função de duas variáveis z = f ( x, y ) e de que
maneira você a descreve graficamente.
(c) Explique qual é a diferença entre uma linha de contorno e
uma curva de nível de uma função de duas variáveis.
27. Determine o traço (linha de contorno) da esfera
x2 + y2 + z2 = 25
no plano z = 3 e no plano x = 4.
28. Represente a função dada desenhando algumas curvas de nível.

a) z = x + y b) z = y - x c) z = x2 - y2

d) z = y2 – x e) z = x , x ≥ 0 f) z = x + y + 1

g) z = 1 - x2 - y2 h) z = x 2 + y 2

29. Quando as curvas de nível de um mapa de contorno estão


próximas, a superfície é mais íngreme ou mais plana? Quando as
curvas de nível de um mapa de contorno estão afastadas, a superfície
é mais íngreme ou mais plana? Justifique sua resposta.
30. Dois mapas de contorno são mostrados na figura abaixo. Um é
da função f cujo gráfico é um cone. O outro é para a função g cujo
gráfico é um parabolóide. Qual é qual? Por que?
182 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

31. Descreva as curvas de nível z = k, onde z = x2 + y, para os


valores especificados de k = 2, 1, 0, 1, 2.
32. Esboce o gráfico das curvas de nível da função
f ( x, y ) = 6 − 3 x − 2 y tal que f ( x, y ) = k , para os valores k = -6, 0,
6, 12. O que acontece com as curvas de nível em relação à distância
entre elas? Por que isso acontece (analise o tipo de superfície que a
função gera no espaço)?
33. Fazendo uma analogia com o conceito de curva de nível de uma
função z = f(x,y), explique o que você entende por superfície de
nível.
34. Determine uma equação da curva de nível da função f(x,y) =
yex que passa pelo ponto (ln2,1).
35. De acordo com a lei dos gases ideais, a pressão P, o volume V
e a temperatura T de um gás confinado estão relacionados através da
fórmula PV = kT, para uma constante k. Expresse P como função de
V e T e descreva as curvas de nível associadas a esta função. Dê o
significado físico dessas curvas de nível.
36. Se V(x,y) for a voltagem ou potencial sobre um ponto (x,y) no
plano xy, então as curvas de nível de V são chamadas de curvas
equipotenciais.
a) O que acontece com a voltagem ao longo de tal curva?
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 183

8
b) Dado que V ( x, y ) = , esboce as curvas
16 + x 2 + y 2
equipotenciais nas quais V = 2,0; V = 1,0 e V = 0,5.

37. Considere o gráfico da função z = 25 − x 2 − y 2 e seu mapa de


contorno descritos na ilustração a seguir.

Faça uma análise a respeito da inclinação da superfície (onde ela é


mais ou menos inclinada), analisando o mapa de contorno desta.
Justifique sua resposta. Você pode generalizar sua conclusão para
qualquer função de duas variáveis?
38. Esboce o gráfico das curvas de nível da função
g ( x, y ) = 9 − x 2 − y 2 , g ( x, y ) = k , para os valores k = 0, 1, 2, 3,
4, 5. Analise o comportamento da superfície, em termos de sua
inclinação (onde ela é mais ou menos inclinada), a partir da análise
do mapa de contorno obtido.
39. Se você estiver caminhando sobre uma montanha, o que
acontecerá se você andar sobre um dos contornos que define uma
curva de nível? Justifique sua resposta.
184 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

40. Na ilustração abaixo é mostrado o mapa de contorno para uma


função f. A partir dele, faça uma estimativa para o valor de f(-3,3) e
f(3,-2). O que você pode dizer a respeito da forma do gráfico?

41. Despejar ou manipular materiais, próximo a um aterro, pode


resultar na liberação de partículas contaminadas para a atmosfera
circundante. Para estimar estas emissões de partículas, a seguinte
fórmula empírica pode ser usada:
1,3 −1,4
V   M 
E (V , M ) = k (0,0032     , onde E é o fator de emissão
5  2 
(libras de partículas liberadas na atmosfera por tonelada de solo
manipulado), V é a velocidade média do vento (mph), M é a
umidade contida no material (dada em porcentagem) e k é uma
constante que depende do tamanho das partículas.
a) Para uma partícula pequena (diâmetro de 5mm), segue-se que k =
0,2. Encontre E(10,13).
b) Esboce diversas curvas de nível de E(V,M), no plano VM,
supondo que o tamanho das partículas permaneça fixo.
42. O quociente de inteligência (QI) de uma pessoa é medido pela
100m
função I (m, a ) = onde a é a idade real da pessoa e m é sua
a
idade mental.
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 185

(a) Encontre I(12,11) e I(16,17) e descreva, com palavras, qual é a


sua compreensão sobre os valores encontrados.
(b) Esboce o gráfico de algumas curvas de nível de I(m,a). Como
você descreveria estas curvas?

43. (a) Descreva a curva de nível da função f ( x, y ) = xy contendo


o ponto (2,1/2).
3
(b) Ache uma função f ( x, y ) que tem a curva y = 2 como
x
uma curva de nível.
(c) Segundo a sua concepção, qual é a importância de uma
curva de nível?

 y2 
44. Sabendo que a função T ( x, y ) = 30 −  x 2 +  representa a
 4 
temperatura nos pontos da região delimitada pela elipse
 2 y2 
 x +  = 1 pergunta-se:
 4 
a) Em que ponto (x,y) a temperatura é a mais alta possível?
b) Em que pontos a temperatura é a mais baixa possível?
45) Se T(x,y) for a temperatura em um ponto (x,y) sobre uma placa
delgada de metal no plano xy, então as curvas de nível de T são
chamadas de curvas isotérmicas. Suponha que uma placa ocupa o
primeiro quadrante e T(x,y) = xy.
(a) Esboce as curvas isotérmicas sobre as quais T = 1, T = 2 e T = 3.
(b) Uma formiga, inicialmente em (1,4), anda sobre a placa de modo
que a temperatura ao longo de sua trajetória permanece constante.
Qual é a trajetória (definida por uma equação) tomada pela formiga
e qual é a temperatura ao longo de sua trajetória?
46) As questões a seguir, referem-se ao mapa de contorno abaixo.
186 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

(a) O Ponto A ou B é o ponto mais alto? Explique o seu raciocínio.


(b) O Ponto A ou B está na inclinação mais íngreme? Explique seu
raciocínio.
(c) Iniciando em A e movendo-se tal que y permanece constante e x
cresce, a elevação começara a crescer ou decrescer?
(d) Iniciando em B e movendo-se tal que y permanece constante e x
cresce, a elevação começara a crescer ou decrescer?
(e) Iniciando em A e movendo-se tal que x permanece constante e y
decresce, a elevação começara a crescer ou decrescer?
(f) Iniciando em B e movendo-se tal que x permanece constante e y
decresce, a elevação começara a crescer ou decrescer?
47) Descreva os traços (linha de contorno) da superfície dada nos
planos indicados.
(a) x2 – y – z2 = 0 planos: plano xy ; plano y = 1 ; plano yz
(b) y2 + z2 – x2 = 1 planos: plano xy ; plano xz ; plano yz
187 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA
188 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Capítulo 4

Derivadas Parciais

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR:

• Determinar as derivadas parciais de funções de duas ou mais


variáveis.
• Determinar as derivadas parciais de ordem superior.
• Determinar Extremos Relativos de Funções de Duas Variáveis.
• Resolver problemas de Otimização.
• Diferencial de uma função.
189 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Derivadas Parciais

Introdução

Vimos anteriormente que a maioria dos fenômenos naturais


envolve funções de mais de uma variável, seguindo daí a
importância do estudo de tais funções. No curso de Cálculo
Diferencial e Integral I aprendemos que a derivada é um operador
matemático cuja operação é executada em relação a uma variável
independente. Como consequência desse fato, quando trabalhamos
com funções com mais de uma variável independente, a opção que
temos é calcular a derivada em relação a uma de suas variáveis,
enquanto as outras são mantidas constantes. Tal processo é
denominado derivação parcial e a derivada resultante é a derivada
parcial da função.
A partir das equações de estado na Termodinâmica, podemos
utilizar derivadas para obter expressões que nos mostram como uma
variável de estado muda em relação à outra. Por exemplo, a lei dos
gases ideais afirma que, sob certas condições, a pressão (P) exercida
por um gás é função do volume (V) do gás e de sua temperatura (T),
ou seja, se considerarmos o número de mols constante teremos
P = f(V, T)
Dessa forma, poderíamos estar interessados em saber como a
pressão varia em relação à temperatura, admitindo que o volume no
nosso sistema gasoso permanecerá constante. Ou seja, estamos
interessados na taxa de variação da pressão em relação à variação da
temperatura, se o volume for mantido constante. Nesse caso, a
derivada parcial de P em relação a T, mantendo V constante, será
representada, simbolicamente, por:
190 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

 ∂P 
 
 ∂T V ,n

O símbolo ∂ é utilizado aqui, no lugar da letra d (usada


quando trabalhamos com funções de uma variável independente),
para enfatizar o fato de estarmos trabalhando com funções de mais
de uma variável.
Assim, dada uma função na forma explícita, a derivada parcial
é escrita de maneira que no “numerador” fique a variável
dependente e, no “denominador”, são colocadas as variáveis
independentes, destacando-se aquela que vai ser utilizada na
derivação (dentro do parêntese) daquelas que serão mantidas como
constantes (colocadas como índices da derivada, fora do parêntese).
Nesse capítulo, estaremos desenvolvendo as ferramentas
matemáticas que nos possibilitem estudar taxas de variação que
envolva mais de uma variável independente.

Derivadas Parciais
Nas aplicações de funções de várias variáveis, para saber de
que maneira o valor de uma função será afetado por alterações em
uma das variáveis independentes, é bastante comum considerar as
variáveis independentes uma de cada vez. Por exemplo,
considerando a equação de estado da lei dos gases ideais, suponha
que um físico, estudando gases, queira saber como a pressão varia
em relação à temperatura. Para isso, ele pega uma amostra de um
gás ideal e mede sua pressão em diferentes temperaturas,
considerando o volume e o número de mols no sistema gasoso como
constantes. Em outras palavras, para determinar a taxa de variação
da pressão em relação à temperatura, mantemos fixos o volume e o
DERIVADAS PARCIAIS 191

número de mols. Para descrever tais taxas de variação, iremos


definir a derivada parcial de uma função.
Para entender como funciona o processo de derivação parcial,
consideremos inicialmente a função
z = f(x,y) = x2 + 4y – 3 (poderia ser qualquer outra função).
Mantendo y fixo, por exemplo, y = 2, teremos
z = f(x,2) = x2 + 5,
que pode ser vista como uma função apenas de x.
Vamos escrever g(x) = f(x,2). Nesse caso, a função g descreve
como z muda com a variação de x, mantendo y = 2 fixo. A derivada
de g, quando x = x0, é a taxa de variação de z com relação à x, em
x0, quando y = 2 e, utilizando uma expressão análoga à que define a
derivada de uma função de uma variável, é dada por:
g ( x) − g ( x0 ) g ( x0 + h) − g ( x0 )
g´( x0 ) = lim = lim =
x→ x0 x − x0 h→0 h

f ( x0 + h, 2) − f ( x0 ,2) ∂z
= lim = ( x0 ,2)
h →0 h ∂x

De uma maneira geral, considerando z = f (x,y) e mantendo y


fixo, teremos x como variável. A taxa de variação da função f, em
∂z
relação à x, no ponto (x0,y0), é denotada por (x , y ) e definida
∂x 0 0
por:

∂z f ( x0 + h, y0 ) − f ( x0 , y0 )
(1) ( x0 , y0 ) = lim ,
∂x h→0 h
se esse limite existir. Neste caso, tal limite chama-se derivada
parcial de z em relação a x no ponto (x0,y0).
192 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Analogamente definimos a derivada parcial de z em relação a


∂z
y no ponto (x0,y0), ( x0 , y0 ) , por
∂y
∂z f ( x0 , y0 + h ) − f ( x0 , y0 )
(2) ( x0 , y0 ) = lim
∂y h →0 h .

NOTAÇÕES
∂z ∂f ∂f
( x0 , y0 ) ; ( x0 , y0 ) ; ;
∂x ∂x ∂x ( x0 , y0 )

 ∂f 
f x ( x0 , y0 ) ; Dx f ( x0 , y0 ) ;   ( x0 , y0 ),
 ∂x  y

são as notações mais usadas para a derivada parcial da função


z = f ( x, y ) em relação a x, no ponto (x0, y0). O símbolo ∂ na
notação é usado para enfatizar que há outras variáveis
independentes, e não apenas x. O mesmo se aplica para funções de
três ou mais variáveis.

CUIDADO COM AS NOTAÇÕES!!!!


Como todo símbolo, as notações matemáticas foram
criadas para simplificar a expressão de uma idéia e a leitura da
mesma. Todavia, assim como o emprego de um símbolo errado
acarreta em uma interpretação equivocada do que se quer
representar, o mesmo ocorre com as notações matemáticas.
∂f df
Portanto, não confunda, por exemplo, com . Ao
∂x dx
DERIVADAS PARCIAIS
IS 193

d f
escrevermos estamos representando a derivada ordinári
ária
dx
de f em relação à x e, portanto, está subentendido que f é
função de uma única variável x. Ao passo que, quand ndo
∂f
escrevemos estamos representando a derivada parcial de f
∂x
em relação à variável x, estando subentendido que f é um
ma
função de duas ou mais variáveis e que estamos calculand
ndo
apenas a sua taxa de variação em relação à x, mantendo aas
outras variáveis constantes neste cálculo.

OBS:
As derivadas parciais são as principais ferram ramentas
matemáticas utilizadas no estudo da Termodinâmi mica. É
prática universal nessa ciência evitar confusão usandoo ííndices
nas derivadas parciais para especificar a variáve vel (ou
variáveis) mantida fixa na derivação. Assim, se w = f(x,y),
∂w ∂w
então é usualmente denotada por   . Essa notação
n
∂x  ∂ x y
indica que w está sendo considerada função de x e y, porém
po y
é mantido fixo durante o processo de derivação em rel
relação à
x. Desse modo, sempre que necessário, vamos pr procurar
utilizar tal notação.

EXEMPLO 1 A tabela abaixo fornece os valores de um


ma
função z = f ( x, y ) .
194 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

valores de y
10 20 30 40 50
valores de x
20 18 16 14 13 13
16 14 11 9 7 7
12 9 5 3 1 0
8 5 0 -3 -5 -6

Faça uma estimativa para os valores de


f x (12, 20 ) e f y (12, 20 ) .
Solução
Se nos concentrarmos na coluna assinalada da tabela, que
corresponde a y = 20, iremos considerar z = f ( x, y ) como função da
única variável x, para um valor fixo de y.

valores de y
10 20 30 40 50
valores de x

20 18 16 14 13 13
16 14 11 9 7 7
12 9 5 3 1 0
8 5 0 -3 -5 -6

Escrevendo g ( x ) = f ( x, 20 ) , então g descreve como z varia, com o


aumento de x, quando y = 20. Assim,
f x (12, 20 ) = g ' (12 )

g ( x ) − g (12 ) f ( x, 20 ) − f (12, 20 )
g ' (12 ) = lim = lim
x →12 x − 12 x →12 x − 12
DERIVADAS PARCIAIS 195

Utilizando a tabela acima e tomando os valores mais próximos de 12


para x, ao efetuar o cálculo do limite, teremos:

g (16 ) − g (12 ) f (16, 20 ) − f (12, 20 ) 11 − 5


g ' (12 ) ≈ = = = 1,5
4 4 4

g ( 8 ) − g (12 ) f ( 8, 20 ) − f (12, 20 ) 0−5


g ' (12 ) ≈ = = = 1, 25
−4 −4 −4
Considerando a média desses valores, podemos dizer que a derivada
parcial f x (12, 20 ) é aproximadamente 1,375. Isso significa que,
quando x = 12 e y = 20, para cada unidade que x aumenta (mantendo
y constante igual a 20) o valor de z aumenta 1,375 unidades.
De maneira análoga, determinamos o valor de
f y (12, 20 ) ≈ −0,3 . Isso significa que, quando x = 12 e y = 20, para
cada unidade que y aumenta (mantendo x constante igual a 12) o
valor de z decresce 0,3 unidades.

Aplicações das Derivadas Parciais

Veremos a seguir alguns exemplos de aplicações das


derivadas parciais no contexto da Física e da Química.

1) Na Termodinâmica existem várias grandezas físicas que são


definidas através de expressões envolvendo derivadas parciais:
(a) Capacidades Caloríficas5 – de uma maneira geral, são
calculadas nas condições de volume constante, CV (variação da
energia interna em relação à temperatura a um volume
constante), ou de pressão constante, CP (variação da entalpia em

5
Capacidade calorífica de um sistema é definida como a variação do
calor em relação à temperatura.
196 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

relação à temperatura a pressão constante), e definidas através


das expressões:
 ∂U   ∂H 
CV =   e CP =  
 ∂T V  ∂T  P
onde P é a pressão, V o volume, T a temperatura, U é a energia
interna e H a entalpia do sistema.
(b) Coeficiente de Compressibilidade isotérmica de um gás –
β é a mudança no volume à medida que a pressão varia,
mantendo-se a temperatura constante.
1  ∂V 
β =−  
V  ∂P T

(c) Coeficiente de Expansão Térmica de um gás – α é definido


como a mudança no volume à medida que a temperatura varia,
mantendo-se a pressão constante.

1  ∂V 
α=  
V  ∂T  P

(d) Potencial Químico - µ de uma substância é definido como a


variação na energia livre de Gibbs em relação ao número de
mols, a pressão e temperatura constantes.

 ∂G 
µ = 
 ∂ni  P ,T

onde ni é a quantidade em mol da espécie química i em função da


qual a energia livre de Gibbs6 (G) do sistema está variando.

6
A definição da energia livre de Gibbs, associada ao uso adequado das
derivadas parciais, possibilita a dedução de um rico conjunto de relações
matemáticas, que permitem que a Termodinâmica seja aplicada plenamente
a muitos fenômenos, como reações químicas, equilíbrio químico e na
previsão de ocorrências químicas.
DERIVADAS PARCIAIS 197

2) Na Termodinâmica Clássica, no Eletromagnetismo e na


Mecânica Estatística existem muitas relações matemáticas,
relacionando algumas de suas grandezas fundamentais, que são
descritas através de derivadas parciais.
(a) Relações de Maxwell

 ∂T   ∂P   ∂T   ∂V 
  =−   ;  ∂P  =  ∂S 
 ∂V  S  ∂S V  S  P

 ∂S   ∂V   ∂S   ∂P 
 ∂P  = −  ∂T  ;  ∂V  =  ∂T 
 T  P  T  V
onde S é a entropia (propriedade termodinâmica). As duas últimas
relações são as mais importantes, pois relacionam a entropia S com
propriedades volumétricas. Sua importância deve-se ao fato de que
 ∂S   ∂S 
as duas derivadas   e   não podem ser estudadas
 ∂P T  ∂V T
experimentalmente, uma vez que não é possível medir entropia.
Todavia, esses resultados podem ser obtidos analisando as derivadas
 ∂V   ∂P 
  e   que dependem apenas de propriedades
 ∂T  P  ∂T V
volumétricas (P, V, T, etc.) e, portanto, são mensuráveis.

(b) Equações Termodinâmicas de Estado: São equações que


relacionam uma propriedade termodinâmica (U, H, G, etc.) com as
propriedades volumétricas do sistema (P, V, T, etc.).

 ∂U   ∂P   ∂H   ∂V 
 ∂V  = T  ∂T  − P  ∂P  = − T  ∂T  + V
 T  V  T  P

onde U é a energia interna do sistema e H a entalpia.


198 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Cálculo de Derivadas Parciais


Como no caso de uma variável, a definição não é o meio mais
ma
utilizado para o cálculo das derivadas parciais, uma vez que envol
olve
o cálculo de um limite, que nem sempre é simples de ser calculadado.
Assim, aqui também nos valemos de propriedades e regrass de
derivação, as quais são as mesmas válidas para uma variáve ável.
Portanto, para calcular uma derivada parcial de uma função de duduas
ou mais variáveis, usamos os mesmos procedimentos da derivadaa de
uma função de uma variável, lembrando apenas de que, se estam mos
derivando a função em relação a uma das variáveis, as dema mais
devem ser consideradas constantes, e todas as propriedad ades
envolvendo constantes continuam válidas.
Observamos ainda que, embora as derivadas sejam definid idas
em um ponto do domínio, este ponto pode ser qualquer um onde de a
função seja contínua. Assim, quando utilizamos propriedadess oou
regras de derivação para calcular uma derivada, encontramos o val
alor
desta em um ponto (x,y) ou (x,y,z) qualquer do domínio, ou seja,
ja, a
derivada parcial de uma função é uma nova função, como no casoo de
uma variável. Se quisermos determinar o valor desta derivada em e
um ponto específico, basta substituirmos este ponto na expressãoo da
derivada. Os exemplos abaixo ilustrarão estas idéias.
∂ f  ∂ f 
EXEMPLO 1 Calcule as derivadas parciais   e   da
 ∂ x  y  ∂ y x
função f (x,y) = x2 + 2xy2 no ponto (1,2).
Solução
Suponha y constante e derive em relação à x.

∂ f  2
 ∂ x  (x,y) = 2x +2y
 y

Substitua os valores de x = 1 e y = 2.
DERIVADAS PARCIAIS
IS 199

∂ f  2
 ∂ x  (1,2) = 2 ⋅1 + 2.(2) = 10
 y

Suponha x constante e derive em relação à y.


∂ f 
  = 4xy
 ∂ y x
Substitua os valores de x = 1 e y = 2.
∂ f 
  (1,2) = 4 ⋅ 1 ⋅ 2 = 8.
 ∂ y x

EXEMPLO 2 Calcule a expressão algébrica para as der


erivadas
∂z ∂z
parciais   e  , sendo z = (x3 + 2xy + y)4 .
 ∂ x  y  ∂ y x
Solução
Suponha y constante e derive em relação à x.

∂z 3 3 2
 ∂ x  = 4(x + 2xy + y) (3x + 2y)
 y
Suponha x constante e derive em relação a y.
∂z 3 3
  = 4(x + 2xy + y) (2x + 1).
 ∂ y x

EXEMPLO 3 Calcule a expressão algébrica para as der


erivadas
parciais da função f ( x , y , z ) = sen ( xyz ) .
Solução
Suponha y e z constantes e derive em relação à x.
 ∂f  = cos( xyz ) yz
 
 ∂x  y , z
200 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Suponha x e z constantes e derive em relação à y.


 ∂f 
  = cos( xyz ) xz
 ∂y  x , z
Suponha x e y constantes e derive em relação à z.
 ∂f 
  = cos( xyz ) xy.
 ∂z  x , y

EXEMPLO 4 Considere a equação de estado da lei do gás ide deal


que relaciona P, V e T dada por PV = nRT . Suponha que querem
mos
saber como a pressão varia em relação à temperatura, mantendo
do o
volume e o número de mols constantes.
Solução
Primeiramente reescrevemos a lei do gás ideal de modo que ue a
pressão fique isolada em um lado da equação
nRT
P= .
V
Em seguida, derivamos ambos os lados da equação em relação a T,
considerando V e n como constantes. Obtemos assim a seguin inte
expressão:
 ∂P  ∂  nRT  nR
  =  =
 ∂T V ,n ∂T  V  V
 ∂P  nR
  = .
 ∂T V ,n V

Assim, a partir da lei do gás ideal, podemos determin inar


analiticamente (com uma expressão matemática específica), com
omo
uma variável de estado varia em relação à outra.
DERIVADAS PARCIAIS 201

Se você pegasse uma amostra de um gás ideal, medisse sua


pressão em diferentes temperaturas, mas a um volume constante, e
fizesse um gráfico com estes dados, iria obter uma reta cujo
nR
coeficiente angular seria igual a .
V
Assim, ao esboçar o gráfico da pressão de um gás versus sua
temperatura, obtemos uma reta cujo coeficiente angular é dado pela
 ∂P  nR
derivada parcial   = .
 ∂T V ,n V

OBS:
1) A substituição de valores numéricos na expressão que
fornece a inclinação da reta deve resultar em unidades que
sejam apropriadas à derivada parcial.
Por exemplo, para V = 22,4 litros e 1 mol de gás,

 ∂P  nR
  = = 0,00366 atm/K .
 ∂T V ,n V

Observe que as unidades são consistentes com o fato de a


derivada expressar uma mudança na pressão (unidades de
atm) em relação à temperatura (unidades de Kelvin).
202 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

2) Medições da pressão do gás ä temperatura, a um volum ume


constante e conhecido, podem fornecer um meio para ra a
determinação experimental da constante R da lei do gás idea
deal.
Essa é uma das razões de se utilizar derivadas parciais des
esse
tipo. Tais derivadas podem nos fornecer meios de med edir
variáveis ou constantes, que poderiam ser difíceis de
determinar diretamente.

EXEMPLO 5 A lei dos gases ideais, PV = knT , possui ainda da


uma propriedade interessante, muito utilizada na Físico-Química
ca,
que relaciona suas derivadas parciais do seguinte modo do:
∂V ∂T ∂P
= −1 (conhecida como regra cíclica). Mostre que esta
sta
∂T ∂P ∂V
igualdade, de fato, é verdadeira.
Solução
Para verificar se a igualdade acima é verdadeira, basta calcular as
∂V ∂T ∂P
derivadas , e e efetuar o produto entre elas. Se este
ste
∂T ∂P ∂V
produto for igual a 1, teremos mostrado o que se pede. Porém m,
para calcular estas derivadas parciais, é conveniente escrever as
expressões do volume, da temperatura e da pressão em relação às
demais variáveis, facilitando os cálculos. Assim, da equação ão
PV = knT segue que
knT PV knT
V= , T= e P= .
P kn V
Logo,
∂V kn ∂T V ∂P − knT
= , = e = .
∂T P ∂P kn ∂V V2
Portanto,
DERIVADAS PARCIAIS
IS 203

∂ V ∂ T ∂ P kn V ( − knT ) − knT − PV
= = = = −1 .
∂ T ∂ P ∂V P kn V 2 PV PV

Com isso mostramos que, de fato,


∂V ∂T ∂ P
= −1
∂ T ∂ P ∂V

EXEMPLO 6 A análise de certos circuitos elétricos env


nvolve a
V
fórmula I = , onde I é a corrente, V a voltagem
gem, R a
R 2 + L2ω 2
resistência, L a indutância e w uma constante positiva. Enco
contre e
∂I ∂I
interprete e .
∂R ∂L
Solução
Podemos escrever
1

I = V ( R 2 + L2ω 2 ) 2 ,

a fim de facilitar os cálculos das derivadas. Assim, temos que

 ∂I  = −1 −3/ 2 −V 2 R −V R
  ( 2
V R +L ω
2 2
) 2R = =
 ∂R V , L 2
2 (R 2
+ L2ω 2 )
3
(R 2
+ L2ω 2 )
3

representa a taxa de variação instantânea da corrente em rel


relação à
variação da resistência, quando consideramos a voltagem em e a
indutância constantes. O sinal negativo indica que nessas cond
ndições,
à medida que a resistência aumenta, a corrente diminui.

 ∂I  = −1 −3/ 2 −V 2 Lω
2 2
−ω V L
 
 ∂L V , R 2
( 2
V R +L ω
2 2
) 2
2L ω =
3
=
3
2 (R 2
+Lω
2 2
) (R 2
+Lω
2 2
)
204 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

representa a taxa de variação instantânea da corrente em relação ão à


variação da indutância, quando consideramos a voltagem e a
resistência constantes. O sinal negativo indica que nessas condiçõe
ões,
à medida que a indutância aumenta, a corrente diminui.

EXERCÍCIOS 4.1

1. A partir da equação de estado da lei dos gases ideais, determiine


uma expressão que forneça a taxa de variação da pressão em relaçação
ao volume, quando todo o resto permanece constante. Em seguid ida,
determine o valor numérico dessa taxa para um mol de gás com um u
volume de 22,4 litros, a uma temperatura de 273 K. Interprete te o
resultado obtido. Faça um esboço do gráfico da pressão versus us o
volume. Estabeleça uma relação entre o gráfico e o resultado obtido
ido.
2. Calcule todas as derivadas parciais das funções dadas.

a) z = 5xy3 24 b) z = 3e y ln (2x2 − 1)

c) z = y sen x d) z = 7xy e2xy

2 x3  2 x3 
e) z = f) z = ln  3 
1− 4 y  y 
g) z = cos( x 2 y ) + sen x 2 + 3 y 3 h) z = ( x − ln y ) e xy
x2 + y
i) z =
x+ y
z2 y3x
j) f ( x , y , z ) = ln( x + y ) − + xyz
x+z
w3 z 3 xy 2 z 3
k) f ( w, x, y , z ) = 3xy 2 + −
32 y w
x ∂z ∂z
3. Seja z = x sen . Verifique que x +y =z.
y ∂x ∂ y
DERIVADAS PARCIAIS 205

4. O volume molar Vm de um gás ideal é dado pela fórmula


RT
Vm = onde T é a temperatura, P a pressão e R uma constante.
P
 ∂V   ∂V 
Ache uma expressão para  m  e para  m  .
 ∂ T P  ∂ P T
5. Use a tabela de valores de f(x,y) para fazer uma estimativa para os
valores de fx(3; 2) e de fx(3; 2,2).

Função Composta – Regra da Cadeia

Se y = f ( x ) é uma função diferenciável de x e x = g ( t ) é uma


função diferenciável de t, então a regra da cadeia para funções de
uma variável afirma que, na composição, y = f ( g (t ) ) é uma função
diferenciável de t e
dy dy dx
= ⋅
dt dx dt
206 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

A composição de funções é estendida, de modo natural, para


funções de várias variáveis. Em situações práticas, geralmente
trabalhamos com funções de no máximo três variáveis. Assim, para
simplificar o entendimento, vamos supor que uma função f dependa
das variáveis x, y e z e estas, por sua vez, dependam de u, v e w. O
esquema abaixo permite visualizar tal situação:

x v

w
u

f y v

z v

Como podemos observar f é então dependente de u, v e w e,


consequentemente, podemos estar interessados em calcular a taxa de
variação de f em relação a cada uma destas variáveis. Para isso,
notamos inicialmente que a dependência de f em relação a u, por
exemplo, se dá através de x, y e z e o mesmo ocorre em relação à v e
w.
Portanto, podemos dizer que a “interferência” de u na função f
é uma soma das “interferências” de u via x, via y e via z. Assim,
para calcular a taxa de variação de f em relação à variável u,
DERIVADAS PARCIAIS
IS 207

devemos somar as taxas de variação de f através de x,, y e z,


aplicando em cada caso, a regra da cadeia, semelhante às funç
nções de
uma variável, obtendo a regra da cadeia para funções dee várias
variáveis:
∂f ∂f ∂x ∂f ∂y ∂f ∂z
= + + .
∂u ∂x ∂u ∂y ∂u ∂z ∂u

Analogamente obtemos as derivadas parciais de f em rel


relação à
v e w:
∂f ∂f ∂x ∂f ∂y ∂f ∂z ∂f ∂f ∂x ∂f ∂y ∂f ∂z
= + + ; = + + .
∂v ∂x ∂v ∂y ∂v ∂z ∂v ∂w ∂x ∂w ∂y ∂w ∂z ∂w

EXEMPLO 1 Se f(x,y,z) = 2x + 3y + z, sendo x, y e z dados


os por
x(r,θ ,ϕ) = r cosθ cosϕ , y(r,θ ,ϕ ) = r senθ cosϕ e
z(r,θ ,ϕ) = r senϕ,
determine as derivadas parciais de f em relação à r, θ e ϕ.
Solução
Pela regra da cadeia, temos
∂f ∂f ∂x ∂f ∂y ∂f ∂z
= + + = 2cosθ cos ϕ + 3senθ cos ϕ + 1sen
senϕ
∂r ∂x ∂r ∂y ∂r ∂z ∂r

∂f ∂f ∂x ∂f ∂y ∂f ∂z
= + + = −2r senθ cos ϕ + 3r cos θ coss ϕ + 1 × 0
∂θ ∂x ∂θ ∂y ∂θ ∂z ∂θ

∂f ∂f ∂x ∂f ∂y ∂f ∂z
= + + = −2r cosθ senϕ − 3r senθ senϕ + 1 r cos ϕ
∂ϕ ∂x ∂ϕ ∂y ∂ϕ ∂z ∂ϕ
Portanto,
208 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

∂f
= cos ϕ ( 2cos θ + 3senθ ) + senϕ
∂r
∂f
= cos ϕ ( 3cos θ − 2senθ )
∂θ
∂f
= r senϕ ( −2 cos θ − 3senθ ) + r cos ϕ .
∂ϕ

Este é um caso mais geral. Podemos considerar uma situaç


ação
mais simples e mais comum nas aplicações, onde uma funç nção
depende de duas ou mais variáveis, porém estas dependem de uma
um
única outra.
Para ilustrar, imagine que uma grandeza, por exemplo, o, a
temperatura de um objeto, dependa da posição em que elee se
encontra, porém esta posição varia com o temppo.
Consequentemente, a temperatura do objeto varia com o tempo,, ou
o
seja, estamos diante de uma função composta.
Para representá-la, devemos levar em conta que a posição é umu
lugar no espaço, podendo ser então representada pelas coordenad adas
(x,y,z). Se denotarmos o tempo por t e a temperatura por T, teremos
os
T(t) = T(x(t), y(t), z(t)).

Um esquema para esta função é o seguinte:

x t

T y t

z t
DERIVADAS PARCIAIS
IS 209

Para calcularmos a taxa de variação da temperatura em rrelação


ao tempo, precisamos usar a regra da cadeia, tomando cuidad
ado com
a notação:
dT ∂T dx ∂T dy ∂T dz
= + + .
dt ∂x dt ∂y dt ∂z dt

OBS:
Observe que a temperatura T, vista apenas como umaa função
do tempo t, assim como as funções posição x(t), y(t) e z(t)
z são
funções de uma variável. Por isso a notação de derivadade
ordinária na fórmula acima, nestes quatro casos.
Por outro lado, quando estamos medindo a taxa de variação
va
da temperatura em relação à posição, temos três variá riáveis e,
consequentemente, justifica-se a notação de derivadas parciais
p
para a derivada da temperatura em relação à x, y e z.

dz
EXEMPLO 2 Calcule sendo z = x2 − xy + 3, y = t − 2 e
dt
t
x= .
2
Solução
∂z ∂z dx dy
= 2x − y , = −x , = 1/2 , =1
∂x ∂y dt dt

dz ∂ z dx ∂ z dy 1
= . + . = ( 2 x − y )   + ( − x )(1) =

dt ∂ x dt ∂ y dt 2
y −y 2 −t
= x− −x= = .
2 2 2
210 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

OBS:
O mesmo resultado pode ser obtido no exemplo anterio rior,
substituindo
x = t/2 e y = t − 2
2
na equação z = x − xy + 3 e derivando z diretamente em e
relação à t.
Todavia, em muitas funções, este procedimento gera uma
grande complexidade na expressão da função, tornando
inviável o cálculo de sua derivada. Nestes casos, a regra da
cadeia é a solução indicada.

EXEMPLO 3 Certo gás obedece à lei dos gases ideais PV = 8T


T.
Suponha que o gás esteja sendo aquecido à taxa de 2o/min e a
pressão esteja aumentando à taxa de 0,5 (Kg/cm2)/min. Se em cer erto
o
instante a temperatura é de 200 e a pressão é de 10 Kg/cm cm2,
encontre a taxa na qual o volume está variando.
Solução
Sabendo-se que quando T = 200 e P = 10 tem-se
dT dP
=2 e = 0,5
dt dt
dV 8T ( t )
desejamos encontrar . Para isso observamos que V ( t ) =
dt P (t )
e, pela regra da cadeia, temos,
dV ∂V dT ∂V dP 8  −8T  1 16 4T
= + = 2+ 2  = − 2
dt ∂T dt ∂P dt P  P 2 P P
dV
Substituindo T = 200 e P = 10, obtemos = − 6,4 o que signifi
ifica
dt
que, nas condições apresentadas pelo problema, o volume do gás g
varia (diminui) a uma taxa de 6,4 cm3/min.
DERIVADAS PARCIAIS
IS 211

EXEMPLO 4 Um circuito elétrico simples consiste em um


resistor R e uma força eletromotriz F. Em certo instante, F = 80
volts e aumenta à taxa de 5 volts/min, enquanto R é 40 ohmhms e
F
decresce à razão de 2 ohms/min. Use a lei de Ohm, I = , e uma
R
regra da cadeia para achar a taxa à qual a corrente I (em amppères)
varia.
Solução
dI dF
Queremos encontrar sabendo-se que F = 80, = 5 , R = 40
dt dt
dR
e = −2 .
dt
Pela regra da cadeia,
dI ∂I dF ∂I dR 1 F 5 2F
= + = 5 − 2 ( −2) = + 2 .
dt ∂F dt ∂R dt R R R R
dI
Substituindo F = 80 e R = 40, obtemos = 0,225 , o que
dt
significa que nas condições apresentadas pelo problema, a cor
orrente
varia (aumenta) a uma taxa de 0,225 ampères/min.

EXEMPLO 5 A temperatura num ponto (x,y) de um plaplano é


T(x,y), medida em graus Celsius. Um inseto rasteja de modo
do que
sua posição, depois de t segundos, seja dada por x(t ) = 1 + t e
1
y (t ) = 2 + t , onde x e y são medidos em centímetros. Sab
abendo
3
que a função temperatura satisfaz Tx (2,3) = 4 e Ty (2,3) 3) = 3,
determine quão rápido a temperatura aumenta no caminh nho do
inseto, depois de 3 segundos.
Solução
212 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

A taxa de variação da temperatura, com o tempo, é dada por:


dT ∂T dx ∂T dy
= + .
dt ∂x dt ∂y dt
Por outro lado,
dx 1 dy 1
= , =
dt 2 1 + t dt 3
e quando t = 3, (x,y) = (2,3). Substituindo na expressão da
derivada, temos:
dT ∂T dx ∂T dy
= + ou
dt t =3 ∂x (2,3) dt t =3 ∂y (2,3)
dt t =3

1 1
T ´(3) = 4 +3 = 2.
4 3
Logo, após 3 segundos, a temperatura aumenta a uma taxa de 2
°C/seg, na direção do inseto.

OBS:
dy
Observe que enquanto a derivada ordinária pode ser associa
iada
dx
∂y
ao quociente de duas diferenciais, a derivada parcial não po
pode
∂x
ser tratada como o quociente entre ∂y e ∂ x , pois esses símbololos
não tem significado por si só. Por exemplo, se fôssemos “cancela
elar”
símbolos na fórmula da regra da cadeia
dT ∂T dx ∂T dy
= +
dt ∂x dt ∂y dt

iríamos obter
dT dT dT
= +
dt dt dt
DERIVADAS PARCIAIS
IS 213

dT
que só é verdade se = 0.
dt

EXEMPLO 6 Os coeficientes de compressibilidade isotérm


érmica β
e adiabático ∆, são definidos pelas relações:
1  ∂V  1  ∂V 
β=−   e ∆=−  
V  ∂P T V  ∂P  S
onde V é o volume, P é a pressão, T é a temperatura e S é a en
entropia
do sistema. Sabendo que
 ∂S   ∂S 
CV = T   e CP = T  
 ∂T V  ∂T  P
Mostre que
CP β
= .
CV ∆
Solução
Dividindo CP por CV , obtemos:
 ∂S 
 
CP  ∂T  P
=
CV  ∂S 
 
 ∂T V
A partir da regra da cadeia, temos que:

 ∂V   ∂V   ∂S   ∂P   ∂P   ∂S 
  =   ⋅  e   =   ⋅ 
 ∂T  P  ∂S  P  ∂T  P  ∂T V  ∂S V  ∂T V
de onde segue que
 ∂V   ∂P 
   
 ∂S   ∂T  P  ∂S   ∂T V
  = e   = .
 ∂T  P  ∂V   ∂T V  ∂P 
   
 ∂S  P  ∂S V
Portanto,
214 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

 ∂V 
 
 ∂T  P
 ∂S   ∂V   ∂V   ∂P 
      ⋅ 
CP  ∂T  P  ∂S  P  ∂T  P  ∂S V
= = =
CV  ∂S   ∂P   ∂V   ∂P 
      ⋅ 
 ∂T V  ∂T V  ∂S  P  ∂T V
 ∂P 
 
 ∂S V
Como
 ∂P  1  ∂P  1
  = ∂S e   = ∂T
 ∂S V    ∂T V  
   
 ∂P V  ∂P V
segue que:
 ∂V   ∂T 
  ⋅ 
CP  ∂T  P  ∂P V
= .
CV  ∂V   ∂S 
  ⋅ 
 ∂S  P  ∂P V

Agora, utilizando a regra cíclica, obtemos o seguinte:

 ∂V   ∂T   ∂P 
  ⋅  ⋅  = −1
 ∂T  P  ∂P V  ∂V T
 ∂V   ∂T  1  ∂V 
⇒   ⋅  = − ∂P = −  
 ∂T  P  ∂P V    ∂P T
 
 ∂V T
 ∂V   ∂S   ∂P 
  ⋅  ⋅  = −1
 ∂S  P  ∂P V  ∂V  S
 ∂V   ∂S  1  ∂V 
⇒   ⋅   = − ∂P = − 
 ∂S  P  ∂P V    ∂P S
 
 ∂V  S
Portanto,
DERIVADAS PARCIAIS
IS 215

 ∂V   ∂T   ∂V 
  ⋅   
CP  ∂T P  ∂P V  ∂P T − β ⋅ V β
= = = = .
CV  ∂V   ∂S   ∂V  −∆ ⋅ V ∆
  ⋅   
 ∂S  P  ∂P V  ∂P  S

EXERCÍCIOS 4.2
1. A pressão P, o volume V e a temperatura T de um gás confi
nfinado
estão relacionados pela lei dos gases ideais PV = kT, em que
qu k é
uma constante. Se P e V variam às taxas de dP/dt e dV/dt, d
respectivamente, ache uma fórmula para dT/dt, onde t é o temp
mpo.
2. Quando o tamanho das moléculas e suas forças de atração sã
são
levados em conta, a pressão P, o volume V e a temperatura T de
d
um mol de gás confinado estão relacionados pela equação de Van
V
Der Waals

 a 
P+ 2  (V − b) = kT
 V 
em que a,b e k são constantes positivas. Se t é o tempo, estab
abeleça
uma fórmula para dT/dt em termos de dP/dt, dV/dt, P e V.
3. O raio r e a altura h de um cilindro circular reto aumentam
m à taxa
de 0,01 cm/min e 0,02 cm/min, respectivamente.
a) Encontre a taxa de variação do volume quando r = 4 cm e h = 7
cm.
b) A que taxa a área da superfície curva está variando neste ins
instante?
4. Na idade de 2 anos, um menino típico de 86 cm de altura,, pesa
p 13
Kg e cresce à taxa de 9 cm/ano e engorda à taxa de 2 Kg/ano.
o. A área
da superfície do corpo humano é descrita em função do pes eso e da
altura pela fórmula de DuBois e DuBois, a qual é dada por
S = 0,007184 x0,425 y 0,725
216 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

onde x é o peso e y é altura. Use esta fórmula para estimar a taxa à


qual a área da superfície do corpo deste menino está crescendo.
5. A produção de trigo, W, em um determinado ano depende da
temperatura média T e da quantidade anual de chuva R. Cientistas
estimam que a temperatura média anual está crescendo à taxa de
0,15 °C/ano, e a quantidade anual de chuva está diminuindo à taxa
de 0,1 cm/ano. Eles também estimam que, no corrente nível de
∂W ∂W
produção, = −2 e =8.
∂T ∂R
a) Qual o significado do sinal destas derivadas parciais?
dW
b) Estime a taxa de variação corrente da produção de trigo, .
dt
6. A voltagem V num circuito elétrico simples está decrescendo
devagar à medida que a bateria se descarrega. A resistência R está
aumentando devagar com o aumento do calor do resistor. Use a lei
de Ohm, V = IR, para achar como a corrente I está variando no
dV
momento em R = 400 Ω, I = 0,08 A, = − 0,01 V/s e
dt
dR
= 0,03 Ω/s.
dt
7. A pressão de 1 mol de um gás ideal é aumentada à taxa de 0,05
kPa/s e a temperatura é aumentada à taxa de 0,15 K/s. Utilize a
equação PV = 8,31 T para encontrar a taxa de variação do volume
quando a pressão é 20 kPa e a temperatura é 320 K.

8. Seja w = x 2 e 2 y cos(3 z ) . Encontre o valor de dw/dt no ponto (1,


ln2, 0), quando x, y e z satisfazem x = cos t , y = ln(t + 2) e z = t.

9. De um funil cônico escoa água á razão de 18π cm3/s. Sabendo que


a geratriz faz com o eixo do cone um ângulo α = 30°, ache a
velocidade com que baixa o nível de água no funil, no momento em
que o raio da base do volume líquido é igual a 6 cm.
DERIVADAS PARCIAIS 217

10. Um ponto se desloca sobre o hemisfério z = 49 − x 2 − y 2 ao


longo da curva para a qual x = 2 sen t e y = 7cos t 3, onde t
representa o tempo. Qual a velocidade de ascensão do ponto z no
instante em que suas coordenadas são (2, 3,6)?

dz
11. Use a regra da cadeia para calcular. Compare sua resposta
dt
com a encontrada, escrevendo z como função de t e derivando
diretamente em relação a t.
2x + y
a) z = , x = 1 − t2 , y = 1− t
x− y

b) z = ( x + 6 y )3 , x = 3t , y = 3t 3
2
12. Seja G (t ) = f ( et , sen t ) onde f(x,y) é diferenciável em ℝ 2 .

a) Calcule G ' ( t ) em função das derivadas parciais de f.

b) Calcule G ' ( 0 ) sabendo que ∂f (1, 0) = 5 .


∂y
218 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Interpretação Geométrica
No caso de uma função de uma variável independente y = f(x),
foi mostrado que a derivada, em cada ponto x = x0, está relacionada
com o coeficiente angular da reta tangente (que é única) ao gráfico
da função y = f(x), neste ponto.
De maneira análoga, uma função de duas variáveis do tipo
z = f ( x, y ) define no espaço uma superfície de tal modo que, em
cada ponto (x0, y0) do domínio, onde a função é diferenciável, existe
um único plano tangente a esta superfície, neste ponto. Portanto, a
diferenciabilidade de f no ponto (x0, y0) implica na existência de um
único plano tangente ao gráfico de f, passando por (x0, y0, f(x0, y0).
Considere uma função de duas variáveis independentes
z = f ( x, y ) , cuja representação no espaço é uma superfície
qualquer e considere um ponto P(x0, y0, z0) sobre ela.

No capítulo anterior vimos que, fixando cada uma das variáveis


de uma função z = f(x,y), é possível traçar três planos que
interceptam a superfície, definida no espaço pela função f: um plano
paralelo ao plano-xy (fixando-se a variável z = z0), um plano paralelo
DERIVADAS PARCIAIS 219

ao plano-xz (fixando-se a variável y = y0) e um plano paralelo ao


plano-yz (fixando-se a variável x = x0).
As derivadas parciais da função z = f(x,y) são interpretadas
geometricamente do seguinte modo: ao calcularmos a derivada
∂ f 
parcial   consideramos a variável y = y0 como constante. A
 ∂ x  y = y0
intersecção do plano y = y0 com a superfície dada por z = f(x,y) irá
definir uma linha de contorno (sobre a superfície), cuja projeção
sobre o plano-xz define uma curva de nível.

Portanto, fixando y = y0, a função z = f(x,y) transforma-se em


uma função de uma única variável x, que pode ser representada
através de uma curva de nível no plano-xz.
A derivada parcial de z em relação à x no ponto P(x0, z0),
∂ f 
  ( x0 , z0 ) , pode ser interpretada geometricamente, como o
 ∂ x  y = y0
coeficiente angular da reta tangente à curva de nível obtida pela
intersecção do plano y = y0 com a superfície z = f(x,y), no ponto
P(x0, y0, z0).
220 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

∂ f 
Analogamente, interpretamos a derivada parcial   (x0,yy0).
 ∂ y  x = x0
(Tente fazer esta interpretação geométrica).

EXEMPLO 1 Determine a equação da reta tangente à curvaa de


1
intersecção da superfície z = 24 − x 2 − 2 y 2 com o plano y = 2,
2
no ponto (2, 2, 3) .
Solução
Inicialmente observamos que se a superfície está interceptando do o
plano y = 2, então y está fixo em 2 e apenas x e z estão variand ndo.
Assim o coeficiente angular da reta tangente é dado por z x (2,2) e a
equação da reta tangente é, portanto, dada por
z − z0 = z x (2, 2) ( x − x0 ) ,
onde z0 = , x0 = 2 e

−2 x −x
z x ( x, y ) = =
2 2
4 24 − x − 2 y 2 24 − x 2 − 2 y 2
DERIVADAS PARCIAIS
IS 221

−1 − 3
⇒ z x (2,2) = = .
12 6
Logo, a reta solicitada tem equação dada por:
− 3 − 3 4 3
z− 3= ( x − 2) ou z= x+ .
6 6 3

EXEMPLO 2 Encontre a equação da reta tangente à curva


determinada pela intersecção da superfície dada pela eq
equação
x 2 + y 2 + z 2 = 4 com o plano x = 1, no ponto (1, 2, −1) .
Solução
Observe que a equação da superfície define, implicitamente,, duas
d
funções para z, a saber,

z = 4 − x2 − y 2 e z = − 4 − x2 − y 2 .

Como o ponto dado possui coordenada z negativa, de


devemos
trabalhar com a função z = − 4 − x 2 − y 2 , pois o ponto (1,, 2, −1)
não pertence ao gráfico da outra função z (positiva).
Como x está fixo (x = 1), o coeficiente angular será dad ado por
y
z y ( x, y ) = . Aplicado no ponto ( x0 , y0 ) = (1
(1, 2) ,
4 − x2 − y 2
torna-se z y (1, 2) = 2 . Assim, a equação da reta tangente
te é dada
por
222 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

z + 1 = 2 ( y − 2) ou z = 2 y − 3.

EXERCÍCIOS 4.3

1. Encontre o coeficiente angular da reta tangente à curva de


intersecção entre a superfície e o plano, no ponto dado, e represen
ente
a curva, o ponto e a reta tangente no plano cartesiano.
a) z = 3x − 5y + 6 ; plano: y = 2 ; ponto: (1, 2, −1)

b) z = 9 − x 2 − y 2 ; plano: x = 2 ; ponto: (2, 2, 1)

2. Seja z = 3 x 2 − 2 y 2 − 5 x + 2 y + 3 . Encontre a equação da reta


eta
tangente à curva resultante da intersecção de z = f(x,y) com o plano
no
y = 2, no ponto (1, 2, −3).

3. Dada a superfície z = x 2 + y 2 , determine as equações das


as
retas tangentes às curvas de intersecção da superfície com o plano
no
x = 2 e depois com o plano y = 5 , no ponto (2, 5,3) .

4. Seja f ( x, y ) = 16 − 4 x 2 − y 2 . Encontre o valor de fx(1,2) e fy(1,2)


,2) e
interprete esses números como inclinações. Faça uma ilustração
ão à
mão ou utilize um computador.
DERIVADAS PARCIAIS 223

5. Para cada uma das funções dadas, determine os valores de x e y


tais que fx(x,y) = 0 e fy(x,y) = 0.
1 1
(a) f(x,y) = 3x3 – 12xy + y3 (b) f ( x , y ) = + + xy
x y
6. A temperatura em qualquer ponto (x,y) de uma placa de aço é
dada por T = 500 – 0,6x2 – 1,5y2 onde x e y são medidos em metros.
Determine as taxas de variação da temperatura com a distância ao
longo dos eixos x e y no ponto (2,3). Descreva com palavras o
significado do valor de cada uma das taxas encontradas.
7. Uma medida da sensação de calor é feita através do Índice de
Temperatura Aparente, dado pela equação
I(t,h) = 0,885 t – 22,4 h + 1,20 t h – 0,544
onde I é a temperatura aparente (em graus Celsius), t é a
temperatura do ar (em graus Celsius) e h é a umidade relativa em
forma decimal.
∂I ∂I
(a) Determine as derivadas parciais e e descreva, com
∂t ∂h
palavras, o significado de cada uma delas.
(b) Determine as taxas de aumento da temperatura aparente em
relação à temperatura do ar e em relação à umidade, quando a
temperatura ambiente é de 32o e a umidade relativa do ar é de
80%. Descreva, com palavras, o significado do resultado obtido.

Derivadas Parciais de Segunda


Ordem
Se f(x,y) é uma função de duas variáveis, então suas derivadas
parciais fx e fy também são funções de x e y e, portanto, podem ser
224 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

derivadas, resultando nas chamadas derivadas parciais de segunda


ordem.
Então, a partir de uma função de duas variáveis z = f(x,y)
podemos definir as quatro possíveis derivadas parciais de segunda
ordem da seguinte maneira:

∂2f ∂ ∂ f 
f xx ou = : derivada parcial de fx em relação a x
∂x 2
∂ x  ∂ x 

∂2f ∂ ∂ f 
f xy ou = : derivada parcial de fx em relação a y
∂ y∂ x ∂ y  ∂ x 

∂ 2f ∂ ∂ f 
f yy ou 2
=   : derivada parcial de fy em relação a y
∂y ∂ y ∂ y 

∂2f ∂ ∂ f 
f yx ou =   : derivada parcial de fy em relação a x
∂ x∂ y ∂ x  ∂ y 

As derivadas parciais fyx e fxy são denominadas derivadas parciais


mistas de segunda ordem .

OBS:
Observe que são utilizadas convenções diferentes para indicar a
ordem de derivação, nos dois tipos de notação.
A notação
∂2 f ∂ ∂ f 
=  
∂y∂x ∂y  ∂x 

indica que devemos derivar a função primeiro em relação a x,


enquanto a notação f y x indica que a primeira derivação é em
relação a y. Uma maneira para evitar confusão com as notações é
DERIVADAS PARCIAIS
IS 225

observar que devemos derivar primeiro em relação à variáv


ável que
está “mais próxima” de f.

EXEMPLO 1 Determine as derivadas parciais de segundaa ordem


da função
f(x,y) = 3x3y −5xy+7(2x+ y) .
Solução
Escreva a função dada.
f(x,y) = 3x3y −5xy+7(2x+ y)
Suponha y constante e derive f em relação à x .
fx = 9x2 y − 5y + 7(2)
Suponha x constante e derive fx em relação à y.
fxy = 9x2 − 5
Suponha y constante e derive fx em relação à x.
fxx = 18xy
Escreva a função dada.
f(x,y) = 3x3y −5xy + 7(2x + y)
Suponha x constante e derive f em relação à y.
fy = 3x3 − 5x + 7
Suponha y constante e derive fy em relação à x.
fyx = 9x2 – 5
Suponha x constante e derive fy em relação à y.
fyy = 0.
226 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXEMPLO 2 Dada a função f ( x, y) = x3 y + x 2 y 4 , determiine


suas derivadas parciais de segunda ordem.
Solução
As derivadas parciais de primeira ordem de f são:
∂f ∂f
= 3x 2 y + 2 xy 4 e = x3 + 4 x2 y3 .
∂x ∂y

∂f
A partir de obtemos:
∂x

∂2 f ∂2 f
2
= 6 xy + 2 y 4 e = 3x 2 + 8 xy 3 .
∂x ∂y ∂x

∂f
A partir de obtemos:
∂y
∂2 f ∂2 f
= 12 x 2 y 2 e = 3x 2 + 8 xy 3 .
∂ y2 ∂x ∂y

EXEMPLO 3 Dada a função f ( x, y) = sen(2 x + y) , determiine


suas derivadas mistas de segunda ordem.
Solução
As derivadas parciais de primeira ordem de f são:
f x = 2cos(2 x + y ) e f y = cos(2 x + y )

Portanto,
f xy = −2sen(2 x + y ) e f yx = −2sen(2 x + y ) .
DERIVADAS PARCIAIS 227

Observando os resultados obtidos nos exemplos acima vemos


que, em todos os casos, as derivadas parciais mistas de segunda
ordem são iguais, ou seja, fxy = fyx. Isso ocorre na maioria das
funções que aparecem frequentemente na prática. A explicação para
este fato é dada pelo Teorema abaixo:
Teorema de Schwartz: Seja z = f(x,y) uma função
contínua com derivadas até segunda ordem contínuas num conjunto
aberto A ⊂ ℝ 2 . Então:

∂2 f ∂2 f
( x0 , y0 ) = ( x0 , y0 )
∂x ∂y ∂y ∂x
para todo ( x0 , y0 ) ∈ A .

OBS:
Assim como definimos derivadas parciais de segunda ordem,
podemos definir derivadas parciais de ordens mais altas. Por
exemplo:
∂3 f ∂  ∂  ∂f  
3
=     = fx x x
∂x ∂x  ∂x  ∂x  

∂3 f ∂  ∂  ∂f  
2
=     = f y y x
∂ x ∂y ∂x  ∂y  ∂y  

∂3 f ∂  ∂  ∂f  
=     = f y x y ,
∂y ∂ x ∂y ∂y  ∂x  ∂y  

e assim, sucessivamente.
228 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXERCÍCIOS 4.4

1. A equação de estado de van der Waals


RT a
P = g (V,T) = − 2
V −b V
foi a primeira equação de estado que conseguiu representar melhor
certas propriedades do comportamento dos fluidos e, em particular,
do estado gasoso.
a) Ache o domínio de g (V,T).
∂P   ∂P   ∂2 P 
b) Determine   ,   e  2 .
 ∂V T  ∂T  v  ∂V T
2. A temperatura T num corpo, num dado ponto (x,y) e em um
1 − ( x2 + y 2 )
tempo t, é dada pela função T = exp . Mostre que T
t 4t
∂ 2T ∂ 2T ∂ T
satisfaz a equação de difusão + = .
∂ x2 ∂ y 2 ∂ t
3. Ache as derivadas parciais mistas de segunda ordem do volume
RT
molar Vm = de um gás ideal em relação à pressão P e a
P
temperatura T.
4. Verifique o Teorema de Schwartz para as funções:
y 2
a) f ( x, y ) = b) f ( x, y ) = xe x + y
x + y2
2

∂2 f ∂2 f ∂2 f
5. A equação de Laplace tridimensional + + =0é
∂ x2 ∂ y2 ∂ z 2
satisfeita, dentre outras funções, pelas distribuições de temperatura
no estado estacionário no espaço, pelos potenciais gravitacionais e
pelos potenciais eletrostáticos. A equação de Laplace
∂2 f ∂2 f
bidimensional + = 0 descreve potenciais e distribuições
∂ x2 ∂ y2
DERIVADAS PARCIAIS 229

de temperatura no estado estacionário no plano. Mostre que as


funções abaixo satisfazem uma equação de Laplace.
a) f ( x, y) = e−2 y cos(2 x) b) f ( x, y, z ) = x 2 + y 2 − 2 z 2

6. Para cada uma das funções abaixo, encontre as derivadas


indicadas:
a) f ( x, y ) = x 2 − 3 y 3 + 4 x 2 y 2 ; todas as de segunda ordem
b) f ( x, y) = ln( xy) ; todas as de segunda ordem
xy
c) f ( x, y ) = e ; todas as de segunda ordem
d) f ( x, y ) = ln( x 2 + y 2 ) ; fyx

e) f ( x, y , z ) = 1 − x 2 − y 2 − z 2 ; fz z ; fyx

Extremos de Funções de Duas


Variáveis
Uma das principais aplicações das derivadas para funções de
uma variável é o cálculo de seus pontos de máximo e mínimo para
resolver problemas de otimização. Iremos continuar nosso estudo,
agora para funções de duas variáveis, levando em conta que, nesse
caso, a determinação de pontos de máximos e mínimos pode ser
muito mais complicada.
No estudo das funções de uma variável, a determinação de
máximos e mínimos relativos foi feita utilizando as derivadas
ordinárias. No caso de uma função de duas variáveis, a
determinação de máximos e mínimos relativos é feita através de
suas derivadas parciais.
230 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Seja z = f(x,y) uma função definida em uma região D do plano


que contém o ponto (a,b). Na prática, o que nos interessa é
determinar os máximos ou mínimos relativos, ou seja, os pontos
(x,y) em que a função assume valores maiores ou menores do que
nos demais pontos de sua vizinhança.
Dizemos que f(x,y) possui um máximo relativo em um ponto
(a,b), no interior de seu domínio D, se f (x,y) ≤ f (a,b) para todo
(x,y) numa vizinhança do ponto (a,b).
f(a,b) é um máximo relativo
Dizemos que f(x,y) possui um mínimo relativo em um ponto
(a,b), no interior de seu domínio D, se f (x,y) ≥ f (a,b) para todo (x,y)
numa vizinhança do ponto (a,b).
f(a,b) é um mínimo relativo
Graficamente, a superfície gerada pela função f(x,y) possui um
“pico” (concavidade para baixo) no ponto (a,b), se f tiver um
máximo relativo em (a,b), e possui uma “base” (concavidade para
cima) no ponto (a,b), se f tiver um mínimo relativo em (a,b).
DERIVADAS PARCIAIS 231

OBS:
Assim como no caso de funções de uma variável, existe
uma diferença fundamental entre os extremos relativos e
os extremos absolutos de uma função f(x,y).
O número f(a,b) é um máximo absoluto de f na região
D, se f(a,b) é o maior valor de f em D. De maneira
análoga, o número f(a,b) é um mínimo absoluto de f na
região D se f(a,b) é o menor valor de f em D.

DEFINIÇÃO: Um ponto (a,b) do domínio de uma função f no


 ∂f   ∂f 
qual as derivadas parciais   e   existem e são
 ∂x  y  ∂y  x
simultaneamente nulas é denominado de ponto crítico de f.
Assim, quando as derivadas parciais de primeira ordem de uma
função f existem em todos os pontos de uma região D do plano xy,
os extremos relativos de f em D só podem ocorrer em pontos
críticos.
Supondo que f possui um máximo relativo em (x, y) = (a,b) e
fixando y = b, f torna-se uma função de uma variável x com um
máximo relativo em x = a. Portanto, do Cálculo I segue que a
derivada de f(x,b), quando x = a, é igual a zero, ou seja,
∂f
(a, b) = 0 . Analogamente, fixando x = a, f torna-se função de
∂x
uma variável y, com um máximo relativo em y = b e, portanto,
∂ f
( a , b ) = 0 . De maneira análoga, obtemos os mesmos resultados
∂y
se f possuir um mínimo relativo em (a,b).

Resumindo, o seguinte resultado para extremos relativos de


funções de duas variáveis é válido: se f possui um máximo ou
mínimo relativo em (a,b), então
232 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

∂f ∂ f
(a, b) = 0 e (a, b) = 0
∂x ∂y

OBS:
1. Este resultado é útil na determinação de máximos e
mínimos de funções, quando são conhecidas informações
adicionais sobre a função como, por exemplo, seu gráfico.

2. Existem funções que, apesar das derivadas parciais em um


ponto serem nulas, esse ponto não é máximo nem mínimo
relativo (ver ilustração abaixo). Um ponto desse tipo é
denominado de ponto de sela.
DERIVADAS PARCIAIS
IS 233

Assim, um ponto de máximo ou mínimo relativo é um m ponto


crítico, mas nem todo ponto crítico é um extremo relativo (po (pode ser
∂f
um ponto de sela). Neste caso, as condições (a, b) = 0 e
∂x
∂ f
( a , b ) = 0 significam apenas que o plano tangente nestee ponto
p é
∂y
paralelo ao plano-xy.

EXEMPLO 1 Determine os pontos críticos da função


f(x,y) = 3x2 + 3y2 + 8x − 17y + 5.
Solução
Devemos primeiramente encontrar valores para x e y de modoo que as
derivadas parciais sejam iguais a zero, ou seja, determinar seus
eus
pontos críticos.
∂f
= 6x + 8 = 0
∂x
 4 17 
⇒  − ,  é um ponto crítico de f(x,y).
 3 6 
∂f
= 6 y − 17 = 0
∂y
234 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Sabemos que, se a função f(x,y) tiver um máximo ou mínimo


relativo, tal valor
deverá ocorrer no ponto crítico. Pela figura,
observamos que a função possui um mínimo relativo e, portanto,
podemos garantir a existência desse mínimo no ponto (x,y) =
 4 17  293
 − ,  , cujo valor é − .
 3 6  12

Baseados na OBS 1 e no Exemplo 1, podemos constatar que se


não possuímos alguma informação adicional sobre f(x,y), teremos
muita dificuldade para classificar um ponto crítico quanto à sua
natureza (máximo ou mínimo relativo - ou nenhum dos dois),
quando resolvemos o sistema

∂ f
 =0
 ∂ x

∂ f
 =0
 ∂ y

No estudo de funções de uma variável, para verificar a


existência de um ponto de máximo ou de mínimo relativo,
DERIVADAS PARCIAIS 235

estudamos, dentre outras possibilidades, a concavidade e o teste da


segunda derivada. Existe um teste análogo para funções de duas
variáveis, que é enunciado abaixo:

TESTE DA SEGUNDA DERIVADA:


Suponha que as derivadas parciais de primeira e segunda ordens de
uma função f sejam contínuas em uma região aberta W Õ ℝ2 e que
∂f
exista um ponto P(a,b) ∈ W para o qual (a, b) = 0 e
∂x
∂ f
( a , b ) = 0 . Para identificar cada tipo de ponto crítico,
∂y
primeiramente devemos calcular um número D (denominado de
discriminante) definido por:
D(a,b) = fxx (a,b) fyy (a,b) − [fxy (a,b)]2
e, em seguida, utilizá-lo da seguinte maneira:
a) D(a,b) > 0 e fxx (a,b) > 0 ⇒ f possui um mínimo relativo em
(a,b);
b) D(a,b) > 0 e fxx (a,b) < 0 ⇒ f possui um máximo relativo em
(a,b);
c) D(a,b) < 0 ⇒ f não possui nem máximo e nem mínimo
relativo em (a,b), ou seja, em (a,b) existe um ponto de sela;
d) D(a,b) = 0 ⇒ não é possível classificar o ponto crítico.

Este resultado não será demonstrado, uma vez que


precisaríamos de cálculos avançados que não cabem no contexto do
nosso curso.
236 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

OBS:
O discriminante acima pode também ser visto comoo o
determinante da matriz composta pelas derivadas parciaiss de
segunda ordem da função f, conhecida como matriz Hessia iana
de f:
 f xx ( x, y ) f xy ( x, y) 
H ( x, y) =  .
 f xy ( x, y ) f yy ( x, y ) 

Desse modo, o discriminante D será dado por:

f xx ( a, b ) f xy ( a, b )
D ( a, b ) = det H ( a, b ) = =
f xy ( a, b ) f yy ( a, b )

2
= f xx ( a, b ) ⋅ f yy ( a, b ) −  f xy ( a, b ) 

EXEMPLO 2 Determine os pontos críticos da função


f(x,y) = y3 − x2 + 6x − 12y + 4
e classifique-os usando o Teste da segunda derivada.
Solução
∂ f
 = −2 x + 6 = 0
 ∂ x

∂ f
 = 3 y 2 − 12 = 0
 ∂ y

Como fx(x,y) = −2x+6 e fy(x,y) = 3y2 −12 são definidas para


qualquer ponto do plano-xy, (3,2) e (3, −2) são os únicos pontos
críticos de f(x,y).
fxx = −2, fxy = 0 e fyy = 6y ⇒ D(x,y) = −12y
DERIVADAS PARCIAIS
IS 237

D(3,2) = −24 < 0 ⇒ em (x,y) = (3,2) existe um ponto de sela


la.
D(3, −2) = 24 > 0 e fxx (3, −2) = −2 < 0 ⇒ em (3, −2) exis
xiste um
máximo relativo.

EXEMPLO 3 Determine, caso haja, os extremos relati


ativos da
função f ( x, y) = 2 x 4 + y 2 − x 2 − 2 y .
Solução
Inicialmente determinamos os pontos críticos de f através dde suas
derivadas parciais de primeira ordem:

 1
 f x = 8 x − 2 x = 0
3 2
 x(8x − 2) = 0 ⇒ x = 0 ou x=±
 ⇒  2
 f y = 2 y − 2 = 0  y = 1
Portanto, os pontos críticos de f são:
1 1
P1 (0,1); P2 ( − ,1); P3 ( ,1) .
2 2
238 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Para estudar a natureza destes pontos críticos (máximo, mínimo ou


sela) precisamos determinar o Hessiano de f e, para isso, precisamos
das derivadas parciais de segunda ordem:

f xx = 24 x 2 − 2 ; f xy = 0 ; f yy = 2 .

Assim,

24 x 2 − 2 0
D ( x, y ) = = 48 x 2 − 4 .
0 2

Calculando nos pontos críticos, obtemos:


§ D(0,1) = −4 < 0 ⇒ f não tem extremo relativo em P1 (ponto de
sela)
1 1
§ D(− ,1) = 8 > 0; f xx (− ,1) = 4 > 0 ⇒ f possui um mínimo
2 2
relativo em P2
1 1
§ D( ,1) = 8 > 0; f xx ( ,1) = 4 > 0 ⇒ f possui um mínimo
2 2
relativo em P3
Para determinar os valores mínimos relativos de f basta substituir os
pontos críticos P2 e P3 em f. Assim,
−9
f (P2) = f (P3) = .
8
E o ponto de sela se dá em ( 0,1, −1) . Vejamos o gráfico.
DERIVADAS PARCIAIS
IS 239

Veremos a seguir um exemplo que mostra como proceder pr


quando o teste das derivadas parciais de segunda ordem falha.
a.

EXEMPLO 4 Determine os extremos relativos da função


2 2
f ( x, y ) = x y .
Solução
 f x ( x, y ) = 2 xy 2 = 0
 2
⇒ x = 0 ou y = 0 ,
 f y ( x, y ) = 2 x y = 0
ou seja, todo ponto sobre os eixos x ou y é um ponto crítico.
Temos ainda que:

 f x x ( x, y ) = 2 y 2
 2
 f yy ( x, y ) = 2 x

 f xy ( x, y ) = 4 xy

2
⇒ D ( x, y ) = f x x ( x, y ) ⋅ f yy ( x, y ) −  f xy ( x, y )  = −12 x 2 y 2

Portanto,
D ( 0, y ) = 0 e D ( x,0 ) = 0 , para quaisquer x, y reais
240 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

e, assim, o teste falha.


Contudo, como f ( x, y) = 0 para todo ponto sobre os eixos x ou y e
f ( x, y) = x 2 y 2 ≥ 0 para todos os demais pontos do plano, podemos
concluir que em cada um desses pontos críticos temos um mínimo
absoluto (veja figura a seguir).

OBS:
1) O teste da segunda derivada e o uso do determinante da
matriz Hessiana para classificar possíveis pontos extremos
não se aplicam a funções de três ou mais variáveis. Nestes
casos, outros critérios são utilizados, porém não serão
abordados aqui e podem ser vistos nos livros indicados nas
referências.
2) Para utilizar a teoria dos extremos de uma função de duas
variáveis para resolver problemas de otimização, devemos
trabalhar com os extremos absolutos dessa função.
Determinar os extremos absolutos de uma função de duas
variáveis é muito mais difícil do que no caso de função de
uma variável. Contudo, para funções quadráticas, temos o
seguinte resultado:
Se uma função quadrática (polinômio de segundo grau em x e
y) possui um máximo (mínimo) relativo em um determinado
DERIVADAS PARCIAIS
IS 241

ponto, então esse ponto também é um máximo (mínim


nimo)
absoluto.

EXEMPLO 5 Considerando f ( x, y) = 2 x2 + 3 y 2 − 12 x − 6 y + 9 ,
determine o ponto no qual a função possui um máximo ou o um
mínimo absoluto.
Solução
Inicialmente determinamos os pontos críticos de f através dde suas
derivadas parciais de primeira ordem:

 f x = 4 x − 12 = 0 x = 3
 ⇒ 
 f y = 6 y − 6 = 0 y =1
Portanto, existe um único ponto crítico (3,1).
Para estudar a natureza destes pontos críticos (máximo, míniínimo ou
sela) precisamos determinar o Hessiano de f e, para isso, preci
ecisamos
das derivadas parciais de segunda ordem:
f xx = 4 ; f xy = 0 ; f yy = 6 .

Assim,

4 0
D(3,1) = = 24 .
0 6

e, portanto,
D(3,1) = 24 > 0; f xx (3,1) = 4 > 0 ⇒ no ponto (3,1) existe
iste um
mínimo relativo de f.

Como f ( x, y ) é uma função quadrática, o mínimo relativo também


ta
é um mínimo absoluto. Para determinar o valor mínimo, o, basta
determinar o valor da função no ponto (3,1), o que nos dá

f ( 3,1) = −12 .
242 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Veremos a seguir, alguns exemplos de aplicação dos extrem


mos
de funções de duas variáveis.

EXEMPLO 6 O controle da poluição muitas vezes começa co com


algum conhecimento sobre a extensão e a concentração do poluent ente.
Suponha que uma instalação industrial esteja localizada em um rrio
estreito e que C0 unidades de poluente sejam liberadas no rioo no n
instante t = 0. Em geral a concentração de poluentes dependerá tan anto
do tempo quanto da distância da instalação. Suponha quee a
concentração C(x,t) do poluente, t horas após sua liberação, em uum
ponto localizado x milhas da instalação, é dada ppor
C0 2
C ( x, t ) = e − x / 4 kt , onde k é uma constante física. Mantendo
do a
kπ t
distância x0 fixa, em que instante tm ocorre a concentração máxim ima
do poluente? Qual é a concentração máxima C(x0, tm)?
Solução
Como a distância é considerada constante, para determinar os pont
ntos
críticos, consideramos a derivada parcial de primeira ordem eem
relação a t igual a zero.
Escreva a função dada.
C0 2
/ 4 kt
C ( x, t ) = e− x
kπ t
Derive em relação à t.

∂C −C0 kπ 2 4C0 kx 2 2
( x, t ) = e − x / 4 kt + 2
e − x /4 kt
∂t 2 ( kπ t )
3
( 4kt ) kπ t
Simplifique e iguale a zero.
DERIVADAS PARCIAIS
IS 243

 
∂C C0 x 2 C0 kπ
( x, t ) =  −  e − x2 /4 kt = 0
∂t  2
 4kt kπ t 2 ( kπ t )3 
 

2
/4 kt
Resolvendo a equação e considerando o fato de que e− x ≠ 0,
2
x0
obtemos tm = como sendo o instante em que oco
corre a
2k
concentração máxima do poluente.
2C0
C ( x0 , tm ) = .
π e x0

EXEMPLO 7 Suponha que um supermercado de uma pequena


pe
cidade do interior trabalhe com duas marcas de suco de laranj
nja, uma
marca local que custa, no atacado, 30 centavos a garrafaa e uma
marca nacional muito conhecida que custa, no atacado, 40 centavos
ce
a garrafa. O dono do supermercado estima que se cobrar x centavos
ce
pela garrafa da marca local e y centavos pela garrafa daa marca
nacional, venderá, por dia, 70 – 5x + 4y garrafas da marcaa local e
80 + 6x –7y garrafas da marca nacional. Por quanto o do dono do
supermercado deve vender as duas marcas de suco de laranj nja para
maximizar seu lucro?
Solução
Sendo x centavos o preço de venda da garrafa do suco loc local e y
centavos o preço de venda da garrafa do suco nacio cional e
considerando que o lucro é dado pelo preço de venda menoss o preço
de custo do produto, segue que os lucros obtidos pela venda dde cada
garrafa do suco local e do suco nacional são dados, respectiva
vamente,
por (x – 30) e (y – 40).
244 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Como se estima que serão vendidas 70 – 5x + 4y garrafas da mar


arca
local e 80 + 6x –7y garrafas da marca nacional, segue que o luc
ucro
diário com a venda do suco de laranja é dado pela função:
f ( x, y ) = ( x − 30) (70 − 5 x + 4 y ) + ( y − 40) (80 + 6 x − 7 y ) =
= −5 x 2 + 10 xy − 20 x − 7 y 2 + 240 y − 5300,

cujos pontos críticos são dados por:

 f x = −10 x + 10 y − 20 = 0  x = 53
 ⇔ 
 f y = 10 x − 14 y + 240 = 0  y = 55.

Assim, (53, 55) é o único ponto crítico de f. Para saber se nes


esse
ponto existe um máximo, precisamos usar o teste da segun unda
derivada:

−10 10
D ( x, y ) = = 40 > 0 e f xx = −10 < 0.
10 −14

Logo, no ponto (53, 55) existe um máximo relativo de f. Com


omo
o ponto crítico é único e f é uma função quadrática, segue queue o
máximo relativo também é um máximo absoluto (global). Assim sim,
para ter o maior lucro possível com a venda dos sucos, s, o
comerciante deverá vender o suco local por 53 centavos a garrafa
fa e
o suco nacional por 55 centavos a garrafa.

EXEMPLO 8 Suponha que T graus seja a temperatura eem


qualquer ponto (x,y,z) da esfera dada por x 2 + y 2 + z 2 = 4 e qque
T ( x , y , z ) = x y 2 z . Encontre os pontos sobre a esfera ondee a
temperatura é máxima e mínima. Calcule também a temperatu
tura
nestes pontos.
Solução
Observe que a temperatura depende de três variáveis e não n
estudamos os critérios para analisar extremos neste caso. Todavia,
ia, o
DERIVADAS PARCIAIS 245

problema oferece uma restrição, ou seja, a temperatura é calculada


sobre os pontos que satisfazem a equação x 2 + y 2 + z 2 = 4 , de onde
podemos obter uma variável em função das outras duas. Por
conveniência, vamos tomar y 2 = 4 − x 2 − z 2 , a fim de evitar o
cálculo com raiz quadrada. Substituindo na expressão da
temperatura, obtemos:

( )
T ( x, z ) = xz 4 − x 2 − z 2 = 4 xz − x 3 z − xz 3 .

Derivando para achar os pontos críticos, encontramos:

Tx = 4 z − 3 x 2 z − z 3 = z (4 − 3 x 2 − z 2 ) = 0
 3 2 2 2
Tz = 4 x − x − 3 xz = x (4 − x − 3 z ) = 0

 z = 0 ou 4 − 3 x − z = 0
2 2
⇒  2 2
 x = 0 ou 4 − x − 3 z = 0,

cuja solução são os pontos:


P1(0,0); P2(0, −2); P3(0,2); P4(−2,0); P5(2,0); P6(−1, −1);
P7(−1,1); P8(1, −1); P9(1,1).
O discriminante é dado por:

−6 xz 4 − 3x 2 − 3z 2
D ( x, z ) = 2 2
= 36 x 2 z 2 − (4 − 3 x 2 − 3 z 2 ) 2 .
4 − 3x − 3 z −6 xz

Assim,
D(0,0) = −16 ⇒ (0,0) é ponto de sela.
D(0, −2) = D(0,2) = D(−2,0) = D(2,0) = − 64 ⇒ estes 4
pontos são de sela.
D(−1, −1) = D(−1,1) = D(1, −1) = D(1,1) = 32 > 0.
246 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Txx (−1, −1) = −6 ⇒ (−1, −1) é ponto de máximo local;


Txx (−1,1) = 6 ⇒ (−1,1) é ponto de mínimo local;
Txx (1, −1) = 6 ⇒ (1, −1) é ponto de mínimo local;
Txx (1,1) = −6 ⇒ (1,1) é ponto de máximo local;
Lembrando que y 2 = 4 − x 2 − z 2 , concluímos que os pontos ma
mais
quentes sobre a esfera são

(−1, − 2, −1); (−1, 2, −1); (1, − 2,1) e (1, 2,1) ,

sendo a temperatura nestes pontos igual a 2 graus. E os pontos ma


mais
frios sobre a esfera são

(−1, − 2,1); (−1, 2,1); (1, − 2, −1) e (1, 2, −1) ,

cuja temperatura é de (− 2) graus.

EXEMPLO 9 Um funcionário do setor de planejamento de uma um


determinada distribuidora verifica que as lojas dos três clientes ma
mais
importantes estão localizadas nos pontos A(1,5), B(0,0) e C(8,0 8,0),
onde as unidades estão em quilômetros. Em que ponto W(x,y) deve de
ser instalado um depósito para que a soma das distâncias do pon onto
W aos pontos A, B e C seja mínima?
Solução
O ponto W(x,y) para o qual a soma das distâncias é mínima é o
mesmo para o qual a soma dos quadrados das distâncias é mínim
ima,
isto é, o ponto para o qual a função

S ( x, y ) = ( x − 1) 2 + ( y − 5) 2 + x 2 + y 2 + ( x − 8) 2 + y 2
W a A W a B W a C
DERIVADAS PARCIAIS
IS 247

é mínima. (Trabalhando com o quadrado das distâncias, elimi


minamos
as raízes quadradas e tornamos os cálculos mais simples) es). Para
minimizar S, começamos pelos pontos críticos:

 S x = 2( x − 1) + 2 x + 2( x − 8) = 6 x − 18 = 0 x = 3

 ⇔  5
 S y = 2( y − 5) + 2 y + 2 y = 6 y − 10 = 0  y = 3

O discriminante é dado por:

6 0 2
D ( x, y ) = = 36 > 0, ∀ ( x, y ) ∈ e
0 6
2
S xx > 0, ∀ ( x, y ) ∈ .

Assim, o único ponto crítico de S é um ponto de mínimoo local.


Como a função é quadrática, é um ponto de mínimo global.
g
Portanto, a melhor localização para o depósito é no pon
onto de
 5
coordenadas W  3,  .
 3
248 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXERCÍCIOS 4.5

1. Determine todos os pontos críticos das funções abaixo e


classifique-os como um máximo relativo, um mínimo relativo ou um
ponto de sela.
a) f ( x, y ) = x 2 + y 2 b) f ( x, y ) = y 2 − x 2

c) f ( x, y) = 25 − x 2 + y 2 d) f ( x, y ) = x 3 − y 3 + 6 xy
8 8
e) f ( x , y ) = + + xy f) f(x,y) = 6x − x2 − 8y − 2y2
x y

g) f(x,y) = x4 + y4 − (x + y)2
2. Para cada uma das funções dadas, determine o ponto no qual a
função possui um máximo ou mínimo absoluto.
a) f ( x, y ) = 3 + 6 x + 4 y − 3 x 2 − 4 y 2
b) f ( x, y ) = 5 − 2 x − 6 y − 3 x 2 − 10 xy − 9 y 2

3. O que você entende por um


“mapa de contorno”? O mapa de
contorno ao lado mostra todos os
aspectos significativos da função.
Faça uma conjectura sobre o
número e a localização de todos
os extremos relativos e os pontos
de sela da função
f(x,y) = x3 – 3xy – y3

e então use o cálculo para verificar sua conjectura.


4. Encontre 3 números positivos cuja soma seja 24 e tal que seu
produto seja o maior possível.
DERIVADAS PARCIAIS 249

5. Encontre o ponto sobre a esfera x 2 + y 2 + z 2 = 4 mais próximo do


ponto (3,3,3).
6. Precisa-se construir um tanque com a forma de um paralelepípedo
para estocar 270 m3 de combustível, gastando a menor quantidade
de material em sua construção. Supondo que todas as paredes serão
feitas com o mesmo material e terão a mesma espessura, determine
as dimensões do tanque.
7. Uma firma de embalagem necessita fabricar caixas retangulares
de 64 cm3 de volume. Se o material da parte lateral custa a metade
do preço do material a ser usado para a tampa e para o fundo da
caixa, determine as dimensões da caixa que minimizam o seu custo.
8. Considere um experimento no qual um paciente executa uma
tarefa enquanto está sendo submetido a dois estímulos diferentes
(um som e uma luz, por exemplo). No caso de estímulos fracos, o
desempenho melhora, mas quando os estímulos aumentam de
intensidade, começa a distrair a atenção do paciente e o desempenho
piora. Em certo experimento, no qual o paciente é submetido a x
unidades do estímulo A e y unidades do estímulo B, o desempenho
do paciente é dado por uma função da forma:
2
− y2
f ( x, y ) = C + x y e1− x
onde C é uma constante positiva. Quantas unidades de cada estímulo
produzem o melhor desempenho possível?
9. Quatro pequenas cidades de uma região rural estão dispostas a se
associar para construir uma antena retransmissora de televisão. Se as
cidades estão localizadas nos pontos A(−5,0), B(1,7), C(9,0) e
D(0,−8) de um sistema retangular de coordenadas, no qual as
distâncias são medidas em quilômetros, em que ponto P(x,y) deve
ser instalada a antena para que a soma das distâncias entre ela e as
quatro cidades seja a menor possível?
250 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Diferencial de uma Função de Duas


Variáveis
Ao estudarmos funções de duas variáveis independentes, como
por exemplo:
volume de um cilindro circular reto:
V = π r2 h = f (r,h)
intensidade de corrente elétrica em uma resistência:
I = V/R = f (V,R)
capacidade de um capacitor:
C = S/4π e = f (S,e)
vimos que podemos variar uma das variáveis sem alterar as demais.
Se fizermos variar todas as variáveis ao mesmo tempo, é útil
podermos calcular a variação global da função, que é denominada de
diferencial total da função.
Para funções de uma variável, estudamos no Cálculo I que, para
um determinado valor x = a, uma variação em x de ∆x unidades
(para ∆x bem pequeno) resulta em uma variação em y = f(x) de
  dy  
aproximadamente dy = f ' ( x ) dx unidades  ou   .dx unidades  ,
  dx  
denominada diferencial da função y = f(x).
Para funções de duas variáveis, o raciocínio é análogo. As
derivadas parciais de z = f (x,y) indicam o quanto a função muda em
relação à pequenas alterações de suas variáveis. Em particular, se os
valores de ∆x e ∆y são pequenos, então para o ponto (a,b), uma
variação em x de ∆x unidades acarretará uma variação em f(x,y) de,
∂ f 
aproximadamente,  ( a, b)  . ∆x unidades e uma variação em y
∂ x y
de ∆y unidades, acarretará uma mudança em f(x,y) de,
DERIVADAS PARCIAIS 251

∂ f 
aproximadamente,  ( a, b)  . ∆y unidades. Assim, quando x e y
∂ y x
estiverem variando ao mesmo tempo, a variação em z será dada,
aproximadamente, pela soma desses termos, ou seja,

∂ f  ∂ f 
∆z = f (a + ∆x, b+∆y) f(a,b) ≈  ( a, b)  . ∆x +  ( a , b )  . ∆y
∂ x y ∂ y x

onde tal aproximação será tanto melhor, quando ∆x e ∆y tenderem


à zero. Chamando ∆x = dx, ∆y = dy e ∆z = dz, obtemos a seguinte
expressão

∂ f  ∂ f 
dz =  (a, b)  . dx +  (a, b)  . dy = fx (a,b) dx + fy (a,b) dy
∂ x y ∂ y x

que é denominada diferencial total de f e cujo valor depende tanto


dos valores de dx e dy quanto dos valores das derivadas parciais de f
em x = a e y = b.
Observe que a variação total real da função z = f(x,y) é dada
por:
∆z = f(a + ∆x,b+∆y) f(a,b)
e a diferencial dz é uma boa aproximação de ∆z quando ∆x e ∆y são
bem pequenos.
Para entendermos melhor o que foi feito anteriormente,
consideremos uma função A em particular, que nos dá a área de um
retângulo como função de seus dois lados, x e y.
252 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Se o lado x aumenta de ∆x unidades e o lado y permanece


constante então a mudança na área A será de ∆A = y. ∆x e,
 ∆A 
conseqüentemente, y =   .
 ∆x  y

Agora, se o lado y aumenta de ∆y unidades e x é mantido constante,


então a variação da área será de ∆A = x ∆y e, conseqüentemente,
 ∆A 
x=  .
 ∆y  x
DERIVADAS PARCIAIS 253

Se ambas as variáveis aumentarem, então a mudança na área será a


soma dessas quantidades (ver ilustração), ou seja,
∆A = y ∆x + x ∆y + ∆x ∆y
e, substituindo os valores de x e de y, obtemos

 ∆A   ∆A 
∆A =   ∆x +   ∆y + ∆x ∆y .
 ∆x  y  ∆y  x

Se as variações forem muito pequenas, podemos substituir esta


notação pela notação diferencial, ou seja,

∂ A ∂ A
dA =   dx +   dy + dx dy .
 ∂ x y  ∂ y x

Como o produto de duas quantidades muito pequenas é menor


ainda, segue que o produto dx dy pode ser desprezado sem que isto
altere de modo significativo o resultado. Portanto, segue daí a
equação para a diferencial dA, que é dada por:

∂ A ∂ A
dA =   dx +   dy .
 ∂ x y  ∂ y x
254 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXEMPLO 1 Uma das equações fundamentais da


Termodinâmica, combinando a primeira e a segunda lei da
Termodinâmica, é dada por:
dU = T dS P dV
onde U é a energia interna de um sistema termodinâmico, S é a
entropia e P, V, e T são a pressão, volume e a temperatur tura,
respectivamente. A quantidade dU é a diferencial total de U com
omo
uma função de S e V, e portanto pode ser escrita como

 ∂U   ∂U 
dU =   dS +   dV
 ∂ S V  ∂ V S

 ∂U   ∂U 
de onde segue que T =   e −P=  .
 ∂ S V  ∂ V S

EXEMPLO 2 No estudo dos fenômenos elétricos estátic ticos


(Eletrostática), Coulomb estudou o comportamento de duas carg rgas
Q1 e Q2, separadas pela distancia r, no vácuo. Ele verificou que q
aparece uma força associada às duas cargas, denominada de forç orça
elétrica, que pode ser representada pela seguinte função:
Fel = f ( Q1 , Q2 , r )
onde Fel é a força eletrostática entre as duas cargas Q1 e Q2. Atrav
avés
de seus estudos, envolvendo a variação de apenas duas dess ssas
grandezas, Coulomb obteve as relações
1
Fel ∝ Q1; Fel ∝ Q2; Fel ∝ 2 ,
r
de onde segue que:
1 1
Fel ∝ Q1 ⋅ Q2 ⋅ 2 e Fel = k1 ⋅ Q1; Fel = k2 ⋅ Q2; Fel = k3 ⋅ 2 .
r r
A diferencial dFel é definida por:
 ∂F   ∂F   ∂F 
dFel =  el  ⋅ dQ1 +  el  ⋅ dQ2 +  el  ⋅ dr
 ∂Q1 Q2 ,r  ∂Q2 Q1 ,r  ∂r Q1 ,Q2
DERIVADAS PARCIAIS
IS 255

onde
 ∂Fel   ∂F   ∂F   2
  = k1 ;  el  = k 2 e  el  = k3 ⋅  − 3  .
 ∂Q1 Q2 ,r  ∂Q2 Q1 ,r  ∂r Q1 ,Q2  r 

EXEMPLO 3 Seja z = x2 y.
a) Calcule a diferencial total dz, quando variamos (x,y) de x = 1 e
y = 2 para x = 1,02 e y = 2,01.
b) Calcule ∆z, quando variamos (x,y) de x = 1 e y = 2 para x = 1,02 e
y = 2,01.
c) Verifique a relação existente entre dz e ∆z. Determine a diferença
dif
entre os valores de dz e de ∆z.
Solução
a)
f x = 2 xy 
2 
⇒ dz = 2 xy dx + x 2 dy
f y = x 
⇒ dz = 2 ⋅1 ⋅ 2 ⋅ 0,02 + 1 ⋅ 0,01 = 0,08 + 0,01 = 0,09
0,

b)
2
∆z = f ( x + 0,02; y + 0,01) − f ( x, y ) = ( x + 0,02 ) ( y + 0,01) − x 2 y =
( )
= x 2 + 0,04 x + 0,0004 ( y + 0,01) − x 2 y =
2
= 0,01x + 0,04 xy + 0,0004 x + 0,0004 y + 0,000004 =
= 0,01 + 0,08 + 0,0004 + 0,0008 + 0,000004 = 0,091204

c) ∆z ≈ dz a menos de uma diferença que é igual a


valor real (∆z) valor aproximado (dz) = 0,001204
Observe que essa diferença é bem pequena, e isso se deve aoo ffato de
que os valores de ∆x e de ∆y também o são.
OBS:
256 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Podemos escrever a diferencial dz, para uma função z = f(x,yy),


do seguinte modo:
∂z ∂z ∂f ∂f
dz = dx + dy ou df = dx + dy
∂x ∂y ∂x ∂y

EXEMPLO 4 A superfície de um retângulo é dada ppor


S = b ⋅ h = f ( b, h ) onde b é a base do retângulo e h é a altura. Se a
base b variar de db = 1 cm e a altura h de dh = 10 cm, de quantoo irá
i
variar a superfície S se h = 10m e b = 10m?
Solução
∂f ∂f
dS = db + dh onde S = b.h
∂b ∂h
∂f ∂f
=h e = b ⇒ dS = 10×0,01 + 10×0,1 = 1,1m2,
∂b ∂h

ou seja, a superfície S variará de 1,1m2.

EXEMPLO 5 Calcule aproximadamente a variação na pressãoo de


um gás ideal se o volume está variando de 20.000 litros para 19.80
.800
litros, a temperatura está variando de 298,15K para 299K, e o
número de moles está variando de 1,0000 para 1,0015. Considere re a
-1 -1
constante R = 8,3144 Jk mol . Compare com o valor exato.
Solução
Observe que os dados fornecidos pelo problema são:
V = 20.000; dV = 200
T = 298,15; dT = 0,85
n = 1,0000; dn = 0,0015
R = 8,3144
e que os gases ideais satisfazem a equação:
DERIVADAS PARCIAIS
IS 257

nRT
PV = nRT ⇒ P=
V
de onde concluímos que

∂P ∂ P  ∂ P
dP =   dV +   dT +   dn =
 ∂ V  n ,T  ∂ T n ,V  ∂ n V ,T

− nRT nR RT
= 2
dV + dT + dn = 1,779 × 10−3 Nm -22
V V V
1 J = 1 Nm
∆P = P(n2 ,V2 ,T2 ) P(n1 ,V1 ,T1 ) = 1,797×10 3 N/m2 (Pascal)
al)

∆P − dP = 0,000018 = 1,8 ×10−5 é a diferença na aproximaç


ação de
∆P por dP.

OBS:
Observe que no Exemplo 4, o cálculo de ∆P foi mais
simples que o de dP, o que na maioria das veze zes não
acontece. Na Físico-Química, frequentemente te nos
deparamos com o fato de não conhecermos uma fó fórmula
para uma função e sabermos apenas os valore res das
derivadas parciais e, neste caso, o cálculo de dP seria
necessário.

EXEMPLO 6 Sabendo que V = V(P,T) onde P (press ssão), V


(volume) e T (temperatura) são propriedades de esta stado e
considerando que as leis de Boyle (T = cte) e de Gay-Lussasac (P =
cte) para os gases ideais são dadas, respectivamente por:
258 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

V
PV = C1 e = C2
T
onde C1 e C2 são constantes, obtenha a equação do gás ideal PV = kT
onde k = nR é uma constante.
Solução
 ∂V   ∂V 
V = V(P,T) dV =   dP +   dT
 ∂P T  ∂T  P
onde as derivadas parciais representam o comportamento dos gas ases
ideais de acordo com as leis de Boyle e de Gay-Lussac. Deste mod odo,
as derivadas parciais podem ser calculadas a partir das leis dadas:
V  ∂V 
Lei de Gay-Lussac : = C2 V = C2 T   = C2
T  ∂T  P
1  ∂V  C1
Lei de Boyle : PV = C1 V = C1   =− 2
P  ∂P T P
Substituindo esses resultados na expressão da diferencial total, seg
egue
que:

 ∂V   ∂V  C1
dV =   dP +   dT = C2 ⋅ dT − 2 ⋅ dP
 ∂P T  ∂T  P P
Substituindo as constantes C1 e C2 pelos seus valores nas respectiv
tivas
leis empíricas, segue que:
C1 V PV dV dT dP
dV = C2 ⋅ dT − 2
⋅ dP = ⋅ dT − 2 ⋅ dP = −
P T P V T P
Integrando essa equação diferencial, obtemos:
dV dT dP
∫ V =∫ T −∫ P ln V = ln T − ln P + k1

kT
lnV = ln T − ln P + ln k = ln para k1 = lnk.
P
kT kT
∴ ln V = ln ⇒ V= ⇒ PV = kT .
P P
DERIVADAS PARCIAIS
IS 259

EXEMPLO 7 O comportamento termodinâmico de um gás gá puro


pode ser estudado pela função f ( P,V , T ) = 0 . A part
artir das
diferenciais dP e dV, mostre que:
 ∂P  1
(i)   = ∂V
 ∂V T  
 
 ∂P T
 ∂P   ∂V   ∂P 
(ii)   ⋅  +  =0
 ∂V T  ∂T  P  ∂T V
 ∂P   ∂V   ∂T 
(iii)   ⋅  ⋅  = −1
 ∂V T  ∂T  P  ∂P V
Solução
Para calcular dP escrevemos P = f (V , T ) e para calcul
ular dV
escrevemos V = g ( P, T ) . Assim, temos que:

 ∂P   ∂P   ∂V   ∂V 
dP =   dV +   dT e dV =   dP +   dT
 ∂V T  ∂T V  ∂P T  ∂T  P
Substituindo dV na diferencial de P, obtemos:

 ∂P   ∂V   ∂V    ∂P 
dP =     dP +   dT  +   dT =
 ∂V T  ∂P T  ∂T  P   ∂T V
 ∂P   ∂V   ∂P   ∂V   ∂P  
=  ⋅  dP +   ⋅  +   dT
 ∂V T  ∂P T  ∂V T  ∂T  P  ∂T V 
Segue daí que:
  ∂P   ∂V    ∂P   ∂V   ∂P  
1 −   ⋅   dP =   ⋅  +   dT
d
  ∂V T  ∂P T   ∂V T  ∂T  P  ∂T V 
Para que a igualdade anterior seja verdadeira, os termos den
entro do
colchete, nos dois lados da igualdade, devem ser iguais a zero.
Portanto, temos que:
260 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

  ∂P   ∂V    ∂P   ∂V 
1 −   ⋅  =0 ⇒   ⋅  =1
  ∂V T  ∂P T   ∂V T  ∂P T
 ∂P  1
⇒   = ∂V
 ∂V T  
 
 ∂P T
e
 ∂P   ∂V   ∂P 
  ⋅  +  =0 ⇒
 ∂V T  ∂T  P  ∂T V

 ∂P   ∂V   ∂P  1
⇒   ⋅  = −  = − ∂T
 ∂V T  ∂T  P  ∂T V  
 
 ∂P V
Portanto,
 ∂P   ∂V  1  ∂P   ∂V   ∂T 
  ⋅  = − ∂T ⇒   ⋅  ⋅  = −1.
 ∂V T  ∂T  P    ∂V T  ∂T  P  ∂P V
 
 ∂P V

OBS:
1. Análogo ao caso de funções de uma variável, co
com
funções de duas ou mais variáveis também podem
mos
calcular a variação percentual ou relativa da função,
o, a
qual nos dá uma visão mais adequada da variação. Para
Pa
isso, basta fazermos
dz df
ou
z f
2. Todas as definições e resultados válidos para funçõess dde
duas variáveis são estendidos para funções de trêss ou
o
mais variáveis.
DERIVADAS PARCIAIS
IS 261

EXEMPLO 8 Um balão meteorológico é liberado ao ní


nível do
mar, a uma distância R do olho de um furacão, e sua altitude
a
aumenta à medida que ele se move em direção ao olho. A altura
a h
que o balão atingirá no olho pode ser aproximada por

R4
h = π2 g
C2
onde g é uma constante gravitacional e C é uma Con
onstante
meteorológica chamada circulação da velocidade do vento.
o. Se os
erros percentuais máximos nas medidas de R e h são ≤2% e ≤5%,
respectivamente, estime o erro percentual máximo no cálculoo de
d C.
Solução
Inicialmente devemos escrever C como função de R e h,, já que
queremos analisar o erro percentual de C. Isolando C na eq
equação
dada, obtemos

R2
C = πg1/ 2 .
h1/ 2
Se os erros nas medidas de R e h são, respectivamente, dR e dh,
então o erro em C pode ser aproximado por

∂C ∂C 2R 1 R2
dC = dR + dh = πg1/ 2 1/ 2 dR − πg 1/ 2 .
∂R ∂h h 2 h3 / 2
Como estamos interessados em erros percentuais, dividimos am
ambos
os membros desta equação por C, obtendo
dC dR 1 dh
=2 − .
C R 2 h
262 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Para determinar o erro percentual máximo precisamos analisarr os


erros nas quatro situações possíveis:
(i) dR/R = 2% e dh/h = 5%
Neste caso teremos
dC 1
= 2.(2%) − .(5%) = 2.(0,02) − 0,5.(0,05) = 0,015 = 1,5%.
%.
C 2
(ii) dR/R = 2% e dh/h = –5%
Neste caso,
dC 1
= 2.(2%) − .( −5%) = 2.(0,02) − 0,5.(−0,05) = 0,065 = 6,5
6,5%.
C 2

(iii) dR/R = –2% e dh/h = +5%


Neste caso,
dC 1
= 2.( −2%) − .(5%) = 2.(−0,02) − 0,5.(0,05) = −0,065 = −6,5%.
C 2

(iv) dR/R = –2% e dh/h = –5%


Neste caso,
dC 1
= 2.(−2%) − .(−5%) = 2.(−0,02) − 0,5.(−0,05) = −0,0155 = −1,5%.
C 2

Logo, o erro percentual máximo no cálculo de C será de 6,5%


,5%,
para mais ou para menos.
DERIVADAS PARCIAIS 263

EXERCÍCIOS 4.6

1. Calcule a diferencial total das funções abaixo:


a) f (x,y) = x2 sen(y) +2 y3/2 ; b) f (x,y) = x2 exy +(1/y2)
2 2
c) f (x,y,z) = ln(x +y ) + tg(z); d) f (x,y,z,t) = x2z + 4yt3 – xz2 t

2. Por meio de diferenciais, calcule o valor da variação de f para as


variações indicadas nas variáveis independentes:
a) f (x,y) = x2–3x3y2 + 4x – 2y3 + 6; (–2; 3) para (–2,02; 3,01);
b) f (x,y) = x2 –2xy +3y; (1; 2) para (1,03; 1,00);
c) f (x,y,z) = x2z3 – 3yz2 + x-3 + 2y1/2z; (1;4;2) para (1,02; 3,97;
1,96);
d) f (x,y,z) = xy + xz + yz; (–1; 2; 3) para (–0,98; 1,99; 3,03).
3. Um cilindro tem 10m de altura e 5m de raio da base. Aumenta-se
h de 10 cm e R de 1cm. Calcule a variação do volume. Quanto falta
a dV para termos a variação exata do volume?
4. As dimensões de uma caixa retangular fechada são 1m, 2m e 3m,
com erro possível de 0,16 cm em cada medida. Por meio de
diferenciais, aproxime o erro máximo e o erro percentual no valor
calculado da área da superfície e do volume da caixa.
5. O fluxo sanguíneo através de uma arteríola é dado por F =
pPR4/(8vL), onde L é o comprimento da arteríola, R é o raio, P é a
diferença e pressão entre as duas extremidades e v é a viscosidade
do sangue. Suponha que v e L sejam constantes. Por meio de
diferenciais, aproxime a variação percentual no fluxo sangüíneo , se
o raio decresce de 2% e a pressão aumenta de 3%.
6. Se um remédio é ingerido por via oral, o tempo T durante o qual a
maior quantidade do remédio permanece na corrente sanguínea pode
ser calculado com o auxílio da meia-vida x do remédio no estômago
e a meia-vida y do remédio na corrente sanguínea. Para muitos
remédios comuns (como a penicilina, por exemplo), T é dado por
264 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

xy (ln x − ln y )
T= .
( x − y ) ln 2

Para certo remédio, x = 30 min e y = 1h. Se o erro máximo na


estimativa de cada meia-vida é de ≤10%, encontre o erro máximo
no valor calculado de T.
7. Seja uma resistência R percorrida por uma corrente de intensidade
I onde V é a d.d.p ( diferença de potencial) e I = V/R. Se
V = 100 volts, R = 100ohms, dV = 1 volt e dR = 2 ohms, qual é a
variação de I?
8. As massas de metais A e B depositadas em duas cubas, pela
passagem de uma mesma quantidade de carga elétrica Q, são
diretamente proporcionais aos equivalentes gramas dos metais, ou
seja, m = k1E. As massas de um mesmo metal depositadas pela
passagem de corrente elétrica são diretamente proporcionais à
quantidade de carga elétrica que atravessa a cuba, ou seja, m = k 2Q .
O fenômeno de eletrólise pode ser representado pela função
f(m,E,Q) = 0 tal que m = m(E,Q). Sabendo que a massa depositada
pela passagem de carga elétrica igual ao Faraday (F) é igual ao seu
equivalente grama (ou seja, Q = F m = E), deduza a equação
 E ⋅Q E ⋅i ⋅t 
do fenômeno de Eletrólise  m = =  , empregando o
 F F 
conceito de diferencial total (procedimento análogo ao do exemplo
6).
9. Considerando um componente puro, os estados monofásicos
podem ser representados pela seguinte função de estado:
f ( P,V , T ) = 0 tal que V = V(P,T).
DERIVADAS PARCIAIS 265

 dV 
(a) Encontre a equação diferencial   envolvendo os
 V 
1  ∂V 
coeficientes de expansão térmica α =   e o coeficiente de
V  ∂T  P
1  ∂V 
compressibilidade isotérmica β = −   a partir da expressão
V  ∂P T
da diferencial total de V.
(b) Interprete o resultado obtido para o caso em que α = 0 e β = 0.
(c) Considerando que para a acetona, a 200C e 1 bar de pressão, os
valores de α e β são dados por
α = 1,487 ⋅10 −3 0
C −1 e β = 6,2 ⋅10 −5 bar −1 ,
 ∂P 
calcule o valor da derivada   .
 ∂T V
(d) Integre a equação obtida no item (a) supondo α e β constantes, e
pequenas variações de P e T. Calcular o valor do volume sabendo
que a pressão variou de 10 bar e a temperatura de 100C, e que o
volume inicial é de 1,287 cm3.

Propriedades de Diferenciais
Dada uma função definida implicitamente pela equação
F ( x, y , z ) = 0 , onde x, y e z são propriedades de um sistema,
algumas propriedades para as derivadas parciais podem ser
estabelecidas.
266 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

1. A derivada total

Consideremos uma função de duas variáveis z = f ( x, y ) onde


x = x ( t ) e y = y ( t ) x = x(t) e y = y(t). Então z = f(x(t),y(t)) é função

de uma única variável t e existe a derivada dz , denominada de


dt
derivada total de z em relação a t.
Vimos que a variação de z = f (x,y), quando x e y variam de
quantidades pequenas ∆x e ∆y, é dada aproximadamente por

 ∂f   ∂f 
∆z = ≈  ( a, b) . ∆x +  ∂y ( a, b ) . ∆y
 ∂x y  x

Dividindo esta expressão por ∆t, obtemos

∆z  ∂z  ∆x  ∂z  ∆y
≈  + 
∆t  ∂x  y ∆t  ∂y  x ∆t

e, no limite ∆t → 0, temos que


dz  ∂z  dx  ∂z  dy
=  +  ,
dt  ∂x  y dt  ∂y  x dt

que é um caso particular da regra da cadeia, conforme estudado


anteriormente.
Observe que o mesmo resultado poderia ser obtido, dividindo a
diferencial total abaixo por dt.

 ∂z   ∂z 
dz =   dx +   dy
 ∂x  y  ∂y  x
DERIVADAS PARCIAIS 267

2. Caminhando sobre um contorno

Suponhamos que aconteçam mudanças em x e y que deixem o


valor da função z = f ( x, y ) inalterado.

Na figura acima, o plano ABC é paralelo ao plano-xy e,


portanto, em todos os pontos sobre a curva APB o valor da função z
é constante. Neste caso,
 ∂z   ∂z 
∆z = 0 ≈   ∆x +   ∆y.
 ∂x  y  ∂y  x

Dividindo a expressão por ∆x, obtemos

 ∂z   ∂z  ∆y
0 ≈   +  .
 ∂x  y  ∂y  x ∆x
∆y
e fazendo ∆x → 0, temos que a razão se aproxima da derivada
∆x
de y em relação a x, mantendo z constante
 ∂z   ∂z   ∂y 
0 =  +    .
 ∂x  y  ∂y  x  ∂x  z

Rearranjando esta equação, obtemos a seguinte expressão:


268 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

 ∂z 
 
 ∂y   ∂x  y
  =−
 ∂x  z  ∂z 
 
 ∂y  x
 ∂z  1
e, como   = , a equação pode ser escrita como
 ∂x  y  ∂x 
 
 ∂z  y
 ∂x   ∂y   ∂z 
      = −1 (Regra Cíclica)
 ∂y  z  ∂z  x  ∂x  y

A presença do sinal de menos na equação pode ser explicada


geometricamente. A figura ao lado mostra que para o movimento ao
longo da curva que vai do ponto P até o ponto Q, ∆y é
necessariamente positivo, mas ∆x é negativo (ou vice-versa para o
 ∂y 
movimento de Q a P) o que significa que   é negativo.
 ∂x  z

 ∂x   ∂y   ∂z 
OBS: A expressão       = −1 comprova o
 ∂y  z  ∂z  x  ∂x  y
fato de que as derivadas parciais não podem ser
DERIVADAS PARCIAIS 269

consideradas (como no caso das derivadas de funções de


uma variável) como quocientes, pois se assim fosse, o
produto deveria ser igual a +1 e não −1 .

3. Diferencial exata

Na Termodinâmica freqentemente nos deparamos com uma


relação da forma
dz = M (x,y) dx + N (x,y) dy

onde M (x,y) e N (x,y) são funções de x e y, z = f (x,y) tais que


 ∂z   ∂z 
  = M ( x, y ) e   = N ( x , y ) .
 ∂x  y  ∂y  x
Quando a relação de reciprocidade de Euler
∂ ∂
M ( x, y ) = N ( x, y ) estiver satisfeita, diremos que a diferencial
∂y ∂x
total dz é uma diferencial exata.

Observe que a relação de Euler pode também ser escrita na


forma:
∂2 z ∂2 z
=
∂x∂y ∂y∂x
que é uma maneira simplificada de representar a expressão:

 ∂  ∂z    ∂  ∂z  
    =   
 ∂x  ∂y  x  y  ∂y  ∂x  y  x
270 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

As grandezas que fazem parte dos processos termodinâmicos


são identificadas como propriedades de estado (ou propriedades do
sistema ou propriedades termodinâmicas) e propriedades da
transformação.
1) As propriedades de estado são as denominadas de funções
de estado; ou seja, são as grandezas que caracterizam, através
do valor que assumem, cada estado de um sistema
termodinâmico e são representadas por uma diferencial exata.
Alguns exemplos dessas grandezas são: pressão (P), volume
(V), temperatura (T), massa (m), energia interna (U), entalpia
(H), entropia (S), energia livre de Gibbs (G).
2) As propriedades da transformação são as denominadas de
funções de linha; ou seja, são grandezas físicas que
caracterizam, através do valor que assumem, cada tipo de
transformação que um sistema passou, para ir de um estado
inicial a um estado final. São representadas por uma
diferencial inexata. Exemplos dessas grandezas são: o calor
(Q) e o trabalho (W).

OBS:
1. As operações matemáticas, resultantes da aplicação do
conceito de diferencial a cada tipo de função (de estado e de
linha), são diferentes. Como consequência desse fato, sua
representação simbólica (no contexto da Termodinâmica)
costuma ser diferente. Sendo assim, vamos adotar a seguinte
simbologia para o conceito de diferencial:
d diferencial exata δ diferencial inexata

2. A diferencial exata só pode ser escrita para grandezas que


sejam funções de estado (propriedades de um sistema).
DERIVADAS PARCIAIS
IS 271

Se considerarmos 1 mol de um gás ideal obedecendo


do a lei
PV = RT , então a diferencial
 ∂V   ∂V  R RT
dV =   dT +   dP = dT − 2 dP
 ∂T  P  ∂ P T P P

∂ R R ∂  R
RT 
é uma diferencial exata pois  =− 2 = − 2  .
∂ PP P ∂T  P 

RT
O trabalho feito, δ W = P dV = −RdT +
dP , quan
ando um
P
gás está em expansão não é uma diferencial exata pois

∂ ∂  RT  R
(− R) = 0 e  =
∂P ∂T  P  P
e, portanto, a relação de reciprocidade de Euler nã
não está
satisfeita.

EXEMPLO Mostre que a diferencial do calor é inexata (o calor


não é uma função de estado).
Solução
Para mostrar que a diferencial do calor é inexata, temos que mostrar
m
que a regra de Euler não é satisfeita. A partir do primeiro princípio
pri
da Termodinâmica, temos que:
dU = δ Q − δ W = δ Q − PdV
variação variação variação
da energia do calor do trabalho

Rearranjando a equação, obtemos:


δ Q = dU + PdV
onde
 ∂U   ∂U 
dU =   dS +   dV
 ∂ S V  ∂ V S
272 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

considerando U = f (V , T ) .
Portanto,

 ∂U   ∂U   ∂U   ∂ U  
δQ =   dV +   dT + PdV =   dT +   + P  dV .
 ∂ V T  ∂ T V  ∂ T V  ∂ V T 

Aplicando a regra de Euler, temos que:

 ∂  ∂U    ∂  ∂U  
    =    + P 
 ∂V  ∂ T V T  ∂T   ∂ V T  V

 ∂  ∂U    ∂  ∂U    ∂P 
⇒     =    + 
 ∂V  ∂ T V T  ∂T  ∂ V T V  ∂T V

Como a energia interna U, o volume V e a temperatura T são s


funções de estado, elas satisfazem a regra de Euler, ou seja,
 ∂  ∂U    ∂  ∂U  
    =   
 ∂V  ∂ T V T  ∂T  ∂ V T V
Portanto,
 ∂P 
  = 0 ⇒ P = constante
 ∂T V
Mas, se P é constante e coincide com a pressão do sistema entã tão,
como V também é constante, segue que a temperatura será constan
tante
e, portanto, a derivada corresponde a um estado do sistema e não
ão a
uma transformação. Assim, para que seja uma transformação dev eve-
se ter:
 ∂P 
  ≠0
 ∂T V
e, portanto, a regra de Euler não será válida.
DERIVADAS PARCIAIS 273

EXERCÍCIOS 4.7

1. A energia interna de um gás ideal monoatômico é dada por


3 3
U = nRT = PV .
2 2
(a) Escreva uma expressão para a diferencial total dU;
(b) Mostre que a diferencial dU é exata;
(c) Considerando que δ QR = dU + δWR e que δWR = P dV, escreva
uma expressão para a diferencial δ QR, em termos de P e de V, e
mostre que é uma diferencial inexata;
δQR
(d) Mostre que é uma diferencial exata.
T
2. As leis da eletrólise de Faraday podem ser expressas pela função
m = m(E, Q), onde m é a massa depositada, q é a carga elétrica que
atravessa a cuba no tempo t e E é o equivalente grama do metal
depositado. Represente essa função na forma da diferencial total dm,
e interprete suas derivadas parciais.
3. Verifique se a relação
RT
dY = dP − RdT
P
é uma diferencial exata ou não.

Derivação Implícita
Seja z = f ( x, y ) diferenciável, definida implicitamente por
F ( x, y , z ) = 0 . Como z é função de duas variáveis independentes,
∂z ∂z
admitirá duas derivadas parciais, ou seja, e . Temos então:
∂x ∂y
274 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

∂  ∂F  dx  ∂F  dy  ∂F  ∂z
F ( x, y , z ) =   +  + =0
∂x  ∂x  y , z dx  ∂y  x , z dx  ∂z  x , y ∂x

dy/dx = 0, pois y não


é função de x

∂  ∂F  dx  ∂F  dy  ∂F  ∂z
F ( x, y , z ) =   +  + =0
∂y  ∂x  y , z dy  ∂y  x , z dy  ∂z  x , y ∂y

dx/dy = 0 pois x
não é função de y

 ∂F 
 
 ∂F   ∂F  ∂z  ∂z   ∂x  z , y
⇒  ∂x  +  ∂z  ∂x = 0 ⇒   = − ∂F
 ∂x  y  
y,z x, y
 
 ∂z  x , y
 ∂F 
 ∂y 
 ∂F   ∂F  ∂z  ∂z    x, z
 ∂y  +  ∂z  ∂y = 0 ⇒   = − ∂F
  x,z   x, y  ∂y  x  
 
 ∂z  x , y

EXEMPLO 1 Sabendo que z é função implícita de x e y, dada


da
∂z ∂z
pela equação, ln ( x + yz ) = 1 + xy 2 z 3 , determine e .
∂x ∂y
Solução
Considere
F ( x, y , z ) = ln ( x + yz ) − 1 − xy 2 z 3 .
Temos então:
DERIVADAS PARCIAIS
IS 275

 ∂F  1  ∂F  z
  = − y 2 z3 ;   = − 2xyz3
 ∂x  y, z x + yz ∂y
  x, z x + yz

 ∂F  y
  = − 3xy2 z 2
 ∂z  x, y x + yz
Portanto,

∂F −1 + y 2 z 3 ( x + yz )
 ∂z  ∂x = ( x + yz ) xy 2 z 3 + y 3 z 4 − 1
 ∂x  = − =
 y ∂F y − 3 xy 2 z 2 ( x + yz ) y − 3 x 2 y 2 z 2 − 3 xyy 3 z 3
∂z ( x + yz )
3
∂F − z + 2 xyz ( x + yz )
 ∂z  ∂y ( x + yz ) 2 x 2 yz 3 + 2 xy 2 z 4 − z
  = − = = .
 ∂y  x ∂F y − 3xy 2 z 2 ( x + yz ) y − 3 x 2 y 2 z 2 − 3xy 3 z 3
∂z ( x + yz )

EXEMPLO 2 Sabendo que y é função implícita de x e z,


z dada
∂y ∂y
pela equação, 4x2 3xyz + y3z y = 13. Encontre e
∂x ∂z
quando x = 1, y = 0 e z = 3.
Solução
Considere F(x,y,z) = 4x2 3xyz + y3z y 13
Temos então:
∂F ∂F ∂F
= 8x 3yz , = 3xz +3y2 z 1 , = 3xy + y3
∂x ∂y ∂z
∂F
∂y 3 yz − 8 x
⇒ = − ∂x =
∂x ∂ F −3xz + 3 y 2 z − 1
∂y
276 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

∂F
∂y 3 xy − y 3
⇒ = − ∂z = .
∂z ∂F −3 xz + 3 y 2 z − 1
∂y

EXERCÍCIOS 4.8

1. Sabendo que y é dado implicitamente como uma funçã nção


∂y ∂y
diferenciável de x e z, determine e para as funções dadas.
∂x ∂z
xz cos ( x − y ) sen ( x + y )
a) xy2 z2 2x2yz + z3 = 2 b) − =0
y z2 2 − z3

 ∂V 
2. Calcule   para a equação de Berthel
elot
 ∂T  P
 a 
P+ 2  ( )
V − b = RT (equação, proposta em 1899, que procurourou
 TV 
melhorar os resultados previstos pela equação de van der Waa aals,
a
substituindo o parâmetro a por , com o objetivo de mostrar quee as
T
forças de interação entre partículas deve diminuir com o aumentoo da
temperatura).

EXERCÍCIOS EXTRAS
1. Ache a primeira e a Segunda derivadas de:
a) z = 2x2y + cos (x + y) b) z = sen (x+y) ex-y
2. Calcule as derivadas parciais em relação à x e a y das funções
dadas.
DERIVADAS PARCIAIS 277

1 x
a) f (x,y) = 5x4 y3 + 2x3 y 7x + 8 b) z = f  
y  y

 x x2 + y
c) z = f  cos  d) z =
 y x+ y

e) z = x 3 ln(2 − x 2 − y ) f) z = 3xy e2xy

x  y
g) z = 3 cos − ln   h) g(x,y) = 7yx
y x

3. Sabendo que w = xy + z4 , onde z = f (x,y), fx (1,1) = 4 e


∂w
f (1,1) = 1 , calcule (1,1).
∂x
4. Determine uma função f(x,y) que satisfaça


 f x = 4 x3 y 2 − 7 y


 y
 f y = 2 x4 y − 7 x + 2
 y +1

5. Calcule as derivadas parciais das funções dadas.

a) f ( x, y ) = 6 xy b) f ( x, y ) = 3 x 2 + 2 y − 3

c) f ( x, y ) = 3 x 2 e y d) f ( x, y ) = 3 x + 2e xy

x2 f) h ( x, y ) =
x
e) f ( x, y ) =
y 1+ ey

g) f ( x, y ) = ( 3 x − y + 4 )
2
h) f ( x, y ) = ( y − ln x ) e xy
278 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

3 xy
i) f ( x, y ) = y
ey j) f ( x, y ) = x 2sen
x
6. A função entropia S para 1 mol de um gás ideal monoatômico
pode ser expressa em termos do volume V e da temperatura T pela
equação
 5V 3
 e2 
S = R ln  3 (2π m k T ) 
2

 Lh 
 
onde R, m, k, h são constantes e L é a constante de Avogrado.
∂S C
a) Sabendo que   = v , onde CV é a capacidade de calor do
 ∂T  v T
gás a volume constante, escreva uma expressão para CV.
b) Usando a equação de estado para um gás ideal, PV = RT, escreva
S em termos de T e P.
∂S C
c) Sabendo que   = P , onde CP é a capacidade de calor do
 ∂T  P T
gás a pressão constante, escreva uma expressão para CP.
CP
d) Calcule o valor de .
CV
 ∂V   ∂V 
7. Ache   e   para a equação de van der Waals
 ∂T  P ,n  ∂P T ,n
 n2 a 
 P +  (V − nb ) − nRT = 0 onde a e b são constantes.
 V2 
DERIVADAS PARCIAIS 279

8. Se uma corrente constante de I ampères passa por um circuito de


RI 2t
resistência R ohms durante t segundos, produz H ( I , t ) =
4,18
calorias. Qual é a taxa de produção de calor em relação ao tempo?
9. Se um gás tem densidade de ρ0 gramas por centímetro cúbico, a
0°C e 760 milímetros de mercúrio (mm), então sua densidade a T°C
 T  760 g
e pressão P mm é ρ(T , P ) = ρ0 1 +  . Quais são as
 273  P cm 3
taxas de variação da densidade em relação à temperatura e à
pressão?
10. A área A da superfície lateral de um cone circular reto de altura
h e raio da base r é dada por A = πr h 2 + r 2 .
a) Se r é mantido fixo em 3cm, encontre a taxa de variação de A em
relação a h no instante em que h = 7cm;
b) Se h é mantido fixo e, 7cm, encontre a taxa de variação de A em
relação a r no instante em que r = 3cm.
11. Sabendo que o coeficiente de compressibilidade de um fluido β
1  ∂V 
é dado por: β = −   e que seu módulo de elasticidade
V  ∂P T
1  ∂P 
volumétrica B é dado por: B = , mostre que B = µ ⋅   onde
β  ∂V T
m
µ= .
V

 ∂H  5
12. Sabendo que   = CP e que para um gás ideal, CP = R
 ∂T  P 2
(onde R é uma constante), determine o formato das isóbaras (P
constante) de um gás ideal no plano H × T. Depois disso, verifique
280 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

se é possível saber, a partir das informações dadas, se a curva


isóbara passa pela origem ou não.
13. A lei de um gás ideal diz que PV = nRT para n mols de um gás
ideal, onde P é a pressão exercida pelo gás,V é o volume do gás, T é
a temperatura e R é uma constante (a constante do gás). Calcule o
∂V ∂T ∂P
produto ⋅ ⋅ .
∂T ∂V ∂V
14. Suponha que a temperatura do ar é T (°F) , e a velocidade do
vento é v (mph). Então, a temperatura equivalente com o fator vento
é dada pela função

 T , se 0 ≤ v < 4

W (T ,V ) = 91,4 + (91,4 − T )(0,0203v − 0,304 v − 0,474) , se 4 ≤ v ≤ 45
 1,6 T − 55 , se v > 45

∂W ∂W
a) Encontre e , e calcule estas derivadas parciais para o
∂T ∂v
caso em que T = 30°F e v = 20mph.
∂W ∂W
b) Resolva as equações =0 e = 0 . Existem números T e
∂T ∂v
v que satisfaçam ambas as equações simultaneamente?
15. Considere uma barra metálica aquecida desigualmente colocada
ao longo do eixo-x, com a extremidade esquerda na origem e x
medido em metros.

x (m)
0 1 2 3 4 5
Seja u (x) a temperatura em °C da barra no ponto x . A tabela abaixo
dá os valores de u (x) .
x (m) 0 1 2 3 4 5

u (x) ( °C) 125 128 135 160 175 160


DERIVADAS PARCIAIS 281

Avalie a derivada u ' ( 2 ) , usando a tabela e explique o que a resposta


significa em termos de temperatura.
16. Considere uma placa metálica fina retangular aquecida
desigualmente colocada sobre o plano-xy, com o canto inferior
esquerdo na origem e x e y medidos em metros.

A temperatura (em °C) no ponto (x,y) é T(x,y) e seus valores são


dados na tabela abaixo.
y (m)
3 85 90 110 135 155 180
2 100 110 120 145 190 170
1 125 128 135 160 175 160
0 120 135 155 160 160 150
0 1 2 3 4 5 x (m)

Denotando u ( x ) = T ( x,1) , a temperatura da placa ao longo da reta


y = 1, e v ( y ) = T ( 2, y ) , a temperatura da placa ao longo da reta
x = 2, calcule u ' ( 2 ) e dê um significado para esta derivada. Calcule
também v ' (1) e dê um significado para esta derivada.

17. (a) Ao redor do ponto (1,0), a função


z = f ( x, y ) = x 2 ( y + 1)
é mais sensível a variações em x ou y? Justifique sua resposta.
282 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

(b) Qual razão entre dx e dy fará dz igual a zero em (1,0)?


18. Uma empresa produz tanques cilíndricos circulares, para
armazenamento de melaço, que tem 25 pés de altura com raio de 5
pés. Qual é a sensibilidade do volume dos tanques a pequenas
variações da altura e do raio? Agora troque os valores de r para
r = 25 e de h para h = 5 e analise novamente qual é a sensibilidade
do volume dos tanques a pequenas variações da altura e do raio. O
que você pode concluir acerca da sensibilidade das funções a
pequenas variações nas variáveis das quais ela depende?
19. O período T de um pêndulo simples com pequenas oscilações é
L
calculado através da fórmula T = 2π , onde L é o comprimento
g
do pêndulo e g é a aceleração da gravidade. Suponha que os valores
de L e g tenham erros de, no máximo, 0,5% e 0,1%,
respectivamente. Use diferenciais para aproximar o erro percentual
máximo no valor calculado de T.
20. De acordo com a lei dos gases ideais, a pressão, a temperatura e
kT
o volume de um gás confinado estão relacionados por P = , onde
V
k é uma constante. Use diferenciais para aproximar a variação
percentual na pressão, se a temperatura de um gás tiver aumentado
em 3% e o volume tiver aumentado em 5%.
21. A resistência total R de três resistências R1, R2 e R3 conectadas
em paralelo é dada por
1 1 1 1
= + + .
R R1 R2 R3
Suponha que R1 = 100 ohms, R2 = 200 ohms e R3 = 500 ohms, com
um erro máximo de 10% em cada um. Use diferenciais para
aproximar o erro percentual máximo no valor calculado de R.
DERIVADAS PARCIAIS 283

22. O comportamento termodinâmico de um gás puro pode ser


estudado pela função f ( P,V , T ) = 0 . Sabendo que a energia interna
U é função de V e T, U = f (V , T ) , mostrar que :
 ∂U   ∂U   ∂U   ∂T 
  =  +  ⋅  .
 ∂V  P  ∂V T  ∂T V  ∂V  P
23. Uma das relações de Maxwell da Termodinâmica estabelece
 ∂S   ∂P 
que:   =  .
 ∂V T  ∂T V
 ∂S 
(a) Calcular   para um gás ideal (PV = nRT).
 ∂V T
(b) Qual é o comportamento das isotermas (T = cte) no plano SxV?
24. Escreva a expressão para a diferencial total de cada uma das
seguintes funções termodinâmicas:
U = U(V,T), S = S(P,T) e G = G(P,T).
25. 70 litros de um gás ideal encontram-se na pressão de 1,5 atm e
temperatura de 300K. Sabendo que os erros nas medidas dessas
grandezas são, respectivamente, iguais a 0,2 litros, 0,1 atm e 1 oC,
estimar o erro cometido na determinação da quantidade de moles.

26. Empregando a regra cíclica para a função U = f (V , T ) e a


seguinte definição para o coeficiente de Joule µ J
 ∂T 
µJ = 

 ∂V U
e a definição de capacidade calorífica a volume constante
 ∂U 
CV =   , mostrar que:
 ∂T V
 ∂U 
µ J ⋅ CV = −   .
 ∂V T
Capítulo 5

Integrais Múltiplas

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR:

• Como trabalhar com integrais duplas e triplas.


• Como determinar área e volume utilizando integrais duplas.
• Como calcular uma integral dupla em coordenadas polares.
• Como utilizar integrais múltiplas em aplicações.
• Como calcular uma integral tripla em coordenadas cilíndricas e
esféricas.
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 285

Integrais Múltiplas

Introdução
As integrais com as quais trabalhamos no Cálculo dde uma
variável diziam respeito, naturalmente, às funções de uma variável.
va
A ampliação do Cálculo Integral a funções de duas ou mais
variáveis, leva-nos ao estudo das Integrais Múltiplas, s, cujas
aplicações podem ser encontradas no cálculo de áreas e volu
olumes e
na definição de algumas grandezas físicas, tais como massa,
a, centro
de massa, momento de inércia, etc.

Integrais Duplas
Quando trabalhamos com as derivadas parciais de funç nções de
duas variáveis, considerávamos uma das variáveis comoo sendo
constante e derivávamos a função em relação à outra variável.
va
Podemos, de modo análogo, “integrar parcialmente” uma eq equação
algébrica envolvendo duas ou mais variáveis, integrando a exp
xpressão
em relação a uma das variáveis, mantendo a outra como consta
stante.
A novidade no caso da “integração parcial” é que a cons
nstante
de integração será função da variável que consideramos comoo
constante. Vamos ilustrar tal fato com alguns exemplos.

EXEMPLO 1 Calcule as integrais dadas.

2
∫ (2 x + y + 3)dx = x + xy + 3 x + C ( y ) onde C(y) é uma funçã
ção de y.

Consideramos y como uma


constante e integramos a
função em relação à x.
286 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

2 y2 x2 y 2 y3
∫(x y + 3
)dy =
2
+
9
+ K ( x ) onde K(x) é uma função de x..

Consideramos x como uma


constante e integramos a
função em relação à y.

Observe que ao integrarmos a função f(x,y) = 2x + y + 3 em


e
relação a x, mantendo y como constante, f(x,y) é encarada com omo
função somente de x e a constante de integração é dada como funç
nção
de y.
Se derivarmos parcialmente a expressão obtida pela “integraç
ação
parcial” da função f(x,y), obtemos (como no Cálculo I) de voltalta a
função f(x,y). Assim, podemos dizer que a “integração parcial” é o
inverso da derivação parcial.
Como o resultado da “integração parcial” de uma função f(xx,y)
em relação a x continua sendo uma função de duas variáveis, is, é
aceitável que possamos integrá-la agora em relação à variável y,, ou
o
seja,

∫ f ( x, y )dx = g ( x, y )

(1) ∫ g ( x, y )dy = ∫∫ f ( x, y ) dx dy
Analogamente, o resultado da “integração parcial” de uma um
função f(x,y) em relação à variável y, continua sendo uma funçãoo de
duas variáveis e, consequentemente, podemos integrá-la agora eem
relação a variável x, ou seja,

∫ f ( x, y )dy = h( x, y )

(2) ∫ h( x, y )dx = ∫∫ f ( x, y ) dy dx
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 287

Se f(x,y) é uma função de duas variáveis tal que, par


ara cada
valor fixo de y, f é uma função integrável de x, então po
podemos
formar a integral definida
b( y )
∫a ( y ) f ( x, y ) dx
Para determinar a integral parcial definida de uma fun
unção de
duas ou mais variáveis, aplicamos o Teorema Fundamen ental do
Cálculo a uma das variáveis enquanto mantemos ass outras
constantes. Veja o exemplo a seguir:

x y2  y = x  x2  02 5 x3
∫0 5 xy dy = 5x 
2 y=0
= 5x   − 5x ( ) =
 2  2 2

y é a variável de O resulta
ltado da
integração e x é Substituir y pelos integração
ão é uma
constante limites de funçãoo de x
integração

y2 xy
EXEMPLO 2 Calcule ∫ln y ye dx .
Solução
Mantendo y como constante, f(x,y) = y exy torna-se função ape
penas de
x. Fazendo a substituição u = xy, obtemos du = y dx e, consid
iderando
inicialmente o cálculo da integral indefinida, teremos
xy
∫ ye dx = ∫ eu du = eu + C ( y ) = e xy + C ( y ) .

Portanto, a integral definida é dada por


x= y 2
y2 3

∫ln y (
ye xy dx = e xy + C ( y) ) = e y + C ( y ) − e y ln y − C ( y ) =
x =ln y
y3 y ln y
= e −e .
288 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

OBS:
1. Como no Cálculo de funções de uma variável, a “constan
tante
de integração”, C(y), cancela-se durante o cálculo de um
uma
integral definida. Por isso, não é necessário acrescentá--la,
quando tratar-se de integrais definidas.
2. Poderíamos ter calculado a integral definida com a
mudança de variável, lembrando de fazer a mudança també bém
nos limites de integração. Neste modo, o cálculo ficariaa da
seguinte forma:
y3
y2 xy u = y3 3

∫ln y ye dx = ∫ eu du = eu
u = y ln y
= e y − e y ln y .
y ln y

u = xy fl { x = lny ⇒ u = y lny; x = y2 ⇒ u = y3
Analogamente, se f é uma função de duas variáveis tal
que, para cada valor fixo de x, f(x,y) é uma função integrável
el
de y, então podemos formar a integral definida parcial
h( x )
∫g ( x ) f ( x, y )dy .

x2 +1 2
EXEMPLO 3 Calcule ∫x x ydy .
Solução
y = x 2 +1
x2 +1 2 y2 1 2 2 2 1
∫ x ydy = x2 = x  x + 1 − x 2  = x 2 x 4 + x 2 + 1 .
( ) ( )
x 2 y=x
2   2

Observe que as funções dos limites de integração podem ser


s
constantes, como mostra o exemplo abaixo.
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 289

2 2
EXEMPLO 4 Calcule ∫0 x y 3 dy .
Solução
2
2 2 3 2 2  y4 
∫0 x y dy = x ∫0 y dy =  x 2  = 4 x 2 .
3

 4 0

OBS:
x =b ( y )
1. A quantidade ∫x=a( y ) f ( x, y )dx depende somente de y e,
consequentemente, podemos definir uma função G(y) po
por :
b( y)
G ( y) = ∫ f ( x, y ) dy
a( y )

y = h( x )
2. A quantidade ∫y = g ( x ) f ( x, y )dy depende somente dee x e,
consequentemente, podemos definir uma função F(x) po
por:
h( x )
F ( x) = ∫ f ( x, y ) dy .
g( x)

Em muitos casos, as funções F e G são, por si só, integ


tegráveis
e podemos escrever as integrais

x =d x = d  h( x )
∫x=c F ( x ) dx = ∫ f ( x, y ) dy  dx
x =c  ∫g ( x ) 

y=d y = d  b( y )
∫ y =c G( y ) dy = ∫ f ( x, y )dx  dy
y =c  ∫a ( y ) 

que são denominadas de integrais duplas (integrais iteradas).


)
290 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

2 2
EXEMPLO 5 Calcule a integral dupla ∫−1 ∫0 x2 y4 dy dx .
Solução
Escreva a integral dada e integre em relação à y
2 2 2  2 y5  y =2
∫−1 ∫0 x2 y4 dy dx = ∫−1 x  dx
 5  y =0

Aplique o TFC e simplifique.

2  2 y5  y =2 32 2
∫−1 x  dx = ∫ x 2 dx
 5  y =0 5 −1

Integre em relação à x.

2  2 y5  y =2 32 2 2 32  x3  x = 2
∫−1  x 
 5  y =0
dx =
5 ∫−1
x dx =  
5  3  x =−1

Aplique o TFC e simplifique.

2  2 y 5  y =2 32  x3  x = 2 32  8  −1   96
∫−1 x  dx =
 5  y =0
 
5  3  x =−1
= −  = .
5  3  3   5

4 3 x /2
EXEMPLO 6 Calcule a integral dupla ∫0 ∫0 16 − x 2 dy dx .
Solução
Escreva a integral dada e integre em relação à y.
3x
4 3 x /2 4 y=
2  y 16 − x 2  2
∫0 ∫0 16 − x dy dx = ∫
0  
dx
y =0

Aplique o TFC e simplifique


INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 291

4 3 x /2 3 4
∫0 ∫0 16 − x 2 dy dx = x 16 − x 2  dx.
2 ∫0  
Para integrar em relação à x, fazemos a substituição u = 16 x2 ,
obtendo du = 2x dx e, portanto, a integral indefinida torna-se
se:
3 3 du −3
∫ x 162 − x 2 dx = ∫ − u
4 ∫
= u du =
2 2 2

3 3
−3 (u ) 2 −(16 − x 2 ) 2
= =
4 3 2
2
Logo,
3 4
2 2
4 3 x /2 −(16 − x )
∫0 ∫0 x 16 − x 2 dy dx = = 32 .
2
0

EXERCÍCIOS 5.1
Calcule as integrais duplas.
3 2 b a
1. ∫2 ∫−1( 2 x + 3 y + 6 ) dxdy 2. ∫0 ∫0 ( x + y ) dxdy
dxd
y
π /2 π /2 1 x2
3. ∫0 ∫0 ( a cos 2θ + bsen2θ ) dθ dy 4. ∫0 ∫0 x
e dydxx
π a cosθ
5. ∫0 ∫0 ρ senθ d ρ dθ
292 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Integral Dupla sobre uma Região


Vamos introduzir o conceito de integral para funções de duas
variáveis, revendo as idéias essenciais da integral de uma função de
uma variável.
b
Para escrever a integral definida ∫a f ( x )dx , para uma função
de uma variável, precisamos de uma função y = f(x) e um intervalo
[a,b] sobre o eixo-x sobre o qual a integração será executada. Nesse
caso, o valor da integral definida será um número real. Se a função
y = f ( x ) é não-negativa no intervalo [a,b], então a integral definida
b
∫a f ( x )dx é a área da região plana limitada pelo gráfico de f(x), de
x = a até x = b e pelo eixo-x (ver figura).

y = f(x)
b
Área = ∫a f ( x ) dx

x
a b

Se y = f (x) for negativa no intervalo [a,b], então a integral


b
definida ∫a f ( x )dx é igual ao valor negativo da área da região
limitada pelo gráfico de f(x), as retas x = a e x = b e o eixo-x, ou
b
seja, ∫a f ( x )dx = Área (ver figura).
INTEGRAIS MÚLTIPLAS 293

y
a b
x

b
Área = ∫a f ( x ) dx

Vamos agora estender o conceito de integral definida para uma


função f(x,y) de duas variáveis. Primeiramente, devemos ter o
análogo do intervalo [a,b] ⊂ ℝ em duas dimensões. Assim, teremos
uma região D do plano, como mostra a figura abaixo.

No lugar de uma função de uma variável, y = f(x), teremos uma


função f(x,y) de duas variáveis. A generalização da integral definida
será denotada por

∫∫ f ( x, y ) dA
D
294 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

e chamada de integral dupla de f(x,y) sobre a região D. Observe


que a porção do gráfico acima e/ou abaixo de uma região D,
determina uma figura sólida (ver figura).

Interpretação geométrica:
Se f ( x, y ) ≥ 0 em D, então ∫∫ f ( x, y ) dA fornece o volume do sólido
D
delimitado superiormente pelo gráfico de f, inferiormente pela
região D e lateralmente pelo cilindro vertical cuja base é o contorno
de D.

2
Propriedades: Sejam f , g: D ⊂ → funções
integráveis em D e seja c uma constante. Valem as seguintes
propriedades:
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 295

1) ∫∫ c f ( x, y ) dx dy = c ∫∫ f ( x, y ) dx dy
D D

2) ∫∫ [ f ( x, y ) + g ( x, y )] dx dy = ∫∫ f ( x, y ) dx dy + ∫∫ g ( x, y ) dx dy
D D D

3) Se D = D1 ∪ D2 , onde D1 e D2 são regiões não super


erpostas
(intersecção vazia), então

∫∫ f ( x, y ) dx dy = ∫∫ f ( x, y ) dx dy + ∫∫ f ( x, y ) dx dy
D D1 D2

Vejamos então como calcular uma integral dupla sobr


bre uma
região D, considerando as seguintes situações:
SITUAÇÃO 1: D é uma região retangular, ou seja,

D= {( x, y ) ∈ 2
:a≤ x≤b e c≤ y≤d . }
Neste caso,
db d b 
∫∫ f ( x, y ) dA = ∫∫ f ( x, y ) dx dy = ∫ ∫ f ( x , y ) dx dy = ∫  ∫ f ( x , y ) dx
d  dy
D D ca ca 

EXEMPLO Calcule ∫∫ ( y − x ) dy dx na região D definidaa ppor:


D
1 ≤ x ≤ 2 e 3 ≤ y ≤ 4.
Solução
Inicialmente desenhamos a região D, como na figura abaixo.
296 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Escreva a integral dada e coloque os limites de integração.


2 4
∫∫ ( y − x)dydx = ∫1 ∫3 ( y − x ) dy dx
D

Integre em relação à y.

2 y =4
2 4 2 y 
∫∫ ( y − x)dydx =∫ 1 ∫3 ( y − x) dy dx = ∫  − xy  dx
1
2  y =3
D

Aplique o TFC e simplifique.


y =4
2 y2  27 
∫∫ ( y − x)dydx = ∫1  − xy  dx = ∫1  − x  dx
 2  y =3  2 
D

Integre em relação à x.
x=2
27  7 x2 
∫∫ ( y − x)dydx =∫1 − x
 2  dx = 
2
x − 
2  x=1
D

Aplique o TFC e simplifique.


x =2
7 x2  6
∫∫ ( y − x ) dydx = 
 2
x −
2
 = 5 − = 2.
 x =1 2
D
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 297

SITUAÇÃO 2: x varia entre dois valores constantes e y entre


tre duas
funções contínuas, ou seja,

D= {( x, y ) ∈ 2
:a ≤ x ≤b e }
y1 ( x ) ≤ y ≤ y2 ( x ) ,

onde y1 e y2 são funções contínuas em [a,b].

b y2 ( x )
∫∫ f ( x, y ) dydx = ∫a ∫y ( x) f ( x, y ) dydx.
1
D

EXEMPLO 1 Calcule ∫∫ xy dy dx onde D é a região delim


limitada
D

pelos gráficos de y1 = x2 e y2 = x + 2.
Solução
Faça o gráfico para visualizar a região de integração.

Faça y1 = y2 para encontrar as intersecções entre as duas “curva


rvas”:
298 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

x 2 = x + 2 ⇒ x = −1 e x = 2
Escreva a integral dada e coloque os limites de integração.
2 x+2
∫∫ xydydx = ∫−1 ∫x 2 xydydx
D

Integre em relação à y.
y = x+2
2 x+2  y2 2
∫∫ xydydx = ∫−1 ∫x 2
xydydx = ∫  x 
−1
 2  y=x2
dx
D

Aplique o TFC e simplifique.

2 x+ 2
∫∫ xydydx = ∫−1 ∫x 2
xydydx =
D
y = x+ 2
 y2 
2 1 2
= ∫ x  (
dx = ∫ x3 + 4 x 2 + 4 x − x5 dx )
 2  y = x2 2 −1
−1

Integre em relação à x.
2 x +2
∫∫ xydydx = ∫−1 ∫x 2
xydydx =
D
x =2
1 2 1  x4 x3 x 2 x6 
( 2 4 3 2
)
= ∫ x3 + 4 x 2 + 4 x − x5 dx =  + 4 + 4 − 
2 −1 6  x=−1

Aplique o TFC e simplifique.


2 x+2
∫∫ xydydx = ∫−1 ∫x 2
xydydx =
D
x =2
1  x4 x3 x 2 x6  1 3  45
=  +4 +4 −  = 12 −  = .
2 4 3 2 6  x=−1 2  4 8
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 299

EXEMPLO 2 Calcule a integral dupla ∫∫ 2 xy dy dx na reg


egião D
D

limitada pelas retas x = 4, x = 1, y = 0 e pela curva y = 2 x .


Solução
Inicialmente desenhamos a região D, como na figura abaixo.

Escreva a integral dada e coloque os limites de integração.


4 2 x
∫∫ 2 xydydx =∫ 1 ∫0 2 xy dy dx
D

Integre em relação à y.
4 2 x 4 y =2 x
∫∫ 2 xydydx = ∫1 ∫0 2 xydydx = ∫  xy 2  dx
1 y =0
D

Aplique o TFC e simplifique.


4 2 y =2 x 4
∫∫ 2 xydydx = ∫1  xy  y=0 dx = ∫  4 x 2  dx
1
D

Integre em relação à x.
x=4
 3
 4 x dx =  4 x 
4 2
∫∫ 2 xydydx = ∫1  
 3  x=1
D

Aplique o TFC e simplifique.


300 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

x=4
 3
 4 x 2  dx =  4 x  = 256 − 4 = 84.
4
∫∫ 2 xydydx = ∫1  
 3  x=1 3 3
D

SITUAÇÃO 3: y varia entre dois valores constantes e x entre dua


uas
funções contínuas, ou seja,

D= {( x, y ) ∈ 2
}
: x1 ( y ) ≤ x ≤ x2 ( y ) e c ≤ y ≤ d ,

onde x1 e x2 são funções contínuas em [c,d].

d x2 ( y )
∫∫ f ( x, y ) dydx = ∫c ∫x ( y ) f ( x, y ) dxdy.
1
D

EXEMPLO 3 Calcule ∫∫ (1 + 2 x ) dx dy onde D é a região


D
limitada por x = y2 e x y = 2.
Solução
Inicialmente desenhamos a região D, como descrita na figu
gura
abaixo.
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 301

Em seguida, precisamos achar as coordenadas y dos pon


ontos de
2
intersecções das curvas x = y e x y = 2.

y 2 = 2 + y ⇒ y = 2 e y = −1 .

Escreva a integral dada ecoloque os limites de integração.


2 2+ y
∫∫ (1 + 2 x ) dxdy = ∫−1 ∫y (1 + 2 x ) dxdy
2
D

Integre em relação à x.
2 2+ y 2 x = 2+ y
∫∫ (1 + 2 x ) dxdy = ∫−1 ∫y (1 + 2 x ) dxdy = ∫−1  x + x  x= y
2
2 2
dy
d
D

Aplique o TFC e simplifique.


2 x = 2+ y 2
∫∫ (1 + 2 x ) dxdy = ∫−1  x + x  x= y dy = ∫ 6 + 5 y − y 4  dy
2
2 −1
D

Integre em relação à y.
x=2
2  5 y 2 y5 
∫∫ (1 + 2 x ) dxdy = 
∫−1  6 + 5 y − y dy4
=  6 y + − 
 2 5  x=−
D  = 1

Aplique o TFC e simplifique.


x =2
 5 y2 y5  189
∫∫ (1 + 2 x ) dxdy = 

6 y +
2
−  =
5  x =−1 10
.
D
302 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

OBS:
1. Se f é contínua em D, a ordem da integração é irrelevantante,
ou seja, tanto faz integrar primeiro em relação à x e depoiss eem
relação à y, ou vice-versa, que o resultado será o mesmo. o. É
importante observar, no entanto, que os limites do primei eiro
símbolo de integração (o mais externo) devem sempre serr os
valores constantes. A escolha da ordem depende do grauu dde
dificuldade em integrar em relação a cada uma das variáveis is.
2. Para sabermos a ordem de integração mais conveniente, te, é
essencial esboçar o gráfico da região de integração antess de
tentar calcular uma integral dupla.
3. Às vezes, a escolha da ordem de integração é determinad
nada
pela natureza do integrando f(x,y). Pode ser muito difícil (ou
(o
mesmo impossível) calcular uma integral dupla num uma
determinada ordem, mas pode ser extremamente fácil fazê--lo
se a ordem da integração for invertida.

1 2 2
EXEMPLO 4 Calcule ∫0 ∫2 y 4e x dx dy.
Solução
Observe que a integração é impossível nessa ordem. Portant nto,
vamos tentar invertê-la. Para inverter a ordem de integraçã ção,
precisamos primeiramente esboçar o gráfico da região de integraçã
ção.
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 303

Assim, nessa região, observamos que y varia de 0 (eixo-x) até a reta


x
y = , enquanto x varia de 0 até 2.
2
x
1 2 2 2 2

∫0 ∫2 y 4e x dxdy = ∫ 2 4e x dydx
∫ =
0 0
x x2
2 y= 2 xe
= 4∫ e x y  2 dx = 4 ∫
2
dx = e 4 − 1.
0   y =0 0 8

4 2
5
EXEMPLO 5 Calcule ∫ ∫ y cos x dx dy
0 y

Solução

Tal como está, não sabemos calcular esta integral em x.. P


Porém,
invertendo a ordem de integração, obtemos:
y = x2
2 x2 2
y2  1 2
∫0 ∫0 y cos x5 dydx = ∫  cos x5  dx = ∫ x 4 cos x5 dxx =
 2 2 0
0
 y =0
1 32 1 u = 32 1
=
10 ∫0
cos u du = [sen u ]u = 0 = sen32 ≈ 0,055.
10 10
304 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

9 3
3
EXEMPLO 6 Calcule ∫ ∫ sen( x ) dx dy .
0 y

Solução

Análogo aos exemplos anteriores, devemos inverter a ordem dde


integração, pois da forma como está não é possível calcular
ar a
integral dada.

9 x3 3 x2 3 y = x2
∫0 ∫
3
sen x dxdy = ∫ ∫ sen x dxdy = ∫  y sen x 
3 3
dx =
y 0 0 0 y =0
3 1 27 1 u = 27
= ∫ x 2 sen x3 dx = ∫ sen u du = − [ cos u ]u =0 =
0 3 0 3
1
=− ( cos 27 − 1) .
3

OBS:
Podemos determinar a área de regiões planas utilizand ando
integrais duplas, considerando para isso, f (x,y) = 1, ou seja,
sej
AD = ∫∫ dA . (Por quê?)
D

EXEMPLO 7 Calcule a área da região plana limitada pela


parábola y = x x 2 e a reta x + y = 0.
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 305

Solução

Inicialmente observamos que as intersecções das duas funções fu


ocorrem em x = 0 e x = 2. Logo, estes serão os limites de inte
tegração
para x, uma vez que o gráfico nos indica que podemos in integrar
primeiro em y e depois em x.
2 x − x2 4
A D = ∫∫ dA = ∫ ∫ dydx = unidades de área.
D
0 −x 3

EXEMPLO 8 Determine a área da região delimitada pelos


os
gráficos de 2 y = 16 − x 2 e x + 2 y − 4 = 0 .
Solução

As intersecções das duas funções ocorrem em x = 3 e x = 4.


Observando o gráfico da região notamos que é mais simples integrar
in
primeiro em relação à y e depois em relação à x. Assim, a área
á da
região é dada por:
306 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

x2
4 8− 4  x2 x
A=∫ ∫2 dydx = ∫ 8 − − 2 +  dx =
−3 2 − x −3 2 2
2 
x =4
 x3 x 2 
= 6 x − +  = 28,6 unidades de área.
a.
 6 4  x =−3

EXEMPLO 9 Determine a área da região delimitada pelos


3
gráficos de x = y , x + y = 2, y=0.
Solução

Observando o gráfico da região, notamos que é mais fácil integr


grar
primeiro em relação à x e depois em relação à y, uma vez quee se
optarmos por integrar em y primeiro, teremos que dividir a regi
gião
em duas, já que as funções mudam de comportamento no interva valo
de variação de x. Assim, encontramos as intersecções igualandoo os
valores de x, obtendo y = 0 e y = 1. E procedemos como nos casasos
anteriores:
y =1
1 2− y 1  y2 y4 
A=∫ ∫
0 y3
dxdy = ∫
0
( 3
)
2 − y − y dy =  2 y −
2
− 
4  y =0
=

= 1, 25 unidades de área.
INTEGRAIS MÚLTIPLAS 307

EXERCÍCIOS 5.2

∫∫ dA onde D é a região do 1
o
1. Calcule quadrante limitada pela
D

curva y2 = x3 e a reta y = x.

∫∫ x dA onde D é a região no 1
2 o
2. Calcule quadrante limitada por
D

xy = 16 e as retas y = x, y = 0 e x = 8.
3. Inverta a ordem de integração.
1 x 1 y
a) ∫∫
0 0
f ( x , y ) dy dx b) ∫∫
0 - y
f ( x, y ) dx dy

4. Determine se cada uma das afirmações é verdadeira ou falsa.


Justifique sua resposta.
(a) Mudar a ordem de integração, às vezes altera o valor de uma
integral dupla.
5 6 6 5
(b) ∫∫ 3 2
x dy dx = ∫
2 ∫3
x dx dy
5. Inverta a ordem de integração e calcule as integrais abaixo:
2 4 e ln x

a) ∫∫
0 y2
y cos x 2 dx dy b) ∫ ∫ y dy dx
1 0

8 2 2 2
y
∫∫ ∫∫ y
4
c) dx dy d) cos( xy 2 )dy dx
7
0 3 y 16 + x 0 x

6. Calcule as integrais das funções abaixo, na região dada. Esboce a


região.
2
a) f ( x, y ) = x e xy ; D = {( x, y ) ∈ : 1 ≤ x ≤ 3, 0 ≤ y ≤ 1}
b) f ( x, y) = x cos( xy) ; D = {( x, y ) ∈ 2
: 0 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ π / 2}
c) f ( x, y) = y ln x ; D = {( x, y ) ∈ 2
: 1 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ x}
308 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

d) f ( x , y ) = x sen( y x ) ; D : região delimitada por y = 0,


π
x= e y= x
2
e) f ( x, y ) = 2 x + y ; D : região delimitada por x = y2 +1, x = 5,
y= 1e y=2
x2
f) f ( x, y ) = ; D : região delimitada por y = x, y = 1/x, e x = 2
y2
g) f ( x, y ) = x + y ; D : região delimitada por y = x2 –1 e
y = 1 x2
2
h) f ( x , y ) = e − x ; D : região delimitada por x = 4y, y = 0 e x = 4
i) f ( x, y ) = 2 y ; D : região delimitada por y = x2 e y = 3x – 2
j) f ( x, y ) = x ; D : região delimitada por y = x, y = 4x e
3 5
y= x+
2 2
k) f ( x, y ) = x ; D : região delimitada por
1 ≤ x ≤ e, ln x ≤ y ≤ 1
7. Determine a área da região limitada pelos gráficos de:
π
a) y = e x , y = senx, x = 0, x =
2
y
b) x = , x= y
2
c) y = 2 x 2 , y = 1 + x2
d) y = x − 1, y2 = 2x + 6
INTEGRAIS MÚLTIPLAS 309

Aplicações das Integrais Duplas


Volume de uma Região Tridimensional
Considere uma função z = f(x,y) que seja contínua e não-
negativa em uma região fechada D do plano-xy. A porção do gráfico
acima da região D e abaixo da superfície z = f(x,y), determina uma
região tridimensional – um sólido S (ver figura).

Se f(x,y) ≥ 0 para qualquer (x,y) ∈ D, isso quer dizer que o


sólido está acima do plano-xy, no espaço tridimensional, e o valor da
integral dupla

V = ∫∫ f ( x, y ) dA onde dA = dxdy ou dA = dydx


D

será um número real definido como sendo o volume do sólido S.


Se f(x,y) ≤ 0 para qualquer (x,y) ∈ D, significa que o sólido está
abaixo do plano xy, no espaço tridimensional, e o valor da integral
dupla (com sinal negativo)

V = − ∫∫ f ( x, y ) dA onde dA = dxdy ou dA = dydx


D

será um número real definido como sendo o volume do sólido S.


310 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Agora, no caso do sólido ficar parcialmente acimaa e


parcialmente abaixo da região D, definimos o volume como sendo do a
integral dupla correspondente à parte de cima menos a integral dup
upla
correspondente à parte de baixo do sólido em questão.

EXEMPLO 1 Determine o volume da região tridimensional doo


primeiro octante limitada pelo plano z + y = 3 3x.
Solução
Primeiramente escreva a equação da superfície na forma z = f(x,y)) e
faça um esboço do sólido (se possível).
z = 3 – 3x y

Em seguida, faça um esboço da região D no plano-xy. Para isso, iss


considere z = 0, para determinar a equação y = 3 – 3x no plano, x = 0
e y = 0 (a região está no primeiro octante), obtendo assim as
“curvas” que irão delimitar a região D.
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 311

y = 3− 3 x
1 3− 3 x 1 y2 
V =∫ ∫ ( 3 − 3x − y ) dydx = ∫0 3 y − 3xy −  dx =
0 0
 2  y =0
x =1
1 1 1 x3 
2 0
( 2
)
= ∫ 9 − 18 x + 9 x 2 dx = 9 x − 9 x 2 + 9 
3  x=0
3 3
= ( unidades ) .
2

OBS:
Note que a ordem de integração dy dx, no exemplo lo 1, foi
escolhida ao acaso. Nesse caso, poderíamos ter utiliz
ilizado a
ordem de integração dx dy, com y como variável extern
rna, sem
nenhum problema.

O exemplo a seguir, mostra-nos a importância de se escol


olher
uma ordem de integração adequada para o cálculo de uma inte
tegral
dupla.
312 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXEMPLO 2 Determine o volume do sólido abaixo da


2
superfície, definida pela função z = f ( x, y ) = e − x , limitado pela
pe
região D do plano-xy, definida por y = 2x e x = 2.
Solução
Primeiramente, fazemos um esboço da região D no plano – xy.

As duas possíveis ordens de integração são as seguintes:


4 2 2 2 2x 2

∫0 ∫ 2y e − x dxdy ou ∫0 ∫0 e − x dydx

Observe que para calcular a primeira integral, é preciso conhecer


er a
2
antiderivada de e − x , que não pode ser expressa por nenhuma funç
nção
elementar.
Já a segunda integral pode ser determinada facilmente.
2 2x 2 y =2 x
e− x dydx = ∫ e − x y 
2 2
V =∫ ∫ dx =
0 0 0   y =0
2 2
= ∫  2 xe − x − 0  dx = 2∫ xe − x dx =
2 2

0 
u = − x2
 0
du
du = −2 xdx ⇒ xdx
dx = −
2
x =2
 1 2 1 3
= 2  − e− x  =  −e−4 − −e0  = 1 − 4 ( unidades ) .
( )
 2  x =0   e
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 313

EXEMPLO 3 Calcule o volume do sólido que está aci


cima do
quadrado D = [0,2] × [0,2] e abaixo do parabolóide elíptico
ico dado
2 2
por z = 16 − x − 2 y .
Solução
Como a integral dupla fornece o volume do sólido abaixo do ggráfico
da função e acima da região de integração, já que z > 0 para todo
to
(x,y) em D, basta integrar a função dada, sobre a respectiva região,
reg
que obteremos o volume solicitado. Como a região é retangula lar e a
função é simples de ser integrada tanto em x quanto em y, a ordem
or
de integração não importa. Assim,
2 2
(
V = ∫∫ 16 − x 2 − 2 y 2 dA = ∫) 0 0∫ (16 − x 2
)
− 2 y 2 dxdy =
D
x =2
2 x3  2 8
(
= ∫  16 − 2 y
0
2
) x− 
3  x =0 0

(
= ∫  2 16 − 2 y 2 −  =
3
)

y =2
 8  y3  16 32 48
=  32 − y  − 4  = 64 − − = 64 − = 64 − 16 = 48.
4
 3  3  y =0 3 3 3

EXERCÍCIOS 5.3
1. Determine o volume do sólido limitado pelas equações:

a) z = x + y, x 2 + y 2 = 4 (primeiro octante)
b) z = 3 − x 2 , z = 0, x = 0, y = 0, y = 4.

2. Determine o volume do sólido contido abaixo do parabolói


óide
circular z = x 2 + y 2 e acima do retângulo R = [ 2,2] × [ 3,3].
3,

3. Determine o volume do sólido delimitados pela sup


uperfície
z = x x 2 + y e pelos planos x = 0, x = 1, y = 0, y = 1 e z = 0.
314 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Peso, Momento e Centro de Gravidade


Suponha que uma chapa ocupe a região limitada D do plano-xxy
e que o peso específico (densidade) da chapa em (x,y) seja dado por
po
σ ( x, y) . O peso (P) da chapa é dado por :

P = ∫∫ σ ( x, y ) dxdy
D

O momento da chapa em relação ao eixo-y, é dado por:

M y = ∫∫ xσ ( x, y ) dxdy
D

O momento da chapa em relação ao eixo-x , é dado por:

M x = ∫∫ yσ ( x, y ) dxdy
D

O centro de gravidade da chapa é o ponto ( x , y ) onde


My Mx
x= e y= .
P P
Fisicamente, o centro de gravidade é o ponto em que a masassa
total da chapa poderia estar concentrada, sem alterar seu momen
ento
em relação a qualquer dos eixos. Quando o peso específi ífico
(densidade) é constante, ou seja, quando a massa da chapa estiv
tiver
uniformemente distribuída, o centro de massa será o cent ntro
geométrico da região D e será chamado de centróide .

EXEMPLO Uma chapa plana D no plano xy é limitada pelo


pe
gráfico de y = 3 x , pelo eixo x e a direita pela reta vertical x = 8. O
peso específico da chapa no ponto (x,y) é dado por σ ( x, y ) = kkx
onde k > 0 é uma constante. Determine:
a) O peso da chapa;
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 315

b) Os momentos Mx e My ;
c) O centro de gravidade.
Solução

3
8 x
a) P = ∫∫ σ ( x, y ) dxdy = ∫
0 ∫0
kxdydx ≈ 54,86k u.m
D
3
8 x
b) M x = ∫∫ yσ ( x, y ) dxdy = ∫
0 ∫0
kxy dydx ≈ 48k
D
3
8 x
M y = ∫∫ xσ ( x, y ) dxdy = ∫ ∫ kx 2 dydx ≈ 307,2k
0 0
D

c) C.G. = ( x , y ) onde x ≈ 5,6 e y ≈ 0,87.

EXERCÍCIOS 5.4
1. Calcule o Peso e o centro de gravidade de uma chapa planaa que
ocupa a região D num plano-xy e tem peso específico σ ( x, y) em
(x,y):
a) A região D é a quarta parte do círculo x2 + y2 ≤ 1, x ≥ 0, y ≥ 0;
σ ( x, y) = xy.
316 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

b)A região D é o retângulo 0 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ 1; σ ( x, y) = x + y2.

2. Determine o centróide da região D limitada por y = x e y = x2.

Momento de Inércia
O momento de inércia de um corpo em relação a um eixo xo é
sua capacidade de resistir à aceleração angular em torno desse eixixo.
O momento de inércia de um corpo em relação a um eixo é dado por p
2
I = mr , onde m é o peso do corpo e r sua distância em relaçãoo ao
eixo. Assim, os momentos de inércia de uma chapa plana de pe peso
específico σ ( x, y ) , ocupando a região D no plano-xy são definid
idos
por:

I x = ∫∫ σ ( x, y ) y 2 dxdy momento em relação ao eixo x


D

I y = ∫∫ σ ( x, y ) x 2 dxdy momento em relação ao eixo y


D

Valor Médio de uma função f (x,y)


Para calcular o valor médio de uma função de duas variáve veis
f ( x, y ) em uma região retangular D, integramos a função na regi
gião
D e dividimos o resultado pela área de D, ou seja,
1
VM =
área de D ∫∫ f ( x, y ) dA
D

EXEMPLO Calcule o valor médio da função f ( x, y ) = x sobre re a


região D: retângulo com vértices (0,0), (4,0), (4,2), (0,2).
Solução
INTEGRAIS MÚLTIPLAS 317

A área da região D é dada por


A = área de D = 4 ⋅ 2 = 8
Portanto, o valor médio da função f ( x, y ) sobre a região D é:

1 1 4 2  1 4 y =2
VM =
8 ∫∫ f ( x, y ) dA = 8 ∫0  ∫0 xdy  dx = 8 ∫0 [ xy ] y =0 dx =
D
1 4 1 x =4 16
= ∫ 2 xdx =  x 2  = = 2 unidades.
8 0 8 x =0 8

EXERCÍCIOS 5.5
1. Calcule o momento de inércia Ix de uma lâmina ocupando a
região D : 0 ≤ x ≤ 1 , 0 ≤ y ≤ 1 − x2 , sabendo que o peso
3 2
específico no ponto (x,y) é σ ( x, y ) = 3 y g/cm .

2. Calcule os momentos de inércia Ix e Iy de uma chapa plana que


ocupe a região D, com peso específico σ ( x, y ) em (x,y).
a) D : limitada por y = x2 e y = x, σ ( x, y ) = 15 x 2 y.
b) D : triângulo com vértices (1,1), (0,0), ( 1,1); σ ( x, y) = 6.

3. Determine o valor médio da função f ( x, y ) na região D dada.


a) f ( x, y ) = xy ( x − 2 y ) ; D : − 2 ≤ x ≤ 3 , − 1 ≤ y ≤ 2
318 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

b) f ( x, y ) = 6 xy ; D: é o triângulo de vértices (0,0) , (0,1) , (3,1).


c) f ( x, y ) = x ; D é a região limitada por y = 4 − x 2 e y = 0.
2
d) f ( x, y ) = xye x y
; D : 0 ≤ x ≤ 1 , 0 ≤ y ≤ 2.

Integrais Triplas
A definição e conceito de integrais triplas são análogos aos de
integrais duplas. As propriedades de integrais duplas também
continuam válidas neste caso. A única diferença é que agora,
considerando que a região de integração está contida em ℝ 3, o
símbolo de integração dx dy dz representa o volume de um pequeno
cubo de arestas dx, dy e dz, respectivamente.

Logo,

∫∫∫ dV = ∫∫∫ dx dy dz representa o volume da região D.


D D

Portanto, com o uso de integrais triplas, podemos calcular o


volume de qualquer região tridimensional que seja delimitada por
gráficos de funções de duas variáveis. Todavia, estes gráficos nem
sempre são simples de serem construídos sem recursos
computacionais e, por isso, limitaremos nossos estudos aos casos de
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 319

fácil representação geométrica. Inicialmente vejamos como ccalcular


uma integral tripla sobre uma região retangular:

Teorema de Fubini para Integrais Trip


plas:
Se f é uma função contínua em uma caixa retangular D = [[a,b] ×
[c,d] × [r,s], então
s d b
∫∫∫ f ( x, y, z ) dV = ∫r ∫c ∫a f ( x, y, z ) dx dy dz.
D

A integral iterada do lado direito do teorema indic dica que


primeiro integramos em relação à x (mantendo y e z constante
ntes), em
seguida integramos em relação à y (mantendo z consta tante) e
finalmente em relação à z. Como no caso de integrais dup uplas, a
ordem de integração não altera o resultado, ficando a eescolha
dependente do grau de dificuldade para integrar a função em rrelação
a cada variável.

2 3
EXEMPLO 1 Calcule ∫∫∫12 xy z dV se D é dada por
D

−1 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ 3, 0 ≤ z ≤ 2 .
Solução
Como o grau de dificuldade para integrar a função é o mesm smo para
todas as variáveis, escolhemos, arbitrariamente, integrá-la naa ordem
dz dy dz, obtendo:
320 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

z =2
2 3 2 3 2 2 3 z4  2 3 2
∫∫∫ 12 xy z dV = ∫−1 ∫0 ∫0 12 xy z dz dy dx = ∫−1 ∫0 
12 xy  dydx
4  z =0
dx =
D
y =3
2 3 2  y3  2 2
= ∫ ∫ 3 xy ⋅16 dydx = 48∫  x  dx = 16∫ 27 x dx =
 3  y =0
−1 0 −1 −1

x=2
 x2 
=  432  = 216 ( 4 − 1) = 648.
 2  x =−1

∫∫∫ ( xy )
2
EXEMPLO 2 Calcule + yz 3 dV se
D

D= {( x, y, z ) ∈ ℝ 3
: − 1 ≤ x ≤ 1, 3 ≤ y ≤ 4, 0 ≤ z ≤ 2 . }
Solução
ntão
Novamente o grau de dificuldade é mesmo para cada variável, ent
agora escolhemos dx dz dy, obtendo:
4 2 1
∫∫∫ ( xy ) ∫ ∫ ( xy + yz ) dx dz dy =
2
+ yz 3 dV = ∫ 2 3
3 0 −1
D
x =1
4 2 x 3
2
2
=∫ ∫  y + xyz  dz dy =
2
3 0
 x =−1
4 2y2 3 y2 
=∫ ∫  + yz − + yz 3  dz dy =
 2 2
3 0

4 2 2 4 z =2
= 2 ∫ ∫ yz 3 dz dy = ∫  yz 4  dy =
3 0 4 3 z =0
y =4
1 4  y2 
2 ∫3
= 16 y dy = 8  = 4 (16 − 9 ) = 28.
 2  y =3
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 321

EXEMPLO 3 Mostre, usando integrais triplas, que o volu


olume de
um paralelepípedo de lados a, b e c, é dado por V = abc.
Solução

Colocando o paralelepípedo em um sistema de coord rdenadas


cartesianas de tal modo que o lado a esteja sobre o eixo x, o lado b
sobre o eixo y e o lado c sobre o eixo z, coincidindo um dos vértices
v
com a origem do sistema, a fim de facilitar os cálculos, podemos
po
então afirmar que o volume V é dado por:

c b a c b x =a
V = ∫∫∫ dV = ∫
0 ∫0 ∫0
dx dy dz = ∫ ∫ [ x ]x =0 dy dz =
0 0
D
c b c y =b c z =c
=∫
0 ∫0
a dy dz = a ∫ [ y ] y = 0 dz = a ∫ b dz = ab [ z ]z = 0 = abc
ab .
0 0

Portanto, V = abc.

OBS:
As integrais triplas podem também ser definidas em uma
região limitada genérica S do espaço tridimensiona nal (um
sólido) pelo mesmo método usado para integrais dupl plas. Os
cálculos são análogos, porém como já foi dito, a dific
ficuldade
neste caso está em elaborar o desenho do sólido, uma vez
ve que,
na maioria das vezes, isso é necessário para visualializar os
limites de integração. Assim, restringiremos nossos est
studos a
322 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

casos simples, de fácil visualização, lembrando que os dema


mais
casos podem ser estudados nos livros indicados nas n
referências bibliográficas.

Seja f uma função contínua sobre um sólido S em 3, o qual qu


está contido entre os gráficos de duas funções contínuas de x e y,, ou
o
seja,
S = {(x,y,z) œ ℝ 3 : (x,y) œ D, u1(x,y) ≤ z ≤ u2(x,y)},
onde D é a projeção de S sobre o plano-xy, como mostrado na figur
ura
abaixo.

Então, a integral de f sobre S é dada por:

 u2 ( x , y ) 
∫∫∫ f ( x, y, z ) dV = ∫∫  ∫u ( x, y ) f ( x, y, z ) dz  dA.
1
S D

EXEMPLO 4 Calcule ∫∫∫ z dV ,


S
onde S é o tetraedro sólid
lido

delimitado pelos quatro planos x = 0, y = 0, z = 0 e x + y + z = 1.


Solução
INTEGRAIS MÚLTIPLAS 323

Para montarmos a integral tripla é recomendável desenhar dois


diagramas: um da região sólida S e outro de sua projeção D no
plano- xy.

Observe que a fronteira inferior do tetraedro é o plano z = 0 e a sua


fronteira superior é o plano z = 1 – x – y. Então, fazemos u1(x,y) = 0
e u2(x,y) = 1 – x – y na fórmula acima. Note que os planos z = 0 e
z = 1 – x – y se interceptam na reta x + y = 1 (ou y = 1 x) no plano-
xy, conforme pode ver na figura abaixo. Assim, a integral torna-se:
z =1− x − y
1 1− x  z 2
1 1− x 1− x − y
∫∫∫ z dV = ∫0 ∫0 ∫0 z dz dy dx = ∫ ∫   dy dx =
 2  z =0
0 0
S
y =1− x
1 1  (1 − x − y ) 
3
1 1 1− x 2
= ∫ ∫ (1 − x − y ) dy dx = ∫ −  dx =
2 0 0 2 0 3 
 y =0
x =1
1  (1 − x ) 
4
1 1 3 1
= ∫ (1 − x ) dx =  −  = .
6 0 6 4  24
  x =0

OBS:
Lembre-se que os limites de integração da integral de dentro
contêm no máximo duas variáveis; os limites de integração da
324 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

integral do meio contém no máximo uma variável e os limites


de integração de fora devem sempre ser constantes.

Integrais Duplas em Coordenadas


Polares
Sistema de Coordenadas Polares
Até agora, a localização de um ponto no plano foi especificada
através de suas coordenadas cartesianas (retangulares). Contudo,
existem algumas curvas que parecem ter uma afinidade particular
com a origem de um sistema. Tais curvas são melhores descritas
como trajetória de um ponto móvel, cuja posição é especificada por
sua direção a partir da origem e por sua distância até a origem. É
exatamente isso que fazem as coordenadas polares.
Um sistema de coordenadas polares num plano consiste de um
ponto fixo O, denominado de pólo (ou origem) e de um eixo (que
parte do pólo), denominado eixo polar, que usualmente é horizontal
e coincide com o eixo-x no sistema de coordenadas cartesianas.

Assim, um ponto em um sistema de coordenadas polares é


determinado pela sua distância em relação à origem do sistema e
pela sua direção em relação ao eixo polar.
INTEGRAIS MÚLTIPLAS 325

Observe que:
θ é medido no sentido anti-horário se θ > 0
θ é medido no sentido horário se θ < 0

(r,θ) denominam-se coordenadas polares do ponto (x,y)


θ = 0 (semi-eixo positivo dos x) denomina-se eixo polar
r = 0 (origem) denomina-se pólo

OBS:
1. As coordenadas polares de um ponto não são únicas (Por
quê?).
2. A coordenada radial r de um ponto P(r,θ) é não-negativa,
pois representa a distância de P ao pólo. Contudo, existem
situações em que r aparece negativo e, nesse caso,
subentende-se que o sinal negativo de r significa que, ao invés
de sairmos da origem no sentido indicado pelo lado terminal
de θ, dirigimo-nos a partir da origem no sentido oposto a ele,
ou seja, o ponto P estará sobre a extensão do lado terminal do
ângulo θ. Assim, o ponto ( r, θ) coincide com o ponto
(r, θ + p).
326 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

3. A relação entre coordenadas polares e cartesianas é dada


pelas equações
x = r cos θ e y = r sen θ
de onde segue que:
y
r2 = x2 + y2 e tg θ =
x

EXEMPLO 1 Sabendo que as coordenadas cartesianas de um


ponto (x,y) são ( 1, 3 ) determine um par de coordenadas polares
es
para esse ponto.
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 327

Solução
Uma vez conhecidos x e y, determinamos r através da relaçãoo
r 2 = x 2 + y 2 . Assim, temos que:
2
( −1)2 + ( 3 ) = r2 ⇒ r2 = 4
⇒ r = ±2 ( vamos considerar r = 2 )

Para determinarmos o ângulo θ utilizamos as equações x = r cos


co θ
e/ou y = r sen θ :
1 2π 4π
−1 = 2cos θ ⇒ cosθ = − ⇒ θ = 120 = ou θ = 2400 = .
2 3 3

Aqui temos duas possibilidades para nos auxiliar a decidir qua


ual valor
de θ é o correto:
1ª possibilidade: utilizamos a expressão do seno:

3 π 2π
3 = 2 sen θ ⇒ sen θ = ⇒ θ = 60 = ou θ = 1200 = .
2 3 3

De onde concluímos que θ = .
3

2ª possibilidade: Observamos que y = 3 > 0 e, se θ = 240 = ,
3
então o ponto está no terceiro quadrante, ou seja, y < 0.

Logo, só poderemos ter θ = .
3

2π 
∴ ( r ,θ ) =  2, .
 3 
328 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

 π
EXEMPLO 2 Converta o ponto P  2,  de coordenadas
 4
polares para cartesianas.
Solução
π π π
Como r = 2 e θ = , segue que x = 2 cos e y = 2 sen ,
4 4 4
ou seja,

2 2
x= 2 =1 e y = 2 = 1.
2 2
Portanto, em coordenadas cartesianas, o ponto P é representado po
por
P(1,1).

EXERCÍCIOS 5.6
1. Represente graficamente os pontos cujas coordenadas cartesiana
nas
são dadas. Determine dois pares de coordenadas polares para cadaa
um destes pontos:
( 2,2) ; (4,0) ; (0,4) ; (3,3) ; ( 1, 1) ; ( 1,0) ; (1,2)
,2) ;
(0, 2) ; (5, 4).
2. Represente graficamente os pontos cujas coordenadas polares são

dadas. Então encontre as coordenadas cartesianas do ponto:

(3, p/2) ;  2 2 ,3  ; ( 1, p/3) ; (4, 3p) ; ( 2, 5p/6).


π
 4
INTEGRAIS MÚLTIPLAS 329

Integrais Duplas em Coordenadas


Polares
A mudança de coordenadas cartesianas para polares pode
facilitar muito o cálculo de determinadas integrais, especialmente
aquelas em que aparecem expressões quadráticas, como x2 + y 2 ,
a2 − x2 e assim por diante.
Note que se trata de uma mudança de coordenadas e não de
variáveis, como visto no Cálculo de uma variável; por isso o
procedimento é um pouco diferente. A dedução do procedimento
para a mudança de coordenadas no cálculo de uma integral dupla
não será apresentada aqui, mas advém da definição de integrais
definidas em uma região polar e é dada pelo seguinte resultado:

Mudança para coordenadas polares em uma integral


dupla:
Se f é contínua em uma região polar R, constituída por todos os
pontos da forma

( x, y ) = ( r cosθ , r senθ ) , onde 0 ≤ r0 ≤ r ≤ r1 e θ0 ≤ θ ≤ θ1


330 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

então,
θ1 r1
∫∫ f ( x, y ) dA = ∫θ ∫r f ( r cosθ , r senθ ) r dr dθ .
0 0
R

Cuidado!!! Não se esqueça do fator adicional r que aparece antes


tes
de dr dθ.

x2 + y 2
EXEMPLO 1 Usando coordenadas polares calcule ∫∫ e dA
d
R
onde R é a região do primeiro quadrante interior ao círcu
culo
x 2 + y 2 = 4 e exterior ao círculo x 2 + y 2 = 1.
Solução
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 331

Observando a representação geométrica da região, notamos os que r


varia de r0 = 1 a r1 = 2 e que θ varia de θ0 = 0 a θ1 = p/2.
Da mudança de coordenadas cartesianas para polares, temos qque:
x2 + y 2 = r 2 .

Da mudança de coordenadas na integração, temos que:


dA = r dr dθ.
Assim,
π π π
2
+ y2 2 2 4 du 1
∫∫ e
x
dA = ∫ 2 ∫ e r r drdθ = ∫ 2 ∫ eu
0 1 0 1 2 2 0
( )
dθ = ∫ 2 e 4 − e dθ =
R
1 4 π π 4
=
2
(e −e =)
2 4
e −e . ( )

3 9− x2
EXEMPLO 2 Calcule ∫−3 ∫0 ( 2 x + y ) dydx usando
coordenadas polares.
Solução

Observando a figura, notamos que r varia de r0 = 0 a r1 = 3 e que θ


varia de θ0 = 0 a θ1 = p.
Portanto, fazendo x = r cos θ, y = r sen θ e dx dy = r dr dθ,
teremos:
332 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

3 9− x2 π 3
∫−3 ∫0 ( 2 x + y ) dydx = ∫0 ∫0 r 2 ( 2cosθ + senθ ) drdθ = 18.

EXERCÍCIOS 5.7
1. Mostre, usando coordenadas polares, que a área de um círculoo de
d
2
centro na origem e raio r é dada por A = π r .

2. Calcule ∫∫ x dA sobre a região R constituída por todos os pont


R
ntos

cujas coordenadas polares satisfazem as equações: 0 ≤ θ ≤ π/44 e


2 cosθ ≤ r ≤ 2.
3. Calcule as integrais abaixo, colocando-as em coordenad
adas
polares:

a) ∫∫ ydA , onde R é a região do primeiro quadrante limitada pelo


pe
R

círculo x 2 + y 2 = 9 e pelas retas y = x e y = 0 .


b) ∫∫ xdA , onde R é a região do primeiro quadrante limitada pelelos
R

círculos x 2 + y 2 = 4 e x 2 + y 2 = 25.

c) ∫∫ x 2 + y 2 dA , onde R = {( x, y ) ∈ ℝ 2 :1 ≤ x 2 + y 2 ≤ 9, y ≥ 0} .
R

− x2 − y 2
d) ∫∫ e dA , onde R é a região limitada pelo semi-círcu
culo
R

x = 4 − y 2 e o eixo-y.
INTEGRAIS MÚLTIPLAS 333

Coordenadas Cilíndricas e
Esféricas
Nesta seção iremos estudar dois novos tipos de sistemas de
coordenadas no espaço tridimensional que são bastante úteis no
estudo de superfícies com simetria e que têm aplicações no estudo
do movimento rotacional em torno de um eixo.
No estudo de coordenadas retangulares vimos que são
necessárias três coordenadas para estabelecer a localização de um
ponto no espaço tridimensional. Nas ilustrações abaixo podemos ver
as coordenadas retangulares (x,y,z) de um ponto P, as coordenadas
cilíndricas (r,θ,z) de P e as coordenadas esféricas (ρ,θ,φ) de P.
334 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Coordenadas cilíndricas
As coordenadas cilíndricas são úteis em problemas que qu
envolvem simetria em torno de um eixo. Por exemplo, o cilind
ndro
circular com equação x 2 + y 2 = c 2 tem como eixo de simetria o eixo
eix
z (esta é a razão para o nome coordenadas “cilíndricas”).
No sistema de coordenadas cilíndricas, um ponto P no espa paço
tridimensional é representado pela tripla ordenada (r,θ,z), onde r e θ
são as coordenadas polares da projeção de P sobre o plano-xy e z é a
distância direta do plano-xy ao ponto P (ver figura).

Para converter de coordenadas cilíndricas para coordenadas


retangulares usamos as equações
x = r cosθ ; y = r senθ ; z = z ,

enquanto para converter de coordenadas retangulares para


cilíndricas usamos
y
r 2 = x 2 + y 2 ; tgθ = ; z = z.
x

EXEMPLO 1
INTEGRAIS MÚLTIPLAS 335

(a) Determine as coordenadas retangulares do ponto com


π
coordenadas cilíndricas ( r ,θ , z ) = (4, ,3) .
6
(b) Determine as coordenadas cilíndricas do ponto com
coordenadas retangulares (3, 3, 7).
Solução
(a) A partir das fórmulas de conversão das coordenadas cilíndricas
π
para coordenadas retangulares, com r = 4, θ = e z = 3, obtemos:
6
π 3 π 1
x = 4cos =4 =2 3 ; y = 4sen = 4⋅ =2 ; z =3
6 2 6 2
Portanto, as coordenadas retangulares do ponto são:

( x, y , z ) = ( 2 )
3, 2,3 .

(b) Da fórmula de conversão r2 = x2 + y2 obtemos:


2
r = 32 + ( −3) = 3 2.

Por outro lado,


y −3
tgθ = = = −1.
x 3
Como x = 3 > 0 e y = 3 < 0, o ponto (x,y) está no terceiro

quadrante e, conseqüentemente, θ = + 2kπ , k ∈ ℕ. Ainda,
4
z = −7.
Portanto, temos um conjunto de coordenadas cilíndricas dado por

 7π 
 3 2, 4 , −7  .
 
336 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

 −π 
Outro conjunto de coordenadas é  3 2, , −7  .
 4 
Da mesma maneira que para coordenadas polares, existe stem
infinitas escolhas possíveis para coordenadas cilíndricas.

Coordenadas esféricas
O sistema de coordenadas esféricas é especialmente útil em
e
problemas onde existe simetria em relação a um ponto. Por P
exemplo, uma esfera com centro na origem e raio c (esta é a raz
azão
para o nome coordenadas “esféricas”).
No sistema de coordenadas esféricas, um ponto P no espa paço
tridimensional (ver figura abaixo) é representado pela trip ripla
ordenada (ρ, θ, φ), onde ρ = |OP| é a distância da origem a P, θ é o
mesmo ângulo que em coordenadas cilíndricas e φ é o ângulo entretre o
eixo positivo z e o segmento de reta OP. Note que
ρ ¥ 0 e 0 ≤ φ ≤ p.
Para fazermos a conversão das coordenadas esféricas pa
para
retangulares, e vice-versa, usamos as seguintes fórmulas:

 x = ρ senφ cos
os θ

r = ρ senφ ⇒  y = ρ senφ sen
enθ
 z = ρ cosφ

ρ 2 = x2 + y2 + z2
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 337

EXEMPLO 2
(a) Determine as coordenadas retangulares do ponto com
coordenadas esféricas ( ρ ,θ ,φ ) = (1, π ,0 ) .
(b) Determine as coordenadas esféricas do ponto com coorden
enadas
(
retangulares 1, 3, −2 . )
(a) A partir das fórmulas de conversão das coordenadas esféric
ricas
para coordenadas retangulares, com ρ = 1, θ = π e φ = 0, obtemos:
ob

 x = 1sen0 cos π = 0

 y = 1sen0 senπ = 0
 z = 1cos0 = 1

Assim, as coordenadas retangulares do ponto são (x,y,z) = (0,0
,0,1).
(b) Pelas fórmulas de conversão de retangulares para esféricas
as
temos:

ρ = x2 + y 2 + z 2 = 1 + 3 + 4 = 2 2
y π
tgθ = = 3 ⇒ θ= ( pois y > 0 e, portanto, 0 < θ < π )
x 6
z −2 2 5π
cos φ = = =− ⇒ φ=
ρ 2 2 2 4

Portanto, as coordenadas esféricas do ponto 1, 3, −2 são: ( )


π 5π
( ρ ,θ ,φ ) =  2 2, ,

.
 6 4 

OBS:
Podemos fazer também a conversão entre coord rdenadas
cilíndricas e esféricas, no espaço tridimensional e, par
ara isso,
utilizamos as seguintes fórmulas de conversão:
338 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

r = ρ senφ
θ =θ
z = ρ cos φ
r
tgφ =
z

EXEMPLO 3
das
(a) Determine as coordenadas cilíndricas do ponto com coordenada
esféricas (4,π/4, π/3).
as
(b) Determine as coordenadas esféricas do ponto com coordenadas
cilíndricas (4, π/3, 4).
Solução
(a) A partir das fórmulas de conversão acima e considerando qque
π π
ρ = 4, θ = e φ= , temos que:
4 3
π 3
r = 4sen = 4⋅ =2 3
3 2
π
θ=
4
π 1
z = 4cos = 4⋅ =2
3 2
Assim, as coordenadas cilíndricas solicitadas são:

( r ,θ , z ) =  2
π 
3, , 2  .
 4 
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 339

(b) Como o ponto dado está em coordenadas cilíndricas, temos


os que:
π
r=4 ; θ = e z = 4.
3
Assim,
4 π
tgφ = = 1 ⇒ φ = + kπ , k ∈ ℕ.
4 4
π
Tomemos φ = .
4

2
senφ 2
⇒ ρ= = 2 = .
r 4 8
Portanto, uma possibilidade de coordenadas esféricas para
pa as
coordenadas cilíndricas dadas é:

 2 π π
( ρ ,θ ,φ ) =  , ,  .
 8 3 4

Integrais Triplas em Coordenadas


Cilíndricas
Suponha que S seja uma região do espaço tridimension
onal cuja
projeção D no plano-xy tenha uma representação convenien
iente em
coordenadas polares, e que S seja uma região do tipo
S = {(x,y,z) : (x,y) œ D, u1(x,y) ≤ z ≤ u2(x,y)},
onde u1 e u2 sejam funções contínuas em D. Suponha ainda que
qu D
seja dado por
D = {(r, θ) : a ≤ θ ≤ b, h1(θ) ≤ r ≤ h2(θ)}
e que f seja uma função contínua em S.
340 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Então, a integral tripla de f em S, em coordenadas cilíndricas,


s, é
dada por:
β h 2 (θ ) u 2 ( r cos θ , r senθ )

∫∫∫ f ( x, y, z ) dV = ∫α ∫
S
h1 (θ ) ∫ ( u1 r cos θ , r senθ )
f ( r cos θ , r senθ , z ) rdzdr
drdθ .

Esta fórmula nos diz que convertemos uma integral tripla em e


coordenadas retangulares para coordenadas cilíndricas escrevend endo
x = r cos θ, y = r sen θ e deixando z como está, utilizando os limit
ites
apropriados de integração para z, r e θ, e trocando dV por r dzdrdθ.
É recomendável a utilização dessa fórmula quando S é uma
um
região sólida cuja descrição é mais simples em coordenad adas
cilíndricas e especialmente quando a função f(x,y,z) envololve
expressões do tipo x2 + y2.

EXEMPLO 1 Um sólido S está contido no cilindro x2 + y2 = 1,


abaixo do plano z = 4 e acima do parabolóide z = 1 – x2 – y2. A
densidade em qualquer ponto é proporcional à distância do pontoo ao
eixo do cilindro. Determine a massa de S, sabendo que ela é dada
da
pela integral da densidade sobre S.
Solução
INTEGRAIS MÚLTIPLAS
S 341

Em coordenadas cilíndricas o cilindro é representado por


r = 1 (x2 + y2 = r2)
e o parabolóide por z = 1 – r2.
Assim, podemos escrever
S = {(r, θ, z) : 0 ≤ θ ≤ 2p, 0 ≤ r ≤ 1, 1 – r2 ≤ z ≤ 4}.
Como a densidade em (x,y,z) é proporcional à sua distância ao eixo
z, a função densidade é dada por:

F ( x, y , z ) = k x 2 + y 2 = kr ,

onde k é a constante de proporcionalidade. Portanto, a massaa de


d Sé
dada por:
2π 1 4
m= ∫∫∫ k
S
x 2 + y 2 dV = ∫ ∫∫
0 0 1− r 2
kr r dzdrdθ =

2π 1 2π 1
= ∫ ∫
0 0  (  )
kr 2  4 − 1 − r 2  drdθ = k ∫ ∫ ( 3r
0 0
2
)
+ r 4 drdθ =
r =1
2π  3 r5  6 2π 12kπ
=k ∫ 0
 r +  dθ = k [θ ]0 =
 5  r =0 5 5
unidades de mas
assa.
342 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

2 4− x2 2
EXEMPLO 2 Calcule ∫− ∫−
2 4− x 2 ∫ x2 + y2
(x 2
)
+ y 2 dz dy dx.

Solução
Essa integral iterada é uma integral tripla sobre a região sólida

S= {( x, y, z ) : − 2 ≤ x ≤ 2, − 4 − x2 ≤ y ≤ 4 − x2 ; x2 + y2 ≤ z ≤ 2 }

e a projeção de S sobre o plano-xy é o disco x 2 + y 2 ≤ 4.. A

superfície inferior de S é o cone z = x 2 + y 2 e a superfície superi


erior
é o plano z = 2. Essa região tem uma descrição muito mais simpl
ples
em coordenadas cilíndricas:
S = {( r ,θ , z ) : 0 ≤ θ ≤ 2π ; 0 ≤ r ≤ 2 ; r ≤ z ≤ 2}.
Portanto, temos que:
2 4− x 2 2 2π 2 2 r2 r dz dr dθ =
∫ ∫
−2 − 4− x 2 ∫ x2 + y 2
( )
x 2 + y 2 dz dy dx = ∫ ∫∫0 0 r

2π 2 z=2 2π 2
= ∫ ∫0 0
r 3 [ z ]z = r dr dθ = ∫ ∫ 0 0
r 3 ( 2 − r ) dr dθ =
r =2
2π  r 4 r5  8 θ = 2π 16π
= ∫ 0
 −  dθ = θ
2 5  r =0 5 θ =0
=
5
.
INTEGRAIS MÚLTIPLAS 343

Integrais Triplas em Coordenadas


Esféricas
Se S é uma região do espaço tridimensional dada em
coordenadas esféricas por
S = {(ρ,θ,φ) : a ≤ ρ ≤ b, a ≤ θ ≤ b, c ≤ φ ≤ d}
e f é uma função contínua em S, então a integral tripla de f em S é
dada por:

∫∫∫ f ( x, y, z ) dV =
S
d β b
= ∫ ∫α ∫
c a
f ( ρ senφ cos θ , ρ senφ senθ , ρ cos φ )ρ 2 senφ d ρ dθ dφ .

A fórmula acima nos diz que convertemos uma integral tripla


de coordenadas retangulares para coordenadas esféricas escrevendo
x = ρ senφ cosθ , y = ρ senφ senθ , z = ρ cosφ
utilizando os limites de integração apropriados e substituindo dV por
ρ2 senφ dρ dθ dφ. Observamos que esta fórmula se estende para
regiões mais gerais como
S = {(ρ,θ,φ) : g1(θ,φ) ≤ ρ ≤ g2(θ,φ), a ≤ θ ≤ b, c ≤ φ ≤ d},
alterando apenas os limites de integração para ρ.
Normalmente o uso de coordenadas esféricas é recomendado
em integrais triplas quando as superfícies fronteiras da região de
integração têm formas como cones e esferas.
344 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

3
(x +y
2 2
+ z2 ) 2
EXEMPLO 1 Calcule ∫∫∫
B
e dV , onde S é a bola
bo

unitária B = {(x,y,z) : x2 + y2 + z2 ≤ 1}.


Solução
adas
Como a fronteira de B é uma esfera, utilizaremos coordenad
esféricas, ou seja, tomaremos
B = {(ρ,θ,φ) : 0 ≤ ρ ≤ 1, 0 ≤ θ ≤ 2p, 0 ≤ φ ≤ p},
onde teremos ρ2 = x2 + y2 + z2.
Assim,
3
3
(x 2
+ y2 + z 2 ) 2 π 2π 1
∫∫∫ ∫ ∫ ∫ e( )
2 2
e dV = ρ ρ 2senφ d ρ dθ dφ =
0 0 0
B
ρ =1
π 2π  1 ρ3  1 π 2π
= ∫∫0 0  3 e  senφ dθ dφ = 3 ( e − 1)
  ρ =0 ∫∫
0 0
senφ dθ dφ =

1 π θ = 2π 1 π
=
3
( e − 1) ∫0
( senφ )θ
θ =0
dφ =
3
( e − 1) 2π ∫
0
senφ dφ =

2π 4π
= ( e − 1) [ − cos φ ]φφ ==π0 = ( e − 1) .
3 3

EXEMPLO 2 Mostre, usando integrais triplas em coordenad


adas
4
esféricas, que o volume de uma esfera de raio r é V = π r 3 .
3
Solução
O volume de uma esfera de raio r é dado por ∫∫∫ dV
S
, onde S é o

sólido dado por


S = {(ρ,θ,φ) : 0 ≤ ρ ≤ r, 0 ≤ θ ≤ 2p, 0 ≤ φ ≤ p}.
INTEGRAIS MÚLTIPLAS 345

Portanto,
ρ =r
π 2π r π 2π  ρ3 
∫0 ∫0 ∫0 ρ senφ d ρ dθ dφ = ∫0 ∫0
2
V=   senφ dθ dφ =
 3  ρ =0
r 3 π 2π r3 π
= ∫ ∫
3 0 0
senφ dθ dφ = 2π
3 ∫0 senφ dφ =
3 3
2π r 4π r
= [ − cosφ ]φφ ==π0 = .
3 3

EXERCÍCIOS 5.8
1. Faça um esboço do ponto cujas coordenadas cilíndricas são dadas
e, em seguida, determine as coordenadas retangulares do ponto.
(a) (3,π/2,1) (b) (3,0, 6) (c) (1, π, e)
2. Converta de coordenadas retangulares para cilíndricas.

(a) (1, 1,2) (


(b) 1, − 3, 2 )
3. Faça um esboço do ponto cujas coordenadas esféricas são dadas e,
em seguida, determine as coordenadas retangulares do ponto.
(a) (0,1,0) (b) (2,0, π) (c) (2, π/4, π/3)
4. Converta de coordenadas retangulares para esféricas.

(a) ( 2,0,0) (
(b) 1,1, 2 )
5. Converta de coordenadas esféricas para cilíndricas.
(a) (2,0,0) (b) (8, π/6, π/2)
6. Converta de coordenadas cilíndricas para esféricas.
346 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

 π   π 
(a)  2, ,0  (b) 1, 2 ,1
 4   

7. Utilize coordenadas cilíndricas para calcular ∫∫∫ S


x 2 + y 2 dV

2 2
onde S é a região contida dentro do cilindro x + y = 16 e entre os
planos z = 5 e z = 4.

∫∫∫ ( x )
3
8. Utilize coordenadas cilíndricas para calcular + xy 2 dV
S
onde S é o sólido do primeiro octante que está abaixo do parabolóide
z = 1 – x2 – y2.
9. Utilize coordenadas esféricas para calcular

∫∫∫ ( x )
2
+ y 2 + z 2 dV onde S é a bola unitária x2 + y2 + z2 ≤ 1.
S

10. Utilize coordenadas esféricas para calcular ∫∫∫ z dV


S
onde S está

contido entre as esferas x2 + y2 + z2 = 1 e x2 + y2 + z2 = 4, no


primeiro octante.

EXERCÍCIOS EXTRAS

1. Calcule as integrais duplas.


1 2 2 3
a) ∫0 ∫1 dx dy b) ∫1 ∫0 ( x + y ) dx dy
4 2 1 x
∫2 ∫1 ( x ) ∫0 ∫x ( xy ) dy dx
2
c) + y 2 dy dx d) 2
2
INTEGRAIS MÚLTIPLAS 347

3
2 y2  x  1 x
∫0 ∫x ( y + y ) dy dx
3
e) ∫∫
1 0
 2  dx dy
y 
f)

1 x2 π
2
∫ ∫ ( xe ) dy dx
y
g)
0 0
h) ∫ ∫
2
0 0
x2 cos y dx dy

2. Inverta a ordem de integração e calcule a integral resultante.


1 2 e ln x
y2
a) ∫0 ∫2 x e dy dx b) ∫1 ∫0 y dy dx

2 2
c) ∫0 ∫x y
4
( )
cos xy 2 dy dx

3. Esboce a região de integração para cada uma das integrais


iteradas dadas.

2 4− x 2 1 3 y
a) ∫ ∫
−1 − 4 − x 2
f ( x, y ) dy dx b) ∫0 ∫ y f ( x, y ) dx dy

4. Calcule as integrais dadas, para as regiões indicadas.

∫∫ 4 x y dxdy ; R limitada por y = x2 e y = 2x.


3
a)
R

∫∫ e
x
b) sen y dxdy ; R limitada por x = 3, x = 4, y = 0 e y = 5.
R

∫∫ 3 y x dxdy ; R limitada por x = 4 , y = x2 e y = x2.


2
c)
R

∫∫ y sen x 2 dxdy ; R limitada por x = 8 , y = x1/3 e y = x1/3.


2
d)
R

∫∫ y dxdy ; R limitada por x =y2 e x = 2 y2.


2
e)
R
348 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

∫∫ cos
2
f) y dxdy ; R limitada por y = x e y =1 e y = 4.
R

g) ∫∫ ( x + 2 y )dxdy
R
; R é a parte do círculo x2 + y2 ≤ 1 no

primeiro quadrante.
5. Calcule as integrais dadas.
3
2 2
a) ∫∫ ( x + y ) 2 dA ; R limitada pelo círculo x + y = 4.
2 2

x2 2 2 2 2
b) ∫∫ x
R
2
+y 2
dA ; R é a região limitada por x + y = 4 e x + y = 9.

c) ∫∫ R
x 2 + y 2 dA ; R limitada pelo círculo y = 2 x − x 2 e a reta

y=x.

6. Calcule as integrais dadas.

∫∫ ye
xy
a) dA onde R é o retângulo 0 ≤ x ≤ 3, 0 ≤ y ≤ 1;
R

b) ∫∫ ( x + y ) dA
R
onde R é a região limitada por y = x2 e y = 2x.

7. Esboce a região de integração e calcule as integrais iteradas.


1 2x e 1 2 x
a) ∫0 ∫x ( 2 x + 4 y ) dy dx b) ∫1 ∫ln x x dy dx c) ∫1 ∫0 y ln x dy dx
8. Inverta a ordem de integração
y 1 x2 2 ex
4
a) ∫∫
0 0
2 f ( x, y ) dy dx b) ∫0 ∫x 3
f ( x, y ) dy dx c) ∫1 ∫0 f ( x, y ) dy dx
INTEGRAIS MÚLTIPLAS 349

x2
9. Calcule ∫∫R y2
dx dy onde R é a região delimitada por

1
y=x ; y= e x = 2.
x
10. Calcule o volume do sólido acima do plano-xy delimitado por
z = 4 − 2 x2 − 2 y2 .

11. Calcule o volume do sólido no primeiro octante delimitado por


y + z = 2 e pelo cilindro que contorna a região delimitada por y = x2
e x = y2.

12. Avalie ∫∫ 60 xy dx dy onde R é a região do plano limitada pelas


R
2
curvas x = y , x = 0 e y = 1.
13. Ache o volume do sólido abaixo da superfície
2 2
f ( x, y ) = 1 + x + y , limitado pelas curvas y = x e y = x2.

14. Use uma integral dupla para calcular o volume sob o plano
z = 2 x + y e acima do retângulo R = {(x,y): 3 ≤ x ≤5, 1 ≤ y ≤ 2}.

15. Calcule o volume do sólido limitado pelo cilindro x2 + y2 = 4 e


os planos y + z = 4 e z = 0.
2 1
x2
16. Calcule a integral dupla ∫0 ∫2y e dx dy.

17. Calcule a área da região plana compreendida pelas curvas


y 2 = − x e 3y – x = 4.

∫∫ sen ( y ) dA
3
18. Calcule a integral (dA pode ser dxdy ou dydx),
R

onde R é a região limitada por y = x , y = 2 e x = 0.


350 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

3 2
19. Calcule a integral ∫∫ 0 1
( x 2 y + xy 2 )dxdy e mostre que o
resultado é independente da ordem de integração.
20. Esboce a região de integração e mostre que
2− y x+4
2 1 2−2 x 0
∫0 ∫ 2 x 3 dx
2 y −4
dy = ∫0 ∫0 x3 dy dx + ∫ ∫
−4 0
2 x3 dy dx. .

Calcule a integral.
π R
∫0 ∫0 e cos 2 θ senθ dr dθ .
−r
21. Calcule a integral

22. As integrais duplas a seguir representam a solução de um mesmo


problema. Qual a integral mais fácil de calcular? Justifique sua
resposta.
4 2 2 2 2y
∫0 ∫π2 seny dydx =∫−2 ∫0 seny 2 dxdy

23. Seja R uma região do plano xy cuja área é A. Se f ( x, y ) = k

para todo ponto (x,y) em R, qual é o valor da integral ∫∫ f ( x, y ) dA ?


R

Justifique sua resposta.


24. Verifique se a afirmação a seguir é verdadeira ou falsa. Se for
falsa, explique por que ou dê um exemplo que mostre que é falsa.

“O volume da esfera x 2 + y 2 + z 2 = 1 é dado pela integral


1 1
V = 8∫ ∫ 1 − x 2 − y 2 dxdy. ”
0 0

25. Calcule o valor médio da função f ( x, y ) = x2 + y 2 sobre a


região R: quadrado com vértices (0,0), (2,0), (2,2), (0,2).
INTEGRAIS MÚLTIPLAS 351

26. Calcule o valor médio da função f ( x, y ) = xy sobre a região R:


retângulo com vértices (0,0), (4,0), (4,2), (0,2).
Capítulo 6

Cálculo Vetorial

O QUE VOCÊ VAI ESTUDAR:

• Como trabalhar com vetores no plano e no espaço tridimensional.


• Como determinar o produto escalar e o produto vetorial.
• Como determinar equações paramétricas de retas.
• O movimento de um objeto.
• Como determinar um campo vetorial.
• Como trabalhar com uma Integral de Linha
CÁLCULO VETORIAL 353

Cálculo Vetorial
Vetor

Muitas grandezas físicas, tais como a temperatura, a pressão, a


massa, o comprimento e a área, são descritas totalmente, sendo dada
a magnitude desta grandeza. Tais grandezas são denominadas de
grandezas escalares. Existem outras grandezas físicas que apenas a
sua magnitude não é suficiente para determiná-las completamente,
sendo necessário que sejam especificados também a direção e o
sentido. Tais grandezas são denominadas de grandezas vetoriais.
Como exemplos de grandezas vetoriais podemos citar a velocidade,
a força e o deslocamento.
Para entender melhor tais grandezas, consideremos uma
partícula que se desloca ao longo de uma reta. Observe que a
partícula pode movimentar-se apenas em dois sentidos (positivo ou
negativo) e a direção é dada pela reta do movimento.

Nesse caso, o deslocamento (ou a variação da posição) de um


ponto pode ser descrito por um número real com sinal. Ou seja, um
deslocamento de 2 descreve uma mudança de posição de 2 unidades
no sentido positivo, e um deslocamento de -2 significa uma variação
da posição de 2 unidades no sentido negativo.
Agora, se uma partícula se desloca sobre uma curva, apenas o
sinal não é suficiente para especificar a direção e o sentido dessa
partícula. Nesse caso, utilizamos uma seta (segmento de reta
orientado) para indicar a direção e o sentido do movimento, e o
354 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

comprimento dessa seta (distância do ponto inicial ao ponto final)


representa o deslocamento da partícula.

Observe que se uma partícula se move de um ponto A a um


ponto B, ao longo de uma curva, o comprimento da seta descreve a
distância entre o ponto A e B e não a distância real percorrida pela
partícula. Esta seta é denominada de vetor deslocamento para o
movimento.
O termo vetor é então utilizado para indicar uma grandeza
vetorial (velocidade ou força) que é caracterizada pela magnitude
(módulo), direção e sentido. Vamos então aprender um pouco mais
sobre os vetores.
Consideremos o segmento orientado AB na ilustração abaixo.
B

Observe que o segmento orientado AB caracteriza-se por três


aspectos bastante definidos:
• magnitude ou tamanho (módulo)
• direção
• sentido (de A para B)
CÁLCULO VETORIAL 355

Assim, um vetor é representado por uma seta ou por um


segmento de reta orientado, de maneira que o comprimento da seta
representa o módulo do vetor e a seta aponta na direção e no sentido
do vetor. Como um exemplo, a ilustração mostra uma partícula
movendo-se ao longo de um caminho no plano e seu vetor
velocidade v numa posição específica da partícula.

Nesse exemplo, o comprimento da seta representa a rapidez


com que a partícula está se movimentando quando passa por esta
posição, e a seta indica a direção e o sentido em que ela se
movimenta.

Na próxima ilustração podemos observar que todas as setas têm


o mesmo comprimento, direção e sentido, apesar de estarem em
posições diferentes. Entendemos esses segmentos de reta orientados
como representações equivalentes da grandeza denominada vetor.
Assim, podemos definir um vetor como um conjunto infinito de
todos os segmentos orientados que possuem o mesmo comprimento,
a mesma direção e o mesmo sentido.
356 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Na prática, para representar um vetor, tomamos apenas um dos


infinitos segmentos orientados que o compõe, ou seja, aquele que
parte da origem. Guarde esta idéia, pois ela é importante!
No exemplo acima, podemos observar que cada um dos pontos
terminais das setas é obtido deslocando-se duas unidades para a
direita e uma unidade para cima, a partir do ponto inicial de cada
uma delas.
Dessa forma, cada um desses segmentos orientados é
caracterizado pelos números 2 e 1, e representamos esta situação
escrevendo v = 2,1 . Um vetor bidimensional pode então ser
pensado como um par ordenado de números reais. Iremos usar a
notação a, b para o par que se refere ao vetor, como uma maneira
de não confundir um vetor com um par ordenado (a,b) que
representa um ponto no plano cartesiano.
Um vetor bidimensional será representado nesse texto por uma
letra com uma seta sobre ela ( v ) .
Um vetor v = v1 , v2 , cujos números v1 e v2 são denominados
de componentes de v , pode ser representado por um segmento de
reta orientado AB de um ponto qualquer A ( x, y ) ao ponto
CÁLCULO VETORIAL 357

B ( x + v1 , y + v2 ) . Uma representação particular de um vetor v é o


segmento de reta orientado OP , que vai da origem do plano
cartesiano até o ponto P ( v1 , v2 ) , e é denominado de vetor de
posição do ponto P ( v1 , v2 ) .

Podemos observar que se v = v1 , v2 é um vetor cuja


representação é o segmento de reta orientado AB , que tem como
ponto inicial A ( x1 , y1 ) e como ponto terminal B ( x2 , y2 ) , então
x2 = x1 + v1 e y2 = y1 + v2.

Segue daí que v = v1 , v2 = x2 − x1 , y2 − y1 .


358 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Assim, obtemos o seguinte resultado:

Se tivermos dois pontos A ( x1 , y1 ) e B ( x2 , y2 ) , o


vetor v , cuja representação é o segmento de reta
orientado AB, é dado por v = x2 − x1 , y2 − y1 .

O módulo (magnitude ou norma) de um vetor v = v1 , v2 é


definido como sendo o comprimento de qualquer um de seus
representantes e é denotado por v . Considerando o vetor de
posição do ponto P(v1,v2), como um representante para o vetor v , e
utilizando a fórmula da distância entre dois pontos, para calcular o
comprimento do segmento OP , obtemos uma fórmula para o
módulo do vetor v .

O VETOR OPOSTO
Dado o vetor v, existe o vetor – v , que possui o mesmo módulo e
mesma direção do vetor v , porém, de sentido oposto.
CÁLCULO VETORIAL 359

O VETOR NULO
Vetor de módulo igual a zero e o único sem direção específica.
Notação: 0 = 0, 0

O VETOR UNITÁRIO (VERSOR)


Chamaremos de versor ou vetor unitário, um vetor v que tenha
módulo igual a 1, ou seja: v = 1. De uma maneira geral, se v ≠ 0,
então o vetor unitário com a mesma direção e sentido de v ,
denominado versor de v , é dado pelo vetor u definido a seguir:

1 v
u= ⋅v = .
v v

PROJEÇÃO DE UM VETOR SOBRE UM EIXO


Na ilustração abaixo, o vetor v forma um ângulo q com um eixo x.
O vetor v x é chamado vetor projeção de v segundo o eixo x, cujo
módulo é dado por v x = v cos θ e denominado de projeção
escalar de v segundo o eixo x.
360 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Observar que se θ = 90 , teremos cos θ = 0 e, portanto, a projeção


do vetor v , segundo o eixo x, será nula.

Um vetor no plano, em função dos


versores dos eixos coordenados
Vimos anteriormente que um versor, é um vetor de módulo
igual a 1. Vamos associar um versor a cada um dos eixos do plano
cartesiano da seguinte maneira: o versor i = 1,0 no eixo dos x e o
versor j = 0,1 no eixo dos y, como podemos ver na ilustração
abaixo.

O par ordenado ( i , j ) constitui o que chamamos de base do


plano ℝ 2 , ou seja, base do plano cartesiano xy, no sentido de que:
qualquer vetor v = x, y pode ser escrito univocamente como
v = xi + yj .
CÁLCULO VETORIAL 361

Analogamente, se em vez do plano ℝ2 estivéssemos


3
trabalhando no espaço ℝ , poderíamos considerar os vetores
unitário i, j, k, respectivamente na direção dos eixos Ox, Oy e Oz,
conforme ilustração abaixo, e a representação do vetor u no espaço
seria:

u = x , y , z = xi + yj + zk .

( )
Assim, o terno i , j , k , será a base do espaço ℝ3 .

O módulo de um vetor tridimensional

u = x , y , z = xi + yj + zk

é definido por: u = x 2 + y 2 + z 2 .

OBS:
Em aplicações é bastante comum querermos encontrar os
componentes de um vetor v que tenha a mesma direção e
362 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

sentido que um vetor unitário u . Para fazer isso, basta


escrever
v= v u

e então obter as componentes de v .

Operações com Vetores

Adição
Dados dois vetores u = u1 , u2 e v = v1 , v2 , o vetor soma é
dado por
u + v = u1 + v1 , u2 + v2

e está ilustrado nas figuras abaixo, para o caso bidimensional.

Regra do triângulo Regra do paralelogramo


CÁLCULO VETORIAL 363

Subtração
Considerando-se a existência do vetor
oposto
−v = −v1 , −v2 ,
podemos determinar a diferença u − v
como sendo igual à soma
u + ( − v ) = u1 − v1 , u 2 − v2 .

Multiplicação por um Escalar


Dado um vetor u = u1 , u 2 e um escalar c (um número real),
define-se o vetor c u como sendo o vetor que possui a mesma
direção e o mesmo sentido de u para c > 0 e sentido oposto de u
para c < 0. O módulo do vetor c u será igual a c u = c u . Dois
vetores quaisquer u e v são ditos paralelos se v = cu para algum
escalar c.

Propriedades das operações com vetores


Se u , v e w são vetores e k1 e k2 são escalares, então:

1. u + v = v + u 5. k1 ( u + v ) = k1u + k1v

2. u + ( v + w ) = ( u + v ) + w 6. ( k1 + k 2 ) u = k1u + k 2 u

3. u + 0 = u 7. ( k1 ⋅ k 2 ) u = k1 ( k 2 u )

4. u + ( −u ) = 0 8. 1 ⋅ u = u
364 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXERCÍCIOS 6.1
1. Quais das seguintes grandezas são vetoriais? Explique.
a) O custo de um bilhete de cinema.
b) A correnteza de um rio.
c) O caminho inicial do voo entre Houston e Dallas.
d) A população mundial.

2. Qual a relação existente entre o ponto (3,2) e o vetor 3, 2 ? Faça


um esboço ilustrativo.

3. Determine os componentes do vetor PQ onde P(5,2, 1) e


Q(2,4,2).

4. Exprima w em termos dos vetores u e v na figura.

5. Escreva a combinação de vetores


AB + BC como um único vetor.

6. Use os vetores da figura para desenhar os seguintes vetores:


(a) u + v (b) 2u (c) 2u + v
CÁLCULO VETORIAL 365

7. Determine o vetor u = AB . Desenhe o vetor u e o


correspondente vetor posição.

(a) A ( 3, −1) ; B (1, 2 ) (b) A (1, −2,0 ) ; B (1, −2,3)

8. Determine a soma dos vetores 3, −1 e −2, 4 e ilustre


geometricamente.
9. Determine: u , u + v , u − v , 2u e 3u + 4v .

(a) u = −3, −2, −1 ; v = 4, 2, −3 (b) u = i − 2 j ; v = j + 3k

10. O que você entende por módulo de um vetor? Determine o


módulo (norma) do vetor v = −1, 2, 4 .

11. Determine um vetor unitário que tenha o sentido oposto ao


vetor v = 6i − 4 j + 2 k .

Resultante de Duas Forças


Concorrentes
Da Física sabemos que o efeito que uma força exerce sobre um
objeto depende da magnitude, da direção e do sentido da força e do
ponto na qual foi aplicada. As operações algébricas sobre os vetores
têm sua origem no estudo das forças que se caracterizam como
grandezas vetoriais.

Se duas forças F1 e F2 forem aplicadas em um mesmo ponto


de um objeto, então as duas forças têm o mesmo efeito que a força
F1 + F2 aplicada naquele ponto, sobre o objeto. Os físicos
denominam F1 + F2 de resultante de F1 e F2 e dizem que as forças
366 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

F1 e F2 são concorrentes para lembrar que elas foram aplicadas no


mesmo ponto.

Suponha que sejam conhecidas as magnitudes das forças F1 e


F2 e o ângulo θ entre elas, e que queremos encontrar a magnitude
da resultante F1 + F2 e o ângulo α que a resultante faz com a força
F2 . Para isso usaremos a lei dos senos e a lei dos cossenos aplicadas
ao triângulo da figura abaixo.

Levando em conta que cos (π − θ ) = − cos θ , segue da lei dos


cossenos que:
2 2
F1 + F2 = F1 + F2 + 2 F1 F2 cosθ

e, a partir da lei dos senos, levando em conta que sen (π θ) = sen θ


temos que:
CÁLCULO VETORIAL
L 367

F1
senα = ⋅ senθ
F1 + F2

EXEMPLO Suponha que duas


forças sejam aplicadas em um ponto
como mostra a figura ao lado.
Determine a magnitude da resultante
e o ângulo α que ela faz com o eixo
x positivo.
Solução
A partir da fórmula
2 2
F1 + F2 = F1 + F2 + 2 F1 F2 cosθ

elevando em conta que o ângulo entre os vetores F1 e F2 é θ = 40


e que F1 = 300 N e F2 = 200 N , temos que:

2 2
F1 + F2 = F1 + F2 + 2 F1 F2 cosθ =

= ( 300 )2 + ( 200 )2 + 2 ⋅ ( 300 ) ⋅ ( 200 ) cos 40 ≈ 471


71 N .

F1
Agora, a partir da equação senα = ⋅ senθ obte
temos o
F1 + F2

valor do ângulo α entre F1 e a resultante:

F1  300 
α = arcsen ⋅ senθ ≈ arcsen  ⋅ sen40  ≈ 24,, 2 .
F1 + F2  471 

Portanto, o ângulo ϕ que a resultante faz com o eixo positivo x é:


368 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

ϕ = α + 30o ≈ 24,2o + 30o = 54,2o

O Produto Escalar ou Produto


Interno
Definição
Dados dois vetores u = u1 , u 2 e v = v1 , v2 , definimoss o
produto escalar de u e v como sendo o número u ⋅ v definido
ido
por
u ⋅ v = u1v1 + u2v2 .

Observe que o resultado do produto escalar de dois vetores não



é um vetor e sim um número real (um escalar). O produto escal alar
também é conhecido como produto interno. Apesar de a definiç ição
ter sido apresentada para vetores bidimensionais, o produto escal
calar
para vetores tridimensionais é definido de maneira análoga.
u1 , u2 , u3 ⋅ v1 , v2 , v3 = u1v1 + u2 v2 + u3v3

O produto escalar obedece a várias regras semelhantes às do


produto de números reais, como podemos ver através dos resultad
ados
a seguir. Essas regras são facilmente demonstradas, utilizando-se
se a
definição, e serão deixadas como exercício.
CÁLCULO VETORIAL 369

Propriedades do Produto Escalar


Se u , v e w são vetores quaisquer e k é um escalar, então:
2
(1) u ⋅ u = u Observe que existe uma
diferença entre os dois
(2) u ⋅ v = v ⋅ u
zeros que aparecem na
(3) u ⋅ ( v + w ) = u ⋅ v + u ⋅ w propriedade (5) – o zero
(4) ( ku ) ⋅ v = k ( u ⋅ v ) = u ⋅ ( kv ) do lado direito é o
escalar zero enquanto o
(5) 0 ⋅ v = 0 zero no lado esquerdo é
o vetor nulo.

Se u e v são vetores não-nulos, então podemos interpretar o


produto escalar u ⋅ v em termos do ângulo θ entre u e v (ver
figura) onde 0 ≤ θ ≤ π .

Neste caso, o produto escalar entre u e v é dado por:

u ⋅ v = u v cos θ .

Para provar este resultado basta aplicar a Lei dos Cossenos no


triângulo OPQ da figura a seguir.
370 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Q
u −v
v
P
u
x
O

Da definição anterior, conclui-se que:


1. Se θ = 0 ou θ = π , então os vetores u e v são paralelos.
Por quê?
2. Se θ é o ângulo entre dois vetores não nulos u e v , então
u ⋅v
cos θ = .
u v

3. Dois vetores u e v são perpendiculares (ou ortogonais) se,


e somente se, u ⋅ v = 0 . Por quê?
4. Como os vetores u e v são não-nulos e considerando o sinal
de u e v podemos deduzir se o ângulo entre os dois vetores
é agudo ou obtuso. Por quê?

Projeções
O produto escalar oferece a possibilidade de determinar a
projeção de um vetor sobre outro, sem que seja necessário
conhecermos o ângulo entre os dois. Isso é possível devido à
equivalência algébrica do produto escalar com o cosseno do ângulo
entre os dois vetores, como foi visto anteriormente.
CÁLCULO VETORIAL
L 371

Vamos agora considerar as duas situações abaixo, ondee o vetor


projeção de v sobre u é denotado por proju v .

Vimos que o produto escalar de por é dado por

u ⋅ v = u v cos θ

donde concluimos que:

1  u 
( u ⋅ v ) = v cos θ ⇒   ⋅ v = v cosθ
u  u 

Observando o lado direito da equação, notamos que a expxpressão


obtida corresponde à projeção do vetor v sobre o vetor u , por
orém na
forma escalar, ou seja, o valor corresponde ao “tamanho” do vetor
projeção, não contendo informação sobre a direção e o sentido
do deste.
Definimos então, a projeção escalar de v sob obre u
(componente de v ao longo de u) como sendo o númer ero real
π
v cosθ e denotado por compu v . Observe que se < θ ≤ π então
2
compu v < 0.

Assim, a projeção escalar de v sobre u é dada por:


u ⋅v
compu v = = v cosθ
u
372 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Observe ainda que, se multiplicarmos a projeção escalar


u
de v sobre u ( compu v ) pelo vetor unitário (versor) ,
u
teremos o vetor projeção definido por:
u ⋅v u u ⋅v
proju v = × = 2
u
u u u

compu v versor de u

Trabalho
A fórmula, W = F ⋅ d , para calcular o trabalho realizado por
uma força constante de magnitude F , ao mover um objeto ao longo
de uma distância d, é verdadeira apenas se a força estiver agindo na
direção do movimento.

Se uma força F que move um objeto, ao longo de um


deslocamento d = PQ , tem outra direção (ver ilustração abaixo), o
trabalho realizado por esta força é dado por:

Trabalho = (projeção escalar de F na direção de d ) × (comprimento de d )

= ( F cosθ ) d = F d cosθ = F ⋅ d

W = F ⋅ d = F d cosθ

onde θ é o ângulo entre os vetores F e d .


CÁLCULO VETORIAL
L 373

OBS:
Observe que a quantidade F cos θ é o componente esc
scalar da
força ao longo do vetor deslocamento. Portanto, se cos
os θ > 0
então uma força de magnitude F agindo em um ân ângulo θ
realiza o mesmo trabalho que uma força de mag
agnitude
F cos θ agindo na direção do movimento.

EXEMPLO Um objeto está sendo puxado horizontalmen ente por


meio de uma força constante de 20 lb na direção da corda qque faz
um ângulo de 60o com a horizontal. Qual é o trabalho realizad
ado para
mover o objeto ao longo de 30 pés?
Solução
Vamos introduzir o objetoo em
e um
sistema de coordenadass xy de
modo que ele se mova do ponto
P(0,0) ao ponto Q(30,0) ao longo
do eixo x. Nesse caso, ca o
deslocamento é dado pelo elo vetor
30 .
d = PQ = 30i . d = PQ = 30i

W = F ⋅ d = F d cosθ = 20 × 30 × cos 60

W = 300 3 ≈ 519,6 pés lb.

EXERCÍCIOS 6.2
1. Determine o produto escalar dos vetores dados e o cosse
sseno do
ângulo entre eles.

(a) u = i + 2 j , v = 5i − 4 j
374 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

(b) u = −3,1, 2 , v = 4, 2 − 5
π
2. Sabendo que u = 1, v = 2 e o ângulo entre u e v é ,
6
encontre o valor do produto escalar u ⋅ v .

3. Verifique se os vetores u = 7i + 3 j + 5k e v = −8i + 4 j + 2k


formam um ângulo agudo, um ângulo obtuso ou se são ortogonais.
4. Determine o valor de k de maneira que o vetor que vai do ponto
A (1, −1,3) ao ponto B(3,0,5) seja perpendicular ao vetor que vai do
ponto A ao ponto P(k,k,k).
5. Dados os vetores u = 2i − j , v = 3i + 4 j , determine o
componente vetorial de u na direção de v e o componente vetorial
de v na direção de u . Em seguida, faça um esboço dos vetores u ,
projv u e proju v .
6. Determine o trabalho realizado por uma força F = −3 j (libras)
aplicada em um objeto que se move sobre uma reta de (1,3) a (4,7).
Considerar a distância medida em metros.
7. Um bloco é arrastado pelo chão por uma corda que aplica uma
força de 50 libras em um ângulo de 60o com o chão. Quanto trabalho
é realizado para movimentar o bloco 15 pés?

O Produto Vetorial
O produto vetorial u × v de dois vetores u e v , só é definido
se u e v forem vetores tridimensionais.
CÁLCULO VETORIAL 375

Definição
Dados dois vetores u = u1 , u 2 , u3 e v = v1 , v2 , v3 , definimos
o produto vetorial de u e v como sendo o vetor

u × v = u 2 v3 − u3 v2 , u3 v1 − u1v3 , u1v2 − u 2 v1 .

A definição acima pode ser expressa na forma de determinante,


conforme descrito a seguir:

i j k
u × v = u1 u2 u3
v1 v2 v3

OBS:
1. O produto vetorial está definido apenas para vetores no
espaço tridimensional.
2. O produto vetorial entre dois vetores é um vetor, enquanto
que o produto escalar de dois vetores é um número real.

Considere dois vetores u e v . Algumas propriedades do


produto vetorial u × v serão descritas a seguir.

Propriedades
1. Se ß é o ângulo formado pelos vetores u e v (portanto
0 ≤ β ≤ π ), então u × v = u v senβ .

2. O vetor u × v é ortogonal a u e v . (como você demonstraria


este resultado?)
376 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

3. O sentido do vetor u × v é dado pela regra da mão direita:


com os dedos da mão direita curvados, girando no sentido de
u para v
(ângulo menor do que 1800), o dedo polegar estará
apontando no sentido do vetor u × v .

OBS:
1. O produto vetorial é também denominado produto
externo.
2. Da propriedade 3, pode-se concluir que u × v = − ( v × u ) , ou
seja, o produto vetorial é uma operação não comutativa.
3. Se ß = 0º então os vetores u e v são paralelos e u × v = 0
e, portanto, o vetor u × v será o vetor nulo. Observe então que
o produto vetorial de dois vetores pode ser nulo, sem que pelo
menos um dos vetores seja nulo; basta que eles sejam
paralelos.
4. Considerando os vetores unitários (ou seja, de módulo
igual a 1) do espaço R3, i , j e k , podemos escrever as
seguintes igualdades:
CÁLCULO VETORIAL 377

i ×i =0 i × j =k

j× j =0 j ×k =i

k ×k =0 k ×i = j

Para melhor entender a tabela acima, basta lembrar que


vetores paralelos possuem produto vetorial nulo (todo vetor é
paralelo a si próprio e, portanto, i // i , j // j e k // k ) e
que os vetores i , j e k são perpendiculares entre si dois a
dois.
5. Considere o paralelogramo da figura abaixo:

A base do paralelogramo é dada por u e a altura é dada por


v senθ . Assim, a área do paralelogramo é dada por:

A = base × altura = u (v senθ ) = u v senθ = u × v

Dizemos então que o módulo do produto vetorial u × v é


numericamente igual à área do paralelogramo determinado
por u e v .
378 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXERCÍCIOS 6.3
1. Determine o produto vetorial u × v . Em seguida, faça um esboço
dos vetores u , v e u × v como vetores posição.
(a) u = 2i + j − k , v = j + 2k (b) u = 1,2,0 , v = 0,3,1
2. Verifique se as afirmações a seguir fazem sentido, justificando
sua resposta. Se fizerem, diga se correspondem a um escalar ou a
um vetor.
(a) u ⋅ ( v × w ) (b) u × ( v ⋅ w )
(c) u × ( v × w ) (d) ( u ⋅ v ) × w
3. Determine dois vetores unitários que sejam ortogonais tanto a
1, −1,1 quanto a 0, 4, 4 .
4. Determine a área do paralelogramo com vértices em A(5,2,0),
B(2,6,1), C(2,4,7), D(5,0,6).

Equações Paramétricas de Retas


Podemos determinar uma reta r no plano ou no espaço a partir
de um ponto P0 sobre a reta e de um vetor v não-nulo paralelo à
reta.
CÁLCULO VETORIAL 379

Observe que vai existir uma única reta r passando por P0 e


paralela ao vetor v .
Neste texto iremos fixar nossa atenção nas equações
paramétricas de retas no espaço tridimensional. De maneira análoga
essa discussão aplica-se a uma reta no plano.

Para determinar um ponto P ( x, y, z ) qualquer da reta r, basta


observarmos que a reta r é formada por todos os pontos P ( x, y, z )
para os quais o vetor P0 P é paralelo a v = a, b, c . Isso significa
que o ponto P ( x, y, z ) pertence a reta r se, e somente se, P0 P é um
múltiplo escalar de v .
Escrevemos então a equação

P0 P = tv , t ∈ ℝ

que também pode ser escrita como


380 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

x − x0 , y − y0 , z − z0 = t a, b, c = ta, tb, tc
 x − x0 = ta

⇒  y − y0 = tb
 z − z = tc
 0

obtendo assim as equações paramétricas da reta r que passa pelo


pe
ponto P0 e tem a direção do vetor v , descritas a seguir:

 x = x0 + ta

equações paramétricas  y = y0 + tb , t ∈ℝ
 z = z + tc
 0

O vetor v é denominado de vetor direção da reta r.

EXEMPLO 1 Encontre equações paramétricas da reta que passa


ssa
(a) pelo ponto P(3,1) e é paralela ao vetor v = 1, −2 ;
(b) pelo ponto Q ( −1, 2,3) e é paralela ao vetor v = 2,3, −5 ;
Solução
(a) A partir de
x – x0 = ta y – y0 = tb
com x0 = 3, y0 = 1, a = 1 e b = −2 , obtemos as equaçõ
ções
paramétricas da reta no plano

 x =3+t

 y = 1 − 2t
(b) A partir de
x – x0 = ta y – y0 = tb z = z0 + tc
com x0 = −1 , y0 = 2, z0 = 3, a = 2, b = 3 e c = −5, obtemoss as
equações paramétricas da reta no espaço tridimensional
CÁLCULO VETORIAL
L 381

 x = −1 + 2t

 y = 2 + 3t
 z = 3 − 5t

EXEMPLO 2
(a) Encontre equações paramétricas da reta r que passa peloss pontos
P (1,3, −2 ) e Q ( 3,0,5 ) .
(b) Em que ponto essa reta intercepta o plano yz?
Solução
(a) Primeiramente devemos escolher um dos dois ponto
tos para
“montar” as equações. No nosso caso escolhemos o ponto
P (1,3, −2 ) . Observe que o vetor PQ = Q − P = 2, −3,7 é p
paralelo
à reta r (na realidade, ele possui representantes nesta reta).

As equações paramétricas da reta r são:

 x = 1 + 2t

 y = 3 − 3t , t ∈ ℝ
 z = −2 + 7t

382 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

(b) A reta irá interceptar o plano yz no ponto em que x = 0, ou seja,


sej
1
t=−
no ponto em que 2 . Substituindo o valor de t nas equaçõ
ções

paramétricas da reta r, obtemos o ponto de interseção da reta r com


co
o plano yz
 9 11 
I ( x, y , z ) =  0, , −  .
 2 2

OBS:
Observe que poderíamos ter utilizado o ponto Q como pon
onto
de r ao invés do ponto P. Iríamos obter as equaçõ ções
paramétricas:
 x = 3 + 2t

 y = −3t , t ∈ ℝ
 z = 5 + 7t

que fornecerão o mesmo conjunto de pontos que constituir
irão
a reta r.

EXEMPLO 3 Verifique se as retas


 x =2+t  x = 1 + 2t
 
r :  y = 3 − 5t s :  y = 2 − 5t t∈ℝ
 z = −1 + 4t  z = −3 + 8t
 
são paralelas ou se elas possuem algum ponto em comum.
Solução
Para verificar se as retas são paralelas, basta averiguar se os vetor
ores
direção das retas dadas são paralelos, ou seja, múltiplos um ddo
outro.
CÁLCULO VETORIAL
L 383

A reta r tem como vetor direção o vetor v = 1, −5, 4 e a reta


eta s tem
como vetor direção o vetor w = 2, −5,8 . Observe que o vetor
ve w
não é um múltiplo escalar do vetor u , pois não podemos escre
crever
w=k u (k = constante).
Portanto, as retas r e s não são paralelas.
As retas r e s irão se interceptar em algum ponto (a,b,c),, sse esse
ponto pertencer as duas retas, ou seja, se existirem valores t1 e t2 tais
que:
 2 + t1 = 1 + 2t2

 3 − 5t1 = 2 − 10t2
 −1 + 4t = −3 + 8t
 1 2

Para resolver esse sistema de três equações lineares com om duas


incógnitas, primeiramente resolvemos as duas primeiras eq equações
obtendo t1 = 2t2. Substituindo t1 na terceira equação, obtemos
− 1 = −3 (?)
Portanto, podemos concluir que as retas não se interceptam.

OBS:
Duas retas no espaço tridimensional que não são pararalelas e
não se interceptam são denominadas de retas reversas.

Existem algumas situações em que estamos interessadoss apenas


em parte de uma reta, ou seja, em um segmento de reta. Nesse
sse caso,
as equações paramétricas para um segmento de reta pode dem ser
obtidas a partir das equações paramétricas da reta inteira
restringindo o parâmetro t a um subintervalo da reta.
384 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXEMPLO 4 Determine as equações paramétricas para ra o


segmento de reta que vai do ponto P (1,3, −2 ) ao ponto Q ( 3, 0,5 ) .
Solução
As equações paramétricas da reta r que passa pelos pontos P e Q
são:

 x = 1 + 2t

 y = 3 − 3t , t ∈ ℝ
 z = −2 + 7t

O ponto P é obtido fazendo t = 0 e o ponto Q é obtido fazendo t = 1
nas equações acima. Assim, as equações paramétricas para ra o
segmento de reta que une os pontos P e Q são:

 x = 1 + 2t

 y = 3 − 3t , 0 ≤ t ≤ 1
 z = −2 + 7t

OBS:
1) A partir das equações paramétricas, podemos obter er a
equação vetorial de uma reta, do seguinte modo:
 x = x0 + ta

 y = y0 + tb ⇔ x, y , z = x0 + ta, y0 + tb, z0 + tc
. 
 z = z0 + tc
⇔ x, y, z = x0 , y0 , z0 + t a, b, c

Definindo os vetores w, w0 e v como:

w = x, y , z ; w0 = x0 , y0 , z0 ; v = a, b, c

obtemos a equação vetorial da reta, dada por:


CÁLCULO VETORIAL 385

w = w0 + tv Equação Vetorial

2) Se a, b e c são todos não nulos, então podemos eliminar o


parâmetro t, nas equações paramétricas, obtendo assim, as
equações simétricas da reta.
x − x0
t=
a
 x = x0 + ta
 y − y0 x − x0 y − y0 z − z0
 y = y0 + tb ⇒ t= ⇒ = =
 z = z + tc b a b c
 0 z − z0
t= Equações Simétricas
c

3) Observe que nem as equações paramétricas nem as equações


simétricas de uma reta são únicas.

EXERCÍCIOS 6.4
1. Determine as equações vetorial e paramétrica da reta que passa
pelo ponto ( −2, 4,10 ) e é paralela ao vetor 3,1, −8 .

2. Determine as equações vetorial e paramétrica da reta que passa


pelo ponto (1,0,6) e é perpendicular ao plano x + 3 y + z = 5 .
386 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

3. Determine as equações paramétrica e vetorial da reta que passa


pelos pontos ( 3,1, −1) e ( 3, 2, −6 ) .

4. (a) Determine a equação na forma simétrica da reta que passa


pelo ponto (0,2,-1) e é paralela a reta com equações paramétricas
x = 1 + 2t , y = 3t , z = 5 − 7t .
(b) Determine os pontos nos quais a reta obtida em (a) intercepta
os planos coordenados.
5. Utilize as equações paramétricas do exercício 4, para constatar a
veracidade da observação 3 descrita anteriormente.

Campo Vetorial
A idéia de campo vetorial está associada ao conceito de “fluxo”
como, por exemplo, fluxo de um fluido ou fluxo da eletricidade. O
conceito de campo vetorial pode ser entendido então como a
descrição matemática de um fluxo.
Um campo vetorial em um plano é definido como sendo uma
função V que associa a cada ponto P(x,y) do plano um único vetor
V ( x, y ) do plano. Um campo vetorial no plano pode ser descrito
como:
V ( x, y ) = f ( x, y ) i + g ( x, y ) j

Analogamente, um campo vetorial no espaço tridimensional é


definido como sendo uma função V que associa a cada ponto
P(x,y,z) do espaço um único vetor V ( x, y, z ) do espaço. Um campo
vetorial no espaço pode ser descrito como:

V ( x, y , z ) = f ( x, y , z ) i + g ( x, y , z ) j + h ( x, y , z ) k
CÁLCULO VETORIAL
L 387

EXEMPLO 1 Considere um fluido (líquido ou gá


gás) em
movimento em uma tubulação horizontal e uma seção A dest
sta (veja
ilustração a seguir).

Pode-se mostrar que o conjunto dos vetores velocidad


ade, em
cada ponto do fluido dessa seção, descreve uma parábolola com
velocidade máxima no eixo da tubulação.

Nessas condições, diz-se que está definido um campo vetorial


v
denominado de “campo de velocidades”.
Um campo vetorial pode ser visto geometricamente desenha
hando-se
vetores V em alguns pontos do plano ou do espaço tridimensi
sional.
388 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXEMPLO 2 Faça um esboço do campo vetorial


V ( x, y ) = i − 2 j .
Solução
Observe que os vetores do campo vetorial têm o mesmo tamanhnho,
direção e sentido, pois independem do ponto onde são aplicado
dos.
Para desenhar os vetores faça o seguinte:
1) Escolha um ponto qualquer do plano.
2) A partir do ponto escolhido, ande uma unidade para a direi
reita
(paralelamente ao eixo x).
3) Em seguida, ande duas unidades para baixo (paralelamentee ao
eixo y).

EXERCÍCIOS 6.5
1. Faça um esboço do campo vetorial dado, desenhando algu
guns
vetores.
(a) V ( x, y ) = xi
(b) V ( x, y ) = yi + xj
(c) V ( x, y ) = 3i + j
2. Determine se as afirmações sobre o campo
CÁLCULO VETORIAL 389

x y
V ( x, y ) = i− j
2 2
x +y x + y2
2

são verdadeiras ou falsas. Justifique sua resposta.


(a) À medida que o ponto (x,y) se afasta da origem, o tamanho dos
vetores diminui.
(b) Se (x,y) for um ponto no eixo x positivo, então o vetor aponta
para cima.
(c) Se (x,y) for um ponto no eixo y positivo, então o vetor aponta
para a direita.

Derivada Direcional
Quando estudamos derivadas parciais, aprendemos a calcular a
derivada de uma função em relação a cada uma de suas variáveis, ou
seja, supondo f uma função de x e y, vimos que f x ( x0 , y0 ) fornece a
variação de f, na direção do eixo-x, no ponto (x0, y0), assim como
f y ( x0 , y0 ) fornece a variação de f, na direção do eixo-y, no ponto
(x0, y0).
A pergunta que surge neste momento é: podemos calcular a
derivada de f, em uma direção qualquer do plano-xy, no ponto
( x0 , y0 ) ?
390 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

inte
A resposta é sim e, para calculá-la, utilizaremos o seguin
teorema:

Teorema: Se f é uma função diferenciável de duas variáve


veis
e u = u1 i + u2 j é um vetor unitário (u = 1) , então a deriva
vada
direcional de f, na direção de u , em um ponto (x0, y0), é dada porr
∂f ∂f ∂f
Du f ( x0 , y0 ) = ( x0 , y0 ) = ( x0 , y0 ) u1 + ( x0 , y0 ) u2 .
∂u ∂x ∂y

EXEMPLO 1 Calcule a derivada de f ( x, y ) = x 2 y na direç


eção
do vetor v = 2i + j , no ponto P(1, 2).
Solução
Inicialmente precisamos verificar se o vetor dado é unitário, ou seja,
sej
se possui norma um. Para isso, calculamos
v = 2,1 = 2 2 + 12 = 5. .

lar a
Como o vetor não é unitário, tomamos seu versor para calcular
derivada solicitada, ou seja, tomamos o vetor

2 1 2 1
u= i+ j ou u = , .
5 5 5 5

Pelo teorema anterior, temos então:

∂f ∂f 2 ∂f 1
(1, −2 ) = (1, −2 ) ⋅ + (1, −2 ) ⋅ =
∂u ∂x 5 ∂y 5
2 1 −8 1 −7
= 2 xy (1,−2 ) + x 2 (1,−2 ) = + = .
5 5 5 5 5
CÁLCULO VETORIAL
L 391

EXEMPLO 2 Calcule a derivada de f ( x, y) = 3x 2 − y 2 + 4x , na


π
direção do vetor unitário que faz um ângulo de com o eixoo-x.
6
Solução
π
O vetor unitário que faz um ângulo de com o eixo-x é dado
do por
6
π π 3 1
u = cos i + sen j , ou seja, u = i+ j.
6 6 2 2
Aplicando o teorema anterior, obtemos:
∂f 3 1 ∂f
( x, y ) = ( 6 x + 4 ) − 2 y ⇒ ( x, y ) = 3 3 x − y + 2 33.
∂u 2 2 ∂u

Definição: Se f é uma função de duas variáveis x e y e se


fx e fy existem, então o gradiente de f no ponto (x0, y0), denotado
de
por ∇f ( x0 , y0 ) , é dado pelo vetor
∂f ∂f ∂f ∂f
∇f ( x0 , y0 ) = ( x0 , y0 ) i + ( x0 , y0 ) j = ( x0 , y0 ) , ( x0 , y0 ) .
∂x ∂y ∂x ∂y

OBS:
Se u = u1 i + u2 j é um vetor unitário, já vimoss que a
derivada direcional de f, na direção de u , em (x0, y0), é dada
por:
∂f ∂f ∂f
Du f ( x0 , y0 ) = ( x0 , y0 ) = ( x0 , y0 ) u1 + ( x0 , y0 ) u2 .
∂u ∂x ∂y

Porém esta expressão é exatamente o resultado do pproduto


interno (ou produto escalar) do vetor gradiente de f no ponto
(x0, y0) pelo vetor u . Portanto, outra maneira de repre
presentar
esta derivada direcional é:
392 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

∂f ∂f ∂f
( x0 , y0 ) = ( x0 , y0 ) , ( x0 , y0 ) ⋅ u1 , u2
∂u ∂x ∂y
ou
Du f ( x0 , y0 ) = ∇f ( x0 , y0 ) ⋅ u

EXEMPLO 3 Calcule a derivada de f ( x, y ) = x2 − 4 y , na


1 3
direção do vetor v = i+ j , no ponto P( 2,2), utilizando o
2 2
gradiente de f.
Solução
Inicialmente verificamos se o vetor dado é unitário:
1 3
v = + = 1 ⇒ v é um vetor unitário.
4 4
∂f
Logo, pela observação acima temos = ∇ f ⋅ v , ou seja,
∂v
∂f 1 3 1 3
( −2, 2 ) = 2 x ( −2,2) , 4 ⋅ , = −4, −4 ⋅ , =
∂v 2 2 2 2

(
= −2 − 2 3 = −2 1 + 3 . )

x2 y 2
EXEMPLO 4 Calcule a derivada de f ( x, y ) = + n
, na
16 9
π
direção do vetor unitário que faz um ângulo de com o eixo-x,, no
n
4
ponto P(4,3).
Solução
π
O vetor unitário que faz um ângulo de com o eixo-x é dado por
or
4
CÁLCULO VETORIAL
L 393

π π 2 2
u = cos i + sen j = i+ j.
4 4 2 2
Assim, a derivada solicitada é dada por
∂f (4,3)
Du f ( 4,3) = = ∇f (4,3) ⋅ u .
∂u
Por outro lado, o gradiente de f é dado por
x 2y 1 2
∇f ( x , y ) = , ⇒ ∇f (4,3) = ,
8 9 2 3
Logo, sua derivada direcional, no ponto P(4,3), é dada por

∂f 1 2 2 2 2 2 7 2
Du f ( 4,3) = (4,3) = , ⋅ , = + = .
∂u 2 3 2 2 4 3 12
OBS:
O gradiente de uma função em um ponto fornece a direç
reção e o
sentido da maior taxa de variação da função neste pont
nto. E o
valor desta taxa máxima é dado pela norma do gradie iente no
ponto.
De fato, temos que:
Du f = ∇f ⋅ u = ∇f u cosθ = ∇f cos θ

onde θ é o ângulo entre ∇f e u . O valor máximo de cos θ


é igual a 1, e isso ocorre quando θ = 0. Portanto,, o valor
máximo da derivada direcional Du f é ∇f e ocorree quando
q
θ = 0, ou seja, quando u tem a mesma direção que ∇f .
394 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXEMPLO 5
a) Determine a derivada direcional da função f ( x, y ) = xe y , na
1 
direção do vetor que vai do ponto P(2,0) ao ponto Q  , 2  .
2 
b) Em que direção f tem a taxa máxima de variação? Qual é a taxa
ta
máxima de variação?
Solução
a) O vetor gradiente é dado por:
∇f ( x, y ) = f x , f y = e y , xe y
∇f (2,0) = 1, 2
Considere
3 9 9 + 16 5
v = PQ ⇒ v = − , 2 ⇒ v = +4 = = .
2 4 4 2

Logo, v não é unitário. Tomemos então:


v PQ 3 4
u= = = − ,
v PQ 5 5.

Assim, a derivada direcional é dada por:


3 4  3 4
Du f = ∇f ( 2,0 ) ⋅ u = 1, 2 ⋅ − , = 1 −  + 2   = 1 .
5 5  5 5
b) Pela observação anterior, f aumenta mais depressa na direçãoo ddo
vetor gradiente ∇f (2,0) = 1, 2 e a taxa máxima de variação é da
dada
por:
∇f ( 2,0 ) = 1, 2 = 5.
CÁLCULO VETORIAL
L 395

Observe que, no ponto P(2,0), a função aumenta mais rapida


idamente
na direção do vetor gradiente.

EXEMPLO 6 A temperatura em cada ponto (x,y) de uma


ma placa
retangular situada no plano xy é dada por T ( x, y ) = x 2 + y 2 .
a) Encontre a taxa de variação da temperatura no ponto P(3
(3,4), na
π
direção e sentido que fazem um ângulo decom o eixo-x.
3
b) Encontre a direção e sentido em que a taxa de variaç
iação da
temperatura é máxima no ponto P(1,1).
Solução
π
a) O vetor unitário, que faz um ângulo de , com o eixo-x é dado
3
por:
π π 1 3
u = cos i + sen j = i + j.
3 3 2 2
Logo,
∂T ( 3, 4 )
= ∇T ( 3, 4 ) ⋅ u .
∂u
396 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Por outro lado, o gradiente de T é dado por

∇T ( x, y ) = 2 x ,2 y ⇒ ∇T (3,4) = 6,8

Portanto, sua derivada direcional, no ponto P(3,4), é dada por

∂T 1 3
(3,4) = 6,8 ⋅ , = 3+ 4 3 .
∂u 2 2

Assim, a taxa de variação da temperatura no ponto P(3,4),, na


π
direção e sentido que fazem um ângulo de com o eixo-x, é de
d
3
aproximadamente 9,93 graus/unidade de comprimento.
b) A taxa de variação da temperatura é máxima no ponto P(1,1)) na
direção e sentido do gradiente de T neste ponto, o qual é dado por
po

∇T ( x, y ) = 2 x,2 y ⇒ ∇T (1,1) = 2,2 .

Logo, a taxa de variação da temperatura é máxima no ponto P(1, (1,1)


na direção e sentido do vetor 2, 2 , ou seja, na direção que faz um
u
π
ângulo de radianos com o eixo-x.
4
EXEMPLO 7 O potencial elétrico em qualquer ponto do plan
lano
−2 x
xy é dado por V ( x, y ) = e cos(2 y ) . A distância é medida em
e
metros.
 π
a) Encontre a taxa de variação do potencial no ponto P  0,  , na
 4
π π
direção do vetor v = cos i + sen
j.
6 6
b) Encontre a direção, o sentido e o valor da taxa de variaç
ação
máxima do potencial em P.
Solução
a) Seguindo os mesmos procedimentos adotados até aqui, temos:
CÁLCULO VETORIAL
L 397

3 1 ∂V  π  π 3 1
v = + =1 ⇒  0, 4  = ∇V  0, 4  ⋅ ,
4 4 ∂v     2 2

 π
∇V  0,  = −2e −2 x cos ( 2 y ) , −2e −2 x sen ( 2 y )  π
= 0,, −2
 4  0, 
 4

∂V  π  3 1
∴ 0, = 0, −2 ⋅ , = −1.
∂v  4  2 2

b) A direção e o sentido da taxa de variação máxima do potencial


po
em P é dado pelo gradiente de V em P, ou seja, pelo vetor 0, −2 .
Portanto, na direção e sentido de − j . O valor da taxa de va
variação
máxima do potencial em P é dado pela norma do gradiente noo ponto,
logo, 0, −2 = 2 .

OBS:
Todas as definições e resultados apresentados acimaa podem
ser estendidos para funções de três ou mais variáveis.

EXEMPLO 8 Se V(x, y, z) volts representa o potenciall elétrico


e
em um ponto (x, y, z) do espaço tridimensional, e se V é dado da por
1
V ( x, y , z ) = , determine:
x2 + y2 + z2
a) A taxa de variação de V no ponto P(2, 2, 1), na direção do vetor
v = 2, −3, 6 = 2 i − 3 j + 6 k .
b) A direção e sentido em que se dá a maior taxa de variaçã
ção de V
em P.
c) O valor da taxa de variação máxima em P.
Solução
398 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

2
a) v = 22 + ( −3) + 62 = 7 ⇒ v não é unitário. Tomemo mos,
u
portanto, seu versor para calcular a derivada direcional.
2 −3 6 −2 −2 1
u= , , e ∇V ( 2,2, −1) = , , .
7 7 7 27 27 27
Assim,
∂V −2 −2 1 2 −3 6 8
( 2, 2, −1) = , , ⋅ , , = ≈ 0,042..
∂u 27 27 27 7 7 7 189
b) A maior taxa de variação de V em P se dá na direção do gradien
iente
neste ponto. Se tomarmos o versor do gradiente, teremos uma idédéia
melhor desta direção:

9 3 1
∇V ( 2, 2, −1) = 2
= =
( 27 ) 27 9

∇V ( 2,2, −1) 2 2 1
⇒ = − i − j + k.
∇V ( 2,2, −1) 3 3 3

c) O valor da taxa de variação máxima em P é dado pela normaa do


d
1
gradiente no ponto, ou seja, é igual a .
9

EXERCÍCIOS 6.6
1. Encontre a derivada direcional de f em P, na direção indicada:
2
a) f ( x, y ) = x 2 − 5 xy + 3 y 2 ; P ( 3, −1) ; v =
2
(i+ j )
b) f ( x, y ) = x 2 ln y ; P ( 5,1) ; v = − i + 4 j
x− y
c) f ( x, y ) = ; P ( 2, −1) ; v = 3, 4
x+ y
CÁLCULO VETORIAL 399

d) f ( x, y , z ) = xy 2 z 2 ; P ( 2, −1, 4 ) ; v = 1, 2, −3
e) f ( x, y , z ) = xe yz + xy ; P (1,3, −2 ) ; v = i + j − k

2. Uma chapa de metal está situada em um plano xy de modo que a


temperatura T em (x,y) seja inversamente proporcional à distância da
origem, e a temperatura em P(3,4) é 100 ºF.
a) Determine a taxa de variação de T em P na direção de v = i + j .
b) Determine a taxa de variação de T em P na direção de v = i − j .
c) Em que direção a taxa de variação é zero?
3. O potencial elétrico V em (x,y) é dado por:

V ( x, y , z ) = x 2 + 4 y 2 + 9 z 2 .
a) Determine a taxa de variação de V em P(2, 1,3), na direção de P
para a origem.
b) Encontre a direção que produz a taxa máxima de variação de V
em P.
c) Qual a taxa máxima de variação em P?
4. A temperatura em um ponto (x, y, z) é dada por:
2
− 3 y 2 −9 z 2
T ( x, y, z ) = 200e − x ,

onde T é medido em ºC e x, y e z em metros.


a) Determine a taxa de variação da temperatura no ponto P(2, 1,2)
em direção ao ponto Q(3, 3,3).
b) Qual é a direção de maior crescimento da temperatura em P?
c) Encontre a taxa máxima de crescimento em P.
5. Determine as direções em que a derivada direcional de
f ( x, y) = x2 + sen( xy) no ponto P(1,0) tem valor igual a 1.

6. a) Mostre que uma função diferenciável f decresce mais depressa


em x na direção oposta à do vetor gradiente.
400 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

b) Utilize a parte a) para determinar a direção em que


f ( x, y ) = x 4 y − x 2 y 3 decresce mais rápido no ponto ( 2, −3) .

Integral de Linha
As integrais de linha encontram-se em inúmeras aplicações nas
Ciências Exatas, como por exemplo, no cálculo do trabalho
realizado por uma força variável sobre uma partícula, movendo-a de
um ponto A a um ponto B no plano. Na Termodinâmica, uma
integral de linha é utilizada para calcular o trabalho e o calor
desenvolvido numa transformação qualquer.
Para entender melhor esse conceito, consideremos o problema
de encontrar a massa de um bastão de comprimento cuja função
densidade linear (massa por unidade de comprimento) seja
conhecida.

Dividimos o bastão em quantidades pequenas e consideramos


∆m a quantidade de massa contida no segmento de x até x + ∆x de
∆m
maneira que é a massa por unidade de comprimento no
∆x
∆m
segmento. Se a massa está distribuída uniformemente então, é
∆x
independente da escolha do segmento e é denominada de densidade
do corpo (ou mais corretamente, densidade de massa linear) e
CÁLCULO VETORIAL 401

∆m
indicada por ρ, ou seja, = ρ é constante em todo o
∆x
comprimento do bastão. A massa total é então M = ρ .

Se a massa do bastão não estiver distribuída uniformemente,


∆m
então é a densidade média no segmento de x até x + ∆x, e seu
∆x
valor depende da posição do segmento e de seu comprimento.
Definimos então, o valor da função
∆m dm
ρ ( x ) = lim =
∆x →0 ∆x dx
como sendo a densidade em qualquer ponto x do bastão, e a
quantidade diferencial dm = ρ (x) dx é a massa de um segmento dx
em x.
A massa total do corpo é então, a soma das pequenas porções
de massa do bastão, ou seja,


M = dm =
∫ ρ ( x) dx .
0

Esta integral é interpretada como sendo a área abaixo da curva


ρ (x) com x variando de 0 até . Uma interpretação alternativa é
obtida, considerando a função densidade ρ (x) como uma
propriedade associada com os pontos x de uma reta (o eixo x).
Consideremos agora, ao invés de uma reta, uma curva no plano
xy, e seja f (x,y) a densidade de massa de um bastão curvado AB de
um material qualquer (ver ilustração abaixo).
402 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Nesse caso, ds é uma quantidade infinitesimal do comprimento


da linha C e
dm = f ( x, y ) ds

é a quantidade de massa dessa porção - onde f ( x, y ) representa a


densidade linear em cada ponto da curva C.
Assim, a massa total do bastão é dada por:


M = dm =
C
∫ f ( x, y ) ds
C

onde

C
significa integração ao longo da curva C, de A até B.

A quantidade I = ∫ f ( x, y ) ds é denominada integral de linha,


C
e inclui a integral definida como um caso particular. A curva C é
chamada o caminho da integração.
CÁLCULO VETORIAL
L 403

Para calcular uma integral de linha, geralmente é neceecessário


conhecer a equação da curva C, a qual pode ser dada naa forma
cartesiana ou paramétrica. A forma cartesiana é mais utilizada,
uti
quando a curva é o gráfico de uma função, ou seja, quand ando sua
expressão matemática é do tipo y = y ( x ) . Já a forma param
amétrica,
abrange o caso geral, tanto para gráficos de função ou não.

Em ambos os casos, uma integral de linha pod ode ser


transformada em uma integral simples de uma função dde uma
variável. Para isso, basta restringirmos os valores de f ( x, y ) aos
pontos da curva C, e encontrarmos uma expressão adequada para
pa ds.
Para acharmos ds, devemos observar que ela é uma quan
antidade
infinitesimal do comprimento da curva C. Assim, por po ser
infinitesimal, podemos supor que ela é a hipotenusa do tri
triângulo
retângulo, cujos catetos são dx e dy (ver figura).
404 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Aplicando o Teorema de Pitágoras nesse triângulo, obtemos:

( ds )2 = ( dx )2 + ( dy )2 ⇒ ds = ( dx )2 + ( dy )2 .

Aqui, temos dois casos a considerar:


1o Caso: y = y ( x )

Nesse caso, temos que:


y = y ( x ) ⇒ dy = y '( x ) dx
⇒ ds = ( dx ) 2 + [ y '( x )]2 ( dx ) 2 = 1 + [ y '( x )]2 dx

Portanto,
b 2

C
f ( x, y ) ds = ∫ f ( x, y ( x ) )
a
1 +  y ' ( x )  dx.
CÁLCULO VETORIAL
L 405

x2
EXEMPLO Calcule a integral ∫
C
xy ds sobre a curva y =
2
do

 1
ponto ( 0,0 ) ao ponto 1,  .
 2
Solução
Escreva a função f ( x, y ) = xy restrita à curva C:
 x2  x 2 x3
f  x,  = x ⋅ =
 2  2 2
Encontre ds:
2
ds = 1 +  y ' ( x )  dx = 1 + x 2 dx

Substitua os itens encontrados na integral ∫ xy ds :


C

1 x3 1 1
∫ ∫ 1 + x 2 dx = ∫x
3
xy ds = 1 + x 2 dx
C
0 2 2 0

Calcule a integral obtida:


406 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

1 1
∫ xy ds = 2 ∫ x
3
1 + x 2 dx =
0
C
1 1 u 2 = 1 + x 2 ⇒ 2udu = 2 xdxx
=
2 ∫
0
x 2 1 + x 2 xdx =
⇒ x dx = u du
1 1
∫ (u )
2
= − 1 u udu =
2 0

1 1 1  u5 u3 
=
2 ∫(
0 2 5
)
u 4 − u 2 du =  −  =
3 
x =1
 5 3 
=
(
 1+ x
2
) − (1 + )
2 x 2 2

 =
 10 6 
  x = 0
25 23 1 1 1 + 2
= − − + = .
10 3 10 6 15

2o Caso: Curva dada na forma paramétrica.


 x = x (t )  dx = x '(t ) dt
 ⇒  ; ta ≤ t ≤ tb
 y = y (t )  dy = y '(t ) dt

⇒ ds = [ x '(t )]2 ( dt ) 2 + [ y '(t )]2 ( dt ) 2 =


= [ x '(t )]2 + [ y '(t )]2 dt

Portanto,
tb 2 2
∫ f ( x, y ) ds = ∫ f ( x ( t ) , y ( t ) )
C
ta
 x ' ( t )  +  y ' ( t )  dt.
CÁLCULO VETORIAL
L 407

∫ ( 2 + x y ) ds, quando C é a parte


2
EXEMPLO Calcule a integral
C

da circunferência unitária x + y 2 = 1, onde x ≥ 0, percorri


2
rrida no
sentido anti-horário.
Solução
A curva C pode ser represe sentada
pelas equações paramétricas:

 x ( t ) = cos t π π
 ; − ≤t≤
 y ( t ) = sen t 2 2

Assim,

f ( x ( t ) , y ( t ) ) = 2 + cos 2 t sen t

e,
2 2
ds =  x ' ( t )  +  y ' ( t )  dt = ( −sent )2 + ( cos t )2 dt = 1 ddt.

Portanto,
π

∫ ( 2 + x y ) ds = ∫ π ( 2 + cos )
2 2 2
− t sent dt =
C 2
∫ cos ∫
2
π π t sent dt = − u 2 du =

∫ ∫
2 2 2
= −π 2 dt + −π cos t sent dt = u3
cos3 t
2 2 =− =−
3 3
π π
2
cos3 t 2
= 2t −π − −π = π + π − 0 + 0 = 2π .
2
3 2
408 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

OBS:
O Cálculo de integrais de funções, sobre curvas no espaço,, é
feito de modo totalmente análogo às curvas planas, lembrandndo
que as curvas no espaço são mais facilmente descritas por
equações paramétricas.

EXEMPLO

∫( x )
2
Calcule + y 2 − z ds, onde C é a hélice circular da
dada
C
por:
 x ( t ) = cos t

 y ( t ) = sen t

 z (t ) = t
do ponto P (1,0,0 ) até o ponto Q (1,0, 2π ) .
Solução

F ( x, y, z ) restrita à curva C, é dada por:

F ( t ) = cos 2 t + sen 2 t − t , ou seja, F ( t ) = 1 − t.

Por outro lado, temos que:


2 2 2
ds =  x ' ( t )  +  y ' ( t )  +  z ' ( t )  dt =

= ( −sen t )2 + ( cos t )2 + 1 = 2

e do ponto P ao ponto Q, t varia de 0 a 2π .


Portanto,
CÁLCULO VETORIAL
L 409

t = 2π
2π  t2 
∫( x ) ∫
2 2
+ y − z ds = (1 − t ) 2 dt = 2 t −  =
C
0
 2 t =0
( )
= 2 2π − 2π 2 = 2 2 π − π 2 . ( )

Uma forma geral alternativa da integral de linha no plan


lano é:


I =  F ( x, y ) dx + G ( x, y ) dy 
C
que pode ser convertida a uma integral ordinária quando a equ
quação
da curva C for conhecida.
Para uma curva y = y (x) de x = a até x = b , substituindo
do dy
dy
por dx na integral acima obtemos:
dx

 dy 
C
 ∫
I =  F ( x, y ( x ) ) + G ( x, y ( x ) )  dx.
dx 

Se a curva é dada na forma paramétrica, com x = x (t) e y = y (t)


de t = ta até t = tb , então
dx dy
dx = dt e dy = dt
dt dt
e a integral torna-se
tb  dx dy 
I= ∫ta  F ( x ( t ) , y ( t ) ) dt + G ( x ( t ) , y ( t ) ) dt  dt.
 
410 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXEMPLO 1
(a) Ache o valor da integral sobre o caminho C (ver figura) pa
para
F = − y e G = xy , quando C vai de A até B.
(b) Ache o valor da integral sobre o caminho C (ver figura) para
pa
F = − y e G = xy , quando C vai de B até A.
Solução
(a) Considerando y = 1 − x (equação da reta que vai de A atéé B)
B
com 1 ≤ x ≤ 0, temos que dy = − dx e, portanto,

0

I =  F ( x, y ) dx + G ( x, y ) dy  =
C
∫1  −1(1 − x ) − x (1 − x )  dx =
1 2
∫ (1 − x ) dx = 3 .
2
=
0

(b) Considerando y = 1 − x (equação da reta) com 0 ≤ x ≤ 1, tem


mos
que dy = − dx e, portanto,
CÁLCULO VETORIAL
L 411

1

I =  F ( x, y ) dx + G ( x, y ) dy  =
C
∫ −1(1 − x ) − x (1 − x ) dx =
0

1 2
∫ (x )
2
= − 1 dx = − .
0 3

OBS:
Em geral se atribui um sentido para o cálculo de uma integral
in
de linha ao longo de uma curva orientada C. Isso é nece
ecessário
porque as grandezas físicas, obtidas por este procedim
dimento,
ficam afetadas de um sinal algébrico.
Observe que no exemplo 1, invertendo a orientação da curva
C o sinal da integral de linha mudou. Se C for uma cur
urva lisa
orientada, denotamos por –C a curva orientada que consiste
co
dos mesmos pontos de C, mas com orientação oposta.

De uma maneira geral, o valor de uma integral de linha


depende do caminho de integração, como mostra o exemplo abaixo.
ab

EXEMPLO 2 Ache o valor da integral sobre o caminhoo C (ver


figura) quando F = − y e G = xy de A até B.
412 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Solução
A equação do arco circular é dada por:

y = + 1 − x2
x x
⇒ dy = − dx = − dx
1 − x2 y


∫ F ( x, y)dx + G( x, y)dy = ∫ − y dx + xy dy =
C C
0
 − 1 − x 2 − x 2  dx = π + 1 .
=

1   4 3

OBS:
Observe que apesar das funções F(x,y) e G(x,y) serem as
mesmas do exemplo 1, o resultado obtido para a integrall de
d
linha foi diferente. Isto se deve ao fato de, neste caso,
o, o
caminho de integração ser diferente.

EXEMPLO 3 Calcule a integral do exemplo 2, agora utilizand


ando
equações paramétricas para a curva C.
Solução
As equações paramétricas para a curva C são dadas por:

 x ( t ) = cos t π  dx = −sen t dt
 , 0≤t ≤ ⇒ 
 y ( t ) = sen t 2  dy = cos t dt
Portanto,
CÁLCULO VETORIAL
L 413

∫ [ − y dx + xy dy ] = ∫02 ( −sen t )( −sen t ) dt + ( cos t )( sen t )( cos


C
os t ) dt  =

π π π
= ∫
0
2 sen 2 t + cos 2 t sen t  dt =
  ∫0
2 sen 2 t dt + ∫
0
2 cos 2 t sen
se t dt =
π π
t= t=
 2  cos t  2 π 1
3
1 1
=  t − sen 2t  −  = + .
2 4  t =0  3  t =0 4 3

OBS:
Observe que o resultado obtido no exemplo 3, foi o mes
esmo do
exemplo 2, o que já era esperado, pois tomamos a mesmam
curva e apenas mudamos o modo de repres esentá-la
matematicamente. Portanto, lembre-se que:
→ O valor da integral de uma função ou umaa forma
diferenciável, sobre uma curva C, será sempre o mesmo, m
independentemente da expressão matemática que utili tilizamos
para representá-la (forma cartesiana ou paramétrica).
→ O valor da integral de uma função ou umaa forma
diferenciável, sobre uma curva C, poderá ser diferente
nte sobre
caminhos (curvas) diferentes.

Existem alguns tipos de integrais de linha, ao longo dde uma


curva C (denominada de caminho de integração), cujo jo valor
depende apenas dos pontos extremos da curva e não da pprópria
curva. Neste caso, dizemos que a integral de linha indepen
ende do
caminho de integração C.
O valor de uma integral de linha


I =  F ( x, y ) dx + G ( x, y ) dy 
C
414 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

é independente do caminho, entre dois pontos fixos, se a quantidad


ade

F ( x, y ) dx + G ( x, y ) dy
for uma diferencial exata, ou seja, se existir uma função z = f(x,y)) tal
t
que
 ∂z   ∂z 
F ( x, y ) dx + G ( x, y ) dy = dz =   dx +   dy.
 ∂x  y  ∂y  x

A condição para uma diferencial em duas variáveis ser exata


ata é
que as funções F e G satisfaçam a seguinte igualdade:

 ∂F   ∂G  ∂  ∂z  ∂  ∂z 
  =  ou  =  
 ∂y  x  ∂x  y ∂y  ∂x  ∂x  ∂y 

(Relação de reciprocidade de Euler)

EXEMPLO 4
(a) Verifique se a diferencial dz = ye xy dx + xe xy dy é exata.

(b) Ache o valor da integral de linha


C
∫ dz onde C é o segmentoo de
d

reta que vai de (0,0) a (2,2).


(c) Calcule o valor da integral de linha ∫ dz
C
onde C é o caminho
ho dado

2
x
pela curva y = que vai de (0,0) a (2,2).
2
Solução
(a) Considerando F ( x, y ) = ye xy e G ( x, y ) = xe xy , para verific
ficar
se a diferencial dz é exata, basta verificar se
 ∂F   ∂G 
  =  .
 ∂y  x  ∂x  y
CÁLCULO VETORIAL 415

Calculando as derivadas parciais obtemos:

 ∂F  xy xy xy 
  = 1e + ye x = e (1 + xy ) 
 ∂y  x   ∂F   ∂G 
 ⇒   = 
 ∂G  xy xy xy   ∂y  x  ∂x  y
  = 1e + xe y = e (1 + xy ) 
 ∂x  y 
e, portanto, a diferencial dz é exata.
(b)
2 2 2


C

dz = ye xy dx + xe xy dy =
C
∫0
xe x dx + xe x dx =

C : y = x ⇒ dy = dx
0≤ x≤2
2 2 2 4
=2 ∫0
xe x dx =
2 ∫
0
eu du = e 4 − 1.

u = x 2 ⇒ du = 2 xdx
du
⇒ xdx =
2
(c)
x3 x3
2 x2 2
∫ dz = ∫ ye ∫ e dx + x 2 e 2 dx =
xy xy
dx + xe dy =
C C
0 2
x2
C: y= ⇒ dy = xdx
2
0≤ x≤2
x3
3 2 3 2 4
∫ ∫
2
= x e 2 dx = ⋅ eu du = e 4 − 1.
2 0 2 3 0

x3 3
u= ⇒ du = x 2 dx
2 2
2 2
⇒ x dx = du
3
416 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

OBS:
Observe que no exemplo 3, como a diferencial é exata o valor
da integral independe do caminho que vai do ponto (0,0) ao
ponto (2,2). Assim, quando for calcular uma integral de linha

∫ dz , verifique primeiramente se a diferencial é exata. Se a


C
diferencial for exata, você poderá escolher qualquer “curva”
para representar o caminho C.

EXERCÍCIOS 6.7

∫  xy dx + x dy  se:
2
1. Calcule a integral de linha
C
a) C consiste do segmento de reta que vai de (2,1) a (4,1) e do
segmento de reta que vai de (4,1) a (4,5);
b) C é o segmento de reta de (2,1) a (4,5);
c) As equações paramétricas de C são:
5
x = 3t − 1 ; y = 3t 2 − 2t , 1 ≤ t ≤ .
3
2. Calcule a integral de linha ao longo do caminho C.

∫ 6 x y dx + xy dy  onde C é o gráfico de y = x3 + 1 de ( −1,0 ) a


2
a)
C

(1, 2 ) .
b) ∫  y dx + ( x + y ) dy 
C
onde C é o gráfico de y = x 2 + 2 x de (0,0)

a (2,8).
CÁLCULO VETORIAL 417

c) ∫ ( x − y ) dx + x dy 
C
onde C é o gráfico de y 2 = x de ( 4, −2 ) a

(4,2).
3. Verifique se as diferenciais dadas são exatas.

a) dz = ( 4 x + 3 y ) dx + ( 3 x + 8 y ) dy

b) dz = y cos x dx + senx dy

4. Avalie a integral de linha ∫ [ xy dx + 2 y dy ]


C
de x = 0 até x = 2

sobre a reta y = 2x e sobre a curva y = x2.

5. Integre f ( x, y ) = x 2 − y 2 sobre a reta y = 2 x de x = 0 até x = 1.

6. Mostre que:
dz = F ( x, y ) dx + G ( x, y ) dy ,
para F ( x, y ) = 9 x 2 + 4 y 2 + 4 xy e G ( x, y ) = 8 xy + 2 x 2 + 3 y 2 , é uma
diferencial exata. Escolhendo um caminho apropriado, avalie a
integral ∫ [ F dx + G dy ] de (0,0) a (1,2).
C
418 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Algumas Aplicações
1. Comprimento de Arco
Como já comentamos anteriormente, dS representa uma porçrção
infinitesimal de uma curva C, ou seja, uma unidade de comprimen
ento
infinitesimal da curva, obtida quando dividimos C em uma imenensa
quantidade de pequenos pedacinhos. Portanto, quando somamoss os
comprimentos de todos esses pedacinhos, obtemos o comprimen ento
total da curva C, denominado de comprimento de arco e
representado por:

∫ dS = S = comprimento da curva C
C

EXEMPLO Mostre que o comprimento de uma circunferência


ia de
raio R é igual a 2π R.
Solução
Considere as equações paramétricas de
uma circunferência de raio R, definidas
por:

 x ( t ) = R cos t
 ; 0 ≤ t ≤ 2π
 y ( t ) = R sen t

 dx = − R sen t dt
⇒ 
 dy = R cos t dt
Portanto,


S = dS = ∫0
( − R sen t )2 + ( R cos t )2 dt =
C

= ∫ 0
( )
R 2 sen 2 t + cos 2 t dt = R t t = 2π
t =0 = 2π R.
CÁLCULO VETORIAL
L 419

2. Movimento
Quando um objeto se desloca, sobre uma curva do plan lano, seu
deslocamento pode ser medido através do cálculo do compri primento
da curva sobre a qual este se deslocou, como feito anteriormen
ente.
Porém, quando estudamos deslocamentos de objetos ouu corpos,
c
estamos interessados em obter mais informações tais co como a
velocidade e a aceleração, por exemplo. Nesses casos, a nnotação
vetorial simplifica muito os cálculos. Levando isso em conside
ideração,
é por isso que a Física representa a posição de um objeto no plano
(ou no espaço) através do seu vetor posição.
Para estudar o movimento de um ponto P em um plano,, durante
d
um determinado intervalo de tempo, é necessário saber sua pposição
( x, y ) em um instante t qualquer. Vamos supor que para obje
jetos em
movimento, sua massa esteja concentrada em um ponto P ( x, y ) .

Assim, se o ponto P ( x, y ) se movimenta no plano, duran


rante um
tempo t, por exemplo, é conveniente representá-lo através de
d suas
equações paramétricas:
x = x (t ) , y = y (t )
com t variando em um determinado intervalo I.
420 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Considerando
r (t ) = x (t ) i + y (t ) j

o vetor posição do ponto P, segue que, quando t varia no intervalo I,


a extremidade de r ( t ) descreve uma trajetória delineada pela curva
C no plano.
Definimos então, o vetor tangente à curva C, com ponto inicial
em P, apontando na direção em que a curva C é descrita para valores
valores crescentes de t, como sendo o vetor

r '(t ) = x ' (t ) i + y '(t ) j

cujo módulo (ou norma) é determinado por:


2 2
r ' ( t ) =  x ' ( t )  +  y ' ( t )  .

Vimos que, se uma curva C possui equações paramétricas

x = x (t ) , y = y (t )

para qualquer t ∈ I , então sua unidade de comprimento de arco é


dada por:
2 2
ds = s ' ( t ) dt =  x ' ( t )  +  y ' ( t )  dt ,
de onde concluímos que:
2 2
s ' ( t ) =  x ' ( t )  +  y ' ( t )  = r ' ( t ) ,

ou seja, r ' ( t ) é a taxa de variação do comprimento de arco em


relação ao tempo t.

Denominamos então r '(t ) como sendo o módulo da


velocidade do ponto P. O vetor tangente r ' ( t ) é definido como
sendo a velocidade vetorial do ponto P no instante t, e o vetor
CÁLCULO VETORIAL
L 421

r '' ( t ) , que é representado graficamente por um vetor com


m ponto
inicial em P, é a aceleração de P. Na maioria dos casos,, o vetor
r '' ( t ) está dirigido para o lado côncavo da curva C.

Resumindo, considerando

r (t ) = x i + y j = x (t ) i + y (t ) j

como sendo o vetor posição de um ponto P ( x, y ) em movimen


ento em
um plano-xy, onde t é o tempo e x ( t ) e y ( t ) têm derivadas primeira
pr
e segunda, a velocidade vetorial, a velocidade e a aceleraç
ação do
ponto P no instante t são dados por:
dx dy
Velocidade vetorial: v ( t ) = r ' ( t ) = i+ j
dt dt
2 2
 dx   dy 
Velocidade: v ( t ) = v ( t ) = r ' ( t ) =   +  
 dt   dt 

d2x d2y
Aceleração: a ( t ) = v ' ( t ) = r '' ( t ) = i + j
dt 2 dt 2

EXEMPLO ial v0 de
Lança-se um projétil, com velocidade inicial
um ponto ho metros acima do solo. Se a única força que atua
tua sobre
o projétil é causada pela aceleração gravitacional g , determi
mine sua
posição após t segundos.
Solução
Vamos inserir um plano-xy, onde ( 0, h 0 ) é o ponto de oonde o

projétil é lançado. Denotemos por P ( x, y ) a posição do projétil


p
após t segundos, e seja r ( t ) o vetor posição de P.
422 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Como g atua na direção para baixo, segue que:

g = −g j e g = g ≈ 9,8 m/s2

Pela segunda lei de Newton, temos que F = m a , onde a é a


aceleração do projétil.
Temos então que:
ma=mg ⇒ a=g ,

o que conduz à equação diferencial vetorial

r '' ( t ) = g .

Integrando os dois lados da igualdade, obtemos:

r ' ( t ) = tg + C
para algum vetor constante C.

Como r ' ( t ) é a velocidade do projétil no instante t, e


v0 = r ' ( 0 ) = C
r ' ( t ) = tg + v0 ,

integrando novamente os dois lados da igualdade, obtemos:


1
r ( t ) = t 2 g + t v0 + d
2
CÁLCULO VETORIAL
L 423

para algum vetor constante d . Como r ( 0 ) = h0 j , segu


gue que
d = h0 j . Consequentemente,
1
r ( t ) = t 2 g + t v0 + h0 j .
2

Levando em conta que g = − g j , podemos também escre


rever:

 1 
r ( t ) =  − t 2 g + h0  j + t v0 .
 2 

EXERCÍCIOS 6.8
1. O vetor posição de um ponto P, que se move em um plan
ano-xy, é
( )
dado por r ( t ) = t 2 + 1 i + t 3 j , para 0 ≤ t ≤ 2.
(a) Ache a velocidade e a aceleração de P no instante t = 1.
(b) Esboce a trajetória C do ponto, e os vetores v (1) e a (1) .

2. Seja r ( t ) = sen t i + 4cos ( 2t ) j , o vetor posição de um po


ponto P
que se move em um plano-xy.
π
(a) Ache a velocidade e a aceleração de P no instante t = .
6
π  π 
(b) Esboce a trajetória C do ponto, e os vetores v   e a   .
6 6

3. Mostre que se r ( t ) tem derivada e r ( t ) é constante,


te, então
r ' ( t ) é ortogonal a r ( t ) para todo t no domínio dee r ' ( t ) .
Sugestão: usar produto escalar.

4. Se r ( t ) é o vetor posição de um ponto P, ache a velocid


cidade, a
aceleração e o módulo da velocidade no instante t dado.
424 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

2 3
(a) r (t ) = i + j ; t = 2.
t t +1
(b) r (t ) = e 2t i + e −t j ; t = 0.

5. Calcule r ( t ) sujeito às condições dadas.


(a) r ' ( t ) = t 2 i + ( 6t + 1) j + 8t 3k , r ( 0) = 2i − 3 j + k .
(b) r '' ( t ) = 6ti − 12t 2 j + k , r ' ( 0 ) = i + 2 j − 3k e r ( 0 ) = 7i + k .

( )
6. Seja r ( t ) = 2t i + t 2 − 4 j , − 2 ≤ t ≤ 3.

(a) Trace a curva C determinada por r ( t ) e indique a orientação


dessa curva.
(b) Ache r ' ( t ) e faça um esboço dos vetores r (1) e r ' (1) .

7. Seja C a curva de equações paramétricas

x = t , y = t 2 , z = t 3 ; t ≥ 0.

Obtenha o vetor tangente a curva C no ponto correspondente a t = 2.

Teorema de Green
O Teorema de Green estabelece uma relação entre as integrais
duplas e as integrais de linha sobre uma curva fechada no plano.

Considerando M ( x, y ) e N ( x, y ) funções contínuas com


derivadas parciais de primeira ordem contínuas sobre uma curva
fechada simples C (curva que não se cruza em nenhum ponto) e na
região interna D de C, temos que:
CÁLCULO VETORIAL
L 425

 ∂N ∂M 
∫C  M ( x, y ) dx + N ( x, y ) dy  = ∫∫D  ∂x − ∂y  dA

onde dA = dx dy ou dA = dy dx

Curva fechada
fec
simpl
ples

OBS:
1) No Teorema de Green, usaremos a convenção de que a
orientação positiva de uma curva fechada simples C se refere
a percorrer C no sentido anti-horário.
2) O teorema de Green é importante porque em certos
problemas é mais fácil resolver a integração atrav ravés da
integral dupla, do que utilizando uma integral de linha.

∫  x dx + xy dy  onde
4
EXEMPLO Calcule a integral on C é
C
o caminho descrito na figura abaixo.

Solução
Se fôssemos calcular a integral, utilizando os métodoss uusuais,
vistos anteriormente, teríamos que estabelecer três in
integrais
separadas sobre os três lados dos triângulos.
426 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Para utilizar o Teorema de Green, observamos que a região


ão D
está cercada por uma curva simples C que tem orientaç ação
positiva. Considerando M ( x, y ) = x 4 e N ( x, y ) = xy tem
mos
que:
 ∂N ∂M  1 1− x
∫  x dx + xy dy  = ∫∫  ∂x − ∫∫
4
 dA = ( y − 0 ) dy dxx =
C D
∂y  0 0

y =1− x
1 1 1
2
1 2
= ∫
0
y 
 2  y =0
dx =
2 ∫ (1 − x )
0
dx =

1 x =1 1
=− (1 − x )3 = .
6 x=0 6

3) Se formos calcular a integral de linha ∫ dz,


C
sobre uma
um

curva fechada simples C e com dz = M ( x, y ) dx + N ( x, y ) dy


d
uma diferencial exata, segue da regra de Euler e do Teorem
ema
de Green que
C
∫ dz = 0.
EXERCÍCIOS 6.9
Calcule a integral de linha ao longo da curva C dada, com orientaç
ação
positiva.

∫ e dx + 2xe dy 
y y
a) ; C: quadrado com vértices em (0,0), (1,0
1,0),
C
(0,1) e (1,1).
b) ∫ ( y + e
C
x
) dx + ( 2x + cos y ) dy 
2
; C é a fronteira da regi
gião

delimitada por y = x 2 e y = 4 .
CÁLCULO VETORIAL 427

c) 3 3
∫ y dx − x dy ; C: círculo x 2 + y 2 = 4 .
C

Funções de Estado
Para entendermos melhor o que é uma função de estado, vamos
fazer uma analogia com o processo de subir uma montanha.
Considere a montanha descrita na ilustração abaixo.

Suponha que você seja um alpinista e queira chegar ao topo de


uma montanha. Existem várias maneiras de fazer isso: você pode ir
direto ao topo – caminho mais curto, porém mais íngreme – ou
seguir um caminho em espiral – caminho mais longo, porém menos
íngreme. O tempo que você vai levar para chegar ao topo depende
do caminho que escolher. As quantidades íngreme e longo são
consideradas dependentes do caminho.
Agora, qualquer que seja o caminho escolhido, você terminará
seu percurso no mesmo lugar (alto da montanha). A sua altitude
acima do ponto inicial será a mesma, no final do percurso,
independentemente do caminho que você escolheu. Dizemos então
que sua altitude final é independente do caminho.
A altitude em que estiver no final da escalada pode ser
considerada uma função de estado: é independente do caminho. Já o
428 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

comprimento do caminho, montanha acima, não é uma função de


estado porque é dependente do caminho.
Todo processo físico ou químico pelo qual passa um sistema,
apresenta condições iniciais e finais, mas existem várias maneiras de
ir do início ao fim de tal processo. Uma função de estado é qualquer
propriedade termodinâmica cujo valor para o processo seja
independente do caminho; ela depende apenas do estado do sistema
(em termos de variáveis de estado como P, V, T, n) e não de sua
história ou de como o sistema chegou àquele estado.
Uma propriedade termodinâmica cujo valor para o processo
depende do caminho não é uma função de estado. A energia interna,
U, de um sistema é um exemplo de uma função de estado, enquanto
que o trabalho (w) e o calor (q) não são funções de estado.
Geralmente, as funções de estado são representadas por letras
maiúsculas enquanto que funções que não são de estado são
representadas por letras minúsculas.
Podemos observar outra diferença entre as funções w e q e a
função de estado U, cujas variações infinitesimais no trabalho, no
calor e na energia interna são representadas por dw, dq e dU. Em um
processo completo, essas quantidades infinitesimais são somadas
desde as condições iniciais até as finais, mas com uma pequena
diferença no resultado. Quando dw e dq são somadas, os resultados
são as quantidades absolutas de trabalho w e de calor q envolvidas
no processo, enquanto que quando dU é somada, o resultado não é a
quantidade U absoluta de energia, mas a variação em U, ∆U, no
processo. Matematicamente, escrevemos:

∫ dw = w ∫ dq = q ∫ dU = U
As diferenciais dw e dq são denominadas de diferenciais
inexatas, significando que seus valores integrados w e q são
dependentes do caminho. Por outro lado, dU é uma diferencial
CÁLCULO VETORIAL
L 429

exata, significando que seu valor integrado ∆U é independe


dente do
caminho. Observar que todas as mudanças nas funções de esta
stado são
diferenciais exatas.

EXEMPLO 4 Mostre que se z = f ( x, y ) é uma função


termodinâmica de estado, então, utilizando o Teorema dee Green,
tem-se que:
∂2 z ∂2 z
= .
∂x∂y ∂y∂x
Solução
Como z é uma função de estado, segue que a diferencial de z
 ∂z   ∂z 
dz = M ( x, y ) dx + N ( x, y ) dy =   dx +   dy
 ∂x  y  ∂y  x
é exata e, portanto, ∫ dz = 0.
C
Assim,
 ∂N ∂M 
∫ dz = C∫  M ( x, y ) dx + N ( x, y ) dy  = ∫∫D  ∂x −
C
 dA =
∂y 
 ∂2 z ∂2 z 
= ∫∫D  −
 ∂x∂y ∂y∂x 
 dA = 0

de onde segue que:


∂2 z ∂2 z ∂2 z ∂2 z
− =0 ou = .
∂x∂y ∂y∂x ∂x∂y ∂y∂x
430 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXEMPLO 5 Mudança na Entropia em Termodinâmica

A mudança na entropia (S) quando um sistema termodinâmico pas assa


de um estado com pressão e temperatura (P1,T1) a um outro estad
tado
com pressão e temperatura (P2,T2) pode ser obtida pelas medidass da
 ∂H 
capacidade de calor CP =   (onde H é a entalpia do sistem
tema
 ∂T  P
1  ∂V 
termodinâmico) e da expansividade termal α =   , da
V  ∂T  P
seguinte maneira:
Considerando a entropia S como função de P e T, a diferencial tota
tal
da entropia é dada por:

 ∂S   ∂S 
dS =   dT +   dP.
 ∂T  P  ∂P T
Como a entropia é uma função de estado, a mudança na passagegem
de um estado a outro é independente do caminho e, portanto,

 ∂S   ∂S  

∆S1→2 = S ( P2 , T2 ) − S ( P1 , T1 ) = 
C
 dT + 
 ∂T  P
 dP .
 ∂P T 
CÁLCULO VETORIAL
L 431

Escolhendo o caminho C = C1 + C2 mostrado na figura acima,


a, temos
que ∆S1→ 2 = ∆S1→3 + ∆S3→ 2 , onde

T2  ∂S 
∆S1→3 = S ( P1 , T2 ) − S ( P1 , T1 ) = ∫C ds =∫T 1
 ∂T 
  P = P1
dT
1

e
P2  ∂S 
∆S3→ 2 = S ( P2 , T2 ) − S ( P1 , T2 ) = ∫
C
ds = ∫P  ∂P T T dP.
1 = 2
2

Integração de um Campo Vetorial ao


o
longo de uma Curva
Quando lidamos com problemas que envolvem camp mpos de
vetores, utilizamos uma notação diferente para integrais de lin
linha. Se
r = xi + yj ou r = xi + yj + zk , então consideramos dr como
mo:

dr = dx i + dy j ou dr = dx i + dy j + dz k ,

dependendo da curva C estar no plano ou no espaço tridimensi


nsional.
Assim, para uma curva C, orientada no plano, e um campo
vetorial contínuo

F ( x, y ) = f ( x, y ) i + g ( x, y ) j

escrevemos:

∫ F ⋅ dr = ∫  f ( x, y ) i + g ( x, y ) j  ⋅ dx i + dy j  =
C C


=  f ( x, y ) dx + g ( x, y ) dy .
C
432 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Se C for uma curva orientada no plano cartesiano dadaa na


forma vetorial paramétrica

r = r (t ) = x (t ) i + y (t ) j ; a≤t ≤b
então:

F ( r (t )) = f ( x (t ) , y (t )) i + g ( x (t ) , y (t )) j

e escrevemos a fórmula
b
∫ F ⋅ dr = ∫ F ( r ( t ) ) ⋅ r ' ( t ) dt
C
a

onde r ' ( t ) = x ' ( t ) i + y ' ( t ) j , que vale também para curv


rvas
orientadas no espaço tridimensional.

EXEMPLO 6 Calcule o valor da integral ∫C F ⋅ dr , ond


nde

F ( x, y ) = cos x i + sen x j e C é a curva orientada definida por:


π
C: r ( t ) = − i +t j ; 1 ≤ t ≤ 2.
2
Solução
Temos que:
2 2 −π −π 
∫ F ⋅ dr = ∫1 F ( r ( t ) ) ⋅ r '( t ) dt = ∫1 cos
C
2
i + sen
2
j  ⋅  0i + 1 j  dt =

2
= ∫1 ( −1) dt = −1.
CÁLCULO VETORIAL
L 433

EXEMPLO 7 Calcule ∫ F ⋅ dr , onde F ( x, y ) = ( x + y ) i − x


C
2
y j

e C é uma curva definida por: y = x 2 que vai do ponto (0,0)


(0 ao
ponto (2,4).
Solução
 F ( x, y ( x ) ) = x + x 2 i − x 2 ⋅ x 2 j = x + x 2 i − x 4 j
( ) ( )


 dr = dx i + dy j = dx i + 2 xdx j = ( i + 2 x j ) dx

Portanto,
2 2
∫ ∫0 x + x 2 , − x 4 ⋅ 1, 2 x dx = ∫0 ( x + x )
2
F ⋅ dr = − 2 x5 dx =
C
x =2
 x 2 x3 x6  −50
= + −2  = ≈ −16, 667.
2 3 6  x =0 3

EXEMPLO 8 Considere uma partícula de massa m sujeita


ta à ação
de uma força
F ( x , y ) = M ( x, y ) i + N ( x , y ) j
percorrendo um caminho dado pela curva C, que vai de um ponto
p A
a um ponto B. Considere x = x ( t ) e y = y ( t ) , com t1 ≤ t ≤ t2 , as
equações paramétricas do movimento da partícula. Mostre re que o
trabalho W é igual a variação da energia cinética entre os pont
ntos B e
A.
Solução
Por definição, o trabalho é dado por:


W = F ⋅ dr
C
onde
434 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

r = xi + y j e dr = dx i + dy j

Assim,
t2  dr 

W = F ⋅ dr =
C

t1
 F ⋅  dt.
 dt 

A velocidade da partícula é dada por:


dr
v=
dt
(
e, da Segunda Lei de Newton F = ma , temos que: )
dv
F =m .
dt
Portanto,
dr dv
F⋅ = m ⋅ v.
dt dt
Como
d dv dv dv
( v ⋅ v ) = ⋅ v + v ⋅ = 2 ⋅ v e v ⋅ v = v2
dt dt dt dt
segue que:
dr dv 1 d 2
F⋅
dt
= m ⋅v = m
dt 2 dt
v . ( )
Portanto, substituindo esse resultado na integral, obtemos:
t2  dr  1 t2 d 2

W = F ⋅ dr = ∫
t1
F ⋅
 dt
 dt = m
 2 ∫ t1 dt
( )
v dt =
C
1 v2 1 1
∫ d ( v ) = 2 mv
2 2
= m 2 − mv12 .
2 v1 2
Portanto,
CÁLCULO VETORIAL
L 435

1 1
W = mv2 2 − mv12 .
2 2

Existem certos tipos de campos vetoriais para os qquais a


integral de linha de F , ao longo de uma curva C, dependee apenas
dos pontos extremos da curva e não da própria curva. U Um dos
problemas importantes que encontramos na Física é dete terminar
como o caminho de integração C afeta o trabalho realizado ppor um
campo vetorial, numa partícula que se move de um ponto P fixo
para outro ponto fixo Q.

Dizemos que um campo vetorial F ( x, y ) é conservat


ativo se
existe uma função φ ( x, y ) - chamada de função potencial - tal que:

∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
F ( x, y ) = , = i+ j
∂x ∂y ∂x ∂y
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
onde o vetor ∇φ ( x, y ) = , = i+ j é o vetor
∂x ∂y ∂x ∂y
gradiente da função φ ( x, y ) .

EXEMPLO 9
(a) Mostre que o campo vetorial F ( x, y ) = y i + x j é conserv
ervativo,
verificando que F ( x, y ) é o gradiente de φ ( x, y ) = xy.
(b) Mostre que o trabalho realizado pelo campo, na partículala que se
move do ponto (0,0) ao ponto (1,1) é o mesmo ao longo de:
C1: segmento de reta que vai do ponto (0,0) ao pontoo (1,1)
(
2
C2: parábola y = x de (0,0) a (1,1)
Solução
(a) De fato,
436 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

∂φ ∂φ
=y e =x ⇒ ∇φ ( x , y ) = y i + x j = F ( x , y ) .
∂x ∂y

(b) O caminho de integração C1 é obtido fazendo x = t na equaç


ação
y = x da reta que vai do ponto (0,0) ao ponto (1,1).
Assim, o caminho de integração é dado por:
x=t ; y =t ( 0 ≤ t ≤ 1)
Portanto,
1

C

F ⋅ dr =  y i + x j  ⋅  dx i + dy j  =
C
∫ [ y dx + x dy ] = ∫0 2t dt = 11.
C

O caminho de integração C2 é obtido fazendo x = t na equaç


ação
y = x 2 da parábola, que vai do ponto (0,0) ao ponto (1,1).

Assim, o caminho de integração é dado por

x = t ; y = t2 ( 0 ≤ t ≤ 1)
Portanto,

∫ F ⋅ dr = ∫  y i + x j  ⋅ dx i + dy j  = ∫ [ y dx + x dy ] =
C C C
1 1
∫ ( t dt + t 2tdt ) = ∫ 3t dt =1.
2 2
=
0 0

OBS:
No exemplo anterior, como as curvas C1 e C2 são gráficoss de
d
função, poderíamos ter resolvido utilizando coordenad adas
cartesianas. Nesse caso, a solução torna-se:
CÁLCULO VETORIAL
L 437

C1 : y = y ( x ) = x ; 0 ≤ x ≤ 1
⇒ F ( x, y ( x ) ) = F ( x, x ) = x i + x j = x, x
dr = dx i + dy j = dx i + dx j = ( i + j ) dx = 1,1 dx
Portanto,
1 1
∫ F ⋅ dr =∫ ∫
x, x ⋅ 1,1 dx = 2 x dx = x 2 x =1
x = 0 = 1.
0 0
C

C2 : y = y ( x ) = x 2 ; 0 ≤ x ≤ 1

( )
⇒ F ( x, y ( x ) ) = F x, x 2 = x 2 i + x j = x 2 , x
dr = dx i + dy j = dx i + 2 x dx j = 1,2 x dx
Portanto,
1 1 1
∫ F ⋅ dr =∫0 x 2 , x ⋅ 1, 2 x dx = ∫0 ( x ) ∫0
2
+ 2 x 2 dx =3 x 2 dx =
C

x3 x =1
=3 = 1.
3 x=0

EXERCÍCIOS 7.0
1. Determine o valor do trabalho realizado pela força
F ( x, y ) = x ( x + y ) i + xy 2 j
ao mover uma partícula da origem ao longo do eixo x até o ponto
(1,0), em seguida ao longo de um segmento de reta até o pont
nto (0,1)
e, então, de volta à origem ao longo do eixo y.

2. Uma partícula, inicialmente no ponto ( −2,0 ) , move-se ao longo


do eixo x até o ponto (2,0) e, então, ao longo do semic
icírculo
y = 4 − x 2 de volta ao ponto inicial. Utilize o Teorema dee Green
438 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

para determinar o trabalho realizado pelo campo de força


F ( x, y ) = x, x3 + 3xy 2 .
3. Um arco metálico fino, mais denso na base que no topo, encontra-
se ao longo de uma semicircunferência no plano xy, dada por x2 + y2
= 1, y ¥ 0. Encontre a massa do arco se a densidade em um ponto
(x,y) do arco é dada por d = 2 y.
4. Encontre o trabalho realizado pela força
F = ( y − x ) i + ( z − y ) j + ( x − z2 ) k
2 2
sobre a curva
r (t ) = t i + t 2 j + t 3 k , 0 ≤ t ≤ 1, de (0,0,0) a (1,1,1).
5. Se o campo de velocidade de um fluido é dado por
F = x i + z j + y k , encontre o escoamento ao longo da hélice
r (t ) = (cos t )i + (sen t ) j + t k , 0 ≤ t ≤ π / 2 , sabendo que o
escoamento de um fluido ao longo de uma curva r (t ), a ≤ t ≤ b é
b
dado por ∫a
F ⋅ dr .

Resultado Importante
Considere o campo vetorial conservativo
F ( x, y ) = f ( x, y ) i + g ( x, y ) j

definido em alguma região aberta D contendo os pontos P ( x0 , y0 )


e Q ( x1 , y1 ) e tal que f e g sejam contínuas em D.
CÁLCULO VETORIAL
L 439

Se C for uma curva lisa por partes,


contida em D, ligando os pontos P e Q,
então:

∫C F ⋅ dr = φ ( x1, y1 ) −φ ( x0 , y0 ).

O vetor
∂φ ∂φ ∂φ ∂φ
∇φ ( x, y ) = , = i+ j
∂x ∂y ∂x ∂y

cujas componentes são as derivadas parciais de uma funçã


ção, é o
vetor gradiente de φ ( x, y ) .

EXEMPLO 10 Determine o valor da integral de linha ∫C F ⋅ dr


onde F ( x, y ) = y i + x j é um campo conservativo tal que

F ( x, y ) = ∇φ ( x, y ) e φ ( x, y ) = xy.

Considere C a curva y = x3 de (0,0) a (1,1).


Solução
Como o campo vetorial dado é conservativo, podemos uti
tilizar o
resultado anterior para calcular a integral dada.
Assim,
(1,1)

C
F ⋅ dr = ∫( 0,0 )
F ⋅ dr = φ (1,1) − φ ( 0,0 ) = 1 − 0 = 1

que está de acordo com os resultados obtidos no exemplo 9.

OBS:
Teste para verificar se um campo é conservativo
440 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Se D for uma região simplesmente conexa (ver figura)


a) e
∂f ∂g
= em cada ponto (x,y) da região D, então o camp
mpo
∂y ∂x
vetorial F ( x, y ) = f ( x, y ) i + g ( x, y ) j é conservativo.

Se soubermos que um campo vetorial F ( x, y ) é conservativ


tivo,
podemos obter uma função potencial φ para F ( x, y ) , a partir das
d
derivadas parciais que definem o vetor gradiente de φ. O exemplo
lo a
seguir ilustra essa afirmação.

EXEMPLO 11 Considere o campo vetorial definido por


F ( x, y ) = 3 y 2 i + 6 xy j .

(a) Mostre que F ( x, y ) é um campo vetorial conservativo em todo


do o
plano xy.
(b) Determine uma função potencial φ para F ( x, y ) , a partirr da
∂φ
derivada parcial .
∂x
(c) Determine uma função potencial φ para F ( x, y ) , a partirr da
∂φ
derivada parcial .
∂y
CÁLCULO VETORIAL 441

(a) Como f ( x, y ) = 3 y 2 e g ( x, y ) = 6 xy , temos que:

∂f ∂g Um campo conservativo está


= 6 y = , para qualquer ( x, y ) . associado às diferenciais
∂y ∂x exatas, enquanto que um
campo não conservativo está
associado às diferenciais
inexatas.
Portanto, F ( x, y ) , é um campo conservativo.
(b) Como o campo vetorial F ( x, y ) é conservativo, existe uma
função potencial φ ( x, y ) tal que:
∂φ ∂φ
= 3 y2 e = 6 xy.
∂x ∂y
∂φ
Integrar = 3 y 2 em relação a x.
∂x


φ ( x, y ) = 3 y 2 dx = 3 xy 2 + k ( y )
onde k(y) representa a “constante” de integração. Observe que a
constante de integração é uma função de y, uma vez que y é mantida
constante no processo de integração. Veremos a seguir como
determinar k(y).
Derivar a função obtida φ ( x, y ) em relação a y.

∂φ
= 6 xy + k ' ( y )
∂y
Igualar a derivada da função φ ( x, y ) , obtida pela integração, a
∂φ
= 6 xy definida inicialmente.
∂y
442 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Simplificar a expressão.
k '( y ) = 0

Integrar os dois lados em relação a y.

∫ k '( y ) dy = ∫ 0 dy
Simplificar (se for o caso).
k ( y ) = C (constante numérica)

Agora basta substituir k(y) na expressão de φ ( x, y ) , obtendo assim a


função potencial para o campo conservativo F ( x, y ) , definida por:
φ ( x, y ) = 3 xy 2 + C .

∂φ
(c) Integrar = 6 xy em relação a y.
∂y


φ ( x, y ) = 6 xy dy = 3 xy 2 + k ( x )

onde k(x) representa a “constante” de integração. Observe que a


constante de integração é uma função de x, uma vez que x é
mantida constante no processo de integração. Veremos a seguir
como determinar k(x).
Derivar φ ( x, y) em relação a x.
∂φ
= 3y2 + k '( x )
∂x
CÁLCULO VETORIAL
L 443

∂φ
Igualar a derivada de φ ( x, y ) , obtida pela integração, a = 3y2
∂x
definida inicialmente.

3 y2 + k '( x ) = 3 y2

Derivada de
∂φ
φ ( x, y ) obtida definida
∂x
pela integração inicialmente

Simplificar a expressão.
k '( x ) = 0
Integrar os dois lados da expressão em relação a x.

∫ k '( x ) dx = ∫ 0 dx
Simplificar (se for o caso).

k ( x ) = C (constante numérica)

Agora basta substituir k(x) na expressão de φ ( x, y ) , obtendoo aassim a


função potencial para o campo conservativo F ( x, y ) , definida
ida por:
φ ( x, y ) = 3 xy 2 + C .

OBS: Conservação da Energia


Se F ( x, y , z ) for um campo de forças conservativo
ivo com
função potencial φ ( x, y , z ) , então definimos

V ( x, y, z ) = −φ ( x, y, z )
444 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

como sendo a energia potencial do campo F ( x, y , z ) no


ponto (x,y,z). Portanto, o trabalho W realizado pela força
F ( x, y , z ) sobre uma partícula que se move ao longo de um
caminho C, de um ponto P ( x0 , y0 , z0 ) a um ponto
Q ( x1 , y1 , z1 ) está relacionado com a energia potencial através
da equação


W = F ⋅ dr = φ ( x1 , y1 , z1 ) − φ ( x0 , y0 , z0 ) =
C

= − V ( x1 , y1 , z1 ) − V ( x0 , y0 , z0 )  .

Em particular, se uma partícula percorre um caminho fechado


liso por partes num campo vetorial conservativo, então o
trabalho realizado pelo campo é nulo e não há mudança na
energia potencial.
Suponha que uma partícula de massa m está se movendo, ao
longo de uma curva lisa por partes (não necessariamente
fechada), em um campo vetorial conservativo F ( x, y , z ) , de
um ponto P ( x0 , y0 , z0 ) com velocidade vi a um ponto
Q ( x1 , y1 , z1 ) com velocidade vf .

Da Física, sabemos que o trabalho realizado na partícula, pela


força F ( x, y , z ) , é igual à variação na energia cinética da
partícula. Denotando por Vi a energia potencial no ponto P e
por V f a energia potencial no ponto Q, a partir da equação
do trabalho descrita acima, obtemos:
1 1
mv f 2 − mvi 2 = − V f − Vi 
2 2
que podemos reescrever na forma
CÁLCULO VETORIAL 445

1 1
mv f 2 + V f = mvi 2 + Vi .
2 2
Esta equação nos diz que a energia total da partícula (energia
cinética +energia potencial) não se altera à medida que a
partícula se move, ao longo de um caminho, num campo
vetorial conservativo. Este resultado, conhecido como
princípio da conservação da energia, explica a origem do
termo “campo vetorial conservativo”.

EXERCÍCIOS 7.1

1. Dado F ( x, y ) = (2 x + y 3 ) i + (3xy 2 + 4) j :
a) Mostre que F é um compo vetorial conservativo.
b) Enconre uma função potencial para F .
(2,3)
c) Calcule ∫ (0,1)
F ⋅ dr .

2. Mostre que ∫ F ⋅ dr
C
é independente do caminho determinando

uma função potencial para F .


a) F ( x, y ) = (3 x 2 y + 2) i + ( x 3 + 4 y 3 ) j
b) F ( x, y ) = (2 x sen y + 4 e x ) i + cos y j
3. Mostre que as integrais abaixo são independentes do caminho e
encontre seus valores:
(3,1)
a) ∫
( −1,2)
( y 2 + 2 xy ) dx + ( x 2 + 2 xy ) dy

(1, π /2)
b) ∫ (0,0)
( e x sen y ) dx + ( e x cos y ) dy
446 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXERCÍCIOS EXTRAS

1. Escreva cada combinação de


vetores como um único vetor.
(a) CD + DA
(b) BC − DC

2. Use os vetores da figura ao lado


para desenhar os seguintes vetores:
1
(a) u − v (b) v
2
(c) v − 3u

3. Determine o vetor u = AB . Desenhe o vetor u e o


correspondente vetor posição.
(a) A(1,2) ; B(4,4) (b) A(0,3,1) ; B(2,3,-1)
4. Determine a soma dos vetores <1,0,1> e <0,0,1> e ilustre
geometricamente.

5. Determine: u , u + v , u − v , 2u e 3u + 4v .
(a) u = −3, 2 ; v = 4,1 (b) u = 2 i − 3 j ; v = i + 4 j

6. Determine o vetor unitário (versor) com mesma direção e


sentido que o vetor dado.
(a) u = 9, −5 (b) v = 12i − 5 j (c) w = 8i − j + 4k

7. (a) Desenhe os vetores u = 3, 2 ; v = 2, −1 ; w = 7,1

(b) Mostre por um esboço, que existem escalares s e t tais que


w = su + tv
CÁLCULO VETORIAL 447

(c) Use o esboço para estimar os valores de s e t


(d) Determine os valores exatos de s e t
8. Esboce o vetor u = 2i + 3 j − k com seu ponto inicial na origem.

9. Determine os componentes (coordenadas) do vetor dado na


figura, e esboce um vetor equivalente com seu ponto inicial na
origem.

10. Determine o ponto terminal do vetor v = 1, 2, −3 se o ponto


inicial for (-2,1,4).

11. Efetue as operações indicadas sobre os vetores u = 3i − k ,


v = i − j + 2k e w = 3 j .
(a) w − v (b) 6u + 4 w (c) −v − 2 w .
12. Determine um vetor que tenha a mesma direção e sentido do
vetor v = 7,0, −6 e comprimento 17 .

13. Determine dois vetores unitários, no plano, que sejam paralelos a


reta x + y = 4.
14. Determine dois vetores unitários, no espaço, que sejam
perpendiculares ao plano xz.
15. Seja r = x, y um vetor qualquer. Descreva o conjunto de
pontos (x,y), no plano, que satisfaça a condição r = 1 ; r ≤ 1e
r > 1.
448 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

16. O que você entende por produto escalar entre dois vetores?
Como é que você verifica se dois vetores são ortogonais (ou
v = ai + bj
perpendiculares)? (a) Mostre que se for um vetor no
v1 = b, a v2 = b, − a v
plano, então os vetores e são ortogonais a .
(b) Use o resultado da parte (a) para determinar dois vetores
v = 3i − 2 j
unitários que são ortogonais ao vetor . Esboce os vetores
v v1 v2
, e (não os vetores posição).

17. Expresse o vetor v = 3,1, −2 como a soma de um vetor


paralelo a b = 2, 0, −1 e um vetor ortogonal a b .

18. Uma molécula de metano, CH4, é estruturada com os quatro


átomos de hidrogênio nos vértices de um tetraedro regular e o
carbono no centro. O ângulo de vínculo é o ângulo formado pela
combinação H-C-H; é o ângulo entre as retas que ligam o carbono a
dois átomos de hidrogênio. Mostre que esse ângulo de vínculo é de
aproximadamente 109,5o. Dica: Tome os vértices do tetraedro em
1 1 1
(1,0,0), (0,1,0), (0,0,1) e (1,1,1) e mostre que o centro é  , ,  .
2 2 2

19. Uma força de F = 4i − 6 j + k newtons é aplicada a um ponto


que se move uma distância de 15 metros na direção do vetor
v = i + j + k . Quanto trabalho foi realizado?
CÁLCULO VETORIAL 449

20. Determine a magnitude da força resultante e o ângulo que ela


faz com o eixo x positivo em cada um dos casos.

(a) (b)

(c)

21. O que você entende por produto vetorial entre dois vetores?
Determine dois vetores unitários que são perpendiculares ao plano
determinado pelos pontos A(0,-2,1), B(1,-1,-2) e C(-1,1,0). Lembre-
se que dois vetores determinam um plano no espaço.
v2 × v3
22. Se v1 , v2 e v3 são vetores não coplanares e se k1 = ,
v1 ⋅ ( v2 × v3 )
v3 × v1 v1 × v2
k2 = e k3 = (esses vetores aparecem no
v1 ⋅ ( v2 × v3 ) v1 ⋅ ( v2 × v3 )
450 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

estudo de Cristalografia. Vetores da forma n1v1 + n2 v2 + n3v3 , onde


cada ni é inteiro, formam um reticulado para o cristal. Vetores
escritos de modo semelhante para k1 , k2 e k3 formam o reticulado
recíproco.
(a) Mostre que k i é perpendicular a v j se i ≠ j.
(b) Mostre que ki ⋅ vi = 1 para i = 1, 2, 3.

23. O que você precisa para escrever a equação de uma reta no


espaço?
24. Às vezes, não estamos interessados em uma reta inteira, mas
apenas em algum segmento de uma reta. Equações paramétricas de
um segmento de reta podem ser obtidas determinando as equações
paramétricas para a reta inteira e, em seguida, restringindo o
parâmetro apropriadamente de modo que somente o segmento de
reta desejado é gerado. Obtenha a equação paramétrica para a reta
que passa pelos pontos
P(5,-2,1) e Q(2,4,2) e também para o segmento de reta ligando esses
pontos.
25. Determine as equações paramétricas para a reta cuja equação
vetorial é

x, y , z = −1, 0, 2 + t −1,3,0 .

26. Determine um ponto P sobre a reta dada e um vetor v paralelo à


reta
x, y , z = 1,1, 2 + t 0,1, 0 .

27. Escreva as equações paramétricas da reta


x = 2 − t , y = −3 + 5t , z = t
na forma vetorial.
CÁLCULO VETORIAL 451

28. Determine as equações paramétricas da reta que passa pelo


ponto P(-2,0,5) e é paralela à reta x = 1 + 2t , y = 4 − t , z = 6 + 2t .

29. Determine a interseção da reta x = −2, y = 4 + 2t , z = −3 + t


com o plano xy, o plano xz e o plano yz.
30. Determine o ponto em que a reta x = 2 − t , y = 3t , z = −1 + 2t
intercepta o plano 2y + 3z = 6.
31. Verifique se as retas
r : x = 1 + 7t , y = 3 + t , z = 5 − 3t
s : x = 4 − t , y = 6, z = 7 + 2t

são reversas (não são paralelas e nem se cruzam).


32. Determine o ponto sobre o segmento de reta que une P(1,4,-3) e
2
Q(1,5,-1) e que está a do caminho de P a Q.
3

33. Considere a reta r que passa pelo ponto P0 ( x0 , y0 , z0 ) e tem


vetor direção v = a, b, c , onde a, b e c são não-nulos. Mostre que
um ponto P ( x, y, z ) pertence a reta r se, e somente se,
x − x0 y − y0 z − z0
= =
a b c
Essas equações são denominadas equações simétricas da reta r.
34. Dadas as equações simétricas de uma reta r
x−2 y+3
= = z −5
3 2
determine um ponto e o vetor direção da reta r.
35. Sabendo que se C é uma curva fechada, então
452 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

 ∂N ∂M 
∫ [ M dx + N dy ] = ∫∫R  ∂x −
C
 dA (Teorema de Green),
∂y 

∫  xy dx + ( y + x ) dy  onde C é o círculo x
2
calcule + y 2 = 1.
C

36. Seja F ( x, y ) = y 2 cos x i + ( 2 y sen x ) j .

a) Mostre que ∫C F ⋅ dr é independente do caminho.

b) Sabendo que se uma integral ∫  M ( x, y ) dx + N ( x, y ) dy 


C
é

independente do caminho, então existe uma função f tal que


∂f ∂f
M= e N = , determine f ( x, y ) . Se F é um campo de
∂x ∂y
forças e dr = dx i + dy j , ache o trabalho realizado por F ao longo

de uma curva de (0,1) a (π/2,3). Lembrando: W = F ⋅ dr . ∫


C

37. Calcule ∫C F ⋅ dr ao longo da curva C dada.


(a) F ( x, y ) = x 2 i + xy j
C: r ( t ) = 2cos t i + 2 sen t j (0 ≤ t ≤ π )
(b) F ( x, y , z ) = z i + x j + y k
 π
C: r ( t ) = sen t i + 3 sen t j + sen 2t k 0 ≤ t ≤ 2 
 

38. (a) Considere o vetor direção u como sendo o vetor unitário i


na direção do eixo x e calcule a derivada direcional de f ( x, y )
nessa direção. Observe o resultado e interprete-o como taxa de
variação.
CÁLCULO VETORIAL 453

(b) Considere o vetor direção u como sendo o vetor unitário j


na direção do eixo y e calcule a derivada direcional de f ( x, y )
nessa direção. Observe o resultado e interprete-o como taxa de
variação.
(c) Levando em consideração os itens anteriores, faça uma
interpretação da derivada direcional, de uma função f ( x, y ) , como
taxa de variação.

OBS: As definições são análogas para f ( x, y, z ) .

39. Para você saber em que direção, a partir de um ponto ( a, b )


qualquer do domínio de uma função f ( x, y ) , o crescimento de
uma função f ( x, y ) é maior, menor ou constante, basta analisar a
derivada direcional dessa função.
Justifique essa afirmação analisando a derivada direcional e o
ângulo formado entre os vetores ∇f ( a, b ) e u .

40. Suponha que a temperatura T em um ponto P ( x, y, z ) de um


certo espaço é dada por T ( x, y , z ) = 2 x 2 − y 2 + 4 z 2 .
(a) Determine a taxa de variação de T no ponto (1, 2, −1) na direção
do vetor v = 4 i − 1 j + 2 k .
(b) Em que direção a função T cresce mais rapidamente a partir
desse ponto?
(c) qual a taxa máxima de crescimento?
(d) Um mosquito localizado nesse ponto deseja se esfriar o mais
rápido possível; em que direção ele deve voar?
454 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

41. Sabe-se que um campo vetorial F ( x, y ) = M ( x, y ) i + N ( x, y ) j


∂M ∂N
é conservativo se = (ou seja, um campo conservativo está
∂y ∂x
associado às diferenciais exatas). Uma função f ( x, y ) , tal que
F = ∇f é dita ser o potencial para um campo conservativo F .
Calcule um potencial para o campo vetorial F ( x, y ) = xy 2 i + x 2 y j .

( ) (
42. Seja F ( x, y ) = 2 x + y 3 i + 3xy 2 + 4 j . )
a) Mostre que ∫C F ⋅ dr é independente do caminho.

( 2,3)
b) Calcule ∫(0,1) F ⋅ dr .
43. Mostre que a integral de linha
( 3,1)
∫( −1,2) ( y ) ( )
2
+ 2 xy dx + x 2 + 2 xy dy

é independente do caminho e ache seu valor.


44. Mostre que se z = z ( x, y ) é uma função termodinâmica de
b
estado e usando a propriedade de integração ∫
a
0 dx = 0, então

∫ dz = 0 (lembre-se que o símbolo ∫ é utilizado para integrais de


linha onde o caminho é fechado).
CÁLCULO VETORIAL 455

45. Suponha que uma partícula se mova através de um campo de


forças F ( x, y ) = xy i + ( x − y ) j do ponto (0,0) ao ponto (1,0) ao
longo da curva x = t , y = λ t (1 − t ) . Para qual valor de λ o trabalho
realizado pelo campo de forças será igual a 1?

46. Verifique se F ( x, y ) = e x cos y i + e x seny j é um campo


vetorial conservativo. Se for, encontre uma função potencial para
F.

∫C  y dx + 2 xy dy 
2
47. Calcule o valor da integral de linha ao longo

do caminho C do ponto ( −1, 2 ) ao ponto (1,3).

48. Calcule o trabalho realizado pelo campo de forças


F ( x, y ) = 2 xy 3 i + 3 x 2 y 2 j
sobre uma partícula que se move do ponto P ( −3, 0 ) ao ponto
Q ( 4,1) , ao longo de uma curva lisa C.

49. Calcular a massa de um fio delgado com a forma de um


semicírculo de raio a, considerando que a densidade em um ponto P
é diretamente proporcional a sua distância à reta que passa pelos
pontos extremos. A posição de P é dada por:

r ( t ) = a cos t i + a sen t j , para t ∈ [ 0, π ].


Apêndice

Regras de Derivação
du dv
Considerando u = f ( x ) , u ' = e v ' = , temos que:
dx dx
d d
1. [ cu ] = cu ' 2. [u ± v ] = u '± v '
dx dx
d d  u  u ' v − uv '
3. [u ⋅ v ] = u ' v + uv ' 4. =
dx dx  v  v2
d d  n
5. [c] = 0 6.  u  = nu n −1u '
dx dx
d d u
7. [ x] = 1 8.
dx
 u  = ( u ') , u ≠ 0
u
dx

d u' d  u u
9. [ln u ] = 10. e = e u'
dx u dx  
d u' d  u
11. [log a u ] = 12. a = au ( ln a ) u '
dx ( ln a ) u dx  

d d
13. [sen u ] = ( cos u ) u ' 14. [cos u ] = − ( sen u ) u '
dx dx
d d
15.
dx
(
[ tg u ] = sec2 u u ') 16.
dx
(
[cotg u ] = − cossec2u u ' )
17. 18.
d d
[sec u ] = ( sec u tg u ) u ' [ cossec u ] = − ( cossecu cotg u ) u '
dx dx
REGRAS DE DERIVAÇÃO E INTEGRAÇÃO 457

d u' d −u '
19. [ arcsen u ] = 20. [arccos u ] =
dx 1 − u2 dx 1 − u2
d u' d −u '
21. [arctg u ] = 22. [ arccotg u ] =
dx 1 + u2 dx 1 + u2
d d
23. [senh u ] = ( cosh u ) u ' 24. [cosh u ] = ( senh u ) u '
dx dx

Regras de Integração

FORMAS BÁSICAS

u n +1
∫ u n du =
n +1
+C

du
∫u = ln u + C

∫ e du = e
u u
+C

1
∫ a du = ln a a
u u
+C

!
∫ sen u du = − cos u + C
"
∫ cos u du = sen u + C
∫ sec u du = tg u + C
2
#

∫ cossec u du = −cotg u + C
2
$
458 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

%
∫ secu tgu du = sec u + C
&
∫ cossecu cotgu du = −cossec u + C
∫ tg u du = ln sec u + C
∫ cotg u du = ln sen u + C
∫ secu du = ln sec u + tg u + C
∫ cossecu du = ln cossecu − cotg u + C
du u
!
∫ a −u2 2
= sen −1
a
+C

du 1 u
∫ a 2 + u 2 = a tg
−1
" +C
a
du 1 u+a
#
∫ a 2 − u 2 = 2a ln u − a + C
du 1 u
$
∫u u 2 − a2
=
a
sec −1 + C
a
du 1 u−a
%
∫ u 2 − a 2 = 2a ln u + a + C

FORMAS ENVOLVENDO a2 + u2 , a > 0

u a2
&
∫ a 2 + u 2 du =
2
a2 + u 2 +
2 (
ln u + a 2 + u 2 + C )
u 2 a4
∫u
2
a 2 + u 2 du =
8
(
a + 2u 2 ) a2 + u 2 −
8 ( )
ln u + a 2 + u 2 + C
REGRAS DE DERIVAÇÃO E INTEGRAÇÃO 459

du 1  a + a2 + u2 
∫ u a2 + u2
= − ln 
a  u
+C

 
du a2 + u 2
∫ u2 a2 + u 2
=−
a 2u
+C

du u
∫ 3
=−
a2 a2 + u 2
+C
( 2
a +u 2 2
)
a2 + u 2  a + a2 + u 2 
!
∫ u
du = a 2 + u 2 − a ln 
 u
+C

 
a2 + u2 a2 + u 2
"
∫ u2
du = −
u (
+ ln u + a 2 + u 2 + C )
du
#
∫ 2
a +u 2 (
= ln u + a 2 + u 2 + C )
u 2 du u 2 a2
$
∫ a2 + u 2
=
2 2 (
a + u 2 − ln u + a 2 + u 2 + C )
FORMAS ENVOLVENDO a2 − u 2 , a > 0

u a2 u
%
∫ a 2 − u 2 du =
2
a 2 − u 2 + sen −1 + C
2 a
u a4 u
&
∫ u 2 a 2 − u 2 du =
8
(2u 2 − a 2 ) a2 − u2 +
8
sen −1 + C
a
a2 − u2 a + a2 − u2
∫ u
du = a 2 − u 2 − a ln
u
+C

a2 − u 2 1 2 u
∫ u 2
du = −
u
a − u 2 − sen −1 + C
a
460 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

u2 u 2 a2 u
∫ a2 − u 2
du = −
2
a − u 2 + sen −1 + C
2 a

du 1 a + a2 − u2
∫ u a2 − u 2
= − ln
a u
+C

du 1
!
∫ u2 a2 − u 2
=− 2
a u
a2 − u 2 + C

du u
"
∫ 3
=
a2 a2 − u2
+C
( 2
a −u 2 2
)
du u
#
∫ a2 − u2
= sen −1
a
+C

FORMAS ENVOLVENDO u 2 − a2 , a > 0

u 2 a2
$
∫ u 2 − a 2 du =
2
u − a2 +
2 (
ln u + u 2 − a 2 + C )
u a4
% ∫ u 2 u 2 − a 2 du =
8
(
2u 2 − a 2 ) u 2 − a2 −
8 ( )
ln u + u 2 − a 2 + C

u 2 − a2 a
&
∫ u
du = u 2 − a 2 − a cos −1 + C
u

u2 − a2 u2 − a2
∫ u2
du = −
u
+ ln u + u 2 − a 2 + C

du
∫ 2
u −a 2
= ln u + u 2 − a 2 + C
REGRAS DE DERIVAÇÃO E INTEGRAÇÃO 461

du u 2 − a2
∫ u2 u 2 − a2
=
a 2u
+C

u 2 du u 2 a2
∫ u2 − a2
=
2
u − a 2 + ln u + u 2 − a 2 + C
2

du u
!
∫ 3
=−
a2 u 2 − a2
+C
(u 2
− )
a2 2

FORMAS EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA

1
∫ ue
au
" du = 2 (
au − 1) eau + C
a
1 n n −1 au
∫u e ∫
n au
# du = u n e au − u e du + C
a a
e au
$
∫ eau sen ( bu ) du =
a2 + b2
( a sen ( bu ) − b cos ( bu ) ) + C
e au
%
∫ eau cos ( bu ) du =
a2 + b2
( a cos ( bu ) − b sen ( bu ) ) + C
!&
∫ ln u du = u ln u − u + C
u n +1
!
∫ u n ln u du =
( n + 1)2
( n + 1) ln u − 1 + C

1
!
∫ u ln u du = ln ln u + C
462 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

FORMAS TRIGONOMÉTRICAS

1 1
∫ sen u du = 2 u − 4 sen 2u + C
2
!

1 1
∫ cos u du = 2 u + 4 sen 2u + C
2
!

∫ tg u du = tg u − u + C
2
!!

∫ cotg u du = −cotg u − u + C
2
!"

1
∫ sen u du = − 3 ( 2 + sen u ) cos u + C
3 2
!#

1
!$
∫ cos
3
u du =
3
( )
2 + cos 2 u sen u + C

1
∫ tg u du = 2 tg u + ln cos u + C
3 2
!%

1
∫ cotg u du = 2 cotg u − ln sen u + C
3 2
"&

1 1
∫ sec
3
" u du = sec u tg u + ln sec u + tg u + C
2 2
1 1
"
∫ cossec3u du = cossecu cotg u + ln cossec u − cotg u + C
2 2
1 n −1
"
∫ sen n u du = − sen n −1u cos u +
n n ∫
sen n −2u du + C

1 n −1
"
∫ cos n u du = cos n −1 u sen u +
n n ∫
cos n −2 u du + C

1
"!
∫ tg nu du =
n −1 ∫
tg n−1u − tg n− 2u du + C

sen ( a − b ) u sen ( a + b ) u
""
∫ sen ( au ) sen ( bu ) du = 2(a − b)

2( a + b)
+C
REGRAS DE DERIVAÇÃO E INTEGRAÇÃO 463

sen ( a − b ) u sen ( a + b ) u
"#
∫ cos ( au ) cos ( bu ) du = 2( a − b)
+
2(a + b)
+C

cos ( a − b ) u cos ( a + b ) u
"$
∫ sen ( au ) cos ( bu ) du = −
2(a − b)

2( a + b)
+C

"%
∫ u senu du = sen u − u cos u + C
#&
∫ u cos u du = cos u + u sen u + C
FORMAS ENVOLVENDO (a 2
) (
− u 2 e u 2 − a2 )
1 1 u+a
#
∫ a2 − u 2 du = 2a ln u − a + C
1 1 u−a
#
∫ u 2 − a2 du = 2a ln u + a + C
464 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Referências Bibliográficas
[1] AGUIAR,A.F. A., XAVIER, A.F. S., RODRIGUES,
J .E.M., Cálculo Para Ciências Médicas e Biológicas.
Editora Harbra, São P aulo, 1988 .
[2] ANTON, H., Cálculo – um novo horizonte, vol. 2, 8a edição,
2007.
[3] BELL , D. W. , F ísico -Quí mica, vol. 2 , T homs on,
2005.
[4] BOULOS, P., Cálculo Diferencial e Integral, vol. 2, Makron
Boo ks,1 999.
[5] BOYER, C. B., Hi stória da Matemática, Ed. Ed gard
Blucher, 19 86.
[6] BRADLE Y, G. L. , HOF FMANN, L . D. Cálculo –
Um curso Modern o e suas Aplicações, 7 a e dição, LT C,
2002.
[7] DOGGET T , G. an d SUT CL IFF E, B.T ., Mathe matics
for Che mistr y, 1995 .
[8] EVES, H. , Introd ução à História da Matemática,
Editora da Unica mp, 2 004.
[9] GOLDSTEIN, LARRY J., SCHNEIDER, DAVID I., LAY,
DAVID C. Cálculo e suas Aplicações, Editora Hemus, 1a edição,
2007
[10] GONÇALVES , M . B., FL EMM ING, D. M., Cálculo
A, 6 a edição, Pearson Education, 2 007.
[11] HAL LET T , HUGHES Cálculo de u ma Variável, 3 a
edição, Editora LT C, 2004.
REGRAS DE DERIVAÇÃO E INTEGRAÇÃO 465

[13] LARS ON, Ro n, HOST ET LE R, Robert P.,


EDWARDS, Bruce H., Cálculo, volu me 2, 8 a edição,
McGraw-Hill, 20 06.
[14] LARSON, Ro n, EDWARDS , Bruce H., Cálculo
co m Aplicações, 6 a ed ição, LT C Editora, 20 05
[15] LE IT HOL D, L ., O cálculo co m Geo metria
Analítica, vol.2, 3 a edi ção, Harbra, 1990 .
[16] MORT IMER, R.G., Mathe matics fo r Physical
Che mistr y, 1981.
[17] SALAS/ HILL E Cálculo, volu me 2 , 9 a edição,
Editora LT C, 20 05.
[18] SCOT T , S.K., Be ginnin g mathe matics for
Che mistr y, 1995.
[19] ST EWART ,J . Cálculo, volu me 2 , 5 a ediç ão, Pioneira
T homso n Learnin g, Sã o Paulo,2 005.
[20] SWOKOVSKI, E.W., cálculo co m Geo metria
Analítica, vol.2, 2 a edi ção, Ma kron Boo ks, 1 995.
[21] TABBUTT, P., Basic mathematics for Chemistry, 1994.
[22] T HOMAS, G. B., cálculo, vol 2, 10 a edi ção, Pearson
Education do Brasil, S ão Paulo, 2002.
[23] www.calculo.iq.unesp.br (site de apoio as disciplinas de
Cálculo Diferencial e Integral do Curso de Química da UNESP –
Araraquara (SP).
[24] www.cepa .if.usp. br/e -calculo
[25] http://w3.unesp.br/unespfree/ (site da Unesp para
download de pro gra ma s livres).
[26] www. grap h matica .co m
Respostas dos Exercícios

CAPÍTULO 1
EXERCÍCIOS 1.1
1 1 1
a) (2 + 3x 2 )9 + C b) 2 ( x + 3) 2 − 2arctg ( x + 3) 2 + C
54
1
(
c) ln et + 4 + C ) d)
5
sen ( 5 x − 2 ) + C
7 5 3 5 3
2 4 2 2 2
e) (1 + x ) 2 − (1 + x ) 2 + (1 + x ) 2 + C f) ( x + 1) 2 − ( x + 1) 2 + C
7 5 3 5 3
2 5
8 3 1
g) ( t − 4 ) 2 + ( t − 4 ) 2 + C h) ln sec x 2 + C
5 3 2
14 1 2 2
3 3 3 2
i)
14
x − 18 x 6 + 6 x 3 + C j)
10
(
x +4 ) (x
3 2
)
−6 +C
7 4
3 27
k) 2 x − 3 3 x + 6 6 x − 6 ln ( 6
)
x +1 + C l)
7
( x + 9) 3 − ( x + 9) 3 + C
4
9 4
5 5 2 x−2
m) ( 3x + 2 ) 5 − ( 3x + 2 ) 5 + C n) arctg +C
81 18 3 3
7 5 3
2 4 2
o)
7
(
1+ ex ) 2 −
5
(
1 + ex ) 2 +
3
(1+ ex ) 2 +C

EXERCÍCIOS 1.2
1.

x3  1
a) x ( ln x − 1) + C b)  ln x −  + C
3  3
1
( )
c) 2 − x 2 cos x + 2 x sen x + C d) e x ( sen x − cos x ) + C
2
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 467

1
e)
2
( -cossec x cot g x + ln cossec x − cot g x ) + C
e −2 x  1
f) − x+ +C g) − x cos x + sen x + C
2  2
3
1 2
2
(
h) x arctg x − ln 1 + x 2 + C ) i) x 2 ( 3ln x − 2 ) + C
9
j) cos x (1 − ln ( cos x ) ) + C k) x sec x − ln sec x + tg x + C
1 x
l) −e − x [ x3 + 3x 2 + 6 x + 6] + C m) cos5 x + sen5 x + C
25 5
e3 x  2
n)
27 
9 x − 6 x + 2  + C ( )
o) x 2 − 2 sen x + 2 x cos x + C

−e−2t  1 1
2. p(t ) = t +  +
2  2 4

EXERCÍCIOS 1.3
sen 5 x b)
1 1 1
x − sen4 x + sen 3 2 x + C
a) +C
5 16 64 48
cossec7 x cossec5 x 1 2 1
d) − cos3 x + cos5 x − cos 7 x + C
c) − + +C
7 5 3 5 7
cos 4 x tg 5 x tg3 x
e) − +C f) − + tg x − x + C
4 5 3
2 2 1 2 1
g) cos 7 x − cos3 x + C h) tg9 x + tg 7 x + tg5 x + C
7 3 9 7 5
tg 4 x j) tg x − cotg x + C
i. +C
4
1
k) sen x − sen 3 x + C
3
468 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

1 1 1
l) − cossec3 x cotg x + cossec x cotg x − ln cossec x − cotg x + C
4 8 8

EXERCÍCIOS 1.4
1.

1 x 1 x2 + 3 3
a) arctg + C b) ln − +C
2 2 3 x x

x x 2 − 16 9 x x
c) ln + +C d) arcsen + 9 − x2 + C
4 4 2 3 2
625 x x
e)
8
arcsen +
5 8
(
25 − x 2 25 − 2 x 2 + C )
x2 − 1
f) ln x + x 2 − 1 − +C
x

EXERCÍCIOS 1.5

5 x−3
a) + 6ln x + 2 + C b) ln x − 1 + 5ln +C
x+2 x−2
c) 3ln x − ln x + 3 + 2ln x − 1 + C d) x 2 − 2 x + 2 ln x + 1 + C
1
( )
e) ln x 2 + 1 +arctg x −
x −1
− 2ln x − 1 + C

1
f) 9 x − ln ( x + 1) − 12arctg x + ln x + C
2
2
3 3 2 1
g) 2 x + − 5ln x + 3 + C h) ln x + 2 + ln x − + C
x+3 5 5 2
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 469

EXERCÍCIOS EXTRAS
1.
10
1) x + 7 ln x − 1 − +C 2) 2 arcsec x + C
x −1
2 1 x2 + 9 3
3) 3t 3 − +C 4) ln − +C
t 3 x x
−1
5) +C 6) tg x + C
1 + tg x
1 1 1   1 
7) − +C 8) ln  +C
4  x + 1 x − 1 

 2 − sen x 
1 x 1
9) arctg + C 10) tg 5 x − x + C
4 4 5
2 12) 3 arcsen x + C
11) arctg t + C
3
1 1
13) ( 2 y )3 − 2 y + C 14) −e x +C
3
1 x
( )
15) x + 4ln x + ln x 2 + 4 − arctg + C
2 2
17)
16)
( )
3 + 2 x2 x2 − 3
+ C 1  sen 3 2θ sen 5 2θ 
 − +C
27 x3 2 3 5 
x2 1
18)
4 4
( )
+ x − ln x 2 + 1 +arctg x + C
2x
e −1 1
19)
4
( ) ( )
+ sen e 2 x − 1 cos e 2 x − 1 + C
4
1 2
20) − xe − x + C 21) − cotg5 x − cotg3 x − cotg x + C
5 3
1
22) 5ln x + 1 − − 3ln x − 5 + C
x +1
470 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

1 1
23) e2 x − − 6 +C 24) 4 − x 2 + ln x + 4 − x 2 + C
cos x 3 x
1 2 x x x
25) +C 26) e sen + 2cos  + C
(
2 16 − x 2 ) 5  2 2
2  x 
4
1 2
27) e x  − x 2 + 1 + C 28) tg x + C
 4  2
−x − 2 2  x +1
29) − arctg  +C
( 2
2 x + 2x + 3 ) 4  2 
30) ( x − 1) tg x + ln cos x + C

2. a) ≈ 13,18 b) ≈ 7,4 c) ≈ 41,85

5
3.
2
1 1 2
4. p ( t ) = cos3 t − cos t + 10t +
9 3 9
5. ≈ 0,082

CAPÍTULO 2
EXERCÍCIOS 2.1
5.
1 3 3
a) y +
3
(
y − x +C =0 ) b) y = 2e x

c) y 2 − 2 y − x3 − 2 x 2 − 2 x − 3 = 0 ( )
d) y = − 2 ln 1 + x 2 + 4

2 3 2 2
e) ln y + y − sen x − = 0 f) y = ± ln 1 + x3 + C
3 3 3
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 471

1 2 2
g)
2
( )
y − x 2 + e y − e− x + C = 0 h) y = 2
x −C
−1 e2 x
i) y = j) y = ± 4 +C
x+C 2
2 x2
k) y = ± x 2 + C l) ( ln y ) − +C =0
2

6. a) y = tg ( x − 1) b) x = 2et ( t − 1) + 3

7. k = 3 ou k = 3.
−2
8. y = 2
x + 4x − 2
4
9. Considerando 0 ≤ y < 4 temos y ( t ) = −2 2
, onde
t
1 + Ce 3
4 − y0
C= .
y0

a) t → +∞ ⇒ y ( t ) → 4.

b) T ≈ 3,3 unidades de tempo.

1 1
10. y ( x ) =
8
( )
1 − e −2 x ; y ( x ) → quando x → ∞.
8

EXERCÍCIOS 2.2

( )
1. C ( t ) = C 1 − e − kt , onde k é a constante de proporcionalidade.

2. C ( t ) = 100e −0,0282804t t = 24 dias e meio

3. a) aproximadamente 13 anos; b) 29,58 mg


472 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

4. Aproximadamente 13.334 anos


1 p − x0
5. x ( t ) = − pα t
, C=
1 + Ce x0

1 1 − x0
6. x ( t ) = −βt
, C=
1 + Ce x0

7. Q(0) = 160 bactérias

8. 29,3 gramas; x → 60 quando t → +∞; 0 grama de A e 30


gramas de B.

9. C (10 ) = 1834; C ( t ) → 2000 quando t → +∞.

EXERCÍCIOS 2.3
1.
1 sen x
a) y ( x ) =
2
( 2
3e x − 1 ) b) y ( x ) =
x2
1 1  x3 
c) y ( x ) =  x −  + e −2 x + Ce −3 x d) y ( x ) = e 2 x  + C 
3 3  3 
3 cos 2 x 
e) y ( x ) =  sen 2 x + +C f) y ( x ) = 2e 2 x ( x − 1) + 3e x
2 2 x 
x3 C 1
g) y ( x ) = +
5 x2 2
(
h) y ( x ) = e−2 x x 2 − 1 )

2. a) C ( t ) = 500 − 400e −0,04t


b) C ( t ) → 500gr quando t → +∞

3. t ≈ 7h,42min
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 473

4. Levará aproximadamente 82 seg para atingir 90ºC e 146 seg para


atingir 98ºC.

5. Aproximadamente 25ºC.

( )
6. i ( t ) = 0,3 1 − e−100t , i ( t ) → 0,3 quando t → ∞.

( )
7. q ( t ) = 0,01 1 − e−50t , i ( t ) = 0,5e−50t .

EXERCÍCIOS EXTRAS
1.
a) a = 0 ou a=2 b) a = 0 ou a = 1/3

2.
1
1 5 2
1
a) y ( x ) = − e− x + e x −x
b) y ( x ) = (1 + x2 2 )
2 2 2
15
( 2 + x )2 + 1
3 3
c) y ( t ) = et −t + e −t d) y ( x ) =
16
4 x5 − x5
esen t t 2
e) y (t ) =
2
e +3 ( ) 1
f) y ( x ) = e
5
5 4
+ e
5
5

15 1
g) y ( x ) = h) y ( x ) = x −
x2 + 9 x

1  1 5
3. y ( x ) = +  y0 −  e− x .
5  5 
1 1
a) A solução é decrescente para y0 > e crescente para y0 < .
5 5
1
b) y ( x ) → quando x → ∞ e independe do valor de y0.
5
474 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

4 y0
4. y ( x ) = .
x2 − 9
a) x > 3 para y0 ≠ 0 e ¶ < x < ¶ para y0 = 0.
b) y(x) → 0 quando x →¶ e independe do valor de y0.

6. A solução do PVI é dada implicitamente por


y 3 − 3 y − x 2 − x = 0. A solução tem um extremo local onde
dy
= 0, ou seja, em x = 1/2.
dx
7. ≈ 50.200 anos.

8. 4,06 gramas.
−1
t
(
9. a) Q ( t ) = e100 t 2 + 100 )
1

b) C (10 ) = 2e 10 gramas por litro.

10. y0 = 64

11. t ≈ 2,71 h

12. t ≈ 0,5 h

13. 760

14. 11 horas

15. T(1) = 31,67°F; Aproximadamente 0,06 min.


RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 475

  −t 
60 1 − e 10  , 0 ≤ t ≤ 20
  
17. i ( t ) =   
 −t

( )
 60 e 2 − 1 e 10 , t > 20


( t −t1 )
18. E ( t ) = E0e RC

19. P ( t ) = P0 e k sen t

20. 276 estudantes infectados

CAPÍTULO 3
EXERCÍCIOS 3.2

(a) d = 5 (b) d = 86 ≈ 9,27

EXERCÍCIOS 3.3

1 1 
1. a) (1,2,0) b)  , ,4 
2 2 
2 2 2
2. a) ( x − 2 ) + ( y − 2 ) + ( z − 3) = 25
2 2 2
b) ( x + 3) + ( y − 2 ) + ( z − 2 ) = 4
2 2
 3  5 17
c)  x −  +  y −  + z 2 =
 2  2 2
476 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

7  7
3. a) C  ,0,0  ; r =
2  2
5
b) C (1,3, 2 ) ; r =
2

EXERCÍCIOS 3.4
1.
a) f ( −1, 2 ) = −1 b) f ( b, x ) = 3b + x

f ( x + ∆x, y ) − f ( x, y ) f ( x , y + ∆y ) − f ( x , y )
c) =3 d) =1
∆x ∆y
2. a) D = {( x, y ) ∈ ℝ 2
: x2 + y2 ≤ 4 }
b) D = {( x, y ) ∈ ℝ 2
: y ≥ x2 }
c) D = {( x, y ) ∈ ℝ 2
: y ≠ ± x}

 x 
d) D = ( x, y ) ∈ ℝ 2 : y < − + 2
 2 
3. a) f ( 2,1) = 5
b) f ( 3a , a ) = 9a 3 + 1
c) f ( ab, a − b ) = a 2 b 2 ( a − b ) + 1

4. a) f ( x ( t ) , y ( t ) ) = t 2 + 3t10
b) f ( x ( 0 ) , y ( 0 ) ) = 0

{
5. D = ( x, y ) ∈ ℝ 2 : x ≠ y 2 . }
 3x  7
6. a) D = ( x, y ) ∈ ℝ 2 : y ≠ −  ; f ( 2,1) = ; f ( 6, −4 ) = 0.
 2 8
{ }
b) D = ( x, y ) ∈ ℝ 2 : y ≥ ± x ; f ( 4,5) = 3; f ( −1, 2 ) = 3.
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 477

EXERCÍCIOS 3.5

1.
a) b)
y y

4 4

2 2

x x
-6 -4 -2 0 2 4 6 -6 -4 -2 0 2 4 6

-2 -2

-4 -4

c) d)
6 y 6 y

4 4

2 2

x x
-6 -4 -2 0 2 4 6 -6 -4 -2 0 2 4 6

-2 -2

-4 -4

-6 -6

3.
a) b)
6 y 10 y

4 8

2 6
C=-3
C=9
4
-6 -4 -2 0 2 4

-2 C=1
2

C=4

-4
C=2 -6 -4 -2 0 2 4

-6 -2 C=0
478 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

( )
5. T 1,13;31,275 × 103 = −273,49 C

EXERCÍCIOS EXTRAS

x=0 ⇒ z− y=4
1.
y = 0 ⇒ 2x + z = 4
2 2 2
2. ( x − 1) + ( y − 2 ) + ( z − 3) + 1 = 0

4. a) d = 18 b) d = 206
5. (6,4,7)
7. P(3,3,3)
5  5
8. C  ,0,0  ; r =
2  2

10. a) 5 b) 9a 3 + 1 c) a 2b 2 ( a − b ) + 1

F ( 0, 09;60 ) = 722,84
11.
F ( 0,14; 240 ) = 8090,13

A ( 500;0,10;5 ) = 824,36
12.
A (1500;0,12;20 ) = 16534,76

f (1, 2 ) = 0
13.
f (1, 4 ) = 6

14. f ( x + ∆x, y ) = 3 xy + y 2 + 3 y ∆x

f ( x, y + ∆y ) − f ( x, y )
= 3x + 2 y + ∆y
∆y
15. 0,7%
17.
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 479

a) b) c)
10 y y
6

8
4

6
2

4
-6 -4 -2 0 2 4 6

2
-2

-6 -4 -2 0 2 4 6 -4

-2
-6

d) e) f )Todo o plano xy
y y
6 6

4 4

2 2

-6 -4 -2 0 2 4 6 -6 -4 -2 0 2 4 6

-2 -2

-4 -4

-6 -6

19. a) D = { x ∈ ℝ : x ≠ 2}

b) D = {( x, y ) ∈ ℝ 2
: x ≠ 2}

20. V = π r 2 h
Do ponto de vista matemático: D = ( r , h ) ∈ ℝ2 { }
480 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Do ponto de vista físico: D = ( r, h ) ∈ ℝ2 : r ≥ 0, h ≥ 0 { }


23.
a) D = {( x, y ) ∈ ℝ 2
: 5x + 3 y ≠ 0} b) D = {( x, y ) ∈ ℝ 2
: x + y > 0}
y y
6 6

4 4

2 2

x x
-2 -1 0 1 2 3 -2 -1 0 1 2 3

-2 -2

-4 -4

-6 -6

c) D = {( x, y ) ∈ ℝ 2
: x 2 + y 2 ≤ 16} d) D = {( x, y ) ∈ ℝ 2
: 2 x − y > 0}
y y
6 6

4 4

2 2

x x
-6 -4 -2 0 2 4 6 -6 -4 -2 0 2 4 6

-2 -2

-4 -4

27. No plano z = 3 o traço da esfera é dado por: x 2 + y 2 = 16

No plano x = 4 o traço da esfera é dado por: y 2 + z 2 = 9


28.
a) b)
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 481

c) d)

e) f)

g) h)

31. O mapa de contorno da figura (a) representa as curvas de nível


do parabolóide enquanto que o da figura (b) representa as curvas de
nível do cone pois a distância entre as curvas de nível é sempre a
mesma em (b).
482 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

32. A distância entre as curvas de nível da função f ( x, y ) é sempre


a mesma pois f é um plano e inclinação da superfície em qualquer
ponto é sempre a mesma.

34. ye x = 2
y

x
-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7

-1

-2

36. a) A voltagem é sempre constante.


b)
y

15

10

V=0,5
5
V=1
x
V=2
-20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20

-5

-10

-15
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 483

38.

A superfície é mais inclinada na região onde as curvas de nível estão


mais próximas uma das outras e menos inclinada onde as curvas de
nível estão mais longe uma das outras.
40. f ( −3,3) ≈ 56 e f ( 3, −2 ) ≈ 58

41. a) 1,14x10-4
43. a) b) z = x 2 y − 3 para z = 0
y
6

x
-6 -4 -2 0 2 4 6

-2

-4

45.
a) b)
y y

3
4

2 y=4/x
1

x x
-3 -2 -1 0 1 2 3 -4 -2 0 2 4

y=1/x -1
y=2/x
-2

y=3/x -2

-4
-3
484 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

CAPÍTULO 4
EXERCÍCIOS 4.1

2.
a) z x = 5 y 3 ; z y = 15 xy 2 12 xe y
b) z x =
2x2 − 1
( )
; z y = 3e y ln 2 x 2 − 1

c) z x = y cos x ; z y = sen x

d) z x = 7 ye2 xy (1 + 2 xy ) ; z y = 7 xe2 xy (1 + 2 xy )

6 x2 8 x3 3 −3
e) z x = ; zy = f) z x = ; zy =
1− 4y (1 − 4 y )2 x y

( ) ( )
g) z x = 2 x cos x 2 − y sen x 2 y  ; z y = − x 2 sen x 2 y + 9 y 2
 

 1
h) z x = e xy [1 + y ( x − ln y )]; z y = e xy  x( x − ln y ) − 
 y

x 2 + 2 xy − y x − x2
i) z x = ; zy =
( x + y )2 ( x + y )2
j)

1 z3 y3 yz
fx = − 2
+
x + y ( x + z) 2 xyz
1 3z 2 y 2 x xz
fy = − +
x+ y x+z 2 xyz
2 zy 3 x 2 z 2 y3 x xy
fz = − 2
− 2
+
( x + z) ( x + z) 2 xyz
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 485

3w2 z 3 xyz 3 w3 z 3 2 xyz 3


fw = + 2 ; f y = 6 xy − −
32 y w 32 y 2 w
k)
y 2 z3 3w3 z 2 3 xy 2 z 2
fx = 3y2 − ; fz = −
w 32 y w

 ∂V  R  ∂Vm  RT
4.  m  = ;   =− 2
 ∂T  P P  ∂P T P

5.
f x ( 3, 2 ) ≈ 12, 2
f x ( 3; 2, 2 ) ≈ 16,8

EXERCÍCIOS 4.2

dT V dP P dV
1. = +
dt k dt k dt

dT 1  dP  2ab − aV  dV 
2. =  (V − b) +P+  
dt k  dt  V3  dt 
dV dA
3. a) = 0,88π cm3/min b) = 0,3π cm2/min
dt dt

dS
4. = 0,07626 cm2/ano
dt

5. a) A produção de trigo diminui a medida que a temperatura


aumenta.
A produção de trigo aumenta a medida que a chuva aumenta.
486 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

dW
b) = −1,1 (Nestas condições, a produção de trigo diminuirá
dt
cerca de 1,1 unidades por ano.)
dI
6. = −3,1× 10−5 A / s
dt
dV
7. = −0,27
dt
dw
8. (t = 0) = 4
dt
21
10. −
6
dz 6 yt − 3x dz 2
11. a) = b) = 9 ( x + 6 y ) 1 + 18t 2 
dt ( x − y )2 dt

 ∂f  2  ∂f 
12. a) G ' ( t ) =   2tet +   cos t
 ∂x  y  ∂y  x

 ∂f  dx  ∂f  dy
b) G ' ( 0 ) =   (1, 0 ) (1, 0 ) +   (1, 0 ) (1,0 ) = 5
 ∂x  y dt  ∂y  x dt

EXERCÍCIOS 4.3

1. a) coef. ang = 3 b) coef. ang. = −2


RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 487

2. z = x − 4
2 5 5 4
3. z = x + z= y+
3 3 3 3
4. f x (1, 2 ) = −8 (coeficiente angular da reta tangente à curva de
nível gerada, no plano yz, quando se fixa x = 1)
f y (1, 2 ) = −4 (coeficiente angular da reta tangente à curva de
nível gerada, no plano xz, quando se fixa y = 2)
4
5. (a) x = 0 e x = 3
(b) x = 0 e x = 1
9

 ∂T 
6.   ( 2,3) = −2, 4 (a partir do ponto (2,3) do plano xT, para
 ∂x  y
cada uma unidade que você anda (aumenta), na direção do eixo x, o
valor de z diminui de 2,4 unidades)
 ∂T 
  ( 2,3) = −9 (a partir do ponto (2,3) do plano yT, para
 ∂y  x
cada uma unidade que você anda (aumenta), na direção do eixo y, o
valor de z diminui de 9 unidades)
488 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

 ∂I 
7. (a)   = 0,885 + 1, 2h (taxa de variação da temperatura
 ∂t h
aparente em relação a temperatura do ar, mantendo a umidade
relativa do ar como constante).
 ∂I 
  = −22, 4 + 1, 2t (taxa de variação da temperatura
 ∂h t
aparente em relação a umidade relativa do ar, mantendo a
temperatura do ar como constante).

 ∂I   ∂I 
(b)   = 1,845 e   o = 16
 ∂t h = 0,8  ∂h t =32

EXERCÍCIOS 4.4

1. a) D = {(V , T ) ∈ ℝ 2 : V > 0, V ≠ b}

 ∂P  RT 2a  ∂P  R
b)   =− 2
+ 3 ;   = ;
 ∂V T (V − b ) V  ∂T V (V − b )

 ∂2 P  2 RT 6a
 2  = 3
− 4
 ∂V  (V − b ) V

 ∂ 2Vm  R  ∂ 2Vm 
3.   = − = 
 ∂P ∂T  P 2  ∂T ∂P 

(
4. a) Não satisfaz o teorema f xy ≠ f yx )
(
b) Satisfaz o teorema f xy = f yx )
6. a) f xx = 2 + 8 y 2 ; f xy = 16 xy ; f yx = 16 xy ; f yy = −18 y + 8 x 2

1 1
b) f xx = − 2
; f xy = 0 ; f yx = 0 ; f yy = − 2
x y
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 489

c)
f xx = y 2 e xy ; f xy = e xy +xye xy ; f yx = e xy + xye xy ; f yy = x 2 e xy

4 xy
d) f yx = − 2
(x 2
+ y2 )
−1 z2 
e) f zz =  1+ 2 2 2 
1− x − y − z  1− x − y − z 
2 2 2

− xy
f yx = 3

(1 − x2 − y2 − z 2 ) 2

EXERCÍCIOS 4.5

1. a) (0, 0, 0) é ponto de mínimo relativo


b) (0, 0, 0) é ponto de sela
c) (0, 0, 5) é ponto de sela
d) (0, 0, 0) é ponto de sela e
(2, −2, −8) é ponto de mínimo relativo
e) (2, 2, 12) é ponto de mínimo relativo
f) (3, −2, 17) é ponto de máximo relativo
g) (0, 0, 0) é ponto de sela (visualisação gráfica)
(−0, −1, −2) é ponto de mínimo relativo
(1, 1, −2) é ponto de mínimo relativo
 1
2. a) Máximo absoluto em 1, 
 2
b) Máximo absoluto em (3,-2)
3. (0,0,0) é um ponto de sela
(-1,1,1) é um ponto de máximo relativo
490 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

4. Os números são: x = y = z = 8

6. As dimensões do tanque são x = y = z = 3 10

5 1
9. A antena deve ser instalada no ponto  , − 
4 4

EXERCÍCIOS 4.6
1. a) df = 2 x sen y dx + ( x 2 cos y + 3 y ) dy

 2 
b) df = x e xy (2 + xy ) dx +  x3 e xy − 3  dy
 y 

2x 2y
c) df = 2 2
dx + 2 2
dy + sec 2 z dz
x +y x +y

d) df = (2 xz − z 2t ) dx + 4t 3 dy + ( x 2 − 2 xzt ) dz + (12 yt 2 − xz 2 ) dt

2. a) 7,74; b) −1,06; c) 1,87; d) 0,11

3) Falta 0,03459 m3

4. Erro máximo na área: dA = 0,0384 m2

Erro percentual na área: 0,1745 %

Erro máximo no volume: dV = 0,0176 m3

Erro percentual no volume: 0,2933 %

5. O fluxo sanguíneo diminui 5%

6. Erro máximo de 10% para mais ou para menos


RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 491

7. dI = −0,01A
dV
9. a) = α dT − β dP
V
b) Quando α = 0 e β = 0, tem-se que V = cte (que significa que se
trata de um fluido (líquido) incompressível.

c) 24 bar ⋅ C-1

d) V2 = 1, 267 cm3

EXERCÍCIOS 4.7
3 3
1. a) dU = VdP + PdV
2 2
3 5
c) δ QR = VdP + PdV
2 2

 ∂m   ∂m   ∂m 
2. dm =   dE +   dQ onde   dE é a variação de m
 ∂E Q  ∂Q  E  ∂E Q

 ∂m 
em relação a E mantendo-se Q constante e   dQ é a variação
 ∂Q  E
de m em relação a Q mantendo-se E constante

3. Não é exata

EXERCÍCIOS 4.8
492 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

z
4 xyz − − y2 z2
 ∂y  y
1. a)   = ;
 ∂x  z 2 xyz 2 − 2 x 2 z − xz
y2

x
3z 2 − + 2 x 2 y − 2 xy 2 z
 ∂y  y
 ∂z  = xz
 x 2 xyz 2 − 2 x 2 z − 2
y

cos( x + y ) sen( x − y )
+
 
∂y 2 − z3 z2
b)   =
 ∂x  z sen( x − y ) − cos( x + y )
z2 2 − z3

3 z 2sen( x + y ) 2cos( x − y )
+
 ∂y  (2 − z 3 )2 z3
  = sen( x − y ) cos( x + y )
 ∂z  x −
z2 2 − z3

 a 
2. Considere F ( P , T ,V ) =  P +  (V − b ) − RT = 0 e utilize
 TV 2 
derivação implícita.

a (V − b)
R+
 ∂V  T 2V
2
  =
 ∂T  P P − a (2b − V )
3
TV
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 493

EXERCÍCIOS EXTRAS

 ∂z 
1. a) ;   = 2 x 2 − sen ( x + y )
 ∂y  x

 ∂z 
b)   = e x − y cos ( x + y ) + sen ( x + y )  ;
 ∂x  y

 ∂z  x− y
  = e cos ( x + y ) -sen ( x + y ) 
∂y
 x

 ∂f   ∂f 
2. a)   = 20 x3 y 3 + 6 x 2 y − 7 ;   = 15 x 4 y 2 + 2 x3
 ∂x  y  ∂y  x
 ∂z  1 x  ∂z  1  y x  x
b)   = 2 f '   ;   = − 2 f   − 3 f '  
 ∂x  y y  y  ∂y  x y  y y  y

 ∂z  1  x x
c)   = − f '  cos  sen   ;
 ∂x  y y  y  y

 ∂z  x  x x
  = 2 f '  cos  sen  
 ∂y  x y  y  y

 ∂z  x 2 + 2 xy − y  ∂z  x − x2
d)   = ;   =
 ∂x  y ( x + y )2  ∂y  x ( x + y )
2

 ∂z  2 x4
(
e)   = 3 x 2 ln 2 − x 2 − y −
 ∂x  y
)
2 − x2 − y

 ∂z  x3
  = −
 ∂y  x 2 − x2 − y
494 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

 ∂z   ∂z 
f)   = 3 ye 2 xy [1 + 2 xy ] ;   = 3 xe 2 xy [1 + 2 xy ]
 ∂x  y  ∂y  x
 ∂z  3 x 1  ∂z  3x x 1
g)   = − sen + ;   = 2 sen −
 ∂x  y y y x  ∂y  x y y y

 ∂w   ∂w  x −1
h)   = 7 y x ln y ;   = 7 xy
 ∂x  y  ∂y x
 ∂w 
3.   (1,1) = 17
 ∂x  y
1
4. f ( x, y ) = x 4 y 2 − 7 xy + ln y 2 + 1 + K
2
fx = 6 y f x = 6x f x = 6 xe y
5. a) b) c)
f y = 6x fy = 2 f y = 3x 2e y

2x 1
fx = hx =
f x = 3 + 2 ye xy y 1+ ey
d) e) f) xe y
f y = 2 xe xy x2 hy = −
fy = − 2
y2 (
1+ ey )
1
f x = 6 ( 3x − y + 4 ) f x = − e xy + ( y − ln x ) ye xy
g) h) x
f y = −2 ( 3 x − y + 4 )
f y = e + ( y − ln x ) xe xy
xy

3y y y
fx = f x = 2 xsen − y cos
ey x x
i) j)
3 x (1 − y ) y
fy = f y = x cos
ey x
 5 RT 
3
3R  e 2P 
3 (
6. a) CV = b) S = R ln  ⋅ 2π mkT ) 2 
2  Lh 
 
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 495

 5TR 2 3R  C P 5 RT
c) R  d) +1
 2 P + 2  CV
=
3P
 

 ∂V  nR
7.   = 2
 ∂T  P , n n a  2nb 
P − 2 1 − 
V  V 

 ∂V  nb − V
  = 2
 ∂P T , n n a  2nb 
P − 2 1 + 
V  V 

 ∂H  RI 2
8.   = calorias/seg
 ∂t  I 4,18

 ∂P  760 ρ0  ∂ρ  760 ρ0  T 
9.   = e   =− 2 
1+ 
 ∂T  P 273P  ∂P T P  273 
 ∂A  21π  ∂A  67π
10. a)   = b)   =
 ∂h  r 58  ∂r h 58
1 1  ∂P 
11. B = =− = −V  
β 1  ∂V   ∂V T
 
V  ∂P T

m  ∂µ   ∂  m  m µ
µ= ⇒   =   = − 2 = −
V  ∂V T  ∂V V
  T V V

µ  ∂V 
⇒ V =− = −µ  
 ∂µ   ∂µ T
 
 ∂V T

  ∂V    ∂P   ∂V   ∂P   ∂P 
⇒ B = − −µ    ⋅  = µ    = µ 
  ∂µ T   ∂V T  ∂µ T  ∂V T  ∂µ T
496 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

 ∂H 
12.   é uma constante positiva ⇒ H é função crescente da
 ∂T  P
temperatura e que H é linear. Portanto, a isóbara é uma reta com
5
R
coeficiente angular positivo e igual a 2 . Somente com a

informação dada não é possível saber se a reta passa pela origem ou


não.
∂V ∂T ∂P P
13. ⋅ ⋅ =−
∂T ∂V ∂V V

15. u ' ( 2 ) ≈ 25 C/m. Isso significa que, a partir de x = 2, se x


aumentar de 1 metro então a temperatura irá aumentar de,
aproximadamente, 25 C.

16. u ' ( 2 ) ≈ 25 C/m. Isso significa que, a partir do ponto (2,1), se x


aumentar de 1 metro (mantendo y constante igual a 1) então a
temperatura irá aumentar de, aproximadamente, 25 C.
v ' (1) ≈ −15 C/m. Isso significa que, a partir do ponto (2,1), se y
aumentar de 1 metro (mantendo x constante igual a 2) então a
temperatura irá diminuir de, aproximadamente, 15 C.

17. a) z é mais sensível à variações de x pois dz (1,0 ) = 2dx + 1dy

dx 1
b) =−
dy 2

18. Para r = 5 pés e h = 25 pés, temos que dV = 250π dr + 25π dh ,


ou seja, o volume no tanque é mais sensível a pequenas variações de
r.
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 497

Para r = 25 pés e h = 5 pés, temos que dV = 250π dr + 625π dh ,


ou seja, o volume no tanque é mais sensível a pequenas variações de
h.
19. 0,2%
22. Escreva a diferencial total para U e divida a equação obtida por
dV, com P constante.

 ∂S  nR
23. (a)   =
 ∂V T V

(b) Como n, R e V são grandezas positivas, segue que


 ∂S 
  > 0 ⇒ as isotermas são curvas monótonas crescentes.
 ∂V T
Calculando a derivada segunda de S em relação a V, concluímos que
 ∂2S 
 2  < 0 e, portanto, a curva será côncava para baixo.
 ∂V T
 ∂U   ∂V   ∂T 
26.   ⋅  ⋅  = −1 ⇒
 ∂V T  ∂T U  ∂U V
 ∂U  −1 1 1  ∂T   ∂U 
  = ∂V =− ⋅ = −  ⋅ 
 ∂V T    ∂T   ∂V   ∂T   ∂V U  ∂T V
  ⋅     
 ∂T U  ∂U V  ∂T U  ∂U V

 ∂T   ∂U   ∂U 
∴  ⋅  = − 
 ∂V U  ∂T V  ∂V T
Como
 ∂T   ∂U 
µ J ⋅ CV =   ⋅ 
 ∂V U  ∂T V

 ∂U 
segue que µ J ⋅ CV = −  
 ∂V T
498 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

CAPÍTULO 5

EXERCÍCIOS 5.1
ab ( a + b )
1. 43,5 2.
2
πb 1
3. 4.
2 2
a2
5.
3

EXERCÍCIOS 5.2
1. 0,1 2. 448
1 1 1 1
3. a) ∫0 ∫y f ( x, y ) dxdy b) ∫−1 ∫x f ( x, y ) dydx
2

4. a) Para uma função contínua, a afirmação é falsa.


5 6 6 5
b) Verdadeira, pois ∫3 ∫2 xdydx = 32 =∫2 ∫3 xdxdy
8
5. a) -0,072 b) 0,359 c) d) ≈ 0,382
7
6. a) 15,37 b) 1,27 c) 0,535
d) 0,57 e) 61,65 f) 2,25 g) 1,08
h) 0,125 i) 0,8 j) 2,66 k) 1,097
π
4 4
7. a) e 2 − 2 b) c) d) 18
3 3

EXERCÍCIOS 5.3
16
1. a) b) 8 3
3
4  2 2 −1
2. 104 3.  
3  5 
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 499

EXERCÍCIOS 5.4
1  8 8
1. a) P = e
CG =  , 
8  15 15 
8 5 9 
b) P = e CG =  , 
3  4 16 
1 2
2. C =  , 
 2 5

EXERCÍCIOS 5.5
8
1.
35
15 15
2. a) I x = e Iy =
77 63
3 1
b) I x = e Iy =
2 2
9
3. a) VM = 16 b) VM = c) VM = 0
2
e2 − 3
d) VM =
4

EXERCÍCIOS 5.6
 3π   7π 
1. ( −2, 2 ) →  2 2,  →  −2 2, 
 4   4 
( 4,0 ) → ( 4,0 ) → ( 4, 2π )
3π 
( 0, 4 ) →  4,
π
 →  −4, 
 2  2 

( 3,3) →  3,  →  −3, 
π
 4  4 

( −1, −1) →  2,  →  − 2, 
π
 4   4
( −1,0 ) → (1, π ) → ( −1,0 )
500 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

(1,2 ) → ( ) (
5,70 → − 5,250 )
EXERCÍCIOS 5.7
π
r
1. A = 4 ∫ ∫
2
0 0
rdrdθ = π r2

4 2 1 3π
2. − −
3 4 32
26π π π
3. a) 2,634 b) 39 c) d) −
3 2 2e 4

EXERCÍCIOS 5.8
1. a) P(0,3,1) b) P(3,0,-6) c) P(-1,0,e)
 7π   4π 
2. a)  2, ,2 b)  2, , 2 
 4   3 
 6 6 
3. a) (0,0,0) b) (0,0,-2) c)  , ,1
 2 2 
 π  π π
4. a)  2, π ,  b)  2, , 
 2  4 4
 π 
5. a) (0,0,2) b)  8, ,0 
 6 
 π π  π π
6. a)  2, ,  b)  2, , 
 4 2  2 4
4π 15π
7. 384π 9. 10.
5 16

EXERCÍCIOS EXTRAS
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 501

y
2 2 1 4 1 e e
2. (a) ∫ ∫ 0 0
2 e y dxdy
(=
4
e −1 ) (b) ∫0 ∫e y
ydxdy =
2
+1
2 y 4
(c) ∫0 ∫0
y ( )
cos xy 2 dxdy = 0,38

3.
(a) (b)

1 − cos 64
4. (a) 21,3 (b) 39,06 d) e)
3
0,54 f) 0,035 g) 1
64π 5π
5. (a) (b)
5 2

6. (a)
(
e3 − 10 ) (b) 3,46
3
7.
8 (b) 1,35
(a)
3
502 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

(c) 0,54

2 4 1 3 y
8. a) ∫0 ∫2 y f ( x, y ) dx dy b) ∫0 ∫ y f ( x, y ) dx dy

2 2 e2 2
c) ∫∫
0 1
f ( x, y ) dx dy + ∫
e ∫
ln y
f ( x, y ) dx dy

9
9.
4
10. V = 4π

16π − 32
15. V =
3
16. e -1
17. Área= 27,87
1
18. (1 − cos8 )
3
19. 24
20. -25,5
2 2
21. − e − R
3 3
23. kA
1 1− y 2
24. Falsa. V = 8 ∫ ∫ 1 − x 2 − y 2 dxdy.
0 0
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 503

8
25.
3

CAPÍTULO 6
EXERCÍCIOS 6.1
1. O vetor posição <3,2> aponta para o ponto (3,2) no plano xy.


3. PQ = Q − P = −3, 2,3
4. w = v − u
→ → →
5. AB + BC = AC
7. a) u = −2,3 b) u = 0,0,3
8. 3, −1 + −2, 4 = 1,3
u = 14 , u + v = 1,0, −4
9. a)
2u = −6, −4, −2 , 3u + 4v = 7, 2, −15
u = 5 , u + v = 1, −1,3
b)
2u = 2, −4,0 , 3u + 4v = 3, −2,12
10. Módulo de um vetor é o tamanho desse vetor. v = 21
6 4 2
11. − , ,−
56 56 56
504 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

EXERCÍCIOS 6.2
3
1. a) u ⋅ v = −3 ; cos θ = −
205
20
b) u ⋅ v = −20 ; cos θ = −
630
2. u ⋅ v = 3
3. u ⋅ v = −34 ⇒ u e v formam um ângulo obtuso
7
4. k =
5
2 2
5. compv u = compu v =
5 5
6. W = -12 lb metro
7. W = 375 libras ⋅ pés

EXERCÍCIOS 6.3
1. a) 3i − 4 j + 2k

b) 2i − j + 3k
2. a) escalar b) não faz sentido c) vetor
d) não faz sentido
2 1 1 2 1 1
3. − ,− , e , ,−
6 6 6 6 6 6
4. ≈ 32,19

EXERCÍCIOS 6.4

1.
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 505

x, y , z = −2, 4,10 + t 3,1, −8


 x = −2 + 3t

 y = 4+t
 z = 10 − 8t

2.
x, y , z = 1,0,6 + t 1,3,1
 x =1+ t

 y = 3t
z = 6 + t

3.
x, y, z = 3,1, −1 + t 0,1, −5
 x=3

 y =1+ t
 z = −1 − 5t

x − 0 y − 2 z +1
4. a) = =
2 3 −7
 −4 11   2 11 
b) ( 0, 2, −1) ,  ,0,  ,  − , , 0 
 3 3  7 7 

EXERCÍCIOS 6.6

100 −22 −160


1. a) −5 2 b) c) d) e) 0
17 5 14
2. a) −14 2
b) 2 2
4 3
c) na direção perpendicular ao vetor gradiente u = − ,
5 5
3. a) -47,57
506 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

b) Na direção do vetor gradiente 4, −8,54

c) ≈ 54,73

4 3
5. u = ,− e u = 0,1
5 5

6. b) −12,92

EXERCÍCIOS 6.7

170
1. a) 70 b) c) 58
3
34 16
2. a) b) 48 c) −
7 3
3. a) é exata b) é exata
64
4. ∫ C1
dz =
3
; ∫
C2
dz = 20

5. -3

6. ∫ F dx + G dy = 31
C

EXERCÍCIOS 6.8
1. a) v (1) = 2,3 e a (1) = 2,6

π  π 
2. a) v   = 0,87i − 6,93 j e a   = −0,5i − 8 j
6
  6

1 1 1 2
4. a) v ( 2 ) = − i − j e a ( 2 ) = i + j
2 3 2 9

b) v ( 0 ) = 2i − j e a ( 0 ) = 4i + j
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 507

v ( 2 ) = 0,6 v ( 0 ) = 2, 24
 t3 
( ) (
5. a) r ( t ) =  + 2  i + 3t 2 + t − 3 j + 2t 4 + 1 k )
3 
 t2 
( ) ( )
b) r ( t ) = 7 + t 3 + t i + 2t − t 4 j +  1 + − 3t  k
2
 
6. b) r ' ( t ) = 2i + 2tj
7.
x = 2+t
y = 4 + 4t
z = 8 + 12t

EXERCÍCIOS 6.9

32
a) e −1 b) c) −24π
3

EXERCÍCIOS 7.0

1
1. − 2. 12π 3. M = 2p 2
12
4. W = 29/60 J 5. Escoamento = p/2 – 1/2

EXERCÍCIOS 7.1
1. a) φ ( x, y ) = x 2 + xy 3 + 4 y + c ; 66

2. a) φ ( x, y ) = x 3 y + 2 x + y 4 + c
508 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

b) φ ( x, y ) = x 2sen y + 4 e x + c

3. a) φ ( x, y ) = xy 2 + x 2 y; 14

b) φ ( x, y ) = e x sen y + c; e
EXERCÍCIOS EXTRAS
→ → → → → →
1) a) CD + DA = CA b) BC − DC = BD
3. a) u = 3,2 b) u = 2,0, −2

5. a) u = 13 ; u + v = 1,3 ; u − v = −7,1 ;

2u = −6, 4 ; 3u + 4v = 7,10

b) u = 13 ; u + v = 3i + j ; u − v = i − 7 j ;

2u = 4i − 6 j ; 3u + 4v = 10i + 7 j

9 5 12 5
6. a) ,− b) i − j
106 106 13 13

8 1 4
c) i − j+ k
9 9 9
9. u = −3, 4,0

10. B = ( −1,3,1)

11. a) −i + 4 j − 2k b) 18i + 12 j − 6k c) −i − 5 j − 2k

7 5 6 5
12. u = , 0, −
5 5

2 2 2 2
13. u = ,− e v= − ,
2 2 2 2
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS 509

14. j = 0,1,0 e − j = 0, −1,0

16 8 1 2
17. 3,1, −2 = , 0, − + − ,1, −
5 5 5 5

19. −5 3
1 2 1 1 2 1
21. w1 = i+ j+ k e w2 = − i− j− k
6 6 6 6 6 6
23. Precisamos de um ponto por onde a reta passa e de um vetor
direção ou de dois pontos por onde a reta passa.

 x = −1 − t

25.  y = 3t
 z=2

26. P (1, 2,2 ) e v = 0,0,0

27. x, y, z = 2, −3,0 + t −1,5,1


29. plano xy: P(-2,10,0) plano xz: P(-2,0,-5)
plano yz: a reta não intercepta o plano yz.
34. P ( 5, −1,6 ) e v = 3, 2,1
35. p
36. b) f ( x, y ) = y 2 senx + K ; W=9

32 23
37. a) − b)
3 6
2 6
40. a) b) Na direção do vetor gradiente 2, −4, −8
3
c) 84 d) Na direção contrária a do gradiente −2,4,8
510 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

x2 y2
41. f ( x, y ) = +K
2
42. 30
77
43.
12
46. Não é conservativo
47. 13
48. 16
49. 2ka2
Texto sobre as Autoras

Maria Helena S. S. Bizelli

Fez graduação em Licenciatura em Matemática na


Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR; mestrado em
Matemática no Instituto de Ciências Matemáticas e de
Computação da USP (ICMC-USP) – São Carlos (SP), na área
de Análise Matemática; e doutorado em Educação Matemática
no Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP
(IGCE) – Rio Claro (SP), área de concentração em ensino e
aprendizagem da matemática e seus fundamentos filosófico-
científicos. É docente do Departamento de Físico-Química do
Instituto de Química da UNESP – Campus de Araraquara
(SP), desde 1988, onde ministra aulas de Cálculo Diferencial e
Integral e trabalha com Matemática Aplicada e Educação
Matemática. Atua junto ao Grupo de Pesquisa em Informática
no Ensino de Química (GPIEQ) e ao Projeto de Ensino em
Ciências (PROENC), com a produção de material didático
(livros, vídeos, animações em Flash, applets, vídeos-aulas) -
relacionado ao Cálculo Diferencial Integral, Terceira Idade,
Informática - e com Ensino à Distância. Coordenadora do
Projeto Inclusão Digital para a Terceira Idade (desde 2003) -
onde atua também como docente do curso Informática Básica
para a Terceira Idade - projeto este vinculado a Universidade
Aberta para a Terceira Idade (UNATI) com o apoio da
PROEX e da Fundunesp.
512 CÁLCULO PARA UM CURSO DE QUÍMICA

Sidinéia Barrozo

Fez graduação em Matemática no Instituto de Biociências,


Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista –
UNESP, campus de São José do Rio Preto (1987); mestrado
em Matemática na Universidade de Brasília – UnB (1990), na
área de Geometria Diferencial, com ênfase em Superfícies
Mínimas; e doutorado em Matemática Aplicada na
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP (2000), na
área de Biomatemática, onde trabalhou com Modelagem
Matemática em Epidemiologia e Fisiologia Humanas. Ministra
aulas de Cálculo Diferencial e Integral desde 1990, quando
iniciou sua carreira de Professora Universitária na
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, campus
de Joinville. É professora da UNESP desde 1992, tendo
trabalhado no Departamento de Matemática da Faculdade de
Ciências, campus de Bauru, de 1992 a 2005, e desta data em
diante, no Departamento de Físico-Química do Instituto de
Química, campus de Araraquara. Trabalha com modelagem
matemática – desenvolvimento e análise de modelos
matemáticos aplicados às áreas biológicas e à Química; com
implementação de métodos numéricos e computacionais para
análise matemática de experimentos em Físico-Química e com
produção de materiais didáticos relacionados às disciplinas de
Cálculo Diferencial e Integral. Supervisiona a área de
Matemática do Centro de Ciências da UNESP de Araraquara e
atua como colaboradora no projeto Informática para a Terceira
Idade, também desenvolvido no Instituto de Química de
Araraquara.

Você também pode gostar