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Funções reais

de
várias variáveis reais

Matemática I

Margarida Macedo
Funções reais de várias variáveis reais

Índice

1. Funções de várias variáveis – definição e generalidades ....................................... 4

2. Domínio de uma função ……………….............................................................. 8

3. Conjunto de nível de uma função ........................................................................ 18

3.1. Curvas de nível de uma função de duas variáveis ........................................ 18

3.2. Aplicações em contexto económico ............................................................. 21

3.3. Exercícios propostos ..................................................................................... 26

4. Derivadas parciais ................................................................................................ 28

4.1. Derivadas de 1ª ordem .................................................................................. 28

4.2. Derivadas de 2ª ordem ou superior ............................................................... 38

4.3. Derivada da função composta – Regra da cadeia ......................................... 43

4.4. Exercícios propostos ………………………………………………………. 48

5. Otimização ........................................................................................................... 52

5.1. Extremos de funções com duas variáveis ....................................................... 52

5.2. Cálculo de extremos relativos de funções com duas variáveis ……… 53


............................
5.3. Cálculo de extremos absolutos de funções com duas variáveis ……… 61
............................
5.4. Aplicações em contexto económico ............................................................... 65

5.5. Exercícios propostos ...................................................................................... 67

6. Função definida na forma implícita ...................................................................... 70

6.1. Teorema da Função Implícita ....................................................................... 70

6.2. Derivada da Função definida na forma implícita .......................................... 71

6.3. Classificação de extremos condicionados ..................................................... 76


.......................................................................
6.4. Aplicações em contexto económico ............................................................. 78

6.5. Métodos numéricos ....................................................................................... 80

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6.6. Exercícios propostos ...................................................................................... 85

7. Aproximação de funções …………………………..…………………………… 88


..............................................................................................
7.1. Diferencial ..................................................................................................... 88

7.2. Polinómio de Taylor ...................................................................................... 93

7.3. Aplicações em contexto económico ............................................................... 97

7.4. Exercícios propostos ...................................................................................... 101

8. Homogeneidade .................................................................................................... 104

8.1. Definição ....................................................................................................... 104

8.2. Teorema de Euler ........................................................................................... 105

8.3. Propriedades das funções homogéneas ……………………………............ 106

8.4. Aplicações em contexto económico ............................................................... 107

8.5. Exercícios propostos ...................................................................................... 110

9. Exercícios globais ……………………………………….…………….………... 114

Bibliografia .................................................................................................... 130

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Funções reais de várias variáveis reais

1. Funções reais de várias variáveis reais – definição e generalidades

Uma função pode ser definida como uma relação entre dois conjuntos, onde a cada elemento
do domínio (um subconjunto do conjunto de partida) está associado um e um só elemento
do contradomínio (um subconjunto do conjunto de chegada). Nas funções reais com uma
variável real, tanto os objetos como as imagens são números reais. Este capítulo aborda
conceitos relativos a funções reais de várias variáveis reais, ou seja, o domínio é um
subconjunto de 𝑅 𝑛 = {(𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ) ; 𝑥𝑖 ∈ 𝑅, 𝑖 = 1, … , 𝑛 }.

Assim, define-se função f, real de n variáveis reais, da seguinte forma:

𝑓: 𝐷 ⊂ 𝑅 𝑛 𝑅
(𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ) 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 )

Exemplos:
São de extrema importância, no estudo da economia, indicadores relacionados com a
produção e com os consumidores. Os exemplos que se seguem são funções de várias
variáveis que ilustram alguns desses indicadores:

(1) Função de Produção de Cobb-Douglas

A função produção, geralmente, relaciona a produção (Q) com as variáveis quantidade de


trabalho (L) e capital (K); em particular, a função produção de Cobb-Douglas1

𝑄(𝐿, 𝐾) = 𝐶𝐿𝛼 𝐾𝛽 (𝛼, 𝛽 ∈ [0,1], 𝐶 ∈ 𝑅 + )

1
Cobb e Douglas (1928) desenvolveram o modelo matemático proposto por Knut Wicksell (1851 - 1926) que
se mostrou estatisticamente ajustado ao crescimento da economia americana durante o período de 1899 a
1922. Consideraram uma visão simplificada da produção, sustentando que esta é determinada pela quantidade
de mão-de-obra envolvida e a quantidade do capital investido. Apesar de existirem muitos outros fatores que
afetam o desempenho económico, o modelo em causa mostrou-se bastante preciso. Atualmente, em
economia, a forma funcional de funções produção de Cobb-Douglas continua a ser amplamente usada para
representar a relação entre a produção e os seus fatores.

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em que L representa o número de unidades de trabalho (geralmente em horas), K o número


de unidades de capital e Q o número de unidades produzidas a eles associado.

Quando os expoentes verificam a condição 𝛼 + 𝛽 = 1, fica

𝑄(𝐿, 𝐾) = 𝐶𝐿𝛼 𝐾 1−𝛼 ,

função com caraterísticas aritméticas específicas:2

Exemplo:
Suponha-se que um fabricante estima que a produção de determinado produto admite como
modelo 𝑄(𝐿, 𝐾) = 100𝐿0,6 𝐾 0,4, em que L representa o trabalho (em pessoas/hora) e K o
capital em milhares de unidades monetárias.

Quando se duplicam as quantidades de trabalho e capital, verifica-se que a produção duplica:

𝑓(2𝐿, 2𝐾) = 100(2𝐿)0,6 (2𝐾)0,4 = 20,6+0,4 ⋅ 100𝐿0,6 𝐾 0,4 = 2𝑓(𝐿, 𝐾)

Analogamente, quando se triplicam as quantidades de trabalho e capital, a produção triplica:

𝑓(3𝐿, 3𝐾) = 100(3𝐿)0,6 (3𝐾)0,4 = 30,6+0,4 ⋅ 100𝐿0,6 𝐾 0,4 = 3𝑓(𝐿, 𝐾)

Genericamente:

𝑓(𝜆𝐿, 𝜆𝑦) = 100(𝜆𝐾)0,6 (𝜆𝐿)0,4 = 𝜆0,6+0,4 ⋅ 100𝐾 0,6 𝐿0,4 = 𝜆𝑓(𝐾, 𝐿)

Ou seja, quando as variáveis trabalho e capital têm variações percentuais iguais e


simultâneas, a produção tem igual variação percentual.

(2) Função utilidade

O conceito de utilidade, numa vertente económica, visa modelar o valor de um determinado


bem ou serviço para um determinado consumidor; nesse contexto, a função utilidade
representa a ordem de preferência do consumidor sobre um conjunto de opções, refletindo o
seu nível de satisfação em função da sua escolha.3

2
Num outro capítulo desta unidade, serão introduzidos conceitos que explicam estes resultados.
3
O conceito de utilidade insere-se no núcleo conceptual da Teoria do Consumidor, sustentada, em parte, pelo
princípio de que a decisão dos agentes económicos resulta de uma comparação entre o benefício de
determinada ação com o custo de a implementar.

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A função utilidade é, portanto, uma função em que as variáveis independentes são o valor
de cada atributo para determinada alternativa disponível. Os modelos funcionais podem
assumir vários aspetos, como será visto em exemplos que serão considerados
posteriormente.

Casos particulares (tendo em conta o número de variáveis independentes):

(1) Função de duas variáveis:

Uma função f de duas variáveis é uma relação que associa a cada par ordenado de números
reais (x,y) um único valor real representado por f(x,y). Pode-se representar 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦) para
tornar explícitos os valores tomados por f num ponto genérico. As variáveis x e y são
variáveis independentes, e z a variável dependente.

Ou seja, uma função de duas variáveis é uma função cujo domínio é um subconjunto de 𝑅 2
e cujo contradomínio é um
subconjunto de R, conforme o
diagrama ao lado, onde o domínio D
é representado como um subconjunto
do plano Oxy.

Se f é uma função de duas variáveis com domínio D, então o gráfico de f é o conjunto de


todos os pontos (x, y, z) em 𝑅 3 tal que 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦) e (x, y) pertence ao domínio D, ou seja
graf(𝑓) = {(𝑥, 𝑦, 𝑧) ∈ 𝑅 3 : 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦)}

Exemplos:

1) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 6 − 3𝑥 − 2𝑦 no 1º octante

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2) 𝑔(𝑥, 𝑦) = √9 − 𝑥 2 − 𝑦 2

3) ℎ(𝑥, 𝑦) = 4𝑥 2 + 𝑦 2

2 −𝑦 2
4) 𝑓(𝑥, 𝑦) = (𝑥 2 + 3𝑦 2 ) 𝑒 −𝑥

𝟓) 𝑓(𝑥, 𝑦) = sen 𝑥 + sen 𝑦

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(2) Função de três variáveis:

Uma função f de três variáveis é uma relação que associa a cada terno ordenado (x, y, z) de
um domínio 𝐷 ⊂ 𝑅 3 um único número real representado por 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧).

Exemplo:

Pagamento mensal para amortização de um empréstimo

𝑐𝑟
12
𝑀(𝑐, 𝑟, 𝑡) = 12𝑡
1
1−( 𝑟)
1+
12

em que M é o pagamento mensal para a amortização de um empréstimo de capital no


montante de c, em t anos, à taxa anual r.

2. Domínio de uma função

2.1. Definição e conceitos gerais

Domínio de uma função f, é o conjunto dos elementos do conjunto de partida para os quais
a expressão analítica que define a função tem significado.

Para determinar o domínio de uma função, independentemente do número de variáveis,


deveremos ter em conta que:

• O denominador de uma fração deverá ser diferente de zero;

• O argumento de um logaritmo deverá ser maior que zero;

• O radicando de uma raiz de índice par deverá ser maior ou igual a zero;

• O argumento de um arco seno ou arco cosseno deverá estar compreendido entre −1 e 1;


𝜋
• O argumento de uma tangente deverá ser diferente de + 𝑘𝜋, com 𝑘 ∈ 𝑍;
2

• O argumento de uma cotangente deverá ser diferente de 𝑘𝜋, com 𝑘 ∈ 𝑍.

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2.2. Domínio de uma função de duas variáveis

Em particular, se a função f é de duas variáveis, o domínio da função dá origem a um


conjunto de pares ordenados que constituem um domínio plano, ou seja, um subconjunto
de 𝑅 2 .

Exemplos:

Determinar analiticamente e representar geometricamente o domínio de algumas


funções:

√𝑥+𝑦+1
1) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥−1

𝐷𝑓 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : 𝑥 + 𝑦 + 1 ≥ 0 ∧ 𝑥 − 1 ≠ 0}

2) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 ln( 𝑦 2 − 𝑥)

𝐷𝑓 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : 𝑦 2 − 𝑥 > 0}

3) 𝑔(𝑥, 𝑦) = √9 − 𝑥 2 − 𝑦 2

𝐷𝑔 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : 9 − 𝑥 2 − 𝑦 2 ≥ 0} =

= {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : 𝑥 2 + 𝑦 2 ≤ 9}

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𝑥+𝑦
4) 𝑓(𝑥, 𝑦) = ln √𝑥−𝑦 

𝑥+𝑦
𝐷𝑓 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : 𝑥−𝑦 > 0}

𝑥+𝑦 𝑥+𝑦 >0 𝑥+𝑦 <0 𝑦 > −𝑥 𝑦 < −𝑥


> 0  ⇔   { ∨ {      ⇔ {    ∨    {
𝑥−𝑦 𝑥−𝑦 >0 𝑥−𝑦 <0 𝑦<𝑥 𝑦>𝑥

y=-x y y=x

𝑦
5) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 1
ln
𝑥

1 1
𝐷𝑓 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : 𝑥 > 0 ∧ ln (𝑥) ≠ 0}
1
> 0  ⇔  𝑥 > 0
𝑥
1 1
ln (𝑥) ≠ 0  ⇔   𝑥 ≠ 1  ⇔  𝑥 ≠ 1

𝑥 y x=2
6) 𝑧 = ln(𝑥 − 𝑦 2 ) ⋅ arcsen (2) y x=2

𝑥
𝐷𝑧 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : 𝑥 − 𝑦 2 > 0 ∧ −1 ≤ 2 ≤ 1}

𝑥 − 𝑦2 > 0 ⇔ 𝑥 > 𝑦2 0
x
𝑥
−1 ≤ 2 ≤ 1 ⇔ −2 ≤ 𝑥 ≤ 2

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𝑥−𝑦
7) 𝑓(𝑥, 𝑦) = ln
2𝑥

𝑥−𝑦
𝐷𝑓 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : > 0}
2𝑥

𝑥−𝑦 𝑥−𝑦 >0 𝑥−𝑦 <0


>0⇔{ ∨ {
2𝑥
2𝑥 > 0 2𝑥 < 0

𝑦<𝑥 𝑦>𝑥
⇔ { ∨ {
𝑥>0 𝑥<0

𝑥2
8) 𝑓(𝑥, 𝑦) = ln 𝑦 2

𝑥2
𝐷𝑓 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : 𝑦 2 > 0}

𝑥2
> 0 ⇔ 𝑥 ≠ 0  ∧  𝑦 ≠ 0
𝑦2

ln  |𝑥 2 +𝑦 2 −4|
9) 𝑔(𝑥, 𝑦) =
𝑥𝑦√𝑥 2 −𝑦 2

𝐷𝑔 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : |𝑥 2 + 𝑦 2 − 4| > 0   ∧   𝑥𝑦 ≠ 0   ∧    𝑥 2 − 𝑦 2 > 0}

|𝑥 2 + 𝑦 2 − 4| > 0 ⇔ 𝑥 2 + 𝑦 2 − 4 ≠ 0 ⇔ 𝑥 2 + 𝑦 2 ≠ 4

𝑥𝑦 ≠ 0 ⇔ 𝑥 ≠ 0 ∧ 𝑦 ≠ 0

 𝑥 2 − 𝑦 2 > 0  ⇔ (𝑥 + 𝑦)(𝑥 − 𝑦) > 0 ⇔

𝑥+𝑦 >0 𝑥+𝑦 <0


⇔{ ∨ {
𝑥−𝑦 >0 𝑥−𝑦 <0

𝑦 > −𝑥 𝑦 < −𝑥
⇔ { ∨ {
𝑦<𝑥 𝑦>𝑥

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√𝑥+1
10) 𝑓(𝑥, 𝑦) =
√1−𝑥2 −𝑦 2

𝐷𝑓 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : 𝑥 ≥ 0 ∧ 1 − 𝑥 2 − 𝑦 2 > 0}

1 − 𝑥2 − 𝑦2 > 0 ⇔ 𝑥2 + 𝑦2 < 1

𝑥
11) 𝑓(𝑥, 𝑦) = √𝑥−𝑦

𝑥
𝐷𝑓 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : 𝑥−𝑦 ≥ 0}

𝑥 𝑥≥0 𝑥≤0
≥0⇔{ ∨{
𝑥−𝑦 𝑥−𝑦 > 0 𝑥−𝑦 <0

𝑥≥0 𝑥≤0
⇔{ ∨{
𝑦<𝑥 𝑦>𝑥

𝑥 2 +𝑦 2 +2𝑥
12. ℎ(𝑥, 𝑦) = √𝑥 2 +𝑦 2−2𝑥

𝑥 2 +𝑦 2 +2𝑥
𝐷ℎ = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : ≥ 0}
𝑥 2 +𝑦 2 −2𝑥

𝑥 2 +𝑦 2 +2𝑥
≥0⇔
𝑥 2 +𝑦 2 −2𝑥

𝑥 2 + 𝑦 2 + 2𝑥 ≥ 0 𝑥 2 + 𝑦 2 + 2𝑥 ≤ 0
⇔{ ∨ {
𝑥 2 + 𝑦 2 − 2𝑥 > 0 𝑥 2 + 𝑦 2 − 2𝑥 < 0

(𝑥 + 1)2 + 𝑦 2 ≥ 1 (𝑥 + 1)2 + 𝑦 2 ≤ 1
⇔{ ∨ {
(𝑥 − 1)2 + 𝑦 2 > 1 (𝑥 − 1)2 + 𝑦 2 < 1

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𝑥
13) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 arccos ( )
𝑦

𝑥
𝐷𝑓 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : −1 ≤ 𝑦 ≤ 1}

𝑥 𝑥 𝑥 𝑥−𝑦 𝑥+𝑦
1≤𝑦≤1⇔𝑦 ≤1∧ ≥ −1 ⇔ ≤0 ∧ ≥0⇔
𝑦 𝑦 𝑦

𝑥−𝑦 ≥0 𝑥−𝑦 ≤0 𝑥+𝑦≤0 𝑥+𝑦 ≥0


⇔ ({ ∨ { ) ∧ ({ ∨ { )⇔
𝑦<0 𝑦>0 𝑦<0 𝑦>0

𝑦≤𝑥 𝑦≥𝑥 𝑦 ≤ −𝑥 𝑦 ≥ −𝑥
⇔ ({ ∨ { ) ∧ ({ ∨ { )
𝑦<0 𝑦>0 𝑦<0 𝑦>0

Da interseção das duas figuras, resulta:

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Funções reais de várias variáveis reais

𝑥+𝑦
se (𝑥, 𝑦) ≠ (0,0)
14) 𝑚(𝑥, 𝑦) = {√𝑥 2+𝑦 2
1 se (𝑥, 𝑦) = (0,0)

𝐷𝑚 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 \{(0,0)}: 𝑥 2 + 𝑦 2 ≠ 0} ∪ {(0,0)} = 𝑅 2

15) 𝑓(𝑥, 𝑦) = ln (|𝑦| − √|𝑥|)

𝐷𝑓 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : |𝑦| − √|𝑥| > 0}

|𝑦| − √|𝑥| > 0 ⇔ |𝑦| > √|𝑥| ⇔ 𝑦 2 > |𝑥| ⇔ |𝑥| < 𝑦 2 ⇔ −𝑦 2 < 𝑥 < 𝑦 2

𝑥 = −𝑦 2 e 𝑥 = 𝑦 2 são parábolas em que o eixo de simetria é o eixo Ox

Para verificar se a área que pertence ao domínio corresponde à que


está "dentro" ou "fora" das parábolas, basta substituir um ponto
(por exemplo verifica-se que (−1,0) e (1,0) não verificam as
condições indicadas, portanto não pertencem ao domínio da
função).

16) 𝑗(𝑥, 𝑦) = 2𝑥 + ln[𝑦 2 + (𝑥 + 1)𝑥𝑦 + 𝑥 3 ]

𝐷𝑗 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : 𝑦 2 + (𝑥 + 1)𝑥𝑦 + 𝑥 3 > 0}

𝑦 2 + (𝑥 + 1)𝑥𝑦 + 𝑥 3 > 0 ⇔ 𝑦 2 + 𝑥 2 𝑦 + 𝑥𝑦 + 𝑥 3 > 0 ⇔

⇔ 𝑦(𝑦 + 𝑥 2 ) + 𝑥(𝑦 + 𝑥 2 ) > 0 ⇔

⇔ (𝑦 + 𝑥 2 )(𝑦 + 𝑥) > 0 ⇔

𝑦 + 𝑥2 > 0 𝑦 + 𝑥2 < 0
⇔{  ∨ { ⇔
𝑦+𝑥 >0 𝑦+𝑥 <0

𝑦 > −𝑥 2 𝑦 < −𝑥 2
⇔{  ∨ {  
𝑦 > −𝑥 𝑦 < −𝑥

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2.3. Domínio de uma função de três variáveis

Em particular, se f é uma função de três variáveis, o domínio da função corresponde a um


conjunto de pontos de 𝑅 3 , que constituem uma superfície ou sólido.

Exemplo:

Sendo 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) = ln(5 − 𝑥 2 − 𝑦 2 − 𝑧 2 ), o domínio de f é dado por

𝐷𝑓 = {(𝑥, 𝑦, 𝑧) ∈ 𝑅 3 : 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 < 5}

ou seja, é constituído por todos os pontos da esfera centrada na origem e cujo raio é √5 ,
sem incluir a superfície esférica correspondente.

2.4. Exercícios propostos

1. Defina analiticamente e represente geometricamente os domínios das funções definidas


por:

a) z = 2x − y

b) z = ln (x + y)

1
c) 𝑧 = 1−𝑥 2 −𝑦 2

1
d) 𝑓(𝑥, 𝑦) = cos 𝑥𝑦

e) 𝑔(𝑥, 𝑦) = ln(𝑒 − 𝑒 √𝑦 −𝑥 )

1
f) ℎ(𝑥, 𝑦) = (𝑥−𝑦)2

1
g) 𝑔(𝑥, 𝑦) = 𝑥 √1 − 𝑥 2 − 𝑦 2 ⋅ ln(𝑥 2 − 𝑥𝑦)

𝑥𝑦+1
h) 𝑧 = 𝑥 2 −𝑦

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i) 𝑓(𝑥, 𝑦) = √𝑥 − 𝑦 + ln( 𝑥𝑦)

j) 𝑓(𝑥, 𝑦) = √𝑥𝑦 ⋅ ln(2 − 2√𝑦 -1)

k) 𝑧 = 𝑥 − √(3𝑥 2 + 4𝑦 2 )3

𝑦
l) 𝑓(𝑥, 𝑦) = ln 𝑥 + arcsen (𝑥 2 + 𝑦 2 )

m) 𝑓(𝑥, 𝑦) = ln[(𝑥 2 + 𝑦 2 − 4) (𝑦 − 𝑥 2 − 2)]

n) 𝑧 = ln𝑦 2 + √1 − 𝑥 2

o) 𝑤(𝑥, 𝑦) = ln(𝑦 + 𝑥 2 ) + √(𝑥 − 1)2 + 𝑦 2 − 1

p) 𝑤(𝑥, 𝑦) = √𝑥 2 + 𝑦 2 − 1 + ln(𝑥 2 − 𝑦 2 )

2. Determine analiticamente e represente geometricamente o domínio das funções definidas


por:

1 1
a) 𝑝(𝑥, 𝑦) = ln 𝑥𝑦 b) 𝑞(𝑥, 𝑦) = ln 𝑥 2𝑦

1 1
c) 𝑚(𝑥, 𝑦) = ln 𝑥𝑦 2 d) 𝑓(𝑥, 𝑦) = ln 𝑥 2 𝑦 2

1
e) 𝑝(𝑥, 𝑦) = ln √𝑥 2 𝑦 2 f) 𝑔(𝑥, 𝑦) = arctg(ln(𝑥 2 + 𝑦 2 ))

cos√𝑥−𝑦 2
g) 𝑧 = arcsen(ln(𝑥 2 + 𝑦 2 )) h) 𝑧 =
ln𝑥⋅√4−𝑦2

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Soluções:

2.

a) b) c) d)

e) f) g) h)

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3. Conjunto de nível de uma função

Sendo f uma função real com n variáveis reais, (𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ), define-se conjunto de nível
de valor k ao conjunto dos pontos de 𝑅 𝑛 cuja imagem por f é k, ou seja

𝑁𝑘 (𝑓) = {(𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ) ∈ 𝐷𝑓 : 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ) = 𝑘}

Consequentemente, todos os pontos de determinado conjunto de nível têm a mesma imagem.


Nos casos particulares de funções de duas ou três variáveis, o conjunto de nível chama-se,
respetivamente, curva de nível e superfície de nível.

3.1. Curvas de nível de uma função de duas variáveis

De acordo com a definição anterior, as curvas de nível de uma função f de duas variáveis são
as linhas (no domínio de f), com equação 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑘, onde k é o valor da curva de nível e
é uma constante real pertencente ao contradomínio de f.

A curva de nível de f de valor k, é dada por

𝑁𝑘 (𝑓) = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝐷𝑓 : 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑘}

ou seja, a curva de nível 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑘 é o conjunto de todos os pontos do domínio de f nos


quais o valor de f é k. Por outras palavras, mostra onde o gráfico de f tem cota k.

As curvas de nível 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑘 correspondem à projeção sobre o plano Oxy, da interseção


do gráfico de f com o plano horizontal 𝑧 = 𝑘. A superfície correspondente ao gráfico de f
será mais inclinada onde as curvas de nível estiverem mais próximas uma das outras e mais
plana onde as curvas de nível estiverem mais distantes uma das outras.

Na figura, pode ser observada essa relação:

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Funções reais de várias variáveis reais

Exemplos do esboço de algumas curvas de nível de algumas funções:

1) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 6 − 3𝑥 − 2𝑦

2) 𝑔(𝑥, 𝑦) = √9 − 𝑥 2 − 𝑦 2

As figuras que se seguem, mostram algumas curvas de nível geradas por computador
juntamente com os gráficos correspondentes.

3) ℎ(𝑥, 𝑦) = 4𝑥 2 + 𝑦 2

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Funções reais de várias variáveis reais

2 −𝑦 2
4) 𝑓(𝑥, 𝑦) = −𝑥𝑦𝑒 −𝑥

As curvas de nível aparecem em diversos contextos:

Exemplos:

(1) Na elaboração de cartas topográficas: neste caso, f(x,y) representa a elevação em metros
em relação ao nível do mar, num ponto (𝑥, 𝑦) de latitude x e longitude y.

Na colina da figura esboçada (em três dimensões) encontram-se as curvas de relevo


correspondentes às elevações de 0, 100, 200, 300 e 400 metros, por exemplo. Essas
curvas podem ser encaradas como tendo sido obtidas cortando-se a colina em “fatias”
paralelas à base. O “caminho” ao longo de uma dessas curvas permanece sempre à
mesma altitude.

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Funções reais de várias variáveis reais

(2) Um mapa cartográfico análogo é usado para


indicar a profundidade da água através das
curvas batimétricas. No exemplo é da
figura ao lado, 𝑓(𝑥, 𝑦) é a profundidade da
água de um lago no ponto (𝑥, 𝑦).

(3) A figura exibe um mapa meteorológico, em


que 𝑓(𝑥, 𝑦) representa a temperatura durante
certo dia. Ao longo de cada uma das curvas
de nível, chamadas curvas isotérmicas, a
temperatura é constante.

(4) Quando f(x,y) representa, numa carta meteorológica, a pressão barométrica (em bars)
no ponto (x,y), as curvas de nível neste caso são chamadas isobáricas.

3.2. Aplicações em contexto económico

3.2.1. Isoquantas

Conhecida uma função produção Q, dependente dos fatores K e L, as isoquantas de Q são


as suas curvas de nível, ou seja, o conjunto de combinações de valores de K e L que dão
origem à mesma quantidade produzida.

Exemplo:

Seja a função de produção referida num exemplo anterior, 𝑄(𝐿, 𝐾) = 100𝐿0,6 𝐾 0,4, em que
K é o capital disponível em milhares de euros, L número de horas de trabalho e Q a
quantidade produzida em toneladas de determinado produto.

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Funções reais de várias variáveis reais

𝑄(𝐿, 𝐾) = 1000 ⟺ 100𝐿0,6 𝐾 0,4 = 1000 ⟺ 𝐿0,6 𝐾 0,4 = 100

Todas as combinações entre número de horas de mão de obra e capital que verificam aquela
igualdade, dão origem ao mesmo nível de produção, ou seja, 1000 toneladas. Por exemplo
ln100 5ln100−3ln50
os valores 𝐾 = 1 e 𝐿 = 𝑒 0,6 ; ou 𝐿 = 50 e 𝐾 = 𝑒 2 (verifique!).

3.2.2. Curvas de Indiferença

As curvas de indiferença de uma função utilidade, são as curvas de nível da função utilidade
e são dadas pelo conjunto de combinações de bens ou serviços para os quais o nível de
utilidade (ou seja, a satisfação) para o consumidor é o mesmo. No caso de uma função
U(a,b), que traduz as preferências de determinado consumidor em relação aos bens a e b, o
consumidor está disposto a alterar o número de unidades de a e b, desde que a satisfação
obtida seja a mesma.

Exemplo:

3
Seja a função utilidade para o consumidor X, 𝑈(𝑎, 𝑏) = √𝑎4 𝑏 2 , com 𝑎 > 0 e 𝑏 > 0, em
que a é o número de unidades determinado fator A e b o número de unidades de determinado
fator B.

Por exemplo 𝑈(1,2) < 𝑈(2,1), pelo que se pode concluir que o consumidor X prefere a
combinação de 2 unidades de a e 1 de b, à combinação de 2 unidades de b e 1 de a.

Seja, por exemplo, a curva de indiferença de nível 4: a combinação dos fatores a e b que dão
3
origem ao nível de satisfação 4, é dada pela igualdade 𝑈(𝑎, 𝑏) = 4 ⟺ √𝑎4 𝑏 2 = 4. Por
exemplo 𝑎 = 𝑏 = 2 é uma combinação possível (verifique!). Mas 𝑈(1,8) também é 4, pelo
que o consumidor X obtém a mesma satisfação se combinar 2 unidades de a e 2 unidades de
b, ou 1 unidade de a e 8 de b, ou seja, para ele, é indiferente qualquer uma das opções.

Existe uma infinidade de combinações de valores nestas condições, como ilustra a figura
seguinte, que representa a curva de nível 4 da função U:

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Funções reais de várias variáveis reais

Exercícios resolvidos:
𝑥
1) Determinar as curvas de nível da função 𝑓(𝑥, 𝑦) = √𝑥−𝑦.

Resolução:
𝑥
𝑁𝑘 (𝑓) = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝐷𝑓 : √𝑥−𝑦 = 𝑘}

𝑥
• Se k < 0, √𝑥−𝑦 = 𝑘 é impossível, logo não existe curva de nível;

𝑥
• Se k = 0, √𝑥−𝑦 = 0 ⇔ 𝑥 = 0 ∧ 𝑦 ≠ 𝑥 (eixo Oy, exceto a origem (0,0))

𝑥 𝑥 𝑘 2 −1
• Se k > 0, √𝑥−𝑦 = 𝑘 ⇔ 𝑥−𝑦 = 𝑘 2 ⇔ 𝑥 = 𝑘 2 𝑥 − 𝑘 2 𝑦 ⇔ 𝑦 = 𝑥
𝑘2

As curvas pedidas são as que pertencem à família de semirretas de origem em (0,0) e ao


domínio da função4 (portanto, não inclui (0,0) já que 𝑦 ≠ 𝑥).

4
Domínio calculado na página 12.

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Funções reais de várias variáveis reais

𝑥 2 +𝑦 2 +2𝑥
2) Determinar a curva de nível de valor 0 da função 𝑓(𝑥, 𝑦) = √𝑥 2 +𝑦 2−2𝑥.

Resolução:

𝑥 2 +𝑦 2 +2𝑥
𝑁0 (𝑓) = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝐷𝑓 : √𝑥 2 +𝑦 2−2𝑥 = 0}

𝑥 2 +𝑦 2 +2𝑥
√ = 0 ⇔ 𝑥 2 + 𝑦 2 + 2𝑥 = 0 ∧ 𝑥 2 + 𝑦 2 − 2𝑥 ≠ 0
𝑥 2 +𝑦 2 −2𝑥

A curva é a circunferência de centro (−1,0) e raio 1, exceto o ponto (0,0), já que este é o
ponto de interseção das duas circunferências equacionadas.5

𝑥
3) Determinar a curva de nível de 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 arccos (𝑦) à qual pertence o ponto (0,1).

Resolução:

0
𝑓(0,1) = 0 ∙ arccos (1) = 0 ⇔ 𝑘 = 0 valor da curva de nível

𝑥 𝑥 𝑥
𝑥 arccos (𝑦) = 0 ⇔ 𝑥 = 0 ∨ arccos (𝑦) = 0 ⇔ 𝑥 = 0 ∨ = 1⇔𝑥 = 0∨𝑦 =𝑥
𝑦

A curva de nível pedida é a reunião das retas x = 0 (eixo Oy) e y = x, sem incluir a origem,
já que esta não pertence ao domínio.6

4) Determinar uma expressão da curva de nível de ℎ(𝑥, 𝑦) = ln(𝑥 ln(𝑦 − 𝑥 2 )) à qual


pertence o ponto (1, 𝑒 + 1) e indicar outro ponto da referida curva de nível.

Resolução:

ℎ(1, 𝑒 + 1) = ln(1 ln(𝑒 + 1 − 1)) = ln 1 = 0; é a curva de valor 0, ou seja 𝑁0 (ℎ)

5
Domínio calculado na página 12.
6
Domínio calculado na página 13.

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Funções reais de várias variáveis reais

𝑁0 (ℎ) = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝐷ℎ : ℎ(𝑥, 𝑦) = 0}

ℎ (𝑥, 𝑦) = 0 ⇔ ln(𝑥 ln(𝑦 − 𝑥 2 )) = 0 ⇔ 𝑥 ln(𝑦 − 𝑥 2 ) = 1 ∧ 𝑥 ln(𝑦 − 𝑥 2 ) > 0

Para calcular outro ponto da curva de nível, faz-se, por exemplo, 𝑥 = −1, e calcula-se, se
possível, o valor de y que verifica a condição

−ln(𝑦 − 1) = 1 ⟺ ln(𝑦 − 1) = −1 ⟺ 𝑦 − 1 = 𝑒 −1

1
Ou seja, outro ponto da curva de nível em causa é, por exemplo, (−1, 𝑒 + 1).

5) Determinar as curvas de nível da função 𝑙(𝑥, 𝑦) = 𝑦 ⋅ 𝑒 𝑥 .

Resolução:

𝑁𝑘 (𝑙) = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝐷𝑙 : 𝑦 ∙ 𝑒 𝑥 = 𝑘}

As curvas de nível são dependentes do valor de k:

• Se k = 0, resulta a reta y = 0
• Se k  0, resultam as curvas da família 𝑦 = 𝑘𝑒 −𝑥

A curva de nível que passa pelo ponto (0,1), por exemplo, é a curva de valor 𝑙(0,1) = 1, que
corresponde à linha de equação 𝑦 = 𝑒 −𝑥 .

6) Determinar as curvas de nível da função 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 ⋅ 𝑒 𝑦 .

Resolução:

𝑁𝑘 (𝑓) = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝐷𝑙 : 𝑥 ∙ 𝑒 𝑦 = 𝑘}

As curvas de nível são dependentes do valor de k:

• Se k = 0, resulta a reta x = 0
• Se k > 0, resultam as curvas da família y = lnk – lnx (para x > 0)
• Se k < 0, resultam as curvas da família 𝑦 = ln(−𝑘) − ln(−𝑥) (para x < 0)

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Funções reais de várias variáveis reais

3.3. Exercícios propostos

1. Determine as curvas de nível das funções que se seguem:


a) z = 2x – y b) z = ln (x+ y)

1
c) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 1 − 𝑥 2 − 𝑦 2 d) ℎ(𝑥, 𝑦) = (𝑥−𝑦)2

1
e) 𝑧 = 1−𝑥 2 −𝑦 2 f) 𝑧 = 𝑥 2 + 𝑦

𝑥
g) ℎ(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 − 4𝑥 − 𝑦 h) 𝑧 = 𝑦

i) 𝑧 = 𝑥𝑦 j) 𝑓(𝑥, 𝑦) = ln(𝑥 2 + 𝑦 2 )

2. Para cada uma das funções definidas no exercício anterior, determine, se existir, a curva
de nível que passa pelo ponto (0,1).

3. Represente geometricamente três curvas de nível de cada uma das funções seguintes:

a) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑦𝑒 𝑥

b) 𝑔(𝑥, 𝑦) = 𝑥𝑒 𝑦

c) ℎ(𝑥, 𝑦) = ln(𝑥 2 + 𝑦 2 )

Soluções:

1. As soluções apresentadas são com k parâmetro real:

a) retas da família y = 2x – k
b) retas da família y = −𝑥 + 𝑒 𝑘
c) k < 1  família de circunferências de centro na origem e r =√1 − 𝑘

k = 1  ponto (0,0) ; k > 1  conjunto vazio

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Funções reais de várias variáveis reais

1
d) k > 0  retas da família 𝑦 = 𝑥 ± √𝑘

k  0  conjunto vazio

1
e) 𝑘 < 0 ∨ 𝑘 > 1 família de circunferências de centro (0,0) e r = √1 − 𝑘

k = 1  ponto (0,0);

0  k <1  conjunto vazio

f) parábolas da família 𝑦 = −𝑥 2 + 𝑘

g) parábolas da família 𝑦 = (𝑥 − 2)2 − 4 − 𝑘

h) retas da família y = mx (m real diferente de 0) e a reta x = 0

i) k = 0  reunião dos eixos coordenados

k  0  família de hipérboles equiláteras xy = k

j) família de circunferências de centro (0,0) e raio √𝑒 𝑘

2. a) reta y = 2x + 1 b) reta y = – x + 1

c) circunferência 𝑥 2 + 𝑦 2 = 1 d) retas 𝑦 = 𝑥 ± 1

e) não existe f) parábola 𝑦 = 1 − 𝑥 2

g) parábola 𝑦 = (𝑥 − 2)2 − 3 h) reta x = 0 (eixo dos yy), exceto a origem

i) eixos dos xx e dos yy j) curva 𝑦 = 𝑒 −𝑥

k) eixo dos yy l) circunferência 𝑥 2 + 𝑦 2 = 1

3. a) b) c)

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Funções reais de várias variáveis reais

4. Derivadas parciais

4.1. Derivadas de 1ª ordem

4.1.1. Definições e interpretação geométrica

Seja f é uma função de n variáveis independentes 𝑦 = 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , . ., 𝑥𝑖 , . . . , 𝑥𝑛 ); se a variável


𝑥𝑖 sofre uma variação ∆𝑥𝑖 enquanto as restantes permanecem inalteradas, ocorre uma
variação correspondente em y − seja ∆𝑦. A derivada parcial de f em relação a 𝑥𝑖 , é dada por

𝜕𝑓 ∆𝑦
= 𝑙𝑖𝑚 , ou seja
𝜕𝑥𝑖 ∆𝑥𝑖 →0 ∆𝑥𝑖

𝜕𝑓 𝑓(𝑥1 , ..., 𝑥𝑖−1 , 𝑥𝑖 +ℎ, 𝑥𝑖+1 , ..., 𝑥𝑛 )−𝑓(𝑥1 , ..., 𝑥𝑖 , ..., 𝑥𝑛 )


= 𝑙𝑖𝑚
𝜕𝑥𝑖 ℎ→0 ℎ

𝜕𝑓
portanto 𝜕𝑥 permite aferir a variação provocada na função f por uma variação infinitesimal
𝑖

da variável independente 𝑥𝑖 .

No caso particular de funções de duas variáveis:

Seja f uma função de duas variáveis reais x e y; nos pontos pertencentes ao domínio de f, as
𝜕𝑓 𝜕𝑓
suas derivadas parciais de 1ª ordem, se existirem, são as funções e definidas por
𝜕𝑥 𝜕𝑦

𝜕𝑓 𝑓(𝑥+ℎ,𝑦)−𝑓(𝑥,𝑦) 𝜕𝑓 𝑓(𝑥,𝑦+ℎ)−𝑓(𝑥,𝑦)
(𝑥, 𝑦) = lim e (𝑥, 𝑦) = lim
𝜕𝑥 ℎ→0 ℎ 𝜕𝑦 ℎ→0 ℎ

Exemplo:

Sendo 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 3 + 𝑥 2 𝑦 3 − 2𝑦 2 ,

𝜕𝑓 (𝑥+ℎ)3 +(𝑥+ℎ)2 𝑦 3 −2𝑦2 −(𝑥 3 +𝑥 2 𝑦 3 −2𝑦 2 ) 3𝑥 2 ℎ+3𝑥ℎ 2 +ℎ 3 +2𝑥𝑦 3 ℎ+ℎ2 𝑦 3


(𝜕𝑥) = lim ℎ
= lim ℎ
=
(𝑥,𝑦) ℎ→0 ℎ→0

= lim (3𝑥 2 + 3𝑥ℎ + ℎ2 + 2𝑥𝑦 3 + ℎ𝑦 3 ) = 3𝑥 2 + 2𝑥𝑦 3


ℎ→0

𝜕𝑓 𝑥 3 +𝑥 2 (𝑦+ℎ)3 −2(𝑦+ℎ)2 −(𝑥 3 +𝑥 2 𝑦 3 −2𝑦 2 ) 3𝑥 2 𝑦ℎ 2 +3𝑥 2 𝑦 2 ℎ+𝑥 2 ℎ 3 −4𝑦ℎ−2ℎ2


(𝜕𝑦) = lim ℎ
= lim ℎ
=
(𝑥,𝑦) ℎ→0 ℎ→0

= lim (3𝑥 2 𝑦ℎ + 3𝑥 2 𝑦 2 + 𝑥 2 ℎ2 − 4𝑦 − 2ℎ) = 3𝑥 2 𝑦 2 − 4𝑦


ℎ→0

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Funções reais de várias variáveis reais

Outras notações:
𝜕𝑓 𝜕
𝜕𝑥
(𝑥, 𝑦) = 𝜕𝑥 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑓𝑥′ (𝑥, 𝑦)

𝜕𝑓 𝜕
𝜕𝑦
(𝑥, 𝑦) = 𝜕𝑦 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑓𝑦′ (𝑥, 𝑦)

Para dar uma interpretação geométrica das derivadas parciais de uma função com duas
variáveis, recorde-se que a equação 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦) representa uma superfície S (que
corresponde ao gráfico de f). Se 𝑓(𝑎, 𝑏) = 𝑐, então o ponto 𝑃(𝑎, 𝑏, 𝑐) pertence a S.

𝜕𝑓
Como já foi referido, relaciona as taxas de variação de 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦) com variações
𝜕𝑥
𝜕𝑓
infinitesimais de x quando y é mantido fixo. Da mesma forma, relaciona as taxas de
𝜕𝑦

variação de 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦) com variações infinitesimais de y quando x é mantido fixo.

Assim, ao fixar 𝑦 = 𝑏, restringe-se a atenção aos pontos em que o plano vertical 𝑦 = 𝑏


intercepta S. Da mesma forma, ao fixar 𝑥 = 𝑎, restringe-se a atenção aos pontos em que o
plano vertical 𝑥 = 𝑎 intercepta S.

Recorrendo ao exemplo7 da função de


produção Q(K,L), esta pode ser representada
pela superfície representada na figura ao lado.
Para cada ponto (K,L) do plano horizontal
OKL, a quantidade produzida corresponde à
altura da superfície nesse ponto. Como todas as
quantidades envolvidas são positivas, a figura
restringe-se ao 1º octante.

Por uma questão de comodidade, a análise vai incidir apenas sobre o domínio
retangular 𝑂𝐾0 𝐵𝐿0 .

Suponha-se que é fixado o capital no nível 𝐾0 e existem variações no nível do trabalho;


apenas estão em causa, como objetos, os pontos do segmento 𝐾0 𝐵 e consequentemente,

7
Retirado de: Chiang, Alpha. 2005. Matemática para Economistas. McGraw-Hill. São Paulo.

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Funções reais de várias variáveis reais

como imagens, os pontos da curva 𝐾0 𝐶𝐷𝐴. A inclinação da tangente a esta curva, em cada
𝜕𝑄
ponto, é dada por .
𝜕𝐿

Analogamente, suponha-se que é fixado o trabalho no nível 𝐿0 e existem variações no nível


do capital; agora, apenas estão em causa, como objetos, os pontos do segmento 𝐿0 𝐵 e
consequentemente, como imagens, os pontos da curva 𝐿0 𝐴. A inclinação da tangente a esta
𝜕𝑄
curva, em cada ponto é dada por .
𝜕𝐾

4.1.2. Regra prática para determinar as derivadas parciais

Da definição de derivada parcial num ponto, resulta a estratégia que possibilita o cálculo das
derivadas parciais com recurso às regras de derivação conhecidas:

𝜕𝑓
Para calcular 𝜕𝑥 , consideram-se constantes todas as variáveis exceto 𝑥𝑖 e deriva-se a função
𝑖

f em relação a 𝑥𝑖 .

Em particular, no caso de uma função de duas variáveis:

Regra prática para determinar as derivadas parciais de 𝒛 = 𝒇(𝒙, 𝒚):

𝝏𝒇
• Para determinar 𝝏𝒙, considera-se y como uma constante e deriva-se f em relação a x.

𝝏𝒇
• Para determinar 𝝏𝒚, considera-se x como uma constante e deriva-se f em relação a y.

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Funções reais de várias variáveis reais

Exemplos:
𝜕𝑓
(𝑥, 𝑦) = 3𝑥 2 + 2𝑥𝑦 3
𝜕𝑥
1) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 3 + 𝑥 2 𝑦 3 − 2𝑦 2 ⇒ {
𝜕𝑓
(𝑥, 𝑦) = 3𝑥 2 𝑦 2 − 4𝑦
𝜕𝑦

𝜕𝑓
(𝑥, 𝑦) = −2𝑥
𝜕𝑥
2) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 4 − 𝑥 − 2𝑦
2 2
⇒ {
𝜕𝑓
(𝑥, 𝑦) = −4𝑦
𝜕𝑦

𝜕𝑓 𝑥 1
= cos (1+𝑦) ⋅ 1+𝑦
𝑥 𝜕𝑥
3) 𝑓(𝑥, 𝑦) = sen (1+𝑦) ⇒ {
𝜕𝑓 𝑥 −𝑥
= cos (1+𝑦) ⋅ (1+𝑦)2
𝜕𝑦

𝜕𝑓 𝑥−𝑦+2−(𝑥+𝑦−1) −2𝑦+3
= (𝑥−𝑦+2)2
= (𝑥−𝑦+2)2
𝑥+𝑦−1 𝜕𝑥
4) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥−𝑦+2 ⇒ {
𝜕𝑓 𝑥−𝑦+2+(𝑥+𝑦−1) 2𝑥+1
= (𝑥−𝑦+2)2
= (𝑥−𝑦+2)2
𝜕𝑦

𝜕𝑔 𝑦
=2
𝜕𝑥 √𝑥𝑦
5) 𝑔(𝑥, 𝑦) = √𝑥𝑦 ⇒ {
𝜕𝑔 𝑥
=2
𝜕𝑦 √𝑥𝑦

𝜕ℎ 5−𝑦
= (𝑥+4)2
𝑦−5 𝜕𝑥
6) ℎ(𝑥, 𝑦) = 𝑥+4 ⇒ {
𝜕ℎ 1
= 𝑥+4
𝜕𝑦

𝜕𝑧
= 2𝑥 cos 2 𝑦
𝜕𝑥
7) 𝑧 = 𝑥 2 cos2 𝑦 ⇒ {
𝜕𝑧
= 𝑥 2 ⋅ 2 cos 𝑦 (−sen𝑦) = −𝑥 2 sen(2𝑦)
𝜕𝑦

𝜕𝑧 𝑦
= 1+(𝑥𝑦)2
𝜕𝑥
8) 𝑧 = arctg(𝑥𝑦) ⇒ {
𝜕𝑧 𝑥
= 1+(𝑥𝑦)2
𝜕𝑦

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Funções reais de várias variáveis reais

𝑦
𝜕𝑧 − 2 𝑦
𝑥
= 𝑦 2
= − 𝑥 2+𝑦 2
𝜕𝑥 1+( )
𝑦 𝑥
9) 𝑧 = arctg (𝑥 ) ⇒ 1
𝜕𝑧 𝑥 𝑥
= 𝑦 2
= 𝑥 2 +𝑦 2
{𝜕𝑦 1+( )
𝑥

2𝑥(𝑥2 +2)−(𝑥2 +𝑦)⋅2𝑥


2
𝜕𝑓 (𝑥2 +2) 4𝑥−2𝑥𝑦
= 2
𝑥 +𝑦
= (𝑥 2+𝑦)(𝑥 2+2)
𝜕𝑥
𝑥 2 +𝑦 𝑥2 +2
10) 𝑓(𝑥, 𝑦) = ln (𝑥 2 +2) ⇒
1
𝜕𝑓 𝑥2 +2 1
= 𝑥2 +𝑦
= 𝑥 2 +𝑦
{𝜕𝑦 𝑥2 +2

𝜕𝑧 1 𝑦
= 𝑦 + 𝑥2
𝑥 𝑦 𝜕𝑥
11) 𝑧 = 𝑦 − 𝑥 ⇒ {
𝜕𝑧 𝑥 1
= − 𝑦2 − 𝑥
𝜕𝑦

2 2
𝜕ℎ 1 𝑥 𝑦 1 1 𝑥 𝑦
1 𝑥 𝑦 2 = 𝑦2 ⋅ ( ) (ln ) = − ln 2 ⋅ 𝑦 2 ⋅ ( )
𝜕𝑥 2 2 2
12) ℎ(𝑥, 𝑦) = (2) ⇒ { 2
𝜕ℎ 1 𝑥 𝑦
= − ln 2 ⋅ 2𝑥𝑦 ⋅ (2)
𝜕𝑦

𝜕𝑓 10𝑥(𝑥 2 −𝑦 2 )−2𝑥(5𝑥 2 +3𝑦 2 ) −16𝑥𝑦 2


= (𝑥 2 −𝑦 2 )2
= (𝑥 2 −𝑦 2)2
𝜕𝑥
5𝑥 2 +3𝑦 2
13) 𝑓(𝑥, 𝑦) = ⇒
𝑥 2 −𝑦 2
𝜕𝑓 6𝑦(𝑥 2 −𝑦 2 )+2𝑦(5𝑥 2 +3𝑦 2 ) 16𝑥 2 𝑦
{𝜕𝑦 = (𝑥 2 −𝑦 2 )2
= (𝑥 2−𝑦 2)2

Para calcular a derivada de uma função num ponto, substitui-se o ponto na expressão da
𝜕𝑓
derivada da função; seja a função do exemplo 13, em que se pretende calcular (𝜕𝑥 ) :8
(−1,2)

𝜕𝑓 −16∙(−1)∙22 64 𝜕𝑓 32
(𝜕𝑥 ) = ((−1)2−22)2 = ; analogamente, (𝜕𝑦) = .
(−1,2) 9 (−1,2) 9

𝜕𝑓 𝜕𝑓
8
Existem notações alternativas, tais como ( ) (−1,2) ou 𝜕𝑥 | .
𝜕𝑥 (−1,2)

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Funções reais de várias variáveis reais

Particularizando as funções de três variáveis, podem ser definidas as suas derivadas parciais
𝜕𝑓 𝑓(𝑥+ℎ,𝑦,𝑧)−𝑓(𝑥,𝑦,𝑧)
𝜕𝑥
(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑙𝑖𝑚 ℎ
ℎ→0

𝜕𝑓 𝑓(𝑥,𝑦+ℎ,𝑧)−𝑓(𝑥,𝑦,𝑧)
𝜕𝑦
(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑙𝑖𝑚 ℎ
ℎ→0

𝜕𝑓 𝑓(𝑥,𝑦,𝑧+ℎ)−𝑓(𝑥,𝑦,𝑧)
(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑙𝑖𝑚
𝜕𝑧 ℎ→0 ℎ

assim como a regra prática de cálculo indicada anteriormente.

Exemplo:
𝜕𝑓
𝜕𝑥
(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑦𝑒 𝑥𝑦 ln 𝑧
𝜕𝑓
𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑒 𝑥𝑦 ln 𝑧 ⇒ (𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑥𝑒 𝑥𝑦 ln 𝑧
𝜕𝑦
𝜕𝑓 𝑒 𝑥𝑦
{𝜕𝑧 (𝑥, 𝑦, 𝑧) =
𝑧

4.1.3. Gradiente

Seja f uma função de n variáveis 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , . . , 𝑥𝑛 ).

Se existirem e forem finitas as derivadas parciais de f em (𝑥1 , 𝑥2 , . . , 𝑥𝑛 ), define-se gradiente9


de f em (𝑥1 , 𝑥2 , . . , 𝑥𝑛 ) ao vetor

𝜕𝑓 𝜕𝑓 𝜕𝑓
∇𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , . . , 𝑥𝑛 ) = (𝜕𝑥 (𝑥1 , 𝑥2 , . . , 𝑥𝑛 ), 𝜕𝑥 (𝑥1 , 𝑥2 , . . , 𝑥𝑛 ), . . . , 𝜕𝑥 (𝑥1 , 𝑥2 , . . , 𝑥𝑛 ))
1 2 𝑛

Exemplos:

𝜕𝑓 𝜕𝑓 1 1
1) Sendo 𝑓(𝑥, 𝑦) = ln(𝑥𝑦) − 𝑥𝑦, ∇𝑓(𝑥, 𝑦) = (𝜕𝑥 (𝑥, 𝑦) , (𝑥, 𝑦)) = ( − 𝑦 , − 𝑥) e,
𝜕𝑦 𝑥 𝑦

𝜕𝑓 𝜕𝑓
por exemplo, ∇𝑓(−1,1) = (𝜕𝑥 (−1,1) , (−1,1)) = (−1 − 1 , 1 + 1) = (−2 , 2).
𝜕𝑦

𝑒 𝑥𝑦
2) Sendo 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑒 𝑥𝑦 ln 𝑧, ∇𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) = (𝑦𝑒 𝑥𝑦 ln 𝑧 , 𝑥𝑒 𝑥𝑦 ln 𝑧 , )
𝑧

9
Ou vetor gradiente.

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Funções reais de várias variáveis reais

4.1.4. Aplicações em contexto económico

4.1.4.1. Análise Marginal

No contexto económico, a análise marginal refere-se ao uso de derivadas de funções para


estimar a variação ocorrida no valor da variável dependente, quando há uma variação no
valor de uma das variáveis independentes.

Duas das funções mais utilizadas na análise económica são o custo marginal e receita
marginal. Para uma melhor compreensão do que está em causa, suponha-se que estamos no
âmbito de funções reais com uma variável real:

(1) Custo marginal

Seja C(q) a função custo total de determinado produto com variável independente q (ou seja,
C(q) é o custo de produção da quantidade q do produto); Custo marginal é definido como
∆𝐶
a variação no custo total resultante do acréscimo infinitesimal da quantidade, ou seja ∆𝑄 , em

que ∆𝑄 é uma quantidade muito pequena. Neste contexto, supondo que ∆𝑄 tende para zero,
𝑑𝐶(𝑞)
aquela razão é a taxa de variação instantânea, ou seja, 𝐶′(𝑞) ou .
𝑑𝑞

Assim, a função custo marginal é a função que, para cada quantidade, permite calcular um
valor aproximado da variação do custo total, quando existe um acréscimo infinitesimal da
quantidade.10

10
No caso em que a quantidade é uma função que assume apenas valores inteiros, 1 é o menor acréscimo
possível. Resulta, assim, uma interpretação simplificada e bastante comum no contexto económico: a
análise marginal refere-se ao uso de derivadas de funções para estimar a variação ocorrida no valor da
variável dependente, quando há um acréscimo de 1 unidade no valor de uma das variáveis independentes.
Assim, a função custo marginal será a função que, para cada quantidade, permite calcular um valor
aproximado da variação do custo total, quando existe o acréscimo de 1 unidade na quantidade, ou seja, é
produzida mais uma unidade.

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Funções reais de várias variáveis reais

Exemplo:11

𝐶(𝑞) = 𝑞 3 − 15𝑞 2 + 120𝑞 + 100

Note-se que a parcela 100 corresponde a um custo fixo, independente da quantidade


produzida.

𝐶′(𝑞) = 3𝑞 2 − 30𝑞 + 120

Analisando o gráfico desta função, verifica-se que


decresce até q = 5 (ou seja, a produção de mais
uma unidade fica mais barata até essa quantidade)
e depois aumenta.

Supondo que se pretende calcular um valor


aproximado do custo adicional quando a produção
aumenta de 14 para 15 unidades, calcula-se
𝐶′(14) = 3 × 142 − 30 × 14 + 120 = 288.

(2) Receita marginal

Analogamente, seja R(q) a função receita total de determinado produto com variável
independente q (ou seja, R(q) é a receita obtida com a venda da quantidade q do produto);
𝑑𝑅(𝑞)
𝑅′(𝑞) ou é a função Receita marginal do produto, ou seja, a função que, para cada
𝑑𝑞

quantidade, permite calcular um valor aproximado da variação da receita total, quando existe
um acréscimo infinitesimal da quantidade de produto vendida.12

Note-se que, sendo q a quantidade vendida, 𝑅(𝑞) = 𝑝𝑞 (em que p é o preço unitário de venda
do produto) e que 𝑅′(𝑞) = 𝑝, pelo que se conclui que a receita marginal é o preço unitário
do produto.

11
Retirado de: Pires, Cesaltina. 2011. Cálculo para Economia e Gestão. Escolar Editora. Lisboa.

12
Analogamente ao custo marginal, existe uma interpretação simplificada da função custo marginal: será a
função que, para cada quantidade, permite calcular um valor aproximado da variação da receita total,
quando existe o acréscimo de 1 unidade na quantidade, ou seja, é vendida mais uma unidade.

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Funções reais de várias variáveis reais

(3) Produtividade marginal

O conceito pode ser generalizado a funções com qualquer número de variáveis. Já foi
anteriormente referida a função de Produção de Cobb-Douglas, 𝑄(𝐿, 𝐾) = 𝐶𝐿𝛼 𝐾𝛽 .

𝜕𝑄
De acordo com o que foi referido anteriormente, 𝜕𝐿 relaciona as taxas de variação de 𝑄(𝑥, 𝑦)
𝜕𝑄
com respeito a variações infinitesimais de L quando K é mantido fixo. Da mesma forma, 𝜕𝐾

relaciona as taxas de variação de 𝑄(𝑥, 𝑦) com respeito a variações infinitesimais de K quando


L é mantido fixo. Assim,

Define-se Produtividade marginal do capital como sendo a derivada parcial de 𝑄(𝐿, 𝑘)


𝜕𝑄
em ordem a K, ou seja, = 𝛽𝐶𝐿𝛼 𝐾𝛽−1 . Este valor é uma estimativa da variação na
𝜕𝐾

produção resultante de um aumento infinitesimal da quantidade de capital, mantendo


constante a quantidade de trabalho.

Analogamente, Produtividade marginal do trabalho é a derivada parcial de 𝑄(𝐿, 𝐾) em


𝜕𝑄
ordem a L, ou seja, = 𝛼𝐶 𝐿𝛼−1 𝐾𝛽 . Este valor é uma estimativa da variação na produção
𝜕𝐿

resultante de um aumento infinitesimal da quantidade de trabalho, mantendo constante a


quantidade de capital.

Estas definições estendem-se a qualquer função de produção com variáveis independentes


K e L.

Exemplo:
1 1 2
Seja a função de produção13 𝑄(𝐾, 𝐿) = 3 × (0,28𝐾 2 + 0,72𝐿2 ) .

Cálculo da Produtividade marginal do trabalho:


1 1 1 1 1 1
𝜕𝑄
= 3 × 2 × (0,28𝐾 2 + 0,72𝐿 2 ) × 0,36𝐿− 2 = 2,16𝐿− 2 × (0,28𝐾 2 + 0,72𝐿 2 )
𝜕𝐿

1

13
Conhecida por CES (constant elasticity of substituition) 𝑄(𝐾, 𝐿) = 𝐴[𝛿𝐾 −𝜌 + (1 − 𝛿)𝐿−𝜌 ] 𝜌 , em que
𝐴 > 0, 𝛿 ∈ ]0,1[ e 𝜌 > −1

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Funções reais de várias variáveis reais

Cálculo da Produtividade marginal do capital:

1 1 1 1 1 1
𝜕𝑄
= 3 × 2 × (0,28𝐾 2 + 0,72𝐿 2 ) × 0,14𝐾 − 2 = 0,84𝐾 − 2 × (0,28𝐾 2 + 0,72𝐿 2 )
𝜕𝐾

4.1.3.2. Elasticidade

Uma outra medida da variação da função quando existe variação de uma das variáveis
independentes, é a elasticidade da função relativamente a uma das variáveis independentes,
e permite estimar a variação percentual da função quando uma das variáveis varia 1% e as
restantes não se alteram.

Genericamente, sendo a função de n variáveis reais 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , . . , 𝑥𝑛 ), elasticidade de f em


relação a 𝑥𝑖 é dada por
∆𝑓
𝑓(𝑥1 , 𝑥2 ,..., 𝑥𝑛 ) ∆𝑓 𝑥𝑖
𝜀= ∆𝑥𝑖 = ∙
∆𝑥𝑖 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 ,..., 𝑥𝑛 )
𝑥𝑖

∆𝑓
Quando a variação de 𝑥𝑖 é infinitesimal, ou seja ∆𝑥𝑖 tende para zero, corresponde à
∆𝑥𝑖
𝜕𝑓 𝜕𝑓 𝑥𝑖
derivada e, portanto, 𝜀 = ∙ .
𝜕𝑥𝑖 𝜕𝑥𝑖 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 ,..., 𝑥𝑛 )

Mais uma vez usando a função de produção 𝑄(𝐿, 𝐾) como exemplo, e na linha da definição
𝜕𝑄 𝐿
anterior, a Elasticidade da produção em relação ao trabalho é a função 𝜀𝐿 = ∙ e
𝜕𝐿 𝑄
𝜕𝑄 𝐾
Elasticidade da produção em relação ao capital é a função 𝜀𝐾 = ∙ .
𝜕𝐾 𝑄

Exemplo:

Voltando ao exemplo da função de Produção de Cobb-Douglas introduzido anteriormente,


𝑄(𝐿, 𝐾) = 100𝐿0,6 𝐾 0,4, a elasticidade da produção em relação ao capital é dada por
𝐾 40 𝐿 0,6 𝐾0,4
𝜀 = 40 𝐿0,6 𝐾 −0,6 = 100𝐿0,6 𝐾0,4 = 0,4 .
𝑄

Pode-se assim concluir que, quando o capital aumenta 1%, a produção aumenta
aproximadamente 0,4%.
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Funções reais de várias variáveis reais

4.2. Derivadas de 2ª ordem ou superior

𝜕𝑓 𝜕𝑓
Se f é uma função de duas variáveis, as suas derivadas parciais 𝜕𝑥 e 𝜕𝑦 são funções de duas

variáveis; de modo que podemos considerar novamente as suas derivadas parciais em ordem
a qualquer uma das variáveis, chamadas derivadas parciais de segunda ordem de f. Assim,
sendo 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦) temos as seguintes notações:

𝜕2𝑓 𝜕 𝜕𝑓 ′
= 𝜕𝑥 (𝜕𝑥 ) = 𝑓𝑥𝑥
𝜕𝑥 2

𝜕2𝑓 𝜕 𝜕𝑓 ′
= 𝜕𝑦 (𝜕𝑦) = 𝑓𝑦𝑦
𝜕𝑦 2

𝜕2𝑓 𝜕 𝜕𝑓 ′
= 𝜕𝑥 (𝜕𝑦) = 𝑓𝑦𝑥
𝜕𝑥𝜕𝑦

𝜕2𝑓 𝜕 𝜕𝑓 ′
= 𝜕𝑦 (𝜕𝑥 ) = 𝑓𝑥𝑦
𝜕𝑦𝜕𝑥

Exemplo:

Voltando a um exemplo anterior, 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 3 + 𝑥 2 𝑦 3 − 2𝑦 2 , para a qual já tinham sido


calculadas as derivadas de 1ª ordem:
𝜕𝑓 𝜕𝑓
𝜕𝑥
(𝑥, 𝑦) = 3𝑥 2 + 2𝑥𝑦 3    e    𝜕𝑦 (𝑥, 𝑦) = 3𝑥 2 𝑦 2 − 4𝑦; assim,

𝜕2 𝑓 𝜕
𝜕𝑥 2
(𝑥, 𝑦) = 𝜕𝑥 (3𝑥 2 + 2𝑥𝑦 3 ) = 6𝑥 + 2𝑦 3  

𝜕2 𝑓 𝜕
(𝑥, 𝑦) = (3𝑥 2 𝑦 2 − 4𝑦) = 6𝑥 2 𝑦 − 4 
𝜕𝑦 2 𝜕𝑦

𝜕2 𝑓
𝜕𝑥𝜕𝑦
(𝑥, 𝑦) = 6𝑥𝑦 2   

𝜕2 𝑓
𝜕𝑦𝜕𝑥
(𝑥, 𝑦) = 6𝑥𝑦 2

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Funções reais de várias variáveis reais

𝜕2𝑓 𝜕2𝑓 14:


O facto de   𝑒   𝜕𝑦𝜕𝑥 serem iguais, resulta do Teorema de Schwarz “Dada uma
𝜕𝑥𝜕𝑦

𝜕2𝑓 𝜕2 𝑓
função 𝑓(𝑥, 𝑦)e (𝑥0 , 𝑦0 ) ∈ 𝐷𝑓 , se as funções   𝑒   𝜕𝑦𝜕𝑥 forem ambas contínuas em
𝜕𝑥𝜕𝑦

𝜕2 𝑓 𝜕2𝑓
(𝑥0 , 𝑦0 ), então (𝑥0 , 𝑦0 )   =   (𝑥0 , 𝑦0 )” (a generalidade das funções utilizadas em
𝜕𝑥𝜕𝑦 𝜕𝑦𝜕𝑥

Economia e Gestão verificam este pressuposto).

A generalização do Teorema de Schwarz simplifica o cálculo das derivadas parciais de


𝜕3 𝑓 𝜕 𝜕2𝑓 𝜕 𝜕2𝑓
ordem três ou superior; por exemplo, = 𝜕𝑦 (𝜕𝑦𝜕𝑥) = 𝜕𝑥 (𝜕𝑦 2) (ou seja, devem ser
𝜕𝑦 2 𝜕𝑥

calculadas três derivadas sucessivas, uma em ordem a x e duas em ordem a y, por qualquer
ordem).

Exemplos:
𝜕4𝑓
1) Sendo 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) = sen(3𝑥 + 𝑦𝑧), calcular 𝜕𝑦 2𝜕𝑥𝜕𝑧:

𝜕𝑓 𝜕2 𝑓
= 3 cos(3𝑥 + 𝑦𝑧)   ⇒ = −3𝑧sen(3𝑥 + 𝑦𝑧)
𝜕𝑥 𝜕𝑥𝜕𝑦

𝜕3 𝑓
⇒ 𝜕𝑥𝜕𝑦2 = −3𝑧 2 cos(3𝑥 + 𝑦𝑧)

𝜕4 𝑓
⇒ 𝜕𝑥𝜕𝑦2 𝜕𝑧 = 3𝑧 2 𝑦sen(3𝑥 + 𝑦𝑧) − 6𝑧cos(3𝑥 + 𝑦𝑧)

2) Sabendo que f é uma função de duas variáveis que admite derivadas parciais contínuas
𝜕2𝑓 𝑥 𝜕4𝑓
de qualquer ordem e que = 𝑦 − 𝑦ln𝑥, calcular :
𝜕𝑥𝜕𝑦 𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2

𝜕2𝑓
Basta calcular duas derivadas sucessivas de 𝜕𝑥𝜕𝑦 , uma em ordem a x e a outra em ordem

a y, por qualquer ordem:

𝜕3𝑓 𝑥
= − 𝑦 2 − ln𝑥 e consequentemente
𝜕𝑥𝜕𝑦 2

𝜕4 𝑓 1 1
= − 𝑦2 − 𝑥
𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2

14
Este teorema foi sendo sujeito a pequenas alterações na sua formulação, pelo que na literatura aparece
descrito ainda como Teorema de Clairaut-Schwarz, Teorema de Schwarz-Young ou Teorema de Clairaut-
Schwarz-Young.

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Funções reais de várias variáveis reais

Exercícios resolvidos:

𝑦 𝜕𝑓 𝜕𝑓
1) Dada a função 𝑓(𝑥) = 1 , calcular e .
𝑙𝑛 𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝑥

Resolução:
1
 − 2  
−𝑦⋅ 𝑥
1 𝑦
𝜕𝑓 𝑥 𝑥 𝜕𝑓 1
= 1 2
= 1 2
e = 1
𝜕𝑥 (𝑙𝑛 ) (𝑙𝑛 ) 𝜕𝑦 𝑙𝑛
𝑥 𝑥 𝑥

𝑥+𝑦 𝜕𝑔 𝜕𝑔
2) Seja g(x,y) = arctg√𝑥−𝑦. Mostrar que 𝑥 𝜕𝑥 + 𝑦 𝜕𝑦 = 0.

Resolução:
−2𝑦
(𝑥−𝑦)2
𝑥+𝑦 −𝑦
2√
𝜕𝑔 𝑥−𝑦 (𝑥−𝑦)2 𝑦
= 𝑥+𝑦 = 𝑥+𝑦
=− 𝑥+𝑦
𝜕𝑥 1+ 2𝑥√ 2𝑥(𝑥−𝑦)√
𝑥−𝑦 𝑥−𝑦 𝑥−𝑦
𝑥−𝑦

2𝑥
(𝑥−𝑦)2
𝑥+𝑦 𝑥
2√
𝜕𝑔 𝑥−𝑦 (𝑥−𝑦)2 𝑥
= 𝑥+𝑦 = 𝑥+𝑦
= 𝑥+𝑦
𝜕𝑦 1+ 2𝑥√ 2𝑥(𝑥−𝑦)√
𝑥−𝑦 𝑥−𝑦 𝑥−𝑦
𝑥−𝑦

substituindo,

𝜕𝑔 𝜕𝑔 𝑦 𝑥 −𝑥𝑦+𝑥𝑦
𝑥 𝜕𝑥 + 𝑦 𝜕𝑦 = 𝑥  (− 𝑥+𝑦
) + 𝑦  ( 𝑥+𝑦
)= 𝑥+𝑦
=0
2𝑥(𝑥−𝑦)√ 2𝑥(𝑥−𝑦)√ 2𝑥(𝑥−𝑦)√
𝑥−𝑦 𝑥−𝑦 𝑥−𝑦

𝑥 𝜕𝑧
3) Dada a função 𝑧 = ln (𝑥 − 𝑦 2 ) ⋅ arcsen  (2), calcular 𝜕𝑥.

Resolução:
1
𝜕𝑧 1 𝑥
= 𝑥−𝑦 2 ⋅ arcsen  (2) + ln   (𝑥 − 𝑦 2 ) ⋅ 2
2
=
𝜕𝑥
√1−(𝑥)
2

1 𝑥 1
= 𝑥−𝑦 2 ⋅ arcsen  (2) + ln   (𝑥 − 𝑦 2 ) ⋅ √4−𝑥 2

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Funções reais de várias variáveis reais

𝜕2𝑧 𝜕2𝑧
4) Mostrar que: se 𝑧 = √𝑥 2 + 𝑦 2 então 3𝑥 ⋅ 𝜕𝑥𝜕𝑦 + 3𝑦 ⋅ 𝜕𝑦 2 = 0.

Resolução:
𝜕𝑧 2𝑦 𝑦
= =
𝜕𝑦 2√𝑥 2 +𝑦 2 √𝑥 2 +𝑦 2

2𝑥
−𝑦
𝜕2𝑧 2√𝑥2 +𝑦2 −𝑥𝑦
= =
𝜕𝑥𝜕𝑦 𝑥 2 +𝑦 2 (𝑥 2 +𝑦 2 )√𝑥 2 +𝑦 2

2𝑦
√𝑥 2 +𝑦 2 −𝑦
𝜕2 𝑧 2√𝑥2 +𝑦2 𝑥 2 +𝑦 2 −𝑦 2 𝑥2
= = =
𝜕𝑦 2 𝑥 2 +𝑦 2 (𝑥 2 +𝑦 2 )√𝑥 2 +𝑦 2 (𝑥 2 +𝑦 2 )√𝑥 2 +𝑦 2

−𝑥𝑦 𝑥2
Substituindo: 3𝑥. + 3𝑦. =0
(𝑥 2 +𝑦 2 )√𝑥 2 +𝑦 2 (𝑥 2 +𝑦 2 )√𝑥 2 +𝑦 2

𝑥−𝑦
7) Seja a função 𝑈(𝑥, 𝑦) = arctg (𝑥+𝑦). Determinar o conjunto de pontos (𝑥, 𝑦) que
𝜕𝑈 𝜕𝑈
satisfazem a equação 𝑥 2 𝑦 𝜕𝑥 + 𝑦 2 𝑥 𝜕𝑦 = 𝑈(𝑥, 𝑦).

Resolução:
𝑥+𝑦−(𝑥−𝑦) −(𝑥+𝑦)−(𝑥−𝑦)
𝑥−𝑦 𝜕𝑈 (𝑥+𝑦)2 2𝑦 𝜕𝑈 (𝑥+𝑦)2 −2𝑥
𝑈(𝑥, 𝑦) = arctg (𝑥+𝑦) = 𝑥−𝑦 2
= (𝑥+𝑦)2+(𝑥−𝑦)2 = 𝑥−𝑦 2
= (𝑥+𝑦)2+(𝑥−𝑦)2
𝜕𝑥 1+( ) 𝜕𝑦 1+( )
𝑥+𝑦 𝑥+𝑦

𝜕𝑈 𝜕𝑈 2𝑦 −2𝑥
𝑥2𝑦 + 𝑦2𝑥 = 𝑥2𝑦 2 2
+ 𝑦2𝑥 =0
𝜕𝑥 𝜕𝑦 (𝑥 + 𝑦) + (𝑥 − 𝑦) (𝑥 + 𝑦) + (𝑥 − 𝑦)2
2

𝑥−𝑦 𝑥−𝑦
arctg (𝑥+𝑦) = 0 ⇔ 𝑥+𝑦 = 0 ⇔ 𝑥 = 𝑦 ∧ 𝑥 ≠ −𝑦

Os pontos que verificam a condição indicada são os pontos da reta y = x, exceto o ponto
(0,0), já que este é o único ponto da reta que verifica a condição y = − x.

𝑥
8) Dada a função definida por 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 arccos   (𝑦),

a) Calcule as derivadas de 1ª ordem da função.

𝜕2𝑓 𝜕2𝑓
b) Calcule (0,1) e (0, 𝜋).
𝜕𝑥 2 𝜕𝑥𝜕𝑦

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Funções reais de várias variáveis reais

Resolução:
𝑥
𝜕𝑓 𝑥 𝑦 𝑥 𝑥
a) 𝜕𝑥 = arccos (𝑦) − 2
= arccos   (𝑦) −
√1−(𝑥 ) √𝑦 2 −𝑥 2
𝑦

𝑥2
𝜕𝑓 𝑦2 𝑥2
= 2
=
𝜕𝑦
√1−(𝑥) 𝑦√𝑦 2 −𝑥 2
𝑦

−2𝑥 𝑥2
√𝑦 2 −𝑥 2 −𝑥⋅ √𝑦 2 −𝑥 2 +
𝜕2 𝑓 1 2√𝑦2 −𝑥2 1 √𝑦2 −𝑥2
b) =− − =− −
𝜕𝑥 2 √𝑦 2 −𝑥 2 𝑦 2 −𝑥 2 √𝑦 2 −𝑥 2 𝑦 2 −𝑥 2

0
𝜕2 𝑓 1 √1−0+
√1−0
(0,1) = − − = −1 − 1 = −2
𝜕𝑥 2 √1−0 1−0

−2𝑥 𝑥3
2𝑥𝑦√𝑦 2 −𝑥 2 −𝑥 2 𝑦⋅ 2𝑥√𝑦 2 −𝑥 2 +
𝜕2 𝑓 2√𝑦2 −𝑥2 √𝑦2 −𝑥2
= =
𝜕𝑥𝜕𝑦 𝑦 2 (𝑦 2 −𝑥 2 ) 𝑦(𝑦 2 −𝑥 2 )

𝜕2 𝑓 0−0
(0, 𝜋) = =0
𝜕𝑥𝜕𝑦 𝜋(𝜋 2 −02 )

9) Seja f uma função real de variável real diferenciável e h uma função real de duas variáveis
𝑦 𝜕ℎ 𝜕ℎ
reais definida por ℎ(𝑥, 𝑦) = 𝑓(𝑥 2−𝑦 2). Mostrar que 𝑦 2 𝜕𝑥 + 𝑥𝑦 𝜕𝑦 = 𝑥ℎ(𝑥, 𝑦).

Resolução:

2 2
𝜕ℎ −𝑦⋅𝑓′(𝑥 −𝑦 ) ⋅2𝑥
= 2
𝜕𝑥 (𝑓(𝑥 2 −𝑦 2 ))

2 2
𝜕ℎ 𝑓(𝑥 2 −𝑦 2 )−𝑦⋅𝑓′(𝑥 −𝑦 ) ⋅(−2𝑦)
= 2 e substituindo, fica
𝜕𝑦 (𝑓(𝑥 2 −𝑦 2 ))

2 2 2 2
𝜕ℎ 𝜕ℎ −2𝑥𝑦 3 ⋅𝑓′(𝑥 −𝑦 ) 𝑥𝑦𝑓(𝑥 2 −𝑦 2 )+2𝑥𝑦 3 ⋅𝑓′(𝑥 −𝑦 ) 𝑥𝑦
𝑦2 + 𝑥𝑦 = 2 + 2 = = 𝑥 ⋅ ℎ(𝑥, 𝑦)
𝜕𝑥 𝜕𝑦 (𝑓(𝑥 2 −𝑦 2 )) (𝑓(𝑥 2 −𝑦 2 )) 𝑓(𝑥 2 −𝑦 2 )

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Funções reais de várias variáveis reais

4.3. Derivada da função composta – Regra da cadeia para cálculo de derivadas de


primeira ordem

1º caso: Seja 𝑧 = 𝑓(𝑢) uma função diferenciável de u, onde 𝑢 = 𝑔(𝑥, 𝑦) é uma função
diferenciável de x e y. Então z é uma função diferenciável de x e y, e:

x
𝜕𝑧 𝑑𝑧 𝜕𝑢 𝜕𝑧 𝑑𝑧 𝜕𝑢
= ⋅ e = ⋅   z u
𝜕𝑥 𝑑𝑢 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝑑𝑢 𝜕𝑦
y

Exemplos:

𝜕𝑧 𝜕𝑧
1) Sendo 𝑧 = ln(𝑢2 + 1) e 𝑢 = 𝑥 2 + 2𝑦 2 , é possível calcular e através da regra
𝜕𝑥 𝜕𝑦

em cadeia definida acima:

𝜕𝑧 2𝑢 4𝑥(𝑥 2 +2𝑦 2 )
= 𝑢2 +1 ∙ 2𝑥 = (𝑥 2+2𝑦 2)2+1
𝜕𝑥

𝜕𝑧 2𝑢 8𝑦(𝑥 2 +2𝑦 2 )
= 𝑢2 +1 ∙ 4𝑦 = (𝑥 2+2𝑦 2)2+1
𝜕𝑦

𝑥 2 −𝑦 2 𝜕𝑧 𝜕𝑧
2) Sendo 𝑧 = 𝑓 (𝑥 2 +𝑦 2) , verifica-se que 𝑥 𝜕𝑥 + 𝑦 𝜕𝑦 = 0.

𝑥 2 −𝑦 2
Com efeito, sendo 𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2+𝑦 2 ,

𝜕𝑧 𝜕𝑓 𝜕𝑢 𝜕𝑓 2𝑥(𝑥 2 +𝑦 2 )−2𝑥(𝑥 2 −𝑦 2 ) 𝜕𝑓 4𝑥𝑦 2


= ∙ = ∙ (𝑥 2 +𝑦 2 )2
= ∙ (𝑥2
𝜕𝑥 𝜕𝑢 𝜕𝑥 𝜕𝑢 𝜕𝑢 +𝑦 2 )2

𝜕𝑧 𝜕𝑓 𝜕𝑢 𝜕𝑓 −2𝑦(𝑥 2 +𝑦 2 )−2𝑦(𝑥 2 −𝑦 2 ) 𝜕𝑓 −4𝑥 2 𝑦


= ∙ = ∙ (𝑥 2 +𝑦 2 )2
= ∙ (𝑥2
𝜕𝑦 𝜕𝑢 𝜕𝑦 𝜕𝑢 𝜕𝑢 +𝑦 2 )2

𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑓 4𝑥 2 𝑦 2 𝜕𝑓 4𝑥 2 𝑦 2
𝑥 +𝑦 = ∙ (𝑥2 − ∙ (𝑥2 =0
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑢 +𝑦 2 )2 𝜕𝑢 +𝑦 2 )2

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Funções reais de várias variáveis reais

2º caso: Seja 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦) uma função diferenciável de x e y, onde 𝑥 = 𝑔(𝑡) e 𝑦 = ℎ(𝑡) são
funções diferenciáveis em t. Então z é uma função diferenciável de t , e

x
𝑑𝑧 𝜕𝑧 𝑑𝑥 𝜕𝑧 𝑑𝑦 z t
= ∙ + ∙
𝑑𝑡 𝜕𝑥 𝑑𝑡 𝜕𝑦 𝑑𝑡
y

Exemplo:

𝑑𝑧
Se 𝑧 = 𝑥 2 𝑦 + 3𝑥𝑦 4 , onde 𝑥 = sen (2𝑡) e 𝑦 = cos 𝑡, determinar 𝑑𝑡 quando t = 0.

𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝑑𝑥 𝑑𝑦
= 2𝑥𝑦 + 3𝑦 4 , = 𝑥 2 + 12𝑥𝑦 3 , = 2 cos(2𝑡) 𝑒 = −sen 𝑡
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑𝑧
𝑑𝑡
= (2𝑥𝑦 + 3𝑦 4 ) ⋅ 2 cos(2𝑡) + (𝑥 2 + 12𝑥𝑦 3 ) ⋅ (−sen 𝑡) =

= (2sen (2𝑡) cos 𝑡 + 3 cos 4 𝑡) ⋅ 2cos(2𝑡) + (sen2 (2𝑡) + 12sen (2𝑡) cos3 𝑡) ⋅ (−sen 𝑡)

𝑑𝑧
( 𝑑𝑡 ) = (2sen0 ⋅ cos 0 + 3 cos4 0) ⋅ 2 cos 0 + (sen2 0 + 12sen0 ⋅ cos 3 0) ⋅ (−sen0) =
𝑡=0

= 3⋅2=6

3° caso: Seja 𝑧 = 𝑓(𝑢, 𝑣) uma função diferenciável de u e v, onde 𝑢 = 𝑔(𝑥, 𝑦) e 𝑣 = ℎ(𝑥, 𝑦)


são funções diferenciáveis em x e y.

Então z é uma função diferenciável de x e de y, ou seja, admite derivadas parciais contínuas,


dadas por:

𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑢 𝜕𝑧 𝜕𝑣
= ∙ + ∙
𝜕𝑥 𝜕𝑢 𝜕𝑥 𝜕𝑣 𝜕𝑥
e
𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑢 𝜕𝑧 𝜕𝑣
= ∙ + ∙
𝜕𝑦 𝜕𝑢 𝜕𝑦 𝜕𝑣 𝜕𝑦

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Funções reais de várias variáveis reais

Exemplo:

𝜕𝑧 𝜕𝑧
Sendo 𝑧 = 𝑒 𝑥 sen𝑦, onde 𝑥 = 𝑠𝑡 2 e 𝑦 = 𝑠 2 𝑡, determinar e .
𝜕𝑠 𝜕𝑡

𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑧 𝜕𝑦 2 2
= + = 𝑒 𝑥 sen𝑦 ⋅ 𝑡 2 + 𝑒 𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝑦 ⋅ 2𝑠𝑡 = 𝑒 𝑠𝑡 sen(𝑠 2 𝑡) ⋅ 𝑡 2 + 𝑒 𝑠𝑡 cos(𝑠 2 𝑡) ⋅ 2𝑠𝑡
𝜕𝑠 𝜕𝑥 𝜕𝑠 𝜕𝑦 𝜕𝑠

𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑧 𝜕𝑦 2 2

𝜕𝑡
= 𝜕𝑥 𝜕𝑡 + 𝜕𝑦 𝜕𝑡 = 𝑒 𝑥 sen𝑦 ⋅ 2𝑠𝑡 + 𝑒 𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝑦 ⋅ 𝑠 2 = 𝑒 𝑠𝑡 sen(𝑠 2 𝑡) ⋅ 2𝑠𝑡 + 𝑒 𝑠𝑡 cos(𝑠 2 𝑡) ⋅ 𝑠 2

Caso Geral: Os casos anteriores podem-se generalizar de acordo com o número de funções
e de variáveis envolvidas. Assim, sendo u uma função diferenciável de n
variáveis 𝑥1 , 𝑥2 , . . , 𝑥𝑛 , onde cada 𝑥𝑗 é uma função diferenciável de m
variáveis 𝑡1 , 𝑡2 , … , 𝑡𝑚 , tem-se

𝜕𝑢 𝜕𝑢 𝜕𝑥1 𝜕𝑢 𝜕𝑥2 𝜕𝑢 𝜕𝑥𝑛


= + +. . . +
𝜕𝑡𝑖 𝜕𝑥1 𝜕𝑡𝑖 𝜕𝑥2 𝜕𝑡𝑖 𝜕𝑥𝑛 𝜕𝑡𝑖

para cada i = 1, 2,..., m.

Exercícios resolvidos:

𝑥 𝑑𝑢
1) Sendo 𝑢(𝑥, 𝑦) = ln (sen ( 𝑦)), 𝑥(𝑡) = 3𝑡 2 e 𝑦(𝑡) = √1 + 𝑡 2 , calcular , usando a
√ 𝑑𝑡

regra de derivação da função composta.

Resolução:

1
−𝑥⋅
1 𝑥 2√𝑦 𝑥
cos( ) cos( )
𝑑𝑢 𝜕𝑢 𝑑𝑥 𝜕𝑢 𝑑𝑦 √𝑦 √𝑦 𝑦 √𝑦 𝑡
= 𝜕𝑥 𝑑𝑡 + 𝜕𝑦 𝑑𝑡 = 𝑥
⋅ 6𝑡 + 𝑥
⋅ √1+𝑡 2 =
𝑑𝑡 sen ( ) sen( )
√𝑦 √𝑦

6𝑡 3𝑡 2 3𝑡 3 3𝑡 2
= 4 cotg ( 4 )− 4 cotg ( 4 )
√1+𝑡 2 √1+𝑡 2 2 √1+𝑡 2 (1+𝑡 2 ) √1+𝑡 2

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Funções reais de várias variáveis reais

𝑥 𝜕𝑧 𝜕𝑧
2) Sendo 𝑧(𝑥, 𝑦) = arctg ( ), 𝑥(𝑢, 𝑣) = 𝑢 sen 𝑣 e 𝑦(𝑢, 𝑣) = 𝑢 cos 𝑣, calcular e ,
𝑦 𝜕𝑢 𝜕𝑣

utilizando a regra da derivação da função composta.

Resolução:
x u
z
y v

𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑧 𝜕𝑦
= 𝜕𝑥 𝜕𝑢 + 𝜕𝑦 𝜕𝑢 =
𝜕𝑢

1 𝑥
− 2 𝑦 sen𝑣−𝑥 cos 𝑣 𝑢 sen𝑣 cos 𝑣−𝑢 sen𝑣 cos 𝑣
𝑦 𝑦
= 𝑥 2
⋅ sen𝑣 + 𝑥 2
⋅ cos𝑣 = = =0
1+( ) 1+( ) 𝑦 2 +𝑥 2 𝑦 2 +𝑥 2
𝑦 𝑦

𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑧 𝜕𝑦
= 𝜕𝑥 𝜕𝑣 + 𝜕𝑦 𝜕𝑣 =
𝜕𝑣

1 𝑥
− 2 𝑦𝑢 cos 𝑣+𝑥𝑢 sen𝑣 𝑢2 𝑐𝑜𝑠2 𝑣+𝑢2 sen2 𝑣
𝑦 𝑦
= 𝑥 2
⋅ 𝑢cos𝑣 + 𝑥 2
⋅ (−𝑢 sen𝑣) = = (𝑢 𝑠in 𝑣)2+(𝑢 cos 𝑣)2 = 1
1+( ) 1+( ) 𝑦 2 +𝑥 2
𝑦 𝑦

2
𝑓 = 𝑒𝑦
3) Sendo 𝑧 = 𝑓. 𝑔, em que { , verificar, através da aplicação das regras de
𝑔 = 𝑥2 + 𝑦2 + 1
𝜕𝑧 𝜕𝑓
derivação composta, que é verdadeira a expressão = (𝑔 + 1) 𝜕𝑦.
𝜕𝑦

Resolução:

𝜕𝑧 𝜕𝑓 2
𝜕𝑓
=𝑔 = 2𝑦𝑒 𝑦
𝜕𝑦
{ 𝜕𝑧 {𝜕𝑔
=𝑓 = 2𝑦
𝜕𝑔 𝜕𝑦

𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑓 𝜕𝑧 𝜕𝑔 2 2 2
𝜕𝑦
= 𝜕𝑓 𝜕𝑦 + 𝜕𝑔 𝜕𝑦 = 𝑔 ⋅ 2𝑦𝑒 𝑦 + 𝑓 ⋅ 2𝑦 = (𝑥 2 + 𝑦 2 + 1) ⋅ 2𝑦𝑒 𝑦 + 𝑒 𝑦 ⋅ 2𝑦 =

2 𝜕𝑓
= 2𝑦𝑒 𝑦 (𝑥 2 + 𝑦 2 + 2) = (𝑔 + 1) 𝜕𝑦

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Funções reais de várias variáveis reais

𝜕ℎ 𝜕ℎ 𝜕ℎ
4) Sendo ℎ(𝑢, 𝑣, 𝑤) tal que (0, 𝑒, 0) = 𝑒, (0, 𝑒, 0) = −1 e (0, 𝑒, 0) = 𝑒, mostrar
𝜕𝑢 𝜕𝑣 𝜕𝑤

que a função definida por 𝐻(𝑥, 𝑦) = ℎ(sin(𝑥𝑦 2 ) , 𝑒 𝑦 , ln(1 + 𝑥 2 )) verifica a igualdade


𝜕𝐻 𝜕𝐻
(0,1) + (0,1) = 0.
𝜕𝑥 𝜕𝑦

Resolução:

u y 𝑢(𝑥, 𝑦) = sin(𝑥𝑦 2 )

h v 𝑣(𝑦) = 𝑒 𝑦

w x ℎ(𝑥) = ln(1 + 𝑥 2 )

(𝑥, 𝑦) = (0,1) ⇒ (𝑢, 𝑣, 𝑤) = (0, 𝑒, 0)

𝜕𝐻 𝜕ℎ 𝜕𝑢 𝜕ℎ 𝑑𝑤
(𝑥, 𝑦) = (𝑢, 𝑣, 𝑤) ∙ (𝑥, 𝑦) + (𝑢, 𝑣, 𝑤) ∙ (𝑥)
𝜕𝑥 𝜕𝑢 𝜕𝑥 𝜕𝑤 𝑑𝑥

𝜕𝐻 𝜕ℎ 𝜕ℎ 2𝑥
(𝑥, 𝑦) = (𝑢, 𝑣, 𝑤) ∙ cos(𝑥𝑦 2 ) ⋅ 𝑦 2 + ∙
𝜕𝑥 𝜕𝑢 𝜕𝑤 1+𝑥 2

𝜕𝐻 𝜕ℎ 𝜕ℎ
(0,1) = ( (𝑢(0,1), 𝑣(1), 𝑤(0)). cos(0)) = (0, 𝑒, 0) . cos 0 = 𝑒
𝜕𝑥 𝜕𝑢 𝜕𝑢

𝜕𝐻 𝜕ℎ 𝜕𝑢 𝜕ℎ 𝜕𝑣
(𝑥, 𝑦) = (𝑢, 𝑣, 𝑤) ∙ (𝑥, 𝑦) + (𝑢, 𝑣, 𝑤) ∙ (𝑦)
𝜕𝑦 𝜕𝑢 𝜕𝑦 𝜕𝑣 𝜕𝑦

𝜕𝐻 𝜕ℎ 𝜕ℎ
(𝑥, 𝑦) = (𝑢, 𝑣, 𝑤) ∙ cos(𝑥𝑦 2 ) ∙ 2𝑥𝑦 + (𝑢, 𝑣, 𝑤) ∙ 𝑒 𝑦
𝜕𝑦 𝜕𝑢 𝜕𝑣

𝜕𝐻 𝜕ℎ
(0,1) = (0, 𝑒, 0) ∙ 𝑒 1 = − 𝑒
𝜕𝑦 𝜕𝑣

𝜕𝐻 𝜕𝐻
logo, verifica-se que (0,1) + (0,1) = 0
𝜕𝑥 𝜕𝑦

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Funções reais de várias variáveis reais

4.4. Exercícios propostos

1. Calcule as derivadas parciais de 1ª ordem das funções:

a) 𝑧 = 𝑥 2 sen 𝑦

b) 𝑧 = 𝑥 𝑦
𝑥
c) 𝑧 = arctg 𝑦

𝑦
𝑑) 𝑓(𝑥, 𝑦) = ln 𝑥 + arcsen(𝑥 2 + 𝑦 2 )

e) 𝑧 = ln √𝑥 2 + 𝑦 2

𝑧2 2 +𝑦 2
f) 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑥𝑦 + √𝑥 2 𝑦 + 1 + 𝑧 ⋅ 𝑒 𝑥

2. Calcule as derivadas parciais de 2ª ordem das funções seguintes:

a) 𝑧 = 𝑥 3 + 𝑦 3 − 3𝑎𝑥𝑦 (a constante real)


𝑦
b) 𝑧 = 𝑥

𝑥
c) 𝑧 = arctg 𝑦

𝑥𝑦 𝜕2𝑧 𝜕2𝑧 𝜕2𝑧


3. Sendo 𝑧 = 𝑥−𝑦, mostre que 𝑥 2 𝜕𝑥 2 + 2𝑥𝑦 𝜕𝑥𝜕𝑦 + 𝑦 2 𝜕𝑦 2 = 0

𝜕𝑧 𝜕𝑧 2𝑧

4. Mostre que 𝑧 = 𝑒 −2𝑥𝑦 + ln(𝑥𝑦)  𝑥 𝜕𝑥 + 𝑦 𝜕𝑦 + 𝜕𝑥𝜕𝑦 = −2𝑒 −2𝑥𝑦 + 2.

x/ y 𝜕3𝑓 𝜕3𝑓
5. Sendo f ( x, y ) = xy e , mostre que 𝑥 𝜕𝑥 3 + 𝑦 𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 = 0.

𝑑𝑧 1 𝑢
6. Calcule ( 𝑑𝑡 ) , em que 𝑧 = arctg(𝑥 + 𝑦) + 𝑦 , 𝑥 = ln ( 𝑡 ) , 𝑦 = 𝑡
e 𝑢 = 2𝑡 .
(𝑡=1)

𝜕2𝑣 𝜕2𝑣
7. Dada a função v = sen (akx) sen (kt) (a e k reais), mostre que 𝑎2 ⋅ 𝜕𝑡 2 = 𝜕𝑥 2 .

cos(𝑢−2𝑣) 𝜕𝑟 𝜋
8. Sendo 𝑟 = cos(𝑢+2𝑣), calcule para 𝑢 = e v = 𝜋.
𝜕𝑣 4

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Funções reais de várias variáveis reais

1

9. Considere a função de produção 𝑄(𝐾, 𝐿) = 𝐴[𝛿𝐾 −𝜌 + (1 − 𝛿)𝐿−𝜌 ] 𝜌 , em que L é o
número de horas de trabalho e K o capital e 𝐴 > 0, 𝛿 ∈ ]0,1[ e 𝜌 > −1.

𝛿 𝑄 1+𝜌
Mostre que a produtividade marginal do capital é dada por 𝜌
( ) e a produtividade
𝐴 𝐾

1−𝛿 𝑄 1+𝜌
marginal do trabalho é dada por ( ) . 15
𝐴𝜌 𝐿

10. Calcule a derivada de 1ª ordem em ordem a t:

 x = tet
a) f ( x, y ) = x2  y3 , com 

y = t +1
 2

𝑥 1
2 2
𝑢=𝑦 𝑥=
b) 𝑓(𝑢, 𝑣) = 𝑢 + 𝑣 , com { e { 𝑡
𝑣 = (𝑥 + 2𝑦)3 𝑦 = ln 𝑡

 x = 3t 2 + 1
c) w = x2 + yz, com  y = 2t − 4
z = t 3

𝑥 = arctg(𝑦 2 )
d) 𝑢 = ln( 2𝑥 + 𝑧), com { , 𝑦 = sen( 3𝑠 + 1) 𝑒 𝑠 = arcsen 𝑡 3
𝑧 = (2𝑦)𝑡

11. Calcule as derivadas parciais de 1ª ordem, da função indicada, em ordem às variáveis


independentes x e y:

𝑢
𝑢 = 𝑥 sen 𝑦
a) 𝑧 = arctg 𝑣 , com {
𝑣 = 𝑥 cos 𝑦

𝑢 = ln 𝑥 2
2
b) 𝑧 = 3𝑢 + 2𝑢𝑣, com {
𝑣 = sen( 𝑥𝑦)

𝑢 = 𝑒𝑥
c) 𝑔(𝑢, 𝑣) = ln (𝑢 + 𝑣), com { 𝑥+𝑦
𝑣 = 𝑥−𝑦

15
Sugestão de resolução na página 51.

Retirado de: Pires, Cesaltina. 2011. Cálculo para Economia e Gestão. Escolar Editora. Lisboa.

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Funções reais de várias variáveis reais

𝑥
2 3 𝑧 = 𝑓( )
d) 𝑢 = 𝑧 𝑡 , com { 𝑦
𝑥𝑦 )
𝑡 = 𝑔(𝑒

12. Considere a função 𝑣 = sen( 𝑎𝑘𝑥) ⋅ sen( 𝑘𝑡), com 𝑎 𝑒 𝑘 reais.

Sabendo que 𝑥 = 𝑒 𝑦 e 𝑡 = ln 𝑦 e recorrendo às regras de derivação da função


𝑑𝑣
composta, calcule uma expressão para .
𝑑𝑦

( )
13. Mostre que z = y  f x2 − y 2 satisfaz a equação 1  z + 1  z = z .
2 x x y y y

𝑦−𝑥 𝑧−𝑥 u u u
14. Seja 𝑢 = 𝑓 ( 𝑥𝑦 , ) ; mostre que x2  + y2  + z2  = 0.
𝑥𝑧
x y z

Soluções:
𝜕𝑧 𝜕𝑧
1. a) 𝜕𝑥 = 2𝑥sen𝑦 ; = 𝑥 2 cos 𝑦
𝜕𝑦

𝜕𝑧 𝜕𝑧
b) 𝜕𝑥 = 𝑦𝑥 𝑦−1 ; = 𝑥 𝑦 ln 𝑥
𝜕𝑦

𝜕𝑧 𝑦 𝜕𝑧 𝑥
c) 𝜕𝑥 = 𝑥 2 +𝑦 2 ; = − 𝑥 2 +𝑦 2
𝜕𝑦

𝜕𝑓 1 2𝑥 𝜕𝑓 1 2𝑦
d) 𝜕𝑥 = − 𝑥 + ; =𝑦+
√1−(𝑥 2 +𝑦 2 )2 𝜕𝑦 √1−(𝑥 2 +𝑦 2 )2

𝜕𝑧 𝑥 𝜕𝑧 𝑦
e) 𝜕𝑥 = 𝑥 2 +𝑦 2 ; = 𝑥 2+𝑦 2
𝜕𝑦

𝜕𝑓 𝑧2 𝑥𝑦 2 +𝑦 2 𝜕𝑓 𝑧2 𝑥2 2 +𝑦 2 𝜕𝑓 2𝑧 2 +𝑦2
f) 𝜕𝑥 = − 𝑥 2𝑦 + + 2𝑥𝑧𝑒 𝑥 ; = − 𝑦2𝑥 + + 2𝑦𝑧𝑒 𝑥 ; 𝜕𝑧
= 𝑥𝑦 + 𝑒𝑥
√𝑥 2 𝑦+1 𝜕𝑦 2√𝑥 2 𝑦+1

𝜕2𝑧 𝜕2𝑧 𝜕2𝑧


2. a) 𝜕𝑥 2 = 6𝑥 ; = −3𝑎 ; = 6𝑦
𝜕𝑥𝜕𝑦 𝜕𝑦 2

𝜕2 𝑧 2𝑦 𝜕2𝑧 1 𝜕2 𝑧
b) 𝜕𝑥 2 = ; = − 𝑥2 ; =0
𝑥3 𝜕𝑥𝜕𝑦 𝜕𝑦 2

𝜕2𝑧 2𝑥𝑦 𝜕2 𝑧 𝑥 2 −𝑦 2 𝜕2𝑧 2𝑥𝑦


c) 𝜕𝑥 2 = − (𝑥 2+𝑦 2)2 ; = (𝑥 2+𝑦 2)2 ; = (𝑥 2+𝑦 2)2
𝜕𝑥𝜕𝑦 𝜕𝑦 2

𝑑𝑧 13 12
6. (𝑑𝑡 ) =− 5
+ 5
ln 2 8. 4
(𝑡=1)

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Funções reais de várias variáveis reais

1 1+𝜌
𝜕𝑄 1 − −1 −
9. 𝜕𝐾 = 𝐴 (− ) [𝛿𝐾 −𝜌 + (1 − 𝛿)𝐿−𝜌 ] 𝜌 (−𝜌𝛿𝐾 −𝜌−1 ) = 𝐴[𝛿𝐾 −𝜌 + (1 − 𝛿)𝐿−𝜌 ] 𝜌 𝛿𝐾 −𝜌−1 =
𝜌

1+𝜌


1 𝛿 𝑄1+𝜌 1 𝛿 𝑄 1+𝜌
⏟ −𝜌 + (1 −
= 𝐴 [[𝛿𝐾 𝛿)𝐿−𝜌 ] 𝜌 ] × =𝐴𝛿 = ( )
𝑄
𝐾𝜌+1 𝐴𝜌+1 𝐾𝜌+1 𝐴𝜌 𝐾
𝐴

1 1+𝜌
𝜕𝑄 1 − −1 −
= 𝐴 (− ) [𝛿𝐾 −𝜌 + (1 − 𝛿)𝐿−𝜌 ] 𝜌 (−𝜌(1 − 𝛿)𝐿−𝜌−1 ) = 𝐴[𝛿𝐾 −𝜌 + (1 − 𝛿)𝐿−𝜌 ] 𝜌 (1 − 𝛿)𝐿−𝜌−1 =
𝜕𝐿 𝜌

1+𝜌


1 1−𝛿 𝑄1+𝜌 1 − 𝛿 1 − 𝛿 𝑄 1+𝜌
⏟ −𝜌 + (1 −
= 𝐴 [[𝛿𝐾 𝛿)𝐿−𝜌 ] 𝜌 ] × = 𝐴 = ( )
𝑄
𝐿𝜌+1 𝐴𝜌+1 𝐿𝜌+1 𝐴𝜌 𝐿
𝐴

5
10. a) df = 2t e 2t (t 2 +1)3 (1 + t ) + 6 t 3 e 2t (t 2 +1)2 b) df = −2 ln t + 1 + 6  1+ 2ln t   2t − 1
 
dt dt ( t ln t )3  t  t
2

𝑑𝑤
c) = 44𝑡 3 − 12𝑡 2 + 12
𝑑𝑡

𝑑𝑢 2 18𝑦𝑡 2 cos(3𝑠+1) 9𝑡 3 (2𝑦)𝑡−1 cos(3𝑠+1)


d) = 2𝑥+𝑧 ( (1+𝑦 4 )√1−𝑡 6
+ √1−𝑡 6
+ (2𝑦)𝑡−1 𝑦ln(2𝑦))
𝑑𝑡

 x = arctg sen 2 3 arcsen t 3 + 1 ( ( ))



em que  y = sen 3 arcsen t 3 + 1 ( )

z = 2sen 3 arcsen t ( (
3
+ 1
t
))
𝜕𝑧 𝜕𝑧
11. a) 𝜕𝑥 = 0 e =1
𝜕𝑦

𝜕𝑧 4 𝜕𝑧
b) 𝜕𝑥 = 𝑥 [6 ln 𝑥 + sen(𝑥𝑦)] + 4𝑦 ln 𝑥 ⋅ cos( 𝑥𝑦) e = 4𝑥 ln 𝑥 ⋅ cos( 𝑥𝑦)
𝜕𝑦

c) g 1   e g
= ex − 2 y  =
1

2x
x x+ x+ y  ( x − y ) 
2 x x + y ( x − y) 2
e  e + x− y
x
x− y

d) w = e
3
 8 xy 6sen 3 ( xy ) + 12 x 2 y 7sen 2 ( xy ) cos( xy ) + 5 2 xy  2 y 3 ln 5
4 x 2 y 6sen 3( xy ) +52 x y 3

x  

w 3
  24 x 2 y 5sen 3 ( xy) + 12 x 3 y 6sen 2 ( xy) cos( xy) + 5 2 xy  6 xy 2 ln 5
4 x 2 y 6sen 3( xy ) +52 x y 3
=e
y  

u  x  −x
e)  u = 2 zt 3  f   x   1 + 3z 2t 2  g ' ( e xy )  y  e xy
x  y y y  y y
( )
= 2 zt 3  f     2 + 3z 2 t 2  g ' e xy  x  e xy

𝑑𝑣 𝑘
12. 𝑑𝑦
= 𝑎𝑘sen(𝑘 ln 𝑦) cos( 𝑎𝑘𝑒 𝑦 )𝑒 𝑦 + 𝑦 sen(𝑎𝑘𝑒 𝑦 ) cos( 𝑘 ln 𝑦)

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Funções reais de várias variáveis reais

5. Otimização

Muitas das decisões em Economia, envolvem, entre outras, a necessidade de minimizar


gastos, ou maximizar receitas ou lucros, afetando recursos eventualmente alternativos ou
substituíveis, de modo a otimizar as situações em análise.

Nesse contexto, o analista, após identificar os objetivos, as variáveis de decisão e eventuais


restrições, procede à formalização do problema, criando um modelo funcional que ilustre as
relações encontradas através da explicitação da função objetivo.

Otimização consiste em determinar os valores das variáveis de decisão (as variáveis


independentes) para as quais a função objetivo atinge um valor ótimo (máximo ou mínimo,
dependendo da situação em análise).

Quando as variáveis de decisão não estão sujeitas a condições adicionais, diz-se que é
Otimização livre. Se existem restrições sobre as variáveis independentes, diz-se que é
Otimização condicionada.16

5.1. Extremos de funções com duas variáveis – generalidades

Dada uma função f (x,y), dizemos que ela tem um máximo relativo (ou local) num ponto P0
(𝑥0 , 𝑦0 ) se existe uma vizinhança de P0 de modo que:

𝑓(𝑥0 , 𝑦0 ) ≥ 𝑓(𝑥, 𝑦)

para todos os pontos (x, y) do domínio de f na referida vizinhança.

Analogamente, dizemos que f tem um mínimo relativo num ponto P0 (𝑥0 , 𝑦0 ) se existe uma
vizinhança de P0 de modo que:

𝑓(𝑥0 , 𝑦0 ) ≤ 𝑓(𝑥, 𝑦)

para todos os pontos (x, y) do domínio de f na referida vizinhança.

16
Neste contexto, as restrições podem ser igualdades ou desigualdades. Nesta disciplina, apenas serão objeto
de estudo restrições com uma igualdade.

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Funções reais de várias variáveis reais

f tem um máximo absoluto em P0 se 𝑓(𝑥0 , 𝑦0 ) ≥ 𝑓(𝑥, 𝑦) para todos os pontos (x, y) do


domínio de f e o valor máximo é 𝑓(𝑥0 , 𝑦0 ); analogamente, f tem um mínimo absoluto em
P0 se 𝑓(𝑥0 , 𝑦0 ) ≤ 𝑓(𝑥, 𝑦) para todos os pontos (x, y) do domínio de f e o valor mínimo é
𝑓(𝑥0 , 𝑦0 ).

Se a função tem máximo ou mínimo relativo, dizemos que ela tem extremo relativo no
ponto; e se ela tem máximo ou mínimo absoluto, diz-se que ela tem extremo absoluto no
ponto.

5.2. Cálculo de extremos relativos de funções com duas variáveis

5.2.1. Cálculo de extremos relativos livres

Seja f uma função de duas variáveis; o ponto (𝑥0 , 𝑦0 ) é ponto crítico de f se ∇𝑓(𝑥, 𝑦) = (0,0),
ou seja:

𝜕𝑓
(𝜕𝑥 ) =0
(𝑥0 ,𝑦0 )
{ 𝜕𝑓
(𝜕𝑦) =0
(𝑥0 ,𝑦0 )

ou se uma ou ambas derivadas parciais de primeira ordem não existirem em (𝑥0 , 𝑦0 ).

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Funções reais de várias variáveis reais

Teorema:

Se 𝑓: 𝑅 2 → 𝑅 tem um máximo ou mínimo relativo num ponto (𝑥0 , 𝑦0 ), então (𝑥0 , 𝑦0 ) é um


ponto crítico da função f.

Como apenas vão ser estudadas funções diferenciáveis, os pontos (x,y) que resultam das
soluções do sistema apresentado acima são os pontos críticos, ou seja, os pontos onde poderá
existir extremo. Aquelas, são as condições de 1ª ordem.

Calculados os pontos críticos (𝑥0 , 𝑦0 ), para determinar a sua natureza, usam-se as condições
2
𝜕2 𝑓 𝜕2 𝑓 𝜕2 𝑓
de 2ª ordem: 17
sendo ∆ = ( (𝑥0 , 𝑦0 )) − 𝜕𝑥 2 (𝑥0 , 𝑦0 ) ∙ 𝜕𝑦2 (𝑥0 , 𝑦0 )
𝜕𝑥𝜕𝑦

𝜕2𝑓
(𝑥 , 𝑦 ) > 0 ⇒ f admite um mínimo relativo em (𝑥0 , 𝑦0 )
𝜕𝑥 2 0 0
Δ<0 e
𝜕2𝑓
{𝜕𝑥 2 (𝑥0 , 𝑦0 ) < 0 ⇒ f admite um máximo relativo em (𝑥0 , 𝑦0 )
  

Δ = 0 ⇒ nada se pode concluir sobre a natureza do ponto (𝑥0 , 𝑦0 )

Δ > 0 ⇒ no ponto (𝑥0 , 𝑦0 ) não existe extremo; diz-se que é um ponto de sela

Exemplos:

1) Estudar a existência e natureza dos extremos de 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 − 2𝑥𝑦 + 4𝑦 2 + 3𝑥 − 8.

𝜕𝑓
= 2𝑥 − 2𝑦 + 3 = 0 𝑥 = −2
𝜕𝑥 1
{ ⇔ { 1 ponto crítico (−2, − 2)
𝜕𝑓
= −2𝑥 + 8𝑦 = 0 𝑦 = −2
𝜕𝑦

17
Existem notações alternativas à apresentada, com as correspondentes adaptações; as conclusões são,
naturalmente, as mesmas.

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Funções reais de várias variáveis reais

𝜕2𝑓
=2
𝜕𝑥 2
2
𝜕2𝑓 𝜕2𝑓 𝜕2𝑓 𝜕𝑓 2 𝜕2𝑓
𝜕𝑦 2
=8 ⇒ (𝜕𝑥𝜕𝑦) − 𝜕𝑥 2 × 𝜕𝑦 2 = (−2)2 − 2 × 8 = −12 < 0 𝑒 =2>0
𝜕𝑥 2
𝜕2𝑓
{𝜕𝑥𝜕𝑦 = −2

1 1
Logo, a função f admite um mínimo no ponto (−2, − 2) de valor 𝑓 (−2, − 2) = −11.

2) Estudar a existência e natureza dos extremos de 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑦 2 − 𝑥 2 .

𝜕𝑓
= −2𝑥 = 0 𝑥=0
𝜕𝑥
{ ⇔ { ponto crítico (0,0)
𝜕𝑓 𝑦=0
= 2𝑦 = 0
𝜕𝑦

𝜕2𝑓
= −2
𝜕𝑥 2
2
𝜕2𝑓 𝜕2𝑓 𝜕2 𝑓 𝜕𝑓 2
𝜕𝑦 2
= −2 ⇒ ( ) − 𝜕𝑥 2 × 𝜕𝑦 2 = 02 − 2 × (−2) = 4 > 0
𝜕𝑥𝜕𝑦
𝜕2𝑓
{𝜕𝑥𝜕𝑦 = 0

Logo, a função f tem, em (0,0), um ponto de sela.

P
z

𝑧 = 𝑦2 − 𝑥2 •
y

3) Calcular e classificar os pontos críticos da função

1 4
𝐹(𝑥, 𝑦) = 3 𝑥 3 + 3 𝑦 3 − 3𝑥 − 𝑥 2 − 4𝑦 − 3.

As condições de 1ª ordem dão origem ao sistema

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Funções reais de várias variáveis reais

𝜕𝐹
=0 𝑥 2 − 3 − 2𝑥 = 0 𝑥 = −1 ∨ 𝑥 = 3
𝜕𝑥
{ ⇔{ ⇔{
𝜕𝐹
=0 4𝑦 2 − 4 = 0 𝑦 = −1 ∨ 𝑦 = 1
𝜕𝑦

Os pontos críticos são (−1, −1), (−1,1), (3, −1) e (3,1).

Para uma análise mais simples, podem-se apresentar os resultados num quadro:

(−1, −1) (−1,1) (3, −1) (3,1)

𝜕2𝐹
= 2𝑥 − 2
𝜕𝑥 2 −4 −4 4 4

𝜕2𝐹
= 8𝑦
𝜕𝑦 2 −8 8 −8 8

𝜕2𝐹
=0
𝜕𝑥𝜕𝑦 0 0 0 0

2
𝜕2𝑓 𝜕2𝑓 𝜕𝑓 2
Δ = (𝜕𝑥𝜕𝑦) − 𝜕𝑥 2 × 𝜕𝑦 2 − 32 32 32 −32

conclui-se que:

4
• em (−1, −1) existe um máximo de valor 𝐹(−1, −1) = 3
44
• em (3,1) existe um mínimo de valor 𝐹(3,1) = − 3

• os pontos (−1,1), (3, −1) são pontos de sela.

5.2.2. Cálculo de extremos relativos condicionados

Quando a otimização de uma função está sujeita a uma determinada restrição (uma restrição
orçamental, por exemplo), os pontos críticos em análise (consequentemente eventuais
extremos) estão condicionados a pontos que cumprem a condição que define a restrição.

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Funções reais de várias variáveis reais

Considere-se que a função objetivo que corresponde à função utilidade de um consumidor é


dada por 𝑈(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2/3 𝑦 1/3, em que x e y são as quantidades de determinados bens A e B,
eventualmente substituíveis entre si, e cujo preço unitário é respetivamente 𝑝𝑋 e 𝑝𝑌 . As
quantidades a consumir dos bens A e B podem estar condicionadas pela restrição orçamental
2𝑥 + 3𝑦 = 9, caso, por exemplo, 𝑝𝑋 = 2 e 𝑝𝑌 = 3 e o consumidor apenas disponha de 9
unidades monetárias para a compra dos bens em causa.

Uma estratégia possível, seria transformar a função de duas variáveis numa função apenas
com uma variável, com recurso à restrição (condição de ligação que relaciona x com y),

9 −2𝑥 1/3
𝑈(𝑥) = 𝑥 2/3 ( )
3

e calcular os extremos desta nova função seguindo as metodologias conhecidas para funções
reais de uma variável real. Não é esse, no entanto, o objetivo deste tema.

5.2.2.1. Condições de igualdade – método da Função Auxiliar de Lagrange18

Seja f(x,y) uma função real com duas varáveis reais e g(x,y) = 0 uma condição que relaciona
as duas variáveis x e y (chamada condição de ligação). Pretendem-se calcular os extremos
relativos de f sujeitos à condição g.

Teorema de Lagrange:

Seja f uma função de duas variáveis independentes x e y com derivadas de primeira ordem
contínuas e g uma função de duas variáveis independentes x e y com primeiras derivadas
contínuas não nulas.

Se a função f admite um extremo 𝑓(𝑥0 , 𝑦0 ) quando está sujeito à restrição g(x, y) = 0, então
existe um número real 𝜆 (chamado multiplicador de Lagrange) tal que

𝜕𝑓 𝜕𝑓 𝜕𝑔 𝜕𝑔
((𝜕𝑥 ) , (𝜕𝑦) ) = 𝜆 ((𝜕𝑥 ) , (𝜕𝑦) ).
(𝑥0 ,𝑦0 ) (𝑥0 ,𝑦0 ) (𝑥0 ,𝑦0 ) (𝑥0 ,𝑦0 )

18
Ou Função Lagrangeana.

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Funções reais de várias variáveis reais

Como consequência desse teorema, surge o método dos multiplicadores de Lagrange para
determinar os pontos críticos de uma função f(x,y) sujeitos a uma determinada restrição
g(x,y) = 0:

(1) Construção da Função Auxiliar de Lagrange

𝐿(𝑥, 𝑦, 𝜆) = 𝑓(𝑥, 𝑦) + 𝜆 ⋅ 𝑔 (𝑥, 𝑦)

(2) Resolução do sistema

𝜕𝐿
(𝑥, 𝑦, 𝜆) = 0
𝜕𝑥
𝜕𝐿
(𝑥, 𝑦, 𝜆) = 0
𝜕𝑦
𝜕𝐿
{𝜕𝜆 (𝑥, 𝑦, 𝜆) = 0 ⇔ 𝑔(𝑥, 𝑦) = 0

Os pontos (x,y) que verificam o sistema são os pontos críticos da função f(x,y) sujeita à
restrição g(x,y) = 0; ou seja, caso a função admita extremos, estes estão entre os pontos
determinados.

Exemplo:

Voltando ao exemplo da página 57, considere-se que a função objetivo que corresponde à
função utilidade de um consumidor é dada por 𝑈(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2/3 𝑦1/3, em que x e y são as
quantidades de determinados bens A e B, eventualmente substituíveis entre si, e cujo preço
unitário é respetivamente 2 e 3. As quantidades a consumir dos bens A e B estão
condicionadas pela restrição orçamental 2𝑥 + 3𝑦 = 9.

A Função Auxiliar de Lagrange é dada por 𝐿(𝑥, 𝑦, 𝜆) = 𝑥 2/3 𝑦1/3 + 𝜆 ⋅ (2𝑥 + 3𝑦 − 9).

As condições que permitem determinar os pontos críticos dão origem ao sistema


2
𝑥 − 1/3 𝑦1/3 + 2𝜆 = 0
3 1 1
𝑥 − 1/3 𝑦1/3 = 9 𝑥 2/3 𝑦 − 2/3 3𝑦 = 𝑥
1 2/3 − 2/3 3
𝑥 𝑦 + 3𝜆 = 0 ⟺ { ⟺ {
3
2𝑥 + 3𝑦 − 9 = 0 2𝑥 + 3𝑦 = 9
{2𝑥 + 3𝑦 − 9 = 0

O ponto crítico da função 𝑈 é (𝑥, 𝑦) = (3,1) (verifique!).

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Funções reais de várias variáveis reais

A análise da natureza dos pontos críticos pode ser feita com recurso a uma condição
suficiente de 2ª ordem para a existência de extremo:

2
𝜕2𝐿 𝜕2𝐿 𝜕2𝐿
sendo ∆ = (𝜕𝑥𝜕𝑦 (𝑥0 , 𝑦0 )) − 𝜕𝑥 2 (𝑥0 , 𝑦0 ) ∙ 𝜕𝑦 2 (𝑥0 , 𝑦0 ), se

𝜕2𝐿
Δ<0 ⋀ > 0 ⇒ 𝑓 admite um mínimo relativo em (𝑥0 , 𝑦0 )
𝜕𝑥 2

𝜕2𝐿
Δ<0 ⋀ < 0 ⇒ 𝑓 admite um máximo relativo em (𝑥0 , 𝑦0 )
𝜕𝑥 2

Sendo condição suficiente, esta técnica não permite determinar pontos de sela em funções
condicionadas por condições de igualdade, pelo que para os restantes valores de ∆ nada se
pode concluir sobre a natureza dos pontos críticos.

É o que acontece no exemplo anterior (verifique!).

Exercícios resolvidos:

1) Dada a função f ( x, y ) = x + y e a condição x 2 + y 2 = 1 , pretende-se analisar a existência


de extremos da função f sujeitos à restrição indicada.

Resolução:

A função auxiliar de Lagrange correspondente é 𝐿(𝑥, 𝑦, 𝜆) = 𝑥 + 𝑦 + 𝜆(𝑥 2 + 𝑦 2 − 1).

Os seus pontos críticos são as soluções de:

𝜕𝐿
=0
𝜕𝑥 1 + 2𝜆𝑥 = 0 √2 √2
𝜕𝐿
𝑥= 𝑥=−
2 2
= 0 ⇔ { 1 + 2𝜆𝑦 = 0 ⇔ { ˅ {
𝜕𝑦 √2 √2
𝑦= 𝑦= −2
𝜕𝐿 𝑥2 + 𝑦2 − 1 = 0 2
{𝜕𝜆 = 0

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Funções reais de várias variáveis reais

√2 √2 √2 √2 √2 √2
Ou seja, são os pontos ( 2 , ), com 𝜆 = − e (− , − 2 ), com 𝜆 = .
2 2 2 2

Verificando as condições de segunda ordem para cada um dos pontos críticos:

𝜕2𝐿 𝜕2𝐿 𝜕2𝐿


= 2𝜆 ; 𝜕𝑦 2 = 2𝜆 ; 𝜕𝑥𝜕𝑦 = 0
𝜕𝑥 2

∆ = 0 − 2𝜆 ∙ 2𝜆 ⇔ ∆ = −4𝜆2

√2 √2 𝜕2 𝐿
Ponto crítico ( 2 , ): ∆ = −2 < 0 e = −√2 < 0, logo f atinge um máximo
2 𝜕𝑥 2

√2 √2 √2 √2
relativo19 no ponto ( 2 , ) e o seu valor é 𝑓 ( 2 , ) = √2.
2 2

√2 √2 𝜕2𝐿
Ponto crítico (− , − ): ∆ = −2 < 0 e = √2 > 0, logo f atinge um mínimo
2 2 𝜕𝑥 2

√2 √2 √2 √2
relativo20 no ponto (− ,− 2 ) e o seu valor é 𝑓 (− ,− 2 ) = −√2.
2 2

2) Calcular os pontos críticos e, se possível, determinar a sua natureza, da função


𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 − 3𝑥𝑦 + 𝑦, sujeita à condição 𝑦 = 𝑥 2 .

Resolução:

𝑦 = 𝑥 2 ⇔ 𝑦⏟− 𝑥 2 = 0; então 𝐿(𝑥, 𝑦, 𝜆) =   𝑥 2 − 3𝑥𝑦 + 𝑦 + 𝜆(𝑦 − 𝑥 2 ).


𝑔(𝑥,𝑦)

𝜕𝐿
𝜕𝑥
= 2𝑥 − 3𝑦 − 2𝜆𝑥 = 0 2𝑥 − 3𝑥 2 − 6𝑥 2 + 2𝑥 = 0 −9𝑥 2 + 4𝑥 = 0
𝜕𝐿
𝜕𝑦
= −3𝑥 + 1 + 𝜆 = 0 ⇔ {𝜆 = 3𝑥 − 1 ⇔ {𝜆 = 3𝑥 − 1
𝜕𝐿
= 𝑦 − 𝑥2 = 0 𝑦 = 𝑥2 𝑦 = 𝑥2
{𝜕𝜆

4
𝑥=0 𝑥=9
16
⇔ {𝑦 = 0 ∨ 𝑦 = 81
1
𝜆 = −1
{𝜆 = 3

19
O Teorema de Weierstrass (ponto 5.3.2) permite concluir que é também máximo absoluto.
20
O Teorema de Weierstrass (ponto 5.3.2) permite concluir que é também mínimo absoluto.

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Funções reais de várias variáveis reais

𝐿(𝑥, 𝑦, 𝜆) = 𝑥 2 − 3𝑥𝑦 + 𝑦 + 𝜆(𝑦 − 𝑥 2 )

4 16 1
pontos críticos: (0,0) para 𝜆 = −1 e (9 , 81) para 𝜆 = 3.

(0,0) 4 16
(9 , 81)
(𝜆 = −1) 1
(𝜆 = 3)
𝜕2 𝐿 4
= 2 − 2𝜆 4
𝜕𝑥 2
3
𝜕2𝐿
=0 0 0
𝜕𝑦 2

𝜕2𝐿
= −3 −3 −3
𝜕𝑥𝜕𝑦
2
𝜕2𝐿 𝜕2𝐿 𝜕2𝐿
𝛥 = (𝜕𝑥𝜕𝑦) − 𝜕𝑥 2   ⋅ 𝜕𝑦 2 9 9

Como já foi dito e este exemplo ilustra, há casos em que o método da Função Auxiliar de
Lagrange não permite determinar a natureza do ponto crítico.

5.3. Cálculo de extremos absolutos de funções com duas variáveis

Em contexto económico, normalmente, o objetivo é encontrar extremos absolutos e não


relativos. Geralmente não é tarefa fácil, tendo em conta a natureza ou particularidades das
funções envolvidas.

5.3.1. Cálculo de extremos absolutos livres

A procura de extremos absolutos livres de uma função de duas variáveis vai ser reduzida ao
caso em que é possível serem identificados pela definição, ou seja, encontra-se um valor
maior ou igual a todas as imagens por f (máximo absoluto) ou um valor menor ou igual a
todas as imagens por f (mínimo absoluto).

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Funções reais de várias variáveis reais

Exemplos:

1) Sendo 𝑓(𝑥, 𝑦) = 1 + 𝑥 2 + 𝑦 2 , sabemos que

𝑥 2 + 𝑦 2 ≥ 0 ⇔ 1 + 𝑥 2 + 𝑦 2 ≥ 1 ⇔ 𝑓(𝑥, 𝑦) ≥ 1

1 é menor ou igual a todas as imagens por f; o seu valor é atingido para o mínimo valor
de 𝑥 2 + 𝑦 2 , ou seja, no ponto (0,0).

Assim, f admite um mínimo absoluto em (0,0) cujo valor é f (0,0) = 1.

2) Sendo 𝑔(𝑥, 𝑦) = 5 − √𝑥 2 + 𝑦 2 , sabemos que

𝑥 2 + 𝑦 2 ≥ 0 ⇔ √𝑥 2 + 𝑦 2 ≥ 0 ⇔ −√𝑥 2 + 𝑦 2 ≤ 0 ⇔ 5 − √𝑥 2 + 𝑦 2 ≤ 5

Como 5, que é a imagem de (0,0), é maior ou igual a qualquer outra imagem por f, pode-
se concluir que f admite um máximo absoluto em (0,0) cujo valor é f(0,0) = 5.

3) Sendo ℎ(𝑥, 𝑦) = ln(𝑥 2 + 𝑦 2 + √2), sabemos que

𝑥 2 + 𝑦 2 ≥ 0 ⟺ 𝑥 2 + 𝑦 2 + √2 ≥ √2 ⟺ ln(𝑥 2 + 𝑦 2 + √2) ≥ ln√2

Assim, conclui-se que ln√2 é menor ou igual a qualquer outra imagem por h, pelo que
se pode afirmar que ln√2 é um mínimo da função h, e o minimizante respetivo é (0,0).

5.3.2. Cálculo de extremos absolutos condicionados

Neste contexto, apenas vai ser abordado o caso em que a condição de ligação define em 𝑅 2
um conjunto fechado e limitado. Nessas condições, deverá ser tido em conta o Teorema do
Valor Extremo de Weierstrass:

Seja uma função f, real de várias variáveis reais, contínua no seu domínio, definida num
domínio fechado e limitado; então o conjunto das imagens de f é um conjunto limitado de
números reais e f possui, nesse domínio, valores máximo e mínimo absolutos.

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Funções reais de várias variáveis reais

Exemplo:

Seja a função 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥𝑦 condicionada pela elipse 4𝑥 2 + 𝑦 2 = 4.

𝐿(𝑥, 𝑦, 𝜆) =  𝑥𝑦 + 𝜆 (4𝑥 2 + 𝑦 2 − 4)

𝜕𝐿
= 𝑦 + 8𝜆𝑥 = 0 4𝑥 2 𝑦 2 = 4𝑥 2
𝜕𝑥 𝑦− = 0 𝑦 2 = 4𝑥 2
𝑦 𝑥
𝜕𝐿 𝑥 𝑥 𝜆 = − 2𝑦 ⇔
= 𝑥 + 2𝜆𝑦 = 0 ⇔ 𝜆 =− ⇔ {𝜆 = − ⇔
𝜕𝑦 2𝑦 2𝑦
1
𝜕𝐿 2 2 2𝑥 2 = 1 𝑥2 = 2
{𝜕𝜆 = 4𝑥 2 + 𝑦 2 − 4 = 0 {4𝑥 + 𝑦 − 4 = 0 {

√2 √2 √2 √2
𝑥= 𝑥=− 𝑥= 𝑥=−
2 2 2 2
⇔ 𝑦 2 = 2   ∨   𝑦 2 = 2   ⇔   𝑦 = ±√2    ∨ 𝑦 = ±√2
𝑥 𝑥 1 1
𝜆=− 𝜆=−
{ 2𝑦 { 2𝑦 {𝜆 = ∓ 4 {𝜆 = ± 4

O sistema foi resolvido sob o pressuposto 𝑦 ≠ 0; note-se que se y = 0, então x = 0, valores


que não verificam a condição de ligação. Assim,

2 2 1
pontos críticos: (√2 , √2) e (− √2 , − √2) para 𝜆 = −
4

√2 2 1
( 2 , − √2) e (− √2 , √2) para 𝜆 = 4

√2 √2 √2 √2
( 2 , √2) (− 2
, −√2) ( 2 , − √2) (− 2
, √2)

1 1 1 1
(𝜆 = − ) (𝜆 = ) (𝜆 = ) (𝜆 = )
4 4 4 4

𝜕2 𝐿
= 8𝜆 −2 −2 2 2
𝜕𝑥 2

𝜕2𝐿 1 1 1 1
= 2𝜆 − −
𝜕𝑦 2
2 2 2 2

𝜕2𝐿
=1 1 1 1 1
𝜕𝑥𝜕𝑦

2
𝜕2𝐿 𝜕2𝐿 𝜕2𝐿
Δ = (𝜕𝑥𝜕𝑦) − 𝜕𝑥 2   ⋅ 𝜕𝑦 2 0 0 0 0

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Funções reais de várias variáveis reais

O método da Função Auxiliar de Lagrange não permitiu determinar a natureza dos pontos
críticos. No entanto, como a condição de ligação define um domínio fechado e limitado para
a função (já que se trata de uma elipse), pode-se concluir que a função admite máximo e
mínimo absolutos, que serão respetivamente a maior e a menor imagem nos pontos críticos.

Graficamente:

curvas de nível da função f(x,y) = xy

• f admite dois máximos relativos:


2 2
em (√2 , √2) e (− √2 , −√2), ambos de valor 1

• f admite dois mínimos relativos:


2 2
em (√2 , − √2) e (− √2 , √2), ambos de valor −1

1 é, portanto, máximo absoluto e −1 é mínimo absoluto da função (𝑥, 𝑦) = 𝑥𝑦 condicionada


pela igualdade 4𝑥 2 + 𝑦 2 = 4.

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Funções reais de várias variáveis reais

5.4. Aplicações em contexto económico

Exemplos:

1) Um produto P pode ser fabricado em duas máquinas diferentes. Sendo x a quantidade


produzida na máquina 1 e y a quantidade produzida na máquina 2, o custo de produzir o
produto P em cada uma das máquinas é dado por:

Custo de produzir P na máquina 1: 2𝑥 + 5𝑥 2

Custo de produzir P na máquina 2: 3𝑦 + 4𝑦 2

Pretende-se determinar as quantidades a produzir em cada uma das máquinas de forma a


minimizar o custo total de produção, sabendo que é necessário satisfazer uma procura
prevista de 50 unidades do produto P.

A leitura do problema permite concluir que se pretende minimizar a função


𝑓(𝑥, 𝑦) = 2𝑥 + 5𝑥 2 + 3𝑦 + 4𝑦 2 , sujeita à condição de ligação 𝑥 + 𝑦 = 50, ou seja, os
pontos em análise têm que verificar aquela condição. Construindo a Lagrangeana,

𝐿(𝑥, 𝑦, 𝜆) =  2𝑥 + 5𝑥 2 + 3𝑦 + 4𝑦 2 + 𝜆(𝑥 + 𝑦 − 50)

e resolvendo as condições de 1ª ordem,

𝜕𝐿 2023
= 2 + 10𝑥 + 𝜆 = 0 2 + 10𝑥 = −𝜆 2 + 10𝑥 = −𝜆 𝜆=−
𝜕𝑥 9
𝜕𝐿 499
= 3 + 8𝑦 + 𝜆 = 0 ⇔ {3 + 8𝑦 = −𝜆 ⇔ {3 + 8𝑦 = 2 + 10𝑥 ⇔ 𝑦 =
𝜕𝑦 18
𝜕𝐿 401
𝑥 = 50 − 𝑦 𝑥 = 50 − 𝑦
{𝜕𝜆 = 𝑥 + 𝑦 − 50 = 0 {𝑥 = 18

401 499
verifica-se que existe um ponto crítico (𝑥, 𝑦) = ( 18 , ); pelas condições de 2ª ordem
18

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Funções reais de várias variáveis reais

𝜕2𝐿
= 10
𝜕𝑥 2

2
𝜕2𝐿 𝜕2𝐿 𝜕2𝐿 𝜕2𝐿 𝜕2𝐿
=8 ⇒( ) − 𝜕𝑥 2 × 𝜕𝑦 2 = −10 × 8 < 0 𝑒 = 10 > 0
𝜕𝑦 2 𝜕𝑥𝜕𝑦 𝜕𝑥 2

𝜕2𝐿
{𝜕𝑥𝜕𝑦 = 0

401 499
conclui-se, as quantidades (𝑥, 𝑦) = ( 18 , ) minimizam o custo total de produção do
18

produto P nas condições exigidas.

2) Seja a função utilidade 𝑈(𝑥, 𝑦) = ln(𝑥𝑦) com 𝑥 > 0 e 𝑦 > 0 e em que x e y estão
sujeitos à restrição orçamental 𝑦 + 𝑥 = 𝑎 (𝑎 ∈ 𝑅\{0}). Pretende-se analisar a existência
de extremos de U.

𝐿(𝑥, 𝑦, 𝜆) =  ln(𝑥𝑦) + 𝜆(𝑦 + 𝑥 − 𝑎)

Os pontos críticos serão solução do sistema

𝜕𝐿 1
=𝑥+𝜆 =0 𝑎
𝜕𝑥 𝑥=𝑦 𝑥=2
𝜕𝐿 1
=𝑦+𝜆 =0 ⟺ { ⟺{
𝜕𝑦 𝑎
𝜕𝐿
𝑥+𝑦 =𝑎 𝑦=2
{𝜕𝜆 = 𝑥 + 𝑦 − 𝑎 = 0

𝑎 𝑎
Existe um ponto crítico, (2 , 2).

Nesse ponto,

𝜕2𝐿 1
= − 𝑥2
𝜕𝑥 2
𝜕2𝐿 2
1 𝜕2𝐿 𝜕2𝐿 𝜕2𝐿 4 𝜕2𝐿 1
= − 𝑦2 ⇒ (𝜕𝑥𝜕𝑦) − 𝜕𝑥 2 × 𝜕𝑦 2 = − 𝑎4 < 0 e = − 𝑥2 < 0
𝜕𝑦 2 𝜕𝑥 2
𝜕2𝐿
{𝜕𝑥𝜕𝑦 = 0

𝑎 𝑎 𝑎 𝑎 𝑎2
Portanto, em (2 , 2), U admite um mínimo com valor 𝑈 (2 , 2) = ln ( 4 )

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Funções reais de várias variáveis reais

5.5. Exercícios propostos

1. Determine os pontos críticos e estude a sua natureza, para cada uma das funções:

a) 𝑧 = 2𝑥 3 + 𝑥𝑦 2 + 5𝑥 2 + 𝑦 2

𝑥
b) 𝑗(𝑥, 𝑦) = 𝑥+𝑦

c) 𝑧 = 𝑥 4 + 𝑦 4 − 2𝑥 2 − 2𝑦 2 + 4𝑥𝑦

16 5 5
d) w(a, b) = a + b − a − 5b
5

e) 𝑛(𝜇, 𝜌) = (𝜇 − 1)3 + (𝜌 − 2)2 − 3𝜇 − 12𝜌

f) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 4𝑥 2 𝑒 𝑦 − 2𝑥 4 − 𝑒 4𝑦

2 +𝑦 2 )
g) 𝑓(𝑥, 𝑦) = (𝑥 2 + 3𝑦 2 ) ∙ 𝑒 −(𝑥

2. Determine os extremos das funções seguintes, tendo em consideração as condições de


ligação referidas:

a) 𝑧 = 26𝑥 − 3𝑥 2 + 5𝑥𝑦 − 6𝑦 2 + 12𝑦 com 3x + y = 170

b) 𝑓(𝑎, 𝑏) = 4𝑎2 − 3𝑎 + 5𝑎𝑏 − 8𝑏 + 2𝑏 2 com a = 2b

c) 𝑧(𝑥, 𝑦) = 5𝑥 2 − 𝑥𝑦 + 6𝑦 2 com x + 2y = 24

1
d) g ( x, y ) = x3 + y3 com y=
x

3. Determine os pontos críticos e recorra ao Teorema do Valor Extremo para concluir que
as funções admitem máximo e mínimo absoluto e indique-os:

4 x2 + y = 4
2
a) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥𝑦 com

b) z = x2 − y x2 = 4 − y
2 2
com

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Funções reais de várias variáveis reais

4. Considere a função de produção definida pela expressão 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 1/5 𝑦 4/5, em que
x são as unidades de capital (em euros) e y as de trabalho. Suponha que cada unidade
de capital custa C1 euros e cada unidade de trabalho custa C 2 euros; suponha ainda que
dispomos de C euros para esses custos e que nessas condições a função admite um
máximo. Determine as unidades de capital e de trabalho que maximizam a produção.

5. A quantidade Q produzida de um determinado bem depende das quantidades utilizadas


das matérias primas A e B, respetivamente a e b, em toneladas, sendo a relação existente
dada por 𝑄 = ln( 𝑎𝑏). Sabendo que cada tonelada da matéria prima A custa 200 u.m. e
da B 300 u.m., qual a quantidade máxima produzida do bem em causa com 5000 u.m.?

6. Suponha que as vendas (V) de um determinado produto são função das quantias
x e y gastas em inovação e publicidade respetivamente,

80𝑥 50𝑦
V= +
25+3𝑥 10+𝑦

e que o lucro obtido é igual à diferença entre 10% das vendas e os gastos em publicidade
e inovação.

Sabendo que o gestor do produto dispõe de 15 u.m. para gastar em inovação e


publicidade, diga como deve ser repartida a referida quantia de modo a maximizar o
lucro.

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Funções reais de várias variáveis reais

Soluções:

5 125
1. a) mínimo em (0,0) de valor 0 e máximo em (− . 0) de valor
3 27

pontos de sela em (–1,–2) e (–1,2)

b) não admite pontos críticos

c) ponto crítico em (0,0) não identificado

mínimos em (√2, −√2) e (−√2, √2), de valor −8

d) máximo em ( − 2,− 1) de valor 4,4 e mínimo em ( 2 , 1) de valor −4,4


1 1

pontos de sela em ( − 2 , 1) e ( 2 ,− 1)
1 1

e) mínimo em (2,8) de valor −65

ponto de sela em (0,8)

f) máximo em (−1,0) de valor 1 e máximo em (1,0) de valor 1


3
g) mínimo em (0,0) de valor 0 e máximos em (0,− 1) e (0,1) de valor 𝑒

pontos de sela em (−1,0) e (1,0)


145
2. a) máximo em ( , 25) de valor −3160
3
1 1
b) mínimo em ( 2 , 4 ) de valor − 47
c) mínimo em (6,9) de valor 612

d) máximo em (−1,− 1) de valor –2 e mínimo em (1,1) de valor 2


√2 √2
3. a) pontos críticos em (± , ±√2) e (± , ∓√2), respetivamente máximo de valor 1
2 2
e mínimo de valor –1

b) máximo em (±2,0), de valor 4 e mínimo em (0, ±2), de valor −4


𝐶 4𝐶
4. unidades de capital e unidades de trabalho
5𝐶1 5𝐶2

5. 4,646 toneladas

6. 5 u.m. em inovação e 10 u.m. em publicidade

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Funções reais de várias variáveis reais

6. Função definida na forma implícita

Em R, geralmente, uma função está definida por uma expressão do tipo y = f (x), ou seja, y
está definida como função de x na forma explícita. Por exemplo, 𝑦 = 3𝑥 5 − 𝑥 2 + 7.

No entanto, por vezes, as funções são dadas de forma implícita, ou seja por uma equação
do tipo F(x, y) = 0. No exemplo apresentado, seria 𝑦 − 3𝑥 5 + 𝑥 2 − 7 = 0.

Dada uma equação do tipo F(x,y) = 0, nem sempre é possível explicitar uma das variáveis
em função da outra. Ainda assim, em determinadas condições, continua a ser possível
𝑑𝑦
calcular a derivada y’(x) ou 𝑑𝑥 .

6.1. Teorema da Função Implícita

Seja F: 𝑅 2 → 𝑅; se:

(1) 𝐹(𝑥0 , 𝑦0 ) = 0

𝜕𝐹 𝜕𝐹
(2) 𝜕𝑥 (𝑥, 𝑦) e (𝑥, 𝑦) existem e são contínuas numa vizinhança V de (𝑥0 , 𝑦0 )
𝜕𝑦

𝜕𝐹
(3) 𝜕𝑦 (𝑥0 , 𝑦0 ) ≠ 0

então, a equação F(x, y) = 0 define implicitamente y como função de x em qualquer


vizinhança de (𝑥0 , 𝑦0 ) contida em V, isto é, existe uma função f derivável definida em V,
com y = f (x), tal que 𝑓(𝑥0 ) = 𝑦0 e F(x, f (x)) = 0. Os pontos que verificam as condições do
teorema acima chamam-se pontos ordinários.

Exemplo:

A igualdade 𝑥 3 + 𝑦 3 = 6𝑥𝑦 define implicitamente y como função de x em todos os pontos


1
de 𝑅 2 que verificam a condição e não pertencem à parábola 𝑥 = 2 𝑦 2 . Com efeito,

𝑥 3 + 𝑦 3 = 6𝑥𝑦 ⇔ ⏟
𝑥 3 + 𝑦 3 − 6𝑥𝑦 = 0
𝐹(𝑥,𝑦)

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Funções reais de várias variáveis reais

𝜕𝐹
= 3𝑥 2 − 6𝑦
𝜕𝑥
{𝜕𝐹 as derivadas parciais existem e são contínuas em 𝑅 2 .
2
= 3𝑦 − 6𝑥
𝜕𝑦

𝜕𝐹 1
Como 𝜕𝑦 (𝑥, 𝑦) = 0 ⇔ 𝑥 = 2 𝑦 2, a igualdade 𝑥 3 + 𝑦 3 = 6𝑥𝑦 define implicitamente y como
1
função de x em todos os pontos de 𝑅 2 que a verificam e não pertencem à parábola 𝑥 = 2 𝑦 2 .

6.2. Derivada da função definida na forma implícita

Derivando (através da técnica de derivação da função composta) a igualdade F(x,y) = 0,

𝜕𝐹 𝜕𝐹 𝑑𝑦
tem-se que (𝑥, 𝑦) + (𝑥, 𝑦) ∙ (𝑥, 𝑦) = 0.
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝑑𝑥

𝜕𝐹
𝑑𝑦 (𝑥,𝑦)
𝜕𝑥
Assim, nas condições do teorema anterior, é possível calcular = −  𝜕𝐹 .
𝑑𝑥 (𝑥,𝑦)
𝜕𝑦

Exemplos:

(1) Pretende-se determinar y’, quando existir, sendo y a função de x definida implicitamente
15
pela igualdade 𝑥 3 + 𝑦 3 = 6𝑥𝑦 − .
8

É fácil verificar que a igualdade define implicitamente y como função de x em todos os


1
pontos de 𝑅 2 que verificam a igualdade e não pertencem à parábola 𝑥 = 2 𝑦 2 . Assim,

15 15
𝑥 3 + 𝑦 3 = 6𝑥𝑦 − ⇔𝑥 3 3
⏟ + 𝑦 − 6𝑥𝑦 + =0
8 8
𝐹(𝑥,𝑦)

𝜕𝐹
= 3𝑥 2 − 6𝑦 𝑑𝑦
𝜕𝐹
(𝑥,𝑦) 3𝑥 2 −6𝑦 2𝑦−𝑥 2
𝜕𝑥 𝜕𝑥
{𝜕𝐹 ⇒ = −  𝜕𝐹 = −  3𝑦 2−6𝑥 = 𝑦 2−2𝑥
𝑑𝑥
= 3𝑦 2 − 6𝑥 𝜕𝑦
(𝑥,𝑦)
𝜕𝑦

1
para todos os pontos (𝑥, 𝑦) que verificam aquela relação e tais que 𝑥 ≠ 2 𝑦 2 .

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Funções reais de várias variáveis reais

1 𝜕𝐹
Suponha-se agora que se pretende calcular a derivada 𝑦 ′ ( , 1). Como ( ) = 0, não se
2 𝜕𝑦 (1,1)
2

verifica a terceira condição do Teorema da Função Implícita. No entanto, e com recurso à


derivada da função composta, ainda que não seja verificado o Teorema da Função Implícita,
é possível concluir sobre a existência ou valor da derivada em pontos nessas condições 21;
𝑑𝑦
por uma questão de simplificação de notação, faz-se (𝑥, 𝑦) = 𝑦 ′ (𝑥, 𝑦) = 𝑦′; derivando
𝑑𝑥

termo a termo, fica

3𝑥 2 + 3𝑦 2 𝑦′ − 6(𝑦 + 𝑥𝑦′) = 0 ⟺ 𝑦 ′ (𝑦 2 − 2𝑥) = −𝑥 2 + 2𝑦

1 1 7
Substituindo (2 , 1) na expressão obtida, fica 𝑦 ′ (1 − 1) = − 4 + 2 ⟺ 0 = 4

1
logo, não existe derivada no ponto (2 , 1).

(2) Pretende-se determinar, quando existir, y’(0,0) sendo y a função de x definida


implicitamente pela igualdade 𝑥 3 + 𝑦 3 = 6𝑥𝑦.

Já foi verificado no primeiro exemplo deste capítulo que a igualdade 𝑥 3 + 𝑦 3 = 6𝑥𝑦 define
implicitamente y como função de x em todos os pontos de 𝑅 2 que verificam a condição e
1
não pertencem à parábola 𝑥 = 2 𝑦 2 .

𝜕𝐹
Pretende-se calcular a derivada 𝑦 ′ (0,0). Como (𝜕𝑦) = 0, não se verifica a terceira
(0,0)

condição do Teorema da Função Implícita.

Usando o mesmo método do exemplo anterior, e substituindo o ponto (0,0) na expressão


𝑦 ′ (𝑦 2 − 2𝑥) = −𝑥 2 + 2𝑦, resulta

𝑦 ′ (0 − 0) = −0 + 0 ⟺ 0 = 0 (pelo que nada se conclui)

Derivando novamente a expressão anterior,

𝑦 ′ (𝑦 2 − 2𝑥) = −𝑥 2 + 2𝑦 ⟺ 𝑦 ′′ (𝑦 2 − 2𝑥) + 𝑦 ′ (2𝑦𝑦 ′ − 2) = −2𝑥 + 2𝑦𝑦 ′

21
Estes pontos (não ordinários) chamam-se pontos singulares.

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Funções reais de várias variáveis reais

Substituindo (x,y) = (0,0), resulta 𝑦 ′′ ∙ (0 − 0) + 𝑦 ′ = 0 ⟺ 𝑦 ′ = 0 , ou seja 𝑦 ′ (0,0) = 0.

𝑑2 𝑦
Supondo agora que se pretende calcular a segunda derivada 𝑑𝑥 2 (ou y''), deriva-se novamente

a igualdade anterior 𝑦 ′′ (𝑦 2 − 2𝑥) + 𝑦 ′ (2𝑦𝑦 ′ − 2) = −2𝑥 + 2𝑦𝑦 ′ em ordem a x:

𝑦 ′′′ (𝑦 2 − 2𝑥) + 𝑦 ′′ (2𝑦𝑦′ − 2) + 𝑦 ′′ (2𝑦𝑦 ′ − 2) + 𝑦 ′ (2𝑦′𝑦 ′ + 2𝑦𝑦′′) = −2 + 2𝑦′𝑦 ′ + 2𝑦𝑦′′

Tendo em conta que (𝑥, 𝑦) = (0,0) e 𝑦 ′(0,0) = 0 e substituindo,

1
𝑦 ′′′ (0 − 0) + 𝑦 ′′ (0 − 2) + 𝑦 ′′ (0 − 2) + 𝑦 ′ (0 + 0) = −2 + 0 + 0 ⟺ −4𝑦′′ = −2 ⟺ 𝑦′′ = 2

Derivadas de ordem superior são calculadas através da derivação sucessiva nos mesmos
moldes.22

O Teorema da Função Implícita e a regra de derivação indicada podem ser generalizados a


funções de n variáveis reais. No caso de uma equação da forma F(x,y,z) = 0, que define z
como função implícita de x e y, tem-se:

𝜕𝐹 𝜕𝐹
𝜕𝑧 (𝑥,𝑦,𝑧) 𝜕𝑧 (𝑥,𝑦,𝑧)
𝜕𝑥 𝜕𝑦
(𝑥, 𝑦, 𝑧) = − 𝜕𝐹 e (𝑥, 𝑦, 𝑧) = − 𝜕𝐹
𝜕𝑥 (𝑥,𝑦,𝑧) 𝜕𝑦 (𝑥,𝑦,𝑧)
𝜕𝑧 𝜕𝑧

Exemplo:
𝜕𝑧 𝜕𝑧
Pretende-se determinar   e , sendo 𝑥 3 + 𝑦 3 + 𝑧 3 + 6𝑥𝑦𝑧 = 1.
𝜕𝑥 𝜕𝑦

𝑥 3 + 𝑦 3 + 𝑧 3 + 6𝑥𝑦𝑧 = 1 ⇔ 𝑥
⏟3 + 𝑦 3 + 𝑧 3 + 6𝑥𝑦𝑧 − 1 = 0
𝐹(𝑥,𝑦,𝑧)

𝜕𝐹
= 3𝑥 2 + 6𝑦𝑧 𝜕𝑧 3𝑥 2 +6𝑦𝑧 𝑥 2 +2𝑦𝑧
𝜕𝑥
𝜕𝐹
= −  3𝑧 2+6𝑥𝑦 = −  𝑧 2+2𝑥𝑦
𝑑𝑥
= 3𝑦 2 + 6𝑥𝑧 ⇒ { 𝜕𝑧
𝜕𝑦 3𝑦 2 +6𝑥𝑧 𝑦 2 +2𝑥𝑧
𝜕𝐹 = −  3𝑧 2+6𝑥𝑦 = −  𝑧 2+2𝑥𝑦
2 𝑑𝑦
{ 𝜕𝑧 = 3𝑧 + 6𝑥𝑦

22
Limita-se a análise à indicação e exemplificação da estratégia de cálculo das derivadas de uma
função definida na forma implícita; no entanto, a análise dos pontos singulares exige um estudo
mais detalhado do comportamento da função na sua vizinhança, o que não é do âmbito do
programa.

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Funções reais de várias variáveis reais

Exercícios resolvidos:

1) Admitindo que 𝑦 = 𝑓(𝑥) é uma função derivável definida implicitamente pela equação

𝑥𝑦 2 + 𝑦 + 𝑥 = 1.

−1−[𝑓(𝑥)]2
a) Mostrar que 𝑓′(𝑥) = , para todo o 𝑥 ∈ 𝐷𝑓 e 2𝑥 𝑓(𝑥) + 1 ≠ 0.
2𝑥 𝑓(𝑥)+1

b) Escrever a equação da reta tangente ao gráfico da função y = f (x) no ponto (0,1).

Resolução:

a) 𝑥𝑦 2 + 𝑦 + 𝑥 = 1 ⇔ ⏟
𝑥𝑦 2 + 𝑦 + 𝑥 − 1 = 0
𝐹(𝑥,𝑦)

𝜕𝐹
𝜕𝑥 𝑦 2 +1 −1−[𝑓(𝑥)]2
𝑓´(𝑥) = −  𝜕𝐹 = −  2𝑥𝑦+1 = (note-se que y = f (x))
2𝑥𝑓(𝑥)+1
𝜕𝑦

b) Recorde-se que a equação da reta tangente ao gráfico de uma função y = f (x) num ponto
de abcissa 𝑥0 , pode ser dada23 por

𝑦 − 𝑓(𝑥0 ) = 𝑓′(𝑥0 )(𝑥 − 𝑥0 )

No exemplo em causa, fica 𝑦 − 1 = 𝑓′(0)(𝑥 − 0) ⇔ 𝑦 = −2𝑥 + 1

2) Dada a função 𝑦(𝑥), definida na forma implícita por 3𝑦 2 𝑥 − 2𝑥 2 𝑦 = 𝑥𝑦, calcular as


𝑑𝑦 𝑑2 𝑦
derivadas 𝑑𝑥 e 𝑑𝑥 2 no ponto (1,1).

Resolução:

6𝑦𝑦′𝑥 + 3𝑦 2 − 4𝑥𝑦 − 2𝑥 2 𝑦′ = 𝑦 + 𝑥𝑦′


2
em (1,1), fica 6𝑦 ′ + 3 − 4 − 2𝑦 ′ = 1 + 𝑦 ′ ⇔ 𝑦 ′ = 3

23
Esta fórmula é uma variante da equação reduzida y = mx+b.

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Funções reais de várias variáveis reais

Para calcular 𝑦′′, repete-se a derivação, pelo que fica

6𝑦𝑦′𝑥 + 3𝑦 2 − 4𝑥𝑦 − 2𝑥 2 𝑦′ = 𝑦 + 𝑥𝑦′

6𝑦′𝑦′𝑥 + 6𝑦𝑦′′𝑥 + 6𝑦𝑦′ + 6𝑦𝑦′ − 4(𝑦 + 𝑥𝑦′) − 2(2𝑥𝑦′ + 𝑥 2 𝑦′′) = 𝑦′ + 𝑦′ + 𝑥𝑦′′

2
Em (1,1) (ponto onde já sabemos que 𝑦 ′ = ), fica
3

2 2 2 2 2 2
6 ∙ (3) + 6𝑦 ′′ + 12 ∙ 3 − 4 − 8 ∙ 3 − 2𝑦 ′′ = 3 + 3 + 𝑦′′ ⟺ 3𝑦′′ = 0 ⇔ 𝑦′′ = 0

𝑑𝑦 𝑒 𝑒
3. Seja 𝑔(𝑥, 𝑦) = ln( 𝑥 2 + 𝑦 2 ); calcular no ponto (𝑥, 𝑦) = (√2 , √2), em que 𝑦(𝑥) é a
𝑑𝑥

função definida implicitamente por 𝑔(𝑥, 𝑦) − 1 = 0.

Resolução:

2𝑥+2𝑦𝑦′ 𝑥
= 0 ⇔ 2𝑥 + 2𝑦𝑦′ = 0 ⇔ 𝑦′ = − 𝑦
𝑥 2 +𝑦 2

𝑒
𝑒 𝑒 𝑑𝑦 √2
No ponto (𝑥, 𝑦) = (√2 , √2), =− = −1
𝑑𝑥 𝑒
√2

Ou, tendo em conta que este ponto satisfaz as condições do Teorema da Função Implícita,

𝑔(𝑥, 𝑦) − 1 = 0 ⇔ ⏟ ( 𝑥2 + 𝑦2) − 1 = 0
ln
𝐹(𝑥,𝑦)

𝑒 𝜕𝐹(𝑥,𝑦)
𝜕𝐹(𝑥,𝑦) 2𝑦 𝜕𝐹 2√ 𝑑𝑦
2 𝜕𝑥
= 𝑥 2 +𝑦 2 ⇒ (𝜕𝑦) 𝑒 𝑒
= 𝑒 𝑒 ≠0 ⇒ =− 𝜕𝐹(𝑥,𝑦)
𝜕𝑦 (√ ,√ ) + 𝑑𝑥
2 2 2 2 𝜕𝑦

𝜕𝐹(𝑥,𝑦) 2𝑥
= 𝑥 2 +𝑦 2 𝑑𝑦
2𝑥
𝑥
𝜕𝑥 𝑥2 +𝑦2
{𝜕𝐹(𝑥,𝑦) 2𝑦
⇒ =− 2𝑦 = −𝑦
𝑑𝑥
= 𝑥 2 +𝑦 2 𝑥2 +𝑦2
𝜕𝑦

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Funções reais de várias variáveis reais

4) Dada a função y(x) definida na forma implícita pela igualdade 𝑥 ∙ 𝑒 1+𝑥+𝑦 + 1 = −𝑦 2,


verificar se 0 é extremo da função para 𝑥 = −1.

Resolução:

Verifica-se facilmente que (−1,0) satisfaz as condições do Teorema da função implícita.


Assim, derivando ambos os membros da igualdade 𝑥 ∙ 𝑒 1+𝑥+𝑦 + 1 = −𝑦 2 , fica

𝑒 1+𝑥+𝑦 + 𝑥 ∙ (1 + 𝑦′) 𝑒 1+𝑥+𝑦 = −2𝑦𝑦′

No ponto (−1,0), 𝑒 0 − 𝑒 0 ∙ (1 + 𝑦′) = 0 ⟺ −𝑦′ = 0 ⟺ 𝑦′ = 0, ou seja, está verificada a


condição necessária para existencia de extremo.

A classificação do ponto pode ser feita com recurso à segunda derivada no ponto. Assim,
continuando a derivar,

(1 + 𝑦′) ∙ 𝑒 1+𝑥+𝑦 + (1 + 𝑦′) ∙ 𝑒 1+𝑥+𝑦 + 𝑥 ∙ 𝑦′′ ∙ 𝑒 1+𝑥+𝑦 + 𝑥 ∙ (1 + 𝑦′) ∙ (1 + 𝑦′) ∙ 𝑒 1+𝑥+𝑦 =


= −2(𝑦′𝑦′ + 𝑦𝑦′′)

Substituindo novamente (𝑥, 𝑦) = (−1,0) e tendo em conta que 𝑦′(−1) = 0, fica

𝑒 0 + 𝑒 0 − 𝑒 0 ∙ 𝑦′′ − 𝑒 0 = −2(0 + 0) ⟺ 𝑦′′(−1) = 1 > 0.


Conclui-se, assim, que em 𝑥 = −1 existe um mínimo24 cujo valor é 0.

6.3. Classificação de extremos relativos condicionados com recurso à função implícita

Como foi visto, o sinal do ∆ nas condições de segunda ordem é apenas condição suficiente
para a classificação de pontos críticos na análise de extremos relativos condicionados, pelo
que, quando ∆ ≥ 0 nada se pode concluir.

24
Recorde-se que, sendo 𝑦′(𝑥) = 0, 𝑦(𝑥) será um máximo relativo se e só se 𝑦′′(𝑥) < 0 e será um mínimo
relativo se e só se 𝑦′′(𝑥) > 0.

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Funções reais de várias variáveis reais

Nesta secção vai ser explicitado um método analítico de classificação de extremos com
recurso à derivação de uma função na forma implícita.

Considere-se novamente a função utilidade 𝑈(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2/3 𝑦1/3, em que x e y são as


quantidades de determinados bens A e B, eventualmente substituíveis entre si, e cujo preço
unitário é respetivamente 2 e 3. As quantidades a consumir dos bens A e B estão
condicionadas pela restrição orçamental 2𝑥 + 3𝑦 = 9.

Concluiu-se anteriormente (página 58) que a função U admite um único ponto crítico
2
𝜕2𝐿 𝜕2𝐿 𝜕2𝐿
(𝑥, 𝑦) = (3,1). Verifica-se que ( ) − 𝜕𝑥 2 × 𝜕𝑦 2 = 0, pelo que as condições de segunda
𝜕𝑥𝜕𝑦

ordem nada permitem concluir.

Note-se que a condição de ligação 2𝑥 + 3𝑦 = 9 permite definir y como função de x e,


nessas condições, 𝐿(𝑥, 𝑦, 𝜆) corresponde a uma função de 𝑥, 𝐹(𝑥) = 𝑥 2/3 (𝑦(𝑥))1/3, já
que 2𝑥 + 3𝑦 − 9 = 0.

Para classificar o ponto crítico (3,1), é necessário conhecer o sinal de 𝐹′′(𝑥). É necessário,
portanto, calcular a sua expressão. Recorrendo à derivada na forma implícita (mais uma vez,
por uma questão de simplificação de notação, faz-se 𝑦(𝑥) = 𝑦, 𝑦′(𝑥) = 𝑦′ e 𝑦′′(𝑥) = 𝑦′′):

2 1
𝐹′(𝑥) = 3 𝑥 −1/3 𝑦 1/3 + 3 𝑥 2/3 𝑦 −2/3 ∙ 𝑦′

2 2 −1/3 −2/3 2 2
𝐹′′(𝑥) = − 9 𝑥 −4/3 𝑦1/3 + 9
𝑥 𝑦 ∙ 𝑦′ + 9 𝑥 −1/3 𝑦 −2/3 ∙ 𝑦′ − 9 𝑥 2/3 𝑦 −5/3 ∙ 𝑦′ ∙ 𝑦′ +
1
+ 3 𝑥 2/3 𝑦 −2/3 ∙ 𝑦′′

2 2 2 2 1
𝐹′′(3) = − 9 ∙ 3−4/3 + 9
∙ 3−1/3 ∙ 𝑦′(3) + 9
∙ 3−1/3 ∙ 𝑦′(3) − 9 ∙ 32/3 ∙ (𝑦′(3))2 + 3 ∙ 32/3 ∙ 𝑦′′(3)

Para calcular 𝑦′(3) e 𝑦′′(3), basta derivar (mais uma vez na forma implícita) a condição de
ligação 2𝑥 + 3𝑦 = 9 :

2
2 + 3𝑦′ = 0 ⟺ 𝑦′ = − 3

3𝑦′′ = 0 ⟺ 𝑦′′ = 0

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Funções reais de várias variáveis reais

Substituindo em 𝐹′′(3): 25

2 2 2 2 2 2 2 2 1
𝐹′′(3) = − 9 ∙ 3−4/3 + 9
∙ 3−1/3 ∙ (− 3) + 9
∙ 3−1/3 ∙ (− 3) − 9 ∙ 32/3 ∙ (− 3) + 3 ∙ 32/3 ∙ 0 =
2 8 8
= − 9 ∙ 3−4/3 − 27
∙ 3−1/3 − 81 ∙ 32/3 < 0

Conclui-se assim, que para (𝑥, 𝑦) = (3,1), a utilidade é máxima.

6.4. Aplicações em contexto económico

Seja a função utilidade 𝑈(𝑥, 𝑦) = √𝑥𝑦 em que x e y estão sujeitos à restrição orçamental
2𝑦 + 3𝑥 = 5. Pretende-se analisar a existência de extremos de U.

Trata-se de um problema de cálculo de extremos condicionados através de uma condição de


igualdade. Recorrendo à Função Auxiliar de Lagrange,

𝐿(𝑥, 𝑦, 𝜆) =   √𝑥𝑦 + 𝜆(2𝑦 + 3𝑥 − 5) = 𝑥1/2 𝑦 1/2 + 𝜆(2𝑦 + 3𝑥 − 5)

Os pontos críticos serão solução do sistema

𝜕𝐿 1
= 2 𝑥 −1/2 𝑦 1/2 + 3𝜆 = 0
𝜕𝑥 1 1
𝑥 −1/2 𝑦 1/2 = 4 𝑥1/2 𝑦 −1/2 2𝑦 = 3𝑥
𝜕𝐿 1 1/2 −1/2 6
= 2𝑥 𝑦 + 2𝜆 = 0 ⟺ { ⟺{
𝜕𝑦
3𝑥 + 2𝑦 = 5 3𝑥 + 2𝑦 − 5 = 0
𝜕𝐿
{𝜕𝜆 = 3𝑥 + 2𝑦 − 5 = 0

5
𝑥=6
5 5
⟺{ Existe um ponto crítico, (6 , 4).
5
𝑦=4

25 2
Note-se que para 𝑦′ = − resulta 𝐹′(3) = 0 (verifique!), como teria que acontecer, tendo em conta que
3

(3,1) é ponto crítico da função F.

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Funções reais de várias variáveis reais

𝜕2𝐿 1
= − 4 𝑥 −3/2 𝑦1/2
𝜕𝑥 2

2
𝜕𝐿2 1 𝜕2𝐿 𝜕2𝐿 𝜕2𝐿
= − 4 𝑥1/2 𝑦 −3/2 ⇒ (𝜕𝑥𝜕𝑦) − 𝜕𝑥 2 × 𝜕𝑦 2 = 0 (nada se conclui)
𝜕𝑦 2

𝜕2𝐿 1 −1/2 −1/2


{𝜕𝑥𝜕𝑦 = 4 𝑥 𝑦

A condição de ligação 2𝑦 + 3𝑥 = 5 permite definir y como função implícita de x e, nessas


condições, 𝐿(𝑥, 𝑦, 𝜆) corresponde a uma função de x, 𝐹(𝑥) = 𝑥 1/2 (𝑦(𝑥))1/2 , já que
2𝑦 + 3𝑥 − 5 = 0.

5 5
Para classificar o ponto crítico (6 , 4) , é necessário conhecer o sinal de 𝐹′′(𝑥). É necessário,

portanto, calcular a sua expressão. Recorrendo à derivada na forma implícita (mais uma vez,
para simplificar as notações, representa-se 𝑦(𝑥) por y, 𝑦′(𝑥) por y' e y''(x) por y'':

1 1
𝐹′(𝑥) = 2 𝑥 −1/2 𝑦 1/2 + 2 𝑥1/2 𝑦 −1/2 ∙ 𝑦′

1 1 1 1
𝐹′′(𝑥) = − 4 𝑥 −3/2 𝑦1/2 + 𝑥 −1/2 𝑦 −3/2 ∙ 𝑦′ + 4 𝑥 −1/2 𝑦 −1/2 ∙ 𝑦′ − 4 𝑥1/2 𝑦 −3/2 ∙ 𝑦′ ∙ 𝑦′ +
4
1
+ 2 𝑥1/2 𝑦 −1/2 ∙ 𝑦′′

−1/2
5 1 5 −3/2 5 1/2 1 5 −1/2 5 −3/2 5 1 5 −1/2 5 5
𝐹′′ (6) = − 4 (6) (4) + ( ) (4) ∙ 𝑦′ (6) + 4 (6) (4) ∙ 𝑦′ (6) −
4 6
−3/2 2 −1/2
1 5 1/2 5 5 1 5 1/2 5 5
− 4 (6) (4) ∙ (𝑦′ (6)) + 2 (6) (4) ∙ 𝑦′′ (6)

5 5
Para calcular 𝑦′ (6) e 𝑦′′ (6), basta derivar (mais uma vez na forma implícita) a condição de

ligação 2𝑦 + 3𝑥 = 5 :

3
2𝑦′ + 3 = 0 ⟺ 𝑦′ = − 2

2𝑦′′ = 0 ⟺ 𝑦′′ = 0

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Funções reais de várias variáveis reais

5
Substituindo em 𝐹′′ (6) : 26

−1/2
5 1 5 −3/2 5 1/2 1 5 −1/2 5 −3/2 3 1 5 −1/2 5 3
𝐹′′ (6) = − 4 ∙ (6) ∙ (4) + 4
∙ (6) ∙ (4) ∙ (− 2) + 4 ∙ (6) ∙ (4) ∙ (− 2) −
−3/2 −1/2
1 5 1/2 5 3 2 1 5 1/2 5
− 4 ∙ (6) ∙ (4) ∙ (− 2) + 2 ∙ (6) ∙ (4) ∙0<0

5 5
Conclui-se assim, que para (𝑥, 𝑦) = (6 , 4), a utilidade é máxima e o valor da utilidade

5 5 25
máxima é 𝑈 ( , ) = √ .
6 4 24

6.5. Métodos numéricos para o cálculo dos zeros de uma função real de variável real

Embora seja um problema transversal a qualquer ramo da matemática, é oportuno inserir


este tema no capítulo das funções definidas na forma implícita, já que, por vezes, surge a
necessidade de calcular y(x) com x conhecido, ou calcular x conhecido y(x), e esse cálculo
dá origem a uma equação em que se pretendem calcular os zeros de determinada função,
para a qual as metodologias conhecidas não funcionam. Nessas condições, na
impossibilidade de encontrar um valor exato que satisfaça a relação em causa, a questão
traduz-se na procura de um intervalo de números reais ]𝑥1 , 𝑥2 [ entre os quais se encontre
uma e uma só raiz da equação e, posteriormente, reduzir esse intervalo a dimensões
compatíveis com a necessidade (e possibilidade) de precisão.

6.5.1. Isolamento das raízes

Seja f contínua num intervalo [𝑎, 𝑏]. Se 𝑓(𝑎) × 𝑓(𝑏) < 0, então entre a e b existe pelo menos
um zero da função f (sempre em número ímpar), enquanto que se 𝑓(𝑎) × 𝑓(𝑏) > 0, entre a
e b existe um número par de zeros (ou nenhum).27

26 2 5
Note-se que para 𝑦′ = − resulta 𝐹′ (6) = 0 (verifique!), como deveria acontecer, tendo em conta que
3
5 5
( , ) é ponto crítico da função F.
6 4

27
Consequências do Teorema de Bolzano.

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Funções reais de várias variáveis reais

Por outro lado, e como consequência do Teorema de Rolle,28 em cada intervalo definido, no
domínio de f, pelos zeros da sua derivada f ', existe no máximo um zero da função f – ficam
assim definidos os intervalos para os quais pode existir um zero da função.

Exemplo:

Seja a função y(x) definida na forma implícita pela igualdade 𝑥𝑦 3 + 𝑥 = 3𝑦 − 2. Pretende-


se, por exemplo, encontrar um valor aproximado de 𝑦(1). Substituindo x por 1, obtém-se a
equação 𝑦 3 − 3𝑦 + 3 = 0.

Fazendo 𝑓(𝑦) = 𝑦 3 − 3𝑦 + 3, vem 𝑓′(𝑦) = 3𝑦 2 − 3 , que se anula para 𝑦 = ±1.

Como 𝐷𝑓 = 𝑅, f admite, no máximo, 3 zeros: um possível zero no intervalo ]−∞, −1[, um


possível zero no intervalo ]−1,1[ e um possível zero no intervalo ]1, +∞[.

Para verificar a existência de zero em algum daqueles intervalos, basta calcular o sinal nos
seus extremos (ou o limite, no caso dos intervalos não limitados, inferior ou superiormente).
Assim:

lim (𝑦 3 − 3𝑦 + 3) = lim 𝑦 3 = −∞ < 0


𝑦→−∞ 𝑦→−∞
⟹ em ]−∞, −1[ existe um zero de f
𝑓(−1) = −1 + 3 + 3 = 5 > 0

𝑓(−1) > 0

𝑓(1) = 1 − 3 + 3 = 1 > 0 ⟹ em ]−1,1[ e ]1, +∞[ não existe


qualquer zero de f
lim (𝑦 3 − 3𝑦 + 3) = lim 𝑦 3 = +∞ > 0
𝑦→+∞ 𝑦→+∞

28
Teorema de Rolle: Seja f uma função contínua em [𝑎, 𝑏] e diferenciável em ]𝑎, 𝑏[ e 𝑓(𝑎) = 𝑓(𝑏). Então,
∃𝑐 ∈ ]𝑎, 𝑏[ tal que 𝑓′(𝑐) = 0.

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Funções reais de várias variáveis reais

Pode-se assim concluir o valor em causa se encontra no intervalo ]−∞, −1[. É possível
encontrar (eventualmente por tentativas) um intervalo mais pequeno, encontrando um ponto
inferior a −1 cuja imagem seja negativa: como 𝑓(−3) = −27 + 9 + 3 = −15 < 0,
conclui-se que a raiz da função f, que no caso corresponde a 𝑦(1), está no intervalo ]−3, −1[.

6.5.2. Cálculo do valor aproximado da raiz

6.5.2.1. Método da bisseção

Estando identificado um intervalo ]𝑥1 , 𝑥2 [ em cujos extremos a função tem sinais opostos, o
método mais simples de reduzir esse intervalo é o método da bissecção; tem a vantagem
adicional de ser um método bastante simples para implementar através de uma rotina
informática (em Excel, por exemplo). Neste método, a redução do intervalo é realizada
𝑥1 +𝑥2
mediante o cálculo do sinal da função no ponto médio do intervalo, 𝑓 ( ). Se este valor
2

não for nulo (porque, se fosse o caso, estaria logo encontrada a raiz exata), então ocorrerá
necessariamente uma mudança de sinal em uma (e uma só) das metades do intervalo original;
a redução desejada far-se-á substituindo o intervalo original por essa metade; deste modo,
𝑥1 +𝑥2
substitui 𝑥1 ou 𝑥2 , conforme o caso, e o processo repete-se.
2

Voltando ao exemplo anterior, pretende-se encontrar uma raiz de 𝑓(𝑦) = 𝑦 3 − 3𝑦 + 3 (que


já sabemos que pertence ao intervalo ]−3, −1[ ), com erro inferior a 0,001. Como a
amplitude do intervalo inicial é 2, indicando 𝑦 = −2 como a raiz pretendida, o erro seria
inferior a 1 unidade, largamente maior do que o pretendido.

Considerando 𝑦 = −2, que é o valor médio do intervalo ]−3, −1[, e calculando a sua
imagem, 𝑓(−2) > 0, conclui-se que a raiz está no intervalo ]−3, −2[, já que 𝑓(−2) e
𝑓(−3) têm sinais contrários. Repetindo o processo, agora com o valor médio deste último
intervalo, como 𝑓(−2,5) < 0 e como 𝑓(−2) > 0, conclui-se que a raiz está no intervalo
]−2,5; −2[. E assim sucessivamente, até se atingir um intervalo cuja amplitude seja inferior

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Funções reais de várias variáveis reais

a 0,002 – nessas condições, se for tomada como raiz o ponto médio desse intervalo, o erro
será inferior a metade dessa amplitude, ou seja, 0,001 como foi sugerido.

Evidentemente que, dado a morosidade dos cálculos envolvidos, podem ser feitos com
recurso a alguma ferramenta conveniente. Apresenta-se como sugestão a construção de uma
folha de cálculo Excel que, após um pequeno número de iterações, conduz a uma
aproximação nas condições pretendidas (o número de iterações será tanto maior quanto
menor se pretende o erro).

Conclui-se que um valor aproximado da raiz (ou zero) da função 𝑓(𝑦) = 𝑦 3 − 3𝑦 + 3 com
erro inferir a 0,001 é −2,1045. A figura seguinte, apresenta um valor "exato"29 que, como se
verifica, está a menos de 0,001 do valor encontrado.

29
Resultado obtido pela ferramenta WolframAlpha em www.wolframalpha.com.

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Funções reais de várias variáveis reais

6.5.2.2. Método de Newton30

Contrariamente ao método anterior, não é necessário estar identificado um intervalo que


inclui a raiz, mas apenas um valor qualquer aproximado (ainda que grosseiramente) dessa
raiz, 𝑥0 .

O método tem por base o pressuposto de que pode ser considerada como aproximação a reta
tangente ao gráfico da função f no ponto inicial 𝑥0 ; o zero desta reta tangente será a
aproximação à raiz. Ou seja, as iterações resultam da substituição sucessiva dos valores de
x obtidos pela igualdade:31

𝑓(𝑥𝑘 )
𝑥𝑘+1 = 𝑥𝑘 −
𝑓′ (𝑥𝑘 )

Voltando ao exemplo anterior, pretende-se encontrar uma raiz de 𝑓(𝑦) = 𝑦 3 − 3𝑦 + 3


com erro inferior a 0,001. Seja 𝑦0 = −2 o valor inicial para a raiz pretendida. Já foi visto
que 𝑓′(𝑦) = 3𝑦 2 − 3. Na primeira iteração, resulta
𝑓(𝑥 ) 𝑓(−2) 1
𝑥1 = 𝑥0 − 𝑓′ (𝑥0 ) = −2 − 𝑓′ (−2) = −2 − 9 = −2, (1)
0

30
Também conhecido como Método da Tangente.

31
A equação da reta tangente ao gráfico de f no ponto (𝑥𝑘 , 𝑓(𝑥𝑘 )) é 𝑦 = 𝑓 ′ (𝑥𝑘 )𝑥 − 𝑥𝑘 𝑓 ′ (𝑥𝑘 ) + 𝑓(𝑥𝑘 )
(verifique!) cujo zero é dado pela igualdade enunciada.

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Funções reais de várias variáveis reais

E assim sucessivamente, até que a diferença entre dois valores sucessivos seja inferior ao
erro pretendido. Recorrendo, mais uma vez, a uma folha de cálculo Excel,

Verifica-se que, em três iterações, foi possível chegar ao valor y = −2,1038.

6.6. Exercícios propostos

1. Determine uma expressão da derivada y' das funções y(x) definidas na forma implícita:

a) sen (xy) + 2 = ln (x + y)

b) (x −3 y )
2 2 4 = x 2 y3

c) 𝑒 𝑥𝑦 + 𝑦 + 𝑥 2 = 0
(𝑦−𝑥)∙𝑒 𝑥
d) 𝑒 𝑥/𝑦 = 𝑥+𝑦

2. Determine a equação da reta tangente à curva:


1 1 1
a) 𝑥 − 𝑦 = 2 quando 𝑥 = 4

( )3
b) 1− x + y = x + 7 quando x = 1

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Funções reais de várias variáveis reais

(
c) x 2 − 2 y ) 3
= 2 x y 2 + 64 quando x = 0

( )
d) 2 x y3 +1 3 = 2 x − y3 quando x = 0

𝑑𝑦 𝑑2 𝑦
3. Calcular e no ponto (1,1) em que y é a função de x definida implicitamente pela
𝑑𝑥 𝑑𝑥 2

relação (𝑥 2 + 𝑦 2 )3 − 3(𝑥 2 + 𝑦 2 ) − 2 = 0

𝑥2 𝑦2
4. Seja y uma função definida implicitamente pela equação + = 𝑥𝑦.
2 2

𝑑𝑦
a) Determine 𝑑𝑥 num ponto genérico (x,y) tal que 𝑦 ≠ 𝑥.

𝑑𝑦
b) Determine 𝑑𝑥 no ponto (0,0).

𝑑𝑦
5. Calcule ( ) , em que y(x) é a função definida implicitamente pela igualdade
𝑑𝑥 𝑥=1

1
𝑥 2 − 2𝑥𝑦 + 𝑦 2 − 𝑥 + 𝑦 + 4 = 0.

𝑑𝑦 𝑑2 𝑦
6. Calcule (𝑑𝑥 ) e (𝑑𝑥 2 ) , em que y(x) é definida pela igualdade 𝑥 3 + 𝑦 3 = 3𝑥𝑦.
𝑥=0 𝑥=0

𝑑𝑦
7. Calcule (𝑑𝑥 ) , em que y(x) é a função definida implicitamente pela igualdade
𝑥=1

𝑥 2 − 2𝑥𝑦 + 𝑦 2 + 𝑥 + 𝑦 − 2 = 0.

8. Dada a função 𝑦 = 𝑓(𝑥) definida implicitamente pela igualdade 𝑥(𝑦 2 − 𝑥) = 4, verifique


se, para 𝑥 = 2, existe algum extremo de f.

9. Utilize a função Auxiliar de Lagrange para encontrar os pontos críticos da função


𝑓(𝑥, 𝑦) = −6𝑥 − 2𝑦 + 10 condicionados pela igualdade 𝑥 2 + 𝑦 2 = 10, e classifique-os
com recurso à derivada da função implícita.

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Funções reais de várias variáveis reais

Soluções:

1 3
−𝑦 𝑐𝑜𝑠(𝑥𝑦) 2𝑥𝑦 3 −8𝑥(𝑥 2 −3𝑦 2 )
𝑥+𝑦
1. a) 𝑦′ = 1 b) 𝑦′ = −3𝑥 2𝑦 2 −24𝑦(𝑥 2−3𝑦 2)3
𝑥 𝑐𝑜𝑠(𝑥𝑦)−
𝑥+𝑦

−𝑦𝑥 𝑥𝑦 −2𝑥 𝑦(𝑥+𝑦)2 𝑒 𝑥/𝑦 +𝑦 2 𝑒 𝑥 (𝑥 2 −𝑦 2 +2𝑦)


c) 𝑦′ = d) 𝑦′ =
𝑥𝑒 𝑥𝑦 +1 𝑥(𝑥+𝑦)2 𝑒 𝑥/𝑦 +2𝑥𝑦 2 𝑒 𝑥

1 13 11
2. a) 𝑦 = 4𝑥 − 2 b) 𝑦 = 12 𝑥 + 12

1 8
c) 𝑦 = − 𝑥−2 d) 𝑦 = 𝑥 − 1
12 3

𝑑𝑦 2
3. 𝑑𝑥 = −1 e d 2y = – 2
dx

4. a) 1 b) 1

5. 1

6.  dy  =0 e  d2 y  = 2
 
 dx  x=0 2 3
 d x  x =0

 dy   dy 
7.   = 3 e   = −1
 dx  (1,0 )  dx (1,1)

8. Para 𝑥 = 2, 𝑓 tem um mínimo de valor 2 e um máximo de valor −2.

Função f quando y > 0 Função f quando y < 0

9. Existe um máximo em (−3, −1) e um mínimo em (3,1).

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Funções reais de várias variáveis reais

7. Aproximação de funções

7.1. Diferencial

7.1.1. Diferencial32 de uma função real de uma variável real

Seja y = f (x) uma função real de variável real, contínua num intervalo [𝑥0 , 𝑥0 + ∆𝑥0 ] e
diferenciável em ]𝑥0 , 𝑥0 + ∆𝑥0 [ em que 𝑥0 é a variável independente.

Quando x sofre uma variação x, positiva ou negativa (a que chamamos incremento de x), y
também sofre uma variação correspondente, y (que pode ser positiva, negativa ou nula).

Em particular, quando x varia de x0 até x0 + x, y é a variação exata correspondente no


valor de y, de f (x0) até f (x0 + x), conforme ilustra a figura.

A variação exata é dada por y = f (x0 + x) – f (x0).

Suponhamos que f é diferenciável em x0. Como f’(x0) é o declive da reta tangente ao gráfico
𝑑𝑦
de f em (x0, f(x0)), 𝑑𝑥 = 𝑓′(𝑥) ⟺ 𝑑𝑦 = 𝑓′(𝑥)𝑑𝑥.

32
Ou diferencial total.

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Funções reais de várias variáveis reais

Então, dy é uma aproximação da variação da função f quando x varia de x0 até x0 + x, ou


seja33 Δ𝑦 = 𝑓(𝑥0 + 𝛥𝑥) − 𝑓(𝑥0 ) ≅ 𝑓 ′(𝑥0 ) ⋅ Δ𝑥 ⇔ 𝑓(𝑥0 + Δ𝑥) ≅ 𝑓(𝑥0 ) + 𝑓 ′ (𝑥0 ) ⋅ Δ𝑥

A dy chama-se diferencial da função f no ponto x, e é dado pela expressão

dy = ’(x) Δx

em que Δx é o incremento (ou variação) de x.

Exemplo:

Pretende-se calcular um valor aproximado de √1,01. Tendo em conta que √1 = 1, poderá


ser aplicada a fórmula do diferencial à função 𝑓(𝑥) = √𝑥 , quando x varia de 1 para 1,01 ou
seja Δ𝑥 = 0,01.

1
Assim, √1,01 ≅ √1 + 𝑓′(1) × 0,01 ⇔ √1,01 ≅ 1 + 2√1 × 0,01 ⇔ √1,01 ≅ 1,005

7.1.2. Diferencial de uma função real de várias variáveis reais

Este conceito é generalizado a funções reais de variável multidimensional:

Seja f uma função de várias variáveis independentes, 𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 . Seja Δ𝑥𝑖 o incremento


da variável 𝑥𝑖 . Então, o incremento de 𝑧 = 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 ) associado, Δ 𝑧, é dado por

Δ 𝑧 = 𝑓(𝑥1 + Δ𝑥1 , 𝑥2 + Δ𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 + Δ𝑥𝑛 ) − 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 )

Analogamente à definição introduzida no ponto anterior, diferencial da função é definido


pela expressão

𝜕𝑓 𝜕𝑓 𝜕𝑓
𝑑𝑧 = 𝜕𝑥 ⋅ Δ𝑥1 + 𝜕𝑥 ⋅ Δ𝑥2 + . . . + 𝜕𝑥 ⋅ Δ𝑥𝑛 .
1 2 𝑛

33
Recorde-se que o Teorema do Valor Médio de Lagrange valida este resultado: nas condições indicadas,

𝑓 (𝑥0 + 𝑥) – 𝑓 (𝑥0 )


∃𝑐 ∈ ]𝑥0 , 𝑥0 + ∆𝑥0 [: 𝑓′(𝑐) = , igualdade que conduz à aproximação linear referida, ou seja,
𝑥

a aproximação ao gráfico de f através da reta tangente no ponto (𝑥0 , 𝑓(𝑥0 )).

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Funções reais de várias variáveis reais

e é uma aproximação da variação da função f quando x varia de (𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 ) para


(𝑥1 + Δ𝑥1 , 𝑥2 + Δ𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 + Δ𝑥𝑛 ).

A figura que se segue, ilustra a definição anterior, considerando a caso particular de uma
função de duas variáveis, z = f (x,y), em que se encontram representados os pontos (𝑥, 𝑦) e
(𝑥 + Δ𝑥, 𝑦 + Δ𝑦) e as respetivas imagens:

Esta noção de diferencial pode ser utilizada no cálculo do valor aproximado de uma função

num ponto:

Conhecidos o ponto inicial (𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 ), o ponto objetivo (após as variações ∆𝑥𝑖 )


(𝑥1 + Δ𝑥1 , 𝑥2 + Δ𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 + Δ𝑥𝑛 ) e o diferencial dz, é possível calcular um valor
aproximado da imagem do ponto objetivo:

𝑓(𝑥1 + Δ𝑥1 , 𝑥2 + Δ𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 + Δ𝑥𝑛 ) ≅ 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 ) + 𝑑𝑧

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Funções reais de várias variáveis reais

Exemplo:

Dada a função 𝑓(𝑥, 𝑦) = 3𝑥 2 − 𝑥𝑦, o diferencial da função é dado por

𝜕𝑓 𝜕𝑓
 𝑑𝑓 = 𝜕𝑥 ⋅ Δ𝑥 + 𝜕𝑦 ⋅ Δ𝑦 = (6𝑥 − 𝑦)Δ𝑥 + (−𝑥)Δ𝑦

Assim, um valor aproximado da variação de f, calculado com recurso à expressão do


diferencial, quando (x,y) varia de (1,2) para (1,01;1,98) será

𝜕𝑓 𝜕𝑓
Δ𝑓 ≅ 𝜕𝑥 ⋅ Δ𝑥 + 𝜕𝑦 ⋅ Δ𝑦 ⟺ Δ𝑓 ≅ (6𝑥 − 𝑦)Δ𝑥 + (−𝑥)Δ𝑦

Δ𝑥 = 1,01 − 1 = 0,01
Δ𝑦 = 1,98 − 2 = −0,02

𝜕𝑓 𝜕𝑓
𝛥𝑓 ≅ (𝜕𝑥 ) ⋅ Δ𝑥 + (𝜕𝑦) ⋅ Δ𝑦
(1,2) (1,2)

Δ𝑓 ≅ 4Δ𝑥 + (−1)Δ𝑦 ⟺ Δ𝑓 ≅ 0,04 + 0,02 ⟺ Δ𝑓 ≅ 0,06

Finalmente, um valor aproximado de f(1,01;1,98), calculado com recurso à expressão do


diferencial:

𝑓(1,01; 1,98) ≅ 𝑓(1,2) + 𝑑𝑓

𝑓(1,01; 1,98) ≅ 1 + 0,06

𝑓(1,01; 1,98) ≅ 1,06

Exercício resolvido:

Calcular, usando a noção de diferencial, um valor aproximado de e 2, 01 .


0,05 + 0,98
2 2

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Funções reais de várias variáveis reais

Resolução:

Por analogia com a expressão enunciada, considera-se f ( x, y, z ) = ex


y2 + z2

O ponto inicial poderia ser qualquer um, mas quanto mais distante estiver do ponto objetivo
(2,01; 0,05; 0,98), menor será a qualidade do ajustamento. Assim, considera-se para ponto
inicial (2,0,1).

Na sequência da metodologia descrita,

𝛥𝑥 = 2,01 − 2 = 0,01

𝛥𝑦 = 0,05 − 0 = 0,05
𝛥𝑧 = 0,98 − 1 = −0,02

f ex  f 
=   = e2
x y +z
2 2 
  ( 2,0,1)
x

2y
− ex 
f 2 y2 + z2  f 
=    =0
y y2 + z2  y  ( 2,0,1)

2z
− ex 
f 2 y2 + z2  f 
=   = − e2
z y2 + z2  z  ( 2,0,1)

Pelo que

𝜕𝑓 𝜕𝑓 𝜕𝑓
Δ𝑓 ≅ (𝜕𝑥 ) ⋅ Δ𝑥 + (𝜕𝑦) ⋅ Δ𝑦 + (𝜕𝑧 ) ⋅ Δ𝑧 ⇔
(2,0,1) (2,0,1) (2,0,1)

⇔ Δ𝑓 ≅ 𝑒 2 ⋅ 0,01 + 0 ⋅ 0,05 + (−𝑒 2 ) ⋅ (−0,02) ⇔ Δ𝑓 ≅ 0,2217

e 2,01 e2 e 2,01
donde resulta  + f   7,61
0,052 + 0,982 0 2 + 12 0,052 + 0,982

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Funções reais de várias variáveis reais

7.2. Polinómio de Taylor

Expandindo a análise feita no ponto anterior, recorde-se que, o que está em causa, é
aproximar o valor de uma função real de uma ou várias variáveis em torno de um ponto,
ajustando essa função a um polinómio com recurso às suas derivadas sucessivas.

7.2.1. Polinómio de Taylor para funções reais de uma variável real

Seja f uma função real de variável real derivável até à ordem n numa vizinhança de a
(𝑎 ∈ 𝐷𝑓 ). Então, é possível definir o polinómio de Taylor de ordem n gerado por f no
ponto a:

𝑛
𝑓 (𝑘) (𝑎)
𝑇𝑎𝑛 𝑓(𝑥) =∑ (𝑥 − 𝑎)𝑘 =
𝑘!
𝑘=0

𝑓′′(𝑎) 𝑓 (𝑘) (𝑎) 𝑓 (𝑛) (𝑎)


= 𝑓(𝑎) + 𝑓′(𝑎)(𝑥 − 𝑎) + (𝑥 − 𝑎)2 +. . . + (𝑥 − 𝑎)𝑘 +. . . + (𝑥 − 𝑎)𝑛
2! 𝑘! 𝑛!

No caso particular de a = 0, chama-se Polinómio de Mac-Laurin:


𝑛
𝑓 (𝑘) (0) 𝑘 𝑓′′(0) 2 𝑓 (𝑛) (0) 𝑛
𝑇0𝑛 𝑓(𝑥) =∑ 𝑥 = 𝑓(0) + 𝑓′(0)𝑥 + 𝑥 +. . . + 𝑥
𝑘! 2! 𝑛!
𝑘=0

O polinómio de Taylor permite calcular um valor aproximado de uma função num ponto,
pelo que existe uma diferença entre o valor real da imagem do ponto por f e a sua
aproximação polinomial.

Exemplo:

Voltando ao exemplo da página 89, pretende-se calcular um valor aproximado de √1,01,


mas agora usando o desenvolvimento de Taylor de 2ª ordem da função 𝑓(𝑥) = √𝑥 em torno
do ponto 1.

𝑓′′(1) 1 3 3
𝑇12 𝑓(𝑥) = 𝑓(1) + 𝑓′(1)(𝑥 − 1) + (𝑥 − 1)2 = − 8 𝑥 2 + 4 𝑥 + 8 (verifique!) ou seja,
2!

1 3 3
𝑓(1,01) ≅ − 8 × 1,012 + 4 × 1,01 + 8 ⟺ 𝑓(1,01) ≅ 1,0049875

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Funções reais de várias variáveis reais

7.2.2. Fórmula de Taylor com resto de Lagrange34

Seja f uma função real de variável real derivável até à ordem n+1 numa vizinhança I de a
(𝑎 ∈ 𝐷𝑓 ). Então, para qualquer 𝑥 ∈ 𝐼 e 𝑥 ≠ 𝑎, ∃ 𝜃 entre 𝑎 e 𝑥 de modo que

𝑓(𝑛+1) (𝜃)
𝑓(𝑥) = 𝑇𝑎𝑛 𝑓(𝑥) + (𝑛+1)!
(𝑥 − 𝑎)𝑛+1

𝑓(𝑛+1) (𝜃)
em que 𝑅𝑎𝑛 𝑓(𝑥) = (𝑛+1)!
(𝑥 − 𝑎)𝑛+1 é o Resto de Lagrange, ou seja, neste contexto, há

possibilidade de estimar o valor do erro através da majoração do seu valor absoluto. Quanto
maior for a ordem do polinómio, menor será o erro, já que está a ser introduzida mais
informação para o cálculo da estimativa, nomeadamente derivadas de ordem superior.

Exemplo:

No exemplo anterior,

5
𝑓 (𝑛+1) (𝜃) 1
𝑅12 𝑓(𝑥) = (𝑛+1)!
(𝑥 − 𝑎)𝑛+1 = 𝜃 − 2 (𝑥 − 1)3 (verifique!) com 𝜃 ∈ ]1; 1,1[
16

Ou seja, como 𝑓(𝑥) = 𝑇12 𝑓(𝑥) + 𝑅12 𝑓(𝑥), vem

5
1 3 3 1
𝑓(1,01) = − 8 × 1,012 + 4 × 1,01 + 8 + 16 𝜃 − 2 × 0,013

≅ 𝑓(1,01) ⟺ 𝑓(1,01) ≅ 1,0049875

Uma estimativa do erro resulta da majoração da sua expressão, tendo em conta o


enquadramento de 𝜃:

5 5 5
1 1
1 < 𝜃 < 1,1 ⟹ 1 < 𝜃 2 < 1,12 ⟹ 5 < 1 ⟹ 16 𝜃 − 2 × 0,013 < 6,25 × 10−8
𝜃2

Ou seja, o erro de aproximação é inferior a 6,25 × 10−8 , o que revela o grau de precisão da
aproximação.35

34
Este ponto não faz parte dos temas em avaliação.
35
O valor "exato" com 10 dígitos fornecido por uma calculadora, é 1,004987562. O valor absoluto da diferença
é de 6,25 × 10−8 , o que está de acordo com a estimativa encontrada.

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Funções reais de várias variáveis reais

7.2.3. Polinómio de Taylor de 1º e 2º graus para funções reais de duas variáveis reais

Aqueles conceitos podem ser generalizados a funções de variável multidimensional, em


particular às funções de duas variáveis.

Seja f (x,y) uma função que admite derivadas parciais de 1ª ordem, contínuas numa
vizinhança do ponto (𝑥0 , 𝑦0 ).

Então o Polinómio de Taylor de 1º ordem é dado pela expressão36


37

𝜕𝑓 𝜕𝑓
𝑃(𝑥, 𝑦) = 𝑓(𝑥0 , 𝑦0 ) + (𝜕𝑥 ) (𝑥 − 𝑥0 ) + ( ) (𝑦 − 𝑦0 )
(𝑥0 ,𝑦0 ) 𝜕𝑦 (𝑥0 ,𝑦0 )

Analogamente, seja f (x,y) uma função que admite derivadas parciais de 1ª e 2ª ordem numa
vizinhança do ponto (𝑥0 , 𝑦0 ). Então o Polinómio de Taylor de 2ª ordem é dado pela
expressão

𝜕𝑓 𝜕𝑓 𝜕2 𝑓 (𝑥−𝑥0 )2
𝑃(𝑥, 𝑦) = 𝑓(𝑥0 , 𝑦0 ) + ( ) (𝑥 − 𝑥0 ) + ( ) (𝑦 − 𝑦0 ) + ( ) +
𝜕𝑥 (𝑥0 ,𝑦0 ) 𝜕𝑦 (𝑥 ,𝑦 ) 𝜕𝑥 2 (𝑥0 ,𝑦0 ) 2
0 0

𝜕2 𝑓 𝜕2 𝑓 (𝑦−𝑦0 )2
+ (𝜕𝑥𝜕𝑦) (𝑥 − 𝑥0 )(𝑦 − 𝑦0 ) + ( )
(𝑥0 ,𝑦0 ) 𝜕𝑦 2 (𝑥 ,𝑦 ) 2
0 0

Como já foi referido, o polinómio de Taylor permite calcular um valor aproximado de uma
função num ponto, através de uma aproximação polinomial. A aproximação através do
polinómio de Taylor de 1ª ordem, corresponde à aproximação com recurso ao diferencial,
vista no ponto anterior.

36
Note-se que o Diferencial corresponde ao Polinómio de Taylor de 1º ordem, que, consequentemente, pode
ser generalizado a qualquer número de variáveis – ver exemplo 3 da página 98.

37
Por uma questão de simplificação de notação, serão referenciados apenas por P(x,y).

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Funções reais de várias variáveis reais

A aproximação através do polinómio de Taylor de ordem 2 é mais precisa, conforme pode


ser verificado através do exemplo do capítulo anterior, em que se calculou, com recurso à
expressão do diferencial, um valor aproximado de f (1,01;1,98):

Sendo, mais uma vez, 𝑓(𝑥, 𝑦) = 3𝑥 2 − 𝑥𝑦 e fazendo o desenvolvimento em torno do ponto


(1,2), vem

 f 
f ( x; y )  f (1,2 ) +  (x − 1) +  f 

 2
( y − 2) +   f2


(x −1)2 +
  
 x  (1, 2 )  y  (1, 2 )  x  (1, 2 ) 2

 2 f 
+  ( x − 1)( y − 2 ) +
 2 f


 ( y − 2)2
 xy    y2 
  (1, 2 )   (1, 2 ) 2

f  f 
= 6x − y    =4
x  x (1, 2 )

f  f 
= − x    = −1
y  y (1, 2 )
∂2 𝑓
= −1;
𝜕𝑥𝜕𝑦

∂2 𝑓
=6
𝜕𝑥 2
∂2 𝑓
𝜕𝑦 2
=0

f ( x; y )  1 + 4(x − 1) + (−1)( y − 2) + 3 (x −1)2 + (−1) (x − 1)( y − 2)

f (1,01;1,98)  1 + 4(1,01 − 1) + (−1)(1,98 − 2) + 3 (1,01−1)2 + (−1) (1,01 − 1)(1,98 − 2)

f (1,01;1,98)  1,0605

Recorde-se que o valor aproximado calculado com recurso ao diferencial (ou polinómio de
Taylor de 1ª ordem) foi 1,06. O valor exato calculado pela máquina é 1,0605. Quanto maior
for a ordem do desenvolvimento, menor é a diferença entre os valores exato e aproximado,
ou seja, menor é o erro.

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Funções reais de várias variáveis reais

7.3. Aplicações em contexto económico

Tendo em conta a vasta gama de funções usadas em contexto económico e as variáveis

envolvidas, o cálculo de valores aproximados de funções pode ser de extrema importância

na resolução de problemas concretos neste domínio. Serão apresentados alguns exemplos

que ilustram a aplicação dos conceitos referidos nos pontos anteriores.

(1) Uma empresa de papel tem como função de produção mensal

𝑄(𝑐) = 100 ln2 𝑐 ∙ √𝑐 + 1000 unidades

em que c representa o capital investido (em milhares de euros).

Atualmente é investido mensalmente um capital de 500 mil euros. Pretende-se calcular


o capital adicional necessário para aumentar a produção em 150 unidades.

Pretende-se conhecer o acréscimo ∆𝑐 que provoca um acréscimo dQ = 150.

Considerando o desenvolvimento de Taylor de 1ª ordem de 𝑄(𝑐) em torno do ponto 500:

𝑄(𝑐) ≅ 𝑄(500) + 𝑄′(500) ∙ (𝑐 − 500) ⟺ 𝑄(𝑐) − 𝑄(500) ≅ 𝑄′(500) ∙ (𝑐 − 500)

200ln𝑐 50ln2 𝑐
𝑄′(𝑐) = √𝑐 + 1000 + √𝑐+1000
𝑐

200ln500 50ln2 500


𝑄′(500) = √500 + 1000 + √500+1000 =146,136
500

Como se pretende 𝑄(𝑐) − 𝑄(500) = 150, vem

150 = 146,136(𝑐 − 500) ⟺ 𝑐 − 500 = ∆𝑐 = 1,026

Ou seja, o capital adicional necessário para aumentar a produção em 150 unidades é


aproximadamente 1026 euros.

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Funções reais de várias variáveis reais

(2) A função utilidade de um determinado consumidor é definida analiticamente, em função


de duas variáveis x e y, por 𝑈(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2/3 𝑦1/3 .

a) Com recurso ao Polinómio de Taylor de ordem 1, pretende-se calcular o valor aproximado


da variação da utilidade, quando (𝑥, 𝑦) varia de (1,8) para (2,7):

𝜕𝑓 𝜕𝑓
𝑃(𝑥, 𝑦) = 𝑓(𝑥0 , 𝑦0 ) + (𝜕𝑥 ) (𝑥 − 𝑥0 ) + ( ) (𝑦 − 𝑦0 )
(𝑥0 ,𝑦0 ) 𝜕𝑦 (𝑥0 ,𝑦0 )

𝜕𝑈 𝜕𝑈
𝑈(2,7) ≅ 𝑈(1,8) + ( 𝜕𝑥 ) (2 − 1) + ( ) (7 − 8)
(1,8) 𝜕𝑦 (1,8)

𝜕𝑈 2 4
( 𝜕𝑥 ) = 3 𝑥 −1/3 𝑦 1/3 | =3
(1,8) (1,8)

𝜕𝑈 1 1
(𝜕𝑦 ) = 3 𝑥 2/3 𝑦 −2/3 | = 12
(1,8) (1,8)

4 1
𝑈(2,7) − 𝑈(1,8) ≅ 3 − 12 ⟺ 𝑑𝑈 ≅ 1,25

b) Com recurso ao Polinómio de Taylor de ordem 2, pretende-se calcular um valor


aproximado da utilidade, quando (𝑥, 𝑦) varia de (1,8) para (2,7):

𝜕𝑓 𝜕𝑓 𝜕2 𝑓 (𝑥−𝑥0 )2
𝑃(𝑥, 𝑦) = 𝑓(𝑥0 , 𝑦0 ) + (𝜕𝑥) (𝑥 − 𝑥0 ) + ( )
𝜕𝑦
(𝑦 − 𝑦0 ) + ( 2 )
𝜕𝑥 (𝑥0 ,𝑦0 ) 2
+
(𝑥0 ,𝑦0 ) (𝑥0 ,𝑦0 )

𝜕2 𝑓 𝜕2 𝑓 (𝑦−𝑦0 )2
+ (𝜕𝑥𝜕𝑦) (𝑥 − 𝑥0 )(𝑦 − 𝑦0 ) + ( 2 )
(𝑥0 ,𝑦0 ) 𝜕𝑦 (𝑥 ,𝑦 ) 2
0 0

𝜕𝑈 𝜕𝑈 𝜕2 𝑈 (2−1)2
𝑈(2,7) ≅ 𝑈(1,8) + ( 𝜕𝑥 ) (2 − 1) + ( ) (7 − 8) + ( ) +
(1,8) 𝜕𝑦 (1,8) 𝜕𝑥2 (1,8) 2

𝜕2 𝑈 𝜕2 𝑈 (7−8)2
+( ) (2 − 1)(7 − 8) + ( )
𝜕𝑥𝜕𝑦 (1,8) 𝜕𝑦2 (1,8) 2

𝜕2 𝑈 2 4
( 𝜕𝑥2 ) = − 9 𝑥 −4/3 𝑦1/3 | = −9
(1,8) (1,8)

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Funções reais de várias variáveis reais

𝜕2 𝑈 2 1
( ) = 𝑥−1/3 𝑦−2/3 | = 18
𝜕𝑥𝜕𝑦 (1,8) 9 (1,8)

𝜕2 𝑈 2 1
( 𝜕𝑦2 ) = − 9 𝑥 2/3 𝑦 −5/3 | = − 144
(1,8) (1,8)

4 1 4 1 1 1 1
𝑈(2,7) ≅ 2 + 3 − 12 − 9 × 2 − 18 − 144 × 2 ⟺ 𝑈(2,7) ≅ 2,97

Note-se que, da alínea anterior, apenas com o desenvolvimento de Taylor de 1ª ordem,


𝑈(2,7) ≅ 3,25.

O valor exato de 𝑈(2,7) (com duas casas decimais) é 3,04, o que mais uma vez ilustra
uma maior capacidade de aproximação do desenvolvimento de uma ordem superior,
como já foi referido.

(3) O preço P de um produto, é calculado de acordo com a expressão:

3
√𝑎2 +𝑏 2
𝑃(𝑎, 𝑏, 𝑞) = 𝑞

Em que a é o preço do fator de produção A, b é o preço do fator de produção B e q é a


quantidade produzida.

Assumindo que o preço dos fatores a e b aumentam, aproximadamente, 5%, pretende-


se calcular a variação da quantidade produzida de modo a que o preço não se altere.

Com recurso ao Polinómio de Taylor de ordem 1 (ou diferencial) para três variáveis,
pretende-se calcular o valor aproximado da variação do preço, quando a varia 0,05a, b
varia 0,05b e q varia 0,05q:

𝜕𝑃 𝜕𝑃 𝜕𝑃
𝑑𝑃 ≅ (𝜕𝑎 ) × 0,05𝑎 + (𝜕𝑏 ) × 0,05𝑏 + (𝜕𝑞 ) × 0,05𝑞
(𝑎,𝑏,𝑞) (𝑎,𝑏,𝑞) (𝑎,𝑏,𝑞)

𝜕𝑃 2𝑎
(𝜕𝑎 ) = 3
(𝑎,𝑏,𝑞) 𝑞 √(𝑎2 +𝑏 2 )2

Margarida Macedo – Católica Porto Business School 99


Funções reais de várias variáveis reais

𝜕𝑃 2𝑏
( ) = 3
𝜕𝑏 (𝑎,𝑏,𝑞) 𝑞 √(𝑎2 +𝑏 2 )2

3
𝜕𝑃 √𝑎2 +𝑏 2
(𝜕𝑞 ) =−
(𝑎,𝑏,𝑞) 𝑞2

Substituindo,

3
2𝑎 2𝑏 √𝑎2 +𝑏2
𝑑𝑃 ≅ 3 × 0,05𝑎 + 3 × 0,05𝑏 − × 0,05𝑞
𝑞 √(𝑎2 +𝑏 2 ) 2 𝑞 √(𝑎2 +𝑏2 ) 2 𝑞2

3 3 3
2𝑎 √𝑎2 +𝑏 2 2𝑏 √𝑎2 +𝑏 2 √𝑎2 +𝑏2
𝑑𝑃 ≅ × 0,05𝑎 + × 0,05𝑏 − × 0,05
𝑞(𝑎2 +𝑏 2 ) 𝑞(𝑎2 +𝑏2 ) 𝑞

3 3 3
𝑎2 √𝑎2 +𝑏2 𝑏 2 √𝑎2 +𝑏2 √𝑎2 +𝑏2
𝑑𝑃 ≅ + − × 0,05
𝑞(𝑎2 +𝑏 2 ) 𝑞(𝑎2 +𝑏 2 ) 𝑞

3 3
(𝑎2 +𝑏 2 ) √𝑎2 +𝑏2 √𝑎2 +𝑏2
𝑑𝑃 ≅ − × 0,05
𝑞(𝑎2 +𝑏 2 ) 𝑞

3 3
√𝑎2 +𝑏 2 √𝑎2 +𝑏2
𝑑𝑃 ≅ − 0,05 ×
𝑞 𝑞

3
√𝑎2 +𝑏2
𝑑𝑃 ≅ 0,95 × 𝑞

𝑑𝑃 ≅ 0,95𝑃

Ou seja, quando as variáveis independentes diminuem 5%, o preço diminui 5%.

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Funções reais de várias variáveis reais

7.4. Exercícios propostos

1. O lucro L de uma empresa produtora de lençóis de algodão é dado por uma função do
salário médio dos seus empregados (S), do preço da tonelada de algodão (C) e do preço
1
médio de venda de cada lençol (P), segundo a expressão 𝐿 = 300𝑃 ∙ 𝑒 2𝐶 − 3𝑆 2

(L, S, C e P em milhares de euros).

Sabendo que atualmente P = 10, C = 60 e S = 55, determine a variação no lucro associada


a um aumento de 2% no preço do algodão e uma diminuição de 3% nos salários.

2. O lucro L de uma empresa de fundição de ferro é função das vendas T (em toneladas)
de ferro, do custo C da eletricidade e do custo M das matérias primas, sendo a relação
definida pela expressão:

𝐿 = 200T − 1000 ⋅ √𝐶 − 100𝑀.

Durante o ano atual, a administração tem como objetivo um aumento de 5% nos lucros.
Sabendo que neste ano o preço da eletricidade subiu 10% e o custo das matérias primas
baixou 4%, que nível de vendas deverá ser atingido para que a empresa consiga atingir
os seus objetivos?

(Em finais do ano passado, T = 1 000, C = 100 e M = 1 400).

3. As vendas S de uma companhia dependem do preço P do produto que fabricam, da


despesa D em publicidade e do número de representantes R que a companhia suporta,
segundo a seguinte expressão 𝑆 = (12 000 − 900𝑃) ⋅ √𝐷𝑅.

Atualmente P = 6, D = 8 100 (u.m.) e R = 49.

Determine a variação das vendas da companhia, quando:

a) A empresa admite mais um representante.

b) Há um aumento de 1 000 u.m. em despesas de publicidade e diminuição de 0,5 u.m.


no preço.

Margarida Macedo – Católica Porto Business School 101


Funções reais de várias variáveis reais

4. Calcule, usando a noção de diferencial, um valor aproximado de:


1,01
a) ln 0,97

b) 1,042,02
1,01
c)
√(−0,08)2 +2,12

5. Desenvolva em polinómio de Taylor de 2ª ordem as funções que se seguem nos pontos


indicados:

a) f ( x, y) = x y3 − y2 + y + 2 no ponto (1,2)

b) g ( x, y ) = x y no ponto (1,2)

6. Escreva a aproximação polinomial de Mac-Laurin do 2º grau das funções:

a) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑒 𝑥𝑦

b) 𝑔(𝑥, 𝑦) = 𝑦 sen 𝑥 + 𝑥 sen 𝑦

7. Mostre, usando um Polinómio de de Taylor, que ln(1 + 𝑥) < 𝑥 com x > − 1.

3
8. Calcule um valor aproximado de ln 2 com recurso ao Polinómio de Taylor de 3ª ordem
1
da função 𝑓(𝑥) = ln 𝑥, centrado em 1, e mostre38 que o erro cometido é inferior a .
64

9. Use Polinómios de Taylor de graus 1 e 2 com duas variáveis, para encontrar um valor
aproximado de 0,9 ln(0,1 + 𝑒) e compare as estimativas obtidas.

38
Facultativo (nota 34).

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Funções reais de várias variáveis reais

Soluções:

1. Aumenta 544

2. 987

3. a) 42 429

b) 540 167

4. a) 0,04
b) 1,08
c) 0,48
5. a) 8 + 8 (𝑥 − 1) + 9 (𝑦 − 2) + 12 (𝑥 − 1)(𝑦 − 2) + 5 (𝑦 − 2)2

b) 𝑥 2 + (𝑥 − 1)(𝑦 − 2)

6. a) 1 + xy

b) 2xy

8. 0,396

9. 0,9324

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Funções reais de várias variáveis reais

8. Homogeneidade

8.1 Definição

Uma função 𝑓: 𝑅 𝑛 → 𝑅 é uma função homogénea de grau k (𝑘 ∈ 𝑅) se e só se

𝑓(𝜆𝑥1 , 𝜆𝑥2 , . . . , 𝜆𝑥𝑛 ) = 𝜆𝑘 ⋅ 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 )   , ∀(𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 ) ∈ 𝐷𝑓 , ∀𝜆 ∈ 𝑅


com (𝜆𝑥1 , 𝜆𝑥2 , … , 𝜆𝑥𝑛 ) ∈ 𝐷𝑓

Exemplos:

1) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 4 + 2𝑦 4 + 3𝑥 2 𝑦 2

𝑓(𝜆𝑥, 𝜆𝑦) = (𝜆𝑥)4 + 2(𝜆𝑦)4 + 3(𝜆𝑥)2 (𝜆𝑦)2 = 𝜆4 (𝑥 4 + 2𝑦 4 + 3𝑥 2 𝑦 2 ) = 𝜆4 𝑓(𝑥, 𝑦)

Logo, f é uma função homogénea de grau 4.

1
2) 𝑉(𝐾, 𝐿) = (𝐶1 𝐾 −𝑎 + 𝐶2 𝐿−𝑎 )−𝑏
1 1
𝑉(𝜆𝐾, 𝜆𝐿) = (𝐶1 (𝜆𝐾)−𝑎 + 𝐶2 (𝜆𝐿)−𝑎 )− 𝑏 = (𝐶1 𝜆−𝑎 𝐾 −𝑎 + 𝐶2 𝜆−𝑎 𝐿−𝑎 )− 𝑏 =
1 1 𝑎
= (𝜆−𝑎 )− 𝑏 (𝐶 −
⏟ 1 𝐾 −𝑎 + 𝐶2 𝐿−𝑎 ) 𝑏 = 𝜆𝑏 𝑉(𝐾, 𝐿)
𝑉(𝐾,𝐿)

𝑎
Logo, V é uma função homogénea de grau 𝑏.

𝑥 3 −𝑥𝑦 2
3) ℎ(𝑥, 𝑦) = 𝑥𝑦

(𝜆𝑥)3 −𝜆𝑥(𝜆𝑦)2 𝜆3 𝑥 3 −𝑥𝑦 2


ℎ(𝜆𝑥, 𝜆𝑦) = = 𝜆2 ∙ = 𝜆 ∙ ℎ(𝑥, 𝑦)
𝜆𝑥𝜆𝑦 𝑥𝑦

Logo, h é uma função homogénea de grau 1.39

39
Quando a homogeneidade é de grau 1, diz-se que é Homogeneidade Linear.

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Funções reais de várias variáveis reais

4) 𝑔(𝑎, 𝑏) = 2𝑎𝑏 − 𝑎2 + 1

𝑔(𝜆𝑎, 𝜆𝑏) = 2𝜆𝑎𝜆𝑏 − (𝜆𝑎)2 + 1 = 𝜆2 (2𝑎𝑏 − 𝑎2 ) + 1

Não é possível isolar a função, colocando uma potência de base 𝜆 em evidência; logo,
g não é uma função homogénea.

8.2. Teorema de Euler

Seja 𝑓: 𝑅 𝑛 → 𝑅 uma função homogénea de grau k (𝑘 ∈ 𝑅); então, para todos os pontos
(𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 ) pertencentes ao 𝐷𝑓 , e para os quais existem todas as primeiras derivadas
parciais, é válida a seguinte igualdade:

𝜕𝑓 𝜕𝑓 𝜕𝑓
⋅ 𝑥1 + 𝜕𝑥 ⋅ 𝑥2 +. . . + 𝜕𝑥 ⋅ 𝑥𝑛 = 𝑘 ⋅ 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 )
𝜕𝑥1 2 𝑛

Exemplo:

Foi visto num exemplo anterior que a função 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 4 + 2𝑦 4 + 3𝑥 2 𝑦 2 é homogénea


de grau 4.

𝜕𝑓 𝜕𝑓
Verificar o Teorema de Euler, é verificar a igualdade ⋅ 𝑥 + 𝜕𝑦 ⋅ 𝑦 = 4 ⋅ 𝑓(𝑥, 𝑦).
𝜕𝑥

𝜕𝑓 𝜕𝑓
⋅ 𝑥 + 𝜕𝑦 ⋅ 𝑦 = (4𝑥 3 + 6𝑥𝑦 2 ) ⋅ 𝑥 + (8𝑦 3 + 6𝑥 2 𝑦) ⋅ 𝑦 =
𝜕𝑥

= 4𝑥 4 + 6𝑥 2 𝑦 2 + 8𝑦 4 + 6𝑥 2 𝑦 2 =

= 4𝑥 4 + 12𝑥 2 𝑦 2 + 8𝑦 4 =

= 4(𝑥 4 + 3𝑥 2 𝑦 2 + 2𝑦 4 ) = 4𝑓(𝑥, 𝑦)

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Funções reais de várias variáveis reais

8.3. Propriedades das funções homogéneas

Teorema:

Seja 𝑓: 𝑅 𝑛 → 𝑅 uma função homogénea de grau k (𝑘 ∈ 𝑅); então as primeiras derivadas


parciais de f, se existirem, são homogéneas de grau 𝑘 − 1.

Exemplo:

𝜕𝑓
Ainda o mesmo exemplo, 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 4 + 2𝑦 4 + 3𝑥 2 𝑦 2 ⇒ 𝜕𝑥 = 4𝑥 3 + 6𝑥𝑦 2

𝜕𝑓 𝜕𝑓
(𝜆𝑥, 𝜆𝑦) = 4(𝜆𝑥)3 + 6𝜆𝑥(𝜆𝑦)2 = 4𝜆3 𝑥 3 + 6𝜆𝑥𝜆2 𝑦 2 = 𝜆3 (𝑥, 𝑦)
𝜕𝑥 𝜕𝑥

homogénea de grau 3

Teoremas:

Sejam as funções reais 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 ) e 𝑔(𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 ) homogéneas de graus m e p,


respetivamente.

Então, se existirem as funções em causa,

i) 𝑓 ± 𝑔 será homogénea se m = p; nessas condições será homogénea de grau m.

ii) 𝑓 ∙ 𝑔 é homogénea de grau m + p:

(𝑓 ⋅ 𝑔) (𝜆𝑥1 , 𝜆𝑥2 , . . . , 𝜆𝑥𝑛 ) = 𝑓(𝜆𝑥1 , 𝜆𝑥2 , . . . , 𝜆𝑥𝑛 ) ⋅ 𝑔(𝜆𝑥1 , 𝜆𝑥2 , . . . , 𝜆𝑥𝑛 ) =


= 𝜆𝑚 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 ) ⋅ 𝜆𝑝 𝑔(𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 ) =
= 𝜆𝑚+𝑝 (𝑓 ⋅ 𝑔)(𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 )

𝑓
iii) é homogénea de grau 𝑚 − 𝑝:
𝑔

𝑓 𝑓(𝜆𝑥 ,𝜆𝑥 ,...,𝜆𝑥 ) 𝜆𝑚 𝑓(𝜆𝑥1 ,𝜆𝑥2 ,...,𝜆𝑥𝑛 ) 𝑓


(𝜆𝑥1 , 𝜆𝑥2 , 𝜆𝑥3 ) = 𝑔(𝜆𝑥1 ,𝜆𝑥2 ,...,𝜆𝑥𝑛 ) = = 𝜆𝑚−𝑝 𝑔 (𝜆𝑥1 , 𝜆𝑥2 , . . . , 𝜆𝑥𝑛 )
𝑔 1 2 𝑛 𝜆𝑝 𝑔(𝜆𝑥1 ,𝜆𝑥2 ,...,𝜆𝑥𝑛 )

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Funções reais de várias variáveis reais

Definição:

Uma função 𝑓: 𝑅 𝑛 → 𝑅 é positivamente homogénea de grau k (𝑘 ∈ 𝑅) se e só se

𝑓(𝜆𝑥1 , 𝜆𝑥2 , . . . , 𝜆𝑥𝑛 ) = 𝜆𝑘 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 )   , ∀(𝑥1 , 𝑥2 , . . . , 𝑥𝑛 ) ∈ 𝐷𝑓 , ∀𝜆 ∈ 𝑅 +

Exemplo:

Seja a função 𝑓(𝑥, 𝑦) = √𝑥 2 + 𝑦 2 .

Aplicando a definição de homogeneidade, vem

𝑓(𝜆𝑥, 𝜆𝑦) = √(𝜆𝑥)2 + (𝜆𝑦)2 = √𝜆2 (𝑥 2 + 𝑦 2 ) = |𝜆|√𝑥 2 + 𝑦 2 = |𝜆| ∙ 𝑓(𝑥, 𝑦)

Será homogénea de grau 1, se 𝜆 > 0, ou seja, é positivamente homogénea de grau 1, de


acordo com a definição dada.40

8.4. Aplicações em contexto económico

Dada uma função homogénea, é possível calcular a variação percentual da função


conhecidas variações percentuais iguais e simultâneas em todas as suas variáveis.

O exemplo que se segue ilustra este resultado:

Para produzir determinado bem empregam-se dois fatores produtivos 𝐹𝑃1 e 𝐹𝑃2 nas
quantidades anuais x e y respetivamente. A função de produção, em função das quantidades
dos fatores, é dada por 𝑃(𝑥, 𝑦) = 100𝑥 0,5 𝑦 0,6.

40
Qualquer função homogénea, é positivamente homogénea.

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Funções reais de várias variáveis reais

Verifica-se que a função P(x,y) é homogénea:

𝑃(𝜆𝑥, 𝜆𝑦) = 100(𝜆𝑥)0,5 (𝜆𝑦)0,6 = 100𝜆0,5 𝑥 0,5 𝜆0,6 𝑦 0,6 = 𝜆1,1  𝑃(𝑥, 𝑦)

e o seu grau de homogeneidade é 1,1.

Supondo que se pretende determinar a variação provocada em P pela diminuição percentual


simultânea de 20% nos dois fatores 𝐹𝑃1 e 𝐹𝑃2 :

𝑃(0,8𝑥; 0,8𝑦) = 0, 81,1 𝑃(𝑥, 𝑦) = 0,78𝑃(𝑥, 𝑦)

ou seja, quando os dois fatores diminuem 20%, P diminui 22%.

Supondo agora que se pretende determinar a variação provocada em P pelo aumento


percentual simultâneo de 15% nos dois fatores 𝐹𝑃1 e 𝐹𝑃2 :

𝑃(1,15𝑥; 1,15𝑦) = 1,151,1 𝑃(𝑥, 𝑦) = 1,166 𝑃(𝑥, 𝑦)

ou seja, quando os dois fatores aumentam 15%, P aumenta 16,6%.

Exercícios resolvidos:

𝑥 𝛽 −𝑦 𝛽
1) Dada a função ℎ(𝑥, 𝑦) = (𝑥+𝑦) 𝛽/2, determinar 𝛽 de modo que o grau de homogeneidade

de ℎ(𝑥, 𝑦) seja 1.

Resolução:

(𝜆𝑥)𝛽 −(𝜆𝑦)𝛽 𝜆𝛽 𝑥 𝛽 −𝜆𝛽 𝑦 𝛽 𝜆𝛽 𝑥 𝛽 −𝑦 𝛽


ℎ(𝜆𝑥, 𝜆𝑦) = (𝜆𝑥+𝜆𝑦)𝛽/2
= 𝜆𝛽/2(𝑥+𝑦)𝛽/2 = 𝜆𝛽/2 ⋅ (𝑥+𝑦)𝛽/2 = 𝜆𝛽/2  ℎ(𝑥, 𝑦)

𝛽
Para que o grau de homogeneidade seja 1, = 1 ⇔ 𝛽 = 2.
2

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Funções reais de várias variáveis reais

2) As funções reais 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 ) e 𝑔(𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 ) são homogéneas de graus m e p,


respetivamente.

a) Se m = 2, uma variação positiva simultânea de 10% de 𝑥1 , 𝑥2 e 𝑥3 , permite quantificar


a variação de 𝑓. Qual é essa variação?

𝜕𝑔
b) Se p = 3, qual o valor de 𝜕𝑥 no ponto (1,0,0), sabendo que 𝑔(1,0,0) = 4?
1

Resolução:

a) 𝑓(1,1𝑥1 ; 1,1𝑥2 ; 1,1𝑥3 ) = 1, 12 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 ) = 1,21𝑓(𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 )

Conclusão: quando 𝑥1 , 𝑥2 e 𝑥3 sofrem uma variação positiva simultânea de 10%, ou


seja, aparecem afetados do fator multiplicativo 1,1 (𝑥 + 10% ⋅ 𝑥 = 𝑥 + 0,1𝑥 = 1,1𝑥),
a variação de 𝑓é de 21%.

𝜕𝑔 𝜕𝑔 𝜕𝑔
c) Pelo Teorema de Euler, 𝑥1 ⋅ 𝜕𝑥 + 𝑥2 ⋅ 𝜕𝑥 + 𝑥3 ⋅ 𝜕𝑥   = 3 ⋅ 𝑔(𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 );
1 2 3

no ponto (1,0,0), fica

𝜕𝑔 𝜕𝑔 𝜕𝑔 𝜕𝑔
1∙( ) +0∙( ) +0∙( ) = 3 ∙ 𝑔(1,0,0) = 12 ⟺ ( ) = 12
𝜕𝑥1 (1,0,0) 𝜕𝑥2 (1,0,0) 𝜕𝑥3 (1,0,0) 𝜕𝑥1 (1,0,0)

𝑥𝛼𝑦𝛽 1
3) Calcular α e β de modo que a função 𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑥 𝛽 +𝑦 𝛽 seja homogénea de grau 2.

Resolução:

u (x, y) =
(x ) (y )
=  + − x y  
= 
x y 
(x ) + (y ) x + y x + y

1 1
Grau de homogeneidade 2 ⇒ 𝛼 = 2   ∧  𝛽 é qualquer.

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Funções reais de várias variáveis reais

8.5. Exercícios propostos

1. Verifique se as funções seguintes são homogéneas, determinando o grau de


homogeneidade em caso afirmativo:

a) f (x,y) = x + 3xy b) 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑥 2 + 𝑦 2 + 2𝑥𝑦 + 𝑧 2 − 3𝑦𝑧

𝛼 𝜆2 𝜂 3
c) 𝑘(𝛼, 𝛽) = arcsen 𝛽 d) ℎ(𝜆, 𝜂) = 𝜂−𝜆

3
2 +𝑦 2 √4𝑢−2𝑣
e) 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 ⋅ 𝑒 𝑥 f) ℎ(𝑢, 𝑣, 𝑤) =
√𝑤

𝑥+𝑦
g) 𝑚(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 𝑦 5 ∙ 𝑒 𝑥−𝑦

2. Verifique o teorema de Euler para as funções homogéneas do exercício anterior.

𝑥 2 +𝑦 2 𝜕𝑢 𝜕𝑢 𝜕𝑢
3. Sabendo que 𝑢 = 𝑥 3 ⋅ sen , calcule 𝑥 𝜕𝑥 + 𝑦 𝜕𝑦 + 𝑧 𝜕𝑧 .
𝑧2

𝑥3𝑦2 𝜕𝑢 𝜕𝑢
4. Sabendo que 𝑢 = , calcule 𝑥 𝜕𝑥 + 𝑦 𝜕𝑦.
√𝑥 2 +𝑦 2

5. Determine 𝛼 e 𝛽 reais de modo que as seguintes funções sejam homogéneas e indique o


grau de homogeneidade:

√𝑥 𝛼 𝑦
a) 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑥 2 𝑦 + + 𝑦 𝛽−1 𝑧
√𝑧 𝛽

b) 𝑔(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 7𝑥 𝛼 𝑦 𝛽 + 𝑥 2 √𝑦 + 𝑧 𝛼−1

𝑥 𝑥2𝑦𝛼 𝑧𝛽
c) ℎ(𝑥, 𝑦, 𝑧) = ln 𝑦 + + 𝑥 3𝛼
𝑧𝛽

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Funções reais de várias variáveis reais

𝑥𝑎𝑦𝑏
6. Considere a função 𝑧 = 𝐴 ⋅ 𝑥 𝑐 +𝑦 𝑐, em que a, b, c e A ∈ R.

a) Mostre que é homogénea e indique o grau de homogeneidade.

b) Supondo que a = c e b = 2, qual a variação em z provocada por um acréscimo de


10% nos valores de x e y?

7. Determine 𝛽 de modo que o grau de homogeneidade das funções seguintes seja o indicado:

1
f ( x, y ) =
(3x )
a) com grau de homogeneidade 2/3.
−2 −2 1 / 
+5 y

b) (
f (k , l ) = 3k − + 5 l − ) −1/ 4
com grau de homogeneidade 1/2.

8. Seja h (x, y) uma função homogénea de grau n. Seja 𝑓(𝑥, 𝑦) = ℎ(𝑥𝑦, 𝑦 2 ). Verifique que
𝑓(𝑥, 𝑦) é uma função homogénea e indique o seu grau de homogeneidade.

9. Seja f (x, y) uma função homogénea de grau 2 e diferenciável. Com recurso ao teorema
de Euler mostre que:

𝜕2𝑓 𝜕2 𝑓 𝜕𝑓
𝑥 ⋅ 𝜕𝑥 2 (𝑥, 𝑦) + 𝑦 ⋅ 𝜕𝑥𝜕𝑦 (𝑥, 𝑦) = 𝜕𝑥 (𝑥, 𝑦)

10. Seja h uma função homogénea de grau 2, da qual se conhece ℎ(6,15) = 3. Determine
ℎ(2,5).

11. Seja g uma função homogénea. Determine o seu grau de homogeneidade, sabendo que
𝑔(2, −1) = −5 𝑔(−10,5).

3
12. Sejam a e b números reais e f uma função homogénea de grau 2 , da qual se conhecem
𝜕𝑓
os valores 𝑓(−1,2) = 𝑎 e (−1,2) = 𝑏. Determine, em função de a e b, ∇𝑓(−4,8).
𝜕𝑥

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Funções reais de várias variáveis reais

𝑥 𝑦 𝑧
13. Seja m uma função homogénea tal que 𝑚(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑘 −1/2 ∙ 𝑚 ( , , ) com 𝑘 ∈ 𝑅.
𝑘 𝑘 𝑘

Determine o grau de homogeneidade de m.

14. Seja f uma função homogénea de grau 1, que admite derivadas de primeira ordem finitas.
𝜕𝑓 𝜕𝑓
Mostre que (−1,2) = (1, −2).
𝜕𝑥 𝜕𝑥

Soluções:

1. a) Não homogénea b) Homogénea de grau 2 c) Homogénea de grau 0

d) Homogénea de grau 4 e) Não homogénea f) Homogénea de grau – 1/6

g) Homogénea de grau 7

𝑥 2 +𝑦 2
3. 3𝑥 3 ⋅ sen 𝑧2

4 x3 y 2
4.
x2 + y
2

7
5. a) 𝛼 = 8 e 𝛽 = 3 b) 𝛼 = 2 e 𝛽 = −1 c) 𝛼 = 1 e 𝛽 = 3

6. a) Grau a + b – c b) Aumenta 21 %

7. a) 3 b) 2

8. homogénea de grau 2n

1
10. 3

11. −1

3𝑎
12. ∇𝑓(−4,8) = (2𝑏, + 𝑏)
2

1
13. − 2

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Funções reais de várias variáveis reais

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Funções reais de várias variáveis reais

9. Exercícios globais

𝑥 2 +1
1. Dada a função 𝑔(𝑥, 𝑦) = √𝑦 2−1

a) Determine analiticamente e represente geometricamente o domínio de g.

∂2 𝑔
b) Calcule uma expressão de 𝜕𝑥𝜕𝑦.

c) Calcule uma expressão simplificada de y’(x), em que a função y(x) é definida


implicitamente pela igualdade g (x,y) – 1 = 0.

ln(𝑥 2 −1)
2. Considere a função definida por 𝑓(𝑥, 𝑦) = .
𝑦 2 −1

a) Determine analiticamente e indique o domínio de f.

𝜕𝑓 𝜕2𝑓 𝜕𝑓
b) Mostre que 2𝑦 𝜕𝑥 + (𝑦 2 − 1) (𝜕𝑥𝜕𝑦 + 𝜕𝑦) = −2𝑦 ∙ 𝑓(𝑥, 𝑦).

c) Calcule 𝑦′(√2), em que y(x) é a função implícita definida por y = f (x,y).

ln(2,012 −1)
d) Utilize a noção de diferencial, para calcular um valor aproximado de .
1,992 −1

3. A função utilidade U(x,y) (x e y são as quantidades de dois fatores X e Y), sujeita à


restrição orçamental a seguir indicada, admite um máximo. Recorra à função auxiliar
de Lagrange para calcular o seu valor, sendo

𝑈(𝑥, 𝑦) = 𝑥 0,7 𝑦 0,3 (𝑥 > 0 e 𝑦 > 0), 𝑃𝑥 = 56, 𝑃𝑦 = 15 e despesa = 400 (𝑃𝑥 e 𝑃𝑦 são
preços unitários dos fatores X e Y respetivamente).

4. Uma determinada fábrica produz dois tipos de máquinas A e B, em quantidades x e y,


respetivamente. A função custo total é dada por 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 + 2𝑦 2 − 𝑥𝑦.

a) Verifique se a função custo total é homogénea e, em caso afirmativo, diga qual o


grau de homogeneidade.

b) Calcule o acréscimo de igual valor nas quantidades produzidas x e y que conduz a


um aumento no custo total de produção de 44%.

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Funções reais de várias variáveis reais

5. Considere a função de produção que relaciona a quantidade produzida z (toneladas/mês)


de determinado bem, com as quantidades utilizadas x e y (toneladas/mês) dos fatores A
e B, 𝑧 = 𝑥 − 𝑦 2 + 𝑥𝑦. Suponha que atualmente são utilizadas 300 toneladas/mês do
fator A e 18 toneladas/mês do fator B. Pretendendo-se manter o nível de produção,
calcule, utilizando a noção de diferencial total, a quantidade do fator B que deverá ser
acrescida ao processo em substituição de 1 unidade do fator A (supondo essa substituição
possível).

6. Recorrendo às regras de derivação da função composta, resolva a seguinte equação


em L (apresentando-a em função das variáveis independentes):

1 𝜕𝐿 𝑦 𝜕𝐿 2𝑡∙𝑒 𝑥
∙ − ∙ + 𝑓(𝑧) = +𝑧
ln𝑦 𝜕𝑥 𝑥 𝜕𝑦 ln𝑦

Sendo 𝐿 = 𝑡 2 + 2𝑓(𝑧), 𝑧 = 𝑥ln𝑦 e 𝑡 = 𝑒 𝑥 .

7. Sendo v = f(x,y), e 𝑥 = 𝜌 cos 𝜑 e y = 𝜌 sen 𝜑, mostre que


2 2 2 2
 v   v   v  1  v 
  +   =   +

 
2   
 x   y       

8. Considere a função real de variáveis reais 𝑔(𝑥, 𝑦) = 𝑒 𝑥−𝑦 (𝑥 2 − 2𝑦).

a) Calcule e classifique os pontos críticos da função 𝑔(𝑥, 𝑦).

b) Recorrendo à função auxiliar de Lagrange, verifique se o ponto (0,0) é extremo de


𝑔(𝑥, 𝑦) sujeita à condição 𝑦 = 𝑥.

2(𝑥+𝑦)
9. Considere a função 𝑔(𝑥, 𝑦) = ln :
√𝑥 2 +𝑦 2 −𝑒 2

a) Determine analiticamente e represente geometricamente o domínio de g.


𝜕𝑔 𝜕𝑔
b) Mostre que, nos domínios das funções envolvidas, = 𝜕𝑦 ⇔ 𝑥 = 𝑦.
𝜕𝑥

c) Dada a função y(x) definida implicitamente pela equação g(x,y) = ln4, determine o
𝑑𝑦
valor de 𝑑𝑥 no ponto (𝑒, 𝑒).

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Funções reais de várias variáveis reais

𝑥+𝑦
10. Dada a função 𝑓(𝑥, 𝑦) = √𝑥−𝑦

a) Determine analiticamente e represente geometricamente o domínio de ln(𝑓(𝑥, 𝑦)).


𝜕𝑔 𝜕𝑔
b) Seja g(x,y) = arctg(𝑓(𝑥, 𝑦)). Mostre que 𝑥 𝜕𝑥 + 𝑦 𝜕𝑦 = 0.

𝑥+𝑦
11. Considere a função y(x) definida implicitamente pela igualdade𝑦 = arctg 𝑥−𝑦.

a) Determine uma expressão simplificada para a derivada y'.

b) Calcule a equação da tangente ao gráfico da função no ponto de abcissa 0.

12. Seja z = f (u,v) tal que𝑓(𝑢, 𝑣) = 𝑓(𝑥 + 𝑦, 𝑥 − 𝑦).

𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑓 2 𝜕𝑓 2
a) Prove que 𝜕𝑥 ∙ 𝜕𝑦 = (𝜕𝑢) − (𝜕𝑣 ) .

𝑑𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑧
b) Sendo 𝑥 = 𝑡 2 e 𝑦 = 𝑒 𝑡 , exprima 𝑑𝑡 em função de 𝜕𝑢 e , quando t = 0.
𝜕𝑣

arctg√𝑥 2 +𝑦 2 −4
13. Considere a função real de variáveis reais𝑓(𝑥, 𝑦) =   |𝑥 2 +2𝑥|
.

a) Indique e represente geometricamente o domínio da função 𝑓(𝑥, 𝑦).

b) Determine a expressão da curva de nível da função𝑓(𝑥, 𝑦) à qual pertence o ponto


(2,0).

𝑥 2 −𝑦 2
14. Considere a função real de duas variáveis reais ℎ(𝑥, 𝑦) = 𝑥 −2 𝑦 ∙ ln ((𝑥+𝑦)2).

𝜕ℎ
a) Utilize a regra de derivação da função composta, para calcular 𝜕𝑢 | , em que
(𝑢,𝑣)=(0,1)
1
𝑥 = 𝑒 𝑢𝑣 e 𝑦 = 𝑒 − 𝑒 −𝑣 .

b) Tendo em conta que h é uma função homogénea, determine a variação relativa de h,


resultante do aumento igual e simultâneo de 10% em cada uma das variáveis.

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Funções reais de várias variáveis reais

15. Considere a função f ( x, y ) = arccotg x2 + y − 2 arctg 1 .


x2 + y

a) Represente geometricamente o domínio de f.


b) Considere a função y(x) definida implicitamente pela relação f(x,y) = 0. Mostre que
𝑦′ = −2𝑥.

16. Em determinada fábrica, a produção diária é dada por 𝑄 = 3 000 𝑘1/2 ℎ1/3 , em que k
corresponde ao capital investido (em milhares de euros) e h a quantidade de horas de
trabalho gastas. Utilizando a noção de diferencial:

a) Calcule a variação percentual associada a uma diminuição de 15% nas horas de


trabalho.

b) Suponha que atualmente foi investido o capital de 400 000 euros e são gastas 1331
horas de trabalho por dia. Calcule o efeito que um investimento adicional de 1000
euros terá na produção diária, supondo que se mantém o número de horas de
trabalho.

c) Calcule um valor aproximado da produção diária, supondo que foi investido o capital
de 1,02 milhares de euros e são gastas 8 horas de trabalho diário.

2𝑥 2 𝑦 4
17. Considere a função definida por 𝑓(𝑥, 𝑦) = (ln (𝑥 + 𝑦)2 − ln (𝑥 − 𝑦)2 ).
3 √𝑦

a) Diga se a função é homogénea, indicando, em caso afirmativo, o seu grau de


homogeneidade.
𝜕𝑓 𝜕𝑓 44
b) Calcule (x,y) ∈ R2 , sabendo que x = 2y e 𝑥 𝜕𝑥 + 𝑦 𝜕𝑦 = ln 9.
3

18. Considere as seguintes funções:

𝑢 = 𝑓(𝑥1 , 𝑥2 ); 𝑥1 = 𝑔1 (𝑦1 ); 𝑥2 = 𝑔2 (𝑦1 , 𝑦2 , 𝑦3 ); 𝑦2 = ℎ (𝑦3 )


𝜕𝑢
a) Qual a expressão de 𝜕𝑦 ?
3

𝜕𝑢
b) Calcule, recorrendo às regras de derivação da função composta, (𝜕𝑦 ) 𝜋
,
1 (𝑦1 =𝑦3 = )
2
𝑦
sendo 𝑢 = 𝑥1 2 + 𝑥2 3 , 𝑥1 = sen 𝑦1 , 𝑥2 = ln 𝑦1 + 𝑦2   e  𝑦2 = cos 𝑦3 .
3

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Funções reais de várias variáveis reais

19. Considere a função de produção y = 3 x1 x 2  x 3  , em que y é a quantidade produzida

de um determinado bem e x1, x2 e x3 as quantidades de fatores utilizados no fabrico.

Sabe-se que:

• O grau de homogeneidade da função é igual a 3.


• Quando 𝑥1 = 𝑥2 = 1 e 𝑥3 = 4 , obtém-se y = 6.
• Mantendo as quantidades 𝑥1 e 𝑥3 e duplicando 𝑥2 , a produção quadruplica.

a) Se a quantidade de todos os fatores duplicar, que variação sofre a produção?

b) Calcule 𝛼, 𝛽 e 𝜇.

𝑥+𝑦 𝑦
20. Dada a função y(x) definida implicitamente pela igualdade arctg ( ) − = 0, mostre
𝑎 𝑎

que a sua derivada nunca se anula.

21. Considere a seguinte função de produção dada por:

65 1 1
𝑧(𝑥, 𝑦) = 16 − 8 (𝑥 − 5 )2− 4 (𝑦 − 4 )2

onde z é a quantidade produzida do bem A expressa em toneladas e x e y são as


quantidades utilizadas dos fatores de produção X e Y.

Sabendo que se aumentou a quantidade utilizada do fator de produção X e diminuiu no


mesmo valor a quantidade do fator Y, a produção se mantém igual, determine qual a
relação que deve existir entre x e y.

y
22. Sejam x e y tais que ln x 2 + y 2 = a  arctg , em que a  R\ 0,1 .
x

𝑑𝑦 𝑥 𝑎+1
Mostre que 𝑑𝑥 = 1, então = 𝑎−1 .
𝑦

23. Determine uma equação da tangente ao gráfico da função definida implicitamente pela
y 𝑦
igualdade ln x 2 + y 2 = 2arctg , no ponto em que 𝑥 = 1 (x ≠ 0).
x

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Funções reais de várias variáveis reais

sen(𝑥+𝑦) 𝜕𝑔 𝜕𝑔
24. Sendo 𝑔(𝑥, 𝑦) = ln cos(𝑥−𝑦), mostre que cos(2𝑥) 𝜕𝑥 = cos(2𝑦) 𝜕𝑦.

25. Considere a função 𝑔(𝑥, 𝑦) = ln√1 + 𝑥 4 𝑦 2 + arctg(𝑥 2 𝑦).

𝜕𝑔 𝜕𝑔
a) Mostre que 𝑥 𝜕𝑥 = 2𝑦 𝜕𝑦.

ln2 𝜋
b) Dada a função y = g(x) definida implicitamente por 𝑔(𝑥, 𝑦) = + , determine a
2 4

equação da tangente ao gráfico de y (x) no ponto (1,1).

26. Determine analiticamente e represente geometricamente o domínio da função definida


1+2√− 𝑙𝑛 𝑥 2
por 𝑓(𝑥, 𝑦) = .
√𝑦2 −𝑥
𝑒

𝑥 1 𝜕𝑓 1 𝜕𝑓 2
27. Sendo 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 arctg 𝑥+𝑦 , mostre que 𝑦 ⋅ 𝜕𝑥 + 𝑥 ⋅ 𝜕𝑦 = 𝑥𝑦 ⋅ 𝑓(𝑥, 𝑦).

𝑦 2 −𝑥 2 𝑦 2 −𝑥 2
28. Considere as funções 𝑓(𝑥, 𝑦) = ⋅𝑔( ), e g homogénea de grau 1.
𝑦 𝑦

a) Verifique se a função f é homogénea e, em caso afirmativo, determine o seu grau de


homogeneidade.
𝜕𝑓 𝜕𝑓
b) Calcule 𝑥 𝜕𝑥 + 𝑦 𝜕𝑦 para x = 0 e y = 1, sabendo que g(1) = 1.

𝑥
29. Considere a função𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑒 2𝑥 ln (𝑦).

𝑥 𝜕2𝑓 𝜕2𝑓 2𝑥−1 𝜕𝑓


a) Mostre que ⋅ + 𝜕𝑦 2 = ⋅ 𝜕𝑦.
𝑦 𝜕𝑥𝜕𝑦 𝑦

b) Comente a afirmação: “Existe um valor real de a tal que o ponto (a , a) não pertence
ao domínio de f”.
1
c) Determine e represente geometricamente o domínio da função 𝑔(𝑥, 𝑦) = 𝑓(𝑥,𝑦).

d) Verifique se a curva de nível de f que passa pelo ponto (1,1) é uma reta.
1,01
e) Utilize o diferencial para calcular um valor aproximado de 𝑒 2,02 ln ( ).
0,99

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Funções reais de várias variáveis reais

30. Considere a função 𝑚(𝑥, 𝑦) = (𝑥 − 𝑦)2 − 𝑥 4 − 𝑦 4 .

a) Verifique que em (1, −1) a função admite um máximo e determine o seu valor.

b) A função admite mais dois pontos críticos; estude a sua natureza.

c) Utilize a função auxiliar de Lagrange para determinar os pontos críticos da função m


que verificam a condição y = x.

𝑥
31. Determine e esboce o domínio da função 𝑧 = ln (𝑥 − 𝑦 2 ) ⋅ arcsen 2.

32. Determine analiticamente e represente geometricamente o domínio da função

𝑓(𝑥, 𝑦) = arcsen (𝑥 2 + 𝑦 2 − 1) + ln |𝑦 − 𝑥 2 |.

𝑥 𝛽 −𝑦 𝛽
33. Considere a função ℎ(𝑥, 𝑦) = (𝑥+𝑦)𝛽/2.

a) Determine 𝛽 de modo a que o grau de homogeneidade de ℎ(𝑥, 𝑦) seja 1.

b) Verifique o Teorema de Euler para a função ℎ(𝑥, 𝑦), quando o grau de


homogeneidade é 1.

1⁄
34. A função definida por 𝑉(𝐾, 𝐿) = (𝐶1 𝐾 −𝑎 + 𝐶2 𝐿−𝑎 )− 𝑏 representa uma função de
produção na qual K e L representam, respetivamente, os fatores de produção capital e
trabalho e 𝑉(𝐾, 𝐿) a produção total. 𝑎, 𝑏, 𝐶1 , 𝐶2 ∈ ℜ.

a) Mostre que se trata de uma função homogénea. Qual o grau?


𝜕𝑉
b) A função produtividade marginal do capital tem grau de homogeneidade 0,5.
𝜕𝐾

Que relação existe entre 𝑎 e 𝑏?

c) Suponha que aquela função produção total toma a seguinte forma particular:
𝑉(𝐾, 𝐿) = 𝐾 −𝑎 + 2𝐿−𝑎 . Recorrendo às regras de derivação da função composta,
𝑑𝑉
calcule a taxa de variação da produção com o tempo, , admitindo que as
𝑑𝑡

quantidades disponíveis dos fatores de produção variam com o tempo da seguinte


forma: 𝐾 = 𝑓1 (𝑡) = 𝑒 𝑡 e 𝐿 = 𝑓2 (𝑡) = ln 𝑡. .

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Funções reais de várias variáveis reais

d) Considere uma nova função produção particular: 𝑉(𝐾, 𝐿) = 𝐾 −1 + 4𝐿−2 .


Recorrendo à noção de diferencial, calcule a variação percentual aproximada da
produção quando o capital aumenta de 10 para 10,1 unidades de capital e o trabalho
diminui de 4 para 3,8 unidades de trabalho.

35. Para produzir determinado bem empregam-se dois fatores produtivos 𝐹𝑃1 e 𝐹𝑃2 nas
quantidades anuais x e y respetivamente. A função de produção é dada por 𝑃(𝑥, 𝑦) =
100𝑥 0,5 𝑦 0,5 . O preço unitário de 𝐹𝑃1 é igual a 1 e o de 𝐹𝑃2 é igual a 2. A função custo
tem uma componente fixa anual igual a 100. Os custos anuais são iguais a um valor k.

a) Verifique que a função P(x,y) é homogénea e determine o seu grau de


homogeneidade.

b) Utilizando a noção de diferencial, calcule a variação percentual de P (x,y) associada


a uma variação de 10% em x.

c) Confirmando-se que no ano passado, quando 𝑥 = 75, a combinação dos dois


fatores conduziu a um valor máximo de produção anual, qual foi esse valor
máximo?

36. A função de produção de Cobb-Douglas para determinado produto é dada pela


3⁄ 1⁄
expressão𝑓(𝑥, 𝑦) = 100 𝑥 4 𝑦 4, onde x representa unidades de mão-de-obra e y
representa unidades de capital.

a) Calcule a variação relativa associada a uma redução de 10% na mão-de-obra.

b) Sabendo que atualmente são despendidas 1296 unidades de mão-de-obra e 256


unidades de capital, aplique a noção de diferencial para calcular o valor aproximado
da variação no nível de produção resultante dum investimento adicional de duas
unidades de capital em simultâneo com uma redução na mão-de-obra de uma
unidade.

ln(𝑦 2 )
37. Considere a função 𝑓(𝑥, 𝑦) = .
𝑒 𝑥 √𝑥 2 −𝑥𝑦

a) Indique e represente geometricamente o domínio da função 𝑓(𝑥, 𝑦).

b) Qual a expressão da curva de nível na qual a função assume o valor 0?

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Funções reais de várias variáveis reais

√𝑥 2 +𝑦 2 −1
38. Considere a função 𝑓(𝑥, 𝑦) = arctg(𝑥 2−𝑦 2).

a) Determine analiticamente e esboce o domínio da função 𝑓(𝑥, 𝑦).

b) Determine a expressão da curva de nível da função 𝑓(𝑥, 𝑦) que passa no ponto (1,0).
Esboce a referida curva de nível.

39. As funções reais f e g, das mesmas 3 variáveis reais, são homogéneas de graus 5 e 3,
respetivamente. Se as variáveis independentes, naquelas funções, tiverem todas o
𝑓
mesmo acréscimo de 20%, que sucede à função 𝑔? Justifique devidamente.

𝜕2 𝑧 𝜕2𝑧
40. Sendo 𝑧 = 𝑒 𝑘𝑥+𝜔𝑦 , mostre que 𝜕𝑦 2 − 𝜕𝑥 2 = 0 desde que 𝑘 = ±𝜔.

𝑥+𝑦
41. Considere a função 𝑈(𝑥, 𝑦) = 𝑥𝑦𝑓 ( 𝑥𝑦 ); Mostre que a função U satisfaz a equação
𝜕𝑈 𝜕𝑈
𝑥 2 𝜕𝑥 − 𝑦 2 𝜕𝑦 = 𝐺(𝑥, 𝑦) 𝑈(𝑥, 𝑦) e encontre a expressão analítica de G(x, y).

42. A Panificadora da Foz estabelece, no dia 1 de janeiro de cada ano, o preço do pão para
esse ano de acordo com os valores médios dos preços, no ano anterior, dos principais
fatores de produção (preços em unidades monetárias convencionadas). Seja:

𝑃𝑝 : Preço da unidade de pão; 𝑃𝑐 : Preço do kg de cereal; 𝑃𝑒 : Preço do Kwh de energia


elétrica; 𝑃𝑚 : Preço da hora de mão-de-obra.

𝑃𝑝 = 1,35 ⋅ (0,45𝑃𝑐 + 0,2𝑃𝑒2 + 0,35𝑃𝑚 3/2 )

No ano passado os preços médios foram os seguintes: 𝑃𝑐 = 3, 𝑃𝑒 = 2 e 𝑃𝑚 = 4.

No início deste ano verificou-se que os preços médios, relativamente ao ano anterior,
variaram da seguinte forma: 𝑃𝑐 aumentou 10%, 𝑃𝑒 diminuiu 5% e 𝑃𝑚 não sofreu
qualquer alteração.

Recorrendo à noção de diferencial, calcule a variação percentual ocorrida em 1 de


janeiro deste ano, no preço do pão.

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Funções reais de várias variáveis reais

43. Considere a função t dada por 𝑡(𝑥, 𝑦) = 𝑒 𝑦 ⋅ ln(𝑥 + 𝑦):


√1−𝑒 𝑥
a) Calcule e represente geometricamente o domínio da função 𝑔(𝑥, 𝑦) = 𝑡(𝑥,𝑦)

b) Verifique se existe alguma curva de nível de t que passa pelo ponto (1,0) e determine-
a em caso afirmativo.

c) Sendo 𝑦 = arctg(𝑢 − 1),  𝑥 = 𝑢 + 2𝑣  𝑒  𝑢 = 𝑣 = 𝑓(𝑟), utilize a regra de derivação


𝑑𝑡
da função composta para calcular (𝑑𝑟) , sabendo que 𝑓(0) = 𝑓′(0) = 1.
(𝑟=0)

𝑐𝑦
𝑦𝑎
44. Considere a função real de variáveis reais 𝑓(𝑥, 𝑦) = 1 + 𝑏𝑥 ⋅ 𝑒 𝑥 , com a, b e c ∈ ℜ.

𝑥
Sabe-se que f é homogénea e 𝑓 (𝑥, 𝑐 ) = 1 + 𝑒.

𝜕𝑓
a) Calcule (𝜕𝑥 ) 1 .
(1, )
𝑐

b) Calcule a variação provocada em f(x,y) pela variação conjunta na mesma


percentagem do valor das variáveis independentes x e y.

45. O custo unitário 𝑌𝐵 de produção do bem B é composto por uma parte fixa 𝐹𝐵 e uma parte
variável 𝑉𝐵 . Esta última componente está relacionada com os custos unitários
𝑋1 , 𝑋2  𝑒 𝑋3 , dos três fatores produtivos, 1, 2 e 3.

A expressão do custo unitário é a seguinte: 𝑌𝐵 = 𝐹𝐵 + 𝑉𝐵 = 𝐹𝐵 + 𝑋1 2 + 𝑋2 ⋅ 2−𝑋3 .

Há um ano atrás, o custo unitário de B era 7,5; os custos unitários de 1, 2 e 3 eram,


respetivamente, iguais a 2, 8 e 4. Até ao momento atual, verificou-se um aumento de 5
no custo unitário do bem B e uma variação de 50% no custo unitário do fator 1, não se
tendo verificado qualquer alteração do custo unitário do fator 3.

a) Qual o valor da componente fixa do custo unitário de produção de B?

b) Recorrendo à noção de diferencial, calcule o valor aproximado do custo unitário


atual, do fator 2.

c) Mostre que, sem recorrer á noção de diferencial, se concluiria que 𝑋2 se manteve


constante.

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Funções reais de várias variáveis reais

46. Considere a função definida por 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝐴𝑥 4 + 𝐵𝑦 2 − 𝑥 2 − 2𝑦. Determine A e B de


modo a que a função tenha um e um só ponto crítico, de ordenada igual a 1. Qual a sua
natureza?

47. Seja y (x) definida pela igualdade 𝑥𝑦 2 + 𝑎𝑦 2 − 𝑥 2 + 𝑥 3 = 0, com 𝑎 > 0; determine 𝑦′


no ponto (0,0).

48. Determine, se existirem, pontos onde 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 3 + 𝑦 3 − 3𝑎2 (𝑥 + 𝑦) + 1, 𝑎 ∈ 𝑅\{0},


tem extremos locais.

Soluções:

1. a)
−1

𝑥𝑦
b) −
(𝑦 2 −1)√(𝑦 2 −1)(𝑥 2 +1)

𝑥(𝑦 2 −1)
c) 𝑦′ = 𝑦(𝑥 2 +1)

2. a) Reunião dos semiplanos 𝑥 < −1 e 𝑥 > 1 , com exceção dos pontos que pertencem
às retas 𝑦 = −1 e 𝑦 = 1.
c) −2√2 d) 0,376

3. 5,757

4. a) Homogénea de grau 2 b) 20%

5. 0,072 toneladas

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Funções reais de várias variáveis reais

6. 𝐿 = 𝑒 2𝑥 + 2𝑥ln𝑦

3
8. a) no ponto (1, 2) existe um mínimo

b) (0,0) não é ponto crítico de 𝑔(𝑥, 𝑦)

9. a) c) −1

-e

y=−x

10. a)

𝑦 4 𝜋
11. a) 𝑦′ = 𝑥−𝑥 2 −𝑦 b) 𝑦 = 𝜋 𝑥 − 4

𝑑𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑧
12. b) (𝑑𝑡 ) = 𝜕𝑢 − 𝜕𝑣
𝑡=0

13. a)

b) Curva de nível de valor 0, ou seja, a circunferência centrada na origem e com raio 2,


com exceção dos pontos (−2,0), (0,2) e (0, −2).
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Funções reais de várias variáveis reais

14. a) 0 b) −9%
15. a)

𝑦 = −𝑥 2

16. a) Diminui 5% b) Aumenta 825 unidades c) 6060 unidades

11
17. a) Homogénea de grau b) ( x,y ) = (2,1)
2

𝜕𝑢 𝜕𝑢 𝜕𝑥 𝑑𝑦 𝜕𝑥 6 𝜋
18. a) 𝜕𝑦 = 𝜕𝑥 (𝜕𝑦2 ⋅ 𝑑𝑦2 + 𝜕𝑦2 ) b) 𝜋 ⋅ ln2 ( 2 )
3 2 2 3 3

19. a) Aumenta 8 vezes

1 1
b) 2 , 2 e respetivamente
2

21. x – 2y + 3 = 0

𝑒 𝜋/2 𝑒 𝜋/2
23. 𝑦 ± = 3 (𝑥 ± )
√2 √2

25. b) 𝑦 = −2𝑥 + 3

26.
𝑥 = 𝑦2
-1

x = −1 x=1

28. a) Homogénea de grau 2 b) 2


𝑥
29. b) 𝐷𝑓 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : 𝑦 > 0}

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Funções reais de várias variáveis reais

𝑎
(𝑎, 𝑎) ∈ 𝐷𝑓 ⇔ > 0, com 𝑎 ≠ 0; logo, para a = 0, o ponto não pertence ao domínio
𝑎

de f; logo a afirmação é verdadeira.


𝑥 𝑥
c) 𝐷𝑔 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 2 : ln (𝑦) ≠ 0 ∧ 𝑦 > 0}

d) a curva de nível é a reta y = x, excluindo o ponto (0,0), ou seja é a reunião de duas


semirretas.
1,01
e) 𝑒 2,02 ln   (0,99) ≈ 0,02𝑒 2

30. a) 2 b) (0,0) não se pode classificar e máximo em (−1,1) c) (0,0)

31.

x=2

32.
2

33. 𝛽 = 2
𝑎
34. a) homogénea de grau 𝑏

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Funções reais de várias variáveis reais

𝑎
b) = 1,5
𝑏

𝑑𝑉 2𝑎 (𝑙𝑛 𝑡)−𝑎−1
c) = −𝑎𝑒 −𝑎𝑡 −
𝑑𝑡 𝑡

𝑑𝑉
d) ≅ 0,069 : aumento aproximado de 6,86%
𝑉

35. a) grau 1

b) aumento percentual de 5%

c) máximo para x = 75 e y = 37,5; a produção máxima é 3750√2unidades

36. a) −7,5% b) 118,75 unidades

37. a) y=x

b) reunião das duas retas 𝑦 = ±1 (exceto os pontos que não pertencem ao domínio da
função)

38. a)

y=-x y y=x

-1 1 x

b) k = 0; a curva é a circunferência de centro (0,0) e raio 1 (exceto os pontos que não


pertencem ao domínio da função)

39. aumenta 44%

41. G(x,y) = x – y

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Funções reais de várias variáveis reais

42. aumenta aproximadamente 1,1%

43. a)

y=-x+1
y=-x

b) y = −x + 1
4
c) 3
+ ln 3

𝜕𝑓
44. a) (𝜕𝑥 ) 1 = −2𝑒
(1, )
𝑐

b) f não se altera, ou seja, a variação é zero

45. a) 𝐹𝐵 = 3

b) 𝑋2 = 24

46. A ≤ 0 e B = 1

1
47. 𝑦 ′ = ±√𝑎

48. máximo relativo ou mínimo relativo (depende do sinal de a) em (a,a) e (− a, − a)

Margarida Macedo – Católica Porto Business School 129


Funções reais de várias variáveis reais

Bibliografia:

Chiang, A. Matemática para Economistas. McGraw-Hill.

Dowling, E. Matemática Aplicada à Economia e Administração. McGraw-Hill.

Hoffmann, L. e Bradley, G. Calculus for Business, Economics, and the Social Sciences.
McGraw-Hill.

Larson, R. e Edwards, B. Cálculo com aplicações. Livros Técnicos e Científicos Editora.

Pires, C. Cálculo para Economistas. McGraw-Hill.

Piskounov, N. Cálculo Diferencial e Integral (volume I). Lopes da Silva Editora.

Swokowski, E. Cálculo com Geometria Analítica. Makron Books.

Weber, J. Matemática para Economia e Administração. Harbra.

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