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Volta Redonda, RJ
2020
Larissa de Farias Brito Silva
Volta Redonda, RJ
2020
Ficha catalográfica automática - SDC/BAVR
Gerada com informações fornecidas pelo autor
CDD -
Volta Redonda, RJ
2020
Este trabalho é dedicado aos meus pais, Jusselio e Sirlene, que sempre me incentivaram e
me mostraram a importância da educação.
Agradecimentos
Acima de tudo agradeço a Jesus Cristo, Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai
da Eternidade, Príncipe da Paz e Luz da minha vida, que me concedeu ânimo em todos os
dias da concepção deste trabalho.
Agradeço à minha família, em especial aos meus pais, Sirlene e Jusselio, e a minha
avó, Marilene, pelo apoio emocional, financeiro e por acreditarem em mim sendo minha
base ao longo de todo o curso, sem eles eu não teria conseguido chegar até aqui.
Agradeço ao meu marido, Branden, por todo o apoio a mim concedido nessa reta
final, por ter me dado confiança e força para seguir em frente, dia após dia.
Agradeço a todos os amigos que fiz ao longo dessa jornada por todos os momentos
lúdicos e extremamente divertidos, em especial eu agradeço à minha amiga, Mariana Silva,
que sempre esteve ao meu lado me ajudando nos momentos mais difíceis e me incentivando
a prosseguir.
Agradeço ao meu orientador Leandro Egea por toda a atenção e orientação prestadas,
por auxiliar-me em todas as dificuldades e dúvidas, permitindo meu amadurecimento
intelectual tão necessário para minha formação, e por sua prontidão em aceitar ser meu
orientador.
Por fim, sou grata a todos que de alguma forma, direta ou indiretamente, partici-
param da realização deste projeto.
“ Não vos amoldeis às estruturas deste mundo,
mas transformai-vos pela renovação da mente,
a fim de distinguir qual é a vontade de Deus:
o que é bom, o que Lhe é agradável, o que é perfeito.
(Bíblia Sagrada, Romanos 12, 2)
Resumo
A Equação de Laplace é uma Equação Diferencial Parcial que aparece em distintos
contextos e aplicações. As funções que satisfazem esta equação são chamadas Funções
Harmônicas. Estas funções são muito importantes, não só do ponto de vista prático, por
serem as soluções da Equação de Laplace, mas também desde o ponto de vista teórico
devido as muitas, interessantes e surpreendentes propriedades que elas satisfazem. Por
outro lado, as Funções Harmônicas aparecem de forma natural na Teoria de Funções
Analíticas, permitindo assim fazermos uma ligação entre as duas teorias. Estudaremos
neste trabalho as principais propriedades das Funções Harmônicas, assim como sua relação
com as Funções Analíticas.
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2 FUNÇÕES HARMÔNICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.1 Propriedades Invariantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.1.1 Laplaciano em Coordenadas Polares de R2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
4 FUNÇÕES ANALÍTICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.1 Equações de Cauchy-Riemann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.2 Funções Harmônicas e Funções Analíticas . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.3 Conjugados Harmônicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.3.1 Ortogonalidade das curvas de nível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.4 Relações entre resultados de Funções Harmônicas e Funções Ana-
líticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
5 FÓRMULA DE POISSON EM R2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
5.1 Retângulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
APÊNDICES 42
APÊNDICE B – CONVOLUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
1
1 Introdução
∆u = div(∇(u)).
utt = c2 ∆u.
ut = k∆u.
Capítulo 1. Introdução 2
∆φ = div(∇φ) = −4πρ.
∆u = 0, em D, com u = 1 em C1 , u = 0 em C2 .
• Problema de Dirichlet:
∆u = 0, em Ω
u = g, em ∂Ω.
• Problema de Poisson:
∆u = f, em Ω
u = g, em ∂Ω,
• Problema de Neumann:
∆u = 0, em Ω
∂u
= f, em ∂Ω,
∂n
1
Informalmente, um conjunto é simplesmente conexo se toda curva contínua fechada simples pode
ser deformada continuamente a um ponto
2
Neste trabalho consideraremos só abertos orientáveis. Ver Apêndice B.
Capítulo 1. Introdução 3
2 Funções Harmônicas
• u(x1 , x2 , . . . , x2n ) = x21 − x22 + x23 − x24 + · · · + x22n−1 − x22n , Ω ⊆ R2n , qualquer aberto.
Uma das propriedades do laplaciano é que ele comuta com as derivadas parciais.
De fato, se u ∈ C 3 (Ω), então
n n n
! ! ! !
∂∆u ∂ X ∂ 2u X ∂ ∂ 2u X ∂ 3u ∂u
= 2
= = =∆ , (2.1)
∂xj ∂xj i=1 ∂xi i=1 ∂xj ∂x2i i=1 ∂x2i ∂xj ∂xj
onde usamos o Teorema de Schwarz, que nos diz que as derivadas parciais comutam. Com
∂u
isto temos que se u é harmônica, então a função ∂x j
é harmônica para todo j = 1, . . . , n.
Assim temos, por exemplo que a função
2x ∂
v(x, y) = = (ln(x2 + y 2 ))
x2 +y 2 ∂x
é harmônica em todo aberto de R2 que não contem ao 0.
Capítulo 2. Funções Harmônicas 5
v(x) = x · ∇u(x)
é harmônica.
Então, o laplaciano de v é:
Capítulo 2. Funções Harmônicas 6
n n
!
X ∂2 X ∂u
∆v = 2
xi
j=1 ∂xj i=1 ∂xi
n n
!
X ∂ ∂ X ∂u
= xi
j=1 ∂xj ∂xj i=1 ∂xi
n n
!
X ∂ ∂u X ∂ 2u
= + xi
j=1 ∂xj ∂xj i=1 ∂xj ∂xi
n n n
!
X ∂ 2u X ∂ X ∂ 2u
= 2
+ xi
j=1 ∂xj j=1 ∂xj i=1 ∂xj ∂xi
| {z }
=0
n n
!
X ∂ X ∂ 2u
= xi
j=1 ∂xj i=1 ∂xj ∂xi
n n
!
X ∂ 2u X ∂ 3u
= + xi 2
j=1 ∂xj ∂xj i=1 ∂xj ∂xi
n n n
X ∂ 2u X X ∂ 3u
= 2
+ x i 2
j=1 ∂xj i=1 j=1 ∂xj ∂xi
| {z }
=0
n n
X ∂ X ∂ 2u
= xi
i=1 ∂xi j=1 ∂x2j
| {z }
=0
= 0.
Logo, v é harmônica.
A Proposição anterior nos deu um método para construir novas funções harmônicas
a partir de uma função harmônica dada. Vejamos alguns exemplos.
Exemplo 2.4. Seja u(x, y) = log(x2 + y 2 ), que é harmônica em Ω = R2 \ {(0, 0)}. Logo a
função
!
2x 2y x2 + y 2
v(x, y) = (x, y) · ∇u(x, y) = (x, y) · , 2 =2 =2
x + y x + y2
2 2 x2 + y 2
é harmônica.
Exemplo 2.5. Seja u(x, y) = ex sin(y) harmônica em R2 . O gradiente de u é (ex sin(y), ex cos(y)).
Logo a função
∂ ∂u ∂2 ∂ 2u
(u(x + y)) = (x + y) =⇒ (u(x + y)) = (x + y)
∂xi ∂xi ∂x2i ∂x2i
Assim,
∆(u(x + y)) = ∆u(x + y) = 0.
Logo, u ◦ Ty : Ωy → R é harmônica.
∂ ∂u ∂2 ∂u
(u(ax)) = a (ax) =⇒ 2
(u(ax)) = a2 2 (ax)
∂xi ∂xi ∂xi ∂xi
Assim,
∆(u(ax)) = a2 ∆u(ax) = 0
Logo, u ◦ Tr : Ωr → R é harmônica.
ordem 2 de v são
!
∂ 2 u(T (x)) ∂ ∂u(T (x))
2
=
∂xi ∂xi ∂xi
n
∂ X ∂u
= (T (x))aji
∂xi j=1 ∂xj
n
!
X ∂ ∂u
= (T (x))aji
j=1 ∂xi ∂xj
n
!
X ∂ ∂u
= aji (T (x))
j=1 ∂xi ∂xj
n n
! !
X X ∂ ∂u
= aji (T (x))aki
j=1 k=1 ∂xk ∂xj
n
X ∂ 2u
= aji aki (T (x)).
j,k=1 ∂xk xj
Logo
n n
X X ∂ 2u
∆(u(T (x))) = aji aki (T (x))
i=1 j,k=1 ∂x x
k j
n n
X ∂ 2u X
= (T (x)) aji aki
j,k=1 ∂xk xj i=1
n
X ∂ 2u
= (T (x))hAi , Aj i
j,k=1 ∂xk xj
x = r cos θ, y = r sin θ.
∂2 ∂2 ∂2 1 ∂ 1 ∂2
∆= + = + + .
∂x2 ∂y 2 ∂r2 r ∂r r2 ∂θ2
∂2 1 ∂
0 = ∆u = 2
+ .
∂r r ∂r
Assim
!
∂ 2 u 1 ∂u ∂ 2 u ∂u ∂u ∂u ∂u
0 = 2+ =⇒ 0 = r 2 + =⇒ 0 = r =⇒ r = c1 =⇒ u = c1 log r+c2 .
∂r r ∂r ∂r ∂r ∂r ∂r ∂r
10
Definição 3.1. Seja u ∈ C(Ω) uma função contínua em Ω. Então u satisfaz a Propriedade
do Valor Médio I se:
1 Z
u(x) = u(y) dSy , para qualquer Br (x) ⊂ Ω (3.1)
wn rn−1 ∂Br (x)
onde wn denota a área de superfície da esfera unitária em Rn .
Definição 3.2. Seja u ∈ C(Ω) uma função contínua em Ω. Então u satisfaz a Propriedade
do Valor Médio II se:
n Z
u(x) = u(y) dy , para qualquer Br (x) ⊂ Ω (3.2)
wn rn Br (x)
onde wn denota a área de superfície da esfera unitária em Rn .
Observação 1. As duas definições são equivalentes, ou seja, uma função contínua tem
a Propriedade do Valor Médio I se, e somente se, tem a Propriedade do Valor Médio II.
Quando isto acontece, dizemos simplesmente que a função tem a Propriedade do Valor
Médio.(3)
Capítulo 3. Teoria das Funções Harmônicas 11
Vejamos uma das propriedades mais importantes das funções harmônicas: elas
satisfazem a Propriedade do Valor Médio.
Teorema 3.3 (Princípio do Valor Médio). Seja u ∈ C 2 (Ω) ∩ C(Ω) harmônica em Ω. Então
u satisfaz a Propriedade do Valor Médio em Ω.
n−1 ∂
Z
=ρ u(x + ρw)dSw
∂ρ |w|=1
Portanto, como u é função harmônica, temos que para qualquer ρ ∈ (0, r]
∂ Z
u(x + ρw)dSw = 0,
∂ρ |w|=1
Capítulo 3. Teoria das Funções Harmônicas 12
portanto é constante em (0, r]. Pela continuidade de u, podemos estender para 0, e assim
Z Z
u(x + rw)dSw = u(x)dSw = u(x)wn
|w|=1 |w|=1
1 Z 1 Z
=⇒ u(x) = u(x + rw)dSw = u(y)dSy
wn |w|=1 wn rn−1 ∂Br (x)
Exemplo 3.4. Seja u(x, y) = x2 − y 2 , que vimos que u é harmônica. Note que u(x, x) = 0
para todo x ∈ R. Como u é harmônica, pela Propriedade do Valor Médio, a média de u
tem que ser 0 em qualquer bola centrada em (x, x). Vejamos que de fato isto acontece:
Z 2π Z 2π
u(x + r cos θ, x + r sin θ) dθ = (x + r cos(θ))2 − (x + r sin(θ))2 dθ
0 0
Z 2π
= 2xr(cos(θ) − sin(θ)) + r2 (cos2 (θ) − sin2 (θ)) dθ
0
= 0.
Defina ϕ (z) = 1
n
ϕ( z ) para > 0. Agora para qualquer x ∈ Ω considere < d(x, ∂Ω).
Assim, temos
1 Z y
Z Z
u(y)ϕ (y − x)dy = u(x + y)ϕ (y)dy = n u(x + y)ϕ dy
Ω |y|<
Z
= u(x + y)ϕ(y)dy
|y|<1
Z 1 Z
n−1
= r dr u(x + rw)ϕ(rw)dSw
0 ∂B1 (0)
Z 1 Z
n−1
= ψ(r)r dr u(x + rw)dSw
0 |w|=1
Z 1
= u(x)wn ψ(r)rn−1 dr = u(x)
0
Finalmente, vejamos que ser harmônica e ter a Propriedade do Valor Médio são
condições equivalentes.
Demonstração. Seja x0 ∈ Ω um zero de u, ou seja, u(x0 ) = 0. Seja r > 0 tal que Br (x0 ) ⊆ Ω.
Pelo Princípio do Valor Médio, temos que
1 Z
0 = u(x0 ) = u(y) dSy .
ωn rn−1 ∂Br (x)
Logo, u é identicamente nula em ∂Br (x0 ) ou assume valores positivos e negativos em
∂Br (x0 ). Neste último caso, como ∂Br (x0 ) é conexo e u é contínua em ∂Br (x0 ), então
existe algum ponto em ∂Br (x0 ) que anula a u.
Exemplo 3.8. Seja u(x, y) = x2 − y 2 , vamos provar que um zero da função não é isolado.
De fato, temos que u(x, y) = 0 se, e somente se, x = y ou x = −y. Considere o caso
x = y, e tomemos uma bola B((x, x), ). O ponto x + 2 , x + 2 é um zero de u, e satisfaz
s
2 2
d (x, x), x + , x + = x− x+ + x− x+
2 2 2 2
s
2 2
= − + −
2 2
√
= 2
2
<
Portanto, na bola B((x, x), ) existe um zero da função u distinto de (x, x).
Exemplo 3.9. Considere a função harmônica u(x, y) = ex sin(y). O ponto (x, 0) é um zero
da função u, e em qualquer bola Br (x, 0), todos os pontos do intervalo (x − r, x + r) × {0}
são zeros de u e estão contidos na bola.
Capítulo 3. Teoria das Funções Harmônicas 14
Teorema 3.10. Seja u ∈ C(BR (x0 )) harmônica em BR (x0 ). Então as derivadas parciais
de u são limitadas. Mais especificamente,
∂u n
| (x0 )| ≤ max |u|
∂xi R BR (x0 )
Teorema 3.11. Seja u ∈ C(BR (x0 )) uma função harmônica não negativa em BR (x0 ).
Então:
∂u n
| (x0 )| ≤ u(x0 )
∂xi R
Demonstração. Pelo Teorema da Divergência e pelo fato de u ser não negativo, temos
∂u n Z n
| (x0 )| ≤ u(y) dSy = u(x0 )
∂xi wn Rn ∂BR (x0 ) R
Pelo Princípio do Valor Médio, temos
n Z n
n
u(y) dSy = u(x0 )
wn R ∂BR (x0 ) R
Logo,
∂u n
| (x0 )| ≤ u(x0 )
∂xi R
Proposição 3.13. Seja u ∈ C(BR (x0 ) harmônica em BR (x0 ). Então a derivada parcial
de ordem m de u em relação a qualquer combinação das variáveis é limitada. Mais
especificamente
nm em−1 m!
|Dm u(x0 )| ≤ max |u|,
Rm BR
Demonstração. Provaremos por indução. Pelo teorema (3.10), temos que o teorema é
verdadeiro para m = 1. Suponha que o teorema vale para m. Vamos provar que ele é válido
para m + 1. Defina, r = (1 − θ)R ∈ (0, R), com θ ∈ (0, 1). Aplicando o teorema (3.10) á
função u na bola Br (x0 ) temos
n
|Dm+1 u(x0 )| ≤ max |Dm u|
r Br (x0 )
Pela hipótese de indução, temos que
nm em−1 m!
max |Dm u| ≤ max |u|
Br (x0 ) (R − r)m BR (x0 )
Assim,
n nm em−1 m! nm+1 em−1 m!
|Dm+1 u(x0 )| ≤ · max |u| = max |u|
r (R − r)m BR (x0 ) Rm+1 θm (1 − θ) BR (x0 )
m
Seja θ = m+1
. Isso implica
m
1 1
m
= 1+ (m + 1) < e(m + 1)
θ (1 − θ) m
Portanto, o resultado é estabelecido para qualquer derivada, em relação a quaisquer
variáveis.
onde " !m #
1 ∂ ∂
Rm (h) = h1 + · · · + hn u (x1 + θh1 , · · · , xn + θhn )
m! ∂x1 ∂xn
para algum θ ∈ (0, 1). Note que x + h ∈ BR (x) para |h| < R. Assim, pela proposição
(3.13), temos
!m
1 nm em−1 m! |h|n2 e
|Rm (h)| ≤ |h|m · nm · max |u| ≤ max |u|
m! Rm B 2R R B 2R
R
Então, para qualquer h com |h|n2 e < 2
, temos que Rm (h) → 0 quando m → ∞.
Uma outra propriedade das funções harmônicas não negativas é que elas não podem
oscilar muito em domínios compactos. Esse resultado é conhecido como desigualdade
de Harnack.
Demonstração. Primeiro vejamos que este resultado vale para uma bola. Considere x ∈ Ω,
e seja R > 0 tal que B4R (x0 ) ⊂ Ω. Se y ∈ BR (x), então usando a Propriedade do Valor
Médio e o fato de u ser não negativa, temos por um lado que
n Z n2n Z
u(y) = u≤ u = 2n u(x),
wn Rn BR (y) wn (2R)n B2R (x)
onde usamos que BR (y) ⊂ B2R (x). Por outro lado, usando o fato que B2R (x) ⊂ B3R (y),
temos que
n n
n Z
2 n Z
2
u(y) = n
u≥ n
u= u(x).
wn (3R) B3R (y) 3 wn (2R) B2R (x) 3
Capítulo 3. Teoria das Funções Harmônicas 17
Agora, seja K um compacto qualquer contido em Ω, e seja R > 0 tal que 0 < 4R < (K, ∂Ω).
Como K é compacto, podemos cobrir ele com uma quantidade finita N de bolas Bi de
raio R, tal que Bi ∩ Bi+1 =6 ∅ para i = 1, . . . , N − 1. Portanto, dados x, y ∈ K existe
uma sequência de bolas Bi , Bi+1 , . . . , Bi+j com x ∈ Bi e y ∈ Bi+j . Aplicando a estimativa
provada anteriormente a cada bola, e combinando os resultados, segue que
sup u ≤ C inf u
K K
∂ 2u
≤ 0, para todo i = 1, . . . , n.
∂x2i
M := max u, e L := max(|x|2 ).
∂Ω ∂Ω
Logo, v (x) ≤ M +L, ∀ x ∈ Ω. Como u(x) ≤ v (x) em Ω, segue que u(x) ≤ M +L , ∀ x ∈
Ω. Note que a última inequação vale para todo > 0. Assim, passando para o limite
quando → 0, temos que u(x) ≤ M , ∀ x ∈ Ω, o que prova o teorema.
Corolário 3.19 (Princípio do Mínimo Fraco). Seja u ∈ C 2 (Ω) ∩ C(Ω) uma função
harmônica num domínio limitado Ω. Então o valor mínimo de u em Ω é atingido na
fronteira ∂Ω.
Demonstração. Defina v(x) = −u(x) em Ω, então v é uma função harmônica. Pelo Princípio
do Máximo Fraco aplicada à função harmônica v segue o resultado.
O Princípio do Máximo Fraco nos diz que em domínios limitados, qualquer função
harmônica tem seu valor máximo na fronteira. Porém, ele não nos informa se a função
harmônica terá ou não também um valor máximo em Ω. Por exemplo, considere o disco
unitário D centrado na origem. Então a função constante u = 1 é definitivamente uma
função harmônica em D. Ela atinge seu máximo em D, além de ter o atingido em ∂D.
Uma consequência imediata do Princípio do Máximo Fraco é a unicidade nas
soluções do Problema de Dirichlet.
∆u = f , em Ω
u = g , em ∂Ω
onde g é uma função contínua em ∂Ω. Então o problema de Dirichlet tem no máximo uma
solução de classe C 2 (Ω) ∩ C(Ω).
Capítulo 3. Teoria das Funções Harmônicas 19
w = 0 em ∂Ω
Pelo Princípio do Máximo Fraco temos que w ≤ 0 e pelo Princípio do Mínimo Fraco w ≥ 0.
Assim, w = 0, ou seja, u = v.
Esse problema tem pelo menos duas soluções, a saber w1 (x, y) = xy e w2 (x, y) = 0.
∆u = 0 em Ω
u = 0 em ∂Ω.
Seja Ω = {x ∈ Rn ; |x| > 1}. Para n = 2 temos que u(x) = log |x| é uma solução. Note que
u → ∞ quando r → ∞, e assim u é ilimitada. Para n = 3 temos que |x|2−n − 1 é uma
solução. Note que u → −1 quando r → ∞. Portanto, u é limitado. Agora, considere o
semiplano superior Ω = {x ∈ Rn ; xn > 0}, que também é ilimitado. Então u(x) = xn é
uma solução não trivial, a qual é ilimitada.
∆ui = f ∈ Ω
ui = gi ∈ ∂Ω
max |u1 (x, y) − u2 (x, y)| ≤ max |g1 (x, y) − g2 (x, y)|
Ω ∂Ω
Capítulo 3. Teoria das Funções Harmônicas 20
∆w = 0 em Ω
w = g1 − g2 em ∂Ω
Teorema 3.22 (Princípio do Máximo Forte). Sejam Ω aberto e conexo, u uma função
harmônica em Ω, e suponha que u tem um máximo ou um mínimo em Ω. Então u é
constante.
4 Funções Analíticas
Assim,
∂u ∂v
f 0 (z0 ) = (x0 , y0 ) + i (x0 , y0 ) (4.3)
∂x ∂x
Agora tomaremos o limite quando z se aproxima de z0 na direção do eixo y. Então
z = z0 + i∆y = (x0 , y0 + ∆y), ∆z = z − z0 = i∆y. Sabemos que i∆y → 0 se, e somente se,
∆y → 0, assim
Portanto,
∂v ∂u
f 0 (z0 ) = (x0 , y0 ) − i (x0 , y0 ) (4.4)
∂y ∂y
∂u ∂v ∂u ∂v
= e =− (4.5)
∂x ∂y ∂y ∂x
Essas equações são chamadas de Equações de Cauchy-Riemann
ux = vy e uy = −vx (4.6)
Exemplo 4.8. Seja f (z) = |z|2 , temos que f (z) = |z|2 = x2 +y 2 , ou seja, u(x, y) = x2 +y 2
e v(x, y) = 0. Assim,
∂u ∂u
= 2x e = 2y
∂x ∂y
∂v ∂v
= =0
∂x ∂y
Portanto, as equações de Cauchy-Riemann não são satisfeitas em nenhum ponto fora da
origem. Logo, f não é analítica em nenhum ponto.
Teorema 4.9. Se u, v são funções com valor real definidas em um subconjunto aberto
U ⊂ R2 , com derivadas parciais contínuas que satisfazem ux = vy , uy = −vx , então a
função de valor complexo f (x + iy) = u(x, y) + iv(x, y) é analítica em U .
Observação 5. Esta prova é técnica e longa, porém não é complicada pois só usa ferra-
mentas de Cálculo. Como ela não traz nenhuma utilidade para este trabalho, a prova não
será apresentada. A demonstração desse teorema pode ser encontrada no livro Asmar e
Grafakos(5).
Capítulo 4. Funções Analíticas 24
∂u ∂u
= 2x + 1 e = −2y
∂x ∂y
∂v ∂v
= 2y e = 2x + 1
∂x ∂y
Portanto,
∂u ∂v ∂u ∂v
= e =−
∂x ∂y ∂y ∂x
Logo, como a função f satisfaz as equações de Cauchy-Riemann e as derivadas parciais de
u e v são contínuas, temos que f é analítica.
∂u ∂u
= 4x e =1
∂x ∂y
∂v ∂v
= −1 e = 2y
∂x ∂y
Portanto,
∂u ∂v ∂u ∂v
6= e =−
∂x ∂y ∂y ∂x
Logo, como a função f não satisfaz as equações de Cauchy-Riemann f não é analítica.
Por definição, temos que toda função analítica é diferenciável, porém a recíproca
não é verdadeira.
De fato, considere a função f (z) = |z|2 . Temos que f é diferenciável em z = 0, mas,
pelo Exemplo (4.8), temos que f não é analítica nesse ponto.
Definição 4.12. Uma função complexa definida e analítica em todo o plano complexo C
é chamada de função inteira.
(z − z0 )
lim f (z) − f (z0 ) = z→z
lim (f (z) − f (z0 )) ·
z→z0 0 (z − z0 )
f (z) − f (z0 )
= lim · lim z − z0
z→z0 z − z0 z→z0
Logo, f é contínua em z0
• Então c1 f + c2 g é analítica em U , e ∀z ∈ U
• A função f g é analítica em U , e ∀z ∈ U
f
• A função g
é analítica em W = U \ {w ∈ W ; g(w) = 0}, e ∀z ∈ U
!0
f f 0 (z)g(z) − f (z)g 0 (z)
(z) = (4.10)
g (g(z))2
Capítulo 4. Funções Analíticas 26
Portanto,
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2v ∂ 2v
+ = + =0
∂x2 ∂y 2 ∂x2 ∂y 2
para todo (x, y) ∈ Ω, ou seja, u e v satisfazem a equação de Laplace. Logo, provamos o
seguinte teorema.
Teorema 4.15. Se as partes reais e imaginárias de uma função analítica são de classe
C 2 , então elas são harmônicas.
Observação 6. Usando a Teoria de Integral das funções complexas (livro Asmar e Gra-
fakos(5)), é possível mostrar que toda função analítica é infinitamente diferenciável, e
como consequência, as partes real e imaginária dela têm derivadas de todas as ordens.
Como o objetivo deste trabalho é estudar as funções harmônicas e suas implicações, e
não desenvolver a teoria das funções complexas, precisamos adicionar a hipótese sobre as
partes reais e imaginárias de f serem de classe C 2 para provar que elas são harmônicas.
Na última seção provaremos que toda função analítica tem derivadas de todas as ordens
também usando a hipótese adicional de u e v serem de classe C 2 .
∂v ∂v
= ex · sin y e = ex · cos y
∂x ∂y
Portanto,
∂u ∂v ∂u ∂v
= e =− ,
∂x ∂y ∂y ∂x
como as derivadas parciais de u e v são contínuas, pelo teorema 4.9 temos que f é analítica.
Note que,
∂ 2u ∂ 2u
= ex · cos y e = −ex · cos y =⇒ ∆u(x, y) = 0
∂x2 ∂y 2
∂ 2v ∂ 2v
2
= ex · sin y e 2
= −ex · sin y =⇒ ∆v(x, y) = 0
∂x ∂y
Logo, u e v são funções harmônicas.
∂u ∂u
= 3x2 − 3y 2 e = −6yx
∂x ∂y
∂v ∂v
= 6yx e = 3x2 − 3y 2
∂x ∂y
∂u ∂v ∂u ∂v
= e =− ,
∂x ∂y ∂y ∂x
como as derivadas parciais de u e v são contínuas, pelo teorema 4.9 temos que f é analítica.
Note que,
∂ 2u ∂ 2u
= 6x e = −6x =⇒ ∆u(x, y) = 0
∂x2 ∂y 2
∂ 2v ∂ 2v
= 6y e = −6y =⇒ ∆v(x, y) = 0
∂x2 ∂y 2
Logo, u e v são funções harmônicas.
∂u ∂u
= 2x e = −2y
∂x ∂y
Capítulo 4. Funções Analíticas 28
∂v ∂v
= 2y e = 2x
∂x ∂y
Portanto,
∂u ∂v ∂u ∂v
= e =− ,
∂x ∂y ∂y ∂x
como as derivadas parciais de u e v são contínuas, pelo teorema 4.9 temos que f é analítica.
Note que,
∂ 2u ∂ 2u
=2 e = −2 =⇒ ∆u(x, y) = 0
∂x2 ∂y 2
∂ 2v ∂ 2v
=0 e =0 =⇒ ∆v(x, y) = 0
∂x2 ∂y 2
Logo, u e v são funções harmônicas.
Definição 4.19. Suponha que u e v sejam funções harmônicas que satisfazem as equações
de Cauchy-Riemann em algum conjunto aberto Ω, ou seja, a função f = u + iv é analítica
em Ω. Então v é chamado de conjugado harmônico de u.
Proposição 4.20. Seja u uma função harmônica em uma região Ω. Então a função
g = ux −iuy definida em Ω é analítica em Ω. Tal função é chamada gradiente conjugado
de u.
Capítulo 4. Funções Analíticas 29
Demonstração. Suponha g(z) = ux (z) − iuy (z) := U (z) + iV (z) , z ∈ Ω. Pela equação de
Laplace temos que
Ux − Vy = uxx − (−uyy ) = 0 (4.12)
Temos que as equações (4.12) e (4.13) são as equações de Cauchy-Riemann para g = U +iV .
Note que Ux , Uy , Vx , Vy são todas contínuas, assim podemos aplicar o Teorema (4.9) para
estabelecer a analiticidade de g em Ω.
Proposição 4.21. Suponha que u seja harmônica em um conjunto aberto Ω e que v seja
um conjugado harmônico de u ∈ Ω. Então −u é um conjugado harmônico de v ∈ Ω.
Demonstração. Sabemos que f = u+iv é analítica em Ω. Segue que a função (−i)f = v−iu
é analítica em Ω e, portanto, −u é um conjugado harmônico de v ∈ Ω.
Proposição 4.22. Suponha que u é uma função harmônica em uma região Ω. Então:
(i) se v1 e v2 são conjugados harmônicos de u ∈ Ω, então v1 e v2 devem diferir por
uma constante real.
(ii) se v é um conjugado harmônico de u, então v também é um conjugado harmônico
de u + c, onde c é uma constante real.
Demonstração. Considere g(z) = ux (z) − iuy (z) := U (z) + iV (z) , z ∈ D. Pela Proposição
4.20 temos que g é analítica. Fixamos um ponto qualquer z0 ∈ D e definimos
Z z
F (z) = g(ξ)dξ
z0
Capítulo 4. Funções Analíticas 30
Como a função g(z) é analítica em um domínio simplesmente conexo, temos pelo Teorema
de Morera3 e suas consequências4 ((7), Teorema 8.14, Corolário 8.15) que a função F (z)
está bem definida e é analítica em D com
∂ ∂
F 0 (z) = g(z) = ux (z) − iuy (z) = ReF (z) − i ReF (z)
∂x ∂y
Assim, u(z) e ReF (z) têm as mesmas derivadas parciais de primeira ordem em D, de
modo que
ReF (z) = u(z) + c , onde c é uma constante real.
Portanto, a função
Z z
f (z) = F (z) − c = (ux (ξ) − iuy (ξ)) dξ − c
z0
m1 m2 = −1 (4.14)
Diz-se que duas famílias de curvas são ortogonais se cada curva de uma família
cruzar as curvas da outra família em ângulo reto.
Considere as curvas de nível de uma função harmônica u em um domínio Ω. Estas
são as curvas determinadas pela relação implícita
u(x, y) = C1 (4.15)
3
R
Teorema (Morera): Seja f (z) uma função contínua num domínio D. Se C f (z) dz = 0 para toda curva
fechada simples em D, então f (z) é analítica em D
4
Corolário: Seja f (z) analítica
R z num domínio simplesmente conexo D, e seja z0 um ponto qualquer de D.
Então a função F (z) = z0 f (w) dw é analítica em D.
Capítulo 4. Funções Analíticas 31
onde C1 é uma constante. Como u é harmônica, ela tem derivadas parciais contínuas.
Supondo que localmente podemos escrever y = y(x), e diferenciando ambos os lados de
(4.15) em relação a x obtemos
∂u dx ∂u dy
+ =0 (4.16)
∂x dx ∂y dx
dx ∂u dy
Mas dx
= 1, então se ∂y
6= 0 podemos resolver para dx
e chegamos em
∂u
dy ∂x
= − ∂u (4.17)
dx ∂y
Isso fornece a inclinação da reta tangente em um ponto em uma curva de nível. Agora
suponha que podemos encontrar um conjugado harmônico v de u ∈ Ω e vamos considerar
as curvas de nível
v(x, y) = C2 (4.18)
onde C2 é uma constante. Como v também é harmônica, por um desenvolvimento análogo
ao feito para u , descobrimos que a inclinação da reta tangente em um ponto de uma curva
de nível é
∂v ∂u
dy ∂x ∂y
= − ∂v = ∂u (4.19)
dx ∂y ∂x
∂v
Pelas equações de Cauchy-Riemann temos que ∂x = − ∂u
∂y
∂v
e ∂y = ∂u
∂x
Comparando (4.17) e
(4.19), vemos que as inclinações das retas tangentes satisfazem a relação de ortogonalidade
(4.14) e, portanto, as curvas de nível de u são ortogonais as curvas de nível de v.
Temos assim o seguinte resultado:
Teorema 4.25 (Ortogonalidade das curvas de nível). Suponha que u seja uma função
harmônica em uma região Ω e seja v um conjugado harmônico de u ∈ Ω, de modo que
f = u + iv é analítico em Ω. Então, as duas famílias de curvas de nível, u(x, y) = C1 e
v(x, y) = C2 , são ortogonais em todos os pontos z = x + iy para os quais f 0 (z) 6= 0.
Exemplo 4.26. Seja f (x, y) = x2 − y 2 + i2xy uma função analítica, onde u(x, y) = x2 − y 2
e v(x, y) = 2xy. Queremos provar que as famílias de curvas de níveis u(x, y) = C1 e
v(x, y) = C2 são ortogonais. Sabemos que as inclinações das retas tangentes de u e v são
respectivamente
−∂u
∂x −2x x
m1 = ∂u = =
∂y
−2y y
∂u
∂y −2y −y
m2 = ∂u = =
∂x
2x x
Assim,
x −y
m1 · m2 = · = −1
y x
Logo, C1 e C2 são ortogonais.
Capítulo 4. Funções Analíticas 32
∂ux ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2v ∂vx
= 2
= − 2
= =
∂x ∂x ∂y ∂y∂x ∂y
2 2
∂ux ∂ v ∂ v ∂vx
= 2 =− 2 =− .
∂y ∂y ∂x ∂x
Assim, segue que f 0 é analítica em Ω. Continuando este precedimento, segue que f tem
derivadas de todas as ordens.
Teorema 4.28 (Liouville para Funções Analíticas ). Seja f = u + iv uma função complexa
inteira e limitada. Então f é constante.
Demonstração. Como f é limitada e |u|, |v| ≤ |f |, segue que u e v são limitadas. Como u
e v são harmônicas e limitadas em todo R2 , segue do Teorema de Liouville para funções
harmônicas que são contantes. Logo f é constante.
Teorema 4.30 (Princípio do Máximo Forte). Suponha que u é uma função harmônica em
uma região Ω. Se u atingir um máximo ou um mínimo em Ω, então u é constante em Ω.
5
Teorema do Módulo Máximo: Seja f (z) analítica num domínio D. Então |f (z)| não pode atingir seu
máximo em D, a menos que f (z) seja contante.
35
5 Fórmula de Poisson em R2
∆u = 0, Ω = {(x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 < a}
(5.1)
u = h(θ), ∂Ω = {x2 + y 2 = a} ' [0, 2π].
d2 Φ
+ λΦ = 0 (5.2)
dθ2
d2 R dR
r2 2 + r − λR = 0. (5.3)
dr dr
A condição de contorno nos diz que a função Φ tem que ser periódica
u = C + D log r. (5.5)
Notar que os termos r−n e log r não estão definidas para r = 0, e assim são
descartadas. As soluções restantes (5.4) e (5.5) são funções harmônicas no disco D,
portanto fazemos sua soma, e assim temos
∞
1
rn (An cos nθ + Bn sin nθ)
X
u = A0 +
2 n=1
Note que esta é a série Fourier para a função h(θ), e portanto sabemos que os coeficientes
são
1 Z 2π
An = n h(φ) cos nφ dφ (5.7)
πa 0
1 Z 2π
Bn = 2 h(φ) sin nφ dφ (5.8)
πa 0
As equações (5.7) e (5.8) constituem a solução completa do nosso problema.
Teorema 5.1 (Fórmula de Poisson). A solução do problema de Dirichlet (5.1) é dada por
Z 2π
h(φ) dφ
u(r, θ) = (a2 − r2 ) (5.9)
0 a2 − 2ar cos(θ − φ) + r 2π
2
Portanto,
Z 2π
2 2 h(φ) dφ
u(r, θ) = (a − r )
0 a2 − 2ar cos(θ − φ) + r 2π
2
Seja x = (x, y) um ponto de R2 com coordenadas polares (r, θ). Seja x’ = (a, φ) um
ponto na fronteira. A origem e os pontos x e x0 formam um triângulo com lados r = |x|,
a = |x0 | e |x − x0 | (Figura 2).
Note que o elemento comprimento de arco da circunferência é ds0 = a dφ. Assim a Fórmula
de Poisson pode ser reescrita como
a2 − |x|2 Z u(x0 )
u(x) = 0
ds0 (5.10)
2πa 0
|x |=a |x − x |2
Teorema 5.2. Seja h(φ) = u(x0 ) qualquer função contínua no círculo C = ∂D. Então a
Fórmula de Poisson fornece a única função harmônica em D para a qual
5.1 Retângulo
Vamos terminar este capítulo calculando de forma explícita a solução do Problema
de Dirichlet num retângulo em R2 .
Considere a equação diferencial
∂ 2u ∂ 2u
∆u(x, y) = + = 0 , em D (5.11)
∂x2 ∂y 2
onde D é o retângulo 0 < x < a, 0 < y < b, com as seguintes condições de contorno:
u = g(x) em y = b, e 0 em y = 0, x = 0 e x = a.
1
n+ 2
πx
Xn (x) = sin (5.13)
a
Em relação à função Y temos que
Sabemos que = λn > 0, para algum n. As soluções da equação para Y são da forma
é uma função harmônica em D que satisfaz três das condições de contorno. Para a condição
de contorno u(x, b) = g(x), escrevemos
∞
X
g(x) = An (βn cosh βn b − sinh βn b) · sin βn x (5.16)
n=0
para 0 < x < a. Note que esta série é uma série de Fourier nas funções sin βn x.
Portanto, os coeficientes são dados por:
2 Z a
An = (βn cosh βn b − sinh βn b)−1 g(x) sin βn x dx. (5.17)
a 0
40
6 Considerações finais
Referências
2 AXLER, S.; BOURDON, P.; RAMEY, W. Harmonic Function Theory. San Francisco:
Springer, 2001. Citado na página 8.
4 CVETKOVIĆ, D.; HAN, Q.; LIN, F. Elliptic Partial Differencial Equations. New
York: AMS, 1997. Citado na página 14.
Observação 9. A prova deste Teorema é longa e técnica, e está além dos temas deste
trabalho, pelo que não será incluída.(9)
APÊNDICE B – Convolução
Neste apêndice lembraremos alguns resultados sobre convolução que foram usados
neste trabalho.
f := η ∗ f , em U
Isto é, Z Z
f (x) = η (x − y)f (y)dy = η (y)f (x − y)dy
U B(0,)
para x ∈ U .
f (x + hei ) − f (x)
" ! #
1 Z 1 x + hei − y x−y
= n η −η f (y) dy
h Uh
" ! #
1 Z 1 x + hei − y x−y
= n η −η f (y) dy
V h
6
Em matemática, mollifiers são funções suaves com propriedades especiais, usadas por exemplo na
teoria da distribuição para criar sequências de funções suaves aproximando funções não suaves, via
convolução. Intuitivamente, dada uma função que é bastante irregular, ao convoluí-la com um mollifier
a função fica "amolecida", isto é, suas características agudas são suavizadas, enquanto ainda permanece
perto da função não suave original. (Texto do Wikipedia)
APÊNDICE B. Convolução 46