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Volta Redonda, RJ
2021
Guilherme Ramalho Saroka
Volta Redonda, RJ
2021
Ficha catalográfica automática - SDC/BAVR
Gerada com informações fornecidas pelo autor
CDD -
Volta Redonda, RJ
2021
Dedico esta conquista à memória das minhas queridas avós Luzia e Catharina.
Agradecimentos
Ao findar este ciclo da minha vida, o que tenho a dizer é que sou extremamente
grato a todos que de uma maneira ou de outra fizeram parte dessa trajetória.
À minha família, meu pai Altair e minha mãe Sandra por todos os conselhos, apoio,
suporte e aos cafés da manhã enviados nos meus aniversários, ao meu irmão Leandro pelas
horas de chamadas quando estava com saudade de casa e à minha namorada Nedly por
sempre fazer parte de cada conquista, e ser meu maior incentivo para nunca desistir de
lutar.
Nesses anos fui presenteado com muitos amigos. Então aos que caminharam ao
meu lado em cada momento de estudo e descontração na biblioteca, laboratório e Discord.
Ao Grupinho da Matemática.
Aos meus queridos amigos Hermes Neto, Natália Pedroso, Mariana Macedo e
William Shigueru, com os quais compartilhei momentos inesquecíveis e que levarei cada
um no coração para sempre. Dois amigos, em especial, eu tive não apenas a oportunidade
de conhecer, como de morar juntos. Ao João Pedro e ao Marcos Paulo, por todos os
ensinamentos e principalmente os risos de cada dia, vocês contribuíram muito à pessoa
que sou hoje.
Aos meus orientadores Alan Prata, Alessandro Gaio e Honório Joaquim, que com
prontidão aceitaram este projeto de pesquisa e foram extremamente presentes em meus
estudos, mesmo remotamente. Por contribuírem de forma efetiva com minha escalada até
a conclusão do curso, por me mostrarem os melhores caminhos a trilhar, me fortalecendo e
incentivando no decorrer desse processo rumo a minha formação. Vocês três são grande fonte
de inspiração, e levarei todos seus ensinamentos para minha vida e trajetória profissional.
À Universidade por ter me proporcionado aprendizado, crescimento profissional e
pessoal. Por ter ofertado recursos, ferramentas e por reunir num mesmo lugar um time
de professores, que além de extremamente qualificados, conseguem fomentar o desejo de
saber de cada aluno.
Por fim, aos ilustres componentes da banca examinadora Felipe Nobili e Gustavo
Benítez pelas contribuições para com meu trabalho.
“E quem se deixou levar, fraquejou, essa é a verdade
Aprenda com os erros, não se sinta um covarde.”
(Ainda Há Tempo, Criolo)
Resumo
Neste trabalho, faremos o estudo de temas da Análise Funcional e suas implicações na
Teoria das Equações Diferenciais Parciais.
Finally, we will show that the Lax-Milgram Theorem directs us to a mathematical frame-
work that guarantees the existence and uniqueness of the weak solution of the general
problems of Uniformly Elliptical Partial Differential Equations in Sobolev spaces, as an
example, we will address the model problem motivating this project : the Poisson equation
with homogeneous Dirichlet boundary conditions.
H Espaço de Hilbert
∂Ω Fronteira da região Ω
µ Medida de Lebesgue
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Motivação Holística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.3 Organização do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2 CONCEITOS INICIAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.1 Espaços Métricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 Espaços Normados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.3 Espaços com Produto Interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4 OPERADORES LINEARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.2 Operadores Lineares em Espaços Normados . . . . . . . . . . . . . . 21
4.3 Operadores Lineares Contínuos e Limitados . . . . . . . . . . . . . . 22
4.4 Funcionais Lineares e Espaço Dual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
7 ESPAÇOS DE SOBOLEV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
7.1 Derivadas fracas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
7.2 Espaços de Sobolev . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
7.3 Espaço W0k,p (Ω) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
8 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS PARCIAIS ELÍPTICAS . . . . . . . . 56
8.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
8.2 Solução Fraca de Equações Diferenciais Parciais . . . . . . . . . . . . 56
8.3 Existência de Soluções Fracas para Equações Lineares Elípticas na
Forma Divergente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
9.1 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
9.2 Projetos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
1
1 Introdução
1.1 Introdução
Em muitos fenômenos naturais a necessidade de predição e compreensão adequada
surge naturalmente. Fenômenos físicos, biológicos, químicos e a formulação de modelos
matemáticos, como probabilísticos, podem ser descritos via Equações Diferenciais. Temos
como exemplos modelos atmosféricos, de escoamento de fluídos, de problemas de elastici-
dade, de reações químicas, de eletromagnetismo, entre outros. As Equações Diferenciais
são divididas entre Ordinárias (EDO) e Parciais (EDP). Nosso objeto de estudo será uma
família de EDPs classificada como Elíptica.
Para boa parte das EDOs não é possível explicitar uma solução. Logo, pela genera-
lidade das EDPs torna-se uma tarefa ainda mais difícil. Desse modo, não existem métodos
de resoluções para a maioria das EDPs. Seguiremos as referências [1], [2] e [3], a fim de
apresentar um arcabouço matemático que nos garante a existência e unicidade de solução
para EDPs Lineares Elípticas.
onde Ω := Ω ∪ ∂Ω.
A fim de encontrar uma solução u ∈ C 2 (Ω)∩C 0 (Ω) para o problema (8.2), considere
uma função ϕ de classe C ∞ tal que ϕ(x) = 0 para todo x ∈ ∂Ω. Multiplicando a equação
(8.2) por ϕ(x) e integrando sobre Ω, temos que:
Z Z
−∆u(x)ϕ(x) = f (x)ϕ(x) =⇒ − ∆u(x)ϕ(x) dx = f (x)ϕ(x) dx. (1.2)
Ω Ω
com ~n denotando o vetor normal unitário exterior a Ω em cada ponto de ∂Ω. Visto
que ϕ(x) = 0 para todo x ∈ ∂Ω, da indentidade de Green e da Equação (1.2) somos
Capítulo 1. Introdução 2
conduzidos a
Z Z
∇ϕ · ∇u dx = f ϕ dx, ϕ ∈ C ∞ e ϕ|∂Ω = 0
Ω Ω (1.3)
u = 0, x ∈ ∂Ω
Perceba que ao invés de resolver o problema (8.2) podemos resolver (1.3), visto que são
problemas equivalentes quando buscamos u ∈ C 2 (Ω) ∩ C 0 (Ω). Com o objetivo de resolver
esse novo problema, devemos buscar um espaço em que a equação (1.3) esteja bem definida.
Considere o espaço das funções suaves de quadrado integrável, denotado por Le 2 (Ω)
Z
e 2 (Ω)
L = f ∈ C (Ω) | ∞
|f (x)| < ∞ ,
2
(1.4)
Ω
Por mais que em L e 2 (Ω) tenhamos o lado direito da Equação (1.3) bem definido
e defina a norma de f em H
f1 (Ω) como
0
Z
kf k2H1 = |f (x)|2 + |∇f (x)|2 dx = kf k22 + k∇f k22 ,
Ω
j=1
Fixado f ∈ H
f1 (Ω). Temos para todo ϕ ∈ H
0
f1 (Ω) o seguinte operador linear:
0
L:H
f1 (Ω) −→ R
0
B:H
f1 (Ω) × H
0
f1 (Ω) −→ R
0
B(u, ϕ) = L(ϕ) , ∀ϕ ∈ H
f1 .
0 (1.7)
|L(u)| = |hu, ϕi2 | ≤ kuk2 kϕk2 ≤ kuk2 (kϕk2 + k∇ϕk2 ) = kuk2 kϕkH1 .
i) B(u, v) é limitada:
Segue de modo análogo à demonstração feita para verificar que o funcional linear L
é limitado
iii) A fronteira.
Outro problema que surge é que duas funções u, v ∈ L2 (Ω) são iguais se forem iguais
com propriedade µ-q.t.p. Como a fronteira ∂Ω possui medida nula em R n , como
ficaria a restrição u = 0 em ∂Ω trabalhando com o espaço L2 (Ω)?
A verdade é que em L2 (Ω) não temos como exigir u = 0 em ∂Ω. Para resolver este
problema definiremos os espaços de Sobolev W01,2 (Ω) = H01 (Ω) como o fecho das
funções infinitamente diferenciáveis com suporte compacto em Ω. Informalmente,
dizemos que H01 (Ω) ⊂ L2 (Ω) é o espaço das funções f ∈ H1 (Ω) que se anulam em
∂Ω, isto é,
2 Conceitos Iniciais
• (u + v) + w = u + (v + w) (Associatividade da soma em V ).
• u + v = v + u (Comutatividade da soma em V ).
+ : R n × R n −→ R n
x + y 7−→ (x1 + y1 , · · · , xn + yn )
· : R × R n −→ R n
α · x 7−→ (α · x1 , · · · , α · xn )
qP qP
i) kxk = (xi )2 =⇒ d(x, y) = (xi − yi )2 .
Se V = `∞ , então
k(xn )k := sup(|xn |)
• k(xn )k ≥ 0 e k(xn )k = 0 ⇐⇒ x = 0.
Como |xn | ≥ 0, ∀xn ∈ R e n ∈ N, então temos que
Exemplo 2.3.1. Todo espaço com produto interno gera um espaço normado.
Com efeito, um produto interno induz uma norma definida por
1
kuk = hu, ui 2 , ∀u ∈ V.
tr : M2 (R) −→ R
tr(A) −→ a11 + a22
hA, Bi = tr(At B) = tr(B t A) = a11 b11 + a12 b12 + a21 b21 + a22 b22 ,
Observação 2.3.1. O Exemplo 2.3.1 está diretamente ligado ao Exemplo 2.2.1. Tal
conexão, permite concluir que dado um espaço com produto interno, é possível extrair
de modo natural um espaço normado. Que deste, por sua vez, será possível extrair um
espaço métrico. Contudo a recíproca não é necessariamente verdade, como visto em [11].
Todo espaço vetorial com produto interno, possui uma propriedade importante
chamada desigualdade de Cauchy-Schwarz, que é objeto do lema seguinte.
2 2
|hx, yi| |hx, yi|
= kxk2 − 2 +
kyk 2 kyk2
|hx, yi|2
= kxk2 − ≥ 0.
kyk2
|hx, yi|2
Assim, segue que kxk2 ≥ =⇒ kxk2 kyk2 ≥ |hx, yi|2 . Portanto, vale a desigualdade
kyk2
de Cauchy-Schwarz.
Vimos acima que um produto interno induz uma norma, que é sempre a norma
que usamos no espaço com produto interno, a menos que seja declarado o contrário. A
proposição seguinte fornece uma caracterização de uma tal norma.
Proposição 2.3.1. Todo espaço normado com norma k·k induzida por um produto interno
h·, ·i satisfaz a Lei do Paralelogramo:
kx + yk2 + kx − yk2 = 2(kxk2 + kyk2 ), ∀x, y ∈ V. (2.2)
Demonstração.
kx + yk2 + kx − yk2 = hx + y, x + yi + hx − y, x − yi
= kxk2 + hx, yi + hy, xi + kyk2 + kxk2 − hx, yi − hy, xi + kyk2
= 2kxk2 + 2kyk2 = 2(kxk2 + kyk2 ).
Capítulo 2. Conceitos Iniciais 12
Logo, em qualquer espaço vetorial normado, pode existir no máximo um produto interno
que gera a norma.
Proposição 2.3.2. Sejam U um espaço com produto interno e (xn ) e (yn ) duas sequências
em U . Se n→∞
lim xn = x ∈ U e n→∞
lim xn = y ∈ U , então n→∞
lim hxn , yn i = hx, yi.
|hxn , yn i−hx, yi| = |hxn , yn i−hxn , yi+hxn , yi−hx, yi| ≤ |hxn , yn i−hxn , yi|+|hxn , yi−hx, yi|,
Definição 2.3.2. Dizemos que dois elementos x e y de um espaço com produto interno
(V, h·, ·i) são Ortogonais, indicado por x ⊥ y, se hx, yi = 0.
U ⊥ := {v ∈ V | hv, ui = 0, ∀ u ∈ U } (2.4)
13
3.1 Introdução
Neste capítulo atingiremos alguns dos principais objetos de estudo deste trabalho,
os espaços de Banach e de Hilbert. Adicionalmente, discutiremos a Projeção Ortogonal
definida em 3.5.1 através do Teorema 3.5.1.
3.2 Convergência
Em espaços vetoriais normados, é bastante usual caracterizarmos muitas noções de
topologia por meio de sequências. Com essa finalidade, apresentamos preliminarmente as
três definições seguintes.
Definição 3.2.2. Uma sequência (xn ) em um espaço normado M é dita de Cauchy se:
∀ε > 0, ∃N tal que, ∀m, n ≥ N implica que kxm − xn k < ε
Definição 3.2.3. Dizemos que um espaço normado é Completo se toda sequência (xn )
de Cauchy no espaço é convergente.
Observação 3.3.1. Podemos dizer também que um espaço de Banach é um espaço vetorial
munido de uma norma que o torna completo.
Capítulo 3. Espaços Normados Completos 14
sequência de Cauchy, então para todo ε > 0 existe algum n0 ∈ N tal que
q
(1) (1) (2) (2) (p) (p)
n, m > n0 =⇒ kxn − xm k = (xn − xm )2 + (xn − xm )2 + ... + (xn − xm )2 < ε
Em particular, para cada i = 1, 2, ..., p, temos que n, m > n0 implica que |x(i) n −xm | < ε. Isso
(i)
nos mostra que cada sequência (x(i)n ) é uma sequência de Cauchy em R e portanto converge,
pelo exemplo anterior. Podemos então definir x(i) = lim x(i) n com x = (x , x , ..., x ).
(1) (2) (p)
Claro que x ∈ R p , agora nos resta mostrar apenas que este é o limite da sequência (xn ).
Para isso, tome ε > 0. Como x(i) = lim x(i) n , então para cada i = 1, 2, ..., p, existe algum
ni ∈ N tal que
ε ε2
n > ni =⇒ |x(i)n − x (i)
| < √ ⇒ |x (i)
n − x (i) 2
| <
p p
Tome nmax = max{ni }, com i = 1, 2, ..., p, então
s
pε2
q
(1) (2) (p)
n > nmax =⇒ kxn − xk = (xn − x(1) )2 + (xn − x(2) )2 + ... + (xn − x(p) )2 < =ε
p
Observação 3.3.2. Como o espaço normado C é idêntico ao R 2 , segue então pelo exemplo
anterior que C é um espaço de Banach. Consequentemente, C p também é um espaço de
Banach.
i=1
∞
!1
p
Tal espaço é munido de uma norma natural, dada por kxkp = p
. Além de que
X
|xi |
i=1
para 1 ≤ p < ∞, `p é um espaço de Banach.
onde µ denota a medida de Lebesgue em um espaço mensurável. Aqui duas funções estão
na mesma classe se são iguais em quase todo ponto (µ − q.t.p). Este espaço é munido de
Z 1
p
uma norma natural, dada por kf kp = p
|ϕ| dµ . Este também é um espaço de Banach.
Daremos maior ênfase ao espaço Lp (Ω) na Seção 6.1.
Definição 3.4.1. Todo espaço completo equipado com um produto interno é chamado de
espaço de Hilbert.
i=1
simplesmente a convergência de uma sequência de somas parciais. Pela desigualdade de
Cauchy-Schwarz (2.1), temos que
!2 v v
∞ ∞ ∞ ∞ u∞ u∞
x2i yi2 =⇒
X X X X uX uX
xi y i ≤ xi y i ≤ t x2 t y 2i i < ∞.
i=1 i=1 i=1 i=1 i=1 i=1
∞
Portanto a série xi yi é convergente.
X
i=1
Capítulo 3. Espaços Normados Completos 16
i=1 i=1
∞ ∞ ∞
= x2i +2 x i yi + yi2
X X X
i=1 i=1
Logo (x(i)
n ) é de Cauchy. Consequentemente para cada i ∈ N, existe um número real
li = n→∞
lim xn(i) . Defina l = (l1 , l2 , ..., li , ...). Pela última desigualdade de (3.1), para todo ε > 0,
∞
existe n0 ∈ N tal que m, n > n0 implica que kxm − xn k < ε, ou seja, (x(i)
m − xn ) < ε .
(i) 2 2
X
i=1
∞
Ao tomarmos m −→ ∞, obtemos que para todo n > n0 implica que (li − x(i)
n ) < ε ,
2 2
X
i=1
isto mostra que (l − xn ) ∈ `2 . Mais ainda, l = (l − xn ) + xn ∈ `2 , pois `2 é espaço vetorial,
e l = n→∞
lim xn . Portanto, toda sequência de Cauchy em `2 é convergente, isto é, `2 é um
espaço de Hilbert.
1 1 1
kxk = (|1|p + |1|p + |0|p + ...) p = (1 + 1) p = 2 p , para qualquer 1 ≤ p < ∞.
E a norma de (yn )
1 1
kyk = (|1|p + | − 1|p + |0|p + ...) p = 2 p , para qualquer 1 ≤ p < ∞.
kx − abk = inf{kx − ak | a ∈ U }.
Por construção temos que ∆(t) = kv + tyk2 admite valor mínimo quando t = 0, afinal
kx − abk é o ínfimo das distâncias e ∆(0) = kx − abk.
Agora, para qualquer t ∈ R podemos derivar e obter que a função admite valor
mínimo apenas quando t = 0 dtd ∆(0) = 0 e hy, vi = 0, afinal
d d
∆(t) = 2hy, vi + 2tkyk2 ⇒ ∆(0) = 2hy, vi = 0.
dt dt
Logo hy, vi = 0, ∀y ∈ U , concluindo assim que v = x − ab ∈ U ⊥ .
Além disso, como kxk2 = kabk2 + 2hab, x − abi + kx − abk2 = kabk2 + kx − abk2 , segue-se que
P : H −→ U
x 7−→ ab.
• P2 = P.
4 Operadores Lineares
4.1 Introdução
Muitos dos problemas básicos em matemática aplicada compartilham a propriedade
da linearidade, de forma que espaços vetoriais e operadores lineares fornecem uma estrutura
matemática geral para análise de tais problemas. Aplicações mais complexas, normalmente
envolvem operadores não lineares, e um estudo de operadores lineares também oferece
algumas ferramentas úteis para análise de operadores não lineares. Neste capítulo, dis-
cutimos alguns tópicos sobre operadores lineares como: o espaço dos operadores lineares
contínuos, L(X, Y ), Funcionais lineares e espaços duais.
Ker(T ) = {x ∈ X | L(x) = 0} .
kL(x)kY ≤ M kxkX .
Proposição 4.3.1. Sejam (X, k·kX ) e (Y, k·kY ) espaços vetoriais normados e L : X −→ Y
uma aplicação linear. As seguintes afirmações são equivalentes:
i) L é contínua
iii) L é limitada
(i) =⇒ (ii) Como a aplicação linear L é contínua, temos obviamente que L é contínua na
origem.
(iii) =⇒ (i) A aplicação linear L é limitada se ∃M > 0 tal que kL(x)kY ≤ M kxkX , para
qualquer x ∈ X. Consequentemente para todo x, y ∈ X temos que x − y ∈ X e
novamente, kL(x)−L(y)kY = kL(x−y)kY ≤ M kx−ykX . Portanto L é uma aplicação
linear Lipschitziana, e uma aplicação linear limitada Lipschitziana é uniformemente
contínua, afinal, dado ε > 0, tome δ = Mε , então
ε
kx − ykX < δ =⇒ kL(x − y)kY < M kx − ykX < M = ε.
M
Logo L é (uniformemente) contínua.
Perceba que a Definição 4.3.2 nos induz a uma norma natural do operador linear L
como sendo número real dado por
Por outro lado, da Definição 4.3.1 temos que se x 6= 0, então existe M > 0 tal que
kL(x)kY
≤ M.
kxkX
Considerando o supremo do conjunto
( )
kL(x)kY
| ∀x ∈ X − {0}
kxkX
podemos definir a norma de L no espaço L(X, Y ) como sendo o número real
kL(x)kY
kLkL(X,Y ) = sup .
x∈X kxkX
x6=0
ii) Primeiro, note que pela linearidade de L temos que para todo x ∈ X vale
1
!
kL(x)kY
x
sup = sup kL(x)kY = sup
L
.
x∈X kxkX x∈X kxkX kxkX
x∈X
Y
x6=0 x6=0 x6=0
kL(x)kY
M≥ =⇒ kL(x)kY ≤ M kxkX
kxkX
kL(x)kY
kLkL(X,Y ) = sup
x∈X kxkX
x6=0
kL(x)kY
sup = sup kL(x)kY = sup kL(x)kY
x∈X kxkX kxkX ≤1 kxkX =1
x6=0
com y = x
kxkX
.
= αL(f ) + L(g)
Agora, visto que k é contínuo sobre o quadrado fechado G, então pelo Teorema de
Weierstrass temos que k é limitada, ou seja, existe k0 ∈ R tal que
Teorema 4.3.1. Seja (X, k · kX ) um espaço vetorial normado de dimensão finita. Então
toda transformação linear T : X −→ X é limitada.
Observação 4.3.2. Uma consequência deste teorema é que toda transformação linear
T : R n −→ R m é limitada.
i) Se n→∞
lim xn = x0 então n→∞
lim L(xn ) = L(x0 ).
Logo, como lim xn = x0 , então existe N ∈ N, tal que para todo n > N temos
n→∞
que kxn − x0 k < δ. Logo, para todo n > N , tem-se kL(xn ) − L(x0 )k < ε. Portanto
lim L(xn ) = L(x0 ).
n→∞
ii) Seja x ∈ Ker(L). Então existe (xn ) com xn ∈ Ker(L) tal que xn −→ x. Pelo item
anterior temos que n→∞
lim L(xn ) = L(x). Contudo L(xn ) = 0 para todo n ∈ N. Da
unicidade do limite resulta que L(x) = 0, isto é, x ∈ Ker(L). Portanto, Ker(L) =
Ker(L). Podemos verificar essa propriedade de outra maneira. Como L é contínua,
então L−1 (0) = Ker(L) é fechado, pois pré-imagem de fechado é fechado.
Note que Ker(L) é um subespaço vetorial de X. De fato, para quaisquer vetores x1 ,
x2 em Ker(L) e α ∈ R, se L(x1 ) = L(x2 ) = 0 então,
Logo αx1 + x2 ∈ Ker(L). Além disso, L(0) = L(0.0) = 0L(0) = 0. Portanto, todo
operador linear de X em Y , leva o elemento nulo de X no elemento nulo de Y .
kL(x)kY
kL(x)kY ≤ AkxkX =⇒ A ≥
kxkX
kT (x)kY
kT (x)kY ≤ BkxkX =⇒ B ≥ ,
kxkX
kL(x)kY kT (x)kY
+ ≤ A + B =⇒ kL(x)kY + kT (x)kY ≤ (A + B)kxkX .
kxkX kxkX
Por outro lado, sabemos que
Demonstração. Seja (Ln ) uma sequência de Cauchy em L(X, Y ), pela Definição 3.2.2,
temos que:
Assim, (Ln (x)) é Cauchy em Y . Podemos então definir L : X −→ Y por L(x) = lim Ln (x),
n→∞
para cada x ∈ X. Note que este operador é linear: sejam x1 , x2 ∈ X e α, β ∈ R. Pela
Definição 4.2.1:
ε ε
kLn (x) − L(x)kY ≤ kLn (x) − Lm (x)kY + kLm (x) − L(x)kY < kxkX + kxkX = εkxkX .
2 2
Pela generalidade de x ∈ X, mostramos que Ln − L é limitado para n ≥ n0 e que
lim Ln = L. Agora, como L = L − Ln0 + Ln0 temos que
n→∞
Definição 4.4.2. Dizemos que f ∈ L(X, R) é Limitado se existe M > 0 tal que
Corolário 4.4.1. Como consequência imediata da Proposição 4.3.1 temos que um funcio-
nal linear f : X → R é contínuo se, e somente se, f é limitado.
α ∈ R. Então
f (αv1 + v2 ) = hαv1 + v2 , v0 i
= hαv1 , v0 i + hv2 , v0 i
= αhv1 , v0 i + hv2 , v0 i
= αf (v1 ) + f (v2 ).
= αf (ϕ) + f (ψ)
Capítulo 4. Operadores Lineares 30
ou seja,
|f (ϕ)| ≤ (b − a)kϕk.
|f (ϕ0 )| Z b
kf k ≥ = |f (ϕ0 )| = dt = b − a.
kϕ0 k a
Exemplo 5.1.1. Sendo H um espaço de Hilbert, fixado y ∈ H temos que para todo x ∈ H
podemos definir:
`y (x) = hx, yi
Que pelas propriedades de produto interno listadas em 2.3.1 podemos perceber facilmente
que `y é linear. Basta supor α, β ∈ R e x1 , x2 ∈ H, que pela Definição 4.2.1 obtemos que:
Então hx, y − wi = 0 para todo x ∈ H. Como a igualdade precedente vale para todo
x ∈ H, podemos tomar em particular x = y − w que nos conduz a ky − wk = 0, a
partir da qual concluímos que y = w. Isto prova a unicidade de y.
Passo 3) Isometria.
Se f 6= 0, então y 6= 0. Logo, para x = y temos que
Por outro lado, pela desigualdade de Cauchy-Schwarz |f (x)| = |hx, yi| ≤ kxkH kykH .
Além disso sup |hx, yi| ≤ kykH . Portanto kf k∗ ≤ kykH . Se kykH ≤ kf k∗ e kf k∗ ≤
kxk=1
kykH segue que kf k∗ = kykH que é o resultado desejado.
Observação 5.1.1. O teorema de Riesz fornece uma aplicação de H∗ para H que associa
a cada f ∈ H∗ o único y ∈ H tal que f (x) = hy, xi para todo x ∈ H. Pelo Teorema da
Representação de Riesz, essa aplicação é uma isometria linear bijetiva.
Demonstração. Perceba que por B ser coerciva e simétrica, então B satisfaz os axiomas
de produto interno. Dado u ∈ H, considere
Bu : H −→ R
v 7−→ B(u, v) = Bu (v)
Capítulo 5. Teoremas de Riesz e de Lax-Milgram 34
Então, fixado u ∈ H temos pelo Teorema de Riesz que existe um único wBu ∈ H
tal que Bu (v) = hwBu , vi para todo v ∈ H.
Devemos encontrar uf ∈ H tal que
kf k∗
kukH ≤ . (5.5)
β
De fato, pela coercividade de B temos que para qualquer u ∈ H
kf k∗
βkuk2H ≤ B(u, u) = f (u) ≤ kf k∗ kukH =⇒ βkuk2H ≤ kf k∗ kukH =⇒ kukH ≤ .
β
kf1 − f2 k∗
ku1 − u2 k ≤ .
β
B(uf , v) = f (v), ∀v ∈ H.
A : H −→ H
u 7−→ wBu = A(u)
Então
B(u, v) = hA(u), vi, ∀v ∈ H.
hA(αu1 + u2 ), vi = B(αu1 + u2 , v)
= αB(u1 , v) + B(u2 , v)
= αhA(u1 ), vi + hA(u2 ), vi
= hαA(u1 ) + A(u2 ), vi.
Como (wn ) é uma sequência de Cauchy, segue que (un ) também será uma
sequência de Cauchy e devido a completude de H, existe u ∈ H tal que
un −→ u.
Por outro lado, temos que se A é um operador linear e limitado. Pela Proposição
4.3.1 segue que A é contínua, logo
wn = A(un ) −→ A(u) = w.
0 = hA(u), vi = B(u, v)
para todo u ∈ H.
Em particular considerando u = v, obtemos
B(v, v) = 0
e pela coercividade de B
βkvk2 ≤ B(v, v) = 0,
segue que v = 0. Assim pelo lema 5.2.1 temos que o conjunto Im(A) é denso
em H. Logo Im(A) = H, ou seja, A é sobrejetiva. Portanto A é bijetiva.
• Consequência
A : H −→ H e o mapeamento de Riesz C : H −→ H∗ são isomorfismos, como sugere
a Figura 3.
• Existência da Solução
Fixado u ∈ H, Bu (v) = B(u, v) define um funcional linear em H∗ . Pelo Teorema de
Riesz
B(u, v) = hA(u), vi, ∀v ∈ H,
e A é um operador linear, limitado e bijetivo.
Então, para todo f ∈ H∗ , o Teorema de Riesz garante a existência e unicidade de
um y ∈ H tal que f (v) = hy, vi.
Capítulo 5. Teoremas de Riesz e de Lax-Milgram 38
• Unicidade da Solução
Suponha que existam u1 , u2 ∈ H tais que para todo f ∈ H∗ temos
=⇒ B(u1 − u2 , v) = 0.
39
Definição 6.1.1. Uma função f em X com valores nos números reais é Mensurável se
{x ∈ X | f (x) < a ∈ R} ∈ Ω.
Para p = ∞ definimos
Definição 6.1.3. Seja 1 ≤ p < ∞. Dizemos que Lp (Ω) é o Espaço de Todas as Classes
de Equivalência das Funções Lebesgue-mensuráveis.
Lp (Ω) é munido de uma norma natural k · kLp dada por
Z 1
p
kf kLp := |f |p dµ , para qualquer f ∈ Lp (Ω).
Para o espaço L∞ (Ω) das funções mensuráveis em Ω e que são limitadas em Ω,definimos a
norma
kgkL∞ := inf{M | |f (x)| ≤ M , para qualquer M ∈ Ω}.
Observação 6.1.1. Vale observar que o Teorema de Riesz-Fischer (vide [15]) nos dá que
k · kLp é uma norma completa em Lp (Ω), portanto é um espaço de Banach.
i) Desigualdade de Young:
Ap B q
AB ≤ + . (6.1)
p q
Neste trabalho, daremos atenção especial ao espaço L2 (Ω). Para toda f, g ∈ L2 (Ω)
temos que k · kL2 dada por
Z 1
2
kf kL2 = f 2 dµ (6.4)
6.2 Convolução
Convolução é um operador linear que a partir de duas funções dadas, resulta numa
terceira. Na física dizemos que dado um sinal qualquer (função inicial), ao passar por um
dispositivo, o sinal inicial vai certamente sofrer alterações (resultado da convolução). Essa
transformação é o que intuitivamente chamamos convolução.
Agora, considere g : Ω −→ R
1 − x, se 0 < x < 1
1 − (x − τ ), se 0 < x < 1
g(x) = =⇒ g(x − τ ) =
0, c.c. 0, c.c.
Figura 5 – Gráfico de g.
Nos três casos temos a mesma integral apenas, variando seus limites de integração,
então
" #b
Z b Z b
τ2
χ(τ )g(x − τ )dτ = −x + τ + 1dτ = −xτ + +τ
a a 2 a
6.3 Suavização
Definição 6.3.2. Dizemos que a sequência (fn ) Converge Localmente para f em Lp (Ω)
se fn −→ f em Lp (K) para todo K ⊂ Ω compacto.
Definição 6.3.3. Considere ρ ∈ C ∞ (Ω) uma função não negativa, o Conjunto Suporte
de ρ é o conjunto fechado
Teorema 6.3.1. Os espaços Cc0 (Ω) e Cc∞ (Ω) são densos em Lp (Ω).
Figura 7 – Gráfico de ρ.
Esta seção consiste em buscar uma maneira de obter uma função “mais suave”
de uma função “menos suave”, ou seja, se tivermos f ∈ C n (Ω) tal que fh ∈ C m (Ω) com
n < m ∈ N.
Considere ρ ∈ C ∞ (Ω) uma função não negativa, cujo suporte
supp(ρ) = {x ∈ Ω : ρ(x) 6= 0}
B(0, 1) = {x ∈ Ω : |x| ≤ 1}
tal que ρ = 1.
R
Ω
Assim, escrevendo ρh (x) = h1n ρ( hx ) (o suporte de ρh está contido em uma bola sobre
a origem de raio h, e temos que a integral de ρh vale 1).
O exemplo a seguir nos dá uma melhor interpretação da função ρh .
i) fh ∈ Lploc (Ω).
iii) fh ∈ C ∞ (Ω).
iv) Se f possui suporte compacto em Ω e h < dist(supp(f ), ∂Ω) então fh ∈ Cc∞ (Ω).
Como f ∈ Lploc a integral |f (x)|p dx < ∞, logo |fh (x)|p dx < ∞, ou seja,
R R
K0 K
fh ∈ Lploc .
De fato, considere h < 21 dist(K, ∂Ω). Pela Definição 6.3.4 temos que fh (x) é dada
por Z
fh (x) = ρh (x − y)f (y)dy
K
Capítulo 6. Funções Localmente Integráveis 46
Fazendo a substituição z = x − y
Z
fh (x) = ρh (z)f (x − z)dz
|z|≤h
Como ρh = 1
R
Z
|fh (x)| ≤ p
ρh (z)|f (x − z)|p dz
|z|≤h
Z Z Z
|fh (x)|p dx ≤ ρh (z) |f (x − z)|p dxdz
K |z|≤h K
Z Z Z
≤ ρh (z) |f (x)| dxdz =
p
|f (x)|p dx.
|z|≤h K0 K0
ii) Como Cc0 (Ω) é denso em Lp (Ω), então Lp (Ω) ⊂ Cc0 (Ω), isto é, dado ε > 0 conseguimos
ϕ ∈ Cc0 (Ω) tal que kf − ϕkLp (Ω) < 3ε .
Por outro lado, a suavização de ϕ nos garante a existência de ϕh ∈ Cc0 (Ω) de modo
que kϕ − ϕh kLp (K 0 ) < 3ε quando h −→ 0. Então temos que
fh (x + ε) − fh (x) 1Z
lim = lim f (y)(ρh ((x − y) + ε) − ρh (x − y)) dy
ε→0 ε ε→0 ε Ω
ρh ((x − y) + ε) − ρh (x − y)
Z !
= lim f (y) dy.
ε→0 Ω ε
fh (x + ε) − fh (x) Z ρh ((x − y) + ε) − ρh (x − y)
!
lim = f (y) lim dy.
ε→0 ε Ω ε→0 ε
iv) Não apresentaremos a prova desse item, mas sua ideia fica clara quando vista a
Figura 9.
48
7 Espaços de Sobolev
Porém, como ϕ possui suporte compacto contido em Ω, segue que ϕ(x) = 0 para todo x
na fronteira de Ω, ou seja
Z
∂f Z
∂ϕ
ϕ dx = − f dx. (7.1)
Ω ∂xj Ω ∂xj
∂ |α|
∂ :=
α
∂xα1 1 · · · ∂xαnn
Note que o lado esquerdo da equação (7.1) faz sentido apenas se garantirmos a existência da
∂f ∂ϕ
derivada , enquanto o lado direito só precisamos que f ∈ L1 (Ω), afinal ∈ Cc∞ (Ω).
∂xj ∂xj
Definição 7.1.2. Dada f ∈ L1loc (Ω), dizemos que g ∈ L1loc (Ω) é a α-ésima Derivada
Fraca de f se
Z Z
gϕ dx = (−1)α f (∂ α ϕ) dx, para toda ϕ ∈ Cc∞ (Ω), (7.3)
Ω Ω
denotamos g = ∂ α f .
i) f não é derivável em Ω = R.
ii) f ∈
/ L1 (Ω).
Observação 7.1.1. A escolha de f no Exemplo 7.1.1 não foi por acaso. Este é um
importante exemplo que nos ajuda ter melhor compreensão dos objetos apresentados.
Além de que, em particular nos itens ii) e iii), estamos explicitando um exemplo em
que L1 (Ω) ⊂ L1loc (Ω), mas L1loc (Ω) 6⊂ L1 (Ω) (L1loc (Ω) ⊂ L1 (Ω) só ocorre quando Ω for
compacto). O que mostra a maior generalidade do espaço L1loc (Ω), e por isso exigimos
f ∈ L1loc (Ω) em 7.1.2.
sendo que ϕ(2) = 0 pois o suporte de ϕ está contido em (0, 2). Logo
Z 2 Z 1
− u(x)ϕ (x)dx =
0
ϕ(x) dx
0 0
Então, f = 0, µ − q.t.p.
O próximo teorema nos garante que se f admite derivada fraca, então a derivada
fraca de f é única.
Então Z Z Z
gϕ dx − hϕ dx = (g − h)ϕ dx = 0, para toda ϕ ∈ Cc∞ (Ω).
Ω Ω Ω
Portanto, pelo Lema 7.1.1, temos que g − h = 0 µ − q.t.p, logo g = h.
Outras propriedades podem ser melhor estudadas nas referências [1], [4] e [5]. Por
ora precisamos apenas destas no intuito de definirmos os espaços de Sobolev.
iii) O espaço (linear) das funções k-vezes fracamente diferenciáveis é o espaço W k (Ω),
definido pelo conjunto:
kf + gkW k,p = k∂ f + ∂
α α
gkpLp
X
α≤k
1
p
[(k∂ α
f kpLp ) + (k∂ α
gkpLp ))]
X
≤
α≤k
1 1
p p
α
f kpLp + α
gkpLp = kf kW k,p + kgkW k,p .
X X
≤ k∂ k∂
α≤k α≤k
Observação 7.2.1. Vale notar que, diferentemente dos espaços W k (Ω), cuja definição
usa integração local em Ω, os de Sobolev W k,p (Ω) são definidos com o conceito integração
em todo o Ω.
Mostraremos que f ∈ W k,p (Ω), ou seja, que ∂ α f ∈ Lp (Ω). Como (fn ) é Cauchy
em W k,p (Ω), então (∂ α fn ) é Cauchy no espaço Lp (Ω), que é Banach, para qualquer α
com α ≤ k. Então para cada α, existe fα ∈ Lp (Ω) tal que ∂ α fn −→ fα em Lp (Ω). Basta
mostrarmos que ∂ α f = fα .
Seja ϕ ∈ Cc∞ (Ω), então
Z Z Z Z
f (∂ ϕ) = lim
α
fn (∂ ϕ) = (−1) lim
α α
(∂ fn )ϕ = (−1)
α α
fα ϕ.
Ω n→∞ Ω n→∞ Ω Ω
Logo Z Z
fα ϕ = lim (∂ α fn )ϕ.
Ω n→∞ Ω
Integrando por partes, α vezes, e usando o fato de que ϕ ∈ Cc∞ (Ω), obtemos que
Z Z Z Z
fα ϕ = lim fn ϕ − lim fn (∂ α ϕ) = − lim fn (∂ α ϕ).
Ω n→∞ ∂Ω n→∞ Ω n→∞ Ω
é um espaço de Hilbert que é denotado por Hk (Ω), cujo produto interno h·, ·iHk é definido
por
hf, giHk = h∂ α f, ∂ α giL2 .
X
|α|≤k
kf k2Hk = k∂ α f k2L2 .
X
|α|≤k
Observação 7.3.1. Informalmente, W0k,p (Ω) é o espaço das funções f ∈ W k,p (Ω) que se
anulam na fronteira:
Em particular, denotaremos por H01 (Ω) o espaço (de Hilbert) W01,2 (Ω). Para toda
f, g ∈ H01 (Ω) definimos o produto interno h·, ·iH1 por
Teorema 7.3.2. Os espaços Cc0 (Ω) e Cc∞ (Ω) são densos em H01 (Ω).
Demonstração. Pelo Teorema 7.3.2, H01 (Ω) ⊂ Cc∞ (Ω). Isso significa que podemos provar
para u ∈ Cc∞ (Ω) que, por densidade, o mesmo resultado valerá para u ∈ H01 .
Sem perda de generalidade como Ω é limitado, suponha que supp(u) esteja “exclu-
sivamente no primeiro quadrante”, isto é
Consequentemente:
Z a
|u(x1 , x2 , · · · , t, xn )|2 ≤ a |∂i u(x1 , x2 , · · · , t, xn )|2 dt.
0
Capítulo 7. Espaços de Sobolev 55
Integrando novamente
Z a Z a
|u(x1 , x2 , · · · , t, xn )|2 dt ≤ a2 |∂i u(x1 , x2 , · · · , t, xn )|2 dt. (7.8)
0 0
Portanto
kukL2 ≤ Ck∇ukL2 .
Observação 7.3.2. No passo onde obtemos a Equação (7.8) temos do lado direito uma
integral dupla Z a Z a
a |∂i u(x1 , x2 , · · · , t, xn )| dt dt.
2
0 0
então
Z a Z a Z a Z a
a |∂i u(x1 , x2 , · · · , t, xn )|2 dt dt = a K dt = a2 K = a2 |∂i u(x1 , x2 , · · · , t, xn )|2 dt.
0 0 0 0
Corolário 7.3.1. Seja Ω um aberto limitado de R n . Então existe uma constante positiva
C = C(n, Ω) tal que para todo u ∈ H01 (Ω) nós temos
56
8.1 Introdução
Neste trabalho faremos o estudo de uma família de EDPs de segunda ordem,
chamadas EDPs Lineares Elípticas. Seja Ω ⊂ R n aberto, um tipo especial de EDP Elíptica
é a Equação de Poisson:
n
∂ 2u
−∆u(x) = − (x) = f (x), ∀x ∈ Ω. (8.1)
X
2
i=1 ∂xi
Definição 8.1.1. Uma função u ∈ C 2 (Ω)∩C 0 (Ω) que satisfaz (8.2) é chamada de Solução
Clássica do problema de Dirichlet.
Exemplo 8.2.1. Seja f ∈ L2 (Ω) com Ω ⊂ R n aberto. Mostraremos que existe uma única
u ∈ H01 (Ω) solução fraca para o problema
−∆u + u = f , x ∈ Ω
, (8.3)
u = 0 , x ∈ ∂Ω
Com efeito, seja v ∈ H01 (Ω) uma função teste. Multiplicando a Equação (8.3) por v
e integrando em Ω segue que
Z Z Z Z Z
(−v∆u + vu) dx = f v dx =⇒ − v∆u dx + vu dx = f v dx.
Ω Ω Ω Ω Ω
Agora, defina uma forma bilinear B : H01 (Ω) × H01 (Ω) −→ R por
|B(u, v)| = |h∇u, ∇viL2 + hu, viL2 | ≤ |h∇u, ∇viL2 | + |hu, viL2 |
≤ k∇ukL2 k∇vkL2 + kukL2 kvkL2
≤ (k∇ukL2 + kukL2 )(k∇vkL2 + kvkL2 )
= kukH1 kvkH1
Capítulo 8. Equações Diferenciais Parciais Elípticas 58
De modo análogo ao exemplo anterior. Defina B : H01 (Ω) × H01 (Ω) −→ R por
A fim de mostrar que F ∈ (H01 )∗ e que B é uma forma bilinear limitada, argumenta-se da
mesma forma.
Quanto a coercividade de B, este resultado decorre da aplicação da Desigualdade
de Poincaré 7.3.1.
B(u, v) = F (v).
Definição 8.3.1. Seja Ω ⊂ R n aberto. Dizemos que os operadores elípticos cuja parte
principal está na forma Divergente são operadores da forma:
n n
!
∂ ∂u ∂u
Lu := − aij (x) + bi (x) + c(x)u. (8.7)
X X
Vamos admitir que os coeficientes aij (x), bi (x) e c(x) sejam de classe C ∞ (Ω). Assumiremos,
também, a hipótese de simetria aij (x) = aji (x) para todo x ∈ Ω.
A equação (8.7) pode ser reescrita de forma compacta como
Lu := −div(A∇u) + ~b · ∇u + cu,
" #
∂u
onde A = [aij (x)] ∈ R n×n
, ~b = [bi (x)] ∈ R n e ∇u = ∈ Rn.
∂xi
Definição 8.3.2. Dizemos que L é Uniformemente Elíptico em Ω se existe θ positivo
tal que
n
aij (x)ξi ξj ≥ θkξk2 , para todo ξ = (ξ1 , · · · , ξn ) ∈ R n − {0}. (8.8)
X
i,j=1
Contudo, nem sempre a forma bilinear obtida a partir do Problema (8.9) é coerciva. Então
mostraremos que existe λ0 > 0 tal que para todo λ > λ0 existe uma única solução fraca
u ∈ H01 (Ω) para o problema
Lu + λu = f , x ∈ Ω
. (8.10)
u = 0 , x ∈ ∂Ω
Similar à Equação (8.3), reformularemos à Equação (8.10) para uma forma fraca.
Multiplicando a equação por ϕ ∈ Cc∞ (Ω) e integrando sobre Ω obtemos
n Z n Z
!
Z
∂ ∂u ∂u Z Z Z
(Lu + λu)ϕ := − ϕ+ ϕ + cuϕ + λuϕ = f ϕ,
X X
aij bi
Ω i,j=1 Ω ∂xi ∂xj i=1 Ω ∂xi Ω Ω Ω
ou equivalentemente
Z Z Z Z Z
(Lu + λu)ϕ := − div(A∇u)ϕ + (~b · ∇u)ϕ + (c(x) + λ)uϕ = f ϕ. (8.11)
Ω Ω Ω Ω Ω
Observe que podemos reescrever o primeiro termo da Equação (8.11) usando a identidade
de Green
Z Z Z Z
− div(A∇u)ϕ = A∇u · ∇ϕ − ϕA∇u · ~n = A∇u · ∇ϕ.
Ω Ω ∂Ω Ω
Afirmação. F ∈ (H01 )∗ .
Perceba que, para mostrarmos que Bλ é limitada em H01 (Ω) é suficiente mostrar
que B é limitada em H01 (Ω). Afinal, se para quaisquer f, g ∈ H01 (Ω), existe K > 0, tal que
Consequentemente:
Z Z
B(f, g) + |B(f, g)| + ≤ (K + λ)kf kH1 kgkH1 .
λf g ≤ λf g
Ω Ω
≤ kAkL∞ k∇ukL2 k∇ϕkL2 + k~bkL∞ k∂i ukL2 kϕkL2 + kckL∞ kukL2 kϕkL2
≤ k∇ukL2 kϕkH1 kAkL∞ + k∇ukL2 kϕkH1 k~bkL∞ + kukL2 kϕkH1 kckL∞
≤ C(A, ~b, c)(kukH1 kϕkH1 + kukH1 kϕkH1 + kukH1 kϕkH1 ).
Portanto |B(u, ϕ)| ≤ 3C(A, ~b, c)kukH1 kϕkH1 , ou seja, B é limitada em H01 (Ω). Consequen-
temente Bλ é limitada.
Agora, mostraremos que Bλ é coerciva. Recorreremos a desigualdade de Young em
termos de ε para essa demonstração.
Dado u ∈ H01 (Ω), pela Definição 8.3.2 existe θ > 0 tal que
Z Z Z
B(u, u) = A∇u · ∇u + (~b · ∇u)u + cu2
Ω Z Ω Z Ω
Agora, pela desigualdade de Young (8.13) com ε = θ e denotando por b = k~bkL∞ chegamos
a
θ 1
bk∇ukL2 kukL2 = (k∇ukL2 )(bkukL2 ) ≤ (k∇ukL2 )2 + (bkukL2 )2 .
2 2θ
Consequentemente
1
!
θ
B(u, u) ≥ θk∇uk2L2− (k∇ukL2 )2 + (bkukL2 )2 + kckL∞ kuk2L2
2 2θ
2
θ b
= θk∇uk2L2 − (k∇ukL2 )2 − kuk2L2 − kckL∞ kuk2L2
2 2θ !
θ b2
= θk∇ukL2 − (k∇ukL2 ) − kukL2
2 2 2
+ kckL∞
2 2θ
!
θ b2
= (k∇ukL2 ) − kukL2
2 2
+ kckL∞ .
2 2θ
Denotando por
b2
λ0 = + kckL∞ ,
2θ
tem-se que
θ θ θ θ
B(u, u) ≥ k∇uk2L2 − λ0 kuk2L2 = k∇uk2L2 − λ0 kuk2L2 + kuk2L2 − kuk2L2
2 2 ! 2 2
θ θ
= kuk2H1 − λ0 + kuk2L2
2 2
Então, para λ0 = λ0 + θ
2
e para λ suficientemente grande
θ
B(u, u) ≥ kuk2H1 − λkuk2L2 .
2
Portanto
θ
Bλ (u, u) ≥ kuk2H1 .
2
Segue do Teorema de Lax-Milgram, que existe um único u ∈ H01 (Ω) tal que
9 Considerações finais
9.1 Conclusão
Imersos na teoria da análise funcional linear, e adotando uma abordagem construtiva,
apresentamos neste trabalho resultados que permitiram uma maior compreensão de certas
propriedades de interesse intrínseco aos espaços de Hilbert com o objetivo de formular
adequadamente problemas variacionais associados a EDP’s elípticas, visando a obtenção
de soluções fracas das mesmas. Para tanto, como uma interlocução inicial para fixar ideias,
consideramos o problema de Poisson e tentamos encontrar uma solução desse problema
no espaço Le 2 (Ω), que a primeira vista parece bastante natural de ser feito. Em seguida,
Lembramos que o espaço das funções tentativas é o espaço de busca por uma solução
de um problema variacional. No Teorema de Lax-Milgram, temos que ambos os espaços,
tentativa e teste, são exatamente o mesmo.
65
Referências
6 LIMA, E. L. Análise Real vol.1, Funções de Uma Variável. Rio de Janeiro: IMPA, 2016.
Citado 3 vezes nas páginas 5, 6 e 9.
7 LIMA, E. L. Análise Real vol.2, Funções de n Variáveis. Rio de Janeiro: IMPA, 2016.
Citado 2 vezes nas páginas 5 e 54.
10 AXLER, S. Linear Algebra Done Right, Third Edition. San Francisco: Springer.
Citado na página 5.
16 NETO, H. A. TCC, Uma introdução à Teoria Ergódica. Rio de Janeiro: [s.n.], 2019.
Citado 2 vezes nas páginas 5 e 39.
17 LIMA, R. F. de. Topologia e Análise no Espaço Rn. Natal: UFPR, 2013. Citado na
página 6.
Referências 66