parcial refrente à disciplina Arranjo e descrição de documentos ministrada pelo Prof. Marcelo Kosawa Siqueira para o curso de Arquivologia.
MANAUS
2016 ARQUIVOS PERMANENTES
A compreensão do valor da informação, muito comentada nos últimos
anos ressaltou o valor dos documentos, isso é fato. A partir de então se intensificou o agrupamento de documentos organizando-os em diversos suportes. Neste momento os arquivos, cuja função principal se caracterizava pela guarda e conservação de documentos e tinha por objetivo atestar legalidade e repassar informações, passam variar na forma como se apresentam, ou seja, no suporte em que a informação está registrada e demonstram características que os diferem dos demais documentos que podem conter informações de valor científico, histórico e cultural. É importante saber que um documento de arquivo só tem sentido se relacionado ao meio que o produziu, pois seu conjunto retrata a estrutura e as funções do órgão gerador e suas atividades meio e fim.
Dentro do ciclo vital dos arquivos, destacam-se as três idades: primária,
onde se encontram os arquivos correntes, aqueles usados com frequência e possuem valor funcional, administrativo e jurídico. Seu tempo de vida está ligado à função, ou seja, permanecem ativos até que cumpram os objetivos para o qual foram criados. A secundária compreende os arquivos intermediários, aqueles que já cumpriram seus objetivos, mas ainda poderão ser solicitados e/ou utilizados e que por razões institucionais aguardam sua eliminação ou recolhimento para a guarda permanente. A terceira fase enquadra os arquivos permanentes, que são documentos que mesmo perdendo seu valor administrativo são preservados devido ao seu valor histórico, probatório e documental.
Dada as definições, pode-se inferir que os arquivos permanentes tem
por função reunir os documentos, conservar de formas preventivas e corretivas, arranjar ou ordenar de forma apropriada, descrever ou publicar os instrumentos de pesquisa e facilitar seu acesso, pois um arquivo permanente não tem sentido se não é possível acessar suas informações. Uma vez recolhidos, esses documentos não deverão ser mais eliminados, voltar ao local de origem, ou ser objeto de empréstimo. No que diz respeito as atividades do arquivo permanente, após reunir os documentos, faz-se o arranjo dessa documentação obedecendo ao princípio do respeito à ordem original e o princípio da proveniência, utilizando-se de técnicas específicas para organização, agrupando-os em fundos, as séries dentro dos fundos, e os itens documentais dentro das séries, levando em conta a estrutura orgânica da instituição.
A descrição é uma tarefa fundamental para recuperação e acesso às
informações contidas nos documentos. Para Bellotto (2006, p. 179) “a descrição é a única maneira de possibilitar que os dados contidos nas séries e/ou unidades documentais cheguem até os pesquisadores”, esse processo se caracteriza por procedimentos que a partir da descrição e sintetização dos elementos formais e conteúdos textuais dos documentos permitem a elaboração de instrumentos de pesquisa que possibilitem a identificação, a contextualização, o rastreamento, a localização, o acesso e utilização dos dados de forma simplificada, viabilizando o intercâmbio eficaz entre diversas instituições arquivísticas. Entre os instrumentos de pesquisa utilizados podemos encontrar os guias, inventários, catálogos, catálogos seletivos, índice e tabela de equivalência e concordância.
A conservação tem por objetivo promover a preservação e a restauração
dos documentos mantendo-os em seu estado original, impedindo o aumento de danos a ele, interrompendo o processo de degradação e deteriorização, através de pequenas intervenções, restauração, controle de ambiente e manuseio. Por fim, a atividade de referência entra com a função de promover políticas de acesso e uso de documentos, fornecendo recursos documentais de base, dados em estado bruto sem análise ou interpretações que contestem sua veracidade, e que devido ao seu conteúdo confiável acrescentam muito mais aos estudos dos usuários.
Outro ponto importante ainda na área do arquivo permanente que não
pode ser ignorado, por se tratar de um dos princípios fundamentais da arquivologia é o chamado princípio da proveniência ou princípio de respeito aos fundos. Pode-se afirmar que o princípio da proveniência: [...] consiste em manter grupados, sem misturá-los a outros, os arquivos (documentos de qualquer natureza) provenientes de uma administração, de uma instituição ou de uma pessoa física: é o que se chama fundo de arquivo dessa administração, instituição ou pessoa. (DUCHEIN, 1982 apud RODRIGUES, 2004, p.22)
Quando se fala em “outros”, compreende-se que o conjunto arquivístico
produzido por uma entidade coletiva ou pessoa, não deve ser misturada ao de outras entidades produtoras, mantendo a respectiva individualidade. Essa medida origina o fundo de arquivo, termo que está intimamente ligado à documentação histórica em função da qual ele foi produzido, sua existência jurídica, administrativa e estrutural dentro de uma organização. Para Bellotto (2006, p.128):
Admite-se como fundo o conjunto de documentos
produzidos e/ou acumulados por determinada entidade pública ou privada, pessoa ou família, no exercício de suas funções e atividades, guardando entre si relações orgânicas, e que são preservados como prova ou testemunho legal e/ou cultural, não devendo ser mesclado a documentos de outro conjunto, gerado por outra instituição, mesmo que este, por quaisquer razões, lhe seja afim.
Há dois tipos de fundos, que em um primeiro momento podem ser
facilmente diferenciados: o aberto, onde outros documentos podem ser acrescentados, pois, a entidade produtora ainda continua em atividade e o fundo fechado, caracterizado por não receber outros documentos em razão da inatividade da instituição produtora.
De modo geral, foi possível verificar que o assunto arquivo permanente
tem muito a nos acrescentar se aprofundarmos seus estudos e dissecar todas as suas características e definições, mesmo com a carência de literatura na área é possível compreender a importância de cada etapa e cumprimento das regras que tornam os documentos acessíveis aos interessados neles. REFERÊNCIAS
documental. 4. ed . São Paulo: FGV, 2006. 2. Rodrigues, Ana Márcia Lutterbach. Uma análise da teoria dos arquivos. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2004. 3. SOUSA, Tarciso Barbosa de. Os princípios arquivísticos e o conceito de classificação. In: RODRIGUES, Georgete Medleg; LOPES, Ilza Leite. (Org.). Organização e representação do conhecimento na perspectiva da Ciência da Informação. Brasília: Thesaurus, 2003, v. 2, p. 240-269.