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UNIDADE 4

O CANTO CORAL E SUA APLICABILIDADE


EM DIFERENTES AMBIENTES

Objetivos
• Compreender o contexto em que se desenvolveu o canto coral no Brasil.
• Conhecer os diversos tipos de grupos vocais e suas formações.
• Apresentar as possibilidades de aplicação do canto coral na sociedade.
• Conhecer os campos de atuação do educador que trabalha com o canto
como ferramenta musicalizadora.

Conteúdos
• Canto coral no Brasil.
• Canto orfeônico no Brasil.
• Grupos vocais.
• Canto coral como ferramenta socializadora.
• Coro infantil.
• Coro de idosos.
• Coro empresarial.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Busque identificar os principais conceitos apresentados, compreendendo


como o canto coral pode ser utilizado em diferentes ambientes, com dife-
rentes funções.

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2) Assista aos vídeos propostos, pois eles são fundamentais para o entendi-
mento da unidade.

3) Não deixe de recorrer aos materiais descritos no Conteúdo Digital


Integrador.

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1. INTRODUÇÃO
Até o presente momento, você pôde ver que o canto coral
é uma prática musical exercida e difundida nas mais diferentes
culturas. Para desenvolvê-la, necessitamos de diversos saberes
estudados nas unidades anteriores.
Como vimos, nascemos carregando um instrumento musi-
cal, que é a nossa voz. Desse modo, todos que tenham um apare-
lho fonador saudável podem cantar – ou seja, fazer música – sem
que precisem comprar um instrumento musical. Isso, por si só,
torna a prática do canto coral acessível, o que motiva empresas,
escolas, centros comunitários e igrejas a escolherem essa prática
para ser desenvolvida em seu meio. Outra questão é que, por
ser um instrumento natural, as pessoas já têm uma familiaridade
com o canto, o que facilita a formação de coros amadores.
Além dessas facilidades, o canto coral é uma ferramenta de
integração, motivação e desenvolvimento de múltiplas habilida-
des e competências.
Nesta quarta e última unidade, você terá a oportunidade
de compreender o canto coral exercendo diferentes papéis, em
diferentes espaços. Verá que temos coros profissionais, mas que
também é uma prática muito utilizada em empresas, escolas
etc., por se apresentar como um trabalho em grupo que não só
desenvolve a capacidade vocal, mas também privilegia a intera-
ção, a convivência, a inclusão social e as relações interpessoais
em um grupo social.
Desse modo, você aprenderá, nesta unidade, sobre as di-
versas possibilidades de grupos vocais e, também, as possibilida-
des de aplicação do canto coral na sociedade.

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Dependendo dos objetivos do coro em que você está en-


volvido, a sua dinâmica de trabalho se modifica. Não podemos
trabalhar com um coro sinfônico da mesma forma que traba-
lhamos com um coro de idosos ou um coro de uma empresa.
Enquanto o objetivo do primeiro é a execução musical/vocal de
excelência, os últimos têm por meta o convívio e o desenvolvi-
mento das relações pessoais, sendo a música o meio para se che-
gar a tal resultado.
Isso não significa que, em um coro profissional, não tenha-
mos convívio e relações interpessoais e que, em um coro ama-
dor, não seja possível ter uma execução musical de qualidade,
apenas que os objetivos principais não são os mesmos, o que
muda a postura do regente.
Ao tomar contato com as possibilidades de aplicação do
canto coral, você também conhecerá campos de atuação musical
para o futuro educador musical que você será. Para iniciarmos os
estudos, é importante que você compreenda como se desenvol-
veu o canto coral no Brasil. Vamos lá?

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador.

2.1. CANTO CORAL NO BRASIL

Vamos imaginar qual foi a primeira manifestação de músi-


ca vocal coletiva no Brasil?

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Embora diversos autores apontem a chegada dos jesuítas


e das primeiras capelas de músicos portugueses como referên-
cia, podemos pensar que bem antes disso já havia manifestações
musicais no nosso país.
Como vimos no início deste estudo, os agrupamentos tri-
bais sempre tiveram uma relação íntima com a música; ela exer-
cia diversas funções dentro da tribo. Certamente, não era muito
diferente com os nossos índios. Ainda hoje, os índios brasileiros
mantêm a tradição do canto em seus ritos. Mesmo que não legi-
timada, essa foi a primeira prática musical vocal brasileira.
A Carta a el rei Dom Manuel, de Caminha, documento mais
antigo sobre a chegada das caravelas portuguesas ao Brasil, faz
referência à manifestação musical da população nativa. Nessas
caravelas, havia dois músicos, o organista Padre Raffeo e o regen-
te coral Padre Pedro Mello (ALVARES, 2000).
Os jesuítas foram os primeiros professores de canto coral
no Brasil. Eles chegaram aqui em 1549 e iniciaram o processo de
catequese dos índios. Aos índios conversos eram ensinadas as
práticas do canto. O mesmo objetivo que a música teve na Idade
Média ela tinha, agora, no Brasil: educar o cristão novo.
A presença do negro também foi importante na formação
musical brasileira. Você pode imaginar uma orquestra formada
por escravos?
Foi o que o francês Pyrard de Saval descreveu em seus es-
critos, em 1610, ou seja, uma orquestra com 30 escravos.
A interação racial e cultural do branco, negro e índio foi inten-
sa e propiciou um processo de aculturação musical que contri-
buiu na formação de uma imensa variedade de estilos musicais
(ALVARES, 2000, p. 5).

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Em 1851, Dom Pedro II aprova a lei que estabelecia os con-


teúdos básicos do ensino de música nas escolas primárias e se-
cundárias brasileiras (Leis do Brasil, 1852, p. 57). Os conteúdos
musicais para formação musical no Brasil eram:
1) princípios básicos de solfejo;
2) voz;
3) instrumentos de corda;
4) instrumentos de sopro;
5) harmonia.
Nesse período, o canto coral já era uma prática recorren-
te na capital do nosso país, mais ainda nas escolas primárias e
secundárias. No entanto, o ensino musical não se estendia para
todo o país (ALVARES, 2000).
Você sabia que já houve no Brasil um projeto de canto co-
ral nas escolas de dimensões colossais? É o que conheceremos
a seguir.

Villa-Lobos e o canto orfeônico


Hoje muito tem se falado da obrigatoriedade do ensino
de música nas escolas, mas, bem antes disso, houve um projeto
posto em prática com objetivos desafiadores.
Em 1931, Anísio Teixeira, secretário da educação do Distri-
to Federal, fundou a Superindentência de Educação Musical e
Artística – Sema e convidou Villa-Lobos para o cargo de diretor
dessa instituição. O seu objetivo era aprimorar o ensino de músi-
ca nas escolas primárias e secundárias brasileiras.

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O projeto educacional proposto por Villa-Lobos, no gover-


no Vargas, foi chamado de canto orfeônico e adotado oficialmen-
te no ensino público brasileiro, em nível federal, a partir do ano
de 1931 (LISBOA, 2006).
O canto orfeônico não é originalmente brasileiro. Ele sur-
giu na França, no século 19, apoiado por Napoleão III. O termo
orfeão (Orpheón) era relacionado a grupos de estudantes que se
reuniam para apresentações públicas. O canto orfeônico nada
mais é do que uma modalidade de canto coletivo que surgiu para
ser uma ferramenta de alfabetização musical de grandes massas
populares.
Embora muitos autores atribuam a Villa-Lobos a impor-
tação do canto orfeônico ao Brasil, Lisboa (2006) salienta que,
antes do projeto de Villa-Lobos, durante as décadas de 1910 e
1920, houve no Brasil as primeiras manifestações de um ensino
caracterizado como canto orfeônico. Essas manifestações ocor-
reram no estado de São Paulo, tendo como mentores os educa-
dores João Gomes Júnior (1868-1963) e Carlos Alberto Gomes
Cardim (1875-1938).
No entanto, um projeto com abrangência nacional foi feito,
pela primeira vez, por Villa-Lobos.
O canto orfeônico serviria, assim, para alcançar grandes contin-
gentes da população para que fosse levada a cabo a “socializa-
ção” do ensino musical pregada por Villa-Lobos, o que foi possí-
vel com sua inserção no sistema público de educação (LISBOA,
2006, p. 12).

A implementação do canto orfeônico em todo o Brasil foi


ao encontro dos ideais nacionalistas do governo Vargas, com a
ideia de uma formação da identidade nacional brasileira.

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Heitor Villa-Lobos entedia que o canto orfeônico possuía


potencial integrador e era um elemento organizador coleti-
vo, servindo de instrumento para a formação moral e cívica da
criança.
O povo é, no fundo, a origem de todas as coisas belas e nobres,
inclusive da boa música! [...] Tenho uma grande fé nas crianças.
Acho que delas tudo se pode esperar. Por isso é tão essencial
educá-las. É preciso dar-lhes uma educação primária de senso
ético, como iniciação para uma futura vida artística. [...] A mi-
nha receita é o canto orfeônico. Mas o meu canto orfeônico de-
veria, na realidade, chamar-se educação social pela música. Um
povo que sabe cantar está a um passo da felicidade; é preciso
ensinar o mundo inteiro a cantar (VILLA-LOBOS, 1937, p. 13).

O canto orfeônico tornou-se disciplina obrigatória no Brasil


por três décadas.

Canto orfeônico–––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre o canto orfeônico utilizado por
Villa-Lobos.
REYES, A.; MÉSCOLI, B. E.; ROMERO; S. Canto a los niños del mundo.
Intérpretes: Programa de Formación de Coros Escolares, Fundación Gran
Cantoría Puerto Cabello, Quadrivium Coro de Cámara e Orquesta Sinfóni-
ca de Carabobo. Carabobo: 2005. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=W79PgOWe-gU>. Acesso em: 14 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Em 1931, Villa-Lobos iniciou uma turnê pelo Brasil junta-
mente com sua esposa, que era pianista, e diversos amigos mú-
sicos, a fim de divulgar não só a música brasileira, mas os ideais
do canto orfeônico. Também foi feita uma divulgação maciça por
meio de panfletos nas escolas, prospectos lançados por aviões
e, também, divulgação na imprensa. O resultado de toda essa
divulgação foi a realização de um concerto vocal que reuniu mais

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de 12.000 vozes de estudantes, professores, operários e milita-


res (LISBOA, 2006).

Figura 1 Villa-Lobos no estádio São Januário.

O projeto só se tornou possível pela estrutura da Sema


(Superintendência de Educação Musical e Artística). As primeiras
atividades da Sema foram relacionadas à formação de professo-
res para atuarem nas escolas. O curso foi denominado “Curso
de Pedagogia da Música e de Canto Orfeônico”, ministrado por
Villa-Lobos. A partir de então, vários cursos voltados para a espe-
cialização em canto orfeônico foram oferecidos.
Com professores capacitados e uma estrutura de apoio à
Sema, implantou-se a disciplina nas escolas publicas e também
foram formados grupos musicais e realizadas atividades culturais
com a população.
Quanto ao material utilizado:
Constitui-se o núcleo de todos os objetivos de Villa-Lobos a se-
rem atingidos na implantação do canto orfeônico nas escolas,
pois que se liga ao aspecto socializador da música, à formação

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da consciência musical brasileira, à formação moral e cívica das


novas gerações e à (re) ligação do povo brasileiro às suas ori-
gens (folclore), definindo o papel da música dentro da ideologia
nacionalista (LISBOA, 2006, p. 52).

O ideal nacionalista fazia-se presente tanto na proposta de


educação cívica do projeto quanto no repertório utilizado no ma-
terial didático.
Villa-Lobos acreditava que a educação musical, moral e cí-
vica das crianças seria alcançada por meio da execução de mú-
sica nacional e folclórica. O compositor propunha que a música
folclórica seria a que mais facilmente a criança assimilaria, pois
fazia parte do seu universo (LISBOA, 2006).

Figura 2 Villa-Lobos organizando uma concentração orfeônica.

As músicas folclóricas e populares eram arranjadas para


duas ou três vozes e agrupadas em cadernos que eram enviados
às escolas.

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Figura 3 Arranjo Villa-Lobos.

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O projeto desenvolvido por Villa-Lobos hoje é alvo de


críticas por ter abraçado os ideais nacionalistas e civilizadores,
tendo como objetivo difundir, por meio das letras das canções,
padrões morais baseados no nacionalismo e no patriotismo. Em
contrapartida, muitos dos objetivos assumidos por ele, como a
formação humana por meio da música, a ideia de que a música
é para todos, entre outros, vão ao encontro das propostas atuais
da educação musical. Hoje, o canto coral é um dos instrumentos
musicalizadores mais utilizado nas escolas.
Apesar de compreendermos que é possível um diálogo
entre o projeto do canto orfeônico de Villa-Lobos com algumas
práticas atuais, é fundamental a compreensão de que algumas
ideologias foram válidas naquele momento histórico e não se
aplicam mais ao nosso contexto atual. Considerando o contex-
to no qual foi inserido, conseguimos compreender que, naquele
momento, a música foi um meio que contribuiu para a ampliação
do pensamento de uma época específica (LISBOA, 2006).

Com as leituras propostas no Tópico 3.1., você compre-


enderá mais sobre o desenvolvimento do canto coral no Brasil.
Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras
indicadas.

2.2. CLASSIFICAÇÃO DE GRUPOS VOCAIS

Agora que você compreendeu como a música vocal se de-


senvolveu no Brasil e, mais do que isso, conheceu como ela foi
usada em prol da educação, é necessário conhecer as divisões
possíveis quando trabalhamos com grupos vocais.

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Podemos classificar um grupo vocal pelo número de mem-


bros envolvidos na prática do canto, ou por seu sexo, ou até mes-
mo pela faixa etária.
Quanto ao número de participantes na prática do canto,
podemos classificá-los como:
1) duetos, trios, quartetos etc.: quando temos um núme-
ro de duas, três ou quatro pessoas cantando juntas,
com, normalmente, cada uma cantando uma linha vo-
cal distinta.
2) coro de câmara: é um pequeno conjunto vocal com ta-
manho máximo de 10 a 20 pessoas, para ser introduzido
em uma câmara, um quarto. No século 17, esse tipo de
conjunto era muito utilizado. Um grupo com esse nú-
mero de membros também pode ser intitulado madri-
gal. No Renascimento, como estudamos anteriormente,
madrigal é um estilo de composição. Hoje, esse termo
também é utilizado para nomear pequenos coros.
3) coro: grupo vocal com mais de 20 coralistas.

Também podemos classificar os grupos vocais quanto ao


repertório que se propõem a cantar. Temos o coro lírico ou coro
sinfônico, que são conjuntos corais para a execução de repertó-
rio produzido para ser cantado em óperas ou composições sin-
fônicas. Surgiu no final do século 18 e firmou-se do século 19
em diante. Como vimos na Unidade 1, nessa época, a orquestra
evoluiu e o coro teve de acompanhar isso para não ser encoberto
pela massa sonora da orquestra. Há, também, conjuntos que se
especializam em cantar somente bossa nova ou música renas-
centista, por exemplo.

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Também podemos classificar o grupo vocal quanto às vo-


zes utilizadas. Temos duas categorias de coros quando partimos
dessa percepção, coro de vozes mistas e de vozes iguais:
• coro de vozes mistas: formado por vozes femininas e
masculinas.
Os coros de vozes iguais podem ser:
• vozes iguais masculinas: formado somente por homens.
• vozes iguais femininas: formado somente por mulheres.
• vozes iguais infantis: formado somente por crianças.

Coros –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Assista aos vídeos dos diferentes tipos de coros:
Vozes mistas
AGUIAR, E. Salmo 150. Intérprete: MS Baptist All-State Youth Choir & Orches-
tra. 2009. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=gngvjwa5KbM>.
Acesso em: 17 nov. 2014.
Vozes masculinas
JANEQUIN, C. Le Chant Des Oiseaux. Intérprete: San Beda College Chorale.
2002. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=LPAswUqtG-8>.
Acesso em: 17 nov. 2014.
Vozes femininas
MENDES, G. Vila Socó Meu Amor. Intérprete: Madrigal Ars Viva. Disponível
em: <http://www.youtube.com/watch?v=Umh9H3-yDAs>. Acesso em: 17 nov.
2014.
Vozes infantis
HASSLER, H. L. Ihr Musici, Frisch Auf. Intérprete: Vesna Children’s Choir.
2007. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=RteKz7pI9LU&featu
re=related>. Acesso em: 17 nov. 2014.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O coro ou grupo vocal também pode ser ligado a algum
tipo de instituição. Normalmente, esses coros não são profissio-

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nais e seus objetivos são extramusicais, ou seja, a música é o


meio e não o fim.

2.3. O CANTO CORAL NOS DIFERENTES CONTEXTOS

A prática do canto coral pode ser dividida em duas grandes


categorias: coros profissionais e amadores. Entende-se como
coro profissional aquele em que o cantor recebe remuneração
para exercer sua função e, normalmente, os membros desse gru-
po possuem formação acadêmica e têm essa prática como um
emprego. No nosso país, é raro encontrar coros com essas carac-
terísticas, embora existam (JUNKER, 1999).
Quanto à categoria de coro amador, podemos defini-la
como um coro formado por cantores que fazem parte do gru-
po por amor à música, ou seja, não recebem remuneração ou
esta não é a sua profissão. As pessoas que participam de coros
amadores o fazem por prazer. A maioria dos coros do nosso país
encaixa-se nessa categoria. Esses coros são formados por pesso-
as de vários seguimentos sociais, que se reúnem para cantar em
conjunto, a fim de ter experiências e vivências artísticas/musi-
cais, além do convívio com os demais participantes.
A prática do canto coral é acessível a todos e, para acon-
tecer, depende somente da iniciativa de um regente ou de uma
instituição.
Um coro agrega vários benefícios aos seus participantes.
Estudos, como o de Fucci Amato (2007), mostram que há uma
melhora na qualidade de vida dos indivíduos graças à inclusão
social:
A inclusão caracteriza-se na perspectiva de que todos os indiví-
duos pertencentes a um coral encontram-se na mesma posição

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de aprendizes, unindo-se na busca de objetivos comuns de rea-


lização pessoal e grupal. A partir de então, inicia-se o processo
de integração, no qual a cooperação dos integrantes é efetivada
por meio de uma união com sentimentos canalizados para a
ação artística coletiva. A disciplina rigorosa, o estudo com afin-
co e dedicação também se incluem nessa perspectiva de um
carisma grupal (FUCCI AMATO, 2007, p. 79-80).

O processo de socialização dos indivíduos que participam


de um coro busca integrá-los socialmente e oferecer oportunida-
des para que eles possam aprender arte independentemente do
seu conhecimento prévio sobre o assunto.
Nessa perspectiva, vamos refletir sobre o canto coral em
alguns ambientes nos quais ele exerce essa função social e, as-
sim, compreender com mais clareza onde o canto coral acontece
na sociedade brasileira.

Corais de empenho
São grupos corais que pertencem a instituições que não
exercem como função principal a música. Nessa categoria de co-
ros, estão os grupos, profissionais ou não, ligados a alguma em-
presa e grupos de estabelecimentos educacionais que não sejam
de música especificamente (JUNKER, 1999). Esse é um campo de
atuação que vem crescendo dia após dia.
Hoje, buscando oferecer melhor qualidade de vida aos fun-
cionários, muitas empresas estão oferecendo atividades extras,
com o objetivo de aliviar o estresse causado pelo trabalho. As-
sim, o coro ligado a uma empresa pode servir tanto como peça
de marketing externo da empresa quanto como elemento de
marketing interno, tendo a função de aumentar o envolvimento

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dos funcionários com a empresa, motivando-os, e sendo utili-


zado, também, como parte da estratégia do departamento de
Recursos Humanos (RH) das empresas que buscam oferecer aos
funcionários atividades relacionadas à saúde, esporte e lazer.
Na maioria das vezes, os funcionários que participam do
coro da empresa nunca participaram de qualquer atividade mu-
sical. Desse modo, essas pessoas buscam o coro mais como lazer
do que como um meio de aprender música. Devemos lembrar
que estamos falando de um coro formado por pessoas que, nor-
malmente, já têm uma certa idade, que são estabilizadas pro-
fissionalmente e, por isso, não têm um interesse profissional na
música, querem cantar em um ambiente prazeroso e acolhedor,
e não aprender música sistematicamente. A maneira de se traba-
lhar com um grupo com essas características não é a mesma de
um coro sinfônico, por exemplo.
Assim, a atividade coral na empresa pode ser compreen-
dida como um momento de lazer, sendo um tempo destinado
à realização da pessoa. Na visão empresarial, essa atividade de
lazer pode desenvolver no empregado algumas habilidades ne-
cessárias a um melhor desempenho de suas tarefas. No caso do
canto coral, ele pode ajudar no relacionamento interpessoal dos
empregados, bem como no desenvolvimento da disciplina e no
trabalho em grupo.
O canto coral nas empresas oferece a oportunidade de
convivência entre os funcionários dos diferentes setores por
meio da aprendizagem artística; também dá acesso ao funcioná-
rio a uma atividade cultural, já que a atividade ocorre no próprio
ambiente de trabalho, facilitando sua participação.

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Coral de idosos
Na sociedade contemporânea, as pessoas estão vivendo
mais, o que nos leva a presenciar o número crescente da popu-
lação de idosos.
A essa parcela de pessoas com mais de 60 anos damos o
nome de idosos ou de pessoas na terceira idade; a autora Ecléa
Bosi os nomeia simplesmente como velhos (BOSI, 1994).
A autora atribui aos velhos a importante função de manu-
tenção da cultura, por meio de suas memórias e histórias trans-
mitidas aos mais jovens, especialmente às crianças. Ao mesmo
tempo, expõe a problemática da falta de convívio social, isola-
mento e abandono a que muitos dos idosos são expostos, por
não mais estarem inseridos no mercado de trabalho, deixando
de exercer suas antigas funções na sociedade (BOSI, 1994).
Partindo dessa nova realidade de uma população cada
vez mais idosa e compreendendo a importância da população
de terceira idade na sociedade, muito se tem pensado em como
preservar a qualidade de vida dessas pessoas e como promover
um envelhecimento bem-sucedido. Entende-se como “envelhe-
cimento bem-sucedido” o processo no qual os idosos mantêm
o funcionamento efetivo da sua parte física e mental (ROWE;
KAHN, 1999).
Nesse sentido, a educação musical pode contribuir para
um envelhecimento com qualidade de vida, pois possibilita a in-
serção social desses idosos, além de trazer benefícios neurológi-
cos. Aprender algo novo é muito importante para a manutenção
das funções mentais do idoso.

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Assim, o canto coral se apresenta como uma atividade


muito comum nessa faixa de idade e que contribui com inúme-
ros benefícios.
Estudos demonstram os benefícios terapêuticos da música
em doenças como Alzheimer e osteoporose, entre outras, tão
comuns na população idosa.
Tourinho (2000) aponta que a música tem o potencial de
ativar a memória, reconstruir experiências passadas e propor-
cionar vivências novas. Essas vivências estimulam o inconsciente
do idoso a trazer informações ao consciente, contribuindo para a
saúde neural desse individuo.
Para Arañeda (1991) por meio das experiências com a mú-
sica, os idosos têm a possibilidade de reabilitar as funções no ní-
vel motor e psicossomático. Mais que isso, o autor aponta que os
idosos que participam de coros apresentam melhora significativa
na autoestima, nas relações interpessoais, no companheirismo,
devolvendo ao idoso o sentimento de pertencer ao mundo, o
que contribui para o seu desenvolvimento pessoal.
Mas o trabalho do canto coral com idosos é igual ao desen-
volvido com crianças e adultos?
Não. Assim como há peculiaridades no trabalho vocal e pe-
dagógico com coro infantil, há cuidados que devemos ter com
um coro de idosos. Primeiro, devemos compreender quais os ob-
jetivos dessas pessoas; muitas vezes, esses objetivos estão mais
ligados ao lazer e ao convívio do que ao fazer musical em si. Ou-
tra questão que envolve o coro de idosos é a capacidade física e
mental desses integrantes e a adequação das atividades a essa
situação.

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Muitos apresentam dificuldades de memorização, proble-


mas de emissão vocal, problemas respiratórios, perda auditiva e
dificuldade de execução rítmica.
O envelhecimento causa mudanças no registro vocal, e
cabe ao regente ou professor auxiliar o idoso, a fim de não pre-
judicar seu aparelho fonador. Aqui, mais uma vez, reitera-se a
importância de exercícios de respiração e vocalizes, tendo como
foco o conforto vocal do idoso.
É um grande desafio encontrar repertório que favoreça o
grupo e maneiras de trabalhar as dificuldades rítmicas e vocais
dos coralistas de terceira idade. Apesar dessas dificuldades, re-
latos nos mostram que o comprometimento das pessoas que fa-
zem parte de coros de idosos é muito grande. Souza (2005), por
exemplo, afirma:
(...) idosos vêm motivados pelo prazer de aprender música e
não porque alguém deseja que eles aprendam, o que gera um
comprometimento e faz com que eles estejam sempre dispos-
tos não só para as aulas como também para os ensaios extras
(muitos chegam uma hora antes da hora marcada), além de
praticarem constantemente (SOUZA, 2005, p.6).

Nesse tipo de grupo, o índice de abandono é baixo, dando


a possibilidade de realização de um trabalho consistente a longo
prazo. Com o tempo e a prática, há melhora de aspectos como
respiração, memória, concentração, entre outros.

Coral em escolas de educação básica


Hoje, em nosso país, o canto coral está intimamente ligado
à educação. O número crescente de coros nas escolas, em diver-
sas regiões do Brasil, e o interesse acadêmico pela formação co-
ral na área de educação musical nos levam a considerar o canto

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coral não só como uma prática de música vocal, mas, também,


como uma ferramenta socioeducativa efetiva.
Esse desenvolvimento da prática coral dentro da escola de
Educação Básica também se deve ao cumprimento da LDB (Lei
9394/96, Artigo 26), que torna obrigatório o ensino de Música
na escola. O canto coral, por ser acessível, torna-se uma maneira
aceitável e possível das escolas cumprirem a lei. A necessidade
do cumprimento da lei abriu um vasto campo de atuação para o
educador musical.
Normalmente, a Música é inserida no Ensino Fundamental,
pois, nesse seguimento, ainda não há uma preocupação com o
vestibular, possibilitando a abertura para outros saberes. Desse
modo, os coros são infantis, ou seja, formados por crianças que
ainda não passaram pela muda vocal.
Além do fator legal, pesquisas sobre o canto coletivo (FUCCI
AMATO, 2007; DIAS, 2012) nos mostram que o canto coral é uma
extraordinária ferramenta de interação sociocultural, capaz de
estabelecer elos entre as pessoas, valorização da própria indi-
vidualidade, da individualidade do outro e do respeito das re-
lações interpessoais. Também desenvolve o comprometimento
com o grupo, solidariedade e cooperação. Todos esses aspectos
trazem contribuições para a formação humana da criança. Dessa
maneira, no coro:
As relações interpessoais são predominantemente horizontais,
calorosas, informais, solidárias e centradas na emotividade.
Para o indivíduo ou para o grupo no conjunto contam, princi-
palmente o reconhecimento e a gratificação moral. Prevalece
uma liderança carismática. Cada um está atento àquilo que
deve dar aos outros; atribui muita importância ao empenho;
tende a aprender o mais possível, para melhorar a qualidade
de suas próprias contribuições; sente-se responsável; sabe para

© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL 143


UNIDADE 4 – O CANTO CORAL E SUA APLICABILIDADE EM DIFERENTES AMBIENTES

que ele serve; sabe para que serve a sua contribuição pessoal;
não tende a descarregar sobre os outros as suas próprias res-
ponsabilidades. A disciplina provém do empenho pessoal, da
atração exercida pelo líder, da adesão à missão, da dedicação
ao trabalho, da fé, da generosidade, da participação na “brinca-
deira” (DE MASI, 2003, p. 675-6).
O canto em conjunto desvela-se assim como uma extraordi-
nária ferramenta para estabelecer uma densa rede de confi-
gurações sócio-culturais com os elos da valorização da própria
individualidade, da individualidade do outro e do respeito das
relações interpessoais, em um comprometimento de solidarie-
dade e cooperação (FUCCI AMATO, 2007, p. 81).

O coral favorece a integração da criança na sociedade por


meio das atividades de sociabilização e expande sua visão crítica,
desenvolve sua criatividade, sua interdisciplinaridade, desperta
nela a fruição artística, amplia seu repertório musical e forma
futuras plateias.
No caso do coro infantil na escola, conteúdos musicais de-
vem ser trabalhados por meio do canto coral. As crianças podem
aprender, nos ensaios do coro, leitura musical, solfejo e rítmica,
expressão musical, História da Música etc.
É muito importante ressaltar que, como educadores musi-
cais, não temos somente a responsabilidade de ensinar música,
mas, também, educar a criança para a vida e, por isso, é impor-
tante oferecer atividades que desenvolvam autonomia e espírito
crítico. Em contrapartida, educar para a vida não significa não
oferecer conteúdos musicais. Ou seja, uma educação musical
qualificada é aquela que oferece conteúdos musicais, mas estes
são construídos em um ambiente que favoreça a humanização
da criança (GALON et al., 2013).

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UNIDADE 4 – O CANTO CORAL E SUA APLICABILIDADE EM DIFERENTES AMBIENTES

Koellreutter (1998), compositor e educador, defende que o


objetivo da educação musical não é só o aprendizado de técnicas
e procedimentos necessários para a execução musical, mas de-
senvolver a personalidade do educando como um todo.
[...] principalmente, o desenvolvimento do processo de cons-
cientização do todo, base essencial do raciocínio e da reflexão.
[...] Trata-se de um tipo de educação musical que aceita como
função da educação musical nas escolas a tarefa de transformar
critérios e ideias artísticas em uma nova realidade, resultante
de mudanças sociais (KOELLREUTTER, 1998, p. 39).

Desse modo, deve-se considerar o humano como foco


da educação musical, mas não excluir o aprendizado musical
como o fundamental nesse processo. O autor defende que o
ensino de música deve ser realizado em um ambiente em que
o educando seja compreendido em sua totalidade, com suas
diferentes formas de resolver problemas e estilos de aprendi-
zagens. Processos de educação musical que tenham como ob-
jetivo a formação integral do ser humano só podem acontecer
em contextos que respeitem e estimulem os educandos a ex-
plorar, experimentar, sentir, pensar, questionar, criar, discutir,
argumentar etc. (BRITO, 2011).

Com as leituras propostas no Tópico 3.2., você compre-


enderá mais sobre o desenvolvimento do canto coral no Brasil.
Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras
indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.

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UNIDADE 4 – O CANTO CORAL E SUA APLICABILIDADE EM DIFERENTES AMBIENTES

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária e in-
dispensável para você compreender integralmente os conteúdos
apresentados nesta unidade.

3.1. CANTO CORAL NO BRASIL

Para compreender a funcionalidade do canto coral em di-


versos ambientes, é fundamental que você compreenda o con-
texto dessa atividade no Brasil. Os textos a seguir vão ajudá-lo
nessa compreensão.
• AMATO, R. C. F. Villa-Lobos, nacionalismo e canto orfe-
ônico: projetos musicais e educativos no governo Var-
gas. Revista HISTEDBR, Campinas, n. 27, p. 210-220, set.
2007. Disponível em: <http://www.histedbr.fe.unicamp.
br/revista/edicoes/27/art17_27.pdf>. Acesso em: 17
nov. 2014.
• CARVALHO, R.; NOGUEIRA. M. Villa-Lobos e o surgi-
mento de uma nova estética no arranjo coral brasileiro.
In: CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PES-
QUISA E PÓS-GRADUAÇÃO, 18, Salvador, 2008. Anais...
2008. Disponível em <http://www.anppom.com.br/
anais/anaiscongresso_anppom_2008/comunicas/
COM441%20-%20Carvalho%20et%20al.pdf>. Acesso
em: 17 nov. 2014.
• JUNKER, D. O movimento do canto coral no Brasil: bre-
ve perspectiva administrativa e histórica. In: ENCON-
TRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E
PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA, 12, Salvador, out. 1999.

146 © CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL


UNIDADE 4 – O CANTO CORAL E SUA APLICABILIDADE EM DIFERENTES AMBIENTES

Anais... 1999. Disponível em: <http://www.anppom.


com.br/anais/anaiscongresso_anppom_1999/ANP-
POM%2099/CONFEREN/DJUNKER.PDF>. Acesso em: 17
nov. 2014.

3.2. O CANTO CORAL NOS DIFERENTES CONTEXTOS

O canto coral é uma ferramenta educacional e musical que


pode ser utilizada em diversos ambientes e contextos. Para com-
preender a funcionalidade do canto coral nesses diferentes es-
paços e como trabalhar o canto atendendo às particularidades
dos diferentes contextos, é importante que você leia os textos
escolhidos para ajudá-lo nessa compreensão.
• COSTA, P. Coro juvenil nas escolas: sonho ou possibili-
dade? Música na Educação Básica, Porto Alegre, v. 1,
n. 1, out. 2009. Disponível em: <http://www.abeme-
ducacaomusical.org.br/Masters/revista_musica_na_es-
cola/7_coro_juvenil_nas_escolas.pdf>. Acesso em: 17
nov. 2014.
• SCHARRA, D. M. F. Canto coral na terceira idade – uma
nova perspectiva na educação musical do idoso. Anais
da V Semana de Extensão Universitária. Niterói: Uni-
versidade Salgado de Oliveira, 2007. Disponível em:
<http://biblioteca-da-musicoterapia.com/biblioteca/
arquivos/artigo//Canto%20Coral%20Deila.pdf>. Acesso
em: 17 nov. 2014.
• TEIXEIRA, L. H. P. Coros de empresa: desafios do con-
texto para a formação e a atuação de regentes corais.

© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL 147


UNIDADE 4 – O CANTO CORAL E SUA APLICABILIDADE EM DIFERENTES AMBIENTES

Revista da Abem, Porto Alegre, v. 13, p. 57-64, set. 2005.


Disponível em: <http://abemeducacaomusical.com.br/
revista_abem/ed13/revista13_artigo6.pdf>. Acesso
em: 17 nov. 2014.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Villa-Lobos foi um importante compositor brasileiro. Quanto à ação edu-
cativa do compositor, assinale a alternativa correta.
a) O compositor somente compôs música instrumental sinfônica, consi-
derando a música popular uma categoria abaixo da música erudita.
b) Foi um grande compositor e deu muito valor à música folclórica brasi-
leira, mas não teve uma ação significativa na educação musical.
c) Implantou no Brasil o canto orfeônico durante o governo Vargas.
d) Nenhuma das alternativas é verdadeira.

2) Quanto à classificação dos grupos vocais, podemos dizer que:


a) só pode ser considerado um coro o grupo que tenha mais de 65
integrantes.
b) madrigal é um estilo de composição renascentista, e esse termo não
pode ser utilizado para classificar um grupo vocal.
c) trio é formado por 5 cantores.
d) coro lírico ou coro sinfônico são conjuntos corais para a execução de
repertório produzido para ser cantado em óperas ou composições
sinfônicas.

3) O canto coral vem sendo uma importante ferramenta para o cumprimento


da lei de obrigatoriedade de música na escola. Quanto ao canto coral em
escolas regulares, podemos dizer que:

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UNIDADE 4 – O CANTO CORAL E SUA APLICABILIDADE EM DIFERENTES AMBIENTES

a) visa à formação musical/profissional dos alunos.


b) deve ser utilizado para que haja atrações nas festas escolares.
c) pode-se ensinar conteúdos musicais como leitura musical e solfejo por
meio das aulas de canto coral, sem se esquecer da educação global do
aluno.
d) só é adotado pelas escolas por ser financeiramente viável.

4) Quanto à prática do canto coral no Brasil, podemos dizer que:


a) a maioria dos coros é profissional e, consequentemente, oferece
remuneração.
b) é uma prática quase extinta em nosso país.
c) só é muito difundida pela facilidade quanto ao custo financeiro envol-
vido nessa prática.
d) a grande parte dos coros é amadora, e estes são filiados aos mais dife-
rentes ambientes.

5) O educador musical que se propõe a trabalhar com coro de idosos precisa


ter em mente:
a) as dificuldades vocais, rítmicas, de respiração e de memórias que mui-
tos integrantes do coro podem apresentar e desenvolver estratégias
para superá-las.
b) que não há diferença desse tipo de coro com coros infantis e adultos.
c) que deve formar um coro profissional, mesmo que a intenção dos co-
ralistas seja outra.
d) nenhuma das alternativas anteriores.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) c.
2) d.
3) c.
4) d.
5) a.

© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL 149


UNIDADE 4 – O CANTO CORAL E SUA APLICABILIDADE EM DIFERENTES AMBIENTES

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizamos o estudo da última unidade e esperamos que
você seja capaz de visualizar as possibilidades de aplicação do con-
teúdo aprendido neste material em seu campo de atuação profis-
sional. Mais do que conhecer os campos de atuação, esperamos
que você possa refletir sobre as peculiaridades dos diferentes am-
bientes e as necessidades de cada público com que terá contato
como educador musical atuando na prática do canto coral.
Além disso, é fundamental que você reconheça a impor-
tância da sua atuação futura na educação global dos seres hu-
manos, que poderá levar a processos educativos de conscien-
tização, ou seja, você deve compreender que sua ferramenta
musical é o canto, mas, por meio dela, você poderá atuar como
agente transformador.
Mais uma vez, ressaltamos a importância de um aprofun-
damento dos temas abordados no Conteúdo Digital Integrador
apresentado neste material.
Com isso, finalizamos o estudo de Canto Coral e Técnica
Vocal. Esperamos que você tenha compreendido a importância
dos temas discutidos e como eles estão ligados diretamente com
a sua futura prática como educador musical.
Você tomou conhecimento da evolução do canto no decor-
rer da história, compreendendo, assim, como a prática da música
vocal foi importante para o desenvolvimento da música no de-
correr da história. Nessa trajetória, você pôde analisar gêneros
vocais e a evolução dos grupos.
Buscamos, também, oferecer subsídios sobre os principais
procedimentos de técnica vocal, e mais do que isso, deixar cla-
ra a importância da preservação da saúde vocal. Ainda, visando

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UNIDADE 4 – O CANTO CORAL E SUA APLICABILIDADE EM DIFERENTES AMBIENTES

oferecer saberes básicos para a sua prática como educador musi-


cal, apresentamos conceitos básicos de regência coral e apresen-
tamos os campos de atuação do regente de coro.
Focamos, sempre que possível, na formação vocal e huma-
na da criança, já que, como futuros educadores, elas são um dos
nossos principais públicos-alvo. A nossa principal função como
educadores, trabalhando ou não com o canto, é a de sermos
agentes transformadores da atual realidade. Dentro desse con-
texto, o canto coral apresenta-se como uma ferramenta impor-
tante nessa busca pela conscientização e humanização.
Para finalizar, é importante lembrá-lo de que os conteúdos
apresentados aqui possibilitarão que você realize um bom traba-
lho na área de canto coral, mas é imprescindível que você busque
aprofundar seus conhecimentos sempre, a fim de tornar-se mais
qualificado e capacitado.

6. E-REFERÊNCIAS
Sites pesquisados
JUNKER, D. O movimento do canto coral no Brasil: breve perspectiva administrativa
e histórica. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-
GRADUAÇÃO EM MÚSICA, 12, Salvador, out. 1999. Anais... 1999. Disponível em:
<http://www.anppom.com.br/anais/anaiscongresso_anppom_1999/ANPPOM%20
99/CONFEREN/DJUNKER.PDF>. Acesso em: 17 nov. 2014.
SOUZA, S. L. Educação musical com idosos. Textos Envelhecimento, Rio de Janeiro, v. 8,
n. 3, 2005. Disponível em: <http://revista.unati.uerj.br/scielo.php?script=sci_arttext&
pid=S151759282005000300008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 16 jun. 2014.

Lista de figuras
Figura 1 Villa-Lobos no estádio São Januário. Disponível em: <http://www.
gazetadopovo.com.br/blogs/falando-de-musica/2012/11/>. Acesso em: 14 nov. 2014.

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UNIDADE 4 – O CANTO CORAL E SUA APLICABILIDADE EM DIFERENTES AMBIENTES

Figura 2 Villa-Lobos organizando uma concentração orfeônica. Disponível em: <http://


www.gazetadopovo.com.br/blogs/falando-de-musica/2012/11/>. Acesso em: 20 out.
2014.
Figura 3 Arranjo Villa-Lobos. Disponível em: <http://prolicenmus.ufrgs.br/repositorio/
moodle/material_didatico/didatica_musica/un26/links/didatica_un26_pg8_
obalaodobitu.jpg>. Acesso em: 20 out. 2014.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVARES, S. L. A. 500 anos de educação musical no Brasil: aspectos históricos. In:
ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM
MÚSICA, 12, 1999, Salvador. Anais… Salvador: Anppom, 2000.
ARAÑEDA, R. T. Teoria da biodança: coletânea de textos. [S. l.] Associação Latino-
Americana de Biodança, t. I-III, 1991.
BOSI, E. Memória e Sociedade: lembranças de velhos. São Paulo, Companhia das
Letras, 1994.
BRITO, T. A. Koellreutter educador: o humano como objetivo da educação musical. 2.
ed. São Paulo: Peirópolis, 2011.
DE MASI, D. Criatividade e grupos criativos. Trad. Lea Manzi e Yadyr Figueiredo. Rio de
Janeiro: Sextante, 2003.
DIAS, L. M. M. Pedagogia musical em coros de adultos: dois estudos de caso. In:
CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM
MÚSICA, 18, Salvador, 2008. Anais… Salvador: Anppom, 2008, p. 231-234.
FUCCI AMATO, R. O canto coral como prática sócio-cultural e educativo-musical. Opus,
Goiânia, v. 1, n. 1, p. 75-96, jun. 2007.
GALON, M. et al. Por uma educação musical humanizadora. In: CONGRESSO DA
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA, 23, Natal,
2013. Anais... Natal, 2013, p 1-8.
KOELLREUTTER, H. J. Educação musical hoje e, quiçá, amanhã. In: LIMA, S. (Org.).
Educadores musicais de São Paulo: encontro e reflexões. São Paulo: Nacional, 1998,
p. 39-45.
LEIS do Brasil. (1927, 1852, 1891). Rio de Janeiro: Imprensa Nacional.

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UNIDADE 4 – O CANTO CORAL E SUA APLICABILIDADE EM DIFERENTES AMBIENTES

LISBOA, A. C. Villa-Lobos e o canto orfeônico: música, nacionalismo e ideal civilizador.


2005, 183 f. Dissertação (Mestrado em Música) – Programa de Pós-Graduação em
Música, Instituto de Artes, Unesp, 2006.
ROWE, J. W.; KAHN, R. L. Successful aging. New York: Dell Trade, 1999.
TOURINHO, L. M. C. O Idoso e a musicoterapia: promoção de saúde. Monografia
(Especialização em Envelhecimento e Saúde do Idoso) – ENSP/Fiocruz, Rio de Janeiro,
2000.
VILLA-LOBOS, H. O ensino popular da música no Brasil. Rio de Janeiro: Oficina Gráfica
da Secretária Geral de Educação e Cultura, 1937.

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© CANTO CORAL E TÉCNICA VOCAL

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