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GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA


ACADEMIA DE POLÍCIA INTEGRADA CEL SANTIANGO – API CS
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS – CFO PMRR

DIREITO PENAL MILITAR

INSTRUTOR: 1º TEN QOC PM EVERTON

Boa Vista-RR
2015
SUMÁRIO

1. SÍNTESE DOS ANTECEDENTES HISTORICOS DA JUSTIÇA MILITAR


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2. BREVE ESCORÇO HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO ORDINÁRIA ........... Error!


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3. CARATER ESPECIAL DO DIREITO PENAL MILITAR....... Error! Bookmark not


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4. DEFINIÇÃO DO DIREITO PENAL MILITAR ........... Error! Bookmark not defined.

5. SISTEMATIZAÇÃO DO CÓDIGO PENAL MILITAR............ Error! Bookmark not


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6. BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................9
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APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Vejamos a tratativa sobre a aplicação da lei penal militar.


Inicialmente o Código Penal Militar trata do conhecido princípio da
legalidade: Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal.

O princípio da legalidade encontra-se estabelecido de forma


expressa na Constituição Federal de 1988, art. 5º, inciso XXXIX, assim
como aconteceu com as Constituições anteriores, Império e República, que
estabeleceram este princípio como sendo uma garantia assegurada aos
jurisdicionados para evitar que o Estado-administração exerça o seu direito
de punir, jus puniendi, de forma arbitrária, ou mesmo de forma excessiva,
impondo sanções, ou estabelecendo ilícitos que não estejam previstos em
lei

O princípio da legalidade é obtido no quadro da denominada "função


de garantia penal", que provoca o seu desdobramento em quatro
subprincípios:
1. nullum crimen, nulla poena sine lege praevia (proibição da edição
de leis retroativas que fundamentam ou agravem a punibilidade);
2. nullum crimen, nulla poena sine lege scripta (proibição da
fundamentação ou do agravamento da punibilidade pelo direito
consuetudinário) Teoria do Tipo;
3. nullum crimen, nulla poena sine lege stricta (proibição da
fundamentação ou do agravamento da punibilidade pela analogia);
4. nullum crimen, nulla poena sine lege certa (a proibição de
leis penais indeterminadas).
É sob a ótica desses desdobramentos que se pode visualizar a dicção
dos seguintes artigos, também do Código Penal Militar:
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Lei supressiva de incriminação Art. 2° Ninguém pode ser


punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando,
em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória
irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil.
Retroatividade de lei mais benigna § 1º A lei posterior que, de
qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativamente,
ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
Apuração da maior benignidade § 2° Para se reconhecer qual a mais
favorável, a lei posterior e a anterior devem ser consideradas
separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao
fato.
O caput do artigo 2º trata da denominada novatio legis in mellius.
Determina que a lei nova benéfica deve retroagir, nos moldes do que afirma
nossa carta constitucional em seu art. 5º, inciso XL - a lei penal não
retroagirá, salvo para beneficiar o réu. A depender da situação, até mesmo
uma alteração benéfica na legislação comum pode retroagir na seara
militar, caso o transporte das categorias penais comuns não atinjam a lógica
penal castrense. Conforme se verá, o CPM não prevê progressão de regime,
somente havendo regime fechado na seara militar. Contudo, o STF, tem
flexibilizado a situação de modo admitir a adoção de regime
1. AplicAção dA lei penAl militAr no tempo o Direito penal
Militar segue o princípio geral do tempus regit actum. portanto,
aplica-se a lei penal em vigor quando foi praticado o fato e,
sobrevindo nova lei, somente retroagirá para beneficiar o acusado
(art. 2º, CPM e art. 5º, XL, CR/88).
2. regrAs do conflito de leis no tempo 2.1. Abolitio criminis –
descriminalização de condutas (Artigo 2º do cpm) ocorre a abolitio criminis
quando nova lei descriminaliza conduta anteriormente incriminada. atento
às mudanças da sociedade,

diverso do fechado, caso preenchidas as condições objetivas e


subjetivas previstas na legislação comum. Vejamos o importante
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precedente: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL E PROCESSUAL


PENAL MILITAR. EXECUÇÃO DA PENA. PROGRESSÃO DE REGIME
PRISIONAL EM ESTABELECIMENTO MILITAR. POSSIBILIDADE. PROJEÇÃO
DA GARANTIA DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA (INCISO XLVI DO ART. 5º
DA CF/88). LEI CASTRENSE. OMISSÃO. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO
CÓDIGO PENAL COMUM E DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL. ORDEM
PARCIALMENTE CONCEDIDA. 1. O processo de individualização da pena é
um caminhar no rumo da personalização da resposta punitiva do Estado,
desenvolvendo-se em três momentos individuados e complementares: o
legislativo, o judicial e o executivo. É dizer: a lei comum não tem a força de
subtrair do juiz sentenciante o poder-dever de impor ao delinqüente a
sanção criminal que a ele, juiz, afigurar-se como expressão de um concreto
balanceamento ou de uma empírica ponderação de circunstâncias objetivas
com protagonizações subjetivas do fato tipo. Se compete à lei indicar os
parâmetros de densificação da garantia constitucional da individualização
do castigo, não lhe é permitido se desgarrar do núcleo significativo que
exsurge da Constituição: o momento concreto da aplicação da pena
privativa da liberdade, seguido do instante igualmente concreto do
respectivo cumprimento em recinto penitenciário. Ali, busca da “justa
medida” entre a ação criminosa dos sentenciados e reação coativa do
estado. Aqui, a mesma procura de uma justa medida, só que no transcurso
de uma outra relação de causa e efeito: de uma parte, a resposta
crescentemente positiva do encarcerado ao esforço estatal de recuperá-lo
para a normalidade do convívio social; de outra banda, a passagem de um
regime prisional mais severo para outro menos rigoroso. 2. Os militares,
indivíduos que são, não foram excluídos da garantia constitucional da
individualização da pena. Digo isso porque, de ordinário, a
Constituição Federal de 1988, quando quis tratar por modo
diferenciado os servidores militares, o fez explicitamente. Por
ilustração, é o que se contém no inciso LXI do art. 5º do Magno Texto,
a saber: “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo
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nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar,


definidos em lei”. Nova amostragem está no preceito de que “não
caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares”
(§ 2º do art. 142). Isso sem contar que são proibidas a sindicalização
e a greve por parte do militar em serviço ativo, bem como a filiação
partidária (incisos IV e V do § 3º do art. 142). 3. De se ver que esse
tratamento particularizado decorre do fato de que as Forças Armadas
são instituições nacionais regulares e permanentes, organizadas com
base na hierarquia e disciplina, destinadas à Defesa da Pátria,
garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer
destes, da lei e da ordem (cabeça do art. 142). Regramento singular,
esse, que toma em linha de conta as “peculiaridades de suas
atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos
internacionais e de guerra” (inciso X do art. 142). 4. É de se entender,
desse modo, contrária ao texto constitucional a exigência do
cumprimento de pena privativa de liberdade sob regime
integralmente fechado em estabelecimento militar, seja pelo invocado
fundamento da falta de previsão legal na lei especial, seja pela
necessidade do resguardo da segurança ou do respeito à hierarquia e
à disciplina no âmbito castrense. 5. Ordem parcialmente concedida
para determinar ao Juízo da execução penal que promova a avaliação
das condições objetivas e subjetivas para progressão de regime
prisional, na concreta situação do paciente, e que aplique, para tanto,
o Código Penal e a Lei 7.210/1984 naquilo que for omissa a Lei
castrense. (HC nº 104.174/RS, Rel. Min. Ayres Britto, DJe de
18.5.2011)
Curso de Direito Penal Militar para Analista do Ministério
Público da União
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De acordo com o §2º do art. 2º, o CPM veda expressamente a
combinação de leis, tema ainda em debate na seara penal comum. Logo,
no âmbito militar, não se admite, expressamente, a denominada terceira
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lei (Lex tertia), assunto também tratado com o nome de hibridismo penal,
onde se desmembram os trechos da lei nova e da lei antiga de modo a criar
uma lei mista mais favorável. Logo, na esfera militar, para se definir qual
lei será aplicada deve-se avaliar de maneira global os diplomas legais de
modo a verificar qual deles será mais benéfico ao réu no conjunto de suas
disposições.
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1. BIBLIOGRAFIA
LOUREIRO NETO, José da Silva. Direito Penal Militar. 5ª ed. São Paulo:
Atlas, 2010.
NEVES, Cícero Robson Coimbra. Manual de Direito Penal Militar. 2ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2012.
CRUZ, Pablo Farias. Curso de Direito Penal Militar Para Analista do
Ministério Público da União;

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