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3º PERÍODO
PALMAS-TO/ 2006
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EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
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Fundação Universidade do Tocantins
Reitor: Humberto Luiz Falcão Coelho
Vice-Reitor: Lívio William Reis de Carvalho
Pró-Reitor Acadêmico: Galileu Marcos Guarenghi
Pró-Reitora de Pós-Graduação e Extensão: Maria Luiza C. P. do Nascimento
Pró-Reitora de Pesquisa: Antônia Custódia Pedreira
Pró-Reitora de Administração e Finanças: Maria Valdênia Rodrigues Noleto
Diretor de Educação a Distância e Tecnologias Educacionais: Claudemir
Andreaci
Coordenador do Curso: José Kasuo Otsuka
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Apresentação
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Plano de Ensino
CURSO: Fundamentos em Práticas Judiciárias
PERÍODO: 3º
DISCIPLINA: Direito Processual Penal I
EMENTA
Inquérito policial, princípios do processo penal, ação penal, jurisdição e
competência, exceções e questões incidentais, provas, sujeitos processuais,
procedimentos, prisão, liberdade provisória, atos processuais, aplicação
provisória de interdições de direitos e medidas de segurança, coisa julgada.
OBJETIVO GERAL
Discutir e entender o Direito Processual Penal
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Entender o Direito Processual Penal, suas classificações e elementos;
Analisar os processos e procedimentos penais;
Identificar a ação penal, a jurisdição o órgão julgador competente;
Compreender os procedimentos prejudiciais e incidentais dentro do Processo
Penal;
Classificar as formas de prisão e os requisitos da liberdade provisória;
Compreender as decisões judiciais e a coisa julgada no Direito Processual
Penal.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
TEMA 01: Contextualização do direito processual penal, origem, princípios e a
natureza jurídica.
TEMA 02: Inquérito policial
TEMA 03: Ação penal, jurisdição e competência, exceções e questões
incidentais, provas, sujeitos processuais, procedimentos e os atos processuais.
TEMA 04: Prisão e liberdade provisória, aplicação provisória de interdição de
direitos e medida de segurança.
TEMA 05: Sentença e Coisa julgada.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 13 ed. rev. atual. São Paulo:
Saraiva, 2006.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. 8 ed. rev. Atual. São
Paulo: Saraiva, 1986.
MIRABETE, Julio Fabrini. Código de processo penal interpretado. 8 ed. São
Paulo: Atlas, 2001.
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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro. Processo Penal. São Paulo: Método,
2005.
BARROS, Francisco Dirceu. Direito processual Penal. vol. I. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2005.
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 7 ed. rev. ampl. São Paulo:
Saraiva, 2001.
DAOUN, Alexandre Jean. Resumo Jurídico de Processo Penal. vol.7. 4 ed. São
Paulo: Quartier Latin, 2005.
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 6 ed. rev. atual. Belo
Horizonte: Del Rey, 2006.
BONFIM, Edílson Mougenot. Processo Penal I: dos fundamentos à sentença.
São Paulo: Saraiva, 2000.
NORONHA, Edgard Magalhães. Curso de Direito Processual Penal. 28 ed. São
Paulo: Saraiva, 2002.
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Sumário
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Tema 01
Meta da aula
Apresentação do conceito de Direito Processual Penal, seus Princípios, origem
e natureza.
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
Definir o que é Direito Processual Penal;
Indicar como o mesmo surgiu e como é aplicado hoje no Brasil;
Explicitar quais são os princípios aplicáveis e como os mesmos influem
na aplicação do Direito Processual Penal.
Pré-requisitos
Você terá mais facilidade no acompanhamento desta aula se fizer uma
releitura dos assuntos estudados nas Disciplinas de Direito Penal I, e Teoria
Geral do Processo.
Introdução
Caro aluno, neste tema, começaremos a estudar o que é o Direito
Processual Penal, bem como os princípios que norteiam sua aplicação no
território brasileiro.
Direito de Punir
A vida em sociedade é regida por normas de conduta sem as quais ela
seria praticamente impossível. Este conjunto de normas é o que chamamos de
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Pretensão Punitiva
Com a prática de um Ilícito penal, surge um conflito de interesses entre
o Direito Subjetivo de Punir do Estado e o direito à liberdade do autor da prática
ilícita.
Mirabete (2003, p.25), já ensina que “da exigência de subordinação do
interesse do autor da Infração ao interesse do Estado, resulta a pretensão
punitiva” que é, na realidade a possibilidade, a pretensão que tem o Estado de
punir, fazendo vigorar o seu interesse, em prejuízo do interesse do autor do
ilícito.
Lide penal
Lide, como já vimos em Teoria Geral do Processo, é a oposição de
uma pretensão à outra, ou seja, há lide quando, no conflito de interesses, uma
parte se opõe ao que é pretendido pela outra. Na esfera penal, quando se opõe
o titular do direito à liberdade a pretensão punitiva do Estado, têm-se a lide
penal.
O Estado não pode simplesmente aplicar uma sanção, uma vez que é
também seu dever proteger o direito à liberdade do autor do ilícito. Sendo
assim, somente poderá o Estado aplicar a pena prevista ao crime cometido se
utilizar como instrumento o Direito de ação.
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Processo Penal
A forma que o Estado impõe para compor os litígios, por meio dos
órgãos próprios da administração da Justiça, tem o nome de PROCESSO.
Já nos ensima Mirabete (2003, p. 26): “Como na Infração penal há
sempre uma lesão ao Estado, este como Estado-Administração, toma a
iniciativa de garantir a observância da lei, recorrendo ao Estado-juiz para, no
processo penal, fazer valer sua pretensão punitiva”.
Processo Penal é, então, o conjunto de atos cronologicamente
encadeados, submetido a princípios e regras jurídicas e destinados a compor
as lides de caráter penal. IP – é a abreviação
Sua finalidade é a aplicação do DIREITO PENAL OBJETIVO, mas para que utilizamos para
Inquérito Policial.
atingir tal objetivo são indispensáveis atividades investigatórias (atos
administrativos da polícia judiciária – Inquérito Policial).
Então, tem-se o Direito Processual Penal como: “o conjunto de
princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do direito penal, bem
como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos
órgãos da função jurisdicional e respectivos auxiliares” (MARQUES, apud
MIRABETE, 2004, p. 29) .
Tem, o Direito Processual Penal, caráter instrumental, pois serve como
instrumento para a aplicação do direito penal objetivo.
Mirabete (2004, p. 30) ainda acrescenta que “é uma disciplina
normativa, pois parte da Norma Jurídica, investiga os princípios, organiza os
institutos e constrói, então, o sistema”.
O Direito Processual Penal é um ramo do Direito Público e possui
método técnico-jurídico, permitindo ao jurista extrair do direito objetivo os
preceitos aplicáveis a uma situação concreta, descobrindo seu significado e lhe
desenvolvendo as conseqüências.
Evolução Histórica
Podemos perceber com os ensinamentos de John Gilissen, em seu
célebre livro Introdução Histórica ao Direito (2001, p. 51 - 522) que o Direito
Processual Penal surgiu na Grécia, quando era utilizado para punir os crimes
que feriam os interesses sociais. Havia a participação direta dos cidadãos e era
um procedimento oral e público.
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Sentença Definitiva
é aquela contra a Princípios
qual não cabem
mais recursos. Estado de Inocência
O princípio do Estado de Inocência, ou da Presunção da Inocência, ou
mesmo Princípio da Inocência está contemplado na Constituição Federal de
1988, em seu art. 5°, inciso LVII. Surge pela primeira vez em 1789, na
Sentença recorrível
é aquela que ainda Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, foi novamente
não se tornou
utilizado no art 26 da Declaração Americana de Direitos e Deveres de 1948, no
definitiva, da qual
cabe recurso. art 11 da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU.
Sentença de
Pronúncia é a Muitos doutrinadores como Mirabete (1999, P. 42) e Ney Moura Telles
primeira sentença de
um processo no
(2005, p. 90) utilizam a nomenclatura Presunção de Inocência tendo em vista
Tribunal do Júri, pela que a mesma não é absoluta. Somente se presume que a pessoa não seja
qual o Juiz diz que
aquele caso deve culpada até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, mas não se
ser apreciado pelo
dá total certeza a isso, pois, se assim fosse, não seria possível a prisão em
Tribunal referido.
flagrante, ou mesmo a prisão preventiva e a instauração do processo, uma vez
que seria incoerente prender alguém considerado inocente no todo, ou até
mesmo processar alguém que já se sabe inocente.
Existem inclusive autores como Carlos Rubianes (apud MIRABETE,
2003, p.42), que consideram que existe uma presunção de culpabilidade
quando se instaura a ação penal, pois ela é um ataque à inocência do acusado,
e, se não a destrói, a põe em incerteza até a sentença definitiva.
Após muitas discussões acerca do assunto, chegou-se à conclusão
que o principio do Estado de Inocência não revoga os dispositivos relativos à
prisão preventiva, pois estão os mesmos dispostos na própria Constituição
Federal.
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Neste Sentido temos
decisão do Supremo
revelia só tem como efeito a cessação das intimações do réu quanto aos atos
Tribunal Federal: “O
Princípio da do processo, sendo nomeado defensor para o mesmo, garantindo assim o
Contraditoriedade...
deve ser observado cumprimento do contraditório.
na instrução
criminal, e jamais na
investigação Princípio da Ampla Defesa
criminal, pois esta é
inquisitória, Por este princípio, que se encontra na Constituição Federal de 1988
incontraditável por
natureza. até mesmo em seu art 5°, inciso LV, pode o réu utilizar em sua defesa todos os meios que
no procedimento
sumário, que se não forem proibidos por lei. E ainda, atrelado ao Princípio do contraditório, é
desenvolve perante por ele que o réu tem o direito de manifestar-se sobre qualquer prova, sobre
autoridade
investigante do fato qualquer documento acostado ao processo. O contraditório dá o direito ao réu
havido por
criminoso, a de conhecer o que contra si foi apurado, e a ampla defesa permite a ele
contraditoriedade e defender-se de cada acusação formulada contra sua pessoa.
admitida em fase
posterior à Segundo bem ensina Tourinho Filho (2004, p. 44):
investigação, que
também no referido Em todo processo de tipo acusatório, como o nosso,
procedimento vigora esse princípio, segundo o qual o acusado, isto
conserva seu caráter é, a pessoa em relação a quem se propõe a ação
inquisitivo”(STF, HC penal, goza do direito ‘primário e absoluto’ da defesa.
55.447, DJU
16.9.77, P 6281). A ampla defesa, assim como o contraditório, não é aplicada durante a
fase do Inquérito Policial, mas sim durante toda a instrução penal.
Prisão Preventiva é
a que se dá antes da
sentença definitiva, Pare e Pense
fundada em causar o
1)Tente responder: Seria possível, no Brasil, com a utilização do Princípio do
acusado perigo ao
trâmite do processo, Contraditório, que surgisse na última hora em um processo uma prova surpresa
ou haver perigo de
fuga do acusado, que fosse decisiva para a condenação ou absolvição do réu?
entre outras
Comentário da questão: Procure buscar a resposta, analisando
justificativas.
profundamente em que consiste o princípio do Contraditório e o da Ampla
Defesa, e quais as suas conseqüências!
“De fato, enquanto o
juiz não penal deve
satisfazer-se com a
verdade formal ou Princípio da Verdade Real
convencional que
Pelo princípio da verdade real, tem-se que se deve buscar, no
surja das
manifestações processo penal, sempre a verdade dos fatos, não se limitando às verdades
formuladas pelas
partes, e sua abstratas que admite, por exemplo, o processo civil. Neste sentido normativo, o
indagação deve
art. 156 do CPP dispõe que: “A prova da alegação incumbirá a quem a fizer;
circunscrever-se aos
fatos por elas mas o juiz poderá, no curso da instrução ou antes de proferir sentença,
debatidos, no
Processo penal o determinar, de ofício, diligências para dirimir dúvida sobre ponto
Juiz tem o dever de
relevante”.
investigar a verdade
real, procurar saber Como preleciona Mirabete (2003, p.44):
como os fatos se
passaram na Com o princípio da verdade real se procura
realidade, quem estabelecer que o jus puniendi somente seja exercido
realmente praticou a contra aquele que praticou a infração penal e nos
infração e em que exatos limites de sua culpa numa investigação que
considerações a não encontra limites na forma ou na iniciativa das
perpetrou, para dar partes.
base certa à justiça”
(TOURINHO FILHO,
2004, p. 37) 12
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Por este princípio deve o juiz procurar, mesmo não havendo interesse
das partes, levantar a verdade dos fatos, dar impulso ao processo, buscar as
provas necessárias à formação de seu convencimento e, ainda, pode, mesmo
após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, com novas provas,
absolver o réu anteriormente condenado. Não pode o Juiz penal se contentar
com a verdade formal dos fatos, mas sim com a verdade real dos mesmos.
Princípio da Oralidade
Pelo princípio da oralidade segundo Mirabete (2003, p. 44), deve-se
observar que as “declarações feitas perante os juízes e tribunais só possuem
eficácia quando formuladas através da palavra oral, ao contrário do
procedimento e escrito”.
Conseqüências desse princípio:
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Pare e Pense
Princípio da Obrigatoriedade
O princípio da Obrigatoriedade está contido nos arts 5º, 6º e 24 do CPP
e diz que: “sendo necessário para a manutenção da ordem social que os
delitos sejam punidos, deve, obrigatoriamente, o estado promover o jus
Pelo princípio da
bagatela, não deve o
puniendi”.
direito penal se O princípio da obrigatoriedade faz com que a autoridade policial
ocupar de lesões a
bens jurídicos instaure o Inquérito Policial, e que o Ministério Público promova a ação penal
insignificantes.
pública (só a pública porque a privada é de iniciativa do ofendido).
Segundo Mirabete (2003, p. 46):
(...) no momento em que ocorre a infração penal é
necessário que o Estado promova o Jus Puniendi, sem que
se conceda aos órgãos encarregados da persecução penal
poderes discricionários para apreciar a conveniência ou
oportunidade de apresentar sua pretensão ao estado-Juiz.
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Princípio da Oficialidade
Este princípio está previsto nos artigos 5º LIX, 144, 129 I; 128 I e II da
Constituição Federal, e ainda nos artigos 4º e seguintes e artigo 29 Código de
Processo Penal.
Diz este princípio que já que a repressão do crime é função exclusiva
do Estado, e dele devem derivar os atos de persecução penal, ou seja, a
repressão ao crime deve ser originada e sucedida pelos órgãos oficiais do
Estado.
Como ensina Mirabete (2003, p.47):
Como a repressão ao criminoso é função essencial do
Estado, deve ele instituir órgãos que assumam a
persecução pena. É o princípio da oficialidade, de que os
órgãos encarregados de deduzir a pretensão punitiva sejam
órgãos oficiais.
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Conclusão
O Direito Processual Penal evoluiu com as socieddaes e existe para
que seja possível a aplicação do Direito Penal Objetivo, que segue princípios
que buscam assegurar os direitos dos cidadãos na sua defesa, bem como a
imparcialidade do julgamento.
Vamos exercitar?
Comentário
Você pode confirmar sua resposta no art 5 ° a CF/88.
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Síntese da aula
Neste tema, estudamos que o Direito Processual Penal teve sua
origem na Grécia e que somente após a segunda metade do Séc XVIII, com as
idéias iluministas é que veio o mesmo a atuar na defesa dos cidadãos.
Apresentamos os princípios que regem esse ramo do Direito que
guardam semelhança com os de Direito Penal.
Referências
GILISSEN, John. Introdução Histórica ao Direito. 3 ed. Lisboa: Fundação
Caloustre Gulbenkian, 2001.
PORTANOVA, Rui. Princípios do Processo Civil. 4 ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado 2001.
ZAFFARONI, Eugênio Raúl, PIERANGELI, José Henrique; Manual de Direito
Penal Brasileiro: parte geral. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa; Processo Penal, Volume 1. 26. ed.
rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004.
MARQUES, José Frederico; Elementos de Direito Processual Penal. 2 ed.
Campinas-SP: Millennium, 2000.
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Tema 02
O Inquérito Policial
Meta do tema
Exposição dos procedimentos aplicáveis no Inquérito Policial e agentes
responsáveis por tal procedimento, suas características e fundamentos.
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
Definir o que é Inquérito Policial;
Indicar quais são só procedimentos adotados durante o Inquérito
Policial;
Apontar qual o valor probatório do e como pode o Inquérito Policial ser
arquivado ou transformado em ação penal.
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Características
São, segundo Mirabete (2003, p.77), características do Inquérito
Policial:
a) Discricionário – porque “as atribuições concedidas à polícia são de
caráter discricionário, ou seja, têm elas a faculdade de operar ou deixar de
operar, dentro de um campo cujos limites são fixados estritamente pelo direito”
(MARQUES apud MIRABETE, 2003, p. 77).
As atribuições concedidas à policia no IP têm caráter discricionário, tem
ela a faculdade de operar ou não, dentro dos limites fixados pelo direito; com
isso, pode então a autoridade policial deferir ou não diligência requisitada pelo
ofendido ou pelo indiciado.
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Competência
Exceto nas exceções legais, a competência para presidir o IP é dos
delegados de polícia de carreira. Aqui fala-se em competência no sentido de
atribuição.
São tais casos de exceção legal:
Art. 41 § único da Lei orgânica Nacional do MP (Lei 8625/93)
Art. 43 e parágrafos do Regimento Interno STF;
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Valor Probatório
Mas qual é o valor do Inquérito Policial como prova em um processo
penal? Tem o IP, segundo nos informa Noronha (1999, p. 28 – 30), valor
informativo, podendo nele ser realizadas algumas provas periciais que, por
serem técnicas, acabam tendo o mesmo peso que as provas colhidas em juízo,
mas, de resto somente serve de roteiro para que se produza em juízo,
amparado no princípio do contraditório, as provas que contém real valor
probante.
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Vícios
Como é peça meramente informativa, e não possui por si só valor
probatório específico, os vícios contidos no IP não atingem a ação penal que
dele se originarem.
A desobediência à certas formalidades pode retirar a eficácia do ato em
si (ex.: prisão em flagrante), mas não afeta a ação penal. (NORONHA, 1999, p.
28).
Afirma o autor que essa não transmissão dos vícios do IP para a ação
penal se dá por ser possível o ajuizamento da ação penal desacompanhada do
Inquérito, pois ele é somente uma peça informativa.
Tanto faz à mesma (ação) que o Inquérito seja válido ou não, sendo
assim, qualquer vício que ele emane, não afetará a ação penal que poderia ter
começado sem o mesmo, afeta sim ao próprio Inquérito, mas tal afetação em
nada influi na persecução penal. (MIRABETE, 1999, p. 82).
Notitia Criminis
“Eventual vício do Indicam Mirabete (1999, p. 83-84), Tourinho Filho (2004, p. 211) e José
Inquérito Policial não
anula a ação penal, Frederico Marques (2000, p. 143 a 151): Notita Criminis é a notícia do crime, o
uma vez que se trata
de peça meramente conhecimento espontâneo ou provocado da ocorrência de um crime.
de informação. Espontânea ou de cognição (conhecimento) imediata se dá
Assim, não se pode
falar em nulidade da quando a autoridade policial toma conhecimento direto da ocorrência do crime.
ação penal por vício
do Inquérito policial” Pode ser por conhecimento direto Ex.: flagrante delito. Ou comunicação não
(STF, RHC 56.092, formal (informação prestada por subalterno, pelos meios de comunicação etc.),
DJU 16.6.78, p.
4394; RHC 58.237, aqui não há formalização de uma comunicação á autoridade da existência do
DJU 19.9.80, p.
7203; RHC 58.254, crime, a mesma simplesmente recebe a notícia e busca realizar as diligências
DJU 3.10.80, p. necessárias.
7735; RTJ 89/57 e
90/39; TAPR, HC
56.247, PJ 41/241;
STF, HC 73.271, 1ª Provocada ou de cognição (conhecimento) mediata o
Turma, RTJ conhecimento do crime é transmitido à autoridade policial pelos diversos meios
168/897)
(DAMASIO, 2004, p. previstos na lei. Pode se dar por comunicação formal da vítima ou de qualquer
5)
do povo, ou ainda, por requisição do MP ou do Juiz. Aqui, após a formalização
da comunicação passará a autoridade policial a buscar os meios necessários à
CPP, art. 5° § 3°: elucidação dos fatos.
“Qualquer pessoa do
povo que tiver Pode ainda a notitia criminis estar revestida de forma coercitiva (ou ser
conhecimento da
existência de
de cognição coercitiva) que é o caso da prisão em flagrante.
infração penal em
que caiba ação
pública poderá,
Autores e Destinatários
verbalmente ou por Segundo a lei (art. 5º do CPP), qualquer pessoa do povo pode
escrito, comunica-la
a autoridade policial, apresentar Notitia Criminis, no caso de ação penal pública, sendo que a
e esta, verificada a
procedência das mesma vai ser reduzida a escrito, vai ser verifica a procedência das
informações, informações pela autoridade policial, que então instaurará o IP.
mandará instaurar
inquérito”
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Pode ainda, no caso de ação penal pública, ser comunicada por meio
de notícia anônima de crime (notitia criminis inqualificada), sendo que, nesse
No mesmo sentido:
caso, deve a autoridade policial agir com a maior cautela para verificar a
STJ: “Criminal. RHC.
procedência da informação antes de mandar que seja instaurado o IP. Um Notitia Criminis
anônima. Inquérito
exemplo desse tipo de Notitia Criminis é o Disque Denúncia! Policial. Validade. 1.
A Delatio Criminis
Segundo Tucci (apud DAMASIO, 1998, p.8), em caso de notícia
anônima não
anônima do crime “Ainda assim tem a autoridade policial dever de instaurar o constitui causa da
ação penal que
inquérito policial para apuração do fato”. surgirá, em sendo
caso, da
O juiz que tenha ciência da ocorrência de crime de ação pública deve
investigação policial
comunicar o fato ao MP, ou requisitar diretamente a instauração de IP. decorrente. Se
colhidos elementos
Ainda afirma o autor que toda pessoa que, no exercício da função suficientes, haverá
então, o ensejo para
pública, tiver conhecimento da ocorrência de um crime de ação pública tem o
a denúncia. É bem
dever de informar o fato à autoridade competente, sob pena de cometimento de verdade que a
Constituição Federal
contravenção penal. A essa mesma informação, está obrigado o profissional no (art 5° IV) veda o
anonimato na
exercício da medicina ou outra atividade sanitária, desde que a comunicação
manifestação do
não exponha o paciente à ação penal. pensamento, nada
impedindo,
Segundo a lei, nas ações privadas cabe ao ofendido ou a seu entretanto, mas, pelo
contrário, sendo
representante legal oferecer a notitia cirminis. É faculdade do ministro da
dever da autoridade
Justiça a Notitia criminis nos crimes em que a ação depende de sua policial proceder á
investigação,
representação. cercando-se,
naturalmente, de
cautela. 2. Recurso
Instauração de Inquérito Policial no caso de Ação Penal ordinário improvido
”(RHC 7.329-GO-
Pública Incondicionada DJU de 4-5-98, p.
208 em MIRABETE,
O IP pode começar de ofício, ou mediante requisição do MP ou do juiz, Código de Processo
Penal Interpretado,
ou ainda, por meio de auto de prisão em flagrante delito, conforme vimos há
2003, p.99)
pouco pelas idéias de Tourinho Filho (2004, p. 212 – 218).
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p. 87-88) e Tourinho Filho (2004, p. 232-235) temos que a Ação Penal Privada
é aquela que só ocorre se for promovida pelo ofendido ou por seus
representantes; por isso mesmo, somente pode ser instaurado o IP mediante
iniciativa da vítima.
Além do ofendido, são igualmente competentes para requerer a
instauração do IP:
representante legal - se o mesmo for incapaz;
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão - se for o caso de
morte do ofendido.
Antes da CF/88, a mulher casada somente poderia proceder à queixa
se o marido concordasse. Com o advento da Carta Magna, com o princípio da
igualdade entre homens e mulheres, não é mais necessário qualquer
concordância do marido pra que a mulher casada possa exercer seu direito de
queixa (art. 5º, I).
Conforme os mesmos autores, o requerimento para o início do
inquérito não exige formalidades, mas é necessário que forneça os elementos
indispensáveis à instauração do IP, sendo que, quando efetuado verbalmente
ou por documento sem reconhecimento de assinatura, deve o requerimento ser
reduzido a termo, nos mesmos termos que vimos no caso de representação.
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Delatio Criminis
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Procedimento
Instauração e Atos Iniciais
Utilizando-nos dos ensinamentos dos professores Mirabete (1999, p.
88-89) e Tourinho Filho (2004, p. 236 -262) verifica-se que o entendimento
desses mestres é no sentido de que, mesmo que verifique a autoridade policial
a ocorrência de uma causa excludente da ilicitude, deve instaurar o IP, porque
somente se analisarão as excludentes da ilicitude na ação penal propriamente
dita.
Inicialmente deve a autoridade policial proceder de acordo com o art 6º
CPP. Ele indica quais as primeiras diligências a serem tomadas para que a
autoridade possa colher ao vivo os elementos da infração, devendo para isso
agir com presteza para que não se mude o estado das coisas no local do crime
ou ainda desapareçam armas ou indícios.
Deve então, a autoridade, na afirmação do autor, de acordo com o
referido artigo, dirigir-se ao local providenciando que não se mude o estado das
coisas até a chegada da perícia criminal. Em caso de vítima necessitando de
socorro médico, pode autorizar a sua imediata remoção para que seja prestado
o socorro. Em caso de acidente de automóvel, pode ordenar a mudança da
posição dos veículos se estiverem impedindo ou atrapalhando o tráfego.
Ainda de acordo com o art. 6º do CPP, deve apreender os objetos que
tiverem relação com o crime após a liberação pelos peritos criminais. Estes
Art. 169. Para o objetos devem acompanhar o IP. Cabe ainda à autoridade recolher as provas
efeito de exame do que sejam úteis ao esclarecimento dos fatos e suas circunstâncias.
local onde houver
sido praticada a Ainda, os autores citados de inicio, indicam que pode a autoridade
infração, a
autoridade policial realizar qualquer diligencia que julgue necessária à apuração do fato,
providenciará desde que sejam observados os direitos e garantias constitucionais pode a
imediatamente para
que não se altere o autoridade policial realizar qualquer diligência que julgue necessária á
estado das coisas
até a chegada dos apuração do fato. Ressalva-se, porém, que não poderá realizar busca e
peritos, que poderão apreensão em residência, à noite, mesmo com mandado e nem durante o dia,
instruir seus laudos
com fotografias, quando não tiver em posse do mesmo.
desenhos ou
esquemas
elucidativos.
Parágrafo único. Os Diligências
peritos registrarão, O Artigo 169 CPP adianta que para o efeito do exame do local onde
no laudo, as
alterações do estado houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente
das coisas e
discutirão, no para que não se altere o estado das cosias até a chegada dos peritos, que
relatório, as poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas
conseqüências
dessas alterações elucidativos.
na dinâmica dos
fatos. (Parágrafo Em caso de acidente ou vítima necessitando de atendimento hospitalar
acrescentado pela de urgência, é possível à autoridade policial efetuar a modificação da posição
Lei nº. 8.862, de
28.03.1994) dos veículos para fins de escoamento de tráfego e ainda a remoção da vítima
ferida ao hospital (TOURINHO FILHO, 2004, p. 238).
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EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Apreensão de Objetos
Utilizando-nos dos conhecimentos de Tourinho Filho (2004, p. 239)
entendemos que a autoridade policial pode apreender todos os objetos
relacionados ao crime e a seu esclarecimento, sendo que tais objetos
acompanharão o IP e o processo se necessário.
Na afirmação dos autores, muitas vezes um objeto apreendido e
relacionado ao crime, contém em si muitos indícios ou até mesmo provas da
autoria do delito, sendo importante, portanto, para a instrução criminal que os
mesmos fiquem à disposição caso seja necessário realizar alguma perícia,
reconhecimento ou outra providências.
A maioria dos objetos apreendidos após o término do processo são
devolvidos a seus proprietários, somente não os sendo aqueles objetos ilícitos,
ou que foram perdidos em favor da união ou confiscados por serem
instrumentos do crime.
Art. 124 CPP
Art. 124. Os instrumentos do crime, cuja perda em favor da
União for decretada, e as coisas confiscadas, de acordo
com o disposto no artigo 100 do Código Penal, serão
inutilizados ou recolhidos a museu criminal, se houver
interesse na sua conservação.
Art. 175 CPP
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos
empregados para a prática da infração, a fim de se lhes Neste sentido
verificar a natureza e a eficiência. temos:Art. 11. Os
instrumentos do
Podemos ver, então, ao compararmos os ensinamentos doutrinários crime, bem como os
objetos que
com o texto da lei, que a busca e apreensão de objetos, muitas vezes é interessarem à
imprescindível para a solução da lide penal, pois com tal medida é que se prova,
acompanharão os
possibilita uma eventual perícia, ou até mesmo um reconhecimento por patê autos do
inquérito.Ainda
das testemunhas. alínea a inciso II art.
91 CP.
Art. 91. São efeitos
Busca e Apreensão da condenação:
II - a perda em favor
A busca e apreensão sempre deve observar o disposto no art. 5º XI CF da União, ressalvado
A busca pessoal pode ser realizada em qualquer horário, pela própria o direito do lesado
ou de terceiro de
autoridade policial, sem qualquer ordem judicial, mas a residencial somente boa-fé:
b) do produto do
poderá ser feita com ordem judicial, durante o dia (6 – 18 horas), ou com o
crime ou de qualquer
consentimento do morador da casa. bem ou valor que
constitua proveito
A norma do art. 172 CPC, não influi no conceito de noite do CPP, auferido pelo agente
com a prática do fato
devendo este ser entendido das 18 as 6 e não das 20 as 6 horas. criminoso.
Oitiva do Ofendido
Já nos diz Tourinho Filho (2004, p. 242 - 243) que deve a autoridade
policial ouvir o ofendido, até mesmo por ser a pessoa que possui o maior
número de declarações sobre os fatos. É claro que o valor probante das
declarações do ofendido é restrito, até mesmo por seu envolvimento emocional
com os fatos ocorridos.
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EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Oitiva do Indiciado
A oitiva do indiciado deverá ser feita, nos mesmos moldes do
interrogatório do réu em juízo, e ainda de acordo com as regras do art 5° inciso
LXII da CF/88.
CF art. 5º
O polígrafo é um LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
instrumento que quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
registra diversos assistência da família e de advogado;
fenômenos Código de Processo Penal
fisiológicos (pressão Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infração
arterial, movimentos penal, a autoridade policial deverá:
respiratórios etc.), V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável,
usa do geralmente do disposto no Capítulo III do Título VII, deste Livro,
como detector de devendo o respectivo termo ser assinado por 2 (duas)
mentiras testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura;
(FERREIRA, 1999,
p. 1597) Não é permitida qualquer forma vergonhosa ou qualquer processo que
vise a devassar o íntimo psíquico do indiciado, e mesmo de testemunhas, tais
como:
O Polígrafo;
A narcoanálise. (uso de drogas como a escopolamina, amital
sódico, pentotal, evipan, metedrina que possibilitam penetrar no inconsciente.
Com o emprego de tais drogas o indivíduo adormece ligeiramente, estreitando
o campo de ação de sua consciência, sem desaparecer completamente o
contato dele com o meio ambiente).
Os tratamentos acima descritos, são os reprovados pelo art 5 III CF
que diz que “Ninguém será submetido a tratamento desumano ou degradante”
34
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
pontos em que divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de que se
complemente a diligência ouvindo-se o ausente pela mesma forma
estabelecida para o presente.
Tal diligência somente poderá ser realizada se não importar demora
para a conclusão do IP e à evidência da autoridade policial reputá-la
conveniente.
Art. 158. Quando a
infração deixar
Exames Periciais vestígios, será
indispensável o
exame de corpo de
Continua a nos ensinar, o nobre professor Tourinho Filho (2004, p. 247 delito, direto ou
-250) que deve ainda determinar, a autoridade policial, sempre que o delito indireto, não
podendo supri-lo a
deixar vestígios, que se proceda à exame de corpo de delito. confissão do
acusado.
Não são apenas os exames de corpo de delito que podem ser
realizados durante a feitura do IP, mas quaisquer outras perícias que se achem
relevantes.
O Art. 564, III, b CPP diz que haverá nulidade se não for feito o exame
de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvada a hipótese do
art. 167. Certo também que a autoridade não pode indeferir requerimento da
vítima ou do indiciado no sentido de que se realize o exame de corpo de delito,
como se constata pelo art. 184 CPP.
Não pode o exame de corpo de delito, conforme o exposto nos arts.
acima indicados, ser substituído nem mesmo pela confissão do indiciado. CPP
art. 158
Não se pode tirar daí que os outros exames perícias não têm o mesmo
valor e que, portanto, poderiam ser negados pela autoridade policial quando
esta bem entender, na realidade somente podem ser negados quando não
forem relevantes para a elucidação do fato delituoso.
Poderá a autoridade policial proceder a tais exames por si só sem
qualquer autorização judicial, conforme se depreende do art 6 inc VII CPP,
sendo que somente em caso de perícia para a comprovação de insanidade
mental do indiciado é que deverá requisitar à autoridade judicial competente,
nos termos do art. 149 § 1º CPP.
Quem realiza tais exames são os peritos ( regulados no CPP pelo Cap.
VI do Livro I). Sejam oficiais ou não oficiais, os peritos não podem ser indicados
pela vítima ou indiciado, nos termos do art. 276 CPP.
Não podem as pessoas nomeadas para tal encargo recusá-lo (art. 277
Art. 276. As partes
CPP). A situação dos peritos que irão oficiar no feito está disciplinada na nova não intervirão na
nomeação do perito.
redação dada ao art. 159 do CPP pela Lei n. 8.862/94.
Segundo o art. 176 CPP, as partes podem formular quesitos para a
perícia; há entendimentos que na perícia ocorrida durante o IP, não se tem
admitido tais formulações, pois como no IP não existem partes, não cabe ao
ofendido fazer qualquer quesito, cabendo única e exclusivamente a autoridade
policial fazê-los.
35
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Simulação do Crime
Poderá ainda proceder à simulação do crime, para que se possa colher
Considera-se maiores detalhes sobre os fatos, como por exemplo, ter-se uma idéia do estado
quadrilha ou bando a
reunião de mais de do indiciado frente à reprodução dos fatos (MIRABETE, 2003, p. 110 a 111).
três pessoas com o
intuito de praticar Afirma, ainda, o autor que não está o indiciado obrigado a participar da
crimes! simulação, pois uma vez que a CF lhe confere o direito à não produzir prova
Organização
Criminosa nada mais contra si mesmo, podendo ficar calado. A mesma regra aplica-se a simulação,
é do que a quadrilha
ou bando mais na qual, em tese, estaria produzindo, prova contra si.
organizado Ainda na apuração de infração penal, cometida por quadrilha ou bando
hierarquicamente,
com voz de ou por organizações criminosas, é possível haver a quebra de sigilo telefônico,
comando.
escutas, infiltrações, mas tais diligências somente poderão ser feitas mediante
prévia autorização judicial.
Indiciamento
Indiciamento é a imputação a alguém, no IP a prática do fato delituoso.
Ensina Mirabete (1999, p. 90 – 994) que não pode optar a autoridade
policial por indiciar ou não, pois havendo provas que apontem a autoria para
determinada pessoa, deve obrigatoriamente indiciá-la, porém, havendo meras
desconfianças, não pode ser a pessoa de quem se desconfia indiciada.
Indiciado o suposto autor do fato delituoso, deve a autoridade policial
ouvi-lo, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que
tenham ouvido a leitura das declarações, não sendo, portanto, necessário que
as testemunhas assistam ao interrogatório, mas somente à leitura das
declarações.
O indiciado também pode ser conduzido coercitivamente para o
Interrogatório, mas não sendo obrigado a responder quaisquer perguntas.
ATENÇÃO!
Após a oitiva do indiciado, segundo o que dispõe a Lei 10.054/2000,
deve o mesmo ser identificado. Ressalta-se que somente será identificado
criminalmente, quando possuir identificação civil, se houver praticado:
homicídio doloso;
crimes contra o patrimônio praticados com violência ou grave
ameaça;
crime de receptação qualificada;
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EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Indiciado Menor
Se o indiciado for menor, terá o mesmo nomeado um curador pela A
autoridade policial, sendo que este curador não precisa ter conhecimentos incomunicabilidade
consistia em ficar o
profissionais, mas não pode ser analfabeto. acusado sem
contato com
A função primordial do curador era assistir ao menor, relativamente
qualquer pessoa
incapaz (maior de 18 e menor de 21), nos atos do processo. diferente das
autoridades policiais
Ocorre que em função da nova maioridade civil, acabou-se por e judiciárias.
(MIRABETE, 1999,
erradicar a figura do curador para os maiores de 18 anos e menores de 21,
p.94).
pois a maioridade civil equiparou-se à maioridade penal com o advento do novo
Código Civil. Já no caso dos menores, a ausência de curador em caso de
prisão em flagrante de menor causa a nulidade do ato, devendo ser a prisão
imediatamente relaxada.
Quanto ao índio, com a vigência do novo Código Civil, que retirou o
silvícola do rol dos relativamente capazes, esses passaram a ser disciplinados
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Incomunicabilidade
Revogou a CF 88 os preceitos que amparavam a incomunicabilidade
do réu, não sendo mais possível em nosso ordenamento jurídico que tal ocorra.
É direito do preso comunicar ao advogado e à família a prisão e o local
onde se encontra, não podendo a autoridade policial proceder de forma a
impedir tal comunicação.
Mesmo que ainda fosse permitida a incomunicabilidade, poderia o
preso ter acesso ao advogado, o qual tem livre acesso ao seu cliente, mesmo
que esteja sem procuração. (MIRABETE, 1999, p. 94)
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EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Encerramento
Mirabete (1999, p. 95 – 97) ensina que concluidas as investigações
deve a autoridade policial fazer um minucioso relatório do que foi apurado no
IP.
Nesse relatório, pode ser indicado, inclusive, as testemunhas que não
tenham sido inquiridas indicando o lugar onde possam ser encontradas.
Contudo, no relatório que põe fim ao Inquérito, como afirma o autor,
não cabe à autoridade policial fazer qualquer juízo de valor, uma vez que não é
essa a finalidade do IP. Pode, entretanto, exprimir as impressões deixadas por
pessoas que intervieram no IP.
Quando da instauração do IP, delineia o autor que já deve a autoridade
policial indicar a classificação do crime, podendo esta, porém, ser alterada no
encerramento se verificado engano inicial. A classificação apontada pela
autoridade policial é provisória e não vincula o MP.
Concluído o IP e elaborado o relatório, deve a autoridade policial
remetê-lo ao juiz competente. Devem acompanhar os autos do IP, as armas,
instrumentos e demais provas relativas ao crime.
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Arquivamento
O arquivamento do IP somente pode ocorrer com a homologação do
Juiz. Mas como se dá?
Ensina-nos Mirabete (1999, p. 98 – 101) que, chegando a autoridade
policial à conclusão de que deva ser o IP arquivado, deverá incluir tal
informação em seu relatório e encaminhá-lo ao MP. O promotor deverá analisar
todos os autos do IP e concordando com a autoridade policial, fará pedido de
Neste sentido temos
o art. 28 CPP: arquivamento dirigido ao juiz competente. Se o juiz concordar, o IP estará
“ Se o órgão do
ministério Público, arquivado.
ao invés de Mas e se o Juiz não concordar com o pedido de arquivamento?
apresentar a
denúncia requerer o Não havendo a concordância do juiz em realizar o arquivamento, o
arquivamento do
inquérito Policial ou mesmo deverá remeter os autos ao Procurador Geral do Ministério Público que
de quaisquer peças analisará os autos e decidirá se concorda ou não com o arquivamento.
de informação, o juiz
no caso de Se o Procurador Geral concordar com o arquivamento, o juiz deverá
considerar
improcedentes as obrigatoriamente arquivar o IP.
razões invocadas, Se o Procurador Geral não concordar com o arquivamento designará
fará remessa do
inquérito ou peças um outro promotor para que proceda à denúncia no processo, ou então poderá
de informação ao
procurador-geral, e ele mesmo fazer a denúncia dando prosseguimento ao processo penal.
este oferecerá a
denúncia, designará
outro órgão do
Conclusão
Ministério Público O Inquérito Policial, apesar de não fazer parte do Processo Penal
para oferece-la, ou
insistirá no pedido propriamente dito, auxilia, em muito, na persecução penal, uma vez que traz
de arquivamento, ao
qual só então estará elementos para o esclarecimento da autoria e materialidade do fato.
o juiz obrigado a O mesmo possui regras específicas, diferentes das regras aplicadas ao
atender.
processo penal, por ser peça meramente informativa, não cabendo, então
muitas limitações que ocorrem na persecução.
Vamos exercitar?
1)Agora que você já conhece como se dá um Inquérito Policial, tente explicar
com suas palavras, por que não se aplicam ao mesmo o princípio do
Contraditório e da Ampla Defesa e, ainda, se a não utilização dos mesmos
atrapalha a defesa do réu no processo penal.
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EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Comentário
Você pode sinalizar em sua resposta na seguinte direção: o
Contraditório e a Ampla defesa não são utilizados porque o inquérito policial
não julga os fatos, somente colhe dados, não existindo, portanto, nenhuma
acusação de que se defender.
Comentário
Para responder a esta questão, procure em seus conhecimentos sobre
arquivamento do Inquérito Policial, bem como nos conhecimentos que você
tem sobre o princípio da indisponibilidade do processo.
Comentário
Procure responder a questão utilizando seus conhecimentos sobre a
instauração de IP em relação a cada um dos tipos de ação penal existentes.
Síntese da tema
Conhecemos nesta nossa aula o que é o Inquérito policial.
Vimos que o mesmo é um procedimento administrativo e não judicial,
que á ele não se aplicam certos princípios de Direito Processual Penal, e ainda
que o mesmo serve como peça informativa.
Vimos que o mesmo é presidido pela autoridade policial (delegados de
carreira) e que a autoridade deve seguir algumas regras de conduta durante o
41
EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Referências
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, Novo Aurélio Séc XXI: o dicionário da
língua portuguesa, 3 ed.Nova Fronteira. Rio de Janeiro, 1999.
GILISSEN, John. Introdução Histórica ao Direito. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1995.
JESUS, Damásio E, Código de Processo Penal Anotado. 14 ed. São Paulo:
Saraiva. 2004.
JESUS, Damásio E. de. Código de Processo Penal anotado. 14 ed. Atual. São
Paulo : Saraiva, 1998.
MARQUES, José Frederico. Elementos de Direito Processual Penal.
Campinas-SP: Millennium, 2000.
NORONHA, E. Magalhães. Curso de Direito Processual Penal, 27 ed. Atual.
por Adalberto José Q T de Camargo Aranha. São Paulo: Saraiva, 1999.
NORONHA, E. Magalhães. Curso de Direito Processual Penal. 27. ed. São
Paulo. Saraiva. 1999.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. São Paulo: Saraiva.
1990.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. São Paulo: Saraiva.
2004.
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Tema 03
Meta do tema
Apresentação da Ação Penal, a competência, os procedimentos do Direito
Processual Penal.
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
Classificar a Ação Penal, seus pressupostos e modalidades;
Explicar a diferença entre jurisdição e competência, enumerando suas
delimitações.
Identificar as formas de exceções e os impedimentos no Processo
Penal;
Identificar os sujeitos, as provas e procedimentos processuais
pertinentes ao Direito Processual Penal.
Pré-requisitos
Para mellhor endenter este tema, você deve ter conhecimentos dos
princípios informadores do Direito Processual Penal. Aconselhamos a você,
portanto, reler os princípios gerais que você estudou em Teoria Geral do
Processo.
Introdução
Caro aluno, neste tema você estudará a Ação Penal, suas modalidades
e os requisitos de cada espécie. Discutiremos os conceitos e as diferenças
entre jurisdição e competência, bem como as formas de incidentes
processuais. Por fim, apresentaremos os procedimentos e os meios de prova
pertinentes a nossa disciplina.
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Conceito
Como estudamos na disciplina Introdução ao Estudo do Direito, o
monopólio da justiça e do direito de punir pentence exclusivamente ao Estado,
uma vez que é vedado a autotutela e a autocomposição.
Tourinho Filho (1986, p. 263) conceitua que:
Se o Estado aboliu a vingança privada como forma de
composição de litigio e avocou o monopólio da
administração da justiça, obviamente surgiu para o cidadão
o direito de se dirigir a ele [Estado], exigindo a garantia
jurisdiconal.
interesse de agir
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Segundo Essa ação, por exelência, como afirma o autor, tem a forma geral da
entendimento do Ação Penal, sendo que na ausência de especificação da ação no tipo penal, a
STF, não há que se
falar em decadência ação sempre será pública incondicionada (art. 100, caput do CP).
na ação penal
publica A titulariedade desta modalidade de ação, como define a lei, compete
incondicionada. exclusivamente ao Ministério Publico, não dependendo de qualquer
manifestação do ofendido ou de outrem.
Essa legitimação dentro do Processo penal é a chamda legitimação
ordinária.
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A Súmula 594 do STF dispõe que o prazo é duplo, ou seja, pode ser
exercido independemente pelo ofendido ou por seu representante legal, o que
leva a conclusão que os prazo são contados separadamente (MIRABETE,
2000, p. 160).
A partir do conhecimento do autor do crime, praticado contra menor de O que é ato
discricionário? É
dezoito anos, o prazo do representante legal desse menor começa a contar a ato não limitado pela
lei, deixado a critério
partir do conhecimento do fato, e contra o menor, somente começa a correr o do postulante.
prazo a partir do momento em que ele completar dezoito anos de idade,
contando-se os seis meses do prazo decadencial.
Quando a representação depender de requisição do Ministério da
Justiça, essa é taxativamente prevista em lei, sendo a requisição um ato
Estudaremos sobre
administrativo discricionário e irretratável (MIRABETE, 2000, p. 127). a prescrição do
Segundo a lei, a requisição é diretamente direcionada ao Ministério crime no tema 05 do
Caderno de estudos
Público, que poderá oferecer a denúncia, se tiver provas suficientes para tal, ou de Direito Penal.
remeter à autoridade policial para que seja instaurado o inquerito policial.
Quanto ao prazo, enquanto o crime não prescrever, a requisição
poderá ser feita (MIRABETE, 2000, p. 127).
Pare e Pense
1)Observe na Lei nº. 9.099/95, quais os crimes tem por natureza a Ação Penal
Pública Condicionada?
Preste atenção
Os crimes contra os
Devemos observar uma exceção trazida pela lei, quanto aos crimes costumes estão
contra os costumes, que, em regra, são de natureza privada (art. 225, caput do tipificados da
seguinte forma:
CP). No entanto, o art. 225, § 1º e o art. 223 do CP, definem que, nos casos - estupro (art. 213
do CP);
específicos, a lei relatada, os crimes serão de direito públicos quando: - atentado violento
ao pudor (art. 214
do CP);
Art. 225, § 1º e art. 223 do Código Penal - posse mediante
Ação Pública Condiconada I – se a vítima e seus pais não podem prover às fraude (art.215 do
despesas do processo, sem privar-se de CP)
-atentado ao pudor
recursos indispensáveis à manutenção própria
mediante fraude
ou da sua família. (art. 216 do CP);
§ 2º Nos casos do inciso I, a ação do Ministério -assédio sexual
Público depende de representação (art. 216- A do CP);
-corrupção de
menores (art. 218
do CP).
Ação Pública Incondicionada II – Se o crime é cometido com o abuso do
pátrio poder, ou da qualidade de padrasto, tutor
ou curador.
Súmula 608 do STF: nos crimes de estupro
cometidos com violência real a ação penal
também é pública incondicionada.
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EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Atenção!
Quanto aos seus tipos, a lei classifica ação penal privada subdivide-se
em: Ação Penal exclusivamente privada, e Ação penal privada subsidiária
da pública.
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No artigo 236 do CP
O direito de acusar, passa à vítima do (Induzimento a erro
crime ou a seu representante legal, essencial e
Princípio da disponibilidade: pemanecendo o direito de punir, ao acultação de
impedimento), em
Estado.
que o prazo se inicia
na data do trânsito
Encontra-se disposto no art. 48 do CPP, em julgado da
sendo que ao excer o direito a queixa sentença anulatória
contra qualquer dos autores do crime, a do casamento, e da
todos se estendem. Cabendo o Ministério lei de Impressa, que
tem por prazo
Princípio da indivisibilidade: Público velar pelo aditamento da ação,
decadencial três
quando verificar que a ção somente foi meses contados da
proposta contra alguns, e não contra data da pratica do
todos os que praticaram o crime. crime.
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EAD UNITINS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS
Se o ofendido veio a falecer depois dos seis meses que tenha tomado
conhecimento do autor do crime, e não ofereceu a queixa-crime, o
prazo já decaiu;
Se o ofendido tinha conhecimento da autoria do crime, mas dentro dos
três meses decadenciais restantes veio a falecer, sem ter oferecido a
queixa-crime, o prazo recomeça a contar para as pessoas enumeradas
nos artigos anteriormente mencionados (art. 31 do CPP e art. 100, § 4º
do CP).
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Prazo
Em regra geral, salvo algumas exceções, o prazo para que o agente do
Ministério Publico ofereça a denúncia, após a representação do ofendido é:
5 dias (cinco): se o agente do crime estiver preso;
15 dias (quinze): se o agente do crime estiver em liberdade.
Assim temos que o Ministério Público tem o prazo determinado por lei,
após receber a representação, para o oferecimento da denúncia e, não
fazendo, ou não pedindo arquivamento, abre novamente o prazo decadencial
de seis meses, contado a partir do inércia do Ministério Público, para que o
ofendido possa propor Ação Penal Privada Subsidiária da pública (MIRABETE,
2000, p. 140).
Atenção!
Evidentemente que quando o parquet requer o arquivamento da ação,
e esse arquivamente é despachado pelo Juiz, não poderá o ofendido inicar
uma Ação Privada subsidiária da pública, salvo se demostrar novas provas (art.
15 do CPP e Súmula 524 do STF).
Com o oferecimento da queixa-crime, dá-se uma forma supletiva de
iniciar a ação penal; o Ministério público poderá aceitar a ação, aditá-la, ou até
mesmo repudiá-la, oferecendo nova ação substitutiva, podendo ainda inteferir
em todos os termos do processo, como um litisconsorte, oferecendo elementos
de prova, ou ate mesmo interpondo recursos (MIRABETE, 2001, p. 143)
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Pare e Pense
1) Faça uma pesquisa na parte especial do Código Penal, reconhecendo duas
espécies de crimes, para cada tipo de Ação Penal.
Ex: a) Ação Penal Pública Incondicionada: Art. 121, caput do CP (homicídio
simples).
A denúncia e a queixa-crime
Ao conceituar as peças, especialmente a denúncia e a queixa-crime,
de iniciação da Ação Penal, Capez (2001, p. 127) assim define:
Peça acusatória iniciadora da ação penal, consistente em
uma exposição por escrito de fatos que constituem, em
tese, ilícito penal, com a manifestação expressa da vontade
de que se aplique a lei penal a quem é presumidamente
seu autor e a indicação das provas em que se alicerça a
Inépcia: inaptidão pretensão punitiva. A denuncia é a peça acusatória
processual por faltar inaugural da ação penal pública (incondicionada ou
requisitos condicionada)(...); a queixa, peça acusatória inicial da ação
fundamentais da penal privada.
peça processual.
Assim temos que tanto a denúncia como a queixa-crime são as
peças iniciais da ação. Como peças iniciais acusatórias, devem cumprir os
requisitos formais expostos em lei (art. 41 do CPP), quais sejam:
Art. 41 do Código de Processo Penal
É a exposição do fato dito como criminoso
com todas as suas minúcias e
a) descrição do fato em todas as suas características, classificando o crime, com
circunstâncias; todas as suas peculiaridades, como por
exemplo, as qualificadoras etc.
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III – for manifesta a ilegalidade Estudamos no topico de ação penal que, devido
da parte, ou faltar condição ao tipo do crime, a legitimidade para propor a
exigida pela lei para o exercicio ação poderá ser ordinária (Ação Penal Pública)
da ação penal sendo que o legitimado a propô-la é o Ministério
Público, assim como a legitmidade poderá ser
extraordinária (Ação Penal Privada), sendo
legitima a parte ofendida, seu representante legal.
§ único: nos casos da inciso III, O parágrafo unico deste artigo expõe que a
a rejeição da denúncia ou da nomeclatura que se dá à ação não é sufiente para
queixa não obstará ao exercício a sua rejeição, podendo o juiz recebê-la, com a
da ação penal, desde que nomeclatura devida, desde que a ação, além dos
promovida por parte legítima ou requisitos essencias, enumerados no art. 41 do
satisfeita a condição. CPP, seja proposto pela parte legítima.
Pare e Pense
1)O juiz poderá instaurar a ação penal de oficio? Justifique sua resposta, com
embasamento legal.
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civil, meio em que poderá ser proposta contra o ofendido, seu representante
legal e herdeiros (MIRABETE, 2000, p. 235).
b) Não haver prova da existência do Neste caso o juiz, pode até reconhecer
fato; que o fato existiu, no entanto não tem
provas materiais, e na dúvida, “beneficia-
se o réu”.
c) Não constituir o fato infração penal; O fato narrado não ser considera como
crime, ou seja, é atípico.
d) Não existir prova de ter o réu A acusação não ter prova suficiente que o
concorrido para a infração penal; réu tenha praticado o crime.
Não há convencimento real para que o
e) Não existir provas suficientes para a juiz condene o réu a pratica do crime.
condenação;
As causas de excludente de ilicitude estão
dispostas no art. 23 do CP e quando
f) existir causas de exclusão de reconhecidas pelo juiz, exclui-se o crime.
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Vamos exemplificar:
Sentença penal
Declarar a absolvição por estar provado
que o fato relatado na peça inicial não
existiu
Faz coisa julgada no cível Reconhecer as excludentes de
antijuridicidade
Não haver prova da existência do fato;
Não constituir o fato infração penal;
Não existir prova de ter o réu concorrido
Não faz coisa julgada na esfera cível para a infração penal;
Não existir provas suficientes para a
condenação
As causas excludentes de culpabilidade
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A Ação Civil Ex Delicto deve ser proposta no juízo cível (art. 575, IV do
CPC), cabendo ao autor da ação, a escolha do foro (exceção prevista no art.
100, parágrafo único do CPC).
Pare e Pense
1) A responsabilidade civil de reparar o dano causado, é independente da
responsabilidade criminal. No entanto, faz coisa julgada na esfera cível, a
sentença penal, quando?
a) Não constituir o fato infração penal
b) As causas de excludentes de culpabilidade e ilicitude
c) Absolvição por estar provado que o fato relatado na peça inicial inexistiu.
d) Não haver prova da existência do fato.
Jurisdição e Competência
Capez (2001, p. 181), ao conceituar Jurisdição, afirma:
É a função estatal exercida com exclusividade pelo Poder
Judiciário, consistente na aplicação de normas de ordem
jurídica a um caso concreto, com a conseqüente solução do
litígio. É o poder de julgar um caso concreto, de acordo com
o ordenamento jurídico, por meio do processo.
61
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que no caso concreto, possa aplicar o direito objetivo, proferindo uma decisão
(sentença) que deve ser cumprida.
Ao falarmos dos pressupostos da jurisdição, temos a competência, que
é uma limitação ao poder jurisdicional.
Capez (2001, p. 183), diferencia a jurisdição da competência em:
Como poder soberano do Estado, a jurisdição é una. Dentre
as várias funções estatais, encontra-se a de aplicar o direito
ao caso concreto para a solução de litígios. (...) Dessa
forma, cada órgão jurisdicional somente poderá aplicar o
direito dentro dos limites que lhe foram conferidos nessa
distribuição. A competência é assim, a medida e o limite da
jurisdição, dentro dos quais o órgão judicial poderá dizer o
direito.
Vamos exemplificar:
Espécies de Competência
Na justiça comum, tanto na esfera federal como na estadual, a
competência é determinada pelas seguintes espécies (art. 69 do CPP):
Competência material Competência funcional (art. 394
a 405 do CPP)
I – em razão do lugar (art. 69, II e II e I – Fase do processo
arts. 70, 72 e art. 73 do CPP);
II – em razão da matéria (art. 69, III do II – Objeto do juiz
CPP e a Constituição Federal);
III – em razão da pessoa (art. 69, IV do III – Grau de Jurisdição
CPP Constituição Federal).
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I - Crime tentado, que o lugar que determina a jurisdição é o lugar em que foi
praticado o último ato de execução;
II - Os crimes de menor potencial ofensivo (Lei nº. 9.099/95, art. 63), que
adota a teoria da atividade, que o lugar do crime é determinado pelo lugar da
conduta do agente.
63
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Prorrogação da Competência
A Prorrogação da competência é a transferência de um juízo, por se
julgar incompetente para apreciar a ação, a outro juízo, podendo se dar,
segundo Capez (2006, p. 221) de duas formas:
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Delegação da Competência
Capez (2001, p. 198) ao conceituar a delegação de competência assim
expõe:
É a transferência da competência de um juízo para outro,
sempre que os atos processuais não puderem ou não
tiverem de se realizar no foro originalmente competente.
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Questões prejudiciais
necessárias.
Questões prejudiciais Inerentes ao mérito da
questão Questões prejudiciais
facultativas.
Exceção
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As incompatibilidades e
Processos incidentais Meio de defesa na Ação impedimentos
Penal
O conflito de jurisdição
Para que haja
As medidas assecuratórias suspensão do
processo, é
necessário que
O incidente de falsidade esteja em curso a
ação civil sobre a
A insanidade mental do matéria (MIRABETE,
acusado 2001, p. 322).
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Exceção
Avena (2005, p. 81) conceitua a incidente de exceção como:
Previstas no art. 95 do CPP, as exceções são
consideradas meios de defesa indireta, utilizáveis
quando não há o propósito de atacar diretamente o
mérito da lide principal, mas obstaculizar ou transferir
o seu julgamento. São atacadas em apartado e, como
regra, não possuem efeitos suspensivos (art. 111 do
CPP).
Exceção de suspeição
As partes podem argüir a exceção de suspeição quando, suspeitarem
que o juiz, por qualquer dos motivos enumerados no art. 254 do CPP (rol
taxativo), não possa decidir com imparcialidade, a ação penal. A argüição de
suspeição deve ser requerida, em autos apartados, em petição escrita,
alegando os motivos, devendo acompanhá-la os documentos probatórios, ou o
rol de testemunhas (art. 98 do CPP).
A suspeição deve ser proposta na primeira manifestação da parte (réu)
no processo, não sendo cabível na fase do inquérito policial (simples
averiguação dos fatos, não há juízo decisório).
Aceitando a suspeição, argüida pelas partes (art. 99 do CPP), o juiz
sustará o andamento do processo, determinará que seja juntado os autos do
processo com a ação principal e, por despacho, se declarará suspeito,
remetendo os autos ao seu substituto.
No entanto, pode o próprio juiz, de oficio, se declarar suspeito (art. 97
do CPP), quando reconhecer qualquer dos motivos enumerados no art. 254 do
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CPP, que o impede de julgar tal demanda, devendo fazê-lo por escrito, e
motivadamente, enviando de imediato os autos ao juízo substituto.
Caso o juiz não declare de oficio e também não aceite a argüição de
suspeição, mandará atuar em apartado o processo incidental, motivará sua
negativa, podendo enumerar provas, e remeterá os autos ao Tribunal a quem
compete o julgamento, podendo esse julgar procedente ou não, o incidente de
exceção.
Julgando o Tribunal procedente a exceção de suspeição, os atos do
processo principal, pelo juízo suspeito, são nulos, devendo o juiz arcar com as
custas processuais (se agiu por erro inescusável). Contudo, julgando
improcedente o pedido de suspeição, o processo prossegue seu curso normal,
uma vez que a questão incidental de exceção de suspeição não suspende a
marcha do processo, salvo se também reconhecida pela parte contrária, que
requererá a sustação processual (art. 102 do CPP).
Conclui o próprio Capez, que “a exceção pode ser oposta pelo réu,
querelante e Ministério Público, quando esse atue como fiscal da lei. Segundo
a doutrina, não pode ser argüida pelo autor da ação” (CAPEZ, 2006, p. 377).
Ao discutirmos a competência, suas formas, estudamos que podem ser
elas absolutas, ou improrrogáveis, ou relativas, prorrogáveis, quando não
argüidas em tempo oportuno.
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d) O Ministério Público deve ser ouvido, desde que ele não seja o próprio proponente.
Exceção de litispendência
A litispendência ocorre quando coexistem dois ou mais processos
contra o mesmo réu, envolvendo os mesmos fatos.
Como forma e procedimento de exceção de litispendência segue o
mesmo procedimento da exceção de incompetência, ressalvado a preclusão,
pois não há prazo de interposição da exceção por litispendência.
Assim temos que os elementos que identificam a litispendência são:
Elementos que identificam a demanda
a) o pedido Na ação penal é a aplicação da sanção
penal
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Conflito de Jurisdição
Conflito de
atribuição: ocorre Além da exceção, a fixação da competência, quando não condizente
quando existe
conflito entre o com a norma legal, pode ser determinada pelo Conflito de Jurisdição.
Poder Judiciário e
Capez (206, p. 386) ao conceituar o conflito de jurisdição, o classifica
outros poderes
(Executivo ou da seguinte forma:
Legislativo).
Tem-se o denominado conflito de jurisdição toda vez que,
em qualquer fase do processo, um ou mais juizes,
contemporaneamente, tomam, ou recusam tomar
conhecimento do mesmo fato delituoso.
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Medidas assecuratórias
Tem por natureza acautelar os procedimentos civis, com a finalidade
de ressarcimento ou reparação civil pelo dano causado devido à infração.
Conceitua Capez (2006, p. 407) como:
São providências cautelares de natureza processual,
urgentes e provisórias, determinadas com o fim de
assegurar a eficácia de uma futura decisão judicial, seja
quando à reparação do dano decorrente do crime, seja para
a efetiva execução da pena a ser imposta.
II - A hipoteca legal (art. 134 do CPP) Medida que recai sobre o patrimônio licito
Deve ser atuado em apartado; do réu ou indiciado, visando à reparação
Como medida preparatória de do dano pelo delito cometido, e custas
hipoteca, usa-se o seqüestro processuais.
prévio, que ao contrário daquele
antes mencionado, visa bens Para efetivar a hipoteca o deverá ser feito
lícitos. um requerimento, identificando qual a
Pode ser requerida em qualquer estimativa de valor da responsabilidade
fase do processo. civil, e o imóvel que deseja registrar.
Chamado de “especialização de hipoteca
legal” (art. 135 do CPP).
Pressupostos:
a) prova inequívoca da materialidade do
crime.
b) indícios suficientes da autoria.
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Pressupostos:
a) prova inequívoca da materialidade do
crime.
b) indícios suficientes da autoria.
Incidente de falsidade
Trata-se de um processo incidental, regulados nos arts. 145 a 148 do
O incidente de
CPP, no que tange a ação de argüição de falsidade de documentos. falsidade de
documento quando
Segundo Barros (2006 p. 281): argüida pelo
(...) Os documentos aqui mencionados não é aquele que procurador, esse
constitui o objeto material do delito, mas qualquer outro que deve ter poderes
possa interferir na apreciação da imputação penal. Ao especiais (art. 146
contrario, o documento que constitui o próprio objeto do CPP).
material do delito (...)deve, necessariamente, ser periciado,
independentemente de argüição por parte da defesa, para
fins de comprovação da existência de crime, não como
incidentes, mas como questão principal.
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Prova
A previsão legal das Segundo Capez (2006, p. 282), a palavra prova Vem do latim probatio
provas, que se
e representa o conjunto de atos praticados pelas partes, pelo juiz (arts. 156, 2ª
encontra nos arts.
158 a 250 do CPP, parte, 209 e 234 do CPP) e por terceiro (p. ex.: peritos), que visam conceder
não é exaustiva,
mas sim ao juiz a convicção sobre a existência ou inexistência de um fato, da falsidade
exemplificativa, pois
ou veracidade de uma afirmação.
se admite em nosso
direito as chamadas
provas inominadas,
ou seja, aquelas não Objeto ou função
prevista
expressamente na O objeto é o que se deve demonstrar, ou seja, a circunstância, a causa ou o
legislação.
fato que diga respeito ao litígio.
Segundo Capez (2006, p. 283), existem alguns fatos que não necessitam de
prova, são eles:
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- Possível de realização.
(CAPEZ, 2006, p. 284).
Provas inadmissíveis
Existem certos tipos de provas que não são admitidas no processo
penal. É proibida a produção probatória toda vez que houver a violação de
normas legais ou de princípios do ordenamento de natureza processual (provas
ilegítimas) ou material. A CF, em seu art. 5º, LVI, dispo: “são inadmissíveis, no
processo, as provas obtidas por meios ilícitos”.
Classificação
Quanto ao Objeto a) direito quando por si só
demonstra o que se quer saber
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Documentais – Quando
consistem na juntada de documentos;
Meios de prova
No Direito Processual Penal, não há limitação dos meios de prova, a
não ser os fixados pela própria lei ou pela Constituição Federal, tudo isso em
decorrência do Princípio da Verdade Real.
Ônus da prova
Como regra geral no Direito, no Processo Penal o ônus da prova (dever
de provar) é da pessoa que faz a alegação. Mas tal princípio é mitigado em
sede de Direito Penal, pois é da acusação todo o ônus de provar a culpa e a
autoria do fato.
É certo que o réu terá que mostrar todos os fatos que alegar, mas
mesmo que esse não o faça, se a acusação não conseguir provar a autoria e a
culpabilidade do ilícito, não há qualquer necessidade de defesa por parte do
réu, pois o mesmo não poderá ser condenado.
É possível que o juiz atue para que se esclareçam fatos controversos,
fazendo assim com que se produza prova sobre o assunto, tal atitude tem
embasamento no Princípio da Verdade Real que estudamos em nosso primeiro
tema.
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Provas em espécie
Busca e Apreensão Natureza jurídica
A Busca e Apreensão impede, em tese,
que a prova seja destruída; possui
natureza acautelatória.
Objeto
Os objetos passíveis de busca e
apreensão estão elencadas no art 240 do
CPP.
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técnico sempre é bem valorada, mas não obrigam o juiz a seguir suas posições
(CAPEZ, 2006, p. 316).
Requisitos
Dispõe o art. 159 do CPP que “os exames de corpo de delito e as
outras perícias serão, em regra, feitos por peritos oficiais”.
Não havendo peritos oficiais, o exame será feito por duas pessoas
idôneas, escolhidas de preferência as que tiverem habilitação técnica (art. 159,
§ 1º, do CPP).
Os peritos não oficiais devem prestar o compromisso de bem e
fielmente desempenhar o encargo (art. 159, § 2º, do CPP). CF/88. art. 179,
caput e art. 159, § 1º: não havendo peritos oficiais, o exame deve ser feito por
dois peritos particulares.
“No processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito,
considerando-se impedido o que tiver funcionando, anteriormente, na diligência
de apreensão” (Súmula n. 361 do STF).
“Trata-se de nulidade relativa, cuja impugnação há de ser em tempo
oportuno, bem como demonstrado o efetivo prejuízo” (CAPEZ, 2006, p. 317).
Note-se que, tratando-se de perícia oficial, não se aplicava a referida súmula,
bastando o exame de um só perito.
.
Determinação das perícias
A Perícia, segundo Capez (2006, p. 317) pode ser determinada:
De ofício tanto pela autoridade policial quanto pelo juiz;
A requerimento das partes. Note-se que pode a autoridade policial, no
curso do Inquérito, negar a realização de perícia requerida pelo
ofendido, ou pelo réu, somente não podendo negar pedido do
Ministério Público em função do disposto no art 13 II CPP.
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Interrogatório
Espécies de
Há discussão se o interrogatório seria meio de prova ou meio de interrogatório: a)
defesa, mas hoje se tem pacificado que na realidade é a interrogatória do réu interrogatório do
analfabeto com
ambas as coisas, meio de prova e de defesa. deficiência de se
comunicar, intervirá
O interrogatório é um ato processual personalíssimo, pois se dá no ato, como
somente entre o acusado e o juiz, ninguém podendo intervir no mesmo. É interprete pessoa
habilitada que preste
importante salientar que o acusado nunca é interrogado durante o Inquérito compromisso; b)
interrogatório do
Policial, mas sim ouvido. estrangeiro, será
realizado com o
auxilio de um
Silêncio e mentira do réu interprete; c)
interrogatório do
Conforme dispõe a CF em seu art 5º LXIII, pode o réu deixar de falar mudo, do curdo e do
surdo-mudo: ao
qualquer coisa durante o interrogatório, inclusive pode o mesmo se negar a surdo endereçam-se
responder todas as perguntas a ele dirigidas, sem que isso importe em prejuízo as perguntas por
escrito e ele
para a sua defesa. Até mesmo porque é obrigação da acusação provar que é o responde oralmente,
ao mudo as
acusado o autor dos fatos que lhe são imputados. perguntas são orais
Ainda, pode o réu mentir, pois o mesmo não presta compromisso da e ele responde por
escrito e no caso do
verdade, uma vez que não pode ser o mesmo obrigado a fazer prova contra si surdo mudo as
perguntas e
mesmo. respostas são
escritas (CAPEZ,
2006, p. 330 e 331).
Confissão
Segundo Capez (2006, p. 333) a confissão “é a aceitação pelo réu da
acusação que lhe é dirigida em um processo penal” ou em um inquérito policial.
Define Capez que existem quatro espécies de confissão que devemos
conhecer:
Simples: Quando o acusado reconhece pura e
simplesmente que praticou o delito.
Qualificada: Quando o acusado confirma o fato a ele
atribuído, mas apresenta junto uma
excludente de antijuridicidade,
culpabilidade ou eximentes de pena.
Judicial: Quando a confissão ocorre em juízo,
durante o curso do processo penal
propriamente dito.
Extrajudicial: É aquela que ocorre fora do processo,
seja em inquérito ou em outro meio
qualquer desde que fora do processo.
(CAPEZ, 2006, p. 333)
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Testemunhas
Testemunha é aquela pessoa que declara em juízo o seu
conhecimento acerca dos fatos em questão no processo.
São características das testemunhas como meio de prova:
Judicialidade: Só é prova testemunhal aquela
produzida em juízo.
Oralidade: Deve a prova testemunhal ser colhida
através de uma declaração verbal
prestada ao juiz, junto com os sujeitos do
processo e submetida a questionamento
por ambos os sujeitos.
Objetividade: A testemunha deve depor sobre os fatos,
sem oferecer opiniões ou emitir juízos de
valor.
Retrospectividade: Só se pode testemunhar sobre fatos que
já ocorreram, pois senão seria previsão e
não testemunho.
(CAPEZ, 2006, p. 336)
Impedimentos
As pessoas têm o dever de testemunhar (art 206 do CPP). Se,
intimada, a testemunha não comparecer sem justo motivo, o art. 218 do CPP
autoriza que proceda o juiz á condução coercitiva da mesma, sendo que ainda
se sujeitará a testemunha faltosa a processo crime por crime de
desobediência.
São proibidas de depor, contudo, as pessoas apontadas no art. 207
do CPP; “as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,
quiserem dar o seu testemunho”.
Também pode eximir-se de depor: as pessoas elencadas na
segunda parte do art. 206 do CPP. Se tais pessoas forem ouvidas, não lhes
será exigido o compromisso de dizer a verdade. Tais pessoas são o que
chamamos de Informantes, uma vez que o seu testemunho tem valor menor
que o de uma testemunha, tendo em vista que certamente possuem interesse
de favorecer a um dos pólos da ação penal. Como exemplo, podemos citar o
pai do acusado do crime.
Número de testemunhas
Segundo Capez (2006, p. 339) “o número de testemunhas varia com o
tipo de processo” e pode ser definido como:
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Sujeitos Processuais
Sujeitos processuais são as pessoas entre as quais se constitui, se
desenvolve e se completa a relação jurídico-processual, ou seja, são as
pessoas que fazem parte do processo, são eles; o juiz, o Ministério Público, o
acusado e o defensor, os assistentes e auxiliares da Justiça, todas as pessoas
elencadas nos arts. 251 ao 281 do Código de Processo Penal.
Sujeitos Processuais
Partes Em sentidos materiais, quanto à infração
Penal em si, as partes são o autor do
crime e a vítima.
Em sentido formal, ou seja, no processo
penal, parte é aquele sujeito processual
Cumpre salientar que deduz ou contra o qual é deduzida
que, mesmo uma relação de direito material-penal. São
encontrando-se
tradicionalmente no partes, portanto, o autor e o réu. A parte
papel do acusador, ativa é o autor (parte acusadora) e a parte
pode o Ministério passiva é o réu ou acusado (parte
Público requerer a acusada).
absolvição do réu se
for convencido de
Para que uma pessoa possa figurar como
sua inocência.
parte em Juízo, deve possuir, primeiro a
capacidade para ser parte, que consiste
em ser detentora de direitos e deveres,
interesse na lide ou legitimação para a
causa.
Art. 261. Nenhum
acusado, ainda que O Juiz É o detentor do poder jurisdicional e
ausente ou foragido, presidente do processo.
será processado ou
julgado sem
defensor. Deve o juiz ser imparcial. Para preservar
Parágrafo único. A essa imparcialidade, indispensável à
defesa técnica, exata aplicação da lei penal. O Código
quando realizada por prevê as hipóteses de suspeição e
defensor público ou impedimento do juiz, como já visto.
dativo, será sempre
exercida através de
manifestação Ministério Público O Ministério público possui função
fundamentada. institucional de zelar pela proteção do
Estado em si, mas sim da sociedade
como um todo, cabendo ao mesmo, na
ação penal pública, o papel de acusador.
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(art. 261).
Conclusão
No tema estudamos as modalidades de ação penal que se dividem em
Ação Penal Pública e Ação Penal Privada, com suas peculiaridades e
requisitos fundamentais, levando-se em conta, sempre que necessário a
espécie do crime e as peculiaridades do acusado e do ofendido. Como forma
de iniciar a ação penal, destacam-se as peças iniciais da denúncia (na ação
penal pública) e a queixa-crime (na ação penal privada). Ao ser iniciada a Ação
Penal, destaca-se como estudo, a jurisdição e a competência, suas formas de
incidentes e questões prejudiciais, como meio de defesa e protelatória da ação
penal.
Os meios de prova, as pessoas do processo são fatores determinantes
ao desenvolvimento da Ação Penal, uma vez que são garantidores do exercício
Estado-juridição, afim de resguardar a ordem social.
Vamos exercitar?
1) Assinale (V) as questões verdadeiras e (F) as falsas, marcando a seqüência
CORRETA.
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Síntese do tema
Neste tema estudamos as modalidades de Ação Penal, a
jurisdição seu conceito e a diferença entre jurisdição e competência.
Discutimos as formas de competência, como meio limitador da jurisdição
e as questões prejudiciais e incidentais, como meio de defesa, dentro do
processo penal. E dentro do processo destacamos os meios de prova e
as pessoas do processo, como meio assegurador da verdade real na ação
penal e gerenciador dos procedimentos em si.
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Tema 04
Meta da aula
Apresentação e análise do instituto da Prisão no regime penal brasileiro.
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
Classificar a prisão, e as suas espécies;
Identificar as formas de prisão especial, temporária, preventiva e em
flagrante.
Pré-requisitos
Para melhor compreender este tema, terá que ter conhecimento da
forma de sanção penal, e das garantias constitucionais asseguradas as
pessoas.
Conceito de Prisão
Como uma das formas de execução ou meio de assegurar a sanção
penal, a Prisão é a privação da liberdade plena, quer seja por condenação ou
não. Para Capez, “prisão é a privação da liberdade de locomoção determinada
por ordem escrita da autoridade competente ou em caso de flagrante delito”
(CAPEZ, 2006, p. 244).
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Prisão em Flagrante
Capez (2006, p. 251), assim conceitua a prisão em flagrante:
É medida restritiva da liberdade, de natureza cautelar e
processual, consistente na prisão, independentemente de
ordem escrita do juiz competente, de quem é surpreendido
cometendo, ou logo após ter cometido, um crime ou uma
contravenção.
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atípica.
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Prisão Preventiva
A Prisão preventiva é prisão cautelar que tem como prerrogativa
garantir o pleno desenvolvimento e futuro provimento da jurisdição. No entanto,
a prisão preventiva somente se justifica em casos especiais, assegurados em
lei, uma vez que deve ser evitada a punição antecipada do réu.
Enumera Capez (2006, p. 264) os pressupostos para a decretação da
prisão cautelar preventiva:
a)Prova da existência do crime (prova da materialidade delitiva);
b) Indícios suficientes da autoria.
Isso tudo atrelado aos fundamentos da cautelar que são o periculum in
mora (perigo da demora) e a fumaça do bom direito.
Quanto às hipóteses que pode ser decretada a prisão preventiva é:
Garantia da ordem pública Tem por finalidade impedir que o agente
que está solto continue a cometer crime.
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Liberdade Provisória
Capez (2006, p. 271) conceitua a Liberdade Provisória como:
Art. 5º, LXVI da Instituto processual que garante ao acusado o direito de
CF/88: ninguém será aguardar em liberdade o transcorrer do processo até o
levado à prisão ou trânsito em julgado, vinculado ou não a certas obrigações,
nela mantido, podendo ser revogado a qualquer tempo, diante do
quando a lei admitir descumprimento das condições impostas.
a liberdade
provisória, com ou A CF/88 garante a ampla liberdade da pessoa, sendo a prisão uma
sem fiança.
forma excepcional que depende de autorização legal e fundamentação quando
limitado o direito à liberdade do acusado.
Fiança
Capez (2006, p. 273) conceitua fiança como “um caução destinado a
garantir o cumprimento das obrigações processuais do réu”. E se dividem em
duas modalidades:
a) por depósito: Consiste no depósito em dinheiro, pedras,
objetos ou metais preciosos e títulos da
divida pública.
Para que seja arbitrada a fiança, na forma do art. 326 do CPP, deve-se
levar em conta a infração cometida, a fortuna do agente, a sua vida pregressa
e as circunstâncias indicativas de sua periculosidade.
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Crimes Inafiançáveis
Crimes inafiançáveis são as espécies de crime, previstos na lei, como
insuscetíveis de fiança.
Em consonância com a norma constitucional, expõe Oliveira (2006, p.
466) que são crimes inafiançáveis a prática do racismo, a prática de tortura e
mais recentemente na lei nº. 10. 826/03, art. 14, o porte ilegal de arma de fogo
de uso permitido, e art. 15 disparo de arma de fogo etc.
Alem dos crimes enumerados pelo doutrinador, a CF/88 expõe que os
crimes praticados por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático (art. 5º, XLIV), os crimes hediondos,
tráfico de drogas e terrorismo (art. 5º, XLIII e a Lei nº. 8.072/90), são crimes
inafiançáveis.
Conclusão
Neste tema, estudamos a prisão, suas espécies e seus pressupostos
legais para serem admitidas. Como forma de restringir a liberdades das
pessoas, a prisão seja pela decretação de uma condenação transitada em
julgado, ou a prisão cautelar, como meio assegurador do processo de dos
meios de prova, deve vir acompanhada de motivação (fundamentação)
embasada na norma legal, uma vez que a CF/88 expõe que a prisão é a
exceção às pessoas, e que a regra absoluta é a plena liberdade de fazer o que
a lei não proíbe.
Vamos exercitar?
1) Classifique as espécies de prisão, diferenciando cada uma delas.
2) Das alternativas que seguem, identifique a que se relaciona com a
autorização legal da prisão temporária.
a) A prisão temporária se justifica quando imprescindível para a
investigação policial dos fatos ocorridos no crime.
b) A prisão temporária será decretada para garantir a aplicação da lei
penal.
c) O que define a decretação da prisão temporária é, em regra, a
prerrogativa de função do autor do crime.
d) O Código de processo penal classifica a prisão temporária em
flagrante próprio e flagrante impróprio.
Comentário
Para resolver o exercício, você deverá analisar o CPP, quanto aos
tipos de prisão, suas classificações e pressupostos legais, assim como a Lei nº.
7.960/89, que autoriza a prisão temporária.
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Síntese da tema
Estudamos, neste tema, a prisão, suas espécies e pressupostos legais
para ser decretada. Como meio contraposto à prisão, analisamos o instituto da
liberdade provisória, com ou sem fiança, e os crimes, tidos como inafiançáveis.
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Tema 05
Meta do tema
Identificação da sentença penal, suas formas e espécies, assim como a
entender o instituto da coisa julgada.
Objetivos
Esperamos que, ao final deste tema, você seja capaz de:
Entender o que é sentença penal, e as suas modalidades;
Identificar a coisa julgada, como fim do processo, na sua forma
material e processual.
A Sentença
É a sentença a consumação da função jurisdicional na aplicação da lei
ao caso concreto exigido, que tem por finalidade extinguir juridicamente a
controvérsia (Capez, 2006, p. 419).
O Código de Processo Penal não definiu Sentença propriamente dita,
por esta razão, tornou-se clássico o uso do conceito adotado pelo Código de
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Processo Civil, o qual dispõe, no artigo 162, § 1° que: “sentença é o ato pelo
qual o juiz põe termo ao processo, decidindo ou não o mérito da causa”.
A sentença, portanto, é o ato por meio do qual o juiz decide a lide,
pondo fim ao processo com o julgamento do mérito, mediante a procedência ou
improcedência do pedido, bem como é o ato que extingue o processo sem
julgamento de mérito, quando não for possível estabelecer initio litis da relação
processual ou dar-lhe prosseguimento por inobservância dos pressupostos
legais. Em suma, é o ato pelo qual o juiz encerra em primeiro grau a Jurisdição
(CAPEZ, 2006, p. 420).
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Embargos declaratórios
A sentença deve constituir-se numa peça completa, de modo que haja
um entendimento claro e preciso além de coerente, caso contrário, cabe
embargos declaratórios da sentença de primeiro grau, que poderá ser
interposto tanto pelo Ministério Público ou pela parte interessada. (art. 382 do
CPP).
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Efeitos da Sentença
O poder jurisdicional do magistrado esgota-se com a sentença, não
podendo o mesmo praticar qualquer ato jurisdicional, a não ser a correção de
erros materiais, segundo consignado no artigo 382 do CPP, bem como não
poderá anular a sentença que proferiu.
Ressalte-se que é efeito da sentença a saída do juiz da relação
processual; assim, uma vez transitada em julgado a sentença deverá a relação Prescrição retroativa
será conteúdo
ser extinta, como também, se houver recurso o órgão jurisdicional competente discutido no caderno
de estudos de
passa a ser o tribunal ad quem. Direito penal (tema
Segundo Capez (2006, p. 423), “uma vez prolatada a sentença cria 05): Extinção da
Punibilidade.
impedimento do juiz que a proferiu de oficiar no processo quando em instância
recursal”. Assim, o juiz fica impedido automaticamente em atuar processo, visto
que o processo estará com juiz de superior instância, bem como será
encaminhado para a câmara onde ele se encontra. A análise judiciária
Segundo Capez (2006, p. 423), a doutrina ressalta ainda a existência deverá abarcar com
toda a acusação,
do chamado “efeito autofágico da sentença”, este ocorre quando a decisão assim, na hipótese
de imputação de
estatui uma pena que permite a decretação da prescrição retroativa, trazendo dois ou mais delitos,
em concurso, deve a
em seu interior um elemento que a autodestruirá, ficando a partir deste
sentença ser
momento com seus efeitos afetados pela causa extintiva de punibilidade. explícita, na
configuração de
cada um deles,
descrevendo-lhes os
Princípio da correlação ou princípios da sentença
aspectos fáticos e
Fernando Capez (2006, p. 423) afirma que “a sentença deve ter uma jurídicos que
ensejaram sua
relação com a denúncia e a queixa”, visto que é nesta que se expõe ao Estado convicção.
– Juiz a pretensão punitiva, de modo a descrever o fato criminoso e as suas
circunstâncias e decidir sobre quem recairá esta imputação.
Deve haver sempre uma correlação entre o fato descrito e o fato pelo
qual o réu será condenado, sendo assim verifica-se que este princípio é
garantidor do direito de defesa do acusado.
O magistrado não poderá julgar o acusado extra petita, ultra petita ou
citra petita, os seja, o juiz está vinculado à denúncia, de modo que ele não
poderá julgar o réu por fato de que não foi acusado, não podendo, portanto,
desvincular-se da inicial acusatória.
Emendatio libelli
Salienta-se, num primeiro momento, que o CPP não adotou de modo
absoluto o princípio da mutatio libelli (alteração do libelo), permitindo que a
sentença possa considerar na capitulação do delito dispositivos penais diversos
dos expostos na denúncia, visto que o acusado se defende do fato criminoso
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que lhe é imputado e não dos artigos da lei com que ele é classificado na peça
inicial (Capez, 2006, p.424).
Nesse sentido, dispõe o artigo 383 do CPP: “O juiz poderá dar ao fato
definição jurídica diversa da que constar da queixa ou da denúncia, ainda que,
em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave”.
Sendo assim, infere- Vê-se que o que é relevante é a correta descrição do fato, podendo o
se que houve uma
mera emenda na magistrado emendar a acusação para dar-lhe a classificação que julgar mais
acusação,
pertinente, mesmo que imponha pena mais severa (Capez, 2006, p. 424).
consistente na
alteração da sua Não há qualquer limitação para a aplicação da emendatio libelli em
classificação legal,
isto é, uma simples segunda instância, somente se o Tribunal der nova definição jurídica que
corrigenda da peça
implique em prejuízo ao réu, na hipótese de recurso exclusivo da defesa, visto
acusatória.
que afrontaria o princípio da reformatio in pejus (Capez, 2006, p.424).
Verifica-se que pode o juiz condenar o acusado pelo delito segundo a
definição jurídica (classificação do crime) que entende cabível e não por aquela
disposta na denúncia, desde que comprovados os fatos e as circunstâncias
narradas na peça vestibular.
Mutatio libelli
O mutatio libeli ocorre quando, durante a instrução do processo, ficar
provado a existência de crime diferente do narrado na denúncia ou queixa-
crime, ou seja, a existência de elementos essenciais que não fazem parte da
denúncia, nem expressa nem implicitamente, tal que não pode a sentença ser
proferida de imediato, em respeito ao princípio da mutatio libelli.
Quando se fala de mutatio libelli, refere-se à mudança na acusação, ou
seja, em modificação da descrição fática constante da peça inaugural,
constituindo, portanto, alteração da narrativa acusatória (Capez, 2006, p.425).
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III - Não constitui o fato infração penal: O acusado será absolvido, também,
quando o fato não constituir infração
penal.
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Sentença condenatória
A sentença condenatória é a que acolhe total ou parcialmente o pedido
acusatório do autor da ação penal. Ocorre a sentença condenatória quando o
fato típico, antijurídico e culpável, fica demonstrado no conjunto probatório.
O juiz, por força do art. 387 do CPP, mencionará na sentença:
A. As circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no
Código Penal, e cuja existência reconhecer;
B. Outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser
levado em conta na aplicação da pena, de acordo com o
disposto nos arts. 42 e 43 do Código Penal;
C. A quantidade das principais e, se for o caso, a duração das
acessórias;
D. Declarará, se presente, a periculosidade real e imporá as
medidas de segurança que no caso couberem;
E. Atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de
direitos e medidas de segurança, ao disposto no Título Xl deste
Livro;
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Publicação
É necessário que a sentença, para que produza seus efeitos legais
seja publicada (art. 389, 1ª parte) (Capez, 2006, p.429).
Deverá ocorrer quando:
É recebida no cartório pelo escrivão;
Se, em audiência, a partir do momento em que terminar de ser ditada
pelo juiz.
Intimação da sentença
O escrivão, dentro de 3 (três) dias após a publicação, e sob pena de
suspensão de 5 (cinco) dias, dará conhecimento da sentença ao órgão do
Ministério Público (Capez, 2006, p.430).
O querelante ou o assistente será intimado da sentença,
pessoalmente ou na pessoa de seu advogado. Se nenhum deles for
encontrado no lugar da sede do juízo, a intimação será feita mediante edital
com o prazo de 10 (dez) dias, afixado no lugar de costume (Capez, 2006, p.
430).
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Coisa julgada
Considera-se coisa julgada a imutabilidade da sentença ou de seus
efeitos, com o escopo de que o imperativo jurídico contido no seu corpo tenha
força de lei entre as partes.
Capez (2006, p. 381) define coisa julgada como “uma qualidade dos
efeitos da decisão final, marcada pela imutabilidade e irrecorribilidade”.
Verifica-se que para que haja caracterização da coisa julgada há
exigibilidade de que figure:
A. Identidade de partes;
B. Identidade do pedido;
C. Identidade do fundamento.
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Conclusão
Uma Sentença prolatada por um juiz traduz a manifestação
humana devidamente documentada, como ato declaratório do direito
aplicável à matéria controversa, bem como ato resultante do exercício da
função jurisdicional invocada pela parte lesada em seu direito (Capez,
2006, p. 419).
No decorrer do estudo deste tema, verificou-se que a sentença
penal é tratada entre os artigos 381 e 393 do Código de Processo Penal,
de modo que são elencados os requisitos formais, os efeitos da
condenação e da absolvição e as causas que podem levar a estas, como
também as formas de intimação, da emendatio libelli , da mutatio libelli e
da coisa julgada.
Vamos exercitar?
Comentário
Os exercícios propostos servirão como apoio a sua pesquisa durante o
estudo do tema, ao mesmo tempo em que irá prepará-lo para a disciplina
Direito Processual Penal II, que você estudará no próximo semestre.
Síntese do tema
No decorrer deste tema, estudamos os requisitos formais da
sentença penal e podendo-se destacar entre esses, os nomes das partes
ou, quando não for possível, pelo menos a indicação necessária que
possa identificá-las, como também a exposição sucinta da acusação e da
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