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Guerra Colonial designa

o período de confrontos Escola Secundária


entre as Forças Arma- D. Afonso Sanches
das Portuguesas e as Biblioteca Escolar
forças organizadas pelos
movimentos de liberta-
ção das antigas provín-
cias ultramarinas de An- IMAGENS
gola, Guiné-Bissau e Moçambique, entre 1961 e 1975.
O início deste episódio da história militar portuguesa DA GUERRA
ocorreu em Angola, a 4 de Fevereiro de 1961, na zona
que viria a designar-se por Zona Sublevada do Norte. A COLONIAL
Revolução dos Cravos em Portugal, a 25 de Abril de
1974, determinou o seu fim. Com a mudança do rumo
político do país, o empenhamento militar das forças ar-
madas portuguesas deixou de fazer sentido. Os novos
dirigentes anunciavam a democratização do país e predis-
punham-se a aceitar as reivindicações de independência
das colónias — pelo que se passaram a negociar as fases
de transição com os movimentos de libertação empenha-
dos na luta armada.
Ao longo do seu desenvolvimento foi necessário aumen-
tar progressivamente a mobilização das forças portugue-
sas, nos três teatros de operações, de forma proporcional
ao alargamento das frentes de combate que, no início da
década de 1970, atingiria o seu limite crítico. Pela parte
portuguesa, a guerra sustentava-se pelo princípio político
da defesa daquilo que considerava território nacional,
baseando-se ideologicamente num conceito de nação plu-
ricontinental e multirracial. Pelo outro lado, os movimen-
tos de libertação justificavam-se com base no princípio
inalienável de autodeterminação e independência, num
quadro internacional de apoio e incentivo à luta.
Para que a história não seja esquecida,
queremos lembrar que a geração dos jovens
Ficha Técnica das décadas de sessenta e setenta teve que
Coordenação: Biblioteca Escolar e Clube de Cine- escolher entre a guerra e o exílio, sofrendo
ma grandes privações que condicionaram as
Organização Fotográfica: Joaquim Coelho suas vidas para sempre.

Colaboração: (APVG) Associação Portuguesa Joaquim Coelho


dos Veteranos de Guerra-Braga
Abril 2012
MOÇAMBIQUE GUINÉ
GUIÃO DA EXPOSIÇÃO
A guerra em Mo- Na Guiné, exceptuando o arquipélago dos Bijagós (sem
ANGOLA çambique travou-se interesse militar), o terreno define duas zonas militarmen-
entre as Forças Ar- te diferenciadas:
A guerra em Angola desenrolou-se em três grandes tea- madas Portuguesas - A litoral - da costa até uma linha definida de norte para
tros de operações: Cabinda, o Norte e o Leste e a Frelimo, que foi sul por Cuntima - Jumbembem - Porto Gole - Xime -
O Norte, com a capital em Luanda, pode ser dividido em a única organização Xitole - Aldeia Formosa;
dois subteatros: as regiões junto à fronteira e os Dem- com expressão no - O interior - para leste da linha anterior até às fronteiras
bos. terreno da luta ar- com o Senegal e a Guiné-Conacri.
No Leste, podem ser individualizadas as regiões do Nor- mada, apesar de Contudo, durante a guerra, quer os comandos militares
deste (Henrique de Carvalho, Teixeira de Sousa e Cas- terem sido muitas, portugueses, quer o PAIGC dividiram o território em três
sai), do Centro (Luso, Lumeje, Cazombo) e Sudeste as formações políti- zonas, separando o litoral em Norte e Sul pelo rio Geba.
(Cuando- cas que se constituí- A divisão da Guiné em zonas de operações obedeceu à
Cubango). ram com o objecti- compartimentação do terreno, mas teve em consideração
Em Cabin- vo geral de alterar, a as importantes clivagens étnicas e religiosas dos grupos
da, o clima situação colonial existente. humanos da Guiné e os apoios que os países vizinhos
tropical hú- A luta nacionalista em Moçambique insere-se, tal como a deram à luta militar.
mido, a den- das restantes colónias portuguesas, no movimento des- Foram assim estabelecidas três zonas de operações:
sidade da colonizador da segunda metade do século, e a fase arma- - Zona Norte: São Domingos (fronteira) Farim - Teixeira
floresta, as da pode ser dividida em três tempos. Pinto (Canchungo) - Oio Morés – Bissau
elevadas O primeiro, de 1964 a 1967, estende-se desde o início da - Zona Sul: Fulacunda (Quinara) - Cubisseco - Catió Can-
temperatu- luta até ao seu alargamento em três frentes (Niassa, Cabo tanhez - Quitafine – fronteira
ras, a humi- Delgado e Tete), com especial esforço no Niassa, que - Zona Leste: Bafatá - Gabu (Nova Lamego) - Madina -
dade e o ficaria conhecido como o «Estado de Minas Gerais». O fronteira norte (Pirada) - fronteira leste (Buruntuma).
relevo proporcionaram bons locais de instalação de bases segundo, de 1967 a 1970, envolvendo todo o Planalto O conflito da Guiné enquadra-se, como o dos restantes
para os guerrilheiros, em especial no Maiombe, dificul- dos Macondes com centro em Mueda, a «Terra da Guer- territórios africanos portugueses, no âmbito geral do pro-
tando a manobra e a actuação das forças portuguesas. ra», a morte de Mondlane, o comando de Kaúlza de Ar- cesso descolonizador, mas revela a particularidade de ter
No Norte, as temperaturas elevadas, a humidade, o terre- riaga e a Operação Nó Górdio. sido marcado pelas fortes personalidades de dois homens
no acidentado, que sobe em plataformas, a densidade da O terceiro, desde então até final, com a reabertura da que a História colocou frente a frente: Amílcar Cabral e
vegetação e o caudal dos rios dificultavam os movimen- frente de Tete e os complexos problemas de segurança António de Spínola.
tos militares quer apeados, quer em viatura, constituindo para a construção de Cabora Bassa, «a Grande Barra- Sem tomar em consideração este confronto, será sempre
bons locais de refúgio para os guerrilheiros. Na época gem», que para ambos os lados se tornou o objectivo incompleto o entendimento do conflito na Guiné. O
das chuvas, as picadas tornavam-se praticamente intran- decisivo! PAIGC e as forças portuguesas que combateram naquele
sitáveis. Em Moçambique, a guerra desenrolou-se em três teatros: teatro de operações foram, em boa medida, modelados
No Leste, as amplitudes térmicas, entre as elevadas tem- Cabo Delgado, Niassa e Tete. por ambos e foram eles que marcaram o ritmo da guerra.
peraturas de dia e o frio da noite, provocavam grande O sector de Cabo Delgado (sector B) incluía as zonas do Do ponto de vista português, a guerra na Guiné teve duas
desgaste nas tropas. Na época das chuvas, os terreno Planalto dos Macondes - Mueda e da serra do Mapé- épocas - antes de Spínola (1963-1968) e o mandato de
alagados constituíam um obstáculo à circulação de viatu- Macomia, separadas pelo rio Messalo. Spínola (1968-1973).
ras. Acresce ainda que, no Leste, tudo é muito longe. A partir de 1971, devido ao avanço da Frelimo para sul, Do ponto de vista do PAIGC, a guerra não sofreu gran-
Uma boa solução foi a de utilizar o cavalo. Ele e o heli- foi individualizada a região de Montepuez. des alterações com a morte de Amílcar Cabral, porque os
O Niassa (sectores A e E) estava dividido em Niassa seus objectivos e a capacidade para os conseguir estavam
cóptero permitiam cobrir as grandes distâncias e consti-
Ocidental, com sede em Vila Cabral (sector A), e Niassa já claramente definidos. Mas não é incorrecto separar o
tuíam uma enorme ameaça para os guerrilheiros. período Cabral do período pós-Cabral.
Oriental, com sede em Marrupa (sector E).

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