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TÉCNICAS RETROSPECTIVAS
Prof. Roberto Araujo
Prof. Terezinha Silva
Hadassa Medeiros
Rodrigo Cândido
Rebeca Nicodemos
Gutembergue Nascimento
1. Apresentação
2. Relatório da visita
3. Histórico
5. Considerações finais
Referências bibliográficas
Apêndices
1. Apresentação
Os lotes são, em grande maioria, estreitos e compridos, tendo frentes com larguras similares
(em torno de 5,00m) e construções sem recuos frontal e lateral, certa regularidade de alturas - sendo
que a edificação mais alta estudada apresenta 3 pavimentos, além do térreo, e constitui exceção no
perfil do recorte em analisado.
antenas proeminentes na fachada, cabeamento, fiação dos postes instalados ao longo da
calçada obstruindo as fachadas, manchas devido à umidade e crostas negras, rachaduras na
estrutura, descascamento no revestimento.
Quanto às calçadas do trecho estudado, apresentam largura suficiente para passagem
confortável de duas pessoas, lado a lado (em medição no local, aproximadamente 1,40m e 1,60m,
referentes às calçadas esquerda e direita, respectivamente, sentido nordeste-sudoeste).
Consideramos tais dimensões insuficientes devido a existência de mais comércios na rua,
atualmente - como mostrado no histórico - (aumentando a probabilidade de caminhantes) e devido ao
fluxo de veículos ser intenso ao longo do dia, incluindo - além de carros, bicicletas e motocicletas -
ônibus de linhas metropolitanas, ônibus turísticos e caminhões, o que gera sensação de
“esmagamento” e certa insegurança para o pedestre.
Um fato curioso observado foi que do lado da rua de numeração par, a predominância é de
fachadas características de arquitetura tradicional (colonial), enquanto no lado oposto - numeração
ímpar - predomina uma arquitetura vernacular modificada (adaptada, alterada). Isso pôde ser
percebido ao se percorrer a via e observar o casario, como durante o preenchimento posterior das
fichas aqui apresentadas, na etapa de caracterização dos tipos arquitetônicos.
Foi no dia 12 de setembro de 2017 que no horário compreendido entre as 13 e 18 horas
iniciamos nossa visita de campo, saindo do Mercado da Boa Vista em direção a Rua Velha. Em
grupo percorremos um trajeto em que predominam edifícios de bens de serviço, e a primeira
impressão é que além do prédio de 4 pavimentos n 352, de azul desbotado , localizado do lado
esquerdo da rua, ninguém mais deveria residir ali a muito tempo. Quase que uma “cidade fantasma”
os casarios antigos, em sua grande maioria, mostravam claramente sua passagem no tempo,
apresentados não como resistentes representantes do passado, mas sim como anciões de uma rua
que já teve seu momento de glória; mas seria esta a impressão de um passante despercebido?
Assim se iniciaram as medições, aportados de pranchetas trenas e máquina fotográfica,
iniciamos um trabalho de montagem minucioso de um espaço de passagem, para a maioria dos
recifenses; prestando atenção a dimensões e detalhes, qual foi nossa surpresa, quando do interior
das casas um cheiro antigo, nos cativou o olhar, foi assim olhando por uma fresta de porta aberta
que na residência 361, vimos os primeiros sinais de vida naquela rua aparentemente esquecida. E
aos poucos fomos notando, o ir e vir dos que por ali passavam; cada porta de casario antigo que se
abria para dar passagem a seus antigos moradores, era um vislumbre, quando do pequeno pedaço
aberto podiamos notar, um quintal ao fundo, plantas e móveis antigos, que faziam o cenário perfeito
de um lar.
Aos poucos fomos nos tornando íntimos de algo, que nunca havia nos prendido por completo
a atenção, e nos sentimos emergindo no passado e nas suas mudanças no tempo, as modificações
modernista misturadas com o resquício ecletico das edificações nos levantaram o olhar, para o
descaso com essa parte histórica da cidade.
O fluxo constante de carros perturba o vislumbre dos edifícios ainda preservados, e traz uma
característica de passagem que não deveria existir numa rua que se mostrou tão residêncial e
histórica; Apesar da grande porção de grades na maioria das edificações, o que mostra uma
insegurança local, tais edificações não perdem seu valor histórico; mais lamentável é notar tantas
pichações nas fachadas de tão belos edifícios.
Histórico da Boa Vista e da Rua Velha
A Boa Vista surge no período da ocupação holandesa, no século XVII. Com a chegada de
Mauricio de Nassau em 1637, elaboram-se planos de expansão para o Recife, a realização de
aterros e a construção de duas pontes que ligam o istmo à Ilha de Antônio Vaz e esta a parte
continental do território.
O território da boa vista passa por sucessivos acréscimos e transformações ao longo dos
séculos (Figura 03). Enquanto Francisco Rego Barros, o Conde da Boa Vista, promoveu
melhoramentos no abastecimento de água da cidade já em 1837, Herculano Bandeira providencia
um projeto de água encanada e de saneamento básico. Os aterros realizado em 1939 criam, além da
Avenida Mário Melo, o Parque 13 de Maio, o maior jardim do bairro da Boa Vista.
Embora a Boa Vista tenha passado a abrigar residências de pessoas abastadas e grandes
equipamentos públicos, a exemplo do Hospital Pedro II, e Mercado da Boa Vista, a partir dos aterros
realizados no séc. XIX, nos arredores da Rua Velha também viviam negros libertos em casas térreas
(MENEZES, 2015, p. 83). A ocupação judaica no bairro por volta dos anos 1930 transforma a Rua do
Aragão, que tinha uso residencial, numa área de comércio de móveis (LUDERMIR. 2003, p. 9). Essa
conversão de uso predominantemente residencial para comercial é observada também na Rua de
Santa Cruz e em menor grau na Rua Velha, sendo essa região ocupada, ainda, por uma população
mais empobrecida (Figuras 04 e 05).
Ao longo do séc. XX, a Rua Velha gradativamente tem seus imóveis transformados em
comércios (Figura 07), enquanto outros sofrem com o abandono. Algumas fachadas passaram por
alterações drásticas (Figura 08), assim como seus interiores.
MENEZES, José Luiz Mota (Org.). Atlas histórico cartográfico do Recife. Recife:
Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, PCR, URB, DPSH, 1988.