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CURITIBA
2017
TRIBUNAL INTERNACIONAL DA MONSANTO
Antes de falarmos sobre o Tribunal Internacional Monsanto, é
necessário tecer alguns comentários sobre o que é Monsanto, para então pontuar os
motivos que levaram á criação do Tribunal Internacional, além de como e por quem.
1 ACTION AID. Power hungry: six reasons to regulate global food corporations. Disponível em:
Tendo, inclusive, controlado parcela significativa do mercado
brasileiro de sementes de milho não genéticamente modificado.
Esse relatório denuncia que a Monsanto, aliada com outras 9
empresas, dominavam suntuosa parcela da cadeia de produção de alimentos, que ia
desde a origem nas sementes até as baias dos supermercados.
3 LE MONDE. Le "Monsanto act" met les OGM au-dessus de la loi aux Etats-Unis. Disponível em:
<http://www.lemonde.fr/planete/article/2013/04/05/comment-monsanto-a-mis-les-ogm-au-dessus-de-la-loi-
aux-etats-unis_3154615_3244.html>. Acesso em: 25out2017.
mundo.
Os membros do Comitê de Organização são4: Vandana Shiva, uma
das sete mulheres mais influentes do mundo em 2010 pela Revista Forbes; Corinne
Lepage, ex-ministra do Ambiente da França e atual presidenta honorária do Comité
Idependente de Pesquisa e Informação sobre Engenharia Genética (CRIIGEN);
Marie-Monique Robin, jornalista autora do documentário mais vendo no mundo (O
Mundo segundo a Monsanto) e madrinha do Tribunal Monsanto; Olivier de Schutter,
copresidente do Painel Internacional de Especialistas em Sistema Alimentares
Sustentáveis (IPES-Food), antigo Relator Especial da ONU sobre Direito à
Alimentação e atual membro do Comité das Nações Unidas sobre os Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais; Gilles-Eric Séralini, professor de biologia molecular
e estudioso sobre os OGM e pesticidas; Hans Rudolf Herren, presidente e diretor-
executivo do Instituto Millenium e presidente fundador da Biovision; Aranaud
Apoteker, ativista do Greenpeace e coordenador da campanha contra os OGM's do
grupo parlamentar europeu Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia; Emilie
Gaillard, professora de Direito Ambiental e Direitos Humanos Internacionais na
Faculdade de Ciências Políticas de Rennes (França); Valerie Cabanes, advogada
especialista em Direito Internacional, com esperiência em Direito Humanitário e
Direitos Humanos; Ronnie Cummins, atual direitor internacional da Associação de
Consumidores Orgânicos (EUA); Andre Leu, presidente da IFOAM Organics
Internacional, entre outros nomes.
O Tribunal é composto por cinco juízes internacionais: Dior Fall Sow,
de Senegal; Jorge Fernández Souza, do México; Eleonora Lamm, da Argentina;
Steven Shrybman, do Canadá; Françoise Tulkens, da Bélgica. Além deles, há
também o oficial de justiça, Marcos A. Orellana, do Chile/EUA; e os advogados
William Bourdon, da França; Gwynn MacCarrick, da Austrália e Jackson Nyamuya
Maogoto, do Reino Unido.
Esses juízes avaliaram os fatos e julgaram os danos imputáveis à
empresa Monsanto à luz do direito internacional em vigor. Não obstante, avaliam
também as ações sob o prisma doo crime de ecocídio, previsão normativa que
grupos socioambientais fazem pressão para incluir no direito internacional penal,
alterando, consequentemente, o Estatuto de Roma, que estabelece o tribunal Penal
IV. CONSIDERAÇÕES
No Direito Internacional verifica-se que os sujeitos de direito são os
Estados e os Tribunais Internacionais são estabelecidos por tratados entre esses
Estados, isso é que traz o efeito vinculante das decisões dos Tribunais Internacionais
para os Estados, o aceitar dos tratados acordados, e sua publicação.
A situação do Tribunal Monsanto carece dessa legitimidade formal,
não obstante haja uma quantidade significativa de assinaturas em prol da causa.
Entretanto, apesar dessa carência, não se pode ignorar que o Tribunal não é
composto por pessoas ordinárias, mas sim por referências.
A começar pelos juízes, são pessoas de elevadíssimo saber jurídico,
carreiras consolidadas com experiências diversificadas e únicas, cada qual em sua
área e região, trazendo peculiaridades ao caso julgado, não apenas sob uma ótica
individualista hegemônica de uma organização ou cultura.
Do ponto de vista jurídico, essa situação queda-se delicada para
adquirir uma força cogente, coercitiva, que seria o ideal para o caso, pois sabe-se
que a proteção ao meio ambiente é o primeiro instituto a ser desprivilegiado frente a
assuntos econômicos e financeiros.
O fato do julgamento de opinião, tem sua força de convencimento,
principalmente pela questão dos personagens envolvidos, sejam os juízes ou os
membros do comitê, mas apenas uma força não vinculante, quase que uma simples
sugestão, o que enfraquece a medida, apesar da suntusosa boa vontade reunida.
Uma medida que poderia ser adotada, além da necessária emenda
ao Estatuto de Roma, é um sistema de precedentes consultivos do Tribunal
Internacional Monsanto para o Tribunal Internacional Penal nos casos referentes à
disputas envolvendo produção alimentar à nível internacional, de modo a criar uma
jurisprudência que tomaria uma forma mais cogente, dando maior efetividade às
decisões do Tribunal de opinião.