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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas


Instituto de Economia
Metodologia da Análise Econômica

Nome: Matheus Manchester DRE: 113053958

Relatório – Debate Realismo dos Pressupostos

O debate se iniciou com a afirmação de que as ciências humanas não podem ser
tão controladas como ciências “exatas” por possuírem muitas variáveis que não estão sob
o controle daquele que realiza o experimento, dificultando a análise. No entanto, de
acordo com Friedman, não se pode considerar que sejam menos objetivas do que ciências
como a física pois não existe qualquer experimento que possa ser totalmente controlado.
Qualquer experimento estará sujeito a perturbações por fatores externos que podem não
ser previstos pelo cientista. Além disso, o fato de uma ciência ser considerada natural ou
exata não significa que ela seja facilmente testável: áreas como geologia ou astrologia são
extremamente difíceis ou até mesmo impossíveis de possuírem testes controlados.
Durante o debate citou-se que, com isso, cai-se num problema de um consenso de qual
seria a porcentagem necessária para se considerar uma ciência objetiva ou subjetiva, o
que parece ser extremamente contraproducente.

Após, discutimos a relevância do realismo dos pressupostos. Chegamos à


conclusão de que, para Friedman, o que importa é o resultado final. Não é vital que um
jogador de bilhar esteja ou não realizando cálculos geométricos para realizar sua tacada,
porém, pode-se aproximar que ele joga como se o fizesse. Se o jogador de fato realiza
cálculos ou não é irrelevante pois os resultados são extremamente satisfatórios com o
pressuposto. Sua existência então se deve para delimitar e nortear os experimentos, não
para configurar um modelo real. Friedman vai além e afirma que nenhum modelo é
completamente realista e, se o fosse, precisaria de incontáveis detalhes e nuances, o que
acabaria por fugir do propósito do experimento. Coincidentemente, as melhores hipóteses
tendem a ser irrealistas, pois são extremamente simples e possuem grande nível de
abrangência.
A terceira questão foi mais polêmica e não existe de fato uma resposta correta. A
meu ver, é difícil afirmar que num modelo simplificado um pressuposto leva a
determinado resultado pois não há como saber se o problema é de negligibilidade ou de
domínio. Se pensarmos num modelo geral e formos retirando elementos deste modelo e
percebermos que os resultados seguem um padrão, então talvez pareça coerente de que
os pressupostos que não foram retirados do modelo levem de fato ao resultado que se
apresenta, no entanto, correlação não significa causalidade. Ignorar o realismo dos
pressupostos não necessariamente significa caber a teoria no que se quer explicar sob meu
ponto de vista. Considerando o caso do jogador de bilhar, é irrelevante se ele faz cálculos
ou não. No entanto, quando se considera um modelo como o de utilidade subjetiva
esperada, pode ser enganoso considerar que os agentes atuam como se estivessem
maximizando a utilidade ou fazendo cálculos absurdos pois nem as próprias ações
humanas na vida real refletem um comportamento semelhante a esses pressupostos.

No modelo citado no parágrafo anterior, tem-se o mundo econômico como


satisfatoriamente perto do ou no equilíbrio. Cada agente possui uma função de utilidade
bem definida que tenta maximizar seu valor esperado e encaram a mesma situação de
escolha diversas vezes. Suas preferências são estáveis e tentam sempre aumentar seus
rendimentos. Será que se pode afirmar que os indivíduos agem como se adotassem esse
modelo? Após fazer a eletiva de fundamentos naturais da cooperação, posso dizer que
não, o ser humano não funciona com base num modelo racional-egoísta maximizador de
utilidade e o modo como interage com o mundo e outras pessoas engloba outros fatores
como sensação de pertencimento, amistosidade do ambiente, reciprocidade etc. Existem
vários experimentos que vão de encontro à ideia de que os agentes sempre tentam
maximizar sua utilidade a todo custo.

No mais, achei o debate um pouco confuso e deve ter sido o meu menos preferido
até aqui. Penso que seja porque os alunos tiveram a chance de mandar perguntas e
acabamos por nos perder em pontos que não eram extremamente relevantes. Creio que as
perguntas teriam sido melhores para um modelo parecido com o do seminário. Por outro
lado, a participação da turma foi bastante marcante.

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