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Havia 50 grandes empresas controladoras da mídia mundial em 1984. Até 1993, esse
número caiu para 20, por conta das fusões entre as mesmas. Hoje, a mídia mundial é
controlada por dez enormes conglomerados em primeiro nível, e outras 40 em segundo,
direta ou indiretamente associadas aos conglomerados. Essas fusões caracterizam uma
concentração de poder sem precedentes por conta da onda liberalizante internacional de
privatizações e desregulamentações, acelerada pela aprovação do Telecommunications Act
americano em 96, que provocou uma avalanche de aquisições e fusões envolvendo Estados
nacionais, bancos, empreiteiras e empresas transnacionais, tanto privadas quanto mistas e
estatais.
A Constituição brasileira garante desde 1988 que “os meios de comunicação social não
podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio” (Parágrafo 5º, Artigo
220). Mas normas legais recentes como a Lei da TV a cabo, a Lei Mínima e a Lei Geral de
Telecomunicações não incluíram dispositivos diretos para limitar ou controlar a concentração
de propriedade.
São oito os principais grupos familiares que dominam o setor da comunicação no Brasil:
em alcance nacional a família Marinho (Globo), a família Abravanel (SBT) e a família Saad
(Bandeirantes); em alcance regional a família Sirotsky (RBS), a família Daou (TV
Amazonas), a família Jereissati (TV Verdes Mares), a família Zahran (Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul), e a família Câmara (TV Anhanguera). Somente as famílias Abravanel e Saad
não são sócias das Organizações Globo. Fora essas oito famílias, outros seis grupos
familiares também controlam a comunicação no Brasil no meio impresso: Civita (Abril),
Mesquita (O Estado de São Paulo), Frias (grupo Folha), Nascimento Brito (Jornal do Brasil),
Martinez (CNT) e Levy (Gazeta Mercantil).
Fora o domínio familiar, há o domínio das elites políticas em parte da mídia brasileira.
Expressões como “coronelismo eletrônico” e “cartórios eletrônicos” são frequentemente
usadas para descrever a tentativa de políticos de exercer controle sobre seu eleitorado por
meio da mídia, criando vínculos com os magnatas da comunicação.
Um levantamento divulgado em 1995 indicava que 31,12% das emissoras de rádio e
TV no Brasil eram controladas por políticos e, em alguns estados, metade ou quase metade
das emissoras estava sob o controle por políticos. Esse envolvimento pode ser identificado
verificando quantos daqueles que possuem vínculo direto com a mídia concorrem como
candidatos a diferentes cargos políticos. A revista Carta Capital fez uma verificação do tipo
durante as eleições gerais de 1998 e constatou que os candidatos que estavam a frente nas
pesquisas eleitorais de intenção de voto eram políticos vinculados em pelo menos 13
estados à área da mídia.
Em 1998 Roberto Irineu Marinho, vice-presidente das Organizações Globo, deu uma
declaração a respeito da reorientação empresarial do grupo de acordo com os novos
tempos, onde diz que as Organizações Globo estariam deixando para trás tudo que não
fosse mídia, entretenimento e comunicação.
6. Novas e velhas questões