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2. O Direito acolheu a morte enquanto fato jurídica, isto é, fato decorrente da natureza ao
qual se reconhece efeitos jurídicos. Para tanto, basta recordar o Direito Sucessório.
Todavia, é recente, para o direito, a perspectiva da morte enquanto ato humano – afora,
obviamente, o direito penal;
3. Como dito, a discussão relativa a um direito a morrer remete à eutanásia. Dessa forma, é
necessário traçar os delineamentos conceituais bem como distingui-la frente a ortotanasia
e distanásia. O saudoso poeta Mário Quintana, certa vez, aduziu que “há uns que
morrem antes; outros depois. O que há de mais raro, em tal assunto, é o defunto
certo na hora exata.” É possível traçar um paralelo para explicar os conceitos de
distanásia, ortotanásia e eutanásia. Assim:
6. EUTANÁSIA: Por sua vez, em seu conceito recente, é o agir sobre a morte, de forma a
antecipá-la. É o que morre antes.
José Renato Nalini1 aduz a existência de quatro perspectivas, sob o aspecto ético:
a) A doutrina da sagração da vida em sentido estrito: diante da qual não se admite quaisquer
das modalidades de eutanásia;
b) A doutrina da sagração da vida em sentido moderado: pela qual repudia-se a eutanásia
ativa-direta e o auxílio ao suicídio;
1
NALINI, José Renato. Ética geral e profissional, 7 ed. rev. atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2009. p. 211.
c) A posição liberal moderada: que reputa admissível não apenas a eutanásia ativa-direta,
como a ortotanásia e o suicídio do paciente;
d) A posição fortemente liberal: que admite todas as formas de eutanásia.
10. Por sua vez, quanto a existência de um direito à morte, os juristas se filiam a posições
antagônicas.
11. Para os que admitem e pugnam pela existência do referido direito, o fazem apoiados no
direito à liberdade. A existência de um direito a morrer significa reconhecer a liberdade
(autonomia) do indivíduo de recorrer à eutanásia.
12. Outros, contrários à ideia, dentre os quais, Nalini, pugnam que o direito a vida é direito
fundamental em nosso ordenamento, e absoluto.
Contudo, é necessário compreender que o direito a vida é um direito, não um dever. Ademais, se
é garantido ao homem, enquanto ser dotado de dignidade, a livre condução de sua vida, como
admitir a exclusão de um dos aspectos mais caros à vida: a própria morte? Aliás, Mayra
Figueiredo Frison2 promove interessantes questionamentos, que traduzem a contraposição entre
a dignidade humana e a eutanásia:
13. É certo que não há uma única resposta e tampouco uma resposta fácil. Mas é necessário
que o Direito cuide da questão, urgentemente, a fim de evitar violações que os que
pretendem a manutenção da proibição visam, justamente evitar. Há que se refletir se a
eutanásia não seria um instrumento de resguardo da dignidade do homem.
2
FRISON, Mayra Figueiredo. Há um direito de morrer? Impacto da biotecnologia no direito de família.
Âmbito jurídico. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link
=revista_artigos _leitura&artigo_ id=8107>. Acesso em: 16 out 2015.