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longa tradição histórica, apesar de sua contemporaneidade. O rap traz para o seu cenário
cantos, danças e batuques próprios da cultura negra africana que foram disseminados
tanto pelo imperialismo do colonizador Europeu quanto pelo tráfico de escravos para o
Caribe, no século XVI e para o continente americano no século XVII. A colonização
associada a um forte domínio aos negros, causaram alguns movimentos civis de cunho
contestatório a questões escravistas, principalmente na linha das três Américas e no
Caribe, o que se faz levar em conta que opressão e resistência sempre fizeram parte da
história da dispersão dos negros. (cf. Righi, 2011, p. 36)
Apesar da imprecisão sobre a origem do rap, há fortes indícios que sugerem que
o início do rap se dá tanto pelos movimentos negros africanos dos séculos XIX e XX
quanto pelas comunidades periféricas jamaicanas e estadunidenses da década de 1960.
O rap em seu termo e genealogia se difunde nos Estados Unidos, porém sua
hereditariedade é advinda incialmente de um canto falado da África Ocidental, resultado
da circularidade cultural entre América e África e dos processos de colonização
liderados pela Europa e Ásia. (cf. Righi, 2011, p. 38)
Desde os tempos coloniais, a música tem sido para os negros não apenas uma
forma de preservação de suas raízes culturais, mas também uma possibilidade
de minorar as duas dificuldades como escravo, já que o exercício de
atividades musicais os mantinha longe do trabalho pesado e uma vez libertos,
a música passou a ser uma possibilidade de ocupação. (GUIMARÃES, 1998,
pag. 17)
No fim da década de 1960, para fugir da violência sem controle que assombrava
o país, o que causou um quadro de miséria e crise social, levando muitos jovens a
deixaram a Jamaica com destino aos Estados Unidos, levando em sua bagagem cultura,
reivindicações e estilos musicais jamaicano-africanos. (cf. Righi, 2011, p. 40)
Nesse sentido, é preciso remeter a uma outra ideia sobre essa relação rap e
cultura africana, que é o caso dos griots. Será que poderíamos afirmar que um rapper
pode se assemelhar aos griots africanos?
[...]
Tendo sempre algo a contar – uma história, uma notícia, um fato de maior ou
menor repercussão –, o homem está imerso no patrimônio cultural informado
pelo que é guardado no fundo da memória, resquícios dos modelos de
narrativas fantásticos, das histórias contadas em ambiente familiar ou na
escola, como os mitos, as lendas, as canções etc. Tais histórias, ― [...] nos
ajudam a lidar com as inevitáveis transições de vida e fornecem modelos para
o nosso relacionamento com as sociedades em que vivemos e para o
relacionamento dessas sociedades com o mundo que partilhamos com todas
as formas de vida. (FORD, 1999, p. 9 apud MELO, 2009, p. 148).
Para poder começar situar a figura do griot, Melo (2009), nos incita a refletir
sobre o conceito de memória e coloca que esta é o instrumento de lembrança do
conhecimento de tudo aquilo que é perpétuo no acervo cultural e histórico de um povo.
Por si própria, a memória resgata o passado que está ligado a uma história e que pode
ser contada escrita ou verbalmente. (cf. MELO, 2009, p. 148)
Tendo sempre algo a contar - uma história, uma notícia, um fato de maior ou
menor repercussão -, o homem está imerso no patrimônio cultural informado
pelo que é guardado no fundo da memória, resquícios dos modelos de
narrativas fantásticos, das histórias contadas em ambiente familiar ou na
escola, como os mitos, as lendas, as canções etc. Tais histórias, - [...] nos
ajudam a lidar com as inevitáveis transições de vida e fornecem modelos para
o nosso relacionamento com as sociedades em que vivemos e para o
relacionamento dessas sociedades com o mundo que partilhamos com todas
as formas de vida. (FORD, 1999, p. 9 apud MELLO, 2009, p.148)
Para Melo, tudo aquilo que é considerado como arcabouço de um povo e que de
uma certa maneira não foi registrado na forma escrita, estará representado na tradição
oral na forma de uma memória coletiva, que abarca os domínios do folclore e são
manifestados através dos cantos, canções, relatos históricos, danças, contos e muitos
outros e constituem a memória coletiva. (cf. MELO, 2009, p. 148)
É nesse cenário que aparece a figura do griot, ou do guardião de memória de
uma tribo se assim podemos dizer. O termo griot tem suas origens em uma expressão
francesa. Na cultura africana designa basicamente a pessoa que conta histórias, função
geralmente atribuída ao ancião de uma tribo, devido sua sabedoria e transmissão de
conhecimento. O griot é uma peça frequente na África tribal é aquele que vai de tribo a
tribo para transmitir oralmente ao povo os fatos de sua história. (cf. MELO, 2009, p.
148) Melo, define o griot como:
[...] o agente responsável pela manutenção da tradição oral dos povos
africanos, cantada, dançada e contada através dos mitos, das lendas, das
cantigas, das danças e das canções épicas; é aquele que mantém a
continuidade da tradição oral, a fonte de saberes e ensinamentos e que
possibilita a integração de homens e mulheres, adultos e crianças no espaço e
no tempo e nas tradições; é o poeta, o mestre, o estudioso, o músico, o
dançarino, o conselheiro, o preservador da palavra. A palavra que, na cultura
africana, é muito importante, pois representa a estrutura falada que consolida
a oralidade. O poder da palavra garante a preservação dos ensinamentos
desenvolvidos nas práticas essenciais diárias na comunidade. (MELLO,
2009, p.149)
O griot ao narrar sua história, indica os momentos sociais nos quais o ato de
contar foi adquirido. As histórias geralmente fazem referência a identidade coletiva e
que possibilita a sua identificação com o seu povo. Por esse motivo é que adquirem um
certo prestigio social, por manterem vivos os causos e histórias de uma comunidade. (cf.
MELO, 2009, p. 149)