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Portugués OFERTA AO ALUNO ano inclui conto inadito de José Eduardo Agualusa Oficina de escrita criativa Projeto Desafios © santana INDICE PREFACIO A vida de um escritor (por José Eduardo Agualusa) APRESENTACAO = Escrever um conto Conto inédito de José Eduardo Agualusa — «Ada e a pequena fada» 1 2 3 4 5. 8. 9, 10. 11 Procurar ideias e tornéJas claras . Fazer 0 mapa do conto . As personagens do conto - O desenvolvimento do conto — a acao . A introdugao do conto . Aredagao do conto O rascunho do teu conto A revisdo do rascunho O teu conto revisto A corregao de erros . Aedigao e a publicacaéo 10 12 44 16 18 20 22 26 28 PREFACIO A vida de um escritor Ola! Chamo-me José Eduardo Agualusa, e sou escritor. Escrevo livros para criangas e para adultos. Também escrevo poesia ¢ relatos de viagens. Um escritor trabalha quase sempre sozinho, em sua casa, 0 que a mim me parece excelente por varios motivos: nao preciso de me deslocar para o trabalho. Também nao estou preso a um horario rigido. Se nao me apetecer trabalhar, vou correr junto ao rio. Vou a praia. Posso ir ao cinema, & tarde, enquanto a maioria dos restantes adultos estao a trabalhar, fechados em escritorios. E um trabalho muito tranquilo, Em contrapartida, um escritor szinhos. crevem § tem de ter muita disciplina, porque 0s livros nao se es Na pratica, trabalhamos todos os dias, incluindo domingos e feriados, ¢ nao fazemos férias. Um escritor precisa estar muito atento ao que 0 rodeia. As histérias estao por toda a parte. As vezes acordo de noite, com um sonho, ¢ esse sonho leva-me a escrever uma historia. Pode-se dizer, entao, que mesmo enquanto dormimos estamos a trabalhar. Sonhar faz parte do nosso trabalho. José Eduardo Agualusa APRESENTAGAO Escrever um conto Escrever um conto é uma manifestagio de criatividade que combina a capacidade que a imaginacao tem de se libertar ¢ fantasiar ea aplicago de um conjunto de regras e de técnicas de planificacSo, Estas regras ¢ técnicas ajudam, antes da redacio, a pensar nas ideias a desenvolver, a elaborar 0 mapa da historia © a inventar e a caracterizar as personagens ¢ as aventuras que elas vio viver, ... de forma organizada, Desta forma, um conto escrito podera tornar-se mais interessante e capaz de prender a atencio do leitor, do principio ao fim Este cade A partir de um conto inédito de José Eduardo Agualusa, «Ada ea pequena fada», ser-te-do apresentadas, passo a passo, todas as fases de planificagao, de redacao, de revisio e de edigio 10 vai ajudar-te a ser um verdadeiro escritor. de uma histéria para que possas escrever ¢ também editar e publicar © teu conto. Aprende, diverte-te ¢ surpreende... Ada e a pequena fada ‘Tudo comecou num domingo de inverno, mas cheio de sol, quando Adamantina, uma menina morena, cabelos ondulados, de oito anos, a quem toda a gente chamava Ada, ouviu pela primeira vez © cantor e compositor brasileiro Luis Melodia interpretar «Fadas», que comeca assim: «Fadas: inseto voa cego, sem diregao.» Correu a perguntar ao pai — Papa, as fadas sao insetos? O pai de Ada, Vladimiro, raramente sorria. Ha anos que ninguém o via soltar uma gargalhada. Ada ¢ 0 irmao, Julio, um menino de catorze anos, alto ¢ magro como um poste, bem se esforgavam por o fazer rir, mas sem sucesso. Vladimiro, bidlogo de profi © que se costuma chamar um homem sorumbatico — palavra, alias, muito curiosa, porque vem de sombra. «Sombratico» seria alguém cheio de sombras. Com o passar do tempo, «sombratico» transformou-se em sorumbatico. As palavras, como as pessoas, evoluem, modificam-se. Era, pois, um domingo tranquilo, aps 0 almogo. Vladimiro lia 9 jornal, sentado num velho cadeirao de couro, enquanto cofiava o bigode grisalho. Nao fosse estar quase inteiramente careca, ninguém Ihe daria mais de quarenta anos. Tinha cinquenta. Ergueu os olhos e pousou-os na filha, muito sério: sy — Nio existem fadas. A menina hesitou um instante: jo, era — E entio se existissem? Se existissem seriam insetos? — Insetos? Deixa-me pensar, filha. As fadas tém asas? — Sim, as fadas tém asas. — Insetos costumam ter asas. E antenas, as fadas tém antenas? — Algumas sim. Algumas tém antenas. — Insetos tém sempre antenas. E pernas? Quantas pernas tém? JS , se existissem fadas, nao poderiam ser das como insetos. Os insetos possuem seis patas. Satisfeita? — Duas, claro! —E bra — Dois! os — Portanto as fada classifica Ada acenou com a cabega. Sentia-se mais aliviada. Desagradava-lhe que as fadas, mesmo nao existindo, fossem consideradas insetos, ws integrando assim a va sta familia das baratas e dos mosquitos. Ada nao gostava nem de baratas nem de mosquitos. Odiava sobretudo os mosquitos. A mie, Matilde, bidloga como o pai, morrera tinha ela dois anos, depois de contrair maldria numa viagem a um pequeno pais da costa oriental de Africa, A malaria, doenga provocada pela picada de um mosquito, mata todos os anos milhdes de pessoas em paises tropicais. Nessa noite, ao deitar-se, Ada pediu ao pai para the contar uma histéria da mae. Viadimiro suspirou. Gos os ava de partilhar com filhos episddios divertidos da vida de Matilde. Era uma maneira de apaziguar as saudades. Contudo, de tanto repetir as mesmas histo: ia-lhe as comegava a sentir que as inventara. Por v que inventara Matilde de uma ponta 4 outra. Ada fechou os olhos. Vladimii beijou-< 0, pensando que a filha adormecera, into, a menina voltou a abrir os olhos. e sai do quarto. O pai ja Ihe contara varias vezes aquela historia. A cada repeticio, porém, acrescentava alguma coisa. Terminava, ia-se embora, € Ada ficava acordada durante algum tempo, esforcando-se por recordar o rosto da mae. Podemos amar alguém de quem mal nos lembramos? As vezes sentia que estava a crescer pela metade. Uma parte dela nao conseguia crescer, porque lhe faltava o abrago da mae. Pensava nisto quando a distraiu um leve ruido. Tao leve, tio macio que, ao principio, Ada julgou tratar-se das arvores, la fora, movendo-se com a brisa. Depois apurou 0 ouvido e pareceu-lhe um choro. Alguém — alguma coisa — chorava debaixo da sua cama. Levantou-se, muito assustada, ajoelhou-se no chao e espreitou. Viu, na penumbra, um lumezinho brilhando. Distinguiu, a seguir, as pequenas asas, quase transparentes, o cabelo longo, verde-esmeralda, umas mios de dedos muito finos. O brilho vinha das asas. — Es uma fada, tu? Porque é que choras? A pequena fada enxugou os olhos. Olhou-a aborrecida: — Sao duas perguntas, Ada. Tens de aprender a fazer uma pergunta de cada vei — Fs uma fada? Como te chamas? Como sabes 0 meu nome? — Por favor, uma pergunta de cada vez! — Es uma fada? — Ainda nfo. Pelo menos ainda nio sou uma fada completa. Estou a aprender. — Como te chamas? — Gertrudes — Gertrudes?! Gertrudes nao é nome de fada! — Porque nao? E apenas um nome. Ada hesitou um instante. Depois concordou. Baba de camelo, por exemplo, nao é um nome bonito para um doce, mas 0 doce com esse nome muito bom. Os nomes nao sao importantes. Nao se comem. O importante é 0 que est dentro dos nomes. : — Porque estavas a chorar? — Perdi-me. Brincava na floresta e de repente achei-me aqui. Assustei-me. Foste tu que me chamaste? — Eu no chamei ninguém... — Talvez me tenhas chamado, ¢ nao deste por isso. Também eu respondi ao teu apelo sem dar por isso. Vim porque tu me mereces, Estou aqui porque precisas de mim. — O que podes fazer por uma menina como eu? — Nao sei. Também estou a aprender. De que precisas tu? — Eu queria a minha mae. — Uma mie?! Sou apenas uma fada-aprendiza e tu pedes-me . uma mae? Uma mie est4 muito para além das minhas competéncias. Nao consigo dar-te uma mae. Nao preferes antes um chocolate? — Nio. Quero a minha mae! — Um gatinho, entdo? Gatos sao fofos. \ — Quero a minha mae! Gertrudes sacudiu as asas, impaciente, e ao fazer isso 0 quarto encheu-se de uma bela luz cor de laranja: — Ha coisas que nenhuma fada te pode dar, Ada. Uma mae € uma imensidao. Vais ter de a procurar dentro de ti. Se conseguiste , chamar-me a mim, que s6 existo para quem sabe sonhar, vais conseguir encontrar a tua mae. Eu posso, sim, dar-te a minha amizade. Virei todas as noites conversar contigo. — E que mais podes fazer? — Nio sei. Posso fazer com que o teu pai volte a sorrir. — Como podes fazer isso? — Cécegas?... — Cécegas?! O meu pai nao tem cécegas! —... Ou ent&o posso encher de luz os sonhos dele. Fosse porque Gertrudes conseguiu realmente iluminar os sonhos de Vladimiro, fosse porque o sorriso de Ada ganhou, desde essa noite, uma outra luz, e vé-la sorrir era contagioso, 0 certo é que Viadimiro perdeu o ar sorumbatico e passou a surpreender os filhos com as suas gargalhadas. Uma noite confessou a Ada que vinha, ha alguns meses, sonhando com fadas: «So sonhos bons», disse: «Os sonhos bons melhoram muito a realidade.» José Eduardo Agualusa (conto inédito) 1, Procurar ideias e tornd-las claras Agora vais escrever uma hist6ria. E, na qualidade de escritor, a primeira coisa a fazer € pensar no que vais contar e a quem. Um escritor de contos parte sempre de uma ideia. ia inicial é apresentada no primeiro pardgrafo: No conto «Ada ¢ a pequena fada», a id «Tudo comegou quando Adamantina, uma menina morena, cabelos ondulados, de oito anos, a quem toda a gente chamava Ada, ouviu pela primeira vez 0 cantor ¢ compositor brasileiro Lufs Melodia interpretar "Fadas", que comeca assim: "Fadas: — Pap: nseto voa cego, sem direcdo." Correu a perguntar ao pais as fadas sio insetos?» Psta id do conto. a funciona como um motor que vai dar origem ao desenrolar sy Além de imaginar a ideia, 0 autor deve pensar nos leitores a quem © seu conto se destina, pois ¢ diferente escrever uma histéria para criancas de quatro anos ou para adolescentes de doze. 1.1 Escreve um titulo para a historia que corresponda a cada uma das seguintes ideias. aD iS + Um menino vive numa floresta com um grupo de animais que 0 querem levar para uma aldeia. —> de homens. + Um carpinteiro fabrica um boneco de madeira que ganha vida. + Uns meninos encontram uma casa de chocolate —> que pertence a uma bruxa, na floresta. 1.2 Escreve os titulos de dois contos que conhegas e escreve a ideia de cada um deles. Segue 0 exemplo. ni a + Branca de Neve —> Uma princesa é mandada pela madrasta 4 floresta para morrer as méos de um soldado 1.3 Escreve o titulo de uma historia que contarias a uma pessoa de cada uma das seguintes idades. * Quatro anos: + Dez anos: * Vinte anos: 7 1.4 Escreve duas ideias que possam dar lugar a diferentes contos. Depois, escreve 0s titulos correspondentes. Expressa cada ideia como uma situagao inicial (problema) que se apresenta a uma personagem. Imagina: © Situagdes inesperadas ou absurdas. Por exemplo, um pato esta convencido de que é um elefante. © Acontecimentos fantasticos. Por exemplo, um menino que sai de uma lata de conservas. © Aventuras emocionantes. Por exemplo, uma menina cujo maior desejo é voar. exp | © teu conto: a ideia inicial Completa o quadro que se segue com os dados do teu conto. Podes escolher ' uma das ideias que escreveste antes ou inventar uma nova. Titulo: Autor: Leitores: Ideia da histori Nos contos, é habitual acontecerem muitas coisas. Apesar disso, quando lés uma histéria, nao te perdes: ha um caminho, um enredo, que te conduz, através das diferentes aventuras, até a0 desenlace, a conelusio. Como escritor de historias, deves procurar que os teus leitores ndo se percam Para 0 conseguires, desde o inicio deverais ter sempre claro © mapafesquema do teu conto. No conto «Ada e a pequena fada», 0 autor, José Eduardo Agualusa, depois de apresentar a situagao inicial, 0 problema, conta as aventuras que as personagens vivem para resolver esse problema. Portanto, essas aventuras correspondem a um mapa como o que se segue: Eee ke) uev777 daa pequena fada : Breen ee) OOM) Um dia, Ada tem curiosidade e esta Ada descobre que as fadas nao sio insetos preocupada em saber se as fadas sao que podem ser boas amigas ajudando insetos. a resolver os proble s das pessoas | Atividades prévias } 2.1 Completa o mapa que se segue com uma histéria que conhecas. 2.2 Inventa uma concluséo (solugdo) para cada um destes problemas. | | —P Quem poderia intervir? Para procurares a solugao, responde: —P Como poderia terminar tudo? SE + O filho de um rei estava sempre triste: > nao sabia rir. + Um ourigo estava muito preocupado = —P Porque tinha perdido os picos. 10 2.3 Inventa duas situagées (problemas) que possam dar origem a duas historias, com as respetivas conclusdes (solucées). 2.4 Completa o mapa que se segue com uma das ideias que escreveste na atividade anterior. ‘ Completa 0 mapa do teu conto a partir do quadro que preencheste na pagina 9. , \ ¥ SION) Ena) 11. 3. As personagens do conto Talver tenhas esquecido muitas das hist6rias que leste, mas certamente que te lembras das suas personagens. Para o teu conto, deves criar personagens que os leitores no esquegam facilmente. As personagens das histérias so normalmente pessoas ou animais. Por vezes, so coisas. No entanto, falam e comportam-se sempre como se fossem pessoas. As personagens principais de uma histéria so os protagonistas. Para fazeres uma boa descrigdio das personagens, deves pensar nas suas caracteristicas fisicas e psicolégicas. | Atividades prévias 3.1 Tomando como base o conto «Ada e a pequena fada», escreve os nomes de personagens de cada tipo. PESSOAS —> coisas p> 3.2 Lé as caracteristicas das personagens do conto que se apresentam. Descobre quem sao e escreve os seus nomes. CESSES + Tem oito anos de idade + E curiosa e esperta + 0s cabelos so ondulados. + E amiga do pai * Apele € morena. + Estd triste, com saudades da mae. + E bondosa e generosa. * Gosta de sonhar Nome: PR + E pequena. + Esta assustada e chorosa. + Tem duas asas quase transparentes e brilhantes. + E generosa e amiga de ajudar + O cabelo é longo e verde-esmeralda. + Esta impaciente. + 0s dedos das maos so muito finos. + Eum pouco autoritaria. Nome: 12 3.3 Escreve as caracteristicas de outras personagens do conto «Ada e a pequena fada». | Para descreveres cada personagem, deves ter em conta: | —P Caraeteristicas fis cas Aspeto geral: idade, constitui¢do, Aspetos destacados: forma e cor do cabelo, as mos, os olhos, Como esta vestida, © Caracteristicas psicologicas Nome da personagem 1: | Caracteristicas fisicas: Caracteristicas psicolégicas: — Nome da personagem 2: Caracteristicas fi Caracteristicas psicolégicas: Personagem princip: Caracteristicas fisicas: ses Caracteristicas psicolégicas: Outra personagem principal: - Caracteristicas fisicas: oe Caracter icas psicolégicas: | 13 4. O desenvolvimento do conto — a agao Quando lés uma historia ou vés um filme, gostas que acontegam muitas coisas, que haja muita agio. Para o teu conto, deves escrever aventuras que apaixonem os leitores. As aventuras que as personagens vivem constituem a agio da histéria. Normalmente, contam-se por ordem cronoldgica, ou seja, a orcem pela qual acontecem, Se a historia for longa, as aventuras organizam-se em varios episédios. O mapa da histéria sera agora assim: Bru Corcopi one DESENVOLVIMENTO [ONT yo) (problema) (Eo) (solucao) 4.1 Volta a ler 0 conto «Ada e a pequena fada» e numera os episddios descritos no esquema abaixo segundo a ordem pela qual tiveram lugar. Ada e a pequena fada * ‘ STUCCO MILs Pes n CONCLUSAO (problema) (agao) Ceo) Ada tem Episédio __: A fada ajuda Ada e Viadimiro. Viadimiro curiosidade em Episédio __: Ada fica aliviada, pois nao comegou saber se as fadas gosta de insetos. a sonhar s40 insetos. com fadas Episédio _ : Durante a noite, Ada encontra uma fada perdida no seu quarto e pede-the ajuda. Episédio __ : Ada esté preocupada sem aber se as fadas sao insetos. i e voltou a ser feliz. Episédio _ : 0 pai, sempre sisudo € triste, afirma que as fadas nao existem © que mesmo que existissem nunca seriam insetos. Para inventares a aco de uma histéria | tom presente apenas as aventuras me's importantes, | que conduzam do problema até a solugao. | Nao redijas ainda a histéria completa. 14 4.2 Completa o mapa da historia que se segue, intitulada «0 elefante que queria ir para a selva». Sy are DST e eC (problema) (agao) (esto) Um elefante Episédio 4: Uma noite, 0 elefante fugiu do No fim, sentia-se muito Jardim Zool6gico com a ajuda dos macacos. triste no Jardim Partiu para a cidade, enquanto 0 cdo de Zool6gico porque guarda do Jardim Zool6gico o perseguia. a queria voltar para Episédio 2: 0 elefante entrou numa loja de - a selva. mascaras, onde Episédio 3: __ Copia a situacao inicial e a conclusao do teu conto, que escreveste na pagina 11. Depois, escreve 0 desenvolvimento (a ago), de modo que tenha, pelo menos, trés episddios. SITUACAO INICIAL (problema): _ DESENVOLVIMENTO (ago): _ Epis joa: —_ Episédio 2: — —_ Episédio 3: — _ CONCLUSAO (sotugao): Jlo- fm, —_ _ 5. A introdugdo do conto Quando vés as primeiras imagens de um filme, ficas com uma ideia de onde ¢ quando se iré desenvolver. £ isso que os leitores do teu conto também devem pensar quando leem as primeiras linhas do mesmo. No inicio da histéria, descreve-se o lugar ¢ o tempo em que a narrativa decorre e apresenta-se a person al. Por outras palavras, faz-se a introducao do conto. 5.1 Lé a introdugao do conto «Ada e a pequena fada», onde se faz a localizagao temporal e espacial e se apresenta a personagem principal. Depois, completa. “Tudo comegou num domingo de inverno, mas cheio de sol, quando Adamantina, uma menina morena, cabelos ondulados, de oito anos, a quem toda a gente chamava Ada, ouviu pela primeira vez o cantor e compositor brasileiro Luis Melodia interpretar "Fadas", que comeca assim: "Fadas: inseto voa cego, sem diregao." Correu a perguntar ao pai: — Papa, as fadas sao insetos? © pai de Ada, Vladimiro, raramente sorria. H4 anos que ninguém o via soltar uma gargalhada. Ada ¢ 0 irmao, Julio, um menino de catorze anos, alto ¢ magro como um poste, bem se esforcavam por 0 fazer rir, mas sem sucesso. Viadimiro, bidlogo de profissao, era 0 que se costuma chamar um homem sorumbatico [... Era pois um domingo tranquilo. GEEZ =D GEE LD PES * Onde decorre a narrativa? + Quando acontece a acao? = Quem ¢ € que caracteristicas fisicas e psicolégicas apresenta? 5.2 Inventa e escreve no teu caderno diario as introdugdes de cinco historias diferentes ligando as ideias das trés colunas de diferentes maneiras. lL. a: faa Gana ana + Nas geladas terras do Polo + Dois dias antes do Natal + Uma familia excessivamente Norte. do ano passado. medrosa. + Na montra da loje de uma» Numa clarae frianoite + Um pequeno e travesso livto. cidade longinqua. de inicio de inverno + No mar, perto da praia * Ao entardecer de um dia * O maior urso branco do Mundo. da Nazaré. quente no tempo dos castelos. 16 5.3 Escolhe um espago, um tempo e uma personagem principal da atividade anterior € escreve a introducdo de uma historia. Para descreveres a personagem principal, tem em conta "| aquilo que aprendeste nas paginas 12 e 13. E J Para fazeres a localizagao espacial, tem em conta: —> Que sitio é e onde se encontra: uma aldeia no meio do deserto, um planeta da galdxia ZX708, Como sao os elementos que o constituem: uma praca rodeada de altos edificios cinzentos, uma clareira, “> Que sensagées transmite esse espago: é aborrecido, cheio de vida, .. Para fazeres a localizagao temporal, tem em conta: © Em que época da histéria sucedem os factos: ha mithares de anos, no ano passado, em 2045, A estacao do ano, 0 momento do dia e o tempo | atmosférico: uma tarde nublada de primavera, A relagéo com outros factos: quando existiam 08 dinossauros, ... ; 0 teu conto: a introdugdo ' Anota de seguida as ideias para a introducao do teu conto. Tem em conta as caracteristicas das personagens que anotaste na pagina 13. Depois, escreve 0 inicio da tua hist6ria nas paginas 20 e 21. Espaco: - Tempo: Personagem principal: 6. A redagdo do conto Depois de se escrever a localizagao da hist6ria e de se apresentar a personagem principal, redige-se 0 conto, ou seja, narra-se tudo 0 que acontece, seguindo uma ordem: Primeiro, expde-se 0 problema, comesando pelo facto que desencadeia a histéria Este facto, normalmente, comeea com expressdes como: Tudo comegou..., Um dia..., De repente..., A determinado momento, . Depois, narra-se a agio, contando os episédios de forma organizada, Por tiltimo, apresenta-se a conclusao/solucao. Assim, faz-se 0 primeiro rascunho da hist6ria. O mapa tem agora a seguinte forn TITULO ESTED. ------ OTST CONCLUSAO. (acdo) (solusio) Atividades prévias 6.1 Observa os elementos do mapa do conto «Ada e a pequena fada». TRODUCAO, Espago: Em casa, na sala e no quarto de Ada. ‘Tempo: Num domingo tranquilo de inverno, depois do almoco e a noite. Personagem principal: Ada, uma menina morena, cabelos ondulados, com oito anos de idade. an ¥ ~ (problema) (agao) (solucao) Ada tem Episddio 1: Ada esta preocupada sem Viadimiro curlosidade ‘saber Se as fadas sao insetos. comegou em saber Episodio 2: O pai, sempre sisudo e triste, a sonhar se as fadas afirma que as fadas nao existeme que com fadas ‘sao insetos. mesmo que existissem nunca seriam e voltou insetos. a ser feliz. Episédio 3: Ada fica aliviada, pois nao gosta de insetos. Episédio 4: Durante a noite, Ada encontra uma fada perdida no seu quarto e pede Ihe ajuda. Episodio 5: A fada ajuda Ada e Viadimiro. 18 6.2 Lé 0 inicio da narrativa de «Ada e a pequena fada». ADA E A PEQUENA FADA sTudo comegou num domingo de inverno, mas cheio de sol, quando Adamantina, uma menina morena, cabelos ondulados, de cito anos, a quem toda a gente chamava Ada, ouviu pela primeira vez 0 cantor e compositor brasileiro Luis Melodia interpretar «Fadas», que comeca assim: "Fadas: inseto voa cego, sem direcdo.” Correu a perguntar ao pai — Papd, as fadas sao insetos? [...]» 6.3 Responde as questées. + Com que palavras comega a apresentacao do inicio da histéria? * Qual € 0 acontecimento que desencadeia a hist6ria? * Qual é 0 problema? 6.4 Continua a narracao da historia oralmente. Usa o esquema da pagina anterior como guido. Para narrares os acontecimentos por ordem, usa expressées de tempo como: entao, imediatamente, passado | pouco tempo, ao amanhecer, | uns dias depois, aredagdo | Redige 0 conto nas paginas 20 e 24. Usa como guido o esquema que fizeste na pagina 15. Nao te esquecas de comecar pelo acontecimento que desencadeia a histéria, de expor o problema e de narrar os episédios pela ordem certa. No fim, revela a conclusao. 7. O rascunho do teu conto + Comega por escrever a introdugao do conto definindo primeiro a localizacao espacial e temporal da historia e apresentando as personagens intervenientes. Segue s instrugdes da pagina 17. + Depois, redige 0 teu conto. Segue as instrucdes da pagina 19. Titulo — 20 8. A revisdo do rascunho Mitas pessoas vaio ler 0 conto que escreveste. Por esse motivo, tens de o rever bem, para que fique 0 melhor possivel © rascunho do conto para verificar se esté de acordo com o que se propunk O autor rev € para o melhorar. Depois, reescreve a historia corrigindo os ertos e acertando as ideias Atividades prévias 8.1 Lé o rascunho da historia que se apresenta de seguida. ‘0 ouRICO Num bonito bosque, vivia em tempos uma familia de aurigos. Todos viviam felizes @ tranquilos porque, gracas aos seus picos, os lobos nao os podiam comer. Um dia, nasceu um ourigo sem picos. Mais tarde, quando este cresceu, 0 pobrezinho nao podia ir passear Com os irmaos. Entao, 0 pequeno ourico pediu ajuda aos passaros e até ao seu amigo urso, mas ninguém 0 pode ajudar. No fim, 0 ourico foi visitar © gnamo Flop, que era muito sdbio, © 08 dois tornaram-se grandes amigos. 8.2 Responde as questées. a) Achas que 0 titulo da historia est bem escolhido? Porque? 'b) A localizagao espacial e temporal e @ apresentagdo da personagem principal sao claras? Porque? c) Quem € a personagem principal? d) Temnome? @) As suas caracteristicas estao bem descritas? Porque? f) Achas que as aventuras esto completas? Porque? 8) As aventuras conduzem do problema até a solueao? Porque? h) A soluc&o do problema apresentado é acertada? Porqué? i) Que expressdes de tempo se utilizam? J) Seria methor incluir didlogo? Onde? 8.3 Reescreve a historia introduzindo as alteragdes necessarias. 1 O teu conto: a revisdo Lé 0 teu conto e assinala aquilo que podes fazer para o melhorar. Escrever um titulo mais adequado. Modificar a redacao da apresentagao para que seja mais clara. Completar a redaeao da apresentacao para que seja mais atrativa. Descrever melhor as personagens para que sejam mais interessantes. Expor com mais clareza 0 facto que desencadeia a historia. Relacionar melhor as aventuras para que conduzam do problema até a solugao. Incluir expressdes de tempo (no dia seguinte, anos mais tarde, nessa manha, ete.). Modificar a solucao para que a hist termine bem. Mudar algumas palavras para que se adaptem melhor aos leitores a que o conto se destina. Introduzir diélogos para imprimir itmo e vivacidade a historia. Acrescentar pormenores e descrigdes para que os leitores imaginem melhor 0 que se conta. + Pede a um amigo que leia 0 teu conto e anota aqui as suas o} | * Reescreve a tua histéria nas paginas seguintes, fazendo as alteragées necessdrias. 9. O teu conto revisto_ * Revé 0 teu conto e Segue as instruca soreve-o novamente, com as alteragdes necessarias. s da pagina 23. Titulo ny a 10. A corregdo de erros Para que nao «escape» nenhum erro ¢ © teu conto seja bem apresentado, deves corrigi-lo. Volta a ler 0 conto revisto para verificares se esta bem dividido em paragrafos, se a redagio das frases é a correta, se ha falhas ortograficas, se os sinais de pontuagio estio bem utilizados ese ha algum outro erro. Atividades prévias | 10.1 Observa a correcao deste excerto do conto «Ada e a pequena fada». = J he ceca, Scalia he Wave vrsore olen toe als cif SSS OE [a fargalhada. Ada e 0 imo, Julio, um menino de catorze anos, alto e magro como um poste, bem se esforcavam por o fazer ri, mas sem bueeed, Viadimiro, biglogo de profissdo, [4 sucesso [& fa 0 que se costuma chamar um homem sorumbatico — palavra, alids, muito curiosa, Porque vem de sombra. «Sombratico», seria alguém cheio de sopbras. Com o passar do = tempo, «sombratico» transformoufse em sorumbatico. As palavras, como as pessoas, /8 —evolulem, moditicam-se. Era um domingo tranquilo, ap6s 0 almaco. Viadimiro ja o jomal, [2s sentado num vello cadeirao de couro, enquanto cofiava o bigode grifalho. npRiosse estar |5 quase inteiramente careca, ninguém he daria mais de quarenta anos{Tinha cinquenta, 7 Ergueu os olhos e pousou-os na filha, muito sériofg — Nao existem fadas.» 10.2 0 excerto do mesmo conto que se segue tem de estar distribuido em dois paragrafos. Traca uma linha de cor que separe o primeiro do segundo paragrafo, *0 pai dobrou o jomal. Tirou os éculos. Puxou Ada de encontro ao peito. Beljou-a ha testa, sentou-a ao colo. — Insetos? Deixa-me pensar, filha. As fadas tém asas?» 10.3 Coloca os acentos e os travessdes que faltam nos didlogos do excerto do conto que se segue e corrige-o ortograficamente. uma fada, tu? Porque € que choras? A pequena fada enxugou os olhos. Olhou-a aborrecida: ‘Sao duas perguntas, Ada. Tens de aprender a fazer uma pergunta de cada vez. Es uma fada? Como te chamas? Como sabes o meu nome? — Por favor, uma pergunta de cada vez! — Es uma fada? Ainda nao. Pelo menos ainda nao sou uma fada completa. Estou a aprender. Como te chamas? — Gertrudes. Gertrudes?! Gertrudes nao e nome de fada! Porque nao? E apenas um nome.» 26 10.4 No excerto do conto que se segue, ha algumas virgulas que deveriam ser pontos. Escreve os pontos e as letras maitisculas necessdrios. Ada hesitou um instante, Depois concordou baba de camelo, por exemplo, nao 6 um nome bonito para um doce, mas 0 doce com esse nome é muito bom. Os nomes nao sao importantes. Nao se comem, 0 importante é 0 que estd dentro dos nomes, — Porque estavas a chorar? — Perdime. Brincava na floresta e de repente acheime aqui. Assusteime, foste tu que me chamaste? 10.5 Sublinha em A e em Bo texto que ilustra 0 desenho. @) «— Es uma fada, tu? Porque 6 que choras?» _ a) «Vladimiro perdeu o ar sorumbatico [. ) <0 pai dobrou 0 jornal. Tirou os éculos. b) «Gertrudes sacudiu as asas [. O teu conto a corregdo de erros Reflete sobre os erros que deves corrigir no teu conto. Esta lista ira ajudar-te. |_| Distribuir methor a histéria por pardgrafos. (| Redigir algumas frases de forma clara e correta. Usar os pontos ¢ as virgulas nos lugares adequados. Colocar bem os pontos de interrogacao e de exclamacao. | Actescentar o travesso nos didlogos. | Cortigir os erros de ortografia. | Por ou tirar algumas maitisculas. i Colocar os acentos que faltam e eliminar os que estao a mais. Pede a um amigo que lela 0 teu conto e que assinale os erros que encontrar. Corrige os erros da tua histéria com um lapis de cor. 11. A edigto e a publicagao Conseguiste eset ever ¢ rever a tua historia! Agora vais edité-la e publicé-la nas folhas que acompanham este caderno. Alguns autores fazem os desenhos das suas hist6rias, mas a maioria encomenda este trabalho a.um ilustrador. Além disso, entregam as suas historias a uma editora, onde ha pessoas que se ocupam de as editar e de as publicar para que se transformem em livros ¢ cheguem aos leitores. Mas tu, sozinho, vais faz edité-la e publica- Para editares e publicares a tua historia, segue estes passos: todo esse trabalho, Ou seja, além de criares a histéria, vais ilustré-la, 11.1 Desenha a capa. Lembra-te de que a capa tem de ter: + 0 titulo do livro. + O nome do autor, ou seja, o seu name completo. + Uma imagem apelativa. * A identificagao da editora, Se quiseres, inventa aqui um nome para @ tua editora e desenha um logétipo (um simbolo) que a identifique. Observa as capas de alguns livros e faz um rascunho da capa da tua histéria na pagina 30. 11.2 Desenha a contracapa. Lembra-te de que a contracapa a8 deve ter: ran + Um pardgrafo sobre aquilo que a histéria narra (uma sinopse), re para despertar o interesse dos leitores. + Uma informagao breve sabre o autor. ‘ Observa as contracapas de alguns livros e faz um rascunho da contracapa da tua historia na pagina 31, 11.3 Passa a limpo a capa e a contracapa numa cartolina. = Esta sera a capa da tua historia. 28 + Faz aqui o rascunho da capa. + Faz aqui o rascunho da contracapa. Portugués Oficina de escrita criativa J Componentes do projeto: ‘Manual do aluno Fichas de avoliagdo (oferta ao aluno} Cadere Offcina de escrita criativa folerta ao alynol Cadero de atividades Livromédia Este cademe 6 oferecdo com o compra do manual endo pode ser vendide separadamente Conforme o novo ) Acordo Ortografico da lingua portuguesa SSanruana Projeto Desafios CONSTANCIA

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