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Impresso no Brasil, feverciro de 2014. ‘Toronto, ¢ Robert D. Denham icado sob licenga da University of Toronto Press, 2006. Todos os dircitos reservados. (Os direitos desta ediglo pert £ Realizagbes Editoa, Livrava e Di Caixa Postal: 45321 -04010 970 Telefax: (S511) 5572 5363 e@ercalizacoes.com.br - wwwerealizacoes.com.be Editor | Edson Manoel de Oliveira Filho Gerente edi Produgao editorial | Sanda Silva Preparagao de texto | Nelson Barbosa Revisao | Célia Maria Cassis Capa e projeto grifico | Mauricio Nisi Goncalves ~ Es Diagramasao | Andcé Cavalcante Gimenez ~ Esto & Pré-impressao e impressio | Edigées Loyola Reservados todos os direitos desta obra, Proibida toda e qualquer reprodusdo desta edicdo por qualquer meio ou forma, sei ela cletrdnica ou mecinica, fotocépia, gravacio ou qualquer outro meio de ceproducio, sem permissdo expressa do editor. ANATOMIA DA CRITICA Quatro Ensaios PRIMEIRO ENSAIO CRITICA HISTORICA: TEORIA DOS MODOS MODOS FICCIONAIS: INTRODUGAO, ,, No segundo pardgrafo' da Poética, Aristoteles fala das diferencas nas Obras de fic¢do que sio causadas pelas diferentes elevacées dos personagens presentes nelas, Em algumas ficgdes, afirma, os personagens sio melhores do que nés, em outras, piores, em outras ainda, esto no mesmo nivel. Essa passagem no tem recebido muita atengao dos eriticos modernos, uma vez ue a importancia que Aristételes atribui a bondade ¢ a maldade parece indicar uma visio um tanto quanto estreitamente moralista da literatura. AAs palavras de Aristoteles para bom ¢ mau, entretanto, s40 spondaios ¢ Phaulos, que possuem um sentido figurado de pesado € leve. Nas ficgSes literérias, o enredo consiste de alguém fazendo alguma coisa, Esse alguém, | se um individuo, é 0 heréi, e essa alguma coisa que cle faz ou no consegue fazer € 0 que ele pode fazer, ou poderia ter feito, no nivel dos postulados fei tos sobre ele pelo autor e pelas consequentes expectativas da audigncia. As ficgdes, portanto, podem ser classificadas nio moralmente, mas.pelo poder 4 de ago do hersi, que pode ser maior do.que 9 nosso, mendt ou aproxima ‘damente 0 mesmo. Entio: 1. Se superior em espécie tanto a outsos homens quanto ao ambiente dos outros homens, o her6i é um ser divino, e a hist6ria sobre ele seré um mito, no sentido comum de uma historia sobre um deus. 3 TTais historias tém um lugar importante na literatura, mas, via de i 2”, tegca, sio encontradas fora das categorias literérias normais. Nb bfigina, Frye escreveu *pargeafo" em vex de “capitulo”. a 146 | Anatomia da Critica 2. Se superior em gras aos outros homens ao seu am| ‘Wo FoRImce;2cujas aces sio maravilhosas, mas que € identificado como tint set humario, O herdi do romance desloca-se normais da natureza encontram-se nte, 9 herd € por um mundo em que as evemente suspensas: prodigios de coragem ¢ resisténcia, no. na- + turais para nés, s4o naturais para ele, € armas encantadas, animais i talismas de poder miraculoso.ndo * violam nenhuma regra de probabilidade, uma vez que os postulados 3. Aqui Saiftios do mito, pro- priamente dito, para lends, para 0 conto folclérico, o marchen ¢ seus derivados ¢ agregadosliterrios. 3. Se superi © ‘tural, 8 her6i é uti lider. Ble possui autoridade, paixdes e faculda- ides de expressio mui falantes, ogros e bruxas terrivt do fomance tenham sido estabel em grau a outros homens, mas nao a seu ambiente na- tmaiores que as nossas, mas 0 que faz est como a ordem da natureza. Esse € 0 vado, da maior parte da epopeia ¢ da tragédia, e € fanidamentalmente a éspécie de herdi que Aristételes ‘tinha em mente. 4 Se nao for superior aos outros homens, nem ao seu ambiente, o herdi “eum de- nds respondemios auma-percepcao”de-sua-humanidade gimos os do poeta os mesmos cdnones de probabilidade amos em nossa propre expériéncia, [so wos da 6 her6i bara, da maioria da comédia e da ficcao re saixo” ndo possuem nenhuma conotagao de valor \a8 sdo puramente diagraméticos, como sio ao se re~ 's ou aos anglicanos. Nesse plano, a difi- rade a frase € usada rept male tarde idemiieado por a 5 bey Primeico Ensaio | Critica Histérica: Teoria dos Modos | 14 Assim Thackeray se sente obrigado a chamar A Feira das Vaidades de um romance [“novel”| sem her6i. 5. Se inferior em forca ou inteligéncia a nés mesmos, de modo que te- rnhamos a impressio de olhar de cima para baixo, para uma cena de 2A Suieledo, frustrasao ou absurdo, o herdi pertence a0 modo irénico Cs Isso ainda se aplica quando 0 leitor sente que esta ow poder <"7na mesma situaga aestar_ que a situacdo esté sendo julgada pelas nor- mas de uma liberdade mais ampla. “ne Olhando esse quadro, podemos ver que a ficsio europeia, af os igs quinze séculos, em constantemente mudads se cénteo de gra {sta frmementeligada a0 mito crstio, tardo-léssco, celta ou teutdnico. Se 0 cristianismo nao tivesse sido tanto um mito importado como, bém, um devorador de mitos riva Parte dela jé migrou para a categoria d ‘Gar euas formas principaisy una Toritia secular-gue se ocupa da cortesia _ e da errdncia cavaleirescas, e uma forma religiosa-devorada as lendas de. ‘aHtS. Ambas dependem muito de violagdes miraculosas tural para manterem seu interesse como hist dominam a literatura até gue o culto a0 pi ordem na- - Ficgées de romance pe € a0 eortesio, no\Retas- ‘trouxesse o modo mimético élevado 30 primeiro plano. As Carac~ j€48 desse modo so mais claramente vistas nos géneros do drama particularmente na tragédia e na epopeia nacional. Entio, um novo tipo de cultura de classe média introduz o mimético baixo, que predomina na literatura inglesa da época de Defoe até o final do século XIX. Na litera- tura francesa, ele inicia e termina cerca de cinquenta anos antes. Durante 608 siltimos cem anos, a maior parte da ficedo séria tem apresentado, cada vez mais, uma tendéncia a ser irdnica em modo. fs Algo da mesma progressio também pode sec tracado na Titeratura clas. , em uma forma enormemente condensada. Onde uma religido € mito- le ha encarnagdes promisctias, herdis déificados ¢ reis” Wina, onde o mesmo adietivo “divino” pode ser aplicado > tanto a Zeus como a Aquiles, é quase impossiyel separar completamente as linhas mimética elevada, romantica e mitica,/Onde a religido ¢ teoldgica e_ iment 148 | Anatomia da insiste em uma divisio nitida entre as natureras humana e divina, o roman “ce fica mais claramente perceptivel, como ocorre nas lendas da cav: da santidade cristis, nas Mil e Uma joites do maometismo, nas |. Similarmente, a inat a ver com 0 desenvolvimento abortive dos modos mimético baixo e iré- nico, que mal haviam comesado com a sétira romana. Ao mesmo tempo, fo estabelecimento do modo mimético elevado, o desenvolvimento de uma ttadigZo literéria com um sentido consistente de uma ordem da natureza em si, & um dos grandes feitos da civilizacao grega. A ficgdo oriental, até onde eu sei, ndo se afasta muito das f6rmulas rontanticas € ‘Vamos nos ocupar aqui, sobretudo, das cined épocas da literatura __ ocident: tes, usando paralelos classicos apenas in “cidentalmente, Em cada modo, ser cil uma distingdo entre literatura ingénua e-sofisticada. Retirei a palavra ”" do ensaio dé Sehillee sobre poesia ingénua e sentimental:* pot éla quero dizes, porém, poesia primitiva ou popular, a0 passo que, em Schiller, significa algo igo mais prowie fiie-de cldesica, A palavra “sentimental” também significa algo mais em in- gl@s, mas nao temos termos criticos genuinos 0 suficiente para dispens Entre aspas, portanto, “sentimental” refere-se a uma recriagao posterior _ “Ze um modo mais antigo. Nesse seatido, o romantismo é uma forma “sen- Giiental” do romance, e o conto de fadas, em grande parte; uma forma Sentimental” de conto folclérico. Ha também uma distingdo geral entre ficgdes em que o her6i acaba isolado de sua Sociedade ¢ ficgBes em que ele incorporado a ela. Essa distingo € expressa pelas palavras “trégico” ¢ .o”, quando elas se referem a aspectos do enredo em geral, ¢ no wente a formas draméticas. conforme expostas, MODOS FICCIONAIS TRAGICOS Fee. As historias teégicas, quando se aj chamadas deqdipnisiatamEssas sio hi Primero Ensaio | Critica Histérica: Teoria dos Modos | Hétcules com sua ttinica envenenada e sua pira, Orfeu despedacado pe las Bacantes, Balder assassinado em decorréncia da traigao de Loki, Cristo morrendo na cruz, assinalando com as palavras “Por que me abandonas- Mateus 27,46; Marcos 15,34] a sensacio de sua exclusio, como um ser divino, da sociedade da Trindade. A associagio da morte de um deus com 0 outono ou o por do sol, em literatura, ndo significa necessariamente que ele € um deus “da” vegetacio ou “do” sol, mas somente que ele & um deus capaz de morrer, qualquer que sj sua esptilidade Mas corn um des €spetor ature, ome bém a outros homens, a morte de um deus envolve apropriadamente o que Shakespeare, em Venus e Adénis, chama de “simpatia solene” da nature [v. 1057], tendo a palavra “solene” aqui algumas de suas conexdes etimol gicas com o ritual. A falacia patética de Ruskin’ pode dificilmente ser uma falicia quando um deus é 0 heréi da acio, como quando o poeta de The Dream of the Rood {0 Sonho da Cruz] conta-nos que toda a criaczo cho- nna morte de Cristo [v. 55-56]. Certamente, nunca ha uma verdadeira fa- ia em fazer um paralelo puramente imaginativo entre homem e natureza, mas 0 uso de “simpatia solene” em uma pega de ficcdo mais realista indica ‘que o autor esta tentando dar a seu heréi alguns dos tracos do modo mi O exemplo de Ruskin de uma fica paéica “the er " (‘a cruel ¢ rastejante espuma”], da balada de Kii afogada na maré (The Sands of Dee {As Areias de Dee] de a espuma ser assim descrita dé a Maria de Kingsley um pélido colorido do mito de Andromeda, ‘As mesmas associagdes com o por do sol ¢ a queda das f dem-se ao romance, onde o heréi ainda é metade deus. No romance, a sus- pensio da iei natural e a ifidividualizagao das facanhas do her6i reduzem substancialmente a natureza aos mundos animal e vegetal. Grande parte {GaE S40 Fomaitcos incurdves, ais cotio cavalos, cles efaledes, 0 tipico cendrio do romance é a floresta. A morte ou o isolamento do her {Gi 0 @feito-de tim espirito abandonando a natureza e evoca um estado vol 3,cap. 9, parigrafo 415, eval, 150 | Anatomia da Critica peo ea de espirito mais bem descrito como elegiacoO elegiaco apresenta um he~ Foismo nao tocado pela ironia. A inevitabilidade na morte de Beows a traicio na morte de Rolando, a malignidade que cerca a morte de santo martirizado so de uma importincia emocional muito maior do que as de quaisquer complicagGes irénicas de hybris e hamartia que possam estar envolvidas. Por isso, 0 elegiaco é frequentemente acompanhado pela sensago difusa, resignada e melancélica da passagem do tempo, da velha ‘ordem mudando e rendendo-se a uma nova: pensa-se em Beowulf olhando, enquanto esté morrendo, para os grandes monumentos de pedra das eras da histéria que desapareceram antes dele.‘ Em uma forma “sentimental” muito tardia, 0 mesmo estado de espirito bem captado em Passing of Arthur [A Morte de Artur], de Tennyson. A tragédia, no sentido central ou mimético elevado, a ficgao da queda de um lider (ele tem que cair porque é a tinica forma pela qual um lider lado de sua sociedade), mescla 0 heroico com 0 irdnico. No jaco, a mortalidade do her6i é fundamentalmente um fato na- dade; na tragédia mimética elevada, ela também um fato moral e social. O her6i teégico deve ter uma dimensio adequada- mente heroica, mas sua queda esta envolvida tanto com uma percepcio de sua relagao com a sociedade quanto com, uma percepgao da supremacia da lei natural, ambas as quais sio irdnicas quanto a referencia. A trage terice especialmente aos dois desenvolvimentos nativos do déama tragico na Atenas do século V.e na Europa do século XVI, de Shakespeare a Racine. ‘Ambas pertencem a um perfodo de histéria social em que tima aristocracia esté perdénido rapidamente seu poder efetivo, mas preserva ainda uma boa porgao de prestigio ideol6gi “A Pi ral da tragédia mimética elevada nos cinco modos té- rada no meio do caminho entre heroismo divino e ironia de- ‘masiadamente humana, é expressa na concepgdo tradicional de catarse.’ sdade” “medo” podem ser tomadas como se réferindo as is em que a emogio se desloca, seja em diregéo a um 5 Tragic Hero” In Tragie Themes in Wester CC. Louis L Maree, “The S 5,9. 176.0 [Bd. Cleanth Brooks. New Haven, Conn, Yale University Press, Ensaio | Critica Histérca: Teoria dos Modos | 1 sonho de realizacéo do desejo, tende a absorver a emogio e communicé la ‘intemamente ao leitor. O romance, portanto, é caracterizado pela aceitagao da piedade e do medo, 0s quais, na vida cofium, relacionatn-se 4 dor, como formas de prazee. Ele faz Te faz que o medo do que esté distant, ou terror, trans: ‘oriie-se no aventarosoro medo do que esta préximo, ou horror, no-wiara- ‘VROF!e 0 medo sem um objeto, ou angistia (Angs!),em uma melancolia ppensativa. Faz que a piedade quanto ao dle est dista 8 tome o tema do tesgate caval ‘Piedade sem um objeto (que néo possi nome, mas é um tipo de animismo, ‘uo teatamento de tudo na natureza como se tivesse sentimentos humanos) em fantasia criativa. No romance sofisticado, as’ cafacteristicas peculiares A forma séo menos dbvias, especialmente no romance trdgico, onde o tema ‘da morte inevitével vai de encontro ao maravilhoso ¢ frequentemente o empurra para o segundo plano. Em Romex e Julieta, por exemplo, 0 ma ravilhoso sobrevive apenas no discurso de Merciicio sobre a Rainka Mal [1.4. 53-94]. No entanto, essa pega encontra-se notadamente mais préxima do romance do que as tragédias posteriores em decorréncia das influéncias suavizantes que operam na direc2o contraria & catarse, drenando a ironia, por assim dizer, das personagens princip: Na tragédia sdade e temor tornam-se, respectiva- die, julgamenito tioral favoravel e adverso, que sao relevantes para a 1» mas ndo centrais a ela. Temos piedade de Desdémona e temor de Tago, mas a figura trégica central € Otelo, e nossos sentimentos sobre ele so confusos. O evento peculiar chamado de tragédia que ocorre com. a, heréi trdgico nao depende de seu status moral. Se isso estiver causalmentet relacionado com algo que ele fez, como geralmente esté, a tragédia repou- sa na inevitabilidade das consequéncias do ato, néo em sua significancia moral como ato. Dai o paradoxo de que, na tragédia, piedade e temor si0 criados e expulsos: A hamartia de Aristoteles, ou “falha” [Poética, cap. 13), portanto, nao significa necessariamente agir erradamente, muito me- nos apresentar una faquers ora: pode se sinplesmente uma questo ica elevad: ‘A posigio exposta ¢ geralmente o lugar de lideranga, no gal una perso- nhagem € excepcional tura curiosa entre o inevi we 152 1 Anatomia da Cetica principio da hamartia da lideranca pode ser visto mais claramente na tragédia mimética elevada ingénua, como encontramos no The Mirror for Magistrates (O Espelho para Magistrados] e em coleges de contos simi lares, baseados no tema da roda da fortuna. Na tragédia mimética baixa, piedade ¢ temor nao sio purgados, nem absorvidos em prazeres, mas sio comunicados externamente, comd sensa- ges. De fato, a palavra “sensacion: na critica se no fosse apenas um -palavea para a teagédia mimética bs pathos tem uma relacdo proxima © pathos apresenta seu her6i como isolado por uma fraqueza que apela a nossa simpatia, porque est em nosso proprio plano de experigncia. Falo de um heréi, mas a figura central do pathos é frequentemente ume mulhersou uma crianga (ou ambas, como fas cena’ das mortes da Pequena Eva e da ,e de sactificios femininos patéticos wissa Harlowe, até a ‘Tess, de Hardy, ea Daisy Milles, de James) Notamos que, enquanto a tragé- dia pode massacrar um elenco inteiro, 9 pathos esté geralmente concentra- “do em um tinico personagem, o que em parte se deve a0 fato dea sociedade ‘im mais individualizada, sédia mimética clevada, 0 pathos ima. A morte de um animal & (éligéncia deficiente que é frequente na literatura americana moderna, Wordswort 10 baixo, foi um de noss08 grandes mestres do pathos, fara mae de aso, atarracado € extr 0 de seus esforcos para resgatar as roupas de : a ruim o fizesse estragar seu acbida, ¢ alguma falha de poderia ter um significado mais itil de valor desfavoravel. A melhor que, como artista seu marinheiro dequado a resps outros pertenc poema.? O-fiithos Bm A Cabana do Pai Tom seus esravos. Dickens Primeico Ensaio | Ccitica Histrica: Teoria dos Modos expressio, real ou simulada, parece ser peculiar a ele. Ele sempre deixar “uma elegia funeral fluentemente plangente ir rar proveito de algo como as memérias de Stella, de Swift. O pathos altamente articulado pode vir a tornar-se um apelo artifical & autopiedade ou 4 provocacio das lagrimas de compaixio do piblico. A exploracio do medo no mimético baixo também € sensacional ¢ € um tipo de pathos invertido. & figura t do, exemplificada por Heathcliff, €normalmente uma figura cr mon Legree ¢ pelos vilbe |, acentuadamente contrastada a algum tipo de virtude delicada, em geral, a uma vitima impotente em seu poder. do pathos é a exclusio de um individuo em nosso pr6- prio plano de um grupo social'ao qual ele esta tentando pertencer. Por a tradicao Céntral do pathos sofisticado & © estudo da mente isolac “6ria de camo alguém reconhecivelmente como nés mesmos esta cin Por um conflito entre o mundo 10 € 0 externo, entre a realidade imagi- nativa € 0 tipo de realidade que é estabelecida por um consenso social Tal ig6dia pode estar envolvida, como geralmente ocorre em Balzac, com uma ‘mania ou obsesso por ascender no mundo, sendo isso a contraparte central do mimético baixo da ficgio da queda do lider. Ou ela pode se ocupar do aqui pode ser chamado pela palavra gregacalazon, “que significa imposto is do que € Os tipos mais populares de riosus € 0 erudito excént ou fil6sofo obcecado. Estamos mais familiarizados com tais personagens na comédia, onde eles sao olhados de fora, de modo que vemos apenas a mascara social. Mas © alazon pode set igualmente um aspecto do herdi trigico: 0 toque de miles gloriosus em Tamburlaine, até mesmo em Ox manifesto, como 0 é 0 toque do fildsofo obcecado em Fausto e Hamlet. E muito di tum easo de obsessio, ou mesmo de hipocrisia, de dentro, em um meio dra- miatico: até mesmo Tartufo, até onde vai sua funcio drama estudo de parasitismo que de hipocrisia. A anilise da obsessio pertence | yom te Encontramos a concepgio de ironia na Etica de Arist 154 | Anatomia da Critica mais naturalmente a ficg3o em prosa ou a um meio semidramatico como o monélogo de Browning. Apesar de todas as diferengas em técnica e atitu- de, o Lord Jim, de Conrad, é um descendente direto do miles gloriosus, da mesma familia do Sergius, de Shaw, ou do playboy de Synge, que sao tipos paralelos em um cendrio cémico e dramético. Certamente, € bem possivel ‘tomar o alazon em sua propria apreciagao: isso é feito, por exemplo, pelos criadores dos hercis inescrutveis e sombrios nos suspenses g6ticos, com seus olhos selvagens ou penetcantes e com a sugestio sombria de pecados interessantes. O resultado, via de regra, nao é tant 1a tragédia, mas um tipo de melodrama que pode ser definido como comédia sem humor. Quan- do se eleva acima disso, temos um estudo de“obsessao apresentado em ter- mos de medo, em vez de piedade: ou seja, a obsessdo toma a forma de uma ites normais da humanidade. Um dos exemplos mais claros ¢ Heathcliff, que é langado, passando pela morte, a0 vampirismo, mas ha muitos outros, indo do Kurtz, sde Conrad, aos cientistas malucos da fic¢io popular. ~ ¢iron é 0 homem qué se autocensura, em oposigad a0 alazor "ceria; fa a iivulneravel 1m artista predestinado, mas predestinadas. O ter- Jes o desaprove, nao ha diivida de que el do mesmo modo que 9 alazon & uma de suas mo “ironia”, entio, indica uma técnica de aparentar-se ser menos do que ‘se & gue; ein literatura, torna-se mais comuimente uma técnica de dizer 0 vel e significar o maximo possivel, ou,de modo mais geral, um, Gque se distancia da declaragio direta ou de seu proprio ‘nao familiar, embora esteja explorando algumas de suas implicagées. O escritor de ficcao irdnico, entao, censura a si mesmo e, come Sécra~ tes, finge nao saber riada, até mesiiio que é irdnico. A objetividade com- pletae a supressao de todos 0s juizos morais explicitos so essenciais para seu método. Assim, piedade e temor nao sio provocados na arte irdnica: eles so refletidos ao leitor a partir da arte. Quando tentamos isolar o irénico, descobrimos que ele parece ser simplesmente a atitude do poeta como tal, uma construgio desapaixonada de uma forma literdria, com todos os elementos assertivos, subentendidos ou expressos, eliminados. Aironia, comomodo, nasceu do mimético baixo3 tomaa vida exatamente Primeiro Ensaio | Critica rica: Teoria dos Mod como a encontra. Mas 0 ionista fabuila sem moralizar, e nio possui outro »do sofisticado, ‘objeto além de seu assunto. A ironia € naturalmente um liferenca principal entre ironia sofisticada.¢ ingénua 6 que o ironista -ingénuo chama 4 atenglo 20 fato.de que estd sendo irénico, a0 passo-qué a Ironia sofisticada simplesmente afirma algo ¢ deixa o leitor adicionar 0 tom irdnico por conta propria.-Coleridge, tecentdo”observacées acetca de lum Cofientério ir6nico em Defoe, aponta como a sutileza de Defoe poderia ser teansformada em crua e dbvia simplesmente evidenciando-se demais as mesinas palavras com itdlicos, travess6es, pontos de exclamacao ¢ outros sinais de se estar ciente da ironia.?° . A ironia tragica, entao, torna-se simplesmente 0 estudo do isolamento ‘tragico em si e, por meio disso, abandona o elemento do caso especial, que, em certo, "std em todos os outros modos. Seu heréi 7 sariamente nenhuma hamartia trgica ou obsessio Pateética: alguém que acaba isolado de sua sociedade. Portanto, o prit ironia trégica é que tudo o que de excepcional ocorrer ao heréi deve estar causalmente em descompasso com seu carter. A tragédia € inteligivel, nao no sentido de ter qualquer moral pronta para seguir, mas no sentido que les tinha em mente quando falou de descoberta ou reconhecimento © senddo essenciais ao enredo tedgico [Poética, cap. 11]. A tragédia é in. teligivel porque sua catdstrofe encontra-se plausivelmente relacionada a sua bX ironia isola da situagdo tragica a sensacao de arbitrariedade, de @ vitima ter sido azarada, selecionada aleatoriamente ou sorteada, nao me- recendo 0 que acontece a ela mais do que qualquer outra pessoa mereceria fem seu lugat. Se hd uma razao para escolhé-la para a catastrofe, é uma razio inadequada, e suscita mais objegées do que as responde. A figura de uma zar-se na tragédia doméstica nico. Podemos chamar essa ima tipica déipharmakos ou bode expiatério. pen expiae ELT.N. Rayor Lond Comat 136 p: ro ines cr I lc Rotinn Co’ gue deminadaprsoen gula depois del 5 ra “digna de Shakespe “ comesado um novo pardgraio” (Samuel Tay George Whalley. Londres, Rutledge 8 Kegan Paul, 1984, vol.2, p. 160.61), 156 | Anatomia da Critica Encontramos figuras de pharmakos no Hester Prynne, de Hawthorne, no Billy Budd, de Melville, na Tess, de Hardy, no Septimus de, Mrs. Dalloway, nas historias de judeus e negros perseguidos, nas historias de artistas cu “Benios os tornam Ishmaels de uma sociedade burguesa-O pharmakos nao é inocente, nem culpado. £ inocente no sentido de que aquilo que Ihe sucede “E muito maior do que qualquer coisa proveniente de una agio sua poderia ter provocado, como o montanhista cujo grito provoca uma avalancha. E culpado no sentido de que é um membro de uma sociedade culpada, ou vive num mundo onde tais injusticas si0 uma parte inescapavel da existéncia. Os dois fatos nao vém juntos; eles permanecem ironicamente & parte um do outro. © pharmakos, em resumo, esta na situagio de J6. J6 pode defender- -se da acusacio de ter feito algo que torne sua catéstrofe moralmente inteli sivel; mas o éxito de sua defesa torna-a moralmente ininteligivel incongeuente e o inevitavel, que estdo combinados na tragédia, por- tanto, separam-se em polos opostos de ironia. Em um polo, esté a inevitavel iconia da vida humana. O que ocorre, digamos, ao her6i de O Processo, de Kafka, no é 0 resultado do que ele fez, mas o fim do que ele é que é um ser “demasiado humano”."" O arquétipo do inevitavelmente irdnico é Adio, natureza humana sob pena de morte. No outro polo esti a incongruente qual todas as tentativas de transferie culpa a 0 da dignidade da inocéncia. O arqueé do incongruentemente irdnico é Cristo, a vitima perfeitamente inocente, cexcluida da sociedade humana, A meio caminho entre os dois polos esta a figura central da tragédia, que é humana e, mesmo assim, de um tamanho leva consigo a sugestio da divindade. Seu ar- itado pelos deuses por ter se tornado uma tragédia do tipo prometeico, ‘mas uma ironia tragica na qual ica das naturezas di realiza-se por conta propria. Ao se justificar como uma vitima de Deus, J6 srénta tornar-se uma figura trigica prometcica, mas nao consegue. \ Bssas referéncias podem ajudar a explicar algo que, por outro lado, concertante a respeito da litecatura moderna-Airow__ ico_haixo:-ela-inicia-no-realismo ¢ na obserrata | heroico, que frequentem« quétipo é Prometeu, 0 ti amigo dos homens. O Li a ¢ humana \ desapaixonada. Mas, conforme o faz, a ironia ehovenSocane em dirego 0.mito, «.vagos concomnos de rituais sacrificiais e deuses agonizantes co- ‘mam um. reapareciméniS do mito no ironico fica particularmente claro A reaparecer nela. Nossos cinco modos evidentemente fort em Kafka e Joyce. Em Kafka, dé cujo trabalho, sob determinado onto de vista, pode-se dizer que forma uma série de comen J, 08 tipos contemporineos comuns de ironia trégica, 0 judeu, 0 artista © Joao Ninguém, e uma espécie higubre do palhaco de Chaplin, 5 encontrados, a maioria desses elementos est combinada, em t ‘cémica, no Shem, de Joyce. No entanto, 0 mito irénico é suficientemente frequente em todos os lugares, e muitas caracteristicas da literatura sao ininteligiveis sem ele. Henry James aprendeu seu oficio especial te com os realistas ¢ naturalistas do século XIX, mas se fOssemos julgar, or exemplo, a histéria chamada de The Altar of the Dead (0 Altar dos Mortos] puramente por padrdes mis -la uma combinagio de coinci sio todos ticos baixos, teriamos de considers ; ia improvavel, motivagio inadequada e resolugio inconclusiva. Quando olhamos para cla como mito ironic, uma historia de como o deus de uma pessoa é 0 pharmakos de outra, sua estru- ‘ura torna-se simples e logica MODOS FICCIONAIS COMICOS| Qeems do comico € a integragio da sociedade, que geralmente t forma da incorporagao de Uifia persoragem central a cla-A Comedia Ti 162, a hist6ria de como correspondente & morte do deus dionisiaco'€ apol uum her6i é aceito por uma sociedade de deuses. Na literatura clissica, 0 tema da aceitacio faz parte das historias de Hércules, Merciirio e outras © divindades que tinham de passar por uma provacao e, €0 tema da galvagdo, ou, em uma forma mais concentrada, comédia que se encontra bem no final da. ¥ feratura cris da assungio: media de Dante. O modo da *giaco € mais bem descrito como o idilico no Pode igualar a introversio do elegiaco, mas ele pre: serva.o.tema.da fuga da sociedade-a ponto deidealizar uma da no campo ou.na a storal da literatura popular moderna é a choco SP (roeb eo (vote mio 158 | Anatomia da Critica hiscoria d¢faroesi).A associacio intima com as naturezas animaLe-vegesal, que ressalramos no élegiaeo € recorrefite fas ovelhas e pastagens agradaveis (ou no gadoe nos ranchos) do idilico, ¢ a mésmia Conexao direti’ Com 0 mito 1 imagens sio usadas com frequéncia, como Antiga de Aristofanes> na ia irowna rane Raa Tart A Renascenga, de modo que sempre houve um viés mimético acentuadamente baixo para a comédia social. Em Aristéfanes, ha geralmente uma figura central que constréi sua prépria sociedade em face de forte oposigao, rechacando, uma depois da outra, todas as pessoas que chegam para impedi-lo ou exploré-lo, atingindo, no final, um triunfo heroico, completado com amantes, em que as vezes recebe as honras de um deus renascido. Notamos que, do mesmo modo que ha uma catarse de piedade ¢ temor na tragédia, ha também uma catarse das emogdes cémi- cas correspondentes, que so a simy © her6i cémico obteré seu triunfo independentemente se 0 que fez tenha sido sensato ou tolo, honesto ou vil. Borate, 2 Comédla Anta, assim tragédia que lhe é contemporanea, é r ero ixdnico, Em algumas pegas, ese fao encontre-Se-pat ; ‘Bald Torte desejo de Aristofanes de registrar sua propria opiniao a respeito do que o herdi estéfazendo, mas sua maior comédia, As Aves, preserva um extraordindrio equilibrio entre herofsmo cémico € s ‘A Comédia Nova normalmente apresenta uma intriga erotica entre um apaz€ uma moga, que € impedida por algum tipo de oposigio,geralmente paterna, e resolvida por uma reviravolta no enredo, que é forma cOmica do “reconhecimento” de Aristételes, ¢ & mais manipulada que sua contca- parte trégica. No inicio da pega, as forcas que se opdem ao herdi esto no controle da sociedade da pega, mas depois de um reconhecimento em que o jovem se tora rico ou a heroina respeitvel, uma nova sociedade cristaliza- -se no palco ao tedor do heréi e de sua noiva. A aco da comédia, portanto, Primeizo Ensaio | Critica Histérica: Teoria dos Modos comédia romantica que mais de perto se assemelha as suas, ha um desen- volvimento dessas formulas em uma direcio mimética mais distintivamente clevada. Na figura de Prospero, temos uma das poucas abordagens a técni- a aristofanica de ter toda a azo cOmica projetada por uma personagem central. Geralmente, Shakespeare alcanca seu padrio mimético elevado ao fazer que a luta entre a sociedade repressiva ea desejavel seja uma luta entre dois planos de existéncia, sendo a primeira como nosso proprio mundo ou Pior que ele e a ultima, encantada e idilica. Esse ponto sera explorado mais tarde com maior detalhe. Pelas razdes dadas aqui, a comédia doméstica da ficeio posterior pros- segue basicamente com as mesmas convengdes usadas no Ren: A comédia doméstica ger arq tipo de coisa que ocorre quando a virtude de Pamel in- “Corporatio de um individuo muito semelhante'ao leitor a sociedade sseja- da por anibos, uma sociedad recebida com um alegre farfalhar do-vesido. ncdrias. Aqui, novamente, a comédia shakespeariana Spode ante TET 5S6as de interesse dramatico equivalente em casa- mento, do mesmo modo que uma tragédia mimética elevada pode matar o ‘mesmo miimero de pessoas, mas, na comédia doméstica, tal difusao de ener- sia sexual é mais rara. A principal dferenga entre a comédia elevada e a bai xa, entretanto, 6 que o desfecho desta tiltima envolve mais frequentem: luma promogdo social. Escritores mais sofisticados da baixa feequentemente apresentam a mesma formula da his ou Stendhal, um patife esperto ¢ cruel pode atingir 0 mesmo tipo de sucesso dos heréis virtuosos de Samuel Smiles ¢ Horatio Alger. Assim, a contraparte cmica do‘alazon parece ser oespert, carismatico ¢ sem esciipuloxpicara™ 4a novela picaresca, Ao estudar a comédia irdnica, devemos iniciar com o tema da expulsio do pharmakos a partir do ponto de vista da sociedade. Isso apela 20 tipo de alivio que se espera que sintamos quando vemos o Volpone de Jonson condenado as galés, Shylock despido de sua fortuna, ou Tartufo levado tornar esse tema convincente, a no ser que seja tocado lagdo & tragédia irdnica. In- no tema da vinganga social contra um individuo, no importando quo patife ele possa ser, tende a fazé-Jo parecer menos envolvido com a alo 160 | Anatomia da Ceitica culpa, ¢a sociedade, contrariamente, mais. Isso é particularmente verdadei- 0 para personagens que tentam divertir tanto a audiéncia verdadeira como 1 interna, e que sio as contrapartes cOmicas do heréi trégico como artista. ‘gdo & personagem que diverte, seja bobo, palhaco, bufio ou simpl6- rio, pode ser uma das ironias iveis conhecidas pela arte, como a rejeigio de Fal tra, e também certas cenas de Chaplin. Em certa poesia religiosa, por exemplo,no final do Paraiso, poclemos ver_ que'a Ineratura tem_um limite super em que uma visio ima- Binativa de um mundo eterno torna-se uma experiencia dele. Na comédia irGnica, comecamos a ver que a arte também tem um ‘eal. Esta & q-condigao de selvageriayo mundo no qual a coma conte “em infligir dor a uma vitinia indefesa, ea tragédia em suporté-la. A comédia a-n0s a figura do ritual do bode expiatrio.e do pesat 6 io humano que concentra nossos medos e dios. Ultrapassamos “da arte quand se simbolo se torna éxistencial, como ocorre com 0 que sofre um linchamento, com o judeu vitima de um pogrom, com a velha perseguida numa caga as bruxas, ou com alguém atacado aleatoriamente por uma multidao, caso do poeta Cinna, em Jilio César. Em Aristéfanes, a ionia, as vezes, chega muito pr6xima & violéncia da multidao porque os ataques so pessoais: € s6 pensar nas risadas fceis que ele consegue, peca apés peca, a custa da pederastia de Clistenes ou da covardia de Cleénimo.” Em Arist6fanes, a palavra pharmakos significa simplesmente patife, sem qualquer absurdo quanto a isso. Na conclusio de As Nuvens, em que 0 poeta parece estar praticamente incitando uma turba a sair e queimar a casa 10s a contraparte cémica de uma das maiores obras- ratura, a Apologia de Plato. desagradavel, mesmo do horrivel, parece see muito importante.!? Notamos isso particularmente em todas as formas de arte em que um grande niimero As Nawons As Vespas Ae es. © Ck Max Eastman, Enjoyment of Laughter. Nova York, Simon & Schuste, 1936; que fornce alguns comentiiosluminadores sobre os papéis do eirom edo alazon. Primeizo Ensaio | Critica Histériea: Teoria dos Modos | de espectadores esta simultaneamente presente, como no drama, mais obviamente, em jogos. Percebemos ainda que jogar com 0 nao tem nada a ver com qualquer resquic como foi sugerido para a Com ritual, o fio do 4 morte mimica, o carrasco, a vitima substituida, si do que em Aristéfanes. Certamente nao ha evidéncias de que o basebal descende de um ritual de sacrificio humano, mas o aebitro é de tal form: um pharmakos que como se descendesse: ele é um patife abandonado, un ladrao maior do que Barrabas; ele tem mau olhado; os torcedores do tim derrotado gritam por sua morte. Durante o jogo, as emogdes da multidac io fervidas em uma panela aberta, por assim dizer; na multidio de li clas estdio em uma fornalha selada do que Blake chamati talvez seja a mais egncentrada ene todas as parddias selvagens ou demoniacas do drama. on le 0 fato de que estamos agora numa fase irbnica da literatura justifica em glande parte, a popularidade da stra de dtetve, a formula de com tam cagador de homens localiza um pharmakos e se livra dele, A Historia d ies nes Como uma intensificagac detetive inicia-se no periodo deSherl do mimético baixo, no agugamento da atengao a detalhes aque faz que ast vialidades mais enfadonhas e negligenciadas da ficincia misteriosa ¢ fatidica. No > conforme nos distanci ao redor de um cadave sto Sempre fer Per spire Cos Morais Voc ato pode tr Libesdae nse Mundo sem oqu vot cama de Vite Moral Sot pode ‘Vireude Moral sem 2 Escravidio daqu a le moral no sentido ibnico de Blake. 162 | Anatomia da Critica _acaso é muito forte, pois o caso contra ela somente é manipulado plausivel- “mente. Se fosse realmente mevicsvel devetiaios ter ironia tagica, como em Crime @ CASTS, onde 0 crime de Raskolnikor-esté io entielagado com sen. +r que fio ha nénhuma chance de se ter u ‘Na brutalidade érescenté da historia pe protegid pela convengio da forma, como é convencionalmente imp que 0 cacador de homens possa estar enganado em acreditar que um de seus suspeitosseja.0 assassino), 0 desvendamento comega a se fundir com 0 suspense como uma das formas do melodrama. No melodrama, dois temas so importantes: o triunfo da virtude moral sobre a vilania, ¢ a consequente idealizagao das posigdes morais que se presume serem as mesmas do pabli- co, No melodrama do suspense brutal, chegamos tao perto quanto é nor- malmente possivel que a arte chegue da pura presungao de justiga peculiar ue todas as formas de melo- am propaganda antecipada para 0 estado de policia, na medida em que isso representa a regularizacio da violencia da multidao, se fosse possive levé-las a sério. Mas isso niio pa- rece possivel. © muro de protecao do jogo continua drama, em particul & mais provavel & que seja olhado com ironia pelo le ‘0 temor do melodrama vistos como conversa fiada sentimental e solenidade corujesca, respectivamente. Um polo da comédia irdnica é o reconhecimen- to do absurdo do melodrama ingénuo, ou, pelo menos, do absurdo de sua iva de definir 0 inimigo da sociedade como uma pessoa de fora dessa la se desenvolve em direg4o a0 polo oposto, que é a ver- ir, que define o inimigo da sociedade como ‘ito de dentro dessa sociedade. Organizemos as formas da comédia_ irénica a partir desse ponto de vista, Pessoas cultas vao a um melodrama para vaiar o vildo com um ar de ndescendéncia: elas esto assinalando o fato de que nao podem levar sua inia a sério. Temos aqui ipo de ironia que corresponde exatamente ao de duas outras grandes artes da idade irénica, a publicidade ¢ a propa- ganda, ESAS, ingem dirigir-se seriamente-a Tima plateia subliminar poe ser suficientemente simploria para aceitar;-em-seu valor apatente, as Historica: Teoria dos Modos | >. ercebendo que a ironia nunca diz Precisamente o que que Mos essas artes ironicamente, ou, pelo menos, consideramo-la como um tipo de jogo irénico. De forma semelhante, | s com uma forte percepgao da irrealidade da v io é, sem diivida, um crime sé fosse uma ameaga maior @ nossa dizer, io, mas se o homicidio realment ‘agio, nao seria relaxante ler sobre assunto, Pademos comparar a iss0 os insultos despejados sobre o rufido n. comédia romana, que, de forma semelhante, embasavam-se no fundamer indiscutivel de que os bordéis sao imorais. © passo seguinte & uma comédia irdnica dirigida as pessoas, que poden perceber que a violéncia homicida € menos um ataque de um individuo ma ligno a uma sociedade virtuosa do que um sintoma do préprio vicio dess sociedade. Uma comédia assim seria o tipo de parédia intelectualizada d formulas melodraméticas representadas, por exemplo, pelos romances {“7c vels”| de Graham Greene. Em seguida, vem a comédia irdnica direcionad a0 proprio espirito melodramético, uma tradicao surpreendentemente per sistente em toda a comédia em que haja uma ampla mistura irénica. Not uma tendéncia recorrente pelo lado da comédia irénica de ridicularizar repreender uma plateia que se presume ansiar por sentiment, solenidade pelo triunfo da fidelidade e dos padtdes morais aceitos. A arrogancia de Jon son e Congreve, 0 deboche do sentimento burgués em Goldsmith, a pard de situagdes melodraméticas em Wilde e Shaw pertencem a uma tradigai consolidada. Moli 1a que agradar seu rei, mas ndo era temperamental ‘mente uma excesio. Ao drama cémico pode-se acrescentar a ridicularizaga do romance melodramatico nos romancistas, de Fielding a Joyce. Por fim, vem a comédia de costumes, o retrato de uma sociedade ta garela, devotada ao esnobismo ¢ a difamagao. Nesse tipo de ironia, as pet sonagens que so contrarias & sociedade ficcio simpatia da plateia. A tragica, como podemos ver no destino pavoroso do herdi relativamente ino fensivo de Um Punhado de PS, de Evelyn Waugh. Ou podemos ter um: personagem que, com a simpatia do autor ou da audiéncia, repudia tal so ciedade a ponto de deliberadamente abandoné-la, tornando-se assim um: espécie de pharmakos ao contrario. Isso ocorre, por exemplo, na conclu sio de Folhas Iniiteis, de Aldous Huxley. F. mais comum, entretanto, que | 164 | Anatomia da Critica artista apresente um beco sem saida irBnico, no qual o heréi é visto como ‘um tolo ou coisa pior pela sociedade ficcional, e, mesmo assim, impressio- na o piblico verdadeiro como portador de algo mais valioso do que sua sociedade. O exemplo Sbvio, e certamente um dos maiores, é O on [Meu Destino é o Paraiso] e The Boca do Cavalo] sfo exemplos que dardo alguma ideia da abrangéncia do tema. que dissemos sobre o retorno da ironia para 0 mito nos modos trég cos, ent, aplica-se igualmente bem para os cOmicos, Até mesmo a literatu: “Ya popular aparenta estar vagarosimente taudando seu centro de gravidade © das historias de assassinatos para a ficeao cientifica — Ou, dé quidlquer modo, um Giescimenito rapido da ficgao Cientifiea & certamente um dado a respei +0 da literatura popular contemporinea. A ficcio cientifica frequentemente tenta imaginar como a vida seria em um cima dens, como e: Sow aetinar da selvageria; Seu cehrio'® com Frequéncia de um tipo que nos parece tecnologicamente iiraculoso. E, portanto, um moda do romance com wma forte tendéncia inerente a0 mito. E> ( car 0) A concepcio de uma sequéncia de modos ficcionais deveria ajudar, € He ue esperamios, a dar lini sentidg-mais Hexivel a alguns de noss0s rer” imos literérios. As palavras “romantico” e “realista”, por exemipla,.como. 7 gostumeiramenie usadas, so termos.comparativos ou relativos: ilustran ° “tendéncias em fieco e nao podem ser usadas como adjetivos simplesmente ©, ~deserisivos Com qualquer tipo de -exatidio. Se tomarmos a sequéncia De Rapitu Proserpinae [O Rapto de Prosérpina], The Man of Law’s Tale [O -**Conto do Homem de Leis], Muito Barulbo por Nada, Orgulbo e Precon- oe t comparada as que a sucedem, ¢ “Fealista™ se comparada 85 gue (dela; Por.sua-ver;o vermio “natiralisma” Surge, em Sia perspectiva adequa-— <-da, como uma fase da ficcao que, de forma-muito semelhante a historia de— SS fo dessive embora-de-um modo muito diferente, inicia-se como uma intensi-_ Oe ficagio do mimético baixo, uma tentativa de descrever a vida exatamente- Gino la 6, termina, pele propria logica dessa tentativa, em ironia pura "Romances de Jarlasy Hasek (1923), Thornton Wilder (1935) « Joyce Cary (1948) Primero Ensaio | Critica Hi ica: Teoria dos Modos | _Portanto,a.obsessio de Zola com {érmulas irdnicas deram-the a reputaca un. ahtervador imparcial da cena humana. oe AA diferenga entre 0 tom irénico que podemos encontrar no mimé baixo ou em modos mais ant propriamente dito nao é exemplo, usa a ironi 08 € a estrutuera irénica do modo irénic Juando Dickens, po itor é convidado a compartilhar a ironia, porqu certos padrdes de normalidade comuns tanto ao autor quanto a0 ressupostos. Tais pressuposigdes so uma marca de um modo relativamen te popular: como o exemplo de Dickens i lacuna entre a ficgdo séri © a popular € mais estreita no A aceitacio literdria de normas sociais relativamente estéveis esta intims a reticéncia do mimético baixo, se comparado a ficgi irdnica. Nos modos miméticos baixos, as personagens sio géralmente apre sentadas como aparecem para as outras, completamente vestidas e cor ‘uma grande porgao, tanto de suas vidas teriores, cuidadosamente extitpada. Tal abordagem é inteiramente coerent ‘com as outras convengdes envolvidas. Se fOssemos fazer dessa distingao a base de um juizo de valor compa » que, certamente, seria um juizo de valor moral disfargado de jui critico, seriamos forgados ou a atacar as convengdes miméticas baixas po serem pudicas e hipécritas, deixando boa parte da vida de fora, ou a ata car as convensées irdnicas por no serem benéficas, saudaveis, populares nquilizadoras e sensatas, como as convencdes de Dickens, Enquanto esti vvermos preocupados simplesmente em distinguir entre as convengées, preci saremos somente ressaltar que o mimético baixo é um degrau mais heroic do que 0 irdnico, e que a re mimética baixa tem o efeito de torna suas personagens, na média, mais heroicas, ou, pelo menos, mais dignas, dc que as personagens na ficgao irénica. Podemos também aplicar nosso esquema aos principios de selecao so _bre'6s qiiais um eséritor de ficcao opera. Tomemos, como um exemplo ac ‘acaso, 0 uso de fantasmas na fico, Em um mito verdadeiro, obviamente. no pode haver distincao consistente entre fantasmas e seres vives. No ro: mance, temos seres humanos reais, e, consequentem rat 0s fantasmas es ‘oem uma categoria separada, mas, em um romance, um fantasma, via de regea, & meramente mais uma personagem: ele causa pouca surpresa, por ue sua aparéncia nao é mais maravilhosa do que muitos outcos eventos Ex: 0 ts & toma da No mimético elevado, onde estamos dentro da ordem da natureza, érelati- ‘vamente fécil introduzir um fantasma, porque o plano da experiéncia est: acima do nosso, mas, quando ele aparece, ele é um ser misterioso e horti- ‘Imente, outro mundo. No mimético finados historias de fantasmas” Na ficco mi ; “em obséquio ao ceticismo de um tim ceticismo que se estende apenas as con- vengdes miméticas baixas."” As poucas excecdes, tal como O Morro dos Ventos Uivantes, sao suficientes para provar a regra — isto é, reconhecemos uma forte influéncia do romance em O Marro dos Ventos Uive algumas formas de ficgao irénica, a exemplo das obras tardias de Henry James, o fantasma comeca a voltar como um fragmento de uma personali- dade em desintegracao. "Assim que aprendemos a distinguir_os modos, entre “waprender entéo a recombina-los. Pois, enquanto um mi Tidade subjacente de uma obra de iecio, qualquer um dos outros quat iniesmo todos eles, podem estar simultaneamente preSemTES, Grande parte de nossa percepgio da sutileza da grande literatura provém desse contrapon. to modal, Chaucer é um poeta medieval especializado principalmente em romance, seja ‘ele sagrado ou profano. De seus peregrinos, 0 cavaleiro ¢ 0 paroco claramente apresentam as normas da sociedade na qual el como poeta, ¢, conforme se apresentam a nés, Contos da Cantuéria estio compreendidos entre essas duas figuras, que abrem e fecham a série. No entanto, n¢ iciar a maestria de Chaucer no tocante as técnicas irénica ¢ Cledpatra é mimética elevada, a hist6ria da-queda de_um. grande tider- “Porém, ¢ facil olhar para Marco Aaténio jronicamente, como um homem “Geravizado pela-paixio; €fécil-reconhiécer a humanidade que comparti- tha coriosco; € fécil ver nele-um avert Primo Ensaio | Critica Histérica: Teoria dos Modos | coragem prodigiosas traido por uma braxa; ha mesmo indicios d sobre-huiniano, cujas pernas abarcam 0 0 ‘oceano [: mspiragio do destino, apenas explicdvel por intert 3]. Deixar de fora qualquer um desses elementos a pega e diminui-la. Por uma andlise desse tipo podemos vir a perceber qu 08 dois fatos essenciais sobre uma ObFE AE arte, que ela € contemporaine ‘de Seu préprio tempo € que € contemporanea também do nosso tétipo, na sio fatos opostos, mas complementares. Nossa pesquisa de modos ficcionais também nos mostrou que a ter déncia mimética propriamente dita, a tendéncia a verossimilhanga ¢ | Precis de descrigées, é um dos dois polos da literatura. No outro pt estd algo que parece estar conectado tanto com a palavra mythos, de Aris t6teles, como com o sentido comum de mito. Ou sej tendéncia : contar uma histétia que é, em sua origem, uma historia sobre persona gens que podem fazer qualquer coisa e que apenas gradualmente pass fda em direséo a uma tendéncia de contar uma historia crivel o plausivel. Mitos sobre deuses convergem em lendas de herdis; lendas d herdis convergem em enredos de tragédias e comédiasy tramas-de-tragé dias e comédias convergem em enredos de ficcdo mais ow Tenos Fealista fo entanto, essas sio mudangas de contexto social mais do que de form: literéria, ¢ 0s prinefpios construtivos da narraco de historias permane cem constantes por meio delas, muito embora, é claro, se adaptem a clas ‘Tom Jones e Oliver Twist sao tipicos o bastante como pefsonagens mimé ticos baixos, mas os enredos as voltas coi de nascimento en ‘que estdo envolvidos sdo adaptagdes plausiveié de formulas ficcionais qu temontam a Menandro, e de Menandro &fon de Euripides, ¢ de Euripides a lendas como aquelas de Perseu e“Moisés. Notamos de passagem que a imitagao da natureza na ficg6 produz nao a verdade ou a realidade tas a plausibilidade, ea plgusibilidade varia em importincia, indo desc. ‘uma mera concessao ireleante em um mito 0 folclérico, até uma écie de principio cersor em um romance naturalista. Lendo adiante portanto,(podemos pensar em nossos modos romantic, mético elevado ¢ mini ARO una Sere de mitos deslocados, mythoi ou Formulas de entedo que vao progressivamente dando lugar uns 05 Outt0s em direcio ao polo-opostorde-Ver 5 € EHH; oA ironfa, comecam a tetornar. ss > (Asm x MODOS TEMATICO$ Aristételes listaGeis/aspectos da poesia: trés deles, melodia, dicsdo e «espeticulo, formam um grupo por si $6, yoltaremos a eles oportunamen- ie. OF outros trés sio pnythos ou fabula,/ethos, que inclui tanto as perso~ nnagens, como.o ne ja, bu “Pensamento”. As obras que consideramos até o kyomento sao obras de ficgao nas quais a fabula é, como Aristételes a chamou, a “alma” ou principio modelar [Poetica, cap. 6, par. 3], © a8 personage ente como fungdes da fébula. No entanto, além da fiegao interna do heréi ¢ de sua sociedade, ha + ayxd|_ uma fiegio externa, Yue & uma relagao entre o escritor e a sociedade.do.— eseritor. A poesia pode estar tio completamente absorvida em suas perso- jernas como esta em Shakespeare, ou em Homero, em que o prs- 0 nage “rio poeta simplesmente aponta para sua historia e desaparece; a segunda palavra da Odisseia, moi, é tudo o que temos de Homero nesse poerna."* jontudo, ass aumentar até que nao haja nenhuma hist6ria fora daquilo que 0 poeta esta transmitindo ao seu leitor mente de interesse prepond mental est na dianoia, a ideia ou pensamento poético (algo bem diferente, € claro, de outros tipos de pensamento).que.o leitor obtém do escritor, A melhor tradugio para-dianoid talvez seja “tema},, e a-literatura com esse interesse ideal ou conceitual pode ser chamada de tematica. Quando 0 lei- ‘qustiond “Como essa hist@ria val acabar?”>) a, especialmei 10 crucial da fébula que Aristételes chama de reconhesimento ou, ‘anagnorisis)Porém, ele ests igialimente inclinado a pergunt: ee que &x— “storia quer dizer?”. Esa questio relaciona-se & dianoia e indica que os temas tém seus élemaiitos de reconhecimento tanto quanto as fabulas. E facil dizer que algumas obras lterarias, quanto a sua énfase princi- pal, sio ficcionais, enquanto outras sio tematicas. Contudo, claramente nfo tor de um romance [* Andra mot emmape, mous, haem de itos ards” [Teak 2° Cdanain st | Critica Historica: Teoria dos Mods | existe algo como wma obra ficcional ou uma obra tematica de literatur pois todos os quatro elementos éticos ( personagem), o herdi, a sociedade do her ta, esto sempre, pelo menos potencialment existir uma obra literdria sem algum tipo d -0 no sentido de rel ionado poeta € 05 leitores do po etre Seu eviador ¢ seu pablico. Quando o publigy que 6 poeta tia € mente € substituido pela posteridade, a relacio muda, mas no deixa ¢ existir. Por sua ver, mesmo em poemas € ensaios, escritor é onto, um he rojecio ficcional des discurso diretamente 6 cert i ficcional com um piiblico ficticio, pois, se 0 elemento ¢ -cesse completamente, a escrita iria se tornar u ido a alguém, ou um escrito discursivo direci do, deixando de ser literatura. Um poeta, ao enviar um poema de amor sua dama, queixando-se da crueldade dela, amalgama os quatro element éticos em dois, mas os quatro ainda estao ali. Por isso, toda obra literdria possui tanto um aspecto ficcional com um aspecto temdtico, e a divida acerca de qual deles @ mais importan % com Frequéicia, simplesmente uma questdo de opiniao ou de énfase r interpretacdo. Citamos Homero como 0 exemplo acabado do escritor ficgao impessoal, mas a énfase principal da critica homérica, recuando a pot volta de 1750, pelo menos, tem sido preponderantemente tematic preocupada com a dianoia, ou ideal de lideranca implicito nas duas ep. peias. A Histéria de Tom Jones, um Enjeitado € um romance (“nov intitulado a partir de sua fabula; Razdo ¢ Sensibilidade 6 intitulado pel seu tema.%” Mas Fielding possui um interesse remético to forte (revelad especialmente nos capitulos introdutérios aos diferentes livros) quant Jane Austen em contar uma boa hist6ria. Ambos os romances (“novel sao fortemente ficcionais em énfase, se comparados a A Cabana do Tomds ou a As Vinhas da Ira, em que a fabula existe primordialmeni para ilustrar os temas da escravidao ¢ do trabalho migratério, respect vamente. Eles, por sua vez, so ficcionais em énfase se comparados a TI ’s Progress [O Progresso do Peregrino], e The Pilgrim's Progress mal em énfase se comparado a um ensaio de Montaigne. Notam: que, conforme nos deslocamos da énfase ficcional para a énfase tematic Criticiom. BA, RS, Crane, Chicago, OO 170 | Anatomia da Critica narrativa”, em vez de “fabula”, ~~ Quando uma obra de ficgie''escrita ou interpretada tematicamente, la sé tortia uma parabola ou fabula ilustrativa. Todas ayalegorias formais ossuem, ipso facto, um interesse temético forte, embora disso nao se pos- sa concluir, como frequentemente se faz, que qualquer critica temética de uma obra de ficcao ira torné-la uma alegoria (embora seja possivel que isso acontea, como de fato ocorre, conforme veremos). alegoria genuina clemento estrutural na literatura: ela deve estar alie no pode ser acrescen- tada apenas pela interpretacao critica Como dito, quase todas as civilizagSes possuem, em seu estoque de m tos tradicionais, um grupo em particular que se considera mais sério, com mais educativo, e mais proximo & realidade e & verdade do que os demais. Para a maioria dos poetas da era crista que usaram tanto mais autorida: reratura lima ndo se manteve no mesmo embora sejam ambas igualmente tica literdria. Essa distincao entre mito canénico ¢ apécrifo, que pode ser encontrada mesmo em sociedades primi tivas, dé ao prim Agora, temos que ver como nossa sequen: ‘0 grupo uma importancia tema a especial de modos funcion: da literatura, Aqui, reremos de nos réstringit mais estrica ue © processo de condensacio que notamos narcado no lado tematico. ncontra-se ainda mais de isolé-lo, Na literatura tematica, 0 poeta pode escrever como um indivi duo, enfatizando o isolamento de sua personalidade ¢ o carater dis itude produz a maioria dos poemas e ensaios, uma boa porgio da sitira, os epigramas e a escrita de “éclogas”, ou pecas ocasionais em geral. A frequéncia dos estados de espirito de protesto, la- mento, zombaria e solidio (amarga ou serena) em tais obras talvez possa indicar uma analogia, grosso modo, com os modos tragicos de ficgdo. Ou © poeta pode devotar-se a ser um porta-voz de sua sociedade, o que sig- nifica, jd que ele no esta se dirigindo a uma segunda sociedade, que um conhecimento poético ¢ uma forga expressiva que é latente ou necessétia em sua sociedade encontram nele sua expressio. de sua visio. Essa Tal atitude produz uma poesia que é educativa em seu sentido mai amplo: epopeias de tipo mais tematico ou artificial, poesia e prosa d lagdes enciclopédicas de mitos, folclore e lendas, como 3 lio e Snorri, em que, apesar de as hist6rias serem ficcion: ganizacao delas e 0 motivo para c é educativa nesse sentido, a funco soci 20 las sio tematicos. Na poesia qu do poeta figura proeminen mente como um tema. Se chamarmos a poesia do indivi féncia “lirica” e a poesia do porta-voz social como de tendénci (em comparagao as ficgdes mais “draméticas” das personagen ‘ernas), talvez obtenhamos alguma concepcao preliminar sobre el Mas € Gbvio que nao estamos aqui usando esses termos em nenhum ser 10 isolado com tido genético, e como eles certamente deveriam ser usados num sent genérico, devemos abandoné-los de uma vez por todas e sub: um individuo, suas formas tendem a ser descontinuas; quando ele se cc ‘munica como um homem profissio a buscar padres mais estendidos. § No plano mitico, ha mais lenda que evidéncias, mas nio restam diivida de que 0 poeta que canta sobre deuses é frequentemente considerado com cantando feito um deus, ou como um instrumento de um deles, Sua fung social é a de um ordculo inspirado; ele est, com frequéncia, em éxtase, ¢ ou vimos hist6rias estranhas sobre seus poderes. Orfeu podia arrastar arvore atrs de si; os bardos e ollaves do mundo celta podiam matar seus 1, com uma fungio social, ele tend Itado como oréculo em um estado de “entusiasmo” ou possessao divina, No entant¢ com o tempo, o deus dentro dele revela sua natureza e histori muito claramente na emergéncia‘do mito do messias'a partir dos ordculo ‘do a partic de uma série de pronunciamentos oraculares, Podemos ver is. os profetas hebreus. O Cordo é um exemplo histérico claro, no inicio d ‘periodo ocidental, do modo n oracular aio tio amplament isolados. Para exemplos mais recentes, tais como os oraculos extati eb 172 | Anatomia da Critica quais se diz serem um aspecto importante da cultura dos indios das grandes planicies norte-americanas, fcamos na dependéncia dos antrop. Dois principios de alguma importincia ja se encontram it nossa discussio. Um é uma concepgio de um corpo de visio total confiado 40s poetas como classe, um corpo total tendendo a se incorporar em uma forma enciclopédica nica, a qual pode ser tentada por um inico poeta, se cle for suficientemente culto ou inspirado, ou por uma escola p. tradigio, se a cultura for su smogénea. Notamos que contos, ritos e historias tradicionais tém uma tendéncia forte a permanecerem uni- dos ¢ formarem agregados enciclopédicos, especialmente quando esto em ‘um metro convencional, como geralmente esto. Um processo como esse foi postulado a respeito das epopeias homéricas, , na Edda em prosa, os temas dos lais fragmentirios da Edda antiga estio organizados ém uma sequéncia interligada em prosa. As historias biblicas obviamente se desenvolveram de forma semelhante e, na india, onde o processo de transmissGo era mais livre, as duas epopeias tradicionais, o Mahabharata e 0 Ramayana, aparen- temente seguiram dilatando-se por séculos, como pitons engolindo ovelhas. A ampliagio do Romance da Rosa em uma sitira enciclopédica por um segundo autor € um exemplo medieval. No Kalevala finlandés, tudo o que se encontra unificado ou em sequéncia no poema é uma reconstrugio do século XIX. Disso nao se segue que o Kalevala, considerado como uma epo- peia Gnica, seja uma farsa: ao contrério, segue-se que o material do Kalevala € tipo de material que se presta prontamente a tal reconstrucio. No moda mitico, a forma enciclopédica € a escritura sagcada e, nos outros modos, /\ deveriamos esperar encontrar formas enciclopédicas que constituissem uma rie de analogias cada ver mais humanas da revelaco mitica ou escritural 7+ © outro principio é que, enquanto é possivel que haja uma grande ‘Variedade de formas episédicas em qualquer modo, podemos atrelar, em qualquer modo, uma significdncia especial a forma episédica em parti (cular que aparenta ser 0 germe do qual as formas enciclopédicas se de- £4 senvolvem. No mi ul abola, Yaforismo Sa profecia. esses, scjam agru- 9" pados de forma solta como eles estéo no Corio, sejam cuidadosamente editados € organizados como cles estio na Biblia, a escritura ou livro sagrado toma forma. O Livro de Isafas, por exemplo, pode ser analisado Primeito Easai ia Hstrica: Teoria dos Modos | como uma massa de oraculos separados, com trés focos principais, po assim dizer, um preponderantemente pré-exilico, um e3 lico. Os “altos criticos” da Biblia ndo sao ct iterarios, e nés mesmo devemos dar a sugestdo de que o Livro de Isaias é, de fato, a unidade qu tradicionalmente se considerou que fosse, uma unidade nao de autoriz mas de tema, tema esse que, em epitome, é 0 tema da todo, como a parabola de Israel perdido, cativo e redimido. No periodo do romance, 0 poeta, como o heréi correspondent toriiou-se um ser humang, e-e ara o céu. Sua funca agora & especialmente recotdar-se JN Membria, dizia o mito grego n io de seu periodo histérico, é a m&e-das Musas, que inspiram poetas, mas nao mais no mesmo grau em que o deus inspira O-OTECMT émbora os poetas tenham se agatrado 4 conexdo tanto quanto puderan Em Homero, no possivelmente mais pri idade heroica do Norte, podemos ver o tipo de coisa que o poeta tinh ico e um pés-ex 0 Hesiodo, nos poetas d que lembrar. Listas de zeis e tribos estrangeiras, mitos e genealogias ¢ deuses, tradigées histéricas, os provérbios da sabedoria popula, tabu dias de sorte e de azar, encantamentos, 0s feitos dos herdis tribais, era algumas das coisas que broravam quando 0 poeta abr palavras. O menestrel medieval, com seu repert6rio de histdrias memor zadas, e 0 poeta clerical que, como Gower ou 0 autor do Cursor Mund tenta colocar tudo 0 que sabe em um vasto poema ou testamento poétic pertencem 4 mesma categoria. O conhecimento enciclopédico em ¢ poemas € considerado sactamentalmente, como uma analogia human do conhecimento divino._ A.era dos herdis romanticos é, em grande parte, uma era némade, e seu poetas frequentemente s20 andarilhos. O menestrel andarilho e cego é tr dicional tanto na literatura geega como na celta; a poesia em inglés antig expressa exemplos da mais desolada solidao na lingua inglesa; teovadores satiristas goliardos vagam pela Europa na Idade Médias 0 pr tava no exilio. Ou, se 0 poeta fica onde esta, €a poesia que viaja: os conte folcléricos seguem as rotas de comércio; baladas e romances retornam di grandes feiras; ou Malory, escrevendo na Inglaterra, conta a seus leitores que diz o “liveo francés” que foi parar em suas mios. De todas as fcc5es, Jornada maravilhosa% a formula que nunca é rida, e € essa ficgio qu Cempregada como uma parabola no poema enciclopédico definitivo d seu acervo d 174 | Anatomia da Critica ‘Salidade, seja helénica em uma era, seja crista romana em outea, Seu tema episédico tipico talvez seja mais bem descrito como o tema do limite de conscigncia, a sensaao da mente poética conforme passa de um mundo para 0 outro, ou como estando simultaneamente consciente de ambos. O poema do exilio, 6 lai do Widsith ou viandante, que pode ser um menestrel andarilho, um amante rejeitado, ou um satirista né- made, normalmente contrasta os mundos da meméria ¢ da experincia, © poema da visio, convencionalmente datado em urna manha de maio, contrasta os mundos da experiéncia e do sonho. O poema da revelacio por meio da graca divina ou feminina contrasta a dispensacao antiga com a vita nuova. Nos versos de abertura do Inferno, a afinidade do grande _poema enciclopédico, tanto com o poema do exilio como com 0 poema da visio, est claramente marcada. . ue stabelecida em toro da corte e da capital, e uma perspectiva centripeta "a perspectiva centrifuga do romance Os objetivos disrantes da ‘dade de Deus, modulam em simbolos de con- pe, da nacao e da f€ nacional. Os poemas _ énciclopédicos desse periodo, The Faerie Queene [A Rainha das Fadas], Os Lusiadas, Jerusalém Libertada, Paraiso Perdido, so epopeias nacio- ‘nais unificadas por ideias patriéticas ¢ réligiosas: As raz6es para o papel ‘excepcional dos elementos politicos no Paraiso Perdido so conhecidas, ¢ ¢ no consiste em algo dificil. Ao lado de ilgrim’s Progress, ele também se constitui de um tipo de introdugio imético baixo inglés, sendo, em um de seus aspectos essenciais, a do Homem Comum. Tais epopeias teméticas sio, via de regra, reconhecidamente diferentes em énfase das narrativas, em que o interesse principal esté em contar a hist6ria, como na maioria da poesia épica da idade heroica, na maioria das sagas islandesas e dos romances celtas, e, no periodo do Renascimento, na parte maior do Orlando Furioso, embora 08 criticos do Renascimento tenham demonstrado que era bem possivel interpretar Ariosto tematicamente. © tema epis6dico central do mimético elevado € o tema do centro de atragdo off Slhar centripetO>que, seja dirigido 4 amada, ao. amigo ou adi vindade, parece ter algo em si da corte olhando o seu soberano, do tribunal Primeiro Ensaio | Critica Histérica: Teoria dos Modos | olhando o orador, ou da plateia olhando 0 ator. Pois © poeta mimético el vado é preeminentemente um cortesi iro, um pregados, ‘orador piblico, ou um mestre de decoro, e 0 mimético elevado € 0 peri Bir Gue 6 teatro de paleo adquire seu posto de principal veiculo das fo ‘mas ficcionais. Em Shakespeare, o controle do decoro é tio grande que su dele inteiramente, mas & improvavel qu isso acontega com um dramaturgo que tenha um forte interesse tema como Ben Jonson. De regra, o poeta mimético elevado tende a pensar sua fungdo em relagao a lideranca social ou divina, estand6 fema da lid “Fanga ho centro de seu modo ficcional normal. O poeta-cortesdo devota sc ~conhecimento & corte e sua vida & cortesia: a fungao de sua educagio é servigo de seu principe, ¢ 0 climax dela é o amor cortés, concebido como preenchimento do olhar sobre a beleza na unido com ela, O poeta religios pode transfer esse imaginario para a vida espiritual, como os poetas met fisicos ingleses frequentemente fazem, ou ele pode encontrar suas imager centripetas na liturgia. A poesia jesuitica do século XVII e seu contrapont inglés em Crashaw possuem uma qualidade tinica de intensidade icdni Herbert, também, atrai seu Ieitor, passo a passo, a um “templo” vis 0 platonismo literério do perfodo mimético elevado é de um tipo apre priado ao modo. A maioria dos humanistas do Renascimento demonstrat uma percepeio forte quanto a importancia do simpésio e do didlogo, os a ppectos social educacional, respectivamente, de uma cultura de elite, Ha ai da uma pressuposicao disseminada de que a dianoia da poesia represent ‘uma forma, um padeao, um ideal ou um modelo encontrado na natureza. “ ‘mundo da natureza é de bronze”, afirma Sidney, “os poetas apenas produzer tum de ouro Ele deixa claro que esse mundo dourado nao é algo separad ureza, mas é, “em efeito, uma segunda natureza”" uma unificagio d personalidade desaparece detr: 1s lores de doce aroma, nem como que mais possa tomar a io amada tera ainda mais adorévl, Seu mundo € de bronze, os postas apenas produzem um de Ouro. Que n30 176 | Anatomia da Critica fato, ou exemplo, com 0 modelo ou preceito. O que é geralmente chamado de “neoclissico” na arte ¢ na critica é, sobretudo, em nossos termos, uma percepsio da dianoia poética como uma manifestagio da verdadeira forma Ya natureza, sendo a verdadeira forma pressuposta como a ideal, iiw’2"€Com o mimético baixo, em que as formas fccionais lidam com uma sGiedade intensamente individvalizada, falta somente uma coisa para se “eS Ger uma analogia de Tito, qual seja, um ato de eriacio individual, O resul- mento temético que, a + j certo ponto consideravel,vira as costas para as formas de fieso contem- “poréneas e desenvolve seu préprio tipo contrastante. As qualidades neces- sérias para criar Hyperion ¢ as qualidades necessérias para criar Orgulho ~ Preconceito, embora contemporaneas, parecem curiosamente opostas unas tado tipico disso 6 o“Romantismo”, um desen Ys outras, como se houvesse uma divisio mais acentuada entre o ficcion: 10s, & caracteristico do mimético baixo. Nessa época, 0 poeta te torna-se © que o heréi ficcional havia sido na era do romance, uma pessoa ‘extraordinaria que vive em uma ordem superior e mais imaginativa do que a da natureza. Fle cria seu proprio mundo, um mundo que reproduz muitas das caracteristicas do romance iccional ja mencionadas, A mente do poeta romantico normalmente esta em um estado de correspondéncia pai invulneravel aos assaltos do com a natureza e parece curiosam real. Uma tendéncia, que também encontra paralelo no romance ficcional fo, de transmutar dor e terror em uma forma de prazer encontra-se. ida no sadismo ¢ no imaginario diabélico da “agonia romanticat ) spédica desse periodo vai em direcao da construgio de epopeias mitol6gicas, nas quais os mitos representam estados mentais psico- logicos ou subjetivos. Fausto, especialmente na segunda parte, € 0 exemplo Primeiro Ensaio | Crit aa do.definitivo; deKeat
_No aspecto temético da literatura, a relagdo externa entre 0 autor ¢0 leitor torna:se mais prociinents, F quandorisso Ocorce, a8 eiogOes de le ade e tenor si0 ls ou relreadas em vez de purgadas. Na catarse, ‘as emocGes sio purgadas ao sere © das com a resposta, elas so desl mente. Notamos que 0 ter prévia de sentie medo de algo, tum fermo um tanto estreto para um sentimento que se estende do prazee de I! Penseroso a dor das Flores do Mal. Na area geral de prazes, surge a concepsio do sublime, na qual a austeridade, 0 tenebroso, 0 esplendor, 3 ada oBjeox onde lass env ¢ permanecem condigées prévias na sem um objeto, como uma condigao mental agora concebido como Angst ou angistia, ‘ou “penserosos” [: De forma similar, definimos a piedade sem um objeto como um a 1e encontra qualidades humanas por toda a natureza ¢ in- clui o “belo”, o termo tradicionalmente correspondente a0 sublime, O belo tem a mesma relagio com o diminuto que o sublime tem com a grandeza ¢ cencontra-se intimamente relacionado com a percepao do intrincado e do | extraordinario, As fadas do folclore inglés tornam-se a Semente-de-Mostar- | dade Shakespeare, e Pigwiggen, de Drayton, eo animismo de Yeats ets «ica: Teoria dos Modes | atrelado a sua percepgio de “muitas coisas adoriveis © engenhosas” e sta imagem do psa de brinued em Sling to Benin Naveen para Bizincio}. ~ Da-mesma forma que : abaare ¢ ‘a concepeao central da abordager i da literatura, o éxtase ou absorgio € a concepsio ‘SBordagem longiiiana) E@'€ um estado de identificagao em que o leito ‘0 poema ¢, &8 ve7ts; pelo menas idealmente, também o poeta esto envol vidos. Dizemos leitor, porque a concepcio longiniana é primordialment de uma resposta temiética ou individualizada: € mais Gil para a Hv como a aristotélica é mais itil para o drama. As vezes, porém, as categoria normais de abordagem no sio as corceras. Em Hamlet, como 0 St. E demonstrou,” a quantidade de emogao gerada pelo herdi é grande demai para seus objet certamente, a conclusdo correta a se tirar dessa ad mirvel observacao é que Hamlet é mais bem abordado como uma tragé de Angst ou da melancolia como um estado em si, em vez de simplesment como uma imitagao arist ica de uma acdo. Por sua vez, a falta de envolvi ‘erito emocional em Lycidas jé foi pensada por alguns, incluindo Johnso como sendo uma falha desse poema, mas, certamente, a conclusdo corre € que Lycidas, como Samson Agonistes [Sansio Guerreiro], deveria ser em termos de uma catarse com toda a paixio exaurida > Bm eu ens “Hamlet and His Problems” [Hara e Sexs Problemas s0 como “Hamlet” em Selected Eseay,p 141-46

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