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MÉTODOS GEOFÍSICOS

UTILIZADOS NA
INVESTIGAÇÃO DE ÁREAS
SUBMERSAS:
FUNDAMENTOS, EXEMPLOS DE
APLICAÇÕES

LABORATÓRIO DE GEOFÍSICA APLICADA


DIVISÃO DE GEOLOGIA – IPT
LUIZ ANTONIO PEREIRA DE SOUZA
TEL: (011) 37674375 FAX: (011) 3767 4767
EMAIL: laps@ipt.br
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A investigação geofísica de áreas submersas

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................... 1
2 PERFILAGEM SÍSMICA CONTÍNUA .................................................................................................................................... 2
2.1 O registro de campo ................................................................................................................................................ 3
2.2 Escala vertical ......................................................................................................................................................... 4
2.3 Escala horizontal..................................................................................................................................................... 5
2.4 Fontes de energia .................................................................................................................................................... 5
3 SONOGRAFIA ................................................................................................................................................................... 7
3.1 Escala dos registros de campo ................................................................................................................................ 8
3.2 Resolução.............................................................................................................................................................. 10
3.3 Interpretação dos dados ........................................................................................................................................ 11
4 ECOBATIMETRIA ............................................................................................................................................................ 12
5 EQUIPAMENTOS ............................................................................................................................................................. 12
6 APLICAÇÕES .................................................................................................................................................................. 14
7 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................................................................................ 1516
8 GPR - RADAR DE PENETRAÇÃO NO SOLO ........................................................................................................................ 16
9 ASPECTOS GERAIS E PRÁTICOS DO TRABALHO DE CAMPO ............................................................................................... 18
10 PRINCIPAIS PROJETOS DESENVOLVIDOS PELO IPT NA INVESTIGAÇÃO DE ÁREAS SUBMERSAS....... 19
11 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO.............................................................................................................................................. 22
12 LEITURA RECOMENDADA ..................................................................................................................................... 29
MÉTODOS GEOFÍSICOS UTILIZADOS NA INVESTIGAÇÃO DE ÁREAS
SUBMERSAS: FUNDAMENTOS E EXEMPLOS DE APLICAÇÕES

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos tem se ampliado o interesse da geologia de engenharia no estudo de áreas
submersas, particularmente de áreas costeiras, onde é notável o crescimento da ocupação. São
inúmeros os projetos em desenvolvimento no mundo para implantação, em áreas costeiras, de dutos
submarinos, portos, plataformas de extração de material de construção, barragens, túneis, pontes, ilhas
artificiais, etc.

A investigação geológica na superfície terrestre é relativamente simples se comparada com


aquele a ser desenvolvida em áreas submersas. Em terra, muitas das características geológicas de uma
determinada área podem ser determinadas a partir de métodos diretos de observação. Ao contrário, na
investigação de áreas submersas como fundos de rios, lagos ou mar, os métodos de observação direta,
não são, na maioria das vezes, aplicáveis tendo em vista as dificuldades de acesso ao local de interesse
através das ferramentas convencionais. Neste caso, os métodos geofísicos passam a ter uma relevância
ainda maior, principalmente se considerarmos que permitem a obtenção não só de dados detalhados
sobre a morfologia da superfície de fundo, como também da subsuperfície, possibilitando a
identificação da espessura das camadas geológicas rasas e da profundidade do embasamento cristalino,
características fundamentais para o desenvolvimento do projeto de implantação de obras de
engenharia.

A morfologia da superfície de fundo é estabelecida em detalhe pela Ecobatimetria e pela Sonografia. A


espessura dos estratos rasos de sedimentos inconsolidados e a conformação do embasamento acústico
(limite de penetração do sinal acústico) podem ser obtidos através do método de Perfilagem Sísmica
Contínua, conhecida também com Perfilagem Sísmica Contínua.

Outros métodos geofísicos podem, em situações especiais, ser utilizados em levantamentos de


áreas submersas. Como exemplo pode-se citar a Magnetometria, utilizada no mapeamento de
ocorrências de intrusões ígneas e falhas e em operações de localização de tubulações metálicas
soterradas e a Refração Sísmica, empregada no mapeamento da distribuição da velocidade de
propagação das ondas sísmicas nos sedimentos inconsolidados.
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A investigação geofísica de áreas submersas

Os métodos Perfilagem Sísmica Contínua, Sonografia e Ecobatimetria, têm vasta aplicação na


geologia de engenharia já que possibilitam a obtenção de dados que irão subsidiar a implantação de
obras civis em áreas submersas. Tem também grande aplicação no mapeamento geológico básico e na
mineração, além de permitir o estudo de processos sedimentares atuais em áreas submersas
subsidiando estudos sobre assoreamento.

Na maioria dos levantamentos geofísicos de áreas submersas utiliza-se, simultaneamente,


vários métodos geofísicos, comumente associados à coleta de amostras de fundo e eventualmente a
sondagens mecânicas.

2 PERFILAGEM SÍSMICA CONTÍNUA

A Perfilagem Sísmica Contínua baseia-se no princípio da reflexão das ondas acústicas e


constitui-se num dos métodos indiretos de investigação rasa de áreas submersas. Explora a existência
de contrastes de impedância acústica entre os diferentes meios físicos subjacentes à superfície de
fundo. Por investigação rasa entende-se profundidades da coluna d’água e espessura de sedimentos
inferiores a 100-150 metros.

O sistema de aquisição de dados é composto basicamente de uma fonte repetitiva de sinais


sísmicos com características específicas para atuar na água (boomers, sparkers, airguns etc.), um
sistema de recepção do sinal sísmico (hidrofones), que são rebocados na superfície da água, e um
sistema de gravação, processamento e impressão dos dados que é instalado no interior da embarcação
(figura 1).

Figura 1 - Perfilagem Sísmica Contínua: geometria do arranjo sensores(hidrofones)-fonte (Souza, 1989).


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A investigação geofísica de áreas submersas

As frentes de ondas acústicas emitidas pela fonte propagam-se na água e nos estratos
sedimentares subjacentes com velocidades de propagação que variam em função das características
físicas de cada um dos meios geológicos atravessados pelo sinal. Quando da ocorrência de contrastes
de velocidade de propagação e de densidade, ou seja, de impedância acústica (veloc. x densidade) entre
dois estratos, parte da energia das frentes de onda é refletida na interface entre os mesmos e retorna à
superfície onde é captada por sensores (hidrofones), sendo conduzida ao sistema de processamento e
gravação, para finalmente ser impressa em papel eletrossensível.
2.1 O REGISTRO DE CAMPO
As camadas atravessadas pelo sinal acústico são observadas diretamente no registro de campo,
ou seja, são delimitados: a coluna d’água, os estratos sedimentares inconsolidados e o embasamento
acústico, sendo este entendido como o limite de penetração do sinal sísmico. Este limite é função do
tipo de sinal emitido (freqüência e energia) e também do tipo de material que compõe o substrato da
área investigada. Sinais de baixa freqüência contribuirão para uma maior penetrabilidade do sinal, em
detrimento da resolução. O contrário ocorre quando da emissão de sinais de alta freqüência, que
possibilitam maior resolução, ou seja, permitem a definição de estratos sedimentares de pequena
espessura (centimétricos), com prejuízo, evidentemente, da penetrabilidade. Por outro lado, sedimentos
grossos, ou sedimentos compactados atuam no sentido de inibir a propagação do sinal de alta
freqüência, rumo aos estratos mais profundos.

As principais características do registro de campo podem ser observada na figura 2. A figura 3


ilustra um registro de campo obtido no canal de São Sebastião, São Paulo, onde é possível observar a
espessura da coluna d'água, dos estratos sedimentares rasos e a profundidade do embasamento.
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A investigação geofísica de áreas submersas

Figura 2 - Geometria do registro de campo obtido na Perfilagem Sísmica Contínua.


2.2 ESCALA VERTICAL
A escala vertical do registro de campo é apresentada em intervalo de tempo de percurso do
sinal acústico da fonte até cada um dos estratos e seu retorno ao sensor (hidrofone) na superfície
d’água. Uma vez conhecida a velocidade de propagação das ondas acústicas nos diversos meios
geológicos e o tempo de propagação, pode-se obter a distância percorrida pelo sinal (espaço = V x !t)
e, conseqüentemente, a profundidade ou espessura de cada um dos estratos observados nos registros
sísmicos. Sabe-se todavia que a velocidade de propagação do som em cada meio é complexa, na
medida em que está condicionada por uma série de parâmetros, entre os quais destaca-se: porosidade,
cimentação, teor em água e matéria orgânica e tensão de confinamento (Sjogren,1984). Assim, a
variabilidade da velocidade de propagação do som no sentido dos estratos mais profundos faz com que
a escala vertical, ou seja, a escala de profundidade no perfil sísmico, não seja linear. Uma avaliação
precisa da velocidade de propagação do som nos sedimentos pode ser feita a partir de ensaios sísmicos
refração ou de transmissão direta em furos de sondagem, ou ainda através do confronto direto de dados
de perfilagem sísmica contínua com dados de sondagens mecânicas. Na prática assume-se valores entre
1450 e 1550 m/s para a velocidade do som na água (variáveis principalmente em função da
temperatura e da salinidade) e valores entre 1400 e 1700 m/s, para velocidade de propagação nos
sedimentos rasos inconsolidados. Estes valores são assumidos levando-se em consideração
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A investigação geofísica de áreas submersas

informações da literatura e experiências anteriores de correlação entre dados sísmicos e sondagens


mecânicas, executados num mesmo local de estudo.

2.3 ESCALA HORIZONTAL


A escala horizontal do registro sísmico é função basicamente da velocidade da embarcação
durante a aquisição de dados. Quanto mais rápido esta se move, maior será o trecho do fundo
representado num mesmo intervalo de papel de registro e, portanto, menor a escala. Durante a
execução de um perfil sísmico procura-se manter a embarcação em velocidade constante, com objetivo
de se evitar maior complexidade na escala horizontal.
2.4 FONTES DE ENERGIA
Na Perfilagem Sísmica Contínua utiliza-se normalmente fontes de energia de baixa potência
(sparkers, boomers, air-guns de pequeno porte) que lidam com espectros de freqüência entre 800 e
10.000Hz. As características destas fontes de energia estão intimamente relacionadas aos objetivos das
técnicas sísmicas empregadas na investigação rasa que possibilita grande resolução e baixa penetração.
Relembra-se que as freqüências do sinal acústico relaciona-se inversamente com a penetração e
diretamente com a resolução. Exemplos de fontes de energia de baixa potência que emitem espectros
de frequências a partir de 800Hz pode ser observadas na figura 4.
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A investigação geofísica de áreas submersas

(a)

(b)

Figura 3 Perfilagem Sísmica Contínua - exemplo de resultados obtidos no canal de São Sebastião, SP: (a) registro de
campo (b) registro interpretado. Registros cedidos pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de
São Paulo - IPT e pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo - IOUSP.

(a) (b)

Figura 4 -Fontes de energia de alta frequência utilizadas no método de Perfilagem Sísmica Contínua: (a) sparker-2KHz.;(b) boomer - 5KHz.
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A investigação geofísica de áreas submersas

3 SONOGRAFIA

A Sonografia constitui-se num método de investigação de áreas submersas e também baseia-se


nos princípios da reflexão do sinal acústico, lidando todavia, com espectros de frequência maiores,
normalmente entre 100 e 500 KHz. Freqüências menores são utilizadas em sistemas de longo alcance
relacionados a mapeamentos com cobertura de grandes áreas.

Este método tem por objetivo o mapeamento da superfície de fundo, em substituição às técnicas
usualmente utilizadas no mapeamento em terra, como a fotografia aérea, imagens de satélite e de radar,
que não são aplicáveis no mapeamento de superfícies submersas tendo em vista a forte atenuação dos
sinais luminosos pela água.

O princípio da Sonografia está baseado na emissão de um sinal acústico de alta freqüência, em


intervalos de tempo regulares, por dois transdutores submersos (Sonar) que apontam para ambos os
lados da superfície de fundo em relação ao rumo da navegação (figura 5). Os mesmos transdutores de
emissão do sinal acústico, são também responsáveis pela recepção do sinal, oriundos da reflexão na
superfície de fundo e atuam independentemente um do outro. As principais características do sinal
sísmico emitido pode ser observado nas figura 6.

Figura 5 - Sonografia - Geometria do método -


vista parcial: canal esquerdo (Souza, 1989). Figura 6 Principais características do sinal acústico
emitido pelo sonar.

O sinal acústico de alta freqüência emitido pelo Sonar não penetra através dos estratos
sedimentares porém possibilita a obtenção de informações de subsuperfície com grande resolução e
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A investigação geofísica de áreas submersas

portanto a observação detalhada das feições de fundo tais como, contatos litológicos e estruturas
sedimentares.

Os sinais provindos da superfície de fundo são gravados à medida que chegam ao registrador de
modo que os sinais oriundos de pontos mais próximos são gravados primeiro, e aqueles de pontos mais
distantes são gravados posteriormente, compondo desta forma uma imagem do fundo da área
investigada. A geometria dos registros de campo obtidos através da Sonografia está ilustrada na figura
7. Aos registros de campo denomina-se sonogramas e alguns exemplos estão ilustrados na figura 9.

3.1 ESCALA DOS REGISTROS DE CAMPO


Analogamente à Perfilagem Sísmica Contínua, a escala do registro ao longo da direção de
navegação é função basicamente da velocidade da embarcação. A escala perpendicular à linha de
navegação é função do alcance lateral em utilização. Os equipamentos disponíveis atualmente
permitem optar-se pelo alcance lateral variáveis, normalmente, entre 25 e 600 metros. A escolha do
alcance lateral é função do nível de detalhamento do levantamento. Alcances laterais curtos (25, 50m)
significam maior custo do levantamento, pois maior número de perfis serão necessários para cobrir-se
uma mesma área. Alcance lateral maior que 200-300m normalmente estão relacionados a
levantamentos de reconhecimento de grandes áreas, que privilegiam uma maior cobertura a um menor
custo.

Os registros da Sonografia apresentam distorções inerente à própria da geometria do método em


função também das variações da velocidade da embarcação. Berkson & Clay (1973), Chesterman
(1974), Flemmming (1982) e Denbigh & Flemming (1982), discutem amplamente estas distorções e
apresentam técnicas de correções. Equipamentos modernos permitem a conexão direta do equipamento
de registro ao sistema de posicionamento da embarcação e que possibilita a obtenção de registros
isométricos, ou seja, registros com escalas idênticas em qualquer direção, o que facilita em muito a
criação de mosaicos com os registros de campo, analogamente à interpretação de fotografias aéreas.
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A investigação geofísica de áreas submersas

Figura 7 - Geometria do registro de campo obtido através da Sonografia (Souza, 1989).

Como pode ser observado nos exemplos de registros de campo apresentados, linhas horizontais
de referência são impressas a distâncias fixas (15 ou 25m, etc. a depender do modelo de equipamento
utilizado). A distância fixa entre estas linhas é possível considerando-se que o som viaja na água a
velocidade de 1500m/s. Alguns equipamentos permitem ainda a alteração do valor da velocidade de
propagação do som na água, característica que pode se tornar importante ao se desenvolver trabalhos
em áreas onde a água apresenta características muito distintas do padrão (temperatura, salinidade,
turbidez, etc.) ocorrendo estratificações na coluna d’água. Alguns aspectos da propagação do som na
coluna d’água são discutidos por Chesterman (1974) e Mazel (1985).

Nem todo sinal que chega ao transdutor, oriundo da superfície de fundo refere-se a sinais
refletidos propriamente ditos. Na verdade assumindo-se uma superfície de fundo plana, os sinais
sísmicos não retornam ao transdutor, conforme ilustrado na figura 8. A existência de rugosidades na
superfície de fundo, seja devido à granulometria ou à micro e macro topografia de fundo, é que
proporcionarão o espalhamento (scattering) do sinal incidente. Parte deste sinal é que atingirá os
transdutores (backscattering). A intensidade do sinal oriundo da superfície de fundo é função também
do ângulo de incidência do sinal emitido. Quanto mais rugosa a superfície de fundo e menor o ângulo
de incidência, maior intensidade terá o sinal de retorno a ser registrado.
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A investigação geofísica de áreas submersas

Figura 8 - Reflexão e espalhamento (backscattering) do sinal acústico emitido pelo sonar

3.2 RESOLUÇÃO
A resolução com que os sinais são registrados no papel depende da natureza da superfície
refletora, da distância do ponto considerado até os transdutores, e também das características do
equipamento utilizado (largura do feixe de sinais, duração do pulso e freqüência do sinal emitido).
Feixe de sinais estreitos (menores que 1.2o), de curta duração (menor que 0.1 milissegundos) e com
altas freqüências (em torno de 500KHz), apresentam alta resolução (0.2 a 4.0m). Nestes casos o
alcance lateral é pequeno, raramente ultrapassando 250-300m de cada lado. Todos os registros aqui
apresentados utilizaram equipamentos com freqüência de 100KHz, e pulsos de curta duração (0.1
milissegundos).

Em levantamentos cujo objetivo é cobrir grandes faixas do assoalho submerso (normalmente


em levantamentos marinhos) o tempo e o custo constituem-se em fatores de restrição. Nestes casos
utilizam-se grandes alcances laterais (maiores que 1Km) e conseqüentemente, freqüências menores que
100 KHz (comumente da ordem de 10-20KHz). Nestes levantamentos, evidentemente, ocorre prejuízo
da resolução em prol de uma maior cobertura da área investigada. Belderson et al. (1972), Damuth &
Kumar (1975), Somers et al. (1978), Laughton (1981), Damuth et al. (1983), Scalon (1984) e Kastens
& Shor (1985) discutem amplamente dados de sonar de varredura lateral de longo alcance.

Outros fatores contribuem em maior ou menor grau, na definição da qualidade dos registros
obtidos em campo. Dentre eles pode-se destacar: velocidade da embarcação, altura do transdutor em
relação à superfície de fundo e os ruídos em geral (turbulências: ondas, correntezas, redes de alta
tensão, outros equipamentos geofísicos trabalhando simultaneamente, etc)
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A investigação geofísica de áreas submersas

3.3 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS


A interpretação dos dados de Sonografia está baseada na análise dos contrastes entre os padrões
texturais apresentados pelos registros de campo. Texturas rugosas são interpretadas como afloramentos
rochosos, recifes de corais, arenitos de praia ou sedimentos grossos (cascalhos). Texturas lisas são
interpretadas como sedimentos finos. Na figura 9 pode ser observado um conjunto de registros com
características texturais distintas obtidos em estudos realizados pelo IPT no Estados de São Paulo e
Paraná.

Equipamentos modernos permitem o registro digital dos dados de campo o que possibilita o
tratamento posterior das imagens de fundo. Estas imagens são justapostas lado a lado para formar um
mosaico o que possibilita a análise global da área investigada, analogamente a um mosaico constituído
de fotografias aéreas.

(a) (b) (c)

Figura 9 Registros obtidos através da Sonografia ilustrando distintos padrões texturais de superfícies de fundo: (a)
textura rugosa representando o fundo rochoso (basalto) do reservatório Itaipu, PR; (b) textura lisa e
homogênea mostrando detalhes de feições interpretadas como antigas curvas de nível (Reservatório
Capivara, SP); (c) textura mista: na porção central a textura rugosa representa um afloramento de rocha
alcalina no canal da Ilha Comprida, SP.A textura lisa e homogênea nas porções adjacentes a
este afloramento refere-se a sedimentos arenosos. Registros cedidos pelo Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT.
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A investigação geofísica de áreas submersas

4 ECOBATIMETRIA

A Ecobatimetria consiste na emissão de sinais acústicos de alta freqüência (normalmente da


ordem de dezenas de milhares de hertz) através de transdutores apontados verticalmente para a
superfície de fundo. Tem como objetivo principal obter informações detalhadas da topografia de fundo,
identificando com grande precisão a espessura da coluna d’água. Tendo em vista que emite altas
freqüências, analogamente à Sonografia, não ocorre, em condições normais, a penetração do sinal
sísmico emitido. Situações onde ocorrem penetração deste sinal de alta freqüência limitam-se às
camadas bastantes superficiais (centimétricas ou decimétricas) de sedimentos bastante inconsolidados.
Este método tem vasta aplicação na confecção de cartas náuticas, nos estudos para implantação de
rotas de navegação e monitoramento de processos de erosão e assoreamento de reservatórios. Os
equipamentos utilizados são bastante portáteis o que propicia ao método grande versatilidade
operacional.

5 EQUIPAMENTOS

Basicamente os equipamentos geofísicos utilizados na investigação de áreas submersas


compõem-se de uma fonte de sinais sísmicos, de um receptor (transdutor eletromecânico ou
piezoelétrico) e um sistema de gravação e impressão do sinal sísmico. Dentre os fabricantes de
equipamentos de sísmica para investigação rasa de áreas submersas no mundo, destaca-se: Canadá
(Huntec), EUA (EG&G, Klein) ou Inglaterra (Geoacustics). O Brasil não fabrica equipamentos desta
natureza.

O IPT utiliza para os ensaios de Perfilagem Sísmica Contínua o equipamento Hidrosonde M2A,
fabricado pela empresa canadense Huntec. Para os ensaios de Sonografia, utiliza-se o equipamento
Hydroscan Klein Side Scan Sonar, modelo 530, de fabricação norte americana. A figura 10 e11
ilustram embarcações com equipamentos geofísicos em operação.
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A investigação geofísica de áreas submersas

Rio Paranapanema
gerador

transmissor
Cabo do sonar

Perfilagem Sísmica Contínua

registrador

Sonar de Varredura Lateral

Figura 10 - Equipamentos geofísicos instalados em uma embarcação de pequeno porte em levantamento executado
no Rio Paranapanema, SP.

Figura 11 - Embarcação de grande porte utilizada no levantamento sísmico do Rio Xingu.


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A investigação geofísica de áreas submersas

6 APLICAÇÕES

A utilização destes métodos geofísicos na investigação de áreas submersas permite a definição


da espessura da cobertura sedimentar rasa e o mapeamento das principais características geológicas e
topográficas da superfície de fundo: contatos litológicos, estruturas e topografia. Estes dados subsidiam
estudos localizados de pequena e média escala possibilitando um efetivo planejamento da ocupação na
implantação de obras civis: pontes, portos, barragens, mineração, dragagens, sondagens, escavações em
geral e planejamento de rotas de navegação. Contribui ainda efetivamente para o conhecimento
geológico básico regional. O levantamento geofísico efetuado na fase inicial de investigação, permite
ainda otimizar o planejamento da execução das demais técnicas de investigação (sondagens mecânicas,
coletas de amostras da superfície de fundo, etc.).

Na implantação de dutos submarinos, por exemplo, a caracterização da superfície de fundo


(topografia e feições geológicas - estruturas, contatos geológicos) e dos estratos sedimentares rasos,
torna-se fator fundamental já que irá condicionar a distribuição dos dutos na superfície de fundo e o
tipo de operação de escavação a ser executada. A presença de ondas de areia de grande porte, por
exemplo, pode inviabilizar a implantação de uma determinada obra, já que estão intimamente
relacionadas a fundos bastante dinâmicos resultantes da atuação de fortes correntes.

Um exemplo de aplicação dos métodos geofísicos de investigação de áreas submersas está


ilustrado na figura 12, que mostra um registro sísmico obtido em estudos realizados com o objetivo de
subsidiar um projeto de implantação de rota de navegação, portos e barragens ao longo do rio Xingu,
no Estado do Pará. A identificação de ondas de areias de grande porte (3-4m) na superfície de fundo do
rio, indica ser a cobertura sedimentar rasa bastante dinâmica, conseqüência de grande mobilidade
sazonal em alguns trechos do rio. A partir dos resultados obtidos neste estudo, concluiu-se que a
implantação de qualquer obra civil no trecho estudado, deve ser necessariamente precedida de estudos
detalhados dos processos de sedimentação e de constituição do perfil da topografia de fundo, visando
garantir segurança à navegação e durabilidade da obra.
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A investigação geofísica de áreas submersas

Figura 12-Perfilagem Sísmica Contínua: registro de campo obtido no Rio Xingu mostrando ondas de areia de
grande porte indicando dinâmica de sedimentação de alta energia.
Além de importante ferramenta na investigação geológica de superfícies submersas, estes
métodos geofísicos são também aplicados em operações de busca e salvamento, seja de embarcações
ou equipamentos naufragados, seja na localização de pontos de rompimento de dutos submarinos. A
figura 13 mostras registros obtidos com a técnica de Sonografia, onde pode-se observar embarcações
naufragadas. embarcações naufragadas

(a) (b)

Figura 13-Registro obtido através da Sonografia mostrando embarcações naufragadas: a) Baia da Guanabana -
registro cedido pelo Laboratório de Geologia Marinha da Universidade Federal Fluminense
(LAGEMAR); b) Rio Guamá, Belém do Pará - registro cedido pela Universidade Federal do Pará.

7 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

A apresentação dos resultados da investigação sísmica de áreas submersas pode ocorrer nas
mais variadas formas: mapa de localização dos perfis executados, perfis, mapa batimétrico, mapa de
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A investigação geofísica de áreas submersas

isópacas de sedimentos, mapa de contorno estrutural (profundidade do embasamento acústico). A


figura 14 ilustra formas de apresentação de resultados tendo como exemplo um levantamento geofísico
executado no canal de Santos como subsídio a um projeto de construção de um túnel subaquático.

(a) (b)

(d)
(c)

Figura 14 Formas de apresentação dos resultados de um levantamento geofísico em áreas submersas: (a) mapa de localização de perfis
sísmicos; (b) mapa batimétrico; (c) mapa de profundidade do embasamento; (d) mapa de isoespessuras de sedimentos.

8 GPR - RADAR DE PENETRAÇÃO NO SOLO

O Radar de Penetração ou GPR (Ground Penetrating Radar), é o termo empregado às técnicas


que utilizam ondas de rádio, com freqüências entre 1 e 1000 MHz, para mapear estruturas e feições em
subsolo ou em construções (estruturas de concreto). Este método de investigação está estabelecido com
base nos princípios de propagação de campos eletromagnéticos no solo. Através de uma, ou várias,
antenas transmissoras, o sistema GPR emite para o solo, pulsos curtos de energia eletromagnética.
Analogamente à propagação de ondas sísmicas, parte da energia emitida, retorna à superfície ao atingir
17
A investigação geofísica de áreas submersas

as interfaces dos materiais com propriedades elétricas distintas, sendo então registradas ao atingir as
antenas receptoras, conforme ilustrado na FIGURAS 15 e 16.

Ar
X
a n te n a S
re c e p to ra X
a n te n a
t r a n s m is s o r a

A n o m a lia
S o lo

Topo
R ochoso

FIGURA 16-Seção exibindo os traços oriundos das reflexões


FIGURA 15-Esquema ilustrativo da aquisição de dados com GPR (S ocorridas nas interfaces ilustradas na figura 15.
= separação entre as antenas transmissora e receptora;
∆x = espaçamento entre os pontos de medição).

A maneira pela qual o campo eletromagnético interage com os materiais naturais controla a
forma com que o campo eletromagnético se espalha e é atenuado pelo meio. Variações nas
propriedades elétricas do meio (condutividade/resistividade) constituem-se nos principais fatores que
condicionam a aplicabilidade deste método de investigação. Meios de alta condutividade inviabilizam
a aplicação do GPR.Na maioria das situações geológicas, as propriedades elétricas tendem a ser o fator
dominante que controla as respostas do radar. Em geral as variações magnéticas são desprezíveis.
Este sistema foi criado originalmente para utilização em terra, todavia recentes adaptações, tem
mostrado a possibilidade de utilização do GPR é no estudo de áreas submersas rasas, visando a
detecção da espessura de camadas de assoreamento em reservatórios e, em rios, da espessura de
depósitos arenosos, de interesse para construção civil. Nesta aplicação este método de investigação
pode vir a substituir a sísmica convencional (perfilagem sísmica contínua que utiliza boomers e
sparkers) que, em condições de coluna d'água muito pequena (<5m) não oferece, freqüentemente,
resultados satisfatórios. O IPT projetou catamarãs especiais, conforme ilustrado nas FIGURA 17 para
transporte das antenas do GPR de até 50MHz, viabilizando a aquisição de dados sobre lâmina d´água.
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A investigação geofísica de áreas submersas

Figura 17:À esquerda, catamarã desenvolvido pelo IPT para levantamentos geológicos e geofísicos em rios e
reservatórios; à direita, catamarã desenvolvido pelo IPT para utilização do sistema GPR na
investigação de áreas submersas.

Figura 18 -Exemplo de registro obtido com o GPR no reservatório


Billings, SP.

9 ASPECTOS GERAIS E PRÁTICOS DO TRABALHO DE CAMPO

Para execução de ensaios geofísicos sobre lâmina d’água em áreas interiores (lagos, canais e
rios), utiliza-se normalmente duas embarcações. A maior delas com dimensões nunca inferiores a 10x2
metros, deve possuir área livre para instalação dos equipamentos e cobertura, para garantir proteção
contra sol, chuva e outras condições adversas à navegação. Esta embarcação deve possuir motor com
potência igual ou superior a 40 HP, pois além de transportar os equipamentos geofísicos (cerca de
600Kg) e pelo menos duas pessoas, rebocará, a 20 ou 30 metros, a fonte de sinais (comumente bommer
ou sparker) e o sensor (hidrofone) que juntos podem ultrapassar 100Kg. No caso do GPR, reboca-se
um catamarã contendo o par de antenas, que irão emitir e receber o sinal eletromagnético. A outra
embarcação, de porte menor, será utilizada como apoio geral ao levantamento: apoio à equipe de
posicionamento no deslocamento de pessoal e equipamentos.
19
A investigação geofísica de áreas submersas

Os métodos utilizados para o posicionamento da embarcação e portanto dos perfis geofísicos podem ser
aqueles convencionais (triangulação topográfica) ou métodos mais modernos de posicionamento por satélite. No primeiro,
três teodolitos são instalados nas margens do local de interesse, em pontos com coordenadas conhecidas. A posição da
embarcação é tomada a intervalos de tempo fixos e predeterminados (geralmente 30 segundos ou 1 minuto) o que é feito
através de comunicação via rádio entre os topógrafos e a embarcação. No caso de utilização do sistema convencional de
posicionamento é importante uma visita prévia à área de interesse para a escolha dos pontos para implantação dos marcos
de referência que serão utilizados par instalação dos teodolitos para triangulação. No segundo, através de uma antena
instalada na embarcação para recepção de sinais de satélites, obtém-se, também a intervalos de tempo predeterminados, a
posição da embarcação. Em ambos os sistemas de posicionamento é interessante que ocorra em campo a confecção de
plantas preliminares de posicionamento dos perfis executados, para verificação da efetiva cobertura da área em estudo.
Eidentemente que o posicionamento por satélite é o mais indicado pois além da maior precisão, possibilita, devido ao
formato dos dados, a confecção imediata de planta de navegação. Outras vantagems de utilização deste sistema de
não há necessidade de se conhecer com
posicionamento sobre o convencional podem ser destacadas:
antecedência as coordenadas do local de interesse; maior agilidade ao levantamento; maior precisão
(submétrica quando utiliza-se sistema GPS no modo diferencial-DGPS); menor custo final do
levantamento.

10 PRINCIPAIS PROJETOS DESENVOLVIDOS PELO IPT NA


INVESTIGAÇÃO DE ÁREAS SUBMERSAS

• Título: Levantamento de Sísmica (refração e reflexão), batimetria, e topografia na região dos reservatórios Edgard de
Souza e Pirapora em áreas de interesse à implantação do canal de retificação do Rio Tietê e zonas de influência.
local: Santana do Parnaíba, SP. rel. IPT nº: 20.949 cliente: ELETROPAULO ano: 1994
área de aplicação: barragens, retificação de canais

• Título: Aplicação do Sonar de Varredura Lateral na Investigação do assoalho marinho para fixação de plataforma
exploratória de petróleo.
local: Ilhéus, Ba rel. IPT nº: 22.199 cliente: Engevix S.A. - Estudos e Projetos de Engenharia ano: 1985
área de aplicação: prospecção de petróleo

• Título: Aplicação do Sonar de Varredura Lateral na Investigação do assoalho marinho para fixação de plataforma
exploratória de petróleo.
local: Fortaleza, Ce
rel. IPT nº: 22.844 cliente: Engevix S.A. - Estudos e Projetos de Engenharia ano: 1985
área de aplicação: prospecção de petróleo

• Título: Ensaios de Perfilagem Sísmica Contínua e Sonografia na costa da Ilha Comprida. Litoral sul do estado de São
Paulo.
local: Cananéia, SP rel. IPT nº: 22.021 cliente: SICT/Pró-Minério ano: 1985
área de aplicação:prospecção de mineral (minerais pesados)

• Título: Quantificação de dados de Perfilagem Sísmica e Sonografia obtidos na costa da Ilha Comprida, litoral sul do
Estado de são Paulo.
local: Cananéia-Iguape, São Paulo rel. IPT nº: 22.928 cliente: SICT/Pró-Minério ano: 1985
área de aplicação:prospecção mineral (minerais pesados)
20
A investigação geofísica de áreas submersas

• Título: Levantamento de Sísmica (refração, up-hole e reflexão) e topografia na área do canal superior e inferior do Rio
Pinheiros, trecho Usina elevatória de Pedreira - estrutura do Retiro.
local: São Paulo
rel. IPT nº: 23.599 cliente: ELETROPAULO ano: 1986
área de aplicação: barragens, retificação de canais

• Título: Ensaios Sísmicos (refração e reflexão) na área de implantação do aproveitamento hidráulico de Ibó/Orocó.
local: Ibó-Orocó, Rio São Francisco, Ba/Pe
rel. IPT nº: 23.600 cliente: CHESF ano: 1986
área de atuação: barragens, portos

• Título: Ensaios sísmicos em lâmina d’água na área do Canal de Santos


local: Canal de Santos, SP
rel. IPT nº: 26043 cliente: Figueiredo Ferraz/Sondotécnica ano: 1988
área de aplicação: túneis

• Título: Perfilagem sísmica, batimetria e sonar de varredura lateral no local de implantação da UHE de Ilha Grande
local: Rio Paraná, Guaíra, PR.
rel. IPT nº: 24087 cliente: ELETROSUL ano: 1986
área de aplicação:implantação de portos, barragens e rotas de navegação

• Título: Ensaios de Sísmica de Reflexão no Rio Ji-Paraná na área de interesse do sítio JP-14
local: Rio Ji-Paraná, Rondônia
rel. IPT nº: 23888 cliente: CNEC ano: 1986
área de aplicação:implantação de portos e barragens

• Título: Ensaios geofísicos no rio Xingu, nos sítios Juruá, Kararaô e Rota de Navegação
local: Rio Xingu, Pará.
rel. IPT nº: 25409 cliente: ELETRONORTE ano: 1987
área de aplicação:barragens, portos e rotas de navegação

• Título: Ensaios geofísicos complementares em lâmina d’água - rio Paranapanema, SP


local: Rio Paranapanema, SP
rel. IPT nº: 28899 cliente: CESP ano: 1990
área de aplicação:barragens, prospecção de material de construção

• Título: Ensaios geofísicos em lâmina d’água - Rio Paranapanema, SP


local: Rio Paranapanema, SP/PR
rel. IPT nº: 27225 cliente: CESP ano: 1989
área de aplicação:barragens, prospecção de material de construção

• Título: Estudo da dinâmica da erosão e assoreamento em sub-bacias contribuintes do reservatório de Capivara


local: Rio Paranapanema, SP
rel. IPT nº: 30283 cliente: CESP ano: 1992
área de aplicação: assoreamento de reservatórios

• Título: Diagnóstico do assoreamento nos braços dos ribeirões Capivari, Bonito e Conjunto F: estimativa do
assoreamento para o reservatório de Capivara.
local: Reservatório Capivara
rel. IPT nº: 30854 cliente: CESP ano: 1992
área de aplicação: assoreamento de reservatórios

• Título: Ensaios geofísicos na área de interesse à implantação do aproveitamento múltiplo Ourinhos


local: Rio Paranapanema, SP
rel. IPT nº: 31632 cliente: CESP ano: 1994
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A investigação geofísica de áreas submersas

área de aplicação:barragens e prospecção de material de construção

• Título: Projeto de desenvolvimento do vale do Piracicaba, Sta Maria da Serra


local: Rio Tietê, Santa Maria da Serra, SP
rel. IPT nº: 32281 cliente: CESP ano: 1994
área de aplicação: barragens e rota de navegação

• Título: Adequação e controle da mineração da bacia do Guarapiranga: avaliação do potencial mineral.


local: Reservatório Guarapiranga, São Paulo
rel. IPT nº: 34.663 cliente: Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo - SMA ano: 1996
área de aplicação:assoreamento de reservatórios, prospecção mineral

• Título: Investigação geofísica na Barragem de Castanhão: refração, perfilagem sísmica contínua e sonografia.
local: Barragem de Castanhão, Ceará
rel. IPT nº:35.363 cliente: Andrade Gutierrez ano: 1997
área de aplicação: barragens, geotecnica

Título:Ensaios geofísicos no canal de Santos, SP


local: Canal de Santos, Santos/Guarujá. SP
rel. IPT nº: 36.048 cliente: Figueiredo Ferraz - Consultoria e Engenharia de Projeto Ltda ano: 1997
área de aplicação: túneis (submarinos)

• Título:Viagem de reconhecimento da via navegável do reservatório de Barra Bonita desde a Eclusa até a ponte de
Anhumas. Volume I/II.
local: Reservatório de Barra Bonita, SP rel. IPT nº: 38.231 cliente: CESP ano: 1998
área de aplicação: estudo de vias navegáveis

• Título:Estudos e Serviços De Engenharia Para Relocação Do Traçado Da Rota De Navegação Do Rio Paraná, no
Canal Esquerdo Da Ilha Jacaré, Região De Porto Camargo – Pr/Ms
Local: Rio Paraná, Anhumas, PR. Rel IPT: No 42.696 cliente: AHRANA/Ministério dos Transportes ano: 1999
área de aplicação: Hidrovias
22
A investigação geofísica de áreas submersas

11 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

A seguir são apresentados alguns exemplos de aplicação da investigação geofísica em áreas


submersas na solução de problemas geológicos e geotécnicos.

EXEMPLO 1
Local: Canal Ilha Anchieta - Continente (Ubatuba, São Paulo)
Equipamento geofísico: Hidrosonde M2A, Huntec
Objetivos: geologia básica (estudo da evolução costeira do Estado de São Paulo).
Características definidas no registro:topografia de fundo plana
topografia irregular do embasamento
espessura dos estratos sedimentares intermediários
23
A investigação geofísica de áreas submersas

EXEMPLO 2
Local: Canal de Santos, SP.
Equipamento geofísico: Hidrosonde M2A, Huntec.
Objetivos: geologia de engenharia (construção de túnel subaquático).
Características definidas no registro:topografia de fundo plana
espessura dos estratos sedimentares
topografia do embasamento acústico
(a)

(b)

(c) (d)

(a) registro de campo; (b) mapa de localização dos perfis


(e) executados; (c) mapa batimétrico; (d) mapa de
isoespessura de sedimentos; (e) mapa de profundidade do
embasamento.
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A investigação geofísica de áreas submersas

EXEMPLO 3
Local: Tanegashima, Sul do Japão.
Métodos Utilizados: Perfilagem Sísmica Contínua; Sonografia e Ecobatimetria de precisão.
Equipamento geofísico:EG&G Boomer System.
EG&G Side Scan Sonar SMS 960
Ecobatímetros de Precisão (PDR )
Objetivos: geologia de engenharia (construção de uma estação subaquática para criação de peixes).
Características definidas no registro:topografia de fundo plana
espessura dos estratos sedimentares
topografia do embasamento acústico

(a)

(b)

(c)

(d)

(a) registro de campo da Sonografia; (b) mapa de localização dos perfis; (c) mapa batimétrico; (e) mapa de
características geológicas do assoalho marinho.
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A investigação geofísica de áreas submersas

EXEMPLO 4
Local: Rio Xingu, PA.
Métodos Utilizados: Perfilagem Sísmica Contínua
Equipamento geofísico: Perfilador Huntec Hidrosonde M2A
Objetivos:geologia de engenharia (construção de portos, barragens e implantação de rota de
navegação)
Características definidas no registro:espessura dos estratos sedimentares
topografia de fundo e do embasamento acústico

(a) (b)

(c)

(a) topografia de fundo irregular característica de fundos rochosos; (b) ondas de areia característica de fundos
dinâmicos e resultantes de processos sedimentares de alta energia; (c) topografia de fundo plana com pacote de
sedimentos aluvionares de cerca de 15 metros
26
A investigação geofísica de áreas submersas

EXEMPLO 5
Local: Reservatório Guarapiranga, São Paulo.
Métodos Utilizados: Perfilagem Sísmica Contínua e Sonografia
Equipamento geofísico: Perfilador Huntec (Boomer) e Sonar Klein Hydroscan 530
Objetivos: pesquisa de potencial mineral e assoreamento de reservatórios
Características definidas no registro:espessura dos estratos sedimentares (aluviões)
topografia de fundo e do embasamento acústico

(a)

(b)

(c)

(d)

(a) mapa de localização dos perfis geofísicos; (b) e (c) registro obtido através da Perfilagem Sísmica contínua; (d)
registro obtido através da Sonografia.
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A investigação geofísica de áreas submersas

EXEMPLO 6
Local: Rio Paraná, PR.
Métodos Utilizados: Ecobatimeria e Sonografia
Equipamento geofísico: Klein Side Scan Sonar
Objetivos:Relocação de rota e navegação visando maior segurança para embarcações de grande porte
Características definidas na área a partir da análise dos registros: topografia de fundo,
distribuição dos bancos de areia
Este estudo foi realizado com o objetivo de avaliar alternativas de traçados da rota de
navegação no canal esquerdo da Ilha Jacaré, no rio Paraná, próximo ao Porto Camargo. Por meio da
Ecobatimetria e da Sonografia levantamentos de campo com Ecobatímetro e com Sonar de Varredura
Lateral, que serviram de base para a identificação foi definido a melhor alternativa de traçado da rota
de navegação na região. O trecho de interesse possui uma extensão aproximada de 5km, em região com
presença de afloramentos rochosos, que foram identificados e posicionados.
Os resultados dos estudos efetuados permitiram concluir que a rota proposta, deslocada para o
norte em relação a rota original, permite a navegação com segurança nas especificações desejadas sem
a necessidade de obras adicionais, exceto a sinalização do novo canal.

REGISTROS DE CAMPO
SONOGRAFIA
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A investigação geofísica de áreas submersas

BATIMETRIA
29
A investigação geofísica de áreas submersas

12 LEITURA RECOMENDADA

AUGUSTO FILHO, O; BITAR, Y.O.; SOUZA, L.A.P. & ALMEIDA, M.C.J. 1992. Análise e zoneamento de risco
associado à mineração em área urbana: o caso da extração de areia no lago de Carapicuiba, SP. CONGRESSO
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A investigação geofísica de áreas submersas

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A investigação geofísica de áreas submersas

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