Você está na página 1de 1

VIII — SEGUNDA-FEIRA, 4 de abril de 2005 ESPECIAL CORREIO DO POVO

Segredos e rituais
cercam o conclave
O novo líder da Igreja Católica se-
rá escolhido por um grupo de 109
cardeais, representando 53 países.
Formam o chamado colégio cardina-
lício. Os cardeais constituem uma
elite, um dos principais símbolos da
monarquia absoluta que é a Santa
Sé, com regulamentos e rituais mile-
nares. Se a Igreja Católica “não é
uma democracia”, como já disse o
próprio João Paulo II, o único mo-
mento em que mais se aproxima de-
la é justamente o conclave, quando
os cardeais elegem o pontífice.
O conclave é realizado sob abso-
luto segredo. Os cardeais se reúnem
num prazo máximo de 20 dias após
a morte do Papa. Sob rígida vigilân-
cia, para não se comunicarem com
ninguém, vão em procissão até a Ca-
pela Sistina. No caminho invocam a
inspiração do Espírito Santo. O car-
deais fazem o juramento de manter
segredo absoluto sobre o conclave,
mesmo depois da eleição. Para evitar
contato com o exterior, é vetado o
uso de celulares, computadores e
gravadores. Os eleitores são ainda
proibidos de ler jornais, ver TV e ou-
vir rádio, para não serem influencia-
dos. Do lado de fora, a chaminé da
capela concentra as atenções, pois é
através dela que se sabe se o novo
Papa foi eleito. Se a fumaça for pre-
ta, ainda não
há um novo Cardeais
pontífice. Se mantêm sigilo
for branca, é
porque a esco- sobre a eleição
lha foi feita. mesmo após o
processo

Método de seleção
é refinado e eficaz
Apesar de personalidades notá-
veis terem ocupado o trono de Pe-
dro, também ascenderam ao papado
homens que aviltaram o cargo. Hou-
ve momentos marcados por lutas
por poder e dinheiro, num ambiente
corrupto e violento. A lista inclui,
por exemplo, Estevão VI, que após
ser eleito Papa, no ano de 896, man-
dou tirar do túmulo o corpo de seu
antecessor, do qual não gostava, pa-
ra condená-lo por traição. João XII,
eleito aos 18 anos por imposição de
seu pai, o rei Alberico II, em 955,
tornou-se famoso por sua devassi-
dão e seus crimes. Em 1045, Gregó-
rio VI comprou o título de papa de
seu antecessor, Bento IX.
Pode-se dizer, porém, que houve
mais acertos que erros nas escolhas.
Alguns papas revelaram-se grandes
homens, não apenas do ponto de
vista piedoso, mas também político.
Entre eles encontra-se Leão Magno
(440-461), que ajudou a salvar o po-
vo italiano de massacres em mais de
uma ocasião. Gregório Magno (590-
604), conhecido como Gregório, o
Grande, é venerado como santo e
considerado um dos maiores Papas
da história. O vaticanista Marco Po-
liti citou como exemplos dos últimos
50 anos: Pio XII, João XXIII, Paulo
VI, João Paulo I e João Paulo II.
“Qual o Estado que conseguiu em
50 anos ter um número igual de pre-
sidentes de alto nível?”, pergunta.

Expediente
Edição – Liana Pithan; Reportagem e
pesquisa – Agência Estado e Ema Regi-
nato Belmonte; Redação – Letícia Fer-
reira; Revisão – Landro Oviedo; Fotos –
CP Memória, Infográficos – Agência
Estado; Arte da capa – Marcos Strey.

Você também pode gostar