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Resenha do livro: FALEIROS, Vicente de Paula. Saber profissional e poder institucional. 9ª ed.,
São Paulo: Cortez, 2009.
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Segundo o autor, para Gramsci somente com a mediação é que se poderá mudar esta realidade, pois
uma vez que as forças sociais se enfrentam no cotidiano, elas podem mudar as relações sociais.
Logo, o Estado, para exercer sua função, precisa utilizar meios para atender aos interesses da
classe dominante e da classe dominada. Um destes mecanismos são as instituições, pelas quais o
Estado pode realizar sua função a partir de uma estratégia de educação da classe dominada e de
“legitimação ideológica da hegemonia da classe dominante”.
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que o cliente quem decide e este é participante ativo. E uma quarta estratégia e a transformação da
correlação de forças institucionais pela formação de uma aliança, momento que há uma tomada de
consciência de classe, tratando-se de uma ruptura com a violência institucional.
Segundo Faleiros o saber é práxis, a concepção de mundo em conflito é relativo às relações de
classes e forças sociais. O autor diz que, para saber agir na luta de classes, é necessário o
conhecimento de dados, análises, planos, propostas, técnicas, experimentos, entre outros.
O assistente social, para o autor, assume uma posição de intelectual orgânico, colocando-se
entre as demandas de clientela e as determinações da instituição. O Serviço Social torna-se uma
profissão dependente do aparelho institucional, com uma relativa autonomia, em que o profissional
é dono de um saber e este se constitui nas regras e normas da instituição – executor de um saber
institucional.
Portanto, para o assistente social saber agir dentro da instituição de forma a atender aos
interesses da demanda, Faleiros nos alerta de que é preciso ter consciência da posição e das forças
adversárias, como também do processo global das condições de manobra, por isso a mediação
torna-se fundamental.
A crítica que surge sobre esta posição profissional é de uma postura voltada à neutralidade, de
escuta humanista, capaz de acolher e escutar de forma benevolente, porém reprodutora da dicotomia
entre classe dominante e dominada, bem como a posição de executor das políticas sociais e não de
decisão. Faleiros enfatiza que o profissional sem poder de decisão acaba utilizando da manipulação
de pequenos recursos para reforçar seu próprio poder pessoal.
O saber profissional acaba, neste sentido, servindo à empresa, e não à sociedade. Saber usar
os recursos institucionais em função dos interesses populacionais torna-se o desafio.
À medida que o profissional tem a postura de repensar sua prática e dispor de seu saber a fa-
vor da sociedade, sai de uma prática profissional reduzida a entrevistas, reuniões e visitas para uma
prática estratégica, tática e ampla. Não será mais uma prática individual, restrita ao profissional,
mas uma “reflexão coletiva para saber o momento oportuno de avançar e de recuar na estratégia
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crítico das relações. Tal comportamento leva à reprodução do sistema e mais uma vez à manutenção
do status quo.
O autor nos chama a atenção para o desafio profissional que “consiste justamente na reorien-
tação de seu cotidiano de acordo com a correlação de forças existentes”. Esta reorientação consiste
em saber ser um facilitador para que a população saiba mais sobre ela mesma, sobre os recursos
disponíveis e seu poder de decisão. É indispensável à prática profissional realizar o levantamento
dos problemas das relações entre “saber e poder”.
A tomada de consciência é um processo que pode mudar as relações entre demanda – profis-
sionais – e instituição. “Faz-se necessário, com esta estratégia, saber avançar e saber retroceder
porque há momentos em que o conflito se torna tão grande que pode levar ao próprio fechamento da
instituição”. Outro desafio para o assistente social seria a superação desta acomodação, tentando
trabalhar com as instituições de forma que estas sejam espaços para o desenvolvimento de “novas
formas de poder pelas alianças que podem ser feitas”.
As contradições existentes nos espaços institucionais são formas que precisam ser conside-
radas e analisadas pelos assistentes sociais, a fim de que existam estratégias de ação. A participação
da população é fundamental, pois para as instituições acaba sendo uma forma de constatar que a
população toma para si a responsabilidade de sua posição, ou seja, que houve um consenso da
acomodação de sua função – demanda controlada. Em contrapartida, somente com a participação
consciente é que se pode alcançar mudanças sociais.
Faleiros diz que o Serviço Social não surgiu do conceito de transformação, mas do de repro-
dução, apontando para o desafio: como trabalhar a favor da transformação, estando em instituições
que promovem a reprodução das relações sociais baseadas na exploração e no controle?
Por fim, podemos considerar que o autor nos remete à articulação entre o saber e o poder, ou
seja, as ações profissionais trabalham para responder às situações das demandas apresentadas, mas
também precisa-se prevenir outras situações e projetar planos futuros.
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