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Dinâmica Estrutural e Engenharia Sísmica – MEC – 2007/2008

EN 1998 – Eurocódigo 8
Projecto de Estruturas Sismo-Resistentes
Notas preparadas com base nas seguintes publicações:
• Anexo Nacional do Eurocódigo 8. Consequências para o
dimensionamento sísmico em Portugal, Eduardo Cansado Carvalho,
Actas do Sísmica 2007 - 7º Congresso Nacional de Sismologia e
Engenharia Sísmica, Setembro de 2007.
• EN 1998 – Eurocódigo 8. Projecto de Estruturas Sismo-Resistentes.
Aspectos gerais e aplicação em Portugal. Eduardo Cansado Carvalho e
Ema Coelho, Ingenium II Série, Nº 101, Set./Out. 2007.
• Proposta de definição da acção sísmica para o projecto de estruturas.
Anexo nacional do EC8. Grupo de Trabalho do EC8 (GT EC8),
apresentação pública, LNEC, Outubro de 2006.
• Anexo Nacional do Eurocódigo 8-1. Acção sísmica. Influência das
condições geotécnicas. Rui Correia, apresentação pública, LNEC,
Outubro de 2006.

Constituição (ENs):
• EN1998-1: Regras gerais, acções sísmicas e regras para
edifícios;
• EN1998-2: Pontes;
• EN1998-3: Avaliação e reforço de edifícios;
• EN1998-4: Silos, reservatórios e condutas enterradas;
• EN1998-5: Fundações, estruturas de contenção e aspectos
geotécnicos;
• EN1998-6: Torres, mastros e chaminés.
Notas: mais carregado as Normas Europeias (EN) que serão mais
brevemente convertidas em Normas Portuguesas (NP); a cinza escuro
normas menos prioritárias que serão convertidas em Normas Portuguesas; e
a cinza menos escuro normas que não deverão ser convertidas em Normas
Portuguesas.

Objectivos: “na eventualidade da ocorrência de sismos, proteger


as vidas humanas, limitar as perdas económicas e assegurar a
manutenção em funcionamento das instalações de protecção civil
importantes”.

Jorge Miguel Proença


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Exigências de desempenho:
• Exigência de não colapso (no-collapse requirement): sob a
acção de um sismo raro as estruturas não deverão colapsar.
• Exigência de limitação de danos (damage limitation
requirement): sob a acção de um sismo relativamente
frequente os danos nas construções devem ser limitados.

A acção sísmica para a qual a exigência de não-colapso deve ser


verificada é designada por acção sísmica de projecto (design
seismic action). A escolha desta acção, ou mais propriamente da
sua probabilidade de excedência (PNCR) num determinado
período, cai no âmbito dos Parâmetros de Determinação
Nacional. No caso português considerou-se, como recomendado
na EN1998-1, uma acção com uma probabilidade de excedência
de 10% em 50 anos (PNCR=10% em 50 anos, TR=475 anos), nos
casos correntes.
A acção sísmica correspondente à exigência de limitação de
danos, recomendada na EN1998-1 e adoptada no caso
português, apresenta uma probabilidade de excedência de 10%
em 10 anos (PNCR=10% em 10 anos, TR=95 anos), nos casos
correntes.
n
⎛ 1 ⎞
( )
n
n anos 1 ano
Pexc = 1− 1 − Pexc = 1 − ⎜1 − ⎟
⎝ TR ⎠
1 ano n anos
TR (anos) Anos (n)
Pexc Pexc
475 50 0.21% 10%
95 10 1.05% 10%
95 50 1.05% 41%
950 100 0.11% 10%

A conversão da acção sísmica de projecto (TR=475 anos) para a


acção sísmica correspondente à exigência de limitação de danos
pode, simplificadamente, ser feita afectando a primeira por um
coeficiente de redução v entre 0.4 e 0.5, dependente da classe de
importância do edifício (mais à frente).

Os efeitos da acção sísmica não são, contrariamente ao


verificado no RSA, majorados posteriormente nas combinações
de acções.

Jorge Miguel Proença


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Diferenciação da fiabilidade:
A acção sísmica de projecto vem ainda afectada de um
coeficiente de importância γI que traduz a importância da
construção.

EN1998-1: 2004
Para as classes de importância I a IV consideram-se coeficientes
de importância γI de 0.8; 1.0 (referência); 1.2 e 1.4,
respectivamente.

A afectação da acção sísmica de projecto por γI pode ser


interpretada como correspondendo a uma alteração do período
de retorno (ou da probabilidade de excedência).

Jorge Miguel Proença


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Zonamento sísmico:
A NP EN 1998-1 deverá manter os dois cenários de sismogénese
considerados no RSA: sismo afastado (interplacas) e sismo
próximo (intraplacas).

O zonamento proposto para estes dois cenários é diferente.

O zonamento teve em conta estudos recentes de avaliação da


perigosidade sísmica (hazard). Observem-se os mapas de
perigosidade sísmica (rocha) correspondentes a TR=475 anos.

Jorge Miguel Proença


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Apresentam-se de seguida os valores da aceleração máxima de


referência agR (cm/s2) em rocha nas várias zonas sísmicas.

Zonamento a considerar na NP EN 1998-1.

Zonamento: sismo afastado (interplacas), à esquerda e sismo próximo


(intraplacas), à direita.

Jorge Miguel Proença


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Terrenos de fundação:
A NP EN 1998-1 considera 5+2 tipos de terreno de fundação:

Notas: (1) a ocorrência de solos do tipo S1 e S2 requer estudos específicos


de definição da acção sísmica; (2) traduzindo a descrição dos solos A e E,
tem-se:
Tipo de
Terreno de Descrição do perfil estratigráfico
Fundação
Rocha ou outra formação geológica que inclua no máximo 5m
A
de material mais fraco à superfície

Depósitos rijos de areia, gravilha ou argila sobreconsolidada,


com uma espessura de, pelo menos, várias dezenas de
B
metros, caracterizados por um aumento gradual das
propriedades mecânicas em profundidade
Depósitos profundos de areia de densidade média, de
C gravilha ou de argila de consistência média com espessura
entre várias dezenas e muitas centenas de metros

Depósitos de solos não coesivos, entre soltos a de média


consistência, com ou sem a ocorrência de algumas camadas
D
coesivas brandas, ou de depósitos com solos
predominantemente coesivos de fraca e média consistência
Perfil de solo consistindo numa camada superficial com
valores de vs característicos de solo tipo C ou D e espessura
E
variando entre 5 e 20 metros, assente sobre uma camada
mais rija com valores de vs superiores a 800 m/s

Jorge Miguel Proença


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Definição da acção sísmica:


A representação básica da acção sísmica consiste no espectro de
resposta elástico de aceleração, horizontal, no formato Se versus
T.

Analiticamente:

⎡ T ⎤
0 ≤ T ≤ TB Se ( T ) = ag S ⎢1 + ( η 2,5 − 1)⎥
⎣ TB ⎦

TB ≤ T ≤ TC Se ( T ) = ag S η 2,5

⎡T ⎤
TC ≤ T ≤ TD Se ( T ) = ag S η 2,5 ⎢ C ⎥
⎣T ⎦

⎡T T ⎤
TD ≤ T ≤ 4s Se ( T ) = ag S η 2,5 ⎢ C 2 D ⎥
⎣ T ⎦

Jorge Miguel Proença


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Em que:
• Se(T) é o espectro de resposta elástico;
• T é o período de vibração dum sistema de um grau de
liberdade;
• ag é a aceleração de projecto em rocha (terreno tipo A)
ag = γI agR
• TB é o limite inferior do ramo espectral de aceleração
constante;
• TC é o limite superior do ramo espectral de aceleração
constante;
• TD é o valor definidor do início do ramo de deslocamento
constante;
• S é o factor do tipo de terreno de fundação;
• η é o factor de correcção do amortecimento (com um valor de
referência η = 1 para 5% de amortecimento viscoso). Nos
outros casos
10
η= ≥ 0,55
5+ξ

Jorge Miguel Proença


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Os valores das variáveis anteriores encontram-se no quadro


seguinte:

Notas: (1)TB=0.1s e TD=2s (todos os terrenos, todas as zonas)


(2) entre parênteses valores recomendados pela EN 1998-1)

A determinação dos efeitos da acção sísmica deverá, em geral,


ser realizada de acordo com o espectro de dimensionamento
para a análise elástica (Design spectrum for elastic analysis)
Sd(T).

Em que:
q – coeficiente de comportamento;
β – limite inferior do espectro.
Restantes variáveis definidas anteriormente.

Jorge Miguel Proença


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Dimensionamento de Edifícios:

Princípios básicos da concepção estrutural:


− simplicidade estrutural;
− uniformidade, simetria e redundância;
− resistência e rigidez bi-direccional;
− resistência e rigidez de torção;
− comportamento de diafragma nos pisos;
− fundações apropriadas.

Critérios de regularidade estrutural:


A regularidade estrutural, em planta (plan) e alçado (elevation)
tem consequências nos métodos de análise e no valor do
coeficiente de comportamento.

Conclusões: a irregularidade em planta obriga à utilização de um


modelo espacial e a irregularidade em alçado exclui o método das
forças laterais (análise estática equivalente) e conduz a uma
redução do coeficiente de comportamento.

Jorge Miguel Proença


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A regularidade em planta manifesta-se na existência de pisos


com formas simples em planta, com eventuais recuos (setbacks)
proporcionados, assim como pela proximidade entre os centros
de massa e de rigidez.

A regularidade em alçado manifesta-se na continuidade dos


elementos verticais, evitando variações bruscas de secções,
assim como pela limitação dos recuos (setbacks).

Jorge Miguel Proença


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Modelação estrutural:
A rigidez dos elementos estruturais (de betão armado, mistos e
de alvenaria) deverá ser determinada considerando o efeito da
fendilhação. Na inexistência de cálculos específicos deverá
considerar-se uma redução de 50% relativamente à rigidez não
fendilhada.

As paredes de alvenaria que contribuem significativamente para a


rigidez e resistência lateral do edifício devem ser consideradas.

A deformabilidade das fundações deve ser considerada, sempre


que a sua consideração seja mais gravosa.

Métodos de análise estrutural:

O método de análise estrutural de referência consiste na análise


modal considerando o espectro de dimensionamento para a
análise elástica.

Em determinadas situações de regularidade pode utilizar-se o


método das forças laterais.

Além dos métodos anteriores, poderão utilizar-se análises não


lineares: análise estática não linear (pushover analysis) ou
análise dinâmica não linear (time history analysis).

O método das forças laterais pode ser aplicado a estruturas cujas


respostas podem ser aproximadas pelos modos fundamentais
nas duas direcções principais. Os respectivos períodos T1 devem
ser inferiores a:
T1 ≤ min {2s, Tc }
A força de corte basal Fb em qualquer das direcções principais é
determinada por:
Fb = Sd (T1) × m × λ

Jorge Miguel Proença


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A distribuição das forças laterais em altura segue uma expressão


análoga à do RSA.

No método de análise modal considerando espectro de


dimensionamento para a análise elástica, deverão ser
considerados todos os modos que contribuem significativamente
para a resposta estrutural. Na prática deverão observar-se as
seguintes duas condições:
• O valor acumulado das massas modais efectivas deve ser superior a
90% da massa total da estrutura, e;
• Todos os modos com massas modais efectivas superiores a 5% da
massa total da estrutura devem ser considerados.

Ainda neste método de análise, a combinação das respostas


modais poderá ser realizada de acordo com o SRSS se
Tj 1
0,9 ≤ ≤ ∀i,j
Ti 0,9
Caso contrário deverá utilizar-se o CQC.

Na combinação dos efeitos da acção sísmica nas duas direcções


(horizontais) principais, poderá utilizar-se o SRRS, ou combinar
100% do efeito numa direcção com 30% do efeito na outra.

Jorge Miguel Proença


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Regras Específicas para Edifícios de Betão Armado:

Tipologias estruturais e coeficientes de comportamento:


O Eurocódigo 8 distingue as seguintes tipologias estruturais:
• edifícios em pórtico;
• edifícios mistos pórtico-parede;
• edifícios de paredes resistentes dúcteis;
• edifícios de paredes resistentes grandes e pouco armadas;
• sistemas em pêndulo invertido;
• sistemas flexíveis à torção.
O limite superior do coeficiente de comportamento q é
determinado por:
q = q0 k w ≥ 1,5
Em que q0 é o valor básico do coeficiente de comportamento,
considerando a tipologia estrutural e a regularidade em alçado, e
kw é factor que reflecte o modo predominante de rotura em
sistemas estruturais com paredes.

O valor básico do coeficiente de comportamento q0 depende


essencialmente da tipologia estrutural, da classe de ductilidade e
da reserva de resistência pós-cedência (αu/α1).

Jorge Miguel Proença


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Indicam-se de seguida os valores básicos do coeficiente de


comportamento.

Para além das classes de ductilidade indicadas – DCM e DCH – o


Eurocódigo 8 prevê, mas desaconselha em zonas de maior
sismicidade, a classe de ductilidade DCL (q=1,5).

A reserva de resistência pós-cedência (αu/α1) pode ser


determinada de acordo com a figura seguinte:

Figura: curva pushover genérica.

Na ausência de cálculos detalhados o Eurocódigo 8 indica


valores de (αu/α1) entre 1,0 e 1,3, dependente da tipologia
estrutural, número de pisos, etc.

Jorge Miguel Proença

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