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Precipitação
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3. PRECIPITAÇÃO
1
Também bastante importante é a evaporação, por ser responsável diretamente pela redução do escoamento superficial.
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aprofundamento nos estudos da atmosfera, da radiação solar, dos campos de temperatura e pressão,
bem como dos ventos e da evolução da situação meteorológica.
3.2.1 FORMAÇÃO
A formação das precipitações está ligada à ascensão de massas de ar úmido. Essa ascensão
provoca um resfriamento dinâmico, ou adiabático, que pode fazer o vapor atingir o seu ponto de
saturação, também chamado nível de condensação – o ar expande nas zonas de menor pressão. A
partir do nível de condensação, em condições favoráveis e com a existência de núcleos
higroscópios2, o vapor d’água condensa, formando minúsculas gotas em torno desses núcleos.
Enquanto as gotas não possuírem peso suficiente para vencer a resistência do ar, elas ficarão
mantidas em suspensão, na forma de nuvens e nevoeiros. Somente quando atingem tamanho
suficiente para vencer a resistência do ar, elas se deslocam em direção ao solo. Dentre os processos
de crescimento das gotas mais importantes estão os mecanismos de coalescência 3 e de difusão do
vapor.
3.2.2 TIPOS
As precipitações são classificadas de acordo com as condições que produzem o movimento
vertical (ascensão) do ar. Essas condições são criadas em função de fatores tais como convecção
térmica, relevo e ação frontal de massas de ar. Assim, tem-se três tipos principais de precipitação,
que são: a) precipitações convectivas; b) precipitações orográficas; c) precipitações ciclônicas (ou
frontais).
PRECIPITAÇÕES CONVECTIVAS
O aquecimento desigual da superfície terrestre provoca o aparecimento de camadas de ar
com densidades diferentes, o que gera uma estratificação térmica da atmosfera em equilíbrio
instável. Se esse equilíbrio é quebrado por qualquer motivo (vento, superaquecimento, etc.), ocorre
uma ascensão brusca e violenta do ar menos denso, capaz de atingir grandes altitudes (Figura 3.1).
2
Gelo, poeira e outras partículas formam núcleos higroscópios.
3
Fenômeno de crescimento de uma gotícula de líquido pela incorporação em sua massa de outras gotículas com as
quais entra em contato.
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PRECIPITAÇÕES OROGRÁFICAS
As precipitações orográficas resultam da ascensão mecânica de correntes de ar úmido
horizontais sobre barreiras naturais, tais como montanhas. Quando os ventos quentes e úmidos, que
geralmente sopram do oceano para o continente, encontram uma barreira montanhosa, elevam-se e
se resfriam adiabaticamente havendo condensação do vapor, formação de nuvens e ocorrência de
chuvas. Essas chuvas são de pequena intensidade, grande duração e cobrem pequenas áreas. Se os
ventos conseguem ultrapassar a barreira montanhosa, do lado oposto projeta-se uma sombra
pluviométrica, dando lugar às áreas secas, ou semiáridas, causadas pelo ar seco, já que a umidade
foi descarregada na encosta oposta (Figura 3.2).
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Figura 3.3 – Esquema ilustrativo de chuvas frontais causadas por frente fria e frente quente típica.
(a) (b)
Figura 3.4 – (a) Representação esquemática do pluviômetro; (b) Recipiente coletor e proveta.
Acima do recipiente do pluviômetro é colocado um funil com um anel receptor biselado, que
define a área de interceptação. O anel deve ficar bem horizontal.
Em princípio, a altura pluviométrica fornecida pelo aparelho não depende da área de
interceptação. Contudo, deve-se ter cuidado para não se enganar no cálculo da lâmina precipitada,
que pode ser obtida de: P 10 Vol A , onde P é a precipitação acumulada em mm, Vol é o
volume recolhido em cm3 (ou m) e A é a área de interceptação do anel em cm2.
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Existem provetas que são calibradas diretamente em milímetros para medir o volume de
água coletado. A precisão de todas as medições de precipitação é o décimo de milímetro.
No Brasil há vários tipos de pluviômetros em operação, sendo os mais comuns: a) tipo Ville
de Paris, mostrado na Figura 3.5, em operação (superfície receptora de 400cm2 – empregado pelas
agências federais, como DNAEE e Departamento Nacional de Meteorologia); b) tipo Paulista
(superfície receptora de 500cm2 – usado pelas agências estaduais, como DAEE/SP); c) tipo Casella
(superfície receptora de 200cm2 – utilizado por entidades privadas). Na verdade, a área da superfície
receptora não é normalizada, variando de aparelho para aparelho entre 100cm2 e 1000cm2.
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12
10
8
P (mm)
6
4
2
0
0 10 20 30 40 50 60 70
t (min)
Figura 3.10 – Pluviograma típico correspondente a uma dada chuva
A título de exemplo, constrói-se a Tabela 3.1 para os valores das alturas pluviométricas e
das intensidades de chuva obtidos do pluviograma da Figura 3.10, para cada intervalo de tempo
considerado. Com os valores levantados pode-se, ainda, construir o hietograma da chuva, tomando-
se intervalos de tempo, no caso, de 10min. Para a chuva do exemplo, tem-se que a sua duração é de
aproximadamente 50min, e o total precipitado é de 15,7mm. A intensidade pluviométrica média é
obtida dividindo-se o total precipitado pela duração da chuva: no exemplo, iméd =
15,7x(60/50)=18,8mm/h. A Figura 3.11 apresenta o hietograma citado.
Em resumo, existem os pluviômetros para medidas diárias e os pluviógrafos para medidas
contínuas no tempo4. O pluviômetro é o aparelho totalizador, que marca a altura de chuva total
acumulada num dado período de tempo. É mais utilizado para totalizar a precipitação diária,
requerendo que o operador more nas proximidades do aparelho. O pluviógrafo é o aparelho que
registra automaticamente as variações da precipitação ao longo do tempo. Pode ser gráfico (como
na Figura 3.8) ou digital e é visitado periodicamente por um observador ou equipe que,
normalmente, controla uma rede de aparelhos. Os locais onde são instalados os pluviógrafos e/ou
pluviômetros são denominados postos pluviométricos.
4
O radar também é utilizado para medida de precipitação, sendo capaz de fornecer a informação no tempo e no espaço.
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Tabela 3.1 – Altura pluviométrica e intensidade da chuva de 10min, conforme pluviograma da Figura 3.10
Figura 3.11 – Hietograma das chuvas de 10min construído com base na análise do pluviograma da Figura 3.10
A duração da precipitação, que aqui será denotada por t ou td, constitui-se também em
importante grandeza a caracterizar as chuvas. Ela corresponde ao período de tempo durante o qual a
chuva cai. As unidades normalmente utilizadas para a duração da precipitação são o minuto ou a
hora.
A precipitação é um fenômeno do tipo aleatório. Por isso, a frequência com que ocorrem
determinadas precipitações deve ser conhecida para uso em projetos associados ao aproveitamento
dos recursos hídricos ou de controle do impacto causado por chuvas intensas. Sobre a duração e a
frequência das precipitações muito ainda se falará ao longo do presente curso.
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decorrentes de problemas com os aparelhos de registro e/ou ausência do operador do posto. Por
isso, os dados coletados devem ser submetidos a uma análise preliminar, antes de serem utilizados.
Preliminarmente ao processamento de dados pluviométricos, é necessário proceder-se à
detecção de erros grosseiros nas observações, originados normalmente de: i) registros em dias que
não existem (30 de fevereiro ou 31 de abril, por exemplo); ii) registros de quantidades absurdas; iii)
erros de transcrição (preenchimento errado da caderneta de campo); etc. Somente após a
identificação e correção destes erros é que os dados estarão prontos para o tratamento estatístico.
PY PX1 PX 2 PX3
PY (01)
3 PX P PX3
1 X 2
onde PY é a precipitação a ser estimada (mensal ou anual) para o posto Y; PX1 , PX2 e PX3 são as
precipitações correspondentes ao mês ou ano5 que se deseja preencher, observadas respectivamente
nas estações vizinhas X1, X2 e X3; PY é a precipitação média do posto Y; e PX1 , PX2 e PX3 são as
precipitações médias nas três estações circunvizinhas.
Um método mais aprimorado de preenchimento de falhas consiste em utilizar regressões
lineares, simples ou múltipla. Na regressão linear simples, as precipitações do posto com falha e de
um posto vizinho são correlacionadas. As estimativas dos dois parâmetros da equação de regressão
podem ser obtidas gráfica ou numericamente, através do critério de mínimos quadrados. No
primeiro caso, num gráfico cartesiano ortogonal são lançados os pares de valores correspondentes
aos dois postos envolvidos e traçada, a sentimento, a reta com melhor aderência à nuvem de pontos
e que passa pelo ponto definido pelos valores médios das duas variáveis envolvidas.
Uma variação do procedimento de cálculo é conhecida como método de ponderação
regional baseado nas correlações com as estações vizinhas. Neste caso, são estabelecidas
regressões lineares entre o posto pluviométrico com dado a ser preenchido e cada um dos postos
vizinhos. De cada uma das regressões lineares efetuadas obtém-se o coeficiente de correlação, r (r
1). Para o posto Y, a equação de preenchimento da falha é a seguinte:
rYX1 PX1 rYX 2 PX 2 rYX3 PX3
PY . (1.1)
rYX1 rYX 2 rYX3
Os índices rX1 , rX 2 e rX3 representam, respectivamente, os coeficientes de correlação das chuvas
em Y e X1, Y e X2, e Y e X3.
Para o preenchimento de valores diários de precipitação não se deve utilizar esta
metodologia, pois os resultados podem ser muito ruins. Normalmente, valores diários são de difícil
5
O método aplica-se somente para períodos grandes, como mês ou ano.
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24000
1996
22000 Análise de Dupla Massa 1995
20000 1994
Precipitação anual acumulada, mm
1993
18000
1992
16000 1991
(Estação Brecha)
14000 1990
12000 1989
1988
10000 1987
8000 1986
1985
6000
1984
4000 1983
1982
2000
0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 20000 22000 24000
Figura 3.12 –Dados de chuva sem problemas de consistência, verificados pela análise de dupla massa (Dados da
Estação Brecha e de outras quatro estações vizinhas – região de Ouro Preto, MG)
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pela construção de reservatórios artificiais. Na Figura 3.13 é apresentado o presente caso de valores
inconsistentes.
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A American Society of Civil Engineers (ASCE) recomenda o uso deste método para bacias
menores que 5.000 km2, quando: 1) a distribuição dos aparelhos na bacia for densa e uniforme; e 2)
a área for plana ou de relevo muito suave (para evitar erro devido a influências orográficas). Ainda,
sugere que as medidas individuais de cada aparelho pouco variem da média, para maior
confiabilidade. Quando estes requerimentos não forem atendidos, é recomendável o uso de outro
método.
b) Método de Thiessen
No método de Thiessen, para cada estação define-se uma área de influência dentro da bacia.
Assim, para o posto pluviométrico i tem-se a área Ai, tal que Ai = A (igual à área de drenagem da
bacia hidrográfica). A precipitação média é então calculada atribuindo-se um peso a cada altura em
cada uma das estações, peso este representado pela área de influência. Portanto,
1 N
P Pi A i
A i1
(04)
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Pelo método das isoietas, a precipitação média sobre uma área é calculada multiplicando-se
a precipitação média entre isoietas sucessivas (normalmente fazendo-se a média dos valores de duas
isoietas) pela área entre as isoietas, totalizando-se esse produto e dividindo-se pela área total, ou
seja:
2 P P A i,i1
1 1
P i i 1 (05)
A
sendo,
Pi = valor da precipitação correspondente à isoieta de ordem i;
Pi+1 = valor da precipitação para a isoieta de ordem i+1;
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Lê-se: “probabilidade de se encontrar uma precipitação i de magnitude igual ou superior a io”. Também,
“probabilidade de excedência”.
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a) no método Califórnia,
m
F (io) (06)
n
ou,
b) no método de Weibull (ou Kimball),
m
F (io) , (07)
n 1
onde n é o número de anos da série.
Nota-se que nos métodos Califórnia e de Weibull, F (io) representa a probabilidade de
excedência, isto é, F (io) = P{i io}.
P X x 0
1
, (08)
Tr
isto é, o período de retorno, em anos, corresponde ao inverso da probabilidade de excedência. Se,
no método de Weibull (ou no método Califórnia), a frequência F(xo) é uma boa estimativa da
probabilidade teórica P, então
Tr = 1F(x0) = 1/P{X x0}. (09)
Cumpre observar que, para períodos de retorno bem menores do que o número de anos de
observação, o valor de F(xo) acima pode dar uma boa idéia do valor real de P{X x0}. Já para
grandes períodos de retorno deve ser ajustada uma lei de probabilidade teórica, de modo a
possibilitar um cálculo mais confiável da probabilidade.
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e n constantes;
- a relação entre a intensidade e a frequência (ou período de retorno) é tal que, para valores
máximos (chuvas intensas), i Tr m , sendo m constante;
- a relação entre a intensidade e a distribuição espacial da chuva intensa é inversa, isto é, quanto
maior a área de abrangência, menor a intensidade.
Para o último caso, segundo o Drainage Criteria Manual de Denver, para áreas de
drenagem até aproximadamente 25km2 (10 milhas quadradas), as informações pontuais podem ser
7
Diferentemente dos método de Weibull e Califórnia, F agora representa uma probabilidade de não-excedência.
8
Em geral, dados hidrológicos têm distribuição assimétrica e requerem a aplicação de outros modelos de probabilidade.
Caso a curva teórica de probabilidade não se ajuste bem aos valores empíricos, é recomendável testar o ajuste de outra
distribuição, ou o ajuste gráfico pelo traçado de uma curva de melhor aderência aos pontos.
9
Cumpre observar, antecipando o que ainda será visto neste curso, que, em muitas metodologias, as vazões de projeto
são obtidas indiretamente pelo uso de modelos que realizam a transformação de uma chuva em vazão.
10
Uso de radares meteorológicos e técnicas de sensoriamento remoto. Essas técnicas, juntamente com as redes de
telemedição, permitem uma abrangência significativa na caracterização dos dados de precipitação.
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utilizadas em cálculos cobrindo a extensão da área dentro do limite citado. Para áreas maiores,
aplicam-se fatores de redução em função da área e da duração da chuva (Figura 3.17).
Figura 3.17 – Fator de redução das precipitações máximas pontuais, conforme o U.S. Weather Bureau.
Normalmente, os dados para uma análise de chuvas intensas são obtidos dos pluviogramas
(registros pluviográficos). Desses gráficos pode-se estabelecer, para diversas durações, as máximas
intensidades ocorridas durante uma dada chuva, sem que necessariamente as durações maiores
devam incluir as menores. As durações usuais são de 5, 10, 15, 30 e 45 minutos e 1, 2, 3, 6, 12 e 24
horas.
O limite inferior de duração é fixado em 5 minutos porque este é o menor intervalo que se
pode ler nos registros pluviográficos com precisão adequada. Para durações maiores que 24 horas
podem ser utilizadas observações feitas com pluviômetros.
O número de intervalos de duração citado fornece pontos suficientes para definir curvas de
intensidade-duração da precipitação, referentes a diferentes frequências de ocorrência.
A determinação da relação entre a intensidade, a duração e a frequência (curva i-d-f) deve
ser feita das observações das chuvas intensas durante um período de tempo suficientemente longo e
representativo dos eventos extremos do local.
Na análise estatística da estrutura hidrológica das séries de chuva podem ser seguidos dois
enfoques alternativos: séries anuais ou séries parciais. A escolha de um outro tipo de série depende
do tamanho da série disponível e do objetivo do estudo. A metodologia de séries parciais é utilizada
quando o número de anos de registro é pequeno (menos de 12 anos de registro) e os períodos de
retorno que serão utilizados são inferiores a 5 anos.
A metodologia de séries anuais baseia-se na seleção das maiores precipitações anuais de
uma duração escolhida. Com base nesta série de valores é ajustada uma distribuição de extremos
que melhor se ajuste aos valores11.
Na construção da curva i-d-f é necessário ajustar uma distribuição estatística aos maiores
valores anuais de precipitação para cada duração escolhida. A metodologia segue a sequência:
a) para cada duração são obtidas as precipitações máximas anuais com base nos dados do
pluviógrafo;
b) para cada duração mencionada é ajustada uma distribuição estatística;
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Utilizam-se, normalmente, as distribuições Pearson tipo III, log-Pearson tipo III, Gumbel e log-Normal para eventos
extremos.
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Figura 3.18 – Curvas de intensidade-duração-frequência para a cidade de Porto Alegre/RS (Tucci et al, 1993).
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Outro trabalho importante e pioneiro, que até hoje é utilizado para o estudo das chuvas
intensas, se deve a Otto Pfafstetter e foi apresentado em 1957 sob o título “Chuvas Intensas no
Brasil”, publicado pelo Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS)12. O autor
propôs, com base em observações de 98 postos pluviográficos de todo o Brasil (incluindo Ouro
Preto), uma relação empírica da forma:
P Tr Tr a t
d b log 1 c t d (13)
sendo
P = precipitação máxima, em mm;
Tr = período de retorno, em anos;
td = duração da chuva, em horas;
= parâmetro que depende da duração da chuva (tabelado);
= parâmetro que depende da duração da chuva e variável de posto para posto (tabelado); e
, a, b e c = constantes para cada posto.
Valores do coeficiente da Eq. (13), em função da duração da precipitação, são
apresentados na Tabela 3.3. Na Tabela 3.4, para alguns postos espalhados pelo Brasil, apresentam-
se os valores dos coeficientes , a, b e c, conforme Pfafstetter, que adotou =0,25 para todos os
postos.
Tabela 3.4 – Valores dos coeficiente , a, b e c de Pfafstetter para algumas cidades brasileiras (TUCCI et al,
1995)
Postos
a b c
Pluviográficos 5 min 15 min 30 min 1h–6dias
Belo Horizonte- MG 0,12 0,12 0,12 0,04 0,6 26 20
Curitiba – PR 0,16 0,16 0,16 0,08 0,2 25 20
Rio de Janeiro – RJ -0,04 0,12 0,12 0,20 0,0 35 10
Maceió – AL 0,00 0,04 0,08 0,20 0,5 29 10
Manaus – AM 0,04 0,00 0,00 0,04 0,1 33 20
Natal – RN -0,08 0,00 0,08 0,12 0,7 23 20
Porto Alegre – RS 0,00 0,08 0,08 0,08 0,4 22 20
São Carlos – SP -0,04 0,08 0,08 0,12 0,4 29 20
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entre as chuvas de 24 horas e de 1 dia de duração, de mesmo período de retorno. Foi mostrado que,
em termos de altura pluviométrica,
1,13 a 1,15 ,
24h 1dia
PTr PTr (14)
válida para períodos de retorno de 5 a 100 anos.
Ainda, com base em estudos do Departamento Nacional de Obras de Saneamento - DNOS
(citado em CETESB, 1986), as alturas das chuvas máximas de diferentes durações podem ser
relacionadas entre si, conforme fornecido na Tabela 3.5. Os valores apresentados são válidos para
períodos de retorno entre 2 e 100 anos.
Convém observar que os valores de chuvas gerados com base na Eq. (14) e na Tabela 3.5
não devem ser vistos como tendo a mesma precisão dos resultados que seriam obtidos com base nos
registros de pluviógrafos. Servem, contudo, como estimativas das chuvas intensas de menores
durações quando se dispõem somente de dados diários de chuvas obtidos por pluviômetros.
BIBLIOGRAFIA
TUCCI, C.E.M., org. (1993). Hidrologia. Ciência e Aplicação. Ed. da Universidade - UFRGS / Ed.
da Universidade de São Paulo – EDUSP / Associação Brasileira de Recursos Hídricos –
ABRH.
TUCCI, C.E.M., PORTO, R. La L. & BARROS, M.T de, org. (1995). Drenagem Urbana. Ed. da
Universidade - UFRGS / Associação Brasileira de Recursos Hídricos – ABRH.
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EXERCÍCIOS
3.1) Descreva, sucintamente, o princípio de formação das precipitações convectivas, orográficas e
frontais.
3.2) Cite três grandezas características das precipitações e suas respectivas dimensões e unidades
usuais.
3.3) Sejam quatro estações pluviométricas A, B, C e D da bacia hidrográfica mostrada na Figura
3.19. a) Estime a precipitação média sobre a bacia pelos métodos aritmético e de Thiessen, com
base ainda nos dados da Tabela 3.6. b) Quais os elementos necessários e como proceder para obter a
precipitação média pelo método das isoietas?
3.5) Nas Tabelas 3.7 e 3.8 são fornecidos, respectivamente, os dados das séries anual e parcial das
chuvas intensas de 1 dia, obtidos a partir de registros em um posto pluviométrico, no período de
1958 a 1973.
Tabela 3.7 – Série Anual
ano 1958 1959 1960 1961 1962 1963 1964 1965
P (mm) 85,5 95,2 91,7 157,8 87,2 70,4 130,8 65,3
ano 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973
P (mm) 51,4 118,4 58,2 89,4 74,8 128,5 79,4 98,5
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a) Calcular, para as séries anual e parcial, os períodos de retorno correspondentes pelo método de
Weibull.
b) Construir as curvas de frequência das séries anual e parcial:
b1) para a série parcial, lançando as alturas pluviométricas, P(mm), em função dos períodos
de retorno (ou frequências), em papel bi-log;
b2) para a série anual, plotando os pares de valores de P(mm) vs. Tr(anos), ou frequências,
em papel log-probabilístico.
c) Determinar as chuvas correspondentes aos períodos de retorno de 2, 5, 10, 50 e 100 anos, com
base nas curvas de frequência construídas no item (b), para as séries anual e parcial.
3.4) Na Tabela 3.8 são fornecidos os totais anuais referidos a um posto pluviométrico, de 1941 a
1968.
a) Efetuar a análise estatística, calculando a média, o desvio-padrão e o coeficiente de variação das
alturas pluviométricas.
b) Calcular as frequências acumuladas e construir o gráfico de probabilidade, lançando os pares de
valores da frequência acumulada versus altura pluviométrica em papel aritmético de
probabilidade. Traçar, neste gráfico, a reta que representa a lei normal de probabilidade.
Sugestão: agrupar os dados em intervalos de classe de 100 mm de amplitude.
c) Obter os prováveis totais anuais precipitados com recorrências de 5, 10, 100 e 1000 anos.
3.6) Uma estação pluviométrica X esteve inoperante por alguns dias de um determinado mês. Neste
mesmo mês, os totais precipitados em três estações vizinhas A, B e C foram 126mm, 105mm e
144mm, respectivamente. Sabendo-se que as precipitações médias anuais nas estações X, A, B e C
são, respectivamente, 1155mm, 1323mm, 1104mm e 1416mm, estimar o total precipitado na
estação X para o mês que apresentou falhas.
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99,99
99,9
99,5
99
98
95
90
80
70
F (%)
60
50
40
30
20
10
0,5
0,1
0,01
1E-3
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