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DIREITO PENAL

DIREITO PENAL
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda,
Professora Caroline Pastri Pinto mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece,
porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou
Formada em Direito pela Universidade Estadual de Marin- alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto
gá. Advogada e Consultora Jurídica atuante na área de Direito ou mercadoria:
Penal, dentre outras. Ex-servidora da 4ª Vara Criminal da Co- a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle
marca de Maringá, TJ/PR. tributário, falsificado;
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária
determina a obrigatoriedade de sua aplicação.
ARTIGOS 293 A 305; 307; 308; 311-A; O sujeito ativo destes crimes pode ser qualquer pessoa que
312 A 317; 319 A 333; 335 A 337; 339 A 347; atente contra tais veracidades, exceto no §1º, III, que prevê que
350; 357 E 359. a pessoa deve exercer atividade comercial pra poder praticar tais
condutas.
É fundamental o dolo. Assim, se uma pessoa fornece uma
mercadoria com o selo falsificado, mas não sabia nem deveria
I – CRIMES CONTRA FÉ PÚBLICA saber que era falsificado, não há dolo, logo não há crime.
O objetivo do Legislador quando criou este capítulo no Código Note que o § 5º equipara a atividade comercial a qualquer
Penal foi proteger a fé pública, ou seja, a fé que o povo tem de que forma de comércio irregular ou clandestino. É um jeito de aumentar
tais papéis públicos, são dotados de veracidade. Imaginem vocês a abrangência de proteção do crime:
se o povo não pudesse confiar na veracidade de uma moeda ou de § 5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso
um selo público. III do § 1º, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino,
Quando se diz que um documento possui fé pública, significa inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros
que não precisa ser provada sua veracidade, pois ela se presume, públicos e em residências.
sendo possível, contudo, a prova em contrário. O parágrafo segundo, por sua vez, vai punir as seguintes
1. Aspectos Comuns: condutas:
O sujeito ativo destes crimes pode ser qualquer pessoa que § 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos,
atente contra tais veracidades. com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal
O sujeito passivo é o Estado e a Coletividade, além do indicativo de sua inutilização:
indivíduo que for lesado diretamente pela conduta. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
A tentativa é perfeitamente possível. Aqui é necessário o chamado elemento subjetivo do tipo, que
2. Falsificação de títulos e outros papéis públicos é a finalidade de reutilizar aquele papel público. Isso significa que
O caput do artigo traz os objetos deste crime, ou seja, quais além do dolo, é necessária, uma finalidade especial: o agente deve
documentos ganham a proteção penal, quais sejam: querer reutilizar o papel. Se esse fim não existe, não há crime.
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou Já o §3º pune, além daquele que o tornou reutilizável, aquele
qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de que de fato utilizou o papel que já foi carimbado como papel
tributo; impossível de utilização.
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado,
legal; qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior.
III - vale postal; Se a pessoa praticou as duas condutas, a segunda será post
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa factum impunível.
econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de O pós-fato impunível é aquele que não é punido porque ele
direito público; já é um exaurimento da primeira conduta. Aquele que suprimiu
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento carimbo pra reutilizar um papel já praticou o crime, sendo que sua
relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou utilização é só o aperfeiçoamento de sua conduta. Ele não será
caução por que o poder público seja responsável; punido duas vezes.
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte No §4º o agente recebe de boa fé, mas depois descobre a
administrada pela União, por Estado ou por Município: fraude e o usa assim mesmo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de
A partir destes objetos o Código Penal vai penalizar quem os boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se
falsifica, seja fabricando ou alterando um pré-fabricado. referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: ou alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois
O parágrafo primeiro, por sua vez, prevê as condutas anos, ou multa.
equiparadas: Observe aqui que a pena é de 6 meses a 2 anos, sendo crime
§ 1º Incorre na mesma pena quem: de menor potencial ofensivo.
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis 3. Petrechos de falsificação
falsificados a que se refere este artigo; O art. 294, por sua vez, traz os atos preparatórios:
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar
guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos
a controle tributário; papéis referidos no artigo anterior:

Didatismo e Conhecimento 1
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Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. O Parágrafo Primeiro prevê uma Majorante:
É um crime subsidiário que é abarcado pelo crime anterior. § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
Assim, só é punível se uma terceira pessoa praticar. prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
A forma qualificada está no artigo 295: 1.3.1. Inserção de informação falsa em documento
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o verdadeiro – Falsidade Ideológica:
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta Na falsidade ideológica, o agente insere ou faz terceiro inserir
parte. informação falsa em documento verdadeiro.
Pra que ela se configure o autor deve não somente ser § 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:
funcionário público como também deve se valer dessa condição. I – na folha de pagamento ou em documento de informações
4. Falsidade documental: que seja destinado a fazer prova perante a previdência social,
4.1. Aspectos Comuns: pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;
O objeto é a fé pública. Ademais, são crimes comuns, ou seja, II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do
qualquer um pode praticar, mas é majorado, em alguns casos, se empregado ou em documento que deva produzir efeito perante
praticado por funcionário público que se valha da sua condição. a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria
O sujeito passivo é o Estado e a coletividade. Os delitos ter sido escrita;
exigem o dolo, sendo possível a tentativa. III – em documento contábil ou em qualquer outro
Todos os delitos são de Ação penal pública incondicionada, documento relacionado com as obrigações da empresa perante
sendo a competência da Justiça Federal somente se atingir interesse a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria
da União. ter constado.
1.2. Falsificação do selo ou sinal público § 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos
Aqui mais uma vez a conduta recriminada é a falsificação, por mencionados no § 3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a
meio da fabricação ou alteração do pré-alterado. remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: de serviços.
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, 1.3.2. Falso Documento x Estelionato:
de Estado ou de Município; Para o STJ, o estelionato absorve a falsidade, quando esta for
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito meio daquela. Neste sentido a Súmula 17, STJ:
público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potenciali-
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. dade lesiva, é por este absorvido.
O Parágrafo Primeiro pune quem faz uso, o que é post factum Para o STF, em contrapartida, há concurso de crimes.
impunível se a pessoa fabricou ou alterou. 1.4. Falsificação de documento particular e Falsificação
§ 1º - Incorre nas mesmas penas: de cartão
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento parti-
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro cular ou alterar documento particular verdadeiro:
em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se
logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou a documento particular o cartão de crédito ou débito.
identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. Não tornam o documento público o Registro em Cartório ou
O Parágrafo Segundo prevê uma Majorante: a Autenticação de Assinatura. Importante lembrar que somente o
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime fato de ser lavrado por funcionário público torna um documento
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. público, assim, a autenticação e firma reconhecida, por exemplo,
1.3. Falsificação de Documento Público não o tornam Público.
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento 1.5. Falsidade Ideológica
público, ou alterar documento público verdadeiro: Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular*, de-
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. claração** que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inse-
Os núcleos são Falsificar e Alterar. rir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim
O documento deve ser formalmente público, ou seja, ser de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre
emitido por órgão ou funcionário público, mas em sua substância fato juridicamente relevante***:
pode ser público - se tiver finalidade pública -, ou privado - se Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documen-
o conteúdo é de interesse privado -, como uma escritura de um to é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documen-
imóvel, por exemplo. to é particular.
Para consumação é necessária a configuração de um erro Agora a falsidade não é mais do documento, que é formalmente
“enganável”, não podendo ser um erro grosseiro. Ademais, não é perfeito, mas de seu conteúdo, que não condiz com a verdade.
necessário o uso do documento, bastando que ele seja falsificado. O falso deve ser informação principal do documento e
Se a falsificação tem finalidade eleitoral, será crime previsto juridicamente relevante. Ademais, não é necessária a ocorrência
no Código Eleitoral e não no Código Penal. do dano, bastando a declaração falsa.
São documentos públicos tanto a cópia quanto o original, Ela pode ser cometida por funcionário público ou particular,
além dos equiparados no §2º: pouco importando, sendo que se o agente é funcionário público e
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena.
público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador No parágrafo é punida mais severamente também a alteração
ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, em assentamento de Registro civil devido a sua tamanha
os livros mercantis e o testamento particular. importância:

Didatismo e Conhecimento 2
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Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e co- 1.8. Uso de documento falso
mete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou
alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
de sexta parte. Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
Cuidado com os seguintes crimes, que prevalecem perante a Aplica-se ao uso de todos os documentos vistos neste Item,
falsidade ideológica, diante do princípio da especialidade: exceto ao crime de falsificação de selo ou sinal público e o de
 Registro de nascimento inexistente – art. 241, CP adulteração de selo ou peça filatélica, onde já há previsão específica
 Dar parto alheio como próprio e registrar como seu o
no próprio artigo.
filho de outrem – art. 242, CP.
 Falsidade ideológica x Uso de documento Para que se configure o USO, deve sair da esfera da vítima,
ideologicamente falso – Pós fato impunível. É mero exaurimento sendo entregue a um agente.
da conduta, apenas tirando proveito da prática anterior. A jurisprudência, contudo, prevê uma exceção: o mero porte
1.6. Falso reconhecimento de firma ou letra da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Veja que o CTB exige
Ainda é uma falsidade ideológica: o porte da mesma enquanto se dirige o veículo, de modo que seu
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de mero porte já configura uso.
função pública, firma ou letra que o não seja: Como na falsificação, deve ter potencialidade ofensiva, se
O artigo prevê uma pena pra documento público e outra pra grosseira a cópia não se configura o delito. Lembre-se que se a
particular: pessoa que usa também falsifica, o uso é pós fato impunível
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o docu-
1.9. Supressão de documento
mento é público; e de um a três anos, e multa, se o documento é
particular. Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício pró-
Trata-se de crime próprio, pois somente o tabelião ou o prio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou
responsável pelo reconhecimento de firma poderá praticá-lo. particular verdadeiro, de que não podia dispor:
Se o agente não souber da falsidade configurará erro de tipo. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento
1.7. Certidão ou atestado ideologicamente falso e Falsida- é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documen-
de material de atestado ou certidão to é particular.
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de fun- O documento deve ser verdadeiro, uma vez que, se falso, é
ção pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter atípico. Além disso, deve ser um documento de que o agente não
cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, poderia dispor.
ou qualquer outra vantagem: Não é necessária a obtenção de benefício.
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
O agente público atesta fato que leve a obtenção das condutas Observe que se a pessoa furta o documento com o fim de
descritas no artigo: suprimi-lo, será antefato impunível
 cargo público, 1.10. Falsa identidade
 isenção de ônus ou Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identida-
 isenção de serviço de caráter público, de para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para
 ou qualquer outra vantagem (pública): causar dano a outrem:
Por exemplo, diretor de prisão que atesta bom comportamento Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato
de preso pra beneficio da LEP. não constitui elemento de crime mais grave.
Diz a doutrina que mesmo que o artigo use a expressão A falsidade deve ser verossímil. Se o sujeito se auto intitular o
“qualquer outra vantagem”, ela deve ser pública, não configurando Roberto Carlos ou o Super Man, não configurará crime.
o crime se o escopo é obter vantagem privada.
Não é necessária a real obtenção da vantagem.
Sua consumação independe da configuração da vantagem,
bastando que o funcionário ateste ou certifique. Não há, neste delito, uso de documento, mas sim o agente se
No Parágrafo Primeiro, por sua vez, pode ser Sujeito Ativo autodeclara outra pessoa. Se ele usar o documento se configurará
qualquer pessoa, como, por exemplo, um amigo ou médico o crime de uso.
atestando que a conduta de uma pessoa é boa e apta à progressão Se o crime de falsa identidade tem por objetivo obter, para si
de regime: ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para pro- outro meio fraudulento, será estelionato e não falsa identidade.
va de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo 1.11. Falsa identidade – Uso de Documento Alheio:
público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor,
qualquer outra vantagem:
caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Cuidado, neste delito a certidão ou atestado verdadeiro devem alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento
querer habilitar alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou dessa natureza, próprio ou de terceiro:
de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem, não se Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o
configurando com a mera falsidade. fato não constitui elemento de crime mais grave.
Em ambos os casos, o uso posterior do atestado ou certidão é O documento é verdadeiro, mas de outra pessoa. Se fosse
pós fato impunível, bem como aplica-se a pena de multa se há fim falso configuraria o delito de uso de documento falso
de lucro: 1.12. Outros delitos:
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se,  Falsidade Material:
além da pena privativa de liberdade, a de multa. Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica

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Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que  Cometido pelo funcionário público
tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a altera-  Contra a Administração Pública
ção está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça:  No exercício da função pública ou em razão dela.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Esses crimes entram no grupo dos crimes próprios ou especiais,
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins ou seja, exigem uma situação jurídica ou fática diferenciada no
de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. tocante ao sujeito ativo.
É específico para falsificação de selo ou peça filatélica Os crimes funcionais podem ser:
que tenha valor para coleção. Qualquer pessoa pode praticar. a) Próprios
Classe filatélica é o termo utilizado para designar as diferentes São aqueles em que a condição de funcionário público
modalidades de colecionismo de selos. O parágrafo já prevê o uso no tocante ao sujeito ativo é indispensável à tipicidade do fato.
de tais selos e peças, de modo que é excluído do delito de uso de Ausente a condição de funcionário público, o fato será atípico.
documento falso, por já prever essa determinação. Por exemplo, corrupção passiva. Veja que dar dinheiro extra
 Falsidade Ideológica: ao funcionário público é crime, mas a particular não. Por exemplo,
Falsidade de atestado médico a mulher que gosta muito da manicure e sempre deixa vinte reais a
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, ates- mais pra ela sempre lhe atender bem, não é crime.
tado falso b) Impróprios ou mistos
Pena - detenção, de um mês a um ano (crime de menor po- A falta da condição de funcionário público no tocante ao
tencial ofensivo). sujeito ativo acarreta na desclassificação para outro crime. Assim,
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, por exemplo, tanto particular quanto funcionário que se apropriam
aplica-se também multa. de bem praticam peculato.
É uma espécie específica de falsidade ideológica que só pode Importante observar que existem crimes funcionais fora do
ser praticada por médico. Se for dentista, psicólogo ou qualquer Capítulo 1, do título 11, da Parte Especial. Podem estar tanto no
outro profissional não configurará este delito. resto do CP (art. 300 e 301, por exemplo).
 Fraudes em certames de interesse público Observe, ainda, que as condições de caráter pessoal dos
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim crimes se comunicam quando elementares do crime.
de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilida-
de do certame, conteúdo sigiloso de: Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições
I - concurso público; de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime
II - avaliação ou exame públicos;
Assim, um particular que ajuda funcionário público a praticar
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou
peculato e sabe da condição de funcionário, pratica também
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
peculato. Mas o particular deve saber dessa condição.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Ademais, devemos saber o conceito de funcionário público
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por
para o Direito Penal. Está no art. 327, CP (é uma norma penal
qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informa-
interpretativa):
ções mencionadas no caput.
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à administração
a) Facilitação de contrabando ou descaminho
pública:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática
§ 3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometi- de contrabando ou descaminho (art. 334):
do por funcionário público. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
b) Condescendência criminosa
II - CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício
Aqui ocorre a chamada vitimização pública. do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao
conhecimento da autoridade competente:
1. DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁ- Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
RIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL É um crime omissivo, logo inadmissível a tentativa.
A pena é branda porque é um crime com um objetivo altruísta,
1.1. Peculiaridades: mas deve prevalecer o interesse publico.
Os chamados crimes funcionais são exatamente os crimes c) Advocacia administrativa
praticados PELO funcionário público contra a administração. Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
Esses crimes protegem a probidade administrativa, sem prejuízo privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade
das Lei 8429/1992. de funcionário:
1.2. Conceito e Espécies: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
São aqueles cometidos pelo funcionário público no exercício Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
da função pública ou em razão dela. São também chamados de Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Delicta in Officio. O funcionário público se vale desta condição pra favorecer
Cuidado, nem todo crime praticado por funcionário público e o interesse de uma pessoa, usando de seus contatos e acesso a
funcional, deve ser: informações. A pena aumenta se o interesse é ilegítimo

Didatismo e Conhecimento 4
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d) Violência arbitrária g) Violação de sigilo funcional
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
pretexto de exercê-la: e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato
correspondente à violência. não constitui crime mais grave.
A Lei nº 4.898/1965 traz os crimes que constituem abuso de § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído
autoridade. Para maioria da doutrina, o art. 322, CP, foi revogado pela Lei nº 9.983, de 2000)
pela lei específica, que trata integralmente do assunto. Veja: I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e
Lei nº 4.898/1965: empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas
Art. 3º: Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da
a) à liberdade de locomoção; b) à inviolabilidade do Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
domicílio; c) ao sigilo da correspondência; d) à liberdade de II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.  (Incluído
consciência e de crença; e) ao livre exercício do culto religioso; pela Lei nº 9.983, de 2000)
f) à liberdade de associação; g) aos direitos e garantias legais § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração
assegurados ao exercício do voto; h) ao direito de reunião; i) à
Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
incolumidade física do indivíduo; j) aos direitos e garantias legais
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído
assegurados ao exercício profissional. 
pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
É crime subsidiário. O segredo deve ser funcional, ou seja,
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade
individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; em razão do cargo que ocupa.
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a Se esse segredo for utilizado para divulgar, indevidamente,
constrangimento não autorizado em lei; c) deixar de comunicar, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de credibilidade do certame publico, será o crime do art. 311-A .
qualquer pessoa; d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de h) Violação do sigilo de proposta de concorrência
prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; e) levar à Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência
prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
permitida em lei; f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra
despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer i) Tráfico de Influência 
quanto à espécie quer quanto ao seu valor; g) recusar o carcereiro Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para
ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de
a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra influir em ato praticado por funcionário público no exercício da
despesa; h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação
poder ou sem competência legal; i) prolongar a execução de dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o
de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao
ordem de liberdade funcionário.  (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
O crime muito se assemelha ao estelionato, porque é a
e) Abandono de função obtenção de uma vantagem indevida enganando uma pessoa, mas
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos antes de configurar crime contra patrimônio, sobreleva o interesse
em lei: publico, vez que o agente finge que esta vantagem será revertida
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. pra um agente público.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Um exemplo comum é o despachante, que pede dinheiro ao
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
motorista, fingindo que este será revertido pra obter beneficio
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de
perante o DETRAN.
fronteira:
Essa influência alegada deve ser falsa. Se for verdadeira
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
O abandono se dá fora dos casos previstos em lei, pois se poderá configurar outros crimes, como corrupção ativa.
previstos não configurará crime. j) Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
É um delito omissivo, logo não admite tentativa Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública
f) Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolon- ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal,
gado estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência,
satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da
removido, substituído ou suspenso: pena correspondente à violência.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.

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k) Inutilização de edital ou de sinal II. Peculato
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou O peculato pode ser:
conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; a) Doloso:
violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação O doloso se subdivide em Peculato-Apropriação (caput,
legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou 1ª parte), Peculato-Desvio (caput, 2ª parte), ambos conhecidos
cerrar qualquer objeto: como peculato próprio, e Peculato-Furto (§1º), conhecido como
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. peculato impróprio.
l) Subtração ou inutilização de livro ou documento b) Culposo:
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro O peculato culposo está no art. 312, §2º.
oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário,
em razão de ofício, ou de particular em serviço público: § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui de outrem:
crime mais grave. Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano,
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
exerce cargo, emprego ou função pública.
São requisitos cumulativos:
Repare que o conceito penal de funcionário público é  Conduta culposa do funcionário público.
ampliativo, já que o funcionário público do CP equivale ao agente  Prática de crime por terceiro aproveitando-se da facili-
público do direito administrativo. A preocupação do direito penal é dade proporcionada pelo funcionário público.
a função pública, independente de quem a realiza, por exemplo, o
jurado que – enquanto jurado – recebeu dinheiro pra votar a favor c) Peculato mediante erro de outrem:
de alguém pratica corrupção passiva. No artigo 313, há o peculato mediante erro de outrem, também
O §1º do artigo supracitado traz o funcionário por equiparação: conhecido como Peculato-Estelionato.

§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
para a execução de atividade típica da Administração Pública.
d) Peculato-Eletrônico:
1.3. Crimes em Espécie: No artigo 313-A, há o conhecido como Peculato-Eletrônico.

I. Pontos comuns a todos os delitos praticados por fun- Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a
cionário público contra a Administração Pública: inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Ad-
a) Bem Jurídico Tutelado: ministração Pública com o fim de obter vantagem indevida para
Todos protegem a Administração Pública si ou para outrem ou para causar dano:
b) Sujeito Ativo: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Sempre será o funcionário Público, que é elementar do crime, Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de
logo se comunica. informações ou programa de informática sem autorização ou so-
c) Sujeito Passivo: licitação de autoridade competente:
Sempre o Estado e indiretamente o particular lesado, se houver Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
d) Elemento Subjetivo: Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até
Dolo a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a
e) Tentativa Administração Pública ou para o administrado.
Sempre admissível nos crimes comissivos, mas não nas
formas omissivas. e) Características:
f) Resultado/Vantagem: Veja as características próprias do peculato:
Independe de resultado, do efetivo proveito ou vantagem. • Objeto Jurídico
Somente a configuração da conduta descrita no artigo já configura É a Administração Pública, pode ter cunho Material
o crime. (preservação do erário) e Moral (lealdade e probidade dos agentes).
Cuidado, no delito de Emprego irregular de verbas ou rendas Há o peculato-malservação, quando o bem particular está sob
públicas o crime é dar destinação diversa, logo se não for dada tal a guarda do estado, por exemplo, carro apreendido.
destinação será mera tentativa • Objeto Material:
g) Ação Penal: É a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa.
Será Pública Incondicionada Estão expressamente excluídos do art. 312 os bens imóveis. Pode
ser objeto:
 Dinheiro: nacional ou estrangeiro

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 Bem móvel: cuidado, a prestação de serviços não é bem • Sujeito Ativo e Passivo:
móvel, assim, utilizar mão de obra pública para fins particulares, Quanto ao sujeito ativo o peculato é crime próprio ou especial.
por exemplo, não caracteriza peculato. Isso configura um ato de Ele é compatível com concurso de pessoas.
improbidade administrativa. Se quem fizer isso for prefeito será Cuidado, prefeito só pode praticar peculato-furto, ele não
um crime específico, o art. 1º, da Decreto 201/67. pratica peculato-apropriação nem peculato-desvio. Isso porque as
condutas peculato-apropriação e peculato-desvio caracterizam um
f) Pressupostos do Peculato: crime específico do art. 1º, inciso I, do Decreto Lei 201/67, já em
São eles: relação ao peculato-furto, não existe figura equivalente.
• Posse lícita de bem pela Administração Pública em ra- O sujeito passivo imediato é o Estado, mas pode haver ainda
zão da função pública o sujeito Mediato, que é a pessoa que se prejudica com a conduta.
• Crime praticado aproveitando-se das facilidades pro- • Elemento Subjetivo:
porcionadas pela função pública. É o dolo.
A pessoa deve se aproveitar das vantagens da função. Um Acerca da finalidade específica ela não existe na apropriação
promotor que pega escondido um dinheiro do cartório porque tem (basta o dolo de se apropriar), já no peculato-desvio e no peculato-
a chave da Vara é uma coisa, mas se o promotor arromba o fórum, furto exige-se uma finalidade específica, qual seja, o proveito
quebra janela, igual qualquer um faria, não é peculato. próprio ou alheio.
g) Peculato Próprio: Acerca do peculato de uso há duas posições: uma corrente crê
São os peculatos apropriação e desvio. Eles são peculatos que sim, pois houve ofensa à moralidade administrativa e a outra
próprios, mas crimes funcionais impróprios (excluindo a condição que o peculato de uso não é crime. A segunda é a posição do STJ.
de funcionário público subsiste o crime de apropriação indébita). • Consumação
O peculato doloso, em todas as suas modalidades, é crime
Art. 312 - APROPRIAR-SE o funcionário público de di- material, ou causal. Isso porque ele depende do resultado
nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particu- naturalístico.
lar, de que tem a posse em razão do cargo, ou DESVIÁ-LO, EM Para o STF o peculato dispensa (prescinde) do lucro do agente.
PROVEITO PRÓPRIO OU ALHEIO: A reparação do dano no peculato doloso não extingue a
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. punibilidade, mas pode caracterizar arrependimento posterior ou
tão somente uma atenuante genérica.
O núcleo do tipo da primeira parte é APROPRIAR-SE, ou • Tentativa:
seja, comportar-se como dono. Da segunda parte é DESVIAR, ou É um crime plurissubsistente (é possível fracionar o iter
seja, dar destino diverso. criminis, logo cabe tentativa).
Este desvio deve se dar em proveito próprio ou alheio. Este • Ação Penal:
proveito pode ser material ou moral. É pública incondicionada.
Se a coisa for desviada em proveito da própria administração Veja que é crime de elevado potencial ofensivo, que são
pública, não há peculato, mas sim estará caracterizado o art. 315 aqueles incompatíveis com os benefícios da lei 9.099/95.
do Código Penal.
h) Peculato Impróprio – Peculato Furto: III. Corrupção Passiva
É também um crime funcional impróprio (se faltar a condição
de funcionário será desclassificado para furto) Art. 317 – Solicitar* ou receber, para si ou para outrem,
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
Art. 312, § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida**, ou aceitar
público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o promessa de tal vantagem .
subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito pró- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
prio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário. Mais uma vez a condição de funcionário público é elementar
do crime, como todos os outros delitos praticados por funcionário
Ele possui duas modalidades: público contra a adm. Pública
• Subtrair: Observe que a vantagem deve ser indevida, o que é
Subtrair é tirar da posse da administração, é invertê-la. A fundamental pra configuração desse crime. Essa vantagem pode
grande diferença pro peculato próprio é que ele não tem a posse do ser qualquer uma, favores, dinheiro, vantagem sexual, ou qualquer
bem, ele se aproveita da sua posição para subtraí-la. outra.
O funcionário público é o executor direto da subtração A vantagem deve, ainda, ser para si ou para outrem, pois se for
• Concorrer para subtração: pra Administração, por exemplo, não configura este crime.
Aqui o funcionário não subtrai o bem, ele concorre a) Corrupção ativa x passiva:
dolosamente para a subtração. É um crime de concurso necessário, A corrupção passiva ocorre quando o agente público pede
ou seja, devem existir ao menos duas pessoas. uma propina ou qualquer outra coisa para fazer ou deixar de
Se a pessoa concorrer culposamente (por exemplo, o fazer algo (PARTE DO FUNCIONÁRIO). Já a corrupção ativa
funcionário negligente deixa a porta aberta), ele responderá ocorre quando alguém oferece alguma coisa (normalmente, mas
por peculato culposo e o particular por furto. Neste caso não há não necessariamente, dinheiro ou um bem) para que um agente
concurso de pessoas, pela ausência do vínculo subjetivo. público faça ou deixe de fazer algo que não deveria (É PARA O
i) Observações quanto ao peculato doloso: FUNCIONÁRIO).

Didatismo e Conhecimento 7
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Não exige a corrupção passiva pra caracterizar a passiva na Exemplos:
modalidade solicitar, mas é possível que ambas as partes cometam
o crime. Atualmente, é muito comum vermos notícias a respeito do
destino diverso no qual possui as verbas e rendas públicas. Mas
b) Causa de aumento de pena a título de exemplo, imagine que o Prefeito do Município X
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência receba verba do Governo do Estado Y para investir na reforma
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de de uma escola pública. Então, ao invés de executar a obra pública
praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever predestinada, dispõe todo o dinheiro para a reforma de seu gabinete
funcional. da prefeitura.
c) Figura Privilegiada
VI - Concussão:
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda
ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indireta-
ou influência de outrem: mente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa (Infração razão dela, vantagem indevida:
de menor potencial ofensivo). Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

A pena é menor se o funcionário está cedendo a influencia de Observe que a concussão exige, ela é mais séria, enquanto
outra pessoa. na Corrupção Passiva o funcionário solicita, recebe ou aceita. A
concussão é uma extorsão com abuso de autoridade.
IV - Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas

Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa


da estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS PÚBLICAS

Objeto material:

Verbas públicas (montante em dinheiro previsto em lei


orçamentária com o fim de saldar serviço público ou atividade A concussão prevê o Excesso de Exação:
de interesse público) e rendas públicas (valores arrecadados pela
Fazenda Pública). § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social
que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega
Objeto jurídico: na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
É a Administração Pública. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

Núcleo do Tipo Penal: Cuidado com uma pegadinha muito recorrente em concurso: O
“Dar”: no sentido de destinar as verbas públicas à finalidade STJ e o STF já decidiram que custas e emolumentos têm natureza
diversa da prevista em lei. tributária, de modo que configura o excesso de Exação!
No §2º, por sua vez, o agente pega pra ele o que ele
Sujeito Ativo: arbitrariamente exigiu como se fosse pra recolher pra cofres públicos
É o funcionário público.
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de
Sujeito Passivo: outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres
Diretamente é o Estado e indiretamente a pessoa física ou públicos:
jurídica lesada pela conduta criminosa. Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Elemento subjetivo: a) Facilitação de contrabando ou descaminho


É o dolo, não se admitindo modalidade culposa. Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática
de contrabando ou descaminho (art. 334):
Consumação: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Consuma-se com a simples aplicação indevida das verbas e
rendas públicas. IV. Prevaricação:
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar*, indevidamente,
Tentativa: ATO DE OFÍCIO, ou praticá-lo contra disposição expressa de
É possível. lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

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É ato omissivo, que não admite tentativa. prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança,
Aqui não se exige ou solicita nada de ninguém. O funcionário permitida em lei; f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade
simplesmente deixa de fazer o que deveria ou faz indevidamente, policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra
pra seu proveito pessoal. despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer
Deve ser ATO DE OFÍCIO, ou seja, deve ser ofício, função, quanto à espécie quer quanto ao seu valor; g) recusar o carcereiro
daquele funcionário. ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida
Há, ainda, a figura do artigo 319, que assim prevê: a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra
despesa; h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de
público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a apa- poder ou sem competência legal; i) prolongar a execução de
relho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando
com outros presos ou com o ambiente externo: de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano (Infração de ordem de liberdade
Menor Potencial Ofensivo). e) Abandono de função
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos
b) Condescendência criminosa em lei:
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
conhecimento da autoridade competente: § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. fronteira:
É um crime omissivo, logo inadmissível a tentativa. Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
A pena é branda porque é um crime com um objetivo altruísta, O abandono se dá fora dos casos previstos em lei, pois se
mas deve prevalecer o interesse publico. previstos não configurará crime.
c) Advocacia administrativa É um delito omissivo, logo não admite tentativa
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse f) Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolon-
privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade gado
de funcionário: Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado,
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. removido, substituído ou suspenso:
O funcionário público se vale desta condição pra favorecer Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
o interesse de uma pessoa, usando de seus contatos e acesso a
informações. A pena aumenta se o interesse é ilegítimo g) Violação de sigilo funcional
d) Violência arbitrária Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
pretexto de exercê-la: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena não constitui crime mais grave.
correspondente à violência. § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído
A Lei nº 4.898/1965 traz os crimes que constituem abuso de pela Lei nº 9.983, de 2000)
autoridade. Para maioria da doutrina, o art. 322, CP, foi revogado I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e
pela lei específica, que trata integralmente do assunto. Veja: empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas
Lei nº 4.898/1965: não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da
Art. 3º: Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
a) à liberdade de locomoção; b) à inviolabilidade do II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.  (Incluído
domicílio; c) ao sigilo da correspondência; d) à liberdade de pela Lei nº 9.983, de 2000)
consciência e de crença; e) ao livre exercício do culto religioso; § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração
f) à liberdade de associação; g) aos direitos e garantias legais Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
assegurados ao exercício do voto; h) ao direito de reunião; i) à Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído
incolumidade física do indivíduo; j) aos direitos e garantias legais pela Lei nº 9.983, de 2000)
assegurados ao exercício profissional.  É crime subsidiário. O segredo deve ser funcional, ou seja,
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: em razão do cargo que ocupa.
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade Se esse segredo for utilizado para divulgar, indevidamente,
individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a credibilidade do certame publico, será o crime do art. 311-A .
constrangimento não autorizado em lei; c) deixar de comunicar, h) Violação do sigilo de proposta de concorrência
imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência
qualquer pessoa; d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; e) levar à Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.

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V. Tabela Comparativa: II. Desobediência
Observe uma tabela comparativa para melhor compreensão do
assunto como um todo: Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário pú-
blico:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

Desacato
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da fun-
ção ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Mesmo desacatando uma pessoa específica, o Sujeito Passivo


ainda é o Estado. Aqui o ato é desobedecer ato de autoridade
pública.
Pode ser comissivo (fugindo, por exemplo) ou omissivo
(deixando de fazer algo determinado pela autoridade).
2. DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR É necessário que aja uma ordem de autoridade competente
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL para tanto e que esta ordem seja desrespeitada.
III. Quadro comparativo Desacato, Resistencia e desobe-
diência.
2.1. Pontos Comuns:

a) Bem Jurídico Tutelado:


Protege a Administração Pública, sua moralidade e autoridade.
b) Sujeito Ativo:
Qualquer pessoa, inclusive funcionário público afastado. São
crimes comuns. Pode ser, ainda, o funcionário público que age sem
estar no exercício da função pública ou sem estar em razão dela.
c) Sujeito Passivo:
É o Estado, a Administração em geral.
d) Elemento Subjetivo: A desobediência é o simples não cumprimento, é a inércia
É o Dolo perante a ordem judicial ou seu descumprimento.
e) Tentativa Na Resistência o agente se opõe mediante força. Aqui há
É possível nos crimes comissivos. No crime de desobediência, uma violência e uma ameaça. É um crime agressivo.
se a ofensa do desacato for oral, impossível a tentativa. Justamente por tal motivo, as penas do delito de Resistência
f) Resultado/Vantagem: são aplicáveis em concurso com as correspondentes à violência,
Não é necessário atingir o fim ou obter vantagem, basta a ação conforme art. 329, §2º.
prevista no artigo O desacato, por sua vez, é o desrespeito moral ao Funcionário.
g) Ação Penal: Se praticado o desacato e a resistência o desacato fica absorvido
A ação penal é Pública Incondicionada. pela resistência. O desacato não é só verbal. Pode se fazer um
gesto, como um sinal indecoroso, ou uma ação, como cuspir na
2.2. Crimes em Espécie: face de um oficial.
Para ter dolo o agente deve saber se tratar de funcionário
I. Usurpação de função pública público. Caso contrário poderá configurar outro crime, como a
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: injúria ou difamação, por exemplo.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Se a ofensa do desacato for oral, impossível a tentativa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: O delito de resistência prevê, ainda, uma qualificadora:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Art. 329, § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se exe-
A ação aqui é exercer atividade pública pela qual não foi cuta:
nomeado ou designado. Para consumar a pessoa deve realizar um Pena - reclusão, de um a três anos.
ato fora de função
Se a pessoa entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas IV. Corrupção ativa
as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois
de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a fun-
suspenso, será o delito de “Exercício funcional ilegalmente antecipado cionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retar-
ou prolongado”, previsto no art. 324. dar ato de ofício:
Na forma qualificada a pessoa deve auferir vantagem. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Re-
dação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)

Didatismo e Conhecimento 10
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Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da
razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite pena correspondente à violência.
ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.
Como visto nos outros crimes, a vantagem deve ser indevida. k) Inutilização de edital ou de sinal
Esta vantagem deve ser, ainda, para determiná-lo a praticar, Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
omitir ou retardar ato de ofício. Ela pode ser de qualquer forma, conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar
financeira, favores, sexual, dentre outros. ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal
Não é exigível a reparação do dano, pois essa será feita pelo ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar
Funcionário Público responsável pela corrupção passiva e não qualquer objeto:
pelo sujeito ativo do crime de corrupção ativa. Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
l) Subtração ou inutilização de livro ou documento
III - DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro
JUSTIÇA oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário,
em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
1. Aspectos Comuns Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui
crime mais grave.
a) Bem Jurídico Tutelado: 2.1. Denunciação Caluniosa:
Art. 339. Dar causa* à instauração de investigação policial,
É a credibilidade da Justiça. Quando um preso foge, além de
de processo judicial, instauração de investigação administrativa,
um problema pra aquele caso abala-se a moralidade do sistema
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra
judiciário alguém, imputando-lhe crime de que o SABE inocente:
b) Sujeito Ativo: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Qualquer pessoa, funcionário público ou não. Pode, inclusive, Causas de Aumento e Diminuição:
ser o próprio Juiz, nos casos em que é possível. § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve
Há algumas exceções de delitos que somente uma pessoa de anonimato ou de nome suposto.
específica pode ser sujeito ativo, ou seja, são delitos próprios. São § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de
eles: prática de contravenção.
• Em Falso Testemunho e Perícia, só pode ser testemunha, A denunciação caluniosa deve ser espontânea. Se o réu ou
perito, contador, tradutor ou intérprete testemunha estão em meio a seu depoimento e denunciam alguém
• Na evasão mediante violência contra a pessoa e no mo- no calor de suas falas, ou na resposta das perguntas efetuadas pelas
tim de presos somente os próprios presos poderão cometê-lo. partes, não será denunciação caluniosa, todavia poderá configurar
• No Patrocínio Infiel, Patrocínio simultâneo ou tergiver- calúnia ou falso testemunho
sação e Sonegação de papel ou objeto de valor probatório, somente Consuma-se com a ação da autoridade competente, dando
o advogado e estagiário de advocacia poderão fazê-lo. qualquer passo que seja ao início do procedimento investigativo.
Não necessariamente tal procedimento precisa ser efetivamente
c) Sujeito Passivo: instaurado, mas basta que a Autoridade Judiciária comece a se
É o Estado movimentar para tanto, não importando, ainda, se ele culmina com
d) Elemento Subjetivo: um atestado de inocência ou não.
É o Dolo Lembre-se que é um delito contra a administração da Justiça, de
e) Tentativa modo que seu objetivo é utilizar o sistema punitivo indevidamente.
É plenamente possível nos crimes comissivos. É diferente da calúnia pois o objetivo aqui não é somente macular
No delito de Falso Testemunho não é possível, porque é a honra da pessoa, mas sim macular a integridade da Justiça,
unisubsistente, salvo se o testemunho for escrito instaurando um procedimento investigativo desnecessário.
f) Resultado/Vantagem: O delito possui, assim, um especial fim de provocar ação da
autoridade competente, seja policial ou judiciária.
Não é necessário, em geral, a consumação do efetivo prejuízo,
2.2. Comunicação falsa de crime ou de contravenção
bastando a conduta descrita no caput. No caso de Patrocínio Infiel,
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe
contudo, o prejuízo faz-se necessário.
a ocorrência de crime ou de contravenção que SABE não se ter
g) Ação Penal: verificado:
Será pública incondicionada, exceto no delito de exercício Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa (Infração de
arbitrário das próprias razões, quando, se não há emprego de Menor Potencial Ofensivo).
violência, somente se procede mediante queixa. Na comunicação falsa de crime não se comunica que
2. Crimes em espécie ALGUÉM praticou crime, como na denunciação caluniosa, mas
sim falsamente que um CRIME foi praticado, independente do
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência suposto agente delitivo.
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública O Elemento Subjetivo, mais uma vez, é o especial fim de
ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal, provocar ação da autoridade.
estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou Da mesma forma, consuma-se com a ação da autoridade
procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, competente, iniciando quaisquer atos do procedimento
grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: investigativo.

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DIREITO PENAL
2.3. Autoacusação falsa: A pessoa crê ter pretensão legítima, mas ao invés de procurar
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime o Poder Judiciário ela faz justiça com as próprias mãos, como, por
inexistente OU praticado por outrem: exemplo, o credor em face de devedor.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa Se não há emprego de violência, a ação penal será privada.
(Infração de Menor Potencial Ofensivo). c) Subtração ou dano de coisa própria em poder de ter-
Neste delito não é necessária a ação da autoridade competente. ceiro:
Muitos doutrinadores afirmam que se a pessoa se autoacusa para Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria,
ajudar ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou
fica isento de pena, com fundamento em uma aplicação analógica convenção:
do art. 348, §2º, CP . Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
2.4. Falso testemunho ou falsa perícia Se for coisa alheia será furto ou dano e não o delito do art.
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade 346. Aqui a coisa é própria.
como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em d) Fraude processual
processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo
juízo arbitral:(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa,
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
§ 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito
de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se
ou em processo civil em que for parte entidade da administração em dobro.
pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de Muda-se o local, a coisa ou a pessoa, para induzir a erro o
28.8.2001) Juiz ou Perito, na pendência de processo civil ou administrativo.
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no Se em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se
processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara em dobro.
a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) e) Favorecimento pessoal
A testemunha, por óbvio, não é obrigada a se autoincriminar, Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública
porque ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. autor de crime a que é cominada pena de reclusão:
Para sua consumação basta a potencialidade lesiva do falso, Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
não necessitando que ele interfira de fato no processo
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
2.5. Corrupção ativa de testemunha, perito, contador, tra-
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente,
dutor ou intérprete
cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer
O objetivo é ajudar o autor do crime.
outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou
f) Favorecimento real
intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria
em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação:
ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito
(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) do crime:
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) O objetivo é assegurar o proveito do crime. Não se configura
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um se a pessoa á coautora ou está receptando o bem.
terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou
a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel,
for parte entidade da administração pública direta ou indireta. de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento
(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009).
2.6. Outros delitos Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído
a) Coação no curso do processo pela Lei nº 12.012, de 2009).
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de g) Exercício arbitrário ou abuso de poder
favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade
ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder:
em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo Pena - detenção, de um mês a um ano.
arbitral: Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena que:
correspondente à violência. I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a
b) Exercício arbitrário das próprias razões estabelecimento destinado a execução de pena privativa de
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer liberdade ou de medida de segurança;
pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: II - prolonga a execução de pena ou de medida de
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de
da pena correspondente à violência. executar imediatamente a ordem de liberdade;
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a
se procede mediante queixa. vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;

Didatismo e Conhecimento 12
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IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. o) Exploração de prestígio
Pra grande parte da doutrina já foi revogado pela Lei 4898/65, Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra
já vista no delito de Violência Arbitrária. utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério
h) Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de se- Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou
gurança testemunha:
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
presa ou submetida a medida de segurança detentiva: Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.
uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, Muito similar ao tráfico de influencia, pois a pessoa finge que
vai conseguir uma vantagem com juiz, jurado, órgão do Ministério
de dois a seis anos.
Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se
testemunha e cobra pra isso
também a pena correspondente à violência. Muito comum em advogados, mas qualquer um poderá
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime cometer o crime.
é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso p) Violência ou fraude em arrematação judicial
ou o internado. Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante,
custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de
a um ano, ou multa. vantagem:
i) Evasão mediante violência contra a pessoa Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o pena correspondente à violência.
indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão
de violência contra a pessoa: de direito
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou
correspondente à violência. múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial:
É crime próprio! Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
j) Arrebatamento de preso
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de QUESTÕES:
quem o tenha sob custódia ou guarda:
01 - (SEFAZ/PB - AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena ESTADUAIS – FCC/2006) O autor de crime envolvendo licita-
correspondente à violência. ção ou contrato administrativo
Só pode praticá-lo que tem o preso sob sua custódia ou guarda. a) não está sujeito à perda de mandato eletivo.
k) Motim de presos b) é equiparado a servidor público se exercer cargo em enti-
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou dade paraestatal, excluídas as fundações.
disciplina da prisão: c) terá a pena aumentada da terça parte se ocupante de cargo
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena em comissão em órgão da Administração Direta.
correspondente à violência. d) apenas perderá a função se o delito for praticado em detri-
É crime próprio! mento da União.
l) Patrocínio infiel e) só pode perder o cargo na hipótese de delito consumado.
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador,
o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em RESPOSTA: C
juízo, lhe é confiado: 02 - (PM/MG – OFICIAL DA POLÍCIA MILITAR – FU-
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. MARC/2011) Os crimes contra a Administração Pública possuem
Só advogados e estagiários de advocacia podem fazê-lo características próprias, seja pela qualidade da(s) vítima(s), seja
Cuidado, deve haver dolo: vontade e livre e consciente de pela qualidade do(s) autor(es) ou do(s) objeto(s) ou resultado(s)
atingido(s). O peculato é um dos delitos contra a Administração Pú-
prejudicar o cliente. O mero esquecimento de prazo recursal, por
blica. Nesse sentido, é necessário saber que
exemplo, não configura o crime
a) a apropriação de bem, dinheiro ou valor é essencial para
Consuma-se com o prejuízo. confguração do crime, por se tratar de crime de mero resultado.
b) normalmente não se sempre opera a extinção da punibilida-
m) Patrocínio simultâneo ou tergiversação de se o agente ativo reparar imediatamente o dano, antes da sentença
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado condenatória.
ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea c) os bens ou valores obtidos como vantagem devem pertencer
ou sucessivamente, partes contrárias. à Administração Pública, caso contrário o delito praticado é o furto
n) Sonegação de papel ou objeto de valor probatório ou o roubo.
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de d) pode ocorrer na modalidade culposa quando o a conduta
restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que do servidor público concorrer com a do agente ativo, ainda que o
recebeu na qualidade de advogado ou procurador: resultado não tenha ocorrido.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
É crime próprio! RESPOSTA: B

Didatismo e Conhecimento 13
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Comentário: A pergunta foi mal formulada e está confusa, mas 07 – (TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
o examinador quis que o aluno soubesse que não se opera a extinção VUNESP/2013) Em relação ao crime de peculato, é correto afirmar:
em todos os casos, mas tão somente na forma culposa.
a) a modalidade culposa é admitida por expressa previsão legal.
03 - (TJ/MG – TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E b) a reparação do dano, no peculato culposo, se feita após a
DE REGISTROS - CRITÉRIO REMOÇÃO – FUMARC/2012) sentença irrecorrível, extingue a punibilidade.
Concernente ao crime de concussão (art. 316, caput, CP), é correto c) a reparação do dano, no peculato culposo, se feita antes da
o que se afirma, EXCETO em: sentença irrecorrível, reduz a pena.
a) O crime de concussão não admite a modalidade culposa. d) em recente alteração, as penas foram elevadas para reclusão
b) O crime de concussão se consuma no momento em que o de quatro a doze anos e multa.
funcionário público recebe a vantagem indevida por ele exigida. e) trata-se de um delito que pode ser praticado por qualquer
c) O particular que cede à exigência financeira praticada pelo pessoa.
funcionário público e entrega-lhe a vantagem inde- vida não é res-
ponsabilizado pelo direito penal brasileiro. RESPOSTA: A
d) No caso de concurso de pessoas, o particular responderá
pelo crime de concussão, desde que tenha conhecimento da condi- 08 – (TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO
ção de funcionário público do autor. – VUNESP/2012) O crime de “petrechos de falsificação” (CP, art.
294), por expressa disposição do art. 295 do CP, tem a pena aumen­
RESPOSTA: B tada de sexta parte se o agente
a) é funcionário público.
04 - (PC-CE – INSPETOR DE POLÍCIA - CESPE/2012) b) é funcionário público, e comete o crime, prevalecen­do-­se
do cargo.
Em relação aos crimes contra a administração pública, julgue o item
c) tem intuito de lucro.
abaixo. Praticará o crime de prevaricação a autoridade adminis-
d) confecciona documento falso hábil a enganar o ho­mem mé-
trativa que, ao tomar conhecimento de irregularidades no serviço
dio.
público, não proceder à sua apuração ou deixar de comunicá-la à
e) causa, com sua ação, prejuízo ao erário público.
autoridade que tiver competência para promover os atos apuratórios.
RESPOSTA: B
RESPOSTA: ERRADA
09 – (TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
05 – (TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2012) O crime de falsificação de documento público, do
VUNESP/2013) Recentemente um novo delito que lesa a fé pública art. 297 do CP,
foi incluí do no Código Penal. Assinale a alternativa que traz o no- I. configura-­se apenas se a falsificação é total, ou seja, a mera
men iuris desse crime. alteração de documento público verdadeiro não constitui crime;
a) Emprego irregular de verbas ou rendas públicas. II. também se configura se o documento trata-­se de testa­mento
b) Fraudes em certame de interesse público. particular;
c) Falsa identidade. III. também se configura se o documento trata-­se de livro mer-
d) Inserção de dados falsos em sistemas de informações. cantil.
e) Modificação ou alteração não autorizada de sistema de in- É correto, apenas, o que se afirma em
formações. a) III.
b) II e III.
RESPOSTA: B c) II.
d) I e II.
06 – (TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – e) I.
VUNESP/2013) Os crimes de falsificação de documento público e
de prevaricação têm em comum: RESPOSTA: B
a) apresentarem mais de uma conduta prevista no tipo.
b) admitirem a punição também na modalidade culposa. 10 – (TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
c) ambos serem punidos com penas de detenção e multa. VUNESP/2012) A conduta do funcionário público que, antes de
d) a qualificadora, tratando-se de crime praticado para satisfa- assumir a função, mas em razão dela, exige para outrem, indireta­
zer interesse pessoal. mente, vantagem indevida
e) o fato de somente poderem ser praticados por funcionário a) configura crime de corrupção passiva
público. b) não configura crime algum, pois o fato ocorre antes de
assumir a função.
RESPOSTA: A c) configura crime de corrupção ativa.
d) configura crime de concussão.
e) não configura crime algum, pois a exigência é indireta e
para outrem.

RESPOSTA: D

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